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Vinícius Reccanello de Almeida

A SUPERVISÃO EDUCACIONAL EM PERSPECTIVA HISTÓRICA: DA


FUNÇÃO À PROFISSÃO PELA MEDIAÇÃO DA IDEIA
(DERMEVAL SAVIANI)
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A função supervisora
Se se entende a supervisão como a “ação de velar sobre alguma coisa ou sobre alguém a fim de assegurar a
regularidade de seu funcionamento ou de ser comportamento, vê-se que mesmo nas comunidades primitivas,
onde a educação se dava de forma difusa e indiferenciada, estava presente a função supervisora. A forma social
era denominada de “comunismo primitivo” (modo coletivo da produção da existência).

Com a fixação do homem à terra surge a propriedade privada e, com a propriedade privada, a divisão dos
homens em classes. Na Antiguidade, quem tem terra (propriedade), também tem a condição de não trabalhar.
Vive-se então, não do próprio trabalho, mas do trabalho alheio (escravo).

As classes sociais diferenciam os homens. Quem tem propriedade dispõem do ócio, de tempo livre. Aí está
a origem da escola. Essa palavra deriva do grego (lugar do ócio). A educação dos membros da classe que dispõe
de ócio, de lazer, de tempo livre ..., passa a se organizar na forma escolar, contrapondo-se à educação da maioria
que continua a coincidir com o processo de trabalho. Na sociedade feudal o fenômeno social descrito se repete
(educação escolar para a classe dominante).

Apesar de sua estrutura simples, já na antiguidade podia-se encontrar a função supervisora na escola. Sua
presença, diferentemente do que ocorria nas comunidades primitivas, vai assumir a forma de controle, de con-
formação, de fiscalização e, mesmo, de coerção expressa nas punições e castigos físicos.

Na Grécia antiga, o educador (que toma o papel do escravo – primeiro pedagogo) se encarrega do próprio
ensino das crianças e também assume a função de tomar conta delas, vigiá-las, controlá-las, supervisionar todos
os seus atos. O pedagogo supervisionava a educação das crianças (Paidéia).

A ideia de supervisão
(...) ao deslocamento do eixo do processo produtivo do campo para a cidade e da agricultura para a indús-
tria; ao deslocamento do eixo do processo cultural do saber espontâneo, assistemático para o saber metódico,
sistemático, científico, correspondeu o deslocamento do eixo do processo educativo de formas difusas, identifica-
das com o próprio processo de produção da existência, para formas específicas e institucionalizadas, identificadas
com a escola (Saviani, 1991).

Com o processo de institucionalização generalizada da educação já se começa a esboçar a ideia de supervi-


são educacional, o que vai se evidenciando na organização da instrução pública desde a sua manifestação, ainda
religiosa, nos séculos XVI e XVII (...).

No caso brasileiro..., com a vinda dos primeiros jesuítas em 1549 dá-se o início à organização das atividades
educativas em nosso país. No Plano de Ensino formulado pelo padre Manuel da Nóbrega está presente a função
supervisora, mas não se manifesta ainda a ideia de supervisão. Mas no Plano Geral dos jesuítas, o Ratio Studio-
rum, que é adotado no Brasil especialmente após a morte de Nóbrega, ocorrida em 1570, já se faz presente a
ideia de supervisão.

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O Ratio previa a figura do prefeito geral de estudos como assistente do reitor para auxiliá-lo na boa ordena-
ção dos estudos, a quem os professores e todos os alunos deveriam obedecer (regra nº 2 do Provincial). Previa,
ainda, quando a extensão e variedade do trabalho escolar o exigissem, um prefeito dos estudos inferiores e, con-
forme as circunstâncias, um prefeito de disciplina, subordinados, ambos, ao prefeito geral.

Regra nº 1 – É dever do prefeito organizar os estudos, orientar e dirigir as aulas, de tal arte que os que as
frequentam façam o maior progresso na virtude, nas boas letras e na ciência, para a maior Glória de Deus.

Regra nº 5 – Incumbe ao prefeito lembrar aos professores que devem explicar toda a matéria de modo a es-
gotar, a cada ano, toda a programação que lhe foi atribuída.

Em 1759, o Alvará de 28 de junho instituiu as Reformas Pombalinas da instrução pública em decorrência da


expulsão dos jesuítas. O Alavará previa o cargo de diretor geral dos estudos e a designação de comissários para
fazer, em cada local, levantamento do estado das escolas.

Nesse sentido, a ideia de supervisão englobava os aspectos político-administrativos (inspeção e direção), e


os aspectos de direção, fiscalização, coordenação e orientação de ensino, em nível local, a cargo dos comissioná-
rios ou diretores dos estudos, os quais operavam por comissão do diretor geral dos estudos.

Em 15 de outubro de 1827 foram instituídas as escolas de primeiras letras, no Brasil já independente, em


todas as cidades, vilas e lugares populosos do Império. O artigo 5º dessa lei determinava que os estudos se reali-
zassem de acordo com o “Método do Ensino Mútuo”. Nesse método, o professor absorve as funções de docência
e também de supervisão.

Durante horas de aula para as crianças, o papel do professor limitou-se à supervisão ativa de círculo em cír-
culo, de mesa em mesa, cada círculo e cada mesa tendo à sua frente um monitor, aluno mais avançado, que fica-
va dirigindo. Fora destas horas, os monitores recebiam, diretamente dos professores, uma instrução mais comple-
ta, e não era raro ver os mais inteligentes adquirirem a instrução primária superior (Almeida, 1989).

Em 17 de fevereiro de 1854, no âmbito das reformas Couto Ferraz, foi estabelecida como missão do inspe-
tor supervisionar, seja pessoalmente, seja por seus delegados ou pelos membros do Conselho Diretor, todas as
escolas, colégios, casas de educação, estabelecimentos de instrução primária e secundária, públicos e particula-
res. (...).

Os debates que se travavam no final do período monárquico, desde as propostas do ministro do Império
Paulino de Souza, em 1869, e de João Alfredo, em 1882, passando pelas discussões em torno da Reforma Leôncio
de Carvalho proposta em 1879 até o parecer-projeto de Rui Barbosa, de 1882, e o projeto do barão de Mamoré,
de 1886, convergem para um ponto comum: a necessidade de articulação de todos os serviços de educação numa
coordenação nacional, o que colocava em pauta a questão da organização de um sistema nacional de educação.

A organização dos serviços educacionais na forma de um sistema nacional supunha dois requisitos que im-
pulsionavam a ideia de supervisão na direção indicada:

a) A organização administrativa e pedagógica do sistema como um todo, o que implicava a criação de órgãos
centrais e intermediários de formulação das diretrizes e normas pedagógicas bem como de inspeção, con-
trole e coordenação, isto é, supervisão das atividades educativas;

b) A organização das escolas na forma de grupos escolares, superando, por esse meio, a fase das cadeiras e
classes isoladas, o que implicava a dosagem e graduação dos conteúdos distribuídos por séries anuais e
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trabalhados por um corpo relativamente amplo de professores que se encarregavam do ensino de grande
número de alunos, emergindo, assim, a questão da coordenação dessas atividades.

A profissão de supervisor
No século XX, na década de 20, começam a aparecer no Brasil os técnicos em escolarização, constituindo-se
como uma nova categoria profissional.

No plano federal, a Reforma João Luís Alves, de 1925, cria, pelo Decreto nº 16.782-A, o Departamento Na-
cional do Ensino e o Conselho Nacional de Ensino. Com essas medidas, começa-se a reservar a órgãos específicos,
de caráter técnico, o tratamento dos assuntos educacionais. No âmbito dos Estados, porém, essa tendência se
manifesta de forma mais clara. Nos Estados, procurou-se instituir órgãos próprios de administração do ensino em
substituição à Inspetorias de Instrução Pública (...). Essa remodelação do aparelho organizacional empreende a
separação dos setores técnico-pedagógicos daqueles especificamente administrativos.

A separação entre a parte administrativa e a parte técnica é condição para o surgimento da figura do su-
pervisor com distinta do diretor e também do inspetor. Cabe ao diretor a parte administrativa e ao supervisor a
parte técnica. É este o caso do Estado de São Paulo, onde se reserva o nome de supervisor ao agente educativo
que desempenha as funções antes atribuídas ao inspetor, denominando-se coordenador pedagógico ao supervi-
sor que atua nas unidades escolares.

Em 1932, o “Manifesto dos pioneiros da educação nova”, irá reformular um plano de conjunto para a re-
construção educacional do país. Para os pioneiros, a contribuição das ciências é decisiva para dotar de racionali-
dade os serviços educacionais. É exatamente num contexto de maior valorização dos meios na organização dos
serviços educacionais, tendo em vista a racionalização do trabalho educativo, que ganham relevância os técnicos,
também chamados de especialistas em educação, entre eles, o supervisor.

No final da década de 60, já no período militar, buscou-se ajustar a educação à nova situação por intermé-
dio de novas reformas do ensino. Nesse contexto é aprovado pelo então Conselho Federal de Educação o parecer
nº 252 de 1969 que reformulou os cursos de Pedagogia.

Pelo Parecer, em lugar de se formar o técnico em educação, com várias funções, sendo que nenhuma delas
era claramente definida, como vinha ocorrendo, pretendeu-se especializar o educador numa função particular,
sem se preocupar com a sua inserção no quadro mais amplo do processo educativo. Tais funções eram denomi-
nadas “habilitações”. O curso de Pedagogia foi então organizado na forma de habilitações, que, após um núcleo
comum centrado nas disciplinas de fundamentos da educação, ministradas de forma bastante sumária, deveriam
garantir uma formação diversificada numa função específica da ação educativa. Foram previstas quatro habilita-
ções centradas nas áreas técnicas, individualizadas por função, a saber: administração, inspeção, supervisão e
orientação.

É com esse parecer que se dá a tentativa mais radical de se profissionalizar a função do supervisor educa-
cional.

O curso de Pedagogia, organizado na forma das habilitações, teria o papel de formar os técnicos requeridos
pelo processo de objetivação do trabalho pedagógico em vias de implantação. Com isso, abria-se o caminho para
o reconhecimento profissional da atividade do supervisor no sistema de ensino.

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A nova estrutura do curso de Pedagogia decorrente do Parecer nº 252/69 abria, pois, claramente a pers-
pectiva de profissionalização da supervisão educacional na esteira da orientação educacional, cuja profissão já
havia sido regulamentada por meio da Lei nº 5564/68, antecipando-se, portanto, ao próprio Parecer mencionado.
Com efeito, estavam preenchidos dois requisitos básicos para se constituir uma atividade com status de profissão:
a necessidade social, isto é, um mercado de trabalho permanente representado, no caso, por uma burocracia
estatal de grande porte gerindo uma ampla rede de escolas; e a especificação das características da profissão
ordenadas em torno de um mecanismo, também permanente, de preparo dos novos profissionais, o que se tra-
duziu no curso de Pedagogia reaparelhado para formar, entre os vários especialistas, o supervisor educacional.

A educação, bem como a função do pedagogo estava sendo compreendida de forma bastante técnica e até
mesmo burocrática.

Saviani, em 1979, no II Encontro Nacional de Supervisores de Educação, realizado em Curitiba, defendeu a


tese segundo a qual a função do supervisor é uma função precipuamente política e não principalmente técnica,
isto é, mesmo quando a função do supervisor se apresenta sob a roupagem da técnica ela está cumprindo, basi-
camente, um papel político. Defendeu-se também a crítica ao sistema de habilitações.

(...) as chamadas habilitações técnicas não passavam de uma divisão de tarefas no campo da educação,
passíveis, pois, de serem exercidas pelo mesmo profissional desde que adequadamente qualificado. A profissão,
isto é, a atividade socialmente requerida, seria, igualmente, apenas um: o educador ou pedagogo. Administração,
orientação, supervisão etc. seriam tarefas educativas que integram a lista de atribuições de um mesmo profissio-
nal: o educador.

É nesse contexto que ganhou corpo a tese de que o curso de Pedagogia deveria, sobre a base de uma boa
fundamentação teórica centrada nos fundamentos da educação, formar o profissional da educação capaz de e-
xercer as diferentes atribuições requeridas pelos sistemas de ensino e unidades escolares, tendo em vista o seu
adequado funcionamento.

A questão da identidade do supervisor educacional continua, pois, em discussão.

Conclusão: a situação atual


Em sua conclusão, Saviani destaca, principalmente:

“Ora, é nesse quadro (de sociedade tecnológica, Revolução da Automação, universalização do ensino...)
que, finalmente, começaram a se delinear as premissas objetivas para a construção coletiva da ação supervisora.
Com efeito, é no interior de uma escola unitária universalizada, destinada à formação omnilateral dos indivíduos,
que a supervisão, entendida como concepção e controle das atividades dos agentes educativos, poderá tornar-se
uma ação coletiva desses mesmos agentes que, assim, se apropriam plenamente do mundo objetivo, aprenden-
do, por esse caminho, a controlar suas próprias ações e, por elas, assumindo o controle complexo de instrumen-
tos que o próprio homem criou e colocou em funcionamento a serviço de suas necessidades, objetivos e aspira-
ções.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
SAVIANI, Dermeval. A SUPERVISÃO EDUCACIONAL EM PERSPECTIVA HISTÓRICA: DA FUNÇÃO À PROFISSÃO
PELA MEDIAÇÃO DA IDEIA . In: FERREIRA, NauraSyriaCarapeto (org.) et al. Supervisão para uma escola de quali-
dade da formação à ação; tradução. Do espanhol Sandra Valenzuela. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2000.

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