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ESCOLA SUPERIOR DE ECONOMIA E GESTÃO

“Licenciatura em Administração Públicaˮ - 4º ANO – Pós Laboral


Ficha de Leitura
Pág. Cadeira:
Tema: Ficha de leitura do livro "Os Clássicos da Política 2: Hegel – O Estado
Como Realização Histórica da Liberdade".
Elaborada por: Luís Sigauque
Docente:
Maputo, 13 de Agosto de 2018

In.
Bibliografia
BRANDÃO, Gilvo Marçal. Hegel: o Estado como realização histórica da
liberdade. In: WEFFORT, Francisco (org) Coleção Clássicos da Política, volume
II, organizada por Francisco Wefford. Editora Ática, São Paulo, 2002, p; 125.

Introdução
Hegel é um dos maiores representantes do Idealismo Alemão, principal percussor
da filosofia marxista e considerado por muitos críticos como um pensador que
legitima o totalitarismo. Gilvo Marçal Brandão nos apresenta alguns dados sobre
o percurso intelectual do pensador, alguns dos princípios mais importantes
presentes em sua filosofia, bem como algumas críticas dirigidas a mesma,
apresentando também um breve quadro da filosofia "pós-hegeliana". Algumas
temáticas são privilegiadas pelo comentador, como a distinção entre Estado
Político e Sociedade Civil, a liberdade concreta e as críticas formuladas por
Hegel contra as teorias contratualistas do jus naturalismo.
O Estado emerge como um todo maior que a soma das partes, uma vez que se
exerce na resolução de todas as contradições presentes na sociedade civil, e não é
posterior aos homens; nada existe, na filosofia de Hegel, fora do Estado.

A presente ficha de leitura apresenta o capítulo de textos de Hegel, como a grande


maioria dos textos contida na coleção Clássicos da Política, organizada por
Francisco Weffort em dois volumes, dois momentos distintos. O primeiro é
composto do comentário de Gilvo Marçal Brandão sobre a filosofia hegeliana,
enquanto o segundo, de alguns excertos selecionados pelo comentador a partir de
uma das obras mais referenciadas de Friedrich Hegel: Princípios da Filosofia do

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Direito. Porém, em relação aos outros comentários, este apresenta ao menos uma
particularidade: a justificativa, do comentador acerca de sua seleção de
fragmentos da obra hegeliana. Brandão selecionou os parágrafos 535 a 552 desta
obra, apresentando-os em sua ordem original. Ou seja, sua seleção foi de um
único fragmento contínuo. Neste sentido, Brandão argumenta que apresentar
frases e fragmentos fora do seu contexto argumentativo poderia comprometer a
compreensão do leitor.
No início do seu texto, Brandão apresenta algumas breves colocações acerca do
momento histórico que contextualizou a obra filosófica de Hegel, bem como o
próprio percurso filosófico do pensador alemão. Brandão pontua que, no
princípio, Hegel esteve mais voltado para análises teóricas e históricas, que
abarcavam temáticas ligadas à economia, á religião e à política, mais que não
possuíam em si então um caráter "tecnicamente filosófico". Também merecem
destaque os estudos de Hegel acerca de seus predecessores, Kant, Fichte e
Schelling – sendo que o filósofo começara sua carreira intelectual como discípulo
deste último, com o qual viria a romper posteriormente. O comentador dedica
também um pequeno espaço à carreira do filósofo como jornalista político.
Já em relação à própria filosofia do teórico alemão, Brandão lembra que foi
Hegel, e não Marx, como muitos poderiam supor, o primeiro a propor uma
distinção entre a sociedade civil e o Estado político. Segundo o comentador, a
sociedade civil se define como um: sistema de carecimentos, estrutura de
dependências recíprocas onde indivíduos satisfazem as suas necessidades através
do trabalho, da divisão do trabalho e da troca; e asseguram a defesa de suas
liberdades, propriedades e interesses através da justiça e das corporações. Trata-
se da esfera dos interesses privados, econômico-corporativos e antagônicos entre
si.
Em outras palavras, a sociedade civil é um palco de antagonismos e contradições,
permeadas por dependências mutuas entre todos os indivíduos. Já o Estado
político funcionaria em um outro registro, o dos interesses públicos e universais,
onde as contradições encontradas na sociedade civil já se encontram superadas.
Em oposição à fragmentação da sociedade civil, o Estado político representaria a
unidade.
Desta forma, o Estado não reflete as contradições presentes na sociedade; ao
contrário, remete à resolução destas contradições. Neste ponto, a partir das

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formulações de Norberto Bobbio, outro comentador da obra hegeliana, Brandão
coloca que a sociedade civil comporta não somente o âmbito das relações
econômicas e a constituição de classes, mas também a administração da justiça e
o ordenamento administrativo e corporativo. Outro ponto destacado pelo
comentador é que em Hegel esferas que estão a princípio situadas fora e
anteriormente ao Estado – como a família e a sociedade civil – só existem e se
desenvolvem no interior do próprio Estado. Assim, não podem existir fora do
Estado. A conclusão final a que este raciocínio leva é a de que "não há história
fora do Estado. Não há nada fora da história". Esta conclusão fundamentaria,
então, as ambições do pensador alemão em construir a filosofia enquanto
expressão especulativa da própria história.
Brandão apresenta a forma pela qual Hegel subverte a teoria contratualista da
formação do Estado. Para Hegel, não há e nem nunca houve um pacto entre
indivíduo e Estado; o sujeito não pode ao menos escolher participar ou não do
Estado, sendo, inclusive, constituído por ele. Trata-se aqui de uma relação
efetiva, e não de uma relação optativa. Considerar o Estado como produto de um
pacto que visa atender apenas aos interesses individuais também não explicaria
"por que o Estado pode exigir do indivíduo o sacrifício da própria vida em
benefício da preservação e do desenvolvimento do todo".
De facto, para Hegel, seguindo Brandão, a força associativa do conjunto Estado
mais sociedade civil se expressa justamente na guerra o que, conforme foi
possível verificar, não corresponde aos interesses individuais de quem luta no
conflito. Haveria aí um "todo", que justifica as partes.
O comentador apresenta também ao leitor a crítica ao jus naturalismo formulada
por Hegel. O filósofo alemão acusa os jusnaturalistas de se limitarem a uma
concepção idealista do Estado, com vistas a estabelecer apenas aquilo que o
estado deveria ser, negligenciando o que ele efetivamente é. Neste sentido, o
comentador recorre a outro estudioso de Hegel, Jean Hyppolite, para apresentar a
ideia de que a teoria do contratualismo, ao supor indivíduos isolados uns dos
outros, teria apenas criado uma ficção científica uma conceção de um homem
fora da história, apenas na esfera do ideal. Logo, o contratualismo, enquanto
idealista, ignora as manifestações concretas da história dos homens. Se Hegel
propõe que nada existe fora da história, tal contratualismo idealista, portanto, não
seria nada mais que uma mera abstração.

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O Estado Moderno em Hegel é "um todo que subsiste na e através da mais
extrema autonomização das partes", ou seja, as partes se organizam com uma
determinada autonomia, porém, de maneira a sempre se referir a um todo, uma
unidade maior. O Estado se exerce enquanto em função das vontades particulares,
porém, os indivíduos não vivem somente para seus interesses, negligenciando o
universal. É uma relação de interdependência entre as duas esferas.
Neste ponto, o comentador critica as leituras que tomam a filosofia hegeliana por
totalitária. Tais leituras se baseariam no argumento de que tal formulação do
Estado terminaria por esmagar os interesses individuais, na medida em que o
Estado é maior que a soma das partes. Brandão rebate esta perspectiva
argumentando que a totalidade a qual se refere Hegel cumpriria mais
propriamente a função de desenvolver todas as determinações existentes, e não
aniquilá-las. Não é questão de suprimir as diversidades, mas desenvolvê-las.
Brandão realiza então uma breve explanação da noção de liberdade concreta na
filosofia hegeliana, tendo no Estado vinculado à razão "o absoluto no qual a
liberdade encontra sua própria significação".
O texto de Brandão é uma boa introdução ao pensamento hegeliano, apesar de
possuir alguns pontos obscuros, como quando discute a questão da liberdade.
Entretanto, ao considerar-se que Hegel é tomado por muitos como um pensador
de difícil leitura, demasiadamente hermético e prolixo, o esforço do comentador
em esclarecer alguns de seus princípios ganha relevo, especialmente em função
do pouco espaço cedido ao mesmo para que realize este trabalho problema este
que inclusive é apontado no texto. Trata-se, portanto, de um bom comentário, que
apesar de breve, merece ser estudado minuciosamente.

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