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Análise da carbonatação natural em concretos, com quatorze anos de

idade, com diferentes teores de adições de cinza de casca de arroz,


cinza volante e sílica ativa.
Analysis of natural carbonation in concrete, with fourteen years of age, with different
levels of additions of rice husk ash, fly ash and silica fume.
TASCA, Maisson (1); ISAIA, Geraldo (2); GASTALDINI Antônio.(3); VAGHETTI, Marcos.(4)
JUNIOR Pedro. (5); TEIXEIRA, Daniel (6)
(1) Engenheiro Civil, Mestrando do Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil da Universidade
Federal de Santa Maria
(2) Doutor em Engenharia Civil, professor do Departamento de Estruturas e Construção Civil da
Universidade Federal de Santa Maria
(3) Doutor em Engenharia Civil, professor do Departamento de Estruturas e Construção Civil da
Universidade Federal de Santa Maria
(4) Doutor em Engenharia Civil, professor do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da
Universidade Federal de Santa Maria
(5) Graduando do Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Maria
(6) Graduando do Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Maria

Resumo
O concreto é o material mais utilizado no setor da construção civil por possuir características benéficas na
execução de inúmeras obras. O presente estudo aborda sobre a penetração de gás carbônico (CO2) para o
interior do concreto, causando o fenômeno da carbonatação natural. A carbonatação acontece naturalmente
nas estruturas de concreto, exigindo apenas certa concentração de CO2 no ar ambiente e uma variação da
umidade para que o gás penetre no concreto produzindo reações de neutralização do concreto, e
posteriormente corrosão das armaduras. Este estudo apresenta concretos com, diferentes teores de cinza
de casca de arroz, cinza volante e sílica ativa, através da composição de misturas binárias e ternárias, de
pozolanas.O fenômeno de carbonatação natural foi analisado a partir de corpos de prova cilíndricos de
concreto, com leituras a 0,5, 1, 2, 4 e 14 anos de idade, sendo exposto em ambiente interno em condições
normais de temperatura e concentração de CO2. A medição da profundidade de carbonatação natural foi
realizada a partir da aspersão da solução de fenolftaleína nos corpos de prova. Através da profundidade de
penetração do CO2 e da determinação dos coeficientes de carbonatação pode se analisar o desempenho
que cada adição proporcionou ao concreto e compará-las entre si verificando sua viabilidade de aplicação.

Palavra-Chave: concreto de alto desempenho, carbonatação natural, teores normais de adições minerais

Abstract
Concrete is the material most used in the construction industry because it has beneficial properties in the
execution of numerous works. This study focuses on the penetration of carbon dioxide (CO2) into the
concrete, causing the phenomenon of natural carbonation. The carbonation occurs naturally in concrete
structures, requiring only a certain concentration of CO2 in ambient air and moisture to a variation of the gas
to penetrate the concrete producing reactions of neutralization of concrete, and later reinforcement
corrosion. This study provides concrete with different amounts of rice husk ash, fly ash and silica fume,
through the composition of binary and ternary mixtures of natural carbonation pozolanas.O phenomenon was
analyzed in cylindrical specimens of concrete, with readings of 0.5, 1, 2, 4 and fourteen years of age,
displayed indoors under normal conditions of temperature and CO2 concentration. Measuring the depth of
natural carbonation was carried out from the spray solution of phenolphthalein in the specimens. Through the
depth of penetration of CO2 and the coefficients of carbonation can analyze the performance provided that
each addition to the concrete and compare them among themselves checking their feasibility of application.

Keyword: high performance concrete, natural carbonation, normal levels of mineral addition
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1. Introdução

A carbonatação de concretos tem sido atualmente, um tema muito difundido nas


pesquisas, sendo considerada uma das principais manifestações patológicas das
estruturas de concreto armado, afetando a durabilidade desses elementos. O fenômeno
da carbonatação é definido por diversos autores como um processo físico-químico que
progride no interior das estruturas através da penetração do CO2 da superfície externa
para interior do concreto. O principal efeito da carbonatação é a redução da alcalinidade
(pH) do concreto, sendo que essa redução é responsável pela despassivação da
armadura, deixando o aço desprotegido, susceptível a corrosão.
A carbonatação ocorre naturalmente nas estruturas de concretos dependendo apenas de
uma concentração do gás dióxido carbônico CO2 atmosférico e de uma variação de
umidade. No entanto, o estudo da carbonatação natural, é pouco difundido em pesquisas,
isso ocorre, porque o fenômeno progride lentamente no interior do concreto demandando
de um longo prazo de análise para obtenção dos resultados. VAGHETTI (1999) relata que
o fenômeno da carbonatação em concretos é muito complexo, pois envolve muitas
variáveis físico-químicas que se inter-relacionam e determinam um processo de maior ou
menor intensidade de avanço da frente carbonatada. O estudo dessas variáveis contribui
para um melhor entendimento do fenômeno e para previsão de novos materiais e
métodos que aumentem a durabilidade.
Um fator preponderante no processo de carbonatação é a disponibilidade de CO2 da
atmosfera, quanto maior o teor maior será profundidade carbonatada principalmente em
relações água/aglomerantes elevadas (PARROT, 1986). O processo de cura, assim como
as relações a/agl influenciam no fenômeno, uma vez que essas variáveis estão
associadas a permeabilidade do concreto. ISAIA (1999) relata em seus estudos que a
composição do cimento e das adições influenciam diretamente na carbonatação. O
avanço da carbonatação é proporcional a reserva alcalina disponível na matriz da pasta
de cimento, sendo uma função da composição química do cimento em especial do teor de
cálcio. Além disso, as variáveis climáticas como a umidade e a temperatura também
afetam o processo de carbonatação, pois observa-se um aumento da velocidade das
reações em elevadas temperaturas e no que diz respeito a umidade extremamente baixas
ou altas tem-se uma diminuição na velocidade de penetração (ISAIA 1999).
A utilização de adições pozolanas no concreto tem contribuído para dois requisitos
enfatizados pelos pesquisadores na atualidade: aumentar a durabilidade das estruturas e
desenvolver materiais sustentáveis, tornando o emprego das adições minerais um
tendência mundial.
Com o incremento de adições no concreto ocorre a reação denominada de pozolânica.
Nesta reação, de uma forma geral, a sílica encontrada nas pozolanas reage com o
hidróxido de cálcio liberado nas reações de hidratação do cimento formando silicatos de
cálcio hidratados C-S-H secundários, de baixa densidade. Esse composto secundário
contribui para o refinamento do tamanho dos poros, ou seja, a transformação de vazios
capilares grandes em muitos vazios de pequenos tamanhos. A reação pozolânica também
é responsável pelo refinamento dos grãos, tornando grãos maiores em grãos menores,
aumentando a resistência da pasta de cimento. Esta redução na microfissuração do
concreto, devido ao aumento da resistência da pasta através das reações pozolânicas,

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diminui sensivelmente a permeabilidade do sistema, impedindo a penetração de agentes
agressivos e, conseqüentemente, melhorando a durabilidade do material (VAGHETTI
1999). Entretanto, no processo de formação C-S-H secundário ocorre um consumo de
hidróxido de Cálcio CH induzindo a uma redução nos teores de CH na solução de poros,
diminuindo a reserva alcalina, assim proporcionando um aumento da velocidade de
carbonatação devido a menor quantidade hidróxido de cálcio para reagir com CO2 (ISAIA
1999).
O objetivo do presente trabalho é analisar a profundidade de carbonatação em concretos
com diferentes teores de adições minerais, através da composição de misturas binárias e
ternárias, assim, poder verificar a influência das adições pozolânicas frente a
carbonatação natural de concretos ao longo prazo. Os concretos estudados possuem 14
(quatorze) anos de idade e estão expostos em ambiente interno em condições normais de
exposição. Os resultados obtidos apresentados neste trabalho referem-se a uma pesquisa
mais abrangente, sendo ora analisados apenas os traços com com relação
água/aglomerante de 0,55 e teores normais de adição de pozolanas (até 25%).

3. Análise Experimental
Com o intuito de avaliar qualitativamente e quantitativamente o desempenho das adições
minerais e sua influência na carbonatação natural o trabalho experimental foi executado
em duas etapas. Primeiramente foi realizada uma coleta dos dados das propriedades dos
materiais utilizados na confecção dos corpos de prova, um vez que os CP’s foram
produzidos por VAGHETTI (1999) fazendo parte da sua dissertação de mestrado e de
seu trabalho anteriormente publicado no 43º Congresso Brasileiro do Concreto (ISAIA,
VAGHETTI & GASTALDINI, 2002) - onde foram apresentados os resultados de
carbontação natural até 2 anos de idade. Em um segundo momento, foi realizado os
ensaios de verificação da profundidade de carbonatação natural dos corpos de prova
mencionados, assim podendo transcrever as propriedades dos materiais utilizados e
analisar os resultados obtidos após quatorze anos de idade dos CP’s.

3.1 Propriedades dos Materiais


3.1.1 Cimento

O aglomerante utilizado na pesquisa foi o cimento Portland de alta resistência inicial, CP


V – ARI. Esse cimento foi escolhido por ser considerado um cimento puro, sem adições.
O cimento ainda apresenta teores de calcário e argila diferenciados na produção do
clínquer, possuindo uma granulometria mais fina. A tabela 1 apresenta a composição
química e as características do cimento utilizado na pesquisa.

Tabela 1 – Composição química e características do cimento (Adaptado VAGHETTI 1999)

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Componentes CP V - ARI Ensaios Resultados
Perda ao fogo 1,94 Início pega - mim 215
SiO2 20,97 Fim de pega - mim 290
Al2O3 4,64 Resíduo #0,075 (%) 0,28
Fe2O3 3,36 Resíduo #0,045 (%) 1,8
CaO 60,86 Superfície especif.(m²/kg) 463
MgO 3,66 Massa especifica (Kg/dm³) 3,14
SO3 2,69 Resistência (idade - dias) fc (MPa)
Na2O 0,09 1 14,2
K2O 0,85 3 32
Res. Ins 0,37 7 45,5
CaO livre 1,09 28 58,9

3.1.2 Pozolanas

Foram utilizados três tipos de pozolanas na pesquisa, sendo que apenas a sílica ativa é
industrializada, e foi adquirida em um fabricante nacional. As demais pozolanas, a cinza
de casca de arroz e cinza volante, são subprodutos industriais e foram doados por
empresas da região. As pozolanas doadas passaram por processos de moagem de uma
hora em moinho de bolas, peneiramento e secagem no laboratório a 110 ºC em estufa. A
Tabela 2 apresenta a composição química das pozolanas utilizadas.

Tabela 2 – Composição química das Pozolanas (Adaptado VAGHETTI 1999)


Componentes Cinza Volante Cinza C. Arroz Sílica Ativa
Perda ao fogo 1,00 2,83 3,32
SiO2 65,50 92,24 94,46
Al2O3 25,89 0,25 0,15
Fe2O3 3,15 0,59 0,14
CaO 0,34 0,78 0,62
MgO 1,53 0,48 0,76
SO3 * * *
Na2O 0,21 0,03 0,29
K2O 1,98 2,12 0,92
Res. Ins * * *
CaO livre * * *
*não identificado

3.1.3 Agregado miúdo

O agregado miúdo utilizado é areia do rio Vacacaí, natural e quartzoza. A areia foi
devidamente lavada e peneirada na peneira #6,3 mm para limpeza de impurezas,
posteriormente foi seca em estufa a 110 ºC ficando isenta de umidade. A areia utilizada
possui uma granulometria continua, conforme Figura 1, favorecendo a consistência e
trabalhabilidade do concreto.

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3.1.4 Agregado graúdo

O agregado grudo utilizado foi pedra britada de rocha basáltica, com partículas na maioria
de forma equidimensional e diâmetro máximo de 19 mm. A pedra foi devidamente lavada
e seca ao ar ambiente. A distribuição granulométrica da brita também é continua
conforme mostra a figura 1.

Figura 1 – Composição granulométricas dos agregados (VAGHETTI 1999)

3.1.5 Aditivo

O aditivo usado para conferir a trabalhabilidade desejada aos concretos foi o “Sikament”,
produto da empresa Sika S/A. Este aditivo superplastificante é isento de cloretos, à base
de naftaleno, do tipo F da ASTM C494. O teor de sólidos foi 32,5%, a densidade 1,18
Kg/dm3 e o pH= 7,68.

3.2 Moldagens e Dosagem dos Concretos


Conforme VAGHETTI (1999) os concretos foram dosados pelo método experimental,
buscando atingir a melhor trabalhabilidade e coesão das misturas. Para os níveis de
resistência pretendidos, fixou as relações a/ag em 0,35; 0,45 e 0,55. A dosagem das
pozolanas nos concretos deu-se em dois níveis de substituição de igual massa de
cimento: normal e alto. Considerou-se como nível normal as taxas de substituição
geralmente empregadas em pesquisas e mesmo em obras, segundo relatos da literatura.
Em geral, as taxas normais são aquelas que propiciam resultados adequados, com bom
desempenho quanto à durabilidade e à resistência dos concretos.
As moldagens dos corpos de prova foram realizadas nos meses de julho a agosto de
1997, por VAGHETTI, no Laboratório de Materiais e Construção Civil da Universidade
Federal de Santa Maria – UFSM, o pesquisador pretendia verificar qual a influência que
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teores normais e elevados de pozolnas em misturas binárias e ternárias com o cimento
teriam sobre a carbonatação do concreto. Para isso, foram moldados corpos de prova
cilíndricos nas dimensões de 10x20 centímetros, que posteriormente foram serrados ao
meio e acondicionados para o processo de cura de úmida. As séries de CPs destinados
aos ensaios de carbonatação natural foram deixados ao ar em ambiente de laboratório
até as idades de ensaios com idades as 182 dias, 1,2,3,4,5 e até o presente, 14 anos.
Sendo assim, para essa fase de estudos será analisado concretos com relação a/ag de
0,55 com teores de adições normais, sendo que o restante das misturas serão analisados
em trabalhos futuros, desta forma o presente trabalho verificou especificadamente um
concreto de referência e cinco misturas de adição de pozolanas sendo três misturas
binárias e duas ternárias conforme apresentado na tabela 3.

Tabela 3 – Teores de adição de pozolanas (Adaptado VAGHETTI 1999)


TEOR DE
POZOLANAS
ADIÇÃO NORMAL
Cinza Volante (CV) 25%
Silica Ativa (AS) 10%
Cinza de Casca Arroz (CCA) 25%
CV + S.A 15 + 10%
CV + CCA 10 + 15%

3.3 Ensaios de Carbonatação Natural


Com a intenção de verificar a influência das pozolanas frente a carbonatção natural de
concreto ao longo prazo os corpos de prova foram submetidos ao ensaio de carbonatação
natural pelo método da determinação da profundidade carbonatada. Desta forma, os
corpos de prova foram rompidos diametralmente, dividindo-os em duas partes Após,
determinou-se a profundidade carbonatada através do uso de indicador químico, ou seja,
da aspersão da solução composta de 70% de álcool absoluto, 28% de água destilada e
2% de fenolftaleína sobre a superfície do concreto. Esta solução é utilizada para
caracterizar o pH, sendo um indicativo da zona carbonatada e não carbonatada, que é
possível identificar através da mudança de pH. A cor violeta, caracteriza um pH alto maior
que doze e uma faixa incolor onde o pH encontrava-se abaixo de nove. A Figura 2 a
seguir demonstra um corpo de prova após a aspersão da solução de fenolftaleína.

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Figura 2 – Corpo de prova do traço de CCA 25% após a aspersão de fenolftaleína

A partir da imagem, observa-se que a região incolor, a partir da superfície, indica o


concreto carbonatado e seu núcleo na cor violeta a área não carbonatada. Após aspersão
da solução é tirada uma foto digital do CP em alta resolução e posteriormente com essa
imagem é realizada a medição da profundidade carbonatada com o auxilio dos programas
Autocad e Excel.

4. Apresentação e Discussão dos Resultados

Para verificar a influência das misturas em relação a carbonatação dos concretos foi
realizada um análise dos dados referentes ao ensaios de carbonatação natural com os
CPs, passando por um tratamento estatístico, em seguida, a obtenção das tabelas e
gráficos para a ilustração e discussão dos resultados.

4.1 Medida da Profundidade de carbonatação


A tabela 4 e Figura 3 a seguir apresentam a medida da profundidade de carbonatação
das misturas estudadas obtidos no ensaio.

Tabela 4 – Profundidade Média de Carbonatação das misturas com 14 anos de idade


MISTURAS TEOR DE ADIÇÃO RELAÇÃO a/ag PROFUNDIDADE(mm)
Referência 0 0,55 6,53
Cinza Volante (CV) 25% 0,55 14,70
Sílica Ativa (S.A) 10% 0,55 11,61
Cinza de Casca Arroz (CCA) 25% 0,55 14,04
CV + S.A 15 +10% 0,55 12,54
CV + CCA 10 + 15% 0,55 15,60

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Figura 3 – Gráfico da profundidade de carbonatação natural aos 14 anos de idade.

A partir do dos dados acima se pode verificar que o concreto de referência apresentou
menor profundidade de carbonatação. Os concretos com adições pozolânicas tiveram
uma maior profundidade de carbonatação, sendo que a mistura binária com sílica ativa
obteve o melhor desempenho entre elas, ou seja menor profundidade de carbonatação,
enquanto que a mistura ternária de cinza volante e cinza de casca de arroz obteve a
maior profundidade de carbonatação. Os resultados obtidos estão em conformidade com
o que foi relatado por (VAGHETTI 1999) e por outros pesquisadores. Verifica-se que o
aumento da profundidade de carbonatação em concretos com adições minerais ocorre
porque o desenvolvimento das reações pozolânicas induz a diminuição dos teores de
hidróxido de cálcio na solução dos poros do concreto e, conseqüentemente, aumento da
profundidade de carbonatação, pois a difusão do CO2 nos poros é mais rápida devido à
menor quantidade de hidróxido de cálcio disponível para reagir. Deste modo, a menor
profundidade de carbonatação do concreto de referência está associado a maior reserva
alcalina que o cimento Portland proporciona existindo maior quantidade de CH para ser
consumido pelo CO2 nas reações de carbonatação.
A Figura 4 a seguir mostra a relação medida da profundidade de carbonatação nos
concretos com pozolanas em relação ao concreto de referência 14 anos de idade.

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Figura 4 – Gráfico da profundidade de carbonatação em relação ao concreto de referência com 14 anos de
idade.

A partir do gráfico acima verificou que a mistura que obteve o melhor desempenho com
sílica ativa teve uma profundidade de 78% maior que o concreto de referência e que a
mistura com a maior profundidade de carbonatação obteve uma profundidade de 139%
maior que o concreto de referência.

4.2 Evolução das Profundidades Carbonatadas


O presente estudo é parte integrante de uma pesquisa ao longo prazo da carbonatação
natural de concretos com diferentes teores de adição pozolanas. Com o intuito de
quantificar e qualificar melhor o fenômeno foi realizada uma analise da evolução da
profundidade de carbonatação natural encontrados com um ano idade, dois anos e com
quatorze anos. A Tabela 5 e o gráfico a seguir explicitam a evolução da profundidade de
carbontação ao longo dos anos.

Tabela 5 – Evolução da profundidade carbonatada naturalmente nas idades de 1, 2 e 14 anos de idade


Profundidade Profundidade Profundidade
Mistura ADIÇÃO
(1 Ano) mm (2 Anos) mm (14 Anos) mm
Referência 0 1 1,2 6,4
Silica Ativa (S.A) 10% 0,7 2,4 11,6
CV + S.A 15 + 10% 2,6 9,0 12,5
Cinza de Casca Arroz (CCA) 25% 1,9 7,3 14,0
Cinza Volante (CV) 25% 3,3 6,0 14,7
CV + CCA 10 + 15% 3,5 6,9 15,6

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Figura 5 – Evolução da profundidade de carbonatação natural em 1, 2 e 14 anos de idade.

Através da evolução das profundidades ao longo dos anos pode-se averiguar que a
velocidade da frente de carbonatação foi contínua, representados pelas retas crescentes
no gráfico, apresentando um crescimento semelhante para todas as misturas estudas. No
entanto, a mistura de referência teve um menor avanço da frente de carbonatação.
Adicionando-se linhas de tendência no gráfico é possível relacionar a evolução das
profundidades com o coeficiente angular da reta de tendência, deste modo, o coeficiente
da reta do traço de referência é menor, enquanto as demais retas apresentam
coeficientes maiores semelhantes. Sendo assim observa-se que os coeficientes menores
representam traços com maior reserva alcalina CH, e quanto maior o coeficiente menor a
reserva alcalina CH do concreto.

4.3 Coeficientes de carbonatação


O desenvolvimento da carbonatação natural pode ser previsto através da utilização do
coeficiente de carbonatação, seja ela natural ou acelerada, que indica a profundidade
carbonatada em um determinado tempo. Para o presente estudo foi determinado o
coeficiente de carbonatação natural expresso em milímetros// ano. O cálculo do
coeficiente é dado pela fórmula:

Onde:
x = Profundidade Carbonatada -
K = coeficiente de carbonatação -
t=Tempo de exposição ao CO2 -

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Para determinação dos coeficientes de carbonatação natural utilizou-se um procedimento
analítico de regressão linear utilizando as profundidades carbonatadas em função da raiz
quadrada da idade do ensaio. Os pontos obtidos foram alinhados em uma reta de
tendência com função identidade do tipo f(x) = ax+b, onde o coeficiente angular “a” foi
considerado o coeficiente de carbonatação.
Para dar consistência aos resultados foram tomados os coeficientes de 1, 2 e 14 anos de
idade. A figura 6 apresenta o gráfico utilizado para o cálculo da regressão linear para
obtenção dos respectivos coeficientes de carbonatação natural, para os traços de CV
25% e CV+CCA (15+10)%.

Figura 6 – Gráfico para o cálculo do coeficiente de carbonatação natural (K) dos traços de cinza volante e
cinza volante + cinza de casca de arroz.

A tabela 6 abaixo apresenta os resultados obtidos no cálculo dos coeficientes de


carbonatação natural considerando as profundidades de 1, 2 e 14 anos de idade.

Tabela 6 – Cálculo do coeficiente de carbonatação tomando as idades de 1,2 e 14 anos de idade


Profundidade Profundidade Profundidade Kc
Mistura ADIÇÃO
(1 Ano) (2 Anos) (14 Anos)
Referência 0 1 1,20 6,35 1,77
Silica Ativa (S.A) 10% 0,7 2,43 11,61 3,31
CV + S.A 15 + 10% 2,6 8,98 12,54 3,34
Cinza de C. Arroz (CCA) 25% 1,9 7,34 14,04 3,85
Cinza Volante (CV) 25% 3,3 5,95 14,70 3,97
CV + CCA 10 + 15% 3,5 6,94 15,60 4,20

Os coeficientes de carbonatação representam uma estimativa da velocidade da frente de


carbontação nos concretos sendo proporcional a profundidade carbonatada em um
determinado período de avaliação. Desta forma, quanto maior o coeficiente de
carbonatação mais rápido será sua propagação no interior do concreto. Para as misturas
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analisadas pode-se observar que o menor coeficiente de carbonatação é do concreto de
referência, em relação as misturas com adições o menor coeficiente pertence a mistura
de sílica ativa (S.A), enquanto que o maior coeficiente pertence a mistura ternária de
cinza volante com cinza de casca de arroz. Assim, como mencionado no tópico anterior, a
velocidade de carbonatação é influenciada pela quantidade hidróxido de cálcio livre no
interior do concreto e pela reatividade pozolânica das adições minerais presentes na
mistura.. As reações pozolâncias provenientes das adições consumiu a reserva de
hidróxido de cálcio existente na solução de poros, deixando o concreto susceptível a
carbontação, aumentando a velocidade do fenômeno.
Pode-se analisar também que o coeficiente de carbonatação é proporcional ao teor de
pozolana contida na mistiura, ou seja, ao consumo de CH ao longo do tempo. Alem disso,
observa-se, que a mistura ternária de CV+CCA foi a que apresentou maior carbonatação
em relação às misturas binárias, fato devido ao efeito sinérgico entre as duas pozolanas,
conforme constatado por Isaia (1995).

5. Considerações Finais
O fenômeno da carbonatação é uma fonte de degradação das estruturas de concreto
armando causando-lhes sérias manifestações patológicas ao longo do tempo. O processo
é influenciado pelas variáveis ambientais do ambiente de exposição e também pelas
características dos materiais em um processo simultâneo.
A partir da análise dos resultados, pode-se observar que nas misturas com adição o
desenvolvimento das reações pozolânicas diminuiu os dos teores de hidróxido de cálcio
na solução dos poros do concreto e, conseqüentemente, ocorreu um aumento da
velocidade de carbonatação, pois a difusão do CO2 nos poros é inversamente
proporcional a quantidade de hidróxido de cálcio disponível para reagir, ou seja quanto
menor a quantidade de CH disponível maior será a velocidade da frente de carbonatação.
Além disso, verificou-se também que o concreto de referência apresentou menor
coeficiente de carbonatação em relação aos concretos com pozolanas, esse
comportamento está associado à maior reserva alcalina que o cimento Portland
proporciona, existindo maior quantidade de CH para ser consumido pelo CO2 nas reações
de carbonatação, assim a frente de carbonatação necessita primeiro rebaixar o pH da
solução, para depois continuar a avançando fazendo com que a profundidade
carbonatada progrida lentamente, em função disso, tem-se uma diminuição dos
coeficientes de carbonatação.
Enfim, as reações pozolânicas contribuíram para o avanço da frente de carbonatação,
devido ao consumo das reservas de hidróxido de cálcio, facilitando o progresso de
carbonatação, estando de acordo com outras pesquisas sobre a temática. No entanto, o
fenômeno também foi influenciado pelas condições ambientais de exposição do ambiente
interno. Por se tratar de um fenômeno físico químico complexo, outras pesquisas ainda
serão realizadas com diferentes teores de pozolanas, diferentes relações
água/aglomerante juntamente com um estudo criterioso da microestrutura para esclarecer
detalhadamente a ocorrência do fenômeno em longo prazo.

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6. Referências

ISAIA, G, C. Efeitos de misturas binárias e ternárias de pozolanas em concreto de


alto desempenho: um estudo de durabilidade com vistas a corrosão da armadura.
Tese. Doutorado em Engenharia Civil. São Paulo, Universidade de São Paulo, 1995.

_____. Carbonatação do concreto: uma revisão. Polígrafo, Santa Maria março de


1999.

ISAIA, G.C., VAGHETTI, M.A., GASTALDINI, A.L. Carbonatação acelerada e natural de


concreto com alto teor de pozolanas: um estudo preliminar. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DO CONCETO, Foz do Iguaçu, 2001. 43°. Anais. São Paulo, Instituto
Brasileiro do Concreto, Trabalho III-023, p. 1-20, 2001.

MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P.J.M. Concreto: microestrutura, propriedades e


materiais. São Paulo: IBRACON, 2008, 674p.

PAPADAKIS, V. G.; VAYENAS, C. G.; FARDIS, M. N. Fundamental modeling and


experimental investigation of concrete carbonation. ACI Materials Journal, 1991.

PARROT, L. J. A review of carbonation in reinforced concrete. Cement and concrete


Association report, 1987.

VAGHETTI, M. A. O. Efeitos da cinza volante com cinza de casca de arroz ou sílica


ativa sobre a carbonataç ão do concreto de cimento Portland. Santa Maria, 1999. 113
p. Dissertaç ão (Mestrado) – Universidade Federal de Santa Maria, 1999.

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