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Seria superficial pensar que esta passagem epocal diz respeito ao mundo ocidental. Os sinais dos
tempos maduros são evidentes também em Moçambique, onde já assistimos a não esporádicos
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fenómenos de desintegração do tecido cultural e spiritual, onde as novas gerações dedicam-se à
política do bate-papo e a Igreja está a cair na tentação do centripetismo.
A política do evangelho é marginal, se aprossima ao que foi abandonado meio morto à margem, à
beira do caminho, cresce com trinta anos de silêncio numa aldeia marginal (Nazaré) da qual nada de
bom se espera possa vir, banqueta com publicanos e pecadores anunciado-lhes a proximidade de
Deus, deixa as mulheres entrar no seu discepolado e morre crucificado no meio de dois terroristas-
ladroes.
A política do Evangelho chama-se “serviço”, lava os pes, factura ao negativo, sae a perder, derrama
o oleo da consolaçao e o vinho da esperança, fica com maos furadas mesmo se resuscitado e chama
tudo isso de amor. É fermento na massa, sal que salga e que salgando se perde, luz que faz luz aos
outros e não a si mesma. Por isso é que o Evangelho é marginalizado na vida, e esta marginalização
as vezes é favorecida pela religião, como o culto no templo marginalizava Deus da vida diária.
Repensar a política cristã segundo a sua costituição evangélica e revisitar as suas possiveis
declinações é nosso dever e nosso prazer! Invoca esta reflexão e este discurso aquele cristianismo
sem evangelho (coisa inventada pelos Gálatas, embora de facto impossivel), não cativante, não
salvador. Esta política do evangelho marginal é decisiva tambèm para o nosso humanesimo
deprimido, que necessita reencontrar o sentido da vida, para um renovado gosto do simples e fresco,
para um equilibrado sentido crítico frente do tecnológico e produtivo. O Mundo inteiro precisa
desta política evangélica: do sorriso de Deus capaz de abrir um futuro de esperança. Pois este é de
facto a política do evangelho de Deus: o seu sorriso para a vida do homem no mundo.