Sei sulla pagina 1di 28

Direito Processual Penal

1ª Avaliação- 21 de Setembro

2ª Avaliação- 09 de Novembro

1º Fichamento- Fontes, interpretação, aplicação da lei penal no tempo e no espaço – 1ª Avaliação


2º Fichamento - Ação civil ex delito – 1ª Avaliação
3º Fichamento- Teoria Geral das Provas e Provas em espécie – 2ª Avaliação

Bibliografia:
Guilherme Nucci – Manual de Processo Penal e Execução Penal
Nestor Távora
Eugênio Pachelli
Paulo Rangel
Auri Lopes Junior
Renato Brasileiro

AULA- 03/08
Conceito

O direito penal subjetivo é a capacidade de legislar do estado. Quando o Estado exercita essa capacidade ele cria
o direito penal objetivo que regula a conduta das pessoas. O Direito Penal fornece proteção referente aos bens
jurídicos. Contudo, nem todos os bens jurídicos merecem a atenção do Direito Penal. Somente aquelas condutas
descritas como vedadas ou obrigadas, pelo Direito Penal, são tidas como típicas.
Funciona como uma instituição de direitos e prerrogativas em prol do Estado para a reação contra as condutas
que violam as normas penais. Também atua como uma limitação ao Estado, uma vez que a aplicação do Direito
Penal deve ser feita dentro da legalidade, sendo assim, uma garantia aos cidadãos, no que tange a proteção da
adoção de condutas arbitrárias.
Com a autonomia que o Direito Processual ganhou, principalmente após a Revolução Francesa, o Direito
Processual Penal passou a ter uma maior visibilidade, deixando de ser visto apenas como uma parte adjetiva do
Direito Penal. Assim, o Direito Processual Penal se constitui como um instrumento para a aplicação do Direito
material.
Para o exercício do direito de punir, é preciso que ocorra a persecução penal, que se constitui como a
perseguição de elementos probantes, que possam implicar em alteração de uma situação jurídica para outra. O
Direito Processual Penal é composto por uma normatização que cria instrumentos, poderes e prerrogativas para
os órgãos persecutórios estatais. Por outro lado, o processo penal também disciplina os instrumentos de defesa
do individuo para que este se oponha às teses persecutórias. O processo penal dá poderes ao estado e traz
instrumentos para que o indivíduo se proteja desses poderes do estado. Quem atua, via de regra, na fase
investigativa é a polícia e quem atua, em regra, na fase judicial é o MP. Para que haja a aplicação do direito penal
objetivo é preciso do processo penal.
Só posso ingressar com uma ação penal se eu demonstrar na minha inicial que há indícios de autoria e provas
do fato. Demonstrando esse binômio, teremos justa causa. A condição de existência para ação penal é a justa
causa. Normalmente, só se consegue achar a justa causa via procedimento investigativo, normalmente, através
de inquérito penal. É possível que a investigação não traga justa causa, levando assim ao arquivamento. Nem
sempre que tem inquérito tem ação. É possível também que haja ação sem inquérito. O que faz iniciar a ação
penal é a justa causa que normalmente aparece através do procedimento investigativo.
A persecução penal se divide em 2 fases: fase pré-processual em que se analisa se há condições de deflagrar a
ação penal (via de regra quem executa essa fase é a policia). O inquérito investigativo não tem o objetivo de
resolver, mas sim de reunir elementos que fundamentem a ação penal. A fase processual é a fase da ação penal
em que você vai a juízo pedindo que o juiz condene alguém. Seja ação penal pública ou privada, será necessária a
demonstração da justa causa para sua deflagração.

AULA- 08/08

FINALIDADE

O direito processual penal instrumentaliza o Estado. Afinal, a partir do acontecimento de um fato


hipoteticamente delituoso, o Estado para conseguir cumprir o seu dever constitucional de aplicação de pena,
precisará de mecanismos tendo em vista alcançar provas suficientes para levar o caso a juízo. Diante disso, temos
necessidade de instrumento que não apenas materialize, mas que limite o Estado, para que este não seja
arbitrário, pois a execução penal por meio da coleta de provas é o instrumento mais agressivo do Estado. O
Processo penal tem esse objetivo de criar instrumento que permitam o estado perseguir, mas ainda,
equipamentos que permitam a coleta de provas. Assim, criam-se leis que façam com que o estado persiga da
forma que foi instituída, para que este não extrapole os limites legislativos. O processo penal disciplina esse
desenvolvimento de atos que marcham à execução.
O conjunto normativo penal que disciplina esse desenvolver de atos destinados à elucidação do fato e finalmente
a prestação jurisdicional, seja condenatória ou absolutória, se divide em fase pré-processual ou investigativa e
fase judicial ou processual. A fase pré-processual, bem como a fase processual, se submetem ao normativo penal.
A função persecutória é de parte ou de investigador, de forma que o juiz não é persecutor, ele é judiciante e
controlador da persecução. Nesse sentido, os atos praticados por figuras como o MP é a PF serão posteriormente
analisados e controlados pelo Judiciário, contudo, muitas ações não precisam de autorização para acontecerem,
mas o judiciário fará uma controle posterior. Por outro lado, certos atos vão precisar de um controle prévio do
judiciário e, em caso de autorização, não se dá uma carta branca, de forma que, havendo em excessos, poderá ser
feito um novo controle, a fim de mitigar os abusos.

A função investigativa é do Estado, que via de regra, investiga por meio da sua polícia, a. Polícia judiciária (PF,
polícia civil). Contudo, sabemos que além da polícia, outras figuras investigam. Obs.: a polícia militar não é
judiciária, só assume esse papel, excepcionalmente diante de um crime militar estadual. A função das policias
ofensivas é inibir o crime. . A PM e PRF tem função ostensiva, ou seja, tem a função de inibir – impedir que o
crime aconteça ou uma vez acontecendo, sustar). Todavia, além da policia, outras instituições também podem
investigar, como por exemplo, os parlamentos através da CPI. A única justiça que não julgam ações penais é a
Justiça do Trabalho. Então, cumpre notar que o habeas corpus não é instrumento exclusivo do processo penal,
podendo ele acontecer na área trabalhista.

No processo penal, a ampla defesa é dívida em duas: a primeira, chamada de defesa direta, é o fato de que o réu
pode se defender. O interrogatório é um meio de defesa, ele só se tornará meio de prova quando houver
confissão. Aqui, o silêncio não importa em consentimento e não haverá presunção de veracidade dos fatos. Por
outro lado, ainda há a defesa técnica, em que o advogado produz as peças.
Princípios

O princípio é um vetor de interpretação de um sistema jurídico.

1. Oficialidade: assegura que a atuação persecutória, via de regra, deverá ser realizada por órgãos de Estado,
por integrantes da estrutura estatal ou por particulares a seu serviço. O princípio em questão conhece exceção,
qual seja nos casos de ação penal privada, a persecução penal em juízo será exercida pelo particular (ofendido;
representante legal; sucessores do ofendido). A persecução penal na fase investigativa é a atribuição de órgãos
estatais sem que ainda não exista previsão legal de persecução penal investigativa por particular. Todavia, há
entendimento doutrinário que aceita excepcionalmente investigação particular e há projeto legislativo para
regulamentação da investigação particular no ordenamento jurídico brasileiro.
No Brasil foi retirado do ofendido o papel de investigação e passado para o Estado. Contudo, é o ofendido o maior
interessado no processo. Na área penal, a atuação não pode ser desarrazoada, já que aqui haverá uma sanção. O
Estado não defende o interesse do ofendido, mas sim aplica o direito penal ao caso concreto conforme a lei.
Assim, foi um grande salto fazer com que a persecução se apartasse do indivíduo. Outra coisa importante foi a
separação da função judicante da função persecutória, já que essas, quando fundidas, provoca a imparcialidade
do julgador. Então, essa separação assegura uma melhor atividade jurisdicional. Ocorre que, inicialmente, ao
retirar a função persecutória do ofendido, ela foi repassada para o julgador, só depois que há uma separação.
Assim o estado brasileiro adotou essa separação de estrutura de persecução e de julgamento, mas entrega ao
estado a função de perseguir. Divide-se uma persecução em uma fase pré- processual e outra processual. A
persecução penal em juízo é realizada por um órgão de estado, o MP, que por meio de seus agentes, exercerá a
função persecutória, auxiliados em suas estruturas pelos servidores (corpo técnico). Contudo, no caso das
ações penais privadas, a persecução é feita pelo ofendido, sendo exceção o princípio da oficialidade. Poderá ser
em ações que por natureza (personalíssimas e exclusivas) são privadas, ainda há aquelas que embora sejam
públicas, a inércia do MP permitiu que o indivíduo levasse a ação como privada (subsidiária). Não há previsão
legislativa na fase investigativa. Na ação penal privada subsidiária a disciplina ganha maior relevo, pois aqui há
uma garantia constitucional por força do artigo quinto, de que é uma garantia do indivíduo que se o estado não
atua, ele pode corrigir a inércia estatal. Assim, na fase processual, o legislador prevê essas exceções, mas na fase
investigativa não há essa previsão e o particular atua como mero auxiliar. Todavia, Néstor Távora entende que é
possível investigação particular. Roberto entende que é possível a investigação, mas isso não pode ser um
procedimento. A investigação particular que Néstor menciona então seria a coleta de dados em fontes abertas,
disponíveis a qualquer pessoa, contudo, não poderá esse investigador conduzir testemunhas, por exemplo. O
princípio da Oficialidade não se excepciona na fase investigativa, apenas na fase judicial.

2. Oficiosidade: Este princípio determina que a persecução penal, via de regra, se inicia independente da
provocação do ofendido ou de qualquer outro órgão ou indivíduo externo a persecução penal. A atuação dos
órgãos persecutórios acontece em razão do conhecimento do fato supostamente delituoso, agindo de ofício e
independentemente da vontade do ofendido. Este princípio conhece exceção que acontece nos crimes de ação
penal privada (tipicamente privada) e de ação penal pública condicionada à representação do ofendido ou à
requisição do Ministro da Justiça.
No primeiro caso, a exceção acontece na fase pré processual. E no segundo caso, nas fases pré processual e
processual. As exceções estão previstas no artigo 5º, §§4 e 5 do CPP. Estabelece o legislador processual penal
que, nos casos de crimes de ação penal privada, o inquérito policial somente se instaura com o requerimento da
vítima. Enquanto que, nos crimes de ação penal pública condicionada à representação, o inquérito policial
somente se instaura com a representação do ofendido.
Afirma-se ainda que a representação do ofendido é condição para existência do inquérito policial e também para
a existência da ação penal, todavia, o requerimento da vítima nos crimes de ações penais privadas é condição de
existência para o inquérito policial, mas não é para a ação penal, pois, para a mesma, o que é necessário é a
existência de uma queixa-crime.
A atuação dos policiais e do MP podem iniciar o procedimento ex ofício. Nos crimes de ação penal pública
incondicionada a atuação se dá independentemente de representação, ele pode atuar com provocação e sem
provocação. Por outro lado, nos casos de exceção supramencionados, não poderá ter persecução penal
investigativa sem a devida autorização do ofendido. Nos crimes de ação penal privada, a persecução penal na fase
investigativa, o inquérito policial só pode ser instaurado se o crime for de ação penal privada personalíssima e se
o ofendido fizer o requerimento. Sendo de ação penal privada exclusiva, carece de requerimento do ofendido, de
representação legal ou de seus sucessores. Essa exceção na fase investigativa porque a fase judicial já está a cargo
do próprio ofendido. Nos casos de crimes de ação penal pública condicionada, o inquérito policial não poderá
começar sem a devida representação do ofendido ou sem a devida requisição do ministro da justiça. Nesses
casos, sem isso, o delegado de polícia não poderá começar o inquérito.

Esclarecendo: há os crimes de ações penais públicas incondicionadas, condicionadas e as ações penais privadas
exclusivas, personalíssimas e subsidiárias. Atente-se para o fato que as ações tipicamente privadas são as
exclusivas e as personalíssimas. Nas ações penais privadas, a titularidade da ação é do ofendido. Nas ações penais
públicas, se tem no MP a titularidade para ajuizar a ação penal. Todavia, se for pública condicionada, há
necessidade representação do ofendido ou requisição do Ministro da Justiça.
Se for pública incondicionada, o MP atua independentemente de qualquer condição procedimental (mais de 90%
dos crimes). A atuação do MP e da polícia quando investigam, independe, nestes casos (pública incondicionada),
de atuação de quem quer que seja, basta que chegue ao conhecimento dos órgãos de persecução a existência de
um fato delituoso. Ou seja, atua ex officio. O ofendido não precisa atuar para que o inquérito policial se instaure,
independe de sua vontade. Portanto, a atuação dos órgãos persecutórios processuais ou pré-processuais, via de
regra, é independente da provocação do ofendido, isto porque a maioria dos crimes é de ação penal pública
incondicionada.
Quando for crime de ação penal privada, a atuação persecutória pré-processual só poderá se dar com a
autorização do ofendido, ou seja, pelo requerimento do ofendido. Ainda que a polícia tome conhecimento do
fato, ela não poderá atuar sem este requerimento pedindo a instauração do inquérito policial. Quando for crime
de ação penal pública condicionada à representação do ofendido, sem esta representação, os órgãos de
persecução estarão imobilizados até que esta representação ocorra. Embora o CPP não diga expressamente, é
pacífico em doutrina que isso também ocorre nos crimes de ação penal pública condicionada à requisição do
Ministro da Justiça.
Essa representação, que é condição para que exista inquérito na ação penal pública condicionada, também é
requisito para que haja a ação penal pública condicionada propriamente dita (basta uma representação) - exceção
ao princípio da oficiosidade. Isto porque a vítima pode voltar atrás enquanto a denúncia não for oferecida (peça
que inicia a ação penal), a representação é retratável (art. 25 do CPP).

Art. 25 - A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia.

Nos crimes de ações penais privadas, a atuação do persecutor público só se dá na fase investigativa, logo, para
que este órgão público comece a investigação é essencial que exista um requerimento do ofendido, sem esta não
existirá persecução pré-processual. Porém, em relação à fase processual não se dá dessa maneira, pois quem
entra com a ação penal é o próprio ofendido. Ou seja, na ação penal privada, só na fase investigativa que se tem
órgão oficial, na fase processual é opção do ofendido atuar ou não.
Obs: em ação penal pública o órgão público está obrigado a atuar nas duas fases. A atuação não é por juízo de
conveniência e oportunidade.

3. Obrigatoriedade da ação penal pública: se expressa em determinar que a atuação do MP é pautada na


obrigatoriedade, se apartando de exercício discricionários para início de ação penal. Desse modo, conclui-se
que presentes os requisitos para o início da ação penal, o MP atua por obrigatoriedade, cumprindo o seu dever
condicional. A atuação do MP é vinculada a ausência ou presença de elementos para a deflagração da ação penal
e assim, a ausência de exercício de ação penal vincula-se a fundamentos que demonstrem a pertinência da
mesma. Quando o MP tem em seu poder elementos probatórios que justificam uma ação penal, a sua atuação é
obrigatória e, desse modo, é de se concluir que havendo indícios de autoria e prova da existência de um fato
delituoso (justa causa), está obrigado o MP a deflagrar a ação penal. O princípio em questão foi mitigado pelo
instituto da transação penal que está previsto na Lei 9.099/95. Embora, parte da doutrina brasileira entenda a
necessidade de dar ao MP a possibilidade de escolher não ajuizar a ação penal, mesmo quando presentes os
requisitos para a mesma, se reputar a ação inconveniente, essa não é a determinação legal.

Na ação penal condicionada, data que aconteceu o fato, o indivíduo tem 6 meses para fazer a queixa. O ofendido
atua com conveniência e oportunidade, de forma que não está obrigado a deflagrar a ação após o inquérito
policial, nesse caso, ele renúncia o direito de queixa, deixando transcorrer o prazo decadencial. Isso é, mesmo que
tenha sido trazida uma prova robusta do fato, ninguém pode ser obrigado a ajuizar uma ação. Dai porque se fala
em ação penal privada, porque há essa vontade. Por outro lado, na ação penal pública incondicionada, independe
disso, verificada a presença de todos os elementos essenciais à ação, haverá a obrigação de denunciar. Quando o
promotor não consegue expor sua opinião (opinium delite) com base nos autos, ele deve mandar retornar os
autos a delegacia para novas diligências. Formando uma opinião, ele irá apontar os motivos de continuação ou
não da ação. Mas nesse caso não há vontade, ele demonstra a inexistência de requisitos suficiente para a
deflagração. Nas chamadas infrações de menor potencial ofensivo, aqueles crimes alcançados pela lei 9099/95,
temos o instituto da Transação Penal, que é um acordo penal feito entre o MP e o suposto autor do fato.
Portanto, para não atuar, o MP está obrigado a fundamentar o descabimento da ação penal.

Esclarecendo: Na ação penal pública condicionada ou incondicionada, surge este princípio da obrigatoriedade da
ação penal pública que determina que, quando haja fundamentos fáticos e jurídicos que permitam deflagrar a
ação penal, o MP está obrigado a atuar, ajuizando a ação penal. O MP para arquivar deve fundamentar, para não
denunciar ele deve expor as suas razões, por isso não é um juízo de conveniência, mas sim de legalidade, estando
presentes os requisitos ou não.
Há uma tendência da doutrina de que o MP possa eleger casos em que ele poderia realizar um acordo, ao invés
de deflagrar uma ação penal (não é transação). O contencioso penal só seria deflagrado nas questões mais
relevantes, prioritárias. Esta é uma discussão latente. É uma vontade apenas, pois o legislador prevê o contrário,
pois, pela lei, o órgão não tem discricionariedade de escolher quais são as questões prioritárias, já sendo a lei que
estabelece as questões passíveis de transação.
ATENÇÃO → Ação pública incondicionada: o MP está de pronto obrigado; Ação pública condicionada: está
obrigado se houver representação da parte ofendida.
O princípio da obrigatoriedade será excepcionado em alguns casos. Nestes casos, mesmo estando presentes
todos os elementos para deflagrar a ação, o MP fará a proposta de transação penal, se não for caso de
arquivamento (ou seja, se tiverem presentes os requisitos para denunciar). O próprio legislador dirá quais são os
casos em que isso é possível.

4. Indisponibilidade da ação penal pública - Art. 42 e 576 CPP: este princípio impede que o MP após ajuizar
uma ação penal pública, desista da ação penal proposta ou desista do recurso que haja interposto. O promotor
pode não oferecer a denúncia porque entendeu que não preencheu os requisitos, o procurador da república pode
fazer o mesmo. Contudo, se ele denunciou é porque ele entendeu que havia requisitos suficientes, nesse caso, ele
não poderá desistir da ação. Na fase recursal, ele não é obrigado a expor as razões porque não irá recorrer, mas
se ele optou por recorrer, não poderá desistir do recurso interposto. O princípio em questão não impede o
promotor de justiça pedir a absolvição do indivíduo. O MP é persecutor constitucional, não é um órgão
desvairado, ele não deve querer qualquer condenação, mas a condenação devida. O promotor não está vinculado
a condenação inicialmente pedida, ele pode mudar de posicionamento no desenrolar do processo. Por conta
disso que ele pode pedir a absolvição. O artigo 385 CPP diz que o juiz pode condenar ainda que o MP peça a
absolvição. A absolvição não se confunde com a desistência, continua-se em juízo, só altera o pedido para que o
juiz absolva o réu. Esse princípio também conhece uma exceção legal prevista na lei 9099/95, chamada de
suspensão condicional do processo, permite que depois que o processo tenha começado, haja um acordo que
leve a extinção, isto é, há uma disposição do processo. A retratação da vítima só pode acontecer até o
oferecimento da denúncia, após isso, começada a ação penal, não pode desistir. Contudo, na lei Maria da
Penha, essa retratação pode acontecer após a denúncia. Então se discute se isso também seria uma exceção a
este Princípio. Nos crimes de ações penais tipicamente privada, a ação penal é disponível, é possível bate desistir
e pode haver perdão do ofendido pela vítima. No caso do MP, ele não pode perdoar. A renúncia é unilateral,
renuncia-se independente do que o suposto autor do fato queira, mas no caso do perdão, o réu precisa
concordar. A renúncia sobre o fato se estende a todos, assim como perdão. Só que quando se oferece o perdão,
pode ser que um aceite e outro não, e contra esse que não aceitou, processo continua.

AULA – 17/08

5. Intranscedência da ação:
É uma expressão processual dos princípios da pessoalidade e da individualização da pena – que garante que na
fase de aplicação e de cumprimento da pena deverá se aplicar a pena adequada ao individuo de acordo com a sua
quota parte de participação no evento delituoso. A ação penal, por si só, é um constrangimento do Estado.
Assim, só é possível deflagrar a ação penal diante da existência de um lastro mínimo probatório, de um dado
fático que leve um dado individuo a ser responsabilizado penalmente por um fato. O principio da
instranscendência impede o alcance da ação penal contra aqueles que não tiveram uma mínima participação no
crime. Esse princípio tem a finalidade de evitar o arbítrio na denúncia. A denuncia deve ser realizada de forma
adequada, com a descrição da conduta dos agentes infratores.

Sistemas processuais
Os sistemas processuais coexistiram em vários períodos históricos, e um influenciando em outro. Antes desses
modelos, havia a vingança, onde o ofendido perseguia um outro para a aplicação das sanções penais do seu
grupo. O primeiro grande salto histórico no processo foi justamente a concentração das funções numa instituição,
diversa daquela pessoa interessada no fato.
a)Inquisitório (inquisitivo)
I – Escrito - Os atos procedimentais aqui são atos escritos, o que trazia uma segurança, representando a
formalização de que um determinado fato aconteceu.
II – Sigiloso – Da mesma forma que o sigilo assegura a imagem, assegura também o desenrolar do procedimento.
Contudo, o sigilo atrapalha a função fiscalizatória. O sigilo interno é o impedimento de acesso aos autos dos
próprios envolvidos, enquanto que o sigilo externo é o impedimento de acesso à terceiros. No processo
inquisitório, o sigilo era interno e externo. Até porque, os sujeitos envolvidos não eram tidos como sujeitos de
Direito, e sim como objetos de investigação.
III – Concentração de funções no mesmo órgão – As funções acusatórias, de julgamento e de defesa eram
exercidas no mesmo órgão. Por conta disso não havia o contraditório, a bilateralidade. Todo o procedimento
estava concentrado em único órgão.
b) Acusatório – Há quem diga que esse sistema nasceu na Grécia antiga. O sistema acusatório sofre influências do
sistema inquisitivo, e também o influencia.
I- Oral – O procedimento ocorria perante os julgadores, e ali se encerrava.
II – Publicidade
III – Pressupõe contraditório – Existia aqui dois atores distintos, com um terceiro ator, que seria a assembleia.
IV- Funções exercidas por órgãos diferentes – Havia uma função para um órgão acusatório, uma função para o
órgão de defesa, e o órgão julgador. Haviam atores diferentes exercendo as funções do processo.
Esse modelo acusatório se fortalece a partir da Revolução Francesa, mas antes disso, já tinha lançado os seus
pilares na criação da figura do procurador do rei.
Historicamente, tínhamos uma monarquia irresponsável pelos seus atos. Com o passar do tempo, com a evolução
da monarquia, passa a haver a busca pela responsabilização da coroa.
A magistratura era vista como um retrocesso, como uma expressão da monarquia, porque a função judicante é
do rei. O juiz é um delegatário ou uma espécie de auxiliar real.
Nos tribunais da França, o juiz era uma expressão da monarquia, o rei do plenário. A partir do momento em que a
coroa passa a ser responsabilizada, era processada perante o juiz, delegatário do próprio rei. Nesse sentido, os
procuradores do rei foram criados para exercer a defesa dos interesses do rei. Essas figuras se tornaram os
promotores públicos.
Tanto o juiz quanto os procuradores do rei eram magistrados, porque ambos eram designados pela coroa. Até
hoje, os juízes são chamados de “magistrado sentado” e o MP de “magistrado de pé”.
O grande salto aqui foi conseguir criar um órgão, também publico, entregando-lhe uma função acusatória,
separada da função judicante.
O terceiro grande salto foi a estruturação de uma defesa organizada, pelas carreiras de defensorias.
c) Misto
Parte do procedimento em juízo é inquisitória (s/ contraditório) e parte é acusatória (as partes apresentam suas
teses e ao final o juiz julga). O juiz instrutor não é o mesmo que julga. Um juiz tem a fase instrutória, e outro a
fase julgadora. É um sistema muito utilizado na Europa.

Sistema adotado no Brasil


Segundo o STF, o sistema adotado pelo Brasil é o acusatório. A inspiração da constituição brasileira também é o
modelo acusatório. Parte da doutrina entende que o modelo brasileiro é acusatório impuro.
O código de 41 tinha inspiração inquisitorial, à exemplo do artigo do CPP que dispõe a possibilidade de o juiz
poder iniciar o processo ex oficio ( esse artigo não foi recepcionado pela CF).
Há um sistema constitucional acusatório, com a presença de normas inquisitoriais no Processo Penal. É um
sistema acusatório com forte presença de normas inquisitoriais, sendo assim, um sistema processual acusatório
impuro.
OBS! Em tese, o arquivamento de um inquérito é um ato misto – judicial e administrativo. Um inquérito arquivado
pode ser a qualquer tempo desarquivado, desde que surjam novas provas. No caso de o arquivamento decorrer
do reconhecimento de atipicidade ou de prescrição, por exemplo, ocorrerá um julgamento de mérito e ai não será
possível o desarquivamento.

AULA – 24/08/15
Sistema preliminar de investigações

Para o exercício da ação penal, não há uma condição de existência relacionada com a investigação. O
procedimento investigativo não é condição de existência para o Processo Penal. Para o exercício penal é preciso
de substrato probatório – justa causa para a ação penal. Para que o Direito Penal seja aplicado ao caso concreto,
é preciso a existência de um procedimento judicial que traz a possibilidade do exercício de o individuo exercer a
ampla defesa e o exercício do contraditório tanto pela defesa, quanto pela acusação. O procedimento judicial se
inicia através da deflagração de uma ação penal, e o processo irá caminhar de acordo com o devido procedimento
– sumário, ordinário, do júri, etc.
O procedimento irá iniciar por um dos legitimados da ação penal – MP (titular da ação penal publica) ou ofendido
( titular da ação penal privada). Esses legitimados precisam levar à juízo a demonstração com a petição distribuída
para alguma vara criminal que possuem elementos probatórios que justifiquem a acusação – os elementos
probatórios que indicam ser aquele o autor do fato, e que aquele fato tenha ocorrido. Então, o legitimado para
ação penal deverá ter elementos fáticos que evidenciem o indicio de autoria e ocorrência do fato.
O legitimado tem a obrigação de levar à juízo a justa causa, mas não há nenhuma lei que diga que a justa causa só
pode ser alcançada mediante um procedimento judicial. É possível que tenha uma ação penal indiciada com
elementos informativos que não seja de nenhum órgão publico, sendo esses colhidos pelo particular, desde que,
de forma lícita. Então, não é pressuposto para ação penal a existência de um processo investigativo.
O Estado brasileiro criou um elemento dificultador para o exercício da ação penal, que seria a justa causa. O
mecanismo criado para evitar o constrangimento é a demonstração de elementos fáticos robustos. Assim, a
criação da justa causa funciona como um filtro que impede a arbitrariedade, ou reduz a possibilidade de
arbitrariedade.
O legislador também cria uma forma de instrumentalizar os legitimados para que eles tivessem condição de ir à
juízo com essa justa causa. Foi criado um sistema de procedimento com órgãos, poderes, para encontrar a justa
causa, oferecendo condições de o legitimado exercer a justa causa. Criou-se um sistema preliminar de
investigações, que seria um instrumento para encontrar os indícios de autoria e prova da existência do crime-
motivos que ensejam a justa causa.
OBS- Os crimes que não deixam vestígios não refletem materialidade. Por isso,a prova da existência do crime é um
termo mais amplo.
Esse sistema cria uma situação de segurança, já que a ação penal só pode ser ajuizada com a existência de justa
causa, que pode ser alcançada através de instrumentos que a evidenciem. O procedimento investigativo serve
pare elucidar o fato, não precisa necessariamente elucidar a justa causa, até porque, o procedimento
investigativo pode, por vezes, desqualificar o fato ora criminoso. O procedimento investigativo pode levar a
elementos que não justifiquem a ação penal. O procedimento serve para evitar uma ação desmedida. O sistema
preliminar de investigações pretende elucidar o fato, e partir daí, tornar possível a extração de elementos que
possam justificar ou não uma ação penal.
O sistema preliminar de investigações possibilitou que instituições, pudessem, com as prerrogativas dadas pelo
legislador, instaurar procedimentos para elucidar os fatos. Esses elementos não são pressupostos do
procedimento investigativo. Contudo, como dificilmente é possível reunir elementos para instaurar a ação, é
normal que ação penal seja sustentada em uma investigação. A investigação não é, todavia, condição de
existência para instaurar a ação penal.
O sistema de segurança publica é formado pelas policias ostensivas, investigativas.

1. Polícia ostensiva (Policia Militar, Policia Rodoviária Federal, Policia Ferroviária Federal)
A policia ostensiva deve ser vista, gerando uma sensação de segurança. A PM deve trazer efetiva segurança e
gerar uma sensação de segurança.
2. Polícia investigativa (Judiciária) – Policia civil (Estados); Policia Civil (DF - União); Polícia Federal (União)
As policias investigativas compõem o sistema de segurança publica e possuem atuação voltada para a elucidação
de um fato criminoso praticado.
OBS! As forças armadas não são órgãos da segurança publica, mas podem atuar de forma colaborativa.
OBS! A força nacional brasileira é formada pelos PM’s do Estado, que são qualificados e treinados, e quando há
uma necessidade de atuação da União, há uma convocação dos policiais militares disponíveis.
OBS! O normal é que o comando da PM seja de um comandante da PM e o comando da civil seja de um delegado
civil, e acima destes, o Secretário de Segurança Pública. No caso da União, todas as policias estão submetidas ao
Ministro da Justiça. Já as forças armadas, se submetem ao Ministro da Defesa.
3. Procedimentos investigativos regulados pela legislação Processual Penal (CPP/ Lei 9099/95) – Inquérito
policial e termo circunstanciado (Policia civil, Policial Federal, PRF (?) )
O procedimento investigativo é preliminar, cria os elementos para que futuramente se exerça uma ação penal.
A polícia federal e a policia civil possuem na sua essência a apuração de fatos hipoteticamente criminosos.
Quando se está diante de fato hipoteticamente delituoso que se enquadra a uma infração de menor potencial
ofensivo, o procedimento investigativo mais correto é o termo circunstanciado. A lei 9099/95 criou os juizados
federais cíveis e criminais, e após ela a lei 11313/06, estruturou o conceito de infração de menor potencial
ofensivo. São infrações penais de menor potencial ofensivo as contravenções penais e os crimes para os quais o
legislador tenha cominado abstratamente a pena máxima privativa de liberdade em abstrato, igual ou inferior a
dois anos e/ou pena de multa, desde que não haja uma vedação legislativa para a aplicação da Lei dos Juizados.
Isso está na Lei 9099/95. No art. 90 dessa lei, há uma disposição dizendo que não há aplicabilidade para os crimes
militares. A Lei Maria da Penha diz, no art. 41, que a Lei dos Juizados não se aplica quando se estiver diante de
violência doméstica a mulher.
O art. 109, IV da CF expressamente exclui o julgamento de contravenções penais pela JF. A súmula nº reforça isso.
Então, as contravenções penais praticadas em detrimento de bens e serviços, ainda que da União, serão julgadas
pela Justiça Estadual, salvo nos casos em que alguém tem prerrogativa de função e é julgado em um tribunal
federal. Os demais fatos delituosos, a serem investigados pelas policias civil e federal, serão investigados por meio
de inquérito.
A PRF é um órgão ostensivo, em regra. A maioria dos crimes acontece nas rodovias federais. A PRF vem
advogando a tese de que ela também é competente para conduzir o procedimento investigativo no caso dos
crimes de menor potencial ofensivo, até porque o termo circunstanciado é um ato bem menos complexo do que
o inquérito e também porque a lei diz apenas “autoridade” não restringindo tal função ao delegado de polícia.
Hoje temos 17 MP’s no Brasil e temos um termo de cooperação técnica com a PRF para consagrar as apurações
feitas pela PRF por meio de termo circunstanciado.
A PM tem função de policia ostensiva e legalmente terá função investigativa diante dos crimes militares.
Tanto o inquérito policial como o termo circunstanciado são procedimentos investigatórios.
4. Outras instituições que fazem procedimentos investigativos – CAPE, TCE, TCU, TCM, CGU, MP
Essas instituições exercem o poder administrativo do Estado brasileiro, em microssistemas específicos. Quando
atuam, apuram ilicitudes, atuação de determinados órgãos e pessoas. Na apuração desses fatos, por exemplo,
pelo TCU, havendo a pratica de um fato criminoso, há o encaminhamento para o MP. Esses órgãos não instauram
procedimentos investigativos criminais, atuando em procedimentos investigatórios, podendo com isso, encontrar
fatos típicos civis ou penais, encaminhando para o MP. Assim, essas instituições também exercem o
procedimento investigativo. O CPP reconhece a existência de outros procedimentos, que não sejam inquérito
policial ou termo circunstanciado, que seriam no caso, peças informativas. Qualquer procedimento que atue
dentro da legalidade, e dentro da competência prevista, poderá haver o encaminhamento para o MP. Nesse caso,
se for haver o arquivamento, este se dará da mesma forma que o inquérito policial.
5. Casas legislativas (Federal – Senado e Câmara dos Deputados; Estadual – Assembleia legislativa;
Municipal – Câmara de Vereadores)
Todas as casas legislativas podem fazer o procedimento investigativo através do inquérito parlamentar,
processada por um órgão temporário – CPI. É possível a existência de CPIs mistas (Senado e Câmara dos
Deputados). As CPI’s terão poderes de investigação próprios de autoridade judicial. Podemos verificar um erro,
tendo em vista que autoridade judicial não tem poder investigativo. O que o artigo quis dizer é que a CPI não
precisa de autorização judicial para praticar determinados atos que outras instituições precisariam.
A CPI deve apurar fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas para o
MP.
6. Inquérito Parlamentar
É produzido nas três searas do poder. O STF entende que as CPIs podem atuar sem autorização judicial , salvo nos
casos que se submetem à clausula de reserva de jurisdição. Isso porque, com base numa interpretação sistêmica
da CF, existem casos que só podem ser autorizados por ordem justiça. A busca e apreensão no asilo inviolável,
intercepção telefônica e telemática, prisões preventivas e temporárias só podem ser realizadas mediante ordem
judicial.
7. Poder Investigativo da CPI e a interpretação do STF
O STF entende que as CPIs não possuem os mesmos poderes. As CPIs estadual e federal teriam o mesmo poder,
mas a municipal não. O fundamento seria o fato de que os parlamentares estaduais e federais possuem as
mesmas prerrogativas, pela CF. Já os parlamentares municipais teriam poderes menos amplos, com menos
prerrogativas. Um segundo argumento utilizado foi o de que na atuação de poderes próprios da autoridade
judicial, os parlamentares estaduais e federais atuam de forma a substituir, respectivamente, um juiz de direito e
federal. Contudo, no âmbito do município não existe poder judiciário, de maneira que o parlamentar não iria
atuar de forma a substituir o judiciário.
Então, o parlamento municipal tem uma possibilidade investigativa pela CPI mas com poderes mais restritos do
que os parlamentos estaduais e federais.

AULA- 31/08

Inquérito policial

O inquérito policial é um dos procedimentos que compõe o sistema preliminar de investigações. É um


procedimento administrativo preparatório destinado a elucidar um fato hipoteticamente delituoso com
identificação de indícios de autoria e prova da existência de um fato.
O procedimento em questão é de atribuição da policia judiciária (civil e federal) e deverá ser presidido por
delegados de policia (profissional integrante das fileiras do Estado com ingresso por meio de concurso público na
forma estabelecida nos arts. 144 e 37 da CF e tendo como requisito ser bacharelado em Direito). Tem como
características o fato de ser escrito, via de regra sigiloso, submetido a oficialidade, oficiosidade, dispensável,
indisponível, e submete-se à obrigatoriedade. É ainda inquisitivo, com valor probatório relativo e seus vícios,
via de regra, maculam a ação penal. (Arts. 4 e 23 do CPP).
O inquérito policial é uma sequencia de atos administrativos conectados, voltados para a elucidação do fato e
todas as suas circunstancias. Embora seja um procedimento administrativo, o inquérito policial não decide nada,
apenas reúne elementos para a decisão no judiciário. A finalidade do inquérito policial é a elucidação de um fato
hipoteticamente delituoso. Quem preside a investigação do fato é o delegado de policia civil ou federal. A partir
de 88 a figura do delegado de carreira foi extinta no pais. A partir da década de 90 foram feitos concursos para o
provimento desses cargos.
Via de regra, o inquérito é um procedimento sigiloso. Só pode haver o sigilo externo. O sigilo interno é vedado.
O art. 7 do Estatuto da OAB expressamente garante o acesso do advogado aos procedimentos administrativos,
então seria uma prerrogativa do advogado ter acesso ao inquérito. O STF reafirma isso na sumula 14. Contudo,
essa sumula não dá o acesso irrestrito, uma vez que o STF diz que é direito do defensor ter acesso aos atos já
documentados no processo administrativo. Isso porque, tem atos que não podem ser informados, como por
exemplo, o monitoramento de ligações. Então, pela própria natureza, certas informações não podem ter o
conhecimento prévio. Porém, após a documentação, é possível o acesso. Nos casos de proteção à testemunha
por exemplo, que são colocadas no sistema PROVITA, é possível que haja um sigilo interno (por uns três, quatro
dias), para o resguardo da vida da pessoa.
O inquérito se submete à oficialidade, é feito pela policia. Um promotor, procurador, pode fazer uma
investigação, mas não pode fazer um inquérito. O inquérito é um procedimento da policia e quem faz os atos do
procedimento são os servidores públicos, ou aqueles que estão na condição de servidores públicos. Ex- Perito
nomeado/com REDA.
Via de regra, o inquérito se submete à oficiosidade, iniciando independente da provocação de quem quer que
seja. O delegado de policia atua ex officio. Como a maioria dos crimes são de ação penal publica incondicionada,
regra é que o inquérito se submeta à oficiosidade.
O inquérito policial também é dispensável, não sendo condição de existência para a ação penal. O art. 12 do
CPP diz que o inquérito policial acompanhará a denuncia ou queixa sempre que for base para elas. Art. 27 do CPP
- Se a parte trouxer elementos suficientes, o MP pode denunciar com o que for trazido, não sendo necessário o
inquérito. Art. 39, §5º/ Art. 46, §1º. A dispensabilidade do inquérito policial se destina ao MP, já que a existência
de um inquérito não é pressuposto para ação penal. O inquérito é dispensável para o acusador. O acusador deve
apenas ter justa causa.
A obrigatoriedade do inquérito se destina à policia, uma vez que, o delegado não pode se furtar a instaurar o
procedimento quando estiverem presentes os elementos para a instauração do procedimento. Se for um fato
de ação penal privada, não é possível a realização da investigação. Se a vítima representou, e o fato é
hipoteticamente delituoso, o delegado é obrigado a realizar a investigação.
Além disso, o inquérito se submete à discricionariedade. O delegado de policia investiga segundo os critérios
que ele define. Óbvio que o delegado é obrigado a instaurar o procedimento, quando estiverem presentes os
requisitos. Contudo, o delegado conduz da forma como quiser. Ex- Busca e apreensão, quebra do sigilo fiscal, etc.
O inquérito policial não pode ser arquivado pela policia, e sim pelo MP. A polícia não participa disso. Por isso se
fala que o inquérito policial é indisponível para a autoridade policial. Contudo, o delegado de policia pode
indeferir a instauração do inquérito, caso não entenda que os elementos para a instauração não estão
presentes. Vai indeferir naqueles casos em que o inquérito policial começa por iniciativa da vitima, caso entenda
que os elementos não estão presentes. ( Art. 5, §2º do CPP). O entendimento mais utilizado é que caberia
indeferimento: nos casos em que está expressamente demonstrado que o caso está prescrito; nos casos de
decadência manifesta; atipicidade manifesta.
Se o delegado indeferir o inquérito, o que a vitima pode fazer? A vítima pode fazer recurso ao chefe de policia.
Mas essa figura não existe mais. Então, poderia fazer o recurso à Superintendência da PF (âmbito federal), o
Delegado Chefe da Policia Civil/ Secretário da Segurança Pública (âmbito estadual). Além do recurso, a vítima
pode procurar o MP, relatando o fato e o MP pode requer a instauração do inquérito policial. Para quem acredita
que o juiz pode requisitar o inquérito policial, a parte poderá também procurar o juiz para que ele faça isso. A
possibilidade que está expressamente definida pelo legislador é o recurso administrativo ao chefe de policia, mas
é possível recorrer a esses mecanismos também.

Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo
fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas
cautelares, não repetíveis e antecipadas.

A utilização de elementos investigativos fragiliza o principio do in dúbio pro reo. Para o professor, o problema é
que a fase investigativa não tem uma participação do investigado mais ampla, com o contraditório, e ainda
assim, os elementos informativos colhidos na fase de investigação poder ser utilizados para a formação da
convicção do juiz. Assim, há uma permissão de que o juiz utilize elementos de prova formados sem a
participação do acusado.
A nossa jurisprudência firmou-se no sentido de que as eventuais nulidades da fase investigativa, no IP,
constituem uma fase preparatória, sendo meras irregularidades da ação penal. Para o professor, isso uma falsa
verdade. As nulidades relativas à prova, se tem a ver com a ilicitude da prova, alcançam a fase judicial, ainda
que produzidas na fase investigativa.
Por fim, fala-se na inquisitoriedade. O inquérito policial é inquisitório, e isso leva a presumir que não tem
contraditório e ampla defesa. Parte da doutrina critica isso, pensa que não deveria ser assim. Para o professor,
de fato o inquérito não tem o contraditório, mas defesa sim. Tanto é que o art. 7 do CPP afirma a possibilidade
do acesso aos autos no processo, pelo advogado do acusado e a sumula 14 do STF reafirma isso. De fato, não há
o contraditório. Mas há o direito à defesa, já que é oportunizado ao individuo a participação do advogado, a
possibilidade de fazer requerimentos, acesso ao inquérito policial, a possibilidade de utilizar remédios heroicos
contra o inquérito policial, etc. O inquérito policial é inquisitorial sim, mas é possível a existência de meios de
defesa.

AULA - 14.09.2015

Atos de instauração

Via de regra, os crimes no Brasil são de ação penal publica incondicionada. O CPP diz que nesses crimes de ação
pública incondicionada o inquérito poderá ser instaurado de ofício, bastando tomar conhecimento do fato
(televisão, jornal, radio). A informação tem que chegar de maneira lícita. Gamil Foppel entende que não pode
existir investigações originárias de notícias sem que a pessoa não se identifique. O STF entende que é possível a
instauração do inquérito preliminar nos casos em que não houver autoria da noticia. Toda delegacia tem um
setor de investigações para levantar informações. Então o S.I faz um relatório de investigações que pode justificar
a instauração do inquérito. O STF então quis dizer que primeiro deve-se fazer um levantamento preliminar que
deve ser feito com muito cuidado para que não haja constrangimento desnecessário e depois formular o
inquérito policial, com base no relatório de investigações, no flagrante etc. Gamil entendeu errado o que o STF
disse e por isso criticou. Somente um ato legal pode desencadear um inquérito. Não é possível desencadear um
inquérito com base em uma escuta telefônica ilegal, por exemplo.

Crimes de ação penal pública incondicionada

A Portaria do delegado é o ato administrativo que materializa a instauração do inquérito policial ex oficio que se
dá nos crimes de ação penal pública incondicionada. Obviamente, que nesses crimes o inquérito também pode
ser provocado, por exemplo, pelo ofendido. Então o ofendido pode fazer o requerimento (no crime de ação penal
privada o requerimento é essencial). O inquérito também pode iniciar por requisição do MP (a noticia pode
chegar de qualquer modo ao MP que requisitará ao delegado). O requerimento do ofendido pode ser objeto de
indeferimento, o que não ocorre com a requisição do MP. O inquérito policial também pode ser requisitado pelo
juiz. A doutrina diz que esse artigo não se compatibiliza coma CF porque viola a imparcialidade do juiz. A
requisição é um ato fundamentado, o juiz ou o promotor deve trazer fundamentos de fato e de direito. Mas isso
ainda não foi considerado inconstitucional. O inquérito também pode ser insaturado por auto de prisão em
flagrante. O flagrante se constitui de 3 momentos (Luís Flávio Gomes entente que entende 4): captura; lavratura;
encarceramento. Para Luiz Flávio Gomes após a captura teria a condução. Quando se diz que qualquer pessoa
pode prender em flagrante, na verdade quer dizer que qualquer pessoa pode capturar e conduzir, mas lavrar e
encarcerar são atos exclusivos do estado. Um flagrante é lavrado em 4 vias – uma via será encaminhada ao juiz;
outra ao MP para que ele controle a legalidade do ato e responsabilização quando há uma ilegalidade; à
Defensoria Pública se o individuo não indicar advogado; à Polícia para instauração do inquérito. A notícia crime é
um gênero, é noticiar o fato. A notícia crime viabiliza a instauração do inquérito policial.

Quando for ação penal privada para que haja a instauração do inquérito é necessário o requerimento do
ofendido. Se for pública condicionada dependerá da representação do ofendido para instauração do inquérito
policial. Quando for ação penal pública condicionada, pode o inquérito policial começar por requisição do MP?
Sim, desde que o individuo noticie o fato ao MP. Então, o inquérito em ação penal pública condicionada pode
começar por requisição desde que essa requisição esteja amparada em uma representação. A ação penal
privada só inicia o inquérito pelo requerimento do ofendido.

Pode o inquérito policial começar por flagrante na ação penal pública condicionada ou privada? O flagrante tem a
função de sustar o crime e de recolher o maior número de provas porque o crime ainda está vivo. Então, em um
estupro, por exemplo, o policial pode sustar o ato sexual e conduzir a pessoa. Contudo, o flagrante só pode ser
lavrado se a vítima autorizar a instauração do inquérito. Então quando o crime é de ação penal privada ou
pública condicionada o flagrante pode ocorrer para interromper o crime, mas o flagrante somente poderá ser
formalizado dando origem ao inquérito se a vítima autorizar ,quer seja por requerimento na privada.

Atos Investigativos

O inquérito é um procedimento administrativo formado por uma sequencia de atos investigativos. Alguns atos
investigativos são autoexecutórios, isto é, independem de ordem judicial e se submetem a um controle posterior
(conduzir pessoas, algumas perícias, ouvir pessoas). Outros atos sofrem controle prévio, ou seja, são atos tão
invasivos que precisam de ordem judicial para ocorrer. Então, quanto à esses atos o juiz deverá analisar se eles
são realmente necessários. Intercepções telefônicas, busca e apreensão em asilo inviolável, prisão preventiva e
temporária, quebra do sigilo fiscal e etc são atos que precisam de ordem judicial. Todos esses atos devem ser
exercidos respeitando limites. Então se vou fazer uma busca e apreensão de drogas não vou apreender a
batedeira do individuo, mas se vou lá e encontro um grande numerário de dinheiro eu posso apreender porque
isso pode ser um indício de tráfico. O legislador no art. 7º e 6º trouxe atos investigativos em um rol meramente
exemplificativo. Esses atos também não são obrigatórios, tendo em visa que o delegado tem discricionariedade
para conduzir a investigação. Dentro desses atos temos a apreensão de objetos. Se for em flagrante mesmo que
seja em asilo inviolável poderá haver a apreensão independentemente de ordem judicial. Mas a polícia não pode
pegar o objeto em asilo inviolável no momento pós-crime, salvo se houver ordem judicial. O indiciado tem direito
a advogado e tem também o direito de se manter em silêncio. Outro ato é ordenar a identificação criminal. Em
regra, aquele identificado civilmente não precisará ser identificado criminalmente. Contudo, temos lei trazendo
hipóteses em que o individuo mesmo sendo identificado civilmente poderá ser obrigado a ser identificar
criminalmente. O art.7º diz que não se pode reconstruir o crime de modo a trazer grandes problemas à ordem
pública e à moralidade. O investigado não é obrigado a participar dessa reconstrução (ele não precisa dizer como
foi), mas temos divergência quanto à presença do investigado, ou seja, é preciso que ele vá até o local da
reconstrução? Roberto entende que ele não deveria ser obrigado.

AULA – 28/09/15

Prazos do Inquérito Policial

Nos arts. 6º e 7º temos um rol de atos investigativos, sendo este um rol exemplificativo. O delegado não está
obrigado a realizar todos os atos. No próprio CPP temos outros atos investigativos esparsos e esses atos podem
estar em leis independentes, como por exemplo, o disfarce que está na lei de drogas. O delegado pode praticar
qualquer ato que não esteja vedado por lei. Alguns atos são praticados independentemente de ordem judicial
(ouvir pessoas; perícia) e outros dependem de autorização. Quaisquer desses atos devem ser praticados de
acordo com os limites impostos pela lei (não posso ficar ouvindo conversas que não tenham nada a ver com o
fato quando estou interceptando uma ligação). Esses atos estão limitados pela legalidade.
Quando o delegado formar o seu convencimento sobre o fato, ele deverá fazer a conclusão do inquérito policial
utilizando um relatório. O relatório é o ato administrativo que conclui o inquérito. O delegado deve descrever o
seu caminho investigativo no relatório de forma lógica e compreensível, não podendo ser subjetivo (o delegado
não pode dizer que “acha”). Ao final, o Delegado deve concluir no sentido de indiciar ou não a pessoa. O mais
comum é que o delegado indicie no relatório, mas nada impede que o delegado indicie no curso do inquérito.
O indiciamento é o reconhecimento pela polícia (Estado) que em relação a aquele agente há elementos
suficientes que apontam que o fato existiu e que ele é o autor. Ao indiciar não há vinculação do MP. O promotor
não está obrigado a seguir o pensamento do delegado, podendo não denunciar. O indiciamento na fase do
relatório tem um valor muito mais psicológico porque não há vinculação do MP. Contudo, quando o individuo é
indiciado no curso do inquérito ele passa a ser investigado.
O investigado tem direitos, como por exemplo, o direito ao silêncio, direito a não fazer prova contra si. Enquanto
não houver o indiciamento, todos são testemunhas. Na CPI mesmo os políticos são todos intimados como
testemunhas porque a testemunha não tem direito a ficar em silêncio, sob pena de prisão. Então os políticos
impetram habeas corpus preventivo para resguardar seu direito de silêncio. O indiciamento no relatório tem mais
efeito psicológico. O indiciamento tem efeito mais relevante quando ocorre no curso do inquérito. O relatório
pode concluir pelo não indiciamento, seja porque não houveram elementos suficientes ou porque ele realmente
concluiu que não houve o fato. Entre o relatório de conclusão e a instauração do inquérito temos prazos
estabelecidos.

Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou
estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de
prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.

§ 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente.
§ 2o No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, mencionando o
lugar onde possam ser encontradas.

§ 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a
devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz.

Quando o individuo estiver preso na fase investigativa (prisão preventiva; prisão temporária) o inquérito deve
acabar no prazo de 10 dias. O prazo será de 30 dias para individuo solto, prorrogável por quantas vezes forem
necessárias, desde que seja fundamentadamente solicitado pelo delegado (porque tem muitas testemunhas;
porque a perícia é complexa; porque os documentos estão no estrangeiro) e antes que o juiz decida pela
prorrogação, deve haver a oitiva do MP para que ele avalie se as provas existentes já são suficientes, ou seja, o
MP vai analisar se é necessária a prorrogação. Para o sujeito preso o prazo é improrrogável, salvo se ele for solto.
Ou seja, para que haja a prorrogação do prazo para individuo preso ele deve ser liberado, salvo nos casos de
prisão temporária. Se o sujeito estava preso e foi solto, ele passa a seguir a regra do solto.

A lei de drogas (11.343/06) diz que para o individuo preso o inquérito deve acabar no prazo de 30 dias e para o
solto deve acabar em 90 dias. Não interessa se o trafico é internacional, nacional, estadual, ou seja, não interesse
se o crime é federal ou estadual. Pela lei, é possível o pedido de prorrogação desde que devidamente
fundamentado e com oitiva do MP, somente por 1 vez (para preso e solto). Na prática, para réu solto, a
jurisprudência admite a prorrogação quantas vezes forem necessárias.

A lei 1521/51 (lei dos crimes contra a economia popular) diz que o prazo para o inquérito é de 10 dias para
preso e solto e não cabe prorrogação em nenhum dos casos.

A lei que disciplina a justiça federal (lei. 5.010/66) e que trata dos crimes federais (casos em que a PF investiga
crime federal e a competência é da JF). Se o crime é estadual segue a regra do CPP. Essa lei determina que o
prazo é de 15 dias para individuo preso e de 30 dias para individuo solto. A lei fala que é possível de forma
fundamentada após decisão do juiz e oitiva do MP prorrogar o prazo do preso 1 vez e várias vezes para o solto.
Roberto entende que esse artigo é flagrantemente inconstitucional por violação do princípio da isonomia, porque
aqui há um tratamento diferenciado devido à diferença de competência. Então, o fato de a lei de drogas trazer
um regime mais rigoroso é constitucional porque há uma diferença no objeto, ou seja, o legislador decidiu punir
de modo mais rigoroso aquele que comente o crime de drogas. Mas no caso da lei federal não há diferença
quanto ao objeto (crime), mas somente quanto ao competente para julgar.

Se não for respeitado o prazo do inquérito, quando o individuo estiver solto, haverá responsabilização
individual do delegado (cível, criminal, funcional), desde que o delegado seja realmente responsável por isso.
As vezes isso ocorre devido a ausência de servidores (falta policial). A demora na conclusão do inquérito não leva
à conclusão do inquérito. Se o individuo estiver preso também poderá haver a responsabilização individual do
agente policial. Todavia, nesse caso haverá o excesso prazal que conduz a um constrangimento indevido e isso
leva ao relaxamento da prisão. Em nenhum caso haverá extinção do inquérito por conta da não observância do
prazo.

Entre o elenco de possibilidades de um delegado durante a investigação, está a de apreensão de objetos e


instrumentos do crime (podem ser objetos decorrentes da vantagem do crime – é possível apreender os carros
comprados com o dinheiro do tráfico). A apreensão pode se dar em um local de acesso irrestrito
independentemente de ordem judicial. Mas sendo em local de acesso restrito é necessária busca e apreensão
por ordem judicial, salvo no caso de flagrante. Esses bens são apreendidos porque interessam ao inquérito e
futuramente ao processo.

Os bens lícitos podem ser devolvidos?

Art. 118. Antes de transitar em julgado a sentença final, as coisas apreendidas não poderão ser restituídas
enquanto interessarem ao processo.

O art. 118 e seguintes tratam da restituição de coisa apreendida. Uma coisa apreendida pela polícia poderá ser
devolvida, desde que: já tenha transitado em julgado a decisão; ainda que não tenha transitado em julgado a
decisão, desde que não interesse mais ao processo; desde que não seja um bem perdido em favor da União (os
bens ilícitos não podem ser devolvidos).
Quem pode devolver o bem? Quem preside o procedimento. Se for na fase investigativa, o delegado deverá
devolver o bem, e se for na fase judicial, quem devolve é o juiz. Na fase investigativa se houver dúvida sobre a
titularidade do bem, só quem pode devolver é o juiz. Quem for devolver deve ouvir o MP porque é o MP que
vai dizer se aquilo ali será necessário. Se o delegado indeferir, o interessado poderá se dirigir ao judiciário. Os
artigos 74 e 100 do CP hoje é o art. 91. Sempre que o CPP fizer referencia à parte geral do CP haverá uma nota de
esclarecimento abaixo.

Art. 91 - São efeitos da condenação: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé: (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou
detenção constitua fato ilícito;
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a
prática do fato criminoso.
§ 1o Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao produto ou proveito do crime quando
estes não forem encontrados ou quando se localizarem no exterior. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
§ 2o Na hipótese do § 1o, as medidas assecuratórias previstas na legislação processual poderão abranger
bens ou valores equivalentes do investigado ou acusado para posterior decretação de perda. (Incluído pela Lei nº
12.694, de 2012)

As coisas a que se refere o art. 91 não poderão ser restituídas mesmo após o transito em julgado da sentença
penal, salvo se pertencer a terceiro e boa fé ou ao próprio lesado. Então, se eu compro um carro com dinheiro de
tráfico ele será perdido, salvo se eu tiver vendido a uma pessoa de boa fé.

Bens objeto de perdimento:

Encaminhamento

Uma vez concluído o inquérito este deverá ser encaminhado para o juízo competente (vara criminal competente).
Se a Comarca é de jurisdição única ou plena (só tem 1 vara crime) o inquérito vai pra essa vara. Mas nas comarcas
que possuem mais de uma vara com mesma competência material é caso de distribuição, salvo se houver
prevenção. A prevenção no processo penal pode ocorrer desde a fase investigativa. Quem já desde a fase
investigativa se pronuncia nas medidas cautelares, será o futuro juiz competente, salvo juiz que estiver no
plantão. Plantão não gera prevenção. Deve-se observar então se é feriado ou se foi após às 18 hrs, porque
nesse caso será plantão. Então em uma pergunta de prova tenho que responder que o inquérito será
encaminhado ao juiz competente.
Por muito tempo se entendeu que o destinatário do inquérito é o juiz, mas hoje se sabe que o destinatário é o
legitimado para interpor a ação: MP ou ofendido.
Então, na vida real temos as chamadas centrais de inquérito em que há um termo de cooperação entre a
secretaria de segurança pública, o MP e o TJ. A central de inquérito integra a estrutura do MP. Então os
inquéritos serão destinados diretamente ao MP. Só vai para o juiz quando tiver algum pedido. Nas comarcas
que não tem central de inquérito serão encaminhados à vara crime. Chegando no juiz competente, será aberto
vista para o legitimado da ação penal (se for pública condicionada ou incondicionada, será o MP. Se for ação
penal privada exclusiva será dada vista ao ofendido ou seus sucessores ou representante legal – estes só atuarão
não impossibilidade de atuação do ofendido, de modo que não há concomitância - mas no caso das
personalíssimas só abre vista para o ofendido).
O inquérito, ao chegar nas mãos do ofendido, nos casos de ação penal privada, algumas são as possibilidades:
sendo a ação privada disponível, conveniente e oportuna o ofendido pode renunciar o direito de queixa mesmo
sem fundamentar. O ofendido tem o prazo decadencial de 6 meses a partir de conhecimento da autoria para
oferecer a queixa. Então pode ocorrer a renúncia, a decadência ou o ofendido pode oferecer a queixa.
OBS: se der o último dia do prazo e o inquérito não tiver concluído, o ofendido poderá oferecer a queixa mesmo
assim perante o juiz requisitando o andamento do inquérito.
OBS: a renúncia é um ato unilateral e nesse momento o juiz deve reconhecer a extinção da punibilidade pela
renúncia. A renúncia pode ser expressa, mas pode ser tácita quando o individuo pratica atos incompatíveis com a
ação penal (convida para ser padrinho do casamento, por exemplo).

Sendo ação penal pública condicionada ou incondicionada, o MP terá o prazo de 5 dias com individuo preso e
15 dias com individuo solto. Esse prazo é pra ele praticar 1 dos 3 possíveis atos: requisitar novas diligências; fazer
parecer de arquivamento; oferecer denúncia. É possível que o MP ao receber o inquérito não consiga formar sua
opinião (opinion delicti). Nesse caso ele poderá devolver o inquérito para que sejam realizadas novas diligências.
O Promotor tem que dizer o que o delegado deve fazer. O MP só pode fazer retornar o inquérito se o individuo
estiver solto. Quando o individuo estiver preso ele só pode mandar voltar se pedir também a liberação do
preso. O juiz não pode indeferir a requisição de novas diligências. O juiz não pode se meter na relação do MP e
da polícia. É possível que o delegado mande o relatório para o MP sobre um individuo solto e o MP mande voltar
os autos e peça sua prisão preventiva ao juiz, como por exemplo, se houver risco de fuga.

AULA – 05/10/15

Há um elenco de atos investigativos que estão no rol exemplificativo enumerado do art. 6 e 7 do CPP. Há a
possibilidade de outros atos investigativos que estão em lei extravagante. Há atos que podem ser praticados
independente de ordem judicial e outros que precisam de ordem judicial. Não é porque um ato não exige ordem
judicial que pode ser feito de qualquer forma, deve fazer dentro dos limites da legalidade.
O inquérito policial é concluído por meio de um relatório, essa é a forma de concluir o IP. Dentro do relatório, é
possível que na conclusão se faça o indiciamento, que não necessariamente ocorre no relatório, podendo ser
prévio. Tudo dependeria da maturidade do inquérito policial. O delegado poderá fazer o indiciamento no início
do procedimento, ou no final. O que diferencia é que o indiciamento no inicio faz saber a condição daquele
investigado nos autos e ele passa a ter uma carga subjetiva de direito. Por exemplo, ele sabe que se tiver com
um advogado durante a investigação, no ato investigativo, o advogado poderá atuar. Que se por ventura, quiser
ter acesso ao inquérito policial, por meio do advogado, será possível. Ele sabe que poderá arguir o direito de
silêncio. Aquele que está na condição de testemunha, não tem porque estar com um advogado presente (porque
é alguém que deve dizer a verdade e colaborar com a justiça), não há que se falar também em direito de silencio,
etc.
Então, o indiciamento é ruim por um lado, porque implica na formação de uma avaliação negativa pelo Estado em
desfavor do individuo. Contudo, é positivo porque a parte adquire uma carga subjetiva de direito.
Não há uma vinculação do MP ou do ofendido ao indiciamento (vindo no relatório). Toda vez que alguém é
indiciado pesa contra si uma avaliação no sentido de que, para a policia, há elementos fortes quanto aquele que é
indiciado pelo fato.
Do ato de instauração até o relatório, há um prazo. O não cumprimento de prazos não leva à consequência de
extinção do inquérito policial. Há prazos gerais (do CPP) e prazos em leis especiais.
Uma vez concluído o inquérito policial, ele será encaminhado para a Vara Crime competente, ou para a central de
inquéritos policiais do MP. Ao falar em Vara Crime, o código fala em “Juiz competente”. É uma atecnia do
legislador. Se numa mesma base territorial, um juízo for igualmente competente ao outro, procede-se à devida
distribuição. Só não vai haver a distribuição se houver prevenção. Na fase investigativa, conforme o art. 83 do
CPP, a prevenção do magistrado pode se dar na fase investigativa. Isso porque, alguns atos investigativos só
ocorrem mediante a autorização judicial. Então, o juiz que na fase investigativa atuou para autorizar alguma das
medidas acautelatórias ou para avaliar alguma garantia do individuo, será prevento, salvo se o juiz for de plantão.
O plantão não induz prevenção.
Em principio, fala-se que inquérito policial vai para a Vara Crime competente. Mas na prática, os inquéritos
policiais acabam sendo enviados para a central de inquéritos do MP. Essa disciplina de que o inquérito policial vai
para o juiz decorre do fato de que nos anos 40, se tinha a falsa ideia de que o destinatário do inquérito policial era
o juiz. Atualmente, sabemos que o destinatário é o MP (ação penal pública) ou o ofendido (ação penal privada).
Eles que avaliam se vão propor a ação penal ou não. O juiz só avalia o inquérito policial posteriormente, quando
vai receber a queixa. Quem primeiro avalia o inquérito policial é o MP, para avaliar se vai propor a ação ou não. O
que acontecia é que o juiz ficava como um pombo correio: o inquérito saia da polícia, ia para Vara, que mandava
para MP, depois voltava para o juiz que encaminhava para policia de novo (se fossem requisitadas novas
diligências). Por isso, muitos estados criaram as centrais de inquérito que é na verdade, um órgão do MP. Há um
termo de cooperação técnica realizado entre três instituições – MP (através da PGJ), Executivo (através da SSP) e
Judiciário (através da presidência do TJ). Nesse termo de cooperação, se diz que o inquérito será encaminhado
diretamente para o MP nas comarcas em que tiver uma central de inquérito. No Rio de Janeiro, há uma lei
estadual que estruturou essas centrais de inquérito. O STF julgou inconstitucional porque entendeu que se
tratava de uma matéria processual, de competência, portanto, da União. Então, por enquanto, continua pelo
termo de cooperação técnica entre os estados. Há um Projeto de Lei de nº 156 que está tramitando na Câmara
dos Deputados, que diz respeito a criação de um novo CPP e engloba a criação dessas centrais de inquérito.
Quando o projeto de lei for aprovado, haverá essa reestruturação.
Pouco importa se o inquérito policial chegou às mãos do legitimado pela Vara Crime, ou pela central de
inquérito.
Se a ação penal for publica incondicionada ou condicionada, o legitimado para ação penal é o MPE/ MPF,
conforme disciplina o art. 129, I da CF, c/c art. 24 do CPP, 257 e 100 do CP. Se for ação penal privada, exclusiva ou
privada personalíssima, o legitimado será o ofendido – art. 30 do CPP. Se a ação penal for privada exclusiva é
possível atuar tanto o ofendido, seus representantes legais e seus sucessores (na impossibilidade de atuação do
ofendido). Se a ação penal for personalíssima somente quem pode atuar é o ofendido. Se ele morrer, morre com
ele o direito de ação. Se ele não tem capacidade jurídica, a decadência não corre enquanto ele não tem a
capacidade para estar em juízo, embora a prescrição corra.
Se for o ofendido, ele terá três possibilidades: renunciar ao direito de queixa; esperar o fenômeno decadencial;
oferecer a queixa crime – Art. 41 do CPP. O ofendido, a partir do conhecimento da autoria do crime, tem o prazo
decadencial de seis meses para atuar. Se o inquérito não tiver pronto dentro desses seis meses, o ofendido faz a
queixa, mesmo sem o inquérito policial, e o juiz manda concluir o inquérito. A ação penal privada se submete à
conveniência e oportunidade e o particular pode praticar um ato unilateral, renunciando o seu direito de queixa,
e nesse caso, o juiz declara a extinção da punibilidade. A mesma coisa pode ocorrer quando decai o direito do
oferecimento de queixa. A renúncia pode ser expressa ou tácita. Há certos comportamentos sociais que podem
levar a uma indicação de renuncia ao direito de queixa.
A ação penal privada subsidiária da publica acidentalmente se transforma em privada, onde a inércia do MP faz
com que o ofendido possa atuar em substituição a ele.
A ação penal publica é titularizada pelo MP, que é único e indivisível.
Art. 46 do CPP - O MP ao receber o inquérito policial tem o prazo de 5 dias (réu preso) e 15 dias (réu solto), deve:
requisitar novas diligencias, pedir o arquivamento, ou oferecer denúncia. Ao receber o inquérito policial o MP
deverá formar o seu juízo de valor acerca do fato delituoso que lhe é apresentado. Contudo, por vezes, não há
como o MP formar convencimento se deve arquivar o processo ou se deve oferecer a denúncia. Nesse prazo que
o MP tem para se pronunciar, diante das dificuldades por conta da produção probatória que não foi completa o
suficiente, o MP deve mandar retornar o IP a delegacia, fundamentando o motivo disso, e indicando as diligencias
que julgar que devem ser realizadas. Se por acaso o individuo tiver preso, não é possível retornar os autos para
novas diligencias. Só é possível fazer isso se o réu estiver solto. Se estiver preso, para renovar o prazo para
diligência, deve pedir ao juiz para soltá-lo. A regra do CPP é que não retorna para a delegacia para requisitar
novas diligencias se o individuo estiver preso. É possível que o delegado encaminhe para o MP o inquérito
(diante do qual o MP verifique a necessidade de novas diligências) e ao mesmo tempo encaminhe um relatório
(dando indício, por exemplo, que a parte vai fugir), e o MP formule um pedido de prisão preventiva ou
temporária destinado ao juiz.
O MP pode entender que os elementos trazidos nos autos são necessários para a formação da opinião e
verificação da justa. Nesse caso, a peça para o oferecimento da ação penal é a denuncia, com base no art. 41 do
CPP. Tanto a denúncia (petição inicial da ação penal pública) quanto a queixa (petição inicial da ação penal
privada) serão ofertadas conforme o art. 41 do CPP. A petição inicial para iniciar o procedimento para a aplicação
de medida socioeducativa para o adolescente que pratica um ato infracional é a representação. Esse é o mesmo
nome para o ato do ofendido, na ação penal condicionada, que vai na delegacia e narra o fato, fazendo uma
postulação à investigação. Aqui, para criança, não há um procedimento judicializado, já que quem aplica as
medidas protetivas para criança (art. 101 do ECA) é o Conselho Tutelar. O juiz irá aplicar as medidas protetivas
se na comarca não houver Conselho Tutelar. Para o adolescente, há um procedimento judicializado, para a
aplicação das medidas socioeducativas- art. 112 do ECA. São medidas que possuem um cunho muito mais
sancionatório do que as do 101 do ECA.

O procedimento do CPP determina que havendo elementos para deflagração da ação penal pública o MP
obrigatoriamente terá que oferecer denúncia, diferente do ofendido que poderá renunciar o direito de queixa. O
ofendido tem um prazo decadencial de 6 meses para exercer o direito de queixa. O MP tem um prazo
prescricional – 5 (réu preso) e 15 dias (réu solto). O não cumprimento do prazo do MP (5 dias e 15 dias) não
levará a decadência, o MP pode, depois disso, ainda assim atuar. Se o individuo estiver preso haverá excesso
prazal e relaxamento da prisão. A não atuação no prazo permite a responsabilização do membro do MP e o
exercício da ação penal privada subsidiária da pública. Há uma autorização para que o ofendido atue, dentro
do prazo decadencial de seis meses a partir da data que o MP perde o prazo. Então, a legitimação inicialmente
é exclusiva do MP, mas se ele perde o prazo a legitimação será concorrente entre o MP e o ofendido durante 6
meses. Após esses 6 meses, a legitimação volta a ser exclusiva do MP até a prescrição. O fato de o MP não
atuar no prazo não leva à decadência, portanto.
Com base no art. 28, o membro do MP poderá entender que não há justa causa para o oferecimento da denúncia,
ou que há um fato impeditivo do exercício da ação penal. Nesse caso, deverá apresentar as razões para o não
oferecimento da denúncia. O promotor fará o parecer de arquivamento e irá submetê-lo ao procurador geral de
justiça. Esse parecer será encaminhado ao juiz competente que irá ver se concorda ou não com o parecer. Se o
juiz concordar, homologa o pedido de arquivamento.
O arquivamento poderá levar a uma coisa julgada formal (quando não há provas para denunciar) ou coisa julgada
material (quando não há tipicidade, por exemplo). Quando gera coisa julgada somente formal, é possível
desarquivar, desde que surjam novas provas, e que ainda não esteja prescrito. Quando gera coisa julgada
material não é possível desarquivar. S. 524 do STF e art. 18 do CPP.
Se o juiz não concorda com o parecer do procurador da republica ou do promotor de justiça deverá apresentar
as razões de discordância e encaminhar isso para o PGJ. Se o PGJ concordar com o promotor, estará insistindo
no arquivamento e o juiz será obrigado a homologar. Isso faz jus ao principio da inércia, em que o MP se
pronuncia por não entrar com a ação. Se o PGJ concordar com o juiz, pode ele mesmo oferecer a denúncia, ou
designar outro membro do MP (dentro da lista de substituição).

AULA- 19/10

ARQUIVAMENTO

Existe o MPE e o MPU que se divide em MPF, MPT, MPMF e MPDFT. O MPF terá o mesmo papel do MPE e o
MPDFT é aquele que seria idêntico ao dos Estados, mas bancado pela União. Atua nos territórios (se tiver
território) e no DF.
Recebidos os autos do inquérito policial, o membro do MP (estadual ou federal) terá as mesmas possibilidades:
não formar juízo de valor suficiente, podendo requisitar novas diligências; formar o juízo de valor, entender pela
existência de elementos fáticos de autoria e justa causa com a ausência de fatos impeditivos (prescrição,
decadência, elementos que levem à exclusão de ilicitude, etc), realizando o oferecimento da denúncia; entender
pela inexistência de elementos para a deflagração penal, fazendo um parecer de arquivamento. O membro do
MP tem um prazo de cinco dias com o individuo preso, e 15 dias com o individuo solto. Para requisitar novas
diligências, só poderá fazê-lo colocando o individuo em liberdade. Então, se quer novas diligencias para o
individuo que está preso, deve fazer o pedido de diligencia e o pedido de liberdade do individuo.
Pouco importa a forma que o IP chegou ao MP – se foi pela central de inquérito ou pela Vara Criminal. O
procedimento de arquivamento do IP está previsto no art. 28 do CPP. Esse modelo de arquivamento,
disciplinado no art. 28 do CPP não é somente para inquérito policial, mas para todo e qualquer procedimento
que noticie fato típico. O legislador processual penal no CPP só fala em inquérito policial como procedimento
previsto. Existe também o termo circunstanciado como procedimento investigativo. O art. 28 do CPP não fala no
termo circunstanciado porque isso só adveio com uma lei em 95, e o código é de 41.
Para o CPP o que não é inquérito é peça informativa. O IP e o termo circunstanciado nada mais são do que uma
peça informativa que tem nome. Ambos são peças de informação ao MP, ou ao ofendido numa ação penal
privada. O legislador processual, sabendo que outras instituições podem fazer procedimentos investigativos usou
a expressão “peça informativa”. Um inquérito parlamentar, por exemplo, da CPI, é uma peça informativa. A
forma de arquivar um IP ou qualquer outra peça informativa é a mesma. Há um procedimento criado para ter um
controle de legalidade no ato de arquivamento. O art. 17 do CPP proíbe o arquivamento do IP pelo delegado.
Qualquer peça que chega no MP, que precise ser avaliada e que não leve ao oferecimento de denuncia, leva a um
arquivamento no mesmo modelo.
Esse procedimento para arquivamento de inquérito policial ou de peça informativa leva a realização de um ato
composto.
Há procedimentos originários do TCM que são recebidos pelo CAP (o promotor que trabalha no CAP age por
delegação do PGJ – porque o promotor natural do CAP é o PGJ). Diante do recebimento de um procedimento
desses contra prefeito, pode haver um ato que implique em violação a lei de licitações (fraude, por exemplo), se
constituindo, ao mesmo tempo, como um crime da Lei 8666/93 e um crime de responsabilidade. O prefeito
poderá sofrer um processo de impedimento na Câmara de Vereadores, por conta do crime de responsabilidade e
ao mesmo pode sofrer uma ação de improbidade administrativa. O TCU é um órgão autônomo que encaminha as
contas para a Câmara de Vereadores para que haja o julgamento das contas. Além disso, pode notificar o MP
diante da ocorrência de um crime.
O mesmo procedimento então, poderá noticiar um fato civil e um fato penal, levando a uma ação civil e a uma
ação penal. No caso do exemplo, a improbidade seria alvo de uma ação civil e o crime de responsabilidade seria
alvo de uma ação penal.
Quando a CGU (controladoria geral da união) termina uma tomada de contas no município, pode encontrar
questões, encaminhando para o MP questões cíveis e penais.
A Lei de Ação Civil Pública permite ao MP, DP, associações, etc, a ingressarem com ação para proteger direitos
difusos ou coletivos individuais ou homogêneos (MP). Em 1985, quando essa lei surgiu, fez surgir para o MP o
inquérito civil. O inquérito civil foi criado para que o MP possa investigar violação a direitos difusos ou
coletivos, individuais ou homogêneos. Ex: Meio ambiente, consumidor, saúde, educação, patrimônio histórico,
etc. Em 88, esse instituto foi constitucionalizado.
Esse instituto foi criado para permitir que antes de entrar com uma ação coletiva, se forme um juízo de valor. O
promotor avalia se vai arquivar, seja porque fez um TAC, ou porque não encontrou nada, ou porque achou um
erro que foi sanado, e pode também entrar com mandado de segurança, ação civil coletiva, ação mandamental
do ECA, ação de improbidade administrativa, etc. É possível que diante do inquérito civil se descubra um crime.
Por exemplo, é possível que se investigue uma licitação fraudulenta, por uma questão de improbidade e se
encontre um fato delituoso. Nesse caso, o promotor tira cópia do procedimento e irá submetê-lo a um juízo
criminal.
OBS! As sanções de improbidade são prescritíveis, salvo o ressarcimento ao erário.
Um promotor pode entrar, por exemplo, com uma ação de ressarcimento ao erário (que é imprescritível) e
arquivar (por noticiar um crime prescrito). O inquérito civil é uma peça informativa que pode trazer elementos
criminais. Não interessa o nome que a peça informativa tem, importa que, se noticiar um crime, só pode ser
arquivada mediante um parecer fundamentado de um membro do MP.
OBS! Para o abuso de poder econômico cabe uma ação eleitoral cível.
O arquivamento é um ato complexo, depende do ato de dois órgãos para que seja completo e produza seus
efeitos- o parecer de arquivamento do MP (promotor de justiça) e ato de homologação do judiciário (juiz de
direito). A redação do CPP e da Lei de Drogas acerca do arquivamento é a mesma, onde o promotor vai requer ao
juiz o arquivamento. O ECA, por sua vez, fala que o MP fará a promoção de arquivamento.
O juiz não vai simplesmente indeferir o pedido de arquivamento. Algumas decisões se submetem ao duplo grau
obrigatório de jurisdição. O STF entende que quando uma decisão for submetida ao duplo grau de jurisdição,
enquanto não for submetida a isso, não haverá uma decisão perfeita e acabada produzindo seus efeitos.
Enquanto não houver o exercício do duplo grau, não haverá uma decisão que produza perfeitamente os seus
efeitos.
Ocorre a mesma coisa com o arquivamento, é preciso do ato de dois órgãos para que haja a produção dos
efeitos. Quando um promotor de justiça entende que não vai ofertar a denuncia, diferente do que faz o ofendido,
deve expor as razoes. A ação penal privada se submete ao principio da conveniência e oportunidade. O particular
quando não quer ajuizar a ação penal privada não precisa se justificar. O MP, por sua vez, se submete ao principio
da obrigatoriedade, então, ou oferece a denúncia, ou demonstra porque não vai denunciar.
ARQUIVAMENTO ESTADUAL

O arquivamento estadual será feito pelo MPE. Esse procedimento para arquivamento de IP, termo
circunstanciado, ou peça informativa de qualquer natureza, leva a realização de um ato complexo. Havendo a
escolha do arquivamento, adota-se o procedimento do art. 28 do CPP. Ao fazer o parecer de arquivamento, o MP
submete ao juiz da causa. Se o arquivamento for homologado, acabou o processo. Mas se o arquivamento
aconteceu com base em falta de elementos probatórios, cabe o desarquivamento desde que surjam novas provas
e não tenha ocorrido a prescrição. Isso está estabelecido no art. 18 do CPP e na sumula 524 do STF. O
arquivamento não suspende nem interrompe a prescrição.
O juiz pode discordar do parecer de arquivamento do promotor, e nesse caso, o juiz de forma fundamentada,
apresenta as suas razões da discordância que tem ao ato do promotor de justiça e encaminha à Procuradoria
Geral de Justiça. Encaminhado o procedimento à PGJ o procurador, diante dessa discordância vai decidir. Quando
decide, pode dizer que o promotor está certo, ou que o juiz está errado. Se for de acordo com o promotor, estará
insistindo no arquivamento, tornando o juiz obrigado a homologar. O juiz não poderá mais discordar. Isso porque,
o Brasil adota o principio da inércia. Se o juiz discordar, ele não pode entrar com a denúncia. Se o promotor
discorda, e o PGJ também, não tem mais para onde ir, então ele fica obrigado a homologar o arquivamento.
O PGJ pode entender que o juiz está correto, e nesse caso, ele mesmo pode oferecer a denúncia, ou designar
outro promotor de justiça. Não pode mandar para o mesmo promotor, porque os membros do MP possuem
independência funcional, atuam segundo o seu livre convencimento. O PGJ não designa quem ele quer. Há o
principio do promotor natural, o PGJ só pode encaminhar para o promotor natural do caso. Toda promotoria,
toda Comarca, em dezembro publica no diário oficial as listas de substituição, que se dará de forma automática.
Quando o PGJ designa alguém está obrigado a designar o promotor constante na lista de substituição. A
designação é impessoal.
A lei não diz nada sobre quando o processo chega ao promotor em substituição. Há três correntes que falam
sobre isso. No estado de SP fala-se que o promotor designado não pode escolher como atuar, ele não seria um
promotor na sua atribuição natural, sendo designado para tal, agindo, portanto, como um longa manus do PGJ.
Há um outro posicionamento que entende que que o outro promotor também tem independência funcional para
decidir se age como o colega ou da forma que o PGJ o designou, e que ele não seria obrigado a fazer acusação
que ele não concorde, e deste modo, este poderá também fazer o parecer de arquivamento. A melhor posição é
a da corrente intermediária, que pensa que, o promotor de justiça em substituição, ao receber o procedimento
investigativo (divergindo do colega anterior que entendia pelo cabimento do arquivamento) poderá concordar
com o PGJ e atuar, ou poderá continuar nas diligências. Se com as novas diligências lhe convencerem de atuar, ele
denuncia. Se com as novas diligencias entender que não deve atuar, arquiva. Nesse caso, ele arquiva com base
em algo novo. Para que venha a dissentir do PGJ deverá trazer os argumentos, expondo seus motivos. Portanto,
o promotor que recebeu o arquivamento promova novo arquivamento, ele precisará de novos elementos
probantes. Ele necessitará fazer diligências, trazer mais elementos que confirmem a sua tese para que ele faça o
parecer de arquivamento, pois, não sendo assim, não tinha pra que ter revisão.
OBS! A nomeação “promotor substituto” designa o cargo de um concurso. Primeiro se faz o concurso para
promotor substituto, depois se torna promotor titular de entrância inicial, intermediária e final. Isso tudo integra a
primeira instância. A segunda instância é a procuradoria de justiça. No caso das listas de substituição, o certo é
falar em “promotor em substituição”.
ARQUIVAMENTO FEDERAL

O arquivamento será pelo feito pelo Procurador da República que fará um parecer de arquivamento e
encaminhará para um juiz federal para que ele faça a homologação. Só cabe desarquivamento no mesmo
modelo, aplicando- se a sumula 524 do STF e art. 18 do CPP. É possível que o juiz não homologue e discorde do
parecer de arquivamento. O juiz discorda apontando o art. 28 do CPP.
Contudo, o art. 28 do CPP foi pensado e estruturado no contexto do MPE. O MPF não foi pensado para o contexto
do art. 28 do CPP. Quando o juiz discorda do arquivamento e encaminha para o PGR, se fala na Lei Complementar
75/93.
O MP brasileiro é disciplinado por uma estrutura legislativa – art. 127 a 129 da CF. O MPU é estruturado pela LC
75/93. Os MPEs são regulados por lei geral da União (além da CF), que é o Estatuto Geral do MPE dos Estados (Lei
8.625/93). A União cria as regras para o MPE com base na CF.
A própria LC 75/93 diz que tudo aquilo que não houver regulação, ensejará a aplicação da LC 75/93. Além disso,
cada Estado tem a sua própria lei complementar estadual. A LC da Bahia é 11/96. Então, essa lei não pode violar
nem o Estatuto Geral dos MPEs nem a LC 75/93, nem a CF.
Então na seara federal, não é possível a aplicação do art. 28 do CPP somente, porque há uma regulação sobre o
tema também na LC 75/93. Quando o juiz dissentir do arquivamento, encaminha para o PGR – chefe do MPF.
Mas, na área federal, o PGR não tem competência para avaliar isso. Então ele recebe esse inquérito policial,
com o discordância do juiz federal, e encaminha para Câmara de coordenação e revisão (órgão interno do
MPF)- formada por três procuradores da república.
Na esfera estadual quem decide é o próprio PGJ, e na esfera federal, quem decide é a CCR.
A CCR tem apenas duas opções: insistir no arquivamento, caso em que volta para o juiz homologar; discordar do
procurador, entendendo que é caso de oferecer denúncia e encaminhar para o procurador em substituição. A
CCR não tem competência para oferecer denúncia porque não é um órgão de execução, mas sim um órgão de
decisão administrativa. É designado o PGR que exerce a substituição. Aqui então, é mais lógico que o procurador
age como longa manus porque a CCR não tem nem a possibilidade de oferecer a denúncia.
Em resumo: O que há de diferente é que na esfera estadual vai para o PGJ e este decide, enquanto na esfera
federal o PGR encaminha para a câmara de coordenação e revisão. E, além disso, na área estadual o PGJ pode
tanto insistir no arquivamento, obrigando o juiz a arquivar, ou poderá, ele mesmo, oferecer denúncia ou
designar outro membro (leia-se, encaminhar para que ocorra a substituição); na esfera federal só existem duas
possibilidades, ou insiste no arquivamento, ou designa a outro membro, o PGR não tem atribuição para
oferecer a denúncia. Na esfera federal, desse modo, ganha mais relevância ainda a longa manus, pois, se não
atuar a longa manus, a revisão não serve para nada.
Roberto lembra que no projeto do novo CPP o arquivamento não será mais assim. No projeto do novo CPP o
arquivamento não passará mais pelo juiz, ficará internamente no MP, por conta do princípio da imparcialidade,
como é feito hoje há uma violação clara ao princípio da imparcialidade.

ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO

O arquivamento expresso ocorre quando o promotor expressamente demonstra que quer arquivar e o juiz
expressamente homologa. O arquivamento implícito, por sua vez, é aquele que decorre de uma inércia do
ministério público e do judiciário, que diante de um procedimento investigativo que noticia mais de um fato
delituoso ou mais de um envolvido em situação delituosa, sem que o MP expressamente se pronuncie sobre o
arquivamento e o juiz deixe de exercer o controle da obrigatoriedade da ação penal.
Quando o MP, nem o juiz se pronunciam sobre determinado indivíduo, há aqui um arquivamento implícito.
O silêncio passa a gerar um efeito. Então, no arquivamento implícito, o MP deveria fazer o parecer de
arquivamento e o juiz deveria se manifestar. Esse silêncio implicaria num efeito jurídico- não poder mais
denunciar a pessoa se não aparecer nova prova. Esse é o entendimento de parte da doutrina. Mas o MP e o
Judiciário brasileiro não reconhecem isso. Entendem que o arquivamento deveria ser na forma da lei. O
arquivamento implícito seria uma violação ao princípio da obrigatoriedade, em que por um ato de conveniência e
oportunidade, o procurador poderia manter-se silente. Então, enquanto não prescrever, a denuncia poderia ser
aditada para incluir um fato ou uma pessoa (ou os dois). Ou, diante da impossibilidade do aditamento, pelo fato
de o processo já estar mais adiantado ou porque o processo já acabou, haveria a denúncia da pessoa ou do outro
fato num outro processo. Assim, para a jurisprudência o arquivamento precisa ser expresso.
Para doutrina, pelo fato de os dois (MP e Juiz) não terem se pronunciado, o IP estaria implicitamente arquivado e
só poderá denunciar a pessoa que nada se falou se aparecer uma nova prova.

ARQUIVAMENTO ORIGINÁRIO

A ação penal originária é para as autoridades que possuem prerrogativa de função. As autoridades que tem
prerrogativa de função são julgadas nos tribunais – TJ, TER, STJ, STF, etc. A ação penal é originária no tribunal.
Logo, sendo a ação penal originária, o arquivamento possível é o originário. Vários órgãos do judiciário e
membros do MP atuam em tribunal em que há ação penal originária e arquivamento originário. Mas dois casos
isolados são diferentes: aqueles que envolvem a atuação do PGJ no TJ e o PGR no STF. Algumas autoridades
como presidente, vice-presidente, comandante das forças armadas, deputados, ministros do TCU, PGR,
presidente do banco central, senadores, ministro do estado etc, são julgados perante o STF, logo processados
pelo PGR. Por outro lado, deputados estaduais, promotores, prefeitos, juízes de direto etc, são julgados no TJ,
com atuação do PGJ. Nesse cenário, haverá um arquivamento originário/intra muros/interno.
O PGR faz o parecer de arquivamento e encaminha para o STF homologar. O STF não pode discordar do PGR, está
obrigado a concordar. Então aqui o efeito jurídico do parecer de arquivamento independe da homologação do
STF.
Na esfera estadual, o PGJ quando faz o parecer de arquivamento e encaminha para o TJ, em tese as leis dizem
que o TJ pode discordar e encaminha essa discordância para o Colégio de Procuradores. Mas depois disso, não
se menciona o que será feito. Diante disso, entende-se que quando o PGJ faz o parecer, o TJ estará obrigado a
homologar, por também se tratar a instância máxima superior.
Então nos dois casos temos o arquivamento intra muros. Temos outros casos de arquivamento intra muros, mas
nesses outros casos há uma hierarquia trazendo a possibilidade de substituição.

AULA- 26/10

ARQUIVAMENTO INDIRETO

- Conflito de competência funcional:


- Conflito de atribuições do MP:
- Conflito MP x Judiciário = solução:

Juiz Estadual x Juiz Estadual FSA TJBA


Juiz Estadual x Juiz Estadual SSA TJBA
Juiz Federal SSA x Juiz Federal VC TRF1
Juiz Federal SSA x Juiz Federal SSA TRF1
Juiz Federal SSA x Juiz Federal ARACAJU STJ
Juiz Federal GO x Juiz Federal BA TRF1
Juiz Federal DF x Juiz DF STJ
Juiz Estadual Jurandir x Juiz Federal BA STJ
TRF5 x TJPE STJ
TST x STJ STF
STF x STJ STF

Sempre que a vinculação for a tribunais diferentes, a decisão será tomada pelo STJ. Caso haja vinculação ao
mesmo tribunal, este órgão decidirá o conflito. Tribunais superiores quem decide é o STF.

PJ SSA x PJ SSA PGJ


PJ SSA x PJ FSA PGJ
PR SSA x PR SSA CCR
PR SSA x PR VC CCR
PR SSA x PR ARACAJU CCR
PR SSA x PR DF CCR
PR DF x PR DFT PGR
PJ JUAZEIRO x PJ PETROLINA ***
PJ FSA x PR FSA ***

CCR: quando se trata de dois membros do MPF.


PGR - quando trata de membros pertencentes a MP's diferentes

***: a doutrina se pronúncia de forma minoritária que o PGR decidiria, só que o PGR não tem poder sobre os
MP's estaduais. Seria até interessante se houvesse no Brasil um órgão ministerial que conseguisse se a chefia do
MP brasileiro todo, mas isso não existe. O PGR só chefia o MPU. Há uma proposta de se criar o PGN, que seria o
Procurador Geral Nacional, que chefiaria o MP como um todo.
Se o conflito for entre membros do MPE de MP’s distintos (de estados distintos). Ou pode ser entre membros do
MPE X membros do MPF não existe solução legislativa, a lei nem a CF não trouxe solução para esse possível
conflito. Nesses caso temos algumas propostas de solução:

1. A melhor solução seria de quem decidisse o conflito fosse o próprio MP. A doutrina aponta no sentido de que a
melhor solução seria o PGR decidir. Temos uma proposta de emenda constitucional para chamar a figura do
procurador geral nacional. O PGR chefia o MPF e não todos os MP’s, ele chefia em certa medida o MPU, mas não
chefia os MP dos estados, cada estado tem seu chefe com autonomia. A CF não dá a atuação em todo o Estado
para o PGR, e por isso que existe a PEC, a criação do PGN seria a figura que representaria os MP’s nacionalmente.
A doutrina aponta nesse sentido com a mudança legislativa.
2. O CNMP é um órgão que foi criado para fiscalizar todos os MP’S estaduais e da União, sendo um órgão
colegiado, que tem membros de instituições distintas. Desse modo seria o órgão mais legitimado a quando
houver um conflito dessa natureza, sendo nacional. Só que o CNMP tem suas atribuições fixadas na CF e não tem
disposto a solução do conflito. Precisa que haja uma alteração na CF para dar atribuição ao CNMP para atuar
nesse sentido.
3. Até o ano de 2006, o entendimento no Brasil é que havendo conflito entre membros de MPF, MPE e entre MP’s
de estados diferentes, quando houvesse esse conflito virtualmente estaria diante de um conflito de competência
no futuro. Se entendia que era de competência do STJ a solução. Diante disso, como iria acontecer, antecipava-se
o julgamento para o STJ. Porque se o conflito se consolidasse entre promotores de justiça de estados, de tribunais
diferentes, quem decidiria seria o STJ.
4. STF ou STJ - O STF passou a ter um entendimento diferente, com o argumento de que nem todos os conflitos
entre membros do MP são virtuais conflitos de competência. Há conflitos internos que jamais chegarão ao apreço
do judiciário. Então o STF passou a entender que diante do caso, o conflito de atribuições ficar claro que
configuraria um conflito de competência quem decide é o STJ. Mas se não houver indicativo de conflito de
competência quem decide é o STF.
5. STF - Hoje o STF consolidou o entendimento, de que todas as vezes que o conflito for entre membros do MP de
estados distintos, ou do estadual com federal a resolução do conflito será de competência do STF. Sob o
argumento de que o artigo 102 da CF diz que quando houver conflitos entre os estados e o estado e a União,
quem decide é o STF.

O arquivamento indireto pode acontecer quando o promotor se declara incompetente e juiz se nega a
despachar para outro promotor, por entender pela competência. A lei não prevê solução para isso, por isso
acontece um arquivamento indireto, já que a prescrição não será interrompida.

O conflito pode existir porque o promotor entende que não tem competência e diz que não vai oferecer a
denuncia, só que o juiz entende que ele é competente. Nesse caso, ou isso chega a outro promotor para gerar um
conflito e mandar para o PGJ. Ou envia para outro juiz para gerar a conflito e ser resolvido pelo TJ. O problema
surge quando é criado um impasse entre um juiz e um promotor, porque o processo fica parado, sem poder fazer
nada.
Pacceli diz que se o juiz discordar do promotor, aplica-se o artigo 28 encaminhando ao PGJ, fazendo uma
analogia. Não é a melhor solução. Se o PGJ concordar com o juiz resolve-se o problema, porque ele pode designar
outro promotor ou ele mesmo atua. Entretanto, se ele não concorda o problema continua existente, continuando
o MP e o judiciário em discordância. Dai porque a doutrina diz que isso é indiretamente um arquivamento,
porque fica parado e acaba sem denuncia e pode prescrever. Por isso que se chama de arquivamento indireto.
Então o parecer indireto nada mais é do que um efeito decorrente de um conflito entre magistratura e MP que
fica insolúvel. Na verdade isso não é um arquivamento, mas um efeito entre a não solução de um conflito.

Então seria o efeito prático do conflito existente entre o ministério público e o poder judiciário, sem que se
consiga que órgãos superiores das instituições decidam a temática.

AÇÃO PENAL

A denúncia ou queixa estão estruturadas no artigo 41 do CPP, que determina os requisitos que as peças devem
preencher. A denúncia ou queixa deve ter o indicativo do fato que ocorreu. Nos fatos, devem ser descritos os
comportamentos da ação humana (OAB: não deve repetir a questão ou inventar novos fatos). Assim, deve-se
narrar tudo que demonstra que o fato realmente aconteceu. O STF já declarou que não cabe denúncia genérica.
Ainda, é necessária a qualificação, que tem grande relevância no Processo Penal, a pessoa deve ser certa.
Na falta de qualificação, soma-se os elementos qualitativos com outros elementos de identificação.
Os tipos penais são expressos por meio de verbos. Como tal, deve ser descrito nos fatos os comportamentos que
demonstram as ações humanas. Deve ser identificada a conduta de cada um dos participantes. Primeiramente,
porque é preciso permitir ao juiz individualizar a pena. Segundo, porque é preciso garantir ao réu o direito de
defesa em face do que lhe é imputado. O STF já consagrou o entendimento de que não cabe denúncia genérica,
porque cada réu deve receber a sanção de acordo com a sua participação no crime. A denúncia genérica é
aquela em que há atos diferentes, sendo possível individualizar as condutas imputadas aos réus, mas isso não é
feito, porque a investigação foi mal feita, por exemplo. A denúncia geral é aquela em que as condutas são
uniformes por sua natureza, não há como diferenciar os atos. Pela natureza do fato, existem atos uniformes.
Ex: Quando PJ pratica um crime ambiental, isso provavelmente foi decidido por uma diretoria. Entre os autores
intelectuais, os que tomaram a decisão, não há como diferenciar os atos. A denúncia geral não viola o principio
da ampla defesa, porque a conduta praticada é uniforme, todos praticam o mesmo ato.
A denúncia precisa ser feita de forma a se compreender a análise do fato com todas as suas circunstâncias. O fato
deve ser contado com fidelidade. Devem ser utilizadas as expressões mais chulas possíveis que descrevam a
conduta. Se for utilizada uma expressão inadequada, por exemplo, pode ser que não fique demonstrada a
ocorrência de uma injúria ou calúnia.
É preciso que o indivíduo seja qualificado. No processo penal, coloca-se o nome da pessoa, RG, CPF, título de
eleitor, apelido, o lugar onde reside, etc. É possível que não seja possível identificar o individuo. É possível
diferenciar as pessoas numa petição inicial pela orientação sexual, cor da pele, deficiência? Sim, desde que haja
um motivo para isso. Por exemplo, às vezes é essencial saber que uma pessoa é travesti para identificá-la. Então,
a utilização dessas informações deve ocorrer de forma pertinente.
Também é preciso fazer a qualificação jurídica do crime- o fato narrado deve se enquadrar numa figura típica. Por
vezes, um mesmo fato pode acarretar em enquadramentos distintos para corréus. É possível arrolar
testemunhas. Se por ventura, a prova testemunhal for eleita como a prova adequada para utilização naquele
processo. Cada rito tem uma quantidade de testemunhas ordinário. Se for rito ordinário – 8 testemunhas, rito do
júri- 8 testemunhas, rito sumário – 5 testemunhas, rito de entorpecentes- 5 testemunhas. Para o rito
sumaríssimo, parte da doutrina entende que são 5 testemunhas, outra entende que são três, e outra entende que
pode ser de cinco ou três. O momento da denuncia ou queixa é o momento de arrolar as testemunhas de
acusação. Nesse rol de testemunhas arroladas não se computam as testemunhas referidas- aquelas que alguma
ou outra testemunha se refere a ela. Quando uma testemunha se refere a outra, essa outra será ouvida pelo
juiz, mas não entra no corpo de testemunhas. 02 34 30...A ausência de uma testemunha não leva à rejeição da
inicial.

-Termo circunstanciado: Tem discussão se e’ só da policia ou não. Ele e’ próprio para determinados fatos típicos-
infrações de menor potencial ofensivo: contravenções penais e os crimes para os quais o legislador aplique pena
máxima em 2 anos, desde que não haja um impedimento legal. (ex: lei Maria da penha- mesmo menor de dois
anos não aplica; ex2: crimes militares). Ele e’ pouco regulamentado que essa ausência atrapalha no
procedimento. Desse modo temos um termo circunstanciado que deveria ser menos complexo, embora nossa
ausência de regulamentação seja tão vaga que demora mais tempo que o inquérito policial, ao ponto de muitas
vezes ter ate decadência. E’ mais simplificado que em tese era pra ser rápido e que de fato não esta acontecendo.
Ao finalizar deve ser encaminhado para o órgão competente (juizados especiais de crime) se tiver prerrogativa de
função vai para o órgão que tem a prerrogativa. Pode ser que naquela comarca não tenha juizado ai vai para a
vara crime. Se tiver juizado e’ pra lá que vai se for competente. Definido o órgão de competência vamos fazer
inaugurar uma fase em juízo não condenatória. E’ também inquisitorial, e’ preparatório e e’ de policia. E seu
arquivamento acontece no mesmo modelo.
Obs: Se for ação penal publica é dever de ação e não direito de ação.

-Denúncia: Fase de materializar o direito ou o dever de ação e compreender como se estrutura o dever ou direito
de ação. Denuncia ou queixa que inicia o processo. A inicial acusatória seria a denuncia e a queixa quando for
para adultos. A inicial para adolescente e’ a representação (nome da petição inicial). No processo penal temos a
denuncia ou queixa (ação penal privada) e as duas iniciam o processo e a denuncia e a queixa devem conter a
mesma coisa e as duas tem que submeter ao art.41 do CPP: precisa inicialmente ter a narração do fato com todas
as suas circunstancias, narra o fato e’ colocar tudo aquilo que interesse aquele fato. Tem que avaliar o que e’ que
e’ importante para compreender o fato ilícito, narrar e’ de forma a compreender que o crime e’ expressão das
condutas. Essa peça deve narrar todos os fatos e todas as circunstancias para analisar o fato. Tem que ser de
forma especifica, porque a sentença e’ individualizando. A lei disse que para se defender o individuo tem que
saber. Denuncia genérica e geral (STF- não aceita a genérica, pode individualizar e não individualiza diferente da
geral- por natureza não tem como individualizar; ex: crimes econômicos). O normal e’ individualizar a conduta.
Narrar os fatos e ser fiel aos fatos. Narrar com todas circunstancias e depois qualificar a pessoa, o envolvido tem
que ser qualificado. As vezes só qualificar não e’ suficiente e as vezes não tem como qualificar ai leva elementos
de indicação. Na qualificação diz o que tiver pertinência (ex: dizer que e’ homossexual e’ importante no caso).
Pode apresentar denuncia junto de arquivamento, porque pode ser que denuncie um e não o outro, não tem que
ser somente uma coisa (depende dos fatos e pessoas envolvidas). Se por acaso denunciar e voltar depois (novas
diligencias) ao voltar com novo fato, tem que fazer um aditamento da denuncia, quando incluir o novo fato esse
aditamento vai ser objetivo.

Ação penal ou Ação penal condenatória: Pública Incondicionada, Pública Condicionada, Privada.

Ações impugnativas ou de impugnação : Ação de revisão criminal (se assemelha à ação rescisória no processo
civil). Não há revisão para a acusação. Não há prazo para a revisão criminal, podendo até já ter havido o
cumprimento de pena. Habeas corpus, Mandado de Segurança.

Ação penal consensual = transação penal

Condição objetiva de punibilidade

AULA- 16/11/15
AULA – 23/11/15

Potrebbero piacerti anche