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Ecologia Psicológica

(1943)
Kurt Lewin
Tradução: Mário Henrique da Mata Martins
A relação entre fatores psicológicos e não psicológicos é um problema conceitual e
metodológico básico em todos os ramos da psicologia; da psicologia da percepção à
psicologia dos grupos. Um entendimento apropriado dessa relação deve ser obtido antes de
podermos responder as muitas questões suscitadas no esforço de produzir uma integração das
ciências sociais. Uma abordagem campo-teórica a esses problemas da “ecologia psicológica”
sugere alguns caminhos pelos quais essas questões podem ser respondidas.
A discussão que se segue sobre hábitos alimentares pode bastar como exemplo de
primeiro passo para analisar um campo com o propósito de mudar hábitos culturais. Essa
análise objetiva esclarecer exatamente onde e como os problemas psicológicos e não
psicológicos se sobrepõem. Qualquer tipo de vida grupal ocorre em um contexto com certas
limitações sobre o que é e o que não é possível, o que pode ou não pode acontecer. Os fatores
não psicológicos do clima, da comunicação, da legislação do país ou da organização são uma
parte frequente dessas “limitações externas”. A primeira análise do campo é feita do ponto de
vista da “ecologia psicológica”: os psicólogos estudam dados “não psicológicos” para
descobrir o que esses dados significam a fim de determinar as condições limites da vida do
indivíduo ou grupo. Apenas depois que esses dados são conhecidos é que o próprio estudo
psicológico pode começar a investigar os fatores os quais determinam as ações do grupo ou
indivíduo nas situações que se mostraram significativas.
Para planejar a adaptação dos hábitos alimentares de um grupo às diretrizes de saúde
ou de modificação das condições sociais, devemos obviamente conhecer o status quo. Mas o
que devemos considerar ao estudar esse status quo? Em particular, como devem os psicólogos
proceder a fim de realizar uma contribuição para além das mudanças planejadas?

A abordagem das tendências sociais

Ao estudar o que as pessoas têm comido durante, digamos, na última década, podemos
esperar encontrar certas “tendências”. Ao distinguir tendências mais rígidas e mais flexíveis
poderíamos esperar descobrir indicações sobre as mudanças que poderiam encontrar muita
resistência e as mudanças que poderiam encontrar pouca resistência.
Numerosas tentativas têm sido feitas para predizer o futuro sob as bases das
“tendências sociais”; nós sabemos agora que seu valor para predições é muito limitado. Não
sem frequência, elas são enganosas.
Existem inúmeras razões pelas quais dispositivos técnicos para promover mudanças
não podem, por regra, serem baseados no estudo de tendências históricas:
1. Mesmo se o método de amostragem estiver perfeito para assegurar dados tanto
confiáveis como válidos, a predição para o futuro é uma afirmação de
probabilidade que pressupõe que a situação permanecerá estanque, ou que
modificará para um patamar conhecido em uma direção conhecida. O ponto crucial
da questão é que as condições frequentemente modificam-se radicalmente de um
dia para o outro.
2. Não existe modo definitivo de julgar a partir de tendências históricas o grau de
dificuldade para promover uma mudança em certa direção. A longa duração do
habito de um grupo não significa necessariamente que esse hábito é rígido. Isso
pode significar meramente que as condições relacionadas à sua ocorrência não se
modificaram durante aquele período. Pode bem ser que os hábitos alimentares que
permaneceram rigidamente sustentados por um longo tempo podem ser
modificados mais facilmente que hábitos que no passado mostraram arrazoado
grau de flexibilidade.
3. Nenhum conjunto de dados descritivos encerrará a questão sobre quais dessas
técnicas são eficientes para trazer à tona mudanças desejadas. Por exemplo,
nenhum conjunto de informações sobre o que as pessoas comem ou têm comido
pode dizer se a propaganda, ou as palestras ou a educação escolar será mais
efetiva.

A abordagem do desenvolvimento infantil

Podemos esperar encontrar melhores meios de predição ao estudar a história do


indivíduo. A antropologia cultural tem enfatizado recentemente que qualquer constante da
cultura é fundamentada no fato de que as crianças estão crescendo dentro daquela cultura.
Elas são doutrinadas e habituadas na infância de um modo que mantém seus hábitos fortes o
suficiente para o resto de suas vidas.
A mudança de abordagem da história do grupo para a história da pessoa pode ser vista
como uma mudança da sociologia para a psicologia. Ao mesmo tempo, isso é um passo para
associar o grau de resistência à mudança com o estado atual dos membros do grupo, ao invés
de associá-lo à conduta passada do grupo. Esse passo é um afastamento de uma abordagem
histórica para uma abordagem dinâmica a-histórica.
Em meu pensamento, a abordagem do desenvolvimento infantil na atual antropologia
cultural é proveitosa e desejável. Isso é muito importante para conhecer quais são os gostos e
aversões das crianças de diferentes idades, quais são os valores por trás sua ideologia
alimentar, e o que ou quem elas concebem como fontes de aprovação e desaprovação. Ainda
assim, devemos deixar claro que ambas, a abordagem histórica e a abordagem descritiva, não
podem responder a questão de como mudar hábitos alimentares de grupos em uma direção
desejada.

A abordagem de campo: cultura e a vida grupal como processos quase-estacionários.

Essa questão da mudança planejada ou de qualquer “engenharia social” é idêntica à


questão: Quais “condições” têm de ser modificadas para trazer à tona um dado resultado e
como se pode mudar essas condições com os meios disponíveis?
Deve-se ver a situação atual – o status quo – como sendo mantida por certas condições
ou forças. Uma cultura – por exemplo, os hábitos alimentares de um dado grupo em um dado
tempo – não é um assunto estático, mas um processo vivo como um rio que se move embora
mantendo uma forma reconhecida. Em outras palavras, temos de lidar, tanto na vida grupal
como na vida individual, com o que é conhecido na física como processos “quase-
estacionários1”.
Os hábitos alimentares não ocorrem em espaços vazios. Eles são parte integrante do
ritmo diário de estar acordado e dormindo; de estar sozinho e em um grupo, de ganhar a vida
e jogar, de ser membro de uma cidade, de uma família, de uma classe social, de um grupo
religioso, de uma nação, de viver em um clima quente ou frio, em uma área rural ou em uma
cidade, em um distrito com boas mercearias e restaurantes ou em uma área de pobreza e
fornecimento irregular de comida. De alguma forma, todos esses fatores afetam os hábitos
alimentares em qualquer tempo. Eles determinam os hábitos alimentares de um grupo

1
Para conhecer as características gerais dos processos quase-estacionários ver Wolfgang Koehler: Dynamics in
Psychology (New York, Liveright PublishingCo., 1940).
novamente todos os dias assim como a fonte e o fornecimento de água e a natureza do leito do
rio determinam dia a dia o fluxo do rio, sua constância, ou sua mudança2.
Os hábitos alimentares de um grupo, assim como o fenômeno da velocidade de
produção em uma fábrica, são o resultado de uma infinidade de forças. Algumas forças
sustentam-se entre si, outras se opõem entre si. Algumas estão movimentando forças, outras
estão limitando forças. Como a velocidade de um rio, a real conduta de um grupo depende do
nível (por exemplo, a velocidade da produção) em que esses conflitos de forças atingem um
estado de equilíbrio. Falar de certo padrão cultural – por exemplo, os hábitos alimentares de
um grupo – implica que a constelação dessas forças permanece a mesma por um período ou
ao menos que elas encontraram seu estado de equilíbrio em um nível constante durante aquele
período.
Nem os “hábitos” de grupo nem os “hábitos” individuais podem ser compreendidos
suficientemente por uma teoria que limita suas considerações aos próprios processos e
concebe o “hábito” como um tipo de ligação cristalizada, uma “associação” entre esses
processos. Em vez disso, os hábitos deverão de ser concebidos como um resultado de forças
em um organismo e seu espaço de vida, no grupo e seu contexto. A estrutura dos organismos,
do grupo, do contexto, ou qualquer que seja o nome que o campo tenha em um dado caso, tem
de ser representado e as forças nas várias partes do campo têm de ser analisadas se o processo
(que pode ser tanto de “hábitos” constantes como de mudanças) for entendido cientificamente.
O processo é apenas o epifenômeno, o objeto real de estudo é a constelação de forças.

Um estudo ilustrativo

O estudo utilizado aqui como ilustração desses princípios gerais foi conduzido por
uma equipe de campo da Child Welfare Research Station (Estação de Pesquisa em
Assistência à Criança) da Universidade de Iowa. Seu objetivo primário foi investigar alguns
aspectos da razão pela qual as pessoas comem o que comem. O método consistiu de
entrevistas com donas de casa. Cinco grupos foram estudados; três representando uma
subdivisão econômica (alto, médio e baixo níveis de rendimento) da classe Branca
Americana, e dois subgrupos culturais, Tchecos e Negros3.

2
O tipo de forças, claro, é diferente: não há nada equivalente a “estrutura cognitiva” ou “passado psicológico”
ou “futuro psuicológico” no campo que determina o rio.
3
Após um período de ensaios preliminares com vários métodos, os dados finais foram coletados durante Maio e
Junho, 1942. Deve-se manter em mente que os resultados descrevem as atitudes e hábitos das pessoas naquele
período (apenas o açúcar foi racionado). O material foi coletado de residentes de uma cidade do meio oeste com
A. Teoria do Canal

A questão “por que as pessoas comem o que comem”, é assaz complexa, envolve
tantos aspectos psicológicos como culturais (tais como alimentos tradicionais e preferências
individuais consequentes de experiências da infância), bem como problemas de transporte,
disponibilidade de alimentos em uma determinada área, e considerações econômicas.
Portanto, o primeiro passo em uma análise científica é o tratamento do problema de onde e
como os aspectos psicológicos e não psicológicos se cruzam. Essa questão pode ser
respondida, pelo menos em parte, por uma “teoria do canal”. De sublime importância nessa
teoria é o fato de que uma vez que o alimento esteja na mesa, a maior parte é comida por
alguém da família. Portanto, pode-se encontrar a principal resposta para a questão “por que as
pessoas comem o que comem,” se for possível responder à questão, “como a comida chega à
mesa e porquê.”
O alimento chega à mesa por vários canais (Figura 19). Uma são as compras feitas nas
lojas. Depois que o alimento foi comprado, ele pode ser armazenado em um armário para ser
retirado posteriormente, e então ser cozido e levado à mesa. Outro canal é o cultivo. Existem
canais adicionais como entregadores, comprar a comida no campo, assar em casa e armazenar
em conservas.

Figura. 19.

uma população de aproximadamente 60.000 pessoas. Apesar de estar circundada por campos agrícolas, a cidade
possui uma variedade de plantas industriais. Empregou uma nutricionista durante alguns anos e tem um bom
programa de nutrição.
Para uma discussão completa desse estudo, ver Kurt Lewin: Forces Behind food habits and methods of change,
Bulletin of the National Research Council, 1943, 108, 35-65.
\
O alimento se move passo a passo através do canal. O número de passos varia para
diferentes canais e para diferentes alimentos dentro do mesmo canal. O tempo em que o
alimento pode permanecer em uma posição varia. Alimentos armazenados no armário ou após
enlatados podem durar por um tempo considerável na mesma posição. Por outro lado,
alimentos podem ficar apenas algumas horas ou dias em uma despensa ou na geladeira.
Para descobrir que alimento chega à mesa, temos de conhecer quantos canais para
alimentação existem para uma família ou grupo particular. Para entender as mudanças depois
que certos canais são bloqueados, temos de conhecer os novos canais abertos ou em que
antigos canais a circulação aumentou. Por exemplo, quando preparar alimentos em casa
torna-se difícil, a alimentação em restaurantes pode crescer.
Alimentos não se movem por seu próprio ímpeto. A entrada ou não em um canal e a
movimentação de uma seção para outra do canal é efetuada por “guardiões de
portas”(gatekeepers). Por exemplo, ao determinar o alimento que entra no canal “compra”
devemos saber se o marido, a esposa, ou a empregada efetua a compra. Caso seja a dona de
casa, então a psicologia da dona de casa deve ser estudada, especialmente suas atitudes e
comportamento na situação de compra.
É muito importante ter consciência de que as forças psicológicas que influenciam o
movimento dos alimentos podem ser diferentes para diferentes canais e para várias seções
dentro do mesmo canal. Cada canal oferece certa resistência ao movimento, e certas forças
tendem a impedir a entrada no canal. Por exemplo, se o alimento é caro, duas forças de
direções opostas atuam sobre a dona de casa. Ela está em um conflito. A força que a repele de
gastar muito dinheiro afasta o alimento deste canal. Uma segunda força correspondente à
atração dos alimentos tende a atrair isso para o canal.
Vamos assumir que a dona de casa decida comprar um dispendioso pedaço de carne: o
alimento passa pelo portão. Agora a dona-de-casa ficará preocupada em não desperdiçá-lo. As
forças formalmente opostas irão ambas apontar para a mesma direção: o alto preço que tendia
a manter o alimento mais caro fora do canal é agora a razão pela qual a dona-de-casa busca
garantir que acima de todas as dificuldades a carne chegará segura à mesa e será consumida.
I. O uso de vários canais: em nosso estudo sobre uma comunidade centro-ocidental
descobrimos que nos cinco grupos investigados, cada um dos alimentos, com exceção das
sobremesas, foram obtidos mais frequentemente por meio do canal de compras, canal do que
outros.
Aglomerando todos os grupos, foi encontrado que aproximadamente um terço dos
vegetais e frutas era enlatado em casa. Aparentemente, não havia relação entre níveis de
rendimento e a porcentagem de famílias que fazem isso, entretanto, foi descoberto que a
quantidade de comida enlatada foi maior nos dois grupos de menor rendimento. Uma
acentuada diferença cultural foi descoberta: todas as famílias Tchecas realizam essa prática e
a quantidade de comida que eles enlatam é maior que em grupos de rendimento comparáveis
em outros segmentos da comunidade.
Em geral, esses dados permitem as seguintes conclusões: em algum nível,
circunstâncias financeiras e valores culturais realmente influenciam o grau em que vários
canais de alimentos são utilizados e os usos feitos de cada um. Assim, os grupos de menor
rendimento são capazes de economizar ao enlatar mais alimentos do que o necessário para se
alimentarem e por terem mais hortas. Os grupos de maior rendimento são capazes de manter
despensas e entrega diária de leite. Além disso, os grupos de menor rendimento enlatam
alimentos essenciais enquanto os grupos de maior rendimento, ao enlatar alimentos tais como
compotas e geleias, fazem isso por gosto ou possivelmente status. O grupo Tcheco, habilidoso
e fortemente motivado para a autossuficiência, enlata mais alimentos e pratica mais a
horticultura.
2. Quem controla o canal? É importante saber quais membros da família controlam os
vários canais, pois quaisquer mudanças terão de ser efetivadas por meio dessas pessoas. Em
todos nossos grupos a esposa definitivamente controla todos os canais exceto o da horticultura
onde o marido toma parte mais ativamente. Mesmo ali, entretanto, o marido raramente
controla esse canal sozinho. As crianças nunca são mencionadas como controlando quaisquer
dos canais, apesar de elas indubitavelmente influenciarem as decisões indiretamente por meio
da rejeição de alimentos dispostos frente a eles.

B. A PSICOLOGIA DOS GATEKEEPERS4

Para entender e influenciar os hábitos alimentares temos de saber, além dos canais
objetivos de alimentos e a disponibilidade objetiva, os fatores psicológicos que influenciam a
pessoa que controla os canais.
A Psicologia do gatekeeper inclui uma grande variedade de fatores os quais nós não
pretendemos cobrir completamente. Os fatores podem ser classificados sob dois títulos, um
relativo à estrutura cognitiva, por exemplo, os termos nos quais as pessoas pensam e falam
sobre alimentos e outro relacionado à sua motivação, como os sistemas de valores por trás de
suas escolhas por alimentos.
1. A estrutura cognitiva: a estrutura cognitiva lida com o que é considerado
“alimento”, “alimento para nós” ou “alimento para outros membros da família”, com padrões
alimentares e a significação da situação de alimentar-se.
a. Alimento considerado e desconsiderado. Disponibilidade física não é o único
fator que determina a disponibilidade de alimento para um indivíduo. Um dos fatores
determinantes é a “disponibilidade cultural”. Há muitos materiais comestíveis que as pessoas
nunca consideram para uso, pois elas não pensam esses materiais como alimentos para si.
Se considerarmos como alimento tudo o que alguns seres humanos realmente comem e
gostam de comer, então gafanhotos vivos deverão de ser incluídos na categoria de alimento.
Se, entretanto, perguntarmos o que as pessoas nos Estados Unidos consideram como
alimento, gafanhotos vivos seriam excluídos. Em outras palavras, a área psicológica do
alimento em nossa cultura é apenas uma pequena parte do alimento objetivamente comestível
e poderia ser concebido como uma região restrita integrante de uma região total de todos os
alimentos objetivamente comestíveis.
Em algumas partes de nosso país, amendoins ou queijo são considerados comidas para
os animais, mas não para seres humanos. Uma garota da fazenda em Iowa recusou-se a comer

4
N.T. Gatekeepers são guardiões de portas, ou, porteiros. No contexto da presente pesquisa, são as pessoas que
controlam e restringem os acessos a determinados bens, serviços, posições. O termo em inglês foi mantido em
virtude da impossibilidade de uma tradução que contemplasse o sentido aqui expresso da palavra.
requeijão porque isso é dado aos porcos. Mesmo dentro da área de alimentos em nossa
cultura, a fronteira entre alimento para seres humanos e alimento para animais varia.
Mesmo o alimento que é reconhecido como próprio para seres humanos ainda pode não
ser aceito como alimento para a família de alguém. Por exemplo, rins ou certas vísceras são
considerados por alguns como alimentos apenas para pessoas pobres, champanhe por sua vez
uma bebida para os ricos. Em outras palavras, somente certa parte da área reconhecida como
“alimento para seres humanos” é reconhecida como “alimento para nós”. Descobrir o que é
considerado “comida para nós” por diferentes grupos é um dos primeiros objetivos de estudar
hábitos alimentares.
b. Alimento para Maridos e Crianças. Dentro da área de “comida para nós” pode-se
distinguir “alimento para o marido” e “alimento para as crianças” como subáreas especiais. O
fato de que a dona de casa controla os canais não significa que ela não seja influenciada pelas
preferências do marido ou o que ela pensa ser bom para ele e para as crianças.
A influência indireta de outros membros da família foi demonstrada em nosso estudo
em uma variedade de formas. Descobriu-se que o alimento mais típico para os maridos é a
carne. A carne foi posicionada em primeiro lugar para todos os subgrupos exceto o grupo
Negro, no qual a carne foi posicionada na terceira colocação com vegetais e sobremesas
precedendo-a. Por outro lado o alimento mais típico para crianças foram vegetais,
mencionados por um terço das famílias com crianças. Vegetais foram posicionados em
primeiro lugar como alimento para todos os grupos com exceção do grupo Negro onde foi
posicionado em segundo, com sobremesas em primeiro lugar. Batatas eram mais
freqüentemente servidas como um prato especial para o marido e não para as crianças.
Esse controle indireto por outros membros da família é apenas um dos muitos aspectos
da Psicologia dos Gatekeepers.
c. “Padrões de Refeição”. Outros aspectos da estrutura cognitiva alimentar são as
diferenças entre alimento para o café da manhã, alimento para o almoço e para o jantar; a
distinção entre prato principal e sobremesa; o conceito de refeição balanceada e “sobras”.
Cereais, cafeinados (cafés e chás), ovos e pão ou torrada foram os alimentos para café
da manhã mais geralmente aceitos por todos os grupos estudados. Frutas foram mencionadas
por três - quartos do grupo de alta e média renda, mas apenas por um quarto do grupos
Tcheco, Negro e grupos de baixa renda.
Como alimentos para almoço, frutas e leite foram mencionados mais freqüentemente
pelo grupo de renda alta, e sopas mais freqüentemente pelo grupo de baixa renda. Saladas,
sanduíches e frutas foram mais características do grupo de alta e média renda do que de
outros. As sobras eram usadas para almoço por todos os grupos, entretanto mais
freqüentemente pelo grupo Tcheco. O almoço é aparentemente uma “refeição instantânea”
mais do que qualquer outra refeição. Enquanto que aproximadamente 75 por cento dos grupos
de alto e médio rendimento afirmaram planejar seus almoços, apenas cerca de 25 por cento
dos demais grupos o faz. Os outros disseram que eles comem o que estiver disponível em
casa.
Carne, vegetais, batatas e sobremesas são comumente aceitas por todos os grupos
como “alimentos para o jantar”. Saladas são mencionadas mais frequentemente pelos dois
grupos de maior renda enquanto o pão foi listado com menos frequência e a manteiga sequer
foi citada. Os grupos de menor renda nomearam a manteiga e o pão muito mais
frequentemente. É possível que o pão e a manteiga fossem considerados uma parte real do
jantar nesses grupos e apenas acessórios nos grupos com maior rendimento.
d. O significado do momento da alimentação. Um ponto importante é o sentimento de
pertencimento do grupo criado ao se comer na companhia de outros. Em um banquete,
alimentar-se significa algo muito diferente de comer após um longo período de fome e pode
ser classificado como uma função social ao invés de um meio de sobrevivência. De modo
geral, alimentar-se é usualmente uma função mais complicada do que apenas se nutrir.
O significado psicológico de alimentar-se está intimamente relacionado às situações de
grupo. Comer com colegas de trabalho em uma fábrica é diferente de comer na mesa com a
família ou em um restaurante. O “grupo de alimentação” influencia fortemente a conduta
alimentar e a ideologia alimentar do indivíduo. Pode-se dizer que cada grupo possui uma
cultura alimentar específica.
2. Motivação. Discutiremos os vários fatores da motivação sob três títulos principais:
a) valores (motivos, ideologias) por trás da seleção de alimentos, b) necessidades de
alimentos, c) obstáculos a serem superados.
a) Valores por trás da seleção de alimentos. Há mais de um valor que atua como um
quadro de referência para a escolha individual de alimentos. Esses valores nem sempre
possuem o mesmo peso para o indivíduo, eles podem mudar, como durante os tempos de
guerra, e, além disso, podem ser diferentes em restaurantes e em casa.
Ao menos quatro quadros de referência podem ser usados na avaliação de alimentos –
custo, saúde, sabor, status. É importante saber as forças relativas desses diferentes quadros de
referência por vários grupos de pessoas e também como eles variam para diferentes alimentos.
No que se refere aos sistemas de valores, três questões podem ser feitas: (1) o que são
valores para esse grupo? (2) qual o peso relativo de cada valor? (3) como alimentos
específicos são ligados a certos valores?
Em nossa investigação diferenças significantes foram encontradas na freqüência com a
qual vários quadros de referências foram mencionados ambos entre os grupos e dentro de
cada grupo. Nos grupos foram observadas as seguintes diferenças. No grupo de renda alta, a
saúde é o valor predominante, com o dinheiro e o sabor em uma posição inferior, de nível
aproximadamente igual. No grupo de renda média o dinheiro é o quadro predominante, com a
saúde consideravelmente mais abaixo e o gosto bem mais abaixo. É igualmente verdadeiro
nos grupos de baixa renda e no grupo Negro com exceção de que o diferencial entre o
dinheiro e a saúde é ainda maior, sendo o valor financeiro de longe o mais importante a ser
considerado. O grupo Tcheco situa-se entre os grupos de alta e média renda e mencionam o
valor do dinheiro e da saúde em posições aproximadamente iguais com o sabor em uma
posição bem mais abaixo.
De modo a conhecer que alimento será escolhido deve-se conhecer, para além do
sistema de valores geral e do peso relativo de cada quadro de referência, exatamente onde
cada um dos alimentos em questão situa-se em cada escala de valores.
Descobriu-se que as aves são um tipo de prato quase nunca mencionado para se ter
quando o dinheiro está curto, ou como o mais saudável, ou mais substancial, mas foi
frequentemente mencionado como um prato para acompanhar um jantar de empresa.
A posição de vários alimentos na escala de sabor foi investigada ao perguntar para
cada dona de casa, “Quais pratos são os favoritos de sua família?” Carnes, sobremesas e
vegetais são os favoritos em todos os grupos. Para os Tchecos, entretanto, o pão foi nomeado
significativamente mais do que sobremesas. A razão para essa categoria, pão, ter sido tão alta
nesse grupo é provavelmente devido ao alto consumo de kolatches, um prato Tcheco similar
ao pão e recheado com carnes ou frutas.
Quão mais baixo o rendimento financeiro do grupo menos a carne fora mencionada
como prato favorito. Pratos com vegetais mostraram uma tendência oposta e foram
mencionados significativamente mais pelos grupos de menor rendimento financeiro e grupos
Negros do que pelos grupos de alta renda. Esse dado pode ser interpretado como suporte à
hipótese de que as pessoas gostam do que elas comem ao invés de comer o que elas gostam.
Nossos dados não dão suporte para a difusão prevalente da ideia de que os favoritos são
geralmente aqueles alimentos que são difíceis de obter.
Cada dona de casa foi também questionada, “Quais alimentos você pensa que são
essenciais para uma dieta diária?” Vegetais e leite foram os mais frequentemente
mencionados como alimentos essenciais em todos os grupos. O Pão foi considerado essencial
por significativamente mais famílias dos grupos de baixa renda, Tchecos e Negros do que dos
grupos de alta renda. Frutas foram consideradas como essenciais muito mais frequentemente
nos grupos de alta renda do que em outros. Diferenças similares foram encontradas com
relação aos ovos.
b) Necessidades de alimentos. É importante reconhecer que o peso relativo dos vários
quadros de referência muda diariamente alinhado às mudanças de necessidades. Essas
necessidades podem mudar por conta da satisfação (apetite ou desejo), da variação da
situação, ou por causa de forças culturais que promovem variações na dieta.
Isso está alinhado ao fenômeno básico de que todas as necessidades que promovem o
consumo do mesmo tipo de alimentos levam a uma diminuição na atratividade desse alimento
em particular. Esse é um poderoso determinante dos ciclos diários e sazonais na escolha dos
alimentos. Isso afeta diferentes alimentos em diferentes graus, por exemplo, afeta menos o
pão do que a carne.
O nível geral de satisfação alimentar, também, afeta a atratividade do alimento e muda
o peso relativo das várias escalas de valores. Se menos alimentos estão ao alcance de uma
pessoa o peso relativo da escala de sabor tende a diminuir em favor dos aspectos essenciais do
alimento. Se a cesta de alimentos está bem cheia a dona de casa pode ser mais seletiva em
suas escolhas do que no caso contrário.
Os fatores situacionais são claramente óbvios: quando a dona de casa está com pouco
dinheiro no fim do mês ou quando ela está preparando um jantar para convidados, os quadros
correspondentes de referência irão crescer em peso.
A contínua defesa de uma “dieta rica e variada” durante as últimas décadas tem
solidificado forças culturais em direção a uma variação diária de alimentos.
c) Obstáculos a serem superados. A entrevista não abordou o problema dos obstáculos
ao longo dos vários canais de um modo específico, apesar de que esses problemas devem ser
levados em consideração ao planejar-se mudanças nos hábitos alimentares. Alimentos
enlatados, por exemplo, são frequentemente preferíveis em virtude do pouco tempo
necessário para sua preparação. O grau no qual esses obstáculos (como a dificuldade de
transporte, falta de auxílio doméstico, tempo necessário para preparar e cozinhar) influenciam
o processo de escolha do gatekeeper dependerá de suas circunstâncias particulares.
3. Conflito
a) Comprar como uma situação de decisão. Nós discutimos um número de forças que
atuam em direção confluente ou divergente da escolha de um dado alimento. Sua presença
simultânea na atual escolha da situação cria conflito.
De modo geral uma situação de conflito emerge quando há, por um lado, um
direcionamento para o engajamento em certa atividade (como comprar comida) e por outro
lado uma força oposta a essa atividade. Um crescimento nos preços, atuando como uma
resistência à compra de alimentos os quais as pessoas gradualmente se acostumaram amplia o
conflito na área de alimentos para todos os grupos. Famílias de baixa renda estão susceptíveis
a experienciar mais conflitos ao comprar alimentos do que aquelas com alto rendimento pois a
liberdade da primeira em comprar os alimentos desejados é restringida pelos limites
financeiros. Membros do grupo de rendimento médio, entretanto, podem experienciar mais
conflito do que aqueles vindos de grupos de baixa renda pois são psicologicamente um grupo
marginal. Eles lutam para adquirir o status social dos financeiramente mais aptos e ao mesmo
tempo temem cair ao nível das pessoas mais pobres.
O grau no qual uma proposta de mudança nos hábitos alimentares toca a área de
conflitos nos grupos de alto e baixo rendimento é um dos fatores determinantes do grau de
emoção com o qual as pessoas irão reagir.
Na época do estudo, os preços dos alimentos cresceram sem um crescimento
comparável no rendimento das pessoas e elas estavam especialmente conscientes do aumento
do custo da alimentação. Três questões concernentes à diminuição de gastos alimentares
foram feitas: (1) “Quais alimentos você já está excluindo em virtude do aumento nos preços?”
(2) “Se os preços continuarem a subir que alimentos você poderia excluir?” (3) “Mesmo se os
preços continuarem a subir, que alimentos você está particularmente interessado em não
excluir?
Com base nas respostas dessas três questões foi possível construir uma escala do
conflito nos quais cada indivíduo poderia ser posicionado.
Assumiu-se que havia algum conflito associado com um dado alimento se isso era
mencionado na resposta a qualquer uma das questões e que o conflito mostraria um aumento
progressivo (1) se o alimento já havia sito retirado e poderia ser retirado ainda mais (questões
1 e 2), (2) se o alimento poderia ser retirado mas era um que o indivíduo não gostaria de
retirar ( questões 2 e 3), e ainda mais (3) se o alimento foi um que já havia sido excluído mas
foi um que o indivíduo não queria excluir (questões 1 e 3).
Para o grupo total, a carne produziu um conflito significativamente maior na escala do
que qualquer outro alimento. A escala desse conflito, entretanto, varia consideravelmente
entre os grupos, sendo menor entre os grupos de maior renda e maior para os Tchecos e os
grupos de renda média. Vegetais e leite estão em segundo e terceiro lugar no grupo total.
Esses três alimentos que produziram o maior conflito são também aqueles os quais são
considerados os mais essenciais. No tempo desse estudo, a carne foi de longe o item mais
excluído das listas de compras. Apesar de ser considerado um alimento essencial, a carne era
um dos mais caros, e retirá-la poderia produzir uma economia maior do que retirar outro
alimento. A partir dessa análise nós deveríamos esperar também que retirar carne produziria
uma maior perturbação emocional.

C. APLICAÇÃO A PROBLEMAS DE MUDANÇAS.


O grau de resistência para fazer frente a mudanças nos hábitos alimentares em certa
direção pode ser finalmente investigado apenas pelas efetivas tentativas de mudar os hábitos
alimentares, ou seja, por meio de uma abordagem experimental. Nenhuma quantidade de
questionários pode substituir experimentos. Entretanto, muitas das informações obtidas nas
entrevistas podem auxiliar no planejamento de experimentos. Dois desses tipos de informação
podem ser indicadas.
1. Possibilidade de substituição de alimentos essenciais. O efeito de certas forças
motivacionais em direção a mudanças nos hábitos alimentares dependerá da flexibilidade
desses hábitos. Um fator relacionado à flexibilidade é o grau no qual alimentos indesejáveis
ou inacessíveis podem ser repostos por outro alimento.
Abordamos essa questão ao perguntar às donas de casa o que elas substituiriam para
cada um dos alimentos listados como essenciais. Em geral os substitutos situam-se em
categoriais nutricionais similares: laranjas por limões, gordura animal por gordura vegetal,
queijo e ovos por carnes, margarina por manteiga, outro tipo de vegetal pelo nomeado, frutas
por vegetais, etc. Substitutos não similares nutricionalmente foram mencionados apenas por
aqueles no grupo de renda mais baixa. Essa informação está alinhada ao fato de que o quão
menor o nível de satisfação de uma necessidade maior o campo de ações de consumo
possíveis para isso.
2. Bases para mudança nos hábitos alimentares. Mudanças na disponibilidade de
alimentos são uma causa óbvia de modificações dos hábitos alimentares. A área de
disponibilidade de alimentos pode diminuir consideravelmente, como é o caso em uma
situação de carência. Isso necessita de uma mudança no tipo e freqüentemente na quantidade
do consumo.
Uma segunda possibilidade para mudanças nos hábitos alimentares é a transformação
concernente aos canais de alimentos. Um exemplo de deslocamento para canais mais
disponíveis em tempo de guerra é a mudança para horticultura e de enlatados.
Uma terceira possibilidade é uma mudança psicológica: um alimento que tem sido
considerada “alimento para outros, mas não para nós” pode tornar-se “alimento para nós”.
Carências alimentares podem facilitar tal mudança. Um exemplo é o crescimento no uso de
carnes glandulares5 durante o racionamento de carnes. Considerando que a dona de casa
poderia até agora passar por essas carnes sem levá-las em conta, ela pode agora considerá-las
seriamente e comprá-las em virtude de sua disponibilidade e baixo “custo”. Mudanças
similares podem ocorrer com respeito a padrões de refeições. Na cultura Americana a “cesta
de alimentos” possui três partes distintas designadas para o café da manhã, o almoço e o
jantar; muitos alimentos são considerados congruentes para apenas uma parte. No caso da
carência de alimentos isso pode mudar. Como o almoço é a refeição menos estruturada pode
haver uma maior preparação para mudar o conteúdo do almoço em relação às outras refeições.
Uma quarta possibilidade de mudança nos hábitos alimentares é modificar as
potências dos quadros de referência. Isso pode ser conquistado de duas maneiras: (1)
Modificando a potência relativa dos quadros de referência. Por exemplo, a ênfase durante a
guerra sobre uma alimentação nutritiva foi planejada para aumentar a potência relativa do
quadro de referência “saúde” (“Se alimentando melhor para fazer uma nação mais forte”). (2)
Mudando o conteúdo dos quadros de referência, ou seja, os alimentos relacionados a eles.
Durante os primeiros dois anos de guerra a posição das aves modificou indubitavelmente
daquela de um alimento “extravagante” para um substituto diário de outras carnes que
estavam menos disponíveis. É bem possível que haja alguma resistência inicialmente ao usar
isso como uma carne “comum” para refeições diárias por causa de sua alta posição no quadro
de referência de “extravagância” ou “jantar especial de empresa”.
Uma quinta possibilidade para mudança é uma transformação no pertencimento ao
“grupo alimentar”. O aumento da incidência de lanchonetes nas escolas e a alimentação nas
fábricas devem ser mencionados aqui.
Em suma, o comportamento alimentar é determinado pelas dinâmicas da situação
alimentar que inclui os canais através dos quais o alimento chega à mesa, o gatekeeper
governando os canais em vários pontos, e a ideologia alimentar do gatekeeper. Um sistema de

5
Do original glandular meats, refere-se a carnes como as vísceras (o fígado, os rins) e o cérebro.
valores é a base de algumas das forças que determinam decisões sobre alimentos e acarretam
conflitos de intensidades variadas.

GENERALIDADE DA TEORIA

O tipo de análise que fizemos aqui com especial referência à mudança de hábitos
alimentares pode ser aplicada de modo geral. Os canais econômicos e sociais podem ser
distinguidos em qualquer tipo de instituição formal. Dentro destes canais podem ser
localizadas portas de acesso. Mudanças sociais em larga medida são produzidas ao modificar
a constelação de forças dentro desse segmento particular do canal. A tarefa analítica é
abordada do ponto de vista de uma ecologia psicológica: dados não-psicológicos são
investigados primeiramente para determinar a condições fronteiriças para aqueles que estão
no controle de vários segmentos do canal.
Portas de acesso são governadas ou por regras imparciais ou por “gatekeepers”. Em
esse caso um indivíduo ou grupo está “empoderado” para tomar uma decisão entre o que está
dentro e o que está fora. Compreender o funcionamento da porta de acesso torna-se
equivalente a entender os fatores que determinam as decisões dos gatekeepers e modificar os
processos sociais significa influenciar ou realocar o gatekeeper. A primeira tarefa diagnóstica
nesses casos é a de encontrar os gatekeepers efetivos. Isso requer essencialmente uma análise
sociológica e deve ser realizado antes de se saber de quem é a psicologia que será estudada ou
quem tem de ser educado se uma mudança social deve ser obtida.
Considerações similares se mantêm para qualquer constelação social que tenha o
caráter de um canal, uma porta de acesso ou um gatekeeper. A discriminação contra minorias
não será modificada se as forças que determinam as decisões dos gatekeepers não forem
modificadas. Suas decisões dependem parcialmente de sua ideologia – ou seja, seu sistema de
valores e crenças o qual determina o que eles consideram ser “bom” ou “mau” – e
parcialmente no modo como eles percebem uma situação particular. Assim, se nós pensamos
em tentar reduzir a discriminação dentro da fábrica, do sistema escolar, ou qualquer outra
instituição organizada, devemos considerar a vida social como algo que flui por certos canais.
Nós então vemos que existem executivos ou administradores que decidem quem será
colocado dentro da organização e quem será mantido fora da organização, quem será
promovido, e assim por diante. As técnicas de discriminação nessas organizações estão
intrinsecamente ligadas àqueles mecanismos que fazem a vida dos membros fluírem em
determinados canais. Assim a discriminação é basicamente ligada a problemas de
gerenciamento, com as ações dos gatekeepers que determinam o que é feito e o que não é
feito.
Vimos em nossa análise do fluxo do alimento através dos canais que a constelação de
forças antes e depois da região da porta de acesso é decisivamente diferente. Assim, um
alimento dispendioso encontra uma força contrária potente ao entrar em um canal, mas uma
vez dentro a mesma força o empurra através do canal. Essa situação não se sustenta apenas
para canais de alimentos, mas também o trajeto de uma notícia através de certos canais de
comunicação em um grupo, por movimentar os bens, e a locomoção social de indivíduos em
muitas organizações. Uma universidade, por exemplo, poderia ser muito severa em seu
processo de admissão de estudantes, entretanto, a universidade frequentemente tenta fazer
tudo que está em seu poder para auxiliar a todos no processo de formação. Muitas
organizações de negócios seguem a mesma política. Organizações que discriminam membros
de um grupo minoritário frequentemente usam o argumento de que eles não estão prontos
para aceitar indivíduos os quais eles não conseguiriam promover suficientemente.
A relação entre canais sociais, percepção social e decisão é metodologicamente e
praticamente de importância considerável. A teoria dos canais e dos gatekeepers ajuda a
definir mais precisamente como certos problemas sociológicos “objetivos” de locomoção de
bens e pessoas interseccionam com problemas psicológicos e culturais “subjetivos”. Isso
aponta para lugares sociologicamente caracterizados, como portas de acesso e canais sociais,
onde atitudes contam em sua maior parte para certos processos sociais e onde decisões de
indivíduos ou de grupos possuem um efeito social particularmente grande.

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