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Apresentação
A preparação dos pretendentes à adoção visa desenvolver maturidade em torno deste tema,
possibilitando mudanças de opinião pré-estabelecidas pela sociedade.
Para refletir sobre seu projeto adotivo e pensar nas suas motivações
Para perceber o êxito existente nas adoções de crianças maiores, grupos de irmãos e
crianças com necessidades especiais;
Para perceber que adotando através da Vara da Infância, terão seu filho, terão
segurança.
A preparação será fundamental para que o pretendente se conscientize que irá formar a sua
família e será responsável por ela. Deverão entender que agora são responsáveis pelos filhos
que decidiram ter.
Aspectos Jurídicos
A Constituição Federal considera a família a base da sociedade (CF, art. 226) e lhe confere
especial proteção por parte do Estado.
Mais do que direito a uma família, crianças e adolescentes têm direito à convivência familiar,
caracterizado pelo direito de viver em família, que precisa ser capaz de proporcionar afeto,
carinho e cuidado necessários para se viver com dignidade.
O ECA preconiza que o local mais adequado para o crescimento de toda criança é no seio de
uma família e essa afirmação é corroborada por estudos que comprovam que a interação
entre a criança e seu pais, ou que assim faça as vezes, tem efeitos cruciais em todo o
desenvolvimento posterior, até mesmo nas características e nos comportamentos
apresentados na vida adulta.
Acolhimento institucional
As novas regras estabelecem um ano e seis meses como o tempo máximo de permanência da
criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional, salvo necessidade
comprovada e fundamentada, visando seus interesses. A situação de acolhimento institucional
ou familiar deverá ser reavaliada a cada 6 meses pela autoridade judiciária competente, com
base nos estudo de caso e no plano individual e familiar de atendimento (PIA), elaborados pelo
Serviço de Acolhimento em parceria com os profissionais da Vara da Infância e da Juventude.
O poder familiar é função típica dos pais e deve durar por toda a menoridade dos filhos. Assim,
sempre que constatada a existência de fato incompatível com o exercício do poder familiar,
configura-se a possibilidade de suspensão ou, até mesmo, perda do poder familiar.
O poder familiar só pode ser suspenso, ou extinto por decisão judicial, mas isto ocorre apenas
em casos de falta gravíssima. São consideradas causas que levam à perda: uso de castigo físico
ou de tratamento cruel ou degradante do filho; deixa-lo em abandono; praticar atos contrários
à moral e aos bons costumes, descumprir determinações judiciais.
A legislação é precisa quando afirma que pobreza e miséria não são motivos suficientes para a
destituição do poder familiar. Antes de sua destituição, politicas de apoio à família devem ser
praticadas e implementadas para evitar o rompimento de vínculos entre pais e filhos.
A criança que será filho destes pretendentes pode ter sido entregue espontaneamente pela
genitora já na maternidade ou mais crescida. Outra possibilidade de seu acolhimento é devido
a sua retirada da família por determinação judicial (seja por negligência, maus tratos, abusos
físico, emocional ou sexual). Existem ainda casos em que a criança foi abandonado em espaços
públicos.
A adoção é o procedimento legal pelo qual alguém assume como filho, de modo definitivo e
irrevogável, uma criança ou adolescente nascido de outra pessoa. Ela é regulamentada pelo
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Essa legislação determina claramente que se
devem priorizar as necessidades e interesses da criança ou adolescente, pois a adoção é uma
medida de proteção que garante o direito à convivência familiar e comunitária, quando
esgotadas todas as alternativas de permanência na família de origem.
Adoção é ter um filho pelo desejo de ser pai/mãe e se realiza pela fertilidade emocional e
afetiva.
Fertilidade biológica muitos tem. A emocional qualifica as pessoas que desejam ser pais.
Adotar é, pois um grande desafio, com dificuldades, alegrias e limitações. É acolher, aceitar que
o filho não foi por nós gerado; exige tempo, esforço, renúncia, dedicação pois será na
convivência que aparecerão as qualidades e as dificuldades.
Para a adoção dar certo é preciso que os pais tenham um real desejo de “serem pais” e ter
capacidade de se doar par o filho.
A solicitação pode ser feita por pessoas maiores de 18 (dezoito) anos, independentemente do
estado civil, orientação sexual ou classe social. O pretendente deverá apresentar uma diferença
mínima de 16 (dezesseis) anos em relação à idade da criança ou adolescente que for adotado.
Alguns reclamam por saberem que deverão esperar que se inicia aquilo que chamam de
burocracia. Essa tão falada burocracia é necessária para a segurança dos pais e principalmente
da criança. A entrada de uma criança ou adolescente numa família exige muitos cuidados para
se evitar a possibilidade de negligências e possibilidade de um novo abandono.
• O processo terá origem. Os autos podem ser acompanhados pelo site do Tribunal onde
forem inscritos. Segundo a Lei a inscrição deverá acontecer na comarca de seu
domicílio.
• Decisão Judicial
• Fila de adoção
• Adoção (Tornarem-se pais) – expedir uma nova certidão de nascimento para a criança,
já com o sobrenome da nova família. O adotante também poderá trocar o primeiro
nome da criança.
O CNA foi criado pelo Conselho Nacional de Justiça visando unificar as informações sobre
crianças e adolescentes disponíveis para adoção e habilitados em todo o pais, a fim de agilizar
as adoções.
Os postulantes, em sua maioria, mantém o desejo de adotar uma criança branca, saudável e
com até dois anos de idade, resultando na demora na fila de espera.
O que se observa da realidade das adoções no Brasil ainda é uma grande disparidade no que
concerne ao perfil de crianças e adolescentes pretendidos pelas pessoas habilitados e a real
disponibilidade deles nos abrigos.
• Requerimento de inscrição (modelo próprio) que será fornecido pela Vara da Infância e da
Juventude, acompanhado dos seguintes documentos:
• Cópia dos documentos pessoais (Carteira de Identidade, CPF, Certidão de Casamento, se
casado, ou Certidão de Nascimento, se solteiro, sendo que as certidões deverão ser de
expedição recente.
• Comprovante de residência;
Um dos objetivos para a realização dos estudos é o de refletir e avaliar, junto às pessoas
interessadas, os motivos presentes na decisão e o efetivo preparo, naquele momento, para
serem pais e/ou mães por meio da adoção. Para isso, é necessário conhecer e pensar sobre o
contexto no qual a criança ou adolescente viverá.
Nem sempre os pretendentes se revelam totalmente. Sentem medo da avaliação, medo que
neguem a adoção. Por isso é necessário diálogo para que se construa um vínculo de confiança.
Neste período, os pretendentes podem ser pressionados pelos familiares, amigos, colegas de
trabalho com as célebres perguntas: “quando vem o neném?”. São convidados para os eventos
sociais, aniversários, batizados, sentem inveja, ficam decepcionados, frustrados pela espera.
Por que muitos candidatos à adoção esperam tanto para conseguir adotar se existem tantas
crianças em Serviços de Acolhimento?
O período de espera pela indicação da Vara da Infância e da Juventude pode ser vivido de
modo ativo. Os interessados em adotar podem buscar informações em locais que promovem a
reflexão sobre essa decisão e facilitam a troca de experiências com famílias que já adotaram.
Os Grupos de Apoio à Adoção são um exemplo de mecanismo de suporte por meio do qual isso
pode ser feito. A procura e/ou aproximação, por iniciativa própria, com crianças e
adolescentes, com o objetivo de adotá-los, sem a indicação da Vara da Infância e da Juventude
é enfaticamente desaconselhada. Isso porque os pretendentes podem se apegar às crianças e
adolescentes sem a existência de previsão legal que dê segurança jurídica, pois não estão e
nem estarão aptos à adoção, o que traria grande dor e sofrimento a todos os envolvidos.
O novo registro de nascimento será providenciado após a sentença de adoção pelo juiz,
concedendo aos adotantes a condição de pais. Esse documento gratuito será solicitado ao
Cartório de Registro Civil do município de residência dos adotantes.
Com relação ao nome, a criança chega com um nome que lhe foi dado por outrem e sobre este
nome construiu sua identidade num campo geneticamente herdado.
Estudos sobre o desenvolvimento infantil demonstram que a criança com um ano de idade já
reconhece o próprio nome.
Se a criança estiver com mais de 2 anos já tem seu prenome identificado, integrando sua
personalidade. Existem pretendentes que não gostam deste nome e poderá usar um prenome
composto, adicionando outro. Isto nem sempre é bem visto para alguns psicólogos.
Será preciso explicar tudo com carinho e paciência. Apresentar seu novo sobrenome como um
coroamento de ter vencido uma caminhada e estar ingressando numa família para sempre.
O que é apadrinhamento?
- A motivação relaciona-se com os valores, crenças, desejos, fantasias e frustrações que são
externados por futuros pais e mães adotivos para explicar seus interesses na adoção.
Motivação é um fator interno das pessoas que fundamenta uma atividade que deseja executar.
É algo que desperta o desejo, interesse, entusiasmo e incita o individuo para a busca de seu
objetivo. No caso especifico: o desejo de exercitar a maternidade/paternidade consciente e
responsável.
Não há sinalizadores visíveis, concretos para sabermos a real motivação das pessoas. É o que
sobra quando a emoção passa ou se apresenta. Os futuros pais devem estar devidamente
conscientizados das suas motivações, expectativas e fantasias para não encontrar barreiras
futuras na aceitação da criança.
Será preciso identificar se a motivação para serem pais é de ambos ou apenas de um deles (no
caso de casal do par). Cada um tem uma percepção desta espera.
O pretendente precisa refazer sua existência e recompor sua vida conjugal e familiar,
compreendendo que a idealização de um filho leva ao fracasso pois a criança nunca irá
preencher os ideais traçados pelos pais.
- Buscar uma família para uma criança. “Uma família para cada criança”.
Idealização
Relaciona-se com a possibilidade de que a criança adotada venha suprir alguma falta naquela
família ou atender projetos de vida dos pais, ou mesmo carregar a família para a “suprema
realização”.
Toda criança precisa ser desejada, esperada, acolhida, tratada e vinculada a uma família. É
fundamental que os pais possam elaborar e substituir a idealização por um filho biológico pelo
seu amor parental junto ao filho adotivo e real. A adoção deve ser contextualizada na biografia
pré-adotiva, tanto no que se refere à vida da criança antes da adoção, quanto à vida dos pais
na espera por um filho.
No geral, os pretendentes a adoção têm como sonho receber crianças brancas ainda bebês e,
preferencialmente meninas, descartando qualquer possibilidade de conhecer uma criança que
fuja ao seu perfil estabelecido.
Circula nos meios de comunicação e na opinião pública de que é muito difícil adotar, devido à
burocracia. Que os entraves de natureza burocrática ainda são motivo de emperramento do
Judiciário, bem como o sabemos. Mas o que se nega o tempo todo, o que se recusa a enxergar
e a dificuldade que os profissionais encontram para fazer colocação familiar de crianças
consideradas de difícil adoção, pois estão com a idade avançada e que, ainda por cima, são
meninos.
Infelizmente, as pessoas que postulam uma adoção no Brasil têm como critério para efetuar
seu projeto de parentalidade uma série de exigências de como deve ser a criança que, em sua
grande maioria, não corresponde à realidade. Com isso, as pessoas ficam anos esperando que
esse projeto utópico se realize, enquanto crianças reais que vivem nos abrigos também ficam
esperando que seu projeto de filiação seja concretizado. Ainda é muito raro um candidato à
adoção se dispor a buscar uma criança real. O que vemos é uma longa espera de pessoas que
aguardam uma criança dos seus sonhos.
Muitos pais ficam impacientes com o modo de agir do filho, pois não conseguem “molda-lo”.
O amor é essencial mas é preciso ter o entendimento e sabedoria que os resultados nem
sempre chegam como desejamos e no tempo que desejamos.
Não há como prever a reação das crianças quando chegam na nova família. Algumas já
começam a chamar o adulto de pai/mãe; outras levam dias ou muitos meses. Ser chamado de
pai/mãe envaidece o adulto, já o contrário frustra profundamente. Isso acontece porque
idealizamos um filho assim como a criança idealiza pais. O confronto fantasia X realidade nem
sempre é fácil e exige muita atenção, cuidado e paciência.
Os adultos querem normalmente um filho obediente, que respeite as regras e limites, que se
adapte à nova realidade rapidamente, que fale e se porte corretamente, que seja bom aluno.
Acolher uma criança maior significa ter mais disponibilidade de tempo, flexibilidade
psicológica, rede social de apoio, além de espaço disponível e dinheiro quando se adota um
bebê.
Cada filho é único e com trajetórias diferentes. Os filhos contestam, se opõem, sabem se
posicionar e tem suas necessidades de afirmação. Tudo se resolverá se houver vontade dos
pais em se adaptarem. Se houver entendimento, coragem, paciência, muita preparação e
conhecimento.
Filho chegando com mais idade terá mais lembranças do passado, onde sofreu abandono,
agressões, negligência e por isso perdeu o Poder Familiar.
Os novos pais precisam entender e aceitar a vida anterior deste filho e se tornar um “porto
seguro” para a criança ou adolescente. Ser um lugar para o filho pode desafogar suas
lembranças demonstrando receptividade e respeito, tanto pela história de vida quanto pelo
tempo que o filho necessita para começar a se expor.
Não se pode apagar o passado do filho: imagens, recordações, uma memória que vai se
diluindo com o tempo. Quem de nós recorda de tudo que vivemos na infância?
Adotar um grupo de irmãos nem sempre é fácil: há custos diversos e a vida do pretendente
mudará repentinamente exigindo muita paciência, perseverança e sensibilidade para lidar com
diferentes idades.
A lei solicita que irmãos não sejam separados embora muitas vezes seja inevitável. É analisado
se os vínculos são afetivos ou simplesmente biológicos.
- como devo me comportar? Devo levar brinquedos? E se ele não gostar de mim? Posso visita-
lo todos os dias?
- Após as primeiras visitas, iniciam-se os passeios aos finais de semana e surgem novos
aspectos de ansiedade e angústias, as famílias começam a sentir dificuldades em lidar com a
repetitiva despedida que acontece nos domingos ou nos feriados prolongados, quando levam
as crianças de volta para o abrigo. Desejam rapidamente pedir a guarda e a adoção,
esquecendo-se de que as crianças também precisam manifestar esse desejo. Muitas vezes,
para uma criança aceitar morar na cassa da nova família, significa aceitar e elaborar a
despedida, ainda que simbólica, de sua família de origem. A família precisa respeitar o tempo
da criança.
As visitações se fazem mais frequentes, e pouco a pouco os vínculos entre a criança e o casal se
estreitam. Pede-se autorização ao juiz da Vara da Infância para saídas do abrigo.
Os futuros pais serão chamados pelos técnicos da Vara da Infância e Juventude para
conhecerem o perfil da criança e agendamento do primeiro encontro com a criança.
Cada Fórum tem sua forma de encaminhar a aproximação. Se a adoção for com crianças até
um ano, o período de aproximação será mais rápido, com os maiores será necessário um
tempo maior de convivência.
Se tudo for satisfatório irão para a fase chamada de “estágio de convivência”, quando é
deferida a guarda provisória para fins de adoção. Os futuros pais solicitam a licença e salário
maternidade e deverão ser acompanhados pelos técnicos da Vara da Infância.
Tem crianças que sentem medo para sair do abrigo para passeios com os pretendentes. Por
isso, os futuros pais devem “conquistar” a confiança da criança.
Estágio de convivência
A experiência tem nos mostrado que a disponibilidade afetiva pelos adotantes para com as
reações da criança no início do processo de fortalecimento dos vínculos afetivos, ajuda a
criança a se sentir mais segura e a confiar na nova família, tornando-se uma abertura para o
exercício da tolerância. Isso afasta aos poucos, o temos de um novo abandono e um
sentimento de pertencimento àquele novo grupo familiar que começa a ser gerado e ela passa
a aceitar os novos pais. Ela não só se tranquilizará se sentindo feliz por ter uma família, como
muitas vezes isso ajuda a entender e, por que não dizer, até perdoar sua família de origem,
desmontando aquela primeira experiência de abandono.
A abertura dos pais para acolher plenamente a criança- sentindo-se menos ameaçados por
suas demandas, na condição de filho- os ajuda a suportar com menos dificuldades as angústias
dessa criança, acolhendo-as e aprendendo a lidar com elas. É preciso que a criança real possa
ser acolhida, para que um filho possa nascer com tudo o que isso implica.
Tais atitudes eram esperadas em função da nova experiência com que se deparava. Somados a
isso, a desvinculação do abrigo, o luto da família biológica, o medo de um novo abandono, não
significa que não os reconheça como pais. É preciso um tempo para que tantas coisas possam
se acomodar e pudesse elaborar esse turbilhão de emoções, até mesmo se situar na
experiência de ser filho.
Muitos adotantes mantêm uma atitude de preconceito com a história pregresso do futuro
filho, recheada de fantasias sobre sua família de origem. Frequentemente alguns adotantes
ainda perguntam se a personalidade de uma criança maior de 5, 6 anos pode ser formada. Se,
pelo fato de a criança ter vivido situações muito difíceis, ela consegue amar os novos pais e
constituir novos vínculos afetivos.
Mas sendo um filho qualificado como adotivo, muitos fantasmas passam a rondar o imaginário
desses pais sobre o passado da criança. Como eram seus genitores? Qual o comportamento
deles? Será que existe alguma causa hereditária nas atitudes dos filhos? O fantasma da origem
aterroriza alguns adotantes. Para que essa criança se sinta recebida verdadeiramente é
importante que a nova família não desqualifique sua origem. Afinal, esse filho é parte
integrante dessa família anterior que lhe deu a vida.
Poderá acontecer situações de agressividade por parte do filho, com violência verbal, gritos,
atitudes físicas sem motivos aparentes. Pode ser a repetição do que fazia na antiga família para
se defender. Estas explosões fazem parte deste momento e os pais devem contê-las: a criança
precisa disso, com firmeza e muito carinho. Os ataques não são pessoais: são para as figuras
que a abandonaram.
Poderá estar elaborando as perdas sofridas ou pensar que nesta situação ele pode tudo.
Muitas vezes a agressividade é direcionada para a mãe adotiva pois liga à outra que o
abandonou, até por temer novo abandono.
Como tudo passa e se transforma, os pais devem ter tolerância e não ficar criticando os erros
que são fruto da inexperiência, imaturidade e desrespeito sentido na sua vivência anterior.
Nesta situação da adoção de um filho mais crescido, além das testagens, agressividade e
possível regressão, os pais ainda precisam lidar com os comentários preconceituosos sobre a
aparência, tamanho da criança, entre outros.
A adoção ainda é vista, por parte de algumas pessoas, como a possibilidade de obtenção de um
produto especial para atender o desejo de exercício parental. Se o Estado, através das Varas da
Infância, dispõe-se a procurar o melhor produto para tais casais, produz-se algo do tipo:
estamos atendendo o desejo de vocês e, caso não se sintam satisfeitos, podem devolver. Não à
toa que o termo devolução passou a ser corrente no judiciário para qualificar um novo
abandono produzido na vida de crianças rejeitadas por famílias que declinaram do
compromisso assumido.
A devolução é comumente vista como se não houvesse um preparo adequado dos habilitados
por parte das equipes profissionais das Varas da Infância. Uma crítica à falta de previsibilidade
dos procedimentos aplicados. Como se fosse possível os recursos de uma determinada técnica
prever uma atitude futura daquele pretendente, no momento em que ele se tornar pai ou
mãe. É importante lembrar que os habilitados antes de empenharem sua palavra ao poder
público, empenharam-na para a criança no momento em que pleiteiam sua adoção e a levam
consigo para casa. E a essa criança eles precisam responder.
Como a criança fica após a devolução? Muitas sequelas emocionais, confusão mental, queda
de autoestima, sofrimento, sentimento de inferioridade: será vitima social do despreparo e
falta de dedicação dos adultos.
Como revelar para a criança sua condição adotiva? Não há uma fórmula. Cada pai/mãe vai criar
seu próprio formato. Deverá ser simples, carinhosa, oportuna, descomplicada. Esta conversa
sobre adoção vai se desdobrando com o passar do tempo e maturidade do filho.
Dentro da literatura existem livros infanto-juvenis destinados para ajudar os pais na hora da
conversa. Lembramos que estes livros serão um apoio apenas, um elemento para alavancar a
conversa. Não substituirá a história do filho.
Os pais se sentem amedrontados, angustiados e esta insegurança faz com que muitos adiem o
relato. Manter o fato oculto só trará prejuízos para todos e ainda há o risco de serem
informados por terceiros e de forma desagradável.
Manter o segredo do dono da história, no caso do próprio filho, é não reconhecer ou encobrir a
origem da criança até sendo uma forma de preconceito. Ser conhecedor de sua origem ajudará
a lhe dar segurança emocional, ter atitudes e comportamentos firmes e poder se desenvolver
bem.
Ir colocando o assunto quando sentirem que estão num momento adequado e responder às
questões trazidas pelo filho.
Educar e dar limites é uma demanda continua e constante, com a presença dos pais firmes,
explicando os motivos do que não pode. Dizer não aos filhos é difícil e dá trabalho. Significa
arrumar dor de cabeça e provocar protestos, choro e birras. Mas, apesar de tantas reações
desagradáveis, o “não” é a maior prova de amor que os pais podem dar aos filhos.
Se os pais estabelecem regras excessivas e muito rígidas elas não poderão ser cumpridas. Se o
castigo não puder ser controlado será melhor não ser estabelecido. O ideal será estabelecer
regras junto com os filhos, tudo combinado, conversado, discutido e anotado.
Existem filhos que passaram pelo processo adotivo e desejam obter informações sobre seus
antepassados. É um direito de reconstruir sua história que, se realizado, poderá trazer alegrias
ou sofrimento desnecessário.
Há filhos que aquietam a curiosidade sobre família de origem para não magoar os pais,
enquanto que outros fazem perguntas apenas para verificar sua reação, o amor e o apoio.
Desejam saber se realmente são amados e por isso os pais devem ajuda-los nesta viagem ao
passado que, na maioria das vezes e apenas um passeio intelectual. Quando encontram esse
apoio, muitos até desistem desta busca.
O art. 48 do ECA garante o direito de conhecer e ter acesso ao processo a partir dos 18 anos.
A motivação destes filhos para conhecerem sua historia podem ser devido as criações
fantasiosas que constroem.
Essa busca tem ligação com o luto do abandono que deseja esclarecer mas não irão abandonar
os pais adotivos com os quais estão afetivamente vinculados.
Preconceito é uma postura ou ideia preconcebida sobre o que as pessoas “acreditam” estar
fora dos padrões sociais e a adoção está cercada por incompreensões. Tecem julgamentos sem
conhecerem fatos ou situações.
Ficar explicando diferenças físicas não é necessário: simplesmente dizer: Foi adotado e agora é
meu filho.
Considerações finais
Os cursos ofertados, obrigatórios, com pequena carga horária, oferecem uma reflexão, mas não
deixarão ninguém preparado. A real preparação exige tempo.
Quanto maior for a preparação, mais os pretendentes poderão olhar para dentro de si,
canalizando energias para a construção da nova família, amadurecendo a sua decisão.
Lembramos que a autopreparação faz parte importante deste processo contínuo.