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A SUA FE

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A SUA FE
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0 mi 150 AT
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´ Noe
´ PAGINA 17
Jardim do Eden?
0 km 150 ´ Abel
PAGINA 9

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Abraao Ur ha
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PAGINA 25 st
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EGITO

Lameque morre: 2375 AEC ˜


Abraao nasce: 2018 AEC
˜ ´ ´ ´
Adao e criado: 4026 AEC Noe nasce: 2970 AEC Sem nasce: 2468 AEC Noe morre: 2020 AEC
´
Abel morre: antes de 3896 AEC Jeova decreta o fim do mundo ´
´ Diluvio: 2370 AEC
pre-diluviano: 2490 AEC ´
Metusalem morre: 2370 AEC
4000 AEC 3000 AEC 2000 AEC

1900 AEC 900 AEC 100 AEC 100 EC

Jonas profetiza:
c. 844 AEC ´
˜ Jose se casa com Maria: 2 AEC
Abraao morre: 1843 AEC ´ `
Elias profetiza: depois de 940 AEC Maria da a luz Jesus: 2 AEC
Sem morre: 1868 AEC ´ ´
ate antes de 905 AEC Marta e mencionada no
´
´ ´ relato bıblico: 29-33 EC
Rute se casa com Boaz: c. seculo 14 AEC Abigail se casa com Davi: Ester e mencionada no relato
´ ´ ´ ´ ´ ´ ´ ´
(inıcio do perıodo dos juızes) inıcio do seculo 11 AEC bıblico: de 493 AEC ate c. 475 AEC Pedro se torna apostolo: 31 EC
Ana nasce: Samuel nasce:
´ ´ ´
final do seculo 13 AEC inıcio do seculo 12 AEC

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´ Cafarnaum
Grande Mar Cana Mar da
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(Mar Mediterraneo) ´ SIRIA Nazare Galileia
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Sıdon Deserto S.
´ Mte. Hermom ´ ´ Ester
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oC ZA PAGINA 125
(?) Cesareia de Filipe ho G
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´ ´ Pedro s S
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Mte. Carmelo Gate-Hefer ´ PAGINA 180


Jezreel ´ Maria ´ Jose
PAGINA 145 PAGINA 162 ˜
Jope
GILEADE Susa
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Jerusalem ´ Elias ´
Rama Silo
PAGINA 84 ´ Ana
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PAGINA 51
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Mispa ´ li n
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´ ir a
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JUDA PAGINA 59
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Abraao nasce: 2018 AEC
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Adao e criado: 4026 AEC Noe nasce: 2970 AEC Sem nasce: 2468 AEC Noe morre: 2020 AEC
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Abel morre: antes de 3896 AEC Jeova decreta o fim do mundo ´
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Metusalem morre: 2370 AEC
4000 AEC 3000 AEC 2000 AEC

1900 AEC 900 AEC 100 AEC 100 EC

Jonas profetiza:
c. 844 AEC ´
˜ Jose se casa com Maria: 2 AEC
Abraao morre: 1843 AEC ´ `
Elias profetiza: depois de 940 AEC Maria da a luz Jesus: 2 AEC
Sem morre: 1868 AEC ´ ´
ate antes de 905 AEC Marta e mencionada no
´
´ ´ relato bıblico: 29-33 EC
Rute se casa com Boaz: c. seculo 14 AEC Abigail se casa com Davi: Ester e mencionada no relato
´ ´ ´ ´ ´ ´ ´ ´
(inıcio do perıodo dos juızes) inıcio do seculo 11 AEC bıblico: de 493 AEC ate c. 475 AEC Pedro se torna apostolo: 31 EC
Ana nasce: Samuel nasce:
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final do seculo 13 AEC inıcio do seculo 12 AEC

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Jezreel ´ Maria ´ Jose
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IMITE A SUA FÉ

Este livro pertence a

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Esta publicação não é vendida. Ela faz parte de uma obra


educativa bíblica, mundial, mantida por donativos.
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A menos que haja outra indicação, os textos bíblicos citados são da


Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas com Referências.
Imitate Their Faith
Edição de agosto de 2016
Portuguese (Brazilian Edition) (ia-T)
ISBN 978-85-7392-468-8
5 2013
WATCH TOWER BIBLE AND TRACT SOCIETY OF PENNSYLVANIA
ASSOCIAÇÃO TORRE DE VIGIA DE BÍBLIAS E TRATADOS
Todos os direitos reservados
Editoras
Watchtower Bible and Tract Society of
New York, Inc., Wallkill, New York, U.S.A.
˜ ´
Associaçao Torre de Vigia de Bıblias e Tratados
´ ˜
Cesario Lange, Sao Paulo, Brasil
Made in Brazil
Impresso no Brasil
CARTA DO CORPO GOVERNANTE

˜ ˜
Queridos irmaos e irmas:
´ ˜ ´
Logo no primeiro numero, a ediçao para o publico de A Sentinela, de
´ ´
1.° de janeiro de 2008, deu inıcio a uma fascinante serie de artigos inti-
´ ˜
tulada “Imite a Sua Fe”. Desde entao, tem sido muito bom receber um
´ ˆ
novo artigo dessa serie a cada tres meses!
˜
Qual tem sido a reaçao dos leitores? Depois de ler o artigo sobre Marta,
uma leitora escreveu: “Ri sozinha quando li o artigo, porque sou exata-
mente como ela — sempre gosto de receber bem os outros e de estar
`
ocupada, mas as vezes esqueço que preciso parar e aproveitar a com-
` ˜
panhia dos amigos.” Uma adolescente chegou a seguinte conclusao
´
interessante sobre a historia de Ester: “Entendi que podemos ficar ob-
´
cecados com roupas e a ultima moda. Devemos nos arrumar bem, mas
´ ´
sem passar dos limites.” Ela tambem disse: “O que importa para Jeova
´ ´ ˜ ´
e o que somos no ıntimo.” Uma irma reagiu de modo entusiastico a um
artigo sobre Pedro. Ela disse: “Fiquei totalmente envolvida na leitura.
´
Parecia que eu estava la! Usei os sentidos para imaginar o que os rela-
tos apenas mencionam por alto.”
Esses leitores — e muitos outros que escreveram para mostrar seu
´ ´
apreço por essa serie — confirmam o que o apostolo Paulo escreveu
´
muito tempo atras: “Todas as coisas escritas outrora foram escritas para
˜ ´
a nossa instruçao.” (Rom. 15:4) De fato, Jeova incluiu essas narrativas
´ ˜ ´ ˜ ´
na Bıblia para nos ensinar valiosas liçoes. Todos nos, nao importa ha
quantos anos conheçamos a verdade, podemos aprender delas.
˜ ´
Leia este livro assim que puder. Use-o na sua adoraçao em famılia
˜
— as crianças vao amar! Quando este livro for considerado no Estudo
´ ˜ ˜ ˜
Bıblico de Congregaçao, nao perca nenhum estudo! Nao tenha pressa;
˜ ˜
leia-o com atençao. Use sua imaginaçao e seus sentidos. Tente sentir o
que os personagens sentiram, ver o que eles viram. Compare o que
˜ ˆ
eles fizeram em determinada situaçao com o que voce provavelmente
teria feito.
´ ´ ˆ
E um grande prazer tornar este livro disponıvel. Que ele seja uma ben-
˜ ˆ ´
çao para voce e sua famılia. Com muito amor e carinho,

Corpo Governante das Testemunhas de Jeová


´
IMITE A SUA FE
˜
Introduçao

´ ˆ
‘Sejam imitadores daqueles que pela fe e pela paciencia
herdam as promessas.’ — HEBREUS 6:12.

´
“ELE fala sobre personagens bıblicos como amizades como essas. (Atos 24:15) Mas
se fossem seus velhos amigos.” Foi isso o mesmo hoje podemos nos beneficiar de
˜ ´
que uma irma disse depois de ouvir o dis- aprender sobre os homens e mulheres de fe
´ ´
curso de um superintendente viajante idoso. mencionados na Bıblia. Como? O apostolo
˜ Paulo responde: ‘Sejam imitadores daqueles
E com bons motivos, pois o irmao tinha pas-
´ ´ ˆ
sado decadas estudando a Palavra de Deus e que pela fe e pela paciencia herdam as pro-
ensinando sobre ela — tanto que os homens messas.’ (Heb. 6:12) Antes de começar a
´ ´ ´
e mulheres de fe mencionados na Bıblia real- estudar sobre homens e mulheres de fe, con-
mente pareciam seus velhos amigos. sideremos algumas perguntas que surgem
2 Nao˜ quando lemos as palavras de Paulo: O que
acha que muitos desses persona-
´ ´ ´ ´
gens bıblicos seriam otimos amigos para e fe, e por que precisamos dela? Como po-
´ ˜ ˜ ˆ ´
nos? Eles sao tao reais assim para voce? Ima- demos imitar pessoas fieis do passado?
gine como seria andar e conversar com eles, ´ ´
O que e fe e por que precisamos dela
passar tempo conhecendo homens e mulhe- 4 A fe´ e´ uma qualidade atraente. Todos
´ ˜
res como Noe, Abraao, Rute, Elias e Ester.
ˆ os homens e mulheres sobre os quais estu-
Pense na influencia que eles teriam em sua
daremos neste livro davam muito valor a
vida — os valiosos conselhos e encorajamen- ˜
´ essa qualidade. Muitas pessoas hoje nao
to que poderiam lhe dar! — Leia Proverbios ˜ ` ´
dao valor a fe, achando que ela envolve
13:20. acreditar em algo sem ter nenhuma prova
´ ´ ˜
3 E claro que, na epoca da ‘ressurreiçao ˆ ˜
´ ´ real ou evidencia. Mas elas estao enganadas.
dos justos’, sera realmente possıvel ter boas ´ ˜ ´ ˜ ´
A fe nao e credulidade; nao e um simples
´
1, 2. Como um superintendente viajante encarava sentimento; e mais do que crer em algo.
´ ´ ´
fieis personagens bıblicos, e por que esses seriam A credulidade e perigosa. Um simples senti-
´ ´
otimos amigos para nos? ´
mento pode aparecer e desaparecer; e ate
3. (a) Como podemos nos beneficiar de aprender
´ ´
sobre os homens e mulheres de fe mencionados 4. Como muitas pessoas encaram a fe, e por que
´ ˜
na Bıblia? (b) Que perguntas vamos considerar? estao enganadas?

4
˜ ´ ´ ´ ˜ ´
mesmo crer que Deus existe nao e suficien- zer e que o documento e tao confiavel do
ˆ ´
te, pois “os demonios creem e estremecem”. ponto de vista jurıdico que, em certo senti-
´ ´
— Tia. 2:19. do, ele e a propria casa. De modo similar, a
5 A verdadeira fe´ e´ muito superior a essas ˆ ´ ´ ˜
evidencia que nos faz ter fe e tao convincen-
´ ˜ `
coisas. Lembre-se de como a Bıblia a define. te, tao forte, que pode ser equivalente a
´ ´ ´
(Leia Hebreus 11:1.) Paulo disse que a fe propria fe.
envolve duas coisas que nao podemos ver.
˜ 7 Assim, a verdadeira fe´ envolve uma
˜ ˜
Primeiro, ela envolve realidades “nao obser- confiança bem alicerçada e uma convicçao
´ ˜ ´
vadas”. Nossos olhos fısicos nao podem ver inabalavel que se concentra unicamente em
´ ´ ´ ˆ
as realidades do domınio espiritual — como Jeova Deus. A fe nos faz ve-lo como nosso
´ ´
Jeova Deus, seu Filho ou o Reino que ja go- Pai amoroso e confiar que todas as suas pro-
´ ´ ˜
verna no ceu. Segundo, a fe envolve “coisas messas com certeza se cumprirao. Mas a
˜ ´
esperadas” — acontecimentos que ainda nao verdadeira fe envolve mais. Assim como algo
˜ vivo, precisa ser alimentada para sobreviver.
ocorreram. Atualmente, nao podemos ver o
´ ˜ ˜
novo mundo que o Reino de Deus trara em Precisa ser expressa em açoes, senao morre-
˜ ´ ´
breve. Entao, sera que isso significa que nos- ra. — Tia. 2:26.
´
sa fe nessas realidades e nas coisas que 8 Por que a fe´ e´ tao ˜
importante? Paulo deu
˜ uma resposta que nos motiva. (Leia Hebreus
esperamos nao tem base?
˜ ´ ˜
6 De forma alguma! Paulo explicou que a 11:6.) Se nao tivermos fe, nao podemos nos
´ ´ ´ ´
verdadeira fe tem base solida. Quando ele aproximar de Jeova nem agrada-lo. Portan-
´ ´ ´ ´
disse que a fe e “a expectativa certa”, ele to, a fe e essencial para cumprirmos o mais
˜ ´ elevado e nobre objetivo de toda criatura in-
usou uma expressao que tambem pode ser
´ teligente: achegar-se ao nosso Pai celestial,
traduzida “tıtulo de propriedade”. Imagine
´ ´ ´
que alguem resolva lhe dar uma casa. Talvez Jeova, e glorifica-lo.
ele lhe entregue a escritura da propriedade 9 Jeova´ sabe o quanto precisamos de fe, ´
´ ´
e diga: “Aqui esta a sua casa nova.” E claro por isso ele fornece exemplos para nos en-
˜ ˆ ´
que ele nao quer dizer que voce vai morar sinar a desenvolver e demonstrar fe. Ele
naquele pedaço de papel; o que ele quer di- ´ ´
7. O que esta envolvido na verdadeira fe?
´ ˜ ´ ´ ˜
5, 6. (a) Nossa fe envolve que duas coisas que nao 8. Por que a fe e tao importante?
´ ´
podemos ver? (b) Ate que ponto a base para nos- 9. Como Jeova mostra que sabe da nossa necessi-
´ ´ ´
sa fe deve ser solida? Ilustre. dade de fe?

5
˜
abençoa a congregaçao com o exemplo de os cheiros. Mais importante, tente discernir
´ `
homens fieis que tomam a dianteira. Sua Pa- os sentimentos das pessoas. A medida que
´ ˜ ˆ
lavra diz: “Imitai a sua fe.” (Heb. 13:7) E nao voce se identificar com esses homens e mu-
´ ´ ´ ˜
e so isso. Paulo escreveu sobre uma “grande lheres de fe, eles se tornarao mais reais, mais
nuvem de testemunhas”, homens e mulhe- ˆ ´
achegados a voce — alguns talvez ate se tor-
res do passado que deixaram excelentes nem como bons e velhos amigos.
´ 11 Quando voceˆ realmente conhecer essas
exemplos de fe. (Heb. 12:1) A lista que Paulo
´ ´ ´
forneceu em Hebreus capıtulo 11 certamen- pessoas de fe, vai querer imita-las. Por exem-
˜ ´ ´
te nao inclui todos os servos fieis de Jeova. plo, imagine que tenha recebido uma nova
´ ˆ ´ ˜ ˜
A Bıblia contem muitas historias verdadeiras designaçao. Por meio da organizaçao de
sobre homens e mulheres, jovens e idosos, ´ ˆ ´
Jeova, voce e convidado a expandir o seu
˜ ´
de todas as formaçoes, que demonstraram ministerio de alguma forma. Talvez receba
´ ˆ ´
fe durante toda a vida e que tem muito a um convite para se mudar para um territorio
nos ensinar nestes dias em que a maioria ´
˜ ´ onde ha necessidade de mais pregadores,
das pessoas nao tem fe. ou talvez seja convidado a experimentar
´ ˆ ˜
Como podemos imitar a fe de outros? alguma modalidade com a qual voce nao
´ ˜ `
10 Voceˆ so´ pode imitar alguem ´
se antes esta acostumado ou nao se sente a vontade.
´ ` ˜
observa-lo atentamente. Ao ler este livro, A medida que pensa na designaçao e ora
ˆ ´ sobre o assunto, meditar no exemplo de
voce notara que foi feita muita pesquisa
´ ˜
para ajuda-lo a “observar” esses homens Abraao pode ser de ajuda. Ele e Sara esta-
´ ˆ ˜ ˜
e mulheres de fe. Por que voce nao faz o vam dispostos a abrir mao dos confortos de
mesmo e pesquisa mais sobre eles? Use as Ur e foram muito abençoados. Ao imitar o
` ˜ ˆ ´
ferramentas de pesquisa a sua disposiçao exemplo deles, voce com certeza sentira que
para se aprofundar no seu estudo pessoal agora os conhece melhor do que antes.
´ 12 E se alguem ´
da Bıblia. Ao meditar no que estuda, tente achegado o tratar mal e
´ ˆ ˆ ´
visualizar os cenarios e as circunstancias. voce ficar desanimado — ate mesmo que-
` ˜
Tente ver os lugares, ouvir os sons e sentir rendo ficar em casa em vez de ir as reunioes?
ˆ
10. Como nosso estudo pessoal pode nos ajudar 11, 12. (a) Como voce pode se sentir mais ache-
´ ˜ ˆ
a imitar os homens e mulheres de fe mencionados gado a Abraao e Sara? (b) Como voce pode se
´
na Bıblia? beneficiar do exemplo de Ana, Elias e Samuel?

6
˜
I N T R O D U Ç A O

´
Meditar no exemplo de Ana e em como ela de Ana ajudou Maria a desenvolver fe, de
ˆ
foi bem-sucedida em lidar com a maldade modo que ela pode fazer um bom nome
´ ˜ ´
de Penina o ajudara a tomar a decisao certa perante Jeova Deus.
´ ´ 14 O objetivo deste livro e´ ajuda-lo´
e tambem fara com que Ana pareça ser sua a forta-
ˆ ´ ´ ˜
boa amiga. Da mesma maneira, se voce ficar lecer sua fe. Os capıtulos a seguir sao uma
desanimado por causa de sentimentos de ˜ ´
compilaçao de artigos da serie “Imite a Sua
inutilidade, talvez se achegue mais a Elias ao ´
Fe”, publicados em A Sentinela entre 2008
˜ ´ ´
estudar sobre sua situaçao aflitiva e o modo e 2013. Mas ha alguns acrescimos. Foram
´ ´ ˜
como Jeova o consolou. E os jovens que so- incluıdas perguntas para consideraçao e
˜ ˜
frem muitas pressoes de colegas de escola aplicaçao. Muitas gravuras coloridas e
imorais talvez se sintam achegados a Samuel cheias de detalhes foram criadas especial-
depois de estudar como ele lidou com o ´
mente para este livro, e as que ja existiam
´
mau exemplo dos filhos de Eli no taberna- foram ampliadas e aprimoradas. Foram in-
culo. ´ ´
cluıdos outros recursos uteis, como uma
13 Sera´ que imitar a fe´ desses persona- ´ ´
linha do tempo e mapas. Imite a Sua Fe e
´ ˆ
gens bıblicos faz com que voce seja uma uma ferramenta preparada para estudo pes-
˜ ´
simples imitaçao ou diminui o seu valor soal, familiar e congregacional. Alem disso,
como pessoa? De modo algum! Lembre-se ´
muitas famılias talvez gostem de simples-
´ ´
que a Palavra de Jeova nos incentiva a imitar mente ler as historias em voz alta.
´ 15 Que este livro o ajude a imitar a fe´ de
pessoas de fe. (1 Cor. 4:16; 11:1; 2 Tes.
´ ´
3:7, 9) Alem disso, alguns dos personagens servos leais de Jeova do passado. E que o
´ ´
que estudaremos neste livro tambem imita- ajude a aumentar a sua fe e a se achegar
´ ´
ram pessoas de fe que viveram antes deles. mais ao seu Pai celestial, Jeova!
´
Por exemplo, no Capıtulo 17 vemos que Ma- ˜
14, 15. Quais sao alguns recursos deste livro,
ria provavelmente citou as palavras de Ana, e como podemos fazer bom uso dele?
deixando claro que ela a considerava um
´ ´
exemplo. Sera que isso significa que a fe de
˜ ˜ ˜
Maria nao era tao forte? Nao! O exemplo
´ ´ ´
13. Sera que imitar a fe de personagens bıblicos
diminui o seu valor como pessoa? Explique.

7
´
SUMARIO

´ ´
CAPITULO PAGINA

˜
Introduçao 4
1 ‘Embora morto, ele ainda fala’ ABEL 9
´
2 Ele “andou com o verdadeiro Deus” NOE 17
ˆ ´ ˜
3 O “pai de todos os que tem fe” ABRAAO 25
4 “Aonde quer que fores, irei eu” RUTE 33
5 “Uma mulher de bem” RUTE 42
˜
6 Ela abriu seu coraçao a Deus ANA 51
´
7 Ele “continuava a crescer com Jeova” SAMUEL 59
8 Ele perseverou apesar de desapontamentos SAMUEL 67
˜
9 Ela agiu com discriçao ABIGAIL 76
˜
10 Ele defendeu a adoraçao pura ELIAS 84
11 Ele observou e esperou ELIAS 92
12 Ele foi consolado pelo seu Deus ELIAS 99
13 Ele aprendeu de seus erros JONAS 108
˜ ´
14 Ele aprendeu uma liçao de misericordia JONAS 116
15 Ela defendeu o povo de Deus ESTER 125
˜
16 Ela agiu com sabedoria, coragem e abnegaçao ESTER 135
´
17 “Eis a escrava de Jeova!” MARIA 145
˜ ˜
18 Ela tirou “conclusoes no seu coraçao” MARIA 153
´
19 Ele foi protetor, provisor e perseverou fielmente JOSE 162
20 ‘Eu acredito’ MARTA 172
´
21 Ele lutou contra o medo e a duvida PEDRO 180
˜
22 Ele foi leal ao enfrentar provaçoes PEDRO 188
23 Ele aprendeu a ser perdoador com o seu Mestre PEDRO 196
˜
Conclusao 206
´
CAPITULO UM

‘Embora morto,
ele ainda fala’
ABEL observava suas ovelhas, que pastavam calmamente na encos-
˜
ta de um morro. Entao, olhou para longe e viu um brilho suave.
´
Ele sabia que la naquele lugar havia uma espada de fogo girando o
´ ´
tempo todo, bloqueando a entrada do jardim do Eden. Seus pais ja
´
tinham morado naquele paraıso, mas nem eles nem seus filhos po-
´
diam entrar la agora. Imagine a brisa do fim de tarde agitando o
cabelo de Abel enquanto ele olhava para cima e pensava no Cria-
´
dor. Sera que algum dia a humanidade voltaria a ter uma boa rela-
˜
çao com Deus? Isso era o que Abel mais queria.
2 Abel fala com voceˆ hoje. Consegue ouvi-lo? Voceˆ talvez diga
´ ´ ˜
que isso e impossıvel. Afinal, esse segundo filho de Adao morreu
´ ´
muito tempo atras. Ja faz aproximadamente 6 mil anos que seus
´ ´
restos mortais se transformaram em po. E a Bıblia ensina que os
˜ ˜ ˆ
mortos “nao estao conscios de absolutamente nada”. (Ecl. 9:5, 10)
´ ´
Alem disso, nada que Abel tenha dito foi registrado na Bıblia. En-
˜ ´
tao como e que ele fala conosco?
3 O apostolo´ ´
Paulo foi inspirado a dizer: “Por intermedio dela,
embora morto, [Abel] ainda fala.” (Leia Hebreus 11:4.) Por meio
´
do que Abel fala? Por meio da fe. Abel foi o primeiro humano a de-
˜
senvolver essa bela qualidade. E ele a demonstrou de modo tao no-
´
tavel que seu exemplo continua vivo, um modelo excelente para
´ ´
seguirmos. Se aprendermos de sua fe e nos esforçarmos para imita-
´ ´
la, o relato sobre Abel falara conosco de maneira vıvida e motivadora.
4 Mas, ja´ que a Bıblia ´ ˜
fala tao pouco sobre Abel, o que pode-
´
mos aprender dele e de sua fe? Vejamos.
´ ˜
Ele cresceu na epoca da “fundaçao do mundo”
5 ´ ´
Abel nasceu no inıcio da historia da humanidade. Jesus mais
´ ˜ ´
1. O que impedia que a famılia de Adao e Eva entrasse no jardim do Eden, e o
que Abel mais queria?
2-4. Em que sentido Abel fala conosco hoje?
˜
5. O que Jesus queria dizer quando associou Abel com “a fundaçao do mun-
´
do”? (Veja tambem a nota.)

9
Durante toda a
sua vida, Abel ˜
ˆ tarde associou Abel com “a fundaçao do mundo”. (Leia Lucas
pode ver que os
querubins eram
´
11:50, 51.) Pelo visto, Jesus se referia ao mundo de pessoas que
fieis e obedientes podiam ser resgatadas do pecado. Embora Abel tenha sido o quar-
´
servos de Jeova
to humano a existir, tudo indica que ele foi o primeiro a ser enca-
˜
rado por Deus como merecedor do resgate.1 Com certeza, Abel nao
ˆ
cresceu tendo a melhor das influencias.
´
6 A famılia ´
humana ainda estava no inıcio, mas um manto de
´ ´ ˜
tristeza pairava sobre ela. E provavel que Adao e Eva, os pais de
Abel, fossem belos e cheios de vida. No entanto, eles tinham co-
´
metido um grande erro, e sabiam disso. No inıcio, eles eram per-
feitos e tinham a perspectiva de viver para sempre. Mas se rebela-
´ ´
ram contra Jeova Deus e foram expulsos de seu lar paradısico no
´ ´ `
jardim do Eden. Por colocar seus proprios desejos a frente de tudo
´
— ate mesmo das necessidades de seus descendentes —, eles perde-
˜ ˆ
ram a perfeiçao e a vida eterna. — Gen. 2:15–3:24.
˜
7 A vida fora daquele jardim nao era nada facil ´ ˜
para Adao e Eva.
˜
Mas entao algo aconteceu. Quando seu primeiro filho nasceu, eles
lhe deram o nome de Caim, que significa “algo produzido”, e Eva
´ ´
disse: “Produzi um homem com o auxılio de Jeova.” Suas palavras
´
indicam que ela talvez estivesse pensando na promessa que Jeova
˜ ˜
1 A expressao “a fundaçao do mundo” passa a ideia de lançar sementes, ou ter filhos,
de modo que ela tem a ver com os primeiros descendentes humanos. Mas por que
˜ ˜
Jesus relacionou Abel com “a fundaçao do mundo” e nao Caim, que foi o primeiro
˜ ˜
descendente humano? As decisoes e açoes de Caim foram encaradas como uma re-
˜ ´ ˜ ´
beliao deliberada contra Jeova Deus. Parece que, assim como seus pais, Caim nao tera
` ˜
direito a ressurreiçao nem ao resgate.

6. O que podemos dizer sobre os pais de Abel?


7, 8. O que Eva disse quando Caim nasceu, e no que ela talvez estivesse pen-
10 sando?
‘EMBORA MORTO, ELE AINDA FALA’

havia feito no jardim, de que uma mulher produziria um “descen-


dente” que um dia destruiria a criatura perversa que havia desvia-
˜ ˆ ´
do Adao e Eva. (Gen. 3:15; 4:1) Sera que Eva achava que ela era a
mulher da profecia e que Caim era o “descendente” prometido?
8 Se esse foi o caso, ela estava completamente enganada. E, se
˜
Adao e Eva incutiram essas ideias em Caim desde pequeno, com
´
certeza alimentaram o orgulho que ele ja tinha como humano im-
˜ ´
perfeito. Com o tempo, Eva teve outro filho, mas nao ha registro
˜
de nenhuma declaraçao grandiosa sobre ele. Eles lhe deram o nome
˜ ˆ
de Abel, que talvez signifique “exalaçao” ou “vaidade”. (Gen. 4:2)
´
Sera que isso refletia suas baixas expectativas, como se esperassem
˜
menos de Abel do que de Caim? Nao podemos ter certeza.
9 Os pais hoje podem aprender uma grande liçao˜
de tudo isso.
˜ ´ ˆ ˜
Por suas palavras e açoes, sera que voces alimentarao o orgulho, a
˜ ˆ ´ ˜
ambiçao e as tendencias egoıstas de seus filhos? Ou lhes ensinarao
´
a amar a Jeova Deus e a ser amigos dele? Infelizmente, os primei-
˜
ros pais nao cumpriram seu dever. Mas ainda havia esperança para
seus descendentes.
´
Como Abel desenvolveu fe?
`
10 A medida que os dois meninos cresciam, e´ provavel
´ ˜
que Adao
` ´
tenha lhes ensinado a trabalhar para prover o sustento a famılia.
Caim aprendeu a plantar; Abel, a cuidar de ovelhas.
11 No entanto, Abel fez algo muito mais importante. Com o
´
passar dos anos, ele desenvolveu fe, a bela qualidade sobre a qual
˜
Paulo falou mais tarde. Pense no seguinte: se Abel nao tinha ne-
´
nhum exemplo humano digno de imitar, como ele desenvolveu fe
´ ˆ
em Jeova Deus? Veja tres coisas que talvez o tenham ajudado.
´ ´
12 As obras criativas de Jeova. ´
E verdade que Jeova tinha amal-
diçoado o solo, fazendo com que produzisse espinhos e abrolhos,
que atrapalhavam a lavoura. Mesmo assim, a Terra continuava a
´
produzir generosamente o alimento que mantinha a famılia de Abel
´ ´ ˜
viva. Alem disso, Jeova nao tinha amaldiçoado os animais, incluin-
´
do aves e peixes; nem os montes, lagos, rios e mares; nem os ceus,
nuvens, Sol, Lua e estrelas. Para onde quer que olhasse, Abel via
ˆ ´
evidencias do imenso amor, sabedoria e bondade de Jeova Deus, o
Criador de tudo que existe. (Leia Romanos 1:20.) Refletir com apre-
´ ´
ço nessas coisas sem duvida fortaleceu sua fe.
9. O que os pais hoje podem aprender de nossos primeiros pais?
10, 11. Que trabalho Caim e Abel aprenderam, e que qualidade Abel desen-
volveu?
´
12, 13. Como observar as obras criativas de Jeova pode ter ajudado Abel a
´
fortalecer sua fe? 11
´
IMITE A SUA FE  ABEL

13 Abel com certeza tirava tempo para meditar em assuntos


espirituais. Imagine Abel cuidando de seu rebanho. A vida de pas-
ˆ ´
tor exigia andar longas distancias. Ele conduzia os doceis ani-
´
mais atraves de morros, vales e rios — sempre buscando os pastos
´
mais verdes, as melhores fontes de agua e os abrigos mais seguros.
De todas as criaturas de Deus, as ovelhas pareciam as mais indefe-
sas, como se tivessem sido feitas para depender da liderança e pro-
˜ ´ ´
teçao de um humano. Sera que Abel percebeu que ele tambem pre-
˜ ´ ´
cisava da liderança, proteçao e cuidado de Alguem muito mais sabio
e poderoso que qualquer humano? Ele com certeza expressava mui-
˜ ´
tos desses pensamentos em oraçao, e com isso sua fe continuou a
aumentar.
14 As promessas de Jeova. ´ ˜
Adao e Eva devem ter contado´ a seus
filhos por que eles haviam sido expulsos do jardim do Eden. As-
sim, Abel tinha muito em que meditar.
15 Jeova´ tinha dito que o solo seria amaldiçoado. Abel podia

ver claramente os espinhos e abrolhos que cumpriam essas pala-


´ ´
vras. Jeova tambem tinha predito que Eva sentiria dores durante a
gravidez e o parto. Abel certamente viu o cumprimento dessas pa-
˜ ´
lavras quando seus irmaos nasceram. Jeova tinha predito que
˜
Eva sentiria uma necessidade anormal de amor e atençao de seu
marido, e que ele por sua vez a dominaria. Abel via essa triste rea-
lidade bem diante de seus olhos. Tudo isso levou Abel a concluir
´ ´ ´
que a palavra de Jeova e totalmente confiavel. Assim, ele tinha for-
´
tes motivos para ter fe na promessa de Deus sobre um “descenden-
´
te”
´ que umˆ dia acabaria com os problemas que tiveram inıcio no
Eden. — Gen. 3:15-19.
16 Os servos de Jeova. ´ ˜
Abel nao tinha nenhum exemplo hu-
˜ ´
mano digno de imitar, mas os humanos nao eram as unicas cria-
´
14, 15. Com base nas promessas de Jeova, em que coisas Abel podia meditar?
16, 17. O que Abel talvez tenha aprendido com os querubins?

12
‘EMBORA MORTO, ELE AINDA FALA’

´ ˜
turas inteligentes na Terra naquela epoca. Quando Adao e Eva foram
´
expulsos do jardim, Jeova se certificou de que nem eles nem seus
` ´
descendentes tivessem acesso aquele paraıso terrestre. Para guardar
´
a entrada, Jeova colocou anjos de elevada categoria, chamados que-
rubins, e uma espada de fogo que girava continuamente. — Leia
ˆ
Genesis 3:24.
17 Quando Abel era menino, imagine o que significava para ele

observar aqueles querubins. Seus corpos materializados com certe-


za revelavam imenso poder. E aquela espada de fogo, que nunca`
´ ˆ
se apagava nem deixava de girar, tambem inspirava reverencia. A
´
medida que Abel crescia, sera que viu alguma vez aqueles queru-
˜
bins abandonarem seu posto por estarem cansados de ficar ali? Nao.
´ ´ ´ ´
Dia e noite, ano apos ano, decada apos decada, aquelas poderosas
criaturas inteligentes permaneciam no mesmo lugar. Abel apren-
´ ´
deu assim que Jeova Deus tinha servos justos e fieis. Naqueles que-
ˆ ´
rubins, Abel podia ver um tipo de lealdade e obediencia a Jeova
˜ ´ ´
que ele nao via em sua propria famılia. O exemplo daqueles anjos
´
deve ter fortalecido sua fe.
18 Por meditar em tudo que Jeova´ tinha revelado sobre si mes-
˜
mo por meio da criaçao, de suas promessas e dos exemplos de seus
´ ´ ´
servos angelicos, Abel fortaleceu cada vez mais sua fe. E como se
˜
seu exemplo falasse conosco, nao concorda? Os jovens em especial
´
talvez achem animador saber que podem desenvolver verdadeira fe
´
18. Que muitas ajudas temos hoje para desenvolver fe?

˜
Por observar a criaçao, Abel
encontrou um forte motivo
´
para ter fe num Criador amoroso
´
IMITE A SUA FE  ABEL

´ ˜
em Jeova, nao importa o que seus familiares façam. Hoje temos as
˜ ` ´ `
maravilhas da criaçao a nossa volta, a Bıblia inteira a nossa dispo-
˜ ´
siçao e o exemplo de muitas pessoas de fe para imitar. Desse modo,
´
temos ajuda de sobra para desenvolver fe.
´
Por que o sacrifıcio de Abel foi considerado melhor
19 ´ ´
A fe que Abel tinha em Jeova ficou cada vez mais forte, e ele
´
começou a pensar num modo de expressar essa fe. Mas´ o que um
simples humano poderia dar ao Criador do Universo? E claro que
˜
Deus nao precisava de nenhum presente nem da ajuda de huma-
nos. Com o tempo, Abel entendeu uma verdade muito importan-
˜ ´
te: se ele, com a motivaçao correta, oferecesse a Jeova o que tinha
de melhor, seu amoroso Pai se agradaria disso.
20 Abel se preparou para oferecer algumas ovelhas de seu reba-
´
nho. Ele escolheu as melhores, as primıcias, e o que pareciam ser
´ ˆ ˜
os melhores pedaços. Caim tambem buscou a bençao e o favor de
´
Deus por se preparar para oferecer alguns de seus produtos agrıco-
˜ ˜
las. Mas sua motivaçao nao era como a de Abel. A diferença ficou
evidente quando eles apresentaram suas ofertas.
21 Os dois filhos de Adao ˜
devem ter usado altares e fogo para
` ´
fazer suas ofertas, talvez a vista dos querubins, que na epoca eram
´ ´ ˜
os unicos representantes de Jeova na Terra. Qual foi a reaçao de
´ ´
Jeova? O relato diz: “Jeova olhava com favor para Abel e para sua
ˆ ´ ˜
oferenda.” (Gen. 4:4) A Bıblia nao diz como Deus mostrou sua apro-
˜
vaçao.
22 Por que Deus aceitou o sacrifıcio ´ ˜
de Abel e nao o de Caim?
Foi por causa da oferta em si? Abel de fato ofereceu uma criatura
´
viva, derramando seu sangue precioso. Sera que ele sabia que um
´ ´
sacrifıcio assim seria muito valioso? Seculos depois, Deus usou o
´ ´
sacrifıcio de um cordeiro sem defeito para representar o sacrifıcio
´
de seu proprio Filho perfeito, “o Cordeiro ˆ de Deus”, que teria seu
˜
sangue inocente derramado. (Joao 1:29; Exo. 12:5-7) Mas Abel pro-
˜ ˜
vavelmente nao sabia ou nao entendia boa parte disso.
23 De uma coisa podemos ter certeza: Abel ofereceu o melhor
´ ˜ ´
que tinha. Jeova olhou com favor nao so para a oferta em si, mas
´
para quem a oferecia. Abel agiu motivado por amor a Jeova e ver-
´
dadeira fe nele.
24 Mas era diferente no caso de Caim. Jeova´ “nao ˜
olhava com
19. Com o tempo, que verdade importante Abel entendeu?
´ ˜
20, 21. Que ofertas Abel e Caim fizeram a Jeova, e qual foi a reaçao Dele?
´
22, 23. Por que Jeova olhou com favor para a oferta de Abel?
˜
24. (a) No caso de Caim, por que podemos dizer que o problema nao estava na
14 oferta em si? (b) Em que sentido Caim era como muitas pessoas hoje?
´ ´ ˜
Abel ofereceu seu sacrifıcio com fe; Caim, nao
´
IMITE A SUA FE  ABEL

ˆ ˜
favor para Caim e para sua oferenda”. (Gen. 4:5) O problema nao
estava na oferta em si, pois a Lei de Deus mais tarde permitiu que
´
se oferecessem produtos da terra. (Lev. 6:14, 15) Mas a Bıblia diz
´ ´ ˜
sobre Caim: “Suas proprias obras eram inıquas.” (Leia 1 Joao 3:12.)
Como muitas pessoas hoje, Caim pelo visto achava que a mera apa-
ˆ ˜ ´
rencia de devoçao a Deus era suficiente. Sua falta de verdadeira fe
´ ˜
em Jeova e amor por ele logo ficou evidente em suas açoes.
˜
25 Quando Caim viu que nao tinha obtido o favor de Jeova, ´
´ ˜
sera que tentou aprender do exemplo de Abel? Nao. Ele ficou com
´ ˜ ´ ˜
muito odio de seu irmao. Jeova viu o que se passava no coraçao
de Caim e pacientemente procurou raciocinar com ele, avisando
´
que sua atitude o levaria a cometer um pecado grave. Tambem pro-
meteu a Caim que, se ele mudasse seu modo de agir, seria ‘enalte-
˜ ˆ
cido’, ou seja, receberia Sua aprovaçao. — Gen. 4:6, 7.
26 Caim ignorou o aviso de Deus. Ele se aproveitou da confian-
˜
ça que seu irmao mais novo tinha nele e o convidou para uma ca-
ˆ
minhada no campo. Ali, Caim atacou Abel e o matou. (Gen. 4:8)
´ ˜
Em certo sentido, Abel se tornou a primeira vıtima de perseguiçao
´ ´
religiosa, o primeiro martir. Ele havia morrido, mas sua historia es-
tava longe de terminar.
27 Em sentido simbolico, ´ ´
o sangue de Abel clamava a Jeova
Deus pedindo vingança, ou justiça. E Deus fez com que a justiça
ˆ
fosse feita ao punir o perverso Caim por seu crime. (Gen. 4:9-12)
´ ´
O mais importante e que o registro de fe de Abel ainda fala. Sua
vida — que talvez tenha durado uns cem
˜
anos — foi curta em comparaçao com a
´
ˆ de outros humanos daquela epoca, mas foi
PARA VOCE PENSAR . . . uma vida significativa. Ele morreu sabendo
˙ Como Abel fala conosco hoje? que tinha o amor e a aprovaçao de seu Pai
˜
˙ O que os pais podem aprender ´
celestial, Jeova. (Heb. 11:4) Por isso, pode-
dos erros dos pais de Abel? ´
mos ter certeza de que ele esta a salvo na
˙ Como as obras criativas de ´ ´
´
memoria ilimitada de Jeova, aguardando ser
Jeova, suas promessas e seus ´ ˜
ressuscitado num paraıso terrestre. (Joao
querubins talvez tenham ajuda- ˆ ´ ´ ˆ
´ 5:28, 29) E voce, estara la para conhece-lo?
do Abel a desenvolver fe? ˆ
ˆ Isso pode acontecer, se voce estiver decidi-
˙ De que maneiras voce ´ ´
´ do a escuta-lo e a imitar seu notavel exem-
pretende imitar a fe de Abel? ´
plo de fe.
´
25, 26. Que aviso Jeova deu a Caim, mas o que
ele fez?
27. (a) Por que podemos ter certeza de que Abel
´
sera ressuscitado? (b) O que precisamos fazer para
16 conhecer Abel um dia?
´
CAPITULO DOIS

Ele “andou com


o verdadeiro Deus”
´ ´
NOE endireitou as costas, alongando os musculos doloridos. Ima-
gine-o sentado numa grande viga de madeira, descansando um pou-
co de seu trabalho enquanto olhava para a imensa estrutura da arca.
˜
No ar havia um cheiro forte de alcatrao quente; de longe se podia
ouvir o som de ferramentas de carpintaria. De onde estava senta-
´ ´
do, Noe podia ver seus filhos trabalhando arduamente em varias
´ ´
partes da grande estrutura de madeira. Ja fazia decadas que seus fi-
lhos, suas noras e sua querida esposa trabalhavam com ele nesse
projeto. Eles tinham feito bastante coisa, mas ainda havia muito
que fazer!
2 As pessoas da regiao ˜
achavam que eles eram loucos. Quanto
mais a arca tomava forma, mais as pessoas riam da ideia de um di-
´ ´ ´
luvio cobrir a Terra inteira. A catastrofe sobre a qual Noe os avisa-
˜ ´ ˜
va parecia tao improvavel, tao absurda! Eles mal podiam acreditar
que um homem pudesse desperdiçar sua vida — e a vida de sua fa-
´ ˜ ´ ´
mılia — num trabalho tao sem sentido. Mas Jeova, o Deus de Noe,
˜
tinha uma opiniao bem diferente a respeito desse homem.
3 A Palavra de Deus diz: “Noe´ andou com o verdadeiro Deus.”
ˆ ˜
(Leia Genesis 6:9.) O que isso quer dizer? Nao que Deus andou na
´ ´ ´
Terra, nem que Noe de alguma forma foi para o ceu. Pelo contra-
´ ˜
rio, Noe era tao obediente ao seu Deus e o amava tanto que era
´
como se ele e Jeova andassem lado a lado como amigos. Milhares
´ ´ ´
de anos depois, a Bıblia disse sobre Noe: “Por intermedio [de sua]
´
fe, ele condenou o mundo.” (Heb. 11:7) Como ele fez isso? O que
´
podemos aprender de sua fe?
Um homem sem defeito num mundo violento
4 ´
Noe foi criado num mundo que estava rapidamente passan-
´ ˆ
do de mal a pior. Ja estava ruim nos dias de seu bisavo Enoque,
´ ´
1, 2. Em que projeto Noe e sua famılia estavam envolvidos, e quais foram al-
guns desafios que eles enfrentaram?
´
3. Em que sentido Noe andou com Deus?
´
4, 5. Como o mundo piorou nos dias de Noe?

17
´
Noe e sua esposa
tinham que proteger outro homem justo que andou com Deus. Enoque tinha predito
´
seus filhos de mas ´
ˆ
que um dia de julgamento estava para vir sobre os ımpios daque-
influencias ´
le mundo. Agora, nos dias de Noe, a maldade estava ainda pior. De
´
fato, do ponto de vista de Jeova, a Terra estava arruinada, pois ha-
ˆ ˆ
via muita violencia. (Gen. 5:22; 6:11; Judas 14, 15) O que aconte-
ceu para que as coisas piorassem tanto?
5 Uma terrıvel ´ ´
tragedia tinha acontecido entre os filhos espiri-
´ ´
tuais de Deus, os anjos. Um deles ja tinha se rebelado contra Jeova,
´ ˜
tornando-se Satanas, o Diabo, por caluniar a Deus e induzir Adao
´
e Eva ao pecado. Nos dias de Noe, outros anjos começaram a se re-
´ ˜
belar contra o governo justo de Jeova. Abandonando a posiçao que
´
Deus lhes tinha dado no ceu, vieram para a Terra, assumiram for-
ma humana e se casaram com belas mulheres. Aqueles anjos orgu-
´ ˆ
lhosos, egoıstas e rebeldes eram uma influencia maligna entre os
ˆ
humanos. — Gen. 6:1, 2; Judas 6, 7.
´
6 Alem ˜
disso, a uniao desnatural entre anjos materializados e
´ ´
mulheres produziu filhos hıbridos de tamanho e força extraordina-
´
rios. A Bıblia os chama de nefilins, que literalmente significa “der-
rubadores” — os que fazem outros cair. Os nefilins, que eram inti-
´
midadores crueis, fizeram a maldade na Terra se tornar ainda pior.
˜ ´
Nao e de admirar que, do ponto de vista do Criador, “a maldade
˜
do homem era abundante na terra e que toda inclinaçao dos pen-
˜ ´ ´ ´
samentos do seu coraçao era so ma, todo o tempo”. Jeova decre-
´
tou que eliminaria aquela sociedade ımpia em 120 anos. — Leia
ˆ
Genesis 6:3-5.
ˆ ˜
6. Que influencia os nefilins tiveram sobre as condiçoes do mundo, e o que
´
18 Jeova decretou que faria?
ELE “ANDOU COM O VERDADEIRO DEUS”

7 ´ ´
Imagine como era difıcil cuidar de uma famılia num mundo
´ ´
assim! Mas foi isso o que Noe fez. Noe encontrou uma boa espo-
ˆ ˜
sa e, quando ele tinha 500 anos, ela teve tres filhos — Sem, Ca e
´ ´ ˆ
Jafe.1 Juntos, eles tinham que proteger seus filhos de mas influen-
cias. Meninos costumam admirar “homens de fama”, homens for-
´ ˜
tes — e os nefilins eram exatamente isso. Noe e sua esposa nao po-
´
diam proteger seus filhos de todas as historias sobre as façanhas
daqueles gigantes, mas podiam ensinar a atraente verdade sobre
´
Jeova Deus, aquele que odeia toda a maldade. Eles tinham que aju-
´
dar seus meninos a ver que Jeova se sentia magoado por causa da
ˆ ˜ ˆ
violencia e da rebeliao no mundo. — Gen. 6:6.
8 Os pais hoje podem entender muito bem Noe´ e sua esposa.
´ ´ ˆ
Atualmente, o mundo tambem esta contaminado pela violencia e
´ ˜
pelo espırito de rebeliao. Bandos de jovens rebeldes tomaram con-
´
ta de muitas cidades. Ate mesmo o entretenimento para crianças
´ ˆ ´
esta repleto de violencia. Pais sabios fazem tudo que podem para
ˆ
lutar contra essas influencias por ensinar seus filhos sobre o Deus
´ ´ ˆ
de paz, Jeov´ a, que um dia acabara com toda a violencia. (Sal. 11:5;
´ ´
37:10, 11) E possıvel ter bons resultados! Noe e sua esposa foram
bem-sucedidos. Seus filhos se tornaram homens bons e se casaram
´
com mulheres que tambem queriam colocar o verdadeiro Deus,
´
Jeova, em primeiro lugar na vida.
“Faze para ti uma arca”
9 ´ ´
Certo dia, a vida de Noe mudou para sempre. Jeova falou a
´
esse servo amado sobre seu proposito de destruir o mundo daque-
´
les dias. Deus ordenou a Noe: “Faze para ti uma arca da madeira
´ ˆ
duma arvore resinosa.” — Gen. 6:14.
˜
10 Essa arca nao ˜
era um navio, como alguns acham. Nao tinha
´
proa, popa, quilha nem leme. Era basicamente um grande bau, ou
´ ´ ˜
caixa. Jeova forneceu a Noe as dimensoes exatas da arca, alguns de-
˜
talhes sobre seu projeto e orientaçoes para revestir a arca de alca-
˜ ´
trao por dentro e por fora. E disse a Noe o motivo: “Eis que estou
´ ´ ´
trazendo o diluvio de aguas sobre a terra . . . Tudo o que ha na ter-
´ ´
ra expirara.” Mas Jeova fez o seguinte pacto, ou acordo formal, com
´ ´
Noe: “Teras de entrar na arca, tu e teus filhos, e tua esposa, e as
´ ´
1 No inıcio da historia humana, as pessoas viviam muito mais do que hoje. Parece
que sua longevidade se devia ao fato de viverem mais perto da vitalidade e da per-
˜ ˜
feiçao que Adao e Eva tinham perdido.
´
7. Que desafios Noe e sua esposa enfrentaram para proteger seus filhos das
´ ˆ
mas influencias de seus dias?
´ ´
8. Como pais sabios hoje podem imitar o exemplo de Noe e sua esposa?
´ ´ ´
9, 10. (a) Que ordem de Jeova mudou a vida de Noe? (b) O que Jeova disse
´
a Noe sobre o projeto e o objetivo da arca? 19
IMITE A SUA FÉ  NOÉ

esposas de teus filhos contigo.” Noé também devia levar represen-


tantes de todos os tipos de animais. Apenas os que estivessem den-
tro da arca sobreviveriam ao Dilúvio! — Gên. 6:17-20.
11 Noé tinha diante de si uma tarefa gigantesca. A arca seria

enorme — uns 133 metros de comprimento, 22 metros de largura


e 13 metros de altura. Era muito maior do que as maiores embar-
cações de madeira construídas até hoje. Será que Noé tentou se li-
vrar dessa designação, reclamou de seus desafios ou alterou os de-
talhes para facilitar as coisas para ele? A Bíblia responde: “Noé
passou a fazer segundo tudo o que Deus lhe mandara. Fez exata-
mente assim.” — Gên. 6:22.
12 A construção durou décadas, talvez de 40 a 50 anos. Havia

árvores para derrubar, toras para arrastar e vigas para cortar, mol-
dar e encaixar. A arca teria três pavimentos, ou conveses, vários
compartimentos e uma porta lateral. Também teria janelas no alto,
ao longo dos quatro lados, bem como um telhado de duas águas
com uma leve inclinação para que a água escorresse. — Gên. 6:14-16.
13 Conforme os anos passavam e a arca tomava forma, Noé

deve ter ficado muito feliz com o apoio de sua família. Havia ou-
tro aspecto do trabalho que pode ter sido ainda mais desafiador do
que construir a arca. A Bíblia diz que Noé era um “pregador da jus-
tiça”. (Leia 2 Pedro 2:5.) Assim, ele corajosamente tomou a lide-
rança em avisar aquela sociedade ímpia e perversa sobre a destrui-
ção que estava para acontecer. Qual foi a reação das pessoas? Mais
tarde, Jesus Cristo disse que as pessoas daquela época “não fizeram
caso”. Ele disse que elas estavam tão envolvidas com as coisas do
dia a dia, como comer, beber e casar, que não deram nenhuma
atenção a Noé. (Mat. 24:37-39) Sem dúvida, muitos zombaram dele
e de sua família; alguns talvez o tenham ameaçado e se oposto a
ele violentamente. Talvez tenham até mesmo tentado impedir a
construção da arca.
14 Mas Noé e sua família nunca desistiram. Apesar de viverem

num mundo que considerava o principal objetivo da vida deles


algo sem importância, sem sentido e tolo, eles continuaram a rea-
lizar o seu trabalho fielmente. Assim, as famílias cristãs hoje po-
dem aprender muito da fé de Noé e sua família. Afinal, vivemos
no que a Bíblia chama de “últimos dias” deste sistema mundial.
(2 Tim. 3:1) Jesus disse que nossa época seria exatamente como a
época em que Noé construiu a arca. O mundo reage à mensagem
11, 12. Que tarefa gigantesca Noé tinha diante de si, e como ele reagiu a esse
desafio?
13. Que aspecto do trabalho de Noé pode ter sido mais desafiador do que
construir a arca, e qual foi a reação das pessoas?
20 14. O que as famílias cristãs podem aprender de Noé e sua família?
´ ´
Noe e sua famılia trabalharam juntos para cumprir as ordens de Deus
Apesar das
ˆ
evidencias de que
´
Jeova abençoava
´
Noe, as pessoas
zombavam dele e
ignoravam sua
mensagem

sobre o Reino de Deus com apatia, zombaria ou mesmo persegui-


˜ ´ ˜ ´ ˜
çao. Por isso, e bom que os cristaos se lembrem de Noe, pois nao
˜
sao os primeiros a enfrentar desafios como esses.
“Entra na arca”
15 ´ ´
Decadas depois, a arca finalmente ficou pronta. Quando Noe
estava com quase 600 anos, ele enfrentou algumas perdas. Seu pai,
´
Lameque, morreu.1 Cinco anos mais tarde, Metusalem, pai de La-
ˆ ´
meque e avo de Noe, morreu com 969 anos — encerrando a vida
´ ˆ ´
mais longa do registro bıblico. (Gen. 5:27) Tanto Metusalem como
ˆ ˜
Lameque foram contemporaneos do primeiro homem, Adao.
´
16 Quando o patriarca Noe tinha 600 anos, ele recebeu outra
´
ordem de Jeova Deus: “Entra na arca, tu e todos os da tua casa.”
´
Ao mesmo tempo, Deus mandou Noe levar todo tipo de animal
para a arca — sete no caso dos animais puros, apropriados para sa-
´ ˆ
crifıcios, e dois no caso dos demais. — Gen. 7:1-3.
´
17 Deve ter sido uma vista inesquecıvel. No horizonte podia-se

ver animais de todos os tamanhos, formas e temperamentos, che-


gando aos milhares. Eles vinham andando, alguns de modo desa-
´
1 Lameque tinha dado ao seu filho o nome de Noe, que provavelmente significa “des-
´
canso” ou “consolo”, e tinha profetizado que Noe cumpriria o significado do seu
´
nome por levar a humanidade a um descanso de seu trabalho arduo sobre o solo
ˆ ˜
amaldiçoado. (Gen. 5:28, 29) Lameque nao viveu para ver suas palavras se cumpri-
˜ ˜ ˜ ´ ´
rem. A mae, os irmaos e as irmas de Noe talvez tenham morrido no Diluvio.
´
15. Que perdas Noe enfrentou quando estava com quase 600 anos?
´
16, 17. (a) Que outra ordem Noe recebeu quando tinha 600 anos? (b) Que
´ ´ ´
22 vista inesquecıvel Noe e sua famılia tiveram?
jeitado, outros bem devagar, e ainda outros vinham voando e ras-
˜ ´
tejando. Nao precisamos imaginar o pobre Noe brigando com os
´ ´
animais, tentando cerca-los ou fazendo alguma coisa para atraı-los
para dentro do espaço limitado da arca. O relato diz que eles “en-
´ ˆ
traram . . . vindo a Noe para dentro da arca”. — Gen. 7:9.
´
18 Alguns ceticos talvez perguntem: ‘Como algo assim poderia

acontecer? E como todos aqueles animais poderiam conviver em


´ ´ ´
paz num espaço limitado?’ Pense no seguinte: Sera que esta alem
˜ ´
do poder do Criador do Universo controlar sua criaçao animal, ate
´ ´
mesmo tornando-os mansos, se necessario? Lembre-se que foi Jeova
´
que criou os animais. Muito tempo depois, ele tambem abriu o
´ ˜
mar Vermelho e fez o Sol ficar parado. Sera que ele nao poderia
´
realizar todos os eventos descritos no relato de Noe? Com certeza
poderia, e foi isso que ele fez!
´
19 E verdade que Deus poderia ter escolhido salvar sua criaçao ˜
animal de outro modo. No entanto, ele sabiamente escolheu fazer
isso de um modo que nos lembra da responsabilidade que ele ti-
nha dado aos humanos: cuidar de todas as coisas vivas na Terra.
ˆ ´ ´
(Gen. 1:28) Assim, muitos pais usam a historia de Noe para ensi-
´ ´ `
nar a seus filhos que Jeova da valor aos animais e as pessoas que
ele criou.
20 Jeova´ disse a Noe´ que o Diluvio
´
viria em uma semana. Deve
´ `
18, 19. (a) Que linha de raciocınio podemos usar para responder as pergun-
´ ´
tas dos ceticos sobre o relato de Noe? (b) Como podemos ver a sabedoria de
´ ˜
Jeova no modo como ele escolheu salvar sua criaçao animal?
´ ´ ´
20. Em que sentido a ultima semana antes do Diluvio deve ter sido um perıo-
´ ´
do de muita atividade para Noe e sua famılia? 23
´ ´
IMITE A SUA FE  NOE

´ ´
ter sido um perıodo de muita atividade para a famılia. Imagine o
trabalho de colocar e organizar na arca todos os animais, bem como
´ ´
alimento para eles e para a famılia, alem de levar os seus perten-
´ ˜ ´
ces para dentro. A esposa de Noe e as esposas de Sem, Ca e Jafe de-
vem ter ficado muito interessadas em fazer da arca um lugar con-
´
fortavel para morar.
21 E as outras pessoas? Elas “nao ˜
fizeram caso” — apesar de to-
ˆ ´ ´
das as evidencias de que Jeova estava abençoando Noe e seu traba-
˜
lho. Elas nao tinham como deixar de notar os animais entrando na
˜
arca. Mas a apatia delas nao nos deve surpreender. As pessoas hoje
´ ˜ ˆ
tambem nao fazem caso das esmagadoras evidencias de que esta-
´
mos vivendo nos ultimos dias deste sistema mundial. E como o
´
apostolo Pedro predisse, haveria ridicularizadores que zombariam
dos que acatam os avisos de Deus. (Leia 2 Pedro 3:3-6.) De modo
´ ´
similar, as pessoas com certeza zombaram de Noe e sua famılia.
22 Quando foi que a zombaria acabou? O relato diz que, quan-
´ ´ ´
do Noe, sua famılia e os animais estavam dentro da arca, “Jeova fe-
´
chou a porta atras dele”. Se alguns dos ridicularizadores estavam
´ ˜ ´
por perto, sem duvida essa açao divina os silenciou. Caso contra-
rio, a chuva fez isso — pois choveu mesmo! E continuou choven-
´
do, chovendo e chovendo — ate inundar a Terra toda, assim como
´ ˆ
Jeova tinha dito. — Gen. 7:16-21.
´ ´
23 Sera que Jeova se alegrou com a morte daquelas pessoas mas? ´
˜ ´
Nao! (Eze. 33:11) Pelo contrario, ele tinha dado a elas muitas opor-
tunidades de mudar seu modo de vida e fazer o que era certo. Elas
´
poderiam ter feito isso? O modo de vida de Noe respondeu a essa
´
pergunta. Por andar com Jeova, obedecendo a
´
seu Deus em todas as coisas, Noe mostrou que
´ ´
ˆ era possıvel sobreviver. Nesse sentido, sua fe
PARA VOCE PENSAR . . . condenou o mundo de seus dias; deixou bem
´ ˜ ´
˙ Que desafios Noe e sua esposa evidente a perversidade daquela geraçao. Sua fe
´ ˆ
enfrentaram para criar seus fi- salvou a vida dele e de sua famılia. Se voce imi-
´ ´ ´ ´
lhos? tar a fe de Noe, tambem podera beneficiar tan-
´ ´ ˆ
˙ Por que Noe mostrou fe ao to a voce como aqueles a quem ama. Assim
´ ˆ ´
construir a arca? como Noe, voce pode andar com Jeova Deus e
ˆ
te-lo como seu Amigo. E essa amizade pode du-
˙ Por que pregar deve ter sido di-
´ ´ rar para sempre!
fıcil nos dias de Noe?
ˆ ´
˙ De que maneiras voce esta de- 21, 22. (a) Por que a apatia das pessoas nos dias de
´ ˜
´ ´ Noe nao nos deve surpreender? (b) Quando as pes-
terminado a imitar a fe de Noe? ´ ´
soas pararam de zombar de Noe e sua famılia?
´ ˜
23. (a) Como sabemos que Jeova nao se alegrou com
´ ´
a morte das pessoas mas nos dias de Noe? (b) Por que
´ ´ ´ ´
24 e sabio imitar a fe de Noe hoje?
´ ˆ
CAPITULO TRES

O “pai de todos
ˆ ´
os que tem fe”
˜
ABRAAO olhou para cima e fixou seu olhar no imponente zigura-
˜ ˆ
te, uma construçao em forma de piramide, que se destacava em
sua cidade natal, Ur.1 Ali se ouvia o som de muitas pessoas, e su-
bia uma fumaça. Os sacerdotes do deus-lua estavam oferecendo sa-
´ ˜
crifıcios novamente. Imagine Abraao virando as costas e balan-
çando a cabeça, com a testa franzida.
Enquanto ia para casa, passando en- ˜
tre muitas pessoas pelas ruas, ele pro- Como Abraao
vavelmente pensou na idolatria que
se tornou um
tomava conta de Ur. Como a mancha ˜
˜
daquela adoraçao corrompida tinha exemplo tao
se espalhado pelo mundo desde os ´ ´
´ notavel de fe?
dias de Noe!
2 Noe´ morreu apenas dois anos
˜ ´ ´ ´
antes de Abraao nascer. Quando Noe e sua famılia saıram da arca
´ ´ ´
depois do Diluvio, aquele patriarca ofereceu um sacrifıcio a Jeova
˜ ´ ˆ
Deus, que entao fez aparecer um arco-ıris. (Gen. 8:20; 9:12-14) Na-
´ ´ ˜
quela epoca, a unica adoraçao que existia no mundo era a adora-
˜ ´ ˜ ´
çao pura. Mas agora, ao passo que a decima geraçao de Noe se es-
˜
palhava pela Terra, a adoraçao pura ficava cada vez mais rara.
˜ ´
Pessoas em toda a parte adoravam deuses pagaos. Ate mesmo o pai
˜
de Abraao, Tera, estava envolvido em idolatria, talvez fabricando
´
ıdolos. — Jos. 24:2.
3 Abraao˜ `
era diferente. A medida que os anos passavam, ele se
´ ´
destacava cada vez mais por causa de sua fe. De fato, o apostolo
´
Paulo foi mais tarde inspirado a chama-lo de o “pai de todos os
´ ˜ ˜
1 Nessa epoca, o nome de Abraao era Abrao. Mas anos depois Deus mudou o nome
˜ ˜ ˆ
dele para Abraao, que significa “pai duma multidao”. — Gen. 17:5.
´
1, 2. Como o mundo tinha mudado desde os dias de Noe, e como isso afetou
˜
Abraao?
` ˜
3. A medida que os anos passavam, que qualidade se destacava em Abraao, e
o que podemos aprender disso?

25
ˆ ´
que tem fe”. (Leia Romanos 4:11.) Vejamos o
˜
que ajudou Abraao a desenvolver essa qualida-
´
de. Assim, nos mesmos poderemos aprender
´
muito sobre como aumentar a nossa fe.
˜ ´ ´ ´
Adoraçao a Jeova apos o Diluvio
4 ˜ ´
Como Abraao aprendeu sobre Jeova
´ ´
Deus? Sabemos que Jeova tinha servos fieis na
Terra naqueles dias. Um deles era Sem. Embo-
˜ ˆ
ra nao fosse o mais velho dos tres filhos de
´ ´
Noe, em geral ele e mencionado primeiro, pro-
´ ´
vavelmente por causa de sua notavel fe.1 Um
´ ´
tempo depois do Diluvio, Noe se referiu a
´ ˆ
Jeova como o “Deus de Sem”. (Gen. 9:26) Sem
´ ˜
tinha respeito por Jeova e pela adoraçao pura.
5 Sera´ que Abraao ˜ ´ ´
conhecia Sem? E prova-
˜
vel. Quando era criança, Abraao deve ter fica-
do fascinado de saber que tinha um ances-
´
˜ tral vivo que ja havia presenciado mais de
Abraao rejeitou a ´
400 anos de historia humana! Sem tinha visto
idolatria, que era ´ ´
˜
tao comum em Ur toda a maldade do mundo pre-diluviano, o grande Diluvio que ti-
˜ ˜ `
nha limpado a Terra, a formaçao das primeiras naçoes a medida
´ ˜
que a humanidade se multiplicava e a epoca sombria da rebeliao
˜
de Ninrode na Torre de Babel. O fiel Sem nao se envolveu naque-
˜ ´ ´
la rebeliao. Assim, quando Jeova confundiu a lıngua dos constru-
´ ´
tores daquela torre, Sem e sua famılia continuaram a falar a lın-
´ ´ ˜
gua original da humanidade, a mesma lıngua de Noe. Abraao era
´
dessa famılia e certamente cresceu tendo muito respeito por Sem.
´
Alem disso, Sem continuou vivo durante a maior parte da longa
˜
vida de Abraao. Portanto, deve ter sido por meio de Sem que
˜ ´
Abraao aprendeu sobre Jeova.
6 De qualquer forma, Abraao ˜ ´ ˜
levou a serio a importante liçao
´
que aprendeu do Diluvio. Ele se esforçou para andar com Deus, as-
´ ˜
sim como Noe. Foi por isso que Abraao rejeitou a idolatria e se
´ ´ ´
destacou como alguem diferente em Ur, talvez ate em sua famılia
´
imediata. Mas ele encontrou alguem que lhe dava muito apoio.
´ ˜
Ele se casou com Sara, uma mulher notavel nao apenas pela bele-
˜ ´
1 De modo similar, Abraao e muitas vezes mencionado primeiro entre os filhos de
˜
Tera, embora nao fosse o mais velho.
˜ ´
4, 5. Por meio de quem Abraao deve ter aprendido sobre Jeova, e por que po-
´ ´
demos concluir que isso e possıvel?
˜ ´ ˜
6. (a) Como Abraao mostrou que levou a serio a importante liçao que apren-
´ ˜
26 deu do Diluvio? (b) Como era a vida de Abraao e Sara?
ˆ ´
O “PAI DE TODOS OS QUE TEM FE”

´ ´ ´ ˜
za, mas tambem pela grande fe em Jeova.1 Embora nao tivessem
´
filhos, eles tiveram muita alegria em servir juntos a Jeova. Eles
´ ´ ´ ˜ ˜
tambem criaram Lo, um orfao que era sobrinho de Abraao.
7 Abraao ˜ ´
nunca trocou Jeova pela idolatria de Ur. Ele e Sara es-
tavam dispostos a se destacar como diferentes daquelas pessoas
´ ´
idolatras. Para desenvolvermos verdadeira fe, precisamos ter uma
´
atitude similar. Tambem devemos estar dispostos a ser diferentes.
˜
Jesus disse que seus seguidores ‘nao fariam parte do mundo’ e que
˜
o mundo os odiaria por causa disso. (Leia Joao 15:19.) Se algum
ˆ
dia voce ficar muito triste por ter sido rejeitado por membros da
´ ` ˜
sua famılia ou por outras pessoas devido a sua decisao de servir a
´ ˆ ˜ ´ ´ ˜
Jeova, lembre-se que voce nao e o unico. Assim como Abraao e
ˆ ´ ´
Sara fizeram no passado, voce tambem estara andando com Deus.

“Sai da tua terra”


8 ˜ ˆ ´
Certo dia, Abraao teve uma experiencia inesquecıvel. Ele re-
´ ´ ˜ ´
cebeu uma mensagem de Jeova Deus! A Bıblia nao da muitos de-
´ `
talhes sobre isso, mas diz que “o Deus da gloria” apareceu aquele
homem fiel. (Leia Atos 7:2, 3.) Talvez por meio de um represen-
´ ˜ ´ ´
tante angelico, Abraao teve um vislumbre da magnıfica gloria do
˜
Soberano do Universo. Podemos imaginar como Abraao ficou
´
emocionado de ver o contraste entre o Deus vivente e os ıdolos
´
sem vida adorados pelas pessoas da sua epoca.
9 Qual foi a mensagem de Jeova´ a Abraao? ˜
“Sai da tua terra e
de teus parentes e vai para uma terra que eu te hei de mostrar.”
´ ˜ ´
Jeova nao disse qual terra tinha em mente — so disse que a mos-
˜ ˜ ´
traria a Abraao. Mas primeiro Abraao teria de deixar para tras sua
´ ´
terra natal e seus parentes. No antigo Oriente Medio, a famılia era
´
muito importante. Em geral, era algo terrıvel um homem deixar
seus parentes e se mudar para um lugar distante; para alguns, isso
era pior que a morte!
´
10 Deixar sua terra envolvia sacrifıcios. Ur era uma cidade rica
˜
e movimentada. (Veja o quadro “A cidade que Abraao e Sara dei-
´ ˜
xaram para tras”.) Escavaçoes revelaram que havia casas muito
´
confortaveis na antiga Ur; algumas tinham doze aposentos ou mais
´
para a famılia e os servos. Os aposentos ficavam ao redor de um
´ ´
1 Nessa epoca, o nome de Sara era Sarai. Mais tarde, porem, Deus mudou o nome
ˆ
dela para Sara, que significa “princesa”. — Gen. 17:15.
˜
7. Por que os seguidores de Jesus precisam imitar Abraao?
ˆ ´ ˜
8, 9. (a) Que experiencia inesquecıvel Abraao teve? (b) Qual foi a mensagem
´ ˜
de Jeova a Abraao?
´ ˜
10. Por que deve ter sido um sacrifıcio para Abraao e Sara deixar sua casa
em Ur? 27
´ ˜
IMITE A SUA FE  ABRAAO

´ ´ ´
patio interno pavimentado. Algumas facilidades incluıam agua en-
´
canada, banheiros e sistema de esgoto. Lembre-se, tambem, que
˜ ˜
Abraao e Sara nao eram jovens. Ele provavelmente tinha mais de
70 anos; e ela, mais de 60. Com certeza, ele queria cuidar bem de
Sara e lhe dar algum conforto — algo que todo bom marido quer
para sua esposa. Imagine as conversas que eles tiveram sobre essa
˜ ´ ˜
designaçao, as duvidas e as preocupaçoes que talvez tenham sur-
˜
gido. Como Abraao deve ter ficado feliz quando Sara aceitou o de-
´
safio! Assim como ele, ela estava disposta a deixar para tras todos
os confortos de sua casa.
11 Apos ´ ˜ ˜
tomarem a decisao, Abraao e Sara tinham muito que
fazer. Precisavam embalar e organizar muita coisa. O que levariam
´
nessa viagem para o desconhecido, e o que deixariam para tras?
No entanto, o mais importante eram as pessoas que faziam parte
˜
da sua vida. O que fariam com o idoso Tera, pai de Abraao? Eles
´ ´ ´
resolveram leva-lo e tomar conta dele. E provavel que ele tenha
concordado plenamente com isso, pois o relato atribui a ele, como
˜ ´
patriarca, a decisao de sair de Ur com sua famılia. Pelo visto, ele
´ ˜ ´
tinha abandonado a idolatria. Lo, sobrinho de Abraao, tambem iria
ˆ
com eles. — Gen. 11:31.
12 Finalmente chegou o dia da viagem. Visualize a caravana
˜
ajuntando-se de manha do lado de fora das muralhas e do fosso de
Ur. Os camelos e os jumentos estavam carregados, os rebanhos
´
tinham sido ajuntados, a famılia e os servos estavam prontos — ha-
via certa expectativa no ar.1 Talvez todos estivessem olhando para
˜
Abraao, apenas aguardando seu sinal para partir. Por fim, chegou a
´
hora e eles partiram, deixando Ur para tras para nunca mais voltar.
13 Atualmente, muitos servos de Jeova´ decidem se mudar para
´
onde ha necessidade de mais pregadores do Reino. Outros deci-
´
dem aprender um novo idioma para expandir seu ministerio. Ou
decidem experimentar outra modalidade de serviço com a qual
˜ ˜ ˜
nao estao acostumados. Decisoes como essas em geral exigem sa-
´ ˜ ˜
crifıcios — a disposiçao de abrir mao de certa medida de conforto.
˜ ´ ´ ` ˜
Essa disposiçao e muito elogiavel e bem parecida a de Abraao e
´ ´
Sara. Se demonstrarmos essa fe, podemos ter certeza de que Jeova
´
sempre nos dara muito mais do que damos a ele. Ele sempre re-
´ ˜
1 Alguns eruditos questionam se o camelo era domesticado na epoca de Abraao, mas
˜ ´ ˜
seus argumentos sao fracos. A Bıblia diz que havia camelos entre os bens que Abraao
´ ˆ
possuıa. — Gen. 12:16; 24:35.
˜
11, 12. (a) O que Abraao e Sara tiveram de preparar e decidir antes de sair de
ˆ
Ur? (b) Como voce descreveria o dia da viagem?
´ ˜
13. De que maneiras muitos servos de Jeova hoje demonstram uma disposiçao
` ˜
28 parecida a de Abraao e Sara?
ˆ ´
O “PAI DE TODOS OS QUE TEM FE”

´ ´
compensa os que demonstram fe. (Heb. 6:10; 11:6) Sera que ele
˜
fez isso no caso de Abraao?
Do outro lado do Eufrates
14 Aos poucos, a caravana se acostumou com a rotina de via-
˜ `
jar. Podemos imaginar Abraao e Sara as vezes montados em ani-
`
mais e as vezes caminhando; sua conversa se misturava ao baru-
lho dos sinos pendurados nos arreios dos animais. Com o tempo,
´ ´
ate mesmo os viajantes menos experientes ganharam pratica em
montar e desmontar o acampamento, bem como em ajudar o ido-
so Tera a se acomodar confortavelmente sobre um camelo ou um
˜
jumento. Eles seguiram em direçao ao noroeste, contornando o
grande arco formado pelo rio Eufrates. Dias se transformavam em
semanas, e a paisagem ia passando lentamente.
ˆ
15 Finalmente, depois de percorrerem uns 960 quilometros,
˜
avistaram as cabanas de forma arredondada de Hara, uma cidade
´
prospera no cruzamento das rotas comerciais leste-oeste. Eles pa-
raram e se estabeleceram ali por um tempo. Talvez Tera estivesse
muito fraco para continuar a viagem.
´ ˜ ˜
14, 15. Como foi a viagem de Ur ate Hara, e por que Abraao talvez tenha de-
cidido se estabelecer por um tempo ali?

˜ ´
A cidade que Abraao e Sara deixaram para tras
˜ ´ ´ ´
A organizaçao de Jeova ha muito tempo tem se uma cidade prospera! Reluzentes casas e lojas
´ ˜
esforçado para tornar mais vıvidas as descriçoes caiadas se enfileiram por suas ruas tortuosas.
´
de personagens bıblicos e dos lugares em que Mercadores e fregueses pechincham preços nos
˜ ˜ ´
viviam. Por exemplo, a seguinte descriçao da bazares. Usando montes de la crespa, operarios
˜ ´
cidade que Abraao e Sara deixaram para tras labutam dia e noite fiando um fio branco como
apareceu na Despertai! de 22 de maio de 1988: leite. Nos navios, escravos pisam sobre pran-
´ chas rangentes, curvando-se sob o peso de
‘A MEIO caminho entre o golfo Persico e a
´ tesouros importados.
cidade de Bagda acha-se uma pilha de tijolos
´ ´ ˜ `
de barro com aspecto desagradavel. Ela e ape- ‘Toda essa agitaçao ocorre a sombra de um ma-
´
nas uma sentinela solitaria que vigia ampla jestoso zigurate que domina a paisagem da
´ ˆ ´
faixa do deserto esteril. Golpeadas por tempes- cidade. Adoradores vem a esse santuario para
´ `
tades de po e aquecidas pelo sol hostil, as render homenagem a deidade que creem ter
´ ´ ˆ ˆ
melancolicas ruınas mantem-se em total silen- trazido prosperidade a Ur — o deus-lua Nana,
cio, rompido apenas pelo uivo ocasional de um ou Sin.
´ ´ ´ ´
animal noturno. Isso e tudo que resta do que ja ‘Para certo homem, porem, o cheiro dos sacrifı-
foi um dia a poderosa cidade de Ur. ˆ
cios oferecidos no alto dessa enorme piramide
ˆ ˜ ´ ´ ´
‘Mas retorne uns quatro milenios. Ali, no que nao e agradavel nem santo. Seu nome e
˜ ´ ˜
era entao a margem leste do rio Eufrates, Ur e Abrao.’
´ ˜
IMITE A SUA FE  ABRAAO

16 ˆ ˜
Por fim, Tera morreu com 205 anos. (Gen. 11:32) Abraao
´ ´ ´
recebeu muito consolo nessa epoca difıcil, pois Jeova se comuni-
´ ˜
cou novamente com ele. Jeova repetiu as instruçoes que tinha lhe
` ˜
dado em Ur, e acrescentou detalhes as suas promessas. Abraao se
˜ ´
tornaria “uma grande naçao” e, por causa dele, todas as famılias
ˆ
da Terra seriam abençoadas. (Leia Genesis 12:2, 3.) Motivado por
˜
esse pacto entre ele e Deus, Abraao sabia que era hora de conti-
nuar a viagem.
17 Desta vez, porem, ´
havia mais coisas para embalar, pois
´ ˜ ˜
Jeova tinha abençoado Abraao enquanto esteve em Hara. O relato
menciona “todos os bens que tinham acumulado e as almas que
˜ ˆ
tinham adquirido em Hara”. (Gen. 12:5) Para se tornar uma na-
˜ ˜ ´
çao, Abraao precisaria de muitos recursos materiais e servos. Jeova
˜ ´
em geral nao enriquece seus servos, mas lhes da tudo o que preci-
sam para fazerem a Sua vontade. Assim, fortalecido por Deus,
˜
Abraao continuou sua viagem rumo ao desconhecido.
18 A varios´ ˜
dias de viagem de Hara fi-
cava Carquemis, onde as caravanas costu-
mavam atravessar o rio Eufrates. Talvez te-
˜
Uma data importante nha sido nesse local que Abraao chegou a
´ ´ um momento crucial na historia dos tratos
´
na historia bıblica
˜ de Deus com Seu povo. Pelo visto foi em
A data em que Abraao atravessou ˆ
´ 1943 AEC, no dia 14 do mes que mais tar-
o rio Eufrates e importante na cronolo- ˜ ˜
´ de foi chamado de nisa, que Abraao atra-
gia bıblica. Outros eventos importantes ˆ
aconteceram nessa mesma data em vessou o rio com sua caravana. (Exo. 12:40-
´
anos posteriores. Exatamente 430 anos 43) Ao sul ficava a terra que Jeova tinha
˜ ˜
mais tarde, em 14 de nisa de 1513 AEC, prometido mostrar a Abraao. Naquele dia,
´ ˜ ˜
Jeova libertou Israel da escravidao no o pacto de Deus com Abraao entrou em vi-
Egito, de modo que eles puderam ir e gor.
tomar posse da terra que ˆ Deus tinha 19 Abraao ˜ ´ ˜
˜ atravessou o paıs em direçao
prometido a Abraao. (Exo. 12:40, 41; ´
´ ao sul, e a caravana parou perto das arvores
Gal. 3:17) E, na mesma data, em 33 EC, ´ ´ ´
´ grandes de More, proximo a Siquem. Ali,
Jesus reuniu seus apostolos e fez com
eles um pacto para que se tornassem ˜
´ 16, 17. (a) Que pacto deixou Abraao motivado?
parte de um governo no ceu, que em ´
(b) Como Jeova abençoou Abraao enquanto este-
˜
´ ˜
breve resolvera todos os problemas da ve em Hara?
´
humanidade. (Luc. 22:29) Ate hoje, as ˜
´ ´ 18. (a) Quando foi que Abraao chegou a um mo-
Testemunhas de Jeova se reunem todos ´
mento crucial na historia dos tratos de Deus com
˜
os anos para celebrar a Refeiçao Notur- Seu povo? (b) Que outros eventos importantes
na do Senhor na data que corresponde ˜
˜ ´ aconteceram em 14 de nisa de anos posteriores?
a 14 de nisa no calendario judaico. ´
(Veja o quadro “Uma data importante na historia
— Luc. 22:19. ´
bıblica”.)
´ ˜ ˆ
19. A promessa de Jeova a Abraao fez referencia
ˆ
30 a que, e do que ele talvez tenha se lembrado?
´ ´ ˜
Deixar para tras a vida confortavel em Ur foi um desafio para Abraao e Sara
´ ˜
IMITE A SUA FE  ABRAAO

´ ˜
Jeova mais uma vez falou com Abraao. Dessa vez a promessa de
ˆ ` ˆ ˜
Deus fez referencia a descendencia de Abraao, a qual tomaria pos-
´ ˜ ´
se da terra. Sera que Abraao se lembrou da profecia de Jeova no
´
Eden, que mencionava um “descendente” que um dia salvaria a
ˆ
humanidade? (Gen. 3:15; 12:7) Talvez. Pode ser que ele tenha co-
˜
meçado a entender, embora nao claramente, que fazia parte de um
´ ´
grande proposito que Jeova tinha em mente.
˜
20 Abraao mostrava profundo apreço pelo privilegio ´ ´
que Jeova
´
lhe tinha dado. Ao viajar pelo paıs — de modo cauteloso, visto que
˜
os cananeus ainda moravam ali —, Abraao parou e construiu alta-
´ ´ ´
res a Jeova, primeiro perto das arvores grandes de More, depois
´
perto de Betel. Ele invocava o nome de Jeova, provavelmente ex-
˜
pressando sincera gratidao ao seu Deus, ao passo que pensava em
ˆ ´
como seria o futuro da sua descendencia. Talvez ele tambem te-
ˆ
nha pregado aos seus vizinhos cananeus. (Leia Genesis 12:7, 8.)
˜ ` ´
Com certeza, Abraao ainda enfrentaria muitos desafios a sua fe. De
´ ˜ ´
maneira sabia, ele nao olhava para tras, para a casa e os confortos
que tinha deixado em Ur. Ele olhava para a frente. Hebreus 11:10
˜
diz que Abraao “aguardava a cidade que tem verdadeiros alicerces,
´
cujo construtor e fazedor e Deus”.
21 Nos que servimos a Jeova´ hoje sabemos muito mais do que
´
˜
Abraao sobre aquela cidade figurativa — o Reino de Deus. Sabemos
´ ´ ´ ´
que o Reino ja esta estabelecido no ceu e que em breve trara o fim
´
deste sistema mundial. Tambem sabemos que o descendente de
˜ ´ ´ ´
Abraao, prometido muito tempo atras, e Jesus Cristo e que ele ja
´ ´
governa nesse Reino. Que privilegio sera
˜
vermos Abraao voltar a viver e por fim en-
´ ˜
ˆ tender o proposito divino que antes ele nao
PARA VOCE PENSAR . . . ˆ
˜ ´ entendia claramente! Voce gostaria de ver
˙ Como Abraao demonstrou fe ´
Jeova cumprir todas as suas promessas? Em
mesmo diante de idolatria? caso afirmativo, continue a fazer o que
˙ O que o impressiona na disposi- ˜ ´
Abraao fez. Esteja disposto a fazer sacrifı-
˜ ˜
çao de Abraao de deixar Ur? cios, seja obediente e tenha profundo apre-
´ ˜ ´ ´ ´
˙ A fe de Abraao proporcionou a ço pelos privilegios que Jeova lhe da. Imi-
ˆ ˜ ´ ´ ˜
ele que bençaos e privilegios? te a fe de Abraao, o “pai de todos os que
ˆ ˆ ´ ´ ´
˙ De que maneiras voce gostaria tem fe”, e ele, por assim dizer, tambem sera
´ ˜ o seu pai!
de imitar a fe de Abraao?
˜ ´
20. Como Abraao mostrava apreço pelo privilegio
´
que Jeova lhe tinha dado?
21. Como o nosso conhecimento sobre o Reino de
˜
Deus se compara ao que Abraao tinha, e o que
ˆ ´
32 voce esta decidido a fazer?
´
CAPITULO QUATRO

“Aonde quer que fores,


irei eu”
RUTE estava andando ao lado de Noemi numa estrada que se es-
´ ˜ ´
tendia pelos aridos planaltos de Moabe. Nao havia mais ninguem
´ ´
alem das duas no meio daquela imensa paisagem. Ja era quase
˜
noite, e Rute olhava para sua sogra, talvez se perguntando se nao
seria melhor procurar um lugar para dormir. Rute tinha muito
´
carinho por Noemi e faria todo o possıvel para cuidar dela.
˜
2 As duas levavam no coraçao uma grande dor. Noemi era
´ ´
viuva ja por muitos anos, mas agora chorava a morte de seus dois
´
filhos, Quiliom e Malom. Rute tambem estava de luto. Malom
era seu marido. Ela e Noemi iam para o mesmo lugar, a cidade
´
de Belem, em Israel. Mas, de certa forma, suas jornadas eram di-
ferentes. Noemi estava voltando para casa, ao passo que Rute es-
´ ´
tava partindo para o desconhecido, deixando para tras sua famı-
lia, bem como sua terra natal com todos os seus costumes,
incluindo seus deuses. — Leia Rute 1:3-6.
3 Por que uma jovem mulher faria uma mudança tao ˜ ´
drasti-
ca? Onde Rute encontraria forças para recomeçar a vida e cuidar
´ ´
de Noemi? A resposta a essas perguntas destacara varios aspectos
´ ´
da fe de Rute que podemos imitar. (Veja tambem o quadro “Uma
obra-prima em miniatura”.) Primeiro, vejamos o que levou essas
´
duas mulheres a iniciar aquela longa viagem para Belem.
´ ´
Uma famılia dilacerada pela tragedia
´
4Rute cresceu em Moabe, um pequeno paıs ao leste do
˜
mar Morto. A regiao era composta basicamente de planaltos pou-
co arborizados, cortados por vales profundos. Os “campos de
´
Moabe” em geral eram ferteis, mesmo quando a fome assolava
1, 2. (a) Descreva a viagem de Rute e Noemi e a dor que elas sentiam. (b) Em
que sentido as jornadas de Rute e Noemi eram diferentes?
´ ´
3. A resposta a que perguntas nos ajudara a imitar a fe de Rute?
´
4, 5. (a) Por que a famılia de Noemi se mudou para Moabe? (b) Que desafios
Noemi enfrentou em Moabe?

33
´
Rute sabiamente se apegou a Noemi num perıodo de perda e pesar
“AONDE QUER QUE FORES, IREI EU”

Israel. De fato, foi por isso que Rute conheceu Malom e sua fa-
´
mılia. — Rute 1:1.
5 Por causa de uma fome em Israel, o marido de Noemi, Eli-
´
meleque, tinha decidido sair de sua terra com a famılia. Foram
morar em Moabe como estrangeiros. Essa mudança deve ter sido
´
desafiadora para a fe de cada um deles, pois os israelitas precisa-
´
vam adorar regularmente no lugar sagrado escolhido por Jeova.
´
(Deut. 16:16, 17) Noemi conseguiu manter viva sua fe, mas so-
freu muito com a morte de seu marido. — Rute 1:2, 3.
6 Noemi tambem ´
deve ter sofrido quando seus filhos se ca-
˜
saram com mulheres moabitas. (Rute 1:4) Ela sabia que Abraao,
˜
antepassado de Israel, nao havia medido esforços para procurar
´ ´
entre seu povo alguem que adorasse a Jeova para se casar com
ˆ
seu filho, Isaque. (Gen. 24:3, 4) Mais tarde, a Lei mosaica deixou
˜
claro que os israelitas nao deviam permitir que seus filhos e fi-
˜
lhas se casassem com estrangeiros, para que o povo de Deus nao
se desviasse para a idolatria. — Deut. 7:3, 4.
7 Ainda assim, Malom e Quiliom se casaram com moabitas.

Mesmo que Noemi tenha ficado preocupada ou decepcionada,


`
pelo visto ela fez de tudo para mostrar bondade e amor as suas
´
noras, Rute e Orpa. Talvez esperasse que um dia elas tambem se
´
tornassem adoradoras de Jeova. De qualquer modo, tanto Rute
como Orpa gostavam muito de Noemi, e esse bom relacionamen-
´
to foi de grande ajuda quando a famılia foi atingida por uma tra-
´
gedia. Antes que tivessem filhos, as duas jovens mulheres fica-
´
ram viuvas. — Rute 1:5.
8 Sera´ que a formaçao ˜
religiosa de Rute a tinha preparado
´
para uma tragedia dessas? Dificilmente. Os moabitas adoravam
´ ´ ´
varios deuses, sendo Quemos o principal. (Num. 21:29) Parece
˜ ´ `
que a religiao moabita tambem recorria a brutalidade e aos hor-
˜ ´ ´
rores tao comuns naquela epoca, incluindo o sacrifıcio de crian-
ças. Isso com certeza era muito diferente de tudo o que Rute
havia aprendido com Malom ou Noemi sobre o amoroso e mise-
´
ricordioso Deus de Israel, Jeova. Ele governa por meio do amor,
˜ ˆ ´
nao do terror. (Leia Deuteronomio 6:5.) Com sua tragica perda,
Rute deve ter se apegado ainda mais a Noemi e escutado com in-
teresse o que essa mulher idosa tinha a dizer sobre o Deus
6, 7. (a) Por que Noemi talvez tenha ficado preocupada quando seus filhos se
´ ´
casaram com moabitas? (b) Por que e elogiavel o modo como Noemi tratava
suas noras?
´ ´
8. O que talvez tenha atraıdo Rute a Jeova? 35
´
IMITE A SUA FE  RUTE

todo-poderoso, suas obras maravilhosas e seu modo amoroso e


misericordioso de lidar com seu povo.
´
9 Noemi, por sua vez, estava ansiosa para ter notıcias de sua
terra. Certo dia, ela ouviu, talvez de um comerciante viajante,
´
que a fome em Israel havia acabado. Jeova tinha voltado sua
˜ ´
atençao para seu povo. Belem novamente fazia jus a seu nome,
˜
que significa “casa de pao”. Por isso, Noemi decidiu voltar.
— Rute 1:6.
10 O que Rute e Orpa fariam? (Rute 1:7) Durante suas afli-
˜
çoes, elas haviam se achegado muito a Noemi. Parece que Rute,
em especial, havia se afeiçoado a Noemi por causa de sua bon-
´ ´ ˆ ´
dade e forte fe em Jeova. As tres viuvas partiram juntas rumo a
´
Juda.
´
11 O relato de Rute nos lembra que tragedias e perdas acon-
´
tecem tanto a pessoas boas e honestas como a pessoas mas. (Ecl.
´ ´
9:2, 11) Mostra tambem que, diante de uma perda difıcil de su-
´
portar, e bom recorrer ao consolo de outros — especialmente dos
´
que se refugiam em Jeova, o Deus de Noemi. — Pro. 17:17.
O amor leal de Rute
ˆ
12 Depois de muitos quilometros de caminhada, Noemi co-
˜
meçou a ter outra preocupaçao. Ficou pensando naquelas duas
jovens e no amor que haviam mostrado por ela e por seus filhos.
˜
Noemi nao suportava a ideia de agora ser mais um fardo para
´ ´
elas. Se deixassem sua terra natal e a acompanhassem ate Belem,
o que Noemi poderia fazer por elas?
13 Por fim, Noemi disse: “Ide, voltai, cada uma a` casa de sua
˜ ´ ˆ
mae. Que Jeova use de benevolencia para convosco assim como
´ ˆ ´
vos usastes de benevolencia para com os homens agora ja mor-
´
tos e para comigo.” Ela tambem expressou a esperança de que
˜
9-11. (a) Que decisao Noemi, Rute e Orpa tomaram? (b) O que podemos
´
aprender das tragedias que Noemi, Rute e Orpa sofreram?
12, 13. Por que Noemi queria que Rute e Orpa voltassem para casa em vez de
´ ˜
acompanha-la, e qual foi a reaçao inicial das duas jovens mulheres?
“AONDE QUER QUE FORES, IREI EU”

´
Jeova as recompensaria com outros maridos e uma vida nova.
˜
O relato continua: “Entao as beijou, e elas começaram a levan-
˜ ´ ´
tar as suas vozes e a chorar.” Nao e difıcil ver por que Rute e
˜ ´
Orpa sentiam tanta afeiçao por essa mulher altruısta e de bom
˜ ˜
coraçao. As duas insistiam: “Nao, mas voltaremos contigo ao teu
povo.” — Rute 1:8-10.
14 No entanto, Noemi nao ˜
se deixou convencer facilmente.
ˆ ˜
Argumentou com insistencia que nao podia fazer muito pelas
˜ ´
duas em Israel. Ela nao tinha marido para sustenta-la nem filhos
˜
com quem elas pudessem se casar, e nao havia nenhuma pers-
´
pectiva de isso mudar. Daı, disse que sua incapacidade de cuidar
delas era um motivo de amargura. Para Orpa, as palavras de Noe-
´ ˜
mi faziam sentido. Sua famılia, sua mae e sua casa estavam em
´
Moabe, esperando por ela. Realmente parecia mais pratico perma-
necer em Moabe. Assim, com grande tristeza, ela beijou Noemi
e foi embora. — Rute 1:11-14.
15 O que dizer de Rute? Os argumentos de Noemi tambem ´
valiam para ela. Mas o relato diz: “Quanto a Rute, apegou-se a
´
ela.” Noemi talvez ja tivesse retomado a viagem quando perce-
˜
beu que Rute a estava seguindo. Entao disse: “Eis que a tua cu-
nhada enviuvada voltou ao seu povo e aos seus deuses. Volta com
a tua cunhada enviuvada.” (Rute 1:15) As palavras de Noemi re-
˜ ´
velam um detalhe importante. Orpa tinha voltado nao so para
´ ˜
seu povo, mas tambem para “seus deuses”. Ela nao se importava
´
de continuar a adorar Quemos e outros deuses falsos. E Rute?
´ ´
Sera que tambem pensava assim?
ˆ
14, 15. (a) Orpa voltou para o que? (b) Como Noemi tentou convencer Rute
a voltar?

´
“Teu povo sera o meu
povo, e teu Deus,
o meu Deus”

37
´
IMITE A SUA FE  RUTE

˜ ´
16 Vendo Noemi naquela estrada deserta, Rute nao tinha du-
˜
vida do que sentia. Seu coraçao transbordava de amor por Noemi
˜
— e pelo Deus a quem ela servia. Assim, Rute disse: “Nao instes
comigo para te abandonar, para recuar de te acompanhar; pois,
aonde quer que fores, irei eu, e onde quer que pernoitares, per-
´
noitarei eu. Teu povo sera o meu povo, e teu Deus, o meu Deus.
Onde quer que morreres, morrerei eu e ali serei enterrada. Assim
´ ˜
me faça Jeova e assim lhe acrescente mais, se outra coisa senao
˜
a morte fizer separaçao entre mim e ti.” — Rute 1:16, 17.
17 As palavras de Rute sao ˜ ´ ´
notaveis. Tanto e que ficaram para
´ ´
a Historia, resistindo ate os nossos dias — 3 mil anos depois. Elas
expressam de modo perfeito uma qualidade preciosa, o amor leal.
˜ ˜
O amor de Rute era tao forte, tao leal, que ela iria com Noemi
´
para onde quer que ela fosse. Apenas a morte poderia separa-las.
´
O povo de Noemi se tornaria seu proprio povo, pois Rute estava
´
disposta a deixar para tras tudo que conhecia em Moabe — in-
´
cluindo os deuses moabitas. Ao contrario de Orpa, Rute podia di-
zer com toda a sinceridade que queria que o Deus de Noemi,
´ ´
Jeova, tambem fosse seu Deus.1
˜
18 Entao as duas, agora sozinhas, continuaram a longa via-
´
gem para Belem. Segundo uma estimativa, essa viagem pode ter
levado uma semana. Mas, com certeza, elas encontraram na com-
panhia uma da outra certa medida de consolo para seu pesar.
19 O mundo esta´ repleto de sofrimento e pesar. Em nossos
´ ´ ´
dias, que a Bıblia chama de “tempos crıticos, difıceis de mane-
jar”, enfrentamos todo tipo de perda e dor. (2 Tim. 3:1) Portan-
´
to, a qualidade demonstrada por Rute e agora mais importante
do que nunca. O amor leal — o amor que se apega a algo e
´ ´
simplesmente se recusa a larga-lo — e uma força poderosa para o
˜
bem neste mundo cada vez mais em escuridao. Precisamos dele
no casamento, no relacionamento com nossos parentes e ami-
˜ ˜ ˜
gos, bem como na congregaçao crista. (Leia 1 Joao 4:7, 8, 20.)
Por cultivarmos esse tipo de amor, imitamos o excelente exem-
plo de Rute.
´ ˜ ´
1 E interessante que Rute nao usou apenas o tıtulo impessoal “Deus”, como muitos es-
´ ´
trangeiros talvez fizessem; ela tambem usou o nome de Deus, Jeova. The Interpreter’s
´ ´
Bible (A Bıblia do Interprete) diz: “O escritor enfatiza assim que essa estrangeira era
seguidora do Deus verdadeiro.”

16-18. (a) Como Rute demonstrou amor leal? (b) O que o exemplo de Rute
´
nos ensina sobre o amor leal? (Veja tambem a gravura das duas mulheres.)
´
19. Como podemos imitar o amor leal de Rute na famılia, entre amigos e na
˜
38 congregaçao?
“AONDE QUER QUE FORES, IREI EU”

´
Rute e Noemi em Belem
´
20 Naturalmente, uma coisa e falar de amor leal; outra bem
´ ´ ´
diferente e coloca-lo em pratica. Rute tinha diante de si a opor-
˜ ´
tunidade de mostrar seu amor leal nao so por Noemi, mas tam-
´ ´
bem pelo Deus a quem escolheu adorar, Jeova.
21 As duas por fim chegaram a Belem, uma pequena cidade ´
ˆ ´
uns 10 quilometros ao sul de Jerusalem. Parece que Noemi e sua
´
famılia haviam tido algum destaque no passado, pois todos esta-
vam falando ´ sobre seu retorno. As mulheres olhavam para ela e
diziam: “E esta Noemi?” Pelo visto, ela estava bem diferente de
´
quando partiu de Belem; os anos de dificuldades e sofrimento em
Moabe haviam deixado marcas em seu semblante e em seu cor-
po. — Rute 1:19.
22 Noemi disse a essas mulheres como sua vida tinha se tor-
´
nado amarga. Ela ate achava que seu nome devia ser mudado de
Noemi, que significa “minha agradabilidade”, para Mara, que sig-
´
nifica “amarga”. Pobre Noemi! Assim como Jo, que viveu antes
´
dela, Noemi achava que tinha sido Jeova Deus
que havia causado suas dificuldades. — Rute
´
1:20, 21; Jo 2:10; 13:24-26.
23 Quando as duas se estabeleceram em Uma obra-prima
´ em miniatura
Belem, Rute começou a pensar em qual seria
o melhor modo de cuidar de si mesma e de ´
O livro de Rute ja foi descrito como
Noemi. Ela soube que a Lei que Israel havia uma pequena joia, uma obra-prima
´ ´ ˜ ´
recebido de Jeova incluıa uma provisao amo- em miniatura. E verdade que esse
˜ ˜ ´ ˜ ˜
rosa para os pobres. Eles tinham permissao de livro nao e tao extenso nem tao
´ ´
entrar nos campos na epoca da colheita e se- abrangente quanto o livro de Juızes,
guir os ceifeiros, respigando o que fosse dei- que o antecede e que fornece seu
´ ´
xado para tras e o que crescia nas beiradas dos fundo historico. (Rute 1:1) Tudo indi-
campos.1 — Lev. 19:9, 10; Deut. 24:19-21. ca que os dois livros foram escritos
pelo profeta Samuel. Mas, ao ler a
´ ´
1 Essa lei era notavel, sem duvida bem diferente de tudo o
´ ˆ
´
Bıblia, voce talvez concorde que o
que Rute tinha visto em sua terra natal. Naquela epoca, no livro de Rute ocupa o lugar certo no
´ ´
Oriente Medio, as viuvas eram tratadas muito mal. Certa ˆ ´
ˆ ´
obra de referencia diz: “Apos a morte do marido, normal- canon da Bıblia. Depois de ler sobre
´ ˜ ˜
mente a viuva tinha de contar com o apoio de seus filhos; guerras, invasoes e retaliaçoes no livro
˜ ´
se nao tivesse nenhum, talvez so lhe restasse se vender como ´
` ˜ de Juızes, nos deparamos com esse
escrava, recorrer a prostituiçao ou morrer.”
pequeno livro que nos lembra que
´ ´ `
20-22. (a) Que efeito os anos que Noemi passou em Jeova esta sempre atento as pessoas
´
Moabe tiveram sobre ela? (b) Que ponto de vista erra- pacıficas que lutam com os proble-
´
do Noemi tinha sobre suas dificuldades? (Veja tambem mas do dia a dia. Esse breve drama
Tiago 1:13.) ˜
familiar ensina grandes liçoes sobre
23. Em que Rute começou a pensar, e que provisao a
˜ ´
´ amor, perda, fe e lealdade, que
Lei mosaica tinha para os pobres? (Veja tambem a ´
podem beneficiar a todos nos.
nota.)
´
IMITE A SUA FE  RUTE

´
24 Era a epoca da colheita da cevada, provavelmente abril em
´
nosso calendario atual, e Rute foi aos campos para ver quem a
deixaria respigar. Ela foi parar nos campos de Boaz, um rico pro-
´
prietario de terras e parente de Elimeleque, falecido marido de
Noemi. Embora a Lei lhe desse o direito de respigar, ela achou
˜ ´
melhor pedir permissao ao rapaz responsavel pelos ceifeiros. En-
˜
tao, Rute começou o trabalho imediatamente. — Rute 1:22–2:3, 7.
`
25 Imagine Rute seguindo os ceifeiros. A medida que eles cor-

tavam a cevada com suas foices de pedra, ela se abaixava para pe-
´ ´
gar o que caıa ou o que eles deixavam para tras. Depois, amarra-
va as hastes em feixes e os carregava para um lugar onde mais
˜
tarde pudesse debulhar os graos. Era um trabalho lento e cansa-
´
tivo que ficava cada vez mais difıcil com o passar do dia. Mas
Rute continuava a trabalhar, parando apenas para enxugar o suor
˜
do rosto e tomar uma refeiçao simples “na casa”, talvez um abri-
go que provia sombra para os trabalhadores.
26 Rute provavelmente nao ˜
esperava ser notada, mas foi. Boaz
a viu e perguntou ao jovem encarregado quem era ela. Boaz, um
´ ´
notavel homem de fe, cumprimentava todos os seus trabalha-
´
dores — talvez incluindo os de um dia ou ate os estrangeiros. Ele
´
dizia: “Jeova seja convosco.” E eles respondiam da mesma ma-
neira. Esse homem mais velho, de mentalidade espiritual, mos-
trou um interesse paternal em Rute. — Rute 2:4-7.
24, 25. O que Rute fez quando chegou aos campos de Boaz, e como era respi-
gar nesses campos?
26, 27. Que tipo de pessoa era Boaz, e como ele tratou Rute?

Rute estava
disposta a trabalhar
arduamente num
serviço humilde para
sustentar a si mesma
e a Noemi

40
“AONDE QUER QUE FORES, IREI EU”

27 Chamando Rute de “filha”, Boaz a aconselhou a continuar


respigando em seus campos e a permanecer perto das moças de
sua casa para que nenhum trabalhador a importunasse. Boaz se
certificou de que ela tivesse o que comer na hora do almoço.
(Leia Rute 2:8, 9, 14.) Mas acima de tudo ele a elogiou e enco-
rajou. Como?
28 Quando Rute perguntou a Boaz o que ela, uma estrangei-

ra, havia feito para merecer aquele gesto de bondade, ele respon-
deu que´ tinha ouvido falar de tudo o que ela havia feito por sua
´
sogra. E provavel que Noemi tenha falado bem de sua querida
´
nora para as mulheres de Belem e que isso tenha chegado aos
´
ouvidos de Boaz. Ele tambem sabia que Rute tinha aceitado a
˜ ´ ´
adoraçao de Jeova, pois disse: “Jeova recompense teu modo de
´ ´
agir e haja para ti um salario perfeito da parte de Jeova, o Deus
de Israel, debaixo de cujas asas vieste refugiar-te.” — Rute 2:12.
29 Como essas palavras devem ter encorajado Rute! Ela real-
´
mente tinha decidido se refugiar debaixo das asas de Jeova Deus,
˜
como um passarinho se aconchega no ninho sob a proteçao de
˜
sua mae. Rute agradeceu a Boaz por suas palavras tranquilizado-
´ ´
ras. Daı, continuou trabalhando ate anoitecer. — Rute 2:13, 17.
´ ´
30 A fe demonstrada por Rute e um excelente exemplo para
´
todos os que lutam pelo sustento nesta epoca de dificuldades eco-
ˆ ˜
nomicas. Ela nao se achava no direito de exigir nada dos outros
˜
e, por isso, era grata por tudo que faziam por ela. Nao sentia ver-
´
gonha de trabalhar arduamente por varias horas para cuidar de
quem amava, mesmo que fosse num serviço humilde. Com apre-
´
ço, aceitou e aplicou conselhos sabios sobre como trabalhar com
´
segurança e em boa companhia. O mais importante e que nun-
´
ca perdeu de vista onde estava seu verdadeiro refugio — sob a
˜ ´
proteçao de seu Pai, Jeova Deus.
31 Se mostrarmos amor leal como

Rute e seguirmos seu exemplo de humil- ˆ


ˆ ˜ ´ PARA VOCE PENSAR . . .
dade, diligencia e gratidao, nossa fe tam- ´
´ ´
bem sera um bom exemplo para outros. ˙ Como Rute mostrou que tinha fe
´
´ em Jeova Deus?
Mas como Jeova cuidou de Rute e Noemi?
´
Isso sera considerado no proximo capı-
´ ´ ˙ Como Rute demonstrou amor leal?
´
tulo. ˙ Por que Jeova tinha apreço por Rute?
ˆ
˜ ˙ De que maneiras voce gostaria
28, 29. (a) Qual era a reputaçao de Rute? (b) As- ´
ˆ de imitar a fe de Rute?
sim como Rute, como voce pode se refugiar em
´
Jeova?
30, 31. O que o exemplo de Rute nos ensina sobre
´ ˜
habitos de trabalho, gratidao e amor leal? 41
´
CAPITULO CINCO

“Uma mulher de bem”


RUTE se ajoelhou perto da pilha de cevada que ajuntou durante
´ ´
o dia. A noite caıa nos campos ao redor de Belem, e muitos tra-
´ ˜
balhadores ja se dirigiam ao portao da pequena cidade situada no
´
topo de uma serra ali perto. Rute estava com os musculos dolo-
ridos depois de um longo dia de trabalho, que tinha começado
bem cedo. Ainda assim, ela continuou trabalhando, batendo nas
˜
hastes com uma pequena vara para soltar os graos. Apesar de
tudo, o dia tinha sido bom — muito melhor do que ela esperava.
2 Sera´ que as coisas finalmente melhorariam para essa jovem
´ ´
viuva? Como vimos no capıtulo anterior, ela tinha se apegado a
Noemi, sua sogra, jurando que ficaria com ela e que se tornaria
´ ´ ´
adoradora de Jeova, o Deus de Noemi. As duas viuvas tinham saı-
´
do de Moabe e ido para Belem, e Rute, que era moabita, logo fi-
´ ˜ ´
cou sabendo que a Lei de Jeova fazia provisoes praticas e dignas
para os pobres em Israel, incluindo os estrangeiros. Agora ela po-
´
dia observar alguns dos servos de Jeova, que seguiam a Lei e eram
treinados por ela, agirem de um modo que revelava espirituali-
˜ ˜
dade e bondade. Isso tocou seu coraçao tao sofrido.
3 Um desses servos foi Boaz, um homem rico, de mais idade.

Era nos campos dele que Rute respigava. Naquele dia, ele havia
reparado em Rute e sentido um carinho paternal por ela. Com
´
certeza, ela ficou contente no seu ıntimo ao pensar nas palavras
bondosas dele, elogiando-a por cuidar da idosa Noemi e por bus-
˜ ´
car proteçao sob as asas do Deus verdadeiro, Jeova. — Leia Rute
2:11-14.
4 Mesmo assim, Rute talvez se preocupasse com seu futuro.
˜
Visto que era estrangeira, pobre e nao tinha marido nem filhos,
` `
como ela sustentaria a si mesma e a sua sogra nos anos a frente?
1, 2. (a) Que tipo de trabalho Rute estava fazendo? (b) Rute ficou sabendo de
que aspectos positivos sobre a Lei de Deus e seu povo?
3, 4. (a) Como Boaz encorajou Rute? (b) Como o exemplo de Rute pode nos
´ ˆ
ajudar nesta epoca de grandes dificuldades economicas?

42
“UMA MULHER DE BEM”

´
Sera que respigar seria suficiente? E quem cuidaria dela quando
envelhecesse? Seria natural que ela se preocupasse com isso. Mui-
ˆ ´
tos tem ansiedades similares nesta epoca de grandes dificuldades
ˆ ´
economicas. Ao analisarmos como a fe de Rute a ajudou a en-
frentar esses desafios, veremos muitas coisas que podemos imitar.
´ ´
O que e uma famılia?
˜ ´
5 Quando acabou de bater os graos e ajunta-los, Rute viu que
havia respigado aproximadamente 1 efa de cevada, ou 22 litros.
Pode ser que sua carga pesasse uns 14 quilos. Rute talvez tenha
embrulhado tudo num pano, colocado sobre a cabeça e partido
´
para Belem ao anoitecer. — Rute 2:17.
6 Noemi ficou feliz de ver sua querida nora e talvez tenha fi-

cado surpresa ao notar a pesada carga de cevada que Rute trazia.


´
Visto que Rute tambem havia trazido sobras dos alimentos que
Boaz tinha providenciado para os trabalhadores, as duas toma-
˜
ram uma refeiçao simples. Noemi perguntou: “Onde respigaste
hoje e onde trabalhaste? Torne-se bendito aquele que reparou em
ti.” (Rute 2:19) Noemi estava atenta — a grande quantidade de
˜ ´
provisoes que Rute havia conseguido mostrava que alguem tinha
´
reparado na jovem viuva e a tinha tratado com bondade.
7 As duas começaram a conversar, e Rute disse a Noemi como

Boaz tinha sido bondoso. Comovida, Noemi exclamou: “Bendito


´ ˜ ˆ
seja ele por Jeova que nao abandonou a sua benevolencia para
com os vivos e os mortos.” (Rute 2:20) Ela encarou a bondade de
´
Boaz como vinda de Jeova, que move seus servos a ser genero-
´ ´
sos e promete recompensa-los por sua bondade.1 — Leia Prover-
bios 19:17.
8 Noemi incentivou Rute a aceitar a oferta de Boaz de conti-

nuar respigando em seus campos e de ficar perto das moças da


˜
casa dele, para nao ser importunada pelos ceifeiros. Rute aceitou
´
esse conselho. Ela tambem continuou a ‘morar com a sua sogra’.
´
(Rute 2:22, 23) Vemos aqui de novo a qualidade mais notavel de
´
Rute — o amor leal. Seu exemplo pode nos fazer refletir: sera que
´ ˜
1 Conforme observado por Noemi, a bondade de Jeova nao se limita aos vivos; ela
´
se estende ate mesmo aos mortos. Noemi tinha perdido o marido e os dois filhos.
Rute havia perdido o marido. Com certeza, elas amavam muito esses homens. Qual-
quer bondade mostrada a Rute e Noemi era, na verdade, mostrada aos homens que
com certeza teriam desejado que essas mulheres queridas fossem bem cuidadas.

5, 6. (a) O que Rute conseguiu no primeiro dia de respiga no campo de


˜
Boaz? (b) Qual foi a reaçao de Noemi ao ver Rute?
ˆ
7, 8. (a) Noemi encarou a bondade de Boaz como vinda de quem, e por que?
`
(b) De que outro modo Rute demonstrou amor leal a sua sogra? 43
´
IMITE A SUA FE  RUTE

prezamos nossos laços familiares, apoiando lealmente as pessoas


´
que amamos e ajudando-as quando necessario? Esse amor leal
´
nunca passa despercebido de Jeova.
´
9 Sera que podemos dizer que Rute e Noemi formavam uma
´ ´ ´ ´ ´
famılia? Para alguns, uma famılia so e considerada famılia no ple-
´ ˜
no sentido quando todos os papeis sao preenchidos — marido,
´
esposa, filhos, avos e assim por diante. Mas o exemplo de Rute e
´
Noemi mostra que ate mesmo duas pessoas podem ser conside-
´
radas uma famılia se demonstrarem carinho, bondade e amor en-
ˆ ´ ` ´
tre si. Seja qual for o seu caso, voce da valor a sua famılia? Jesus
˜ ˜
lembrou a seus seguidores que a congregaçao crista pode se tor-
´ ˜
nar uma famılia para quem nao tem nenhuma. — Mar. 10:29, 30.
´
“Ele e um dos nossos resgatadores”
10 Rute continuou a respigar nos campos de Boaz desde a co-
´ `
lheita da cevada, em abril, ate a colheita do trigo, em junho. A
´
medida que as semanas passavam, Noemi sem duvida pensava
cada vez mais no que poderia fazer por sua nora. Quando ainda
estavam em Moabe, Noemi achava que
jamais poderia ajudar Rute a encontrar
outro marido. (Rute 1:11-13) Mas agora
O exemplo de Rute e começava a pensar de outra forma. Ela dis-
˜
Noemi nos motiva a dar se a Rute: “Minha filha, nao devia eu
` ´ procurar-te um lugar de descanso?” (Rute
valor a nossa famılia 3:1) Naquele tempo, era costume os pais
ˆ
procurarem um conjuge para os filhos, e
Rute de fato havia se tornado como uma
filha para Noemi. Ela queria achar “um lugar de descanso” para
` ˜
Rute — referindo-se a segurança e proteçao que um lar e um ma-
rido proporcionariam. Mas o que Noemi poderia fazer?
11 Quando Rute falou de Boaz pela primeira vez, Noemi dis-
´ ´
se: “O homem e aparentado conosco. Ele e um dos nossos resga-
tadores.” (Rute 2:20) O que isso significava? A Lei de Deus para
´ ˜ ´
Israel incluıa provisoes amorosas para as famılias que passassem
por dificuldades devido a pobreza ou luto. Se uma mulher ficas-
´
se viuva sem ter filhos, ela se sentiria ainda mais aflita porque
ˆ
isso impediria que a descendencia e o nome de seu marido con-
´
9. O que o exemplo de Rute e Noemi nos ensina sobre a famılia?
10. De que maneira Noemi queria ajudar Rute?
11, 12. (a) Quando Noemi disse que Boaz era um “resgatador”, a que pro-
˜ ˜
visao da Lei de Deus ela se referia? (b) Qual foi a reaçao de Rute ao conselho
44 de sua sogra?
Rute e Noemi ajudaram
`
˜ e animaram uma a outra
tinuassem nas geraçoes futuras. Mas a Lei de Deus permitia que
˜ ´
o irmao do marido se casasse com a viuva. Assim ela poderia dar
`
a luz um herdeiro que desse continuidade ao nome do falecido
´
e cuidasse dos bens da famılia.1 — Deut. 25:5-7.
12 Noemi pensou num plano e contou a Rute. Podemos ima-

ginar o olhar surpreso de Rute ao passo que sua sogra falava. A


Lei de Israel ainda era algo novo para Rute, e muitos dos costu-
mes eram um pouco estranhos para ela. No entanto, sua consi-
˜ ˜
deraçao por Noemi era tao grande que ela ouviu atentamente
cada palavra. O que Noemi aconselhou Rute a fazer talvez tenha
´
parecido estranho ou embaraçoso, ate mesmo humilhante, mas
ela escutou o conselho e humildemente disse: “Farei tudo o que
me disseres.” — Rute 3:5.
`
13 As vezes e´ difıcil
´
para ´ os jovens ouvir os conselhos dos
´ ˜
mais velhos e experientes. E facil achar que os mais velhos nao
conseguem realmente entender os problemas e desafios que os
jovens enfrentam. O exemplo de humildade de Rute nos lembra
que ouvir a sabedoria de pessoas mais velhas que nos amam e
querem o nosso melhor pode ser muito recompensador. (Leia
´
Salmo 71:17, 18.) Mas qual foi o conselho de Noemi, e sera que
´
Rute foi mesmo recompensada por aplica-lo?
` ´
1 Pelo visto, assim como o direito a herança, o direito de se casar com a viuva cabia
˜ ´ ´
primeiro aos irmaos do falecido e depois ao parente mais proximo. — Num. 27:5-11.

13. O que o exemplo de Rute nos ensina sobre aceitar conselhos dos mais ve-
´ ´
lhos? (Veja tambem Jo 12:12.) 45
˜
A motivaçao de Rute
ao procurar Boaz era
´ Rute na eira
pura e altruısta
´ ´
14 Naquele dia, ao anoitecer, Rute foi ate a eira — uma area
˜
plana de terra batida onde os lavradores levavam os graos para
ser debulhados e joeirados. Normalmente, se escolhia um lugar
numa encosta ou no alto de uma colina, onde as brisas eram mais
˜
fortes no fim da tarde e começo da noite. Para separar os graos
´
do restolho e da palha, usavam-se grandes forquilhas ou pas.
A mistura era lançada para o alto de modo que o vento levava
˜ ´ ˜
embora a palha, que era mais leve, e os graos caıam no chao.
`
15 Rute ficou observando discretamente a medida que o ser-
´
viço era concluıdo. Boaz supervisionou o trabalho de joeirar os
˜
graos, que eram amontoados em grande quantidade. Depois de
˜
uma boa refeiçao, ele se deitou perto do monte de cereal. Pelo
´
visto, naquela epoca era costume fazer isso, talvez para proteger
˜
a preciosa colheita contra ladroes ou saqueadores. Rute viu Boaz
ˆ ˜
se deitar; era o momento de por o plano de Noemi em açao.
˜
16 Com o coraçao acelerado, Rute se aproximou lentamente.

Dava para ver que Boaz estava num sono profundo. Assim, con-
´
forme Noemi tinha dito, ela descobriu os pes dele e se deitou ali
perto. Depois aguardou. O tempo foi passando, mas para Rute
deve ter parecido uma eternidade. Por fim, perto da meia-noite,
Boaz começou a se mexer. Tremendo de frio, ele se esticou para
´ ˜ ´
cobrir os pes. Entao, percebeu que havia alguem ali. Conforme
14. O que era uma eira, e o que se fazia ali?
15, 16. (a) Descreva o que aconteceu depois que Boaz terminou o trabalho.
´
46 (b) Como Boaz descobriu que Rute estava deitada aos seus pes?
“UMA MULHER DE BEM”

´
o relato diz, “havia uma mulher deitada aos seus pes!” — Rute
3:8.
17 “Quem es ´
tu?”, perguntou ele. Rute respondeu, talvez com
ˆ
a voz tremula: “Sou Rute, tua escrava, e tens de estender a tua
´
aba sobre a tua escrava, visto que es resgatador.” (Rute 3:9) Al-
´ ˜ ˜
guns comentaristas bıblicos dao a entender que as açoes e as pa-
˜
lavras de Rute tinham certa conotaçao sexual. Mas eles se esque-
cem de dois detalhes. Primeiro, Rute estava agindo de acordo
´
com os costumes da epoca, muitos dos quais se perderam no tem-
˜
po. Assim, seria um erro comparar as açoes dela com os baixos
˜
padroes morais de nossos dias. Segundo, Boaz respondeu de uma
maneira que deixa claro que ele encarava a conduta de Rute mo-
´
ralmente casta e muito elogiavel.
´
18 Sem duvida, o tom gentil e suave
de Boaz acalmou Rute. Ele disse: “Que
´
Jeova te abençoe, minha filha. Expressas- Por tratar outros
ˆ ´
te a tua benevolencia melhor no ultimo
˜
caso do que no primeiro, nao indo atras
´ com bondade e respeito,
˜
dos jovens, quer o de condiçao humilde,
˜ Rute conquistou uma
quer o rico.” (Rute 3:10) A expressao “no ˜
primeiro [caso]” referia-se ao amor leal de excelente reputaçao
Rute em acompanhar Noemi de volta para
´ ˜ ´
Israel e cuidar dela. Ja a expressao “no ul-
timo caso” tinha a ver com o que estava
˜
acontecendo naquela ocasiao. Boaz notou que uma jovem mu-
lher como Rute poderia facilmente ter procurado um marido en-
tre os homens bem mais novos, quer fossem ricos, quer pobres.
˜ ´
Em vez disso, ela procurou o bem nao so de Noemi, mas tam-
´
bem do marido falecido de Noemi, por dar continuidade ao
´ ˜ ´ ´
nome da famılia na terra dele. Nao e difıcil ver por que Boaz fi-
˜ ´
cou tao impressionado com o altruısmo dessa jovem mulher.
19 Boaz continuou: “E agora, minha filha, nao ˜
tenhas medo.
˜
Farei para ti tudo o que disseres, pois todos no portao do meu
´
povo se apercebem de que es uma mulher de bem.” (Rute 3:11)
´
Ele gostou da ideia de se casar com Rute; talvez ate certo ponto
˜
17. De que dois detalhes se esquecem os que dao a entender que havia algo
´ ˜
improprio nas açoes de Rute?
˜
18. O que Boaz disse para acalmar Rute, e a que duas expressoes da benevo-
ˆ
lencia dela ele se referia?
˜
19, 20. (a) Por que Boaz nao quis se casar com Rute imediatamente? (b) De
´
que maneiras Boaz foi bondoso e sensıvel com Rute e mostrou que se preocu-
˜
pava com a reputaçao dela? 47
´
IMITE A SUA FE  RUTE

esperasse que ela pedisse que ele fosse o resgatador dela. Mas
˜
Boaz era um homem correto e nao queria fazer as coisas simples-
ˆ
mente segundo suas preferencias. Ele disse a Rute que havia ou-
´ ´
tro resgatador, um parente mais proximo da famılia do marido
falecido de Noemi. Boaz falaria primeiro com esse homem para
lhe dar a oportunidade de se tornar marido de Rute.
20 Boaz sugeriu que Rute se deitasse de novo e descansasse
´ ˜
ate pouco antes do amanhecer; entao ela poderia ir embora dis-
˜
cretamente. Ele queria proteger tanto a reputaçao dela como a
dele, visto que as pessoas poderiam pensar que algo imoral ha-
´
via acontecido. Rute se deitou de novo aos pes de Boaz, talvez
´ ˜
agora mais tranquila apos ouvir uma resposta tao bondosa ao seu
pedido. Depois, enquanto ainda estava escuro, ela se levantou.
˜
Boaz encheu a manta de Rute com uma porçao generosa de ce-
´
vada, e ela voltou a Belem. — Leia Rute 3:13-15.
21 Deve ter sido muito bom para Rute pensar no que Boaz ti-
´
nha dito — que ela era “uma mulher de bem”. Sem duvida, essa
˜ `
reputaçao se devia em boa parte a vontade que ela tinha de co-
´ ´
nhecer a Jeova e servi-lo. Ela tambem havia mostrado grande
bondade e sensibilidade com Noemi e seu povo, por estar dispos-
ta a adaptar-se a costumes que para ela certamente eram desco-
´
nhecidos. Se imitarmos a fe de Rute, nos esforçaremos em respei-
´
tar as pessoas e seus costumes. Assim, tambem poderemos criar
˜
uma excelente reputaçao.
Um lugar de descanso para Rute
´
22 “Quem es, minha filha?”, perguntou Noemi quando Rute
chegou. Ela talvez tenha perguntado isso porque estava escuro.
´
Mas Noemi tambem queria saber se Rute ainda estava na mesma
˜ ´
situaçao de viuva descompromissada ou se agora havia a possibi-
lidade de um casamento. Rute logo contou a Noemi sobre sua
´ ˜
conversa com Boaz. Tambem mostrou a porçao generosa que
Boaz tinha lhe pedido para entregar a Noemi.1 — Rute 3:16, 17.
˜
1 Boaz deu a Rute seis medidas de um peso nao especificado — talvez para sugerir
´
que, assim como seis dias de trabalho eram seguidos de um descanso sabatico, os di-
´ ´
fıceis dias de Rute como viuva em breve seriam seguidos pelo “descanso” que um lar
´ ´ ´
e um marido proporcionariam. Ou e possıvel que as seis medidas — talvez pas
cheias — fossem tudo o que Rute conseguia levar.

21. O que fez com que Rute fosse conhecida como “uma mulher de bem”, e
como podemos imitar seu exemplo?
˜
22, 23. (a) O que talvez significasse a porçao que Boaz deu a Rute? (Veja tam-
´
48 bem a nota.) (b) Que conselho Noemi deu a Rute?
´ ´
Jeova abençoou Rute com o privilegio de ser ancestral do Messias
´
IMITE A SUA FE  RUTE

23 Noemi sabiamente aconselhou Rute a ficar em casa em vez


de sair para respigar nos campos. Ela garantiu a Rute: “O homem
˜ ´ ´
nao tera sossego a menos que leve o assunto ainda hoje a termi-
no.” — Rute 3:18.
˜
24 Noemi tinha razao. ˜
Boaz foi ao portao da cidade, onde os
˜
anciaos costumavam se reunir, e esperou que aquele parente mais
´
proximo passasse. Perante testemunhas, Boaz lhe deu a oportu-
nidade de atuar como resgatador por se casar com Rute. Mas o
´
homem recusou, alegando que isso prejudicaria sua propria he-
˜
rança. Assim, perante as testemunhas no portao da cidade, Boaz
declarou que agiria como resgatador, comprando tudo que per-
tencia a Elimeleque, marido de Noemi, e casando-se com Rute,
´
viuva de Malom, filho de Elimeleque. Boaz disse que com isso
ele esperava ‘fazer que se levantasse o nome do morto sobre a
sua herança’. (Rute 4:1-10) Boaz era mesmo um homem correto
´
e altruısta.
25 Boaz se casou com Rute. Entao ˜ ´
o relato diz: “Jeova conce-
`
deu-lhe conceber e ela deu a luz um filho.” As mulheres de Be-
´
lem abençoaram Noemi e elogiaram Rute. Disseram que ela era
para Noemi “melhor do que sete filhos”.
O relato mostra que o filho de Rute se tor-
ˆ nou ancestral do grande Rei Davi. (Rute
PARA VOCE PENSAR . . .
4:11-22) Davi, por sua vez, foi ancestral de
˙ Como Rute demonstrou
amor leal a Noemi?
Jesus Cristo. — Mat. 1:1.1
26 Rute realmente foi abençoada, as-
˙ Como Noemi demonstrou
amor a Rute? sim como Noemi, que ajudou a cuidar da
´ ´ criança como se fosse seu filho. A vida
˙ Por que Jeova da valor a ´
dessas duas mulheres e um belo lembrete
pessoas como Boaz, Noemi ´
e Rute? de que Jeova Deus nota o esforço de quem
ˆ trabalha de modo humilde para cuidar de
˙ Como voce pretende imitar ´
´ sua famılia e o serve lealmente com seu
a fe de Rute? ´
povo escolhido. Jeova sempre recompensa
´
pessoas fieis como Boaz, Noemi e Rute.
´ ´
1 Rute e uma das cinco mulheres que a Bıblia alista na
˜
linhagem de Jesus. Outra mulher foi Raabe, mae de
˜
Boaz. (Mat. 1:3, 5, 6, 16) Assim como Rute, ela nao era
israelita.

24, 25. (a) Como Boaz mostrou que era um ho-


´
mem correto e altruısta? (b) De que maneiras Rute
foi abençoada?
26. O exemplo de Rute e Noemi nos lembra de
ˆ
50 que?
´
CAPITULO SEIS

Ela abriu
˜
seu coraçao a Deus
ANA se ocupou com os preparativos da viagem, tentando esque-
˜
cer seus problemas. Era para ser uma ocasiao feliz. Todo ano, seu
´
marido, Elcana, viajava com a famılia para adorar a Deus no ta-
´ ´ ˜
bernaculo em Silo. Jeova queria que essas ocasioes fossem ale-
ˆ ´
gres. (Leia Deuteronomio 16:15.) E desde pequena Ana sem du-
vida apreciava muito essas festividades. Mas as coisas tinham
´
mudado nos ultimos anos.
2 Ana era muito amada pelo seu marido. Mas ele tinha outra

esposa, chamada Penina. Parecia que o objetivo dela na vida era


´
atormentar Ana. Penina conseguiu um jeito de fazer com que ate
˜ ´
essas ocasioes anuais fossem uma fonte de angustia para Ana.
´ ´
Como? E, mais importante, como a fe que Ana tinha em Jeova a
˜ ˜
ajudou a lidar com um problema que parecia nao ter soluçao? Se
ˆ
voce estiver enfrentando desafios que tiram sua alegria, provavel-
´ ´
mente achara a historia de Ana muito comovente.
˜
“Por que se sente mal o teu coraçao?”
´
3 A Bıblia mostra que Ana tinha dois grandes problemas na
vida. Sobre o primeiro, ela tinha pouco controle; e sobre o se-
´
gundo, nenhum. Ela estava num casamento polıgamo, e a outra
´ ´
esposa de seu marido a odiava. Alem disso, Ana era esteril. Essa
˜ ´ ´
situaçao e difıcil para qualquer mulher que deseja ter filhos, mas
´
na cultura e na epoca de Ana era ainda pior, porque todos espe-
ˆ ´
ravam ter descendencia para dar continuidade ao nome da famı-
´
lia. Ser esteril era uma grande vergonha.
4 Ana ate´ poderia ter tido forças para suportar essa situaçao,
˜
˜
se nao fosse a atitude de Penina. A poligamia nunca foi uma si-
˜ ´
tuaçao ideal. Gerava muita rivalidade, conflito e angustia. Era
˜
1, 2. (a) Por que Ana nao estava feliz apesar de estar se preparando para uma
´
viagem? (b) O que podemos aprender da historia de Ana?
3, 4. Que dois grandes problemas Ana tinha, e por que cada um deles era um
desafio?

51
IMITE A SUA FÉ  ANA

bem diferente do padrão de monogamia que Deus havia estabe-


lecido no jardim do Éden. (Gên. 2:24) Assim, a Bíblia apresenta
a poligamia numa luz desfavorável, e esse relato sobre a família
de Elcana é um forte exemplo disso.
5 Ana era a esposa preferida de Elcana. A tradição judaica diz

que ele se casou primeiro com Ana e alguns anos depois com Pe-
nina. Seja como for, Penina tinha muito ciúme de Ana e sempre
encontrava um jeito de fazer sua rival sofrer. A grande vantagem
de Penina em relação a Ana era sua fertilidade. Ela teve vários fi-
lhos, um atrás do outro, e seu orgulho aumentava cada vez que
dava à luz. Em vez de sentir pena de Ana e a consolar, Penina se
aproveitava do ponto fraco dela. A Bíblia diz que Penina humi-
lhava Ana “para fazê-la sentir-se desconcertada”. (1 Sam. 1:6) Ela
fazia isso de propósito; queria magoar Ana, e conseguia.
6 Pelo visto, a oportunidade preferida de Penina para ator-

mentar Ana era a viagem anual a Silo, e aquele ano não foi dife-
rente. A cada um dos muitos filhos de Penina — “a todos os filhos
e filhas dela” —, Elcana deu porções dos sacrifícios oferecidos a
Jeová. Mas a amada Ana recebeu uma porção especial. A invejo-
sa Penina rebaixou tanto aquela pobre mulher, mencionando vez
após vez sua esterilidade, que ela começou
a chorar e até perdeu o apetite. Elcana per-
cebeu logo que sua querida esposa estava
Ao enfrentar angustiada e não comia nada, por isso ten-
tratamento cruel em tou consolá-la. “Ana”, perguntou ele, “por
que choras e por que não comes, e por
casa, Ana recorreu que se sente mal o teu coração? Não te sou
a Jeová em busca eu melhor do que dez filhos?” — 1 Sam.
1:4-8.
de consolo 7 Elcana até conseguiu perceber que a

angústia de Ana tinha a ver com o fato de


ela ser estéril, e com certeza ela gostou de
sua demonstração de carinho.1 Mas ele não mencionou nada a
respeito das maldades de Penina. O relato também não sugere
1 Embora o relato mencione que Jeová havia “fechado a madre” de Ana, nada indi-
ca que ele desaprovasse essa mulher humilde e fiel. (1 Sam. 1:5) Às vezes, a Bíblia
diz que Deus fez algo, querendo dizer que ele apenas permitiu isso por um tempo.

5. Por que Penina queria que Ana sofresse, e como ela conseguia magoar
Ana?
6, 7. (a) Embora Elcana tentasse consolar Ana, por que talvez ela não lhe te-
nha contado tudo o que estava acontecendo? (b) Será que a esterilidade
52 de Ana era sinal da desaprovação de Jeová? Explique. (Veja a nota.)
´
Ana estava muito aflita porque era esteril, e Penina fazia de tudo para ela se sentir ainda pior
´
IMITE A SUA FE  ANA

que Ana tenha contado isso a ele. Talvez ela achasse que expor
´ ˜
Penina so pioraria a situaçao. Elcana mudaria realmente alguma
´ ˜ ´
coisa? Sera que Penina nao passaria a despreza-la ainda mais? E
que dizer dos filhos e dos servos daquela mulher maldosa? Ana
´
se sentiria cada vez mais uma estranha em sua propria casa.
8 Quer Elcana soubesse de toda a crueldade de Penina, quer
˜ ´ ´
nao, uma coisa e certa: Jeova Deus sabia de tudo. Sua Palavra ex-
˜
poe tudo o que aconteceu, dando assim um forte aviso a todos
´ ´
os que praticam atos aparentemente pequenos de odio e ciume.
´
Por outro lado, pessoas inocentes e pacıficas como Ana podem
sentir-se consoladas por saber que o Deus de justiça resolve to-
` ˆ
dos os assuntos no seu tempo e a sua maneira. (Leia Deuterono-
´
mio 32:4.) Com certeza Ana sabia disso, pois foi a Jeova que ela
procurou em busca de ajuda.
˜
‘Ela nao estava mais preocupada’
´ ´
9 Bem cedo, a casa ja estava movimentada. Todos, ate as
crianças, se preparavam para a viagem. Para chegar a Silo, aque-
´ ˆ
la grande famılia teria de atravessar mais de 30 quilometros na
˜
regiao montanhosa de Efraim.1 A viagem levaria um ou dois dias
´ ˜
a pe. Embora Ana soubesse como sua rival agiria, ela nao ficou
em casa. Assim, deu um valioso exemplo para os adoradores de
´
Deus hoje. Nunca devemos permitir que a ma conduta de outros
˜
atrapalhe nossa adoraçao a Deus, pois isso nos impediria de re-
ˆ ˜ ˜
ceber justamente as bençaos que nos dao forças para perseverar.
´
10 Apos um longo dia caminhando por estradas sinuosas nas
´
montanhas, aquela famılia chegou perto de Silo, no topo de uma
colina cercada por montes. Podemos imaginar Ana meditando
´ ˜
profundamente sobre o que diria a Jeova em oraçao. Ao chegar,
´ ˜ ˆ
a famılia tomou uma refeiçao. Assim que pode, Ana se separou
´ ´
do grupo e foi ao tabernaculo de Jeova. O Sumo Sacerdote Eli es-
´ ˜
tava la, sentado perto da porta. Mas a atençao de Ana estava em
´
seu Deus. Ali no tabernaculo ela tinha certeza de que seria ouvi-
´
da. Mesmo que mais ninguem pudesse entender o que ela esta-
ˆ ´
1 Essa distancia se baseia na possibilidade de Rama, cidade de Elcana, ser o mesmo
lugar conhecido como Arimateia nos dias de Jesus.
´
8. Ao enfrentar crueldade ou injustiça, por que e consolador lembrar-se que
´ ´
Jeova e o Deus de justiça?
˜
9. O que aprendemos da disposiçao de Ana de ir a Silo mesmo sabendo como
sua rival agiria?
´ ˆ
10, 11. (a) Por que Ana foi ao tabernaculo assim que pode? (b) Como Ana
˜
54 abriu o coraçao ao seu Pai celestial?
˜
E L A A B R I U S E U C O R A Ç A O A D E U S

´
va passando, seu Pai celestial podia. Toda a angustia de Ana veio
`
a tona, e ela começou a chorar.
11 Soluçando muito, Ana orou silenciosamente a Jeova. ´
Seus
´
labios tremiam ao passo que pensava nas palavras certas para ex-
˜ ˜
pressar sua dor. Ela fez uma longa oraçao, abrindo o coraçao ao
seu Pai. Mas fez mais do que apenas pedir a Deus que realizasse
˜ ´ ˆ ˜
seu forte desejo de ter filhos. Ana nao queria so receber bençaos
´
de Deus, mas tambem queria lhe dar o que podia. Assim, fez um
voto dizendo que, se tivesse um filho, ela o entregaria para ser-
´
vir a Jeova por toda a vida. — 1 Sam. 1:9-11.
12 No que se refere a` oraçao,
˜
Ana foi um exemplo para to-
´
dos os servos de Deus. Jeova bondosamente convida seus adora-
˜
dores a abrir o coraçao a ele e expressar todas as suas preocu-
˜
paçoes, sem reservas, como faria um filho que tem um pai
´
amoroso. (Leia Salmo 62:8; 1 Tessalonicenses 5:17.) O aposto-
lo Pedro foi inspirado a escrever estas palavras consoladoras:
‘Lancem sobre ele toda a sua ansiedade, porque ele cuida de vo-
ˆ
ces.’ — 1 Ped. 5:7.
13 No entanto, os humanos nao ˜ ˜ ˜
sao tao compreensivos como
´
Jeova. Enquanto Ana chorava e orava, uma voz a assustou. Era
´
Eli, o sumo sacerdote, que a observava. Ele disse: “Ate quando te
´
comportaras como embriagada? Afasta de ti o teu vinho.” Eli ha-
´
via notado que os labios e o corpo de Ana tremiam e que ela pa-
recia perturbada. Em vez de perguntar qual era o problema, ele
ˆ
foi logo concluindo que ela estava bebada. — 1 Sam. 1:12-14.
14 Como deve ter sido duro para Ana ouvir essa acusaçao ˜
in-
´
fundada num momento de tanta angustia — ainda mais de um
˜ ˜
homem que ocupava uma posiçao tao importante! Apesar disso,
´ ˜
mais uma vez ela deixou um excelente exemplo de fe. Nao per-
˜
mitiu que as imperfeiçoes de outra pessoa interferissem em sua
˜ ´
adoraçao a Jeova. Ela respondeu respeitosamente a Eli e explicou
˜ ˜
sua situaçao. Entao, percebendo que tinha errado e talvez falan-
do num tom mais suave, ele disse: “Vai em paz, e que o Deus de
Israel te conceda o teu pedido.” — 1 Sam. 1:15-17.
15 Como Ana se sentiu depois de abrir o coraçao ˜ ´
a Jeova e
12. Conforme mostra o exemplo de Ana, do que devemos nos lembrar no que
` ˜
se refere a oraçao?
˜
13, 14. (a) Como Eli se precipitou em tirar uma conclusao errada sobre Ana?
´ `
(b) Como Ana deixou um excelente exemplo de fe pelo modo como reagiu as
palavras de Eli?
˜ ´ ´
15, 16. (a) Como Ana se sentiu depois de abrir o coraçao a Jeova e adora-lo
´
no tabernaculo? (b) Como podemos seguir o exemplo de Ana quando luta-
mos contra sentimentos negativos? 55
´
IMITE A SUA FE  ANA

´ ´
adora-lo no tabernaculo? O relato diz: “A mulher passou a ir-se
˜
embora e a comer, e seu semblante nao estava mais preocupa-
˜ ˜
do.” (1 Sam. 1:18) A Versao Brasileira diz: “Nao mais era triste o
seu semblante.” Ana se sentiu aliviada. Em certo sentido, ela
transferiu o peso da sua carga emocional para os ombros infini-
tamente mais largos e mais fortes de seu Pai celestial. (Leia Sal-
´ ˜
mo 55:22.) Ha algum problema pesado demais para ele? Nao.
´
Nunca houve e nunca havera!
16 Quando sentimos que a tristeza esta´ tomando conta de
´
nos, podemos seguir o exemplo de Ana e falar abertamente com
´ ˜
Aquele que a Bıblia chama de “Ouvinte de oraçao”. (Sal. 65:2) Se
´
fizermos isso com fe, no lugar da tristeza poderemos sentir “a paz
de Deus, que excede todo pensamento”. — Fil. 4:6, 7.
˜ ´
“Nao ha rocha igual ao nosso Deus”
˜ ´
17 Na manha seguinte, Ana voltou ao tabernaculo com Elca-
´ ´
na. E provavel que ela tenha lhe falado sobre o pedido e a pro-
messa que tinha feito a Deus, pois a Lei mosaica dizia que o
marido podia anular um voto feito pela esposa sem o seu con-
´ ˜
sentimento. (Num. 30:10-15) Mas aquele homem fiel nao anu-
lou o voto de sua esposa. Em vez disso, ele e Ana, juntos, presta-
˜ ´ ´
ram adoraçao a Jeova no tabernaculo antes de voltar para casa.
18 Quando foi que Penina percebeu que nao ˜
conseguia mais
˜ ˜
atormentar Ana? O relato nao diz, mas a expressao “seu semblan-
˜ ˜
te nao estava mais preocupado” sugere que a partir de entao Ana
ˆ
recuperou o animo. De qualquer forma, Penina logo descobriu
´ ˜ ´
que seu comportamento cruel ja nao tinha mais efeito. A Bıblia
˜
nao menciona mais o seu nome.
19 Os meses se passaram e a paz que Ana sentia se transfor-
´ ´ ˜
mou numa indescritıvel alegria. Ela estava gravida! Mas Ana nao
esqueceu nem por um momento quem a tinha abençoado. Quan-
do o menino nasceu, ela o chamou de Samuel, que significa
ˆ
“nome de Deus”, pelo visto uma referencia a se invocar o nome
˜
divino, como Ana havia feito. Naquele ano, ela nao acompanhou
´ ˆ
Elcana e sua famılia na viagem a Silo. Ela ficou em casa por tres
´ ˜
anos, ate desmamar a criança. Entao reuniu forças para o dia em
que teria de se separar de seu querido filho.
17, 18. (a) Como Elcana mostrou que apoiava o voto de Ana? (b) O que Peni-
˜
na nao conseguia mais fazer?
ˆ ˜
19. Que bençao Ana recebeu, e como ela mostrou que reconhecia quem a ti-
56 nha abençoado?
˜
20 A despedida nao deve ter sido nada
´ ´
facil. E claro que Ana sabia que Samuel se-
ria bem cuidado em Silo, talvez por algu- ˜
´ Duas oraçoes especiais
mas mulheres que serviam no tabernacu- ˜
˜ As duas oraçoes de Ana registradas em
lo. Mas ele ainda era tao pequeno! E que ˜
˜ ˜ 1 Samuel 1:11 e 2:1-10 sao especiais por
mae nao quer ficar perto de seu filho? ´
varios motivos. Veja alguns deles:
Mesmo assim, Ana e Elcana levaram o me-
˜ ´
nino, nao de ma vontade, mas com senti- ˙ Ana dirigiu a primeira das duas
˜ ´ ´ ´
˜ ´ oraçoes a “Jeova dos exercitos”. Ela e
mento de gratidao. Eles ofereceram sacrifı- ´
a primeira pessoa na Bıblia a usar esse
cios na casa de Deus e entregaram Samuel ´ ´
tıtulo. Ele aparece 285 vezes na Bıblia
a Eli, lembrando-o do voto que Ana havia `
e se refere a autoridade que Deus
feito anos antes. ´
exerce sobre um grande numero de
21 Entao, ˜ ˜ filhos espirituais.
Ana fez uma oraçao que
´ ˜
Deus considerou digna de ser incluıda em ˙ Note que Ana nao fez a segunda
sua Palavra inspirada. Ao ler suas palavras ˜
oraçao quando seu filho nasceu, mas
ˆ quando ela e Elcana o ofereceram para
em 1 Samuel 2:1-10, em cada linha voce
´ ´ o serviço a Deus em Silo. Assim, Ana
notara a profunda fe que Ana tinha em
´ estava feliz por ter sido abençoada por
Deus. Ela louvou a Jeova pela forma ma- ´ ˜
ravilhosa como ele usa seu poder — por Jeova, nao por ter silenciado sua rival,
´ Penina.
sua capacidade inigualavel de humilhar os ´
orgulhosos, abençoar os oprimidos, por
ˆ ˙ Quando Ana disse “Meu chifre esta
` ´ ´
fim a vida ou ate salvar da morte. Ela deveras exaltado em Jeova”, talvez ela
estivesse pensando no touro, um forte
louvou seu Pai por sua santidade sem
animal de carga com chifres poderosos.
igual, e por sua justiça e fidelidade. Com Em outras palavras, Ana estava dizendo:
ˆ ˜ ´ ´ ´
bons motivos, Ana pode dizer: “Nao ha ‘Jeova, tu me das forças.’ — 1 Sam. 2:1.
´ ´
rocha igual ao nosso Deus.” Jeova e total-
´ ´ ´ ˙ As palavras de Ana sobre o “ungido”
mente confiavel e imutavel, um refugio ˜ ´
de Deus sao consideradas profeticas.
para todos os oprimidos que buscam sua ˜
Ela usou uma expressao hebraica que
ajuda. ´ ´
e tambem traduzida “messias”, e foi a
22 Com certeza, o pequeno Samuel foi ´ ´
primeira pessoa na Bıblia a usa-la para
˜ ´ se referir a um futuro rei ungido.
privilegiado por ter uma mae com tanta fe
´ — 1 Sam. 2:10.
em Jeova. Mesmo tendo saudades dela,
˜
ele nunca se sentiu abandonado enquan- ˙ Uns mil anos mais tarde, Maria, a mae
˜ `
to crescia. Todo ano, Ana viajava a Silo, de Jesus, usou expressoes similares as de
´
Ana para louvar a Jeova. — Luc. 1:46-55.
20. Como Ana e Elcana cumpriram a promessa ´
´ (Veja o Capıtulo 17.)
que tinham feito a Jeova?
˜ ´
21. Como a oraçao de Ana a Jeova refletiu sua
´ ´
profunda fe? (Veja tambem o quadro “Duas ora-
˜
çoes especiais”.)
22, 23. (a) Por que podemos ter certeza de que
Samuel cresceu sabendo que seus pais o amavam?
´
(b) De que outras maneiras Jeova abençoou Ana?
ˆ ˜
Ana foi uma verdadeira bençao
para seu filho Samuel
´
levando uma tunica sem mangas para ele usar
´
no serviço do tabernaculo. Cada ponto costu-
rado era prova do seu amor e carinho. (Leia
1 Samuel 2:19.) Podemos imaginar seu olhar
ˆ de ternura e suas palavras bondosas e encora-
PARA VOCE PENSAR . . . ´
jadoras enquanto colocava a tunica no meni-
´
˙ Como Ana demonstrou fe no e a ajeitava. Samuel foi abençoado por ter
˜ ˜
apesar de oposiçao? uma mae assim, e quando cresceu ele mesmo
˜ ˆ ˜
˙ Como as oraçoes de Ana se tornou uma bençao para seus pais e todo o
´
revelaram sua fe? Israel.
´ ´ ´ ˜ ´
˙ Por que Jeova da valor a 23 Ana tambem nao foi abandonada. Jeova
pessoas como Ana? a abençoou com mais cinco filhos. (1 Sam.
ˆ ˆ ˜
˙ De que maneiras voce 2:21) Mas talvez a maior bençao de Ana tenha
´ ˜ ´
pretende imitar a fe de Ana? sido sua relaçao com seu Pai, Jeova. E essa
˜
relaçao ficava cada vez mais forte ao longo
ˆ
dos anos. Que o mesmo aconteça com voce,
´
58 ao passo que imita a fe demonstrada por Ana.
´
CAPITULO SETE

Ele “continuava
´
a crescer com Jeova”
˜
SAMUEL olhava atentamente para o seu povo. A naçao estava reu-
´
nida na cidade de Gilgal, convocada por esse homem fiel que ja ser-
´
via como profeta e juiz por decadas. Era maio ou junho, segundo o
´ ˜ ´
calendario atual; a estaçao seca ja tinha começado. Os campos de tri-
˜ ˜
go da regiao estavam dourados, prontos para a colheita. A multidao
ˆ ˜
estava em silencio. Como Samuel tocaria o coraçao daquelas pessoas?
2 O povo nao ˜ ˜
entendia a gravidade da situaçao. Eles haviam in-
´ ˜
sistido em ter um rei humano para governa-los. Nao percebiam que
tinham mostrado grande desrespeito
´
por seu Deus, Jeova, e pelo profeta ˆ
dele. Na verdade, estavam rejeitando o
´ ´ ˜
A inf ancia de
proprio Jeova; eles nao o queriam mais
como Rei. O que Samuel poderia fazer
Samuel pode
´
para leva-los ao arrependimento? nos ensinar
3 Samuel disse a` multidao: ˜
“Fiquei
velho e grisalho.” Seus cabelos bran-
muito sobre
`
cos davam mais peso as suas palavras. desenvolver
Ele continuou, dizendo: “Tenho anda- ´ ´
´
do diante de vos desde a minha moci-
fe em Jeova
´ ´
dade ate o dia de hoje.” (1 Sam. 11:14, apesar de mas
15; 12:2) Embora fosse idoso, Samuel ˆ
˜
nao havia esquecido de sua juventude. influencias
Suas lembranças daqueles dias ainda
˜
estavam bem vivas em sua mente. As decisoes que havia tomado
´ ˜
quando era jovem resultaram numa vida de fe e devoçao ao seu
´
Deus, Jeova.
4 Samuel teve de fortalecer e manter sua fe´ apesar de muitas ve-
´ ´ ´
zes estar cercado de pessoas sem fe e desleais. Hoje tambem e um
desafio desenvolver essa qualidade, pois vivemos num mundo sem
˜
1, 2. Qual era a situaçao quando Samuel se dirigiu ao povo de Israel, e por
´
que ele precisava leva-los ao arrependimento?
3, 4. (a) Por que Samuel falou sobre sua juventude? (b) Por que o exemplo
´ ´ ´ ´
de fe que Samuel deixou e util para nos hoje?

59
´
IMITE A SUA FE  SAMUEL

´
fe e perverso. (Leia Lucas 18:8.) Vejamos o que podemos aprender
ˆ
de Samuel, começando por sua infancia.
´
“Como rapazinho, ministrava perante Jeova”
5 ˆ
Samuel teve uma infancia incomum. Pouco depois de ser des-
mamado, talvez quando tinha 3 anos ou um pouco mais, ele come-
´ ´
çou uma vida de serviço no tabernaculo sagrado de Jeova, que fica-
ˆ ´
va em Silo, a mais de 30 quilometros de sua casa, em Rama. Seus
´
pais, Ana e Elcana, dedicaram seu filho a Jeova para servir de uma
´
forma especial: ser nazireu a vida inteira.1 Sera que os pais de Sa-
˜
muel nao o amavam e o estavam abandonando?
6 De forma alguma! Eles sabiam que seu filho seria bem cuida-
´
do em Silo. E o Sumo Sacerdote Eli sem duvida cuidou desse assun-
´ ´
to, pois Samuel trabalhava diretamente com ele. Tambem havia va-
´
rias mulheres que prestavam serviçosˆ relacionados ao tabernaculo,
´
pelo visto de maneira organizada. — Exo. 38:8; Juı. 11:34-40.
7 Alem ´
disso, Ana e Elcana nunca se esqueceram de seu primei-
ro filho, que tanto amavam; afinal, seu nascimento tinha sido a res-
˜
posta a uma oraçao. Ana havia pedido um filho a Deus, prometen-
´
do dedica-lo a Ele para prestar-lhe serviço sagrado a vida inteira. Todo
´
ano, quando ia visitar Samuel, Ana levava uma tunica sem mangas,
´
que ela mesma fazia, para ele usar em seu serviço no tabernaculo.
´
O menino com certeza gostava muito dessas visitas. Sem duvida, o
` ˜
bom progresso de Samuel se devia ao encorajamento e a orientaçao
´
que seus pais lhe davam, lembrando-lhe sempre do privilegio que
´ ´
era servir a Jeova naquele lugar incomparavel.
8 Os pais hoje podem aprender muito de Ana e Elcana. Ao criar
´ ´
os filhos, e comum os pais so se preocuparem com coisas materiais,
deixando de lado as necessidades espirituais. Mas os pais de Samuel
colocaram os assuntos espirituais em primeiro lugar, e isso teve gran-
ˆ
de influencia no tipo de homem que seu filho se tornou. — Leia
´
Proverbios 22:6.
9 Podemos imaginar aquele menino explorando as colinas em

´ ˜ ´
1 Os nazireus estavam sob um voto que incluıa a proibiçao de tomar bebidas alcoo-
licas e de cortar o cabelo e a barba. A maioria deles fazia esse tipo de voto por apenas
´ ˜ ˜
um perıodo limitado, mas alguns, como Sansao, Samuel e Joao Batista, foram nazi-
reus a vida inteira.
ˆ
5, 6. Em que sentido Samuel teve uma infancia incomum, mas por que seus
pais tinham certeza de que ele seria bem cuidado?
´
7, 8. (a) Como os pais de Samuel lhe davam encorajamento ano apos ano?
(b) O que os pais podem aprender de Ana e Elcana?
´
9, 10. (a) Descreva o tabernaculo e os sentimentos do jovem Samuel a respei-
´
to daquele lugar sagrado. (Veja tambem a nota.) (b) O que talvez estivesse
´ ˆ
incluıdo nas responsabilidades de Samuel, e como voce acha que os jovens
60 hoje podem imitar o exemplo dele?
´
ELE “CONTINUAVA A CRESCER COM JEOVA”

´
volta de Silo ao passo que crescia. La de cima, quando olhava para
´ ˜
a cidade e o vale atras dela, seu coraçao provavelmente se enchia de
´ ´ ´
alegria e orgulho ao ver o tabernaculo de Jeova. Aquele tabernaculo
´
era de fato sagrado.1 Construıdo quase 400 anos antes sob a orien-
˜ ´ ´ ´ ˜
taçao do proprio Moises, era o unico centro da adoraçao pura de
´
Jeova em todo o mundo.
10 O jovem Samuel amava o tabernaculo. ´
No relato que ele es-
creveu mais tarde, lemos: “Samuel, como rapazinho, ministrava pe-
´ ´
rante Jeova, estando cingido dum efode de linho.” (1 Sam. 2:18) Pelo
visto, essa vestimenta simples, sem mangas, indicava que Samuel au-
´ ˜
xiliava os sacerdotes no tabernaculo. Embora nao fosse da classe sa-
´ ˜
cerdotal, ele tinha tarefas que incluıam abrir de manha as portas do
´ ´
tabernaculo que davam para o patio e ajudar o idoso Eli. No entan-
´
to, por mais que ele prezasse seus privilegios, com o tempo seu co-
˜
raçao inocente ficou aflito. Algo muito errado estava acontecendo
´
na casa de Jeova.

Permaneceu puro apesar


˜ `
da perversao a sua volta
11 ˜
Ainda bem jovem, Samuel viu muita maldade e perversao. Eli
tinha dois filhos: Hofni e Fineias. O relato de Samuel diz: “Os filhos
´ ˜
de Eli eram homens imprestaveis; nao reco-
´
nheciam a Jeova.” (1 Sam. 2:12) As duas
˜
ideias estao relacionadas. Hofni e Fineias
´
eram “homens imprestaveis” — literalmente Samuel deve ter ficado
˜
“filhos de inutilidade” — porque nao tinham
´
muito aflito ao ver a
respeito por Jeova. Eles desprezavam os pa-
˜
droes e os requisitos justos dele. Isso os le-
maldade dos filhos de Eli
vou a cometer outros pecados.
´
12 A Lei de Deus era especıfica quanto
`
aos deveres dos sacerdotes e a forma em que deviam oferecer sacri-
´ ´ ˜ ´
fıcios no tabernaculo. E nao era para menos! Aqueles sacrifıcios re-
˜ ˜
presentavam as provisoes de Deus para o perdao de pecados, para
que as pessoas se tornassem limpas aos seus olhos, merecendo sua
´
1 O tabernaculo era retangular, basicamente uma grande tenda montada sobre uma
estrutura de madeira. No entanto, os materiais usados nele eram os melhores: pele
de foca, tecidos com belos bordados e madeiras caras revestidas de prata e ouro. O
´ ´ ´ ´
tabernaculo ficava num patio retangular que incluıa um majestoso altar para sacrifı-
ˆ
cios. Pelo visto, com o tempo, outras camaras foram montadas nas laterais do
´
tabernaculo para uso dos sacerdotes. Samuel provavelmente dormia numa delas.

11, 12. (a) Que falha grave Hofni e Fineias tinham? (b) Que tipo de maldade
˜ ´ ´
e perversao Hofni e Fineias praticavam no tabernaculo? (Veja tambem a
nota.) 61
´
IMITE A SUA FE  SAMUEL

ˆ ˜ ˜
bençao e orientaçao. Mas Hofni e Fineias influenciavam os outros
sacerdotes a tratar as ofertas com grande desrespeito.1
13 Imagine o jovem Samuel observando, espantado, esses graves
´
abusos acontecerem sem ninguem fazer nada. Quantas pessoas po-
´
bres, humildes ou oprimidas ele viu se aproximar do tabernaculo sa-
grado na esperança de obter consolo e força em sentido espiritual,
´
mas que saıram desapontadas, magoadas ou humilhadas? E como
´
ele se sentiu quando soube que Hofni e Fineias tambem desrespei-
´ ˜
tavam as leis de moral de Jeova por terem relaçoes sexuais com al-
´
gumas das mulheres que serviam no tabernaculo? (1 Sam. 2:22) Tal-
vez ele esperasse que Eli fizesse algo a respeito.
14 Eli era a pessoa mais indicada para resolver esse problema que
´
aumentava a cada dia. Como sumo sacerdote, ele era responsavel por
´ ˜
tudo que acontecia no tabernaculo. Como pai, ele tinha a obrigaçao
de corrigir seus filhos. Afinal, eles estavam prejudicando a si mes-
´
mos e a muitas outras pessoas no paıs. No entanto, Eli falhou como
sumo sacerdote e como pai. Ele deu aos filhos apenas uma repreen-
˜
sao branda. (Leia 1 Samuel 2:23-25.) Mas eles precisavam de uma
´
disciplina bem mais severa. Estavam cometendo pecados passıveis de
morte!
˜
15 A situaçao ˜ ´
ficou tao grave que Jeova enviou a Eli “um ho-
˜ ´
mem de Deus”, um profeta cujo nome nao e mencionado, com uma
´
forte mensagem de julgamento. Jeova disse a Eli: “Tu persistes em
honrar mais a teus filhos do que a mim.” Por isso, Deus predisse que
´
os filhos perversos de Eli morreriam no mesmo dia e que a famılia
´ ˜
de Eli sofreria muito, perdendo ate mesmo sua posiçao privilegiada
´ ´
como membros da classe sacerdotal. Sera que essa famılia mudou de
´ ˜
atitude em vista desse forte aviso? O registro bıblico mostra que nao
houve nenhuma mudança. — 1 Sam. 2:27–3:1.
16 Como toda essa perversao ˜
afetou o jovem Samuel? De vez em
´
1 O relato contem dois exemplos desse desrespeito. Primeiro, a Lei especificava quais
partes da oferta deviam ser consumidas pelos sacerdotes. (Deut. 18:3) Mas, no taber-
´ ´
naculo, os sacerdotes perversos haviam estabelecido uma pratica bem diferente; eles
˜
mandavam os ajudantes simplesmente enfiar um grande garfo no caldeirao onde a
carne estava cozinhando e pegar qualquer pedaço. Segundo, quando as pessoas tra-
´
ziam seus sacrifıcios para serem queimados no altar, aqueles sacerdotes mandavam
um ajudante ameaçar o ofertante, exigindo a carne crua antes mesmo que a gordu-
´ ´
ra do sacrifıcio fosse oferecida a Jeova. — Lev. 3:3-5; 1 Sam. 2:13-17.

13, 14. (a) Como pessoas sinceras estavam sendo afetadas pela perversidade
´
no tabernaculo? (b) De que modo Eli falhou como sumo sacerdote e como
pai?
´ ´
15. Que forte mensagem Jeova enviou a Eli, e como sua famılia reagiu a esse
aviso?
ˆ
16. (a) O que o relato diz sobre o progresso do jovem Samuel? (b) Voce acha
˜
62 essas declaraçoes animadoras? Explique.
Embora sentisse medo,
Samuel transmitiu fielmente a Eli
´
a mensagem de julgamento de Jeova

quando, no meio desse relato sombrio, en-


´
contramos raios de luz, boas notıcias so-
bre o crescimento e o progresso de Samuel.
Lembre-se que 1 Samuel 2:18 diz que ele,
´
“como rapazinho, ministrava perante Jeova”
de modo fiel. Mesmo bem jovem, ele cen-
tralizava sua vida no serviço a Deus. No ver-
´ ´
sıculo 21 do mesmo capıtulo, lemos algo
ainda mais animador: “O rapaz Samuel con-
´
tinuava a crescer com Jeova.” Ao passo que
´
crescia, seu vınculo com seu Pai celestial fi-
˜
cava cada vez mais forte. Essa relaçao ache-
´ ´ ˜
gada com Jeova e a melhor proteçao contra
˜
qualquer forma de perversao.
´
17 Teria sido facil para Samuel pensar

que, se o sumo sacerdote e seus filhos po-


´
diam cometer pecados, ele tambem podia fa-
˜
zer o que quisesse. Mas a perversao de outros,
˜ ˜
incluindo daqueles que estao em posiçao de
autoridade, nunca deve ser uma desculpa
˜
para o pecado. Hoje, muitos jovens cristaos
seguem o exemplo de Samuel e continuam
´ ˜
‘crescendo com Jeova’ por ter uma relaçao
`
achegada com ele, mesmo quando alguns a
˜ ˜
sua volta nao dao bom exemplo.
18 Que benefıcios ´
esse modo de agir
trouxe para Samuel? Lemos: “Enquanto isso,
o rapaz Samuel ficava cada vez mais cresci-
do e mais benquisto, tanto do ponto de vis-
´
ta de Jeova como do dos homens.” (1 Sam.
2:26) Assim, Samuel era amado, pelo menos
˜
por aqueles cuja opiniao era importante para
´ ´
ele. O proprio Jeova estimava esse jovem
por sua fidelidade. E Samuel certamente sa-
bia que seu Deus acabaria com toda a mal-
dade que ocorria em Silo. Mas talvez ele se
˜
17, 18. (a) Como os jovens cristaos podem imitar
o exemplo de Samuel ao se deparar com perversi-
dades? (b) O que mostra que Samuel escolheu o
melhor modo de agir?
´
IMITE A SUA FE  SAMUEL

perguntasse quando isso aconteceria. Certa noite, ele obteve a res-


posta.
´
“Fala, pois o teu servo esta escutando”
19 Ja´ era quase manha, ˜
mas ainda estava escuro; a luz tremula
ˆ
ˆ ˆ
da lampada da tenda continuava acesa. Em meio ao silencio, Samuel
´
ouviu uma voz chamar seu nome. Ele pensou que fosse Eli, que ja
era bem idoso e quase cego. Samuel levantou-se e “foi correndo” fa-
lar com ele. Consegue ´ visualizar o menino correndo descalço para
ver o que Eli queria? E tocante ver que Samuel tratou Eli com res-
peito e bondade. Apesar de todos os pecados de Eli, ele ainda era o
´
sumo sacerdote de Jeova. — 1 Sam. 3:2-5.
20 Samuel acordou Eli, dizendo: “Eis-me aqui, pois me chamas-
˜
te.” Mas Eli disse que nao tinha chamado Samuel e mandou que ele
voltasse para a cama. A mesma coisa aconteceu mais duas vezes. Por
´
fim, Eli percebeu o que estava acontecendo. Ja por algum tempo,
´ ˜ ´
Jeova raramente enviava visoes ou mensagens profeticas ao seu povo,
´ ´ ˆ ´
e e facil entender por que. Mas Eli sabia que Jeova estava falando de
novo — agora a esse menino! Eli mandou Samuel voltar para a cama
´
e lhe explicou como deveria responder a Jeova. Samuel obedeceu.
Logo ouviu a voz chamar: “Samuel, Samuel!”. O menino respondeu:
´
“Fala, pois o teu servo esta escutando.” — 1 Sam. 3:1, 5-10.
´
21 Finalmente, Jeova tinha um servo em Silo que o escutava. E
ˆ ´
Samuel continuou a fazer isso a vida inteira. E voce, tambem age as-
˜
sim? Nao precisamos esperar uma voz sobrenatural falar conosco. Em
´
certo sentido, sempre podemos ouvir a voz de Deus. Ela esta em sua
´
Palavra, a Bıblia. Quanto mais escutamos a Deus e lhe obedecemos,
´
mais a nossa fe aumenta. E foi isso o que aconteceu com Samuel.
22 Aquela noite em Silo foi um marco na vida de Samuel, por-
˜ ´
que a partir de entao ele passou a conhecer a Jeova de uma forma
´
especial, tornando-se profeta e porta-voz dele. No inıcio, o menino
´
ficou com medo de transmitir a mensagem de Jeova a Eli, pois era
˜ ´
uma declaraçao final de que a profecia contra aquela famılia logo se
cumpriria. Mas Samuel reuniu coragem, e Eli humildemente aceitou
´
a sentença divina. Pouco tempo depois, tudo o que Jeova havia dito
se cumpriu: Israel entrou em guerra contra os filisteus, Hofni e Fi-
´
neias foram mortos no mesmo dia e o proprio Eli morreu ao saber
´
19, 20. (a) Descreva o que aconteceu com Samuel certa noite no tabernaculo.
(b) Como Samuel tratou Eli, e como ficou sabendo quem era a fonte da men-
sagem?
´
21. Como podemos ouvir a Jeova hoje, e por que vale a pena fazer isso?
22, 23. (a) Como se cumpriu a mensagem que Samuel inicialmente ficou com
˜
medo de transmitir? (b) Por que a reputaçao de Samuel continuava a melho-
64 rar?
´ ´
Samuel orou com fe, e Jeova respondeu enviando uma tempestade
´
IMITE A SUA FE  SAMUEL

´
que a Arca sagrada de Jeova tinha sido capturada. — 1 Sam. 3:10-18;
4:1-18.
˜
23 No entanto, a reputaçao de Samuel como profeta fiel melho-
´ ´
rava cada vez mais. O relato diz que ‘o proprio Jeova mostrava estar
´
com ele’ e que Jeova cumpria todas as profecias de Samuel. — Leia
1 Samuel 3:19.
´
“Samuel clamou a Jeova”
24 ´
Sera que os israelitas seguiram a liderança de Samuel e se tor-
´ ` ˜
naram pessoas fieis, que davam valor a espiritualidade? Nao. Com o
˜
tempo, eles decidiram que nao queriam mais que um simples pro-
˜
feta os liderasse. Queriam ser como as outras naçoes e ter um rei hu-
´ ˜ ´
mano para governa-los. Sob a orientaçao de Jeova, Samuel atendeu
ao pedido deles. Mas ele tinha de mostrar a Israel a seriedade de seu
˜ ´
pecado. Eles estavam rejeitando, nao um simples homem, mas o pro-
´
prio Jeova! Por isso, Samuel convocou o povo a Gilgal.
`
25 Vamos voltar aquele momento tenso em que Samuel estava
falando a Israel em Gilgal. Ali, o idoso Samuel lembrou os israelitas
´ ´
de como ele tinha sido fiel e ıntegro a Jeova. Em seguida, “Samuel
´
clamou a Jeova”, pedindo que ele enviasse uma tempestade. — 1 Sam.
12:17, 18.
26 Uma tempestade? Na estaçao ˜ ´
seca? Ninguem nunca tinha ou-
vido falar de uma coisa dessas! Se havia entre o povo algum sinal
´ ´
de zombaria ou duvida, foi por pouco tempo. De repente, o ceu es-
˜
cureceu. O vento castigava o trigo nos campos. Ouviram-se trovoes
estrondosos, ensurdecedores. E a chuva caiu.
˜
Qual foi a reaçao deles? “O povo ficou com
ˆ ´
muito temor de Jeova e de Samuel.” Eles fi-
PARA VOCE PENSAR . . .
nalmente viram a gravidade de seu pecado.
˙ O que ajudou Samuel — 1 Sam. 12:18, 19.
´
a desenvolver fe durante 27 Jeova, ´
o Deus de Samuel, havia toca-
a juventude? ˜
´ do o coraçao daquele povo rebelde. Samuel
˙ Como a fe de Samuel o ajudou ´
exerceu fe em seu Deus desde a juventude
´ ˆ
a resistir a mas influencias? ´ ´
´ ate a velhice, e este o recompensou. Jeova
˙ Como a fe de Samuel foi de ˜
nao mudou; ele ainda apoia quem tem fe
´
ajuda para ele vencer o medo? como a de Samuel.
ˆ
˙ De que maneiras voce gostaria ˜
´ 24. Com o tempo, que decisao os israelitas toma-
de imitar a fe de Samuel?
ram, e por que isso era um pecado grave?
25, 26. Em Gilgal, como o idoso Samuel finalmen-
te ajudou o povo a ver a gravidade de seu pecado
´
contra Jeova?
´ ´
27. Como Jeova encara os que imitam a fe de Sa-
66 muel?
´
CAPITULO OITO

Ele perseverou apesar


de desapontamentos
SAMUEL podia sentir a tristeza no ar. Parecia que a cidade de Silo
´
estava inundada de lagrimas. Quantas mulheres e crianças esta-
˜
vam chorando por saber que seus pais, maridos, filhos e irmaos
´
nunca mais voltariam? Tudo que sabemos e que Israel havia per-
´ ` ˜
dido uns 30 mil soldados numa terrıvel derrota as maos dos filis-
teus pouco depois de perder 4 mil em outra batalha. — 1 Sam.
4:1, 2, 10.
2 Essa foi apenas uma de varias ´ ´
tragedias. Os dois filhos cor-
´
ruptos do Sumo Sacerdote Eli, Hofni e Fineias, tinham saıdo de
Silo com a Arca sagrada do pacto. Essa preciosa caixa geralmente
´ ´
ficava no Santıssimo do tabernaculo — um templo em forma de
´
tenda — e era um sımbolo da presença de Deus. Mas o povo le-
vou a Arca para a batalha, achando que ela serviria como amule-
´
to e lhes daria a vitoria. No entanto, os filisteus capturaram a Arca
e mataram Hofni e Fineias. — 1 Sam. 4:3-11.
´
3 O tabernaculo ´
em Silo havia tido o privilegio de abrigar a
´ ˜ ´
Arca por seculos. Agora ela nao estava mais la. Quando soube des-
´
sas notıcias, Eli, que tinha 98 anos, caiu de sua cadeira e morreu.
´
Sua nora, que havia ficado viuva naquele mesmo dia, morreu ao
` ´
dar a luz. Antes de morrer, ela disse: “A gloria exilou-se de Israel.”
De fato, Silo nunca mais seria a mesma. — 1 Sam. 4:12-22.
4 Como Samuel lidaria com esses profundos desapontamen-
´ ´
tos? Sera que sua fe resistiria ao desafio de ajudar um povo que
˜ ´
havia perdido a proteçao e o favor de Jeova? Hoje em dia, pode
´
ser que todos nos enfrentemos dificuldades e desapontamentos
´
que desafiam a nossa fe. Portanto, vejamos o que mais podemos
aprender do exemplo de Samuel.
1. Por que Silo estava cheia de tristeza e choro?
´
2, 3. Que tragedias fizeram com que Silo fosse envergonhada e perdesse a sua
´
gloria?
´
4. O que consideraremos neste capıtulo?

67
Como Samuel ajudou seu povo a lidar com perdas graves e desapontamentos?
ELE PERSEVEROU APESAR DE DESAPONTAMENTOS

Ele ‘executou a justiça’


5 ´
Nesse ponto, o relato da Bıblia deixa de falar sobre Samuel e
˜
volta sua atençao para a Arca sagrada, mostrando como os filisteus
ˆ
sofreram as consequencias por terem capturado a Arca e como se
ˆ
sentiram forçados a devolve-la. Quando o relato volta a falar de Sa-
´
muel, ja haviam se passado uns 20 anos. (1 Sam. 7:2) O que ele
´
fez durante todos esses anos? Vejamos o que a Bıblia diz sobre isso.
6 Ela diz que, antes de começar esse perıodo ´
de 20 anos, ‘a pa-
lavra de Samuel continuou a vir a ser para todo o Israel’. (1 Sam.
´
4:1) O relato menciona que apos esse tempo Samuel começou a
ˆ
visitar tres cidades em Israel, percorrendo um circuito a cada ano
para lidar com disputas e resolver problemas. Depois ele voltava
´
para sua cidade, Rama. (1 Sam. 7:15-17) Fica evidente que Samuel
sempre esteve ocupado e, durante esse in-
tervalo de 20 anos, teve muito que fazer.
˜
7 A imoralidade e a corrupçao
´
dos fi- ´
lhos de Eli tinham abalado a fe do povo. Embora o relato bıblico
Pelo que parece, muitos se voltaram para a ˜
´ n ao mencione Samuel
idolatria. Mas, depois de duas decadas de ´
muito trabalho, Samuel transmitiu a se- durante um perıodo de
´
guinte mensagem ao povo: “Se e com todo 20 anos, podemos ter
˜ ´
o vosso coraçao que retornais a Jeova, re-
movei do vosso meio os deuses estrangei- certeza de que ele se
´
ros e tambem as imagens de Astorete, e
˜ manteve ocupado no
dirigi vosso coraçao inabalavelmente para ´
´
Jeova e servi somente a ele, e ele vos livra- serviço de Jeova
´ ˜
ra da mao dos filisteus.” — 1 Sam. 7:3.
8 A “mao ˜
dos filisteus” havia se torna-
´
do pesada sobre os israelitas. O exercito de Israel tinha sofrido uma
esmagadora derrota e, por isso, os filisteus acharam que podiam
´
oprimir o povo de Deus sem medo de represalias. Mas Samuel ga-
´
rantiu ao povo que as coisas mudariam se eles retornassem a Jeova.
´
Sera que estavam dispostos a fazer isso? Para a alegria de Samuel,
´
eles se livraram de seus ıdolos e “começaram a servir somente a
´ ´
Jeova”. Samuel convocou uma assembleia em Mispa, uma cidade
˜ ´
na regiao montanhosa ao norte de Jerusalem. O povo se reuniu ali
e jejuou, mostrando arrependimento por seus muitos pecados de
idolatria. — Leia 1 Samuel 7:4-6.
´ ´
5, 6. O que o registro bıblico destaca a respeito de um perıodo de 20 anos da
´
vida de Samuel, e como ele se manteve ocupado nessa epoca?
´
7, 8. (a) Que mensagem Samuel transmitiu ao povo depois de duas decadas
`
de muito trabalho? (b) Como o povo reagiu a garantia que Samuel lhes deu? 69
´
IMITE A SUA FE  SAMUEL

9
No entanto, os filisteus ficaram sabendo desse grande ajun-
tamento e viram nisso uma oportunidade para destruir aqueles
´ ´ ´
adoradores de Jeova. Assim, eles enviaram seu exercito a Mispa. Os
israelitas ficaram sabendo do perigo que se aproximava. Com mui-
to medo, pediram que Samuel orasse a seu favor. Ele fez isso e tam-
´ ´ ˆ ´
bem ofereceu um sacrifıcio. Durante essa cerimonia sagrada, o exer-
´ ˜ ´ ` ˜
cito filisteu atacou Mispa. Entao Jeova respondeu a oraçao de
˜
Samuel, demonstrando sua indignaçao. Ele “fez naquele dia trove-
jar com um forte barulho contra os filisteus”. — 1 Sam. 7:7-10.
10 Sera´ que esses filisteus eram como criancinhas que correm
˜ ˜ ˜
para suas maes ao ouvir o barulho de um trovao? Nao, eles eram
˜
fortes guerreiros, acostumados com batalhas. Por isso, esse trovao
´
deve ter sido diferente de qualquer coisa que eles conheciam. Sera
´
que foi a intensidade desse “forte barulho” que os assustou? Sera
´
que o ceu estava limpo quando trovejou,
˜
ou o trovao ecoou nas montanhas, deixan-
do-os confusos? De qualquer forma, o ba-
Os filisteus viram rulho fez com que os filisteus ficassem ater-
num ajuntamento do rorizados. Totalmente desorientados, eles
logo passaram de perseguidores a persegui-
povo arrependido de ´
dos. Os homens de Israel saıram de Mispa,
´
´ ˆ
Jeova uma oportunidade os derrotaram e os perseguiram por quilo-
´
metros, ate um lugar ao sudoeste de Jerusa-
para oprimi-los ´
lem. — 1 Sam. 7:11.
11 Aquela batalha resultou numa gran-

de mudança para o povo de Deus. Os filis-


˜
teus nao atacaram mais os israelitas durante todo o tempo em que
Samuel atuou como juiz. Aos poucos, as cidades que haviam sido
tomadas voltaram a ser controladas pelos israelitas. — 1 Sam.
7:13, 14.
´
12 Muitos seculos ´
depois, o apostolo Paulo alistou Samuel en-
´ ´ ˜
tre os juızes e profetas fieis que “puseram em execuçao a justiça”.
(Heb. 11:32, 33) De fato, Samuel ajudou o povo a fazer o que era
bom e correto aos olhos de Deus. Ele continuou sendo bem-suce-
´
dido porque esperava pacientemente em Jeova, fazendo seu traba-
ˆ
9. Os filisteus viram uma oportunidade para fazer o que, e como o povo de
Deus reagiu a esse perigo?
˜ ´ ´
10, 11. (a) Por que o trovao que Jeova enviou contra o exercito filisteu deve
ter sido incomum? (b) Qual foi o resultado da batalha que começou em
´
Mispa?
ˆ ˜
12. Em que sentido Samuel ‘pos em execuçao a justiça’, e que qualidades o
70 ajudaram a continuar sendo bem-sucedido?
ELE PERSEVEROU APESAR DE DESAPONTAMENTOS

´
lho de forma fiel, apesar de desapontamentos. Ele tambem mos-
´ ´
trou uma atitude apreciativa. Depois da vitoria em Mispa, Samuel
erigiu um monumento para que o povo se lembrasse de como
´
Jeova os havia ajudado. — 1 Sam. 7:12.
13 Voceˆ tambem
´
deseja ‘executar a justiça’? Em caso afirmati-
ˆ
vo, seria bom aprender da paciencia de Samuel e de sua atitude hu-
´ ˜
milde e apreciativa. (Leia 1 Pedro 5:6.) Quem de nos nao precisa
dessas qualidades? Foi bom Samuel ter adquirido e mostrado essas
qualidades quando era relativamente jovem, pois anos mais tarde
ele teve de enfrentar desapontamentos piores.
´ ˜ ˆ
“Os teus proprios filhos nao tem
andado nos teus caminhos”
14 ´
Quando o relato volta a falar de Samuel, ele ja era idoso.
´
Nessa epoca, Samuel tinha dois filhos adultos, Joel e Abias, e lhes
´ ˜
confiou a responsabilidade de ajuda-lo na sua designaçao de juiz.
ˆ
13. (a) Para imitar Samuel, que qualidades precisamos ter? (b) Quando voce
´ ´
acha que e uma boa epoca para desenvolver qualidades como as de Samuel?
14, 15. (a) Que grande desapontamento Samuel teve depois de idoso? Como Samuel
´ ˜ lidou com o
(b) Sera que Samuel era um pai que precisava de repreensao, assim como Eli?
Explique. desapontamento
de ter filhos que se
tornaram corruptos?

71
´
IMITE A SUA FE  SAMUEL

˜
Mas infelizmente eles nao mereciam essa confiança. Embora Sa-
˜
muel fosse honesto e justo, seus filhos usaram a posiçao que ti-
´
nham para fins egoıstas, desvirtuando a justiça e aceitando subor-
no. — 1 Sam. 8:1-3.
15 Certo dia, os anciaos ˜
de Israel foram se queixar ao idoso pro-
´ ˜ ˆ
feta, dizendo: “Os teus proprios filhos nao tem andado nos teus ca-
´
minhos.” (1 Sam. 8:4, 5) Sera que Samuel sabia o que estava acon-
˜ ´
tecendo? O relato nao diz. Mas, ao contrario de Eli, Samuel com
˜ ˜ ´
certeza nao era um pai que precisava de repreensao. Jeova havia
censurado e punido Eli por ele ter falhado em corrigir seus filhos
perversos, por ter honrado mais a eles do que a Deus. (1 Sam. 2:27-
´ ˜
29) Essa falha Jeova nao viu em Samuel.
16 O relato nao ˜ ´
menciona a terrıvel vergonha, a ansiedade ou
o desapontamento que Samuel sentiu ao saber da conduta errada
de seus filhos. No entanto, muitos pais podem imaginar o que ele
´ ´
sentiu. Nos tempos difıceis de hoje, e comum os filhos se rebela-
´
rem contra a autoridade e a disciplina dos pais. (Leia 2 Timoteo
˜
3:1-5.) O exemplo de Samuel talvez sirva de consolo e orientaçao
´ ˜
para quem esta passando por algo assim. Samuel nao deixou de
forma alguma que a conduta infiel de seus filhos mudasse seu
˜
modo de agir. Lembre-se: mesmo que conselhos e disciplina nao
˜ ´
toquem o coraçao insensıvel dos filhos, o exemplo dos pais pode
ˆ
ensinar muito. E os pais sempre tem a oportunidade de fazer seu
´ ´
proprio Pai, Jeova Deus, sentir orgulho — assim como Samuel fez.
“Designa-nos deveras um rei”
17 ˜
Os filhos de Samuel nao poderiam ter imaginado todas as
ˆ ˆ ´ ˜
consequencias de sua ganancia e egoısmo. Os anciaos de Israel dis-
seram a Samuel: “Agora, designa-nos deveras um rei para nos jul-
˜ ´
gar, igual a todas as naçoes.” Sera que Samuel achou que eles o es-
´
tavam rejeitando com esse pedido? Afinal, ele ja julgava esse povo
´ ´
em nome de Jeova por decadas. Mas agora eles queriam um rei para
˜ ˜
ser o seu juiz, nao um simples profeta como Samuel. As naçoes vi-
´
zinhas tinham reis, e os israelitas tambem queriam um. Como Sa-
´
muel reagiu? “A coisa era ma” aos seus olhos. — 1 Sam. 8:5, 6.
´
18 Veja como Jeova respondeu quando Samuel falou sobre esse
˜
assunto em oraçao: “Escuta a voz do povo referente a tudo o que
ˆ
16. Que sentimentos afligem os pais que tem filhos rebeldes, e como os pais
˜
podem encontrar certa medida de consolo e orientaçao no exemplo de Sa-
muel?
˜
17. O que os anciaos de Israel pediram a Samuel, e como ele reagiu?
´ ` ˜
18. Como Jeova consolou Samuel e ainda assim trouxe a atençao a gravidade
72 do erro dos israelitas?
ELE PERSEVEROU APESAR DE DESAPONTAMENTOS

˜ ´ ´
te dizem; pois, nao e a ti que rejeitaram, mas e a mim que rejeita-
ram como rei sobre eles.” Para Samuel isso foi muito consolador,
mas para o Deus Todo-Poderoso foi um insulto muito grande.
´
Jeova disse ao seu profeta que alertasse os israelitas sobre o alto
preço que eles pagariam por ter um rei humano. Quando Samuel
˜ ´ ´
fez isso, eles insistiram: “Nao, mas um rei vira a estar sobre nos.”
´
Sempre obediente ao seu Deus, Samuel foi e ungiu o rei que Jeova
havia escolhido. — 1 Sam. 8:7-19.
19 Mas sera´ que Samuel obedeceu de modo ressentido ou in-
´
diferente? Sera que ele permitiu que o desapontamento envenenas-
˜
se seu coraçao, deixando a amargura tomar conta dele? Muitos tal-
˜ ˜
vez reagissem assim numa situaçao como essa, mas nao Samuel.
´ ´
Ele ungiu Saul e reconheceu que o proprio Jeova o havia escolhi-
˜
do. Beijou Saul, em sinal de boas-vindas e submissao ao novo rei.
´ ˜ ´
E disse ao povo: “Vistes aquele que Jeova escolheu, que nao ha
quem lhe seja igual entre todo o povo?”
— 1 Sam. 10:1, 24.
20 Samuel se concentrou nas qualida-

des do homem escolhido por Jeova, nao em


´ ˜ O exemplo de Samuel
suas falhas. Com respeito a si mesmo, ele nos lembra que nunca
se concentrou em seu registro de integrida-
˜ ˜
de a Deus, nao em ter a aprovaçao daque-
devemos deixar que o
´
le povo inconstante. (1 Sam. 12:1-4) Ele ciume ou a amargura
´
tambem cumpriu fielmente sua designaçao,
˜ ˜
aconselhando o povo de Deus sobre os pe-
dominem nosso coraçao
rigos espirituais que eles enfrentavam e en-
´ ´
corajando-os a permanecer fieis a Jeova.
˜
Seus conselhos tocaram o coraçao deles, e o povo implorou a Sa-
´
muel que orasse a Jeova em seu favor. Ele lhes deu esta bela res-
´ ´ ´
posta: “E inconcebıvel da minha parte pecar contra Jeova por dei-
´
xar de orar por vos; e tenho de instruir-vos no caminho bom e
direito.” — 1 Sam. 12:21-24.
21 Ja´ ficou desapontado quando outra pessoa foi escolhida para
´ ´
certo cargo ou privilegio? O exemplo de Samuel e um forte lem-
´
brete de que nunca devemos deixar que o ciume ou a amargura
˜ ´
dominem nosso coraçao. (Leia Proverbios 14:30.) Deus tem bas-
´
tante trabalho recompensador e satisfatorio para cada um de seus
´
servos fieis.
` ´
19, 20. (a) De que modo Samuel obedeceu a ordem de Jeova para ungir Saul
´
como rei de Israel? (b) Como Samuel continuou a ajudar o povo de Jeova?
ˆ
21. Como o exemplo de Samuel pode ser de ajuda caso voce fique desaponta-
´
do quando outra pessoa recebe um cargo ou um privilegio? 73
´
IMITE A SUA FE  SAMUEL

´ ´
“Ate quando prantearas a Saul?”
22
Samuel estava certo de ver o lado bom de Saul; ele era um
´ ˆ
homem notavel. Alto e de aparencia impressionante, era corajoso
´
e capaz, mas modesto e despretensioso no inıcio. (1 Sam. 10:22,
´ ´
23, 27) Ele tambem tinha o precioso dom do livre-arbıtrio, ou seja,
´
a capacidade de escolher seu proceder na vida e tomar suas pro-
˜ ´
prias decisoes. (Deut. 30:19) Sera que ele usou bem esse dom?
23 Infelizmente, quando um homem sente o gosto do poder,
´ ´ ˜
muitas vezes a modestia e a primeira qualidade que ele perde. Nao
demorou muito e Saul começou a ficar arrogante. Ele decidiu de-
` ´
sobedecer as ordens de Jeova transmitidas por Samuel. Certa vez,
´
Saul ficou impaciente e ofereceu um sacrifıcio que Samuel iria ofe-
recer. Samuel teve de corrigi-lo fortemente e predisse que o reina-
˜ ´
do nao permaneceria na sua famılia. Em vez de aprender da disci-
ˆ
plina, Saul passou a cometer atos ainda piores de desobediencia.
— 1 Sam. 13:8, 9, 13, 14.
24 Por meio de Samuel, Jeova´ disse a

Samuel aprendeu que Saul para guerrear contra os amalequitas.


´
Jeova ordenou, entre outras coisas, que ele
nenhum desapontamento executasse o perverso Rei Agague. No en-
´
e grande demais para tanto, Saul poupou Agague e o melhor do
´
´ despojo, que deveria ter sido destruıdo.
Jeova curar, resolver ou Quando Samuel o corrigiu, Saul mostrou
´
ate mesmo transformar o quanto havia mudado. Em vez de ser
ˆ ˜ ˜
modesto e aceitar a correçao, ele racionali-
numa bençao zou, deu desculpas, justificou suas açoes,
˜
fugiu do problema e tentou jogar a culpa
no povo. Quando Saul quis se esquivar da
disciplina por dizer que uma parte do despojo seria usada como sa-
´ ´
crifıcio a Jeova, Samuel disse as conhecidas palavras: “Eis que obe-
´ ´
decer e melhor do que um sacrifıcio.” Corajosamente, Samuel o re-
˜ ´
preendeu e transmitiu a decisao de Jeova: o reinado seria tirado de
Saul e dado a um homem melhor.1 — 1 Sam. 15:1-33.
´ ´
1 O proprio Samuel executou Agague. Nem aquele rei perverso nem sua famılia me-
´ ´ ˜
reciam misericordia. Seculos depois, “Hama, o agagita”, que pelo visto era um dos
´
descendentes de Agague, tentou eliminar o povo de Deus. — Ester 8:3; veja os Capı-
tulos 15 e 16 deste livro.

22. Por que Samuel estava certo de ver o lado bom de Saul?
23. Qual foi a primeira qualidade valiosa que Saul perdeu, e como ele mos-
ˆ
trou cada vez mais arrogancia?
´
24. (a) Como Saul desobedeceu a Jeova na guerra contra os amalequitas?
` ˜ ˜ ´
74 (b) Como Saul reagiu a correçao, e qual foi a decisao de Jeova?
ELE PERSEVEROU APESAR DE DESAPONTAMENTOS

25 Samuel ficou muito aflito com o que Saul tinha feito. Ele
´ ´
passou a noite implorando a ajuda de Jeova. Ate mesmo pranteou
por Saul. Samuel tinha visto nele tanto potencial, tantas qualida-
´
des boas, e agora suas esperanças haviam sido destruıdas. O ho-
mem que ele conheceu tinha mudado — havia perdido suas me-
´
lhores qualidades e se voltado contra Jeova. Samuel se recusou a
´
ver Saul novamente. Mas, com o tempo, Jeova deu uma leve re-
˜ ´ ´
preensao a Samuel: “Ate quando prantearas a Saul, enquanto eu,
por outro lado, rejeitei que reinasse sobre Israel? Enche teu chifre
´ ´
de oleo e vai. Enviar-te-ei a Jesse, o belemita, porque providenciei
para mim um rei dentre os seus filhos.” — 1 Sam. 15:34, 35; 16:1.
26 O proposito ´ ´ ˜
de Jeova nao depende de humanos imperfeitos,
˜ ´
que nem sempre sao leais. Se um homem se torna infiel, Jeova es-
colhe outro para realizar Sua vontade. Assim, o idoso Samuel dei-
˜ ´ `
xou de prantear por Saul. Sob a orientaçao de Jeova, ele foi a casa
´ ´ ´
de Jesse, em Belem, onde conheceu varios de seus filhos, homens
ˆ ´ ´
de excelente aparencia. Mas, ja sobre o primeiro filho, Jeova disse
˜ ˆ ´
a Samuel para nao olhar apenas para a aparencia fısica. (Leia 1 Sa-
muel 16:7.) Por fim, Samuel conheceu o filho mais novo, Davi,
´
que foi o escolhido por Jeova!
´
27 Nos seus ultimos anos de vida, Samuel viu mais claramente
˜ ´
que a decisao de Jeova de substituir Saul por Davi tinha sido corre-
ta. Saul havia chegado ao ponto de querer matar Davi por causa de
´ ´ ´
ciume e, alem disso, tinha se tornado apostata. Por outro lado, Davi
´ ´
mostrou belas qualidades — coragem, integridade, fe e lealdade. A fe
de Samuel, no fim de sua vida, ficou ainda
mais forte. Ele viu que nenhum desaponta-
´ ´
mento e grande demais para Jeova curar, ˆ
´ PARA VOCE PENSAR . . .
resolver ou ate mesmo transformar numa
ˆ ˜ ˙ Como Samuel lidou com as
bençao. Por fim, Samuel morreu, deixando ´
´ ´ tragedias que aconteceram
para tras um registro notavel de uma vida
´ ˜ ´ em Silo?
que durou quase um seculo. Nao e de ad-
mirar que todo o Israel tenha lamentado a ˙ O que ajudou Samuel a perse-
perda desse homem fiel. Hoje em dia, os verar apesar da rebeldia
´ ˜ de seus filhos?
servos de Jeova farao bem em se perguntar:
´ ˙ Como Samuel se recuperou
‘Vou imitar a fe de Samuel?’
dos desapontamentos relacio-
25, 26. (a) Por que Samuel pranteou por Saul, nados ao Rei Saul?
´ ˜
e como Jeova lhe deu uma leve repreensao? ˆ
˜
(b) Que liçao Samuel aprendeu quando foi a casa
` ˙ De que maneiras voce gostaria
´ ´
de Jesse? de imitar a fe de Samuel?
´
27. (a) O que fez com que a fe de Samuel ficasse
ˆ
ainda mais forte? (b) O que voce acha do exemplo
que Samuel deixou? 75
´
CAPITULO NOVE

Ela agiu
˜
com discriçao
ˆ
ABIGAIL viu o panico nos olhos do rapaz. Ele estava aterrorizado
— e com bons motivos. Um grande perigo se aproximava. Bem na-
quela hora, cerca de 400 guerreiros estavam a caminho, determina-
dos a matar todos os homens da casa de Nabal, marido de Abigail.
ˆ
Por que?
2 Tudo começou com Nabal. Como

sempre, ele havia agido de modo cruel


´
e insolente. So que dessa vez tinha in- O que uma
´
sultado o homem errado — o estimado unica mulher
comandante de um grupo leal de guer-
reiros bem treinados. Um dos jovens
poderia fazer
trabalhadores de Nabal, talvez um pas- contra um
tor, procurou Abigail, acreditando que ´
exercito?
ela pensaria em algum plano para os
´
salvar. Mas o que uma unica mulher
´
poderia fazer contra um exercito?
3 Primeiro, vamos conhecer um pouco melhor essa mulher no-
´ ˜ ˜
tavel. Quem era Abigail? Como surgiu essa situaçao tao grave? E o
´
que podemos aprender do seu exemplo de fe?
˜
“Boa discriçao e bela figura”
4 ˜
Abigail e Nabal nao formavam um bom par. Nabal dificil-
´
mente poderia ter escolhido uma esposa melhor, ´ ja Abigail dificil-
mente poderia ter casado com um homem pior. E verdade que ele
tinha dinheiro, por isso se achava muito importante. Mas como os
˜ ´ ´
outros o encaravam? Talvez nao seja possıvel encontrar na Bıblia
˜ ´
outro personagem descrito em termos tao negativos. O proprio
´ ˜
nome dele significa “insensato” ou “estupido”. Nao se sabe se fo-
ram seus pais que lhe deram esse nome ou se ele ficou conhecido
assim mais tarde. De qualquer forma, ele fazia jus ao seu nome.
1-3. (a) Por que o perigo se aproximava da casa de Abigail? (b) O que vamos
´
aprender sobre essa mulher notavel?
4. Que tipo de homem era Nabal?

76
˜
E L A A G I U C O M D I S C R I Ç A O

´ ˜
Nabal era “duro e mau nas suas praticas”. Por ser tirano e beberrao,
˜
muitas pessoas o temiam e nao gostavam dele. — 1 Sam. 25:2, 3,
17, 21, 25.
5 Abigail era bem diferente de Nabal. O nome dela significa

“meu pai se fez alegre”. Muitos pais se orgulham de ter uma filha
bonita, mas um pai sensato fica ainda mais feliz por ver a beleza in-
´
terior de sua filha. Muitas vezes, uma pessoa que e bonita por fora
˜
se esquece de desenvolver qualidades como discriçao, sabedoria,
´ ˜ ´
coragem e fe. Esse nao era o caso de Abigail. A Bıblia a elogia por
˜
sua discriçao e beleza. — Leia 1 Samuel 25:3.
6 Alguns talvez se perguntem por que uma jovem tao ˜
inteli-
˜ ´
gente se casou com um homem tao imprestavel. Lembre-se que
´
muitos casamentos nos tempos bıblicos eram arranjados. E, mes-
˜ `
mo que um casamento nao fosse arranjado, dava-se muito valor a
˜ ´ ´
aprovaçao dos pais. Sera que os pais de Abigail aprovaram ou ate
arranjaram esse casamento, impressionados com a riqueza e o
´
destaque de Nabal? Sera que eram pobres e sentiram-se pressiona-
˜
dos? Seja como for, o dinheiro de Nabal nao fez dele um bom ma-
rido.
7 Pais sensatos preocupam-se em ensinar os filhos a ter um
˜
conceito correto sobre o casamento. Eles nao pressionam seus fi-
˜
lhos a casar por dinheiro nem a namorar quando ainda sao novos
´
demais para assumir as responsabilidades e os papeis de adultos.
(1 Cor. 7:36) No entanto, era muito tarde para Abigail pensar nis-
so. Independentemente dos motivos, ela tinha se casado com
˜
Nabal e estava decidida a fazer o seu melhor naquela situaçao
´
difıcil.

“Ele lançou invectivas sobre eles”


8 ˜
Nabal tinha acabado de piorar a situaçao de Abigail. Ele havia
´ ´
insultado ninguem menos que Davi, o servo fiel de Jeova a quem
Samuel, o profeta, tinha ungido, revelando que Davi era o escolhi-
do de Deus para substituir o Rei Saul. (1 Sam. 16:1, 2, 11-13) Davi
estava fugindo do ciumento e assassino Rei Saul, e morava numa
˜ ´
regiao desertica com seus 600 guerreiros leais.
˜
5, 6. (a) Na sua opiniao, quais eram as qualidades mais atraentes de Abigail?
(b) Qual talvez tenha sido o motivo de Abigail ter se casado com um homem
˜ ´
tao imprestavel?
7. (a) O que os pais hoje devem evitar se quiserem ensinar seus filhos a ter
um conceito correto sobre o casamento? (b) O que Abigail estava decidida
a fazer?
ˆ
8. A quem Nabal insultou, e por que voce acha que isso foi muito insensato? 77
´
IMITE A SUA FE  ABIGAIL

9 Nabal morava em Maom, mas trabalhava e provavelmente ti-


nha terras ali perto, em Carmelo.1 Essas cidades ficavam entre mon-
tes cobertos de pastagens boas para criar ovelhas, incluindo as 3 mil
´ ˜ ´
que Nabal possuıa. Mas a regiao em volta era desertica. Ao sul fica-
˜ ˜
va o vasto deserto de Para. A regiao ao leste, que dava para o
´
mar Salgado, era inospita e cheia de desfiladeiros e cavernas. Sobre-
viver nesses lugares era um desafio para Davi e seus homens. Com
certeza, eles tinham de caçar para comer e enfrentavam muitas difi-
culdades. Era comum se encontrarem com os jovens que trabalha-
vam como pastores para o rico Nabal.
10 Como aqueles soldados esforçados tratavam os pastores? Te-
´
ria sido facil pegar uma ou outra ovelha de vez em quando, mas
˜ ´
eles nao faziam isso. Pelo contrario, eram como uma muralha pro-
tetora em volta dos rebanhos e dos servos de Nabal. (Leia 1 Samuel
´
25:15, 16.) Ovelhas e pastores enfrentavam varios perigos. Havia
˜
muitos predadores, e a fronteira de Israel no sul ficava tao perto
˜
que eram comuns ataques de bandos de saqueadores e ladroes es-
trangeiros.2
11 Devia dar muito trabalho alimentar todos aqueles homens

no ermo. Por isso, Davi enviou dez mensageiros a Nabal, pedindo


´
ajuda. Davi escolheu o momento certo. Era a epoca festiva da tos-
quia e era comum fazer banquetes e demonstrar generosidade. Davi
´
tambem escolheu bem as palavras, usando termos respeitosos. Ele
´
ate se referiu a si mesmo como “teu filho Davi”, talvez reconhecen-
do respeitosamente o fato de Nabal ser mais velho. Qual foi a rea-
˜
çao de Nabal? — 1 Sam. 25:5-8.
´
12 Ele ficou furioso! O jovem mencionado no inıcio descreveu
a cena a Abigail, dizendo que Nabal “lançou invectivas [insultos]
sobre eles”. Aquele homem mesquinho começou a reclamar por
˜ ´
causa de seu precioso pao, agua e carne. Ele zombou de Davi, dan-
do a entender que ele era insignificante, e o comparou a um servo
˜
1 Nao se trata do famoso monte Carmelo bem ao norte, onde o profeta Elias mais
´
tarde teve um confronto com os profetas de Baal. (Veja o Capıtulo 10.) O Carmelo
˜ ´
mencionado aqui era uma cidade perto da regiao desertica ao sul.
˜ ´ ˜
2 Davi provavelmente encarava aquela proteçao aos proprietarios de terras da regiao
´ ´
e aos seus rebanhos como serviço prestado a Jeova Deus. Naquele tempo, o proposi-
´ ˜ ´
to de Jeova era que os descendentes de Abraao, Isaque e Jaco morassem naquela terra.
ˆ
Assim, protege-la dos invasores e saqueadores estrangeiros era uma forma de serviço
sagrado.
ˆ
9, 10. (a) Em que circunstancias Davi e seus homens lutavam para sobre-
viver? (b) Por que Nabal deveria ter sido grato pelo que Davi e seus homens
´ ´
faziam? (Veja tambem a nota do paragrafo 10.)
11, 12. (a) Como Davi mostrou tato e respeito na mensagem que enviou a
`
Nabal? (b) O que havia de errado no modo como Nabal reagiu a mensagem
78 de Davi?
˜
E L A A G I U C O M D I S C R I Ç A O

`
fugitivo. Essa forma de encarar Davi talvez fosse similar a de Saul,
´
que odiava Davi. Nenhum deles pensava como Jeova, que amava
˜
Davi e o via como o futuro rei de Israel, nao como um escravo re-
belde. — 1 Sam. 25:10, 11, 14.
13 Quando os homens voltaram com a resposta de Nabal, Davi

ficou furioso. “Cingi-vos cada um da sua espada!”, ordenou. Arma-


´
dos, Davi e 400 de seus homens saıram para lutar. Ele jurou que eli-
minaria todos os homens da casa de Nabal. (1 Sam. 25:12, 13, 21,
´
22) Era compreensıvel Davi sentir-se furioso, mas a forma de ele ex-
´ ˜
pressar isso estava errada. A Bıblia diz: “O furor do homem nao pro-
duz a justiça de Deus.” (Tia. 1:20) Mas como Abigail salvaria os de
sua casa?
“Bendita seja a tua sensatez” ´
14 ´
Em certo sentido, ja vimos Abigail Ao contrario de Nabal,
dar o primeiro passo para corrigir essa situa-
˜ ´ ´ Abigail estava
çao terrıvel. Ao contrario de seu marido,
Nabal, ela estava disposta a ouvir. Quanto a disposta a ouvir
levar o assunto a Nabal, o jovem servo dis-
´ ´
se: “Ele e um homem demasiado impresta-
vel para se falar com ele.”1 (1 Sam. 25:17) Infelizmente, a impor-
ˆ ˜
tancia que Nabal dava a si mesmo fazia com que ele nao quisesse
ˆ ´ ´
ouvir. Essa arrogancia tambem e muito comum hoje. Mas aquele
´
jovem sabia que Abigail era diferente e, sem duvida, foi por isso
que ele lhe contou o problema.
´
15 Abigail pensou e agiu rapido. O relato diz que ela “apressou-
se imediatamente”. Esse relato usa quatro vezes o verbo “apressar”
com respeito a Abigail. Ela preparou um presente generoso para
´ ˜ ˜
Davi e seus homens. Incluıa pao, vinho, carne de ovelha, graos tor-
rados, tortas de passas e de figos. Fica claro que Abigail sabia bem o
` ˜
que tinha a sua disposiçao e era uma excelente dona de casa, bem
` ´
parecida a esposa capaz descrita mais tarde no livro de Prover-
bios. (Pro. 31:10-31) Ela mandou seus servos ir na frente com as
˜ ´
1 A expressao ‘homem imprestavel’ significa literalmente “filho de belial (inutilida-
˜ ´ ˜
de)”. Outras traduçoes da Bıblia incluem uma descriçao de Nabal como um homem
˜ ´ ˜
“que nao escuta ninguem” e, por isso, “nao vale a pena falar com ele”.
´ ´
13. (a) De inıcio, como Davi reagiu aos insultos de Nabal? (b) O que o princı-
˜
pio registrado em Tiago 1:20 nos ensina sobre a reaçao de Davi?
14. (a) Em que sentido Abigail deu o primeiro passo para corrigir o erro de
˜ ´
Nabal? (b) Que liçao pratica podemos aprender da diferença que havia entre
´
Nabal e Abigail? (Veja tambem a nota.)
`
15, 16. (a) Como Abigail mostrou que era parecida a esposa capaz descrita
´ ˜
no livro de Proverbios? (b) Por que a atitude de Abigail nao foi uma rebeldia
contra a chefia de seu marido? 79
´
IMITE A SUA FE  ABIGAIL

˜ ˜
provisoes, depois seguiu sozinha. “Mas”, conforme lemos, “ela nao
contou nada a seu esposo Nabal”. — 1 Sam. 25:18, 19.
16 Significa isso que Abigail se rebelou contra a chefia que Na-
˜
bal tinha direito de exercer? Nao, lembre-se que Nabal havia agido
´ ˜
iniquamente contra um servo ungido de Jeova. Essa açao poderia
resultar na morte de muitos membros inocentes da casa de Nabal.
´ ˜
Sera que, se Abigail nao tivesse feito nada, teria se tornado culpada
˜
como o marido? No caso em questao, ela tinha de colocar a sub-
˜ ` ˜
missao a Deus a frente da submissao ao marido.
17 Pouco depois, Abigail se encontrou com Davi e seus ho-

mens. Novamente ela se apressou, dessa vez para descer do jumen-


˜
to e se curvar diante de Davi. (1 Sam. 25:20, 23) Entao abriu seu co-
˜ ´ ´
raçao, fazendo uma forte suplica por misericordia em favor de seu
marido e os de sua casa. Por que suas palavras surtiram efeito?
18 Ela assumiu a responsabilidade pelo que tinha acontecido e
˜
pediu o perdao de Davi. Abigail foi realista ao reconhecer que o ma-
˜
rido era tao insensato como o nome dele indicava, talvez sugerindo
que castigar aquele homem estava abaixo da dignidade de Davi. Ela
mostrou que tinha confiança em Davi como representante de
´ ´
Jeova, reconhecendo que ele estava travando “as guerras de Jeova”.
´ ´
Tambem indicou que sabia da promessa de Jeova sobre Davi e o rei-
´ ´ ´
nado, pois disse: “Jeova . . . certamente te comissionara como lıder
´ ˜
de Israel.” Alem disso, pediu que Davi nao fizesse nada que pudes-
se trazer culpa de sangue sobre ele ou que talvez se tornasse, mais
˜ ˜
tarde, “uma razao para vacilaçao” — pelo visto, referindo-se a uma
ˆ ´
consciencia perturbada. (Leia 1 Samuel 25:24-31.) Sem duvida,
palavras gentis e tocantes!
19 Como Davi reagiu? Ele aceitou o presente de Abigail e disse:
´
“Bendito seja Jeova, o Deus de Israel, que te enviou neste dia ao
meu encontro! E bendita seja a tua sensatez, e bendita sejas tu que
neste dia me contiveste de entrar em culpa de sangue.” Davi a elo-
giou por ter tido coragem de ir imediatamente ao encontro dele, e
reconheceu que Abigail o havia impedido de ter culpa de sangue.
Ele disse: “Sobe em paz para a tua casa”, e humildemente acrescen-
tou: “Escutei a tua voz.” — 1 Sam. 25:32-35.
“Eis a tua escrava”
20 A caminho de casa, Abigail com certeza refletiu naquele
17, 18. (a) Como Abigail se aproximou de Davi e o que ela disse? (b) Por que
as palavras de Abigail surtiram efeito?
`
19. Como Davi reagiu as palavras de Abigail, e por que ele a elogiou?
ˆ ´ ˜
20, 21. (a) Por que voce acha admiravel a disposiçao de Abigail de voltar pa-
ra o seu marido? (b) Como Abigail mostrou coragem e sensatez ao escolher o
80 momento certo para falar com Nabal?
“Por favor, deixa a tua escrava falar aos teus ouvidos”
´
IMITE A SUA FE  ABIGAIL

encontro. Ela deve ter percebido o contraste entre aquele homem


fiel e bondoso e o homem bruto com quem havia se casado. Mas
˜ ´
nao ficou pensando nisso. Lemos: “Mais tarde, Abigail entrou ate
Nabal.” De fato, ela voltou para o marido determinada como sem-
pre a cumprir seu papel de esposa. Abigail precisava lhe contar so-
bre o presente enviado a Davi e seus homens. Nabal tinha o direito
´
de saber. Ele tambem tinha o direito de saber do perigo que havia
sido evitado, antes que soubesse por outra pessoa — o que seria ain-
˜
da mais vergonhoso. Mas nao dava para contar isso no momento.
ˆ
Nabal estava completamente bebado, festejando como um rei.
— 1 Sam. 25:36.
21 Mais uma vez, mostrando coragem e sensatez, ela decidiu es-
´ ˜
perar ate a manha seguinte, quando o efeito do vinho teria dimi-
´ ´
nuıdo. Nabal estaria mais sobrio para entender o que ela tinha a di-
´
zer, mas tambem poderia ficar mais agressivo. Ainda assim, Abigail
´ ´
foi ate ele e lhe contou tudo. Sem duvida, ela esperava uma rea-
˜ ´
çao explosiva, talvez violenta. Mas Nabal ficou sentado, imovel.
— 1 Sam. 25:37.
22 O que estava acontecendo com aquele homem? “O coraçao ˜
´
dele ficou morto dentro dele e ele proprio ficou como pedra.” Pode
´
ser que tivesse sofrido uma especie de derrame. Mas o seu fim veio
˜
uns dez dias depois — e nao apenas por causa de um problema de
´ ´
saude. O relato diz: “Jeova feriu a Nabal, de modo que morreu.”
˜
(1 Sam. 25:38) Com essa execuçao justa, o casamento de Abigail,
´ ˜
um verdadeiro pesadelo, chegou ao fim. Embora hoje Jeova nao
˜ ´
faça execuçoes milagrosas, esse relato e um
bom lembrete de que ele fica atento a todo
´
ˆ tipo de tirania ou abuso cometido na famı-
PARA VOCE PENSAR . . . ´ ´
lia. No seu proprio tempo, Jeova sempre
˙ O que podemos aprender traz justiça. — Leia Lucas 8:17.
˜ ´ ´ ´
da situaçao difıcil que Abigail 23 Alem de se ver livre de um pessimo
enfrentava no casamento? ˆ
casamento, Abigail recebeu mais uma ben-
˜
˙ Como Abigail mostrou coragem çao. Quando Davi soube da morte de Na-
e sensatez ao lidar com as bal, enviou mensageiros com uma proposta
ˆ
consequencias dos insultos que de casamento. Ela respondeu: “Eis a tua es-
seu marido lançou contra Davi? ´
crava como serva para lavar os pes dos ser-
˙ Como Abigail usou de vos do meu senhor.” Fica evidente que a
˜
bom-senso e persuasao
22. O que aconteceu com Nabal, e o que pode-
ao falar com Davi? mos aprender sobre todo tipo de tirania ou abuso
ˆ ´
˙ De que maneiras voce gostaria cometido na famılia?
´ ˆ ˜
de imitar a fe de Abigail? 23. Que outra bençao Abigail recebeu, e como fi-
˜
cou evidente que essa perspectiva nao mudou seu
´
82 carater?
˜ ´ ´ Abigail
perspectiva de se casar com Davi nao mudou seu carater; ela ate corajosamente
mesmo se ofereceu para ser serva dos servos dele! A seguir, lemos contou a Nabal
que Abigail mais uma vez se apressou, mas agora para se preparar a o que tinha feito
fim de ir ao encontro de Davi. — 1 Sam. 25:39-42. para salvar a
24 Mas isso nao˜ vida dele
foi um final de conto de fadas. A vida de Abi-
´ ´ ˜
gail com Davi nem sempre seria facil. Davi ja era casado com Ainoa
e, apesar de Deus permitir a poligamia, isso com certeza apresenta-
` ´ ´ ˜
va seus desafios as mulheres fieis daquela epoca. E Davi ainda nao
´ ´
servia a Jeova como rei; muitos obstaculos e desafios teriam de ser
`
superados antes disso. Mas a medida que Abigail ajudou e apoiou
Davi durante toda a sua vida, dando-lhe mais tarde um filho, ela
ˆ
pode ver que tinha um marido que a valorizava e protegia. Certa
´ ´
vez, ele chegou ate a resgata-la de sequestradores! (1 Sam. 30:1-19)
´
Assim, Davi imitou a Jeova Deus, que ama e valoriza as mulheres
´
discretas, corajosas e fieis.
24. Que desafios Abigail enfrentou em sua nova vida, mas como seu marido e
seu Deus a encaravam? 83
´
CAPITULO DEZ

Ele defendeu
˜
a adoraçao pura
˜
ELIAS observava a multidao que subia quase se arrastando pelas en-
costas do monte Carmelo. Mesmo na fraca luz do amanhecer, era
´
facil ver como a pobreza e a necessidade afligiam aquelas pessoas.
ˆ
Elas sentiam na pele os efeitos de tres anos e meio de seca.
2 No meio delas, andando de maneira arrogante, estavam os
´
450 profetas de Baal, cheios de orgulho e ardendo de odio por Elias,
´
profeta de Jeova. A Rainha Jezabel tinha executado muitos servos
´ ˜
de Jeova, mas esse homem continuava firme contra a adoraçao de
Baal. Mas por quanto tempo? Talvez aqueles sacerdotes pensassem
que um homem sozinho jamais conseguiria vencer todos eles.
(1 Reis 18:4, 19, 20) O Rei Acabe os acompanhava em sua carrua-
´ ˜
gem real. Ele tambem nao gostava nem um pouco de Elias.
3 Aquele profeta solitario ´
tinha diante de si um dia como ne-
nhum outro em sua vida. Enquanto Elias observava, preparava-se o
´ ´
cenario para um dos mais dramaticos confrontos entre o bem e o
´ `
mal que o mundo ja viu. Como ele se sentia a medida que ia ama-
nhecendo? Sendo um “homem com sentimentos iguais aos nos-
´
sos”, Elias tambem sentia medo. (Leia Tiago 5:17.) Mas podemos
ter certeza de uma coisa: rodeado por aqueles sacerdotes assassinos,
´ ´
pelo povo sem fe e pelo rei apostata deles, Elias sentiu que estava
totalmente sozinho. — 1 Reis 18:22.
4 Mas o que levou Israel a essa crise? E o que esse relato tem a
ˆ ´
ver com voce? Considere o exemplo de fe de Elias e como ele pode
´ ´
ser pratico para nos hoje.
´
Uma longa luta chega ao clımax
5 ˜ ´
Por quase toda a vida, Elias observou a adoraçao de Jeova, a
melhor coisa que sua terra e seu povo tinham, ser deixada de lado
˜
1, 2. (a) O que afligia as pessoas nos dias de Elias? (b) Que oposiçao Elias en-
frentou no monte Carmelo?
`
3, 4. (a) Por que Elias talvez tenha sentido medo a medida que aquele dia im-
portante ia amanhecendo? (b) Que perguntas consideraremos?
5, 6. (a) Em que luta Israel estava envolvido? (b) De que maneiras o Rei Aca-
´
be tinha ofendido profundamente a Jeova?

84
˜
E L E D E F E N D E U A A D O R A Ç A O P U R A

´
e desprezada, sem poder fazer nada a respeito. Veja so: Israel esta-
˜
va envolvido numa longa luta, uma guerra entre a religiao verda-
˜ ´
deira e a falsa, entre a adoraçao de Jeova Deus e a idolatria das
˜
naçoes vizinhas. Nos dias de Elias, aquela luta tinha piorado ainda
mais.
6 O Rei Acabe tinha ofendido profundamente a Jeova. ´
Ele ha-
´
via se casado com Jezabel, filha do rei de Sıdon. Jezabel estava de-
˜
cidida a espalhar a adoraçao de Baal pela terra de Israel e a elimi-
˜ ´ ` ˆ
nar a adoraçao de Jeova. Acabe logo cedeu a influencia dela. Ele
construiu um templo e um altar a Baal e tomou a liderança em se
˜
curvar diante desse deus pagao. — 1 Reis 16:30-33.
˜
7 O que tornou a adoraçao de Baal tao ˜
ofensiva? Ela seduziu Is-
´
rael, levando muitos a se afastar do Deus verdadeiro. Era tambem
˜ ˜
uma religiao repugnante e cruel. Envolvia a prostituiçao de homens
´
e mulheres no templo, orgias sexuais e ate
´
mesmo o sacrifıcio de crianças. Por causa
´
disso, Jeova enviou Elias a Acabe para anun-
´
ciar uma seca que duraria ate que o profeta
De certo modo, a maioria
de Deus decretasse o fim dela. (1 Reis 17:1)
´
dos principais aspectos
Depois de varios anos, Elias compareceu no-
que caracterizavam
vamente perante Acabe e lhe disse para reu- ˜
nir o povo e os profetas de Baal no monte a adoraçao de Baal
Carmelo.1 ˜
8 Mas o que essa luta significa para nos ´ s ao cada vez mais
hoje? Alguns talvez achem que a historia so-
´ comuns hoje
˜ ˜ ´
bre a adoraçao de Baal nao e importante
´ ˜
hoje, ja que nao vemos templos e altares de
˜ ´ ´ ´
Baal ao nosso redor. Mas esse relato nao e so historia antiga. (Rom.
´
15:4) A palavra “Baal” significa “dono” ou “amo”. Jeova disse a seu
povo que eles deveriam escolher a Ele como seu “baal”, ou dono
˜
marital. (Isa. 54:5) Nao concorda que as pessoas ainda servem a uma
variedade de amos em vez de ao Deus Todo-Poderoso? Quer as pes-
´ ˜
soas usem sua vida para ir atras de dinheiro, carreira, diversao, pra-
´ ´
zeres sexuais, quer para ir atras de qualquer um dos incontaveis
˜ ´
deuses que sao adorados em vez de Jeova, elas escolhem um amo.
(Mat. 6:24; leia Romanos 6:16.) De certo modo, a maioria dos prin-
˜ ˜
cipais aspectos que caracterizavam a adoraçao de Baal sao cada vez
1 Veja o quadro “Quanto tempo durou a seca nos dias de Elias?”.
˜ ˜
7. (a) O que tornou a adoraçao de Baal tao ofensiva? (b) Com respeito ao
tempo que durou a seca nos dias de Elias, por que podemos ter certeza de
´ ˜
que a Bıblia nao se contradiz? (Inclua o quadro.)
˜
8. O que podemos aprender do relato sobre a adoraçao de Baal? 85
´
IMITE A SUA FE  ELIAS

´
mais comuns hoje. Refletir naquela antiga disputa entre Jeova e Baal
pode nos ajudar a escolher sabiamente a quem vamos servir.

‘Mancar’ em que sentido?


9 ´ ´
Do cume do monte Carmelo e possıvel ter uma vista ampla
´
— desde o vale da torrente do Quisom, abaixo, ate o Grande Mar
ˆ ´ ´
(mar Mediterraneo) nas proximidades, e ate os montes do Lıbano,
`
no horizonte do extremo norte.1 Mas, a medida que o Sol nascia
´
nesse dia decisivo, a vista era sinistra. A terra anteriormente fertil
´ ´
1 O monte Carmelo normalmente e viçoso e verde, visto que ventos marıtimos car-
ˆ
regados de umidade passam pelas suas encostas, com frequencia trazendo chuvas e
´
formando bastante orvalho. Uma vez que Baal recebia o credito pelas chuvas, esse
˜
monte evidentemente era um local importante para a sua adoraçao. Assim, um mon-
te Carmelo improdutivo e seco era um local ideal para expor o baalismo como uma
fraude.
˜
9. (a) Como a situaçao em que o monte Carmelo se encontrava fazia dele um
´
local ideal para expor o baalismo? (Veja tambem a nota.) (b) O que Elias dis-
se ao povo?

Quanto tempo durou a seca nos dias de Elias?


´ ´ ˆ
O profeta de Jeova, Elias, anunciou ao ja tinha durado quase tres anos e meio.
ˆ ´
Rei Acabe que a longa seca logo acabaria. Os “tres anos e seis meses” completos ja
Isso foi “no terceiro ano” — pelo visto con- tinham passado quando todo o povo se reu-
tando a partir do dia em que Elias anunciou niu para presenciar o grande teste no monte
´
a seca. (1 Reis 18:1) Jeova fez chover pouco Carmelo.
tempo depois de Elias ter dito que Ele faria ˜ ˜
Considere, entao, a ocasiao em que Elias
isso. Alguns talvez concluam que a seca ter- visitou o Rei Acabe pela primeira vez. O po-
minou no decorrer do terceiro ano e que, vo acreditava que Baal era “o cavaleiro das
ˆ
portanto, durou menos de tres anos. Mas nuvens”, o deus que traria chuvas para aca-
tanto Jesus como Tiago disseram que a seca ˜ ˜
ˆ bar com a estaçao seca. Se a estaçao seca foi
durou “tres anos e seis meses”. (Luc. 4:25; ´ ´
´ ´ ˜ incomumente longa, e provavel que as pes-
Tia. 5:17) Sera que isso e uma contradiçao? ´
soas se perguntassem: ‘Onde esta Baal?
˜ ´ ´
De forma alguma. Veja bem, a estaçao seca Quando ele trara as chuvas?’ O anuncio de
˜
no Israel antigo era bastante longa, durava Elias, de que nao choveria nem cairia orva-
´ ´ ´ ´
ate seis meses. Sem duvida, Elias foi ate Aca- lho ate que ele desse a ordem, deve ter sido
´ arrasador para aqueles adoradores de Baal.
be para anunciar a seca quando o perıodo
´
de estiagem ja era incomumente longo e — 1 Reis 17:1.
severo. Na verdade, a seca tinha começado
quase meio ano antes. Assim, quando Elias
anunciou o fim da seca “no terceiro ano”,
´ ´
apos ele ter dado o primeiro anuncio, a seca
˜
E L E D E F E N D E U A A D O R A Ç A O P U R A

´ ˜
que Jeova tinha dado aos filhos de Abraao parecia estar morrendo.
Agora era uma terra endurecida pelo sol causticante, arruinada por
´
causa da tolice do proprio povo de Deus. Enquanto as pessoas se
´
ajuntavam, Elias se aproximou e disse: “Ate quando ficareis man-
˜ ´ ´
cando em duas opinioes diferentes? Se Jeova e o verdadeiro Deus,
´
ide segui-lo; mas se e Baal, ide segui-lo.” — 1 Reis 18:21.
10 O que Elias queria dizer com a expressao ˜
“mancando em
˜ ˜
duas opinioes diferentes”? Bem, aquelas pessoas nao se davam con-
˜ ´
ta de que precisavam escolher entre a adoraçao de Jeova e a adora-
˜
çao de Baal. Elas pensavam que podiam fazer as duas coisas — man-
ter a paz com Baal por meio de seus rituais repugnantes e ao mesmo
´
tempo pedir favores a Jeova Deus. Talvez pensassem que Baal aben-
˜ ´
çoaria suas plantaçoes e seus rebanhos, ao passo que “Jeova dos
´
exercitos” os protegeria nas batalhas. (1 Sam. 17:45) Mas tinham se
´
esquecido de uma verdade basica, uma verdade que muitos ainda
´ ˜ ˜ ´
hoje despercebem: Jeova nao divide sua adoraçao com ninguem.
˜ ˜
Ele exige e merece devoçao exclusiva. Para ele, qualquer adoraçao
˜ ´ ´
que esteja misturada com outra ˆ forma de adoraçao e inaceitavel,
´
ate mesmo ofensiva! — Leia Exodo 20:5.
11 Portanto, aqueles israelitas estavam “mancando” como al-
´
guem tentando seguir dois caminhos ao mesmo tempo. Hoje mui-
tos cometem um erro parecido, permitindo que outros “baals” se
˜
infiltrem aos poucos em sua vida, deixando de lado a adoraçao a
Deus. Acatar o apelo alto e claro de Elias para parar de mancar pode
˜
nos ajudar a reavaliar nossas prioridades e nossa adoraçao.
Um teste decisivo
12 ˆ
A seguir, Elias propos um teste bem simples. Os sacerdotes
´
de Baal deviam preparar um altar e colocar ali um sacrifıcio; depois
deviam orar a seu deus para que ele acendesse o fogo. Elias faria o
´
mesmo. Ele disse: “O verdadeiro Deus que responder por fogo e o
verdadeiro Deus.” Elias sabia muito bem quem era o verdadeiro
´ ˜ ˜
Deus. Sua fe era tao forte que ele nao hesitou em dar aos seus opo-
nentes toda a vantagem. Ele deixou os profetas de Baal fazer o tes-
´
te primeiro. Assim, eles escolheram o novilho para o sacrifıcio e co-
meçaram a invocar a Baal.1 — 1 Reis 18:24, 25.
´ ˜ ˆ ´
1 E curioso que Elias tenha lhes dito: ‘Nao deveis por fogo’ no sacrifıcio. Alguns eru-
´ `
ditos dizem que esses idolatras as vezes usavam altares com uma abertura secreta por
baixo para parecer que o fogo tinha sido aceso de modo sobrenatural.
˜
10. Como as pessoas dos dias de Elias estavam “mancando em duas opinioes
´
diferentes”, e de que verdade basica tinham se esquecido?
ˆ
11. Como voce acha que as palavras de Elias no monte Carmelo podem nos
˜
ajudar a reavaliar nossas prioridades e nossa adoraçao?
ˆ
12, 13. (a) Que teste Elias propos? (b) Como podemos mostrar que temos
´
tanta confiança em Jeova como Elias tinha? 87
´
IMITE A SUA FE  ELIAS

˜ 13 ´ ´ ˜
Nao vivemos numa epoca de milagres. No entanto, Jeova nao
mudou. Podemos ter tanta confiança nele como Elias tinha. Por
˜ ´
exemplo, quando outros nao concordam com o que a Bıblia ensi-
˜ ´
na, nao precisamos ter medo de deixa-los se expressar primeiro.
Como Elias, podemos recorrer ao Deus verdadeiro para resolver o
˜ ´
assunto. Fazemos isso, nao por confiar em nos mesmos, mas em
sua Palavra inspirada, que tem como objetivo “endireitar as coisas”.
— 2 Tim. 3:16.
14 Os profetas de Baal começaram a preparar o sacrifıcio ´
e a in-
´ ´
vocar seu deus. “O Baal, responde-nos!”, clamavam vez apos vez.
˜ ˜
Os minutos e as horas passavam, e eles nao desistiam. “Mas nao
˜ ´
havia voz e nao havia quem respondesse”, diz a Bıblia. Ao meio-
´
dia, Elias começou a zombar deles dizendo de modo sarcastico que
Baal devia estar muito ocupado para lhes
responder, que estava satisfazendo suas ne-
˜ cessidades ou tirando uma soneca e precisa-
Elias encarava a adoraçao ´
va que alguem o acordasse. “Clamai ao ma-
´
`
de Baal como uma fraude ximo da vossa voz”, exortou Elias aqueles
´ impostores. Fica claro que ele encarava a
ridıcula, e queria que ˜
adoraçao de Baal como uma fraude ridıcu-
´
o povo de Deus visse la, e queria que o povo de Deus visse isso
claramente. — 1 Reis 18:26, 27.
isso claramente 15 Os sacerdotes de Baal ficaram ainda
´
mais exaltados, ‘clamando ao maximo da
sua voz e fazendo cortes em si mesmos com
´
punhais e com lanças, segundo o seu costume, ate derramarem san-
˜ ˜ ˜
gue sobre si’. Mas tudo isso foi em vao! “Nao havia voz e nao ha-
˜ ˜
via quem respondesse, e nao se dava atençao.” (1 Reis 18:28, 29)
˜ ˜ ´
De fato, nao havia nenhum Baal. Ele era uma invençao de Satanas
´ ´
para desviar as pessoas de Jeova. A verdade e que escolher qualquer
˜ ´ ´ ˜ ´
amo que nao seja Jeova so traz decepçao, ate mesmo vergonha.
— Leia Salmo 25:3; 115:4-8.
A resposta
16 ´
No fim da tarde, chegou a vez de Elias oferecer um sacrifıcio.
´ ´
Ele reconstruiu um altar a Jeova, que sem duvida tinha sido derru-
˜
bado por inimigos da adoraçao pura. Usou 12 pedras, talvez fazendo
14. Como Elias zombou dos profetas de Baal, e por que ele fez isso?
15. Como o caso envolvendo os sacerdotes de Baal mostra a tolice de escolher
˜ ´
qualquer amo que nao seja Jeova?
16. (a) De que o povo talvez tenha se lembrado ao ver Elias reconstruir o altar
´
a Jeova no monte Carmelo? (b) De que outra maneira Elias mostrou confiança
88 em seu Deus?
´
“Nisto veio cair fogo da parte de Jeova”
´
IMITE A SUA FE  ELIAS

˜
com que muitos da naçao de Israel, de dez tribos, se lembrassem
que a Lei dada a todas as 12 tribos ainda estava em vigor. Depois
´ ´
colocou o sacrifıcio e fez com que tudo fosse encharcado com agua,
ˆ ´
provavelmente trazida do mar Mediterraneo ali perto. Tambem fez
´
uma vala em volta do altar e a encheu com agua. Ele tinha dado
´
muitas vantagens aos profetas de Baal, mas para Jeova ele dificul-
tou as coisas, pois tinha muita confiança em seu Deus. — 1 Reis
18:30-35.
17 Quando tudo estava pronto, Elias fez
˜ ˜
uma oraçao simples, mas expressiva, que
A oraçao de Elias deixou claro o que era mais importante para
mostrou que ele ainda ele. Primeiro de tudo, ele queria mostrar
´ ˜
que Jeova, nao aquele tal de Baal, era “Deus
se preocupava com seu em Israel”. Segundo, queria que todos sou-
povo, pois estava ansioso bessem que ele era apenas um servo de
´ ´ ´ ´
Jeova; toda gloria e todo credito deviam ser
para ver Jeova fazer dados a Deus. Por fim, mostrou que ainda
˜
“o coraçao deles se preocupava com seu povo, pois estava an-
´ ´
sioso para ver Jeova fazer “o coraçao deles
˜
voltar atras” ´
voltar atras”. (1 Reis 18:36, 37) Elias ainda
os amava, apesar de todo o sofrimento que
a infidelidade deles tinha causado. Em nos-
˜ ´
sas oraçoes, sera que podemos mostrar similar humildade, interes-
˜
se no nome de Deus e compaixao por outros que precisam de ajuda?
˜
18 Antes da oraçao de Elias, a multidao ˜
ali talvez tenha se per-
´ ˜
guntado se Jeova nao passaria de uma mentira, assim como Baal.
˜ ˜ ´
Mas, depois da oraçao, nao havia mais tempo para duvidas. O rela-
´
to diz: “Nisto veio cair fogo da parte de Jeova e passou a consumir
´
a oferta queimada e a lenha, bem como as pedras, e o po, e lam-
´
beu a agua que havia no rego.” (1 Reis 18:38) Que resposta espeta-
˜
cular! E qual foi a reaçao do povo?
19 Todos clamaram: “Jeova´ e´ o verdadeiro Deus! Jeova´ e´ o ver-

dadeiro Deus!” (1 Reis 18:39) Finalmente viram a verdade. Mas ain-


˜ ´
da nao haviam mostrado nenhuma fe. Convenhamos, reconhecer
´ ´ ´
que Jeova e o verdadeiro Deus depois de ver fogo descer do ceu em
˜ ˜ ´ ˜
resposta a uma oraçao nao e uma demonstraçao impressionante de
´
fe. Por isso, Elias esperava mais deles. Pediu que fizessem o que de-
` ´
veriam ter feito muitos anos antes — obedecer a Lei de Jeova. A Lei
˜
17. Como a oraçao de Elias mostrou o que era mais importante para ele, e co-
˜
mo podemos imitar seu exemplo em nossas oraçoes?
´ ` ˜
18, 19. (a) Como Jeova respondeu a oraçao de Elias? (b) O que Elias ordenou
˜ ´
que o povo fizesse, e por que os sacerdotes de Baal nao mereciam misericor-
90 dia?
˜
E L E D E F E N D E U A A D O R A Ç A O P U R A

´
de Deus dizia que falsos profetas e idolatras deviam ser mortos.
(Deut. 13:5-9) Esses sacerdotes de Baal eram inimigos declarados de
´ ´ ´
Jeova Deus e agiam deliberadamente contra Seus propositos. Sera
´ ´
que mereciam misericordia? Pense bem: que misericordia eles ti-
nham concedido a todas as crianças inocentes que foram queima-
´ ´
das vivas em sacrifıcio a Baal? (Leia Proverbios 21:13; Jer. 19:5) Es-
˜ ´
ses homens nao mereciam nenhuma misericordia! Assim, Elias
ordenou que fossem executados, e foi isso o que aconteceu. — 1 Reis
18:40.
´
20 Crıticos ˜ ˜
modernos talvez nao concordem com a conclusao
desse teste no monte Carmelo. Algumas pessoas talvez receiem que
´
fanaticos religiosos usem isso para justificar atos violentos de into-
ˆ ´
lerancia religiosa. E infelizmente existem hoje muitos fanaticos re-
˜
ligiosos violentos. Mas Elias nao era ne-
´
nhum fanatico. Ele estava agindo a favor de
´ ˜ ´
Jeova numa execuçao justa. Alem disso, os
˜ ˜ ˆ
cristaos verdadeiros sabem que nao podem PARA VOCE PENSAR . . .
fazer o que Elias fez, ou seja, pegar uma es-
´ ˙ O que podemos aprender
pada e acabar com as pessoas mas. Pelo con- de Elias sobre adorar
´ ´
trario, eles seguem o modelo para todos os exclusivamente a Jeova?
´
discıpulos de Jesus, conforme suas palavras ˙ Como podemos imitar
a Pedro: “Devolve a espada ao seu lugar, Elias ao lidar com os que
pois todos os que tomarem a espada pere- ˜
nao concordam com os
˜ ´ ´
cerao pela espada.” (Mat. 26:52) Jeova usa- ensinamentos da Bıblia?
´
ra seu Filho para executar a justiça divina ˙ O que podemos aprender
no futuro. ˜
da oraçao de Elias no
21 A responsabilidade dos cristaos ˜
ver- monte Carmelo?
´ ´ ˜ ˆ
dadeiros e levar uma vida de fe. (Joao 3:16) ˙ De que maneiras voce
´ ´
Um modo de fazer isso e por imitar homens gostaria de imitar a fe
´
fieis como Elias. Ele adorou exclusivamen- de Elias?
´
te a Jeova e incentivou outros a fazer o mes-
ˆ
mo. De forma corajosa, expos como fraude
˜ ´
uma religiao que Satanas usava para desviar
´
as pessoas de Jeova. Para resolver os assun-
´ ˜ ´
tos, ele confiou em Jeova e nao em suas pro-
prias habilidades ou vontade. Elias defendeu
˜ ´
a adoraçao pura. Que todos nos imitemos a
´
sua fe!
˜ ´
20. Por que as preocupaçoes dos crıticos moder-
˜
nos sobre a execuçao que Elias fez dos sacerdotes
˜
de Baal sao infundadas?
´
21. Por que o exemplo de Elias e apropriado para
˜
os cristaos verdadeiros hoje? 91
´
CAPITULO ONZE

Ele observou e esperou


ELIAS queria muito ficar sozinho com seu Pai celestial. Mas a
˜
multidao em volta desse profeta verdadeiro tinha acabado de
ˆ ´ ´
ve-lo invocar fogo do ceu, e muitos sem duvida queriam ganhar
o seu favor. Antes de poder subir ao cume do monte Carmelo e
´
orar a Jeova Deus em particular, Elias tinha diante de si uma ta-
´
refa desagradavel: falar com o Rei Acabe.
2 Os dois homens eram muito diferentes. Acabe, vestido
´
com trajes reais, era um apostata ganancioso e sem força mo-
ral. Elias usava a vestimenta oficial de um profeta — um manto
´
simples e rustico, provavelmente de pele de animais, ou de
pelo de camelo ou de cabra. Ele era um homem de muita co-
´ ´
ragem, integridade e fe. Muita coisa sobre o carater desses
dois homens tinha sido revelada nesse dia que estava para ter-
minar.
3 Havia sido um dia ruim para Acabe e outros adoradores de
˜ ˜
Baal. A religiao paga que Acabe e sua esposa, a Rainha Jezabel,
promoviam no reino de Israel, de dez tribos, tinha sofrido um
´
terrıvel golpe. Baal havia sido exposto como uma fraude. Aque-
˜
le deus sem vida nao tinha conseguido acender um simples
fogo, apesar do ritual de seus profetas de cortar a si mesmos,
bem como de suas danças e de seus apelos desesperados. Baal
tinha fracassado em proteger aqueles 450 homens de sua mere-
˜
cida execuçao. Mas esse deus falso havia fracassado em algo
ˆ
mais, e esse fracasso logo seria total. Por mais de tres anos, os
profetas de Baal tinham implorado ao seu deus que acabasse
´ ˜
com a seca que afligia o paıs, mas ele nao conseguiu fazer isso.
´ ´
Pouco depois, o proprio Jeova mostraria sua superioridade por
acabar com a seca. — 1 Reis 16:30–17:1; 18:1-40.
4 Mas quando Jeova´ agiria? Como Elias se comportaria ate´

que isso acontecesse? E o que podemos aprender desse ho-


´
1, 2. Que tarefa desagradavel Elias tinha diante de si, e em que sentido ele e
Acabe eram diferentes?
3, 4. (a) Por que o dia havia sido ruim para Acabe e outros adoradores de
Baal? (b) Que perguntas consideraremos?

92
ELE OBSERVOU E ESPEROU

´
mem de fe? Vejamos isso examinando o relato. — Leia 1 Reis
18:41-46.
˜
Um homem de oraçao
5Elias se aproximou de Acabe e disse: “Sobe, come e bebe;
´ ´ ˆ ´
pois ha o ruıdo da turbulencia dum aguaceiro.” Sera que esse rei
˜
perverso aprendeu alguma liçao do que havia acontecido naque-
˜ ´ ˜
le dia? O relato nao diz de maneira especıfica, mas nao vemos
nenhuma palavra de arrependimento, nenhum pedido para que
´ ˜ ˜
o profeta o ajudasse a se aproximar de Jeova e pedir perdao. Nao,
Acabe simplesmente “passou a subir para comer e beber”. (1 Reis
18:41, 42) Que dizer de Elias?
6 “Quanto a Elias, subiu ao cume do Carmelo e começou a
˜
agachar-se no chao e a manter a face entre os joelhos.” Enquan-
ˆ
to Acabe foi encher o estomago, Elias teve a oportunidade de orar
ao seu Pai celestial. Note a postura humilde mencionada aqui
˜ ˜
— Elias, no chao, com a cabeça tao abaixada que seu rosto chega-
˜
va perto dos joelhos. O que ele estava pedindo? Nao precisamos
´
5. O que Elias disse para Acabe fazer, e sera que Acabe aprendeu alguma li-
˜
çao do que havia acontecido naquele dia?
˜ ˆ
6, 7. O que Elias pediu em oraçao, e por que?

˜
As oraçoes de Elias
refletiam seu desejo
sincero de ver a
vontade de Deus
ser realizada

93
´
IMITE A SUA FE  ELIAS

´
adivinhar. Em Tiago 5:18, a Bıblia diz que Elias orou pelo fim da
˜
seca. Provavelmente, ele fez essa oraçao no cume do monte Car-
melo.
7 Antes disso, Jeova´ tinha dito: “Estou decidido a dar chuva
´
sobre a superfıcie do solo.” (1 Reis 18:1) Portanto, Elias orou para
´
que se realizasse a vontade de Jeova, assim como Jesus ensinou
seus seguidores a fazer uns mil anos mais
tarde. — Mat. 6:9, 10.
8 O exemplo de Elias nos ensina mui-
Elias ansiosamente ˜
to sobre a oraçao. Para ele, o mais impor-
ˆ ˜
procurou evidencias tante era a realizaçao da vontade de Deus.
´
´ Quando oramos, e bom nos lembrar do
de que Jeova estava ˜
seguinte: “Nao importa o que peçamos se-
prestes a agir gundo a sua vontade [de Deus], ele nos
˜ ˜
ouve.” (1 Joao 5:14) Fica claro entao que,
˜
para nossas oraçoes serem aceitas, precisa-
´
mos saber qual e a vontade de Deus — um
´
bom motivo para fazer do estudo da Bıblia parte da nossa vida
´ ´
diaria. Com certeza, Elias tambem queria ver o fim da seca por
´
causa de todo ´ o sofrimento que as pessoas de seu paıs estavam
´
passando. E provavel que ele se sentisse muito grato depois de
´
ter visto o milagre que Jeova realizou naquele dia. Da mesma
˜ ˜
forma, queremos que nossas oraçoes reflitam gratidao sincera e
˜ ´
preocupaçao pelo bem-estar de outros. — Leia 2 Corıntios 1:11;
Filipenses 4:6.
Confiante e vigilante
9 Elias tinha certeza de que Jeova´ acabaria com a seca, mas
˜
nao sabia quando ele faria isso. Assim, o que o profeta fez nesse
meio-tempo? Note o que o relato diz: “Ele disse ao seu ajudan-
˜
te: ‘Por favor, sobe. Olha na direçao do mar.’ Ele subiu, pois, e
˜ ˜ ´
olhou, e entao disse: ‘Nao ha absolutamente nada.’ E ele prosse-
guiu, dizendo: ‘Volta’, por sete vezes.” (1 Reis 18:43) O exemplo
˜
de Elias nos ensina pelo menos duas liçoes. Primeiro, veja a con-
ˆ
fiança desse profeta. Depois, considere a sua vigilancia.
´
10 Visto que Elias tinha confiança na promessa de Jeova, ele
ˆ ´
ansiosamente procurou evidencias de que Jeova estava prestes a
agir. Ele enviou seu ajudante a um ponto alto para verificar no
˜
8. O que o exemplo de Elias nos ensina sobre a oraçao?
9. O que Elias pediu ao seu ajudante, e que duas qualidades consideraremos?
´
10, 11. (a) Como Elias mostrou confiança na promessa de Jeova? (b) Por que
`
94 podemos ter confiança similar a de Elias?
ELE OBSERVOU E ESPEROU

horizonte se havia qualquer sinal de chuva. Ao voltar, o ajudan-


´ ˜ ´
te trouxe esta notıcia nem um pouco animadora: “Nao ha abso-
´
lutamente nada.” O horizonte estava claro, e o ceu, pelo visto,
ˆ
sem nuvens. Mas voce notou algo estranho? Lembre-se que Elias
´ ´ ˆ
tinha acabado de dizer ao Rei Acabe: “Ha o ruıdo da turbulencia
˜
dum aguaceiro.” Como o profeta podia dizer isso se nao havia
nenhuma nuvem?
11 Elias conhecia a promessa de Jeova. ´
Como seu profeta e
representante, ele tinha certeza de que seu Deus cumpriria Sua
´
palavra. Elias tinha tanta confiança que era como se ja estivesse
˜
ouvindo o aguaceiro. Talvez nos lembremos da descriçao que a
´ ´
Bıblia faz de Moises: “[Ele] permanecia constante como que ven-
´ ´ ´ ´ ˜
do Aquele que e invisıvel.” Sera que Deus e tao real assim para
ˆ ´
voce? Ele fornece muitos motivos para termos esse tipo de fe
nele e em suas promessas. — Heb. 11:1, 27.
12 A seguir, veja como Elias era vigilante. Ele mandou seu
˜
ajudante voltar nao uma nem duas vezes, mas sete vezes! Pode-
mos imaginar o ajudante ficando cansado de realizar essa tarefa
˜
repetitiva, mas Elias continuou ansioso por um sinal e nao desis-
´
tiu. Finalmente, depois da setima vez que voltou, o ajudante dis-
se: “Eis que sobe do mar uma nuvem pequena, como a palma
˜
da mao dum homem.” Consegue visualizar o ajudante com o
˜
braço estendido e usando a palma da mao para medir o tama-
nho de uma pequena nuvem subindo no horizonte do Grande
˜
Mar? Talvez ele nao tenha ficado muito impressionado. Mas para
˜
Elias aquela nuvem significava muito. Entao ele deu uma tarefa
urgente ao ajudante: “Sobe, dize a Acabe: ‘Atrela! E desce para
˜
que o aguaceiro nao te detenha!’ ” — 1 Reis 18:44.
13 Mais uma vez Elias deixou um excelente exemplo para
´ ´ ´ ´
nos. Tambem vivemos numa epoca em que Deus em breve agira
´
para cumprir o seu proposito. Elias esperava o fim de uma seca;
os servos de Deus hoje esperam o fim de um corrupto sistema
˜ ´ ´
mundial. (1 Joao 2:17) Ate Jeova Deus agir, devemos nos man-
´
ter sempre vigilantes, como Elias. O proprio Filho de Deus, Je-
sus, aconselhou seus seguidores: “Portanto, mantende-vos vigi-
˜ ´
lantes, porque nao sabeis em que dia vira o vosso Senhor.” (Mat.
´ ˜
24:42) Sera que Jesus queria dizer que seus seguidores nao te-
´ ˜
riam a mınima ideia de quando viria o fim? Nao, pois ele falou
12. Como Elias mostrou que era vigilante, e como reagiu ao saber que havia
surgido uma pequena nuvem?
ˆ ˜
13, 14. (a) Como podemos imitar a vigilancia de Elias? (b) Que razoes temos
ˆ
para agir com urgencia? 95
“Começou a haver um grande aguaceiro”
ELE OBSERVOU E ESPEROU

extensivamente sobre como o mundo seria quando o fim estives-


´ ´
se proximo. Todos nos podemos observar o cumprimento desse
˜
sinal detalhado da “terminaçao do sistema de coisas”. — Leia
Mateus 24:3-7.
14 Cada aspecto desse sinal fornece provas fortes e convin-
´ ˜
centes. Sera que essas provas sao suficientes para nos motivar a
ˆ ´
agir com urgencia em nosso serviço a Jeova? Uma pequena nu-
vem subindo no horizonte foi suficiente para convencer Elias de
´ ´
que Jeova estava prestes a agir. Sera que o fiel profeta ficou de-
cepcionado?
´ ´ ˆ ˜
Jeova traz alıvio e bençaos
´
15 O relato continua dizendo: “No ınterim sucedeu que os
´ ´
proprios ceus se enegreceram com nuvens
e vento, e começou a haver um grande
aguaceiro. E Acabe seguiu no carro e foi
para Jezreel.” (1 Reis 18:45) As coisas co-
Uma pequena nuvem
´ foi suficiente para
meçaram a acontecer muito rapido. En-
quanto o ajudante de Elias estava transmi- convencer Elias de que
tindo a mensagem do profeta a Acabe, ´
aquela pequena nuvem se tornou muitas, Jeova estava prestes a
´ ´
deixando o ceu coberto e escuro. Soprou agir. O sinal dos ultimos
um vento forte. Finalmente, depois de ´
ˆ
tres anos e meio, caiu chuva no solo de` dias nos da motivos
´
Israel. O solo seco absorvia toda a agua. A convincentes para agir
medida que a chuva se tornava um agua- ˆ
ceiro, o rio Quisom foi enchendo, sem
com urg encia
´
duvida levando embora o sangue dos pro-
fetas de Baal que tinham sido executados.
´
Deu-se tambem aos israelitas desobedientes uma oportunidade
´ ˜ ´
de se livrar da terrıvel mancha da adoraçao de Baal no paıs.
16 Com certeza, Elias esperava que isso acontecesse! Talvez
`
ele se perguntasse como Acabe reagiria aqueles acontecimentos
´ ´
dramaticos. Sera que Acabe se arrependeria e se desviaria da po-
´ ˜
luıda adoraçao de Baal? Os acontecimentos do dia tinham´ for-
˜
necido razoes convincentes para se fazer essas mudanças. E cla-
˜
ro que nao temos como saber o que Acabe estava pensando
naquele momento. O relato diz simplesmente que o rei “seguiu
´ ˜
no carro e foi para Jezreel”. Sera que ele aprendeu alguma liçao?
Estava decidido a mudar seu modo de agir? O que aconteceu
15, 16. Que coisas aconteceram rapidamente, e o que Elias talvez tenha se
perguntado sobre Acabe? 97
´
IMITE A SUA FE  ELIAS

˜ ˜
mais tarde indica que nao. Mas o dia ainda nao tinha terminado
para Acabe — nem para Elias.
17 O profeta de Jeova´ começou a viajar pela mesma estrada

que Acabe. Sua viagem seria longa, no escuro e debaixo de chu-


va. Mas algo incomum aconteceu a seguir.
´
18 “A propria ˜ ´
mao de Jeova mostrou estar sobre Elias, de
modo que ele cingiu seus quadris ´ ´ e foi correr adiante de Acabe
´ ´ ˜ ´
ate Jezreel.” (1 Reis 18:46) E obvio que “a propria mao de Jeova”
estava agindo sobre Elias de maneira sobrenatural. Jezreel ficava
ˆ ˆ ˜
a 30 quilometros de distancia, e Elias nao era mais jovem.1 Vi-
sualize o profeta pegando suas vestes compridas, prendendo-as
nos quadris para ter liberdade de movimento nas pernas e cor-
˜ ´
rendo por aquela estrada encharcada — tao rapido que chega a
alcançar, ultrapassar e ir mais depressa que a carruagem real!
19 Que ben ˆ ˜
çao isso deve ter sido para Elias! Sentir essa for-
ˆ ´
ça, vitalidade e resistencia — talvez ate mais do que quando era
ˆ
jovem — deve ter sido uma experiencia empolgante. Talvez nos
´ ´
lembremos das profecias que garantem aos fieis saude perfeita e
´ ´
vigor no futuro Paraıso terrestre. (Leia Isaıas 35:6; Luc. 23:43)
Enquanto corria por aquela estrada molhada, Elias com certeza
˜ ´
sabia que tinha a aprovaçao de seu Pai, o unico Deus verdadei-
´
ro, Jeova!
20 Jeova´ deseja muito nos abençoar. Procuremos obter suas
ˆ ˜ ´
bençaos; vale a pena qualquer esforço para alcança-las. Como
Elias, precisamos ser vigilantes, avaliando com cuidado as evi-
ˆ ´
dencias convincentes que mostram que Jeova
´
logo agira nestes tempos perigosos e urgen-
ˆ tes. E, assim como Elias, temos todos os mo-
PARA VOCE PENSAR . . .
tivos para confiar plenamente nas promessas
˙ Como Elias mostrou ser ´
˜ de Jeova, o “Deus da verdade”. — Sal. 31:5.
um homem de oraçao?
´
˙ Como Elias mostrou 1 Pouco depois disso, Jeova designaria Elias para treinar Eli-
´
confiança na promessa seu, que ficaria conhecido como aquele “que despejava agua
˜
´ sobre as maos de Elias”. (2 Reis 3:11) Eliseu serviu como aju-
de Jeova? ´
dante de Elias, evidentemente dando ajuda pratica a esse
ˆ
˙ Que exemplo de vigilan- homem mais velho.
cia Elias deixou? 17, 18. (a) O que aconteceu com Elias na estrada para
ˆ ´
˙ O que voce gostaria Jezreel? (b) Por que foi notavel Elias correr do Carmelo
´ ´
de fazer para imitar ate Jezreel? (Veja tambem a nota.)
´ ˆ
a fe de Elias? 19. (a) A vitalidade e a resistencia que Deus deu a
Elias talvez nos lembrem de que profecias? (b) En-
´
quanto corria ate Jezreel, o que Elias com certeza
sabia?
ˆ ˜ ´
98 20. Como podemos obter as bençaos de Jeova?
´
CAPITULO DOZE

Ele foi consolado


pelo seu Deus
´
ELIAS estava correndo na chuva enquanto a noite caıa. Ele tinha
´ ˜
um longo caminho a percorrer ate Jezreel, e nao era mais jovem.
´ ˜ ´
Mesmo assim, correu sem parar, porque “a propria mao de Jeova”
´ ´
estava sobre ele. A energia que fluıa pelo seu corpo sem duvida era
´
diferente de tudo o que ja tinha sentido na vida. Afinal, ele havia
acabado de ultrapassar os cavalos que puxavam a carruagem do
Rei Acabe. — Leia 1 Reis 18:46.
2 Agora era so´ ele e a estrada a` sua frente. Imagine Elias cor-

rendo, com aquela chuva forte batendo em seu rosto, pensando


naquele que tinha sido o dia mais emocionante da sua vida. Sem
´ ´ ´
duvida, foi uma vitoria gloriosa para Jeova, o Deus de Elias, e para
˜
a adoraçao verdadeira. O imponente monte Carmelo tinha ficado
´ ˜
bem para tras, perdido na escuridao da tempestade. Foi nesse mon-
´
te que Jeova usou Elias para desferir um poderoso e milagroso gol-
˜
pe contra a adoraçao de Baal. Centenas de profetas de Baal foram
expostos como impostores perversos e merecidamente executados.
´
Depois, Elias orou a Jeova pedindo o fim da seca que afligia a re-
˜ ˆ ´
giao por tres anos e meio. E as chuvas caıram! — 1 Reis 18:18-45.
3 Enquanto corria aqueles 30 quilometros ate´ Jezreel, Elias tal-
ˆ
vez tivesse grandes expectativas. Parecia que finalmente havia che-
gado uma hora decisiva. Acabe teria de mudar! Depois do que esse
˜ ˜ ˜
rei viu, com certeza ele nao teria outra opçao senao abandonar a
˜
adoraçao de Baal, controlar sua esposa, a Rainha Jezabel, e acabar
˜ ´
com a perseguiçao contra os servos de Jeova.
˜ ´ ´
4 Quando as coisas vao bem para nos, e natural ficarmos con-

fiantes quanto ao futuro. Talvez pensemos que tudo vai continuar


´
melhorando e que ate os nossos piores problemas finalmente fica-
˜ ´ ˜
rao para tras. E nao seria de admirar se Elias pensasse dessa manei-
ra, afinal ele era um homem “com sentimentos iguais aos nossos”.
(Tia. 5:17) Mas, na verdade, os problemas de Elias estavam longe
1, 2. O que aconteceu no dia mais emocionante da vida de Elias?
3, 4. (a) Por que Elias talvez tivesse grandes expectativas enquanto ia a Jezreel?
(b) Que perguntas consideraremos?

99
´
“Elias . . . foi correr adiante de Acabe ate Jezreel”
ELE FOI CONSOLADO PELO SEU DEUS

˜
de acabar. De fato, em questao de horas ele ficaria com tanto medo,
˜ ˆ ´
tao desanimado, que desejaria morrer. Por que? E como Jeova aju-
´
dou esse profeta a recuperar sua fe e coragem? Vejamos.
Uma virada nos acontecimentos
5 ´ ´
Quando Acabe chegou ao seu palacio em Jezreel, sera que ele
˜
mostrou que havia mudado? O relato diz: “Acabe contou entao a
Jezabel tudo o que Elias tinha feito e tudo sobre como tinha ma-
`
tado todos os profetas a espada.” (1 Reis 19:1) Note que Acabe nem
´
sequer mencionou o Deus de Elias, Jeova. Por ser um homem de
mentalidade carnal, ele descreveu aqueles acontecimentos milagro-
sos em termos estritamente humanos: “O que Elias tinha feito.”
˜ ´
Fica claro que ele nao tinha aprendido a respeitar a Jeova Deus. E
como sua esposa vingativa reagiu?
6 Jezabel ficou tao˜
furiosa que enviou a seguinte mensagem a
Elias: “Assim façam os deuses e assim lhe acrescentem mais, se nes-
˜ ˜ `
ta hora, amanha, eu nao fizer a tua alma igual a alma de cada um
´
deles!” (1 Reis 19:2) Isso era uma terrıvel ameaça de morte. Na ver-
˜
dade, Jezabel estava jurando que ela mesma deveria morrer se nao
matasse Elias no dia seguinte para vingar os profetas de Baal. Ima-
´
gine a cena naquela noite de tempestade: Elias e acordado de re-
pente em algum alojamento em Jezreel e ouve as palavras aterrori-
zantes trazidas pelo mensageiro da rainha. Como ele se sentiu?
Vencido pelo medo e pela falta de coragem
7 ˜
Se Elias achava que a guerra contra a adoraçao de Baal esta-
´
va para acabar, suas esperanças foram por agua abaixo naquele mo-
´ ´
mento. Jezabel estava irredutıvel. Muitos outros profetas fieis, ami-
´ `
gos de Elias, ja tinham sido executados as ordens dela, e agora
´
parecia que ele seria o proximo. Como Elias se sentiu diante da
´
ameaça feita por Jezabel? A Bıblia nos diz: “Ele ficou com medo.”
´ ´
Sera que Elias visualizou a morte terrıvel que Jezabel planejava para
˜ ´
ele? Se ele ficou pensando nisso, nao e de admirar que tenha sen-
tido medo. Seja como for, Elias ‘foi embora pela sua alma’ — ele
fugiu para salvar a vida. — 1 Reis 18:4; 19:3.
˜
8 Elias nao ´ ´
foi o unico homem de fe a ser vencido pelo medo.
´
Muito tempo depois, o apostolo Pedro teve um problema similar.
´ ´
5. Sera que Acabe aprendeu a ter mais respeito por Jeova depois dos aconteci-
mentos no monte Carmelo, e como sabemos disso?
6. Que mensagem Jezabel enviou a Elias, e qual era o seu significado?
7. Como Elias se sentiu diante da ameaça feita por Jezabel, e o que ele fez?
˜
8. (a) Como o problema de Pedro era similar ao de Elias? (b) Que liçao pode-
mos aprender do que aconteceu com Elias e Pedro? 101
´
IMITE A SUA FE  ELIAS

´
Quando Jesus fez com que Pedro andasse com ele sobre as aguas,
´ ˜
o apostolo começou a ‘olhar para a ventania’. Entao ficou com
medo e começou a afundar. (Leia Mateus 14:30.) Assim, o que
˜
aconteceu com Elias e Pedro nos ensina uma liçao valiosa. Se que-
˜
remos continuar corajosos, nao podemos ficar pensando nos peri-
gos que nos amedrontam. Precisamos nos concentrar na Fonte de
nossa esperança e força.
“Basta!”
9 O medo fez com que Elias fugisse para o sudoeste. Ele andou
ˆ ´
uns 150 quilometros ate Berseba, uma cidade perto da fronteira sul
´
de Juda. Deixou seu ajudante ali e entrou no deserto sozinho. O
registro diz que ele percorreu o “caminho de um dia”, por isso po-
demos imaginar Elias saindo ao nascer do sol, pelo visto sem levar
˜
nenhuma provisao. Abatido e impelido pelo medo, Elias seguiu ca-
minho, enfrentando o calor causticante
˜ ´ ´ `
daquela regiao arida e inospita. A medida
que o Sol, em tom avermelhado, mergu-
Se queremos continuar lhava no horizonte, as forças de Elias se es-
˜ `
gotavam. Exausto, ele se sentou a sombra
corajosos, nao podemos de um arbusto — o que havia de mais pa-
ficar pensando nos perigos recido a um abrigo naquela terra esteril.
´

que nos amedrontam — 1 Reis 19:4.


10 Desesperado, Elias orou a Jeova´ pe-
˜
dindo para morrer. Ele disse: “Nao sou
melhor do que os meus antepassados.” Ele
´
sabia que seus antepassados eram apenas po e ossos na sepultura.
˜ ´ ˜
Nao podiam fazer nada por ninguem. (Ecl. 9:10) Elias se sentia tao
´ ˜ ´
inutil quanto eles. Nao e de admirar que tenha clamado: “Basta!”
Em outras palavras, por que continuar vivendo?
´
11 Deverıamos ficar chocados de saber que um homem de Deus
˜ ˜ ´
ficou tao abatido assim? Nao necessariamente. A Bıblia fala de mui-
´ ˜
tos homens e mulheres fieis que ficaram tao tristes que desejaram
˜ ´ ´ ´ ˆ
morrer — entre esses estao Rebeca, Jaco, Moises e Jo. — Gen. 25:22;
´ ´
37:35; Num. 11:13-15; Jo 14:13.
12 Hoje vivemos em “tempos crıticos, ´ ´
difıceis de manejar”. Por
9. Descreva a viagem de Elias e como ele talvez estivesse se sentindo.
˜ ´
10, 11. (a) Qual o significado da oraçao que Elias fez a Jeova? (b) Usando os
´
textos citados, descreva os sentimentos de outros servos fieis de Deus que fica-
ram abatidos.
ˆ ´
12. Se algum dia voce se sentir muito desanimado, como podera imitar o exem-
102 plo de Elias?
ELE FOI CONSOLADO PELO SEU DEUS

˜ ´ ´
isso, nao nos surpreende que muitos, ate mesmo servos fieis de
` ˆ
Deus, as vezes se sintam desanimados. (2 Tim. 3:1) Se voce algum
˜
dia se sentir assim, siga o exemplo de Elias: derrame seu coraçao a
´ ´ ´
Deus. Afinal, Jeova e “o Deus de todo o consolo”. (Leia 2 Corın-
´
tios 1:3, 4.) Sera que ele consolou Elias?
´
Jeova sustentou seu profeta
13 ˆ ´ ´ ´
Como voce acha que Jeova, la no ceu, se sentiu ao ver seu
amado profeta debaixo daquele arbusto no deserto suplicando para
´
morrer? O relato nos da a resposta. Depois de Elias cair no sono,
´
Jeova enviou um anjo. Com um toque suave, o anjo o acordou e
disse: “Levanta-te, come.” Elias fez isso, pois o anjo tinha provi-
˜ ˜ ´
denciado para ele uma refeiçao simples — pao quente e agua fres-
´
ca. Sera que ele pelo menos agradeceu ao anjo? O relato diz ape-
´
nas que o profeta comeu, bebeu e voltou a dormir. Sera que ele
˜
estava tao deprimido que nem conseguia falar? Seja como for, o
anjo o acordou pela segunda vez, talvez ao amanhecer. Mais uma
vez ele disse a Elias: “Levanta-te, come”, e acrescentou estas pala-
´
vras tocantes: “Porque a viagem e demais para ti.” — 1 Reis 19:5-7.
14 Graças ao discernimento dado por Deus, o anjo sabia para
´ ´
onde Elias estava indo. Ele tambem sabia que a viagem era difıcil
´ ´
demais para Elias fazer nas suas proprias forças. Como e consola-
˜
dor servir a um Deus que conhece nossos objetivos e limitaçoes
´
melhor do que nos mesmos! (Leia Salmo 103:13, 14.) O que aque-
˜
la refeiçao fez por Elias?
15 O relato diz: “Levantou-se . . . e comeu e bebeu, e foi indo
˜ ´
no poder desta nutriçao por quarenta dias e quarenta noites, ate o
monte do verdadeiro Deus, Horebe.” (1 Reis 19:8) Assim como
´ ´
aconteceu com Moises uns seis seculos antes e com Jesus quase dez
´ ˆ
seculos depois, Elias jejuou por 40 dias e 40 noites. (Exo. 34:28;
˜ ˜
Luc. 4:1, 2) Aquela refeiçao nao resolveu todos os seus problemas,
mas o sustentou de maneira milagrosa. Imagine aquele homem
idoso andando com esforço por aquele deserto sem estradas dia
´ ´ ˆ
apos dia, semana apos semana, por quase um mes e meio!
´ ´
16 Jeova tambem sustenta seus servos hoje, nao ˜ ˜
com refeiçoes
milagrosas, mas de uma forma muito mais importante: ele faz pro-
˜
visoes espirituais. (Mat. 4:4) Aprender sobre Deus por meio de sua
´ ˜
13, 14. (a) Como Jeova, por meio de um anjo, mostrou preocupaçao amorosa
´ ´
por seu profeta deprimido? (b) Por que e consolador saber que Jeova conhece
´ ˜
bem cada um de nos, incluindo nossas limitaçoes?
˜ ´ ´ ˆ
15, 16. (a) A nutriçao dada por Jeova tornou possıvel que Elias fizesse o que?
´
(b) Por que devemos ser gratos pelo modo como Jeova sustenta seus servos
hoje? 103
´
IMITE A SUA FE  ELIAS

˜ ´
Palavra e de publicaçoes cuidadosamente baseadas na Bıblia nos
˜ ˜
sustenta em sentido espiritual. Absorver essa nutriçao talvez nao
resolva todos os nossos problemas, mas nos ajuda a suportar o que
´ `
seria insuportavel. Esse alimento espiritual nos conduz a “vida eter-
˜
na”. — Joao 17:3.
ˆ
17 Elias caminhou quase 320 quilometros ´
ate finalmente che-
gar ao monte Horebe (monte Sinai). Aquele era um lugar de gran-
ˆ ´
de importancia, pois foi ali que Jeova Deus, muito tempo antes,
´
havia aparecido a Moises no espinheiro ardente por meio de um
´
anjo, e onde mais tarde Jeova havia feito o pacto da Lei com Israel.
Ali, Elias se abrigou numa caverna.
´
Como Jeova fortaleceu e consolou seu profeta
18 ´
No monte Horebe, Elias ouviu a “palavra” de Jeova, pelo ´ vis-
´ ´
to por meio de um anjo: “Que estas fazendo aqui, Elias?” E prova-
vel que essa pergunta tenha sido feita de uma forma gentil, pois
Elias a entendeu como um convite para desabafar. E foi isso o que
´
ele fez! Ele disse: “Fui absolutamente ciumento por Jeova, o Deus
´
dos exercitos; pois os filhos de Israel abandonaram o teu pacto, der-
`
rubaram os teus altares e mataram os teus profetas a espada, de
´ ˜
modo que so eu fiquei; e estao começando a procurar a minha
alma para a tirar.” (1 Reis 19:9, 10) As palavras de Elias revelam
ˆ ˆ
pelo menos tres motivos para seu desanimo.
19 Primeiro, Elias achava que seu trabalho tinha sido em vao. ˜
´
Apesar de ter sido “absolutamente ciumento” no serviço de Jeova
˜
durante anos, colocando o nome sagrado de Deus e Sua adoraçao
acima de tudo, Elias viu que as coisas pareciam estar piorando. O
˜ ´ ˜
povo ainda nao mostrava fe e era rebelde, ao passo que a religiao
´
falsa prosperava. Segundo, Elias se sentia sozinho. “So eu fiquei”,
´
disse ele, achando que era o unico homem em Israel que ainda ser-
´
via a Jeova. Terceiro, Elias estava com medo. Muitos de seus ami-
´ ´
gos, tambem profetas, ja haviam sido mortos, e ele tinha certeza
´ ˜ ´
de que seria o proximo. Nao deve ter sido facil para Elias admitir
˜
esses sentimentos, mas ele nao permitiu que o orgulho ou a ver-
˜
gonha o impedissem de fazer isso. Por abrir seu coraçao a Deus em
˜ ´
oraçao, ele deu um excelente exemplo a todos os servos fieis de
Deus. — Sal. 62:8.
20 Como Jeova´ lidou com os temores e as preocupaçoes ˜
de
17. Para onde Elias foi, e por que aquele lugar era importante?
´
18, 19. (a) Que pergunta o anjo de Jeova fez a Elias, e como ele respondeu?
ˆ
(b) Por que tres motivos Elias estava desanimado?
20, 21. (a) Descreva o que Elias viu da entrada da caverna no monte Horebe.
˜ ´
104 (b) O que as demonstraçoes do poder de Jeova ensinaram a Elias?
´
Jeova usou seu imenso poder para consolar e encorajar Elias
´
IMITE A SUA FE  ELIAS

Elias? O anjo disse a Elias para ele ficar na entrada da caverna. Ele
obedeceu, sem ter ideia do que estava para acontecer. De repente,
começou a soprar um vento forte! O som deve ter sido ensurdece-
˜
dor, pois esse vento era tao forte que partia montes e rochedos.
Imagine Elias tentando proteger seus olhos e segurando sua capa
´
rustica de pelo, que batia nele por causa das fortes rajadas de ven-
´ ˜
to. Depois ele teve de lutar para manter o equilıbrio, pois o chao
começou a tremer — era um terremoto! Ele mal tinha se recupera-
`
do quando surgiu um grande fogo, forçando-o a voltar a caverna
para se proteger do calor intenso. — 1 Reis 19:11, 12.
21 O relato nos traz a` atençao ˜ ´ ˜
que Jeova nao estava em nenhu-
˜
ma dessas demonstraçoes espetaculares do poder da natureza. Elias
´ ˜ ´ ´
sabia que Jeova nao e um deus mıtico da natureza, como Baal, que
˜
na ilusao de seus adoradores era considerado o “cavaleiro das nu-
´ ´
vens”, ou aquele que trazia as chuvas. Jeova e a verdadeira Fonte
´
de todo o espantoso poder encontrado na natureza, mas ele e mui-
to maior do que qualquer coisa que tenha criado. Nem mesmo os
´ ´
ceus fısicos o podem conter! (1 Reis 8:27)
Como tudo isso ajudou Elias? Lembre-se
´ que ele estava com medo. Com um Deus
A Bıblia pode ser ´
como Jeova do seu lado, um Deus que tem
` ˜
como aquela “voz calma, todo esse imenso poder a disposiçao, Elias
˜
nao precisava temer Acabe nem Jezabel.
baixa”, se permitirmos — Leia Salmo 118:6.
que ela nos oriente hoje 22 Depois do fogo, veio uma calmaria,

e Elias ouviu “uma voz calma, baixa”. Essa


voz convidou Elias a falar novamente. En-
˜ ˜
tao, pela segunda vez, Elias expressou suas preocupaçoes.1 Talvez
´
isso tenha feito ele se sentir mais aliviado. Mas, sem duvida, Elias
se sentiu muito mais consolado com o que aquela “voz calma, bai-
´
xa”, disse a seguir. Jeova garantiu a Elias que ele tinha muito va-
lor. Como? Deus revelou muitas coisas que faria mais tarde contra
˜ ˜
a adoraçao de Baal em Israel. Com certeza, o trabalho de Elias nao
˜ ´ ´
tinha sido em vao, visto que o proposito de Jeova estava em anda-
´
1 A origem dessa “voz calma, baixa”, talvez tenha sido o mesmo espırito usado para
´ ´
transmitir “a palavra de Jeova” mencionada em 1 Reis 19:9. No versıculo 15, esse es-
´ ´ ´
pırito e descrito simplesmente como “Jeova”. Isso talvez nos lembre do anjo que
´ ´
Jeov
ˆ a usou para
´ guiar Israel no deserto e de quem ele disse: “Meu nome esta nele.”
˜ ´
(Exo. 23:21) E claro que nao podemos ser categoricos nesse assunto, mas vale a pena
ˆ ´
ressaltar que, em sua existencia pre-humana, Jesus atuou como “a Palavra”, o Porta-
´ ˜
Voz especial para os servos de Jeova. — Joao 1:1.

22. (a) Como a “voz calma, baixa”, garantiu a Elias que ele tinha muito valor?
106 (b) De quem talvez tenha sido a “voz calma, baixa”? (Veja a nota.)
ELE FOI CONSOLADO PELO SEU DEUS

´
mento e nada impediria o seu avanço. Alem disso, Elias ainda fa-
´ ´
zia parte desse proposito, pois Jeova disse para ele retomar seu ser-
˜ ´
viço, dando-lhe instruçoes especıficas. — 1 Reis 19:12-17.
23 Que dizer da solidao ˜ ´
que Elias sentia? Jeova fez duas coisas
a respeito disso. Primeiro, ele disse a Elias para ungir Eliseu como
o profeta que com o tempo o sucederia. Esse jovem se tornaria o
´ ˜ ´
companheiro e ajudante de Elias por varios anos. Que provisao pra-
´ ´
tica e consoladora! Segundo, Jeova lhe deu esta emocionante notı-
˜
cia: “Deixei sete mil remanescer em Israel, todos os joelhos que nao
˜
se dobraram diante de Baal e toda boca que nao o beijou.” (1 Reis
˜
19:18) Elias nao estava sozinho! Ele deve ter ficado muito feliz de
´
saber que milhares de pessoas fieis tinham se recusado a adorar
Baal. Elas precisavam que Elias continuasse seu serviço fiel e fosse
´ ´ ´
um exemplo de lealdade inabalavel a Jeova naqueles tempos difı-
ceis. Elias deve ter ficado profundamente emocionado de ouvir
´
aquelas palavras do representante de Jeova, a “voz calma, baixa”.
´
Para Elias, era como se o proprio Deus tivesse falado com ele.
24 Assim como Elias, talvez fiquemos assombrados com as im-
˜ ´
pressionantes forças da natureza evidentes na criaçao. E isso e na-
˜
tural, pois a criaçao reflete de forma clara o poder do Criador.
´
(Rom. 1:20) Jeova ainda tem prazer em usar seu poder ilimitado
´ ˆ
para ajudar seus servos fieis. (2 Cro. 16:9) No entanto, Deus fala
´
conosco mais plenamente por meio das paginas de sua Palavra, a
´ ´ ´
Bıblia. (Leia Isaıas 30:21.) Em certo sentido, a Bıblia pode ser
como aquela “voz calma, baixa”, se permi-
tirmos que ela nos oriente hoje. Em suas
´ ´ ˆ
valiosas paginas, Jeova nos corrige, encora- PARA VOCE PENSAR . . .
ja e garante seu amor. ˙ Que acontecimentos
25 Sera´ que Elias aceitou o consolo que
´ fizeram Elias ficar
Jeova lhe deu no monte Horebe? Com cer- muito desanimado?
teza! Em pouco tempo, aquele profeta co- ˙ Que sentimentos
rajoso e fiel, que havia lutado contra a ´
˜ ` ˜ contribuıram para
religiao falsa, estava de volta a açao. Se tam- ˆ
o desanimo de Elias?
´ ˜ ` ´
bem dermos atençao as palavras inspiradas ˙ De que maneiras Jeova
de Deus, o “consolo das Escrituras”, conse- consolou Elias?
´ ˆ ´
guiremos imitar a fe de Elias. — Rom. 15:4. ˙ Como voce imitara Elias
´ se ficar desanimado?
23. De que duas maneiras Jeova ajudou Elias a li-
˜
dar com sua solidao?
24, 25. (a) Em que sentido podemos escutar a
´
“voz calma, baixa”, de Jeova hoje? (b) Por que po-
demos ter certeza de que Elias aceitou o consolo
´
que Jeova lhe deu? 107
´
CAPITULO TREZE

Ele aprendeu
de seus erros
˜ ´ ˜
JONAS nao queria mais ouvir aquele barulho terrıvel. Nao era ape-
nas o som do forte vento que assobiava ao passar pelos cabos do
navio; nem o som das enormes ondas que batiam nas laterais da
˜ ˜
embarcaçao, fazendo ranger cada madeiramento. Nao, muito pior
˜
para Jonas eram os gritos dos marinheiros, do capitao e da tripula-
˜ ˜
çao, enquanto lutavam para o navio nao afundar. Jonas tinha cer-
teza de que aqueles homens estavam prestes a morrer — tudo por
causa dele!
2 Por que Jonas se encontrava
˜
nessa situaçao desesperadora? Ele ti-
nha cometido um grave erro contra ˜
´
seu Deus, Jeova. O que ele havia fei-
Jonas nao
´ ˜ ˜ tinha apenas
to? Sera que a situaçao nao tinha
conserto? Podemos aprender muito ´
com as respostas. Por exemplo, a his-
caracter ısticas
´
toria de Jonas nos ajuda a ver como negativas
´ ˆ ´ ´
ate mesmo os que tem fe genuına po-
dem se desviar — e como podem cor-
rigir o seu erro.
Um profeta da Galileia
3 Quando as pessoas pensam em Jonas, parece que geralmen-
´
te se concentram em suas caracterısticas negativas, como a desobe-
ˆ ´
diencia ou mesmo a teimosia. Mas ha muito mais coisas que po-
demos saber sobre esse homem. Lembre-se que Jonas foi escolhido
´ ´ ˜
para ser profeta de Jeova Deus. Jeova nao o teria escolhido para essa
responsabilidade pesada se ele tivesse sido infiel ou injusto.
´
4 A Bıblia ˜
fala um pouco sobre a formaçao de Jonas. (Leia
1, 2. (a) O que Jonas tinha causado a si mesmo e aos marinheiros no navio?
´
(b) Como a historia de Jonas pode nos ajudar?
3-5. (a) Em que as pessoas geralmente se concentram quando pensam em
˜ ´
Jonas? (b) O que sabemos sobre a formaçao de Jonas? (Veja tambem a nota.)
˜ ´ ´
(c) Por que o trabalho de Jonas como profeta nao era facil nem agradavel?

108
ELE APRENDEU DE SEUS ERROS

´
2 Reis 14:25.) Ele era de Gate-Hefer, uma cidade que ficava a ape-
ˆ ´
nas 4 quilometros de Nazare, onde Jesus Cristo cresceria uns oito
´
seculos mais tarde.1 Jonas foi profeta durante o reinado do Rei Je-
˜ ´ ´
roboao II, do reino de Israel, de dez tribos. A epoca de Elias ja ha-
via passado; seu sucessor, Eliseu, tinha morrido durante o reinado
˜ ´
do pai de Jeroboao. Embora Jeova tivesse usado esses homens para
˜
eliminar a adoraçao de Baal, Israel estava se desviando novamente.
´
O paıs estava mais uma vez sob o poder de um rei que “fazia o que
´
era mau aos olhos de Jeova”. (2 Reis 14:24) Assim, o trabalho de
˜ ´ ´
Jonas nao deve ter sido facil nem agradavel. No entanto, ele o cum-
priu fielmente.
5 Mas, certo dia, houve uma reviravolta na vida de Jonas. Ele
´ ˜ ´
recebeu de Jeova uma designaçao que achou extremamente difıcil.
´
O que Jeova lhe pediu para fazer?
´
“Levanta-te, vai a Nınive”
6 ´ ´
Jeova disse a Jonas: “Levanta-te, vai a Nınive, a grande cida-
de, e proclama contra ela que subiu perante mim a maldade de-
˜ ´ ´ ˜
les.” (Jonas 1:2) Nao e difıcil entender por que essa designaçao pa-
´ ˆ
recia desafiadora. Nınive ficava a uns 800 quilometros ao leste, uma
ˆ ´
viagem que provavelmente levaria cerca de um mes a pe. No en-
´
tanto, as dificuldades da viagem talvez parecessem ser a parte facil
˜ ´
da designaçao. Em Nınive, Jonas teria de transmitir a mensagem de
´ ´
julgamento de Jeova aos assırios, conhecidos por ser muito violen-
´ ´
tos, ate mesmo crueis. Se Jonas havia tido pouca receptividade en-
´ ˜
tre o proprio povo de Deus, o que podia esperar desses pagaos?
´ ´
Como se sairia um servo de Jeova sozinho na enorme Nınive, que
mais tarde seria chamada de “cidade de derramamento de sangue”?
— Naum 3:1, 7.
7 Se esses pensamentos passaram pela mente de Jonas, nao ˜
sa-
´ ´
bemos. O que sabemos e que ele fugiu. Jeova tinha dito a Jonas
que fosse para o leste; ele foi para o oeste, e o mais distante que
´
1 E digno de nota o fato de Jonas ser de uma cidade galileia porque, referindo-se a
ˆ ´
Jesus, os fariseus disseram arrogantemente: “Pesquisa e ve que nenhum profeta ha
˜
de ser levantado da Galileia.” (Joao 7:52) Muitos tradutores e pesquisadores acham
que os fariseus estavam simplesmente generalizando ao dizer que nenhum profeta
jamais havia se levantado ou se levantaria da humilde Galileia. Se esse for o caso,
˜ ´ ´ ´
aqueles homens estavam ignorando nao so a historia, mas tambem a profecia. — Isa.
9:1, 2.
˜ ´
6. Que designaçao Jeova deu a Jonas, e por que ela parecia desafiadora?
´ ˜
7, 8. (a) Ate que ponto Jonas estava determinado a fugir da designaçao que
´ ˜
Jeova tinha lhe dado? (b) Por que nao devemos julgar Jonas como um
covarde? 109
´
IMITE A SUA FE  JONAS

´
podia ir. Ele desceu ao litoral, a uma cidade portuaria chamada
´
Jope, onde pegou um navio que ia para Tarsis. Alguns eruditos di-
´
zem que Tarsis ficava na Espanha. Se isso for verdade, Jonas esta-
ˆ ´
va se distanciando uns 3.500 quilometros de Nınive. Essa viagem
´
para o outro lado do Grande Mar pode ter levado ate um ano. Jo-
˜ ´
nas estava realmente determinado a fugir da designaçao que Jeova
tinha lhe dado. — Leia Jonas 1:3.
8 Sera´ que isso significa que Jonas era covarde? Nao ˜
devemos
´
nos apressar em julga-lo. Como veremos, ele demonstrou extraor-
´ ´
dinaria coragem. Mas assim como todos nos, Jonas era uma pes-
soa imperfeita que lutava contra muitas fraquezas. (Sal. 51:5) Quem
´
de nos nunca teve medo?
`
9 As vezes, pode parecer que Jeova´ nos pede algo que achamos
´ ´ ´ ´
difıcil de fazer, ate mesmo impossıvel. Talvez ate achemos desafia-
dor pregar as boas novas ´ do Reino de Deus, conforme se exige dos
˜ ´
cristaos. (Mat. 24:14) E muito facil nos esquecer da verdade pro-
˜ ´
funda expressa por Jesus: “Para Deus todas as coisas sao possıveis.”
`
(Mar. 10:27) Se as vezes isso acontece conosco, talvez possamos en-
tender as dificuldades que Jonas enfrentou. Mas quais foram as
ˆ
consequencias de Jonas ter fugido?
´
Jeova disciplina seu profeta teimoso
10 Podemos imaginar Jonas se acomodando naquela embarca-
˜ ´
çao, provavelmente um navio de carga fenıcio. Ele observava o mo-
˜ ˜
vimento da tripulaçao e ` do capitao ao passo que preparavam o na-
vio para deixar o porto. A medida que a costa ia lentamente ficando
´
para tras e desaparecendo, Jonas talvez achasse que estava escapan-
do do perigo que tanto temia. Mas de repente o tempo mudou.
11 Ventos fortes deixaram o mar muito agitado, com ondas que
´ ˜
talvez fizessem ate as mais modernas embarcaçoes parecerem mi-
´ ˜
nusculas. Quanto tempo levou para que aquela embarcaçao de ma-
´
deira parecesse muito pequena e fragil, perdida no meio de ondas
´ ´
gigantescas? Sera que naquela altura Jonas ja sabia o que mais tar-
´ ´
de escreveu — que ´ “o´ proprio Jeova arremessou um grande vento
contra o mar”? E difıcil dizer. Ele viu que os marinheiros começa-
´
ram a clamar a seus varios deuses, mas sabia que nenhuma ajuda
viria deles. (Lev. 19:4) O relato diz: “No que se referia ao navio, es-
tava prestes a naufragar.” (Jonas 1:4) E como Jonas podia orar ao
Deus de quem estava fugindo?
` ˜
9. As vezes, como talvez nos sintamos a respeito de uma designaçao que
´ ´ ˜
Jeova nos da, e de que verdade precisamos nos lembrar nessas ocasioes?
`
10, 11. (a) O que Jonas talvez achasse a medida que o navio deixava o porto?
˜
110 (b) Com que perigo o navio e a tripulaçao se confrontaram?
ELE APRENDEU DE SEUS ERROS

12 ´
Sentindo-se incapaz de ajudar, Jonas desceu do conves do
navio e achou um lugar para se deitar. Ali, ele caiu num sono pro-
˜
fundo.1 O capitao encontrou Jonas, acordou-o e lhe implorou que
orasse ao seu deus, assim como todos estavam fazendo. Convenci-
dos de que havia algo sobrenatural naquela tempestade, os mari-
nheiros lançaram sortes para ver qual deles era a causa do proble-
´ ˜
ma. Sem duvida, o coraçao de Jonas batia forte enquanto um
´ ´ ` ´
homem apos outro era excluıdo. Logo a verdade veio a tona. Jeova
´
revelou a causa da tempestade por fazer as sortes caırem sobre Jo-
nas. — Leia Jonas 1:5-7.
13 Jonas contou tudo aos marinheiros. Disse que era servo do
´
Deus Todo-Poderoso, Jeova. Esse era o Deus de quem ele estava fu-
˜
gindo e a quem havia ofendido, colocando todos nessa situaçao ter-
´
rıvel. Os homens ficaram aterrorizados; Jonas podia ver o pavor em
seus olhos. Eles lhe perguntaram o que deviam fazer com ele para
salvar o navio e as suas vidas. O que Jonas disse? Ele deve ter es-
tremecido ao pensar que se afogaria naquele mar gelado e agitado.
Mas como ele podia deixar que todos aqueles homens morressem,
´ ˜
sabendo que podia salva-los? Entao Jonas disse: “Levantai-me e ar-
´ ´
remessai-me no mar, e o mar se aquietara para vos; porque me
´ ´
apercebo de que e por minha causa que veio sobre vos esta gran-
de borrasca.” — Jonas 1:12.
14 Acha que essas sao ˜ ´ ´
palavras de alguem covarde? Jeova deve
´
ter ficado feliz de ver o espırito corajoso e abnegado de Jonas na-
´ ´
quele momento difıcil. Vemos aqui a forte fe de Jonas. Hoje, po-
´ `
demos imitar essa fe por colocar o bem-estar dos outros a frente do
˜ ´
nosso. (Joao 13:34, 35) Quando vemos alguem em necessidade em
´ ´ ´
sentido fısico, emocional ou espiritual, sera que damos de nos mes-
´
mos para ajudar? Agradamos muito a Jeova quando fazemos isso.
15 Talvez os marinheiros tambem ´
estivessem comovidos, pois,
´
de inıcio, se recusaram a atender ao pedido de Jonas. Em vez dis-
so, fizeram tudo o que puderam para conseguir sair ilesos do
1 A Septuaginta acrescenta que Jonas roncava, enfatizando que ele dormiu profunda-
˜
mente. No entanto, para nao julgarmos o sono de Jonas como um sinal de sua
` ˜
indiferença, devemos nos lembrar que, as vezes, as pessoas que estao muito depri-
midas ficam com muito sono. Durante as horas agonizantes de Jesus no jardim de
ˆ ˜
Getsemani, Pedro, Tiago e Joao estavam “dormitando de pesar”. — Luc. 22:45.
˜
12. (a) Por que nao devemos nos apressar em julgar Jonas por ele ter dormido
´ ´
durante a tempestade? (Veja tambem a nota.) (b) Como Jeova revelou qual
era a causa do problema?
13. (a) O que Jonas confessou aos marinheiros? (b) O que Jonas disse para os
ˆ
marinheiros fazer, e por que?
´
14, 15. (a) Como podemos imitar a forte fe de Jonas? (b) Como os marinhei-
ros reagiram ao pedido de Jonas? 111
´
IMITE A SUA FE  JONAS

˜ ´
temporal — mas em vao. A tempestade so piorava. Finalmente, vi-
˜ ´
ram que nao tinham escolha. Rogando ao Deus de Jonas, Jeova,
´
que lhes mostrasse misericordia, eles levantaram Jonas e o lança-
ram no mar. — Jonas 1:13-15.
´ ´
Jonas obtem misericordia e livramento
16 Jonas caiu nas ondas bravias. Talvez ele tenha se debatido
˜ ` ´ `
tentando nao afundar e visto, em meio a agua que espirrava e a es-
puma das ondas, que o navio estava se afastando rapidamente. Mas
as fortes ondas arrebentavam sobre ele e o empurravam para bai-
xo. Ele afundava cada vez mais, perdendo todas as esperanças.
17 Mais tarde, Jonas descreveu como se sentiu naquela ocasiao. ˜
ˆ
Imagens momentaneas passaram pela sua mente. Ele ficou triste ao
´ ´
pensar que nunca mais veria o belo templo de Jeova em Jerusalem.
˜
Teve a sensaçao de estar descendo para as profundezas do mar, per-
to da base dos montes, onde as algas marinhas se enrolaram nele.
Parecia que ali seria sua cova, sua sepultura. — Leia Jonas 2:2-6.
A pedido de Jonas, 16, 17. Descreva o que aconteceu com Jonas quando ele foi lançado para fora
os marinheiros ´
do navio. (Veja tambem as gravuras.)
o levantaram e o
lançaram no mar
ELE APRENDEU DE SEUS ERROS

18 Mas espere! Havia algo vivo se movendo por perto — uma


criatura imensa, escura. Aproximando-se como um vulto, a criatu-
ra se arremessou contra ele. Uma enorme boca se abriu e o envol-
veu, engolindo-o.
19 Parecia o fim. Mas Jonas percebeu algo espantoso. Ele ainda
˜
estava vivo! Nao foi esmagado, nem digerido, nem mesmo sufo-
˜ ˆ
cado. Nao, o folego de vida ainda estava nele, embora estivesse no
que provavelmente seria sua sepultura. Aos poucos, Jonas ficou
´
muito impressionado. Sem duvida, quem “providenciou um gran-
´
de peixe para engolir Jonas” foi o seu Deus, Jeova.1 — Jonas 1:17.
20 Os minutos foram passando, se transformando em horas.
˜ ´
Ali, na mais profunda escuridao que ja havia visto, Jonas teve tem-
´
po para reorganizar seus pensamentos e orar a Jeova Deus. Sua ora-
˜ ´ ´
çao, registrada na ıntegra no capıtulo 2 de Jonas, nos revela muito
´ ˆ
sobre ele. Ela faz varias referencias aos Salmos, o que mostra que
´
Jonas tinha bastante conhecimento das Escrituras. Tambem mos-
˜
tra que ele tinha uma qualidade animadora: a gratidao. Jonas con-
´
cluiu: “Quanto a mim, vou oferecer sacrifıcios a ti com voz de agra-
˜ ´
decimento. O que votei, vou pagar. A salvaçao pertence a Jeova.”
— Jonas 2:9.
21 Ali, no lugar mais improvavel´
— “nas
entranhas do peixe” —, Jonas aprendeu
´
que Jeova pode salvar qualquer pessoa, em
´
qualquer lugar, a qualquer hora. Ate mes-
´
mo ali, Jeova encontrou e salvou seu ser-
´ ´
vo atribulado. (Jonas 1:17) So Jeova podia
˜ ˆ
manter um homem sao e salvo durante tres
ˆ
dias e tres noites no ventre de um grande
1 A palavra hebraica para “peixe” foi traduzida para o
grego por “monstro marinho”, ou “enorme peixe”. Em-
˜ ´
bora nao seja possıvel determinar exatamente que tipo
de criatura marinha era, observou-se que no Mediter-
ˆ ´ ˜
raneo ha tubaroes grandes o suficiente para engolir um
˜
homem inteiro. Existem tubaroes muito maiores em
˜
outras partes; o tubarao-baleia pode atingir 15 metros
´
de comprimento — talvez ate mais!

18, 19. O que aconteceu com Jonas nas profunde-


zas do mar, que tipo de criatura o engoliu e quem
´ ´
estava por tras de tudo isso? (Veja tambem a
nota.)
˜
20. O que a oraçao que Jonas fez dentro do gran-
de peixe nos ensina sobre ele?
˜
21. O que Jonas aprendeu sobre salvaçao, e de
˜ ´
que liçao valiosa e bom nos lembrar? 113
´
IMITE A SUA FE  JONAS

´ ´ ´ ˜
peixe. Hoje, e bom nos lembrar que Jeova e ‘o Deus em cuja mao
´ ˆ
esta o nosso folego’. (Dan. 5:23) Devemos a ele toda a nossa respi-
˜ ´ ˆ ˜
raçao, a nossa propria existencia. Somos gratos por isso? Nao de-
˜ ´
vemos entao obedecer a Jeova?
22 Que dizer de Jonas? Sera´ que ele aprendeu a mostrar grati-
˜ ´ ˆ ˆ ˆ
dao a Jeova por obedece-lo? Com certeza. Depois de tres dias e tres
noites, o peixe “vomitou Jonas em terra seca”. (Jonas 2:10) Imagi-
´ ´
ne so —´ depois de tudo, Jonas nem mesmo precisou nadar ate a
praia! E claro que, onde quer que estivesse, ele teve de encontrar o
´ ˜
caminho de volta. Mas logo seu espırito de gratidao foi testado. Jo-
˜ ´
nas 3:1, 2 diz: “Entao veio a haver a palavra de Jeova para Jonas
´
pela segunda vez, dizendo: ‘Levanta-te, vai a Nınive, a grande cida-
˜
de, e faze-lhe a proclamaçao que eu te falar.’ ” O que Jonas faria?
23 Ele nao ˜ ´
hesitou. Lemos: “Nisso Jonas se levantou e foi a Nı-
´
nive, segundo a palavra de Jeova.” (Jonas 3:3) De fato, ele obede-
ceu. Fica claro que ele tinha aprendido de seus erros. Nesse senti-
´ ´ ´
do, nos tambem precisamos imitar a fe de Jonas. Todos pecamos;
´
todos cometemos erros. (Rom. 3:23) Mas sera que desistimos, ou
´
aprendemos de nossos erros e passamos a fazer aquilo que Jeova
´
espera de nos?
24 Sera que Jeova´ recompensou Jonas por sua obediencia?
´ ˆ
Sem
´
duvida. Para começar, parece que Jonas ficou sabendo que aqueles
´
marinheiros sobreviveram. A tempestade se acalmou logo apos o
´
ato abnegado de Jonas, e os marinheiros passaram a fazer sacrifı-
´
cios a Jeova em vez de aos seus deuses falsos. — Jonas 1:15, 16.
25 Uma recompensa ainda maior veio

mais tarde. Jesus disse que o tempo que Jo-


ˆ nas ficou dentro do grande peixe era um
PARA VOCE PENSAR . . . ´ ´
quadro profetico do tempo que ele proprio
˙ Assim como aconteceu com
´ ficaria na sepultura, ou Seol. (Leia Mateus
Jonas, ja sentiu medo ao ´
˜ 12:38-40.) Como Jonas ficara emocionado
receber uma designaçao ˆ ˜
´ ao saber dessa bençao quando for ressusci-
de Jeova? ˜
´ ˆ tado para viver na Terra! (Joao 5:28, 29)
˙ Como Jeova mostrou paciencia ´ ˆ ´
´ Jeova quer abençoar voce tambem. Assim
e misericordia ao ensinar Jonas ˆ ´
como Jonas, voce aprendera de seus erros
a ser obediente? ´ ´
e mostrara um espırito obediente e abne-
˙ Como Jonas mostrou que tinha gado?
aprendido de seus erros?
ˆ ˜
˙ De que maneiras voce gostaria 22, 23. (a) Como a gratidao de Jonas foi logo tes-
´ tada? (b) O que podemos aprender de Jonas no
de imitar a fe de Jonas?
que se refere aos nossos erros?
24, 25. (a) Que recompensa Jonas recebeu duran-
ˆ ˜ ´
te a sua vida? (b) Que bençaos Jonas recebera no
114 futuro?
´
Jeova “providenciou um grande peixe para engolir Jonas”
´
CAPITULO CATORZE

Ele aprendeu uma


˜ ´
liçao de misericordia
JONAS teria muito tempo para pensar. Tinha diante de si uma via-
ˆ
gem de mais de 800 quilometros, uma jornada por terra que leva-
ˆ
ria cerca de um mes, talvez mais. Primeiro, ele precisava escolher
o caminho: o mais curto ou o mais seguro? Depois tinha de seguir
´
em frente, passando por incontaveis vales e montanhas. Provavel-
´
mente teria de contornar o vasto deserto da Sıria, atravessar rios
como o grande Eufrates e procurar abrigo entre os habitantes das
´ ˆ ´
cidades e vilas da Sıria, Mesopotamia e Assıria. Os dias iam passan-
do, e Jonas pensava na cidade que se apro-
ximava a cada passo, o destino que ele tan-
´
to temia — Nınive.
2 De uma coisa Jonas tinha certeza: ele
˜
nao podia dar meia-volta e fugir de sua de-
˜ ´
signaçao. Ele ja tinha tentado fazer isso.
´ ´
Como vimos no capıtulo anterior, Jeova pa-
˜
cientemente ensinou uma liçao a Jonas por
meio de uma tempestade no mar e um res-
gate milagroso envolvendo um enorme pei-
ˆ
xe. Tres dias depois, o peixe vomitou Jonas
numa praia. Agora ele era um homem mais
temente a Deus e mais submisso. — Jonas,
caps. 1, 2.
3 Quando Jeova´ pela segunda vez man-
´
dou Jonas a Nınive, o profeta obedeceu e
foi rumo ao leste nessa longa viagem. (Leia
´
Jonas 3:1-3.) Mas sera que ele tinha deixa-
´
do a disciplina de Jeova causar uma pro-
1. Que tipo de viagem Jonas tinha diante de si, e
como ele se sentia ao pensar no seu destino?
˜
2. Como Jonas aprendeu que nao podia fugir de
˜
sua designaçao?
´
3. Que qualidade Jeova havia mostrado a Jonas,
mas que pergunta surge?

116
˜ ´
E L E A P R E N D E U U M A L I Ç A O D E M I S E R I C O R D I A

´
funda mudança nele? Por exemplo, Jeova havia lhe mostrado mi-
´ ˜ ˜
sericordia, nao permitindo que se afogasse, nao o punindo por seu
ato rebelde e dando-lhe uma segunda oportunidade para cumprir
˜ ´
sua designaçao. Depois de tudo o que aconteceu, sera que Jonas
´ ´ ´
aprendeu a mostrar misericordia a outros? Muitas vezes e difıcil
´
para humanos imperfeitos aprender a mostrar misericordia. Veja-
mos que proveito podemos tirar da luta interna de Jonas.
˜
Uma mensagem de julgamento e uma reaçao inesperada
4 ˜ ´ ´
Jonas nao encarava Nınive como Jeova a encarava. Lemos:
´ ´
“Ora, a propria Nınive mostrou-se para Deus uma cidade grande.”
´ ˆ
(Jonas 3:3) O relato de Jonas diz que Jeova por tres vezes faz refe-
ˆ ´
rencia a “Nınive, a grande cidade”. (Jonas 1:2; 3:2; 4:11) Por que
´
essa cidade era grande, ou importante, para Jeova?
´
5 Nınive era antiga, uma das primeiras cidades que Ninrode es-
´ ´ ˜
tabeleceu apos o Diluvio. Era uma extensa regiao metropolitana
´ ´
4, 5. Por que Jeova se referiu a Nınive como “a grande cidade”, e o que isso Jonas viu que
nos ensina sobre ele? ´
Nınive era uma
enorme cidade
cheia de injustiças

117
´ ´
Jonas precisou de coragem e fe para pregar em Nınive
˜ ´
E L E A P R E N D E U U M A L I Ç A O D E M I S E R I C O R D I A

´ ´ ˆ
que, pelo visto, incluıa varias outras cidades. Levava tres dias para
´ ´ ` ˆ
um homem atravessa-la a pe de uma ponta a outra. (Gen. 10:11;
´
Jonas 3:3) Nınive era impressionante, com seus templos suntuosos,
´ ˜
muralhas imponentes e outros edifıcios. Mas nao era nada disso
´
que tornava essa cidade importante para Jeova Deus. O que impor-
´ ´ ˜
tava eram as pessoas. Para a epoca, Nınive tinha uma populaçao
´
enorme. Apesar da maldade daquele povo, Jeova se preocupava
´ `
com eles. Ele da valor a vida humana e ao potencial que cada pes-
´
soa tem para se arrepender e aprender a fazer o que e certo.
´
6 Quando Jonas finalmente entrou em Nınive, a sua grande po-
˜
pulaçao de mais de 120 mil habitantes talvez tenha tornado o lu-
gar ainda mais amedrontador.1 Ele caminhou por um dia, indo
´
cada vez mais para dentro daquela metropole movimentada, talvez
procurando um bom ponto central para
transmitir a sua mensagem. Como ele con-
´
seguiu falar com aquelas pessoas? Sera que
tinha aprendido o idioma assırio? Ou sera
´ ´ A mensagem de Jonas
´
que Jeova milagrosamente tinha lhe dado
´ ˜
era simples e dificilmente
essa capacidade? Nos nao sabemos. Pode
ser que Jonas tenha feito a sua proclama-
faria com que ele
˜ ´ ˜
çao em sua lıngua materna, o hebraico, e
´
ganhasse a aprovaçao
usado um interprete para transmiti-la aos
ninivitas. De qualquer modo, sua mensa-
do povo
gem era simples e dificilmente faria com
˜
que ele ganhasse a aprovaçao do povo:
´ ´
“Apenas mais quarenta dias e Nınive sera subvertida.” (Jonas 3:4)
De modo firme, ele continuou repetindo a sua mensagem. Ao fa-
´ ´ ˜
zer isso, mostrou notavel coragem e fe, qualidades que os cristaos
hoje, mais do que nunca, precisam ter.
7 A mensagem de Jonas chamou a atençao ˜
dos ninivitas. Sem
´ ˜
duvida, ele estava preparado para uma reaçao hostil e violenta. Mas,
´
em vez disso, algo incrıvel aconteceu. As pessoas ouviram sua men-
sagem! Aquelas palavras se alastraram como fogo. Em pouco tem-
˜
po, toda a cidade estava falando sobre a profecia de condenaçao
proferida por Jonas. (Leia Jonas 3:5.) Ricos e pobres, fortes e fracos,
´
1 Na epoca de Jonas, estima-se que Samaria, capital do reino de Israel, de dez tribos,
˜ ´
tinha entre 20 mil e 30 mil habitantes — menos de um quarto da populaçao de Nı-
´
nive. Nos seus dias mais gloriosos, Nınive talvez fosse a maior cidade do mundo.
´
6. (a) Por que Jonas talvez tenha achado Nınive um lugar amedrontador?
´
(Veja tambem a nota.) (b) O fato de Jonas ter transmitido a sua mensagem
nos ensina o que sobre ele?
´ `
7, 8. (a) Como o povo de Nınive reagiu a mensagem de Jonas? (b) O que o
´
rei de Nınive fez ao ouvir a mensagem de Jonas? 119
´
IMITE A SUA FE  JONAS

´
jovens e idosos, todos se arrependeram e jejuaram. As notıcias des-
se movimento popular logo chegaram aos ouvidos do rei.
8 O rei tambem ´ `
reagiu a mensagem de Jonas. Tomado de um
temor reverente, ele se levantou do trono, tirou suas luxuosas rou-
pas reais, vestiu-se com a mesma roupa que o povo estava usando
´
e ate mesmo “assentou-se nas cinzas”. Com os seus “grandes”, ou
nobres, ele emitiu um decreto que fazia com que aquele jejum que
ˆ
o povo iniciou de forma espontanea se tornasse um ato oficial de
´
Estado. Ele ordenou que todos usassem serapilheira, ate mesmo os
´
animais domesticos.1 O rei humildemen-
te reconheceu que o seu povo era culpado
ˆ
de praticar maldade e violencia. Demons-
trando esperança de que o arrependimen-
Deus deseja muito que to deles abrandaria a ira do Deus verdadei-
os maus se arrependam e ´
ro, o rei disse: ‘Quem sabe Deus recuara
˜
mudem seu modo de agir, da sua ira ardente, para que nao pereça-
mos.’ — Jonas 3:6-9.
assim como os ninivitas ´
9 Alguns crıticos duvidam que essa
˜ ´
mudança de atitude tenha ocorrido tao ra-
pido entre os ninivitas. No entanto, erudi-
´ ` ˜
tos bıblicos chegaram a conclusao de que
˜ ´ ´
uma mudança dessas nao e incompatıvel com a natureza supersti-
´
ciosa e imprevisıvel das pessoas dessas culturas nos tempos anti-
´ ´ ˜
gos. Alem disso, sabemos que esses crıticos estao errados porque o
´ ˆ
proprio Jesus Cristo, mais tarde, fez referencia ao arrependimento
dos ninivitas. (Leia Mateus 12:41.) Jesus sabia do que estava falan-
do, pois viu o desenrolar daqueles acontecimentos quando estava
´ ˜ ´
no ceu. (Joao 8:57, 58) A verdade e que nunca devemos achar que
´ ´ ˜
e impossıvel as pessoas se arrependerem — nao importa o quanto
´ ´ ´ ´
elas pareçam mas aos nossos olhos. So Jeova pode ler o que ha no
˜
coraçao das pessoas.
´
Contraste entre a misericordia divina
ˆ
e a intolerancia humana
´
10Como Jeova reagiu ao arrependimento dos ninivitas? Jonas
escreveu mais tarde: “O verdadeiro Deus chegou a ver os seus tra-
1 Esse detalhe pode parecer estranho, mas isso tinha precedente nos tempos antigos.
´
O historiador grego Herodoto conta que os antigos persas, ao lamentar a morte de
´ ´
um general amado pelo povo, incluıram os animais domesticos nos costumes de luto.
´
9. Alguns crıticos duvidam do que com respeito aos ninivitas, mas como sabe-
˜
mos que eles estao errados?
´
10, 11. (a) Como Jeova reagiu ao arrependimento dos ninivitas? (b) Por que
´ ˜
120 podemos ter certeza de que Jeova nao errou no seu julgamento?
˜ ´
E L E A P R E N D E U U M A L I Ç A O D E M I S E R I C O R D I A

balhos, que tinham recuado de seu mau caminho; e por isso o


verdadeiro Deus deplorou a calamidade de que falara que lhes ia
˜
causar; e ele nao a causou.” — Jonas 3:10.
11 Sera´ que isso significa que Jeova´ concluiu que tinha errado
´ ˜ ´
no seu julgamento contra Nınive? Nao. A Bıblia diz que a justiça
´ ´ ˆ ´
de Jeova e perfeita. (Leia Deuteronomio 32:4.) Jeova simplesmen-
´
te deixou de sentir sua ira justa contra Nınive. Ele observou a mu-
˜
dança daquele povo e viu que nao seria mais apropriado aplicar a
˜ ˜ ´
puniçao. Era uma ocasiao para mostrar misericordia divina.
12 Jeova´ e´ bem diferente do Deus intolerante, frio e ate´ mes-
´ ´
mo duro que muitas vezes e descrito por lıderes religiosos. Ao con-
´ ´ ´ ´
trario, ele e razoavel, flexıvel e misericordioso. Quando decide pu-
nir os maus, primeiro ele envia seus representantes humanos para
dar avisos, pois deseja muito que os maus façam o mesmo que os
ninivitas — arrependam-se e mudem seu modo de agir. (Eze.
´
33:11) Jeova disse ao seu profeta Jeremias: “Em qualquer momen-
˜
to em que eu falar contra uma naçao e contra um reino, para a de-
˜
sarraigar, e para a demolir, e para a destruir, e esta naçao realmen-
´
te recuar da sua maldade contra a qual falei, tambem eu vou
deplorar a calamidade que pensei em executar sobre ela.” — Jer.
18:7, 8.
13 Sera´ que a profecia de Jonas era falsa? Nao. ˜
Ela cumpriu o
´ ´ ´
seu proposito de dar aviso. Aquele aviso era valido em vista da ma
conduta dos ninivitas, que depois acabou mudando. Caso os ni-
´
nivitas voltassem a fazer o que e errado, Deus executaria aquele
julgamento contra eles. Foi exatamente isso que aconteceu mais
tarde. — Sof. 2:13-15.
14 Como Jonas reagiu quando a destruiçao ˜ ˜
da cidade nao veio
´
na hora que ele esperava? Lemos: “Isso, porem, desagradava mui-
´
to a Jonas e acendeu-se a sua ira.” (Jonas 4:1) Jonas chegou ate
˜
mesmo a fazer uma oraçao que soa como uma censura ao Todo-
Poderoso! Jonas deu a entender que teria sido melhor ter ficado
´
em casa, na sua propria terra. Ele alegou que sabia desde o come-
´ ˜ ´ ´
ço que Jeova nao traria calamidade sobre Nınive, ate mesmo usan-
´
do isso como desculpa por ter fugido para Tarsis inicialmente. En-
˜
tao ele pediu para morrer, dizendo que a morte seria melhor do
que a vida. — Leia Jonas 4:2, 3.
15 O que estava perturbando Jonas? Nao ˜ ´
da para saber tudo o
´ ´ ´ ´
12, 13. (a) Como Jeova mostra que e razoavel, flexıvel e misericordioso?
˜
(b) Por que a profecia de Jonas nao era falsa?
´ ´ ´
14. Como Jonas reagiu quando Jeova mostrou misericordia a Nınive?
´
15. (a) O que pode ter levado Jonas a ficar amargurado? (b) Como Jeova
lidou com seu profeta aflito? 121
´
IMITE A SUA FE  JONAS

´
que se passava em sua mente, mas o que sabemos e que Jonas ha-
˜ ´
via proclamado a destruiçao de Nınive perante todo aquele povo.
˜ ˜
Eles tinham acreditado nele. E agora nao haveria mais destruiçao.
´
Sera que ele ficou com medo de ser ridicularizado ou de ser rotu-
˜
lado de falso profeta? Seja como for, Jonas nao ficou contente com
´ ´
o arrependimento do povo nem com a misericordia de Jeova. Em
vez disso, parece que ele estava mergulhando num lamaçal de
amargura, autopiedade e orgulho ferido. Mas, pelo visto, o mise-
ricordioso Deus de Jonas ainda via algo de bom nesse profeta
´
aflito. Em vez de puni-lo por seu desrespeito, Jeova simplesmen-
´
te fez uma pergunta gentil, mas profunda: “E de direito que se
´ ´
acendeu a tua ira?” (Jonas 4:4) Sera que Jonas respondeu? A Bı-
˜
blia nao diz.
´ ´
16 E facil julgar Jonas pela sua conduta, mas devemos nos
˜ ´
lembrar que nao e incomum humanos imperfeitos discordarem
´
de Deus. Alguns talvez pensem que Jeova deveria ter impedido
´
uma tragedia, ter executado rapidamente seu julgamento contra
os maus ou mesmo ter acabado com este inteiro sistema antes.
O exemplo de Jonas nos lembra que, quando discordamos de
´ ´
Jeova Deus, e sempre o nosso ponto de vista que precisa ser ajus-
tado — nunca o dele.
´ ˜
Como Jeova ensinou uma liçao a Jonas
´
17 Deprimido, o profeta saiu de Nınive, mas em vez de ir para
casa dirigiu-se para as montanhas ao leste, de onde podia ver a re-
˜ ´
giao. Ele construiu um pequeno abrigo e ficou ali observando Nı-
nive e aguardando. Pode ser que ele ainda tivesse esperança de ver
˜ ´ ´
a destruiçao dela. Como Jeova ensinaria esse homem inflexıvel a
ser misericordioso?
18 Da noite para o dia, Jeova´ fez nascer um cabaceiro. Jonas

acordou e viu essa planta viçosa com suas folhas largas, que da-
´
vam muito mais sombra do que seu fragil abrigo poderia dar. Isso
o deixou bastante animado. “Jonas começou a alegrar-se muito”
por causa da planta, talvez achando que aquele milagre era um si-
ˆ ˜ ˜ ´ ´
nal da bençao e da aprovaçao de Jeova. No entanto, Jeova queria
´
fazer mais do que apenas alivia-lo do calor e de sua raiva infun-
˜
dada. Ele desejava tocar o coraçao de Jonas. Por isso, Deus reali-
zou outros milagres. Usou um verme para matar aquela planta.
˜
16. Em que alguns talvez discordem de Deus, e que liçao podemos aprender
do exemplo de Jonas?
´
17, 18. (a) O que Jonas fez depois de sair de Nınive? (b) Como os milagres de
´
122 Jeova relacionados ao cabaceiro afetaram Jonas?
˜ ´
E L E A P R E N D E U U M A L I Ç A O D E M I S E R I C O R D I A

Depois, enviou “um vento oriental abrasador”, e, por causa do ca-


lor, Jonas quase ‘desmaiou’. Ele ficou muito desanimado e mais
uma vez pediu a Deus para morrer. — Jonas 4:6-8.
19 Novamente, Jeova´ perguntou a Jonas se ele tinha direito de

ficar com raiva, agora porque o cabaceiro tinha morrido. Em vez


´
de se arrepender, Jonas se justificou, dizendo: “E de direito que se
acendeu a minha ira a ponto de eu querer morrer.” Agora, o
´ ´ ˜
cenario estava pronto para Jeova lhe ensinar uma liçao. — Jonas
4:9.
20 Deus raciocinou com Jonas, dizendo que o profeta estava

triste por causa da morte de uma simples planta que tinha surgi-
˜
do da noite para o dia, e que Jonas nao havia plantado nem cui-
˜ ˜
dado. Entao Deus concluiu: “Eu, da minha parte, nao devia ter
´ ´
pena de Nınive, a grande cidade, em que ha mais de cento e vin-
˜
te mil homens que absolutamente nao sabem a diferença entre a
´
19, 20. Como Jeova usou o que aconteceu com o cabaceiro para raciocinar
com Jonas? Deus usou um cabaceiro
˜
para ensinar uma liçao
´
de misericordia a Jonas
´
IMITE A SUA FE  JONAS

´
sua direita e a sua esquerda, alem de haver muitos animais do-
´
mesticos?” — Jonas 4:10, 11.1
21 Voceˆ consegue perceber como a liçao ˜ ´ ´
de Jeova e profunda?
˜
Jonas nao tinha feito absolutamente nada para cuidar daquela
´
planta. Jeova, por outro lado, era a Fonte da vida daqueles ninivi-
tas e os sustentava, assim como sustenta todas as criaturas da Ter-
´
ra. Como Jonas podia dar mais valor a uma unica planta do que
` ´
a vida de 120 mil humanos e de todos os seus animais domesti-
´ ˜
cos? Sera que nao era porque ele tinha desenvolvido um modo de
´ ´
pensar egoısta? Afinal, ele teve pena da planta so porque ela o be-
˜ ´ ´ ´
neficiava. E nao e verdade que a sua raiva contra Nınive tambem
´ ˜
era motivada por egoısmo — um desejo orgulhoso de nao ser mal
˜ ´
visto, de mostrar que tinha razao? A historia de Jonas pode nos
˜ ´ ´
ajudar a fazer uma avaliaçao sincera de nos mesmos. Quem de nos
´ ˆ ´
esta imune a essas tendencias egoıstas? Como devemos ser gra-
´ ´
tos por Jeova pacientemente nos ensinar a ser mais altruıstas, mais
´
compassivos e mais misericordiosos — assim como ele e!
˜ ´ ´
22 A questao e: Sera que Jonas aprendeu a liçao? No fim do li- ˜
´
vro de Jonas, aquela pergunta de Jeova fica no ar, sem resposta.
˜
Alguns talvez critiquem o fato de Jonas nao ter respondido. Mas,
´ ´ ´ ´ ˆ
na verdade, a resposta esta la — e o proprio livro. As evidencias
indicam que foi Jonas que escreveu o livro que leva o seu nome.
Agora imagine aquele profeta, de novo em segurança na sua ter-
´
ra natal, escrevendo esse relato. Quase da para ver um homem
´
mais velho, mais sabio e mais humilde, la-
`
mentando as coisas que fez, a medida que
´ ˜
descreve seus proprios erros, sua rebeliao e
ˆ ˜
PARA VOCE PENSAR . . . sua teimosia em nao querer mostrar mi-
´
´ sericordia. Fica claro que Jonas aprendeu
˙ Como Jonas mostrou fe e ˜ ˜ ´
´ uma importante liçao com as instruçoes sa-
coragem ao pregar em Nınive? ´
bias de Jeova. Ele aprendeu a ser misericor-
˙ O que podemos aprender do ´ ´ ´
dioso. Sera que nos tambem aprendere-
arrependimento dos ninivitas?
mos? — Leia Mateus 5:7.
˙ O que podemos aprender da
˜
atitude de Jonas diante do 1 Ao dizer que aquelas pessoas nao sabiam a diferença
arrependimento dos ninivitas? entre a sua direita e a sua esquerda, Deus queria dizer
˜ ´
ˆ que, por nao conhecerem os princ ıpios divinos, elas
˙ De que maneiras voce gostaria ˆ
eram ingenuas como crianças.
´
de imitar a fe de Jonas ao ˜ ´
21. (a) Que liçao Jeova ensinou a Jonas? (b) Como
receber um conselho?
o relato sobre Jonas pode nos ajudar a fazer uma
˜ ´
avaliaçao sincera de nos mesmos?
22. (a) Pelo visto, como Jonas foi afetado pelas
˜ ´ ´ ´
instruçoes sabias de Jeova sobre misericordia?
˜ ´
124 (b) Que liçao todos nos precisamos aprender?
´
CAPITULO QUINZE

Ela defendeu
o povo de Deus
´ ´
ESTER tentou ficar calma ao se aproximar do patio do palacio
˜ ˜ ´
de Susa. Isso nao era facil. Tudo naquele castelo havia sido pro-
jetado para impressionar — suas coloridas esculturas em relevo
de tijolos esmaltados, representando touros alados, arqueiros e
˜ ´
leoes; suas colunas caneladas de pedra; suas imponentes esta-
´ ˜
tuas e ate mesmo sua localizaçao no topo de enormes platafor-
mas perto dos montes Zagros, cobertos de neve, com vista para
´
as aguas cristalinas do rio Choaspes. Tudo isso tinha o objetivo
de fazer cada visitante lembrar do imenso poder do homem que
´
Ester iria ver, aquele que se dizia “o grande rei”, e que tambem
era o marido dela.
2 Marido? Assuero era bem diferente de tudo o que uma fiel
˜
moça judia esperaria de um marido.1 Ele nao seguia o exemplo
˜
de homens como Abraao, que humildemente aceitou a orienta-
˜ ˆ
çao de Deus de escutar Sara, sua esposa. (Gen. 21:12) O rei sa-
´
bia pouco ou nada sobre Jeova, o Deus de Ester, ou sobre Sua
´ ´
Lei. Assuero, porem, conhecia a lei persa, que incluıa uma lei
ˆ
que proibia exatamente o que Ester estava para fazer. O que? A
lei dizia que, se uma pessoa comparecesse perante o rei persa
` ˜
sem ter sido convocada por ele, estava sujeita a morte. Ester nao
tinha sido convocada, mas estava indo ver o rei mesmo assim.
´
Ao se aproximar do patio interior, de onde o rei no seu trono
ˆ
poderia ve-la, ela talvez achasse que estava caminhando para a
morte. — Leia Ester 4:11; 5:1.
3 Por que ela assumiu esse risco? E o que podemos apren-
´ ´
der da fe dessa notavel mulher? Primeiro, vejamos como Ester,
´
uma moça simples, se tornou rainha na Persia.
´
1 Muitos acreditam que Assuero era Xerxes I, o governante do Imperio Persa no co-
´
meço do quinto seculo AEC.

1-3. (a) Por que Ester talvez tenha ficado com medo diante da perspectiva de
ir falar com seu marido? (b) Que perguntas sobre Ester consideraremos?

125
´
IMITE A SUA FE  ESTER

˜
A formaçao de Ester
´ ˜
4 Ester era orfa. Sabemos muito pouco sobre os pais dela.
Eles lhe deram o nome de Hadassa, palavra hebraica para “mur-
ta”, um lindo arbusto de flores brancas. Quando os pais de Es-
ter morreram, um de seus parentes, um homem bondoso cha-
mado Mordecai, teve pena da criança. Eles eram primos, mas
Mordecai era bem mais velho. Ele levou Ester para sua casa e
cuidou dela como se fosse sua filha. — Ester 2:5-7, 15.
5 Mordecai e Ester eram exilados judeus na capital persa,
˜
onde provavelmente eram desprezados por causa da religiao e da
lei que tentavam seguir. Mas Ester com certeza ficou bem ache-
` ´
gada a seu primo a medida que ele lhe ensinava sobre Jeova, o
Deus misericordioso que muitas vezes no passado havia resgata-
do Seu povo de dificuldades — e que faria isso de novo. (Lev.
´
Mordecai tinha bons 26:44, 45) Naturalmente, surgiu um vınculo de afeto e lealdade
motivos para sentir entre Ester e Mordecai.
orgulho de sua 6 Parece que Mordecai tinha algum tipo de cargo no castelo
filha adotiva ˜
em Susa, visto que se sentava regularmen-
˜
te no portao com outros servos do rei. (Es-
˜
ter 2:19, 21; 3:3) Nao sabemos como era
`
o dia a dia de Ester a medida que crescia,
˜ ´ ´
mas nao e difıcil imaginar que ela cuida-
va de seu primo mais velho e de sua casa,
provavelmente num dos bairros mais po-
˜
bres, do outro lado do rio em relaçao ao
castelo. Ela talvez gostasse de ir ao merca-
˜
do em Susa, onde ourives, prateiros e ou-
tros comerciantes exibiam suas mercado-
rias. Ester nem imaginava que todo aquele
luxo mais tarde seria algo comum na sua
˜
vida; ela nao tinha ideia do que o futuro
lhe reservava.
ˆ
“Bela de aparencia”
˜
Certo dia em Susa, todos estavam
7

comentando o tumulto que havia surgido


ˆ
4. O que sabemos sobre a infancia de Ester, e por
que ela teve de ir morar com seu primo Mordecai?
5, 6. (a) Como Mordecai criou Ester? (b) Que tipo
˜
de vida Ester e Mordecai levavam em Susa?
7. Por que a rainha Vasti foi deposta, e o que acon-
teceu depois disso?
ELA DEFENDEU O POVO DE DEUS

na corte. Durante uma grande festa em que Assuero estava rece-


bendo a nobreza com um suntuoso banquete, ele decidiu con-
vocar sua bela rainha, Vasti, que estava festejando separadamen-
te com as mulheres. Mas Vasti se recusou a ir. Humilhado e
furioso, o rei perguntou a seus conselheiros como Vasti deveria
ser punida. O que aconteceu? A rainha foi deposta. Os servos do
´
rei começaram a procurar por todo o imperio belas moças vir-
gens, dentre as quais o rei escolheria uma nova rainha. — Ester
1:1–2:4.
8 Podemos imaginar Mordecai olhando de vez em quando

para Ester com carinho e percebendo, num misto de orgulho e


˜
preocupaçao, que sua querida prima havia crescido e se tornado
´
uma moça de notavel beleza. O relato diz que “a moça era bonita
ˆ ´
de figura e bela de aparencia”. (Ester 2:7) A Bıblia apresenta um
´ ´
conceito equilibrado sobre a beleza — e algo agradavel, mas pre-
˜
cisa estar acompanhada de sabedoria e humildade. Senao, pode
´ ´
gerar vaidade, orgulho e outras caracterısticas indesejaveis. (Leia
´ ´ ´
Proverbios 11:22.) Ja notou como isso e verdade? No caso de Es-
´
ter, em que resultaria sua beleza? Em algo bom ou ruim? So o
tempo diria.
9 Em sua busca, os servos do rei notaram Ester. Eles a leva-
´
ram da casa de Mordecai para o grande palacio, do outro lado
´
do rio. (Ester 2:8) Deve ter sido uma despedida muito difıcil, pois
˜
Mordecai e Ester eram como pai e filha. Ele nao queria que sua
filha adotiva se casasse com um descrente, nem mesmo com um
˜
rei. Mas nao havia nada que ele pudesse fazer.1 Ester deve ter es-
˜
cutado com bastante atençao os conselhos de Mordecai antes de
˜
partir. Enquanto era levada para o castelo de Susa, muitas per-
guntas devem ter passado pela sua mente. Que tipo de vida a es-
perava?
Ela ganhava favor “aos olhos de todos os que a viam”
10 Ester se viu num mundo totalmente novo e estranho para
´
1 Veja o quadro “Perguntas sobre Ester”, no Capıtulo 16.
`
8. (a) Por que Mordecai talvez tenha se preocupado com Ester a medida que
ˆ
ela crescia? (b) Como voce acha que podemos aplicar o conceito equilibrado
´ ´ ´
da Bıblia sobre a beleza? (Veja tambem Proverbios 31:30.)
9. (a) O que aconteceu quando os servos do rei notaram Ester, e por que a
´
despedida deve ter sido difıcil para ela e Mordecai? (b) Por que Mordecai
˜
permitiu que Ester se casasse com um pagao? (Inclua o quadro.)
10, 11. (a) Como Ester poderia ter sido facilmente afetada pelo novo ambien-
te em que se encontrava? (b) Como Mordecai mostrou que estava preocupado
com o bem-estar de Ester? 127
ela. Estava entre as “muitas moças” que haviam sido trazidas de
´
diferentes lugares do Imperio Persa. Seus costumes, idioma e ati-
tudes provavelmente variavam muito. As moças foram coloca-
˜
das sob a supervisao de um encarregado chamado Hegai e pas-
sariam por um extenso tratamento de beleza, um programa de
´ ´
um ano que incluıa massagens com oleos perfumados. (Ester
2:8, 12) Um ambiente e um modo de vida assim poderiam fa-
cilmente ter feito com que aquelas moças ficassem obcecadas
ˆ ´ ˜ ´
pela aparencia, alem de gerar vaidade e competiçao. Sera que
isso afetou Ester?
11 Ninguem ´
estava mais preocupado com Ester do que Mor-
decai. O relato mostra que todos os dias ele chegava o mais per-
´
to possıvel da casa das mulheres para saber se ela estava bem.
` ˜
128 (Ester 2:11) A medida que conseguia algumas informaçoes, tal-
Ester sabia que
a humildade e a
˜
sabedoria sao muito
mais importantes do
ˆ
que a aparencia

´
vez por meio de servos cooperadores que trabalhavam ali, e
´ ˜
provavel que seu coraçao se enchesse de orgulho paternal. Por
ˆ
que?
12 Ester impressionou tanto Hegai que ele a tratou com mui-

ta bondade, dando-lhe sete servas e o melhor lugar na casa das


´
mulheres. O relato diz ate que “Ester ganhara continuamente
´
favor aos olhos de todos os que a viam”. (Ester 2:9, 15) Sera que
´ ˜
foi a beleza por si so que teve esse efeito? Nao. No caso de Es-
ter foi muito mais do que isso.
˜
13 Por exemplo, lemos: “Ester nao ˜
dera informaçoes sobre o
´
seu povo ou sobre a sua parentela, porque o proprio Mordecai
´
12, 13. (a) Ate que ponto Ester impressionou as pessoas ao seu redor? (b) Por
˜
que Mordecai ficou alegre por saber que Ester nao tinha revelado sua origem
judaica? 129
´
IMITE A SUA FE  ESTER

˜
lhe dera ordem de que nao o contasse.” (Ester 2:10) Mordecai
´
tinha instruıdo Ester a ser discreta sobre sua origem judaica.
Com certeza, ele notava que havia muito preconceito contra seu
povo entre a realeza persa. Como ele ficou alegre por saber que
´
Ester, apesar de estar longe dele, ainda mostrava o mesmo espı-
´
rito sabio e obediente!
14 Hoje em dia, os jovens tambem ´ ˜
podem alegrar o coraçao
´ ˜
de seus pais ou de outros responsaveis por eles. Quando nao es-
˜ `
tao a vista dos pais — mesmo rodeados de pessoas superficiais,
´ ˆ
imorais ou ruins —, eles podem resistir a mas influencias e se
apegar ao que sabem ser certo. Quando fazem isso, alegram o
˜ ´
coraçao de seu Pai celestial, assim como Ester. — Leia Proverbios
27:11.
15 Quando chegou o momento de ser apresentada ao rei, Es-

ter recebeu a liberdade de escolher qualquer coisa que achasse


´
necessario, talvez para ficar ainda mais bonita. Mas Ester foi mo-
˜ ´
desta e nao pediu ´ nada alem do que Hegai havia mencionado.
´ ˜
(Ester 2:15) E provavel que ela tenha percebido que o coraçao do
˜ ´ ´
rei nao seria conquistado so pela beleza. Um espırito humilde e
´
modesto seria algo bem mais raro naquela corte. Sera que ela es-
tava certa?
16 O relato responde: “O rei veio a amar Ester mais do que a

todas as outras mulheres, de modo que ela obteve mais favor e


ˆ
benevolencia diante dele do que todas as outras virgens. E pas-
ˆ ˆ
sou a por-lhe o toucado real sobre a cabeça e a faze-la rainha em
´
lugar de Vasti.” (Ester 2:17) Deve ter sido difıcil para aquela hu-
milde jovem judia adaptar-se a essa mudança em sua vida — ela
era a nova rainha, esposa do monarca mais poderoso da Terra
´ ´ ˜ `
naquela epoca! Sera que sua nova posiçao lhe subiu a cabeça,
´
deixando-a orgulhosa? Muito pelo contrario!
17 Ester continuou obediente ao seu pai adotivo, Mordecai.
˜ ´
Manteve em segredo sua ligaçao com o povo judeu. Alem disso,
quando Mordecai descobriu uma trama para assassinar Assuero,
˜
Ester obedientemente informou o rei, e a conspiraçao foi frus-
´
trada. (Ester 2:20-23) Seu espırito humilde e obediente mostra-
˜ ´
va que ela nao havia perdido a fe em seu Deus. O exemplo de
´ ´
Ester e muito importante para nos hoje, visto que poucos consi-
14. Como os jovens hoje podem imitar o exemplo de Ester?
15, 16. (a) Como Ester conquistou o amor do rei? (b) Por que as mudanças
na vida de Ester devem ter sido desafiadoras?
17. (a) De que maneiras Ester continuou obediente ao seu pai adotivo?
´ ´
130 (b) Por que o exemplo de Ester e importante para nos hoje?
ELA DEFENDEU O POVO DE DEUS

ˆ ˆ
deram a obediencia uma virtude, e a desobediencia e a rebeldia
˜ ´ ´ ˆ
sao a regra. Mas pessoas de genuına fe prezam a obediencia, as-
sim como Ester.
´ ´
A fe de Ester e testada
˜
18 Um homem chamado Hama obteve destaque na corte de
˜
Assuero. O rei o nomeou primeiro-ministro, o que fazia de Hama
seu principal conselheiro e o segundo homem mais poderoso no
´ ´
imperio. O rei ate mesmo decretou que quem visse esse alto fun-
´
cionario deveria se curvar diante dele. (Ester 3:1-4) Para Morde-
cai, essa lei era um dilema. Ele sabia que devia obedecer ao rei,
´ ˜
mas so quando isso nao envolvesse desobedecer a Deus. O pro-
´ ˜
blema e que Hama era agagita. Pelo visto, isso significava que
ele era descendente de Agague, o rei amalequita executado pelo
˜
profeta Samuel. (1 Sam. 15:33) Os amalequitas eram tao maus
´
que se declararam inimigos de Jeova e de Israel. Como povo,
´
eram condenados por Deus.1 (Deut. 25:19) Como e que um ju-
deu fiel poderia se curvar diante de um amalequita? Mordecai
˜ ´
nunca faria isso. Ele manteve sua posiçao. Ate hoje, homens e
´ ˆ ´
mulheres de fe tem arriscado a vida para cumprir este princıpio:
“Temos de obedecer a Deus como governante antes que aos ho-
mens.” — Atos 5:29.
19 Hama˜ ficou furioso. Mas tramar algo para matar apenas
˜
Mordecai nao era suficiente. Ele queria exterminar o povo de
˜
Mordecai. Para convencer o rei a fazer isso, Hama passou uma
ideia negativa dos judeus. Sem mencionar nomes, deu a enten-
der que eles eram insignificantes, um povo “disperso e separado
˜ ˜
entre os povos”. Pior ainda, Hama disse que eles nao obedeciam
` ˆ
as leis do rei, ou seja, que eram rebeldes perigosos. Ele propos
doar uma enorme quantia ao tesouro do rei para pagar as des-
´ ´
pesas da chacina dos judeus no imperio.2 Assuero deu o seu pro-
˜
prio anel de sinete a Hama para ele aprovar qualquer ordem que
tivesse em mente. — Ester 3:5-10.
˜ ´ ´
1 Hama talvez estivesse entre os ultimos amalequitas, ja que “o restante” deles havia
´ ˆ
sido destruıdo nos dias do Rei Ezequias. — 1 Cro. 4:43.
˜
2 Hama ofereceu 10 mil talentos de prata, o que equivaleria hoje a centenas de mi-
˜ ´ ˜
lhoes de dolares. Se Assuero era Xerxes I, essa oferta de Hama deve ter sido ainda
mais interessante. Xerxes precisava de uma grande quantia de dinheiro para a guer-
´
ra que estava planejando contra a Grecia havia muito tempo. Essa guerra por fim
seria um fracasso.
˜
18. (a) Por que Mordecai deve ter se recusado a se curvar diante de Hama?
´ ´
(Veja tambem a nota.) (b) Como homens e mulheres de fe hoje imitam o
exemplo de Mordecai?
˜
19. O que Hama queria fazer, e como conseguiu convencer o rei? 131
Ester arriscou a vida
para proteger o povo 20 Em pouco tempo, mensageiros foram rapidamente a cava-
de Deus ´
lo a cada canto do vasto imperio, levando o que resultaria numa
sentença de morte para o povo judeu. Imagine o impacto que
˜ ` ´
essa proclamaçao deve ter tido ao chegar a distante Jerusalem,
´
onde um restante de judeus, depois de voltar do exılio em Babi-
ˆ ˜
lonia, lutava para reconstruir a cidade que ainda nao tinha mu-
´ ´
ralhas para se defender. Ao receber a terrıvel notıcia, talvez Mor-
decai tenha pensado neles, bem como em seus amigos e parentes
˜
em Susa. Muito aflito, ele rasgou suas vestes, cobriu-se de sera-
pilheira, colocou cinzas sobre a cabeça e ficou no meio da cida-
˜ ´
de clamando. Hama, porem, sentou-se com o rei para beber, sem
remorso pelo sofrimento que estava causando aos judeus e aos
˜
amigos deles em Susa. — Leia Ester 3:12–4:1.
21 Mordecai sabia que precisava agir. Mas o que ele poderia
˜
fazer? Ester ficou sabendo da afliçao dele e lhe enviou roupas.
´
Mordecai, porem, se recusou a ser consolado. Pode ser que ele
´ ´
se perguntasse ja por muito tempo por que seu Deus, Jeova, ha-
via permitido que sua querida Ester fosse tirada dele para ser rai-
˜
nha de um governante pagao. Agora as coisas estavam começan-
˜ ˜ ´
20, 21. (a) Como a proclamaçao de Hama afetou os judeus em todo o Impe-
132 rio Persa, incluindo Mordecai? (b) O que Mordecai implorou que Ester fizesse?
ELA DEFENDEU O POVO DE DEUS

do a fazer sentido. Mordecai enviou uma


mensagem a Ester, implorando que ela
intercedesse junto ao rei em defesa de
´
“seu proprio povo”. — Ester 4:4-8.
22 Ao ouvir aquela mensagem, Ester

deve ter ficado apavorada. Esse seria o


´
maior teste de sua fe. Ela ficou com
medo, como indica sua resposta a Mor-
decai. Ela o lembrou da lei que dizia que
comparecer perante o rei sem ser convo-
cado significava pena de morte. O trans-
´
gressor so seria poupado se o rei esten-
´
desse o seu cetro de ouro. E sera que Ester
ˆ
podia esperar essa clemencia, ainda mais
depois do que tinha acontecido com Vas-
ti quando se recusou a obedecer a uma
ordem do rei? Ester disse a Mordecai que
´ ˜
ja fazia 30 dias que o rei nao a chamava
para comparecer perante ele. Esse desin-
teresse lhe dava bons motivos para se
perguntar se havia perdido o favor da-
quele rei cheio de caprichos.1 — Ester 4:9-11.
23 Mordecai respondeu com firmeza para fortalecer a fe´ de Es-
˜ ˜
ter. Ele assegurou que, se ela nao agisse, a salvaçao dos judeus vi-
ria de outra fonte. Mas como ela poderia esperar ser poupada
˜
quando a perseguiçao ganhasse força? Assim Mordecai mostrou
´ ´
sua profunda fe em Jeova, que nunca deixaria Seu povo ser
exterminado nem Suas promessas sem se cumprir. (Jos. 23:14)
˜
Depois, Mordecai perguntou a Ester: “Quem sabe se nao foi para
um tempo como este que atingiste a realeza?” (Ester 4:12-14)
˜
Nao acha que vale a pena imitar o exemplo de Mordecai? Ele
´
1 Xerxes I era conhecido como temperamental e violento. O historiador grego Hero-
´
doto registrou alguns exemplos da guerra de Xerxes contra a Grecia. O rei ordenou
que se montasse uma ponte flutuante no estreito de Helesponto. Quando uma tem-
´
pestade destruiu a ponte, Xerxes mandou decapitar os engenheiros e ate ordenou que
´
seus homens “punissem” o Helesponto por açoitar a agua enquanto uma proclama-
˜
çao ofensiva era lida em voz alta. Na mesma campanha, quando um homem rico
´
suplicou que seu filho fosse eximido do exercito, Xerxes mandou o rapaz ser corta-
ˆ ´
do em dois e expos o cadaver como aviso.

22. Por que Ester ficou com medo de comparecer perante seu marido, o rei?
´
(Veja tambem a nota.)
´
23. (a) O que Mordecai disse para fortalecer a fe de Ester? (b) Por que vale a
pena imitar o exemplo de Mordecai? 133
´
IMITE A SUA FE  ESTER

´ ´
tinha plena confiança em seu Deus, Jeova. E nos, temos? — Pro.
3:5, 6.
´
Uma fe mais forte do que o medo da morte
˜
24 Havia chegado a hora de Ester tomar uma decisao. Ela dis-
se a Mordecai para pedir que seus compatriotas se juntassem a
ˆ
ela num jejum de tres dias. Sua mensagem termina com uma de-
˜ ´ ´
claraçao de fe e coragem que ficou registrada ate hoje: “Se eu ti-
ˆ
ver de perecer, terei de perecer.” (Ester 4:15-17) Naqueles tres
dias, ela deve ter orado mais fervorosamente do que nunca. Fi-
nalmente, chegou o momento. Ela colocou sua melhor vestimen-
˜
ta real, fazendo tudo o que podia para agradar o rei. E entao saiu
ao seu encontro.
25 Como descrito no começo deste capıtulo, ´
Ester dirigiu-se
` ˜
a corte do rei. Podemos imaginar suas preocupaçoes e suas ora-
˜ ˜
çoes fervorosas enchendo-lhe a mente e o coraçao. Ela entrou no
´
patio, de onde podia ver Assuero. Talvez tenha tentado ler a ex-
˜
pressao no rosto do rei. Se ela teve de esperar, isso deve ter pare-
cido uma eternidade. Mas a espera acabou quando o rei a viu.
˜
Com certeza ele ficou surpreso, mas sua expressao facial se abran-
dou, e ele estendeu seu cetro de ouro! — Ester 5:1, 2.
26 Ester tinha conseguido uma audiencia, ˆ
um ouvido atento.
˜
Ela havia tomado posiçao a favor de seu Deus e de seu povo, esta-
´
belecendo um belo exemplo de fe para todos os servos de Deus
˜ ˜
ao longo dos tempos. Os cristaos verdadeiros hoje dao valor a
exemplos assim. Jesus disse que seus verdadeiros seguidores se-
˜
riam identificados pelo amor abnegado. (Leia Joao 13:34, 35.)
´
Geralmente, e preciso coragem como a de Ester para mostrar esse
tipo de amor. Mas mesmo depois de Ester
ˆ agir a favor do povo de Deus naquele
PARA VOCE PENSAR . . . ˜
dia, sua missao estava apenas começando.
˙ Como Ester mostrou que era Como ela convenceria o rei de que o con-
˜
humilde e obediente? selheiro predileto dele, Hama, era um ter-
´
˙ Como Mordecai ajudou Ester rıvel conspirador? Como poderia ajudar a
´ ˜
a agir com fe? salvar seu povo? Essas perguntas serao res-
˜ ´ ´
˙ Que açoes revelam a coragem pondidas no proximo capıtulo.
de Ester? ´
24. Como Ester mostrou fe e coragem?
ˆ
˙ De que maneiras voce gostaria 25. Descreva o que aconteceu quando Ester en-
´
de imitar a fe de Ester? trou para falar com seu marido.
˜
26. Por que os cristaos verdadeiros precisam de
˜
coragem como a de Ester, e por que a missao dela
134 estava apenas começando?
´
CAPITULO DEZESSEIS

Ela agiu com sabedoria,


˜
coragem e abnegaçao
˜
ESTER se aproximou lentamente do trono, com o coraçao acelera-
ˆ
do. Imagine o silencio que pairou sobre a grandiosa corte real do
´ ˜ ˆ ˜
palacio persa de Susa, um silencio tao profundo que Ester podia
´ ´
ouvir seus proprios passos suaves e o roçar de suas vestes regias. Ela
˜ ˆ
nao podia deixar se distrair com a imponencia da corte real, a be-
leza das colunas e o deslumbrante teto esculpido feito de cedros
´ ˜
importados do distante Lıbano. Ela concentrou toda a sua atençao
˜
no rei, o homem que tinha a vida dela em suas maos.
2 Enquanto Ester se aproximava, o rei a observava atentamen-
˜
te e entao lhe estendeu seu cetro de ouro. Foi um gesto simples,
mas significou a vida de Ester, pois indicava que o rei a tinha per-
˜
doado pela violaçao que ela havia acabado de cometer: compare-
cer perante ele sem ter sido convocada. Ao chegar perto do trono,
˜ ˜
Ester estendeu a mao e tocou a ponta do cetro, cheia de gratidao.
— Ester 5:1, 2.
3 Tudo no Rei Assuero exibia sua imensa riqueza e poder. A
´ ´
vestimenta regia dos monarcas persas daquela epoca supostamen-
˜ ´
te custava o equivalente a centenas de milhoes de dolares. Apesar
de toda essa pompa, Ester via certa ternura nos olhos de seu mari-
` ´
do; a sua maneira, ele a amava. Ele disse: “Que tens, o Ester, a rai-
´ ˜ ´
nha, e qual e a tua solicitaçao? Ate a metade do reinado — a ti seja
dado!” — Ester 5:3.
4 So´ o fato de Ester ter comparecido perante o rei para prote-
´ ´
ger seu povo de uma trama para extermina-los ja era uma demons-
˜ ´ ´ ´
traçao de notavel fe e coragem. Ate agora, ela tinha sido bem-suce-
dida, mas desafios maiores estavam por vir. Ela precisava convencer
esse orgulhoso monarca que o conselheiro em que ele mais con-
fiava era um homem perverso e manipulador, que o havia induzi-
`
do a condenar o povo de Ester a morte. Como ela o convenceria,
´
e o que podemos aprender de sua fe?
1-3. (a) Como foi para Ester se aproximar do trono de seu marido? (b) Como
`
o rei reagiu a visita de Ester?
4. Com que desafios Ester se confrontava?

135
Ela escolheu sabiamente o “tempo para falar”
5 ´
Sera que Ester deveria contar tudo ao rei na frente de sua cor-
´
te? Fazer isso poderia humilha-lo e dar tempo para seu conselhei-
˜ ˜ ´
ro Hama questionar as acusaçoes dela. Assim, o que Ester fez? Se-
´ ˜ ˜
culos antes, o sabio Rei Salomao escreveu sob inspiraçao: “Para
´
tudo ha um tempo determinado, . . . tempo para ficar quieto e tem-
po para falar.” (Ecl. 3:1, 7) Podemos imaginar o pai adotivo de Es-
` ´ `
ter, o fiel Mordecai, ensinando a jovem esses princıpios a medida
ˆ
que ela crescia. Com certeza, Ester sabia da importancia de escolher
com cuidado o “tempo para falar”.
6 Ester disse: “Se parecer bem ao rei, venha o rei com Hama˜

hoje ao banquete que preparei para ele.” (Ester 5:4) O rei concor-
˜
dou e mandou avisar Hama. Consegue perceber como Ester esco-
lheu sabiamente as palavras? Ela preservou a dignidade de seu ma-
rido e criou uma oportunidade mais adequada para revelar suas
˜ ´
preocupaçoes. — Leia Proverbios 10:19.
´
5, 6. (a) Como Ester aplicou o princıpio de Eclesiastes 3:1, 7? (b) Como Ester
136 mostrou sabedoria ao falar com seu marido?
Ester reconheceu
humildemente a
´
misericordia do rei

7 ´
Sem duvida, Ester preparou aquele banquete com todo o cui-
ˆ
dado, certificando-se de que as preferencias de seu marido fossem
´
atendidas em todos os detalhes. O banquete incluıa bom vinho
para alegrar o ambiente. (Sal. 104:15) Assuero estava feliz, e se sen-
tiu motivado a perguntar novamente a Ester qual era o seu pedi-
´
do. Sera que esse era o tempo para falar?
˜
8 Ester achava que nao. ˜
Assim, ela convidou o rei e Hama para
um segundo banquete, no dia seguinte. (Ester 5:7, 8) Por que ela
adiou o momento de falar? Lembre-se que o povo de Ester estava
sob ameaça de morte por causa do decreto do rei. Com tanta coi-
sa em jogo, Ester precisava ter certeza de escolher a hora certa para
falar. Portanto, ela esperou, criando uma nova oportunidade para
mostrar a seu marido o quanto o respeitava.
ˆ
9 A paciencia ´
e uma qualidade rara e valiosa. Embora Ester
7, 8. Como foi o primeiro banquete oferecido por Ester, mas por que ela adiou
o momento de falar com o rei?
ˆ
9. Que valor tem a paciencia, e como podemos imitar o exemplo de Ester nes-
se respeito? 137
´
IMITE A SUA FE  ESTER

estivesse aflita e ansiosa para falar, ela foi paciente e esperou o mo-
mento certo. Podemos aprender muito do seu exemplo, pois com
´
certeza todos nos vemos coisas erradas que precisam ser corrigidas.
´
Se quisermos convencer alguem em autoridade a resolver um pro-
´
blema, precisamos imitar Ester e ser pacientes. Proverbios 25:15 diz:
ˆ ´
“Com muita paciencia pode se convencer a autoridade, e a lıngua
´ ˜
branda quebra ate ossos.” (Nova Versao Internacional) Se esperar-
mos pacientemente o momento certo e falarmos com brandura, as-
´ ˜ ˜
sim como Ester fez, ate mesmo uma oposiçao tao dura quanto um
´ ´ ´
osso podera ser quebrada. Sera que o Deus de Ester, Jeova, aben-
ˆ
çoou sua paciencia e sabedoria?
ˆ
A paciencia prepara o caminho para a justiça
10 ˆ
A paciencia de Ester preparou o caminho para uma impres-
ˆ ˜
sionante sequencia de eventos. Hama saiu do banquete todo ani-
˜
mado, “alegre e contente de coraçao”, pois o rei e a rainha tinham
˜
10, 11. Por que o humor de Hama mudou depois que ele saiu do banquete, e
o que sua esposa e seus amigos o incentivaram a fazer?

Perguntas sobre Ester


˜ ˜ ´
Por que Mordecai permitiu Por que o livro de Ester nao Falta exatidao historica no
que Ester se casasse com menciona o nome de Deus? livro de Ester?
˜ ´ ´
um pagao? Tudo indica que foi Mordecai E isso o que os crıticos
Alguns eruditos alegam que quem escreveu o livro sob ins- afirmam. No entanto, alguns
˜ ´
Mordecai era um oportunista piraçao divina. De inıcio, o livro eruditos observaram que o
que desejava que Ester se ca- talvez tenha ficado guardado escritor do livro tinha um co-
sasse com o rei para obter com os registros oficiais persas nhecimento bem detalhado da
´ ˜ ´
prestıgio. Mas nao ha base antes de ser levado a Jerusa- realeza, da arquitetura
´ e dos
´ ´
para essa ideia. Sendo um ju- lem. O uso do nome Jeova costumes persas. E verdade
˜
deu fiel, ele nao apoiaria um poderia ter motivado os adora- que o nome da Rainha Ester
˜
casamento desse tipo. (Deut. dores dos deuses persas a nao aparece em documentos
˜
7:3) Segundo a antiga tradiçao destruir o livro. De qualquer seculares que sobreviveram,
´ ˜
judaica, Mordecai tentou im- modo, o envolvimento´ de Jeova mas com certeza Ester nao foi
´ ´ ´
pedir o casamento. Parece nessa historia e claro. E digno a unica pessoa da realeza cujo
´ ˜
improvavel que ele e Ester, de nota que o nome de Deus nome nao consta em registros
´ ´
que eram apenas estrangeiros aparece no texto hebraico origi- publicos. Alem disso, os regis-
´
numa terra governada por um nal, mas em acrosticos, cuja tros seculares mostram que um
ˆ
autocrata considerado um fraseologia parece ter sido or- homem chamado Marduka,
deus, tivessem alguma escolha ganizada propositalmente de equivalente persa ao nome
nesse assunto. Com o tempo, tal forma que as primeiras ou Mordecai, serviu como alto
´ ´ ´ ˜
ficou claro que Jeova usou o as ultimas letras de palavras su- funcionario da corte em Susa
´
casamento de Ester para prote- cessivas formam o nome de na epoca descrita no livro.
ger Seu povo. — Ester 4:14. Deus. — Ester 1:20, nota.
˜
E L A A G I U C O M S A B E D O R I A , C O R A G E M E A B N E G A Ç A O

˜ ˜
lhe mostrado muita consideraçao. Mas, quando passou pelo portao
do castelo, ele viu Mordecai, aquele judeu que continuava se recu-
´
sando a prestar-lhe homenagem especial. Como vimos no capıtu-
˜
lo anterior, Mordecai nao fazia isso por desrespeito, mas sim por
ˆ ˜ ´
causa de sua consciencia e de sua relaçao com Jeova Deus. Ainda
˜
assim, Hama “se encheu imediatamente de furor”. — Ester 5:9.
11 Quando Hama˜ contou a` sua esposa e aos seus amigos sobre

essa desfeita, eles o incentivaram a mandar preparar uma enorme


˜
estaca com mais de 20 metros de altura e a pedir permissao ao rei
˜
para pendurar Mordecai nela. Hama gostou da ideia e imediata-
˜
mente colocou o plano em açao. — Ester 5:12-14.
12 Nesse meio-tempo, o rei teve uma noite incomum. A Bıblia ´
diz que ele perdeu o sono e, por isso, ordenou que os registros ofi-
´ ´
ciais do imperio fossem lidos em voz alta. A leitura incluıa um re-
´
latorio sobre uma trama para assassinar Assuero. Ele se lembrou do
´
que tinha ocorrido — os que queriam mata-lo foram capturados e
ˆ
executados. Mas o que aconteceu com o homem que expos essa
trama — Mordecai? De repente, mais alerta, o rei perguntou como
Mordecai tinha sido recompensado. A resposta? Nada tinha sido
feito por ele. — Leia Ester 6:1-3.
13 Agitado, o rei perguntou que funcionarios ´ ´
estavam disponı-
´ ˜
veis para ajuda-lo a corrigir essa injustiça. Por ironia, era Hama que
estava na corte do rei. Ele havia chegado bem cedo, provavelmen-
˜
te porque estava ansioso para pedir permissao para executar Mor-
˜
decai. Mas, antes que Hama pudesse fazer seu pedido, o rei lhe per-
guntou qual seria a melhor maneira de homenagear um homem
˜
que havia ganhado o favor do rei. Hama pensou que o rei estava
ˆ
falando dele. Assim, propos uma homenagem cheia de pompa: ves-
´
tir o homem com vestes reais e designar um alto funcionario para
´ ˜ ´
acompanha-lo num desfile por Susa no proprio cavalo do rei, acla-
˜
mando-o diante de todos. Imagine o semblante de Hama ao saber
que o homem que receberia essa honra era Mordecai. E quem foi
´ ˜
o designado para aclamar Mordecai? O proprio Hama! — Ester
6:4-10.
14 A contragosto, Hama˜ cumpriu o que para ele era uma tare-
´
fa abominavel, e depois foi correndo para casa angustiado. Sua es-
posa e seus amigos disseram que essa virada nos acontecimentos
era um mau sinal; com certeza ele seria derrotado na luta contra o
judeu Mordecai. — Ester 6:12, 13.
´
12. Por que o rei ordenou que os registros oficiais do imperio fossem lidos em
voz alta, e o que ele ficou sabendo com isso?
˜
13, 14. (a) Como as coisas começaram a dar errado para Hama? (b) O que a
˜
esposa e os amigos de Hama lhe disseram? 139
ˆ
Ester expos
corajosamente
a maldade
˜
de Hama

15 Visto que Ester foi paciente e esperou mais um dia para apre-
˜ ´
sentar seu pedido ao rei, houve tempo para Hama causar sua pro-
´ ˜ ´
pria ruına. E quem sabe se nao foi Jeova Deus que fez o rei perder
˜ ´ ´
o sono? (Pro. 21:1) Nao e de admirar que a Bıblia nos incentive a
mostrar “uma atitude de espera”. (Leia Miqueias 7:7.) Quando es-
` ˜
peramos por Deus, as vezes descobrimos que suas soluçoes para os
˜ ˜
nossos problemas sao muito melhores do que qualquer soluçao
´ ´
que nos mesmos pudessemos encontrar.
Ela falou com coragem
16 ˜ ˆ
Ester nao se atreveria a testar ainda mais a paciencia do rei;
´
no segundo banquete, ela tinha de contar tudo. Mas como? O pro-
prio rei deu a ela a oportunidade, perguntando novamente qual
era o seu pedido. (Ester 7:2) O “tempo para falar” tinha chegado.
17 Podemos imaginar Ester orando silenciosamente a seu Deus

antes de dizer as seguintes palavras: “Se eu tiver achado favor aos


´ ˆ ´
teus olhos, o rei, e se parecer bem ao rei, de-se-me a minha pro-
` ˜
pria alma ao meu pedido, e meu povo, a minha solicitaçao.” (Es-
´
ter 7:3) Note que primeiro ela mostrou que respeitava o criterio
˜
dele com relaçao ao que lhe parecia ser bom. Ester era muito dife-
´
rente de Vasti, ex-esposa do rei, que o havia humilhado de propo-
´ ˜
sito. (Ester 1:10-12) Alem disso, Ester nao criticou o rei por ter sido
˜
tolo em confiar em Hama. Em vez disso, ela implorou que ele a
protegesse de algo que punha a vida dela em risco.
´ ´
15. (a) Por que foi bom Ester ter sido paciente? (b) Por que e sabio termos
“uma atitude de espera”?
16, 17. (a) Quando chegou o tempo para Ester falar? (b) Em que sentido
140 Ester era diferente de Vasti, ex-esposa do rei?
18 Com certeza, esse pedido deixou o rei impressionado e co-
movido. Quem ousaria colocar sua rainha em perigo? Ester conti-
nuou, dizendo: “Fomos vendidos, eu e meu povo, para sermos ani-
´ ´
quilados, mortos e destruıdos. Ora, se tivessemos sido vendidos
apenas como escravos e apenas como servas, eu teria ficado calada.
˜ ˜ ´ ´
Mas a afliçao nao convem quando e com dano para o rei.” (Ester
ˆ
7:4) Veja que Ester expos francamente o problema, mas acrescen-
´ ˜
tou que teria ficado calada se fosse so uma ameaça de escravidao.
´ ´ ˜ ´
No entanto, esse genocıdio traria um prejuızo tao grande ao pro-
˜
prio rei que ela nao podia ficar calada.
19 O exemplo de Ester nos ensina muito sobre a arte da per-
˜ ˆ ´
suasao. Se voce algum dia precisar expor um problema serio a al-
´ ´ ˆ
guem querido ou ate a uma pessoa em autoridade, a paciencia, o
˜
respeito e a candura poderao ser de grande ajuda. — Pro. 16:21, 23.
20 Indignado, Assuero perguntou: “Quem e´ este, e onde e´ que
´
esta este que se afoitou a fazer assim?” Imagine Ester apontando
´ ´
para o homem e dizendo: “O homem, o adversario e inimigo, e
˜
este mau Hama.” O ambiente ficou tenso. O terror tomou conta de
˜
Hama. Imagine a mudança no rosto daquele monarca tempera-
mental ao perceber que o conselheiro em quem ele confiava o ha-
´
via manipulado a assinar um decreto que mataria sua propria es-
posa! O rei saiu enfurecido para o jardim para se recompor. — Ester
7:5-7.
18. Como Ester revelou o problema ao rei?
˜
19. O que podemos aprender com Ester sobre a arte da persuasao?
ˆ ˜ ˜
20, 21. (a) Como Ester expos Hama, e qual foi a reaçao do rei? (b) O que Ha-
˜
ma fez ao ser exposto como um conspirador covarde? 141
Uma profecia cumprida
Ao lutar a favor do povo de Deus, 21 Ao ser exposto como um conspirador co-
Ester e Mordecai cumpriram uma ˜ ´
´ varde, Hama se jogou aos pes da rainha. Quan-
antiga profecia bıblica. Mais de ˜ ˜
´ do o rei voltou ao aposento e viu Hama no diva
1.200 anos antes, Jeova inspirou o de Ester, suplicando-lhe, ficou ainda mais fu-
´
patriarca Jaco a predizer o seguinte rioso e o acusou de tentar violentar a rainha na
sobre um de seus filhos: “Benjamim ´
´ propria casa do rei. Isso soou como uma sen-
continuara a dilacerar como lobo. ˜
˜ ´ tença de morte para Hama. Ele foi levado para
De manha comera o animal apa- ˜
` ´ fora com o rosto coberto. Entao, um dos fun-
nhado e a noitinha repartira o ´
ˆ ˜ cionarios do rei lhe falou da enorme estaca que
despojo.” (Gen. 49:27) Na “manha” ˜
´ ´ Hama tinha preparado para Mordecai. Assuero
da historia regia de Israel, os des- ´ ˜
´ ordenou imediatamente que o proprio Hama
cendentes de Benjamim incluıam o
Rei Saul e outros guerreiros podero- fosse morto e pendurado nela. — Ester 7:8-10.
´ 22 No mundo injusto de hoje, e´ facil´
pen-
sos do povo de Jeova. Na “noitinha” ˆ
´ ´ sar que nunca veremos a justiça ser feita. Voce
dessa historia regia, depois que o ´
sol havia se posto na linhagem real ja pensou assim? Ester nunca se desesperou,
de Israel, Ester e Mordecai, ambos nunca se tornou pessimista e nunca perdeu a
´
da tribo de Benjamim, foram fe. No momento certo, ela se expressou com
bem-sucedidos na luta contra os coragem a favor do que era correto e confiou
´ ´
inimigos de Jeova. Em certo senti- que Jeova faria o restante. Devemos fazer o
´ ´ ˜
do, eles tambem repartiram o mesmo. Jeova nao mudou desde os dias de Es-
despojo, visto que os muitos bens ter. Ele ainda pode muito bem apanhar uma
˜ ´ ´
de Hama ficaram para eles. pessoa ma e ardilosa na sua propria trama,
˜
como fez com Hama. — Leia Salmo 7:11-16.
˜
Ela agiu com abnegaçao
´
por Jeova e por Seu povo
23 Por fim, o rei ficou sabendo que Morde-
˜
cai nao era apenas o homem que lealmente o havia protegido con-
´
tra uma trama de assassinato, mas tambem o pai adotivo de Ester.
˜
Assuero concedeu a Mordecai a posiçao de primeiro-ministro, que
˜ ˜
pertencia a Hama, e deu a Ester a casa de Hama, com toda sua
imensa fortuna. Depois, Ester a entregou aos cuidados de Morde-
cai. — Ester 8:1, 2.
24 Agora que Ester e Mordecai estavam seguros, sera´ que a rai-
´ ´
nha podia ficar tranquila? So se ela fosse egoısta. Naquele momen-
˜
to, o decreto de Hama para matar os judeus estava sendo enviado
´ ˜
a todos os cantos do imperio. Hama tinha lançado sortes, ou Pur
22. Como o exemplo de Ester pode nos ajudar a nunca nos desesperar, nos
´
tornar pessimistas ou perder a fe?
23. (a) Como o rei recompensou Mordecai e Ester? (b) Como se cumpriu a
´
profecia que Jaco fez sobre Benjamim no seu leito de morte? (Veja o quadro
“Uma profecia cumprida”.)
˜
24, 25. (a) Por que Ester nao podia ficar tranquila depois que a trama de Ha-
˜
142 ma foi exposta? (b) Como Ester arriscou sua vida mais uma vez?
˜
E L A A G I U C O M S A B E D O R I A , C O R A G E M E A B N E G A Ç A O

— pelo visto uma forma de espiritismo — para saber qual era a me-
´ ´
lhor epoca para realizar esse ataque brutal. (Ester 9:24-26) E verda-
de que ainda faltavam meses para esse dia, mas o tempo estava pas-
´
sando rapidamente. Sera que essa calamidade ainda podia ser
evitada?
25 De forma abnegada, Ester arriscou novamente sua vida por

aparecer mais uma vez diante do rei sem um convite oficial. Des-
sa vez ela chorou por seu povo, implorando a seu marido que re-
´
vogasse aquele terrıvel decreto. Mas as leis promulgadas em nome
˜
do monarca persa nao podiam ser revogadas. (Dan. 6:12, 15) Por
isso, o rei deu poderes a Ester e a Mordecai para emitirem uma nova
˜
lei. Uma segunda proclamaçao foi enviada, dando aos judeus o di-
reito de se defender. Cavaleiros foram enviados rapidamente a toda
´ ´
parte do imperio, levando essa boa notıcia aos judeus. A esperan-
˜ ´
ça renasceu em muitos coraçoes. (Ester 8:3-16) Podemos ate ima-
´
ginar os judeus em todo o imperio se armando e se preparando
para a batalha, o que nunca poderiam ter feito sem aquela nova
´ ´
lei. Mas o mais importante era saber se “Jeova dos exercitos” esta-
ria com seu povo. — 1 Sam. 17:45.
26 Quando finalmente chegou o dia marcado, o povo de Deus
Ester e Mordecai
˜ ´ ´ enviaram
26, 27. (a) Qual a extensao da vitoria que Jeova deu a seu povo sobre seus ˜
˜ ˜ proclamaçoes
inimigos? (b) Que profecia se cumpriu com a destruiçao dos filhos de Hama?
aos judeus no
´
Imperio Persa
´
IMITE A SUA FE  ESTER

´ ´
estava pronto. Ate mesmo muitos funcionarios persas estavam ago-
` ´
ra do lado dos israelitas, a medida que se espalhava a notıcia sobre
´
o novo primeiro-ministro, o judeu Mordecai. Jeova concedeu a seu
´ ´
povo uma grande vitoria. Ele sem duvida protegeu seu povo de ter-
´ ´
rıveis represalias por fazer que seus inimigos sofressem uma derro-
ta esmagadora.1 — Ester 9:1-6.
27 Alem ´
disso, Mordecai nunca estaria seguro para administrar
˜
a casa de Hama enquanto os dez filhos desse homem mau ainda
´
vivessem. Por isso, eles tambem foram mortos. (Ester 9:7-10) Cum-
˜ ´ ´
priu-se entao uma profecia bıblica, pois Deus ja havia predito a des-
˜
truiçao total dos amalequitas, inimigos perversos de seu povo.
´ ´ ˜
(Deut. 25:17-19) E bem provavel que os filhos de Hama estivessem
´ ˜
entre os ultimos membros daquela naçao condenada.
28 A jovem Ester teve de carregar em seus ombros uma carga

muito pesada, que envolvia emitir decretos reais envolvendo guer-


˜ ˜ ´
ra e execuçao. Com certeza isso nao foi facil. Mas a vontade de
´ ˜ ˜
Jeova exigia que seu povo fosse protegido da destruiçao; a naçao
´
de Israel teria de produzir o prometido Messias, a unica fonte de
ˆ
esperança para toda a humanidade. (Gen. 22:18) Quando o Mes-
`
sias, Jesus, veio a Terra, ele proibiu seus seguidores daquele tempo
´
em diante de participar em guerras humanas. Isso e motivo de ale-
gria para os servos de Deus hoje. — Mat.
26:52.
ˆ 29 No entanto, os cristaos ˜
PARA VOCE PENSAR . . . travam uma
´ ´
guerra espiritual; Satanas esta cada vez mais
˙ Como Ester mostrou sabedoria ´ ´
ao escolher o “tempo para determinado a destruir nossa fe em Jeova
´ ˆ
falar”? Deus. (Leia 2 Corıntios 10:3, 4.) Que ben-
ˆ ˜ ´ ´
˙ A paciencia de Ester resultou çao o exemplo de Ester e para nos! Assim
ˆ ˜ ´
em que bençaos? como ela, podemos mostrar nossa fe por
˜ ˆ
usar de persuasao com sabedoria e pacien-
˙ Como Ester mostrou coragem
˜ cia, por mostrar coragem e por defender o
e abnegaçao ao defender seu ˜ ´
povo? povo de Deus com disposiçao altruısta.
ˆ ´
˙ De que maneiras voce esta 1 O rei concedeu aos judeus um segundo dia para que
´
decidido a imitar a fe de Ester? derrotassem seus inimigos por completo. (Ester 9:12-
´ ´
14) Ate hoje, os judeus comemoram aquela vitoria todo
ˆ
ano no mes de adar, que corresponde ao fim de feve-
reiro e começo de março. Essa festividade se chama
˜
Purim, nome dado por causa das sortes que Hama lan-
çou no seu esforço de destruir Israel.
´
28, 29. (a) Por que era da vontade de Jeova que
Ester e seu povo se envolvessem naquela guerra?
´ ˆ ˜
(b) Por que o exemplo de Ester e uma bençao pa-
´
144 ra nos hoje?
´
CAPITULO DEZESSETE

´
“Eis a escrava de Jeova!”
MARIA ficou espantada ao ver o visitante entrando em sua casa.
˜ ˜
Ele nao estava procurando o pai ou a mae dela. Estava ali para fa-
˜ ´
lar com ela! Maria tinha certeza de que ele nao era de Nazare.
Numa cidade pequena como a dela, os visitantes chamavam aten-
˜ ˜
çao. Esse chamaria atençao em qualquer lugar. Ele se dirigiu a Ma-
ria de um jeito bem diferente, dizendo: “Bom dia, altamente fa-
´ ´
vorecida, Jeova esta contigo.” — Leia Lucas 1:26-28.
´ ´
2 E assim que a Bıblia nos apresenta Maria, filha de Eli, da ci-
´
dade de Nazare, na Galileia. Ela estava passando por um momen-
´ ˜
to decisivo em sua vida. Era noiva do carpinteiro Jose, que nao
´
era um homem rico, mas um homem de fe. Assim, parecia que
´
tudo ja estava planejado — ela teria uma vida simples, apoiando
´
seu marido Jose e criando filhos com ele. Mas, de repente, Maria
˜
se viu diante desse visitante que lhe deu uma designaçao do Deus
a quem ela adorava, uma responsabilidade que mudaria a sua
vida.
3 Muitos ficam surpresos de saber que a Bıblia´ ˜
nao fala mui-
˜
to sobre Maria. Diz pouca coisa sobre sua formaçao, menos ain-
da sobre sua personalidade e absolutamente nada sobre sua apa-
ˆ
rencia. Mas o que a Palavra de Deus diz a seu respeito revela muito
sobre o tipo de pessoa que ela era.
4 Para conhecermos Maria, precisamos olhar alem ´
das muitas
´ ˜
ideias preconcebidas que varias religioes divulgam a seu respeito.
˜ ´
Entao, vamos desconsiderar suas inumeras figuras retratadas em
´ ´
pintura, marmore ou gesso. Vamos desconsiderar tambem a teo-
logia complexa e os dogmas que deram a essa mulher humilde
´ ˜ ´
os elevados tıtulos de “Mae de Deus” e “Rainha do Ceu”. Em vez
´
disso, vamos nos concentrar no que a Bıblia realmente diz sobre
˜ ´
ela. As Escrituras nos ajudam a ter uma compreensao inestimavel
´ ´
da fe que essa mulher tinha e de como podemos imitar essa fe.
1, 2. (a) Que cumprimento Maria ouviu de um visitante? (b) Em que sentido
Maria estava passando por um momento decisivo?
3, 4. Para conhecer Maria, o que precisamos desconsiderar e em que precisa-
mos nos concentrar?

145
´
IMITE A SUA FE  MARIA

A visita de um anjo
˜
O visitante de Maria nao era um simples homem. Era o anjo
5

Gabriel. Quando ele chamou Maria de “altamente favorecida”, ela


ficou “profundamente perturbada” com suas palavras e se pergun-
tou qual era o significado desse cumprimento incomum. (Luc.
˜
1:29) Altamente favorecida por quem? Maria nao esperava ser
´
considerada assim pelos homens. O anjo, porem, estava falando
´
do favor de Jeova Deus, algo que ela considerava importante. Mas
˜
ela nao presumiu orgulhosamente que tinha o favor de Deus. Se
nos esforçarmos para obter o favor de Deus, nunca presumindo
´ ˜
de modo orgulhoso que ja o temos, aprenderemos uma liçao im-
˜
portante que a jovem Maria entendeu plenamente: Deus se opoe
aos soberbos, mas ama e apoia os humildes. — Tia. 4:6.
6 Maria precisaria dessa humildade, pois o anjo lhe ofereceu
´ ´
um privilegio praticamente inimaginavel. Ele explicou que ela te-
ria um filho que se tornaria o humano mais importante de todos.
´ ´
Gabriel disse: “Jeova Deus lhe dara o tro-
´
no de Davi, seu pai, e ele reinara sobre a
´ ˜ ´
casa de Jaco para sempre, e nao havera fim
˜
Maria nao presumiu do seu reino.” (Luc. 1:32, 33) Com certe-
za, Maria sabia da promessa que Deus ti-
orgulhosamente que nha feito a Davi mais de mil anos antes
tinha o favor de Deus — que um de seus descendentes governa-
ria para sempre. (2 Sam. 7:12, 13) Assim,
seu filho seria o Messias que o povo de
´
Deus estava esperando por seculos!
7 Alem´
disso, o anjo lhe disse que seu filho ‘seria chamado Fi-
´
lho do Altıssimo’. Como uma mulher poderia gerar o Filho de
´
Deus? Na verdade, como Maria poderia ate mesmo ter um filho
˜ ´
se ainda nao era casada com Jose? Ela perguntou francamente:
´ ˜ ˜
“Como se ha de dar isso, visto que nao tenho relaçoes com um
˜
homem?” (Luc. 1:34) Note que Maria nao teve vergonha de dizer
´
que era virgem. Pelo contrario, ela prezava a sua castidade. Hoje,
˜
muitos jovens nao veem a hora de perder a virgindade e zombam
˜ ´
dos que nao fazem isso. O mundo com certeza mudou, mas Jeova
˜ ´
nao. (Mal. 3:6) Como nos dias de Maria, ele da valor aos que se
`
apegam as Suas normas de moral. — Leia Hebreus 13:4.
˜
5. (a) O que a reaçao de Maria ao cumprimento de Gabriel nos ensina sobre
˜
ela? (b) Que liçao importante podemos aprender de Maria?
´
6. Que privilegio o anjo ofereceu a Maria?
7. (a) O que a pergunta de Maria revelou sobre ela? (b) O que os jovens hoje
146 podem aprender do exemplo de Maria?
´ ´
O anjo Gabriel ofereceu a Maria um privilegio praticamente inimaginavel
´
IMITE A SUA FE  MARIA

8 Embora servisse a Deus fielmente, Maria era imperfeita. En-


˜
tao, como ela poderia gerar um descendente perfeito, o Filho de
´ ´
Deus? Gabriel explicou: “Espırito santo vira sobre ti e poder do
´ ´ ˜ ´ ´
Altıssimo te encobrira. Por esta razao, tambem, o nascido sera cha-
mado santo, Filho de Deus.” (Luc. 1:35) Santo significa “limpo”,
“puro”, “sagrado”. Normalmente, os humanos passam a seus fi-
˜ ´
lhos sua condiçao impura e pecaminosa. Mas, nesse caso, Jeova
faria um milagre sem igual. Ele transferiria a vida de seu Filho do
´
ceu para o ventre de Maria e depois usaria sua força ativa, ou es-
´
pırito santo, para a ‘encobrir’, protegendo a criança de qualquer
´
mancha do pecado. Sera que Maria acreditou na promessa do
˜
anjo? Qual foi a sua reaçao?
˜
A reaçao de Maria
´
9 Os ceticos, ´
incluindo alguns teologos da cristandade, acham
´ `
difıcil acreditar que uma virgem pudesse dar a luz. Apesar de toda
˜ ˜
a sua instruçao, eles nao conseguem entender uma verdade sim-
˜ ´
ples. Como disse Gabriel: “Para Deus nenhuma declaraçao sera
uma impossibilidade.” (Luc. 1:37) Maria acreditou nas palavras de
´ ´ ˜
Gabriel, pois ela era uma jovem de muita fe. Mas essa fe nao era
credulidade. Como qualquer pessoa de bom-senso, Maria preci-
ˆ ´
sava de evidencias nas quais pudesse basear sua fe. Gabriel estava
ˆ ´
preparado para acrescentar evidencias ao conhecimento que ela ja
´
tinha. Ele lhe falou sobre sua parente idosa, Elisabete, que ja por
´
muito tempo era conhecida como uma mulher esteril. Deus ti-
nha milagrosamente feito com que ela engravidasse.
10 O que Maria faria entao? ˜ `
Ela tinha a sua frente uma desig-
˜ ˆ
naçao e a evidencia de que Deus faria tudo o que Gabriel havia
˜ ´ ˜
falado. Mas nao devemos pensar que esse privilegio nao resulta-
ria em temores e dificuldades. Por um lado, ela tinha de pensar
´ ´
no seu noivado com Jose. Sera que ele se casaria com ela quando
´
soubesse de sua gravidez? Por outro lado, pode ser que a propria
˜
designaçao tenha parecido uma responsabilidade amedrontadora.
Ela carregaria a vida da mais valiosa de todas as criaturas de Deus
´
— Seu proprio Filho amado! Teria de cuidar dele enquanto ele
ˆ
fosse uma criança indefesa e protege-lo num mundo perverso.
´
Sem duvida, uma responsabilidade e tanto!
8. Embora fosse imperfeita, como Maria poderia gerar um descendente per-
feito?
´ ˜
9. (a) Por que os ceticos estao errados em questionar o relato sobre Maria?
´
(b) Como Gabriel fortaleceu a fe de Maria?
˜ ´ ˜
10. Por que nao devemos pensar que o privilegio de Maria nao resultaria em
148 temores e dificuldades?
´
“EIS A ESCRAVA DE JEOVA!”

´ ´ ´ `
11 A Bıblia mostra que ate mesmo homens fortes e fieis as ve-
˜
zes hesitaram em aceitar designaçoes desafiadoras da parte de
´ ˜
Deus. Moises argumentou que ˆ nao era fluente o bastante para agir
como porta-voz de Deus. (Exo. 4:10) Jeremias alegou que era “ape-
nas rapaz”, jovem demais para assumir a tarefa que Deus tinha
˜
lhe designado. (Jer. 1:6) E Jonas fugiu de sua designaçao! (Jonas
1:3) Que dizer de Maria?
12 Suas palavras humildes e obedientes servem de exemplo
´
para todas as pessoas de fe. Ela disse a Gabriel: “Eis a escrava de
´ ˜
Jeova! Ocorra comigo segundo a tua declaraçao.” (Luc. 1:38) Uma
escrava era um dos servos mais humildes; sua vida estava inteira-
˜
mente nas maos do seu amo. Era assim que Maria se sentia com
˜ ´
relaçao ao seu Amo, Jeova. Ela sabia que es-
˜ ´
tava segura nas maos dele, que ele e leal
˜
com os que lhe sao leais e que a abençoa-
` Maria sabia que estava
ria a medida que fizesse o seu melhor para
˜
cumprir essa designaçao desafiadora. — Sal.
inteiramente a salvo
18:25.
` ˜
13 As vezes, Deus nos pede para fazer nas maos de seu
´
algo que talvez achemos difıcil, ate mesmo
´ ´
´ ´ Deus leal, Jeova
impossıvel. Mas em sua Palavra ele nos da
muitos motivos para confiarmos nele e nos
˜
colocarmos em suas maos, assim como Ma-
´
ria fez. (Pro. 3:5, 6) Sera que faremos isso? Se fizermos, ele nos re-
´ ´
compensara, dando-nos motivos para desenvolver uma fe ainda
mais forte nele.
Visita a Elisabete
14As palavras de Gabriel sobre Elisabete foram muito signifi-
cativas para Maria. Que mulher no mundo poderia entender me-
˜ ˜
lhor a sua situaçao? Maria partiu rapidamente para a regiao mon-
´ ˆ
tanhosa de Juda, uma viagem de talvez tres ou quatro dias. Assim
´
que entrou na casa de Elisabete e Zacarias, o sacerdote, Jeova lhe
ˆ ´ ´
deu mais evidencias solidas para fortalecer sua fe. Elisabete ouviu
ˆ
o cumprimento de Maria e imediatamente sentiu o bebe em sua
´ ´ `
11, 12. (a) Como ate mesmo homens fortes e fieis as vezes reagiram a desig-
˜
naçoes desafiadoras da parte de Deus? (b) O que Maria revelou sobre si
mesma em sua resposta ao anjo Gabriel?
´ ´ ´ ´
13. Se achamos difıcil, ate mesmo impossıvel, fazer o que Deus pede de nos,
como podemos nos beneficiar do exemplo de Maria?
´
14, 15. (a) Como Jeova recompensou Maria quando ela visitou Elisabete e
Zacarias? (b) O que as palavras de Maria, registradas em Lucas 1:46-55, reve-
lam a respeito dela? 149
´
IMITE A SUA FE  MARIA

´
barriga pular de alegria. Ela ficou cheia de espırito santo e cha-
˜
mou Maria de “mae de meu Senhor”. Deus tinha revelado a Eli-
sabete que o filho de Maria se tornaria seu Senhor, o Messias.
´ ˆ
Alem disso, ela foi inspirada a elogiar Maria por sua obediencia
´ ´
fiel, dizendo: “Feliz tambem e aquela que acreditou.” (Luc. 1:39-
´
45) De fato, tudo o que Jeova tinha prometido a Maria ia se cum-
prir!
15 Depois disso, Maria falou, e suas palavras foram cuidado-

samente preservadas na Palavra de Deus. (Leia Lucas 1:46-55.)


´ ´
No registro bıblico, esse e o trecho onde ela mais se expressou, e
A amizade de Maria suas palavras revelam muito a seu respeito. Mostram seu grande
e Elisabete foi uma
ˆ ˜
bençao para elas
´
“EIS A ESCRAVA DE JEOVA!”

´ ´ ´
apreço ao louvar a Jeova por abençoa-la com o privilegio de ser a
˜ ´
mae do Messias. Mostram a profundidade de sua fe ao falar de
´ ´
Jeova como alguem que rebaixa os soberbos e os poderosos e aju-
´ ˜
da os humildes e os pobres que procuram servi-lo. Tambem dao
uma ideia do conhecimento que ela tinha. Segundo certa estima-
ˆ `
tiva, ela fez mais de 20 referencias as Escrituras Hebraicas!1
16 Fica claro que Maria meditava profundamente na Palavra

de Deus. Ainda assim, ela continuou humilde, preferindo falar


´
com base nas Escrituras em vez de falar de sua propria iniciativa.
´
O filho que ja crescia em seu ventre teria a mesma atitude um
˜ ´ `
dia: “O que eu ensino´ nao e meu, mas pertence aquele que me
˜ ´
enviou.” (Joao 7:16) E bom nos perguntar: ‘Sera que mostro o
ˆ
mesmo respeito e reverencia pela Palavra de Deus? Ou prefiro mi-
´
nhas proprias ideias e ensinamentos?’ Maria certamente mostrou
a atitude correta.
17 Maria ficou cerca de tres ˆ ´
meses com Elisabete, sem duvida
recebendo e dando muito encorajamento. (Luc. 1:56) O relato ani-
´ ˆ ˜
mador da Bıblia sobre essa visita nos lembra da bençao que a ami-
zade pode ser. Se procurarmos ter amigos que realmente amam
´
nosso Deus, Jeova, com certeza vamos crescer em sentido espiri-
tual e nos achegar mais a ele. (Pro. 13:20) Mas, por fim, chegou
´
a hora de Maria voltar para casa. O que Jose diria quando soubes-
˜
se de sua situaçao?
´
Maria e Jose
˜
18Provavelmente Maria nao esperou que sua gravidez se tor-
´ ´
nasse evidente. Sem duvida, ela precisava falar com Jose. Antes
disso, ela deve ter se perguntado como esse homem decente, que
temia a Deus, reagiria ao que ela ia dizer. Mesmo assim, Maria lhe
ˆ
contou tudo que tinha acontecido. Como voce pode imaginar,
´
Jose ficou muito perturbado. Ele queria acreditar nessa jovem de
quem gostava tanto, mas parecia que ela tinha sido infiel a ele. A
´ ˜ ´
Bıblia nao diz o que passou pela mente de Jose. Mas diz que ele
´
decidiu se divorciar dela, porque na epoca os noivos eram vistos
˜
como casados. No entanto, ele nao quis que ela fosse publicamen-
ˆ
te envergonhada nem que seu caso se tornasse um escandalo, por
isso preferiu se divorciar em segredo. (Mat. 1:18, 19) Deve ter sido
ˆ ´
1 Entre essas referencias, Maria provavelmente citou a fiel Ana, que tambem recebeu
´ ˆ ˜ ˜
de Jeova a bençao de ter um filho. — Veja o quadro “Duas oraçoes especiais”, no Ca-
´
pıtulo 6.

16, 17. (a) Como Maria e seu filho mostraram uma atitude que precisamos
ˆ ˜
imitar? (b) A visita que Maria fez a Elisabete nos lembra de que bençao?
´
18. O que Maria contou a Jose, e como ele reagiu? 151
´
IMITE A SUA FE  MARIA

´
muito difıcil para Maria ver esse homem bondoso sofrer por cau-
˜ ˜ ´
sa dessa situaçao sem igual. Mas ela nao ficou ressentida por Jose
˜
nao ter acreditado nela.
19 Jeova´ bondosamente ajudou Jose´ a tomar a melhor deci-
˜
sao. Num sonho, o anjo de Deus lhe disse que a gravidez de Ma-
´ ´
ria era mesmo um milagre. Que alıvio isso deve ter sido! Jose fez
˜ ´
entao o que Maria tinha feito desde o inıcio — agiu em harmo-
˜ ´
nia com a orientaçao de Jeova. Casou-se com ela e se preparou
para assumir a responsabilidade sem igual de cuidar do Filho de
´
Jeova. — Mat. 1:20-24.
20 Os casados — e os que pensam em se casar — devem apren-
´
der algo desse jovem casal que viveu uns 2 mil anos atras. Ao ver
sua jovem esposa cumprir os deveres e as responsabilidades de
˜ ´
mae, Jose com certeza ficou contente por ter sido orientado pelo
´ ˆ ´
anjo de Jeova. Ele deve ter visto a importancia de confiar em Jeova
˜ ´
ao tomar decisoes de peso. (Sal. 37:5; Pro. 18:13) Sem duvida, ele
˜
continuou sendo consciencioso e amoroso ao tomar decisoes
´
como chefe de famılia.
21 Por outro lado, o que podemos concluir da disposiçao ˜
de
´ ´
Maria de ainda se casar com Jose? Embora de inıcio ele talvez te-
´ ´
nha achado a historia dela difıcil de entender, ela esperou ele de-
´ ´
cidir o que fazer, pois ele seria o chefe da famılia. Sem duvida,
ˆ ´
ela aprendeu a importancia de ser paciente, e isso e uma boa li-
˜ ˜ ´ ´
çao para as mulheres cristas hoje. Por fim, e provavel que esses
´
acontecimentos tenham ensinado tanto a Jose como a Maria o
˜
valor da comunicaçao franca e honesta.
´
— Leia Proverbios 15:22.
ˆ 22 Sem duvida, ´
aquele jovem casal co-
PARA VOCE PENSAR . . . meçou seu casamento com o melhor ali-
˙ O que podemos aprender de cerce de todos. Ambos amavam a Jeova
´
Maria sobre a humildade? ´
Deus acima de tudo e desejavam agrada-´
ˆ ´
˙ Em que sentido a obediencia lo como pais responsaveis e amorosos. E
´ ˆ ˜ `
de Maria foi notavel? claro que eles teriam bençaos maiores a
´
˙ De que maneiras Maria frente — e desafios maiores tambem. Ti-
´ ´
fortaleceu a sua propria fe? nham diante de si a perspectiva de criar Je-
ˆ
˙ De que maneiras voce gostaria sus, aquele que seria o maior homem que
´ ´
de imitar a fe de Maria? o mundo ja conheceu.
´ ´
19. Como Jeova ajudou Jose a tomar a melhor de-
˜
cisao?
20, 21. O que os casados e os que pensam em se
´
casar podem aprender de Maria e Jose?
´
22. Qual era o alicerce do casamento de Jose e
152 Maria, e que perspectiva eles tinham diante de si?
´
CAPITULO DEZOITO

˜
Ela tirou “conclusoes
˜
no seu coraçao”
˜ ´ ´
MARIA mudou de posiçao tentando ficar mais confortavel. Ela ja
estava viajando por horas montada num pequeno animal de car-
` ´ `
ga. Logo a frente ia Jose conduzindo o animal, rumo a distante Be-
´ ˆ
lem. Maria sentiu de novo o bebe se mexer no seu ventre.
2 Ja´ fazia alguns meses que ela estava gravida;
´ ´
a Bıblia usa a
frase “estado avançado de gravidez” para descrever como ela esta-
˜ `
va nessa ocasiao. (Luc. 2:5) A medida que o casal passava por um
´
campo apos outro, alguns dos lavradores que estavam arando ou
semeando talvez olhassem para eles e se perguntassem por que
˜
uma mulher naquela condiçao estaria viajando. O que Maria esta-
˜ ´
va fazendo tao longe de sua casa em Nazare?
3 Tudo começou meses antes, quando essa jovem judia rece-
˜ ´
beu uma designaçao sem igual em toda a historia humana. Ela te-
ria um filho que se tornaria o Messias, o Filho de Deus. (Luc. 1:35)
A necessidade de fazer essa viagem surgiu quando se aproximava
` ´
o tempo de Maria dar a luz. Durante a viagem, ela enfrentou va-
` ´
rios desafios a sua fe. Vejamos o que a ajudou a permanecer espi-
ritualmente forte.
´
A viagem para Belem
4 ´ ˜ ´
Jose e Maria nao eram os unicos que estavam viajando na-
´ ´
quela epoca. Pouco antes, Cesar Augusto havia decretado que fos-
´
se feito um registro no paıs, e para cumprir esse decreto as pessoas
´
tinham de viajar para a sua cidade de origem. O que Jose fez? O re-
´ ´
lato diz: “Jose, naturalmente, subiu tambem da Galileia, da cidade
´ ` ` ´
de Nazare, e foi a Judeia, a cidade de Davi, que se chama Belem,
´
por ser membro da casa e famılia de Davi.” — Luc. 2:1-4.
5 Nao˜ ˆ ´
foi por coincidencia que Cesar emitiu esse decreto
1, 2. Descreva a viagem de Maria, e explique o que tornava essa viagem des-
´
confortavel para ela.
˜
3. Que designaçao Maria recebeu, e o que vamos aprender sobre ela?
´ ´
4, 5. (a) Por que Jose e Maria estavam viajando para Belem? (b) O decreto de
´
Cesar levou ao cumprimento de que profecia?

153
´
IMITE A SUA FE  MARIA

´ ´
naquela epoca. Uma profecia escrita uns sete seculos antes predis-
´
se que o Messias nasceria em Belem. Havia uma cidade chamada
´ ˆ ´
Belem que ficava a apenas 11 quilometros de Nazare. No entanto,
´
a profecia especificava que era em “Belem Efrata” que o Messias
`
nasceria. (Leia Miqueias 5:2.) Para chegar aquele pequeno povoa-
´ ˆ
do a partir de Nazare, os viajantes percorriam uns 130 quilometros
´
de estradas montanhosas, passando por Samaria. Foi nessa Belem
´
que Jose teve de ir se registrar, pois essa cidade era o lar ancestral
´ ´ ´
da famılia do Rei Davi — a famılia a que Jose e sua esposa perten-
ciam.
6 Sera´ que Maria apoiaria a decisao ˜ ´
de Jose de obedecer a esse
´ ´ ´
decreto? Afinal, a viagem seria difıcil para ela. E provavel que fos-
˜
se o começo do outono e, visto que a estaçao seca estava terminan-
´
do, talvez ocorressem chuvas leves. Alem disso, a frase ‘subiu da Ga-
´ ´
lileia’ e apropriada, porque Belem ficava a uma altitude de mais de
760 metros — uma subida e tanto, e um fim exaustivo de uma via-
´
gem de varios dias. Essa subida talvez demorasse mais do que o
˜
normal, pois na situaçao de Maria pode ser que ela precisasse pa-
´ ´ ´
rar varias vezes para descansar. E nesse estagio da gravidez que a
´
mulher mais deseja ficar perto de casa, onde a famılia e os amigos
´
6, 7. (a) Por que a viagem para Belem talvez fosse desafiadora para Maria?
´ ˜
(b) Ser esposa de Jose fez que diferença nas decisoes tomadas por Maria?
´
(Veja tambem a nota.)
˜ ˜
E L A T I R O U “ C O N C L U S O E S N O S E U C O R A Ç A O ”

˜
estao prontos para ajudar quando começam as dores de parto. Sem
´
duvida, Maria precisava de coragem para fazer essa viagem.
7 Apesar disso, Lucas escreveu que Jose´ partiu “a fim de ser re-
´
gistrado com Maria”. Ele tambem mencionou que Maria “fora dada
´
[a Jose] em casamento, conforme prometido”. (Luc. 2:4, 5) Ser ca-
´ ˜
sada com Jose fez uma grande diferença nas decisoes de Maria. Ela
o considerava seu cabeça espiritual e aceitou de bom grado o pa-
˜
pel de ajudadora, que Deus lhe deu, apoiando as decisoes do ma-
˜
rido.1 Assim, ser submissa ao marido com respeito a essa decisao
´
poderia ser um teste de fe para Maria, mas ela simplesmente obe-
deceu.
8 O que mais pode ter motivado Maria a obedecer? Sera´ que
´
ela sabia que o Messias nasceria em Belem, conforme predito? A
´ ˜ ˜
Bıblia nao diz, mas nao podemos descartar essa possibilidade, pois
´
tanto os lıderes religiosos como o povo em geral conheciam bem
˜
esse fato. (Mat. 2:1-7; Joao 7:40-42) Com respeito ao conhecimen-
˜
to das Escrituras, a jovem Maria nao era nada ignorante. (Luc.
1:46-55) De qualquer forma, quer Maria tenha decidido viajar em
˜
1 Note o contraste entre essa passagem e a descriçao de uma viagem anterior: “Ma-
˜ ˜
ria levantou-se . . . e foi” visitar Elisabete. (Luc. 1:39) Nessa ocasiao, ela ainda nao
˜ ´
era casada e talvez tenha tomado essa decisao sem consultar Jose. Depois que os dois
˜ ´ ´ ´ ´ ˜
se casaram, a decisao de fazer a viagem para Belem e atribuıda a Jose, nao a Maria.
´ ´
8. (a) O que mais pode ter motivado Maria a viajar para Belem com Jose?
´ ´ A viagem
(b) Em que sentido a atitude de Maria e um exemplo para as pessoas fieis? ´
para Belem
˜ ´
nao foi facil

155
´
IMITE A SUA FE  MARIA

ˆ ` ´
obediencia a seu marido, a um decreto governamental, a propria
´ ˜
profecia de Jeova, quer por causa de uma combinaçao desses fato-
´ ´
res, ela foi um excelente exemplo. Jeova da muito valor a um es-
´
pırito humilde e obediente, tanto em homens como em mulheres.
˜
Em nossos dias, quando a submissao muitas vezes parece ser uma
´
das qualidades mais ignoradas, a atitude de Maria e um exemplo
´
para pessoas fieis em todo o mundo.
O nascimento de Cristo
´
9 Maria deve ter dado um suspiro de alıvio quando avistou Be-
´
lem. Ao subir as encostas dos montes, passando por olivais — en-
´ ´
tre as ultimas safras a serem colhidas —, Maria e Jose talvez tenham
´
pensado na historia daquele pequeno povoado. A cidade era insig-
´
nificante demais para ser contada entre as cidades de Juda, assim
como havia dito o profeta Miqueias; mas era o lugar onde nasce-
ram Boaz, Noemi e, mais tarde, Davi, todos mais de mil anos antes.
10 Maria e Jose´ encontraram o povoado lotado. Outras pessoas
˜
tinham chegado antes deles para se registrar, por isso nao havia
˜ ˜
mais lugar no alojamento.1 Eles nao tinham escolha a nao ser pas-
´ ˜ ´ ´ ˜
sar a noite num estabulo. Nao e difıcil imaginar a preocupaçao de
´
Jose ao ver sua esposa sentir uma dor muito forte, que começou a
aumentar. Ela nunca tinha sentido uma dor assim! E foi justo ali,
naquele lugar, que Maria começou a ter dores de parto.
11 As mulheres do mundo todo entendem bem o que Maria
´
passou. Uns 4 mil anos antes, Jeova havia predito que as mulheres
sofreriam dores durante o parto por causa do pecado herdado.
ˆ ˜
(Gen. 3:16) Nada indica que Maria era uma exceçao. O relato de
´
Lucas e bem discreto, por assim dizer puxando uma cortina de pri-
`
vacidade em torno daquele momento. Diz apenas: “Ela deu a luz
ˆ ˆ
o seu filho, o primogenito.” (Luc. 2:7) De fato, o seu “primogeni-
´
to” havia nascido — o primeiro dos muitos filhos de Maria, no mı-
˜
nimo sete. (Mar. 6:3) Mas ele sempre se destacaria. Ele nao era ape-
ˆ ˆ ˜
nas o primogenito dela, mas o “primogenito de toda a criaçao” de
´ ˆ ´
Jeova, o Filho unigenito do proprio Deus. — Col. 1:15.
´
12 E nesse ponto que o relato acrescenta um detalhe bem co-

´
1 Naqueles dias era costume encontrar nas cidades um quarto publico para o uso de
viajantes e caravanas de passagem.
´
9, 10. (a) No que Maria e Jose talvez tenham pensado ao se aproximar de Be-
´ ´ ´
lem? (b) Por que Jose e Maria passaram a noite num estabulo?
11. (a) Por que as mulheres do mundo todo entendem bem o que Maria pas-
ˆ
sou? (b) Em que sentidos Jesus era o “primogenito”?
ˆ
12. Onde Maria colocou o bebe, e em que sentido a realidade foi diferente
˜
156 das encenaçoes, pinturas e cenas da natividade?
˜ ˜
E L A T I R O U “ C O N C L U S O E S N O S E U C O R A Ç A O ”

nhecido: “[Ela] o enfaixou e deitou numa manjedoura.” (Luc. 2:7)


˜
Encenaçoes, pinturas e cenas da natividade no mundo todo costu-
mam ser apresentadas com sentimentalismo. Mas pense na realida-
´
de. Uma manjedoura e um cocho, um recipiente em que se colo-
´
ca comida para os animais. Lembre-se que a famılia estava num
´
estabulo, um lugar em que dificilmente haveria ar puro e higiene
´
— nem naquela epoca nem hoje. De fato, que pais escolheriam um
local assim para o nascimento do filho caso houvesse outras op-
˜ ´
çoes? A maioria dos pais quer o melhor para os seus filhos. Jose e
Maria queriam mais ainda, afinal aquela criança era o Filho de
Deus!
˜
13 No entanto, eles nao ficaram amargurados por causa de suas
˜
limitaçoes; simplesmente fizeram o melhor que puderam com o
´
que tinham. Note, por exemplo, que a propria Maria cuidou do
ˆ
bebe. Ela o enfaixou e o colocou com cuidado para dormir na man-
jedoura, certificando-se de que ele estivesse bem quentinho e se-
˜
guro. Maria nao deixou que a ansiedade gerada por aquelas circuns-
ˆ ´
tancias a impedisse de fazer o seu melhor. Tanto ela como Jose
´
sabiam tambem que cuidar do filho em sentido espiritual seria a
coisa mais importante que poderiam fazer por ele. (Leia Deutero-
ˆ ´ ´
nomio 6:6-8.) Hoje, pais sabios tambem estabelecem prioridades
similares ao criar seus filhos neste mundo espiritualmente pobre.

Uma visita encorajadora


14 ˜ ´
De repente, uma comoçao interrompeu aquela cena pacıfi-
` ´
ca. Pastores entraram as pressas no estabulo, ansiosos para ver a fa-
´
mılia e, em especial, a criança. Esses homens estavam cheios de
˜
emoçao, seus rostos irradiavam alegria. Eles tinham vindo corren-
do dos montes, onde estavam vivendo ao ar livre cuidando dos
seus rebanhos.1 Os pais da criança ficaram curiosos para saber o
˜
que estava acontecendo. Entao, os pastores passaram a lhes contar
ˆ ´
a experiencia maravilhosa que haviam acabado de ter. La nos mon-
´
tes, durante a vigılia da noite, apareceu repentinamente um anjo.
´ ´
A gloria de Jeova brilhou em volta deles, e o anjo lhes disse que o
´
1 O fato de esses pastores estarem, naquela epoca, vivendo ao ar livre com seus reba-
´ ˜
nhos confirma o que a cronologia bıblica indica: o nascimento de Cristo nao foi em
dezembro, quando os rebanhos estariam abrigados perto de casa, mas, em vez disso,
foi no começo de outubro.
´
13. (a) De que modo Maria e Jose fizeram o melhor com o que tinham?
´ ` ´
(b) Como pais sabios hoje podem estabelecer prioridades similares as de Jose
e Maria?
14, 15. (a) Por que os pastores estavam ansiosos para ver a criança?
´
(b) O que os pastores fizeram depois que viram Jesus no estabulo? 157
´
IMITE A SUA FE  MARIA

´
Cristo, o Messias, tinha acabado de nascer em Belem. Eles encon-
trariam a criança deitada numa manjedoura, enrolada em faixas.
´
Daı, aconteceu algo ainda mais impressionante: apareceu uma po-
˜
derosa multidao de anjos, louvando a Deus! — Luc. 2:8-14.
˜ ´
15 Nao e de admirar que esses homens humildes tenham vin-
´
do correndo para Belem. Devem ter ficado emocionados de ver um
´
recem-nascido deitado ali exatamente como o anjo havia descrito.
˜ ´
Eles nao esconderam essas boas notıcias. “Fizeram saber a declara-
˜
çao . . . E todos os que ouviram isso maravilhavam-se com as coi-
sas que os pastores lhes contavam.” (Luc. 2:17, 18) Pelo visto, os
´
lıderes religiosos daqueles dias desprezavam os pastores. No entan-
´ ´
to, fica claro que Jeova valorizava esses homens humildes e fieis.
Mas como essa visita afetou Maria?
16 Com certeza, Maria estava exausta

por causa do parto, mas, mesmo assim,


Fica claro que ela escutou atentamente cada palavra. E
´
Jeova valorizava ainda fez mais: ‘Maria começou a preser-
˜
var todas essas declaraçoes, tirando conclu-
os pastores ˜ ˜
soes no seu coraçao.’ (Luc. 2:19) Sem du-
´
´
humildes e fieis vida, essa jovem mulher era uma pessoa
˜
de reflexao. Ela sabia que essa mensagem
´
angelica era muito importante. Seu Deus,
´
Jeova, queria que ela soubesse e reconhe-
ˆ
cesse a identidade e a importancia do seu filho. Assim, ela fez mais
˜
do que escutar. Guardou as palavras no coraçao para poder medi-
´ `
tar nelas vez apos vez nos meses e anos a frente. Esse foi um fator
´
determinante para a fe que Maria demonstrou durante toda a sua
vida. — Leia Hebreus 11:1.
17 Voceˆ vai seguir o exemplo de Maria? Jeova´ encheu as pagi- ´
ˆ
nas de sua Palavra com verdades espirituais de grande importancia.
˜ ˜ ˜ ˜
Mas essas verdades nao vao nos ajudar se nao prestarmos atençao
´ ˜
a elas. Fazemos isso por ler a Bıblia com regularidade, nao apenas
´
como uma obra literaria, mas como a inspirada Palavra de Deus.
´ ˜
(2 Tim. 3:16) Daı, como Maria, precisamos guardar as declaraçoes
˜ ˜
espirituais no coraçao e tirar conclusoes sobre elas. Se meditarmos
´
no que lemos na Bıblia, considerando maneiras de aplicar mais ple-
´ ` ´ ˜
namente os conselhos de Jeova, daremos a nossa fe a nutriçao que
ela precisa para crescer.
˜
16. Como Maria mostrou que era uma pessoa de reflexao, e isso revelou que
` ´
fator relacionado a sua fe?
17. Como podemos imitar o exemplo de Maria no que se refere a verdades
158 espirituais?
˜
Maria escutou atentamente os pastores e guardou suas palavras no coraçao
´
IMITE A SUA FE  MARIA

˜
Mais declaraçoes para preservar
18 ˆ ´
Quando o bebe tinha oito dias, Maria e Jose o levaram para
ser circuncidado, conforme a Lei mosaica exigia, e lhe deram o
´
nome de Jesus, como tinham sido orientados. (Luc. 1:31) Daı, no
´ ´
quadragesimo dia, eles o levaram de Belem para o templo em Je-
´ ˆ ˆ
rusalem, cerca de 10 quilometros de distancia, e apresentaram as
˜
ofertas de purificaçao que a Lei permitia aos mais pobres: duas ro-
las ou dois pombos. Caso tenham sentido vergonha por oferecer
menos que um carneiro e uma rola, ofertas que outros pais tinham
˜
condiçoes de oferecer, eles deixaram esses sentimentos de lado. De
qualquer forma, receberam muito encorajamento enquanto esta-
vam ali. — Luc. 2:21-24.
19 Um homem idoso chamado Simeao ˜
se aproximou deles e
˜ ˜
proferiu mais declaraçoes a Maria, para ela guardar no coraçao. Ele
havia recebido a promessa de que, antes de morrer, veria o Mes-
´ ´
sias; e Jeova, por meio do espırito santo, indicou-lhe que o meni-
˜ ´
no Jesus era o predito Salvador. Simeao tambem alertou Maria so-
˜
bre a dor que um dia ela teria de suportar. Seria uma dor tao forte
´
como se uma longa espada a tivesse traspassado. (Luc. 2:25-35) Ate
´ `
18. (a) Como Maria e Jose obedeceram a Lei mosaica nos primeiros dias de
´
´ vida de Jesus? (b) O que a oferta que Jose e Maria fizeram no templo revela
Maria e Jose ˜
sobre a situaçao financeira deles?
receberam muito ˜ ˜
19. (a) Que outras declaraçoes Simeao proferiu a Maria, para ela guardar no
encorajamento no ˜ ˜
´ coraçao? (b) Qual foi a reaçao de Ana ao ver Jesus?
templo de Jeova
´
em Jerusalem
˜ ˜
E L A T I R O U “ C O N C L U S O E S N O S E U C O R A Ç A O ”

mesmo essas palavras amedrontadoras talvez tenham ajudado Ma-


´ ˆ
ria a suportar a dor quando essa hora difıcil chegou, mais de tres
´ ´ ˜
decadas depois. Apos Simeao ter falado, uma profetisa chamada
Ana viu o menino Jesus e começou a falar sobre ele a todas as pes-
´
soas que aguardavam o livramento de Jerusalem. — Leia Lucas
2:36-38.
20 A decisao ˜ ´ ˆ
de Jose e Maria de levar seu bebe ao templo de
´ ´
Jeova em Jerusalem foi muito boa. Por fazer isso, eles deram um
´ `
bom inıcio a vida espiritual de seu filho, que nunca deixou de ir
´
ao templo de Jeova. Enquanto estavam ali, eles fizeram o seu me-
ˆ
lhor, segundo as suas circunstancias, e receberam palavras de ins-
˜
truçao e encorajamento. Com certeza, Maria saiu do templo naque-
´ ˜ ˜
le dia com a fe fortalecida e o coraçao cheio de declaraçoes
espirituais em que ela podia meditar e que podia contar a outros.
21 Hoje em dia, e´ muito bonito ver pais seguirem esse exem-
´
plo. Entre as Testemunhas de Jeova, os pais levam fielmente seus
` ˜ ˜
filhos as reunioes cristas. Esses pais fazem o seu melhor, falando
˜ ˜ ˜
coisas que encorajam seus irmaos cristaos. E saem dessas reunioes
mais
´ fortes, mais felizes, cheios de coisas boas para contar a outros.
E um prazer nos reunir com eles. Ao fazermos isso, veremos que
´ ´
nossa fe, assim como a de Maria, ficara cada vez mais forte.
´ ˜
20. Por que levar Jesus ao templo em Jerusalem foi uma boa decisao?
´
21. Como podemos nos certificar de que a nossa fe fique cada vez mais forte,
assim como a de Maria?

ˆ
PARA VOCE PENSAR . . .
˙ Como Maria deixou um
˜
exemplo de submissao
ˆ
e obediencia?
˙ O que podemos aprender
do modo como Maria lidou
com a pobreza?
˙ Como Maria mostrou ser
uma mulher espiritual
˜
e de reflexao?
ˆ ´
˙ De que maneiras voce esta
determinado a imitar o
exemplo de Maria?

161
´
CAPITULO DEZENOVE

Ele foi protetor, provisor


e perseverou fielmente
´
JOSE colocou outra carga sobre o jumento. Ainda era noite em Be-
´
lem. Ele olhou em volta enquanto preparava o animal de carga.
´
Com certeza, Jose estava pensando na viagem que tinha pela fren-
´ ´
te. Egito! Um novo lugar, uma nova lıngua e novos costumes. Sera
´
que sua famılia conseguiria se adaptar a tantas mudanças?
˜
2 Nao ´ ´ `
foi facil dar a notıcia a sua querida esposa, Maria. Mas
´
Jose criou coragem e lhe contou o sonho em que um anjo lhe ha-
via transmitido uma mensagem de Deus: o Rei Herodes queria ma-
tar o filhinho deles! Eles precisavam sair dali imediatamente. (Leia
´
Mateus 2:13, 14.) Maria ficou muito preocupada. Por que alguem
˜ ´ ˜
desejaria matar seu filho, tao inocente e indefeso? Maria e Jose nao
´
conseguiam nem imaginar o motivo. Mas confiavam em Jeova,
por isso se aprontaram para a viagem.
3 Enquanto todos em Belem ´
dormiam sem saber do drama que
´ ´
se desenrolava, Jose e Maria, com seu filhinho, saıam discretamen-
˜ ˜
te da cidade na escuridao da noite. Indo em direçao ao sul, com o
´
dia começando a clarear no horizonte, Jose talvez pensasse no que
os aguardava. Como um humilde carpinteiro poderia proteger sua
´ ˜ ´
famılia contra forças tao poderosas? Sera que ele sempre consegui-
ria lhes prover o sustento? Seria capaz de perseverar em cumprir a
´
pesada responsabilidade que Jeova Deus lhe tinha dado, de criar e
˜ ´
proteger essa criança tao especial? Jose tinha enormes desafios pela
frente. Ao considerar como ele conseguiu vencer todos eles, vere-
˜ ´
mos por que os homens que sao pais — e todos nos — precisam
´ ´
imitar a fe de Jose.
´ ´
Jose protegeu sua famılia
4 ´ ´
Mais de um ano antes, quando ainda morava em Nazare, Jose
´ ´ ´ ´
1, 2. (a) Que mudanças Jose e sua famılia tiveram de fazer? (b) Que ma notı-
´ `
cia Jose precisou dar a sua esposa?
´ ´ ´ ´ ´
3. Descreva como foi a saıda de Jose e sua famılia de Belem. (Veja tambem a
gravura.)
´
4, 5. (a) Que grandes mudanças ocorreram na vida de Jose? (b) Como um
´
anjo encorajou Jose para que ele assumisse uma enorme responsabilidade?

162
´ ˜ ´
Jose agiu com determinaçao e de modo altruısta para proteger seu filho
´ ´
IMITE A SUA FE  JOSE

descobriu que sua vida tinha mudado completamente depois que


´
ele ficou noivo da filha de Eli. Jose sabia que Maria era uma jo-
´ ˜
vem pura e de muita fe. Mas entao ele descobriu que ela estava
´ ´
gravida! Ele pretendia se divorciar dela em segredo para poupa-la
ˆ
de um escandalo.1 No entanto, um anjo lhe explicou num sonho
´ ´ ´
que Maria estava gravida por meio do espırito santo de Jeova. O
´
anjo tambem disse que seu filho ‘salvaria o povo dos pecados de-
´ ´ ˜
les’. Alem disso, ele tranquilizou Jose, dizendo: “Nao tenhas medo
de levar para casa Maria, tua esposa.” — Mat. 1:18-21.
5 Jose, ´
um homem bom e obediente, fez exatamente o que o
anjo disse. Ele assumiu a enorme responsabilidade de criar e pro-
˜
teger um filho que, apesar de nao ser dele, era muito precioso para
ˆ ´
Deus. Mais tarde, em obediencia a um decreto do Imperio Roma-
´ ´ ´
no, Jose e sua esposa gravida foram a Belem para se registrar. Foi
ali que a criança nasceu.
6 Jose´ nao ˜ ´
levou sua famılia de volta para Nazare. Em vez dis-
´
´ ˆ
so, eles se estabeleceram em Belem, a poucos quilometros de Je-
´ ´ ´
rusalem. Eles eram pobres, mas Jose fez o maximo para que Maria
˜
e Jesus nao sofressem nem passassem necessidade. Em pouco tem-
po, passaram a morar numa casa humilde. Depois, quando Jesus
´ ˜ ˆ
ja nao era mais um bebe, e sim uma criança com talvez um pou-
co mais de 1 ano, a vida deles novamente mudou de uma hora
para outra.
7 Alguns homens foram visita-los. ´ ´
Eram astrologos do Orien-
ˆ
te, provavelmente da distante Babilonia. Eles haviam seguido uma
´ ´
“estrela” ate a casa de Jose e Maria e procuravam uma criança que
se tornaria o rei dos judeus. Os homens foram muito respeitosos.
8 Sabendo disso ou nao, ˜ ´
os astrologos haviam colocado o pe-
queno Jesus em grande perigo. A “estrela” que tinham visto os le-
´ ˜ ´
vou primeiro a Jerusalem, nao a Belem.2 Eles contaram ao perver-
`
so Rei Herodes que estavam a procura de uma criança que se
´
tornaria o rei dos judeus. Isso despertou o ciume e a ira dele.
´
9 Felizmente, porem, forças mais poderosas que Herodes e Sa-
´ ˜
tanas estavam em açao, como veremos. Quando os visitantes che-
´
1 Naquela epoca, o noivado era encarado praticamente como um casamento.
˜ ˆ
2 Essa “estrela” nao era nenhum fenomeno natural; nem tinha sido enviada por Deus.
´ ˜
Obviamente, Satanas usou aquela manifestaçao sobrenatural como parte de sua mal-
dosa trama para destruir Jesus.
´
6-8. (a) Que acontecimentos levaram a outra mudança na vida de Jose e sua
´ ´
famılia? (b) O que indica que foi Satanas que enviou a “estrela”? (Veja tam-
´
bem a nota.)
´
9-11. (a) De que maneiras forças mais poderosas que Herodes e Satanas es-
˜ ´
tavam em açao? (b) Em que sentido a viagem ao Egito foi diferente do que e
´
164 descrito nos mitos apocrifos?
ELE FOI PROTETOR, PROVISOR E PERSEVEROU FIELMENTE

` ˜
garam a casa de Jesus e o viram com sua mae, deram-lhe presen-
tes sem pedir nada em troca. Deve ter sido muito estranho para
´ ˜
Jose e Maria de repente passar a ter produtos tao valiosos como
´ ´
“ouro, olıbano e mirra”. Os astrologos pretendiam voltar e contar
´
ao Rei Herodes exatamente onde estava a criança, mas Jeova inter-
feriu. Num sonho, ele os instruiu a voltar por outro caminho.
— Leia Mateus 2:1-12.
10 Pouco depois de os astrologos ´
irem
´
embora, um anjo disse a Jose: “Levanta-te,
˜ ´
toma a criancinha e sua mae, foge para o
´
Jose sacrificou seu
Egito e fica ali ate eu te avisar; porque He- ´
´
rodes esta prestes a procurar a criancinha pr oprio conforto para
´ ´
para destruı-la.” (Mat. 2:13) Como vimos
´ ´ ´
o bem de sua fam ılia
no inıcio deste capıtulo, Jose obedeceu
ˆ
imediatamente. Ele pos a segurança de seu
filho acima de qualquer outra coisa e levou
´
sua famılia para o Egito. Com aqueles presentes caros que os as-
´ ´
trologos haviam trazido, Jose agora tinha recursos que poderiam
´
ajudar sua famılia em sua estadia no Egito.
11 Mais tarde, lendas e mitos apocrifos ´
fantasiaram a viagem
para o Egito, afirmando que o menino Jesus milagrosamente abre-
˜ ´ ´
viou a viagem, impediu ladroes de prejudica-los e ate fez com que
tamareiras se curvassem para Maria pegar seus frutos.1 Na verda-
´
de, a viagem foi longa e difıcil, uma jornada para o desconhecido.
12 Os pais podem aprender muito de Jose. ´
Ele prontamente
˜ ´
abriu mao de seu trabalho e sacrificou seu proprio conforto para
´ ´
proteger sua famılia. E evidente que ele a encarava como uma he-
´
rança sagrada de Jeova. Os pais hoje criam os filhos num mundo
´
perigoso, cheio de forças que podem ameaçar, corromper ou ate
˜ ´
mesmo destruir os jovens. Muitos pais e maes, assim como Jose,
˜
agem com determinaçao, fazendo de tudo para proteger seus fi-
ˆ
lhos dessas influencias prejudiciais. Com certeza, eles merecem
muitos elogios.
´ ˜ ´
Jose fez provisoes para sua famılia
13 ˜
Parece que eles nao ficaram muito tempo no Egito, porque
´
logo depois o anjo informou Jose que Herodes tinha morrido.
´ ´
1 A Bıblia mostra claramente que o primeiro milagre de Jesus, o “princıpio dos seus
´ ˜
sinais”, so ocorreu depois de seu batismo. — Joao 2:1-11.

12. O que os pais que criam seus filhos neste mundo perigoso podem apren-
´
der de Jose?
´ ´
13, 14. Por que Jose e Maria foram criar seus filhos em Nazare? 165
˜ ´ ´
Entao, Jose levou sua famılia de volta para
Israel, cumprindo uma antiga profecia de
´
que Jeova chamaria seu Filho “do Egito”.
(Mat. 2:15) Mas em que cidade eles mora-
riam agora?
14 Jose´ foi cauteloso. Ele temia Arque-
´
lau, o sucessor de Herodes, que tambem
˜
era cruel e assassino. Por orientaçao divina,
´
ele levou sua famılia para o norte, longe de
´
Jerusalem e de todas as suas intrigas. Assim,
´
ele voltou para Nazare, sua cidade natal na
´
Galileia. Foi ali que Jose e Maria criaram
seus filhos. — Leia Mateus 2:19-23.
15 A vida deles era simples, mas nao ˜
era
´ ´
facil. Ao se referir a Jose como o carpintei-
´
ro, a Bıblia usa uma palavra que abrange
muitas formas de trabalhar com madeira,
´
como cortar arvores, transportar toras e
´ ˜
prepara-las para a construçao de casas, bar-
cos, pequenas pontes, carroças, rodas, ju-
´
´ gos e todo tipo de ferramentas agrıcolas.
Jose ensinou
(Mat. 13:55) Era um trabalho pesado. Um
seu filho a ser ´
carpinteiro carpinteiro nos tempos bıblicos em geral trabalhava perto da en-
trada de sua humilde casa ou numa oficina ao lado dela.
16 Jose´ usava uma grande variedade de ferramentas, algumas
´ ´
talvez deixadas por seu pai. E possıvel que ele usasse esquadro, pru-
´
mo, giz de linha, machado, serrote, enxo, martelo, malho, for-
˜ ´
moes, arco de pua artesanal, varios tipos de cola e talvez alguns
´
pregos, embora fossem muito caros na epoca.
17 Imagine Jesus, ainda pequeno, observando seu pai adotivo
˜
trabalhar. Com os olhos bem abertos, ele prestava muita atençao
´ ´
em cada movimento de Jose. Sem duvida, Jesus admirava a força
˜ ˆ ´
de seu pai, a habilidade de suas maos e sua inteligencia. Jose tal-
vez tenha começado a ensinar seu filho a realizar tarefas simples,
´
como lixar as partes asperas da madeira usando pele seca de pei-
´ ´ ´
xe. E provavel que tenha ensinado a Jesus a diferença entre as va-
ˆ
rias madeiras que usava, incluindo sicomoro-figueira, carvalho e
oliveira.
18 Jesus aprendeu tambem ´ ˜
que aquelas maos fortes que corta-
´
15, 16. Como era o trabalho de Jose, e que ferramentas ele talvez usasse?
´
17, 18. (a) O que Jesus aprendeu com seu pai adotivo? (b) Por que Jose teve
˜
166 de trabalhar ainda mais na sua profissao?
ELE FOI PROTETOR, PROVISOR E PERSEVEROU FIELMENTE

´
vam arvores, preparavam toras e martelavam cavilhas eram as mes-
˜ ` ˜
mas maos gentis que davam carinho a ele, a sua mae, bem como
˜ ´
a seus irmaos. De fato, Jose e Maria com o tempo tiveram pelo
´ ´
menos seis filhos alem de Jesus. (Mat. 13:55, 56) Jose teve de tra-
balhar ainda mais para sustentar a todos.
19 No entanto, Jose´ sabia que o mais importante era cuidar das
´
necessidades espirituais de sua famılia. Assim, ele gastava tempo
´
ensinando seus filhos a respeito de Jeova Deus e Suas leis. Ele e
`
Maria sempre os levavam a sinagoga local, onde a Lei era lida e
´ ´
explicada. Jesus talvez ficasse com muitas duvidas, e Jose se esfor-
´ ´
çava para satisfazer sua necessidade espiritual. Jose tambem leva-
´
va sua famılia a festividades religiosas em
´
Jerusalem. Todo ano, ele talvez precisasse
de duas semanas para fazer a viagem de ´
ˆ ` ´
120 quilometros, assistir a Pascoa e voltar Jose sabia que o mais
para casa.
20 Hoje, os chefes de famılia ´ ˜ importante era cuidar das
cristaos fa-
˜
zem algo parecido. Dao de si a seus filhos, necessidades espirituais
˜ ´
colocando a instruçao espiritual deles aci- de sua famılia
ma de qualquer outra coisa, incluindo bens
materiais. Eles se esforçam muito para rea-
˜ ´
lizar a adoraçao em famılia em casa e para
` ˜ ˜
levar os filhos as reunioes cristas, grandes ou pequenas. Como
´ ˜ ´
Jose, sabem que nao existe melhor investimento em benefıcio de
seus filhos.
˜
“Em afliçao mental”
21 Quando Jesus tinha 12 anos, Jose´ como sempre levou sua
´ ´ ´ ´
famılia a Jerusalem para a Pascoa. Era uma epoca festiva, e gran-
´ ´
des famılias viajavam juntas em longas caravanas atraves da pai-
˜
sagem verdejante da primavera. Ao se aproximarem das regioes
´ ´
mais aridas perto de Jerusalem, que ficava no alto, muitos canta-
ˆ
vam
´ os conhecidos salmos, ou canticos, das subidas. (Sal. 120-134)
´
E provavel que a cidade fervilhasse com centenas de milhares de
´
pessoas. Depois da festividade, as famılias começavam a voltar para
´
casa. Jose e Maria, talvez ocupados com muitos deveres, acharam
´
que Jesus estava viajando com outros, possivelmente familiares. So
´ ´ ´
quando ja estavam a um dia de viagem de Jerusalem e que se de-
´
ram conta de algo terrıvel: Jesus tinha sumido! — Luc. 2:41-44.
´ ´
19. Como Jose cuidava das necessidades espirituais de sua famılia?
´ ˜ ´
20. Como os chefes de famılia cristaos podem seguir o exemplo de Jose?
´ ´ ´ ´ ´
21. Como era a epoca da Pascoa para a famılia de Jose, e quando Jose e Maria
perceberam que Jesus tinha sumido? 167
´
Jose sempre levava
´
sua famılia para
´ 22 Desesperados, Jose´ e Maria voltaram pelo mesmo caminho
adorar a Jeova no
´ ´ ´
templo em Jerusalem ate Jerusalem. Imagine como a cidade agora parecia vazia e estra-
nha, enquanto andavam pelas ruas, chamando pelo seu filho.
ˆ ´ ´
Onde ele poderia estar? Depois de tres dias de busca, sera que Jose
começou a se perguntar se havia falhado completamente em cum-
´
prir a tarefa sagrada que Jeova lhe tinha dado? Por fim, eles foram
´
ao templo e procuraram em todos os cantos ate chegar a uma sala
´
onde estavam reunidos homens instruıdos, versados na Lei — e Je-
´
sus estava no meio deles! Imagine como Jose e Maria ficaram ali-
viados! — Luc. 2:45, 46.
´
22, 23. O que Jose e Maria fizeram ao perceber que seu filho tinha sumido, e
168 o que Maria disse quando finalmente o encontraram?
23 Jesus ouvia aqueles homens e fazia muitas perguntas. Eles
estavam admirados com o entendimento e as respostas do meni-
´
no. Mas Maria e Jose estavam transtornados. De acordo com o re-
´ ´ ˜
lato bıblico, Jose nao disse nada. Mas as palavras de Maria expres-
sam muito bem os sentimentos dos dois: “Filho, por que nos tratas
˜ `
deste modo? Eis que teu pai e eu, em afliçao mental, estivemos a
tua procura.” — Luc. 2:47, 48.
24 Assim, com poucas pinceladas, a Palavra de Deus pinta um
´ ˜
quadro realista do que e ser pai ou mae. Pode ser estressante
´ ˜
— mesmo quando o filho e perfeito! Os que sao pais no mundo
˜
perigoso de hoje talvez sofram muita “afliçao mental”, mas podem
´ ´ ˜
24. Como a Bıblia pinta um quadro realista do que e ser pai ou mae? 169
´ ´
Quando Jose morreu? se consolar de saber que a Bıblia reconhe-
´ ´ ce o desafio que eles enfrentam.
A Bıblia diz que Jose estava vivo
25 Jesus estava no lugar onde se sentia
quando Jesus tinha 12 anos. Nessa ida- ´
de, muitos jovens em Israel começavam mais perto de seu Pai celestial, Jeova, ab-
˜ ´ ´
a aprender a profissao do pai e, aos sorvendo o maximo possıvel de tudo que
15 anos, passavam a trabalhar como ouvia. Ele disse a seus pais com toda a sin-
´ `
aprendizes. Pelo visto, quando Jose ceridade: “Por que tivestes de ir a minha
´ ˜ ´
morreu, ele ja tinha ensinado carpinta- procura? Nao sabıeis que eu tenho de estar
´ ´
ria a Jesus. Mas sera que Jose ainda na casa de meu Pai?” — Luc. 2:49.
estava vivo quando Jesus, com cerca de 26 Jose´ com certeza pensou muitas ve-
´ ´
30 anos, iniciou seu ministerio? Isso pa- zes nessas palavras. Talvez tenha ate sorri-
´ ˜ ˜
rece bem improvavel. A mae, as irmas
˜ ˜ do com orgulho ao se lembrar delas. Afi-
e os irmaos de Jesus sao mencionados
´ ´ ˜ nal, ele tinha se esforçado muito para
nessa epoca, mas Jose nao. Certa vez,
Jesus foi chamado de “filho de Maria”, ensinar seu filho adotivo a ter esses sen-
˜ ´ ´ ´
nao filho de Jose. (Mar. 6:3) Algumas timentos por Jeova Deus. Nessa epoca,
´ quando Jesus ainda era bem jovem, a pa-
passagens bıblicas falam de Maria agir ´
´ lavra “pai” ja tinha um significado muito
por conta propria, sem consultar o mari-
˜ forte e especial para ele, em grande par-
do. (Joao 2:1-5) Isso era incomum nos
´
tempos bıblicos, a menos que a mulher te por causa dos anos que passou com
´ ´
fosse viuva. Por fim, quando Jesus estava Jose.
´ ˜
morrendo, pediu que o apostolo Joao 27 Se voceˆ e´ pai, percebe que e´ um
˜ ˜ ´
cuidasse de sua mae. (Joao 19:26, 27) grande privilegio ajudar seus filhos a for-
˜ ´ ´
Nao haveria necessidade disso se Jose mar um conceito de como e um pai amo-
ainda estivesse vivo. Assim, parece que
´ roso e protetor? E caso tenha enteados ou
Jose morreu quando Jesus ainda era re-
lativamente jovem. Como filho mais filhos adotivos, lembre-se do exemplo de
´ ´ ´
velho, Jesus sem duvida assumiu o ne- Jose e trate cada um deles como unico e
´ ´ precioso. Ajude-os a se achegar a seu Pai
gocio de carpintaria de Jose e cuidou ´ ´
´ ´ celestial, Jeova Deus. — Leia Efesios 6:4.
da famılia ate o seu batismo.
´
Jose perseverou fielmente
´ ´
A partir daı, a Bıblia revela pouco
28
´
sobre a vida de Jose, mas vale a pena exa-
minar o que ela diz. Por exemplo, ela diz
que Jesus ‘continuou a estar sujeito’ a seus
´
pais. Diz tambem que “Jesus progredia em sabedoria e em desen-
´
volvimento fısico, e no favor de Deus e dos homens”. (Leia Lu-
´ ´
cas 2:51, 52.) O que essas palavras revelam sobre Jose? Varias coi-
´
25, 26. Que resposta Jesus deu a seus pais, e como Jose deve ter se sentido
`
com respeito as palavras do seu filho?
´ ˆ
27. Como pai, que grande privilegio voce tem, e por que deve se lembrar do
´
exemplo de Jose?
´
28, 29. (a) O que as palavras de Lucas 2:51, 52 revelam sobre Jose? (b) Que
´
170 papel Jose teve em ajudar seu filho a progredir em sabedoria?
ELE FOI PROTETOR, PROVISOR E PERSEVEROU FIELMENTE

´ ´
sas. Vemos que Jose continuou a tomar a liderança na sua famı-
lia, pois seu filho perfeito respeitava sua autoridade e continuava
sujeito a ele.
29 Vemos tambem ´
que Jesus continuou a progredir em sabe-
´
doria. Nesse sentido, Jose com certeza contribuiu muito para o pro-
´ ´
gresso de seu filho. Naquela epoca, havia um antigo proverbio en-
´
tre os judeus que ficou registrado e pode ser lido ate hoje. Ele diz
˜
que apenas os homens que nao precisam trabalhar podem se tor-
´ ˜
nar sabios, ao passo que carpinteiros, lavradores e ferreiros ‘nao
˜ ˜ ˜
sao capazes de declarar justiça e fazer julgamentos; e nao sao en-
´ ´
contrados onde se pronunciam parabolas’. Mais tarde, porem, Je-
´
sus provou que esse proverbio era falso. Ainda menino, ele mui-
tas vezes tinha ouvido seu pai adotivo, um simples carpinteiro,
´ ´
ensinar com eficacia sobre a ‘justiça e os julgamentos’ de Jeova.
´ ´ ˜
Sem duvida, em inumeras ocasioes.
´
30 Tambem podemos ver a influencia ˆ ´
de Jose no desenvolvi-
´
mento fısico de Jesus. Por ter sido bem cuidado quando era crian-
´ ´
ça, Jesus se tornou um homem forte e equilibrado. Alem disso, Jose
ensinou seu filho a ser habilidoso em seu trabalho braçal. Jesus
˜
era conhecido nao apenas como o filho do carpinteiro, mas tam-
´
bem como “o carpinteiro”. (Mar. 6:3) Assim, o treinamento que
´ ´
Jose deu ao seu filho foi bem-sucedido. Os chefes de famılia sabia-
´ ´
mente imitam a Jose, cuidando de maneira pratica do bem-estar
de seus filhos e garantindo que consigam
sustentar a si mesmos quando crescerem.
31 Depois que Jesus foi batizado, com ˆ
´ PARA VOCE PENSAR . . .
cerca de 30 anos de idade, o relato bıblico ´
˜ ´ ˆ ˙ De que maneiras Jose agiu para
nao menciona mais Jose. As evidencias in- ´
´ proteger sua famılia?
dicam que Maria era viuva quando Je- ´
´ ˙ Como Jose proveu o sustento
sus iniciou seu ministerio. (Veja o qua- ´
´ para sua famılia?
dro “Quando Jose morreu?”.) Ainda assim, ´
´ ˙ O que mostra que Jose perseverou
Jose deixou sua marca; ele foi um excelen-
´ em cumprir a responsabilidade
te exemplo de pai, que protegeu sua famı- que Deus lhe deu?
˜
lia, fez provisoes para ela e perseverou fiel- ˆ
´ ˙ De que maneiras voce gostaria
mente ate o fim. Qualquer pai, qualquer ´
´ ˜ de imitar o exemplo de Jose?
chefe de famılia ou qualquer outro cristao
´ ´ ´
fara muito bem em imitar a fe de Jose.
´
30. Que exemplo Jose deixou para os chefes de fa-
´
mılia hoje?
ˆ ´
31. (a) Segundo as evidencias, quando Jose mor-
´
reu? (Inclua o quadro.) (b) Que exemplo Jose
deixou para imitarmos? 171
´
CAPITULO VINTE

‘Eu acredito’
˜ ´
MARTA nao conseguia parar de pensar naquela imagem — o tu-
˜
mulo onde estava seu irmao, uma caverna fechada com uma pe-
˜
dra. A dor que ela sentia era tao grande quanto aquela pedra. Era
´ ˜
difıcil acreditar que seu querido irmao tinha morrido. Os quatro
´ ´
dias apos a morte dele foram muito difıceis para ela; pessoas iam
ˆ
e vinham, havia muito choro e condolencias.
´
2 E agora, ali perto de Marta estava aquele de quem Lazaro

tanto gostava. Ver Jesus provavelmente intensificou a sua dor,


´
porque ele era a unica pessoa no mundo que poderia ter salva-
˜
do seu irmao. Ainda assim, Marta se sentiu consolada por estar
ˆ
com Jesus ali, fora da pequena cidade de Betania. Nos poucos
momentos com ele, Marta viu de novo a calorosa bondade em
˜
seus olhos, aquela profunda empatia sempre tao encorajadora.
Ele fez algumas perguntas que a ajudaram a se concentrar em
´ ˜
sua fe na ressurreiçao. A conversa levou Marta a fazer uma das
˜ ´
mais importantes declaraçoes de sua vida: ‘Eu acredito que tu es
˜
o Cristo, o Filho de Deus, Aquele que vem ao mundo.’ — Joao
11:27.
3 Essas palavras mostram que Marta era uma mulher de no-
´ ´ ´
tavel fe. O pouco que a Bıblia fala sobre ela nos ensina profun-
˜ ´ ´
das liçoes que podem fortalecer a nossa propria fe. Como? Va-
´
mos considerar a primeira vez em que Marta e mencionada na
´
Bıblia.
“Ansiosa e perturbada”
´ ´
4 Alguns meses antes, Lazaro estava vivo e bem de saude. Sua
ˆ
casa em Betania estava prestes a receber o mais ilustre dos visi-
1. Descreva a dor de Marta e o que a causou.
2, 3. (a) Como Marta provavelmente se sentiu ao ver Jesus? (b) O que pode-
˜
mos concluir sobre Marta com base na sua importante declaraçao?
´
4. Em que sentido a famılia de Marta era incomum, e que relacionamento a
´
famılia tinha com Jesus?

172
‘EU ACREDITO’

´ ´
tantes, Jesus Cristo. Lazaro, Marta e Maria eram uma famılia in-
ˆ ˜
comum — tres irmaos adultos que pelo visto moravam na mes-
ma casa. Alguns pesquisadores acham que Marta talvez fosse a
ˆ ˜
mais velha dos tres, porque parece que ela agia como anfitria e
` ´ ˜ ˜ ´ ´
as vezes e mencionada primeiro. (Joao 11:5) Nao e possıvel sa-
´
ber se algum deles ja havia sido casado. De qualquer forma, eles
´
se tornaram grandes amigos de Jesus. Durante seu ministerio na
˜
Judeia, onde enfrentou muita oposiçao e hostilidade, Jesus sem-
´
pre se hospedava na casa deles. Sem duvida, ele apreciava mui-
to aquele ambiente de paz, onde recebia apoio.
5 Marta contribuıa ´
muito para o conforto e a hospitalidade
ˆ
daquele lar. Ela era uma mulher dinamica e trabalhadora, e pa-
rece que estava sempre ocupada com muitas tarefas. Quando Je-
˜
sus os visitou desta vez nao foi diferente. Ela logo pensou numa
˜
refeiçao especial com pratos variados para seu ilustre visitante e
´
talvez para alguns que viajavam com ele. Naquela epoca, a hos-
pitalidade era muito importante. Quando um convidado chega-
´
va, era recebido com um beijo, suas sandalias eram retiradas,
´ ´
seus pes eram lavados e um refrescante oleo perfumado era der-
ramado em sua cabeça. (Leia Lucas 7:44-47.) Com respeito a
˜ ˜ ´
acomodaçoes e alimentaçao, tudo era cuidado nos mınimos de-
talhes.
6 Marta e Maria tinham muita coisa para fazer. Maria, que as `
´ ´
vezes e considerada a mais sensıvel e ponderada das duas, com
˜
certeza ajudou sua irma no começo. Mas as coisas mudaram de-
˜
pois que Jesus chegou; ele achou que era uma boa ocasiao para
˜ ´
ensinar — e foi isso que fez! Jesus nao era como os lıderes reli-
´ ˜
giosos daquela epoca. Ele respeitava as mulheres e nao hesitava
em lhes ensinar sobre o Reino de Deus, que era o tema do seu
´
ministerio. Maria ficou maravilhada com essa oportunidade. Ela
´
se sentou aos pes dele e assimilou cada palavra.
7 Podemos ate´ imaginar Marta ficando cada vez mais tensa.

Com todos os pratos que tinha para preparar e tudo que preci-
sava fazer pelos convidados, ela foi ficando mais ansiosa e desa-
´ ´ ˜
tenta. Ao passar para la e para ca e ver sua irma sentada sem fa-
´ ´
zer nada para ajuda-la, sera que ficou um tanto irritada, talvez
˜ ˜
suspirando ou olhando com reprovaçao? Isso nao seria de admi-
˜
rar. Afinal, ela nao conseguiria fazer tudo sozinha.
5, 6. (a) Por que Marta estava muito ocupada durante a visita de Jesus? (b) O
que Maria fez quando Jesus visitou sua casa?
7, 8. Por que Marta ficou cada vez mais tensa, e como ela por fim expressou
isso? 173
´
IMITE A SUA FE  MARTA

˜ ˆ ˜
Por fim, Marta nao pode mais conter a frustraçao. Inter-
8
˜ ˜
rompeu Jesus e disse: “Senhor, nao te importa que minha irma
me deixou sozinha para cuidar das coisas? Dize-lhe, portanto,
que venha ajudar-me.” (Luc. 10:40) Essas foram palavras fortes.
Ela pediu que Jesus corrigisse Maria e a mandasse voltar ao tra-
balho.
9 Marta deve ter ficado surpresa com a resposta de Jesus, e
´ ´
muitos leitores da Bıblia tambem. Ele disse bondosamente: “Mar-
´
ta, Marta, estas ansiosa e perturbada com muitas coisas. Poucas
´ ˜ ´
coisas, porem, sao necessarias, ou apenas uma. Maria, por sua
˜ ˜ ´
parte, escolheu a boa porçao, e esta nao lhe sera tirada.” (Luc.
´
10:41, 42) O que Jesus quis dizer com isso? Sera que ele estava
´
chamando Marta de materialista? Sera que estava fazendo pou-
˜
co caso do esforço dela de preparar uma boa refeiçao?
˜
10 Nao. ˜ ˜
Jesus nao duvidava das boas intençoes de Marta.
´ ˜
Alem disso, ele nao achava que ser muito hospitaleiro fosse ne-
cessariamente errado. Ele tinha aceitado o convite para uma
˜
“grande festa de recepçao” que Mateus tinha lhe oferecido. (Luc.
˜ ˜
5:29) O problema nao era a refeiçao, mas as prioridades de Mar-
˜
ta. Ela estava tao preocupada em preparar algo requintado que
˜ ˆ
deixou de dar atençao ao que era mais importante. O que?
ˆ ´
11 Jesus, o Filho unigenito de Jeova Deus, estava na casa de

Marta para ensinar a verdade. Nada era mais importante do que


˜
isso, nem mesmo aquela refeiçao saboro-
´
sa e todos os preparativos. Sem duvida, Je-
sus ficou triste por Marta estar perdendo
Jesus apreciava a ´
uma oportunidade unica de aprofundar
´
hospitalidade de Marta sua fe, mas deixou que ela fizesse a sua es-
˜ colha.1 Agora, pedir que Jesus forçasse
´
e nao duvidava das Maria a tambem perder essa oportunida-
˜ de era algo bem diferente.
suas boas intençoes 12 Portanto, ele gentilmente corrigiu

Marta, repetindo seu nome de modo bon-


´ ˜
doso para acalma-la, e garantiu que nao
havia necessidade de ela ficar “ansiosa e perturbada com muitas
´ ˜
1 Na sociedade judaica do primeiro seculo, as mulheres geralmente nao podiam par-
ˆ
ticipar de atividades academicas. Elas aprendiam principalmente a realizar as tarefas
´
de casa. Assim, Marta talvez achasse muito incomum uma mulher sentar-se aos pes
de um erudito para aprender.

9, 10. (a) Qual foi a resposta de Jesus a Marta? (b) Como sabemos que Jesus
˜
nao estava fazendo pouco caso do esforço de Marta?
174 11, 12. Como Jesus gentilmente corrigiu Marta?
‘EU ACREDITO’

˜
coisas”. Uma refeiçao simples de um ou dois pratos seria sufi-
`
ciente, em especial quando havia um banquete espiritual a dis-
˜ ˜
posiçao. Por isso, Jesus jamais tiraria “a boa porçao” que Maria
havia escolhido, ou seja, aprender de Jesus.
13 Esse breve episodio´ ˜
ensina valiosas liçoes para os seguido-
˜
res de Cristo hoje. Nao devemos permitir que nada nos impeça
de satisfazer nossa “necessidade espiritual”. (Mat. 5:3) Queremos
´
imitar o espırito generoso e diligente de Marta, mas nunca de-
˜
vemos ficar tao ‘ansiosos e perturbados’ com a parte menos es-
´
sencial da hospitalidade a ponto de perder o que e mais impor- Apesar de
˜ estar “ansiosa e
tante. O motivo principal de nos associarmos com nossos irmaos
perturbada com
˜ muitas coisas”,
13. Que liçoes podemos aprender do modo como Jesus corrigiu Marta?
Marta humildemente
˜
aceitou a correçao
´
IMITE A SUA FE  MARTA

˜ ´ ˜
nao e servir ou usufruir uma refeiçao muito elaborada, mas
ˆ
transmitir dons espirituais e ter um intercambio de encorajamen-
˜
to. (Leia Romanos 1:11, 12.) Essa associaçao pode ser edifican-
˜
te mesmo que a refeiçao seja bem simples.
˜ ˜
Morte e ressurreiçao de um irmao querido
´ ˜
14 Sera que Marta aceitou a correçao branda de Jesus e apren-
´ ´
deu algo dela? A Bıblia da a resposta. Ao introduzir um relato
˜ ´ ˜
emocionante sobre o irmao de Marta, o apostolo Joao disse:
˜ ´ ˜
“Ora, Jesus amava a Marta, e a sua irma, e a Lazaro.” (Joao 11:5)
´ ˆ
Ja haviam se passado meses desde aquela visita de Jesus a Beta-
´ ´ ˜
nia. E obvio que Marta nao tinha ficado aborrecida nem estava
ressentida com Jesus por causa de seu conselho amoroso. Ela o
˜ ´ ´
acatou de coraçao, dando um excelente exemplo de fe para nos.
˜ ˜
Afinal, quem nao precisa de uma pequena correçao de vez em
quando?
15 Quando seu irmao ˜
ficou doente, Marta com certeza cui-
˜ ˆ
dou dele com dedicaçao. Fez tudo o que pode para aliviar sua
´ ´ ´
dor e ajuda-lo a melhorar. Apesar disso, a saude de Lazaro pio-
˜
rou. As horas foram passando e suas irmas permaneceram ao seu
lado, cuidando dele. Quantas vezes Marta deve ter olhado para
˜
o rosto abatido de seu irmao e se lembrado dos muitos anos de
alegrias e tristezas que tinham passado juntos!
16 Quando parecia que nao ˜ ´
havia mais o que fazer por Laza-
˜
ro, suas irmas mandaram avisar Jesus. Ele estava pregando a uma
ˆ
distancia de cerca de dois dias. A mensagem delas era simples:
˜ ´
“Senhor, eis que aquele por quem tens afeiçao esta doente.”
˜ ´ ´
(Joao 11:1, 3) Elas sabiam que Jesus amava Lazaro e tinham fe
´ ´
em que ele faria todo o possıvel para ajudar seu amigo. Sera que
esperavam que Jesus chegasse antes que fosse tarde demais? Se
´
esse foi o caso, suas esperanças foram frustradas. Lazaro morreu.
17 Marta e Maria choraram a morte do seu irmao, ˜
cuidaram
dos detalhes do enterro e receberam muitas pessoas que vieram
ˆ ˜ ˜ ´ `
de Betania e da regiao. Jesus ainda nao tinha dado notıcias. A me-
dida que o tempo passava, Marta talvez tenha ficado cada vez
mais intrigada com essa demora. Por fim, quatro dias depois da
14. Por que podemos ter certeza de que Marta deu um bom exemplo em
˜
aceitar correçao?
˜
15, 16. (a) O que Marta com certeza fez quando seu irmao ficou doente?
(b) Por que as esperanças de Marta e Maria foram frustradas?
˜
17. O que deixou Marta intrigada, e qual foi a reaçao dela quando soube que
`
176 Jesus estava chegando a cidade?
´
A fe que Marta
tinha em Jesus foi
´ ` recompensada quando
morte de Lazaro, ela soube que Jesus estava chegando a cidade. ela e Maria viram seu
ˆ ´ ˜
Dinamica como sempre, mesmo nessa hora difıcil, Marta saiu irmao ser ressuscitado
˜
sem avisar Maria e se apressou para encontrar Jesus. — Leia Joao
11:18-20.
18 Quando avistou seu Mestre, Marta expressou os sentimen-

tos que por dias atormentavam tanto a ela quanto a Maria: “Se-
˜ ˜
nhor, se tivesses estado aqui, meu irmao nao teria morrido.” Mas
˜ ´
Marta nao tinha perdido a esperança nem a fe. Ela acrescentou:
“E, contudo, sei atualmente que quantas coisas pedires a Deus,
´
Deus te dara.” Nesse momento, Jesus disse algo para fortalecer
´ ˜ ´ ˜
sua fe: “Teu irmao se levantara.” — Joao 11:21-23.
˜
19 Marta achou que Jesus estava falando sobre a ressurreiçao
´
no futuro, por isso disse: “Sei que ele se levantara na ressurrei-
˜ ´ ˜ ´
çao, no ultimo dia.” (Joao 11:24) Sua fe nesse ensinamento era
´ ´
18, 19. Qual era a esperança de Marta, e por que sua fe era notavel? 177
´
IMITE A SUA FE  MARTA

´ ´
notavel. Alguns lıderes religiosos judeus, chamados saduceus,
˜ ˜
afirmavam que nao haveria uma ressurreiçao, apesar de esse ser
um ensinamento claro nas Escrituras inspiradas. (Dan. 12:13;
Mar. 12:18) Mas Marta sabia que Jesus tinha ensinado sobre a es-
˜ ´
perança da ressurreiçao e ate mesmo realizado algumas, embora
˜ ´
nao tivesse ressuscitado ninguem que estivesse morto havia tan-
˜
to tempo. Ela nao sabia o que estava para acontecer.
20 A seguir, Jesus fez uma declaraçao ˜ ´
memoravel: “Eu sou a
˜ ´
ressurreiçao e a vida.” De fato, Jeova deu ao seu Filho autoridade
para ressuscitar pessoas em escala global no futuro. Jesus pergun-
˜
tou a Marta: ‘Acredita nisso?’ Entao ela deu a resposta mencio-
´ ´ ´
nada no inıcio deste capıtulo. Ela tinha fe em que Jesus era o
´
Cristo, ou Messias, que ele era o Filho de Jeova Deus e que era
aquele que os profetas tinham predito que viria ao mundo.
˜ ˜
— Joao 5:28, 29; leia Joao 11:25-27.
21 Sera´ que Jeova´ Deus e seu Filho, Jesus Cristo, valorizam o
´ ˜
tipo de fe que Marta demonstrou? O que Marta viu a seguir nao
´ ˜
deixa nenhuma duvida. Ela correu para avisar sua irma. Depois,
percebeu que Jesus estava muito emocionado ao falar com Maria
e com as pessoas ali. Marta notou que os olhos dele se enche-
´
ram de lagrimas enquanto expressava sua tristeza por causa da
dor que a morte traz. Ela ouviu Jesus mandar que a pedra na en-
´ ˜ ˜
trada do tumulo de seu irmao fosse retirada. — Joao 11:28-39.
´
22 Pratica como sempre, Marta questionou a ordem de Jesus,
´
dizendo que o corpo ja devia estar cheirando, por terem se pas-
˜
sado quatro dias. Jesus lembrou a ela: “Nao te disse eu que, se
´
cresses, verias a gloria de Deus?” Ela realmente acreditou, e viu
´ ´
a gloria de Jeova Deus. Naquele mesmo instante, ele deu poder
´ `
ao seu Filho para trazer Lazaro de volta a vida. Pense nos mo-
mentos que devem ter ficado gravados na mente de Marta pelo
´
resto de sua vida: Jesus dando a ordem “Lazaro, vem para fora!”;
´
o som abafado vindo da caverna enquanto Lazaro se levantava
ainda enfaixado e caminhava lentamente para fora; Jesus dizen-
´
do “soltai-o e deixai-o ir”; e, sem duvida, Marta e Maria corren-
˜ ˜
do para dar um abraço emocionado em seu irmao. (Leia Joao
˜
11:40-44.) A dor no coraçao de Marta desapareceu.
23 Esse relato mostra que a ressurreiçao ˜ ˜ ´
dos mortos nao e
´ ˜
20. Explique o significado da memoravel declaraçao de Jesus e da resposta de
˜
Marta, registradas em Joao 11:25-27.
21, 22. (a) Como Jesus revelou seus sentimentos para com os que perdem al-
´ ˜ ´
guem na morte? (b) Descreva a ressurreiçao de Lazaro.
´ ˆ ˆ
178 23. O que Jeova e Jesus querem fazer por voce, e o que voce precisa fazer?
‘EU ACREDITO’

´ ´
mera fantasia; e um ensinamento bıblico animador e um fato
´ ´ ˆ
historicamente comprovado. (Jo 14:14, 15) Jeova e seu Filho tem
´
prazer em recompensar a fe de seus servos, como fizeram no caso
´ ´ ˜ ´
de Marta, Maria e Lazaro. Eles tambem vao recompensa-lo se
ˆ ´
voce desenvolver uma forte fe.
“Marta ministrava”
´ ´
24A Bıblia menciona Marta apenas mais uma vez. Era o inı-
´
cio da ultima semana de Jesus na Terra. Ciente das dificuldades
que o aguardavam, Jesus novamente decidiu ficar naquele lar
ˆ ˆ ˆ ´
tranquilo em Betania. Dali, ele andaria os tres quilometros ate Je-
´ ´ ˜
rusalem. Jesus e Lazaro estavam tomando uma refeiçao na casa
˜ ´ ´
de Simao, o leproso, e e ali que ouvimos falar de Marta pela ul-
˜
tima vez. O relato diz: “Marta ministrava.” — Joao 12:2.
25 Isso era bem tıpico ´
dessa mulher trabalhadora. Na primei-
´ ´ ´
ra vez que a Bıblia fala dela, ela esta trabalhando; na ultima vez,
´ ´
ela tambem esta trabalhando, fazendo o seu melhor para cuidar
` ˜
das necessidades das pessoas a sua volta. As congregaçoes dos se-
˜
guidores de Cristo hoje sao abençoadas por terem em seu meio
mulheres como Marta — determinadas e generosas, sempre colo-
´ ˜ ´
cando sua fe em açao por dar de si mesmas. Sera que Marta con-
´ ´
tinuou fazendo isso? E provavel que sim. Nesse caso, ela agiu
com sabedoria, pois ainda tinha de passar por outras dificulda-
des.
26 Poucos dias depois, Marta teve de enfrentar a terrıvel ´
mor-
˜
te de seu amado Mestre, Jesus. Como se isso nao bastasse, os mes-
´
mos assassinos hipocritas que o mataram estavam determinados
´ ´
a matar Lazaro tambem, visto que sua res-
˜ ´
surreiçao estava fortalecendo a fe de mui-
˜
tos. (Leia Joao 12:9-11.) E naturalmente, ˆ
PARA VOCE PENSAR . . .
com o tempo, a morte acabou rompendo
os laços que uniam Marta a seus irmaos.
˜ ˙ O que podemos aprender do
˜ conselho que Jesus deu a Marta?
Nao sabemos como ou quando isso acon-
teceu, mas uma coisa e certa: a notavel fe
´ ´ ´ ˙ De que maneiras Marta mostrou
´ que era trabalhadora e que dava
de Marta a ajudou a perseverar ate o fim.
´ ˜ de si mesma?
E por isso que os cristaos hoje fazem bem ´ ´
´
em imitar a fe que ela demonstrou. ˙ Como Marta mostrou notavel fe?
ˆ
´ ´ ˜ ´ ˙ De que maneiras voce gostaria
24. Qual e a ultima declaraçao que a Bıblia faz so- ´
de imitar a fe de Marta?
bre Marta?
˜ ˜
25. Por que as congregaçoes hoje sao abençoadas
por ter mulheres como Marta?
´
26. O que a fe de Marta a ajudou a fazer? 179
´
CAPITULO VINTE E UM

Ele lutou contra


´
o medo e a duvida
´
PEDRO remava com muito esforço e tentava ver atraves da escuri-
˜
dao da noite. Ele viu algo no horizonte que parecia um brilho fra-
´
co. Seria um sinal de que finalmente ia amanhecer? Os musculos
´
de suas costas e ombros ardiam apos tantas horas remando. O ven-
to que despenteava seu cabelo agitava violentamente o mar da Ga-
´
lileia. Onda apos onda rebentava contra a proa do barco de pesca,
´
encharcando Pedro com a agua fria. Ele continuou remando.
2 Pedro e seus companheiros tinham partido, e Jesus havia fi-

cado sozinho na costa. Naquele dia, eles tinham visto Jesus alimen-
tar milhares de pessoas famintas com
˜ ˜
apenas alguns paes e peixes. A reaçao
do povo foi tentar fazer de Jesus rei, Em dois anos,
˜
mas ele nao queria ter nada a ver
´ ´
com a polıtica. Tambem estava deter- Pedro havia
minado a ajudar seus seguidores a
˜ aprendido
nao desenvolver esse tipo de ambi-
˜
çao. Esquivando-se da multidao, Je-
˜ bastante com
´
sus convenceu seus discıpulos a en- Jesus, mas ele
trar no barco e a ir para o outro lado
do lago, enquanto ele subiu a mon- ainda tinha
tanha sozinho para orar. — Mar. 6:35-
˜
muito a aprender
45; leia Joao 6:14-17.
3 A Lua, quase cheia, estava bem
´ ´
acima no ceu quando os discıpulos partiram; agora mergulhava
˜ ´
lentamente em direçao ao horizonte. Mas eles so tinham conse-
ˆ
guido navegar alguns quilometros. Por causa do cansaço e do ba-
´ ´
rulho constante do vento e das ondas, era difıcil conversar. E pro-
´
vavel que Pedro estivesse pensativo.
4 Havia tanto em que pensar! Pedro tinha conhecido Jesus de

1-3. O que Pedro viu durante um dia cheio de acontecimentos, e o que ocor-
reu naquela noite?
´
4. O que faz com que Pedro seja um exemplo notavel para imitarmos?

180
´
ELE LUTOU CONTRA O MEDO E A DUVIDA

´
Nazare mais de dois anos antes. Ele havia aprendido bastante, mas
´
ainda tinha muito a aprender. Sua vontade de lutar contra obsta-
´ ´
culos como a duvida e o medo fazem dele um exemplo notavel
ˆ
para imitarmos. Vejamos por que.
“Achamos o Messias”!
5 Pedro jamais esqueceria o dia em que conheceu Jesus. Seu ir-
˜ ´ ´
mao, Andre, lhe trouxe a notıcia surpreendente: “Achamos o Mes-
sias”! Com essas palavras, a vida de Pedro começou a mudar. Ela
˜
nunca mais seria a mesma. — Joao 1:41.
6 Pedro morava em Cafarnaum, uma cidade ao norte de um
´ ´ ´
lago de agua doce chamado mar da Galileia. Ele e Andre eram so-
˜
cios de Tiago e Joao, filhos de Zebedeu, no ramo da pesca. Pedro
˜ ´
morava com sua esposa, sua sogra e seu irmao, Andre. Sustentar
´ ´
uma famılia assim com a pesca com certeza exigia trabalho arduo,
´
energia e criatividade. Podemos imaginar as incontaveis e longas
noites de trabalho pesado — os homens lançando as redes de ar-
rasto entre dois barcos e recolhendo todos os peixes que conse-
´ ´
guissem pegar. Tambem podemos imaginar as arduas horas de tra-
balho de dia, separando e vendendo os peixes, consertando e
limpando as redes.
7 A Bıblia ´ ´ ´ ˜
diz que Andre era discıpulo de Joao Batista. Pedro
˜
com certeza escutava com vivo interesse as coisas que seu irmao
˜ ´ ˜
lhe contava sobre a mensagem de Joao. Um dia, Andre viu Joao
´
apontar para Jesus de Nazare e dizer: “Eis o Cordeiro de Deus!”
´
Andre logo se tornou seguidor de Jesus e prontamente levou esta
´ ˜
notıcia emocionante a Pedro: ´ o Messias tinha chegado! (Joao 1:35-
´ ˜ ´
41) Apos a rebeliao no Eden, uns quatro mil anos antes, Jeova Deus
´
prometeu que alguem especial viria para dar uma esperança ver-
` ˆ ´
dadeira a humanidade. (Gen. 3:15) Andre tinha conhecido esse
´ ´
Resgatador, o proprio Messias! Pedro tambem se apressou para ir
conhecer Jesus.
8 Ate´ aquele dia, Pedro era conhecido pelo nome de Simao, ˜
ou
˜ ´ ˜
Simeao. Mas Jesus olhou para ele e disse: “ ‘Tu es Simao, filho de
˜ ´ ´ ˜
Joao; seras chamado Cefas’ (que, traduzido, e Pedro).” (Joao 1:42)
´
“Cefas” e uma palavra que significa “pedra”, ou “rocha”. Essas pa-
´
lavras de Jesus com certeza eram profeticas. Ele previu que Pedro
ˆ ´ ´
seria como uma rocha — uma influencia estavel, firme e confiavel
´
entre os seguidores de Cristo. Sera que Pedro se via dessa maneira?
5, 6. Como era a vida de Pedro?
´
7. Que notıcia Pedro ouviu sobre Jesus, e por que isso era emocionante?
8. Qual o significado do nome que Jesus deu a Pedro, e por que alguns ainda
questionam a escolha desse nome? 181
´
IMITE A SUA FE  PEDRO

´ ˜
Dificilmente. Ate mesmo alguns leitores dos Evangelhos hoje nao
acham que Pedro se pareça com uma rocha. Com base no relato
´ ´
bıblico, alguns dizem que ele parecia ser instavel, inconstante e in-
deciso.
´
9 E verdade que Pedro tinha suas falhas, e Jesus as conhecia.
´ ´
Mas, assim como seu Pai, Jeova, ele sempre procura o que e bom
nas pessoas. Jesus via muito potencial em Pedro e o ajudou a pro-
´
gredir com base em suas boas qualidades. Hoje, Jeova e seu Filho
´ ´ ´ ´
tambem procuram o que e bom em nos. Talvez seja difıcil acredi-
´
tar que haja muita coisa boa em nos para eles verem. No entanto,
precisamos confiar no ponto de vista deles e estar dispostos a ser
˜
treinados e moldados, assim como Pedro. — Leia 1 Joao 3:19, 20.
“Para de estar com medo”
´ ´
10 E provavel que Pedro tenha acompanhado Jesus por um
˜
tempo na viagem de pregaçao que se seguiu. Por isso, talvez tenha
´
visto Jesus realizar seu primeiro milagre: transformar agua em vi-
´
nho numa festa de casamento em Cana. Mais importante, ele ouviu
a mensagem maravilhosa e cheia de esperança de Jesus a respeito do
˜
Reino de Deus. Apesar disso, mesmo nao querendo, deixou Jesus e
´
voltou para sua atividade de pesca. Alguns meses depois, porem, Pe-
dro se encontrou de novo com Jesus, e dessa vez Jesus o convidou
para ser seu seguidor por tempo integral, como modo de vida.
´
11 Pedro havia tido uma pessima noite de trabalho. Os pesca-
´
dores haviam baixado suas redes vez apos vez, mas elas sempre
ˆ
voltavam vazias. Com certeza, Pedro usou toda a sua experiencia
˜ ´
e habilidade nessa situaçao, tentando varios pontos do lago para
´
encontrar o lugar onde os peixes se alimentavam. Sem duvida, ha-
via momentos em que ele, assim como muitos outros pescadores,
´ ´
desejavam poder ver atraves das aguas turvas e achar os´ cardumes
ˆ
de peixe ou de alguma forma faze-los entrar nas redes. E claro que
´ ´
pensamentos assim so poderiam deixa-lo mais frustrado. Para Pe-
˜ ˜
dro, a pesca nao era uma diversao. Havia pessoas que dependiam
˜
dele. Por fim, ele voltou para a costa de maos vazias. Mesmo as-
˜
sim, era preciso limpar as redes. Entao, quando Jesus se aproxi-
mou, ele estava bem ocupado.
12 Uma multidao ˜
começou a cercar Jesus, atenta a cada pala-
vra dele. Com falta de espaço, Jesus entrou no barco de Pedro e
´ ´ ˆ
9. O que Jeova e seu Filho procuram em nos, e por que voce acha que deve-
mos confiar no ponto de vista deles?
10. O que Pedro talvez tenha presenciado, mas para o que ele voltou?
11, 12. (a) Como foi a noite de trabalho de Pedro? (b) Ao ouvir Jesus, que
182 perguntas talvez tenham passado pela mente de Pedro?
´
ELE LUTOU CONTRA O MEDO E A DUVIDA

˜
pediu-lhe que se afastassem um pouco da margem. A multidao po-
´
dia ouvir claramente a voz de Jesus ressoando sobre a agua, e ele
˜
começou a ensinar. Pedro escutou com muita atençao, assim como
aqueles que estavam na margem. Ele nunca se cansava de ouvir Je-
˜
sus falar sobre o tema principal de sua pregaçao — o Reino de Deus.
´
Que privilegio seria ajudar o Cristo a divulgar essa mensagem de
˜ ´ ˜
esperança por toda aquela regiao! Mas sera que ele teria condiçoes
´
de fazer isso? Como sustentaria sua famılia? Talvez Pedro tenha
pensado de novo na longa e frustrante noite anterior. — Luc. 5:1-3.
13 Quando Jesus terminou de falar, disse a Pedro: “Rema para
´
onde e fundo, e abaixai as vossas redes para uma pesca.” Pedro es-
´
tava cheio de duvidas. Ele disse: “Preceptor, labutamos toda a noi-
˜
te e nao apanhamos nada, mas, ao teu
pedido, abaixarei as redes.” Pedro tinha
acabado de lavar as redes. Com certeza, a
´
ultima coisa que ele queria fazer era baixa-
´ Pedro nunca se cansava
las outra vez — ainda mais agora que os pei- de ouvir Jesus falar
xes nem estariam se alimentando! Mesmo
assim, ele atendeu ao pedido de Jesus, pro- sobre o tema principal
´ ˜
vavelmente acenando para que seus socios de sua pregaçao
no outro barco os seguissem. — Luc. 5:4, 5.
14 Pedro sentiu um peso inesperado
— o Reino de Deus
quando começou a recolher as redes. Sem
acreditar no que estava acontecendo, pu-
xou as redes com mais força e logo viu uma grande quantidade de
peixes se debatendo. Desesperado, acenou para que os homens no
outro barco ajudassem. Ao chegar, eles perceberam que todos
˜ ´
aqueles peixes nao caberiam em um so barco, por isso encheram
˜
as duas embarcaçoes. Mas os peixes eram tantos que os barcos co-
meçaram a afundar com o peso. Pedro ficou completamente abis-
´ ˜
mado. Ele ja tinha visto o poder de Cristo em açao, mas esse mi-
lagre teve um significado especial para ele. Ali estava um homem
´
que era capaz ate de fazer os peixes entrar nas redes! O medo to-
mou conta de Pedro. Caindo de joelhos, ele disse: “Afasta-te de
˜
mim, porque sou homem pecaminoso, Senhor.” Pedro nao se con-
´
siderava digno de acompanhar Aquele que usava o proprio poder
de Deus daquela maneira. — Leia Lucas 5:6-9.
15 Jesus disse bondosamente: “Para de estar com medo.

´
13, 14. Que milagre Jesus realizou em benefıcio de Pedro, e como Pedro rea-
giu?
´
15. Como Jesus ensinou a Pedro que suas duvidas e seu medo eram infunda-
dos? 183
´
IMITE A SUA FE  PEDRO

´ ˜
Doravante apanharas vivos a homens.” (Luc. 5:10, 11) Nao era o
´ ´
momento para duvida ou medo. As duvidas de Pedro sobre como
se sustentar eram infundadas; seu medo sobre suas falhas e inca-
´ ˜
pacidades tambem nao tinham base. Jesus tinha um grande traba-
´ ´
lho a fazer, um ministerio que mudaria a Historia. Ele servia a um
´
Deus que ‘perdoa amplamente’. (Isa. 55:7) Jeova cuidaria das ne-
´
cessidades fısicas e espirituais de Pedro. — Mat. 6:33.
16 Pedro reagiu prontamente, assim como Tiago e Joao.˜
‘Trou-
`
xeram os barcos de volta a terra, abandonaram tudo e o seguiram.’
´
(Luc. 5:11) Pedro depositou fe em Jesus e Naquele que o enviou.
˜ ˜
Foi a melhor decisao que podia ter tomado. Os cristaos que hoje
˜
“Sou homem 16. Como Pedro, Tiago e Joao reagiram ao convite de Jesus, e por que essa foi
˜
pecaminoso, a melhor decisao que podiam ter tomado?
Senhor”
´
ELE LUTOU CONTRA O MEDO E A DUVIDA

´
vencem suas duvidas e seu medo para se empenhar no serviço a
´ ˜ ´ ´
Deus tambem estao demonstrando fe. Essa confiança em Jeova
´
nunca os desapontara. — Sal. 22:4, 5.
` ´
“Por que cedeste a duvida?”
17 Haviam se passado cerca de dois anos desde que Pedro co-
nheceu Jesus. Agora ele estava remando no mar da Galileia duran-
´
te aquela noite tempestuosa, conforme mencionado no inıcio des-
´ ˜
te capıtulo. Nao podemos saber o que ele estava pensando; havia
muita coisa para se lembrar. Ele viu Jesus curar sua sogra, proferir
˜ ´
o Sermao do Monte e, vez apos vez, por meio de seus ensinamen-
´
tos e obras poderosas, demonstrar que era o Escolhido de Jeova, o
Messias. Com o passar dos meses, as falhas de Pedro, como sua
ˆ ` ´
tendencia de ceder ao medo e a duvida, com certeza tinham se
´
tornado menos frequentes. Pedro ate tinha sido escolhido por
´ ˜
Jesus para ser um dos 12 apostolos. Mesmo assim, Pedro ainda nao
´
tinha vencido o medo e a duvida, como ele logo veria.
18 Durante a quarta vigılia ´ ˜
da noite, entre as 3 horas da manha
e o nascer do sol, Pedro parou de remar e se endireitou de repen-
´
te. Ao longe, sobre as aguas, algo estava se movendo! Seria o mo-
˜
vimento da espuma das ondas refletindo a luz da lua? Nao, era algo
´ ´
mais estavel, que parecia estar de pe. Era um `homem! Sim, um ho-
´
mem, e ele estava andando sobre as aguas! A medida que se apro-
ximava, parecia que ele ia simplesmente passar por eles. Apavora-
´ ˜
dos, os discıpulos pensaram que era uma apariçao. O homem disse:
˜
“Coragem! Sou eu; nao temais.” Era Jesus! — Mat. 14:25-28.
19 Pedro disse: “Senhor, se es ´
tu, ordena-me ir ter contigo por
´
cima das aguas.” Seu primeiro impulso foi de coragem. Emociona-
´
do com esse milagre fantastico, Pedro quis fortalecer ainda mais a
´
sua fe. Ele queria fazer o mesmo que Jesus. Bondosamente, Jesus
´ ´
o chamou. Pedro desceu do barco e colocou os pes sobre as aguas
˜ ´ ´
agitadas. Imagine a sensaçao dele ao encontrar uma superfıcie so-
´ ´
lida e ficar em pe sobre as aguas. Com certeza, ele ficou maravi-
˜
lhado enquanto andava na direçao de Jesus. No entanto, outro im-
pulso logo tomou conta dele. — Leia Mateus 14:29.
20 Pedro precisava manter o foco em Jesus. Afinal, era Jesus,
´
com o poder de Jeova, que estava mantendo Pedro sobre as ondas
´
agitadas pelo vento. E ele estava fazendo isso por causa da fe que
ˆ
17. Que lembranças Pedro tinha dos seus dois anos de convivencia com Jesus?
18, 19. (a) Descreva o que Pedro viu no mar da Galileia. (b) Como Jesus aten-
deu ao pedido de Pedro?
˜
20. (a) Como Pedro perdeu o foco, e qual foi o resultado? (b) Que liçao Jesus
ensinou a Pedro? 185
´
IMITE A SUA FE  PEDRO

Pedro tinha nele. Mas Pedro se desconcentrou. O relato diz:


“Olhando para a ventania, ficou com medo.” Ao olhar para as on-
das que batiam contra o barco e espalhavam espuma, ele entrou
ˆ
em panico. Provavelmente se imaginou afundando no lago, se afo-
` ´ ´
gando ali. A medida que o medo aumentava, sua fe diminuıa. O
homem que tinha recebido o nome de Rocha, por causa de seu
potencial para se manter firme, começou a afundar como uma pe-
´ ´
dra, por causa de sua fe instavel como as ondas. Pedro nadava bem,
˜
mas nesse momento nao confiou nessa habilidade. Ele gritou: “Se-
˜ ˜
nhor, salva-me!” Jesus pegou sua mao e o puxou. Entao, ainda so-
´ ˜ ´
bre as aguas, ensinou uma importante liçao a Pedro: “O tu, de pou-
´ ` ´
ca fe, por que cedeste a duvida?” — Mat. 14:30, 31.
` ´
21 “Cedeste a duvida” — que frase apropriada! A duvida ´ ´
e uma
´ ´
poderosa força destrutiva. Se cedermos a ela, nossa fe podera se
deteriorar e fazer com que afundemos espiritualmente. Precisamos
˜
resistir a isso com determinaçao. Como? Por manter o foco no lu-
gar certo. Se nos concentrarmos em coisas que nos amedrontam,
˜ ´
desanimam e desviam nossa atençao de Jeova e de seu Filho, nos-
´ ˜
sas duvidas aumentarao. Se nos concentrar-
´
mos em Jeova e em seu Filho, no que eles
ˆ ´ ˜ ˜
PARA VOCE PENSAR . . . ja fizeram, estao fazendo e ainda farao por
˜
´ aqueles que os amam, nao deixaremos que
˙ Como Pedro venceu suas duvi- ´ ´
das sobre seguir a Jesus? duvidas destruam nossa fe.
22 A tempestade acalmou a` medida que
˙ Como Jesus mostrou que via
as boas qualidades de Pedro? Pedro seguia Jesus de volta para o barco. A
calmaria voltou ao mar da Galileia. Pedro
˙ No mar da Galileia, o que ´
Pedro aprendeu sobre e os outros discıpulos reconheceram: “Tu
` ´ ´
ceder a duvida? es realmente o Filho de Deus.” (Mat. 14:33)
ˆ Começou a amanhecer e Pedro devia estar
˙ De que maneiras voce gostaria
´ sentindo uma grande alegria. Naquela noi-
de imitar a fe de Pedro? ´ ´
te ele tinha vencido a duvida e o medo. E
verdade que ainda havia um longo cami-
´
nho para Pedro percorrer ate se tornar o
˜
cristao igual a uma rocha, como Jesus tinha
˜
dito. Mas ele estava determinado a nao de-
ˆ ´
sistir, a continuar crescendo. Voce tambem
´
esta determinado a fazer isso? Nesse caso,
´ ´
vera que vale a pena imitar a fe de Pedro.
´ ´
21. Por que a duvida e perigosa, e como podemos
resistir a ela?
´
186 22. Por que vale a pena imitar a fe de Pedro?
“Olhando para a ventania, ficou com medo”
´
CAPITULO VINTE E DOIS

Ele foi leal


˜
ao enfrentar provaçoes
PEDRO observava atentamente o rosto das pessoas que ouviam Je-
sus. Eles estavam na sinagoga em Cafarnaum. A casa de Pedro fica-
´
va nessa cidade; seu negocio de pesca era ali, no litoral norte do mar
da Galileia; muitos de seus amigos, parentes e conhecidos de pesca-
´
ria moravam ali. Sem duvida, Pedro esperava que as pessoas de sua
cidade encarassem Jesus como ele encarava, que compartilhassem
˜
com ele a emoçao de aprender sobre o Reino de Deus com o maior
˜
de todos os instrutores. Mas parecia que isso nao ia acontecer.
2 Muitos pararam de escutar. Dava para ouvir alguns critican-

do Jesus, falando mal da sua mensagem. Mas o que mais preocu-


˜ ´ ´
pava Pedro era a reaçao de alguns dos proprios discıpulos de Jesus.
˜ ˜
O rosto deles nao tinha mais aquela expressao que vem da felici-
˜ ˜
dade de aprender algo novo. Eles nao sentiam mais a emoçao da
descoberta, de aprender a verdade. Agora pareciam perturbados,
´
ate mesmo amargurados. Alguns expressaram seus sentimentos, di-
zendo que as palavras de Jesus eram chocantes. Recusando-se a
´ ´
continuar ouvindo, saıram da sinagoga — e tambem pararam de
˜
seguir a Jesus. — Leia Joao 6:60, 66.
3 Essa situaçao ˜ ´ ´
foi difıcil para Pedro e para os outros aposto-
˜
los. Pedro nao entendeu plenamente o que Jesus tinha dito naque-
´
le dia. Sem duvida, ele percebeu por que as palavras de Jesus po-
`
deriam parecer ofensivas a primeira vista. O que Pedro fez? Essa
˜
nao era a primeira vez que sua lealdade ao seu Mestre era testada,
´ ´
nem seria a ultima. Vejamos como a fe de Pedro o ajudou a supe-
rar esses desafios e a permanecer leal.
Leal quando outros se tornaram desleais
4 ´
Muitas vezes, Jesus surpreendeu Pedro. Vez apos vez, seu
Mestre agia e falava de um modo diferente do que as pessoas es-
`
1, 2. O que Pedro provavelmente esperava a medida que Jesus falava em Ca-
farnaum, mas o que aconteceu?
´ ´
3. O que a fe de Pedro o ajudou a fazer varias vezes?
4, 5. Como Jesus agia de um modo diferente do que as pessoas esperavam?

188
˜
E L E F O I L E A L A O E N F R E N T A R P R O V A Ç O E S

peravam. No dia anterior, Jesus tinha alimentado milagrosamente


milhares de pessoas. Em resultado disso, elas tentaram fazer dele
rei. Mas ele surpreendeu muitos ali por se afastar e dizer a seus dis-
´
cıpulos que entrassem no barco e fossem para Cafarnaum. Quan-
´
do os discıpulos estavam navegando durante a noite, Jesus os sur-
´
preendeu novamente por andar sobre as aguas agitadas do mar da
˜ ´
Galileia, ensinando a Pedro uma importante liçao de fe.
˜
5 Pela manha, eles logo viram que a multidao os tinha segui- ˜
do de barco. Mas, pelo visto, as pessoas foram motivadas pelo de-
sejo de ver Jesus produzir mais alimentos por meio de um mila-
˜
gre, nao pela fome de verdades espirituais. Jesus as censurou por
˜
essa atitude materialista. (Joao 6:25-27) Essa conversa continuou
na sinagoga em Cafarnaum, onde Jesus novamente foi contra as
expectativas daquelas pessoas quando quis ensinar uma verdade
´
importante, mas difıcil.
6 Jesus queria que aquelas pessoas o vissem nao ˜
como uma
´ ˜
fonte de alimento fısico, mas como uma provisao espiritual de
´
Deus, aquele cuja vida e morte como humano tornaria possıvel a
˜
vida eterna para outros. Assim, ele fez uma ilustraçao comparan-
´ ˜ ´
do a si mesmo ao mana, o pao que desceu do ceu nos dias de Moi-
´ ˜ ˜ ´
ses. Quando alguns nao concordaram, ele fez uma ilustraçao vıvi-
´
da, explicando que era necessario comer a sua carne e beber o seu
˜
sangue para ter vida. Foi nesse ponto que as objeçoes ficaram mais
´
fortes. Alguns disseram: “Esta palavra e chocante; quem pode es-
´ ´
cutar isso?” Muitos dos proprios discıpulos de Jesus deixaram de
˜
segui-lo.1 — Joao 6:48-60, 66.
7 O que Pedro faria? Ele tambem ´
estava confuso com as pala-
˜
vras de Jesus, ainda nao tinha entendido que Jesus precisava mor-
´
rer para cumprir a vontade de Deus. Sera que Pedro se sentiu ten-
´ ´
tado a seguir aqueles discıpulos instaveis que abandonaram Jesus
˜
naquele dia? Nao; algo importante fez com que Pedro agisse de
ˆ
modo diferente. O que?
8 Jesus virou-se para seus apostolos ´ ´ ´
e perguntou: “Sera que vos
´ ˜
tambem quereis ir?” (Joao 6:67) Ele falou com os 12, mas foi Pe-
dro quem respondeu, como de costume. Talvez Pedro fosse o mais
velho. De qualquer forma, do grupo, era ele que falava com mais
franqueza; pelo visto, ele quase nunca deixava de falar o que
ˆ
1 Podemos ver a incoerencia das pessoas na sinagoga quando comparamos sua rea-
˜
çao diante das palavras de Jesus com o que elas tinham dito apenas um dia antes,
˜
quando, com entusiasmo, o proclamaram profeta de Deus. — Joao 6:14.
˜ ˜
6. Que ilustraçao Jesus fez, e qual foi a reaçao de seus ouvintes?
˜
7, 8. (a) O que Pedro ainda nao tinha entendido sobre o papel de Jesus?
` ´
(b) Como Pedro respondeu a pergunta de Jesus aos apostolos? 189
´
IMITE A SUA FE  PEDRO

˜
pensava. E nessa ocasiao o que ele disse ficou registrado nestas be-
´
las e inesquecıveis palavras: “Senhor, para quem havemos de ir?
˜ ˜
Tu tens declaraçoes de vida eterna.” — Joao 6:68.
9 Nao fica comovido com essas palavras? A fe´ que Pedro tinha
˜
em Jesus o havia ajudado a desenvolver uma valiosa qualidade — a
´
lealdade. Pedro entendeu claramente que Jesus era o unico Salva-
´
dor que Jeova tinha provido, e que Jesus salvava por meio de suas
palavras — seus ensinamentos sobre o Reino de Deus. Pedro sabia
que, mesmo que houvesse algumas coisas que o deixavam confu-
˜
so, nao havia outro lugar para onde ir, se ele quisesse o favor de
ˆ ˜
Deus e a bençao da vida eterna.
´
10 E assim que voceˆ se sente? Infelizmente, muitas pessoas no
˜
mundo hoje dizem que amam a Jesus, mas nao passam no teste
da lealdade. A verdadeira lealdade a Cristo exige que encaremos os
ensinamentos de Jesus assim como Pedro encarava. Precisamos
aprender esses ensinamentos, entender seu significado e viver em
harmonia com eles — mesmo quando entram em conflito com
ˆ
nossas expectativas ou preferencias pessoais. Apenas se formos
leais poderemos esperar obter a vida eterna que Jesus deseja para
´
nos. — Leia Salmo 97:10.
Leal mesmo quando corrigido
11 ˜
Nao muito tempo depois desses dias cheios de atividade, Je-
´ ´
sus levou seus apostolos
` e alguns discıpulos numa longa viagem
˜ ´
em direçao ao norte. As vezes, mesmo ali, das aguas azuis do mar
da Galileia, podia-se ver o pico coberto de neve do monte Her-
mom no extremo norte da Terra Prometida. Aos poucos, a monta-
´
nha parecia ficar maior, dominando o cenario, ao passo que o gru-
˜ ´
po se aproximava e subia em direçao aos povoados proximos de
´
Cesareia de Filipe.1 Nesse lindo cenario, de onde se podia avistar
uma grande parte da Terra Prometida ao sul, Jesus fez uma per-
gunta importante aos seus seguidores.
12 “Quem dizem as multidoes ˜
que eu sou?”, perguntou ele. Po-
demos imaginar Pedro observando os olhos atentos de Jesus, per-
ˆ
cebendo novamente a bondade e a grande inteligencia de seu Mes-
ˆ
1 Nessa viagem de cerca de 50 quilometros, saindo das margens do mar da Galileia,
´
o grupo subiu de uns 200 metros abaixo do nıvel do mar para 350 metros acima do
´ ˜
nıvel do mar, passando por regioes de grande beleza natural.

9. Como Pedro mostrou lealdade a Jesus?


10. Como podemos imitar a lealdade de Pedro?
´
11. Em que viagem Jesus levou seus seguidores? (Veja tambem a nota.)
˜
12, 13. (a) Por que Jesus perguntou o que as multidoes achavam dele?
´
190 (b) Em suas palavras a Jesus, como Pedro mostrou verdadeira fe?
˜
E L E F O I L E A L A O E N F R E N T A R P R O V A Ç O E S

tre. Jesus estava interessado em saber o que as pessoas tinham con-


´ ´
cluıdo do que viram e ouviram. Os discıpulos de Jesus responde-
`
ram a pergunta, repetindo algumas das ideias equivocadas sobre a
´
identidade dele. Mas Jesus queria saber mais. Sera que seus segui-
´ ´ ´
dores mais achegados tambem pensavam assim? “Vos, porem,
quem dizeis que eu sou?”, perguntou ele. — Luc. 9:18-20.
13 De novo, Pedro nao ˜
hesitou em responder. Com palavras
claras e sinceras, ele expressou os sentimentos de muitos que es-
´
tavam ali. “Tu es o Cristo, o Filho do Deus vivente”, disse ele. Po-
˜
demos imaginar Jesus dando um sorriso de aprovaçao e elogian-
do Pedro calorosamente. Jesus lembrou a
´ ˜
Pedro que era Jeova Deus — nao algum ho-
mem — que havia esclarecido essa verda-
ˆ ´ ´ Precisamos ser leais
de fundamental aos que tem genuına fe.
Pedro conseguiu discernir uma das maio-
´
res verdades ja reveladas por Jeova — a
´ aos ensinamentos de
identidade do Messias, ou Cristo, prometi- Jesus, mesmo quando
do muito tempo antes! — Leia Mateus entram em conflito com
16:16, 17.
14 Esse Cristo era aquele que uma an- nossas expectativas ou
tiga profecia chamava de pedra que os ˆ
preferencias pessoais
construtores rejeitariam. (Sal. 118:22; Luc.
20:17) Com profecias como essa em mente,
´
Jesus revelou que Jeova estabeleceria uma
˜ ´
congregaçao sobre a propria pedra, ou rocha, que Pedro tinha aca-
˜ ´
bado de identificar. Entao, ele deu a Pedro alguns privilegios mui-
˜ ˜
to importantes naquela congregaçao. Jesus nao deu a Pedro a pri-
´
mazia sobre os outros apostolos, como alguns pensam, mas lhe deu
responsabilidades. Ele lhe deu “as chaves do reino”. (Mat. 16:19)
´
Pedro teria o privilegio de abrir a oportunidade de entrar no Reino
ˆ
de Deus a tres grupos da humanidade — primeiro aos judeus, de-
´ ˜
pois aos samaritanos e por ultimo aos gentios, ou nao judeus.
15 No entanto, mais tarde Jesus disse que se esperaria mais da-

queles que recebessem muito. A veracidade dessas palavras pode


ser vista no caso de Pedro. (Luc. 12:48) Jesus continuou a revelar
verdades importantes sobre o Messias, incluindo a certeza de seu
´ ´
sofrimento e morte em Jerusalem, que estavam proximos. Pedro
`
ficou perturbado ao ouvir essas coisas. Ele chamou Jesus a parte e
ˆ ˜
o censurou, dizendo: “Se benigno contigo mesmo, Senhor; nao te-
´
ras absolutamente tal destino.” — Mat. 16:21, 22.
´
14. Que privilegios importantes Jesus deu a Pedro?
15. Por que Pedro censurou Jesus, e como ele fez isso? 191
´
IMITE A SUA FE  PEDRO

16 ˜
Com certeza, a intençao de Pedro foi boa, por isso a respos-
ˆ
ta de Jesus deve te-lo surpreendido. Ele virou as costas para Pedro,
´
olhou para os outros discıpulos — que provavelmente estavam
´ ´
pensando a mesma coisa — e disse: “Para tras de mim, Satanas! Tu
´ ˜
es para mim pedra de tropeço, porque nao tens os pensamentos
de Deus, mas os de homens.” (Mat. 16:23; Mar. 8:32, 33) As pala-
ˆ ´ ´ ´ ´
vras de Jesus contem conselhos praticos para nos. E muito facil
permitir que pensamentos carnais tenham prioridade sobre os pen-
samentos de Deus. Caso isso aconteça, mesmo quando temos a in-
˜
tençao de ajudar, podemos sem querer servir aos objetivos de Sa-
´ ´
tanas em vez de apoiar o proposito de
Deus. Mas como Pedro reagiu?
17 Pedro deve ter percebido que Jesus
Apenas se aceitarmos ˜
nao estava dizendo que ele era Satanas, o
´
˜
humildemente a disciplina Diabo, em sentido literal. Afinal, Jesus nao
falou com Pedro da mesma maneira que fa-
e aprendermos dela ´ ´
lou com Satanas. Para Satanas, Jesus tinha
poderemos continuar dito: “Vai-te”; para Pedro, ele disse: “Para
´ ˜
tras de mim.” (Mat. 4:10) Jesus nao rejei-
a nos achegar mais a ´
tou esse apostolo em quem ele via muitas
Jesus Cristo e a seu Pai, boas qualidades, simplesmente corrigiu os
´ pensamentos errados de Pedro sobre esse
Jeova Deus
assunto. A ideia era clara: Pedro precisava
sair da frente de seu Mestre como uma pe-
´
dra de tropeço e voltar para tras dele como
um seguidor que o apoiava.
18 Sera´ que Pedro discutiu, ficou furioso ou emburrado? Nao; ˜
˜
ele aceitou humildemente a correçao. Assim, mais uma vez ele de-
`
monstrou lealdade. Todos os seguidores de Cristo as vezes preci-
˜
sam de correçao. Apenas se aceitarmos humildemente a disciplina
e aprendermos dela poderemos continuar a nos achegar mais a Je-
´ ´
sus Cristo e a seu Pai, Jeova Deus. — Leia Proverbios 4:13.
Lealdade recompensada
19 ˜
Pouco depois, Jesus fez outra declaraçao surpreendente:
´ ˜
“Deveras, eu vos digo que ha alguns dos parados aqui que nao pro-
˜ ´
varao absolutamente a morte, ate que primeiro vejam o Filho do
´
16. Como Jesus corrigiu Pedro, e que conselhos praticos podemos encontrar
nas palavras de Jesus?
´
17. O que Jesus quis dizer a Pedro com as palavras “para tras de mim”?
´
18. Como Pedro demonstrou lealdade, e como podemos imita-lo?
˜
192 19. Que declaraçao Jesus fez, e o que Pedro talvez tenha pensado?
Pedro foi leal mesmo
quando teve de ser
´ corrigido
homem vir no seu reino.” (Mat. 16:28) Sem duvida, essas palavras
deixaram Pedro muito curioso. O que Jesus queria dizer? Talvez
˜
Pedro tenha pensado que, por ter recebido uma correçao forte um
´ ˜
pouco antes, esses privilegios especiais nao seriam mais dados a
ele.
20 No entanto, cerca de uma semana depois, Jesus levou Tia-
˜
go, Joao e Pedro a “um alto monte” — talvez o monte Hermom,
ˆ ˆ
que ficava apenas a alguns quilometros de distancia. Provavelmen-
ˆ
te era noite, visto que os tres homens lutavam contra o sono. Mas,
enquanto Jesus orava, aconteceu algo que os fez ficar bem desper-
tos. — Mat. 17:1; Luc. 9:28, 29, 32.
21 Jesus começou a se transformar diante dos olhos deles. Seu
´
rosto passou a emitir luz ate ficar brilhante como o Sol. Suas
˜
20, 21. (a) Descreva a visao que Pedro presenciou. (b) Como a conversa entre
˜
as pessoas na visao ajudou a corrigir o ponto de vista de Pedro? 193
´
IMITE A SUA FE  PEDRO

´ ´
roupas tambem ficaram brancas e reluzentes. Daı, duas pessoas
´
apareceram ao lado de Jesus, uma representando Moises e a outra,
Elias. Eles começaram a conversar com Jesus sobre “sua partida,
´
que ele estava destinado a cumprir em Jerusalem” — pelo visto sua
˜
morte e ressurreiçao. Ficou muito claro que Pedro estava errado ao
˜ ˆ
dizer que Jesus nao passaria por essa experiencia dolorosa! — Luc.
9:30, 31.
22 Pedro tambem ´ ˜
quis participar de alguma forma nessa visao
´ ˆ
extraordinaria, talvez tentando faze-la durar mais. Parecia que Moi-
´
ses e Elias estavam indo embora. Por isso, Pedro disse: “Preceptor,
´ ˆ
e excelente que estejamos aqui; armemos, pois, tres tendas, uma
´ ´
para ti, e uma para Moises, e uma para Elias.” E claro que os per-
˜ ´
sonagens dessa visao, servos de Jeova que tinham morrido muito
˜ ˜
tempo antes, nao precisavam de tendas. Pedro realmente nao sa-
ˆ ˜ ´
bia o que estava dizendo. Mas voce nao se sente atraıdo a esse ho-
˜
mem tao animado e caloroso? — Luc. 9:33.
23 Pedro, Tiago e Joao ˜
receberam outra recompensa naquela
noite. Uma nuvem se formou e pairou sobre eles. Dessa nuvem
´ ´
saiu uma voz — a voz de Jeova Deus! Ele disse: “Este e meu Filho,
˜
aquele que foi escolhido. Escutai-o.” Depois a visao terminou, e
eles ficaram sozinhos com Jesus no monte. — Luc. 9:34-36.
24 Que presente a visao ˜ ˜
da transfiguraçao foi para Pedro — e
´ ´ ´
para nos tambem! Decadas mais tarde, ele escreveu a respeito do
´
privilegio que teve naquela noite, de ter
tido um vislumbre de Jesus como o glorio-
ˆ so Rei celestial e de ser uma das “testemu-
PARA VOCE PENSAR . . . ˆ
´ nhas oculares da sua magnificencia”. Aque-
˙ Como a fe de Pedro o motivou ˜
la visao confirmou muitas profecias da
a ser leal quando muitos aban- ´
Palavra de Deus e fortaleceu a fe de Pedro
donaram Jesus? ˜
´ para enfrentar as provaçoes que ainda vi-
˙ De que maneira a fe e a leal- ´
riam. (Leia 2 Pedro 1:16-19.) Ela tambem
dade de Pedro o ajudaram ´
˜ pode fortalecer a nossa fe se, como Pedro,
a aceitar correçao? ´
˜ ˜ permanecermos leais ao Mestre que Jeova
˙ Como a visao da transfiguraçao ´
´ designou sobre nos, aprendendo dele, acei-
fortaleceu a fe de Pedro? ˜
ˆ tando sua disciplina e correçao, e seguin-
˙ De que outras maneiras voce do-o humildemente dia apos dia.
´
´
gostaria de imitar a fe de
´
Pedro? 22, 23. (a) Como Pedro mostrou um espırito ani-
mado e caloroso? (b) Que outra recompensa
˜
Pedro, Tiago e Joao receberam naquela noite?
˜ ˜
24. (a) Como a visao da transfiguraçao beneficiou
˜
Pedro? (b) Como podemos nos beneficiar da visao
˜
194 da transfiguraçao?
˜ ˜
Junto com Tiago e Joao, Pedro foi recompensado com uma visao emocionante
´ ˆ
CAPITULO VINTE E TRES

Ele aprendeu
a ser perdoador
com o seu Mestre
´
PEDRO nunca mais esqueceria aquele momento terrıvel em que
´
Jesus olhou bem para ele. Sera que ele viu no olhar de Jesus algum
˜ ˜
sinal de desapontamento ou de reprovaçao? Nao podemos dizer;
o registro inspirado diz apenas que “o Senhor voltou-se e olhou
´
para Pedro”. (Luc. 22:61) Mas, naquele unico olhar, Pedro viu a
gravidade de seu erro. Percebeu que tinha feito exatamente o que
´
Jesus havia predito, a unica coisa que Pedro jurou que nunca fa-
´
ria: negar seu amado Mestre. Para Pedro deve ter sido bem difıcil,
talvez o pior momento do pior dia da sua vida.
2 Mas nem tudo estava perdido. Pedro era um homem de gran-
´
de fe e ainda tinha oportunidade de se recuperar de seus erros
˜
e aprender uma das maiores liçoes que Jesus ensinou. Tem a ver
˜ ´ ˜
com o perdao. Cada um de nos precisa aprender essa mesma liçao.
´
Sendo assim, acompanhemos Pedro nessa difıcil jornada.
Um homem que tinha muito para aprender
3 Uns seis meses antes, em Cafarnaum, cidade em que mora-
´
va, Pedro perguntou a Jesus: “Senhor, quantas vezes ha de pecar
˜ ´
contra mim o meu irmao e eu lhe hei de perdoar? Ate sete vezes?”
´
Pedro talvez pensasse que estava sendo generoso. Afinal, os lıde-
´ ´ ´
res religiosos daquela epoca ensinavam que so era necessario per-
ˆ ˜ ´
doar tres vezes. Jesus respondeu: “Nao te digo: Ate sete vezes, mas:
´
Ate setenta e sete vezes.” — Mat. 18:21, 22.
4 Sera´ que Jesus estava incentivando Pedro a manter um regis-
˜
tro detalhado dos pecados das pessoas? Nao. Em vez disso, ao mu-
dar o 7 sugerido por Pedro para 77, ele estava dizendo que o amor
˜ ´ ˜
nao permite que estabeleçamos um limite rıgido para o perdao.
(1 Cor. 13:4, 5) Jesus mostrou que Pedro tinha sido influenciado
1. Qual talvez tenha sido o pior momento da vida de Pedro?
˜
2. Que liçao Pedro precisava aprender, e como podemos nos beneficiar de sua
´
historia?
3, 4. (a) Que pergunta Pedro fez a Jesus, e o que Pedro talvez estivesse pen-
sando? (b) Como Jesus mostrou que Pedro tinha sido influenciado pelo
´
espırito que prevalecia naqueles dias?

196
“O Senhor voltou-se e olhou para Pedro”
´
IMITE A SUA FE  PEDRO

´
pelo espırito duro e intolerante que prevalecia naqueles dias, em
˜
que o perdao era aplicado friamente como se fosse registrado num
˜ ´
livro de contabilidade. No entanto, o perdao divino e abrangente
˜
e generoso. — Leia 1 Joao 1:7-9.
˜
5 Pedro nao ´
questionou a resposta de Jesus. Mas sera que a li-
˜ ˜ ` ˆ
çao realmente tocou o seu coraçao? As vezes, a importancia de per-
´ ´
doar fica mais clara para nos quando percebemos o quanto nos
˜
mesmos precisamos de perdao. Assim, vamos relembrar o que
´
aconteceu antes da morte de Jesus. Naquelas horas difıceis, Pedro
˜
ia precisar muito do perdao de seu Mestre.
˜
Uma necessidade cada vez maior de perdao
6 ´
Foi uma noite marcante — a ultima de Jesus como humano.
˜ ´
Ele ainda tinha muitas liçoes para ensinar a seus apostolos. Uma
delas era sobre a humildade. Jesus deu o exemplo ao lavar humil-
´ ´
demente os pes de seus apostolos, uma tarefa que em geral era rea-
´
lizada pelo servo mais simples da casa. De inıcio, Pedro questio-
˜
nou aquele gesto de Jesus. Depois, disse que nao queria que Jesus
´ ˜
lavasse os seus pes. A seguir, insistiu para ele lavar nao apenas os
´ ´ ˜ ˜ ˆ
pes, mas tambem as maos e a cabeça. Jesus nao perdeu a pacien-
ˆ
cia, mas calmamente explicou a importancia e o significado do que
˜
ele estava fazendo. — Joao 13:1-17.
7 Pouco depois disso, Pedro testou novamente a paciencia ˆ
de
´
Jesus. Os apostolos começaram a discutir sobre qual deles era o
´
maior, e Pedro com certeza participou nessa lamentavel demons-
˜
traçao de orgulho humano. Ainda assim, Jesus os corrigiu bondo-
´
samente e ate os elogiou pelo que tinham feito de bom; eles ti-
´
nham sido fieis e leais ao seu Mestre. Mas Jesus predisse que todos
eles o abandonariam. Pedro reagiu dizendo que ficaria do lado de
Jesus mesmo se enfrentasse a morte. Jesus profetizou que, pelo
´ ˆ
contrario, Pedro negaria seu Mestre tres vezes naquela mesma noi-
˜ ˜ ´
te antes de um galo cantar pela segunda vez. Entao, Pedro nao so
contradisse Jesus como se vangloriou, dizendo que seria mais fiel
´
do que todos os outros apostolos! — Mat. 26:31-35; Mar. 14:27-31;
˜
Luc. 22:24-28; Joao 13:36-38.
8 Sera´ que Jesus estava a ponto de perder a paciencia
ˆ
com Pe-
´ ´
dro? Na verdade, durante todo esse perıodo difıcil, Jesus continuou
´
a olhar para o lado bom de seus apostolos imperfeitos. Ele sabia que
´ ˆ ´
5. Quando e que a importancia de perdoar fica mais clara para nos?
˜ ˜
6. Qual foi a reaçao de Pedro quando Jesus tentou ensinar uma liçao de hu-
´
mildade aos apostolos, mas como Jesus o tratou?
ˆ
7, 8. (a) Como Pedro testou novamente a paciencia de Jesus? (b) Como Jesus
´
198 continuou a demonstrar um espırito bondoso e perdoador?
ELE APRENDEU A SER PERDOADOR COM O SEU MESTRE

´
Pedro o decepcionaria, mas ainda assim disse: “Tenho feito supli-
´ ˜
ca por ti, para que a tua fe nao fraquejasse; e tu, uma vez que tiveres
˜
voltado, fortalece os teus irmaos.” (Luc. 22:32) Assim, Jesus mos-
˜
trou que acreditava na recuperaçao espiritual de Pedro e que ele vol-
´
taria a prestar um serviço fiel. Que espırito bondoso e perdoador!
ˆ
9 Mais tarde, no jardim de Getsemani, Pedro precisou nova-
˜ ˜
mente de correçao. Jesus pediu que Pedro, Tiago e Joao ficassem
vigilantes enquanto ele orava. Jesus estava muito angustiado e pre-
cisava de apoio. Mas Pedro e os outros adormeceram mais de uma
´
vez. Jesus, mostrando empatia e um espırito perdoador, disse: “O
´ ´ ´
espırito, naturalmente, esta ansioso, mas a carne e fraca.” — Mar.
14:32-41.
10 Logo depois chegou uma multidao ˜
com tochas, espadas e
pedaços de pau. Era hora de agir com cautela. Mas Pedro, de ma-
˜
neira impetuosa, entrou em açao. Pegou uma espada e atacou Mal-
co, um escravo do sumo sacerdote, decepando uma de suas
orelhas. Jesus calmamente corrigiu Pedro, curou o ferimento e ex-
´ ´
plicou um princıpio que orienta seus seguidores ate hoje — o de
˜ ˆ ˜
nao usar violencia. (Mat. 26:47-55; Luc. 22:47-51; Joao 18:10, 11)
´ ˜
Pedro ja tinha precisado muito do perdao de seu Mestre. Isso nos
´
faz lembrar que todos nos pecamos muitas vezes. (Leia Tiago 3:2.)
´ ˜ ˜
Quem de nos nao precisa do perdao divino todos os dias? E, no
caso de Pedro, aquela noite estava longe de terminar. O pior ain-
da estava por vir.
A pior falha de Pedro
11 ˜ ´
Jesus tentou convencer a multidao a deixar seus apostolos
´
ir embora, ja que era a ele que procuravam. Enquanto amarravam
Jesus, Pedro ficou olhando sem poder fazer nada. Depois fugiu, as-
´
sim como os outros apostolos.
˜
12 Pedro e Joao talvez tenham parado perto da casa do ex-
´
Sumo Sacerdote Anas, onde Jesus foi interrogado inicialmente.
˜
Quando Jesus foi levado dali, Pedro e Joao o seguiram, mas “duma
ˆ ˜ ˜
boa distancia”. (Mat. 26:58; Joao 18:12, 13) Pedro nao era covarde.
´ ´ ˜
So o fato de seguir Jesus ja exigia coragem, visto que a multidao es-
´ ˜
tava armada e Pedro ja havia ferido um deles. No entanto, ele nao
˜
estava mostrando o tipo de amor leal que disse ter — a disposiçao
de morrer ao lado de seu Mestre se fosse preciso. — Mar. 14:31.
ˆ ˜
9, 10. (a) No jardim de Getsemani, de que correçao Pedro precisou? (b) Os
ˆ
erros de Pedro nos fazem lembrar do que?
11, 12. (a) Como Pedro mostrou certa medida de coragem depois que Jesus
˜
foi preso? (b) Por que a atitude de Pedro nao correspondia ao que ele tinha
dito? 199
´
IMITE A SUA FE  PEDRO

13 Assim como Pedro, muitos hoje tentam seguir a Cristo


ˆ ´
“duma boa distancia”, ou seja, de uma maneira que ninguem per-
´ ´
ceba. Mas, como o proprio Pedro mais tarde escreveu, a unica for-
´ ´
ma correta de seguir a Cristo e por ficar o mais perto possıvel dele,
˜
imitando seu exemplo em todas as coisas, nao importa o que acon-
teça. — Leia 1 Pedro 2:21.
14 Seguindo Jesus com cautela, Pedro finalmente chegou ao
˜ ˜ ´
portao de uma das mais imponentes mansoes de Jerusalem. Era
´
a casa de Caifas, o rico e poderoso sumo sacerdote. Geralmente, es-
´ ´ ˜
sas casas eram construıdas com um patio no meio e um portao na
˜ ˜ ˜
frente. Pedro nao teve permissao para entrar. Mas Joao, que conhe-
´ ´ `
cia o sumo sacerdote e ja estava la dentro, pediu a porteira que dei-
˜ ˜
xasse Pedro entrar. Pelo visto Pedro nao ficou perto de Joao, nem
tentou entrar na casa para ficar do lado de seu Mestre. Ele per-
´
maneceu no patio, onde alguns escravos e servos estavam passando
aquela noite fria perto de uma fogueira, observando o movimento
´
de falsas testemunhas que entravam e saıam do local onde Jesus es-
˜
tava sendo julgado. — Mar. 14:54-57; Joao 18:15, 16, 18.
15 Na luz da fogueira, a jovem que tinha deixado Pedro entrar
ˆ ˆ ˜
pode ve-lo melhor e o reconheceu. Em tom de acusaçao, ela dis-
´
se: “Tu tambem estavas com Jesus, o galileu!” Pego de surpresa,
´ ˜
Pedro negou conhecer Jesus — ate mesmo fingiu nao entender o
˜
que ela estava dizendo. Ele foi para perto do portao e ficou ali,
tentando passar despercebido, mas outra jovem o viu e disse a mes-
ma coisa: “Este homem estava com Jesus, o nazareno.” Pedro ju-
˜
rou: “Nao conheço este homem!” (Mat. 26:69-72; Mar. 14:66-68)
Talvez tenha sido logo depois de negar Jesus pela segunda vez que
Pedro ouviu um galo cantar, mas ele estava preocupado demais
com outras coisas para se lembrar do que Jesus tinha profetizado
apenas algumas horas antes.
16 Pouco depois, quando Pedro ainda tentava desesperadamen-
˜ ˜ ´
te nao chamar a atençao, um grupo de pessoas que estava no pa-
tio se aproximou. Um deles era parente de Malco, o escravo que
˜
Pedro tinha ferido. Ele disse a Pedro: “Nao te vi no jardim com
ˆ ˜
ele?” Pedro tentou convence-los de que isso nao era verdade. As-
˜
sim, fez um juramento, pelo visto dizendo que uma maldiçao de-
veria cair sobre ele se estivesse mentindo. Essa foi a terceira vez
´
que Pedro negou Jesus. As palavras mal tinham saıdo de sua boca
quando ele ouviu um galo cantar pela segunda vez naquela noite.
˜
— Joao 18:26, 27; Mar. 14:71, 72.
´ ´
13. Qual e a unica forma correta de seguir a Cristo?
14. O que Pedro fez durante a noite do julgamento de Jesus?
´ ˆ
200 15, 16. Como se cumpriu a profecia de Jesus sobre Pedro nega-lo tres vezes?
ELE APRENDEU A SER PERDOADOR COM O SEU MESTRE

17 ´
Nessa hora, Jesus apareceu numa sacada que dava para o pa-
´ ´
tio. Naquele momento, descrito no inıcio deste capıtulo, ele olhou
´ ´
para Pedro. Foi aı que Pedro se deu conta da terrıvel falha que ti-
´
nha cometido contra seu Mestre. Pedro saiu do patio, esmagado
pelo peso de sua culpa. Seguiu sem rumo
pelas ruas da cidade, iluminadas pela Lua
˜
cheia que descia em direçao ao horizonte.
´
Seus olhos se encheram de lagrimas, e ele Pedro precisou muito
˜
passou a ver tudo embaçado. Nao conse- ˜
guindo mais se conter, Pedro chorou amar- do perdao de seu Mestre,
gamente. — Mar. 14:72; Luc. 22:61, 62. ´ ˜
18 Quando uma pessoa se da´ conta de
mas quem de nos nao
´ ˜
ter cometido uma falha dessa gravidade, e precisa de perdao
´ ˜
muito facil achar que seu erro foi tao gran-
˜
de que nao pode ser perdoado. Pedro tal-
todos os dias?
´
vez tenha pensado o mesmo. Mas sera que
isso era verdade?
´ ´ ˜
Sera que Pedro estava alem de perdao?
´
19 E difıcil´ ˜
imaginar a dimensao da dor de Pedro quando ama-
´
nheceu. E os acontecimentos daquele dia so aumentariam essa dor.
Como ele deve ter se culpado quando Jesus morreu mais tarde na-
´
quele dia, apos horas de sofrimento! Pedro deve ter ficado bem aba-
lado ao pensar que tinha aumentado a dor de seu Mestre naquele
´
que veio a ser o ultimo dia dele como humano. Apesar de estar pro-
˜
fundamente triste, Pedro nao se entregou ao desespero. Sabemos
disso porque o relato mostra que logo depois ele estava novamente
˜ ´
reunido com seus irmaos espirituais. (Luc. 24:33) Sem duvida, to-
´
dos os apostolos lamentaram o modo como tinham agido naquela
˜ ´
noite tao difıcil, e devem ter tentado encorajar um ao outro.
20 De certa forma, este relato mostra Pedro num dos seus me-

lhores momentos. Quando um servo de Deus cai, o mais impor-


˜ ´ ˜
tante nao e o tamanho da queda, mas sua determinaçao de se le-
´ ´
vantar, isto e, de corrigir o erro. (Leia Proverbios 24:16.) Pedro
´ ˜
mostrou verdadeira fe ao se reunir com seus irmaos mesmo estan-
´
do desanimado. Quando alguem se sente esmagado pela tristeza
ˆ ´ ´
ou remorso, a tendencia e se isolar, mas isso e perigoso. (Pro. 18:1)
´ ˜ ´
O melhor a fazer e manter-se achegado a seus irmaos na fe e re-
cuperar a força espiritual. — Heb. 10:24, 25.
˜ ´
17, 18. (a) Qual foi a reaçao de Pedro quando se deu conta da terrıvel falha
que tinha cometido? (b) O que Pedro talvez tenha pensado?
19. Como Pedro deve ter se sentido a respeito de sua falha, mas como sabe-
˜
mos que ele nao se entregou ao desespero?
20. O que aprendemos da atitude de Pedro num dos seus melhores momentos? 201
´
IMITE A SUA FE  PEDRO

21 ˜
Visto que estava com seus irmaos espirituais, Pedro ouviu a
´
chocante notıcia de que o corpo de Jesus tinha desaparecido do
´ ˜ ´
tumulo. Ele e Joao correram para o tumulo de Jesus, cuja entrada
˜
havia sido fechada. Joao, que provavelmente era mais novo, che-
gou primeiro e encontrou a entrada aberta, mas hesitou em entrar.
˜ ˆ
Pedro nao hesitou. Mesmo sem folego, entrou sem pensar duas ve-
´ ˜
zes. O tumulo estava vazio! — Joao 20:3-9.
22 Sera´ que Pedro acreditou que Jesus tinha sido ressuscitado?
´ ˜ ´
No inıcio nao, mesmo depois de ouvir algumas mulheres fieis di-
zer que anjos haviam aparecido a elas e dito que Jesus tinha sido
levantado dentre os mortos. (Luc. 23:55–24:11) Mas, no fim da-
´ ´ ˜
quele dia, todos os vestıgios de tristeza e de duvida no coraçao de
Pedro desapareceram. Jesus estava vivo, e agora como um podero-
´ ´
so espırito! Ele apareceu a todos os apostolos. Mas antes disso ele
´
tinha feito outra coisa, algo mais particular. Os apostolos disseram
˜
naquele dia: “O Senhor foi de fato levantado e apareceu a Simao!”
´ ´
(Luc. 24:34) Alem disso, o apostolo Paulo mais tarde escreveu so-
bre aquele dia marcante em que Jesus “apareceu a Cefas, depois
˜
aos doze”. (1 Cor. 15:5) Cefas e Simao eram outros nomes de Pe-
dro. Jesus apareceu a ele naquele dia — pelo visto, quando Pedro
estava sozinho.
23 A Bıblia ´ ˜ ´
nao da detalhes daquele encontro comovente; o
que aconteceu ficou apenas entre Jesus e Pedro. Mas podemos ima-
ginar como Pedro deve ter ficado emocionado de ver seu amado
Senhor vivo novamente e de ter a oportunidade de expressar sua
profunda tristeza e arrependimento. O que Pedro mais queria era
ser perdoado. Quem pode duvidar que Jesus realmente o perdoou?
˜
Os cristaos que hoje cometem algum erro precisam se lembrar do
´
caso de Pedro. Nunca devemos concluir que estamos alem do al-
˜
cance do perdao divino. Jesus imita perfeitamente seu Pai, que
´
“perdoara amplamente”. — Isa. 55:7.
˜
Mais uma prova de perdao
24 ´ `
Jesus disse a seus apostolos para irem a Galileia, onde se en-
contrariam de novo com ele. Quando chegaram, Pedro decidiu ir
˜ ´
21. Visto que estava reunido com seus irmaos espirituais, que notıcia Pedro
ouviu?
´ ´ ˜
22. O que fez com que todos os vestıgios de tristeza e de duvida no coraçao
de Pedro desaparecessem?
˜
23. Por que os cristaos que hoje cometem algum erro precisam se lembrar do
caso de Pedro?
24, 25. (a) Descreva a noite de pesca de Pedro no mar da Galileia. (b) Como
˜
202 Pedro reagiu ao milagre de Jesus na manha seguinte?
ELE APRENDEU A SER PERDOADOR COM O SEU MESTRE

pescar no mar da Galileia. Outros foram com ele. Pedro estava no-
vamente no lago onde havia passado boa parte de sua vida. O ran-
´
ger do barco, o barulho das ondas, o toque aspero das redes em
˜
suas maos, tudo isso fazia com que ele se sentisse em casa. Mas,
˜
durante toda aquela noite, os homens nao pegaram nenhum pei-
˜
xe. — Mat. 26:32; Joao 21:1-3.
25 No entanto, ao amanhecer, alguem´
na praia chamou os pes-
cadores, dizendo para lançarem as redes do outro lado do barco.
˜ ´
Eles fizeram isso e pegaram 153 peixes! Pedro nao tinha duvidas
´
de quem era aquela pessoa. Pulou do barco e nadou ate a costa.

Pedro pulou do barco


´
e nadou ate a costa

203
´
IMITE A SUA FE  PEDRO

´ ˜
Na praia, Jesus ofereceu a seus amigos fieis uma refeiçao de peixe
˜ ˜
grelhado na brasa, e voltou sua atençao para Pedro. — Joao 21:4-14.
26 Jesus perguntou a Pedro se ele amava seu Senhor “mais do

que estes” — pelo visto apontando para a grande quantidade de


´
peixes. Sera que o amor de Pedro pela pesca seria mais forte do que
seu amor por Jesus? Assim como Pedro tinha negado seu Senhor
ˆ
tres vezes, Jesus lhe deu a oportunidade de confirmar seu amor
ˆ ˜ ˆ
tres vezes perante seus irmaos. Nas tres vezes, Jesus lhe disse como
`
demonstrar esse amor: por colocar o serviço sagrado a frente de to-
das as outras coisas, alimentando, fortalecendo e pastoreando o re-
´ ˜
banho de Cristo, seus seguidores fieis. — Luc. 22:32; Joao 21:15-17.
27 Jesus confirmou assim que Pedro ainda era util ´
para ele e
˜
para seu Pai. Sob a direçao de Cristo, Pedro desempenharia um pa-
˜ ˜ ´ ´
pel importante na congregaçao. Nao ha duvida de que Jesus o ti-
´
nha perdoado plenamente! Com certeza, essa misericordia tocou
˜
o coraçao de Pedro e o influenciou por toda a sua vida.
28 Pedro cumpriu fielmente sua designaçao ˜
por muitos anos.
˜
Ele fortaleceu seus irmaos, assim como Jesus havia ordenado na
´
vespera de sua morte. Pedro era amoroso e paciente ao pastorear
˜
e alimentar os seguidores de Cristo. O homem chamado Simao vi-
`
veu a altura do nome que Jesus tinha lhe dado — Pedro, ou Ro-
´ ´
cha —, tornando-se uma força estavel, poderosa e confiavel para a
˜
congregaçao. Isso pode ser visto muito bem nas duas cartas calo-
rosas que Pedro escreveu e que se tornaram dois livros valiosos da
´ ´
Bıblia. Essas cartas tambem mostram que
˜
Pedro nunca se esqueceu da liçao que Jesus
ˆ ˜
tinha lhe ensinado sobre perdao. — Leia
PARA VOCE PENSAR . . .
1 Pedro 3:8, 9; 4:8.
˙ Como Pedro mostrou um con- 29 Essa liçao ˜ ´
tambem serve para nos.
´
˜
ceito distorcido sobre o perdao? ´
Sera que diariamente pedimos a Deus que
˙ De que maneiras Pedro testou perdoe nossos muitos erros? Sera que acei-
´
˜ ˜
o perdao de Jesus? tamos esse perdao e acreditamos no poder
˙ Como Jesus mostrou que tinha ´
que ele tem de nos tornar limpos? E sera
perdoado Pedro? ˜ `
que perdoamos os que estao a nossa volta?
ˆ ´
˙ De que maneiras voce gostaria Se fizermos isso, imitaremos a fe de Pedro
´ ´
de imitar a fe de Pedro e a mi- — e a misericordia de seu Mestre.
´
sericordia de Jesus?
26, 27. (a) Que oportunidade Jesus deu a Pedro
ˆ
tres vezes? (b) Que prova Jesus deu de que tinha
perdoado Pedro plenamente?
`
28. Como Pedro viveu a altura do seu nome?
´
29. Como podemos imitar a fe de Pedro e a mise-
´
204 ricordia de seu Mestre?
˜
Conclusao

´ ˆ
‘Sejam imitadores daqueles que pela fe e pela paciencia
herdam as promessas.’ — HEBREUS 6:12.

´ ´ ´
A FE e uma palavra bonita, que representa ele forneceu exemplos para imitarmos. Jeova
´
uma qualidade muito atraente. Mas, quando inspirou o apostolo Paulo a escrever: ‘Sejam
´
vemos ou ouvimos essa palavra, devemos imitadores daqueles que pela fe e pela pa-
˜ ˆ
pensar em outra: “Urgente!” Afinal, se nao ciencia herdam as promessas.’ (Heb. 6:12)
´ ´ ˜ ´
temos fe, precisamos urgentemente adquiri-la. E e por isso que a organizaçao de Jeova nos
´ ´ incentiva a nos esforçar para imitar o exem-
E, se ja temos fe, precisamos urgentemente
ˆ ´ ˆ ´
protege-la e alimenta-la. Por que? plo de homens e mulheres de fe, como os que
2 Imagine que voceˆ esteja atravessando consideramos neste livro. Mas o que devemos
ˆ fazer agora? Temos de nos lembrar de duas
um enorme deserto. Voce precisa desespera-
´ coisas: (1) precisamos continuar a fortalecer
damente de agua. Quando a encontra,
ˆ ´ ´
precisa protege-la do sol. Tambem precisa nossa fe; (2) precisamos manter nossa espe-
´ rança bem viva na mente.
reabastecer seu suprimento de agua para
´ ˆ 4 Continue a fortalecer sua fe. ´ ´
que ela dure ate que voce chegue ao seu A fe tem
´
destino. Hoje, vivemos num deserto espiri- um grande inimigo — Satanas. O governante
´ do mundo transformou o sistema em que vi-
tual, um mundo onde a verdadeira fe — como
´ ´ ´ ´ ´
aquela agua — e rara e tende a evaporar rapi- vemos num deserto onde e difıcil manter a fe.
´ ´ ´
damente a menos que seja protegida e rea- Ele e muito mais forte do que nos. Sera que
´ devemos perder as esperanças de que conse-
bastecida. Nossa necessidade e urgente;
˜ ´ ´
assim como nao podemos viver sem agua, guiremos desenvolver e fortalecer nossa fe?
˜ ´ ´
nao podemos sobreviver espiritualmente Jamais! Jeova e o grande Amigo de todos os
´ ´
sem fe. — Rom. 1:17. que buscam a verdadeira fe. Ele nos garante
3 Jeova´ sabe que precisamos urgentemente que, com ele ao nosso lado, podemos nos
´ ´ ´ ˆ ´
de fe, e sabe como e difıcil desenvolve-la e opor ao Diabo e ate fazer com que ele fuja de
ˆ ´ ´ ´ ´
mante-la hoje. Sem duvida, e por isso que nos! (Tia. 4:7) Nos nos opomos ao Diabo por
´ ´
tirar tempo todo dia para fortalecer e desen-
1, 2. Por que e vital desenvolver fe? Ilustre. ´
´ volver nossa fe. Como?
3. O que Jeova forneceu para nos ajudar a desen-
´ ´ ´
volver fe, e de que duas coisas temos de nos 4. Como Satanas tem sido um inimigo da fe, mas
˜
lembrar? por que nao devemos perder as esperanças?

206
5 ´ 7 ´ ´
Como vimos, os homens e mulheres fieis Tambem fortalecemos nossa fe por meio
´ ˜ ´ ˜ ´ ´
mencionados na Bıblia nao nasceram com fe. de açoes. Afinal, “a fe sem obras esta morta”.
´ ´
Eles se tornaram uma prova viva de que a fe e (Tia. 2:26) Imagine como os homens e mu-
´ ´ ´
produzida pelo espırito santo de Jeova. (Gal. lheres que consideramos ficariam felizes se
´
5:22, 23) Eles oraram pedindo ajuda, e Jeova fossem designados para fazer o trabalho que
´ ´
continuou a fortalecer a fe deles. Façamos Jeova nos designou para fazer hoje!
´ ˜
como eles, nunca nos esquecendo que Jeova 8 Por exemplo, e se Abraao ficasse sabendo
´ ´ ´ ˜
da generosamente seu espırito aos que o pe- que poderia adorar a Jeova, nao em altares
˜ ´
dem e agem em harmonia com suas oraçoes. rusticos de pedra erguidos no deserto, mas
(Luc. 11:13) O que mais podemos fazer? entre grupos organizados de outros servos de
6 Neste livro, consideramos apenas alguns ´ ´ ˜
Jeova em confortaveis Saloes do Reino e em
´ ´ ´
exemplos de notavel fe. Ha muitos, muitos ou- grandes congressos, onde as promessas que
` ˜
tros! (Leia Hebreus 11:32.) Cada um — a sua ele viu apenas “de longe” sao analisadas e
´ ´
propria maneira — fornece bastante materia explicadas com fascinantes detalhes? (Leia
˜
para estudo profundo e meditaçao. Se sim- Hebreus 11:13.) E se Elias ficasse sabendo que
plesmente lermos com pressa os relatos ˜
seu trabalho envolveria, nao executar perver-
´ ´ ˜
bıblicos sobre pessoas de fe, nao desenvol- sos profetas de Baal enquanto tentava servir
´ ´ ´
veremos uma fe forte. Para nos beneficiar a Jeova durante o reinado de um rei apostata
plenamente da leitura, precisamos gastar tem- e mau, mas visitar pacificamente as pessoas
po pesquisando a fundo o contexto e o fundo para lhes transmitir uma mensagem de conso-
´ ´ ˜
historico dos relatos bıblicos. Se sempre nos lo e esperança? Nao acha que os homens e
lembrarmos que esses homens e mulheres ´ ´
mulheres de fe mencionados na Bıblia teriam
imperfeitos tinham “sentimentos iguais aos aproveitado prontamente a oportunidade
´ ´
nossos”, o exemplo deles se tornara mais real de adorar a Jeova assim como fazemos hoje?
´ ˜ ´
para nos. (Tia. 5:17) Por nos colocar no lu- 9 Entao, continuemos a fortalecer nossa fe
gar deles, podemos imaginar como eles se ˜
por meio de açoes. Ao fazer isso, estaremos
sentiriam ao enfrentar desafios e problemas ´
pondo em pratica o que aprendemos do
similares aos nossos. ´
exemplo dos homens e mulheres de fe
´ ´
5. Como os homens e mulheres fieis mencionados 7-9. (a) Como alguns homens e mulheres de fe dos
´ ´ ´
na Bıblia adquiriram fe? Explique. tempos bıblicos se sentiriam se pudessem adorar a
´ ´
6. Como podemos nos beneficiar plenamente do Jeova assim como nos hoje? (b) Por que devemos
´ ´ ˜
estudo de relatos bıblicos? fortalecer nossa fe por meio de açoes?

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˜
CONCLUSAO

mencionados na inspirada Palavra de Deus. 12 Do mesmo modo, veja algumas pergun-


˜ ˆ `
Conforme mencionado na Introduçao, ficare- tas que voce talvez queira fazer as mulheres
mos cada vez mais achegados a eles como ´ ˜
de fe que serao ressuscitadas: “Rute, o que
˜ ˆ
amigos. No entanto, essas amizades poderao motivou voce a se tornar adoradora de
se tornar muito mais reais em breve. ´ ˆ
Jeova?” “Abigail, voce ficou com medo de
10 Mantenha sua esperança bem viva na ˆ
´ contar a Nabal que voce ajudou Davi?” “Ester,
mente. Homens e mulheres de fe sempre ˆ
o que aconteceu com voce e Mordecai depois
encontraram forças na esperança dada por ´
ˆ ´ do que lemos na Bıblia?”
Deus. Voce tambem? Por exemplo, imagine ´
13 E claro que aqueles homens e mulheres
´
a alegria de encontrar os servos fieis de Deus ´
˜ de fe talvez tenham muitas perguntas para
quando eles voltarem a viver na ‘ressurreiçao ˆ ´ ´
voce tambem. Como sera empolgante contar
dos justos’. (Leia Atos 24:15.) Que perguntas ´
ˆ a eles sobre os emocionantes ultimos dias e
voce gostaria de fazer a eles? ´
11 Quando voceˆ encontrar Abel, ficara´ curio- como Jeova abençoou seu povo em tempos
´ ´ ˜
so para perguntar como eram os pais dele? difıceis! Sem duvida, eles ficarao muito como-
ˆ ´
Ou talvez lhe pergunte: “Voce chegou a falar vidos de saber como Jeova cumpriu todas as
˜
com aqueles querubins que guardavam o ca- suas promessas. No futuro, nao precisaremos
´ mais imaginar como eram os servos leais de
minho para o Eden? Eles disseram alguma
´ ˆ ´ ´
coisa?” No caso de Noe, voce talvez lhe per- Jeova mencionados no registro bıblico. Eles
ˆ ˜ ´ ´
gunte: “Voce chegou a ter medo dos nefilins? estarao la conosco, no Paraıso! Assim, conti-
Como cuidou de todos os animais enquanto nue fazendo tudo o que puder agora para
˜ ˆ
estavam na arca?” Se encontrar Abraao, pode- tornar essas pessoas reais para voce. Continue
´ ˆ ´ ˆ
ra perguntar: “Voce teve algum contato com a imitar a sua fe. Que voce sinta alegria em
ˆ ´ ´ ˆ
Sem? Com quem voce aprendeu sobre Jeova? servir a Jeova junto com elas e que voces
´
Foi difıcil deixar Ur?” sejam bons amigos para sempre!
´
10. Que alegria teremos no Paraıso? 13. (a) Que perguntas os ressuscitados talvez te-
ˆ ˆ ˆ
11, 12. No novo mundo, que perguntas voce talvez nham para voce? (b) Como voce se sente a respeito
´ ˜
faça a (a) Abel? (b) Noe? (c) Abraao? (d) Rute? da perspectiva de encontrar homens e mulheres
´
(e) Abigail? (f) Ester? fieis do passado?

˜
Gostaria de obter mais informaçoes?
´
Contate as Testemunhas de Jeova pelo site www.jw.org

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