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Material de Apoio – Leitura Necessária e Obrigatória

História da Umbanda – EAD – Curso Virtual


Ministrado por Alexandre Cumino

Texto 2.01

Origem Mágica
Boa parte dos autores umbandistas afirmam que Umbanda é magia, encontrando na mesma o sentido e a
origem de ser da religião.
O que fundamenta esse raciocínio é a larga utilização de elementos mágicos e rituais nas práticas
umbandistas. Observamos desde trabalhos mais requintados, sugeridos pela literatura umbandista, até formas
mais populares de magia, como benzimentos, rezas fortes, passes (imposição de mãos), receitas de banhos e
chás. As entidades de Umbanda manifestam diferentes procedimentos para realizar sua magia, o que pode ser
justificado pela variedade cultural, que se mostra por meio de arquétipos assumidos por elas, como Caboclo,
Preto Velho, Baiano, Boiadeiro, Marinheiro, Orientais (chineses, hindus, persas e outros), Exus e Pombagiras.
A rigor, cada entidade tem a sua magia, no entanto, as práticas transitam entre xamanismo, pajelança,
magia afro ofertatória (relacionada com os Orixás e suas oferendas), teurgia (magia europeia) e o que se pode
chamar de Magia de Umbanda, práticas comuns a quase todas as entidades, como o uso de pontos riscados,
que consistem de signos e símbolos mágicos riscados no chão com um giz chamado “pemba”. Durante as
práticas, é combinado um conjunto de elementos, como velas, fumo, bebida, ervas, espadas punhais, pedras,
correntes, ponteiros e outros.
Leal de Souza, ao publicar a primeira obra de Umbanda, O Espiritismo, a magia e as sete linhas de
Umbanda, 1933, já chamava a atenção para a presença da Magia no título do livro. No capítulo XVI, “Os
atributos e peculiaridade da Linha Branca”, ele apresenta e explica alguns dos elementos utilizados nos rituais
de Umbanda e em sua magia:

Guia – É um colar de contas de cor simbólica de uma ou mais linhas. Fica, mediante o
“cruzamento”, em ligação fluídica com as entidades espirituais das linhas que representa. Desvia,
neutraliza ou enfraquece os fluidos menos apreciáveis. Periodicamente é lavado nas sessões, para limpar-
se da gordura do corpo humano, bem como dos fluidos que se lhe aderiram, e de novo cruzada.
Banho de descarga – Cozimento de ervas para limpar o fluido pesado que adere ao corpo, como um
suor invisível. O banho de mar, em alguns casos, produz o mesmo resultado.
Cachaça – Pelas suas propriedades, é uma espécie de desinfetante para certos fluidos; estimula
outros, os bons; atrai, pelas suas vibrações aromáticas, determinadas entidades, e outros a bebem
quando incorporados, em virtude de reminiscências da vida material.
Defumador – Atua pelas vibrações do fogo e do aroma, pela fumaça e pelo movimento. Atrai as
entidades benéficas e afasta as indesejáveis, exercendo uma influência purificadora sobre o organismo.
Ponto cantado – É um hino muitas vezes incoerente, porque os espíritos, que no-lo ensinam, o
compõem de modo a alcançar certos efeitos no plano material sem revelar aspectos do plano espiritual.
Tem, pois, duplo sentido. Atua pelas vibrações, opera movimentos fluídicos e, harmonizando os fluidos,
auxilia a incorporação. Chama algumas entidades e afasta outras.
Ponto riscado – É um desenho emblemático ou simbólico. Atrai, com a concentração que determina
para ser traçado, as entidades ou falanges a que se refere. Tem sempre uma significação e exprime, às
vezes, muitas coisas, em poucos traços.
Ponteiro – É um punhal pequeno, de preferência com cruzeta na manga, ou empunhadura. Serve
para calcular o grau de eficiência dos trabalhos, pois as forças fluídicas contrárias, quando não foram
quebradas, o impedem de cravar-se, ou o derrubam, depois de firmado. Tem, ainda, a influência do aço,
no tocante ao magnetismo e à eletricidade.
Pólvora – Produz, pelo deslocamento do ar, os grandes abalos fluídicos.
Pemba – Bloco de giz. Usa-se para desenhar os pontos. Esses recursos e meios não são usados
arbitrariamente em qualquer ocasião, nem são necessários nas sessões comuns. A pólvora, por exemplo,
só deve ser empregada em trabalhos externos, realiza- dos fora da cidade, ao ar livre. Nos últimos anos,
os guias não têm permitido que os centros ou tendas guardem ou possuam em suas sedes cimba, punhais
ou pólvora, concorrendo, com suas instruções, para que sejam obedecidas as ordens das autoridades
públicas.

No mesmo livro, o autor apresenta um capítulo chamado “A Magia Negra”, em que dá algumas
explicações sobre magia e coloca a Umbanda como uma forma de combater a Magia Negra.
Considerando que Leal de Souza se inicia na primeira tenda de Umbanda, a TENSP, entendemos que a
prática de magia, de forma explícita, sempre foi uma característica da religião, que faz justificar a presença
de alguns elementos e símbolos mágicos na ritualística.
Capitão Pessoa foi também iniciado e preparado por Zélio de Moraes na TENSP, e, mais tarde, viria a se
tornar dirigente espiritual e sacerdote responsável pela Tenda Espírita de Umbanda São Jerônimo, uma das
sete tendas fundadas e mantidas diretamente pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas. No texto abaixo, de sua
autoria, “Umbanda, a magia e os seus mistérios”, podemos observar a importância que, desde sempre, teve e
tem a Magia para a prática de Umbanda, e a própria Umbanda como religião e magia:

Antes de mais nada: o que é a magia?


Para os letrados do século em que vivemos é superstição grosseira, ignorância e exploração da
credulidade humana.
Mas, nós que lidamos com a magia, que a realizamos, que vemos os seus milagres diários, sabemos
que magia é a ciência da vida e da morte, é a ciência do bem e do mal, é a arte magna que nivela o
homem aos deuses.
O que a Umbanda faz é reviver para uma multidão aquilo que sempre se praticou nos mistérios dos
santuários e para um pequeno número de privilegiados [...].
Há cerca de 40 anos venho diariamente dedicando parte do meu tempo a estudar as coisas da
magia, que tanto me seduzem, e cada dia que se passa, ao desvendar novos segredos, ao aprender a
aplicação de novas fórmulas, mais me espanto de ver o quão pouco me foi dado saber de uma ciência tão
difícil e tão intrincada! Porque quanto mais aprendemos mais se desdobram as perspectivas de novos
mistérios a desvendar nessa arte de tão difícil manejo [...].
Não é impunemente que se penetra nos mistérios da magia e à entrada do sagrado recinto onde ela
se realiza devia haver um anjo com espada de fogo que fizesse recuar os inconscientes que tentassem
nele penetrar! [...].
Temos orgulho em mais uma vez repetir que somos uma religião de magos. Somos umbandistas e a
nossa missão é fazer a boa magia, a magia divina, com o único objetivo de fazer a caridade [...].

Lourenço Braga, 1941, vem por meio de sua literatura trabalhar a relação entre Magia e Umbanda,
apresentando os fundamentos da Umbanda como Espiritismo e Magia Branca. Entre os seus títulos está
Umbanda e Quimbanda, Os mistérios da Magia (um romance) e Trabalhos de Umbanda ou Magia Prática:

Devemos dividir o Espiritismo, como ele é, na verdade, em três partes, a saber:


Lei de Kardec:
Espiritismo doutrinário, filosófico e científico Lei de Umbanda:
Espiritismo – Magia
Branca
Lei de Quimbanda:
Espiritismo – Magia Negra.
Depois de haver publicado os livros Umbanda e Quimbanda e Os mistérios da Magia resolvi,
atendendo aos apelos de um grande número de praticantes do espiritismo, escrever o presente livro
[Trabalhos de Umbanda ou Magia Prática], com o propósito de transmitir aos leitores conhecimentos
sobre o modo de praticar a Magia Branca.

No livro Os mistérios da Magia, o autor romanceia a história de uma família que sofre as consequências
negativas de uma magia negra feita por alguém que queria se “vingar” por não ter recebido a mão da filha de
tal família. Depois de muitas tragédias, conseguem ajuda por meio da Umbanda, Magia Branca, onde são
desfeitos os efeitos negativos da magia negra. É também um livro doutrinário, que visa esclarecer o que é
Umbanda e suas sete linhas, na visão de Lourenço Braga.
Rubens Saraceni, médium, sacerdote e autor umbandista, esclarece:

A Umbanda tem na sua base de formação os cultos afros, os cultos nativos, a doutrina espírita
kardecista, a religião católica e um pouco da religião oriental (Budismo e Hinduísmo) e também da
magia, pois é uma religião magística por excelência, o que a distingue e a honra, porque dentro dos seus
templos a magia negativa é combatida e anulada pelos espíritos que neles se manifestam, incorporando
nos seus médiuns.
Dos elementos formadores das bases da Umbanda surgiram as suas principais correntes religiosas,
as quais interpretamos assim:
1ª corrente – Formada pelos espíritos nativos [...].
2ª corrente – Os cultos de nação africana [...].

3ª corrente – Formada pelos kardecistas [...].
4ª Corrente – A magia é comum a toda a humanidade, e as pessoas recorrem a ela sempre que se
sentem ameaçadas por fatores desconhecidos ou pelo mundo sobrenatural, principalmente pelas
atuações de espíritos malignos e por processos de magia negra ou negativa.
Dentro da Umbanda, o uso da magia branca ou magia positiva se disseminou de forma tão
abrangente que se tornou parte da religião, sendo impossível separar os trabalhos espirituais puros dos
trabalhos espirituais mágicos [...].
[...] Magia é o ato de evocar poderes e Mistérios Divinos e colocá-los em ação, beneficiando-nos ou
aos nossos semelhantes [...].
Magia é o ato de ativar ou desativar mistérios de Deus.
Magia é a “manipulação” mental, energética, elemental e natural de mistérios e poderes Divinos.
Magia é o ato de, a partir de um ritual evocatório específico, ativar energias e mistérios que, só
assim, são colocados em ação.
Magia é um procedimento paralelo aos religiosos ou, mesmo, parte deles [...].
[...] A Magia Divina é dividida em duas vertentes: uma religiosa e outra energética.
Na magia religiosa, os orixás são evocados quando são oferendados em seus santuários naturais, e o
ritual é um ato religioso, revestido de preceitos e posturas religiosas por quem o realiza.
Na magia energética, os orixás são ativados a partir de uma escrita mágica ou grafia de pemba, e
são usados elementos mágicos específicos.
Na magia religiosa, as velas são usadas para iluminar as oferendas propiciatórias e como sinal de
respeito e de reverência às divindades às quais elas são consagradas e firmadas.
Na magia energética, as
velas são apenas mais um dos elementos mágicos usados pelo médium magista e não têm sentido de
iluminar algo, mas sim se destinam a projetar ondas energéticas ígneas que queimarão egrégoras e
energias negativas, etc.
Comentar os poderes mágicos individuais é mostrar a todos em geral, e a cada um em particular,
que todos nós somos portadores de “dons” que nos tornarão aptos a ativar processos mágicos positivos
em favor dos nossos semelhantes, bastando para tanto que nos coloquemos em uma vibração e grau
consciencial afim com os regentes dos dons.
Um médium, ao colocar o nome de alguém junto à imagem simbólica de um Orixá sagrado, já está
realizando a ativação dos poderes daquele Orixá, pois a sua fé o moveu.
Este é o princípio da magia!
Nos trabalhos de caridade espiritual, realizados nos centros de Umbanda, tudo é magia. Ela vai
desde as baforadas de fumaça até o estalar de dedos; desde defumações até os cantos dos pontos de
chamada para o trabalho. Tudo é mágico na Umbanda.

Rubens Saraceni é o umbandista que mais atenção dedicou à magia, dentro e fora da Umbanda. Além da
literatura, ele formou o Colégio Tradição de Magia Divina, no qual prepara as pessoas (umbandistas ou não)
para a prática de Magia Divina.
Não faltam autores para defender a magia na Umbanda, sendo a religião rica em elementos e
procedimentos mágicos.
Poderíamos nos estender citando a Magia como origem para quase todas as religiões, na busca pelas
tradições místicas e mágicas originais das mesmas, invocando Cabala, Sufismo, Gnose, Alta Magia, Teurgia,
Wicca, Druidismo, Xamanismo, etc. Poderíamos ainda nos deter nos impressionantes fatos narrados na Bíblia,
que podem ser também considerados práticas de Magia, como os grandes feitos de Moisés, a arte dos profetas
ou a expulsão de espíritos; sem nos esquecermos dos três primeiros “cristãos”, os três reis magos vindos do
Oriente. E não seria magia, também, o Espiritismo visto pelos olhos da Santa Inquisição? Fica assim essa
reflexão em aberto para se pensar mais sobre o que é magia e como praticá-la dentro ou fora da Umbanda.

Texto do livro História da Umbanda, Editora Madras, Alexandre Cumino. Direito autoral resguardado por
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