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Validação de Escala para Mensurar Resiliência por Meio da Teoria de Resposta ao Item
(TRI)

Autoria: Paulo Yazigi Sabbag, Plinio Bernardi Jr., Rafael Goldszmidt, Felipe Zambaldi

Resumo

Este artigo apresenta a validação de uma escala para medir resiliência servindo-se da Teoria
de Resposta ao Item (TRI). Empreendedores e gerenciadores de projetos usualmente
enfrentam eventos estressores, crises e resistência a mudanças, e a resposta a mudanças
envolve atitudes multidimensionais como cognição, emoções e comportamentos, podendo
reduzir efeitos potencialmente estressores nos indivíduos e promovendo a resiliência, ou a
capacidade de enfrentar resistências episódicas ou contínuas (Weick & Quinn, 1999). A
resiliência geralmente é associada a emoções positivas mesmo durante adversidades (o que
não significa a eliminação de emoções negativas) e à flexibilidade, levando a diversas
estratégias de enfrentamento, como resolução de problemas, abertura para apoio social,
redefinição da situação, redução de tensão e busca proativa de informação. Neste trabalho,
desenvolveu-se um instrumento de medida de resiliência que foi aplicado a estudantes de um
programa de educação continuada em Administração com conteúdo especificamente voltado
ao gerenciamento de projetos. Foram coletadas 1436 questionários completamente
preenchidos. A criação de questões para formar a escala de resiliência baseou-se em escalas
previamente validadas, adaptadas ao contexto brasileiro. O instrumento foi composto por 40
questões relacionadas a 11 construtos teoricamente identificados: Otimismo, Proatividade,
Auto-estima, Auto-eficácia, Flexibilidade, Controle de Emoções, Controle de Impulsos,
Empatia, Tenacidade, Improviso, Autonomia. O traço latente associado à resiliência que se
supunha permear as respostas coletadas se associa à crença proativa na possibilidade de agir
com eficácia. Por meio da aplicação da Teoria de Resposta ao Item (TRI), nove questões
foram removidas do questionário, gerando uma escala com 31 questões. O instrumento de
medida gerado pela pesquisa poderá servir ao aprofundamento das análises sobre resiliência,
tendo em vista que os estudos sobre o tema ainda não contam com uma escala definitiva ou
amadurecida. O trabalho também revela que, embora endereçado pela teoria como
multidimensional, o conceito de resiliência pode ser medido pela captura de um único traço,
referente à crença proativa na possibilidade de agir eficazmente, que se associa a todas as
dimensões teorizadas sobre o fenômeno. Para a prática administrativa, o instrumento
desenvolvido pode auxiliar gestores e profissionais na obtenção de diagnósticos acerca da
resiliência e na verificação de suas relações com outras variáveis de interesse. O estudo
também apresenta contribuição metodológica, pois a utilização da TRI, ainda incipiente no
campo da administração, incorpora vantagens para a validação de escalas ao proporcionar o
cômputo de um escore que incorpora o poder de discriminação dos itens elaborados,
representando ganhos em termos de análise, interpretação e depuração de instrumentos de
medida.


 
 

Introdução

O objetivo deste trabalho é construir um instrumento de medida da resiliência, fator que


compõe a competência de gerenciadores de projetos ou, de maneira mais geral, de adultos que
enfrentam desafios e adversidades.
Empreendedores e gerenciadores de projetos usualmente enfrentam eventos estressores,
crises e resistência a mudanças. Qualquer projeto contém risco e incerteza (PMI, 2008), por
ser temporário, dirigido por objetivos, único, desafiador (por conta da escassez de recursos) e
por possuir escopo progressivamente elaborado. Nas organizações, projetos são usados para
promover diversos tipos de mudanças, de melhorias de processo a significativas
transformações, tais como novos produtos ou serviços, novos sistemas, mudanças culturais,
novos negócios, fusão, cisão e alteração societária. Projetos despertam resistência a mudanças
por parte de grande parte dos interessados (stakeholders).
Piderit (2000) aponta que uma resposta a mudanças envolve atitudes multidimensionais
(cognição, emoções e comportamentos), podendo minimizar os efeitos potencialmente
estressores nos indivíduos, e promovendo resiliência, que se refere à capacidade de enfrentar
resistências episódicas ou contínuas (Weick & Quinn, 1999).
O fenômeno da resiliência é observado em situações extremas, capazes de suscitar
perturbações no equilíbrio psicossocial do indivíduo. Refere-se, portanto, a situações
estressantes, eventos catastróficos ou traumáticos e mudanças significativas de vida. Antes
mesmo de ocorrerem essas situações, quando há desafio exagerado, ameaça ou risco premente
incomum, é possível perceber a resiliência operando sobre as maneiras de enfrentar essas
situações.
Há diferentes atitudes frente a situações estressantes em projetos: um indivíduo pode
proteger-se diante do porvir, pode lutar ou enfrentar (coping) a situação, pode mesmo adaptar-
se a ela, como também pode prosperar, explorando a situação como oportunidade de
crescimento pessoal. Todas essas atitudes são formas de resiliência.
Para alguns, o estresse nessas situações é inevitável. Em situações difíceis, um risco mal
gerido pode converter-se em crise, ocasião em que todos têm suas emoções negativas
exacerbadas, podendo sofrer perda de controle, ampliando o nível de estresse caso falte
resiliência. Desastres podem ocorrer durante a execução de um projeto, às vezes com vítimas.
Perdas afetam as emoções de vários modos. Trauma, estresse crônico e distúrbio do estresse
póstraumático (PTSD, sigla no inglês) são resultados indesejados, porque prejudicam o
indivíduo por muito tempo; às vezes, permanentemente. Nessas situações, a resiliência
desempenha importante papel: indivíduos resilientes são menos vulneráveis e recuperam-se e
mais rapidamente que os demais.
Não basta o domínio de técnicas de gestão para enfrentar desafios e crises em projetos;
as atitudes e comportamentos de indivíduos resilientes podem representar um diferencial na
conquista de sucesso nessas condições; como traço latente, não há escala validada para aferir
a resiliência. A relevância deste estudo deriva das seguintes premissas: a avaliação da
resiliência complementa a educação e desenvolvimento de gerenciadores de projetos e de
empreendedores. Este artigo apresenta o referencial teórico relativo à resiliência. Depois,
apresenta a metodologia adotada (a Teoria de Resposta ao Item, TRI), para então apresentar a
escala resultante dessa análise e suas conclusões.


 
 

Referencial teórico

A seguir apresenta-se a revisão de literatura desenvolvida neste trabalho, dividida em dois


tópicos: 1) a definição do conceito de resiliência; e 2) a apresentação de fatores que se
associam à resiliência.

Conceito de resiliência

Resiliência, no sentido etimológico, é um conceito usado desde 1620, derivado do latim


resilientia, derivado do verbo resilio (re + salio) com os significados de “saltar para trás”,
recuperar-se, voltar ao “normal”. Na Física, a resiliência é propriedade dos corpos elásticos,
que absorvem energia quando se deformam após a aplicação de força, e, quando cessa a força
aplicada, retornam à forma original, usando a energia armazenada. Quando a força é
excessiva, a deformação é permanente, o corpo deixa de ser elástico, torna-se plástico. Na
Engenharia, o estudo da resiliência é associado à resistência dos materiais; tensões repetidas
podem gerar fadiga, ou estresse, levando até mesmo ao colapso do material. Note o uso dos
termos: estresse como negativo, resiliência como atributo positivo.
Emprestado da Física e da Engenharia, há 30 anos o termo resiliência passou a ser
adotado na Psicologia, referindo-se, de início, à habilidade de recuperação após eventos
estressantes, traumas potenciais ou crises danosas. A associação metafórica com estresse,
flexibilidade, resistência (endurance) e colapso (burnout) é utilizada.
Mas na Psicologia o conceito ganha amplitude, envolvendo diferentes fenômenos
associados. Não apenas recuperar-se, mas conviver com a situação sem graves alterações
físicas, psíquicas e sociais. Não apenas recuperar-se ou passar “incólume”, mas também
proteger-se dessas possibilidades, não criando couraças, mas reduzindo a vulnerabilidade.
Bonanno (2003) define a resiliência como a habilidade de manter um equilíbrio psíquico
estável nessas situações. Ong, Bergeman e Chow (2010, p. 82) definem resiliência como um
“padrão de funcionamento indicativo da adaptação positiva no contexto de risco ou
adversidade”. Esse padrão de funcionamento resiliente inclui não apenas atributos de
personalidade do indivíduo, mas também atributos do contexto, os quais remetem a
estratégias de enfrentamento (coping) e habilidades sociais.
A resiliência é também conceituada como fenômeno organizacional (Powley, 2009); há
aquelas organizações que melhor enfrentam crises, mostram resistência (endurance) durante
os processos e crescem com elas, enquanto há outras cujo efeito de desastres e crises pode ser
devastador.
Schafer, Shippee e Ferraro (2009, p. 231) desenvolveram o conceito sociológico da
resiliência nas sociedades como algo que “endereça outros mecanismos para interromper ou
reverter o acúmulo de desvantagens e incorpora tanto o indivíduo afetado quanto o mundo
social”. Baixa resiliência faz acumular desvantagens, reduzindo o espectro de conquistas dos
indivíduos e da sociedade que eles compõem. Por exemplo, Hill (2000) reavalia o conceito de
resiliência na gestão de crises, explorando o sistema policial em países africanos.
Alterações climáticas, terrorismo, crises econômicas globais e outras condições indicam
que as sociedades, assim como as organizações, são expostas a riscos crescentes. Resiliência
torna-se um recurso crítico para indivíduos, organizações e sociedade enfrentarem esses tipos
de adversidade (Powley, 2009). O interesse pela resiliência e sua compreensão é crescente.


 
 

Fatores associados à resiliência

Durante a última década, a resiliência foi definida de várias maneiras: habilidade de


recuperar-se de estresse (Smith, Dalen, Wiggins, Tooley, Christopher and Bernard, 2008);
capacidade de adaptar-se a condições estressantes; capacidade de evitar doenças apesar de
significativa adversidade; capacidade de crescer, movendo-se a um nível superior após
eventos estressantes. Fraley e Bonanno (2004) consideram que a recuperação, como processo,
é diferente da adaptação a perdas.
A resiliência geralmente é associada a emoções positivas mesmo durante as
adversidades, mas isso não significa a eliminação de emoções negativas (Philippe, Lecours
and Beaulieu-Pelletier, 2009). Também é associada a flexibilidade, isto é, não rigidez. Outros
fatores individuais associam-se à resiliência, embora não exista consenso sobre eles. Dentre
os fatores mais estudados, agregados por similaridade, estão:

 Otimismo (Connor & Davidson, 2003; Smith et al., 2008; Reivich & Shatté, 2008),
Positividade (Hoopes & Keely, 2004; Ong et al., 2010) e Senso de Humor (Connor &
Davidson, 2003; Flach, 2004);
 Solidão existencial (Wagnild, 2009), entendida como a consciência de que cada pessoa é
única; Paciência e Fé (Connor & Davidson, 2003);
 Inteligência Pessoal (Mayer & Faber, 2010), como a compreensão de emoções, motivos,
auto-conceito e outras experiências internas e modelos mentais;
 Auto-eficácia (Connor & Davidson, 2003; Flach, 2004; Reivich & Shatté, 2008), Auto-
confiança (Wagnild, 2009) e Auto-estima (Flach, 2004), que fornecem ao indivíduo a
vitalidade para agir nas situações estressantes;
 Significância (Meaningfulness, em Wagnild, 2009), entendida como a compreensão de
que a vida tem propósito; Orientação Positiva ao Futuro (Skodol, 2010) e Foco (Hoopes
& Keely, 2004);
 Equilíbrio de Vida (Equanimity, em Wagnild, 2009) como uma perspectiva de vida
balanceada;
 Flexibilidade (Hoopes & Keely, 2004);
 Organização (Hoopes & Keely, 2004) ou Análise Causal (Reivich & Shatté, 2008), como
capacidade de planejar soluções;
 Proatividade (Hoopes & Keely, 2004) ou Criatividade (Flach,2004), como receptividade
a novas idéias;
 Controle de Emoções (Reivich & Shatté, 2008; Maddi & Koshaba, 2005);
 Empatia (Reivich & Shatté, 2008);
 Comprometimento (Maddi & Koshaba, 2005);
 Controle de Impulsos (Reivich & Shatté, 2008) ou Ego Resiliente (Skodol, 2010), como
atributos de personalidade que facilitam a adaptação a estressores a situações novas e à
modulação de impulsos;
 Persistência (Wagnild, 2009) ou Tenacidade (Hardiness), que Maddi e Koshaba (2005)
acreditam englobar alguns dos tópicos precedentes e são sintetizados como
comprometimento, controle e desafio.

A lista acima não inclui autonomia ou independência como pré-condição para a


proatividade e enfrentamento.
Os fatores pertinentes à análise da resiliência não se limitam a atributos de
personalidade; em termos de fatores externos que a afetam, foram estudados:


 
 

 Apoio Social (Powley, 2009; Maddi & Koshaba, 2005; Smith et al., 2008; Wallace et al.,
2001), que geralmente se refere a interações interpessoais que fornecem ajuda, afeto ou
afirmação, seja no contexto formal seja no informal;
 Rede de amigos e familiares (Flach, 2004);
 Aptidão para livrar-se de ressentimentos e perdoar outros, bem como a si mesmo (Flach,
2004);
 Generosidade e aptidão para dar e receber amor (Flach, 2004);
 Enfrentamento transformacional (Coping, para Maddi & Koshaba, 2005), como o uso de
mudanças estressantes em benefício próprio.

Na literatura, é consensual que os fatores externos são tão relevantes para a resiliência
quanto a personalidade. Por isso, o conceito de resiliência precisa ser compreendido em
função de eventos específicos. Havendo inúmeros eventos, as estratégias de enfrentamento
são diversas: resolução de problemas, abertura para apoio social, redefinição da situação,
redução de tensão, evitar problemas, busca proativa de informação e até a religiosidade
(Pereira, 2001).
Para alguns indivíduos, um evento pode causar estresse; para outros, o trauma potencial
pode ser evitado com um nível sadio de funcionamento físico e psíquico, demonstrando um
bem estar resistente. Para outros, até mesmo o crescimento pessoal é o produto de eventos
catastróficos.

Método
O método de pesquisa utilizado neste trabalho é apresentado em três partes, a seguir. A
primeira parte descreve o procedimento por meio do qual se construiu o instrumento de
medida testado; a segunda parte detalha a técnica de análise de dados empregada (a Teoria de
Resposta ao Item – TRI), com destaque a sua adequação e vantagens de uso no contexto
estudado; e a terceira parte informa sobre a amostra e a coleta de dados.

Desenvolvimento de escala para medir resiliência

A criação de questões para formar uma escala de resiliência para empreendedores e


gerenciadores de projeto baseou-se em escalas previamente validadas (Connor & Davidson,
2003; Hoopes & Keely, 2004; Maddi & Koshaba, 2005; Reivich & Shatté, 2008; Smith et al.,
2008) e adaptadas ao contexto brasileiro. O questionário assim formado foi complementado
com alguns itens, usando termos coloquiais, por exemplo: “eu agüento muita ‘pancada’ no
dia-a-dia do trabalho e da minha vida pessoal”.
A escala resultante tinha 40 perguntas, relacionadas a 11 construtos escolhidos:
Otimismo, Proatividade, Auto-estima, Auto-eficácia, Flexibilidade, Controle de Emoções,
Controle de Impulsos, Empatia, Tenacidade, Improviso, Autonomia (os dois últimos não
estudados na literatura). Cada construto foi composto por três frases positivas e uma negativa
ou reversa, em termos de resiliência. Cada frase foi avaliada em uma escala de Likert
variando de 1 (máxima concordância) a 5 (máxima discordância).
O traço latente associado à resiliência e que permeia as respostas fornecidas se associa à
crença proativa na possibilidade de agir ou de ser eficaz (Bandura & Locke, 2003), sendo
também um senso de competência, que porém não se confunde com confiança. A crença na

 
 

própria eficácia inclui não só a força de uma crença como a afirmação de uma capacidade e
está associado ao conceito de controle interno (internal locus of control). Por fim, opera sobre
a proatividade, flexibilidade, autonomia e habilidade de enfrentamento (coping) e, desse
modo, define-se o traço latente da resiliência.

Teoria de Resposta ao Item

Para validação da escala foi utilizada a Teoria de Resposta ao Item (Lord & Novick,
1968). Embora amplamente utilizada nos campos de Educação e Psicometria, sua aplicação
na Administração é ainda muito incipiente .
A Teoria de Resposta ao Item (TRI) permite que indivíduos que teriam o mesmo
escore por uma abordagem mais tradicional, tal como a análise fatorial confirmatória ou por
escores aditivos, porém com padrões de resposta distintos, apresentem diferentes valores de
resiliência. Dois indivíduos terão a mesmo grau de resiliência, pela TRI, apenas se
responderem todos os itens do teste de forma idêntica.
A TRI é uma teoria que modela a probabilidade de um indivíduo escolher uma
categoria de resposta ao item com as características do item (parâmetros dos itens) e as
características dos indivíduos (variáveis latentes não observáveis) (Lord & Novick, 1968).
Essa relação probabilística é matematicamente definida pela curva característica do item (Item
Characteristics Curve - ICC), uma regressão não linear da probabilidade de escolher uma
categoria como função de características do indivíduo e do item (Cheryshenko et al, 2001). A
TRI possui diversos modelos que diferem entre si pelo tipo e número de parâmetros
estimados, bem como sua adequação a diferentes tipos de dados.
O modelo utilizado nesta pesquisa envolve um único grupo, ou seja, uma amostra de
indivíduos de uma única população (Andrade et al, 2000). Também é utilizado o modelo para
itens não dicotômicos, devido a características dos itens da escala, com cinco categorias. Os
itens utilizados nessa pesquisa têm as suas categorias ordenadas, o que sugere a utilização do
modelo de resposta gradual de Samejima (1969), representado pela Equação 1, utilizado para
estimar as características dos itens dos modelos estudados, como a dificuldade e poder
discriminatório do item.
1
Pi ,k ( j )   Dai ( j bi , k )
(1)
1 e
Com i = 1, 2, ..., I, j = 1, 2,..., n e k = 0,1,..., m i ; onde:
Pi ,k ( j )
 é a probabilidade de um indivíduo j escolher a categoria k ou outra
mais alta do item i;
 b i ,k é o parâmetro de dificuldade da k-ésima categoria do item i e varia dentro
da restrição b k 1 < b k < b k 1
  j representa a habilidade (traço latente) do j-ésimo indivíduo.
 a i é o parâmetro de discriminação (ou de inclinação) do item i, com valor
proporcional à inclinação da Curva Característica do Item - CCI no ponto bi.
 D é um fator de escala constante e igual a 1. Utiliza-se o valor 1,7 quando se
deseja que a função logística forneça resultado semelhante ao da função ogiva
normal.


 
 

A variável latente subjacente aos indivíduos (  j ) pode ser definida neste estudo como
grau de Resiliência. Essa variável latente, expressa pela letra grega θ, é um construto
mensurado em um continuum unidimensional que explica a covariância entre as respostas dos
itens (Steinberg & Thissen, 1995). Indivíduos com altos níveis de θ possuem alta
probabilidade de “concordar” com um item.
As medidas b e θ estão na mesma escala e podem ser representadas graficamente
sobre um mesmo eixo. Assim, é possível que se usem os dados de forma prática e intuitiva
para a interpretação dos itens. Por exemplo, é possível identificar quais questões discriminam
indivíduos na escala inferior do traço latente ou na escala superior. Em uma avaliação, por
exemplo, isto seria equivalente a identificar quais questões são fáceis ou difíceis.
A principal vantagem da TRI na determinação da confiabilidade e poder
discriminatório de uma escala é não assumir que os testes têm igual poder de informação por
toda gama de possibilidade de escores. Ou seja, melhor que apresentar uma estimativa pontual
do erro padrão de medida a uma escala de grau de resiliência, como em abordagens mais
tradicionais, a TRI oferece uma função de informação para cada item, e o erro padrão do teste
funciona para indexar o grau de precisão das medidas ao longo de todas as possibilidades do
construto latente estudado (Lord, 1980).
A Teoria de Resposta ao Item pode ser usada também para a interpretação da
qualidade e da validade do uso das questões. Se algumas propriedades específicas não forem
satisfeitas, há sinais empíricos de que os itens podem ser eliminados. Como exemplo, se os
b´s das categorias de um item não estiverem em ordem crescente, já que se trata de escala
ordinal, isso significa que há problemas de interpretação e resposta do item e, portanto, ele
deve ser eliminado.
Outra vantagem da TRI refere-se a possibilidade de identificar a utilidade das questões
para mensurar o valor do traço latente dos indivíduos. O poder de discriminação de um item é
representado pelo parâmetro a e devem ser descartados aqueles itens com baixo poder de
discriminação (Thissen, 1986).

Amostra e dados
Um pré-teste foi aplicado com 92 estudantes graduados e matriculados em cursos
abertos de Gerenciamento de Projetos, a fim de refinar o questionário. A avaliação de
confiabilidade e a validação de conteúdo foram realizadas.
Em outubro de 2009 o questionário refinado foi aplicado a alunos graduados de um
curso aberto à distância de Administração, da Fundação Getulio Vargas. No início das aulas
da disciplina “Criação e Viabilidade de Projetos”, com 3707 alunos provenientes de 61
cidades, desde grandes centros urbanos como São Paulo e Rio de Janeiro, até cidades
pequenas e distantes de grandes centros (p. ex.: Pato Branco, Niquelândia, Catalão). Foram
obtidas 1512 respostas, das quais 1436 estavam completas.

Resultados e Discussão
Antes de utilizar o modelo TRI é necessário verificar se os pressupostos dessa teoria
são verificados na amostra pesquisada. O modelo proposto pressupõe a unidimensionalidade
do teste, isto é, a homogeneidade do conjunto de itens que supostamente devem estar medindo
um único traço latente. É razoável supor que qualquer desempenho humano é sempre
multideterminado ou motivado, pois mais de um traço latente se faz presente na execução de
uma tarefa. Entretanto, para satisfazer o pressuposto de unidimensionalidade é suficiente
admitir que haja uma habilidade dominante sendo medida. Esse fator é o que se supõe estar
sendo medido pelo teste (Andrade et al, 2000). Também há estudos sobre a robustez de

 
 

escalas polinomiais usando o software MULTILOG (Thissen, 1986) que investigam as


violações da unidimensionalidade e que concluem que, quando os dados são
multidimensionais, um teste com mais de 20 itens e uma amostra maior que 250 podem
recuperar a estabilidade da estimação dos parâmetros.
O outro pressuposto do modelo é que, para dada habilidade, as respostas aos diferentes
itens são independentes (pressuposto de independência local ou independência condicional).
Como a unidimensionalidade implica independência local, tem-se somente um e não dois
pressupostos a serem verificados (Andrade et al, 2000). Embora a teoria indique
subdimensões de resiliência, é possível considerar a existência de um traço predominante de
resiliência, como discutido no referencial teórico acerca da crença proativa na possibilidade
de agir ou de ser eficaz.
Serão apresentados na seqüência os estudos e as melhorias realizadas no instrumento
de escala utilizado. Para a análise dos dados, todas as questões foram colocadas na ordem
reversa à resiliência, ou seja, o maior número de pontos significa menor grau de resiliência.
O software MULTILOG (Thissen, 1986) foi usado para estimar o modelo gradual de
respostas. A adequação dos parâmetros obtidos de cada escala foi avaliada usando
procedimentos estatísticos. Como primeiro passo para a verificação dos itens do modelo, foi
analisado o parâmetro b. Como o modelo gradual de respostas pressupõe que os itens são
ordinais, efetuou-se a verificação dos itens quanto ao fato de apresentarem o parâmetro b
crescente. Todos os itens da escala foram mantidos por atenderem a essa regra.
A etapa seguinte consistiu em eliminar os itens que possuíam baixo poder de
discriminação (a). Adotou-se o critério de eliminar os itens com a < 0,50 (Thissen, 1986).
Como a eliminação de um item da escala pode resultar em alterações nos parâmetros dos itens
restantes, a cada eliminação foi realizada uma nova verificação dos parâmetros. Os Itens
eliminados por esse critério, pela ordem, estão apresentados na Tabela 1.

Tabela 1 - Itens eliminados da escala e valor do a


Item Questão a
Prefiro fazer coisas espontaneamente mais que de modo planejado, mesmo se isso
27 0,21
significa que posso não desempenhar tão bem
Depois de completar uma atividade, me preocupa se ela será negativamente
36 0,25
avaliada
26 Se eu decido que quero algo, vou e compro imediatamente 0,26
28 Prefiro situações onde posso cumprir o que foi antes pensado ou planejado 0,29
20 Sou mais confortável nas minhas rotinas estabelecidas 0,30
34 O que outros pensam sobre mim pouco me influencia 0,32
4 Raramente confio nas oportunidades que surgem 0,41
12 Eu escapo de problemas por meio de distrações, devaneios e atividades relaxantes 0,41
38 Gosto de criar ordem do caos e desenvolver sistemas efetivos 0,47
Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados

A análise do instrumento com o uso da TRI permitiu sua depuração ao indicar os itens
que deveriam ser eliminados. Parte deles foi retirada pelo seu baixo poder de discriminação,
ou seja, por serem desnecessários na escala. Dentre os nove itens retirados, seis

 
 

representavam questões “negativas”, com enfoque em características que denotam pouca


resiliência ou sua ausência: 4, 12, 20, 26, 28 e 36. Diante da presença usual de algum grau de
resiliência na população, conforme sugerido por Bonanno (2004), o reduzido poder de
discriminação desses itens pode ser explicado.
Foram mantidos os itens que constam da tabela 2.

Tabela 2 - Itens finais com parâmetros a e b

a b1 b2 b3 b4

1. Considero desafios como um bom modo de aprender e me 1.20 2.04 2.92 4.61 5.54
aprimorar
2. Quando enfrento uma situação difícil, eu confio que tudo dará 0.78 -0.82 0.53 4.09 5.36
certo
3. Sou o tipo de pessoa que vive para tentar realizar coisas novas 0.83 -0.55 0.66 4.10 5.93

4. Raramente confio nas oportunidades que surgem 0.65 -1.08 0.36 4.40 5.69

5. Sou aberto, criativo e confortável com paradoxos e 1.08 0.28 1.46 3.90 4.93
ambigüidades
6. Eu sinto que minha participação faz diferença e provoca 0.99 0.22 1.26 3.28 4.06
mudanças
7. Costumo enfrentar mudanças estressantes, tentando entendê-las 0.58 -0.16 1.07 4.04 5.34
e aprender com elas
8. Dizem que eu não interpreto bem eventos e situações 1.05 0.39 1.47 3.42 4.12

9. Eu confio em mim para descobrir como resolver problemas que 0.85 0.94 2.22 5.11 6.09
surgem
10. Considero o trabalho como importante e valioso, e isso garante 0.59 -0.06 1.45 5.12 6.36
minha atenção plena e esforço
11. Diante de problemas eu atuo, mesmo quando não tenho certeza 1.12 0.63 1.68 3.65 4.47
do resultado
13. Se minha primeira solução não funciona, tento outras soluções 0.84 0.21 1.24 3.61 4.62
até encontrar a que funciona
14. Tenho a visão clara do que quero alcançar e um propósito e 1.57 0.21 1.13 2.67 3.48
foco na vida
15. Acredito que tenho boa habilidade de enfrentamento e 0.71 0.27 1.36 3.46 4.35
respondo bem a desafios
16. Pessoas raramente me procuram para ajudá-las a resolver 0.58 -0.90 0.33 3.56 4.83
problemas
17. Tenho vínculos sociais fortes e me sinto confortável em 0.59 0.71 2.23 5.40 6.47
variadas situações sociais
18. Reconheço minha interdependência com outros e peço apoio 0.81 0.49 1.68 4.52 5.72
quando necessário
19. Sou considerado flexível e preservo pontes nos 0.60 -2.62 -1.05 2.48 3.78
relacionamentos porque isso é valioso
21. Posso controlar o modo como sinto, quando adversidades 0.54 -2.22 -0.56 2.52 3.84
ocorrem
22. Quando discuto questão “quente” com outros, sou capaz de 1.35 0.32 1.36 2.94 3.65
manter minhas emoções sob controle
23. Eu tento manter influência positiva sobre mudanças que 0.64 -0.23 1.05 3.53 4.71
ocorrem à minha volta
24. Sou quase incapaz de controlar emoções para ajudar a manter 0.57 0.03 1.75 4.87 6.26
foco na atividade


 
 

25. Quando surge um problema, penso em muitas soluções 0.70 -0.63 0.81 3.70 5.32
possíveis antes de tentar resolvê-lo
27. Prefiro fazer coisas espontaneamente mais que de modo
planejado, mesmo se isso significa que posso não desempenhar 0.63 -1.82 -0.21 3.32 4.66
tão bem
29. Olhando fisionomias, reconheço as emoções que outros 0.95 -0.23 0.96 3.02 3.90
experimentam
30. Se um colega está incomodado, eu tenho uma boa idéia dos 0.66 0.14 1.30 3.99 5.12
porquês
31. Quando colegas estão estressados por mudanças, eu expresso 1.07 0.78 1.61 3.49 4.31
solidariedade porque entendo as emoções envolvidas
32. Eu tendo a ficar arredio com colegas no trabalho, para 1.05 0.09 1.35 3.44 4.33
proteger-me dos impactos de mudanças
33. Minha vida é fruto das escolhas e decisões que tomo, e essa é 0.97 0.76 2.07 4.14 5.12
minha liberdade
35. Tentando resolver problemas, eu confio em minhas 0.54 -0.72 0.59 3.13 4.32
competências para compensar minhas fragilidades
37. Eu tento realizar planos, mas me sinto aberto a feedback para 0.72 0.85 1.77 3.73 4.49
reavaliar meus planos
39. Eu agüento muita “pancada” no dia-a-dia do trabalho e da 1.20 2.04 2.92 4.61 5.54
minha vida pessoal
40. Meus amigos me dizem que eu “desmonto” e perco o rumo 0.78 -0.82 0.53 4.09 5.36
quando o problema é grave

Na tabela 2, o parâmetro a indica o poder de discriminação dos itens. Neste sentido, se


destacam as questões 15, 23, 1, 13, 6, 33, 35, 9. Os itens 13 e 15 representam o constructo
auto-eficácia. Os itens 33 e 35 representam autonomia enquanto controle interno, cuja relação
com auto-eficácia é direta, assim como o item 9, relacionado à auto-confiança. Os itens 1, 6 e
23, por sua vez, denotam atração por desafios e por mudanças – esta aptidão parece derivar da
crença na eficácia pessoal. Em conjunto, esses itens confirmam o traço latente da resiliência
enquanto crença na capacidade de atuar sobre as adversidades.
O parâmetro b indica em que faixa da escala de resiliência a questão tem maior poder
de discriminação. A Figura 1 apresenta os resultados para a questão: “Acredito que tenho boa
habilidade de enfrentamento e respondo bem a desafios”. A probabilidade de observar cada
alternativa de resposta (k) como uma função do construto subjacente (θ) é representada pela
Curva Característica do Item (CCI) conforme indicado na Figura1 (A). A curva 1 indica as
probabilidades de um individuo com o escore θ escolher a alternativa “concordo totalmente”
dessa pergunta. A curva 2 indica as probabilidades para a categoria “concordo”, e assim para
as demais categorias da pergunta. Os parâmetros estimados para este item foram b1 = 0,27 ; b2
= 1,36; b3 = 3,46 ; b4 = 4,35 e a = 0,71. Os valores dos parâmetros b’s são crescentes.
Nesse exemplo, há aproximadamente 87% de probabilidade de que um indivíduo com
o nível de resiliência θ = -1 escolha a categoria 1 de resposta (“concordo totalmente”); 10%
de chance que ele escolha a categoria 2; 3% para a categoria 3 e, para as outras categorias, a
probabilidade é menor que 1%. Outro indivíduo com, nível θ = 0, por exemplo, possui 58%
de probabilidade de escolher a categoria 1; 27% para a 2; 13% para a 3; 1% para a 4 e menos
de 1% de probabilidade de escolher a categoria 5. O valor b1= 0,27 mostra o ponto onde a
probabilidade de escolher a alternativa 1 é 50%.
Da mesma forma que é possível entender as probabilidades de respostas dos
indivíduos, a mesma escala permite, pelo coeficiente b, que se tenha uma noção da
dificuldade média do item (b j ), o que permite a comparação com outros itens. Itens com
valores de b mais baixos permitem discriminar melhor entre indivíduos com mais resiliência
(em um teste de habilidades, seriam questões fáceis) enquanto valores de b mais altos
10 
 
 

permitem discriminar entre indivíduos com menor resiliência (questões difíceis). A questão 1,
por exemplo, com valores de b elevados, permite discriminar indivíduos na faixa de menor
resiliência, enquanto a questão 21 concentra seu poder de discriminação na faixa mais
resiliente.

Figura 1 - Informações sobre o item 15


A - Curva Característica do Item (CCI) B - Função de Informação do Item (FII)
Item Characteristic Curv e: 13 Item Information Curv e: 13
Graded Response Model
1
1.0 0.8

0.7
0.8
0.6

0.6 0.5
Probabili ty

Informati on
0.4

0.4
0.3

0.2
0.2

0.1
2 3 4 5
0 0
-3 -2 -1 0 1 2 3 -3 -2 -1 0 1 2 3
Ability Scale Score

Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados coletados

A TRI permite calcular o valor do traço latente para cada indivíduo (theta), o que
possibilita análises posteriores sobre características dos respondentes. A Figura 2 apresenta o
histograma de  para os 1436 respondentes.

Figura 2 – Histograma dos escores de resiliência

11 
 
 

Quanto maior o valor de theta, menor o grau de resiliência do indivíduo (como a escala
é invertida, significa maior valor negativo). Percebe-se que a distribuição de theta é
aproximadamente normal, com alguns pontos discrepantes. Os valores de theta podem ser
utilizados em análises posteriores que busquem, por exemplo, entender quais características
dos indivíduos os tornam mais resilientes.
 
Discussão e Considerações finais
A partir da adaptação de escalas previamente desenvolvidas para capturar diferentes
dimensões da resiliência, esta pesquisa apresentou um instrumento de medida válido e
parcimonioso, com reduzido número de indicadores. Este instrumento possibilitará o
aprofundamento de estudos futuros sobre resiliência por facultar sua aplicação em outras
amostras e contextos.
Os estudos sobre resiliência ainda não contam com uma escala definitiva e
amadurecida e, portanto, podem se beneficiar desta pesquisa, que oferece o ganho de se
extrair um único traço latente de um fenômeno multifacetado e dificilmente observado como
o estudado.
O instrumento aqui desenvolvido possui implicações acadêmicas por revelar que,
embora endereçada pela teoria como conceito multidimensional, a resiliência pode ser medida
pela captura de um único traço referente à crença proativa na possibilidade de agir ou de ser
eficaz, que se associa a todas as dimensões teorizados sobre o fenômeno.
Sob o ponto de vista da prática administrativa, o instrumento pode interessar a gestores
que precisam obter diagnósticos objetivos acerca da resiliência em suas equipes e
colaboradores. Também interessa aos profissionais que necessitam mapear suas habilidades e
competências diante de adversidades às quais possam ser expostos em seus ambientes de
trabalho, sobretudo ambientes com grande incidência de eventos estressantes e presença de
riscos, como aqueles que circundam profissionais envolvidos com gerenciamento de projetos.
A medida do grau de resiliência validada neste artigo pode configurar uma útil
ferramenta de diagnóstico na área de gestão de pessoas para fins de recrutamento, avaliação,
direcionamento de carreira ou ajustes de tarefas e funções. Neste sentido, confrontar o escore
de resiliência com o desempenho profissional de colaboradores pode ser um veio de pesquisa
prolífico em iniciativas de pesquisa futuras. Outra vertente pode ser a comparação dos índices
de resiliência de profissionais atuantes em diferentes contextos, responsáveis por diferentes
funções, de forma a identificar condições e práticas de trabalho mais propensas ao
desenvolvimento da resiliência ou mesmo alguma associação entre resiliência e funções ou
contextos específicos.
Outra sugestão para pesquisas futuras é investigar características relacionadas à
resiliência e buscar determinar sua importância no escore apresentado nesse estudo. De forma
semelhante, pesquisas futuras podem relacionar a escala de resiliência em relação à resistência
a mudanças, condição usualmente enfrentada por gerenciadores de projetos e
empreendedores.
Este estudo também apresenta uma contribuição metodológica em relação ao método
de validação de escalas empregados, ainda pouco difundido no campo da administração. O
uso da TRI mostrou que a escala desenvolvida é consistente e coerente. A utilização da TRI
incorpora vantagens sobre abordagens mais tradicionais de validação de escalas, pois
proporciona uma medida para um traço latente nos indivíduos considerando a dificuldade dos
itens elaborados, o que representa ganhos em análise e interpretação.

12 
 
 

Com o escore construído e os itens balanceados pela técnica de TRI, a nova escala
pode ser reaplicada possibilitando acompanhamento da variação do grau de resiliência ao
longo do tempo. Para expandir a análise para outras populações, basta que se mantenha um
número de itens da escala original já calibrados, não necessitando da reaplicação de todo o
questionário (Andrade et al, 2000).
Nesse sentido, há possibilidade de aplicar a escala em amostras probabilísticas para
fins de inferência. Como a Teoria de Resposta ao Item permite que sejam calculadas as
probabilidades de respostas por categoria de acordo com o escore obtido (no caso, o grau de
resiliência do indivíduo), poderia ser calculado um parâmetro de discriminação médio
ponderado por questão, permitindo assim a construção de um mapa de localização de cada
item em relação ao escore de resiliência e ao poder de discriminação de cada item.
A análise feita com auxílio das técnicas da TRI mostrou ainda que para boa parte dos
itens, existe uma predominância de escolhas de algumas categorias (categorias 1 e 3, no caso
estudado). Uma investigação relevante pode ser a verificação, item por item, da quantidade de
categorias necessárias para se aprimorar a calibração do modelo.

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