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Na verdade, após uma semana de trabalho, de alegrias e de tristezas, nós nos reunimos
na igreja para celebrar a Eucaristia, para celebrar a Páscoa, renovarmos a nossa fé neste
encontro real com Cristo que morreu e ressuscitou por nós! Ao ouvir a Palavra de Deus,
que é o próprio Cristo que nos fala, a nossa fé é iluminada e fortalecida. Ao comungar o
Pão eucarístico não apenas recordamos a presença de Jesus na última Ceia, mas
sentimo-Lo aqui vivo, no meio de nós. O entusiasmo é reacendido e partimos de novo a
anunciar Cristo, a ser o fermento, o sal e a luz de um mundo novo, com a certeza de que
Cristo jamais nos abandonará.
Ritos Iniciais
Os Ritos iniciais ajudam-nos a compreender que somos Igreja reunida. Todos nós, que
viemos de diversos lugares, respondemos ao convite de Deus que nos chamou para
fazermos parte desta grande assembleia dos filhos de Deus. Somos assim convidados
por Deus a predispormo-nos a abrir o nosso coração, a nossa razão, todo o nosso ser nas
duas grandes mesas da Palavra e do Altar. Eucaristia é o grande Dom de Deus à Sua
Igreja, a cada um de nós. Receber bem este Dom é o objetivo deste conjunto de gestos e
palavras, silêncios e interiorizações, atitudes e respostas que constituem esta parte
inicial da Eucaristia. Comecemos por falar do cântico de entrada. De pé, em posição de
alegria e júbilo, damos início à celebração cantando a uma só voz porque Deus está no
meio de nós! “Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, Eu estarei no meio
deles” (Mt 18,20) Todos juntos acolhemos os acólitos e o sacerdote que preside à
celebração em nome de Cristo. É Cristo que preside à festa, que nos fala e se entrega
por nós no altar; daí o beijo do padre, em nome de todos, ao altar no início como sinal
de veneração e saudação a Jesus Cristo. Depois da saudação ao altar, segue-se a
saudação da assembleia com o Sinal da Cruz. Sinal que recorda a cada cristão o grande
amor de Jesus: Ele dá a vida por nós. A celebração da Missa é encontro amoroso com
Deus em Jesus que por nós encarnou, morreu na cruz e ressuscitou glorioso.
Acto penitencial e Kýrie (Senhor tende piedade de nós). Na verdade se na Eucaristia se
torna presente o Mistério pascal, ou seja, a passagem de Cristo da morte para a vida,
então a primeira coisa que devemos fazer é reconhecer quais são as nossas situações de
morte para poder ressuscitar com Ele para a nova vida. Passar de uma vida tocada pelo
mal, pelo egoísmo e pela mentira para uma vida de amor! Assim, nos ensina o Papa:
“Ouvir em silêncio a voz da consciência permite reconhecer que os nossos pensamentos
estão distantes dos pensamentos divinos, que as nossas palavras e as nossas ações são
muitas vezes mundanas, isto é, guiadas por escolhas contrárias ao Evangelho. Cada um
confessa a Deus e aos irmãos “que pecou muitas vezes por pensamentos e palavras,
atos e omissões”. Sim, também por omissões, ou seja, que deixei de praticar o bem que
poderia ter feito. Sentimo-nos muitas vezes bons porque — dizemos — “não fiz mal a
ninguém”. Na realidade, não é suficiente não praticar o mal contra o próximo, mas é
necessário escolher fazer o bem aproveitando as ocasiões para dar bom testemunho de
que somos discípulos de Jesus.” Depois rezamos a Confissão, batendo duas vezes com a
mão no peito, sinal de reconhecimento dos nossos próprios pecados – é por minha culpa
-, humildemente nos confessamos pecadores, pedimos perdão, certos do amor
misericordioso de Deus. Com estes sentimentos, cantamos Senhor, Tende piedade de
nós! De seguida, rezamos ou cantamos o Glória: Deus é bom, grande é a sua
misericórdia! Por isso o louvamos e Lhe damos glória. Ao louvarmos a Deus pela Sua
santidade, sentimos o desejo de sermos santos como Ele. Depois do Glória, somos
convidados a fazer uns momentos de silêncio para tomarmos consciência que Deus está
connosco e apresentemos-Lhe as nossas preocupações e os nossos anseios. Sua
Santidade especifica: “Talvez tenhamos vivido dias de cansaço, de alegria, de dor, e
queremos dizê-lo ao Senhor, invocar a sua ajuda, pedir que esteja próximo de nós;
temos familiares e amigos doentes, ou que atravessam provações difíceis; desejamos
confiar a Deus o destino da Igreja e do mundo”. Então, o sacerdote dirige-se a Deus,
por Cristo, na unidade do Espírito Santo, numa oração, dita, colecta, que resume, por
assim dizer, as intenções que acabámos de pensar em silêncio. A essa oração
respondemos com o nosso ámen.
Pelo percurso feito, agora melhor compreendemos a importância dos ritos introdutórios:
é sua finalidade fazer com “que os fiéis reunidos formem uma comunidade e se
predisponham a ouvir com fé a Palavra de Deus e a celebrar dignamente a Eucaristia”.
Daí que o Papa persuada: “Não é um bom hábito olhar para o relógio e dizer: “Estou a
tempo, chego depois do sermão e assim cumpro o preceito”. A Missa começa com o
sinal da cruz (…) porque ali começamos a adorar Deus como comunidade. E por isso é
importante procurar não chegar atrasado mas, ao contrário, antecipadamente, a fim de
preparar o coração para este rito, para esta celebração da comunidade.”
Liturgia da Palavra
Liturgia Eucarística
Ritos da Comunhão
Um discípulo disse a Jesus Cristo: “Senhor, ensina-nos a rezar”. Foi então que o Senhor
ensinou o “Pai Nosso” aos seus apóstolos. Eis o momento de rezar esta bela oração, dita
dominical. Quando rezamos esta oração pedimos que o nome de Deus seja santificado,
que o seu reino cresça, que a Sua vontade se faça; pedimos que não nos falte o pão, não
só o alimento que nos ajuda a crescer fisicamente, mas o pão eucarístico, Jesus Cristo,
que nos ajuda a caminhar em direção ao Pai e que nunca nos abandona. Nesta oração
também pedimos o perdão das nossas faltas e nos comprometemos a perdoar.
Exprimimos na oração do Pai Nosso, que somos um povo de irmãos, com um Pai
comum. A oração e o gesto do abraço da Paz, que se seguem, expressam o nosso desejo
de viver em reconciliação com todos; tendo gestos de caridade, perdão e de bondade. A
paz que damos aos outros não é a nossa paz, mas sim a paz de Jesus Cristo: Ele é a
nossa Paz! Por sua vez, ao cumprimentarmos as pessoas que estão ao nosso lado (não é
preciso ir cumprimentar todas as pessoas ou então só aquelas que conhecemos!) é como
que cumprimentar toda a comunidade principalmente aqueles com quem nos damos
menos bem. É um gesto comprometedor!
Durante o cântico Cordeiro de Deus (no qual se pede o perdão e a paz), que nos
predispõe à participação do banquete eucarístico, o sacerdote faz a fracção do pão
eucarístico. Lembra o Papa: “cumprido por Jesus durante a última Ceia, partir o Pão é
o gesto revelador que permitiu aos discípulos reconhecê-lo depois da sua ressurreição.
Recordemos os discípulos de Emaús, os quais, falando do encontro com o Ressuscitado,
narram «como o tinham reconhecido ao partir o pão» (cf. Lc 24, 30-31.35). Cristo dá-
se a cada um de nós, assim nós comungando o mesmo Senhor, embora sejamos muitos,
tornamo-nos um só Corpo em Cristo Jesus que é a Igreja: uma Igreja servidora! Jesus é
o Cordeiro Imolado que tira o pecado do mundo. Na sua infinita misericórdia, Ele
desfaz tudo aquilo que impede a nossa felicidade. Deixemos que Ele actue em nós!
Na última Ceia, Jesus deu-se em alimento aos seus Apóstolos: “Tomai e comei!”. O
sacerdote (e os ministros extraordinários da comunhão) fazem o mesmo gesto de Jesus,
dando-nos o pão da Eucaristia. Felizes os convidados para a Ceia do Senhor… Senhor,
eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salvo!
Como o centurião romano, não somos dignos de O receber, mas Ele vem ao nosso
encontro e dá-nos uma vida nova, um espírito novo. Testemunha o Papa Francisco:
“Dizemos isto em cada Missa. Somos nós que nos movemos em procissão para receber
a Comunhão, caminhamos rumo ao altar em procissão para receber a Comunhão, mas
na realidade é Cristo que vem ao nosso encontro para nos assimilar a si. Há um
encontro com Jesus! (…) Cada vez que recebemos a Comunhão, assemelhamo-nos mais
a Jesus, transformamo-nos mais em Jesus. Do mesmo modo que o pão e o vinho são
transformados no Corpo e Sangue do Senhor, assim quantos os recebem com fé são
transformados em Eucaristia viva. Ao sacerdote que, distribuindo a Eucaristia, te diz:
«O Corpo de Cristo», tu respondes: «Amém», ou seja, reconheces a graça e o
compromisso que comporta tornar-se Corpo de Cristo. Pois quando recebes a
Eucaristia, tornas-te corpo de Cristo. Enquanto nos une a Cristo, arrancando-nos dos
nossos egoísmos, a Comunhão abre-nos e une-nos a todos aqueles que são um só nele.
Eis o prodígio da Comunhão: tornamo-nos aquilo que recebemos! (…) O fiel aproxima-
se normalmente da Eucaristia em forma processional, como dissemos, e comunga de
pé, com devoção; recebendo o sacramento na boca ou, onde for permitido, nas mãos,
como preferir. Após a Comunhão, o silêncio, a oração silenciosa, ajuda-nos a
conservar no coração o dom recebido. Prolongar um pouco aquele momento de
silêncio, falando com Jesus no coração, ajuda-nos muito, assim como cantar um salmo
ou um hino de louvor, que nos ajude a estar com o Senhor. A Liturgia eucarística é
concluída pela oração depois da Comunhão. Nela, em nome de todos, o sacerdote
dirige-se a Deus para lhe dar graças por nos ter tornado seus comensais e pede que
aquilo que recebemos transforme a nossa vida. A Eucaristia revigora-nos a fim de
darmos frutos de boas obras para viver como cristãos.”
Ritos de Conclusão
Depois de termos visto aos vários momentos da celebração da Eucaristia, chegamos por
fim aos Ritos de Conclusão. Participámos na celebração, formámos uma assembleia,
pedimos perdão, escutámos a Palavra e respondemos a Deus; cantámos as maravilhas
operadas por Cristo, fizemos memória da sua morte e ressurreição, comungámos o Seu
Corpo e Sangue, estamos unidos no seu amor.
A celebração termina com a Bênção concedida pelo sacerdote e com a despedida do
povo. Assim como tinha começado com o sinal da cruz, é também em nome da
Trindade que se conclui a Missa. Agora o sacerdote envia-nos para o mundo. Jesus, ao
partir deste mundo, disse aos seus Apóstolos: “Sereis minhas testemunhas até aos
lugares mais distantes do mundo...” Vamos a cantar com a língua, mas com o desejo de
o fazer com a vida, cantando com as obras! Hoje somos nós os enviados a dar
testemunho de Cristo vivo, principalmente juntos dos pobres, educando-nos a passar da
carne de Cristo à carne dos irmãos, na qual Ele espera ser reconhecido, servido, honrado
e amado por nós. Eis as palavras do Santo Padre: “Sabemos que quando a Missa
termina, tem início o compromisso do testemunho cristão. Os cristãos não vão à Missa
para cumprir um dever semanal e depois esquecer-se, não! Os cristãos vão à Missa
para participar na Paixão e Ressurreição do Senhor, e em seguida viver mais como
cristãos: tem início o compromisso do testemunho cristão! Saímos da igreja para «ir
em paz» levar a Bênção de Deus às atividades diárias, aos nossos lares, aos ambientes
de trabalho, às ocupações da cidade terrena, “glorificando o Senhor com a nossa
vida”. (…) Cada vez que saio da Missa, devo sair melhor que quando entrei, com mais
vida, com mais força, com mais vontade de dar testemunho cristão. Através da
Eucaristia, o Senhor Jesus entra em nós, no nosso coração e na nossa carne, a fim de
podermos «exprimir na vida o sacramento recebido da fé». Portanto, da celebração à
vida, conscientes de que a Missa tem o seu cumprimento nas escolhas concretas de
quem se deixa comprometer pessoalmente nos mistérios de Cristo. Não devemos
esquecer que celebramos a Eucaristia para aprender a tornar-nos homens e mulheres
eucarísticos. Que significa isto? Significa deixar que Cristo aja nas nossas obras: que
os seus pensamentos sejam os nossos, os seus sentimentos os nossos, as suas escolhas
as nossas. Dado que a presença real de Cristo no Pão consagrado não acaba com a
Missa, a Eucaristia é conservada no Tabernáculo para a Comunhão aos enfermos e
para a adoração silenciosa do Senhor no Santíssimo Sacramento; com efeito, o culto
eucarístico fora da Missa, quer de forma particular quer comunitária, ajuda-nos a
permanecer em Cristo. Portanto, os frutos da Missa estão destinados a amadurecer na
vida de todos os dias. Podemos dizer assim, forçando um pouco a imagem: a Missa é
como o grão, o grão de trigo que depois, na vida comum, cresce, cresce e amadurece
nas boas obras, nas atitudes que nos tornam semelhantes a Jesus. Portanto, os frutos da
Missa estão destinados a amadurecer na vida de todos os dias. Na
verdade, aumentando a nossa união a Cristo, a Eucaristia atualiza a graça que o
Espírito nos concedeu no Batismo e na Confirmação, a fim que o nosso testemunho
cristão seja credível.”