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4 . Clarificar, reformuiat o relato do paciente, de modo guntar é continuamente consultar a consciència jia-Pacjente; é
a que certos conteúdos e relações do mesmo adquiram Também sondar a^limitagões e distorções dessa consciência; é,
maior relevo. ainda, transmitir um "estilo interrogativo", um modo de se co-
5 . Recapitular, resumir pontos essenciais surgidos no pro- locar frente aos fenômenos humanos com atitude investigadora.
cesso exploratório de cada sessão e do conjunto do Revela também um terapeuta não onipotente; isto é básico:
tratamento. na formulação de perguntas ao paciente e no emprego dos da-
6. Assinalar relações entre dados, seqüências, constela- dos por ele fornecidos, está contido um vínculo com papéis
ções significativas, capacidades manifestas e latentes do cujo desnível é atenuado, embora se tratem de papéis dife-
paciente. rentes.
7. Interpretar o significado dos comportamentos, moti- Ao pedir detalhes precisos sobre cada situação pode-se
vações e finalidades latentes, em particular os confli- transmitir, além do mais, um respeito do terapeuta pelo cará-
tuosos. ter estritamente singular da experiência do paciente, isto é,
8. Sugerir atitudes determinadas, mudanças a título de uma atitude não esquemática, que não sofre a tentação das ge-
experiência. ne ralizaçõesT^^ uma maneira de indagar sobre a
9. Indicar especificamente a realização de certos compor- perspectiva em que o paciente coloca sua situação: cada res-
tamentos com caráter de prescrição (intervenções di- posta às perguntas do terapeuta contém elementos (de con-
retivas). teúdo e forma) reveladores de uma mundovisão pessoal, com-
10. Dar enquadramento à tarefa. pletamente singular, da situação.
11. Meta-intervenções: comentar ou aclarar o significado Estas influências do perguntar nas psicoterapias merecem
de haver recorrido a qualquer das intervenções ante- ser destacadas, numa cultura profissional como a nossa, in-
riores. fluenciada marcadamente pela prática técnica da psicanálise,
12. Outras intervenções (cumprimentar, anunciar interrup- já que nesta última nem sempre é tão decisivo pedir detalhes
ções, variações ocasionais nos horários etc.) 2 . sobre as situações reais a que se alude em sessão, visto que
freqüentemente se procura construir um modelo de fantasia
Pelo fato de muitas destas intervenções se acharem histo- inconsciente vincular latente a partir dos conteúdos manifestos
ricamente ligadas ao desenvolvimento da técnica psicanalítica do relato. Neste caso, para abstrair o vínculo objetai contido
e de que esta aparece como a técnica psicoterapêutica com no relato, muitos detalhes podem ser tomados como acréscimos
maior respaldo teórico de base, torna-se importante para uma irrelevantes do manifesto. Nas psicoterapias, pelo , contrário, é
teoria geral das técnicas de psicoterapia deslindar as condições necessário trabalhar muito mais sobre as situações de realidade
de uma utilização técnica diferente destas intervenções, isto é, cio paciente, indagar a complexidade psicológica das mesmas,
compará-las com o sentido de sua utilização tradicional na psi- enredada precisamente em muitos detalhes e matizes reais da
canálise. Acho que isto pode contribuir para que se evitem ex- situação. Um exemplo: se na psicanálise um paciente começa
trapolações indevidas de uma técnica para as outras, permitin- a falar, em sessão, das brigas que tem com o pai por causa
do-se a estas últimas que construam suas próprias leis. do negócio em que ambos são sócios, negócio que o pai tende
a conduzir autoritariamente, é provável que estes elementos
bastem para que se comece a pensar na problemática da de-
1 pendência na transferência. Na psicoterapia ^dinâmica, por
Interrogar ejíemplQ, jmportará^ muitos dadosde realidããeJXZomo
foi que os dois se associaram, de quem foi a iniciativa, se
houve acordos prévios sobre a direção da empresa em comum,
É um dos recursos essenciais ao longo de todo.jQ_processp que perspectivas tem o paciente sobre seu futuro econômico,
terapêutico, não apenas em seu início. Em psicoterapia, per- a atividade se ajusta a seus interesses vocacionais, como encara
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sua esposa esta sociedade etc.? Cada um destes detalhes for- — "Imagine por um momento esle diálogo: ao contrário do que a
senhora acreditava, ele se decide casar, chega e lhe diz de supetão: 'Me
necerá elementos para enriquecer hipóteses que aspirem a dar decidi: vamos casar no fim do ano!' Que resposta a senhora lhe dá?"
conta de uma situação (mundo interno-mundo interpessoal em — "Vejamos: vem seu pai e lhe diz: 'Não vou te dar agora o
suas ações recíprocas) com seus complexos e variados matizes. dinheiro que te cabe, porque preciso dele para um negócio urgente'.
Como o senhor lhe responderia para que ele confirme, uma vez mais,
FRAGMENTO DE UMA SESSÃO DE PSICOTERAPIA que não tem por que pedir-lhe permissão para usar seu dinheiro?"
T: "Que valor teve para o senhor o fato de ela lhe telefonar antes Simplesmente perguntando, dramatizando ou não, o tera-
da viagem?" peuta põe em ação vários estímulos de müHãnçà: um7 primor-
P: "Um valor duvidoso, porque ela lhe telefonou quando já não
nos podíamos encontrar. De qualquer modo, gostei, não é?" dial, é quê exercita com" o paciente uma constante ampliação
T: "Como foi que o senhor lhe transmitiu seu interesse por ela?" do campo pereeptivo (reforçamento de uma das funções egói-
P: "Eu lhe disse: 'Que azar você não me ter encontrado ontem! cas básicas); e mais: toda explicitação Verbal recupera fatos,
Poderíamos ter marcado um encontro'." relações, que se achavam no mundo do implícito emocional.
T: "Para o senhor, isso dela, já que foi dito assim tão em cima Liberman (1) destacou, além disso, o papel reforçador do ego
da hora de partir, não expressava um compromisso profundo?"
P: "Claro, acho que para um compromisso maior não se espera que está contido na experiência de ouvir-se falar. Todo estímulo
dois meses para o momento de se despedir. Essas coisas me para a explicitação visa a romper as limitações e o encobrimen-
dão raiva." to presentes no uso cotidiano da linguagem convencional. Por
T: "Segundo o senhor havia comentado, ela em geral não é de exemplo: Que quer dizer: "fui apresentado a ele, e ele se mos-
expressar seu interesse pelos demais; espera que se interessem
por ela. Sendo assim, o fato de ela lhe telefonar não tinha um trou frio no trato"? Em que consiste a "frieza" dos outros para
valor especial?" cada um? Supõe-se uma observação não participante neste dis-
P: "Sim, encarado do ponto de vista de como ela é em geral, curso, porque qual foi o "calor" com que, em compensação,
pode-se dizer que me estava dando uma bola bárbara, mas contribuiu o sujeito? Na psicoterapia, é essencial passar dos
acontece que para o meu gosto o modo de agir tem que ser
diferente, nada de rodeios." dados iniciais da experiência subjetiva à análise minuciosa dás
T: "Que lhe disse o senhor ao se despedir? Como deixou colocada situações_ Toda situação levanta numerosas questões. Talvez
a coisa?" algo importante para o terapeuta seja compreender que não se
P: "Disse para ela: 'Olhe, gostei de me ter telefonado, mas espero trata de indagar para só depois operar terapeuticamente, mas
que quando voltar não esteja tão ocupada, ouviu? Tchau'." sim que a própria indagação já contém estímulos terapêuticos
de particular importância.
Como se pode ver, estas respostas revelam um estilo, o
funcionamento egóico do paciente para avaliar a situação inter-
pessoal, suas exigências dentro de uma ótica narcisista, a con-
tribuição do paciente com suas mensagens para uma situação 2
evitativa, embora arriscando algumas demonstrações de inte- Informar
resse pessoal pela outra pessoa. Perguntar aqui, e em detalhe,
permite então que se obtenha grande quantidade de informa-
ção, de níveis mais amplos que os de uma mera ampliação "de O terapeuta é não apenas um investigador do comporta-
detalhe" do conteúdo manifesto de um relato. As experiências mento, mas também o veículo de uma cultura humanista e psi-
sobre a utilidade de uma indagação minuciosa são abundantes. cológica. Sob este aspecto, o terapeuta cumpre uma função cul-
Assim sendo, é possível que "perguntar muito" seja uma das Jtural: é docente, dentro de uma perspectiva mais profunHu~e
primeiras regras de uma técnica psicoterapêutica eficiente abrangente de certos fatos humanos. Esta perspectiva é tam-
Uma variedade particular de exploração, sumamente rica, bém alimentada com informação] já que o déficit de informa-
é a que se apóia em intervenções dramatizadoras do terapeuta: ção é um componente às vezes tão importante para a obscuri-
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dade e a falsa consciência de uma situação como os escotomas paciente, de seus dinamismos intrapsíquicos e, no máximo, dos
criados pelos mecanismos repressivos individuais.
de seus pais. Não informar, em tais circunstâncias (omissão
Nas psicpiempias é aLtatjj&Qte pertinente»-aclarar para o técnica), constitui de fato um falseamento da ótica psicosso-
paciente elementos de higiene sexual, perspectivas da "cultura1 cial necessária para compreender os dinamismos psicológicos
adolescente atual, ou a problem^icã"social' da mulher. Também,
individuais e grupais (distorção ideológica).
"explicar-lhe (pode sér uui. inclusive, servir-se de esqtlBfflas)
certos aspectos da dinamica dos conflitos. Esta informação
pode ampliar-se pela recomendação de leituras. A experiência
mostra que a mensagem que"o paciente "retira dessas leituras, 3
sua experiência global frente à "bibliografia", é sumamente Confirmar ou retificar enunciados do paciente
rica para esclarecer conflitos de toda índole (conflitos com o
tema, com o saber, com o autor, com o terapeuta). Ecopor-
çionar ou facilitar esta informação geral que enquadra, a _pro- Este tipo de intervenções é inerente ao exercício de um
blemátiça do paciente desempenha um papel terapêutico espe- papel ativo do terapeuta nas psicoterapias. A retifiçaçãgjs&i-
cífico: cria uma perspectiva dentro da quâTos"problemas cio mite ressaltar os escotomas do discurso, as limitações, dQ-fiam-
paciente, com toda a sua singularidade, deixam de ser~vlstõr po da consciência e o papel das defesas desse estreitamento.
como algo estritamente individual que "só a : eíe'niSnÇêõèr~A Estas intervenções contribuem para enriquecer esse campo.
falta deste quadro de referência cultorãrfávorêcé^íõivSmen- É sumamente proveitoso observar em detalhe como o paciente
te, a sensação de ser o único com tais problemas, isto é, uma manipula a contribuição retificadora do terapeuta (assumin-
perspectiva ditada pelo superego (acusador, às vezes, também, do-a e usando-a, aceitando-a formalmente, ou negando-a e
a partir de seu complementar ideal do ego narcisista onipotente)' retornando a sua perspectiva anterior). A confirmação.pelo
Ao entrevistar famílias, por exemplo, verifiquei que é impor- terapeuta j t e uma. ^determinada jnaneira de compreender-se do
tante incluir referências sobre as dificuldades gerais que a fa- paciente- não é, certamente, um acontecimento de pouca im-
mília, enquanto instituição, enfrenta socialmente. Encaradas portância. Contribui para . consolidar nele uma confiança em
dentro desse quadro de referência, todas as dificuldades par- seus próprios recursos egóicos; isto significa que toda ocasião
ticulares do grupo tornam-se logo passíveis de abordagem, sem em"^ue õ terapeuta possa estar de acordo com a interpretação
o clima persecutório que é criado forçosamente pelo fato de do paciente ê oportuna para estimular seu potencial de cresci-
alguém ficar meramente ocupado vendo "o que acontece com jnento, Êm pedagogia, estas intervenções se destacam como
este grupo que vai mal" (com a suposição tácita de que todas essenciais para um princípio geral da aprendizagem: o reforço
as demais famílias funcionam bem, donde se conclui que os de desempenhos positivos.
problemas desta decorrerão exclusivamente dos defeitos de seus
indivíduos). A capacidade de o terapeuta atuar flexivelmente com re-
tificações e confirmações dos enunciados do paciente é fun-
Naturalmente, esta informação vem a ser sumamente rele- damental para criar um clima de equanimidade, próprio de
vante se a entendermos, também, como portadora de um ques- uma relação "madura" 3 . A falta desse clima de equanimidade
tionamento social das dificuldades criadas para indivíduos e parece refletir-se na queixa de muitos pacientes de que a ses-
grupos inseridos no conjunto do sistema. Ou seja, não_simp]es- são só serve para apontar seus defeitos e erros. Nestes casos,
fflgnte^saber"qae outros também têm dificuldades", mas esbo- sumamente freqüentes, creio que se assiste a uma ligação trans-
S^-ama.jijtej®retaç|o_ds_gue contradições exlsteiHeFénlre exi- ferencial-contratransferencial muito particular: o paciente, acos-
J®S<?l.al_fe--PQ5SÍWljdades dos grupos humanos slo móbílTzãdãs sado por suas auto-agressões superegóicas, encontra no tera-
pelas contradições da estrutura social vigente. Tratar a pro- peuta intervenções predominantemente retificadoras, acentua-
blemática psicológica sem esta perspectiva crítica é criar a doras do seu lado "enfermo", que encarnam o superego pro-
ilusão de que a enfermidade é assunto estritamente pessoal do
jetado, materializam-no. Com este papel contratransferencial
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assumido, fecha-se uma estrutura de vínculo infantil de depen- do terapeuta). O trabalho em cima de tais r e s p o s t a s é por
dência, tendente à inércia e não ao crescimento. isso, ocasião de elaborações imediatas sumamente produtivas..
RETIFICAÇÕES
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O caráterjbipolético-da-interpretado sultado, de modo que o senhor pôde, não só decidir, mas dar sua opinião
na c o r r u ç ã o de seu discurso. Formulações que destaquem seu sobre em que condições essa tarefa deveria ser cumprida. Veja só tudo o
êwf^'o5SdicíonaT ("Ê provável que.. .", "Temos que ver, que o senhor não sabia (não queria crer) que podia fazer por iniciativa
própria."
como uma possibilidade. se. ""l|m'a idéia, para nos munir-
mos de mais dados e verificar se é assim, seria que. . .", "Uma (EL) Tornar compreensível a conduta dos outros em função
visão possível_do pjroblema consiste em pensar q u e . . . " ) su-
dos novos comportamentos do paciente (ciclos de interação
blinham nitidamente~liquèTe caráter. Sua ausência tende visi-
velmente a obscurecê-lo. compreensíveis em termos comunicacionais).
As interpretações em psicoterapia devem cobrir um am- "Desta vez seu pai acedeu. Pensemos se não terá sido porque o
plo espectro: senhor colocou seu problema de outra maneira, com uma atitude mais
firme, talvez mais adulta, que ele o atendeu com um respeito diferente.
Com sua atitude, o senhor lhe estava dizendo 'não vou aceitar que me
/ O Proporcionar hipóteses sobre conflitos atuais na vida trate como uma criança, porque já não me sinto uma criança", e evi-
do paciente, isto é, sobre motivações e defesas. dentemente ele notou a mudança."
"Neste momento sua paralisia em relação ao estudo expressa pos- ^jÈ) Destacar as conseqüências que decorrerão de o pa-
sivelmente um duplo problema: não pode abandoná-lo porque o título ciente encontrar alternativas capazes de substituir estereótipos
é importante para o senhor e para a sua família; ao mesmo tempo,
evita dar qualquer novo passo porque isto significaria efetivamente pessoais ou grupais4.
diplomar-se e mudar de vida, ter que ir para a frente sozinho."
"Como reagiria seu namorado se a senhora lhe mostrasse que é
capaz de resolver um assunto pessoal sem consultá-lo? Continuaria com
Reconstruir determinadas constelações históricas sig- a mesma atitude dominante? Só v e n d o . . . "
nificativas (por exemplo, momentos marcantes na evolução
familiar).
Em contraste com a técnica psicanalítica, onde um de-
terminado tipo de interpretação (transferenciai) é privilegiado
" O que parece haver acontecido é que, naquele momento, quando como agente de modificação (2), nas psicoterapias, uma vez
seu pai se viu diante da empresa arruinada e se sentiu deprimido, o
senhor se achou na obrigação de adiar todos os projetos pessoais e que se trabalha simultânea ou alternativamente com vários
socorrê-lo; mas não registrou isso como uma decisão própria, e sim níveis e mecanismos de modificação, não existe qma hierar-
como imposição dele." quia para os tipos de interpretação: todos eles são instromen-
tos igualmente essenciais dentro do processo. Cada paciente
Explicitar situações transferenciais que pesem no pro- e cada momento de seu processo requererão particularmente
cesso.
certo tipo de interpretação; esse será o que melhor se ajuste
tecnicamente ao momento dado, mas toda distinção hierár-
" O senhor tem sofrido pela perda desta amizade, que tanto o quica que se atribua a algum tipo de interpretação será tran-
afetou. Teve então uma experiência dolorosa do que significa depender
muito de outra pessoa. Acho que esta experiência está pesando no se- sitória, conjuntural.
nhor, a ponto de torná-lo reticente aqui na sessão, e fazer com que
prefira não se entregar muito a mim. Está tomando também suas pre-
cauções para não vir a sofrer por causa de nossa separação daqui a 2
meses, quando passar para o grupo." 8
Sugestões
^d). Recuperar capacidades do paciente negadas ou não
cultivadas.
— "Seria interessante ver o que acontece, como seu pai reagiria,
se o senhor lhe mostrasse em sua atitude que está realmente disposto
"O senhor se viu, de repente, ante a obrigação de decidir o que a encarar a fundo com ele tudo o que está pendente entre ambos."
fazer com esse emprego. Seu pai estava ausente e não podia ser con-
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— "Talvez o mais necessário para o senhor seria que se organizasse que foi vivido como do que pode vir a sê-lo. Um paciente
mentalmente, traçasse um quadro com suas prioridades."
— "Em vez de precipitar-se a tomar uma decisão que sinta como
experimentou assim essa proximidade:
sua de fato, talvez lhe convenha mais deter-se algum tempo em réver — "Outro dia estava envolvido numa discussão com minha mulher
o que aconteceu, verificar qual foi o seu papel em tudo isto, e, inclu-
sive, detectar melhor o que está sentindo intimamente." e naquele momento me lembrei de algo que o senhor me havia dito
numa sessão passada: 'E o que aconteceria se, quando ela ficasse vio-
lenta, o senhor a freasse?' Fiz isso na mesma h o r a . . . e não aconteceu
Com^estas intervenções n ífrapfiuta propõ-S—3Q__^ciente nada!"
çon^íB-Stemiatiia^ para...ensaiar experiências ori-
ginais, Mas o sentido de tais intervenções não e meramente As sugestões em psicoterapia geralmente (exceto em si-
o de promover a ação em direções diferentes, e sim o de pro- tuações agudas de crise) vêm inserir-se em desenvolvimentos
porcionar insights a partir de ângulos novos. Fundamental- do processo terapêutico com base nos demais tipos de inter-
mente, contêm um pensamento que antecipa a ação (aspecto venção. São oportunas quando as condições do paciente para
relevante dentro do conjunto de funções egóicas a exercitar em assumi-las (redução de ansiedade a níveis toleráveis, fortale-
todo tratamento), que facilita uma compreensão prévia à cimento egóico) e as do vínculo interpessoal em funcionamen-
ação. A ação ulterior, caso chegue a ser experimentada, po- to chegaram a um momento de sua evolução que as torne
derá dar ocasião a confirmações, reajustamentos ou amplia- "fecundas", receptivas para esse tipo de estímulo. O terapeuta
ções do insight prévio. Muito freqüentemente fornecerá novos deverá detectar, inclusive, um momento dessas condições e
dados e com eles uma nova problemática a investigar. Com do desenvolvimento do vínculo em que "faça falta" uma ex-
a compreensão destas fases do processo que se inicia por uma periência diferente, nova, para que muito do que foi esclare-
sugestão, este tipo de intervenção adquire uma eficácia parti- cido se cristalize em ato. A sugestão recorre, indubitavelmen-
cularmente interessante. te, com a dramatização, ao papel revelador do ato, à riqueza
vivencial do fato, de que muitas vezes carece o discurso re-
ymJj£o__dfi_^ügesiões Xquasczsugestõ^^-seL^páia-acuüSo
flexivo.
de dramatizações iinaginájias de.„ .outras alternativas para o
comportamento interpessoal:
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orientadas no sentido de esclarecer, as quais se tornam nesse
momento especialmente recomendáveis. É importante ter em situação de consulta, há tão-somente uma única maneira efi-
conta que este movimento nos recursos egóicos do paciente caz de tratamento. Em primeiro lugar, a pluralidade de dire-
(muitas vezes inversamente proporcionais ao montante de an- ções abertas atualmente no campo das psicoterapias torna
siedade) possui ritmos variados, podendo ocorrer de uma cada vez mais duvidosa a validez de semelhante exclusivismo.
semana para a seguinte, de um mês para o seguinte, ou de Além do mais, a pressão exercida para se impor uma determi-
um instante para outro na mesma sessão. Frente a esta mo- nada técnica parte de uma distorção na concepção do su-
bilidade, que requer do terapeuta uma combinação ágil de jeito a que se destina a psicoterapia, já que se dirige a um
intervenções, atenta às flutuações daquelas capacidades, qual paciente-objeto, mero portador de uma enfermidade ou de
poderia ser o sentido de certos "estilos" psicoterapêuticos es- uma estrutura de personalidade que seriam o mais imporlante
tereotipados, que dirigem sempre, ou não dirigem nunca, o pa- (de acordo com o modelo médico para o qual a hepatite é
ciente? Que fundamentos teóricos e técnicos poderão encon- muito mais realçada do que a pessoa que sofre da afecção
trar semelhantes posições de "escola" em psicoterapia? Não hepática). De nenhum modo, por este caminho, demonstra-
estou pensando, com isto, que faltem justificações à opção se reconhecer no paciente uma pessoa. Finalmente, e também
técnica, na psicanálise, de o analista evitar emitir diretivas em termos técnicos, o trabalho conjunto de elaboração do en-
diretas (as únicas, de resto, que ele pode evitar, porque indi- quadramento a ser adotado constitui, na experiência clínica,
retamente toda intervenção dirige o paciente) 6 . O que carece uma instância muito mais rica, do ponto de vista dos dados
de justificação é estender ao campo mais amplo das psicote- que fornece sobre a problemática do paciente. Muitos desses da-
rapias em geral o princípio de evitar-dar-diretivas, como regra dos ficam obscurecidos quando ele é submetido a um enquadra-
universal, e pretender respaldar essa posição nos fundamentos mento imposto. Se o que se pretenae é cultivar as tendências pas-
teórico-técnicos que apoiam o mesmo ponto de vista no con- sivas e regressivas do paciente e a correlata onipotência do
texto do processo psicanalítico. terapeuta, não há dúvida de que a imposição do enquadra-
mento será o método mais indicado. Em caso contrário, terão
que ser emitidas sugestões de enquadramento, explicitados os
fundamentos da proposta para essa terapia em particular e
10 submetê-los a reajustes.
Operações de enquadramento
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foram utilizadas mais intervenções aclaradoras do que inter-
que confere valor supremo à interpretação como intervenção pretações (estas aumentaram, proporcionalmente, apenas nas
decisiva para produzir a modificação específica característica 4 :i e 7? sessões, fato que Strupp interpretou como produto dos
do processo analítico. Esta diferença entre psicanálise e psico- aclaramentos preparatórios das sessões anteriores);' foi em-
terapias em geral foi claramente formulada por Bibring ( 2 ) : pático. benevolente, caloroso; as intervenções mantiveram-se
"a psicanálise está construída em torno da interpretaçãocomo mais freqüentemente em vim nível inferencial baixo ("próximo
agénfé süpremõ n a h i e r ãTqüiá de princípios terapêuticos ca- à superfície") e, secundariamente, moderado; houve fartos co-
racterísticos do processõTliõ sentido de que todp<; os pntrns mentários sobre o vínculo terapêutico estabelecido, mas es-
princípios estão a ele subordinados,.Jstojj^sjio _ utilizados com cassas interpretações transferenciais; predominou uma aceita-
o "propósito constante de-tomat~ajnísmtetacaa possível e efi- ção das formulações do paciente no tocante ao plano em que
caz. Ao passo que a psicoterapia dinâmica está construídã"em localizava sua problemática; o terapeuta atuou sempre com
torno de diferentes seleções e combinações de cinco princípios iniciativa (e não com passividade); realizou intervenções
fórápgíi^ícos; " í E ü ^ g n g ^ g g 8 ^ 0 ' manipulação. clarificação e mínimas freqüentes, destinadas a manter aberto o canal de
interpretação" 7 . Éu acrescentaria que os princípios"enunciados comunicação e a dar mostras ao paciente de que o escutava
por Bibring em 1954 podem hoje ampliar-se, incluindo outros com atenção, ou seja: exatamente o oposto de um terapeuta
princípios terapêuticos: objetivação e auto-afirmação pelo ato
dg__ veifoalização_n3fo jnèramCT^^^ intormacãõ. expè-~ distanciado.
riência emocionai corretiva não simplesmente sugestiva, entre Este trabalho constitui, a meu ver, um bom exemplo do
outros. Não obstante, aquela enumeração define uma peculia- caminho aberto pelo esforço de definir operacionalmente o
ridade teórico-técníca das psicoterapias: o nivelamento hie- repertório de comportamentos do terapeuta.
rárquico de seus diferentes recursos terapêuticos.
Por fim, a possibilidade de se distinguir com precisão os
diferentes tipos de intervenção terapêutica abre um caminho Notas
para a investigação microscópica das técnicas. Se é possível
classificar e quantificar os comportamentos do terapeuta, o 1
Em todas as considerações deste capítulo, o "paciente" pode sei
mito das terapias como "arte" intuitiva, inteiramente pessoal uma pessoa, um casal, um grupo familiar ou outro tipo de grupos
e dificilmente transmissível, pode começar a se desvanecer.
de amplitude variável.
A descrição macroscópica, global, das experiências terapêuti- 2
Este estudo se concentra no conteúdo verbal das intervenções do
cas, forma tradicional da transmissão neste campo, não con- lerapeuta. Outros, complementares deste enfoque, devem estender-se a
tribuiu muito para desacreditar o mito. Os trabalhos de suas intervenções corporais (gestos, posturas, olhares) e paraverbais
Strupp (5), em compensação, destinados à análise micros- (a mímica verbal; variações no tom de voz, na intensidade e no ritmo
cópia das técnicas de psicoterapia, iniciaram, já há 15 anos, da falta, estilo comutiicacional)(l).
3
com seriedade metodológica, uma tarefa promissora no sentido Um paciente de 33 anos, depois de quatro anos de tratamento,
de aclarar "o mistério" das técnicas. passou a outro terapeuta. Decorrido pouco tempo, o terapeuta lhe
disse em uma sessão: "Acho que sua interpretação é mais acertada d o
Com um sistema de várias categorias, que permitem rea-
que a minha. Eu não havia levado em conta isto que o senhor m e
lizar uma análise multidimensional das operações do terapeuta lembrou sobre o papel de sua irmã na relação entre o senhor e seu
(tipo de intervenção, iniciativa do terapeuta, nível inferencial, pai." "Senti então — conta o paciente — uma emoção única, senti-me
foco dinâmico e clima afetivo) aplicada ao estudo de uma psi- tratado como adulto e respeitado como pessoa."
coterapia breve (realizada em oito sessões por L. Wolberg), * O poder de sugestão de u m a intervenção deste tipo pode variar
Strupp (5) conseguiu oferecer um panorama bastante ilustra- conforme o tom de que se sirva o terapeuta: uma determinada acen-
tivo da técnica empregada: o terapeuta dedicou grande parte tuação da frase sublinhará a utilidade da ação, ao passo que outra fará
de suas intervenções à exploração, perguntando, pedindo am- ressaltar o interesse em compreender o que aconteceria, deixando o fato
em si num plano de menor importância.
pliações e exemplos; foi bastante diretivo em todas as sessões;
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B
A "cultura" assentada tradicionalmente na técnica psicanalitica
conferiu situação privilegiada à seqüência: insight que conduz a ações
11
novas. A experiência clínica na utilização de outras psicoterapias permite
detectar também a possibilidade • de um caminho inverso: a ação nova
(ensaiada, imaginada, evitada) que conduz ao insight. O projeto de cer-
tos comportamentos a realizar (realização depois conseguida ou frus-
trada, isto não é decisivo) instala um campo quase "experimental"
Considerações teóricas e técnicas
para a observação, pelo recortamento que produz desse projeto e das
respostas frente ao mesmo.
sobre material de sessões
8
E isto, trabalhando com pacientes de suficiente força egóica, um
dos critérios essenciais de analisabilidade.
7
Por não fazerem claramente esta distinção, há por vezes psico-
terapeutas de formação psicanalitica insatisfeitos com aquelas sessões
em que não conseguem "interpretar", frustração que freqüentemente
contrasta com a experiência vivida por seus pacientes, os quais, não
afetados por preconceitos técnicos, sentem que realizaram nessas sessões
uma tarefa efetivamente produtiva.
Nota do revisor
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