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HOSPÍCIO NÃO É MORADIA: UM ESTUDO A RESPEITO DOS

SERVIÇOS RESIDENCIAIS TERAPÊUTICOS 1

JOSÉ FERREIRA DE MESQUITA 2


MARIA SALET FERREIRA NOVELLINO 3
MARIA TAVARES CAVALCANTI 4

Resumo

Este trabalho desenvolve uma análise dos Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs).
Estes serviços são regulamentados pelo Ministério da Saúde através da PORTARIA Nº.
106 de 11 de Fevereiro de 2000. Os SRTs são resultantes de políticas desenvolvidas a
partir do Movimento de Luta Antimanicomial, o qual teve início no Brasil no final da
década de setenta do século passado. Os Serviços Residenciais Terapêuticos são
habitações ou casas inseridas, preferencialmente, na comunidade, destinadas a cuidar
dos portadores de transtornos mentais, egressos de internamento psiquiátrico de longa
permanência, que não possuam sustentáculo social e vínculos familiares e, que
viabilizem sua inclusão social. A implantação dos Serviços Residenciais Terapêuticas
requer uma articulação dos segmentos institucionais de saúde e da comunidade, no
intuito de promover a re-inserção social dos moradores recém-saídos dos hospitais. Os
Serviços Residenciais Terapêuticos têm uma atuação territorrializada, o que significa
dizer que assumem completa responsabilidade pelas questões relativas à atenção nos
sofrimentos psíquicos e de mal-estar dos sujeitos em sua sociabilidade do território.

Palavras chave: Saúde mental; Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs); Reabilitação


da Autonomia.

1
Trabalho apresentado no XVII Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em
Caxambu - MG – Brasil, de 20 a 24 de setembro de 2010.
2
Cientista Social – UERJ, Especialista em Filosofia Contemporânea – UERJ, Mestrando em
Estudos Populacionais e Pesquisa Social – ENCE. mesquitajf@hotmail.com
3
Doutora em Ciência da Informação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atualmente é
Pesquisadora Titular I e Professora do programa de pós-graduação da Escola Nacional de Ciências
Estatísticas. saletnovellino@gmail.com
4
Pós-doutora na área de epidemiologia psiquiátrica na Universidade de Columbia, Nova York.
Professora adjunta do departamento de psiquiatria da faculdade de medicina da UFRJ, Chefe do
departamento de Psiquiatria e Medicina Legal da Faculdade de Medicina da UFRJ.
mariatavarescavalcanti@gmail.com

1
HOSPÍCIO NÃO É MORADIA: UM ESTUDO A RESPEITO DOS
SERVIÇOS RESIDENCIAIS TERAPÊUTICOS

JOSÉ FERREIRA DE MESQUITA


MARIA SALET FERREIRA NOVELLINO
MARIA TAVARES CAVALCANTI

INTRODUÇÃO

Os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs) são resultantes de


políticas desenvolvidas através do Movimento de Luta Antimanicomial e têm como
principal meta o retorno do usuário de saúde mental à sociedade para que possa
desenvolver sua autonomia fora do nosocômio. Os SRTs são resultantes de artifício
desenvolvidas a partir do Movimento de Luta Antimanicomial, o qual teve início no
Brasil no final da década de setenta do século passado, neste sentido, “O ano de 1978
costuma ser identificado como o de início efetivo do movimento social pelos direitos
dos pacientes psiquiátricos em nosso país.” (BRASIL, 2005, P.2) 5.

OS SERVIÇOS RESIDENCIAIS TERAPÊUTICOS

Os SRTs surgem na década de 1990 e são, segundo FURTADO (2006, p. 786) 6,


inicialmente, nomeados de “lares abrigados, pensões protegidas e moradias extra-
hospitalares”. O termo “Serviço Residencial Terapêutico” é utilizado pela primeira
vez na PORTARIA Nº. 106 de 11 de Fevereiro de 2000 do Ministério da Saúde, esta
PORTARIA, no Parágrafo único de seu Artigo primeiro, define:
Entendem-se como Serviços Residenciais Terapêuticos, moradias ou casas
inseridas, preferencialmente, na comunidade, destinadas a cuidar dos
portadores de transtornos mentais, egressos de internações psiquiátricas de
longa permanência, que não possuam suporte social e laços familiares e, que

5
- BRASIL, Ministério da Saúde – Reforma Psiquiátrica e Política de Saúde Mental no Brasil –
Conferência Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental: 15 anos Depois de Caracas. Brasília,
07 a 10 de novembro de 2005.

6
- FURTADO, Juarez Pereira – Avaliação da Situação Atual dos Serviços Residenciais Terapêuticos no
SUS, Ciência & Saúde Coletiva, 11 (3):785-795, 2006.

2
viabilizem sua inserção social. (BRASIL, Ministério da Saúde – PORTARIA
Nº. 106) 7.

Em 2004 0 Ministério da Saúde edita uma publicação sobre Serviços


Residenciais Terapêuticos onde apresenta a seguinte introdução:
As residências terapêuticas constituem-se como alternativas de moradia para
um grande contingente de pessoas que estão internadas há anos em hospitais
psiquiátricos por não contarem com suporte adequado da comunidade. Além
disso, essas residências podem servir de apoio a usuários de outros serviços
de saúde mental, que não contem com suporte familiar e social suficientes
para garantir espaço adequado de moradia. (BRASIL, p 5, 2004) 8.

Nesta mesma publicação o Ministério da Saúde define então:


O Serviço Residencial Terapêutico (SRT) – ou residência terapêutica ou
simplesmente ‘moradia’ – são casas no espaço urbano, constituídas para
responder às necessidades de moradia de pessoas portadoras de transtornos
mentais graves, institucionalizadas ou não. (BRASIL, p 6, 2004) 9.

E complementa:
O número de usuários pode variar desde um indivíduo até um pequeno grupo
de no máximo oito pessoas, que deverão contar sempre com um suporte
profissional sensível às demandas e necessidades de cada um. O suporte de
caráter interdisciplinar (seja CAPS de referência, seja uma equipe de atenção
básica, sejam outros profissionais) deverá considerar a singularidade de cada
um dos moradores, e não apenas projetos e ações baseadas no coletivo de
moradores. O acompanhamento a um morador deve prosseguir, mesmo que
ele mude de endereço ou eventualmente seja hospitalizado. (BRASIL, p 6,
2004) 10.

Neste sentido delibera então:


O processo de reabilitação psicossocial deve buscar de modo especial à
inserção do usuário na rede de serviços, organizações e relações sociais da
comunidade. Ou seja, a inserção em um SRT é o início de longo processo de
reabilitação que deverá buscar a progressiva inclusão social do morador.
(BRASIL, p 6, 2004) 11.

Os objetivos centrais dos Serviços de Residenciais Terapêuticos são contemplar


os princípios da reabilitação psicossocial, oferecendo ao usuário um amplo projeto de
reintegração social, por meio de programas de alfabetização, de re-inserção no trabalho

7
- BRASIL, Ministério da Saúde – PORTARIA Nº. 106 DE 11 de Fevereiro de 2000.

8
- BRASIL, Ministério da Saúde – Residências Terapêuticas O Que São, Para Que Servem. Brasília,
Secretaria de Atenção à Saúde, 1ª edição, 2004.
9
- BRASIL, Ministério da Saúde – Residências Terapêuticas O Que São, Para Que Servem Brasília,
Secretaria de Atenção à Saúde, 1ª edição, 2004.
10
- BRASIL, Ministério da Saúde – Residências Terapêuticas O Que São, Para Que Servem. Brasília,
Secretaria de Atenção à Saúde, 1ª edição, 2004.
11
- BRASIL, Ministério da Saúde – Residências Terapêuticas O Que São, Para Que Servem Brasília,
Secretaria de Atenção à Saúde, 1ª edição, 2004.

3
e de mobilização de recursos comunitários. Para isso, tais serviços devem estar
integrados à rede de serviços do SUS, municipal, estadual ou por meio de consórcios
intermunicipais, cabendo ao gestor local a responsabilidade de oferecer uma assistência
integral a esses usuários, planejando as ações de saúde de forma articulada nos diversos
níveis de complexidade da rede assistencial. Os Serviços Residenciais Terapêuticos em
Saúde Mental constituem uma modalidade assistencial substitutiva da internação
psiquiátrica prolongada, de maneira que, a cada transferência de paciente do hospital
especializado para o Serviço de Residência Terapêutica, deve-se reduzir ou
descredenciar do SUS igual número de leitos naquele hospital. MACHADO (2006,
P.36) 12.

13
VIDAL (2007, p.17) então assinala que “Com a mudança para a residência
terapêutica eles [os pacientes] são confrontados com uma outra realidade e precisam
re-elaborar todo o seu universo de significados, assim como precisam reaprender as
atividades cotidianas e sociais”. Eo ipso, MACHADO (2006, p. 37) 14 completa “Para
assegurar uma vida confortável aos seus moradores, com privacidade e liberdade,
essas residências devem situar-se fora dos limites de unidades hospitalares gerais ou
especializadas, estando integradas à comunidade”. E complementa “A vinculação dos
Serviços Residenciais Terapêuticos com os CAPS é imprescindível para que as
residências funcionem de fato como espaços de vivência e relação, e não como espaço
de terapias, o suporte terapêutico deve ser dado no CAPS”.

15
MACHADO (2006, P.35) nos explica ser imprescindível reconhecer que: “o
projeto terapêutico destes serviços deve ser centrado nas necessidades dos usuários,

12
- MACHADO, Daniela Martins – A Desconstrução do Manicômio Interno como Determinante para a
Inclusão Social da Pessoa em Sofrimento Mental. Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade de
Brasília, Brasília 2006.
13
- VIDAL, Carlos Eduardo Leal – Avaliação das habilidades de vida interdependente e comportamento
social de pacientes psiquiátricos desospitalizados. Dissertação de Mestrado apresentada `UFMG, Belo
Horizonte, MG, 2007.
14
- MACHADO, Daniela Martins – A Desconstrução do Manicômio Interno como Determinante para a
Inclusão Social da Pessoa em Sofrimento Mental. Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade de
Brasília, Brasília 2006.
15
- MACHADO, Daniela Martins – A Desconstrução do Manicômio Interno como Determinante para a
Inclusão Social da Pessoa em Sofrimento Mental. Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade de
Brasília, Brasília 2006.

4
visando à construção progressiva da sua autonomia nas atividades da vida cotidiana”.
Tendo em vista sua compreensão, a qual: “No processo de desinstitucionalização das
pessoas em sofrimento mental, preconiza-se primeiramente o seu retorno ao contexto
familiar”.

SARACENO (1999, p.116) afirma que:


[...] O trabalho de reabilitação no hospital psiquiátrico tem muito a ver com a
humanização e os direitos, com a desinstitucionalização das práticas, com a
transformação dos espaços, com a subjetivação dos indivíduos, mas sempre e
em cada momento, tem a ver com espaços concretos nos quais as pessoas
dormem, comem, caminham, falam. [...] 16.

Para este, “A reabilitação tem muito a ver, seja com a idéia de casa, seja com a
idéia de morar.” Neste sentido, Saraceno (1999, p.112) afirma que estas duas idéias
freqüentemente vêm sobrepostas e confundidas entre si.

17
MENDOÇA (2006, p. 4) complementa afirmando que: “A implantação das
residências terapêuticas requer uma articulação dos segmentos institucionais de saúde
e da comunidade, no sentido de promover a re-inserção social dos moradores recém-
saídos dos hospitais.”.

18
VIDAL (2007) avaliou a re-inserção social dos pacientes psiquiátricos em
SRTs e os procedimentos da desospitalização, e percebe que embora, sejam muitas as
dificuldades na sua implantação, os tratamentos de base comunitária, junto com as
intervenções de reabilitação psicossocial, se tornaram o modelo dominante de cuidados
psiquiátricos na atualidade. Afirma então que os pacientes desospitalizados apresentam
melhora no grau de autonomia, na interação social, no nível global de funcionamento e
na qualidade de vida. No entanto, a saída dos pacientes do hospital demanda a
existência de serviços comunitários com diversos níveis de atenção e complexidade.

16
- SARACENO, Benedetto – Libertando Identidades – Da reabilitação psicossocial à cidadania possível,
Instituto Franco Basaglia, Te Cora, Rio de Janeiro, 1999.

17
- MENDONÇA, Maria Cristina do A. – XVI Congresso do Círculo Brasileiro de Psicanálise, Natal-RN
31 de agosto a 02 de setembro de 2006.

18
- VIDAL, Carlos Eduardo Leal – Avaliação das habilidades de vida interdependente e comportamento
social de pacientes psiquiátricos desospitalizados. Dissertação de Mestrado, apresentada à UFMG, Belo
Horizonte, MG, 2007.

5
Requer também a presença de profissionais qualificados e programas de reabilitação
efetivos como auxílio para lidar com as exigências da vida comunitária.

19
MACHADO (2006) realizou pesquisa em Serviços Residenciais Terapêuticos
(SRTs) para compreender as representações sociais. Detecta na análise dos dados,
coletados em entrevistas aos onze profissionais de enfermagem que trabalhavam no
Serviço Residencial Terapêutico do Instituto de Saúde Mental, a emergência de três
categorias, a saber: o significado da loucura, o trabalho em saúde mental e o caminho da
inclusão social na perspectiva dos enfermeiros. Esclarece então que a loucura é ainda
compreendida dentro do paradigma manicomial enquanto desrazão, desequilíbrio e
doença, nesta perspectiva o louco é visto como debilitado. Na segunda categoria
constata a modificação de um modelo médico-biologicista, com forte cunho
hospitalocêntrico e medicamentoso para o modelo humanista, no qual ocorre uma
valorização do relacionamento inter-pessoal e a produção da subjetividade
singularizada, apontando para a desinstitucionalização e para as práticas da reabilitação
se aproximando, desta forma, do paradigma psicossocial. Mas, constata que no Serviço
Residencial Terapêutico do Instituto de Saúde Mental, o avanço destas práticas é
dificultado pela ausência de um projeto interdisciplinar individualizado, voltado à
inclusão social da clientela da unidade.

No gráfico 1 é admissível percebermos que ainda é muito parco a quantidade de


SRTs no Brasil. Apenas 533 residenciais estão em funcionamento em todo o país. Este
número se mostra insuficiente para que mais pessoas possam ser retiradas da condição
asilar. Assim sendo, detectamos através de dados da Coordenação Geral de Saúde
Mental/DAPES/SAS que nos estados do Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Distrito
Federal, Rondônia, Roraima, Tocantins e Pará não há SRTs, apesar de já existirem duas
em implantação no estado do Pará. Neste sentido, torna-se pertinente o comentário de
que este serviço vem privilegiando menos os estados das Regiões Norte e Nordeste. Tal
fato tanto pode ser a baixa necessidade no local quanto à falta de compromisso das
autoridades locais para com estes pacientes internados por longo tempo em unidades
psiquiátricas.

19
- MACHADO, Daniela Martins – A Desconstrução do Manicômio Interno como Determinante para a
Inclusão Social da Pessoa em Sofrimento Mental. Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade de
Brasília, Brasília 2006.

6
Gráfico 1: Serviços Residenciais Terapêuticos - Junho de 2009

250
214

200
número de SRTs

150

100 90

62
50 38
19 15 22 18
11 10 14
4 5 3 1 0 3 1 3
0
Em Funcionamento

BA CE ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RS SC SE SP

Fonte: BRASIL, MS, Saúde Mental em Dados Ano IV, nº. 6, Junho de 2009 p. 9.

Através do gráfico 2 é plausível detectarmos que em todo o país temos 138


SRTs em implantação. São Paulo além de ser o estado com o maior número de SRTs
em funcionamento também é o estado com maior número de novas moradias em
implantação. Tal fato difere do segundo estado com o número de residências em
funcionamento, o Rio de Janeiro, o qual aparece como o terceiro em implantação de
novas SRTs. Assim o segundo lugar ficou com Minas Gerais, apesar de que no número
total o Rio de Janeiro permanece em segundo lugar no quantitativo de SRTs.

Gráfico 2: Serviços Residenciais Terapêuticos - junho de 2009

60 54

50
Número de SRTs

40
31
30

20 17
10
10 5 7
2 2 3 2 1 2 2
0

Em Implantação

BA CE GO MG PA PB PE PI PR RJ RN RS SP

Fonte: BRASIL, MS, Saúde Mental em Dados Ano IV, nº. 6, Junho de 2009 p. 9.

A expansão e a consolidação dos Serviços Residenciais Terapêuticos é um dos


pilares do processo de desinstitucionalização de pacientes psiquiátricos longamente

7
internados. O ritmo de implantação das residências acompanha, portanto, os processos
de desinstitucionalização em curso no país. Desta forma, acreditamos, que quanto mais
acelerado ocorra o procedimento de implantação de novas SRTs mais rápido ocorrerá a
desistitucionalização dos pacientes com histórico de longas internações.

No gráfico 3 observamos que no estado de São Paulo se encontra o maior


número de moradores em SRTs. O quantitativo de moradores nestes serviços
corresponde a 35,98% do total de moradores destas no Brasil. O total de moradores
neste estado corresponde a mais que o dobro do Rio de Janeiro, segundo colocado.
Minas Gerais têm o equivalente de 87,20% do quantitativo de moradores do Rio de
Janeiro. O estado do Mato Grosso do Sul seguido do estado do Rio Grande do Norte são
os que apresentam os menores número de moradores em SRTs.

Gráfico 3: Moradores em Serviços Residenciais Terapêuticos


Junho de 2009
1200
1018
1000
Total de Moradores

800

600
492
429
400

200 108 121 122 100


76 95 89
37 54 23
21 18 2 18 6
0

BA CE ES GO MA MG MS MT PB PE PI PR RJ RN RS SC SE SP

Fonte: BRASIL, MS, Saúde Mental em Dados Ano IV, nº. 6, Junho de 2009 p. 9.

Estes pacientes, antes, destituídos da própria identidade, privados de seus


direitos mais básicos de liberdade e sem a chance de possuir qualquer objeto pessoal. Os
poucos que possuíam tinham que ser carregados junto ao próprio corpo (fato este que
testemunhei durante o tempo em que trabalhei em um hospital para portadores de
transtornos mentais). Esses sobreviventes agora vivem. São personagens da cidade:
transeuntes no cenário urbano, vizinhos, trabalhadores e também turistas, estudantes e
artistas.

8
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs) respondem por parte dos serviços


extra-hospitalares mas o número até o presente momento ainda é muito aquém da
realidade a qual o país carece. Cabe ressaltar que a criação de novas unidades de SRTs,
bem como de outros serviços extra-hospitalares, não significa maior ônus para os cofres
público, mais sim, constitui a transferência de gastos hospitalares para extra-
hospitalares.

O fato de estes serviços começarem a se mostrar como escolhas eficazes para o


processo de desinstitucionalização apontam uma necessidade de buscas para uma maior
promoção da re-inserção social dos moradores recém-saídos dos hospitais. O número
estimado de moradores de longa permanência nos hospitais psiquiátricos é de cerca de
30% do total de leitos existentes. Através da redução de leitos, os hospitais psiquiátricos
são melhores remunerados e se constata melhora na qualidade do atendimento.

Observamos que portadores de transtornos mentais que permanecem um longo


período no manicômio perdem parte de sua autonomia, assim somente o convivência
concreta com outras pessoas, sem um regime de clausura, parece ser a metodologia mais
dinâmica para que estas pessoas possam desempenhar sua dignidade e possam recobrar
os costumes do cotidiano e novamente conquistem seu espaço na sociedade.

BIBLIOGRAFIA

BRASIL, Ministério da Saúde – PORTARIA Nº. 106 DE 11 de Fevereiro de 2000.

BRASIL, Ministério da Saúde – Residências Terapêuticas O Que São, Para Que


Servem. Brasília, Secretaria de Atenção à Saúde, 1ª edição, 2004.

BRASIL, Ministério da Saúde – Reforma Psiquiátrica e Política de Saúde Mental no


Brasil – Conferência Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental: 15 anos
Depois de Caracas. Brasília, 07 a 10 de novembro de 2005.

BRASIL, Ministério da Saúde – Saúde Mental em Dados, Ano IV, nº 6, Junho de 2009.

9
FURTADO, Juarez Pereira – Avaliação da Situação Atual dos Serviços Residenciais
Terapêuticos no SUS, Ciência & Saúde Coletiva, 11 (3):785-795, 2006.

MACHADO, Daniela Martins – A Desconstrução do Manicômio Interno como


Determinante para a Inclusão Social da Pessoa em Sofrimento Mental. Dissertação de
Mestrado apresentada à Universidade de Brasília, Brasília 2006.

MENDONÇA, Maria Cristina do A. – XVI Congresso do Círculo Brasileiro de


Psicanálise, Natal-RN 31 de agosto a 02 de setembro de 2006.

SARACENO, Benedetto – Libertando Identidades – Da reabilitação psicossocial à


cidadania possível, Instituto Franco Basaglia, Te Cora, Rio de Janeiro, 1999.

VIDAL, Carlos Eduardo Leal – Avaliação das habilidades de vida interdependente e


comportamento social de pacientes psiquiátricos desospitalizados. Dissertação de
Mestrado, apresentada à UFMG, Belo Horizonte, MG, 2007.

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