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Resumo
Este trabalho desenvolve uma análise dos Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs).
Estes serviços são regulamentados pelo Ministério da Saúde através da PORTARIA Nº.
106 de 11 de Fevereiro de 2000. Os SRTs são resultantes de políticas desenvolvidas a
partir do Movimento de Luta Antimanicomial, o qual teve início no Brasil no final da
década de setenta do século passado. Os Serviços Residenciais Terapêuticos são
habitações ou casas inseridas, preferencialmente, na comunidade, destinadas a cuidar
dos portadores de transtornos mentais, egressos de internamento psiquiátrico de longa
permanência, que não possuam sustentáculo social e vínculos familiares e, que
viabilizem sua inclusão social. A implantação dos Serviços Residenciais Terapêuticas
requer uma articulação dos segmentos institucionais de saúde e da comunidade, no
intuito de promover a re-inserção social dos moradores recém-saídos dos hospitais. Os
Serviços Residenciais Terapêuticos têm uma atuação territorrializada, o que significa
dizer que assumem completa responsabilidade pelas questões relativas à atenção nos
sofrimentos psíquicos e de mal-estar dos sujeitos em sua sociabilidade do território.
1
Trabalho apresentado no XVII Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em
Caxambu - MG – Brasil, de 20 a 24 de setembro de 2010.
2
Cientista Social – UERJ, Especialista em Filosofia Contemporânea – UERJ, Mestrando em
Estudos Populacionais e Pesquisa Social – ENCE. mesquitajf@hotmail.com
3
Doutora em Ciência da Informação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atualmente é
Pesquisadora Titular I e Professora do programa de pós-graduação da Escola Nacional de Ciências
Estatísticas. saletnovellino@gmail.com
4
Pós-doutora na área de epidemiologia psiquiátrica na Universidade de Columbia, Nova York.
Professora adjunta do departamento de psiquiatria da faculdade de medicina da UFRJ, Chefe do
departamento de Psiquiatria e Medicina Legal da Faculdade de Medicina da UFRJ.
mariatavarescavalcanti@gmail.com
1
HOSPÍCIO NÃO É MORADIA: UM ESTUDO A RESPEITO DOS
SERVIÇOS RESIDENCIAIS TERAPÊUTICOS
INTRODUÇÃO
5
- BRASIL, Ministério da Saúde – Reforma Psiquiátrica e Política de Saúde Mental no Brasil –
Conferência Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental: 15 anos Depois de Caracas. Brasília,
07 a 10 de novembro de 2005.
6
- FURTADO, Juarez Pereira – Avaliação da Situação Atual dos Serviços Residenciais Terapêuticos no
SUS, Ciência & Saúde Coletiva, 11 (3):785-795, 2006.
2
viabilizem sua inserção social. (BRASIL, Ministério da Saúde – PORTARIA
Nº. 106) 7.
E complementa:
O número de usuários pode variar desde um indivíduo até um pequeno grupo
de no máximo oito pessoas, que deverão contar sempre com um suporte
profissional sensível às demandas e necessidades de cada um. O suporte de
caráter interdisciplinar (seja CAPS de referência, seja uma equipe de atenção
básica, sejam outros profissionais) deverá considerar a singularidade de cada
um dos moradores, e não apenas projetos e ações baseadas no coletivo de
moradores. O acompanhamento a um morador deve prosseguir, mesmo que
ele mude de endereço ou eventualmente seja hospitalizado. (BRASIL, p 6,
2004) 10.
7
- BRASIL, Ministério da Saúde – PORTARIA Nº. 106 DE 11 de Fevereiro de 2000.
8
- BRASIL, Ministério da Saúde – Residências Terapêuticas O Que São, Para Que Servem. Brasília,
Secretaria de Atenção à Saúde, 1ª edição, 2004.
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- BRASIL, Ministério da Saúde – Residências Terapêuticas O Que São, Para Que Servem Brasília,
Secretaria de Atenção à Saúde, 1ª edição, 2004.
10
- BRASIL, Ministério da Saúde – Residências Terapêuticas O Que São, Para Que Servem. Brasília,
Secretaria de Atenção à Saúde, 1ª edição, 2004.
11
- BRASIL, Ministério da Saúde – Residências Terapêuticas O Que São, Para Que Servem Brasília,
Secretaria de Atenção à Saúde, 1ª edição, 2004.
3
e de mobilização de recursos comunitários. Para isso, tais serviços devem estar
integrados à rede de serviços do SUS, municipal, estadual ou por meio de consórcios
intermunicipais, cabendo ao gestor local a responsabilidade de oferecer uma assistência
integral a esses usuários, planejando as ações de saúde de forma articulada nos diversos
níveis de complexidade da rede assistencial. Os Serviços Residenciais Terapêuticos em
Saúde Mental constituem uma modalidade assistencial substitutiva da internação
psiquiátrica prolongada, de maneira que, a cada transferência de paciente do hospital
especializado para o Serviço de Residência Terapêutica, deve-se reduzir ou
descredenciar do SUS igual número de leitos naquele hospital. MACHADO (2006,
P.36) 12.
13
VIDAL (2007, p.17) então assinala que “Com a mudança para a residência
terapêutica eles [os pacientes] são confrontados com uma outra realidade e precisam
re-elaborar todo o seu universo de significados, assim como precisam reaprender as
atividades cotidianas e sociais”. Eo ipso, MACHADO (2006, p. 37) 14 completa “Para
assegurar uma vida confortável aos seus moradores, com privacidade e liberdade,
essas residências devem situar-se fora dos limites de unidades hospitalares gerais ou
especializadas, estando integradas à comunidade”. E complementa “A vinculação dos
Serviços Residenciais Terapêuticos com os CAPS é imprescindível para que as
residências funcionem de fato como espaços de vivência e relação, e não como espaço
de terapias, o suporte terapêutico deve ser dado no CAPS”.
15
MACHADO (2006, P.35) nos explica ser imprescindível reconhecer que: “o
projeto terapêutico destes serviços deve ser centrado nas necessidades dos usuários,
12
- MACHADO, Daniela Martins – A Desconstrução do Manicômio Interno como Determinante para a
Inclusão Social da Pessoa em Sofrimento Mental. Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade de
Brasília, Brasília 2006.
13
- VIDAL, Carlos Eduardo Leal – Avaliação das habilidades de vida interdependente e comportamento
social de pacientes psiquiátricos desospitalizados. Dissertação de Mestrado apresentada `UFMG, Belo
Horizonte, MG, 2007.
14
- MACHADO, Daniela Martins – A Desconstrução do Manicômio Interno como Determinante para a
Inclusão Social da Pessoa em Sofrimento Mental. Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade de
Brasília, Brasília 2006.
15
- MACHADO, Daniela Martins – A Desconstrução do Manicômio Interno como Determinante para a
Inclusão Social da Pessoa em Sofrimento Mental. Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade de
Brasília, Brasília 2006.
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visando à construção progressiva da sua autonomia nas atividades da vida cotidiana”.
Tendo em vista sua compreensão, a qual: “No processo de desinstitucionalização das
pessoas em sofrimento mental, preconiza-se primeiramente o seu retorno ao contexto
familiar”.
Para este, “A reabilitação tem muito a ver, seja com a idéia de casa, seja com a
idéia de morar.” Neste sentido, Saraceno (1999, p.112) afirma que estas duas idéias
freqüentemente vêm sobrepostas e confundidas entre si.
17
MENDOÇA (2006, p. 4) complementa afirmando que: “A implantação das
residências terapêuticas requer uma articulação dos segmentos institucionais de saúde
e da comunidade, no sentido de promover a re-inserção social dos moradores recém-
saídos dos hospitais.”.
18
VIDAL (2007) avaliou a re-inserção social dos pacientes psiquiátricos em
SRTs e os procedimentos da desospitalização, e percebe que embora, sejam muitas as
dificuldades na sua implantação, os tratamentos de base comunitária, junto com as
intervenções de reabilitação psicossocial, se tornaram o modelo dominante de cuidados
psiquiátricos na atualidade. Afirma então que os pacientes desospitalizados apresentam
melhora no grau de autonomia, na interação social, no nível global de funcionamento e
na qualidade de vida. No entanto, a saída dos pacientes do hospital demanda a
existência de serviços comunitários com diversos níveis de atenção e complexidade.
16
- SARACENO, Benedetto – Libertando Identidades – Da reabilitação psicossocial à cidadania possível,
Instituto Franco Basaglia, Te Cora, Rio de Janeiro, 1999.
17
- MENDONÇA, Maria Cristina do A. – XVI Congresso do Círculo Brasileiro de Psicanálise, Natal-RN
31 de agosto a 02 de setembro de 2006.
18
- VIDAL, Carlos Eduardo Leal – Avaliação das habilidades de vida interdependente e comportamento
social de pacientes psiquiátricos desospitalizados. Dissertação de Mestrado, apresentada à UFMG, Belo
Horizonte, MG, 2007.
5
Requer também a presença de profissionais qualificados e programas de reabilitação
efetivos como auxílio para lidar com as exigências da vida comunitária.
19
MACHADO (2006) realizou pesquisa em Serviços Residenciais Terapêuticos
(SRTs) para compreender as representações sociais. Detecta na análise dos dados,
coletados em entrevistas aos onze profissionais de enfermagem que trabalhavam no
Serviço Residencial Terapêutico do Instituto de Saúde Mental, a emergência de três
categorias, a saber: o significado da loucura, o trabalho em saúde mental e o caminho da
inclusão social na perspectiva dos enfermeiros. Esclarece então que a loucura é ainda
compreendida dentro do paradigma manicomial enquanto desrazão, desequilíbrio e
doença, nesta perspectiva o louco é visto como debilitado. Na segunda categoria
constata a modificação de um modelo médico-biologicista, com forte cunho
hospitalocêntrico e medicamentoso para o modelo humanista, no qual ocorre uma
valorização do relacionamento inter-pessoal e a produção da subjetividade
singularizada, apontando para a desinstitucionalização e para as práticas da reabilitação
se aproximando, desta forma, do paradigma psicossocial. Mas, constata que no Serviço
Residencial Terapêutico do Instituto de Saúde Mental, o avanço destas práticas é
dificultado pela ausência de um projeto interdisciplinar individualizado, voltado à
inclusão social da clientela da unidade.
19
- MACHADO, Daniela Martins – A Desconstrução do Manicômio Interno como Determinante para a
Inclusão Social da Pessoa em Sofrimento Mental. Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade de
Brasília, Brasília 2006.
6
Gráfico 1: Serviços Residenciais Terapêuticos - Junho de 2009
250
214
200
número de SRTs
150
100 90
62
50 38
19 15 22 18
11 10 14
4 5 3 1 0 3 1 3
0
Em Funcionamento
BA CE ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RS SC SE SP
Fonte: BRASIL, MS, Saúde Mental em Dados Ano IV, nº. 6, Junho de 2009 p. 9.
60 54
50
Número de SRTs
40
31
30
20 17
10
10 5 7
2 2 3 2 1 2 2
0
Em Implantação
BA CE GO MG PA PB PE PI PR RJ RN RS SP
Fonte: BRASIL, MS, Saúde Mental em Dados Ano IV, nº. 6, Junho de 2009 p. 9.
7
internados. O ritmo de implantação das residências acompanha, portanto, os processos
de desinstitucionalização em curso no país. Desta forma, acreditamos, que quanto mais
acelerado ocorra o procedimento de implantação de novas SRTs mais rápido ocorrerá a
desistitucionalização dos pacientes com histórico de longas internações.
800
600
492
429
400
BA CE ES GO MA MG MS MT PB PE PI PR RJ RN RS SC SE SP
Fonte: BRASIL, MS, Saúde Mental em Dados Ano IV, nº. 6, Junho de 2009 p. 9.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
BIBLIOGRAFIA
BRASIL, Ministério da Saúde – Saúde Mental em Dados, Ano IV, nº 6, Junho de 2009.
9
FURTADO, Juarez Pereira – Avaliação da Situação Atual dos Serviços Residenciais
Terapêuticos no SUS, Ciência & Saúde Coletiva, 11 (3):785-795, 2006.
10