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Ruy Mur-::ira

RA UND E O "U D1 NSAMENTU


G FH '3‹: Uzu- := =_. 'J.›~. 'T1 ra :::~ -41

pur uma epistemologia crítica

cd i turn contexto

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cayzagazzo zona aus- Mai-aim '


Todos os direitos desta edição reservados ã
Editora Contexto (Editora Pinskzf Ltda.}

Fofo de cofre
Jaime Pinsky
Mmrmgerri de capa
Gustavo S. Vilas Boas
Di`ngrnrrinç*ão
Mariana Vieira de Andrade
Re ifr`.rão
Alicia Klein Ruth Mitzuie Kluslca

Dados lntemacionais de Catalogação na Publicação i[ClP}


iflãmara Brasileira do Livro. SP. Brasil)

Moreira. Ruy
Para onde i-'ai o pensamento
. geo gr |co'.Í' : por uma episte mologia
crítica I Ruy' Moreira. _ l.ed-. Í' reimpressão. _ São Paulo :
Contexto. EUÍJQ

ISBN 973-S5-7244-33iJ-E

1. Geografia E _ Geog rafia - Filosofia 3. Geografia h umana


4- Geografia - M etodologla
` 1- Titulo
'

llfi- 25 Ro CDD-9] 'l'J-'Í.ll

Índice para catalogo sistemãtico:


I _ Geografia
` " _' Teoria
` 9' I U.iJl

E D ITUR..-*i 'CGNTEITG
Diretor editorial: .Ini`rrre Pi`ri.r¡cy

Rua Dr- .lose Elias. SEU - Alto da Lapa


lJ5lJii3-(HU-São Paulo - SP
P.-u11t:(ll}3R32 5333
oonteiito@editoracontexto.co m .h r
www.ed|toraco nteiito.com.br

2(Ji'J9

Proibida a reprodução total ou parcial.


Ds infratores serão processados na fomta da lei.

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f¡1|1IIfl"

`*ä.,.,.,..

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Poro dono Regi`no_, rriirrho mãe.


com qiicoi oprcridi qi.tc
ser-iiirri-horrierri-r'ro-oiimdo e ser
ncitrro É iori projeto irripo.r.rÍi=cÍ.

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SUMÁRIO

..9
A razão fragmentária e os paradigmas da geografia moderna...

|Asfi1osofiaseoaparadigmasdageografiamoclernaI ......................................................... .l3


A I:›ai:›ta modernidade e o holismo iluminista-romantico
dos scculos .......l4

A modernid ade industrial c a geografia fragmentária


dos seculos .24
A ultramodernidade e a tendencia pluralista atual ......39

47
O que concebemos por natureza na 47
As fontes e a evolução da concepção da natureza na geografia 54
Para a crítica do conceito de natureza na geografia.................. .TI
77
O que concebemos por homem na .......77
As fontes e a evolução da concepção de homem na geografia....... .......8ti
Para a crítica do conceito de homem na geografia....................

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|A eoonomiadoeapaço-mundo-da-mercadoriaI...... 101
O que concebemos por economia na 101
As fontes e a evolução da concepção de economia na geografia ......108
Para a crítica do conceito tie economia na geografia.................... ll 1

|Abuaca de timageografia da civilização


aema estrutura N-H-EI 117

O homem atópico e a externalidade da natureza.


da sociedade e do 113
Os problemas: a definição. a episteme e o metodo....... 119
A busca da superaçao
fu.-

......127

| Política, técnica, meio ambiente e cultura:


a o do mundo modemol 133
A reestruturação da política e do Estado e a reforma neoliberal...... .133
A reestruturação da tecnica e do meio ambiente e o novo espaço 135
A reestruturação da cultura da repetição e a nova diferença............ ......148

|Daregiaoàredeeaolugar: anovarealidadeeonovo
olhar geográfioo sobre o mundo I 157
A realidade e as formas geográficas da sociedade na história...... 157
O que são o espaço e seus elementos estruturantes.................... ' ÍÍf.Íf.iõv
A representação e o olhar da geografia num contexto
de espaço fluido 170

179
Hu niboltltjíernadskv e o homem metabólico de Marx.............. _. 179
Sorre. La Blache. Milton Santos e o bioespaço....................... 181
A sociabilidade e as categorias geográficas: reemergencias...... ......l34

|Bib1iografiaI .......185

IO autorl .192

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I-'.~"i.IL›'l ONDE '¡.".›"iI D PENSA lvl EN TD GEDGHA FICO?

APRESENTAÇÃO

A razao fragmentária e os paradigmas da geografia moderna

Boaventura de Souza Santos considera o momento atual do pensamento como o da


exigência de uma epistemologia crítica. que supere o impasse e a crise de paradigma em que
se encontra o universo das ciencias. Ele se refere ã crise da razão fragmentária. que desde
¡-

meados do seculo xix. com o advento do positivismo. se instala e domina o cenário do


pensamento científico e filosófico do Dcidente.
A geografia enquadra-se nesse parãmetro. Por isso. desde a decada de 1970. instalou-se
em seu seio um ambiente de grande debate crítico sobre os rumos do seu pensamento. que
hoje se amplia com novas tendencias.
O paradigma de geografia lembra aquele que Foucault denomina. em sua Aroiieoiogio
do .rober. a forma da representação clássica. O olhar do geógrafo sobre o inundo sugere-lhe. a
primeira vista. uma circundãncia formada por uma diversidade de coisas. Como a ciencia não
pode trabalhar com uma multidão heteróclita de coisas sem um esquema que as integre numa
arrumação totalizada de conjunto. a geografia _ tomada como ciencia _ retira da própria
percepção imediata os elementos da fórmula para ela ordenadora do mundo circundante: o
esquema N-H-E (natureza. homem e economia). E o estabele t"}!"'.r Di ssim como modelo teórico
que. ao mesmo tempo que e de classificação. e também conceitual.

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P.~"i.RA DNDE '¡."."'i| D PENSA lvl EN TD GEDGHA FICO?

Por este modelo. qualquer forma de sociedade. pode ser o Egito antigo ou o atual. os
Estados Unidos ou Cuba. a geografia sempre. a ve como estando organizada segundo uma
mesma e invariável forma e que independe das suas diferenças de caráter histórico-concretas.
Falar do mundo e. pois. uma operação metodológico-discursiva simples na geogafia:
descreve-se primeiro a natureza. depois a população e por fim a economia. Sempre nesta
ordem. E quando esta e alterada. apenas muda-se formalmente a seqüencia.
Para conferir ao conjunto uma armadura territorial. que em geografia e necessiãia.
usa-se ordinariamente ã arrumação territorial da natureza. arru-mando-se dentro dela a
distribuição da população e da economia. Todavia. ao passar para a explicação da mesma
arrumação territorial. usa-se a arrumação dada pela economia. tomando-se ora a arquitetura
das relações territoriais de trocas e ora a arquitetura da divisão territorial do trabalho como
referencia - a natureza vista como um elenco de áreas de recursos. e a população como urna
fonte de mão-de-obra e de consumo. num primado da geografia económica sobre partes
restantes.
A descrição dessa arquitetura do espaço toma por referencia a linguagem dos mapas.
dos quadros. das tabelas e dos blocos diagramas.Tudo de molde a usar-se como padrão
explicativo "leis" de cunho essencialmente estatísti-co-matemático. Assim: a natureza e uma
pletora de corpos governados pela lei da gravidade; o homem e um ente demográfico regido
pela lei da população; e a economia l"l“‹s uma sucessão de trocas comandada pela lei do lucro.
Ds acontecimentos foram. entretanto. mostrando o simplismo e a su-perficialidade
desse esquema teórico e metodológico. E um processo de crítica foi exigindo a reformulação
do modo do olhar geográfico. Ate porque se percebeu tratar-se ele de um olhar comprometido
com um tipo de mundo há tempo esgotado na história humana.
Contudo. a geografia do N-H-E e uma derivação daquilo que na história da geografia
moderna chamamos a "geografia da civilização". em si uma tentativa de superar a
fragmentação excessiva a que a geografia chegara na virada dos seculos xix para xx.
lnsuficiente. diante das necessidades do avanço mundial da economia da segunda fase da
industrialização. para inventariar as formas de relação existentes entre o homem e o meio nos
diferentes cantos da terra _ um conhecimento que então se torna necessário e a que se
lançam a geografia e a antropologia. Hoje. e um formato a que os geógrafos recorrem toda
vez que precisam enfocar uma região. um país ou uma sociedade em suas relaçoes geográficas
por inteiro. E que no cotidiano forma a geografia das escolas.

ID

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arassswração
Este livro filia-se ãs correntes da preocupação crítica com o olhar da geografia e do
geógrafo. E destina-se a estimular o debate da geografia a partir de um dos enfoques globais
que coabitam com a fragmentação ainda dominante. Divide-se em oito capítulos."As
filosofias e os paradigmas da geografia moderna" resume o painel da evolução histórica da
geografia moderna e situa o contexto da geografia do N-H-E."A insensível natureza
sensível"."D homem estatístico" e "A economia do espaço-mundo-da-mercadoria" remetem
ao campo de cada uma de suas componentes. resumindo e analisando o conteúdo e as fontes
originárias dos conceitos da natureza (segundo capítulo). do homem (terceiro capítulo) e da
economia (quarto capítulo) com que a geografia do N-H-E trabalha. "A busca de uma
geografia da civilização sem a estrutura N-H-E" levanta os problemas que cercam a geografia
moderna baseado em como se manifestam nesse modelo. historiando os nexos estruturantes
por meio dos quais os geógrafos em diferentes momentos buscaram equacioná-los. "Política.
tecnica. meio ambiente e cultura: a reestruturação do mundo moderno" faz o percurso da
reestruturação hoje. em curso. aprofundando o conteúdo do capítulo anterior. com o enfoque
da reestruturação dos paradigmas das categorias empíricas que mais tem influenciado na
organização dos espaços e na compreensão do mundo pela geografia moderna. enfatizando a
reestruturação da política. da tecnica. da relação com o meio ambiente e da cultura da
civilização tecnica. "Da região ã r IT»C..' I"t.'‹ e ao lugar: a nova realidade e novo olhar geográfico
sobre o mundo" avalia os efeitos de ssa reestruturação no plano interno do disc urso geográfico.
E "De volta ao futuro" analisa as tendencias do reencontro da geografia com os elementos do
seu discurso clássico. em vista de acompanhar estas tendencias no campo real da tecnica com
o paradigma da terceira Revolução Industrial.
Uma palavra final sobre o título. Este livro e a versão revista e atualizada de O cfrciiio
e af e.rpiroi__jrí em si escrito com remanejamento de capítulos de U di.rciirso do oi-'esro _.
com um subtítulo que remete a urria crítica da geografia que se ensina no nível escolar e
universitário e da geografia dos ambientes de pesquisa. assessoria e planejamento. Esta nova
versão foi orientada para o plano geral que atravessa a edição anterior. centrando o foco na
questão da epistemologia crítica essencialmente. Em vista disso. acrescentamos novos ca-
pítulos ("As filosofias e os paradigmas da geografia moderna". "A busca de uma geografia da
civilização sem a estrutura N-H-E" e "De volta ao futuro") e reescrevemos os demais a fim de
alinhar o novo livro por inteiro.
Creio que o diálogo a que se propõe fica agora mais transparente e orientado. Oxalá
esta versão atinja o escopo que o livro sempre pretendeu.

ll

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AS FILÚSDF`l.I"iS E DS PAIL~'i DIG ll.'lAS DA GECIGILIH FIA lvlDD ERN A

AS FILOSOFIAS E OS PARADIGMAS DA
GEOGRAFIA MODERNA

Tatham situa o nascimento da geografia moderna na segunda metade do seculo xvin.


alimentada na filosofia do Iluminismo e tio Romantismo Alemão (Tatham. l959).Tres são as
fases que a geografia moderna conhece desde então. diferenciadas por seus respectivos
paradigmas. São eles: o paradigma holista da baixa modernidade. o paradigma fragmentário
da modernidade industrial e o paradigma holista da hipermodernidade (ou pós-modernidade).
como tendencia atual.
Há. assim. uma relação entre fundamentos filosóficos e paradigmas. cuja combinação
vai dar nessas tres fases. nas quais se distinguem os fundamentos (as fontes de referencia
filosófica) e os formatos (os paradigmas). Se as fontes de referencia filosófica são plurais. o
formato paradigmático e um em cada fase.
Entende-se por baixa modernidade o período do Iluminismo e do Romantismo
Alemão. ambos marcados pela presença do idealismo filosófico _ o período do Iluminismo
pela filosofia crítica de Kant e o período do Romantismo pela filosofia clássica alemã de
Fichte. Schelling e Hegel. Por modernidade industrial entende-se o período dominado pela
filosofia positivista. E por hipermodernidade ou pós-modernidade entende-se o período atual.
marcado pela presença de uma pluralidade de referencias filosóficas em que a fenomenologia
husserliana. a filosofia da linguagem (de Wittgenstein) e a filosofia da práxis marxista se
sobressaem.

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P.~"iIL~"i DNDE 'I-".~"iI Ú PENSAlvlENTí_`) GEÚGIUIFICÚ?

A baixa modernidade e o holismo iluminista-romãrltieo dos seculos


XVIII-XIX

D ponto seminal da geografia moderna e a obra do geógrafo J. R. Forster e do filósofo


Immanuel Kant. pontos de convergencia do Iluminismo na geografia. antecedidos pelos
geógrafos da primeira metade do seculo xvm. Forster e Kant são os sistematizadores da
geografia moderna. essencialmente iluminista _ Forster no plano teórico-metodológico e
Kant no plano epistemológico.
E Forster. geógafo de formação. o estuário em que deságua a geografia dos
antecedentes. Da Antigüidade clássica chega-lhe o discurso da geografia como o estudo das
relaçe-es sistemáticas que descrevem a paisagem. e que. orientadas por esta. se locahzam e se
sintetizam para formar o fenemeno regional. de Estrabão (63 a.C.-63 d.C). E o discurso de um
todo planetário que se expressa como uma construção matemática e pronta para versar-se em
linguagem cartográfica. de Ptolomeu. Já do Renascimento vem a atualização da geografia
estraboniana para o novo tempo e o ambiente que então se abre. adquirindo a duplicidade. do
metodo que distingue a geografia sistemática e a geografia regional. chamada de geografia
especial. transfigurada no olhar da teoria unitária que explica o mundo como um jogo de
escala. de Varenius. Chega-lhe ainda a retomada de Ptolomeu para a contemporaneidade. da
teoria heliocentrica de Copernico _ o modelo matemático ganhando aqui a precisão da
cosmografia copernicana _. de Cluverius. Forster vai abraçar o sentido siste mático_regional
dessa geografia do passado. atualizando-a para os parãmetros científicos e filosóficos do
E.rat G E lo xvm. pelo lado da face prático-empírica.

O papel de Kant e diferente. Kant e filósofo de formação e ve na geografia. que leciona


por quarenta anos. entre 1756 e 1796. na universidade de Keenigsberg. a oportunidade de
exercitar e confirmar os conhecimentos empíricos que necessita transpor para a constituição
do seu sistema de ideias. A geografia serve-lhe de apoio a fim de refletir criticamente sobre a
visão de mundo dominante do seu tempo. dela extraindo ilaçees seja sobre as teorias físicas
de Newton _ um cientista que tem em alta conta a Geographic Gerieroíi.r. de Varenius. cuja
edição inglesa usa em sala com seus alunos _. seja sobre o Sartemo Norirroe, de Lineus. a
primeira grande obra de classificação dos fenemenos da natureza. E serve-lhe de apoio. ainda.
para lapidar conceitos _ como sensibilidade e entendimento _ e seus entrelaçamentos com o
conceito de espaço.
Tanto Forster quanto Kant são antecedidos dos geógrafos alemães da primeira metade
do seculo xvm. Tatham menciona duas vertentes então vigentes: a escola político-estatística
de geografia e a escola da geografia pura. O

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AS FILÚSDFIAS E CE PARADIG MAS DA GEDGRA FIA li-'IDD ERN A

tema de ambas e o problema da extrema fragmentação da Alemanha em inúmeros principados


e os criterios de fronteira e unificação do território numa única Alemanha. que domina a
atenção da intelectualidade teute-nica no momento. A escola político-estatística ve o problema
da fronteira a partir do criterio dos marcos políticos; a escola da geografia pura o ve a partir
do criterio dos marcos físicos. Tatham descreve a dissonãncia nestes termos:

Levser. entre outros. muito cedo. em 1726. salientou este ponto e. advogou o
emprego das fronteiras naturais. Tais críticas não obtiveram resultados práticos ate que
foram reforçadas pelos ensinamentos de Buache (1700-1773) sobre o sistema do globo
fffiiorpenre de Globe). Segundo Buache. o esqueleto da terra era simplesmente um
determinado número de bacias separadas por extensas linhas de montanhas e serras
submarinas. Essa teoria foi elaborada um seculo antes por Athanasius Kircher. porem
ignorada. Agora. reviveu. revestindo-se de certa expressão gráfica nos acurados mapas
de contorno dos relevos. tal como os que Buache construiu para o seu estudo do Canal
da Mancha (1737). A reação dos geógrafos foi rápida. Esta contínua linha de
montanhas parecia oferecer uma estável e natural alternativa para a - mudança.
efetuada pelo homem. das fronteiras das unidades políticas. Gatterer {Aoriss der
Geogropiiie. 1775) usou o novo limite para dividir o mundo em partes naturais. No seu
trabalho. se encontram pela primeira vez expressees tais como: Península dos Pirineus.
Terras Bálticas. Terra dos Cárpatos. Regiees Alpinas do Oeste. Sul e Norte. Gatterer
não se ajustou com os geógrafos político-estatísticos. A classificação natural das
regiees (vol. 2) seguiu-se de uma descrição das unidades políticas (vol. 3). segundo a
moda de Büsching. posto que mais resumida. No entanto. a sua obra deu início ã
tendencia para a geografia pura {Rei`rie Geogrophie). (Tatham. 1959. p. 203).

Caberá a Forster estabelecer a primeira grande arrumação sistemática sofrida pela


geografia moderna em sua formação. no campo teórico-metodológico. Forster e considerado
por seus contemporãneos. como Pleive. como "o primeiro grande metodologista alemão.
geógrafo na concepçao moderna". E suas ideias sao resumidas por Tatham:
eu rn.-

Forster considerava a geografia do ponto de vista prático. Despertava-se-lhe o


interesse apenas pelo contato direto com uma variedade de naturezas em diversas
partes da terra. e a sua contribuição e o metodo adotado por ele no tratamento dos
dados arrecadados. Dotado de acurados dotes de observação. assim como científica
tendencia de espírito. colecionava fatos. comparava-os e classificava-os. e extraía dessa
classificaçao generalidades com as quais procirrava. entao. a explicaçao da causa. O
tratamento sistemático da

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PA.ILI"i DNDE 'I-"AI Ú PENSAMENTÚ GEÚGILAFICD?

materia e sobejamente demonstrado na classificação de suas observaçees nos Mares


do Sul. Foram publicadas sob seis títulos. Terro e pof'.re.r. Agiro e oceorio. Arrrroszfero.
Vorioçães do gfobo, Corpos orgririico.r {oriirrroi.r e pl'oriro.r). e. o Hoorerri. (T atham.
1959. p. 2.04).
Segundo Forster. a descrição das paisagens deve preparar. para a explicação. uma
tarefa de evidenciar as re.laçee.s atuantes entre os fene-menos e esclarecer sua natureza. A
descrição culmina na explicação das relaçees. com atenção particular nas relaçees do homem
com o meio. O que. para Forster. se deve fazer por intermedio de um metodo preciso e
cuidadoso. Em sua sistemática. portanto. Forster estabelece como objeto da geografia o estudo
da superfície terrestre. e como seu metodo a comparação. do qual deriva a descrição e a
explicação como categorias analíticas das paisagens. E toma por abordagem do estudo da
superfície terrestre o recortamento das paisagens. vendo cada grande paisagem como um
recorte. e o conjunto dos recortes das paisagens como a origem da divisão da superfície
terrestre numa diversidade de áreas. enfatizando a geografia como uma ciencia corográfica.
Campo. objeto e metodo ficam assim estabelecidos. a partir desta concepção da geografia
como uma ciencia voltada para o estudo da superfície terrestre e análise dessa superfície em
termos de corografia. Após a morte de J. H. Forster. sua obra foi sistematizada e divulgada
por seu filho G. H. Forster. contemporãneo e. amigo de Humboldt. chegando por meio destes
dois aos geógrafos do seculo xix como a grande expressão da geografia alemã oitocentista.
Entretanto. a geografia segue sendo com Forster um saber caracterizado ainda por um
forte recorte empirista. Campo. objeto e metodo estão definidos. mas falta-lhe o discurso de
elaboração teórico-conceitual mais sistemático. Tarefa a que precisamente se dedicará Kant.
Immanuel Kant (1724-1804) não vem direto do ambiente da geografia: vem para ela
como um projeto da filosofia. Kant estabelecerá as bases epistemológicas da geografia
moderna. completando o trabalho de sistemati-zação teórico-metodológica de Forster.
Interessa ao seu sistema de ideias descobrir como a geografia pode ajudar na tarefa da
constituição do entendimento da natureza. Forma de saber que nos põe em relação direta com
o mundo exterior por meio das percepçees externas. a geografia abre para o casamento da
sensibilidade e entendimento. as duas categorias essenciais do conhecimento para Kant e tema
que atravessa o debate epistemológico dos iluministas _ Kant talvez o maior deles. A enorrne
quantidade de informaçees sobre flora. fauna. geologia. meteorologia. culturas e etnias
colhidas de todos os cantos do

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AS FILIDSDFIAS E CE PARADIG ILIAS DA GEDGIUi.FIA. IUIDIJ ERN A

mundo. e. trazidas ã Europa por naturalistas e viajantes desde as primeiras navegaçees e


descobertas. pec a disposição do pensamento científico uma massa de referencias novas para
o entendimento da realidade do mundo. pedindo a ul-trapassagem das velhas formas de
representação. Formas já em si abaladas pela evolução dos conhecimentos experimentais
introduzidos pelos físicos - a "grande física" de Copernico e a "pequena física" de Galileu
Galilei. e que com Isaac Newton se torna um novo paradigma de mundo _. e exigindo a
reformulação de todas formas de pensamento. em particular da filosofia. Na primeira
metade do seculo xvm. isto significa catalogar e sistematizar todas essas informaçee.s. o que
dará origem aos primeiros sistemas de classificação. despontando os trabalhos de John Ray
(1627-1705). Lineu (1707-1778) e Buffon (1707-1788).
O Syrrerrio Norirroe. de Lineu. um gigantesco trabalho de classificação e sistematização
de tipos de plantas baseado em exemplares recolhidos de todos os quadrantes. e. o uabalho de
Buffon com a classificação dos tipos de animais comporão o quadro mais completo da flora e
da fauna ate o momento conhecido. Tarefa de sistematização que logo será ampliada com os
estudos de classificação do homem. por intermedio da antropologia. da filologia comparada e
da demografia. Ate que tudo desemboca nas primeiras sistematizaçees das formas de relação
entre a natureza e o homem. em que se destacarão estudiosos como Montesquieu (1689-1755)
e Herder (1744-1803).
Kant leva estes sistemas de classificação do plano lógico para o plano real da superfície
terrestre. considerando-os como um sistema geográfico. Assim. as especies e coisas reunidas
em grupos de classes do Sistema da Natureza são vistas por ele nos ambientes reais das
paisagens. O lagarto e o crocodilo. por exemplo. que no Sarrerrro Norirroe são especies de um
mesmo grupo de genero (por causa das semelhanças). no sistema geográfico são o crocodilo.
uma especie do ambiente fluvial. e o lagarto. uma especie do ambiente terrestre. Kant
reafirma. desta maneira. a geografia regional-sistemática de Estrabão e Varenius. mas a
geografia regional casada com uma geografia sistemática. vinda diretamente dos quadros
lógicos do S_v.rrerrio Norirroe.
Kant age. pois. como um prosseguidor da tradição da geografia que chega a ele e a
Forster. seu contemporãneo. A noção corográfica sistematizada no plano metodológico por
Forster terá continuidade em Kant. com a conversão da noção empírica de superfície terrestre
na formulação conceituai do espaço geográfico.
Kant concebe o espaço como uma categoria do conhecimento sensível -entende o
espaço como uma forma pura da sensibilidade. _ e. desenvolve seu

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PAIEA DNDE 'I-"AI Ú PENSAIVIENTÚ GEÚGILAFICÚ?

conceito na Errerico rro.rcerideriroi', parte primeira de seu livro Crítico do rozrio puro.
de 1781. Mas e no trabalho de 1786. Em rorrio do primeiro fiiridorrieriro do di.rririçrio dos'
regidas do espaço, do chamado período pre-crítico. que o tema ganha sua direta tradução
geográfica. Mantendo a tradição chegada ate ele. o conceito de espaço e visto junto com o de
recorte da paisagem. em que espaço e o todo e a região o recorte _ esta relação todo e parte
mostrando uma clara assimilação do sentido corográfico da geografia que o antecede
(Martins. 2003).Todavia. Kant substitui a superfície terrestre pelo conceito do espaço como
referencia da geografia. produzindo uma quebra entre superfície terrestre e espaço na
seqüencia da tradição que ate hoje tem seus efeitos.
Clarifiquemos a questão do conceito.
O conhecimento para Kant e uma combinação da sensibilidade e do entendimento. Na
sensibilidade. manifestam-se os juízos sinteticos. Os juízos sinteticos são aqueles em que o
predicado acrescenta qualificações ao sujeito. Por isto. são juízos o posreriori. No
entendimento. manifestam-se os juízos analíticos. Ds juízos analíticos são aqueles em que o
predicado nada acrescenta de novo ao sujeito. limitando-se a dizer o que já e próprio dele. Por
isso são juízos o priori Um exemplo de juízo analítico e a sentença Mario e' midher. uma vez
que toda Maria e mulher. a sentença nada acrescentando a Maria o que já não seja dela
(mulher e um atributo próprio. já dado. um af priori). Um exemplo de juízo sintetico e Mario e'
belo. uma vez que nem toda Maria tem a qualidade da beleza. sendo algo que o predicado lhe
acrescente ( o posreriori). Chamam-se o priori porque as categorias do entendimento são um
já dado no ãmbito da razão pensante. precedendo e existindo independentemente de qualquer
experiencia; ã diferença dos dados da sensibilidade. que são o posreriori. isto e. captados
mediante a percepção do entorno pelo homem. surgindo só em decorrencia da experiencia de
mundo do homem. Assim. enquanto os juízos analíticos são atributos (categorias teóricas) do
pensamento. os juízos sinteticos são atributos da experiencia sensível.
Não obstante. dois juízos sinteticos fogem desse parãmetro: o espaço e o tempo.
Espaço e tempo são formas puras da sensibilidade. E são. destarte. juízos sinteticos porem o
priori. Espaço e tempo são juízos que se manifestam no plano da sensibilidade. o plano das
percepçees. mas existem previamente aos fatos da experiencia sensível. qualificando-os como
predicados que são já dados dos fene-menos. São um juízo o priori porque nada acrescentam
ao fenemeno o que já não seja dele (não há fenemeno senão no tempo e no espaço). E são
juízos sinteticos porque só apreensíveis por meio da sensibilidade. Espaço e tempo são para
Kant. assim. umjá dado do mundo. que o homem capta

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AS FILIDSDFIAS E CE PARADIG ILIAS DA GEDGIUi.FIA. IUIDIJ ERN A

com a percepção dos fenemenos. Quando captamos os fenemenos em nossa percepção. estes
já aparecem diante de nós organizados em suas localizaçees na extensão que nos rodeia (o
espaço) e na sucessão dos movimentos de mudanças do ontem para o hoje (o tempo).
Todavia. se aparecemjunto aos feneme nos no ato da percepção. espaço e tempo já não
são fenemenos da percepção. Não são coisas. São planos da organização _ diz-se espacial
(na ordem da extensão) e temporal (na ordem da sucessão) _ das coisas. Quando olhamos
para a paisagem e. vemos um rio. este já aparece localizado num ponto de recorte definido da
paisagem. Já se nos apresenta numa ordem dada de arrumação no espaço. De modo que o
espaço e o tempo não são um produto. nem da sensibilidade. em cujo campo e percebido. nem
do entendimento. em que aparentemente apareceriam uma vez que são categorias puras. Em
resumo. quando o pensamento parte para organizar os fenemenos numa ordem de
entendimento do mundo. já tem ele esta tarefa facilitada pela previa organização das coisas.
organização espacial. no plano da extensão. e organização temporal. na ordem da sucessão. e.
segundo Kant. e isto de que nos damos conta no momento da percepção.
Daí que para Kant a geografia cabe descrever e a história narrar os fenemenos que
formam o mundo: a geografia na ordem da distribuição das coisas na extensão que nos cerca.
e a história na ordem da sucessão em que se movem estas coisas no passado. no presente e no
futuro. Uma vez que em Kant o espaço aparece separado do tempo. por esta razão a geografia
aparece separada da história. Só a dimensão do presente junta a geografia e a história. pois o
presente e dado pela percepção sensível. sendo a única categoria do tempo comum a ambas: à
geografia porque e o plano da percepção física (a percepção externa). e a história porque e
plano da percepção subjetiva (a percepção interna). Daí. a mente pode derivar o passado. pela
memória passada do objeto sensível. e futiiro. pela projeção de como se imagina venha a ser o
objeto amanhã. E daí Kant afirmar que o espaço e da ordem da nossa externalidade e o tempo
da ordem da nossa internalidade: o espaço e objetivo (está fora de nós) e o tempo e subjetivo
(está dentro de nós).
Kant relaciona a geografia. portanto. a percepção espacial dos fenómenos. E por isto a
classifica como uma ciencia da natureza. Entende-se por natureza. nos tempos de Kant. algo
diferente do entendimento atual. Natureza e todo o mundo da percepção sensível. o mundo
objetivo _ diz-se a epoca físico _ das coisas que nos rodeiam (distinguindo-se do mundo
meta-físico. o mundo que não alcançamos por meio da ciencia. mas pelo esforço da
mctafísica). Por essa razao a geografia e para Kant o equivalente do S_v.rrerrro Non.iroe de
rn.-

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PARA DNDE 'i-'AI Ú PENSAIUIENTIIJ GEÚLÊILAFICU?

Lineus e Buffon. visto no plano empírico e corográfico da superfície terrestre. Kant assume
com isso a concepção da geografia pura. trazendo para si o discurso teórico dos ge.ógrafos
daquela escola. seu conceito de região como um recorte físico da superfície terrestre. e o seu
olhar físico determinado pelas paisagens. E precisamente esta geografia que aparece em sua
obra de 1786. Entretanto. Kant não expõs suas teorias da geografia em livro. São as anotações
de aula que. seus alunos reúnem e publicam em 1802. com o título de Geogroflo Fisica. que
resumem seus conceitos e concepções. Em geral. e o texto de 1786 que. tem servido de
referencia maior para o estudo de suas ideias geográficas. particularrnente para o seu conceito
de espaço. Seja por essa razão. ou seja por outra. a influencia que a tradição geográfica
incorpora de Kant e aquela que desvencilha seu objeto da superfície. terrestre em termos
diretos. a fim de. a ve-la pelo prisma abstraído do conceito espaço. a ideia formal que
passa a aparecer por uás da noção de paisagem. região e da própria relação do homem com a
superfície. terrestre. dentro da qual vive.
Visto como forma pura da percepção _ puro querendo dizer destituído da presença de
qualquer dado empírico _. o conceito de espaço de Kant reitera a geografia como um saber
descritivo _ a história e narrativa e a geografia e descrição _. reafirma-a como um saber
corográfico e a consagra como um sabe.r centrado na sensibilidade e não no entendimento.
deixando a tarefa da sistematização teórico-metodológica mais acabada da geografia para os
geógrafos posteriores E o que farão Ritter e Humboldt. os reais precursores da geografia
moderna.
Karl Ritter (1779-1859) forma com Alexander von Humboldt (1769-1859). no dizer de
Tatham. o período científico. para quem o período de Forster e Kant representa o de
lançamento dos primeiros alicerces:

Vista em conjunto. a obra dos geógrafos do fim do seculo xvn e extraordinária. Os


debates academicos entre os político-estatísticos e os geógrafos puros aplainaram
barreiras do pensamento tradicional. abrindo o caminho para um progresso puro e sem
obstáculos. Os Forsters demonstraram o metodo de pesquisa e estilo lite.rário. enquanto
Kant definiu claramente o ramo. Foram colocados. desse modo. os primeiros alicerces
sobre os quais. no decorrer dos cinqüenta anos subseqüentes. elevou-se o edifício da
geografia científica. Esta tarefa de sistematização associou-se a dois homens:
Alexander von Humboldt e Karl Ritter. e. o período no qual eles trabalharam foi. com
justiça. considerado o período clássico da evolução do pensamento geográfico. (idem.
p. 2.07).

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AS FILÚSDFIAS E CE PARADIG MAS DA GEDGRA FIA li-'IDD ERN A

Com o uso do plural. Tatham se refere a Johann Reinhold. Forster (pai) ejohann
George Forster (filho).
Ritter reitera o princípio corológico e aperfeiçoa o metodo comparativo. estabelecendo
o perfil e o rigor científico que ainda faltava a geografia. O metodo comparativo consiste.
segundo Ritter. em "ir da observação a observação". numa formulação que. ao mesmo tempo
reafirma e supera a tradição descritivista de Forster e Kant. Trata-se de uma combinação dos
metodos indutivo e dedutivo. casados no metodo único da comparação. que faz da geografia
uma ciencia indutivo-dedutiva. levando-o a designar geografia comparativa a forma de
ciencia que está criando. O objeto da geografia comparativa e a constituição da
"individualidade regional". a região teoricamente E":G:I t"'â t"'. '‹ uada e produzida na linha da
|_|. F-I'

geografia sistemático-regional dos antigos. mas pautada no pensamento do espaço-todo e


região-parte de Kant.
Para chegar à "individualidade regional". Ritter compara recortes de áreas diferentes.
com o fim de identificar as suas características comuns e assim chegar a um plano de
generalização (metodo indutivo). De posse desse plano de comparação possível. individualiza
e analisa cada área separadamente. com o fim agora de identificar o que e específico a cada
uma. distinguir o que as separa e assim classificar as por suas propriedades dentro do
quadro das propriedades comuns a todas (metodo dedutivo). Dbtem-se com isto a
individualidade de cada área. isto e. a construção teórica da região. que Ritter concebe de
maneira a ver cada área como um recorte de uma unidade de espaço maior. sendo uma
unidade em si ao mesmo tempo que e parte diferenciada do conjunto maior da superfície
terrestre. O conceito da individualidade regional e o resultado da reunião do conceito
região-parte e espaço-todo de Kant _ o Kant de 1786. porem criado de acordo com o metodo
comparativo e enfoque corológico de Forster.
Humboldt parte do mesmo princípio e metodo de Ritter. Se para Ritter o objeto do
estudo da geografia e a superfície terrestre vista a partir das individualidades regionais. para
Humboldt e a globalidade do planeta. vista a partir da interação entre a esfera inorgãnica.
orgãnica e humana holisticamente realizada pela ação intermediadora da esfera orgãnica. A
intermediação do orgãnico e o cerne da teoria geográfica de Humboldt. assim sintetizada por
Tatham: "A fim de estabelecer esta unidade. devem ser pesquisadas as relações da vida
orgãnica (inclusive o homem) com a inorgãnica na superfície terrestre". A referencia da esfera
inorgãnica e o que Humboldt chama de "a geografia das plantas". tema e objeto de estudo de
todo um livro. publicado em 1807. e que ganha o .rrririis de ponto de constituição holístico do
planeta em sua obra maior. Cosaios. cuja publicação inicia-se em 1845.

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PAIEA DNDE 'I-"AI Ú PENSAIVIENTIJ GEÚGILAFICÚ?

Tanto Ritter quanto Humboldt são holistas em suas concepções de geografia. Enquanto
Ritter vai do todo _ a superfície terrestre _ a parte _ o recorte da individualidade regional
_. de modo a daí voltar ao todo para ve-lo como um todo diferenciado em áreas. Humboldt
vai do recorte _ a formação vegetal _ ao todo _ o planeta terra _. de modo a voltar a
geografia das plantas como o elo costurador da unidade do entrecortado das paisagens. ambos
se valendo do metodo comparativo e do princípio da corologia. São. porem. dois tipos
distintos de holismo. com partida comum no Iluminismo de Kant e recorte diferenciado no
Romantismo de Schelling. De Kant e do Iluminismo vem a noção da natureza como essencia
comum das coisas _ são coisas naturais tanto os homens quanto as rochas _. e de Schelling
e do Romantismo vem a noção do significado distinto da natureza nas coisas. Sucede que há
dois Schelling. Por isto. se Kant e a base filosófica comum a Ritter e Humboldt. diferencia-os.
entretanto. a dupla filosofia de Schelling. cada uma referenciando um olhar holístico.
O fundo holista comum. que Ritter e Humboldt captam do pensamento iluminista. e a
ideia da natureza como uma essencia interior de todas as coisas. Distinguem-se. então. a
natureza como essencia comum a todas as coisas e as coisas como as formas concretas dessa
natureza. Há uma natureza humana _ como há das plantas. dos animais. das rochas ou das
chuvas _. uma natureza como imanencia substancial. e as coisas por meio das quais se
expressa essa natureza ã nossa percepção. na forma material dos homens. plantas. animais.
rochas. rios ou chuvas. Esta natureza interior que se manifesta ao plano de nossa captação
perceptiva do pensamento iluminista e levada ao máximo da sua concepção idealista - viram
eu e não-eu _ com o pensamento romãntico (Sciacca. 1967). E daí. via Schelling. e passada a
Ritter e Humboldt.
A filosofia de Friedrich Schelling (1775-1854) se divide em dois momentos: a filosofia
da natureza e a filosofia da identidade. Ambas tem o mesmo fundamento no conceito da
natureza do Romantismo. A filosofia da natureza e uma teleologia panteísta. enquanto a
filosofia da identidade apresenta um sentido mais teoteleológico. A filosofia da natureza (o
primeiro Schelling) e o fundamento do holismo panteísta de Humboldt. expresso na interação
das esferas do inorgãnico. do orgãnico e do humano. integradas na mediação da esfera
orgãnica. que antes vimos. Já a filosofia da identidade (o segundo Schelling) e o fundamento
do holismo teísta de Ritter.
Criadores da moderna geografia. Ritter e Humboldt. portanto. se. aproximam e se
separam.
Para Ritter. resume Tatham. "a geografia ce.ntralizava-se no homem; seu objetivo era o
estudo da terra. do ponto de vista antropocentrico; procurar

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AS FILÚSDFIAS E DS PA RA DIG lt-IAS DA GEIDG RA FIA lvl DDE RNA

relacionar o homem com a natureza. e ver a conexao entre o homem e a sua história e o solo
fu.-

onde viveu". Um projeto para mais alem de Kant e já distante da escola da geogafia pura. A
origem e uma terceira influencia. a filosofia pedagógica de Pestalozzi (1746-1827). de que
Ritter fora aluno:

Um dos objetivos do sistema de Pestalozzi era despertar o entusiasmo pela


natureza. sendo os alunos treinados em fazer acuradas observações durante longos
passeios pelos campos. Insistia-se. tambem. sobre as relações espaciais. Os estudantes
aprendiam a observar a relação das coisas com a vizinhança imediata: a escola. depois.
o pátio da escola. em seguida a região do lar. os limites da rãea iam-se gradativamente
expandindo ate abarcar o mundo inteiro. G interesse nas terras estrangeiras assim
despertado era ainda mais aguçado. como no caso de Humboldt. pelo desenho dos
mapas. Um ensinamento desta ordem era quase o ideal para um geógrafo. (Tatham.
idem. p. 208).

O homem e o centro de referencia. mas sua compreensão só e alcançável na


perspectiva holística da natureza e. na escala de espaço que abre a janela ao infinito do
universo revelado.
Já para Humboldt. a geografia centra-se tambem no homem. mas este compreende-se
no interacionismo das esferas com primado no papel mediador do orgãnico. Nas palavras de
Hu mboldt. reproduzidas por Tatham:

Minha atenção estará sempre voltada para a observação da harmonia entre. forças
da natureza. reparando a influencia exercida pela criação inani-mada sobre. o reino
animal e vegetal. Deve ser lembrado. entretanto. que a crosta inorgãnica da terra
contem dentro de si os mesmos elementos que. entram na estrutura dos órgãos animal e
vegetal. Por conseguinte. a cosmografia física seria incompleta se omitisse
considerações dessa importãncia. e das substãncias que entram nas combinações
fluidas dos tecidos orgãnicos. sob condições que. em virtude de ignorarrnos a sua
natureza real. designamos pelo termo vago de "forças vitais". grupando-as dentro de
vários sistemas. de acordo com analogias mais ou menos perfeitamente concebidas. A
natural tendencia do espírito humano. involuntariamente. nos impele a seguir os
fenemenos físicos da terra atraves de toda a velocidade de suas fases. ate atingirmos a
fase final da solução morfológica das formas vegetais. e. os poderes conscientes do
movimento do organismo dos animais. Assim. e por tais elos que a geografia dos seres
orgãnicos _ plantas e animais _ se liga com os esforços dos fenõmenos inorgãnicos
de nosso globo terrestre. (apud Tatham. ibidem. p. 216).

Desse modo. o holismo só e alcançável no plano estrutural da interação das esferas.


numa relação interna da natureza que se explica por si mesma.

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PA RA DN DE '¡.".›"iI D PE NSA lvlENTD GEDG IEA ITICÚÍI'

Assim. se em Humboldt a filosofia de Schelling se traduz numa visão de um holismo


materialista. em Ritter se traduz numa visão de um holismo teoteleológico. Por outro lado. se
Humboldt sempre toma o todo integrado da natureza com referencia na incorporação do
inorgãnico pelo orgãnico. e deste por sua vez pelo homem. a geografia tias plantas
intermediando o holismo pelo lado da esfera do orgãnico. para Ritter. a referencia t. em linha I|I"i

direta o sentido teleológico da ação do homem _ o que criou a incorreta ideia de que
Humboldt era mais um geógrafo físico (dele a geografia física viria em linha direta) e Ritter
mais um geógrafo humano (dele vindo a geografia humana). Entendimento equivocado. já
que ambos são parte do holismo prevalecente no Iluminismo e no Romantismo. dos quais suas
respectivas ideias provem. O tema e. o mundo (natural-humano) do homem e não se pensa
homem e natureza em dissociado. porque para ambos a referencia da geografia e a superfície
terrestre e o homem o ser que vive na superfície terrestre.

A modernidade industrial e a geografia fragmentária dos seculos xrx-xx

Humboldt e Ritter morrem em 1859. Ano em que Darwin publica A origem dos
e.rpecie.r, Marx. A corn*ribi.iiçdo poro o critico do ecoriorriio politico, e nasce Edmund Hu sserl.
o criador da moderna fenomenologia. Inicia-se. a segunda metade do seculo xix. e com ela
uma fase nova de referencias filosóficas no mundo da ciencia. indicativas do fim da influencia
da filosofia idealista alemã e da emergencia do positivismo. inaugurando. em todos os campos
científicos. uma fase de extrema fragmentação do conhecimento.
Na geografia. assim como no plano geral. a fragmentação do holismo
iluminista-romãntico não vem de imediato. Começa com uma forte crítica que desmonta o
edifício holista antecedente. ate que progressivamente o substitui. O ponto do desmonte e o
holismo de Humboldt. numa estrategia que dissocia e. separa as esferas em mundos paralelos e
próprios. isolando-as entre si. Ao mesmo tempo. proclama-se a origem da geografia em Ritter
e faz-se um silencio que leva Humboldt em pouco tempo ao esquecimento. A dissociação que
isola as esferas em campos específicos fragmenta cada uma por sua vez em setores
dissociados e independentes. consagrando-se como real esse todo fragmentário.
Tatham assim retrata o destino dado a Ritter e Humboldt nessa fase inicial de
instituiçao do novo paradigma:
eu

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AS F'ILDSÚFIAS E CS PA RADIG MAS DA GEDG RA FIA MDDE RNA

Ritter e Humboldt. posto que seus trabalhos se entrelaçassem. eram. entretanto.


complemento um do outro. Humboldt emprestou metodo e forma a geografia
sisterriática (climatologia e geografia das plantas). Ritter fundou o estudo regional.
Juntos. empreenderam um quase completo e moderno programa de geografia. Assim. e
de lamentar-se que Ritter. atraves de seus ensinamentos na universidade e nos vários
estudos sobre metodologia. houvesse influenciado muito mais a geração subseqüente
do que Humboldt. cujos trabalhos. dispersos por tantos jornais. fossem menos
conhecidos. pelo menos entre os geógafos. A princípio. a influencia de Humboldt foi
muito maior no desenvolvimento das ciencias sistemáticas e. quando uma decada mais
tarde. elas principiaram a preocupar os geógrafos. estes consideraram a sua obra não
complemento. mas como contrária à obra de Ritter. usando-o com a finalidade de
fortalecer o dualismo existente entre a geografia regional e a geografia física. o que
durou ate o termino no seculo. (ibidem. p. 219).

Dois momentos distinguem-se. entretanto. no correr desta segunda fase: o da


fragmentação generalizada. que vai dar na pulverização da geografia em um número crescente
de geografias sistemáticas; e o da aglutinação das setorizações em campos de agregados por
seus conteúdos comuns ou semelhantes. que vai dar no nascimento da geografia física e da
geografia humana. e. por extensão. da geografia regional.
Primeiramente. criam-se as geografias setoriais _ então chamadas geografias
sistemáticas _. a partir da quebra do real em diferentes pedaços. cada geografia sistemática
declarando uma porção do real como seu objeto. em face do qual constitui uma teoria. um
metodo e um nome de batismo próprios. seguindo o modelo do sistema de ciencias criado
pelo positivismo. E assim que surgem os grandes campos da ciencia moderna como campos
de teoria. objeto e metodo próprios. que cada ciencia reproduzirá internamente numa divisão
correspondente.
Lentamente. o novo paradigma de geografia _ fragmentário e sem referencia de
unidade _ vai assim surgindo. E seus elementos são as críticas aos discursos unitários de
Ritter e Humboldt. São seus críticos Frõbel (1831-1906). Oscar Peschel (1816-1875) e
Garland (1887).
O primeiro passo e. portanto. a definição da esfera de estudo. diante da autonomização
e distribuição das esferas inorgãnica. orgãnica e humana. ate então estudadas em seu todo
integrado. a exemplo da geografia de Humboldt. como campos especializados das ciencias.
Nesta repartição. a geografia toma por seu campo a esfera das coisas inorgãnicas. O segundo
passo fer fragmentar. por sua vez. esta esfera em tantos setores de geografia especializada
quantos os

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PA RA DN DE '¡."AI 'D PE NSA MENTD GEDG IEA ITICDÍI'

pedaços de divisao possíveis. Eis porque sao as geografias sistemáticas dedicadas ao


41.- fu.-

inorgãnico as que primeiro aparecem na nova fase paradigmática. Tatham resume o processo:

Estudos sistemáticos sobre geomorfologia (Peschel. Richtofen. Albert Penck).


climatologia (Buchan. Loomis. Hahn. Koppen). geografia das plantas (Von Sachs.
Haberland. Grisebach.Warming). confirmaram tal concentração na geografia física (no
sentido moderno). introduzindo nova forma de dualismo ã materia. Anteriormente.
houve urna dupla divisão: uma. entre a geografia física (geografia pura) e a geografia
histórico-política (vide Frobel). a outra. entre os estudos sistemáticos e a Lariderkioide.
Atualmente. resolve-se separar a geografia física sistemática e a geografia humana
regional. das quais a primeira foi considerada muito mais importante. (ibidem. p. 222).

Em verdade. estamos na presença de uma radical mudança no conceito da natureza. A


natureza holista dos iluministas e romãnticos ve seu conteúdo reduzido ao de uma natureza
inorgãnica. tomando-se uma coisa física. Então. chamaram-se de geografias físicas
sistemáticas a estas geografias setoriais aí surgidas. A esfera do orgãnico. embora emulo da
geografia integrada de Humboldt. e deixada de lado. E a esfera humana e simplesmente
abandonada. Uma mudança no conceito de homem então se dá em paralelo. excluído da
natureza. Excluído o homem da natureza. todos os fenõmenos saem definitivamente do
contexto holístico. Muda. assim. por extensão. o conceito de geografia. seu campo e. seu
objeto. E todo um novo discurso aparece. O abandono do conceito holista e seguido do
abandono do conceito de região. Depois. abandona-se o caráter espacial da geografia
estabelecido desde Kant. E. por fim. o metodo comparativo formulado por Ritter. Desta
forma. vem a desaparecer todos os conceitos e fundamentos que constituíam o discurso
geográfico dos seculos Xv'HI-1=tDt. tornando-se daí em diante "impossível realizar um sistema
geográfico coerente" no campo da geografia. confonne arremata Tatham.
A fragmentação do conhecimento geográfico. o abandono progressivo das referencias
anteriores e sua quase identificação com as geografias físicas sistemáticas não levam. todavia.
ao abandono do princípio da corologia. Fazer geografia significa. ainda. analisar os
fenõmenos em sua repartição na superfície terrestre. Cada geografia física sistemática se
mantem. de um certo modo. uma ciencia corogáfica. a começar pela geomorfologia. que. aos
poucos. vai se candidatando ao papel de base de referencia corográfica para todas as demais.
A georrnofologia e a primeira das geografias físicas sistemáticas a surgir. Embora voltada
para uma porçao arrancada do todo do real. as formas do relevo e os
an.-

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AS FILIDSÚFIAS E CS PA RADIG MAS DA GEDG RA FIA MDDE RNA

processos que. as originam. a ge.omorfologia toma por objeto exatamente o que a escola da
geografia pura apre sentava como o protótipo do princípio corológico: os recortes das bacias
fluviais. Isto e. as grandes unidades de relevo da superfície. terrestre cujos alinhamentos
formam os interflúvios que balizam os recortes das bacias. De modo que. o recorte das
unidades de relevo acaba por estabelecer. pelas mãos da ge.omorfologia. numa especie de
regionalismo geomorfológico. teoria e metodo de. assentamento dos fenõme.nos geográficos.
Portanto. não se trata propriamente de um abandono dos referenciais. mas da
constituição de referenciais novos. Não se extingue a ge.ografia. Cria-se urna nova forma de
geografia.
E nisso a geografia acompanha o plano de ref foi .'2cia
1 da epoca. A rigor. deixa de haver
›e
um sistema geográfico coerente com os padrões de ciencia do período holista anterior. pois os
padrões de coerencia agora são outros. Passa-se de um paradigma para outro. E o que está
acontecendo. A pulverização e especialização dos saberes são um fato geral do período e
refletem o advento do naturalismo mecanicista da filosofia positivista como novo princípio
episternico da ciencia.
Um rápido olhar nos fundamentos do positivismo nos ajudará nesse entendimento.
A essencia do pensamento positivista e a redução dos fenõmenos a um conteúdo físico
e a um encadeamento. que faz as ciencias interagirem ao redor desse conteúdo físico ao passo
que as fragmenta por seus conhecimentos em diferentes campos de objetos e metodos
específicos. A fonte dessa estrutura ao mesmo tempo integrada e fragmentada e a concepção
do conhecimento cientifico como um processo que se dá indo do mais simples e geral ao mais
complexo e específico. princípio que organiza as ciencias num sistema pirami-dal de
acumulação. tendo na base a matemática e no topo a sociologia. É a matemática a ciencia
mais simples e geral. Em contrapartida. a sociologia e a ciencia mais complexa e específica.
Assim. após a matemática. se segue a física. a química. a biologia. e. por fim. a sociologia. a
soma das anteriores servindo como o conteúdo-base de formação das seguintes. ate culminar
no todo do sistema de ciencias (daí. Comte chamar a sociologia de física social). Há. então.
uma passagem e acumulação de conteúdos das ciencias situadas abaixo para a situada acima
na se.qüencia das superposições. que começa com o emprestimo io conteúdo da matemática
para a física. que. assim acumula conteúdos seus e da matemática. tornando-se uma ciencia
físico-matemática; desta para química. que acumula conteúdos seus. da física e da
matemática; desta a biologia. que acumula conteúdos seus. da química. da física e. da
mate rriática; e. por fim. de

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PA RA DN DE '¡."AI 'D PE NSA MENTD GEDG RA ITICDÍI'

todas ã sociologia. cujo conteúdo e a soma dos conteúdos de todas as ciencias que. lhe
an F9 I."":fe D-em. daí ser a mais complexa e uma física social.
É

A pulverização e especialização que transforma a geografia numa serie de saberes


sistemáticos de ãmbito físico e inorgãnico são o reflexo do acompanhamento dessa nova
ordem paradigmática do pensamento. A geografia reproduz a setorialização geral da pirãmide
positivista. referenciando sua setorialização interna na linha de fronteiras com os grandes
campos de ciencias. que o positivismo vai autonomizando por seus objetos e metodos. Assim.
na fronteira com a geologia surge a geomorfologia. na fronteira com a meteorologia. a
climatologia. e. na fronteira com a biologia. a biogeografia (a partir da geografia das plantas).
a fragmentação se multiplicando a cada novo campo de ciencia que surja no plano geral do
sistema de ciencias.
Cedo. entretanto. urna reação se manifesta contra esta naturalização mecanicista e
fragmentária da visão de mundo do positivismo. Reação vinda de diferentes direções. a que
não faltará uma reação interna ao próprio ãmbito positivista. Duas são as fontes principais: de
um lado. a emergencia. no campo da ciencia. da biologia de corte darwinista; de outro. a
emergencia. no campo da filosofia. de um movimento de retorno a Kant. Ambos estes
movimentos reproduzir-se-ão na geografia. Na frente positivista. a reação manifestar-se-á na
continuidade do processo fragmentador. porem inspirado num naturalismo não mais
mecanicista e sim organicista. e cujo resultado será o nascimento das geografias
setorial-sistemáticas agora no campo dos estudos do homem. Na frente neoltantiana. a reação
manifestar-se-á num movimento de retorno a Ritter. trazendo de volta ã geografia seu caráter
de cunho unitiãio e corológico. expresso no nascimento da geografia física e da geografia
humana e. sobretudo. da geografia regional como campos unitários das respectivas
abordagens.
Por um lado. continua a fragmentação. revelando a continuidade da hegemonia
positivista recentemente estabelecida. Por outro. promove-se a aglutinação dos fragmentos em
dois grandes campos. revelando os efeitos do neokantismo. De modo que há na ge.ografia. de
um lado. a multiplicação setorial-sistemática referenciada nas linhas de fronteira que entra
agora no plano das geografias humanas sistemáticas. e. de outro. a agregração dos setores
assim formados em grandes campos de semelhança. No campo da natureza se aglutinando na
geografia física e no campo do homem se aglutinando na geografia humana. ambos os campos
se aglutinando na geografia regional _ o ãmbito da geografia doravante. dividindo-se nestes
tres campos de agregação.
Se a ampliação das geografias sistemáticas acompanha a setorialização geral do
pensamento positivista. a aglutinação dessas geografias se.torial-sistemáticas nos campos da
geografia física e da geografia humana e o reflexo do movimento neokantiano.

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que. questiona a validade geral da legalidade. da natureza. indagando se o conjunto de leis e


determinações. próprios para o entendimento do comportamento dos fenõmenos naturais. vale
tambem para o entendimento do comportamento dos fenõmenos humanos. posicionando-se
pela distinção e diferença. e reivindicando uma legalidade própria para as ciencias naturais e
uma outra para as ciencias humanas. O neokantismo está aqui se afirmando seja contra o
reducionismo positivista. que tudo condiciona ao naturalismo. mecanicista e organicista _
sujeitando inclusive o homem as leis necessárias da natureza _. seja contra o reducionismo
da filosofia clássica alemã. que tudo condicionara a perspectiva do idealismo. inclusive a
natureza. E com isto estabelecendo legalidades distintas. segundo quais o conhecimento da
natureza e o conhecimento do homem se separam em campos próprios. levando a que todos
os saberes se alinhem como ciencias naturais ou como ciencias humanas (Freund. 1977).
Este entendimento por campos distintos de legalidade do neokantismo reproduz-se na
geografia num movimento de retorno a Ritter. no sentido de reivindicar um retorno a unidade
de conteúdos e ao restabelecimento do conceito da região como o elo da unidade corológica.
Seu principal representante e Hettner.
De forma que o aumento da fragmentação-espacialização e a aglutinação das ciencias
fragme.ntárias em campos comuns ou de aproximação são duas atitudes aparentemente
opostas. que passam a coabitar o sistema de ciencias nesta segunda parte da fase do
paradigma fragme.ntário. No ãmbito dos estudos do homem. surge a antropogeografia de
Ratzel. criada na fronteira da antropologia; que será seguida da geografia urbana. de
Blanchard; da geografia industrial. de Chardonet; e da geografia agrária. de Faucher. estas nas
fronteiras respectivamente da sociologia e da economia. Já no ãmbito das aglutinações por
campos. surgem a geografia física. criada por Emmanuel De Martonne. por meio da
publicação do Trorodo de geogrofio fisico, de 1909; a geografia humana. criada por Jean
Brunhes. mediante a obra Geogrofio iiimiorio. de 1919; e a geografia regional. diferenciada no
conceito regional. de La Blache. e no conceito de diferenciação de áreas. de Hettner.
A grande presença de. franceses indica o deslocamento da geografia para alem da
Alemanha. que doravante será. aos olhos do mundo. uma ciencia francesa. tal como nos
seculos xvm e :mt fora uma ciencia alemã. a geografia tambem nisto acompanhando o plano
geral. que acontece com o deslocamento das humanidades (artes etc.) e da filosofia.

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PA RA DN DE '¡."AI 'D PE NSA MENTD GEDG RA ITICDÍI'

Ratze.l. La Blache e Hettner. alem de Reclus. são certamente os pensadores mais


emblemáticos desse momento paradigmático da ge ografia.
Friedrich Ratzel (1844-1904) inaugura a fase das geografias humanas sistemáticas.
Ratzel e considerado. e deve se-lo. um caso de grande destaque (outro e Reclus) nessa
segunda parte do paradigma fragmentário. Sua obra e a melhor expressão das características
dessa combinação de fragmentação e reaglutinação. praticamente criando um paradigma de
geografia dentro de outro no início do fim do seculo xix. Referida ao homem em seu fazer o
seu espaço no ato da relação com a natureza e como uma ação de construção política da
sociedade. que compreende o papel da ação do Estado. Ratzel cria a geografia política.
orientando a geografia setorializada na perspectiva relacionai do homem com o meio em seu
espaço.
Ao colocar a reflexão da relação do homem com a natureza no plano da fronteira da
geografia com a antropologia e a sociologia. Ratzel praticamente inaugura uma tradição de
ver o homem em sua relação com a natureza por meio da mediação do espaço político do
Estado. Nisso difere dos demais criadores das geografias setoriais. que elaboram uma
geografia física pura ou uma geografia humana pura. Sua distinção dentro do pensamento
geográfico. em grande medida. deve-se a tomar por referencia não o positivismo mecanicista
de August Comte (1819-1857). mas o organicista de Herbert Spencer (1820-1903). este
referendado na biologia evolucionista de Charles Darwin (1809-1882.). Daí. a forte impressão
que dá sua obra de uma grande virada. e assim de um novo momento paradigmático na
história do pensamento geográfico. quando e. na verdade. uma continuidade da trajetória
fragmentária da geografia. com a qualidade de retomada de Ritter. e inclusive de Humboldt.
numa ligação que havia sido rompida com os geógrafos fragmentadores.
Tatham assim resume o contexto e. ao mesmo tempo o vínculo com a linha
paradigmática fragmentária de Ratzel:

A incerteza terminará. e o lugar do homem fora firme e finalmente assegurado


dentro da geografia. por intermedio da obra de Ratzel e seus adeptos. A
Aiiriiropogeogropiiie. cujo primeiro volume foi publicado em 1882. exatamente antes
da controversia de. Gerland. fez. com relação a geografia humana. o que a obra de
Peschel havia feito com relação ã ge.omorfologia. isto e. estabeleceu o estudo de todos
esses aspectos da superfície da terra que estão relacionados com o homem dentro de
moldes sistemáticos. Ratzel entrou em contato com a geografia de maneira semelhante
a de Humboldt. "por meio de viagens. pelo contato direto com a realidade". como
lembra Brunhes. Em suas palavras. "desenhei. descrevi. Desta forma. fui levado ao

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Noriir.schãderioig". Seus interesses eram vários. sua instrução profunda. Pesquisou


sobre geografia física nos flords e nos cumes de neve. das montanhas da Alemanha.
editando o Geogiiropiii.sr.~her Horidbiicker, obra pertencente à serie na qu al apareceram
Gier.rcherkioide. de Helm. Kiirnorofogie. de Hahn. e Morphoiogie. de Penck. (ibidem.
p. 222).

Ratze.l retoma a Ritter. tambem revendo-o. segundo Tatham. "em dois importantes
aspectos: considerava a geografia política sistematicamente e não regionalmente e do ponto
de vista de Darwin". Porem com o intuito de apreender as relações do homem com o espaço
natural como um conjunto de "relações entre o estado e a superfície terrestre". E. assim.
analisar o espaço como "um organismo parte humano e parte terrestre". de acordo com o seu
t"`.> GDt"1iFe Í-57
Tatham prossegue:

E interessante recordar o seu interesse pela geografia física porque serve para
explicar a razão de nunca ter Ratzel perdido de vista as forças circundantes. quando
voltou a atenção para a complexidade dos fenõmenos humanos. Dando testemunho de
Ratzel. Brunhe.s diz que "Possuía em alto grau o senso das realidades terrestres.
Distinguia os fatos humanos sobre a terra. não mais como filósofo. historiador ou
simples etnógrafo. ou economista. porem como geógrafo. Reconhecia suas inúmeras.
complexas. variadas relações com os fatos de ordem física. altitude. topografia. clima.
vegetação. Observava os homens povoando o globo. trabalhando na sua superfície.
procurando o sustento fazendo história na terra; observava-os com os olhos de
verdadeira naturalista". j:|t"t‹ volume i de Anrliropogeogropiiie tentou mostrar de que
maneira a distribuição dos homens sobre a terra havia sido mais ou menos controlada
pelas forças naturais. O volume m. publicado em 1891. descreveu a distribuição
existente. D primeiro volume consistia na repetição do tema tratado por Ritter no
Erdkioide. e o próprio Ratzel salientou o fato de estar desenvolvendo as ideias de
Ritter. na conformidade do recentemente estabelecido metodo científico. Na sua grande
e última obra. Die Erde ioid dos Leben. Eine Vergleiciieride (1901-1902). escreveu ele:
"Este livro contem o subtítulo Vergieichende Erdkioide porque apresenta a interrelação
dos fenõmenos da superfície terrestre. segundo a concepção de Karl Ritter". A
semelhança de Rtter. tentou compreender o "mundo como um todo integral. uma uni-
dade interdepende.nte". Entretanto. a obra de Ratzel diferia da de Ritter. em dois
aspectos importantes: considerava a geografia humana sistematicamente e não
regionalmente e do ponto de vista de Darwin. Ratzel via o homem como o produto
final da evolução. uma evolução cuja principal conseqüencia era a seleção natural dos
tipos na conforrnidade da capacidade de ajustarem-se ao meio físico. Assim. enquanto
Ritter escrevera sobre a relação recíproca

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PA RA DN DE '¡."AI 'D PE NSA MENTD GEDG RA ITICDÍI'

do homem e da natureza. relação esta que era parte de um todo harmonioso. servindo
finalidades criadoras de. Deus. Ratzel te.ndia a ver o homem como o produto do seu meio.
moldado pelas forças físicas que o cercavam e somente vencendo quando adequadamente
adaptado a exigencia das mesmas; a finalidade última da adaptação. se houver. está fora da
alçada de suas pesquisas. Dessa forma. há um matiz determinista na maioria das obras escritas
por ele. Em 1897 deu outra grande contribuição por meio da Poiiticoi Qeogropiij-:_ Esta dá
nova versão ao velho tópico. dentro dos moldes relativos aos princípios enunciados por ele na
Antiiropogeogrophie. Na introdução. salienta Ratzel que. tendo Ritter demonstrado a
importãncia dos geógrafos estudarem a influencia do meio no desenvolvimento histórico. seus
sucessores tinham feito chegar "a descrição regional. compilação de estatísticas e mapas
políticos e históricos a um estado de perfeição nunca atingido anteriormente". Entretanto. "o
desenvolvimento da geografia política está ainda muito aquem de todos os ramos de nossa
materia. e as ciencias políticas mostram raras e ligeiras influencias geográficas. quer seja a de
ter a geografia posto ã disposição das mesmas. crescentes melhoramentos na feitura dos
mapas. estudos regionais e estatísticos de área e população". O que era necessário.
argumentou ele. era "organizar o grande volume de assuntos obedecendo a uma clara
classificação" e iniciar a procura de um metodo comparativo e o ponto de vista e.volucionário
(eine vergieichende ond oitf die Enti-i--'ickeiiing oirsgehende Ditrchƒor.rciii.trig). Em outras
palavras. "o que ainda resta fazer para dar melhor destaque a geografia política. pode somente
ser feito por meio de investigação comparativa das relações entre o estado e a superfície da
terra". A influencia da biologia evolucionista levou Ratzel a adotar a teoria orgãnica da
relação do Estado e da sociedade. e o conceito do Estado como um organismo parte humano e
parte terrestre (Ein Stock Menscheit itnd ein Stuck Boden). Neste livro. escreveu. os estados
são como organismos. cujo aspe.cto geográfico reside na sua necessária relação com o solo.
Nesse solo evoluem. como demonstram a história e a etnografia. enquanto cada vez mais se
aprofundam em seus recursos. Deste modo. parecem formas limitadas em áreas e. nelas
localizadas (rriioniinch oegrenst ond roiinriirich gefogerte) no círculo de fenõmenos que
podem ser geograficamente descritos. medidos. mapeados ou comparados. (ibidem. pp.
222-223).

Esta longa transcrição de Tatham dá bem a medida de importãncia e originalidade de


Ratzel. sua linha de prosseguimento com a tradição antiga e moderna da geografia.
Ao dizer que o homem cria o seu espaço no ato da relação da natureza com o Estado.
numa típica análise. de relação do homem com o meio. Ratzel foi tido como o criador da
geografia humana _ ate há pouco os ingleses designavam

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.IES F'ILÚSÚFI.-1.5 E CG PA IULDIG lI.'I.~'\S DA GEÚG RA FI."'|. l'\-1ÚDERN.~'|.

a gaografia humana por gaografia política -, paracando corroborar asta intarprataçao o


próprio noma. da antropogaografia qua dava :Í-1 gaografia. Uma intarpratacao qua, sa lha dau
um smrus para alam do qua criou, prajudicou por outro lado a raal intarpratação da sua
gaografia.Tatham rcsuma asta amhigü id ada:

As contribuicüas da Rataal no tocantc à gaografia foram imansas a nam a manor


dalas constituiu invançíio do tarmo Anrhropogaographia, qua podaria sar ampragado
com rafarancia ao novo grupo da astudos sistamaticos, poram a "como invantor da
idaias qua rasida a sua grandaaa a não no dasanvolvimanto da disciplina matddica",
como dia Brunhas. (ibidam, p. 224).

Ao raprasantar um amplificador da satorialiaaçao no campo da gaografia, iniciando-a


agora no ambito da gaografia humana sistamatica, Rataal a mantam associada aos saus
paramatros totaliaadoras, abandonados palos damais gaógrafos sistamaticos. Entratanto, a um
prossaguidor da trajatória da fragma ntaçao, como conclui Tatham:
Rataal livrou o astudo do homam da sua antarior dapandancia como faacndo parta
da L¿indarki.tiidar, poram agindo assim não prajudicou o dualismo da gaografia. Na
vardada, a sua obra sarviu para ratar o intarassa ainda mais firmamanta sobra os
astudos sistamaticos, a continuou-sa a dispansar pouca atanção à gaografia ragional,
(ibidam, p. 224).

São La Blacha a Hattncr qua farão a tantativa da ratomar o tcma ragional: La Blacha
numa parspactiva uniquaísta (Claval, 1974; Buttimar, 1980) a. Hattncr na parspactiva
ralacionai do racorta araai da ragião (Hartshornc, 1978). A intarvanção do historiador Lucian
Fabvrc introduziu na história do pansamanto gaografico um contraponto, inaitistanta, antra La
Blacha a. Rataal anvolvando uma dissonãncia nas raspactivas abordagans da ralacão
homam-maio, am qua La Blacha saria possibilista a. Ratzal datarminista (Fabvra, 1954). Com
isso, ohscuracau o vardadairo contraponto antao surgido na virada do século sia para o :sit na
gaografia, aquala astabalacido antra o olhar ragional fracionario da La Blacha, inspirado nu ma
concapçäo isolacionista da ragião, um caso da singularidada, a o olhar difarancial a corológico
da Hattncr, inspirado na rcgiao como uma difarcnciaçao da a-raas, bam analisado por
Hartshorna (1978).
É Alfrad Hattncr (1859-1941), todavia, a malhor a:›tprassão do ratorno a ahordagam
corográfica, via o concaito rittariano. Naokantiano da ascola da Windalband a Rickart, a
chamada ascola da Badan, Hattncr a' a propria asprassão

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Í-'."'|. IM. DN DE '¡."."'t| Ú PE NSA MENTÚ GEDG IL›'¡t F'IC.Ú?

do ratorno ao Rittar kantiano, traaando o dabata do idiografismo-nomotatismo para a


gaografia. Tatham assim rasuma os vínculos da Hattnar:

A última década do século viu a rafcrida sugastao transformada am sistama


rn.-

astabalacido. Novamanta, mudanças no pansamanto filosófico prapararam o caminho.


O matarialismo absoluto, posto qua atraanta aos ciantistas, é raramanta acaitaval aos
filósofos profissionais. Logo am 1860, surgiram contastaçoas a tasa matarialista, a
tantativas foram faitas para juntar am um só sistarna, o ponto da vista ciantífico com o
idaalismo da Kant. Nos tampos modarnos, o naokantismo tornou-sa muito mais
acaitaval aos ciantistas qua aos filósofos profissionais. [...] A transposição dassa nova
filosofia para a gaografia foi ampraandida por zfftlfrad Hattncr, gaógrafo conhacador
profundo da filosofia. Em saus trabalhos, ravivau as da.finicoas da Kant sobra
gaografia, a dantro dassa sistama anasou os astudos sistamaticos da Humboldt,
Paschal, Rataal, a os astudos das ragióas da acordo com dafiniçóas da Rittar,
Martha, Rchtofan, transformando-os am um todo coaranta. É am granda parta graças a
Hattncr qua o dualismo, qua por tanto tampo constituiu obstaculo à gaografia foi
transposto com éitito, (ibidam, p. 225).

Tatham rafara-sa ao naturalismo do positivismo, ao dasigna-lo matarialista.


Hattnar ratoma a inova a corologia da Rittar, clarificando sau caratar a pracisando sau
método. Em Rittar, a corologia é o afaito do método comparativo, qua dasamboca no
individualismo ragional. Com Hatmar, astamos da novo dianta da abordagam dos
racortamantos, do procasso da arrumação da supcrfícia tarrastra palo movimanto intarativo a
antracruaado dos fanünianos físicos a humanos, cuja traduçao é o antandimanto da gaografia
como o astudo da supcrfícia tarrastra por sua difaranciação da Mas, sa am Rittar, o
racortamanto é um astado a a ragii-.io um racurso da método, am Hattncr tudo é um procasso da
difaranciacao. Tal como am Rittar, am Hattncr dasaparaca a possibilidada da a gaografia
dividir-sa am sistamatica a ragional. Tama qua am Hattncr fiflt"`£'‹ ancontrar solução E
dafinitiva: os racortamantos aspaciais são o rasultado da difaranciação araai dos fané-manos
sistamaticos am saus movimantos palo todo da supcrfícia tarrastra.
Hattncr foi, sobratudo, um matodólogo. A maioria dos saus trabalhos é da artigos,
publicados no pariódico Gaograplii.scha Zair.sc›'irifi^, por ala dirigido, granda parta dos quais
rcunidos am livro, publicado cm 1927 sob o título Dia Geographic, ihra Ga.scht`chra, ihr
Wasan ana' ihra Marhodan. Muitas das formulacõas dassas tastos vém da Richtofan, am
particular o concaito corológico da difaranciaçao da araas, qua Richtofan aplica à
gaomorfologia, com o qual da uma forma nova a mais acabada à gaografia comparada da
Rittar.

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AS FILCI¶FIA.S E CG FAIL-HDIGIL1.-HS DA GEÚG RA FIA. MÚDE RNA.

Rasumindo as idéias a importãncia da Hattncr, dia Volkanburg:

A gaografia, sagundo Hattnar, não é uma ciéncia garal da tarra, mas a ciéncia
corológica da supcrfícia da tarra. Trata, principalmanta, da ralação mútua antra a
naturaaa E omam, é uma apraciação das ralaçãas aspaciais (Raftmi). O objativo
primordi'Em o astudo da
rbfic ou ragioa.s; assa astudo dava contar da.scriçé›as, bam
como asplicaçoas, daduaidas analítica ou sinta-ticamanta. A dalirnitação das ragiüas
constitui um dos principais problamas da gaografia, anquanto a obsarvação ía foco é a
basa do astudo gaografia o. Distingua antra a gaografia garal íflfígaiiiaíi-ia Geographic),
qua acompanha sistamaticamanta a distribuição dos varios fanomanos gaogrãficos
sobra a supcrfícia da tarra, a a gaografia ragional ou aspacial (Lai-idark.vi~ida), da onda
sa origina o concaito da ragiãas gaogrãficas. A doutrina paraca parfaitamanta familiar
ao modarno gaógrafo, qua ainda procura dafinir sua asfara da astudo; acantua um
tarcairo aspacto (além da dascrição a da aitplicação), qua é o planajamanto, único
alamanto ausanta. (Volkanburg, 1960, p. 976).

D ratorno a Rittar sa da também na França, pclas mãos da Eliséa Raclus. Raclus é o


introdutor da Rittar na França. Contudo é La Blacha _ cuja matri;:. da pansamanto é
igualmanta Rittar, mas no quadro da um dialogo com a sociologia a a antropologia francasas
da Durkhaim _ quam sistamatiaa o modalo da gaografia qua irã difundir-sa palo mundo
como a "ascola francasa da gaografia". Anarquista a aitilado, Raclus tara pouca influéncia na
formação a propagação do pansamanto francés. É La Blacha, amparado num amplo projato da
Estado (Claval, 1974), o da raconstrução da França darrotada a dasastruturada pala guarra
franco-garmãnica da 1870, qua o tara. Tatham rasuma o paralalo:

Na França, o intarassa pala gaografia foi daspartado pala volumosa obra da Eliséa
Raclus, um dos discípulos da Rittar. Raclus publicou Lo Terra, gaografia fi'sica, am
1866-7, a a Notft-'alla Gaogrrrphía Unívarsafla, um lavantamanto garal do mundo da ntro
dos moldas da Erdkitiida, da Rittar, am daaanova volumas (1825-94). Pasquisas
ralativas ã gaografia humana foram incantivadas palo sociólogo La Play (1806-1862),
pala énfasa dada a astraita ralação antra o habitar a a sociadada.. Dos saus ansinamantos
rcsultou Las Socíérés Afrícoínas, da Prévillc (1894), c Comment fo roma craé fa tips
socíaffa da Damofín (1901-1903). A vardadaira criação da ascola francasa, no antanto, é
atribuída ao ano da 1898, quando PaulVidal da la Blacha daiitou o posto da profassor
da Écola Normala Supériaura para ocupar a cãtadra da gaogafia da Sorbonna. Nos
vinta anos subsaqüantas, até sua morta, am 1918,Vidal da la Blacha, através da sua
obra a ansinamantos, moldou a gaografia na França. Sau Tabfaatr

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PA.lL~"t CIl"'-IDE 'l-*AI Ú FEl"'-lSAl\'IENTÚ GEÚGIUÊFICÚÍ

da fa Gaagrapiiia da ia Franca (1903) a as monografias sobra o tarmo francés pays


ascritas palos saus adaptos (Gallois, Damangaon, Lavainvilla ata) são clãssicos da
gaografia ragional, a cartamanta, no dasanvolvimanto do concaito da ragião, La Blacha
tava papal prapondaranta. (Tatham, 1959, p. 2.26).

Com La Blacha, tam início a fasa da gaografia qua ira difundir-sa como tal no século
sz, chagando a nós até hoja. Poda-sa falar da trés La Blachas, a rigor dois, considarando os
tamas a catagorias da saus livros principais. Ha o La Blacha do Quadras da gaografia da
França (Tabiaaa da ia Gaograpnia da ia Franca), publicado cm 1903, no qual cstuda a
idantidada da França a partir do sau quadro da difaranciaçõas ragionais a Hs considarado a
matriz da fundação da gaografia ragional. É nala am qua sa matarializa o concaito lablachaano
da ragião _ dito concaito clãssico _ como um racorta dotado da singularidada, caso da
síntasa dos fané-manos físicos a humanos _ a famosa síntasa ragional -, qua só no racorta
aspacial am qua sa faz, faz-sa da um modo próprio a singular, não sa rapatindo am outro
racorta ragional da supcrfícia tarrastra. Ha o La Blacha do Principios da gaografia hianana,
obra póstuma a incomplata da 1922, na qual cstuda as paisagans da difarantas civilizaçúas,
advindas da ralação local do homam com o sau maio, a é considarado o tazto fundador da
uma gaografia da civilização, subaltarnizada dianta da gaografia ragional, mas qua farã maior
carraira qua asta apanas nos grandas compéndios. Aqui a catagoria qua sobrassai é o génaro
da vida. Hã, por fim, o La Blacha da A França da Lesra, da 1917, am qua analisa a
aspacificidada da ragião frontairiça da França com a Alamanha, qua podamos considarar um
típico astudo da gaografia política, porém Hmitado a asta trabalho.
Embora saja o primairo La Blacha qua sa difunda palo mundo, a com ala a gaografia
ragional a a hagamonia mundial da "ascola francasa da gaografia", o sagundo tarã um papal
particularmanta importanta a partir do último quartal do século sir., acompanhando a
raorganização da aconomia mundial pala sagunda fasa (a fasa abarta com a sagunda ravolução
industrial a qua Ernast Mandai dasigna da capitalismo avançado) da industrialização.
Hã no sagundo La Blacha, asta sim, um ponto comum _ não uma contraposição _
com o Ratzal da antropogaografia.Tanto a gaografia do sagundo La Blacha quanto a
antropogaografia da Ratzal são o qua astamos chamando da a gaografia da civilização, urna
vaz qua vém, falam a sa intarassam pala masma coisa: o dastino do homam numa civilização
industrial. Embora, sam dúvida, uma vista palos olhos da quam vé da França a outro por quam
vé da Alamanha, numa época da ascansão do imparialismo (Sodré, 1976).

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AS FILÚSCIFIAS E CIS PA HA [JIGl\.'IAS DA GEDG ILA FIA lL1Ú DE RNA

Saja como for, anima a gaografia da civilização uma aspécia da ratorno ã gaografia da
supcrfícia tarrastra do paríodo iluminista-romãntico, pautado agora pela problamatica da
ralação homam-maio am cada canto ragional da tarra. Na virada do século :›ti:›t para o século
sz, ja não basta conhacar as caractarísticas do maio físico am cada contaitto da lugar, mas
também os costumas a os modos da vivar a pansar dos povos qua o habitam. Daí, asta gaogra-
fia vir na astaira do ratorno a Rittar, rasgatando a problamatica da ralação do homam a do
maio qua intarassava tanto a ala quanto a Humboldt, davolvando ã gaogiafia sau carãtar
corológico, sam, antratanto, rastabalacar o holismo qua os mobilizava. A gaografia da
civilização é, am suma, uma combinação da gaografia física com a gaografia humana, mas
como tarcairo campo da aglutinação (não a gaogafia ragional). A nacassidada da
rastabalacar-sa a visão da totalidada raclamada por uma aconomia industrial qua inicia sua
arrancada da mundialização _ o capitalismo avançado da Mandai (1972) _, a da fazé-la no
ãmbito, nas condiçíiias a na lógica das aspacializaçiias ciantíficas do paradigma fragmantario,
lava a gaogafia das civilizaçõas a tomar como suporta corológico as gaografias físicas
sistamaticas, sobra quais a gaografia ancontra-sa antão assantada, mas para o fim da
compraandar os fanómanos das gaografias humanas sistamaticas. Sando sua praocupação
varificar os modos da intaração das populaçüas com assa basa _ daí, a atanção da Fabvra tar
voltado, com razão, justamanta. para asta ponto sau paralalo aquivocado da La Blacha a Ratzal
-, a gaografia da civilização acaba por adotar como princípio da discurso a método a astrutura
am pirãmida do sistama da ciéncias do positivismo.
O procadimanto taórico-matodológico é o ofaracido palo Principios da geografia
haniana, da La Blacha: após fazar o balanço da distribuição das populaçúas palos continantas
a sagundo as datarminaçüas dos racortamantos físicos dos aspaços, am qua ora os racortas do
ralavo a ora os racortas climaticos sarvam da basa aos assantamanto, La Blacha passa nasta
livro a analisa das formas da civilização, mantido o princípio corológico da intaração
analisado na primaira parta. Em vardada, La Blacha raitara aqui os asquamas da astudo
ancontrados no Erdktznda, da Rittar, qua tanto ala quanto Raclus vão prossaguir na França, a
cuja tradução sara o modalo N-H-E; um approach qua combina dantro da gaografia todo o sau
sistama intarno da ciéncias, indo da mais corológica, qua antão é tomado como a
gaomorfologia ou a climatologia, ã mais indapandanta dos rigoras da assantamanto, qua é
antão a cultura humana, tal como no garal sa astrutura o sistama da ciéncias do positivismo.
"v'a.m daí, por azamplo, a noção da sítio, compraandido como a basa física _
rafara nciada na gaomorfologia _ sobra a qu al sa dão os assantamantos

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AS FILÚSCIFIAS E CIS PA HA [JIGl\.'IAS DA GEDG ILA FIA lL1Ú DE RNA

humanos, a artamplo da uma cidada, qua sa consagra como taoria por todos os campos da
gaografia. O sítio é acompanhado do irai:-irai, CL- Cr É = Cr a da um rico vocabulario da
fíir fl- :rs

catagorias da fundo corológico qua. a gaografia da civilização cria ou rasgata da tradição


oitocantista, naquilo qua é mantido na formulação paradigmatica nova dos séculos rtvm-sis. E
o fruto da uma formulação qua surga no ãmbito do ratorno ao ragionalismo da gaografia
comparada _ portanto, do ratorno a Rittar _, numa aspécia da casamanto antra racorta
ragional a racorta das unidadas gaomorfológicas da inspiração na gaografia pura, qua Rittar
incorporara não sam críticas (Rittar discorda da azclusão humana qua a gaografia pura
astabalaca ao tomar por critérios apanas alamantos naturais no racorta ragional das paisagans,
assimilando, antratanto, sau forta santido corológico). Esta ancontro, contudo, não vam da
imadiato.
Us criadoras da gaomorfologia _ Albracht Panck, na Alamanha, a W M. Davis, nos
Estados Unidos, ambos vindos da gaologia a qua trabalham juntos na Alamanha por uns
tampos, a convita do primairo _ vam-na mais palo prisma das ascalas tamporais (Davis é o
criador da taoria do ciclo gaomórfico). E com as garaçüas contamporãnaas do movimanto
naokantiano, Richtofan ã franta, qua sa da o anlaca. Tatham assim rasuma asta momanto:

Martha (1877) foi dos qua saliantou a sua importãncia. Dafiniu a gaografia "a
ciéncia da distribuição", ou mais ligairamanta, "o lugar das coisas", a dafiniu a
Vargiaiciranda Gaograph ia a procura das ralaçéras causais. Nassa procura, argumantou
qua o ponto da partida ara o astudo da urna araa rastrita; o raconhacimanto das ralaçoas
causais am paquanas localidadas constituía a alamantar pramissa da sau
raconhacimanto am ragioas maioras, ou palo mundo intairo, como um todo. No astudo
das araas manoras rastabalacau os tarmos usados palos gragos "corografia",
"corologia". Tal ponto da vista foi artpandido novamanta, am tarmos mais incisivos,
por Richtofan na sua aula inaugural, am Leipzig, am 1883. Embora fossa a
gaomorfologia a sua principal praocupação, Richtofan raconhacia qua o princípio
ralatrvo a araa ara rndrspansaval ã gaografia. A naturaza hatarogénaa dos fanomanos
da supcrfícia da tarra, argumantava, tornou nacassarios os astudos sistamaticos, os
quais ala dividia am trés: aspactos das caractarísticas físicas, da vida animal a vagatal,
do homam a suas obras. Porém, aram apanas praliminaras ã principal missão da
gaografia, "a compraansão das ralaçé-as causais nas araas" (Hartshorna). Dasta forma,
Richtofan sugariu uma ralação antra os astudos ragionais a sistamaticos, ralação asta
qua avocava o ponto da vista da Rittar a Humboldt. (idam, p. 2.2.5).

E a gaografia da civilização (a do sagundo La Blacha a a antropogaografia da Ratzal)


_ chamada por uns da gaografia da ralação homam-maio a por

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AS FILÚSÚFIAS E CIS I-'AHADIGb.1AS DA. GEÚG ILA FIA IL'IÚ DE I?.I"'‹IA

outros da a gaografia da tarra a do homam _ o último rabanto da raação


anti-fragmantaria dantro do próprio paradigma da ciéncia fragmantaria. Uma altarnativa qua
antão sa ofaraca a aglutinaçoas do tipo gaografia física, gaografia humana a gaografia
ragional, qua saguiam sando uma raitaração ao conhacimanto fragmantario a fracionario da
raalidada. E um propósito da ratorno visão intagrada da supcrfícia tarrastra como objato da
astudo da gaografia, até qua sobravanha a crisa do paradigma fragmantario.

A ultramodarrridada a a tarrdëncia pluralista atual

A crisa do paradigma fragmantario sa avidancia no corrar dos anos 1960-1970. Sau


sinal mais claro no ãmbito da gaografia é a crisa ambiantal, sinonimo da crisa dos asquarrras
da arrumação aspacial da supcrfícia tarrastra antão azistanta. Um fato implamantado palos
intarassas da indústria _ qua a gaografia da civilização, a azamplo das obras da Mart Sorra, a
um da saus grandas hardairos, insistantamanta danuncia -, a qua traz da volta o tama da
ralação taórica do aspaço a da supcrfícia tarrastra.
Embora sa possa datar a nova fasa dos anos é na década da 1970 qua sau
surgimanto aparaca com mais avidéncia. É nassa Fil.. Ei qua a crisa do paradigma
Elí-

fragmantario a físico-matamatico sa mostra mais visíval, saja pala artacarbação do modalo, na


forma da gaografia taorético-quantitativa (Corréa, 1982), sa_ja pela amargéncia da novas linhas
taórico-matodológicas, na forma da uma gaografia da rafaréncia no marrtismo, no
subjativismo _ a gaografia da parcapção, a gaografia humanista a a gaografia cultural, além
da gaografia histórica, todas com fundo na gaografia da Sauar (1889-1975) a na atualidada sa
raivindicando da rafaréncia na fanomanologia (Chistofollati, 1985; Holzar, 1996; Corréa,
1999) _ a num ambiantalismo da novo tipo (um naturalismo da novo tipo, sam uma
rafaréncia filosófica artplícita, mas da forta inspiração quãntica). Mais rac fã D as, a podando-sa É

dizar ainda nos saus primairos ansaios, são as corrantas qua sa rafaranciam na filosofia da
linguagam da Ludwig Wittganstain a Mikhail Balrthin (Gonçalvas, 2001) a na filosofia da
complartidada da Edgar Morin, Isabclla Stangars a Hanri Atlan (Carvalho, 2004).
O marrtismo raprasanta uma forma da pansamanto anraizado na filosofia da
Gaorgwilhalm Hagal (1770-1831).Todavia tanha aí suas raízas, não é um pcnsamanto da
corta romãntico a idaalista, como o é o pansamanto hagaliano, ponto alto da filosofia classica
alamã. Mars (1818-1883) arttrai da filosofia da Hagal o sau santido da história a o carãtar
dialético do raal, saja assa raal a naturaza _ campo da história natural _, saja ala o homam
_ campo da história social _,

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A.S FILCSCIFIAS E CIS PA HA DICIIJIAS DA CECIC ILA FIA MCI DE I?.I"'‹IA

uma história sa dasdobrando na outra como procasso da construçao do homam. O santido da


fu.-

história da o tom holista do pansamanto nrarzista: a história social do homam é o salto da


qualidada dialético do dasanvolvimanto da sua história natural, um procasso raalizado palo
trabalho ("Dasda quando aparaca no mundo, história natural a história social do homam sa
confundam", como Mars sintatiza am A idaoiogia aianra), por maio do qual sa da a
hominização do homam palo próprio homam, fundando com isso o matarialismo histórico.
O pansamanto marzista chaga à gaografia nos anos 1970 _ dapois da um rapido
ansaio nos anos 1950 _, a am difarantas cantos do mundo (Silva, 1983; Moraira, 2.004a a
2004b). Nos anos 1950, um grupo da gaógrafos, da qua fazam parta Jaan Tricart, Piarra
Gaorga, Rané Guglialmo, Jaan Drasch a Barnard Kaysar, a a qua podamos acrascantar Yvas
Lacosta, buscam criar na França uma gaografia fundada no matarialismo histórico a dialético,
qua, antratanto, pouco avança nassa intanto _ mais tarda dando origam a gaografia ativa
(Gaorga, 1973), com cantro am Gaorga, a gaografia aplicada, com cantro am Tricart
(Phlipponnaau, 1964). Nos anos 1970, é a vaz da um naipa da gaógrafos, aspalhados por
varios paísas, como David Harvav a Edward Soja, nos Estados Unidos, Milton Santos a
Armando Corréa da Silva, no Brasil,Yvas Lacosta, na França, a Massimo Quaini, na Italia,
trazar da volta a ralação antra marzismo a gaografia, fazando dassa vaz ir mais fundo o
margulho cruzado qua ficara no maio do caminho com os gaógrafos francasas. Us gaógrafos
dos anos 1950 a 1970 dascobram Hagal a Mars., a complatam, dois séculos dapois, o circuito
da incursão da gaografia palo tarrano da filosofia classica alamã, incorporando ao pansamanto
gaografico modarno a dialética a o santido da história da Hagal, via Mars, após tar
incorporado o criticismo da Kant no século rtvm a o romantismo da Schalling no século rtirt,
por intarmédio, como vimos, da alaboração da Rittar a Humboldt, incorporando Fichta, por
tabala.
Ha, pois, uma dimansão ontológica a apistamológica nassa gaografia da corta no
marxismo, qua sa dasanvolva aqui a ali am difarantas profundidadas. A dimansão ontológica
ralaciona-sa ao tama da hominização do homam palo próprio homam, madianta o procasso do
trabalho, dafinindo o aspaço gaografico como gaograficidada. Conforma afirma Mars (1968,
1993):

Antas da tudo, o trabalho é um procasso da qua participam o homam a a naturaza,


procasso am qua o sar humano impulsiona, ragula a controla com sua própria ação sau
intarcãmbio matarial com a naturaza. Dafronta-sa com a naturaza como uma da suas
forças. Poa am movimanto as forças

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AS FILCISCFIAS E CIS PAILI"rDIClI.1AS DA CECICILAFIA lI›'ICID ERN A.

naturais da sau corpo, braços a parnas, cabcça a maos, a fim da apropriar sa dos
rn.-

racursos da naturaza, imprimindo-lhas forma útil ã vida humana. Atuando assim sobra
a naturaza aittarna a modificando-a, ao masmo tampo modifica sua própria naturaza.
(Marrt, 1968, p. 2.02.)

Ou saja, procasso madianta o qual a história natural do hornam é por ala masmo
transformada am história social, o homam tornando-sa natural a social ao masmo tampo, a,
assim, sujaito a objato da sua própria azisténcia. A dimansão apistamológica ralaciona-sa ao
tama da construção da sociadada por maio da construção do sau aspaço. O aspaço não é o a
priori da Kant ou o racaptaculo da história da Dascartas-Nawton, mas coincida com a própria
construção da vida humana na história, da vaz qua é construindo a sociadada qua o homam
constrói sau aspaço a assim dialaticamanta. As duas dimansé-as vão rasultar numa só, dastarta
sando antandido todo o tamario da gaografia do paríodo classico, aspaço a suparfícia tarrastra
sa confundindo nas açóas a no modo da artisténcia do homam.Tratam dalas Súva
(1991),Santos (1996),Moraira (1999a,2004a a 2.004b), Harvav (1992), Soja (1993), Quaini
(1982), Lacosta (1988), ora dando énfasa mais ao tama do matabolismo a ora ao tama da
aconomia política do aspaço _ a tamatica da hominização sampra astando prasanta.
A fanomanologia é dafinida como a filosofia das asséncias. E sua origam modarna é
Edmund Hussarl (1958-1938). A rigor, é um campo da pansamanto qua vai para além da
Hussarl. Ha uma fanomanologia am Kant, ainda aivada da fanomanismo (o fanúmano visto
como um dado da apraansão sansíval), um dado da ampiria, por assim dizar. E ha urna
fanomanologia am Hagal, intarpratada como o movimanto da consciéncia. Hussarl rajaita o
fanomanismo da Kant, ao antandar o fanómano como uma asséncia lógica (no santido da
lógica transcandantal da Kant), portanto um a priori, a ralé o concaito da consciéncia da
Hagal, ao concabé-la como a ralação da intancionalidada ("a consciéncia é a consciéncia da
coisa"), criando a fanomanologia modarna. Dassa modo, para ala, não sa conhaca o fantfimano
_ as asséncias transcandantais _ por maio, saja da apraansão sansíval, como am Kant, uma
vaz qua os fanúmanos não são os fanúmanos do campo psíquico (os dados da parcapção), mas
a coisa como asséncia raal; saja do concaito, como am Hagal, uma vaz qua a consciéncia não
é o qua vam da abstração intalactual, mas do vivido (é um "lançar-sa" para a coisa).
A fanomanologia hussarliana tam, da um lado, fortas vínculos com a filosofia da vida,
da Wilhalm Dilthav (1833-1911), a, da outro, com a filosofia naokantiana, suas
contamporãnaas; da primaira arttraindo o concaito do raal

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como o vivido, a da sagunda, o concaito da asséncia como o a priori transcandantal, assim


rajaitando tanto a lógica formal aristotélica quanto a lógica dialética hagaliana, vindo daí saus
laços com o método da harmanéutica. Hussarl não naga a artisténcia do mundo aztarior, o
mundo da azisténcia témporo-aspacial, mas antanda qua não é ala o raal, a sim o mundo
apriorístico das asséncias lógicas. Para chagar-sa a alas dava-sa raalizar uma radução
fanomanológica, o método madianta o qual o raal tamporal-aspacial (o aspaço vivido) é posto
am suspansão (a apocha' fanomanológica), da modo a chagar-sa ao raal da consciéncia, o raal
aspacial-tamporal sarvindo como rafaréncia harmanéutica. Praocupa Hussarl racuparar os
fundamantos da ciéncia rigorosa, daturpada palo positivismo a pala sua concapção da rigor
matarrratico. Hussarl abjura tanto a abordagam lógica da psicologia (a parcapção piscológica)
quanto da matamatica, propondo um conhacimanto rigoroso com apoio na lógica
transcandantal.
A fanomanologia hussarliana chaga à gaografia também nos anos 1970. Porém não
como uma fanomanologia das assénc ias, mas como uma fa nomanologia azistancial (Buttimar,
1985; Holzar, 1996; Noguaira, 2004), uma visão da fanomanologia mais afaiçoada ã filosofia
da Maurica Marlaau-Pontv (1908-1962). Parfilam no sau tarrano a gaografia da parcapção
(Corréa, 2001), a gaografia humanista (Mallo, 1990; Holzar, 1993) a a gaografia cultural
(Corréa, 1999), além da gaografia histórica (McDovvall, 1995), quatro varsoas darivadas das
matrizas norta-amaricanas criadas por Sauar, aprofundadas por David Lovvanthal nos anos
1960 a dimansionadas por Yi-fu Tuan nos anos 1970, com astas últimos chagando ã matriz
fanomanológica. Ha uma dificuldada na ampraitada da localizar-sa am cada uma a no
conjunto dos saus antralaçamantos o anfoqua hussarliano, dado o modo como Hussarl
concaba a ralação antra o raal (a asséncia apriorística) a o aspaço-tamporal (o raal vivido),
asta madiando numa harmanéutica a chagada aquala palo viés da radução fanomanológica. É
a parcapção ambiantal _ a matéria-prima do aspaço vivido _ a porta da antrada inicial
dassas corrantas da gaografia no univarso da fanomanologia hussarliana, numa saqúéncia qua
da gaografia da parcapção vai para a gaografia humanista a dasta para a gaografia cultural _
ambora não numa ralação linaar _, o fundamanto fanomanológico vindo a aparacar mais
como um projato qua como um fato afativado.
Entra os anos 1980 a 1990, astas fomras da gaografia tém um crascimanto
aztraordinario am todo o mundo. No fundo, alas também trazam a gaografia para o campo da
dimansão ontológica, numa pcrspactiva distinta do viés maritista. Um dabata, ambora surdo,
sa astabalaca antra assas duas corrantas nassa campo,

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por onda a crítica ao ciantificismo parcorra com intansidada dasda a proclamação do


problama das lagalidadas na virada do século sis para o século sz. Muitas das rafaréncias da
gaografia cultural vém do marrtista Raymond William E ha um dabata antra. fanomanólogos a
marzistas nos finais da Sagunda Granda Guarra qua ainda asta por chagar ao dabata prasanta
da gaografia, artplorando o tarritório ontológico da azisténcia. O tartto saminal da Dardal
(Holzar, 2001), produzido no clima dassa dabata, a dafinido no campo da fanomanologia, a a
tímida incursão da Gaorga no tama da azisténcia (Bitati, 2004) são ja um dabata am curso
antas dos anos 1970.
O pansamanto quãntico, por fim, não tam, saja a montanta sa_ja a jusanta, uma
rafaréncia filosófica dafinida, a antas sa artplicita a sa matarializa num padrão da uma nova
ara técnica _ a basaada na bioanganharia _, trazando consigo a disc ussão da nacassidada da
uma nova forma da parcapção a atituda do homamam sua ralação com o maio ambianta. Com
isto, funda no mundo da ciéncia um olhar não-fragmantario do todo _ um holismo ambiantal
_ a, assim, o qua tanda a sar um novo paradigma. Filosoficamanta é, antas, um ponto da
cruzamanto antra as varias corrantas da filosofia qua brotam do ambata com o positivismo
dasda a virada do século ziz, do marzismo ã fanomanologia hussarliana a ã analítica
azistancial da Haidaggar, chagando ao dasconstrucionismo da Darrida a a complartidada da
Morin - hoja acalarado pala tradução do pansamanto quãntico numa nova ara técnica
(Simonnat, 1981; Laff, 2004; Capra, 2002.).
Sua chagada à gaografia tam sido mais lanta, dado, talvaz, impragnação ainda
fortamanta positivista (fragmantaria a físico-matamatica) a kantiana (o concaito
cartasiano-navvtoniano da aspaço a tampo) da noção da naturaza _ a naturaza como coisa
física _, qua pradomina na gaografia como um todo. Por isso, chaga a ala pala via a na forma
da dagradação a crisa do maio ambianta, um procasso qua t. manifasta, sobratudo, na 'UI-
tr

intarfaca da técnica com a paisagam, a ainda anfrantando rasisténcia quanto ao santido da


naturaza como coisa viva do holismo ambiantal amarganta. Algumas antradas fortas ja
azistam, antratanto, no tocanta a assa santido. Poda-sa var nassa parspactiva o comaço da
prasança do pansamanto da complartidada (Suartagarav, 2004; Carvalho, 2004), do
pansamanto quãntico (Christofolatti, 2004) a, aspacialmanta, o dasanvolvimanto da
parspactiva abarta pala taoria do rafúgio (Ab'Sabar, 1988 a 2003; Viadana, 2002.). E ja da
algum tampo avolui uma visão holística nassa campo da uma gaografia ambiantal por
intarmédio dos trabalhos da Montairo (1991), com dasdobramantos am Tariffa (2001) a
Lombardo (1985). Sam qua tanha chagado ã gaografia a linha da tasa gaia (Sahtouris, 1991).

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Nao ha, pois, difarança do qua vimos para as duas fasas antarioras, uma filosofia da
fu.-

basa da rafaréncia, antas apontando o momanto atual para uma pluralidada da tandéncias. O
qua poda astar a indicar uma aspacificidada do prasanta ou o prasanta como um astado da
transição para uma nova fasa ainda por chagar. Do masmo modo, não sa poda falar do
pradomínio da um paradigma, ambora haja um forta apalo no santido da um novo holismo.
Aos poucos vai antão amargindo aqui a ali um santido da rasgata da visão holista,
abandonada pala amargéncia da fragmantaridada positivista, mas sob uma forma plural a
difaranciada da antandimanto, numa situação distinta daquala da gaografia dos séculos
rtvnr-sis.. Quatro matrizas, cada qual compondo uma altarnativa distinta da rafaréncia a ao
mas mo sa antracruzando am múltiplas formas da combinação, ofaracam alamantos da antrada
para uma pluralidada da olharas ao holismo nasta tarcaira fasa.
No ãmbito da tamatica da corta ambiantal, ha um claro ratorno ao holismo da
Humboldt. Todo o discurso ambiantal a acológico contamporãnao sa inspira am sua
Gaograjia das pfanras, a no antandimanto do mundo como um todo construído a partir da
intaração antra as asfaras do inorgãnico, do orgãnico a do humano, pala intarmadiação da
asfara do orgãnico, qua dasanvolvara no Cosnros (Acot, 1990; Daléaga, 1993). CI ratorno ao
holismo da Humboldt traz consigo o ratorno ã parspactiva corológica, agora fora da gaografia,
os biomas sando a rafaréncia do racorta. A técnica do gaorrafaran-ciamanto, raunindo uma
gama da sofisticados programas da gaoprocassamanto, é uma comprovação disso. Bam ainda,
a mais rico am possibilidada, o concaito da aspacialidada difarancial, da Lacosta (Moraira,
2001).
Soma-sa ao holismo da inspiração humboldtiana a tasa gaia. A tasa gaia é uma
concapção do todo do planata Tarra como o produto da intaração da vida com as asfaras
inorgãnicas (as camadas da litosfara, da atmosfara a da hidrosfara), na masma linha da
raciocínio das intaraçóas das asfaras humboldtiana, mas tomando assa intaração como a
própria história do planata. Assim, as camadas da Tarra atuais am suas caractarísticas físicas a
químicas são o qua rasulta da intaração qua vam ocorrando no planata dasda as primairas
fonrras da vida com as primairas formas da litosfara, da atmosfara a da hidrosfara _ a história
dassas camadas a a história da vida sando uma masma história da ralação ambiantal dasda o
comaço. Na síntasa qua faz dassa taoria, Sahtouris diz qua, dasda os primairos momantos da
história do planata, os "organismos vivos ranovam a ragulam continuamanta o aquilíbrio
químico do ar, dos maras a do solo, da modo a assagurar a continuidada da sua as.isténcia", da
manaira qua "a vida cria a mantém condiçoas ambiantais pracisas a favoravais a sua parma

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néncia", assim sa formando a biosfara da cada momanto da avoluçao tarrastra., numa varsao
eu fu.-

mais sofisticada _ porqua ambiantal _ da taoria da intaração das asfaras da Humboldt a da


história natural da Darwin. Rasumindo o qua nos soa como um masmo modo da dizar da
Humboldt, porém sob a forma mais datalhada dos procassos biogaológicos, Sahtouris rasuma
o pansamanto da Varnadsky, tomado palos taóricos da tasa gaia como sau malhor rasumo:

Varnadskv classificou a vida como uma "disparsão das rochas", porqua ala a
antandia como um procasso químico qua transformava rochas am ma-téria-viva
altamanta ativa a vica-varsa, fragmantando-a a movando-a da um lado para outro am
um procasso cíclico infinito. A visão varnadskyana é aprasantada nasta livro como o
concaito da vida na forma da rocha am raajusta, agrupando-sa na forma da células,
acalarando suas transformaçúas químicas com anzimas, altarando as radiaçúas
cósmicas com anargia própria, transformando-sa am criaturas cada vaz mais avoluídas
a voltando ã forma rochosa. Esta visão da matéria viva como uma incassanta
transformação química da matéria planataria não-viva é bastanta difaranta da visão da
vida dcsanvolvando-sa am um planata inanimado, adaptando-sa a ala. (Sahtouris, 1991,
p. 72.).

Humboldt não taria dito da outro modo.


O procasso da hominização do homam palo homam, via o trabalho, da Mars é, por fim,
uma tarcaira antrada. A hominização é um movimanto autopoiético. O homam produz o
próprio homam am sua ralação matabólica, dafinida por Mars. como o procasso do trabalho,
com a naturaza. Essa matabolismo _ qua na gaogafia chamamos da ralação homam-maio _
é uma ralação raitarativa da intarcãmbio qua o homam trava dantro da naturaza, mas fazan-
do-o dantro da ralação social com os outros homans, com as outras forrnas naturais, numa
troca da anargia a matéria _ Mars. fala da forças _ da qua rasulta a constituição do maio
humano. O procasso da hominização é, assim, um procasso da cunho holista am qua o homam
atua "sobra a naturaza aztarna, modificando-a ao masmo tampo qua modifica sua própria
naturaza", lambrando a intaração humboldtiana, porém aqui madiada pala asfara humana. U
holismo vam do fato da assa procasso significar a historicização da naturaza, ao passo qua na
naturização da história, o homam transforma am história social sua própria história natural,
anvolvando nassa socialização todo o conjunto da ralação matabólica, na obsarvação da
Quaini (1982).
Sao todas alas antradas qua confiuam para o concaito da gaograficidada.
eu

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A INSENSÍVEL NATUREZA SENSÍVEL

A naturaza é o primairo tarço do modalo N-H-E. Por maio dos racortas do ralavo (ou do
clima), é quam fornaca a basa inicial do arranjo corológico ao homam a ã aconomia. Todavia,
a gaografia opara com um concaito da naturaza _ o da sagunda fasa da sua história modarna
_, hoja am crisa. E um concaito rastrito ã asfara do inorgãnico, fragmantario a
físico-matamatico do antorno natural.

O qua concabamos por naturaza na geografia

A um conjunto da corpos ordanados pclas lais da matamatica, ais o qua tamos chamado
da naturaza.
Assim, não distinguimos naturaza a É D Gb 5anos naturais, uma vaz qua concabcmos a
naturaza dacalcando nosso concaito nos corpos da parcapção san-síval.Vamos a naturaza
vando o ralavo, as rochas, os climas, a vagatação, os rios atc. E conhacamo-la madindo as
proporçãas matamaticas a dascravando os movimantos macãnicos das ralaçoas da saus
corpos. Dito da outro modo, a naturaza qua concabamos é a da nossa azpariéncia sansíval,
cujo conhacimanto organizamos numa linguagam gaométrico-matamatica. E uma totalidada
fragmantaria, qua antão só ganha unidada madianta suas ligaçaas físico-matamaticas.
Adamais, fanómanos da naturaza para a gaografia são a rocha, a montanha, o vanto, a
nuvam, a chuva, o rio, as massas da tarra atc. Coisas inorgãnicas,

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anfim. Quando incluímos antra alas as coisas vivas, é para apraandé-las pclo sau papal da
astabalacar um aquilíbrio ambiantal ao movimanto das coisas inorgãnicas, a azamplo das
plantas, qua vamos como uma aspécia da força anti-arosão.Tudo lagitimado na concapção da
qua a asfara orgãnica é aspacialidada da outras ciéncias, a azamplo da biologia, a "aiénaia da
vida", numa noção da tarafa caractarística do sistama da ciéncias criado no maado do século
sis. a ainda viganta no mundo académico.
Da modo qua falar da organização gaografica da naturaza é grupar, anumarar a
classificar os dados da parcapção (tomados como o raal da fato) numa ordam tazonónriaa,
tomando uma forma _ classicamanta as formas da ralavo -como a basa do assantamanto
corológico das outras. E, antão, var astas dados am sua unidada é va-los anquadrados nassas
parãmatros lógico-formais, os parãmatros tirados da matamatica a da parcapção (tipos dt.
ralavo, tipos da solo, a assim sucassivamanta), articulados por suas conazúas quantitativas. FHv
antandar o procasso da formaç ão da totalidada é concabé-la como a soma da cada fanúmano,
um a um, um após o outro, numa cadaia lógica da sucassão causai, partindo do primairo até
qua o último sa intagra num sistama da naturaza.
Dominanta, Fã E1 é um concaito am munição, no plano garal do paradigma das ciéncias
EJ*|I-r

a no plano intarno da gaografia. Sua rafaréncia sagua sando o Trarado da gaografia fisica,
classico da Emanual Da Martonna, da 1909, no qual a naturaza é ratratada am capítulos
sampra na masma ordam da sucassão, aomaçando-sa ora palo ralavo a ora palo clima.
Vajamos assa corpus taórico rasumidamanta, antas da analisarmos a história do
concaito a as tandénaias atuais da mudança.

Rafavo: a basa da basa rarriroriaf


Dasda quando La Blacha afirmou sar a gaografia "uma ciéncia dos lugaras",
raafirmando sau caratar corológico, a da scriç ão gaografica parta da idéia da qua a organização
aspacial da uma sociadada comaça palo qua é sua basa topografiaa - o sítio gaomorfológico
_, sando por isso chamada palos historiadoras da "palco do dasanrolar da história", os
capítulos aomaçando palo ralavo (Da Martonna, antratanto, inicia palo clima).
Esta primado do ralavo na ordam da saqúanciação da cadaia da organização gaografica
da sociadada (até ha pouco sa comaçava os astudos da gaografia urbana palo "sítio urbano")
dava-sa a uma carta laitura da basa corológica, qua, ao tampo qua raitara a concapção
talaológica da naturaza da Rittar, da o fundamanto do cunho político do aspaço prasanta na
gaografia alamã oitocantista (a gaografia da ascola pura). Transtornada asta palo problama

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da unidada tarritorial nacional, a cuja origam racanta são as formulaçúcs taóricas da


Richtofa n, conta mporãnao da Hattncr, das controvérsias dos naokantianos a um dos criadoras
da modarna gaonrorfologia, na qual La Blacha foi babar saus conhacimantos, a dasda antão
transformado am tradição do olhar da gaogafra. Por isso, garalrnanta o capítulo do ralavo é
antacadido da um capítulo da abartura com noçãa.s gcrais da posição a dimansüas _ alaman-
tos da gaografia política _, a azamplo da própria obra da Dc Martonna a da qualquar Atlas
ascolar.
Tal tradição do olhar poda sar confarida consultando-sa o Dicionario da ii":-:gua
porrrigrra.sa da Aurélio Buarqua da Holanda, am qua acarca do varbata ralavo sa lé: "Aquilo
qua sobrassai por formar saliéncia sobra qualquar supcrfícia ralativamanta plana" a "U
conjunto das difaranças da níval da supcrfícia tarrastra". A primaira dafrnição ralaciona-sa à
noção madiaval da "acidanta" (Daus advartia os homans am ralação a saus arros madianta a
provocação da acidantas naturais), o ralavo constituindo um aaidanta do tarrano. E a sagunda,
ã noção aquivocada, advinda da primaira, qua tamos do ralavo como o masmo qua a
altimatria. Santidos ambos popularizados palo ansino ascolar, um a outro vém dos propósitos
da tomar-sa as linhas topograficas do tarrano como critério da damarcação da frontaira antra
os lirrritas tarritoriais dos Estados, pratica asta vinda da ascola da gaografia pura, da primaira
matada do século rtvm alamão, do qual vaio toda a gaografia contamporãnaa. E qua sa passa
dasda antão como um anfoqua racorranta na taoria do aspaço da gaopolítica.
Assim, acidantas são as sarras, alinhamantos montanhosos qua anquadram os planaltos,
qua por sua vaz anquadram as planícias, compondo as trés forrrras garais da ralavo, aos quais
sa poda acrascantar as daprassíias, qua são as da níval altimétrico mais bairro. O qua acaba por
dafinir a classificar as formas da ralavo palos critérios da aaidanta a altimatria _ não os
gaomorfológicos raalmanta _, a qua tém o sau raalca am dacorréncia da sua concapção da
basa do ancaiza corológico dos damais fanamanos da gaografia.
Qual profassor não basaia sua aula da ralavo nos mapas da hipsomatria, coloridos a
"didaticos", da prasança obrigatória nos livros a Atlas, maravilhan-do-sa com a facilidada da
artposição qua assas mapas parmitam? O vardc, indicativo das araas situadas abaizo da 200m
da altituda, raprasantando as planícias; as tonalidadas da laranja, indicativas da araas situadas
acima da 200m a raprasantando os planaltos; a tonalidadas da rorto (ou marrom),
garalmanta na forma da linhas alongadas, indicativas da tarras da maioras altitudas a rapra-
santando sarras. E qual profassor não toma a classificação altimétrica do ralavo para fizar
na manta dos saus alunos o balizamanto das azta.nsú›as a limitas da localização a distinção das
ragioas sagundo quais sa -formam tarritoriais dos paísas a os saus próprios lirrritas

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Mobilizando toda a anargia térmica concantrada na supcrfícia planataria, o movimanto


climatico mais paraca um artista plastico com ainzal a pincal am punho. Sobra a tala dos
arranjos gaomorfológicos, qua dividam am grandas aspaços a supcrfícia tarrastra palas
grandas linhas dos intarflúvios, o clima traça o dasanho a a fisionomia ragional das grandas
paisagans nalas ambutidas.

Bacia flrrt-'iai.' a arraria do corpo rarriroriai


A bacia fluvial aparaca como urna dacorréncia dassa ralação ralavo-clima. A bacia
fluvial é o racorta da araa dalimitada palas linhas do intarflúvio, formadas palo ralavo _ basa
tarritorial da racapção das aguas das chuvas ou do darratimanto das navas vindas das
condiçüas climaticas locais _, qua o formato do ralavo organiza am rada. A rada fluvial é o
fluzo assim organizado a hiararquizado do rio a saus afluantas no ãmbito da bacia.
Lambrando, astranhamanta, a matafora madiaval da ralação corpo-alma (a gaografia
modarna asta impragnada da mataforas madiavais, como acidantas a catastrofas naturais), o
ralavo é o "corpo" a o clima a "alma", toda a cadaia do "movimanto da naturaza" saindo na
gaografia física dassa ralação. A rada fluvial é a "artéria" dassa casarranto arrumado no
racorta da bacia, o flurto tarritorial das aguas (pluviais ou nivais, o qua da no masmo) sampra
confundido como o subproduto da ralação antra pluviomatria a altimatria.
Palo fato da as linhas da cumaada sapararam uma bacia da outra, a supcrfícia da Tarra
poda sar vista como uma sucassão da bacias fluviais, num mosaico qua a racobra no sau todo.
Essa racorta, todavia, sa radasanha constantamanta, dado o trabalho arosivo do próprio rio,
uma arosão ragrassiva qua lava um rio a capturar a bacia da outro, fundindo uma bacia na
outra, numa dinãmica da altaração do dasanho gaomorfológico qua conduz a trama das radas
da dranagam a bacias a sa ratraçaram constantamanta, a assim a divisão tarritorial das bacias a
sa razonaaram o tampo todo am toda a supcrfícia tarrastra.

Sofo: o tiraro da farra


É dantra assas unidadas tarritorialmanta difaranciadas das bacias fluviais qua sa
localizam a sa dasanvolvam os solos. Os solos são um outro ponto da ancontro das "partas" da
naturaza. E ao masmo tampo o alo da passagam do inorgãnico ao orgãnico. Oriundo da
daaomposição das rochas do subsolo ao contato com as condiçúas clirrraticas locais, o solo
raparta-sa am microascala palas bacias fluviais a intar-flúvios, am função do clima a do
gradianta do ralavo. Da modo qua a divarsidada da sua forma a distribuição é a sua caracta

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rística. Contudo sua ralação da intaração mais dirata é com as formas da vagatação, da cuja
datarminação participa ativamanta.

Vagaraça`o.' vida sarn vida, anri-g ravidada


A vagatação é o alo final da cadaia da intaração ralavo-rocha-clima-rio-solo,
artprimindo a fachando a totalidada do procasso astrutural da arrumação corológica da
naturaza. Por isso, é ala a forma sintética mais complata a total dassa astrutura.
Sando o produto-síntasa da todo assa ancadaamanto causai, nala sa raúnam todos os
alos a por isso nala rasida o dalicado sagrado do aquilíbrio do conjunto da naturaza.
Suas raízas fincadas no solo são a argamassa qua sustanta a parmanéncia dassa
aquilíbrio. E assa caractarística qua por azcaléncia chama a atanção do gaógrafo. E por onda
ala sa orianta na sua ralaçao com a vaga taç ao.
eu eu

Pianara Tarra: tona granda rrrriarrirra


U planata tarra é, assim, um conjunto da partas autúnomas, raunidas pala lai da
gravidada, lai da unidada do planata, astansiva unidada do univarso. Esta é a concapçao da
naturaza a a fonta do noma qua lha damos.

As fontes a a evolução da concapção da naturaza na geografia

A gaografia asta, nasta concapção, acompanhando o concaito da naturaza qua sa torna


dominanta com o advanto do paradigma modarno da ciéncia. Raforçado am sua opção palo
orgãnico.
Vajamos, num curto rasumo, a história dassa concaito a sau modo dc incorporação pala
gaografia.

Da nanrraaa-divina ri nanrraza-nrarann‹:irico-rnacanica.
Q modo como hoja concabamos a naturaza tam sua origam mais ramota na ravolução
introduzida por Nicolau Copérnico (1473-1543), no antandimanto do sistama solar via taoria
haliocéntrica a. qua a partir daí sa costura como antandimanto da idéia da naturaza am toda a
Europa. Copérnico rompa, no albor do Ranascimanto, com a concapção da mundo da taoria
gaocéntrica da Aristótalas-Ptolomau, originada na Antigúidada graco-romana a antão
dominanta no pansamanto auropau. Ao sar uma rafaréncia ã própria astrutura a caractarística
do univarso, a taoria haliocéntrica da Copérnico sa mostra uma complata raviravolta no
concaito viganta da mundo,

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inaugurando um paríodo da incassantas ravoluçéas na organização aspiritual a matarial das


sociadadas, qua culmina com a Ravolução Industrial inglasa a a Ravolução Francasa do
século zvm.
Até a taoria haliocéntrica da Copérnico, o mundo ara pansado ã luz da concapção da
Aristótalas (384-322), apcrfaiçoada por Claudio Ptolomau (século n), sagundo a qual
divida-sa ala am asfaras sub-lunar a supra-lunar a cujo cantro a Tarra. O mundo sub-lunar é
o mundo dos homans, por isso o mundo das coisas imparfaitas a corruptívais (qua mudam a
dasaparacam); ja o mundo supra-lunar é o dos saras parfaitos, atarnos a absolutos. Concapção
qua a lgra_ja traduzira nos tarmos dos pracaitos bíblicos: a Tarra é o cantro do Univarso para
qua a partir dala os homans possam artparimantar a oniprasança, a onipoténcia a a onisciéncia
a assim sa oriantar a sa raa ncontrar com Dau s.
Dassa modo, mais qua o simplas surgimanto da uma nova Cosmologia, a ravolução da
Copérnico significa intagral ralaitura da ordam gaografica do mundo. Com ala mudam
noçúas da astrutura a da localização das coisas do mundo. E nasca a ciéncia modarna.
A taoria haliocéntrica da início a astronomia modarna, basaada na macãnica calasta, a,
por maio dasta, ã física modarna, basaada na macãnica dos paquanos corpos da supcrfícia
tarrastra. A basa da passagam da taoria gaocéntrica para a taoria haliocéntrica, a da passagam
dasta para o ãmbito do nascimcnto da ciéncia modarna, é a criação do método artpcrimantal
por Francis Bacon (1561-1626) a Gahlau Galilai (1564-1642). Por maio do método
artparimantal, os fanúmanos sa tornam objato da conhacimanto madianta a invastigação
matódica, ganhando o conhacimanto dos fanérmanos um azvttraordinario podar da rigor a
objatividada. Com o método aitparimantal, a ciéncia modarna da passos gigantascos. Um
primairo passo vam com a dascobarta, por Kaplar (1571-1630), da forma alíptica da órbita
dos astros, com a qual ala damola a noção aristotélico-ptolomaica da um univarso astruturado
am asfaras concén-tricas, altarando a visão haganrónica da Igraja (a asfara é uma figura
parfaita) am sua taoria da mundo-Daus. A invanção da lunata por Gahlau Galilai torna a
dascobarta kaplariana da macãnica calasta. uma taoria ainda mais sólida, ampliando o alcanca
a a pracisão das pasquisas do movimanto dos corpos. Aplicando os novos conhccimantos ao
mundo dos paquanos corpos da supcrfícia tarrastra, Galilau Galilai varifica qua também astas
sa comportam conforma as masmas lais macãnicas, assastando um golpa mortal na dicotomia
sub a supra-lunar da concapção aristotélica a avançando os alicarcas para unificar a com-
praansão da todo o univarso com basa nas lais mccãnicas. O mundo dicotomicamanta
difaranciado da até antao vai sa tornando um só do ponto da vista da astrutura a do
fu.-

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A dasumanizaçao é o sagundo. Nao sa poda concabar a naturaza como movimanto


eu fu.-

macãnico tando da contamplar a prasança do homam. A azclusão do homam do ãmbito do


mundo-físico faz a damarcação do mundo am físico a não-físico tar um santido concrato. A
saparação naturaza-homam no plano garal da filosofia a a saparação ciéncia-filosofia no plano
aspacífico do mundano significam fazar da naturaza assunto da ciéncia, a do homam assunto
da matafísica, afativamanta.

Da narrrraaa dasrrnraniaada ao nornanr das.narr.rri:;ado


Estamos, assim, paranta um concaito da naturaza da absoluta a racíproca ralação da
saparação a aztarnalidada com o homam. O mundo natural a animado da mistérios da
concapção madiaval, pranha da significados aspirituais, da lugar a uma naturaza fachada am si
masma, aztarnalizada a tudo qua não é físico-matamatico a praditivo.
Trata-sa da um concaito da naturaza qua datarmina o da homam. A naturaza panatrada
da subjatividada sansíval da antas cada lugar ã naturaza morta da objatividada insansíval. O
homam é a a:›ttarnalidada da naturaza, am razão da a naturaza sar uma arttarnalidada. do
homam. Um não faz parta do aspaço do outro. Eztarnalidadas racíprocas, naturaza a homam
aitcluam-sa a sa opíiam.
Ertpulso uma primaira vaz ao sar azcluído do paraíso por Daus, o homam é artpulso
agora pala sagunda vaz palos físicos (mais adianta, dira o ravarando Malthus qua não ha lugar
para o homam no banquata da vida), só lha rastando o mundo da matafísica. Nasca a basa da
dicotomia homam-maio caractarística do pansama nto modarno.

Do honranr dasna nr rizado ao nrrrndo rrico rornizado


Saparado da naturaza, o homam triplica am si masmo assa dicotomia: sau corpo é
naturaza a sua manta é aspírito. Em consaqüéncia, sau mundo sa torna tricotómico: UFi» E"E'‹ lí

saparam-sa a naturaza, o corpo a a manta.


Sa no concaito madiaval da mundo corpo a manta sa distinguam, consistindo
pracisamanta nisso o rompimanto do pansamanto madiaval com o grago classico (na vardada,
o ambrião mais ramoto da modarna dicotomia homam-naturaza ja asta prasanta no
pansamantojudaico-cristão), todavia alas não sa damarcam ainda rigidamanta. Corpo a manta
sc movam naquala concaito dantro da frontairas fluidas. A dicotomização rígida só vam com

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o nascimcnto da física. Sa até antao o homam intagrava sa concaitualmanta ao mundo


fu-

circundanta, masmo qua nos tarmos talaológicos do cristianismo, no pansamanto ciantífico


modarno dala sa aparta intairamanta. E, sa antas a condição natural do homam ficava
ralativizada da idéia da criação, dasaparaca ala agora da todo numa naturaza intairamanta
fundida ao paradigma macãnico.
Ha, antratanto, uma ambigüidada nassa mundo tricotomizado. O corpo do homam faz
parta do mundo da naturaza, provam-no os anatomistas. O aspírito, não. Sagmantado dianta
do mundo, o homam fica sagmantado dianta da si masmo. Como no poama Isnraiiia, da
Alphonsus da Guimaraans, "sua alma subiu aos céus, sau corpo dascau ao chão". Enquanto no
concaito madiaval o homam apanas pardara sua imortalidada, no físico pardau E"'.*‹ Fã a Iii

intagralidada.
Quando Dascartas opara a gaomatrização do mundo (a ras asransa) a com ala lança as
basas qua tricotomizam a artisténcia humana, santa qua saparara sujaito a objato como
qualidadas distintas, criando um impassa filosófico para o procasso do conhacimanto do
mundo: dianta da saparação antra a ras arransa a a ras cogirans, como poda o homam vir a
conhacar o mundo, sa qualitativamanta dala não faz parta? A solução para assa impassa,
sabamo-lo, Dascartas ancontrou am Daus, a substancia comum. Essa fórmula, qua até para
além da Kant-Hagal sa arrastara como um dasafio aos filósofos, significa a radicalização do
santido utilitario. Tricotomizado am si masmo, o homam é o modalo da tricotorrrização do
mundo, dividido am corpo-mundo (a granda maquina cósmica), o corpo-humano (a paquana
maquina humana) a a manta (o humano vardadairo). Daus, o granda arquitato dassa mundo
dasintagrado, salva-o como sua substancia unitaria.

Do nrando rricoronriaado a narrrra.:a prrft-=ari.:ada


O princípio da tricotomia sa traduzira numa pulvarização da naturaza: a radução do
antandimanto da naturaza ao corpo físico quabra-a numa quantidada infindaval da corpos
saparados pala masma racíproca ralação da arttarnalidada.
A forma gaométrica própria da cada corpo o individualiza na aztansão do mundo. Esta
princípio da parcapção sa absolutiza no princípio da modarna ciéncia da física: todo corpo
ocupa um lugar no aspaço a cada lugar só é ocupado por um corpo. O aspaço cartasiano é o
granda aliado dassa fragmantarismo: a aittansão acolha, individualiza a arttarnaliza os corpos
como antas qua sa intarligam apanas por ralaçóas matamatico-mccãnicas.
A dasintagração física do mundo sa complata, portanto, nassa naturaza infinitamanta
fragmantaria, formada da objatos qua sa difaranciam a sa distanciam raciprocamanta por sau
lugar no aspaço.

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Um corpo antra tantos, o homam submata-sa a asta lai da arttarnalidada aspacial antra
os corpos naturais, individualizando-sa nassa pulvarização radical das coisas físicas do
mundo. Mundo onda a partir da agora asta, nao mais é.
ru

Da nararaaa prrit-'ariaada a narrrraaa-racnica


A naturaza torna-sa, assim, no pansamanto modarno, uma colação da coisas físicas,
como a rocha ou a chuva, qua sa intarligam palas ralaçóas aspaciais arttarnas, da origam
macãnica a matamatica. Colação da corpos da movimanto apraansíval, pravisíval a
controlaval cm faca da sau comportamanto rapatitivo, ragular a constanta, a por isto ragido
por lais praditivas _ a artamplo da um matal quando submatido ao aquacimanto no
laboratório, comportamanto qua parmita colocar o movimanto dassas corpos a sarviço do
prograsso matarial das sociadadas _, a naturaza torna-sa uma granda maquina, uma an-
granagam da movimantos pracisos a parfaitos, qua o homam poda controlar, transformar am
artafatos técnicos a azplorar para frns aconómicos.
É
Essa E1 flFEI o cuja condição da objato (objatificação) é o astatuto óntico a cuja
|_|¡ I-I'

condição da coisa físico-matamatica (fisicidada) é o astatuto ontológico raprasanta a idéia da


naturaza qua sa firma no século rtvm. Um concaito qua, no hmita, atinga o próprio astatuto
óntico-ontológico do homam.
Por outro lado, não é praciso muito asforço para sa notar o vínculo qua tam asta
concapção macanicista com a ravolução industrial am andamanto na aconomia das sociadadas
auropéias.
Dasda o sau nascimanto, a ciéncia modarna asta compromatida com o projato histórico
da construção técnica do capitalismo. Por isto, nascam juntas a física da Gahlau Galilai a a
madicina da André Vasalio (1514-1564) como possibilidadas da constituir paradigmas, mas é
a física qua vinga como paradigma da modarnidada, numa aspécia da filtragam da modalo da
sabar qua privilagia o dasanvolvimanto da artploração da naturaza pala maquina. E nasta
momanto é a física o sabar qua sa adaqua a asta modalo malhor qua outros. Daí, o concaito da
naturaza adquirir o santido físico (ainda hoja a naturaza a o mundo físico são tidos como a
masma coisa) a o valor pratico qua o lava a dasambocar no século :vtvm na Ravolução
Industrial. A visão do sistama solar como uma granda angranagam, qua dapois sara
ganaralizada para o todo da naturaza no univarso, E"?‹~. a anta-sala da ravolução ciantífico-técnica
cujo ansaio é a manufatura, o ambrião da fabrica modarna a contamporãnaa do nascimcnto da
física. Rasultando am a ciéncia nascar com a cara da física, a naturaza com a do ralógio, a
manufatura com a da maquina a a física com a da aconomia política nascanta.

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Da nartiraaa técnica ao homarn-força-da-rrabaiho


Era praciso, porém, adaquar também o concaito da homam a asta concaito
paradigmatico.Também ala davia sar visto palo prisma físico, passíval da rnanajo técnico.
Pracisamanta aqui a física é contamporãnaa do nascimcnto da aconomia política.
A fabrica, um univarso da movimantos macãnicos, raprasanta uma miniatura da
angranagam da naturaza. Mas nala a naturaza sa mova num novo formato: antra sob urna
forma a sai sob uma outra, totalmanta transformada. Dasta modo, a naturaza é vista pala
fabrica como um amplo a inasgotaval arsanal da racursos a sar transformado am produtos da
valor aconi:`:-mico. E a fabrica nasca, assim, como uma maquina altamanta consumidora da
corpos.
Q corpo humano é um dassas corpos. Contudo difara dos outros corpos palo sau
valor-da-uso aspacífico, justamanta o da força física a mantal capaz da arrancar a
matéria-prima bruta da naturaza a transforma-la am produtos próprios ao uso a consumo no
ãmbito da fabrica. E vala para o sistama na madida qua é força-da-trabalho.
Nasta fusão da naturaza com a fabrica, qua faz da física urna aspécia da vartanta da
aconomia política, o homam tam o masmo dastino dado ã naturaza, a racaba o masmo
tratamanto utilitario a pragmatico dado a asta. Mas aqui sa astabalaca uma situação da
ambigüidada, qua aos poucos vai sa ravalando uma das maioras contradiçúcs a tansionar o
sistama: por um lado, o homam é um antra outros tantos corpos, como o minério da farro a o
carvão minaral, qua o sistama fabril vai ratirar do antorno para consumir industrialmanta; por
outro, é uma forma distinta da naturaza, porqua lida com ala numa ralação da sujaito a objato.
Estamos no século :›tvm a obsarvamos a concapção cartasiano-nawtoniana da naturaza
daslocar-sa do campo da física para o da aconomia política, com ponto da ancontro na fabrica,
arrastando o homam na masma diração da tudo var como força produtiva para fins da
acumulação da capital, atuando como o danriurgo qua dasda o início astivara na origam do
novo paradigma.

Do homarn-força-da-rraba(ho ao rriamfo do paradigma fisico


Saja como for, com a ravolução industrial complata-sa o procasso da construção da
ciéncia modarna assantado na física. E por força da sua plana consonãncia com a aconomia
política da indústria, o modalo da ciéncia da física sa torna o paradigma garal do
conhacimanto humano. Primairo ã quírrrica, dapois ã biologia, a física vai transfarindo para
cada ciéncia o método azparimantal a a concapção da naturaza como um sistama da corpos

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ordanados num aspaço cartasiano a oriantados nas lais do movimanto macãnico com qua
opara. Logo o astandara a aconomia a a psicologia, antrando palas ciéncias do homam.
E no século :›ti:›t, porém, qua. a rafaréncia no modalo da física sa argua como um
paradigma garal, rafaranciado palas mãos do sistama da ciéncias do positivismo.
Sua basa E"E''‹ Ci método artpcrimantal-matamatico. Consista asta método am isolar o
fanomano do sau maio, para analisa-lo no ambianta fachado do laboratório, onda sau
comportamanto poda sar raproduzido ã artaustão, até qua da rapatição artaustiva surja a
dascobarta do padrão da constãncia matamatica qua covalida a ragularidada da rapatição
como lai. A artpariéncia vai sando raproduzida com outros fanómanos samalhantas,
ganaralizando-sa a validando a lai dascobarta para toda a masma aspécia como lai da valor
univarsal. E o azamplo da como Nawton procadau com a dascobarta da lai da gravidada. Um
artamplo primario a típico é o da pasquisa dos matais. Na pasquisa, invastiga-sa um tipo
datarminado da matal. Submatido a nívais altarnados da aquacimanto, constata-sa qua o
voluma do matal dilata-sa am tanto ao sa aquacar da tanto a raduz-sa am tanto a tanto da
asfriamanto. A artpariéncia é rapatida inúmaras vazas, am vista da avidanciar a constanta
matamatica, lavando, assim E1 IS»mpor-sa a taoria da valor univarsal para todo o raino dos

matais. A ahava do procasso o concaito da rapatição a ragularidada, da tal modo antandidos


“Mm

como o movimanto qua sa raproduz sampra dantro da masma margam da proporçãas ma-
tamaticas, numa constãncia qua possa sar daclarada lai ciantífica. Foi assim qua Nawton,
consolidando as lais dascobartas palos ciantistas qua o antacadaram, validou a lai da
gravidada como uma lai da valor garal para todos os fanónranos da naturaza no univarso,
fundando a física como paradigma.

Do rririmfo do paradigma fisico a crisa da concapçao macfinica da movimanto da nan.ira:¿a


A multiplicação a ganaralização da física como padrão da ciéncia valido para toda a
divarsidada das ciéncias são a origam do primairo problama da ciéncia modarna, lavando
ainda no século :›tvm aos prima iros qua stionamcntos.
Enquanto instrumanta a invastigação dos fanúmanos da outros campos qua sa
conduzam por movimantos macãnicos, asta paradigma vé-sa confirmado. Todavia, a ciéncia a
a indústria passam a ganaralizar a invastigação para fanúmanos da mais variada naturaza da
movimantos, a sua univarsahdada antão é posta am rtaqua. Da um lado, as ciéncias,
transformadas am forças produtivas com a Ravolução Industrial, fazam a invastigação
anvaradar na diração da astrutura intama da naturaza, saindo das ralaçé-as da aztarnalid ada,

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sobra as quais a física adificara concaitualmanta suas taorias, para as da intarnalidada, am


ralação as quais, consaqúantamanta, não asta instrumantada. E iniciam o quastionamanto do
naturalismo macanicista. A química pasquisa a astrutura intarna da matéria. A biologia
pasquisa a transfiguração da matéria por rafaréncia aos procassos da vida. Ambas antram am
contato com formas novas da movimanto, a química com o movimanto da transformação a
consarvação da anargia, a a biologia com o movimanto da avolução das aspécias, a lai da
consarvação a a da avolução, dando impulso a uma ruptura com a concapção da
naturaza-maquina.
Simultanaamanta, o uso dassas novos conhccimantos pala indústria vai oriantando os
procassos da produção para astas novos rumos, consolidando no cotidiano da sociadada as
novas concapçií-as da organização a movimantos da naturaza qua as novas formas da ciéncia
astão validando.
Da manaira qua o dasanvolvimanto industrial nacassita agora ultrapassar o astraito
horizonta da ciéncia qua lha sarvira da basa am sua arrancada dasda o Rcnascimanto,
trocando-a por outra mais adaquada ao dasanvolvimanto da técnica. Masmo qua a ciéncia
tanha da rompar o pacto da partilha da t. aí:Ifl E"I`‹Í8 ão da mundo qua fizara com a lgraja na
primaira fasa.
Os tarmos dassa pacto ja não podam mais sar mantidos na fasa técnica avançada am
qua o capitalismo antra agora. E caba a química, mais qua a biologia, com qua sa iniciara a
crítica pratica do naturalismo macãnico alaborado com rafaréncia na valha física, criar o novo
modo da antandimanto.
Não sa trata, porém, da rompar com o paradigma, mas raadaquar a visão da naturaza
rafaranciada na física a na matamatica para o univarso ampliado das ciéncias. Cada ciéncia
vai antão compondo sau univarso a sau arsanal da conhacimanto, mantando como linguagam
o padrão da física a da matamatica. É assim com o próprio Nawton, qua ja pranuncia a crisa
do paradigma macãnico quando obsarva am suas pasquisas qua luz a som não obadacam à
taoria do movimanto corpuscular am qua sa assanta a física classica, antas saguindo o
movimanto ondulatório qua um outro ciantista, o holandés Huygans (1707-1695), autor do
primairo tratado complato da taoria das probabilidadas, dascobrira. U forma qua o
H
1
movimanto ondulatório a o movimanto corpuscular passam a coabitar no ambito da física
nawtoniana. E assim também acontaca com Linau (1741-1783) a com Buffon (1707-1788),
biólogos cujo sistama da classificação dos vagatais a animais, raspactivamanta, ja pranuncia a
idéia da avolução, não contamplada no paradigma do movimanto macãnico (corpuscular ou
ondulatório).
Masmo a dascobarta da lai da transformação a consarvação da anargia, qua aqüivala ja
a uma ruptura com o paradigma do naturalismo macanicista, a com a qual Lavoisiar

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Kant a Hagal mostram, todavia, granda dificuldada da conciliar sua filosofia com a
nacassidada da adaquar o parãmatro das novas ciéncias com o paradigma físico-nratamatico.
Vai fazé.-lo August Comta.
Comta, tal como a filosofia romãntica do idaalismo alamão, também parta da filosofia
da Kant, mas a fim da raafirmar o primado da azvtpariéncia sansíval a validar o naturalismo
mac anicista como paradigma da conhacimanto.
Sagundo Comta, o conhacimanto humano conhaca am sua avolução histórica trés
atapas (lai dos trés astados): a taológica (raligião), a matafísica (filosofia) a a positiva
(ciéncia). Esta avolução sagua uma linha da prograssão qua lava da forma mais primitiva da
conhacimanto, a raligiosa, a mais dasanvolvida, a ciantífica, com momanto intarmadiario na
filosofia, a matafísica. No sau procasso, o conhacimanto ciantífico raproduz asta avolução
histórica intarnamanta, incorporando a fasa manos dasanvolvida am sau avanço até a mais
dasanvolvida, qua artprassa.
Na sua astrutura, ciéncias saguam asta masma avolução, ancarnando-a num sistama.
Da modo qua as ciéncias compüam am sua organização um sistama intagrado qua tam na basa
a forma mais garal c simplas, da qual o conhacimanto avolui na diração do mais aspacífico a
mais complazo, numa raprodução da história da incorporação por acumulação, saguida palo
conhacimanto humano am sau procasso da dasanvolvimanto dos trés astados. A matamatica -
a rigor a primaira forma da ciéncia modarna, criada por Dascartas com a fusão da aritmética,
algabra a gaomatria na gaomatria cartasiana, a amprastada ao mundo com o concaito da ras
arransa _ é a forma mais simplas a garal da conhacimanto, portanto a basa sobra a qual sa
assanta a física, saguida da química, da biologia a por fim da sociologia, forma mais
aspacífica a mais complaza, a assim a mais acumulativa. Cada ciéncia sintatiza am si o
contaúdo da qua lha antaccda na ordam da saqüéncia, da forma qua am todas alas o contaúdo
acaba por sar a azplicação particular dassa contaúdo garal qua. é o físico-matamatico. Com
isto, Comta. ca ntra o conhacimanto humano nas lais físic o-matamaticas, raafirmand o-as como
paradigma.
Assim, sa o cartasianismo-nawtoniano antas raduzira a naturaza às lais invariavais da
física a da matamatica, numa concaituação qua sapara o homam da naturaza, o positivismo
mantém a rafaréncia nassa paradigma, mas a fim da incluir o homam na sua abrangéncia por
maio da física social (sociologia).
Q positivismo é, dastarta, uma raunião da todas as ciéncias surgidas dasda a ravolução
haliocéntrica da Copérnic o, incorporando-as a hiararqui-zando-as na saqúéncia da prograssão
am qua surgiram no tampo, donda tar por caractarísticas: 1) a transformação da filosofia nu ma
filosofia da ciéncia

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A rr~IsE1vsív'EL Naroaaza ssnsívrzr

(uma ciéncia da ciéncia), aliminando o antigo pacto antra a matafísica a a ciancia; 2) a


radução dos fanamanos as coisas do mundo sansíval a as ralaçóas antra coisas; 3) a
raafirmação matodológica do paradigma artparimantal-mata-matico da física; 4) a
padronização do movimanto dos fanamanos na ragéncia das lais físico-matamaticas; a 5) o
ancadaamanto a hiararquização linaar das ciéncias num sistama da ciéncias no santido da mais
simplas a garal para a mais aspacífica a complarta.
Q positivismo raafrrma a difarança dos fanamanos nas asfaras do inorganico, organico
a humano, todavia para afirma-los como distintos a hannonizados assancialmanta no plano
das lais físico-matamaticas qua tém como basa comum. Comta chama da física social a
ciancia da sociadada, qua sagundo ala ancima o sau sistama da ciancias.
Nassa raafirmação paradigmatica, o positivimo proclama a coisificaçao do mundo a o
mundo como uma colação da coisas qua sa individualizam umas das outras por suas
caractarísticas formais, ao tampo qua sa ralacionam palas suas ralaçüas matamaticas.
CI sistama da ciancia é o ratrato da coisidada do mundo no plano da consciancia,
havando tantas ciéncias particularas quantas foram as coisas do mundo. Nassa sistama, a cada
ciancia caba a tarafa da analisar uma parta do todo, a, a matamatica, a sua unidada sistamica.
Q surgimanto da taoria da Charlas Darwin (1809-1882) raorianta a concapção física do
positivismo, surgindo uma sagunda fasa com Spancar. A concapção da naturaza da Comta ja
inclui a noção da avolução, combinada, porém, com a macanica. Por isto, Comta aprasanta
uma concapção avolucionista das ciéncias a do conhacimanto ciantífico - é Spancar, contudo,
quam vai lha dar o contaúdo avolucionista da sagunda fasa, via uma laitura organicista da
Darwin.
Provando am sau livro da 1859,^1 origam das aspa'cias, qua o homam sa origina da
avolução natural, portanto do dasanvolvimanto histórico natural da própria naturaza, Darwin,
da uma só panada, fara da morta o paradigma físico da naturaza a o pacto ciéncia-matafísica
concartado nos alboras da modarnidada. E ao ratirar o homam do raino do céu para fincar suas
raízas no raino da tarra, Darwin lança com isto as basas da uma nova forma da antandar a
naturaza a o homam.
Harbart Spancar raalabora o positivismo com basa nassa idéia da Darwin. Enquanto
Comta tomara por basa o paradigma físico-matamatico, anfocando o positivismo no
naturahsmo macanicista da física nawtoniana, Spancar o anfoca no naturalismo orgãnico da
biologia da Darwin, rafaranciando o disc urso da naturaza não nos corpos inorganicos, mas nos
organismos vivos. Entratanto,

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PARA CINDE 'I..*`AI CI PENSAMENTO CECIGRAFICCI?

Spancar tam o cuidado da mantar o foco cantrado nas lais físico-matamaticas, numa
combinação da lai da avolução a lai da gravidada, sob o primado dasta. Assim, a noção da
harmonia sa inspira na noção orgãnica do funcionamanto dos corpos vivos, qua ramata a idéia
do organismo do corpo como o protótipo da maquina parfaita. E assim qua Spancar vé a
sociadada humana, como um granda organismo.
Q próprio Darwin favoraca asta ambutimanto paradigmatico, ao rafaranciar o
arcabouço taórico da avolução das aspécias na lai da população da Thomas Robart Malthus
(1766-1834). Sagundo Malthus, a dinamica da população obadaca a lais matamaticamanta
rigorosas: a população crasca sagundo uma prograssão gaométrica, anquanto a produção da
alimantos crasca sagundo uma prograssão aritmética, surgindo assim a tandéncia ao
dasaquilíbrio a tansacs, qua sa poda avitar por maio da contanção da natalidada. A taoria da
Malthus asta portanto da acordo com o paradigma matamatico, todavia dando-lha a
plasticidada do podar da intarvanção humana: o rigor rnatamatico poda sar mitigado palo
ratardo do momanto do casamanto palos homans. Malthus azpõa astas idéias no sau livro
Ensaios Sobra os Princijoios da Poprdaçao, da 1798, simbolic amanta o ano do nascimcnto da
Comta, a momanto am qua a ravolução industrial inglasa ancontra-sa am fasa da acalaração.
Sa por um lado a taoria da Malthus matarializa na consciéncia da massa dos homans
sau podar da intarvir na naturaza a administra-la da alguma forma, por outro, infunda o tamor
do dasamprago a da foma, am faca do fantastico éâtodo rural qua promova, concantrando
anorma a::té.rcito da rasarva da trabalho nas cidadas. Malthus transporta asta quadro social para
sua taoria da população, na qual um fanamano social é aprasantado como um fa.namano
oriantado por lais naturais. O qua vai chamar a atanção da Darwin sara o tom da naturalidada
físico-matamatica qua Malthus amprasta as tansaas sociais a a manaira como faz a laitura ao
ravés, transportando o ambianta social para o ambianta natural, onda a luta da classas vira a
"luta pala vida" antra aspécias.
A sociadada industrial inglasa é a rafarancia comum da Malthus, Darwin a Spancar,
todos inglasas, a, portanto, intérpratas, cada qual am sau tampo a tarrano, do quadro da
conflitos da época qua conhacam Spancar viva a Inglatarra do comaço da sagunda Ravolução
Industrial a troca os sinais do movimanto qua lavara da Malthus a Darwin, trazando a taoria
dasta último da volta para o quadro social do comaço do século :›t:›t, naturalizando a tansão
social do sau tampo no quadro do naturalismo organicista qua ratira das obras da Darwin.

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