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Resumo: A busca por produtos mais sustentáveis tem motivado o setor metal mecânico a
substituir seus lubrificantes de base mineral por produtos renováveis. A grande demanda por
produtos que causem menores impactos tem apontado os óleos de origem vegetal como
alternativa devido ao seu alto poder de lubrificação. O objetivo do estudo foi buscar maiores
informações sobre o potencial uso do óleo de Moringa para processos de usinagem. Para
avaliar o perfil de ácidos graxos das amostras dos óleos de Amendoim, Moringa e Pinhão-
manso utilizou-se ensaio de cromatografia gasosa. Objetivando analisar o poder de
lubrificação em ensaio aplicado de usinagem (fresamento em material ferroso), utilizou-se a
metodologia de Mínima Quantidade de Lubrificantes – MQL. Este ensaio possibilitou a
avaliação da força necessária para fazer o corte, o consumo de energia gasto durante o
processo e o acabamento superficial da peça. Com a identificação do perfil de ácidos graxos
dos óleos em estudo foi possível notar que eles apresentam em sua composição grande
concentração de ácidos graxos insaturados o que favorece a formação de um biofilme mais
estável e capaz de proteger o sistema peça-ferramenta do desgaste, diminuindo o atrito. Com
este trabalho foi possível concluir que os óleos avaliados apresentam boas capacidades
lubrificantes. No entanto, os óleos de Moringa e Pinhão-manso proporcionaram menores
esforços para a realização do corte, demonstrando grande potencial para a aplicação no setor
metal mecânico.
Palavras-chave: Óleos vegetais. Sustentabilidade. Lubrificantes. Setor metal mecânico
Abstract: The search for more sustainable products has motivated the metal-mechanic
industry to replace its mineral-based lubrication for renewable products. The great demand for
products that cause less environmental impact has pointed to vegetable oils as an alternative
because of their high lubricity. The objective was to gather information about the potential use
of Moringa oil for machining processes. It was used the gas chromatography test to evaluate
the fatty acids profile from Peanut, Moringa and Jatropha oil samples. It was used the
methodology of the Minimum Quantity Lubrication – MQL – aiming to analyze lubrication
power in an applied machining test (ferrous material milling). This test made possible the
evaluation of the necessary cutting force, energy consumption during the process and
workpiece surface finish. With fatty acids profile identification, it was possible to notice a
1
Instituto Tecnológico de Aeronáutica - ITA, Centro de Competência em Manufatura – CCM,
Praça Marechal Eduardo Gomes, 50, Vila das Acácias, CEP:12228-900, São José dos
Campos/SP - Brasil
2
Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, Divisão de Engenharia Mecânica,
Avenida dos Pioneiros, 3131, CEP:86036-370, Londrina/PR – Brasil.
large amounts of unsaturated fatty acids in the oil’s composition which favors the formation
of a more stable biofilm, capable of protecting the cutting tool-workpiece system from wear,
reducing the friction. With this study it is possible to conclude that the oils evaluated present
good lubrication capacity. However, the Moringa and Jatropha oils provided less cutting
effort, showing great potential for application in the metal mechanic sector.
Keywords: Vegetable oils. Sustainability. Lubricants. Metal mechanical industry
1. INTRODUÇÃO
A usinagem é um dos processos mais utilizados na manufatura em geral. Trata-se de um
processo que confere forma, dimensões e acabamento superficial de peças, através da
remoção de cavaco com auxilio de uma ferramenta de corte. Os fluidos de corte são utilizados
na usinagem para facilitar a remoção de material, pois auxiliam na redução do atrito
(propriedade de lubrificação) e consequentemente facilitam na refrigeração (Castro, 2010;
Oliveira e Alves, 2007).
Em uma análise mais ampla, a escolha do fluido de corte é fator relevante na usinagem,
como por exemplo, em operações de fresamento de componentes estruturais aeronáuticos,
devido a três funções clássicas dos fluidos de corte: refrigeração do sistema
peça/máquina/ferramenta, lubrificação da interface ferramenta/cavaco e escoamento de
material da região de corte (Gonçalves, 2013). Segundo Diniz et al. (2001); Reis e Abrao
(2005), a propriedade de refrigeração refere-se à alta absorção de calor por parte das peças
estruturais em ligas de alumínio aeronáutico, o que leva a situações de empenamento, caso
não seja aplicado o fluido de corte. Quanto melhor a lubrificação, mais fácil é o escoamento
do cavaco. Como, aproximadamente, 90% de material da peça bruta é retirada em forma de
cavaco para a fabricação de um componente estrutural aeronáutico, a capacidade de facilitar a
retirada de cavaco da zona de corte é um atributo de engenharia que o fluido de corte deve ter.
Aproximadamente 85% dos óleos lubrificantes utilizados são de base mineral. Os óleos
minerais apresentam boa capacidade lubrificante e elevada estabilidade, garantindo uma
prolongada vida útil. Porém, estes produtos podem causar diversos efeitos indesejáveis sobre
a saúde e ao meio ambiente. Fomentando assim, a busca por produtos que causem menores
impactos negativos ao homem e meio ambiente. Pesquisas apontam que os óleos vegetais
provenientes de fontes renováveis possuem grande potencial para substituir os óleos de
origem mineral (Gonçalves, 2013).
2. MATERIAIS E MÉTODOS
A extração do óleo de Moringa foi realizada no laboratório de cromatografia adjunto ao
Departamento de Química da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN. As
análises de cromatografia gasosa foram feitas no laboratório de Bioquímica, do Departamento
de Engenharia Ambiental da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR do
câmpus de Londrina. Os ensaios de usinagem foram realizados no Centro de Competência em
Manufatura – CCM, laboratório pertencente ao Departamento de Engenharia Mecânica do
Instituto Tecnológico de Aeronáutica – ITA.
Para atingir o objetivo proposto do estudo, foi aplicado três diferentes óleos de origem
vegetal (Amendoim, Moringa e Pinhão-manso) na interface ferramenta de corte/peça usinada
utilizando a tecnologia de Mínima Quantidade de Lubrificantes – MQL externo.
Possibilitando verificar o desempenho do óleo de Moringa quando comparados a dois óleos
vegetais conhecidos pela equipe de pesquisa.
Para este trabalho tomou-se como ensaio referência a usinagem a seco, sem utilização
de nenhum fluido de corte. Os experimentos seguiram a metodologia conforme mostra a
Figura 1.
Figura 1 - Metodologia para avaliar o potencial do óleo de Moringa para o Setor Metal Mecânico.
Figura 3 - A) Fresa e inserto de metal duro, B) Centro de usinagem Romi D800, C) Sensor para medir
grandezas elétricas com rotina em LabVIEW e D) Plataforma piezelétrica para medir força de corte.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Com base nos dados de perfil de ácidos graxos dos óleos vegetais em estudo, pode-se
observar que o óleo de amendoim apresenta aproximadamente 50% de ácidos graxos
insaturados, seguido pelo da Moringa com 82% e Pinhão-manso com 90%, estão apresentados
na Tabela 1, Tabela 2 e Tabela 3, respectivamente. De acordo com a literatura pode-se
observar que amostras oriundas de outras regiões com condições edafoclimáticas diferentes,
bem como, o método de colheita, armazenamento e extração dos óleos, podem influenciar
diretamente no perfil final de ácidos graxos (Cardoso, 2012). Como por exemplo, o óleo de
Pinhão-manso da região de Pelotas/RS que possui cerca de 70,5% de ácidos graxos
insaturados. (Lemões et al., 2011).
Figura 5 - Resultados dos ensaios de usinagem a seco e com MQL utilizando óleos vegetais.
6. AGRADECIMENTOS
A contribuição da equipe multidisciplinar (Centro de Competência em Manufatura no
Instituto Tecnológico de Aeronáutica - CCM/ITA, Universidade Tecnológica Federal do
Paraná- UTFPR e Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN), a empresa
SADA bioenergia pelo fornecimento do óleo de Pinhão-manso, a empresa SANDVIK pelo
fornecimento das ferramentas de corte e ao CNPq pelo aporte financeiro, estrutural e técnico
viabilizando o estudo.
7. REFERÊNCIAS
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