Sei sulla pagina 1di 3

Princípios de Escrita e Leitura de Textos Acadêmicos (Científicos e Filosóficos)

Edno Gonçalves Siqueira


Resumo
A escrita e a leitura de textos acadêmicos exigem metodologias específicas. Este Ensaio destina-se à análise e explicação dos princípios
fundamentais pelos quais são elaborados os registros linguísticos acadêmicos, sobretudo quando referidos à escrita e à leitura dos gêneros
textuais típicos às Ciências, às Ciências Humanas e à Filosofia. Apropria-se da tese segundo a qual aqueles registros, sua escrita e leitura, sua
adequação textual e sua compreensão significativa relacionam-se qualitativamente com o conhecimento daqueles princípios, seja como
competência de leitura ou como habilidade de escrita, para concluir-se que os gêneros acadêmicos compartilham de tais princípios para sua
construção discursiva textual tanto quanto para a condução de uma metodologia de leitura e compreensão profundas dessas narrativas. Trata-se
do produto de pesquisa bibliográfica nas áreas de metodologias científicas de pesquisa clássicas e contemporâneas, metodologia filosófica de
análise e produção textuais e da semiótica greimasiana voltada à análise dos discursos textuais em gêneros acadêmicos.
Palavras-chave: Princípios de escrita e leitura, Gêneros textuais acadêmicos, Elementos estruturais, Tese, Argumentação.

Introdução
Os primeiros textos científicos escritos em prosa são os textos filosóficos gregos. Deles (Pré-socráticos; físicos) e dos demais
textos filosóficos, sobretudo os que compõem o corpus platônico e aristotélico, é que herdamos todo o repertório de estratégias
linguísticas e metodológicas que formará o conjunto de regras, conceitos e princípios que orientam a escrita acadêmica. Há
diferenças entre as metodologias utilizadas para a produção e elaboração do saber nas ciências humanas e nas demais ciências.
Entretanto, ambos os campos do saber compartilham dos modos de expressão de suas investigações. Esses modos de narratividade
e seus dispositivos linguísticos (dissertativo, expositivo, analítico, analógico, inferidor, dedutivo, argumentativo, heurístico) são
comuns às ciências. A despeito do tipo textual, a escrita acadêmica pauta-se por princípios e esses, fundamentam e orientam os
modelos de cognição a partir da compreensão textual. Para ler e escrever academicamente é necessário conhecê-los e aplicá-los.
Eles são objeto de conhecimento e são também modeladores de habilidades; seu conhecimento implica ler (decodificação de signos
e dispositivos linguísticos significativamente ou compreensivamente) a textualidade acadêmica adequadamente e sua aplicação
importa escrever sob esse registro de forma conveniente tanto com a tradição das narratividades científicas, quanto em relação aos
sistemas de regras adotados por instituições e comunidades científicas.

A estruturação lógica do discurso acadêmico


Observa-se que a estruturação do discurso acadêmico decorre da existência de formas, modos, instrumentos, recursos
linguísticos próprios para a tradução textual de modelos de pesquisa (típicos às ciências clássicas, às humanas, à filosofia).
Chamamos tais recursos de princípios, tamanha sua importância para a elaboração fundamental desse tipo de escrita e porque são
indispensáveis à decodificação significativa dessas textualidades. Seu conhecimento e o saber sobre como utilizá-los implicarão na
adequada codificação das práticas de pesquisa por parte dos sujeitos autores e, na eficaz compreensão dessas mensagens através
da apropriada decodificação (significativa) por parte dos sujeitos leitores. Ambos os fenômenos encontram-se limitados pelo saber
acerca dos princípios que atuará como fator interveniente, seja na escrita, seja na leitura. A seguir, analisam-se os referidos
princípios.

Princípio da Estruturação Lógica


Quando agrupamos certos modos de textualidade por características específicas, chamamos tais grupamentos de Gêneros
ou Tipos textuais. Pode-se distinguir essas características agrupadas em níveis presentes aos textos que são: (i) o nível estrutural
(são elementos especificamente demarcados do texto como suas partes, elementos, divisões funcionais, critérios nominais que
designam funções, e.g.; introdução, desenvolvimento, conclusão), (ii) o nível de conteúdo/temático/discursivo (será o
preenchimento dos elementos estruturais com as informações temáticas de cada gênero e as áreas de conhecimento a que
pertencem), (iii) o nível fundamental (que se refere aos fundamentos implícitos que possibilitam aquela construção, elaboração,
reestruturação de saberes: as oposições fundamentais, os modelos de racionalidade das comunidades científicas, os repertórios
conceituais partilhados por certa tradição de área de conhecimento, os quadros referenciais teóricos, as estruturas lógicas
profundas e tácitas aos modelos cognitivos expostos narrativa e textualmente).
Os textos do Gênero Acadêmico são caracterizados por elementos de tipicidade nas ordens (i) estrutural, (ii) de conteúdo e
fundamental. Apesar de haver subtipos específicos (Artigo, Ensaio, Monografia, Tese, Dissertação, Capítulos de Livros, Livros), os
elementos-funções do nível estrutural serão os mesmos: Tema, Tese, Argumentação.
A definição desses elementos será imprescindível na organização do texto em sua escrita e em sua leitura. Observe que eles
aparecerão alocados em outros elementos textuais, e.g., no Título apresenta-se o tema e seu “recorte”, no Resumo, veremos a
tese, seu modo de obtenção e a conclusão que deriva, na Introdução e no Desenvolvimento bem como nos Capítulos,
presenciaremos o desenrolar da Argumentação.
Os subtipos divergirão nos demais níveis (conteúdo e fundamental) de acordo com a subárea a que pertencerem (Ciências
Naturais, Físicas, Médicas, Humanas).
Assim, a estruturação lógica da narrativa científica diz respeito a esses três níveis e seus modos de organização; os modos
qualitativos (precisão, domínio de elaboração, rigor na aplicação de critérios) pelos quais se estruturam incidirão
determinantemente na produção dos significados que portam. A compreensão de uma pesquisa e seus processos, de uma defesa de
posição adotada, de uma exposição ou de uma argumentação estará em enorme medida implicada naqueles modos de elaboração
dos elementos-funções que compõem os níveis da estruturação lógica do texto. E já que o registro linguístico básico de estruturação
da textualidade acadêmica é o modo dissertativo-argumentativo, dissertar implica (i) expor uma posição acerca de uma objeto (em
relação a um aspecto específico de um tema, assume-se posição afirmativa, negativa ou questionadora), e (ii) argumentar implica
justificar racionalmente essa tomada de posição através de recursos específicos: explicitar conceitos, analisar relações, sintetizar
elementos analisados, fazer explicações, realizar comentários. A exposição (i) é realizada através da Tese e essa é sustentada
(justificada racionalmente) através da Argumentação. Uma Tese (do grego θέσις: 'posição') é uma proposição. Proposição é
um termo usado em lógica para descrever o conteúdo de asserções. Uma asserção é um enunciado linguístico cujo conteúdo pode
ser tomado como verdadeiro ou falso. Essas duas qualidades podem ser obtidas através de duas modalidades de lógica: (i) por
correspondência, (ii) interna ao enunciado (auto evidente, raciocínio dedutivo).
A argumentação refere-se ao uso de dispositivos linguísticos para que se ateste a qualidade de veracidade, adequação e
coerência de uma tese adotada, ainda que esses dispositivos veiculem recursos metodológicos. São exemplos: os tipos variados de
pesquisa qualitativa ou quantitativa, experiências grupais ou em primeira pessoa, raciocínios matemáticos (equações, deduções,
induções, analogias), processos analíticos, métodos interpretativos – como as investigações lógico-semânticas presentes nos
arquitextos filosóficos).

Princípio da Compreensão Textual


Quando se lê um texto acadêmico, essa leitura deve estar fundamentada na compreensão do texto pelo texto e não em
textualidades transversais ou na remissão não explícita. O texto acadêmico deve pautar-se pelo Princípio da auto-referencialidade, o
que significa que ele deve conter exposições necessárias e suficientes para a compreensão da mensagem que porta sem que haja
suposições sobre repertórios externos ao texto que comprometam sua compreensão e cuja ausência impediria o leitor de realizá-la.
Compreender um texto acadêmico implica (i) decodificar as unidades léxico-semânticas, sobretudo na modalidade de conceitos,
(ii) definir relações variadas entre os elementos estruturais, (iii) distinguir recursos lógico-retóricos utilizados (argumentação via
definição de conceito, explicação, comparação, analogia, indução, dedução, derivação dialética, exemplificação), (iv) identificar
níveis estruturais bem como seus elementos constitutivos, (v) reconhecer o quadro referencial teórico de filiação.

Princípio da Honestidade Intelectual


Diz respeito ao reconhecimento de duas fontes de limitação para a efetuação da compreensão textual: (i) a insuficiência de
adequada qualidade do texto, (ii) a insuficiência de recursos disponíveis ao leitor para a efetivação da compreensão textual.
Os textos nem sempre são organizados de maneira a disporem ao leitor os recursos necessários para sua correta compreensão e
dessa forma, a decodificação compreensiva do texto ficará comprometida. Nessa situação, os limites da compreensão tornar-se-ão a
compreensão adequada. Também a ausência de recursos disponíveis ao leitor, seja de ordem material (um adequado dicionário
técnico, um Thesaurus, um dicionário etimológico), ou de formação (não dominar a língua do programa de pesquisa de um texto
traduzido ou mesmo, não poder ler o texto em sua língua original).

Princípio da Referencialidade (materialidade do corpus)


A leitura compreensiva deve incidir sobre a peça de análise e tão somente sobre ela. Quando existe a necessidade de interposição
de textualidades transversas (recorrer-se a outros textos de referência para a adequada compreensão de um texto, interpor
conceitos já consagrados na tradição de uma área). O texto acadêmico deveria (i) bastar-se para a elaboração de sua compreensão,
dispondo ao leitor os recursos necessários, ou, (ii) quando houver a impossibilidade material (tamanho reservado ao texto num
dado formato) de fazê-lo, deve ele indicar quais os recursos externos devem ser acionados através de indicações remissivas
precisas. Tome-se, por exemplo hipotético, uma análise de um texto de K. G. Jung ou de Félix Guattari acerca do conceito de
Inconsciente (o primeiro arquetípico, o segundo maquínico) na qual o sujeito leitor atribuísse o repertório apreendido em leituras
de textos freudianos; essa projeção de significados causaria o problema da inadequação (incorreção) da compreensão textual, a
menos que aqueles conceitos estivessem ali explicitados.

Princípio da Precisão Léxico-Semântica


Proveniente do rigor filosófico-científico, esse princípio assevera sobre o tratamento preciso que a terminologia conceitual
empregada deve receber. A precisão semântica deriva-se (i) dos critérios de seleção de variantes de significação de um mesmo
índice léxico a partir (a) do tratamento conceitual diferenciado adotado, (b) de uma tradição de filiação teórica. Esse princípio incide
também sobre os indexadores de relações lógicas (sejam as conjunções, seja a pontuação que também possuirá valores
semânticos). Os elementos Análise (decomposição), Definição de conceitos e a Explicação (análise, determinação de elementos
constitutivos e relações) cumprirão o papel de materializar no texto esse princípio.
Outra observação pertinente aqui é a necessidade da ação permanente de buscar converter registros conotativos (linguagem
figurada, figurativa, metaforizada) e registro denotativo. E no nível da tipologia das palavras, buscar sempre converter holonímias
(termos genéricos o bastante para manifestarem os efeitos da polissemia) em meronímias (léxico de rigorosa precisão semântica).

Princípio da Moderação
Trata-se de um princípio de ordem metodológica da pesquisa, bem como, de orientação para a escrita e para a análise de textos
acadêmicos: é preciso saber pouco com profundidade antes que muito, mas, superficialmente. Os objetos da reflexão e pesquisa
científica são no geral, abstratos e complexos e por possuírem tais características, demandam tratamento aprofundado o que leva o
pesquisador a ter que lidar com limitado número de variáveis intervenientes para que os investigue adequada e aprofundadamente.

Princípio do Círculo Hermenêutico (coesão e coerência temática)

Princípio da Remissão Receptiva


Trata-se da Recepção Histórica ou da vinculação (filiação) a uma tradição científica ou Programa de Pesquisa. O tema ou objeto de
pesquisa está sujeito a uma relação que se vincula a certo método de investigação que por sua vez articula-se historicamente a uma
metodologia específica. Essas vinculações produzirão o Quadro Referencial Teórico (também chamado “Corte epistemológico” ou
“Solo epistêmico”: modos sistemáticos de produzir conhecimento e mesmo, de estabelecer padrões de estruturação da relação
entre sujeito e objeto e o conhecimento). E.g.: o construtivismo piagetiano é donatário do neocantismo (E. Kant), corrente filosófica
que sintetiza criticamente Empirismo e Racionalismo.

Princípio da Hierarquia Retórica

Potrebbero piacerti anche