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Complexo Educacional FMU

Bacharelado em Relações Internacionais


Formação da Política Externa Brasileira

Política Externa do Império Brasileiro


e a Guerra do Paraguai

Prof. Me. Thiago Mattioli


Doutorando em Ciências Humanas e Sociais (UFABC)
Mestre em Ciências Humanas e Sociais (UFABC)
Especialista em Filosofia Contemporânea e História (UMESP)
Bacharel em Relações Internacionais (CUFSA)
Bolsista UFABC / Docente Assistente - PrAD
O Paradigma Liberal-Conservador (1810-1930)

• No caso brasileiro, os primeiros reinados se inserem dentro de um momento histórico


específico e em uma contextualização política e ideológica própria.

• O momento entre 1810 e 1930, que contém visões muito próximas para a inserção
internacional brasileira, pode ser compreendida como o Paradigma Liberal-Conservador
(CERVO, 2008)

• Visão do Brasil e de seu interesse nacional a partir deste paradigma:


• Sociedade simples
• Dois segmentos: 1) donos de terras e do poder e 2) o resto do povo
• Produtores de agroprodutos, sem grandes ambições
• Exportações primárias e importações industriais (Diplomacia da Agroexportação)
• Ilusão de modernidade em ilhas urbanas, atraso econômico nacional

• Em termos políticos e exteriores:


• Assinatura de tratados desiguais, sem ganhos em troca de aberturas comerciais
e cessão da busca pela industrialização
• Controle sobre a questão platina e sobre fronteiras e territórios
• Subserviência externa, em termos econômicos internacionais e Soberania, em
termos das relações regionais e do Prata.
Panorama Geral da Política Externa do Império
• Três Principais Fases da Política Externa do Império
• 1º Acomodação (1822-1844)
• Política de concessões que representa a exclusão de do
colonialismo obsoleto e a inclusão do país em uma moderna
dependência. Ênfase no sistema internacional, liberalismo comercial
inglês e inserção no sistema de tratados

• 2º Reação (1844-1870)
• Autonomia alfandegária com manutenção de aspectos de
dependência, não assinatura de tratados limitadores de soberania.
Questão dos interesses nacionais, questão da industria nacional
(falta de), comércio desigual com os ingleses. Foco no subsistema
regional

• 3º Consolidação (1871-1889)
• Diminuição das questões internacionais e foco na questão interna
Breve Cronologia da Política Externa do Império
• 1822 – Independência do Brasil -> manutenção da esfera de influência
inglesa, não houve ruptura com Portugal, acordo com a metrópole
• Questões de subordinação com a Inglaterra e a questão de
expansionismo platino
• 1825 – Sir Charles Stuart negocia com Dom João VI o reconhecimento
de Dom Pedro I como Imperador. Tratados de livre-comércio são
renovados, Portugal se compromete a acabar com o tráfico negreiro
• Independência é reconhecida com o Brasil assumindo uma dívida de
banqueiros portugueses no valor de 2 milhões de libras esterlinas
• Elites brasileiras eram, na verdade, luso-brasileiras, distantes das
elites latino-americanas
• 1825 - Guerra Cisplatina – Argentina x Brasil. Inglaterra como
mediadora. Interesses ingleses em ter um ponto de apoio na região e
rotas para a Índia
• 1831 – Abdicação da coroa por Dom Pedro I, início do período
Regencial
• 1843 – Império Brasileiro reconhece a independência paraguaia
• 1850 Tratado de aliança com Paraguai
Breve Cronologia sobre a Guerra do Paraguai
• 1864
• Missão Saraiva (Vice-Almirante Tamandaré e José Antônio Saraiva) enviados ao Uruguai para
solicitar reparações aos fazendeiros do Rio Grande do Sul. Recusa do Uruguai leva a um
ultimato brasileiro. Rompidas relações do Uruguai com o Brasil. Paraguai adverte que a
independência uruguaia é necessária para o equilíbrio entre os Estados do Prata. Tropas
brasileiras invadem o Uruguai em 12 de outubro.

•Paraguai aprisiona um navio brasileiro, com o novo presidente da província de Mato-Grosso. Solano
López declara guerra ao Brasil em 13 de dezembro. Invasão do Mato Grosso, por tropas
paraguaias, em 23 de dezembro. Início da Guerra do Paraguai.

•1865
• Criado o corpo de Voluntários da Pátria. Início da mobilização militar. 15 mil guardas nacionais
são convocados como força adicional ao exército. Decretado o bloqueio do porto de Montevidéu por
Tamandaré.

•Solano López declara guerra contra a Argentina, invandindo Corrientes em 13 de abril.

• Argentina, Brasil e Uruguai assinam o Tratado da Tríplice Aliança contra o Paraguai, em 1 de


maio. Este previa o fim do conflito apenas por consentimento mútuo e após a deposição de Solano
López, a indenização paraguaia por danos e cessão de territórios aos aliados. Esta cessão seria
objeto de discussão por autoridades brasileiras e argentinas.
Breve Cronologia dos Fatos
•1866
• Decreto prevê alforria aos “escravos da nação”, que serviram o exército brasileiro.

•1868
• Duque de Caxias recebe o comando do exército aliado

• Sarmiento toma posse como presidente argentino, com política oposta a de Mitre (pró-brasileira)

• O exército paraguaio é destruído e Solano López foge, resistindo em guerrilha.

• 1869
• Hermes da Fonseca e suas tropas ocupam Assunção, a cidade é saqueada. Duque de Caxias
considera a guerra terminada.

• Paranhos vai à Buenos Aires e Assunção para discutir a criação de um governo provisório.

• 1870
• Solano López é morto em Cerro Corá, em 1 de março. Governo Imperial decreta oficialmente o
fim da Guerra do Paraguai

• Governo provisório paraguaio concluí protocolos preliminares de paz com os aliados. Questões
territoriais seriam discutidas com o futuro governo constitucional.

• Em 25 de novembro é jurada a primeira Constituição do Paraguai.

•1871
• Promulgada a lei do Ventre Livre, em 28 de setembro.

• Fracasso nas negociações de paz entre Brasil, Argentina e Paraguai leva o Brasil a negociar em
separado.
Breve Cronologia dos Fatos
•1872
• Tratado de paz definitivo entre Brasil e Paraguai é assinado. Este tratado contraria os termos do
tratado da Tríplice Aliança, gerando reações por parte do governo argentino de Sarmiento.

• Missão especial, capitaneada por Mitre, para negociar as pretensões territoriais argentinas no Paraguai, em
especial o Chaco. Terá como resultado em acordo entre Brasil e Argentina sobre as pendências para
a paz.

• 1873
• Assinado o tratado de paz entre Paraguai e Uruguai.

•1875
• Argentina e Paraguai fazem o tratado de Sosa-Tejedor sobre os termos definitivos para a paz e as questões
territoriais. Porém, este não será ratificado por pressões brasileiras, que mantinham forças de ocupação em
Assunção.

• 1876
• Celebrado o tratado de paz entre Argentina e Paraguai, com renúncia ao Chaco Boreal, também
disputado pela Bolívia, mas mantendo as Missões e a província de Formosa. Uma área do Chaco será decidida
via arbitragem do presidente americano. Tropas brasileiras começam a deixar o Paraguai.

• 1877
• Protocolo de Montevidéu dá garantias coletiva sobre a independência, soberania e integridade territorial do
Paraguai.

• 1878
• Laudo arbitral do presidente americano Rutherford Hayes concede ao Paraguai a área disputada do
Chaco. Resultado agrada ao Brasil, que se opunha ao controle total do Chaco pela Argentina.

• 1889
• Brasil e Argentina firmam um tratado de arbitragem para solucionar a questão dos limites na região de
Palmas.

• Cai o Império Brasileiro e é Proclamada a República em 15 de novembro.


Breve Cronologia dos Fatos

•1878
• Laudo arbitral do presidente americano Rutherford Hayes concede ao Paraguai a
área disputada do Chaco. Resultado agrada ao Brasil, que se opunha ao controle
total do Chaco pela Argentina.

• 1889
• Brasil e Argentina firmam um tratado de arbitragem para solucionar a questão dos
limites na região de Palmas.

• Cai o Império Brasileiro e é Proclamada a República em 15 de novembro.


Principais Números do Conflito

• Há grandes discussões sobre os números do conflito. Diferentes autores indicam


diferentes números. Assim, não há como precisar exatamente quantos combatentes e
mortos realmente foram vítimas do conflito.

•Números do Conflito:
• Soldados Brasileiros (entre estes escravos e indígenas, “voluntários” e guarda nacional)
• Aprox. 200 mil

•Soldados Argentinos
• Aprox. 30 mil

• Soldados Uruguaios
• Aprox. 6 mil

• Soldados Paraguaios
• Aprox. 150 mil

• Número de Mortos:
• Brasileiros
• Aprox. 50 mil
• Argentinos
• Aprox. 18 mil
• Uruguaios
• Aprox. 3 mil
• Paraguaios
• Aprox. 300 mil
A Guerra do Paraguai e a Distensão

• Motivos para a Guerra


• Consolidação dos Estados Nacionais na Região do Prata (Brasil,
Argentina, Paraguai e Uruguai)

• Governo liberal precisava “mostrar serviço”, somado a questão dos


latifundiários do Rio Grande do Sul e seu interesse no Uruguai.

• Visão de Solano López, agressiva e expansivista e a crença de poder


derrotar o exército imperial brasileiro, dado sua força numérica.

• Invasão do Uruguai por tropas brasileiras com retaliação paraguaia


invadindo o Brasil.

• Questão ideológica importante (ligado à consolidação dos Estados


Nacionais):
• Brasil e Argentina -> Pensamento Liberal
• Argentina e Uruguai -> Colorados e Unitários
• Paraguai, Argentina e Uruguai -> Solano López, Federalistas e
Blancos


A Guerra do Paraguai e a Distensão

• Assinatura do Tratado da Tríplice Aliança, em 1865


• Argentina, Brasil e Uruguai
• Aproximações entre Argentina e Brasil já caminhavam desde
1864, por eventuais problemas platinos, visto como possibilidade
de longo-prazo
• Inversão do Eixo Brasil-Paraguai, feito para conter a Argentina,
para o Eixo Argentina-Brasil, feito para conter o Paraguai

• Principais termos do Tratado:


• Art. 6 – Fim das operações bélicas somente por comum acordo e após a
destituição de Solano López; Proibida paz em separado;
• Art. 9 – Respeito à soberania, independência e integridade territorial do Paraguai
• Art. 14 – Paraguai ficaria obrigado a indenizar os danos causados por suas tropas
em invasões ao aliados;
•Art. 16 – À Argentina todo Chaco Boreal e a área de Missões. Ao Brasil territórios
de interesse;

• Os termos referentes aos territórios foram temas de discussão no Brasil


• Por irem contra a política tradicional sobre a questão, que defendia a
independência paraguaia e um território que permitisse não haver fronteira do
Mato Grosso com a Argentina
A Guerra do Paraguai e a Distensão

• Em 1868 o governo conservador volta ao Brasil e o governo de Sarmiento


toma posse na Argentina:
• Ambos viam a aliança como indesejável, porém, seu término deveria se dar de
maneira natural, ou seja, através da destituição de Solano López;
• Volta da tensão e contenção entre Brasil e Argentina

• Em 1869 Paranhos vai ao Paraguai para tentar definir um governo provisório, isto
tinha como objetivo:
• Manter o Paraguai um país independente e que, portanto, não poderia ser
livremente anexado pela Argentina
• O governo provisório, ao aderir ao Tratado da Tríplice Aliança, porém, com
eventual possibilidade da discussão sobre os territórios

• O governo provisório é criado, porém, apenas é reconhecido pelos aliados

• Questão da posse do Chaco envolveu grande dificuldades diplomáticas, com a


Argentina entendendo ser seu o território, enquanto o Brasil se opunha a tal

• Solano López é morto em 1870, sendo assinado um protocolo geral de paz entre o
governo provisório do Paraguai e os aliados. Desta forma, as questões territoriais
ficariam a ser discutidas pelo futuro governo constitucional
A Guerra do Paraguai e a Distensão

• Após o fracasso nas negociações, o presidente paraguaio


propõe a negociação da paz em separado com o Brasil

• Esta negociação permitiu ao Brasil obter as fronteiras que


desejava a mais de duas décadas;

• Tal tratado também permitiu a permanência, por tempo


indeterminado, de tropas brasileiras em Assunção, o que daria
ao Brasil um poder sobre o governo constitucional;

• Porém, esta paz em separado ia contra o estabelecido no


Tratado da Tríplice Aliança, o que gerou reclamações do governo
argentino que, depois, acabou aceitando sua existência.
A Guerra do Paraguai e a Distensão

• Com estes conflitos e problemas diplomáticos, o plano de Mitre de


aproximação entre Brasil e Argentina, com esperança de ser
duradouro, caiu por terra. Ao mesmo tempo que faz com que
ambos os países olhem com desconfiança um para o outro

• As negociações de paz entre Argentina e Paraguai eram


complexas, em particular por questões territoriais, como o Chaco e
Missões. O Paraguai tentou se desvencilhar do poder brasileiro, para
negociar com a Argentina.

• Grande parte do Chaco foi compreendido como argentino,


porém uma pequena parte seria definida pelo arbítrio dos
Estados Unidos.

• O Paraguai indenizaria a Argentina pelos danos causados e a


Argentina retiraria suas tropas do país.
A Guerra do Paraguai e a Distensão

• O Tratado de Paz entre Argentina e Paraguai estavam de acordo com as


pretensões brasileiras, que então não colocou obstáculos para sua
assinatura.

• Com as definições das fronteiras entre Paraguai e Argentina também eram


definidas as questões de fronteira entre Argentina e Brasil, que eram o
motor das tensões entre estes países

• A região platina, agora “resolvida”, deixaria de ser fonte de preocupação


para ambos os países e sua relevância econômica também diminuiu, com o
foco na agricultura e capitais estrangeiros por estes.

• A partir disto a ideia de Mitre de aproximação volta à mesa, sendo que


ambos os países se entendem em um novo patamar de relações, não
mantendo a mesma desconfiança de antes

• Em 1889 o governo imperial acaba e a república é fundada, dando início a


um novo capítulo da Política Externa Brasileira
Questões Relevantes sobre o Conflito

• Participação da Inglaterra no conflito:

• Alguns autores sustentam que a Inglaterra promoveu o conflito, uma vez


que o Paraguai teria um desenvolvimento industrial que vinha se
solidificando, contrariando os interesses ingleses na região.

• Entretanto, outros autores argumentam que isto não ocorreu, já que o


Paraguai não possuí uma economia tão dinâmica como a anteriormente
pensada. Desta forma, entendem que a Guerra do Paraguai se deu por
questões intra-regionais e baseadas nas políticas expansionistas e agressivas
de Solano López e nos interesses brasileiros e argentinos

• Visão Internacional Brasileira condicionada pelo Paradigma Liberal-Conservador

• Liberal em termos da economia, porém, uma economia agroexportadora e


dependente do capital externo, que apenas favorecia às elites já
constituídas.

• Conservador em termos de poder, em particular em questões territoriais,


de fronteira e, portanto, geopolíticas. Tensões com a Argentina por este
motivo.
Questões Relevantes sobre o Conflito

• Criação de Heróis Nacionais


• A Guerra do Paraguai, e suas diversas batalhas, é o estopim para a
criação de heróis e mitos nacionais, como o Duque de Caxias, o Vice-
Almirante Barroso e Tamandaré
• Isto contribui para um sentimento nacionalista e a percepção de que
as ações brasileiras foram para o bem nacional e do seu “povo”

• Genocídio a la brasileira:
• A Guerra do Paraguai foi o momento onde mais de 350 mil pessoas
foram mortas
• Destes, 300 mil eram paraguaios, sendo que o país tinha apenas 150
mil soldados
• Isto significa que o Brasil, junto com seus aliados, foram responsáveis
pela morte de mais de 150 mil não-combatentes, sejam em ações
militares ou por motivos indiretos, como a fome e doenças.
• É necessário se perguntar se a questão fronteiriça, territorial e de
poder buscada pelo governo imperial brasileiro seria um motivo
“aceitável” para tal destruição de vidas humanas.
Questões Relevantes sobre o Conflito

• Questão Racial e Indígena

• Muitos dos membros da elite enviavam escravos em seu lugar.

• Os indígenas lutaram na Guerra para defender suas aldeias e tribos no


Mato Grosso

• Falta de relatos historiográficos completos que demonstrem em


detalhes esta participação

• Escravos que serviram ao exército ganhariam sua liberdade (mas qual


liberdade?)

• A Guerra do Paraguai, junto com as mudanças políticas e econômicas


internas, faz parte do processo do fim da escravidão no Brasil (Lei de
Ventre Livre, Sexagenário e Abolição), porém, sem reparações aos ex-
escravos e sem políticas de suporte.
Análise da Política Externa do Período

• Hegemonia Periférica
• Sistema de acordos e alianças diplomáticos favoráveis ao interesse nacional
• Uso da força, quando necessário, para alterar a vontade de outros países
• Submissão destes Estados à dependência financeira, via empréstimos e dívidas
públicas
• Promoveu a inserção da economia privada nestes países e garantiu matérias-
primas para seu sistema produtivo
• Não permitiu o aparecimento de outra potência concorrente

• Assim, a ação brasileira usava da força para seus objetivos econômicos e geopolíticos,
expandindo o sistema capitalista e promovendo uma economia liberal

• Consequências
• Efeitos positivos, no sentido da obtenção de um fim
• Negativo, pois desviou recursos importantes da modernização do Estado
•Velhos atritos apaziguados, necessidade de boas relações com a Argentina
• Custos ainda não quantificáveis da Guerra
• Empréstimos concedidos não foram pagos; Dividas de guerra não foram pagas
• Discussões e crises políticas internas, sobre a política platina, enfraqueceram
ainda mais o Império
• Falta de respostas enérgicas demonstram a fraqueza do Imperialismo Brasileiro

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