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Unis - MG
Centro Universitário do Sul de Minas
Unidade de Gestão de Pós-graduação – GEPÓS
Av. Cel. José Alves, 256 - Vila Pinto
Varginha - MG - 37010-540
Mantida pela
Fundação de Ensino e Pesquisa do Sul de Minas – FEPESMIG
Varginha/MG
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
Reitor
Prof. Ms. Stefano Barra Gazzola
Ace
sso
Gestão de Pós-graduação aos
Prof. Ms. Guaracy Silva da
dos
Núcleo Pedagógico
Profª. Ms. Terezinha Nunes Gomes Garcia
Profª. Drª. Gleicione Aparecida Dias Bagne de Souza
Autora
Gleicione Aparecida Dias Bagne de Souza
Graduada em Pedagogia com Habilitação em Orientação Educacional; Supervisão
Pedagógica; Inspeção Educacional e Direção Educacional. Possui Pós-graduação Lato
Sensu em Docência no Ensino Superior, Pós-graduação em Educação Infantil e Pós-
graduação em Psicopedagogia. É mestre em Engenharia de Produção ênfase em Mídia e
Conhecimento pela Universidade Federal de Santa Catarina- UFSC. Possui doutorado em
Educação e Psicologia pela Universidade do Minho, Braga-Portugal. É supervisora
Pedagógica do Unis-MG, coordena a Pós-graduação em Psicopedagogia Institucional e
Clínica numa perspectiva Inclusiva, é professora no curso de Educação Física e Pedagogia.
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
ÍCONES
REALIZE. Determina a existência de atividade a ser realizada.
Este ícone indica que há um exercício, uma tarefa ou uma prática para ser
realizada. Fique atento a ele.
PENSE. Indica que você deve refletir sobre o assunto abordado para responder a
um questionamento.
HIPERLINK. Indica um link (ligação), seja ele para outra página do módulo
impresso ou endereço de Internet.
EXEMPLO. Esse ícone será usado sempre que houver necessidade de exemplificar
um caso, uma situação ou conceito que está sendo descrito ou estudado.
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
Sumário
APRESENTAÇÃO .................................................................................................................... 7
EMENTA ................................................................................................................................... 8
INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 9
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 97
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
APRESENTAÇÃO
A unidade três nos dará a oportunidade de refletirmos sobre a relação entre pedagogia
e ensino. Iremos aprender sobre planejamento que é um instrumento da ação educativa além
de analisarmos quais os melhores procedimentos para avaliar os alunos.
Na quarta e última unidade abordaremos sobre os métodos de conhecimento e ensino e
as práticas metodológicas realizadas em atividades docentes.
Espero que essas unidades do guia tornem-se um refencial de apoio, consulta e
reflexão para você que se tornará futuro docente, tendo em vista a necessidade de planejar e
construir sua própria prática.
Lembre-se que sou sua parceira nesta caminhada, porém desejo que você construa
suas próprias reflexões e experimente novas experiências pedagógicas.
Um abraço
Profa. Dra. Gleicione Apa. Dias Bagne de Souza
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
EMENTA
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
INTRODUÇÃO
Este Guia nos dará suporte para entender um pouco mais o que significa ser professor,
que é uma profissão que requer reflexões, leituras, discussões, ideias e muitos outros saberes
que você terá a opotunidade de ver no decorrer deste.
Ser professor não é apenas querer ensinar os alunos, é muito mais que isso. Iremos
assim, caminhar por este guia descobrindo como levar os alunos a interessarem pelas aulas e
pelo conhecimento, tornando o aprendizado significativo.
Um galo sozinho não tece
uma manhã:
Ele precisará sempre
de outros galos.
De um que apanhe esse grito
que ele e o lance a outro;
de um outro galo
que apanhe o grito que
um galo antes
e o lance a outro;
e de outros galos
que com muitos outros
galos se cruzem os fios de sol
de seus gritos de galo,
para que a manhã,
desde uma teia tênnue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
........ Que possamos dar nosso grito, sendo a favor da liberdade de expressão de nossos alunos,
da inclusão, da esperança, da educação para todos, da justiça, do respeito as diferenças, da
sensibilidade, da iguldade social e muitos outros gritos, só assim valerá a pena ser
PROFESSOR!
Um abraço esperançoso
Profa. Dra. Gleicione Apa. Dias Bagne de Souza
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
META
Demonstrar ao aluno como as relações entre visões determinantes da postura do
professor e as concepções básicas do ensino poderão evitar o simplismo na docência
universitária e criar possibilidades.
OBJETIVOS
Objetivo geral
Conhecer as visões determinantes da postura metodológica, auxiliando o professor
para análise de sua prática pedagógica.
Objetivos específicos
Esperamos que, ao término desta unidade, você possa:
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
Neste primeiro capítulo do nosso Guia, vamos iniciá-lo refletindo sobre os eixos
epistemológicos, com a finalidade de lhe oferecer subsídios para análise de sua prática
pedagógica.
Você já deve estar perguntando... mas o que é epistemologia? Pois bem, nada
complicado.
Na enciclopédia Larousse Cultural encontramos a definição de epistemologia:
―Filosofia da ciência e, num sentido mais geral, o estudo das teorias do conhecimento
(segundo vários registros e diversas concepções de conhecimento)‖. (v. 9, 1995, p. 2135).
Através da citação anterior, você pode verificar que epistemologia é um ramo da
Filosofia onde se realiza um estudo reflexivo e crítico, ou seja, que trata de problemas
relacionados à crença e ao conhecimento. Percebeu como não é nada complicado?
Podemos concluir que epistemologia é a ciência que procura desvendar as questões
relativas ao conhecimento. Para Aranha, epistemologia é a teoria do conhecimento, uma parte
da Filosofia que investiga as relações do sujeito cognoscente (sujeito aprendente) e o objeto
conhecido (1997).
Vários pesquisadores da Educação e da Psicologia há muitos anos dedicam ao estudo
do desenvolvimento e da aprendizagem, considerando o ser humano a partir de diferentes
pontos de vista. É nesse sentido que iremos estudar um pouco sobre as diferentes teorias em
relação ao desenvolvimento e o processo de ensino/aprendizagem. Cada teoria tem uma visão
diferenciada de ser humano, isto é, vêem nos alunos considerações diferentes.
É muito importante você conhecer cada teoria, pois de acordo com cada uma delas que
irá diferenciar sua atuação docente.
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
1.1.1 Racionalismo
O Racionalismo tem esse nome porque valoriza a razão ou o pensamento como fonte
do conhecimento. Ele surgiu na última década do século XVI e teve o seu ápice no século
XVII. Quem criou o Racionalismo foi o filósofo René Descartes, onde foi uma versão
moderna do antigo idealismo grego, criado por Platão.
O Racionismo considera que existe ideias inatas, ou seja, um realismo das ideias é
uma coisificação das ideias. ―Se podemos pensar clara e logicamente em um objeto é porque
ele existe, assim como se pode pensar em Deus clara e perfeitamente, porque Ele existe‖.
(MATUI, 1995, p.37). Essa visão é bem interessante! Daí, podemos formalizar essa ideia
como:
Sujeito Objeto
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
• As concepções aprioristas
A avaliação considera de maneira negligenciam o papel do
objeto do conhecimento na
radical a problemática das medida em que defendem o
diferenças individuais fatalismo biológico na
concepção da inteligência.
Você conhece algum professor que para ele é mais importante permitir o
desenvolvimento do que ensinar?
Aquele professor que dá importância às diferenças individuais de
inteligência, aptidões, etc., criando preconceitos prejudiciais ao trabalho em
sala de aula, este é o professor apriorista.
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
1.1.2 Empirismo
Com certeza você já ouviu falar na palavra empírica, pois bem, essa palavra é usada
como uma prática ou ação sem base científica ou sem planejamento. Empirismo é teoria
epistemológica que considera o conhecimento como algo que vem de fora, através dos
sentidos ou das experiências. Ele reconhece a experiência como única fonte válida de
conhecimento, em oposição ao raciocínio que se baseia, em grande medida, na razão.
No Empirismo consideram a mente da criança como uma tabula rasa, ou seja, algo em
branco que ainda não recebeu informações, vazia, assim no dia a dia, o meio, a experiência, os
estímulos vão depositando os conhenimentos na mente.
No desenho abaixo você vai perceber que no Empirismo o conhecimento vem do
objeto, que o sujeito recebe passivamente através das sensações ou experiência.
Sujeito Objeto
O filósofo inglês John Locke (1632-1704) foi o iniciador desse modo de pensar. A
influência do seu modo de pensar, ou seja, das suas ideias empiristas, persiste até nossos dias.
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
O método de
O comportamento é A avaliação ocorre,
ensino valoriza a
resultante da sobretudo, após o
transmissão de
relação transcorrer do
conhecimento e a
processo e para
repetição do que já
verificar o grau de
e, como tal, pode está pronto: o
retenção do que foi
ser medido. professor ensina e o
transmitido.
aluno aprende.
Irei te explicar melhor esta linha de raciocínio. Ainda hoje encontramos professor que
trabalha nessa concepção de aprendizagem, que dá origem a pedagogia diretiva. Você já
deve ter deparado com professor que considera o aluno como aquele que nada sabe que vê o
aluno como um receptáculo.
Lembra daquele professor autoritário, que dava ordens e instruções aos alunos?
E na aula somente o professor falava, os alunos eram meros ouvintes?
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
1.1.3 Interacionismo
Sujeito Objeto
O desenho evidencia que no construtivismo o sujeito e o objeto não são estruturas separadas,
mas constituem em uma única estrutura pela interação. Sujeito e objeto se complementam,
assim, o conceito de conhecimento-construção expressa o movimento do pensamento em cada
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
indivíduo. Podemos afirmar que o sujeito se desenolve em interação com o meio. Veja a
seguir:
A polarização
é substituída
pela interação
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
Na Pedagogia diretiva:
O professor: é autoritário, monopoliza a palavra
O ambiente de sala de aula: as carteiras são enfileiradas, há muito
silêncio.
A aula: o aluno fica somente escutando o que o professor está
explicando; o professor manda e o aluno acata; o professor ―acha‖que
o aluno está aprendendo e o aluno ―nem sempre consegue aprender‖.
Na Pedagogia não-diretiva
O professor: auxilia o aluno, porém o aluno aprende por si mesmo, já
traz um saber a priori.
O ambiente de sala de aula: muita conversa, o aluno que toma a
iniciativa é um laissez-faire.
A aula: o aluno que irá decidir o que fazer e o professor simplesmente
acata.
Na Pedagogia relacional
O professor: irá propor, instigar e desafiar o aluno para que ele age,
problematiza e constua o conhecimento.
O ambiente de sala de aula: as aulas são interativas e
interdisciplinares, há interação entre o professor e aluno.
A aula: há situações problematizadas, pesquisas, conhecimento
circulante em situações sociais, reais e interacionais.
Caso queira aprofundar mais os estudos você pode recorrer a obra de Matui.
MATUI, Jiron. Construtivismo: Teoria construtivista sócio-histórica
aplicada ao ensino. São Paulo: Moderna, 1995.
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
Agora que você já conhece os eixos epistemológicos, vamos conhecer a seguir o quadro
síntese das tendências pedagógicas no decorrer da história:
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
problematizar e construir seu próprio caminho com a mediação do professor. Com essa
mediação ambos saem privilegiados, pois o professor, além de ensinar, aprende, e o aluno,
além de aprender, ensina.
Vale lembrar que o professor também deve estar atento ao ambiente de
aprendizagem e como irá fluir essa interação entre ambiente/aluno, pois deverá proporcionar
ao aluno a interatividade e interdisciplinaridade ocasionando situações problemas, atitudes de
busca por parte do aluno, conhecimento circulante em situações sociais, reais e interacionais.
A profissão docente realmente não é nada fácil, pois conhecer muito bem a
disciplina que iremos ministrar, é o mínimo que se exige, devemos ir muito, além disso,
devemos montar as estratégias para que os alunos aprendam, daí que entra as competências
que o docente deve ter, como: saber identificar o conhecimento prévio do aluno e o que ele
não sabe e deveria saber; ter uma boa comunicação com os discentes, seja individual ou
coletiva, mantendo um diálogo claro e uma relação afetuosa; é importante estimular os alunos
para a aprendizagem, instigando-os a pensar, a trabalhar coletivamente, a refletir e a
questionar.
Vamos refletir sobre um ponto que está sendo muito discutido pelos
pesquisadores?
―Ensinar é uma arte que se aprende com a prática?‖
Você concorda com essa afirmativa? Por quê?
Espero que sua resposta seja negativa, pois no decorrer do texto fui abordando
justamente sobre a necessidade de o professor conhecer o processo de ensino- aprendizagem
do aluno. Em todas as profissões a prática se constitui um laboratório de aprendizagem, de
conhecimento, porém só a prática é insuficiente. Devemos lembrar que ensinar consiste em
várias habilidades básicas que podem ser adquiridas, melhoradas e ampliadas no decorrer dos
anos, mas para isso é importante o processo contínuo de formação.
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
Para ser professor há uma lista de exigências intelectuais e habilidades práticas que
não devem ser engavetadas, é uma atividade de grande relevância social, o que impõe um alto
grau de conhecimento da disciplina a ser ministrada; clareza ao mediar esse conhecimento
com os alunos; compromissar com os alunos em relação ao seu conhecimento, motivando-os
ao aprendizado; ter atitude e sensibilidade para entender os diferentes tipos e necessidades dos
alunos e outros. Percebeu que ensinar não se aprende ensinando? Há necessidade do professor
já possuir as habilidades e competências para tal ação.
Vamos complementar essa afirmação com uma analogia.
Imaginemos uma magnífica cozinheira, com grande conhecimentos (o saber teórico
sobre os alimentos e o saber prático de cozinha) na arte culinária, encarregada de
atender às creches de uma cidade: talvez, para ela, a natureza de eu trabalho seja
alterada de maneira substancial, pois já não se trata apenas de lidar com os
alimentos da maneira que cada um deles exige, mas de ―prepará-los para servir de
refeição a certas crianças‖. Na verdade, ela não deixa de ser cozinheira, mas é certo
que apenas o seu conhecimento culinário será insuficiente para atender
adequadamente às condições de tal atividade. Se é responsável, o que supomos que
seja, precisará completar sua formação com elementos relativos às características e
às necessidades de seus novos clientes. Além disso, deverá estar ciente sobre os
possíveis problemas oriundos de alguns produtos ou de algumas formas de
cozimento, sobre tipo de dieta adequada para cada idade, sobre as preferências de
certas crianças, etc. Isto é, não se trata de preparar refeições para que cada um
selecione o que quer comer, mas de adequar o trabalho às condições que o novo
contexto e que os novos clientes lhe apresentam. (ZABALZA, 2004, p. 113).
Vamos nos colocar na posição da cozinheira. A disciplina que iremos ensinar aos
alunos é a mesma relação entre a cozinheira e os alimentos, temos um profundo conhecimento
sobre cada conteúdo que iremos abordar, assim como a cozinheira conhece também muito
bem como preparar cada alimento, porém, somente o conhecimento não me oportunizará a ser
um bom docente. Iremos deparar com diferentes alunos, assim como a cozinheira deparou
com diferentes tipos de crianças; alguns alunos aprendem mais depressa, outros mais
lentamente e ainda alguns com dificuldades em aprender. O que fazer para que todos os
alunos aprendam os conteúdos que iremos trabalhar? Nosso compromisso é oportunizar aos
alunos o aprendizado daquilo que estamos propondo ensinar-lhes. Portanto, é imprescindível
que conheçamos metodologias, didática, técnicas de ensino, enfim, os mecanismos que
podemos utilizar para facilitar o processo de aprendizagem pelos alunos.
Agora você entendeu o porquê dominar os conhecimentos dos conteúdos não é
suficiente para ser um professor? ―A profissionalização docente refere-se aos alunos e ao
modo como podemos agir para que aprendam, de fato, o que pretendemos ensinar-lhes‖
(ZABALZA, 2004, p. 113).
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
OBJETIVOS
Objetivo geral
Ampliar os conhecimentos sobre a origem da Didática.
Objetivos específicos
Esperamos que, ao término desta unidade, você possa:
Reconhecer que as técnicas de ensino devem ser usadas tendo em vista o caráter
definidor da metodologia adotada
Pré-requisitos
Para se ter um bom aproveitamento desta unidade, é importante você relembrar o que
estudamos na unidade anterior, ou seja, você deverá saber reconhecer as diferentes visões que
determinam a postura metodológica docente: epistemológica, psicológica, ontológica e social, assim
você terá condições de fazer a ligação das tendências pedagógicas com a Didática.
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
Querido (a) aluno (a) nesta unidade iremos conhecer o desenvolvimento da Didática
através dos tempos até chegarmos aos dias atuais, o que irá nos oportunizar uma visão da
progressão da mesma, assim, vamos juntos caminhar por este estudo. Mas antes, é necessário
você conhecer o significado da palavra ―didática‖.
É uma palavra que provem do grego, derivada do verbo didasko, que tem como
significado ―ensinar, formar, doutrinar, demonstrar, educar‖, assim podemos definir a palavra
didática como a arte do ensino.
Desde a Antiguidade até o início do século XIX, predominou na prática escolar uma
aprendizagem de tipo passivo e receptivo. Aprender era quase exclusivamente memorizar.
Com essa teoria, o aluno era considerado como uma massa de modelar, e era moldado
conforme o gosto do professor.
Na Grécia, Aristóteles já passava essa teoria que, ao longo dos séculos, reapareceu
sob novas formas e imagens. No século XVII, defendia-se a ideia de que o pensamento
humano era considerado como folha em branco apta a receber anotações. Com isso, era
desconsiderado o conhecimento humano anterior. Porém, essa ideia era apenas uma variação
da antiga teoria.
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
O que Haidt quer nos dizer é que os alunos aprendiam com a memorização. Os
exercícios eram elaborados através de perguntas e respostas, tanto orais como escritas. Esse
tipo de procedimento, nem de longe, estimulava o aluno a refletir sobre o assunto estudado.
Mais tarde, surgiram filósofos e educadores que refletiram sobre o conhecimento e
elaboraram teorias que foram se modificando com o passar do tempo.
Sócrates (século V a.C.) afirmava que o saber e o conhecimento não eram
transmissíveis, a função do mestre era apenas ajudar o discípulo a descobrir por si só.
Veja sabia que no período de 1549/1930, os jesuítas foram os principais educadores?
Já naquela época no Código pedagógico dos jesuítas, eles destacavam a Metodologia de
Ensino, que era centrada no caráter formal do educando e marcado pela visão essencialista do
homem. Privilegiavam as formas dogmáticas de pensamento e não era desenvolvido o
pensamento crítico.
Hoje sabemos que desenvolver no discente o pensamento crítico é de extrema
importância. Mas vamos continuar nosso estudo.
João Amos Comenius (1592-1670) afirmava que o professor deveria ensinar ao
aluno somente aquilo que ele realmente precisava aprender. O ensino deveria ser direto,
partindo do geral para o específico. O professor, segundo Comenius, deveria fazer referência
à natureza e às suas causas, para que o conhecimento pudesse ser aplicado na vida diária.
Você pode perceber que esta afirmação de Comenius ainda hoje é discutida e defendida por
muitos autores.
Como podemos ver, em pleno século XVII, Comenius já se preocupava com o
ensino voltado para o cotidiano do aluno. Hoje, mantém-se a mesma preocupação.
Heinrich Pestalozzi (1746–1827) dizia que a educação era um instrumento de
reforma social e defendia a necessidade da educação das massas, proclamando que as crianças
pobres e com condições limitadas também deveriam ter acesso à educação. Em sua teoria
educacional, encontramos as sementes da Pedagogia moderna. Pestalozzi foi o primeiro a
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
Para ele, a educação era a responsável pela formação das representações e pela forma
como essas representações eram combinadas nos mais elevados processos mentais.
A educação moral para Herbart era decorrente da educação intelectual, pois através
da aprendizagem e das ideias, formar-se-ia o caráter do educando. Acreditava também que o
interesse do aluno garantiria sua atenção às aulas, e assegurava a estas novas ideias e
representações, agrupando-as com as já existentes. O interesse do aluno estava baseado
também na seleção e organização de materiais pelo professor.
Você pode perceber que são atuais os princípios de Herbart, apesar de formulados
em 1776-1841. Ainda hoje, trabalha-se para que o ensino não seja compartimentalizado e sim
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
Com tantas evoluções, cada vez mais, temos a função de habilitar os alunos para
serem críticos, tanto dos acontecimentos do dia a dia como também da tecnologia existente.
Não basta ao aluno adquirir a pluralidade de conhecimentos, valores e interpretações. Ele
necessita ser crítico, saber interagir com a tecnologia e ser participativo.
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
Não pode haver uma teoria pedagógica, que implica em fins e meios da ação
educativa, que esteja isenta de um conceito de homem e de mundo. Não há, nesse
sentido, uma educação neutra. Se, para uns, o homem é um ser da adaptação ao
mundo (tomando-se o mundo não apenas em sentido natural, mas estrutural,
histórico-cultural), sua ação educativa, seus métodos, seus objetivos, adequar-se-ão
a essa concepção. (1998, p.123).
O que Paulo Freire nos afirma é que, não existe educação neutra. Ao trabalhar na
área da educação, é sempre necessário tomar partido, assumir posições. E toda escolha de uma
concepção de educação é, fundamentalmente, o reflexo da escolha de uma filosofia de vida.
Alguns dos pressupostos didáticos atualmente adotados não são construções inteiramente
recentes, mas foram elaborados pelos educadores ao longo do tempo, e reformulados a partir
de um processo contínuo de reflexão-ação-reflexão.
O processo ensino-aprendizagem sempre foi motivo de ampla e profunda discussão.
Hoje, esse termo ―ensino-aprendizagem‖, também é questionado por Pedro Demo
No caso da didática ―ensino/aprendizagem‖, trata-se de repassar lotes de
conhecimento (ensinar) e de apropriar deles pela via da adequação funcional
(aprender). No caso da didática ―aprender a aprender‖, trata-se menos de produtos a
serem dominados, do que de metodologia emancipatória, traduzida em
competências e habilidades. A pessoa torna-se capaz de saber pensar, de avaliar
processos, de criticar e criar. (1996, p.212).
Diante da citação anterior, fica claro para nós que os professores devem construir a
didática do aprender a aprender, no contexto globalizado do conhecimento, trazendo-o para a
prática didática.
Vamos refletir.
Você deve estar perguntando: o que a Didática tem a ver com a Pós
graduação ―Lato Sensu‖que escolhi?
Pois bem, a Didática como vimos até aqui, trata de temas voltados
para o trabalho pedagógico de sala de aula, focando em seus
múltiplos aspectos, assim, para ser um docente no Ensino Superior,
não basta você ter a formação de uma Pós-graduação, é também
necessário ter os conhecimentos e as habilidades exigidas a docência,
a fim de poder desempenhar adequadamente as suas funções.
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
Para você ministrar aulas, é necessário que tenha em mente qual o objetivo que
pretende alcançar, o que o aluno deverá aprender após a aula, qual a importânicia do
conhecimento adquirido naquela aula, qual a relação daquele conteúdo que você trabalhou
com o dia a dia do aluno e/ou profissão, como desenvolver o conhecimento adquirido e que
postura pedagógica você teve frente ao aluno.
Vale lembrar que todas essas orientações deverão ser sistematizadas em um
planejamento prévio que é elaborado através da Didática, neste sentido, iremos aprofundar
algumas questões nos itens a seguir.
Na seção seguinte, veremos a importância do ensino como produção de conhecimento.
Demo quer nos dizer que motivar o aluno para o aprender a aprender é tarefa do
professor consciente e preparado para a busca contínua da qualidade e do prazer no
aprendizado.
Nós sabemos através das várias informações que no setor educacional, a sociedade
vive um novo paradigma. Há exigência de novos ambientes de aprendizagem e constante
atualização de professores/educadores. Isso tem ocorrido cada vez mais, pois a revolução
tecnológica e o desenvolvimento da informática apresentam novos cenários à sociedade. As
mudanças organizacionais, tecnológicas, econômicas, culturais e sociais sugerem, por
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
Vejamos o que Niskier apud Napoleão, nos aponta sobre a tecnologia educacional,
onde sabiamente, não se reduz à utilização de partes. Ela diz que:
Ela precisa necessariamente ser um instrumento mediador entre o homem e o
mundo, o homem e a educação, servindo de mecanismo pelo qual o educando se
apropria de um saber, redescobrindo o conhecimento. (1993, p. 11).
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
Fonte: Bolzan in Maria Isabel da Cunha 1998 p.19 - II Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino
questionamento; incerteza, características básicas do sujeito
cognoscente;
Premia o pensamento convergente, a resposta única Valoriza o pensamento divergente e/ou provoca
e verdadeira e o sentimento de certeza; incerteza e inquietação;
Concebe cada disciplina curricular como um espaço Percebe o conhecimento de forma
próprio de domínio de conteúdo e em geral, dá a interdisciplinar, propondo pontes de relação entre
cada uma o status de mais significativa do currículo eles e atribuindo significados próprios aos
acadêmico; conteúdos, em função dos objetivos acadêmicos;
Valoriza a qualidade dos encontros com os
Valoriza a quantidade de espaços de aula que ocupa
alunos e deixa a estes tempo
para poder ―ter a matéria dada‖ em toda a sua
disponível para o estudo sistemático e
extensão;
investigação orientada;
Concebe a pesquisa como atividade exclusiva de Concebe a pesquisa como atividade inerente ao
iniciados, onde o aparato metodológico e os ser humano, um de modo aprender o mundo,
instrumentos de certeza sobrepõe à capacidade acessível a todos e qualquer nível de ensino,
intelectiva de trabalhar com a dúvida guardadas as devidas proporções;
Entende a pesquisa como instrumento de
Incompatibiliza o ensino com a pesquisa e com a
ensino e a extensão como ponto de partida e de
extensão, dicotomizando o processo de aprender;
chegada da apreensão da realidade;
Requer um professor inteligente e responsável,
Requer um professor ―erudito‖ que pensa ter, com
capaz de estimular a dúvida e orientar o estudo
segurança, os conteúdos de sua matéria de ensino;
para a emancipação;
Coloca o professor como a principal fonte de Entende o professor como mediador entre o
informação que, pela palavra, repassa ao aluno o conhecimento, a cultura sistematizada e a
estoque que acumulou. condição de aprendizado do aluno.
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
Como você fez a leitura com atenção, entendeu que no quadro anterior, é enfocada a
reprodução do conhecimento, que valoriza a transmissão de conhecimento e a repetição do
que já está pronto: o professor ensina e o aluno aprende. Esse é o método tradicional. Lembra
que já estudamos sobre esse assunto na unidade anterior? O segundo refere-se ao ensino como
produção de conhecimento, que não apresenta uma qualidade estática, mas uma relação
dinâmica; é construído pelo indivíduo em interação com seu ambiente. O professor é o
mediador da relação sujeito/objeto, sinalizando que o aluno só constrói um conhecimento
novo se agir e problematizar a ação. Isso é um ensino Construtivista. Está lembrado do
assunto estudado anteriormente?
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
sala de aula, seja envolvido pela realidade cultural e social do aluno. Porém, desde que sejam
adequados a vários fatores, sendo um deles, o comprometimento do professor. Nesse sentido,
a escola deixa de ser um espaço onde a aprendizagem acontece de forma morosa.
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
Se você utilizar essas ―regrinhas‖ ao ministrar suas aulas, você passa a promover
atividades e a realizar intervenções, orientando, estimulando, desafiando um conflito
cognoscitivo que provoca a atividade mental do aluno. Nas aulas o professor deve estimular o
aluno em suas atividades, seja na ação mental ou física e mental, através de conteúdos nos
quais o mesmo irá utilizar situações-problema, criar formas próprias para chegar ao resultado
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
Você conseguiu perceber que os docentes que estão situados na pedagogia relacional,
que é a epistemologia construtivista, trabalham com os conhecimentos científicos de forma
que são compreendidos e entendidos dentro de uma totalidade social dinâmica e ampla.
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
METAS
Mostrar a importância do professor nesta sociedade intensiva de conhecimento,
apontando seu papel como figura estratégica no processo de ensino.
OBJETIVOS
Objetivo geral
Discutir a formação docente em nível superior e as exigências e tendências do
contexto educacional brasileiro.
Objetivos específicos
- refletir sobre a relação entre pedagogia e ensino;
- aprofundar conhecimentos sobre planejamento como instrumento da ação educativa;
- analisar quais os melhores procedimentos para avaliar no Ensino Superior;
- examinar a relação professor-aluno e saberes docentes no Ensino Superior.
Pré-requisitos
Para que você tenha um ótimo aproveitamento desta unidade, é importante que você tenha
construído o conhecimento em relação aos eixos epistemológicos e a Didática. Assim você
poderá estabelecer uma relação coerente entre a prática docente e sua fundamentação
pedagógica.
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
Neste item iremos discutir sobre a formação do professor universitário, seu papel na educação
e na sociedade.
Com a modernização econômica, com o desenvolvimento dos direitos dos cidadãos e com a
velocidade das tecnologias da informação, a educação também necessita mudar e acompanhar
essas evoluções, com isso, o professor passa a ter um papel mais amplo e complexo do que
teve até agora. Esse cenário nos mostra que o professor tem um papel importante no contexto
da instituição escolar, mas para isso precisamos conhecer o que determina a atual legislação
educacional brasileira, ou seja, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional -LDB– Lei
n°9.394/96.
No Art. 13- Os docentes incumbir-se-ão de:
I - participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino;
II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do
estabelecimento de ensino;
III - zelar pela aprendizagem dos alunos;
IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento;
V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar
integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao
desenvolvimento profissional;
VI - colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a
comunidade.
Vimos que no Art. 13 é apresentado seis incisos nos quais explicitam os deveres e funções
fundamentais referentes ao exercício da docência, seja pelas escolas públicas ou privadas.
Agora que você já pode indentificar esses pontos trabalhados nas legislações, vamos dar
continuidade ao nosso estudo.
Você percebeu através do Art. 13 que a legislação explicita os deveres e funções
fundamentais a serem desenvolvidas pelos docentes, independetemente se este atua em
escolas privadas ou públicas.
44
Didática e Metodologia no Ensino Superior
1
Conselho Nacional de Educação e Ministério da Educação e Cultura
45
Didática e Metodologia no Ensino Superior
alunos para buscarem frente a novos desafios, patamares cada vez mais elevados de
conhecimento.
Prezado (a) colega (a), enquanto docentes é imprescindível que façamos que o nosso
aluno seja capaz de realizar as operações mentais, como: analisar, comparar, criticar, levantar
hipóteses, deduzir e outros.
No inciso V deparamos com a seguinte orientação: ―ministrar os dias letivos e horas-
aula estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento,
à avaliação e ao desenvolvimento profissional‖. Logicamente que o docente deve planejar
suas aulas, ministrá-las bem de acordo com uma didática adequada aos alunos, saber avaliar,
não somente os alunos, mas também fazer uma auto-avaliação e até mesmo no âmbito da
instituição e finalmente investir em seu desenvolvimento profissional, ou seja, a formação
continuada, assim, será digno de receber essa denominação.
Analisando ainda a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996)
encontramos, no Art. 63, ―Os institutos superiores de educação manterão: [...] inciso III-
programas de educação continuada para os profissionais de educação dos diversos níveis‖, já
no Art. 67 inciso II é abordado ―aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com
licenciamento periódico remunerado para esse fim‖.
A própria LDB está em consonância com essa nova realidade educacional, ou seja,
exigindo um novo perfil para o professor, onde atualizar-se passa a ser um dos pontos cruciais
da docência, envolvendo assim a formação continuada.
Veja a contribuição de Fernandes e Rodrigues: ―a formação contínua de professores
tem sido apontada, entre outros aspectos, como meio capaz de gerar novas reflexões e de
produzir novos sentidos para a profissionalidade docente‖. (2005, p.188). Diante desse
depoimento fica a clareza de que ser professor não é uma tarefa simples e não implica
somente conhecer o conteúdo a ser trabalhado em sala de aula, é uma profissão que precisa de
investimento desde o início do curso e perpassa por toda a carreira.
Podemos concluir o Artigo V com a citação de Brandão, ―além do dever de planejar,
ministrar aulas e avaliar o processo educativo, e não somente o aluno, é importante frisar que
[...] participar de cursos e treinamentos, não é apenas uma opção pessoal, mas sim um dever
legal do docente‖ (2005, p. 55).
Vamos para o último inciso o VI, do art. 13 da LDB, ao afirmar que os docentes
devem ―colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a
46
Didática e Metodologia no Ensino Superior
Através dos sete incisos refentes ao artigo 43, podemos verificar que eles descrevem
os objetivos a serem alcançados na educação superior. Esses são abrangentes, e dignifica a
instituição que o traçarão como objetivos. Você deve ter notado que esses incisos são bem
abrangentes, objetivos e claros, mas só assim poderão contemplar todas as finalidades da
educação superior. E por falar em Educação superior, no Art. 45 da LDB, é apontado que ―a
educação superior será ministrada em instituições de ensino superior, públicas ou privadas,
com variados graus de abrangência ou especialização‖. Esse artigo possibilita a oferta de
47
Didática e Metodologia no Ensino Superior
educação superior tanto pelas instituições públicas quanto pelas instituições privadas, desta
forma, ficou garantido a coexistência de ambas.
Você deve estar se questionando, qual o motivo de estarmos trabalhando com
legislação. Não se aflija, as disciplinas Didática e Metodologia no Ensino Superior irá lhe
habilitar a ministrar aulas no ensino superior, desta forma, é importante você conhecer um
pouco mais sobre esse assunto.
E por falar em conhecer mais sobre o ensino superior, veja como a educação brasileira
vem se inovando. O MEC, em 2005 criou o programa ―Sistema Universidade Aberta do
Brasil- UAB‖ com objetivo de estimular a articulação e integração de um sistema nacional
de educação superior. São parceiras nesse projeto as instituições públicas (nas esferas
federais, estaduais e municipais do governo) de ensino superior, as quais se comprometem a
levar ensino superior público de qualidade aos municípios brasileiros. Com a UAB expandiu a
oferta de cursos e programas de educação superior, assim, oferta de cursos de licenciatura e de
formação continuada além de disponibilizar vários outros cursos superiores nas mais diversas
áreas do saber.
Art. 3º. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o
pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;
V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
48
Didática e Metodologia no Ensino Superior
Prezado (a) aluno (a), vimos anteriormente as inovações do ensino superior, pois bem,
além da UAB, a Educação a Distância -EAD está crescendo sob o paradigma de capilarizar o
ensino universitário no Brasil. Ela possibilita uma educação superior mais democrática do que
a de hoje, permitindo a inserção social, a propagação do conhecimento individual e coletivo,
desta forma, ajuda na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Mas não podemos
ignorar que os desafios são ilimitados.
Este módulo você está fazendo-o na modalidade a distância, deve estar percebendo
que o EaD é caracterizado pelo estabelecimento de uma comunicação de múltiplas vias,
ampliando possibilidades em meio às mudanças tecnológicas, assim como uma modalidade
alternativa para superar limites de tempo e espaço.
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
Eu enquanto professora do EaD atuo como "mediadora", isto é, estabeleço uma rede
de comunicação e aprendizagem multidirecional, através de diferentes meios e recursos da
tecnologia da comunicação, não posso deixar de cumprir as funções pedagógicas no que se
refere à construção da ambiência de aprendizagem. Desta forma, podemos ter como referência
os quatro pilares da Educação do Século XXI publicados pela UNESCO, que são: aprender a
conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser.
Agora você deve ter entendido o por que você está sendo o tempo todo desafiado a
pesquisar e entender o conteúdo, de forma a participar da disciplina, isso mostra que a
educação não pode ser concebida como mera transferência de informações, pois ela deve ser
norteada pela contextualização de conhecimentos úteis a cada um de vocês.
Pois bem querido (a) aluno (a), as inovações do ensino superior não param por aí, você
com certeza conhece alguém que teve a oportunidade de fazer um curso Tecnológico, é uma
tendência bastante interessante do ensino superior. Vamos conhecer um pouco mais sobre ele?
O curso Tecnológico é um curso superior, é feito em dois ou três anos e, não é menos
valorizado que uma graduação convencional, isto ocorre por que foram elaborados pensando
na demanda ininterrupta do mercado de trabalho. Ele é um curso essencialmente técnico,
desta forma, a carga horária teórica é bem menor do que nos outros tipos de graduação, por
esse motivo, o aluno consegue fazê-lo entre dois a três anos, sendo este tempo suficiente para
formar estes profissionais.
Veja que interessante! Quando certo tipo de profissional é requisitado, o curso
Tecnológico elabora o projeto pedagógico que venha formar esse profissional para incerir os
alunos de acordo com as exigências mercadológicas, capacitado-os para atuarem em áreas
específicas de diferentes negócios e, por este motivo, ele, por si só, é um excelente
empregador.
50
Didática e Metodologia no Ensino Superior
Planejar as aulas é de suma importância para o ensino, porém, não constitui uma
fórmula mágica para resolver todos os problemas, mas garante ao professor a previsão das
ações, procedimentos e organização junto aos alunos.
Querido (a) aluno (a), quando o professor faz um planejamento ele antecipa de forma
elaborada, todas as atividades pedagógicas; identificando os objetivos que pretende atingir,
indicando os conteúdos que serão trabalhados, selecionando os procedimentos didáticos e
metodológicos.
Veja a contribuição de Haidt (1995), em relação ao planejamento didático:
Analisar as características da clientela.
Refletir sobre os recursos que serão disponibilizados.
Definir os objetivos educacionais mais adequados a turma/clientela escolar.
Selecionar e estruturar os conteúdos a serem trabalhados, distribuindo-os ao
longo do semestre e/ou ano letivo.
Prever e organizar os procedimentos do professor, visando adequá-las para a
consecução dos objetivos estabelecidos.
Prever e escolher os recursos de ensino mais adequados para estimular a
participação dos discentes nas atividades de aprendizagem.
Prever os procedimentos de avaliação mais condizentes com os objetivos
propostos.
Vale ressaltar que ao elaboramos o planejamento, atentando aos itens anteriores, esse
favorecerá o sucesso das ações didático-pedagógicas. Veja as fases de elaboração de um
planejamento:
51
Didática e Metodologia no Ensino Superior
a) Preparação
Quando você for elaborar o planejamento, deverá prever todos os passos que esse
percorrerá, assim, assegurará a sistematização, o desenvolvimento e a concretização dos
objetivos que foram previstos.
b) Desenvolvimento
c) Aperfeiçoamento
SUGESTÃO DE LEITURA.
Para acrescentar seus conhecimentos é importante você buscar outras
fontes de informações. Indico um artigo da autora Ilma Veiga, muito conhecida
na área da Educação, você poderá acessar pelo site:
<http://www.race.nuca.ie.ufrj.br/ceae/m2/text2.htm.>
Dando continuidade, você sabia que existem três tipos de planejamento de ensino?
Veja a seguir:
a) planejamento de curso ou Plano de Ensino;
c) planejamento de aula.
52
Didática e Metodologia no Ensino Superior
Agora que você conhece mais sobre a importância do planejamento escolar, vamos
aprender a elaborar um Plano de Ensino. O primeiro passo é saber que este deve ter uma
articulação com o Projeto Pedagógico do Curso.
Projeto Pedagógico de Curso-PPC: é elaborado mediante as Diretrizes Curriculares
Nacionais, representação de classe, Projeto Pedagógico Institucional e não menos importante
o Projeto de Desenvolvimento Institucional. Desta forma, no PPC é definida a identidade
científica, profissional e humana, as concepções pedagógica, as orientações metodológicas,
estratégias para o ensino, aprendizagem, avaliação, currículo e a matriz curricular do curso.
Para você que ainda não está trabalhando como docente isso tudo deve parecer muito
estranho, mas você verá que são conhecimentos importantes para sua futura atuação como
professor (a).
Irei explicar cada item, assim você verá que não é nada estranho e complicado, certo?
Diretrizes Curriculares Nacionais- DCNs: são conjuntos de definições onde são
apontados os princípios, fundamentos e procedimentos que orientarão o currículo de um
determinado curso, seja na sua organização, articulação, desenvolvimento e avaliação de suas
propostas pedagógicas.
As normas constantes nas DCNs são obrigatórias e são fixadas pelo Conselho
Nacional de Educação por meio da Câmara de Educação Superior.
No Parecer, aprovado em 3 de dezembro de 1997, sob n° 776, encontramos:
As diretrizes curriculares constituem no entender do Conselho Nacional de
Educação-CNE e Câmara de Educação Superior- CES, orientações para a elaboração
dos currículos que devem ser necessariamente respeitadas por todas as instituições
de ensino superior. Visando assegurar a flexibilidade e a qualidade da formação
oferecida aos estudantes, as diretrizes curriculares devem observar os seguintes
princípios:
53
Didática e Metodologia no Ensino Superior
De acordo com a citação anterior, percebemos que todo curso de graduação deve
embasar seu Projeto Pedagógico diante das DCNs.
Cada instituição escolar tem autonomia de elaborar seu Plano de Ensino, porém,
alguns itens perpassam por todos os Planos de Ensino, no Unis-MG trabalhamos da
seguinte forma:
1- Cabeçalho: é o local onde é registrada a identificação da instituição, nome do curso e
da disciplina, carga horário da disciplina, nome do professor, semestre e ano.
2- Ementa: corresponde aos conteúdos que serão trabalhados na disciplina. Esses dados
são retirados do Projeto Pedagógico do Curso-PPC.
3- Objetivo Geral: deverá ser elaborado pensando em todo o conteúdo a ser trabalhado,
ou seja, engloba todo o ementário.
4- Objetivo Específico: é o desdobramento do objetivo geral. É voltado para o
aprendizado do aluno, quando vamos elaborá-lo devemos pensar ―no final da aula o
aluno será capaz de‖, com este pensamento você elabora o objetivo específico.
5- Metodologia/atividade Didática: é nesse item que você mostrará o caminho que irá
utilizar para alcançar os objetivos propostos, com relação à forma de ensino.
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
Trabalhos de pesquisa.
Avaliações de aprendizagem.
6- Recursos didáticos: estão diretamente ligados aos materiais que você necessitará para
desenvolver suas atividades pedagógicas.
VISUAIS:
Quadro de giz, textos de revistas e de jornais, livros didáticos, gravuras e
retroprojetor.
AUDITIVOS:
Aparelho de som (gravador e sistema de CD‘s).
AUDIO-VISUAIS:
TV, Vídeo e datashow.
Diversos materiais de apoio para aulas práticas.
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
IDENTIFICAÇÃO DA INSTITUIÇÃO
EMENTA
OBJETIVOS
Objetivo Geral:
Objetivo Específico:
METODOLOGIA/ATIVIDADE DIDÁTICA
AVALIAÇÃO
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
Coordenador
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
Como vimos, os objetivos são um dos itens que consta no Plano de Ensino, dessa
forma iremos aprender como elaborá-los, veja como é fácil!
a) objetivo geral é a demonstração geral do que se pretende alcançar, tem uma visão
mais global, mais geral.
Não é tão complicado assim, veja, os objetivos informarão quais os resultados que
pretende alcançar ou qual a contribuição que o conteúdo irá efetivamente proporcionar.
Você não deve esquecer de que os enunciados dos objetivos começam com um verbo
no infinitivo e este verbo deve indicar uma ação passível de mensuração, assim na elaboração
dos objetivos não devemos colocar dois verbos em um único objetivo, pois demonstrará duas
ações em uma mesma ação. Apresentaremos a seguir as funções mentais e os verbos
sugestivos que podem ser usados em cada nível do domínio cognitivo, segundo Johnson, Rite
B. And Johnson, Stuart R. seis são as funções mentais:
58
Didática e Metodologia no Ensino Superior
B) Compreensão: o aluno através de seu raciocínio, irá representar a lógica para sua língua o
seu entendimento/conhecimento, ou seja, irá utilizar seu vocabulário decodificando seu
conhecimento, apreendendo a ideia e explicando-a de sua maneira.
D) Análise: o aluno será capaz de explicitar uma teoria em partes para compreendê-la, e
depois saberá elaborar novas pesquisas sobre aqueles dados esmiuçados, mostrando
habilidades em distinguir fatos e ideias.
E) Síntese: esta é uma função mental muito importante, aonde o aluno irá analisar os fatos e
formar outro conceito, tendo facilidade em organizar as ideias de forma clara e objetiva.
59
Didática e Metodologia no Ensino Superior
F) Avaliação: o aluno terá habilidade em julgar algum objeto a partir de critérios próprios ou
fornecidos.
Para completar nosso aprendizado em relação ao Plano de Ensino, vimos que no item
sete consta: ―Avaliação: você irá descrever todos os instrumentos e critérios que utilizará‖,
para que você possa elaborar este item, iremos a seguir conhecer um pouco mais do
processo avaliativo.
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
Desde que nascemos somos a todo o momento avaliado, na educação não é diferente, a
avaliação da aprendizagem tem um peso muito grande e constitui um processo circular que se
desenvolve durante todo o processo de ensino-aprendizagem. Veja o posicionamento sobre
avaliação segundo os autores Sacristán e Pérez Gómez.
A prática da avaliação é explicada pela forma como são realizadas as funções que a
instituição escolar desempenha e, por isso, sua realização vem condicionada por
inúmeros aspectos e elementos pessoais, sociais e institucionais; ao mesmo tempo,
ela incide sobre todos os demais elementos envolvidos na escolarização: transmissão
do conhecimento, relações entre professores/as e alunos/as, interações no grupo,
métodos que se praticam, disciplina, expectativas de alunos/as, professores/as e pais,
valorização do indivíduo na sociedade, etc. (2000, p. 295).
Você deve ter percebido que a avaliação escolar passou por um processo de
reconstrução, não se pode avaliar o aluno como fomos avaliados, ou seja, sendo classificados
conforme os resultados, a avaliação atualmente ganhou espaço amplo nos processos de
ensino. Para se avaliar é necessário preparo técnico e capacidade de observação do professor,
sendo essa uma tarefa didática necessária; porém, complexa que não se resume a realização
de provas e atribuições de notas.
Querido (a) aluno (a), hoje a avaliação deve ser concebida como um elemento
integrador entre a aprendizagem do discente e a atuação do docente no processo de construção
do conhecimento e envolve vários aspectos. A avaliação do ensino e aprendizagem precisa
acontecer num processo sistemático e contínuo, transcorrendo todo o período da (s) aula (s),
onde o professor irá obter informações e atribuir valores.
Vários autores que têm pesquisado sobre avaliação afirmam que ela pode exercer duas
funções: a classificatória e a diagnóstico.
A Avaliação classificatória seleciona, classifica e hierarquiza os discentes,
reforçando o lado desumano da escola, pois, é uma ferramenta para aprovação ou
reprovação. O aluno é visto somente pela nota que ele obtem.
Dessa maneira, tudo é feito para melhorar a nota. Estas são utilizadas pelo professor
para reprimir e controlar o aluno, revelando total ausência de reflexão sobre o
desenvolvimento da aprendizagem e o significado da avaliação.
61
Didática e Metodologia no Ensino Superior
Para Souza (2008, p. 171), ―avaliação diagnóstica não ocorre somente no início do ano
letivo, ou do semestre, mas poderá ser utilizada no início de uma unidade de ensino, sempre
que se pretende introduzir uma nova aprendizagem, pois ela fornece informação de orientação
do processo formativo‖. Desta forma, este tipo de avaliação permite o discente a crescer e a
se desenvolver tanto cognitiva quanto emocionalmente. O que o auxiliará em sua formação
tendo a possibilidade de ser um cidadão crítico, autônomo, reflexivo, capaz de viver e
conviver, compartilhando e interagindo em uma sociedade em permanente mudança e
evolução.
Prezado (a) aluno (a), essa modalidade de avaliação tem como característica o
julgamento que se alcança do discente, docente e currículo sob o ponto de vista da eficácia do
ensino-aprendizagem, após o desenvolvimento deste processo.
É importante frisarmos que o professor não deverá tomar decisões em relação aos
alunos, tendo como base um simples número (ou letra) que muitas vezes é falho na
verificação do desempenho do discente. Como também, o docente deverá ter cautela, pois a
avaliação somativa ocorre apenas no final do processo, sendo tarde para recuperar o aluno que
evidenciou dificuldades no alcance de determinados objetivos.
Para Bloom (1971), a avaliação somativa ―objetiva avaliar de maneira geral o grau em
que os resultados mais amplos têm sido alcançados ao longo e final de um curso‖.
Tabela 1 – Comparação entre a concepção tradicional de avaliação com uma mais adequada
Foco na promoção – o alvo dos alunos é a Foco na aprendizagem - o alvo do aluno deve
promoção. Nas primeiras aulas, se discutem as ser a aprendizagem e o que de proveitoso e
regras e os modos pelos quais as notas serão prazeroso dela obtém.
obtidas para a promoção de uma série para
outra. Implicação - neste contexto, a avaliação deve
ser um auxílio para se saber quais objetivos
Implicação – as notas vão sendo observadas e foram atingidos, quais ainda faltam e quais as
registradas. Não importa como elas foram interferências do professor que podem ajudar o
obtidas, nem por qual processo o aluno passou. aluno.
63
Didática e Metodologia no Ensino Superior
Foco nas provas - são utilizadas como objeto Foco nas competências - o desenvolvimento
de pressão psicológica, sob pretexto de serem das competências previstas no projeto
um 'elemento motivador da aprendizagem', educacional devem ser a meta em comum dos
seguindo ainda a sugestão de Comenius em sua professores.
Didática Magna criada no século XVII. É
comum ver professores utilizando ameaças Implicação - a avaliação deixa de ser somente
como "Estudem! Caso contrário, vocês poderão um objeto de certificação da consecução de
se dar mal no dia da prova!" ou "Fiquem objetivos, mas também se torna necessária
quietos! Prestem atenção! O dia da prova vem como instrumento de diagnóstico e
aí e vocês verão o que vai acontecer [...]". acompanhamento do processo de
aprendizagem. Neste ponto, modelos que
Implicação - as provas são utilizadas como um indicam passos para a progressão na
fator negativo de motivação. Os alunos estudam aprendizagem, como a Taxionomia dos
pela ameaça da prova, não pelo que a Objetivos Educacionais de Benjamin Bloom,
aprendizagem pode lhes trazer de proveitoso e auxiliam muito a prática da avaliação e a
prazeroso. Estimula o desenvolvimento da orientação dos alunos.
submissão e de hábitos de comportamento
físico tenso (estresse).
Os estabelecimentos de ensino estão Estabelecimentos de ensino centrados na
centrados nos resultados das provas e qualidade - os estabelecimentos de ensino
exames - eles se preocupam com as notas que devem preocupar-se com o presente e o futuro
demonstram o quadro global dos alunos, para a do aluno, especialmente com relação à sua
promoção ou reprovação. inclusão social (percepção do mundo,
criatividade, empregabilidade, interação,
Implicação - o processo educativo permanece posicionamento, criticidade).
oculto. A leitura das médias tende a ser ingênua
(não se buscam os reais motivos para Implicação - o foco da escola passa a ser o
discrepâncias em determinadas disciplinas). resultado de seu ensino para o aluno e não mais
a média do aluno na escola.
O sistema social se contenta com as notas - as Sistema social preocupado com o futuro -
notas são suficientes para os quadros já alertava o ex-ministro da Educação,
estatísticos. Resultados dentro da normalidade Cristóvam Buarque: "Para saber como será um
são bem vistos, não importando a qualidade e país daqui há 20 anos, é preciso olhar como
os parâmetros para sua obtenção (salvo nos está sua escola pública no presente". Esse é um
casos de exames como o ENEM que, de certa sinal de que a sociedade já começa a se
forma, avaliam e "certificam" os diferentes preocupar com o distanciamento educacional
grupos de práticas educacionais e do Brasil com o dos demais países. É esse o
estabelecimentos de ensino). caminho para revertermos o quadro de uma
educação "domesticadora" para
Implicação - não há garantia sobre a "humanizadora".
qualidade, somente os resultados interessam,
mas estes são relativos. Sistemas educacionais Implicação - valorização da educação de
que rompem com esse tipo de procedimento resultados efetivos para o indivíduo.
tornam-se incompatíveis com os demais, são
marginalizados e, por isso, automaticamente
pressionados a agir da forma tradicional.
64
Didática e Metodologia no Ensino Superior
Kraemer (2010) afirma que mudando de paradigma, cria-se uma nova cultura
avaliativa, implicando na participação de todos os envolvidos no processo educativo.
Prezado (a) aluno (a) na avaliação é importante você enquanto docente saber o que irá
avaliar, como irá eleger os critérios e as condições para avaliar, como selecionará as técnicas,
os instrumentos avaliativos e realizará a verificação dos resultados.
Pois bem, aprendemos anteriormente sobre objetivos, agora iremos fazer a ligação
desses objetivos com a avaliação. Você deve estar pensando...Como assim? Veja, se
elaboramos os objetivos quando vamos trabalhar os conteúdos disciplinares, agora é o
momento de verificarmos se nossos objetivos foram atingidos. Você está lembrado (a) que
expliquei anteriormente que no objetivo específico devemos fazer mentalmente o seguinte
questionamento ―no final do conteúdo o aluno será capaz de...‖, é através da avaliação dos
alunos que iremos verificar o resultado da aprendizagem. Nos objetivos aprendemos quais são
as habilidades que devemos avaliadar, agora iremos aprender como elaborar os exercícios
avaliativos de acordo com as habilidades. Veja quadro a seguir.
b) Compreensão
Exemplo: - alunos de camadas trabalhadoras buscam a escola pública e
as de classe média superior estão nas particulares;
- nos vestibulares das Federais os alunos de escolas
particulares têm mais facilidade de ingresso.
c) Aplicação
Exemplo: Se uma pessoa está tomando banho se sol, a que horas do dia é
mais provável que tenha uma insolação?
65
Didática e Metodologia no Ensino Superior
d) Análise
Exemplo: Dois professores discutem sobre a necessidade de formular
objetivos para sua disciplina. (A) afirma que é melhor estabelecer desafios
comportamentais que são mais fáceis de serem trabalhados e medidos. (B),
já prevê que os abertos provocativos são mais válidos para o ensino na
Universidade, embora dêem trabalho para serem desencadeados e medidos.
e) Síntese
Exemplo: Nas aulas de Metodologia do Ensino Superior a professora
trabalha a filosofia do curso ou disciplina, objetivos, conteúdo, estratégia e
avaliação. Para cada tema ele deu um grupo de aulas com textos
específicos e metodologia diferenciadas.
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
Prezado (a) aluno (a) há uma ligação entre a avaliação e os objetivos, porque avaliar é
basicamente constatar se os resultados desejados foram alcançados. É através da elaboração
do Plano de Ensino a partir dos objetivos que orientaremos o processo ensino-aprendizagem,
determinando também o que e como avaliar. É por este motivo que vários autores alegam que
―o processo de avaliação começa na definição dos objetivos‖.
Quantos conteúdos trabalhamos, será que estou conseguindo atingir meus objetivos?
Tomara que sim!
É muito importante que o professor no ensino superior saiba trabalhar de forma
interdisciplinar, é pela importância do conteúdo que iremos a seguir conhecer o que isto
significa na educação. Vamos lá? Temo certeza que você irá gostar desse conteúdo.
3.4 INTERDISCIPLINARIDADE
A tendência no ensino superior é cada professor ministrar isoladamente a sua
disciplina, ou seja, o conteúdo curricular, enquanto isso os alunos ―tentam‖ fazer a ligação
entre elas, há fragmentação disciplinar, daí que surge o termo interdisciplinar com a finalidade
de não compartimentar as disciplinas.
Você com certeza já teve a oportunidade enquanto aluno de vivenciar a cada cinqüenta
minutos professores ministrarem aulas dissociadas umas das outras. É nesse contexto que se
faz necessário pensar em uma prática pedagógica interdisciplinar. Lógico que sabemos que no
67
Didática e Metodologia no Ensino Superior
ensino superior essa prática não é fácil, mas podem reduzir essa fragmentação dos conteúdos
trabalhando com projetos. Com isso, os alunos se beneficiam da oportunidade de apreender
um tema sob várias perspectivas, fazendo uma conexão entre os conteúdos.
Silva apud Fazenda contribui dizendo que
A interdisciplinaridade pressupõe basicamente uma intersubjetividade, não pretende
a construção de uma superciência, mas uma mudança de atitude frente ao problema
do conhecimento, uma substituição da concepção fragmentária para a unitária do
ser humano. (1999, p. 25).
Figura nº 01
Fonte: Ensino e Aprendizagem por Meio das Inteligências Múltiplas, 2000 p.237
Podemos verificar na figura anterior, que as disciplinas estão tendo uma interrelação e
influência entre elas, dessa forma acontece o intercâmbio entre as mesmas.
68
Didática e Metodologia no Ensino Superior
Prezado (a) aluno (a), a interdisciplinaridade é uma filosofia na qual o docente precisa
acreditar e, o que é mais importante, precisa haver colaboração, diálogo, troca de ideias, entre
eles. Não é um trabalho fácil, como também nunca completamente alcançado, temos
consciência disso, mas deve ser permanentemente buscado.
Santomé (1998) elegeu uma hierarquia de níveis de colaboração e integração entre as
disciplinas, veja a seguir:
1- Multidisciplinaridade: é um nível inferior de integração entre as disciplinas. Seria
a justaposição de conteúdos diferentes, porém oferecidas de maneira simultânea, com o
objetivo de esclarecer alguns dos seus elementos comuns, mas não é explicitado as relações
entre esses conteúdos, ou seja, não existe nenhuma relação entre as disciplinas.
2- Pluridisciplinaridade: é um caminho percorrido a mais da multi, pois existem
pequenas evidências de cooperação entre as diferentes disciplinas, mas ainda os objetivos são
distintos. É a justaposição de disciplinas mais ou menos próximas, dentro de um mesmo setor
de conhecimento.
3- Interdisciplinaridade: é uma proposta de ensino que leva em consideração a
construção do conhecimento pelo aluno, visando a integração dos conteúdos disciplinares,
aproximando e articulando as atividades docentes numa ação coordenada e orientada para
atingir os objetivos determinados. A interdisicplinaridade não é uma proposta teórica, mas
sobretudo uma prática.
4- Transdisciplinaridade: Conceito que aceita a prioridade de uma transcendência,
de uma modalidade de relação entre as disciplinas que as supere. É um nível acima da
interdisciplinaridade onde não existem limites entre as diversas disciplinas e se constitui um
sistema total que excede o plano das relações e interações entre tais disciplinas.
É importante você saber que quando se trabalha com projetos na educação, a questão
interdisciplinar tem mais possibilidade de acontecer, pois um dos objetivos que o determina é
a integração dos diferentes conteúdos e saberes das várias áreas do conhecimento; essa
integração deve acontecer também com todos os participantes, docentes e discentes.
O trabalho com projetos interdisciplinares
é a possibilidade de acesso à pesquisa. Espera-se que o aluno, percebendo as
relações existentes entre as disciplinas, motive-se em buscar novos conhecimentos
sobre o tema, problema em questão, pois agora o projeto apresenta perspectivas
múltiplas, sendo que todas as disciplinas contribuem de certa forma e, por
conseqüência, ele pode receber orientações e desafios para a pesquisa de vários
professores em prol de um tema único. (NOGUERIA, 2001, p.149).
69
Didática e Metodologia no Ensino Superior
Diante do exposto, vale atentarmos para que os projetos interdisciplinares não fiquem
apenas no processo de integração das disciplinas, mas também na possibilidade de incentivar
os alunos para a pesquisa. A vantagem de se trabalhar com projetos em relação aos conteúdos
trabalhados isoladamente é que esses possibilitam um ensino onde os alunos transcendem os
limites curriculares. No trabalho com projetos, os alunos realizam atividades práticas,
possibilitando a relação entre a teoria e prática, os próprios alunos que elegem os temas dos
projetos, desta forma, os interesses partem deles, aprendem a trabalhar em grupos, a aceitar as
opiniões dos colegas, a buscar saídas para possíveis conflitos, a pesquisar, a eleger estratégias
de busca, ordenação e estudo de diferentes fontes de informações.
Como vimos, trabalhar com projetos ―constituem um planejamento de ensino e
aprendizagem vinculado a uma concepção da escolaridade em que se dá importância não só à
aquisição de estratégias cognitivas de ordem superior, mas também ao papel do estudante
como responsável por sua própria aprendizagem‖.(HERNÁNDEZ, 1998, p.88-89).
Ao trabalhar com projetos, o docente passa a ter um olhar diferenciado sobre os
discentes, consegue conectar com o mundo lá fora relacionando-o ao conteúdo, as aulas e as
atividades práticas.
Podemos afirmar que os projetos direcionam para outra maneira de conceber o
conhecimento escolar, favorecendo o desenvolvimento de estratégias de investigar, interpretar
e apresentar o processo de estudar um tema. Porém, não se pode perder de vista a questão de
se trabalhar com os alunos as diferentes atividades propostas no processo ensino-
aprendizagem, mesmo trabalhando com projetos é importante que o professor possibilite aos
alunos a aprendizagem dos conteúdos:
a) Factuais e Conceituais - que correspondem ao compromisso científico da escola:
transmitir o conhecimento socialmente produzido. Irá oportunizar ao aluno a abordagem de
conceitos, fatos e princípios, operando através de símbolos, ideias, signos e imagens, onde o
mesmo irá adquirir informações e vivenciar situações-problema. Os conteúdos factuais e
conceituais são mais abstratos, eles demandam compreensão, reflexão, análise e comparação.
b) Procedimentais – que são os objetivos, resultados e meios para alcançá-los,
articulados por ações, passos ou procedimentos a serem implementados e aprendidos. Inclui
atividades como regras, técnicas, métodos, destrezas e habilidades. São conteúdos
procedimentais (aplicações e exercícios) como: ler, desenhar, observar, calcular, classificar,
traduzir, recortar, saltar, inferir e outros.
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
Podemos concluir essa seção afirmando que no trabalho com projetos o professor é
visto como facilitador, problematizador, ele passa a ter uma atitude de escuta, e ao mesmo
tempo oportuniza o diálogo pedagógico da relação dos alunos com o conhecimento. Neste
contexto é que veremos a seguir quais são os saberes necessários aos professores.
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
Vamos plagiar Tardif (2002) quando o autor questiona: quais são os saberes que
servem de base ao ofício de professor? Qual é a natureza desses saberes? Como esses saberes
são adquiridos?
É importante ressaltar que os saberes dos professores são combinações entre o fazer e
o agir, entre a realidade individual e social, entre a cognição e emoção. Como vimos
anteriormente, é nas experiências diárias que também se constroem os saberes.
. O capítulo três nos trouxe muitas informações importantes. Vamos voltar no início do
capítulo e verificar se os objetivos propostos foram atingidos. Enquanto isso, ficarei aqui
torcendo para que a resposta seja positiva.
No próximo capítulo trabalharemos sobre os critérios básicos para a escolha dos
métodos de ensino.
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
META
Analisar a escolha dos procedimentos de ensino e organização das experiências de
aprendizagem dos alunos.
OBJETIVOS
Objetivo geral
Identificar os métodos e procedimentos de ensino.
Objetivos específicos
Esperamos que, ao término desta unidade, você possa:
- Ampliar seu conhecimento a respeito dos métodos de conhecimento e ensino,
favorecendo a reflexão sobre a postura docente em nível superior.
- Compreender as práticas metodológicas realizadas em atividades docentes,
promovendo uma revitalização dos métodos de ensino.
- Reconhecer suportes teóricos e técnicos disponíveis nos meios de publicação
científicos a fim de garantir procedimentos assertivos para a atuação docente em nível
superior.
PRÉ-REQUISITOS
Para você aproveitar bem esta unidade é importante que você tenha construído o
conhecimento em relação à contribuição da Didática no processo ensino-aprendizagem e a
relação professor-aluno.
Você deverá também entender que a docência universitária é uma profissão e requer
uma preparação específica para seu exercício.
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
O método dedutivo vai do "macro" para o "micro", veja o exemplo: todos os homens
aprendem; Nilton é homem, logo Nilton aprende.
O método indutivo tem uma lógica diferente, indo do "micro" para o "macro": Nilton é
homem e aprende; Donizeti é homem e aprende; Lúcio é homem e aprende ... Logo, todos os
homens aprendem.
Portando o método indutivo, é caracterizado pelo processo pelo qual, o professor por
meio de um levantamento particular, chega a determinadas conclusões gerais, ou seja, parte
do específico para o geral.
Veja outro exemplo:
O aluno 1 é disciplinado.
O aluno 2 é disciplinado.
O aluno 3 é disciplinado.
O aluno ―X‖ é disciplinado.
De acordo com o exemplo anterior, vale ressaltar que a indução, antes de mais nada, é
uma forma de raciocínio ou argumentação; onde o sujeito construirá uma reflexão e não
simplesmente um pensamento.
Já no método dedutivo acontece o contrário do método indutivo, o método dedutivo
tem como objetivo explicitar o conteúdo das premissas, uma vez que parte do geral para se
atingir às particularidades.
Você sabia que há outros métodos? Pois bem, existe o indutivo/dedutivo e o dialético,
mas todos esses são métodos de pesquisa da realidade. Agora, o que nos importa são os que
chamamos de métodos de ensino. Portanto, métodos de ensino é a trajetória que o professor
irá percorrer com seus alunos, para que estes se apossem do conhecimento que a Humanidade
já acumulou.
O que seria técnica?
Técnica é a operacionalização do método. É o como fazer. Portanto, a escolha da
técnica dependerá do planejamento do professor, dos objetivos a serem alcançados, do perfil
da turma, do conteúdo a ser trabalhado, enfim, do momento a ser aplicado; assim, os métodos
e técnicas não são neutros.
Prezado (a) aluno (a), as técnicas de ensino são, portanto, escolhidas em função do
método(s) e do (s) objetivo (s), definido pelo professor. Veja os exemplos de técnicas de
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
ensino: aula expositiva dialogada, estudo dirigido, trabalho em grupo, entrevista, estudo de
caso e outros.
Veja como Carvalho (1973) apud Haidt (1995) classificam os métodos de ensino:
a) Métodos individualizados de ensino: São aqueles que valorizam as diferenças
individuais dos alunos e fazem a adequação do conteúdo de acordo com a necessidade da
turma, à capacidade intelectual e ritmo de aprendizagem de cada aluno. Nesse método o
professor trabalha com fichas, estudo dirigido e o ensino programado.
b) Métodos socializados de ensino: valorizam a interação social, fazendo a
aprendizagem efetivar-se em grupo. O professor poderá trabalhar com as seguintes técnicas,
trabalho em grupo, seminários e estudo de casos.
c) Método sócio-individualizados: Ele combina as duas atividades, a
individualizada e a socializada, alteranando em suas fases os aspectos individuais e sociais.
Assim, podemos afirmar que este método abrange também o método de problemas, as
unidades: de trabalho, didáticas e de experiência.
Você está achando complicado estudarmos sobre métodos e técnicas? Vamos
combinar uma coisa...levante, tome uma água e/ou café, descanse um pouquinho que irei te
esperar para prosseguirmos em nosso estudo, combinado?
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
Você deve estar se indagando, mas como irei conseguir trabalhar assim? Pois bem,
nada complicado, apenas terá que substituir nas aulas aqueles exercícios que trabalham
somente a memorização, que são atividades mecânicas, por exercícios que exijam dos alunos
à execução de operações mentais. Lembra do trabalho com projetos? Essa é uma das saídas.
Para que o professor consiga ministrar uma boa aula é necessário haver uma
preparação da mesma, levando como ponto de partida as características da turma, a forma
como irá abordar o conteúdo e fazer levantamento do que os alunos já conhecem daquele
determinado assunto. Vale lembrar que isso é planejar, assim não se deve esquecer de definir
os objetivos da aula, selecionar o assunto pelo grau de importância; organizando a seqüência
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
das ideias, exemplificar sempre que possível para que o aluno possa fazer a ligação entre a
teoria e a prática, escolher os recursos audiovisuais que mais se adéqua ao conteúdo que será
abordado, estabelecer um clima adequado, mantendo a atenção dos alunos, destacar as ideias
mais importantes e organizar o tempo da aula.
É importante também que o professor após ministrar a aula expositiva dialogada faça
uma pequena conclusão, enfatizando os assuntos que foram essenciais, oportunizando ao
aluno relacionar o novo conteúdo com os conhecimentos anteriores.
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
O jogo é uma atividade física e mental organizada por um sistema de regras. Eles
podem ser empregados em uma variedade de objetivos dentro do contexto educacional. É uma
técnica eficaz que possibilita uma prática significativa daquilo que o aluno deverá aprender,
motivando-os, estimulando-os, despertando-os para a aprendizagem. Através dos jogos os
alunos constroem seus conhecimentos de maneira prazeirosa, criativa e lúdica.
Para Martins (2002, p.1):
[...]em nosso cotidiano utilizamos várias formas de jogo: o dos sentidos, em que a
curiosidade nos leva ao conhecimento; os jogos corporais expressos na dança nas
cerimônias e rituais de certos povos; o jogo das cores, da forma e dos sons, presente
na arte dos imortais; o jogo do olhar. Enfim, ele está aí, fazendo arte de nossas vidas.
A intensidade do poder do jogo é tão grande que nenhuma ciência conseguiu
explicar a fascinação que ele exerce sobre as pessoas.
O professor utilizando jogos em suas aulas melhorará seu modo de ensinar, avaliar e
também o modo dos alunos aprenderem, pois servem de motivação uma vez que os alunos
participam ativamente no processo ensino-aprendizagem.
Os jogos também proporcionam um ambiente descontraído, propiciando uma maior
interação entre os alunos, desenvolvendo assim o comportamento social. Porém é importante
que o professor prepare os alunos para uma competição saudável, na qual imperam o respeito
e a consideração pelo adversário.
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
5ª Fase: Painel aberto para debates com cada um dos grupos inicialmente constituídos.
Prezado (a) aluno (a) vale lembrar que esta técnica exige um determinado número de
alunos na turma, para permitir a miscigenação nos grupos.
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
4.4.4 Simpósio
É uma técnica derivada da mesa-redonda, com apresentações de diversas pessoas
sobre diferentes aspectos de um mesmo tema. Sua característica é o fato de ser de alto nível e
conta com a presença de um coordenador. Ele pode ser apresentado durante um mesmo dia ou
durante muitos dias.
A diferença do simpósito com a mesa-redonda é que o primeiro os expositores não
debatem entre si os temas apresentados, assim os expositores que normalmente são os alunos
se preparam, sob a orientação do professor e depois apresentam os vários aspectos do tema.
No dia da apresentação o aluno poderá fazer uma exposição do tema de 10 a 20
minutos aproximadamente, no final os demais alunos que estão na platéia poderão fazer as
perguntas. É importante o professor escolher um elemento para ser o mediador, assim poderá
controlar o tempo e encaminhar as perguntas aos expositores. O objetivo do simpósio é
realizar um intercâmbio de informações.
Como você percebeu esta técnica é muito interessante, mas requer cuidados como
todas as outras, vale você lembrar que ela também oportuniza ao professor verificar o nível de
participação dos alunos, se esses têm maturidade para promover discussões e chegar ao
consenso.
2
Conselho Regional Espírita do Sul de Minas
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
Antes de iniciar a técnica o professor deverá orientar os alunos para o tempo que terão
para a discussão e apresentação do assunto, indicar a ordem da apresentação, tendo esta que
ser clara, concisa e objetiva.
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
a) Entrevista
Para a entrevista é necessário o aluno elaborar perguntas, este representa o grupo
diante do entrevistador. Este não deve pertencer ao grupo, deverá ser algum estudioso ou que
tenha vivenciado ou conhcimento maior relacionado a um tema. Os objetivos da entrevista
são obter informações; maior conhecimento sobre assuntos de relevância para o grupo e
estimular o aluno para que aprofunde os conhecimentos sobre o tema.
É interessante o professor ou algum aluno convidar um especialista naquele
determinado assunto que está sendo estudado; a entrevista deverá acontecer em tom de
conversa e os questionamentos devem ser formulados de forma a evitar respostas incisivas
(sim, não); as perguntas deverão ser elaboradas ao nível de entendimento dos alunos, assim o
entrevistado evitará utilizar terminologia técnica que não esteja ao alcance dos alunos.
Ao término da entrevista é viável que seja produzido um relatório com a síntese da
atividade, na qual os pontos mais importantes sejam ressaltados.
b) Excursões
A técnica de excursão é uma atividade pedagógica que permite a ligação entre os
conteúdos teóricos e sua vivência na prática, desta forma, contribui para a assimilação dos
conhecimentos através da análise, observação e identificação, proporcionando momentos de
aproximação da realidade do dia a dia, como o social do aluno e o ensino-aprendizagem.
Na excursão o aluno irá fazer a observação direta e os dados obtidos lhe proporcionará
uma aprendizagem melhor e mais significativa, comparando a realidade vivenciada com os
conteúdos já abordados.
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
c) Visitas
É uma das técnicas que contribui para o ambiente de aprendizagem. Ela oportuniza
o aluno a diferenciar uma situação que acontece em tempo real de outra que fica
apenas no teórico.
Mas como estruturar uma visita técnica? Primeiramente você deverá relacionar a visita
com o objetivo da aula e/ou conteúdo, assim você facilitará o aprendizado do aluno,
despertando a relação teoria e prática.
Esta técnica é uma atividade extraclasse e o professor deverá instigar no aluno a
curiosidade, interesse e participação. Ela oportuniza ao discente a observação de situações que
acontecem no âmbito profissional, fazendo uma ligação entre a situação em tempo real com a
situação aprendida em sala de aula, havendo um confronto entre a teoria e prática.
Na visita técnica o aluno não realiza intervenções, mas registra, descreve, ilustra,
observa e analisa através de roteiro discriminando o que precisa ser conhecido e aprendido,
para isso ele pode conversar entrevistar, fotografar e filmar.
Explique, com suas próprias palavras, em que consiste a técnica de
estudo de caso, salientando sua importância para a ação didática e
processo educativo.
Você imaginava que na educação o professor pode lançar mão de tantas técnicas para
melhorar suas aulas e oportunizar aos alunos a construção de conhecimentos de forma mais
prazerosa? Vimos muitas técnicas, mas elas não param por aí...
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
Para Haidt
No método da descoberta, o papel do professor é o de facilitador do processo de
descoberta e aprendizagem. Sua presença é fundamental, pois ele presta assistência
contínua a seus alunos, emite instruções claras e precisas, porpõe novas situações
para a retomada do trabalho, e ajuda os alunos na genera;lização e sistematização
dos novos conhecimentos adquiridos. (1995, p. 207).
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
92
Didática e Metodologia no Ensino Superior
3
No Unis-MG a cada semestre letivo os professores trabalham com projetos. Veja no site www.unis.edu.br no
Portal do Professor.
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
Podemos concluir esta seção afirmando que o projeto propicia diferentes mecanismos
de trabalhar o processo de aprendizagem não somente visando a área cognitiva, mas também
as áreas afetiva, social, emocional, motora e outras, buscando o equilíbrio do sujeito.
Quais ações serão executadas para envolver, motivar e desafiar o
corpo discente na realização de um projeto?
Será possível o envolvimento da comunidade no projeto? No
caso positivo, como, quando e onde envolvê-la?
Como envolver no projeto a maioria dos professores de uma
turma?
Quais ações serão executadas para envolver no projeto algumas
possíveis disciplinas?
Caro (a) aluno (a) estamos no final do nosso guia, espero que você tenha construído
bastante conhecimento em relação as unidades de estudo. Para concluirmos esta unidade de
estudo iremos plagiar Vilarinho (1985, p.52) retomando as três modalidades básicas dos
métodos de ensino apresentam:
Métodos de ensino individualizado: a ênfase está na necessidade de se atender
às diferenças individuais, como por exemplo: ritmo de trabalho, interesses,
necessidades, aptidões, etc., predominando o estudo e a pesquisa, o contato
entre os alunos é acidental.
Métodos de ensino socializado: o objetivo principal é o trabalho de grupo, com
vistas à interação social e mental proveniente dessa modalidade de tarefa. A
preocupação máxima é a integração do educando ao meio social e a troca de
experiências significativas em níveis cognitivos e afetivos.
Métodos de ensino sócio-individualizado: procura equilibrar a ação grupal e o
esforço individual, no sentido de promover a adaptação 2 do ensino ao educando
e o ajustamento deste ao meio social.
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
O quadro a seguir faz o fechamento das três modalidades básicas dos métodos e nos
aponta a escolha das técnicas em função dos objetivos a atingir, desta forma podemos concluir
Modalidades
Técnicas Aplicações
Básicas
Estimular método de estudo e pensamento reflexivo.
Estudo Dirigido Levar a autonomia intelectual.
Atender a recuperação de estudos.
Ensino por
Revisão e enriquecimento de conteúdos
fichas
Apresentação de informações em pequenas etapas e
Individualizado Instrução seqüência lógica.
programada Fornece recompensa imediata e reforço.
Permite que o aluno caminhe no seu ritmo próprio.
Leva o estudante a responsabilidade no desempenho das
Ensino por tarefas propostas.
módulos Propõe ao aluno os objetivos a serem atingidos e variadas
atividades para alcançar esses objetivos.
Modalidades
Técnicas Aplicações
Básicas
Troca de ideias e opiniões face a face.
Discussão em pequenos
Resolução de problemas.
grupos
Busca de informações.
Estudo de casos
Tomada de decisões.
Revisão de assuntos.
Discussão 66 ou
Estímulo à ação.
Phillips 66
Troca de ideias e conclusão
Definir pontos de acordo e desacordo.
Painel Debate, consenso e atitudes diferentes (assuntos
polêmicos)
Troca de informações.
Painel Integrado Integração total (das partes num todo).
Novas oportunidades de relacionamento.
Máximo de participação individual.
Troca de informações.
Socializado Grupo de cochicho
Funciona como meio de incentivação.
Facilita a reflexão.
Solução conjunta de problemas.
Discussão dirigida
Participação de todos os
Criatividade (Ideias originais).
Brainstorming
Participação total e livre.
Estudo aprofundado de um tema.
Coleta de informações e experiências.
Seminário
Pesquisa, conhecimento global do tema.
Reflexão crítica.
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
Modalidades
Técnicas Aplicações
Básicas
Divisão de um assunto em partes para estudo.
Simpósio Apresentação de ideias de modo fidedigno.
O grupão faz a conferência do que foi apresentado.
Verbalização.
GVGO ou Grupo na
Objetividade na discussão de ideias.
Berlinda
Capacidade de análise e síntese.
Troca de informações.
Entrevista Apresentação de fatos, opiniões e
Socializado pronunciamentos importantes.
Intercomunicação direta.
Diálogo Exploração, em detalhe, de diferentes pontos de
vista.
Exposição menos formal de ideias relevantes.
Palestra Sistematização do conteúdo.
Comunicação direta com o grupão.
Representação de situações da vida real.
Dramatização
Melhor rendimento e compreensão dos elementos.
Modalidades
Técnicas Aplicações
Básicas
Realiza algo de concreto.
Incentiva a resolução de problemas sugeridos
Método de Projetos
pelos alunos.
Exige trabalho em grupo e atividades individuais.
Desenvolve o pensamento reflexivo.
Método de problemas
Desenvolve o pensamento científico.
Compreensão do ―todo‖ a ser estudado.
Incentivo ao aluno e a criatividade, flexibilidade
Unidades didáticas
Sócio- nas atividades.
individualizante Permite organização do conteúdo aprendido.
Aplicação do conceitos teóricos na prática.
Unidades de Experiências Permite ao aluno uma análise crítica e a
reconstrução da experiência social.
Desenvolve o gosto pelo estudo científico.
Leva o aluno a distinguir a pesquisa pura da
Pesquisa como atividade
aplicada.
discente
Utiliza-se de diversas técnicas de coleta de dados.
Utiliza-se do método científico.
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
Referências
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Nacional Lei n° 9.394/96 comentada e interpretada, artigo por artigo.São Paulo: Editora
Avercamp, 2005.
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Didática e Metodologia no Ensino Superior
FREITAS, Lia. A produção da ignorância na escola. 4.e. São Paulo: Cortes, 1994.
HAIDT, Regina Célia Cazaux. Curso de didática geral. São Paulo: Ática, 1995.
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Socioconstrutivista na Formação de Professores. Porto Alegre: Artmed, 2002.
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para o assinante da A Folha de São Paulo.
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MELLO, Guiomar Namo de. Educação escolar brasileira – O que trouxemos do século
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NOGUEIRA, Nilbo Ribeiro. Pedagogia dos Projetos: uma jornada interdisciplinar rumo
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PIMENTA, Selma Garrido et al. Docência no ensino Superior. São Paulo: Cortez, 2002.
TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes,
2002.
VILARINHO, Lúcia Regina Goulart. Didática: Temas Selecionados. Rio de Janeiro: Livros
Técnicos e Científicos, 1985.
99