Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
CAOS
VOLUME I
A.C. SCHERHAUFEL
Quero fazer um convite a todos vocês para que possamos nos conhecer
melhor, vou disponibilizar abaixo todas as redes sociais que uso para assim
podermos conversar.
A. C. Scherhaufel
Facebook:facebook.com/adriano.canuto
Facebook: facebook.com/Arquitetura-do-Caos-466683633511114
Instagram: @adrianocanuto
E-mail: adrianocanuto@outlook.com
CAPÍTULO I
CAPÍTULO II
CAPÍTULO III
Impossível imaginar, que seu bairro outrora cheio de vida,
crianças brincando na rua, senhoras indo às compras nas feiras semanais com seus
carrinhos sempre cheios de verduras e leguminosos, cachorros latindo e brincando de
bola com a criançada, os pais se reunindo na calçada após o expediente, tomando a
sagrada cerveja de cada dia, as mulheres sempre reunidas, conversando sobre os
mais diversos temas e últimas tendências da moda. Agora era palco de uma catástrofe
deste tamanho. No mesmo lugar onde as crianças faziam umas traves do gol
improvisado com restos de madeira, agora uma tenda com corpos. Com uma mão cobrindo
a boca e a outra na cintura ele olhava para tudo aquilo e não acreditava no que
via, inúmeras urnas mortuárias. Um cheiro de produtos químicos, e látex das
borrachas das luvas dos médicos legistas.
- Senhor, sinto muito, mas precisamos que veja alguns corpos,
como o avião caiu principalmente em sua casa, é bom que nos ajude, tomara que não,
mas talvez sejam alguns membros de sua família. disse o Capitão.
Por mais que ele já tivesse pensado, e sentido isso desde o trânsito
no centro do distrito, era a primeira vez que isso tinha sido verbalizado por
alguém, e ouvir aquilo foi um choque, um trauma, palavras tem um poder de
destruição, muito maior do que uma bomba. A bomba atinge o material que quando vivo
tem a chance de se reconstruir, mas as palavras matam a alma, e essa uma vez morta
não tem volta, pelo menos é o que dizem por aí. O Arquiteto não disse nada, só
acenou com a cabeça positivamente e caminhou lentamente, um passo pequeno, quase
nulo por vez, não queria ver, se pudesse sair correndo dali e fingir que nada disso
tinha acontecido, que não passava de um sonho, o faria com certeza.
O Capitão mandou dois soldados que estavam ali pegar a primeira urna
que estava em uma pilha sobre outras três, eles a desceram e colocaram em cima de
um suporte que a deixava na altura da bancada, ao nível da cintura, fácil para
observar e identificar. Estava com uma cobertura de pano branco, o Capitão respirou
fundo olhou para Hanz, profundamente nos olhos, como quem quer passar um pouco de
força, apesar de militar, sabia que essa é a pior hora da vida de qualquer pessoa.
É o fundo do poço da existência humana, a tragédia é o limiar entre a vida e o
inferno, neste momento os dois se confundem e se misturam em um só, é o lugar onde
a alegria e a esperança ficam do lado de fora, esperando sua vez de agir, que não é
ali, definitivamente não é ali o lugar delas.
Silêncio.
Apreensão.
Coração disparado, a ansiedade tomando conta, sua barriga
borbulhando, até que lentamente o Capitão pega a ponta do pano que cobre a urna, e
puxa levemente para deixar a cabeça à mostra, ainda não é possível ver por causa do
movimento do pano, até que quando ele descobre totalmente o tronco e assenta o
pano, o rosto fica visível. O arquiteto estava com a cabeça voltada para o lado
para não encarar a situação, era o último resquício de negação da realidade, assim
talvez pudesse protelar mesmo que por mais alguns segundos a triste dor da
realidade, da confirmação de seus pesadelos. Até que um pensamento de coragem, ou
algo próximo disso, pairou sobre sua mente, ele olhou para seu cachorro e olhou
para a urna. O Capitão estava olhando com olhos profundos e tristes para Hanz, que
se aproximou em pequenos passos até mais próximo da urna e pode enxergar aquela
face pálida, gelada e rígida.
- Não é possível! seus olhos se encheram de água, começou a
soluçar de choro, sem ninguém ao seu lado para abraçar, somente seu cachorro
percebendo o choro do dono, estava arranhando sua perna tentando de algum jeito
oferecer esse abraço que ele tanto precisava. O Capitão colocou a mão sobre o ombro
do Arquiteto.
- Sinto muito, senhor!
- Minha irmã, Capitão. em prantos, não acreditando.
Acredito que tenham vindo para o feriado, sem avisar. O Capitão cobriu a irmã de
Hanz, e deu a ordem ao subalterno para guardarem a urna, e trazer a próxima.
- Quantas mais vou ter que ver? Não vou suportar Capitão.
- Você vai ter que ser forte, são mais algumas, podem ser de
algum vizinho que conheça, não pense que todas são de sua família. Se isso te
conforta, pense assim.
- Que diferença faz? Moro neste bairro desde que nasci, o que é
família e o que não é? Tudo já se confunde. Mas obrigado pela tentativa.
completou Hanz, ainda com lágrimas nos olhos, porém estava tentando buscar energias
de algum lugar para aguentar mais a essa tortura.
Os soldados pegaram a outra urna e colocaram no suporte de novo,
desta vez dava para perceber pela silhueta no pano que era uma pessoa mais
gordinha, tinha uma barriguinha saltando, o que deixou tudo mais tenso, era um
sacrilégio pensar que era uma grávida, duas vidas perdidas, e Hanz se lembrou de
sua vizinha que estava gestante, tentou negar mentalmente que poderia ser ela. Mais
uma vez o Capitão fez a vez do mensageiro da dor, retirando o pano e o debruçando
sobre o tronco do defunto. O olhar de Hanz era de susto, pavor, olhos arregalados,
cobriu a boca com suas mãos e balançava negativamente a cabeça de um lado para
outro, não acreditando, porém era óbvio.
- Cesare! o marido de sua irmã, o italiano. Capitão, eu
preciso continuar vendo. Não sei se quero continuar. Estou com muito medo.
- Precisar, não precisa. Tem coisas que não queremos, mas devemos
fazer. Essa é uma delas. Sinto muito por sua dor, mas você tem que ser forte.
Ele se afastou das urnas foi para fora da tenda, tomou um ar, seus
olhos estavam com profundas olheiras, quando saiu da tenda, só flashes das câmeras
dos jornais escritos, pipocando por todos os lados, as repórteres gritando e
chamando para uma entrevista, para contar o que estava acontecendo, se havia
conseguido identificar alguma vítima. Porém aquilo era indiferente para Hanz, nem
percebia todo este alvoroço do mundo externo, seu mundo estava todo ali, em sua
mente, trancado em seu próprio universo, os sintomas de sua patologia psicológica,
por incrível que pareça, já não surtia efeito. A síndrome age pelo medo, pela
ansiedade, ali tudo já estava se confirmando, ele já estava no meio da batalha, não
antes na guerra fria, no campo de guerra, o medo não existe, ali é sobrevivência,
vida ou morte.
Até agora a morte estava vencendo essa batalha.
- Senhor, podemos continuar? disse
o subalterno.
- Senão existe outro caminho, temos que continuar não é?
fazendo com os ombros, respondeu Hanz. Ele se dirigiu novamente para o
interior da tenda, onde estava posta uma nova urna no suporte, mais um tiro
no peito, um espinho na alma, um corte no coração. Seu coração novamente saiu em
disparada à sua frente, estava com muito medo, sua irmã e seu cunhado, que nem
visitavam muito sua casa estavam ali, era óbvio que todos também deveriam estar,
pois o feriado estava próximo. Não, desta vez são os vizinhos começou a repetir
para si mesmo, antes que outros pensamentos viessem a rondar sua mente.
- Já não basta o fracasso da missão, agora vou ter que conviver com
esses abutres da mídia, estou até vendo. Agora saia Rob, e avise logo o pessoal da
técnica, estejam preparados, senão precisaremos de muitos sacos para corpos.
A sala ficou vazia, ele levantou-se da cadeira e foi andando até a
poltrona, e arrastou-a para frente a fim de liberar espaço, atrás da poltrona havia
uma pequena estante com alguns objetos de decoração e livros, ele afastou alguns
livros e viu um painel com botões, digitou seu código e a estante foi
automaticamente recolhida ao lado, liberando uma passagem para um corredor escuro.
Adentrou no corredor e conforme andava as luzes iam acedendo e apagando, a estante
se recolheu ao local original e o corredor ficou tampado, quem entrasse na sala não
encontraria ninguém. O corredor não era muito longo, e ele chegou até uma porta de
aço grossa, que abriu quando o chefe colocou suas digitais em uma máquina do lado
da fechadura, ao conferir as informações, a porta se abriu.
Na sala havia uma poltrona no meio, igual ao de seu escritório e
televisões em todos os cantos, era uma sala escura, só o brilho das televisões
iluminavam o ambiente. Quando entrou na sala e sentou na poltrona as televisões
ligaram e rostos começaram a aparecer em cada uma, rostos diferentes, de senhores e
algumas senhoras, todos trajando roupas sociais, pareciam ser pessoas importantes
da sociedade.
- Você faz uma grande operação e deixa o principal escapar. Nunca
deveríamos ter deixado você no comando disso.- disse uma mulher na oitava televisão
da esquerda para à direta, no total eram doze aparelhos. Neste momento haviam sete
conectados à conferência que iria ocorrer.
- Tudo foi calculado meticulosamente, havia agentes espalhados pelo
distrito onde ele morava e alguns seguindo também. Não sabemos o que pode ter dado
errado. respondeu o chefe.
- Com tantos homens assim como consegue falhar? Você vai ter de
corrigir o erro, não importa o que tenha que fazer. disse um homem na terceira
televisão.
- Vou corrigir! Não tenham dúvidas disso, porém temos que esperar
algum tempo, ele é um mártir agora, todos estão sensibilizados pela sua história.
Os militares estão todos em minhas mãos, e os relatórios que tenho mostram que Hanz
ainda não se tocou de nada, ele está como um zumbi, já morreu, só não o avisaram
ainda. - respondeu o chefe.
- Esse é o problema, ele vai virar um símbolo e jamais conseguiremos
apagá-lo. disse um homem na televisão dois.
- Não se preocupe, já comprei a mídia e destruiremos sua reputação,
está tudo preparado, ele não vai ter para onde correr. Tudo será exposto da pior
forma. respondeu o chefe, acendendo um charuto.
- É bom que isso funcione, para o seu bem. Temos muito em jogo com
ele vivo. disse uma mulher na televisão quatro.
- Já disse, está tudo sob controle, apesar do plano ter falhado,
outro já está em ação. baforando a fumaça do charuto. Tenho mais o que fazer,
mantenho vocês informados. Com licença. soltou mais uma baforada e levantou-se,
saindo da sala rumo ao escritório. Ao retornar em sua sala, encontrou um envelope
em sua mesa com o nome Hanz.
Correu e rasgou o envelope que tinha algumas fotos de Hanz no
escritório, em várias horas do dia e da noite, bem como um papel com um relatório
dizendo que o arquiteto estava morando agora em seu escritório na metrópole.
- Isso é bom, está mais perto, mais fácil de vigiá-lo, tanta coisa
ruim pode acontecer com ele aqui. - disse rindo.
CAPITULO VI
CAPÍTULO VII
- Merda! disse Susan para ela mesma. Quando ela foi ver mais uma
vez o bilhete percebeu que tinha uma mensagem oculta no mesmo, escrita com algum
material que só deixava visível com água. Era uma frase que se tornaria o mantra de
Hanz.
A dor desperta no homem o seu lado mais
obscuro.
A repórter curiosa demais pegou o outro bilhete e também
jogou-o na neve e uma palavra surgiu, uma palavra bem grande, escrita a letras
garrafais.
VINGANÇA