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Estudo morfofuncional do sistema renal

Carlos Alberto de Moraes


Especialização em Fisiologia do Exercício - UNICAMP
Professor da Faculdade Comunitária de Campinas, da Faculdade Comunitária de
Santa Bárbara e da Faculdade Anhanguera de Piracicaba
e-mail: carlos.anatomia@yahoo.com.br

Paulo Roberto Campos Colicigno


Mestre em Anatomia Morfofuncional Estrutural e Ultra estrutural - USP
Professor da Faculdade Comunitária de Campinas - Unidade 3
Supervisor dos Laboratórios de Anatomia da Anhanguera Educacional.
e-mail: paulo.colicigno@unianhanguera.edu.br

Resumo

Este trabalho tem como objetivo mostrar a importância do sistema renal, a partir de um estudo morfofuncional do sistema,
enfatizando seus aspectos anatômicos e fisiológicos. Para isto foi realizada uma abrangente revisão na literatura atual, conjeturada
de forma crítica, a fim de compreender as principais estruturas anatômicas, bem como a sua localização, dimensões e aspectos,
bem como um estudo sobre as principais funções renais e do néfron, visando o entendimento de todo o mecanismo de controle
homeostático interno.

Palavras-chave: rim, anatomia, fisiologia, néfron, glomérulo.

Introdução • Manutenção do equilíbrio ácido-básico: junto


com os pulmões, os rins são responsáveis pela
Todo alimento digerido pelo nosso sistema manutenção do pH do liquido extracelular dentro
digestório é transportado através do sangue e da linfa de valores muito estreitos.
para todas as células do nosso corpo, assim como o • Excreção de catabólitos: é a função mais
oxigênio. Depois que os tecidos utilizem os nutrientes e elementar dos rins sendo responsável pela
o oxigênio necessário para a sua manutenção, os detritos eliminação de uma serie de substancias resultantes
devem ser eliminados, para que não comprometam o do catabolismo orgânicos de proteínas, lipídios e
funcionamento do organismo com substâncias tóxicas carboidratos.
(AIRES, 1999; DOUGLAS, 2001/2002 A, B, C; • Função reguladora hormonal: os rins secretam
GUYTON, 2002). diversas substâncias que agem como hormônios
O aparelho excretor tem justamente a função de reguladores do funcionamento do organismo.
eliminar todos os detritos do organismo, bem como as Quando há insuficiência renal, a perda destas
substâncias em excesso, usando como via principal os funções desencadeia sérios problemas para o paciente.
rins. Entretanto, na maioria das vezes, há tempo de ocorrerem
Entre as funções do rim, cinco se destacam por adaptações sistemáticas pelo tecido renal ainda não
suas importâncias: lesado (AIRES, 1999; DOUGLAS, 2001/2002 A, B,
• Manutenção do equilíbrio hídrico: função pela C; GUYTON, 2002).
quais os rins mantêm constante a quantidade de Tendo em vista a importância do sistema renal para
água do organismo. o equilíbrio do meio interno, este trabalho enfocará as
• Manutenção do equilíbrio eletrolítico: papel principais estruturas anatômicas, macroscópicas e
mantido dentro de uma faixa estreita de microscópicas, bem como também as principais funções
normalidade a concentração de diversos eletrólitos.
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do sistema a fim de garantir o pleno funcionamento do 2006; DELAMARCHE, 2006; TORTORA, 2007).
nosso organismo. Embora os rins constituam menos de 0,5 % do
total da massa do corpo, recebem de 20 a 25 % do
Aspectos morfofuncionais do sistema renal débito cardíaco em repouso, por meio das artérias renais
(direita e esquerda), que são dois grandes troncos que
Aspectos Anatômicos se originam da artéria aorta abdominal, ao nível do disco
intervertebral entre a primeira e a segunda vértebras
O Sistema renal é formado por dois órgãos lombares. A artéria renal direita é mais longa que a
denominados de rins, os quais realizam a maior parte esquerda devido à posição da artéria aorta e seguem
das funções de excreção, filtrando o sangue e recolhendo dorsalmente as veias renais. Antes de atingir o hilo renal,
deste os resíduos metabólicos de todas as células do cada artéria se divide 5 ramos, denominadas de artérias
nosso corpo (DI DIO, 1999; GARDNER, 1998; segmentares, que suprem segmentos diferentes do órgão.
MOORE, 2007). O segmento superior do rim é irrigado pela artéria
Este órgão é dotado de um sistema de tubos segmentar superior, os segmentos anteriores são nutridos
condutores do produto final deste filtrado, que é a urina, pelas artérias segmentares antero-superiores e antero-
a qual chamamos de vias urinárias, que são compostas inferiores, o segmento inferior do rim é nutrido pela artéria
por: pelve renal, ureteres, bexiga urinária e uretra. A urina segmentar inferior e o segmento posterior do rim é
produzida pelos rins, é o veículo no qual este aparelho irrigado pela artéria segmentar posterior. Ao penetrarem
controla a eliminação de água, sais minerais, íons, resíduos no seio renal cada artéria do segmento da origem a
metabólicos, enfim, substâncias que em excesso causam diversos ramos que entram no parênquima entre as
um desequilíbrio fisiológico em nosso organismo. (DI colunas e os lobos renais, as denominadas artérias
DIO, 1999; GARDNER, 1998; DOUGLAS, 2001/ interlobares, que seguem em direção as bases das
2002 A, B, C; DÂNGELO; FATTINI, 2006; MOORE, pirâmides renais em formato de arco, entre o córtex e
2007). medula renal, passando então a serem chamadas de
Os rins são estruturas retro-peritoniais, localizados artérias arqueadas. Daí segue em direção ao córtex renal,
na região abdominal, ao lado da coluna vertebral, entre entre os lóbulos renais, formando as artérias
as duas ultimas vértebras torácicas e as três primeiras interlobulares, que dão origem as arteríolas aferentes,
vértebras lombares. São recobertos pelo peritônio e que se divide em uma rede capilar enovelada denominada
circundados por um tecido areolar frouxo, que é uma glomérulo, que é a porção vascular do néfron, que será
delaminação especial da fáscia subserosa denominada discutido adiante. Estes capilares glomerulares se reúnem
fáscia renal (anterior e posterior) e por uma massa de para formar a arteríola eferente, que após divisões
tecido adiposo denominada gordura perirrenal. O rim formam a rede de capilares peritubulares que circundam
direito é um pouco mais caudal que o esquerdo, as partes tubulares do néfron no córtex renal e as
provavelmente devido a sua relação superior com o arteríolas retas que suprem as partes tubulares do néfron
fígado. Sua coloração é um marrom escuro; possui um na medula renal. As redes de capilares peritubulares se
formato de grão de feijão; mede aproximadamente 12 reúnem para formarem as vênulas peritubulares e em
cm de altura, de 5 a 7,5 cm de largura e 2,5 cm de seguida as veias interlobulares, que drenam o sangue para
espessura; seu peso varia entre 125 a 170 gramas no as veias arqueadas, que correm em direção as colunas
homem adulto, e 115 a 155 gramas na mulher adulta (DI renais como veias interlobares que se une no seio renal
DIO, 1999; GARDNER, 1998; MOORE, 2007; formando as veias comunicantes, que deixam o rim por
GRAY, 1988). meio das veias renais (direita e esquerda) sendo que a
Apresenta um ápice, uma base, faces e margens veia renal direita é menor que a esquerda, devido à
distintas, sendo uma lateral convexa e outra medial posição da veia cava inferior, onde o sangue venoso é
côncava. Nesta ultima encontramos uma profunda fissura levado à circulação sistêmica (DI DIO, 1999; DUQUES,
longitudinal denominada de hilo renal, região esta que 2002; GARDNER, 1998; MOORE, 2007; GRAY,
permite a entrada e saída de estruturas dos rins (veias, 1988; DÂNGELO; FATTINI, 2006; DELAMARCHE,
artérias, nervos, ureteres) denominada de pedículo renal. 2006; TORTORA, 2007).
Superficialmente o rim é revestido por uma túnica fibrosa Se fizermos um corte longitudinal em um rim,
denominada cápsula fibrosa, que confere uma proteção passando pelas suas bordas, iremos observar as
firme e lisa ao órgão (DI DIO, 1999; GARDNER, 1998; estruturas macroscópicas internas do rim. Ao
MOORE, 2007; GRAY, 1988; DÂNGELO; FATTINI, observarmos uma de suas faces, veremos uma camada
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fibrosa externa, apresentada em forma de casca, na qual atravessa a próstata denomina-se uretra prostática; a
denominamos de córtex renal. Em direção a face medial, porção da uretra que atravessa o soalho da pelve e
encontraremos a medula renal, estrutura avermelhada músculo esfíncter externo da bexiga denomina-se uretra
escura em um formato triangular, com a sua base voltada membranácea e finalmente a porção da uretra que
para o córtex e seu vértice voltado para o seu interior, penetra no bulbo do pênis, onde se encontra o corpo
denominada de pirâmide renal, intercalada por estruturas esponjoso do pênis, denomina-se uretra esponjosa.
em forma de colunas, na qual denominamos de colunas Outra diferença da uretra masculina para a feminina, é
renais (DI DIO, 1999; GARDNER, 1998; MOORE, que na primeira além de servir como via para eliminação
2007; GRAY, 1988; DÂNGELO; FATTINI, 2006; de urina, também serve como via para eliminação de
DELAMARCHE, 2006; TORTORA, 2007). gametas (espermatozóides) (DI DIO, 1999;
No ápice destas pirâmides encontramos a papila GARDNER, 1998; MOORE, 2007; GRAY, 1988;
renal, estrutura com várias perfurações (como chuveiro), DÂNGELO; FATTINI, 2006; DELAMARCHE, 2006;
denominada de área crivosa, que lança sua excreta em TORTORA, 2007).
um sistema de cálices renais (maiores e menores) que se Anatomicamente também é muito importante a
unem formando a pelve renal, conjunto de tubos também relação da porção final do sistema digestório (ânus), com
conhecido por sistema cálico-piélico, que apresenta o pudendo feminino (óstio da vagina e óstio externo da
continuidade em um tubo fino chamado de ureter. Este uretra) para os estudos das patologias urinárias, pois esta
sistema, juntamente com os vasos e nervos que tem proximidade é uma das principais causas das infecções
acesso ao rim, encontram-se em uma expansão do hilo urinárias do sexo feminino, devido à higienização feita
renal denominada seio renal. O ureter mede de forma incorreta nestes órgãos.
aproximadamente 25 a 34 cm de comprimento, é
composto de três camadas distintas: a mais externa é Aspectos fisiológicos
túnica adventícia, composta por tecido conjuntivo, sendo
parcialmente revestida de serosa nas regiões onde o O rim desenvolve um papel exócrino, que é em si
ureter está em contato com o peritônio; a túnica média a formação de urina, ora mais, ora menos diluída, e
composta por musculatura lisa; e a túnica interna é também desenvolve suas funções endócrinas, através de
composta por camada mucosa. Segue seu trajeto células secretoras específicas, das quais muitas ainda não
retroperitonealmente até um saco musculomembranoso são bem definidas; contudo a função homeostática do
localizada na cavidade pélvica denominada de bexiga meio interno, sendo a função principal do rim, é a efetuada
urinária, um órgão especializado em armazenar urina, e pela formação de urina na unidade funcional básica do
quando esta se encontra totalmente cheia, com as suas rim que é o néfron, um conjunto de estruturas vasculares
fibras musculares estiradas (músculo detrussor), estas e renais que visam à formação de urina de acordo com
se contraem eliminando a urina armazenada por um outro o papel homeostático do qual o rim está incumbido
tubo chamado de uretra, que se estende do óstio interno (AIRES, 1999; DOUGLAS, 2002 A, B, C; GUYTON,
da uretra no fundo da bexiga, até o óstio externo da 2002; DELAMARCHE, 2006).
uretra na glande do pênis no sexo masculino, e no Como descrito anteriormente, a unidade
vestíbulo da vagina no sexo feminino (DI DIO, 1999; morfofuncional básica do rim é o néfron. Toda a urina
GARDNER, 1998; MOORE, 2007; GRAY, 1988; resulta da filtragem do sangue que passa por estes
DÂNGELO; FATTINI, 2006; DELAMARCHE, 2006; néfrons, no qual se calcula que existam cerca de 6 a 12
TORTORA, 2007). x10 5 néfrons. Isto não significa que todos são
A bexiga urinária masculina se diferencia em muito funcionantes, variando justamente de acordo com a
da feminina, devido à presença da próstata, inferiormente, ritmicidade da função renal, existindo néfrons ativos e
e das vesículas seminais e ductos deferentes, lateralmente. de repouso, o que significa uma reserva funcional para o
Já a bexiga urinária feminina ao invés de se relacionar rim, que provavelmente serão utilizados em uma situação
posteriormente com o reto, como faz a masculina, de sobrecarga renal (AIRES, 1999; DOUGLAS, 2002
relaciona-se com o útero. A uretra masculina também se A, B, C; GUYTON, 2002; DELAMARCHE, 2006).
diferencia da feminina em relação ao seu comprimento, A unidade nefrônica urinária está constituída por
sendo a feminina menor medindo cerca de 4 cm, e a diferentes elementos que desenvolvem também papeis
masculina maior e variando seu comprimento entre 17,5 funcionais diferentes na formação da urina. Esta se inicia
a 20 cm, sofrendo denominações específicas devido ao pela cápsula de Bowman, na qual existem duas lâminas
órgão que atravessa. A porção da uretra masculina que ou membranas, uma parietal mais externa e outra interna,
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da qual está separada por um espaço capsular, onde se uma vênula, esta rede forma uma outra arteríola
acumula o filtrado glomerular (NETTER, 1973; AIRES, denominada arteríola eferente, de diâmetro relativamente
1999; DOUGLAS, 2002 A, B, C; GUYTON, 2002; menor que a aferente, também com musculatura lisa
DELAMARCHE, 2006). desenvolvida, porém com propriedade de se contrair
A camada interior se adere firmemente à estrutura sob influência de substancias vasoativas ou sobre ação
capilar vascular, o glomérulo, através da membrana basal, do sistema nervoso autônomo (NETTER, 1973; AIRES,
de modo que o endotélio vascular, o epitélio da cápsula 1999; DOUGLAS, 2002 A, B, C; GUYTON, 2002;
e a mesma membrana basal formam o glomérulo renal DELAMARCHE, 2006).
(JUNQUEIRA, 1999; DOUGLAS, 2002 A, B, C; Da arteríola eferente surgem capilares pós-
GUYTON, 2002). glomerulares envolvendo o néfron, que podem ser
Este glomérulo renal se origina a partir da artéria corticais ou justamedulares. No caso de néfrons corticais,
renal, proveniente a artéria aorta abdominal, de modo os capilares pós glomerulares vão se dispor de maneira
que após várias ramificações deste vaso, como a formar uma rede capilar peritubular, envolvendo os
descrevemos anteriormente, forma-se a arteríola túbulos contornado proximal e distal. Caso sejam néfrons
aferente, de diâmetro relativamente largo e de grande justamedulares, os capilares formaram os chamados vasa
quantidade de musculatura lisa desenvolvida, originando recta, que como o nome diz, são vasos que se dirigem
uma estrutura secretora denominada de polkissen ou paralelamente aos túbulos contornados. Só depois deste
aparelho justaglomerular, sensível às variações de fluxo trajeto é que estes capilares organizam-se em vênulas,
sanguíneo e uma das estruturas responsáveis pela que se confluem formando o sistema venoso renal,
secreção de renina. Logo após esta arteríola se introduz chegando à veia renal que se desemboca na veia cava
a cápsula de Bowman e dá lugar a uma profusa rede de inferior (NETTER, 1973; AIRES, 1999; DOUGLAS,
capilares, de aspecto enovelado, os glomérulos renais, 2002 A, B, C; GUYTON, 2002).
que possui uma elevada pressão hidrostática nestes Como foi comentado acima, existe um sistema de
capilares glomerulares, cerca de 60 mm Hg, o que resulta túbulos que se formam a partir do estreitamento da
na rápida velocidade de filtração, o que diferencia cápsula de Bowman na qual denominamos de túbulo
grandemente com a pressão hidrostática da rede capilar contornado proximal e túbulo contornado distal.
peritubular, que varia em cerca de 13 mm Hg, o que O túbulo contornado proximal é um túbulo de
facilita grandemente na rápida absorção de líquidos formato irregular, situado totalmente no córtex renal,
(NETTER, 1973; AIRES, 1999; DOUGLAS, 2002 A, formado por células cilíndricas e prismáticas, exibindo
B, C; GUYTON, 2002; DELAMARCHE, 2006). em seu pólo apical microvilosidades, as bordas de
Bregman (1997) salientou que indivíduos escova, aumentando a área e superfície tubular, e com
submetidos a uma dieta hiperproteica, de preferência de isto aumentando também a sua capacidade absorção,
origem animal, tem um aumento significativo na taxa de pois além de possuírem células epiteliais com grande
filtração glomerular quando comparados a indivíduos quantidade de mitocôndrias para sustentar os vigorosos
com dieta hiperproteica proveniente da soja, e ainda os processos de transporte ativo, também possuem nas
estudos realizados mostraram que a proteína animal bordas de escova moléculas protéicas transportadoras,
ocasionava um aumento da excreção fracional de que possibilitam o mecanismo de co-transporte de sódio
albumina e da imunoglobulina G, o que ocasionava um ligado a múltiplos nutrientes orgânicos, por exemplo, os
comprometimento da seletividade da membrana basal aminoácidos e a glicose, e o mecanismo de contra
dos capilares glomerulares, tanto para a carga bem como transporte, que reabsorvem sódio dos túbulos renais e
para o tamanho, alterações estas não observadas em secretam na luz do túbulo íons de hidrogênio e de potássio.
relação à dieta com a soja. Os túbulos contornados proximais fazem a reabsorção
Assim como a maioria dos capilares, os capilares maciça do filtrado glomerular, liberando para a porção
glomerulares são relativamente impermeáveis às descendente da alça de Henle 40 % do volume que
proteínas, de modo que o filtrado glomerular é penetrou na cápsula de Bowman (NETTER, 1973;
essencialmente desprovido de proteínas e de elementos AIRES, 1999; CASSOLA, 2000; DOUGLAS, 2002
celulares, inclusive eritrócitos, sendo assim, as A, B, C; GUYTON, 2002; DELAMARCHE, 2006).
concentrações do filtrado glomerular presente nos túbulos Este túbulo se aprofunda em direção a medula,
do néfron, incluindo as moléculas orgânicas e os sais, terminando seu trajeto na porção descendente da alça
assemelham-se às concentrações encontradas no plasma de Henle, um tubo em forma de “U” , que pode ter uma
sanguíneo. Na saída do glomérulo, ao invés de formar alça curta se esta pertencer a um néfron cortical, ou uma
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alça mais profunda se esta pertencer a um néfron justaglomerular, responsáveis pela secreção de renina
justamedular, que neste ultimo caso pode ser tão profundo que, devido a sua ação peptidásica, permite a sua cisão
que a alça se aproxima da papila renal (NETTER, 1973; ao angiotensionogênio hepático, formando assim a
AIRES, 1999; CASSOLA 2000; DOUGLAS, 2002 Angiotensina I, que oferece efeitos cardio-depressores
A, B, C; GUYTON, 2002; DELAMARCHE, 2006). fracos, talvez decorrentes do efeito que reduz o fluxo
No ramo descendente da alça de Henle, a sanguíneo coronário, este sim, um efeito vigoroso
membrana é bastante permeável à água e aos íons de exercido pela Angiotensina I. (AIRES, 1999;
sódio e cloro. Já o mesmo não ocorre com relação à CASSOLA, 2000; DOUGLAS, 2002 A, B, C;
membrana do ramo ascendente, que é impermeável à GUYTON, 2002; DELAMARCHE, 2006).
água e, além disso, apresenta um sistema de transporte Porém sobre efeito do E.C.A (Enzima Conversora
ativo que promove um bombeamento constante de íons de Angiotensina) a Angiotensina I transforma-se em
sódio do interior para o exterior da alça, carregando Angiotensina II, de amplas ações fisiológicas como: ação
consigo íons cloreto. Devido a estas características, vasoconstritora, que é de grande importância sua ação
enquanto o filtrado glomerular flui através do ramo sobre a arteríola eferente; ação estimulante direta na
ascendente da alça de Henle, uma grande quantidade reabsorção de sódio na célula tubular proximal e distal,
de íons sódio é bombeada ativamente do interior para o significando assim retenção isosmótica de água e aumento
exterior da alça, carregando consigo íons cloreto. Este do volume de líquido extracelular; ação estimulante da
fenômeno provoca um acúmulo de íons de sódio e de secreção de Aldosterona, (mineralocorticóide) na zona
cloro no interstício medular renal, aumentando assim sua glomerular do córtex da glândula supra–renal, que reforça
concentração, e com isto a sua osmolaridade também é fortemente o efeito anti-nautriurético do rim,
aumentada, quando comparada aos outros principalmente no túbulo contornado distal, excretando
compartimentos corporais. Essa osmolaridade elevada pela urina mais potássio e íons H+, decorrente da
faz com que uma considerável quantidade de água excessiva troca de sódio por estes íons; ação sobre as
constantemente flua do interior para o exterior do ramo células mesangiais do glomérulo, que passam a se contrair
descendente da alça de Henle, enquanto que, ao mesmo diminuindo a área de filtração glomerular e a taxa de
tempo, os íons de sódio e de cloro fluem em sentido filtração glomerular; estimula a sensação de sede no
contrário, no mesmo ramo. Sendo assim a função da hipotálamo (núcleo sub-fornicial). (FEITOSA;
porção ascendente da alça de Henle está relacionada CARVALHO, 2000; DOUGLAS, 2000/2001/2002;
com a reabsorção de sais, diluindo assim o fluído luminal, DELAMARCHE, 2006).
pois o epitélio é impermeável a água (NETTER, 1973; Na revisão de Helou (1998), foi descrito que
AIRES, 1999; CASSOLA, 2000; DOUGLAS, 2002 preparados de rins hidronefróticos, que permitem a
A, B, C; GUYTON, 2002; DELAMARCHE, 2006). visualização in vivo da microcirculação renal, mostraram
O ramo ascendente da alça de Henle se dirige ao que a infusão de Angiotensina II exerce ação constritora
córtex e dá origem ao túbulo contornado distal, de tanto nas arteríolas aferentes quanto nas eferentes, e que
localização exclusiva cortical, com células cilíndricas a perfusão in vitro dos néfrons justamedulares
basais sem a presença da borda de escovas encontradas demonstrou a ação preferencial deste agonista nas
nos túbulos contornados proximais, ou na nova arteríolas aferentes.
nomenclatura, porção convoluta do túbulo Nos trabalhos realizados por Feitosa e Carvalho
distal.(NETTER, 1973; AIRES, 1999; CASSOLA, (2000), foram observados que estudos prospectivos e
2000; DOUGLAS, 2002 A, B, C; GUYTON, 2002; randomizados demonstram que o uso dos inibidores da
DELAMARCHE, 2006). enzima conversora de Angiotensina (IECA) reduzem, de
Nas células epiteliais do túbulo contornado distal, forma significativa, a morbimortalidade tanto nas formas
forma-se a mácula densa estrutura também capaz de assintomáticas, como principalmente, nas formas mais
secretar renina, que por razões anatômicas, aproximam severas de disfunção ventricular esquerda, pois com esta
a sua localização ao glomérulo, porém diferentemente inibição diminui-se a liberação das catecolaminas nas
do aparelho justaglomerular, a mácula densa é sensível terminações nervosas simpáticas. Porém no sabe-se que
às reduções de sódio, de modo que ao chegar menos a IECA inibe somente formação da Angiotensina II
sódio pelo fluído tubular, esta condição excitaria a circulante, porém há evidencias da produção autócrina
secreção de renina nas células que interagem a mácula e parácrina da angiotensia II nos tecidos, o chamado
densa. A partir daí, mácula densa e aparelho sistema renina-Angiotensina tecidual, especialmente o
justaglomerular, formariam o chamado sistema muscular cardíaco, e esta produção não é bloqueada
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pela ação deste inibidor. arterial, no qual através de processos de depuração
Finalmente o último segmento do néfron está plasmática renal (clearance renal); absorção e
constituído pelo ducto coletor, formação mais larga que reabsorção tubular de água, açucares, vitaminas, sais
se dirige novamente no sentido da medula renal e papila minerais e outros, sendo o produto final resultante deste
onde se finaliza. O ducto coletor também exerce certa intenso trabalho renal a urina (AIRES, 1999;
capacidade de reabsorção de eletrólitos e uréia, DOUGLAS, 2002 A, B, C; GUYTON, 2002).
desempenhando assim um papel de importância nos
processos de concentração e diluição da urina. As Considerações finais
características funcionais e os fenótipos celulares deste
segmento variam axialmente, a ponto de subdividir o tubo O sistema excretor composto pelos rins, ureteres,
coletor em porção cortical e medular. No ducto coletor bexiga urinária e uretra realizam um importante trabalho
cortical encontramos dois tipos de células, as intercalares na filtração do sangue e formação da urina, visando assim
e as principais. As células intercalares, conforme o manter o controle do equilíbrio homeostático interno. São
subtipo, Alfa ou Beta, secretam o íon H+ ou bicarbonato muitas as funções atribuídas ao rim, entre elas
e conferem ao rim competência para intervir no equilíbrio destacamos a regulação do volume e composição do
ácido-base. As células principais reabsorvem sódio e sangue; regulação da pressão arterial; contribuição para
secretam potássio sobre o controle dos hormônios o metabolismo (gliconeogênese, secreção de
Aldosterona e arginina vasopressina, que é o hormônio eritropoetina e participação na síntese de vitamina D);
antiduirético. Como as células de outro qualquer participação da formação do sistema renina-angiotensina
segmento, as principais tem, na membrana basolateral periférico, para posterior conversão em Angiotensina I
bombas de sódio e potássio e canais de potássio, pelos e II que auxilia na formação de Aldosterona; e o
quais a difusão do íon compensa o influxo pela bomba e transporte, armazenamento e eliminação da urina, que é
contribui preponderantemente para o estabelecimento o produto final do intenso trabalho da depuração
da diferença de potencial elétrico na membrana sanguínea. Cabe enfatizar que qualquer deformação ou
basolateral. (AIRES, 1999; CASSOLA, 2000; desequilíbrio no funcionamento das estruturas pré, intra
DOUGLAS, 2002 A, B, C; GUYTON, 2002; e pós-renais, podem desencadear sérios problemas
DELAMARCHE, 2006). renais, cardíacos, vasculares, hemodinâmicos e cerebrais,
Embora o rim não seja uma glândula endócrina que se não forem diagnosticados e tratados a tempo
propriamente dita, cabe a ele algumas funções secretoras podem se tornar irreversíveis, dificultando a qualidade
de substâncias, que muitas vezes, tem características de vida caso estes indivíduos venham a apresentar alguma
hormonais, que de acordo com pesquisas, a porção nefropatologia.
secretora do rim parece estar toda localizada no córtex
Referências Bibliográficas
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Recebido em 12 de setembro de 2007 e aprovado em


31 de outubro de 2007.

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