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Rio, Zona Norte é um filme de 1957, dirigido por Nelson Pereira dos Santos e
narra a história de Espírito da Luz Soares (interpretado por Grande Otelo), compositor
de samba em busca de sucesso e reconhecimento, que tem o sonho interrompido pelas
injustiças sociais e condições quase sub-humanas do meio em que vive. A criação do
personagem foi inspirada na vida do cantor e compositor Zé Keti, amigo pessoal do
realizador. Ao propósito, o filme foi um grande fracasso de bilheteria e mal recebido
pela crítica.
É importante notar, que tanto Maurício quanto Moacir, ambos homens brancos
de classe média, representam o racismo brasileiro: Espírito necessita da intervenção de
Moacir para tentar eternizar seus sambas; Maurício estabelece com Espírito uma relação
exploratória e de total desprezo, baseado em mentiras. A trama, envolta dessas três
figuras, retrata a decadência profissional de Espírito. Porém, a desilusão não acontece
somente pelo viés do trabalho, mas também pelas relações familiares, que por sua vez,
estão diretamente ligadas as condições (sociais e financeiras) em que o protagonista
vive.
Espírito, logo no início, conhece Adelaide, mulher mais jovem que ele, na qual
pretende se casar. Em uma das cenas mais memoráveis do filme, e que, a meu ver, a que
mais se aproxima de Rossellini, Espírito acorda em sua casa (simples, pequena de
apenas um cômodo) ao lado da futura esposa, se arruma para sair e diz a ela que logo
irão se mudar para uma residência maior (de dois cômodos). Em seguida, em um plano
geral, os dois saem e descem o morro em que moram (neste momento, Nelson Pereira
do Santos mostra de forma magistral a pobreza do subúrbio carioca). O cineasta se
revela muito habilidoso em registrar pequenos espaços, utilizando sutis movimentos de
câmera (em sua maioria pan e zoom), sempre deixando os dois personagens em quadro.
Aliás, durante todo filme, predomina-se planos mais abertos e longos.