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PREFÁCIO
Neste prefácio, José Paulo Netto, além de expor seus elogios a qualificação e autonomia
intelectual de Barroco, diz estar convencido de que este livro constitui, na bibliografia do Serviço
Social em língua portuguesa, o primeiro trabalho que oferece fundamentação adequada à
formulação ética compatível com à formulação ética compatível com um projeto profissio na l
radicalmente crítico, substantivamente democrático, concretamente humanista e orientado para o
horizonte histórico do que Marx, em 1844, qualificava como emancipação humana.
Netto também sintetiza brevemente os dois capítulos do livro dizendo que no primeiro
capítulo Barroco explicita o referencial com que processa a análise da ética e no segundo, ela nos
oferece a crítica elementar do conservadorismo ético-profissional e comprova suas hipóteses com
o exame dos seus correspondentes Códigos de Ética (brasileiros e internacionais).
Netto ainda ressalta que o espaço da ética é intrinsecamente engendrante de polêmicas.
CAPÍTULO I
TRABALHO, SER SOCIAL E ÉTICA
A capacidade ética do ser social: a natureza das objetivações morais (p. 42 a 46)
A moral origina-se do desenvolvimento da sociabilidade; responde à necessidade prática
de estabelecimento de determinadas normas e deveres, tendo em vista a socialização e a
convivência social. Possibilita que os indivíduos adquiriam um “senso” moral.
O senso moral ou moralidade é uma medida para julgar se os indivíduos estão socializado s.
Por isso, a moral tem uma função integradora. Estabelece uma mediação de valor entre o indivíd uo
e a sociedade; entre ele e os outros, entre sua consciência e sua prática.
Ontologicamente considerada, a moral é uma relação entre o indivíduo singular e as
exigências genérico-sociais.
Considerada em seus fundamentos ontológicos, a moral é parte da práxis interativa. Sob
esta perspectiva, contém uma série de potencialidades emancipadoras. Porém, tais potencialidades,
em determinadas condições sociais, podem ser direcionadas para seu oposto.
A moral é parte fundamental da vida cotidiana. É preciso distinguir consciência e
subjetividade no âmbito da cotidianidade, os valores morais tendem a ser interiorizados
acriticamente.
Na sociedade de classes, a moral cumpre uma função ideológica precisa: contribui para
uma integração social viabilizadora de necessidades privadas, alheias e estranhas às capacidades
emancipadoras do homem. Nessas condições as “escolhas” são direcionadas por determina ntes
ideológicos coercitivos, voltados a dominação; nem sempre são propiciadoras da liberdade.
A capacidade ética do ser social: Vida cotidiana e alienação moral (p. 46 a 54)
No campo da moral, a alienação da vida cotidiana se expressa, especialmente pelo
moralismo, movido por preconceitos. Assim, “o afeto do preconceito é a fé”, uma atitude
dogmática, movida em geral, pelo irracionalismo e pela intolerância. O preconceito pode ocorrer
nas várias esferas da atividade social. No entanto, dado que a moral está presente, como mediação,
nas várias dimensões da vida social, o preconceito pode se transformar em moralismo, o que ocorre
quando todas as atividades e ações são julgadas imediatamente a partir da moral. Por suas
características, o moralismo é uma forma de alienação moral.
Por sua função social (a moral), busca integrar os indivíduos através de normas; esse caráter
legal implica uma certa coerção. As normas tendem a coagir na direção de necessidades sociais
perpassadas pela dominação.
Como a moral está presente em todas atividades humanas, existe a possibilidade de
conflitos quando determinadas situações exigem escolhas cujos valores se chocam com a
moralidade dos indivíduos sociais; isso pode decorrer, por exemplo, na relação entre moral e
política. A atividade política supõe a projeção ideal do que se pretende transformar, em qual
direção, com quais estratégias; por isso, implica projetos vinculados a idéias e valores de uma
classe, de um estrato social ou de um grupo, donde sua vinculação com a ideologia como
instrumento de luta política.
Como práxis, a ação política permite aos indivíduos saírem de sua singularidade, elevando -
se ao humano-genérico. Ao mesmo tempo, a opção política não transforma, naturalmente, a
moralidade internalizada através de valores e deveres; podem entrar em contradição, podem
reproduzir atitudes moralistas negando a intencionalidade política.
Se a política é reduzida a moral, estamos diante do chamado moralismo abstrato. Quando
a moral é reduzida à política, estamos em face de uma ética dos fins.
Na sociedade capitalista, os conflitos ético-morais se complexificam em face da
fragmentação da própria moral. “A fragmentação da moral em “morais” específicas expressa a
subdivisão do valor nas várias atividades humanas; “existe a moral sexual”, “a moral do trabalho”,
a “moral dos negócios”.
Outro aspecto dos conflitos morais é dado pela sua estrutura configurada pelas normas
abstratas e concretas.
No contexto da propriedade privada dos meios de produção, da divisão social do trabalho
e de classes, a universalização da moral, em torno de normas abstratas, não significa sua realização
universal, pois tende a atender a necessidades e interesses privados. A ideologia dominante
possibilita o ocultamento das contradições entre existência objetiva de valores humano genéricos
(expresso pelas normas abstratas) e suas formas de concretização (seus significados históricos
particulares), entre os valores humano-genéricos e sua não realização prática.
As contradições entre normas abstratas e concretas revelam-se, pois, como parte do
processo de desenvolvimento da moral que coincide com o surgimento da alienação.
Os critérios para a objetivação dos valores universais são dados concretamente no
movimento extensivo e intensivo de construção e desvalorização histórica de valores. Neste
sentido, “os valores são sempre objetivos, mesmo quando se apresentam na forma de normas
abstratas” (Heller, 1972; 8-9).
A capacidade ética do ser social: a ética como capacidade livre (p. 57-65)
Conforme nossa análise, a gênese da ação ética é dada pela liberdade, compreendida
ontologicamente como uma capacidade humana inerente ao trabalho, tomado como práxis. Vimos
que o trabalho põe em movimento as capacidades essenciais do gênero: a sociabilidade, a
consciência, a universalidade e a liberdade.
O desenvolvimento da sociabilidade institui novas necessidades, dentre elas a moral. Nas
condições da sociedade burguesa, ela é alienada. Nesse sentido ela expressa um dos antagonis mos
da sociedade moderna: o antagonismo entre a liberdade e o campo das necessidades, fundado nas
determinações socioeconômicas e objetivado através das normas.
Considerada do ponto de vista ontológico, a moral é uma mediação potencialmente capaz
promover uma individualidade livre. A liberdade é, ao mesmo tempo, capacidade de escolha
consciente dirigida a uma finalidade, e, capacidade prática de criar condições para a realização
objetiva das escolhas, para que novas escolhas sejam criadas. Por isso, liberdade, necessidade e
valor vinculam-se ontologicamente. Como as demais capacidades essenciais do ser social, a
liberdade pressupõe uma objetivação concreta.
Como possibilitador da liberdade, o trabalho é uma atividade potencialmente livre, isto é,
ele põe as condições para a liberdade na medida em que permite o domínio do homem sobre a
natureza, o desenvolvimento multilateral de suas forças produtivas. Para que o trabalho se efetive
como atividade livre é preciso que se realize como atividade criadora. A partir das condições postas
pelo trabalho, a liberdade assume, então, dois significados: é liberdade – de algo e – para algo.
A liberdade, entendida como liberdade de algo, existe como negação dos seus
impedimentos. Liberdade é, portanto, superação de entraves históricos as objetivações essenciais
do ser social.
O trabalho é a atividade fundante da liberação do homem; a liberdade é uma capacidade
inseparável da atividade que a objetiva.
Esse tratamento teórico-metodológico evidência que as necessidades sócio-econômicas são
a base primária das possibilidades de liberdade, o que coloca novas possibilidades para a reflexão
ética. Seu fundamento é a liberdade, entendida como capacidade humana e valor, o que, para Marx,
significa a participação dos indivíduos sociais na riqueza humano-genérica construída
historicamente.