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Capa;
02.
Índice;
03-04.
MIGUEL SERRANO – A iniciação;
04-13.
LEON DEGRELLE – O enigma de Hitler;
14-20.
SAVITRI DEVI – O trem vazio;
20-24.
THOLF – A sede por números.
“Eu ainda possuo claras recordações de quando ainda jovens, agachados a segurar pela ponta nossas
altivas espadas, nós fizemos um juramento de fidelidade diante do onipotente sol negro. Gritamos
para além das montanhas de cumes iluminados por Ostara – Nós, guerreiros dignos da dor triunfante
que se sente na eterna batalha de cada dia – quando cada um crivou uma estaca em seu próprio peito,
entoada através de palavras. Eram ali depositadas as sementes de uma escolha, e a partir daquele
instante cada dor e cada prazer, cada dificuldade e cada superação, passaram a ser encaradas como
frutos de um caminho que optamos por trilhar – o caminho da flamejante Gammadion, incendiária
por si só de uma chama impagável enquanto nossa fidelidade triunfar. Gammadion, um símbolo de
prosperidade para os arianos.”
THOLF
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A INICIAÇÃO*
Miguel Serrano
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combate, no caminho perigoso que você irá recorrer. Que as Nornas sejam-
lhe propícias! Que os imortais cheguem a bendizê-lo! Parta, busque! E não
volte mais! Salte!”.
O ENIGMA DE HITLER*
Leon Degrelle
“Hitler... você o conheceu! Como ele era?”. Esta pergunta mil vezes tem
sido feita a mim desde 1945 e estou certo de que não há nada mais difícil
nesse mundo do que simplesmente respondê-la.
Ele então confessou: “Eu senti que esta pintura foi profundamente
profética, mas tenho de confessar que eu não havia ainda pensado na figura
de Hitler como um enigma. Ele me atraiu apenas como um objeto das minhas
loucas imaginações e porque eu o vi como um homem único, capaz de tornar
as coisas de cabeça para baixo”.
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Que lição de humildade para os críticos que se apressaram com
publicações desde 1945, com suas centenas de livros definitivos, grande
parte desprezíveis, sobre o homem que tomou conta dos pensamentos de
Dali que, quarenta anos depois, ainda sentia-se angustiado e incerto quanto à
presença em sua pintura alucinada. À parte de Dali, quem mais tentou
apresentar um retrato desse homem extraordinário a quem ele tratou como “A
mais explosiva figura humana da História”? (Dali fora expulso do Movimento
Surrealista em 1934, por causa de sua fascinação por Hitler e também suas
simpatias ao Fascismo).
Estranhamente atrativo
Hitler está sempre presente diante dos meus olhos: como um homem
de paz em 1936, como um homem de guerra em 1944. Não é possível haver
uma testemunha pessoal à vida deste homem extraordinário sem ser
marcado por isso por toda a eternidade. Não passa um dia sem que a figura
de Hitler não reapareça em minha memória – não como um homem morto,
mas como um ser real que passa por seu escritório, senta em sua cadeira,
cutuca os troncos ardentes na lareira.
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Ele não era alto – não o era, se comparado como foi Napoleão ou
Alexandre o Grande.
Vigor excepcional
Após 1945, Hitler foi acusado de toda e qualquer crueldade, mas não
fazia parte de sua natureza ser cruel. Ele amava crianças. Era bastante
comum para ele, parar o carro e servir-se de sua comida junto de jovens
ciclistas ao longo da estrada. Certa vez, ele deu sua capa de chuva a um
trabalhador abandonado encharcado. À meia-noite, ele interrompia o seu
trabalho para preparar comida para o seu cão Blondi.
Ele não poderia agüentar comer carne, porque isto significava a morte
de um ser vivo. Ele se recusava a ter tanto um coelho quanto uma truta
sacrificada, fornecida em sua comida. Ele permitia somente ter ovos em sua
mesa, porque o ato da galinha botá-los significava que ela havia sido
poupada do sacrifício, não tendo sido morta.
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Os hábitos alimentares de Hitler me eram uma fonte de espanto
constante. Como poderia alguém manter uma agenda tão rigorosa, levando-
se em conta o fato de estar em contato por milhares de vezes com a massa,
de onde ele emergia banhado de suor, tendo perdido de duas a quatro libras
(de 906 gramas a 1,8 KG) no processo; alguém que dormia somente de três a
quatro horas por noite; alguém que, de 1940 a 1945, importou-se com o
buraco do mundo sobre seus ombros, quando 380 milhões de europeus
estavam sob o seu comando; como, eu me pergunto, ele pôde
psicologicamente sobreviver, alimentando-se basicamente de um ovo
cozinho, alguns poucos tomates, duas ou três panquecas e um prato de
macarrão? E ele ainda conseguia ganhar peso!
Ele bebia somente água. Não fumava e não tolerava este ato em sua
presença. A uma ou duas da manhã, ele ainda estava disposto a conversar,
calmo, próximo da lareira, freqüentemente divertindo-se. Ele nunca mostrava
um sinal de cansaço. Cansativa de morrer deve ter estado sua platéia, mas
Hitler não.
Ele era descrito como um velho homem cansado, mas nada esteve
mais longe da verdade. Em Setembro de 1944, quando se deu a notícia de
que estaria tremendo razoavelmente, eu estive com ele durante uma semana.
Seu vigor físico e mental ainda estavam excepcionais. A tentativa feita em
sua vida em 20 de Julho não lhe causou nada, ao contrário: ainda
proporcionou novas cargas à sua energia. Ele carregava chá em seu quarto
com uma tranqüilidade como se estivesse em seu pequeno apartamento
privado, na Chancelaria antes da guerra, ou adentrando a vista da neve e o
brilho do céu azul através de sua janela, em Berchtesgaden.
Autocontrole de ferro
Bem ao fim de sua vida, posso dizer, suas costas se tornaram mais
dobradas, mas sua mente permanecia tão brilhante quanto a luz de um raio.
O testamento que ditou com compostura extraordinária antes de sua morte,
às três da manhã de 29 de Abril de 1945, nos traz um testemunhal final.
Napoleão ao Fontainebleau não estava em pânico antes de sua abdicação.
Hitler simplesmente tremia suas mãos como se estivessem associadas ao
silêncio de um dia qualquer, em seu café da manhã, e então foi em direção à
morte como se estivesse partindo para um passeio. Quando foi que a história
trouxe o testemunho de uma tragédia com um fim em tamanho autocontrole
de ferro?
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em poucos minutos. Suas ações eram engrenadas às idéias e decisões que
poderiam ser entendidas por qualquer pessoa. O trabalhador de Essen, o
fazendeiro isolado, o industrial da Ruhr, o professor de Universidade. Todos
podiam facilmente seguir a linha de seu pensamento. A grande clareza de
sua argumentação fazia com que tudo se tornasse óbvio.
Curiosidade intelectual
Eu acredito que não exista outra pessoa que tenha lido tanto quanto
ele. Ele normalmente lia um livro por dia, sempre, de início, lendo a conclusão
e o sumário em ordem do seu interesse. Ele tinha um poder de extrair a
essência de cada trabalho e então armazená-los em uma mente quase que
computadorizada. Ouvi-o falar sobre complicados livros científicos com
precisão, sem erros, ainda que no auge da guerra.
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Sua sede por conhecimento era insaciável. Ele passava centenas de
horas estudando as obras de Tácito e Mommsen, estratégicas militares como
Clausewitz, e construtores de império como Bismarck. Nada escapava dele:
História do mundo ou das civilizações, o estudo da Bíblia e do Talmud,
Filosofia Thomística e todas as obras grandiosas de Homero, Sófocles,
Horácio, Ovídio, Tito Lívio e Cícero. Ele conhecia Julian o apóstata como se
ele próprio tivesse sido seu contemporâneo.
Artista e arquiteto
Ele era capaz de desenhar habilmente com apenas onze anos de idade.
Seus esboços feitos nessa idade mostram uma firmeza e vivacidade notáveis.
Sua primeira pintura à cores, criada aos quinze anos, está repleta de
poesia e sensibilidade. Um dos seus trabalhos iniciais mais impressionantes,
"Utopia da fortaleza" mostra-o como um artista dotado de imaginação rara.
Sua orientação artística tivera muitas formas. Ele escreveu poesia nos
tempos em que era rapaz. Ditou uma peça completa à sua irmã Paula, que
estava impressionada com sua presunção. Com a idade de 16 anos, em
Viena, lançou-se na criação de uma ópera. Chegou a desenhar as
colocações do palco, bem como os trajes; e, é claro, os personagens eram
todos heróis wagnerianos.
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em busca do sonho de se tornar um arquiteto que Hitler foi à Viena, no
começo do século.
Origens humildes
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ela que seu filho era diferente das outras crianças. Ela agiu quase como se
ela soubesse o destino de seu filho. Quando ela morreu, é certo que se sentiu
angustiada pelo mistério imenso que o rondava.
Hitler não era muito interessado em sua vida privada. Em Viena, viveu
em um alojamento gasto e constrangedor. Mas para todo ele locou um piano
que ocupava metade de seu quarto, e então passou a se concentrar na
composição de sua ópera. Ele vivia à base de pão, leite e sopa de vegetais.
Sua pobreza era real. Ele não possuía sequer um sobre-casaco próprio. Ele
cavou com pá as ruas em dias de neve. Ele carregou bagagens na estrada de
ferro. Ele gastou muitas semanas em abrigos por estar sem moradia. Mas
nunca parou de pintar ou ler.
Somando coisas
Hitler ainda não havia se focado em política, sem se dar conta que seria
essa a carreira na qual haveria o maior apelo à sua presença. O sentido
desta política transformou-se, posteriormente passando a estar atrelada à sua
paixão pela arte. Pessoas, as massas, ser-lhe-iam a argila para o que um
escultor transformaria em uma forma imortal. A argila humana se tornaria
para ele uma linda obra de arte como as esculturas em mármore de Myron,
as pinturas de Hans Makart e a trilogia de Wagner.
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Seu amor pela música, arte e arquitetura não foram removidos de sua
vida política e de preocupações sociais de Viena. Em ordem de
sobrevivência, ele trabalhou como alguém comum, lado a lado com outros
trabalhadores. Ele era um espectador calado, mas nada lhe escapava: a
vaidade e o egoísmo da burguesia; a miséria moral e material das pessoas;
nem as centenas de anos dos trabalhadores que foram jogados para baixo
das avenidas de Viena, com angústia em seus corações.
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poderia sobreviver à luta de classes; somente a cooperação entre
trabalhadores e patrões poderia beneficiá-lo. Os trabalhadores precisam ser
respeitados e viver com decência e honra. A criatividade nunca deve ser
abalada.
O relâmpago e o mundo
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O TREM VAZIO*
Savitri Devi
O jovem parou por meio segundo, olhou à nossa volta se alguém estava
a nos seguir, ou se algum transeunte teria possivelmente escutado minhas
palavras. Mas nós éramos as únicas pessoas no longo e obscuro corredor. O
jovem virou-se para mim e respondeu baixinho: "Sim, dê-me um".
Puxei um cartaz por duas vezes, dobrado em quatro, para fora de meu
bolso, colocando-o em suas mãos.
"Não pare para ler agora", disse, "Mas espere até estar em seu trem, e
então você irá ler no banheiro, onde ninguém poderá atrapalhá-lo. Você tem
muito tempo. Veja se você acha que estes cartazes podem lhe ser úteis, e
diga-me com total franqueza. Se você quiser mais, ainda tenho uma porção
deles comigo.".
Alemães,
O que as Democracias lhes trouxeram?
Em tempos de guerra, fósforo e fogo.
Após a guerra, fome, humilhação, opressão;
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O desmantelamento das fábricas;
A destruição das florestas;
E agora – o estatuto da Ruhr!
De qualquer maneira, "a escravidão não tardará".
Nosso Führer vive
E voltará logo, com poder jamais visto! Resistirá àqueles que nos
importunam!
Creia e espere!
Heil Hitler!
O papel era assinado com "S.D.", ou seja, com minhas próprias iniciais.
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"Eu."
Ele me olhou, notavelmente comovido.
"Você," ele disse. "Você é uma estrangeira!".
"Sou ariana e Nacional Socialista", respondi. "Nenhum ariano
merecedor de seu nome pode esquecer a dívida da gratidão ao Führer – o
salvador de toda uma raça – e à Alemanha, que agora descansa em ruínas
por ter lutado por em prol de seus direitos, pela existência de uma
humanidade superior".
Minha resposta, enfadonha e regada à sinceridade, aparentou ter
despertado-lhe prazer. Mas ele não teceu comentários a respeito. Apenas me
fez algumas perguntas.
"Onde você adquiriu ‘esses’ impressos?", perguntou-me, novamente
referindo-se aos cartazes.
"Na Inglaterra".
"E você os traz junto consigo?"
"Sim, comigo mesma. Por três vezes estive na Alemanha com três
sucessivos materiais de diferentes folhetos ou panfletos, e por sete vezes
cruzei a borda entre Saarland e a Zona da França com um grande ou
pequeno número deles. Eu sempre os carrego. O desconhecido poder dos
céus está a cuidar de mim".
"E há quanto tempo você está fazendo isso?"
"Eu comecei há oito meses atrás. Eu queria começar assim que
chegasse da Índia - três anos atrás – pois tinha tomado conta disso para
então obter a permissão de cruzar a fronteira sob um ou outro pretexto. Mas
tive de esperar".
Ele era muito mais alto que eu, e, naturalmente, muito mais forte. Eu
pude sentir a pressão de seu corpo atlético, e vi o brilho nos seus olhos,
diretamente nos meus.
"Então, isso é por ele, por nosso Führer, que você veio do outro lado, de
um fim de mundo, para nos ajudar em meio às nossas ruínas!" disse ele.
Havia uma profunda emoção em sua voz. Ele pausou-se por um segundo,
sussurrando-me em seguida: "Nosso Führer, nosso amável Hitler! Você
realmente o ama. E você realmente nos ama!".
"Eu o adoro", disse, também a sussurrar-lhe. "E eu amo tudo o que por
ele é feito e a tudo pelo que ele demonstrou seu amor. Vocês, seus gloriosos
compatriotas, vocês são as pessoas encarregadas de algo que ele dedicou
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sua vida; sua Alemanha imortal, tão linda, tão brava, e, hoje, tão infeliz".
Para fora das portas, o vento amargo continuava feroz, e pude ver a
parede arruinada contra o fundo escuro da noite. Em um flash, recordei uma
visão de todo um país; centenas de milhares de paredes feito migalhas; ruas
em que – como na Schloss Strasse de Koblenz, que eu havia visto – não
havia uma casa simples sequer. Mas, ao longo dessas ruas, marchando à
maneira de um guerreiro, e cantando em seu próprio caminho, lembrei-me
dos veteranos e sua guerra perdida e todos os seguintes anos de
perseguição, lado a lado com a juventude de uma Alemanha ressurgida – o
exército do Quarto Reich, um dia; fora do caos: ordem e poder; fora da
servidão e morte, a vontade de viver e conquistar. Sorri, como uma lágrima
que rolou sobre minha bochecha. Senti-me inspirada, o que raramente estou.
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Pausei-me, e um flash de contentamento sobrenatural fez meu rosto
brilhar. Falei, com a constrangedora certeza de uma pessoa por quem a
escravidão de um tempo e um espaço havia deixado de existir. "O que penso
e sinto hoje", disse, – "Eu, a insignificante estrangeira Nazi, – toda a raça
Ariana irá pensar e sentir amanhã, no próximo ano, em um século, enfim, não
importa quando, mas estou certa de que um dia o fará. Sou um dos primeiros
frutos do próspero futuro e reverência de milhões por nosso Führer e por seus
ideais. Sou eu 'o mundo todo', conquistado por seu espírito, por sua alma; o
símbolo vivo, enviado a você por Poderes desconhecidos, no momento do
martírio, para falar-lhe, gloriosos alemães, que o mundo os pertence porque
vocês o merecem.".
"Sei o que você pretende dizer com cada palavra", ele sussurrou por
último, "E agradeço-lhe: e eu deveria ajudá-la. Após tudo o que sofremos, é
refrescante ouvi-la falar. Você elevou sua esperança, sua autoconfiança em
nossos corações. Você nos fez sentir que aqueles que lutaram nos tempos
passados, em dias de guerra, deveriam se sentir como se estivessem ao
término da primeira delas. O que proporciona tamanha força às suas
palavras?"
"Meu amor pelo Führer. Sinto-me inspirada quando falo a seu respeito".
Ele perdeu seu abraço. Apanhei minha mala, dando-lhe um pacote com
quatrocentos ou quinhentos cartazes, camuflados em revistas de moda. Ele
cuidadosamente escondeu-o entre suas roupas. "É tudo o que você tem?",
perguntou-me.
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Sorri. "Não", disse, "Mas deixe um pouco para o resto da Alemanha".
"Você está certa", me disse. E ele sorriu para mim pela primeira vez.
Colocou minhas mãos junto das suas, e olhou-me como se estivéssemos a
conversar pela última vez. "Quando e onde posso encontrá-la novamente?",
ele perguntou. "Nós precisamos conversar novamente.".
"Então, você fez parte da S.S.?", disse a ele, em tom baixo, no mesmo
tom que uma dama de Roma diria a um veterano: "Então, você fez parte da
Guarda Pretoriana?".
Pensei em tudo o que ele havia me dito sobre seu sofrimento às mãos
dos inimigos. E quando olhei sobre ele, lembrei-me da primeira estrofe de
uma canção dos homens da S.S. "E se tudo se tornar infiel, nós certamente
permaneceremos gloriosos".
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"Heil Hitler", respondeu-me o jovem, retornando à minha saudação.
Ele foi para fora do trem e seguiu seu caminho. Assisti ao desaparecer
de sua pessoa alta no amargo da noite fria.
*Texto original em inglês, sob o título de “The empty train”, pgs. 1-9, do
capítulo 1, “Part one – Triumph”. Tradução por Tholf zine.
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apenas a Igreja Católica, com todo o seu poder, era responsável por grandes
mobilizações com o intuito de derrubar as teses anti-criacismo de Darwin.
Hoje a mobilização é geral, individual ou coletiva, ditada pela sensibilidade.
James Watson, grandioso cientista, foi duramente criticado ao expor suas
idéias em prol das práticas eugênicas em seu livro a respeito do DNA, tendo,
pelo fim, de se aposentar. Em 2004, o governador de Santa Catarina, Luiz
Henrique da Silveira, escreveu um pequeno artigo também em defesa das
práticas eugênicas, colocando-as como o grande fruto do que há tantos
séculos a ciência esteve construindo. Como “reconhecimento”, Silveira foi
duramente criticado, tendo causado um escândalo a nível nacional, sendo
taxado, entre outras coisas, de racista, desumano e, pasmem, retrógrado.
Vivemos na era cuja divindade é a sede por números. Sede a qual vem
ao encontro dos seres humanos que ao caminharem por um deserto,
distraem-se com miragens, utopias como a igualdade, Democracia e a
inclusão social. Chegamos ao ponto de termos de nos adaptar às limitações
daqueles que não estão adaptados. Hoje, por exemplo, várias são as escolas
onde, ao lado do professor, há uma tradutora para surdos que ocupam os
mesmos lugares de seres com boa capacidade auditiva, deixando com que o
ritmo das aulas se torne cada vez mais lento, e que ele, o professor, perca
sua espontaneidade, sua naturalidade de reger suas aulas. Existem casos
piores, é claro. Mas a questão é a seguinte: Que necessidade de integração é
esta, este constante regresso grosseiro, onde os alunos vêem-se obrigados a
adaptar-se ao ritmo dos limitados, dos menos adaptados? Ao que tudo indica,
a lógica de integração está de cabeça para baixo.
Todas as grandes anomalias que a ciência evitou, hoje não são mais
recebem caráter exótico, monstruoso, mas belo. Chega-se ao cúmulo de
afirmar que Síndrome de Down é um dom e como se toda essa manipulação
agisse feito uma motos-serra que pretende abrir nossas cabeças,
depositando assim idéias absurdas, chega-se ao extremo de bonecas
defeituosas serem lançadas no mercado de brinquedos. Neste ponto, somos
“gratos” à “boa moral” das novelas da Globo, que além de ter colaborado para
que os espertos e insensíveis capitalistas enxergassem na anomalia também
uma oportunidade de lucro, ao ponto das nossas crianças não precisarem
mais se dispor a esticar o plástico para deixar suas bonecas feias, ou dar
puxões para que seus brinquedos fiquem sem pernas ou braços. Pergunto-
me que criança irá querer sair de mãos dadas com pai e mãe e ao olhar na
vitrine de uma Brinquedolândia, saltar e insistir por um presente exposto,
sendo este uma boneca defeituosa. Mas, os meios de comunicação são
eficientes. Tão eficientes que depositam até mesmo nas crianças a idéia de
culpa. O inconsciente midiaticamente moldado está a sussurrar aos seus
ouvidos: “Peça para o seu papai para ganhar esta boneca com Síndrome de
Down, porque ela certamente precisa de um cuidado maior, um cuidado
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especial, diário, em tempo integral”. A ciência não consegue barrar as ações
sensíveis, fazendo com que as anomalias cresçam e procurem pessoas que
estejam comovidas, dispostas a largar suas funções na cadeia social para
cuidar de uma anomalia que nunca será dependente. Devemos lembrar
também da crescente febre de adoção tomou conta dos brasileiros, os
sempre comovidos brasileiros. Movidos pelo dó, abrem os braços para as
adoções de anomalias, sem se darem conta de que estes seres, limitados por
natureza, nunca teriam capacidade de sobreviverem sozinhos em um mundo
como o nosso. Até mesmo com um cão, por menor que seja, temos maior
certeza de que se solto nas ruas, a probabilidade de sobrevivência é
assustadoramente maior que a de um humano, o que dirá um humano com
limitações físicas e psíquicas! “Como você tem coragem de querer eliminar
um doente logo que eles vêm ao mundo?”, assim podem me perguntar os
sensíveis. Respondo-lhes desta forma: “Bem, como você é que tem coragem
de prolongar a existência de um ser limitado por natureza, incapaz das mais
simples tarefas? Como você, que se considera uma pessoa ‘de bem’, tem
coragem de endeusar o deficiente depois de adulto, quando ele realiza
tarefas que aos nossos olhos são ridículas, pretendendo, por fim, iludir tanto
os deficientes quanto a nós mesmos de que somos iguais?”. E grande parte
dos seres que tanto protestam pela “sede à vida”, é certo que, na prática, não
estão dispostos a largar sua vida cômoda, seu tempo integral e precioso para
dedicar-se aos cuidados da anomalia vivente. É como, à medida que uma
cárie toma maiores proporções, forçar-se a escová-la, temendo sofrer a dores
da tão famosa máquina que os dentistas costumam usar: a longo prazo, por
ter fugido de uma dor instantânea, toda a estrutura dental poderá ser afetada.
Assim é com a sociedade, quando afetada pelos alardes, pela sensibilidade
hipócrita e irracional, que não tardará a comprometer sua estrutura. Afinal,
exemplos são vários na história, de que juntar-se às massas e destruir torna-
se mais fácil que se propor à construção de algo novo.
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no mínimo ele seria um grande sádico. Dizia o velho ditado popular de que os
japoneses costumam chorar ao nascimento de um bebê. Haverá para eles,
por agora, um além-choro, um verdadeiro derramamento de lágrimas, com a
glorificação não apenas de números, mas de números com defeito que estão
vindo ao mundo?
Hoje o mundo das gestantes atua como uma grande fábrica de peças
que estando no auge da produção, vê nisso uma ótima oportunidade de suprir
a necessidade de consumo aonde suas peças chegam. A idéia de consumi-
las está de uma forma tão disseminada que essa fábrica não mais busca o
equilíbrio, a gangorra onde duas meninas de mesmo peso costumavam
brincar em outros tempos. Enquanto uma emagreceu, outra se tornou cada
vez mais gorducha, consumidora excessiva de “outras peças”, peças
comestíveis. Assim, na gangorra, a qualidade tornou-se baixíssima, em
conseqüência elevando a quantidade. As pessoas circulam dia e noite atrás
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das tão cobiçadas peças, feito zumbis, ainda que não andem de braços
esticados. Elas estão carentes. Decepcionadas com o mundo. Precisam se
apegar a algo. A fábrica então percebe que não há mais sentido em aprimorar
as peças, passando-a por vários testes afim de que elas se tornem mais
resistentes e adaptáveis às necessidades do mundo. As peças então passam
a serem feitas de qualquer maneira, e são recepcionadas com fervor por
parte dos consumidores. Peças tortas, frágeis, com pouca durabilidade, são
disputadas a tapa e pontapés, pois as pessoas têm sede. Assim tem sido
nosso mundo, onde a quantidade encobriu o que a qualidade humana um dia
significou. E a fábrica da vida já não se preocupa com o que um dia significou
a sua preocupação com qualidade, porque tem consciência de que suas
peças serão consumidas em tempo recorde, cada vez menor.
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