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RO C H A , B.C.; H O N O RA TO , V. Arqueologia regional do alto Tapajós. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São
Paulo, Suplemento 11: 57-62, 2011.
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Bruna Cigaran da Rocha
Vinicius Honorato
Fig. 2. Vista do sitio arqueológico Ponta do Jatobá para o rio Tapajós, Mangabal, março
de 2010. Crédito: Vinicius Honorato.
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R O C H A , B.C.; H O N O R A TO , V. Arqueologia regional do alto Tapajós. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São
Paulo, Suplemento 11: 57-62, 2011.
úmido, o que nos leva a pensar que os primeiros Pesquisas realizadas por Celso Perota
grupos hum anos na região (cerca de mil anos no âmbito do Pronapaba (em 1979 e 1982)
depois, há registro de ocupação hum ana no baixo resultaram na localização de 29 sítios
A m azonas [Roosevelt et alii 1996: 376) estariam arqueológicos cerâmicos próximos aos perímetros
vivendo em um am biente mais próxim o ao do urbanos das cidades de Itaituba e Jacareacanga.
cerrado atual. H á cerca de 4.600 A I! a umidade A lém de cerâmica, alguns dos sítios continham
já era m aior e a vegetação m uito mais parecida terra preta e, em casos separados, sepultamentos
com o que encontram os na região nos dias atuais e vestígios líticos. (Simões 1983). Perota comenta
(R ossetti et alii 2004: 298). N a margem direita do sobre a decoração cerâm ica (policrômica, pintada
alto Tapajós, "enterram ento [s] im provisado [s]” e incisa, plástica e incisa-excisa) em relação
em urnas funerárias de enterram ento secundário aos sítios líticos nas proximidades de Itaituba.
“im ediatam ente abaixo da superfície num a Em anos recentes, o N úcleo de Arqueologia da
cam ada de terra prêta, de cerca de 50 cm de U niversidade Federal do Pará tem trabalhado
profundidade, que por sua vez se estende sôbre no município de Itaituba (M artins et alii 2010)
um barro am arelo” foram encontradas pelo e em municípios adjacentes, pesquisando sítios
Frei Protásio Frikel, da M issão Franciscana São arqueológicos de ocupação Tapajó e estilos
Francisco do Cururú, no final da década de 1950. relacionados à Tradição Inciso Ponteada. Em
A disposição das urnas “parece ter sido arbitrária dois sítios escavados no município de Itaituba
sem obedecer a um padrão” (Hilbert 1957: 3). (N ossa Senhora do Perpétuo Socorro e Serraria
Frikel tam bém identificou pratos cerâmicos, Trom betas), sepultam entos secundários em umas
“cuscuzeiros” . Segundo Hilbert (1957: 4), “mais foram encontrados em contexto doméstico. Sobre
de 95% dos cacos são lisos; os cacos decorados o primeiro, “as urnas [...] em geral não possuem
m ostram traços de côr verm elha-púrpura” e decoração e são de vários tamanhos, dispostas
o Frei teria m encionado “pintura de am ostras de forma agrupada em várias partes do terreno”
simples, executadas em branco ou vermelho (Martins et alii 2010: 139). Também há presença
sôbre fundo branco” (Hilbert 1957: 4). de material lítico no sítio N ossa Senhora do
Hilbert acrescenta que “o tratam ento da Perpétuo Socorro: m achados polidos e lascas de
superfície é bastante descuidado e irregular. A sílex “de uma indústria expediente” (Martins et alii
ligação entre as roscas é sempre m al-executada 2010: 139).
e desfaz-se com facilidade. A s vasilhas são
sempre assim étricas, as bordas de altura e perfil
irregular [...] verifica-se [...] a ocorrência da A relevância dos estudos
m esm a boca larga com pescoço curto, de ombros
m oderadam ente acentuados como tam bém a A pesquisa que buscamos empreender se
base redonda ou redonda apontada” (Hilbert justifica por almejar inserir o alto Tapajós no
1957: 10). contexto amazônico e regional mais amplo.
Este m aterial não foi atribuído aos então Existe uma série de cachoeiras no rio Tapajós,
ocupantes da área, os M unduruku, pois além de nos municípios de Itaituba e Trairão, sendo
não praticarem o enterram ento secundário entre São Luiz do Tapajós a primeira a montante.
eles, “os próprios M undurucú cham am a essas A creditam os que as cachoeiras do rio possam
urnas pariwat ti a - panela (urna) de representar uma barreira geográfica entre grupos
gente (índios) alheia ou de índios forasteiros. indígenas pré-coloniais distintos, conforme já
A firm am serem estas urnas de origem não proposto por Meggers (Meggers et alii 1988:
M undurucú e pré-M undurucú” (Hilbert 1957: 288). Diferenças entre a cerâmica idenitificada
11). C om base em inform ações obtidas por por Perota (Simões 1983: 57-60) e M artins et alii
C urt N im uendajú (1948), é postulado que (2010: 138) e o material observado por nós no
índios Kawahib (cham ados de Parintintin pelos alto Tapajós parecem corroborar essa proposição.
M unduruku, seus inimigos, que os expulsaram e O baixo Tapajós possui algumas das datas
causaram sua divisão em grupos separados entre mais recuadas para produção cerâm ica na
o rio M adeira e o rio M achado) poderiam ter Amazônia, de 3.800 A P (Gomes 2008: 173).
fabricado a cerâm ica. Portanto é importante compreender a correlação
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Bruna Cigaran da Rocha
Vinicius Honorato
ROCHA, B.C.; HONORATO, V. Regional archaeology of the upper Tapajós river. Revis
ta do Museu de Arqueologia e Etnobgia, São Paulo, Suplemento 11: 57-62, 2011.
Abstract: In spite o f it being a key area for a better understan din g o f the
p ast o f southern A m azonia, the upper T apajós region and m ost o f the m uni
cipality o f Itaitub a are as yet little know n in arch aeological term s. We presen t
the d a ta collected during the first field trip to the localities o f M o n tan h a and
M an gabal, on the upper Tapajós river. Further, we en deavou r to outline the
existing bibliography for the area, as well as to insert the upper T apajós region
in the general fram e o f A m azon ian archaeology.
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Paulo, Suplemento 11: 57-62, 2011.
Referências bibliográficas
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