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Organização industrial: Sistemas industriais

de mpme's como estratégia para a


formação de empreendimentos
competitivos
MISAEL VICTOR NICOLUCI INÊS A. MASCÁRA MANDELLI
Mestre em Administração pela UNIMEP, Especialista em Doutoranda pela Unicamp; Mestra em Administração pela
Marketing pela PUC/SP, Administrador. Professor do PUC-SP; Especialista em Contabilidade e Auditoria pela
UNIPINHAL; METROCAMP e PUC – Campinas, PUC- Campinas ; Administradora; Professora da PUC –
Consultor Empresarial; Campinas;
E-mail: misaelvn@yahoo.com.br E-mail: ines.mascara@uol.com.br

PAULO CRUZ CORREIA WALTER TADAHIRO SHIMA


Doutorando em Economia e Política Florestal pela UFPR; Doutor em Economia pela UFRJ; Mestre em Economia
Mestre em Economia Industrial pela UFSC; Administrador pela UFPR; Economista. Professor do Curso de Pós-
e Economista; Professor da Universidade Estadual do graduação em Desenvolvimento Econômico da UFPR.
Paraná – Campus Apucarana; E-mail: waltershima@ufpr.br
E-mail: correiapc@yahoo.com.br

RESUMO

O s estudos sobre competitividade apresentam diversas vertentes de conceito sendo o mais usual aquele
ligado à eficiência técnica e alocativa de empresas e produtos, considerando-se a competitividade
como a agregação desses recursos. A partir daí, diversos indicadores surgem, como a participação da empresa no
mercado (market-share), capacidade da empresa de converter insumos em produto, o aperfeiçoamento constante da
cadeia produtiva, envolvendo fluxos ex-ante e ex-post, num quadro em que se vai definindo a posição competitiva
das empresas. O trabalho discute a importância do aperfeiçoamento desse conjunto de fatores, que pode ser
determinante para a empresa empreender, formular e desenvolver estratégias concorrenciais, que lhe permitam,
ampliar, ou conservar, de forma duradoura uma posição sustentável no mercado.
Palavras-chave: Competitividade, estratégias concorrenciais e cooperação institucional.

ABSTRACT

T he studies about competitiveness present several concept slopes being the most usual that one
connected to the technical efficiency and alocative of the companies and products, considering the
competitiveness as the aggregation of those resources. From that point several indicators appear such as the
participation of the company in the market (market-share), capacity of the company to convert inputs in goods, the
constant improvement of the productive chain, involving flows former-before and former-post, in a perspective that
has being defining the competitive position of the companies. The work discusses the importance of the
improvement of that group of factors that can be decisive for the company to undertake, formulate and develop
competitive strategies. Those strategies can allow the companies to enlarge or to conserve in a durable way a
maintainable position in the market.
Key Words: Competitiveness, competitive strategies and institutional cooperation.

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INTRODUÇÃO desempenho (E, C, D); barreiras à entrada;
teoria do mercado contestável (TMC);
O fortalecimento dos empreendimentos diversificação; abordagens organizacional e
depende, em boa medida, da disponibilidade de se institucional da firma; a formação da
correr riscos. O empreendedor é, por natureza, um competitividade mediante a formação de redes de
desbravador a enfrentar constantes desafios, e a empresas; os sistemas industriais de MPMEs como
decisão de se investir nutre, permanentemente, a estratégias para a formação da eficiência coletiva e
valorização de idéias, estudadas com discernimento geração competitiva. Na última seção, apresentam-
racional e bem calculadas. A competitividade é a se as considerações finais com breves indicações de
bandeira a ser perseguida pelo empreendedor, sugestões.
estando atento para aprender sempre mais,
reunindo ganhos de informações e experiência, 2 - DINÂMICA CONCORRENCIAL
aprimorando o senso criativo, como uma das mais
fortes armas para o processo de tomada de decisão. O que é concorrência? Pode ser entendida
como o processo de defrontação de capitais e firmas.
Na caminhada da busca do sucesso, o Existe o caráter social: o objetivo do processo de
empreendedor descobre que a cooperação pode ser produção é a valorização da riqueza. A Socialização
fator importante na formação da capacidade do Capital busca a socialização produtiva da
competitiva, com valioso apoio estratégico, na mercadoria que constrói valor a partir de sua
criação de redes de relações e do fortalecimento do produção. Nesses termos, o preço é igual à
inter-relacionamento das empresas. A formação expressão monetária de valor. O trabalho cria valor,
competitiva pode-se dar pela colaboração de expresso monetariamente em “valor de uso”. O fruto
inimagináveis atores, ao lado de instituições que do trabalho assume caráter social no mercado, torna-
têm seu foco de atuação, na alavancagem da se a expressão maior, objetivo maior na dinâmica
promoção de novos negócios para o sucesso. capitalista (produzir valor e buscar valor maior).

Nesse conjunto de fatores interligados, Se uma empresa investe 100 e colhe 110,
estão as condições postas, as adversidades naturais, entre 100 e 110 entra a concorrência. O objetivo
os ambientes hostis diversos, maior é buscar valor
as incertezas de política acrescido, sendo que esse
econômica interna e externa,
A competitividade requer, valor se materializa no
o desafio da boa gestão para
em maior, ou menor grau, mercado, daí a importância da
resultados, as dificuldades de
um gerenciamento concorrência. A mercadoria
alinhar o diálogo e os
criativo e disciplinado que deve ter validação social, a
objetivos ao cumprimento
permita levar seu questão é a seleção, é
das metas. A competitividade
empreendimento a novos satisfazer a preferência do
requer, em maior, ou menor
patamares, tornando-o consumidor, que se manifesta
grau, um gerenciamento
um negócio rentável. pela concorrência, implicando
criativo e disciplinado que em movimento, permanente
permita levar seu empreendimento a novos mudança e evolução. Implica dizer que toda firma
patamares, tornando-o um negócio rentável. que pára em organização administrativa, P&D
(Pesquisa e Desenvolvimento), vai ficando para
O propósito deste trabalho é o de discutir as trás.
bases teóricas da organização industrial na
formação da competitividade, como forte fator para Na produção, o mercado define estratégias:
ganhos de concorrência e seus impactos na decisão os capitais são diferentes em tamanho, extensão e
de novos empreendimentos. Este trabalho discute processo produtivo. Todos buscam dinheiro
em suas seções: a dinâmica concorrêncial; a (rendimentos) e adotam estratégias diferenciadas
impossibilidade do cálculo probabilístico mediante para se manterem vivos na dinâmica do constante
incertezas; o modelo estrutura, conduta, movimento concorrencial. Ofertantes e

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mercado. Cada firma atua numa extensão que introduz o novo, o diferente. Faz sua
desse mercado, ninguém é grande o suficiente para empresa diferente das demais, gerando-se lucros
dominá-lo, pode ser que duas ou três firmas o extraordinários que são iguais à mais-valia.
dominem. Existem os diversos mercados, sendo
dois os mais importantes: i) Mercado O processo concorrencial é fundamentado
concorrencial; e, ii) Mercado de monopólio. na diferença entre os produtores; as empresas
buscam a “diferenciação, ou igualação”. Há
Nesse contexto, a concorrência pode ser a concorrência de diferentes capitais que lutam para se
arte de a firma entender os caminhos do mercado e transformarem no mais próximo da igualdade a fim
seus concorrentes, e de montar estratégias, de de se aproximarem dos que estão na fronteira dos
manter-se viva nele e ampliar sua margem de rendimentos, onde cada setor tem seu padrão de
domínio. Ocorre que, em meio à diferenciação das concorrência setorial. Um tratamento sobre a
firmas, cada busca pode ser diferente da outra em mobilidade dos capitais permite a estes penetrarem
sua forma de atuação, e isso é importante para os em diferentes áreas de atuação, como Holdings, que
processos concorrenciais, num movimento de disseminam sua atuação em diferentes setores
capitais, valor acrescido e acúmulo de riqueza enfrentando as barreiras concorrenciais.
(FARINA, AZEVEDO e SAES, 1997).
As barreiras à entrada mais significativa
Quanto à atuação, via preços distintos, concentram-se em: preço; elementos institucionais;
requerem-se lógicas diferentes. A Teoria fatores econômicos como escassez de capitais e
Econômica empresarial mostra formas de fatores de P&D. As barreiras à mobilidade
entendimentos distintos, neoclássica e empresarial se concentram em: competência;
concorrência perfeita, por meio de uma: i) perfeita capacitação técnica; recursos; limites internos que
mobilidade de recursos; e, ii) onde ninguém é impossibilitam tratar subprodutos de seu setor. Isso
grande o suficiente para estabelecer preço. Surge o impõe uma dinâmica fantástica para - quem está
preço limite e barreiras à entrada em uma visão atrasado - se aproximar da fronteira concorrencial e
crítica para Marx e para Schumpeter. quem está distante firmar-se mais ainda.
(MASTROSTEFANO e PIANTA, 2004; NEGRI et
Em Marx, a concorrência é o elemento al., 2005).
importante. Concorrência: diferenciação de
capitais, seleção de rentabilidade dentro de uma A “diferenciação” exige uma renovação
lógica de ação em diferentes processos produtivos. constante, exige permanentemente o ajuste de
Produzir mais em menos tempo - em três horas o requisitos. A competência se cria com caráter
trabalhador produz para pagar seu salário, no dinâmico, induz a buscar elementos de
restante do tempo gera-se a mais-valia relativa e cumulatividade de ganhos com constante
absoluta. A transferência de mais-valia em capitais diferenciação. Ex.: A Hering, em seus 115 anos de
tende a buscar cada vez mais valor acrescido. 100 existência, gera oportunidades de ganhos. As portas
110 112 118 122... A rentabilidade do processo se abrem com um conjunto de competência
produtivo está se ampliando; diferentes produtores acumulada. Geram-se oportunidades de negócios e
estão no processo e quem não o faz, morre ao longo algumas empresas utilizam-se de estratégias
do processo, ou tem sua condição competitiva diferenciadas (TIROLE, 1998; CAVALCANTI,
reduzida. Essa é a forma de reprodução do capital 2001).
descrita em Marx. (TIROLE, 1998; TAVARES,
1999 e PORTER, 1999) A apropriabilidade dos ganhos econômicos
torna-os mais próximos do controlador. Em um
Em Schumpeter, a inovação explica a sistema de distribuição nacional, isso renova a
diferença entre empresários. Novos produtos, diversificação, com capitais seletivos. A
novos mercados, novas matérias-primas. Esse concorrência não exclui a cooperação, na medida
processo tem, no empresário, o elemento condutor em que aquela se concentra nesta; os projetos
diferente entre seus pares, isto é, aquele empresário mostram: processos conjuntos e alianças

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tecnológicas até determinado ponto. As de resposta que ela dá no ambiente
empresas procuram os centros tecnológicos para econômico em mudança; “Diferentes produtos”
usar o laboratório. O mesmo técnico que avalia o (tornam-se importantes as especificações para
produto de uma, avalia o da outra empresa, em atender às diferentes faixas de mercado com maior
muitos casos a cooperação vai até aqui. (NEGRI et valor agregado de nichos e sub-nichos, como na
al., 2005) indústria de carnes, de frangos e suínos);
“Desempenho ou confiança” (a confiabilidade na
2 . 1 - D I M E N S Ã O D A prestação de serviços, com durabilidade, quando a
CONCORRÊNCIA sociedade vive pelo valor de troca, e é maior o
A dimensão da concorrência, quanto a horizonte temporal considerado, menor o valor de
“vantagens de custo”, valoriza os seguintes troca da mercadoria com redução do ciclo de vida do
pressupostos básicos: economia de escala; produto); “Ergonomia” (é o elemento que faz a
economia de espaço; capitais derivados da firma; diferença em design e na capacidade de inovação do
patente e licenciamento da firma; relações com produto). O mais indicado é a firma fazer do nome
fornecedores; relações com a mão-de-obra; uma forma de inovar e criar mais valor ao produto,
organização da produção; eficiência administrativa quando a mercadoria deve possuir um conjunto que
e capacitação. As vantagens, quanto à responda à racionalidade do consumidor. A
“diferenciação do produto”, se estendem a: assistência técnica e o financiamento devem ter uma
especificação dos produtos; desempenho, ou forte relação com o usuário, fator importante para
confiabilidade; durabilidade; ergonomia e design; concorrência. (KUPFER, 1996; FERRAZ et al.,
estética; linhas de produto; imagem e marca; forma 1997; PHILIPS, 1998)
de comercialização; assistência técnica e suporte ao 2.2 - PROCESSO DECISÓRIO
usuário; financiamento aos usuários; relação com EMPRESARIAL E GOVERNAMENTAL
os usuários. Os capitais renovam sua competência.
Na questão 'decisões de consumo e decisões
A briga por posição ainda se estende à de investimento', o Capitalismo se move pelo gasto,
economia de escala, a fim de se reduzir o custo e a demanda do processo decorre do movimento de
médio em relação ao concorrente e à economia de se gastar. Decisões de consumo implicam em renda;
escopo, quando uma linha de produção atende a decisões de investimento implicam na aquisição de
diferentes produtos no mesmo dia com pequenos máquinas e equipamentos. Levando-se em
lotes específicos que poderão ser mudados ao longo consideração a “busca de lucro”: pode-se passar por
do dia. São exemplos: a “Capacidade de uma paralisia do processo decisório e estaciona-se a
financiamento” (o custo financeiro faz a diferença); atividade econômica, dependendo do nível de
empresas com capacidade de financiamento têm incerteza de determinado período de tempo. As
vantagem concorrencial, por ex: banco do grupo; decisões de investimentos da década de 80 e 90
“Patente” (são as propriedades do processo foram demasiadamente pífias e continuam sendo -
produtivo que pode indicar suas limitações, porque não o investimento em aplicações financeiras, onde
os produtos podem ter um curto ciclo de vida); essas são simplesmente mutações patrimoniais. -
“Relações com fornecedores” (menos custos e mais Para o desenvolvimento econômico, o mais
confiança, mais vantagens com muitos importante são investimentos do tipo ampliação e
fornecedores do que com poucos fornecedores); transformação da capacidade de produzir.
“Mão-de-obra” (pode automatizar, investir na
eficiência técnica da mão-de-obra para vê-la como É necessário reduzir as disparidades sociais
potencialidade e obter dela sucessivos saltos de existentes e deve haver uma orientação social para
produção); “Organização da produção” (com acelerar o processo de inclusão. Em torno desses
técnicas modernas, a economia administrativa pontos, há significativo consenso. O desacordo pode
interliga os setores para a rapidez no processo estar em como fazer isso. Aqui, cabe destacar que a
decisório). taxa média de crescimento do Brasil nos últimos 25

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anos foi de 2,3%, para uma taxa de priorizar o crescimento da renda e de ativos
crescimento demográfica de 1,6% ao ano. Nesse empresariais. Nada, porém, está em garantia: a
ritmo, para dobrarmos a renda per capita incerteza faz parte do processo decisório e
necessitaremos de um século. Vendo por esse concorrencial. A todo momento, as empresas estão
ângulo, estamos estagnados. (TAVARES, 1999; tomando decisões de custo e de investimento.
CAVALCANTI, 2001)
3 - IMPOSSIBILIDADE DO CÁLCULO
Outro importante fator é a questão do PROBABILÍSTICO
“curtoprazismo”. É a falta de visão e expectativa de
longo prazo, há carência de uma visão estratégica. Há uma complexidade no contexto do
Aparentemente, o Brasil está bem, porque estamos processo decisório, onde a racionalidade perfeita
com a inflação sob controle, mas à custa de inexiste e nada se garante nesse sentido. O processo
altíssimas taxas de juros, o concorrencial impõe
que está comprometendo o Aparentemente, o Brasil determinadas condicionantes
desenvolvimento de novos está bem, porque ao se tomar uma decisão.
investimentos. E, a todo estamos com a inflaçao Vejamos, pois, quando o
c u s t o , c o n t r o l a n d o o sob controle, mas a custa “utilitarismo do consumidor”
consumo. A dívida pública é de altíssimas taxas de imprime uma visão
alta e vai continuar por longo juros, o que está utilitarista, o consumidor não
tempo, porque a taxa de juros comprometendo o é soberano em suas decisões.
alimenta a dívida. Aqui, pode desenvolvimento de novos Em relação ao fato de ser
estar a armadilha da investimentos. “Maximizadora de lucro”
estagnação: inflação sob assume-se a visão neoclássica
controle, com elevados juros pela incapacidade de
e alta dívida pública exigem significativos conhecimento do futuro. As decisões ocorrem num
superávits primários minando a capacidade de mercado de incerteza, quando se tem que comprar,
investimentos macroeconômicos, enquanto as investir, aprimorar a mão-de-obra etc.
exportações mais refinadas de manufaturados estão Existem a informação incompleta e a
encontrando dificuldades com a sobrevalorização informação imperfeita, onde as pessoas tomam
do Real, com desemprego nesses setores. decisões em função de elementos que fazem parte da
A queda do risco país pode ser muito subjetividade. A incerteza faz parte do processo
importante aos investidores internacionais, um decisório no mundo em movimento. Existem
sinal verde à capacidade competitiva nacional. acontecimentos futuros não previstos que mudam
Quanto à questão distributiva, porém, o que pode do dia para a noite. A capacidade da firma deve
valer são as modificações de cunho estrutural, buscar consolidar um modelo de gestão que lhe
necessárias para o crescimento de longo prazo, permita ampla flexibilidade diante das incertezas
como ajuste dos desequilíbrios cambial, monetário setoriais, construindo elementos que contribuam
e fiscal, com reformas que vão garantir um para que o processo decisório tenha magnitude e
horizonte de expectativas positivas, de consistência. (TAVARES, 1999 e NEGRI, et al,
investimentos em longo prazo. (RESENDE e 2005)
BOFF, 2002) O mundo é incerto, porque se busca ver o
No campo interno da empresa, as decisões presente baseado em cenários, esquecendo-se do
tomadas, visualizando um futuro, devem respeitar passado. Alguns elementos importantes são
os elementos que fazem parte do padrão de amparados em procedimentos rotineiros como:
concorrência do setor: preço, diversificação etc. As busca tecnológica e coerência produtiva. Como a
decisões sobre um futuro incerto, podem visar um diversificação, a diferenciação de produtos caminha
futuro que abarca diferentes objetivos, além do em cima de um paradigma que lhe dá a oportunidade
lucro que é a última instância da decisão e pode cial. de avançar por meio de uma base tecnológica

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coerente, o que lhe permite ter mais firmeza diferentes feiras, a novos clientes,
no processo decisório. As rotinas são convenções, aproveitando-se de nichos de mercado, fruto de uma
que dão mais estabilidade reduzindo chances de alteração do quadro econômico global. “Ambiente
erro que lhes podem custar posições no mercado. das inovações”: um movimento em que os diversos
setores são afetados por outros de maior poder
3.1 - AMBIENTE ECONÔMICO inovativo, ou por produtos substitutos. (KUPFER,
Até que ponto, o ambiente econômico tem 1996; TIROLE, 1998 e TAVARES, 1999)
importância no espaço da concorrência? As firmas 3.2 - COMPETITIVIDADE
vão concorrer obedecendo ao padrão de
concorrência de seu setor, expresso em preço, É a capacidade de a empresa formular e
diferenciação, assistência às vendas e distribuição. implementar estratégias concorrenciais que lhe
Há um conjunto de práticas p e r m i t a m a m p l i a r, o u
que pode estar próximo, conservar, de forma
distante ou diferente do Cada vantagem duradoura, uma posição
padrão setorial. Esse padrão competitiva abre novas sustentável no mercado. A
faz com que a firma esteja oportunidades e isto competitividade está
situada em determinada nao é condiçao relacionada ao padrão de
estrutura de mercado necessária e suficiente, concorrência do setor. As
concorrencial, ou oligopólio, nao se deve esquecer estratégias serão feitas
influenciada pelo ambiente dos fatores sistemicos. c o n s i d e r a n d o o p a d r ã o
macroeconômico, como: setorial, visando aumentar a
aumento da taxa de juros, sua capacidade competitiva
redução das importações, aumento das exportações, por meio de: “estratégias” coladas ao “padrão de
redução da quantidade demandada, levando-a a concorrência” e a “capacidade competitiva”
tomar diferentes estratégias, como nesses dois impondo um “caráter dinâmico”.
períodos da economia brasileira citados a seguir: a)
entre 1994 e 1998: reduzem-se as exportações, A “Capacitação” visa criar condições para
reduz-se a quantidade demandada de produtos formular estratégias que estejam inseridas no padrão
exportáveis, os têxteis desativam seus escritórios de concorrência e impor ações ativas para atuação
no exterior. b) entre 1998 e 2000: aumentam-se as no mercado concorrencial. Qualquer análise de
exportações, aumenta a quantidade demandada, competitividade deve levar em consideração o
reabrem-se os escritórios no exterior. O mesmo, padrão de concorrência do setor. Não somente em
atualmente, está ocorrendo com a carne bovina e de termos de desempenho, mas, sobretudo, as
frango. Nesse caso, mexe-se com elementos do condições a que se chega ao desempenho são iguais
padrão de concorrência do setor. (TIROLE, 1998; à capacitação. As condições têm que ser criadas,
TAVARES, 1999) deve-se considerar o setor, sua estrutura setorial, o
caráter sistêmico (custo Brasil), mudanças no
Outros importantes pontos compõem-se de: câmbio, elevação de impostos, novas leis, normas e
“Elemento institucional”: no caso do MERCOSUL, regras, mexe-se nos custos, melhora-se transportes e
considerando-se determinados setores, pode haver as condições de logística.
redução nas tarifas, porque nos outros blocos, os
países compram uns dos outros e não permitem que A empresa está presente por meio da
o Brasil, ou qualquer outro país deste bloco, faça “inovação” colada a “gestão” inserida em
parte daquele mercado. O “Elemento cultural e permanente “planejamento”. Importante observar
político”: se aumenta a distribuição de renda, pode que cada vantagem competitiva da firma apresenta
aumentar o consumo, impactando na diferenciação uma questão temporal: pode-se ser competitivo hoje
das empresas inseridas em determinados setores, e, não, amanhã. Cada vantagem competitiva abre
principalmente alimentício. “Espaço da empresa”: novas oportunidades e isto não é condição
a empresa passa a ofertar seus produtos em necessária e suficiente, não se deve esquecer dos

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fatores sistêmicos. Antes dos anos 90, as KUPFER, 1996)
exportações tinham competitividade pela
desvalorização da moeda, salário baixo e subsídio 4.1 - ESTRUTURAS DE MERCADO
ao exportador. Era a competitividade “espúria”, Nos esforços de sistematização de estrutura
ilusória e não por competência. Para o país não de mercado, a estrutura não é única, é diferenciada:
entrar em falência, as empresas devem criar há setores com barreiras à entrada; setores com
capacitações. (KUPFER, 1996; NEGRI, et al, diferenciação de produtos; setores cujos índices de
2005) concentração são maiores. O mercado apresenta,
4 - MODELO: ESTRUTURA, porém, categorias não homogêneas.
CONDUTA, DESEMPENHO (E, C, D) Em “oligopólios concentrados”, onde no
O desempenho das empresas depende da máximo três, ou quatro, dominam o mercado, as
sua conduta, as quais estão associadas à estrutura do principais características são a produção
mercado. Desempenhoà empresasà conduta, homogênea e altas escalas de produção. Exigem-se
alicerçadas por: política de grandes unidades produtivas,
preços; práticas cooperativas siderurgia, petroquímica, altos
entre firmas; estratégias A dinâmica de investimentos, que levam
adotadas; realização de P&D - investimento leva em tempo, em função da alta escala
inovação. São ações que a conta a evoluçao do produtiva. É altamente
empresa toma que vão afetar os mercado, de forma relevante a questão financeira e
resultados como: lucro; planejada em cima da creditícia: financiamento e
eficiência alocativa; decisão de capacidade de crédito são determinantes. Ex:
colocar os produtos no absorçao desse indústria de bens de Capital
mercado. mercado. (máquinas e equipamentos).

Na estrutura do O Processo é contínuo,


mercado, permeiam elementos da oferta e da com alta renda, alto investimento, configurando-se
demanda: número e tamanho dos produtores, isso como forte barreira à entrada, quando se destaca a
tem estreita relação com a conduta; localização da competição via preços e as empresas competem por
matéria-prima; padrão tecnológico; integração grande volume de investimento. Um importante
vertical - menos na indústria têxtil - Ex: Papel e fator é que a oferta sempre está à frente da demanda.
celulose. É de sua natureza serem verticalizadas. Na política de preços: esta vai estar sempre olhando
a possibilidade de aumentar os investimentos, o
Outros elementos como: “Demanda” que peso do investimento é característica marcante do
considera a elasticidade - a maior ou a menor -, a setor.
sensibilidade do mercado e quantidades, os
métodos de consumo existentes no mercado (como Em “Oligopólios diferenciados”: poucos
os produtos de inverno e de verão, como por produtores detêm o controle do mercado, não está
exemplo, o mel no inverno e o iogurte no verão); atrelado à escala produtiva. Na constante busca de
“Políticas públicas” mexem com a conduta e economia de escala, o mais importante é a
mexem com a estrutura do mercado. Ex: subsídios diferenciação de produtos. Não há grandes
diversos, política monetária, política cambial. investimentos, há volume de número de
Essas variáveis impactam na conduta que se investimentos. A inovação de produto que gera a
relaciona com a estrutura de mercado. A estratégia diferenciação é considerável, com isso se gasta
afeta a conduta, que, por sua vez, afeta o consideravelmente em P&D. Gastos em publicidade
desempenho. Enquanto uma não vive sem a outra, a e propaganda tem relevância, não só pela questão da
alteração de uma é determinante para o renda, mas também pela marca.
desempenho da outra e dos resultados finais da A dinâmica de investimento leva em conta a
estratégia. (SCHERER, 1990; SUTTON, 1991 e

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evolução do mercado, de forma planejada Nesse quadro, a margem de lucro mínima é
em cima da capacidade de absorção desse mercado. aceitável, os novos investimentos estão
Demandam-se grandes recursos de investimentos condicionados à evolução do mercado. A empresa
com longa maturidade temporal, o mercado não é tende a suprir o mercado. Havendo evolução,
único, a concorrência corre solta e tende a ser aumenta-se a taxa de investimento. Há forte
frenética. presença de PMEs (Pequenas e Médias empresas).

E m “ o l i g o p ó l i o m i s t o 5 - BARREIRAS À ENTRADA
(concentrado/diferenciado)”: a concentração
técnica de produção é mais elevada que o oligopólio Estão presentes as firmas estabelecidas e as
diferenciado. No oligopólio firmas potencialmente entrantes. Desenvolveu-se
concentrado/diferenciado, nem só concentrado e no mercado a questão do preço limite, onde as
nem só diferenciado, o investimento é importante, empresas estabelecem um preço limite acima do
mas existe diferenciação de produto e o preço faz CMé (Custo Médio) mínimo para impedir firmas
parte da concorrência. entrantes. Nesse sentido, três ou quatro firmas
podem fazer acordo entre si e estabelecer um
A indústria de cerveja caracteriza-se como determinado preço. Quem for entrar no mercado,
oligopólio diferenciado, bem como os frigoríficos cujo investimento necessário é a tecnologia, pode ter
Sadia e Perdigão, onde 70, 80% do mercado brigam sua entrada inviabilizada, porque ninguém pode
por inovação na diferenciação. Nesse tipo de ficar no prejuízo por muito tempo.
mercado, a produção vai atingir vários estratos de
renda em diferentes mercados consumidores, onde O preço pode ficar abaixo do que seria o
os investimentos são uma combinação do preço de maximização. O preço pode ainda ser
concentrado e diferenciado. estabelecido abaixo do CMé mínimo para impedir
concorrentes. As firmas estabelecidas apresentam
Os “oligopólios competitivos”: diferentes CMé mínimo e, mesmo assim, podem
caracterizam-se pela inexistência de economia estabelecer acordos. A tentativa aqui é usar um preço
técnica de escala; convivência com tecnologia mínimo por um determinado tempo para impedir
equânime em padrão tecnológico comum entre as entrantes. Nesse caso, é pré-determinado. Pode
empresas; forte competição via preço, apesar de não haver diferenças entre as firmas entrantes, uma mais
se eliminar algum grau de diferenciação produtiva, próxima, outra mais longe do CMé mínimo e podem
onde o investimento não vai ocorrer com perder mais, ou menos. (BAUMOL, 1982;
capacidade produtiva à frente da demanda é de SUTTON, 1991 E NEGRI et al., 2005)
acordo com o mercado à medida que este sinaliza. A
economia tende cada vez mais aos mercados Alguns pontos explicam essa forma de
oligopolizados. concorrência, como: economia de escala que
favorece ao CMé mínimo; a diferenciação de
Se a tendência mundial é de oligopólio, produtos, considerando a escala de produção,
surgem os “oligopólios diferenciados” e, em cima quando, além do CMé mínimo, tem-se que gastar em
disto, movem-se os padrões de concorrência. propaganda; propriedade exclusiva sobre
Amparadas nesses modelos, as empresas buscam determinados fatores. Ex: matéria-prima: os
sua competição. Em segmentos não oligopolizados, controles sobre certos fornecedores podem impedir
o mercado competitivo, envolvendo duas, quatro ou outros entrantes; segredo industrial, só determinada
cinco empresas, não domina o mercado; aqui, não firma tem capacidade de fazer (Ex: Kaiser e Coca-
existe dominância de um grupo. Outras Cola); o caráter institucional como: patentes,
características desses mercados são: a baixa relação franquias já estabelecidas são caráter limitativo,
capital-produto; forte relação de concorrência via onde o conhecimento tácito, o que não é codificado,
preço; e concorrência por produtos homogêneos. as habilidades de um trabalhador em relação a outro
(SCHERER, 1990; SUTTON, 1991 e NEGRI et al., são diferentes.
2005)

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5.1 - OLIGOPÓLIO E PROGRESSO da curva de demanda quebrada, uma queda
TÉCNICO de preço é suprida pelo concorrente, e pode levar a
uma guerra de preços. Se ocorrer um aumento de
Como oligopólio e progresso técnico podem preço isso não será necessariamente seguido.
criar barreiras à entrada? Por meio de uma política
de preços que impede a entrada. Há uma relação A economia americana vem fazendo estudos
entre o Preço, Lucro e Custo-Variável e, a partir daí, de barreiras à entrada, e o que vem ficando
desenvolve-se uma política de exclusão e demonstrado é que a capacidade ociosa é o elemento
eliminação. Deve-se considerar o tamanho do importante quanto às barreiras à entrada. Ter
mercado e a parcela de participação da firma no concorrentes, sabendo de sua capacidade ociosa,
mercado. Isso vai determinar a capacidade de novas impõe limites. Isso permite atender a variações na
firmas entrantes no mercado e essa relação tem demanda e intimidar entrantes.
papel importante na exclusão.
Estabelecer política de preços permite que
Sistematicamente, apontam-se três tipos de ela seja comparada com elementos de barreiras à
prática de preços: o preço nominal, em que se venha entrada, amparada em elementos de condições
a ter um retorno mínimo de capital; pode-se adotar o concretas como: tecnologia, investimento e canais
preço de exclusão, onde o preço praticado pode dar de distribuição. Outro importante fator é a idéia de
uma taxa menor que o considerado mínimo e isso grau de monopólio, para determinar a política de
pode impedir entrantes; pode-se adotar um preço de preços numa estrutura oligopolizada onde as firmas
eliminação, nesse caso, o preço vai estar abaixo do trabalham com reduzido markup.
preço variável. É importante ter como referência
que acima de um estabelecimento de preço, existe As empresas administram seus preços em
uma política de preços como uma arma cima das relações de lucro e custos variáveis e,
concorrencial para assegurar certa parcela de conseqüentemente, procuram um controle maior
mercado. (SUTTON, 1991 e TIROLE, 1998) sobre os custos da matéria-prima e dos salários.
Nesse caso, vêem-se diferentes estratégias. Em tal
No caso de “monopólio concentrado”, uma contexto observamos oligopólios: concentrados,
barreira à entrada, que contribui para essa prática, é diferencial, misto e concorrencial. Há, entretanto,
o volume de investimento, a geração de economia diferentes práticas de formação de preços num
de escala. Em “Monopólio Diferenciado”, a contexto de política de formação de preços que
tecnologia é o elemento importante. Além desta, a impede entrantes. A definição mais simples é a de
patente e a publicidade; a idéia de preço limite como que não apenas poucas firmas dominam o mercado,
barreira à entrada, também são significativas. mas têm políticas distintas de formação de preços.
Esta formação se defronta no mercado
Ta i s e l e m e n t o s p o s s u e m u m a concorrencial e pode, ou não, ser seguida por outros
temporalidade. A prática de barreiras à entrada é havendo uma complexidade no estabelecimento dos
comum no mercado oligopolizado. Essa prática de referidos preços. A política de formação de preços
preços limites é temporal por investimento, como instrumento regulatório pode ser usado como
tecnologia e preços. Deve haver elementos que eficientes barreiras. (SCHERER, 1990; SUTTON,
garantam essa prática. A prática de preço limite 1991; CAVALCANTI, 2001)
deve ser comparada por barreiras à entrada num
certo período de tempo. 5.1.1 - DISCRIMINAÇÃO DE PREÇOS

Deve-se construir as condições para a firma A firma estabelece diferentes preços para um
estabelecer essas práticas, em um determinado mesmo produto em diferentes mercados e busca
horizonte temporal. Há certas situações em que uma aumentar seus rendimentos aumentando a atração
rigidez de preço não responde a variações na de clientes. Nesse ponto, é importante a elasticidade
demanda. Há casos, mesmo com aumento da da demanda do produto nos diferentes mercados,
demanda, em que os preços são rígidos. Pela teoria bem como as respostas dos consumidores às

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diferentes quantidades, pois, com isso, a desvantagens em termos de processos
empresa vai construindo sua política competitivos. Ex: mercado contestável ? Mercado
d i s c r i m i n a t ó r i a . ( TAVA R E S , 1 9 9 9 e de Energia Elétrica: Geração, MME; Transmissão,
CAVALCANTI, 2001) redes do Estado; Distribuição, Comercialização,
Estado e Parcerias Público Privadas; Regulação
Pode ocorrer uma política de lista de preços, contratual, ANEEL; e, ? Consumidor final.
de se ajustar o preço a cada cliente; pode-se (BAUMOL et al., 1982; SCHERER, 1990;
distribuir o preço por grupo de produtos, uma SUTTON, 1991 e NEGRI et al., 2005)
discriminação de dumping fazendo os preços
externos menores que os internos; favorecer a 6.1 - CRÍTICAS A ESTA TEORIA
grandes compradores, que compram grandes
grupos de produtos; pode discriminar por produto A principal crítica a respeito de firmas que já
com influência da marca e desenvolver promoções estão estabelecidas e se a firma vai contestar
para redução de estoque. Nesse quadro, há estrutura mercados, deve considerar: a marca, isto é, o ativo
imperfeita, diferentes formas de diferenciação intangível que move a mente e os corações dos
interna que, por sua vez, levam cada firma a ter consumidores; existe um aprendizado em
prática diferenciada na gestão de seus negócios. experiência acumulada cujo entrante pode não ter;
facilidade à tecnologia, o acesso não é tão fácil como
6 - TEORIA DOS MERCADOS se pressupõe. Há setores de tecnologia madura,
CONTESTÁVEIS (TMC) nesse caso de fácil acesso, em que há baixa
apropriabilidade e a difusão é fácil, não se segura por
A Contestabilidade é competir, despertar, muito tempo.
lutar e concorrer. Essa teoria é um revigoramento
superior da concorrência perfeita. Concorrência via No caso de tecnologia nova, dificulta-se a
estrutura de mercado, onde há modalidades de aquisição por meio de patentes e questionam-se
recursos. O produtor não é suficientemente grande entrantes a entrar no segmento e contestar mercado.
para impor sua vontade e, nesse caso, quem quiser No caso de privatizações, isto é importante, embora
pode entrar e quem quiser pode sair. Há uma cada setor tenha uma especificidade própria, o
modalidade dos capitais em favor do aumento da governo leva um número cada vez maior para
concorrência, e esta eleva a contestabilidade, concorrer, ainda que a tendência seja de regra livre
elemento importante para derrubar barreiras de participação mais tarde. O processo de fusão e
protecionistas do Estado. Pela concorrência, os aquisição pode levar a uma imperfeição maior de
preços caem e a qualidade aumenta; admite-se mercado. (SCHERER, 1990; SUTTON, 1991;
economia de escala e firmas com multiprodutos. TIROLE, 1998; TAVARES, 1999; CAVALCANTI,
2001 e NEGRI et al., 2005)
Algumas condições necessárias estão
fortemente presentes na TMC: i) Com maior 7 - DIVERSIFICAÇÃO
destaque, está a possibilidade cada vez maior de
aumentar a concorrência; ii) As condições postas A firma, como unidade de análise, passa a ser
aos entrantes são de ordem tecnológica, suficientes o locus de objeto de estudo. Verificamos que ela está
para suas operações, de acesso significativamente em constante mudança com elementos de
fácil. No caso da aviação civil, se quer entrar, modificação permanente com sua orientação para
compra-se os aviões e entre. Não existem barreiras produção, apresentando diferentes formatos
à entrada, (o Ministério da Aeronáutica não impede organizacionais. Sobre esta firma, ocorre um
entrante); iii) Não existem custos de saída (sum- processo de diversificação produtiva que vem no
coast) custos irrecuperáveis; iv) Inexiste bloqueio bojo das oportunidades que se abrem, porque o
econômico, é uma situação de mercado livre; v) próprio processo concorrencial leva a buscar novas
Inexiste subsídio cruzado. oportunidades.

As firmas entram, contestam, competem e Com isso, a firma se vale de sua experiência,

RACRE - Revista de Administração, Esp. Sto. do Pinhal - SP, v. 07, n. 11, jan./dez.2007 37
que é um conhecimento que somado iv) “Diversificação central”: movimento que
permite buscar o novo. Então, em que condições, a firma pode realizar a montante e a jusante usando
com vistas à diferenciação, a firma se baseia para maior controle sobre o processo produtivo.
buscar o novo? Alguns elementos principais devem
ser considerados: v) “Diversificação concêntrica”: aqui, tende
a ocorrer o afastamento da área de especialização, o
i) “A História da firma”: um primeiro olhar que pode fugir à sinergia existente, a partir da
sobre o caminhar histórico da firma, da possibilidade de diversificação e assumir maior
temporalidade de acúmulo de experiência, consideração no interior de determinada firma ou
aprendizado e conhecimento que permite conglomerado.
diversificar. Isto gera uma cultura empresarial de
processo de diversificação. A história é importante vi) “Diversificação em conglomerado”:
nessa perspectiva, que permite ir por esse caminho diversificação totalmente fora da área, ex: WEG
e, não, por aquele. atuando na área de motores para pescados. Nos
períodos de crise, reduz-se e promove o
ii) “Capacidade de diversificação”: pode ter enxugamento, concentrando-se na atividade
história e não capacidade construída. Aqui, alguns principal, o caminho de segmento de menor
requisitos fazem-se importantes: a) A área de resistência. (KUPFER, 1996; TIROLE, 1998;
especialização da firma, por que em cima disso MASTROSTEFANO e PIANTA, 2004; NEGRI et
existe a base técnica: Maquinas e equipamentos e o al., 2005)
processo produtivo. Esta diversificação se
manifesta a partir de sua área de competência. b) 8 - ABORDAGENS ORGANIZACIONAL
Pode-se usar a área comercial já existente para E INSTITUCIONAL DA FIRMA
distribuição de novos produtos. Nesse particular, A sociedade capitalista desenvolve
considerar P&D, laboratórios, técnicos instituições que podem ser ao nível macro como ao
competentes, significa avançar em áreas de menor nível micro. Macro, como em centros de pesquisa e
resistência porque o novo é radical. Isso se deve dar educacional; Micro, ao nível da firma, fornecedores,
em cima da área de domínio. Este processo interage, parceiros da associação de produtores, exportadores
as diferentes interações ocorrem numa estrutura de e compradores. As instituições indicam as regras,
mercado. (KUPFER, 1996; MASTROSTEFANO e normas, regulamentos e procedimentos. O objetivo
PIANTA, 2004) é o de regular a vida econômica e reduzir
A diversificação está associada ao padrão de perspectivas oportunistas.
concorrência e a estrutura de mercado pode assumir As instituições tendem a dar certa
um caráter de necessidade, no caso do esgotamento conformidade ao mundo de incertezas. Isso faz com
da demanda. Pode também ser reduzida. A partir do que o agente tenha esse papel importante, no
produto principal, há agregação de valor a novos contexto onde são firmados contratos entre os
produtos complementares. A empresa deve autores. A sociedade capitalista é formada a partir de
considerar ainda a área de atuação e as contratos e encontra, nas instituições, uma forma de
possibilidades que se abrem dentro do padrão de se manifestar, como na regulação da relação entre
concorrência. A todo o momento, a área de atuação cliente e produtor.
abre possibilidades em face do padrão em que a
firma atua. O contrato é uma forma de garantir as
relações econômicas num certo horizonte temporal.
iii) “Diversificação horizontal”: está ligada É uma economia institucional, contratual, porque o
à linha de produtos já existentes e à área de contrato amarra os procedimentos. As firmas
especialização para diversificação: insumos, deparam-se com regimes contratuais e, aí, procuram
distribuição, movimentos para frente e para trás da inovar com diferentes procedimentos e normas.
cadeia produtiva (ex-ante e ex-post, ou a montante e Hoje, é diferente de dez, ou quinze anos atrás. Antes,
a jusante).

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a relação comercial era conflituosa; administrar contratos. (WILLIAMSON,
atualmente, é de confiança e de compromissos 1989; SUTTON, 1991; RESENDE e BOFF, 2002)
interligados entre cadeias de produtores e
consumidores num constante aperfeiçoamento das Mesmo que a TCT seja uma relação entre
relações. O processo de inovação e diversificação agentes do mercado, entre compra e venda, esta
está fortemente presente nesse contexto. relação permite mudanças criando novas relações.
No jogo do dia-a-dia, a firma olha duas coisas: ou
Esses fatores estão colados à “Teoria do produz internamente, ou adquire no mercado. Os
Custo de Transação”, utilizada para entender as contratos são importantes para impedir o
relações econômicas. Expressa a organização do oportunismo. Numa relação, fornecedor-
mercado, como as empresas transacionam entre si, comprador, evitam oportunizar uma situação de
buscando a redução de custo. O mercado passa a ser mercado e criam uma relação de confiança
a base de análise, onde a firma pode deparar-se com garantindo uma certa regularidade. Ex: Quando se
a seguinte situação: ou se verticaliza, ou adquire no dá um cheque pré-datado, assina-se um contrato,
mercado. A TCT quer saber qual é o mais vantajoso: devem-se considerar elementos como: relações
verticalizar, ou não? Nesse contexto as empresas pessoais; história da própria firma; experiência e
visam reduzir seus custos de transação. tradição. São fatores vinculados a elementos
intangíveis, que fazem parte da complexidade dos
As empresas buscam reduzir os custos de contratos, como em uma certa firma que,
transação que são ex-ante e ex-post, por meio de dependendo da intensidade do evento, a atitude a ser
constante monitoramento, acompanhamento e até tomada é aquela. Os pontos críticos da TCT se
seu rompimento. Pode ser resolvido judicialmente concentram em: i) Fundamentalmente está
e, nesse ponto, os contratos são importantes. Por relacionada a custos e preços; ii) Não trata das
outro lado, há a necessidade de uma estrutura de inovações tecnológicas; iii) Não há preocupação
coordenação. Ex: De 10 a 12 firmas, no pátio das quanto à inovação a que está vinculada a produção;
montadoras automobilísticas, têm um regime iv) Não se casam inovações com o mercado.
contratual, com estrutura de governança, onde se
estabelece a hierarquia, sempre visando à redução 9 - A FIRMA ORGANIZADA EM
de custo. A estrutura de coordenação acompanha as REDES
cláusulas contratuais, disciplinando as relações
diversas que estão postas. Nesta seção, busca-se responder às seguintes
questões: O que é rede de firma? E, qual o seu
Há, ainda, outros importantes pontos pelos modus-operandi? Pode ser respondido como sendo
quais são estabelecidos contratos: i) Elementos de a configuração da organização entre firmas, cujo
incerteza: o contrato vem para acabar com eventos objetivo é enfrentar os desafios no ambiente
não desejáveis; ii) Freqüência das operações: isso econômico, com firmas independentes e relação
leva à existência de contratos; iii) Ativos produtor/fornecedor. Isto ressalta uma dimensão
específicos: apontam no sentido de existir social das firmas à medida que o trabalho assume
determinados ativos que não possam ser utilizados caráter cooperativo e coletivo entre este conjunto de
na quebra de contrato. Ativos específicos, como os firmas, que produzem para a firma maior.
dedicados às atividades de produção integrada de
frango, bicho da seda, entre outras. Esta nova visão é uma superação do mercado
alastrado. Conflita com a microeconomia de
A firma, enquanto organização e mercado mercado abstrato da oferta e demanda. Esta visão
depara-se com contratos cujo objetivo máximo é a mostra o que pode ser feito, interagindo agentes para
redução de custos. Isso possibilita inovações e objetivos comuns. Esta questão vai exigir que o
organizações que se vão refletir nos contratos. As ambiente onde se realiza o fato exista uma
organizações criam capacitações, processo de organização. Este ambiente está sujeito a mudanças,
aprendizado, aparato de alta-performance, e isto vai exigir dinamismo, pois uma vez formada a
refletindo num conjunto de competências para rede, pode não ser para sempre. Os agentes devem

RACRE - Revista de Administração, Esp. Sto. do Pinhal - SP, v. 07, n. 11, jan./dez.2007 39
acompanhar as mudanças econômicas. trajetória de relações, um conjunto de
relações e normas de tentativa e erro que pode se
Isso exige novos procedimentos que se tornar conflituosa; a variável temporal é o que
expressam numa relação de paradigma técnico- importa. Em cima de uma trajetória do passado
econômico. São pequenas plantas, não se cogitam sobre o presente, é que se projeta o futuro e tomam-
grandes linhas de montagens, tem-se diversificação se decisões baseadas no fato temporal; a
produtiva, nova estrutura organizacional diferente temporalidade e o aprendizado assumem papel
de há dez ou quinze anos. E o processo é de importante. Os acertos reduzem a assimetria; a
descentralização, onde a responsabilidade do que trajetória tecnológica aumenta a comunicação entre
antes se produzia internamente é passado para os agentes; o fluxo de comunicação é constante e
outros. não pode falhar implicando em perdas. vi) Aumento
Produz-se uma multiplicidade de do grau de competência entre as partes: nesse
capacitações, cada fornecedor deste conjunto de caminhar, formam-se projetos de capacitação,
firmas é competitivo naquilo que ele faz. Com isso, cursos, treinamentos, feiras, congressos etc., à
reforça-se a interdependência produtiva do medida que vão se formando, no tempo, relações
processo que, em última instância, é uma agregação mais fortes reduzindo a relação de incerteza. vii)
de diferentes competências produtivas. Há um Sincronização da estratégia: há necessidades e
padrão de formação de redes a ser configurado, que estratégias, em conjunto, que se revisam com vistas
também é múltiplo porque tem diferentes arranjos. ao futuro, quando ocorre numa sincronização entre
Como por exemplo, vê-se que a rede da Fiat é os atores. (BRITTO, 2002; MASTROSTEFANO e
diferente da rede da Renault; a rede de complexos PIANTA, 2004; NEGRI et al., 2005)
econômicos de Campinas/SP é diferente da dos 9.1 - ELEMENTOS MORFOLÓGICOS
automobilísticos. (TIROLE, 1998; BRITTO, 2002; DOS ESTUDOS DE REDES
NEGRI et al., 2005)
Quando se firma uma rede, formam-se
Em larga medida, o que pode levar as redes pontos, as firmas são unidades de análises, objeto de
ao sucesso é: i) Interação das firmas: a relação tende estudo. Estes pontos vão indicar um padrão de
a ser mais forte, porque exige maior confiança, onde agrupamento, uns mais intercalados, com maior
é necessário conhecimento mercadológico e densidade; outros, menos. Há exemplos de estudos
tecnológico com disposição para participar, de caso alemão, americano, italiano e norueguês.
aprender e ensinar. ii) Eficiência constante: o
impacto do aprendizado na rede pode promover um Quanto à “posição das firmas”, esta é
salto na eficiência produtiva, onde a maioria é importante dentro da rede porque indica se é maior
selecionada a partir de sua competência. Há uma ou menor sua relação com os fornecedores. Tem-se
seleção dos fornecedores e o objetivo final é a uma estratificação na rede, como fornecedores de
eficiência técnica e produtiva. iii) Coordenação: primeira linha e de segunda. As relações de natureza
imagine-se um número de fornecedores de primeira de cunho tecnológico, com as empresas de primeira
e de segunda linhas, geralmente as empresas têm linha são diferentes das de segunda; visitas de
relação forte com primeiro fornecedor e isto exige engenheiros da primeira linha são uma coisa; da
um senso de coordenação. iv) Eficiência macro, via segunda, significa algo diverso. Há certo tipo de
P&D: está na questão da tecnologia, e da relação com determinado fornecedor que não se faz
apropriabilidade tecnológica com produtores e com outro; as relações são diferentes.
fornecedores desenvolvendo capacidade
tecnológica a partir de uma parceria cooperativa, Pode haver fornecedores de fornecedores;
buscando-se implementar um processo competitivo existem redes estruturadas e não estruturadas: o que
inovativo onde a tecnologia é o oxigênio do mundo comanda é o padrão tecnológico. A subcontratação é
dos negócios. v) Dimensão temporal normativa: um tipo de relação de rede. Redes na forma
importante porque a firma vai criando uma organizacional agregam empresas independentes.
Dentro da mesma indústria automobilística a rede

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pode ter diferentes relações. Pode existir que tem diferentes fornecedores. (TIROLE,
uma rede, que tem outras redes que lhes são 1998; BRITTO, 2002; NEGRI et al., 2005)
fornecedoras, juntas somam condições sinérgicas
para a inovação. (BRITTO, 2002; NEGRI et al., 9.3 - ELEMENTOS IMPORTANTES
2005) PARA O ESTUDO DE REDE

9.2 - LIGAÇÕES QUE SE FORMAM A Os principais elementos para o estudo de


PARTIR DESSAS REDES rede se concentram em: i) Detalhamento da
atividade econômica; ii) Descrição da cadeia
A aceleração contratual passa a ser o produtiva; iii) Detalhamento da logística de
elemento importante no funcionamento; iv)
processo. Considerando Características dos aspectos
pontos e ligações na rede há No estudo de rede, é contratuais; v) Mapeamento
uma multiplicidade de importante observar o papel das transações; (vi)
situações, o que se pode da “institucionalidade”, Descrição dos fluxos de
afirmar é que não existe onde a sociedade avança informação com montagem
uma forma única de junto, mais na cooperaçao de códigos e procedimentos
modelo. Os “fluxos e que na concorrencia, específicos daquela
refluxos” geram um espelhadas nas instituiçoes atividade. A cooperação em
sistema de rede criando de apoio. Ao que parece, na redes não é somente
características próprias. concorrencia, é importante produtiva, mas também e,
Estes fluxos podem ser de que exista - para que a principalmente,
informações técnicas, ou cooperaçao vá além de se tecnológica, onde quanto
produtivas, tangíveis e configurar - a busca de mais organizado o mercado
intangíveis, tem-se um dinamismo ao processo de maior o intercâmbio entre
fluxo de entrega, fluxo de inter-relacionamentos. agentes.
informações, tende-se a
possuir uma estrutura que faz fluir este quadro. No estudo de rede, é
importante observar o papel da “institucionalidade”,
Existem “limitações” em torno de um onde a sociedade avança junto, mais na cooperação
diferencial, definindo-se um limite da rede. que na concorrência, espelhadas nas instituições de
Determinada atividade e setor podem ter interesse apoio. Ao que parece, na concorrência, é importante
de soma só com fornecedores de primeira linha. O que exista - para que a cooperação vá além de se
conhecimento no interior da rede pode ser configurar - a busca de dinamismo ao processo de
imperfeito porque se trabalha com fluxo de inter-relacionamentos. A “diversificação de
informações que pode não ser perfeito quanto ao mercado” ganha significância onde a firma
nível tecnológico, mercadológico e natureza da estabelece fronteira na desverticalização. A empresa
matéria-prima. E nesse campo tem-se estabelece o que vai produzir internamente e o que
conhecimento imperfeito. vai buscar no mercado. Assim, aumenta-se a
freqüência nas transações; aumenta a interação para
A “adequação às transformações de baixar custo; e, aumenta-se a interação para a
ambiente econômico”, exige uma capacidade de necessidade de contratos. Ex.: O que os
ajuste. As firmas devem responder rapidamente às fornecedores da Sadia vão fazer com seus
mudanças do ambiente econômico de forma pintainhos, equipamentos e instalações se a Sadia
coletiva. Está-se em rede quando há uma não receber, industrializar e comercializar seus
organicidade de processos conjuntos como: produtos?
sinergia, desenvolvimento de produto, adoção de
estratégia conjunta entre outros. Os “tipos de redes” Uma “hipótese básica” é a de que o estudo de
vão desde descentralizadas, estruturadas, redes exige uma coordenação, explicada pela teoria
monocêntricas e policêntricas. A empresa pode dos Custos de Transação, que coordena os contratos

RACRE - Revista de Administração, Esp. Sto. do Pinhal - SP, v. 07, n. 11, jan./dez.2007 41
e as relações mercantis entre produtor e estrutura do mercado; quem tem tecnologia
fornecedor. A natureza tácita de relacionamentos não dá para ninguém, na rede ela é coletiva, a
intra-rede, inicialmente, tem uma fraca codificação; tecnologia está presente no conjunto coletivo e no
fortemente, está na prática do dia-a-dia e na processo interativo. (MASTROSTEFANO e
habilidade de se fazer as coisas. PIANTA, 2004; NEGRI et al., 2005)

As redes de firmas seguem, em larga 9.4 - ALTERAÇÃO DO PADRÃO


medida, os pressupostos indicados por Joseph Alois TECNOLÓGICO PÓS-DÉCADA DE 70
Schumpeter, onde ninguém é competente para fazer
tudo; há de se agregar As modificações do padrão
competências e, sozinho, não é Aprender fazer é vital t e c n o l ó g i c o i m p u s e r a m
possível realizar com significativas mudanças na forma
no processo
competência máxima. É o organizacional de reprodução do
inovativo, envolve o
conjunto de competência que capital e impuseram novas formas
processo social. No
possibilita a formação de aprendizado coletivo, de aprendizado e rotinas para o
estratégias vencedoras; interior das firmas.
a aceleraçao do
estudando-se as rotinas e conhecimento é vital Há um novo formato
procedimentos, o custo do dentro da rede. organizacional, amparado nas
caminho errado, se tomado, seguintes questões: base
pode ser menor. Geram-se microeletrônica; desverticalização; diversificações
competências por meio da formação de habilidades produtivas, para cada estação, diferentes coleções
especiais. As decisões são tomadas conforme são ofertadas; instituição organizacional; alteração
habilidades, informações dos procedimentos e no tamanho das plantas industriais; modificação na
rotinas codificadas. (TIROLE, 1998; BRITTO, organização social, em especial do processo de
2002) produção; reconfiguração nas relações entre
A codificação da rotina é importante para se empresas de domínios distintos; intensificação de
formar um conjunto de competências que leva à interdependência de atividades distintas de firma
especialização produtiva, necessária à para rede de firmas; irradiação de decisões de
diversificação de produtos e à inovação. A produtos interdependentes; cooperação intra-firma
regularidade de se fazer as coisas dá excelência, e cooperação consistente entre firmas;
com isto às firmas vão se internalizando, as rotinas complementaridade e especialização produtiva;
nada mais são do que a história de conhecimento da exigências de competências necessárias; sistema
firma. Muda-se o quadro estrutural, a firma deve ter com múltiplas competências; aprendizado
capacidade de mudança e reestruturação, a fim de acumulado e coletivo; redução da heterogeneidade
não ser levada ao extermínio. entre firmas; competitividade constituída em amplo
terreno. (BRITTO, 2002; NEGRI et al., 2005)
Aprender fazer é vital no processo
inovativo, envolve o processo social. No A empresa está na rede porque consegue ser
aprendizado coletivo, a aceleração do competente e fazer produtos que vão fazer parte
conhecimento é vital dentro da rede. Possibilita que desse conjunto. Quanto menos heterogêneas,
todos venham trabalhar num patamar tecnológico maiores tendem a ser suas condições para alcançar
ideal, ótimo para o máximo rendimento dos fatores competitividade.
de produção. Uma organização em redes significa 10 - IMPORTÂNCIA DA FIRMA
uma forma de organização independente de firmas INTEGRADA A AGLOMERAÇÕES
comuns, buscando forma de se adequar e se INDUSTRIAIS
fortalecer mediante o ambiente concorrencial;
exige uma ação coordenada com estruturada É possível que a concentração e
governança. A busca pela inovação deve ser centralização do capital leve ao desaparecimento
constante porque a tecnologia pode modificar a
42 RACRE - Revista de Administração, Esp. Sto. do Pinhal - SP, v. 07, n. 11, jan./dez.2007
das MPME's (Micros, Pequenas e Médias produzir produtos de alto valor agregado.
Empresas)? Marshall, pioneiro nos estudos sobre Não é de última relevância se a empresa é pequena
pequenas empresas, indicou que estas teriam um ou média, se vai viver ou morrer e, sim, como
ciclo de vida, cuja temporalidade levaria ao seu alcançar vantagem competitiva. (TAVARES, 1999)
desaparecimento, porque a sucessão dos
empresários não se conduziria com o mesmo vigor, Este modelo é uma agregação de firmas em
e o tamanho ótimo deveria atingir certa escala de que existe uma organização coletiva de produção.
produção. Em Steindll, as pequenas empresas Cria-se uma sinergia onde os ganhos são positivos,
teriam um limite de crescimento em função da tem-se como base a indústria, vinculada a uma
própria concorrência, porque não conseguiriam em concentração geográfica e setorial. Habitualmente,
longo prazo competir com as grandes. chama-se de pólo industrial, aglomerados, arranjos
produtivos locais (APLs) clusters (agrupamento),
Para Thomas Robinson, como o mercado é ou distritos industriais. O importante é compreender
imperfeito, com monopólio e oligopólio, haveria como eles criam sinergia para obter vantagem
uma tendência de destruição das pequenas competitiva.
empresas porque a concorrência seria desleal. Para
Marx, a tendência da sociedade capitalista é Normalmente, a busca competitiva se dá em
diminuir o número de capitalistas, com a função de um conjunto de fatores que pode ser: por
concentração de capitais; um número cada vez meio da divisão do trabalho; especialização ao nível
menor de empresas domina o mercado. Embora a das firmas; insumos, em geral, próximos às
economia possa tender a concentração e oligopólio, empresas; máquinas e equipamentos ao nível geral
mesmo assim a presença, na economia, pela própria das empresas e, prestação de serviços, tudo
divisão do trabalho, as MPME's têm seu espaço. próximo, numa mesma área geográfica, ou ao nível
Como tratar, contudo, as MPME's em termos de do setor. É um conjunto associado à concentração
entendimento de sua função na economia, dado geográfica e setorial. (KUPFER, 1996; RESENDE,
que a trajetória de desaparecimento existe e elas não e BOFF, 2002)
são homogêneas? Pode-se respeitar uma determinada
Pode ser necessário estudar a estruturação e conformação histórica e cultural, à medida que
organização das MPME's que atuam em diferentes elementos ligados à cultura facilitam a cooperação
mercados, que podem ser: organizadas; entre os agentes em busca da vantagem competitiva.
dependentes e independentes. Há uma grande O conjunto de firmas vai ter vantagens que
heterogeneidade de MPME's, podem ser dificilmente teriam se estivessem atuando
contratadas, ou não, podem trabalhar direto para isoladamente. Isto remete à capacidade de
grandes empresas, podem ser independentes sem sobrevivência das MPME's, implica na existência
subordinação. A dinâmica vai depender da estrutura do conceito de economias internas, baseadas na
de mercado em que elas estão inseridas. Um grande redução de custos e ampliação da capacidade de
número delas atua no mercado competitivo, outras produção da firma e, economias externas,
atuam de forma independente, mas que são de base relacionadas ao conceito de externalidades positivas
dinâmica, cujo preço pode ser o diferencial. A da indústria local, externamente a firma interage
quantidade não tem tanto fator positivo, as de base obtendo-se sinergia com as demais.
dinâmica são em geral de base tecnológica. Logo, A Economia de Aglomeração se dá em larga
esta natureza dinâmica dá um contexto importante medida pela redução do custo de transação entre as
no desenvolvimento das MPME's. empresas. Como estão próximas, reduz-se o
Essas MPME's podem ainda ser agrupadas transporte e todo fator logístico ex-ante e ex-post
em modelos comunitários. Que modelo e quais pode ser facilitado. A economia de aglomeração está
características? O modelo comunitário é um ligada à economia interna da aglomeração e, à
modelo para sobreviverem com diferencial, podem economia externa, na esfera macroeconômica,
competindo e se reconfigurando conforme o grau de

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sua eficiência coletiva, onde não mais uma coletiva. É no local, que se geram condições
micro, pequena, ou média, mas um conjunto de para se tornar global e que se capacita para
MPME's consegue de forma coletiva obter expressão global. Têm-se como exemplos: calçados
vantagem a partir de uma forma organizativa em do Vale do Rio dos Sinos/RS e Campina Grande/PB;
cooperação e obter vantagem móveis de Ubá/MG e
competitiva, produzindo Arapongas/PR; confecções de
coletivamente de forma
A eficiencia coletiva Itajaí/SC e Cianorte/PR; software
independente.
se fortalece e se de Campinas/SP e Joinvile/SC.
consolida mediante a
Essa busca, inicialmente, divisao do trabalho O sentido da concentração
pode ser intencional, ou não, por entre as firmas, onde está fundamentalmente ligado à
força cultural, institucional, ou um conjunto de criação de vantagens. Estas
de planejamento, programas e relaçoes vai-se poderão ser de estrada alta, com
projetos públicos. É difícil criar formando entre elas. alta produtividade; alta
um cluster de cima para baixo, especialização e alto nível
tradicionalmente não são criados. Normalmente, se salarial. Ocorrem nos países desenvolvidos onde as
obtém maiores sucessos consolidando-se de baixo concentrações de empresas têm essas
para cima. As empresas não se interagem somente características; ou de estrada baixa, nos países
pela cultura histórica facilitadora, assumindo emergentes com baixa especialização, baixos
caráter de ocorrência incremental e não planejado, salários e baixa produtividade. (NADVI, 1995;
mas é a partir do fato de que a aglomeração, ou SCHMITZ, 1995; OECD, 1999)
cluster, assume um corpo que passa a ser planejado.
O aspecto vulnerável do cluster se dá na
Um distrito industrial é sempre um cluster, medida em que este se concentra na produção
mas um cluster pode não ser um distrito industrial. específica de um produto, ou possui baixa
A eficiência coletiva decorre de economia externa, apropriabilidade tecnológica com reduzida
economia de aglomeração e, da cooperação que capacidade de inovação para diferenciação. Ainda,
pode ser impulsionada por fatores culturais e se for voltado só para exportação, pode enfrentar
institucionais. As empresas cooperam e competem sérios entraves de protecionismo, ou intempéries de
ao mesmo tempo, estes elementos servem para natureza diversa. De outro modo, as dificuldades
diferenciar aglomerados de clusters e distritos não são diferentes das de empresas que estão fora do
industriais. Importante é entender as densidades das cluster, o dinamismo é ainda mais frenético porque é
relações que se formam, se são mais, ou menos, o nome da aglomeração, do cluster, ou do distrito
intensas, estudando as densidades das relações com industrial que está em jogo. Nesse particular, o
sindicatos de produtores, SENAI, associação ganho de eficiência é maior que a possibilidade
comercial, associação de exportação, federação, posta de crise, a intensidade do ganho de eficiência
entre outras. Estas serão, mais, ou menos, eficientes permite a superação, obtida pela especialização.
com vistas a criar vantagens competitivas no
mercado. É possível desenvolver estudos de avanços
comparativos, entre os clusters existentes onde
A eficiência coletiva se fortalece e se teríamos relações fortes, médias e fracas, porque não
consolida mediante a divisão do trabalho entre as existe um padrão definido de clusters. (SCHMITZ,
firmas, onde um conjunto de relações vai-se 1995; PORTER, 1999; NEGRI et al., 2005)
formando entre elas. Pode ser vertical, com
fornecedores, distribuidores e prestadores de 11 - CONCLUSÃO
serviços e, horizontal, onde diversas firmas A formação da capacidade competitiva, que
concorrentes se unem para exportar, ou para impulsiona uma empresa, uma região e um país,
comprar insumos. Vai-se tendo um adensamento no nasce do processo de disponibilidade para se
processo produtivo que resulta na eficiência ue se alavancar novos empreendimentos. Em larga
capacita para expressão global. Têm-se como
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medida, está amparada em aspirações 12 - REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS
pessoais, do desejo de ter o próprio negócio e da
mentalidade de se pensar grande como patrão. BAUMOL, W.; PANZAR, J.C.; WILLIG,
Parte-se de experiências acumuladas, como um R.D. Contestable markets and the theory of
poderoso diferencial de vantagem competitiva, industry structure. New York: Harcourt, 1982.
utilizando-se de uma rede de contatos já B R I T T O , J . N . P. C o o p e r a ç ã o
amadurecida. interindustrial e redes de empresas. In: KUPFER,
O novo empreendimento pode ser um D.; HESENCLEVER. L.; (org.) Economia
negócio em desenvolvimento. Navegar primeiro industrial: fundamentos teóricos e práticos no
em mares conhecidos pode Brasil, RJ: Campus, 2002.
permitir uma visão madura da A formaçao da
CAVALCANTI, M.
realidade e oportunidades, capacidade competitiva, G e s t ã o e s t r a t é g i c a d e
com reações rápidas às que impulsiona uma
negócios – evolução,
adaptações necessárias. Um empresa, uma regiao e
cenários, diagnóstico e ação.
novo empreendedor pode um país, nasce do
São Paulo: Pioneira Thomson
utilizar-se de projetos processo de
Learning, 2001.
conhecidos e abandonados, disponibilidade para se
mas que em função de um novo alavancar novos FARINA, E. M. M. Q.;
ambiente definem maduras empreendimentos. AZEVEDO, P. F. e SAES, M.
chances de sucesso. A adesão S. M. Competitividade:
da firma a uma rede de empresas, ou aglomeração mercado, estado e organizações. São Paulo:
industrial, onde ganhos de externalidades positivas Editora Singular. 1997.
possam ser utilizados como vantagem competitiva
é altamente salutar ao fortalecimento e aprendizado FERRAZ, J.; HAGUENAUER, L.;
das empresas. A terceirização, também pode ser um KUPFER, D., “Made in Brazil: desafios
caminho a ser seguido, especialmente em competitivos para a indústria”. Rio de Janeiro: ed.
segmentos de negócios onde já se tem experiência Campus, 1997.
acumulada. KUPFER, DAVID. Uma abordagem neo-
Pode-se, ainda, trabalhar por meio de um schumpeteriana da competitividade industrial.
plano claro de negócios, que permita despertar a Ensaios da FEE, Porto Alegre, v. 17, n. 1, p. 155-372,
atenção de quem pode ajudar, quando não há 1996.
possibilidades de levá-lo à frente com as próprias MASTROSTEFANO, V; PIANTA, M. The
forças. As parcerias são necessárias e importantes, e Dynamics of Innovation and its Employment
geram as redes de relacionamentos individual ou Effects. An analysis of innovation surveys in
coletiva. Aliada a esses principais fatores, está a European Industries; artigo apresentado na
criatividade para enfrentar desafios, perseverar, conferência da 10a. International J. A. Schumpeter
confiar, acreditar em seu talento e idéias que podem Society, Milão, 9-12 de junho de 2004.
permitir infinitos arranjos.
NADVI, K. Industrial clusters and
Por fim, preparar a equipe: treinar as networks: case studies of SME growth and
pessoas, para que, além de estarem falando a mesma innovation. ONU, 1995.
linguagem, compartilhem objetivos focados em
resultados, com a disponibilidade de dedicação sem NEGRI, J.; FREITAS, F.; COSTA, G.;
reservas. Pessoas dispostas a transformarem um SILVA, A. e ALVES, P. Tipologia das Firmas
bom projeto em um negócio de sucesso, Integrantes da Indústria Brasileiras: (Não seria
construindo o fortalecimento dos mecanismos de Indústria Brasileira?) Procedimentos
edificação da competência para ganhos de Metodológicos Utilizados no Projeto de Pesquisa;
concorrência.
RACRE - Revista de Administração, Esp. Sto. do Pinhal - SP, v. 07, n. 11, jan./dez.2007 45
Inovação, Padrões Tecnológicos e SCHMITZ, H. (1995) “Collective
Desempenho das Firmas Industriais Brasileiras; Efficiency: growth path for small-scale
Brasília, 2005. industry”, In: The Journal of Development Studies,
vol. 31, no. 4, p. 529-566.
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approach. Paris: OECD, 1999. SUTTON, J. Sunk costs and market
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competitivas essenciais. Rio de Janeiro: Campus, industrialização no Brasil. 3 ed. Campinas: Ed.
1999. Unicamp, 1999.
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