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HISTORIA DOS CONCEITOS E TEORIA POLITICA E SOCIAL: referéncias preliminares* Marcelo Gantus Jasmin © presente artigo discute, de forma sucinta, algumas das principais que: quais vem se dando o debate acerca do fazer his t6ria do pensamento politico e so és décadas, Importa esclasecer, comparando, li ‘em toro das I nas thimas mites e possibilidades tedricas e metodolégicas das duas vertentes mais produtivas no campo hoje: © contextualismo lingUfstico de Quentin Skinner e a hist6ria dos conceitos (Begriffegescbichte) desen volvida por Reinhart Koselleck. Pretende-se, com isso, organizar minin inte a pauta de questoes em discussao, xodol6gico contemporineo sobs tcoria poltica’ teve apoio do CNPq, Amigo recebido em novembro/2004 Aprovado em janeiro/2005 I (© debate acerca do que seriam as formas vi lidas da histéria do pensamento para 0 Ambito da teoria politica € social ganhou enorme impulso com a publicaglo, em 1969, na revista History and ‘Theory, do ensaio metodolégico de Quentin Skin: ner, intitulado "Meaning and understanding in the history of ideas”. Nes almente expostos por Duna por Pocock (1969) na esteira das pesquisas de Pe- ter Laslett (1965), Skinner enderegou uma erftea Violenta contra virias uadigdes da histéria das {déias politcas, acusando-as principalmente de in comerem no erro comm do artacronismo, ox mentos seja, de imputarem a autores e obras intengdes e significados que jamais tiveram, nem poderiam ter tido, em seus contextos originais de produgio, O resultado basico dessas bis produgio de um conjunto de muifologias historicas RBCS Vol. 20 n° 57 feveresro/2005 28 REVISTA BRASILEIRA DE CIENCIAS SOCIAIS - VOL. 20 N: 57 que terminavam por natrar pensamentos que nin- guém pensou, portanto, nio-histérias, Em geral, afirmava Skinner, as interpretagdes contemporaneas acerca das idéias do pasado to- mavam conceitos @ argumentos sem a devida consideragdo de seus significados originais, trans- formando os antigos em parceiros de um debate do qual jamais poderiam ter participado. Se para o Ambito genérico da hist6ria da filosofia o anacro- nismo ji seria andtema,’ em relag2o & teoria poli- tica 0 erro estaria amplificado na medida em qui diferentemente de formas mais abstratas da elabo- ragio filoséfiea ~ os tratados de logiea sto 0 caso ‘mais extremo -, os trabalhos da filosofia politica 10 atos de fala (ef. Austin, 1962) de atores particulares, em resposta a confli- tos também particulares, em contextos politicos especificos ¢ no interior de linguagens proprias 20 tempo de sua formulagio. Cada autor, a0 publicar uma obra de teoria politica, estaria portanto ingres- sando num contexto polémico para definir a supe- Firidade de determinadas concepsbes, produzis do aliangas ¢ adversarios, ¢ buscando a realizacao pritica de suas idéias. Nesta chave interpretativa, sendo a elaboragio de um tratado de filosofia po- litica e social uma ado, a questio do seu signifi cado deveria se confundir com aquela da sua in- fencdo, sendo esta apreendida no ato de fazer (in doing) a propria obra ou assercao, Daf a reivindi- cago metodolégica minima conformada na no¢io de que, de um autor nao se pode afirmar que fez cou quis fazer, que disse ou quis dizer, algo que ele proprio nao aceitaria como uma descrigio raz04- vel do que disse ow fez (Skinner, 1969, p, 28) Dis- so resulta que a correta compreensio de uma idéia ou teoria 56 poderia se dar pela sua apreen- ‘sio no interior do contexto em que foram produ- zidas. Resulta também que objeto da analise his- toriogrifica é deslocado da idia para 0 autor, do contetido abstrato da doutrina para a aio ou per- Jformance concreta do. ator num jogo de lingua- ‘gem historicamente dado. Se tal perspectiva correspondia genericamen- te A concepeao historiogrifica da compreensdo tal como formulada no programa cognitivo de Robin George Collingwood, a quem Skinner presta a sua homenagem (ver, por exemplo, Skinnes, 1969, seriam elaborados co . 50; 2001), & poderia ser aproximada de outras abordagens contextualistas da primeira metade do século XX — como as propostas, por exemplo, pela nogio de utensilagem mental de Lucien Febvre o da “sociologia do conhecimento” de Karl Man- heim -, ela trazia consigo um conjunto de novas aquisigdes extraidas da filosofias da linguagem de Wittgenstein e da linguagem ordindria de John Austin, © principal veio produtivo foi estabeleci- do a partir das nogdes de que o significado de uma proposigao & o seu uso na linguagem € que, portant, a sua elucidagao deve orientar-se para 0 seu portador (Wittgenstein, 1984, par. 43), e de que neste uso sto reconheciveis forcas ilocuciona- rias ¢ perlocucionitias nao disponiveis a anzlise orientada para o cariter descritivo ou constatativo da linguagem (Austin, 1962, especialmente a VII Conferéncia), Para Skinner, como para Austin, a anilise da sentenca cede lugar "2 anzlise do ato de fala, do uso da linguagem em um determinado contexto, com uma determinada finalidade e de acordo com certas normas & convengies" (Mar- condes de Souza, 1990, p. 11). Nessa directo, Skinner especificava a nogio de contexto, qualifi cando como lingiiftico ou de linguagem aquele que importaia reconstruis historicamente para dar sentido As proposigdes da teoria politica © social no tempo. Uma tal especificagao resultava, simul- ica da tendéncia reificadora de nogdes de contexto usuais em diversas perspect vas sociais da historiografia, A partir desse programa bisico, uma sofisti cada elaboragio metodoldgica e conceitual acerca do fazer historia das idéias (ou dos discursos, dos atos de fala, da linguagem politica e social etc), das nogdes de significado de intengio e dos li- mites da historiografia do pensamento politico © social, assim como uma pujante produgio histo- riogeifica com frequiéncia identificada com 0 rétu lo “escola de Cambridge” e com a colegio “Ideas in Context", se desenvolveram, provocando rea- bes diversas que constituiram um proficuo deba- te metodolégico internacional entre historiadores, filosofos, cientistas politicos ¢ criticas literatios* Para o propésito introdutério deste artigo, porta ressaltar algumas das linhas de critica & pers- pectiva skinneriana que conformariam o que me HISTORIA DOS CONCEITOS E TEORIA POLITICA E SOCIAL 29 parece set 0 quadro mais significative do debate contemporinco acerca da histéria do pensamento politico e social, Em primeiro lugar a linha de acusagdes acerca do antiquarismo ou da inutili- dade desse tipo de historiografia contextualista para a elaboragio teérica, com freqiiéncia operan- do a partir da nogao de que o programa rankeano de saber com precisio 0 que se passou seria, se- nao totalmente inti, irclevante para a tarcfa da teoria cuja vocagio estaria no enfrentamento dos problemas contemporineos, Nessa dirego, se os Significados dos conceitos anteriores no sao trans- poniveis part 0 presente sendo por mecanismos ilegitimos de ataliza¢io, porque produtores de deformagao dos sentidos originais, melhor seria, ou deixi-los a si ¢ partir para uma claboragio da teoria sem referéncia hist como inevitavel a traigto da tradugio para 0 con- temporineo e operar como se (a titulo de fiega0 heuristica) os autores do passado fossem parceiros rnos temas do debate contemporineo* A resposta skinneriana a esse tipo de argui- Go segue, cm geral, a nogao de que o investi- mento historicista no ndo-familiar dos conceitos do pasado ¢, consegiientemente, no estranha- mento dele derivado, serve & desnaturalizagao ou desestabilizacio dos coneeitos da teoria contem- porinea, fomentando a imaginagio conceitual com alternativas enriquecidas por significados alteridades que a pesquisa erudita da historia pode encontrar. Um caso notério seria o da ani- lise que o proprio Skinner faz da idia republica- na de liberdade em Maquiavel: 0 reconhecimento da complementaridade necesséria ¢ da conviveén- cia pacifica das dimensdes positiva e negativa da liberdade na teoria politica de Maquiavel poria fem xeque @ naturalizagao operada pelo pensa- mento liberal, desde © século XIX ~ leia-se aqui Benjamin Constant, Jeremy Bentham ¢ Isaiah Ber- lin -, da oposigio entre essas duas dimensdes (Skinner, 1984), Nesse sentido, a variante apresentada pela perspectiva metodoldgica de John Pocock, no contexto da mesma escola, ganha relevancia, Em primeiro lugar porque, embora também opere com a anilise de obras ¢ de autores, © centro de sua reflexio metodolégica desloca se para a rela. 14 as ideias, ow assumir ao entre as virias linguagens politeas que, no seu confronto siner6nico, conformam a tessitura linguistica Gangue) na qual as diversas perfor- mances (parole) se tornam possives ¢ intligiveis Também em Pocock, o esforgo de desnaturaliza- a0 da coneeituagio € dos horizontes te6ricos contemporineos se fz presente. Para dar um exemplo, a0 chamar a atengao do letor para a he- terogeneidade dos discursos produzidos no sécu- Jo XVIII inglés, aseados ora nos diteitos, ora nas Viruudes ou nos costumes (manners), sublinha que ali tais possiblidades devem ser apreendidas, pelo intérprete, como altemnativas numa disputa que desconhece o que nés, hoje, conhecemos ~ 6 seus resultados, isto &, aquilo que, a posterio- ri, tornou-se hegeménico: 0 iberalismo, a lingua~ gem dos direitos individuais e a noglo de liberda- de como nao-obstrugao. ‘Ao mesmo tempo, a mobilizagio e o estudo detalhado das eategorias inseritas no registro do Ihumanismo civico (ou do republicanismo cliss 0, como preferem outros intérpretes) permitiria reconstrur légicas te6ricas derrotadas na luta po- litiea dos thtimos séculos, mas nio por isso 12 nalmente inferiores ow despreziveis. Além disso, a vetficagio do cariter necessariamente poligiota da linguagem politica, com os varios idiomas que em disputa a integsam num determinado periodo histé- seo, aponta para 0s riscos da incompreensio (i= understanding) que 0 analista corre quando tenta aprender os modos de desenvolvimento do pen- samento alheio a partir de concepgdes estaveis historicamente desinformadas daquilo que lhe pa- rece ser um dominio proprio da politica ou da mo- ral, 0 risco do anacronismo estaria nfo apenas na incapacidade de compreender o que esti em jogo nna emissio desta ou daquela proposicto (de seu significado), mas também na imputaglo de card- ter contraditério a claboragdes tedricas que, em seu contexto de enunciagio, eram plenamente le- sitimas e racionais. Neste registro, as relacdes en- tue, por um lado, a gramética que permite as va- Flas construgbes lingiiisticas (idiomas ou sublinguagens) num determinado periodo e, por ‘outro, as performances especificas — por vezes subversivas da propria gramética ~ desempenha- das em seu interior, constituiria 0 locus privilegia- 30 REVISTA BRASILEIRA DE CIENCIAS SOCIAIS - VOL. 20 N: 57 do da analise pocockiana do discurso politico (cf, por exemplo, Pocock, 1985). Vale notar que a reivindieagio de um pro- ‘rama rigorosamente historicista que recusa a cexisténcia de “problemas filos6ficos perenes’ € que paga 0 prego da redugio dristiea do aleance das “ligbes’ do passado, dado que a hist6ria s6 Ii- daria com respostas particulates a problemas epo- cais particulates, tem como contrapante a “lihera- sao" da elaboraglo teérica contemporinea para criar respostas novas (e particulares) para os pro~ blemas novos (e também particulares) do presen- te (Skinnes, 1969, p. 53). Nesse sentido, & no mi- nimo curioso perceber que uma rewindicago t80 enudita ¢ historicista em relagao ao fazer histéria, que resulta na afirmagio da impossibilidade de twansposigio dos conceitos antigos para 0 presen- te sem anacronismo, funciona, na outra ponta, a dda teoria contemporinea, como uma espécie de carta de alforria para a imaginagao que deve dei- xar ao passado os seus termos e partir para uma inovagio conceitual adequada aos problemas “Io cas" do tempo presente, Na frase de Skinner, “De- mandar da histéria do pensamento uma solugao para os nossos proprios problemas imediatos € peupetrar ndo s6 uma falicia metodolégica, mas também algo como um erro moral” (idem, p. 67) © debate também é promissor ¢ produtive ‘numa segunda via de inquiricao que tz, em ge- ral, embora nao necessariamente, a mares da her- mendutica das cigacias humanas de referéncia ga dameriana ¢ que duvida da propria empreitada cientifica de apreensao das intengdes e dos signi- ficados originais dos atos de fala do passado, na medida em que a cogni¢do é ela mesma prisionel- ra de sua historicidade. © que implica dizer, s2- diealizando ao caso limite, que 0 significado ori ginal em si é inapreensivel e que € apenas no interior de uma fusdo de horizontes interpretati- tos que se dia compreensio dos significados desde logo marcados pela teia da commnidade de intézpretes contemporineos. Na concepgao de Gadamer [J cada época entende um texto wansmitide de ‘uma maneira peculias, pois 0 texto constitul pat te do conjunto de uma tradico pela qual cada época tem um interesse objetivo © na qual tenta compreender a si mesma. © verdadeiro sentido de umn texto, tal como este se apresenta a seu ine tésprete, nio depende do aspecto. puramente ‘oeasional que representam o autor € 0 seu pabli- co originiti, Ou, pelo menos, ndo se esgota nis 50, Pois este sentido esti sempre determinado também pela situagio histériea do intérprete ©, por consequéncia, pela totalidade do. processo histérico (Gadamer, 1997, p. 366). A cognisao, sendo ela mesma produtiva e produtora de significados a partir da tradi¢io em que se inscreve, transforma-se em recepgao, tornando essencial que idéias e conceitos sejam apreendidos em seus efeitos Dai a proposicio de uma historia dos efeitos caracterizada por aquilo que 2 recepeo contem- porinea consegue determinar, a partir de seu ho- rizonte de expectativas, das diversas mutagdes so- fridas pelos conceitos ou idéias no tempo. Se a historicidade dos significados das idéias & inesea- pavel, a dos sujeitos que os conhecem também o 6, transformando as condigoes de possibilidade do conhecimento dos conceitos do pasado numa aventura interpretativa, por defi nea, e no passivel de determinagio cientifica. Teo- ricamente, 0 cariter hermentutico € lingiistico da operagio do conhecimento das idéias no seria apenas epistemol6gico, mas ontoldgico, 0 que, no limite, tornaria sem efeito a prépria nogao de uma historia ciemtifica, Segue-se daqui que o trabalho da teotia politica e social se confundis aquele da histéria da teoria, sendo ambas, historia da teoria © teoria, formas da hermenéutica inter- pretativa dos conceitos, Se a primeira linha de eri- ‘ica acima referida denunciava a inutilidade ow a inocuidade politicas do programa rankeano do contextwalismo lingiistico, a critica hermeneutic: mais radical afima a sua inviabilidade cognitiva. Ha duas respostas basicas de Skinner para este tipo de linha de argumentagao, embora nao haja um enfrentamento direto com as propo: gadamerianas em si, A primeira delas distingue entre 0s varios tipos de significado que uma pro- posigio pode ter: 0 significado das palavras enun- ciadas na frase; o significado da proposi¢ao para mim ou para a comunidade contemporinea de in- HISTORIA DOS CONCEITOS E TEORIA POLITICA E SOCIAL 31 Aérpretes A qual pertengo; € o significado da pro- posiglo como o ato de fala daquele que a profe- iu. E para a apreensio deste tltimo sentido que a metodologia skinneriana se elaborou, ¢ s6 para ele (ef, Skinner, 2002a). Skinner reconheve que hi intengoes € significados que, por auséncia de in- formagio contextual, nd podem ser recupera- dos, No entanto, se as intengdes a serem recupera- das pelo historiador sto aquelas que, por estarem ‘expressas num ato de comunicagao bem-sucedido, foram legiveis publicamente, as chances de esta- belecé-las € grande, Nao se trata, portanto, de exercicio de empatia ou de busea do que havia oculto na mente de alguém, mas de revonhever, rho conjunto das convengées linguisticas publi- camente reconheciveis de uma determinada epoca, a intengio que se infere do “lance” pro- movido por um determinado jogador (Skinner, 1988, pp. 279-280) ‘A segunda linha de resposta ameniza 0 eari- ter centifico da certeza do método proposto, Mes- mo quando hé muita informago contextual, 0 que se obtém com a pesquisa historica sto hipsteses plausiveis que devem se sustentar na erudligao dis ponivel, sem pretensio de resultados titimos que aleancem “verdades finais, auto-evidentes ¢ indubi- tiveis" (dem, p, 280), Embora reconhecendo que ‘sempre nos aproximamos do passado a hvz de pa- radigmas © pressupostos contemporineos', para Skinner um grau (bastante) elevado de erudi¢io € conscigncia histérieas ¢ eapaz de controlar a impu- lagio de intengbes que sto, em tiltima andlise,tais hipoteses,“inferéncias a partir da melhor evidéncia disponivel para nds" (dem, p, 281) n A segunda corrente selevante para a cons- trugic do nosso quadro do debate acerca das petspectivas teérico-metodolégicas do fazer his- t6ria do pensamento politico e social constitui-se na histéria conceitual alema tal como desenvolvi- da por Reinhart Koselleck. Divulgada tardiamente no mundo anglo-saxio, embora seus desenvolvi- mentos iniciais fossem anteriores aos da pesspec- tiva skinneriana, essa outra forma da historia as- sociada a teoria politica e aos conceitos sociais conquistou espagos cada vez maiores na diseus- so internacional das ultimas duas décadas? Como diz © nome, a Begriffigeschichte 6 uma histéria de conceitos, e proliferou como um modo particular de hist6ria reflexiva da filosofia e do pensamento politico e social, tendo se de- senvolvido a partir das tradigdes da filologia, da historia da filosofia e da hermenéutica. A hist6ria dos conceitos tal como a conhecemos hoje foi inicialmente desenvolvida pelo historiador aus- ‘0 Otto Brunner na sua critica & historiografia Juridica ¢ liberal alema, cm particular ao modo como esta transpunha para a realidade medieval ogicas conceituais derivadas do liberalismo pos- terior como, por exemplo, a separagao entre a economia ¢ 4 politica € a oposigao entre o publi co € 0 privado! Em sua versio contemporinea, concomitan- temente @ uma pujante discussao teérica e meto- dolégica, produziu volumosos dicionrios de con- ccitos? © projeto que aqui importa, o da histéria dos conceitos politicos e sociais fundamentais que resullou no Geschichlliche Grundbegriffe, jusifi- cou-se pela percepeao, experimentada por histo- riadores nas décadas de 1950 € 1960, da insufi ciéneia da histéria do espitito (Geistesgescbichte) de corte hegeliano e da histéria das idéias (deen- geschichte) tal como explorada por Dilthey © seus seguidores. Os principais pontos atacados pela ct tica desta entio nova historiografia estavam na baixa contextualiza¢io de idéfas e conceitos utili- zados no passado, no anacronismo dai derivado € ‘na insisténcia metafisica da essencialidade das dias. Na fala de Koselleck, a atual Begriffiges chichte surgiu do duplo impulso critico referido twansferéncia descuidada para 0 passado de ex- presses modernas, contextualmente determina- das, do argumento constitucional" e a “pritica da historia das idéias de tratétas como conslantes, articuladas em figuras histéricas diferentes, mas elas mesmas fundamentalmente imutiveis’ (Ko- selleck, 19852, p. 80). Daf que a reivindicagio me- todolégica minima possa ser resumida nos se- guintes termos: 0s conflitos politicos ¢ sociais do passado devem ser descobertos e interpretados através do horizonte conceitual que Ihes € coeta- neo e em termos dos usos lingti 32 REVISTA BRASILEIRA DE CIENCIAS SOCIAIS - VOL. 20 N: 57 mente compartihados e desempenhados pelos ato- res que participaram desses conflitos. Desse modo, © trabalho de explicagao conceitual quer precisar as proposigdes passadas em seus termos préprios, tomando mais claras as “circunstancias nals contemporfineas’ em que foram formuladas dem, p. 79) E esta diregio contextualisia da histéria dos conceitos que permite uma aproximagio te6rico- metodolégica com as perspectivas desposadas por Skinner © Pocock. Poderiamos entio dizer, em termos simplificadores, embora nao empisicamen- te falsos, que, se © projeto original de Skinner teve como principais adversirias as concepgoes das idgias atemporais ¢ dos problemas filoséficos perenes, tal como julgava encontrar em trabalhos como os de Leo Strauss € de Arthur Lovejoy, © projeto de Koselleck dirigi-se contra a historia das idéias imutiveis tal como desenvolvida, por ‘exemplo, por Friedrich Meinecke em sew livro so- bre a razio de Estado." Nessa dimensio, por as- sim dizer sinerdnica, da histéria do pensamento, 4 aproximacio entre 0 contextualismo lingtistico esta forma da historia dos coneeitos nao & suc pérflua, Como reconhece Koselleck, “a historia dos conceitos lida com o uso de linguagem espe- cifica em situagées especificas, nas quais os con- ceitos sio elaborados e usados por falantes espe- cificos’ (Koselleck, 1996, p. 62). Por isso a necessidade de se estabelecer os conceitos que constituem os vocabulitios ~ campos semanticos cou dominios lingtisticos — dessa ou daquela lin- ‘guagem politica e social, relacionando © seu uso na discussio politica, social e econdmica com os ‘grupos que os sustentam ou os contestam.” No entanto, hi uma outra dimensio intrinse- ca 4 historia dos conceitos que me parece ultra- passar o cariter basicamente sincrdnico do histo- ricismo metodolégico skinneriano e trazer outras possibilidades para a elaboragao da teoria politica « social contemporinea na sua relagao com a his- 16ria. Pois, se os atos de fala si0 tinicos e os con- ceitos — nao mais concebidos como substincias capazes de vida propria ~ também sio dependen- tes da experigncia que os formulou, a recepeao desses atos (ou de seus efeitos) se dé a0 longo do tempo, constituindo diacronicamente uma tadi- sao interpretativa, Sem dvida, a histéria conceit tual mantém a nocio da “nao convertbilidade do que foi articulado pela linguagem” numa determi nada época, afirmando a necessidade metodols fica de um historicsmo sigoroso para a com- preensio dos usos conceituais particulares (Idem, p. 62). Nesse sentido, por exemplo, o conceito ais- toiélico de polieia mio pode ser apreendido sem referéncia 20s usos ¢ as priticas da cidadania nas ‘poleis pregas, assim como a compreensio da res put- blica de Cicero depende da ordem politica da Roma do primeizo século. ‘Mas a historia conceitual no para ai, pois esta interessada nos modos pelos quais as gera- ses € 0s intézpretes posteriores leram, alterando 6s seus significados, essas proposigdes politcas do passado. Neste registo € possivel afimat, orosamente, que os conceitos em si nao tem his- t6ria; mas também é possivel afirmas, com tigor, que a sua recepgao tem, Aliés, € da propria con- digio de unicidade dos atos de fala ou dos concei- tos articulados numa linguagem local que 2 histé- ria conceitual deriva a necessidade de uma hist6ria da recepeio, jf que parte justamente da aposta de que os significados nao se mantiveram no tempo fe que foram alterados. “O registro de como os seus usos foram subseqtientemente mantis, al terados, ou transformados pode, propriamente, ser chamado de histéria dos conceitos" (dem, pp. 62-63). Afinal, é disso que se trata quando mobi lizamos, hoje, termos como sociedade civil, reps blica ou democracia, Nessa perspectiva, a com- preensio das alteragdes, dos desvios, das ocultagdes ete., conscientes ou nio, mas articula- dos na linguagem, é um caminho historiogrifico privilegiado para apreender com maior precisto 6s significados proprios ¢ as fungées normativas de um conceito contemporineo formulado numa tcoria também contemporinea Aqui, 2 perspectiva da mudanga conceitual adquire tragos diacronicos de dinamismo hist co e acentos claramente hermenéuticos que estio ausentes, ou sio muito ténues, nas proposig. fandadoras do contextualismo lingiiistico de Cam- bridge.® Para a histéria conceitual koselleckiana, continuidades © mudangas conceituais tornam-se temas centrais. No entanto, esta mesma hist6ria te- HISTORIA DOS CONCEITOS E TEORIA POLITICA E SOCIAL 33 ccusa limitar a investigaglo as linguagens articula- das pelos atores do passado na medida em que e tas revelam apenas parte do que € relevante co- nhecer. Em primeiro lugar porque ha elementos pré-lingtisticos que condicionam a historia, tanto acontecimento como diseurso, & que uma antropo- logia histérica convencida da finitude humana condigbes, as quais a hum: nidade compartilha com os animais © que sto, nes- ta medida, pré- ou extralingiisticas, ‘metahistori- cas" (Koselleck, 1989, p, 650), Exemplos inescapaveis, segundo Koselleck, sio os “trés con- juntos de contritios sem os quais nenhuma histé- ia 6 possivel”: antes/depois, dentro/fora e em cima/embaixo. E certo que tais precondigdes S80, freqiientemente, articuladas pelas linguagens de comunidades locais e mobilizadas em usos concei- tuais determinados: religiosos, politicos, econémi- cos etc. Mas mesmo quando nao o sto, integram assim mesmo 2 historia dessas comunidades. Em segundo lugar, ha boa parte do hist6rico acontecido que nao recebe articulagao na lingua- gem local, seja porque se trata de fenémenos des conhecidos para a consciéneia dos atores histéri- cos daguele momento, seja porque a linguagem ‘no consegue exprimir satisfatoriamente os even- tos, como no caso dos alemaes, em 1945, incapa- zes de encontrar expressdes verbais adequadas ao exterminio em massa, fazendo com que uma meméria estivel por intermédio da linguagem fosse bem posterior (Idem, p. 652) Nesse sentido, a exigéncia de separacio en- te linguagem e histéria social € ativada e, com cla, 4 necessidade metodoligica de associar mu- danca lingiistica hist6ria dos eventos. Numa de- finigio sueinta, € para aproveitar a recepeo nor- te-americana desta perspectiva, trata-se de pensar “as relagdes reefprocas entre as continuidades, as mucangas € as inovagSes nos significados © nas aplicagdes dos conceitos politicos e sociais de um lado, ¢ as transformagées estrutursis de larga es- cala no governo, na sociedade e na economia de outro" (Richter, 1986, p. 610). Trata-se de por os conceitos politicos © sociais em relagio com a continuidade ou a descontinuidade das estruturas politicas, econémicas € sociais, o que resulta em ter como tema favorito a elaboragio conceitual deve reconhever. Si produvida em tempos de mudanga ripida (ef. Ko- selleck, 1994, 19974). Em termos esquemiticos, podemos recorrer & f6rmula proposta por Koselleck numa conferéneia de 1991, que labora um modelo de Heiner Schultz apresentado em 1979, e que observa o problema da mudanga do ponto de vista das relages ‘brutas" entre conceitos ¢ realidades, Supondo que de um lado haja um estado de coisas, € de outro um conceito deste estado de coisas, quatro situa- Ges sto possiveis: 1) 0 estado de coisas ¢ 0 con- ceito permanecem ambos estiveis ao longo de lum periodo de tempo; 2) 0 conceito € a reali de transformam-se simultancamente; 3) os con- ceitos mudam sem que haja uma mudanga conco- mitante da realidade, ou seja, a mesma realidade & conceituada de modo diverso; 4) 0 estado de coisas muda, mas o coneeito permanece o mesmo Koselleck, 1994." Se olhamos para a obra de Koselleck, & no- X6tio o cariter heuristico e didatico deste esque- ma, dada a relagio bem mais complexa entre lin- guagem ¢ historia, Antes de mais nada porque a relaclo entre conceito e sealidade social e politica, entre “dogmata” © “pragmata", nio € de simples separacio ¢ oposicao, Prevalece a opiniio de que, {J enquanto os eonceitos tém capacidades pol tleas e sociais, sua funcio e performance serin- ticas no sto unicamente derivadas das circuns: \inclas sociais e poliicas as quis cles se referem. ‘Um conceito no & simplesmente indicative das relagdes que ele cobre; & também um fator den to delas, Cada conceito estbelece tum horizonte particular para a experéneia potencial ¢ a teoria cconcebjvel e, nese sentido, estabelece um limite (Koselleck, 19853, p. 84. Aqui podemos perceber a relagio de filiago tensa e de simultinco afastamento entre as pro- posigdes de Koselleck © a versio ontolégica da Begriffsgescbichte, pois o historiador quer negar a fusio entre linguagem © hist6ria ‘Toda linguagem € historicamente consdicionada, & oda histria € lingwisticamente condicionads ‘Quem desejaia negar que todas as experigncias concretas que femos 86 se tornam experigncias pela mediacao da linguagen’ justamente isto 0 34 REVISTA BRASILEIRA DE CIENCIAS SOCIAIS - VOL. 20 N: 57 que faz a historia possivel, Mas, a0 mesmo tempo, quero insistr que linguagem ¢ hist6ria permane- ‘eam separadas analiticamente, pois nenlwma das ‘duas pode ser, na sur inteireza, relacionada @ ou- tea (oselleck, 1989, pp. 649-650) Em outras palavras, a ciéncia hist6rica de Koselleck mantém a exigéncia de referencialidade 20 postular os aspectos extralinguisticos da vida historica e afirmar que mudangas estruturais de longo prazo nao podem ser identificadas, descri- tas ou explicadas por teorias do discurso que ex- ‘luam a referéncia a algo extemo ao sistema de signos consttutives da linguagem. Por isso torna-se imprescindlivel separar “as circunstincias que foram, num certo momento, at- ticuladas na linguagem" ¢ aquelas outras “eircuns- tincias que nao foram previamente articuladas na linguagem mas que, com a ajuda de hipoteses e métodas, ele [0 historiador] € capaz de extrair dos vestigios” (Koselleck, 1985b, pp. 267-268). Assim, produz-se um segundo afsstamento em relagio a Gadamer, pois se repde 0 espago negado pela hermeneutic filoséfica 4 discussio sobre © méto- dlo € a teoria da historia (Historie). Quando Gada- mer busca uma teoria da verdade baseada na es- ‘rutura ontol6gica da compreensio humana como tal, nega, simultaneamente, valdade 2 discussio metodol6gica no campo das cigncias humanas, ia- cluindo-se aia historiografia eo estudo daguilo que © conhecimento histérico & Por i830 mesmo, a re- posi¢io da distingio entre histéria e linguagem ‘vem acompanhada das discussoes de método ¢ de teoria da histéria em Koselleck." CCabe, no entanto, notar que permancee ativa de Gadamer na hist proposta por Koselleck, uma vez que esta diz que- rer cobrirjustamente “a zona de convergén pada por conceitos passados e presentes’, embora reivindique uma “teoria" para tornar possivel a compreensio dos “modos de contato ¢ de separa- ¢40 no tempo’, teoria que estabelece as condigoes de possibilidade da producto de hist6rias a partir das “aporias da finitude do homem em sua tempo- ralidade” (Koselleck, 1997b, p. 68 ss.) € que se en- contra condensada na disting2o entre “espago de experiéncias” e “horizonte de expectativas’ (Ko- conceitual selleck, 1985b). Na relagio complexa entre con- ccitos € realidade, entre dogmnata © pragmata, a se- paracio entre linguagem e histéria nao implica a recusa lout court do cariter linguistico constitutive da realidade social e politica, mas a busca de um modelo te6rico no qual os significadas lingiisticos simultaneamente criam e limitam as possibilidades da experiéncia politica e social NOTAS 10 debate, embora inieiado no Ambito da bistéria do pensamento politico, ganhow a discussio geral sobre a intexpretagio de textos do passado. Sem fesquecer essa dimensio abrangente, restrinjo-me aqui Aguelas perspectivas que tm impacto signifi cativo no tratamento do pensamento pol ial, Para 0 quadro mais amplo ver, por exemplo, as coletineas organizadas por LiCapra © Kaplan (2982) e Romy, Schneewind e Skinner (1984), além do artigos de Kelley (1990) ¢ Faleon (1997). 2 Uso o texto da edipto original que foi republicado em Tully (1988, pp. 29-67) e, posteriormente, abre- iado e revisto em Skinner (2002, pp. 57-89). Para © quadro bisico aqui exposto as modificagses en: tue as edigdes deste texto ndo sio relevantes, 3. Uma excelente coletines dos principais passos no desenvolvimento metodolégico de Skinner © de crticas importantes oriuncdas da eitneia politica da Glosofia politica encontra-se em Tully (1988) Os principals textos foram revistos © coletados pelo préprio Skinner no primeiro volume de Vi sions of politics (Skinner, 2002), 4 Hi um upo de ertca que mio analiso aqui © que aponta para o fato de que nas obras historiograficas de Skinner nem sempre se teconhece 0 seu progra- smut metodoligico. Creo que se ata da incompreen- so de que a obra histoiogrifica nio es limitada 20 programa derivado das quesides de método As quis (© autor se dedicou sistematicamente 5 Ver, por exemplo, a permanéncia desta linha de crtica no debate entre Skinner e Ywes Chaeles Zt Jka na tevista Le Deébat, 96, 1997. Ver também a n0- ‘0 de *reconstrugao facional” como oposta a *re- construga0 contextual’em Rosty (1984) HISTORIA DOS CONCEITOS E TEORIA POLITICA E SOCIAL 35 10 u (0s termos da lingustica de Benveniste citados st0 ‘05 mobilizados pela reflexio do. proprio Pocock, Ver, por exemplo, Pocock (1987) Para uma comunidade como a nossa que, da peri- feria, se sente comprometida com a atualizacio permanente em relacio 4 bibliografia especializa- dla, européia e norte americana, & no minimo estra- ‘ho ler em Skinner (2002b, p. 177) a confissio de aque 86 tomou conhecimento da existéncis do pro- arama koselleckiano a pari da divulgagio da Be- griflgeschichte pelos artigos de Melvin Richter reu- nidos em Richter (1995) Ver Brunner (1992), Para 0 contexto ideolégica das primeitas formulagoes da Begriffigeschichte © os seus vinculos com @ nazismo, ver Kaminsky e Mel- ton (2992) € Melton (1996). 0s dicionirios de maior relevincia sio 0 Historie ches Worterbuch der Philosophie (Dicionatio Hist6= fico de Filosofia), editado por Joachim Ritter ¢ Kaulfried Grinder a partir de 1971; 0 Geschichat- che Grundbegriffe. Historiches Lexikon zur poli- tisch-sozialen Sprache in Deutschland (Conceitos Historicos Fundamentais, Léxico Histérico da Line ua Politica © Social na Alemanha), editade por ‘Oto Brunner, Werner Conze, Reinbar Koselleck a patti de 1972; ¢ 0 Handbuch politsch-soztaler Grundbegrffe in Prankreich 1680-1820 (Manual de Conceites Politico © Sociais Fundamentais na Frang2), editado por Rolf Reichardt ¢ Eberhard Schmitt desde 1985. Isso nao significa que essa his- ‘ria implique apenas a forma dos dicionatios. Bas- taria uma referéncia a Koselleck (1997, 1999 © 2002) para se desfazer essa impressio, Para uma apresentagio geral dessa perspectiva na tentativa de aproximagio com 0 contextwalismo Linghistico, ver Richter (1986, 1994, 1995). Ver, por exemplo, Koselleck (1996, pp. 61-62) ‘Teenicamente, os passos iniiais da pesquisa histé- rica nesta perspectiva exigem os desenvolvimentos analiticos da onomasiologia © da semasiologia, de modo a que se consinua desde logo a teia de sig- nifcados disponiveis para cada um dos conceitos fundamentais em tela ¢ também os muitos concei- tos que eventualmente possam abarear ou comes: ponder a um mesmo significado basico, 13. © tema das mudangas conceituais de longo curso jamais integrou nicleo duro das preocupagoes metodolégicas de Skinner Ele adotou como sux ‘uma perspectiva “retériea” da mudanga conceitual para indicar 0 cariter de curta duragao do que the interessa estudar. Ver Skinner (2002, pp. 175-187) Ver também artigo de Skinner sobre © conceito de Estado, publicado em Ball e. al, (1989), ¢ repu- blicado com revisto no segundo volume de Vs sions of Politics. 14. Para a discordincia de Gadamer em selagao a este ponto, ver Gadamer (19972, pp. 103-105), 15 0 tema jf recebera outtas elaborapdes anteriores, notoriamente em Koselleck (19852). Ver também Koselleck (1992), 16 Para a polémica entre a hermenéutica gadameriana a tworia da historia em relaglo a histéria coneei nual, ver Koselleck © Gadamer (1997). "S fais pressupostos [condigdes pré- ou extralinguist cas] da histéria que no se esgotam na linguagem nem sio remetidos a0s textos, enfdo a hist6ria de veria ter, do ponto de vista epistemolsigico, um sta- sus que a impede de ser tatada como um subeaso a hermenéutica, Esta é 2 tese que quero funda- mentar" (Goselleck, 1997, p. 69). BIBLIOGRAFIA, AUSTIN, John L. (1962), How to do things with words. Oxford, Clarendon Press, BALL, Terence; FARR, J. & HANSON, R. L. (orgs.) (1989), Political innovation and con- ceptual change. Cambridge, Cambridge University Press BRUNNER, Otto (1992). 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Tradugio de José ni, Sio Paulo, Abril Cultura 202 REVISTA BRASILEIRA DE CIENCIAS SOCIAIS - VOL. 20 N’ 57 HISTORIA DOS CONCEITOS E ‘TEORIA POLITICA E SOCIAL: REFERENCIAS PRELIMINARES: Marcelo Gantus Jasmin Palavras-chave Quentin Skinner; Reinhart Ko- selleck; Historia dos conceitos ‘Teoria politica ¢ social (© presente antigo discute, de forma sucinta, algumas das prineipais quesiées em tomo das quis vem se dando o debate acerea do fazer his- t6xia do pensamento politico © so- al nas tltimas t2s décadas, Impor- 1 eselarecer, comparando, limites € possiilidades tedricas © metodolé- ‘eas das duas vertentes mais prochi- livas no cumpo hoje: 0 contextualis ‘mo lingistico de Quentin Skinner © a historia dos conceitos (Begriffages- chichte) desenvolvida. por Reinhart Koselleck, Pretendese, com 1380, ‘organizar minimamente a pauta de _questoes em discussao ¢ estabelecer pontos interessantes para a pesquisa das relagdes da teoria politica € so cial com a sua histsria, HISTORY OF CONCEPTS AND SOCIAL AND POLITICAL THE- ‘ORY: PRELIMINARY REFE- RENCES Marcelo Gantus Jasmin Keywords Quentin Skinner; Reinhast Ko- selleck; History of concepts; So- ial and political theory. ‘The present anicle briefly discusses some of the main issues around which there has been debate on the making of the history of social and politcal thinking for the last three decades. Its important to casify, by comparison, both the limits and theoretical and methodological pos. sibilities of the two most productive branches in the field today: the lin: guistic contextualism of Quentin Skinner and the concepts (Begrifs- -gescbichte) developed by Reinhart Koselleck, We intend, in doing so, to minimally organize the guidelines fof matters in discussion and esta- bis interesting points on the rela- tions of social and political theory with its history HISTOIRE DES CONCEPTS ET ‘THEORIE POLITIQUE ET SO- CIALE: REPERES PRELIMINAI- RES Marcelo Gantus Jasmin Mots-clés ‘Quentin Skinner; Reinhart Ko- selleck; Histoire des concepts; ‘Théorie politique sociale Get anicle aborde, de forme succine- te, certaines des principales ques tions & propos du débat sur la for- mation de histoire de la pensée politique et sociale au cours des uois desnigres décennies. Il est im portant d'expliquer, tout en les com pparant, les limites et les possibiités théoriques et méthodologiques des deux courants les plus products ac- twellement: le contexte linguistique de Quentin Skinner et Vhistoire des concepts (Begriffigeschichte) déve- oppé par Reinhart Koselleck. Nous propesons, ainsi, organiser les {questions qui sont a Vordre du jou, ainsi que d'établit les points inéres sants pour la recherche des relations de la théore politique et sociale avec leur histoite.

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