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Suicídios e depressão que vitimam artistas são parte de problema maior na Coreia do Sul
A perda repentina de Kim Dong Yoon, 20, no fim de julho, foi mais um sinal
alarmante de que algo não está bem no mundo do k-pop. Quando as causas de sua
morte forem esclarecidas, é provável que o rapper do grupo Spectrum se junte à
crescente lista de expoentes do pop coreano que perderam a vida cedo demais por
razões ligadas a sua saúde mental.
Mas esses não são casos isolados: é alto o número de artistas que se suicidaram na
Coreia do Sul desde meados dos anos 2000, quando o país passou a investir
fortemente na indústria do entretenimento –uma pesquisa realizada em 2010 pela
atriz Park Jin-hee para seu mestrado indicava que 40% de seus pares sofriam de
depressão e 20% já haviam comprado agentes tóxicos ou outros "dispositivos" para
o suicídio.
Vítimas do sucesso
Divulgação/WYNN Entertainment Reprodução/Instagram Ilgan Sports/Getty Images
A integrante do grupo Oh My Girl O rapper do grupo Big Bang foi A atriz e cantora anunciou sua
decidiu fazer uma pausa na internado após uma overdose de saída do grupo AOA em junho do
carreira em agosto do ano medicação controlada em junho do ano passado, aos 27 anos, para se
passado, aos 22 anos, para tratar ano passado, aos 29 anos, durante tratar. Ela sofria de depressão,
sua anorexia. Ela dava sinais da seu período de dois anos de insônia e exaustão e afirmou na
doença desde pelo menos 2015, serviço militar obrigatório, quando época que sua saúde mental não
quando teve problemas de saúde foi acusado de uso de maconha e havia melhorado mesmo depois de
após perder 9 kg para "estar em aguardava julgamento pelo crime, ser medicada, e que isso estava
forma" para a promoção do álbum que pode render até cinco anos de afetando seu trabalho e
"Closer". prisão no país. prejudicando as colegas de grupo.
A notoriedade desses casos joga luz sobre o que é um problema mais amplo de
saúde pública na Coreia do Sul. O país tem a maior taxa de suicídios no mundo
desenvolvido (é o 10º colocado no ranking geral), com 24,1 mortes a cada 100 mil
habitantes, segundo dados reunidos pela Organização Mundial da Saúde em 2015.
No mesmo ano, os suicídios foram a principal causa de morte de pessoas entre 10 e
39 anos no país, de acordo com o Serviço Coreano de Informação Estatística.
"O sistema de ensino é muito pautado na ideia de que você tem que ser o melhor,
tem que vencer", acrescenta ele, apontando que no Ensino Médio os jovens sul-
coreanos têm uma jornada escolar de cerca de 12 horas diárias, desde cedo com o
objetivo de entrar nas melhores universidades.
Mattos vai no mesmo sentido: "De tanto investir na educação sem pensar muito nas
pessoas, mas sim no propósito econômico do ensino, chegou-se a um ponto de
sociabilidade em que uma das consequências é essa pressão sobre os jovens e,
como consequência, as altas taxas de suicídio", diz. "Com certeza isso se insere e
transborda para o mundo do k-pop, mas é um problema generalizado do país".
"Cultura descartável"
Padrões rígidos
"O nome 'ídolo' já diz tudo. A imagem deve ser perfeita. Não somente em cima dos
palcos, mas fora deles também devem mostrar uma imagem impecável, boa postura,
educação", diz Pak. "Apesar de hoje em dia muitos artistas estarem 'quebrando as
regras', relações de namoro também são 'mal vistas' pelos fãs sul-coreanos".
Não se posicionar politicamente também faz parte das regras, o que inclui falar sobre
sexualidade. "No caso do integrante do SHINee que se suicidou, especula-se que ele
era homossexual e não podia falar sobre a homossexualidade, porque falar sobre a
orientação sexual seria um ato político e você não pode expressar isso, de acordo
com o contrato da banda. Então, a pressão é muito grande", aponta Mattos.
Todos esses fatores podem se combinar para fragilizar a saúde mental desses
artistas.
"É óbvio que isso interfere, que deixa algo negativo, mas não porque são artistas ou
porque é k-pop, mas porque qualquer tipo de pressão, expectativa não é positivo
para as pessoas, no geral", acredita Imenes.
Tabu
"Nas culturas orientais, é feio uma pessoa falar que está deprimida ou desanimada.
Lá eles se queixam com o corpo, porque é muito difícil para eles ver isso como um
problema de saúde", explica Botega. "Então, tem a questão do estigma também.
Confunde-se depressão com fraqueza moral. Só os frágeis ficam deprimidos",
completa o psiquiatra.
"Por mais grave que isso seja, o suicídio é sim um tabu no país. Ainda há muito a
ideia de que o suicida é uma pessoa fraca, que não conseguiu ser bem-sucedida.
Mas quando esses casos vêm a público, sempre reacende essa questão", concorda
Mattos.
Para Imenes, é por isso que a discussão sobre suicídio não pode se restringir ao
universo do k-pop. "Alguns 'idols' que têm mais coragem ou mais liberdade têm
falado a respeito, mas o problema é que não tem que começar a discussão somente
focada no entretenimento. Isso é uma mudança social".
Membros do BTS, grupo de maior sucesso do k-pop atualmente, foram alguns dos
que tocaram no assunto após o suicídio de Jong-hyun, ainda que timidamente. Em
entrevista à revista Billboard, Suga disse: "Se sabemos que todos estão sofrendo e
se sentem solitários, espero que possamos criar um ambiente em que seja possível
pedir ajuda". RM, por sua vez, afirmou esperar que as autoridades coloquem em
prática políticas para aliviar o estresse dos jovens que estão sofrendo.
"O país tem realmente tentado encontrar um caminho, mas isso pede transformações
muito profundas naquilo que até hoje é o maior orgulho da Coreia, que foi a
revolução na educação, que subsequentemente levou ao desenvolvimento, mas que
é uma educação feita sobre uma premissa muito prejudicial aos próprios coreanos.
É doloroso para a Coreia admitir que o modelo que trouxe desenvolvimento é o
mesmo que hoje em dia mata seus jovens, que causa tanta infelicidade para o país",
conclui Mattos.
Jovens vulneráveis
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