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Apresentação da obra
Este livro trata de tema controverso e apaixonante, além de estabelecer uma nova visão na
divulgação dessa arte milenar e de difusão hermética, que passou a ser conhecida entre nós a
menos de um século, portanto, recentemente.
O que me tranqüiliza nesta tarefa é o fato de conhecer o autor há duas décadas e saber de
seu interesse, sua capacidade de pesquisa e da sua preocupação em vivenciar o tema antes de
emitir opinião. Otávio é daquelas pessoas que estuda longamente, busca autores diferentes,
participa de cursos, de treinamentos, viagens e desafios que poucos se disporiam, e o faz por
acreditar que assim é que nos tornamos atores e autores de estudo.
Imputo ao ator características tais como: estudioso, dedicado, quase obstinado, ousado,
pesquisador, comunicador... e tudo com forte carisma!
O sexo tântrico e o maithuna, nos dias de hoje, em que todos os temas, mesmo os
milenares e herméticos, são comercializados, vulgarizados e desprezados, como tema de
estudo e livro, só poderia ser dignificado por alguém que dedica sua vida à difusão de artes e
técnicas que melhorem o entendimento do bem viver.
A hora é de mudança e são poucos os que já enxergam saídas para se livrar do
envelhecimento sem gratificação, baseado em uma vida sem gosto e propósito, na qual até o
sexo se banaliza, perde o senso, o gosto e a razão.
Este texto visita a história por intermédio de mestres e autores diversos, passa por
experimentos no longínquo Oriente e retorna ao nosso meio permeado pela vivência do
autor, que prega a delicadeza, a ritualização e o amor como antídoto ao desânimo da
atualidade.
Portanto, este é um livro para ser estudado com atenção e respeito – respeito a você
mesmo –, praticado com o (a) companheiro (a) amado (a), cuidando dos mínimos detalhes e
ritos, para depois ser compreendido e julgado.
Armando Austregésilo
Fundador da AMOR
Associação de Massagem Oriental,
criador da massagem xamânica e
mestre maior de massoterapia de
Otávio Leal (Dhyan Prem)
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As Luzes na Escuridão
Meus mestres - Gratidão Eterna
“Existem muitos gurus, como lâmpadas que ardem em diversas casas; mas difícil de
encontrar, ó Devî, é o guru que ilumina todas as coisas como o Sol”. *
Gratidão eterna a Ananda Larissa sol da minha existência.
“Existem muitos gurus que possuem a fundo o conhecimento sagrado revelado e os
Shastras (escrituras sagradas); mas difícil de encontrar, ó Devi, é o guru que chegou à Verdade
Suprema”. *
Profunda gratidão aos mestres Osho, Monja Coen, Edmundo Pellizardi (Vrajra Nath), Dalai
Lama e Ramana Maharshi. Todos vocês apontaram em direção à única Verdade Suprema.
“Existem muitos gurus sobre a Terra que dão outras coisas que não o Si Mesmo; mas difícil
de encontrar em todos os mundos, ó Devi, é o guru que revela o Si Mesmo”. *
Gratidão a Diana Prem Zeenat que me fez olhar “Quem Sou”, olhando como você vê
“quem é”.
“Muitos são os gurus que roubam o discípulo de sua riqueza, mas raro é o guru que elimina
as aflições do discípulo”. *
Agradeço a Armando Austregésilo e Katalina Fernandez Mera, que me colocaram no meu
(não) caminho sem aflições.
“É um verdadeiro guru aquele que, pelo contato, flui a suprema Bem-Aventurança (ânanda-
felicidade). Só a este, e a nenhum outro, deve o homem de inteligência escolher como seu
guru”. *
Gratidão ao caminho do Tantra me foi transmitida por ti professor Datatreya (a 1ª
iniciação), Levi Leonel de Souza, Vrajra Nath (iniciação na tradição Nath), Ananda Ram
(iniciação no Aghori Tantra), Georg Feuerstein, Harish Johari, Gerson D´Addio, Pedro Kupfer e
Juliana (Krishna Priya) (o Yoga levado a sério).
Gratidão ainda a todos esses amigos e cúmplices, sem vocês nada de prático seria possível:
Karuna e Fabio (no comando do computador, e serem tão generosos); Elemi (minha amiga e
secretária); Mirian Maria do Canto que cuidou das minhas deusinhas em forma de cães: Durga
e Dhara (amo-as como a Nicole e a Chandra – cara de lua) e dos Deuses gatos Nirvana,
Nirvano, Moksha e Sidarta; pelos desenhos de Fabinho, Claudia Defendi e Raquel (que coisa
linda fizemos, hein?); aos milhares de alunos da Humaniversidade Holística, uma escola de
iluminação, Yoga e formação de alguns dos melhores terapeutas do planeta Terra e a todos os
mestres da tradição tântrica, gratidão eterna.
* (textos do Kula-Arnava Tantra)
Otávio Leal (Dhyan Prem)
Ensinamento
A seguir um texto que recebi nos anos 80 do mestre Osho. Isso foi uma benção em minha
vida:
Viver plenamente o espiritual e o material – nada mais tântrico.
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Osho
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pessoas mais experientes. Isso é para aqueles que viram tudo do mundo externo e se
libertaram dele.
Livrar-se do mundo externo não acontece através do escapismo. A libertação do mundo
externo chega, quando se vive esse mundo totalmente, até já não mais haver para onde ir.
Resta então apenas uma dimensão e é natural que você queira buscar internamente essa
dimensão remanescente. E ali está o seu buda, a sua iluminação.
Você está dizendo, ‘É possível o encontro de Zorba e Buda? ’ Esta é a única
possibilidade. Sem Zorba não há Buda. Zorba, naturalmente, não é o fim completo. Ele é a
preparação para o Buda. Ele é a raiz; Buda é o florescimento.
Não destrua as raízes; de outra forma não haverá florescimento algum. Aquelas raízes
suprem continuamente a nutrição das flores. Todas as cores nas flores vêm das raízes. Toda a
dança das flores no vento vem das raízes.
Não dívida. Raízes e flores são dois lados de um mesmo fenômeno.
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Capítulo 1
Tantra – visão geral
“Você não estuda o Tantra.
Você vive o Tantra”
Otávio Leal
“O corpo físico é o templo da alma, o microcosmo do universo. Dentro deste templo, podem
ser encontrados todos os princípios cósmicos. Os Tantras ensinam que nenhum templo supera
em santidade o "Templo do Corpo”. Todos os elementos — éter, ar, fogo, água e terra — são
encontrados dentro do corpo, junto com suas propriedades. O templo corporal tem os seus
"jardins”, “rios”, "santuários” e "portais”. Por definição, um templo é um local de adoração,
um edifício dedicado ao serviço de Deus. Este Deus, de acordo com os Tantras, é o nosso mais
elevado ser ou alma, que deve ser conhecido e servido através do Templo do Corpo. ”
(Tantra Kaula)
“Quando existe apenas prazer mundano, não há libertação. E quando existe apenas libertação
não há prazer mundano. Porém tanto o prazer quanto a libertação estão ao alcance daqueles
devotados ao ser superior. ”
(Kaularahasya)
Apesar desse texto ser um estudo do Maithuna o ato sexual tântrico, o Tantra não é
somente sexo, não é Kama-Sutra, nem um místico prometendo orgasmo cósmico ou um
massagista de algo chamado “neo Tantra”. Talvez somente algo em torno de 1% de todos os
textos e ensinamentos tântricos é de contexto sexual. Insisto que neste livro é abordado o
maithuna – ato sexual tântrico, mas que fique bem claro: o Tantra não é somente sexo. O
tantrismo não é seita ou religião, apesar de estreitar as relações entre o homem e os aspectos
sutis do Universo. Não é magia, apesar de possuir rituais mágicos, e não possui nenhuma
prática de sacramentos maléficos. Apesar de o mestre Osho citá-lo muito, este hindu
iluminado, no final de sua visita nesse planeta, apontava muito mais na direção do zen do que
do Tantra.
O Tantra não é voltado só ao prazer orgástico. É, sim, encontrar o êxtase masculino e o
êntase feminino, conhecido como Ananda Mahasukha que visa muita saúde, bem-estar,
alegria, consciência e amor-próprio.
Tantrik ou Tantra é uma filosofia antiguíssima, originária da Índia e que busca o
reconhecimento do Purusha (Consciência, Essência, Espírito) através de métodos práticos e
técnicos, como posturas físicas (ásanas e Yoga), respirações, concentrações, cuidados com a
alimentação, e um universo de técnicas que se utiliza da vida como um todo de forma
prazerosa e libertária. É a união de Purusha com Prakriti (matéria).
Como filosofia de vida prática e não especulativa não há energia gasta no “por quê” e sim
no “como”; um exemplo é em vez de se preocupar com o “por quê” do sofrimento, se busca o
“como” ser feliz, daí o Tantra é conhecido como uma filosofia comportamental que o estimula
a saber quem você é, como ser feliz, livre, energético e, dentro do possível, autossuficiente.
Encontramos várias linhas de Yoga e várias escolas filosóficas comportamentais de origem
tântrica.
O praticante de Tantra é chamado de sádhaka (homem) e sádhika (mulher) ou tantrika
(ambos), e buscam um modo de vida que oferece a transcendência, a iluminação (realização),
pela alegria, arte e celebração. Que sacraliza tudo da existência: homens, animais, natureza,
dança, música, alimentos, perfumes, ciclos naturais, coisas simples do cotidiano e também o
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sexo, que tem como base a vitalidade do prazer, da brincadeira e do compartilhar. O sexo que
leva ao carinho, à amorosidade, ao amor universal expresso no companheiro (a); o sexo que
leva à integração homem (Shiva) / mulher (Shakti), Yin (energia feminina) / Yang (energia
masculina; corpo / mente, pênis (lingan) / vagina (yoni).
O Tantra aponta em direção a tudo que é natural no ser humano, o contato com a
natureza, a descoberta do seu ser por meio do amor e do respeito ao próximo, a exaltação do
companheiro em nível de deus/deusa tudo com a maior naturalidade e desprendimento, sem
tabus ou regras retrógradas e anti-libertárias.
A palavra Tantra tem a sua magia, ela instiga a imaginação do leitor, porque permanece
guardada num arquivo de memória de milênios, assim é um mantram (som metafísico,
palavra de poder) a qual muitas pessoas, ao ouvir a sua pronúncia sentem vibrar seu
inconsciente coletivo, despertando interesse por esse assunto.
Foi assim comigo. Grande parte da transmissão dos ensinamentos tântricos são feitos de
forma de boca-ouvido (Vakrat Vak Tantraram).
O termo Tantra vem do sânscrito, é uma palavra do gênero masculino e significa “teia”,
crescer, desenvolver (prefixo Tan), salvação, instrumento (sufixo Tra), origina-se dos termos
tanoti (elevação, expansão) e trayati (consciência). É aquilo que expande a consciência. Gosto
muito da definição do yogue belga André Van Lysebeth: Tantra é “um corpo de doutrinas e,
principalmente, de práticas milenares ou instrumento de expansão do campo da consciência
comum, para alcançar a supra consciente, raiz do ser e receptáculo de poderes desconhecidos,
que o Tantra quer despertar e utilizar. Pode ainda designar doutrina mística e mágica, ou obra
nela inspirada”.
Para o famoso místico e yogui Harish Johari, “o Tantra é como um belo rosário com suas
inúmeras contas. Um instrumento único, que permite a busca da expansão do físico, do mental
e da vida espiritual do homem e da mulher”.
Finalizando, cito a auspiciosa definição que o Iluminado Osho nos dá do Tantra:
“O tantrismo é uma busca experimental que visa eliminar o sentido ilusório e conflitual de
ser um ego. Separado, a fim de nos conduzir à consciência de nossa verdadeira realidade, que
é eterna as nossas energias físicas, sexuais e mentais, ensinando-nos a ver o caráter sagrado
de toda a vida.
O Tantra é ciência pura. Você pode transformar a si mesmo, e essa transformação precisa
de uma metodologia científica. As centenas de técnicas tântricas constituem a ciência da
transformação.
O Tantra diz que não se pode mudar um homem, a menos que se dê a ele técnicas
autênticas para mudar. Apenas pela pregação, nada é alterado.
Tantra é o grande ensinamento. Pequenos ensinamentos dizem a você o que fazer e o que
não fazer. Eles lhe dão os ‘10 Mandamentos’. Um grande ensinamento, não lhe dá
mandamento. Ele não cuida do que você faz. Ele cuida do que é, do seu centro, da sua
consciência.
O Tantra diz para aceitar o que você é. Você é um grande mistério de energia
multidimensional; aceite isso e mova-se com toda a energia, com profunda sensibilidade,
atenção, amor e compreensão. Mova-se assim e então cada desejo torna-se uma ajuda para
sua iluminação, então este próprio mundo é Nirvana, este próprio corpo é Templo - um Templo
Sagrado”.
Depois dessas definições fica claro que o Tantra é vivenciado em todos os momentos da
vida, por ter um caráter comportamental de teu ser em relação ao universo, mostrando que
você é tão sagrado assim como qualquer outra criatura existente; seja Deus, homens ou
borboletas.
Não é possível determinar a época exata em que a palavra Tantra começou a ser usada ou
narrar a sua história com a mesma precisão com que se descreve a trajetória de outras
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culturas. Isso porque os caminhos e práticas tântricas são transmitidos oralmente, de mestre
para discípulo, Gupta Vidya (conhecimentos Secretos), transmitidos pelo sistema de
Parampara que significa “um após o outro”. Além disso, sempre existiu uma tradição em se
manter sigilo sobre alguns ensinamentos, passando-os somente a alguns discípulos realmente
interessados, provavelmente, para que eles não caiam em mãos profanas que possam
desvirtuá-los. É o que o Iluminado Jesus ensinava: “Não dê pérolas aos porcos”. Certamente o
Tantra não é para qualquer pessoa, como você poderá ler e julgar no decorrer deste livro.
Drávida é o nome de um povo que floresceu ao longo do rio Indo e do rio Saraswati numa
área desértica no atual Paquistão que revela-nos a cultura do Vale do Indo – Berço do Tantra e
que data de aproximadamente 6.500 a.C. de existência, sendo uma das mais antigas culturas
espiritualistas e místicas juntamente com as origens do Xamanismo (inclusive no Tantra há
muitos elementos xamânicos). Alguns estudiosos dizem que o Tantra só foi criado no século
VI, pois a palavra Tantra foi amplamente divulgada nessa época, mas para provar tal absurdo,
lembremo-nos que a palavra sexo (do latim Sexus = separação, divisão), só surgiu em meados
do século XII, e, nem por isso, a partir de então as pessoas começaram a praticá-lo.
O Tantra arcaico tem sua origem no período paleolítico junto com as próprias origens do
homem tribal (20.000 a.C.) e se afirma no neolítico (8000 a.C.) no culto a Deusa Mãe entre os
Drávidas ou dravídicos, em cidades como Harappa e Mohenjo Dharo, conhecidas como
grandes centros comerciais da época.
Deusa mãe
Para elucidar melhor o que vem a ser o Tantra, é importante observar que ele se encontra
em qualquer cultura primitiva, ligada à terra, a leis naturais, aos ciclos sazonais, aos rituais de
oferendas aos deuses (Lua /Sol) e ao reconhecimento do mundo espiritual. Para um drávida a
criação é uma obra divina, todo ato se torna sagrado, como uma comunicação com o “mundo
celeste”, não existe futuro, amanhã ou planejamento. Tudo se baseia no aqui e no agora, no
silêncio que é facilmente percebido e vivenciado pela possibilidade de isolamento da época
(população esparsa e rarefação demográfica). A religião era a natureza e todo o necessário era
fornecido por ela e fundamentado nos mistérios dos elementos: terra, fogo, água e ar.
Como a maioria das tribos primitivas, cuidavam da natureza (deixavam ela em paz), porque
dela dependiam, e viviam cercadas de animais e de vegetação abundante.
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Eram coletores de frutas e vegetais, mas também caçavam pequenos animais. Os
esqueletos encontrados nos sítios arqueológicos demonstravam que o povo era bem nutrido,
evidenciando não haver escassez de alimentos. Como civilização em desenvolvimento
começaram a produzir e comercializar mais, fabricando instrumentos eficientes e
domesticando animais (ovelhas, cabras) até o aparecimento da agricultura. Surgiram, assim,
as primeiras aldeias, que mais tarde se transformaram em cidades e registraram o
aparecimento da cerâmica. Fabricavam peças de esteatita ou argila, com figuras de animais e
divindades, como o selo de Pashupati que faz alusão ao deus Shiva e ao significado de senhor
dos animais (pati-senhor, pashu-animais), onde um homem sentado de pernas cruzadas
rodeado por um tigre, um rinoceronte, um elefante e um búfalo. “Num desses selos há a
representação de uma mulher de cujo útero nasce uma planta, indícios de crenças e rituais de
fertilidade que esperávamos encontrar numa sociedade agrícola-primitiva...” cita o yogue
Georg Feuerstein, tudo isso muito antes do povo mesopotâmico desenvolver um sistema de
escrita, tido como um dos primeiros do mundo, foram encontrados milhares de selos desse
povo drávida.
Selos Drávidas
Vrishashwa Pashupati
Os Drávidas eram baixos, morenos e de cabelos lisos, tinham uma cultura matriarcal,
centrada na mulher e nas suas potencialidades de reprodução da vida. A cultura do vale do
Indo não deixou textos sagrados ou religiosos. O que se especula é que seu idioma pode ter
sido incorporado ao sânscrito, “escrita dos deuses”, como é conhecida segundo histórias
mitológicas, e que provavelmente foi a língua mãe de muitos outros idiomas e muito utilizado
para práticas de mantra e todos os nomes de posições físicas e exercícios de respiração
encontrados neste livro e nos vários estilos de Yoga, hoje famosos em todo o planeta – o Yoga
é uma parte (anga) da cultura drávida.
Essa civilização do Vale do Indo foi a maior e mais extensa das civilizações pré-clássicas. A
antiga Harappa dominava cerca de 130 mil quilômetros quadrados, era uma cidade
cuidadosamente planejada, bem dividida, com largas ruas orientadas na direção do vento,
casas ordenadas construídas de tijolos cozidos com o mesmo traçado. No leste, na parte mais
baixa da cidade, ficavam os comércios e habitações. Na parte alta, um bairro administrativo,
com salas de rituais, reuniões e celeiros. Havia também construções de muralhas para aplacar
a fúria das enchentes e proteger as plantações. O que nos chama a atenção foi a falta de
grandes templos e impérios, levando-nos a considerar a liberdade do povo daquela época,
sem grandes reis ou deuses punidores.
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O arqueólogo inglês Sir Mortimer escreveu a respeito dessa civilização: “Nada do que foi
pesquisado no Egito antigo ou da Mesopotâmia ou de qualquer lugar da Ásia pode ser
comparado com os banhos da excelente arquitetura e as casas espaçosas dos cidadãos de
Mohenjo-Daro. Enquanto que naqueles outros locais era empregado muito dinheiro para
construção de templos magníficos para cultuar deuses e túmulos para reis, o povo tinha de se
contentar com casas feitas de terra. No vale do Indo as mais belas estruturas são as que se
erguem para a comunidade do povo”.
Todas as casas possuíam banheiros, salas de banhos, salas de visitas e salas de meditações.
“As salas de banhos eram revestidas de tijolos cozidos, impermeabilizados com gipsita. A
água escorria por uma calha na base da parede e dali para valas cobertas, construídas nas
ruas. Esse sistema inovador de encanamento, que incluía vasos sanitários, era mais do que
uma conveniência: ajudou a reduzir doenças entre os 400 mil harapenses.
As moradias – muitas vezes unidas uma a outra – formavam conjuntos habitacionais. Os
historiadores descobriram ainda uma medicina extremamente adiantada que provavelmente
inspirou ou originou o sistema ayurvédico, com suas visões psicológicas do homem,
massagens, fitoterapia, aromaterapia, etc.
Os Drávidas cuidavam do corpo, da saúde, expressavam sua forma de vida na arte, viviam o
Tantra puro, absolutamente mágico no qual cultivava-se a energia de shakti (energia
feminina), que representa a grande mãe ou esposa sagrada, também designada como
Kundalinî, a energia da vida. Não guerreavam, pois não havia vestígio algum de armamentos,
eram grandes navegadores, atuavam na arquitetura e nas artes. Nos milênios de tirania, de
insegurança, de religiões e magias oficiais, uma conclusão é surpreendente ao constatarmos
no vale do Indo a preocupação pelo destino das pessoas, quando no resto do mundo até hoje
se faz tão pouco caso disso.
A mulher era venerada como Deusa, pois a sabedoria da mãe natureza está intimamente
ligada à mulher, aos ciclos da Lua com o ciclo hormonal e gestacional.
O culto à feminilidade pelo poder de produzir e plantar evidenciava o aumento
populacional; é a partir daí que a sociedade conhecida como dravídica começa a entrar em
declínio.
É árdua a tarefa de identificar todas as causas, origens, datas e até mesmo o que
determinou o fim deste sistema social pré-clássico um gigantesco Império de mais de um
milhão de quilômetros quadrados, caracterizado por um sistema de poder central, poder
central não tirânico, organizado e unificado.
São inúmeras as possíveis causas do desaparecimento:
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Há um mito ou paradigma errôneo de uma invasão ariana, povos nômades vindos da
Europa central – que invadiram a Índia e misturaram-se aos drávidas. Não sabemos ao certo
se foi uma invasão ou somente uma miscigenação de dois povos e de duas culturas muito
distintas. Aceito a versão de mudanças de paradigmas tribais a civilizatórios, de união cultural
dos drávidas e arianos que provavelmente eram um povo da própria Índia e não de invasores
europeus. Saiba mais no site www.yoga.pro.br/inicial.php em textos de Pedro Kupfer)
O Tantra, que era praticado pelos Dravídicos, tornou-se, com a fusão da cultura ariana,
uma ciência secreta, foi a partir de então perseguida, escondida e o culto à grande mãe,
proibido. É interessante notar como até hoje a Kundalinî ao ser mencionada, provoca um
verdadeiro pavor aos adoradores do Patriarcalismo. Os Arianos tinham uma cultura
repressora, anti-sensorial e patriarcal de base, chamada Bramacharya, que é a cultura que
domina sensivelmente as opções espiritualistas do séc. XX, com uma preponderante utilização
de práticas e rituais masculinos.
Alguns textos também aparecem no Tibet, no século VII. No Ocidente, o Tantra só chegou
mais tarde com o primeiro livro traduzido no século XVIII: O Maha – Nirvana Tantra (O livro da
grande libertação).
Essa trajetória permitiu ao Tantra ser incorporado por muitas correntes iniciáticas e
religiosas práticas: ele encerra em si mesmo muitos dos conhecimentos necessários à
consciência do ser e, por reunir em si muitas ciências, o Tantra extrai a essência de cada uma
delas, permitindo que o praticante tenha as mais profundas experiências. Algumas Escolas
Gnósticas e Teosóficas apontam os rituais e práticas tântricas como originários da Lemúria e
de Atlântida, aspecto esse rejeitado por mim, por experiência própria, por haver tantas
descobertas atuais sobre o povo drávida e por tudo o que me foi transmitido por mestres no
Himalaia e na Índia.
Na tradição tântrica reverencia-se a Shakti, princípio universal de energia, que representa
o poder e a criação personificados sob a forma feminina. A Shakti é a Mãe Universal e não
pode se separar do princípio básico masculino que é Shaktiman ou, de acordo com o
Tantrismo, Shiva.
O Tantra estuda várias áreas da vida, sendo assim, ele estuda a própria vida. É uma
maneira integral, holística de vivenciar e sentir a origem e o desenvolvimento dos seres.
Dentro das práticas tântricas, temos acesso a centenas de itens, como a Alquimia, a Psicologia
dos Budas, o Yoga em suas múltiplas divisões, a Astrologia, a Matemática, a Geometria, as
mais diferentes técnicas de Meditações, a Magia, a Massagem, a Gemoterapia, a Medicina
Sagrada, o maithuna (ato sexual sagrado), a Aromaterapia, o conhecimento das divindades,
das egrégoras e muito mais. O Tantra recorre à verdade da experiência, à sensação, à certeza
obtida a partir daquilo que é palpável. O praticante tântrico não decora livros nem fica preso a
pregações ou dogmas (aceitar se questionar) seu trabalho é prático, ele busca o real; percebe
que é parte integrante de toda a forma de vida no Universo. Não há separação nem a
dualidade de certo/errado, bom/mal, moral/imoral etc. A prática tântrica traz ao buscador
consciência plena do momento presente, ou seja, viver o aqui e agora. Na tradição tântrica
deve-se buscar o auxílio de um mestre ou guru que é uma pessoa que lhe passará instruções
de como trabalhar com esses aspectos. Esse mestre deve ter experimentado, na prática os
ensinamentos que irá transmitir (vide capítulo iniciação).
É de suma importância que o praticante caminhe rumo ao reconhecimento do ser a
conduta interior daquele que o pratica. Ela possibilita compreender qual o nosso Dharma
(caminhos sociais) neste mundo, permite a consciência do corpo e da mente, dos sentidos
físicos e, para isso, utiliza seus múltiplos elementos. Ele nos fornece meios de liberar a
consciência por meio das mais diferentes técnicas: Os conceitos de Karma (ação) e Dharma, o
Yoga, os Mantram, o conhecimento sobre os Mudrás (gestos simbólicos), Chakras (centros
energéticos) e a Kundalinî.
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As linhagens tântricas principais estão relacionadas com as divindades cujos respectivos
rituais são:
a) Shaivas = Adoradores de Shiva
b) Vaishinavas = Adoradores de Vishnu
c) Shaktas = Adoradores de Shakti ou energia feminina.
Esses grupos dividem-se em várias sub-seitas. Nos estudos tântricos há a analogia, entre o
homem e o todo e, principalmente, entre a união do masculino (Purusha ou Shiva, consciência
cósmica) e o feminino (Prakriti ou Shakti - força da natureza), um não existiria sem o outro. É a
união de energia e consciência, Shakti e Shiva, além da elevação sexual, buscando a
inseparabilidade dessas duas energias. O desejo do tântrico é atingir a integração das
polaridades por meio das práticas ativas, tornar-se Shiva-Shakti unidos em um só. Daí o Tantra
ser uma tradição viva que tem como um dos seus objetivos “a descoberta do mistério da
mulher”. Nos rituais, cada mulher é tida como uma duplicata do feminino maior e torna-se
uma reencarnação da energia cósmica, simbolizando a essência básica da realidade.
Shakti é a senhora de todas as manifestações da vida e seu poder é o do primeiro
movimento no ventre materno, dos ciclos repetitivos do Universo manifesto. O poder de
Shakti com o Absoluto ou o Todo é identificado nela como a bi-unidade divina dos princípios
feminino e masculino.
Durga
Dentro de nosso corpo existe uma enorme reserva de força latente esperando ser
despertada, tal reserva chama-se “Kundalinî Shakti” e deve ser despertada, para finalmente se
unificar à consciência cósmica, que é Shiva. Quando Kundalinî está adormecida no homem
comum, este só está consciente de suas limitações sociais e materiais. Quando desperta, o
homem dissolve-se no imensurável, não ficando limitado somente a suas percepções, mas sim
à consciência de Shiva e principalmente de Shakti – o poder feminino.
“A mulher cria o Universo, é o próprio corpo deste Universo.
A mulher é o suporte dos três mundos, é a essência do nosso corpo. Não existe outra
felicidade senão a que procura a mulher. Não existe outro caminho senão o que a mulher pode
nos mostrar.
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Nunca existiu ou existirá, hoje, ontem ou amanhã, outro destino que não seja a mulher.
Nem outro reino, peregrinação, oração, fórmula mágica ou outra plenitude que aquelas que a
mulher proporciona. ” (Shaktisangama - Tantra tt. 52)
Outra originalidade do Tantra é que tudo no Universo é inteligente e ordenado, assim
existem diversos métodos para satisfazer as necessidades de cada indivíduo que tem a
liberdade (dentro do possível) de seguir a senda tântrica, buscando que o autoconhecimento
torne-se conhecimento universal. Há milhares de anos que os mestres, filósofos e místicos
têm pesquisado e praticado o Tantra, a fim de aperfeiçoá-lo, buscando nessa filosofia
respostas aos anseios de cada um deles em cada época sem, é claro, deixar de lado a busca
pela iluminação em todas as suas partes e, assim, buscar o prazer maior em tudo o que
fazemos no dia-a-dia.
Há três linhas principais no tantrismo que são o Dakshinachara, da mão direita (escola
purista), Vámachara da mão esquerda (escola contestadora) e algumas escolas do caminho do
meio que não admitem extremos.
Finalizando, o Tantra é o culto ao prazer, ao lúdico e à mulher, ao contrário de muitos
outros caminhos de cultos ao masculino, cheios de misérias, dores, remorsos e culpas, e
buscas de paraíso no além. O Tantra é o paraíso no agora porque não existe absolutamente
nada que não seja o agora, o presente. (Se não concorda com isso, eu o desafio a sair do
agora, agora. Sair do presente, agora! Agora, agora, agora, agora...).
Quando se iniciam as práticas de Tantra, a vida se torna mais meditativa e bela. Essa
perspectiva nos leva de onde estamos para onde podemos estar. É o reconhecimento da
Alma, do nosso interior e exterior, é a percepção ampliada e sensibilizada, que nos abre para
um mundo maior, um mundo de cuidar e amar, características essenciais do feminino.
Shiva e Shakti
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Capítulo 2
Deeksha – Iniciações tântricas
A maior parte do amálgama tântrico de práticas, sexuais ou não, como já citei são Gupta
Vidyá – linguagem e liturgias secretas, transmitidas por mestres, gurus, sadhus e yogues que
são experientes em suas práticas e não por teóricos e inexperientes.
Iniciação é um ritual metafísico onde é “colocado”, insuflado, no discípulo alguma tradição
mística ou metafísica. É a transmissão espiritual (sancara).
No cristianismo, o batismo é considerado como uma iniciação de origem essênia que é
chamada de kabôl – transmissão. Jesus foi iniciado por João Batista, um iniciador de
buscadores essênio. Em todas as culturas místicas há rituais iniciáticos. Normalmente só se é
permitido uma iniciação religiosa. Eu, por exemplo, como sacerdote tântrico (Budismo
Madhyamika Tantrayama), faço retiro com padres, mas não posso comungar, (segundo eles);
pois não tenho mais essa iniciação, ao fazer uma conversão (parâvritti) do cristianismo ao
budismo e ao Tantra.
Algumas correntes iniciáticas dizem que pertencer a duas religiões causaria briga de
egrégoras*. Em minha experiência, sei que cada caso é um caso a ser estudado. Realmente,
algumas egrégoras são incompatíveis, outras não (se você necessitar de maiores informações
sobre esse riquíssimo assunto consulte as obras de Mircea Eliade e Joseph Campbell).
Vamos a minha iniciação. O que é possível compartilhar.
O 1° livro de Yoga que tive em minhas mãos foi-me dado por minha Maha-Shakti, minha
mãe, e se chamava “Yoga e Saúde”. Eu tinha não mais que 15 anos e não só me interessei de
coração pelo assunto como iniciei a prática do Yoga, mas queria conhecer mais sobre Yoga,
Índia e, é claro, realizar práticas tântricas. Percorri várias escolas secretas (não tão secretas
assim) como a Eubiose, Teosofia, Gnose e Rosa-Cruz. Algumas, aliás, não recomendavam o
Tantra, em busca das iniciações e dos mestres.
No início da década de 80 estudava massoterapia com o pioneiro e mestre nessa arte,
Armando Austregésilo, na A.M.O.R. – Associação de Massagem Oriental, que além de
terapeuta é professor de Yoga e conduzia práticas maravilhosas e, a seu conselho, fui procurar
um Yoga de inspiração tântrica. Fiquei fascinado pelos belos movimentos, a filosofia libertária,
prazerosa e todo o Tantra.
Aprendi em escolas místicas um Yoga muito fragmentado com práticas de simples
pranayamas e pouquíssimos mantram.
Junto com as práticas do Swasthya Yoga estudei com Levi Leonel um dos maiores
conhecedores de Tantra que já conheci e li centenas de livros de Tantra e Yoga de todos os
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tipos (veja a bibliografia), desde grandes textos até bobagens especulativas sobre o Tantra. De
toda forma queria algo mais que a prática e o conhecimento teórico. Almejava do coração a
iniciação Tântrica, A Deeksha da tradição. Já havia esgotado a necessidade de compreensão
intelectual. Queria sentir o toque do mestre (ou por que não da mestra?).
A partir daí fui, ansiosamente, atrás do mestre e até encontrei vários deles, que conheciam
uma parte, fragmentos de práticas tântricas, misturadas com Taoísmo, Rosa-Cruz, Gnose,
Magia, etc., mas todas as práticas eram realizadas a sós, sem a presença da mulher, sem a
sexualidade sagrada tântrica e, quando esse era a sexualidade era mencionada, era para a
retenção, ou a sublimação total da mesma, eram ensinamentos que tornavam o discípulo um
celibatário. Não era o que eu desejava apesar desse caminho celibatário e’ bem-vindo a alguns
buscadores que tem esse caminho como um Dharma espiritual mais não era o meu Dharma, o
meu caminho. Já havia lido a respeito em livros sérios uma das máximas do Tantra: “Shiva sem
Shakti é Shava – o homem sem a mulher é um cadáver”.
Depois de muito procurar e treinar as artes marciais (kung-fu, karatê-do e Iai-dô), para ser
o discípulo que todo mestre procura, sério, saudável, de bem com a vida e sabendo fazer as
perguntas certas, fui apresentado e finalmente iniciado no Tantra, especificamente na técnica
do Giro Tântrico e depois no maithuna. Demorou, mas aconteceu. O que passei tentarei
descrever com palavras, mas o que senti é impossível de se transmitir:
O nome místico do mestre era Datatreya, e o conheci num local afastado, envolvido por
muita natureza. Pessoas lindas estavam junto dele e o local era inspirador: boa música,
perfumes, incensos, tapetes hindus, flores, obras de arte etc.
* Egrégora: palavra latina que significa união, junção, uma corrente gregária e segundo
escolas iniciáticas uma assembleia de personalidades terrestres e supraterrestres,
constituindo uma unidade hierárquica e movida por um ideal. Também é conhecida como
uma parte do inconsciente coletivo. Quanto mais antiga uma tradição, maior a egrégora.
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Atualmente iniciou milhares de pessoas em Reiki, Chi-Kung, Sannyas (mudança de nome)
budista, etc e raramente inicio no Tantra, mas quando o faço, é motivo sempre de alegria,
atingir o êxtase a dois, e ministro regularmente, junto com Diana Prem Zeenat e Neelama
Gayatri cursos teóricos de maithuna e giro-tântrico. (Ao final desse livro há uma liturgia de
auto-iniciação na egrégora tântrica para quem desejar praticar o giro ligado à egrégora
tântrica).
Após minha iniciação com Datatreya e sua Shakti, como não poderia deixar de ser, segui
com uma parceira, Gisele, rumo à Mãe-Índia, a fim de buscar outras iniciações com mestres
sérios e não aqueles Gurus-estrelas que vivem na Índia para serem adorados por discípulos
que só querem saber de teorias e não da prática.
O Tantra é secreto na própria Índia e quando algum ocidental pergunta pelo mesmo,
normalmente é visto como alguém que só quer sexo. Um curioso, um achador e não um
buscador sério.
Procurei o mais secreto de todos os Tantras: o Aghorî, que trabalha com o desapego e com
práticas realmente fortes.
Aghorî, o não terrível, é um dos muitos nomes de Shiva aqui
representado por sua face destruidora.
Essa escola renuncia a todos os valores sociais e convenções
criados pela “sociedade humana”. É uma renúncia para valer.
Olha-se a liberdade como caminho maior na vida (adoro isso).
Olha-se para a própria sombra e a social. Não se vota, se paga os
impostos, casa-se, não se considera ninguém autoridade e as
“autoridades” sociais são consideradas ilegítimas e seus membros
impotentes e não líderes, as leis são vistas como injustas e
absolutamente idiotas.
“Aghorî não é permissividade, é a transformação, a força, da
escuridão em luz, da opaca personalidade individual ao ápice do
absoluto. Quando se chega ao absoluto, a renúncia deixa de
existir, pois não há mais o que renunciar. O aghorî penetra tão
fundo na escuridão, em todas as coisas com que o comum dos
mortais não ousaria sequer sonhar, que, ao sair, sai na luz. ”
(Texto: Aghorî).
Fui iniciado em Varanasi, na Índia antiga à beira do Rio Ganges
Ananda Ram pelo mestre Ananda Ram Baba, após recitarmos alguns mantram e
Ásanas tântricos e sermos sondados sobre nossa linhagem e
mestres anteriores, ficamos horas junto ao guru que ativou todos os nossos Chakras,
despertando um calor interno nunca antes sentido (Kundalinî) com o Kripá-Guru, o toque do
mestre que transmite toda a tradição desde Shiva-Shankara, que hoje eu retransmito a
discípulos.
Também fui iniciado no Tantra Kaula (kaulismo) que é uma escola com milhares de
iniciados e centenas de escrituras que tem sua transmissão (santati) baseada no despertar de
Kundalinî-shakti.
A iniciação que recebi na Índia foi de uma iniciadora feminina (yogini-kaula) dentro de um
templo esculpido na caverna.
A escola kaula segundo George Feuerstein “é a síntese das escolas da mão esquerda
(vama-marga) e da mão direita (dakshina-marga) ”. Concordo plenamente com ele.
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“Ó Deusa! O kaula é o mais secreto dos segredos, a essência da essência, o mais elevado do
elevado, dado diretamente por Shiva e transmitido de um ouvido a outro. ” (Kula-
Arnavatantra)
No início do século 21 recebi, após 30 anos de prática, a iniciação maior como sacerdote
do Tantra Natha, uma escola arcaica, xamânica, de Yoga antigo que teve como um de seus
mestres o guru Babaji e Gorakshanatha (ordem Kanphata) um dos criadores do Hatha Yoga.
Quando você viajar à Índia ou encontrar um guru sério procure receber a mágica iniciação
Nyâsa – rito de apalpação que é realizado nas florestas e consiste em ter todo o corpo tocado
ou apalpado como um “templo do Divino” (dehanyâsa). É uma técnica absolutamente
deliciosa. O Giro-tântrico, conhecido na Índia por Chakra Puja Nyâsa Devanyâsa, tem origem
nessa iniciação.
Datatreya me dizia que: “a iniciação nos dá o tão sonhado Livre Arbítrio da Bradigênese
(frear o ritmo de um acontecimento), Taquigênese (acelerar o ritmo de um acontecimento) e
Gestaltgênese (aproveitar, através da plena consciência, todos os momentos da vida).
Não necessariamente concordo com isso, mais coloco essa questão a você leitor. Quanto
você tem o controle de sua vida? O que é destino, o que é livre arbítrio na sua existência? O
que posso te dizer aqui é relaxe no que você pode mudar e seja dedicado e um guerreiro no
que pode e sabe modificar.
• SANTATI
É a transmissão oral. É uma iniciação usada principalmente no Tantra, Xamanismo, Yoga
iniciático e Kabbalah.
Nessa fase há técnicas mais avançadas que na anterior; trabalha-se intensamente Kundalinî
e os Chakras, ativando-os e despertando os seus poderes (Sidhis) e ainda buscando a
iluminação temporal ou não (Samadhi).
“Na iniciação, o mestre como que leva o discípulo em si mesmo, assim como a mãe (leva) o
embrião em seu corpo. Depois dos três dias da cerimônia (de iniciação), o discípulo nasce. ”
(Texto do Tantra Kaula)
Kriyá-Dîkshâ
É um toque simples, uma bênção recebida por ritual, que qualquer pessoa pode receber de
seu mestre. Essa iniciação pode ser solicitada a mim pessoalmente em encontros com a
verdade (sat-sang).
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Sparsha-dîkshâ
É um toque iniciático poderoso, que transforma o discípulo em retransmissor do Tantra,
podendo iniciar e preparar outros alunos.
Nessa iniciação normalmente, cria-se vínculos de amor entre o mestre e o discípulo.
É uma iniciação secreta que, embora seja definida simbolicamente como um
derramamento de óleo sobre a cabeça, sabemos que ela representa a própria iniciação, pois é
feita na fronte de quem recebe – Chakra Ajnã.
Tantra Kripa
É um toque indescritível e secreto que desperta Chakras e Kundalinî através da libido. Esse
toque é pouco utilizado no Ocidente devido a bloqueios ao corpo e sua transmissão foi
interrompida no passado em quase todas as tradições, restando hoje poucos mestres que
ainda mantêm a transmissão. Isso faz dessa iniciação uma oportunidade rara e possível
somente àqueles que possuem coragem e audácia bem acima do comum.
Sempre ensino que sem coragem nessa vida, “nada feito”.
A vida é uma grande aventura. Tudo ou nada.
Quando o discípulo recebe essa iniciação (shâktika) o mestre desperta sua consciência da
iluminação ou lhe fornece técnicas para práticas (ânavîdîkshâ). Dentro das iniciações tântricas
modernas, temos a entrega do novo sannyas (visão Osho) que, diferentemente do antigo
sannyas hindu, aonde o iniciado renunciava a todos os seus bens, família, paixões, como fez
Buda, e vive nas montanhas meditando, o novo sannyas aponta na direção do iniciado viver e
fazer tudo o que este mundo oferece até para perceber que mesmo tendo tudo, se não
descobrir quem se é, nada adianta, nada é suficiente.
Nesse tipo de iniciação, há uma mudança de nome que simboliza abandonar o passado e
renascer no agora.
Somente alguém que reconheceu o final das buscas (se iluminou) pode “iniciar” ministrar o
neo-sannyas.
“O guru é a primeira letra (do alfabeto). O discípulo é a última letra. O conhecimento é o
ponto de encontro. A instrução é o elo. ”
Taittirîya-Upanishad
“Ao avaliar a aptidão (yogayatā) dos seus discípulos, os iniciados tântricos distinguem os
três seguintes tipos de disposição, ou temperamento (bhāva):
1.O pashu-bhāva (caráter bestial) é o resultado da forte integração de rajas e tamas (as
qualidades dinâmicas e iniciais da natureza), com quase uma completa ausência de sattva
(fator de lucidez). Essa combinação profeta produz traços indesejáveis como ilusão (bhrānti),
irritação (tandrā) e indolência (ālasya), embora nem todo indivíduo desse tipo vá
necessariamente manifestar estas tendências. Segundo a Kula-Arnava-Tantra, o pashu está
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atado por oito laços (pashā), a saber: desprezo, dúvida, medo autoconsciência, (lajjā)
aversão, família, costume e casta. Não seria difícil aplicar todos estes a um contexto
ocidental contemporâneo.
A imaturidade psicológica responsável por estes traços desclassifica os praticantes do
temperamento “bestial “para certos rituais e práticas. Espera-se que eles adotem uma
abordagem mais convencional à vida espiritual e sejam excluídos particularmente do ritual
das “cinco substâncias” (panca-tattva. Segundo Kaula-Avalī-Nirnaya, elas nem mentalmente
deveriam participar deste ritual. Em vez disso, deveriam fazer o máximo esforço para servir o
guru a fim de purificar seus traços inauspiciosos. O temperamento “bestial” não é explicado
de modo uniforme nos Tantras, presumivelmente porque muitos, se não a maioria de
praticantes, caem nesta categoria. Com frequência o termo pachu refere-se a adeptos que
praticam o Tantra de uma maneira mais tradicional, ou seja, tratando as “cinco substâncias”
– carne, peixe, vinho, grão e intercurso sexual – literalmente em vez de figurativamente. Em
lugar do intercurso sagrado real com mulheres iniciadas, os praticantes masculinos fazem
oferendas de dois tipos de fores representando órgão sexual literalmente em vez de
figurativamente o órgão sexual masculino e feminino, respectivamente.
2.O vīra-bhāva (caráter heroico) é o produto da integração de rajas e sattva
predominante, com interferência mínima de tama. Segundo o Mahānirvāna-Tantra, os
praticantes com esses temperamentos só são adequados para a prática do Tantra. Essas
escrituras negras inclusive a existência dos outros dois temperamentos da idade da treva,
mais isto faz pouco sentido, uma vez que as características do temperamento “bestial”
parecem dispersas.
O divya-bhāva (caráter divino) é também o produto da interação da interação de rajas e
sattva, mas com a qualidade predominante da última. Os que têm esta característica à moda
divina são muito raros, especialmente na Kali-yuga.
A diferença entre este caráter e o temperamento heroico parece ser grau, com o último
sendo mais dinâmico, o que combina com a abordagem tântrica.
O Tantra segue a trilha do herói espiritual (vīra), que é definido assim:
Como ele está livre da paixão, orgulho, aflição, raiva, inveja e ilusão, e como está bem
afastado de rajas e tamas (isto é, as qualidades de agitação e inércia), ele é chamado de
“herói”.
Leia aqui um resumo do que é uma iniciação segundo Alain Danielou no recomendado
livro Shiva e Dionísio (Editora Martins Fontes) esse texto é bem profundo e deve ser lido
com atenção e reflexão):
“Certas técnicas rituais vão nos permitir agir sobre as energias latentes presentes no
ser humano e, desse modo, transformá-lo, fazer dele o veículo da transmissão de certos
poderes, elevá-lo a um plano superior na hierarquia dos seres, torná-lo uma espécie de
semideus ou de super-homem mais próximo do mundo invisível aos espíritos. E esse o papel
da iniciação. Tal processo de transformação do ser humano é longo e difícil, é por isso que a
iniciação só pode se fazer por graus.
O pashu (o homem animal) irá se tornar primeiro um sâdhaka (aprendiz), depois um
vira (herói) ou adepto, ou seria, um ser que pode dominar e ultrapassar as aparências do
mundo material. O grau seguinte é o de siddha (realizado), chamado também, entre os
tantrikas, de o estágio de kaula (membro do grupo), palavra que corresponde ao título de
"companheiro" na iniciação maçônica, onde também se encontra o grau de aprendiz. O
kaula atingiu o "estado de verdade". É só então que se desfazem as barreiras entre o
humano e o divino e que o adepto pode ser considerado divya (divinizado). Na linguagem
dos mistérios greco-romanos, chamava-se de "herói" o adepto, o iniciado. Os graus
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superiores provavelmente eram mantidos secretos. Essa transformação concerne ao ser
humano inteiro. E o próprio corpo que é transfigurado com todas as suas energias
funcionais, assim como na concepção cristã é o homem inteiro, físico e mental, que deve
ressuscitar, transfigurado, dentre os mortos.
A iniciação é a passagem de um estado de ser para um outro estado de ser. E uma
espécie de morte, uma "morte ativa", da qual nasce uma pessoa diferente. Há sempre,
portanto, um rito funerário nos ritos de iniciação. Esse rito sobreviveu nas cerimônias de
ordenação dos padres católicos.
Apenas um iniciado pode transmitir poderes a um novo iniciado. Isso é essencial para
que a transmissão iniciatória seja válida. E por essa razão que não se pode restabelecer uma
tradição interrompida. A iniciação é a transmissão real de um Shakti, de um poder,
transmissão que toma a forma de uma iluminação. A continuidade da transmissão de uma
chama que acende uma outra. Os iniciados formam grupos de homens diferentes dos
outros. Esses grupos são denominados Kula (famílias) no tantrismo, daí o nome Kaula
(membro da família ou "companheiros") dado a seus adeptos; Kula corresponde ao Thiase
dionisíaco.
"O corpo físico do iniciador é uma imagem de Shiva; os serviços que lhe são prestados
são equivalentes à veneração ao deus. Serviço significa submissão corporal, mental e verbal,
a oferta de tudo o que se possui, até de seu corpo, ao preceptor. O discípulo deve servir-lhe
a comida, só pegando a sua depois, com a permissão dele... A língua do preceptor é como
um sexo que derrama o suco vital dos mantras no receptáculo que sanas orelhas ao
aprendiz. Cada membro do preceptor, dos pés à cabeça, e, com efeito, como um sexo, um
Linga. Para satisfazê-lo, o discípulo deve massagear seus pés, levar-lhe as sandálias, lavá-lo.
Oferecer alimento e dinheiro, e todas as outras práticas que possam satisfazê-lo (Shiva
Purâna, Vidyeshvara Samhitá, cap. 18,86-94)
“Os ritos de iniciação são explicados, minuciosamente nos Purunas Shivaístas e nos
Tantras. O discípulo deve venerar sem reticências o seu preceptor de acordo com seus
meios. Pode oferecer a seu mestre: elefantes, cavalos, carros, joias, terra, casas,
ornamentos, roupas e ganhos diversos.
“O preceptor fará o discípulo tomar um banho para aprender a controlar suas aptidões.
O discípulo permanecerá com ele e servirá em um primeiro período de prova que durará um
ano. Depois de um dia favorável de acordo com os astros, o preceptor conduzirá então o
discípulo a um lugar sagrado para praticar os primeiros ritos de iniciação.
O lugar pode ser a praia. O lugar pode ser praias, margens de um rio, um templo ou um
lugar purificado na própria casa do mestre”
O templo de Shiva é sempre o mundo natural, a floresta, a montanha. Os santuários
são apenas monumentos em honra do Deus. Não são lugares onde se reúnem os fiéis nem
onde se praticam os ritos que concernem à vida ordinária dos homens; iniciações,
casamentos, funerais etc. Os ritos iniciatórios realizam-se de preferência na floresta ou à
margem dos rios e dos lagos.
Diferentes aspectos de Shiva, depois ordenará ao aprendiz para um local ao sul do
diagrama, onde este deverá dormir numa cama de ervas dharma. De manhã, um rito de
oferenda (Homa) deve ser realizado com a manteiga purificada repetindo-se cento e oito
vezes o mantra de Aghora (AUM ou Hamsah.) Que afasta o medo e pelo qual se pode ser
purificado dos sonhos nefastos ". Em seguida, ocorre o banho ritual.
O banho ritual precedia, para os mistérios de Eleusis, a fase considerada como a mais
misteriosa das iniciações. Segundo Plutarco, antes de sua realização, havia uma abstinência
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durante dez dias de qualquer relação sexual. A mesma regra é aplicada na Índia. "Quando o
discípulo toma um banho ritual em jejum, deve preparar-se com cuidado e vestir-se com um
tecido adequado (sem costura) enrolado na parte inferior do corpo e um xale sobre os
ombros." "Não longe do altar onde foi consagrado o yantra, o preceptor vem sentar-se
numa almofada de ervas dharma. O discípulo deverá estar sentado de frente para o Norte, o
preceptor para o Leste... O preceptor tocará levemente nos olhos do noviço, depois irá
fechá-los com uma tira de seda repetindo certas fórmulas."
"O noviço é então conduzido ao interior da área de iniciação, cuidadosamente marcada
no chão. A entrada situada a Oeste é a melhor para os discípulos de todas as castas, mas em
particular para os da casta real, os kshatriyas... O noviço deve dar três voltas em torno da
imagem fálica e, segundo seus meios, oferecer ao Deus uma porção de flores misturadas
com ouro, ou apenas ouro na falta de flores, recitando o hino a Rudra (Rudráidnyaya).
Depois meditará sobre Shiva, repetindo apenas o prânava, a sílaba OM." Do mesmo modo,
no rito dionisíaco, "o iniciado tem a cabeça encoberta e deixa-se guiar pelo oficiante... Uma
cesta cheia de frutas e de objetos simbólicos, entre os quais se unem em forma de falo, é
colocada na cabeça do iniciado. O quadro... é um jardim onde se ergue um ídolo de Dioniso.
Mas é um Dioniso que tem caracteres de Priapo e em primeiro lugar itifalismo". "A venda
que cegava o discípulo é tirada. Fazem então que se acomode num assento de ervas
dharma, com o rosto voltado para o Sul... Após o quê, acontece o rito de consagração dos
princípios dos cinco elementos... O preceptor coloca a mão na cabeça do noviço, enquanto
este repete o mantra com o qual lançou flores sobre o deus. Borrifa-o com água consagrada
a Shiva e aplica cinzas em sua cabeça, repetindo o mantra de Aghora, depois venera o
noviço com perfumes e outros ingredientes."
O preceptor tira o discípulo de sua casta, depois integra-o ao grupo dos companheiros
de Rudra.... Com uma só mão, o preceptor entra então no corpo do discípulo com o rito da
saída da respiração (Prana - Nigamas).
"Os ritos de adoração devem ser realizados na ordem: samprok- sharia (molhar),
tádana (apertar), harana (tirar), samvada (unir), e vik - shepa (rejeitar). Em seguida, vêm os
ritos de inseminação, de gestação (garbhadhârana) e de dar à luz (janana).
"O rito solar do conhecimento e da dissolução deve ser realizado primeiro com o
mantra de Ishâna, acompanhado vela sílaba mágica hrim representando o órgão feminino, o
yoni... O rito termina com os ritos de uddhâra (levantar), prokshana (molhar) e tâdana
(apertar), com o mantra de Aghora, concluindo com o som mágico phat. Durante todo o rito,
o preceptor deve guiar o discípulo, segurando seu pulso. O preceptor, em seguida, verte
água santa sobre o noviço, que é doravante um companheiro de Shiva... A iniciação
acontece na presença de Shiva, do fogo e do preceptor. Após a iniciação, o discípulo deve
agir segundo as instruções do preceptor."
"O preceptor, depois de secar o corpo do discípulo, pegará cinza com as duas mãos e a
passará no corpo do discípulo, repetindo o nome de Shiva. Murmurará então o mantra de
Shiva no ouvido do discípulo. Depois, diante do fogo sagrado, repetirão juntos à fórmula da
iniciação. O discípulo deverá, em seguida, morar perto do mestre, servi-lo em tudo, executar
todos os seus pedidos. Doravante é chamado de samaya (integrado) ... O mestre dá-lhe
então um Linga de Shiva. Prende um cordão sagrado na mecha de cabelos que parte do alto
da cabeça do discípulo, que permanece em pé, e deixa pendurado esse cordão até seus pés,
depois bate em seu peito, ata-o com o cordão, bate em sua cabeça, manda-o sentar e dá-lhe
para comer arroz consagrado.... Durante a noite, o discípulo deve dormir numa cama de
ervas coberta com um lençol novo (não lavado) e consagrado. Pela manhã, o discípulo deve
informar ao mestre se sonhou... O cordão sagrado, então, é desfeito e pende da mecha
como na véspera. A veneração do adhara (o centro na base da coluna vertebral) é então
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efetuada, e os ritos de penetração em todas as espécies de seres vivos, nos deuses, animais,
pássaros e homens. Em seguida, são realizados os ritos do novo nascimento...
O preceptor purificará o corpo do discípulo das impurezas deixadas pelo contato
sensual, liberando-o dos três tipos de ligação. Ao trair para si a alma do discípulo, como o
fizera anteriormente, deposita – em sua própria alma ... após ter levado a tesoura, o
preceptor cortará a mecha sagrada do discípulo e seu cordão sagrado, queimando-os no
fogo consagrado a Shiva. Depois disso, restituirá sua consciência individual ao corpo do
discípulo... após fazer sentar o discípulo, obterá de Shiva a autorização para ensinar-lhe o
conhecimento Shivaista.... Faz com que repita então o triplo mantra: Aum, Hrīm, Shivaya
Namah Hrim Aum." Para ser iniciado como Pashupatê (amigo dos animais), o discípulo
deverá, após ter recebido os ensinamentos do preceptor, levar, durante um certo período, a
vida de monge errante. "Depois de ter realizado o rito de ablução, de sacrifício e os outros
ritos do sol. O discípulo observará os ritos do banho de Shiva, do banho de cinzas e da
veneração do deus." "No quarto dia depois da lua cheia, ele apagará o fogo e reunirá,
cuidadosamente, as cinzas. Raspará os cabelos e todos os pelos do corpo. Pegará então um
bocado de barro e passará em todo o corpo, da cabeça aos pés com os olhos fixos no sol.
Depois, tomará um banho e cobrirá todo o seu corpo de cinzas." "Em seguida, manterá seus
cabelos hirsutos ou os raspará completamente, ou conservará só uma mecha. Em princípio,
permanecerá sempre nu. No entanto, se preferir, também poderá usar uma veste cor de
açafrão ou uma vestimenta de casca de árvore. Tomará um bastão de peregrino e trará um
cordão como cinto." Partirá então em peregrinação. ”
Alain Danielou ensina baseado em suas iniciações dos textos “Linga Purana” e “Shiva
Puruna” e em sua experiência pessoal. Seus textos e livros são abençoados e indicados a ti.
Monja Coen minha mestra de zen ensina que a iniciação é como uma sucessão
apostólica que no Zen que pratico vem de Dogen (sec. XIII), mestre Kaizen (sec. XIV) e assim
sucessivamente, esses ensinamentos devem ser passados de mestre a discípulo em sucessão
direta (face a face).
Quando ensinamos o Zen e o Tantra não devemos criar nada e sim transmitir os
ensinamentos do fundador da tradição seja Buda no budismo ou sua linhagem no Tantra e
seus sucessores de geração em geração.
Monja Coen é a 91ª geração sucessora desde Buda. Me orgulho e sou muito feliz de ser
discípulo de Zen.
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Capítulo 3
Kundalinî-Shaktí
O Poder da Serpente
Kundalinî energia sustentadora da vida, força vital presente em todos os seres, poder
energético que dá vida ao Universo. Tudo é energia, diz a ciência e tudo é um mar de energia
kundalinî, aponta o Tantra. — A palavra kundalinî vem do sânscrito “kundol”, que significa
espiral ou enrolada. Kundalinî está adormecida no homem comum (paçu), na base da espinha
dorsal, e para que o indivíduo possa ter uma vida consciente e prazerosa é necessário que
essa energia seja ativada, reconhecida e elevada até o alto da cabeça, tornando o homem
comum robotizado num ser original, consciente e criativo. Geralmente, a kundalinî aparece
representada por uma serpente adormecida e que precisa ser despertada: seus movimentos
espiralados e sua postura (enrolada em si mesma) são típicos desse animal. Sua energia é
ígnea, e enquanto dorme está congelada, um fogo morto. Quando o praticante a desperta sua
força é tão grande que correntes tântricas a consideram “a mãe divina que alimenta seus
filhos”.
No Ocidente, Freud chamou-a de libido – energia do desejo de qualquer espécie, e Reich a
conhecia como orgone – energia do prazer.
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O escritor Sir John Woodroffe no recomendado livro “EI Poder Serpentino” descreve: “em
síntese, Kundalinî é a representação corporal individual do grande poder cósmico, que cria e
sustenta o universo. Quando esta Shakti individual, que se manifesta como a consciência
pessoal (jíva) se absorve na consciência do Shiva supremo, o mundo se dissolve para esse jíva,
e se obtêm a liberação.
O despertar e o estímulo ascendente do Kundalinî Yoga é uma forma dessa fusão do
indivíduo na consciência universal, ou união dos dois, que é a finalidade de todos os sistemas
de Yoga na Índia”.
E Samael Aun Weor (gnóstico) dá a seguinte explicação mística:
“É a serpente ígnea dos nossos mágicos poderes. E essa serpente sagrada dorme dentro de
nós, enroscada três vezes e meia, em todos os Chakras. Kundalinî é o fogo de Pentecostes, a
Grande Mãe Divina. Seu santuário é o coração. (...) os fogos do coração controlam a ascensão
da Serpente Sagrada pelo canal medular. E a kundalinî necessita subir até o cérebro, para
depois chegar ao Santuário do Coração. Deve ser despertada pelo maithuna (ato sexual
sagrado), pela concentração, pela meditação, pela vontade, pela devoção, pela compreensão e
com os mantram sagrados”.
Osho define Kundalinî “como uma serpente que se move através dos Chakras e, no fim,
quando a iluminação é alcançada, é liberada pelo último chakra localizado no alto da
cabeça”... falar teoricamente sobre ela pode levar a alguns equívocos, por “causa do
conhecimento, sem o conhecer”.
O trabalho iniciático de algumas tradições iniciáticas sérias é “elevar” a kundalinî, seja
através do sexo, meditações diversas, dança sagrada, Yoga, Tantra sadhana e mantras.
Segundo o mestre de Yoga Shivánanda “Sem Kundalinî não há Samádhi”. Apesar de saber
que a subida de Kundalinî é um dos métodos de iluminação, muitas escolas iniciáticas,
filosóficas e religiosas ocidentais incutem em seus discípulos pavor da ativação dessa energia.
Isso porque ou não compreendem ou não querem compreender, que trabalhar com kundalinî
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é absolutamente prazeroso, ou são pessoas recalcadas e reprimidas quanto ao prazer e a
sensualidade.
Mesmo aqueles que não sabem o que é Kundalinî, e estão em qualquer trabalho
meditativo e iniciático prático, provavelmente estão atuando para elevação da mesma.
Exemplo disso é um cristão, que faz uma oração e sente a presença do Espírito Santo, cujo
símbolo é uma pomba, feminino, que representa Kundalinî com outra denominação. É
interessante como a auréola na cabeça dos Santos assemelha-se à figura de Shiva ejaculando
pela cabeça. Ambas representam Kundalinî.
O ideal é a ativação da kundalinî por um processo lento, gradativo, que exige persistência e
práticas constantes.
Ao ser desperta, a kundalinî se expande por meio das nadi (nadi vem de nad, e significa
movimento, corrente). As nadi são canais que conduzem a energia pelo corpo, o que inclui os
meridianos (conhecidos pela acupuntura), os vasos, os nervos, as artérias, os músculos e as
veias.
O yogue Gopi Krishna descreve assim o despertar de kundalinî:
“De repente, com um rugido semelhante ao de uma catarata, senti uma corrente de luz
líquida penetrando no meu cérebro – através da medula espinhal. Eu não estava em absoluto
preparado para esse acontecimento e fui completamente pego de surpresa; mas, recuperando
instantaneamente o autocontrole, continuei sentado na mesma postura e com a mente
voltada para o objeto de concentração. A iluminação foi ficando cada vez mais brilhante, o
rugido cada vez mais forte, eu me senti como se estivesse balançando e depois percebi-me
saindo do corpo, completamente envolvido por um halo de luz”.
O Mestre Datrateya nos conta que “Kundalinî desperta ascendendo é inconfundível; é
sentida como uma emoção interior, um fogo “ líquido”, simultaneamente quente e frio,
elétrico, quase paralisante, abrindo todo o ser, iluminando e liberando.
Quando eu tinha pouco mais de 20 anos, contrariando todo o bom-senso e as
recomendações de meus professores de Yoga e Tantra da época, resolvi por conta própria ter
uma experiência com essa energia. Corri atrás do Samádhi e, por aproximadamente um ano,
praticava quatro vezes ao dia Yoga tântrico, artes marciais, longas meditações, jejuns,
monodietas de frutas, estímulo dos bija das pétalas dos Chakras (não recomendado por
nenhuma escola prática por ser muito forte), maithuna com duas parceiras, limpezas e
purificações físicas, e, um dia, para aprofundar, fui praticar uma viparita kaarani (posição de
Yoga invertida sobre os ombros) dentro de um pequeno riacho em Visconde de Mauá. Tive
uma experiência inesquecível. Um calor intenso saiu de minha região pélvica, subindo pela
coluna e lembro-me de algo parecido com um desmaio e sensações muito gostosas. Ria muito
e reconheci pela 1ª vez que sou o “observador” de tudo, não sou meu corpo, nem minha
mente e nem minhas emoções e sentimentos. Sentia-me parte da existência e qualquer idéia
de um “eu social” desaparecera por completo. As reações físicas é que não foram
interessantes: vomito, náuseas, dores no corpo, diarréia e febre.
Meu amigo Roberto Arantes trouxe-me de volta a São Paulo, aonde me tratei com
ayurvédica e tive a supervisão terapêutica de um mestre de Tantra. Assim, em tudo o que
ensino nesse livro, tomei o cuidado de não estimular em você, leitor, o exagero e a
irresponsabilidade que tive um dia. Conselho? Vá passo a passo, cuide da sua saúde,
alimentação, sexualidade, se exercite.
“A grande Deusa Kundalini, a Energia Pura do Ser, repousa próximo do reto na região
conhecida como Muladhara; tem a forma de uma serpente com três voltas e meia. Enquanto
ela fica adormecida no corpo, a Alma é um mero animal e o verdadeiro conhecimento não se
manifesta. Contraia e dilate o esfíncter anal seguidas vezes. Essa técnica é chamada de Asvini
Mudra e é a maneira mais eficaz de despertar a Shakti interior. ” Gheranda Samhita
29
Capítulo 4
Chakras, Kundalini e Nadis
(Uma Visão prática e profunda)
“Kundalini é a detentora da força, o suporte e o poder que move não apenas o indivíduo,
mas também o Universo. Macro cosmicamente, ela é Shaktí, Prakriti, a manifestação do poder
de Shiva. Na escala humana é a energia, o motor, a causa do movimento e da vida do
indivíduo. O despertar dessa força conduz à iluminação. A kundalini representa-se no homem
como uma serpente adormecida, enrolada três vezes e meia em torno do shivalingam (o falo,
símbolo do poder gerador masculino), obstruindo com a sua cabeça a entrada da sushumná
nádí, o canal mais importante dos que veiculam os alentos vitais, situada na base da coluna
vertebral, no chakra chamado múládhára.
O despertar da Kundalini produz um calor muito intenso. A sua ascensão através dos
chakras, num processo sistemático e gradual, desenvolve poderes latentes. O processo consta
de duas etapas: na primeira, o yogin procederá à saturação prânica do organismo através dos
exercícios, a segunda é o despertar em si. A técnica consiste em concentrar o prana em ida e
pingalá nádí, levando essa energia para o múládhára chakra. O yogi faz com que o prana
chegue até onde reside a kundalini, cessando esta então de circular pelas duas nádís e
concentrando-se na entrada da sushumná, que está bloqueada pelo primeiro nó, o
brahmagranthi. ”
Pedro Kupfer
Tudo é energia. Corpo físico, astral, mente, emoções, consciência e o próprio Purusha – o
Si mesmo, tudo é energia. Os planetas, galáxias, universo, nossas moléculas, átomos, ossos,
carne... enfim, tudo é consciência e energia. Você que agora lê essas páginas já é consciência e
energia.
Chakras são canais de armazenamento, captação e distribuição de energias físicas e
psíquicas. A palavra sânscrita chakra pode ser traduzida por círculo, roda ou padma (lótus).
Seu formato visto somente por paranormais, médiuns, sadhus e yoguis lembra um CD girando
em altíssima velocidade, e em nosso corpo existem milhares desses centros sendo que no
estudo do hindu Tantra são 07 os chakras principais e os que também devem ser estudados
aqui e estimulados. Note que o tântrico estimula os chakras e não os equilibra como é comum
se tratar no Ocidente. (Estimulamos os chakras e kundalini)
Chakras são definidos ainda como centros físicos, psicofísicos e energéticos do corpo; eles
têm de quatro a cinco dedos de largura. Como já disse de forma geral os seres humanos
contêm de 05 (visão tibetana) a 7 chakras principais ou que são estimulados em práticas
espiritualistas. Escolas chinesas de Qi Gong falam em centenas de pequenos chakras como,
por exemplo, nas palmas das mãos, e nos seres vivos eles estão em constante atividade,
embora sua presença não seja percebida conscientemente por não meditadores ou
praticantes transpessoais.
Os chakras estão localizados dentro e fora do corpo (duplo etérico); já Kundalini, energia
da vida que ativa os chakras se movimenta dentro do corpo.
Normalmente, os chakras são pequenos, não apresentando mais do que 5 centímetros de
diâmetro. Com a prática de mantram, Yoga, meditação, os chakras aumentam de tamanho e
sua luz se expande. Cada um tem uma cor, mantram e elemento que o estimula, seu
movimento é ininterrupto. Eles estão associados às glândulas do corpo físico e funcionam
como centros de captação, contenção e distribuição de energia para todo o corpo.
30
As representações pictóricas (símbolo ou yantra) desses centros de energia são formadas
por figuras geométricas e pétalas. São pelos chakras que transitam e se movem as energias
sutis do corpo.
Cada um dos 7 chakras (visão tântrica hindu) principais tem uma série de elementos:
1- Um bija mantra. Som semente que o estimula. Esse som atua na raiz ou centro dos
chakras fazendo-os vibrar. O ocultismo ocidental utiliza-se muito dessa prática.
2- Uma série de bijas mantram em suas pétalas. Esses sons são considerados secretos, por
praticantes tântricos adiantados, devido à força dos mesmos em estimular poderosamente os
chakras e elevar coluna acima a energia Kundalini (libido, orgone). Todos os estudos e práticas
dos bija vêm das escolas tântricas, e esses sons estão na língua sagrada sânscrita. No Tibet,
por exemplo, utilizam-se outros sons e mantras e trabalham-se apenas com os 05 chakras.
3- Uma deidade é uma Shakti (energia transpessoal e física) que é um poder específico de
cada um, além de uma energia que pode ser chamada de divindade regente.
4- Um elemento da natureza, cores, tatwas, os sete chakras principais na visão hindu estão
localizados ao longo da coluna vertebral, dispostos verticalmente e cada chakra tem funções
específicas, mediante o recebimento de Energias internas e externas. Temos nesses centros
“nós” que impedem a subida descontrolada de Kundalini; um fica no muladhara (brahma-
granthi), outro no vishnudha (vishnu-granthi) e o último no ajña chakra (rudra-granthi). Eles
são conhecidos por granthi, e quando eles são rompidos a energia se eleva. Com esses nós
nos chakras é muito difícil alguém fazer bobagem com Kundalini, de toda forma, sempre
aconselhamos que vá devagar, em suas práticas tântricas.
31
Há muitas práticas que fazem o Chakra girar em sentido horário ou de dentro para fora ou
anti-horário, de fora para dentro. A priori não se deve misturar essas práticas. Essa regra tem,
assim como tudo na vida, exceções.
O Tantra, as práticas mântricas e seu Yoga trabalham para que os chakras se movimentem
de forma veloz. Para isso, é necessário ter consciência e adotar práticas que os estimulem, por
meio do método interno ou externo.
Método interno: por meio desse método, despertamos a Kundalini com a prática de Yoga,
mantram, karatê-do, tai-chi, Qi Gong, Iai-dô, Aikido e artes marciais que envolvam paz e
meditação (as outras acabam, desequilibrando todos os chakras e as violentas ou voltadas ao
ego, competição ou buscando agredir o “adversário” acabam com todos os corpos sutis, nada
trazendo de útil ao praticante e menos ainda ao já tão violento planeta) ou maithuna. As
escolas tântricas trabalham mais com os métodos internos e exclusivamente com os chakras
girando em sentido horário.
Método externo: consiste no recebimento de passe magnético ou espírita, de massagens
como a indiana ou shiatsu, na aplicação de acupuntura, moxabustão, imposição de mãos,
Reiki, geoterapia (pedras) ou cromoterapia (cores). Dentre outros métodos.
Os dois métodos contribuem para o estímulo de todos os chakras, proporcionando mais
disposição física e mental aos praticantes.
É importante mantê-los em equilíbrio, utilizando técnicas corporais (Yoga, tai-chi, dança),
técnicas mentais (mantram), alimentação equilibrada e não violenta. Os chakras influenciam e
são influenciados também pelo corpo físico, daí a necessidade destes cuidados.
Como vimos até aqui, todos os chakras possuem qualidades energéticas próprias que em
desequilíbrio produzem determinadas doenças ou, do contrário, em situação de equilíbrio,
conferem ao nosso organismo inúmeros benefícios. Contudo, o sexto Chakra pode ser mais
estimulado que os demais pelo mantra Om, pois possui uma força que ajuda e atrai a subida
da Kundalini.
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Quando o Chakra gira em sentido anti-horário, pode-se perder energia. E quem perde
muita energia pode sobreviver da energia alheia, por meio de uma relação de dependência
chamada na metafísica de “vampirismo”.
Conhecendo os chakras
A maior parte dos ensinamentos, aqui contidos, estão a título de estudo e curiosidade.
Você deve praticar a ativação dos chakras e não conhecê-los só teoricamente.
Leonardo Boff ensina que falar, ler e pensar sobre o divino não lhe dá a experiência do
divino. Digo que ler (e se faz muito isso), falar e pensar sobre chakras não lhe dá a experiência
do mesmo.
Swadhisthana chakra
Manipura chakra
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• Localização: Um pouco acima do umbigo. Rege o pâncreas, glândula que possui função
exócrina e endócrina e que secreta o suco pancreático, cujas enzimas ajudam a digestão das
proteínas, carboidratos e gorduras. A parte endócrina da glândula é formada por pequenos
grupos de células chamadas ilhotas de langerhan, produtoras da insulina, que possuem um
papel importante no controle do metabolismo da glicose. A área de influência deste chakra é
o sistema digestivo: estômago, fígado e a vesícula biliar, além do sistema nervoso.
• Regula: Escolhas, dentro do possível, do que você quer. Individualidade, poder pessoal,
como você se vê, sua identidade no mundo.
• Cor: Amarelo dourado para tonificar. É ativador dos nervos motores, exercendo
influência no sistema nervoso. Estimula bílis e possui ação vermífuga, diminui a função do
baço, porém estimula a função do pâncreas, fígado e vesícula biliar. Fortalece as articulações,
o sistema digestivo e linfático. É regenerador dos tecidos, acelerando o processo de
cicatrização. Estimula a função peristáltica e o raciocínio lógico. Violeta, azul ou verde para
sedar.
• Mantra: Ram – o principal ponto de concentração durante a produção deste som é o
umbigo. Traz longevidade.
• Elemento: Fogo – auxilia a digestão e a absorção do alimento fornecendo a energia vital.
• Fase da Vida: De 14 a 21 anos.
• Funções: Desenvolvimento do ego e da identidade individual, impulso de liderança,
praticidade, trabalho.
• Orixás regentes: Iansã e Xangô.
Anáhata chakra
Vishuddha chakra
Ajña chakra
Sahasrara chakra
Mestre Osho, praticantes de Yoga e a minha própria experiência apontam que o saber
intelectual dos chakras não substitui o “conhecimento” prático. A experiência de ativar esses
centros e manifestar Kundalini é um dos objetivos maiores do caminho tântrico.
A correlação entre as meditações do Osho e o estimulo dos chakras segundo minha visão:
Obs. Essa relação é superficial e relativa. Osho em suas meditações estimula todos os centros
no geral.
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A saúde dos chakras
Nível de satisfação em diversas áreas e setores da vida
Avaliação e estudo elaborados por Diana Prem Zeenat, mestra em terapias, Deeksha, minha
irmã e inspiradora.
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AJNA CHAKRA
Saúde perceptiva e intuitiva: Nível de identificação e aceitação de tudo
Ótimo Regular Péssimo
como é. Realização e Propósito.
Auto-observação
Percepção intuitiva
Sonhos premonitórios
Supero crenças limitantes e preconceituosas sobre religião ou outros
temas?
Observo os acontecimentos sem julgamento?
Sou consciente que a mente nem sempre é real?
Aceitação que tudo é o que é?
Quanto você está comprometido com seu propósito e missão?
Utiliza seus dons e talentos a serviço do meio?
Está comprometido com sua realização pessoal e profissional?
AJNA CHAKRA
Saúde Espiritual: abrange os aspectos da fé, desenvolvimento e conexão
Ótimo Regular Péssimo
com a consciência divina, plenitude e felicidade.
Silêncio
Meditação
Gratidão
Oração
Práticas espirituais
Quanto tempo dedico para minha espiritualidade?
Quanto estou comprometido com felicidade e plenitude?
Saúde e Disposição
Recursos Financeiros
Relacionamento Amoroso
Família
Vida Social
Equilíbrio Emocional
Criatividade, Hobbis e Diversão
Plenitude e Felicidade
Contribuição Social
Desenvolvimento intelectual
Realização e Propósito
Espiritualidade
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Espiritualidade Saúde e disposição
_____________ _______________
Plenitude e
Felicidade Desenvolvimento
_________ Intelectual
______________
Si – mesmo
_________
Vida Social
_________
Realização
Relacionamentos Profissional e Propósito
______________ __________ _________
Relacionamento
Amoroso
_____________ Recurso
Financeiro
_________
Família
_______ Contribuição
Social
___________
41
Capítulo 5
Mudrás apoio ao Tantra e ao maithuna
Gestos magnéticos e de poder
“Mudrás é uma combinação de movimentos físicos e sutis que alteram a disposição, atitude e
percepção, e que aprofundam a atenção e concentração. ”
Satyananda
“No Yoga, os Mudrás são, antes de tudo, gestos especiais feitos com as mãos para conduzir
de maneira específica a energia sutil ou força vital (prana do corpo). São empregados durante
a meditação, a visualização, o controle da respiração e os rituais de adoração, bem como para
fins terapêuticos na medicina tântrica. O mudrá mais comum é o gesto chamado Ãnjali, usado
na Índia como cumprimento: unem-se as palmas das mãos em frente ao peito, com os dedos
estendidos apontando para cima. ”
George Feuerstein
Mudrá é um gesto simbólico e mágico carregado de poder que usualmente é feito com as
mãos. Literalmente, a palavra mudrá quer dizer “selo”, “gesto” ou ainda “reflexo” de algo.
Os hindus místicos o chamam de gesto de poder, já que sua prática cria estados alterados
de consciência, como elevação de kundalini e consciência do Si Mesmo e do Universo que nos
cerca. Consciência aqui significa acordar do sono robótico em que muitos vivem.
O significado da palavra mudrá encontra-se no Kulanarva Tantra e no Nigranth Tantra,
segundo os quais mud = força de poder; êxtase (para fora) e êntase (para dentro); prazer, e
dra (dravay) = controlar; manter; capacidade de manter.
No hinduísmo e em outras correntes metafísicas é comum o mestre tocar o discípulo com
um mudrá como forma de iniciação ou batismo. O nome desse toque no Tantra é kripa guru e
transmite toda a força da tradição em questão do iniciador para o iniciado.
Os mudrás aparecem em todas as tradições influenciadas pelo Tantra (budismo,
hinduísmo, magia, teosofia etc.). No Ocidente, é comum um gesto de oração ou prece em que
se unem as duas mãos, palma com palma, o que na Índia se chama de pronan mudrá.
Os mudrás sintonizam com as origens das tradições que queremos enfocar. Segundo o
professor Humberto Gama, em seu livro Mudrás – Gestos Magnéticos do Yoga (Ed Vidya), “(...)
o objetivo é a autenticidade, a receptividade. E para isso o mudrá trabalha profundamente no
interior de cada ser humano”.
Cada gesto ou selo produz uma infraestrutura psicofísica e predispõe o praticante a um
estado interior. Os mestres são de opinião que o mudrá possui quatro “estados” ou “poderes”
especiais e distintos, que são: Identificação; Assimilação; Domínio; Desenvolvimento.
Dentre os textos clássicos, encontramos no Kulamava Tantra a sua interpretação erudita:
“O mudrá prepara o praticante para um estado interno de identificação em que este,
concentrado e interiorizado no gesto, controla a força adquirida e a dirige para qualquer parte
de seu corpo ou para fora dele. ”
Os mudrás atuam também, profundamente, em nosso sistema nervoso simpático e
parassimpático, além dos terminais dos meridianos usados em medicina chinesa (tsubos).
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Relação dos dedos com os mudrás
Elemento Dedo
Terra Mínimo
Água Anular
Fogo Médio
Ar Indicador
Éter Polegar
Yônilingam mudrá
Gesto principal do maithuna, o mais importante que representa a fusão de energia entre
Shiva (princípio masculino) e Shakti (princípio feminino). É o mais forte de todos os mudrás
quando utilizado nas práticas tântricas. Deve ser utilizado com mantras tântricos, de Shiva e
Shakti. Om Sri Klim.
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Ãnjali mudrá (Pronam mudrá)
Este é um gesto de cumprimento, reverência, saudação, reflexão e interiorização, por isso
tem característica reflexológica forte. É o que usamos ao iniciar e terminar uma prática de
escolas de mantra, Tantra e Yoga. No Ãnjali mudrá Jiva, as mãos ficam na altura do peito. No
pronam mudrá Atma (alma), as mãos elevam-se a altura do rosto.
Representa ainda a união (Yoga) de todos os sentimentos dos praticantes. É usado no
Tantra como um cumprimento junto com o mantra Om Hara ou Hare Om, que pode ser
traduzido como “observe a totalidade em sua volta”. No budismo, esse gesto chama-se Gasho
e representa uma saudação: “Todos são budhas, todos são Iluminados, eu saúdo toda a
existência que é Buda. ”
Jñaña Mudrá
É o gesto da sabedoria. Serve para impedir que energias se dispersem nas práticas
principalmente mântricas e do Yoga. Ao se ligar o polegar com o indicador, fecha-se um
circuito eletromagnético.
Nas práticas mântricas realizadas entre seis e dezoito horas (dia/sol), as palmas devem se
voltar para cima (mudrá surya, ou sol). Na prática feita entre dezoito e seis horas (noite/lua),
voltamos as palmas das mãos para baixo (mudrá chandra, ou lua). Esse é um mudrá que pode
ser utilizado com qualquer mantra e prática meditativa.
Trimurti Mudrá
É a união das mãos em forma de pirâmide ou trindade divina (Brahma, Vishnu, Shiva);
também chamado de gesto das “três faces”.
Estimula os chakras muladhara, anahata e ajña. Quando as mãos se voltam para baixo, em
direção ao solo, denomina-se trimurti mudrá prithivi (terra); se voltadas para cima, com os
braços elevados, chama-se trimurti mudrá vayu (ar).
44
Trishula
O polegar fecha um circuito de força com o dedo indicador, formando um gesto de força.
Os três dedos (indicador, médio e anular) simbolizam o tridente de Shiva, usado para destruir
as correntes de inconsciência, egoísmo e ignorância sobre o Si mesmo. É indicado com os
mantras de Shiva.
45
Como citado no início do texto, esses são os principais mudrás do hinduísmo e do Tantra. O
número total de mudrás é incerto, pois em cada parte do Oriente existem muitas escolas e
filosofias.
Utilize-se dos mudrás em suas práticas de Tantra, mantra e maithuna para potencializar
seus objetivos. No Youtube tenho aulas de mudrás filmados:
(https://www.youtube.com/watch?v=JwvYB9t1Vjk&t=1736s).
46
Capítulo 6
Chakra Puja Mantrificando a Shakti
Técnica do Giro Tântrico (Kara Nyasa)
“O conhecedor de Yoga deve sempre adorar o poder feminino, de acordo com a revelação
dos Tantras. Deve-se adorar a mãe, a irmã, a filha, a esposa e todas as mulheres. Durante este
tipo de adoração, deve haver contemplação da unidade essencial da Sabedoria e Meio, os
princípios masculino e feminino. ”
Advayasiddhi
“Em todos os momentos, seja lavando os pés ou comendo, enxaguando a boca, esfregando
as mãos ou guarnecendo os quadris com uma tanga, saindo, conversando, andando ficando de
pé, sentindo raiva, dando risada, o homem sábio deve sempre adorar e honrar a mulher. ”
Hevajra Tantra
“Não há nascimento como o humano. Devas e anjos o desejam. Para a alma, o corpo
humano é o mais difícil de se conseguir. Por isso, diz-se que o nascimento humano se alcança
com grande dificuldade (...).
Afirma-se nos shastras que, dos 8.400.000 nascimentos da alma, o humano é o mais
frutífero. A alma não pode adquirir o conhecimento da verdade em nenhum outro nascimento.
O nascimento humano é a pedra fundamental do caminho da libertação. Por isso, é raro e
cheio de mérito quem chega a ele. ”
Vishvasara Tantra
“Não existe nada neste universo que não esteja contido no corpo humano. Tudo o que está
aqui, está em toda parte; o que não está aqui, não está em nenhuma parte. ”
Vishvasara Tantra.
“Aqui mesmo (neste corpo) estão o rio Ganga, Prayaga e Varanasi, o sol e a lua (isto é, o
masculino e o feminino) e os lugares sagrados... não existe outro lugar de peregrinação nem
morada de felicidade semelhante ao meu corpo. Em verdade, o yantra que é o próprio corpo é
o melhor de todos os yantras. ”
Gandharva Tantra
O Chakra Puja Nyâsa Devanyâsa, também conhecido como a onda do Chakra, círculo de
energia ou técnica do giro tântrico, é uma amorosa e belíssima prática mística que atua como
um poderoso estimulador da energia Kundalini através dos chakras e dos canais prânicos,
desenvolvendo assim maior potencial orgástico que pode ser utilizado para meditação e
Samadhi, além do êxtase da experiência mística.
É uma prática pouco conhecida no planeta, sendo ensinada ou iniciada (Parampara é o
nome dessa iniciação que transmite poder e conhecimentos transpessoais por meio de uma
sucessão de mestres e discípulos) a poucos discípulos que forem realmente persistentes em
suas buscas e práticas são iniciados no Tantra secreto (Gupta Vidya).
Em grupos que ministro de Tantra (técnicas e terapias), ensino passo a passo essa liturgia,
e principalmente as mulheres ficam fascinadas, encantadas com a beleza e os efeitos da
técnica.
Início da liturgia
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A liturgia inicia-se com os praticantes sentados confortavelmente num colchonete ou
tatame limpo e de bom gosto. Shiva (o homem) senta-se numa almofada e permanece atrás
de Shakti (a mulher) e ambos aquietam suas mentes e emoções, fecham os olhos,
descontraem a face e voltam à atenção para o Ajña Chakra. Após a concentração, ambos
podem sussurrar por alguns minutos o mantram Om Sri Gam ou Om Sri Klim. Feito isso, inicia-
se o movimento rotatório de girar no mesmo eixo, no sentido horário, de forma suave,
mantendo a coluna ereta.
Prática – movimentos
O primeiro movimento é feito por Shiva (que está por detrás) que respira suavemente no
pescoço da Shakti (quem se senta na frente), enviando assim parte de seu Prana (energia) e
unindo as mãos, como em oração à frente do peito, em Pronam Mudrá, saudando a essência
de sua Shakti e mentalizando ou pronunciando o mantra de saudação Om Hara.
Iniciam-se os toques deslizando as mãos de forma sutil, bem leves, da cintura aos ombros,
e sem a utilização de óleo. Os movimentos são em sua maioria de baixo para cima. Atente
para que, pelo menos, uma das mãos fique sempre em contato com a Shakti durante toda a
prática. Suavemente, passa-se a ponta dos dedos sem utilização das unhas movimentando a
energia prânica e kundalini de baixo para cima.
(Observe com atenção a sequência de desenhos).
Repita esse movimento várias vezes e novamente faça deslizamentos prazerosos com as
mãos. Em seguida, o movimento tem o mesmo formato do anterior a não ser as mãos que
tocam mais forte. As mãos de Shiva devem ser absolutamente macias e perfumadas. Shiva
poderá cruzar as mãos fazendo com que haja troca de polaridades. Nesse ponto, depois de
feito algumas vezes os movimentos anteriores, Shiva poderá remiti-los, com um pouco de
óleo nas mãos. Trabalhe a região dos rins (Swadhisthana chakra) com muita delicadeza.
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Trabalhe a região dos ombros com toques profundos e prazerosos. Repita várias vezes o
movimento de trazer as energias de baixo para cima.
Faça vários movimentos com atenção nos braços, pescoço, rosto e lateral do corpo, muito
suavemente, e com muito carinho morda o pescoço de Shakti (com os lábios ou se utilizar os
dentes, fazer levemente). Esse movimento ativa o Vishudha chakra, e trabalha os seus “nós
energéticos” que tanto atrapalham a elevação de Kundalini. Sempre com muito carinho e,
porque não, amor, beije delicadamente em volta das orelhas. Faça movimentos dos dois lados
e lembre-se que todo o Chakra Puja é feito como uma dança circular, uma celebração, um
ritual criativo e amoroso.
49
Encoste suavemente seu peito às costas de Shakti, sem pôr peso, o ideal é só encostar os
pelos de seu corpo nas costas de Shakti.
Os movimentos na barriga são feitos preferencialmente com óleo, e prefira os
movimentos no sentido horário e alguns poucos no sentido anti-horário. Fazem-se
movimentos fechados e abertos, com os dedos e com as palmas das mãos. Aqui um mestre ou
um discípulo tântrico treinado consegue estimular a Kundalini da Shakti, e é impressionante as
contrações abdominais que, às vezes, culmina em um orgasmo sem toques. Assista a uma
apresentação ao vivo e surpreenda-se. Na barriga, atente que enquanto se gira com os dedos
com uma das mãos a outra segura na cintura. Toca-se também próximo dos rins e em toda a
cintura, inclusive na região uterina e ovariana onde se concentram a maior carga de energia
da Shakti. Tudo isso de maneira muito carinhosa.
Os seios em algumas civilizações retrógrada são considerados um tabu. No Tantra não. É
uma região do corpo absolutamente sagrada, como todas, e que deve ser muito tocada e
acariciada. Faça movimentos suaves e circulares. Observe os detalhes dos movimentos feitos
nos seios.
Deve-se tocar um seio de cada vez e dar atenção especial aos mamilos. O importante,
sempre, é o toque ser prazeroso e não machucar. Sinta, observe as reações da Shakti e dê-lhe
prazer.
Nesse ponto, Shiva irá para frente da mulher e a mesma irá sentar-se sobre as suas
pernas, encaixando-se perfeitamente. O homem terá de estar com as pernas bem treinadas a
fim de acomodar o peso da Shakti. Shiva deverá beijar o peito e os seios da Shakti. Com
absoluta devoção. Tudo com muita calma, não deixando nenhuma região sem um toque ou
carinho.
O abraço durante o giro tântrico permite total união e integração mística do casal.
Há o desaparecer mútuo. Durante o abraço, o casal poderá beijar-se de forma suave e sem
se utilizar somente da sexualidade, mas sim mais sensualidade.
Termina-se a prática de Chakra Puja com a Shakti deitada e o Shiva sentado massageando-
lhes a barriga e o peito.
50
Visualizações Especiais
51
Ajña Chakra: nesse Chakra, de suma importância na elevação de Kundalini, você deixará
que as pontas dos dedos o toquem sempre de maneira suave e visualizando a cor azul índigo.
O mantra indicado para mentalização é o Om. Ajña chakra ou terceiro olho é energizado ainda
por mantras luminosos, como o Krim ou Klim.
53
Capítulo 7
Massagem Tântrica
“Uma pessoa que tem a cabeça ungida com óleo não é sujeita a dores de cabeça, à queda de
cabelo ou ao embranquecimento dos cabelos. A força dos ossos do crânio é aumentada, os
órgãos dos sentidos resplandecem lindamente e a pessoa dorme bem e torna-se feliz. ”
Charaka Samhita
“A aspereza, a dureza, a secura, a fadiga e a dormência dos pés são todas rapidamente
removidas por massagem e banho de óleo regulares; os órgãos internos também beneficiam-
se, massagem do resto do corpo remove odor corporal desagradável, peso do corpo, torpor,
coceira, falta de apetite, cansaço físico e debilidade sexual. É uma prática maravilhosa que
ajuda a superar os problemas deste mundo e do próximo. ”
Charaka Samhita
Sobre o prazer de se ter um corpo, o Vishvasara Tantra ensina: “Não há nascimento como
o humano. Devas e anjos o desejam. Para a alma, o corpo humano é o mais difícil de se
conseguir. Por isso, diz-se que o nascimento humano se alcança com grande dificuldade. (...).
Afirma-se nos shastras que, dos 8.400.000 nascimentos da alma, o humano é o mais frutífero.
A alma não pode adquirir o conhecimento da verdade em nenhum outro nascimento. O
nascimento humano é a pedra fundamental do caminho da libertação. Por isso, é raro e cheio
de mérito quem chega a ele”.
Ao praticar essa sequência aqui bem resumida sugira a sua parceria a nudez total. Isso é
tântrico. Utilize preferencialmente óleo de almíscar, patchouli, sândalo ou tulasi.
“Encare a massagem como um ritual. Comece pela cabeça, pés ou espinha e repita
mentalmente sua intenção de vencer todos obstáculos ou bloqueios do parceiro, de revigorar
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seu corpo e de carrega-lo com energia positiva. Tente harmonizar sua respiração e use este
controle respiratório como meio auxiliar de sua concentração. Há um segredo especial para a
massagem criativa. É que a pessoa fazendo massagem canaliza energia de todo o seu ser
pelas mãos. Eleve conscientemente esta energia pelo corpo e veja-a sendo emitida pontas de
seus dedos.
Devem-se usar óleos durante a massagem. Seria ideal esquentá-los um pouco, especialmente
no inverno. Existem muitos óleos de massagem para ser comprados, porém excelentes
resultados podem ser alcançados com aqueles que você mesmo mistura. Escolha um óleo base
não pegajoso, como o óleo de semente de gergelim, e adicione a ele alguns óleos essenciais de
flores ou ervas; sândalo, rosa, jasmim, tomilho, alfazema, alecrim e patchouli são algumas das
possibilidades. O óleo de bebê é uma boa base para se trabalhar porque é fácil de obter e
bastante puro. O óleo de amêndoa é, em particular, bom para a cabeça, mãos, pés e olhos.
Ao massagear, seja criativo e bastante inventivo. Tente visualizar os canais sutis e os Chakras e
concentre-se na limpeza e na respiração e no pensamento. Os mantras ajudam a estabelecer
um ritmo e reforçam a concentração. Lembre-se de que o tato possui um grande potencial
para a cura e a revitalização. A massagem é um meio maravilhoso para a comunicação de
sentimento e um poderoso aliado em tempos de necessidade. Para o casal, a arte da
massagem é um caminho valioso de servir um ao outro. ”
(Nik Douglas e Penny Slinger)
Inicie a massagem tântrica apoiando uma mão no sacro e a outra no pescoço, tocando
delicadamente o templo sagrado. Neste momento, perceba sua respiração e do (a) parceiro
(a). Entre em sintonia, esse toque traz a sensação de segurança e aconchego. Perceba as
sensações do tato em cada parte do corpo. Ao massagear, seja criativo.
Mentalize os mantram Om Srí Gam e Om Srí Klim, várias vezes, afim de aquietar a mente e
estimular energias de saúde, prosperidade e alegria (atributos dos mantram).
Deslize suavemente as mãos, descendo das costas até os pés. Não é necessário aqui a
aplicação de óleo, o toque é sutil com a intenção de provocar ondas de energia e limpar
miasmas astrais e energéticos.
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Aplique óleo nas mãos, friccionando para aquecer e energizar. Faça um deslizamento,
subindo pela perna, passando pelo tronco e descendo pelo braço até a mão.
Repita do outro lado exatamente da mesma forma. Aqui há uma circulação de energia e
estímulos das nadis (rios energéticos). Repita várias vezes os movimentos em ambos os lados.
Permita que suas mãos bailem, dancem no corpo do (a) parceiro (a).
Posicione-se acima da cabeça. Deslize as mãos paralelas, inteiramente apoiadas nas costas
dos ombros aos quadris, repita o movimento de cima para baixo. Esse movimento relaxa os
músculos que sustentam a coluna, ativa Kundalinî estimulando o saborear de ter-se um corpo.
Com os polegares apoiados nas laterais da coluna desça fazendo movimentos circulares,
sempre de cima para baixo. Esse movimento libera a energia estagnada nas costas, ativa
Chakras e Nadis, e estimula uma coluna saudável e flexível.
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Sente-se de frente aos pés do (a) parceiro (a). Apóie as duas mãos e deslize empurrando a
energia para cima. Esse movimento relaxa as pernas, auxilia o fluxo sanguíneo e estimula
segurança em todos os níveis.
A região dos glúteos deve ser muito bem trabalhada, pois a energia sexual depende da
região pélvica solta e relaxada. Faça movimentos circulares no glúteo de dentro para fora e de
fora para dentro, liberando toda a tensão nos músculos e estimulando o prazer. Lembre-se
sempre de mentalizar os mantram Om Srí Klim e Om Srí Gam.
Com uma mão na parte interna e a outra na parte externa deslize várias vezes do pé até os
glúteos. Repita tudo na outra perna.
Com as mãos na lateral do tronco deslize uma para cima e a outra para baixo, como se
quisesse abrir o espaço entre as costelas e os quadris. Esse movimento relaxa a região lombar,
auxilia no processo digestivo e de eliminação de detritos físicos e emocionais. Faça seus
movimentos de forma absolutamente prazerosa.
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Solte o seu corpo sobre do ser amado exercendo uma leve pressão com seu tronco. Esse
movimento une as energias/polaridades masculinas (Shiva) e femininas (Shakti) criando uma
sensação de inteireza e conforto a ambos.
Traga as mãos, em movimentos suaves, deslizando dos pés, subindo pelas costas até as
mãos, encerrando a parte das costas e virando delicadamente (com calma) o ser amado de
frente.
Fique ao lado do corpo do (a) parceiro (a) envolvendo o braço com uma mão e a outra
segurando o punho, faça deslizamentos em direção aos ombros e descendo na direção da
mão. Esse movimento relaxa os braços, fazendo circular a energia e diminuindo a ansiedade.
Apóie a mão da parceira no seu tronco e prenda com seu braço, deslize as mãos nos dois
sentidos pelo braço. Observe que é importante os braços de sua parceira estarem relaxados.
Repita a mesma seqüência do outro lado.
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Alternando as mãos, deslize-as puxando a energia na direção dos dedos dos pés. Esse
movimento trabalha vários canais de energia que percorrem pés em direção aos dedos.
Segure firme no tendão enquanto desliza a mão na sola do pé. Esta área faz parte da
reflexologia de todo o corpo, que representa no Tantra o Linga Sharita – O Corpo de Luz.
Faça círculos no sentido horário em todo abdômen. Esse também é um ponto muito
importante, a região do Hara, ou o centro do corpo. É uma área onde se processam muitas
emoções e sentimentos. É importante que você incentive a parceira a respirar pela barriga,
para que não haja bloqueios na mesma.
Com a parceira de frente, fique ao seu lado direito e toque seu seio como um todo e com o
mamilo entre os dedos polegar e indicador, exercendo leve pressão e fazendo rotações. Esse
movimento pode liberar sensações de prazer e eliminar mágoas do pretérito. Massageie
também o centro do peito com delicadeza. Mentalize o mantra Om Aditiaya Namah que é um
som de cura.
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Fique ao lado do parceiro, apóie a mão no lingan (pênis) e aplique o óleo sobre a sua mão
(a intenção não é estimular a relação sexual e sim a consciência de todo o corpo).
No Tantra, a genitália é sagrada (sacro) e deve ser massageada normalmente sem nenhum
preconceito. Lembre-se que a filosofia tântrica nada tem em comum com a falida sociedade
moderna patriarcal. Portanto, toque o corpo como um todo sem conceitos retrógrados e anti-
naturais.
Alternando as mãos, faça movimentos para cima, puxando a energia da base para todo o
lingan. Consulte Shiva se ele sente ou não prazer na região do ânus.
Fique ao lado da parceira, apoiando a mão na yoni (vagina) e aplicando óleo ou lubrificante
sobre as mãos. Faça movimentos ascendentes alternados.
Afaste os grandes lábios e massageie o clitóris com movimentos suaves de cima para baixo,
e em círculos ao redor do mesmo.
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Massageie ao mesmo tempo o abdômen, deslizando para baixo, a yoni de cima para baixo.
Esse movimento conecta todo o corpo, espalhando a sensação de prazer e estimulando os
chakras.
Apoie a mão esquerda na cabeça, e a direita na yoni ou lingam. Isso traz a energia para o
alto da cabeça e polariza todo o corpo, nadis, Chakras e Kundalinî.
Termine com uma polarização colocando a mão direita na base do lingan, e a esquerda no
alto da cabeça. É importante que o casal troque a massagem. Desejando ser um mestre em
massagem indiana, tântrica e ayurvédica (método Kussum e tradicional), estude com Diana
Prem Zeenat na Humaniversidade Holística (www.espacoholistico.com.br).
No Youtube temos práticas de massagem tântrica que podem acrescentar em sua
formação.
“Não existe nada neste Universo que não esteja no corpo humano. Tudo o que está aqui,
está em toda parte; o que não está aqui, não está em nenhuma parte. ” Vishvasara Tantra
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O tantrismo ensina que existem sete portas para o templo que é seu corpo. No maithuna
ou massagem tântrica, todos esses corpos, que são os portais de entrada da morada do self,
essência e consciência, são estimulados.
Obs.: Todas as palavras Maya significam ilusão, apontando o sentido transitório de tudo.
Somente o corpo Buddhi não tem começo e nem fim. Você conhece esse corpo? Então, quem
é você?
Anna Maya Kosha (corpo físico) é o corpo que mais sofre transformações. Para uma breve
compreensão do corpo e do prazer feminino, vamos entrar na história da humanidade. Há 4
milhões de ano, a relação sexual era motivada por hormônios para a manutenção da vida, os
nossos ancestrais (australopitecos afarensis) não faziam jogos de sedução. A fêmea peluda,
com 1m de altura, 27kg, os genitais na parte inferior da coluna, espalhava seus ferormônios,
pelas moitas atraindo uma infinidade de macacos. A sedução era exclusiva da bioquímica, não
do olhar, da beleza. A posição da fêmea era perfeita, com os genitais mais posteriores, e
ficando de quatro, neutralizava a ação da gravidade sobre o útero, evitando abortos e
problemas com parto, e os hormônios determinavam a disposição para o sexo, que mudava
com a gravidez e amamentação, só voltando “a ativa” depois da amamentação.
Tudo começa a mudar, quando os afarensis começam a correr e ficar de pé para colher
frutos. Nesta posição os genitais começam a ficar mais escondido, entre as pernas, surgindo o
homo habilis. Esta mudança causou uma transformação na relação. A nova posição permite o
sexo de frente, olho no olho. E o macho reconhece sua prole e protege a fêmea.
A fêmea começa a criar utensílios (cestas, maceradores de grão), o macho caça para
manter a família e surge o homo erectus, há mais ou menos 2 milhões de anos. A fêmea perde
os pelos do corpo, mantendo-os nos genitais.
Ela libera feromônios para toda pele e o contato se torna mais visual. Começa a
necessidade de comunicação. A evolução continua.
Os neandertais que habitavam parte de Ásia, África e Europa, cresceram tanto em
população que a natureza passa a controlar a sua reprodução com o sangramento. Quando a
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fêmea não queria copular, sangrava e com isso, os neandertais foram se extinguindo e surge o
Homo Sapiens (cro-magnon).
Nesse povo ou tribo, quem manda é a fêmea. Ela tem o poder de engravidar, de sangrar,
de criar, cuidar, fazer amor olhando nos olhos quando quer, enfim é uma deusa na terra, por
isso as primeiras deusas criadas para mitologia religiosa primitiva eram fêmeas.
Nos machos o hormônio que predomina é a testosterona, que dá virilidade e força física. Já
as mulheres são bem mais complexas. O estrogênio determina a feminilidade, a Progesterona
controla a gestação e maternidade.
O sangramento para a mulher serve para afastar um macho, dando-lhe a escolha de, sentir
prazer ou não.
Na sua formação em Maithuna você recebeu uma prática básica de massagem tântrica. A
mesma também encontra-se no link:
Na Humaniversidade temos uma formação em Terapeuta Tântrico:
http://www.humaniversidade.com.br/Curso/Index/54
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Capítulo 8
Maithuna
Porta para o Êxtase
Quando uma mulher estiver cansada, deve colocar a testa na do amante e descansar, sem
perturbar a união de seus órgãos sexuais. Após ter descansado, o homem deve virar-se e
começar a fazer amor de novo. Se os amantes passam algum tempo brincando e acariciando-
se um ao outro no início e também ao final do amor, então seu êxtase e confiança
aumentarão. Os jogos de amor aumentam o prazer.
Kama Sutra
“O Kama Sutra, o tratado clássico indiano sobre a Arte do Amor, enumera as Sessenta e
Quatro Artes. O texto aconselha serem estas artes estudadas junto com o Kama Sutra, de
preferência sob a orientação de um professor. Estas artes e ciências (porque nenhuma
distinção entre elas seja feita) incluem canto, música, dança, escrita, pintura, desenho,
costura, leitura, declamação poesia, jogos, arranjos florais, arte culinária, decoração,
perfumaria, jardinagem, mímica, exercidos mentais, línguas, etiqueta, carpintaria, mágica,
química, mineralogia, jogo, arquitetura, lógica, confecção de amuletos, ritos religiosos,
economia doméstica, dissimulação, esportes e artes marciais, além de muitas atividades
especializadas relacionadas à cultura e à época.
Os talentos esperados de uma jovem da época vitoriana refletiam estas ideias. Para
atualizar estas artes, podem ser adicionadas algumas relacionadas a inovações técnicas mais
recentes, como fotografia, por exemplo.
Os tratados indianos sobre amor sugerem que tanto o homem como a mulher devem ser
bem versados no maior número possível das Sessenta e quatro Artes. Três argumentos
apresentados para mostrar por que estas artes devem ser estudadas. Primeiro, uma pessoa
que as executa tem automaticamente um lugar de honra na sociedade. Segundo, através da
aplicação destas artes pode-se mais facilmente dominar o objeto do desejo, seja ele o marido,
a mulher ou o amante, e dar maior realização. Terceiro, fazendo uso destas habilidades, uma
pessoa solteira pode sustentar-se mais facilmente.
Mesmo um leve conhecimento aumenta o charme e o interesse de uma pessoa. ”
O Maithuna, considerado uma benção dentro do amalgama tântrico, é uma das mais
poderosas e secretas técnicas de todos os tempos, é o ato sexual íntimo, sem pressa,
meditativo. Essa técnica também é conhecida como Shaktização, pois os praticantes
encarnam a consciência de Shakti, ou se busca a união dos princípios masculinos e femininos -
os opostos. É o Maha Mudrá (grande gesto) no qual homem-Shiva e mulher-Shakti se
reconhecem como unidade ou realidade suprema.
O Ocidente considera o maithuna como magia sexual, em que se busca o aperfeiçoamento
sexual e erótico entre as pessoas, não compreendendo sua magia ritualística. Como exemplo,
quem não observa o que está por detrás das imagens, vê até o batismo cristão, tão somente,
como um banho de água na criança, o que é lamentável. Sabemos da inverdade disso, pois
para somente melhorar a conduta sexual temos outros caminhos descritos em manuais
orientais, sobre como fazer amor, conhecidos como Ananda Ranga, Vatsyayana e as posições
sexuais do Kama Sutra. O que afirmo com ênfase é que não se deve confundir esses manuais
sexuais com o maithuna como é feito diariamente em revistas populares e programas de tv,
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são tantos delírios, falta de cultura sobre Tantra e hinduísmo, e absurdos que ouço, que seria
impossível numerá-las.
Maithuna é uma técnica muito especial e naturalista, que permite elevar nossa
sensibilidade à “milésima potência”. O ocidental vê no sexo tudo que é repulsivo, vergonhoso,
imoral e obsessivo. A visão sexual das tradições religiosas ocidentais é patológica a ponto de
até hoje proibirem a exibição da beleza feminina, o preservativo e o sexo antes do casamento
institucionalizado. O tântrico observador da natureza íntima contida em tudo no universo,
procura na união dos pólos opostos à unidade maior, sem se ocupar em confusões de
abordagem ética e moral. O tântrico é um libertário. Busca a eliminação do ego por meio da
força máxima do Universo que está contida no amor, no desejo, e no mistério que cerca a
escolha da parceria amorosa como veículo de transcendência. Reconhece os impulsos animais
e instintivos, os hormônios em ebulição, a atração pelo cheiro e olhar, o magnetismo e o
amor. São o animus e a anima em busca da unificação.
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Capítulo 9
Angas Maithuna
Partes da Liturgia Sexual Sagrada
“O conhecedor de Yoga deve sempre adorar o poder feminino, de acordo com a revelação
dos Tantras. Deve-se adorar a mãe, a irmã, a filha, a esposa e todas as mulheres. Durante este
tipo de adoração, deve haver contemplação da unidade essencial da Sabedoria e dos princípios
masculino e feminino. ”
Advayasiddhi
“Em todos os momentos, seja lavando os pés ou comendo, enxaguando a boca, esfregando
as mãos ou guarnecendo os quadris com uma tanga, saindo, conversando, andando ficando de
pé, sentindo raiva, dando risada, o homem sábio deve sempre adorar e honrar a mulher. ”
Hevajra Tantra
Regras gerais
* UNIÃO AMOROSA.
O Tantra de linhagem de esquerda ensina que o ritual de maithuna deverá ser realizado
com pessoas estranhas, pois assim haveria um maior potencial de erotização. No Tantra de
direita pouco se pratica o maithuna e quando isso ocorre é feito com a parceria fixa, ou seja,
alguém casado ou namorado de tempos. Na escola de linha do meio é permitida a opção de
escolha pessoal, respeitando a transcendência de valores mundanos e egoístas. De toda
forma, o ideal é que haja no maithuna um compromisso, seja ele como uma união amorosa ou
de mestre para discípulo. Isso é claro no texto do Maha nirvana Tantra: “O casamento sob a lei
de Shiva é de dois tipos. Um é terminado na conclusão do rito e o outro tem a duração de uma
vida. Ambos requerem um alto nível de compromisso. Quando é declarado em voz alta:
‘Aprove o nosso casamento de acordo com a lei de Shiva’; o compromisso de um casamento é
verdadeiramente assumido”. Medite nesse texto até incorporar esse ideal a suas práticas e
porque não na própria vida.
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Outra boa dica é respeitar o horário de nascimento de um dos praticantes que é um
momento mágico e com grande potencial energético do dia. Faça amor nessa hora.
A Shakti na TPM deve praticar o maithuna e assim aliviará a tensão, e ainda usará a força
muitas vezes raivosa ou depressiva como energia potencial.
* PRECAUÇÃO
É interessante que o maithuna não seja interrompido. Determine o tempo em que irá
realizá-lo e certifique-se que não haverá interrupções. Existem rituais de 2 horas até 21 dias
dentro de escolas tântricas tradicionais (não estou exagerando).
“A cama ficou pronta, guarnecida com luxo, incluindo um turíbulo de bronze para perfumar
as cobertas. Ela desceu as cortinas da cama até o chão. Os colchões e as cobertas foram
colocados, com os travesseiros de pontas sobre eles. Ela então deixou cair o robe e tirou a
roupa de baixo, revelando o corpo claro, de ossos finos e carne macia. Fizemos então amor e
seu corpo delicado era macio e úmido, como um raro unguento. ”
Mei-Jei-Fu
“Decore as belas paredes do quarto de amor com quadros e outros objetos sobre os quais os
olhos possam repousar com prazer. Espalhe alguns instrumentos musicais e refrescos, água de
rosas, essências, legues e livros contendo músicas amorosas e ilustrações de posições
amorosas. Luzes esplêndidas devem brilhar, refletidas por largos espelhos, e nem o homem
nem a mulher devem sentir qualquer reserva ou falsa vergonha, entregando-se em completa
nudez a suas paixões não reprimidas, sobre uma bela cama, decorada com úteis travesseiros e
coberta com um dossel.
Os lençóis devem ser cobertos com algumas flores e perfumados, e deve-se queimar incenso
doce. Em tal cenário, o homem, subindo ao trono do amor, deve possuir a mulher com
tranquilidade conforto, realizando todos os desejos e caprichos do casal. ”
Ananga Ranga
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Crie um santuário exterior. O ambiente deve agradar a ambos e a falta de imaginação dos
ambientes ocidentais pode ser alterada com tapeçarias, cortinas, ornamentos, imagens de
Shiva e Ganesha, e utilização de aromas estimulantes e objetos que seus olhos reconheçam
beleza. As cores também atuam na atmosfera do ambiente: o vermelho e o laranja são
estimulantes e o violeta e azul escuro induzem a um estado emotivo.
O local deverá ser arejado, limpo, com muito espaço, o chão macio e tenha toalhas, lenços
umedecidos de papel e cobertores disponíveis.
A cama confortável e firme deve estar próxima ao chão com tapetes grandes, almofadas
espalhadas, travesseiros e tapetes limpos. Plantas e flores darão um clima de naturalidade,
além de materiais orgânicos como artesanatos feitos à mão, seda e travesseiros de pena.
Velas coloridas colocadas em castiçais de bom gosto auxiliam na decoração do ambiente e são
fundamentais.
A luz elétrica é desaconselhável, mas em último caso use lâmpadas de 20 volts escolhendo
entre o verde (saúde) ou o laranja (energia). Utilize sempre os quatro elementos em forma de
altar: fogo (vela de cera, um arquétipo que significa o fogo interior que se manifesta como
exterior), ar (incensos), água (mineral em um cálice) e terra (flores vivas ou cristais) e outros
objetos que desejar colocar nesse espaço sagrado. As luzes das velas (símbolo arquétipo)
combinadas com espelhos criam imagens lindas e favorecem os tons da pele, ou serve ainda
para dar um toque erótico a certas partes do corpo.
Escolha muito bem as músicas. As new ages de Ennya, Lorenna, Mc Kenneth, Laize-Om,
Aurio Corra e Patrickk Bernhardt são algumas das que recomendo. Som de sitar limpa as
nadis. Beethoven é curativo do físico, Mozart nos coloca conscientes do momento presente,
Bach é romântico, a quatro estações de Vivaldi é muito recomendada, Valsas atuam no
carinho, os mantram extraordinários de Krishna Das dão um toque hindu à liturgia.
Fazer amor na natureza é perfeito, pois os lagos, campos, praias, já propiciam o ambiente
certo, enfim em comunhão com a natureza.
No Ananda Ranga está escrito: “Decore as paredes do quarto de amor com belos quadros e
outros objetos sobre os quais os olhos possam repousar com prazer. Espalhe alguns
instrumentos musicais e sucos, água de rosas, essências, leques e livros contendo ilustrações
de posições amorosas. Luzes esplêndidas devem brilhar, refletidas por largos espelhos, e nem o
Shiva nem a Shakti devem sentir qualquer reserva ou vergonha, entregando-se em completa
nudez a suas paixões não reprimidas, sobre uma bela cama, decorada com úteis travesseiros e
coberta com um dossel. Os lençóis devem ser cobertos com algumas flores e perfumados, e
deve-se queimar incenso doce. Em tal cenário, o Shiva, subindo ao trono do amor, deve possuir
a Shakti com tranqüilidade e conforto, realizando todos os desejos e caprichos do casal. ”
Você ainda poderá colocar pedras coloridas enfeitando o ambiente, símbolos do Om, óleos
para ungir, castiçais, alguns hibiscos, que são flores símbolos do Tantra, imagens de lingans e
yonis, e tudo que sua criatividade permitir.
“Uma vez Shiva disse a Parvati: ‘Minha querida, eis aqui uma bela casa. Vá ungir-se com
pasta de sândalo, e enquanto as abelhas zumbem e o Sol se põe, nós dois faremos amor em
uma cama deliciosa coberta de flores. Terei muito prazer em beijar-lhe os lábios vermelhos e
brilhantes, e em acariciar-lhe o corpo. ” Padma Purana.
* VESTUÁRIOS
Nada de materiais sintéticos e botões, zíper ou nós. Prepare-se adequadamente. Evite
cintos, pois atrapalha a circulação do manipura Chakra. Utilize roupas de seda ou cetim com
desenhos simples como quimonos ou pijamas indianos, ou ainda robes, tudo simples e de
bom gosto, proporcionando prazer ao toque da pele. Não utilize animais mortos em contato
com o corpo. Lembre-se: couro é animal. A Shakti deve usar vermelho, pois esta é uma cor
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excitante para Shiva; esse, por sua vez, utiliza a cor violeta por suas propriedades metafísicas
tão apreciadas pelas Shaktis. Da mesma forma que você se prepara para um grande evento,
prepare-se para o que pode ser um dos maiores prazeres de sua vida.
* O PERFUME DO JARDIM
“Acima de tudo, o perfume, o incenso e os óleos perfumados criam e realçam estados de
espírito. Agem nos sentimentos e estimulam as faculdades supersensuais. Os praticantes do
Tantra empregam esta propriedade nos rituais do amor. Diferentes perfumes são específicos
para diferentes ritos. Antes da união sexual, a parceira feminina é adorada como a
personificação da força criativa, Shakti ou energia da Sabedoria; as partes de seu corpo são
então ungidas com diferentes perfumes para honrar o seu papel criador e elevar sua psique
para que ela possa manifestar-se verdadeiramente como uma deusa. No ritual sexual
conhecido como O Rito dos Cinco Essenciais, o mais raro óleo de jasmim é aplicado nas mãos;
óleo de patchouli, no pescoço e faces; essência de âmbar ou almíscar, nos seios; extrato de
espicanardo ou valeriana, no cabelo; almíscar do veado almiscareiro, na região sexual; óleo de
sândalo, nas coxas, e essência de açafrão, nos pés da mulher. Para o homem, pasta ou óleo de
sândalo é aplicado na testa, pescoço, umbigo, região sexual, braços, coxas, mãos e pés. ”
(Nik Douglas e Penny Slinger)
“Na época da primavera, os quadris das mulheres sensuais são enfeitados com roupas de
seda avermelhadas pela cor do açafrão. Lânguidas de paixão, elas esfregam pasta de sândalo
misturada com flores doas, açafrão e almíscar sobre os seios. ”
Ritusamhara
“Ás impurezas prejudiciais de elementos nocivos como cebola e alho são percebidas nos
quatro grandes reinos. Produzem um cheiro impuro nos campos de Buda e desagradam aos
deuses do éter. Os seres protetores de linhagem pura não se aproximarão de uma pessoa que
cheire a tais coisas. ”
The Way Of Shen
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No ritual do maithuna, o mais puro óleo de jasmim é colocado nas mãos, óleo de patchouli
no pescoço e faces, âmbar ou almíscar (sintéticos) nos seios e nos órgãos sexuais; extrato de
valeriana no cabelo, óleo de sândalo nas coxas e perfume de açafrão nos pés da Shakti. No
Shiva aplica-se sândalo na testa, pescoço, barriga, peito, genitais, braços, pernas e pés. No
kalikapurana lemos: “Que aqueles que presenteiam Shiva com guirlandas de flores, do oleando
ou do jasmim de doce perfume, obtenham o objeto de seus desejos. ”
Utilize sândalo (estimula todos os Chakras), Patchouli (estimula Shiva), Almíscar-Musk
(estimula Shakti), Tulasi (confere força física), Mogra (favorece o romance) e Violeta, Jasmim,
Rosas (são ativadores da energia amorosa).
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Chakra Frontal- Ajña
Intuição, consciência do observador, plenitude (Iluminação)
Óleos essenciais: Sálvia, Lavanda, Petitgrain, Alecrim, Gerânio, Sândalo.
Florais de Bach: Cerato, Chestnut Bud e Waltnut.
1. De pé com os olhos fechados, pés unidos, coluna ereta, voltado para o Sol nascente,
junte as palmas das mãos à frente do peito em pronam mudrá enquanto mentaliza ou
pronuncia o mantra da figura.
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Pratique ainda o Anahata-Dhivani – que é conhecido como som silencioso. Simplesmente
observe os pensamentos e a mente. Aquiete-se.
Desejando estimular os Chakras durante o ritual, coloquem as mãos em cada chakra do (a)
parceiro (a) e entoe os bijam-mantram na ordem crescente de força (vide capítulo chakras).
• 1ª semana – Lam, Vam, Ram, Yam, Ham, Om, entoando somente uma vez cada som.
• 2ª semana – Lam, Vam, Ram, Yam, Ham, Om entoando oito ou cento e oito vezes cada
som de cada chakra. Ex: Toque no muladhara e repita Lam oito vezes, só passando então para
o próximo.
• 3ª semana – Om Lam, Om Vam, Om Ram, Om Yam, Om Ham, Om da mesma forma que
o anterior (essa é uma prática adiantada).
Sendo esse um mantra longo consulte um praticante para aprender a pronúncia correta.
“Om: meditando só sobre esse som, a mente funde-se nele para passar por dentro do éter
da pura consciência. ” Nada Bindu Upanishad
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Conforme o erudito hindu Pranavopanishad, o A é nirman (criação de tudo), é Brahma, o
criador e a Terra. U é shiti (conservação do universo), é Vishnu, o preservador. O espaço M é
pralaya (transformação do universo), é Shiva, o destruidor e a iluminação. Sendo o som mais
completo, sua prática é absolutamente adequada ao maithuna.
VOCALIZAÇÕES
A respiração deve ser profunda e sempre regular. O mantra se faz na expiração, sem
tremor de voz. A nota musical deve ser a mais natural possível, mas para isso é preciso relaxar
o corpo ao máximo. O som começa com a boca aberta, mantendo a língua próxima do palato
mole (fundo do céu da boca) e a garganta relaxada. O som vem do centro do crânio, fazendo
vibrar a garganta e o peito. Tente levar a língua mais para trás, mantendo a boca aberta e o
som se transformará num “O”. Ainda sem fechar a boca, a língua prende a passagem de ar
que, ao sair pelas narinas, faz o som tornar-se um M, vibrando intensamente no crânio. Utilize
as mãos para sentir a vibração passando do peito para a testa.
Outra maneira de entoar o mantra é começar pela letra “O”, emitindo seu som com a boca
bem aberta e a musculatura do rosto completamente relaxada. Depois, deve-se emitir um M
prolongado e ir baixando o tom de voz até sumir por completo.
O aperfeiçoamento das vocalizações depende da persistência. Dessa forma se
desenvolvem também muitos poderes psíquicos.
Há ainda sete formas de pronunciar o mantra Om que poderão ser aprendidas com yogues
e praticantes tântricos. A seguir estão algumas dicas que podem facilitar as pesquisas e a
consulta de praticantes.
• 1ª prática: Repetição do som Om – Om – Om – Om – Om... por muito tempo. Estimula a
concentração e meditação.
• 2ª prática: Ooommm (contínuo). Estimula os poderes psíquicos dos tântricos (sidhis).
• 3ª prática: Óm. Dar ênfase à letra “Ó”. Fornece grande vibração na caixa craniana para o
estimulo do ajnã chakra.
• 4ª prática: Om. É um sopro com o Om (soltando-se o ar). Pode-se enviar mentalmente
esse som para qualquer pessoa, animal ou objeto com a intenção de harmonia.
• 5ª prática: Ohmmmmmm. Inicia-se com a boca fechada, concentra-se no “M” contínuo.
Essa prática recarrega as energias.
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• 6ª prática: Àaâòoôùuûmmm (com todos os fonemas). Efeito global atua desenvolvendo e
energizando todos os corpos, nadis e Chakras, permitindo vários estados de consciência.
• 7ª prática: Õõõõmmmm... Esse Om contínuo é o mais poderoso, o único que não se pode
fazer sozinho, e sim em grupo pois quando uma pessoa termina a outra começa.
Durante suas práticas de maithuna escolha um ou dois mantram no máximo e uma prática
do som Om.
“Ao entrar, a respiração de todas as pessoas faz o som "SAH” e ao sair, o som “HAM”.
Estes dois sons formam as poderosas palavras “SAHAM" (ou "SOHAM”, que significa "Eu sou
isso”) ou "HAMSA” (que significa "Grande Cisne” ou "Pássaro da Alma”). Todo ser humano
realiza esta repetição, mas normalmente ela é inconsciente. Este som sutil reverbera em três
lugares: no centro sexual (entre o ânus e o órgão sexual), no centro cardíaco (o coração) e no
centro do Terceiro Olho (bem acima do ponto onde as narinas se unem). ”
Nik Douglas e Penny Slinger
Prana pode ser traduzido por energia da vida, Yama é controle, assim Pranayama é o
domínio da energia que está contida no Sol, ar, alimentos, pessoas, em tudo. Aqui
praticaremos técnicas respiratórias adiantadas, vá aos poucos. Na escola tântrica trabalha-se o
maior tempo possível com retenção de ar (kumbhaka) e pouca retenção sem ar.
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INSPIRAÇÃO RETENÇÃO COM AR EXPIRAÇÃO
TEMPO (REGRA BÁSICA) 1x 4x 2x
4 seg. 16 seg. 8 seg.
3 seg. 12 seg. 6 seg.
* KUMBHAKA BANDHA
• Inspire fazendo uma respiração completa, contando um tempo e inclinando a cabeça
para trás. Execute o jiva bandha colocando a língua dobrada no céu da boca. Retenha o ar
contando até quatro tempos. Expire fazendo a respiração abdominal completa contando até
dois tempos. Obs.: esse pranayama estabiliza as ondas mentais e pode conduzir o praticante
ao samádhi provisório (pequena iluminação).
* SUKHA PURVAKA
• Posicione as mãos em jnãnã mudrá. Com o dedo médio da mão direita, obstrua a narina
direita. Inspire pela narina esquerda, 1 tempo enquanto medita no mantra Om Srí Klim.
Retenha o ar nos pulmões, 4 tempos enquanto medita no mantra Om Srí Gam.
• Obstrua agora a narina esquerda, expire pela narina direita em dois tempos, meditando
no mantra Om Srí Klim.
• Repita algumas vezes a sequência agora iniciando inspirando pela narina direita. Obs.:
esse pranayama atua no humor do praticante, purifica as nadis e contribui para o despertar de
kundalini. Além disso, pode ser praticado por toda a vida, pois proporciona saúde. Ainda com
a prática contínua, é possível aumentar o tempo em cada fase. Exemplo: 3/12/6, 4/16/8.
Obs.: ao inspirar, mentalize que está absorvendo prana e que este se dirige para onde a
cura se faz necessária, na retenção do ar, pouse as mãos na parte afetada e, ao expirar,
mentalize que o prana flui de suas mãos e extirpa o problema.
* YANTRA PRANAPRATISTHA
É um símbolo que representa o corpo de uma divindade, elemento ou energia. A cruz
cristã representa o corpo de cristo, os tântricos utilizam os yantras na meditação como uma
área sagrada com força egregorial. Uma representação do macrocosmo. Ele também atua
como um talismã de energias auspiciosas e proteção, mas sua função principal é a
contemplação e interiorização do símbolo. Shiva com o dedo médio, ou pincel, desenha sobre
o solo onde o casal estiver praticando o maithuna, um triângulo feminino com a ponta para
baixo e a Shakti desenha, do mesmo modo, um triângulo masculino com a ponta para cima,
sobreposta ao de Shiva. O casal poderá, somente com autorização de um mestre tântrico,
fazer a prática do maithuna no centro do símbolo; se não houver autorização, deixe-o ao lado
esquerdo de Shakti durante rituais ou no Maithuna. Leve esse conselho a sério.
* BINDUSHUDDHI
Shiva marca a testa de Shakti, com o dedo indicador, o sinal da iluminação no formato de
um ponto vermelho fogo entre as sobrancelhas. Shakti marca a testa de Shiva com símbolos
masculinos como, por exemplo, um tridente, um ponto no meio de três traços horizontais ou
ainda uma lua com um ponto em cima
Cada uma dessas figuras geométricas possui atributos metafísicos próprios e um potencial
energético chamado Akkriti Shakti. São utilizados em liturgias a iniciações.
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- Elemento Ar – Estimula o pensamento – Cor branco
________________________________________________________________________________________
Shri Yantra
O mais completo yantra tântrico. Conduz ao Samadhi. 2 figuras.
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• Esse Yantra abaixo é uma combinação de símbolos de imenso poder. Atua nas camadas
mais intimas da psique e deve ser utilizado em meditações somente por praticantes
adiantados. Nunca inicie suas práticas com yantra por esse e preferencialmente tenha a
orientação de um Guru.
Você pode deixar esses Yantras acima no ambiente no maithuna e voltar seu olhar para os
mesmos durante o ritual a fim de estimular seus elementos internos (tatwas) e aquietar a
mente.
83
os pontos para dentro e focalize-os no Chakra Cardíaco. Depois então, transfira a imaginação
para o nariz.
Imagine um belo ponto amarelo dentro de cada narina e medite sobre eles em um lugar
totalmente livre de odores. Concentre a mente neles e, quando a visualização não mais vacilar,
mude-se para outro lugar onde existam odores. Mantenha a mente fixa nos dois pontos
amarelos sinta o que sentir, e eles se tomarão mais vividos. Após alcançar estabilidade, leve-os
para o Chakra Cardíaco. Depois, transfira a imaginação para a língua.
Imagine um belo ponto vermelho na base da língua, e medite nele sem sentir gosto de nada.
Concentre a mente no ponto vermelho e, quando a visualização estiver firme, experimente
sabores diferentes. Seja o que for que você provar, mantenha a mente focalizada no ponto de
forma que ele se tome mais brilhante. Uma vez que a estabilidade é alcançada, puxe-o para o
Chakra Cardíaco.
Transfira a imaginação para o corpo e focalize-a em um delicado ponto verde na região
sexual, entre o ânus e o órgão sexual. Fixe aí sua mente, sem tocar em nada. Quando a mente
tiver alcançado concentração no ponto verde, experimente tocar várias coisas, mantendo
sempre a mente concentrada de forma que o ponto se tome mais brilhante. Quando a nitidez
for alcançada, estabilize a concentração e puxe o ponto para o Chakra Cardíaco.
Misture os pontos refulgentes de várias cores dentro do Chakra Cardíaco e imagine-os
dissolvendo-se um no outro e, finalmente, em nada. Aí então, despertando do estado de
tranquilidade Inata, imagine os pontos coloridos emergindo simultânea e espontaneamente,
saindo e estendendo-se aos órgãos dos sentidos. Por meio desta meditação, todo o ser toma-
se purificado e os sentidos, exaltados. Esta visualização cresce do nada e retorna ao nada,
entretanto está repleta da experiência consciente e de bem-aventurança.
Tente a visualização erótica como um energizante. O Tantra ensina que a visualização deve
surgir de uma percepção consciente, o que, por sua vez, forma um tipo de canal sutil através
do qual as energias naturais revelam-se em formas, cores e símbolos. Um texto tibetano
conhecido como The Yoga of Psychic Heat (O Yoga do Calor Psíquico) descreve uma
visualização erótica muito simples para gerar uma paixão interior transcendental:
Visualize-se como uma deusa erótica vermelha em todo o esplendor da juventude,
dançando, cercada por chamas de Sabedoria. Visualize-a como você mesmo, extremamente na
forma de uma divindade e ao mesmo tempo internamente vazia, como a parte interna de uma
bainha de espada transparente e radiante; vazia por dentro, como uma tenda de seda
vermelha ou um tubo distendido com a respiração. Primeiro, deixe a clara visualização ser do
tamanho de seu corpo, depois, tão grande como uma casa, depois do tamanho de uma colina.
Finalmente, faça-a vasta o suficiente para conter todo o universo. Concentre sua mente nesta
projeção e tome-se ela mesma. Depois, reduza-a.”
Chakrasambhara Tantra
“A deusa deve ser visualizada de cor vermelha, que é símbolo de dedicação e paixão. Seu
único rosto indica a natureza essencial de todas as coisas, suas duas mãos simbolizam que a
verdade é tanto “Absoluta” quanto "relativa”. Seus três olhos brilham com paixão, sua língua é
luxuriosa, devorando todos os venenos e purificando-os com seu fogo interior. Está nua, com
os cabelos despenteados, simbolizando a liberdade de todos os grilhões de ilusão. É o símbolo
da intuição, lembrando-nos de que todos os fenômenos não são eternos. Brilhantes como o
fogo, ela expressa sua essência de sabedoria abraçando o parceiro sem reserva. ”
Chakrasambhara Tantra
“Após meditar em Brahma, deve-se visualizar a divindade escolhida com toda a força da
alma. Pensando constantemente: “Este sou eu” - a pessoa torna-se esta divindade. Uma
completa consagração de si próprio como uma divindade ocorre após a oferenda de uma flor
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para si. “Eu sou Deus; todos os instrumentos de adoração, tais como comestíveis, perfume,
incenso e flores, tomam-se divinos através da visualização destes instrumentos como tal. Sou a
morada de Deus, eu sou Deus. ” Assim deve-se meditar, trazendo Deus para Deus e
transformando tudo em puro e eterno pela recriação de Deus em si próprio. ”
Kalika Purana
“Primeiro a pessoa deve contemplar o amor, depois a compaixão, seguidos de alegria e não-
diferenciação. Então, em seu coração, deve visualizar a sílaba-semente "HUNG”, localizada
sobre um lótus, Lua e órbita solar. Deve visualizar a divindade protetora Chandamaharosana
materializando-se diante de si, composta de raios de luz emanando do coração daquele que
medita. Uma pessoa sábia deve fazer oferendas imaginárias à divindade, com flores, incenso e
outras coisas. Finalmente, tendo prestado homenagem a Chandamaharosana, deve dissolver a
divindade nos raios de luz e concentrar-se uma vez mais no vazio, do qual tudo emerge. ”
Chandamaharosana Tantra
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Capítulo 10
Puja (adoração) e Leelas
Veja sempre o Tantra como um sistema libertário que na maioria de suas escolas nada
proíbem em dietas alimentares, mas sempre incentivam algo muito natural próximo ao Lacto-
Vegetariano a seus praticantes que necessitam de uma purificação corporal, visto que muitos
ocidentais se alimentam de carne (principalmente vermelha), se embebedam, fumam, não se
lavam adequadamente etc., são considerados intoxicados e não aptos a práticas adiantadas.
“Os afrodisíacos vegetais são em número ainda maior e seu preparo requer cuidados
especiais. Entre os que aparecem nos trabalhos orientais, estão; a raiz de gengibre, erva-doce,
raiz de ginseng, cogumelos, feijão-preto, certos tipos de cebola, abóbora, cenoura, aspargo
selvagem, ruibarbo selvagem, figo, alcaçuz, amêndoa, pistache, semente de pinheiro,
sementes de gergelim, casca de canela, noz-moscada, açafrão pimenta preta, passas, nozes,
mel (de certas flores), painço glutinoso, casca de árvore, sementes de laranja, raiz de acônito,
Damiana, estramônio e também “vinhos" fortificados feitos de uva, romã, flores e ervas
selvagens.
Su-Nu-Ching
1. Carnivorismo
Consumo exclusivo de carnes. Esse modelo alimentar pode se subdividir numa outra
classe, o carniceirismo, praticado por abutres e hienas. Algumas escolas tântricas proíbem
todas as carnes, outras, somente as vermelhas.
Em meus seminários de Tantra, proíbo os praticantes adiantados no mínimo a carne
vermelha (gado, porco, cordeiro).
2. Omnivorismo
Aqui alimenta-se de componentes de todos os grupos: carnes, vegetais, ovos etc.
Em meu primeiro longo jejum, já não me alimentava de carnes há mais de 60 dias e, no
segundo dia de prática, o cheiro de putrefato saía de minha pele e, principalmente, da boca.
Uma pessoa omnivorista quando fica algumas horas sem se alimentar já começa a cheirar mal
e mesmo escovando fortemente os dentes tende a não neutralizar o mau hálito. Outra
curiosidade é que mesmo após meses como vegetariano ainda defecava carne vermelha, que
ficara presa em meu intestino.
3. Macrobiótica
Compreende todos os tipos de vegetais (sobretudo cereais) e carne branca, como peixes e
aves. Mas é necessário um cuidado especial com a alimentação macrobiótica radical, pois
existem inúmeras controvérsias acerca de sua eficácia. O Tantra pensa diferente à
macrobiótica no que se diz respeito a muitas frutas que são proibidas na macrobiótica. Obs:
Existe ainda outra classe de alimentação muito próxima da macrobiótica, que é quem come
peixe e frango. Essa opção é preferível que o comer “carne vermelha”, que, além de mais
tóxicas, são responsáveis pela destruição de matas e do planeta para a criação de pastos.
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4. Ovo-Lacto-Vegetarianismo
Elimina todas as carnes, mas aceita o consumo de outros derivados animais como o leite e
os ovos, ao lado, é claro, dos vegetais.
5. Lacto-Vegetarianismo
Tem os mesmos princípios do grupo anterior, mas não inclui ovos.
6. Vegetarianismo
Só se alimenta de vegetais, que podem ser cereais, verduras, legumes, frutas e, em alguns
casos, até flores. Não existe o consumo de carne, leite ou ovo de espécie alguma.
7. Naturismo
Consumo exclusivo de alimentos crus e sem tempero, ou seja, em sua forma natural.
8. Frugivorismo
É a linha ideal para muitos praticantes, pois só consomem frutas, ou seja, alimentos vivos
dotados de uma energia mais sutil e que podem, pelo plantio da semente, permanecer em
seu ciclo reprodutivo. O livro “Medicina Nutricional”, de Mário Sanches, fornece excelentes
explicações acerca dessa corrente alimentar.
Upasana (Jejum)
Pratique somente com orientação de um instrutor experiente de algumas escolas de Yoga,
Tantra e orientação médica, de toda forma não aconselho longos jejuns e muito menos os que
se abstêm de água.
Quanto a se alimentar de luz, aconselho muitíssimo esse método, mas somente aos que
fisicamente já morreram.
Faça mudanças graduais, sem fanatismo, observando as mudanças de seu corpo e sempre
consultando especialistas, médicos ou nutricionistas.
“A pessoa que pratica o Tantra sem moderar a dieta é vítima de várias doenças. O tântrico
deve comer arroz, cevada, feijão, castanha, frutas e outras coisas saudáveis. Comidas puras,
doces e refrescantes devem ser ingeridas em quantidade correspondente à metade do
estômago. Isto é chamado de moderação em dieta. ” Gheranda Upanishad
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Temos dois Chakras que se encontram abaixo da língua e próximas do palato mole, que
tem o nome de Jiva - chakra e que são estimulados pelo beijo e por frutas – é aqui ainda que
homeopatas sugerem a colocação de remédios e os alopatas remédios sublinhares. Tenha o
costume de se alimentar de frutas e ao mastigá-las, passe-as nos Chakras da boca. Cada fruta
tem um atributo mágico. As principais são:
Banana – lingan, poder masculino.
Mamão – yoni, poder feminino.
Maçã – representa também a yoni, além do conhecimento de si.
Morango – o coração, a capacidade de amar.
Caqui – néctar da yoni (lubrificante vaginal).
Uva – sêmen de Shiva. Estimula a sexualidade masculina.
DICAS GERAIS:
A alimentação pesada impede Kundalinî de fluir pelo corpo. Assim, mastigar muito bem os
alimentos facilita a digestão e o fluir física e energeticamente. Só não mastigue muito carne
vermelha para não formar aquele “bolo” na boca de cadáver.
As monodietas – alimentação durante um pequeno período, somente com uma fruta. É
recomendável as melhores frutas para isso são: mamão, maçã, uva, banana, abacaxi (ideal
para desintoxicar).
No momento da prática do maithuna recomenda-se somente alimentar-se de frutas e
proíbe-se todas as carnes, açúcar, sal, tóxicos, fumos e alimentos artificiais. O tântrico é
conhecido por ter um corpo saudável, limpo, cheiroso e flexível.
ALIMENTOS ESTIMULANTES
Gengibre, guaraná, manjericão, salsa, alho, cardamomo, coentro, curry, açafrão, tahine,
ginseng, catuaba, gergelim, alcaparra, canela, orégano, hortelã, mostarda, oliva, pimenta,
cravo, salsa, sálvia, anis, tomilho, café, chá e mel. Os legumes com formato que penetram na
terra como cenoura, mandioca, tubérculos, estimulam Shakti e as raízes de Shiva.
“Das coisas materiais, o alimento é a principal, é o remédio para todas as doenças. E todas
as coisas provem do alimento. ” Taittriya Upanishad
* ÁGUA
Na época dravídica (origem do Tantra) a água do esgoto era separada da água potável.
Hoje em cidades “civilizadas” é comum a utilização de água tratada com substâncias químicas
como o flúor. Em muitas cidades, o que temos é urina e fezes (esgoto) tratados.
Água mineral de algumas marcas confiáveis e PH elevados são o ideal para o tântrico, na
temperatura ambiente e deve ser tomada com calma.
Os banhos de chuva são recomendados por textos tântricos assim como, ao acordar, uma
chuveirada alternando água fria e quente.
“A água alimenta e sustenta o espírito e também o corpo físico. A água é considerada o
elemento mais importante, já que ela purifica e eleva o indivíduo do plano mundano para o
transcendental. A água de montanha, água de fonte e água de chuva são altamente benéficas
e são consideradas nobres pelos sábios. ” Garuda Purana
* ADORAÇÃO - PÚJÁ
Adoração, veneração e respeito. Puja é uma doação energética ou material. No ato sexual
é uma veneração do ser amado que pode ser realizada de forma material (Pañchapuja)
presenteando com flores, frutas, jóias, perfumes, roupas etc., e o manas puja que presenteia
com amor, carinho, votos de felicidade e outros sentimentos.
No maithuna reserva-se um tempo especial para os pujas entre os praticantes (swabháva).
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Falar “eu te amo” com intensidade, tocando o peito e olhando nos olhos da parceria é um
exemplo de um auspicioso puja. A Shakti gera a vida, cuida e alimenta seu “seio”. Todo seu
corpo é preparado para acolher a vida. Venere-a.
•Olfato: permita que o seu cheiro característico, sem perfumes, seja percebido e
reconhecido pelo (a) parceiro (a); o perfume e o incenso são essenciais num segundo
momento. Com a parceria de olhos fechados, peça que cheire perfumes diversos, flores,
frutas e óleos. Permita um tempo para a olfação que está relacionada com o elemento
terra.
• Paladar: coloque na boca do ser amado, frutas, sucos, mel, vinho (pouquíssimo).
Estimule o elemento água.
• Audição: falar sussurrando no ouvido quais são suas vontades e o que você quer fazer
com ele (a), perguntar onde gostaria de ser tocado (a). Sinos tibetanos, palavras de amor,
músicas com sons da natureza e toda a variedade de sons melodiosos estimulam a audição
e o elemento éter.
• Visão: o olhar expressa o desejo. Observe o corpo um do outro, admirando cada
parte, olhando os genitais, os seios, a barriga, os pés etc., isso é bastante excitante. Olhos
nos olhos é uma técnica tântrica. Além disso, você poderá colocar na frente da parceria
flores, frutas, conchas, mandalas, figuras eróticas e fotos inspiradoras. Tudo isso estimula o
elemento fogo.
• Tato: estimule cada parte do corpo como quem desvenda o mistério da existência,
toque com as mãos, dedos, língua, nariz, lábios, sem pressa, de preferência com os olhos
fechados para trabalhar melhor o sentido; isso toca o elemento ar. Explorem-se, brinquem
com o corpo. Elemento ar.
“Não existe nada neste Universo que não esteja contido no corpo humano. Tudo o que está
aqui, está em toda parte; o que não está aqui, não está em nenhuma parte. ”
Vishvasara Tantra
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“Aqui mesmo (neste corpo) estão os rios Ganga, Prayaga e Varanasi, o Sol e a Lua (isto é, o
masculino e o feminino) e os lugares sagrados... Não existe outro lugar de peregrinação nem
morada de felicidade semelhante ao meu corpo. Em verdade, o yantra que é o próprio corpo é
o melhor de todos os yantras”. Gandharva Tantra.
• Lembre-se que o toque é essencial. Explore cada área, cada dobra, embaixo das nádegas,
atrás dos joelhos, nas axilas, na virilha, utilizando os dedos, a língua e assoprando.
• Não se esqueça de massagear os pés.
• A penetração deve ser lenta. Não comece com pressa, a intenção é prolongar o prazer o
sexo oral deve ser realizado com paciência e delicadeza, investindo às vezes num movimento
mais rápido e desacelerando quando o (a) parceiro (a) estiver chegando lá.
• Explore a região do períneo, por ser uma área muito sensível.
• Pare quando você estiver muito excitado, investindo nos beijos mais carinhosos e frases,
poesias ou poemas de amor (lembre-se que ouvidos também estimulam).
• Fique tranquilo (a) com o seu corpo.
• Abuse de olhares elogiando com naturalidade, sem forçar.
• Nenhuma Shakti ou nenhum Shiva são iguais. Utilize a criatividade para explorar o corpo
do ser amado.
• Sorria, brinque muito. Deus, na Índia, tem um de seus nomes Leela (brincadeira divina).
• Masturbem-se mutuamente.
• Pergunte a sua parceira como e o que ela gosta no ato de amor. Nunca creia que sabe
tudo.
• Façam amor na natureza: cachoeiras, na chuva, praias, no topo de uma montanha. Isso é
Tantra.
• Olhem-se nos olhos sem desviá-los.
• Dispam-se lentamente um ao outro.
• Toquem-se com olhos vendados.
• Troquem massagens sensuais, como a tântrica. (Prana Pratistha sim, “Neo Tântrica”
evite)
• Utilize essências e roupas que estimulem sua parceria.
• Brinque com alimentos na boca e no corpo da parceira, tal como foi feito no filme “nove
e meia semanas de amor. ”
• Sempre seja gentil e generoso (a) com seu (sua) parceiro (a).
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Capítulo 11
Formas de carícia e sexualidade
* OS BEIJOS
“Quando uma mulher está dominada pela paixão, deve cobrir os olhos do amante com as
suas mãos e, fechando os próprios olhos, introduzir a língua em sua boca. Deve então movê-la
de um lado para outro, para dentro e para fora, com um movimento agradável que sugere
formas mais íntimas de prazer ainda por vir. ”
Ananga Ranga
“Há quatro tipos de beijo: moderado, contraído, pressionado e suave. Tipos diferentes de
beijos são apropriados para diferentes disposições. ”
Kama Sutra
“Quando um Homem beija o lábio superior de uma mulher, isto é conhecido como o Beijo
Especial do Lábio Superior. Nesta ocasião, ela deve beijar o lábio inferior do parceiro. ”
Kama Sutra
“Quando uma mulher está cheia de desejo, deve colocar entre os dentes o lábio inferior do
homem, mastigando-o e mordendo-o nesta região com suavidade. Ele deve fazer o mesmo
com o lábio superior da mulher, tomando cuidado para sugá-lo com delicadeza. Desta forma,
ambos ficarão sexualmente estimulados e sua paixão produzirá muito calor. ”
Ananga Ranga
O beijo expressa uma grande variedade de emoções: erotismo, amor, ternura, gentileza,
paixão, carinho, respeito. O beijo demonstra o quanto o casal está envolvido e expressa os
seus verdadeiros sentimentos.
O beijo boca a boca é chamado de contato dos portais superiores e pode estimular desde
carinho até a paixão. São trocas de energia e secreções vitais e troca de Yang por Ying.
Os Tantras consideram o beijo como uma parte profundamente importante do maithuna.
Temos vários tipos de beijos tântricos:
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No Ananda Ranga está escrito: “Quando a Shakti está cheia de desejo, deve colocar o lábio
superior no inferior da boca do Shiva, mastigando-o e mordendo-o nesta região com
suavidade. Ele deve fazer o mesmo com o lábio superior da Shakti, tomando cuidado para
sugá-lo com delicadeza”. Dessa forma ambos ficarão sexualmente estimulados e sua paixão
produzirá muito calor”…”Quando a Shakti está dominada pela paixão, deve cobrir os olhos do
amante em suas mãos e, fechando os próprios olhos, deve introduzir a língua em sua boca.
Deve, então, movê-la de um lado para outro, para dentro e para fora, com um movimento
agradável que sugere formas mais íntimas de prazer ainda por vir. O beijo, ainda, troca
secreções e energias vitais altamente mágicas. ”
O Tantra ensina, ainda, que o lábio superior da Shakti tem relação reflexológica com sua
yoni. Várias Shaktis foram estimuladas por mim tão somente utilizando estímulos no Shankini
nadi, a concha da sabedoria no lábio superior. Experimente.
* OS ABRAÇOS
No Tantra, qualquer contato mais íntimo entre corpos é uma forma de abraço, mas
aqueles contatos com intenção mais emocional e sentimental são os que o maithuna utiliza,
ao contrário dos ocidentais que abraçam superficialmente e sem contato dos genitais. No
Tantra o abraço é uma forma de contato profundo e, certamente, de corpo inteiro. Veja
alguns tipos de abraço:
• Trepadeira – em pé, como uma trepadeira enrola-se na árvore, faça o mesmo com sua
parceria.
• Subindo na árvore – em pé, ambos abraçam-se apaixonadamente como se desejassem
subir um no outro.
• Mistura de arroz com gergelim – deitados abraçando-se fortemente com os braços e
coxas e tocando lingan e yoni.
• Mistura de leite e água – todas as partes são encostadas.
• Abraço da testa – coloca-se muita atenção e carinho na testa e os braços enroscam-se na
cintura.
Pode-se ainda abraçar somente partes do corpo como abraços dos peitos, coxas, seio e
pelve.
“Quaisquer que sejam os pensamentos em suas mentes, estes desaparecem
completamente com o ímpeto arrebatador do abraço apaixonado. Quando um Shiva e uma
Shakti são um só, assim abraçados, não há nada em todo o mundo que supere a alegria
sublime daquele momento. ” Kuttni Mahatmyam
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Os chineses ensinam que ao se colocar a boca na yoni sente que se bebe da fonte da vida e
os tântricos ensinam que ali está Kundalinî, e para tocá-la deve-se abrir a yoni e descobrir seus
segredos.
Shiva sempre explorará e questionará a Shakti qual a melhor maneira de tocar a yoni,
muito diálogo e desinibição são aconselhados. As Shaktis tântricas são estimuladas desde sua
iniciação sexual a explorarem a sua yoni em frente ao espelho, em atitude de autodescoberta
e compartilham isso com seus amantes.
O banho de chuveirinho forte e morno, a depilação total, o respirar da yoni, dão uma
energização poderosa a Shakti.
Os tântricos sempre olharam, ao contrário dos ocidentais, o estímulo oral como natural e
prazeroso. É fundamental perguntar para a parceira como ela gosta de ser tocada.
Principalmente em relação ao clitóris que tem uma variação de tamanho, local e textura.
Existem Shaktis que gostam de toques fortes, outras suaves, mais sutis.
A língua poderá girar sentido horário e anti-horário para cima e para baixo, na horizontal e
vertical.
Insisto: pergunte como é mais prazeroso. De todas as amantes que tive, nenhuma era igual
– cada uma preferia um oral distinto.
“Ela deve fazer com que ele sugue sua yoni e mostre o seu prazer. Inalando o odor, ele deve
penetrá-la com a língua, procurando as secreções. Ela deve dizer: ‘Coma minha essência! ’
Beba as águas da libertação! Ó filho, seja um escravo, seja pai e amante! ”
Chanda-maharosana Tantra
Pênis/Lingan – Bastão de luz (honre-o e ame-o).
Uma Shakti toca o lingan de seu parceiro como o lingan que originou toda a vida. O
princípio masculino da existência.
Para Shiva ter ereções prolongadas, Shakti deve tocá-lo da base do pênis em direção a
ponta e evitar tocar a glande. Se for tocar os testículos faça-o com muita delicadeza.
O banho de chuveirinho frio antes de dormir ou morno durante o dia estimula a
vascularização genital de Shiva.
Lembre-se: todo o maithuna deve ser feito de maneira rítmica, relaxada e carinhosa. A
ejaculação segundo algumas escolas tântricas radicais deve ser sempre evitada,
principalmente fora da Yoni da parceira, mas fica evidente que se é algo que faz parte do
desejo masculino, faça, não tenha pudores. Sempre lembre-se que ser tântrico é ser livre.
ALGUMAS TÉCNICAS DE SEXO ORAL EM SHIVA
• O lingan é tocado totalmente pela língua.
• Sem o auxílio das mãos o lingan é movimentado dentro da boca da Shakti.
• O lingan é colocado inteiro dentro da boca e, após pressão dos lábios, é colocado para
fora.
• Move-se o lingan entre os lábios.
• Utiliza-se sucção com absoluta delicadeza.
• Shiva penetra a boca de Shakti como se a mesma fosse uma segunda yoni.
• O lingan é beijado como se fosse o instrumento originário de toda a vida.
SEXO ANAL
Sabemos a admiração e o fascínio, do povo ocidental, pelo sexo anal. Mesmo sendo visto
como proibido em culturas patriarcais e retrógradas, ele chama a atenção e é uma fonte de
prazer para muitas escolas tântricas.
Como sabemos, no Tantra tudo é sagrado, nenhuma parte do corpo deve ser vista como
suja ou inapropriada. Existe um exercício do Yoga e do Tantra, próprio para trabalhar os
esfíncteres do ânus (mulabandha), trabalhando, assim, a energia Kundalinî e estimulando as
glândulas sexuais.
O ânus e o reto, como um órgão excretor, sempre contêm bactérias, o que pode ocasionar
infecções e lesões de tecidos, por ser uma área extremamente vascularizada, podendo
também ocorrer sangramentos. A prática do sexo anal constante pode distender e
enfraquecer os músculos esfíncteres, levando a perda de energia, desta forma, não se deve
exagerar na prática de sexo anal.
A Shakti normalmente oferece o seu corpo e todos os seus orifícios como uma maneira de
rendição e compromisso com o amante Shiva, por sua vez, gosta do domínio e da submissão
da parceira. Vemos aqui que o sexo anal funciona também como uma maneira de dominação,
muitas vezes contrário à filosofia que vê Shakti como Deusa e não submissa.
Há uma infinidade de maneiras de explorar a sexualidade e o prazer sem precisar exagerar
nesta variação. Tudo é questão de criatividade. De toda forma, ao realizá-lo, muita atenção
com a higiene e evite o exagero na penetração. A carícia sem penetração é muito indicada.
Lembre-se que esta é uma área que exige delicadeza. Lubrifique bem a região e massageie
o ânus. Como a área é sensível e muito vascularizada, pode provocar uma sensação gostosa
(isso se a Shakti não se sentir constrangida). A mesma técnica pode ser feita no parceiro. A
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sensação é a mesma, afinal Shiva e Shakti são idênticos aqui e alguns textos tântricos apontam
que aqui, em Shiva, há um ponto de profundo prazer. Experimentem.
95
Capítulo 12
Asanas – Intenção e saudação à deusa
“No início do rito, a mulher deve ser colocada em uma confortável posição sentada. Seus
pés devem ser cuidadosamente lavados e perfumados; depois, deve-se aplicar pasta de
sândalo e óleos às várias partes de seu corpo. Flores e luz devem ser oferecidas, junto com
incenso e música. Ela deve então ser colocada do lado esquerdo e beijada e tocada para
inspirar a mente. ”
Nayika-Sadhana-Tika
No maithuna é a Shakti, a mulher que, na maioria das posturas corporais, fica “por cima”
ou na frente de Shiva. Essas são as posturas nas quais podem se ter maior liberdade de
movimento e Shiva reterá por um longo tempo o orgasmo físico, pois lhe é tirado sua postura
ancestral de “cobrir a fêmea”, assim seu inconsciente aponta que o objetivo é não fecundar,
prolongando assim o contato e o maithuna.
Nas escolas e espiritualidade patriarcais Shiva cobre a fêmea por trás como a maior parte
dos nossos irmãos animais ou fica Shiva por cima “possuindo” Shakti. No Tantra, é Shakti a
priori que possui Shiva. Podemos ainda acrescentar que como Shakti é reverenciada, Shiva
olha para cima adorando a deusa. A mulher é a divindade, é o corpo da Shakti, Shakti é a
manifestação na terra da própria existência.
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Posturas principais
• Samapada Bandha
Shakti deitada levanta as pernas o mais alto possível desde os quadris e suas pernas tocam
o pescoço e/ou os ombros de Shiva. Essa flexão é excelente para a coluna de Shakti e seus
músculos das costas. Atenção: Pratique com cautela e com a certeza de que a yoni pode
acomodar o lingan. Shiva deve usar as mãos para acariciar a barriga, os seios e a yoni de sua
parceira.
• Nagara Bandha
Shiva separa as pernas de Shakti apoiando-as em sua cintura. Com essa postura das pernas
poderá erotizar tendo a visão do lingan penetrando a Yoni. Shakti poderá envolvê-lo com suas
pernas para maior intimidade.
• Traivikrama Bandha
As pernas de Shakti são abertas como uma tesoura, uma perna deitada e a outra elevada
até a cintura, ombros ou até o alto da cabeça de Shiva, enquanto ele a penetra e ama-a.
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• Smarachak Ásana
Shakti deita-se de costas e Shiva por cima. Ambos abrem as pernas amplamente e os
braços também para cima, Shiva segura nas mãos de Shakti proporcionando um contato
gostoso de todo o corpo, bem como dos genitais. O peso de Shiva faz com que seu osso
púbico massageie a região carnuda do Monte de Vênus de Shakti:
• Jrimbhita Ásana
Shakti deita-se de costas e Shiva coloca uma almofada sob os quadris de Shakti. Shiva
ajoelha-se entre suas pernas para conseguir penetrá-la como o “Céu envolve a Terra”. Ambos
devem estar com a língua tocando o céu da boca (jivabandha).
• Sphutma Bandha
Shiva penetra Shakti, que está deitada de costas, levantando suas pernas e segurando as
coxas bem próximas dele. Shakti pode apertar e contrair sua yoni como se sugando o lingan
(mula bandha).
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• Puhapaka Ásana
Shiva está deitado em cima de Shakti olhando-se nos olhos, com suas pernas e braços
juntos como se estivessem entranhados.
Para que Shiva faça a penetração, Shakti abre as pernas, curva os joelhos, mostrando
totalmente sua yoni para esse puja, como a deusa que é, e então Shakti pode abaixar as
pernas. Esta posição oferece contato estimulante da raiz do lingan com a yoni. Shakti, aqui,
comporta todo o peso de Shiva, por isso essa posição não é ideal para todos os casais.
• Karkata Bandha
Os dois deitam-se de lado com Shiva entre as coxas de Shakti; enquanto as pernas dela
entrelaçam o corpo dele, tornando mais fácil o movimento. Shakti pode ajustar a posição de
forma que o clitóris fique em contato direto com a pele quando se movimentam.
• Lata Asana
Podem deitar-se de lado ou ficar em pé. Shakti respira forte misturando sua respiração
com a de Shiva. Ela ergue as pernas até o ombro dele, isto permite maior penetração e
excitação. Os dedos de Shiva acariciam cabelos, braços e pernas.
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Postura sentados
As posições sentadas contribuem para a meditação e visualização. Os amantes devem
permanecer tranquilos. Não é necessário ficar sentado o tempo todo. Elas podem ser
praticadas de forma mais suave, recostando-se em uma almofada.
• Rati Ásana
Shiva senta-se com as pernas abertas. Shakti cobre todo seu lingan com seu corpo. Eles se
entreolham profundamente; suas bocas unem-se, suas línguas misturam-se.
• Chanchala Ásana
Shiva senta-se com os pés no chão. Shakti, de costas para ele, senta-se em seu lingan com
suas pernas encaixadas em suas pernas. As mãos de Shiva estão livres para tocar-lhe os seios e
o clitóris.
• Vaidhurit Ásana
O casal sentado entrelaça as pernas para acrescentar a sensação de unidade. É, sem
dúvida, uma das melhores posições para a prática de maithuna.
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• Sanyaman Ásana
Shakti coloca as pernas no alto da cintura de Shiva, enquanto ele segura o pescoço dela em
suas mãos. Em cada mudança de ângulo das pernas de Shakti, variam as sensações.
• Ekadhari Ásana
Para iniciar esta posição, Shiva senta-se na cama, recostando-se confortavelmente, com
suas pernas abertas. Shakti, de costas para ele, agacha-se, com as pernas abertas e
delicadamente acomoda-se sobre o lingan. Os parceiros se mexem à vontade. A mão de Shiva
fica livre para estimular os mamilos e o clitóris de Shakti e ela pode massagear a próstata de
Shiva.
Posturas em pé
As artes Indiana, Nepalesa e Tibetana, incluindo esculturas em pedra, bronze e pinturas,
mostram muitas variações de uniões amorosas e sexuais em pé.
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• Yoni Ásana
Shiva está em pé com as pernas afastadas, segurando Shakti pelos pés ou nádegas e ela
entrelaça as pernas em sua cintura. Ele pode encostar-se em uma parede, ou deitar sua
parceira para concluir a posição. Divindades nessa posição são pintadas em bandeiras para
decorar paredes de templos do Nepal e no Tibet, desfrutando da alegria do êxtase.
“Quando uma mulher estiver cansada, deve colocar a testa na do amante e descansar, sem
perturbar a união de seus órgãos sexuais. Após ter descansado, o homem deve virar-se e
começar a fazer amor de novo. Se os amantes passam algum tempo brincando e acariciando-
se um ao outro no início e também ao final do amor, então seu êxtase e confiança
aumentarão. Os jogos de amor aumentam o prazer. ”
Kama Sutra
• Gajasawa Ásana
Shakti deita na cama de bruços, com uma almofada sob a região da bacia e as pernas
abertas. Shiva deita-se sobre ela, flexionando suas costas para cima, apoiando-se sobre os
braços e com seus quadris para baixo. Assim ele sente a maciez das nádegas que ela
impulsiona. Como essas posições "por trás" nem sempre permitem que o lingan toque o
clitóris, elas são melhores praticadas quando para terminar o maithuna, no momento em que
Shakti esteja bem excitada e facilmente orgástica.
Shiva ou Shakti podem também estimular o clitóris com as mãos.
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Purushavita Bandha
Richard Burton diz que "esta postura” é considerada um grande horror por algumas
escolas radicais orientais, que dizem: “maldito seja aquele que se fez a terra e o céu. Terra
aqui é Shiva deitado e Shakti erguida. O reverso é uma realidade dos tântricos, que mostram
isso em pinturas com essa postura aparecendo mais do que qualquer outra posição. Esta
posição é a favorita da deusa Kali de copular com Shiva, segundo os mitos hindus. É,
particularmente, minha posição predileta ao fazer amor e nos rituais de maithuna.
Viparata Ásana
Shakti deita-se sobre Shiva também deitado de costas. Ela aperta suas pernas juntas e
movimenta-se para frente e para trás, devagar no início, para erotizar a ambos, e depois mais
rápido. Shiva desenvolve movimentos circulares com os quadris, proporcionando mais prazer.
A Shakti além de com as mãos poder tocar suas costas e estimular os Chakras.
“Qualquer união sexual é sagrada, seja ela humana ou animal. Ela reproduz o ato criador
supremo, a união dos princípios cósmicos Shakti – Shiva, causa do Universo manifesto. ”
A. Van Lysebeth.
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Purushávita
Shakti acima de Shiva controla nessa posição todos os movimentos. Apesar de Shiva poder
se movimentar, ele o evita e a adora (Puja) como manifestação do feminino. Shiva ou Shakti
podem estimular o clitóris e os seios, ou ainda trocar carinho na barriga, peito e rosto.
Sukhásana
Shiva sentado em chão macio recebe Shakti com as pernas cruzadas ou com as plantas dos
pés se encostando. Ambos os parceiros fazem toques amorosos e sensuais nas costas.
Upavishta-variação
Shiva senta-se em chão macio unindo as plantas dos pés, uma a outra, próximas ao períneo
(sede de Kundalinî) e acolhe Shakti em seu colo.
Tiryakásana
Shiva deita-se de lado e Shakti com a barriga para cima. Ambos enroscam as pernas,
deixando uma perna de Shakti sobre o quadril de Shiva. O corpo dela fica perpendicular ao
dele. As mãos acariciam, e não é necessário muito movimento.
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Janujugmásana
Conhecida como postura em X é altamente recomendada, pois permite controle orgástico
e dos movimentos de Shakti. Essa postura é tão antiga que o yogue belga André Van Lysebeth
ensina: “Essa posição do maithuna bem mostra quanto o tantrismo tem profundas raízes na
pré-história indiana, e é comovente evocar os casais de outras eras ao praticá-la hoje em dia”.
Não pense que porque mencionei um número limitado de posições sexuais, há limites para
os tântricos.
Tenha sempre em mente que o Tantra é liberação. O Tantra dá a você permissão
(liberdade) para criar, sentir e ser erótico, bem como para desenvolver suas próprias posturas,
variações e rituais de amor. Seja criativo.
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* SHAKTIS NA VISÃO TÂNTRICA
Essa classificação é correspondente aos quatro elementos da natureza (não se refere a
elementos astrológicos), fazendo uma distinção dos tipos de mulher pode ser aplicado em
homens também.
106
Capítulo 13
Absorção, retenções e meditações finais
* ABSORÇÃO MÚTUA – VAJROLI MUDRÁ
Os Tantras e textos ancestrais do Hatha Yoga nos ensinam a mística de “absorver o
equivalente do seu parceiro” em todas as uniões que envolverem emissões de sucos vitais. É a
absorção consciente das secreções femininas ou masculinas já alquimizadas. Essa técnica é
ensinada em seminários de maithuna, devido a seu aspecto iniciático secreto e a necessidade
de muito treino para, por exemplo, com o lingan absorver o sêmen já transmutado da yoni
feminina.
107
movimentos são executados pelas dançarinas do ventre, que provavelmente aprenderam a
técnica das dançarinas dos templos indianos instruídas nestes métodos tântricos.
Através do controle dos músculos abdominais e da Yoni, uma mulher pode alimentar sua
natureza e dar ao mesmo tempo uma experiência rara a seu parceiro. Este movimento de
torção especial da mulher durante o ato de amor é considerado um segredo sexual
importante nos dois ensinamentos, tântrico e taoísta, já que é uma das maneiras mais eficazes
de erguer, concentrar e transformar a energia sexual.
O homem também pode praticar o Uddiyana Bandha, que lhe permite sugar secreções
sexuais através do Linga. A contração do esfíncter urinário do homem durante o ato de amor
cria um vácuo interno, ajudando na absorção de secreções, enquanto causa um
endurecimento do Linga e uma experiência estimulante para a mulher. Todo o processo,
conhecido como Vajroli Mudra, tem o efeito de circular e trocar energia entre parceiros, e é a
chave para absorção mutua. ”
(Nik Douglas e Penny Slinger)
* MENSTRUAÇÃO
Como escola desrepressora o Tantra ensina que fica a critério dos parceiros ter ou não
relações sexuais no período menstrual. Conversem bem sobre isso. Uma maneira interessante
de namorar para os que têm vergonha é amarem-se dentro de uma banheira de espumas. Na
menstruação a Shakti personifica Kali, a deusa das mudanças de ciclos.
“O adepto tântrico deve olhar uma Shakti menstruada com reverência e admiração. Ela é a
personificação viva de Kali, o poder da transcendência; seu sangue menstrual (Khapushpa) é a
essência florida de toda a feminilidade, o próprio sangue da vida. Possuidor de qualidades
sobrenaturais, é uma potente força rejuvenescedora e transformadora, purificando todos os
venenos através de seu fogo alquímico. Realizando ritos sexuais com uma Shakti menstruada,
o adepto pode mais rapidamente avançar em seu caminho para a Libertação. ” Kaula Tantra
“A menstruação acontece por apenas alguns dias, e Deus desejou que ela fosse usada para
purificar e limpar totalmente o útero. Quando ela termina, a Shakti está melhor do que antes.”
Shaykh Nafzawi
* A RETENÇÃO - URDHAVARRETAS
“Um homem deve aprender a controlar sua ejaculação. Ser faminto pela beleza feminina e
emitir além do próprio vigor prejudica todas as veias, nervos e órgãos no corpo, e faz surgir a
doença. A prática correta da relação sexual pode curar todos os males e ao mesmo tempo
abrir as portas para a Libertação. ”
Yang-Sheng-Yao-Chi
“A Moça Simples informa ao Imperador Amarelo que um homem deve regular a frequência
da ejaculação, de acordo com sua força ou fraqueza, porém não deve nunca forçar-se a
ejacular. Ela estabelece categoricamente que, toda vez que um homem força-se a ejacular,
todo seu sistema corporal é prejudicado. ”
Yang-Sheng-Yao-Chi
“Todo homem deve regular a emissão do sêmen de acordo com sua reserva de essência
vital. Nunca deve forçar a ejaculação. Se fizer isto, todo seu corpo será prejudicado. Um
homem jovem e forte pode ejacular duas vezes ao dia, porém um homem magro deve fazê-lo
apenas uma vez. Um homem forte de cerca de 30 anos de idade pode fazê-lo uma vez ao dia,
enquanto um homem fraco da mesma idade deve fazê-lo apenas uma vez cada dois dias. Um
homem forte de 40 anos pode ejacular uma vez cada três dias, porém um homem fraco da
mesma idade deve fazê-lo apenas de quatro em quatro dias. Homens fortes de 50 anos podem
sem perigo fazer o mesmo a cada cinco dias, enquanto um homem fraco da mesma idade
necessita de um descanso de 10 dias. Homens fortes de 60 anos podem saudavelmente
ejacular cada 10 dias, porém homens fracos desta idade necessitam de 20 dias entre as
ejaculações. Um homem forte de 70 anos pode ejacular uma vez por mês sem danos, porém
um homem fraco desta idade não deve mais ejacular. ”
(Texto chinês da arte do amor)
“Não se deve lançar esta ‘cânfora’ (sêmen) casualmente. É nesta substância que os iogues
têm a sua origem. Sua natureza é a do Supremo Prazer. É indestrutível e saboroso, tão difuso
quanto o céu. ” Hevajra Tantra
“Se uma pessoa movimenta-se mas não emite sêmen, a força vital e o vigor são excessivos.
O corpo absorve a energia e todos os sentidos são aguçados. ”
P’eng Tsu
Procure praticar retenção durante 30 minutos no 1º dia, uma hora no 2º, duas horas no 3º,
e ir aumentando gradativamente, evitando assim, sensibilidade exagerada na Yoni feminina e
dores nos testículos de Shiva.
“O homem faz o seu sêmen retornar e evita qualquer emissão. Absorve os sucos do Portal
Precioso da mulher, enquanto acima bebe sua saliva. Esta prática especial é conhecida como
contemplar a Natureza; dota a pessoa de boa saúde e vida longa. ”
Ta-Lo-Fu
“Após ter abraçado a parceira e inserido o Cetro na Lótus, ele deve beber avidamente dos
lábios dela; eles parecem estar respingados de leite. À medida que a riqueza total do prazer e
sentida, as pernas da mulher começam a tremer e sua primeira realização é alcançada. Esta é
a maneira de tornar-se Unido ao Imperecível, absorvendo-se um ao outro altruisticamente.
Estas práticas não devem ser excessivas, caso contrário elas empurrarão o ser para os infernos
da doença e da confusão. Os adeptos devem tomar cuidado para agir corretamente nestas
práticas potentes. ”
Kalachakra Tantra
“Ele deve reter a respiração e contrair o baixo-ventre. Visualizando o Buda Divino
Chandamaharosana em união com a Deusa da Sabedoria, deve pressionar o calcanhar contra
a base [o escroto] e a língua contra o céu [palato]. Concentrando seus pensamentos oscilantes
e controlando a respiração, evitará que o seu sêmen seja liberado. Assim ele deve praticar o
Yoga da Libertação. ”
Chamandamaharosana Tantra
“No momento em que o homem está para ejacular, deve levantar a cabeça e prender a
respiração. Com um olhar zangado e revirando os olhos da esquerda para a direita, deve
contrair o estômago, fazendo o sêmen retomar e penetrar-lhe as veias. Esta prática excelente
tem o efeito de melhorar a saúde e fortalecer o espírito. ” Yu-Fang-Pi-Chuh
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O Vigyan Bhairav Tantra é uma escola que ensina 64 técnicas meditativas adiantadas que
podem ser realizadas tanto na prática do maithuna como em meditações solitárias. Segue as
que mais pratiquei e que sugiro no maithuna.
“Tanto o Sêmen Original quanto aquele que é ejaculado durante a união sexual são
essencialmente os mesmos. Antes do ato sexual, o sêmen e distribuído por todo o corpo; não
tem lugar fixo, porém reside de forma condensada dentro do Espírito Original. É a este aspecto
que se referem nos textos clássicos como o Sêmen Original. Quando um homem e uma mulher
fazem amor, o sêmen é retirado de todas as partes. Um lugar na parte interior da cabeça [a
glândula pituitária] faz com que o sêmen desça pela espinha até a região inferior. Outros
aspectos do sêmen são retirados dos diferentes órgãos do corpo, como os rins e a bexiga. ”
Ts’Ung-Shu-Chi-Ch’Eng
“No momento em que o Shiva está para ejacular deve levantar a cabeça e prender a
respiração. Com um olhar zangado e revirando o olho da esquerda para a direita, deve contrair
o estômago, fazendo o sêmen retornar e penetrar-lhe as veias. Esta excelente prática tem o
efeito de melhorar a visão e fortalecer o espírito. ”
Yu-Fang-Pi-Chuh
“Um livro taoísta da Dinastia Tang (por volta de 618-907 d.C.) afirma claramente:
Quando um homem sente que está para ejacular, deve fechar a boca e abrir bem os olhos.
Precisa tentar principalmente estabilizar a respiração, prendendo-a se possível, porém sem
forçar nada. Levantando e abaixando as mãos, e respirando com movimentos apenas do baixo
abdômen, ele ganhará controle sobre a respiração e o sêmen. A espinha deve ser mantida
ereta. Se necessário, deve pressionar o ponto de acupuntura Ping-i (o que fica acima do
músculo peitoral direito) com os dedos indicador e médio da mão esquerda, depois deve
soltar o ar, ao mesmo tempo que trinca os dentes. Esta ação reterá com certeza o sêmen, de
forma que ele possa subir e beneficiar o cérebro. Se o sêmen for emitido livremente, causará
dano ao espírito.
111
Um outro texto, conhecido como Classic of the immortals (Clássico dos imortais), assim nos
fala:
“Quando um homem sente que está para ejacular, deve pressionar firmemente o local
entre o escroto e o ânus com os dedos indicador e médio, ao mesmo tempo que inspira
profundamente e trinca os dentes, sem prender a respiração. Esta prática fará o sêmen ser
ativado, porém não ejaculado. Em vez disso, retornará do Talo de Jade, subirá e estimulará o
cérebro. Este método foi ensinado por Lu, o Imortal, mas ele ordenou a seus discípulos que
prestassem juramento de que não divulgariam este potente segredo aos não iniciados. ”
Os ensinamentos do mestre taoísta Tung dão-nos maiores informações:
“Um homem deve sempre fazer com que a mulher alcance seu clímax de prazer. Quando
sentir que está para ejacular, deve dar rápidos e repetidos golpes de amor com sua Arma,
brincando entre as Cordas da Lira e a Caverna em Forma de Grão (os lábios da vulva e a parte
interna da Yoni); estes movimentos devem ser como os de uma criança sugando com a boca
os mamilos da mãe. O homem deve fechar os olhos e concentrar o pensamento. Pressionando
a língua contra o alto da boca, deve curvar as costas e esticar o pescoço. Abrindo bem as
narinas e puxando para trás os ombros, deve então fechar a boca e inspirar pelas narinas. Isto
evitará que ele ejacule e fará com que seu sêmen ascenda. ‘É possível para um homem
regular conscientemente suas ejaculações. Quando estiver fazendo amor com uma mulher,
deve, como ideal, liberar seu sêmen somente duas ou três vezes em cada 10 sessões. ”
“Ele deve reter a respiração e contrair o baixo-ventre. Visualizando o Buda Divino
Chandamaharosana em união com a Deusa da Sabedoria, deve pressionar o calcanhar contra
a base [o escroto] e a língua contra o céu [palato]. Concentrando seus pensamentos oscilantes
e controlando a respiração, evitará que o seu sêmen seja liberado. Assim ele deve praticar a
Ioga da Libertação. ”
Chamandamaharosana Tantra
112
Capítulo 14
Meditação – Dhyana e Iluminação
“Há metafísica o bastante em pensar em nada. Que tenho eu
meditado sobre Deus e a alma e sobre a criação do mundo? Não sei.
Para mim pensar nisso é fechar os olhos e não pensar. ”
Fernando Pessoa
Após a prática do maithuna, o casal deverá praticar alguma técnica de meditação. Poderá
ser juntos ou separados. As técnicas que sugiro são as meditações do mestre Osho: Nataraj,
Kundalinî ou uma variação do Shiva Netra ou ainda um japa (108 vezes) do mantra Om Srí
Gam, o Giro Tântrico ou ainda a Massagem tântrica. (Leia sobre outras fantásticas meditações
no livro: Meditação, a Arte do Êxtase, de Osho. Editora Cultrix.)
MEDITAÇÃO KUNDALINÎ
É a técnica de meditação que envolve dança e movimentos de chacoalhar. É minha técnica
predileta de êxtase. Ela deixa o praticante muito sedutor, pois sua aura energética transpira
sensualidade. Aos 16 anos realizei essa técnica do mestre Osho com o meditador de nome
113
Setu e nunca mais a abandonei. Costumava na adolescência fazer Kundalinî antes de sair para
paquerar, e seus efeitos eram facilmente sentidos. Kundalinî movimenta os Chakras, estimula
a libido, deixa o corpo solto. Osho comentava sobre a técnica: “Muita energia Kundalinî
despertará em você. Sentirá a vida pulsando e vibrando. Após a energia ser despertada pelo
chacoalhar, a dança é útil para fazer a energia se movimentar pelo corpo e retornar ao
universo, a existência. Então o silêncio segue-se, a quietude segue-se”.
• 1º Estágio: Aproximadamente por 15 minutos sacuda, chacoalhe todo o seu corpo.
Comece pelas mãos e pés e depois mexa tudo. Seja completo no chacoalhar, movimente,
envolta todo seu ser no movimento.
• 2º Estágio: Durante 15 minutos ou mais, simplesmente dance, celebre, viva, goze o
momento. Dance para você, pouco importa se você julga o movimento bonito ou não, seja
original e deixe os movimentos fluírem. O mestre Zaratustra disse: “Não acredito em um Deus
que não saiba dançar”. Eu também não.
• 3º Estágio: Sentado, fique imóvel, voltando a atenção a alguma música suave que deve
estar tocando.
• 4º Estágio: Sentado ou deitado, apenas observe suas sensações corporais e/ou seus
pensamentos. Observe sem nenhum envolvimento.
“A visão total é tão clara que o indivíduo não pode mais que rir, e até em aparência ser
irreverente, quando vê a fantástica superestrutura de superstição e mistério que se há erguido
em torno da simplicidade elementar que é a verdade. ” Sri Nisargadatta Maharaj
* FINALIZAÇÃO DA LITURGIA
Após a prática da meditação ou do ato sexual tenha trocas carinhosas. Saboreie o final,
acariciem-se, brinquem e não saiam voando em direção a um banho ou à tv.
O maithuna costuma energizar o casal, portanto, na maioria das vezes não há necessidade
de cada um virar para um lado e dormir.
Fiquem deitados juntos em concha ou com os genitais unidos mesmo sem a excitação de
Shiva ou ainda utilize a energia do maithuna para atividades criativas.
Quando uma Shakti estiver cansada, deve colocar a testa na do amante e descansar, sem
perturbar a união de seus órgãos sexuais. Após ter descansado, Shiva deve virar-se e começar
a fazer amor de novo. Se os amantes passam algum tempo brincando e acariciando-se um ao
outro no início, e também ao final do amor, então seu êxtase e confiança aumentarão. Os
jogos de amor aumentam o prazer.
Kama Sutra.
Desejando dormir, certamente você dormirá em paz. Se necessitar de um relaxamento
final para aquietar as energias, pratique Shavasana: deite-se de bruços, inspire
profundamente contraindo todo o corpo, apertando as mãos, esticando as pernas e pés,
tencionando o rosto e, após alguns instantes, relaxe todo o corpo de uma só vez. Repita
algumas vezes.
Apesar de tantas práticas aqui ensinadas tive a precaução de não colocar todos os
segredos do maithuna, pois algumas partes precisariam de uma preparação física que não
pode ser ensinada através de livros.
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Mesmo que alguém um dia escreva ou traduza os textos adiantados do maithuna, ainda
assim sem a iniciação e supervisão de um mestre, os rituais estariam incompletos. Isso acaba
sendo uma proteção do sagrado dos curiosos, não iniciados, místicos teóricos e especulativos.
O que pode ser ensinado, você encontra neste livro.
Que suas práticas sejam abençoadas por todos os Budas.
“Toda a debilidade física e psicológica pode ser, em última análise, atribuída a uma prática
sexual irregular. A Arte do Amor deve ser considerada a mais importante de todas as artes,
pois, guando praticada corretamente, leva o indivíduo em direção ao objetivo da imortalidade.
”
Su-Nu-Ching
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Revisão
Maithuna (Pequena prática completa)
Ritual de Maithuna
“Muitas narrativas que apresentam o rito de mor tântrico são altamente complexas, e com
acessibilidade de confundir um ocidental: e acostumado ao ritual do Oriente. Por esta razão
daremos aqui uma versão que, embora completa, está grandemente amplificada.
E importante que o Rito Sagrado não seja apressado ou interrompido. Reserve bastante
tempo para ele, cuidando para não ser perturbado. Tente certificar-se de ter um ambiente
“certo”, enriquecendo-o com flores, incenso e música suave. É melhor para o casal fazer todas
estas preparações com antecedência.
Preferentemente, deve haver apenas uma vela um fogo vivo queimando. O casal deve ficar
um lugar onde apenas uma leve claridade caia sobre seus corpos. Um lampião de ar, feito com
um pouco de óleo colocado em um pequeno recipiente, no qual é introduzido um pavio feito
com uma reduzida quantidade de algodão enrolado, é bastante adequado para este ritual, já
que queima firmemente e com uma luz brilhante e levemente purpúrea.
O ritual sexual — ou Maithuna Sadhana, como é conhecido no Tantra — começa com os
dois parceiros tomando um banho (de imersão ou de chuveiro), de preferência com água fria.
Isto tem o efeito de vitalizar e tonificar a psique.
O casal deve em seguida espalhar óleo pelo corpo suavemente e massagear-se um ao
outro. Isto deve ser seguido de um breve período de exercícios de alongamento, para relaxar
os músculos e soltar a circulação das energias vitais. A dança serve ao mesmo propósito e
pode ser uma maneira bastante eficaz de harmonizar à vontade e circular a energia entre o
casal.
Em uma próxima etapa, o casal senta-se, de preferência com as pernas cruzadas na postura
do lótus, e com a mulher do lado direito do homem. Devem praticar meditação simples,
libertando a mente de todo pensamento habitual e material, e regulando suas respirações
com a suave Respiração ou de narinas alternadas. Quando os dois se sentem completamente
relaxados e harmonizados, estão prontos para prosseguir com o Rito Secreto em si. Uma ajuda
simples para a harmonização da respiração e do humor é o canto conjunto, que pode
acompanhar uma gravação. O importante é que seja devocional ou transcendental por
natureza.
A primeira parte do Rito Secreto é a glorificação do princípio feminino, a Shakti, tanto
externa quanto internamente. O homem realiza glorificação externa sentando a parceira à sua
frente sobre um travesseiro, ou almofada, enrolando parcialmente o corpo da mulher com um
xale vermelho ou violeta de algodão, lã ou seda. Imaginando-a como a mais bela deusa em
todo o universo, deve trazer à mente suas melhores qualidades enquanto lhe massageia
suavemente os pés com óleo perfumado. Esta massagem deve concentrar-se na região à volta
ou entre os dois maiores dedos dos pés. Cantarolando um mantra em voz baixa, o homem
deve dotar este momento de potência e expectativa.
O casal deve realizar uma reverência interior, lembrando o propósito do ritual, que é
tornar-se totalmente unificado com a própria origem. Evocando o poder de Kundalini dentro
de si, devem visualizar uma onda de energia espiralada de ouro fluido desenrolando-se na
base de suas espinhas. Os poderes de fantasia e imaginação devem ser utilizados para deixar
Kundalini excitada. Concebida como um ser feminino extasiante e primordial, Kundalini deve
ser dotada de energia emocional. Deste ponto em diante no ritual, os parceiros devem
116
esquecer suas identidades pessoais e humanas, e conhecer-se apenas como Shiva e Shakti, o
Casal Supremo.
Começando com o lado direito, o homem deve ir movendo as mãos pelo corpo da mulher,
tocando-a suavemente com a ponta dos dedos, nesta sequência: dedo do pé direito, pé
direito, joelho direito, coxa direita, Yoni, nádega direita, umbigo, meio do peito, seio direito,
lado direito, lado direito da garganta, maçã do rosto, lábio inferior, olho direito e alto da
cabeça. Aí então, deve descer para o olho esquerdo, lábio superior, maçã do rosto, lado
esquerdo da garganta, lado esquerdo, seio esquerdo, meio do peito, umbigo, nádega
esquerda, Yoni, coxa esquerda, joelho esquerdo, pé esquerdo e dedo esquerdo.
Esta sequência vai ligar-se diretamente com o ciclo lunar da paixão na mulher. Vibrando
gentilmente as mãos ao tocar estas zonas erógenas, o homem deve visualizar energia saindo
pelos dedos, excitando paixão na parceira.
Ela deve visualizar-se como um receptáculo de amor. Concentrando-se na liberação de
energia erótica, deve estimular-sua sexualidade através de respirações profundas e
balançando suavemente o corpo para frente e para trás. Sentindo Kundalini a vibrar dentro de
si, a mulher deve revestir todo o seu ser com uma sensação de expectativa.
O homem deve contemplar a chama de uma vela ou lampião e depois voltar o olhar para o
corpo da parceira. Deve aplicar com suavidade óleo (de almíscar, patchouli ou sândalo, de
preferência) no pelo púbico, umbigo, região do coração, garganta, testa e alto da cabeça da
mulher, enquanto invoca mentalmente o seguinte ditado antigo: “A mulher é fogo.
A energia sexual é o combustível; sua Yoni é a chama; seu pelo púbico, a fumaça; a
penetração, a oferenda; os sentimentos agradáveis, as faíscas. Neste fogo, os deuses
oferecem seu sêmen. De tais oferendas, nascem todos os seres. ”
O homem deve aplicar também óleo perfumado no cabelo da mulher, atrás das orelhas e
nas palmas de suas mãos, controlando o tempo todo a mente pelo uso de mantras e
meditação. Para esse ritual, o mantra OM-AH-HUM”. Deve honrar a parceira, colocando flores
em seu cabelo ou uma guirlanda à volta de seu pescoço. Pode aplicar pintura corporal
também ou fazer qualquer coisa que seja exaltante e estimulante para sua parceira em seu
papel como Deusa Viva. Durante este tempo, é muito importante que o homem mantenha-se
firme e controlado, com a consciência centrada na intenção do ritual.
A mulher agora coloca-se um pouco a esquerda do parceiro e deve começar a excitá-lo com
movimentos das mãos e dos Lábios por todo o corpo dele. Ao lazer isto, deve pensar em seu
amante como o Deus Shiva em pessoa, o Supremo yogue; deve honrar o Lingam como o Shiva
Lingam, besuntando-o com óleo. Uma vez do lado esquerdo do homem, a parceira feminina
assume o papel de iniciadora do sexo.
Deve realizar auto adoração, acendendo algumas varetas de incenso e fazendo um
movimento espiralado ondulante ou circular em volta de si própria e do parceiro, no sentido
horário. Ao fazer isso, deve imaginar que todas as influências negativas estão excluídas; que se
está isolando e a seu parceiro do resto da existência.
O casal pode agora começar o ato de amor, em uma posição deitada ou sentada. As
posições sentadas são em geral mais eficazes para um contato íntimo prolongado. Todos os
textos orientais são unanimes em dizer que os ritos sexuais devem começar com a mulher
sentada à direita do homem e depois mudando-se para seu lado esquerdo.
O lado direito é associado com a respiração lunar, processos lógicos de pensamento, a
coragem, enquanto o lado esquerdo é associado com a respiração Lunar, ereção, e a linhagem
mística de professores e tocadores. Quando uma mulher hindu se casa, o se senta do lado
direito do parceiro, porém, para ritos sexuais, passa para o lado esquerdo.
O ato de amor deve ser suave, sensual e recíproco. Com o Linga dentro da Yoni, o casal
deve explorar os picos e os platôs do amor. Alternando movimento com quietude, o casal
tântrico deve dedicar-se a antecipar a aproximação do clímax em cada um, coordenando seu
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amor de forma a liberar ondas de energia que enriquecem mutuamente todo o seu ser.
Quanto mais conseguirem manter um elevado teor de excitação sexual sem clímax, mais
transcendental a experiência será.
A mudança das posturas ajuda a retenção e reveste o rito de amor com novo potencial. De
preferência, o casal deve discutir e imaginar antecipadamente uma sequência básica para o
ato de amor, já que isso lhes permitirá evitar desentendimentos físicos e fará com que seu ato
de amor seja elevado à mais alta forma. Entretanto, em última análise, uma percepção
espontânea deve suplantar qualquer ordem preestabelecida de amor. Uma vez que a linha
básica do ritual esteja integrada na consciência; do casal, eles devem recorrer a suas reservas
internas para dar profundidade e dimensão ao ritual.
Estimulando as paixões para liberar ondas de êxtase, o casal deve alimentar a natureza
mútua e explorar o poder transcendental do amor. Visualizando a energia sexual subindo
através de seus Corpos Sutis unidos, tanto o homem quanto a mulher devem dar e receber,
circulando vitalidade por todo o ser.
Abrindo o olho da mente (Ajnã Chakra) pelo poder de Kundalini, o casal tântrico deve
emprenhar-se em experimentar a iniciação mística dos reinos dos Imortais. Examine a mente
extasiante em busca de visões iluminantes e significativas. Examine o coração aberto em
busca de uma compreensão mais profunda da vida em si.
Os Tantras ensinam que não existe nada fora do alcance do casal que pratica o amor
tântrico com dedicação e compromisso.
Um rito de amor pode ser praticado com um propósito específico na mente, como cura
física, resolução de um problema ou o sabor da Libertação. Se há um objetivo específico, ele
deve ser mantido na mente dos dois parceiros, especialmente quando o clímax é alcançado.
Fazer amor com ou sem orgasmo físico mútuo é uma questão de preferência pessoal,
condição física ou pura espontaneidade. O Tantra enfatiza que, se há ejaculação, o homem
deve compensar deixando o Lingam dentro da Yoni por algum tempo, absorvendo
diretamente as secreções. O ato de amor tântrico prolongado deve incorporar o sexo oral, já
que ele é bastante eficaz para assegurar que cada parceiro receba o produto do êxtase de
cada um e não sofra nenhuma perda física.
O controle da sexualidade vem pela familiarização com as várias técnicas de retenção e
absorção mútuas.
Deve sempre haver algumas frutas frescas, doces e bebida prontamente disponíveis.
Partilhar comida durante o ato de amor tem uma significação simbólica e estimula o sentido
do paladar e a vitalidade do corpo. A paixão aumenta a sede, e é bastante natural querer
saciá-la. Todos os cinco sentidos entram em jogo em uma atividade erótica evoluída; a
evocação consciente dos sentidos potencializa toda a experiência do amor.
Quando um homem está para ejacular, deve fazer um grande esforço para puxar a energia
para cima, traçando o fluxo no olho da mente. Deve entoar mentalmente o mantra "SWAHA”
(ou “OM SWAHA”) no momento da ejaculação, e tocar o alto da cabeça de sua parceira, ou
entre seus olhos, como um ato de concessão de poderes.
Há uma tradição de escolher épocas especiais do mês para a prática dos ritos sexuais.
O quinto ou oitavo dia após o encerramento do período menstruai é considerado
especialmente eficaz, como também as noites de Lua cheia e solstício. O período entre meia-
noite e duas da madrugada é o preferido para a meditação e o ritual sexual.
Observação: Partes do Rito Secreto podem ser incorporadas em qualquer ato de amor.
É a atitude mental de exaltação que é especialmente importante, assim como a sensação
de expectativa. Uma vez tendo havido um orgasmo conjunto, ou um prolongado platô de
êxtase, tente abrir-se a novas dimensões. Deixe que sua imaginação criativa seja alimentada
pela intuição e, enquanto imóveis em união íntima, você descobrirá que muitos segredos
despontarão espontaneamente. O ato de amor é uma porta para o êxtase transcendental. A
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porta do amor tântrico está sempre aberta para aqueles que trazem suas mais elevadas
qualidades e intenções como uma oferenda ritual. ”
(Nik Douglas e Penny Slinger)
119
Capítulo 15
Benção da egrégora tântrica e hindu
Esta técnica ritualística tem muita força e pode substituir – quando não houver – um guru
que conduz essa prática
Observe atentamente as instruções abaixo, para realizar essa liturgia somente uma vez.
“O yogue que aspira à qualidade de yogue (yogitva), mas não foi iniciado, é semelhante a
Shiva que cerra o punho para o céu e bebe a água de uma miragem. ”
Kriyá – Samgraha – Panjikâ.
120
Yantras do Om
121
Epílogo
Fim das Buscas
Eu tenho desejos, mas eu não sou meus desejos, eu posso conhecer meus desejos,
e o que pode ser conhecido não é o verdadeiro conhecido.
Desejos vêm e vão, flutuando através de minha percepção,
mas eles não afetam meu Eu interior.
Eu tenho desejos, mas não sou desejos.
Amor e Vigor
Otávio Leal (Dhyan Prem)
Aqui e Agora
123
Glossário
Aghorî: escola secreta tântrica.
Ai ki dô: arte marcial de origem japonesa conhecida como harmoniosa.
Ai-dô: pratica marcial japonesa que se utiliza espada, prática dos samurais.
Ájña: nome do chakra frontal (no centro da testa).
Anáhata: nome do chakra cardíaco.
Ánanda: felicidade, bem-aventurança, benção divina.
Ananda mahasukha: êxtase, prazer.
Anga: partes, divisões.
Anima: aspecto ou forma.
Animus: aspecto ou forma.
Annasakti: não apego.
Ásana: posturas físicas executadas no yoga.
Átman: o si mesmo, o que é imortal.
Ayurvédica (ayurveda): medicina védica.
Bíja: mantras semente que ativa os chackras.
Brahmá: deus na mitologia hindu é o criador.
Chakra: roda, centros energéticos.
Chandra: lua.
Chéla: aprendiz, discípulo.
Chi-kun: exercícios físicos e respiratórios chineses.
Dakshina Tantra: tantrismo da mão direita.
Dharma: caminho social, lei humana.
Ganesha: deus hindú da prosperidade.
Gupta vidya: conhecimento secreto.
Hara: nome japonês do centro energético que situa-se na barriga.
Harappa: antigas cidades hindus onde encontramos a origem do yoga e do Tantra.
Idá: canal energético que sobe ao longo da coluna desde o múládhára chakra até a narina
esquerda. Sua polaridade é negativa.
Íshwara (íshvara): senhor, um dos nomes do yôgis.
Jihva bandha: trava da língua no palato mole.
Jíva: homem vivo, ser vivo.
Káma-sutra: texto hindu de etiqueta sexual.
Karma: ação, fazer. Lei de ação e reação.
Kaula: escola tântrica fundada por metyedranatha.
Kriyá: limpeza e purificação do organismo. É também um ramo do yoga.
Kunda: casa da kundalinî.
Kundalinî: energia primordial, sexual.
Leela: brincadeira divina
Linga ou lingam: pênis, Bastão de Luz, símbolo masculino de força vital e a shiva.
Madhyamika: caminho do meio, centro.
Maithuna: ato sexual ou matrimônio sagrado tântrico.
Manas: mente, pensamento
Manipura: centro energético situado no plexo solar.
Mantra: sons utilizados para disciplinar a mente.
Mohenjo: dharo: uma das antigas cidades hindu que originou o Tantra
Mudrá: gestos simbólicos com as mãos ou com o corpo.
Múládhára: centro energético situado na base da coluna.
124
Nádí: canais por onde flui energia (ki)
Nyása: direcionar a energia para qualquer parte do corpo dentro do ritual tântrico.
Om: mantra semente do Ájña chakra. Símbolo do hinduísmo e do yoga.
Paçu: pessoas que estão “dormindo”, sem consciência, segundo osho o robopata social.
Pashupati: senhor dos animais
Pingalá: canal energético que sobe pela coluna da muladhara até a narina direita, sua
polaridade é positiva.
Prakriti: a energia primeira, procriadora.
Pránáyáma: exercícios de respiração, controle do prana
Prônam mudrá: gesto simbólico de unir as mãos palmas contras palmas na altura do peito, é
conhecido como gasho no japão.
Pújá: oferenda de energia adoração.
Púrusha: átma ou alma, consciência pura, monada
Sádhaka: homem ou mulher praticante de yoga e ou Tantra.
Sádhana: prática ou ritual de yoga ou Tantra.
Sádhika: mulher praticante de yoga e ou de Tantra.
Sadhu: praticante tântrico que vive nas montanhas ou cavernas.
Sahásrara: chakra do alto da cabeça.
Samádhi: iluminação. Consciência de quem é você.
Samyama: a união de concentração (dháráná), meditação (dhyána) e consciência (samádhi).
Sannyas: renúncia ou aproveitamento máximo dos aspectos mundanos seja sexo, dinheiro,
diversões, família, etc. Também é a mudança de nome como um símbolo de renascimento ao
mestre que lhe deu o novo nome.
Samsara: mundo das ilusões.
Self: centro imutável do ser. Aquilo que não pode ser melhorado ou piorado corresponde ao
purusha tântrico.
Shaivas: seguidores de shiva.
Shakta: linha de Tantra devocional
Shaktí: nome da esposa de shiva. Energia feminina criadora.
Shastras: escritura sagrada dos hindus, pertencente a uma escola filosófica ou científica.
Shiva: no Tantra corresponde à essência. É também o criador mitológico do yoga.
Siddhid: poderes paranormais que o praticante de yoga adquire com a hiper consciência.
Súrya: sol.
Sushumná: a nádí corresponde à medula espinhal.
Swádhistána: o 2º centro energético localizado logo abaixo do umbigo.
Swásthya: autossuficiência, saúde. Escola de yoga.
Tai-chi: prática corporal de origem chinesa de movimentos leves e flexíveis que estimulam a
saúde e longevidade.
Trayati (traya): triplo.
Upanishad: coleção de textos sagrados do hinduísmo.
Vêda: antigas escrituras sagradas hindus. São quatro os números de vedas: rig, yajur, sama e
atharva.
Vishnu: deus hindu da conservação.
Vishuddha: chakra da garganta.
Yantra: símbolo, figura ou instrumento geométrico utilizado na prática de meditação.
Yoga: união; segundo mestres tradicionais é qualquer método prático que te mostre a
iluminação. Prática física.
Yoni: órgão sexual feminino.
125
Bibliografia
Tantra, o culto da feminilidade; André Van Lysebeth, Summus Editorial, 1991 – São Paulo
Alimentação Vegetariana: chega de abobrinha; Mestre De Rose, Ed. Nobel, 2004 – São Paulo
A Era dos Reis Divinos; Editores de Time – Life Livros, Abril Livros, 1991 – Rio de Janeiro
Tantra, A Yoga do Sexo; Omar Garrison, Ed, Nórdica, 1964 – Rio de Janeiro
Introdução ao Tantra; Murillo Nunes de Azevedo, Ed. Pensamento, 1985 – São Paulo
A Arte da Magia Sexual; Margo Anand, Ed. Campus, 1996 – Rio de Janeiro
A Arte dos Pajés; Orlando Villas Bôas, Ed. Globo, 2000 – Rio de Janeiro
A Arte do Sexo Tântrico; Nitya Lacroix, Ed. Vitória Régia, 1997
Sexo Tântrico – Como Prolongar o Prazer a Atingir o Êxtase Espiritual; Cassandra Lorius, Ed.
Ediouro, 1999
O Livro dos Segredos; Osho, Ed. Ícone, 2000 – São Paulo
Tantra – Sexualidade e Espiritualidade; Georg Feuerstein, Ed. Nova Era, 2001 – São Paulo
A Tradição do Yoga, Georg Feuerstein, Ed. Pensamento, 2003
Yoga, Sámkhya e Tantra; Mestre Sérgio Santos, Martin Claret – Uni-Yoga, 1995
Yoga: Mitos e Verdades; Mestre de Rose UniYoga, 1992 – São Paulo
Yoga – Inmortalidad Y Liberdade, La Pléyade; Mircea Éliade, Buenos Aires
Shakti and Shakta, Kier; John Woodroffe Kier, Buenos Aires
Princípios Del Tantra, Kier; John Woodroffe Kier, Buenos Aires
El Poder Serpentino; John Woodroffe Kier, Buenos Aires
Sylvain Levi: On Tantrik Fragments from Kucha; Indian Historical Quaterly, 1936
A Inteligência Hormonal da Mulher; Dr. Eliezer Berenstein, Ed. Objetiva, 2001
A Visão Tântrica; Osho, Ed. Madrás, 1998
Faça Yoga Antes que Você Precise; Mestre De Rose, Ed. Martin Claret, 1994
Segredos Sexuais; Nik Douglas e Penny Slinger, Ed. Record, 1979
Hiperorgasmo, uma via Tântrica; Mestre De Rose, Ed. Martin Claret, 1998
Shiva e Dionísio, a Religião da Natureza e do Eros; Alan Danielou, Ed. Martin Fontes, 1979
A História do Yoga; Pedro Kupfer, Ed. Dharma, 1997
126
Otávio Leal nos Himalaias praticando o Tantra tibetano.
127
Anexo:
O rito dos cinco Ms ou essenciais e as retenções orgásticas
“Há um rito sexual tântrico que é muito conhecido nas escolas secretas, ocultistas,
transpessoais conhecido como o Ritual aos Cinco Ms ou os Cinco Essenciais já foi até
considerado como a Eucaristia Tântrica. Cada um dos cinco ingredientes tem um nome
sânscrito começando com a letra “M”: grãos de cereal (Mudra), peixe (Matsya), vinho
(Madya), carne (Mamsa) e união sexual (Maithuna). Acredita-se que estes sejam os
ingredientes essenciais do universo fenomenal e são simbolicamente relacionados aos cinco
elementos: terra, água, fogo, ar e éter, respectivamente. Os grãos de cereal, o peixe e a carne
juntos evocam os reinos vegetal, aquático e animal da existência, que são requisitados como
aliados durante o ato em á. O vinho e a união sexual combinados devam os sentidos e
fomentam liberação mística.
Pequenas quantidades de peixe e carne cozida devem ser preparadas com antecedência e
dispostas com requinte, junto com um pouco de cereal ou (brotos de feijão). Um bom vinho
tinto ou branco, ou então champanha, é ideal; conhaque ou outro tipo de bebida.
O rito em geral ocorre à meia-noite, durante a lua minguante. Um fogo é considerado
essencial. A luz de vela ajuda a atmosfera adequada, assim como as cores do ambiente. Luz
vermelha ou cores avermelhadas estimulam o centro sexual masculino e violeta ou púrpura, o
feminino.
Todo ritual sexual é realizado em um ambiente natural; se há um fogo vivo, oferendas de
comida devem ser jogadas as chamas, com a intenção de alimentar deusas. Pegando uma
pequena quantidade de cada alimento existente, deve ser oferecida ao fogo enquanto se
entoa o mantra “SWAHA”. Esta oblação ritual serve para separar a mente da cobiça, do
egoísmo e do apego.
Os participantes preparam-se da mesma maneira descrita anteriormente para o para o rito
secreto de aroma doce é muito adequado para ser queimado e, se possível, deve haver um
pouco de música suave e sensual. Recomendamos música ritmada natural em vez de música
verbal e descobrimos que a citara indiana, a tabla, a vina ou sons semelhantes são muito
apropriados. A frequência fundamental de toda música sagrada hindu recai entre sete e oito
ciclos por segundo.
Isto é idêntico à frequência ressonante do globo terrestre, à frequência de Kundalini
quando ativada, e às ondas do cérebro humano quando em estado de profunda meditação.
No êxtase tântrico, todo o corpo vibra nesta frequência.
O casal senta-se junto, com a mulher do lado esquerdo. Após a preparação inicial, o vinho e
a comida devem ser fortalecidos através de círculos que são feitos à sua volta com o incenso
aceso; em seguida, após oferecer uma parte para o fogo, os participantes dividem o que
restou. Os textos tântricos lembram que não se deve degradar este rito sagrado usando-o
como uma desculpa para banquetear-se e fazer orgias, porém deve-se respeitá-lo pelo que
ele é; uma oportunidade singular para identificar-se e combinar-se com os diferentes
elementos e formas de vida partilhados como sacramentos no ritual.
128
Primeiro, o vinho é bebido, não para intoxicar, porém para o prazer e estimulação do corpo
e da mente. Medite sobre o vinho como um Elixir, uma Ambrosia dos deuses, simbólica do
fogo primordial do qual toda a vida emergiu e pelo qual toda a existência é no final reduzida.
Cada um pode oferecer um drinque ao outro, transferindo-o de boca para boca.
Em seguida, enquanto meditam sobre o mundo animal, os participantes consomem a
carne, símbolo do elemento ar, sem o qual todos morreríamos imediatamente. Ela é seguida
pelo peixe, simbólico do elemento água e evocativo do reino aquático da vida. Depois, os
grãos de cereal ou as frutas são compartilhados, o casal lembrando o tempo todo que nossos
corpos são em sua maioria dependentes do reino vegetal e do elemento terra. Após este
reconhecimento ritualizado dos elementos, o casal deve fazer amor com paixão.
O ato de amor simboliza o elemento éter, que em tudo está presente e é indefinível.
O éter é inerente a todos os outros elementos. Os Tantras igualam o elemento éter com o
sentimento extasiante e bem-aventurado do ato de amor, declarando que “o éter toca todos
os outros elementos”. Praticamente, isto significa que o ato de amor deve ser exaltado como
uma experiência enaltecedora e sempre presente e não "rebaixado” a um nível mundano. O
Hevajra Tantra afirma: "Pela paixão este mundo é aprisionado, pela paixão também é
liberado. Quando a paixão circula pelo sangue, traz com ela a natureza da Bem-Aventurança,
que é finalmente diluída no elemento éter. O mundo é permeado pela Bem-Aventurança, que
permeia e é permeada. ”
O Rito dos Cinco Essenciais é bastante eficaz quando realizado como um sacramento,
relacionando-se cada um dos ingredientes com um objetivo mais elevado. Assim, os grãos de
cereal (Mudra) simbolizam o elemento terra e o desligamento da materialidade, o peixe
(Matsya) simboliza o elemento água e o controle da respiração, o vinho (Madya) simboliza o
elemento fogo e a purificação dos sentidos e da mente conduzindo à secreção interna de
néctar Soma: os hormônios da glândula pineal), a carne (Mamsa) simboliza o elemento ar e o
controle do som (todos os sons da fala quanto os sons mântricos sutis), e a união sexual
(Maithuna) simboliza o elemento éter e o uso correto da energia sexual.
Durante a prática deste rito, Kundalini deve ser visualizada como uma onda ascendente de
energia pura, ondulante como o corpo de uma cobra ou uma mulher sensual e lindamente
colorida de vermelho, a personificação do erotismo. Kundalini eleva-se para compartilhar do
banquete dos deuses, passando pelos centros psíquicos e iluminando-os com sua energia
primordial. Alcançando o centro coronário, Kundalini Shakti prova do néctar da bem-
aventurança. Satisfeita, ela fortalece o casal com sua ilimitada energia de sabedoria e confere
proteção psíquica.
O Mahanirvana Tantra declara: “Peixe, carne, grãos de cereal, raízes, frutas e qualquer coisa
adequada que seja ritualmente oferecida aos elevados reinos junto com vinho são todos
conhecidos como os ingredientes de adoração. Que cada pessoa pegue sua taça e medite
129
sobre Kundalini. Ela é Energia Pura e vai do centro sexual até a ponta da língua. Quando
Kundalini está excitada, eleva-se e alcança o centro coronário. A Bem-Aventurança resulta do
encontro de Kundalini com a Lua da Consciência Total.
O Rito dos Cinco Essenciais é especialmente eficaz quando realizado “heroicamente", sem
medo; as emoções dirigem o fluxo de Kundalini. Kundalini Ioga é um espiritualismo agressivo
que não permite que a fraqueza humana ganhe controle. Tradicionalmente, esse rito é já
realizado como um ato de confronto com os receios interiores de cada um, como um meio de
transcendê-los. Realizado com cuidado e percepção, o Rito dos Cinco Essenciais restabelece
contato com as forças motivadoras da evolução, que então podem ser utilizadas para
aperfeiçoar o espírito e a alma.
Os Tantras ensinam que Kundalini movimenta-se para cima e para baixo na espinha dos
dois parceiros durante a união de êxtase. Kundalini, uma onda de puro deleite, pode ser
controlada pela respiração, repetição de mantras e visualização de sua energia. Nos corpos do
casal, Kundalini estabelece ondas cerebrais benéficas; isto faz com que o corpo produza
mudanças bioquímicas e secreções glandulares, que contribuem para a evolução espiritual do
casal. Ao mesmo tempo, Kundalini pode ser vista também como um eco da pulsação
primordial profunda emanando do centro da Terra, planetas, sóis e estrelas para o núcleo do
átomo. Durante o clímax sexual,
Kundalini ressoa e harmoniza-se com o impulso criativo original (o Logos) do universo. É
esta ressonância que abre o casal para a grandiosa experiência extasiante do Tantra, o
sentimento místico de unidade cósmica. ”
(Nik Douglas e Penny Slinger)
* FORMAS SEXUAIS
Omar Garinson em seu conhecido livro “A Yoga do Sexo” nos oferece 6 possibilidades ou
níveis de maithuna.
• 1º nível – Smarnanam: é a visualização ou imaginação de um ato sexual.
• 2º nível – Keli: manter-se na companhia do sexo oposto, ou da parceria amorosa,
observando atitudes, gostos e maneiras do outro.
• 3º nível – Guhyabhashanam: é a palavra gentil e amorosa. Conversar sobre amor e sexo.
Durante o maithuna, você poderá permanecer em silêncio ou não. No dia-a-dia declarar amor
é parte importante do Tantra, lembre-se que “Os iluminados ensinam que Deus é amor;
portanto falar de amor é falar de Deus”.
• 4º nível – Samkalpa – Grande desejo de manter relação, tocar, beijar, acariciar.
• 5º nível – Prekshenam: massagem, carícia ou namoro. O iniciado em Tantra sempre
perguntará a sua parceira como e onde ela gosta de ser tocada.
• 6º nível – Kriyanishpatti: ato sexual completo – maithuna.
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