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Sumário

Apresentação da obra .....................................................................................................2


As luzes na escuridão (gratidão) .....................................................................................3
Osho ensina sobre Zorba e o Buda .................................................................................4
Capítulo 1 - Tantra - visão geral ......................................................................................8
Drávidas - Origens tântricas ......................................................................................... 10
Capítulo 2 - Deeksha - iniciações tântricas .................................................................. 16
Capítulo 3 - Kundalinî-shaktí - o poder da serpente ................................................... 27
Capítulo 4 - Chakras, kundalini e nadis ........................................................................ 30
A saúde dos chakras ..................................................................................................... 38
Capítulo 5 - Mudrás - Apoio ao Tantra e Maithuna .................................................... 42
Capítulo 6 - Chakra puja mantrificando a deusa ......................................................... 47
Capítulo 7 - Massagem tântrica ................................................................................... 54
Capítulo 8 - Maithuna – porta para o êxtase .............................................................. 64
Capítulo 9 - Angas maithuna ........................................................................................ 67
Capítulo 10 - Puja (adoração) e leelas ......................................................................... 86
Capítulo 11 - Formas de carícia e sexualidade ............................................................ 91
Capítulo 12 - Asanas - intenção e saudação a deusa .................................................. 96
Capítulo 13 - Absorção, retenções e meditações finais ............................................ 107
Capítulo 14 - Meditação – Dhyana e Iluminação ...................................................... 113
Revisão ........................................................................................................................ 116
Capítulo 15 - Benção da egrégora tântrica e hindu .................................................. 120
Epílogo - Fim das buscas ............................................................................................. 122
Glossário ...................................................................................................................... 124
Bibliografia .................................................................................................................. 126
Anexo...................................................................................................................................... 128
Que todos os mestres tântricos abençoem a ti e a essa obra.
Que todos os seres possam ser felizes e saudáveis.

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Apresentação da obra
Este livro trata de tema controverso e apaixonante, além de estabelecer uma nova visão na
divulgação dessa arte milenar e de difusão hermética, que passou a ser conhecida entre nós a
menos de um século, portanto, recentemente.
O que me tranqüiliza nesta tarefa é o fato de conhecer o autor há duas décadas e saber de
seu interesse, sua capacidade de pesquisa e da sua preocupação em vivenciar o tema antes de
emitir opinião. Otávio é daquelas pessoas que estuda longamente, busca autores diferentes,
participa de cursos, de treinamentos, viagens e desafios que poucos se disporiam, e o faz por
acreditar que assim é que nos tornamos atores e autores de estudo.
Imputo ao ator características tais como: estudioso, dedicado, quase obstinado, ousado,
pesquisador, comunicador... e tudo com forte carisma!
O sexo tântrico e o maithuna, nos dias de hoje, em que todos os temas, mesmo os
milenares e herméticos, são comercializados, vulgarizados e desprezados, como tema de
estudo e livro, só poderia ser dignificado por alguém que dedica sua vida à difusão de artes e
técnicas que melhorem o entendimento do bem viver.
A hora é de mudança e são poucos os que já enxergam saídas para se livrar do
envelhecimento sem gratificação, baseado em uma vida sem gosto e propósito, na qual até o
sexo se banaliza, perde o senso, o gosto e a razão.

Este texto visita a história por intermédio de mestres e autores diversos, passa por
experimentos no longínquo Oriente e retorna ao nosso meio permeado pela vivência do
autor, que prega a delicadeza, a ritualização e o amor como antídoto ao desânimo da
atualidade.
Portanto, este é um livro para ser estudado com atenção e respeito – respeito a você
mesmo –, praticado com o (a) companheiro (a) amado (a), cuidando dos mínimos detalhes e
ritos, para depois ser compreendido e julgado.

“Somos a metade de um continente


Que se rompeu há muito tempo.
Vim cruzando os oceanos lentamente
movido a correnteza e vento.
Agora que nós vamos unindo,
sinto os ajustes de nossos litorais e estremeço.
Onde eu findo
Aí é o seu começo”.
Latner

Armando Austregésilo
Fundador da AMOR
Associação de Massagem Oriental,
criador da massagem xamânica e
mestre maior de massoterapia de
Otávio Leal (Dhyan Prem)

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As Luzes na Escuridão
Meus mestres - Gratidão Eterna
“Existem muitos gurus, como lâmpadas que ardem em diversas casas; mas difícil de
encontrar, ó Devî, é o guru que ilumina todas as coisas como o Sol”. *
Gratidão eterna a Ananda Larissa sol da minha existência.
“Existem muitos gurus que possuem a fundo o conhecimento sagrado revelado e os
Shastras (escrituras sagradas); mas difícil de encontrar, ó Devi, é o guru que chegou à Verdade
Suprema”. *
Profunda gratidão aos mestres Osho, Monja Coen, Edmundo Pellizardi (Vrajra Nath), Dalai
Lama e Ramana Maharshi. Todos vocês apontaram em direção à única Verdade Suprema.
“Existem muitos gurus sobre a Terra que dão outras coisas que não o Si Mesmo; mas difícil
de encontrar em todos os mundos, ó Devi, é o guru que revela o Si Mesmo”. *
Gratidão a Diana Prem Zeenat que me fez olhar “Quem Sou”, olhando como você vê
“quem é”.
“Muitos são os gurus que roubam o discípulo de sua riqueza, mas raro é o guru que elimina
as aflições do discípulo”. *
Agradeço a Armando Austregésilo e Katalina Fernandez Mera, que me colocaram no meu
(não) caminho sem aflições.
“É um verdadeiro guru aquele que, pelo contato, flui a suprema Bem-Aventurança (ânanda-
felicidade). Só a este, e a nenhum outro, deve o homem de inteligência escolher como seu
guru”. *
Gratidão ao caminho do Tantra me foi transmitida por ti professor Datatreya (a 1ª
iniciação), Levi Leonel de Souza, Vrajra Nath (iniciação na tradição Nath), Ananda Ram
(iniciação no Aghori Tantra), Georg Feuerstein, Harish Johari, Gerson D´Addio, Pedro Kupfer e
Juliana (Krishna Priya) (o Yoga levado a sério).
Gratidão ainda a todos esses amigos e cúmplices, sem vocês nada de prático seria possível:
Karuna e Fabio (no comando do computador, e serem tão generosos); Elemi (minha amiga e
secretária); Mirian Maria do Canto que cuidou das minhas deusinhas em forma de cães: Durga
e Dhara (amo-as como a Nicole e a Chandra – cara de lua) e dos Deuses gatos Nirvana,
Nirvano, Moksha e Sidarta; pelos desenhos de Fabinho, Claudia Defendi e Raquel (que coisa
linda fizemos, hein?); aos milhares de alunos da Humaniversidade Holística, uma escola de
iluminação, Yoga e formação de alguns dos melhores terapeutas do planeta Terra e a todos os
mestres da tradição tântrica, gratidão eterna.
* (textos do Kula-Arnava Tantra)
Otávio Leal (Dhyan Prem)
Ensinamento
A seguir um texto que recebi nos anos 80 do mestre Osho. Isso foi uma benção em minha
vida:
Viver plenamente o espiritual e o material – nada mais tântrico.
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Osho

Sem Zorba não há Buda. O terço e a champanhe.

Zorba, o Buda é o fim de todas as religiões. Ele é o início de um novo tipo de


religiosidade que não precisa de rótulo – cristianismo, judaísmo ou budismo. A pessoa
simplesmente curte a si mesma, curte este imenso universo, dança com as árvores, brinca na
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praia com as ondas do mar, coleciona conchinhas do mar sem qualquer propósito – apenas
por pura alegria. A maresia, a areia fresca, o sol nascente, uma boa corrida – o que mais você
quer?
Para mim, isto é religião – curtir o ar, curtir o mar, curtir a areia, curtir o sol – porque
não existe outro Deus além da própria existência.
Zorba, o Buda, por um lado, é o fim do velho homem – de suas religiões, suas políticas,
suas nações, suas discriminações raciais e todos os tipos de estupidezes. Por outro lado,
Zorba, o Buda é o início de um novo homem – um homem totalmente livre para ser ele
mesmo, permitindo sua natureza desabrochar. Não existe conflito algum entre Zorba e Buda.
O conflito foi criado pelas chamadas religiões.
Existe algum conflito entre seu corpo e sua alma? Existe algum conflito entre a sua vida
e a sua consciência? Existe algum conflito entre a sua mão direita e sua mão esquerda? Todos
eles são um em uma unidade orgânica.
O seu corpo não é algo a ser condenado, mas sim algo ao qual se deve estar agradecido,
porque ele é uma das grandes coisas da existência, a mais milagrosa; o seu funcionamento é
simplesmente inacreditável. Todas as partes de seu corpo funcionam como uma orquestra. Os
seus olhos, as suas mãos, as suas pernas têm uma comunhão interna. Não acontece de seus
olhos quererem ir para o leste e suas pernas irem para o oeste, ou que você esteja faminto,
mas sua boca se recuse a comer: a fome está no estômago, e o que isto tem a ver com a
boca? - A boca está fazendo greve. Não, o seu corpo não tem conflito algum. Ele se move com
uma sincronicidade interna, sempre junto.
E sua alma não é algo oposto ao seu corpo. Se o seu corpo é a casa, a alma é a sua
hóspede. E não há qualquer necessidade do hóspede e o anfitrião brigarem continuamente.
Mas as religiões não conseguiriam existir sem que você brigasse consigo mesmo.
A minha insistência em sua unidade orgânica, para que o seu materialismo não seja
mais oposto ao espiritualismo, é basicamente para demolir todas as religiões sobre a terra.
Uma vez que seu corpo e sua alma comecem a se mover de mãos dadas, dançando juntos,
você se torna Zorba, o Buda. Então você pode curtir tudo desta vida, tudo o que está fora de
você, e também pode curtir tudo o que está dentro de você.
Na verdade, o dentro e o fora são dimensões totalmente diferentes; eles nunca entram
em conflito. Mas, milhares de anos de condicionamento, de que se você quiser o interior tem
que renunciar ao exterior, criaram raízes profundas em você. Do contrário, isto é, uma ideia
tão absurda... você tem que desfrutar o interior – E qual o problema em desfrutar o exterior?
O desfrute é o mesmo; este é o elo de ligação entre o interior e o exterior.
Ouvir uma bela canção, ou ver uma grande pintura, ou assistir um dançarino como
Nijinski – isto está do seu lado de fora, mas não é de jeito algum uma barreira para o seu
desfrute interior. Ao contrário, é uma grande ajuda. A dança de Nijinski pode despertar uma
qualidade dormente de sua alma de modo que você também possa dançar. A música de um
Ravi Shankar pode começar a tocar nas cordas de seu coração. O exterior e o interior não
estão divididos. É uma só energia, dois polos de uma existência.
Zorba pode se tornar Buda mais facilmente que os seus santos. Não há qualquer
possibilidade dos seus chamados santos, se tornarem realmente espirituais. Eles nem mesmo
conhecem as alegrias do corpo. Como você pode achar que eles serão capazes de conhecer as
verdadeiras alegrias sutis do espírito?
O corpo é a escola onde você aprende a nadar em águas rasas. E uma vez que você
tenha aprendido a nadar, então não interessa qual a profundidade da água. Então você pode
ir para a parte mais profunda do lago; tudo será a mesma coisa para você. (...)
Mas é preciso lembrá-lo a respeito da vida do Buda. Até os seus vinte nove anos, ele era
um puro Zorba. Ele tinha disponível, às dúzias, as melhores garotas de seu reino. Todo o seu
palácio era cheio de música e dança. Ele tinha as melhores comidas, as melhores roupas, belos
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palácios para viver, jardins fantásticos. Ele vivia mais profundamente que o pobre Zorba o
Grego.
Zorba tinha apenas uma Babulina – uma mulher velha e enrugada, uma prostituta que
tinha perdido todos os seus clientes. Ela tinha dentes e cabelos postiços – e Zorba era seu
cliente somente porque ele não tinha como pagar. E você o chama de Zorba? – Você se
esqueceu completamente dos vinte e nove anos da vida do Buda que era muito mais rica. Dia
sim, dia não, ele vivia no luxo, cercado por tudo que ele podia imaginar. Ele estava vivendo
numa terra de sonhos. Foi essa experiência que o tornou um Buda. Isto não tem sido
analisado desta maneira. Ninguém se preocupa com a primeira parte de sua vida – que é a
verdadeira base.
Ele ficou enfastiado daquilo. Ele experimentou todas as alegrias do lado de fora, agora
ele queria algo mais, algo mais profundo, que não estava disponível no mundo exterior. Para ir
ao mais profundo você tem que se lançar para dentro de si. Com a idade de vinte e nove anos
ele deixou o palácio à noite em busca do interior. Era o Zorba partindo em busca do Buda.
Zorba o Grego nunca se tornou um Buda pela simples razão que a sua qualidade de
Zorba estava incompleta. Ele é um belo homem, cheio de vivacidade, mas um pobre homem.
Ele quer viver a vida em sua intensidade, mas ele não tem oportunidade de vivê-la. Ele dança,
ele canta, mas ele não conhece as nuances mais altas da música. Ele não conhece a dança na
qual o dançarino desaparece.
O Zorba no Buda conhecia as partes mais altas e mais profundas do mundo exterior.
Conhecendo tudo isso, ele estava pronto agora para continuar uma busca mais interior. O
mundo é bom, mas não é bom o suficiente; algo mais é necessário. Ele lhe dá uns vislumbres
momentâneos; o Buda quer algo eterno. E todos esses jogos acabarão com a morte. Ele quer
conhecer algo que não se acaba com a morte.
Se eu tivesse que escrever a vida de Gautama Buda, eu começaria do Zorba. E quando
ele já conhece completamente o mundo exterior e tudo o que ele pode dar e descobre que ali
está faltando sentido, ele parte em busca – porque ir para dentro era a única direção que ele
não tinha olhado. Ele nunca olhou para trás – não havia motivo para ele olhar para trás, ele já
tinha vivido tudo aquilo. E ele não era um buscador religioso que desconhecia o mundo
exterior, de modo algum. Ele era um Zorba – ele foi para dentro de si com a mesma
vivacidade, com a mesma força, com o mesmo poder. E, obviamente, ele descobriu em seu
ser mais interno o contentamento, o preenchimento, o sentido, a benção que ele estava
procurando.
É possível que você consiga ser um Zorba e pare nisso. É possível que você possa não
ser um Zorba e comece a procurar pelo Buda – você não irá encontrá-lo. Somente o Zorba
pode encontrar o Buda; de outra forma você não terá a força: você não viveu no mundo
exterior, você o evitou. Você é um escapista.
Para mim, ser um Zorba é o começo da jornada, e tornar-se um Buda é alcançar a meta.
E isto pode acontecer no mesmo indivíduo – isto só pode acontecer no mesmo indivíduo. É
por isto que eu estou insistindo continuamente: não crie qualquer divisão em sua vida, não
condene coisa alguma de seu corpo. Viva-o – não de má vontade – viva-o totalmente,
intensamente. Este próprio viver torná-lo-á capaz de uma outra busca.
É por isto que eu digo que meus sannyasis não têm que ser ascetas, que meus sannyasis
têm que deixar suas esposas, seus maridos, seus filhos. Todas essas tolices têm sido ensinadas
há séculos, e quantas pessoas – dentre esses milhões de monges e freiras – quantas pessoas
floresceram? Nem mesmo uma simplesmente. Eu quero que vocês vivam a vida sem divisão. E
primeiro vem o corpo, primeiro vem o seu mundo exterior.
No momento em que a criança nasce e abre os olhos, a primeira coisa que ela vê é todo
o panorama da existência ao seu redor. Ela vê tudo, exceto a si mesma – isto é para as

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pessoas mais experientes. Isso é para aqueles que viram tudo do mundo externo e se
libertaram dele.
Livrar-se do mundo externo não acontece através do escapismo. A libertação do mundo
externo chega, quando se vive esse mundo totalmente, até já não mais haver para onde ir.
Resta então apenas uma dimensão e é natural que você queira buscar internamente essa
dimensão remanescente. E ali está o seu buda, a sua iluminação.
Você está dizendo, ‘É possível o encontro de Zorba e Buda? ’ Esta é a única
possibilidade. Sem Zorba não há Buda. Zorba, naturalmente, não é o fim completo. Ele é a
preparação para o Buda. Ele é a raiz; Buda é o florescimento.
Não destrua as raízes; de outra forma não haverá florescimento algum. Aquelas raízes
suprem continuamente a nutrição das flores. Todas as cores nas flores vêm das raízes. Toda a
dança das flores no vento vem das raízes.
Não dívida. Raízes e flores são dois lados de um mesmo fenômeno.

Osho – From Bondage do Freedom – capítulo 40

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Capítulo 1
Tantra – visão geral
“Você não estuda o Tantra.
Você vive o Tantra”
Otávio Leal

“O corpo físico é o templo da alma, o microcosmo do universo. Dentro deste templo, podem
ser encontrados todos os princípios cósmicos. Os Tantras ensinam que nenhum templo supera
em santidade o "Templo do Corpo”. Todos os elementos — éter, ar, fogo, água e terra — são
encontrados dentro do corpo, junto com suas propriedades. O templo corporal tem os seus
"jardins”, “rios”, "santuários” e "portais”. Por definição, um templo é um local de adoração,
um edifício dedicado ao serviço de Deus. Este Deus, de acordo com os Tantras, é o nosso mais
elevado ser ou alma, que deve ser conhecido e servido através do Templo do Corpo. ”
(Tantra Kaula)

“Quando existe apenas prazer mundano, não há libertação. E quando existe apenas libertação
não há prazer mundano. Porém tanto o prazer quanto a libertação estão ao alcance daqueles
devotados ao ser superior. ”
(Kaularahasya)

Apesar desse texto ser um estudo do Maithuna o ato sexual tântrico, o Tantra não é
somente sexo, não é Kama-Sutra, nem um místico prometendo orgasmo cósmico ou um
massagista de algo chamado “neo Tantra”. Talvez somente algo em torno de 1% de todos os
textos e ensinamentos tântricos é de contexto sexual. Insisto que neste livro é abordado o
maithuna – ato sexual tântrico, mas que fique bem claro: o Tantra não é somente sexo. O
tantrismo não é seita ou religião, apesar de estreitar as relações entre o homem e os aspectos
sutis do Universo. Não é magia, apesar de possuir rituais mágicos, e não possui nenhuma
prática de sacramentos maléficos. Apesar de o mestre Osho citá-lo muito, este hindu
iluminado, no final de sua visita nesse planeta, apontava muito mais na direção do zen do que
do Tantra.
O Tantra não é voltado só ao prazer orgástico. É, sim, encontrar o êxtase masculino e o
êntase feminino, conhecido como Ananda Mahasukha que visa muita saúde, bem-estar,
alegria, consciência e amor-próprio.
Tantrik ou Tantra é uma filosofia antiguíssima, originária da Índia e que busca o
reconhecimento do Purusha (Consciência, Essência, Espírito) através de métodos práticos e
técnicos, como posturas físicas (ásanas e Yoga), respirações, concentrações, cuidados com a
alimentação, e um universo de técnicas que se utiliza da vida como um todo de forma
prazerosa e libertária. É a união de Purusha com Prakriti (matéria).
Como filosofia de vida prática e não especulativa não há energia gasta no “por quê” e sim
no “como”; um exemplo é em vez de se preocupar com o “por quê” do sofrimento, se busca o
“como” ser feliz, daí o Tantra é conhecido como uma filosofia comportamental que o estimula
a saber quem você é, como ser feliz, livre, energético e, dentro do possível, autossuficiente.
Encontramos várias linhas de Yoga e várias escolas filosóficas comportamentais de origem
tântrica.
O praticante de Tantra é chamado de sádhaka (homem) e sádhika (mulher) ou tantrika
(ambos), e buscam um modo de vida que oferece a transcendência, a iluminação (realização),
pela alegria, arte e celebração. Que sacraliza tudo da existência: homens, animais, natureza,
dança, música, alimentos, perfumes, ciclos naturais, coisas simples do cotidiano e também o
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sexo, que tem como base a vitalidade do prazer, da brincadeira e do compartilhar. O sexo que
leva ao carinho, à amorosidade, ao amor universal expresso no companheiro (a); o sexo que
leva à integração homem (Shiva) / mulher (Shakti), Yin (energia feminina) / Yang (energia
masculina; corpo / mente, pênis (lingan) / vagina (yoni).
O Tantra aponta em direção a tudo que é natural no ser humano, o contato com a
natureza, a descoberta do seu ser por meio do amor e do respeito ao próximo, a exaltação do
companheiro em nível de deus/deusa tudo com a maior naturalidade e desprendimento, sem
tabus ou regras retrógradas e anti-libertárias.
A palavra Tantra tem a sua magia, ela instiga a imaginação do leitor, porque permanece
guardada num arquivo de memória de milênios, assim é um mantram (som metafísico,
palavra de poder) a qual muitas pessoas, ao ouvir a sua pronúncia sentem vibrar seu
inconsciente coletivo, despertando interesse por esse assunto.
Foi assim comigo. Grande parte da transmissão dos ensinamentos tântricos são feitos de
forma de boca-ouvido (Vakrat Vak Tantraram).
O termo Tantra vem do sânscrito, é uma palavra do gênero masculino e significa “teia”,
crescer, desenvolver (prefixo Tan), salvação, instrumento (sufixo Tra), origina-se dos termos
tanoti (elevação, expansão) e trayati (consciência). É aquilo que expande a consciência. Gosto
muito da definição do yogue belga André Van Lysebeth: Tantra é “um corpo de doutrinas e,
principalmente, de práticas milenares ou instrumento de expansão do campo da consciência
comum, para alcançar a supra consciente, raiz do ser e receptáculo de poderes desconhecidos,
que o Tantra quer despertar e utilizar. Pode ainda designar doutrina mística e mágica, ou obra
nela inspirada”.
Para o famoso místico e yogui Harish Johari, “o Tantra é como um belo rosário com suas
inúmeras contas. Um instrumento único, que permite a busca da expansão do físico, do mental
e da vida espiritual do homem e da mulher”.
Finalizando, cito a auspiciosa definição que o Iluminado Osho nos dá do Tantra:
“O tantrismo é uma busca experimental que visa eliminar o sentido ilusório e conflitual de
ser um ego. Separado, a fim de nos conduzir à consciência de nossa verdadeira realidade, que
é eterna as nossas energias físicas, sexuais e mentais, ensinando-nos a ver o caráter sagrado
de toda a vida.
O Tantra é ciência pura. Você pode transformar a si mesmo, e essa transformação precisa
de uma metodologia científica. As centenas de técnicas tântricas constituem a ciência da
transformação.
O Tantra diz que não se pode mudar um homem, a menos que se dê a ele técnicas
autênticas para mudar. Apenas pela pregação, nada é alterado.
Tantra é o grande ensinamento. Pequenos ensinamentos dizem a você o que fazer e o que
não fazer. Eles lhe dão os ‘10 Mandamentos’. Um grande ensinamento, não lhe dá
mandamento. Ele não cuida do que você faz. Ele cuida do que é, do seu centro, da sua
consciência.
O Tantra diz para aceitar o que você é. Você é um grande mistério de energia
multidimensional; aceite isso e mova-se com toda a energia, com profunda sensibilidade,
atenção, amor e compreensão. Mova-se assim e então cada desejo torna-se uma ajuda para
sua iluminação, então este próprio mundo é Nirvana, este próprio corpo é Templo - um Templo
Sagrado”.
Depois dessas definições fica claro que o Tantra é vivenciado em todos os momentos da
vida, por ter um caráter comportamental de teu ser em relação ao universo, mostrando que
você é tão sagrado assim como qualquer outra criatura existente; seja Deus, homens ou
borboletas.
Não é possível determinar a época exata em que a palavra Tantra começou a ser usada ou
narrar a sua história com a mesma precisão com que se descreve a trajetória de outras
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culturas. Isso porque os caminhos e práticas tântricas são transmitidos oralmente, de mestre
para discípulo, Gupta Vidya (conhecimentos Secretos), transmitidos pelo sistema de
Parampara que significa “um após o outro”. Além disso, sempre existiu uma tradição em se
manter sigilo sobre alguns ensinamentos, passando-os somente a alguns discípulos realmente
interessados, provavelmente, para que eles não caiam em mãos profanas que possam
desvirtuá-los. É o que o Iluminado Jesus ensinava: “Não dê pérolas aos porcos”. Certamente o
Tantra não é para qualquer pessoa, como você poderá ler e julgar no decorrer deste livro.

Drávidas - Origens tântricas

Drávida é o nome de um povo que floresceu ao longo do rio Indo e do rio Saraswati numa
área desértica no atual Paquistão que revela-nos a cultura do Vale do Indo – Berço do Tantra e
que data de aproximadamente 6.500 a.C. de existência, sendo uma das mais antigas culturas
espiritualistas e místicas juntamente com as origens do Xamanismo (inclusive no Tantra há
muitos elementos xamânicos). Alguns estudiosos dizem que o Tantra só foi criado no século
VI, pois a palavra Tantra foi amplamente divulgada nessa época, mas para provar tal absurdo,
lembremo-nos que a palavra sexo (do latim Sexus = separação, divisão), só surgiu em meados
do século XII, e, nem por isso, a partir de então as pessoas começaram a praticá-lo.
O Tantra arcaico tem sua origem no período paleolítico junto com as próprias origens do
homem tribal (20.000 a.C.) e se afirma no neolítico (8000 a.C.) no culto a Deusa Mãe entre os
Drávidas ou dravídicos, em cidades como Harappa e Mohenjo Dharo, conhecidas como
grandes centros comerciais da época.

Deusa mãe

Para elucidar melhor o que vem a ser o Tantra, é importante observar que ele se encontra
em qualquer cultura primitiva, ligada à terra, a leis naturais, aos ciclos sazonais, aos rituais de
oferendas aos deuses (Lua /Sol) e ao reconhecimento do mundo espiritual. Para um drávida a
criação é uma obra divina, todo ato se torna sagrado, como uma comunicação com o “mundo
celeste”, não existe futuro, amanhã ou planejamento. Tudo se baseia no aqui e no agora, no
silêncio que é facilmente percebido e vivenciado pela possibilidade de isolamento da época
(população esparsa e rarefação demográfica). A religião era a natureza e todo o necessário era
fornecido por ela e fundamentado nos mistérios dos elementos: terra, fogo, água e ar.
Como a maioria das tribos primitivas, cuidavam da natureza (deixavam ela em paz), porque
dela dependiam, e viviam cercadas de animais e de vegetação abundante.

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Eram coletores de frutas e vegetais, mas também caçavam pequenos animais. Os
esqueletos encontrados nos sítios arqueológicos demonstravam que o povo era bem nutrido,
evidenciando não haver escassez de alimentos. Como civilização em desenvolvimento
começaram a produzir e comercializar mais, fabricando instrumentos eficientes e
domesticando animais (ovelhas, cabras) até o aparecimento da agricultura. Surgiram, assim,
as primeiras aldeias, que mais tarde se transformaram em cidades e registraram o
aparecimento da cerâmica. Fabricavam peças de esteatita ou argila, com figuras de animais e
divindades, como o selo de Pashupati que faz alusão ao deus Shiva e ao significado de senhor
dos animais (pati-senhor, pashu-animais), onde um homem sentado de pernas cruzadas
rodeado por um tigre, um rinoceronte, um elefante e um búfalo. “Num desses selos há a
representação de uma mulher de cujo útero nasce uma planta, indícios de crenças e rituais de
fertilidade que esperávamos encontrar numa sociedade agrícola-primitiva...” cita o yogue
Georg Feuerstein, tudo isso muito antes do povo mesopotâmico desenvolver um sistema de
escrita, tido como um dos primeiros do mundo, foram encontrados milhares de selos desse
povo drávida.

Selos Drávidas

Vrishashwa Pashupati

Os Drávidas eram baixos, morenos e de cabelos lisos, tinham uma cultura matriarcal,
centrada na mulher e nas suas potencialidades de reprodução da vida. A cultura do vale do
Indo não deixou textos sagrados ou religiosos. O que se especula é que seu idioma pode ter
sido incorporado ao sânscrito, “escrita dos deuses”, como é conhecida segundo histórias
mitológicas, e que provavelmente foi a língua mãe de muitos outros idiomas e muito utilizado
para práticas de mantra e todos os nomes de posições físicas e exercícios de respiração
encontrados neste livro e nos vários estilos de Yoga, hoje famosos em todo o planeta – o Yoga
é uma parte (anga) da cultura drávida.
Essa civilização do Vale do Indo foi a maior e mais extensa das civilizações pré-clássicas. A
antiga Harappa dominava cerca de 130 mil quilômetros quadrados, era uma cidade
cuidadosamente planejada, bem dividida, com largas ruas orientadas na direção do vento,
casas ordenadas construídas de tijolos cozidos com o mesmo traçado. No leste, na parte mais
baixa da cidade, ficavam os comércios e habitações. Na parte alta, um bairro administrativo,
com salas de rituais, reuniões e celeiros. Havia também construções de muralhas para aplacar
a fúria das enchentes e proteger as plantações. O que nos chama a atenção foi a falta de
grandes templos e impérios, levando-nos a considerar a liberdade do povo daquela época,
sem grandes reis ou deuses punidores.

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O arqueólogo inglês Sir Mortimer escreveu a respeito dessa civilização: “Nada do que foi
pesquisado no Egito antigo ou da Mesopotâmia ou de qualquer lugar da Ásia pode ser
comparado com os banhos da excelente arquitetura e as casas espaçosas dos cidadãos de
Mohenjo-Daro. Enquanto que naqueles outros locais era empregado muito dinheiro para
construção de templos magníficos para cultuar deuses e túmulos para reis, o povo tinha de se
contentar com casas feitas de terra. No vale do Indo as mais belas estruturas são as que se
erguem para a comunidade do povo”.
Todas as casas possuíam banheiros, salas de banhos, salas de visitas e salas de meditações.
“As salas de banhos eram revestidas de tijolos cozidos, impermeabilizados com gipsita. A
água escorria por uma calha na base da parede e dali para valas cobertas, construídas nas
ruas. Esse sistema inovador de encanamento, que incluía vasos sanitários, era mais do que
uma conveniência: ajudou a reduzir doenças entre os 400 mil harapenses.
As moradias – muitas vezes unidas uma a outra – formavam conjuntos habitacionais. Os
historiadores descobriram ainda uma medicina extremamente adiantada que provavelmente
inspirou ou originou o sistema ayurvédico, com suas visões psicológicas do homem,
massagens, fitoterapia, aromaterapia, etc.
Os Drávidas cuidavam do corpo, da saúde, expressavam sua forma de vida na arte, viviam o
Tantra puro, absolutamente mágico no qual cultivava-se a energia de shakti (energia
feminina), que representa a grande mãe ou esposa sagrada, também designada como
Kundalinî, a energia da vida. Não guerreavam, pois não havia vestígio algum de armamentos,
eram grandes navegadores, atuavam na arquitetura e nas artes. Nos milênios de tirania, de
insegurança, de religiões e magias oficiais, uma conclusão é surpreendente ao constatarmos
no vale do Indo a preocupação pelo destino das pessoas, quando no resto do mundo até hoje
se faz tão pouco caso disso.
A mulher era venerada como Deusa, pois a sabedoria da mãe natureza está intimamente
ligada à mulher, aos ciclos da Lua com o ciclo hormonal e gestacional.
O culto à feminilidade pelo poder de produzir e plantar evidenciava o aumento
populacional; é a partir daí que a sociedade conhecida como dravídica começa a entrar em
declínio.
É árdua a tarefa de identificar todas as causas, origens, datas e até mesmo o que
determinou o fim deste sistema social pré-clássico um gigantesco Império de mais de um
milhão de quilômetros quadrados, caracterizado por um sistema de poder central, poder
central não tirânico, organizado e unificado.
São inúmeras as possíveis causas do desaparecimento:

1. Mudanças progressivas do clima que se tomou muito quente e seco;


2. Desgaste do solo, devido a séculos de agricultura intensiva, deixando a terra árida e
estéril;
3. Desmatamento sistemático das florestas em busca de madeira, principalmente para
alimentar os fornos das inúmeras olarias, além de granjear espaço para a própria agricultura,
provocando o aparecimento de áreas desertas;
4. Sucessivas inundações catastróficas – possível causa das várias reconstruções de cidades
como Mohenjo-Daro e ainda devido a diversas etnias que habitavam a mesma região que
contribuiu para o surgimento de novos ritos, religiões, línguas e a história do
desenvolvimento, a entrada da era moderna. Não houve guerras, invasões ou total destruição
desta cultura. Em todo o planeta Terra as culturas tribais de milhares de anos foram aos
poucos sendo substituídas por civilizações. No Brasil, até seu suposto descobrimento (invasão
bárbara de portugueses, holandeses e franceses), vigoravam os sistemas tribais.

12
Há um mito ou paradigma errôneo de uma invasão ariana, povos nômades vindos da
Europa central – que invadiram a Índia e misturaram-se aos drávidas. Não sabemos ao certo
se foi uma invasão ou somente uma miscigenação de dois povos e de duas culturas muito
distintas. Aceito a versão de mudanças de paradigmas tribais a civilizatórios, de união cultural
dos drávidas e arianos que provavelmente eram um povo da própria Índia e não de invasores
europeus. Saiba mais no site www.yoga.pro.br/inicial.php em textos de Pedro Kupfer)
O Tantra, que era praticado pelos Dravídicos, tornou-se, com a fusão da cultura ariana,
uma ciência secreta, foi a partir de então perseguida, escondida e o culto à grande mãe,
proibido. É interessante notar como até hoje a Kundalinî ao ser mencionada, provoca um
verdadeiro pavor aos adoradores do Patriarcalismo. Os Arianos tinham uma cultura
repressora, anti-sensorial e patriarcal de base, chamada Bramacharya, que é a cultura que
domina sensivelmente as opções espiritualistas do séc. XX, com uma preponderante utilização
de práticas e rituais masculinos.
Alguns textos também aparecem no Tibet, no século VII. No Ocidente, o Tantra só chegou
mais tarde com o primeiro livro traduzido no século XVIII: O Maha – Nirvana Tantra (O livro da
grande libertação).
Essa trajetória permitiu ao Tantra ser incorporado por muitas correntes iniciáticas e
religiosas práticas: ele encerra em si mesmo muitos dos conhecimentos necessários à
consciência do ser e, por reunir em si muitas ciências, o Tantra extrai a essência de cada uma
delas, permitindo que o praticante tenha as mais profundas experiências. Algumas Escolas
Gnósticas e Teosóficas apontam os rituais e práticas tântricas como originários da Lemúria e
de Atlântida, aspecto esse rejeitado por mim, por experiência própria, por haver tantas
descobertas atuais sobre o povo drávida e por tudo o que me foi transmitido por mestres no
Himalaia e na Índia.
Na tradição tântrica reverencia-se a Shakti, princípio universal de energia, que representa
o poder e a criação personificados sob a forma feminina. A Shakti é a Mãe Universal e não
pode se separar do princípio básico masculino que é Shaktiman ou, de acordo com o
Tantrismo, Shiva.
O Tantra estuda várias áreas da vida, sendo assim, ele estuda a própria vida. É uma
maneira integral, holística de vivenciar e sentir a origem e o desenvolvimento dos seres.
Dentro das práticas tântricas, temos acesso a centenas de itens, como a Alquimia, a Psicologia
dos Budas, o Yoga em suas múltiplas divisões, a Astrologia, a Matemática, a Geometria, as
mais diferentes técnicas de Meditações, a Magia, a Massagem, a Gemoterapia, a Medicina
Sagrada, o maithuna (ato sexual sagrado), a Aromaterapia, o conhecimento das divindades,
das egrégoras e muito mais. O Tantra recorre à verdade da experiência, à sensação, à certeza
obtida a partir daquilo que é palpável. O praticante tântrico não decora livros nem fica preso a
pregações ou dogmas (aceitar se questionar) seu trabalho é prático, ele busca o real; percebe
que é parte integrante de toda a forma de vida no Universo. Não há separação nem a
dualidade de certo/errado, bom/mal, moral/imoral etc. A prática tântrica traz ao buscador
consciência plena do momento presente, ou seja, viver o aqui e agora. Na tradição tântrica
deve-se buscar o auxílio de um mestre ou guru que é uma pessoa que lhe passará instruções
de como trabalhar com esses aspectos. Esse mestre deve ter experimentado, na prática os
ensinamentos que irá transmitir (vide capítulo iniciação).
É de suma importância que o praticante caminhe rumo ao reconhecimento do ser a
conduta interior daquele que o pratica. Ela possibilita compreender qual o nosso Dharma
(caminhos sociais) neste mundo, permite a consciência do corpo e da mente, dos sentidos
físicos e, para isso, utiliza seus múltiplos elementos. Ele nos fornece meios de liberar a
consciência por meio das mais diferentes técnicas: Os conceitos de Karma (ação) e Dharma, o
Yoga, os Mantram, o conhecimento sobre os Mudrás (gestos simbólicos), Chakras (centros
energéticos) e a Kundalinî.
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As linhagens tântricas principais estão relacionadas com as divindades cujos respectivos
rituais são:
a) Shaivas = Adoradores de Shiva
b) Vaishinavas = Adoradores de Vishnu
c) Shaktas = Adoradores de Shakti ou energia feminina.
Esses grupos dividem-se em várias sub-seitas. Nos estudos tântricos há a analogia, entre o
homem e o todo e, principalmente, entre a união do masculino (Purusha ou Shiva, consciência
cósmica) e o feminino (Prakriti ou Shakti - força da natureza), um não existiria sem o outro. É a
união de energia e consciência, Shakti e Shiva, além da elevação sexual, buscando a
inseparabilidade dessas duas energias. O desejo do tântrico é atingir a integração das
polaridades por meio das práticas ativas, tornar-se Shiva-Shakti unidos em um só. Daí o Tantra
ser uma tradição viva que tem como um dos seus objetivos “a descoberta do mistério da
mulher”. Nos rituais, cada mulher é tida como uma duplicata do feminino maior e torna-se
uma reencarnação da energia cósmica, simbolizando a essência básica da realidade.
Shakti é a senhora de todas as manifestações da vida e seu poder é o do primeiro
movimento no ventre materno, dos ciclos repetitivos do Universo manifesto. O poder de
Shakti com o Absoluto ou o Todo é identificado nela como a bi-unidade divina dos princípios
feminino e masculino.

Durga

Dentro de nosso corpo existe uma enorme reserva de força latente esperando ser
despertada, tal reserva chama-se “Kundalinî Shakti” e deve ser despertada, para finalmente se
unificar à consciência cósmica, que é Shiva. Quando Kundalinî está adormecida no homem
comum, este só está consciente de suas limitações sociais e materiais. Quando desperta, o
homem dissolve-se no imensurável, não ficando limitado somente a suas percepções, mas sim
à consciência de Shiva e principalmente de Shakti – o poder feminino.
“A mulher cria o Universo, é o próprio corpo deste Universo.

A mulher é o suporte dos três mundos, é a essência do nosso corpo. Não existe outra
felicidade senão a que procura a mulher. Não existe outro caminho senão o que a mulher pode
nos mostrar.

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Nunca existiu ou existirá, hoje, ontem ou amanhã, outro destino que não seja a mulher.
Nem outro reino, peregrinação, oração, fórmula mágica ou outra plenitude que aquelas que a
mulher proporciona. ” (Shaktisangama - Tantra tt. 52)
Outra originalidade do Tantra é que tudo no Universo é inteligente e ordenado, assim
existem diversos métodos para satisfazer as necessidades de cada indivíduo que tem a
liberdade (dentro do possível) de seguir a senda tântrica, buscando que o autoconhecimento
torne-se conhecimento universal. Há milhares de anos que os mestres, filósofos e místicos
têm pesquisado e praticado o Tantra, a fim de aperfeiçoá-lo, buscando nessa filosofia
respostas aos anseios de cada um deles em cada época sem, é claro, deixar de lado a busca
pela iluminação em todas as suas partes e, assim, buscar o prazer maior em tudo o que
fazemos no dia-a-dia.
Há três linhas principais no tantrismo que são o Dakshinachara, da mão direita (escola
purista), Vámachara da mão esquerda (escola contestadora) e algumas escolas do caminho do
meio que não admitem extremos.
Finalizando, o Tantra é o culto ao prazer, ao lúdico e à mulher, ao contrário de muitos
outros caminhos de cultos ao masculino, cheios de misérias, dores, remorsos e culpas, e
buscas de paraíso no além. O Tantra é o paraíso no agora porque não existe absolutamente
nada que não seja o agora, o presente. (Se não concorda com isso, eu o desafio a sair do
agora, agora. Sair do presente, agora! Agora, agora, agora, agora...).
Quando se iniciam as práticas de Tantra, a vida se torna mais meditativa e bela. Essa
perspectiva nos leva de onde estamos para onde podemos estar. É o reconhecimento da
Alma, do nosso interior e exterior, é a percepção ampliada e sensibilizada, que nos abre para
um mundo maior, um mundo de cuidar e amar, características essenciais do feminino.

Shiva e Shakti
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Capítulo 2
Deeksha – Iniciações tântricas

“Fala-se e se escreve sobre “Yoga do sexo”, e aventureiramente algumas pessoas, por


ignorância ou malandrice, definem Tantra como “Yoga do Sexo”. Em geral, aqueles que, já
engajados numa vida erótica irresponsável, aspiram encontrar nas venerandas escrituras uma
absolvição religiosa para o que já vêm fazendo e não desejam parar. Para que tal
homologação?! Se querem continuar onde estão, que continuem, mas não tentem fazer o
sagrado abençoar o profano. Sugiro que se esclareçam. Estudem, por exemplo, a tese da
psiquiatra Elizabeth Haich publicada no livro Energia Sexual e Yoga-Tântrica: A Canalização da
Força Criadora Divina*. ”
José Hermógenes

A maior parte do amálgama tântrico de práticas, sexuais ou não, como já citei são Gupta
Vidyá – linguagem e liturgias secretas, transmitidas por mestres, gurus, sadhus e yogues que
são experientes em suas práticas e não por teóricos e inexperientes.
Iniciação é um ritual metafísico onde é “colocado”, insuflado, no discípulo alguma tradição
mística ou metafísica. É a transmissão espiritual (sancara).
No cristianismo, o batismo é considerado como uma iniciação de origem essênia que é
chamada de kabôl – transmissão. Jesus foi iniciado por João Batista, um iniciador de
buscadores essênio. Em todas as culturas místicas há rituais iniciáticos. Normalmente só se é
permitido uma iniciação religiosa. Eu, por exemplo, como sacerdote tântrico (Budismo
Madhyamika Tantrayama), faço retiro com padres, mas não posso comungar, (segundo eles);
pois não tenho mais essa iniciação, ao fazer uma conversão (parâvritti) do cristianismo ao
budismo e ao Tantra.

Algumas correntes iniciáticas dizem que pertencer a duas religiões causaria briga de
egrégoras*. Em minha experiência, sei que cada caso é um caso a ser estudado. Realmente,
algumas egrégoras são incompatíveis, outras não (se você necessitar de maiores informações
sobre esse riquíssimo assunto consulte as obras de Mircea Eliade e Joseph Campbell).
Vamos a minha iniciação. O que é possível compartilhar.
O 1° livro de Yoga que tive em minhas mãos foi-me dado por minha Maha-Shakti, minha
mãe, e se chamava “Yoga e Saúde”. Eu tinha não mais que 15 anos e não só me interessei de
coração pelo assunto como iniciei a prática do Yoga, mas queria conhecer mais sobre Yoga,
Índia e, é claro, realizar práticas tântricas. Percorri várias escolas secretas (não tão secretas
assim) como a Eubiose, Teosofia, Gnose e Rosa-Cruz. Algumas, aliás, não recomendavam o
Tantra, em busca das iniciações e dos mestres.
No início da década de 80 estudava massoterapia com o pioneiro e mestre nessa arte,
Armando Austregésilo, na A.M.O.R. – Associação de Massagem Oriental, que além de
terapeuta é professor de Yoga e conduzia práticas maravilhosas e, a seu conselho, fui procurar
um Yoga de inspiração tântrica. Fiquei fascinado pelos belos movimentos, a filosofia libertária,
prazerosa e todo o Tantra.
Aprendi em escolas místicas um Yoga muito fragmentado com práticas de simples
pranayamas e pouquíssimos mantram.
Junto com as práticas do Swasthya Yoga estudei com Levi Leonel um dos maiores
conhecedores de Tantra que já conheci e li centenas de livros de Tantra e Yoga de todos os
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tipos (veja a bibliografia), desde grandes textos até bobagens especulativas sobre o Tantra. De
toda forma queria algo mais que a prática e o conhecimento teórico. Almejava do coração a
iniciação Tântrica, A Deeksha da tradição. Já havia esgotado a necessidade de compreensão
intelectual. Queria sentir o toque do mestre (ou por que não da mestra?).
A partir daí fui, ansiosamente, atrás do mestre e até encontrei vários deles, que conheciam
uma parte, fragmentos de práticas tântricas, misturadas com Taoísmo, Rosa-Cruz, Gnose,
Magia, etc., mas todas as práticas eram realizadas a sós, sem a presença da mulher, sem a
sexualidade sagrada tântrica e, quando esse era a sexualidade era mencionada, era para a
retenção, ou a sublimação total da mesma, eram ensinamentos que tornavam o discípulo um
celibatário. Não era o que eu desejava apesar desse caminho celibatário e’ bem-vindo a alguns
buscadores que tem esse caminho como um Dharma espiritual mais não era o meu Dharma, o
meu caminho. Já havia lido a respeito em livros sérios uma das máximas do Tantra: “Shiva sem
Shakti é Shava – o homem sem a mulher é um cadáver”.
Depois de muito procurar e treinar as artes marciais (kung-fu, karatê-do e Iai-dô), para ser
o discípulo que todo mestre procura, sério, saudável, de bem com a vida e sabendo fazer as
perguntas certas, fui apresentado e finalmente iniciado no Tantra, especificamente na técnica
do Giro Tântrico e depois no maithuna. Demorou, mas aconteceu. O que passei tentarei
descrever com palavras, mas o que senti é impossível de se transmitir:
O nome místico do mestre era Datatreya, e o conheci num local afastado, envolvido por
muita natureza. Pessoas lindas estavam junto dele e o local era inspirador: boa música,
perfumes, incensos, tapetes hindus, flores, obras de arte etc.
* Egrégora: palavra latina que significa união, junção, uma corrente gregária e segundo
escolas iniciáticas uma assembleia de personalidades terrestres e supraterrestres,
constituindo uma unidade hierárquica e movida por um ideal. Também é conhecida como
uma parte do inconsciente coletivo. Quanto mais antiga uma tradição, maior a egrégora.

Datatreya, com aproximadamente 60 anos, vestia-se de maneira alegre e elegante. Falava


de maneira objetiva, forte, mas por trás daquelas palavras sentia amor e carinho. Entramos
em um quarto decorado com incenso, velas, esculturas de Shiva e uma cama baixa. Depois de
me explicar teoricamente o que faria, apresentou-me sua Shakti (parceira) que se sentou a
minha frente e, passo-a-passo, durante horas, ia me apresentando o Giro-tântrico – Chakra-
Puja. Nós íamos girando no sentido horário e Datatreya ia me sugerindo movimentos,
pensamentos de amor a serem transmitidos com as mãos por mim à parceira, mantram,
sequências de toques, beijos, abraços, mordidas, etc. E ela, delicadamente, ia me dizendo se
os movimentos estavam prazerosos ou não. Ela era uma iniciadora na arte do amor. Uma
Devadasi, “serva dos Deuses”, como é conhecida na Índia. A cortesã do sagrado que domina a
dança, Yoga, rituais e me ensinou muito da arte do maithuna e principalmente como fazer
amor de forma absolutamente prazerosa ao casal, mas principalmente a mulher.
Ao final da prática, tinha alcançado aquilo que vários místicos, santos e monges atingiram.
A iluminação passageira sim, um bija samadhi, mas um estado de felicidade que até hoje
alegra-me quando me lembro desse casal mestre/mestra e de suas bênçãos e iniciações,
estado que antes nunca havia atingido em várias outras práticas meditativas que, inclusive, se
tornaram “sem graça”. É como dançar sozinho e, como amantes, abraçados, os dois se tornam
um. A união mística que a Devadasi me proporcionou foi um dos momentos mais celebrativos
da minha vida.
Não só no Tantra a mulher é a grande iniciadora, mas, também em tradições místicas
fortíssimas na China, na Arábia, na Índia, nas culturas tribais etc.
Todos os seres humanos vêm de uma yoni (vagina). O Hevajra Tantra ensina:
“Aquele que é conhecedor dos Tantras deve honrar todas as mulheres a fim de alcançar a
libertação” e o Kaularahasya afirma: “A mulher faz a iniciação através da mesma yoni da qual,
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numa vida anterior, o homem nasceu. A mulher inicia com os mesmos seios que, em uma vida
anterior, o homem sugou. A mulher inicia com aquela mesma boca que no passado acalmou
gentilmente o homem. A mulher é a iniciadora suprema”.
Após receber de maneira prática os ensinamentos do Giro-tântrico e todos os seus
segredos fui iniciado no maithuna, passo-a-passo, da maneira que lhe transmito, leitor, nos
capítulos seguintes.
Após minha iniciação, durante anos, iniciei mais de 200 Shaktís nessa técnica e a maioria
das mesmas reconheceram a iluminação do momento e entraram em profundo êxtase. Esses
depoimentos ilustram um pouco desses sentimentos:

Depoimentos do giro tântrico:


“As oportunidades são únicas e não podemos desperdiçá-las por medo do desconhecido ou
insegurança.
O Tantra aconteceu na minha vida e poderia ter mil motivos para não me aprofundar,
poderia dizer que era loucura sentir prazer com alguém a quem não estava ligado
sentimentalmente comigo.
Posso até dizer que fui uma privilegiada! Mudou muito minha vida, era como se eu tivesse
me libertado e ao mesmo tempo nascido novamente.
O Tantra me deixou mais mulher e mais segura e com mais tesão, com certeza sim.
Todo aquele ritual, luz de velas, incenso, música, deixava-me muito relaxada, quando eu
girava o meu útero dançava, o meu corpo todo sentia, era um tesão apenas com um toque
suave...
Não tem carícia melhor quando você se entrega, relaxa...
É muito difícil fazer um relato sobre o Tantra, é muito sensual, não dá para colocar em
palavras, só de relembrar...
Bom, o que eu posso dizer é que foi muito bom sentir prazer, sem me culpar, um prazer
mais energético do que físico, é ter sensações carnais de forma imaginária e sensações reais, é
como se conhecer com a alma em um mundo particular, privado e único. ” (Alessandra)
“Sentei-me... e girei.
Girei enquanto o toque, o cheiro e o som inundavam meus sentidos, fazendo com que eu
me entregasse para simplesmente... sentir.
O toque irradiava amor e ultrapassava cada camada de pele... ultrapassava cada parte do
meu corpo, tocava minha alma.
A cada giro, um momento, uma plena descoberta de sentir-me única, amada e reconhecer-
me completa... esbanjando luz e brincando com esta doçura. ” (Samadhi Devi)

“Fascinante a experiência que tive através do giro.


Logo nos primeiros instantes percebi que algo estava acontecendo, meu corpo inteiro
vibrava intensamente, podia sentir ondulações em minha barriga, aos poucos os pensamentos
desapareciam e davam lugar a uma Paz indescritível ou parecia estar flutuando, mas alguma
coisa em mim podia observar tudo isso. De repente senti uma pressão muito forte na cabeça e
certa tontura. Ao abrir os olhos o tudo e o nada estavam presentes. Era como se eu tivesse
sonhando e o sonho era real. Podia ver tudo ao meu redor e mesmo assim a Sensação
prevalecia, eu estava em pleno êxtase, não havia limitações o Amor e Eu éramos uma coisa só.
” (Andrea Prem)
No passado, eu convidava pessoas para a realização da técnica “sentindo” quando as
mesmas estavam preparadas. “Quando o discípulo está pronto o mestre aparece”. Por
representar Shiva, eu só iniciava Shaktis.

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Atualmente iniciou milhares de pessoas em Reiki, Chi-Kung, Sannyas (mudança de nome)
budista, etc e raramente inicio no Tantra, mas quando o faço, é motivo sempre de alegria,
atingir o êxtase a dois, e ministro regularmente, junto com Diana Prem Zeenat e Neelama
Gayatri cursos teóricos de maithuna e giro-tântrico. (Ao final desse livro há uma liturgia de
auto-iniciação na egrégora tântrica para quem desejar praticar o giro ligado à egrégora
tântrica).
Após minha iniciação com Datatreya e sua Shakti, como não poderia deixar de ser, segui
com uma parceira, Gisele, rumo à Mãe-Índia, a fim de buscar outras iniciações com mestres
sérios e não aqueles Gurus-estrelas que vivem na Índia para serem adorados por discípulos
que só querem saber de teorias e não da prática.
O Tantra é secreto na própria Índia e quando algum ocidental pergunta pelo mesmo,
normalmente é visto como alguém que só quer sexo. Um curioso, um achador e não um
buscador sério.
Procurei o mais secreto de todos os Tantras: o Aghorî, que trabalha com o desapego e com
práticas realmente fortes.
Aghorî, o não terrível, é um dos muitos nomes de Shiva aqui
representado por sua face destruidora.
Essa escola renuncia a todos os valores sociais e convenções
criados pela “sociedade humana”. É uma renúncia para valer.
Olha-se a liberdade como caminho maior na vida (adoro isso).
Olha-se para a própria sombra e a social. Não se vota, se paga os
impostos, casa-se, não se considera ninguém autoridade e as
“autoridades” sociais são consideradas ilegítimas e seus membros
impotentes e não líderes, as leis são vistas como injustas e
absolutamente idiotas.
“Aghorî não é permissividade, é a transformação, a força, da
escuridão em luz, da opaca personalidade individual ao ápice do
absoluto. Quando se chega ao absoluto, a renúncia deixa de
existir, pois não há mais o que renunciar. O aghorî penetra tão
fundo na escuridão, em todas as coisas com que o comum dos
mortais não ousaria sequer sonhar, que, ao sair, sai na luz. ”
(Texto: Aghorî).
Fui iniciado em Varanasi, na Índia antiga à beira do Rio Ganges
Ananda Ram pelo mestre Ananda Ram Baba, após recitarmos alguns mantram e
Ásanas tântricos e sermos sondados sobre nossa linhagem e
mestres anteriores, ficamos horas junto ao guru que ativou todos os nossos Chakras,
despertando um calor interno nunca antes sentido (Kundalinî) com o Kripá-Guru, o toque do
mestre que transmite toda a tradição desde Shiva-Shankara, que hoje eu retransmito a
discípulos.

Também fui iniciado no Tantra Kaula (kaulismo) que é uma escola com milhares de
iniciados e centenas de escrituras que tem sua transmissão (santati) baseada no despertar de
Kundalinî-shakti.
A iniciação que recebi na Índia foi de uma iniciadora feminina (yogini-kaula) dentro de um
templo esculpido na caverna.
A escola kaula segundo George Feuerstein “é a síntese das escolas da mão esquerda
(vama-marga) e da mão direita (dakshina-marga) ”. Concordo plenamente com ele.

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“Ó Deusa! O kaula é o mais secreto dos segredos, a essência da essência, o mais elevado do
elevado, dado diretamente por Shiva e transmitido de um ouvido a outro. ” (Kula-
Arnavatantra)
No início do século 21 recebi, após 30 anos de prática, a iniciação maior como sacerdote
do Tantra Natha, uma escola arcaica, xamânica, de Yoga antigo que teve como um de seus
mestres o guru Babaji e Gorakshanatha (ordem Kanphata) um dos criadores do Hatha Yoga.
Quando você viajar à Índia ou encontrar um guru sério procure receber a mágica iniciação
Nyâsa – rito de apalpação que é realizado nas florestas e consiste em ter todo o corpo tocado
ou apalpado como um “templo do Divino” (dehanyâsa). É uma técnica absolutamente
deliciosa. O Giro-tântrico, conhecido na Índia por Chakra Puja Nyâsa Devanyâsa, tem origem
nessa iniciação.
Datatreya me dizia que: “a iniciação nos dá o tão sonhado Livre Arbítrio da Bradigênese
(frear o ritmo de um acontecimento), Taquigênese (acelerar o ritmo de um acontecimento) e
Gestaltgênese (aproveitar, através da plena consciência, todos os momentos da vida).
Não necessariamente concordo com isso, mais coloco essa questão a você leitor. Quanto
você tem o controle de sua vida? O que é destino, o que é livre arbítrio na sua existência? O
que posso te dizer aqui é relaxe no que você pode mudar e seja dedicado e um guerreiro no
que pode e sabe modificar.

Divisões das iniciações tântricas:


• GURU SEVÁ
Quando há interesse pelo Tantra, é o discípulo (chêla) que se mostra receptivo. O
candidato ingressa nessa fase e recebe uma iniciação tântrica que busca dilacerar o Ego Social.
Sabendo aproveitá-la, terá contato com alguma técnica profunda de Samyama (meditação e
equilíbrio corporal; pois se toca muito o corpo). A técnica do Giro-tântrico se encaixa nessa
iniciação, que como todas, muda sensivelmente a vida do discípulo e mostra uma liberdade de
valores sociais e “pseudo” morais inimagináveis.
Se o aspirante pratica com regularidade as técnicas, passa a ser aceito como discípulo e o
mestre começa a lhe passar ensinamentos da próxima etapa que se chama Santati.

• SANTATI
É a transmissão oral. É uma iniciação usada principalmente no Tantra, Xamanismo, Yoga
iniciático e Kabbalah.
Nessa fase há técnicas mais avançadas que na anterior; trabalha-se intensamente Kundalinî
e os Chakras, ativando-os e despertando os seus poderes (Sidhis) e ainda buscando a
iluminação temporal ou não (Samadhi).
“Na iniciação, o mestre como que leva o discípulo em si mesmo, assim como a mãe (leva) o
embrião em seu corpo. Depois dos três dias da cerimônia (de iniciação), o discípulo nasce. ”
(Texto do Tantra Kaula)

• ATHARVA-VEDA KRIPÁ GURU


Quem gosta de práticas que nada fazem sentir, estarão fora dessa iniciação, pois aqui há o
objetivo de atingir um alto grau de hiper consciência. Esta iniciação pode ser realizada em três
níveis:

Kriyá-Dîkshâ
É um toque simples, uma bênção recebida por ritual, que qualquer pessoa pode receber de
seu mestre. Essa iniciação pode ser solicitada a mim pessoalmente em encontros com a
verdade (sat-sang).
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Sparsha-dîkshâ
É um toque iniciático poderoso, que transforma o discípulo em retransmissor do Tantra,
podendo iniciar e preparar outros alunos.
Nessa iniciação normalmente, cria-se vínculos de amor entre o mestre e o discípulo.
É uma iniciação secreta que, embora seja definida simbolicamente como um
derramamento de óleo sobre a cabeça, sabemos que ela representa a própria iniciação, pois é
feita na fronte de quem recebe – Chakra Ajnã.

Tantra Kripa
É um toque indescritível e secreto que desperta Chakras e Kundalinî através da libido. Esse
toque é pouco utilizado no Ocidente devido a bloqueios ao corpo e sua transmissão foi
interrompida no passado em quase todas as tradições, restando hoje poucos mestres que
ainda mantêm a transmissão. Isso faz dessa iniciação uma oportunidade rara e possível
somente àqueles que possuem coragem e audácia bem acima do comum.
Sempre ensino que sem coragem nessa vida, “nada feito”.
A vida é uma grande aventura. Tudo ou nada.
Quando o discípulo recebe essa iniciação (shâktika) o mestre desperta sua consciência da
iluminação ou lhe fornece técnicas para práticas (ânavîdîkshâ). Dentro das iniciações tântricas
modernas, temos a entrega do novo sannyas (visão Osho) que, diferentemente do antigo
sannyas hindu, aonde o iniciado renunciava a todos os seus bens, família, paixões, como fez
Buda, e vive nas montanhas meditando, o novo sannyas aponta na direção do iniciado viver e
fazer tudo o que este mundo oferece até para perceber que mesmo tendo tudo, se não
descobrir quem se é, nada adianta, nada é suficiente.
Nesse tipo de iniciação, há uma mudança de nome que simboliza abandonar o passado e
renascer no agora.
Somente alguém que reconheceu o final das buscas (se iluminou) pode “iniciar” ministrar o
neo-sannyas.
“O guru é a primeira letra (do alfabeto). O discípulo é a última letra. O conhecimento é o
ponto de encontro. A instrução é o elo. ”
Taittirîya-Upanishad

Definições de iniciação por Georg Feuerstein:


“O Tantra é estritamente uma tradição iniciatória, o que significa que seus ensinamentos
secretos e sagrados são passados de mestre para discípulo na antiga forma de transmissão
oral. Nesse aspecto, o Tantra é bastante diferente do neotantrismo, que é também com
muita frequência praticado e promulgado por entusiastas que não foram iniciados
adequadamente, mas que adquiriram em livros boa parte de seu conhecimento. Mas como o
Mahābhārata afirmou muito tempo atrás, os livros são um fardo enquanto não conhecemos
a realidade por trás de suas palavras. Nenhuma quantidade de aprendizado intelectual é
libertadora.
O Yoga-Shikhā-Upanishad até mesmo fala do “embuste dos livros didáticos” (shastra-
jala).
O Vīnā-Shika-Tantra assinala que os livros são fáceis de comprar, mas as regras para a
prática real são difíceis de obter. Sem conhecimento de execução correta das práticas
tântricas, porém, especialmente a recitação mantra, pode haver pouca esperança de sucesso.
É também verdade, todavia, que a tradição tântrica produziu um vasto número de textos.
Obviamente, os sādhakas e siddhas que os compuseram devem ter sentido que a palavra
escrita poderia ser útil a outros praticantes.
Em qualquer caso, as autoridades tântricas insistem que só aquela instrução recebida
direto da boca do mestre é potencializada e pode trazer um genuíno crescimento interior.
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“Iniciação” declara o próprio Shiva no Mantra-Yoga-Samhitā, “é a raiz de toda vitória”. Ele
continua:
Ó Deusa! Aquele que é destituído de iniciação pode não ter nenhum sucesso e nenhum
destino afortunado. Portanto, deveria se empenhar em buscar a iniciação de um mestre
(qualificado). ”
Georg Feuerstein

“Apenas o conhecimento comunicado pela boca do guru é produtivo [da libertação]; do


contrário ele é infrutífero, fraco, e causa de muita aflição.
Aquele que faz um esforço para agradar o guru [através de sua dedicação à autodisciplina
e serviço] recebe o conhecimento [secreto]. No devido curso, ele obterá também o fruto desse
conhecimento.
O guru sem dúvida é pai, o guru é mãe, o guru é divindade (deva). Portanto, todo mundo
deveria segui-lo em ações, pensamentos e discurso.
Pela graça do guru é possível se obter tudo de auspicioso. Daí, dever-se-ia sempre seguir
um guru, ou então não haverá nenhum benefício. ”
Texto clássico

Segundo George Feuerstein temos ainda 3 divisões de iniciações dentro do amalgama


tântrico:

1. Kriyā-vatī-dïkshā – Iniciação por meio de todas as atividades rituais para todos os


discípulos comuns; isto em geral coincide com o māntrī-dīkshā já mencionado.
Varna-manī-dikshā – Iniciação consistindo em colocar as letras do alfabeto sânscrito no
corpo do discípulo e assim despertar nele o poder do som, e que conduz ao despertar
do poder da Consciência.
2. Kalā- ātma-dikshā – Iniciação que consiste no mestre colocar as Kalās (formas sutis de
energia) no corpo do discípulo, despertando assim o seu poder.
3. Vedha-mayī-dikshā – Iniciação por “penetração”, na qual o guru concentra sua mente
no poder serpente do discípulo (Kundalinī-shakti), despertando no centro
psicoenergético na base da espinha e o conduz a salvo para o centro no topo da cabeça,
concedendo assim ao discípulo o dom da libertação. Segundo o Kula-Amava-Tantra
(4.64), “penetração” (vedha) pode fazer com que o discípulo experimente bem-
aventurança intensa, tremor corporal, uma sensação de rodopio, de ter renascido, de
sono profundo súbito ou desfalecimento.

*(Existem outros nomes e terminologias e práticas tântricas)

Na visão de Georg Feuerstein abaixo, do Tantra, e na minha há 3 tipos de discípulos que


buscam a iniciação (Diksha) na tradição:

“Ao avaliar a aptidão (yogayatā) dos seus discípulos, os iniciados tântricos distinguem os
três seguintes tipos de disposição, ou temperamento (bhāva):
1.O pashu-bhāva (caráter bestial) é o resultado da forte integração de rajas e tamas (as
qualidades dinâmicas e iniciais da natureza), com quase uma completa ausência de sattva
(fator de lucidez). Essa combinação profeta produz traços indesejáveis como ilusão (bhrānti),
irritação (tandrā) e indolência (ālasya), embora nem todo indivíduo desse tipo vá
necessariamente manifestar estas tendências. Segundo a Kula-Arnava-Tantra, o pashu está
22
atado por oito laços (pashā), a saber: desprezo, dúvida, medo autoconsciência, (lajjā)
aversão, família, costume e casta. Não seria difícil aplicar todos estes a um contexto
ocidental contemporâneo.
A imaturidade psicológica responsável por estes traços desclassifica os praticantes do
temperamento “bestial “para certos rituais e práticas. Espera-se que eles adotem uma
abordagem mais convencional à vida espiritual e sejam excluídos particularmente do ritual
das “cinco substâncias” (panca-tattva. Segundo Kaula-Avalī-Nirnaya, elas nem mentalmente
deveriam participar deste ritual. Em vez disso, deveriam fazer o máximo esforço para servir o
guru a fim de purificar seus traços inauspiciosos. O temperamento “bestial” não é explicado
de modo uniforme nos Tantras, presumivelmente porque muitos, se não a maioria de
praticantes, caem nesta categoria. Com frequência o termo pachu refere-se a adeptos que
praticam o Tantra de uma maneira mais tradicional, ou seja, tratando as “cinco substâncias”
– carne, peixe, vinho, grão e intercurso sexual – literalmente em vez de figurativamente. Em
lugar do intercurso sagrado real com mulheres iniciadas, os praticantes masculinos fazem
oferendas de dois tipos de fores representando órgão sexual literalmente em vez de
figurativamente o órgão sexual masculino e feminino, respectivamente.
2.O vīra-bhāva (caráter heroico) é o produto da integração de rajas e sattva
predominante, com interferência mínima de tama. Segundo o Mahānirvāna-Tantra, os
praticantes com esses temperamentos só são adequados para a prática do Tantra. Essas
escrituras negras inclusive a existência dos outros dois temperamentos da idade da treva,
mais isto faz pouco sentido, uma vez que as características do temperamento “bestial”
parecem dispersas.
O divya-bhāva (caráter divino) é também o produto da interação da interação de rajas e
sattva, mas com a qualidade predominante da última. Os que têm esta característica à moda
divina são muito raros, especialmente na Kali-yuga.
A diferença entre este caráter e o temperamento heroico parece ser grau, com o último
sendo mais dinâmico, o que combina com a abordagem tântrica.
O Tantra segue a trilha do herói espiritual (vīra), que é definido assim:
Como ele está livre da paixão, orgulho, aflição, raiva, inveja e ilusão, e como está bem
afastado de rajas e tamas (isto é, as qualidades de agitação e inércia), ele é chamado de
“herói”.

Leia aqui um resumo do que é uma iniciação segundo Alain Danielou no recomendado
livro Shiva e Dionísio (Editora Martins Fontes) esse texto é bem profundo e deve ser lido
com atenção e reflexão):

“Certas técnicas rituais vão nos permitir agir sobre as energias latentes presentes no
ser humano e, desse modo, transformá-lo, fazer dele o veículo da transmissão de certos
poderes, elevá-lo a um plano superior na hierarquia dos seres, torná-lo uma espécie de
semideus ou de super-homem mais próximo do mundo invisível aos espíritos. E esse o papel
da iniciação. Tal processo de transformação do ser humano é longo e difícil, é por isso que a
iniciação só pode se fazer por graus.
O pashu (o homem animal) irá se tornar primeiro um sâdhaka (aprendiz), depois um
vira (herói) ou adepto, ou seria, um ser que pode dominar e ultrapassar as aparências do
mundo material. O grau seguinte é o de siddha (realizado), chamado também, entre os
tantrikas, de o estágio de kaula (membro do grupo), palavra que corresponde ao título de
"companheiro" na iniciação maçônica, onde também se encontra o grau de aprendiz. O
kaula atingiu o "estado de verdade". É só então que se desfazem as barreiras entre o
humano e o divino e que o adepto pode ser considerado divya (divinizado). Na linguagem
dos mistérios greco-romanos, chamava-se de "herói" o adepto, o iniciado. Os graus
23
superiores provavelmente eram mantidos secretos. Essa transformação concerne ao ser
humano inteiro. E o próprio corpo que é transfigurado com todas as suas energias
funcionais, assim como na concepção cristã é o homem inteiro, físico e mental, que deve
ressuscitar, transfigurado, dentre os mortos.
A iniciação é a passagem de um estado de ser para um outro estado de ser. E uma
espécie de morte, uma "morte ativa", da qual nasce uma pessoa diferente. Há sempre,
portanto, um rito funerário nos ritos de iniciação. Esse rito sobreviveu nas cerimônias de
ordenação dos padres católicos.
Apenas um iniciado pode transmitir poderes a um novo iniciado. Isso é essencial para
que a transmissão iniciatória seja válida. E por essa razão que não se pode restabelecer uma
tradição interrompida. A iniciação é a transmissão real de um Shakti, de um poder,
transmissão que toma a forma de uma iluminação. A continuidade da transmissão de uma
chama que acende uma outra. Os iniciados formam grupos de homens diferentes dos
outros. Esses grupos são denominados Kula (famílias) no tantrismo, daí o nome Kaula
(membro da família ou "companheiros") dado a seus adeptos; Kula corresponde ao Thiase
dionisíaco.
"O corpo físico do iniciador é uma imagem de Shiva; os serviços que lhe são prestados
são equivalentes à veneração ao deus. Serviço significa submissão corporal, mental e verbal,
a oferta de tudo o que se possui, até de seu corpo, ao preceptor. O discípulo deve servir-lhe
a comida, só pegando a sua depois, com a permissão dele... A língua do preceptor é como
um sexo que derrama o suco vital dos mantras no receptáculo que sanas orelhas ao
aprendiz. Cada membro do preceptor, dos pés à cabeça, e, com efeito, como um sexo, um
Linga. Para satisfazê-lo, o discípulo deve massagear seus pés, levar-lhe as sandálias, lavá-lo.
Oferecer alimento e dinheiro, e todas as outras práticas que possam satisfazê-lo (Shiva
Purâna, Vidyeshvara Samhitá, cap. 18,86-94)

Ritos de iniciação por Alain Danielow:

“Os ritos de iniciação são explicados, minuciosamente nos Purunas Shivaístas e nos
Tantras. O discípulo deve venerar sem reticências o seu preceptor de acordo com seus
meios. Pode oferecer a seu mestre: elefantes, cavalos, carros, joias, terra, casas,
ornamentos, roupas e ganhos diversos.
“O preceptor fará o discípulo tomar um banho para aprender a controlar suas aptidões.
O discípulo permanecerá com ele e servirá em um primeiro período de prova que durará um
ano. Depois de um dia favorável de acordo com os astros, o preceptor conduzirá então o
discípulo a um lugar sagrado para praticar os primeiros ritos de iniciação.
O lugar pode ser a praia. O lugar pode ser praias, margens de um rio, um templo ou um
lugar purificado na própria casa do mestre”
O templo de Shiva é sempre o mundo natural, a floresta, a montanha. Os santuários
são apenas monumentos em honra do Deus. Não são lugares onde se reúnem os fiéis nem
onde se praticam os ritos que concernem à vida ordinária dos homens; iniciações,
casamentos, funerais etc. Os ritos iniciatórios realizam-se de preferência na floresta ou à
margem dos rios e dos lagos.
Diferentes aspectos de Shiva, depois ordenará ao aprendiz para um local ao sul do
diagrama, onde este deverá dormir numa cama de ervas dharma. De manhã, um rito de
oferenda (Homa) deve ser realizado com a manteiga purificada repetindo-se cento e oito
vezes o mantra de Aghora (AUM ou Hamsah.) Que afasta o medo e pelo qual se pode ser
purificado dos sonhos nefastos ". Em seguida, ocorre o banho ritual.
O banho ritual precedia, para os mistérios de Eleusis, a fase considerada como a mais
misteriosa das iniciações. Segundo Plutarco, antes de sua realização, havia uma abstinência
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durante dez dias de qualquer relação sexual. A mesma regra é aplicada na Índia. "Quando o
discípulo toma um banho ritual em jejum, deve preparar-se com cuidado e vestir-se com um
tecido adequado (sem costura) enrolado na parte inferior do corpo e um xale sobre os
ombros." "Não longe do altar onde foi consagrado o yantra, o preceptor vem sentar-se
numa almofada de ervas dharma. O discípulo deverá estar sentado de frente para o Norte, o
preceptor para o Leste... O preceptor tocará levemente nos olhos do noviço, depois irá
fechá-los com uma tira de seda repetindo certas fórmulas."
"O noviço é então conduzido ao interior da área de iniciação, cuidadosamente marcada
no chão. A entrada situada a Oeste é a melhor para os discípulos de todas as castas, mas em
particular para os da casta real, os kshatriyas... O noviço deve dar três voltas em torno da
imagem fálica e, segundo seus meios, oferecer ao Deus uma porção de flores misturadas
com ouro, ou apenas ouro na falta de flores, recitando o hino a Rudra (Rudráidnyaya).
Depois meditará sobre Shiva, repetindo apenas o prânava, a sílaba OM." Do mesmo modo,
no rito dionisíaco, "o iniciado tem a cabeça encoberta e deixa-se guiar pelo oficiante... Uma
cesta cheia de frutas e de objetos simbólicos, entre os quais se unem em forma de falo, é
colocada na cabeça do iniciado. O quadro... é um jardim onde se ergue um ídolo de Dioniso.
Mas é um Dioniso que tem caracteres de Priapo e em primeiro lugar itifalismo". "A venda
que cegava o discípulo é tirada. Fazem então que se acomode num assento de ervas
dharma, com o rosto voltado para o Sul... Após o quê, acontece o rito de consagração dos
princípios dos cinco elementos... O preceptor coloca a mão na cabeça do noviço, enquanto
este repete o mantra com o qual lançou flores sobre o deus. Borrifa-o com água consagrada
a Shiva e aplica cinzas em sua cabeça, repetindo o mantra de Aghora, depois venera o
noviço com perfumes e outros ingredientes."
O preceptor tira o discípulo de sua casta, depois integra-o ao grupo dos companheiros
de Rudra.... Com uma só mão, o preceptor entra então no corpo do discípulo com o rito da
saída da respiração (Prana - Nigamas).
"Os ritos de adoração devem ser realizados na ordem: samprok- sharia (molhar),
tádana (apertar), harana (tirar), samvada (unir), e vik - shepa (rejeitar). Em seguida, vêm os
ritos de inseminação, de gestação (garbhadhârana) e de dar à luz (janana).
"O rito solar do conhecimento e da dissolução deve ser realizado primeiro com o
mantra de Ishâna, acompanhado vela sílaba mágica hrim representando o órgão feminino, o
yoni... O rito termina com os ritos de uddhâra (levantar), prokshana (molhar) e tâdana
(apertar), com o mantra de Aghora, concluindo com o som mágico phat. Durante todo o rito,
o preceptor deve guiar o discípulo, segurando seu pulso. O preceptor, em seguida, verte
água santa sobre o noviço, que é doravante um companheiro de Shiva... A iniciação
acontece na presença de Shiva, do fogo e do preceptor. Após a iniciação, o discípulo deve
agir segundo as instruções do preceptor."
"O preceptor, depois de secar o corpo do discípulo, pegará cinza com as duas mãos e a
passará no corpo do discípulo, repetindo o nome de Shiva. Murmurará então o mantra de
Shiva no ouvido do discípulo. Depois, diante do fogo sagrado, repetirão juntos à fórmula da
iniciação. O discípulo deverá, em seguida, morar perto do mestre, servi-lo em tudo, executar
todos os seus pedidos. Doravante é chamado de samaya (integrado) ... O mestre dá-lhe
então um Linga de Shiva. Prende um cordão sagrado na mecha de cabelos que parte do alto
da cabeça do discípulo, que permanece em pé, e deixa pendurado esse cordão até seus pés,
depois bate em seu peito, ata-o com o cordão, bate em sua cabeça, manda-o sentar e dá-lhe
para comer arroz consagrado.... Durante a noite, o discípulo deve dormir numa cama de
ervas coberta com um lençol novo (não lavado) e consagrado. Pela manhã, o discípulo deve
informar ao mestre se sonhou... O cordão sagrado, então, é desfeito e pende da mecha
como na véspera. A veneração do adhara (o centro na base da coluna vertebral) é então

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efetuada, e os ritos de penetração em todas as espécies de seres vivos, nos deuses, animais,
pássaros e homens. Em seguida, são realizados os ritos do novo nascimento...
O preceptor purificará o corpo do discípulo das impurezas deixadas pelo contato
sensual, liberando-o dos três tipos de ligação. Ao trair para si a alma do discípulo, como o
fizera anteriormente, deposita – em sua própria alma ... após ter levado a tesoura, o
preceptor cortará a mecha sagrada do discípulo e seu cordão sagrado, queimando-os no
fogo consagrado a Shiva. Depois disso, restituirá sua consciência individual ao corpo do
discípulo... após fazer sentar o discípulo, obterá de Shiva a autorização para ensinar-lhe o
conhecimento Shivaista.... Faz com que repita então o triplo mantra: Aum, Hrīm, Shivaya
Namah Hrim Aum." Para ser iniciado como Pashupatê (amigo dos animais), o discípulo
deverá, após ter recebido os ensinamentos do preceptor, levar, durante um certo período, a
vida de monge errante. "Depois de ter realizado o rito de ablução, de sacrifício e os outros
ritos do sol. O discípulo observará os ritos do banho de Shiva, do banho de cinzas e da
veneração do deus." "No quarto dia depois da lua cheia, ele apagará o fogo e reunirá,
cuidadosamente, as cinzas. Raspará os cabelos e todos os pelos do corpo. Pegará então um
bocado de barro e passará em todo o corpo, da cabeça aos pés com os olhos fixos no sol.
Depois, tomará um banho e cobrirá todo o seu corpo de cinzas." "Em seguida, manterá seus
cabelos hirsutos ou os raspará completamente, ou conservará só uma mecha. Em princípio,
permanecerá sempre nu. No entanto, se preferir, também poderá usar uma veste cor de
açafrão ou uma vestimenta de casca de árvore. Tomará um bastão de peregrino e trará um
cordão como cinto." Partirá então em peregrinação. ”

Alain Danielou ensina baseado em suas iniciações dos textos “Linga Purana” e “Shiva
Puruna” e em sua experiência pessoal. Seus textos e livros são abençoados e indicados a ti.

Monja Coen minha mestra de zen ensina que a iniciação é como uma sucessão
apostólica que no Zen que pratico vem de Dogen (sec. XIII), mestre Kaizen (sec. XIV) e assim
sucessivamente, esses ensinamentos devem ser passados de mestre a discípulo em sucessão
direta (face a face).
Quando ensinamos o Zen e o Tantra não devemos criar nada e sim transmitir os
ensinamentos do fundador da tradição seja Buda no budismo ou sua linhagem no Tantra e
seus sucessores de geração em geração.
Monja Coen é a 91ª geração sucessora desde Buda. Me orgulho e sou muito feliz de ser
discípulo de Zen.

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Capítulo 3
Kundalinî-Shaktí
O Poder da Serpente

“A Kundalini adormecida é extremamente fina, como a fibra da haste do lótus. Ela é a


desnorteadora do mundo, gentilmente cobrindo a “entrada” para o Grande Eixo. Como a
espiral de uma concha, sua forma de cobra brilhante é enroscada três vezes e meia; seu brilho
é como um forte facho de luz; seu doce murmúrio é como o zumbido indistinto de enxames de
abelhas loucas de amor. Ela mantém todos os seres deste mundo por meio da inspiração e
expiração, e brilha na cavidade da região sexual. ”
Satchakranirupana
“A contemplação de três tipos: bruta, luminosa e sutil. Quando uma figura particular,
como o próprio guru da pessoa ou uma divindade pessoal, é contemplada, isto é conhecido
como contemplação bruta. Quando Brahma (o divino) ou princípio da Natureza é contemplado
como uma massa de luz, isto é chamado de contemplação luminosa. Quando a força Kundalini
é contemplada, ocorre a contemplação sutil. Este terceiro tipo de contemplação dura por toda
Eternidade. ”
Gheranda Samhita
“O Corpo Sutil liga este mundo com o próximo. Não existe nenhum objeto ou doutrina
importante ou duradoura quanto o Corpo Sutil, que fornece uma passagem constante para a
Libertação. ”
Kaula Tantra

Kundalinî energia sustentadora da vida, força vital presente em todos os seres, poder
energético que dá vida ao Universo. Tudo é energia, diz a ciência e tudo é um mar de energia
kundalinî, aponta o Tantra. — A palavra kundalinî vem do sânscrito “kundol”, que significa
espiral ou enrolada. Kundalinî está adormecida no homem comum (paçu), na base da espinha
dorsal, e para que o indivíduo possa ter uma vida consciente e prazerosa é necessário que
essa energia seja ativada, reconhecida e elevada até o alto da cabeça, tornando o homem
comum robotizado num ser original, consciente e criativo. Geralmente, a kundalinî aparece
representada por uma serpente adormecida e que precisa ser despertada: seus movimentos
espiralados e sua postura (enrolada em si mesma) são típicos desse animal. Sua energia é
ígnea, e enquanto dorme está congelada, um fogo morto. Quando o praticante a desperta sua
força é tão grande que correntes tântricas a consideram “a mãe divina que alimenta seus
filhos”.
No Ocidente, Freud chamou-a de libido – energia do desejo de qualquer espécie, e Reich a
conhecia como orgone – energia do prazer.

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O escritor Sir John Woodroffe no recomendado livro “EI Poder Serpentino” descreve: “em
síntese, Kundalinî é a representação corporal individual do grande poder cósmico, que cria e
sustenta o universo. Quando esta Shakti individual, que se manifesta como a consciência
pessoal (jíva) se absorve na consciência do Shiva supremo, o mundo se dissolve para esse jíva,
e se obtêm a liberação.
O despertar e o estímulo ascendente do Kundalinî Yoga é uma forma dessa fusão do
indivíduo na consciência universal, ou união dos dois, que é a finalidade de todos os sistemas
de Yoga na Índia”.
E Samael Aun Weor (gnóstico) dá a seguinte explicação mística:
“É a serpente ígnea dos nossos mágicos poderes. E essa serpente sagrada dorme dentro de
nós, enroscada três vezes e meia, em todos os Chakras. Kundalinî é o fogo de Pentecostes, a
Grande Mãe Divina. Seu santuário é o coração. (...) os fogos do coração controlam a ascensão
da Serpente Sagrada pelo canal medular. E a kundalinî necessita subir até o cérebro, para
depois chegar ao Santuário do Coração. Deve ser despertada pelo maithuna (ato sexual
sagrado), pela concentração, pela meditação, pela vontade, pela devoção, pela compreensão e
com os mantram sagrados”.
Osho define Kundalinî “como uma serpente que se move através dos Chakras e, no fim,
quando a iluminação é alcançada, é liberada pelo último chakra localizado no alto da
cabeça”... falar teoricamente sobre ela pode levar a alguns equívocos, por “causa do
conhecimento, sem o conhecer”.
O trabalho iniciático de algumas tradições iniciáticas sérias é “elevar” a kundalinî, seja
através do sexo, meditações diversas, dança sagrada, Yoga, Tantra sadhana e mantras.
Segundo o mestre de Yoga Shivánanda “Sem Kundalinî não há Samádhi”. Apesar de saber
que a subida de Kundalinî é um dos métodos de iluminação, muitas escolas iniciáticas,
filosóficas e religiosas ocidentais incutem em seus discípulos pavor da ativação dessa energia.
Isso porque ou não compreendem ou não querem compreender, que trabalhar com kundalinî

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é absolutamente prazeroso, ou são pessoas recalcadas e reprimidas quanto ao prazer e a
sensualidade.
Mesmo aqueles que não sabem o que é Kundalinî, e estão em qualquer trabalho
meditativo e iniciático prático, provavelmente estão atuando para elevação da mesma.
Exemplo disso é um cristão, que faz uma oração e sente a presença do Espírito Santo, cujo
símbolo é uma pomba, feminino, que representa Kundalinî com outra denominação. É
interessante como a auréola na cabeça dos Santos assemelha-se à figura de Shiva ejaculando
pela cabeça. Ambas representam Kundalinî.
O ideal é a ativação da kundalinî por um processo lento, gradativo, que exige persistência e
práticas constantes.
Ao ser desperta, a kundalinî se expande por meio das nadi (nadi vem de nad, e significa
movimento, corrente). As nadi são canais que conduzem a energia pelo corpo, o que inclui os
meridianos (conhecidos pela acupuntura), os vasos, os nervos, as artérias, os músculos e as
veias.
O yogue Gopi Krishna descreve assim o despertar de kundalinî:
“De repente, com um rugido semelhante ao de uma catarata, senti uma corrente de luz
líquida penetrando no meu cérebro – através da medula espinhal. Eu não estava em absoluto
preparado para esse acontecimento e fui completamente pego de surpresa; mas, recuperando
instantaneamente o autocontrole, continuei sentado na mesma postura e com a mente
voltada para o objeto de concentração. A iluminação foi ficando cada vez mais brilhante, o
rugido cada vez mais forte, eu me senti como se estivesse balançando e depois percebi-me
saindo do corpo, completamente envolvido por um halo de luz”.
O Mestre Datrateya nos conta que “Kundalinî desperta ascendendo é inconfundível; é
sentida como uma emoção interior, um fogo “ líquido”, simultaneamente quente e frio,
elétrico, quase paralisante, abrindo todo o ser, iluminando e liberando.
Quando eu tinha pouco mais de 20 anos, contrariando todo o bom-senso e as
recomendações de meus professores de Yoga e Tantra da época, resolvi por conta própria ter
uma experiência com essa energia. Corri atrás do Samádhi e, por aproximadamente um ano,
praticava quatro vezes ao dia Yoga tântrico, artes marciais, longas meditações, jejuns,
monodietas de frutas, estímulo dos bija das pétalas dos Chakras (não recomendado por
nenhuma escola prática por ser muito forte), maithuna com duas parceiras, limpezas e
purificações físicas, e, um dia, para aprofundar, fui praticar uma viparita kaarani (posição de
Yoga invertida sobre os ombros) dentro de um pequeno riacho em Visconde de Mauá. Tive
uma experiência inesquecível. Um calor intenso saiu de minha região pélvica, subindo pela
coluna e lembro-me de algo parecido com um desmaio e sensações muito gostosas. Ria muito
e reconheci pela 1ª vez que sou o “observador” de tudo, não sou meu corpo, nem minha
mente e nem minhas emoções e sentimentos. Sentia-me parte da existência e qualquer idéia
de um “eu social” desaparecera por completo. As reações físicas é que não foram
interessantes: vomito, náuseas, dores no corpo, diarréia e febre.
Meu amigo Roberto Arantes trouxe-me de volta a São Paulo, aonde me tratei com
ayurvédica e tive a supervisão terapêutica de um mestre de Tantra. Assim, em tudo o que
ensino nesse livro, tomei o cuidado de não estimular em você, leitor, o exagero e a
irresponsabilidade que tive um dia. Conselho? Vá passo a passo, cuide da sua saúde,
alimentação, sexualidade, se exercite.

“A grande Deusa Kundalini, a Energia Pura do Ser, repousa próximo do reto na região
conhecida como Muladhara; tem a forma de uma serpente com três voltas e meia. Enquanto
ela fica adormecida no corpo, a Alma é um mero animal e o verdadeiro conhecimento não se
manifesta. Contraia e dilate o esfíncter anal seguidas vezes. Essa técnica é chamada de Asvini
Mudra e é a maneira mais eficaz de despertar a Shakti interior. ” Gheranda Samhita
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Capítulo 4
Chakras, Kundalini e Nadis
(Uma Visão prática e profunda)

“Kundalini é a detentora da força, o suporte e o poder que move não apenas o indivíduo,
mas também o Universo. Macro cosmicamente, ela é Shaktí, Prakriti, a manifestação do poder
de Shiva. Na escala humana é a energia, o motor, a causa do movimento e da vida do
indivíduo. O despertar dessa força conduz à iluminação. A kundalini representa-se no homem
como uma serpente adormecida, enrolada três vezes e meia em torno do shivalingam (o falo,
símbolo do poder gerador masculino), obstruindo com a sua cabeça a entrada da sushumná
nádí, o canal mais importante dos que veiculam os alentos vitais, situada na base da coluna
vertebral, no chakra chamado múládhára.
O despertar da Kundalini produz um calor muito intenso. A sua ascensão através dos
chakras, num processo sistemático e gradual, desenvolve poderes latentes. O processo consta
de duas etapas: na primeira, o yogin procederá à saturação prânica do organismo através dos
exercícios, a segunda é o despertar em si. A técnica consiste em concentrar o prana em ida e
pingalá nádí, levando essa energia para o múládhára chakra. O yogi faz com que o prana
chegue até onde reside a kundalini, cessando esta então de circular pelas duas nádís e
concentrando-se na entrada da sushumná, que está bloqueada pelo primeiro nó, o
brahmagranthi. ”
Pedro Kupfer

Tudo é energia. Corpo físico, astral, mente, emoções, consciência e o próprio Purusha – o
Si mesmo, tudo é energia. Os planetas, galáxias, universo, nossas moléculas, átomos, ossos,
carne... enfim, tudo é consciência e energia. Você que agora lê essas páginas já é consciência e
energia.
Chakras são canais de armazenamento, captação e distribuição de energias físicas e
psíquicas. A palavra sânscrita chakra pode ser traduzida por círculo, roda ou padma (lótus).
Seu formato visto somente por paranormais, médiuns, sadhus e yoguis lembra um CD girando
em altíssima velocidade, e em nosso corpo existem milhares desses centros sendo que no
estudo do hindu Tantra são 07 os chakras principais e os que também devem ser estudados
aqui e estimulados. Note que o tântrico estimula os chakras e não os equilibra como é comum
se tratar no Ocidente. (Estimulamos os chakras e kundalini)
Chakras são definidos ainda como centros físicos, psicofísicos e energéticos do corpo; eles
têm de quatro a cinco dedos de largura. Como já disse de forma geral os seres humanos
contêm de 05 (visão tibetana) a 7 chakras principais ou que são estimulados em práticas
espiritualistas. Escolas chinesas de Qi Gong falam em centenas de pequenos chakras como,
por exemplo, nas palmas das mãos, e nos seres vivos eles estão em constante atividade,
embora sua presença não seja percebida conscientemente por não meditadores ou
praticantes transpessoais.
Os chakras estão localizados dentro e fora do corpo (duplo etérico); já Kundalini, energia
da vida que ativa os chakras se movimenta dentro do corpo.
Normalmente, os chakras são pequenos, não apresentando mais do que 5 centímetros de
diâmetro. Com a prática de mantram, Yoga, meditação, os chakras aumentam de tamanho e
sua luz se expande. Cada um tem uma cor, mantram e elemento que o estimula, seu
movimento é ininterrupto. Eles estão associados às glândulas do corpo físico e funcionam
como centros de captação, contenção e distribuição de energia para todo o corpo.

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As representações pictóricas (símbolo ou yantra) desses centros de energia são formadas
por figuras geométricas e pétalas. São pelos chakras que transitam e se movem as energias
sutis do corpo.
Cada um dos 7 chakras (visão tântrica hindu) principais tem uma série de elementos:

1- Um bija mantra. Som semente que o estimula. Esse som atua na raiz ou centro dos
chakras fazendo-os vibrar. O ocultismo ocidental utiliza-se muito dessa prática.

2- Uma série de bijas mantram em suas pétalas. Esses sons são considerados secretos, por
praticantes tântricos adiantados, devido à força dos mesmos em estimular poderosamente os
chakras e elevar coluna acima a energia Kundalini (libido, orgone). Todos os estudos e práticas
dos bija vêm das escolas tântricas, e esses sons estão na língua sagrada sânscrita. No Tibet,
por exemplo, utilizam-se outros sons e mantras e trabalham-se apenas com os 05 chakras.
3- Uma deidade é uma Shakti (energia transpessoal e física) que é um poder específico de
cada um, além de uma energia que pode ser chamada de divindade regente.
4- Um elemento da natureza, cores, tatwas, os sete chakras principais na visão hindu estão
localizados ao longo da coluna vertebral, dispostos verticalmente e cada chakra tem funções
específicas, mediante o recebimento de Energias internas e externas. Temos nesses centros
“nós” que impedem a subida descontrolada de Kundalini; um fica no muladhara (brahma-
granthi), outro no vishnudha (vishnu-granthi) e o último no ajña chakra (rudra-granthi). Eles
são conhecidos por granthi, e quando eles são rompidos a energia se eleva. Com esses nós
nos chakras é muito difícil alguém fazer bobagem com Kundalini, de toda forma, sempre
aconselhamos que vá devagar, em suas práticas tântricas.

André De Rose define assim os Granthi:

“Granthi significa nó. Os granthis são válvulas de segurança naturais, ao longo da


sushumná nadi, que estão relacionadas diretamente aos três estágios de desenvolvimento
para a ascensão da energia kundalini. O primeiro está localizado no múládhára chakra
(brahmagranthi), o segundo no anahata chakra (vishnu-granthi) e o terceiro no ájna chakra
(rudragranthi).
O Brahmagranthi relaciona-se com o físico e os vrittis da sensorialidade; o nó seguinte,
Vishnugranthi, com o emocional e as instabilidades dos laços afetivos; o último, Rudragranthi,
com a mente. Todos estão diretamente relacionados às tendências subconscientes latentes,
denominadas vasanás.
Ao elevar-se, essa energia põe em atividade vórtices cujas raízes se encontram ao longo
da coluna vertebral, produzindo atividade nestes centros, bem como levando a percepção a
incursões em diversos planos de consciência. Chakra significa roda, eles são centros
reguladores, distribuidores e armazenadores de força do corpo sutil.
Os chakras da parte inferior do corpo estão associados à matéria, são o Muladhara, o
Swadhistana e o Manipura. O Médio, ou intermediário, é o Anahata, regente aos sentimentos
mais profundos, do amor (não confunda amor com apego). Os Superiores são o Vishuddha, o
Ajña e o Sahashara, que estão associados ao mental e à iluminação. Sua rotatividade obedece
ao sentido horário ou anti-horário, dependendo da qualidade energética de cada indivíduo.

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Há muitas práticas que fazem o Chakra girar em sentido horário ou de dentro para fora ou
anti-horário, de fora para dentro. A priori não se deve misturar essas práticas. Essa regra tem,
assim como tudo na vida, exceções.
O Tantra, as práticas mântricas e seu Yoga trabalham para que os chakras se movimentem
de forma veloz. Para isso, é necessário ter consciência e adotar práticas que os estimulem, por
meio do método interno ou externo.
Método interno: por meio desse método, despertamos a Kundalini com a prática de Yoga,
mantram, karatê-do, tai-chi, Qi Gong, Iai-dô, Aikido e artes marciais que envolvam paz e
meditação (as outras acabam, desequilibrando todos os chakras e as violentas ou voltadas ao
ego, competição ou buscando agredir o “adversário” acabam com todos os corpos sutis, nada
trazendo de útil ao praticante e menos ainda ao já tão violento planeta) ou maithuna. As
escolas tântricas trabalham mais com os métodos internos e exclusivamente com os chakras
girando em sentido horário.
Método externo: consiste no recebimento de passe magnético ou espírita, de massagens
como a indiana ou shiatsu, na aplicação de acupuntura, moxabustão, imposição de mãos,
Reiki, geoterapia (pedras) ou cromoterapia (cores). Dentre outros métodos.
Os dois métodos contribuem para o estímulo de todos os chakras, proporcionando mais
disposição física e mental aos praticantes.
É importante mantê-los em equilíbrio, utilizando técnicas corporais (Yoga, tai-chi, dança),
técnicas mentais (mantram), alimentação equilibrada e não violenta. Os chakras influenciam e
são influenciados também pelo corpo físico, daí a necessidade destes cuidados.
Como vimos até aqui, todos os chakras possuem qualidades energéticas próprias que em
desequilíbrio produzem determinadas doenças ou, do contrário, em situação de equilíbrio,
conferem ao nosso organismo inúmeros benefícios. Contudo, o sexto Chakra pode ser mais
estimulado que os demais pelo mantra Om, pois possui uma força que ajuda e atrai a subida
da Kundalini.

Chakra movimentando-se em Sentido Horário


Quando em rotação horária, o movimento é dextrogiro
(Destro), para direita e se caracteriza por:
• Possuir força centrífuga (coloca energia para fora).
• Ser menos suscetível a influências externas.
• Não carregar miasmas energéticos nem ter contato
Com o chamado “baixo astral”.
• É estimulado nas práticas de Yoga, Qi Gong, Tantra, Karatê-dô, Aikido.
• Ser um polo irradiador (de dentro para fora).
• Quem tem os chakras em rotação horária é conhecido nos meios ocultistas por pessoa
de “corpo fechado”.

Chakra Sentido Anti-horário


Quando em rotação anti-horária, o movimento é
Sinistrógiro, para a esquerda, com as seguintes características:
• Possui força centrípeta (para dentro, energia de captação).
• Capta energia externa, mantendo o corpo astral “aberto”.
• Estimula a mediunidade e sensitividade.
• Amplia a sensibilidade ao ambiente.
• Promove a aptidão para fazer diagnósticos precisos. Quando se trata de um bom médium
tem poder de captação (carrega miasmas).

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Quando o Chakra gira em sentido anti-horário, pode-se perder energia. E quem perde
muita energia pode sobreviver da energia alheia, por meio de uma relação de dependência
chamada na metafísica de “vampirismo”.

Conhecendo os chakras
A maior parte dos ensinamentos, aqui contidos, estão a título de estudo e curiosidade.
Você deve praticar a ativação dos chakras e não conhecê-los só teoricamente.
Leonardo Boff ensina que falar, ler e pensar sobre o divino não lhe dá a experiência do
divino. Digo que ler (e se faz muito isso), falar e pensar sobre chakras não lhe dá a experiência
do mesmo.

Muladhara chakra (chakra kundalíneo)

• Significado do nome: Fundação ou suporte da base.


• Nome ocidental: Chakra Básico.
• Localização: Localizado nos órgãos genitais e na pélvis, relacionado com as gônadas
(glândulas sexuais), governa o sistema reprodutor. Este Centro anima o corpo físico. É à
vontade, o poder e o instinto de sobrevivência, a base da montanha, a ligação com a Terra.
Concentra a maior parte da energia Kundalini, que uma vez despertadas e controladas
progridem coluna acima, seguindo um padrão geométrico similar ao padrão apresentado na
dupla hélice das moléculas de DNA, que contêm o código da vida.

• Regula: Sobrevivência, alimentação, conhecimento, autor realização, valores (segurança


financeira, situações materiais), sexo (procriação), longevidade e prazer.
• Cor: vermelho em brasa para tonificar. É a cor mais quente e densa. Aquece e estimula a
circulação. Estimula o fluido da medula espinhal e o sistema nervoso simpático; energiza o
fígado, estimulando os nervos e músculos. Vitaliza e organiza o corpo físico. Violeta, azul ou
rosa para sedar a energia do chakra.
• Mantra: Lam (concentrando-se nos genitais).
• Elemento: Terra – o mais denso dos elementos. É a mistura dos quatro elementos: água,
fogo, ar e éter.
• Fase da vida: Desde a união do espermatozoide com o óvulo, até sete ou oito anos.
• Funções: É o chakra onde nasce e reside a energia kundalínica que se movimenta em
espiral, pelas Nadis Ida e Pingala, e distribui por todo o corpo do indivíduo o impulso de vida: é
também um dos centros eróticos do ser principalmente do homem.
• Orixás regentes: Nanã, Yorimá e Oxumarê.

Nadis – rios energéticos


Nadis são correntes, canais, corredores ou filamentos de energia vital que circulam por
todo o corpo, alimentando a vida e movimentando os chakras.
Semelhantes aos meridianos de acupuntura, seus pontos são chamados na China de
tsubos. Seu número é de aproximadamente 72.000.
As nadis estão intimamente relacionadas aos chakras. A nadi central é conhecida por
Sushumna e se encontra situada no centro do corpo pela coluna vertebral, que recebe o
nome de meru danda. A Sushumna nasce no Muladhara Chakra, e se estende corpo acima,
até se unir ao Sahasrara Chakra (que se situa no alto da cabeça). No espaço fora do meru
danda, estão duas outras nadis, denominadas lda e Pingala. Ida é o canal esquerdo, de
natureza feminina, lunar, emocional e materna. Por estar associado à procriação e à
unificação, também é conhecido como Ganga (o Rio sagrado da Índia). Pingala é o canal
direito, de natureza masculina, solar, racional e dinâmica.
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Algumas pessoas têm dominante a energia (nadi) lunar (resgate das emoções) e outras
solar (regente da razão). O praticante adiantado consegue manter esses temperamentos
equilibrados.
Todas as nadis do corpo se originam no períneo em forma de um ovo (kanda).
Todos os sistemas místicos hindus são radicais sobre a importância de se manter esses
canais energéticos absolutamente purificados através de autopurificação, principalmente com
alimentação saudável, vegetariana ou vegana, pranayamas (respiratórios), kriyas, purificações
físicas e psicofísicas, asanas posturas físicas e Dhyana que é a mente meditativa.

Definição para estudo


• Sushumna: Nadi principal por onde Kundalini sobe. Está relacionada à medula espinhal.
• Ida: canal esquerdo transportador das correntes lunares, natureza feminina visual e
emocional, produção de vida, energia materna; a respiração com a narina esquerda
proporciona estabilidade para a vida. A narina esquerda aberta durante o dia equilibra a
energia lunar criando um equilíbrio para si, tornando-nos mais relaxados e mais alertas
mentalmente.
• Pingala: canal direito que transporta correntes solares, natureza masculina, depósito de
energia destrutiva, também purificador. A narina do lado direito é de natureza elétrica
masculina, verbal e racional. Torna o corpo físico mais dinâmico, ativo e saudável. Quando um
casal tem um orgasmo, sem repressão e com consciência, algumas vezes elevam a Kundalini,
nutrindo todos os chakras por meio de Ida e Píngala.

Swadhisthana chakra

• Significado do nome: Lugar-morada do ser ou o “fundamento de si próprio”.


• Nome em Português: Chakra Esplênico Umbilical.
• Localização: Localizado na lombar e abaixo do umbigo no nível do púbis. Está relacionado
com as glândulas suprarrenais, regendo a coluna vertebral e os rins. As suprarrenais são
constituídas por uma medula interna, coberta por um extrato chamado córtex e são
responsáveis pela produção de adrenalina. Rege os rins, sistema reprodutor, sistema
circulatório e bexiga. As energias tais quais: a paixão, a expansão, sensualidade e a criatividade
são manifestadas por este chakra.
• Regula: Sedução e atração, criatividade e relacionamento.
• Cor: Laranja – tonifica; é uma cor acolhedora e estimula a alegria. É uma cor social que
traz otimismo, expansividade e equilíbrio emocional. Traz confiança, automotivação e senso
de comunidade. Azul ou verde para sedar.
• Mantra: Vam (concentrando-se abaixo do umbigo).
• Elemento: Água – forma circular – três quartos da Terra são cobertos de água, três
quartos do peso de uma pessoa são de água – a essência da vida. Os sons da água ampliam a
vibração deste chakra, permitindo um fluxo sem obstruções.
• Fase da vida: de 8 a 14 anos.
• Funções: Energia de criatividade, purificação e impulso emocional; é o centro da
procriação, manifesta-se sexualmente, mas sob o aspecto de sensação e prazer; fantasias e
desejos sexuais. Neste chakra inicia-se a expansão da personalidade.
• Orixás regentes: Exú e Ogum.

Manipura chakra

• Significado do nome: Cidade das Gemas ou Cidade das pedras preciosas.


• Nome em Português: Chakra Plexo Solar.

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• Localização: Um pouco acima do umbigo. Rege o pâncreas, glândula que possui função
exócrina e endócrina e que secreta o suco pancreático, cujas enzimas ajudam a digestão das
proteínas, carboidratos e gorduras. A parte endócrina da glândula é formada por pequenos
grupos de células chamadas ilhotas de langerhan, produtoras da insulina, que possuem um
papel importante no controle do metabolismo da glicose. A área de influência deste chakra é
o sistema digestivo: estômago, fígado e a vesícula biliar, além do sistema nervoso.
• Regula: Escolhas, dentro do possível, do que você quer. Individualidade, poder pessoal,
como você se vê, sua identidade no mundo.
• Cor: Amarelo dourado para tonificar. É ativador dos nervos motores, exercendo
influência no sistema nervoso. Estimula bílis e possui ação vermífuga, diminui a função do
baço, porém estimula a função do pâncreas, fígado e vesícula biliar. Fortalece as articulações,
o sistema digestivo e linfático. É regenerador dos tecidos, acelerando o processo de
cicatrização. Estimula a função peristáltica e o raciocínio lógico. Violeta, azul ou verde para
sedar.
• Mantra: Ram – o principal ponto de concentração durante a produção deste som é o
umbigo. Traz longevidade.
• Elemento: Fogo – auxilia a digestão e a absorção do alimento fornecendo a energia vital.
• Fase da Vida: De 14 a 21 anos.
• Funções: Desenvolvimento do ego e da identidade individual, impulso de liderança,
praticidade, trabalho.
• Orixás regentes: Iansã e Xangô.

Anáhata chakra

• Significado do nome: “Intocado” ou “Som não produzido” (batidas do coração).


• Nome em português: Chakra Cardíaco.
• Localização: Situa-se na região do tórax e está conectado com a glândula timo,
responsável pelo funcionamento do sistema imunológico. É o chakra do coração, centro
energético do amor.
A elevação das energias do chakra do plexo solar até o coração acontece em indivíduos
que estão desenvolvendo a capacidade de pensar e atuar em termos de coletividade.
• Regula: amor, compaixão, perdão, verdade e gratidão.
• Cor: Rosa – estimula o amor incondicional; e verde é relaxante do sistema nervoso. A cor
violeta seda esse centro.
• Mantra: Yam. A concentração, a repetição desse mantra deverá acontecer com a atenção
voltada ao coração, desfazendo qualquer bloqueio na região cardíaca, proporcionando
controle sobre o prana e a respiração.
• Elemento: Ar – auxilia o funcionamento dos pulmões e do coração.
• Fases da vida: 21 a 28 anos.
• Funções: Intermedia os chakras superiores e inferiores; impulso de se ligar à verdade, ao
amor; reequilíbrio; altruísmo; compaixão. Este chakra se expande em todas as direções e
dimensões, como uma estrela de seis pontas.
• Orixás regentes: Oxum e Oxossi (algumas escolas citam Xangô aqui).

Vishuddha chakra

• Significado do nome: Puro ou “Centro da Pureza”.


• Nome em português: Chakra Laríngeo.
• Localização: Sobre a garganta; comunica-se com a glândula tireoide que está relacionada
ao crescimento e aos processos oxidativos, e com as paratireoides que controlam o
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metabolismo do cálcio. Este chakra governa pulmões, brônquios e voz. Está ligado à
inspiração, à comunicação e à expressão com o mundo.
• Regula: Comunicação interna e externa – esclarecimento que conduz ao estado divino,
consciência e crenças (no que você acredita e se apega).
• Cor: Azul, atua como tranquilizante na aura e regenerador celular. Traz quietude e paz
mental, estimula a busca da verdade, a inspiração, a criatividade, a compreensão, a fé
(confiança na existência) e está associada à gentileza, ao contentamento, à paciência e à
serenidade. Turquesa estimula a comunicação em público. Para tonificar, laranja e violeta.
• Mantra: Ham – concentra-se na garganta.
• Elemento: Ar, prana, energia sutil, associado ao som.
• Fases da vida: 28 a 35 anos.
• Funções: Autoconhecimento, felicidade. Segundo o Satchakra Virupana, “(...) quem
alcança o conhecimento mediante a concentração constante da consciência neste loto,
converte-se num grande sábio e encontra a paz. O indivíduo se eleva e se purifica de todos os
carmas; morre-se para o passado e nasce-se novamente para a realização da unidade. ”
• Orixás regentes: Iansã, Oxumarê, Yori (Erês) e Ogum.

Ajña chakra

• Significado do nome: Autoridade, poder, comando intuitivo.


• Nome em Português: Chakra do 3º olho ou frontal.
• Localização: Entre as sobrancelhas, relaciona-se com a glândula pituitária.
• Regula: Intuição e a consciência. Capacidade de se observar sem julgamento.
• Cor: Dourado para concentração; falta de memória e confiança. Violeta, tranquilizante,
calmante e purificador. Clareia e limpa a corrente psíquica do corpo e da mente, afastando
problemas de obsessão mental e psicose.
• Mantra: Om.
• Elemento: Presença dos cinco elementos, com três gunas que são manas (mente),
buddhi (intelecto), Ahankara e chitta (o ato de ser – o ser).
• Fases da vida: 35 a 42 anos.
• Funções: Austeridade, intuição, serenidade. É o chakra da Faculdade do Conhecimento:
Buddhi: (conhecimento institucional), Ahankara (o ser / self), Indriyas (sentidos) e manas
(mente). É representado por um triângulo branco simbolizando a yoni e, no meio, um lingam.
No centro do chakra está o yantra do som Om, o melhor objeto de meditação.
“Meditando nesse centro, o praticante ‘vê a luz’; como uma chama incandescente.
Fulgurante como o Sol matutino, claramente brilhante, reluz entre o ‘Céu e a Terra’. ”
Satchakra Nirupana.
• Orixás regentes: Oxaguiã, Iemanjá, Oxum, Oxalufan.

Sahasrara chakra

• Significado do nome: Chakra das Mil Pétalas.


• Nome em português: Chakra Coronário.
• Localização: No topo da cabeça. E o portal da Espiritualidade, do reconhecimento da
existência de Deus em nós, no outro e em todo o universo.
• Regula: Reconhecimento da Iluminação, o Si mesmo, individuação, Purusha.
• Mantra: Sham (simbólico).
• Elemento: Todos os elementos, inclusive o éter, em suas manifestações mais sutis.
• Funções: Iluminação, Espiritualidade plena, Manifestação do Divino. Segundo o Satchakra
Nirupana:
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“O Lótus das mil pétalas é o mais brilhante e mais branco que a Lua cheia, tem a sua
cabeça apontada para baixo. Ele encanta. Seus filamentos estão coloridos pelas nuanças do
Sol jovem. Seu corpo é luminoso, é aqui o objetivo final de Kundalini após ativar os outros
chakras. O indivíduo que atinge a consciência do sétimo chakra realiza os planos da irradiação
(torna-se iluminado como o Sol), das vibrações primordiais, da supremacia sobre o prana, do
intelecto positivo, da felicidade, da indolência. ”
• Orixás regentes: Orixá Orí ou Orixalá.

Mestre Osho, praticantes de Yoga e a minha própria experiência apontam que o saber
intelectual dos chakras não substitui o “conhecimento” prático. A experiência de ativar esses
centros e manifestar Kundalini é um dos objetivos maiores do caminho tântrico.

A correlação entre as meditações do Osho e o estimulo dos chakras segundo minha visão:

• Ajnã – Shiva Netra e Vipassana


• Vishuda – Giberish e Chakra Sounds
• Anahata – Heart Chakra e Rosa Mística
• Manipura – Chakra Breating e Mandala
• Swadhistana – Dinâmica e Kundalini
• Muladhara – Dinâmica e Kundalini

Obs. Essa relação é superficial e relativa. Osho em suas meditações estimula todos os centros
no geral.

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A saúde dos chakras
Nível de satisfação em diversas áreas e setores da vida
Avaliação e estudo elaborados por Diana Prem Zeenat, mestra em terapias, Deeksha, minha
irmã e inspiradora.

Auto avaliação conhecendo-se energeticamente e assumindo algumas responsabilidades


MULADHARA CHAKRA
Saúde física/qualidade de vida física forma tradicional de definir saúde Ótimo Regular Péssimo
Alimentação saudável
Atividade física estimulante
Cuidados com o corpo Autoestima)
Imagem pessoal (Corpo e persona)
Boa disposição, ação e motivação?
Saúde do corpo
Bom-humor e prazer
Qualidade de vida corporal
Existe alguém especial para você com quem você compartilha a vida
sexual que idealiza? Prazer, intimidade e excitação.
MULADHARA CHAKRA
Saúde material, financeira e recursos: aborda os aspectos relativos a bens
Ótimo Regular Péssimo
materiais e profissionais.
Relação com os valores (dinheiro)
Há equilíbrio no consumo
Prosperidade equilibrada, abundância e sucesso financeiro
Tenho criatividade para gerar valores?
Investimentos e posses sem apego?
Viver a vida que vale a pena ser vivida?
Investimentos em conhecimentos?
Realizo viagens prazerosas?
SWADHISTANA CHAKRA
Saúde Amorosa: Como manter paixão e harmonia no dia a dia saindo da
Ótimo Regular Péssimo
rotina, superando as diferenças
Pessoas amorosas e afetivas em sua vida
União e cumplicidade amorosa.
Compreendo que eu tenho o meu jeito e o outro o dele, estabelecendo
respeito.
Coloco limites preservando minha individualidade.
Supero as crenças e conflitos com os outros.
Na sexualidade saia da rotina inovando sempre com criatividade.
Disponho tempo para meus relacionamentos.
SWADHISTANA CHAKRA
Saúde familiar: avalia como está seu relacionamento com seus familiares. Ótimo Regular Péssimo
Convivência harmoniosa.
Cooperação, União e Amorosidade.
Integridade intelectual, Respeito e Aceitação da minha identidade.
Se coloco limites preservando a individualidade.
Supero as crenças e conflitos.
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MANIPURA CHAKRA
Saúde do Ego: brilho pessoal, carisma, Hobbis, Diversão, Ação e Poder. Ótimo Regular Péssimo
Fortaleço meus pontos fortes, qualidades e sei quais são.
Administro meu tempo e reservando tempo para diversão.
Hobbis.
Supro meus desejos e necessidades.
Faço coisas alegres, motivantes, agradáveis e divertidas.
Existe consciência que sou responsável por algumas escolhas que me
causam dor ou prazer.
MANIPURA CHAKRA
Saúde Emocional: superação e maturidade ao lidar com os desafios
Ótimo Regular Péssimo
emocionais como eu supero, controlo ou direciono.
Supero meus pontos fracos (limites).
Como lido com o medo e insegurança?
Como trabalho com raiva e irritação?
Como lido com ansiedade?
Como lido com posse, apego e ciúmes?
Como lido com controle e autoridade?
Satisfação emocional.
Como eu vivo as crises?
ANAHATA CHAKRA
Saúde social: o que tem sido feito de sua parte para melhorar e prazer,
Ótimo Regular Péssimo
paz e equilíbrio do planeta.
Coopero e contribuo com o meio social?
Tenho realizado trabalhos filantrópicos com amor?
Critico?
Sou ecológico fazendo escolhas que não afetam negativamente o meio
ambiente e as pessoas?
Compreendo as limitações alheias?
Sou prestativo com as pessoas?
Proporciono criatividade, lazer, alegria e diversão para o meio?
ANAHATA CHAKRA
Saúde sentimental: superação e maturidade ao lidar comigo mesmo. Ótimo Regular Péssimo
Sou verdadeiro e autêntico?
Sou amoroso comigo, com quem me cerca? Demonstro e expresso
amor?
Sou grato com os recursos materiais, intelectuais, emocionais e
espirituais que possuo agora?
Sou capaz de propiciar compaixão, compreensão, perdão, aceitação e
amor por mim mesmo?
VISHUDHA CHAKRA
Saúde Intelectual: A busca do conhecimento teórico e prático em relação
Ótimo Regular Péssimo
àquilo que você deseja obter.
Mantenho-me atualizado?
Faço novos cursos e leio bons livros?
Aprendo com meus erros?
Supero crenças limitantes e empobrecidas?
Comunico-me com clareza e utilizo as ferramentas de comunicação
adequadamente?

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AJNA CHAKRA
Saúde perceptiva e intuitiva: Nível de identificação e aceitação de tudo
Ótimo Regular Péssimo
como é. Realização e Propósito.
Auto-observação
Percepção intuitiva
Sonhos premonitórios
Supero crenças limitantes e preconceituosas sobre religião ou outros
temas?
Observo os acontecimentos sem julgamento?
Sou consciente que a mente nem sempre é real?
Aceitação que tudo é o que é?
Quanto você está comprometido com seu propósito e missão?
Utiliza seus dons e talentos a serviço do meio?
Está comprometido com sua realização pessoal e profissional?
AJNA CHAKRA
Saúde Espiritual: abrange os aspectos da fé, desenvolvimento e conexão
Ótimo Regular Péssimo
com a consciência divina, plenitude e felicidade.
Silêncio
Meditação
Gratidão
Oração
Práticas espirituais
Quanto tempo dedico para minha espiritualidade?
Quanto estou comprometido com felicidade e plenitude?

Quais são as áreas que devo colocar mais foco?

Quais são as áreas que devem ser beneficiadas melhorando meu


equilíbrio emocional e fisico?

AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE SATISFAÇÃO


Nível de satisfação Porcentagem

Saúde e Disposição
Recursos Financeiros
Relacionamento Amoroso
Família
Vida Social
Equilíbrio Emocional
Criatividade, Hobbis e Diversão
Plenitude e Felicidade
Contribuição Social
Desenvolvimento intelectual
Realização e Propósito
Espiritualidade

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Espiritualidade Saúde e disposição
_____________ _______________

Plenitude e
Felicidade Desenvolvimento
_________ Intelectual
______________

Qualidade de Vida Pessoal


Criatividade, _______________ ______ Equilíbrio
Hobbies e
Diversão Emocional
___________ _________

Si – mesmo
_________
Vida Social
_________
Realização
Relacionamentos Profissional e Propósito
______________ __________ _________

Relacionamento
Amoroso
_____________ Recurso
Financeiro
_________

Família
_______ Contribuição
Social
___________

41
Capítulo 5
Mudrás apoio ao Tantra e ao maithuna
Gestos magnéticos e de poder

“Mudrás é uma combinação de movimentos físicos e sutis que alteram a disposição, atitude e
percepção, e que aprofundam a atenção e concentração. ”
Satyananda

“No Yoga, os Mudrás são, antes de tudo, gestos especiais feitos com as mãos para conduzir
de maneira específica a energia sutil ou força vital (prana do corpo). São empregados durante
a meditação, a visualização, o controle da respiração e os rituais de adoração, bem como para
fins terapêuticos na medicina tântrica. O mudrá mais comum é o gesto chamado Ãnjali, usado
na Índia como cumprimento: unem-se as palmas das mãos em frente ao peito, com os dedos
estendidos apontando para cima. ”
George Feuerstein

Mudrá é um gesto simbólico e mágico carregado de poder que usualmente é feito com as
mãos. Literalmente, a palavra mudrá quer dizer “selo”, “gesto” ou ainda “reflexo” de algo.
Os hindus místicos o chamam de gesto de poder, já que sua prática cria estados alterados
de consciência, como elevação de kundalini e consciência do Si Mesmo e do Universo que nos
cerca. Consciência aqui significa acordar do sono robótico em que muitos vivem.
O significado da palavra mudrá encontra-se no Kulanarva Tantra e no Nigranth Tantra,
segundo os quais mud = força de poder; êxtase (para fora) e êntase (para dentro); prazer, e
dra (dravay) = controlar; manter; capacidade de manter.
No hinduísmo e em outras correntes metafísicas é comum o mestre tocar o discípulo com
um mudrá como forma de iniciação ou batismo. O nome desse toque no Tantra é kripa guru e
transmite toda a força da tradição em questão do iniciador para o iniciado.
Os mudrás aparecem em todas as tradições influenciadas pelo Tantra (budismo,
hinduísmo, magia, teosofia etc.). No Ocidente, é comum um gesto de oração ou prece em que
se unem as duas mãos, palma com palma, o que na Índia se chama de pronan mudrá.
Os mudrás sintonizam com as origens das tradições que queremos enfocar. Segundo o
professor Humberto Gama, em seu livro Mudrás – Gestos Magnéticos do Yoga (Ed Vidya), “(...)
o objetivo é a autenticidade, a receptividade. E para isso o mudrá trabalha profundamente no
interior de cada ser humano”.
Cada gesto ou selo produz uma infraestrutura psicofísica e predispõe o praticante a um
estado interior. Os mestres são de opinião que o mudrá possui quatro “estados” ou “poderes”
especiais e distintos, que são: Identificação; Assimilação; Domínio; Desenvolvimento.
Dentre os textos clássicos, encontramos no Kulamava Tantra a sua interpretação erudita:
“O mudrá prepara o praticante para um estado interno de identificação em que este,
concentrado e interiorizado no gesto, controla a força adquirida e a dirige para qualquer parte
de seu corpo ou para fora dele. ”
Os mudrás atuam também, profundamente, em nosso sistema nervoso simpático e
parassimpático, além dos terminais dos meridianos usados em medicina chinesa (tsubos).

42
Relação dos dedos com os mudrás

Quando indicamos que alguém deve “pensar na vida”, o fazemos apontando ou


levantando o dedo indicador (elemento ar) para a cabeça.
Quando queremos nos referir a um gesto sexual, mostramos o dedo médio (elemento
fogo).
Utilizamos o dedo anular (elemento água) para unir os que se amam. Não por acaso essa
união é o elemento água, que diz respeito a nossas emoções e sentimentos.
Reis e rainhas de todos os tempos usavam anéis no dedo mínimo (elemento terra) para
simbolizar a prosperidade sobre a matéria.
O polegar (elemento éter) é o dedo do espírito e representa a Alma. Quando uma situação
está bem, costumamos levantar o polegar para representar o fato.
Quando praticamos um mudrá com a mente concentrada (manas mudrá), podemos
facilmente estimular os cinco elementos representados nos dedos.

Elemento Dedo
Terra Mínimo
Água Anular
Fogo Médio
Ar Indicador
Éter Polegar

Principais mudrás do Tantra e do Hinduísmo


Shiva mudrá
Expressa respeito à ancestralidade, sinceridade e receptividade. É um gesto de silêncio e
ao fazê-lo devemos imaginar que deste “cálice com as mãos” estamos disponíveis para
receber todos os benefícios de uma prática (sadhana) de mantra. É um mudrá normalmente
usado em inícios de rituais, práticas de Yoga, nos mantras de Shiva e de algumas escolas
budistas. Om Namah Shivaya.

Yônilingam mudrá
Gesto principal do maithuna, o mais importante que representa a fusão de energia entre
Shiva (princípio masculino) e Shakti (princípio feminino). É o mais forte de todos os mudrás
quando utilizado nas práticas tântricas. Deve ser utilizado com mantras tântricos, de Shiva e
Shakti. Om Sri Klim.

43
Ãnjali mudrá (Pronam mudrá)
Este é um gesto de cumprimento, reverência, saudação, reflexão e interiorização, por isso
tem característica reflexológica forte. É o que usamos ao iniciar e terminar uma prática de
escolas de mantra, Tantra e Yoga. No Ãnjali mudrá Jiva, as mãos ficam na altura do peito. No
pronam mudrá Atma (alma), as mãos elevam-se a altura do rosto.
Representa ainda a união (Yoga) de todos os sentimentos dos praticantes. É usado no
Tantra como um cumprimento junto com o mantra Om Hara ou Hare Om, que pode ser
traduzido como “observe a totalidade em sua volta”. No budismo, esse gesto chama-se Gasho
e representa uma saudação: “Todos são budhas, todos são Iluminados, eu saúdo toda a
existência que é Buda. ”

Jñaña Mudrá
É o gesto da sabedoria. Serve para impedir que energias se dispersem nas práticas
principalmente mântricas e do Yoga. Ao se ligar o polegar com o indicador, fecha-se um
circuito eletromagnético.
Nas práticas mântricas realizadas entre seis e dezoito horas (dia/sol), as palmas devem se
voltar para cima (mudrá surya, ou sol). Na prática feita entre dezoito e seis horas (noite/lua),
voltamos as palmas das mãos para baixo (mudrá chandra, ou lua). Esse é um mudrá que pode
ser utilizado com qualquer mantra e prática meditativa.

Trimurti Mudrá
É a união das mãos em forma de pirâmide ou trindade divina (Brahma, Vishnu, Shiva);
também chamado de gesto das “três faces”.
Estimula os chakras muladhara, anahata e ajña. Quando as mãos se voltam para baixo, em
direção ao solo, denomina-se trimurti mudrá prithivi (terra); se voltadas para cima, com os
braços elevados, chama-se trimurti mudrá vayu (ar).

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Trishula
O polegar fecha um circuito de força com o dedo indicador, formando um gesto de força.
Os três dedos (indicador, médio e anular) simbolizam o tridente de Shiva, usado para destruir
as correntes de inconsciência, egoísmo e ignorância sobre o Si mesmo. É indicado com os
mantras de Shiva.

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Como citado no início do texto, esses são os principais mudrás do hinduísmo e do Tantra. O
número total de mudrás é incerto, pois em cada parte do Oriente existem muitas escolas e
filosofias.

Basicamente os mudrás tântricos dividem-se em:


Samyukta hasta: realizado com as duas mãos.
Asamyukta hasta: realizado com uma só mão.

Utilize-se dos mudrás em suas práticas de Tantra, mantra e maithuna para potencializar
seus objetivos. No Youtube tenho aulas de mudrás filmados:
(https://www.youtube.com/watch?v=JwvYB9t1Vjk&t=1736s).

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Capítulo 6
Chakra Puja Mantrificando a Shakti
Técnica do Giro Tântrico (Kara Nyasa)

“O conhecedor de Yoga deve sempre adorar o poder feminino, de acordo com a revelação
dos Tantras. Deve-se adorar a mãe, a irmã, a filha, a esposa e todas as mulheres. Durante este
tipo de adoração, deve haver contemplação da unidade essencial da Sabedoria e Meio, os
princípios masculino e feminino. ”
Advayasiddhi

“Em todos os momentos, seja lavando os pés ou comendo, enxaguando a boca, esfregando
as mãos ou guarnecendo os quadris com uma tanga, saindo, conversando, andando ficando de
pé, sentindo raiva, dando risada, o homem sábio deve sempre adorar e honrar a mulher. ”
Hevajra Tantra

“Não há nascimento como o humano. Devas e anjos o desejam. Para a alma, o corpo
humano é o mais difícil de se conseguir. Por isso, diz-se que o nascimento humano se alcança
com grande dificuldade (...).
Afirma-se nos shastras que, dos 8.400.000 nascimentos da alma, o humano é o mais
frutífero. A alma não pode adquirir o conhecimento da verdade em nenhum outro nascimento.
O nascimento humano é a pedra fundamental do caminho da libertação. Por isso, é raro e
cheio de mérito quem chega a ele. ”
Vishvasara Tantra

“Não existe nada neste universo que não esteja contido no corpo humano. Tudo o que está
aqui, está em toda parte; o que não está aqui, não está em nenhuma parte. ”
Vishvasara Tantra.

“Aqui mesmo (neste corpo) estão o rio Ganga, Prayaga e Varanasi, o sol e a lua (isto é, o
masculino e o feminino) e os lugares sagrados... não existe outro lugar de peregrinação nem
morada de felicidade semelhante ao meu corpo. Em verdade, o yantra que é o próprio corpo é
o melhor de todos os yantras. ”
Gandharva Tantra

O Chakra Puja Nyâsa Devanyâsa, também conhecido como a onda do Chakra, círculo de
energia ou técnica do giro tântrico, é uma amorosa e belíssima prática mística que atua como
um poderoso estimulador da energia Kundalini através dos chakras e dos canais prânicos,
desenvolvendo assim maior potencial orgástico que pode ser utilizado para meditação e
Samadhi, além do êxtase da experiência mística.
É uma prática pouco conhecida no planeta, sendo ensinada ou iniciada (Parampara é o
nome dessa iniciação que transmite poder e conhecimentos transpessoais por meio de uma
sucessão de mestres e discípulos) a poucos discípulos que forem realmente persistentes em
suas buscas e práticas são iniciados no Tantra secreto (Gupta Vidya).
Em grupos que ministro de Tantra (técnicas e terapias), ensino passo a passo essa liturgia,
e principalmente as mulheres ficam fascinadas, encantadas com a beleza e os efeitos da
técnica.

Início da liturgia
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A liturgia inicia-se com os praticantes sentados confortavelmente num colchonete ou
tatame limpo e de bom gosto. Shiva (o homem) senta-se numa almofada e permanece atrás
de Shakti (a mulher) e ambos aquietam suas mentes e emoções, fecham os olhos,
descontraem a face e voltam à atenção para o Ajña Chakra. Após a concentração, ambos
podem sussurrar por alguns minutos o mantram Om Sri Gam ou Om Sri Klim. Feito isso, inicia-
se o movimento rotatório de girar no mesmo eixo, no sentido horário, de forma suave,
mantendo a coluna ereta.

Prática – movimentos
O primeiro movimento é feito por Shiva (que está por detrás) que respira suavemente no
pescoço da Shakti (quem se senta na frente), enviando assim parte de seu Prana (energia) e
unindo as mãos, como em oração à frente do peito, em Pronam Mudrá, saudando a essência
de sua Shakti e mentalizando ou pronunciando o mantra de saudação Om Hara.

Iniciam-se os toques deslizando as mãos de forma sutil, bem leves, da cintura aos ombros,
e sem a utilização de óleo. Os movimentos são em sua maioria de baixo para cima. Atente
para que, pelo menos, uma das mãos fique sempre em contato com a Shakti durante toda a
prática. Suavemente, passa-se a ponta dos dedos sem utilização das unhas movimentando a
energia prânica e kundalini de baixo para cima.
(Observe com atenção a sequência de desenhos).
Repita esse movimento várias vezes e novamente faça deslizamentos prazerosos com as
mãos. Em seguida, o movimento tem o mesmo formato do anterior a não ser as mãos que
tocam mais forte. As mãos de Shiva devem ser absolutamente macias e perfumadas. Shiva
poderá cruzar as mãos fazendo com que haja troca de polaridades. Nesse ponto, depois de
feito algumas vezes os movimentos anteriores, Shiva poderá remiti-los, com um pouco de
óleo nas mãos. Trabalhe a região dos rins (Swadhisthana chakra) com muita delicadeza.

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Trabalhe a região dos ombros com toques profundos e prazerosos. Repita várias vezes o
movimento de trazer as energias de baixo para cima.
Faça vários movimentos com atenção nos braços, pescoço, rosto e lateral do corpo, muito
suavemente, e com muito carinho morda o pescoço de Shakti (com os lábios ou se utilizar os
dentes, fazer levemente). Esse movimento ativa o Vishudha chakra, e trabalha os seus “nós
energéticos” que tanto atrapalham a elevação de Kundalini. Sempre com muito carinho e,
porque não, amor, beije delicadamente em volta das orelhas. Faça movimentos dos dois lados
e lembre-se que todo o Chakra Puja é feito como uma dança circular, uma celebração, um
ritual criativo e amoroso.

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Encoste suavemente seu peito às costas de Shakti, sem pôr peso, o ideal é só encostar os
pelos de seu corpo nas costas de Shakti.
Os movimentos na barriga são feitos preferencialmente com óleo, e prefira os
movimentos no sentido horário e alguns poucos no sentido anti-horário. Fazem-se
movimentos fechados e abertos, com os dedos e com as palmas das mãos. Aqui um mestre ou
um discípulo tântrico treinado consegue estimular a Kundalini da Shakti, e é impressionante as
contrações abdominais que, às vezes, culmina em um orgasmo sem toques. Assista a uma
apresentação ao vivo e surpreenda-se. Na barriga, atente que enquanto se gira com os dedos
com uma das mãos a outra segura na cintura. Toca-se também próximo dos rins e em toda a
cintura, inclusive na região uterina e ovariana onde se concentram a maior carga de energia
da Shakti. Tudo isso de maneira muito carinhosa.
Os seios em algumas civilizações retrógrada são considerados um tabu. No Tantra não. É
uma região do corpo absolutamente sagrada, como todas, e que deve ser muito tocada e
acariciada. Faça movimentos suaves e circulares. Observe os detalhes dos movimentos feitos
nos seios.

Deve-se tocar um seio de cada vez e dar atenção especial aos mamilos. O importante,
sempre, é o toque ser prazeroso e não machucar. Sinta, observe as reações da Shakti e dê-lhe
prazer.
Nesse ponto, Shiva irá para frente da mulher e a mesma irá sentar-se sobre as suas
pernas, encaixando-se perfeitamente. O homem terá de estar com as pernas bem treinadas a
fim de acomodar o peso da Shakti. Shiva deverá beijar o peito e os seios da Shakti. Com
absoluta devoção. Tudo com muita calma, não deixando nenhuma região sem um toque ou
carinho.
O abraço durante o giro tântrico permite total união e integração mística do casal.
Há o desaparecer mútuo. Durante o abraço, o casal poderá beijar-se de forma suave e sem
se utilizar somente da sexualidade, mas sim mais sensualidade.
Termina-se a prática de Chakra Puja com a Shakti deitada e o Shiva sentado massageando-
lhes a barriga e o peito.

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Visualizações Especiais

Quando se tocar no Muladhara Chakra: visualizar a cor vermelha no homem e violeta na


mulher envolvendo toda a pelve com energia e poder. Mentalize a geração de fogo, calor e
ainda de uma energia quente. Shiva deve ainda mentalizar o mantra Lam.
Na região do Swadhistana Chakra: nos movimentos nessa região imagine que a energia
está sendo puxada para cima e a sua cor se altera para laranja vívido. Quando sentir que na
barriga surja um grande calor ou até mesmo contrações esporádicas é o momento de fazer
movimentos circulares ao redor do umbigo para canalizar mais força. O mantra mentalizado é
o Vam.
Na área do Manipura Chakra: quando passar as mãos para o plexo solar você sentirá que
as contrações abdominais e o calor aumentam. A sensação de quem aplica ou recebe os
movimentos é que toda a região dos três primeiros chakras se tornam uma força só. Nesse
momento, visualiza-se uma forte cor amarela ou verde em toda a região. Faça movimentos
circulares suaves de agarrar a barriga (movimento semelhante de Qi Gong), conhecido como
garras do tigre). O Mantra mentalizado é Ram.
No Anahata Chakra: os toques nesse Chakra deverão ser suaves e com a visualização de
cor verde. Os toques são cheios de amor e sentimento devocional. Os movimentos também
são circulares e a respiração de ambos deve ser bem profunda e completa. A visualização é de
que o Chakra se abre tal qual um botão em flor. O mantra mentalizado é Yam. No Tantra esse
centro é como o Sol do Coração, é energizado também por mantras solares, em especial o
Hrim.
No Vishudha Chakra: no Chakra da garganta os movimentos são suaves e com muita
gentileza, pois essa é uma região sensível, principalmente na parte frontal. As mordidas
suaves na área cervical devem ser muito sutis e delicadas. A mente de Shiva deve vibrar o
mantra Ham.

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Ajña Chakra: nesse Chakra, de suma importância na elevação de Kundalini, você deixará
que as pontas dos dedos o toquem sempre de maneira suave e visualizando a cor azul índigo.
O mantra indicado para mentalização é o Om. Ajña chakra ou terceiro olho é energizado ainda
por mantras luminosos, como o Krim ou Klim.

“O sábio Ramana Maharshi, do século XX, que todos concordam em considerar


verdadeiramente iluminado, afirmou que a kundalini sobe a partir de qualquer lakshya (foco
de concentração) escolhido pelo adepto. Na mesma conversa com um peregrino que visitou
sua ermida, o sábio identificou a kundalini com a energia vital (prâna-shakti). Em outra parte,
Ramana Maharshi identifica a kundalini com a própria realidade suprema. A partir dos poucos
comentários que ele fez sobre o poder da Deusa e os conceitos correlatos, deduzimos que ele
lhes atribuía a mesma realidade que qualquer outra coisa no orbe da existência finita. Do
ponto de vista de sua própria realização, porém, todos eram igualmente ilusórios. Como só
estamos tratando aqui da dimensão empírica ou finita, podemos tomar suas afirmações como
uma confirmação da existência da kundalini, dos canais sutis (nâdi), dos centros sutis (chakra)
etc. Pode-se dizer que os adeptos que não experimentam os fenômenos característicos da
kundalini no processo de iluminação tomaram um atalho no caminho. ”
Georg Feuerstein

Atenção: Todos os movimentos deverão ser repetidos por várias vezes.


A respiração de ambos deverá ser profunda e a visualização deverá ser dos chakras e de
Kundalini se movimentando por todo o corpo, mas principalmente na região do Ajña Chakra.
Após a primeira prática do Giro Tântrico, pergunte a Shakti se ela prefere toques mais
suaves ou fortes. Do que ela mais gostou e o que mais pode ser oferecido.
Amigas sempre me compartilham que os piores amantes são aqueles que não sabem ou
não têm humildade de perguntar o que dá mais prazer à mulher.
Regularmente demonstro Chakra Puja ao vivo, e isso é absolutamente lindo, mágico e uma
das maiores formas de prazer que uma mulher pode receber.

Requisitos e preparação para a prática:


Roupas: as mais confortáveis possíveis e que não apertem na cintura. Se o clima permitir,
permaneçam nu. Isso estimula muito um dos objetivos da prática que é a sensorialização de
todo o corpo.
Mentalização: as indicadas no decorrer desse capítulo.
Local: O mais tranquilo e belo possível. Acendam incenso de Sândalo ou Tulasi e certifique-
se que não serão incomodados.
Aroma: usem óleos de Sândalo, Ylang-Ylang ou Patchouli na prática.
Música: Escolham as músicas que mais agradem, mas se certifiquem que sejam suaves e
façam da técnica uma dança relaxada.

Tempo: Reservem no mínimo uma hora para essa prática.

Dicas de mantra para o Chakra Puja


Os bijas mantras abaixo podem também ser usados durante o chakra puja nos diferentes
chakras e centros de energia.

• Krīm pode ser usado para energizar todos os chakras.


• Hum pode ser usado para fortalecer todos os chakras com um calor expansivo e força.
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• Hrīm pode ser usado para preencher todos os chakras com radiância e espaço.
• Srīm pode ser usado para nutrir todos os chakras e provê-los de felicidade e deleite.
• Shakti se move em seu interior, é o Poder do Feminino durante a prática do giro
tântrico e causa grandes e poderosas mudanças. Elas podem ser desconcertantes e
poderosas, e podem alterar a sua vida, e lhe mover para a maturidade, levar ao Amor e ao
Conhecimento de si.
• Quando Shakti se move em seu interior, o Grande Feminino lhe abençoa de uma
maneira significativa. Isso é chamado de Graça Divina.
• Shakti leva ao êxtase subindo pela coluna do Muladhara ao Anahata Chakra onde o
Amor reside, onde o Conhecimento está contido e leva ao conhecimento do Si mesmo.
• Shakti leva a contatar os “níveis superiores” da realidade, tais quais os domínios onde
residem os Grandes Seres e os seres celestiais. (Devas) e produzindo a verdadeira libertação.
(Moksha)

(Os desenhos desse capítulo são do meu amigo Fábio de Campos)

Ministro de forma online um curso de Maithuna e no Youtube disponho de uma


filmagem do giro tântrico (https://www.youtube.com/watch?v=Eoj3LAzvHFo)

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Capítulo 7
Massagem Tântrica
“Uma pessoa que tem a cabeça ungida com óleo não é sujeita a dores de cabeça, à queda de
cabelo ou ao embranquecimento dos cabelos. A força dos ossos do crânio é aumentada, os
órgãos dos sentidos resplandecem lindamente e a pessoa dorme bem e torna-se feliz. ”
Charaka Samhita

“A aspereza, a dureza, a secura, a fadiga e a dormência dos pés são todas rapidamente
removidas por massagem e banho de óleo regulares; os órgãos internos também beneficiam-
se, massagem do resto do corpo remove odor corporal desagradável, peso do corpo, torpor,
coceira, falta de apetite, cansaço físico e debilidade sexual. É uma prática maravilhosa que
ajuda a superar os problemas deste mundo e do próximo. ”
Charaka Samhita

A Massoterapia tântrica é conhecida no amalgama do Tantra como Prana Pratista Kara


Nyasa Kosha Pratiahara, que significa insuflar energia nos corpos através das mãos. O Tantra,
como filosofia prática, libertária, desrepressora e sensorial, tem em sua massagem toques
globais e absolutamente carinhosos em todo o corpo. Venera-se o nu e os toques na
totalidade do ser.
Somente há pouco mais de 3.500 anos o homem começou a deixar de andar nu e tocar
algumas regiões do corpo. Na época inquisitória as mulheres eram humilhadas e mal podiam
exibir o tornozelo.
O homem de hoje pode mostrar o peito, a mulher não, só porque “sua sociedade”, caótica,
assim aponta e um punhado de robôs retrógrados e mal-amados aceitam e criam leis a
respeito disso.
O templo (corpo) deve ser tocado como um todo, principalmente as partes “mais íntimas”,
a fim de liberá-las e porque, a priori, são as que dão maior prazer. O Tantra é uma filosofia de
autoconhecimento, através do prazer. Lembre-se sempre disso.

Sobre o prazer de se ter um corpo, o Vishvasara Tantra ensina: “Não há nascimento como
o humano. Devas e anjos o desejam. Para a alma, o corpo humano é o mais difícil de se
conseguir. Por isso, diz-se que o nascimento humano se alcança com grande dificuldade. (...).
Afirma-se nos shastras que, dos 8.400.000 nascimentos da alma, o humano é o mais frutífero.
A alma não pode adquirir o conhecimento da verdade em nenhum outro nascimento. O
nascimento humano é a pedra fundamental do caminho da libertação. Por isso, é raro e cheio
de mérito quem chega a ele”.
Ao praticar essa sequência aqui bem resumida sugira a sua parceria a nudez total. Isso é
tântrico. Utilize preferencialmente óleo de almíscar, patchouli, sândalo ou tulasi.

Prática – Massagem tântrica

“Encare a massagem como um ritual. Comece pela cabeça, pés ou espinha e repita
mentalmente sua intenção de vencer todos obstáculos ou bloqueios do parceiro, de revigorar

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seu corpo e de carrega-lo com energia positiva. Tente harmonizar sua respiração e use este
controle respiratório como meio auxiliar de sua concentração. Há um segredo especial para a
massagem criativa. É que a pessoa fazendo massagem canaliza energia de todo o seu ser
pelas mãos. Eleve conscientemente esta energia pelo corpo e veja-a sendo emitida pontas de
seus dedos.
Devem-se usar óleos durante a massagem. Seria ideal esquentá-los um pouco, especialmente
no inverno. Existem muitos óleos de massagem para ser comprados, porém excelentes
resultados podem ser alcançados com aqueles que você mesmo mistura. Escolha um óleo base
não pegajoso, como o óleo de semente de gergelim, e adicione a ele alguns óleos essenciais de
flores ou ervas; sândalo, rosa, jasmim, tomilho, alfazema, alecrim e patchouli são algumas das
possibilidades. O óleo de bebê é uma boa base para se trabalhar porque é fácil de obter e
bastante puro. O óleo de amêndoa é, em particular, bom para a cabeça, mãos, pés e olhos.
Ao massagear, seja criativo e bastante inventivo. Tente visualizar os canais sutis e os Chakras e
concentre-se na limpeza e na respiração e no pensamento. Os mantras ajudam a estabelecer
um ritmo e reforçam a concentração. Lembre-se de que o tato possui um grande potencial
para a cura e a revitalização. A massagem é um meio maravilhoso para a comunicação de
sentimento e um poderoso aliado em tempos de necessidade. Para o casal, a arte da
massagem é um caminho valioso de servir um ao outro. ”
(Nik Douglas e Penny Slinger)

Inicie a massagem tântrica apoiando uma mão no sacro e a outra no pescoço, tocando
delicadamente o templo sagrado. Neste momento, perceba sua respiração e do (a) parceiro
(a). Entre em sintonia, esse toque traz a sensação de segurança e aconchego. Perceba as
sensações do tato em cada parte do corpo. Ao massagear, seja criativo.
Mentalize os mantram Om Srí Gam e Om Srí Klim, várias vezes, afim de aquietar a mente e
estimular energias de saúde, prosperidade e alegria (atributos dos mantram).

Deslize suavemente as mãos, descendo das costas até os pés. Não é necessário aqui a
aplicação de óleo, o toque é sutil com a intenção de provocar ondas de energia e limpar
miasmas astrais e energéticos.

Dê ao deslizamento uma pressão um pouco maior e faça o movimento mais devagar


atuando assim nos Chakras menores das pernas.

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Aplique óleo nas mãos, friccionando para aquecer e energizar. Faça um deslizamento,
subindo pela perna, passando pelo tronco e descendo pelo braço até a mão.

Repita do outro lado exatamente da mesma forma. Aqui há uma circulação de energia e
estímulos das nadis (rios energéticos). Repita várias vezes os movimentos em ambos os lados.
Permita que suas mãos bailem, dancem no corpo do (a) parceiro (a).
Posicione-se acima da cabeça. Deslize as mãos paralelas, inteiramente apoiadas nas costas
dos ombros aos quadris, repita o movimento de cima para baixo. Esse movimento relaxa os
músculos que sustentam a coluna, ativa Kundalinî estimulando o saborear de ter-se um corpo.

Com os polegares apoiados nas laterais da coluna desça fazendo movimentos circulares,
sempre de cima para baixo. Esse movimento libera a energia estagnada nas costas, ativa
Chakras e Nadis, e estimula uma coluna saudável e flexível.

Posicione-se ao lado do ser amado, alternando as mãos, deslize-as na lateral do tronco,


puxando a energia na direção à coluna. E daí volte ao tronco. Repita do outro lado, da mesma
forma, trocando a sua posição. Esse movimento faz circular a energia dos rins (coragem) e
coração (amor).

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Sente-se de frente aos pés do (a) parceiro (a). Apóie as duas mãos e deslize empurrando a
energia para cima. Esse movimento relaxa as pernas, auxilia o fluxo sanguíneo e estimula
segurança em todos os níveis.

A região dos glúteos deve ser muito bem trabalhada, pois a energia sexual depende da
região pélvica solta e relaxada. Faça movimentos circulares no glúteo de dentro para fora e de
fora para dentro, liberando toda a tensão nos músculos e estimulando o prazer. Lembre-se
sempre de mentalizar os mantram Om Srí Klim e Om Srí Gam.

Com uma mão na parte interna e a outra na parte externa deslize várias vezes do pé até os
glúteos. Repita tudo na outra perna.

Com as mãos na lateral do tronco deslize uma para cima e a outra para baixo, como se
quisesse abrir o espaço entre as costelas e os quadris. Esse movimento relaxa a região lombar,
auxilia no processo digestivo e de eliminação de detritos físicos e emocionais. Faça seus
movimentos de forma absolutamente prazerosa.

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Solte o seu corpo sobre do ser amado exercendo uma leve pressão com seu tronco. Esse
movimento une as energias/polaridades masculinas (Shiva) e femininas (Shakti) criando uma
sensação de inteireza e conforto a ambos.

Traga as mãos, em movimentos suaves, deslizando dos pés, subindo pelas costas até as
mãos, encerrando a parte das costas e virando delicadamente (com calma) o ser amado de
frente.

Fique ao lado do corpo do (a) parceiro (a) envolvendo o braço com uma mão e a outra
segurando o punho, faça deslizamentos em direção aos ombros e descendo na direção da
mão. Esse movimento relaxa os braços, fazendo circular a energia e diminuindo a ansiedade.

Apóie a mão da parceira no seu tronco e prenda com seu braço, deslize as mãos nos dois
sentidos pelo braço. Observe que é importante os braços de sua parceira estarem relaxados.
Repita a mesma seqüência do outro lado.

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Alternando as mãos, deslize-as puxando a energia na direção dos dedos dos pés. Esse
movimento trabalha vários canais de energia que percorrem pés em direção aos dedos.
Segure firme no tendão enquanto desliza a mão na sola do pé. Esta área faz parte da
reflexologia de todo o corpo, que representa no Tantra o Linga Sharita – O Corpo de Luz.

Faça círculos no sentido horário em todo abdômen. Esse também é um ponto muito
importante, a região do Hara, ou o centro do corpo. É uma área onde se processam muitas
emoções e sentimentos. É importante que você incentive a parceira a respirar pela barriga,
para que não haja bloqueios na mesma.

Com a parceira de frente, fique ao seu lado direito e toque seu seio como um todo e com o
mamilo entre os dedos polegar e indicador, exercendo leve pressão e fazendo rotações. Esse
movimento pode liberar sensações de prazer e eliminar mágoas do pretérito. Massageie
também o centro do peito com delicadeza. Mentalize o mantra Om Aditiaya Namah que é um
som de cura.

Segure o mamilo entre os dedos polegares e indicadores de ambas as mãos, fazendo


movimento de deslizar em ambos os sentidos. Repita do outro lado. Seja gentil

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Fique ao lado do parceiro, apóie a mão no lingan (pênis) e aplique o óleo sobre a sua mão
(a intenção não é estimular a relação sexual e sim a consciência de todo o corpo).

No Tantra, a genitália é sagrada (sacro) e deve ser massageada normalmente sem nenhum
preconceito. Lembre-se que a filosofia tântrica nada tem em comum com a falida sociedade
moderna patriarcal. Portanto, toque o corpo como um todo sem conceitos retrógrados e anti-
naturais.
Alternando as mãos, faça movimentos para cima, puxando a energia da base para todo o
lingan. Consulte Shiva se ele sente ou não prazer na região do ânus.

Fique ao lado da parceira, apoiando a mão na yoni (vagina) e aplicando óleo ou lubrificante
sobre as mãos. Faça movimentos ascendentes alternados.

Afaste os grandes lábios e massageie o clitóris com movimentos suaves de cima para baixo,
e em círculos ao redor do mesmo.

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Massageie ao mesmo tempo o abdômen, deslizando para baixo, a yoni de cima para baixo.
Esse movimento conecta todo o corpo, espalhando a sensação de prazer e estimulando os
chakras.

Apoie a mão esquerda na cabeça, e a direita na yoni ou lingam. Isso traz a energia para o
alto da cabeça e polariza todo o corpo, nadis, Chakras e Kundalinî.

Termine com uma polarização colocando a mão direita na base do lingan, e a esquerda no
alto da cabeça. É importante que o casal troque a massagem. Desejando ser um mestre em
massagem indiana, tântrica e ayurvédica (método Kussum e tradicional), estude com Diana
Prem Zeenat na Humaniversidade Holística (www.espacoholistico.com.br).
No Youtube temos práticas de massagem tântrica que podem acrescentar em sua
formação.

“Não existe nada neste Universo que não esteja no corpo humano. Tudo o que está aqui,
está em toda parte; o que não está aqui, não está em nenhuma parte. ” Vishvasara Tantra

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O tantrismo ensina que existem sete portas para o templo que é seu corpo. No maithuna
ou massagem tântrica, todos esses corpos, que são os portais de entrada da morada do self,
essência e consciência, são estimulados.

Os Sete Corpos na Visão Tântrica que devem ser estimulados na massagem

• Anna Maya Kosha – Corpo físico feito de matéria, energia e alimento.


Nele estão contidos os nove “portais” do templo corporal: boca, nariz, os dois olhos, o
ânus, o órgão sexual, os dois ouvidos e a moleira no alto da cabeça. É estimulado por frutas
vivas.
• Prana Maya Kosha – Corpo energético feito de ar e prana.
Os pranayamas tântricos anexos no maithuna estimulam consideravelmente esse corpo
invisível ao olhar físico. É estimulado ainda ela perfumaria com os aromas de sândalo,
patchouli e musk
• Kama Maya Kosha – Corpo dos desejos também conhecido como astral.
O estímulo dos desejos sexuais são o ideal para despertar esse corpo (velas).
• Ananda Maya Kosha – Corpo da felicidade e dos sentimentos.
Somente é estimulado pelo amor desapegado (músicas).
• Manas Maya Kosha – Corpo mental e intelectual.
Estimulado com bons textos, estudos e artes plásticas ou teatrais.
• Jnaña Maya Kosha – Corpo da sabedoria.
“É saber somente o suficiente” como diz minha amiga, a monja Zen Budista Coen de Souza.
• Buddhi Maya Kosha – A Essência ou o Self.
Não pode ser melhorado ou piorado, estimulado ou sedado. Simplesmente É.

Obs.: Todas as palavras Maya significam ilusão, apontando o sentido transitório de tudo.
Somente o corpo Buddhi não tem começo e nem fim. Você conhece esse corpo? Então, quem
é você?
Anna Maya Kosha (corpo físico) é o corpo que mais sofre transformações. Para uma breve
compreensão do corpo e do prazer feminino, vamos entrar na história da humanidade. Há 4
milhões de ano, a relação sexual era motivada por hormônios para a manutenção da vida, os
nossos ancestrais (australopitecos afarensis) não faziam jogos de sedução. A fêmea peluda,
com 1m de altura, 27kg, os genitais na parte inferior da coluna, espalhava seus ferormônios,
pelas moitas atraindo uma infinidade de macacos. A sedução era exclusiva da bioquímica, não
do olhar, da beleza. A posição da fêmea era perfeita, com os genitais mais posteriores, e
ficando de quatro, neutralizava a ação da gravidade sobre o útero, evitando abortos e
problemas com parto, e os hormônios determinavam a disposição para o sexo, que mudava
com a gravidez e amamentação, só voltando “a ativa” depois da amamentação.
Tudo começa a mudar, quando os afarensis começam a correr e ficar de pé para colher
frutos. Nesta posição os genitais começam a ficar mais escondido, entre as pernas, surgindo o
homo habilis. Esta mudança causou uma transformação na relação. A nova posição permite o
sexo de frente, olho no olho. E o macho reconhece sua prole e protege a fêmea.
A fêmea começa a criar utensílios (cestas, maceradores de grão), o macho caça para
manter a família e surge o homo erectus, há mais ou menos 2 milhões de anos. A fêmea perde
os pelos do corpo, mantendo-os nos genitais.
Ela libera feromônios para toda pele e o contato se torna mais visual. Começa a
necessidade de comunicação. A evolução continua.
Os neandertais que habitavam parte de Ásia, África e Europa, cresceram tanto em
população que a natureza passa a controlar a sua reprodução com o sangramento. Quando a

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fêmea não queria copular, sangrava e com isso, os neandertais foram se extinguindo e surge o
Homo Sapiens (cro-magnon).
Nesse povo ou tribo, quem manda é a fêmea. Ela tem o poder de engravidar, de sangrar,
de criar, cuidar, fazer amor olhando nos olhos quando quer, enfim é uma deusa na terra, por
isso as primeiras deusas criadas para mitologia religiosa primitiva eram fêmeas.
Nos machos o hormônio que predomina é a testosterona, que dá virilidade e força física. Já
as mulheres são bem mais complexas. O estrogênio determina a feminilidade, a Progesterona
controla a gestação e maternidade.
O sangramento para a mulher serve para afastar um macho, dando-lhe a escolha de, sentir
prazer ou não.

“Acima de tudo, o perfume, o incenso e os óleos perfumados criam e realçam estados de


espírito. Agem nos sentimentos e estimulam as faculdades supersensuais. Os praticantes do
Tantra empregam esta propriedade nos rituais do amor. Diferentes perfumes são específicos
para diferentes ritos. Antes da união sexual, a parceira feminina é adorada como a
personificação da força criativa, Shakti ou energia da Sabedoria; as partes de seu corpo são
então ungidas com diferentes perfumes para honrar o seu papel criador e elevar sua psique
para que ela possa manifestar-se verdadeiramente como uma deusa. No ritual sexual
conhecido como O Rito dos Cinco Essenciais, o mais raro óleo de jasmim é aplicado nas mãos;
óleo de patchouli, no pescoço e faces; essência de âmbar ou almíscar, nos seios; extrato de
espicanardo ou valeriana, no cabelo; almíscar do veado almiscareiro, na região sexual; óleo de
sândalo, nas coxas, e essência de açafrão, nos pés da mulher. Para o homem, pasta ou óleo de
sândalo é aplicado na testa, pescoço, pego, umbigo, região sexual, braços, coxas, mãos e pés.”
(Nik Douglas e Penny Slinger)

Na sua formação em Maithuna você recebeu uma prática básica de massagem tântrica. A
mesma também encontra-se no link:
Na Humaniversidade temos uma formação em Terapeuta Tântrico:

http://www.humaniversidade.com.br/Curso/Index/54
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Capítulo 8
Maithuna
Porta para o Êxtase

Quando uma mulher estiver cansada, deve colocar a testa na do amante e descansar, sem
perturbar a união de seus órgãos sexuais. Após ter descansado, o homem deve virar-se e
começar a fazer amor de novo. Se os amantes passam algum tempo brincando e acariciando-
se um ao outro no início e também ao final do amor, então seu êxtase e confiança
aumentarão. Os jogos de amor aumentam o prazer.
Kama Sutra

“O Kama Sutra, o tratado clássico indiano sobre a Arte do Amor, enumera as Sessenta e
Quatro Artes. O texto aconselha serem estas artes estudadas junto com o Kama Sutra, de
preferência sob a orientação de um professor. Estas artes e ciências (porque nenhuma
distinção entre elas seja feita) incluem canto, música, dança, escrita, pintura, desenho,
costura, leitura, declamação poesia, jogos, arranjos florais, arte culinária, decoração,
perfumaria, jardinagem, mímica, exercidos mentais, línguas, etiqueta, carpintaria, mágica,
química, mineralogia, jogo, arquitetura, lógica, confecção de amuletos, ritos religiosos,
economia doméstica, dissimulação, esportes e artes marciais, além de muitas atividades
especializadas relacionadas à cultura e à época.
Os talentos esperados de uma jovem da época vitoriana refletiam estas ideias. Para
atualizar estas artes, podem ser adicionadas algumas relacionadas a inovações técnicas mais
recentes, como fotografia, por exemplo.
Os tratados indianos sobre amor sugerem que tanto o homem como a mulher devem ser
bem versados no maior número possível das Sessenta e quatro Artes. Três argumentos
apresentados para mostrar por que estas artes devem ser estudadas. Primeiro, uma pessoa
que as executa tem automaticamente um lugar de honra na sociedade. Segundo, através da
aplicação destas artes pode-se mais facilmente dominar o objeto do desejo, seja ele o marido,
a mulher ou o amante, e dar maior realização. Terceiro, fazendo uso destas habilidades, uma
pessoa solteira pode sustentar-se mais facilmente.
Mesmo um leve conhecimento aumenta o charme e o interesse de uma pessoa. ”

(Nik Douglas e Penny Slinger)

O Maithuna, considerado uma benção dentro do amalgama tântrico, é uma das mais
poderosas e secretas técnicas de todos os tempos, é o ato sexual íntimo, sem pressa,
meditativo. Essa técnica também é conhecida como Shaktização, pois os praticantes
encarnam a consciência de Shakti, ou se busca a união dos princípios masculinos e femininos -
os opostos. É o Maha Mudrá (grande gesto) no qual homem-Shiva e mulher-Shakti se
reconhecem como unidade ou realidade suprema.
O Ocidente considera o maithuna como magia sexual, em que se busca o aperfeiçoamento
sexual e erótico entre as pessoas, não compreendendo sua magia ritualística. Como exemplo,
quem não observa o que está por detrás das imagens, vê até o batismo cristão, tão somente,
como um banho de água na criança, o que é lamentável. Sabemos da inverdade disso, pois
para somente melhorar a conduta sexual temos outros caminhos descritos em manuais
orientais, sobre como fazer amor, conhecidos como Ananda Ranga, Vatsyayana e as posições
sexuais do Kama Sutra. O que afirmo com ênfase é que não se deve confundir esses manuais
sexuais com o maithuna como é feito diariamente em revistas populares e programas de tv,

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são tantos delírios, falta de cultura sobre Tantra e hinduísmo, e absurdos que ouço, que seria
impossível numerá-las.

Maithuna é uma técnica muito especial e naturalista, que permite elevar nossa
sensibilidade à “milésima potência”. O ocidental vê no sexo tudo que é repulsivo, vergonhoso,
imoral e obsessivo. A visão sexual das tradições religiosas ocidentais é patológica a ponto de
até hoje proibirem a exibição da beleza feminina, o preservativo e o sexo antes do casamento
institucionalizado. O tântrico observador da natureza íntima contida em tudo no universo,
procura na união dos pólos opostos à unidade maior, sem se ocupar em confusões de
abordagem ética e moral. O tântrico é um libertário. Busca a eliminação do ego por meio da
força máxima do Universo que está contida no amor, no desejo, e no mistério que cerca a
escolha da parceria amorosa como veículo de transcendência. Reconhece os impulsos animais
e instintivos, os hormônios em ebulição, a atração pelo cheiro e olhar, o magnetismo e o
amor. São o animus e a anima em busca da unificação.

Durante a prática, o homem assume o papel de Shiva e a mulher de Shakti e ambos


realizam o Maha Yantra (grande símbolo) que os une em Âtma (Si mesmo imortal). A prática
eleva a grande mãe Kundalinî pelo canal Sushuma (linha da coluna) e ilumina a consciência
tocando os centros superiores. Nesse capítulo descrevo alguns tópicos do maithuna. Mais já
de início defino que é fundamental nessa liturgia deliciosa prolongar ao máximo a duração do
ato sexual desenvolvendo a consciência de Si.

“O clímax do Yoga tântrico não é o orgasmo, mas o êxtase – a identificação do praticante


com o Si Mesmo transcendente, além da personalidade egóica. ” George Feuerstein

Assim além do êxtase, o maithuna facilita-lhe o conhecimento de sua natureza única, o


reconhecimento de quem você é, e para isso existe uma estrutura prática que auxilia a
obtenção dessa meta.

Você poderá utilizar-se de todas as partes da prática ou somente de algumas. Vá aos


poucos.
Atenção: O maithuna - ato sexual ritualizado, é o processo final, onde se é importante uma
preparação anterior muito séria e competente por meio do Yoga ou outras práticas tântricas
que envolvam um corpo saudável.

Há um ditado tântrico que diz:

“Quando caímos no chão, é com o auxílio do chão que nos levantamos.


Pelo próprio fato de não se tratar de um ato profano, mas de um rito, no qual os
participantes não são mais seres humanos senão que estão ‘desprendidos’, como deuses, a
união sexual não participa mais do nível kármico. Os textos tântricos repetem com freqüência
o adágio: ‘pelos mesmos atos que fazem com que muitos homens se queimem no inferno
durante milhões de anos, o yogue obtém a salvação eterna’. (...) O jogo erótico se realiza num
plano transfisiológico, porque nunca tem fim. Durante o maithuna, o yogue e Shakti
incorporam uma ‘condição divina’, no sentido de que não somente experimentam a beatitude,
senão que podem contemplar diretamente a realidade última. ”
Mircea Eliade, El Yoga. Inmortalidad y Libertad.

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Capítulo 9
Angas Maithuna
Partes da Liturgia Sexual Sagrada

“O casamento sob a Lei de Shiva é de dois tipos. Um é terminado na conclusão do rito e o


outro tem a duração de uma vida. Ambos requerem um alto nível de compromisso.
Quando é declarado em voz alta: “Aprove o nosso casamento de acordo com a Lei de Shiva”,
o compromisso de um casamento é verdadeiramente assumido. ”
Mahanirvana Tantra

“O conhecedor de Yoga deve sempre adorar o poder feminino, de acordo com a revelação
dos Tantras. Deve-se adorar a mãe, a irmã, a filha, a esposa e todas as mulheres. Durante este
tipo de adoração, deve haver contemplação da unidade essencial da Sabedoria e dos princípios
masculino e feminino. ”
Advayasiddhi

“Em todos os momentos, seja lavando os pés ou comendo, enxaguando a boca, esfregando
as mãos ou guarnecendo os quadris com uma tanga, saindo, conversando, andando ficando de
pé, sentindo raiva, dando risada, o homem sábio deve sempre adorar e honrar a mulher. ”
Hevajra Tantra

Regras gerais
* UNIÃO AMOROSA.
O Tantra de linhagem de esquerda ensina que o ritual de maithuna deverá ser realizado
com pessoas estranhas, pois assim haveria um maior potencial de erotização. No Tantra de
direita pouco se pratica o maithuna e quando isso ocorre é feito com a parceria fixa, ou seja,
alguém casado ou namorado de tempos. Na escola de linha do meio é permitida a opção de
escolha pessoal, respeitando a transcendência de valores mundanos e egoístas. De toda
forma, o ideal é que haja no maithuna um compromisso, seja ele como uma união amorosa ou
de mestre para discípulo. Isso é claro no texto do Maha nirvana Tantra: “O casamento sob a lei
de Shiva é de dois tipos. Um é terminado na conclusão do rito e o outro tem a duração de uma
vida. Ambos requerem um alto nível de compromisso. Quando é declarado em voz alta:
‘Aprove o nosso casamento de acordo com a lei de Shiva’; o compromisso de um casamento é
verdadeiramente assumido”. Medite nesse texto até incorporar esse ideal a suas práticas e
porque não na própria vida.

* ESCOLHENDO O DIA DA PRÁTICA


Em geral, as Shaktis estão em períodos altamente energéticos para o maithuna no pré e
pós-menstrual, apesar de que a praticante adiantada de Tantra poderá criar condições
energéticas sempre que desejar. Na Lua cheia, Shakti tem mais potência sexual e na Lua
crescente Shiva está mais viril. Na Lua nova, ambos estão relativamente sexuais e na
minguante a energia pode não estar muito propícia.
Dias considerados mágicos para o Tantra é o 5° dia de Lua cheia e o 5° dia da Lua
crescente. Quanto a horários, Shiva é mais energético nos períodos solares e as Shaktis nos
lunares. Para se manter mais prolongada a atividade sexual o melhor horário é das 13hs. Às
23h principalmente para Shiva que deverá ser aquele que mais necessita reter o êxtase
orgástico, afim de durar muito o ritual.

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Outra boa dica é respeitar o horário de nascimento de um dos praticantes que é um
momento mágico e com grande potencial energético do dia. Faça amor nessa hora.
A Shakti na TPM deve praticar o maithuna e assim aliviará a tensão, e ainda usará a força
muitas vezes raivosa ou depressiva como energia potencial.

* PRECAUÇÃO
É interessante que o maithuna não seja interrompido. Determine o tempo em que irá
realizá-lo e certifique-se que não haverá interrupções. Existem rituais de 2 horas até 21 dias
dentro de escolas tântricas tradicionais (não estou exagerando).

* BHUTA PASHARANA – LIMPEZA DO TEMPLO EXTERNO


Pode-se iniciar a limpeza do ambiente usando: incensos de boa qualidade, um copo de
água com sal marinho ou grosso que atuará como um absorvente de energias astrais
inconvenientes para o ambiente (o sal e água depois de 21 dias deverão ser jogados fora), e
ainda a colocação de músicas de Sitar ou mantram mesmo quando não houver ninguém no
ambiente para o mesmo ficar com a vibração desses sons sagrados.
Para uma limpeza ainda mais atuante, você poderá queimar sal em pira de metal com
carvão. Essa é uma técnica que atua tão positivamente em “ambientes pesados” que sempre
indico sua utilização em locais de muito movimento ou em banheiros.

* O AMBIENTE – TRONO DO AMOR


“A moradia deve, de preferência, localizar-se perto de uma corrente de água e dividida em
diferentes compartimentos para diferentes propósitos. Se possível, deve ser cercada por um
jardim e conter cômodos internos e externos. O quarto principal deve ser aromatizado com
ricos perfumes e conter uma cama, macia e agradável aos olhos, coberta com um lençol limpo,
mais baixa na parte central, com guirlandas e buquês de flores em cima, um dossel sobre ela, e
dois travesseiros, um na cabeça e outro nos pés da cama. Deve também haver um tipo de sofá,
e na ponta deste sofá um banco, onde devem ser colocados perfumes, flores e unguentos
perfumados. ”
Kama Sutra

“A cama ficou pronta, guarnecida com luxo, incluindo um turíbulo de bronze para perfumar
as cobertas. Ela desceu as cortinas da cama até o chão. Os colchões e as cobertas foram
colocados, com os travesseiros de pontas sobre eles. Ela então deixou cair o robe e tirou a
roupa de baixo, revelando o corpo claro, de ossos finos e carne macia. Fizemos então amor e
seu corpo delicado era macio e úmido, como um raro unguento. ”
Mei-Jei-Fu

“Decore as belas paredes do quarto de amor com quadros e outros objetos sobre os quais os
olhos possam repousar com prazer. Espalhe alguns instrumentos musicais e refrescos, água de
rosas, essências, legues e livros contendo músicas amorosas e ilustrações de posições
amorosas. Luzes esplêndidas devem brilhar, refletidas por largos espelhos, e nem o homem
nem a mulher devem sentir qualquer reserva ou falsa vergonha, entregando-se em completa
nudez a suas paixões não reprimidas, sobre uma bela cama, decorada com úteis travesseiros e
coberta com um dossel.
Os lençóis devem ser cobertos com algumas flores e perfumados, e deve-se queimar incenso
doce. Em tal cenário, o homem, subindo ao trono do amor, deve possuir a mulher com
tranquilidade conforto, realizando todos os desejos e caprichos do casal. ”
Ananga Ranga

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Crie um santuário exterior. O ambiente deve agradar a ambos e a falta de imaginação dos
ambientes ocidentais pode ser alterada com tapeçarias, cortinas, ornamentos, imagens de
Shiva e Ganesha, e utilização de aromas estimulantes e objetos que seus olhos reconheçam
beleza. As cores também atuam na atmosfera do ambiente: o vermelho e o laranja são
estimulantes e o violeta e azul escuro induzem a um estado emotivo.
O local deverá ser arejado, limpo, com muito espaço, o chão macio e tenha toalhas, lenços
umedecidos de papel e cobertores disponíveis.
A cama confortável e firme deve estar próxima ao chão com tapetes grandes, almofadas
espalhadas, travesseiros e tapetes limpos. Plantas e flores darão um clima de naturalidade,
além de materiais orgânicos como artesanatos feitos à mão, seda e travesseiros de pena.
Velas coloridas colocadas em castiçais de bom gosto auxiliam na decoração do ambiente e são
fundamentais.
A luz elétrica é desaconselhável, mas em último caso use lâmpadas de 20 volts escolhendo
entre o verde (saúde) ou o laranja (energia). Utilize sempre os quatro elementos em forma de
altar: fogo (vela de cera, um arquétipo que significa o fogo interior que se manifesta como
exterior), ar (incensos), água (mineral em um cálice) e terra (flores vivas ou cristais) e outros
objetos que desejar colocar nesse espaço sagrado. As luzes das velas (símbolo arquétipo)
combinadas com espelhos criam imagens lindas e favorecem os tons da pele, ou serve ainda
para dar um toque erótico a certas partes do corpo.
Escolha muito bem as músicas. As new ages de Ennya, Lorenna, Mc Kenneth, Laize-Om,
Aurio Corra e Patrickk Bernhardt são algumas das que recomendo. Som de sitar limpa as
nadis. Beethoven é curativo do físico, Mozart nos coloca conscientes do momento presente,
Bach é romântico, a quatro estações de Vivaldi é muito recomendada, Valsas atuam no
carinho, os mantram extraordinários de Krishna Das dão um toque hindu à liturgia.
Fazer amor na natureza é perfeito, pois os lagos, campos, praias, já propiciam o ambiente
certo, enfim em comunhão com a natureza.
No Ananda Ranga está escrito: “Decore as paredes do quarto de amor com belos quadros e
outros objetos sobre os quais os olhos possam repousar com prazer. Espalhe alguns
instrumentos musicais e sucos, água de rosas, essências, leques e livros contendo ilustrações
de posições amorosas. Luzes esplêndidas devem brilhar, refletidas por largos espelhos, e nem o
Shiva nem a Shakti devem sentir qualquer reserva ou vergonha, entregando-se em completa
nudez a suas paixões não reprimidas, sobre uma bela cama, decorada com úteis travesseiros e
coberta com um dossel. Os lençóis devem ser cobertos com algumas flores e perfumados, e
deve-se queimar incenso doce. Em tal cenário, o Shiva, subindo ao trono do amor, deve possuir
a Shakti com tranqüilidade e conforto, realizando todos os desejos e caprichos do casal. ”
Você ainda poderá colocar pedras coloridas enfeitando o ambiente, símbolos do Om, óleos
para ungir, castiçais, alguns hibiscos, que são flores símbolos do Tantra, imagens de lingans e
yonis, e tudo que sua criatividade permitir.

“Uma vez Shiva disse a Parvati: ‘Minha querida, eis aqui uma bela casa. Vá ungir-se com
pasta de sândalo, e enquanto as abelhas zumbem e o Sol se põe, nós dois faremos amor em
uma cama deliciosa coberta de flores. Terei muito prazer em beijar-lhe os lábios vermelhos e
brilhantes, e em acariciar-lhe o corpo. ” Padma Purana.

* VESTUÁRIOS
Nada de materiais sintéticos e botões, zíper ou nós. Prepare-se adequadamente. Evite
cintos, pois atrapalha a circulação do manipura Chakra. Utilize roupas de seda ou cetim com
desenhos simples como quimonos ou pijamas indianos, ou ainda robes, tudo simples e de
bom gosto, proporcionando prazer ao toque da pele. Não utilize animais mortos em contato
com o corpo. Lembre-se: couro é animal. A Shakti deve usar vermelho, pois esta é uma cor
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excitante para Shiva; esse, por sua vez, utiliza a cor violeta por suas propriedades metafísicas
tão apreciadas pelas Shaktis. Da mesma forma que você se prepara para um grande evento,
prepare-se para o que pode ser um dos maiores prazeres de sua vida.

* O PERFUME DO JARDIM
“Acima de tudo, o perfume, o incenso e os óleos perfumados criam e realçam estados de
espírito. Agem nos sentimentos e estimulam as faculdades supersensuais. Os praticantes do
Tantra empregam esta propriedade nos rituais do amor. Diferentes perfumes são específicos
para diferentes ritos. Antes da união sexual, a parceira feminina é adorada como a
personificação da força criativa, Shakti ou energia da Sabedoria; as partes de seu corpo são
então ungidas com diferentes perfumes para honrar o seu papel criador e elevar sua psique
para que ela possa manifestar-se verdadeiramente como uma deusa. No ritual sexual
conhecido como O Rito dos Cinco Essenciais, o mais raro óleo de jasmim é aplicado nas mãos;
óleo de patchouli, no pescoço e faces; essência de âmbar ou almíscar, nos seios; extrato de
espicanardo ou valeriana, no cabelo; almíscar do veado almiscareiro, na região sexual; óleo de
sândalo, nas coxas, e essência de açafrão, nos pés da mulher. Para o homem, pasta ou óleo de
sândalo é aplicado na testa, pescoço, umbigo, região sexual, braços, coxas, mãos e pés. ”
(Nik Douglas e Penny Slinger)

“Na época da primavera, os quadris das mulheres sensuais são enfeitados com roupas de
seda avermelhadas pela cor do açafrão. Lânguidas de paixão, elas esfregam pasta de sândalo
misturada com flores doas, açafrão e almíscar sobre os seios. ”
Ritusamhara

“Ás impurezas prejudiciais de elementos nocivos como cebola e alho são percebidas nos
quatro grandes reinos. Produzem um cheiro impuro nos campos de Buda e desagradam aos
deuses do éter. Os seres protetores de linhagem pura não se aproximarão de uma pessoa que
cheire a tais coisas. ”
The Way Of Shen

“Aqueles que presenteiam Shiva com guirlandas de flores, do oleandro ou do jasmim de


doce perfume, obterão o objeto de seus desejos. ”
Kalikapurana

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No ritual do maithuna, o mais puro óleo de jasmim é colocado nas mãos, óleo de patchouli
no pescoço e faces, âmbar ou almíscar (sintéticos) nos seios e nos órgãos sexuais; extrato de
valeriana no cabelo, óleo de sândalo nas coxas e perfume de açafrão nos pés da Shakti. No
Shiva aplica-se sândalo na testa, pescoço, barriga, peito, genitais, braços, pernas e pés. No
kalikapurana lemos: “Que aqueles que presenteiam Shiva com guirlandas de flores, do oleando
ou do jasmim de doce perfume, obtenham o objeto de seus desejos. ”
Utilize sândalo (estimula todos os Chakras), Patchouli (estimula Shiva), Almíscar-Musk
(estimula Shakti), Tulasi (confere força física), Mogra (favorece o romance) e Violeta, Jasmim,
Rosas (são ativadores da energia amorosa).

Diante da dificuldade de encontrarmos todas essas essências, utilize-se de algumas. A


mestra de meditação Diana Prem Zeenat confeccionou com o perfumista Roberto, da Portalle,
sob minha orientação o perfume Tantra Prem, que é absolutamente recomendável em suas
práticas. Sua fórmula é secreta, mas contém uma série de elementos estimulantes e
afrodisíacos não encontrados em formas aromáticas comerciais.
Você poderá pingar uma gota dessa essência na máquina de lavar, desta forma todas suas
roupas ficarão perfumadas. Todo tântrico é conhecido por ser muito perfumado (só não
exagere).

Dicas de perfumaria e florais de Bach de estímulo dos Chakras

Chakra Básico- Muladhara


Conexão com a Terra, saúde,
Óleos essenciais: Cedro, Vetiver, Madressilva, Patchouli, Mirra, Olíbano e Verbena.
Florais de Bach: Mimulus, Centaury e Walnut.
Chakra Umbilical- Swadhisthana
Sexualidade e alegria
Óleos essências: Néroli, âmbar, Sândalo, Gerânio, Artemisia.
Florais de Bach: Clematis, Larch, Pine e Walnut.
Chakra Plexo Solar- Manipura
Emoções, poder, força, saúde, prosperidade,
Óleos essenciais: Manjericão, Lavanda, Sálvia, Absinto, Limão Siciliano, Heliotrópio e
Gerânio,
Florais de Bach: Rock Rose, Larch e Walnut.
Chakra Cardíaco- Anahata
Sentimentos, amor, uniões plenas,
Óleos essenciais: Mirra, Jasmim, Rosa e Lavanda.
Florais de Bach: Holly, Chicory e Walnut.
Chakra Laríngeo- Vishuda
Comunicação, criatividade, conhecimento, raciocínio,
Óleos essenciais: Lavanda, Cedro, Verbena, Alecrim e Camomila.
Florais de Bach: Heather, Cerato e Walnut.

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Chakra Frontal- Ajña
Intuição, consciência do observador, plenitude (Iluminação)
Óleos essenciais: Sálvia, Lavanda, Petitgrain, Alecrim, Gerânio, Sândalo.
Florais de Bach: Cerato, Chestnut Bud e Waltnut.

Chakra Coroa- Sahashara


Conexão com a Existência (você sempre esteve e estará conectado)
Óleos essenciais: Lavanda, Sândalo, Artemísia.
Florais de Bach: Gorse, Holly, Wild Oat e Walnut

* BANHOS – O SAGRADO DO PLANETA ÁGUA.


“Deve-se banhar o corpo com água corrente; depois aplicar perfumes ou enfeites. Este tipo de
banho deve ser combinado com controle de respiração. O efeito é destruir a impureza interior
e exterior, e preparar a pessoa para a espiritualidade. ”
Lakshmi Tantra

Na filosofia tântrica, a limpeza corporal é importantíssima.


O banho de imersão, chuveiro ou, se estiverem na natureza, de cachoeira ou mar – deve
ser com a utilização de sabonetes neutros e esponjas naturais. No Tantra temos cinco banhos
considerados mágicos: 1°. Ervas purificadoras conhecidas como desembaraço. 2°. Banhos com
água e sal. 3°. Imersão em água quente e depois fria - esse banho é altamente energético
estimulando absorção de Prana. 4°. Banho de calor - seco ou úmido. 5°. Banho de cobertor.
Há também o banho de Sol em horários saudáveis aonde o corpo deve estar absolutamente
nu.
O banho não é só um hábito higiênico como um processo de purificação física e emocional.
Inicie na cabeça e mãos e termine pelos pés ou de forma inversa.
Os tântricos, antes de banharem-se, seja em cachoeiras, lagos, rios, mar ou até no
chuveiro, evocam Vishnu – O Deus das águas.
É comum a realização de maithuna dentro d’água.
“Deve-se primeiro banhar o corpo com água corrente; depois aplicar perfumes ou enfeites.
Esse tipo de banho deve ser combinado com controle de respiração. O efeito é destruir a
impureza interior e exterior e preparar a pessoa para a espiritualidade. ” Lakshmi Tantra

* SÚRYA NAMASKAR – SAUDAÇÃO AO SOL


“Para o Tantra o corpo e o espírito não são separados, um não é superior ao outro. ” Nitya
Lacroix
No dia da prática, logo pela manhã, o casal realiza a saudação ao Sol – surya namaskar.
Esta prática que remonta a pré-história do homem e do Tantra de saudação a Savitrî (Deus-
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Sol) é muito conhecida por yogues e tântricos de todo o planeta. Nas figuras, seguem-se um
mantra para cada ásana (posição física), que amplia a concentração e os efeitos da prática.
Estes mantram me foram-me transmitidos em um pergaminho por um sadhu (homem sábio)
na Índia com quem pratiquei Yoga em Varanasi às margens do rio Ganges na Índia. Além de
fornecer flexibilidade e força física, ajudam a estimular os Chakras. Esta seqüência deverá ser
repetida de uma (iniciantes) a 108 vezes (praticante adiantado), de preferência pela manhã,
com a face voltada para o nascer do Sol.
Os benefícios físicos e energéticos desta prática são tantos que seria impossível enumerá-
los aqui. Pratique-o não só no período do maithuna. Cuide-se sempre e lembre-se que essa
prática se tornará mais competente se for realizada com um instrutor de Yoga tântrico.

Descrição detalhada de cada posição

Estude bem antes de praticar:

1. De pé com os olhos fechados, pés unidos, coluna ereta, voltado para o Sol nascente,
junte as palmas das mãos à frente do peito em pronam mudrá enquanto mentaliza ou
pronuncia o mantra da figura.

* No link você tem a prática do Surya Namaskar:


https://www.youtube.com/watch?v=FxVhb9j7Ilc
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Obs.: Durante toda a prática, mantenha o alinhamento da coluna, aquiete a mente e observe
a respiração que deve ser rítmica, suave e fixe o olhar na ponta do nariz.
2. Inspire profundamente, elevando os braços acima da cabeça, alongando todo o corpo e
fazendo uma pequena flexão para trás.
3. Expire lentamente, abaixando o tronco, braços esticados, coluna ereta, até atingir o solo
com as palmas das mãos. Com o pescoço relaxado e os joelhos estendidos (no começo, se não
alcançar o chão, dobre os joelhos), alongue toda a parte posterior das pernas e do tronco.
4. Inspire, levando a perna esquerda para trás com o joelho tocando o chão. Flexione a
perna direita até que o joelho encoste no peito, alongando a virilha.
5. Leve para trás a outra perna até o corpo ficar apoiado sobre as palmas das mãos e
pontas dos pés. Eleve os quadris formando um V invertido com o corpo enquanto inspira.
6. Desça os quadris, numa expiração, mantendo-se reto como uma tábua, e depois desça
todo o corpo numa flexão de braço, apoiando no solo a testa, o joelho e o peito. No começo é
possível apoiar primeiro os joelhos para quem não tem muita força.
7. Expire abaixando os quadris e apóie todo o corpo no chão. Mantenha as mãos na linha
dos ombros e inspire elevando o tronco, mantendo a pelve apoiada no chão. Retorne na
expiração.
8. Inspire enquanto eleva os quadris, deixando a cabeça entre os braços, e forme
novamente um V invertido com o corpo.
9. Traga de volta a perna esquerda, mantendo-a à frente do peito e apoiando o joelho
direito no chão.
10. Volte lentamente esticando o joelho e trazendo a perna direita para junto da esquerda.
Junte os pés, mantendo as mãos no chão.
11. Inspire e suba “desenrolando” a coluna voltando a retroflexão (postura 2).
12. Volte a postura inicial. Sentindo necessidade, encerre a prática ou recomece a
seqüência quantas vezes desejar.

* YOGANIDRA – SONO OU RELAXAMENTO


“O iogue que pode reconhecer bem os sonhos deve praticar a transformação dos sonhos.
Isto significa que no estado de sondo você deve tentar transformar-se em um pássaro, um
tigre, um leão, um rei, uma floresta, uma casa, ou qualquer coisa que queira. Depois,
transforme-se em um corpo de Buda, sentado ou de pé, grande ou pequeno. Tente também
transformar as coisas vistas em sonhos em objetos diferentes; por exemplo, um animal em
domem, água em fogo, terra em espaço, um em muitos, ou muitos em um. Pratique os vários
poderes sobrenaturais, assim como emitir fogo pela parte superior do corpo e água por baixo,
pisar no Sol e na Lua, ou multiplicar seu corpo em milhões e bilhões, para encher todo o
cosmos. ”
Os seis Yogas de Naropa

Durante os dias de prática, ou não, o sono é um fator de equilíbrio. Quando pratiquei um


maithuna longo, na preparação afastei-me da cidade grande a fim de dormir adequadamente.
Algumas dicas:

• utilizar cores relaxantes no ambiente de dormir. Aromatize-o com lavanda.


• Antes de dormir alimentar-se somente de frutas, saladas, sopas.
• os parceiros devem manter contato mútuo durante o sonho, seja com um simples
encostar de mãos ou com a posição tântrica de nutrição na qual o casal abraça-se por trás.
• durma nu e faça algum relaxamento profundo antes de deitar-se.
• descubra a sua quantidade de sono ideal.
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“O espírito humano tem duas moradas. Este mundo e o eterno além. Existe também um
terceiro mundo, o sempre mutante mundo dos sonhos. Quando o espírito está na terra dos
sonhos, então todos os mundos pertencem a este espírito. ” – Upanishad

* MANTRA TANTRA - A CIÊNCIA DO SOM


Mantra é a vocalização ou mentalização de sons de poder e metafísicos que no maithuna
são utilizados como estimuladores dos Chakras e de limpeza das nadis despertando o poder
afetivo, sexual e a força física.
Em meu livro Mantra, a Metafísica do Som, ensino mais de 500 sons tântricos. Aqui
descrevo os principais para sua prática, mas você poderá utilizar outros se conhecer, evitando
somente misturar sons de outras tradições. Durante o ritual do maithuna é interessante que o
casal pratique mantra a maior parte do tempo. Assim, não deixará a mente solta, viajando
caoticamente ao passado e ao futuro.

PRINCIPAIS MANTRAM E SEUS ATRIBUTOS:


• Om Srí* Gam – força, poder, desperta a sexualidade e o desejo.
• Om Srí* Klim – atua no afetivo, amor e compaixão.
• Om Klim Krom – felicidade e consciência.
• Om Namah Shivaya – estimula a energia masculina e o poder de Shiva.
• Om Namah Shaktiaya – estimula a energia feminina e o poder de Shakti.

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Pratique ainda o Anahata-Dhivani – que é conhecido como som silencioso. Simplesmente
observe os pensamentos e a mente. Aquiete-se.
Desejando estimular os Chakras durante o ritual, coloquem as mãos em cada chakra do (a)
parceiro (a) e entoe os bijam-mantram na ordem crescente de força (vide capítulo chakras).
• 1ª semana – Lam, Vam, Ram, Yam, Ham, Om, entoando somente uma vez cada som.
• 2ª semana – Lam, Vam, Ram, Yam, Ham, Om entoando oito ou cento e oito vezes cada
som de cada chakra. Ex: Toque no muladhara e repita Lam oito vezes, só passando então para
o próximo.
• 3ª semana – Om Lam, Om Vam, Om Ram, Om Yam, Om Ham, Om da mesma forma que
o anterior (essa é uma prática adiantada).

Outra prática é o mantra Gayatri, que é absolutamente recomendado a quem é iniciado no


Tantra, pois é considerado o mais completo e poderoso Som de Poder.

Om Bhur Bhuva Swaha


Tat Savitur Varenyan
Bhargo Deva Swa Dhimahi
Dhyo Yo Nah Prachodayato

Sendo esse um mantra longo consulte um praticante para aprender a pronúncia correta.

*Srí: lê-se “chirí”

* MANTRA OM – A FORÇA PROCRIADORA DO COSMO

“Om: meditando só sobre esse som, a mente funde-se nele para passar por dentro do éter
da pura consciência. ” Nada Bindu Upanishad

A sílaba Om é considerada o som primordial do Universo, o princípio, meio e fim. Segundo


o Mandukya Upanishad, Om é aquele que existe, que existiu e existirá sempre. O Om é tudo:
está, ao mesmo tempo, dentro e fora de tudo. É chamado na Índia por mátriká mantra, o som
original, mãe de todos os sons. É o mais conhecido de todos os bija mantra, capaz de tocar a
essência de Ishwara, o Supremo e infinito. Entoado corretamente, tem o poder de estimular
os vários corpos do Shiva. Poucos, ao pronunciar ou escutar o mantra Om, conseguem ficar
indiferentes.
Om é o símbolo de vários ramos de Yoga e do Tantra. No Ocidente é moda entre
buscadores os adesivos, camisetas e fotos do Om, no desenho que parece o número 30 ( ).
Om é uma sílaba constituída por três letras: A, U e M. Essas três letras representam os três
estados de consciência humana: sono, sonho e vigília. A letra A se relaciona com o estado
desperto, quando se começa o som. U representa todo estado sutil, o sonho; e M todo o
mundo causal, já que tudo se dissolve no M, no sono profundo. O Om grafado ( ) é um
yantra (símbolo). Somente ao ser vocalizado torna-se um mantra.
Dentro do símbolo há ainda os cinco elementos do universo — terra, fogo, ar, água e éter.

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Conforme o erudito hindu Pranavopanishad, o A é nirman (criação de tudo), é Brahma, o
criador e a Terra. U é shiti (conservação do universo), é Vishnu, o preservador. O espaço M é
pralaya (transformação do universo), é Shiva, o destruidor e a iluminação. Sendo o som mais
completo, sua prática é absolutamente adequada ao maithuna.

* Práticas do mantra Om – As sete formas tântricas

VOCALIZAÇÕES
A respiração deve ser profunda e sempre regular. O mantra se faz na expiração, sem
tremor de voz. A nota musical deve ser a mais natural possível, mas para isso é preciso relaxar
o corpo ao máximo. O som começa com a boca aberta, mantendo a língua próxima do palato
mole (fundo do céu da boca) e a garganta relaxada. O som vem do centro do crânio, fazendo
vibrar a garganta e o peito. Tente levar a língua mais para trás, mantendo a boca aberta e o
som se transformará num “O”. Ainda sem fechar a boca, a língua prende a passagem de ar
que, ao sair pelas narinas, faz o som tornar-se um M, vibrando intensamente no crânio. Utilize
as mãos para sentir a vibração passando do peito para a testa.
Outra maneira de entoar o mantra é começar pela letra “O”, emitindo seu som com a boca
bem aberta e a musculatura do rosto completamente relaxada. Depois, deve-se emitir um M
prolongado e ir baixando o tom de voz até sumir por completo.
O aperfeiçoamento das vocalizações depende da persistência. Dessa forma se
desenvolvem também muitos poderes psíquicos.
Há ainda sete formas de pronunciar o mantra Om que poderão ser aprendidas com yogues
e praticantes tântricos. A seguir estão algumas dicas que podem facilitar as pesquisas e a
consulta de praticantes.
• 1ª prática: Repetição do som Om – Om – Om – Om – Om... por muito tempo. Estimula a
concentração e meditação.
• 2ª prática: Ooommm (contínuo). Estimula os poderes psíquicos dos tântricos (sidhis).
• 3ª prática: Óm. Dar ênfase à letra “Ó”. Fornece grande vibração na caixa craniana para o
estimulo do ajnã chakra.
• 4ª prática: Om. É um sopro com o Om (soltando-se o ar). Pode-se enviar mentalmente
esse som para qualquer pessoa, animal ou objeto com a intenção de harmonia.
• 5ª prática: Ohmmmmmm. Inicia-se com a boca fechada, concentra-se no “M” contínuo.
Essa prática recarrega as energias.
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• 6ª prática: Àaâòoôùuûmmm (com todos os fonemas). Efeito global atua desenvolvendo e
energizando todos os corpos, nadis e Chakras, permitindo vários estados de consciência.
• 7ª prática: Õõõõmmmm... Esse Om contínuo é o mais poderoso, o único que não se pode
fazer sozinho, e sim em grupo pois quando uma pessoa termina a outra começa.
Durante suas práticas de maithuna escolha um ou dois mantram no máximo e uma prática
do som Om.

* PRANAYAMAS (RESPIRAÇÃO E CIÊNCIA DA VIDA)


“A respiração, o pensamento e o sêmen são os três constituintes do Potencial de
Iluminação. Devem ser harmonizados e conscientemente controlados. O yogue que combina
respiração, pensamento e sêmen torna-se indestrutível, dotado de espontaneidade
transcendental. ” Kalachakra Tantra

“Ao entrar, a respiração de todas as pessoas faz o som "SAH” e ao sair, o som “HAM”.
Estes dois sons formam as poderosas palavras “SAHAM" (ou "SOHAM”, que significa "Eu sou
isso”) ou "HAMSA” (que significa "Grande Cisne” ou "Pássaro da Alma”). Todo ser humano
realiza esta repetição, mas normalmente ela é inconsciente. Este som sutil reverbera em três
lugares: no centro sexual (entre o ânus e o órgão sexual), no centro cardíaco (o coração) e no
centro do Terceiro Olho (bem acima do ponto onde as narinas se unem). ”
Nik Douglas e Penny Slinger

“Quando a respiração é instável, tudo é instável; porém, quando a respiração e calma,


tudo o mais e calmo. Por isso, deve-se controlar cuidadosamente a respiração. Inspire
vagarosamente e expire da mesma forma, nem retendo a respiração excessivamente nem
além de sua capacidade. Não expire muito rapidamente. A inspiração traz força e um corpo
purificado e controlado; a retenção dá estabilidade à mente e longevidade; e a expiração é
totalmente purificante. ”
Goraksashatakam

Prana pode ser traduzido por energia da vida, Yama é controle, assim Pranayama é o
domínio da energia que está contida no Sol, ar, alimentos, pessoas, em tudo. Aqui
praticaremos técnicas respiratórias adiantadas, vá aos poucos. Na escola tântrica trabalha-se o
maior tempo possível com retenção de ar (kumbhaka) e pouca retenção sem ar.

* PRANAYAMAS – EXERCÍCIOS RESPIRATÓRIOS


Todos os pranayamas devem ser praticados respeitando os limites físicos de cada um, sem
causar desconforto ou ansiedade.
Os exercícios aqui descritos estão no mesmo tempo que varia de acordo com sua
capacidade pulmonar, por isso o quadro demonstra as opções para praticar:
Faça a primeira inspiração contando o seu ritmo natural. Se você leva 6 segundos para
inspirar este é o tempo base para o resto do exercício.
O tempo é sempre 1, 4, 2 (inspiração, retenção, expiração, respectivamente). Se a
inspiração leva 6 segundos, a retenção será 6 x 4 = 24 segundos e expiração 6 x 2 = 12
segundos. Assim, o exercício se adapta a qualquer tipo de praticante, iniciante ou avançado.
Se você começar num ritmo e precisar mudar tanto para menos ou para mais é só respeitar
a regra base.

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INSPIRAÇÃO RETENÇÃO COM AR EXPIRAÇÃO
TEMPO (REGRA BÁSICA) 1x 4x 2x
4 seg. 16 seg. 8 seg.
3 seg. 12 seg. 6 seg.

* PRANAYAMA PARA DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIAS


• Deite-se de costas.
• Posicione as mãos sobre o abdômen.
• Inspire contando um tempo e mentalizando que o prana se distribui por todas as
células, membros, veias, nervos, artérias, músculos do seu corpo e para região genital.
• Retenha o ar contando quatro tempos e sinta os efeitos da mentalização.
• Expire, contando dois tempos. Obs.: Esse pranayama deve ser feito em todos os
momentos de falta de energia.

* PRANAYAMA PARA A ENERGIZAÇÃO DA ÁGUA


(OU VINHO RITUALÍSTICO)
• Inspire elevando um copo de vidro ou cristal cheio de água com a mão direita.
• Retenha o ar mantendo o copo no alto.
• Expire e despeje a água num copo vazio que deverá estar em sua mão esquerda.
• Mentalize que o prana está contido na água.

* BHÁSTRIKA – AUMENTO DA ENERGIA CORPORAL


• Inspire e expire pelas narinas rápida e vigorosamente, produzindo bastante barulho e
expulsando o ar com força. Cuidado para não sacudir os ombros ou contrair os músculos da
face durante o pranayama. Obs.: Esse pranayama deverá ser praticado com relativa
moderação, para que não cause distorções na velocidade cardíaca (arritmia).

* KUMBHAKA BANDHA
• Inspire fazendo uma respiração completa, contando um tempo e inclinando a cabeça
para trás. Execute o jiva bandha colocando a língua dobrada no céu da boca. Retenha o ar
contando até quatro tempos. Expire fazendo a respiração abdominal completa contando até
dois tempos. Obs.: esse pranayama estabiliza as ondas mentais e pode conduzir o praticante
ao samádhi provisório (pequena iluminação).

* SUKHA PURVAKA
• Posicione as mãos em jnãnã mudrá. Com o dedo médio da mão direita, obstrua a narina
direita. Inspire pela narina esquerda, 1 tempo enquanto medita no mantra Om Srí Klim.
Retenha o ar nos pulmões, 4 tempos enquanto medita no mantra Om Srí Gam.
• Obstrua agora a narina esquerda, expire pela narina direita em dois tempos, meditando
no mantra Om Srí Klim.
• Repita algumas vezes a sequência agora iniciando inspirando pela narina direita. Obs.:
esse pranayama atua no humor do praticante, purifica as nadis e contribui para o despertar de
kundalini. Além disso, pode ser praticado por toda a vida, pois proporciona saúde. Ainda com
a prática contínua, é possível aumentar o tempo em cada fase. Exemplo: 3/12/6, 4/16/8.

* PRANAYAMA PARA AUTO TRATAMENTO E ENERGIZAÇÃO


• Sente-se com a coluna ereta
• Inspire contando 1 tempo.
• Retenha o ar contando 4 tempos.
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• Expire contando 2 tempos.

Obs.: ao inspirar, mentalize que está absorvendo prana e que este se dirige para onde a
cura se faz necessária, na retenção do ar, pouse as mãos na parte afetada e, ao expirar,
mentalize que o prana flui de suas mãos e extirpa o problema.

* SHIVA-SKAKTI PRANAYAMA – POLARIDADE TÂNTRICA


a) O casal senta-se com a coluna ereta, pernas cruzadas, frente a frente com as mãos.
b) Ambos aproximam seus rostos e, conseqüentemente, as narinas e quando um expira o
outro inspira seu alento.
c) Após alguns minutos de prática, entoam juntos o mantra Om Sri Klim e um leva a mão
do outro em contato com o coração.

* TRANTRIKA PRANAYAMA – ATIVAÇÃO ENERGÉTICA DE CHAKRAS E KUNDALINI


a) O casal senta-se frente a frente com as mãos em Ãnjali mudrá (Pronam mudrá) - palma
contra palma ambas a frente do peito).
b) Ambos vocalizam oito vezes o bija dos ckakras de baixo para cima (Lam, Vam, Ram,
Yam, Ham e Om) tocando-se mutuamente nos respectivos chakras.
c) Dêem as mãos polarizando. Mão esquerda toca a direita e vice-versa
d) Fiquem alguns instantes em silêncio
e) Terminem com o mantra Om Srí Gam

* YANTRA PRANAPRATISTHA
É um símbolo que representa o corpo de uma divindade, elemento ou energia. A cruz
cristã representa o corpo de cristo, os tântricos utilizam os yantras na meditação como uma
área sagrada com força egregorial. Uma representação do macrocosmo. Ele também atua
como um talismã de energias auspiciosas e proteção, mas sua função principal é a
contemplação e interiorização do símbolo. Shiva com o dedo médio, ou pincel, desenha sobre
o solo onde o casal estiver praticando o maithuna, um triângulo feminino com a ponta para
baixo e a Shakti desenha, do mesmo modo, um triângulo masculino com a ponta para cima,
sobreposta ao de Shiva. O casal poderá, somente com autorização de um mestre tântrico,
fazer a prática do maithuna no centro do símbolo; se não houver autorização, deixe-o ao lado
esquerdo de Shakti durante rituais ou no Maithuna. Leve esse conselho a sério.

* BINDUSHUDDHI
Shiva marca a testa de Shakti, com o dedo indicador, o sinal da iluminação no formato de
um ponto vermelho fogo entre as sobrancelhas. Shakti marca a testa de Shiva com símbolos
masculinos como, por exemplo, um tridente, um ponto no meio de três traços horizontais ou
ainda uma lua com um ponto em cima
Cada uma dessas figuras geométricas possui atributos metafísicos próprios e um potencial
energético chamado Akkriti Shakti. São utilizados em liturgias a iniciações.

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- Elemento Ar – Estimula o pensamento – Cor branco

- Elemento fogo – Estimula a ação – Cor vermelho

- Elemento Terra – Estimula a sensação – Cor marrom

- Elemento Água – Estimula o sentimento – Cor verde claro


Yantra completo dos
5 Elementos
- Elemento Éter – Traz à tona a essência. – Cor violeta

________________________________________________________________________________________

Shri Yantra
O mais completo yantra tântrico. Conduz ao Samadhi. 2 figuras.

• Yantra dos 5 elementos.


Na ordem ascendente temos os símbolos da terra, água, fogo, ar e éter cósmico.
É comum no Tantra a visualização ascendente desses símbolos em torno de corpo para
o estimulo dos temperamentos psicológicos e cósmicos.

Terra é o temperamento das sensações, segurança e assertividade.


Água são os sentimentos, emoções e sensibilidade.
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Fogo atua nas ações, garra, luta e atitudes.
Ar é o racional, os pensamentos e a lógica.
Éter é o espírito - a alma
Ter os temperamentos estimulados confere maturidade e uma vida plena, autentica e
original.

• Yantra cit-kunda com a Yoni, o trono da bem-aventurança, no centro. As quatro pontas


do quadrado representam os quatro aspectos psíquicos do eu: o eu puro (atman), o eu
interior (antaratman), o eu consciente (jananatman), o eu supremo (Para matman).

• Smar Hara é um Yantra conhecido como o “removedor dos desejos”. O círculo é


kundalini latente que quando desperta, elevando-se pela coluna, traz a iluminação ou o
fim das buscas pelo Si Mesmo. Os cinco triângulos masculinos e femininos
correspondem aos cinco invólucros psíquicos, as ilusões e desejos que encobrem o Self –
o Purusha cósmico.

• Pranga-chit é um yantra do elemento fogo e seus triângulos devem ser coloridos


alternadamente em amarelo e vermelho. É um símbolo de magia védico e tântrico que
permite poder e supremacia. Pode ser utilizado em ambientes ou em contato com o
campo áurico.

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• Esse Yantra abaixo é uma combinação de símbolos de imenso poder. Atua nas camadas
mais intimas da psique e deve ser utilizado em meditações somente por praticantes
adiantados. Nunca inicie suas práticas com yantra por esse e preferencialmente tenha a
orientação de um Guru.

Você pode deixar esses Yantras acima no ambiente no maithuna e voltar seu olhar para os
mesmos durante o ritual a fim de estimular seus elementos internos (tatwas) e aquietar a
mente.

Meditação com os Yantras

“Visualização e despertar dos sentidos


Descubra um lugar calmo e tome uma posição confortável. Contemple o inerente vazio de
todos os fenômenos e reconheça que a consciência e a bem-aventurança devem ser
encontradas no espaço interior. Visualize raios de luz emergindo do centro cardíaco; estes
raios avançam pelo corpo e ganham o espaço exterior, derramando luz sobre todas as coisas
que encontram. Puxe de volta os raios e reúna-os dentro de si; faça a respiração macho e
fêmea da direita e da esquerda e focalize-as na região do Chakra Cardíaco. Imagine-se repleto
de heroísmo, sem medo, e visualize uma linhagem de mestres tântricos sobre sua cabeça. Ore
a eles para que o ajudem no processo de despertar seu interior e imagine um disco vermelho e
branco na junção dos nervos no Chakra Cardíaco. Neste disco, imagine um ponto de luz do
tamanho da semente de gergelim e fixe nele a mente com intensidade. Regule a respiração,
equilibrando a direita e a esquerda, até que prevaleça um equilíbrio suave. Mantenha a mente
firme, para que ela não desvie, e então resultará uma abençoada lucidez.
Transfira então a imaginação para os outros órgãos dos sentidos.
Imagine dois pontos muito brilhantes e delicados dentro das pupilas dos olhos. Feche os
olhos e imagine que os pontos ainda estão lá e, após a mente acostumar-se a eles, concentre a
mente em vários objetos, sempre mantendo os pontos brilhantes de luz diante da mente. Com
a prática, os pontos ficarão cada vez mais vívidos, não importa sobre o que recaiam os olhos.
Após alcançar estabilidade, puxe os pontos para dentro da cavidade do coração e imagine o
coração ganhando brilho e claridade. Em seguida transfira a imaginação para os dois ouvidos.
Imagine um belo ponto azul dentro de cada ouvido e medite sobre eles, em um lugar
totalmente calmo. Após ter conseguido fixar a mente neles, mude-se para um lugar onde haja
sons, porém sempre mantenha a mente fixada nos dois pontos azuis. Com a prática, estes
pontos ficarão mais vivos, não importa o que a pessoa ouça. Após alcançar estabilidade, puxe

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os pontos para dentro e focalize-os no Chakra Cardíaco. Depois então, transfira a imaginação
para o nariz.
Imagine um belo ponto amarelo dentro de cada narina e medite sobre eles em um lugar
totalmente livre de odores. Concentre a mente neles e, quando a visualização não mais vacilar,
mude-se para outro lugar onde existam odores. Mantenha a mente fixa nos dois pontos
amarelos sinta o que sentir, e eles se tomarão mais vividos. Após alcançar estabilidade, leve-os
para o Chakra Cardíaco. Depois, transfira a imaginação para a língua.
Imagine um belo ponto vermelho na base da língua, e medite nele sem sentir gosto de nada.
Concentre a mente no ponto vermelho e, quando a visualização estiver firme, experimente
sabores diferentes. Seja o que for que você provar, mantenha a mente focalizada no ponto de
forma que ele se tome mais brilhante. Uma vez que a estabilidade é alcançada, puxe-o para o
Chakra Cardíaco.
Transfira a imaginação para o corpo e focalize-a em um delicado ponto verde na região
sexual, entre o ânus e o órgão sexual. Fixe aí sua mente, sem tocar em nada. Quando a mente
tiver alcançado concentração no ponto verde, experimente tocar várias coisas, mantendo
sempre a mente concentrada de forma que o ponto se tome mais brilhante. Quando a nitidez
for alcançada, estabilize a concentração e puxe o ponto para o Chakra Cardíaco.
Misture os pontos refulgentes de várias cores dentro do Chakra Cardíaco e imagine-os
dissolvendo-se um no outro e, finalmente, em nada. Aí então, despertando do estado de
tranquilidade Inata, imagine os pontos coloridos emergindo simultânea e espontaneamente,
saindo e estendendo-se aos órgãos dos sentidos. Por meio desta meditação, todo o ser toma-
se purificado e os sentidos, exaltados. Esta visualização cresce do nada e retorna ao nada,
entretanto está repleta da experiência consciente e de bem-aventurança.
Tente a visualização erótica como um energizante. O Tantra ensina que a visualização deve
surgir de uma percepção consciente, o que, por sua vez, forma um tipo de canal sutil através
do qual as energias naturais revelam-se em formas, cores e símbolos. Um texto tibetano
conhecido como The Yoga of Psychic Heat (O Yoga do Calor Psíquico) descreve uma
visualização erótica muito simples para gerar uma paixão interior transcendental:
Visualize-se como uma deusa erótica vermelha em todo o esplendor da juventude,
dançando, cercada por chamas de Sabedoria. Visualize-a como você mesmo, extremamente na
forma de uma divindade e ao mesmo tempo internamente vazia, como a parte interna de uma
bainha de espada transparente e radiante; vazia por dentro, como uma tenda de seda
vermelha ou um tubo distendido com a respiração. Primeiro, deixe a clara visualização ser do
tamanho de seu corpo, depois, tão grande como uma casa, depois do tamanho de uma colina.
Finalmente, faça-a vasta o suficiente para conter todo o universo. Concentre sua mente nesta
projeção e tome-se ela mesma. Depois, reduza-a.”
Chakrasambhara Tantra

“A deusa deve ser visualizada de cor vermelha, que é símbolo de dedicação e paixão. Seu
único rosto indica a natureza essencial de todas as coisas, suas duas mãos simbolizam que a
verdade é tanto “Absoluta” quanto "relativa”. Seus três olhos brilham com paixão, sua língua é
luxuriosa, devorando todos os venenos e purificando-os com seu fogo interior. Está nua, com
os cabelos despenteados, simbolizando a liberdade de todos os grilhões de ilusão. É o símbolo
da intuição, lembrando-nos de que todos os fenômenos não são eternos. Brilhantes como o
fogo, ela expressa sua essência de sabedoria abraçando o parceiro sem reserva. ”
Chakrasambhara Tantra

“Após meditar em Brahma, deve-se visualizar a divindade escolhida com toda a força da
alma. Pensando constantemente: “Este sou eu” - a pessoa torna-se esta divindade. Uma
completa consagração de si próprio como uma divindade ocorre após a oferenda de uma flor
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para si. “Eu sou Deus; todos os instrumentos de adoração, tais como comestíveis, perfume,
incenso e flores, tomam-se divinos através da visualização destes instrumentos como tal. Sou a
morada de Deus, eu sou Deus. ” Assim deve-se meditar, trazendo Deus para Deus e
transformando tudo em puro e eterno pela recriação de Deus em si próprio. ”
Kalika Purana

“Primeiro a pessoa deve contemplar o amor, depois a compaixão, seguidos de alegria e não-
diferenciação. Então, em seu coração, deve visualizar a sílaba-semente "HUNG”, localizada
sobre um lótus, Lua e órbita solar. Deve visualizar a divindade protetora Chandamaharosana
materializando-se diante de si, composta de raios de luz emanando do coração daquele que
medita. Uma pessoa sábia deve fazer oferendas imaginárias à divindade, com flores, incenso e
outras coisas. Finalmente, tendo prestado homenagem a Chandamaharosana, deve dissolver a
divindade nos raios de luz e concentrar-se uma vez mais no vazio, do qual tudo emerge. ”
Chandamaharosana Tantra

85
Capítulo 10
Puja (adoração) e Leelas

* ANNA TANTRA – ALIMENTAÇÃO SAGRADA

Veja sempre o Tantra como um sistema libertário que na maioria de suas escolas nada
proíbem em dietas alimentares, mas sempre incentivam algo muito natural próximo ao Lacto-
Vegetariano a seus praticantes que necessitam de uma purificação corporal, visto que muitos
ocidentais se alimentam de carne (principalmente vermelha), se embebedam, fumam, não se
lavam adequadamente etc., são considerados intoxicados e não aptos a práticas adiantadas.
“Os afrodisíacos vegetais são em número ainda maior e seu preparo requer cuidados
especiais. Entre os que aparecem nos trabalhos orientais, estão; a raiz de gengibre, erva-doce,
raiz de ginseng, cogumelos, feijão-preto, certos tipos de cebola, abóbora, cenoura, aspargo
selvagem, ruibarbo selvagem, figo, alcaçuz, amêndoa, pistache, semente de pinheiro,
sementes de gergelim, casca de canela, noz-moscada, açafrão pimenta preta, passas, nozes,
mel (de certas flores), painço glutinoso, casca de árvore, sementes de laranja, raiz de acônito,
Damiana, estramônio e também “vinhos" fortificados feitos de uva, romã, flores e ervas
selvagens.
Su-Nu-Ching

Entenda os tipos alimentares na ordem do menos ao mais recomendável.

1. Carnivorismo
Consumo exclusivo de carnes. Esse modelo alimentar pode se subdividir numa outra
classe, o carniceirismo, praticado por abutres e hienas. Algumas escolas tântricas proíbem
todas as carnes, outras, somente as vermelhas.
Em meus seminários de Tantra, proíbo os praticantes adiantados no mínimo a carne
vermelha (gado, porco, cordeiro).

2. Omnivorismo
Aqui alimenta-se de componentes de todos os grupos: carnes, vegetais, ovos etc.
Em meu primeiro longo jejum, já não me alimentava de carnes há mais de 60 dias e, no
segundo dia de prática, o cheiro de putrefato saía de minha pele e, principalmente, da boca.
Uma pessoa omnivorista quando fica algumas horas sem se alimentar já começa a cheirar mal
e mesmo escovando fortemente os dentes tende a não neutralizar o mau hálito. Outra
curiosidade é que mesmo após meses como vegetariano ainda defecava carne vermelha, que
ficara presa em meu intestino.

3. Macrobiótica
Compreende todos os tipos de vegetais (sobretudo cereais) e carne branca, como peixes e
aves. Mas é necessário um cuidado especial com a alimentação macrobiótica radical, pois
existem inúmeras controvérsias acerca de sua eficácia. O Tantra pensa diferente à
macrobiótica no que se diz respeito a muitas frutas que são proibidas na macrobiótica. Obs:
Existe ainda outra classe de alimentação muito próxima da macrobiótica, que é quem come
peixe e frango. Essa opção é preferível que o comer “carne vermelha”, que, além de mais
tóxicas, são responsáveis pela destruição de matas e do planeta para a criação de pastos.

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4. Ovo-Lacto-Vegetarianismo
Elimina todas as carnes, mas aceita o consumo de outros derivados animais como o leite e
os ovos, ao lado, é claro, dos vegetais.

5. Lacto-Vegetarianismo
Tem os mesmos princípios do grupo anterior, mas não inclui ovos.

6. Vegetarianismo
Só se alimenta de vegetais, que podem ser cereais, verduras, legumes, frutas e, em alguns
casos, até flores. Não existe o consumo de carne, leite ou ovo de espécie alguma.

7. Naturismo
Consumo exclusivo de alimentos crus e sem tempero, ou seja, em sua forma natural.

8. Frugivorismo
É a linha ideal para muitos praticantes, pois só consomem frutas, ou seja, alimentos vivos
dotados de uma energia mais sutil e que podem, pelo plantio da semente, permanecer em
seu ciclo reprodutivo. O livro “Medicina Nutricional”, de Mário Sanches, fornece excelentes
explicações acerca dessa corrente alimentar.

Upasana (Jejum)
Pratique somente com orientação de um instrutor experiente de algumas escolas de Yoga,
Tantra e orientação médica, de toda forma não aconselho longos jejuns e muito menos os que
se abstêm de água.
Quanto a se alimentar de luz, aconselho muitíssimo esse método, mas somente aos que
fisicamente já morreram.
Faça mudanças graduais, sem fanatismo, observando as mudanças de seu corpo e sempre
consultando especialistas, médicos ou nutricionistas.

“A pessoa que pratica o Tantra sem moderar a dieta é vítima de várias doenças. O tântrico
deve comer arroz, cevada, feijão, castanha, frutas e outras coisas saudáveis. Comidas puras,
doces e refrescantes devem ser ingeridas em quantidade correspondente à metade do
estômago. Isto é chamado de moderação em dieta. ” Gheranda Upanishad

* MAGIA DAS FRUTAS TÂNTRICAS

“Deve-se comer comedidamente, e a medida de comida é determinada pela força do fogo


gástrico de cada um. Uma medida adequada de comida é aquela bem digerida na forma
apropriada. A dieta diária deve consistir de comida que não apenas ajude a manter o bem-
estar, mas também sirva como profilático contra a doença. A partir do momento da
concepção, as pessoas são equilibradas de acordo com os princípios elementais no corpo;
outros têm uma predominância de um elemento ou de outro. A pessoa que possui um
equilíbrio físico interior goza de perfeita saúde, enquanto todos os outros são sempre sujeitos a
doenças. ”
Charaka Samhita

“Uma dieta saudável promove um crescimento espiritual e físico igualmente saudável em


uma pessoa. Quando uma pessoa se entrega a uma dieta pouco saudável, tem tendência a
doenças e problemas mundanos. ”
Sushruta Samhita

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Temos dois Chakras que se encontram abaixo da língua e próximas do palato mole, que
tem o nome de Jiva - chakra e que são estimulados pelo beijo e por frutas – é aqui ainda que
homeopatas sugerem a colocação de remédios e os alopatas remédios sublinhares. Tenha o
costume de se alimentar de frutas e ao mastigá-las, passe-as nos Chakras da boca. Cada fruta
tem um atributo mágico. As principais são:
Banana – lingan, poder masculino.
Mamão – yoni, poder feminino.
Maçã – representa também a yoni, além do conhecimento de si.
Morango – o coração, a capacidade de amar.
Caqui – néctar da yoni (lubrificante vaginal).
Uva – sêmen de Shiva. Estimula a sexualidade masculina.

DICAS GERAIS:
A alimentação pesada impede Kundalinî de fluir pelo corpo. Assim, mastigar muito bem os
alimentos facilita a digestão e o fluir física e energeticamente. Só não mastigue muito carne
vermelha para não formar aquele “bolo” na boca de cadáver.
As monodietas – alimentação durante um pequeno período, somente com uma fruta. É
recomendável as melhores frutas para isso são: mamão, maçã, uva, banana, abacaxi (ideal
para desintoxicar).
No momento da prática do maithuna recomenda-se somente alimentar-se de frutas e
proíbe-se todas as carnes, açúcar, sal, tóxicos, fumos e alimentos artificiais. O tântrico é
conhecido por ter um corpo saudável, limpo, cheiroso e flexível.

ALIMENTOS ESTIMULANTES
Gengibre, guaraná, manjericão, salsa, alho, cardamomo, coentro, curry, açafrão, tahine,
ginseng, catuaba, gergelim, alcaparra, canela, orégano, hortelã, mostarda, oliva, pimenta,
cravo, salsa, sálvia, anis, tomilho, café, chá e mel. Os legumes com formato que penetram na
terra como cenoura, mandioca, tubérculos, estimulam Shakti e as raízes de Shiva.
“Das coisas materiais, o alimento é a principal, é o remédio para todas as doenças. E todas
as coisas provem do alimento. ” Taittriya Upanishad

* ÁGUA
Na época dravídica (origem do Tantra) a água do esgoto era separada da água potável.
Hoje em cidades “civilizadas” é comum a utilização de água tratada com substâncias químicas
como o flúor. Em muitas cidades, o que temos é urina e fezes (esgoto) tratados.
Água mineral de algumas marcas confiáveis e PH elevados são o ideal para o tântrico, na
temperatura ambiente e deve ser tomada com calma.
Os banhos de chuva são recomendados por textos tântricos assim como, ao acordar, uma
chuveirada alternando água fria e quente.
“A água alimenta e sustenta o espírito e também o corpo físico. A água é considerada o
elemento mais importante, já que ela purifica e eleva o indivíduo do plano mundano para o
transcendental. A água de montanha, água de fonte e água de chuva são altamente benéficas
e são consideradas nobres pelos sábios. ” Garuda Purana

* ADORAÇÃO - PÚJÁ
Adoração, veneração e respeito. Puja é uma doação energética ou material. No ato sexual
é uma veneração do ser amado que pode ser realizada de forma material (Pañchapuja)
presenteando com flores, frutas, jóias, perfumes, roupas etc., e o manas puja que presenteia
com amor, carinho, votos de felicidade e outros sentimentos.
No maithuna reserva-se um tempo especial para os pujas entre os praticantes (swabháva).
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Falar “eu te amo” com intensidade, tocando o peito e olhando nos olhos da parceria é um
exemplo de um auspicioso puja. A Shakti gera a vida, cuida e alimenta seu “seio”. Todo seu
corpo é preparado para acolher a vida. Venere-a.

“O conhecedor da verdade deve sempre adorar o poder feminino, de acordo com a


revelação dos Tantras. Deve-se adorar a mãe, a irmã, a filha, a esposa e todas as Shaktis.
Durante este tipo de adoração, deve haver contemplação da unidade essencial da sabedoria e
meio, os princípios masculinos e femininos. ” Hevajra Tantra
Sobre a nudez feminina e a adoração de Shakti, Mircea Eliade escreveu: “Toda Shakti nua
encarna a Deusa. Portanto, a primeira etapa consiste em olhá-la com a mesma admiração e o
mesmo desprendimento que se sente ao considerar o insondável segredo da Natureza e sua
capacidade ilimitada de criação. A nudez ritual da yoguini tem valor místico intrínseco. Se,
diante da Shakti nua, não descobrirmos no mais profundo de nosso ser a mesma emoção
aterradora que sentimos diante da revelação do Mistério cósmico, não haverá apenas um ato
profano, com todas as conseqüências já conhecidas. A segunda etapa é a transformação da
Shakti-prakiriti em encarnação da Shakti: a companheira do rito torna-se uma deusa, assim
como o yogue deve encarnar o deus”.

* LEELAS – BRINCADEIRA SAGRADA


Além de significar preliminares, Leela tem como significado diversão. Brincar, rir, jogos
lúdicos e sedutores como um toque sensual, um olhar malicioso, um sorriso que cative,
amarrar um dos parceiros, roupas sensuais, uma carícia ou um beijo num lugar certo, um
conto erótico, dançar unidos ou elementos tradicionais litúrgicos tântricos, assim como
respirar juntos, entoação de mantram alegres e, claro, massagem tântrica, giro-tântrico etc.
Uma maneira tradicional de Leela é aguçar os cinco sentidos físicos:

•Olfato: permita que o seu cheiro característico, sem perfumes, seja percebido e
reconhecido pelo (a) parceiro (a); o perfume e o incenso são essenciais num segundo
momento. Com a parceria de olhos fechados, peça que cheire perfumes diversos, flores,
frutas e óleos. Permita um tempo para a olfação que está relacionada com o elemento
terra.
• Paladar: coloque na boca do ser amado, frutas, sucos, mel, vinho (pouquíssimo).
Estimule o elemento água.
• Audição: falar sussurrando no ouvido quais são suas vontades e o que você quer fazer
com ele (a), perguntar onde gostaria de ser tocado (a). Sinos tibetanos, palavras de amor,
músicas com sons da natureza e toda a variedade de sons melodiosos estimulam a audição
e o elemento éter.
• Visão: o olhar expressa o desejo. Observe o corpo um do outro, admirando cada
parte, olhando os genitais, os seios, a barriga, os pés etc., isso é bastante excitante. Olhos
nos olhos é uma técnica tântrica. Além disso, você poderá colocar na frente da parceria
flores, frutas, conchas, mandalas, figuras eróticas e fotos inspiradoras. Tudo isso estimula o
elemento fogo.
• Tato: estimule cada parte do corpo como quem desvenda o mistério da existência,
toque com as mãos, dedos, língua, nariz, lábios, sem pressa, de preferência com os olhos
fechados para trabalhar melhor o sentido; isso toca o elemento ar. Explorem-se, brinquem
com o corpo. Elemento ar.

“Não existe nada neste Universo que não esteja contido no corpo humano. Tudo o que está
aqui, está em toda parte; o que não está aqui, não está em nenhuma parte. ”
Vishvasara Tantra
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“Aqui mesmo (neste corpo) estão os rios Ganga, Prayaga e Varanasi, o Sol e a Lua (isto é, o
masculino e o feminino) e os lugares sagrados... Não existe outro lugar de peregrinação nem
morada de felicidade semelhante ao meu corpo. Em verdade, o yantra que é o próprio corpo é
o melhor de todos os yantras”. Gandharva Tantra.

No livro “O que é corpolatria” – o título é bem tântrico – os autores, Wanderley Codo e


Wilson Senne nos contam: “É hora, e já é tarde, de perseguir de maneira consciente, um corpo
saudável. É hora, e já é tarde, de buscar o prazer, sem medo e a qualquer custo”.
A dança é parte fundamental no Tantra, que diz que a dançarina rejuvenesce a si e ao
parceiro com sua dança. Diz o Hevajra Tantra: “se alguém dança, quando chega a alegria, que
isso seja feito tendo como objetivo a iluminação”.
Dedique um tempo à prática dos Leelas. Todas as estatísticas contam que a maioria dos
casais fazem sexo com menos de cinco minutos de preliminares. Isso certamente não é
Tantra.

LELLAS ERÓTICOS – DICAS MÁGICAS


Apesar de parecerem dicas superficiais e piegas, quando feitas com amor e erotismo elas
se tornam auspiciosas:

• Lembre-se que o toque é essencial. Explore cada área, cada dobra, embaixo das nádegas,
atrás dos joelhos, nas axilas, na virilha, utilizando os dedos, a língua e assoprando.
• Não se esqueça de massagear os pés.
• A penetração deve ser lenta. Não comece com pressa, a intenção é prolongar o prazer o
sexo oral deve ser realizado com paciência e delicadeza, investindo às vezes num movimento
mais rápido e desacelerando quando o (a) parceiro (a) estiver chegando lá.
• Explore a região do períneo, por ser uma área muito sensível.
• Pare quando você estiver muito excitado, investindo nos beijos mais carinhosos e frases,
poesias ou poemas de amor (lembre-se que ouvidos também estimulam).
• Fique tranquilo (a) com o seu corpo.
• Abuse de olhares elogiando com naturalidade, sem forçar.
• Nenhuma Shakti ou nenhum Shiva são iguais. Utilize a criatividade para explorar o corpo
do ser amado.
• Sorria, brinque muito. Deus, na Índia, tem um de seus nomes Leela (brincadeira divina).
• Masturbem-se mutuamente.
• Pergunte a sua parceira como e o que ela gosta no ato de amor. Nunca creia que sabe
tudo.
• Façam amor na natureza: cachoeiras, na chuva, praias, no topo de uma montanha. Isso é
Tantra.
• Olhem-se nos olhos sem desviá-los.
• Dispam-se lentamente um ao outro.
• Toquem-se com olhos vendados.
• Troquem massagens sensuais, como a tântrica. (Prana Pratistha sim, “Neo Tântrica”
evite)
• Utilize essências e roupas que estimulem sua parceria.
• Brinque com alimentos na boca e no corpo da parceira, tal como foi feito no filme “nove
e meia semanas de amor. ”
• Sempre seja gentil e generoso (a) com seu (sua) parceiro (a).

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Capítulo 11
Formas de carícia e sexualidade
* OS BEIJOS

“Quando uma mulher está dominada pela paixão, deve cobrir os olhos do amante com as
suas mãos e, fechando os próprios olhos, introduzir a língua em sua boca. Deve então movê-la
de um lado para outro, para dentro e para fora, com um movimento agradável que sugere
formas mais íntimas de prazer ainda por vir. ”
Ananga Ranga

“Há quatro tipos de beijo: moderado, contraído, pressionado e suave. Tipos diferentes de
beijos são apropriados para diferentes disposições. ”
Kama Sutra

“Quando um Homem beija o lábio superior de uma mulher, isto é conhecido como o Beijo
Especial do Lábio Superior. Nesta ocasião, ela deve beijar o lábio inferior do parceiro. ”
Kama Sutra

“Quando uma mulher está cheia de desejo, deve colocar entre os dentes o lábio inferior do
homem, mastigando-o e mordendo-o nesta região com suavidade. Ele deve fazer o mesmo
com o lábio superior da mulher, tomando cuidado para sugá-lo com delicadeza. Desta forma,
ambos ficarão sexualmente estimulados e sua paixão produzirá muito calor. ”
Ananga Ranga

O beijo expressa uma grande variedade de emoções: erotismo, amor, ternura, gentileza,
paixão, carinho, respeito. O beijo demonstra o quanto o casal está envolvido e expressa os
seus verdadeiros sentimentos.
O beijo boca a boca é chamado de contato dos portais superiores e pode estimular desde
carinho até a paixão. São trocas de energia e secreções vitais e troca de Yang por Ying.
Os Tantras consideram o beijo como uma parte profundamente importante do maithuna.
Temos vários tipos de beijos tântricos:

• Beijo reto: ambos os lábios se tocam.


• Beijo em curva: ambas as cabeças são curvadas.
• Beijo de língua: um dos parceiros toca a língua, dentes e palato da outra com a própria
língua.
• Beijo envolvido: um dos parceiros toma os lábios do outro entre os seus lábios.
• Beijo esquimó e Maori: feito encostando a testa e o nariz com muita calma e delicadeza.
No fabuloso filme “A Encantadora de Baleias”, vemos a tradição deste “carinho”, que
permanece até hoje em um sistema cultural que ainda mantém suas raízes, a tribo Maori.

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No Ananda Ranga está escrito: “Quando a Shakti está cheia de desejo, deve colocar o lábio
superior no inferior da boca do Shiva, mastigando-o e mordendo-o nesta região com
suavidade. Ele deve fazer o mesmo com o lábio superior da Shakti, tomando cuidado para
sugá-lo com delicadeza”. Dessa forma ambos ficarão sexualmente estimulados e sua paixão
produzirá muito calor”…”Quando a Shakti está dominada pela paixão, deve cobrir os olhos do
amante em suas mãos e, fechando os próprios olhos, deve introduzir a língua em sua boca.
Deve, então, movê-la de um lado para outro, para dentro e para fora, com um movimento
agradável que sugere formas mais íntimas de prazer ainda por vir. O beijo, ainda, troca
secreções e energias vitais altamente mágicas. ”

No Kama Sutra encontramos dicas do beijo:


“Quando Shiva beija o lábio superior de Shakti, isto é conhecido como Beijo Especial do
Lábio Superior. Nesta ocasião, ela deve beijar o lábio inferior do parceiro. ”

O Tantra ensina, ainda, que o lábio superior da Shakti tem relação reflexológica com sua
yoni. Várias Shaktis foram estimuladas por mim tão somente utilizando estímulos no Shankini
nadi, a concha da sabedoria no lábio superior. Experimente.

* OS ABRAÇOS
No Tantra, qualquer contato mais íntimo entre corpos é uma forma de abraço, mas
aqueles contatos com intenção mais emocional e sentimental são os que o maithuna utiliza,
ao contrário dos ocidentais que abraçam superficialmente e sem contato dos genitais. No
Tantra o abraço é uma forma de contato profundo e, certamente, de corpo inteiro. Veja
alguns tipos de abraço:
• Trepadeira – em pé, como uma trepadeira enrola-se na árvore, faça o mesmo com sua
parceria.
• Subindo na árvore – em pé, ambos abraçam-se apaixonadamente como se desejassem
subir um no outro.
• Mistura de arroz com gergelim – deitados abraçando-se fortemente com os braços e
coxas e tocando lingan e yoni.
• Mistura de leite e água – todas as partes são encostadas.
• Abraço da testa – coloca-se muita atenção e carinho na testa e os braços enroscam-se na
cintura.

Pode-se ainda abraçar somente partes do corpo como abraços dos peitos, coxas, seio e
pelve.
“Quaisquer que sejam os pensamentos em suas mentes, estes desaparecem
completamente com o ímpeto arrebatador do abraço apaixonado. Quando um Shiva e uma
Shakti são um só, assim abraçados, não há nada em todo o mundo que supere a alegria
sublime daquele momento. ” Kuttni Mahatmyam

* ZONAS ERÓGENAS – OS PORTÕES DO SAGRADO


Descubra as do ser amado; no Tantra qualquer parte do corpo pode ser estimulada e se
transformar numa área de prazer.

Vagina/Yoni – Espaço sagrado (honre-a e ame-a).

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Os chineses ensinam que ao se colocar a boca na yoni sente que se bebe da fonte da vida e
os tântricos ensinam que ali está Kundalinî, e para tocá-la deve-se abrir a yoni e descobrir seus
segredos.
Shiva sempre explorará e questionará a Shakti qual a melhor maneira de tocar a yoni,
muito diálogo e desinibição são aconselhados. As Shaktis tântricas são estimuladas desde sua
iniciação sexual a explorarem a sua yoni em frente ao espelho, em atitude de autodescoberta
e compartilham isso com seus amantes.
O banho de chuveirinho forte e morno, a depilação total, o respirar da yoni, dão uma
energização poderosa a Shakti.
Os tântricos sempre olharam, ao contrário dos ocidentais, o estímulo oral como natural e
prazeroso. É fundamental perguntar para a parceira como ela gosta de ser tocada.
Principalmente em relação ao clitóris que tem uma variação de tamanho, local e textura.
Existem Shaktis que gostam de toques fortes, outras suaves, mais sutis.
A língua poderá girar sentido horário e anti-horário para cima e para baixo, na horizontal e
vertical.
Insisto: pergunte como é mais prazeroso. De todas as amantes que tive, nenhuma era igual
– cada uma preferia um oral distinto.

“Ela deve fazer com que ele sugue sua yoni e mostre o seu prazer. Inalando o odor, ele deve
penetrá-la com a língua, procurando as secreções. Ela deve dizer: ‘Coma minha essência! ’
Beba as águas da libertação! Ó filho, seja um escravo, seja pai e amante! ”
Chanda-maharosana Tantra
Pênis/Lingan – Bastão de luz (honre-o e ame-o).
Uma Shakti toca o lingan de seu parceiro como o lingan que originou toda a vida. O
princípio masculino da existência.

“Todos os deuses adoram o lingan, símbolo do Senhor Shiva. ”


Mahabhárata

Para Shiva ter ereções prolongadas, Shakti deve tocá-lo da base do pênis em direção a
ponta e evitar tocar a glande. Se for tocar os testículos faça-o com muita delicadeza.
O banho de chuveirinho frio antes de dormir ou morno durante o dia estimula a
vascularização genital de Shiva.
Lembre-se: todo o maithuna deve ser feito de maneira rítmica, relaxada e carinhosa. A
ejaculação segundo algumas escolas tântricas radicais deve ser sempre evitada,
principalmente fora da Yoni da parceira, mas fica evidente que se é algo que faz parte do
desejo masculino, faça, não tenha pudores. Sempre lembre-se que ser tântrico é ser livre.
ALGUMAS TÉCNICAS DE SEXO ORAL EM SHIVA
• O lingan é tocado totalmente pela língua.
• Sem o auxílio das mãos o lingan é movimentado dentro da boca da Shakti.
• O lingan é colocado inteiro dentro da boca e, após pressão dos lábios, é colocado para
fora.
• Move-se o lingan entre os lábios.
• Utiliza-se sucção com absoluta delicadeza.
• Shiva penetra a boca de Shakti como se a mesma fosse uma segunda yoni.
• O lingan é beijado como se fosse o instrumento originário de toda a vida.

SEXO ORAL MÚTUO – O CORVO


Essa posição conhecida no Ocidente como “69” é um fortíssimo ásana tântrico, também
chamada de invertida.
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O corvo é considerado um pássaro místico, pois seu metabolismo permite digerir venenos
sem que lhe provoquem nenhum mal.
No Yoga também existe o ásana do corvo, que traz força e energia aos braços e costas. A
posição do corvo no Tantra é importante para a circulação de energia de Shiva e Shakti, pois
fecha um círculo como o símbolo do TAO (yin e yang).
Os animais normalmente são atraídos pelo cheiro, um grande estimulante, lembre-se que
um verdadeiro tântrico não possui repressões, medos ou vergonha. Tudo vale para atingir um
estado plenamente satisfatório. As secreções da yoni e do lingan são extremamente
energéticas (isso quando o corpo é saudável, limpo e a alimentação vegetariana ou vegana).
A língua de Shiva deve explorar cada parte da yoni, às vezes, introduzindo a língua como
um lingan. Shakti, por sua vez, suga o lingan como se sua boca fosse a yoni. Trabalhando com
total atenção, tentando dominar a habilidade da boca, lábios e língua.
A língua é um instrumento importante por conter terminais nervosos e energéticos. É pela
boca que nos alimentamos, sugamos o seio da mãe, é a boca que saliva ao sentir um cheiro
que nos agrada, e é por meio dela que você pode dar e receber prazer. Quando estamos
amando, não vemos a hora de poder tocar os lábios do companheiro e assim sugar sua saliva
e demonstrar desejo.
Invista na exploração da área do períneo (entre o ânus e a yoni ou o lingan). Essa é a
morada da Kundalinî. Desperte a parceira fazendo com que kundalinî ascenda pela coluna.
Lembre-se que muitas vezes um bloqueio pode ter relação com uma educação repressora,
e que estas técnicas podem trabalhar como uma grande cura, que vêm da compreensão e do
carinho.
Vamos falar do famoso ponto G. No corvo, é muito importante que você o procure dele.
Enquanto você procura a Shakti poderá ter grande prazer (kama). Cada Shakti tem uma área
mais sensível e fica quase impossível definir exatamente onde ele se encontra. Brinque.

SEXO ANAL
Sabemos a admiração e o fascínio, do povo ocidental, pelo sexo anal. Mesmo sendo visto
como proibido em culturas patriarcais e retrógradas, ele chama a atenção e é uma fonte de
prazer para muitas escolas tântricas.
Como sabemos, no Tantra tudo é sagrado, nenhuma parte do corpo deve ser vista como
suja ou inapropriada. Existe um exercício do Yoga e do Tantra, próprio para trabalhar os
esfíncteres do ânus (mulabandha), trabalhando, assim, a energia Kundalinî e estimulando as
glândulas sexuais.
O ânus e o reto, como um órgão excretor, sempre contêm bactérias, o que pode ocasionar
infecções e lesões de tecidos, por ser uma área extremamente vascularizada, podendo
também ocorrer sangramentos. A prática do sexo anal constante pode distender e
enfraquecer os músculos esfíncteres, levando a perda de energia, desta forma, não se deve
exagerar na prática de sexo anal.
A Shakti normalmente oferece o seu corpo e todos os seus orifícios como uma maneira de
rendição e compromisso com o amante Shiva, por sua vez, gosta do domínio e da submissão
da parceira. Vemos aqui que o sexo anal funciona também como uma maneira de dominação,
muitas vezes contrário à filosofia que vê Shakti como Deusa e não submissa.
Há uma infinidade de maneiras de explorar a sexualidade e o prazer sem precisar exagerar
nesta variação. Tudo é questão de criatividade. De toda forma, ao realizá-lo, muita atenção
com a higiene e evite o exagero na penetração. A carícia sem penetração é muito indicada.
Lembre-se que esta é uma área que exige delicadeza. Lubrifique bem a região e massageie
o ânus. Como a área é sensível e muito vascularizada, pode provocar uma sensação gostosa
(isso se a Shakti não se sentir constrangida). A mesma técnica pode ser feita no parceiro. A

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sensação é a mesma, afinal Shiva e Shakti são idênticos aqui e alguns textos tântricos apontam
que aqui, em Shiva, há um ponto de profundo prazer. Experimentem.

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Capítulo 12
Asanas – Intenção e saudação à deusa
“No início do rito, a mulher deve ser colocada em uma confortável posição sentada. Seus
pés devem ser cuidadosamente lavados e perfumados; depois, deve-se aplicar pasta de
sândalo e óleos às várias partes de seu corpo. Flores e luz devem ser oferecidas, junto com
incenso e música. Ela deve então ser colocada do lado esquerdo e beijada e tocada para
inspirar a mente. ”
Nayika-Sadhana-Tika

“Prepare um lugar agradável, livre de todas as distrações e perturbações, em segredo, ele


deve levar, uma mulher cheia de desejo. “Eu sou o Buda, o Aperfeiçoado, o Inamovível; ela é a
Preciosa Iniciadora da Sabedoria." Assim deve o homem sábio meditar com pensamento fixo.
Então o homem e a mulher devem meditar em suas respectivas formas divinas. Devem realizar
a prática de unir Lótus e Cetro, pacientemente e de acordo com o que deve ser feito. Aqui há,
de fato, um grande prazer. Aqui, de fato, está situado Chandamaharosana, o Grande Elixir da
Lua. ”
Chandamaharosana Tantra

No maithuna é a Shakti, a mulher que, na maioria das posturas corporais, fica “por cima”
ou na frente de Shiva. Essas são as posturas nas quais podem se ter maior liberdade de
movimento e Shiva reterá por um longo tempo o orgasmo físico, pois lhe é tirado sua postura
ancestral de “cobrir a fêmea”, assim seu inconsciente aponta que o objetivo é não fecundar,
prolongando assim o contato e o maithuna.

“A flor de Lótus, o órgão sexual da parceira, é um oceano repleto de Bem-Aventurança.


Esta flor de Lótus é também um lugar transparente, onde o Pensamento de Iluminação pode
florescer. Quando está unida com o Cetro, o órgão sexual masculino, sua mistura é comparada
ao Elixir produzido pela combinação de mirra e noz-moscada. De sua união nasce um
conhecimento puro, que explica a natureza de todas as coisas. ”
Kalachakra Tantra

Nas escolas e espiritualidade patriarcais Shiva cobre a fêmea por trás como a maior parte
dos nossos irmãos animais ou fica Shiva por cima “possuindo” Shakti. No Tantra, é Shakti a
priori que possui Shiva. Podemos ainda acrescentar que como Shakti é reverenciada, Shiva
olha para cima adorando a deusa. A mulher é a divindade, é o corpo da Shakti, Shakti é a
manifestação na terra da própria existência.

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Posturas principais
• Samapada Bandha
Shakti deitada levanta as pernas o mais alto possível desde os quadris e suas pernas tocam
o pescoço e/ou os ombros de Shiva. Essa flexão é excelente para a coluna de Shakti e seus
músculos das costas. Atenção: Pratique com cautela e com a certeza de que a yoni pode
acomodar o lingan. Shiva deve usar as mãos para acariciar a barriga, os seios e a yoni de sua
parceira.

• Nagara Bandha
Shiva separa as pernas de Shakti apoiando-as em sua cintura. Com essa postura das pernas
poderá erotizar tendo a visão do lingan penetrando a Yoni. Shakti poderá envolvê-lo com suas
pernas para maior intimidade.

• Traivikrama Bandha
As pernas de Shakti são abertas como uma tesoura, uma perna deitada e a outra elevada
até a cintura, ombros ou até o alto da cabeça de Shiva, enquanto ele a penetra e ama-a.

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• Smarachak Ásana
Shakti deita-se de costas e Shiva por cima. Ambos abrem as pernas amplamente e os
braços também para cima, Shiva segura nas mãos de Shakti proporcionando um contato
gostoso de todo o corpo, bem como dos genitais. O peso de Shiva faz com que seu osso
púbico massageie a região carnuda do Monte de Vênus de Shakti:

• Jrimbhita Ásana
Shakti deita-se de costas e Shiva coloca uma almofada sob os quadris de Shakti. Shiva
ajoelha-se entre suas pernas para conseguir penetrá-la como o “Céu envolve a Terra”. Ambos
devem estar com a língua tocando o céu da boca (jivabandha).

• Sphutma Bandha
Shiva penetra Shakti, que está deitada de costas, levantando suas pernas e segurando as
coxas bem próximas dele. Shakti pode apertar e contrair sua yoni como se sugando o lingan
(mula bandha).

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• Puhapaka Ásana
Shiva está deitado em cima de Shakti olhando-se nos olhos, com suas pernas e braços
juntos como se estivessem entranhados.
Para que Shiva faça a penetração, Shakti abre as pernas, curva os joelhos, mostrando
totalmente sua yoni para esse puja, como a deusa que é, e então Shakti pode abaixar as
pernas. Esta posição oferece contato estimulante da raiz do lingan com a yoni. Shakti, aqui,
comporta todo o peso de Shiva, por isso essa posição não é ideal para todos os casais.

A próxima categoria de posições tântricas é o Tiryak, ou posições de lado que são


relaxantes para ambos.

• Karkata Bandha
Os dois deitam-se de lado com Shiva entre as coxas de Shakti; enquanto as pernas dela
entrelaçam o corpo dele, tornando mais fácil o movimento. Shakti pode ajustar a posição de
forma que o clitóris fique em contato direto com a pele quando se movimentam.

• Lata Asana
Podem deitar-se de lado ou ficar em pé. Shakti respira forte misturando sua respiração
com a de Shiva. Ela ergue as pernas até o ombro dele, isto permite maior penetração e
excitação. Os dedos de Shiva acariciam cabelos, braços e pernas.

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Postura sentados
As posições sentadas contribuem para a meditação e visualização. Os amantes devem
permanecer tranquilos. Não é necessário ficar sentado o tempo todo. Elas podem ser
praticadas de forma mais suave, recostando-se em uma almofada.

• Rati Ásana
Shiva senta-se com as pernas abertas. Shakti cobre todo seu lingan com seu corpo. Eles se
entreolham profundamente; suas bocas unem-se, suas línguas misturam-se.

• Chanchala Ásana
Shiva senta-se com os pés no chão. Shakti, de costas para ele, senta-se em seu lingan com
suas pernas encaixadas em suas pernas. As mãos de Shiva estão livres para tocar-lhe os seios e
o clitóris.

• Vaidhurit Ásana
O casal sentado entrelaça as pernas para acrescentar a sensação de unidade. É, sem
dúvida, uma das melhores posições para a prática de maithuna.

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• Sanyaman Ásana
Shakti coloca as pernas no alto da cintura de Shiva, enquanto ele segura o pescoço dela em
suas mãos. Em cada mudança de ângulo das pernas de Shakti, variam as sensações.

• Ekadhari Ásana
Para iniciar esta posição, Shiva senta-se na cama, recostando-se confortavelmente, com
suas pernas abertas. Shakti, de costas para ele, agacha-se, com as pernas abertas e
delicadamente acomoda-se sobre o lingan. Os parceiros se mexem à vontade. A mão de Shiva
fica livre para estimular os mamilos e o clitóris de Shakti e ela pode massagear a próstata de
Shiva.

Posturas em pé
As artes Indiana, Nepalesa e Tibetana, incluindo esculturas em pedra, bronze e pinturas,
mostram muitas variações de uniões amorosas e sexuais em pé.

• Hari Vikrama Bandha


Shakti está em pé olhando para Shiva, uma perna dela no chão, a outra erguida e apoiada
sobre alto da coxa de Shiva. A barriga e os seios colados nele e a cabeça relaxada para trás. Se
Shiva for mais alto do que a Shakti, ela deve subir um degrau.

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• Yoni Ásana
Shiva está em pé com as pernas afastadas, segurando Shakti pelos pés ou nádegas e ela
entrelaça as pernas em sua cintura. Ele pode encostar-se em uma parede, ou deitar sua
parceira para concluir a posição. Divindades nessa posição são pintadas em bandeiras para
decorar paredes de templos do Nepal e no Tibet, desfrutando da alegria do êxtase.

“Quando uma mulher estiver cansada, deve colocar a testa na do amante e descansar, sem
perturbar a união de seus órgãos sexuais. Após ter descansado, o homem deve virar-se e
começar a fazer amor de novo. Se os amantes passam algum tempo brincando e acariciando-
se um ao outro no início e também ao final do amor, então seu êxtase e confiança
aumentarão. Os jogos de amor aumentam o prazer. ”
Kama Sutra

• Gajasawa Ásana
Shakti deita na cama de bruços, com uma almofada sob a região da bacia e as pernas
abertas. Shiva deita-se sobre ela, flexionando suas costas para cima, apoiando-se sobre os
braços e com seus quadris para baixo. Assim ele sente a maciez das nádegas que ela
impulsiona. Como essas posições "por trás" nem sempre permitem que o lingan toque o
clitóris, elas são melhores praticadas quando para terminar o maithuna, no momento em que
Shakti esteja bem excitada e facilmente orgástica.
Shiva ou Shakti podem também estimular o clitóris com as mãos.

102
Purushavita Bandha
Richard Burton diz que "esta postura” é considerada um grande horror por algumas
escolas radicais orientais, que dizem: “maldito seja aquele que se fez a terra e o céu. Terra
aqui é Shiva deitado e Shakti erguida. O reverso é uma realidade dos tântricos, que mostram
isso em pinturas com essa postura aparecendo mais do que qualquer outra posição. Esta
posição é a favorita da deusa Kali de copular com Shiva, segundo os mitos hindus. É,
particularmente, minha posição predileta ao fazer amor e nos rituais de maithuna.

Viparata Ásana
Shakti deita-se sobre Shiva também deitado de costas. Ela aperta suas pernas juntas e
movimenta-se para frente e para trás, devagar no início, para erotizar a ambos, e depois mais
rápido. Shiva desenvolve movimentos circulares com os quadris, proporcionando mais prazer.
A Shakti além de com as mãos poder tocar suas costas e estimular os Chakras.

Posições tântricas clássicas


Essas técnicas, são as mais ensinadas por mestres tântricos, são as consideradas clássicas,
pois fornecem movimentos relaxantes, controle orgástico por não serem altamente eróticas e
nem conterem movimentos de vaivém e ainda por terem um forte impulso de veneração de
Shakti.

“Qualquer união sexual é sagrada, seja ela humana ou animal. Ela reproduz o ato criador
supremo, a união dos princípios cósmicos Shakti – Shiva, causa do Universo manifesto. ”
A. Van Lysebeth.

103
Purushávita
Shakti acima de Shiva controla nessa posição todos os movimentos. Apesar de Shiva poder
se movimentar, ele o evita e a adora (Puja) como manifestação do feminino. Shiva ou Shakti
podem estimular o clitóris e os seios, ou ainda trocar carinho na barriga, peito e rosto.

Sukhásana
Shiva sentado em chão macio recebe Shakti com as pernas cruzadas ou com as plantas dos
pés se encostando. Ambos os parceiros fazem toques amorosos e sensuais nas costas.

Upavishta-variação
Shiva senta-se em chão macio unindo as plantas dos pés, uma a outra, próximas ao períneo
(sede de Kundalinî) e acolhe Shakti em seu colo.

Tiryakásana
Shiva deita-se de lado e Shakti com a barriga para cima. Ambos enroscam as pernas,
deixando uma perna de Shakti sobre o quadril de Shiva. O corpo dela fica perpendicular ao
dele. As mãos acariciam, e não é necessário muito movimento.

104
Janujugmásana
Conhecida como postura em X é altamente recomendada, pois permite controle orgástico
e dos movimentos de Shakti. Essa postura é tão antiga que o yogue belga André Van Lysebeth
ensina: “Essa posição do maithuna bem mostra quanto o tantrismo tem profundas raízes na
pré-história indiana, e é comovente evocar os casais de outras eras ao praticá-la hoje em dia”.

Não pense que porque mencionei um número limitado de posições sexuais, há limites para
os tântricos.
Tenha sempre em mente que o Tantra é liberação. O Tantra dá a você permissão
(liberdade) para criar, sentir e ser erótico, bem como para desenvolver suas próprias posturas,
variações e rituais de amor. Seja criativo.

“Seu livro Karezza: Ethics of Marriage (Karezza: Ética do Casamento) é um endosso


entusiasta de antigas técnicas de amor tântricas e taoístas.
Como a Iniciadora taoísta, ela declara: "Embora a mulher não possua o sêmen para
conservar, ela tem, como o homem, a emocionante potência da paixão, que, quando bem
dirigida, cura nervos sensíveis, vitaliza o sangue e restaura os tecidos. Nesta mais profunda e
verdadeira união, o próprio coração de Karezza, a mulher tanto quanto os homens evitam e
curam doenças. Karezza tem um valor terapêutico não igualado por nenhum remédio da
farmacopeia, ou por qualquer sistema de cura. ” As técnicas que Alice Stockham ensinou não
eram em nada diferentes das práticas orientais básicas de retenção de sêmen.
O casal pode certamente beneficiar-se aprendendo como controlar seus orgasmos físicos.
Entretanto, não é de jeito algum necessário, ou mesmo aconselhável, privar-se da ejaculação
indefinidamente.
Um relacionamento sexual equilibrado implica "dar e receber”. Tendo isto em mente, o casal
deve esforçar-se para partilhar e trocar essências vitais, conforme lhes parecer apropriado. A
potencialização através da retenção sexual assume então um significado e um propósito
transcendentais. ”

105
* SHAKTIS NA VISÃO TÂNTRICA
Essa classificação é correspondente aos quatro elementos da natureza (não se refere a
elementos astrológicos), fazendo uma distinção dos tipos de mulher pode ser aplicado em
homens também.

PRITHIVÍ SHAKTI - SHAKTI TEMPERAMENTO TERRA


É a parceira mais ligada aos valores e pré-ocupações materiais e familiares, portanto muito
pouco dos seus desejos são de natureza sexual. Em princípio, são pessoas reprimidas e
recalcadas que buscam somente a suposta “segurança” dos envolvimentos, mas o prazer e o
amor não são valorizados. O ato sexual com essa parceira requer muita paciência e uma dose
de imaginação, pois ela é cheia de “pudores”, medos, muitas vezes timidez e dificuldade em
alcançar o orgasmo, a não ser com estimulação oral.
Normalmente, é uma parceira ciumenta ou que não se cuida, não se faz sedutora. Nas
posições sexuais prefere ser dominada e ficar por baixo.

APAS SHAKTI - SHAKTI TEMPERAMENTO ÁGUA


Muito sensível e receptiva, pode ser uma amante agradável ou se perder nas próprias
águas (sentimentos) e ser uma pessoa pessimista e depressiva. Teme intimidade física e tem
valores “moralistas”, além de exagerada baixa estima. Dificilmente toma as iniciativas e não há
dinamismo em seus movimentos sexuais.

AGNI SHAKTI - SHAKTI TEMPERAMENTO FOGO


É a companheira ideal para quem quer muita ação e iniciativa. Seu corpo literalmente
dança, é solto, flui e é flexível; ela se cuida, é perfumada, sensual, atraente e livre. Desinibida,
cheia de energia, toca cada parte do parceiro com adoração e carinho. Sua disposição
contagia. Estão quase sempre de bem com a vida e descomplicam tudo. Nos atos sexuais
escolhem as posições e normalmente escolhem aquelas em que ficam por cima. Dentro do
Tantra é a parceira ideal.

VAYU SHAKTI - SHAKTI TEMPERAMENTO AR


É a Shakti que tem a sexualidade no corpo e na mente. É romântica e cativante só não tem
tanta energia como a Shakti Fogo. É brincalhona e sempre uma criança.
Harmoniosa ao se vestir e seduzir. Precisa de certo estímulo e é relativamente
controladora. No ato sexual precisa conversar, trocar experiências sobre as posições sexuais e
se molda aos interesses do parceiro.

106
Capítulo 13
Absorção, retenções e meditações finais
* ABSORÇÃO MÚTUA – VAJROLI MUDRÁ
Os Tantras e textos ancestrais do Hatha Yoga nos ensinam a mística de “absorver o
equivalente do seu parceiro” em todas as uniões que envolverem emissões de sucos vitais. É a
absorção consciente das secreções femininas ou masculinas já alquimizadas. Essa técnica é
ensinada em seminários de maithuna, devido a seu aspecto iniciático secreto e a necessidade
de muito treino para, por exemplo, com o lingan absorver o sêmen já transmutado da yoni
feminina.

“Os textos alquímicos, como o Chandamaharosana Tantra, descrevem a Yoni da mulher


como “um vaso de transformação”. É neste vaso que as essências Yin e Yang combinam-se,
transformam e alimentam o casal. Este processo ocorre tanto em uma dimensão física quanto
na sutil.
Uma das mais importantes técnicas físicas para absorver de transformar a vitalidade
sexual é o Vajroli Mudra tântrico, o “Lacre de Diamante”, um método que tem por objetivo
inverter o fluxo da energia sexual. Tanto o homem quanto a mulher podem praticar esta
técnica para absorver conscientemente as secreções amorosas dos parceiros e empurrar a
energia sexual para cima, a fim de facilitar a evolução espiritual.
A mulher pratica o Vajroli Mudra criando uma sucção pela contração ritmada das paredes
da Yoni. Ao mesmo tempo, visualiza a energia elevando-se e engolindo saliva.
A técnica física envolve dois movimentos distintos. O primeiro é uma contração consciente
dos músculos do esfíncter uretral, bem abaixo do clitóris. Estes músculos são relacionados
muito de perto com q esfíncter anal, que governa a excreção. O esfíncter uretral controla e
regula a urina. Se uma mulher localiza e contrai este músculo enquanto urina, então o fluxo
será interrompido, e continuará quando for liberado. Uma vez conhecido o lugar, a prática
pode desenvolver este músculo e prepará-lo para a Arte do Amor. Enquanto pratica esta
contração, a mulher deve puxar para cima a parte baixa do abdômen, alternando contrações
com relaxamentos.
A mulher pode verificar a eficácia dos movimentos do esfíncter inserindo suavemente um
ou dois dedos na Yoni enquanto realiza o exercício. Quando corretamente feitas, as
contrações vão apertar e soltar os dedos. O Ananda Ranga declara:
“A mulher deve sempre lutar para fechar e contrair a Yoni até que ela segure o Lingam
como com um dedo, abrindo e fechando a seu gosto, e finalmente agindo como a mão da
Gopi, que ordenha a vaca. Isto só pode ser aprendido com a prática e principalmente
lançando-se o poder da vontade sobre a parte a ser afetada. Ao fazer isso deve repetir
mentalmente o nome do deus do Amor, Kamadeva cujo mantra básico é o som Klim, para que
caiam bênçãos sobre ela. E a mulher ficará feliz de saber que esta arte, uma vez aprendida,
nunca mais se perderá. Seu marido então irá considerá-la superior a todas as mulheres, e não
a trocaria pela mais bela rainha. Aquela que sabe contrair desta maneira a Yoni é bela e
agradável para um homem. ”
O segundo movimento da mulher envolve um exercício de Yoga conhecido como
Uddiyana Bandha ou "Elevação e Contratura”. Este exercício ajuda a retirar energia vital da
região do sexo e a canalizá-la para cima. Uddiyana Bandha é realizado expirando-se o ar e
contraindo os músculos abdominais, produzindo desse modo uma pressão de ar negativa ou
vácuo na parte baixa do abdômen, que toma uma aparência côncava, um movimento
abdominal conhecido como Nauli ou “ondulação do abdômen” consiste em revolver os
músculos abdominais, o que ajuda a erguer e transformar energia sexual. Estes dois

107
movimentos são executados pelas dançarinas do ventre, que provavelmente aprenderam a
técnica das dançarinas dos templos indianos instruídas nestes métodos tântricos.
Através do controle dos músculos abdominais e da Yoni, uma mulher pode alimentar sua
natureza e dar ao mesmo tempo uma experiência rara a seu parceiro. Este movimento de
torção especial da mulher durante o ato de amor é considerado um segredo sexual
importante nos dois ensinamentos, tântrico e taoísta, já que é uma das maneiras mais eficazes
de erguer, concentrar e transformar a energia sexual.
O homem também pode praticar o Uddiyana Bandha, que lhe permite sugar secreções
sexuais através do Linga. A contração do esfíncter urinário do homem durante o ato de amor
cria um vácuo interno, ajudando na absorção de secreções, enquanto causa um
endurecimento do Linga e uma experiência estimulante para a mulher. Todo o processo,
conhecido como Vajroli Mudra, tem o efeito de circular e trocar energia entre parceiros, e é a
chave para absorção mutua. ”
(Nik Douglas e Penny Slinger)
* MENSTRUAÇÃO
Como escola desrepressora o Tantra ensina que fica a critério dos parceiros ter ou não
relações sexuais no período menstrual. Conversem bem sobre isso. Uma maneira interessante
de namorar para os que têm vergonha é amarem-se dentro de uma banheira de espumas. Na
menstruação a Shakti personifica Kali, a deusa das mudanças de ciclos.
“O adepto tântrico deve olhar uma Shakti menstruada com reverência e admiração. Ela é a
personificação viva de Kali, o poder da transcendência; seu sangue menstrual (Khapushpa) é a
essência florida de toda a feminilidade, o próprio sangue da vida. Possuidor de qualidades
sobrenaturais, é uma potente força rejuvenescedora e transformadora, purificando todos os
venenos através de seu fogo alquímico. Realizando ritos sexuais com uma Shakti menstruada,
o adepto pode mais rapidamente avançar em seu caminho para a Libertação. ” Kaula Tantra

“A menstruação acontece por apenas alguns dias, e Deus desejou que ela fosse usada para
purificar e limpar totalmente o útero. Quando ela termina, a Shakti está melhor do que antes.”
Shaykh Nafzawi

* A RETENÇÃO - URDHAVARRETAS

“Um homem deve aprender a controlar sua ejaculação. Ser faminto pela beleza feminina e
emitir além do próprio vigor prejudica todas as veias, nervos e órgãos no corpo, e faz surgir a
doença. A prática correta da relação sexual pode curar todos os males e ao mesmo tempo
abrir as portas para a Libertação. ”
Yang-Sheng-Yao-Chi
“A Moça Simples informa ao Imperador Amarelo que um homem deve regular a frequência
da ejaculação, de acordo com sua força ou fraqueza, porém não deve nunca forçar-se a
ejacular. Ela estabelece categoricamente que, toda vez que um homem força-se a ejacular,
todo seu sistema corporal é prejudicado. ”
Yang-Sheng-Yao-Chi

A retenção orgástica (energia nervosa do orgasmo masculino, e em alguns casos, feminino)


constitui prática fundamental dentro do maithuna.
Em várias escolas tântricas, podemos observar tendências diferentes em relação a ter o
orgasmo ou não. A linhagem kaula, que muito aponto nesse livro, segue uma tendência na
questão orgástica de madhyamika – caminho do meio – assim, aceita tanto a prática com ou
sem orgasmo, ou seja alguns dias ou semanas tenha o orgasmo final, outros não.
De toda forma, para os praticantes iniciantes é fundamental a retenção orgástica por um
período, o que aumentará o prazer final de forma abismal. Esse é um dos segredos tântricos:
108
Aumento da energia sexual na fricção dos genitais por um longo período de contato sexual
sem orgasmo. Alguns tratados ensinam que o ideal é o acúmulo da energia orgástica, orgone
ou Kundalinî, e não o controle seminal. Algumas escolas ensinam o contrário, que o tântrico
deve reter a ejaculação de toda forma. Afirmam que o sêmen é força vital pura e deve ser
mantida. O objetivo do coitus reservatus é fazer o sêmen se transformar em ojas, uma energia
que ativaria os Chakras superiores (ûrdhva-reta, o sêmen em elevação).
Apesar de opiniões diferentes cabe a você, leitor, praticar e chegar a uma conclusão.
Ensina Datatreya, meu iniciador primeiro no Tantra que:
“O homem comum busca somente o relaxamento do gozo sexual, o orgasmo depois de dez
minutos que é ejaculação precoce para o praticante tântrico.... Pratique sem medo, traumas e
de forma lenta e meditativa... Não tenha pressa... E o maithuna transforma os praticantes em
divindades vivas”.

A retenção – a sustentação do prazer por longo tempo – permite a consciência corporal, a


tranquilidade da mente, o estímulo do hemisfério direito cerebral, o aumento de energia e,
consequentemente, da saúde. Haverá um aumento da libido e da produção de hormônios e
endorfinas que reduzem o aparecimento de doenças, dores, desânimo, stress, depressão,
medo e outros distúrbios.
Toda prática tântrica, que inclui a retenção, deve ser realizada aos poucos. Vá
gradualmente aumentado o tempo de retenção.

“Todo homem deve regular a emissão do sêmen de acordo com sua reserva de essência
vital. Nunca deve forçar a ejaculação. Se fizer isto, todo seu corpo será prejudicado. Um
homem jovem e forte pode ejacular duas vezes ao dia, porém um homem magro deve fazê-lo
apenas uma vez. Um homem forte de cerca de 30 anos de idade pode fazê-lo uma vez ao dia,
enquanto um homem fraco da mesma idade deve fazê-lo apenas uma vez cada dois dias. Um
homem forte de 40 anos pode ejacular uma vez cada três dias, porém um homem fraco da
mesma idade deve fazê-lo apenas de quatro em quatro dias. Homens fortes de 50 anos podem
sem perigo fazer o mesmo a cada cinco dias, enquanto um homem fraco da mesma idade
necessita de um descanso de 10 dias. Homens fortes de 60 anos podem saudavelmente
ejacular cada 10 dias, porém homens fracos desta idade necessitam de 20 dias entre as
ejaculações. Um homem forte de 70 anos pode ejacular uma vez por mês sem danos, porém
um homem fraco desta idade não deve mais ejacular. ”
(Texto chinês da arte do amor)

Observe que isso não é difícil. É bom mudar alguns paradigmas:


Muitas pessoas me falam que é impossível se iluminar com práticas tântricas ou não, e
muito difícil reter orgasmo. Mentira! Praticar retenção é muito mais fácil do que parece.
Iluminar-se mais ainda. Aliás, todos já são em Purusha – essência, iluminados. O maithuna
mostra-lhe isso. Aceita quem você é.

“Não se deve lançar esta ‘cânfora’ (sêmen) casualmente. É nesta substância que os iogues
têm a sua origem. Sua natureza é a do Supremo Prazer. É indestrutível e saboroso, tão difuso
quanto o céu. ” Hevajra Tantra

Dicas para a retenção orgástica durante o ato sexual


• Faça amor mesmo quando não houver muita excitação inicial. Será uma prática de
maithuna.
• Não se deixe excitar demais durante o maithuna. Relaxe. Olhar para a chama da vela.
• Respire profundamente com retenção longa de ar nos pulmões.
• Regule o ritmo de seus movimentos.
109
• Retiradas parciais do lingan.
• Toque profundo na região entre o ânus e o escroto.
• Contração demorada do ânus com retenção de ar.
• Visualize os Chakras girando no sentido horário (como se estivessem colados em seu
corpo).

“Se uma pessoa movimenta-se mas não emite sêmen, a força vital e o vigor são excessivos.
O corpo absorve a energia e todos os sentidos são aguçados. ”
P’eng Tsu

Procure praticar retenção durante 30 minutos no 1º dia, uma hora no 2º, duas horas no 3º,
e ir aumentando gradativamente, evitando assim, sensibilidade exagerada na Yoni feminina e
dores nos testículos de Shiva.

TÉCNICAS TRADICIONAIS DE RETENÇÃO


1. Mula Bandha: Contração dos esfíncteres do ânus e da uretra por longos períodos de
tempo (contraia todo o assoalho pélvico) essa técnica se assemelha ao pompoarismo, que é
uma parte absolutamente mínima do amálgama tântrico e virou moda. Os iniciados podem
fazer a contração de acordo com os batimentos cardíacos.
2. Jiva Bandha: Consiste em colocar a ponta da língua próximo ao palato mole e a garganta,
e empurrá-lo para cima.
3. Trataka: Olhar (de pálpebras fechadas) o Ájña chakra, 3º olho, no centro da testa ou fixar
o olhar aberto num ponto fixo. O ideal é a chama de uma vela.
4. Jalandhara Bandha: Encostar o queixo relaxado contra o peito.

“O homem faz o seu sêmen retornar e evita qualquer emissão. Absorve os sucos do Portal
Precioso da mulher, enquanto acima bebe sua saliva. Esta prática especial é conhecida como
contemplar a Natureza; dota a pessoa de boa saúde e vida longa. ”
Ta-Lo-Fu
“Após ter abraçado a parceira e inserido o Cetro na Lótus, ele deve beber avidamente dos
lábios dela; eles parecem estar respingados de leite. À medida que a riqueza total do prazer e
sentida, as pernas da mulher começam a tremer e sua primeira realização é alcançada. Esta é
a maneira de tornar-se Unido ao Imperecível, absorvendo-se um ao outro altruisticamente.
Estas práticas não devem ser excessivas, caso contrário elas empurrarão o ser para os infernos
da doença e da confusão. Os adeptos devem tomar cuidado para agir corretamente nestas
práticas potentes. ”
Kalachakra Tantra
“Ele deve reter a respiração e contrair o baixo-ventre. Visualizando o Buda Divino
Chandamaharosana em união com a Deusa da Sabedoria, deve pressionar o calcanhar contra
a base [o escroto] e a língua contra o céu [palato]. Concentrando seus pensamentos oscilantes
e controlando a respiração, evitará que o seu sêmen seja liberado. Assim ele deve praticar o
Yoga da Libertação. ”
Chamandamaharosana Tantra

“No momento em que o homem está para ejacular, deve levantar a cabeça e prender a
respiração. Com um olhar zangado e revirando os olhos da esquerda para a direita, deve
contrair o estômago, fazendo o sêmen retomar e penetrar-lhe as veias. Esta prática excelente
tem o efeito de melhorar a saúde e fortalecer o espírito. ” Yu-Fang-Pi-Chuh
110
O Vigyan Bhairav Tantra é uma escola que ensina 64 técnicas meditativas adiantadas que
podem ser realizadas tanto na prática do maithuna como em meditações solitárias. Segue as
que mais pratiquei e que sugiro no maithuna.

1.Observe o intervalo ou o ponto de mudança entre duas respirações.


2.Coloque sua atenção no momento da fusão das respirações.
3.Não tome os pensamentos como pessoais. Só observe-os.
4.Olhe amorosamente para o que quer que seja.
5.Observe com toda atenção qualquer sensação de seu corpo, seja dor, prazer, calor frio
etc. Pesquise shamatha na visão do mestre Padma Santen
6.Olhe para o seu passado ou futuro sem identificar-se com eles.
7.Olhe para todas as mudanças de humor.
8.Fique como morto, absolutamente imóvel.
9.Torne-se a própria carícia em si ou no seu amado.
10. Sugue uma parte da sua parceria e torne-se o sugar.
11. Sente-se ou deite-se sentindo-se sem corpo.
12. Observe com plena atenção sua coluna vertebral.
13. Coloque sua atenção no Ajnã Chakra.

Osho nos deixou 4 volumes de profundidade impar interpretando o Vigyan Bhairav – os


livros chamam-se “O Livro dos Segredos” da editora Imago e eu os recomendo.

“Tanto o Sêmen Original quanto aquele que é ejaculado durante a união sexual são
essencialmente os mesmos. Antes do ato sexual, o sêmen e distribuído por todo o corpo; não
tem lugar fixo, porém reside de forma condensada dentro do Espírito Original. É a este aspecto
que se referem nos textos clássicos como o Sêmen Original. Quando um homem e uma mulher
fazem amor, o sêmen é retirado de todas as partes. Um lugar na parte interior da cabeça [a
glândula pituitária] faz com que o sêmen desça pela espinha até a região inferior. Outros
aspectos do sêmen são retirados dos diferentes órgãos do corpo, como os rins e a bexiga. ”
Ts’Ung-Shu-Chi-Ch’Eng

“No momento em que o Shiva está para ejacular deve levantar a cabeça e prender a
respiração. Com um olhar zangado e revirando o olho da esquerda para a direita, deve contrair
o estômago, fazendo o sêmen retornar e penetrar-lhe as veias. Esta excelente prática tem o
efeito de melhorar a visão e fortalecer o espírito. ”
Yu-Fang-Pi-Chuh

“Um livro taoísta da Dinastia Tang (por volta de 618-907 d.C.) afirma claramente:
Quando um homem sente que está para ejacular, deve fechar a boca e abrir bem os olhos.
Precisa tentar principalmente estabilizar a respiração, prendendo-a se possível, porém sem
forçar nada. Levantando e abaixando as mãos, e respirando com movimentos apenas do baixo
abdômen, ele ganhará controle sobre a respiração e o sêmen. A espinha deve ser mantida
ereta. Se necessário, deve pressionar o ponto de acupuntura Ping-i (o que fica acima do
músculo peitoral direito) com os dedos indicador e médio da mão esquerda, depois deve
soltar o ar, ao mesmo tempo que trinca os dentes. Esta ação reterá com certeza o sêmen, de
forma que ele possa subir e beneficiar o cérebro. Se o sêmen for emitido livremente, causará
dano ao espírito.

111
Um outro texto, conhecido como Classic of the immortals (Clássico dos imortais), assim nos
fala:
“Quando um homem sente que está para ejacular, deve pressionar firmemente o local
entre o escroto e o ânus com os dedos indicador e médio, ao mesmo tempo que inspira
profundamente e trinca os dentes, sem prender a respiração. Esta prática fará o sêmen ser
ativado, porém não ejaculado. Em vez disso, retornará do Talo de Jade, subirá e estimulará o
cérebro. Este método foi ensinado por Lu, o Imortal, mas ele ordenou a seus discípulos que
prestassem juramento de que não divulgariam este potente segredo aos não iniciados. ”
Os ensinamentos do mestre taoísta Tung dão-nos maiores informações:
“Um homem deve sempre fazer com que a mulher alcance seu clímax de prazer. Quando
sentir que está para ejacular, deve dar rápidos e repetidos golpes de amor com sua Arma,
brincando entre as Cordas da Lira e a Caverna em Forma de Grão (os lábios da vulva e a parte
interna da Yoni); estes movimentos devem ser como os de uma criança sugando com a boca
os mamilos da mãe. O homem deve fechar os olhos e concentrar o pensamento. Pressionando
a língua contra o alto da boca, deve curvar as costas e esticar o pescoço. Abrindo bem as
narinas e puxando para trás os ombros, deve então fechar a boca e inspirar pelas narinas. Isto
evitará que ele ejacule e fará com que seu sêmen ascenda. ‘É possível para um homem
regular conscientemente suas ejaculações. Quando estiver fazendo amor com uma mulher,
deve, como ideal, liberar seu sêmen somente duas ou três vezes em cada 10 sessões. ”
“Ele deve reter a respiração e contrair o baixo-ventre. Visualizando o Buda Divino
Chandamaharosana em união com a Deusa da Sabedoria, deve pressionar o calcanhar contra
a base [o escroto] e a língua contra o céu [palato]. Concentrando seus pensamentos oscilantes
e controlando a respiração, evitará que o seu sêmen seja liberado. Assim ele deve praticar a
Ioga da Libertação. ”
Chamandamaharosana Tantra

112
Capítulo 14
Meditação – Dhyana e Iluminação
“Há metafísica o bastante em pensar em nada. Que tenho eu
meditado sobre Deus e a alma e sobre a criação do mundo? Não sei.
Para mim pensar nisso é fechar os olhos e não pensar. ”
Fernando Pessoa

Após a prática do maithuna, o casal deverá praticar alguma técnica de meditação. Poderá
ser juntos ou separados. As técnicas que sugiro são as meditações do mestre Osho: Nataraj,
Kundalinî ou uma variação do Shiva Netra ou ainda um japa (108 vezes) do mantra Om Srí
Gam, o Giro Tântrico ou ainda a Massagem tântrica. (Leia sobre outras fantásticas meditações
no livro: Meditação, a Arte do Êxtase, de Osho. Editora Cultrix.)

SHIVA-NETRA (A MEDITAÇÃO DO AJNÃ CHAKRA)


Uma vela deve ser usada para esta prática. A meditação dura em média 30 minutos e tem
dois estágios que devem ser repetidos. A técnica pode ser utilizada ao final do maithuna com
o casal compartilhando ou não a mesma chama da vela.
• Primeiro Estágio: Sente-se e observe a chama da vela com o olhar relaxado. Pode-se
piscar sem perder a concentração.
• Segundo Estágio: Fecham-se os olhos e, lentamente, oscila-se de um lado para o outro
como se fosse uma árvore que o vento movimenta. Repita algumas vezes o primeiro e o
segundo estágios.

Yab-Yum: Exercício meditativo de divindades copulando;


Shiva e Shakti unidos num abraço extasiante.

MEDITAÇÃO KUNDALINÎ
É a técnica de meditação que envolve dança e movimentos de chacoalhar. É minha técnica
predileta de êxtase. Ela deixa o praticante muito sedutor, pois sua aura energética transpira
sensualidade. Aos 16 anos realizei essa técnica do mestre Osho com o meditador de nome
113
Setu e nunca mais a abandonei. Costumava na adolescência fazer Kundalinî antes de sair para
paquerar, e seus efeitos eram facilmente sentidos. Kundalinî movimenta os Chakras, estimula
a libido, deixa o corpo solto. Osho comentava sobre a técnica: “Muita energia Kundalinî
despertará em você. Sentirá a vida pulsando e vibrando. Após a energia ser despertada pelo
chacoalhar, a dança é útil para fazer a energia se movimentar pelo corpo e retornar ao
universo, a existência. Então o silêncio segue-se, a quietude segue-se”.
• 1º Estágio: Aproximadamente por 15 minutos sacuda, chacoalhe todo o seu corpo.
Comece pelas mãos e pés e depois mexa tudo. Seja completo no chacoalhar, movimente,
envolta todo seu ser no movimento.
• 2º Estágio: Durante 15 minutos ou mais, simplesmente dance, celebre, viva, goze o
momento. Dance para você, pouco importa se você julga o movimento bonito ou não, seja
original e deixe os movimentos fluírem. O mestre Zaratustra disse: “Não acredito em um Deus
que não saiba dançar”. Eu também não.
• 3º Estágio: Sentado, fique imóvel, voltando a atenção a alguma música suave que deve
estar tocando.
• 4º Estágio: Sentado ou deitado, apenas observe suas sensações corporais e/ou seus
pensamentos. Observe sem nenhum envolvimento.
“A visão total é tão clara que o indivíduo não pode mais que rir, e até em aparência ser
irreverente, quando vê a fantástica superestrutura de superstição e mistério que se há erguido
em torno da simplicidade elementar que é a verdade. ” Sri Nisargadatta Maharaj

NATARAJ – DANÇA DE SHIVA


• 1º Estágio: Simplesmente dance como um ser possuído pela dança. Faça seus
movimentos, crie, solte-se, seja original. (45 minutos)
• 2º Estágio: Sente-se em silêncio e observe seu corpo e seus pensamentos. (5 minutos)
• 3º Estágio: Volte a dançar por alguns poucos instantes em profunda celebração e
gratidão. (5 minutos)

* FINALIZAÇÃO DA LITURGIA
Após a prática da meditação ou do ato sexual tenha trocas carinhosas. Saboreie o final,
acariciem-se, brinquem e não saiam voando em direção a um banho ou à tv.
O maithuna costuma energizar o casal, portanto, na maioria das vezes não há necessidade
de cada um virar para um lado e dormir.
Fiquem deitados juntos em concha ou com os genitais unidos mesmo sem a excitação de
Shiva ou ainda utilize a energia do maithuna para atividades criativas.

Quando uma Shakti estiver cansada, deve colocar a testa na do amante e descansar, sem
perturbar a união de seus órgãos sexuais. Após ter descansado, Shiva deve virar-se e começar
a fazer amor de novo. Se os amantes passam algum tempo brincando e acariciando-se um ao
outro no início, e também ao final do amor, então seu êxtase e confiança aumentarão. Os
jogos de amor aumentam o prazer.
Kama Sutra.
Desejando dormir, certamente você dormirá em paz. Se necessitar de um relaxamento
final para aquietar as energias, pratique Shavasana: deite-se de bruços, inspire
profundamente contraindo todo o corpo, apertando as mãos, esticando as pernas e pés,
tencionando o rosto e, após alguns instantes, relaxe todo o corpo de uma só vez. Repita
algumas vezes.
Apesar de tantas práticas aqui ensinadas tive a precaução de não colocar todos os
segredos do maithuna, pois algumas partes precisariam de uma preparação física que não
pode ser ensinada através de livros.
114
Mesmo que alguém um dia escreva ou traduza os textos adiantados do maithuna, ainda
assim sem a iniciação e supervisão de um mestre, os rituais estariam incompletos. Isso acaba
sendo uma proteção do sagrado dos curiosos, não iniciados, místicos teóricos e especulativos.
O que pode ser ensinado, você encontra neste livro.
Que suas práticas sejam abençoadas por todos os Budas.

“Toda a debilidade física e psicológica pode ser, em última análise, atribuída a uma prática
sexual irregular. A Arte do Amor deve ser considerada a mais importante de todas as artes,
pois, guando praticada corretamente, leva o indivíduo em direção ao objetivo da imortalidade.

Su-Nu-Ching

“A alegria do amor sexual, manifestada de muitas formas atraentes e agradáveis, torna a


condição humana verdadeiramente abençoada. ”
Smaradipika

115
Revisão
Maithuna (Pequena prática completa)
Ritual de Maithuna
“Muitas narrativas que apresentam o rito de mor tântrico são altamente complexas, e com
acessibilidade de confundir um ocidental: e acostumado ao ritual do Oriente. Por esta razão
daremos aqui uma versão que, embora completa, está grandemente amplificada.
E importante que o Rito Sagrado não seja apressado ou interrompido. Reserve bastante
tempo para ele, cuidando para não ser perturbado. Tente certificar-se de ter um ambiente
“certo”, enriquecendo-o com flores, incenso e música suave. É melhor para o casal fazer todas
estas preparações com antecedência.
Preferentemente, deve haver apenas uma vela um fogo vivo queimando. O casal deve ficar
um lugar onde apenas uma leve claridade caia sobre seus corpos. Um lampião de ar, feito com
um pouco de óleo colocado em um pequeno recipiente, no qual é introduzido um pavio feito
com uma reduzida quantidade de algodão enrolado, é bastante adequado para este ritual, já
que queima firmemente e com uma luz brilhante e levemente purpúrea.
O ritual sexual — ou Maithuna Sadhana, como é conhecido no Tantra — começa com os
dois parceiros tomando um banho (de imersão ou de chuveiro), de preferência com água fria.
Isto tem o efeito de vitalizar e tonificar a psique.
O casal deve em seguida espalhar óleo pelo corpo suavemente e massagear-se um ao
outro. Isto deve ser seguido de um breve período de exercícios de alongamento, para relaxar
os músculos e soltar a circulação das energias vitais. A dança serve ao mesmo propósito e
pode ser uma maneira bastante eficaz de harmonizar à vontade e circular a energia entre o
casal.
Em uma próxima etapa, o casal senta-se, de preferência com as pernas cruzadas na postura
do lótus, e com a mulher do lado direito do homem. Devem praticar meditação simples,
libertando a mente de todo pensamento habitual e material, e regulando suas respirações
com a suave Respiração ou de narinas alternadas. Quando os dois se sentem completamente
relaxados e harmonizados, estão prontos para prosseguir com o Rito Secreto em si. Uma ajuda
simples para a harmonização da respiração e do humor é o canto conjunto, que pode
acompanhar uma gravação. O importante é que seja devocional ou transcendental por
natureza.
A primeira parte do Rito Secreto é a glorificação do princípio feminino, a Shakti, tanto
externa quanto internamente. O homem realiza glorificação externa sentando a parceira à sua
frente sobre um travesseiro, ou almofada, enrolando parcialmente o corpo da mulher com um
xale vermelho ou violeta de algodão, lã ou seda. Imaginando-a como a mais bela deusa em
todo o universo, deve trazer à mente suas melhores qualidades enquanto lhe massageia
suavemente os pés com óleo perfumado. Esta massagem deve concentrar-se na região à volta
ou entre os dois maiores dedos dos pés. Cantarolando um mantra em voz baixa, o homem
deve dotar este momento de potência e expectativa.
O casal deve realizar uma reverência interior, lembrando o propósito do ritual, que é
tornar-se totalmente unificado com a própria origem. Evocando o poder de Kundalini dentro
de si, devem visualizar uma onda de energia espiralada de ouro fluido desenrolando-se na
base de suas espinhas. Os poderes de fantasia e imaginação devem ser utilizados para deixar
Kundalini excitada. Concebida como um ser feminino extasiante e primordial, Kundalini deve
ser dotada de energia emocional. Deste ponto em diante no ritual, os parceiros devem

116
esquecer suas identidades pessoais e humanas, e conhecer-se apenas como Shiva e Shakti, o
Casal Supremo.
Começando com o lado direito, o homem deve ir movendo as mãos pelo corpo da mulher,
tocando-a suavemente com a ponta dos dedos, nesta sequência: dedo do pé direito, pé
direito, joelho direito, coxa direita, Yoni, nádega direita, umbigo, meio do peito, seio direito,
lado direito, lado direito da garganta, maçã do rosto, lábio inferior, olho direito e alto da
cabeça. Aí então, deve descer para o olho esquerdo, lábio superior, maçã do rosto, lado
esquerdo da garganta, lado esquerdo, seio esquerdo, meio do peito, umbigo, nádega
esquerda, Yoni, coxa esquerda, joelho esquerdo, pé esquerdo e dedo esquerdo.
Esta sequência vai ligar-se diretamente com o ciclo lunar da paixão na mulher. Vibrando
gentilmente as mãos ao tocar estas zonas erógenas, o homem deve visualizar energia saindo
pelos dedos, excitando paixão na parceira.
Ela deve visualizar-se como um receptáculo de amor. Concentrando-se na liberação de
energia erótica, deve estimular-sua sexualidade através de respirações profundas e
balançando suavemente o corpo para frente e para trás. Sentindo Kundalini a vibrar dentro de
si, a mulher deve revestir todo o seu ser com uma sensação de expectativa.
O homem deve contemplar a chama de uma vela ou lampião e depois voltar o olhar para o
corpo da parceira. Deve aplicar com suavidade óleo (de almíscar, patchouli ou sândalo, de
preferência) no pelo púbico, umbigo, região do coração, garganta, testa e alto da cabeça da
mulher, enquanto invoca mentalmente o seguinte ditado antigo: “A mulher é fogo.
A energia sexual é o combustível; sua Yoni é a chama; seu pelo púbico, a fumaça; a
penetração, a oferenda; os sentimentos agradáveis, as faíscas. Neste fogo, os deuses
oferecem seu sêmen. De tais oferendas, nascem todos os seres. ”
O homem deve aplicar também óleo perfumado no cabelo da mulher, atrás das orelhas e
nas palmas de suas mãos, controlando o tempo todo a mente pelo uso de mantras e
meditação. Para esse ritual, o mantra OM-AH-HUM”. Deve honrar a parceira, colocando flores
em seu cabelo ou uma guirlanda à volta de seu pescoço. Pode aplicar pintura corporal
também ou fazer qualquer coisa que seja exaltante e estimulante para sua parceira em seu
papel como Deusa Viva. Durante este tempo, é muito importante que o homem mantenha-se
firme e controlado, com a consciência centrada na intenção do ritual.
A mulher agora coloca-se um pouco a esquerda do parceiro e deve começar a excitá-lo com
movimentos das mãos e dos Lábios por todo o corpo dele. Ao lazer isto, deve pensar em seu
amante como o Deus Shiva em pessoa, o Supremo yogue; deve honrar o Lingam como o Shiva
Lingam, besuntando-o com óleo. Uma vez do lado esquerdo do homem, a parceira feminina
assume o papel de iniciadora do sexo.
Deve realizar auto adoração, acendendo algumas varetas de incenso e fazendo um
movimento espiralado ondulante ou circular em volta de si própria e do parceiro, no sentido
horário. Ao fazer isso, deve imaginar que todas as influências negativas estão excluídas; que se
está isolando e a seu parceiro do resto da existência.
O casal pode agora começar o ato de amor, em uma posição deitada ou sentada. As
posições sentadas são em geral mais eficazes para um contato íntimo prolongado. Todos os
textos orientais são unanimes em dizer que os ritos sexuais devem começar com a mulher
sentada à direita do homem e depois mudando-se para seu lado esquerdo.
O lado direito é associado com a respiração lunar, processos lógicos de pensamento, a
coragem, enquanto o lado esquerdo é associado com a respiração Lunar, ereção, e a linhagem
mística de professores e tocadores. Quando uma mulher hindu se casa, o se senta do lado
direito do parceiro, porém, para ritos sexuais, passa para o lado esquerdo.
O ato de amor deve ser suave, sensual e recíproco. Com o Linga dentro da Yoni, o casal
deve explorar os picos e os platôs do amor. Alternando movimento com quietude, o casal
tântrico deve dedicar-se a antecipar a aproximação do clímax em cada um, coordenando seu
117
amor de forma a liberar ondas de energia que enriquecem mutuamente todo o seu ser.
Quanto mais conseguirem manter um elevado teor de excitação sexual sem clímax, mais
transcendental a experiência será.
A mudança das posturas ajuda a retenção e reveste o rito de amor com novo potencial. De
preferência, o casal deve discutir e imaginar antecipadamente uma sequência básica para o
ato de amor, já que isso lhes permitirá evitar desentendimentos físicos e fará com que seu ato
de amor seja elevado à mais alta forma. Entretanto, em última análise, uma percepção
espontânea deve suplantar qualquer ordem preestabelecida de amor. Uma vez que a linha
básica do ritual esteja integrada na consciência; do casal, eles devem recorrer a suas reservas
internas para dar profundidade e dimensão ao ritual.
Estimulando as paixões para liberar ondas de êxtase, o casal deve alimentar a natureza
mútua e explorar o poder transcendental do amor. Visualizando a energia sexual subindo
através de seus Corpos Sutis unidos, tanto o homem quanto a mulher devem dar e receber,
circulando vitalidade por todo o ser.
Abrindo o olho da mente (Ajnã Chakra) pelo poder de Kundalini, o casal tântrico deve
emprenhar-se em experimentar a iniciação mística dos reinos dos Imortais. Examine a mente
extasiante em busca de visões iluminantes e significativas. Examine o coração aberto em
busca de uma compreensão mais profunda da vida em si.
Os Tantras ensinam que não existe nada fora do alcance do casal que pratica o amor
tântrico com dedicação e compromisso.
Um rito de amor pode ser praticado com um propósito específico na mente, como cura
física, resolução de um problema ou o sabor da Libertação. Se há um objetivo específico, ele
deve ser mantido na mente dos dois parceiros, especialmente quando o clímax é alcançado.
Fazer amor com ou sem orgasmo físico mútuo é uma questão de preferência pessoal,
condição física ou pura espontaneidade. O Tantra enfatiza que, se há ejaculação, o homem
deve compensar deixando o Lingam dentro da Yoni por algum tempo, absorvendo
diretamente as secreções. O ato de amor tântrico prolongado deve incorporar o sexo oral, já
que ele é bastante eficaz para assegurar que cada parceiro receba o produto do êxtase de
cada um e não sofra nenhuma perda física.
O controle da sexualidade vem pela familiarização com as várias técnicas de retenção e
absorção mútuas.
Deve sempre haver algumas frutas frescas, doces e bebida prontamente disponíveis.
Partilhar comida durante o ato de amor tem uma significação simbólica e estimula o sentido
do paladar e a vitalidade do corpo. A paixão aumenta a sede, e é bastante natural querer
saciá-la. Todos os cinco sentidos entram em jogo em uma atividade erótica evoluída; a
evocação consciente dos sentidos potencializa toda a experiência do amor.
Quando um homem está para ejacular, deve fazer um grande esforço para puxar a energia
para cima, traçando o fluxo no olho da mente. Deve entoar mentalmente o mantra "SWAHA”
(ou “OM SWAHA”) no momento da ejaculação, e tocar o alto da cabeça de sua parceira, ou
entre seus olhos, como um ato de concessão de poderes.
Há uma tradição de escolher épocas especiais do mês para a prática dos ritos sexuais.
O quinto ou oitavo dia após o encerramento do período menstruai é considerado
especialmente eficaz, como também as noites de Lua cheia e solstício. O período entre meia-
noite e duas da madrugada é o preferido para a meditação e o ritual sexual.
Observação: Partes do Rito Secreto podem ser incorporadas em qualquer ato de amor.
É a atitude mental de exaltação que é especialmente importante, assim como a sensação
de expectativa. Uma vez tendo havido um orgasmo conjunto, ou um prolongado platô de
êxtase, tente abrir-se a novas dimensões. Deixe que sua imaginação criativa seja alimentada
pela intuição e, enquanto imóveis em união íntima, você descobrirá que muitos segredos
despontarão espontaneamente. O ato de amor é uma porta para o êxtase transcendental. A
118
porta do amor tântrico está sempre aberta para aqueles que trazem suas mais elevadas
qualidades e intenções como uma oferenda ritual. ”
(Nik Douglas e Penny Slinger)

119
Capítulo 15
Benção da egrégora tântrica e hindu
Esta técnica ritualística tem muita força e pode substituir – quando não houver – um guru
que conduz essa prática
Observe atentamente as instruções abaixo, para realizar essa liturgia somente uma vez.

Diariamente, milhares de praticantes do Tantra, Yoga e do hinduísmo no mundo todo


trabalham com uma corrente de pensamentos que envolvem todo o planeta. Essa prática é
somada durante 20 minutos por dia, durante milhares de anos, produzindo efeitos variados. É
a egrégora oriental tântrica.
Em sua primeira prática, você estará realizando um ritual de bênçãos. Nas vezes seguintes,
poderá recolher-se todos os dias que desejar e estabelecer contato com a egrégora da
seguinte maneira:
• Escolha o mantra de sua preferência. Exemplo: Om Sri Klim (que trabalha o seu corpo
afetivo e o silêncio) ou mantra Om Sri Gam (Poder pessoal e energia).
• Pontualmente, às 20h50, recolha-se a um local tranquilo e sereno, onde não seja
incomodado. Sente-se de frente para o Oriente. Utilize-se dos quatro elementos acendendo
uma vela (fogo), um incenso (ar), colocando perto de você uma flor plantada num vaso ou
uma pedra (terra) e um copo de água (água). Faça várias respirações profundas abdominais ou
a respiração completa, caso domine essa técnica.
• Olhe fixamente para o símbolo do Om (yantra) a seguir, que será seu protetor astral e
conector com a egrégora.
• Até as 21 horas, pontualmente, entoe em voz baixa o mantra Om, durante dez minutos
como segue: “Oooommmmmm... Ooooommmmm... Ooooommmmmmm...”
• Durante esses dez minutos, enquanto utiliza o mantra Om com muita atenção, dirija seu
pensamento às egrégoras de autossuficiência, compaixão, amor e consciência das escolas
tântricas, enfocando saúde, amor, poder, prosperidade e excelência. Visualize esse
pensamento como uma luz azul-índigo que sai de sua testa em direção ao símbolo do Om
(yantra) e o envolve. O yantra, por sua vez, filtra e remete essa vibração até as egrégoras.
• Interrompa a vocalização do mantra e comece a mentalizar que do símbolo do Om parte
um foco de luz azul-índigo que toma conta de sua aura e penetra seu corpo físico,
proporcionando-lhe tudo aquilo que você deseja e necessita. Do mesmo modo em que emitiu
energia para as egrégoras, receberá a energia do que mentalizar, no período das 21 horas até
as 21h10.
• Às 21h10 feche a egrégora desse exercício místico, pronunciando as seguintes palavras:

“Que os mestres do Tantra e do hinduísmo me deem o prazer auspicioso da minha


iniciação (e, em outras práticas, o que tiver mentalizado). Que assim seja. Om Sri Klim
(pronuncia-se Om Xiri Klimmmm) ”.
Repita o mantra Om Sri Klim no mínimo 108 vezes. Se preferir, utilize-se de outro mantra
tântrico para fazer a benção.
A partir desse momento você é um admirador, amigo no Tantra e no hinduísmo e sempre
poderá utilizar o mantra Om Sri Klim para suas práticas.

“O yogue que aspira à qualidade de yogue (yogitva), mas não foi iniciado, é semelhante a
Shiva que cerra o punho para o céu e bebe a água de uma miragem. ”
Kriyá – Samgraha – Panjikâ.

120
Yantras do Om

121
Epílogo
Fim das Buscas

Em 2003, após praticar insistentemente ocultismo, budô, Yoga, esoterismo, xamanismo e,


claro, Tantra, sentei-me com dois iluminados, Satyaprem e Monja Coen e, finalmente,
encerrei minhas buscas.
Será que a prática do Tantra-maithuna foi uma etapa para o reconhecimento de quem sou?
Buda sentou-se em silêncio até se iluminar e um discípulo questionou: “O que você praticou?
”. Ao que Buda respondeu: “Nada, não fiz nada, só observei”. Será que não bastaria eu ter
apenas me sentado em silêncio, como fez Buda? Seria preciso praticar tanto? Nunca saberei.
E, como dizia o mestre Rinzai, quando perguntado o que fez para reconhecer sua iluminação,
respondeu: “Não há ninguém aqui que se importe com isso agora”.
Hoje pratico técnicas tântricas, não mais buscando experiências místicas, iluminação, ou
seja, lá o que for, pois nada mais precisa ser encontrado. Pratico pelo prazer de namorar,
tocar e ser tocado, acariciar, amar, ter orgasmos tântricos ou não, fazer minha Shakti feliz.
É uma outra visão do Tantra. Faça por prazer, não esperando que algo aconteça.
O Buda Satyaprem ensina que “Então só há um caminho: parar a caminhada e descobrir.
Você já chegou lá, basta abrir os olhos”.
Agora digo-lhe: Se você tem um corpo. Divirta-se nele. O corpo foi feito para sentir assim.
Sinta!
Osho sempre disse: “Play the game” – jogue o jogo de estar nesse mundo e celebre. Não há
prazer maior que o orgasmo, assim... Encerro esse livro com o texto de Ken Wilber, baseado
nos ensinamentos do Iluminado Ramana Maharshi. Se você não entender esse texto, nada
posso fazer por ti. Se entender, não é necessário que ninguém faça nada por você.

Quem sou eu?


Eu tenho um corpo, mas eu não sou meu corpo.
Eu posso ver e sentir meu corpo,
E o que pode ser visto e sentido não é o verdadeiro Ser.
Meu corpo pode estar cansado ou excitado,
Doente ou saudável, pesado ou leve,
mas isso nada tem a ver com meu Eu interior.
Eu tenho um corpo, mas eu não sou meu corpo.

Eu tenho desejos, mas eu não sou meus desejos, eu posso conhecer meus desejos,
e o que pode ser conhecido não é o verdadeiro conhecido.
Desejos vêm e vão, flutuando através de minha percepção,
mas eles não afetam meu Eu interior.
Eu tenho desejos, mas não sou desejos.

Eu tenho emoções, mas eu não sou minhas emoções.


Eu posso sentir minhas emoções,
e o que pode ser sentido não é o verdadeiro Senciente.
As emoções passam através de mim,
mas elas não afetam meu Eu interior.
Eu tenho emoções, mas eu não sou emoções.

Eu tenho pensamentos, mas eu não sou meus pensamentos.


Eu posso conhecer e intuir meus pensamentos,
E o que pode ser conhecido não é o verdadeiro o Conhecedor.
122
Pensamentos vêm a mim e pensamentos me deixam,
mas eles não afetam meu Eu interior.
Eu tenho pensamentos, mas não sou meus pensamentos.

Eu sou o que permanece, um centro puro de percepção,


uma testemunha impassível de todos esses
pensamentos, emoções, sentimentos e desejos.

Amor e Vigor
Otávio Leal (Dhyan Prem)
Aqui e Agora

123
Glossário
Aghorî: escola secreta tântrica.
Ai ki dô: arte marcial de origem japonesa conhecida como harmoniosa.
Ai-dô: pratica marcial japonesa que se utiliza espada, prática dos samurais.
Ájña: nome do chakra frontal (no centro da testa).
Anáhata: nome do chakra cardíaco.
Ánanda: felicidade, bem-aventurança, benção divina.
Ananda mahasukha: êxtase, prazer.
Anga: partes, divisões.
Anima: aspecto ou forma.
Animus: aspecto ou forma.
Annasakti: não apego.
Ásana: posturas físicas executadas no yoga.
Átman: o si mesmo, o que é imortal.
Ayurvédica (ayurveda): medicina védica.
Bíja: mantras semente que ativa os chackras.
Brahmá: deus na mitologia hindu é o criador.
Chakra: roda, centros energéticos.
Chandra: lua.
Chéla: aprendiz, discípulo.
Chi-kun: exercícios físicos e respiratórios chineses.
Dakshina Tantra: tantrismo da mão direita.
Dharma: caminho social, lei humana.
Ganesha: deus hindú da prosperidade.
Gupta vidya: conhecimento secreto.
Hara: nome japonês do centro energético que situa-se na barriga.
Harappa: antigas cidades hindus onde encontramos a origem do yoga e do Tantra.
Idá: canal energético que sobe ao longo da coluna desde o múládhára chakra até a narina
esquerda. Sua polaridade é negativa.
Íshwara (íshvara): senhor, um dos nomes do yôgis.
Jihva bandha: trava da língua no palato mole.
Jíva: homem vivo, ser vivo.
Káma-sutra: texto hindu de etiqueta sexual.
Karma: ação, fazer. Lei de ação e reação.
Kaula: escola tântrica fundada por metyedranatha.
Kriyá: limpeza e purificação do organismo. É também um ramo do yoga.
Kunda: casa da kundalinî.
Kundalinî: energia primordial, sexual.
Leela: brincadeira divina
Linga ou lingam: pênis, Bastão de Luz, símbolo masculino de força vital e a shiva.
Madhyamika: caminho do meio, centro.
Maithuna: ato sexual ou matrimônio sagrado tântrico.
Manas: mente, pensamento
Manipura: centro energético situado no plexo solar.
Mantra: sons utilizados para disciplinar a mente.
Mohenjo: dharo: uma das antigas cidades hindu que originou o Tantra
Mudrá: gestos simbólicos com as mãos ou com o corpo.
Múládhára: centro energético situado na base da coluna.
124
Nádí: canais por onde flui energia (ki)
Nyása: direcionar a energia para qualquer parte do corpo dentro do ritual tântrico.
Om: mantra semente do Ájña chakra. Símbolo do hinduísmo e do yoga.
Paçu: pessoas que estão “dormindo”, sem consciência, segundo osho o robopata social.
Pashupati: senhor dos animais
Pingalá: canal energético que sobe pela coluna da muladhara até a narina direita, sua
polaridade é positiva.
Prakriti: a energia primeira, procriadora.
Pránáyáma: exercícios de respiração, controle do prana
Prônam mudrá: gesto simbólico de unir as mãos palmas contras palmas na altura do peito, é
conhecido como gasho no japão.
Pújá: oferenda de energia adoração.
Púrusha: átma ou alma, consciência pura, monada
Sádhaka: homem ou mulher praticante de yoga e ou Tantra.
Sádhana: prática ou ritual de yoga ou Tantra.
Sádhika: mulher praticante de yoga e ou de Tantra.
Sadhu: praticante tântrico que vive nas montanhas ou cavernas.
Sahásrara: chakra do alto da cabeça.
Samádhi: iluminação. Consciência de quem é você.
Samyama: a união de concentração (dháráná), meditação (dhyána) e consciência (samádhi).
Sannyas: renúncia ou aproveitamento máximo dos aspectos mundanos seja sexo, dinheiro,
diversões, família, etc. Também é a mudança de nome como um símbolo de renascimento ao
mestre que lhe deu o novo nome.
Samsara: mundo das ilusões.
Self: centro imutável do ser. Aquilo que não pode ser melhorado ou piorado corresponde ao
purusha tântrico.
Shaivas: seguidores de shiva.
Shakta: linha de Tantra devocional
Shaktí: nome da esposa de shiva. Energia feminina criadora.
Shastras: escritura sagrada dos hindus, pertencente a uma escola filosófica ou científica.
Shiva: no Tantra corresponde à essência. É também o criador mitológico do yoga.
Siddhid: poderes paranormais que o praticante de yoga adquire com a hiper consciência.
Súrya: sol.
Sushumná: a nádí corresponde à medula espinhal.
Swádhistána: o 2º centro energético localizado logo abaixo do umbigo.
Swásthya: autossuficiência, saúde. Escola de yoga.
Tai-chi: prática corporal de origem chinesa de movimentos leves e flexíveis que estimulam a
saúde e longevidade.
Trayati (traya): triplo.
Upanishad: coleção de textos sagrados do hinduísmo.
Vêda: antigas escrituras sagradas hindus. São quatro os números de vedas: rig, yajur, sama e
atharva.
Vishnu: deus hindu da conservação.
Vishuddha: chakra da garganta.
Yantra: símbolo, figura ou instrumento geométrico utilizado na prática de meditação.
Yoga: união; segundo mestres tradicionais é qualquer método prático que te mostre a
iluminação. Prática física.
Yoni: órgão sexual feminino.

125
Bibliografia
Tantra, o culto da feminilidade; André Van Lysebeth, Summus Editorial, 1991 – São Paulo
Alimentação Vegetariana: chega de abobrinha; Mestre De Rose, Ed. Nobel, 2004 – São Paulo
A Era dos Reis Divinos; Editores de Time – Life Livros, Abril Livros, 1991 – Rio de Janeiro
Tantra, A Yoga do Sexo; Omar Garrison, Ed, Nórdica, 1964 – Rio de Janeiro
Introdução ao Tantra; Murillo Nunes de Azevedo, Ed. Pensamento, 1985 – São Paulo
A Arte da Magia Sexual; Margo Anand, Ed. Campus, 1996 – Rio de Janeiro
A Arte dos Pajés; Orlando Villas Bôas, Ed. Globo, 2000 – Rio de Janeiro
A Arte do Sexo Tântrico; Nitya Lacroix, Ed. Vitória Régia, 1997
Sexo Tântrico – Como Prolongar o Prazer a Atingir o Êxtase Espiritual; Cassandra Lorius, Ed.
Ediouro, 1999
O Livro dos Segredos; Osho, Ed. Ícone, 2000 – São Paulo
Tantra – Sexualidade e Espiritualidade; Georg Feuerstein, Ed. Nova Era, 2001 – São Paulo
A Tradição do Yoga, Georg Feuerstein, Ed. Pensamento, 2003
Yoga, Sámkhya e Tantra; Mestre Sérgio Santos, Martin Claret – Uni-Yoga, 1995
Yoga: Mitos e Verdades; Mestre de Rose UniYoga, 1992 – São Paulo
Yoga – Inmortalidad Y Liberdade, La Pléyade; Mircea Éliade, Buenos Aires
Shakti and Shakta, Kier; John Woodroffe Kier, Buenos Aires
Princípios Del Tantra, Kier; John Woodroffe Kier, Buenos Aires
El Poder Serpentino; John Woodroffe Kier, Buenos Aires
Sylvain Levi: On Tantrik Fragments from Kucha; Indian Historical Quaterly, 1936
A Inteligência Hormonal da Mulher; Dr. Eliezer Berenstein, Ed. Objetiva, 2001
A Visão Tântrica; Osho, Ed. Madrás, 1998
Faça Yoga Antes que Você Precise; Mestre De Rose, Ed. Martin Claret, 1994
Segredos Sexuais; Nik Douglas e Penny Slinger, Ed. Record, 1979
Hiperorgasmo, uma via Tântrica; Mestre De Rose, Ed. Martin Claret, 1998
Shiva e Dionísio, a Religião da Natureza e do Eros; Alan Danielou, Ed. Martin Fontes, 1979
A História do Yoga; Pedro Kupfer, Ed. Dharma, 1997

126
Otávio Leal nos Himalaias praticando o Tantra tibetano.

127
Anexo:
O rito dos cinco Ms ou essenciais e as retenções orgásticas
“Há um rito sexual tântrico que é muito conhecido nas escolas secretas, ocultistas,
transpessoais conhecido como o Ritual aos Cinco Ms ou os Cinco Essenciais já foi até
considerado como a Eucaristia Tântrica. Cada um dos cinco ingredientes tem um nome
sânscrito começando com a letra “M”: grãos de cereal (Mudra), peixe (Matsya), vinho
(Madya), carne (Mamsa) e união sexual (Maithuna). Acredita-se que estes sejam os
ingredientes essenciais do universo fenomenal e são simbolicamente relacionados aos cinco
elementos: terra, água, fogo, ar e éter, respectivamente. Os grãos de cereal, o peixe e a carne
juntos evocam os reinos vegetal, aquático e animal da existência, que são requisitados como
aliados durante o ato em á. O vinho e a união sexual combinados devam os sentidos e
fomentam liberação mística.

ETER União Sexual Maithuna


AR Carne Mamsa
FOGO Vinho Madya
AGUA Peixe Matsya
TERRA Grãos de Cereal Mudra

Pequenas quantidades de peixe e carne cozida devem ser preparadas com antecedência e
dispostas com requinte, junto com um pouco de cereal ou (brotos de feijão). Um bom vinho
tinto ou branco, ou então champanha, é ideal; conhaque ou outro tipo de bebida.
O rito em geral ocorre à meia-noite, durante a lua minguante. Um fogo é considerado
essencial. A luz de vela ajuda a atmosfera adequada, assim como as cores do ambiente. Luz
vermelha ou cores avermelhadas estimulam o centro sexual masculino e violeta ou púrpura, o
feminino.
Todo ritual sexual é realizado em um ambiente natural; se há um fogo vivo, oferendas de
comida devem ser jogadas as chamas, com a intenção de alimentar deusas. Pegando uma
pequena quantidade de cada alimento existente, deve ser oferecida ao fogo enquanto se
entoa o mantra “SWAHA”. Esta oblação ritual serve para separar a mente da cobiça, do
egoísmo e do apego.
Os participantes preparam-se da mesma maneira descrita anteriormente para o para o rito
secreto de aroma doce é muito adequado para ser queimado e, se possível, deve haver um
pouco de música suave e sensual. Recomendamos música ritmada natural em vez de música
verbal e descobrimos que a citara indiana, a tabla, a vina ou sons semelhantes são muito
apropriados. A frequência fundamental de toda música sagrada hindu recai entre sete e oito
ciclos por segundo.
Isto é idêntico à frequência ressonante do globo terrestre, à frequência de Kundalini
quando ativada, e às ondas do cérebro humano quando em estado de profunda meditação.
No êxtase tântrico, todo o corpo vibra nesta frequência.
O casal senta-se junto, com a mulher do lado esquerdo. Após a preparação inicial, o vinho e
a comida devem ser fortalecidos através de círculos que são feitos à sua volta com o incenso
aceso; em seguida, após oferecer uma parte para o fogo, os participantes dividem o que
restou. Os textos tântricos lembram que não se deve degradar este rito sagrado usando-o
como uma desculpa para banquetear-se e fazer orgias, porém deve-se respeitá-lo pelo que
ele é; uma oportunidade singular para identificar-se e combinar-se com os diferentes
elementos e formas de vida partilhados como sacramentos no ritual.

128
Primeiro, o vinho é bebido, não para intoxicar, porém para o prazer e estimulação do corpo
e da mente. Medite sobre o vinho como um Elixir, uma Ambrosia dos deuses, simbólica do
fogo primordial do qual toda a vida emergiu e pelo qual toda a existência é no final reduzida.
Cada um pode oferecer um drinque ao outro, transferindo-o de boca para boca.
Em seguida, enquanto meditam sobre o mundo animal, os participantes consomem a
carne, símbolo do elemento ar, sem o qual todos morreríamos imediatamente. Ela é seguida
pelo peixe, simbólico do elemento água e evocativo do reino aquático da vida. Depois, os
grãos de cereal ou as frutas são compartilhados, o casal lembrando o tempo todo que nossos
corpos são em sua maioria dependentes do reino vegetal e do elemento terra. Após este
reconhecimento ritualizado dos elementos, o casal deve fazer amor com paixão.
O ato de amor simboliza o elemento éter, que em tudo está presente e é indefinível.
O éter é inerente a todos os outros elementos. Os Tantras igualam o elemento éter com o
sentimento extasiante e bem-aventurado do ato de amor, declarando que “o éter toca todos
os outros elementos”. Praticamente, isto significa que o ato de amor deve ser exaltado como
uma experiência enaltecedora e sempre presente e não "rebaixado” a um nível mundano. O
Hevajra Tantra afirma: "Pela paixão este mundo é aprisionado, pela paixão também é
liberado. Quando a paixão circula pelo sangue, traz com ela a natureza da Bem-Aventurança,
que é finalmente diluída no elemento éter. O mundo é permeado pela Bem-Aventurança, que
permeia e é permeada. ”
O Rito dos Cinco Essenciais é bastante eficaz quando realizado como um sacramento,
relacionando-se cada um dos ingredientes com um objetivo mais elevado. Assim, os grãos de
cereal (Mudra) simbolizam o elemento terra e o desligamento da materialidade, o peixe
(Matsya) simboliza o elemento água e o controle da respiração, o vinho (Madya) simboliza o
elemento fogo e a purificação dos sentidos e da mente conduzindo à secreção interna de
néctar Soma: os hormônios da glândula pineal), a carne (Mamsa) simboliza o elemento ar e o
controle do som (todos os sons da fala quanto os sons mântricos sutis), e a união sexual
(Maithuna) simboliza o elemento éter e o uso correto da energia sexual.

OS CINCO SACRAMENTOS SACRAMENTO ELEMENTO ATIVIDADE IOGUE

União Sexual - Éter - Controle da energia sexual

Carne - Ar - Controle do som

Vinho - Fogo - Purificação dos sentidos

Peixe - Água - Controle da respiração

Grãos - Terra - Desligamento da materialidade

Durante a prática deste rito, Kundalini deve ser visualizada como uma onda ascendente de
energia pura, ondulante como o corpo de uma cobra ou uma mulher sensual e lindamente
colorida de vermelho, a personificação do erotismo. Kundalini eleva-se para compartilhar do
banquete dos deuses, passando pelos centros psíquicos e iluminando-os com sua energia
primordial. Alcançando o centro coronário, Kundalini Shakti prova do néctar da bem-
aventurança. Satisfeita, ela fortalece o casal com sua ilimitada energia de sabedoria e confere
proteção psíquica.
O Mahanirvana Tantra declara: “Peixe, carne, grãos de cereal, raízes, frutas e qualquer coisa
adequada que seja ritualmente oferecida aos elevados reinos junto com vinho são todos
conhecidos como os ingredientes de adoração. Que cada pessoa pegue sua taça e medite
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sobre Kundalini. Ela é Energia Pura e vai do centro sexual até a ponta da língua. Quando
Kundalini está excitada, eleva-se e alcança o centro coronário. A Bem-Aventurança resulta do
encontro de Kundalini com a Lua da Consciência Total.
O Rito dos Cinco Essenciais é especialmente eficaz quando realizado “heroicamente", sem
medo; as emoções dirigem o fluxo de Kundalini. Kundalini Ioga é um espiritualismo agressivo
que não permite que a fraqueza humana ganhe controle. Tradicionalmente, esse rito é já
realizado como um ato de confronto com os receios interiores de cada um, como um meio de
transcendê-los. Realizado com cuidado e percepção, o Rito dos Cinco Essenciais restabelece
contato com as forças motivadoras da evolução, que então podem ser utilizadas para
aperfeiçoar o espírito e a alma.
Os Tantras ensinam que Kundalini movimenta-se para cima e para baixo na espinha dos
dois parceiros durante a união de êxtase. Kundalini, uma onda de puro deleite, pode ser
controlada pela respiração, repetição de mantras e visualização de sua energia. Nos corpos do
casal, Kundalini estabelece ondas cerebrais benéficas; isto faz com que o corpo produza
mudanças bioquímicas e secreções glandulares, que contribuem para a evolução espiritual do
casal. Ao mesmo tempo, Kundalini pode ser vista também como um eco da pulsação
primordial profunda emanando do centro da Terra, planetas, sóis e estrelas para o núcleo do
átomo. Durante o clímax sexual,
Kundalini ressoa e harmoniza-se com o impulso criativo original (o Logos) do universo. É
esta ressonância que abre o casal para a grandiosa experiência extasiante do Tantra, o
sentimento místico de unidade cósmica. ”
(Nik Douglas e Penny Slinger)

* FORMAS SEXUAIS
Omar Garinson em seu conhecido livro “A Yoga do Sexo” nos oferece 6 possibilidades ou
níveis de maithuna.
• 1º nível – Smarnanam: é a visualização ou imaginação de um ato sexual.
• 2º nível – Keli: manter-se na companhia do sexo oposto, ou da parceria amorosa,
observando atitudes, gostos e maneiras do outro.
• 3º nível – Guhyabhashanam: é a palavra gentil e amorosa. Conversar sobre amor e sexo.
Durante o maithuna, você poderá permanecer em silêncio ou não. No dia-a-dia declarar amor
é parte importante do Tantra, lembre-se que “Os iluminados ensinam que Deus é amor;
portanto falar de amor é falar de Deus”.
• 4º nível – Samkalpa – Grande desejo de manter relação, tocar, beijar, acariciar.
• 5º nível – Prekshenam: massagem, carícia ou namoro. O iniciado em Tantra sempre
perguntará a sua parceira como e onde ela gosta de ser tocada.
• 6º nível – Kriyanishpatti: ato sexual completo – maithuna.

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