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net/publication/305291240
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All content following this page was uploaded by Fabiano Borges da Silva on 21 July 2016.
Resumo
O presente artigo estuda de maneira detalhada espaços vetoriais que possuem
uma estrutura especial dada por uma forma bilinear simplética. A principal fi-
nalidade é descrever em detalhes a relação que existe entre as formas bilinea-
res simpléticas e as matrizes anti-simétricas invertı́veis, fornecendo um material
acessı́vel para estudantes de graduação.
Palavras Chave: formas bilineares, espaços vetoriais simpléticos, matrizes anti-
simétricas.
Introdução
O objetivo deste artigo é divulgar espaços vetoriais simpléticos aos estudantes de
Álgebra Linear, afim de despertar o interesse pela área e propiciar um material que
poderá ser usado de apoio em estudos avançados de Geometria Simplética.
Espaços vetoriais simpléticos fazem parte de um contexto introdutório no estudo
da geometria das variedades simpléticas, as quais são caracterizadas pela existência
de uma 2-forma fechada e não-degenerada definida no espaço vetorial tangente da
variedade. Inicialmente, esta geometria era apenas uma ferramenta de suporte para
estudos de campos hamiltonianos em variedades. Porém, atualmente, é uma área
de pesquisa com diversas aplicações, como pode ser visto em [1] e [4].
Neste trabalho, procuramos demonstrar em detalhes os teoremas 2 ,8 e 9, que
são afirmações encontradas nos capı́tulos iniciais de [1] e [4]. Quanto ao Teorema 2,
encontramos, em [2], apenas uma versão para matrizes simétricas e, por este motivo,
fizemos sua demonstração.
Definição 1 Seja V um espaço vetorial real. Uma forma bilinear sobre V é uma
função f : V × V → R que satisfaz:
∗
Email: fabiano@fc.unesp.br, Departamento de Matemática-UNESP-Bauru/SP
†
Email: liviaminami@ifsp.edu.br, Departamento de Matemática-IFSP-Birigui/SP
1
1. f (λu1 + u2 , v) = λf (u1 , v) + f (u2 , v), ∀λ ∈ R, ∀u1 , u2 , v ∈ V ;
2. f (u, λv1 + v2 ) = λf (u, v1 ) + f (u, v2 ), ∀λ ∈ R, ∀u, v1 , v2 ∈ V.
Ou seja, ela deve ser linear em cada uma das variáveis, quando a outra é deixada
fixa.
A matriz associada a uma forma bilinear f, com relação à base β = {v1 , ..., vn }
de V , é a matriz [f ]β = [aij ], onde aij = f (vi , vj ).
T : B(V, R) −→ Mn (R)
f 7−→ [f ]β
temos que:
(i) T é injetora. De fato, se [f ]β = [g]β para f, g ∈ B(V, R), nos vetores da base
β, temos que f (vi , vj ) = g(vi , vj ) e, para (u, v) ∈ V × V , segue que
n X
X n
f (u, v) = ai bj f (vi , vj )
i=1 j=1
Xn X n
= ai bj g(vi , vj )
i=1 j=1
= g(u, v).
2
Demonstração. (a) ⇒ (b) Seja β uma base de V . Então, para todo u, v ∈ V , temos
Portanto,
[f ]tβ = −[f ]β .
(b) ⇒ (c) Seja β uma base de V , tal que [f ]β é anti-simétrica. Para cada base γ
de V , existe uma matriz M invertı́vel tal que
[f ]β = M t [f ]γ M.
E assim,
([f ]β )t = (M t [f ]γ M )t = M t [f ]tγ M.
Como [f ]tβ = −[f ]β , segue que
−[f ]β = M t [f ]tγ M.
Portanto,
−M t [f ]γ M = M t [f ]tγ M.
Logo,
−[f ]γ = ([f ]γ )t .
(c) ⇒ (a) Seja β uma base de V . Então, para cada u, v ∈ V , temos que
f (u, v) = [u]tβ [f ]β [v]β . Como [u]tβ [f ]β [v]β é uma matriz 1 × 1, segue que
Em [2, p.227], existe uma versão análoga à proposição acima para formas biline-
ares simétricas (f (u, v) = f (v, u) ∀u, v ∈ V ) e matrizes simétricas (At = A). Além
disso, como toda matriz A pode ser escrita como
1 1
A = (A + At ) + (A − At ),
2 2
temos que os subespaços das matrizes podem ser decompostos em soma direta entre
os subespaços das matrizes simétricas e anti-simétricas. A mesma decomposição
ocorre com os subespaços vetoriais das fomas bilineares, com relação às formas
simétricas e anti-simétricas.
3
2 Espaços vetoriais simpléticos.
Nesta seção, daremos uma breve introdução aos espaços vetoriais simpléticos.
Definição 3 Sejam V um espaço vetorial real e Ω : V × V → R uma forma bilinear
anti-simétrica. Dizemos que Ω é não-degenerada ou simplética se:
Ω(u, v) = 0, ∀v ∈ V ⇒ u = 0.
Um espaço vetorial simplético (V, Ω) é um espaço vetorial V , com uma forma
(ou estrutura) simplética Ω.
Para ilustrar a definição acima, daremos agora um exemplo de espaço vetorial
simplético com uma forma bilinear definida em R2 × R2 .
Exemplo 1 Seja V = R2 e considere a forma bilinear dada por
Ω0 ((u1 , u2 ), (v1 , v2 )) = u1 v2 − u2 v1 .
Mostraremos primeiramente que Ω0 é bilinear.
(i)
Ω0 (λ(u1 , u2 ) + (w1 , w2 ), (v1 , v2 )) = Ω0 ((λu1 + w1 , λu2 + w2 ), (v1 , v2 ))
= (λu1 + w1 )v2 − (λu2 + w2 )v1
= λ(u1 v2 − u2 v1 ) + (w1 v2 − w2 v1 )
= λΩ0 ((u1 , u2 ), (v1 , v2 )) + Ω0 ((w1 , w2 ), (v1 , v2 )).
(ii)
Ω0 ((u1 , u2 ), λ(v1 , v2 ) + (w1 , w2 )) = Ω0 ((u1 , u2 ), (λv1 + w1 , λv2 + w2 ))
= u1 (λv2 + w2 ) − u2 (λv1 + w1 )
= λ(u1 v2 − u2 v1 ) + (u1 w2 − u2 w1 )
= λΩ0 ((u1 , u2 ), (v1 , v2 )) + Ω0 ((u1 , u2 ), (w1 , w2 )).
Ω0 ((u1 , u2 ), (v1 , v2 )) = u1 v2 − u2 v1
= −(v1 u2 − v2 u1 )
= −Ω0 ((v1 , v2 ), (u1 , u2 )).
Por fim, Ω0 é simplética pois, se
Ω0 ((u1 , u2 ), (v1 , v2 )) = 0, ∀(v1 , v2 ) ∈ R2 ,
então u1 v2 − u2 v1 = 0, para todo v1 , v2 ∈ R e, portanto, u1 = u2 = 0.
De forma geral, podemos estender este exemplo tomando V = R2n e
Ω0 (u, v) = [u]tα · J0 · [v]α ,
onde
0 I
J0 =
−I 0
e I é a matriz identidade n × n. O espaço vetorial R2n , com a estrutura dada pela
forma bilinear Ω0 é chamado de espaço vetorial simplético canônico.
O conceito de isomorfismo para espaços vetoriais simpléticos é dado pela de-
finição abaixo e será útil na compreensão do Teorema 9.
4
Definição 4 Um simplectomorfismo S entre dois espaços vetoriais simpléticos
(V1 , Ω1 ) e (V2 , Ω2 ) é um isomorfismmo linear S : V1 → V2 tal que S ∗ Ω2 = Ω1 ,
ou seja, Ω2 (S(u), S(v)) = Ω1 (u, v), para todo u, v ∈ V1 .
Podemos verificar, como foi feito no Exemplo 1, que Ω1 é uma forma simplética
1
e que S(x, y) = (− x, y) é um isomorfismo que torna (R2 , Ω0 ) e (R2 , Ω1 ) espaços
2
simplectomorfos.
As duas proposições acima podem ser encontradas, entre outros, em [2] e [3].
5
Demonstração. Pela Proposição 6 e pelo Lema 7, temos que Ω é simplética se, e
somente se, [Ω] ]αβ é invertı́vel, onde α é a base canônica e β é sua base dual. Falta
então verificar que a matriz [Ω] ]αβ coincide com a matriz At . Para isto, notemos que
O teorema acima permite, entre outras coisas, obter vários exemplos de formas
simpléticas a partir de matrizes anti-simétricas invertı́veis.
Segue abaixo um resultado que nos fornece uma maneira de construir um espaço
vetorial simplético a partir de qualquer espaço vetorial W, de dimensão finita, e seu
espaço vetorial dual W ∗ . Além disso, dado qualquer isomorfismo linear T : W → W,
constrói-se um simplectomorfismo a partir de T e seu adjunto T ∗ .
T ⊕ (T −1 )∗ : V → V.
6
Demonstração. Se {e1 , e2 , ..., en } é a base canônica de W, temos que a base canônica
de V é dada por
α = {(e1 , 0), (e2 , 0), ..., (en , 0), (0, e∗1 ), (0, e∗2 ), ..., (0, e∗n )}.
7
Referências
[1] Bursztyn, H e Macarini, L. – Introdução à geometria simplética, XIV
Escola de Geometria Diferencial. Instituto de Matemática Pura e Aplicada
(IMPA), Rio de Janeiro, 2006.
[2] Coelho, F. U. e Lorenço, M. L.–Um Curso de Álgebra Linear, Editora da
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001.
[3] Lima, E. L.–Algebra Linear, Coleção Matemática Universitária, Instituto de
Matemática Pura e Aplicada (IMPA), Rio de Janeiro, 2011.
[4] Silva, A. C. – Introduction to symplectic and Hamiltonian geometry, Pu-
blicações Matemáticas do IMPA. [IMPA Mathematical Publications] Instituto
de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), Rio de Janeiro, 2003.