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DICIONÁRIO

LITÚRGICO
PARA USO DO REVMO. CLERO E DOS FIÉIS

POR

FREI BASíLIO RõWER, O. F. M.

TERCEIRA EDIÇÃO AUMENTADA

1947
EDITORA VOZES LIMITADA, PETRóPOLIS, R. J.
RIO DE JANEIIW - SÃO PAULO

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NIHIL OBSTAT
PETROPOLI, DIE 20 JULII, 1928. - FR. MA-
RIANUS WINTZEN, O. F. M. CENSOR. - FR.
JOANNES JOSEPHUS PEDREIRA DE CASTRO,
O. F. :M. CENSOR.

R E I M P R I M A T U R
CURITYBA, DIE 23 APRILIS, 1935. - FR. MAR-
CELLUS BAUMEISTER, O. F; M. - MIN. PROV.

REIMPRIMA-SE
POR COMISSÃO ESPI<JCIAL DO EXMO. E
REVMO. SR. DOM JOS!7: PEREIRA ALVES,
ADMINISTRADOR APOSTôLICO DA DIOCESE
DE PETRôPOLIS. FRE I MATEUS HOEPERS,
O. F . M. PETRôPOLIS, 28 DE AGOSTO DE 1947.
'

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

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PREFACIO

O presente livro deve a sua <Jrigem a um facto muito sim-


ples. Perguntaram-nos um dia sobre o que significa Perícopa
dominical.
Em caminho para o convento, não nos deixou o pensa-
mento de como seria sumamente proveitoso que os fiéis adqui-
rissem o conhecimento mais vasto possível das coisas litúrgicas.
o desejo de lhes proporcionar <este conhecimento concretizou-se
na resolução de editar um Dicionário litúrgico.
Tratamos, pois, desde logo de descobrir na biblioteca do
convento as fontes para semelhante trabalho: livros litúrgicos,
tratados modernos de Liturgia, monografias, dicionários ecle-
siásticos, etc. ·
Demos princípio ao trabalho preliminar com a composição
de um índice de palavras em ordem alfabética, no que nos va-
leram os índices existentes nos livros citados. Começamos ao
mesmo tempo a elaboração rias horas em que o dever do nosso ·
ministério não nos impedia.
Estava o trabalho nesta altura, quando um confrade, sa-
bendo da nossa intenção, nos obsequiou com um Dicionário li-
túrgico moderno (o do Abbé Migne é antigo e muito deficien- .
te), escrito em alemão e editado em 1922, pelo jesuíta josé
Braun, autor conhecido ·como de alta compef.ência em assuntos
litúrgicos. Se bem que nos propusemos um escopo algo dife-
rente, foi, contudo, este livro uma nova e valiosa fonte, taJJto
para completar o índice como para o estudo da matéria. ,;·
Cingimo-nos, neste Dicionário, de preferência ao Rito lati-
no, ocupando-nos dos outros sàmente quando se oferece um
assunto de particular interesse.
Quis o bom Deus que pudéssemos publicar a nossa obra,
depois de anos de trabalho, por ocasião da celebração do Vil
centenário da canonização do Seráfico Padre São Francisco.
Nisto temos especial prazer.

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Francisco infiltrou em sua Ordem a mais completa adesão
à Santa Sé Romana. Uma demonstração deste seu espírito, emi-
nentemente católico, é o pf1eceito que deixou expresso na Regra
de sua primeira Instituição, de se rezar o Ofício divino segundo
observava a Cúria Romana, isto é, a igreja papal. O mesmo exi-
giu para a Santa Missa, em carta dirigida ao Capítulo, pelo
ano de 1224. O alcance destes preceitos era incisivo, porque
tornou os Frades Menores os mais prestantes propugn!adores da
unificação da Liturgia romana como hoje existe.
Apenas 16 anos depois da morte do santo Fundador o fran-
ciscano Haymão, Geral da Ordem de 1240 a 1244, recebeu do
Papa o iTJZportantíssimo encargo de coordenar e completar as
rubricas, tanto do Breviário como do Missal. Os livros litúrgi-
cos, revistos de acordo com essas rubricas, foram impostos a
todas as igrejas de Roma pelo Papa Nicolau Ili (1277 a 1280)
e no fim ·do século XIV esta obrigação foi estendida também
à própria igreja de Latrão.
Como as refarmas posteriores da Liturgia da Missa foram
de somenos importân1cia, deduz-se que o Missal do Rito roma-
no de hoje se deve à influência da Ordem dos Frades Menores.
Mas isto vale também quanto ao Breviário, porque todas as re-
iarmas por que passou, até à mais recente de Pio X, não se rea-
lizaram sem a influência das tradições e dos trabalhos dos Fran-
ciscanos.
Fazemos votos para que o Dicionário litúrgico (que, segun-
do nos consta, não tein semelhante em língua portuguesa) possa .
contribuir para aumentar sempre mais nos leitores o amor à
Liturgia com que diàriamente a Igreja celebra o seu culto.
Petrópolis, 16 de Julho de 1928.
Frei Basílio Rõwer, O. F. M.

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2.ª EDIÇÃO
Estando esgotada, desde alguns anos, a primeira edição do
Dicionário Litúrgico, e para atender aos constantes pedidos, a
Casa Editora resolveu lançar uma segunda edição.
De nossa parte pouco temos a dizer. Afora algumas incor-
reções, nada tirihamos a modificar. Contudo, esta segunda edi-
ção apresenta-se sensivelmente melhorada, porque fizemos mui-
tos e interessantes acréscimos.
Recomendamos o nosso modesto trabalho especialmente aos
catequistas. Muito mais eficiente tornar-se-á o ensino da dou-
trina se o professor souber dar a explicação dos objectos, ritos
e usos litúrgicos com que o cristão vive constantemente em can-
tacto na prática da santa Religião. · -

Rio de Janeiro, ! de Fevereiro de 1936.


Frei Basílio Rõwer, O. F. M.

3."- EDIÇÃO
A terceira edição foi cuidadosamente revista. Alguns verbe-
tes explicamos com mais largueza, outros foram acrescentados.
A ortografia moderna' exigiu muitas vezes colocarmos os verbe-
tes em outro lugar ou mesmo sob outra letra.

Rio de Janeiro, 14 de Julho de 1946.


Frei Basílio Rõwer, O. F. M.

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LITERATURA CONSULTADA
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Caeremoniale Episcoporum. - Roma, 1924.
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2.ª edição (em 2 vol.) revista e atualizada por J. P. Carvalho O. S. B.
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- Roma.
O ré a, Dom A., La Sainte Liturgie. Paris, 1909.
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Vários Dicionários.
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Advertência
Para conservar, de algum modo, a conexão lógica, colocamos, no!! termos
compostos, em primeiro lugar a palavra principal, por exemplo: Batismo, Con-
cha do - em lugar de: Concha do Batismo.
Abreviaturas: ai.: alemão; fr.: francês; gr.: grego; hebr.: hebraico; !t.:
italiano; !.: latim; t: morto; V.: Veja-se; Dir. can. c. 459, § 3, 1. 0 : Direito ca-
nônico, canon ,459, parágrafo 3. 0 , número 1.•.

A
A Q (também em minúsculo: ritório próprio, de três paróquias
pelo menos, em que exerce a ju-
a w ), a primeira e a última le- risdição espiritual com os ineren-
tra ( alpha, omega) do alfabeto tes direitos, sanções e obrigações,
grego. Desde o II século são em- como os Bispos na própria dio-
pregadas, simples ou entrelaçadas, cese. O mesmo vale do Prelado
com ou sem as letras gregas nullius. Ambos gozam de prerro-
P X (X R = Cristo), como em- gativas litúrgicas, por exemplo, do
uso dos pontificais, podem con-
blema nas decorações cristãs e
eclesiásticas (pinturas, vasos, pa- ferir as ordens menores, sagrar cá-
ramentos, anéis, sarcófagos) e ex- lices, altares portáteis, etc., embo-
primem, segundo o Apocalipse (1, ra não sejam Bispos. (Dir. can.
8; 21, 6; 22, 13), a divina essên- cc. 319 e seg.).
cia de Jesus Cristo, que é a causa
eficiente e final de todas as coi- Abjuração, 1) · cerimônia que
sas. Na Liturgia, somente o Rito precede o batismo e consiste em o
mosárabe faz uso frequente dos batizando ou, em seu nome, os
nomes Alpha e Omega nos formu- padrinhos renunciarem a Satanás,
lários de orações. suas obras e vaidades. Já no II
século da era cristã Tertuliano faz
Abaco (!. ábacus), palavra pou- menção desta cerimônia. V. Escru-
co usada em português, que signi- tínios. - 2) recitação da fórmula
fica a credência. V. Credência. com que o herege, ao ser recebido
na Santa Igreja, abjura o erro
herético e faz a sua profissão de
Abade regular (do 1. abbas = fé católica.
pai), superior de um mosteiro. De-
pois de ter recebido a bênção pelo Ablução, (!. ablutio de ablúere
Bispo, compete-lhe o uso dos pon-
tificais ~ pode conferir a seus
= lavar), - 1) purificação dos
dedos e objectos depois que esti-
súbditos as ordens menores. (Dir. veram em contacto com as espé-
can. c. 625). cies sagradas. Na Missa tem lu-
gar duas vezes depois da Comu-
Abade nullius (nullius de = nhão. A primeira é a do cálice com
nenhuma diocese), abade com ter- vinho somente, rezando o sacerdo-

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12 A
te Quod ore sumpsimus, etc., a se- Abreviatura, encontra-se às ve-
gunda, Jogo em seguida, é a do zes nos livros litúrgicos e consiste
cálice e dos dedos polegares e in- em algumas letras apenas, com
dicadores sobrepostos, com vinho ou sem traço horizontal por cima,
e água, enquanto o sacerdote diz em lugar de toda á palavra ou
Domine, quod sumpsi, etc. (V. as frase; por exemplo: Dns = Do-
palavras em grifo no seu respecti- minas, Eps = Episcopus, P. D. N.,
vo lugar). Em ambos os casos o etc. = Per Dominum nostrum, etc.
celebrante toma o vinho ou o vi- Para o invariável início do Prefá-
nho com água. Esta última rubri- cio Vere dignum et justum est
ca data do XII século, quando, em usava-se o monograma de V e D
outro tempo, o sacerdote derrama- entrelaçados e para o canon Te
va o vinho e a água da ablução igitur, T, ricamente ornado. Nos
numa pia (lavatorium) ao lado da manuscritos as abreviaturas eram
Epístola. A recitação das orações mais frequentes; mas com a im-
mencionadas tornou-se aos poucos pressão dos livros litúrgicos desa-
geral depois que os Franciscanos pareceram na maior parte, con-
adaptaram os usos da Cúria ro- servando-se, como ornato em pa-
mana. Pio V deu ao rito todo da ramentos e alfaias, os monogramas
ablução a forma definitiva de ho- que significam Jesus ou Cristo (le-
je. - Tendo o sacerdote de binar tras gregas), por exemplo: IHS =
ou de trinar, faz, depois da Comu- Jesus, XP = Christus. O primei-
nhão, a ablução dos dedos e, aca- ro em latim seria Jesus Hominum
bada a primeira ou segunda Mis- Salvator, em português: Jesus, dos
sa, purifica o cálice com água so- Homens Salvador.
mente, que então toma depois da
ablução na segunda ou terceira Abside (do gr. aptein = acres-
Missa, ou deixa secar a água des- centar) - 1) parte sobressalente
pejada sobre algodão ou, enfim, na extremidade das igrejas, em
deita-a na piscina, o que faz tam- forma de semicírculo, ou poligo-
bém com o algodão queimado. - nal no estilo gótico. O fundo era,
2) vinho e água que o sacerdote até à idade média, o lugar para
usou na purificação do cálice e a cátedra do Bispo e os assentos
dos dedos. - 3) vinho que rece- ( subsellia) para os .sacerdotes, fi-
bem os recém-ordenados para or- cando o altar-mor mais para a
dens maiores na Missa da ordeha- frente. Mais tarde tornou-se exclu-
ção, assim como os reis, na Missa sivamente o lugar para o altar-
da coroação, depois da Comunhão, mor. Havia igrejas com diversas
para a purificação da boca. Na ábsides e absidiolas; - 2) reli-
idade média dava-se esta ablução cário.
(num cálice grande, distinto do da
Missa) a todos os fiéis, depois da Absolvição da excomunhão de-
Comunhão, constituindo uma re- poi!! da morte, remissão da censu-
cordação da recepção da Comu- ra eclesiástica que se chama ex-
nhão sob as duas espécies. Há 50 comunhão, não dos pecados, ao
anos este uso ainda se praticava excomungado que, tendo morrido
em algumas matrizes do Brasil. sem absolvição sacramental, deu,
contudo, sinais· de penitência. O
· Ablução, Vaso de, ou Purifica- efeito desta absolvição é poderem-
dor, pequeno vaso de metal ou se realizar pelo defunto os sufrá-
cristal, colocado sobre o altar, gios da Igreja (enterro, Missa). A
para o sacerdote lavar os dedos ' fórmula para esta absolvição é
depois de administrar a S. Comu- análoga à do caso seguinte.
nhão fora da Missa ou depois de
tocar no SS. Sacramento em outra Absolvição de censuras e penas
qualquer ocasião. eclesiásticas (censura = pena me-

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A 13

dicinal, infligida por causa de um a recitação da primeira parte


crime externo, grave, consumado, (salmos, versículo, Pater noster)
que priva o cristão contumaz de de cada Noturno das Matinas. Pa-
certos bens espirituais ou anexos rece que no Ofício romano entrou
a espirituais), remissão de censu- no XIV século; vestígios dela já
ras e outras penas eclesiásticas, no IX século se mostram.
por sacerdote autorizado, dentro
ou fora da Confissão sacramen- Absolvição pelos defuntos, so-
tal. Sàmente a última produz efei- lene cerimônia que depois da Mis-
tos externos. A fórmula para esta sa de Requiem ou nos enterros,
absolvição, se o Superior (Papa, ou em outras ocasiões tem lugar
Bispo) não tiver prescrito a ex- junto à eça ( absolutio ad tumbam)
tensa, pode ser a pequena ao tra- ou caixão mortuário ( absolutio ad
tar-se de casos menos graves. Do feretrum), ou pano preto. A Igreja
contrário, é mais extensa, constan- pede a Deus, em prol do defunto,
do da recitação do salmo Miserere a remissão (absolvição) das penas
(durante .a qual o sacerdote, es- do pecado, Consiste a cerimônia
tando sentado, bate levemente no em o canto do comovente Respon-
ombro do absolvendo com uma va- so lib era me, diversas orações, as-
ra), de alguns versículos, de ·ora- persão da eça com água benta e
ção e, enfim, da absolvição. (Rit. incensação da mesma ou do pano
Rom. Tit. IIJ, cap. 3). preto. Vulgarmente chama-se esta
cerimônia libera me (X século) .
Absolvição em artigo de morte. Nas exéquias dos Papas, Cardeais,
V. Bênção apostólica em artigo de Arcebispos, Bispos diocesanos e
morte. Príncipes a absolvição é dada cin-
co vezes em seguida.
Absolvição geral, indulgência
plenária, isto é, a remissão de to- Absolvição sacramental, remissão
das as penas temporais merecidas dos pecados e de penas (pelo me-
pelos pecados, concedida aos que nos eternas), concedida pelo sa-
estiverem em condições, por um cerdote, em nome de Deus, no
sacerdote devidamente autorizado, Sacramento da Confissão. Depois
com a fórmula prescrita. Priva- do Concílio Tridentino a fórmula
damente qualquer sacerdote pode em , todo o Rito latino é indicativa
dá-la no confessionário, com uma (Eu te absolvo, etc.). Na idade
pequena fórmula. Os membros das média era frequentemente e em
Ordens Terceiras têm o direito de alguns Ritos orientais é ainda de-
recebê-la uma ou mais vezes no precativa (Deus te absolva).
ano, conforme reza o privilégio.
Para os religiosos, além da indul- Abstinência, não uso de carne
gência plenária, é ainda a rerf\is- e caldo de carne em certos dias
são das censuras eclesiásticas em de penitência, sejam de jejum ou
que tenham intorrido inconsciente- não. Desde os primeiros séculos
mente. V. Bênção Apostólica. ;, da era cristã (Tertuliano no IIJ
e Crisóstomo no IV séc.) guar-
Absolvição na Missa e no Ofí· dava-se, nos di as de jejum, tam-
cio. Na Missa de Rito mosárabe bém a abstinênci a de carne, de vi-
tem o nome de absolvição a des- nho, de lacticín ios e, em algumas
pedida dos fiéis, no fim, corres- partes, também de caldo, de legu-
pondendo ao nosso /te Missa est. mes e frutas frescas (xerofagia),
(V. /te Missa est) . No mesmo sen- mas era costume apenas. Leis ecle-
tido de acabar (1: absólvere) cha- siásticas prescrevem a abstinência
ma-se absolvição, no Ofício do sàmente desde a idade média para
Rito romano, uma pequena ora- a Quaresma, todas as sextas-feiras
ção deprecatória com que termina e sábados do ano, as quatro 'têm-

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14 A
paras e certas vigílias. A abstinên- principalmente, a saudação litúrgi-
cia sem jejum praticava-se livre- ca Dominus vobiscum, o Amém e
mente por pessoas piedosas e, por o Aleluia.
obrigação, nos mosteiros; não pe-
los fiéis em geral. Hoje as leis do Acolitado, (do gr. acolouthia
jejum e da abstinência são distin- = serviço), última e mais solene
tas. Em. virtude de dispensas da das quatro ordens menores como
Santa Sé, são, no Brasil, dias só preparação remota para o sacer-
de abstinência as vigílias de Na- dócio. Na Igreja latina é mencio-
tal, do Espírito Santo, da Assun- nado já pelo ano de 250, a orien-
ção e de Todos os Santos. tal não o conhece. Esta ordem,
como as outras menores, é confe-
Accentus ecclesiasticus, (1.) - rida pelos Bispos, Abades, ou por
1) as partes da Liturgia cantadas quem tenha indulto. (Dir. can. cc.
recto tono, com pouca flexão de 951, 964). O Rito da ordenação
voz nas interpunções e, às vezes, consiste em orações e entrega de
no princípio. Recitativos dessa na- um castiçal com vela apagada e
tureza são: Orações, Epístola, galhetas vazias, que são o símbo-
Evangelho, Prefácio, Pater-noster, lo do que incumbe ao ordenando,
Martirológio, Salmos, Profecias, isto é: ajudar ao Diácono e Sub-
Ex11ltet; - 2) em sentido menos diácono nos ofícios litúrgicos, prin-
restrito, o canto a solo, em opo- cipalmente tratando da luz e do
sição ao canto do coro,' que se vinho.
chama concentus.
Acólito, 1) clérigo que rece-
Acesso, preparação do sacer- beu a ordem do acolitado; - 2)
dote para a digna celebração da ajudante leigo de Missa que hoje
Missa, como também o conjunto geralmente substitui o clérigo. Sen-
dos salmos e orações que se en- do criança chamam-no coroinha.
contram no Missal sob o nome Actio (1.), denominação antiga
de Praeparatio ad Missam. do cânon (desde o Sanctus até o
Pater noster) da Missa. Depois
Aclamações - 1) saudações do século VI este termo caiu
almejando bem estar, saúde, a'S mais e mais em desuso, tendo-se
quais, desde o sé~ulo XIII, se usam conservado apenas no título (In-
no fim da sagração episcopal e fra Actionem) da oração Commu-
bênção abacial. Unidas a outras nicantes. O nome tira sua origem
invocações, em forma de ladainha, da circunstância de durante aque-
chamam-se La11des. Com elas sau- la parte da Missa se realizar o
davam-se os Papas e Imperadores acto por excelência, isto é, a Con-
na eleição e coroação. Nos mostei- sagração, ou, considerando-o como
ros beneditinos às vezes usam-se a contração de sacrum agere, por-
em grandes dias de festa, para que a série de ritos que enqua-
saudar os hóspedes. São célebres dram a Consagração constituem
as La11des Hincmari. No Rito gre- um só todo. "
go usa-se de tais aclamações (de-
sejando longa vida) nos grandes Açucena ou arandela, pratinho
dias de festa, ao conduzir, depois de metal ou vidro, com a borda
da Missa pontifical, o Bispo para levantada, para ser colocado na
su<1- residência. Tem o nome de boca do castiçal, com o fim de
polychrónion (polys muito, aparar os pingos de cera. Tinha
chrónos = tempo); - 2) em sen- frequentemente, como se pode ver
tido lato, as pequenas fórmulas li- nas igrejas antigas, a forma de
túrgicas que exprimem um pensa- açucena e daí o nome geral para
mento religioso para aumentar a esses pratinhos, qualquer que seja
piedade, como são os versículos e, a sua forma.

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A 15
Adjutorium nostrum in nomine certa submissão de nossa parte.
Domini. Qui fecit caelum et fer- Na acepção estrita significa sà-
ram (1. = O nosso auxílio está no mente o acto com que reconhece-
nome do Senhor. Que fez o céu mos a Deus como princípio e fim
e a terra), prefácio de muitos ritos e soberano Senhor de todas as
litúrgicos, como invocação da coisas e a nossa inteira submis-
graça para bem orar (antes das são. A adoração, em ambos os
orações), para salutarmente con- sentidos expostos, pode ser abso-
fessar os pecados (antes do Con- luta e relativa. E' absoluta quan-
fiteor, ·na Missa, na Prima, nas do é prestada a alguém por causa
Completas), para dignamente re- de sua própria excelência; relati-
ceber a bênção de Deus (antes de va, quando é prestada a uma pes-
algumas bênçãos), ou, enfim, para soa (ou objecto) por causa da
proceder bem (no fim da Prima). excelência de outra pessoa cóm
Com excepção do fim da Prima, que a pessoa adorada (ou objecto)
em que os coristas se benzem lo- tem relação. Portanto: Deus é ado-
go em seguida, a fórmula é acom- rado com adoração absoluta e em
panhada pelo sinal da cruz, para sentido estrito. Do mesmo modo
significar que toda graça, toda a humanidade de Cristo por cau-
bênção, todo auxílio nos vem pe- sa da união hipostática com a
la virtude do Sacrifício da Cruz. natureza divina. As partículas do
Santo Lenho, os instrumentos da
Admoestações (!. Monitiones), Paixão de Cristo e a Cruz, na Sex-
as nove orações que o sacerdote ta-feira Santa, são adorados com
canta logo em seguida ao canto adoração em sentido estrito, mas
da Paixão, na Sexta-feira Santa. relativa. Absoluta, mas em sentido
São ardentes súplicas pela Igreja, lato, é a adoração dos santos; as
pelo Papa, pela jerarquia eclesiás- suas relíquias e imagens, porém,
tica e todos os fiéis, pelo impera- só merecem adoração relativa e em
dor romano (se houver), pelos ca- sentido lato. A adoração dos san-
tecúmenos, pelos hereges, judeus tos e de suas relíquias e imagens
e pagãos. O nome admoestações chama-se geralmente veneração.
vem da introdução Oremus, que
precede cada oração, e na qual o Adoração da Cruz, solene des-
sacerdote exorta a rezar na res- nudação em três actos sucessivos
pectiva intenção. O Diácono con- e adoração (relativa) da Cruz na
vida o povo a se colocar de joe- Sexta-feira da Paixão. A desnuda-
lhos, levantam-se todos à palavra ção se faz ao canto do Ecce lignum
do Subdiácono e se unem ao sa- Crucis, etc., três vezes repetido,
cerdote na oração. Estão em uso cada vez com entoação mais ele-
semelhantes orações desde os pri- vada. Efetua-se a veneração da
meiros séculos. A Igreja, qual mãe Cruz, colocada sobre um tapete
solícita da salvação de todos, imi- j . no presbitério da igreja, com trí-
ta com isto a jesus, que em sua piice genuflexão e ósculo dos pés
Paixão se ofereceu por todos. Co- 1 do Crucificado, enquanto o coro
mo particularidade noJe-se que canta os Impropérios e outros tex-
desde o IX século é omitida a ge- 1 tos. A cerimônia da adoração da
nuflexão na oração pelos judeus, Cruz, na Sexta-feira Santa, é an-
como recordação do ultraje feito 1 tiquíssima; desde o século XI pre-
com ela a N. Senhor. V. Genu- cede-lhe a desnudação. O rito
flexão . 1
actual originou-se em Roma e é
uniforme na Liturgia romana des-
1
de a reforma do Missal por Pio
Adoração (do 1. ad-orare), em J V. Significa a cerimônia fanto a
sentido lato acto com que atesta- exaltação de Cristo na Cruz, como
mos a excelência de alguém e uma 1 o seu sepultamento.

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16 A
Adoração das quarenta horas, vino. No terceiro domingo (Gau-
exposição do Santíssimo durante dete) a esperança se converte em
quarenta horas consecutivas, em júbilo, para nos últimos sete dias
comemoração das quarenta horas antes da vigília se condensar em
que, segundo uma opinião, jesus anelo ardente, expressado· nas as-
esteve no sepulcro. Durante o dia sim chamadas Antífonas de O'. -
ardem vinte, durante a noite pelo Em alguns países observava-se no
menos dez velas de cera no altar. Advento o jejum, à semelhança da
Vestígios de semelhante forma de Quaresma, mas o começo do jejum
adoração encontram-se nos do- não era uniforme.
cumentos do século XIII, na Dal-
mácia. Introduzida por Santo An- Aedicula cremiterialis ou cap'ella
tônio Maria Zacaria na Itália e funeraria (1.), chama-se, no Direi-
espalhada pelo Capuchinho josé de to canônico ( c. 1190), a capeli-
Fermo, foi aprovada por Paulo nha ereta nas sepulturas, na qual,
III, em 1539. Pio -X concedeu, em não obstante ser considerada ora-
1914, as respectivas indulgências, tório privado, pode-se cumprir o
também para o caso de se fazer preceito de ouvir Missa em domin-
a adoração durante três dias, não gos e dias santos de guarda. (Dir.
incluindo as noites. V. Dir. can. can. c. 1249).
c. 1275.
Afilhado, criança ou adulto que
Adoração perpétua, devoção o padrinho adaptou, pelo batismo,
com exposição do Santíssimo por como filho espiritual. V. Padrinho.
longas horas, distribuída pelas
igrejas de uma diocese de tal mo- Agape (do gr. agápe = amor),
do que acabando numa continue banquete, usado pelos cristãos
noutra, ou também numa só igreja. nos quatro primeiros séculos, para
A Adoração perpétua nasceu da comemorar a ceia de Nosso Se-
Adoração das quarenta horas, com nhor, fomentar a caridade mútua
que em Roma, a princípio, se iden- e socorrer os irmãos pobres. A
tificava. princípio precedia a celebração da
Sinaxe eucarística, mas desde o
Adro, ou átrio (1. atrium), al- século II foi dela separado e no
pendre da igreja; em sentido lato, século IV proibido de todo, de-
o próprio terreno que a cerca. vido aos abusos. Não consta que
o ágape tivesse sido de uso ~era!,
Advento (!. adventus = chega- ao que parece se limitava mais ao
da), tempo de preparação para a Oriente. - As vezes a palavra
festa de Natai, oficialmente men- ágape é empregada (ágape divi-
cionado só no fim do VI século. no) para significar a Santa Comu-
A sua extensão foi diversa, tan- nhão, o banquete eucarístico.
to no Oriente como no Ocidente,
do VI ao VIII século. Fora de Ro- Agata, virgem e mártir, morta
ma observavam-se cinco semanas, em Catânia, em 251, venerada co-
que no tempo de Gregório VII mo protectora contra o fogo, men-
foram reduzidas ao espaço hodier- cionada no cânon da Missa depois
no, entre quatro domingos, de mo- da Consagração, na oração Nobis
do que a extensão varia conforme quoque peccatoribus. Sua festa ce-
cair o Natal. - Não tem o Adven- lebra-se a 5 de Fevereiro.
to um carácter pronunciado de
penitência e, muito menos, de luto; Agenda, (1.) nome antigo do li-
mas sim de recolhimento vivifica- vro litúrgico que chamamos hoje
do pela esperança da vinda pró- Ritual. - Actualmente a palavra
xima do Salvador. Este carácter Agenda significa apenas um li-
se traduz na Missa e no Ofício di- vrinho de notas, em que os sacer-

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A 17
dotes registram o que têm de fazer Agua, que para fins litúrgicos
e que contém algumas indicações sempre deve ser natural, usa-se
litúrgicas. na Liturgia para fazer-se a água
batismal, água benta, águ·a gre-
Agregação canônica, acto pelo goriana, etc., para ser misturada
qual uma arquiconfraternidade tor- com o vinho do Sacrifício e para
na uma outra associação, com o a purificação dos vasos sagrados,
mesmo título e fim, participante de dos dedos e das mãos.
suas indulgências e privilégios.
(Dir. can. cc. 720-723). Agua batismal, benze-se, solene-
mente no Sábado de Aleluia e na
Agiosimandro (do gr. ágios = vigília de Pentecostes, que desde
santo, sémantron = sinal). (V. a era primitiva foram os dias de
Matraca). batismo dos catecúmenos. A bên-
Agnus Dei, (!.), - 1) tríplice ção consiste nél;S seguintes orações
invoca,eão do Cordeiro de Deus, je- e cerimônias: canto de um Tractus
sus Cristo, com as palavras do "Como o cervo deseja as fontes
Batista (lo 1, 29). Na Missa (me- d'água", etc., com oração, longo e
nos no Sábado de Aleluia) pre- solene prefácio, que é uma expres-
cede a Comunhão. As duas primei- siva fórmula de bênção, durante o
ras invocações acrescenta-se a sú- qual o sacerdote divide a água em
plica de misericórdia; à última, de forma de cruz, tange-a e forma
paz. Na Missa de Requiem, porém, sobre ela três cruzes, derramando
as súplicas são de sufrágio pelas água em direção às quatro regiões
almas. - Foi o Agnus Dei intro- do céu, sopra sobre ela três vezes,
duzido na Litur_gia romana pelo imerge nela o círio pascal três ve-
Papa Sérgio (687-701), imitando zes, sucessivamente mais fundo, e
talvez a Igreja do Oriente, em que sopra sobre ela três vezes em for-
diversos Ritos empregavam as pa- ma de Y. Depois mistura sepa-
lavras do Batista ao partir a sa- radamente óleo dos catecúmenos
grada hóstia. - A princípio sà- · e crisma e em seguida ambos os
mente o coro e o povo cantavam óleos conjuntamente. - A bênção
o Agnus Dei indeterminadas vezes. da água batismal já era conhe-
Desde o século XII usa-se o nú- cida nos fins do II século. A fór-
mero ternário e a última súplica mula actual remonta ao século IV;
Dona nobis pacem. - Nas ladai- as ricas cerimônias de hoje se
nhas o Agnus Dei forma a conclu- foram formando nos fins da idade
são, sendo as súplicas Parce nobis média. Por elas a Igreja quer in-
Domine, - Exaudi nos Domine, dicar a grandeza do Sacramento
- Miserere nobis. - 2) pedacinho do Batismo. - Para a bênção de
de cera branca, em forma de me- . água batismal fora dos dias pró-
dalha, com a efígie do Cordeiro prios, há no Ritual uma fórmula
divino. Sua bênção, antes livre, foi abreviada e, em certos casos, po-
reservada ao Papa por Xisto IV dem os Bispos, que têm essa fa-
(1471). O Sumo Pontífice benze o culdade, autorizar a bênção com
Agnus Dei no primeiro ano de uma fórmula muito reduzida.
Pontificado e, depois, de sete em
sete anos, imergindo a cera, que é Agua benta ou · lustral, - 1)
de círios pascais servidos, na água mistura de sal exorcizado e bento
benta misturada com bálsamo e com água exorcizada e benta, fei-
crisma e proferindo as orações, ta pelo sacerdote segundo a fór-
que contêm fervorosas súplicas a mula tradicional desde o VIII sé-
Deus em prol dos que devotamente culo. Os documentos provam o uso
usam o Agnus Dei. O uso deste de água benta no Oriente no IV
sacramental já era conhecido em e no Ocidente no V século. -
Roma no século IX. Emprega-se água benta como sa-
* Dlc. Litúrgico - 2

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18 A

cramental no culto, nas bênçãos, Missa, depois da Consagração, na


sagrações, exorcismos, exéquias e oração Nobis quoque peccatoribus.
na vida privada, para aspersão de
pessoas, objectos e lugares. E' cos- Alfaias, os objectos a serviço
tume antiquíssimo, introduzido pe- do culto divino.
lo Papa Alexandre 1 (109-116),
guardarem os fiéis água benta em Alitúrgico, é o dia em que não
casa para se benzerem com ela ao é permitida a celebração da Litur-
levantar e ao deitar-se. Afastar as gia por excelência, isto é, da San-
infestações diabólicas, preservar ta Missa. No Rito latino é apenas
delas (lustração) e santificar é o a Sexta-feira da Paixão; nos Ritos
seu fim; - 2) a água na pia ba- orientais são alitúrgicos todos os
tismal (sem sal), no Sábado de dias da Quaresma, com excepção
Aleluia e na vigília de Pentecos- dos sábados e domingos e da fes-
tes, antes da mistura dos santos ta da Anunciação. ~ Sábado de
óleos. Aleluia ocupa uma posição p..[ópria.
Agua de socorro. V. Batismo E' permitida sómente a Missa can-
privado. tada ou solene, em seguida às ou-
tras funções. Mas esta Missa é a
Agua gregoriana, mistura de antecipação da Páscoa e celebra-
água, sal, cinza e vinho, benta so- va-se, antigamente, à alta noite.
lenemente e usada na sagração de Por si, pois, ele é alitúrgico.
igrejas e altares. - Vestígios de
semelhante água litúrgica encon- Aleluia (do hebr. = Louvai a
tram-se, ao fim do século V, no Deus), - 1) aclamação de júbi-
Sacramentário de Gelásio. Os Pon- lo, frequentemente usada nos sal-
tificais do século IX contêm a sua mos, e adoptada, desde os tempos
bênção nas formas substanciais de primitivos do cristianismo, na Li-
hoje. turgia. No Rito romano é suprimi-
do o Aleluia nos Ofícios pelos de-
Aguia. V. Símbolo dos Evange- funtos e desde a Septuagésima até
listas. à manhã de Sábado de Aleluia.
Nas Vésperas que precedem o do-
Ajoelhar. V. Genuflexão. mingo de Septuagésima faz-se, no
Ofício, o assim chamado enterro
Alamar, - 1) presilha . na capa do Aleluia, acrescentando-se ao
de Asperges; - 2) cordão entre- Benedicamus Domino dois Aleluias,
laçado de seda ou fios de ouro sendo substituído pelo Laus tibi
com borla, que une a estola sa- Domine, rex aeternae gloriae, no
cerdotal sobre o peito. início das horas canônrcas. Nos
Alapa (!.), leve bofetada na fa- tempos em que a participação do
ce do confirmando, por ocasião da povo na Liturgia era mais inten-
crisma. Dizem alguns autores que sa, fazia-se, em algun_s países, o
a princípio o Bispo dava um ós- "enterro" do Aleluia com certa so-
culo na face do confirmando, que lenidade (antífona e oração pró-
posteriormente o ósculo foi substi- prias) ou até com cerimônias es-
tuído por uma carícia com a mão peciais, por exemplo, imitando um
e que só mais tarde essa carícia enterro de que existem interessan-
foi interpretada como uma bofe- tes gravuras antigas; - 2) pe-
tada, para significar a intrepidez queno trecho depois do Gradual,
da fé. V: Confirmação, Rito da. na Santa Missa. A origem desse
trecho é a seguinte: Nos primeiros
Alcatifa, tapete. séculos precediam o Evangelho
duas lições escriturais. (V. Epís-
Alexandre, Papa (109-116) e tola). Como depois da primeira
mártir, mencionado no cânon da (V. Gradual), cantava-se também

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A
depois da segunda um salmo em Almofada (1. pulvinar, pulvinum,
forma de responsório. O Papa Dâ- cussinus), prescrevem-na as ru-
maso (t 384) introduziu, em lugar bricas para nela ser colocado · o
deste segundo salmo, e somente Missal, e o Cerimonial dos Bispos
para o dia da Páscoa, o Aleluia, exige-a para o genuflexório dos
que outrossim era cantado como Cardeais e Bispos. - Parece -que
responso. No V século adaptaram na antiguidade o Missal se colo-
este Aleluia para todo o tempo cava sobre o altar. Desde o prin-
pascal e, quando, no VI século, cípio do século XIII, porém, se faz
foi suprimida a segunda lição, P<lS- menção -de uma almofada, uso que
sou a ser cantado logo em segui- se generalizou e posteriormente foi
da ao Gradual. O Papa Gregório prescrito. Contudo, já no século
Magno (t 604) prescreveu-o para XIV, adaptou-se também a estan-
todas as Missas com excepção das te, que paulatinamente foi suplan-
de carácter de penitência, e ajun- tando a almofada. Hoje· a estante
tou um versículo. Consta, pois, es- é geralmente empregada e o Ce-
te trecho de dois Aleluias, versículo rimonial dos Bispos a admite ex-
(geralmente da S. Escrit.) e ou- plicitamente. - A almofada, se
tro Aleluia. No tempo de Páscoa for usada, deve ter a coberta de
é, desde a idade média, aumenta- seda, borlas nos quatro cantos e
do por mais um versículo com Ale- concordar em sua cor com os pa-
luia (Aleluia-grande) e rezado em ramentos. Da estante diz o Ceri-
substituição ao Gradual, isto é, monial dos Bispos que deve ser de
imediatamente depois da Epístola. prata ou de madeira artisticamen-
Quando na Liturgia é suprimido o te lavrada. Na falta de feitio ar-
Aleluia, esse trecho é substituído tístico convém que se ponha uma
pelo Tractus ou também suprimi- coberta branca ou na cor litúrgi-
do de todo, como sucede nas fé- ca do dia. - Na idade média exis-
rias do Advento, nas têmporas fo- tia em algumas partes o uso de se
ra do tempo pascal e nas vigílias. colocar uma almofada mole so-
bre a estante do ambo para sobre-
Aleluiário, a coleção dos sal- por o Evangeliarium. O Subdiáco-
mos aleluiáticos, isto é, dos sal- no levava-a à frente na procissão
mos 104 - 6, 110 - 18, 134, 135, solene para o canto do Evangelho.
145 - 150, que na Vulgata e na Era a almofada o símbolo da do-
Septuaginta têm como inscrição o çura e suavidade do Evangelho e
Aleluia. ao mesmo tempo a exortação de
receber a pregação do Evangelho
Alfabeto (1. abecedarium ou, com coração dócil.
correspondente ao gr., abegeda-
rium), escreve-o o Bispo em latim Almutia (1. do ai. Mütze; tam-
e grego, com o báculo, num gran-, bém almucia, almuz, armuz, em fr.
de X, feito de cinza, no chão da aumurce ou aumusse), era na ida-
igreja, no rito da sagração da de média e em sua forma primiti-
mesma. A cerimônia, que é uma va um grande capuz pendente dos
imitação de antiquíssimo uso ro- ombros, usado pelos cônegos na
mano, e que si.gnifica a tomada de recitação, no coro, do Ofício di-
posse da igreja da parte de Cris- vino para resguardar a cabeça
to, já no VIII século pertencia ao contra o frio. Era feita de lã, seda
Rito galicano, e parece que não ou arminho, com borlas ou caudi-
muito tempo depois entrou tam- nhas. Posteriormente, com o uso
bém no Rito romano. (V. Sagra- sempre mais largo do barrete, o
ção da igreja). grande capuz se transformou em
cabeção, descendo até ao meio do
Alma Redemptoris Mater (1.). antebraço, com capuz diminuto,
V. Antífona final de N. Senhora. servindo apenas de _enfeite. Os cô-
li*

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20 A
negos, que têm privilégio de a a forma de um sarcófago. - O
usar como distintivo, o que hoje sepulcro é uma pequena cova que
é raríssimo, colocam-na dobrada contém relíquias de santos márti-
sobre o braço esquerdo ou sobre res. - A sagração do altar é a
a estante dos assentos do coro. A solene dedicação do mesmo ao
almul'ia deu origem à murça (moz- sacrifício, pelo Bispo. - Prescre-
zeta) com a qual muitas vezes é ve a Carta Pastoral Col. (1910)
confundida. V. Murça. que a mesa do altar tenha 2ll:!
m. de comprimento, 60 cm. de lar-
Alpha e Omega. (V. AQ) gura e a base 1 m. de altura.
Deve o altar elevar-se acima do
Altar, objecto cultuail sobre o solo pelo menos um degrau. (Rit.
qual o sacerdote oferece o sacri- cel. Miss. II, 2).
fício ritual ou litúrgico. Onde exis-
te sacrifício oficial, existe também Altar barroco. Altar cuja constru-
altar. Pelo que não somente o ju- ção arquitetônica, principalmente o
daísmo teve o seu altar, mas tam- retábulo, obedece ao estilo bar-
bém o paganismo os tem. As sei- roco. .t!'
tas protestantes, porém, elimina-
ram-no com o sacrifício. O altar Altar, Base do (1. stipes), a
por excelência é o da Igreja Ca- parte inferior do a!i;ar que serve
tólica, porque sobre ele se ofe- de sustentáculo à mesa sobreposta.
rece e é oferecido em sacrifício Para que o altar possa ser sagra-
o Cordeiro imaculado, o próprio do como altar fixo é preciso que a
Filho de Deus. Os pagãos chama- base toda, ou pelo menos os qua-
vam o altar ara, termo que só ra- tro cantos sejam de pedra natural.
ras vezes é usado na terminologia A forma da base variava e varia
litúrgica cristã. Encontra-se, con- até hoje. Pode ser formada por
tudo, frequentemente, na lingua- quatro colunas, por duas chapas
gem elevada e poética, e conser- grandes laterais, colocadas de-
vou-se oficialmente na expressão fronte, por uma caixa rectangular
ara portatilis. (D ir. can. c. 1197), de pedra, tijolos ou madeira, ou
que nós traduzimos por pedra em forma de sarcófago, ou, en-
d'ara. - Altar é a palavra com- fim, por um só bloco. As faces
posta de alta ara. - Quatro coisas da base ficam cobertas com o
exige o Rito latino para o altar, frontal, o qual, porém, não é de
embora não do mesmo modo para obrigação colocar desde que a ba-
todos os altares, como depois se se for revestida de ornamentação.
ditá: Mesa (mensa), base (stipes), (V. Altar).
sepulcro ( sepulchrum, lóculus, f as-
sa), sagração (consecratio). A me- Altar fixo (imóvel). AJ!tar cuja
sa é a superfície formando uma mesa, de pedra natural, não frá-
larga e comprida chapa, que des- gil, sem margem de metal ou de
cansa sobre a base, que é seu sus- madeira, se estende sobre toda a
tentáculo. A forma da base não é base, também de pedra natural,
sempre a mesma. As vezes são com a qual foi consagrada insepa-
apenas quatro colunas, dando ao ràvelmente e unida em uma só
altar o aspecto de uma mesa. Pa- coisa. A base pode ser formada de
rece que, a julgar pelas palavras quatro colunas soltas, de pedra,
de S. Paulo (1 Cor 10, 21: mesa ou de uma caixa de tijolo, mas
do Senhor), foi esta a forma pri- com colunas de pedra nos can-
mitiva. Outras vezes a base tem a tos, ou de tijolo revestido de pe-
figura de uma caixa rectangular. dra (mármore), ou de alvenaria,
Introduziu-se esta forma nos sé- ou, enfim, de um só bloco de pe-
culos VIII e IX. Mais tarde, na dra. - O sepulcro com as relí-
época da Renascença, de~am-lhe quias dos mártires acha-se na me-

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A 21
sa ou em baixo da mesma, de mo- quias no acto da sagração. - Não
do que a mesa seja a sua cober- conhece o Oriente Altares laterais,
tura. No Rito latino não é neces- como não conhece Missas privadas.
rário que a base esteja presa in- No único altar (mor) só uma Mis-
separàvelmente (por meio de arga- sa pode ser celebrada cada dia;
massa) ao chão, mas sim nos Ritos e se as Rubricas exigem duas Mis-
grego e armênio. Nos outros Ritos sas, a segunda se celebra em outro
orientais não se conhece hoje o altar, que então faz as vezes de
altar fixo, mas só o quase fixo e altar-mor. - A estrutura do altar
o portátil. - Nas igrejas sagradas é muito simples: sem retábulo, na
deve haver pelo menos um altar frente e nos lados a base é co-
fixo. (Dir. can. c. 1197). berta com panos. - Também nos
Ritos orientais é rigorosamente
Altar gótico. Altar cuja constru- proibido celebrar a Missa sem
ção arquitetônica, principalmente o ser em altar sagrado ou no seu
retábulo, obedece ao estilo gótico. substitutivo ( antimensium, ou cha-
Altar lateral. Altar colocado em pa sagrada).
parede, capela ou nicho laterais. Altar papal. Altar em que só ao
Foi condenado por Pio VI o De- Papa é lícito celebrar a Missa, ou
creto do Sínodo de Pistóia, que a outro com especial indulto. Nes-
em cada igreja permitia um só al- tas condições estão os altares-mo-
tar. Contudo, não parece conve- res das quatro Basílicas maiores
niente aumentar o número dos al- de Roma, da Capela Sixtina, da
tares laterais sem necessidade. igreja franciscana de Porciúncula,
Altar-mor. Altar principal, em elevada por Pio X à dignidade de
que geralmente se conserva o San.:. Basílica patriarcal e Capela Pa-
tíssimo e se celebram os actos pal, e outros.
principais do culto.
Altar portátil (móvel), - 1)
Altar nos Ritos orientais. Ao al- uma chapa de pedra natural, de
tar, nos Ritos orientais, não se três a quatro centímetros de espes-
estendem as prescrições do Rito sura, não frágil, do tamanho que
latino, mas obedece ele a• leis es- possa caber nela a hóstia e a
peciais. Em resumo : O Altar fixo maior parte do cálice pelo menos,
é conhecido só nos Ritos grego e com sepulcro, sagrada pelo Bispo
armênio; tem geralmente a forma ou por quem tenha a faculdade
de mesa e é, no Rito grego, quase (pedra d'ara), - 2) uma mesa, à
sempre de madeira, no armênio de semelhança da do altar fixo, com
pedra; deve estar inseparàvelmen- sepulcro, sagrada pelo Bispo ou
te unido ao chão. Como altar por- por quem tenha tal faculdade, mas
tátil, usa-se no Rito grego o an- não sagrada inseparàvelmente com
timensium, que é uma espécie de a base. (Dir. can. c. 1197).
corporal, sagrado pelo Bispo, com
relíquias costuradas nos quatro Altar portátil, Privilégio de, con-
cantos. - Nos outros Ritos há siste na faculdade, outorgada pelo
apenas o Altar quase-fixo, isto é, direito ou por concessão apostóli-
uma construção de pedra com uma ca, de celebrar sobre a pedra d'ara
pequena chapa sagrada, de pedra em qualquer lugar decente, excepto
ou de madeira, embutida na mesa. no mar. (Dir. can. c. 822, § 3).
O Altar portátil, em todos os Ri- A restrição, porém, não atinge os
tos orientais, menos o grego, é Cardeais e Bispos ( cc. 239, § 1,
uma chapa sagrada de pedra ou n. 8; 349, § 1). Podem os Bispos
madeira. - Com exceção também e Superiores maiores de uma Or-
do Rito grego, não há sepulcro no dem isenta dar esta faculdade num
altar, isto é, não se incluem relí- caso extraordinário, mas não habi-

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22 A
tualmente e excepto sempre o Altar quase-fixo ( djfi~ilmen_te
quarto de dormir (e. 822, § 4). móvel). O Direito canomco nao
conhece altar quase-fixo em senti-
Altar privilegiado. - 1) Altar do litúrgico, mas apenas o fixo
no qual o sacerdote, em virtude de e o portátil. O. quase-fixo é, por-
um privilégio papal, ganha uma tanto, lititrgicamente um altar por-
indulgência plenária em benefício tátil, que em certos pontos parti-
da alma em cujo sufrágio diz a cipa da natureza de altar fixo. Ge-
Missa. E' conveniente que a Missa ralmente se entende por altar qua-
seja de Requiem, se o permitirem se-fixo 1) um altar que tem todas
as Rubricas, e o altar deve ser as condições para poder ser um
fixo ou quase-fixo, não portátil. altar fixo, mas de que só a mesa
Pelo Direito canônico têm facul- foi sagrada (não em união com a
dade para designar um altar co- base) com o rito de altar portá-
tidianamente e em perpétuo privi- til. - 2) um altar constando de
legiado os Bispos, Abades e Pre- mesa e base, que não foi ou não
lados nullius, Vigários e Prefeitos pode ser sagrado, porque falta o
apostólicos, Superiores maiores sepulcro, porque é de madeira,
numa Ordem clerical isenta, em etc., e em que só depois de colo-
suas igrejas catedrais, abaciais, co- cada na respectiva mesa. uma pe-
legiadas, conventuais, paroquiais; dra d'ara é licito celebrar a Missa.
não, porém, nos oratórios públi- Nestas condições estão geralmente
cos, a não ser que estejam unidos os altares nas nossas igrejas. - A
à igreja paroquial como subsidiá- respeito do altar quase-fixo vale
rios. - No dia de Finados todas o seguinte: para a sua ereção é
as Missas gozam deste privilégio, necessária a licença do Bispo; ele
como se fossem celebradas em al- póde ter título, que é mutável só
tar privilegiado. - Todos os alta- com autorização do Bispo; é ca-
res são privilegiados na respectiva paz de receber fundações e pode
igreja durante os dias da Adora- ser altar privilegiado.
ção das 40 horas. - A designação
de altar privilegiado consiste na Altar romanó. Altar cuja constru-
inscrição no mesmo: Altar privi- ção arquitetônica, principalmente o.
legiado, com a indicação cotidia- retábulo, obedece ao estilo ro-
no ou não, perpétuo ou não, con- mano.
forme reza a concessão, sem outro
acréscimo. - Pela celebração nes- Altarista, cônego da Basílica do
se altar não é lícito pedir maior Vaticano, que cuida do altar-mor, -
espórtula de Missa. (Dir. can. c. isto é, do papal, levantado sobre
916-918). A Santa Sé concede tam- o túmulo de São Pedro.
bém o indulto de altar privilegiado
no sentido exposto a sacerdotes, Alva (1. alba), - veste litúrgi-
como favor pessoal. Quem o pos- ca, de linho, em forma de túnica,
sui ganha a indulgência celebran- com mangas estreitas, descendo até
do a Santa Missa sobre qualquer ao chão, porém regaçada por um
altar, mesmo sobre a pedra d'ara. cíngulo e benta por um sacerdote
- 2) Altar a cuja visita estão ane- competente. Tem a sua origem na
xas indulgências pelos vivos e de- túnica cotidiana dos romanos e
gregos e é, entre as vestes litúrgi-
funtos. Hoje raramente se encon- cas, uma das mais antigas. O cor-
tram fora da Itália; - 3) Altar te da alva e os seus enfeites não
em que é lícito celebrar certas eram sempre iguais. Ora era es-
Missas votivas em dias aliás proi- treita, ora larga. Na. idade mé-
bidos pelas Rubricas. Têm este dia alargava-se a roda por meio
privilégio geralmente os altares de nesgas cuneiformes, enfeitavam-
com imagem miraculosa. se as mangas e a parte de baixo,

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A 23
em frente e atrás, com peças so- tanto, costuma-se cantar também a
brecosidas, quadradas ou rectan- Paixão (Evangelista e Sinagoga)
gulares, de seda ou de estofos de e o Noveritis no púlpito. O lado
ouro e prata. Estas aplicações em que está é geralmente o do
. desde o século XVI cederam o lu- Evangelho. Nas igrejas catedrais
gar a rendas mais ou menos lar- há dois púlpitos, para a pregação
gas, em toda a volta da barra e ser feita ao lado da •Epístola, quan-
das mangas. Assim se conservou do o Bispo estiver presente.
até hoje. A princípio a alva era
veste litúrgica para todos os cléri~ Ambito (do 1. ambire = ro-
gos e, nos séculos -VIII e IX, de dear), largo corredor em volta da
obrigação até para os cantores capela mor, com arcos abertos
clérigos. Parcialmente, isto é, em para ela e, muitas vezes, com
algumas funções litúrgicas foi pequenas capelas ou nichos para
substituída, desde 1200, pela so- altares. Muito frequente nas igre-
brepeliz (alva curta) e desde 1500 jas de estilo romano e gótico, du-
reservada aos clérigos de ordens rante a idade média, o âmbito ho-
maiores e sacerdotes. - O seu je poucas vezes se encontra.
uso prescrito limita-se hoje à Mis- ·
sa e àquelas funções que se reali- Ambula (píxide, cibório), cálice
zam em união com a Missa (pro- maior ou menor, conforme as ne-
cissão de Corpo de Deus, bênção cessidades, com tampa, para a con-
de velas, da cinza, etc.). Nas ou- servação e distribuição das sagra-
tras funções é substituída quase das hóstias aos fiéis na Santa Co-
sempre pela sobrepeliz, não sendo, munhão. O feitio ora é simples ora
entretanto, proibido o uso da alva. mais rico. Deve ser fabricada de
- A alva significa a pureza de sólida e decente matéria, não sen-
coração com que o sacerdote deve do indispensável ouro · ou prata,
celebrar os Ofícios divinos. - 2) benta pelo Bispo ou por quem te-
veste que os catecúmenos, depois nha a faculdade, e, enquanto con-
do batismo, traziam todos os dias, tém o Santíssimo, coberta com
desde o Sábado Santo até à Oi- uma capinha de seda (véu de âm-
tava. Daí a denominação do do- bula) . - Até à idade média usa-
mingo seguinte Dominica in Al- va-se uma caixinha (por isso py-
=
bis, ·i. é, deponendis, domingo xis) de metal, marfim ou mesmo
em que devem ser depostas as madeira, em formas muito sim-
vestes alvas. ples. Mais tarde davam-se ao va-
so, como também à tampa, formas
Ambão (do gr. anabainein =- arquitetônicas de acordo com o es-
subir) , púlpito com estante para a tilo da igreja e incluía-se dentro
pregação, canto da Epístola, Gra- um receptáculo especial para as
dual e Evangelho. Era geralmente sagradas espécies. A forma redon-
de pedra, situado perto das cance- da da copa introduziu-se desde o
las do coro ou até fazendo parte século XVI.
das mesmas, com formas arquite-
tônicas na frente, com uma ou Amém (hebr.), aclamação que,
duas escadas e, às vezes de dois ao formar a conclusão, exprime a
pisos. Algumas igrejas tinham dois confirmação do que foi dito e é
Ambões, um grande, para a prega- traduzida vulgarmente por : Assim
ção e o canto do Evangelho, outro seja. Competia antigamente ao po-
menor, para o canto da Epístola. vo responder com ela, em alta voz,
Desde a segunda parte da idade às orações e versículos do sacer-.
média desenvolveu-se do Ambão o dote, para manifestar a união es-
nosso púlpito, que tem seu lugar piritual entre celebrante e assisten-
no corpo da igreja, reservado pa- tes. Hoje é dita pelo próprio ce-
ra a pregação. No Brasil, entre- lebrante, ajudante de Missa ou

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24 A
coro litúrgico, mas nada obsta a Anáfora (do gr. anapherein =
que nas Missas cantadas os fiéis oferecer, sacrificar), - 1) a par-
assistentes unam a sua voz à do te principal da Missa nas Litur-
coro. Todas as orações concluem gias orientais, desde o Prefácio
com Amém. - Não sendo conclu- até à Comunhão, inclusivamente.
são, como frequentemente aconte- Compreende, portanto, mais do
ce nos textos• escriturais, Amém que o cânon maior no Rito roma.:.
significa: Na verdade. no, que termina com o Per omnia,
Amenta, - 1) preces (respon- antes do Pater noster. E' a varie-
dade de anáforas, com o nome
so) que os fiéis, em alguns luga- dos verdadeiros ou presuntivos re-
res, costumam pedir ao 'sacerdote datores, um dos característicos das
pelos defuntos; - 2) esmola que muitas Liturgias do Oriente. (V.
por este motivo se oferece ao sa- Oração eucarística). - 2) deno-
cerdote. minação, às vezes usada nos Ritos
Amicto (do 1. amicire = cobrir), . orientais, de toda a Missa ou da
matéria do sacrifício apenas, e no
pano de linho do tamanho de um
grande lenço, com dois cadarços e Rito sírio, nome do véu (aer) que
cruz bordada rto centro, com que cobre as oblatas até à Consagra-
o sacerdote, ao se paramentar, co- ção.
bre o pescoço e os ombros, pas-
sando os cadarços por baixo dos
Anámnese (do gr. anamnesis =
comemoração), oração no cânon
braços e .atando-os sobre O· peito. da Missa do Rito romano e am-
Está em uso pelo menos desde o brosiano e na Anáfora das Litur-
século VIII. Sua origem é obscura. gias do Oriente, a qual começa
Talvez tenha sido o seu fim ape- com as palavras Unde et memores,
nas revestir decentemente o pes- que segue as palavras da Consa-
coço, protegê-lo contra resfriamen- gração e na qual se faz comemo-
tos e os paramentos contra o suor, ração da Paixão, Ressurreição e
porque esses se tornavam mais e Ascensão de Nosso Senhor. O sa-
mais preciosos. Em Roma usava- cerdote, na lembrança desses mis-
se o amicto por cima da alva, para térios, oferece à Majestade Divi-
cobrir a cabeça à guisa de capuz, na o Sacrifício do Corpo e San-
sendo adaptado no altar em volta gue de Jesus, presentes sob as es-
do pescoço. Isto lembra ainda a pécies consagradas. E' uma das
oração que o sacerdote reza ao partes mais antigas do cânon. Fal-
pôr o amicto ("Põe, Senhor, na ta no Rito mosárabe.
minha cabeça o elmo da salva-
ção", etc.), a rubrica que manda Anastásia, virgem e mártir, mor-
cobrir com ele a cabeça antes de ta em 304, mencionada no · cânon
adaptá-lo ao pescoço, e, enfim, o da Missa, depois da Consagração,
uso em algumas Ordens religiosas na oração Nobis quoque peccatori-
(Beneditinos, Franciscanos) de bus. A igreja desta Santa, situada
trazerem-no na cabeça, deixando-o ao pé do Palatino, em Roma, era
cair por detrás, ao chegar .ao al- antigamente igreja de estação, on-
tar. Depois do século XI ou XII de o Papa dizia a segunda Missa
a Igreja de Roma se conformou (missa in aurora) no dia de Natal.
com o uso geral em outras partes, Daí a comemoração que o sacer-
colocando o amicto por baixo da dote ainda hoje faz da Santa nes-
alva. (V. Fanone). sa segunda Missa, intercalando a
sua oração.
Ana, santa mãe de Nossa Se-
nhora. Celebra-se sua festa no dia Anátema, excomunhão, principal-
26 de Julho, no Oriente desde o mente quando infligida com as so-
século XI, no Ocidente tornou-se lenidades do Pontifical Romano.
universal só em 1584. (Dir. can. c. 2257, § 2).

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A 25
Andor ou charola, trono portá- mento. Hoje é uso geral colocar
til, geralmente de madeira, mais também a noiva um anel no de- ,
ou menos artisticamente enfeitado do anular do noivo.
e descansando sobre varais, para
nele serem levadas as imagens ou Anel pontifical, anel de ouro
relíquias dos santos nas procis- com pedra preciosa (a safira é
sões. Não é lícito sair, na mesma reservada aos Cardeais) no dedo
procissão, o SS. Sacramento, quan- anular da mão direita dos Car-
do saem andores com imagens ou deais, Bispos, Abades, Protonotá-
relíquias dos santos e vice-versa. rios apostólicos, os quais têm o
André, apósto1o, irmão de São direito de o trazer em todas as
Pedro. De sua festa, na Liturgia, funções litúrgicas. Usam-no tam-
a 30 de Novembro, dia presunti- bém os cônegos, doutores e mon-
vo de sua morte, os livros oficiais senhores, mas não na celebração
já fazem menção desde o princi- da Santa Missa. (Dir. can. e. 811,
pio do século VI. § 2). Os Cardeais recebem do Pa-
pa o anel na ocasião da entrega
Anel de pescador, anel oficial de sua igreja titular. - A sua ori-
do · Papa, sendo-lhe entregue ao gem para os Bispos não remonta
aceitar a eleição. Traz a efígie de além do VII século (Cone. de To-
S. Pedro sentado na barquinha, ledo, a. 633, can. 28) e era, a
puxando a rede, e o nome do Pa- princípio, um distintivo e ao mes-
pa. Depois da morte deste é que- mo tempo um sinete para selar os
bra~o. O anel de pescador é co- documentos oficiais. Desde o fim
nhecido desde Clemente IV (1265- do X século, os Rituais (Sacra-
1268) e servia para selar os Bre- mentários) fazem dele menção co-
ves pontifícios. Nesta serventia é mo parte das insígnias pontificais.
hoje substituído por sinete com a Os liturgistas têm-no como símbo-
efígie e o nome. lo da união entre o Bispo e sua
diocese. Além do anel propriamen-
Anel esponsalício. Recebem-no te pontifical, os Bispos da idade
as Religiosas na mão direita, na média usavam, às vezes, outros em
vestição (profissão ou ainda mais diversos dedos ou até em todos de
tarde), das mãos do Bispo, sacer- ambas as mãos. Era como uma
dote ou superiora, como símbolo exortação para ornarem todas as
das núpcias espirituais com o di- suas acções com o brilho da vir-
vino Esposo. Seu uso, mencionado tude. As insígnias dos Abades per-
já por Santo Ambrósio (t 397), tence o anel desde o século XI. -
até hoje não é geral em todas as Nos Ritos orientais o uso do anel
Ordens e Congregações. O anel é moderno.
geralmente é liso; mas há outros
com efígie. Angelus (!.), (toque das Ave-
Marias, ou simplesmente, as Ave-
Anel nupcial (aliança), cuja Marias), toque do sino pela ma-
bênção faz parte das cerimônias . nhã, ao meio dia e à tarde, com
do matrimônio, é colocado pelo as respectivas orações. O seu fim
noivo no dedo anular da mão es- é lembrarem-se os fiéis do gran-
querda da noiva, como símbolo de mistério da Encarnação do Fi-
de fidelidade. Os cristãos adopta- lho de Deus e honrarem a SS. Vir-
ram o anel dos antigos Romanos. gem. Rezam-se os versículos "O
Empregavam-no na ocasião de anjo do Senhor anunciou a Ma-
contratarem casamento ( subarrha- ria", etc., com os competentes res-
tio de arrha = penhor), até que ponsórios, intercalando-se, três ve-
no século XI, mais ou menos, a sua zes, a saudação angélica, com ora-
entrega passou a fazer parte das ção no fim. - Deve o Angelus
cerimônias na recepção do Sacra- a sua origem a São Boaventura,

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26 A
da Ordem franciscana, que deter- Missas fundadas anuais, sem res-
minou o toque solene, · no Capí- peito ao dia da morte e do enter-
tulo celebrado em Piza, no ano ro, ou celebradas por outro qual-
de 1263, e espalhou-se paulatina- quer motivo.
mente pelo mundo inteiro, mas
não em forma igual. O toque pela Ano bissexto, 1. annus bissextus
manhã tornou-se ~era! no século ou bissextilis), ano que em lugar
XIV e o Papa Cahxto III prescre- de 365, tem 366 dias, como acon-
veu, no século XV, universalmente, tece de quatro em quatro anos,
o toque ao meio dia. - Bento isto é, em todos os anos, cujo al-
XIV prescreveu que durante o tem- garismo é divisível por quatro. O
po de Páscoa, em lugar do Ange- dia que nos anos bissextos é acres-
lus, se rezasse a antífona Regina centado intercala-se depois do 23
caeli, com a respectiva oração, de Fevereiro. O dia 24 então é
concedendo as mesmas indulgên- celebrado como Vigília e as festas
cias do Angelus. do Apóstolo São Matias e seguin-
tes até o fim do mês são transfe-
Aniversário, dia aniversário de ridas para o dia imediato. Como
certos factos que a Igreja celebra para o martirológio da Prima do
liturgicamente. Tem aniversário a dia intercalado não há fórmula es-
eleição e coroação do Papa, e a pecial, anuncia-se sàmente a Vigí-
eleição e sagração do Bispo dioce- lia e repete-se a introdução do dia
sano. Para ambos os aniversários anterior (sexto calendas Martii =
há no Missal uma Missa votiva. sexto dia antes do 1° de Março),
Não permitindo as Rubricas a sua de modo que se diz duas vezes
celebração, far-se-á a comemora- (bis) sexto calendas etc. Do latim
ção na Missa ocorrente. - A sa- bis sexto (sexto é ablativo) deri-
gração (dedicação) da igreja co- va-se o adjetivo português bis-
memora-se todos os anos com Mis- sexto.
sa e Ofício. Da igreja catedral ce-
lebra-se o aniversário da sagração Annótina (!.) V. Páscoa annó-
em toda a diocese, no dia próprio tina.
ou em outro dia. O de todas as
outras igrejas (sagradas) num só Ano eclesiástico ou litúrgico, su-
dia marcado na diocese, província cessão ordenada das festas e tem-
eclesiástica ou Ordem religiosa. O pos sacros que anualmente se re-
• da Basílica de Latrão, das Basíli- petem. Intimamente unido ao de-
cas de São Pedro e de São Paulo, correr da história de nossa salva-
nos · dias 9 e 18 de Novembro e o ção, representa o ano eclesiástico,
da Basílica de N. Senhora das Ne- em miniatura, toda a obra da re-
ves (Santa Maria Maggiore), a 5 denção e a traslada ao vivo na
de Agosto, em toda a cristanda- Missa e no Oficio divino. Começa
de. O aniversário da dedicação da com o primeiro domingo do Ad-
igreja era antigamente dia santo vento e acaba no vigésimo quarto
de guarda. - A morte de algum depois de Pentecostes. O ponto
defunto a Igreja comemora no dia central é a festa da Páscoa, por-
aniversário da morte ou enterro que a Morte e Ressurreição de
( dies depositionis) com Missa e Nosso Senhor são, na Redenção,
Ofício divino, ou só com Missa. os dois pontos cardeais em torno
Pertence esta Missa às privilegia- dos quais se movem os outros fa-
das, junto com a do dia da morte, ctos. Por isso o tempo de Páscoa
do terceiro, sétimo e trigésimo dia, é, nos seus componentes principais
quer dizer, é permitida a sua ce- (Sexta-feira Santa, Páscoa, Pente-
lebração em dias de dúplice menor costes), a parte mais antiga no de-
e maior, salvo as excepções. - Em senvolvimento histórico do ano
sentido largo, são Aniversários as eclesiástico; ele remonta ao segun-

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A
do século da era cristã. O tempo Rito romano e os diversos orien-
sacro que precede a Páscoa pode tais.
ser considerado como a sua pre-
paração; o que se segue, como Ano santo ou jubilar, consiste
continuação e conclusão. Em pon- na concessão de uma indulgência
to pequeno recapitula-se a Páscoa plenária aos que, indo em pere-
todas as semanas no domingo, e grinação a Roma e visitando as
esta repetição, tendo a festa da quatro Basílicas, cumprem as ou-
Páscoa como centro, representa () tras condições estabelecidas., Além
esqueleto primitivo do .ano ecle- disso, concede o Santo Padre ex-
siástico. Sucessivamente foi-se de- traordinários favores em prol das
senvolvendo o ano litúrgico com a almas arrependidas que desejam a
introdução de outras festas de perfeita reconciliação com Deus e
Nosso Senhor, de Nossa Senhora se dirigem à cidade eterna. Para
e dos Santos, com suas Vigílias e os ·que não podem visitar Roma,
Oitavários. A fixação dessas fes- o Santo Padre estabelece outras
tas não depende somente da Pás- condições para ganhar a indul-
coa, mas também de datas do ano gência. - O tipo do ano jubilar
civil. O primeiro modo produziu cristão, como ano de indulgência
as festas e os tempos sacros mó- e perdão, é o que os judeus, por
veis; o outro, os fixos. Na Igre- ordem de Deus, celebravam de 50
ja ocidental o ano eclesiástico já em 50 anos. (3 Mois: 25, 8-55).
tinha chegado a seu completo de- Consistia na proibição de cultivar
senvolvimento no século VII. - os campos, visando Deus com isto
Distinguimos, dentro do ano ecle- fins de ordem e equidade social,
siástico, o tempo ou ciclo de Natal porque era lícito aos pobres co-
com o Advento, o Natal (25 de lher o que sem cultivo crescia, na
Dez.), a Circuncisão (1 9 de Janei- libertação dos mancípios para vol-
ro) , a Adoração dos Magos e o tarem às suas famílias, na resti-
Batismo no Jordão (6 de Jan.) e tuição de todas as terras a seu
a Apresentação no templo (2 de primeiro dono e em muitos outros
Fevereiro) e o tempo ou ciclo de favores. A palavra jubileu é deri-
Páscoa com a preparação remota vada do hebraico /obél = som, so-
(supressão na Missa das partes nido, porque Deus mandava anun-
que exprimem júbilo) desde o do- ciar esse ano com o toque da bu-
mingo de Septuagésima até à zina em todo o país. Na Igreja
Quarta-feira de Cinzas, a Quares- Católica há leis certas sobre o ano
ma, o tempo da Paixão, que co- santo, desde 1300, em que o Pa-
meça na penúltima semana da pa Bonifácio VIII determinou que
Quaresma e termina com a Sema- fosse celebrado de cem em cem
na Santa, a Páscoa, a Ascensão, anos. Mas o Papa Clemente VI,
Pentecostes. Abstraindo dos do- em 1349, reduziu o prazo a 50
mingos entre a Páscoa e Ascensão, anos e Paulo 11, em 1475, com o
todos os outros são comuns, quer fim de na vida de cada um cair
dizer, carecem de um centro que pelo menos um ano santo, estabe-
lhes imprima carácter particular. leceu o prazo de 25 anos, o que
Nas mesmas condições, isto é, sem desde então tornou-se regra inva-
centro, estão as festas de Nosso riável. - O próprio Pontífice abre
Senhor e principalmente as dos o ano jubilar com cerimônias na
Santos que nessa época são cele- porta áurea de São Pedro, a qual,
bradas. Para sua fixação prevale- depois de o Papa nela bater com
ceu geralmente a data histórica. - o martelo do jubileu, é aberta e
O ano eclesiástico grego começa franqueada, para ser murada outra
em Setembro; o dos armênios, na vez ao terminar o ano. Durante
Epifania; o sírio, em Outubro; o ano santo estão suspensas, fo-
além de outras diferenças entre o ra de Roma, todas as indulgên-

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2.8 A
cias em favor dos vivos, anexas primido. - Raras vezes são ante-
à Bênção Papal, Absolvições ge- cipados a Missa e o Ofício de do-
rais, orações e certas obras, sen- mingo.
do aplicáveis sàmente às almas do
purgatório. As poucas excepções Antecoro, dependência nas igre-
são enumeradas na bula do Papa. jas catedrais, colegiadas e con-
ventuais, em que os cônegos e os
Anunciação, festa de Nossa Se- coristas se reúnem para processio-
nhora, com rito de 1.ª classe, a nahnente entrarem no coro.
25 de Março (dia santo suprimi-
do), comemorando a anunciação, Anteparo, anteporta, biombo,
pelo Arcanjo São Gabriel, da En- movediço ou não e, no último caso,
carnação do Verbo eterno no seio geralmente com duas meias por-
da SS. Virgem, pelo que, antiga- tas, na entrada da igreja, o qual
mente, chamava-se também Con- impede ver-se o altar de fora e,
ceptio Christi. Conhecida esta fes- ao mesmo tempo, serve para res-
ta no V século, sua celebração guardar os fiéis contra a friagem
tornou-se geral no VIII, em todo e o vento, pelo que é chamado
o Ocidente. A data pode ser con- também paravento ou tapavento.
siderada como de tradição apostó-
lica. No Rito mosárabe, entretan- Antepêndio (1. antipendium),
to, celebra-se no dia 18 de Dezem- frontal, que cobre as faces da ba-
bro, dia em que no Rito .romano se do altar.· (V. Frontal).
se comemora, em algumas igrejas,
a Expectação do Parto de Nossa Antífoda (gr. antiphoné = ré-
Senhora (Nossa Senhora do Par- plica, resposta, de ·anti = contra,
to,. N. Senhora do O'). phoné = som, voz),' breve texto
com canto melismático que, no
Antecipação, recitação do Ofício Oficio divino, precede e segue ca-
divino (Matinas e Laudes) na vés- da um dos salmos. - Cantar em
pera antecedente. A todos os clé- Antífonas significava antigamente
rigos é lícito antecipar o Ofício cantar versículos dos salmos al-
desde as duas horas. Em algumas ternadamente a dois coros, uso
associações (p. ex. na União Mis- que floresceu em Milão, no tem-
sionária do clero) os membros e po de Santo Ambrósio, e que de-
outros, por comunicação directa pois se propagou pelo Ocidente.
da Santa Sé, têm o privilégio de Os versículos eram interrompidos
começar a recitação ao meio dia, pelo canto, a coro cheio, de um
contanto que antes tenham rezado estribilho invariável, que se repe-
todo o Ofício do respectivo dia. tia, frequentemente, depois de ca-
Na Quaresma, desde o primeiro da versículo. Por sinédoque este
sábado até ao Sábado Santo, me- estribilho foi chamado Antífona,
nos nos domingos, antecipam-se, em sentido restrito, e continuou a
no coro, as Vésperas, sendo reza- ter este nome quando o seu canto
das antes do meio dia (antes da ficou, como hoje, limitado ao prin-
refeição principal). Lembra esta cípio e fim dos salmos. A Antífo-
Rubrica a praxe rigorosa do je- na indica, musicalmente, o tom em
jum, que só permitia a refeição que o respectivo salmo deve ser
pela noite, pelo que as Vésperas cantado. O seu conteúdo· exprime
rezavam-se naturalmente antes. - a idéia principal do salmo no Ofí-
São antecipadas também as Vigí- cio dominical, ferial e naquele de
lias de festas, sempre que caírem festas cujas Antífonas são do sal-
em domingo, sendo celebradas, en- tério. Nas festas com Ofício pró-
tão, no sábado. Não se antecipa, prio ou tirado do Comum dos San-
porém, neste caso, o jejum, se es- tos a Antífona reflecte o mistério
tiver anexo à Vigília, mas é su- ou assunto da festa. Nas festas do

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A 29
Rito dúplice a Antífona é cantada uma das horas canomcas com a
(rezada) por inteiro, ' antes e de- reforma do Ofício elaborada pelos
pois do salmo; nas outras é só Franciscanos e aprovada por Gre-
entoada. Além dos salmos, têm An- gório IX, no século XIII, em
tífona os Cânticos. Também o In- substituição dos Ofícios de N. Se-
tróito, Ofertório e Communio nhora ou dos defuntos, que eram
eram, em sua origem, Antífonas rezados em alguns conventos de-
com salmo, de que só no Intróito pois do Ofício ordinário. Universal
restou um vestígio. e uniforme, porém, essa recitação
só se tornou com a reforma de
Antífonas de O', sete antífonas Pio V, no XVI século. Das quatro
para serem recitadas nas Véspe- antífonas a mais antiga é o Ave
ras de 17 a 23 de Dezembro, que Regina caelorum, pois é anterior
começam com O' (O Sapientia, O ao VII século, as outras datam
Adonái, etc.) e em que a Igreja, do X e do XI século.
com os Patriarcas do Antigo Tes-
tamento, exprime o anelo pelo Sal- Antimensa (1. antimensium, do
vador. Sendo celebrada, em alguns gr. anti = em lugar de, e 1. men-
lugares, a festa da Expectação do sa), no Rito grego, pano de linho
Parto de Nossa Senhora, no di a sagrado pelo Bispo, com relíquias
18 de Dezembro, em cujas primei- de mártires costuradas nos qua-
ras véspeq1s começa a recitação tro cantos e geralmente com uma
das antífonas, chamam de Nossa imagem de Nosso Senhor, deitado
Senhora do O', esta festa. no sepulcro, ao meio. Faz as ve-
zes, ao mesmo tempo, da Pedra
Antifonário, livro que continha d'ara e do corporal do· Rito lati-
todas as Antífonas, Responsórios e no. Na falta de Pedra d'ara não
outros cânticos do Ofício e Missa. é lícito ao sacerdote do Rito lati-
O primeiro Antifonário é atribuí- no celebrar sobre o antimensium
do a São Gregório Magno. Mais dos gregos. (Dir. can. c. 823, § 2).
tarde fizeram-se dois livros: f\nti- Houve excepções autorizadas na
fonário para as Antífonas e Res- guerra mundial.
ponsórios do Ofício, e Gradual pa-
ra as Antífonas e Responsórios da Antístite (do 1. ante e stare =
Missa. Esta divisão ainda está em estar à frente), na linguagem ecle-
uso. siástica o Bispo diocesano.
-Antífona final de Nossa Senho- Aperitio aurium (1. = abertura
ra, hino em honra de Nossa Se- dos ouvidos), cerimônia do ritfl
nhora, no fim das horas canôni- do Batismo. O sacerdote toca nas
cas, recitado ou cantado alterna- orelhas e narinas do batizando
damente. Fora do coro é de obri- com saliva de sua boca, manda
gação recitá-la depois das Laudes que se abram em odor de suavi-
(ou outra hora que às Laudes se dade (recebendo as verdades da
unir) e Completas. Há hoje quatro fé e abraçando-as no coração) e
Antífonas finais, distribuídas do que o demônio fuja diante do juí-
modo"seguinte. Do primeiro- domin- zo de Deus, que se aproxima. E'
go de Advento até à Purificação: o último exorcismo antes do ba-
Alma Redemptoris mater, etc.; da tismo e conhecido na Igreja lati-
Purificação até à quarta-feira da na no IV século, como resulta de
Semana Santa: Ave Regina caelo- uma exposição (De mysteriis) de
rum, etc.; no tempo da Páscoa: Santo Ambrósio. Na Igreja orien-
Regina caeli laetare; no resto do tal não existe esta cerimônia. -
ano eclesiástico: Salve Regina, Também a explicação do Símbolo
etc. Foi introduzida a recitação aos catecúmenos chamava-se ape-
dessas antífonas depois de cada ritio aurium. (V. Escrutínios).

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30 A
Apologia (gr. = defesa, justifi- vremente dispor dos diversos frú-
cação), fórmula de acusação ge- tos, dividindo-os e destinando-os
ral dos pecados. O uso de seme- como entender. Não assim, po-
lhantes fórmulas veio do Oriente rém, quando é obrigado a celebrar
para a Igreja ocidental, no VI e em certa intenção, por ter recebido
VII séculos, éonservando-se no para esse fim uma espórtula, ou
Confiteor, .que em sua origem é em virtude de seu cargo ou por
uma dessas apologias. A denomi- obediência. Nesse caso, a divisão
nação apologia, que no Ocidente dos frutos não lhe é permitida.
caiu em desuso desde o XI século, A cor dos paramentos com 'que a
mais ou menos, explica-se pelo Missa é celebrada não influi sobre
facto de o homem, com a acusa- a aplicação dos frutos.
ção humilde de seus pecados e o
arrependimento, fazer a sua defesa Aplicação pelo povo, celebra-
diante da justiça divina. V. Con- ção da Santa Missa em prol dos
fiteor. fiéis confiados a seu cuidado pelos
Bispos diocesanos, Administrado-
Apolusia (do gr. apólousis = res Apostólicos perpétuos, Vigá-
ablução), no Rito grego a ablu- rios Capitulares, Párocos e qua-
ção, feita no neófito, na igreja, se Párocos. E' de obrigação esta
oito dias depois do batismo, das Missa todos os domingos e dias
partes (rosto, cabeça, peito) que santos de guarda, mesmo suprimi-
foram ungidas no batismo. Antes dos. (Dir. can. cc. 339, 315, § 1,
dessa cerimônia, o neófito entre- 440, 466), com excepção dos Vi-
ga o vestido branco com que an- gários Apostólicos e dos quase-
dou durante os oito dias. Párocos, que têm este dever só
nas festas principais do ano. (Dir.
Apóstata, 1) o cristão que aban- can. c. 306). Impedido, pode o Bis-
dona por completo a fé católica po mandar dizer esta Missa por
(apóstata da fé). - 2) o religioso outro ou quanto antes em outro
ou religiosa de votos perpétuos, dia e' isto permitir também aos Pá-
simples ou solenes, que sai ou i:ocos. A Santa Sé concede às ve-
permanece fora do convento com zes aos Bispos poderem autorizar
a intenção de não voltar (apósta- os vigários a celebrarem, em lu-
ta da religião). Dir. can. c. 644, gar da Missa pelo povo, outra en-
§ 1. comendada, para a espórtula ser
aplicada ao sustento do seminário.
Aparição, 1) de Nossa Senhora.
Uma festa de Maria Santíssima Apresentação de Nossa Senhora,
em comemoração da aparição (11 (1. Praesentatio B. M. V.), festa
de Fevereiro) da Virgem Imacula- de Nossa Senhora, comemorando
da em Lourdes. Pio X estendeu-a a entrega de Maria ao templo, aos
a toda a cristandade. - 2) de São seus três anos, para ser educada
Miguel, comemoração da aparição entre as virgens do templo, con-
do Arcanjo São Miguel (8 de forme narra a lenda (Evang.
Maio) no monte Gargano. apocr. de S. Tiago). Do Oriente,
onde a festa é mencionada pela
Aplicação da Missa, celebração primeira vez em 1166, propagou-
da Santa Missa em certa intenção, se pouco depois à Hungria e nos
ou a destinação do fruto especial séculos posteriores ao resto do
(ministerial) da mesma, pelo sa- Ocidente, tendo sido recebida no
cerdote celebrante, como ministro Breviário romano por Sixto IV (t
do Sacrifício, aos vivos ou às al- 1484) e estendida a toda a cris-
mas do purgatório. Se o sacerdote tandade por Sixto V, em 1585. Ce-
celebra por devoção, isto é, sem lebra-se a 21 de Novembro, com
obrigação de justiça, pode ele li- rito de dúplice maior.

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A 31
Apresentação do Menino Jesus, dignidade de Arcebispo está ane-
mais conhecida com o nome de xa à Sé episcopal por determina- -
Purificação de Nossa Senhora, a ção ou com aprovação do Papa.
2 de Fevereiro. A insígnia de Arcebispo é o pálio.
Os direitos que lhe competem nas
Ara, palavra usada na S. Escri- dioceses sufragâneas são muito li-
tura e pelos Santos Padres, sà- mitados. (Dir. can. c. 274).
mente para significar altar pagão.
Mais tarde e raras vezes significa Arcediago ( arcediácono), · pri-
o Altar cristão, principalmente na meiro auxiliar do Bispo, cujas ve-
linguagem poética e elevada. Se- zes fazia com próprio foro, à se-
gundo o uso que veio da Espanha melhança do Vigário Geral de ho-
chama-se hoje ara sàmente a pe- je. E' presentemente só título de
dra sagrada, mas com· o acrésci- honra com direito de assistir ao
mo portatilis. Bispo na Missa pontifical e dar,
na ordenação, testemunho da
Aranüela. V. Açucena. dignidade do ordenando.
Arcano (do 1. arca = caixa, co- Arcipreste. V. Vigário forâneo.
fre), segredo, mistério. Nos pri-
meiros séculos da era cristã era Arco cruzeiro (arco triunfal),
praxe, considerada lei, velar sob grande arco que dá acesso ao
imagens e expressões simbólicas, presbitério da igreja. V. Cruz
ou ocultar de todo os divinos triunfal.
mistérios (certas partes da dou-
trina e culto), como o Símbolo, o Armário (1. armarium ou ama-
Padre-Nosso, o Batismo, a Euca- riolum). - 1) denominação medie-
ristia) aos não batizados, isto é, val do escrínio para a conserva-
aos catecúmenos e pagãos, com o ção da Eucaristia. Com a paz con-
intuito de evitar irreverências e cedida ao cristianismo no início
perseguições. Tertuliano, no II sé- do IV século tornou-se a igreja
culo, nos fornece disso o primeiro o lugar permanente para a con-
testemunho escrito. Parece que se servação da Eucaristia, cessando
introduziu essa praxe junto com o o uso, sendo mesmo proibido de
catecumenato, e as perseguições se levar as espécies sagradas para
favoreciam a sua aplicação em es- casa. No Ocidente, principalmente,
cala mais larga. A norma de assim guardava-se então o SS. Sacra-
proceder chamaram os autores, mento em dependências fora do
desde. o século XVII, lei ou disci- recinto interno da igreja, chama-
plina do arcano. Com o catecume- das pasto/órios, sacrários ou se-
nato desapareceu, no princípio do cretários. Posteriormente, isto é,
VI século. V. Traditio symboli. desde 1000, e sem com isto cessar
de todo o uso antigo, preparava-
Arcaz, armário na sacristia, para se no presbitério um lugar. para
guardar os paramentos, etc., e a conservação. Era uma pomba de
colocá-los para o sacerdote os metal dourado (pomba eucarísti-
vestir, muitas vezes artisticamente ca), pendente sobre o altar, mas
trabalhado. também um armário pequeno enta-
lhado na parede ao lado do Evan-
Arcebispado, ou arquiepiscopa- gelho. No período gótico davam-
do, diocese, governada por um Ar- se a este armário belíssimas for-
cebispo. mas arquitetônicas, a figura mes-
mo de torre ou templo. Somente
Arcebispo, ou arquiepiscopo, desde o século XVI tornou-se, pou-
(Metropolita), chefe jerárquico de co a pouco, vigente o uso de se
uma Província eclesiástica. A conservar o Santíssimo no próprio

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32 A
altar, em tabernáculo fixo, o que <lições topográficas ou mesmo ar-
hoje é de obrigação. (Dir. can. c. . quitetônicas do sítio em que se
1269, § !). - 2) armário na pa- pretende construir a igreja, e do
rede áo presbitério ou do batisté- ambiente. A delineação da planta
rio, para guardar os santos óleos, deve obedecer às exigências do
as relíquias na igreja ou sacristia, cúlto. Outra é, por isto, a planta
os paramentos na sacristia. (Car- de uma igreja conventual, paro-
ta pastoral .col. ns. 638, 642, 499, quial, colegial, etc. No Ocidente
643). adoptou-se como tipo na constru-
ção de igrejas a Basílica romana
que, por sua vez, encontrou seus
Arqueologia cristã (do gr. ar- modelos nas construções profanas.
chaios = antigo, lógos= ciên- Com a sua divisão em corpo de
cia), ciência proveniente do estu- igreja e presbitério (ábside) favo-
do dos monumentos antigos do rece este estilo a separação entre
cristianismo, necessária para o o clero e os fiéis e satisfaz às
perfeito conhecimento da Liturgia. necessidades cultuais na celebra-
ção dos actos do culto, na admi-
Arquiconfraternidade, Arquisoda- nistração dos Sacramentos e na
lício, confraternidade, sodalício que pregação. Em épocas posteriores
da S. Sé recebeu o indulto de a arte transformou o estilo puro
agregar em certo território ou por de Basílica, modificando a planta
toda parte associações com o mes- no interior e exterior, segundo as
mo título e semelhantes fins, par- precisões, e suas formas arquite-
ticipando-lhes suas indulgências. tônicas com o desenvolvimento da
- O mesmo vale das Pias Uniões, técnica. Assim resultou o estilo ro-
Congregações, Sociedades primá- mano e gótico. A celebração fre-
rias. - O nome arquiconfraterni- quente da S. Missa produziu, pri-
dade é conferido pela S. Sé tam- meiro nas igrejas conventuais, o
bém como título de honra. (Dir. alargamento do presbitério, com
can. cc. 720-725). maior número de altares em sua
volta, e a pregação, exercida pe-
Arquimandrita (do gr. arclzos = las Ordens Mendicantes com mais
chefe, mandra = cerrado, mostei- assiduidade, influenciou sobre a
ro), na Igreja grega, superior de forma arquitetônica das naves in-
um Mosteiro (Abade) ou de uma ternas, procurando-se boa acústi-
Congregação de diversos Mostei- ca. As criptas devem a origem à
ros (Arquiabade). Também é tí- trasladação dos corpos de santos,
tulo de honra para sacerdotes no- e a supressão do adro permitia
táveis. formas ricas na fachada, com tor-
re e magníficos portais. (Catedral
Arquipresbítero. V. Vigário fo- de Colônia, Reims, etc.). - A Re-
râneo. nascença visava em suas constru-
ções criar espaço para o povo, al-
Arquitetura eclesiástica, ramo da tares (fileiras de altares nas na-
arquitetura em geral, que se ocupa ves laterais) e púlpito. - O Bar-
com a construção de edifícios pa- roco e Rocócó limitavam-se a uma
ra o culto divino. A Igreja não só nave, abundante e ricamente or-
exige determinado estilo para seus nada. No Oriente bizantino preva-
edifícios cultuais, mas admite to- lecia a forma rotunda (Santa So-
dos. A arquitetura eclesiástica, fia, em Constantinopla), tendo
pois, emprega os estilos como se mais em consideração a facilidade
desenvolveram com os progressos de se abranger tudo com a vista
da arte, dependendo a escolha, em do que fins práticos do culto. As
caso particular, da preferência do nossas antigas igrejas no Brasil
gosto e, de algum modo, das con- aproximam-se do Barroco e Ro-

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A 33
coco. No tempo moderno cons- paulatinamente por todo o Ociden-
troem-se também no Brasil mui- te. E' esta aspersão uma substi-
tas igrejas em estilo romano e gó- tuição da purificação das mãos,
tico, e, às vezes, basilical. Exis- da parte dos fiéis, antes da Missa.
tem, outrossim, igrejas em estilo Os liturgistas medievais conside-
moderníssimo, chamado estilo ravam-na como um sacramental,
cubista. lembrando o batismo.
Arte sacra, qualquer ramo de Aspersório (ou aspergillo, hys-
arte a serviço do culto divino e sope), instrumento para fazer as
inspirado por ele em suas formas. aspersões litúrgicas. No Brasil cos-
tuma ser um cabo de (neta!, de
Ascensã.o do Senhor, festa de uns 20 cm. de comprimento, com
Nosso Senhor com rito de l.ª clas- remate em forma de bola perfura-
se, com Vigília e Oitavário, cele- da, com ou sem esponja por
brada 40 dias depois da Ressur- dentro.
reição, em honra e comemoração
de sua gloriosa subida ao céu, no Assentar-se durante as funções
monte das 'Oliveiras. Em tempos litúrgicas só se conhecia na anti-
antigos, como também na idade guidade no caso de necessidade e
média, costumava-se fazer antes durante as lições e as prédicas.
da Missa uma procissão, simbo- Paulatinamente introduziu-se uma
lizando o caminho de N. S. ao disciplina mais benigna, principal-
monte, depois da qual realizavam- mente por causa da extensão das
se, em muitos lugares, representa- horas canônicas e com ela, des-
ções simbólicas da Ascensão. Tal- de os fins do XI século, foram
vez sejam estas a origem da ce- adoptados assentos e bancos a
rimônia litúrgica de hoje de o usar durante a salmodia. Também
Diácono, depois do canto do Evan- hoje as rubricas só limitadamente
gelho, apagar o círio pascal. - A permitem o assentar-se. Sentam-se
festa da Ascensão é antiquíssima celebrante e ministros na Missa so-
na Liturgia. Tanto no Oriente co- lene, durante o canto dos trechos
mo no Ocidente é celebrada pelo c11ja terminação têm que aguardar
menos desde o IV século. para prosseguir a Missa: Kyrie,
Glória, Gradua/e, etc. Os coristas
Asperges me (1.), . cerimônia li- sentam-se durante os mesmos tre-
túrgica, obrigatória, segundo o Ce- chos, ·desde o Oremus do Ofertório
rimonial dos Bispos, nas cate- até ao Prefácio e desde a antífo-
drais, quando o Bispo não está na que se chama Postcommunio
presente, e nas igrejas colegiadas, até ao Dominus vobiscum que pre-
por costume nas igrejas paroquiais cede as últimas orações. No Ofí-
e conventuais, nos domingos, antes cio divino cantado e no Ofício de
da Missa cantada ou principal. defuntos no coro sentam-se os co-
Consiste na tríplice aspersão, com ristas durante os salmos com as
água benta, do altar, aspersão do antífonas e as lições com os res-
celebrante, dos ministros, clero e ponsórios; no Ofício rezado no co-
povo, com a recitação (canto) da ro, somente durante as lições com
antífona Asperges me hyssopo et os responsórios (o costume, onde
mundabor, etc., do salmo 50 Mise- houver, autoriza o sentar-se tam-
rere (de que o coro só canta um bém durante a recitação dos sal-
verso) e repetição da antífona com mos) e podem fazê-lo também no
o versículo e oração. No tempo de caso de o Ofício se cantar ou re-
Páscoa a antífona é Vidi aquam, zar diante do Santíssimo exposto.
etc. e . o salmo Confitémini. - O sacerdote administra o Sacra-
Praticada esta aspersão na Fran- mento da Penitência sentado, co-
ça desde o IX século, espalhou-se mo o Bispo administra sentado o
Dlc. Litúrgico - 3

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Batismo e a Crisma, confere as var no meio de cada versículo, fa-
Ordens e realiza diversas bênçãos vorecendo deste modo uma reci-
solenes. E' regra geral que o ofi- tação igual e uniforme. - Nas
ciante litúrgico não se assente du- antífonas indica a entoação. Eis
rante tudo o que tenha carácter de um exemplo:
oração. Ant. Laudate * Dominum, om-
nes gentes.
Assento no coro (ou stallos, 1. Si 116. Laudate Dominum, om-
stalla, do ai. Stelle ::;: .lugar), ca- nes gentes, * lauda te . eum, om-
deiras enfileiradas e unidas entre nes populi.
si no presbitério (coro) das igre- Quoniam confirmata est super
jas catedrais, colegiadas, conven- nos misericordia ejus: * et veritas
tuais, a serviço dos cônegos ou re- Domini manet in reternum.
ligiosos durante a recitação do di- - 2) objecto formado de dois
vino Ofício e todas as funções pequenos arcos de metal, cruzan-
litúrgicas. Conforme for o núme- do-se no meio e sendo movediços.
ro dos coristas, há uma ou mais E' colocado, no Rito grego, so-
fileiras ( superioris, inferioris ordi- bre a patena (discos) com as par-
nis), tendo os dignatários cadei- tículas a consagrar, a fim de evi-
ras especiais. Compõem-se as es- tar toque nelas o véu sobreposto
talas de um banquinho para ajoe- ou desarranje a posição prescrita
lhar e assento (sedile, scamnum) das mesmas.
com dobradiças para levantar, ten-
do este muitas vezes no lado de Aufer a nobis (1.), início da ora-
baixo um consolo (misericórdia) ção que o sacerdote reza ao subir
que serve de apoio ao corista os degraus do altar, no princípio
quando de pé e o assento levan- da Missa, quando estende e logo
tado. O feitio hodierno das cadei- une as mãos. Faz-se menção desta
ras do coro remonta ao XI e XIII oração no Sacramentário de Ge-
século. A Gótica, como a Renas- lásio (séc. V e VI), mas não para
cença e o Barroco, ornaram-nas ser recitada no princípio da Mis-
com esculturas e talhas, frequente- sa. O Santo dos Santos no taber-
mente riquíssimas, como é de ver náculo da antiga lei é, nessa ora-
em muitas igrejas catedrais e con- ção, o símbolo do altar cristão.
ventuais também no Brasil. Em al- Logo em seguida o sacerdote diz
guns países é costume colocarem- a oração Oramus, Te, Domine,
se, nos conventos, as cadeiras ou beijando o altar às palavras "cujas
atrás do altar-mor, ou por cima relíquias aqui se acham". Ambas
da entrada na igreja. as. orações rezava o Papa, na ida-
de média, quando celebrava na ca-
Assunção de N. Senhora, festa pela doméstica do Latrão, chama-
de l .ª classe, com Vigília e Oita- da Santo dos Santos por causa
vário, em comemoração da Assun- das muitas e preciosas relíquias
ção corporal de Maria ao céu. Ti- que encerra. Os Franciscanos, que
nha antigamente o nome Dormitio, desde o princípio adaptaram os
Pausatio, e celebrava-se em Roma, ritos da Cúria, contribuíram para
já no VII século, achando-se, no as duas orações se generalizarem
IX, espalhada por toda parte. Sen- no Rito romano. Eis as ditas ora-
do de origem oriental, é de supor ções: "Tirai de nós, vo-lo pedi-
tenha sido celebrada ali muito an- mos, Senhor, as nossas iniquida-
tes do VII século. des, para que, puros de coração,
possamos entrar no Santo dos San-
Asterisco (gr. diminutivo de as- tos." - "Pedimo-vos, Senhor, pe-
têr = estrela) - 1) estrelinha los merecimentos dos vossos san-
que na recitação coral dos salmos tos, cujas relíquias aqui se acham,
indica a pequena pausa a obser- e de todos os santos, que vos

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digneis perdoar todos os meus com a segunda parte, Santa Ma-
pecados. Amém." V. Orações ao ria, etc., de orige{Il franciscana.
pé do altar.. Como oração oficial entrou a Ave
Maria no Breviário, em 1568. E'
Auréola. (V. Resplendor). recitada no Ofício divino, no início
das Matinas, das horas menores e
Aurifrísio (ou auriphrygio, do 1. Vésperas e no fim das Completas.
aurum = ouro, phrigium, em sen- Fora disso tem emprego litúrgico
tido translado = bordado), apli- só em algumas funções do Ritual,
cação ornamental de tecidos ou p. ex. no exorcismo.
bordados de seda e ouro, às ve-
zes com pérolas preciosas, nos pa- Ave maris stella (!.), hino em
ramentos litúrgicos ou no frontal honra de Nossa Senhora, de au-
do altar. tor desconhecido no IX (?) sé-
culo, frequentemente usado nas
Autentificação, acto pelo qual a Vésperas dos Ofícios de Nossa Se-
autoridade competente reconhece nhora. Durante a primeira estro-
genuínas as relíquias de santos e fe os coristas ajoelham. E' reci~
sem o qual não podem ser expos- tado ou cantado também muitas
tas à veneração pública nas igre- vezes em actos extra-litúrgicos.
jas. Têm competência para auten-
ticar relíquias os Cardeais, o Bis- Ave Regina ~lorum, V. Anti-
po diocesano e qualquer eclesiás- ! ona final de N . Senhora. -
tico que para isso tenha indulto
apostólico. Tendo-se perdido a Azimo ou asma, (pão ázimo =
autêntica, as respectivas relíquias não fermentado), matéria prescri-
não podem ser expostas, a menos ta para a Consagração das Hós-
que preceda o juízo do Bispo dio- tias na Igreja ocidental, em que
cesano. As relíquias antigas, po- provàvelmente desde o século VIII,
rém, devem ser conservadas, a não todos os Ritos se servem dele. No
ser que documentos certos provem Oriente, com excepção dos armê-
serem falsas. (Dir. can. cc. 1283, nios e maronitas, usa-se o pão fer-
1284). mentado. - Segundo permite o
Direito canônico (c. 866), podem
Ave Afaria (ou Saudàção angé- os fiéis receber a S. Comunhão,
lica), oração com que os cristãos mesmo só por devoção, em qual-
veneram a SS. Virgem. Compunha- quer Rito, isto é, em ázimo ou
se primeiro das palavras do Ar- fermentado, recomendando-se, po-
canjo e das de Santa Isabel. Em rém, que recebam a Comunhão
uso desde o século XII, ajuntou-se pascal e o Viático em seu próprio
no século XIV a palavra jesus Rito, excepto caso urgente. V.
e no século XVI foi aumentada Hóstia.

Bacia (1. bacile, pelvis), usada bola, estatueta, ou outro enfeite,


com o jarro (urceus) nas purifi- na mão do primeiro cantor (prae-
cações litúrgicas. Sómente os Pre- centor, primicerius) como distinti-
lados maiores têm direito à bacia vo de sua dignidade, no tempo
com o jarro nas Missas; para os das scholae cantorum litúrgicas.
simples sacerdotes usa-se a ga- Na França, ainda no século passa-
lheta com o pratinho. do, se usava esse báculo em al-
gumas igrejas, embora não exis-
Báculo de cantor, vara de prata tissem mais as escolas dos can-
ou de ouro. encimada por uma tores.
ª*

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36 B
Bãculo pastoral, antigamente Baixela, conjunto dos utensílios
também bago (1. baculus, virga, a serviço do altar. .
pedum), bastão encimado por uma
curvatura, que o Bispo diocesano Balaústre (!. nodus, pomellum),
usa na mão esquerda, nas funç ões alargamento bojudo, às vezes es-
litúrgicas solenes, menos nas Mis- tilizado, ao meio da haste do cá-
sas de Requiem e na Sexta-feira lice, do ostensório e dos cande-
da Paixão, com a curvatura vira- labros. V. nodus.
da para o povo. Sendo símbolo
de seu ofício de pastor (por isso Baldaquino (dossel, sobrecéu. -
o báculo é chamado também ca- O nome é derivado da palavra ita-
jado), o Bispo sem licença esI?e- liana baldachini = estofos orien-
cial não o pode usar em outra dio- tais de seda, vindos da cidade de
cese. - Usam o báculo também os Bagdad e usados para a confecção
Abades, certos Prelados titula- dos paramentos sacros) - 1)
res e as abadessas, mas estas grande pano rectangular de seda
hoje, como excepção, só em al- branca com sanefas franjadas, sus-
guns mosteiros. O báculo dos Aba- tentado por quatro ou seis varas,
des tem, abaixo da curvatura, - ou um tecto fixo plano ou leve-
uma bandeirinha (panniculus), mente chanfrado, ornado com ri-
desde o séc. XVI. Em alguns paí- cos panos bordados, sustentados
ses (Irlanda, França, Espanha) o por varas (pálio). O seu uso é
báculo esteve em uso desde o V, obrigatório nas procissões públi-
VI VII séculos, geral se tornou cas para servir de cobertura para
no' Ocidente no VIII, mas insígnia o Santíssimo, as relíquias da S.
litúrgica parece que é considerado Cruz ou outros instrumentos da
somente desde o XI ou XII sé- Paixão e para o· Bispo, na re-
culo. Em Roma, só séculos depois cepção solene. E' conhecido desde
foi adaptado pelos Cardeais-Bis- o XII século. - 2) cobertura (dos-
pos e o Papa até hoje não o usa sel) do altar, em substituição do
na Missa. Somente na sagração de
igrejas, de altares, de Bispos, e
cibório (grego = kibôrion). Era
ora um simples pano estendido
na abertura da Porta santa, no por cima do altar (pálio, véu, ~or­
principio do ano jubilar, o Sumo tina), ora um teto plano e ftxo,
Pontífice empunha a féruia, isto é, de madeira, ou um pano, firmado
um báculo, encimado por uma cruz por varas, na parede, ou sustenta-
de braços iguais. A matéria do bá- do pelo retábulo, ora um tecto pla-
culo era pau ou mar~im, desd~ o no ou cuneiforme, de madeira ou
século XIII metal prec10so, ou sim- pano, pendurado por cima do altar
ples dourado, como hoje ger.almen- por meio de uma corrente ou cor-
te. O remate ora era uma bola, da. Somente esta última forma se
ora uma curvatura simples, ora conservou; mas, apesar de sua
formava a figura de um T. Des- . prescrição pelo Cerimonial roma-·
de o XII século a curvatura se no para os altares que não têm
tornou dominante, variando, po- cibório, o seu uso se limita a ai-··
rém em sua estrutura arquitetô- gumas igrejas da Itália. - 3) dos-
nica' conforme os estilos que sur- sel do trono dos Cardeais, Bis-
giai.:i. Em baixo o báculo acaba pos, Abades e Prelados nullius.
numa ponta (stimulus). - Tam- (Dir. can. cc. 239, § 1, n. 15, 349,
bém nos Ritos orientais está em § 2, n. 3, 325. - 4) na arquitetu-
uso o báculo, sendo, porém, me- ra eclesiástica, dossel de pedra,
nor do que o no .Ocidente e o seu
remate tem a figura de um T, estuque, madeira, por cima de es-
formado quase sempre de duas tátuas, sustentado pela parede ou
serpentes com as cabeças volta- por colunas. - Em todas as for-
das para dentro. mas o baldaquino é protecção e

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sinal de distinção ao mesmo cepção das sagradas ordens. (Dir.
tempo. ·can. ,cc. 998, 999).
Bálsamo, espec1ana odorífera e Banqueta. do Altar, - 1) um
de efeito lenitivo. E' misturado degrau na parte posterior da mesa
pelo Bispo ao óleo de olivas na do altar, tendo a extensão de to-
bênção do santo crisma, na Quin- da a mesa, ou, se o altar tiver
ta-feira Santa. tabernáculo, em ambos os lados
deste, para a colocação dos cas-
Bandeira nacional, pode ser co- tiçais e crucifixo sobressalente ao
locada nas exéquias sobre o fé- meio. - 2) jogo de castiçais com
retro dos militares, contanto que a cruz.
fique de todo excluído qualquer
desprezo à Igreja e à sacra Lítur- Banquete eucarístico, a Santa
gia. (S. Of. l 1-III-1909). Comunhão, em que o cristão ali-
menta sua alma com o verdadei-
Banhos (pregões, proclamas, - ro corpo e sangue de Cristo, feito
1) anunciação, na igreja, dos no- manjar divino.
mes dos que pretendem contrair
matrimônio, com o fim de constar Baptismatis equitatio, (1. = ca-
se há impedimento. Devem ser fei- valgada do batismo), cerimônia
tas três vezes, em domingos segui- usada em Roma ainda no X sé-
dos ou dias santos de guarda, na culo e que consistia no seguinte:
· Missa principal ou por ocasião de Nas Vigílias de Páscoa e Pente-
outros 'uficios divinos, havendo costes (dias de batismo), o Papa,
concurso de fiéis. Pode o Bispo acompanhado pelos diáconos e
permitir que a publicação se faça subdiáconos, e precedido pelos
afixando ·os- nomes na porta da cardeais párocos, cantando todos
igreja durante, pelo menos, oito uma ladainha, dirigia-se em pro-
dias, de modo, porém, que este- cissão ao batistério. Aí o mais
jam .compreendidos dois dias san- digno dos cardeais pedia três ve-
tos de guarda, como conceder a zes ao Papa a bênção com as pa-
dispensa dê uma ou outra ou de lavras: /ube Domne benedicere.
todas as três. (Dir. can. cc. 1024, Depois de lançar a bênção, o Pa-
1025). - 2) publicação dos no- pa se levantava e dizia: /te bapti-
mes dos que vão receber as or- zate omnes gentes in nomine Pa-
dens maiores, excepto os religio- tris et Filii et Spiritus Sancti. Os
sos de votos perpétuos. A publi- cardeaís montavam então a cava-
cação se faz na igreja paroquial lo e dirigiam-se às suas paróquias,
do candidato em dia de guarda, onde administravam o batísmo.
na Missa principal, ou em outro
dia e outra ocasião, contanto que Barba. Nos primeiros séculos do
haja frequência maior de fiéis. O cristianismo, o clero trazia barba,
Bispo pode dispensar desta publi- a exemplo de Cristo e dos Após-
cação por justa causa, como tam- tolos. Desde o V século, porém,
bém mandar que se faça em outras espalhou-se mais e mais o costume
igrejas, ou substituir a publicação contrário, que adquiriu força de
pela afixação do nome na porta da · lei, de modo que no IX século a
igreja durante alguns dias com, raspagem da barba era conside-
pelo menos, um dia de festa. Se rada como uma instituição geral
no prazo de seis meses o candi- da Igreja latina. A renascença, no
dato não for ordenado, a publica- século XV repristinou o estado an-
ção se deve repetir, se o Bispo tigo. Os sínodos provinciais que
não julgar o contrário. Tem esta antes proibiam a barba sob pe-
publicação por fim saber-se se nas eclesiásticas, limitavam-se, des-
existem impedimentqs para a re- de então, a proibir apenas certas

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formas de barba. A moda da re- X século, a sua entrega era no
nascença, por sua vez, foi suplan- XIII século o símbolo da inves-
tada pela de Luís XIV. Por isso, tidura de uma prebenda (benefí-
a partir de 1680, o clero latino cio) eclesiástica. Para seu uso va-
raspa de novo a barba. Somente le hoje a regra geral que o bar-
os Capuchinhos, Camaldulenses e rete deve ser deposto nos actos
Missionários têm autorização geral que têm carácter de oração e nas
para trazer barba, os outros ne- funções perante o SS. Sacra-
cessitam para isso de licença do mento.
Bispo, respectivamente do Superior
maior. O Pontifical romano tem Bartolomeu, Apóstolo que com
uma cerimônia especial, a ser pre- os outros é comemorado no câ-
sidida pelo Bispo, para quando, non da Missa, antes da Consagra-
pela primeira vez, é feita a barba ção, na oração Communicantes.
aos clérigos. Mas essa cerimônia Celebra-se sua festa a 24 de Agos-
não se pratica mais, é apenas uma to. Segundo a legenda foi cruci-
lembrança de tempos passados. - ficado em Albanópolis, na Armê-
Na Igreja oriental conservou-se até nia. Seu corpo foi trasladado para
hoje o uso primitivo de trazer Roma em 983.
barba.
Base do AIUl}'•. V. Altar, Base do.
Barnabé, discípulo dos Apósto-
los, companheiro de São Paulo em Basílica (dó gr. basiliké, a
algumas viagens. Sofreu, provàvel- acrescentar casa . = '·Casa real), -
mente, o martírio na ilha de 1) em sentido arqui.tetõnico, uma
Chipre, antes de 63. E' comemo- grande igreja rectangular, com
rado no cânon da Missa, depois da uma (raras vezes) ,, três ou mesmo
Consagração, na oração Nobis cinco naves, separadas por filei-
quoque peccatoribus. Sua festa se ras de colunas (pilastres) unidas
celebra a 11 de junho. entre si por arcos (arquivoltas) ou
vigamento horizontal (arquitrave).
Barrete ou Solidéu 1. biretum, A nave do meio se eleva acima das
infula, pileus; a palavra biretum outras e tem, na parte sobressalen-
parece derivada do grego birros = te, janelas. O telhado é ou em
veste com uma parte que protege teto plano ou em madeiramento
a cabeça), cobertura quadrangu- aparente. As vezes há uma nave
lar da cabeça, que faz parte das transversal (transepto) que limita
vestes clericais e é empregada as outras, com majestoso arco no
também nas funções litúrgicas. E' meio (arcõ triunfal), na frente do
feito de papelão coberto de seda qual termina a nave central. - No
ou lã, mais larga por cima, com fundo havia, nas antigas Basílicas
gomos sobrepostos (cornos) e ten- romanas, a ábside com a cátedra
do ao meio da copa uma borla do Bispo e as cadeiras para os
de retraz preto. O barrete romano sacerdotes, tendo na frente o al-
tem três, o alemão, francês, inglês tar. As vezes as cadeiras avança-
quatro gomos, o espanhol nenhum. vam para dentro da nave central
A sua cor é preta para os simples e formavam o presbitério, cercado
sacerdotes, roxa para os Bispos de uma balaustrada (cancelas)
e alguns outros dignitários, encar- com o ambão. Da ábside antiga
nado para os Cardeais e em algu- com o presbitério desenvolveu-se
mas Ordens religiosas é branca. a nossa capela-mor ou presbité-
A forma presente data do XVI rio. Na frente da Basílica havia
século, tendo sido antes um gorro o adro com galeria em sua ·volta,
mole ou chapéu baixo sem abas, pia ao meio e, às vezes, plantado
com borla pendente. Vestígios de de árvores. Ao fundo do adro es-
seu uso encontram-se no fim do tava um largo pórtico chamado

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narthex com as portas para o in- de morte, e da Absolvição geral,
terior das naves da Basílica. A fa- ao dizer-se mea culpa.
chada do templo elevava-se. acima
do pórtico em forma de frontão e Batina, veste talar que com o
com janelas. - A Basílica cristã, cabeção, voltinha e faixa é a ves-
embora baseada sobre modelos de te ordinária do sacerdote secular.
arte pagã, é em seu conjunto obra Para os simples sacerdotes é de
do gênio cristão e tornou-se o ti- cor preta, sem vivos de cor e sem
po e fundamento de toda a arqui- barra.
tetura cristã posterior. (V. Arqui-
tetura eclesiástica). - 2) em sen- Batismo, (gr. baptizein = as-
tido litúrgico, título de honra de pergir com água, lavar, banhar),
uma igreja, com certas prerroga- Sacramento instituído por N. S.
tivas, distinguindo-se Basílicas J. Cristo, para lavar a alma da
maiores e menores. A primeira ca- culpa original e de todos os pe-
tegoria pertencem o Latrão, S. Pe- cados pessoais ; infundir na alma
dro, S. Paulo e Santa Maria Mag- a graça santificante, pela qual ela
giore, em Roma, que todas têm nasce para a vida sobrenatural e
uma Porta santa; à s~unda, ou- para fazer o batizando membro
tras nove igreja a e, fo- da única Igreja fundada por Jesus
ra de Roma, as • s qlfe. reee- Cristo. Consiste na aplicação da
beram este ~ por exemplo, a água (matéria) com a pronuncia-
de N. S.~rec}4a. ~da uma das ção, ao mesmo tempo, das pala-
Basílicas manas íem privilégio vras: "Eu te batizo em nome do
próprios. s menores, fora· de Ro- Padre, e do Filho e do Espírito
ma, goz m do direito de levar nas Santo" (forma). A aplicação da
procissões a umbela, encimada por água pode realizar-se por sub-
uma cruz, e a campainha, e o cle- mersão dentro d'água, por imer-
ro, quando ··rião é regular, veste são parcial, por infusão ou por
capa magna. De um modo espe- aspersão. Os primeiros dois modos
cial foram distinguidas a igreja de eram usuais até à idade média,
Porciúncula e do sepulcro de S. o último só excepcionalmente se
Francisco, em Assis, pois são, co- usou, o por infusão é o modo vi-
mo as quatro maiores de Roma, gente de hoje no Ocidente. As
Basílicas patriarcais e capelas pa- palavras devem ser proferidas no
pais, quer dizer, que na face do Rito latino como acima. Nos Ri-
altar-mor, voltada para o trono, tos orientais são as equivalentes:
sómente ao Papa é lícito celebrar "E' batizado o servo de Deus,
ou a um delegado seu, com licen- N . . . , em nome do Padre", etc. -
ça especial. O sujeito do batismo é todo o ho-
mem vivo nascido, mesmo nas pri-
Bater no peito, uma ou três ve- meiras fases de seu desenvolvi-
zes, com a mão levemente fechada, mento físico. O ministro do ba-
é a expressão de humildade e ar- tismo era antigamente só o Bis-
rependimento, já conhecida pelos po; com a propagação do cristia;..
judeus. (Lc 18, 13). Como ceri- nismo passou o ministério para to-
mônia litúrgica, tem lugar na Mis- dos os sacerdotes. Com ordem do
sa, no Confiteor, no Nobis quoque Bispo · ou do pároco pode o Diá-
peccatoribus, no Agnus Dei e no cono batizar solenemente. Em caso
Domine non sum dignus; fora da de necessidade qualquer pessoa,
Missa, na Ladainha de Todos os até o herege e pagão, batiza và-
Santos, nas invocações Peccatores, lidamente, desde que empregue a
Propitius esto e no tríplice Agnus prescrita matéria e forma e tenha
Dei; no Confiteor, antes da Co- a intenção de fazer o que faz a
munhão, da Extrema V nção, e Igreja. O Batismo é sacramento
da Bê?ção apostólica em artigo dos mortos porque dá a vida so-

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brenatural à alma morta pelo pe- Batismo de sangue (1. baptis-
cado; só pode ser recebido uma mus sanguinis), o martírio sofri-
vez, porque imprime na alma um do pela fé ou por outra virtude
sinal (carácter) indelével; é ne- sobrenatural, com ou sem derra-
cessário para a salvação em virtu- mamento de sangue. E' a entrega
de das palavras de Cristo. Outros inteira e sem reserva a Cristo
nomes do batismo antigamente Salvador, portanto, um acto de
usados, são: Sacramento da fé, perfeito amor, que justifica.
Sacramento da regeneração, Ilu-
minação, Selo de Deus e outros. Batismo dos adultos, batismo
Para diferenciar o batismo prà- dos que chegaram ao uso da ra-
priamente dito do batismo de fogo zão (depois de sete anos). Deve
e de sangue dá-se-lhe o nome de preceder a ele a instrução sobre
batismo d' água, 1. baptismus flu- os principais mistérios da fé e ser
minis. recebido com arrependimento dos
pecados próprios. O rito é mais
Batismo, Agua do, V. Agua ba- extenso do que o das crianças.
tismal. Sendo cômodamente possível per-
tence _a.!l....W.spo administrá-lo, o
Batismo das crianças (pedo- qual _po!;.r,j: ou or seu delegado
batismo), batismo de crianças açlfiT111istr aior soleni-
antes de chegarem. ao uso da ra- dade-. (Dir~citn. ). Têm os
zão. Embora fosse a solicitude da Bisj3t>s au i a conceder
Igreja nos séculos primitivos da pas •sacer nos
era cristã de, em primeiro lugar, adultos, do. das
preparar longamente para o ba-
tismo os adultos convertidos à fé,
crianças. .
. ... ';
Patis· dos
e embora ela tolerasse a dilação
da recepção desse Sacramento até m~sm
à idade madura, mesmo até à mor- B' pa-
te (bapt. clinicorum), o batismo lav · em nome
das crianças de pais cristãos tor- do , Pa a e do Espí-
nou-se regra desde o II e III sé- rito Santo." Para a validade do
culo, conforme tradição apostóli- batismo é necessário exprimir a
ca, atestada por Tertuliano, Orí- acção do batismo e as três Pes-
genes, Ireneu, Cipriano. O rito pa- soàs · da SS. Trindade, sem acres-
ra o batismo das crianças é di- centar qualquer condição que atin-
ferente do dos adultos e é empre- ja ' o futuro.
gado para as crianças com menos
de sete anos de idade. Bàtismo, Igreja do, (1. ecclesia,
titulus baptismalis) é a igreja que
Batismo, Concha do, um vaso por. lei geral ou por concessão
em forma de concha, de prata ou esp~cial possui o direito de ba-
de metal prateado, para derramar tizar. Na primeira categoria es-
a água sobre o batizando. tão hoje todas as igrejas paro-
quiais. (Dir. can. c. 774, § 1).
Batismo de fogo, 1. baptismus Com .. esta determinação o Direito
flaminis), acto de amor perfeito canônico acabou definitivamente
de Deus com o desejo do batis- com 9s restos do uso antiquíssimo
mo, implícito ou expresso. Sendo de ~àmente as igrejas episcopais
impossível receber o batismo, o possuírem pias batismais, sendo o
amor perfeito justifica a alma com Bispô considerado ministro ordi-
a infusão da graça. Mas não im- nário do batismo. Embora desde
prime o carácter e não dispensa o. IV e V século, devido à propa-
o batismo na água, desde que se gação rápida do cristianismo e à
torna possível. géheralização sempre mais crescen-

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te do batismo das crianças, tam- cessidade qualquer · pessoa pode


bém as paróquias (principalmente administrar o acto essencial. (V.
rurais) tivessem adquirido o di- Batismo).
reito de batizar e no século XI
tivesse sido quase geral par~ todas Batismo, Nome do, ou nome da
as paróquias, contudo, o uso an- pia, imposto pelos pais ou pa-
tigo se tinha conservado, como ex- drinhos à criança, reconhecido pe-
cepção, até ao tempo recente em la Igreja pelo emprego frequente
algumas Sedes episcopais da Itá- no Rito do Batismo. Quer a Igre-
lia. Por privilégio possuem pia ba- ja que se não dêm nomes pagãos,
tismal as igrejas e oratórios pú- mitológicos, inconvenientes e ridí-
blicos aos quais tenha sido con- culos, mas um neme cristão. (Dir.
cedida ou imposta pelo Bispo para can. c. 761), para ser o respecti-
maior comodidade dos fiéis ( c. vo santo modelo e padroeiro. Se,
774, § 2). contudo, for imposto um nome in-
conveniente e o sacerdote não con-
Batismo, Lugar do, era, nos pri- seguir que se dê outro, o próprio
meiros séculos do cristianismo, sacerdote acrescenta um nome san-
conforme atestam Justino e Tertu- to e o lança, em parêntese, com
liano, qualquer lug onde tives- o escolhido, no livro dos assentos.
se água. Durant perseguições A procura do nome, se isto for
administra,ya-se tamento nas preciso, não se faz . numa folhinha
catacumbas. pos de paz, qualquer, nem no romance, mas no
parece que~ Constanti- calendário eclesiástico.
no, s bati no gar (título)
das reuni~ No 1 ~culo ·cons- Batismo, Pia do (1. f ons baptis-
truíram-se os. batisté 1os, ou a pia malis), grande bacia, sustentada
batismal estava ereta na própria por uma coluna de mármore, de
igreja, como hôje é lei. Batizar so- pedra polida ou de metal; dividi-
lenemente, em igrejas que não têm da por dentro em duas partes,
pia batismal, em capelas óu em uma para conservar a água ba-
casas privadas é lícito só ~u­ tismal, outra para receber a água
sa justa e licença do Bi~No servida, com um canal por onde
Rito grego é administrado o batis- esta escoa para a terra ou para
mo geralmente nas casas priva- a piscina, coberta com tampo de
das. V. Batistério. madeira ou metal, encimado por
Batismo, Matéria do, é água na- uma cruz. E' chamada também
tural, benta para este fim. Em fonte, do latim, porquanto, anti-
caso de necessidade emprega-se gamente, a bacia recebia, à gui-
água benta e, na falta desta, água sa de fonte, a água corrente de
simples. (V. Agua batismal). uma bica e a deixava escoar por
um canal. - Em sua forma pri-
Batismo, Ministro do, é quem mitiva, a pia era um tanque de di-
batiza. Nos primeiros séculos da mensões maiores, feita de lajes,
era cristã, como a fé se tinha no chão, com degraus para descer.
espalhado principalmente nas ci-
dades, o ministro do batismo so- Batismo por aspersão, borrifica-
lene era o Bispo, assistido pelos ção do batizando com água. Como
sacerdotes e diáconos. A propa- para a validade do batismo é ne-
gação larga do cristianismo fora cessário que a água lave a par-
das cidades obrigou a se incum- te do corpo, não sendo suficiente
birem desse ministério os simples cair nela uma ou outra gota, o
sacerdotes. Hoje o ministro ordi- batismo por aspersão jamais foi
nário é o sacerdote, extraordinário geral na Igreja. Nas Gálias, en-
o diácono com autorização do Bis- tretanto, esteve muito tempo em
po ou pároco. Em caso de ne- uso.

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Batismo por imersão, introdução brepeliz e estola roxa, pergunta
parcial do batizando na água. Em primeiro pelo que pede o bati-
Roma unia-se a este modo a in- zando da Igreja. Recebendo em
fusão, colocando o ministro o bati- resposta: a fé, admoesta o bati-
zando com os pés na água por zando a guardar os mandamentos
baixo da boca de um aqueduto, e a .amar a Deus de todo o cora-
enquanto pronunciava a fórmula. ção e o próximo como a si mes-
Até o século X este modo mixto mo. Depois sopra três vezes leve-
de batizar romano foi observado mente sobre o batizando, faz o
quase por toda parte, com a di- sinal da cruz na sua fronte e pei-
ferença apenas de em muitos lu- to, impõe-lhe, com orações, a mão,
gares, em vez de aqueduto, se em- dá na sua boca um pouco de sal
pregar uma concha. bento, como símbolo da verdadei-
ra sabedoria, isto é, da graça da
Batismo por infusão, o derra- fé que . o batismo confere, reza -
mar água por três vezes sobre a sobre ele um exorcismo em cujo
cabeça do batizando . . Generalizou- fim o assinala de novo com a
se este modo mais prático e mais cruz na fronte, reza mais uma
conveniente à saúde das crianças oração e, irupondo-lhe a estola,
no Ocidente desde o século XV ou o introduz na Igreja. - A segun-
XVI, embora praticado desde o X da p;irte começa com o Credo e
século. Hoje é o modo vigente, me- Pater noster, que o sacerdote re-
nos no Rito ambrosiano e nos Ri-: cita com os padrinhos, ou com o
tos orientais, em que se adminis- batiz,an~o, ,se for adulto, e depois
tra o Sacramento por imersão e reza · um segundo "xorc;ismo. Em
submersão. O Direito can. admite seguida toca nas orethai e riarinas
o batismo por infusão ou imersão, do batizanão com saliva de sua
ou o mixto de ambos, de acordo boca, fá-lo renunciar a Satanás,
com o Ritual da diocese, se o ti- às suas obras e pompas e unge-o
ver próprio. (Dir. can. c. 758). no peito e nas costas, entre as es-
páduas, com o óleo dos catecúme-
Batismo por submersão, consis- nos. Tomando então a estola bran-
te na introdução completa do ba- ca e entrando rio batistério, fá-lo
tizando na água. confessar sua fé no Deus trino, na
Batismo privado, (Agua de so- Santa Igreja Católica, na comu-
corro), o simples acto essencial do nhão dos santos, na ressurreição
batismo, sem as cerimônias, admi- da carne e na vida eterna, e, di-
nistrado em caso de perigo de vi- rigindo-lhe a pergunta: queres ser
da. Se o ministro for sacerdote ou batizado e tendo recebido a res-
diácono faz também as cerimônias posta.: quero, procede ao batismo.
subsequentes (unção do alto da - Depois do batismo o sacerdote
cabeça, imposição da veste, entre- unge o alto da cabeça do neófito
ga da vela). Caso a criança esca- com crisma, impõe-lhe uma veste
pe à morte, deve ser levada à ma- branca, entrega-lhe, ou ao padri-
triz quanto antes, para o vigário nho, a vela acesa e termina di-
suprir as outras cerimônias e fa- zendo: "Vai em paz e o Senhor
zer o assento. (Dir. can. c. 759). esteja contigo."
Todo este conjunto de cerimô-
Batismo, Rito do, o conjunto nias é uma compilação abreviada
das orações e cerimônias que pre- dos actos litúrgicos (escrutínios)
cedem e seguem o batismo. As que desde o IV século se prati-
que precedem constam, segundo o cavam em Roma com e nos cate-
Rito romano (observado em todo cúmenos durante o · tempo de seu
o Brasil) de duas partes. A pri- catecwnenato e do rito propria-
meira realiza-s e à porta da igre- mente do batismo. Esta fusão pa-
ja. O sacerdote, revestido de so- rece que se deu nos séculos VIII

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e IX, obrigando a isto a sempre namente a praxe hodierna de se
crescente frequência da adminis- batizar em qualquer dia.
tração do batismo. V. Escrutí-
nios. Batismo, Vela do, entrega-a o
sacerdote acesa ao neófito ou a
Batismo solene, é a administra- seu padrinho; depois do açto do
ção do batismo pelo. sacerdote ou batismo. E' ela o símbolo da fé
diácono com todas as cerimônias ardente recebida que o neófito é
do Ritual. , admoestado, com as palavras que
acompanham a entrega, a guardar
Batismo sob condição, adminis- até à vinda do Senhor, isto é, até
tra-se quando depois de maduro à morte. Nos Ritos orientais não
exame não resulta certeza de que há esta cerimônia; nos do Ociden-
a pessoa foi batizada, ou ao du- te tornou-se geral somente desde
vidar-se da vida ou da capacidade -alguns séculos, sendo provàvel-
da criança. Em todos esses casos mente um resto do uso, testemu-
o batizante exprime ou , tàcita- nhado por Santo Ambrósio, de os
mente formula a condição: Se não neófitos assistirem, com velas ace-
és batizado, eu te batizo, etc. ·ou: sas na mão, à Missa solene de-
Se és vivo, eu te batizo, etc. Não pois do batismo.
é válido o batismo com condição
a realizar-se no futuro, por exem- Batismo, Veste do. Em todos
plo: Se não podes ser levado à os Ritos e desde os tempos pri-
igreja, eu te batizo, etc. mordiais da Igreja era costume
impor-se aos neófitos uma veste
Batismo, Tempo do: Sem mar- branca, como símbolo da candura
car um prazo deter'minado, esta- e inocência sobrenatural. Traziam-
belece o Dir. can. ( c:- 770) il ·obri- na todas as vezes que assistiam
• gação grave para os pais de man- ao culto divino, obrigatório duran-
darem batizar as crianças quan- te toda a semana da Páscoa até
to antes. O batismo solene dos ao sábado inclusivamente. O do-
adultos, porém, diz q_ue, podendo mingo seguinte (Pascoela) tomou
cômodamente ser, se .realize na Vi- por isso o nome, usado oficialmen-
gília da Páscoa ou Pentecostes, te até hoje, Dominica in albis de-
principalmente nas igrejas metro- ponendis, ou simplesmente: in a/-
politanas e catedrais (c. 772). Com bis, isto é, domingo em que são
esta última determinação o ·Direi- depostas as vestes alvas. Nos fins
to se refere ao uso antiquíssimo, da idade média substituía-se a ves-
que durou até ao começo da ida- te por uma capinha branca com
de média, segundo o qual, excepto capuz, ou por um gorro branco.
caso de necessidade, o batismo era Hoje o Ritual romano prescreve a
conferido somente nessas duas Vi- imposição, na cabeça, de um pa-
gílias. Nos Ritos orientais batiza- ninho branco, conservando, porém,
va-se também na festa da ºEpifa- a veste inteira no batismo dos
nia, em comemoraçãQ do batismo adultos, se forem batizados com o
de Jesus. Somente depois de pas- respectivo rito. Conforme dizem as
sar a primeira era da Igreja li- palavras do sacerdote na imposi-
bertada, introduziu-se aqui e aco- ção, o neófito deve apresentar sem
lá outros dias. Assim, por exem- mácula diante do tribunal de Cris-
plo, na Espanha, além dos dias to a veste da graça recebida.
universalmente observados, batiza-
va-se nas festas de Natal, Epifa- Batistério, 1) na acepção pri-
nia, dos Apóstolos e Mártires, e mária, uma capela com pia ba-
nas Gálias também na festa de tismal, ereta ao lado da catedral
S. João Batista. Desde os séculos como edifício próp"rio. Construir
XIV e XV introduziu-se paulati- semelhantes capelas data do IV sé-

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culo, isto é, desde que a Igreja consiste na leitura do · Breve, ex-
pôde desimpedidamente celebrar o posição do quadro . do Bem-aven-
seu culto. A forma era a de uma turado, canto do Te Deum, com
torre quadrada, redonda, poligonal a oração do mesmo Bem-aventu-
ou a de uma cruz. Além da pia rado e na incensação do quadro.
no centro possuía geralmente um - Chama-se vulgarmente beatifi-
altar e era dedicada a S. joão cação também a aprovação do cul-
Batista. Existem ainda belíssimos to imemorável prestado a um ser-
batistérios desse gênero em S. vo de Deus.
João do Latrão, em Roma, em
Pisa, Ravena, Florença, etc. No- Beato, ou Bem-aventurado (do
vas construções escassearam des- 1. beare = tornar feliz), - 1) em
de os fins da idade média; - 2) sentido genérico, todo o habitante
lugar nas matrizes reservado pa- da Corte celeste, mas particular-
ra a administração do batismo. mente quem, . pela Igreja, recebe
Acha-se à esquerda de quem entra culto. oficial e público, seja como
e é ou uma parte da igreja cer- Beato ou Santo; - 2) quem, pela
cada por grades, ou uma pequena Igreja ou por um Breve solene~
capela lateral com arco para o in- mente ou pela aprovação do cuJ:..'
' terior da igreja, fechado com por- to imemorável foi iilscrito no ca-
tas de grade. E' uso colocar nela tá!ogo dos Bea Y. Beatifica-
um quadro do batismo de N. Se- ção). As · r j{l:incipais no '
nhor. No centro ergue-se a pia SeJJ.... culto- ' púb ' s seguin-
(fonte) e, entalhado na parede, tes: Sem licença . do Papa
acha-se um pequeno armário para não é lícit•coloatr ·à; -em .do
os SS. óleos e mais pertences, que, Beato no a1"ar~pô'."là .a igrejas
às vezes, são colocados também e caJ?ela~ , faze~~ , · o de ..
no tabernáculo de um pequeno al- umà 1gre1a ou altai;,:./ r · o seu .
tar. - Antes de se construírem os Ofício divino, dizer· jl~ a Missa.
batistérios independentes, como fi- Tudo isso se concede tém, pa-
cou dito, parece que se reservava ra certos lugares · .' pqra a
nas Basílicas um lugar como ho- diocese em que nas 1 eu, mçir-
je; - 3) raras vezes significa o . reu) e a certas com i<Sádes (pM
livro que contém as cerimônias, a ex. à Ordem toda ou· à Congrega-
pia, o rito ou o acto do batismo. ção a que pertencia). As imagens
O povo diz batistério para signi- dos Beatos não têm a\lréola, mas
ficar a certidão do batismo. raios luminosos em .volta da ca.:.
beça.
Beatificação, acto pelo qual o
Papa inscreve um servo de Deus Bênção (do 1. benedicere = di-
no catálogo dos Bem-ave~turados zer bem = abençoar, benzer), sa-.
depois de rigoroso processo sobre cramental que a lgrejà usa para
o heroísmo de suas virtudes e de- obter certos· efeitos, principalmen-
pois de indubitàvelmente provados te espirituais. Há duas espécies de
pelo menos dois milagres, opera- bênção, a invocativa e a constitu-
dos por sua intercessão. Difere da tiva. A bênção invocativa implo-
canonização, porquanto é· apenas ra sobre uma pessoa, lugar óu
um indulto que permite itma ve- coisa a bênção e protecção de
neração , restrita no modo e a cer- Deus, sem que com isto as coisas
to lugar ou comunidades (não na se tornem santas. Há no Ritual
Igreja universal), e não importa um grande número de bênçãos com
em sentença infalível e irrevogá- fórmula especial para benzer pes-
vel. E' a beatificação a condição soas (doentes, crianças, mulher de-
necessária para a posterior cano- pois do parto, etc.) ou coisas (ca-
nização. O acto se realiza na aula sa, pão, água, vinho, remédio, se-
Pedro, e mentes, etc.). Em geral, qualquer
de beatificação de São .. _..

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coisa útil e honesta pode sei: ben- líquia com ambas as · mãos, sem
ta. Se não há para isto fórmula véu humeral, vira-se pela direita
especial, use-se a geral, ou a sim- para os ministros e o povo ajoe-
o
ples cruz, porque para isto . sa- lhados e lança a bênção, forman-
cerdote recebeu • poder na ordena- do uma cruz. Durante a bênção
ção. - A bênção constitutiva con- nada se diz e nada se canta, mas
fere à pessoa, ao lugar ou à coi- a Relíquia pode ser incensada pelo
sa, .como .qualidade inerente, um acólito do modo como acima fi-
carácter ou dignidade religiosa e cou dito.
santa. Pertencem a este gênero de
bênçãos as ordens menores ·e o Bênção da Abadessa, sacramen-
Subdiaconato, a bênção abacial, a tal que em seu rito é uma imita-
de· igrejas, capelas e oratórios, a ção da bênção que é dada aos
dos paramentos e objectos do cul- Abades pelo Bispo, com a omis-
to, de ramos, círios, etc. - · Se são, porém, de muitas particula-
na bênção são empregados os san- ridades. Conforme resulta das car-
tos óleos, como acontece na .d(} cá- tas do Papa Gregório Magno, es-
lice, patena, altar, igreja, sinos, ta bênção já estava em uso no
chama-se sagração. - Há bên·çãos VI século. As Abadessas tempo-
re~ervadas ao Bispo ou· a outros ráriai não a recebem.
e não reservadas as quais qüal-
quer sacerc;lote p';'~r. Estabele- Bênção da água. Além da água
lustral, batismal e gregoriana (V.
ce o Direit.õ . can6niÇP_ que as· coi-
sas sagr~as ou b~te8 com bên- água) fiue têm emprego na Litur-
gia latina, o Ritual contém ainda
ção .. constituti · sejam . tratadas
com reverbtoia e .não usadas pa- 12 formulários para benzer água
ra . uso pçofano{ ou 'itão próprio.em honra a diversos Santos ou
(Dtr. can e. l 5Q)~_ mistérios e para certos fins. Des-
taca-se por sua solenidade a bên-
Bênção ~postóHl.4l em·
artigo de ç~o da á~ua. na Vigília da Epifa-
morte, é uma absoJv.ição geral rna, que e feita com ladainha sal-
com bênção ~1 dada por qual- .. mos, exorcismos, orações e c~nclui
quer sacerd~. com a fórmula com o Te Deum. Tem esta bên-
pres.crita. O . ,goente ganha no ção a sua origem no Oriente on-
momento de morrer, estando em de é feita em todos os Ritos 'des-
condições, umã indulgência plená- de o fim do IV século. No' Rito
ria. (Dir. can. e. 468, § 2) . . grego, além da bênção da água
na .i&"rej a, faz-se a das águas de
Bênção çom relíquias, se são de um no a quem os fiéis se dirigem
Santos pode ser dada nos para- processionalmente, imitando assim
mentos convenientes; se for Relí- o uso, observado na Terra Santa,
quia da Santa Cruz ou de um ins- de se benzer na Epifania o rio
trumento da Paixão deve ser da- Jordão em comemoração do batis-
da e sempre em paramentos en- mo de Jesus em suas águas. Co-
carnados. A bênção realiza-se do mo símbolo desse mistério intro-
modo seguinte: Depois do versí- duz-se, no Rito grego, a cruz na
culo e oração do respectivo Mis- água, cerimônia que no Rito lati-
tério ou Santo, o celebrante põe no desapareceu com a aprovação
incenso no turíbulo e incensa as da nova fórmula em 6 de Dezem-
Relíquias dos Santos com dúplice bro de 1890.
dueto, inclinando a cabeça antes
e depois; com tríplice dueto e com Bênção da igreja, capela, orató-
genuflexão antes e depois, se ·for rio público. Dar esta bênção per-
Relíquia do Santo Lenho ou. de al- tence ao Bispo ou a um sacerdo-
gum instrumento da Paixão. Em te autorizado por ele. E' a dedi-
seguida sobe ao altar, toma a Re- cação d.a igreja etc. ao culto divi-

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no e substitui a solene sagração (não apenas contrato civil) e ga-
que é reservada ao Bispo. Nesta rantido o batismo càtólico da
bênção a igreja etc. recebe oficial- criança. Não pertence aos direi-
mente o título (padroeiro), que tos reservados ao pároco.
deve ser celebrado nela como fes-
ta de primeira classe com oitavá- Bênção da pia batismal. (V.
rio. Faz-se a bênção do modo se- Agua batismal). ·
guinte, segundo o Ritual romano:
O oficiante reza diante da porta Bênção das casas. O Ritual ro-
principal uma oração, asperge, ro- mano tem três formulários para a
deando a igreja,' as paredes de bênção das casas, um para qual-
fora, recitando com o clero o Mi- quer época do ano, outro para o
serere e reza de novo uma oração dia da Epifania e o terceiro para
diante da porta. Em seguida entra o Sábado Santo. Para a ·última
o clero dois a dois, pára diante bênção emprega-se a água sole-
do altar mor rezando a Ladainha nemente benta naquela manhã, ex-
de Todos os Santos, no fim da traída da pia antes da mistura
qual (antes do Ut nos exaudire dos SS. óleos; para as outras
digneris) o oficiante benze a igre- duas serve água benta comum.
ja com o sinal da cruz. Seguem- A mais solene é a da Epifania,
se diversas orações, a recitação porque, além de orações mais ex-
dos salmos 119 a 121, durante a tensas, acrescenta-se ainda a in-
qual são aspergidas as paredes por censação da casa. Somente a bên-
dentro, e a oração final. - A ção das casas no Sábado de Ale-
igreja assim benta pode depois ser luia, ou, se for costume, em ou-
sagrada pelo Bispo. Os oratórios tro dia, é de direito paroquial.
privados (particulares) são bentos (Dit. can. c. 462, § 6). ·
com a pequena fórmula de Be-
nedictio loci ou domus novae. Bênção das virgens, chamada
também Consagração das virgens,
Bênção da mesa, formulário de um sacramental cuja administração
orações, já conhecido desde a ida- é reservada aos Bispos, pelo qual
de média, que nos conventos e em as donzelas, que fazem voto de
outras comunidades religiosas se perpétua virgindade no convento,
rezam, em comum, antes e depois são solenemente consagradas a
do almoço (prandium) e jantar Deus. O acto como tal remonta
(coena). Acha-se como apêndice aos primeiros séculos do cristia-
no Breviário romano. nismo, porquanto Santo Ambrósio,
no IV século, faz dele menção,
Bênção da mulher depois do As cerimônias de hoje, porém,
parto, recebe-a a mãe quando pela desenvolveram-se nos séculos pos-
primeira vez depois do parto se teriores, principalmente nos fins da
dirige à igreja. Consiste rta intro- idade média. O seu uso limita-se
dução da mãe, que traz uma vela hoje a alguns mosteiros de Bene-
acesa na mão, na igreja e na ditinas. Dá-se esta bênção duran-
bênção dada sobre ela diante de te a Santa Missa, antes de acabar
um altar, geralmente do de N. Se- o Gradual, e consiste, primeiro,
nhora. Não tem, ·como é patente, na emissão do voto de perpétua
o carácter de purificação, mas é virgindade, com a recitação ime-
uma acção de graças pelo feliz diata da Ladainha de Todos os
parto e uma imploração de pro- Santos. Depois segue a vestição e
tecção e bênção sobre mãe e fi- a oração, em forma de Prefácio,
lho. A recepção desta bênção é da Consagração. A terceira parte
muito recomendada pela Igreja, consta da imposição do véu, da
mas só pode ser dada depois do entrega do anel e da coroação com
parto em legítimo matrimônio outra oração extensa. No Ofertó-

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rio a virgem faz ao Bispo a oferta Jª era conhecida no VI século,
de uma vela. Antes do último desenvolveu-se mais e mais em
Evangelho o Bispo entrega o Bre- suas cerimônias, até chegar ao ri-
viário e entoa o Te Deum. co cerimonial de hoje nos fins da
idade média, acompanhando o Ri-
Bênção das cinzas. Realiza-se to da sagração dos Bispos. A bên-
na quarta-feira _que precede o pri- ção do Abade só se realiza nos do-
meiro domingo da Quaresma, an- mingos e dias de festa, em união
tes da Missa principal, para logo com a Santa Missa, que o Abade
em seguida, e durante todo o dia, celebra junto · com o Bispo, ex- ·
ser imposta aos fiéis que pedirem. cepto a Consagração. Antes da
A cinza é proveniente dos ramos Missa o novq Abade faz o jura-
bentos no Domingo de Ramos do mento de fidelidade e depois pro-
ano anterior; a imposição . se faz cede o Bispo ao exame canônico,-
no alto da cabeça, em forma de isto é, dirige-lhe seis perguntas, às
cruz, com as palavras: "Lembra- quais o Abade responde afirmati-
te, homem, que és pó, e que pó vamente. Logo em seguida entra
liás de tornar-te." Praticava-se es- a Missa, que é interrompida antes
ta .cerimônia antigamente nos pe- do Aleluia do Gradual ou antes do
cadores públicos, no dia marcado último verso do Tractus ou Se-
para o começo da penitência. O quência, para se realizarem os se-
Papa Urbano II prescreveu-a, no guintes actos: Canto dos salmos
Sínodo de Benevento, em 1091, penitenciais e Ladainha de To~
para todos os fiéis e para .se fazer dos os Santos, estando o Abade
no primeiro dia da Quaresma, co- prostrado no chão. Levantando-se
mo símbolo de humildade e. peni- depois, entoa o Bispo solene ora-
tência. Pode o Bispo diocesano ção em forma de Prefácio, duran-
permitir que também no primeiro te a qual estende suas mãos so-
domingo da Quaresma se faça a bre a cabeça do Abade e prosse-
imposição das cinzas, sem prejuízo gue, ao acabar, com algumas ora-
da bênção e imposição na quarta- ções recitadas. Entrega-lhe a re-
feira anterior. gra, o báculo, e lhe coloca o anel.
Continua então a Missa. Ao Ofer-
Bênção de São Brás. E' dada tório o Abade faz ao Bispo a ofer-
no dia de São Brás (3 de Feve- ta de duas velas, de dois pães e
reiro) desde as primeiras véspe- de dois barris, em miniatura, com
ras, para obter, pela intercessão vinho. Depois da bênção final co-
deste Santo, o livramento de todo loca o Bispo a mitra na cabeça
o mal da garganta e qualquer ou- e as luvas nas mãos do Abade, se
tro mal. Consiste esta bênção na este a elas tem direito, e o con-
aplicação à garganta de duas ve- duz à cadeira abacial do coro,
las, sobrepostas em forma de cruz entronizando-o. Segue~se o Te
de André, bentas com a fórmula Deum, a bênção da parte do Aba-
do ritual e nas palavras depreca- de (se é de mitra) e a saudação
tórias. Tem a sua origem na tra- (aclamação) ao Bispo: Ad muitos
dição de o Santo ter livrado da annos.
morte um menino com espinha de
peixe atravessada na garganta. Bênção do cemitério, rito pelo
qual o cemitério é santificado e
Bênção do Abade, solene inves- posto sob a protecção especial de
tidura do Abade com as suas in- · Deus. Compete ao Bispo, o qual
sígnias, reservada ao Bispo, o qual, pode delegar a faculdade a ou-
tratando-se de um Abade isento, tro sacerdote. No primeiro caso
necessita para isto de autorização a bênção é soleníssima, com a
da .Santa Sé. A bênção dos Aba- ereção de cinco grandes cruzes,
des, como provam os documentos, sobre cada uma das quais ardem

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três velas; no segundo caso é sim- resto chegar para todo o tempo
ples, com a ereção ' de uma só da Páscoa do próximo ano.
cruz. Os cemitérios municipais po-
dem ser bentos, se os que neles Bênção do fogo novo. Realiza-se
se enterram são na maioria cató- na manhã do Sábado Santo, à
licos, ou se estes têm para si uma porta da igreja. A faísca é -tira-
parte reservada, que então sàmen- da de uma pedra; com ela acen-
te é benta. Onde isto não é possí- de-se, no fogareiro, a lenha ou
vel conseguir, o túmulo é bento carvão de lenha e depois de ben-
por ocasião do enterro. (Dir. can. to este fogo tiram-se brasas para
c. 1206). o turíbulo e acende-se uma ve-
la. O fogo tirado da pedra sim-
Bênção do círio pascal (círio do boliza a Cristo ressuscitando atra-
1. cereus = vela de cera). E' o vés da pedra. A cerimônia da bên-
círio pascal uma vela de cera de ção do fogo é de origem germâ-
maiores proporções. A sua bên- nica e praticava-se na Francônia,
ção é feita pelo Diácono (único no VIII século, em Roma foi adop-
caso na Liturgia) na manhã do tada na "Liturgia só um século de-
Sábado de Aleluia (antigamente pois, por Leão IV (847-855) rea-
na véspera), com o canto do Pre- lizando-se, porém, na· Quinta-feira
cônio, durante o qual, interrom- Santa e decorrendo mais alguns
pendo-o, lhe encrava cinco grãos séculos para se fixar, para todo
de incenso e a acende com .a luz o Ocidente, no Sábado Santo.
nova, anteriormente benta, com
o incenso, à porta da igreja. Co- Bênção do incenso. Lititrgica-
mo decorre das palavras do Pre- mente o incenso é bento no Sá-
cônio, significa o círio a Cristo bado Santo (cinco grossos grãos)
ressuscitado e a coluna de fogo junto com o fogo novo, nas Mis-
(símbolo de Cristo) que prece- sas, Laudes, Vésperas e algumas
dia o povo de Israel através do funções solenes, ao ser colocado
deserto. Os cinco grãos de incen- no turíbulo para as incensações. E'
so simbolizam as chagas, cujos si- lei geral que o incenso sempre é
nais Cristo também no seu corpo bento quando é empregado em
glorioso quis conservar. A bênção funções litúrgicas, exceptuado ape-
do círio é antiquíssima, já lembra- nas o caso da incensação do San-
da por S. jerônimo e Santo Agos- tíssimo exposto. (V. Incensação).
tinho, mas só com a adopção de- O Ritual romano tem ainda um
finitiva em Roma tornou-se geral formulário para a bênção do in-
no Ocidente, pelos fins do X sé- censo no dia de Reis, junto com
culo. O emprego dos grãos de in- ouro e mirra. Benzia-se antiga-
censo é de época posterior e pa- mente incenso também no dia de
rece ter a sua origem na falsa São Miguel Arcanjo.
tradução da antiga Benedictio
super incensum, a acrescentar ce- Bênção dos paramentos. Desde
reum, isto é, bênção sobre o cí- tempos ~ntiquíssimos foi uso na
rio aceso. - Não havendo cos- Igreja benzerem-se os objectos
tume contrário, o círio pascal ar- destinados ao culto divino. Quan-
de nas Missas e Vésperas solenes, to aos paramentos descobriram os
nos três dias de Páscoa, no sá- liturgistas formulários especiais
bado seguinte e nos domingos, até pertencentes ao meado do IX sé-
à festa da Ascensão do Senhor, culo. Necessitam de bênção, se-
em cuja Missa solene o Diácono gundo as rubricas vigentes, o
o extingue, depois do Evangelho, amicto, a alva, o manípulo, a es-
em comemoração da Ascensão de tola, a casula, as toalhas do al-
N. Senhor ao céu. Não é necessá- tar, o corporal e a pala. A bên-
rio renová-lo todos os anos, se o ção perde-se se os pa!amentos se

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estragarem ou forem mudados de compõe-se de duas partes. A pri-
modo a perecer sua forma pri- meira realiza-se antes da Missa,
mitiva e também se forem empre- e consiste nos actos seguintes:
gados para usos indecorosos ou pedido de coroação da parte do
expostos à venda pública. Têm mais antigo dos Bispos e pergun-
autorização para benzer os para- ta do Metropolita sobre a digni-
mentos o Bispo em toda a dio- dade do apresentado, exortação ao
cese, o pároco e reitor em suas mesmo, juramento do rei, oração
sobre o rei, recitada por todos os
• respectivas igrejas e os -superiores
religiosos nas igrejas pertencentesBispos presentes, a Ladainha de
à Ordem e nas das freiras sujeitas Todos os Santos, com duas bên-
à sua jurisdição, podendo o Bis- çãos, duas pequenas orações de-
po delegar para esse fim qual- precatórias e, em seguida, a un-
quer sacerdote e o superior reli- ção com o óleo dos catecúmenos
gioso sacerdotes de sua Ordem. no ante-braço direito e entre as
(Dir. can. cc. 1304, 1305). espáduas, com duás orações que
se referem à unção. Depois entra
Bênção dos ramos. Rea:liza-se a Missa, que se interrompe · no
solenemente no Domingo de Ra- Gradual, para a continuação das
mos, antes da Missa principal, pa- cerimônias. Entre orações o Metro-
ra com eles se fazer em seguida politano entrega ao rei a espada
a procissão e para serem levados desembainhada e cinge-o com ela
para casa, como sacramental. Em- já na bainha. O rei tira-a de novo,
pregam-se ramos de palmeiras, de movimenta-a fortemente no ar,
oliveira, de buxo e mesmo ervas limpa-a no braço esquerdo e a
e flores. (Daí: Dominica florum, coloca na bainha. O Metropolita
Pascha floridum). Recorda a ceri- coloca-lhe então a coroa, entrega-
mônia a entrada triunfal de lhe o cetro e o conduz, sem espa-
Cristo em . jerusalém, antes de da, ao trono. Entoa-se em seguida
sua Paixão. Existe em alguns lu- o Te Deum com longa oração no
gares o belo costume de o,s fiéis, fim. No Ofertório entrega o rei ao
no fim da procissão e ao aproxi- Metropolita uma esmola em dinhei-
mar-se o sacerdote oficiante (re- ro, que recorda a oferta que na
presentando a jesus) florearem . idade média fazia nesta ocasião
com os ramos e deitarem-nos no de pão, vinho e dinheiro. Depois
chão para o sacerdote passar por da Comunhão, o celebrante ofere-
sobre os ramos. - O rito desta ce ao rei vinho para beber, o que
bênção é soleníssimo, imitando a também constitui uma lembrança
primeira parte da Missa com Antí- do uso observado antigamente de
fona, Oração, Epístola, Gradual e o rei comungar sob ambas as es-
Evangelho, seguindo-se depois as pécies no dia da sua coroação. Na
orações deprecatórias, prefácio, bênção da rainha que é regente,
trina aspersão e trina incensação. suprime-se só a entrega da espa-
O mais antigo. formulário para es- da; sendo ela apenas a esposa do
ta bênção encontra-se em um Sa- rei, suprime-se também a pergun-
cramentário de Bobbio, pertencen- ta sobre a sua dignidade, a exor-
te ao fim do VII século. tação, o juramento e a entroniza-
ção. A bênção do rei consta que.
Bênção do rei e da rainha, cha-
mada também coroação, é um so- esteve em uso na Espanha, desde
lene sacramental (não sacramen- o VII século; no reino dos Fran-
to) administrado pelo Metropolita, cos foi Pepino que primeiro a re-
com assistência dos demais Bispos cebeu. Depois se tornou geral, em-
do país, em união com a Santa bora não por toda parte, com as
Missa. O rico cerimonial, que mesmas cerimônias ou outras mais
imita o da sagração ·dos Bispos, ricas do que as actuais.
1 Pie. Litúri:ico - 4

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50 B /

Bênção do SS. Sacramento. Há 1 pois da bênção lhe exibem reve-


duas espécies de bênção do San- rência três vezes, saudando-o. -
tíssimo, a solene e a privada. A 1 A bênção dos Santos óleos já no
primeira se faz, com autorização V século se realizava na Quinta-
l-
do Bispo, no ostensório, e con- feira Santa.
siste na colocação do mesmo no Bênção dos sinos, sacramental,
trono, ou na maquineta, ou, en- solenemente administrado pelo
fim, sobre o altar, incensação, can- Bispo, pelo qual os sinos são
to do Tantum ergo, com nova in- consagrados ao culto divino.
censação durante a segunda estro- Abrange os seguintes actos: Re-
fe, versículo com oração, bênção citação de sete salmos, bênção da
e logo em seguida reposição no água com a qual o sino é lavado
tabernáculo. Geralmente a bênção por dentro e por fora (daí o ou-
do Santíssimo é o remate da ex- tro nome: Batismo dos sinos),
posição do mesmo. Neste caso é unção do sino com o óleo dos en-
lícito rezar publicamente e cantar fermos e crisma, incensação com
textos aprovados, mesmo em lín- timiama, incenso e mirra, que ar-
gua vernácula, antes do Tantum dem no turíbulo colocado por bai-
ergo, como é lícito sempre, depois xo do sino, e canto do Evange-
da bênção, antes da reposição. - lho que relata a visita de jesus
A bênção privada, para a qual em casa de Maria e Marta. Re-
não é necessária a licença do Bis- corda este Evangelho o fim dos
po, fá-Ia o sacerdote extraindo a sinos, que é lembrar aos fiéis pro-
âmbula com as sagradas espécies curarem o único necessário. As
do interior do tabernáculo, colo- igrejas sagradas devem ter sinos
cando-a à boca do mesmo, afas- deste ·modo bentos. - A bênção
tando o conopéu. Para o acto da simples dos sinos sem lavagem,
bênção compõe sobre a píxide as nem unção e com ontro cerimonial
pontas do véu de ombros, de mo- para as igrejas sàmente bentas é
do que ela fique completamente dada pelo Bispo, Prelado maior
velada. O resto é como na bên- das religiões isentas· ou por um
ção solene. - Data a bênção do sacerdote delegado. (Dir. can. c.
Santíssimo de meados do século 1169, § 5, 1156). - Remonta a
XV. bênção dos sinos ao século VIII.
Bênção dos santos óleos. E' feita Bênção da pedra fundamental de
na Quinta-feira Santa, pelo Bispo, uma igreja, pertence de direito
assistido por doze sacerdotes, sete ao Bispo ou ao Prelado máior das
diáconos e sete subdiáconos, na religiões isentas, os quais podem
Missa solene, numa mesa pos- delegar esta faculdade a outro sa-
ta diante do altar. A bênção cerdote. Consiste na bênção do
do óleo dos enfermos é a mais terreno em o qual uma cruz mar-
simples e se realiza no fim do ca o lugar do altar-mor, na bên-
cânon, antes das palavras: Per ção da pedra com a Ladainha de
quem haec omnia, Domine, sem- Todos os Santos e colocação da
per bona creas, etc. Logo em se- mesma, e na bênção, em três actos
guida à Comunhão, interrompe-se distintos, dos fundamentos ou do
a Missa de novo para a bênção lugar dos fundamentos e conclui
do crisma, que é muito solene, com a invocação do Espírito Santo.
e do óleo dos catecúmenos. An- Sendo esta bênção dada por quem
tes ·do exorcismo proferido sobre não é Bispo, o rito é mais curto,
cada um, o Bispo e os doze sa- havendo apenas as partes essen-
cerdotes sopram sobre o óleo três ciais do Pontifical. - A bênção
vezes, em forma de cruz, cerimô- da pedra fundamental parece da-
nia que simboliza a santificação tar dos fins do século XII; a do
do mesmo pelo Espírito Santo; de- terreno é mais antiga.

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Bênção na Missa. E' · dada pode ser dada durante a Missa,
1) antes do último Evangelho, pe- não nos casamentos de religião ·
lo sacerdote celebrante aos · fiéis, mixta· e não no tempo fechado, se-
excepto nas Missas de Requiem. não com licença especial do Bispo;
A bênção é simples com um só a mulher, enviuvando e casando
sinal da cruz. O Bispo ou outro de novo, não a recebe mais se a
dignitário dão em seu lugar a recebeu nas primeiras núpcias; não
bênção pontifical. Está em uso é obrigatória a recepção, mas
esta bênção desde o X século, mas muito recomendada. (V. Tempo
tornou-se geral, assim como a ora- fechado). Na América latina há
ção precedente Placeat tibi, Sancta o privilégio, renovado de tempo
Trinitas, etc. (Seja-vos agradável, em tempo, de se dar a bênção
-SS. Trindade, etc.) só sécljlos de- nupcial em qualquer tempo do
pois com a adopção, no Missal ro- ano dentro da Missa, com a fór-
mano, do rito da Capela papal mula do Missal, ou fora da Mis-
pelos Frades Menores. O rito de sa, com formulário próprio, pelo
dar a bênção com três cruzes só pároco ou sacerdote que assiste ao
-com a reforma do Missal por Pio casamento.
V ficou reservado aos Bispos e
outros dignitários. Na mesma re- Bênção papal. - 1) E' uma bên-
forma ficou abolida também uma ção solene do Santo Padre com
bênção solene que em alguns paí- indulgência plenária para os que
ses dava o Bispo na ·Missa pon- cumprirem as condições necessá-
tifical, antes do Pax Domini, e rias. O Papa a dava antigamente
cujo formulário variava conforme em pessoa, da loggia exterior da
os dias e as festas. - 2) ao sub- Basílica de S. Pedro, na Quinta-
diácono, na Missa solene, depois feira Santa e na Páscoa; no dia
do canto da Epístola, com cruz da Ascensão, em São joão de La-
simples e sem fórmula, precedendo trão, e na festa da Assunção, em
o ósculo da mão do celebrante, e Santa Marja Maggiore. Hoje é da-
ao diácono, antes do cantó do da nos méncionados dias, no inte-
Evangelho, com o ósculo depois rior da Basílica de São Pedro.
de ter recebido a bênção. Esta Pio XII concedeu que a indulgên-
bênção, principalmente a do diá- cia anexa possa ser ganha pelo rá-
cono, é mais antiga do que a do. dio, por todos os que estiverem em
condições, de modo que esta bên-
povo, pois faz-se dela menção já
no VII século e existe também no ção papal merece ser chamada, na
Rito grego. - 3) à água da ga- verdade, urbi et orbi, isto é, à ci-
lheta, com uma simples cruz sem dade e a todo o orbe, quando an-
fórmula, no Ofertório, antes de o . teriormente só atingia as pessoas
celebrante ou, na Missa sole)le, o fisicamente presentes. - Por de-
subdiácono misturar algumas go- legação do Papa os Bispos podem
tas no vinho do Sacrifício. lançar esta bênção sobre os fiéis
presentes e nas mesmas condi-
Bênção nupcial. E' dada aos es- ções duas vezes por ano, no dia
posos solenemente, na Santa Mis- de Páscoa e em outra solenidade
sa. Depois do Pater noster e de- à sua escolha. O mesmo privilé-
pois do Benedicamus Domino, os gio têm algumas Ordens reli~io­
esposos aproximam-se do altar; sas para si e para os Terceiros
o sacerdote volta-se para eles e dependentes, com a condição, po-
reza a bênção do Missal. O uso rém, de não ser dada nos mesmos
de lançar sobre os recém-casados dias nem nos mesmos lugares em
uma bênção encontra-se no III sé- que o Bispo a dá. Além disso
culo. O direito canôníco estabelece pode ser conferida aos religiosos
o seguinte acerca da bênção (ou em seu lugar a Absolvição
nupcial: é de direito paroquial; só geral), no fim do retiro espiri-
t*

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tua!. - 2) Sem solenidade algu- jerusalém (Bendito o que vem em
ma exterior, é a bênção que o nome do Senhor. Hosana nas al-
Santo Padre, por seus órgãos ofi- turas). Forma a segunda parte do
ciais, concede a pessoas ou famí- Sanctus que com o Kyrie, Glória,
lias que a pedirem para ser ganha Agnus Dei pertence às partes in-
a indulgência plenária na hora da variáveis da Missa. O sacerdote
morte, preenchidas as condições reza-o em todas as Missas, depois .
requeridas. - 3) Em certas oca- do Sanctus, benzendo-se. O coro,
siões, por exemplo, na celebra- porém, deve cantá-lo, nas Missas
ção de um jubileu, o Santo Padre cantadas, depois da elevação, sen-
envia sua bênção a pessoas e mes- do lícito cantar em seguida um
mo corporações, mas esta não tem motete eucarístico. - 2) início do
anexa a indulgência plenária. cântico de Zacarias (Lc 2, 68 e
seg.), recitado nas Laudes do Ofí-
Bênção pontifical. E' dada pelo cio, no enterro de adultos, no iti-
Bispo ou por quem tem o direito nerário, etc.
de usar as insígnias pontificais no
fim da Missa, pessoalmente cele- Beneficiado, clérigo investido de
brada ou pontificalmente assistida um benefício eclesiástico.
e em outras ocasiões em lugar da
simples bênção sacerdotal. Consta Benefício, ente jurídico, consti-
de dois versículos com os respecti- tuído, com o carácter de perpétuo,
vos responsórios, benzendo-se o pela competente autoridade ecle-
.. Bispo no segundo e lançando de- siástica, constando de ofício sa-
pois a bênção sobre os assistentes, cro e o direito de perceber as ren-
formando três cruzes ao proferir das anexas, pelo. dote, ao ofício.
as palavras: Pater f et Filias f et (Dir. can. c. 1409).
Spiritus Sanctus f. E' conhecido Bentinho. (V. Escapulário).
este rito desde o XIII século, mas
empregado também pelos simples Bíblia (do gr. biblos = livro), a
sacerdotes, até que a reforma do coleção de livros que, escritos por
Missal por Pio V, no XVI século, inspiração do Espírito Santo, têm
·o reservou aos Bispos e outros Deus por autor e comQ tais foram
Prelados. entregues à guarda da Santa lgre- .
Bem·aventurado. V. Beato. ja. Vulgarmente chamamo-la Sa-
grada Escritura. A - Liturgia faz
Benedicamus Domino (1. = Ben- dela uso abundante na Missa e no
digamos ao Senhor). Fórmula que Ofício divino. Na Missa, além de
substitui o /te Missa est, no fim outros trechos menores, são princi-
da Missa, todas as vezes que nesta palmente a Epístola e os Evange-
não se reza o Glória, e é a fór- lhos. No Ofício divino são ~s sal-
mula final das horas canônicas mos, as lições do primeiro Notur-
durante todo o ano. V. /te Missa no, os Capítufos, os Responsos,
est. com poucas excepções, e o início
de um Evangelho, portanto quase
Benedicite, Pater Reverende ou todo o Ofício.
Reverendissime (1.) fórmula usada
pelo diácono e subdiácono, ao pe- Binação, a celebração de duas
·direm, na Missa solene . (pontifi- Missas num só dia pelo mesmo sa-
cal), a bênção do celebrante, o cerdote. Os Bispos por Direito co-
primeiro sobre o incenso, o outro . mum podem conceder esta licença
sobre a água, no Ofertório. só para dias -de preceito, quando,
por falta de sacerdotes, uma parte
Benedictus, - 1) aclamação notável de fiéis não poderia assis-
com que jesus foi recebido pelo· tir à Santa Missa. (Dir. can. c.
povo, na sua entrada triunfal em 806, § 2). Mas munidos de facul-

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dades especiais podem autórizar a têm o título geralmente se acha
binação nas primeiras sextas-fei- entre povos infiéis, chama-se o
ras do mês. Na festa do Natal e Bispo titular também: Bispo in
no dia. de Finados podem tddos os partibus infidelium, ou simplesmen-
sacerdotes celebrar três Missas te Bispo in partibus.
(trinação), devendo, neste . último
dia, uma ser na intenção do Sumo Bissexto. (V. Ano bissexto) . .
Pontífice e outra pelas almas em
geral. O Papa concede tambéin li- Bodas (Jubileu) de prata, de ou-
cença de trinar quando a escassez ro (do plural 1. vota = promes-
de sacerdotes o exigir. · sas), celebração do 25• ou 50• ani-
versário de vida religiosa, de sa-
Bispado (diocese), território cir- cerdócio, de casamento. Somente
cunscrito pela Santa Sé, dentro o último tem, para a celebração
do qual o Bispo exerce a juris- na igreja, um formulário, compos-
dição espiritual com todos os di- to pelos Bispos, que é empregado
reitos e regalias nas funções litúr- também, por costume, no 25• ani-
gicas. A divisão do bispado, como versário. Para a celebração do ju-
a fusão de diversos, pertence bileu da vida religiosa, as Ordens
igualmente à Santa Sé. (Dir. can. costumam ter formulário próprio.
c. 215).
Bodivo (do 1. votum = oferta),
Bispo (do gr. episcopos = su- que antigamente se fazia aos pá-
perintendente, guarda), sucessor rocos, por ocasião de um en-
dos Apóstolos e, por instituição di- terro.
vina, Prelado de alguma igreja
particular, a qual rege com poder Bodo (do 1. votum = oferta),
ordinário, sob a autoridade do Ro- banquete, com esmolas em dinhei-
mano Pontífice. (Dir. can. c. 329 ro aos pobres, que antigamente se
e seg.). dava nas igrejas, em certas sole-
nidades, por exemplo, na do Es-
Bispo auxiliar, um Bispo dado pírito Santo.
pela Santa Sé como coadjutor à
pessoa de outro Bispo, sem direito Bolsa do cálice. (V. Bursa).
de sucessão. (Dir. can. 'c. 350,
§ 3). Breviário (!. breviarium = sú-
mula, resumo), livro que contém
Bispo coadjutor, um Bispo· dado o Ofício divino que o Beneficiado,
pela Santa Sé como auxiliar à o Clérigo, desde a sua ordenação
pessoa de outro Bispo, com direito para Subdiácono, e o Religioso
de sucessão; às vezes é dado tam- com votos solenes deve rezar to-
bém à Sé episcopal. (Dir. can. c. dos os dias. O nome Breviário
350, § 2). data do XII século, em que se
começou a colecionar, para o uso
Bispo sufragãneo, Bispo de uma privado e para as viagens, num só
diocese que com outras forma livro, as partes necessárias, so-
uma Província eclesiástica. frendo estas ao mesmo tempo im-
portantes abreviações. A disposi-
. Bispo titular, Bispo de uma dio- ção hodierna do Breviário romano
cese antiga, hoje extinta, . de que é do VI século. Muitas foram, po-
se conservou apenas o nome. O rém, as reformas do mesmo no
Bispo titular nela não pode exer- correr dos tempos, destacando-se
cer poder· algum, nem dela tomar como reformadores autorizados pe-
posse. (Dir. can. c. 348, §. 1). la Santa Sé, desde o século XIII,
São Bispos titulares os Bispos co- os Franciscanos. A última reforma
adjutores, auxiliares, resignatários foi iniciada por Pio X, em 1911,
e outros. Como . a diocese de que adoptando-se o projeto de um con-

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54 B
sultor Franciscano, o qual, por sua este motivo os Beneditinos, Car-
vez, se baseou, em parte, na re- melitas, Cistercienses e outros
forma feita em 1535, por outro usam um Breviário que na dispo-
Franciscano, o Geral da Ordem e si ção, respectivamente redação, dos
Cardeal Quiõones. Estende-se a re- salmos, lições, antífonas, hinos di-
forma de Pio X a uma nova dis- fere do Breviário romano. As Or-
posição do saltério, não somente dens que em tudo observam o
permitindo a recitação do mesmo Rito romano, por exemplo, a fran-
numa semana, como antes, mas ciscana, têm também o Breviário
produzindo maior uniformidade na romano, rezam, porém, o Ofício di-
extensão das horas, à limitação do vino do Santo ou Bem-aventurado
uso do Commune Sanctorum, à da Ordem e fazem comemoração
precedência do Ofício dominical e do Santo da Igreja universal quan-
à reorganização da celebração das do coincidir com um Santo da Or-
festas dos Santos. - Divide-se o dem de rito igual ou mais ele-
Breviário em quatro partes que vado.
formam outros tantos volumes: t.•
Pars hiemalis (inverno, na Euro- Breviário da Cúria romana, bre-
pa), desde a primeira dominga do viário que no tempo de Inocên-
Advento até à Noa do sábado que cio III (t 1216) o clero da corte
precede a primeira dominga da pontifícia adoptou e que, por ser
Quaresma; 2.ª Pars verna (prima- menos extenso, lhe dava mais tem-
vera), desde a primeira dominga po para preencher os seus ofícios.
da Quaresma até ao sábado depois Em suas linhas gerais conservava
de Pentecostes ; 3.ª Pars aestiva o Ofício romano tradicional, mas
(verão), desde a dominga da SS. afastava-se, não obstante, do mo-
Trindade até ao sábado que pre- do como o Ofício era rezado nas
cede a dominga antes do dia pri- grandes Basílicas. São Francisco
meiro de Setembro; 4.• Pars au- de Assis prescreveu-o para sua
tumnalis (outono), desde este úl- recém-fundada Ordem. Por comis-
timo dia até ao Advento. - Além são do Papa o Geral dos Fran-
das Rubricas gerais que precedem ciscanos, Haymão, corrigiu as ru-
a primeira parte, cada volume con- bricas deste breviário e assim foi
tém um Calendário, o Ordinarium introduzido não somente _na Or-
(partes invariáveis) , o Saltério, o dem franciscana, mas também n<\S
Proprium de tempore, o Proprium Basílicas romanas e posteriormente
Sanctorum, o Commune Sancto- na própria Cúria, espalhando-se
rum, os salmos graduais e peni- por toda parte, ficando em uso
tenciais; o Ofício dos defuntos, o até à reforma do mesmo pôr Pio
Ofício de N. Senhora, no sábado, V. (V. o Prefácio deste Dicioná-
o Ofício parvo de N. Senhora, a rio).
Ladainha de Todos os Santos, etc.,
e, num apêndice, os Ofícios que Breviário da Santa Cruz (Bre-
são próprios da diocese ou pro- viarium S. Crucis), breviário re-
víncia eclesiástica. Os Breviários formado, por ordem de Clemente
que abrangem um só volume têm VII, pelo Geral dos Franciscanos,
o Próprio do tempo e o Próprio o Cardeal Quiõones, em 1535. Tem
dos Santos em fascículos avulsos, este nome da igreja titular do
que sucessivamente são substituí- Cardeal, que era a da Santa Croce,
dos, havendo para isto espaço no em Roma. O dito breviário, que
princípio e fim do Breviário. - nunca foi oficial e o seu uso
Quando, em 1568, o Papa Pio V dependente de licença especial, des-
ordenou a reforma do Breviário tacava-se por suas abreviações,
romano, permiti-u, contudo, que fi- pelo que muito se afastava da tra-
cassem em uso os Breviários que dição. Permitia a recitação de to-
já tinham 200 anos de uso. Por do o Saltério numa semana e a

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' }

leitura de quase toda a S. Escri- funções pontificais e é hoje uma


tura num ano, e nestes doi$> honraria, não um meio para ver
pontos foi seguido pela reforma melhor. Prelados que não são
de Pio X, em 1911. O merecimen- Bispos só por um privilégio podem
to de Quiiíones se estende também usar a bugia.
às lições históricas, no sentido de
nelas expurgar meras lendas e Bursa, uma bolsa quadrangular
corrigir a latinidade. A prova da para colocar o corporal. Consta
preferência que o Clero, principal- de duas peças duras, unidas em
mente o secular, dava ao Breviá- baixo, presas nos dois lados por
rio de Quiiíones, está nas sete pano ou cadarços que permitem
edições que foi preciso ' fazer no abri-las até certo ponto. Na Missa
prazo de 17 meses e nas mais ou a bursa tem a cor dos paramentos,
menos 100 edições durante os pou- com cruz e geralmente margeada
cos decênios de sua existência. de galões e é colocada sobre o
Na reforma de Pio V (1568) ficou cálice, coberto com o véu, ao ser
definitivamente abolido. levado para o altar e depois da
Comunhão. Foi . devido a esta
Breviário monástico, coordenado rubrica do Missal romano que a-
por São Bento, em meados do bursa tomou a forma actual, quan-
VI século, e ainda· em uso, com do anteriormente era uma caixa
acréscimos posteriores, na Ordem chata ( capsa corporalium) ornada
beneditina. com bordados. Na bênção do San-
Bugia, um baixo castiçal, com tíssimo e na administração da
cabo (palmatória), com vera de Comunhão aos enfermos é bran-
cera (bugia). Coloca-se com ela ca e mais ou menos ricamente bor-
o m istro ao lado do Bispo nas dada.

e
Cabido (!. capitulum), corpo de cruzadas. De tempo em tempo as-
clérigos (cônegos), instituído para perja-se o corpo com água benta
celebrar solenemente o culto nas e, até que seja levado à sepultura,
igrejas catedrais e colegiadfls. tanto os sacerdotes como todos
Os cabidos catedrais forma o que o visitam, rezarão pelo defun-
senado e conselho do Bispo e fa- to. (Rit. Rom. Tit. V, c. VIII,
zem as suas vezes no governo da num. 4).
diocese quando estiver vaga. So-'
bre as attibuições, prerrogativas, Cadeias de S. Pedro_· (!. S. Petri
etc., dos cabidos, V. Dir. can. cc. ad vincula), festa celebrada a 1°
391 a 422 e outros. de Agosto, em honra das cadeias
com que esteve preso S. Pedrp em
Caçoila, vaso de ferro, a ser co- Jerusalém e Roma. Conforme diz
locado no turíbulo, a fim de re- a tradiyão, as duas uniram-se mi-
ceber as brasas, para que não o lagrosamente numa só quando fo-
estraguem. ram postas em contacto na oca-
sião de a filha do imperador Teo-
Cadáver. Sobre o modo de com- dósio oferecer a de Jerusalém ao
por e velar o corpo de um defun- Papa. Assim são conservadas até
to, o Ritual recomenda: "Coloque- hoje.
se o corpo do defunto, honesta-
mente composto segundo 'o costu- Cadeiras do coro. (V. Assentos
me, entre luzes (velas) em lugar do coro).
conveniente. Sobre o peito entre
as mãos coloque-se um crucifixo, Caldeirinha, pequeno vaso de
ou, em sua falta, ponha-se as mãos metal, com alça para água benta.

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56 e
Calendário (do gr. kalein = pu- este respeito. Hoje o Missal esta-
blicar). No primeiro dia de cada ~ elece o seguinte: A copa pode
mês fazia-se, na antiguidade, a ser . de estanho ou de prata com
publicação das festas a celebrar. boa douração por dentro, ou de
Os latinos chamavam por isso es- ouro. Proibido é ferro ou vidro.
se primeiro dia de calendae; e O pé e o nó do cálice admitem
quando, mais tarde, em lugar da metal inferior. Quanto à estrutu-
publicação verbal, se compilava o ra distinguem-se cálices de estilo
índice das festas por escrito, este romano, gótico, renascença e bar-
registro tomou o nome de calen- roco. O cálice de Missa deve ser
darium, nome que os cristãos consagrado pelo Bispo antes de
adoptaram para o catálogo de suas entrar em uso, qla!! não perde a
festas. Em sentido litúrgico a pa- sagração quanelo·.Jor. novamente
lavra calendarium significa hoje - dourado. Para dtterenciá-lo do
1) o catálogo das festas móveis, cálice ministerial chamava-se ca-
isto é, das festas a celebrar em lix sanctus. Desde o XIV século
certo dia e mês durante o ano acompanha o cálice, no Ocidente,
eclesiástico. Para o clero de Rito uma conchinha dourada, para dei-
romano é típico o calendário ro- tar água _µo vinho, sem ser o seu
mano como se acha no Breviário uso de preceito.
e no Missal, intercalando-se, po-
rém, as festas que são próprias Cálice ministerial (!. calix mi-
na diocese ou Ordem religiosa; - nisterialis, scyphus), cálice grande,
2) o folheto (folhinha) que a au- com asas, fora de uso desde que
toridade competente (Bispo, Aba- cessou a Comunhão sob as duas
de, Provincial) publica todos os espécies, que &e.rvia para r eber
anos e no qual, para cada dia, dos *5istentes o vi~o p a a
se explica o rito de recitar o Ofí- consagraçlô e depóis par:I dis-
cio divino e de celebrar a S. Mis- tribuição do SS. Sangue clero
sa nas domingas, festas e férias e fiéis. -
conforme as rubricas gerais e Cáligre· (1.) V. Meias pontificais.
especiais. Chama-se este folheto
também Ordo, isto é, ordem a Camáldulas, as contas grossas
observar no Ofício e na Missa. do rosário, pendurado na cintura
Tem ainda o nome de Directo- d muitos Religiosos. Usavam-nas
rium, talvez porque sob este nome assim grossas primeiro os manjes
(Directorium divini officii) o Fran- camaldulenses e daí o nóme. As
ciscano Ludovico Ciconiolano edi- vezes dá-se este nome também ao
tou primeiro as rubricas gerais próprio rosário: rezar as camál-
do Breviário. - O sacerdote, ex- dulas.
cepto os Cardeais e Bispos, deve
conformar-se, na celebração da Camauro (!. camaürum, de ca-
Missa, com o Ordo da igreja em melaucum), gorro vermelfto, de se-
que celebra, indique este embora da no verão, de veludo no inver-
outra Missa que a do Ordo pró- no, debruado de arminho, que usa
prio. o Papa, quando veste a mozzeta,
em lugar de barrete. Não é .usado
Cálice, vaso em que o sacerdote na Liturgia.
consagra, na Missa, o SS. Sangue
de N. Senhor. Distinguem-se no Camelaucum (1.), um gorro du-
cálice a copa, o nó e o pé. Para ro, feito de pelos de camelo, que
a confecção do cálice usava-se, usavam os Papas desde o VIII sé-
durante muitos séculos, de qual- culo. . Nos séculos posteriores
quer matéria, preciosa ou não, transformou-se em gorro ponte-
mesmo de madeira e vidro. Des~ agudo, mole e de fazenda bran-
de o IX século há prescrição a ca, e deram-lhe o nome de phry-

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..
e 57
gium ou pileus phrygius. Do ca- madeira com um sino ao lado da
melaucum ou phrygium que era igreja, depois na cumieira do te-
insígnia de honra, não veste litúr- lhado, no sítio que indicava mais
gica, tiram sua origem .a mitra e ou menos a separação da capela
a tiara. mor da nave da igreja. Esta cons-
trução na cumieira desenvolveu-
Caminho da Cruz. V. Via Sacra. se aos poucos em elegante torrezi-
nha flechada. Querendo-se empre-
Campainha (!. campanula, cym- gar maior número de sinos, era
balum, tintinnabulum, squilla), si- necessário construir campanários
neta com que o ajudante dá os com fundações sólidas. O lugar
sinais nas funções sacras. Entrou para isso era a frente da igreja,
em uso com a· elevação maior na mas também o lado e os fundos
Missa, no XII ou XIII século. O da mesma. Um todo arquitetôni-
uso é prescrito no Sanctus e nas co com a igreja forma o campa-
duas elevações (hóstia, cálice). To- nário no estilo romano e gótico.
cá-las em outras partes da Missa Na Itália generalizou-se o costu-
(Ofertório, antes da Consagração, me de erguer o campanile separa-
Agnus Dei) varia conforme os cos- damente do edifício. Muitas igre-
tumes. Não se toca a campainha j as não se contentavam com um
nas ~s encjuaotb .houver expo- só campanário. Conforme as suas
sição (lo. SantísSitpo, Of.ício canta- posses, levantavam dois, três, qua-
do ou procissão. . ; ' tro e mais. Isto, porém, não quer
dizer que todos eles tivessem si-
C pana ·c1...• nola, campana, nos, eram simples torres de ador-
elo a, signum).,, sino., na torre da no, de modo que campanário e
igre . Atribui-se frequentemente torre não quer dizer precisamente
a S. aulino, Bispo de Nola, na o mesmo. Além disso, conservou-
Camp•nha, 110 V século, o pri- se em muitas igrejas da Europa
meiro emprego dos sinos pàra o o pequeno campanário na cumiei-
culto. Dizem que daí vêm os no- ra com um sino menor, que é to-
mes nola para o sino grande e cado nas Ave-Marias, no Sanctus
campana para o sino menor. Ou- e na elevação da Missa paroquial,
tros negam-no, dizendo que nola e serve também para chamar o
deriva da raiz céltica noll = soar, povo para as simples Missas reza-
e campana de Campanha (Itália), das. No Brasil só raras vezes se
donde se tirava o melhor bronze encontra essa torrezinha. Os es-
para si.ta fundição. Certo é que os critores da idade média viam no
documentos do VI século atestam campanário simbolizados os pre-
o uso dos sinos. A sua forma lados e pregadores da igreja. A
actual data dos fins da idade mé- cruz no cimo da torre devia lem-
dia. A princípio eram fabricados brar-lhes o amor ao Crucificado
de chapas de ferro ou cobre, mas e \ o galo a vigilância em desper-
, também· eram fundidos, parece que tar os que vivem no sono do pe-
\ desde o VIII século, o que poste- cado e esquecimento de Deus. Fre-
riormente unicamente se fez. Os quentemente colocava-se também
sinos são símbolos dos pregado- uma ventoinha, que então signi-
res do Evangelho. V. Bênção dos ficava os ventos e tempestades es-
sinos. Inscrições nos sinos, Repi- pirituais contra os quais os pre-
que dos sinos, carrilhão. lados devem proteger os fiéis com
firmeza, como o galo fica imóvel
Campanário, torre de sinos. A enquanto a ventoinha gira.
princípio,. isto é, desde que se co-
meçou a empregar os sinos para Cancelas, balaustrada que - 1)
fins cultuais (VI século) coloca- estabelece as separações locais na
va-se uma pequena construção de igreja; 2) separa, desde os tem-

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58 e
pos constantinianos, no Oriente, e, Candeias, Nossa Senhora das. V.
n? Ocidente, pouco depois, o re- Purificação de N. Senhora.
cinto do altar do corpo da igreja,
e serve ao mesmo tempo de mesa Candelabro, candieiro maior ou
de comunhão. Sobre ela elevavam- menor, com pé e ramos para a
se antigamente, no rito grego e, colocação de velas.
às vezes, também na Europa, qua-
tro ou mais colunas, unidas em Canhão (1. manicalium ou pu-
cima por trave horizontal (pérgu- gnalium), guarnição dura e larga,
la). Na Itália, penduravam-se na mais ou menos ricamente bordada,
trave lâmpadas, coroas e outros em volta da entradq das luvas
objectos de adorno, no rito gre- pontificais. Era antigamente ape-
go pendiam nela cortinas para nas um galão, desde o século
velar o altar em certos momen- XIII tomou a forma de hoje.
tos do culto. Sobre a trave colo-
cava-se no centro uma imagem de Cânon (gr. kanon = em sentido
N. Senhor ou um Crucifixo. No metafórico, regra, norma, lei); -
rito grego transformaram-se tais 1) na Liturgia grega um hino nas
cancelas em a Iconóstase, nos fins Laudes do Oficio divin cantado
da idade média. Na Europa, so- alternadamente por dois :coros; -
mente em algumas igrejas se con- 2) catálogo dos Santos os li-
servaram. (São Marcos, em Ve- vros da S. Escrifura.
neza). No Brasil havia antigamen~
te cancelas altas, sem adorno e Cânon maior da Missa, ou sim-
com a parte superior movediça pa- plesmente canotr (do gr. kánog =
ra a Comunhão dos fiéis, nas igre- regra, norma), no Rito roma a
jas franciscanas. Conservaram-se parte da Missa desde o Sattctus
na igreja do Bom Jesus, na ilha até aa Pater noster. Abra ge o
do mesmo nome, na baía do Rio acto essencial do Sacrifício con-
de janeiro. V. Iconóstase. sagração, como seu centro, com
orações que precedem e outras que
Candeia, vela de cera, pelo me- se seguem. A t:on$ligração se faz
nos em sua maior parte, para as. com as palavras de N. Senhor e
funções litúrgicas. Na Missa re- são acompanhadas pela grande
zada do simples sacerdote ardem elevação da Hóstia e do Cálice. Co-
duas, na do Bispo e .outros Pre- mo introdução à consagração o
lados maiores quatro, na Missa saó(!rdote reza as palavras (Qui
cantada e na exposição do ss.. sa- ptidie . .. ) com que o Evangelista
cramento pelo menos seis candeias. narra a instituição da Eucaristia.
Se a exposição for muito solene, As· orações que precedem e se se-
p. ex. durante horas, devem arder guem são de tradição apostólica
pelo menos doze.-'- Na Missa pon- ou acrescentadas por santos Pon-
tifical sete velas. Data do século tífices. Todo o cânon é invariável
XI o uso de se colocar as candeias em todas as Missas e durante todo
sobre o altar quando antes se co- o ano, com as seguintes excepções
apenas: A oração antes da consa-
locavam diante, ao lado, atrás ou gração, que começa com as pala-
no cibório do mesmo. - Para fins vras Communicantes sofre um pe-
não litúrgicos, como para ilumina- _queno acréscimo alusivo ao dia,
ção e ornamentação, as velas po- nas festas com seu oitavário de
dem ser de estearina, parafina, etc. Natal, Epifania, Páscoa, Pente-
mas não colocadas sobre o altar. costes e na Quinta-feira Santa. A
- Os canudos de metal com pe- outra que · imediatamente se se-
quena vela de cera dentro são per- gue e que principia com as pala-
mitidos, mas não -para recomendar. vras Hanc igitur oblationem faz
V. Iluminação e luz litúrgica. alusão aos recém-batizados nas

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e 59
festas de Páscoa e Pentecostes se queiram procurar no respecti-
com o oitavário. As palavras· evan- vo lugar. V. também Oração eu-
gélicas Qui pridie. . . só na Quinta- carística.
feira Santa têm um acréscimo que
se refere à Paixão do Senhor. Os Cânon menor da Missa, as ora-
'liturgistas, por falta de documen- ções invariáveis em todas as Mis-
tos, não concordam na r~constru­ sas e durante todo o ano que
ção do cânon como era e ~e desen- acompanham o Ofertório, isto é,
volveu da oração eucarística. Cer- o oferecimento de pão e vinho.
to é que a sua forma actual exis- Começa com a oração Suscipe,
tia no VI século, recebendo o úl- saneie Pater e acaba com a ora-
timo acréscimo (de uma frase ção . Suscipe, saneia Trinitas, no
só: diesque nostros... numerari) meio do altar, depois da lavagem
pelo Papa Oregorio 1, que morreu das mãos. Nas Missas solenes
em 604. No Rito romano o sacer- acrescentam-se as orações du-
dote reza, certamente desde o VIII rante a incensação. - Formou-se
século, todo o cânon em voz bai- o cânon menor desde o XI século,
xa (daí as denominações antigas embora algumas partes já antes
arcana, secreta, secretella), cir- tivessem sido conhecidas. A forma
cunstância que belamente exprime actual ·é a que se observava em
não somente o acto misterioso que Roma desde o XIII século e entrou
se vai realizar, mas também a como fixa e obrigatória no Missal
posição medianeira do sacerdote reformado por Pio V. Não deve
que, nesta parte, age não em no- estranhar o desenvolvimento lento
me do povo (segregatus a populo, desta parte da Missa, não só por-
Heb 7, 26), mas como represen- que se trata de uma parte não
tante visível de Cristo. Antiga- essencial, mas também porque jus-
mente era costume em algumas tamente ela favorecia usos e cos-
igrejas cerrar, durante o cânon, tumes divergentes com a apre-
ambos os lados do altar com cor- sentação das ofertas em espécie
tinas, para preservar o celebrante da parte dos fiéis. Hoje é quase
de distrações. Outros nomes do desconhecida entre os simples
cânon, mas não mais usados, são: fiéis a denominação cânon menor,
actio = acção e regula = regra. diz-se simplesmente Ofertório.
Nas Liturgias não romanas, abs-
tracção feita das palavras da con- Canonização, acto pelo qual o
sagração e do rito ambrosiano, em Santo Padre, em virtude de seu
que todo o cânon concorda com magistério infalível, coloca irrevo-
o romano, as orações do cânon gàvelmente no catálogo (cânon)
são diferentes ou em todo ou em dos Santos, gloriosamente reinan-
parte, o que se explica pelo desen- do no céu, um servo de Deus, já
volvimento diverso que teve a Li- anteriormente beatificado e depois
turgia nos diversos países do de provados, por um rigoroso pro-
Oriente e Ocidente, desde o IV cesso, outros dois milagres, al-
século principalmente. As orações cançados à sua intercessão. A ca-
de que consta o cânon maior são : nonização realiza-se na Basílica
Antes da Consagração: Te igitur, de São Pedro, de modo semelhante
Memento, Communicantes, Hanc ao da beatificação. (V. Beatifica-
igitur, Quam obtationem, Qui pri- ção), mas com maior pompa. Para
die (trecho evangélico com as pa- o culto do Santo não há restri-
lavras da Consagração). Depois ções senão as . impostas pelas
da Consagração: Unde et memo- leis litúrgicas gerais. A celebra-
res (Anámnese), Supra quae, Sup- ção de sua festa, portanto, pode
plices te rogamus, Memento, No- ser autorizada em toda a Igreja
bis quoque peccatoribus, Per quem com Ofício e Missa, a sua ima-
haec omnia, Per ipsum, que todas gem, ornada de auréola, é lícito

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60 e
colocar sobre os altares (por isto Canto-chão (canto coral, firmo,
se diz que o Servo de Deus foi gregoriano, plano), canto litúrgico
elevado à honra dos altares), em oficial da Igreja, uníssono, silá-
sua honra podem ser levantadas bico ou melismático, e diatônico,
igrejas e capelas e suas relíquias isto é, não admite senão os meios
expostas à veneração pública. (V. tonos naturais, com excepção do
Festas dos Santos). Na primeira Si bemol, quando é para evitar
era do cristianismo a veneração o duro tritono Fa-Si. Baseia-se
dos Santos não dependia de for- em oito (respectivamente doze)
mal canonização. Tributava-se tons (modos) que são autênticos
culto eclesiástico aos mártires ou plagais, isto é, o tom par é
e desde o IV século também aos derivado do precedente ímpar. Co-
confessores que na opinião co- mo não há compasso, o ritmo é
mum tinham sido heróis de vir- livre, influenciado apenas pela
tude. Séculos depois a canoniza- pronunciação correcta das pala-
ção pertencia aos Bispos diocesa- vras e, de alguma maneira, pela
nos, mas na segunda metade do diversidade das notas. O canto-
XII século ficou reservada ao Su- chão, que tem o nome de sua na-
mo Pontífice, pelo Papa Alexandre tureza simples, é antiquíssimo na
Ili. O · processo de canonização, Igreja. Como seu primeiro prin-
como se acha no Direito canônico, cípio é lícito considerar o canto
' corre perante a Congregação dos litúrgico da Sinagoga, o qual, sob
Ritos e é, em sua substância, dos o influxo da música grega, se de-
Papas Urbano VIII (1625) e Ben- senvolveu em melodias ricas. Atri-
to XIV (1745). bui-se aos SS. Padres do Oriente
e Ocidente, principalmente a San-
Cântico, hino cje louvor tira- to Ambrósio e a São Gregório, o
do da S. Escritura e empregado aperfeiçoamento do canto-chão.
no Ofício divino e outras funções
litúrgicas. Do Novo Testamento Canto coral, canto-chão, chama-
foram tirados três, que por este do coral porque, embora uníssono,
motivo se chamam "Cânticos evan- sua execução competia, em sua_
gélicos" : o Cântico de Zacarias maior parte, ao coro litúrgico.
(Benedictus Dominus, etc.; Lc 1,
68 e seg.), no fim das Laudes; o Canto firmo, canto-chão nas
de Nossa Senhora (Magnificai, compos1çoes polítonas, firmo
etc., Lc 1, 46 e seg.), no fim das porque é cantado sem modifica-
Vésperas, e o de Simeão no tem- ções, geralmente pelo tenor, en-
plo (Nunc dimittis, etc., Lc 2, 29 quanto as outras vozes contra-
e seg.), no fim das Completas. Ao pontam. (V. Polifonia).
iniciar o canto ou recitação destes Canto gregoriano, outra d~nomi­
três Cânticos forma-se o sinal da nação do canto-chão, gregoriano
Cruz. Do ·velho Testamento fo- em atenção do muito que S..Gre-
ram tomados Cânticos para as gório Magno fez para aperfeiçoar
Laudes, cada dia um diferente, e propagá-lo.
sendo recitado entre o terceiro e
quarto salmo. Além disso são re- Canto melismático, trecho de
citadas partes de Cânticos na Mis- canto-chão em que as melodias se
sa, depois das profecias, em cer- compõem de melismas (grupos de
tos dias, fazendo as vezes do notas) mais ou menos extensas.
Tractus. O Breviário monástico
faz uso mais copioso dos Cânti- Canto plano, canto-chão, plano
cos. porque é simples.
Canto antífono, canto alternado Canto responsório, canto alter-
entre dois coros. V. Antífona. nado entre Solo e Coro, sendo a

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e 61
parte do coro como a resposta foi conduzido até em baixo. A
(responsum) ao que canta o so- cor da Capa de Asperges obedece
lista ou solistas. (V. Responso). às leis gerais sobre a cor dos .pa-
ramentos, sua matéria geralmen-
Canto romano, canto-chão, ro- te é seda sem ser estritamente
mano, porque em Roma chegou à prescrita.
sua perfeição, no tempo de S. Gre-
gório Magno, de lá se difundiu Capa magna, grande manto, cujo
entre os povos recém-convertidos capuz envolve todo o médio cor-
e em Roma foi oficialmente e uni- po, com cauda comprida, dos Car-
camente adaptado na Liturgia. deais, Patriarcas e Bispos. Os
capítulos catedrais que a usam
Canto silábico, trecho de canto- em virtude de um privilégio, só
chão em que a melodia se compõe podem trazer a cauda dobrada so-
de notas avulsas, de modo que bre o braço esquerdo ou amarrada
cada sílaba tem uma só .nota. por baixo do mesmo, a não ser
Cantor. (V. Salmista). que um novo privilégio lhes per-
mita mais e, além disso, somente
Capa de Asperges (1. pluviale, quando se apresentam in corpore
cappa), manto grande sem pre- na própria igreja. Como na Capa
gas e acolchetado adiante, com de Asperges, tem também a Capa
uma peça, em forma de ·escudo Magna sua origem na capa cho-
( clipeus) nas costas, na qual se ra/is, mas só entrou em uso nos
acha, frequentemente, um mono- fins da idade média. Sua côr é
grama mais ou menos ricamente encarnada nos Cardeais (roxa na
bordado, e com tiras verticais, Quaresma e funções de luto), ro-
simples ou bordadas, nos dois la- xa nos demais Prelados. Sendo
dos da frente. Usavam-na antiga- regulares, a cor é a de seu hábito
mente os cantores no presbitério na religião.
da igreja, o sacerdote ao incensar
o altar, durante o Benedictus e Capela (do 1. capella = capa pe-
Magnificat, nas Vésperas solenes, quena). Os reis merovingo-fran-
nas procissões, nas bênçãos sole- cos conservavam num edifício cul-
nes e nos Sínodos. Hoje é usada, tuai próprio o pequeno manto de
além disso, na bênção sacramental, S. Martinho de Tours. Por exten-
nas exéquias e na aspersão dos são o edifício tomou o nome de
. fiéis, antes da Missa de domingo, capela e os sacerdotes, a serviço
donde lhe vem o nome de Capa desta capela, foram chamados ca-
de Asperges. Também os simples pelães (1. capellani). Capela
clérigos podem usá-la. Tira esta significa hoje - 1) edifício pró-
capa súa origem da cappa chora/is prio ou qualquer outro recinto, ge-
que os cônegos e monges usavam ralmente de menores extensões,
no inverno no · coro, que era de habitual ou transitoriamente desti-
cor preta com corte na frente, à nado ao culto divino, com carácter
semelhança da casula campanada. apenas de oratório público, semi-
Como era usada também nas pro- público ou privado, não de igre-
cissões e por isso tinha capuz co- ja. (V. Igreja, Oratório); _'.__ 2)
mo resguardo contra a chuva edifício para funções litúrgicas
( pluvia) chamavam-na também anexo à igreja (capela lateral),·
pluviale. Como veste litúrgica é - 3) conjunto de todos os para-
conhecida desde o IX século, vin- mentos para a Missa solene ( ca-
do a substituir a casula, que en- pela de param.); - 4) coro li-
tão passou para · uso exclusivo na túrgico de cantores nas funções
Missa. O capuz transformou-se solenes (a capella, quer dizer,
desde o XIV século na peça que sem acompanhamento de instru-
hoje tem nas · costas e o corte mentos); - 5) um certo número

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62 e
de Missas. No Brasil eram antiga- . Cardeal (1. Cardinalis de cardo
mente 50. = gonzo), membro do Colégio car-
dinalício, que forma o senado do
Capela-mor, lugar onde está o Papa e lhe assiste no governo da
altar-mor na igreja, formando um Igreja. (Dir. can. cc. 230 e seg.).
recinto distinto do corpo da
mesma. Cariátide ou caryátide (do plural
gr. karyátides, do singular karyátis
Capela papal ou pontifícia, = as mulheres da cidade de Ka-
1) as funções litúrgicas solenís- ryai ou Karya, na Lacônia), na
simas, celebradas ou assistidas pe- arquitetura, figura de mulher,· so-
lo Papa, com a presença dos Car- bre que assenta uma coluna, cor-
deais e outros dignatários; - 2) nija ou arquitrave, como é de ver
o conjunto das pessoas que nes- frequentemente nas nossas antigas
sas funções tomam oficialmente igrejas de estilo rocócó.
parte.
Carrilhão (do baixo 1. quadrilio
Capel~o, sacerdote auxiliar, a = quaternário, porque os carri-
serviço de pessoas (Papa, Rei, lhões eram, a principio, de quatro
Bispo, comunidades religiosas, sinos), conjunto de sinos de di-
exército), de capelas (nas casas versos tamanhos, afinados com
religiosas, colégios, hospitais, cas- precisão, o que permite executar
telos) ou de uma igreja com o com eles melodias. O carrilhão é
encargo do coro e das funções tocado ou por mecanismo ou a
sacras. mão. No último caso o executan-
te toca as teclas de um grande te-
Capítulo ou capitula, (1. capitu- clado, das quais cada uma põe em
lum), pequena lição da S. Escri- movimento o badalo do respectivo
tura, sem bênção anterior, de- sino. Dizem que os carrilhões fo-
pois da recitação dos salmos, nas ram inventados em Flandres, onde,
horas diurnas do Ofício divino. como também na Holanda e o nor-
Os capítulos foram adaptados, no te da França, ainda hoje frequen-
Ofício romano, do monástico, no temente se encontram nas torres
qual eram recitados de cor. Esta de igrejas. No Brasil temos um
determinação da Regra de S. Ben- carrilhão na torre da igreja-ma-
to explica não sómente a sua pou- triz de São josé, no Rio de ja-
ca extensão, mas também o facto neiro.
de serem sempre os mesmos na
Prima e nas Completas, de o da Casamento. (V. Matrimônio).
Tércia concordar, nas festas, com
o das Laudes e de nos outros Castiçais. (1. candelabra) com
haver relativamente pouca varie- velas, deve haver pelo !llenos dois
dade. sobre cada altar, mas sobre o al-
tar mor e o do Santíssimo pelo
Carácter sacramental, sinal espi- menos seis, que não podem ser
piritual e indelével, impresso na substituídos por um de diversos
alma com a recepção dos Sacra- ramos. Prescreve o Cerimonial dos
mentos do batismo, crisma e or- Bispos que não sejam iguais em
dem, em virtude do qual esses Sa- altura, mas que gradualmente as-
cramentos não podem ser recebi- cendam dos lados, de modo que
dos mais de uma vez. Quem é ba- os do lado do crucifixo sejam os
tizado, crismado ou ordenado e maiores e que em altura não ex-
se torna infiel à graça e perden- cedam o pé da cruz. As Missas
do-a, pode recobrá-la com a peni- pontificais, que · não sejam de
tência, mas receber de novo o defuntos, celebradas pelo Bispo
Sacramento não pode. em sua diocese, exigem ainda um

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e 63
sétimo castiçal, mais alto,. atrás maneira, o corte, sem a casula dei-
da cruz ou ao seu lado direito. xar de cair sobre os braços. Vê-
(Caerem. Episc., L. I, c. Xfl, ns. se, pois, que há duas formas de
11, 12, 16). · Os castiçais que or- Casulas góticas. Nos séculos pos-
dinàriamente servem para o altar teriores, então, chegou-se às raias
não devem ser colocados em re.: do limite em fazer os cortes tan-
dor do catafalco. to nos lados como na abertura no
meio, protraindo-se esta até ao
Castrum doloris (1.) (V. Cata- peito. Hoje não há liturgista que
falco). não lamente esta deturpação e não
deseje se volte à Casula gótica.
Casula (!. planeta do gr. planao - Ainda no tempo presente a
= =
girar; càsula diminutivo da forma da casula não · é igual
palavra desusada casa = tenda; em todos os países, podendo-
nos fins da idade média também se distinguir . quatro tipos: A
infula), veste superior litúrgica do casula alemã tem uma cruz nas
sacerdote na celebração da Missa. costas, tira simples na frente,
·Tem esta veste sua origem na an- pequena abertura no meio; a fran-
tiga paenula profana que era um cesa concorda com a alemã, tem,
manto que envolvia todo o corpo, porém, a abertura protraída até
descia até aos tornozelos e tinha ao peito; a espanhola tem tira na
só a abertura para a cabeça pas- frente e nas costas, abertura pe-
sar. Com esta forma, tendo como quena, é menos larga nos ombros
enfeite apenas uma tira de galão e tem a parte da frente mais re-
para cobrir a costura da frente, duzida do que todas as outras;
e mais tarde um riçado em volta a romana tem abertura até ao
da abertura, a casula era · veste peito, tira simples nas costas e na
litúrgica nas funções sacras para frente, uma tira com outra hori-
todos os clérigos do V ao X sé- zontalmente sobreposta abaixo da
culos, com algumas restrições pa- abertura. A matéria da casula
ra o Diácono, Subdiácono e Lei- presentemente deve ser seda ou se-
tor. Desde então passou para o tim, não lã, algodão, linho e es-
uso exclusivo do sacerdote na Mis- tofos com fios de vidro. A cor
sa, pelo que é chamada também obedece às regras gerais sobre
paramento de Missa. A casula, na o emprego das cores litúrgicas.
forma descrita, tomou o nome de Os enfeites (cruz, tira, bordados)
Casula campanada. Outras formas podem ser de outra cor, mas de
surgiram nos séculos posteriores, modo que fique predominante a
atendendo-se a maior comodida- cor prescrita. Significa a casula
de e economia no gasto da fa- a caridade que tudo abrange e o
zenda. Como a Casula campanada jugo do Senhor. - No Rito gre-
somente arregaçada permitia o li- go conservou-se a Casula campa-
vre empregó dos antebraços, co- nada (Phelonion) , arregaçada não
meçou-se a fazer cortes nos dois nos lados, mas na frente, pelo
lados, mas ainda assim a fazenda que nesta parte é mais curta. E'
cobria a metade do antebraço ex- usada na Missa e nas funções li-
tenso. Deste modo cortada, a ca- túrgicas solenes e em forma me-
sula é denominada Casula gótica nor pelos leitores. Nos outros Ri-
e esteve em uso nos séculos XIII tos o paramento de Missa é um
e XIV, com um enfeite na frente manto, à semelhança da nossa Ca-
e nas costas, que é uma cruz com
braços oblíquos. Nos séculos XV pa de Asperges, mas sem a peça
e XVI o enfeite passou a ser uma por detrás, o qual manto não é
cruz com braços horizontais nas outra coisa senão a Casula cam-
costas e uma larga tira na frente, panada, aberta na frente em toda
modificando-se também, de alguma a extensão, de cima para baixo.

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Casula dupla, casula de duas Pedro como Bispo de Roma, a se-
faces. gunda, a 22 de Fevereiro, recor-
da a sua residência em Antioquia.
Catafalco ou eça (!. tumba, cas-
trum doloris), armação coberta de Catedral (!. ecclesia cathedralis,
crepe, com velas em seu redor, er- maior, summa), igreja principal e
guida no corpo da igreja, na qual, matriz de toda a diocese i;om a
como que representando o esquife; cátedra do Bispo. Os italianos
o celebrante dá a absolvição de- chamam-na duomo, os alemães
pois da Missa pelo falecido e em Dom, da palavra latina domus =
outras ocasiões. casa.
Catequização (!. catechizatio), Cauda, aba comprida na Capa
em sentido estritamente litúrgico, magna dos Bispos e outros Pre-
o conjunto das cerimônias reali- lados.
zadas com e nos catecúmenos an-
tes do batismo, no Sábado Santo. Caudatãrio, clérigo que, seguin-
Têm as cerimônias este nome pro- do o Prelado quando vestido de
vàvelmente porque constituíam a Capa magna, leva a cauda des-
conclusão das instruções feitas aos dobrada.
catecúmenos.
Caveiras, tíbias sobrepostas, que
Catecúmeno (do gr. katéchein = não é lícito colocar como emble-
instruir), pessoa admitida à pre- mas nos paramentos pretos.
paração para o batismo. Come-
çava a preparação ( catecumena- Cecília, santa mártir, comemora-
to) com o lançar o nome do can- da no cânon da Missa, na ora-
didato no registo, assiná-lo com ção Nobis quoque peccatoribus,
a cruz, imposição da mão, ofere- depois da consagração. Sua festa
cimento de sal bento. Durante se celebra a 22 de Novembro.
tempo indeterminado recebia, en-
tão, o catecúmeno instrução dou- Celebração (1. celebratio), signi-
trinária e moral e daí o nome. fica indistintamente a realização
Competentes, eleitos ou iluminan- de qualquer função religiosa; em
dos chamavam-se os catecúme- latim, porém, emprega-se quase
nos que, depois de achados dignos, exclusivamente para o acto de di-·
eram admitidos à preparação pró- zer ou cantar a S. Missa.
xima que consistia nos escrutínios,
isto é, numa espécie de exame, Cemitério (do gr. koimetérion =
em dias diferentes, muitas ceri- dormitório), lugar bento para o
mônias com exorcismos e profissão sepultamento dos corpos dos fiéis
de fé. Não se permitia aos cate- que morreram em união com a
cúmenos assistir à Missa toda, mas Igreja. Determina o Dir. can. (c.
eram despedidos depois das lei- 1212) que haja também um lugar
turas espirituais. (V. Missa dos ca- fechado, onde são enterrados aque-
tecúmenos). les a que não se dá sepultura ecle-
siástica. Nos primeiros séculos
Cátedra, trono episcopal, com do cristianismo os cemitérios
cadeira de espaldar e encosto pa- eram galerias subterrâneas (cata-
ra os braços, encimado por um cumbas) ou se construíam ao ar
baldaquino. livre ( area, coemeterium sub divo) .
No primeiro caso . os corpos eram
Cátedra de São Pedro, duas colocados ou no chão ou nas pa-
festas em honra a S. Pedro como redes. Célebres são as catacumbas ,.
supremo Pastor. Uma celebra-se de Roma, nas quais se celebrava
a 18 de Janeiro e lembra a S. também o culto divino nos tempos

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e 65
das perseguições, e por isto nas rimônias nas funções solenes do
suas decorações, inscrições, etc., culto e funções eclesiásticas.
fornecem provas preciosas e evi- Ceroferário, (do L Cera = cera,
dentes do dogma e culto cristão. ferre
Nos cemitérios ao ar livre ou se = levar), clérigo ou acól~to
que leva um cereal ou toche1ro
fazia o enterramento no chão ou nas funções. do culto .. Oeralmen!e
em sarcófagos por cima da ferra. assistem dois ou mais cerofera-
A princípio os cemitérios jaziam 1
rios.
fora das povoações. Desde a ida-
de média, porém, ou se achavam 1 Chantre (fr.) (V. Corepíscopo
em volta ou perto da igreja ou 1) e Primicerio).
a própria igreja com suas adja- 1 Charola. (V. Andor).
cências (claustros) era o cemité-
rio, até que em meados do século Chave do Sacrário, seja sempre
passado .tornaram de novo para prateada e quando for possível,
fora das cidades. - Necropolis dourada e 'guardada diligentemen-
(do gr. nekros = morto, e polis te, respondendo por isto em cons-
= cidade) não é nome que a Igre- ciência o sacerdote encarregado
da igreja ou oratório onde haja
ja emprega.
o sagrado depósito. (Carta Past.
Cemitério, Bênção do. (V. Bên- col. n• 137, Dir. can. c. 1269,
ção do Cemitério). § 4).
Cenotáfio (do gr. kenós = va- Chirotecre (!. do gr. cheir =
zio, e taphé = sepulcro) na lingua- mão, thêke = invólucro). (V. lu-
gem litúrgica, a mesma coisa que vas pontificais).
catafalco.
Cibório. (V. Âmbula).
Cera. (V. · Candeia). Cibório do Altar (do gr. · Kibo-
Cercilho, grande tonsura (coroa) rion = pericárpio càliceforme),
dos frades. pavilhão por cima do altar, descan-
Cereal (de cera), castiçal de ta- sando sobre quatro ou seis colu-
manho regular, com vela de cera, nas entre as quais pendiam cor-
levado pelos ceroferários nas fun- tinas velando todo o altar. Estava
ções litúrgicas. em uso o cibório nas igrejas de
estilo basilical, como é de ver nas
Cerimônia (1. caeremonia, de de- Basílicas de Roma. Hoje .o Ceri-
rivação incerta), palavra e acção monial dos Bispos supõe, como
(gesto), que acompanham os actos substitutivo, o baldaquino (V. Bal-
do culto divino e o realçam com daquino), o qual, porém, só em
mais ou menos pompa em honra algumas igrejas da .Itália se en-
e louvor a Deus. Foram introdu- contra. O fim do cibório era ve-
zidas umas por necessidade ou lar o altar aos olhos dos profa-
conveniência, dando-se-lhes poste- nos, principalmente porque no
riormente um sentido simbólico; meio pendia o vaso com as sagra-
outras como símbolos com signi- das hóstias, preservar o sacerdote
ficação moral ou mística. As vezes de distrações e salientar o altar
dá-se o nome de cerimônia ao acto como o Santo dos Santos da an-
todo, p. ex. às bênçãos. V. Sím- tiga lei. Em sentido translado cha-
bolo, 1. ma-se cibório qualquer pavilhão,
Cerimonial, livro que ensina as cobertura, abóbada, o armário (V.
cerimônias. O principal é o Ce- Armário) entalhado na parede em
rimonial dos Bispos, definitiva- que se colocava a píxide com o
mente redigido por Bento XIV, Santíssimo e, por fim, a própria
em 1752. píxide.
Cerimoniário, ou Mestre de ceri- Ciclo, - 1) período de tempo
mônias, clérigo que dirige as ce- no qual é celebrado o Natal e a
Dic. Litúrgico - 5

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66 e
Páscoa, com a preparação e con- . Circuncisão do Senhor, festa em
clusão. Por isso se diz: ciclo honra da Circuncisão do Menino
(tempo) de Natal, ciclo (tempo) jesus, na oitava depois do nasci-
de Páscoa. (V. Ano eclesiástico). mento. O dia 1° de janeiro tem
- 2) conjunto dos Ofícios do sido celebrado com carácter su-
tempo ou das festas fixas dos San- cessivamente diverso no correr dos
tos. No ciclo temporal os misté- séculos. - 1) Os escritores ecle-
rios são celebrados na ordem cro- siásticos dos primeiros séculos
nológica com que se deram na rea- têm-no como dia de penitência e
lidade. O ciclo dos Santos chama- jejum até às três horas da tarde.
se também ciclo sanfaral ou, sim- Isto por causa dos excessos pa-
plesmente santoral. Os dois ciclos gãos em festejar o início do ano.
correm conjuntamente no ano ecle- - 2) Desde meados do século IV
siástico, ora salientando-se o san- pertence à festa do Natal, de que
toral sobre o temporal, ora ce- é a Oitava, formando com ela um
dendo-lhe a primazia. só grande dia na celebração do
Cíngulo, cinto para arregaçar a inefável Nascimento de jesus. -
alva. Há três formas: cordão, fita, 3) Desde o princípio do século V,
fita larga com cadarços na face ou talvez já antes, é também a
interna para amarrar. A última festa da Maternidade divina de
forma, hoje pouco usada, tinha Nossa Senhora. A Igreja grega
as pontas ricamente ornadas, as preconiza a Maternidade de Maria
outras contentam-se com uma bor- no dia imediato ao Natal, de mo-
la ou franja. A matéria do cín- do que nos dias do oitavário reúne
gulo pode ser seda, linho, cânha- duas solenidades numa só. - 4)
mo, lã e a cor não é prescrita, Desde meados do século VI desta-
mas pode . ser sempre branca ou ca-se mais a Circuncisão do Se-
acompanhár a dos paramentos. No nhor. Tornou-se esta denominação
Brasil usa-se geralmente um cor- geral com a celebração festiva do
dão branco de linho ou algodão dia no século IX. - 5) Os Fran-
com borla, na Espanha um cordão ciscanos, no século XIV e XV, fi-
de cor com borla, na Alemanha zeram sobressair mais o pensa-
uma fita branca de linho com fran- mento no Nome de jesus. Espa-
ja. Significa o cíngulo a virtude da lharam o culto desse Nome e al-
continência e castidade. Na Amé- cançaram uma festa própria para
rica latina são proibidos os cín- o dia 14 de janeiro, sendo es-
gulos de algodão e os de faixa. tendida ao mundo inteiro por Ben-
Os existentes podem-se gastar. to XIII e por Pio X fixada no do-
mingo entre a Circuncisão e Epi-
Cinza. (V. Agua gregoriana. fania, ou, não havendo domingo,
Bênção .das cinzas e Sagração da no dia 2 de janeiro. - Na Igreja
igreja). romana diziam-se, a princípio, duas
Cipriano, Bispo de CartagC?, Missas no dia 1° de janeiro, uma
martirizado em 258, na persegui- da Oitava de Natal, outra em hon-
ção de Valeriano, mencionado no ra a Maria. Desde o estabeleci-
cânon da Missa, antes da Consa- mento da festa da Purificação,
gração, na oração Communicantes. ficou uma só até hoje. Mas tanto
Sua festa a 16 de Setembro, junto a Missa como o Oficio divino re-
com S. Cornélio. cordam o uso antigo. A Missa é
Círculo, côrte que os cônegos (nas partes variáveis) a terceira
formam ao redor do Bispo, quan- do Natai com o Evangelho da
do veste os paramentos fora da Circuncisão e mais algumas pe-
capela mor, e na Missa solene, quenas diferenças, mas as ora-
à qual o Bispo assiste pontifical- ções são de Nossa Senhora. No
mente, para, saindo de seus luga- Ofício divino ainda mais se exter-
res, rezar com ele certas orações. na o carácter Mariano nas belas

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e ô7
Antífonas das Vésperas e Lau- tas usou a fórmula introdutória:
des e nos Responsos do segundo Saudação e Bênção Apostólica.
e terceiro Noturno, além da ora- Coador (!. colum, colatorium),
ção do Ofício, que é a mesma co- vaso de metal com fundo perfu-
mo a primeira da Missa. rado para coar o vinho a ser con-
Círio (!. cereus), candeia de sagrado. Com as oferendas em
maiores dimensões. espécie, da parte dos fiéis, cessou
Círio pascal. (V. mnção do cí- aos poucos também o uso do
rio pascal). coador.
Claustro (do 1. claudere fe- Coberta. O Cerimonial dos Bis-
char), pátio quadrangular ou re- pos (L. 1, c. 22, n. 8) prescreve
ctangular interior, descoberto, com urna coberta de pano para o ge-
corredor em sua volta, guarneci- nuflexório dos Bispos, a ser co-
do ordinàriamente de arcarias, jun- locado diante do altar do SS. Sa-
to às igrejas de mosteiros e con- cramento e do altar-mor, nas
ventos, e, às vezes, de catedrais funções pontificais. O pano é
e colegiadas. Serve não apenas de - cor verde ou roxa, envolve o
para recreio, mas também para genuflexório todo e desce até ao
procissões litúrgicas e antigamen- chão. Se o Bispo for Cardeal, a
te também para o Lava-pés, na coberta é de seda e de cor encar-
Quinta-feira Santa. nada ou roxa, de acordo com as
vestes do Cardeal. - E' costume
Clavígero (do 1. clava = clava, generalizado colocar uma coberta,
maça, vara, e gerere = trazer), mais ou menos artisticamente fei-
ou mazzerio (do it. mazziére), uma ta, sobre o parapeito do púlpito,
das· dignidades leigas que prece- sobre o letório, se estiver em uso,
de, empunhando uma v.ara de pra- e sobre a estante do Missal.
ta, as outras que, segundo o Ce-
rimonial dos Bispos, servem aos Cobertura da cabeça. O Papa
Cardeais, Arcebispos ou Bispos usa a tiara, a mitra, o camelau-
insignes na purificação das mãos, cum e o pileo. Os _Cardeais, Bis-
na Missa pontifical, quando para pos e certos Prelados a mitra, o
isso são convidados. Significa a pileo e o barrete, os simples sacer-
vara o poder espiritual. dotes apenas o barrete. Nos Ritos
orientais os Bispos usam a mitra
Clemente 1, Papa Mártir, pro- ou o turbante, os sacerdotes sim-
vàvelmente de 88 a 97, comemo- ples o kamelaukion (V. todas es-
rado no cânon da Missa, antes sas palavras em seus respectivos
da consagração, na oração Com- lugares).
municantes. Sua festa é celebrada
a 23 de Novembro. Crena Domini (!.), (V. Quinta-
/eira Santa).
Clérigo (do gr. kleros = sorte, Cogula (!. cuculla), manto lar-
herança), jovem aceito no estado go dos monges na recitação do
eclesiástico pela cerimônia da ton- Ofício divino.
sura, depois de ter principiado o
estudo teológico. (V. Dir. can. c. Colação, pequena refeição que
976, § 1). . nos dias de jejum é permitido to-
mar-se à tarde. Introduziu-se esta
Cleto, Papa Mártir, segundo su- refeição nos mosteiros nos dias de
cessor de S. Pedro, comemorado jejum, fora da Quaresma, no tem-
no cânon da Missa, antes da con- po em (desde o VI século) que o
sagração, na oração Communican- antigo rigor se ia mitigando, e to-
tes. Sua festa a 26 de Abril. Se- mava-se ela por ocasião da leitura
gundo diz o Breviário romano, foi em comum das obras dos Santos
o primeiro Pl\pa que em suas Car- Padres, compiladas ( collationes)
rio;o

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68 e
por Cassiano. Daí o nome. Desde Vigília ou Féria, as quais pelas
o IX século imitava-se este uso regras de concorrência ou ocor-
também fora dos mosteiros, e não rência estabelecidas pelas rubricas,
sàmente nos dias de semi-jejum, não podem ser celebradas inteira-
mas outrossim na Quaresma. mente. Na Missa a Comemoração
Colar, conferir uma paróquia é uma oração acrescentada no
inamovível (Vigário colado). Em princípio, Ofertório e no fim. No
sentido rigoroso tais paróquias Ofício é uma antífona com versí-
não existem mais. (Dir. can. c. culo e oração depois da pração
454).
do Ofício do dia, ora só nas Lau-
des, ora nas primeiras Vésperas
Colarino, gola solta, dura, alar- e Laudes, ora em ambas as Vés--
gando-se no meio, em forma de peras e Laudes, e, frequentemente,
capuz, ricamente bordada, que na nas Matinas uma nona lição, que
Espanha é uso colocarem o Diá- é um trecho do Evangelho · com
cono e Subdiácono por cima do homília nas Vigílias e Férias, ou
paramento, em volta do pescoço. com resumo histórico ao tratar-se
Tira o colarino sua origem do de festa comemorada de um Santo.
amicto, que antigamente (como Comemoração da Cruz, (V.
ainda hoje em algumas Ordens) Suffragium de omnibus Sanctis).
pendia por detrás, com mais ou
menos rica ornamentação. Comes (1. =. companheiro, cha-
Coleta (do 1. colligere = re- mava-se o índice que trazia as
palavras iniciais e, às vezes, tam-
unir), assembléia dos sacerdotes e
povo para celebração do culto di- bém as finais dos Evangelhos,
vino. Antes de este começar e de- Epístolas e Lições escriturais pa-
pois do salmo introdutório, reza- ra os domingos, festas e férias,
va o Bispo uma oração em nome tendo por fim facilitar a procura
de todos, que também tomou o no- do Evangelho, etc., na Sagr. Es-
me de oratio ad collectam - ora- critura. Desde o VII século desen-
ção em nome da assembléia, ou volveu-se desse índice o Evange-
simplesmente coleta. No desen- liário e Epistolário e o Plenário,
volvimento posterior da Liturgia livros que continham por inteiro o
passou esta denominação a ser Evangelho, a Epístola, ou ambos.
própria (como ainda hoje) da pri- Communicantes, (!.) início da
meira oração na Missa, antes da oração que na Missa se segue ao
Epístola, e a qual, geralmente na Memento pelos vivos e na qual o
primeira parte, alude ao mistério sacerdote pede a protecção e au-
ou à festa do dia e depois acres- xílio de Deus pelos merecimentos
centa um pedido. e orações de N. Senhora, dos
Colegiada, - 1) corporação de Apóstolos, de doze mártires roma-
sacerdotes que têm as honras e nos (cujos nomes são menciona-
obrigações de cônegos, em igre- dos, como os dos Apóstolos) e de
ja que não é catedral; - 2) igre- todos os Santos. Da circunstância
ja em que a Colegiada tem a sua de se fazer menção apenas de San-
sede. tos mártires concluem os liturgis-
Colherinha, conchinha para dei- tas para a antiguidade da oração,
tar algumas gotas de água no que deve remontar ao Ili século,
vinho, ao Ofertório, sem ser o isto é, ao tempo em que sàmente
seu uso de preceito, ou (às vezes aos Santos mártires se tributava
em forma de pá) para deitar in- culto público. (V. Canonização).
censo no turíbulo. Sobre os acréscimos que sofre a
oração Communicantes V. Cânon.
Comemoração, menção que o
sacerdote faz, na Missa e no Ofí- Commune Sanctorum (!.), parte
cio . do dia, de uma outra festa, do Missal e do Breviário que for-

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e 69
nece formulários de Missas e de Breviário por Pio V. A segunda
Ofícios para as diversas classes parte representa o antigo Comple-
de Santos (apóstolos, mártires, torium com as seguintes orações:
pontífices, etc.; por isso: .Comum Dois versículos com resposta, três
dos apóstolos, Comum dos márti- salmos, hino, lição pequena escri-
res, etc.), a usar nas festas que turai (Capitulum), responsório,
no Proprium ou não têm formu- canto de S. Simeão, preces (não
lário ou incompleto. já no fim do sempre), oração, bênção,- antífona
VIII século (Alcuim) existiam tais final de N. Senhora, versículo Di-
formulários; os actuais foram co- vinum auxilium maneai semper no-
ordenados no Missal de Pio V e biscum. Amen e a recitação, em si-
eram provàvelmente, em sua ori- lêncio, do Pater noster, Ave Ma-
gem, formulários próprios de um ria, Credo. ·
Santo, usados depois para outros Cômputo (do 1. cómputus = cál- ·
da mesma classe. - Na mesma culo), cálculo assás complicado
parte do Missal acham-se a.cres- que fazem os· liturgistas para or-
centadas a Missa da sagração da ganizar o Calendário eclesiástico.
igreja, uma para festas de N. Se- (V. Calendário - 3). A dificulcta-
nhora, cinco de N. Senhora no .de resulta da diferença de 11 dias
sábado, as votivas e as de Re- que existe entre o ano solar, do
quiem. qual dependem os meses, semanas
Communio, (1.) antífona que com e festas fixas em certo dia, e o
o salmo 33 (posteriormente com ano lunar, que determina a Páscoa
outros) o coro cantava durante a com as festas móveis.
distribuição da S. Comunhão aos Comunhão, união com N. Se-
fiéis, suprimindo-se paulatinamen- nhor pela recepção da Sagrada
te o salmo, devido à diminuição Eucaristia. Presente está jesus com
das Comunhões na Missa, ficando corpo e sangue sob cada uma das
apenas a antífona. Hoje o coro espécies de pão e vinho e sob
canta a Communio depois de o sa- ambas o recebe o sacerdote cele-
cerdote tomar o SS. Sangue de N. brante, e o Diácono e Subdiácono
Senhor; o sacerdote reza-a inva- na solene Missa papal. Fora es-
riàvelmente do Missal, depois da tes casos comungam clero e fiéis
purificação do cálice. Geralmente sob a espécie somente de pão. E'
a Communio faz alusão ao ca- este o uso vigente na Igreja lati-
rácter do dia ou festa. na desde o século XII, em que
Compadre, comadre, padrinho começou a introduzir-se por fins
(madrinha) com relação aos pais de conveniência e foi prescrito
do neófito. pelo Concílio de Constança, em
Completas, também Completório 1415, como medida contra os Hus-
(1. completorium), última hora do sitas, que negavam a presença de
Ofício divino de cada dia, for- Cristo inteiro sob ambas as es-
mando a oração litúrgica diJ. noite. pécies. Até ao século XII também
Compõe-se de duas partes distin- os fiéis comungavam sob ambas
.._ tas, das quais a primeira é uma as espécies, recebendo o pão con-
introdução e consta de pequena sagrado na mão, ou, desde o sé-
lição da Escritura com bênção culo IX, na boca. O SS. Sangue
precedente, do Pater-noster e Con- tomavam ou do próprio cálice, ou
fiteor com a absolvição. Esta par- por meio de um pequeno tubo
te recorda, em seus componentes, (fistula, canna, calamus) ou en-
a leitura espiritual (Officium cài- fim recebiam o pão consagrado
lationum) que a Regra de S. Ben- embebido no SS. Sangue. Mais
to prescreve fazer-se entre Véspe- conforme seria receberem os fiéis
ras e Completas e foi acrescenta- a S. Comunhão durante a Mis-
da às Çompletas na reforma do sa, mas desde o século IX come-

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70 e
çou-se a dá-la também logo em nostri /esu Christi custodiai ani-
seguida à Missa, e desde o século mam meam in vitam aeternam.
XII generalizou-se paulatinamente Amen., e comunga inclinando-se
a praxe de dá-la independentemen- um pouco. Depois de uma curta
te da Missa. - Nos Ritos orien- adoração descobre o cálice, ajoe-
tais ainda hoje a S. Comunhão lha-se, colhe os fragmentos com a
é administrada sob ambas as es- patena e deita-os no cálice, rezan-
pécies, mas somente em seguida à do Quid retribuam Domino, etc.
Comunhão do celebrante e com a Toma então o cálice, benze-se com
diferença de que o clero a recebe ele, dizendo Sangpis Domini nostri
nas duas espécies separadas, os /esu Christi, etc., e comunga, co-
fiéis, porém, misturadas. Concorda locando a patena por baixo do
o Oriente com o que sempre foi queixo. Somente o Papa, na quali-
uso no Ocidente em se dar a S. dade de representante de N. Se-
Comunhão aos doentes quase ex- nhor, em sentido eminente, recebe
clusivamente sob a espécie de pão. na Missa papal a S. Comunhão
Comunhão das crianças. Tanto estando em pé no trono. (V. Fístu-
no Oriente (onde ainda existe) la). Faz-se menção desse uso já
como no Ocidente era costume dar- no VIII século, no primeiro Ordo
se a S. Comunhão às crianças ime- romano. Na Sexta-feira Santa, po-
diatamente depois do batismo e rém, e na Missa pontifical de Re-
durante os oito dias em que tra- quiem, toma, em sinal de luto, a
ziam as vestes brancas, sob a es- N. Senhor como nas Missas priva-
pécie de vinho, intrometendo o sa- das, isto é, no altar. - Todo o ri-
cerdote o dedo umedecido no San- to da Comunhão na Missa entrou
gue de N. Senhor, na boca da na Liturgia romana universal ·no
criança, e, às vezes, também sob XIII século, com a adopção, da
ambas as espécies. Além disso, era parte dos Franciscanos, dos usos
uso bastante generalizado admitir- da Cúria romana. Completa unifor-
se à Comunhão as crianças nos midade só se estabeleceu com a
anos posteriores ao batismo, pelo edição· oficial do Missal, por Pio
menos quando eram apresentadas V, em 1569. V. todos os termos
pelos pais. Desde o século XII es- em grifo no seu respectivo lugar.
tas praxes foram-se diminuindo até
acabar por completo no século Comunhão dos enfermos, admi-
XVI. Hoje é desejo da l~ja que nistrada aos doentes por devoção,
as crianças façam a Primeira Co- ou, em doença grave, como viá-
munhão na idade em que são ca- tico, isto é, como conforto na vi·a-
pazes de distingui-la de outra qual- gem para a eternidade. O rito
quer comida, o que geralmente se de administrá-la é o mesmo como
dá pelo 7° ano. quando é dada na igreja, com a
diferença de antes o sacerdote
Comunhão do celebrante, Rito aspergir, entre orações, o quarto
da. Depois da oração pela paz, com água benta, terminar o acto
permanecendo inclinado, com as com a oração final diversa da
mãos juntas sobre o altar, o cele- que se usa· na igreja e, quando se
brante reza as orações prepara- trata do viático, substituir a fór-
tórias Domine /esu Christe, Fili . mula pela seguinte: 1 "Recebe, ir-
Dei, etc., Perceptio Corporis fui, mão (irmã) , o Viático do Corpo
etc. Ajoelhando-se, então, diz le- de N. S. jesus Cristo, que te guar-
vantando-se: Panem caelestem, de do inimigo maligno e te con-
etc., e, um pouco inclinado, três duza à vida eterna.1' Segundo
vezes Domine, non sum dignus, prescreve o ritual, a Comunhão
etc., batendo no peito. Em segui- deveria ser levada aos doentes e
da benze-se com a Hóstia, profe- a..píxide reconduzida à igreja com
rindo a fórmula Corpus Domini soTenidade, excepto o caso de

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e 71
longo caminho, prescrição que, aeternam. Amen. Voltando ao al-
em muitos lugares, não pode ser tar e enquanto purifica os dedos,
observada, pelo que foi se intro- reza a antífona: O sacrum convi-
duzindo o uso de levar a Comu- vium, com versículo e oração, que
nhão ocultamente. Compete ao Or- no tempo de Páscoa é substituída
dinário julgar sobre a conveniên- por outra e, depois de reposto o
cia ou não de levar a · Comunhão Santíssimo no tabernáculo, lança a
ocultamente. - Para a recepção bênção na forma costumada. Su-
da SS. Comunhão em casa, prepa- prime-se, porém, a antífona O sa-
re-se uma mesa, coberta de toalha crum convivium, com todo o resto,
branca, com crucifixo, duas velas quando a Comunhão é dada na
de cera, vaso com água benta e Missa, e a bênção final quando é
um copo com água simples. distribuída antes e depois das Mis-
Comunhão, Mesa da. (V. Mesa sas de Requiem.
eucarística). Comungatório, grade ·na qual as
Comunhão pascal. (V. Deso- freiras de clausura recebem a S.
briga). Comunhão.
Comunhão, Patena de, uma Concelebração, celebração de
patena maior do que a da Missa, uma só Missa por diversos sa-
geralmente de forma oval, para ser cerdotes ao mesmo tempo. En-
sustentada pelos fiéis comungan- quanto o celebrante principal diz
tes ou pelo acólito debaixo do a Missa como de costume, os ou-
queixo. Deve ser feita de prata tros só rezam com ele as ora-
ou de outro metal, dourada e to- ções, inclusive as palavras da con-
da lisa, isto é, sem gravações na sagração. Na idade média a con-
face interna. Seu uso, introduzi- celebração era mais frequente, pre-
do aos poucos em diversos paí- sentemente é lícita e prescrita sà-
ses, foi prescrito universalmente mente na ordenação de sacerdote
em 1929. e sagração de Bispo. (Dir. can.
c. 803). Nos Ritos orientais ainda
Comunhão, Rito da. Enquanto hoje é bastante frequente porque
os fiéis tomavam a Comunhão só neles não se conhece a Missa pri-
na Missa, não existiam cerimônias vada.
especiais em sua distribuição. Des-
de, porém, que no século XIII sur- Concha, - 1) abóbada semicir-
giu a praxe de administrá-la inde- cular da ábside e, por extensão,
pendentemente da Missa, era fpr- a própria ábside; - 2) vaso para
çoso revestir o acto de cerimônias. derramar água no batismo.
Assim, desenvolveu-s·e, pouco a
pouco, o vigente rito, que foi de.._ Conceição Imaculada, festa de
finitivamentt} fixado pelo Ritual de primeira classe, de N. Senhora,
Paulo V, em 1614, e que consiste celebrada a 8 de Dezembro, com
nas seguintes orações: Depois do Vigília e Oitavário, em honra da
Confiteor, rezado (respectivamen- Mãe de Deus, concebida sem a
te cantado) pelo ajudante (res- mancha do pecado original. E' co-
pectiv. Diácono) o sacerdote dá a nhecida esta festa desde o XII sé-
absolvição em forma deprecativa, culo com o nome de Conceição da
mostra depois aos fiéis a Hóstia B. V. Maria, espalhando-se de-
Santa, proferindo as palavras Ecce pois ràpidamente, devido à ener-
Agnus Dei, etc., e três vezes Do- gia com que a Ordem francisca-
mine, non sum dignus, etc. Em na, no XIII século, tomou a de-
seguida desce do altar, e, colo- fesa da Conceição de Maria sem a
cando a Jesus sobre a língua, diz: culpa original. Sixto V introduziu
Corpus Domini nostri ]esu Christi a festa .no calendário romano com
custodiai animam tuam in vitam o nome de Conceição da Jma-

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72 e
culada V. Maria, e Pio IX, depois de rito igual ou não. No primeiro
da proclamação. do respectivo caso as Vésperas até o Capítulo
dogma, em 1854, mudou o título são das segundas e do Capítulo
em Conceição Imaculada da B. V. em diante das primeiras Vésperas
Maria, estabelecendo ao mesmo com comemoração do Ofício ante-
tempo o dia como dia santo de rior. Não sendo o rito igual, pre-
guarda em toda a Igreja. valecem as Vésperas inteiras do
Ofício do rito mais elevado, ha-
Conclusão das orações, final com vendo .comemoração do outro con-
que no Ocidente terminam todas as corrente. Há, contudo, excepções,
orações na Missa, no Ofício e em conforme as rubricas que regulam
quaisquer actos litúrgicos e no a matéria. (V. Ocorrência).
qual a Igreja se refere a jesus
Cristo como medianeiro divino. Cônego (!. canonicus, de canon
Há duas fórmulas de conclusão,
uma longa, outra curta. A longa,
= regra), sacerdote secular per-
tencente ao cabido. (V. Cabido).
que é uma doxologia implícita (no
Rito grego é geralmente explíci- Confessio, ou martyrium (1.), an-
ta), e se a oração é dirigida ao tecâmara da sepultura de um már-
Pai celestial, é a seguinte: Per tir ou Confessor da fé ou do
Dominum nostrum jesum Chris- sepulcro com as relíquias no al-
tum, Filium tuum, qui tecum vivit tar e, em sentido translado, a pró-
et regnat in unitate Spiritus Sancti pria sepultura, o sepulcro no al-
Deus, per omnia saecula saeculo- tar, e a cripta, altar ou igreja
rum. Amen. Se, porém, o que me- eretos por cima da sepultura. Cé-
nos vezes acontece, a oração se lebre é a Confessio Petri, na Basí-
dirige ao Filho: Qui vivis et re- lica de São Pedro, em Roma. (V.
gnas cum Deo Palre in unitate, Sepulcro 1).
etc. A fórmula curta é, com poucas
excepções, empregada fora da Confessionário, assento com uma
Missa e Ofício: Per Christum Do- ou duas paredes laterais, com gra-
minam nostrum. Amen, respecti- de perfurada ao meio, para o sa-
vamente: Qui vivis et regnas in cerdote ouvir a confissão sacra-
saecula saeculorum. Amen. Caso o mental dos fiéis. Segundo prescre-
Filho ou o Espírito Santo tenham ve o Ritual, deve ser colocado em
sido mencionados no corpo da lugar aberto e acessível por todos,
oração, acrescenta-se eumdem sem ser de preceito um sítio de-
(acusativo de mesmo) antes de terminado. Era o confessionário
Dominum e Christ11m, e ejusdem antigamente apenas um mocho ou
(genitivo de mesmo) antes de Spi- cadeira com braços, posta por de-
ritus Sancti. - Ao Rito galicano trás do altar-mor, em frente do
era próprio destacar, na conclu- mesmo, ou na nave da igreja. A
são das orações, a idéia de Cristo forma actual, isto é, as grades que
Salvador: Salvator mundi, qui vi- separam o sacerdote do peniten-
vis et regnas (ou vivit et regnat) te, generalizou-se depois do Concí-
etc. Disso, no Rito romano, te- lio de Trento, principalmente para
mos só um exemplo na segunda a confissão de senhoras. No Brasil
oração da Prima (Dirigere et san- é de preceito colocar a imagem do
ctificare, etc.), pelo que não pa- Crucificado na parede, do lado do
dece dúvida que essa oração é de penitente.
origem galicana.
Confessor - 1) durante o tem-
Concorrência, encontro das se- po das perseguições, sinônimo de
gundas Vésperas do Ofício divino mártir; posteriormente um Santo
com as primeiras do Ofício do dia ou Beato que, não sendo mártir,
seguinte. Os dois Ofícios ou são com as suas virtudes heróicas con-

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e 73
fessou sua viva fé em Cristo. (V. Bispo almeja aos confirmandos o
Festas dos Santos); - 2) sacer- Espírito Santo e a virtude do Al-
dote jurisdicionado para ouvir a tíssimo e uma oração deprecató-
confissão sacramental dos fiéis. ria com alguns versículos, o Bispo
impõe a mão e ao mesmo tempo
Confirmação, chamada também forma · na fronte do crismando
crisma (1. confirmatio, consigna- uma cruz com o dedo polegar
tio), sacramento instituído por N. molhado no crisma, dizendo as
Senhor, no qual o cristão recebe palavras: Signo te signo cru f eis:
as graças especiais do Espírito (continua, abençoando três vezes).
Santo, para, como bom soldado de Et confirmo te Chrismate salutis.
Cristo, confessar intrepidamente ln nomine Pa f tris, et Fi f lii, et
sua fé. Sendo sacramento dos vi- Spiritus f Sancti. ~- Amen. Segue-
vos, deve ser recebido em estado se uma leve bofetada (V. álapa)
de graça e só uma vez, ·em vir- na face do crismado, como exor-
tude do carácter indelével que im- tação a confessar intrepidamente
prime. Até à idade média admi- a fé, uma antífona, uma oração
nistrava-se a Confirmação em se- com precedentes versículos e uma
guida ao Batismo, mais tarde, em bênção expressiva final. A parte
outra ocasião, sem haver idade essencial do Rito é a unção com
prescrita. Segundo o uso vigente, as palavras, as quais, entretanto,
sancionado pelo Direito canônico em seu sentido material, e até ao
(c. 788), é conveniente esperar até XII século, não foram sempre as
sete anos de idade, a menos que mesmas de hoje. As cerimônias e
a necessidade ou razões graves orações são o resultado de um
aconselhem administrá-los antes, lento desenvolvimento, principal-
como no Brasil geralmente se usa. mente do XI ao XIII século. O lu-
O Ministro ordinário deste sacra- gar da Confirmaçã,o é a igreja ou
mento é o Bispo, extraordinário o qualquer outro, a juízo do Bispo.
sacerdote com autorização apostó- - Nos Ritos orientais as cerimô-
lica, p. ex., em lugares onde nun- nias são muito mais ricas, a unção
ca ou dificilmente chega o Bispo. se faz não sàmente na fronte e
Em virtude de recente concessão as palavras são diferentes.
(14. 9. 1946), podem o parochus, o
vicarius paroecialis ( cân. 4 71) e o Confissão ou Penitência, sacra-
vicarius oeconomus (cân. 472) mento, no qual o sacerdote, devi-
administrar este Sacramento em damente munido de jurisdição,
seu território a crianças e adultos perdoa, em nome de Deus, os pe-
em perigo de morte, sendo moral- cados cometidos depois do batis-
mente impossível que o faça o mo, a pena eterna e, pelo menos,
Bispo. Também o sacerdote deve uma parte das penas temporais,
usar o crisma bento pelo Bispo. - 1 ao cristão que, arrependido, con-
A matéria sacramental é a imposi- li fessa as suas culpas. Sendo a
ção da mão com a unção. Desde acusação dos pecados parte neces-
tempos remotos foi costume ter o sária, em todas as línguas preva-
crismando um padrinho. (V. Padri- leceu o nome de Confissão. A pes-
nho). - Nos Ritos orientais a soa que recebe este sacramento
Confirmação é administrada por chama-se o (a) penitente.
qualquer sacerdote com myron, is- Confissão, Rito da. Tendo o
to é, azeite de oliva misturado cristão acusado as suas culpas, o
com diversas especiarias odorífe- sacerdote impõe uma penitência
ras, bento pelo Bispo, à criança (satisfação sacramental) a cum-
logo em seguida ao Batismo. prir, reza sobre ele Misereatur tui,
etc., estende contra ele sua mão
Confirmação, Rito da. Depois de enquanto reza lndulgentiam, ab-
uma pequena fórmula com que o solutionem, etc., desliga-o de pe-

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74 e
nas eclesiásticas, em que talvez para fins de piedade e caridade é
tenha incorrido, com as palavras costume desde o VII século. Gran-
Dominus noster, etc., e por fim o de incremento tomaram as Con-
absolve dos pecados, dizendo Ego frarias no século XIII, quando as
te absolvo a peccatis fuis in no- Ordens religiosas se fizeram seus
mine Patris et Filii et Spiritus propagadores e ainda mais se es-
Sancti. Amen, formando a cruz palharam, sob muitas denomina-
sobre o penitente, e conclui com ções e para alcançarem diferentes
a oração Passio Domini, etc., com fins particulares, desde o século
a qual pede a aplicação ao pe- XVI.
nitent~ da Paixão de Cristo, dos
merecimentos de N. Senhora, de Congregação dos Ritos, colégio
todos os Santos e de suas pró- de Cardeais, instituído por Xisto
prias boas obras. Durante a con- V, em 1588, e reorganizado por
fissão o sacerdote, como juiz, está Pio X, em 1908, com o encargo
sentado, o penitente ajoelhado. de tratar de tudo o que directamen-
te diz respeito aos Ritos e cerimô-
Confiteor, fórmula de acusação n!a~ litúrgicas da Igreja latina,
geral e pública dos pecados (apo- y1gian?o sobre a sua observância,
logia), sem carácter sacramental. impedindo abusos, concedendo dis-
E' empregado liturgicamente no pensas oportunas, privilégios e
início da Missa, antes da admi- honrarias. Incumbe-lhe, além dis-
nistração da Comunhão e Extre- so, conduzir as causas de beatifi-
ma Unção, no Ofício divino e cação e canonização dos Servos
ao dar-se a Bênção Apostólica em de Deus, e, por fim, tratar de tudo
artigo de morte e a Absolvição o que de qualquer maneira se refe-
geral. A redação actual data da re às sagradas Relíquias. Os De-
idade média e foi assim definiti- cretos da Congregação dos Ritos
vamente aprovada por Pio V, no têm a autoridade de Decreto pa-
século XVI. Tem seu nome da pal. (Dir can. c. 253).
primeira palavra Confiteor =
con-
Conopéu (do gr. konopeion =
fesso; mas em português lhe co-
locamos na frente Eu pecador, pe- mosquiteiro, cortina), pavilhão
lo que a fórmula toda assim é que, segundo o Ritual romano,
chàmada entre nós. _ deve cobrir todo o tabernáculo.
Ao que parece deriva o conopéu
Confraria, associação pia para do baldaquino que, em forma de
promover a vida cristã, ereta tenda, cobria o vaso com o San-
ou pelo menos aprovada pela tíssimo, pendurado . por cima do
autoridade eclesiástica. O Direito altar. Nas igrejas antigas do Bra-
can. (c. 707) distingue três espé- sil ainda está em uso o conopéu
cies de semelhantes associações: na forma prescrita; nas moder-
Pias Uniões, isto é, associações nas, com o tabernáculo frequente-
pias sem constituição orgânica, co- mente construido dentro do retá-
mo são a Confraria do Carmo, o bµlo, ou encimado por um trono
Apostolado, etc.; Sodalícios, isto é, ou nicho de exposição, o cono-
assQ.ciações pias orgânicamente péu ficou reduzido a uma corti-
constituídas, como são a Associa- na (respeito) diante da porta do
ção das Filhas de Maria, a Con- tabernáculo, que nunca deve faltar.
gregação Mariana, etc.; Confrater- O conopéu d~ve ser feito de pano
nidades, isto é, associações pias tecido, não de rendas ou trabalho
orgânicamente constituídas que, de croché. A sua cor ou é sempre
além da vida cristã, promovem branca, ou varia segundo a cor do
o culto divino público, como são ofício do dia, excluída fica a pre-
as nossas Irmandades geralmente. ta, que nas exéquias é substituída
Unirem-se os fiéis em associações pela roxa.

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e 75
Consagração, palavra reservada, Constituições apostólicas, obra
na linguagem litúrgica, para o bastante volumosa, escrita em lín-
acto da transubstanciação do pão gua grega na Síria, pelos fins do
e vinho, na S. Missa, pelas pala- século IV, que em seus livros li
vras proferidas sobre eles. Em e VIII contém duas Liturgias de
latim a palavra consecratio signi- Missa, das quais a última é com-
fica, além disso, diversas sagra- pleta e conhecida pelo nome de
ções em que se emprega o cris- liturgia clementina. (V. liturgia
ma, e também 'a bênção das vir- clementina).
gens. (V. Sagração, Bênção das
virgens). Contas, as pequenas bolas fura-
das do rosário.
Consagração, Acto da, forma o
centro da S. Missa, com a tran-
substanciação do pão e vinho em Converte nos, etc. (1.= Conver-
tei-nos, Deus de nossa salvação,
o verdadeiro Corpo e Sangue de
N. Senhor. O acto todo consta e afastai de nós a vossa ira),
da narração evangélica sobre a versículo tirado do salmo 84,
instituição b Eucaristia com as dito logo em seguida ao Confiteor,
palavras de jesus, as quais o sa- no começo das Completas. Reci-
cerdote profere como que identi- tando-o, o clérigo faz o sinal da
ficado com Cristo. Sàmente estas cruz sobre o peito, para sigqifi-
palavras são essenciais para a car a conversão do coração pela
transubstanciação. Na consagração virtude que dimana da cruz. Faz
do cálice as palavras são, no Rito parte das Completas, pelo menos
latino, uma combinação das dos desde princípios do século XII.
evangelistas e das de São Paulo. Cor litúrgica. Sàmente paulati-
O acréscimo mysterium fidei era namente foi-se desenvolvendo na
uma exortação para adorar, feita Igreja a fixação das cores para
ao povo pelo Diácono, na época os paramentos. A princípio usava-
em que o altar tinha cibório, cujas se sàmente a cor branca, que era
cortinas o velavam por completo. a cor do vestuário da antiguidade
(V. Cibório do Altar). Nos Ritos clássica. Desde a época dos car-
ocidentais o acto da Consagração lovíngios (IX séc.) há notícias de
se realiza em segredo, nos orien- determinadas cores para certas
tais as palavras são proferidas em festas; mas só foi pelo ano de 1200
voz alta, respondendo o coro que se adoptaram as nossas cores
Amém. como litúrgicas. A diformidade,
Conservação do SS. Sacramento. porém, no seu emprego, não
Segundo o Dir. can. c. 1268, 1269, obstante a determinação do Papa
§ 1) a Sagrada Eucaristia deve Inocêncio III (1198-1216) durou
ser guardada em tabernáculo fi- até à reforma do Missal, depois
xo no meio do altar, regular- do Concílio de Trento. Desde en-
mente altar-mor (não capela la- tão há cinco cores litúrgicas: bran-
teral), excepto as igrejas cate- ca, encarnada, verde, roxa e pre-
drais, colegiadas e conventuais, ta. O seu emprego depende das
nas quais pode ser conservado festas a celebrar e do ano ecle-
num altar lateral ou capela, para siástico. A cor rosácea é permiti-
que não sejam impedidas as fun- da no terceiro domingo do Adven-
ções eclesiásticas.' Sobre a con- to (Gaudete) e no quarto da Qua-
servação do Santíssimo até à ida- resma (laetare) para, no meio da
de média V. Armário. penitência e meditação sobre a
Paixão, exprimir o júbilo do cris-
Consola, peça de arquitetura, sa- tão pela salvação feita por N. Se-
liente, para sustentar estátuas, va- nhor. A cor azul celeste usa-se, por
sos, etc. privilégio, na Espanha e em alguns

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76 e
conventos franciscanos, nas Missas festa às igrejas que pedissem. Pio
da Imaculada Conceição. Sàinente IX estendeu-a à Igreja universal
aos missionários entre os infiéis e Leão XIII elevou o seu rito. O
foi concedido ultimamente o uso 1 mesmo fez Pio XI, prescrevendo
de paramentos de cor preta de um 1 ao mesmo tempo e para serem usa-
lado e amarela, para substituir to- dos em toda a Igreja latina nova
das as outras, do outro. Os para- .Missa (nas partes variáveis) e no-
mentos feitos de pano de fios de vo Ofício divino.
ouro substituem os de outras co- '
res, menos o roxo e o preto. A 1 Coração de Maria, Festa do Ima-
escolha do tom dentro da mesma culado, celebrada, em algumas
cor é livre. Evitem-se cores ber- igrejas, no domingo depois c,la Oi-
rantes, como também as mescla- tava da Assunção, venerando a
das que parecem desbotadas. Não Igreja, sob o símbolo de seu Co-
é lícito colocar nos paramentos ração, o amor inflamado de Maria
pretos cruzes brancas. a Deus e aos homens. Quando Pio
VII, em. 1805,- concedeu a celebra-
Cor litúrgica, Simbolismo da. ção desta festa às igrejas que pe-
A cor branca simboliza a glória,
a majestade, a alegria, a inocên- dissem, não tardou a sua entrada
cia, a imortalidade, pelo que é também no Brasil, pois, por Breve
empregada nas festas de N. Se- de 13 de junho de 1807, autorizou
nhor (menos nas da Paixão), de o mesmo Pontífice a festa em to-
N. Senhora, dos Anjos e geral- das as igrejas dos Franciscanos da
mente nas dos Santos; a cor en- Província da Im. · Conceição. Pio
carnada exprime a caridade, o IX concedeu-a aos que pedissem
sacrifício e é empregada nas fes- e Pio X limitou de novo a sua
tas da Paixão, do Espírito Santo celebração. Pio XII consagrou a
e dos Mártires;· a cor verde signi- cristandade ao lm. Coração de
fica a esperança, a vida da alma Maria, prescrevendo a celebração
e por isso é empregada durante o no dia 22 de Agosto com rito de
tempo depois da Epifania e Pen- II classe para a Igreja universal.
tecostes, para indicar a vida da
graça, .fundamento da nossa espe- Corda coral. (V. Dominante).
rança, comunicada à alma pela fé
em Cristo e a vinda do Espírito Corepíscopo, - 1) ·derivando .
Santo; a roxa simboliza a triste~ do latim chorus = coro, significa
za, a mortificação e é reservada
aos dias e tempos de penitência e o cantor que dirigia o coro litúr-
recolhimento; a preta, ·enfim, é si- gico dos cantores ( praecentor) e
nal de dor e serve na Sexta-feira era na idade média uma dignida-
da Paixão e nos Ofícios fúnebres. de entre os cônegos, como ainda
hoje em alguns cabidos o cantor
Coração de jesus, Festa do Sa- (préchantre ou chantre). - 2) de-
grado, a celebrar-se na sexta-feira rivando do grego chôra = campo,
depois da Oitava de Corpus Chris- significa o Prelado que, desde o
ti, com rito de dúplice de l.ª clas- V ao X século, dirigia uma fre-
se e oitavário privilegiado de 3. • guesia importante fora da cidade.
ordem. O seu objecto é o Cora- .Geralmente era verdadeiro Bispo,
ção corporal de jesus como sím- mas subordinado ao Bispo da ci-
bolo de seu amor patenteado prin- dade. Desde o X século desapare-
cipalmente na instituição da Eu- ceram os Chorepiscopos nesta
caristia e na sua Paixão e Mor- acepção, passando suas funções
te. O Papa Clemente XIII conce- para o Vigário geral ou Arce-
deu, em 1765, a celebração desta diago.

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e 77
Cornélio, Papa Mártir (251-253), viço de Deus, era costume dos
mencionado no cânon da Missa, monges orientais; os sacerdotes
antes da Consagração, na oração seculares do Ocidente fazem a co-
Communicantes. Sua festa celebra- roa somente desde o V século. V.
se a 16 de Setembro, junto com Tonsura clerical; - 2) denomi-
S. Cipriano. nação medieval da tiara papal; -
3) objecto de adorno em forma
Córnua (!. , = cornos), ~ 1) os de coroa, de metal precioso, fina-
quatro ângulos do altar (por is- mente lavrado, e, muitas vezes, en-
to corno do Evangelho, isto é, la- gastado de pedras de valor que,
do do Evangelho). Vem esta deno- até à idade média, era pendurado,
minação da antiga lei em que de permeio com lâmpadas, dian-
os ângulos do altar estavam efeti- te do altar, no cibório do mesmo,
vamente guarnecidos de cornos; - ou na trave horizontal das cance-
2) as duas pontas da mitra; - 3) las altas. - 4) modo de rezar, à
as peças sobrepostas (gomos) do semelhança do rosário de S. Do-
barrete clerical. - O corno signi- mingos, por meio de contas enca-
fica firmeza, força, · fundamento. deadas ou enfiadas num cordão,
Cristo, no hino Benedictus é cha- pelo que também as contas, divi-
mado o Corno da salvação (cornu didas em maior ou menor número,
salutis), o fundamento da salva- conforme o que significam, toma-
ção. ram o nome de coroa. As princi-
pais coroas são: das cinco chagas,
Coro, - 1) os cantores nas de Santa Brígida, dos cruzados,
funções litúrgicas. Dá-se-lhe tam- das dores de N. Senhora, dos go-
bém, principalmente depois do zos de N. Senhora, de S. Miguel,
Motu-proprio de Pio X sobre a a dos nove coros dos anjos (co-
música sacra, o nome de schola roa angélica).
cantorum, como era antigamente.
Hoje, geralmente, os cantores são Coroação das imagens, acto de
leigos, quando até à idade média colocar uma coroa preciosa, numa
eram clérigos; - 2) o lugar onde imagem insignemente venerada,
canta o coro litúrgico; - 3). os pelo Papa ou por um Cardeal ou
cônegos de catedrais e colegiadas Bispo, especialmente qelegado pe-
e os religiosos nas funções sacras la Santa Sé.
conventuais (Ofício divino, Missa);
- 4) o lugar onde se realizam Coroação do Papa, solene ceri-
as funções sacras conventuais. Fi- mônia que se realiza no domin-
ca este ' lugar (com os assentos) go ou dia santo depois da eleição
ou por detrás do altar-mor, ou em do Sumo Pontífice. Ao entrar na
sua frente, na capela mor, ou fora Basílica de S. Pedro para a Mis-
dela. Nos antigos conventos do sa solene o cerimoniário queima
Brasil o coro para a recitação do três vezes diante do Papa um pou-
Ofício está situado por •cima da en- co de estopa, dizendo Pater saneie,
trada (alpendre) da igreja; - 5) sic transit gloria mundi (Santo
as funções sacras conventuais. Padre, assim passa a glória do
mundo). Depois do Confiteor, no
Coroa, - 1) tonsura clerical, em início da Missa, três Cardeais-Bis-
forma de círculo, todo raspado pos proferem, cada um por si, uma
com uns 5 cm. de diâmetro nos bênção, chamando sobre o Pontí-
srrnples clérigos, de uns 7 cm. nos fice a plenitude do Espírito Santo
Bispos e cobrindo toda a parte para que dignamente cumpra a di-
superior da cabeça nos frades fícil tarefa e cheio de merecimen-
(cercilho). Trazer o alto da cabe- tos passe do trono pontifício para
ça raspada; como sinal de abnega- o trono de glória celeste. Logo em
ção do mundo e de entrega ao ser- seguida faz-se a imposição do Pá-

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lio. (V. Pálio). Antes da Epístola depois a de trás, em seguida a
dirige-se o cortejo à Conf essio Pe- do lado direito e, por último, a
tri (V. Confessio), onde se can- do lado esquerdo. Guarda-se o
tam solenemente as Laudes (V. Corporal na Bursa. (V. Bursa). O
Aclamações) e depois prossegue Corporal é dos paramentos o mais
a Missa. Acabada a Missa e es- antigo e era tão grande que co-
tando o Papa sentado no trono, o bria todo o altar. Com uma das
segundo Cardeal-Diácono tira-lhe partes cobria-se o cálice antes de
a mitra e o primeiro coloca-lhe na se usar a pala separada, que para
cabeça a Coroa papal (V. Tiara), a Ordem franciscana foi prescrita
dizendo: "Recebe a tiara ornada em 1247. Os Cartuxos conservam
de três coroas e sabe que és o o uso antigo.
Pai dos príncipes e reis 1 o gover-
nador do orbe, na terra o Vigá- Corpus Christi, (1.) festa sole-
rio de Nosso Senhor jesus Cristo, níssima de dúplice de 1. • classe,
a quem honra e glória por todos com oitavário privilegiado de 2.ª
os séculos. Amém." Termina a ce- ordem, a celebrar-se, como dia
rimônia com a promulgação de santo de guarda, na quinta-feira
uma indulgência plenária. Do dia depois do domingo da SS. Trin-
da Coroação dos Papas datam os dade, em comemoração e acção de
anos de seu Pontificado. No tempo graças da instituição da Sagrada
em que o Papa gozava da mais Eucaristia. Foi celebrada primeiro
franca liberdade, realizava-se a im- em Liege, na Bélgica, em 1247, de-
posição da coroa depois da Missa, vido a uma visão que teve Santa
em frente à entrada da Basílica Juliana, da Ordem de Santo' Agos-
e depois dirigia-se o Pontífice, em tinho, e prescrita para a Igreja
soleníssima procissão, à igreja de universal pelo Papa Urbano IV,
São joão de Latrão, de que toma- em 1264, e mais uma vez por
va posse como símbolo da Igreja Clemente V, depois do Concílio de
universal. Viena, pelo ano de 1314. Faz-se
nesse dia a grande procissão teo-
Coroação dos noivos. V. Véu fórica pelas ruas da cidade, que
nupcial). desde fins do XIII século foi-se
introduzindo pelo costume, e é per-
Coroinha. V. Acólito. mitido expor o Santíssimo na Mis-
sa principal durante todo o oita-
Corpo da igreja. (V. Nave da vário para solene adoração. (V.
igreja). Procissão de Corpus Christi).
Corporal, pano quadrangular, de Corpus (Sanguis) Domini nostri
linho ou cânhamo, com cruz no jesu Christi (1.), palavras iniciais
centro, de regulares dimensões, da fórmula que o sacerdote pro- ·
sem ornato, para dentro e fora da nuncia na Missa ao tomar o Corpo
Missa ser colocado sobre ele a e Sangue de N. Senhor, ou ao dar
sagrada Hóstia e o cálice. Lembra a Comunhão aos fiéis. Como as
os panos em que estava envolvi- demais orações que acompanham
do N. Senhor, depois de sua mor- o rito da Comunhão, é de origem
te. Deve ser bento por quem te- privada (XI século); mas univer-
nha faculdade e, depois do uso, salmente prescrita só pelo Missal
purificado pelo sacerdote ou clé- de Pio V: "O Corpo (Sangue) de
rigo, antes de ser enviado à lava-
gem. O modo de dobrar o Corpo- N. Senhor Jesus Cristo guarde a
ral é o seguinte: Dividindo-o em minha (tua) alma para a vida
três partes, dobra-se primeiro a eterna. Amém." (V. Comunhão do
parte da frente (para cobrir qual- celebrante, Rito da e Missa re-
quer partícula que tivesse ficado), zada).

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e 79
Corpus tuum, Domine, etc. (1. = ~e J?Or baixo do presbitério da
O _vosso Corpo, Senhor, que to- 1greia, para colocar os sarcófagos
mei, etc.). V. Quod ore sumpsi- com os corpos de Santos, sepultar
mus. pessoas de distinção (Bispos) e
celebrar o culto. De simples corre-
Cortina, (V. Conopéu). dores ou conjunto de corredores
Cosme e Damião, dois irmãos com câmara para o altar desenvol-
gêmeos, médicos, mártires, men- veram-se, desde o século IX ver-
dadeiras capelas subterrâne~s em
cionados no cânon da Missa, an- forma~ arquitetônicas, às vezes
tes da Consagração, na oração com diversas naves e altares. Mui-
Communicantes. Sua festa a 27 de to frequentes nas igrtjas de estilo
Setembro, no calendário r.omano·. romano, as criptas começaram a
Costume, uso criado nas fun- desaparecer desde o XIV século e
ções litúrgicas, não pela autorida- hoje raras vezes são construídas
de competente, mas pelo exercício (Cripta da catedral, em constru~
praticado durante longos anos sem ção, de São Paulo).
contradição dos superiores ecle-
siásticos. Em sua natureza o cos- Crisma, - í) azeite de O'liveira
tume ou é contra a lei, ou nem misturado com bálsamo bento na
contra nem conforme. Em seus Quinta-feira Santa, par~ a admi-
efeitos, se é legítimo (o que é mui- nistração, como matéria sacramen-
to difícil dar-se quando se trata tal, da Crisma, em diversas sa-
de um costume contra a lei), ou grações e bênçãos. (V. Bênção dos
obriga, ou permite, ou proíbe. santos óleos e óleos santos). -
2) sacramento da Confirmação.
Cotta (ít.), sobrepeliz mais cur- (V. Confirmação).
ta no corpo e nas mangas, usada
na Itália. (V. Sobrepeliz). Crismação, unção no alto da
cab~ça, com crisma, depois do
C~edência ou ábaco (1. abaciis),
batismo. E' a única unção com
mesinha ao lado da Epístola do crisma que o simples sacerdote
pod~ fazer e não é sacramento.
altar, um pouco afastada da pa- Esta em uso esta unção desde o
rede, coberta com uma toalha de IV ou V século.
linho, que em todos os lados deve
pender até ao chão, para nela se-
rem colocados, durante a Missa Crismal (1. chrismale) - 1)
solene, o cálice preparado no cen- toalha de linho grosso, ~mbebida
tro (até ao Ofertório), o Evange- de cera que, segundo o Pontifi-
liário à direita, as galhetas com cal Romano, deve ser colocada so-
manustérgio e a campainha à es- bre a mesa do altar, depois de
querda e por detrás os castiçais, sagrado, por baixo das outras três
tudo, menos os castiçais coberto toalhas de Missa. - 2) faixa
até ao Ofertório com d véu de (vitta) de linho, em volta da ca-
ombros. Tratando-se de Missas beça, depois da unção com cris-
não solenes e para receber ape- ma, no Sacramento da Confirma-
nas as galhetas, a credência acha- ção. Na antiguidade cristã os
se, às vezes, substituída por uma neófitos traziam esta faixa' du-
espécie de peanha, presa .•ao altar rante toda a semana da Páscoa
ou por um nicho na parede. depondo-a com a veste do batis~
mo. - No Brasil não entrou em
- · Credo, (V. Símbolo dos Apósto- uso o colocar-se essa faixa.
los).
Crisógono, mártir romano pelo
Cripta (do gr. kryptós = ocul- ano de 304. E' mencionado ~o câ-
to), recinto subterrâneo, geralmen- non da Missa, antes da consagra-

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80 e
ção, na oração Communicantes; nas funções e actos seguintes. Na
sua festa a 24 de Novembro. bênção da pedra fundamental de
uma igreja a Cruz é plantada no
Cronista, diácono que, ao can- lugar onde fica o altar-mor. Na
tar-se a Paixão de N. Senhor na bênção do cemitério são eretas
Semana Santa, canta as partes que cinco Cruzes, se o Bispo realiza
constituem a narração evangélica, o acto, uma se um sacerdote de-
ficando as palavras de jesus e as legado. Na bênção (ereção) da
demais reservadas para outros Via Sacra catorze Cruzes de ma-
dois diáconos. deira são colocadas na parede. De-
pois das missões erige-se frequen-
temente uma grande Cruz em lu-
Crucifixo, ~ruz com o corpo de gar conveniente, com a fórmula do
N. Senhor pendurado. A mais an- Ritual. Em muitos países é costu-
tiga representação existente da me colocar-se uma Cruz (geral-
crucificação, atribui-se ao V e a mente com corpo e coberta por um
mais antiga cruz com N. Senhor, teto) no campo ou nas encruzilha-
ao VI século. Depois de Gregório das. Diànte dos Arcebispos leva-se
Magno (t 604) representava-se a uma Cruz alçada (com corpo) nas
jesus vivo na cruz como vencedor, suas funções pontificais; ela vai
e no IX século como rei, com sempre à frente das procissões e
púrpura e diadema, interpretando enterros, como também dos Cabi-
assim as palavras da Escritura: dos, Ordens religiosas e Irmanda-
"Dizei às nações que o Senhor rei- des que tomam parte. Alguns reis
nou." (SI 95, 10). A forma hoje e imperadores tinham o mesmo
geralmente adoptada (Jesus so- privilégio. Durante a Missa deve
frendo e monendo) é preferida, haver um Crucifixo bem visível no
principalmente, depois da renas- meio da banqueta, ou do retábu-
cença. Colocar uma coroa de es- lo. Na Sexta-feira Santa o Cru-
pinhos na cabeça de jesus mori- cifixo é descoberto e venerado so-
bundo data apenas do fim da lenemente. Aos doentes é dado um
idade média, ao passo que a inscri- pequeno Crucifixo para oscular
ção (título da cruz) era sempre quando recebem os Santos óleos
usada, ou em grego, ou em latim, e deseja a Igreja que se dê um
ou mesmo em três línguas. A indi- Crucifixo nas mãos do defunto, so-
cação da chaga do lado encontra- bre o peito.
se desde o X século.
Cruz arquiepiscopal, cruz com
Cruz, patíbulo sobre o qual je- haste (com corpo) que, nas fun-
sus morreu. Não se deve admirar ções pontificais e como sinal da
que nos primeiros séculos a cruz autoridade metropolitana, é leva-
não se encontre como símbolo na da diante do Papa, que a usou
Liturgia, a não ser veladamente sempre e em toda parte; dos Pa-
em forma de monograma ( crux triarcas, Primazes e Arcebispos,
dissimulata) sómente inteligível desde o século XIII, no território
aos cristãos: era o sinal de de sua jurisdição. A Cruz é leva-
vergonha e humilhação, um escân- da alçada e com a face voltada
dalo para pagãos e judeus. Tanto para os dignitários. Também al-
mais foi empregada depois da guns Bispos gozam do mesmo di-
vitória do cristianismo, contri- reito por privilégio.
buindo extraordinàriamente para
sua veneração, na pintura e re- ' Cruz canonical, uma pequena
presentações, a invenção da Santa cruz sem relíquias, pendente de
Cruz, em jerusalém. Emprega-se um cordão ou fita, sobre o peito,
hoje oficialmente a Cruz, com por cima das vestes do coro (não
(Crucifixo) ou sem corpo (Cruz), por cima dos paramentos), conce-

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dida por privilégio a alguns Ca- os últimos somente quando cele-
bidos. A forma da Cruz depende bram pontificalmente. (V. Encól-
das concessões feitas no privi- pio).
légio. Cruz procession~ cruz com
Cruz comissa, cruz em forma haste que, alçada, é levada dian-
de T. te das diversas corporações que
Cruz do Altar, crucifixo bem vi- tomam parte nas procissões.
sível (elevando-se acima dos cas- Cruz triunfal, grande crucifixo
tiçais), posto no meio da banque- pendurado no arco, no fim da na-
ta durante a Santa Missa, para ve central da igreja, que por este
representar a sua identidade com motivo tomou o nome de arco cru-
o sacrifício da Cruz. Havendo um zeiro. Seu emprego era quase ge-
crucifixo no retábulo ou um qua- ral na idade média e na Europa
dro grande com o Crucificado, não começou-se, desde decênios, de no-
se exige um crucifixo na banque- vo a introduzi-lo. O lugar deste
ta. Durante a Missa no altar do Crucifixo era primeiro o altar em
Santíssimo exposto pode-se seguir baixo do arco, ou uma trave ho-
o costume, ou deixando, ou ti- rizontal ou também as cancelas
rando o crucifixo. O mesmo vale altas e o letório, que fechavam o
da exposição do Santíssimo sem presbitério e nestes casos coloca-
Missa. Na antiguidade cristã não vam aos lados do Crucifixo ima-
era uso colocar uma Cruz no al- gens de N. Senhora e de São joão.
tar. Somente em princípios da Chama-se esta Cruz triunfal por-
idade média ela aparecia, ou que jesus era nela representado
por detrás do altar, ou no arco não pendurado e sofrendo e mor-
triunfal. O uso hodierno parece rendo, mas em pé, com coroa e,
que se introduziu em fins do sé- às vezes, com manto real para
culo XII e foi prescrito pelo Mis- sig11ificar seu triunfo .sobre o
sal de Pio V e o Cerimonial dos poder infernal. (Cruz trmnfal na
Bispos. Colocar uma Cruz no al- Basílica de S. Bento, em S. Paulo).
tar, fora da Missa, é costume, mas
não lei. Cruz, Sinal da, cerimônia de que
Tertuliano afirma que é de tradi-
Cruz imissa, cruz de quatro ra- ção apostólica e que desde os pri-
mos, ou em forma de + (cruz meiros tempos do cristianismo é
grega ou quadrada), ou na forma usada como profissão da fé, para
de um homem estendendo os bra- trazer sempre vivos os mistérios
ços t (cruz latina), que invertida .j. da religião, para atrair graças e
chama-se Cruz de S. Pedro. A de para merecer a bênção divina. For-
Santo André tem a forma de um mavam os cristãos a cruz na tes-
X, da qual, porém, como da outra ta; com um dedo da mão direita.
em forma de Y (c. decussada) não Na Liturgia faz-se uso frequente
está provado se de fato existi- da cruz, principalmente na Missa,
ram. no Batismo e nas ordenações co-
Cruz peitoral, ou simplesmente mo sacramental e como símbolo.
peitoral, cruz de ouro, com relí- Distinguem-se o pequeno e o gran-
quias, pendente de uma corrente de sinal da cruz. O primeiro é fei-
de ouro ou cordão de seda, que to com o dedo polegar no objecto
desde a idade média (obrigatória (Altar, Missal, etc.) ou na pessoa
desde o XIV século) trazem sobre (celebrante, batizando, etc.) a as-
o peito os Cardeais, Bispos, Aba- sinalar. Em ambos os casos, ora
des e, posteriormente, outros que é sacramental para santificar ou
. por privilégio usam as insígnias atrair bênçãos, ora é símbolo para
pontificais, com a diferença que os interpretar alguma verdade. E' de
três p~imeiros _trazem-na sempre, notar que, provàvelmente só desde
Dic. LiUirgico - 6

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e
o XII século é costume geral for- Ao culto divino pertence também
mar a pequena cruz em seguida na a recepção dos sacramentos como
testa, na boca e no peito. - O meio de reconciliação ou como
grande sinal faz-se com a mão di- instrumentos da graça. As pala-
reita, estendidos e unidos todos os vras e acções na administração dos
dedos (excepto quando o sacerdo- sacramentos são os sinais externos
te deve conservar as extremidades do efeito interno. Culto divino pú-
dos polegares e indicadores uni- blico, estabelecido pela autoridade
das), sobre uma p.essoa para aben- competente é a mesma coisa que
çoá-la ou sobre si mesmo para Liturgia em sentido amplo.
benzer-se, e sobre certas coisas Culto de dulia (gr. douleia =
para o mesmo fim e· nestes casos vassalagem, servidão), culto reli-
tem a natureza de um sacramental. gioso tributado aos Anjos e San- ·
Outras vezes é um símbolo que tos de Deus e que consiste em
exprime qualidades do objecto des- actos de veneração e invocação,
te modo assinalado com a cruz. não adoração em sentido estrito.
Depois da Consagração, na Missa, O mesmo culto (relativo) de du-
por exemplo, a cruz formada so- lia compete às relíquias e ima-
bre o cálice e a santa hóstia signi- gens dos Santos. - O culto dos
fica a identidade do Sacrifício da Santos se refere indirectamente a
Missa com o da Cruz, produzindo Deus, o autor da santidade, e a
' com este a glorificação de Deus e Igreja o exprime nos formul4rios.
a salvação dos homens. No Rito Culto de hiperdulia (gr. hyper
latino o sinal da cruz se faz con- = sobre), culto religioso de dulia
duzindo-se o ramo transversal da mais elevado, que compete à San-
esquerda para a direita, no Rito tíssima Virgem, pela sua posição
grego vice-versa. Para o grande única e singular com relação a
sinal, que é feito com todos os Deus e aos homens. Além da ce-
dedos estendidos, até princípio da lebração de muitas festas em sua
idade média só se estendiam os honra e da recitação de seu Ofício
três primeiros dedos em honra da em certos dias que não são festi-
SS. Trindade e assim o faz o Pa- vos. Maria é frequentemente invo-
pa ainda hoje quando lança a bên- cada na Liturgia e, ao se pronun-
ção. Nos Ritos orientais os dedos ciar seu nome, é honrada com in-
ficam dispostos do modo seguinte: clinação da cabeça.
O polegar é colocado sobre o anu- Culto de latria (gr. latreia =
lar resultando uma cruz grega; o serviço, culto), culto religioso que
mostrador fica estendido e o mé- somente a Deus compete e que se
dio com o mínimo levemente cur- manifesta principalmente, no reco-
vados para dentro. Formam os de- nhecimento de Deus como supremo
dos assim dispostos o monograma Senhor, em actos de adoração (em
jesus-Cristo: 1 C X C. O sinal da sentido estrito) e no sacrifício. (V.
cruz duplo, como entre nós é usa- Adoração e Sacrifício). Por conse-
do na vida privada (formando uma guinte, compete também à Huma-
cruz pequena na testa, boca e pei- nidade de Cristo, inseparàvelmen-
to benzendo-se em seguida) não te e mima só pessoa unida à Di-
te~ emprego na Liturgia. vindade, e à Sagrada Eucaristia,
por causa da presença real de Je-
Culto divino, adoração devida a sus. A adoração, porém, ao Cru-
Deus. Seus elementos são o sa- cifixo e ao Santo Lenho é apenas
crifício e a oração. De acordo com relativa, quer dizer, tributada a es-
a natureza humana o culto é in- ses objectos por causa de sua re-
terno e externo. Este se manifes- lação com Cristo.
ta em palavras e acções (gesto~
que, por con~eguinte, são as. ~oY­ Custódia. (V. Ostensório). '
mas constitutivas do culto d1vmo. Custos (l.) (V. Guião 2).

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Dalmática, veste litúrgica supe- ombros até em baixo, unidos en-
rior do Diácono. Era a dalmática, tre si, na parte inferior por duas
a princípio, uma túnica branca de tiras de galão horizontais; é a
linho ou lã, ampla, descendo até forma usual no Brasil; a espa-
aos calcanhares, de mangas lar- nhola, com mangas fechadas, cra-
gas e compridas, com tiras pur- vos largos até abaixo do peito,
púreas de adorno na frente e por onde terminam acima de uma peça
detrás, e nas mangas. Os romanos rectangular; é uma particularidade
adoptaram-na, no II século, co- da dalmática espanhola o colari-
mo veste de luxo, dos dálmatas e nho sobreposto em volta do pes-
daí o nome. As tiras de adorno coço (V. collarino); a alemã, com
( clavi= cravos) ora eram largas, mangas abertas, cravos largos,
ora estreitas em forma de galão, unidos entre si, sobre o peito e
conforme a posição da pessoa. nas costas, por uma tira horizon-
Os senadores, por exemplo, tra- tal da mesma largura; a francesa,
ziam-na com tiras largas, pelo como a alemã, mas com a tira
que, em lugar de: vestir a túnica horizontal, que une os cravos, logo
de senador, dizia-se: vestir os abaixo do corte para o pescoço.
cravos largos. A dalmática tor- A cor, antes branca com cravos
nou-se veste litúrgica provàvel- purpúreos, variava desde o X sé-
mente já no III século, mas ficou culo; conformou-se, porém, mais
reservada para o Sumo Pontífice tarde com as regras sobre as co-
e depois para seus Diáconos. Pos- res litúrgicas. (V. Cor litúrgica).
teriormente, com a adopção sem- A fazenda não deve ser necessà-
pre mais geral no Rito romano, in- riamente seda ou setim, mas é
troduziu-se em todo o Ocidente, de costume que assim seja. Nas dal-
modo que no século IX era veste máticas com cravos largos, gos-
litúrgica de todos os Bispos . que ta-se orná-los ricamente com bor-
a traziam e trazem por baixão da dados. Em alguns países usa-se
casula, nas Missas pontificais e nas de duas grandes borlas caídas dos
ordenações (para significar que ombros por detrás. - Segundo ex-
reúnem em si todos os graus do prime a fórmula proferida pelo
sacerdócio) e dos Diáconos. Estes, Bispo na ordenação de diácono, a
porém, não a vestem no Advento dalmática significa a salvação, a
e na Quaresma, substituindo-a, ou alegria, a justiça.
não, pela planeta. - A forma da
dalmática sofreu grandes modifi- Deão, o membro de uma corpo-
cações, assim que começou a ser ração clerical que primeiro foi pro-
geral o seu uso. Foi encurtada, movido. O Cardeal Deão tem pri-
chegando até aos joelhos ou nem vilégio de ordenar e sagrar o Pa-
tanto, aos lados foi fendida até às pa eleito, se este não for sacerdote
axilas, as mangas encurtadas e es- ou Bispo e neste caso usa o pá-
treitadas ou mesmo abertas, trans- lio. (D ir. can. c. 237 § l 9, 239
formando-se em duas peças que § 29).
cobrem as espáduas. O linho ou Dedicação da Igreja, sagração
lã foram substituídos por outra da mesma. (V. Sagração da igre-
fazenda mais ou menos preciosa ja). O dia aniversário (Natalis
e as tiras de adorno desaparece- ecclesiae), durante o qual, desde
ram durante alguns séculos. Dis- as primeiras Vésperas, ou no do-
tinguem-se hoje quatro tipos prin- mingo dentro do oitavário em que
cipais de dalmáticas: a romana, se celebra a festividade externa,
com mangas fechadas, cravos · es- ardem doze velas diante das cru-
treitos (galões), descendo dos zes nas paredes da igreja, ceie-
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84 D
· bra-se hoje geralmente não no dia Isidoro já no VII século se refere
próprio, mas em outro comum a a ela como costume vigente) que
todas as igrejas sagradas da dio- tem lugar na Quinta-feira Santa e
cese, da Província, da Ordem. No consiste em o sacerdote, ajudado
Brasil, com excepção das Catedrais por dois ministros, remover as toa-
que conservam o dia próprio, é o lhas e os outros ornatos dos al-
dia 19 de Junho. (V. Aniversário). tares, que ficam assim desnudados
Defeitos na celebração da Missa até à Missa de Sábado de Aleluia.
(!. Def ectus in celebratione Missa e
Como a recitação do salmo Deus,
occurrentes), título de um capítulo Deus meus indica, significa esta
das Rubricas gerais do Missal, que cerimônia a nudez que Cristo so-
trata dos defeitos que podem acon- freu em sua Paixão. (V. Purifi-
tecer na celebração da Missa e cação dos Altares).
indica como haver-se o sacerdote. Desobriga (pouco usado também
Degraus do altar, desconhecidos desarrisca), o cumprimento do
nos Ritos orientais, foram intro- preceito de Confissão e Comunhão
duzidos na Igreja ocidental por anual. Em consequência do esfria-
volta do princípio do X século. mento do fervor cristão nos tem-
As leis litúrgicas supõem degraus, pos postconstantinianos os fiéis
não os prescrevem. Cada altar tem sempre menos se aproximavam da
pelo menos um degrau em sua Santa Comunhão. O Sínodo de
frente e tão largo que o celebran- Agde (506), por isso, prescreveu
te cómodamente nele possa ajoe- que fosse recebida pelo menos três
lhar-se. Chama-se mais própria- vezes por ano e o quarto Concí-
mente estrado. Além disso há de- lio de Latrão (1215) se viu obri-
graus para subir, um ou mais con- gado a impor o dever de tomá-Ia
forme exigirem as dimensões do pelo menos na Páscoa da Ressur-
altar e do ambiente ou a distân- reição. Por Páscoa entendia-se o
cia do povo, pelo que o altar-mor próprio dia da Ressurreição e, em-
tem geralmente dois, três ou até bora não universalmente, os três
mais degraus. Nas nossas igrejas últimos dias da Semana Santa. Daí
antigas o altar-mor costuma ter o fato de, nesses dias haver tão
apenas o estrado porque é coloca- grande concurso de comungantes
do num patamar com degraus, que na Missa que resultavam muitas
se eleva acima do chão do presbi- inconveniências. Começou-se, por
tério. (V. Supedâneo). isso, primeiro em algumas dioce-
Deo gratias (!. == Graças a ses da França no princípio do XIV
Deus), palavras de agradecimento, séc., a prolongar o prazo esten-
da parte dos fiéis na Missa, de- dendo-o à quinzena desde o Do-
pois da Epístola, do /te missa esf mingo de Ramos até à Pascoela.
O Papa Eugênio IV confirmou, em
ou Benedicamus Domino e do úl- 1446, essa interpretação com a
timo Evangelho. No Rito mosára- Constituição Fide digna. Embora
be é dito logo em seguida às pa- em muitos lugares se conservasse
lavras introdutórias da Lição ou da a praxe antiga durante séculos,
Epístola, p. ex. Lectio Isaiae pro- todavia, desde fins do séc. XVI ou
phetae; Deo grafias. - Ocorre o princípios do séc. XVII a Consti-
Deo grafias também em alguns tuição de Eugênio IV foi a norma
outros actos litúrgicos e frequen- até os nossos dias. Permite, po-
temente no Ofício divino. rém, o Dir. can. (c. 859 § 2) que
Desnudação da Cruz. (V. Ado- os Bispos diocesanos possam, tam-
ração da Cruz). bém para todos os fiéis antecipar
o tempo ou prorrogá-lo a come-
Desnudação dos Altares, cerimô- çar no quarto domingo da Qua-
nia de uso antiquíssimo (Santo resma e a terminar na festa da

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Santíssima Trindade. No Brasil, Dia litúrgico. (V. Litúrgico).


em virtude de concessão apostó- Dia politúrgico. (V. Politúrgico).
lica (28-IV-1939), o tempo da
desobriga corre desde a Dominga Dia 3•, 7•, 30•. (V. Missa do
da Septuagésima até à festa dos 3• dia).
SS. Apóstolos Pedro e Paulo, isto Dia santo de guarda, são, na
é, até 29 de jµnho. Igreja universal, todos os domin-
Desposório, (1. Sponsalia) pro- gos, Natal, Circuncisão, Epifania,
t11essa de casamento (esponsais). Ascensão, Corpus Christi, Concei-
Em alguns ritos orientais há ce- ção e Assunção de N. Senhora,
rimônias litúrgicas na celebração São josé, Pedro e Paulo, Todos
dos esponsais, na Igreja latina os Santos. Se destas festas algu-
não. Segundo o direito vigente, es- ma tiver sido abolida (como no
sa promessa produz efeitos legais Brasil a de São josé) ou transfe-
e obriga em consciência somente rida, nada se deve modificar sem
quando é feita por escrito e assi- autorização da Santa Sé, a quem
nada pelos noivos, pelo vigário ou compete introduzir, transferir e
o Ordinário do lugar, ou, em lu- suprimir dias santos de guarda
gar dos últimos, por duas teste- comuns à Igreja universal. Podem
munhas. Sendo o matrimônio livre, os Bispos em sua diocese ordenar
nem os esponsais, vàlidamente ce- dias santos de guarda a observar
lebrados na forma referida, dão di- só uma vez. (Dir. can. cc. 1247,
reito a uma acção judicial contra §§ 1 e 3, 1244, §§ 1 e 2) . Os dias
a parte infiel, no sentido de exigir santos de guarda, antes em nú-
a celebração do matrimônio, mas mero diminuto, aumentaram com o
apenas no sentido de exigir inde- tempo tanto que no século XIII
nização se a recusa for injusta. chegaram a cinquenta mais ou me-
(Dir. can. c. 1017). nos, fora os domingos. Urbano
VIII, reservou ao Papa a introdu-
Deus in adjutorium meum inten- ção de novos dias de preceito, re-
de. Domine ad adjuvandum me duziu os existentes, em 1642, a
festina .(1. = Deus, vinde em meu trinta e cinco, e seus sucessores
auxílio. Senhor, apressai-vos a me diminuíram-nos pouco a pouco
ajudar), invocação do auxílio di- mais ainda nos diversos países. Na
vino, tirada do salmo 69, v. 2 no França eram apenas quatro desde
início das horas canônicas, para
orar bem; na segunda parte da 1802, nos Estados Unidos seis des-
Prima, para obrar bem durante o de 1885. Nem o número (dez) es-
dia; no princípio da sagração de tabelecido pelo novo Direito canô-
um altar portátil, para fazê-la nico, acima especificado, foi intro-
dignamente. No início do Ofício di- duzido universalmente. Em alguns
vino esta invocação foi prescrita países, como na Alemanha, obser-
por São Bento e parece que . na vam-se mais, em outros menos dias
mesma época entrou no ofício ro- santos de guarda.
mano. Diaconato (do gr. diakonein =
Deus qui humanre substantire servir), a segunda das três ordens
etc., palavras iniciais da oração sacras ou maiores (subdiaconato,
que o celebrante reza ao deitar, diaconato, pri!sbiterato) e o pri-
no Ofertório da Missa, algumas meiro dos três graus jerárquicos
gotas de água no vinho do Sa- (diaconato, presbiterato, episcopa-
crifício. V. Mistura do vinho com do). Segundo o Concílio de Tren-
água. to, esta ordem pertence à jerar-
Dia alitúrgico. (V. Alitúrgico). quia eclesiástica instituída por
Deus, sem com isto definir o seu
Dia de Missa. (V. Missa, Dia de. carácter sacramental, que os teó-

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86 D
logos, entretanto, têm por certo. litúrgicos, como ainda existe no
Os Apóstolos ordenaram sete diá- Rito grego, ao lado direito do
conos. (Act 6, 1 e seg.). O ofício presbitério.
do Diácono era ajudar na distri-
buição da Eucaristia, na pregação, Diácono, clérigo que recebeu a
na administração do batismo, na ordem do diaconato.
manutenção da ordem durante as Diáconos assistentes, dois diáco-
funções do culto e tratar dos ága- nos que, vestidos de sobrepeliz (de
pes e assistência dos pobres, pelo alva, na Ordem franciscana) e dal-
que os diáconos eram os adminis- mática, assistem ao Bispo no tro-
tradores dos bens eclesiásticos. no, nas Missas pontificais.
Desde o século V, devido à modifi-
cação completa das condições da Diatônico, gênero de música que
vida eclesiástica externa, o ofício emprega somente, ou quase exclu-
de diácono mais e mais perdeu de sivamente, os tons e semi-tonos
importância. Hoje lhe compete as- naturais da gama, como se verifi-
sistir ao Bispo e ao sacerdote nas ca no canto-chão.
funções litúrgicas solenes, expor o Dies irre, (!.) hino, em forma
Santíssimo, pregar com licença do de sequência, na Missa de Re-
Bispo, dar a Comunhão e batizar quiem, que de um modo impres-
solenemente por causa justa, com sionante e comovente descreve o
licença do vigário, respectivamente juízo. Deve ser recitado em todas
superior religioso. Os paramentos as Missas cantadas e nas que têm
litúrgicos próprios do diácono são só uma oração. Nas demais a re-
a estola, a tiracolo no ombro es- citação é livre. A paternidade do
querdo, e a dalmática. - O rito Dies irae era atribuída, até nos-
da ordenação do diácono que sO- sos dias, ão Franciscano Tomás
mente durante a Missa se pode de Celano, falecido em 1255 ou
realizar, e que é muito solene, 1260· mas segundo os liturgistas
consta das seguintes cerimônias, mod~rnos é questão disputada.
em seguida à Epístola: Pergunta Diésis, (gr.) na teoria musical
sobre a dignidade do candidato, da idade média, o intervalo me-
exortação ao mesmo, recitação da nor do que o semi-tono, e mais
Ladainha de Todos os Santos, com tarde a elevação de um tom natu-
três súplicas especiais, alocução ao ral por meio de sustenido, com
clero e povo, soleníssimà oração, que no tempo de decadência, ge-
em forma de prefácio, com a im- ral~ente e ainda hoje frequente-
posição da mão do Bispo, vestição
da estola e dalmática, entrega do
livro dos Evangelhos e duas ora-
i mente, é' desfigurado o canto-chão:
.
diésis
V

$Tff~7-~-L?d
ções finais. A imposição da mão,
que é a parte essencial da orde- 1
nação, é mencionada nos Actos dos
Apóstolos. As outras cerimônias e Et an - ti-quum do - cu-men-tum
orações com alocução ao clero são
o produto do desenvolvimento li- Dignidades, cônegos que sobre
túrgico desde o VI ao X séculos. os outros do Cabido têm prece-
Logo em seguida à ordenação o dência e que antigamente tinham
novo diácono exerce seu ofício len- também certa jurisdição no foro
do, com o Bispo, em voz alta, o externo, como, por exemplo, o ar-
Evangelho da Missa. cediago. As dignidades do Cabido
Diacônico, sala perto do altar, são equiparadas aos prelados me-
nas Basílicas antigas, em que se nores e sua nomeação pertence ao
guardavam os vasos sagrados e Sumo Pontífice. (Dir. can. e.
os diáconos vestiam os paramentos 391, etc.).

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D 87

Dlkêrion (gr. de dyo == dois e receram de todo. As capas dos


kêrion ::::: vela de cera; 1. cereus dípticos eclesiásticos eram de ma-
bisulcus), castiçal de dois ramos deira, de marfim ou de metal e
com que, no Rito grego, o Bispo ornados de relevos representando
dá a bênção, durante a celebra- a Cristo, os Santos ou cenas bí-
ção da Liturgia, sobre o Evange- blicas. As vezes inscreviam-se nos
liário e o povo. Para o. mesmo dípticos também os nomes de to-
fim emprega também o Trikêrion dos os membros pertencentes à
(freis ::::: três), castiçal de três ra- respectiva igreja; daí, riscar um
mos (!. cereus trisulcus). Ao dar nome dos dípticos era a mesma
a bênção com ambos, toma. o Tri- coisa que excluir da comunhão dos
kêrion na mão direita, o Dikêrion fiéis.
na esquerda. O primeiro simboliza Directorium (!.) (V. Calendá-
a Deus, trino em Pessoas, de quem rio 2).
vem toda a bênção, o outro a
Cristo, com as duas Naturezas: Discante, a parte màis aguda
divina e humana. (soprano) da música de vozes
Dimissórias - letras (l. literae mistas. Quando, no século XII, a
dimissoriae), documento dado pelo música começou a desenvolver-se
próprio Bispo, com que autoriza do simples acompanhamento de
o clérigo a receber as ordens de quartas e quintas, na França cha-
outro Bispo, ou pelo superior mavam discante a melodia impro-
maior religioso em favor de seus visada por cima da melodia do
súbditos, para poderem receber as canto-chão e tinha o nome de dis-
ordens. cante florido quando era mais me-
lodioso do que o canto-chão. Pos-
Diocese. (V. Bispado). teriormente, acrescentava-se uma
Díptico (do gr. diptychos ::::: do- terceira ou quarta voz e, no sé-
brado em dois), uma espécie de culo XIV, os compositores neerlan-
carteira de capas dobradas apenas, deses principiaram a cultivar o
guarnecidas por dentro com uma
camada de cera sobre a qual se
escrevia por meio de um estilete,
e com a face exterior muitas vezes
contraponto.
Disco (gr. discos ::::: prato), a
patena no Rito grego. E' maior do
que a na Igreja latina, tem no

ornada de esculturas. Era costu- meio uma cavidade e geralmente
me nos primeiros séculos da nos- um baixo pé. Nele o sacerdote
sa era darem semelhantes dípticos consagra· as hóstias.
os cônsules e outros empregados
públicos ao imperador e aos ami- Distribuição da S. Comunhão.
gos como recordação de sua no- (V. Comunhão e Rito da Comu-
meação e geralmente com sua efí- nhão) .
gie. - No uso litúrgico entraram Diurnal, livro que, para maior
os dípticos no IV século, escreven- comodidade do clero, contém as
do-se na cera, ou sobre folhas de horas diurnas (Laudes, Prima,
papel colocadas por dentro, os no- Tércia, Sexta, Noa, Vésperas,
mes dos Bispos da respectiva igre- Completas) de todo o ano, reuni-
ja e de outros vivos e defuntos, das num só pequeno volume.
pelos quais se fazia oração espe-
cial na S. Missa. A princípio liam- Dominante, ou corda coral, nota
se os nomes em voz alta, na oca- em torno da qual se move a me-
sião do Memento, antes e depoís lodia de canto-chão e que, mui-
da Consagração, posteriormente o tas vezes, é o único indício para
celebrante contentava-se com o co- se conhecer a tonalidade de um
locar os dípticos sobre o altar, até trecho. Nos tons autênticos a do-
que, depois do X século, desapa- • minante é a quinta, nos plagais

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88 D
a terça abaixo da dominante do Matinas. Em o dizendo, o clérigo
respectivo ,tom autêntico. O si, faz o sinal da cruz sobre os seus
quando, segundo a regra, devia lábios, como para purificá-los pela
ser dominante, é sempre substi- virtude que dimana da cruz, a fim
tuído pelo dó. de cantar dignamente os· louvo-
Domine exaudi, etc. (!. = Se- res divinos no Ofício. São Bento
nhor, ouvi a minha oração, e o prescreveu este versículo para ser
meu clamor chegue até vós), ver- recitado três vezes depois do Deus
sículo introdutório às orações com in adjutorium. No Ofício romano
carácter de súplica intensiva. Na é recitado uma vez, antes do Deus
Missa tem lugar só uma vez, isto in adjutorium pelo menos desde
é, logo no ·princípio ao termina- o IX século.
rem as orações ao pé do altar. Domine, non sum dignus (1. =
No Ofício divino e nas bênçãos Senhor, eu não sou digno de que
é regra (salvo algumas excepções) entreis na minha casa, mas dizei
que se diga Domine exaudi todas uma só palavra e a minha alma
as vezes que o Dominus vobiscum será salva), palavras do Evange-
antes da oração é precedido de lho (Mt 8, 8), ditas pelo sacer-
Kyrie eleison ou de mais de um dote antes de receber e dar a S.
versículo. Entre as fórmulas fixas Comunhão. Estas palavras foram
da Liturgia é o Domine exaudi rezadas no rito da Missa, aqui e
uma das mais recentes. acolá, no XI século; mas sàmen-
te durante o XIII século são
Domine Jesu Christe, f'ili Dei adoptadas paulatinamente por to-
vivi - Perceptio Corporis (1.), da parte. V. Comunhão do cele-
início de duas orações que o sa- brante, Rito da.
cerdote, inclinado, com os olhos
fitos na Sagrada Hóstia e, em si- Domingo ou do minga (do 1. do-
nal de confiança, com as mãos minus = senhor), o primeiro dia
unidas e postas sobre o altar, di- da semana cristã. Usa-se dominga
rige a jesus, antes da Comunhão (feminino) principalmente quando
na Missa. Na primeira pede o li- se fala de algum domingo em par-
vramento de seus pecados, de ticular, por exemplo: a primeira
todos os males e a graça de sem- dominga do Advento. O nome dies
pre cumprir os preceitos de N.
Senhor. Na outra, que a recepção
dominica = dia do Senhor, já era
conhecido no 1 século, como resul-
do Corpo de jesus não seja para ta do Apocalipse de São joão (1,
sua condenação, mas que lhe 10). A Igreja dedica-o principal-
sirva de protecção para a alma e mente à Santíssima Trindade, co-
o corpo e de remédio contra as memorando nele o primeiro dia da
chagas espirituais. Ambas as ora- criação (Deus Padre), a Ressur-
ções entraram no Rito romano pe- reição de jesus (Deus Filho) e a
lo caminho da. devoção privada. A descida do Espírito Santo (Deus
primeira é oriunda do Rito gali- Espírito Santo). Desde o tempo
cano; a segunda, rezava-se, fre- dos Apóstolos era o dia em que
quentemente, depois da Comunhão, os fiéis celebravam a Sagrada Eu-
até o Missal de Pio V estabelecer caristia e era chamado una sab-
a uniformidade. (V. Comunhão do bati, ou prima sabbati = primei-
celebrante, Rito da e Missa re- ro dia depois do sábado, prevale-
zada). cendo, porém, em breve a denomi-
Domine, labia mea aperies, etc. nação dies dominica. Até ao IV
(!. = Senhor, abri os meus lábios, século, já na noite antecedente, se
e a minha boca anunciará o reuniam em oração comum (Vigí-
vosso louvor), versículo tirado do lia), sendo de obrigação para to-
salmo 50, recitado no início das dos os adultos tomar parte no cu!-

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tó desde os fins do III ou princí- no João Peckham, arcebispo de
pio do IV século. O descanso do- 1279 a 1292 em Cantuária na In-
minical, isto é, a abstenção, no do- glaterra. - Os gregos celebram
mingo, do trabalho servil, foi in- no primeiro domingo depois de
troduzido, por leis eclesiásticas e Pentecostes a festa de Todos os
civis, depois que Constantino re- S_e!!.!~~· (V. Pentecostes).
conheceu a religião católica como Domingo de Páscoa. (V. Pás-
oficial do Estado, no início do IV coa).
século. Depois da reforma do Bre-
viário, por Pio X, distinguem-se na Domingo de Pascoela, ou sim-
Liturgia domingos maiores de pri- plesmente Pascoela, primeiro do-
meira e segunda classe, e menores. mingo depois da Páscoa. A sua
Tem esta distinção por fim garan- denominação litúrgica é Dominica
tir a celebração do domingo com in albis (V. Batismo, Veste do),
Ofício e Missa próprios, porque em antigamente também Pascha clau-
domingo de primeira classe não sum ou Conductus Paschae, por
pode ser celebrada outra festa com ser o encerramento dos dias so-
Ofício e ·Missa, . nos de segunda lenes (oitavário) da festa de
classe sàmente festas de primeira Páscoa. Dominica Quasi modo cha-
e segunda classe e as festas do ma-se pór causa das primeiras pa-
Senhor. lavras do Intróito da Missa: Quasi
modo geniti infantes. V. Quasi
Domingo da Paixão, quinto do- modo.
mingo da Quaresma, chamado,
desde o VIII século, da Paixão, Domingo de Ramos (1. Dominica
porque, a começar nas suas pri- palmarum), domingo que precede
meiras Vésperas, a Igreja se a festa de Páscoa, assim chamado
ocupa, na Liturgia, mais intensa- porque antes da Missa principal
mente da Paixão de N. Senhor. se realiza a bênção de ramos.
(V. Paixão, Tempo da). Esta bênção com a procissão em
seguida foi introduzida no Oci-
Domingo da Ressurreição, tam- dente na segunda metade do sé-
bém de Páscoa, domingo em que culo IX e parece que anteriormen-
comemoram os · cristãos a Ressur- te os fiéis só durante a Missa
reição de N. Senhor- .do sepulcro. traziam ramos na mão, sem estes
E' o centro do ano eclesiástico. (V. serem bentos. Em alguns luga-
Ano eclesiástico, Páscoa). res, porém, lançava-se a bênção
Domingo da SS. Trindade, pri- sobre o povo. - Outros nomes
meiro domingo depois de Pente- antigos, hoje desusados, são: Do-
costes, com rito de primeira clas- minica Hosanna, das antífonas que
se, celebrado especialmente em se cantam durante a bênção dos
honra e louvor ao inefável mis- ramos; Pascha floridum, dos ra-
tério da SS. Trindade. Fazia-se mos e flores que são bentos; Dies
esta festa em alguns lugares des- indulgentiae, da reconciliação~ dos
de o X século, foi ah-rogada por pecadores públicos que nesse dia
Alexandre II (t 1073), mas de- se anunciava; Dies ou Pascha
pois que São Francisco a quis ce- competentium, da cerimônia da en-
lebrada com toda a solenidade e trega do símbolo, feita, nesse dia,
a sua Ordem a adoptou, em 1260, aos catecúmenos competentes, isto
com Ofício novamente redigido no é, preparados para o batismo; Dies
generalato de São Boaventura, es- ou Dominica in capitilavio, porque
palhou-se ràpidamente e o Papa nesse domingo se lavava a cabeça
João XXII a prescreveu para a e se cortava o cabelo aos cate-
Igreja universal, em 1334. O Ofício cúmenos para a unção com crisma
como se acha no Breviário roma- no próximo batismo. (V. Bênção
no foi composto pelo Francisca- · dos ramos e Procissão de ramos).

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90 D
Domingo dos brandões (brandão gada. A resposta Et cum spirilu
= vela grande de cera), primeiro tuo (E com o vosso espírito) por
domingo da Quaresma. Lembra a si é apenas uma circunlocução do
denominação pouco conhecida a simples: E convosco; mas São Cri-
expulsão dos penitentes (com velas sóstomo vê nela uma alusão ao
na mão) da igreja, no primeiro Espírito Santo, recebido no Sacra-
domingo da Quaresma (caput je- mento da Ordem. A Igreja parece
junii) e, desde o IX século, na desposar essa opinião, porque per-
Quarta-feira de Cinzas. (V. Ex- mite a dita saudação com a res-
pulsão dos penitentes). posta somente aos que pela · impo-
Domingos cotidianos, chama- sição das mãos do Bispo, na or-
vam-se antigamente, antes da or- denação, receberem o Espírito
ganização completa do Ano ecle- Santo de um modo particular e
siástico (fins do VII séc.), os 29 que são o sacerdote e o diácono.
ou 30 domingos entre a Epifania e Dona nobis pacem (!. = Dai-nos
Septuagésima e os depois de Pen- a paz) terceira súplica, dirigida
tecostes que não têm carácter fes- ao Cordeiro de Deus, na Missa,
tivo especial e para os quais exis- antes da Comunhão do sacerdo-
tia um certo número de formulá- te. Nas Missas de Requiem a sú-
rios de Missas, dentro dos quais plica é três vezes Dona eis re-
o sacerdote escolhia um para cada quiem (sempiternam) = Dai-lhes
domingo. o descanso (eterno). (V. Agnus
Domingo vacante, domingo sem Dei 1).
formulário próprio para Ofício Dores, N. Senhora das, duas fes-
e Missa, como, por exemplo, o tas em comemoração das dores
domingo (se cair) entre a Cir- da Santíssima Virgem, das quais
cuncisão e a Epifania, no qual se a primeira foi prescrita para a
celebra então a festa do SS. No- Igreja universal por Bento XIII;
me de jesus. em 1727, e é celebrada, com rito
Domingos vagantes, ou móveis, de dúplice maior, na sexta-feira
o 3°, 4°, 5? e 6° domingo depois depois do domingo da Paixão. A
da Epifania, os quais todos ou segunda foi universalmente pres-
em parte são transferidos (isto crita por Pio Vil, em 1814, de-
é, o seu Ofício e Missa) para de- pois de sua libertação do cativei-
pois do 23° domingo depois de ro, para o mês de Setembro (hoje
Pentecostes, conforme cair a Pás- 15 de Set.), com rito de dúplice
coa cedo ou tarde. de 2. • classe. A veneração espe-
Dominical, véu com que as se- cial das dores de N. Senhora da-
nhoras, desde os tempos apostóli- ta da idade média. Enumeravam-
cos, cobrem a cabeça quando to- se cinco dores, quando hoje cos-
mam a S. Comunhão. tumamos contar sete.
Dominus sit in corde tuo (L= O Dossale, dorsal e, 1doxale (1. de
dorsum = dorso), - 1) V. Le-
Senhor esteja no teu coração). V.
Munda cor meum. tório; - 2) em séculos passados,
a tribuna logo na entrada das
Dominus vobiscum, (1. = O Se- igrejas; pela mesma razão porque
nhor seja convosco), saudação o Letório era assim chamado. -
litúrgica que, como a outra do V. também Dossel. Outros derivam
Bispo, Pax vobis (somente no prin-
cípio das Missas com Glória), é
doxale do gr. dóxa = louvor, por-
quanto, no Letório, às vezes, se
tirada da Sagrada Escritura é cantavam cantos litúrgicos.
mencionada, como em uso no culto
cristão, no IV século, mas pro- Dossel (do 1. dossale, por dor-
vàvelmente já muito antes empre- sale de dorsum = dorso; em sen-

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E 91

tido figurado, parte superior con- de Belém (por isto. chama-se tam-
vexa; em 1. também doxale). V. bém hino angélico);. o resto é um
Baldaquino. hino de louvor à SS. Trindade. já
Doutor universal, título que a nas Constituições Apostólicas (séc.
Igreja concedeu a alguns Santos. IV) encontra-se este hino (em gre-
Condições são: santidade de vida, go) numa redação muito semelhan-
doutrina eminente e aprovação do te à nossa, e cantava-se, segundo
Papa. Há na Igreja 29 Doutores as mesmas Constituições, antes da
universais, dos quais 8 são Dou- recepção da S. Comunhão. A re-
tores máximos, quatro latinos e dação latina é atribuída a Santo
quatro gregos. Dos outros, o úl- Hilário de Poitiers (t 365), mas o
timo que foi condecorado com es- texto definitivo é somente do IX
te título é Santo Antônio de Pá- século. Passando o Glória para a
dua, por Decreto de Pio XII, de Missa romana, era cantado somen-
16 de janeiro de 1946. - Para a te na primeira Missa de Natal. O
Missa e Ofício há formulários co- Papa Símaco (498-514) concedeu
muns no missal e breviário; mas aos Bispos o privilégio de o can-
para alguns Doutores há nesses tarem nos domingos e festas de
formulários partes próprias. mártires. Aos simples sacerdotes
Doxologia, (do gr. dóxa = lou- competia, do VII ao XI século,
vor, lógos = palavra). Empregam- cantá-lo apenas na Páscoa e na
sua primeira Missa. Reza-se ou
se na Liturgia duas Doxologias:
a menor e a maior. A menor é canta-se o Gloria em todas as Mis-
o Gloria Patri, etc. Tem a sua sas de carácter festivo. - Também
origem nas Epístolas dos Apósto- as conclusões das oracões e as
los, principalmente nas de São estrofes finais dos hinÓs contêm
Paulo. Nos primeiros séculos di- geralmente uma doxologia ou ex-
zia-se: Glória ao Padre pelo Fi- plícita ou equivalente.
lho com o Espírito Santo. A fór- Dueto, cada acto distinto nos
mula actual é análoga à do ba- movimentos a executar com o tu-
tismo. A segunda parte: Sicut ríbulo, nas incensações. Consiste
erat, etc., é de origem ocidental, em o oficiante levantar o turíbulo
provàvelmente do VI século, pois até à face, movimentá-lo em dire-
acha-se prescrita pelo Concílio va- ção ao objecto a incensar e descê-
rense, no ano 529, contra os aria- lo de novo até ao peito inferior.
nos, que atribuíam princípio a Conforme for a natureza ou a qua-
Deus Filho. Sendo uma aclama- lidade da pessoa que recebe a hon-
ção de júbilo, a Doxologia é su- ra da incensação, o Cerimonial
primida nas Missas e no Ofício prescreve um, dois ou três duetos,
que exprimem luto. - A Doxo- contínuos ou interrompidos, com
logia maior é o Gloria in excel- um ou dois ictos. (V. lcto, In-
sis Deo, etc., de origem oriental, censação).
e a princípio um hino só a Deus
Padre. O exórdio é formado pe- Dulia. (V. Culto de dulia).
las palavras dos anjos no campo Dúplice. (V. Rito).

Eça. (V. Catafalco). te), palavra que N. Senhor disse ,.


Ecce lignum Crucis (1. = Eis o ao curar um surdo-mudo, metendo
lenho da Cruz). (V. Adoração da os dedos nos seus· ouvidos e to-
Cruz). cando com a saliva a sua língua
(Me 7, 34) e que desde a primei-
Éfeta (aramaico, significa: abre-- J ra era cristã pertence ao rito do

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92 E
batismo como sacramental e exor- cio de algumas orações, momentâ-
cismo de preparação. Enquanto o neamente e durante toda a oração
sacerdote toca as orelhas e as na- no oferecimento do cálice, exigem
rinas com saliva de sua boca pro- as rubricas eleve os olhos ao céu.
fere as palavras: Ephpheta, quod Antes da Consagração ( et eleva-
est, adaperire, in odorem suavita- tis oculis ad Te Deum, etc.) é
tis, significando com isto a cura para imitar em tudo a N. Senhor;
da surdez espiritual pela graça do as outras vezes a elevação dos
batismo. O carácter de antigo olhos é o símbolo dà elevação do
exorcismo ainda se manifesta nas espírito, da confiança, da gratidão.
palavras ditas logo em seguida: No Memento pelos defuntos, no
"Tu, porém, demônio, foge, por- Pater noster e durante 'as orações
que se aproxima o juízo de Deus." que precedem a Comunhão, os·
Eleito, chama-se o . Bispo de- olhos do celebrante são dirigidos
signado, mas ainda não sagrado e à Sagrada Hóstia. A uniformidade
antigamente o catecúmeno admiti- na .elevação dos olhos foi introdu-
do à preparação próxima do ba- zida pelo Missal de Pio V.
tismo.
Embolismo (singular do plural
Elevação. Distinguem-se no rito gr. embolismata = parteºs interca-
da Missa (nas Liturgias romana, ladas), chama-se a oração em se-
mosárabe e ambrosiana), duas ele- guida ao Pater noster, na Missa,
vações, a maior e a menor. A pri- e que é uma paráfrase do últi-
meira consiste em elevar o cele- mo pedido do Padre Nosso. Co-
brante a Sagrada Hóstia e o Cá- meça com as palavras Libera nos,
lice separadamente, depois da res- quaesumus, Domine. Pede o sa-
pectiva consagração, acima da ca- cerdote o livramento de todos os
beça e parando um instante, para males da alma e do corpo, pela
a adoração dos fiéis. lntroduziu- intercessão da SS. Virgem, dos
se a elevação da Hóstia no século Apóstolos Pedro, Paulo e André
XII pelo desejo, da parte dos fiéis, (na idade média acrescentavam-
de "ver a Deus" e também para se outros Santos) e de todos os
tornar a Consagração o centro Santos; benze-se com a patena, os-
bem visível da Missa. A elevação culando-a depois; e, enquanto
do Cálice adaptou-se no século profere a conclusão, parte a hós-
XIV, e os Cartuxos ainda hoje tia. O Embolismo pertence às par-
não a têm em seu rito próprio. - tes mais antigas do rito da Mis-
A elevação menor tem lugar no sa, e foi colocado por S. Gregó-
fim do cânon, elevando o celebran- rio Magno como continuação do
te um pouco o Cálice com a Hós- Pater noster, dando a este o lu-
tia sobreposta. Esta elevação re- gar onde hoje se acha. Diz-se que
monta aos primeiros séculos do o mesmo Papa acrescentou o no-
cristianismo, fazia-se com as pa- me do Apóstolo André, Santo de
lavras: "O Santo aos santos", e sua especial devoção.
tinha por fim dar o sinal para os
fiéis se prepararem para a Comu- Encarnação, mistério da tomada
nhão. Sàmente esta segunda ele- da natureza humana da parte do
vação encontra-se nos Ritos orien- Filho de Deus. Quando no Credo
tais. (V. Per ipsum, etc.) . da Missa (Et incarnatus est, etc.)
e no último Evangelho (Et verbum
Elevação dos olhos. Em sinal de caro factum est) se comemora
reverência e para preservar-se de este mistério, o sacerdote ajoelha-
distrações o sacerdote conserva os se ou inclina profundamente a
olhos baixos durante as funções cabeça, com os assistentes, quando
do culto. Só algumas vezes, na ce- durante o canto do Credo está sen-
lebração da Missa, isto é, no iní- tado. Sàmente na Missa solene

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E 93 '

do Natal e da Anunciação ajoe- Entoação, canto das primeiras


lha-se no último degrau do altar palavras do texto que ao coro
enquanto o coro canta o Et in- compete executar nas funções so-
carnatus est. lenes. O sacerdote entoa o Gló-
ria, Credo, Te Deum, Asperges,
Encólpio, uma cápsula com relí- não sendo lícito ao coro repetir
quias dos Santos ou sentenças da as mesmas palavras. Os outros
Sagrada Escritura, que os · cris- textos a cantar (Intróito, Gra-
tãos traziam pendente sobre o pei- dual, etc.) são entoados por um,
to por devoção e como protecção dois ou quatro cantores, confor-
contra as tentações do demônio. me for menor ou maior a soleni-
Parece que o Encólpio é a ori- dade.
gem da cruz peitoral dos Bispos.
No rito grego tem este nome, Entronização, cerimônia no fim
como também o de panagia, uma da sagração do Bispo e da bênção
cápsula para abrir, em forma de do Abade, da Abadessa, do Rei
grande medalha com a imagem de e da Raini\a, sendo o Bispo, o
N. Senhora numa das faces inte- Rei e a Rainha conduzidos, com
riores, que os Bispos trazem pen- uma fórmula análoga ao acto, ao
dente sobre o peito. Idênticas com trono, o Abade e a Abadessa à ca-
o Encólpio são as Filacterias, no- deira reservada. A cerimônia já
me que na idade média passou a era geralmente praticada no início
designar os vasos de matéria pre- do XI século, o que supõe uma
ciosa, para encerrar as santas re- origem muito mais antiga.
líquias. Epacta (do gr. epaktós = acres-
centado), número que exprime os
Encomendação da alma (!. dias ·que constituem a diferença
Commendatio animae), orações entre o ano solar de 365 e o lu-
contidas no Ritual romano, com nar de 354 dias. Essa diferença de
que o sacerdote, em nome da Igre- 11 dias no primeiro ano aumenta
ja, acompanha o moribundo nos em mais 11 no segundo, são, pois,
últimos momentos, ajudando-lhe a 22 dias. No terceiro ano seriam
bem morrer e encomendando a 33; mas como em cada 30 dias se
sua alma à piedade e misericór- repete a lunação, deve-se tirar 30
dia de Deus. Todas essas ora- e fica a epacta 3 para no quarto
ções são de venerável antiguidade; ano ser 14, e assim por diante.
algumas remontam ao V ou VI O cômputo eclesiástico utiliza-se
século. Em português chamamos das epactas em combinação com o
Encomendação (impropriamente número áureo e a letra dominical
Encomendação do corpo) as ceri- para fixar a Páscoa, que deve cair
mônias do Ritual junto ao ·corpo no domingo depois da lua cheia
do defunto na casa do mesmo ou que se segue ao equinócio da pri-
na igreja. V. Absolvição pelos de- mavera. (V. letra dominical e Nú-
funtos. mero áureo).
Endoenças, palavra derivada do Epíclese (gr. epíclesis = invoca-
=
1. desus. dolentia em dores; se- ção), oração ao Divino Espírito
gundo outros, de indulgentia = Santo, na Missa, depois da anám-
perdão. Em ambos os sentidos nesis, pedindo a transubstanciação
quadra bem no Dia de Endoen- do pão e do vinho em o Corpo e
ças, como em português é cha- Sangue de Nosso Senhor e a re-
mada a Quinta-feira Santa, por- cepção dos frutos da Comunhão.
que nesse dia jesus começou sua Encontra-se, nesta forma, em to-
Paixão, e nele, em séculos passa- dos os Ritos orientais, desde o V
dos, fazia-se a reconciliação dos século; mas os cismáticos atri-
penitentes públicos. buem-lhe, erradamente, a Consa-

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94 E
gração, não às palavras de jesus. guns ritos, pàr exemplo no ambro-
Pensam muitos autores que tam- siano e mosárabe, comemora-se no
bém no cânon da Missa do Rito dia seis de janeiro, junto com os
romano existia a Epíclese, mas que outros mistérios, o milagre da mul-
desapareceu, e que somente um tiplicação d<#pães, de que já faz
resto se encontra na oração Quam menção Santo Agostinho e que a
oblationem, antes e no Supplices Santa Sé tolera. Na Liti.trgia ro-
depois da Consagração. mana destaca-se, em primeiro pla-
no, a Adoração dos Magos. Ro-
Epifania, também Teofania = ma, o expoente da cultura pagã,
manifestação, manifestação de tornou-se a cabeça e o centro
Deus), uma das mais solenes fes- do mundo cristão. Esta elevação
tas de N. Senhor, no dia seis de a Igreja romana vê prefigurada
janeiro, cuja celebração na Li- na vocação dos gentios, represen-
turgia é mais antiga do que a pró- tados pelos Magos. Por isto ela
pria festa do Natal. Como a pa- se abandona ao júbilo e desfral-
lavra indica, celebra-se nesse dia da, nesse dia, a maior pompa. Na
a manifestação de jesus ao mundo. Missa não se faz alusão alguma
Isto ele fez já no dia de seu Nas- ao batismo de N. Senhor, nem ao
cimento. A Epifania era por isto milagre de Caná. Somente no Ofí-
na Igreja dos primeiros séculos o cio divino estes fatos são lembra-
dia de Natal. Apareceu Cristo co- dos no hino das Vésperas e em
mo Salvador de toda a humanida- algumas antífonas e responsórios.
de quando chamou à 'sua adoração Durante o oitavário só há um res-
os Magos do Oriente. Manifestou- ponsório do batismo e uma ligei-
se aos judeus em seu batismo nas ra referência, numa bomília de S.
águas do Jordão, recebendo do Pai Máximo, ao batismo e milagre de
celestial o solene testemunho de Caná. No dia oitavo, porém, como
sua filiação divina. Revelou-se conclusão da festa, o Evangelho da
ainda N. Senhor como Deus oni- Missa, cujo formulário concorda
potente quando, nas bodas de nas outras partes com o dia seis
Caná, transformou a água em vi- é o de S. joão, relatando as pala~
nho. Todas estas manifestações vras do Batista sobre o que viu
constituem, em seu conjunto, o e ouviu no batismo de jesus. No
objectivo da solenidade da Epifa- Ofício da oitava, além do que hou-
nia, desde a sua introdução na Li- ve no dia seis, as homílias do 2•
turgia. Não era, porém, nem é e 3• noturno tratam do batismo.
igual a acentuação de todas elas - O milagre de Caná é comemo-
nos Ritos diferentes do Oriente e rado na Liturgia romana explicita-
do Ocidente. Desde que a Santa mente no segundo domingo da
Sé obrigou a todas as Igrejas a Epifania. - No Brasil, como em
celebrar com a Igreja romana, que outros países, é costume chamar-
o fazia pelo menos desde 336, o se a Epifania Dia de Reis.
Nascimento de jesus no dia 25 de
Dezembro, deixou a Epifania de Episcopado, último grau do sa-
ser a comemoração do Natal tam- cerdócio e a sua plenitude, com
bém na Igreja grega, em fins do carácter sacramental. Por ele re-
IV século. Ao mesmo tempo trans- cebe o Bispo o poder de adminis-
feriu-se, no Oriente, para o dia trar os sacramentos da Crisma e
25 de Dezembro a comemoração da Ordem, de benzer os SS. óleos
da Adoração dos Magos, limitan- e sagrar altares e igrejas. Por ele
do-se, desde então, a celebrar a é o sumo sacerdote, com honra-
Epifania somente o batismo de N. rias e prerrogativas nas funções
Senhor, e não se fazendo menção litúrgicas; o supremo pastor com
do milagre de Caná. - Em ai- jurisdição no clero ·e fiéis de sua

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E 95
diocese; o guarda do dogma e das férias, conforme as indicações do
leis da Igreja. (V. Sagração de índice epistolar, para maior como-
Bispo). didade do leitor. No IX século
Epístola, uma lição do Antigo foram reunidos no mesmo livro
ou Novo Testamento (não dos também os Evangelhos,. lições e
Evangelhos) que precede o pri- profecias e assim resultou o Ple-
meiro Evangelho da Missa. Cha- nário, como ainda hoje está em
mava-se antigamente apostolus, uso.
hoje Epístola, porque é geralmente Escapulário (do 1. scapulae =
tirada das Epístolas dos Apósto- ombros) ou bentinho, dois peda-
los. Como ainda hoje no Rito gre- ços de pano, unidos por cadar-
go, era a Epístola também no Rito ços, de modo que passando estes
romano uma lição contínua, isto é, por sobre os ombros, caia um pe-
uma a continuação da outra, fi- daço sobre o peito, outro sobre
cando a extensão do trecho a ler as costas. O escapulário faz as
à discrição do Bispo. Desde o IV vezes do hábito inteiro, e é o dis-
ou V século os trechos são esco- tintivo dos membros das Ordens
lhidos e designados no lndice epis- Terceiras e confrarias que o tra-
tolar: para serem procurados na zem constantemente como uma das
Bíblia. De alguma maneira, quanto condições para se tornar partici-
ao conteúdo, estavam em harmo- pantes das graças e privilégios.
nia com o Evangelho. Antes da Somente o primeiro escapulário
Epístola lia-se, até ao VI século, necessita da bênção com a fór-
outra lição do Antigo Testamento, mula •contida no Ritual. Excepto
uso que se conservou apenas nos o da Ordem III de São Francisco,
dias com carácter de penitência. pode o escapulário ser substituí-
- Ler a Epístola pertencia ao lei- do por uma medalha que de um
tor, como ainda hoje na Missa can- lado tenha a imagem do Sagrado
tada, não solene. Depois do VIII Coração de Jesus e do outro a de
século passou o ofício para o sub- qualquer invocação de N. Senhora,
diácono, fazendo este a leitura no bento para este fim por sacerdote
· ambão, onde existia. Hoje é feita com faculdade de impor o respecti-
diante do último degrau, ao lado· vo escapulário. Qs escapulários de
direito do altar, com o rosto vol- confrarias mais conhecidas são:
tado para este, para significar, se- da Paixão, do Carmo, das Dores
gundo os liturgistas da idade mé- e da Conceição.
dia, que o leitor da Epístola re-
presenta a S. João Batista, cuja
Espécie (do 1. species = apa-
rência), o que com os sentidos se
pregação, simbolizada pela Epísto- percebe na Eucaristia, isto é, a
la, visava o recebimento de Cris- cor, o odor, o sabor, a forma.
to, representado pelo altar. O sa- Cristo está presente na Eucaris-
cerdote, ao ler a Epístola, coloca tia sob as espécies de pão e vi-
as palmas sobre o altar, ou Mis- nho, quer dizer, a substância das
sal, ou toma este em suas mãos. mesmas foi mudada em o Corpo e
A resposta no fim Deo grafias é Sangue de Cristo, ficando apenas
uma acção de graças pela doutri- o que aparece aos sentidos, a es-
na de salvação anunciada pelas pécie. Em sentido translado cha-
Epístolas. mam-se espécies as partículas con-
Epístola, Lado da, lado onçle se sagradas para a Comunhão dos
lê a Epístola, isto é, o lado direito fiéis, ficando o nome de hóstia
de quem olha para o altar. reservado para a partícula grande
Epistolário, 1ivro litúrgico que da Missa.
continha as Epístolas coordena- =
Escrutínios (1. scrutinia exa-
das segundo os domingos, festas e · mes, inquéritos), conjunto de ce-

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96 E
rimõnias que na antiguidade cris- Os outros escrutínios consistiam
tã precediam, em diferentes dias, essencialmente em exorcismos. -
o batismo, a conferir-se no Sá- Desde o VIII século os escrutínios
bado Santo. Eram a princípio um pouco a pouco deixaram de exis-
exame sobre a doutrina e moral tir como actos distintos, mas fun-
dos catecúmenos competentes diram-se em um conjunto com as
junto com significativas cerimô- cerimônias no inícío do catecume-
nias. Quando, desde o século II nato e as depois do batismo, for-
e III, sempre mais escasseavam mando assim o rito actual do ba-
os batizandos adultos, o catecume- tismo dos adultos; o das crianças
nato prolongado mais e mais foi é uma abreviação deste. (V. Ba-
suprimido. Recebiam .os adultos tismo, Rito do, e Catecúmeno).
uma instrução abreviada e para
garantia da educação e vida cris- Esponsais (1. sponsalia). (V.
tã contentava-se a Igreja, como no Desposório).
batismo das crianças, com a pro- Espórtula, ou estipêndio, a es-
messa feita pelos padrinhos (spon- mola que se oferece ao sacerdote
sores). O exame perdeu com isto pela S. Missa, isto é, pela celebra- ·
a importância de outrora, mas fi- ção da mesma segundo a inten-
caram as cerimônias, as quais, con- ção do ofertante. Os estipêndios
servando o nome de escrutínios, se podem ser provenientes de uma
realizavam em três, posteriormente fundação e então chamam-se es-
em sete diferentes dias. O seu rito tipêndios fundados e as Missas
acha-se minuciosamente descrito correspondentes Missas fundadas,
no sétimo Ordo romano (VIII sé- ou oferecidos como "em mão" es-
culo) e no Sacramentário gelasia- pontâneamente ou por obrigação,
no. Nos dias do escrutínio, o ba- e então têm o nome de estipên-
tizando, com pais e padrinhos, de- dios manuais e as Missas Missas
via apresentar-se na igreja para manuais. São as espórtulas da
essas cerimônias, que tinham lugar Missa não um pagamento, mas
depois da oração da Missa (Mis- uma contribuição para o sustento
sa de escrutínio) . Assistia a ela do sacerdote e substituem as ofer-
o catecúmeno até ao Evangelho, tas que os fiéis faziam ao sacerdo-
mas os pais e padrinhos até ao te para, de um modo especial, se
fim, com a obrigação de fazer suas tornarem participantes dos frutos
ofertas e receber a Comunhão. Pa- da Missa. - O sacerdote pode
ra o primeiro escrutínio estava aceitar uma espórtula por todas as
marcada a quarta-feira depois do Missas que não tem obrigação de
terceiro domingo da Quaresma. O celebrar. Rigorosamente proibido
terceiro, o mais importante de to- está, porém, aceitar uma esmola
dos, realizava-se na quarta-feira p~la Missa de binação, excepto o
depois do quarto domingo. Cha- ~ta '!_e N atai e excepto uma grati-
mava-se este escrutínio scrutinium ft~açao por outro título, alheio à
in aperitione aurium (abertura dos Missa, por exemplo, pela viagem.
ouvidos), e consistia, entre outras (Oir. can. c. 824, § 2). As vezes,
cerimônias, na exposição do Evan- entretanto, a Santa Sé autoriza a
gelho, na entrega (explicação) do aceitação de um estipêndio, não
Símbolo e do Padre-Nosso. O últi- para o sacerdote, mas para fins
mo escrutínio fazia-se no Sábado eclesiásticos, por exemplo, para a
Santo, antes do batismo, com os sustentação do seminário pobre. -
seguintes actos: passar saliva nas Também por outras funções litúr-
orelhas e narinas do batizando, gi~as (matrimônio, batismo, exé-
abil!ração, unção com o óleo dos qu1<i:s) se oferecem espórtulas, as
catecúmenos, reentrega (recita- qua1~, por se tratar de funções pa-
ção) do Símbolo e Padre-Nosso. roqma1s, chamam-se mais pràpria-

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E
mente emolumentos paroqmats ou ca, era quase toda católica. Mas
direitos de estola. Nos países em não era somente em Roma que se
que os sacerdotes recebem a côn- realizava o culto das Estações;
grua do Governo ou têm preben- em muitas metrópoles, tanto do
das, as espórtulas da Missa e emo- ocidente (Colônia, Treves, Tours)
lumentos paroquiais são diminutos. como do oriente (Antioquia, Cons-
tantinopla e outras) essa institui-
Estação (!. statio), - 1) o je- ção era observada pelos Bispos.
jum nos primeiros séculos da era O Papa São Gregório reorganizou
cristã até às três horas da tarde esse culto e fixou os respectivos
(semi-jejum) nas quartas e sextas- dias no Sacramentário (Missal),
feiras de cada semana. Chamavam- do qual passaram para o Missal
se os dois dias "Estações dos sol- romano, em que ainda 89 vezes
dados de Cristo". Em Roma, acres- se lê: Statio ad sanctum. N. N.,
centaram mais tarde o sábado, isto é, Estação na igreja do Santo
deixando então a quarta-feira de N. N. Embora sensivelmente res-
ser, em muitos lugares, dia de je- tringidas na idade média, em Ro- .
jum obrigatório. No Oriente jejua- ma, devido à ausência dos Papas,
va-se nas quartas e sextas até à que passaram a residir em Avi-
noite. Desde o V século desapare- nhão, não cessaram de todo. As
ceu o jejum das Estações, conser- Ladainhas de Maio (Rogações)
vando-se, contudo, a sua lembran- são uma recordação das Esta-
ça nas Quatro Têmporas; 2) cul- ções. Pio VI catalogou de novo as
to divino como, antigamente, era indulgências que os Papas conce-
celebrado em certos dias, partindo deram para os que tomavam parte
o clero com os fiéis de uma igre- nas Estações, ,e ainda existem, co-
ja onde se rezava a collecta, à mo é de ver nos índices de indul-
outra anteriormente marcada gências; - 3) interrupção de uma
(igreja da Estação), onde se ce- procissão em certos lugares, ge-
lebrava a MiEsa com homília. Ca- ralmente igrejas, para algum acto
da vez se de.:ignava a igreja da litúrgico ou orações, de que nos dá
Estação para a próxima reunião. A· notícia o Sacramentário de Gre-
origem das Estações é a praxe gório 1. Em alguns países ainda
observada pelos Papas, já no III hoje é costume interromper-se a
século, de escolher, em certos dias,. procissão de Corpus Christi dian-
um dos títulos (V. Título 1) para te de quatro alfares improvisados
solenemente celebrar o culto divi- (estações), cantando-se o início
no, visto não terem igreja pró- dos quatro Evangelhos e dando-se
pria. No século IV, com o desen- a bênção; - 4) cada um dos 14
volvimento que tomava o ano li- passos do Caminho da Cruz.
túrgico, ·esse culto solene ficava
restrito aos domingos e festas Estandarte religioso (!. vexillum,
principais, à Quaresma e às Têm- fano), pano quadrado ou quadri-
poras. No século VII já era cos- longo, de uma ou mais cores, às
tume sancionado fazerem-se as Es- vezes ricamente bordado ou pinta-
tações todos os anos sempre em do, com legendas, emblemas ou
determinada igreja e no mesmo dia imagens de Santos, inteiro ou re-
de festa, pelo que não era mais cortado na orla inferior, armado
necessário anunciar previamente numa verga horizontal que, presa
lugar e dia. As procissões, com la- na vara, forma uma cruz. Repre-
dainha, _salmos ~ hinos, parece que senta o estandarte a Cristo em
foram mtroduz1das no século V seu triunfo ou os Santos na gló-
quando já não existia o perigo d~ ria. Por isso são levados nos prés-
serem c~nfundidas com os présti- titos religiosos solenes e são em-
tos pagaos; · Roma, naquela épo- pregados também para enfeitar
Dic. L!túrg-ico - 7

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98 E
os altares, sendo colocados ao la- gor, que manda rezar em pé, du-
do, e nas igrejas. O mais antigo rante todo o tempo de Páscoa, o
documento que prova o uso do es- Regina caeli '(em lugar do Ange-
tandarte como ornato cultuai data lus) e, no fim das horas canôni-
dos fins do X século, mas pro- cas e nos domingos desde as pri-
vàvelmente já existia antes. meiras Vésperas, durante todo o
Estante, suporte portátil sobre o ano, o Angelus e a respectiva an-
altar, de madeira ou metal, mais tífona final nas horas do Ofício~
ou menos artisticamente feito, com (V. Posição litúrgica).
plano oblíquo, para colocar o Mis- Estender as mãos. (V. Mãos).
sal (estante do Missal); (1. legi- Estêvão, diácono, protomártir da
le, pulpitum parvum) ou com pé Igreja, apedrejado no ano de 35
alto em forma de coluna e um ou depois de Cristo. Faz-se dele men-
dois planos, usado para o livro ção no cânon da Missa, depois da
litúrgico em certas bênçãos, no Consagração, na oração Nobis
canto do Martirológio, da Paixão, quoque peccatoribus. Celebram~se
do Eivangelho (em algumas igre- dele duas festas, a de seu martí-
jas) e antigamente também da rio, a 26 de Dezembro, como a
Epístola, quando não havia ambão principal, e a da invenção de suas
(lectorium, pulpitum). ·relíquias, em 415, a 3 de Agosto,
Estar em pé durante as funções como secundária.
litúrgicas é, segundo S. joão Cri- Estilo de igreja. (V. Arquitetura
sóstomo (IV século), a posição eclesiástica).
própria do sacerdote. Apresenta-
se, deste modo, como pessoa re- Estipêndio. (V. Espórtula).
vestida de autoridad~ superior e, Estola. (1. stola= veste, ora-
principalmente durante a Missa rium, de os =· boca, toalha para
e a administração dos Sacramen- enxugar o rosto), paramento litúr-
tos, como o medianeiro entre Deus gico em forma de tira comprida,
e o povo. Acompa ham-no nesta de uns 8 a 10 centímetros de lar-
posição, na Missa solene, os mi- gura, geralmente mais larga nas
nistros e os coristas. Também os extremidades, com cruz no meio
fiéis, durante longos séculos, as- ou também nas pontas. E' coloca-
sistiam às funções litúrgicas em da no ombro esquerdo, a tiraçolo,
pé, encostando-se, quando cansa- por baixo da dalmática e por cima
dos, sobre um bastão que traziam da alva ou sobrepeliz, pelo diá-
consigo, deixando-o, porém, das cono; pendente dos ombros e cru-
mãos durante o canto do Evange- zada sobre o peito, por baixo
lho para significar (como obser- e
da casula por cima da alva, ou,
va o Bispo Amalário, de Treves, sem cruzamento, por cima da so-
no início do século IX) que, quan- brepeliz, pelo sacerdote; pen-
do Cristo em própria pessoa en- dente dos ombros, sempre parale-
sina, não temos necessidade de ou- lamente na frente, pelo Bispo. An-
tro auxílio. Para os fiéis o estar tigamente de linho ou lã e de cor
em pé era o símbolo de sua filia- à vontade, acompanha hoje a ca-
ção divina e da ressurreição espiri- sula na fazenda e cor litúrgica.
tual em Cristo ressuscitado dos Sendo distintivo do diácono e sa-
mortos. Por esta razão, mesmo de- cerdote, é usada somente quando
pois que se generalizou o ajoe- exercem funções próprias da or-
lhar e o assentar-se, o estar em dem. O trazê-la a tiracolo pelo
pé conservou-se durante o tempo diácono vem da cerimônia de ele,
de Páscoa e nos domingos desde antigamente, colocá-la nesta posi-
as primeiras Vésperas. Assim se ção junto com a planeta, nos dias
explica a rubrica, ainda em vi- de penitência. - O uso da esto-

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E 99
la existia no Oriente no IV s~­ Estola paroquial, chama-se, em
culo passando no VI para o Oci- português a estola, usada pelo sa-
dente. · O nome orarium, que anti- cerdote sbbre a sobrepeliz. Segun-
gamente e por toda parte era us~­ do o cbstume romano, é mais lar-
do e que ainda ocorre no Ponti- ga e mais curta do que a es!ola
fical, parece indicar que a estola da Missa, é mais ou menos nca:
tira sua origem da toalha, dobra- mente ornada e tem alamar. E
da ao longo, que o diácono trazia chamada estola paroquial porque
sobre o ombro esquerdo durante as principais ·funções, em que é
o serviço de preparar o Santo Sa- usada, são de direito paroquial.
crifício. Em muitos Ritos orientais Estola, Uso da. A estola é ob~i­
a estola compete também ao sub- gatória na celebração da S. Mis-
diácono e mesmo ao leitor, como sa, na administração dos Sacra-
outrossim em Roma era, a princí- mentos, nas bênçãos, na aspersão
pio distintivo de todos os clérigos. com água benta, nas procissões,
CoÍocam-na os orientais diferente- na exposição, reposição e trasla-
mente ou sobre o ombro esquer- dação do Santíssimo; todas as ve-
do, ca'indo pela frente e por detrás, zes que o sacerdote ou diácono
o que é mais usual; ou dando !ln- tem que tocar num vaso que en-
tes uma volta no corpo superior, cerra o Santíssimo, ao receberem
ou (os maronitas, sírios, caldeus) a S. Comunhão e ao conduzirem
no pescoço. Em Milão (Rito am- .um enterro. O uso da estola é au-
brosiano) o diácono traz a estola torizado aos vigários que nas pro-
por cima da dalmática. No decor- cissões procedem in corpore, aos
rer dos séculos, a estola, que antes sacerdotes e diáconos que adoram
pendia quase até ao chão, foi en- o Santíssimo publicamente expos-
curtada, chegando hoje até aos to, aos pregadores no acto da pre-
joelhos ou nem isto. Depois de en- gação, onde houver este costume,
trar em voga o estilo barroco, com e ao sacerdote que assiste a um
as suas formas exageradas, afeia- neo-sacerdote na sua primeira Mis-
ram as extremidades da estola com sa, colocando então a estola, ou
alargamentos que não têm nenhu- desde o princípio, ou durante o
ma razão de ser. A estola, na cânon apenas, conforme o uso do
administração dos Sacramentos, lugar. Legítimo costume pode ain-
pregação, etc., isto é, fora da Mis- da autorizar o trazer a estola aos
sa, é geralmente ornada com bor- vigários, como símbolo de sua ju-
dados e as duas partes pendentes risdição, dentro de sua igreja, du-
são unidas sobre o peito por um rante os Ofícios.
alamar para conservá-las na mes-
ma distância uma da outra. - Estolão, banda roxa, larga, sem
Desde o VI ou VII século o diáco- cruz no meio, com que o diácono
no e o sacerdote recebem a estola substitui, desde o Evangelho até
na ordenação. Segundo a fórmula, à Comunh.ão, a plàneta dobrada,
que acompanha a imposição, signi- durante a Quaresma e outros dias
fica no diácono a veste cândida no de penitência, nas catedrais e
exercício do ministério, que é exor- outras igrejas maiores. (V. Plane-
tado a cumprir fielmente, no sacer- ta dobrada).
dote significa o jugo do Senhor Estrofe final dos hinos, a con-
e a veste (inocência) · da imorta- clusão, com menção da SS. Trin-
lidade. - Além de distintivo para dade, acrescentada a todos os hi-
o sacerdote e diácono, é a estola nos, como o Gloria Patri, a todos
ainda o símbolo de jurisdição es- os salmos, exprimindo, de alguma
piritual, por exemplo no vigário e maneira, o carácter das festas e
superior religioso de uma Ordem dos tempos sacros. As vezes é uma
isenta. verdadeira doxologia, isto é, um

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louvor à SS. Trindade; outras ve- escolhia o pão a consagrar e que
zes uma súplica a ela dirigida. Nas no fim era repartido depois de
festas de N. Senhor e de N. Se- bento, não consagrado. Davam-se
nhora é uma doxologia com men- Eulogias aos que não tinham .co-
ção da SS. Virgem, mas acontece mungado e mais tarde a todos;
também ser nela mencionado o ' eram comidas na igreja, levadas
Santo de que se faz o Ofício. Em para casa e remetidas a ausentes
certas festas e em certos tempos em sinal de fraternidade, como
a estrofe final é a mesma em to- se sabe da vida de S. Gregório de
dos os hinos de igual metro. Tours. Nos Ritos orientais as Eu-
Et reliqua (1. = e o que se se- logias conservaram-se, embora não
gue), fórmula fixa depois da lei- geralmente; no Rito romano caí-
tura do início do Evangelho no ram em desuso desde o fim da
terceiro noturno das Matinas do idade média.
Ofício divino. Eu pecador. (V. Confiteor ).
Eucaristia (gr. eu = bem, chá- Evangelho (do gr. = Boa nova),
ris = graça: acção de graças), o um trecho (pericopa) tirado dos .(
Sacrifício da nova Lei, institiuído quatro Evangelhos, lido ou canta-
por N. Senhor; assim chamado não do na Missa, depois da Epístola,
só por causa das orações de acção em seguida ao Gradual. Os tre-
de graças que o enquadram, mas chos, a ler nos domingos, férias
também porque em si é a acção e festas, foram fixados definitiva-
de graças cultuai por excelência. mente no Missal de Pio· V, mas
Neste sentido se diz: celebrar a concordam geralmente com · o que
Eucaristia. Significa a palavra se observava em Roma, no tempo
também a matéria consagrada do de S. Gregório Magno, relativa-
Sacrifício e conservada para a mente aos domingos, férias e fes-
adoração e comunhão dos fiéis, tas até então celebradas. O Evan-
pelo que se diz também: adorar gelho chama-se estritamente pró-
e tomar a Eucaristia. prio quando nele se faz referência
ao mistério ou Santo do dia. (V.
Eucológio (gr. euchós = ofer- Evangelho último). A princípio, a
ta, lógion = oráculo), - 1) livro leitura do Evangelho era contínua,
litúrgico na Igreja grega que re- como a da Epístola. Desde o IV
monta ao IX século e que hoje século compete a leitura ao diá-
contém as três Liturgias de Missa, cono, respectivamente ao próprio
nela usadas, de S. Crisóstomo, de sacerdote celebrante, quando antes
S. Basílio e a dos Pressantifica- era ofício do leitor. O sacerdote
dos, o ritual para a administração prepara-se para a leitura com a
dos Sacramentos e formulários pa- oração Munda cor meum, profun-
ra sagrações e bênçãos; - 2) vul- damente inclinado no meio do al-
garmente, embora pouco usado, tar. O diácono, na Missa solene,
manual de orações, com Ofício reza a mesma oração e recebe a
e Missa nos domingos e festas bênção do celebrante, dirige-se em
principais. seguida, acompanhado pelo sub-
Eulogia (gr. eu = bem, legein diácono', ceroferários e turiferário,
= dizer), - 1) no Novo Testa- como em procissão, ao lado do
mento e na primeira era cristã, Evangelho (Norte, nas igrejas
bênção; - 2) coisa benta, como orientadas), onde o subdiácono lhe
sal, azeite; - 3) especialmente o sustenta o livro. Como introdução
pão que os cristãos, até à idade dizem ou cantam, sacerdote e diá-
média, tanto no Oriente como no cono, a saudação Dominus vobis-
Ocidente, ofereciam no começo cum, :&'. Et cum spiritu tuo,· e o
da Missa, dentre o qual o Bispo anúncio Sequentia sancti Evange-

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E 101

lii secundum N. N. :&'. Gloria tibi onde se lê o primeiro, forma a


Domine. (O seguinte é do Santo conclusão do Rito da Missa na Li-
Evangelho de N. N. :&'. Glória turgia romana e ambrosiana. E'
te seja dada, Senhor) e ao pro- geralmente o início (prólogo) do
nunciar este anúncio o celebrante Evangelho segundo S. joão, me-
ou diácono assinalam o início do nos nas Missas de uma festa que
Evangelho no Missal com uma pe- cai em domingo, vigília ou féria
quena cruz e a si mesmos com maior, porque 'êntão é substituído
tríplice cruz na testa, boca e pei- pelo Evangelho desse domingo,
to. O diácono incensa então o li- etc., como também nos dias em
vro dos Evangelhos. No fim o sa- que se comemora uma festa que
cerdote oscula com as palavras tem Evangelho estritamente pró-
Per evangelica dieta deleantur prio, o qual é neste caso o último
nostra delicia (Pelas palavras Evangelho. - Embora já prati-·
evangélicas sejam apagados os cada anteriormente, às vezes no
nossos pecados) o livro (menos trajeto do altar para a sacristia,
nas Missas de Requiem), toman- foi a leitura do último Evaneglho
do-o em suas mãos ou sendo-lhe prescrita na reforma do Missal por
oferecido pelo subdiácono, e o Pio V. .Na Missa pontifical o Bis-
ajudante diz: Laus tibi Christe po reza-o no caminho ao trono.
(Louvor te seja dado, Cristo). O Evangeliário, desde o VIII sé-
rito de cantar o Evangelho com culo livro litúrgico, às vezes rica-
emprego de luzes atesta São je- mente ornado, que contém os
rônimo • no V século; ouvirem os Evangelhos coordenados para
fiéis o Evangelho de pé é costume maior comodidade do diácono,
desde os primeiros tempos cris- segundo os domingos, festas e fé-
tãos; o ósculo do livro data do rias, conforme as indicações do
VIII século; dirigirem sacerdote e índice (comes), o qual até então
diácono sua face ao norte durante marcava os Evangelhos, a ler da
a leitura foi introduzido no X sé- Bíblia, com as palavras iniciais
culo, quando antes o Sul era o sàmente. Mais tarde (desde o VII
lado do Evangelho; a oração Mun- século) reuniram-se os Evange-
da cor meum remonta sàmente até lhos com as Epístolas e outras
ao fim da idade média. Nos Ritos lições da Escritura num só vo-
orientais a procissão antes do
Evangelho faz-se solenemente pela lume, que era chamado Plenário
igreja. ou Leccionário. Tanto o Evange-
liário como o Epistolário e o Ple-
Evangelho de S. João, chama-se, nário perderam a sua importância
na Liturgia, o princípio (prólogo quando se começou a dar no Mis-
1, 1-14) do Evangelho composto sal o texto completo dos Evange-
por S. João. Na Missa, em que é lhos, Epístolas e Lições escritu-
geralmente o último Evangelho, rais (Missal plenário). Nas gran-
foi introduzido no XIII século e des igrejas ainda se usa o Evan-
universalmente prescrito por Pio geliário plenário nas Missas so-
V, mas é empregado também na . Ienes, mas geralmente o Missal faz
visita aos enfermos segundo o Ri- as suas vezes.
tual e no exorcismo de possessos. Exaltação da Cruz, festa de rito
Evangelho, Lado do, lado onde dúplice maior, celebrada em come-
se lê ou se canta o Evangelho, isto moração da recuperação e resti-
é, o lado esquerdo de quem olha tuição da Santa Cruz por Herá-
para o altar e que nas igrejas clio, imperador bizantino. (V. In-
orientadas é o lado do norte. venção da Santa Cruz).
Evangelho último, dito sàmente Exame, uma cerimônia'' apenas,
pelo celebrante no mesmo lugar antes da ordenação do diácono e

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102 E
sacerdote, da sagração do Bispo Execração dos paramentos, dá-se
e bênção do Abade e do Rei e quando se tornarem imprestáveis
consiste em algumas perguntas às por terem perdido a forma em que
quais o ordenando, etc., responde, foram bentos e quando forem em-
como para que o Bispo se certifi- pregados para usos indecorosos ou
que de sua dignidade. O exame, expostos publicamente à venda.
na forma actual, é de origem gali- Exéquias, conjunto das cerimô-
cana (VI século), entrou, no Rito nias litúrgicas que segundo o Ri-
romano, no IX século, e era feito, tual se realizam no enterro de um
a princípio, dias ou semanas an- cristão católico, morto · em união
tes da ordenação. visível com a Igreja. O corpo do
cristão é um templo do Espírito
Excomunhão, separação da co- Santo, o instrumento para a prá-
munhão dos fiéis. (V. Anátema). tica de obras meritórias diante de
Deus e destinado a ressuscitar um
Execração (1. execratio), aciden- dia gloriosamente. Nesta verda-
te (destruição, profanação, viola- deira convicção, os cristãos tra-
ção), pelo qual uma coisa benta taram sempre com respeito os
com bênção constitutiva, ou sagra- corpos dos defuntos e davam-lhes
da perde o seu carácter santo e enterro com orações, canto de
necessita, para depois servir no salmos e culto divino. As ceri-
culto divino, de nova bênção ou mônias que se desenvolveram no
sagração. correr dos séculos e que, desde
Execração da igreja, dá-se quan- 1614, se acham fixadas no Ritual
do é destruída de todo ou cair a romano são por isto de tradição
maior parte de suas paredes, ou antiquíssima. Distinguem-se
quando pelo Bispo for cedida para dois ritos de exéquias, um para os
usos profanos não indignos. (Dir. adultos, isto é, para os que chega-
can. c. 1170). ram ao uso da razão, outro para
as crianças. O primeiro obedece
Execração do altar, dá-se nos à seguinte ordem: - 1) levanta-
seguintes casos: - 1) no altar fi- mento do corpo na casa mortuá-
xo, se se separar a mesa da base, ria, com aspersão do corpo e re-
embora por um momento sequer; citação do salmo De profundis;
- 2) tanto no altar fixo como na - 2) condução do esquife, em
pedra d'ara, se se quebrar enor- forma de procissão, à igreja, com
memente, seja com relação à ex- a recitação ou canto do. salmo Mi-
tensão da quebradura, ou da un- serere e de outros salmos peni-
ção; - 3) se forem removidas as tenciais; - 3) Ofício dos defuntos
relíquias; - 4) se se quebrar o na igreja; - 4) Missa de Re-
tampo (sigilo) do sepulcro ou sem quiem; - 5) absolvição junto ao
licença do Bispo for removido. - esquife; - 6) condução ao cemi-
A execração do altar não produz tério; - 7) enterro com aspersão
a execração da igreja, e vice-ver- (e incensação) do caixão e da se-
sa. (Dir. can. c. 1200). pultura e recitação do cântico Be-
nedictus, com oração e versículos,
Execração do cálice e da patena, pelo defunto; - 8) volta à igre-
dá-se no caso de se estragarem a ja com a recitação do salmo. De
ponto de se tornarem imprestáveis profundis, versículos e oração. -
(quebradura, perfuração) e quan- A cor nas exéquias de um adulto
do forem empregados para uso in- é sempre preta. Muitas vezes, ou
decoroso ou expostos publicamente porque não há tempo, ou por ou-
à venda. Não perdem a sagração tro motivo, não se realizam todos
quando recebem nova douração. os actos do Ritual. Em caso al-
(Dir. can. c. 1305). gum, porém, se deve deixar de pe-

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E 103

dir a encomendação do corpo, que demoníaca, não a expulsão. Cha-


os vigários são exorta-dos a fazer, ma-se exorcismo do batismo. - O
sem exigir emolumento algum, exorcismo sobre coisas pratica-se
quando se tratar de pobres. (Dir. na bênção da água benta (sobre
can. c. 1235, § 2). Sem licença do a água e o sal), da água batismal
Bispo não são permitidas orações e na sagração dos Santos ó.leos.
fúnebres laudatórias, mas sim ser- Chama-se exorcismo pequeno e vi-
mões sobre as almas e semelhan- sa afugentar da matéria qualquer
tes. (Carta past. col. ns. 692, 693, poder do inimigo; - 2) exorcis-
965). Nas exéquias de crianças a mos imperativos e deprecativos,
cor é branca e o rito consiste em conforme a sua fórmula for a de
ser o corpo levantado na casa, um mando no demônio ou de um
conduzido à igreja e ao cemité- pedido dirigido a Deus; - 3)
rio e enterrado, tudo com salmos exorcismos reservados ou não; re-
e orações que exprimem acção de servado é o exorcismo grande so-
graças ·pela entrada de uma alma lene, segundo o Ritual, como foi
no céu, com exclusão de todos os dito ; os outros são exercidos por
sufrágios (Ofício, Missa, absolvi- quem é legítimo ministro do ba-
ção) de que não necessitam. Na tismo, das bênçãos e sagrações.
volta à igreja o sacerdote reza o (Dir. can. cc. 1151, 1153); - 4)
cântico Benedicite omnia opera exorcismos solenes e privados; so-
Domini Domino. lene quando é feito com as ceri-
Exorcismo (do gr. ek = ex, ór- mônias oficiais do Ritual, privado
quando particularmente e em se-
kos = cerca; exorcizar = tirar a
cerca), sacramental para quebrar gredo.
a influência demoníaca nos homens Exorcista, clérigo que recebeu a
e na natureza. O exemplo de N. ordem do exorcitado.
Senhor e o poder que deu a seus
discípulos autorizam este acto da Exorcistado, sacramental, a ter-
Igreja; por isto, o que foi caris- ceira das ordens menores com o
ma nos primeiros séculos, desde ofício de exercer o exorcismo, in-
meados do III século, tornou-se troduzido na Igreja romana no
ofício próprio 'de certa categoria III século, quando os carismas
do clero, isto é, dos exorcistas. (dons extraordinários) mais e
Distinguem-se - 1) exorcismos mais desapareciam. A ordenação
sobre pessoas ou coisas. O primei- consiste numa pequena alocução,
ro chama-se grande quando é exer- entrega do livro dos exorcismos,
cido com licença especial do Bis- ou, em seu lugar, do Pontifical
po sobre pessoas que depois de ou Missal, com a fórmula que ex-
maduro exame se julgam possessas prime o poder, invitatório e oraT
do demônio. As cerimônias consis- ção. - Entre os Ritos orientais
tem em aspersão com água benta, esta ordem só existe, desde al-
imposição da mão, conjurações, guns séculos, no Rito armênio. (V.
frequentes sinais da cruz, reci- Ordinante).
tação de orações, salmos, cânticos, Expectação do Parto de N. Se·
símbolo atanasiano, lições evangé- nhora. (N. Senhora do Parto), fes-
licas. - Desde o III século faz ta que por privilégio se celebra
parte das cerimônias do batismo em alguns lugares no dia 18 de
um quadrúplice exorcismo sobre o Dezembro. Como as primeiras
batizando (Exi ab eo, immunde Vésperas da ~esta coincidem com
spiritus, etc.; - Exorcizo te, im- o início da recitação das antí-
munde spiritus, etc.; - Exorcizo fonas de O', chama-se vulgarmen-
te, omnis spiritus immunde, etc.; te Nossa Senhora do O', costume
- Ephpheta, etc.), que tem por que nos veio da Espanha, onde a
fim reprimir qualquer influência festa foi introduzida em substitui-

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104 F
ção à festa da Anunciação, quan- na Quarta-feirà de Cinzas, para
do ali se passou a celebrar esta serem recebidos de novo, depois
de conformidade com a Igreja ro- de cumprida a penitência, numa
mana. (V. Anunciação e O'). Quinta-feira Santa. Desde a idade
média (em muitos lugares já sé-
Exposição do Santíssimo, colo- culos antes) a cerimônia caiu em
cação do mesmo em lugar visível, desuso e hoje não é mais pra-
por mais ou menos tempo para a ticada.
adoração dos fiéis. E' pública (so-
lene) ou privada. A primeira deve Exsuflação, cerimônia ( exorcis-
terminar com a bênção, a outra mo) logo no princípio, no rito do
não. Durante a exposição devem batismo. Enquanto o ministro
arder no altar pelo menos seis ve- sopra três vezes sobre o batizan-
las de cera. Introduziu-se a expo- do, diz: Exi çzb eo, immunde spi-
sição do Santíssimo junto com a ritus et da locum Spiritui Sancto
procissão do Corpo de Deus, isto Paraclito. No batismo de adulto
é, no século XIV. Para o mais V. segue imediatamente a insuflação
Bênção do SS. Sacramento). em forma de cruz, com as pala-
vras: Accipe Spiritum bonum per
Expulsão dos penitentes, cerimô- istam insuftlationem, et Dei be-
nia comovente do Pontifical, com nedictionem f . Pax tibi.
a qual eram expulsos da igreja,
pelo Bispo, os penitentes públicos, Exsultet. (V. Precônio pascal).

F
fábrica da igreja, conjunto dos Faldistórlo (1. f aldistorium, la-
bens patrimoniais, ou dos seus tinizado do ai. Faltstuhl = cadeira
rendimentos, destinados à conser- de dobrar), cadeira de madeira,
vação e reparo das igrejas, bem raramente de metal, sem espaldar,
como às despesas e à manutenção mas com encosto para os braços,
do culto divino. (V. Carta pasto- com cobertura de seda, cuja cor
ral coletiva, Apêndice XXXIII). corresponde à dos paramentos.
Distingue-se hoje da cátedra do
Fabrlqueiro, o primeiro membro Bispo no trono apenas por não
do Conselho da Fábrica da igre- ter espaldar e ser mais baixo. An-
ja, que com os Conselheiros, sob tigamente os pés se cruzavam no
a dependência do pároco, admi- meio e permitiam dobrá-la, e
nistra seus bens e é o único re- daí o nome. O Bispo usa o fal-
presentante da pessoa jurídica. distório, ao lado da Epístola, na
Facistol, grande estante, no coro Sexta-feira da Paixão, nas fun-
ou presbitério das igrejas, para ções em que deve qirectamente
livros de canto ou outros livros olhar para o altar ou para o po-
litúrgicos. vo e nas funções fora de sua dio-
cese, caso não lhe tenha sido con-
Falda, espécie de saia, de seda, cedido o trono pelo Bispo dioce-
branca, muito amplá, com cauda, sano.
cingida aos rins por um cordão Falsobordone (it., fr.: faux bour-
de seda, que o Papa usa, nas don), • nos primeiros séculos da
Missas papais, por cima da alva. idade média, o acompanhamento
Devendo o Papa andar, os oficiais de uma voz fundamental (canto
levantam a falda na frente e por firmo) por paralelas de terças e
detrás. sextas.; somente a tônica era acom-

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F 105

panhada pela quinta e oitava no guida ajudar ao subdiácono a


princípio e no fim do trecho: calçar-lhe as meias e sapatos pon-
tificais. Também lhe compete ser-
-d j 1

~=i3di~~I
1 1 vir nas quatro purificações das
mãos, na Missa pontifical. A sua
intervenção hoje, porém, é ge-
í 1 í i 1 1 í ralmente dispensada.
Como se vê, resultava deste mo- Fano (it. fanone, derivado do 1.
do um encadeamento de acordes pannus = pano), paramento litúr-
em . sua primeira inversão, sendo gico reservado ao Papa, que o ves-
o baixo constantemente formado te somente na Missa. Consta de
pela terça. Talvez porque esta no- duas peças de seda branca, sobre-
ta é imprópria para, com vigor, cosidas em volta da abertura para
sustentar muitos acordes em se- o pescoço, em forma oval quase
guida, chamava-se todo esse ar- circular. A peça de baixo tem uns
ranjo "falso bordão" =falso 90 cm. de diâmetro, a superior é
apoio. Provàvelmente nasceu este menor uns 1O cm.; ambas são
modo de acompanhar na Inglater- ornadas com listas de ouro e púr-
ra e foi adoptado em Roma, no pura, dispostas paralelamente e a
fim do XIV século, para o canto superior tem na frente uma cruz
dos salmos (Psalmodia in falso- bordada de ouro. O Papa veste · o
bordone). Hoje a palavra signifi- fano por cima da alva com a cruz
ca o canto dos salmos a mais vo- para frente. Depois de colocar a
zes, com ou sem a melodia do can- casula o diácono tira de dentro a
to-chão numa das partes interme- peça superior, desdobrando-a em
diárias. O texto canta-se neste es- volta do pescoço e por cima dos
tilo sobre um acorde simples e, ombros. - Quando também a
quando a composição é livre, ca- Igreja de Roma se conformou com
da uma das partes do verso (me- o costume geral de se colocar o
diante, final) recebe uma cadêncía amicto por baixo da alva, o Pa-
mais ou menos rica em melodias pa, além de pôr amicto, conservou
e acordes. E' de bom efeito alter- o uso antigo do fano, como antes
nar o canto da simples melodia, se .chamava também o amicto. (V.
em canto-chão, com outro verso Amicto).
composto no estilo acima. Inimi- Fascire (1. = faixas), duas fai-
táveis, em sua beleza, são os falso-
bordoni do franciscano Frei Ludo- xas que, presas na mitra, caem
vico Grossi da Vadiana, de Zacha- por detrás.
riis e de outros. Felicidade, viúva romana, mar-
Família, Festa da Sagrada, foi tirizada com seus sete filhos (162
introduzida por Leão XIII, em ou 164); é comemorada no câ-
189~, junto com a associação do non da Missa, depois da Consagra-
mesmo título. O Papa Bento XV ção, na oração Nobis quoque pec-
fixou a festa no domingo dentro catoribus; sua festa a 26 de No-
do oitavário da Epifania, quando vembro.
anteriormente era celebrada no Féretro, ataúde, caixão mortuá-
terceiro domingo depois da Epi- rio, esquife, tumba, eça.
fania e no tempo de Pio X tem-
poràriamente suprimida. Féria ou feira (do 1. feriare=
interromper para descansar), des-
Fãmulo, criado do Bispo, a de o terceiro século (Tertuliano),
quem compete, segundo o Cerimo- principalmente depois de Constan-
nial dos Bispos, tirar os sapatos tino, denominação para os dias
do Bispo antes da Missa e de distinguidos por culto divino, de-
outros actos pontificais e em se- pois para cada dia da semana,

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106 F
com exclusão do domingo, cujo no-. flexão, de misericórdia e perdão.
me devia ser primeira feira e do (V. Trato).
sábado, que conservou o nome ju-
daico. A palavra, no sentido li- fermentum (1. = fermento), se-
túrgico de hoje, quer, pois, signi- gundo explica Bento XIV, é a Sa-
ficar dias consagrados ao culto de grada Eucaristia sob a espécie de
Deus, de modo que seplpre deve pão, que o Papa mandava todos
ser (dar preferência ao eterno so- os domingos aos párocos de Ro-
bre o temporal), em oposição às ma e, no sábado antes do Do-
festas com descanso e culto ex- mingo de Ramos, aos Bispos su-
traordinário. Desde os primeiros burbicários. Era em lugar da S.
séculos celebrava-se a quarta-fei- Comunhão que não podiam rece-
ra (dia em que judas se ofereceu ber das mãos do Papa, ou porque
para trair a jesus) e a sexta-feira moravam longe. Não deixavam
com jejum e orações (Estações), com isto de fazer a consagração
acrescentando-se mais tarde o sá- em sua Missa, mas tomavam a
bado. O costume de considerarmos sagrada espécie, enviada pelo Pa-
as feiras consagradas a certo San- pa, junto com a da própria Missa
to ou Mistério (Anjos, Apóstofos, e distribuíam-na também aos fiéis.
S. josé, SS. Sacramento, Paixão, A palavra fermento não quer di-
N. Senhora) vem da época em que zer que naquela época a matéria
ao sacerdote era lícito celebrar em da Consagração tivesse sido pão
certos casos Missa votiva e rezar fermentado e não ázimo, mas em-
o Ofício votivo do respectivo San- pregava-se em sentido figurado
to ou Mistério em cada um dos como vínculo de união.
dias da semana. Em Portugal e ferro de hóstias, grandes tena-
países antigamente dele dependen- zes de duas chapas, interiormente
tes adaptou-se a denominação f ei- polidas e com emblemas gravados,
ra na vida comum, enquanto os as quais, com um aperto nos ca-
outros países conservaram os no- bos se colocam justas, uma em
mes pagãos. Na recitação do Ofí- cima da outra, e entre as quais
cio e na celebração da Santa Mis- são cozidas as hóstias ao serem
sa distinguem-se feriae maiores colocadas as chapas unidas so-
(privilegiadas ou não) e minores. bre brasas. Inventou-se este ferro
As privilegiadas são sempre cele- quando, no século IX, se começou
bradas, as outras cedem geralmen- a dar às hóstias a forma que hoje
te à festa de um Santo ou Misté- têm. Para recortar as hóstias da
rio que nelas cair, permitindo-se fiada de massa cozida (pão) usa-
porém, a Missa privada da f érid se de outro ferro. (V. Hóstia) . ·
em todos os dias da Quaresma, férula (1.) , - 1) bastão, à gui-
excepto aqueles em que cair uma sa de cetro, que na idade média
festa de primeira ou segunda era colocado na mão do Papa de-
classe.
pois de sua eleição para signifi-
ferire legitimre (!.), chamavam- car seu poder espiritual e tem-
se antigamente as segundas, quar- poral; - 2) antiga denominação
tas e sextas-feiras da Quaresma. do báculo episcopal, hoje usada
Os penitentes, nesses dias, tinham somente para o báculo que o Pa-
de sujeitar-se a penitências mais pa empunha em certas ocasiões.
pesadas. Essa praxe é lembrada V. Báculo.
ainda hoje pelo Tractus: "Domi- festa (1. f estum ou dies festus)
ne, non secundum peccata nostra", na linguagem dos primeiros sé-
etc., que nos mesmos dias se reza culos, de acordo com a tradição
na Missa invariàvelmente e que é judaica, dia que recordava algum
uma fervorosa súplica, com genu- dos grandes factos na economia

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F 107
da salvação, celebrado com culto Festa da ortodoxia, chamam os
divino e descanso dos negócios · gregos o primeiro domingo da
cotidianos. Hoje a palavra tem, Quaresma por comemorarem neste
na Liturgia, sentido mais amplo, dia o aniversário do restabeleci-
significando todos os dias com mento das sagradas imagens no
Ofício e Missa que não são do século IX. - Os latinos chamam-
domingo, féria ou Vigília, mas de no lnvocavit, que é a primeira pa-
algum mistério, de N. Senhora, lavra do Intróito; raras vezes do-
dos Anjos ou Santos. Por isto mingo da tentação, por causa do
diz-se festa da Ascensão, festa Evangelho.
de N. Senhora do Carmo, de São
' Gabriel, de São Bernardo. Distin- Festas de Nosso Senhor, têm por
guem-se - 1) festas do foro e objecto os principais mistérios da
festas do coro; as primeiras são Redenção. No desenvolvimento
dias santos de guarda, com obri- do ano eclesiástico são as mais
gação de assistir à Missa e abster- antigas, a começar pela Páscoa.
se de trabalhos servis; as do coro Sucederam-se, na ordem cronoló-
celebram-se somente com Ofício e gica, as festas de Pentecostes, da
Missa na igreja; - 2) festas cele- Epifania, da Ascensão, do Natal,
bradas na Igreja universal ou ape- da Circuncisão, etc. Na Igreja uni-
nas em algum país, diocese Or- versal celebram-se hoje como pri-
dem religiosa; - 3) festas' imó- márias as seguintes festas do Se-
veis e móveis, isto é, fixadas num nhor: Natal, Circuncisão, Epifa-
certo dia (p. ex. o Natal) ou não nia, Páscoa, Ascensão, Pentecos-
(p. ex. a Páscoa); - 4) festas tes, Corpus Christi, Coração de
primárias e secundárias em aten- Jesus, Transfiguração, Jesus Cris~
ção à qualidade das m~smas. Pri- to Rei; como secundárias: Nome
márias são as festas principais, de Jesus, Invenção da S. Cruz,
p. ex. Natal, dia natalício (mor- Precioso Sangue. V. cada uma em
te) de um Santo; secundárias as seu respectivo lugar.
outras, p. ex. Nome de Jesus tras-
ladação das relíquias deurr: San- Festas de Nossa Senhora, foram
to; - 5) festas de maior ou me- introduzidas na Liturgia ocidental
nor dignidade, na seguinte ordem : relativamente tarde, embora o cul-
festas d? Senhor, de N. Senhora, to de Maria de facto tivesse es-
dos An1os, de S. João Batista tado sempre unido ao dos misté-
de São. José, · dos Apóstolos, do~ rios da Redenção. Por este últi-
Evangeltstas, dos Santos márti- mo motivo as primeiras festas ce-
res, confessores, virgens ou viú- lebradas de N. Senhora foram
vas; - 6) festas feriadas ou não· aquelas cujo objectivo se relacio-
feriadas são aquelas que pelo Pa~ na directamente com Cristo, co-
pa Urbano VIII, em 1642, foram mo a· Anunciação e a Purifica-
conse.rvadas ·como dias santos de ção. A primeira celebra-se tanto
preceito, às quais Pio IX acres- no Oriente como no Ocidente
centou a da lm. Conceição, e Pio desde o V século. A da Purifica~
XI a do Sagr. Coração de Jesus. ção data do VII século, mas veio
Nestas .festas todas, suprimidas a substituir a da Maternidade de
como dia de guarda ou não 0 N. Senhora, celebrada anterior-
Bispo e pároco devem aplica; a mente com Missa no oitavo dia do
Missa pelo povo; - 7) festas de mo Natal. (V. Circuncisão). No mes-
Vil século introduziu-se tam-
Rito mais ou menos elevado, a sa- bém ~ festa da Assunção, vindo
ber: de Rito dúplice (de t.• classe, do Oriente, e a Natividade de N.
de 2.• classe, dúplice maior, dúplice Senhora. Em séculos posteriores
menor), semi-dúplice, símplice. V. cresceu extraordinàriamente o nú-
Ano eclesiástico. mero das festas de N. Senhora,

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108 F
sendo de notar que frequentemen- século, sendo então celebradas co-
te têm apenas carácter local e que mo dia santo de guarda, com Vi-
também as que hoje universalmen- gília jejuada. Além dos Príncipes
te se celebram só paulatinamen- dos Apóstolos, são celebrados num
te foram adaptadas em toda a mesmo dia Filipe e Tiago (1 de
Igreja. - O catálogo das festas Maio) e Simão e Judas Tadeu (28
de N. Senhora a celebrar por to- de Out.) . Desde o século XVIII
da parte é o seguinte: Primárias : as festas dos Apóstolos deixaram
Purificação, Anunciação, Visitação, de ser dias santos de guarda, com
Assunção, Natividade, Conceição. excepção da de 29 de Junho, mas
Secundárias : Aparição (11 de continuam como festas feriadas,
Fev.), Carmo (16 de Julho) , Neves com Vigília sem jejum. Todas as
(5 de Agosto) , Im . Coração de Ma- festas dos Apóstolos e Evangelis-
ria (22 de Agosto), Nome de Maria tas são primárias. De S. Pedro,
(12 de Set.), Dores (sexta-feira S. Paulo e S. João celebram-se
depois do domingo da Paixão e também algumas festas secundá-
15 de Set.), Mercês (24 de Set.), rias. V. cada uma em seu respecti-
Rosário (7 de Outubro), Apresen- vo lugar.
' tação (21 de Nov.). V. cada uma
em seu respectivo lugar. Festas dos Santos. Da celebra-
ção dos Ofícios do culto no lugar
Festas dos Anjos, celebram-se do martírio de algum confessor da
universalmente as seguintes : - 1) fé desenvolveram-se as festas dos
a de S. Gabriel (24 de Março) Santos. Assim se explica que as
em comemoração da mensagem festas dos mártires são as mais
que o mesmo trouxe à SS. Virgem antigas na Igreja romana, donde
em sua Anunciação; foi prescri- se espalharam pela cristandade.
ta para toda a Igreja por Bento O catálogo dos que eram mais
XV ; - 2) a da Aparição de S. venerados acha-se no cânon da
Miguel no monte Gargano (8 de Missa. Somente no fim do IV ou
Maio), desde o XI século; - 3) começo do V século passou-se a
a da Dedicação da igreja de S. celebrar também o dia da morte
Miguel, na Via Salária, em Roma (na linguagem litúrgica dies na-
(29 de Set.), entre todas as fes- ta/is = dia natal) de confessores
tas dos Anjos a primeira, mencio- que por suas virtudes heróicas se
nada já no V século; - 4) a dos distinguiram, sem serem márti-
Santos Anjos Custódias (2 de res. Figura em primeiro lugar o
Out.), prescrita para a Igreja uni- santo Bispo de Tours, S. Marti-
versal, em 1670, por Clemente X; nho, morto a 11 de Novembro
- 5) a de S. Rafael (24 de Out.), de 397 ou 400. Desde então mul-
como protector contra os males do tiplicaram-se as festas de Santos
corpo e da alma; estendida a toda confessores, virgens e viúvas por
a Igreja por Bento XV. toda parte, até à época em que
Festas dos Apóstolos. Destaca- o Papa Alexandre III reservou ao
se entre elas a de S. Pedro e S. Sumo Pontífice a canonização
Paulo (29 de Junho), celebrada (V. Canonização e beatificação)
desde o fim do V século em Roma de algum Santo, e com isto a in-
e outros lugares. A Comemoração trodução de / sua festa. Depois
de S. Paulo (30 de Junho) deve a deste acto do Papa as novas Or-
sua origem à dificuldade de os dens religiosas vieram a aumentar
fiéis, no mesmo dia, visitarem am- extraordinàriamente o catálogo dos
bas as Basílicas, por causa da dis- Santos. Hoje vale como regra que
tância de uma à outra. As festas se permite o Ofício e Missa de um
dos outros Apóstolos e Evangelis- Bem-aventurado ou Santo somente
tas só paulatinamente se intro- na diocese natal, na diocese onde
duziram aqui e acolá até ao IX viveu ou morreu, na diocese que

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possui relíquias insignes suas ou o SS. Sangue; hoje é empregado
com a qual esteja em relações es- somente pelo Papa, o diácono e
peciais e, enfim, nas Ordens e o subdiácono, na Missa papal. O
Congregações a que o Bem-aven- 1 Papa toma o SS. Sangue no tro-
turado ou Santo pertenceu. Para. no, os ministros no altar.
que a festa de um Santo possa I flabelo (do 1. flabellum, grego
ser celebrada na Igreja universal ripidion). Um grande leque em
exige-se um Decreto especial da uso no Rito romano somente nos
Santa Sé. solenes cortejos em que o Papa
festa simplificada, festa por si toma parte, para ser levado sobre
de rito dúplice maior ou menor, uma haste, um em cada lado do
ou semidúplice, mas que na ocor- mesmo. Parece que antigamente
rência com outra de rito mais ele- seu uso era geral na Missa, para
vado é reduzida ao rito simples, afastar os insetos das espécies
ou acidental ou permanentemente, consagradas e também para tem-
sendo então apenas comemorada. perar o calor junto do celebrante.
No século XIV quase desaparece-
Filipe e- Tiago, festa, celebra..: ra o leque. No Rito grego e armê-
da em honra dos dois Apóstolos, nio é encargo do diácono abanar,
no dia l 9 de Maio. Sua igreja foi com o leque, as espécies antes e
construída em Roma, em 574, e depois da consagração, sempre
tem hoje o título de Basílica dos que não está ocupado com outro
doze Apóstolos. Ambos são come- mister. O leque do Papa é de
morados no cânon da Missa, penas de avestruz, e nos Ritos
antes da Consagração, na oração orientais de penas de pavão, de
Communicantes. seda ou metal, com a efígie de
finados (1. Commemoratio om- com um serafim, e no Rito armênio
nium fidelium defunctorum), dia campainhas em volta.
em que a Igreja faz solenes su- Flectamus genua, levate (1.).
frágios por todas as almas do (V. Genuflexão).
purgatório e que é celebrado com flores naturais ou artificiais
Ofício e Missa próprios. Foi in- · não somente são permitidas, mas
troduzido este dia, em seguida ao desejadas, nos dias festivos, para
de Todos os Santos (2 de Nov.), ornamento dos altares, principal-
pelo Abade Odilon de Clugny, mente do altar com o SS. Sacra-
em 998, para os mosteiros de sua mento. Segundo a lei geral, é líci-
Ordem; paulatinamente foi adapta- to colocá-las entre os castiçais, nos
do pelo clero secular até se tornar degraus do altar, como também
universal pela celebração, em Ro- sobre a mesa do altar; proibido,
ma, no XIV século. O sacerdote, porém, é pôr vasos com flores
neste dia, pode celebrar três diante ou em cima do tabernáculo.
Missas. O Concílio brasileiro (n. 328) proí-
final, última nota em uma melo- be colocá-las em cima da mesa do
dia de canto-chão. Nos tons au- altar. Quanto .ao tempo e com
tênticos concorda a final com a restrição tão somente quanto à
tônica; as plagais a têm comum Missa cantada e Vésperas solenes,
• com seu respectivo tom autênti- não são permitidos vasos com flo-
co. (V. Tons de canto-chão) . res no altar quando essas funções
r são de tempore, isto é, dos domin-
fístula (1., também pugularis), gos ou férias do Advento e da
um tubo fino, de prata, com pe- Quaresma, exceptos os domingos
quena alça, usado na época em Gaudete e laetare, a Vigília de
que os fiéis comungavam sob Natal, a Quinta-feira Santa e o
ambas as espécies para tomarem Sábado de Aleluia e, além disso,

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durante a bênção das candeias, na disso o Papa costumava remeter
festa da Purificação, e nas Missas uma partícula aos vigários de Ro-
cantadas de Requiem. A Missa pa- ma e outros e- guardava uma para,
roquial nas matrizes e a conven- no dia seguinte, misturá-la com o
tual nos conventos são equipara- Santíssimo Sangue. A fração do
das às cantadas; não admitem, Pão consagrado tem lugar em to-
portanto, flores nos dias acima in- dos os Ritos, embora não em to-
dicados. - Quanto à matéria das dos na mesma ocasião. (V. Fer-
flores artificiais não há prescri- mentum e Mistura das espécies sa-
ções. O Concílio brasileiro proíbe gradas).
rigorosamente flores de papel ou Fragor (do 1. frágor), ruído que
de celulóide, porque são fàcilmen- os coristas fazem no fim das tre-
te inflamáveis. Na colocação dos vas, durante a Semana Santa, ba-
ramos de flores evite-se a demasia tendo algumas vezes com o livro
e guarde-se o bom gosto. no parapeito das cadeiras de co-
Fogo. (V. Bênção do fogo ro. De uso medieval, era o sinal
novo). para indicar o fim das trevas co-
mo também para trazer a desco-
Fonte batismal. (V. Batismo, berto a vela escondida atrás do
Pia do). altar desde o fim do cântico Be-
Forma e matéria sacramentais nedictus. Hoje é apenas um uso
são os dois elementos visíveis conservado, que pode ser inter-
constitutivos dos Sacramentos. pretado como sinal de tristeza e
Ambos variam conforme a nature- luto.
za destes. A matéria são, por Freguesia. (V. Paróquia).
exemplo, a água, o óleo, o pão. A
forma que determina a matéria são Frontal (1. frontale, antepen-
as palavras, com excepção do ma- dium), ornamento amovível que
trimônio, em que, para a validade, cobre a frente da base do altar.
a manifestação do consenso pode Ao passo que nos Ritos orientais
ser feita por sinais. As palavras até hoje todas as faces da base do
da forma (fórmula) ora são indi- altar ficam cobertas com panos,
cativas, isto é, indicando a acção no Ocidente o uso era diferente
(eu te batizo), ora deprecativas, nas .diversas épocas. A princípio
isto é, em forma de pedido cobnam-se todas as faces, depois
( ... perdoe-te Deus tudo o que a frente e as faces laterais e, des-
pecaste por ... , na Extrema Un- de o século XI, apenas a frente.
ção). Para a Extrema Unção usa- A matéria que se usava para o
va-se, em séculos passados, tam- frontal era metal (ouro, prata, co-
bém uma fórmula indicativa. bre dourado), madeira, couro, pa-
Forma sagrada, hóstia consa- no, seda e tinha-se cuidado em
grada. ornar o frontal com toda a pre-
ciosidade, não faltando, além do
Formal (1. formale), presilha na ouro, pérolas e pedras preciosas.
Capa de Asperges dos Bispos e Muitas vezes trazia, em relevo· e
Prelados, de duas grandes chapas,
artisticamente lavradas e ornadas. n.o centro de rica ornamentação,
Fração do pão, nos tempos figuras de N. Senhor com os Após-
apostólicos, denominação da S. tolos, de N. Senhora, de Anjos, do
Missa (At 2, 42), significa hoje Patrono da igreja, etc. Quando a
somente o rito da divisão da sa- matéria do frontal era pano ou
grada hóstia em três partes, na seda, ornavam-no com artísticos
Missa, antes do Agnus Dei. Esta bordados. Frontais antigos céle-
fração antigamente era necessária bres acham-se em Santo Ambrósio
para a Comunhão dos fiéis. Além (Milão), S. Marcos (Veneza) e

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em outras igrejas. Com a orna- seu filho. - 2) Considerando a


mentação mais rica que na época aplicação dos frutos, há o fruto
do barroco se dava à própria base geral, que é o proveito que toda
do altar, tornava-se supérfluo um a Igreja tem; especial, que rece-
frontal. Contudo, este se conser- . bem os pelos quais a Missa é ce-
vou e desde então na forma co- lebrada; especialíssimo, que com-
mo hoje é conhecido, isto é, um pete ao ministro do Sacrifício. -
pano pregado sobre uma arma- 3) Em razão da eficácia, distin-
ção de sarrafos, dividido por ga- guimos o fruto infalível, isto é,
lões verticais em partes iguais, sempre obtido, como são o fruto
correndo na parte superior uma latrêutico e eucarístico, e falível,
faixa horizontal com franjas, sem isto é, não sempre conseguido por
ser obrigatória esta forma. Se na falta de disposição no recipiente
falta de conveniente ornamenta- ou pela vontade sempre livre de
ção da base do altar se faz uso Deus. - 4) Segundo a extensão,
do frontal, a cor do mesmo deve há o fruto infinito, sem limites,
concordar com a do dia, mas no em virtude da dignidade infinita
altar da exposição é sempre bran- da matéria (Cristo) do Sacrifício,
ca. Nos Ofícios fúnebres o fron- e finito, limitado quanto a nós,
tal é preto no altar em que não que não somos capazes de rece-
se acha o Santíssfmo, do contrá- ber frutos infinitos. - 5) Com re-
rio é roxo. Contudo, se o altar lação à proveniência o fruto é
do Santíssimo for o principal ou o intrínseco, isto é, inerente, decor-
único da igreja, tolera-se o fron- rente da própria essência, e ex-
tal preto. - Impropriamente cha- trínseco, isto é, acidental e depen-
mam frontal ou antipêndio - a dente de circunstâncias externas,
renda larga (com ou sem vivos po~ exemplo, da solenidade, da
de cor) que às vezes se costuma ma10r ou menor disposição do mi-
deixar pender da mesa do altar nistro celebrante.
pela frente.
funções litúrgicas, actos de cul-
frutos da Missa, efeitos, resul- to divino, exercidos, pelo ministro
tados, lucros que produz. Podem oficial, em nome de Cristo ou da
os frutos ser contemplados sob di- Igreja, segundo as normas deter-
verso ponto de vista. - 1) Ten- minadas pelos livros litúrgicos,
do à mira o fim da instituição do com o dúplice fim de tributar a
Sacrifício da Missa, distinguimos Deus a honra devida e alcançar
o fruto latrêutico, isto é, a ado- para os cristãos as bênçãos ce- ·
ração, honra, louvor que por- ele lestes na ordem temporal e prin-
são tributados à Suma Majestade; cipalmente espiritual. - Funções
eucarístico, isto é, a perfeita acção eclesiásticas são funções sacras
de graças dada a Deus; propicia- que se realizam segundo prescri~
tório, isto é, a aplacação da jus- ções não contidas nos livros litúr-
tiça divina ofendida; impetratório, gicos, mas em outros, se bem que
isto é, as graças e favores espe- aprovados. (V. livros litúrgicos).
ciais e corporais por Deus conce-
didos, movido pelo Sacrifício de funerais. (V. Exéquias).

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Galhetas, duas ampulas de cris- da, dizia: Flectamus genua e, de-


tal (de ouro ou prata são apenas 1 pois de algum tempo de, oração
toleradas), com ou sem asa, geral- em silêncio, o subdiácono dava o
mente bojudas, para o vinho da sinal para os fiéis se levantarem
consagração e a água, a ser mis- com a palavra: levate. O ·sacer-
turada ao vinho e servir nas puri- dote então fazia, em nome de to-
ficações e abluções. Sendo feitas dos, a oração oficial. Este uso só
de metal é costume marcar uma se conservou, mas sem demora na
das galhetas com a letra V (vi- genuflexão, na Sexta-feira Santa.
nho), a outra com A (água) . - (V. Admoestações), nas Quatro
No tempo em que se faziam as têmporas (menos nas de Pen-
ofertas em espécie, os fiéis apre- tecostes) e em alguns dias de
sentavam, ao Ofertório, o vinho em penitência. - A genuflexão com
pequenos vasos, chamados amae ambos os joelhos, como posi-
ou ámulae; o diácono esvaziava ção permanente, isto é, o es-
o conteúdo num grande cálice ( ca- tarem ajoelhados os cristãos de-
lix ministerialis), servindo-se de pois que cessou o catecumenato,
um coador ( colum, colatorium, vi- adoptaram, pouco a pouco, dos ca-
narium) para purificar o vinho. A tecúmenos e penitentes, primeiro
água era oferecida pelo primeiro na Quaresma e nas Vigílias e ge-
dos cantores. ralmente depois que cessou o cate-
Galicanismo, em sentido litúrgi- cumenato e o instituto penitencial.
co, é a aplicação prática das dou- As Rubricas gerais da Missa
trinas errôneas de independência (XVII, 2) querem que os fiéis es-
com respeito à Santa Sé, abraça- tejam ajoelhados durante toda a
das por muitos Bispos franceses, Missa, com excepção do Evange-
no XVII e XVIII séculos, nas ce- lho no princípio e no fim. Os co-
rimônias litúrgicas, estabelecen- ristas ajoelham-se durante as pre-
do-as a seu talante, com despre- ces feriais e a antífona final com
zo dos livros litúrgicos aprovados excepções do tempo pascal e dos
pela Igreja. doming0s desde as primeiras Vés-
peras. A genuflexão com ambos os
Galo. (V. Campanário, Missa de joelhos, como simples acto, e com
galo). carácter de adoração ou de fer-
Gaudete (!.), terceiro domingo vorosa . súplica, tem lugar ao pas-
do Advento, assim chamado da sar-se diante do Santíssimo expos-
primeira palavra do Intróito da to e_ em outras ocasiões. A genu-
Missa (Gaudete = alegrai-vos), flexao com um só joelho foi in-
no qual se traduz a alegria pela troduzida mais ou menos no VIII
próxima vinda do Salvador. século e com certa relutância
Gelasiano. (V. Sacramentário). pois considerava-se como imita~
ção do escárnio feito a N. Senhor.
Genuflexão, conforme as cir- Hoje é feita, com carácter de ado-
cunstâncias, acto externo de ado-
ração, de respeito, de veneração, ração, de veneração ou de humil-
da própria indignidade e necessi- dade, ao passar-se diante do San-
dade. E' feita com o joelho direito tíssimo encerrado, no Et incarna-
ou com ambos os joelhos. Só es- tus est, no Et Verbum caro f actum
ta era conhecida na antiguidade est e em outras ocasiões. Nos
cristã, como acto demorado, não Ritos orientais não há genufle-
momentâneo, para a oração. O sa- xões, mas em sua substituição
cerdote convidava à oração, dizen- toca o sacerdote com a mão direita
do: Oremus, o diácono, em segui- no chão quando faz a inclinação.

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G 113
Genuflexório, cadeira para ajoe- Gradual é suprimido na Missa do
lhar, com encosto para descansar Sábado Santo e no tempo desde
os braços. o domingo de Pascoela até ao sá-
bado depois de Pentecostes, ce-
Gloria in excelsis Deo (1.) (V. dendo o lugar ao Aleluia grande.
Doxologia). Grãos de incenso. (V. Bênção do
círio pascal).
Gloria, laus et honor, (t). (V.
Procissão de ramos). Gratiarum actio (1. = acção de
graças),· formulário de orações,
Gloria Patri, (1.). (V. Doxolo- contido no Missal romano e que .
gia). comumente se acha reproduzi-
Gloria tibi Donúne, Laus · tibi do (com a Praeparatio ad Mis-
Christe. (V. Evangelho). sam) num quadro colocado na pa-
rede da sacristia, para o uso do
Gradual (1. gradua/e), - 1) li- sacerdote depois de celebrar a
vro litúrgico que antigamente ~on­ Missa. O Micrólogo (séc. XI) men-
tinha apenas o gradual, ale/ma e ciona essas orações; mas em al-
tractus a cantar na Missa, de- guns lugares substituía-se o Be-
pois d~ Epístola; mas que hoje nedicite pelo Te Deum.
contém todos os trechos a cantar
na Missa, pelo coro; - 2) t!~c~o Gregoriano. (V. Sacramentário).
que pertence às partes vanave!s Gremial. (1. gremiale), pano a
da Missa, a rezar e cantar depois deitar sobre o regaço (1. gremium)
da Epístola. Sua função é a de do Bispo, na Missa pontifical, du-
constituir uma agradável inter- rante o canto do Kyrie, Glória e
rupção das leituras, e dar ao povo Credo, para sobre ele colocar as
ocasião de, com o canto, tomar mãos e durante as unções nas or-
parte no culto. Do uso de se can- denações, na distribuição das cin-
tar na Igreja ocidental um sal- zas e candeias bentas, para prote-
mo depois das lições e antes do ger a casula. Embora hoje para-
Evangelho certifica-nos Tertuliano, mento exclusivamente pontifical,
no III e Santo Agostinho no V sé- em alguns países o costume auto-
culo. Consta o Gradual, hoje, cer- riza também os simples sacerdotes
tamente desde Gregório Magno (t a usá-lo na Missa, como na ida-
604), apenas de responso (lt.) e de média faziam geralmente. Para
versículo (Y.), quando antigamen- a Missa pontifical o Gremial deve
te era um salmo inteiro com o ser de seda e da cor dos paramen-
responso a repetir depois de cada tos, nas outras funções de linho.
versículo. O nome vem da cir- Os primeiros documentos que fa-
cunstância de ter sido cantado pri- zem menção do Gremial são do
mitivamente nos degraus ( gradus) princípio do século XIII, dos quais
do ambão. A sua melodia é, me- se conclui também que, certamen-
lismàticamente, a mais rica de to- te na Missa, era considerado uma
dos os trechos a cantar na Missa, peça de ornato, o que aliás pro-
porque hoje, como outrora, é vam os ricos enfeites que se cos-
executado em forma de responso tumava aplicar-lhe.
(daí o nome antigo responsum
ou responsorium) alternadamente Guarda-pó (1. velum, tobalea
a solo e coro, competindo ao solo superior), coberta estendida sobre
o versículo, isto é, a parte mais as toalhas do altar, que as res-
rica em melodia. Quanto ao con- guarde do pó, fora da Missa, e
teúdo é. geralmente o eco dos quando o Santíssimo não está ex- ·
pensamentos contidos na Epístola posto. E' indiferente a cor, como
que repete com outras palavras. O também o tecido de que é feito.
Dic. Lltíir~loo - 8

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114 H
Guião, - 1) estandarte armado no canto-chão a pequena nota no
ou em cruz ou em verga, far- fim da pauta que indica a pri-
pado por baixo, que as Irmanda- meira nota que vem na pauta se-
des costumam conduzir em frente guinte (1. custos).
das procissões (pendão); - · 2)

H
Hanc igitur, (!.) princ1p10 de versos obedecem, em sua constru-
uma . oração, no cânon da Missa, ção, às leis da poesia, antigas ou
antes da consagração, na qual o modernas. Entraram os hinos no
sacerdote pede a Deus benigna Ofício divino no IV século, dando
aceitação do Sacrifício e por ele a princípio a Igreja oriental com os
paz e livramento da eterna con- hinos feitos pelos Santos Efrém e
denação. Geralmente esta oração Gregório Nazianzeno. Santo Hilá-
é invariável; somente na Páscoa rio (t 336), que durante seu exí-
e Pentecostes tem um acréscimo lio na Asia menor teve ocasião de
pelos neófitos, na sagração do apreciar a hinodia grega, tornou-
Bispo pelo recém-sagrado e na se seu propagador na Igreja lati-
Quinta-feira Santa uma comemo- na. Ele mesmo compôs diversos
ração da instituição da Eucaristia. hinos, no que foi imitado por San-
A extensão das mãos sobre as ofe- to Ambrósio (t 396), do qual se
rendas, que acompanha a oração, usam ainda hoje os dois hinos das
foi prescrita universalmente pelo Laudes de domingo e segunda-fei-
Missal de Pio V e significa o ofe- ra. Outros hinólogos foram Pru-
recimento do Sacrifício, a implora- dêncio ( t depois de 407), na Es-
ção, sobre o mesmo, da bênção ce- panha ( Audit tyrannus anxius -
leste, como também o seu carácter Salvete flores martyrum), Sedúlio,
expiatório. no V século (A solis ortus car-
dine), Fortunato (t depois de
Harmônio, (1.) instrumento mu- 600), de Poitiers (Vexilla regis
sical em substituição do órgão prodeunt, - Pange lingua gloriosi
nas capelas e pequenas igrejas. lauream certaminis). - Na pri-
O som, produzido por linguetas meira metade do VI século os
postas em vibração pelo ar, imita hinos faziam parte do Ofício nos
o do órgão, mas muito imperfeita- mosteiros das Gálias e nos de S.
mente e sem jamais alcançar o Bento, e não tardou a adopção no
volume; pelo que o harmonium Rito romano. Só Roma conservou,
não pode ser igualado ao órgão. ainda por muitos séculos, o tipo
Hebdomadário (1.) hebdomada- antigo do Ofício. - A hinodia
rius ou septimanarius), nos cabi- chegou ao auge de perfeição no
dos e conventos o cônego ou o re- VIII século. Prevalecia nesses hi-
ligioso que durante uma semana nos o método quantitativo dos an-
preside ao Ofício divino. tigos latinistas. Mais tarde dava-
se preferência ao ritmo baséado
Hino (do gr. hymnós), em no acento tônico da palavra, o que
sentido lato qualquer cântico fes- era mais favorável ao canto. A ri-
tivo de adoração, louvor, acção ma dos versos, embora haja dela
de graças, de petição, seja em vestígios nos hinos desde Santo
prosa ou verso. Hinos são, neste Ambrósio, tornou-se mais frequen-
sentido, os salmos, o Oloria in te depois do VIII século, sendo
excelsis Deo, Sanctus, o Prefácio, geralmente observada no XI e pos-
as Sequências, etc. Em sentido teriormente. Belíssimos hinos desse
· próprio são os cânticos do Ofício gênero rimado são o Pange lin-
divino divididos em estrofes, cujos gua gloriosi corporis mysterium,

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H 115
- Sacris solemniis, V erbum tuída pela do hino da respectiva
supernum prodiens, e a Sequência festa.
Lauda Sion, de Santo Tomás de
Aquino, no XIII século. De não Hino angélico. (V. Doxologia).
menos valor são os hinos moder- Hino querúbico, hino no Rito
nos do Cardeal Belarmino (t grego, cantado pelo coro, como
1621), na festa dos Anjos Custó- que imitando os querubins, na so-
dias, de Clemente XI (t 1721), na lene trasladação da matéria do Sa-
festa de São josé, de Leão XIII crifício do Altar.
(t 1903), na festa da Sagrada, Fa- Hino seráfico. (V. Sanctus).
mília. No tempo de Urba~o VIII
(1623-1644), fez-se uma recompo- Hiperdulia. (V. Culto de hiper-
sição dos hinos do Breviário, no dulia).
intuito de corrigir o latinismo e Hissope, raminho de erva de his-
aplicar-lhes as regras clássicas. Os sopo, ou, na falta deste, de outra
entendidos são hoje de opinião erva, para as aspersões no Rito
que, deduzindo alguns casos, a da sagração de uma igreja. (V.
emenda saiu pior do que o soneto Aspersório).
e que se devia adaptar de novo
a antiga redação que os Benedi- Homem. (V. Símbolos dos Evan-
tinos conservaram no seu Breviá- gelistas).
rio. - O hino tem seu lugar em Homilia (gr. = conversa, discur-
cada hora canônica, antes dos sal- so), em sentido estrito, prédica
mos, nas Matinas, Prima, Tércia, baseada sobre a, explanação de um
Sexta e Noa; nas outras horas, trecho da Sagrada Escritura, co-
depois dos salmos e antes do cân- mo se acha no terceiro noturno
tico escriturai, que forma neles a das Matinas; em sentido lato,
culminância. Não têm hinos, no qualquer prática instrutiva ou
Rito romano, as Matinas da Epi- moral.
fania, os três últimos dias da Se-
mana Santa, o Ofício da Ressur- Homofonia - (gr. homós = uni-
reição durante todo o oitavário do, igual, phoné = voz), estilo de
e o Ofício dos defuntos. E' esta música vocal a três, quatro, etc.
particularidade um vestígio ainda vozes em que predomina o efeito
do antigo uso de Roma, onde harmônico por meio de acordes
mais tempo se conservou a tradi- que acompanham a melodia, em
ção (até ao XIII século) de não oposição à polifonia em que
se admitirem hinos no Ofício. Com todas as partes têm mais ou me-
o seu conteúdo os hinos têm por nos desenho melódico. próprio.
fim erguer o coração e despertar Hora canônica, cada uma das
nele sentimentos que correspondam partes, em si completas, do Ofício
à festa ou a cada hora canônica. dívino, pelas leis (cânones) litúr-
Vejam-se os hinos das horas meno- gicas coordenadas e dispostas se-
res, que se referem às horas do gundo as horas do dia. (V. Ofí-
dia, ou das Vésperas de toda a se- cio divino).
mana que decantam os seis dias Hora de Missa. (V. Missa, Hora
da criação. A última estrofe dos de).
hinos dirige-se geralmente à SS.
Trindade; a jesus somente quan- Horas diurnas, as horas do Ofí-
do têm especial relação ao Ofí- cio divino a rezar durante o dia,
cio ou à festa. Frequentemente, em em oposição às Matinas, que é a
certos tempos (Natal, Páscoa e hora da noite.
muitas festas com seus oitavários) Horas menores ou parvas, a
a última estrofe do hino é substi- Prima, Tércia, Sexta e Noa, cha-

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116
madas menores não somente por- para a Missa. Antes da Comunhão
que são relativamente curtas, mas era preciso partir tais hóstias, não
também porque são rezadas ou sem perigo de irreverência. Quan-
cantadas com menor solenidade do, por isto, desde o IX século,
externa, mesmo nas grandes fes- se começou a dar às hóstias a for-
tas. A Tércia, Sexta e Noa lem- ma de hoje, ràpidamente se
bram os tempos de oração dos ju- adoptou este uso em todo o Oci-
deus, durante o dia. dente, de modo que desde o XI
Hosana (do siro-caldaico ho- sécülo somente esta forma fi-
schianna), aclamação de júbilo, cou em. uso. São feitas estas hós-
todos os dias, no Sanctus e Be- tias (grandes para a Missa, pe-
nedictus da Missa e em algumas quenas para a Comunhão dos
fiéis) com o ferro de hóstias, ten-
antífonas, no Domingo de Ramos. do elas num lado uma cruz ou
Hóstia (1. hostia, oblata), o pão cordeiro e a grande frequenteJTien-
feito de farinha pura de trigo e tu no verso leves cortes para fa-
água, a consagrar na Missa. Cris- cilitar a fração. Fazer as hóstias
to consagrou em pão ázimo e pro- competia antigamente aos sacerdo-
vàvelmente os Apóstolos fizeram o tes e ao clero, que as preparavam,
mesmo. Como os fiéis, nos séculos vestidos de amicto e alva, · cantan-
seguintes, traziam os pães de casa do salmos; depois passou o en-
para, entre eles, serem escolhidos cargo para pessoas de confiança.
os para a matéria do Sacrifício, - Nos Ritos orientais as hóstias
COl\Sagrava-se também em pão são feitas no mesmo dia do uso·
fermentado. O Ocidente voltou à para o Rito latino prescreve o Ri~
praxe primitiva no VIII século, o tua! que sejam recentes. - Para
Oriente, menos os Armênios e Ma- diferenciar a hóstia consagrada
ronitas, conservou, provadamente do simples pão, acrescenta-se
desde o XI século somente, o pão santa, sagrada ou consagrada.
fermentado. A forma da hóstia era Humeral. (V. Amicto).
antigamente a do pão de casa, is-
to é, de bolos chatos e, depois de Humiliate capita vestra Deo (1.
cessarem as ofertas dos fiéis, tam- Humilhai as vossas frontes
bém a de biscoito ou rosca (1. ca- diante de Deus). (V. Oratio su-
rona, rotula) ,especialmente feitos per populum).

1
Iconóstase (gr. eikonóstasis, de !unas e trave horizontal. (V.
eikon = quadro e stásis = lugar), Cancelas 2).
parede coberta de quadros pinta- lcto (1. ictus), movimento do
dos e encimada por uma imagem turíbulo, da altura da face do in-
do Crucifixo, que no Rito grego censante em direcção ao objecto
separa o recinto do altar (bema) a incensar. Pode ser um só e en-
do corpo da igreja. Tem a ico- tão coincide com o dueto, ou dois,
isto é, dois movimentos distintos
nóstase três portas. A do meio sem interrupção. (V. Dueto).
chama-se santa; por ela só po-
dem entrar o Bispo, o sacerdote Idade · canônica, idade prescri-
e, em certas ocasiões, o diácono. ta para a recepção das ordens
maiores, a saber, 21 anos comple-
Das outras duas, uma conduz à tos para o subdiaconato, 22 com-
prothesis, outra ao diaconikon pletos para o diaconato, 24 com-
(sacristia). A iconóstase é a trans- pletos para o presbiterato. (Dir.
formação das cancelas com co- can. c. 975).

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Igreja (do gr. ekklesia = assem-


bléia), significava, a princípio, so-
go Testamento; Oratorium = Ora-
tório, que desde o IV e V século,
mente a reunião dos fiéis para a porém, é usado, como hoje, em
celebração do culto divino, depois sentido mais restrito. (V. Título,
do IV século também o lugar des- Oratório).
sas reuniões. Hoje tem três signi-
ficações : 1) o conjunto de todos Igreja-matriz (Igreja mãe), -
os fiéis, por exemplo, a Igreja Ca- 1) com relação aos fiéis que for-
tólica ; 2) os fiéis de uma parte mam uma Igreja particular (V.
da Igreja Católica, por ex., a Igre- Igreja 2), a Igreja romana, que é
ja oriental, ou de uma diocese, por a Cabeça e Mãe de todas as Igre-
ex., a Igreja fluminense; 3) o edi- jas (Caput et Mater omnium Ec-
fício do culto, por ex., a igreja de clesiarum); - 2) na linguagem
S. José. Na última acepção igreja comum, a Igreja paroquial, isto é,
é um edifício bento ou sagrado a igreja na circunscrição de uma
exclusivamente para o culto divino, freguesia, sagrada ou solenemente
com o fim de servir, em primeiro benta e destinada para o culto pú-
lu~ar, ao público, portanto, aces-
blico dos paroquianos e o exercí-
sível a todos os fiéis. A última cio das funções paroquiais.
nota distingue-a do oratório pú- Igreja paroquial. (V. Igreja ma-
blico, semi-público e privado. Ou- triz 2).
tros nomes para designar o edi-
fício do culto são: Basílica, do Igreja titular. (V. Título 1).
gr. Basiliké (a acrescentar: ca- Iluminação da igreja, . ~ neces-
sa) = Casa real. Desde o IV sé- sária para clarear, permitida p~ra
culo até à idade média muito ornato festivo. Para esses fms
usual, hoje somente no rito da sa- usava-se antigamente de l~mpadas
gração de uma igreja é emprega- de azeite e de cera, postenormente
do no sei;itido geral de edifício de gás e de querozene, hoje geral-
do culto (V. Basílica); Kyriakon mente de focos elétricos. Quanto
(gr.) e o seu correspondente em a estes a Igreja estabelece as
latim Dominicum = Casa do Se- restrições seguintes: Em seu con-·
nhor, em documentos desde o III junto, a iluminaç~o. não deve ser
e IV século; Domus Dei = Casa teatral ; são pro1b1dos focos d.e
de Deus, usado já por Tertuliano, cor · não devem os focos substi-
no fim do II século; Templum = tui; a luz litúrgica, nem se mistu-
Templo, usado depois de vencido rar com ela (por ex.: entre as
o paganismo; (V. Templo); Do- velas do altar) e não é lícito co-
mus orationis = Casa de oração, locar focos dentro do nicho de ex-
a exemplo da Sagrada Escritura posição, nem em volta dos nichos
(Lc 19, 46); Martyrium = Mar- das imagens do altar. (Congr.
tírio; Confessio = Confissão; Me- Rit., 24 de Junho de 1914).
mória = Recordação, nomes anti- Imagens, são, na igreja, não ape-
quíssimos do edifício cultuai, que nas um ornato, mas objecto de
nos primeiros séculos era construí- culto. Diante delas se acendem
do, frequentemente, no lugar on- velas, fazem-se inclinações e ora-
de algum confessor da fé sofrera ções, elas são enfeitadas, incen-
o martírio e que, portanto, era sadas e conduzidas publicamente
uma constante recordação. Mes- em procissão. Este culto, porém,
mo depois de cessarem as perse- é relativo, isto é, não tributado à
guições, esses nomes se conserva- imagem, mas àquele que por ela
ram, durante alguns séc;ulos, para é representado. Somente durante o
qualquer igreja; Sanctuarium = tempo da Paixão as imagens estão
Santuário, a exemplo da Sagrada cobertas com véu roxo, sendo, po-
Escritura, principalmente do Anti- rém, permitido descobrir as ima-

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118 1
gens das Dores e de S. josé, na no Sábado Santo e na Vigília de
respectiva festa e a última duran- Pentecostes, quando o oficiante
te todo o mês, suposto que não põe a mão estendida sobre a
se ache sobre o altar. Proíbe a água, como símbolo da santifica-
Igreja expor à veneração imagens ção da água pelo Espírito Santo.
insólitas e inconvenientes. (Dir. Tem a mesma natureza de símbo-
can. c. 1279). No altar não de- lo a imposição de ambas as mãos
vem ser colocadas em cima do (sem tocar) sobre a matéria do
Tabernáculo; nas procissões são Sacrifício durante a oração Hanc
conduzidas sem baldaquino e não igitur, no cânon da Missa e no
nas procissões teofóricas. Haven- Sacramento da Confissão (sem to-
do imagens no altar, elas são in- car), durante a oração Misereatur.
censadas junto com o altar e, ocor- No primeiro caso significa o ofe-
rendo o nome do Santo na oração recimento das oblatas e de si mes-
da Missa, o sacerdote faz a incli- mo e o carácter expiatório do Sa-·
nação em direcção à imagem crifício, no segundo como que a
quando esta se achar no lugar comunicação da misericórdia de
principal. Imagens de beatificados Deus. Na visita aos enfermos a
não devem ser expostas à venera- imposição da mão direita sobre a
ção pública sem indulto especial cabeça do doente é um sacramen-
da Santa Sé. (V. Pastoral coleti- tal, implorando alívio corporal e
va: Imagens). clemência para a alma. A imposi-
ção da mão direita, no Rito do
Imaculada Conceição. (V. Con- batismo e no exorcismo de posses-
ceição Imaculada). sos, tem o carácter de exorcismo.
Imersão. (V. Batismo por imer- (V. Exorcismo). A mais solene e
são). mais importante imposição tem lu-
gar nos Sacramentos da Confirma-
Imperada (1. Oratio imperata), ção e da Ordem. Nestes não é ape-
oração que o Bispo tem direito de nas cerimônia ou sacramental, mas
prescrever, para que seja dita pe- a matéria essencial do Sacramen-
lo sacerdote, na Missa, depois das to e, ao mesmo tempo, o símbolo
orações marcadas pelas rubricas, da graça do Espírito Santo e co-
quando estas o permitirem, como municação dos poderes da Ordem
acontece geralmente em festas de para o diácono, sacerdote . e
rito dúplice maior ou menor, semi- Bispo.
dúplice e simples.
Impropérios, queixas sentidíssi-
Impedimentos. - 1) matrimo- mas e comoventes que o Salvador,
niais, são circunstâncias que ou do alto da cruz, profere contra
proíbem apenas a realização do o povo ingrato. São neles lembra-
matrimônio, não tornando o acto dos os grandes benefícios, libera-
nulo (impedimentos impedientes), lizados aos judeus, opondo-se-lhes
ou afetam a substância do acto, a sua negra ingratidão. Cantam-
tornando-o inválido (imped. diri- se os Impropérios na Sexta-feira
mentes). Caso sejam dispensáveis Santa, durante a adoração da san-
os impedimentos, compete à au- ta cruz, por cantores a solo e dois
toridade eclesiástica dar por justo coros. Depois da pergunta doloro-
motivo a dispensa; - 2) para a sa: "Meu povo, que te fiz ou em
recepção ou uso de ordens. (V. que te entristeci, responde-me";
Irregularidade). seguem-se doze versículos. No fim
Imposição da mão, ou das mãos, de cada um dos três primeiros
tem lugar em muitas funções li- acrescenta-se o Trisagion: Sanctus
túrgicas, mas não reveste sempre Deus, - Sanctus f ortis, - Sanctus
o mesmo carácter. E' uma sim- immortalis, miserere nobis, que é
ples cerimônia, na bênção da água, de origem oriental, motivo por que

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cada invocação é cantada também zes a incensação tem também o ca-
em grego, como explica Bento rácter de lustração (exéquias, al-
XIV. Depois dos outros versículos tar).
repete-se a pergunta: "Meu povo", Incenso, resina que, queimada, ·
etc. - O uso de cantar os Impro- esparge fumo odorífero, frequente-
périos por ocasião da adoração da mente empregada nas funções li-
cruz espalhou-se ràpidamente, vin- túrgicas para as incensações. E'
do da França, _por toda parte, des- permitido misturar outras substân-
de o X século, até no XII se achar cias odoríferas, contanto que a
adoptado também em Roma. Ves- parte maior seja incenso. O incen-
tígios de semelhantes queixas eh- so, que ardendo se consome e em
contram-se já no VII século, num espirais perfumadas sobe às al-
Sacramentário galicano. turas, simboliza o sacrifício e as
Inabilidade, enquanto, de al- orações dos fiéis. (V. Bênção do
gum modo, diz respeito à Litur- incenso. Incensação) .
gia, pena eclesiástica para os sa-
cerdotes, pela qual são declarados Inclinação, como sinal externo
incapazes de administrar o Sa- de reverência, humildade, confian-
cramento da Confissão ou de al- ça, etc., é nas funções litúrgicas
cançar qualquer dignidade ecle- tão antiga como o próprio culto.
siástica. Distinguem os rubricistas, desde a
idadê média, a inclinação do cor-
Inácio, Bispo de Antioquia e po, profunda (de todo o corpo su-
mártir (t 109), mencionado no perior) ou média (da cabeça com
cânon da Missa, na oração Nobis os ombros), e inclinação da ca-
quoque peccatoribus, depois da beça profunda, média e pequena.
consagração. Sua festa é celebra- Resumidamente valem os seguin-
da a 1° de Fevereiro. tes princípios: A inclinação do
Incensação, afumação com in- corpo profunda tem lugar no Con-
censo ardente do Santíssimo Sa- fiteor, no Munda cor meum (an-
cramento, de pessoas ou c~isas. tes do Ev.), no Te igitur (no
E' uma cerimônia litúrgica em to- início do cânon), no Supplices te
dos os Ritos, adoptada e generali- rogamus (depois da Consagração) ,
zada desde o IV século, isto é, como expressão de reverência ou
desde a época em que, devido ao da própria indignidade; a média
desaparecimento do paganismo durante as orações: ln spiritu hu-
oficial, · não existia mais o peri- militatis e Suscipe, Sancta Trinitas
go de ser considerada como sa- (Ofertório), durante as orações
crifício aos ídolos. Faz-se a incen- antes da Comunhão e ao rezar o
sação movimentando o turíbulo Placeat tibi, Sancta Trinitas (fim
em direcção ao objecto a incen- da Missa), como sinal de humil-
sar, ou com simples dueto, ou com de confiança. A inclinação da ca-
um, dois, três duetos, com ou sem beça profunda compete à Cruz,
dúplice icto (V. Dueto, lcto) , se- ao Nome de jesus, à Doxologia
gundo a diversidade das funções e faz-se ao Oremus, Agnus Dei e
e dignidade das pessoas. Indica a certas passagens do Glória, Cre-
esta diversidade também o ca- do, Prefácio ; a média exige a
rácter da incensação, como sinal pronunciação do Nome de Maria ;
externo de adoração (SS. Sacra- a pequena é feita ao proferir-se o
mento), de culto latrêutico rela- nome do Santo ou Beato em cuja ·
tivo (altar, crucifixo, etc.), de res- honra se reza Ofício e Missa, e
peito (pessoas, caixão mortuário), do Papa, no cânon. - Nos Ritos
ou como sacramental nas bênçãos orientais existe somente a incli-
e sagrações - de objectos (altar, nação profunda do corpo. (V. Ge-
cinza, ramos, velas, etc.). As ve- nuflexão).

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Indulgência, rem1ssao das penas gistas medievais a cor roxa signi-
temporais, merecidas pelo peca- fica que os Inocentes não entraram
do, em todo (ind. plenária) ou em logo no céu. Caindo, porém, em
parte (ind. parcial), fora da Con- domingo, a cor é encarnada e não
fissão, que a Igreja, em virtude há supressões no Ofício e Missa,
do poder que recebeu de ligar e como tão pouco no dia oitavo, por-
desligar na terra, concede, apli- que este simboliza a plenitude da
cando os merecimentos de Cristo bem-aventurança na visão beatí-
e dos Santos (tesouro da Igreja) fica.
aos que interiormente estão em
condições e exteriormente cum- ln nomine Patris, et Filii, et Spi-
prem as respectivas obras prescri- ritus Sancti. Amen (1. =Em nome
tas. As vezes a concessão da do Padre, e do Filho, e do Espí-
indulgência se faz com cerimônias rito Santo. Amém), invocação de
litúrgicas. (V. Absolvição geral, Deus trino, no princípio da Missa.
Bênção papal). Ao pronunciá-la o sacerdote ben- ·
ze-se. já no VIII século prescrevia
lndutgentiam, absolutionem (!.) o primeiro Ordo romanas a cruz
V. Misereatur fui. na testa para o celebrante, ao co-
Inês, virgem de treze anos e meçar a Missa. A fórmula actual
mártir (t 304), mencionada no foi prescrita no Missal de Pio V,
cânon da Missa, na oração Nobis mas era empregada já anterior-
quoque peccatoribus, depois da mente. Em outros actos litútgicos
consagração. Sua festa é celebra- a mesma fórmula é usada para
da a 21 de janeiro. Oito dias de- significar a autoridade com que- o
pois celebra-se a de sua aparição sacerdote lança a bênção.
com o cordeiro. Inscrições nos sinos, usam-se
lnfuta, (!.) é hoje apenas deno- desde o XII século. São nomes,
minação, pouco usada, da mitra e indicando o Santo em cuja honra
das faixas da mesma, quando nos o sino foi oferecido, ou o artista
séculos medievais significava os que o fez; frases que dizem quem
paramentos em geral, ou em parti- foi o benfeitor ou o fabricante com
cular a casula e o barrete. Pre- o ano da fundição; sentenças da
lado infulado = Prelado com di- Sagrada Escritura ou piedosas in-
vocações; versos que decantam o
reito à mitra. - No tempo dos
Romanos, ínfula era uma faixa destino do sino ou coisa seme-
branca ou vermelha com que os lhante.
magistrados, sacerdotes, reis e im- Insígnias pontificais · (1. pontifica-
peradores cingiam a fronte em si- lia), mitra, báculo e, nos Arcebis-
nal de inviolabilidade de sua pos, o pálio. (V. Dir. can. c. 337).
pessoa.
ln spiritu humilitatis (1. = Em
Infusão. (V. Batismo por infu- espírito de humildade), palavras
são). iniciais de uma oração, no Ofertó-
Inocentes, Festa dos Santos, rio da Missa, que o celebrante re-
celebrada no dia 28 de Dezembro, za, inclinado, e, como sinal de
em algumas Igrejas desde o V sé- completa entrega a Deus, com as
culo, em comemoração das crian- mãos unidas sobre o altar. E' ti-
ças que sofreram a morte por rada esta oração do profeta Da- ·
causa do Menino jesus. Caindo em niel (3; 39, 40) e exprime, no
dia de semana, os paramentos são Ofertório, o sentimento de humil-
roxos, no Ofício suprime-se o Te dade e contrição que no sacerdote
Deum e na Missa o Glória e Ale- e fiéis são os requisitos para que
luia com :versículo, em cujo lugar o Sacrifício de oblação do pão e
entra o Tractus. Segundo os litur- vinho e do Corpo . e Sangue de

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1 121

Cristo seja agradável a Deus. (V. órgão, Cer. Episc. L. I, e. 28,


Ofertório, Rito do). Motu proprio de 22 de Nov. de
Instrução clementina, livro li- 1903).
túrgico que determina as regras Insuflação. (V. Exsuflação).
relativas às Preces das quarenta Interdito, pena eclesiástica ( cen-
horas. Seu autor foi o Cardeal Ma- sura) que proíbe aos fiéis inter-
refoschi, mas tomou seu nome dos ditados (sacerdotes ou leigos)
Papas Clemente XI e Clemente exercerem funções sacras ou, res-
XII, que o aprovaram e publi- pectivamente, participarem nelas,
caram. ou que proíbe realizarem-se fun-
Instrumentos da ordenação, cha- . ções sacras em lugares interdita-
mam-se os objectos que simboli- dos; donde resulta que o interdito
zam o ofício litúrgico inerente à pode ser pessoal ou local. Somen-
Ordem sacra a receber, cuja en- te ao Papa compete lançar inter-
trega pertence ao rito da ordena- dito geral, pessoal ou local, sobre
ção. V. Cada ordem. em seu res- uma diocese ou nação; o interdito
pectivo lugar. geral sobre uma ou mais paró-
quias e o particular, local ou pes-
Instrumentos musicais. O único soal, pode lançar também o Bispo.
instrumento musical que a Igreja Para o mais V. Dir. can. cc. 2268
oficialmente adoptou na Liturgia a 2277.
é o órgão. Ainda assim seu uso
deve obed!!cer às prescrições do Interrogação sobre a fé, três
Cerimonial dos Bispos, que esta- perguntas, imediatamente antes
belece algumas restrições para o do acto do batismo, sobre se o
Ofício e Missa. O canto do sa- batizando crê na SS. Trindade, a
cerdote e o Ofício de trevas ex- Igreja Católica, a comunhão dos
cluem todo e qualquer acompanha- santos, a remissão dos pecados, a
mento e parece que são os únicos ressurreição da carne e a vida
casos em que a Igreja sustenta a eterna. Responde o batizando, res-
.lei em seu rigor. Na Missa e Ofí- pectivamente os padrinhos: Creio.
cios do Advento, da Quaresma e - Esta cerimônia, mencionada já
das Têmporas, nas Missas canta- por Tertuliano, corresponde à
das de Requiem, e no Ofício de abjuração. (V. Abjuração). Nesta
defuntos, permite-se, ou por decla- renuncia o batizando a Satanás;
ração da Igreja,· ou por costume, na profissão da fé entrega-se a
um fraco acompanhamento para Cristo e a seu serviço com a vida
sustentar as vozes, com a condi- segundo a fé. No Rito grego cha-
ção, porém, de se suspender o to- ma-se esta cerimônia belamente
que do órgão assim que acaba o syntagé = compromisso.
canto. No terceiro domingo do Interstício, intervalo de tempo,
Advento (Gaudete), no quarto da a observar na recepção das Or-
Quaresma (Laetare), na Missa de dens entre uma e outra. Tem por
Quinta-feira Santa até ao Glória fim dar ao ordenado tempo para
inclusivamente e no Sábado San- o exercício da Ordem recebida,
to desde o Glória até ao fim o aperfeiçoando-o, e para se prepa-
toque do órgão é festivo. As mes- rar para a Ordem seguinte. Ha-
mas licenças e restrições valem vendo justo motivo, pode o Bis-
para o harmónio. - O uso de po dispensar nos intervalos mar-
outros instrumentos somente é per- cados pelo Direito canônico, com
mitido com licença do Ordinário; as . seguintes restrições: A pri-
proibidos são sempre o piano, meira tonsura nunca pode ser con-
tambor, bombo, pratos, campai- ferida com alguma das Ordens me-
nhas e outros semelhantes instru- nores, estas não todas na mesma
mentos ligeiros e fragorosos. (V. ocasião nem com o subdiaconato

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e duas Ordens sacras não no mes- mo com o Gloria Patri. Nas igre-
mo dia. Destas restrições sàmen- jas que adoptaram o Rito romano,
te o Papa concede dispensa. Dir. não havia tempo, por falta das
can. c. 978. cerimônias sobreditas, de se can-
lntortício (1. intortitium), círio tar um salmo inteiro ou grande
feito de diversas velas de cera, parte dele; o coro limitava-se
unidas e torcidas uma sobre a a alguns versos. E' certo que a
outra, usado, segundo o Cerimo- redação hodierna do Intróito,
nial, nas procissões com o Santís- com antífona, verso e Gloria Pa-
simo, mas geralmente substituído tri apenas, era costume vigente
pela simples vela ou tocha. em Roma, no XI século, espalhan-
do-se, ao mesmo tempo, o uso
lntroibo ad Altare Dei (t) pa- de também o celebrante rezá-lo, o
lavras iniciais da antífona, ti- que antes não fazia. No tempo
rada do salmo 42, que é recitada pascal e em algumas festas a
ao pé do altar, ao começar a Mis- antífona do Intróito é acrescida
sa, e que também nas Missas do por dois Aleluias. A doxologia é
tempo da Paixão e de Requiem suprimida no tempo da Paixão
não se omite. Eis a tradução: e nas Missas de Requiem. Não
"Aproximar-me-ei do altar de têm Intróito as Missas depois .d a
Deus; de Deus que enche de ale- bênção da água batismal nas Vi-
gria a minha mocidade." A prin- gílias de Páscoa e Pentecostes,
cípio, sàmente esta antífona era porque precede imediatamente o
cantada pelos neófitos, quando, canto da Ladainha de Todos os
depois do batismo, se aproxima- Santos. Frequentemente usa-se
vam do altar. (V. Orações ao pé designar os domingos pela pri-
do altar). meira palavra do Intróito, por
Intróito (1. intróitus = entrada), exemplo: o domingo Gaudete, ou
antífona com verso de um sal- laetare. Ao rezar o Intróito, ben-
mo, Gloria Patri e repetição da ze-se o sacerdote, o que lembra
antífona, a rezar pelo sacerdote, a função antiga do Intróito de
ao lado da Epístola, depois das entrada. Nas Missas de Requiem
orações ao pé do altar e incen- faz o sinal da cruz em direção
sação do mesmo (nas Missas so- ao livro, respectivamente ao chão,
lenes) e a cantar pelo coro, quan- para significar que as bênçãos da
do o celebrante vai ao altar. Se- Missa aplica em primeiro lugar ao
gundo o Livro Pontifical foi o In- defunto. Para despertar nos fiéis
tróito introduzido em Roma pelo sentimentos que correspondem ao
Papa Celestino 1 (t 432), a exem- carácter particular que reveste ca-
plo dos Ritos orientais, para o da vez a celebração da Missa (ale-
coro acompanhar, com canto, a gria, júbilo, tristeza, esperança),
entrada do Papa com o clero ao a melodia do Intróito é rica em
altar. Como o Pontífice, no ca- melismas. - O Intróito chama-se
minho, fazia a adoração do San- regular quando a sua antífona é
tíssimo, que lhe era mostrado nu- tirada do salmo de que ficou ape-
ma cápsula aberta, e como, che- nas um verso; irregular, quando
gando ao altar, rezava d.urante ela é de outro salmo, ou de outro
algum tempo e depois dava o ós- livro bíblico, ou quando é de com-
culo de paz, havia tempo sufi- posição eclesiástica.
ciente para o coro cantar um sal- Invenção da Santa Cruz, festa
mo inteiro, alternando as vozes de 2. a classe, celebrada a 3 de
com antífona. Estando, porém, Maio, em comemoração do desco-
acabadas as cerimônias antes de brimento da Santa Cruz por Santa
terminar o salmo, o Papa dava Helena, mãe de Constantino. Se-
sinal para se concluir o sal- gundo a tradição, deu-se este facto

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1 123

no dia 13 de Setembro de 320 e mo Oremus, Benedicamus Domi-


no dia 14 era celebrada a festa no, etc.
em Roma, no VII século, com o Invocação. (V. Título).
título, porém, Exaltação da Santa Irmandade. (V. Confraria).
Cruz. Nas Gálias, entretanto, fa- Irregularidade, impedimento pro-
zia-se a mesma festa com o tí- veniente de um defeito (p. ex. ce-
tulo Invenção da Santa Cruz no gueira parcial, epilepsia) ou deli-
dia 3 de Maio, e quando, no VIII to (p. ex. anterior apostasia)
século, foi adoptada, segundo o que proíbe a recepção ou uso de
uso romano, a festa da Exaltação, Ordens. Dir. can. cc. 983 a 986.
deu-se-lhe outra interpretação, ce-
lebrando a ·recuperação e restitui- itala, a versão latina da Sagr.
ção da Santa Cruz por Heráclio, Escritura mais antiga, do princí-
facto que se deu a 3 de Maio. A pio ou meado do II século. Dela
Invenção, pois, devia ser celebrada é tirada grande parte de trechos
a 14 de Setembro e a Exaltação que ao coro compete cantar na
a 3 de Maio. Não obstante, in- Missa e Ofício.
troduziram-se também em Roma =
Ite, Missa est (i. Ide, a Missa
as duas festas, com o erro na está acabada). Segundo o sentido
datação, no século IX, passando literal a tradução devia ser: Ide,
assim para todo o Rito romano. é (agora) a despedida, fórmula
Invitatório, (convite) - 1) o com que no Rito romano o sacer-
salmo 94, segundo a versão da dote (nas Missas solenes o diá-
!tala (primeira revisão de S. je- cono) despede o povo no fim das
rônimo), com antífona, a recitar, Missas com Glória, usada em Ro-
como introdução, às Matinas do ma desde o VII ou VIII século.
Ofício, de modo que•· depois de Para as Missas em dias de peni-
cada versículo do salmo se re- tência (sem Glória) adoptou-se
pete a antífona alternadamente, geralmente, no XI século, a fórmu-
inteira ou somente a última me- la Benedicamus Domino, com que
tade. A recitação do salmo com- se convidava o povo a assistir
pete a dois cantores, a da antí- também aos . actos (Noa, Véspe-
fona ao coro. A antífona é ras,, alguma cerimônia) a seguir.
um convite para adorar a Deus· Assim se fazia na própria Missa
somente em alguns dias de fest~ da noite de Natal, porque imedia-
refere-se exclusivamente a ela· o tamente em seguida se cantavam
salmo convida a cantar os lou'vo- as Laudes. Quase ao mesmo tem-
res de Deus, o Rei· grande, que po introduziu-se, para as Missas
tud.o fe~, tudo ~ustenta, que é mi- ?e Requiem, a fórmula Requiescant
sericordioso e Justo. Somente na m pace pelo mesmo motivo, isto
festa da Epifania não há Invita- é, para o povo assistir ainda à
tório, porque no terceiro Noturno absolvição junto à eça. A respos-
ocorre o mesmo salmo segundo a ta à última fórmula é Amen às
versão da Vulgata, que também outras Deo grafias. - Bela 'é a
neste lugar é recitado com antífo- despedida '(absolvição) no Rito
na intercalada. Acha-se o salmo mosárabe: Os actos solenes estão
94 como introdução às Matinas no consumados em nome de Nosso Se-
Breviário monástico de S. Bento, nhor Jesus Cristo, seja aceito em
mas nem sempre fazia parte das paz o nosso voto. (V. Missa).
mesmas, era a chamada para os Itinerãrio, formulário de orações
religiosos se reunirem no coro· - (Cântico Benedictus, versículo
2) 1!~ª exortação do Bispo 'por oração) no apêndice do Breviári~
ocas1ao das ordenações, dirigida romano, recomendadas ao clero
ao povo, para rezar pelos candi- para ~ezar antes de empreender
datos; - 3) certas fórmulas, co- uma viagem.

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Jejum eclesiástico, abstinência sopa,' e não existe mais a proi-
de qualquer comida durante algum bição de misturar carne com peixe
tempo por motivos religiosos. A nas refeições nos dias de jejum
sua forma mais rigorosa era anti- sem abstinência. - Os frutos do
gamente a Xerofagia, que con- jejum decanta a Igreja no prefá-
sistia em se comer, só depois do cio da Quaresma: reprime os ví-
sol posto, comidas secas, com ex- cios, eleva a mente, dá virtudes
clusão de legumes e frutas fres- e recompensa.
cas. A forma ordinária, porém, Jejum natural, abstinência de
era tomar a única refeição depois qualquer comida e bebida desde
do sol posto, com exclusão de car- meia noite até à Santa Comu-
ne, lacticínios, ovos e vinho. Uma nhão. Os que recebem o viático
forma mais suave (semi-jejum) era não são adstringidos a esta lei.
antecipar a única refeição pelas Os doentes desde um mês e sem
três horas da tarde, como no Oci- esperança de reconvalescerem bre-
dente se fazia nas quartas e sex- vemente podem, a juízo do confes-
tas-feiras e, às vezes, no sába- sor, tomar alguma coisa em for-
do, nos primeiros séculos do cris- ma de bebida para comungarem
tianismo. Hoje a lei do jejum pres- duas vezes por semana, se não
creve que se faça somente uma podem ficar em jejum. (Dir. can.
refeição total durante o dia (ge- c. 858, § 2). O mesmo indulto
ralmente ao meio dia), e permite concede a Santa Sé aos sacerdo-
que pela manhã e à tarde se pos- tes que pedirem para quando, em
sa tomar um pouco de comida. dia de obrigação, têm de celebrar
Quanto à quantidade e qualidade a Missa muito tarde e não podem
da comida, permitida nessas duas cômodamente ficár em jejum.
ocasiões, deve-se observar o legí- (V. Missa, Hora de).
timo costume no respectivo país.
(Dir. can. c. 1252). No Brasil o Jerarquia eclesiástica (gr. hier-
legítimo costume permite tomar archia = ofício, dignidade sa-
na parva (pela manhã) até 60 cerdotal), conjunto dos diversos
gramas de pão com uma chá- graus do clero: Papa, Bispos,
vena de café, chá ou mesmo de Presbíteros, Ministros.
chocolate; na consoada (à tarde) João Batista, precursor de N.
permite tomar ovos e lacticínios Senhor, de quem a Igreja celebra,
e, quanto à quantidade, que seja desde o IV século, a sua nativi-
uma pequena refeição. As dispen- dade, em 24 de junho, como festa
sas apostólicas reduziram consi- de 1.• classe, com Vigília e Oita-
deràvelmente os dias de jejum vário. Constitui esta festa o único
para o Brasil. São dias de jejum caso de se celebrar, além do de
com abstinência de carne: a quar- jesus e Maria, o nascimento de
ta-feira de cinzas e as sextas-fei- um Santo e é em razão da santi-
ras da Quaresma; dias de jejum ficação de joão Batista no ven-
sem abstinência (pode-se tomar tre de sua mãe. Desde o V século
carne na refeição principal): a é celebrada também a festa da
sexta-feira das têmporas do Ad- degolação do mesmo, em 29 de
vento, as quartas-feiras da Qua- Agosto, com rito de dúplice maior.
resma e a Quinta-feira Santa; dias São joão B. é mencionado duas
de abstinência de carne sem je- vezes no Confiteor e, no cânon
jum: as Vigílias do Natal, do Es- da Missa, depois da Consagra-
pírito Santo, da Assunção e de ção, na oração Nobis quoque pec-
Todos os Santos. - Não quebram catoribus.
o jejum (isto é, são permitidas João e· Paulo, dois irmãos már-
nos intervalos) as bebidas, ex- tires, mortos em 362, menciona-
cepto o leite, chocolate grosso, dos no cânon da Missa, antes da

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J 125

Consagração, na oração Commu- do Estado, na vida eclesiástica,


nicantes. chegando a intoleráveis imposi-
joão Evangelista, apóstolo, cuja ções.
festa é celebrada a 27 de Dezem- )ube, Domne, benedicere, (1. =
bro, desde o V século, e mencio- Dignai-vos, Senhor, abençoar-me),
nado no cânon da Missa, antes fórmula com que o diácono, na
da Consagração, na oração Com- Missa solene, antes de cantar o
munfrantes. Evangelho, e o leitor nas Mati-
nas, antes de cada uma das nove
joão diante da porta latina, festa (resp. três) lições e na Prima e
celebrada a 6 de Maio, em come- nas Completas, antes de recitar a
moração do martírio sofrido pelo lectio brevis, pede a bênção. O
apóstolo São joão, em Roma, no sacerdote na Missa, antes do
tempo de Domiciano. Como refere Evangelho (menos nas Missas de
Tertuliano, foi ele lançado num Requiem), o clérigo, recitando o
tacho de azeite fervente, mas sain- Ofício privadamente, o Bispo e o
do ileso. -Presume-se que o facto Prelado maior, antes de recitarem
se deu no lugar onde se acha a no coro a última lição nas Mati-
igreja levantada em honra de São nas, estando em igreja própria,
joão, diante da porta latina. substituem o domne por domine,
joaquim, pai de Nossa Senhora. porque então, com a palavra Se-
Sua festa celebra-se a 16 de Agos- nhor, se dirigem a Deus, ao passo
to, com rito de dúplice de 2. a . que os outros pedem a bênção
classe. ao celebrante ou oficiante.
josé, Pai nutrício de jesus e Es- jubileu. (V. Ano santo).
poso de Maria Santíssima. A devo- )ubilus, (!.), série extensa de
ção para com São josé está inti- notas, formando grupos melódicos
mamente ligada aos mistérios da que se repetem sobre o a final
nossa redenção; tomou, porém, do Aleluia, depois do Gradual,
grande inCJemento desde o XII sé- na Missa. (V. Sequência).
culo e posteriormente pelo zelo
dos Franciscanos. Celebramos judas Tadeu, apóstolo, irmão de ·
duas festas em sua honra, a de Tiago o menor, pregou o Evange-
seu Trânsito, a 19 de Março, intro- lho na Mesopotâmia, onde foi mar-
duzida pelo -Papa franciscano Six- tirizado. Deixou uma Epístola di-
to IV, em fins do século XV, e rigida aos judeu-cristãos da Pales-
elevada por Gregório XV, em tina. E' mencionado, junto com o
1621, a dia santo de guarda (su- Apóstolo S. Simão, o zelador, no
primido em quase todas as dioce- cânon da Missa, antes da Consa-
ses do Brasil), e a de seu Pa- gração, na oração Communican-
trocínio (Solemnitas S. Joseph), tes. São Simão foi martirizado no
na quarta-feira da segunda sema- reino dos Partos. A festa de am-
na depois da Páscoa, estabelecida bos a 28 de Outubro.
por Pio IX, em 1847. Ambas as )udica me (!.), primeiras pala-
festas são de 1.• classe, mas a de vras do salmo 42, a recitar ao pé
19 de Março não tem oitavário do altar, no início da Missa, pelo
por cair na Quaresma. sacerdote, alternadamente com os
josé, Ladainha de São. (V. la- ministros, precedido de ln nomine
dainha). . Patris, etc., e da antífona lntroi-
josefinismo, sistema religioso- bo ad altare Dei, etc., que no
político-racionalista, seguido por fim se repete. Exprime o salmo
josé II da Áustria ( t 1790) e com a antífona a alegria . pela fe-
seus sequazes e que consistia nu- licidade de poderem assistir ao
ma indébita intromissão, da parte Santo Sacrifício, como também a

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126 K
própria fraqueza. Faz o di~o sal- Sagrado Coração de jesus, a Nos-
mo parte das orações ao pé do sa Senhora e a São josé. A cele-
altar, pelo menos desde o XI sé- bração do mês de Maio como Mês
culo, mas até ao XVI (Missal de de Maria data dos princípios do
Paulo Ili) era livre ao sacerdote XVIII século. O Papa Pio VII re-
recitá-lo em voz alta ou baixa, comendou-a especialmente, em
no caminho para o altar. E' supri- 1815. Entre todas as devoções po-
mido (não a antífona) nas Mis- pulares é a mais querida pelo po-
sas do tempo da Paixão e nas de vo cristão. Dedicar, com culto
Requiem; nas primeiras, porque no cotidiano, o mês de junho ao
domingo da Paixão o salmo for- Sagrado Coração e o mês de Mar-
ma o Intróito; nas outras, porque ço a São josé é de data mais re-
conservaram (como· o Ofício dos cente. Pio X concedeu para o úl-
defuntos) as formas antigas e sim- timo domingo do mês de junho a
ples, mais de acordo com o ca- Indulgência plenária toties quoties
rácter dos sufrágios pelas almas. se durante o mês, além das devo-
- Não é recitado o /udica me ções cotidianas, houve pregação
no rito próprio dos Carmelitas, todos os dias, ou, pelo menos, pré-
Cartuxos e Dominicanos e no am- dicas em forma de retiro espiritual
brosiano, porque esses ritos já es- durante oito dias.
tavam em uso mais de duzentos Juramento de fidelidade, isto é,
anos quando Pio V fixou as ora- de obediência e submissão, pres-
ções ao pé do altar. (V. Orações tam os Bispos, antes da sagra-
ao pé do altar). ção, e os Abades e as Abades-
Junção das mãos. (V. Mãos). sas, antes da bênção que recebem.
Se são isentos os Abades e as
Junho, Maio, Março, três meses Abadessas prestam-no, como os
distinguidos respectivamente por Bispos, ao Papa; no caso contrá-
um culto especial extralitúrgico ao rio, ao Bispo diocesano.

Kalendário. (V. Calendário). Missas solenes. E' apenas um


extrato do Gradual e tem o no-
Kamelaukion (gr.), barrete li- me da primeira das partes, que é
túrgico do clero grego, de uso o Kyrie eleison.
frequente nas funções cultuais.
Parece que tem sua origem numa Kyrie, eleison (gr. = Senhor,
cobertura de cabeça, usada na tende piedade), é cantado pelo co-
corte bizantina, a qual se trans- ro e rezado pelo sacerdote seis
formou, não como o camelaucum vezes, com a tríplice invocação
papal em gorro ponteagudo e mo- Christe, eleison, intercalada no
le, e depois em mitra e tiara, mas meio, depois do Intróito da Missa.
em uma espécie de cartola preta O Kyrie é de origem oriental,
sem abas. Nos dignatários ecle- constituindo o resto de uma ladai-
siásticos e monges o kamelaukion nha ( ectenia), que também em Ro-
tem véu preto que cai por de- ma se cantava, no princípio da
trás. (V. Camelaucum). Missa, nos dias das estações (V.
Estações), como hoje nas Vigílias
Kibôrion. (gr.). (V. Cibório do de Páscoa e Pentecostes. Nos dias
altar e Baldaquino 2). comuns cantava-se somente a trí-
Kirial (1. Kyriale), livro litúrgi-· plice invocação indeterminadas ve-
co para os cantores, que contém zes até o celebrante dar o sinal
as partes invariáveis a cantar nas para terminar o canto. Foi adapta-

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L 127
do este Kyrie eleison no V século, IX começou-se a dizer o Kyrie co-
e no VI já é geralmente usado nas mo hoje. Também nas Ladainhas,
igrejas da Itália. O Christe eleison, nas preces do Ofício e em muitos
que não é usado no Oriente, in- formulários litúrgicos é emprega-
troduziu-se em Roma, antes de do, mas na forma simples Kyrie
Gregório Magno (t 604), porque eleison, Clzriste eleison, Kyrie elei-
esse Papa se refere a ele como son.
costume já existente. No século

L
Ladainha (1. litaniae, do gr. devem ser rezadas ou cantadas as-
litaneuein = pedir instantemente), sim como se acham impressas nos
significava, a princípio, a procis- livros litúrgicos, isto é, cada invo-
são de rogação e de penitência cação deve ter resposta. - Em sua
que em Roma se fazia frequente- forma primitiva, a Ladainha tem
mente de uma igreja à outra, co- uso frequente nos Ritos orientais,
mo também a invocação Kyrie elei- na Missa, no Ofício e em outros
son, Christe eleison, Christe audi actos litúrgicos, constituindo uma
nos, Christe exaudi nos, que nes- oração, fervorosa e alternada, en-
sas procissões, na Missa e no Ofí- tre o diácono e o povo (gr. ekté-
cio o povo cantava ou rezava com neia :;:::: ofício, l. diaconicum) . No
o clero e que, conforme o número Rito romano nunca existiu seme-
de cada invocação se repetir, era lhante costume· e atribuição salien-
ou Ladainha simples, triforme, te do diácono na Liturgia).
quinqueforme ou, enfim, septifor- Ladainha de Nossa Senhora,
me. Pouco a pouco, desde o VII consta, além do princípio e fim,
século, acrescentavam-se outras comuns a todas as Ladainhas,
invocações, sendo concluídas de no- de 48 invocações, que geralmente
vo com Kyrie, etc., precedido de são títulos de honra e louvor, ba-
Agnus Dei, e sendo recitadas de seados em figuras bíblicas (por
modo que o povo dava apenas a exemplo: Torre de David, Torre
resposta. O último acréscimo (fins de marfim, Casa de ouro), com a
do VIII ou princípio do IX sé- resposta invariável Ora pro nobis.
culo) fez-se com a invocação dos Tem esta Ladainha a sua origem
Santos. Assim se desenvolveram as no século XVI, em Loreto, onde
Ladainhas como hoje as conhece- se venera a Casa de Nossa Senho-
mos. Muito numerosas se torna- ra e onde todos os sábados é
ram elas na idade média e mui- cantada solenemente. Por este
to queridas ao povo. Acontecia, motivo chama-se também Ladainha
porém, acrescentarem-se invoca- lauretana. Quanto à sua redação
ções incorretas e mesmo errô- é uma compilação de Ladainhas
neas sob o ponto de vista dogmá- preexistentes. Foi ela aprovada
tico. Isto fez com que diversos por Clemente VIII, em 1601, para
Papas limitassem o uso de Ladai- o uso público. Leão XIII acres-
nhas e o Papa Bento XIV proi- centou as invocações: "Rainha
bisse todas elas, com excepção concebida sem pecado original",
da de Todos os Santos e da de "Rainha do sacratíssimo Rosário";
Nossa Senhora. Ainda hoje a San- . Pio X a invocação: "Mãe do bom
ta Sé se reserva a aprovação de conselho", e Bento XV a última:
Ladainhas novas, a recitar publica- "Rainha da paz". Algumas Ordens
mente, podendo os Bispos aprová- religiosas têm o privilégio de sau-
las apenas para uso privado. (Dir. darem a Nossa Senhora como Rai-
can. c. 1259, § 2) . As Ladainhas nha de sua Ordem, no fim da La-

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dainha, mas somente em suas pró- tico, com a resposta: Miserere no-
prias igrejas. Sixto V concedeu bis.
aos que recitam ou propagam a Ladainha do Nome de Jesus, foi
Ladainha laurctana uma indulgên- aprovada por Pio IX, em 1862,
cia de 200 . dias. para a Igreja universal, e é de
Ladainha de São José, foi apro- origem franciscana. Em sua es-
vada por Pio X, em 1909. trutura imita a de Todos os San-
Consta, além da primeira, dirigida tos, com 38 invocações e 22 súpli-
a Maria, de 25 invocações que cas e a resposta: Miserere no bis
cantam as glórias, as prerrogati- e Libera nos, /esu.
vas e a missão de São josé, com a
resposta invariável: Ora pro no- Ladainha maior, a procissão com
o canto da Ladainha de Todos os
bis. Santos, no dia 25 de Abril, isto é,
Ladainha de Todos os Santos, é no dia de S. Marcos. Ladainha
a mais antiga, pois data, em significa aqui, conforme o sentido
substância, do VII século. Divi- primitivo, Procissão; maior, porque
de-se em três partes, das quais em Roma era esta a mais antiga
a primeira consta de invocações (desde meados talvez do VI sé-
de Santos em geral e, em parti- culo) e a mais solene e fazia-se
cular, dos representantes princi- para implorar a bênção de Deus
pais das diferentes classes a que sobre os campos. Não tem esta
pertencem, com a resposta: Ora procissão ligação alguma com o
pro nobis ou (no plural) Orate Evan.gelista ~ão Marcos, cuja fes-
pro nobis. A segunda parte se ta so posteriormente foi" marcada
compõe de súplicas pedindo o para esse dia. Em Roma reali-
livramento de males espirituais e zava-se a Ladainha maior com di-
corporais, com a resposta Libera versas Estações intermediárias (V.
nos, Domine. A última pa.rte for- Estação 2) e terminava com a
ma uma série de preces pelos di- Missa em São Pedro ou Maria
versos estados, com a resposta Maggiore.
• Te rogamus, a.udi nos. Estas par-
tes, entretanto, são sensivelmente
Ladai~h~s menores (Rogações),
as proc1ssoes, com o canto da La-
abreviadas no Sábado de Ale- dainha de Todos os Santos nos
luia e na Vigília de Pentecostes, três dias que precedem a 'festa
depois da bênção da água batis- da Ascensão de Nosso Senhor
mal, e ainda mais, com algumas com o_ fim de pedir a Deus a pre~
modificações, no Rito da Encomen- servaçao de calamidades públicas,
dação da alma. A Ladainha de To- peste, fome, guerra, incêndios.
dos os Santos é a única usada em Têm estas procissões sua origem
conexão com a Missa e Ofício. Du- nas Gálias, onde o Bispo Mamerto
plicam-se as invocações com a res- de Vienne as ordenou, pelo ano
posta, no dia de São Marcos, nas d.e_ 470, para sua diocese, por oca-
Rogações, no Sábado Santo, na s1ao de um grande incêndio. Ten-
Vigília de Pentecostes e na admi- do-se espalhado nas Gálias ràpida-
nistração das Ordens maiores. Por mente, depois de prescritas pelo
privilégio apostólico acrescentam Sínodo ·de Orleans, em 511 e tam-
as Ordens religiosas os seus San- bém na Espanha, somente pelo ano
tos na primeira parte. de 800, foram introduzidas· em Ro-
Ladainha do Coração de Jesus, ma pelo Papa Leão III e então
foi aprovada por Leão XIII, em universalmente adoptadas. Embora
1899. Consta de 33 invocações que concorde o rito exterior destas La-
são louvores ao Sagrado Coração, dainhas com a maior, chamam-se,
em grande parte de carácter mís- contudo, menores por causa da

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introdução posterior em Roma e Lâmpada do Santíssimo, a luz


porque a maior sempre gozava de que dia e noite deve arder diante
especial estima. Como as Ladai- do altar em que se conserva o
nhas menores caem geralmente em SS. Sacramento. - Desde o XI
Maio, é costume chamá-las Ladai- século era praxe nas igrejas cate-
nhas de Maio. drais e monásticas colocar uma
luz (lâmpada, vela) diante do
Lado das mulheres, lado · esquer- altar ou do escrínio que encerrava
do na nave da igreja, isto é, o a Hóstia consagrada, na Quinta-
lado do Evangelho, conforme o feira Santa, para o Ofício litúr-
costume cristão desde os primei- gico da Sexta-feira da Paixão. O
ros séculos. uso de conservar sempre uma luz
diante da Santa Reserva apareceu
Lado do Evangelho, Da Epístola. no XIII século, espalhando-se aos
(V. Evangelho, Epístola). poucos, até que no século XVI se
tornou geral. A matéria, que ali-
Lretare (1. =
Alegra-te), a quar- menta a luz, deve ser azeite puro
ta dominga da Quaresma, assim de oliva ou cera de abelhas. Na
chamada pela primeira palavra do impossibilidade de encontrar azei-
Intróito. No formulário da Missa te de oliva, podem os Bispos per-
transparece a alegria pela salva- mitir o emprego de outros óleos,
ção. Os paramentos da Missa e quanto possível vegetais. (Dir. can.
do Ofício solene, nessa dominga, c. 1271).
podem ser rosáceos, os ministros
usam a dalmática e tunicela, em Lampadário, lustre.
lugar da planeta plicata, e é per- Lâmpadas pendentes diante dos
mitido o toque do órgão. Chama- altares são desejadas pelo Ceri.:
se essa dominga também Domini- monial dos Bispos. As luzes devem
ca de rosa, do costume, que pelo se_r sempre em número ímpar.
menos desde o principio do XI sé- Diante do altar mor deseja o
culo consta, de o Papa benzer, nes- mesmo Cerimonial haja um lam-
te dia, antes da Missa, na sacris- padário com três luzes, diante do
tia, uma rosa de ouro a ser reme- altar do Santíssimo com cinco
tida a quem o Papa julgar digno. luzes, e diante dos outros com
Lamentações, cantos de dor e de uma luz. E' recomendado acender
luto, do profeta jeremias, à vista todas as lâmpadas nos dias de
da destruição da santa cidade de festas principais, pelo menos du-
jerusalém, em 586 ou 588 antes rante a Missa e Vésperas solenes.
de Cristo. Esses cantos são fei- Lança santa, faca, em forma de
tos, no texto hebraico, numa for- lança, usada, no Rito grego na
ma especial de poesia, e, além preparação da matéria do S~cri­
disto, as estrofes são acrósticas, fício. (V. Proscomidia).
quer dizer, começam, cada uma,
com uma letra segundo a ordem Lanterna, uma caixa transparen-
do alfabeto hebraico. A Igreja, te, para nela ser colocada uma
não podendo na tradução latina vela, a fim de não se apagar. Pos-
conservar a forma acróstica, quis, ta numa vara é geralmente usada
contudo, que a cada estrofe fos- nas procissões e enterros.
se anteposta a letra inicial he- Latria. (V. Culto de latria).
braica: Aleph, Beth, Ghimel, etc.
Nesta forma são cantados alguns Lauda Sion Salvatorem (!.), so-
trechos das lamentações no primei- lene sequência, em louvor do SS.
ro noturno do Ofício das trevas, Sacramento, na Missa de Corpo
nos três últimos dias da Semana de Deus, composta por Santo To-
Santa. (V. Ofício de trevas). más de Aquino.
:Pie. Llt11rgloo - e

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Laudes, - 1) V. Aclamações; mens, clérigos ou seculares, ge-
- 2) parte do Ofício divino, que, ralmente pobres, que recebem uma
com as Matinas, corresponde às esmola, à imitação do que fez .je-
quatro Vigílias noturnas dos ro- sus à última Ceia. A cerimônia é
manos, sendo a última; o tempo, conhecida desde a mais remota
portanto, de rezá-las é a aurora. antiguidade, praticada pelos Pa-
O seu nome antigo era Matutina; pas, Bispos, Imperadores e nos
mas quando este passou a de- conventos; mas em dias diferentes.
signar a oração das Vigílias por- O Sínodo de Toledo, na Espanha
que a sua recitação mais e mais (694), prescreveu-a universalmen-
se transferia para a aurora, to- te par~ a Quinta-feira Santa,
mou o de Laudes e lhe fica bem, ameaçando com penas eclesiásticas
visto que todo o seu carácter é os sacerdotes que não a realizas-
de festivo louvor a Deus. Com- sem. Em Roma generalizou-se no
põem-se as Laudes, no Breviário XII século. Os lavandos ora eram
romano, de quatro salmos e de um doze (número dos Apóstolos), ora
Cântico antes do quarto salmo, do treze, como hoje é lei. Este núme-
capítulo, do hino, de um versículo ro treze explica-se de forma se-
e de mais um Cântico, que é o guinte: Faziam-se antigamente dois
Benedictus de Zacarias. O versí- lava-pés, um em comemoração do
culo e a antífona do Benedictus que fez Madalena a N. Senhor, ou-
(em festas solenes todas as antí- tro do que fez N. Senhor aos
fonas) reportam-se à festa do dia. Apóstolos. Suprimindo-se poste-
A invocação Deus in adjutorium, riormente o primeiro, juntou-se ao
etc., com Gloria Patri, forma o segundo mais um lavando. Ainda
princípio, e a otação do dia ou da outra explicação dá Bento XIV,
festa a conclusão. Quando as Lau- referindo que um dia, estando o
des são recitadas separadamente Papa Gregório Magno a lavar os
das Matinas, reza-se antes secreta- pés a doze pobres, juntou-se um
mente o Pater noster e Ave Maria. anjo e depois se conservou o nú-
Lavabo (1. = Lavarei), primeira mero treze. A cerimônia chama-se,
palavra da parte do salmo 25, re- em latim, Mandatam, da palavra
citado ao lavar o sacerdote os inicial da antífona com que os
dedos, no Ofertório da Missa. cantores acompanham o acto:
Como termo próprio significa - Mandatam novum do vobis, etc.
1) o acto de o sacerdote lavar os Lavatório ou Lavabo, aparelho,
dedos, no Ofertório da Missa, re- com toalha, pendurado na parede
citando o dito salmo; pelo que se da sacristia, ou torneira com água
diz: O sacerdote está no Lavabo; encanada, para os ministros do
- 2) o lavatório na sacristia. (V. altar purificarem as mãos.
Lavatório). Leão. (V. Símbolos dos Evange-
Lavagem dos paramentos. (V. listas).
Paramentos, Lavagem dos). Leccionário, livro füúrgico com
Lavanda, - 1) bacia, para re- as Epístolas, Lições e Evangelhos,
ceber a água no batismo e ou- a ler na Missa. (V. Epistolário e
tras ocasiões; - 2) nome coleti- Evangeliário).
vo que significa a bacia com o Lectio brevis (1. =· lição breve),
jarro. pequena lição escriturai no fim da
Lava-pés (1. Mandatam), ceri- Prima e no princípio das Comple-
mônia litúrgica, praticada à tarde tas do Ofício. No primeiro caso
de Quinta-feira Santa, lavando o varia segundo o Ofício, no outro
sacerdote, assistido por dois mi- é sempre a mesma. (1 Petri !5,
nistros, o pé direito a treze ho- 8-9). E' a Lectio brevis um resto

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das lições escriturais que a re- Legenda (do 1. légere = ler),
gra de São Bento prescreve para relação da vida ou do martírio de
o Officium Capituli e o Officium um Santo, destinada primitivamen-
collationum. Distingue-se a Lectio te para ser lida em público nos
brevis do Capitulam por lhe prece- mosteiros e conventos, . adaptada
der uma bênção, a este não. (V. mais tarde às lições noturnais do
Prima e Completas). Breviário.
Legendãrio, livro litúrgico com o
Lector (!. = leitor), dérigo a resumo da vida ou dt> martírio
quem competia antigamente ler to- dos Santos, usado antigamente pa-
das as lições escriturais, hoje so- ra as lições históricas nas Mati-
mente as profecias e uma ou ou- nas.
tra lição.
Legile (!.). (V. Estante).
Lectorado, a segunda das Or-
dens menores, conferindo o direito Legislação litúrg~a. Compete so-
de ler as lições escriturais, ben- mente ao Papa (Dír. can. c. 1257)
zer o pão e frutas novas, direi- legislar sobre a Liturgia, direito
tos que no Rito romano passaram que exerce ou directamente ou pe-
a ser exercidos quase sempre pelo la Sagrada Congregação dos Ri-
sacerdote, diácono ou subdiácono. tos, e se estende a tudo o que diz
O rito da ordenação para leitor respeito à Liturgia. Até ao Concí-
consiste numa ligeira alocução ao lio de Trento tinham os Bispos em
ordenando, entrega de um lecio- sua diocese e as Ordens religiosas
nário, enquanto o Bispo profere ampla liberdade de legislar em as-
? ~órn~u.Ia que exprime o poder, suntos litúrgicos, surgindo, deste
mv1ta.tono e oração. E' conferida modo, grande diversidade de ritos,
esta Ordem pelos Bispos Car- que o referido Concílio em grande
deais, Abades, etc., ou po; quem parte suprimiu, para o bem da
tenha indulto. (V. Ordinante). unidade da Igreja em tudo.
Existe o Lectorado, que como as Leite e mel, como símbolo da
outras Ordens menores é de ins- abundância de dons espirituais re-
tituição eclesiástica, em todos os cebidos no batismo, dava-se a
Ritos, desde os primeiros séculos· beber, aos neófitos, nos primei-
nos Ritos orientais conservou a~ ros secui?S do cri~tianismo, quan-
suas atribuições, menos o canto do, depois do batismo assistiam
do Evangelho. pela primeira vez; à 'Liturgia ~
comungavam. Tertuliano no II
Lectório, - 1) V. Estante; - século, faz menção dess~ cerimô-
2) uma parede, arquitetônicamen- nia, e parece que em Roma se
te construída, com uma ou mais ~onser_vou at~ ao VI sécÚlo. Hoje
portas ou arcos, ~ncimada fre- e prati_cada_ somente em alguns Ri-
quentemente, por estátuas e 'gran- tos onentars. Mas o domingo de
de cruz, com tribuna, muitas ve- Pascoela . ainda lembra-a com .as
zes com altar e órgão, que separa palavras de São Pedro: "Como
a capela mor d,o corpo da igreja, crianças recém-nascidas apetecei
em uso, nos pa1ses do Norte, des- o puro leite espiritual." (1 Ped
de o XIII ao XVI século. Tem o 2; 2).
nome de lectório (1. iectorium, ai.
Lettner) porque do alto da tribu- Leoniano. (V. Sacramentário).
na cantava-se a Epístola e o Leque. (V. Flabelo).
Evangelho. Em !. chamava-se tam-
bém dossale, dorsale ou até do- Leste. (V. Orientação das igre-
x.ale, de dorsum = dorso, porque jas).
f!cava pelas costas dos que assis- Letra dominical, uma das sete
tiam no presbitério. primeiras letras do alfabeto, que

ª"'

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significam os domingos de todo o Domine, miserere nobis no fim
ano. Nos anos bissextos são (desde o X século ou antes) e in-
duas, uma desde o princípio do terrompidas por um Responso.
ano até 24 de Fevereiro, outra Também na Missa, mas raras ve-
desde este dia até ao fim do ano. zes, há lições do Antigo Testa-
Serve a letra dominical, em com- mento antes da Epístola (V. Epis-
binação com a epacta e o número tola) e em algumas outras fun-
aureo, para fixar o domingo de ções, por exemplo, na Sexta-feira
Páscoa. (V. Epacta e Número Santa.
áureo). Lições históricas no Ofício, li-
Letras dimissórias. (V. Dimissó- ções que resumidamente dão a vi-
rias). da do Santo ou Bem-aventurado,
celebrado no respectivo dia. Tem
Libera me. (V. Absolvição pelos seu lugar nas Matinas no segundo
defuntos). noturno, quando o Ofício tem
três noturnos; nos Ofícios de um
Lições no Ofício. Desde os pri- só noturno formam a terceira e,
meiros séculos faziam-se leituras, nos com um Santo ou Bem-aven-
alternadamente com a recitação turado comemorado, também a
de salmos, nas reuniões para o nona lição. - As lições históricas
culto divino. Entraram elas no baseiam-se, em seu conteúdo, nos
Ofício quando este se tornou a documentos de que dispunha a
oração oficial. Tratava-se de li- época em que a respectiva festa
ções da Sagr. Escritura do An- foi ·inserida no Breviário. Diver-
tigo e Novo Testamentos, às quais sos retoques, eliminando-se o que
São Bento deu um lugar fixo nas parecia menos histórico, foram fei-
Matinas do seu Breviário monás- tos por Quifiones, Belarmino, Ba-
tico. Na mesma ordem passaram rônio e ainda ultimamente. Pio X
para o Breviário romano; mas as estabeleceu, em 1913, uma Comis-
do terceiro noturno foram, talvez são pontifícia que, encarregada de
desde o VIII século, substituídas acabar a reforma do Breviário, fa-
pela homília sobre o Evangelho rá também as correções que ainda
do dia ou da festa, e as do se- restam a fazer-se.
gundo noturno pelas lições histó-
ricas. A princípio as lições eram Língua latina, é usada no Rito
contínuas. A disposição das lições romano, menos entre os Glagoli-
no Breviário romano é a seguinte: tas (lstria, Croácia, Dalmácia), e
Nas Matinas de três noturnos as nos Ritos ambrosiano e mozárabe.
lições do primeiro são escriturais (V. Língua litúrgica).
do Antigo ou Novo Testamentos;
do segundo são históricas ou, na Língua litúrgica. Em que llngua
falta destas, um abreviado sermão celebraram os Apóstolos a Santa
de algum dos SS. Padres; do ter- Missa? Não o sabemos. Certo, po-
ceiro são uma homília. Quando as rém, é que dos primeiros quatro
Matinas têm um só noturno e a séculos do cristianismo não · exis-
féria é menor, as lições são escri- tem documentos que atestem outra
turais; nas férias maiores e du- língua litúrgica senão as do título
rante o oitavário de Páscoa e Pen- da Cruz, a saber: a aramaica (si-
tecostes são uma homília; nas fes- ro-caldaica), a grega, a latina.
tas de rito simples, duas lições são Depois dessa época, isto é, no V
escriturais, uma histórica. Em ca- século, introduziu-se na Liturgia
da noturno as lições são três (pe- do Oriente a língua vernácula,
lo que se diz Ofício de nove, de inovação que encontrou forte apoio
três lições), cada uma com bênção no grande cisma. Os povos que
precedente e o pedido Tu autem, posteriormente voltaram à união

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com Roma conseguirftm lhes fosse latina por outra viva vinham qua-
permitido poderem continuar a se sempre do campo racionalista,
celebrar a Liturgia em sua pró- herético e separatista. O emprego
pria língua. Parece que a única da língua latina na Liturgia roma-
autorização directa neste sentido na é obrigatório no Ofício divino,
foi dada aos Santos Cirilo e Me- na Missa solene para todos os que
tódio, para empregarem a língua activamente tomam parte, na Mis-
glagolítica ou eslávica. Na Igreja sa rezada para o sacerdote, na
ocidental tornou-se dominante, administração dos Sacramentos,
pouco a pouco, desde o III século, na bênção com o Santíssimo ( des-
com exclusão do grego, a língua de o começo do Tantum ergo),
latina, não a clássica, mas a vul- nas bênçãos e ritos que se acham
gar ou - rústica. Muito contribuiu no Ritual.
para isto a vasta extensão do Im- Língua vernácula. Seu emprego
pério romano e o centro da Igre- é lícito para rezar publicamente e
ja que é Roma, onde os missioná- cantar sàmente nas devoções po-
rios recebiam o seu encargo e que, pulares e durante as Missas reza-
com a Liturgia romana, introdu- das. (V. língµa litúrgica).
ziam· também a língua latina nos
países conquistados à fé. Conser- Linho. (V. Paramentos, Matéria
varam-se, entretanto, na Liturgia dos).
romana algumas palavras gregas
(Kyrie eleison = Senhor, tende Lino, Papa e Mártir (t 76?),
piedade; e algumas invocações nos mencionado no cânon da Missa,
Impropérios da Sexta-feira da Pai- antes da Consagração, na oração
xão) e aramaicas (Hosannah = Communicantes. Sua festa é cele-
benvindo, Amen = assim seja, Al- brada a 23 de Setembro.
leluia, que é uma aclamação de Liturgia (gr. leiturgia= ofício
júbilo). Presentemente usam-se na público, ofício sacerdotal e o ob-
Liturgia católica treze línguas: jecto principal deste: o sacrifício.
latim, grego, sírio, caldaico, ará- Veja-se Hebr. 8, 2 e 3; Luc. 1, 23),
bico, etiópico, eslávico (glagolíti- o conjunto das formas externas do
co), rutênico, búlgaro, armênio, culto divino, oferecido pelo sacer-
cóptico, rumênio, malaialamltico dote em benefício do povo cris-
(desde 1930). - já no tempo de tão e em união com ele. Em sen-
Nosso Senhor, fosse embora a lín- tido amplo, portanto, a palavra Li-
gua siro-caldaica a vernácula, o turgia se refere a tudo o que per-
culto judaico era celebrado na an-- tence ao culto: Missa, Ofício, Sa-
tiga língua hebraica. Assim tam- cramentos, tempo, lugar, objectos
bém as mencionadas línguas são do culto, etc. Em sentido estrito
hoje línguas mortas, isto é, não e primário significa sàmente o
mais faladas. Fazem excepção o Santo Sacrifício da Missa, e nes-
arábico, rumênio e malaialamíti- te sentido os orientais empregam
co. Uma língua morta é excelen- a palavra exclusivamente. O ad-
temente própria para mostrar a su- jectivo litúrgico, porém, emprega-
blimidade do Santo Sacrifício, e, se em sentido amplo. Quase sinô-
principalmente, para conservar pu- nimo com Liturgia é a palavra
ra a fé, a qual, na Liturgia, acha Rito, quando, propriamente, se re-
a sua expressão externa. A língua fere apenas ao modo de como se
latina, por sua vez, merece a pre- celebram a Liturgia e os actos li-
ferência não só porque é perfeita, túrgicos. Há muitas Liturgias na
mas também porque por ela é Igreja Católica. Todas elas con-
fortemente sustentada a unidade cordam em certas partes, as quais
da Igreja na união com Roma. As é lícito afirmar . que são do pri-
tentativas para substituir a língua meiro século, isto é, de tradição

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apostólica, como, por exemplo: lei- A Liturgia em grego de São Mar-
tura da S. Escritura, canto de cos conservou-se entre os Melqui-
salmos, oferecimento de pão e tas até ao século XII.
vinho (misturado com gotas de
água), prefácio, orações do cânon Liturgia ambrosiana. Sua orga-
com as palavras da Consagração, nização é atribuída a Santo Am-
pedidos e sufrágios, Pater noster, brósio. Apresenta-se, segundo a
sinal da cruz, fração da Hóstia, opinião de abalizados Jiturgistas,
etc. Como Cristo celebrou o Cor- como uma forma romanizada da
deiro pascal com as cerimônias Liturgia galicana. Por isso anda
prescritas pela lei de Moisés, é de mais ou menos paralelamente com
supor tenham também os Apósto- a romana, da qual adoptou tam-
los, na celebração da Santa Mis- bém o cânon inteiro, pelo menos
sa, imitado o Rito dos judeus. Não desde o X século, com ligeiras
nos deixaram, porém, uma Litur- diferenças apenas. O Pater noster
gia completa, fixada por escrito. reza-se depois da fração da Hós-
Diversamente ela se desenvolveu, tia e dá-se a paz no fim da Missa
por isso, conforme o lugar, tempo dos ·catecúmenos. A Liturgia am-
e carácter dos povos. Hoje distin- brosiana está ai nda em uso par-
guimos duas grandes classes: as cialmente em Milão.
Liturgias do Oriente e do Oci- Liturgia bizantina ou grega, é
dente, que ambas se diferenciam celebrada com dois formulários, o
pelo conteúdo e pela estrutura. As de São Crisóstomo e o de São
Liturgias do Oriente caracterizam- Basílio, sendo, entretanto, apenas
se pela estabilidade, pelas orações provável ter somente o último o
extensas, pela pouca relação ao Santo por autor. A Liturgia cha-
ano eclesiástico e pela grande ri- mada de São Crisóstomo é a
queza de cerimônias simbólicas. ordinária, a de São Basílio é usa-
Nas do Ocidente sobressai a varie- da em poucos dias do ano, entre
dade, a brevidade e a celebração os quais o dia primeiro de Ja-
do ano eclesiástico. As principais neiro, que é o dia da morte do
Liturgias do Oriente, como típicas Santo, os domingos da Quaresma,
para as outras, são : a antioquena, etc. O rito da Liturgia de São
a mesopotamiana, a bizantina e Crisóstomo é muito resumida-
a alexandrina. As do Ocidente mente o seguinte: I parte: reverên-
são: a ambrosiana, a galicana, a cias às imagens de Jesus e Maria,
moçárabe e a romana. ao altar e ao livro dos Evange-
Liturgia alexandrina, usada an- lhos · vestição dos paramentos;
tigamente em Alexandria (Egipto) prep~ração, numa mesa (próte-
e mais tarde (séc. VII) atribuída sis), à esquerda do altar, da ma-
a São Marcos. Por isso é cha- téria do Sacrifício; incensação da
mada também Liturgia de São mesma, da mesa, do altar, do
Marcos. Esta Liturgia (em grego) presbitério, da nave da igreja e
foi suplantada, em meados do do sacerdote; oração em forma
século V, quando os cismáticos de Ladainha ( ectenia) pelo diá-
Monofísitas a substituíram pe- cono diante da iconóstase, com
las que se chamam de São Ciri- antífona por dois coros; procis-
lo, de São Gregório Nazianzeno são com o livro dos Evangelhos;
e de São Basílio (Liturgias cópti- trissagion; leitura dos Actos dos
cas) que, entretanto, todas têm Apóstolos ou das Epístolas e do
a de São Marcos por fundamento. Evangelho; grande procissão com
As duas primeiras constam somen- a matéria do Sacrifício ao altar;
te de uma anáfora. (V. Anáfora Ofertório; paz; símbolo. - li
1). Além disso adoptaram, em lu- parte: Prefácio; Consagração; di-
gar do grego, a língua cóptica. versas orações; memento; Pater

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noster; elevação; fração da Hós- partes principais da Missa se com-


tia com introdução de uma par- punham como segue: I parte: An-
te no cálice; Comunhão do sa- tífona; primeiro trissagion; Ky-
cerdote e diácono; acção de gra- rie; cântico Benedictus com ora-
ças; Comunhão dos fiéis; bên- ção: !'litura do Antigo e Novo Tes-
ção; procissão com cálice e pa- tamento; cântico Benedicite; se-
tena à prótesis; oração em forma gundo trissagion; Evangelho; ter-
de Ladainha, com antífona canta- ceiro trissagion; leitura de uma
da por dois coros; despedida. - homilia; oração em forma de La-
A Liturgia de São Basílio concor- dainha, pelo diácono, alternada-
da com a de São Crisóstomo na mente com o coro e finalizando
primeira parte, na segunda dife- com oração; despedida dos cate-
re dela em algumas orações que, cúmenos. - II parte: Procissão
porém, não afetam o rito. Pode com a matéria do Sacrifício ao al-
a Liturgia basiliana ser chamada a tar e cobrimento da mesma com
Liturgia monástica daquela época. véu; aleluia; ofertório; leitura dos
dípticos com oração; ósculo da
Liturgia clementina, encontra-se paz com oração; prefácio; San-
no livro VIII das Constituições ctus, com oração; cânon, com a .
Apostólicas (V. Const. Ap.) e é Consagração e nova oração; fra-
considerada pelos autores como ção da Hóstia, com antífona
formulário ideal de antiga Litur- pelo coro; Pater noster; intromis-
gia. Eis um resumo : I parte: Duas são de uma partícula da Hóstia
lições do antigo e, depois de um no cálice ; bênção dos fiéis; comu-
salmo, duas do novo Testamento; nhão, com hino pelo coro; oração
nomília; Kyrie eleison pelo diáco- final. - A Liturgia galicana está
no, alternadamente com o povo; hoje suprimida de todo, tendo-se,
oração pelos catecúmenos; bênção contudo, conservado alguns ele-
pelo Bispo e despedida dos mes- mentos dela no rito carmelitano
mos. - II parte: Saudação de paz dominicano e de mais alguma~
do Bispo; ósculo de paz a todos; Ordens religiosas, além das partes
purificação das mãos do Bispo; (orações, cerimônias) que se fun-
recebimento da matéria do Sacri- diram com o Rifo romano.
fício pelos diáconos, enquanto o
Bispo reza secretamente; prefácio Liturgia mesopotamiana ou da
extenso, cantando as grandes Síria oriental, é usada pelos uni-
obras de Deus; narrativa do Evan- dos caldeus e não unidos (cismá-
gelista, referindo a instituição da ticos) Nestorianos. Existem hoje
Eucaristia, com a Consagração; três formulários, o dos Santos
orações; memento; preparação e Addéos e Maris, apóstolos da Sí-
Comunhão do Bispo, do clero e ria oriental, o do Bispo Teodoro
do povo, enquanto se canta o sal- de Mopsuestia e o de Nestório.
mo 33; acção de graças; oração As duas últimas só têm anáfora.
com bênção do Bispo. Opinam os (V. Anáfora).
entendidos que a Liturgia clemen- Liturgia mozárabe ou espanhola,
tina é uma redação mais ampla da uma Liturgia dominante, outrora,
Liturgia antioquena e com ela con- em toda a Espanha, muito seme-
corda essencialmente a de São lhante à galicana, da qual, porém,
Tiago, em jerusalém . (Liturgias não consta se a sua origem é
antioquenas ou da Síria ocidental). ocidental ou oriental, sendo a úl-
Liturgia galicana, usada nas tima a mais provável. Há também
Gálias e outros territórios até autores que a identificam com a
Carlos Magno. Sua origem deve galicana. Ela foi revista e cha-
ser oriental pela muita semelhan- mada gótica, no fim do VI século,
ça com a Liturgia grega. As duas unificada pelo. Sínodo de Tole-

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do (633), tomando o nome de isi- proibido o fazer-se qualquer alte-
doriana, e, sob o domínio dos Ára- ração, como também o servir-se
bes, de moçárabe, nome este que · posteriormente de missais com me-
conservou. O Papa Gregório VII nos de 200 anos de uso. Em vir-
suprimiu-a quase toda, impondo tude desta última determinação as
a Liturgia romana. Desde que pelo igrejas de Lyon e Braga, os Car-
Sínodo de Burgos (1085) foi melitas, Cartuxos e Dominicanos
adaptado o Breviário romano, sà- conservaram um rito particular na
mente em seis igrejas de Toledo Liturgia romana. A divergência
continuava em uso. Hoje só existe desses ritos do romano é, porém,
na Capela moçárabe da Catedral diminuta. A disposição da Liturgia
de Toledo, em virtude de uma fun- romana é a seguinte: 1 parte: Pu-
dação do Cardeal franciscano Xi- rificação das mãos, preparação do
menes, e em Salamanca. cálice, vestição dos paramentos na
Liturgia romana, atribuída pelo sacristia; entrada ao altar; coloca-
Papa Inocêncio 1 (402-417) a ção do cálice no meio; abertura
São Pedro, é a que se desenvol- do Missal; orações ao pé do altar;
veu em Roma, com elementos ge- subida ao mesmo; Intróito; Kyrie;
nuinamente romanos e cerimô- Glória (se tem lugar); oração
nias e usos de fora. De Roma se (coleta); Epístola; Gradual; Evan-
espalhou por todo o Ocidente, gelho; Credo (se tem lugar);
em que se tornou a preâominante Ofertório; · purificação das mãos;
desde o tempo dos Carlovíngios. oração de oblação, com o convite
Os mais antigos documentos escri- aos fiéis de rezarem pela acei-
tos da Liturgia romana encon- tação do Sacrifício; oração (se-
tram-se nos Sacramentários dos creta). - li parte: Prefácio; San-
Papas Leão 1 (446-461), Gelásio ctus; cânon da Missa, com a Con-
(492-496) e Gregório 1 (590-604). sagração; Pater noster; embolis-
Pelo fim da idade média a Li- mo; fração da Hóstia, com intro-
turgia romana achava-se desfigu- missão de uma partícula no cáli-
rada em muitos missais devido a ce; Agnus Dei; oração pela paz
acréscimos e alterações que, no e duas orações de preparação para
intuito de piedade, haviam sido a Santa Comunhão; Comunhão;
feitos tanto nas dioceses fora de antífona ( communio); oração
Roma, como nas · Ordens religio- ( postcommunio); despedida e
sas. Nessa época a Ordem francis- bênção dos fiéis; último Evange-
cana preparou a uniformidade, in- lho. - Nas Missas solenes há ain-
troduzindo por toda parte o Mis- da diversas incensações e o ósculo
sal (e o Breviário) segundo o uso de paz.
da Cúria romana. Mas a desejada Litúrgica, disciplina teológica,
uniformidade só foi conseguida que metódica e cientificamente
quando o Concílio de Trento de- ensina quais os ritos litúrgicos a
terminou a reorganização do Mis- observar, seu desenvolvimento his-
sal. Neste foram conservadas ou tórico e sua significação.
restituídas as formas genuinamen- Litúrgico, - 1) é o dia em que
te tradicionais, mas adaptaram-se é permitida a celebração da Li-
também alguns ritos de outras Li- turgia por excelência, isto é, da
turgias. A Liturgia, assim refor- Santa Missa. No Rito latino todos
mada, chama-se neo-romana e o os dias são litúrgicos, com ex-
seu primeiro Missal foi publicado cepção, apenas, da Sexta-feira
na tipografia do Vaticano pelo Pa- Santa; - 2) é qualquer acto do
pa Pio V, seguindo-se o de Cle- culto, realizado em nome da Igre-
mente VIII e de Urbano VIII. Ao ja por pessoa legitimamente depu-
mesmo tempo foi rigorosamente tada, o canto, o objecto, paramen-

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to, etc.; a serviço do culto, que es- vem ser completamente separados
tá de acordo com as prescrições por um círculo de ouro ou de
litúrgicas. metal dourado, sobre o qual des-
Litúrgico, Movimento, é o em- cansa a S. Hóstia, pois os vidros
penho de facultar aos fiéis conhe- não devem tocar nela. A luneta
cimento mais perfeito da Liturgia, não necessita de bênção.
induzi-los a tomar parte mais acti- Lustração, aspersão ou lavagem
va na celebração da Liturgia, prin- com água bentà ou incensação
cipalmente da Liturgia por exce- com o turíbulo, com o fim de afas-
lência, que é a Santa Missa, e des- tar as infestações diabólicas e pre-
te modo encontrar na Liturgia um servar delas pessoas, objectos e
meio de aperfeiçoamento moral. lugares. As mais das vezes tem lu-
Liturgo, ministro (sujeito) .da gar nas bênçãos e sagrações. Nem
Liturgia. Cristo é por excelência o todo o emprego de água benta ou
Liturgo principal e o sacerdote o incenso tem carácter de lustração,
liturgo secundário. Também cada mas mais frequentemente aquela
um dos fiéis é liturgo em certo do que este. A cerimônia da lus-
sentido, em virtude de membro do tração é conhecida também entre
Corpo místico de Cristo. os pagãos. A Igreja adoptou-a do
Livros litúrgicos, prescritos pela Antigo
prio
Testamento em que o pró-
Deus a prescreveu por inter-
suprema autoridade em assuntos médio de Moisés. (V. Agua benta).
litúrgicos, que contêm o rito a
observar, as orações e cantós nas Lustre, pendente, com velas ou
funções litúrgicas. No Rito latino focos elétricos, para iluminação da
são os principais: Missal, Breviá- igreja.
rio, Cerimonial dos Bispos, Pon- Luvas pontificais (1. Chirotecae),
tifical romano, Ritual romano, como ornato litúrgico usadas na
Martirológio, Memorial dos ritos Missa pontifical, desde o princípio
de Bento XIII, Kirial, Gradual, até ao Ofertório, pelos Cardeais,
Antifonário. Bispos, Abades, etc. Aparece o
Lourenço, diácono e mártir (t uso litúrgico das luvas no X sé-
258, em Roma), mencionado no culo. São elas feitas de seda (an-
cânon da Missa, antes da Consa- tigamente de linho), têm no dorso
gração, na oração Communicantes. um ornamento e, em volta da en-
Sua festa é celebrada a 10 de trada, largos canhões. (V. Ca-
Agosto. nhão). Desde o XIV século cor-
Lúcia, virgem e mártir (t 304, respondem em sua cor aos para-
em Siracusa), mencionada no câ- mentos da Missa. Não são usadas
non da Missa, depois da Consa- nas Missas . de Requiem nem na ·
gração, na oração No bis quoque Sexta-feira Santa. - Como sím-
peccatoribus. Sua festa é celebra- bolo e com alusão ao que fez Ja-
da a 13 de Dezembro. cob, as luvas lembram, na pessoa
do Bispo, a Jesus Cristo, que na
Lumen Christi 1. (V. luz nova). sua Paixão se apresentou ao Pai
Lucemarium, 1. (V. Vésperas). revestido dos pecados do mundo.
Luneta, (1. lúnula), pequeno Luz litúrgica, isto é, luz para
objecto, para colocar a Hóstia fins simbó.licos, não apenas para
grande na Custódia (ostensório), iluminação ou ornato festivo, foi
ou em forma de meia lua com indubitàvelmente empregada des-
abertura em que entra a S. Hóstia; de a era primitiva do cristianis-
ou de lua ou circunferência, com mo. A primeira testemunha de seu
ou sem dois cristais bem trans- emprego é São Jerônimo, no IV
parentes. Estes, se os houver, de- século, referindo a praxe, em to-

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das as igrejas do Oriente, de se Jesus na Eucaristia, a fé e a gló-
acenderem luzes ao canto do ria da jerusalém celeste. (V. Can-
Evangelho. Colocar as velas sobre deia, Iluminação e Lt1mpada do
o altar, durante a Missa, data do Santíssimo).
XI século, sendo apenas uma mo-
dificação do uso, observado nas Luz nova, é solenemente intro-
Gálias já nos séculos VII ou VIII, duzida na igreja no Sábado San-
de sete clérigos acompanharem o to, com cerimônias observadas em
Bispo ao altar, levando luzes, co- Roma desde o XIV século. Feita
locando, em seguida, os castiçais a bênção do novo fogo (V. Bên-
diante do altar. Parece que as- ção do fogo novo) no adro da
sim se explica também a rubrica igreja, o acólito acende com ele
que manda acender sete velas na uma vela, enquanto o diácono (ou
Missa pontifical. Velas são hoje celebrante nas pequenas igrejas)
prescritas para a Missa (duas na toma a serpentina. Entrando na
rezada, seis na cantada), exposi- igreja, pára a procissão do clero,
ção e bênção do Santíssimo (pelo o diácono acende uma das , três
menos seis), Comunhão, Ofício, velas com a luz e todos se ajoe-
nas bênçãos que se realizam no lham, menos o diácono, que canta
altar (cinzas, ramos, candeias), Lumen Christi. Os outros, levan-
em redor do catafalco, para o tando-se, cantam Deo grafias. A
Exultet, bênção da água batismal, cerimônia assim se repete mais
no batismo, etc. A cera das can- duas vezes, elevando o diácono
deias é geralmente branca; ama- cada vez a voz, até a procissão
rela devia ser na Missa e no Ofí- chegar ao pé do altar. Com a ser-
cio dos defuntos, no Ofício de tre- pentina se acendem em seguida o
vas, na Missa dos Pressantificados círio pascal, a lâmpada do Santís-
na Sexta-feira Santa. O uso obri- simo e, se houver, outras lâmpa-
gatório de azeite se restringe ho- das. - Significa a luz nova a
je à lâmpada do Santíssimo, quan- Cristo ressuscitado como também
do antigamente era mais frequen- a iluminação espiritual por Cristo.
te. A luz simboliza a presença de V. Serpentina.

Madrinha. (V. Padrinho). da Missa; mas é porque as Vés-


peras (muito abreviadas) são in-
Magnificat (!. = Engrandece), tercaladas no fim da Missa. Fre-
cântico em forma de salmo, entoa- quente é também o uso extralitúr-
do por Nossa Senhora na sua vi- gico do Magnificat.
sita a Santa Isabel. (Lc 1, 46-55).
E' um hino enfático de louvor e Maio. (V. /unho).
agradecimento pelas magnificên- Mandatuín. (V. Lava-pés).
cias concedidas à Mãe de Deus e Mandorla. (V. Resplendor).
testemunhadas ao povo de Israel. Manga da Cruz, manto ~e seda,
Todos os dias do ano forma o não liturgicamente presento, em
Magnifica( a culminância no "Sa- forma de funil invertido, penden-
crifício vesperti110" do clero, isto te do pé da cruz e envolvêndo a
é, nas Vésperas do Ofício divino, parte superior da haste, nas cru-
em que foi introduzido, a exemplo zes processionais das Irmandades.
do que fez São Bento para o Ofí- Sua cor corresponde ao carácter
cio monástico, por Gregório da procissão. Representa a man-
Magno. Só uma vez, no Sábado ga a túnica inconsútil de Nosso
de Aleluia, o Magnificat faz parte Senhor.

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Manípulo (do l. manus = mão, pranto espiritual (oração ao para-
implere = encher, punhado), para- mentar-se) e em geral dos traba-
lhos e fadigas desta vida (sudá-
mento litúrgico, comum ao clero
de Ordens sacras, mas distintivo rio). Até à idade média Bispos e
próprio do subdiácono. Consiste sacerdotes colocavam-no sobre o
numa tira de seda da cor do pa- braço depois do lndulgentiam, em
ramento de 6 a 8 cm. de largura seguida ao Confiteor, como para
e de 80 a 90 cm. de comprimen- testemunhar, diante de todo o po-
to, colocada sobre o antebraço es- vo, a vontade de expiar os peca-
querdo, de modo que as duas pon- dos, de que acabavam de fazer a
tas pendem em partes iguais, fim confissão, com boas obras, lágri-
para o qual há por dentro um ca- mas e fadigas. Esta cerimônia é
darço ou costura que une as duas hoje reservada aos Bispos (os ou-
partes pendentes e permite enfiar tros tomam o manípulo na sacris-
o braço. No meio há uma cruzinha tia), para significar que, como em
e geralmente também, sem ser isso tudo, também na penitência devem
de preceito, nas duas pontas, que dar o exemplo. Mas a cerimônia
são franjadas e, às vezes, despro- é outrossim uma distinção. Por
porcionalmente alargadas. E' usa- isso, o Bispo coloca o manípulo,
do o manípulo na Missa e em al- como os outros, antes da Missa de
gumas funções que se realizam em Regulem, em sinal da humildade e
conexão com a Missa, mas nunca· tristeza.
junto com a capa de Asperges. A Mansionãrio (do 1. manere = fi-
origem do manípulo não é eviden- car, residir), o mesmo que benefi-
te. Mas como seu uso se introdu- ciado. Antigamente chamava-se as-
ziu em Roma, onde, no século VI, sim também o guarda (sacristão)
era privilégio de seu clero, .é pro- de uma igreja, por residir em suas
vável a opinião dos que o consi- dependências.
deram uma transformação do su-
dário ou lenço fino, que a aristo- Mantelete ou manteleta (1. man-
cracia romana trazia na mão, mais tellum), manto que desce até aos
por etiqueta do que por necessi- joelhos, aberto na frente, sem
dade. E' corroborada essa opinião mangas, com abertura apenas pa-
pelo nome mappula = pequena ra enfiar os braços. Trazê-lo é
toalha, que até ao ·século X ex- privilégio dos Cardeais, Bispos,
clusivamente se usava, como tam- Protonotários apostólicos e outros.
bém pelo facto de o manípulo ter A fazenda do mantelete como tam-
sido antigamente de linho ou al- bém a cor variam conforme a
godão e levado, dobrado ao lon- dignidade do Prelado e a ocasião
go, na mão ou sobre o braço. No em que for usado.
século IX o manípulo achava-se
em uso por toda parte onde se Mantellone (it.), manto que des-
observava o rito romano e parece ce até aos tcirnozelos, aberto na
que, fora de Roma, se começou a frente e sem mangas, com duas
transformar o pano dobrado em a tiras largas e soltas, que caem
tira de hoje, sendo ornada ricamen- por detrás. Trazê-lo compete aos
te com bordados. Desde então pre- Prelados inferiores da Cúria ro-
valeceu, aos poucos, o nome de mana.
manípulo, com exclusão de qual- Manustérgio (do l. manus
quer outro. Outros nomes antigos mão, térgere = enxugar), qualquer
são: sudarium = sudário, fano = toalha, grande ou pequena, usada
= pano, sestace = toalha. - O na purificação das mãos, antes,
manípulo é o símbolo das boas dentro e depois da Missa ou em
obras (oração ao ser entregue ao outras funções litúrgicas. Na orde-
subdiácono na ordenação), do nação de subdiácono é entregue

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ao ordenando uma pequena bacia das palmas das mãos, diante do
com jarro (pratinho com as ga- peito, unindo .os dedos, e a co-
lhetas) e manustérgio, o que lem- locação do polegar da direita so-
bra o antigo ofício do subdiácono bre o da esquerda, em forma de
de servir ao celebrante na puri- cruz.
ficação das mãos. - E' inconve-
niente prender o manustérgio à Mãos, Imposição das. (V. Impo-
toalha do altar. sição da~ mãos).
Mãos, Elevar, Estender, juntar Mãos, Purificação das. (V. Pu-
as, é, como todos os gestos da Li- rificação das mãos).
turgia, uma cerimônia simbólica, Mãos, Unção das. (V. Uncão
exprimindo reverência, submissão, das mãos). ·
confiança, alegria, a elevação, en- Maquineta, trono portátil, com
fim, do coração a Deus. Elevar dossel e fundo de seda branca, co-
as mãos é dar às palmas uma locado sobre a mesa do altar,
posição quase vertical; pô-las de diante do sacrário, para a exposi-
modo que os dedos dobrados se ção e bênção do Santíssimo, quan-
cruzem usa-se sàmente na oração do a Custódia não vai para o
privada, não na Liturgia. A ele- trono da exposição.
vação das mãos é praticada ou
estendendo-as, ou juntando-as. O Marcelino, sacerdote romano e
primeiro consiste em afastar as mártir (IV 111éculo), mencionado
palmas, elevadas até à altura dos no cânon da Missa, depois da con-
ombros, mais ou menos, um pou- sagração, na oração Nobis quo-
co além da largura dos ombros. que peccatoribus. Sua festa é ce-
Lembra essa forma o antigo costu- lebrada a 2 de Junho.
me de o clero e povo estenderem, Mar~o. (V. /unho).
durante a oração, os braços em
linha quase horizontal, imitando a Margarites (gr. margarida = pé-
Cristo na cruz, o que Tertulia- rola preciosa), no Rito grego, o
no e outros atestam dos primei- nome das partículas consagradas.
ros séculos. Entre os fiéis pouco Martirológio (do gr. martyr =
a pouco se perdeu esse costume, mártir, e eulogia = louvor), com-
conservando-se, na forma de hoje, pilação, para cada dia do ano,
sàmente no sacerdote, quando na dos nomes dos Santos venerados
Missa reza ou canta Dominus vo- em toda a Igreja, com ligeiras
biscum, Oremus, Orate fratres, du- indicações sobre o lugar e as cir-
rante as orações, o Prefácio e a cunstâncias da morte e a venera-
maior parte do cânon, e, no Bis- ção do Santo. O dia em que o
po, em algumas funções pontifi- Santo é registado ou é de sua
cais. No início do Glória, Credo, morte ( dies natalis), ou de seu
do cânon e da última bênção o enterro ( dies depositionis) , ou da
celebrante estende as mãos, le- trasladação de seu corpo ( dies
vanta-as, formando um círculo, e translationis). Mencionava esse
junta-as diante do peito. Sàmen- catálogo, a princípio, apenas os
te os Dominicanos estendem, de- santos mártires, e daí o seu no-
pois da Consagração, os braços me. O primeiro livro desse gêne-
horizontalmente, conforme o uso ro, como hoje está em uso, é cha-
largamente espalhado na idade mado · Martirológio de S. Jerônimo,
média. Tão pouco conservou-se, que tem sua origem, parcialmente,
com excepção do Oriente, o cru- no V ou VI século. Posteriormen-
zar ( cancellatio) as mãos sobre o te, principalmente no IX século,
peito. A junção das mãos, prescrita foram elaborados diversos marti-
para a maior parte das funções rológios baseados nas tradições e
litúrgicas, consiste na juxtaposição documentos do Oriente e Ociden-

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te. O de Usuardo de Paris (t sembléias noturnas deram o nome


876), que era uma compilação . de de vigílias foi à imitação da pra-
todos os outros, serviu de modelo xe dos romanos, que desde meia
para o Martirológio romano, publi- noite distinguiam quatro vigílias
cado em 1584, revisto e aumenta- na rendição das sentinelas. Não
do nos séculos posteriores fre- são os cristãos e principalmente
·quentemente, principalmente por os ministros do altar soldados de
Bento XIV, em 1748. Lê-se o mar- Cristo? As Matinas do Ofício di-
tirológio do respectivo dia todas vino representam as três primei-
as manhãs, na Prima do Ofício di- ras vigílias, as Laudes a última.
vino, uso que, parcialmente, era (V. laudes - 2). Por este moti-
praticado já em meados do VIII vo têm as Matinas, geralmente,
século. Não é, porém, essa leitura descontando a introdução, três
de obrigação senão no coro. p·a rtes distintas, chamadas notur-
nos. (V. Noturno). A introdução
Matéria dos paramentos. (V. compõe-se das seguintes orações:
Paramentos, Matéria dos). Pater noster, Ave Maria, Credo
Matéria dos Sacramentos. (V. (tudo secretamente), versículos
Forma e matéria dos Sacramen- Domine labia mea aperies e Deus
tos). in adjutorium, etc., ambos corri
Mateus, apóstolo, evangelista e resposta do coro, invitatório (V.
mártir. E' mencionado no cânon Invitatório), hino. A estrutura de
da Missa, antes da Consagração, 'cada noturno é no Breviário ro-
na oração Communicantes. Sua mano esta:
festa é celebrada a 21 de Setem- Antífona. (V. Antífona).
bro. 1. Salmo e repetição da Antí-
fona. Antífona.
Matias, apóstolo eleito pela sor- 2. Salmo e repet. da Antíf. An-
te, depois da Ascensão de N. Se- tífona.
nhor, e mártir. E' o único apósto- 3. Salmo e repet. da Antíf. Ver-
lo mencionado no cânon da Mis- sículo. -
sa, depois da Consagração, na Pater noster (secretamente).
oração Nobis quoque peccatoribus. Absolvição (V. Absolvição na
Sua festa é celebrada a 24 ou 25 Missa e no Ofício).
de Fevereiro. Bênção.
Matinas (1. Officium matutinum, 1. Lição com Responso. (V. Li-
ou simplesmente matutinum ou ções no Ofício e Responso).
hora matutina), a primeira, mais Bênção.
antiga e . mais importante hora 2. Lição com Responso.
do Ofício eclesiástico, o sacrifício Bênção.
de oração que a Igreja oferece, 3. Lição com Responso.
pelos seus ministros, a Deus nas O último Responso do terceiro
primeiras horas da manhã de ca- noturno é substituído pelo Te
da dia. O plural, usado em por- Deum nas festas, nos domingos
tuguês, corresponde ao plural la- (com excepção dos desde a Sep-
tim vigiliae (vigílias), nome que tuagésima até à Páscoa e do Ad-
até ao XI século era mais comum, vento) e em todo o tempo da
em lugar de matutinum. Ao mes- Páscoa. Recitando-se as Matinas
mo tempo a palavra vigiliae reve- separadamente das Laudes, é pre-
la melhor o carácter das Matinas. ciso concluí-las com a oração do
Lembram elas o costume dos pri- dia. Um só noturno têm as Mati-
meiros séculos de se prepararem nas durante o Oitavário da Páscoa
os cristãos, com o clero, para as e Pentecostes, com três salmos e
festas, passando a noite em ora- três lições; nas festas de rito sim-
ção. (V. ViKília). Se a estas as- ples e no Ofício da feira, o único

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noturno tem nove salmos e três do ao sacerdote apenas sindicar
lições. O tempo da recitação das sobre a existência ou não de im-
Matinas é a madrugada. A Regra pedimentos, benzer o anel e dar
de S. Bento prescreve, para seu a bênção nupcial. O Decreto Tam-
início, a hora oitava, isto é, pelas etsi, do Concílio Tridentino, ti-
duas horas da madrugada, ao pas- rou a esses matrimônios a valida-
so que em algumas Ordens reli- de, prescrevendo, além das teste-
giosas são recitadas à meia noi- munhas, a assistência do páro-
te. Na recitação privada, as Ma- co ou de seu delegado para re-
tinas podem ser antecipadas (V. ceber o mútuo consenso. Não de-
Antecipação) ou rezadas de ma- ve isto estranhar, porque sendo
nhã e convém que seja antes da embora o matrimônio sacramento,
Missa. não deixa de ter a natureza de um
Matraca, ou Agiosimandro (1. contrato. Ora, pertence à compe-
Crotalum), instrumento de pau, tente autoridade legislar sobre as
constando de uma taboinha rectan- condições em que um contrato é
gular com ferros movediços em válido. Más o matrimônio não é
ambos os lados, o qual, agitado, um contrato qualquer, é um con-
produz grande bulha. Existem trato sacramental; por conseguin-
também outras formas. E' usada !e per!ence exclusivamente à lgre-
a matraca nos últimos três dias Jª legislar a seu respeito. O De-
da Semana Santa, desde o Gló- creto do Concílio, porém, não en-
ria de quinta-feira até ao Sába- trou em vigor por toda parte (no
do Santo, para chamar os fiéis Brasil esteve sempre), até que o
e dar os sinais nas funções, vis- novo Direito Canônico (1918)
to não se tocarem neste espaço prescreveu a forma tridentina uni- ·
de tempo os sinos. O emprego da versalmente para matrimônios pu-
matraca é testemunhado já no sé- ramente católicos e mistos. (Dir.
culo IX por Amalário. (V. Agio- can. c. 1099). ,
simandro). Matrimônio de consciência, ma-
Matrimônio, sacramento instituí- trimônio, celebrado em segredo,
do por N. Senhor jesus Cristo por motivos gravíssimos e urgen-
que, indissoluvelmente, até à mor- tíssimos, com especial licença do
te de uma das partes, une homem Ordinário e assistência do páro-
e mulher, batizados e não impe- co ou seu delegado e testemu-
didos por impedimento dirimente nhas, que todos são obrigados a
(V. Impedimentos), em comunhão guardar segredo. (Dir. can. cc.
de vida e lhes comunica as gra- 1104 a 1107).
ças necessárias .para o cumpri- Matrimônio de disparidade de
mento dos deveres decorrentes des- culto, matrimônio, celebrado, com
sa comunhão. O chamado casa- dispensa da Santa Sé, entre cató-
mento ou contrato civil não é o lico e não batizado.
sacramento do matrimônio, por
isto não pode autorizar a comu- Matrimônio in facie Ecclesire,
nhão de vida aos cristãos adstrin- significa hoje o matrimônio cele-
. gidos à lei de Cristo. brado perante o pároco ou seu de-
legado e duas testemunhas. ln fa-
Matrimônio clandestino, matri- cie ecclesiae (à face da igreja)
mônio, celebrado sem assistência lembra a celebração pública do
do pároco ou de seu delegado. Até acto diante da porta da igreja,
a idade média celebrava-se o ma- como frequentemente se fazia na
trimônio no seio da família ou idade média.
diante da porta da igreja, sendo
o pai ou tutor legal quem dava Matrimônio misto, matrimônio,
·ª noiva em casamento e competin- celebrado, com dispensa da Santa

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Sé, entre católico e cristão não "Eu. . . recebo a vós. . . por mi-
católico (herege ou cismático). nha legítima mulher (marido), as-
Matrimônio, Rito do, conjunto sim como manda a Santa Madre
dos actos litúrgicos, observados Igreja Católica, Romana." Sem os
na celebração do matrimônio, que , noivos desunirem as mãos, o pá-
acompanham o acto essencial, que roco diz: Ego conjungo vos in
é a manifestação do mútuo con- matrimonium, in nomine Patris, f
senso. Este deve ser dado por et Filii, etc., e asperge as mãos
palavras de presente, ou outro si- com água benta. Em seguida ben-
nal externo, perante duas teste- ze o anel e 'faz o noivo colocá-
munhas e o pároco ou seu dele- lo no dedo anular da noiva. (V.
gado, cuja presença deve ser es- Anel nupcial), enquanto profere
pontânea, não coagida. Quando, as palavras: ln nomine Patris f
antes do Concílio Tridentino, os · et Filii, etc. Seguem, estando ' os
matrimônios clandestinos eram vá- noivos ajoelhados, alguns versícu-
lidos, acontecia, contudo, frequen- los e uma oração pelos mesmos.
temente, a noiva escolher o sacer- E' o desejo da Igreja que os espo-
dote para presidir, em lugar do sos recebam a bênção solene na
pai ou tutor. Sabe-se disto desde Missa. (V. Anel nupcial Bênção
o XII século. Tendo-se tornado nupcial, Véu nupcial). '
quase geral este costume, o Con- Matriz. (V. Igreja-matriz).
cílio de Trento ordenou a presen-
ça do pároco ou seu delegado, Matronéu. (V. Senatório).
sob pena de nulidade do acto. As Mausoléu (do gr. mausóleion
cerimônias no rito do matrimônio sepulcro suntuoso do rei Mauso-
em alguns países são muito mais lo), denominação do cemitério,
ricas do que as do Rito romano, que ocorre no rito da reconcilia-
e quer a Igreja que os costumes ção do mesmo.
louváveis, neste ponto, sejam re- Medalha ou Verônica, pequena
tidos. (Cone. de Trento, sess. 24, peça metálica, redonda ou de ou-
e. 1). O rito, observado no Bra- tra forma, com a efígie de Nosso
sil, na celebração do matrimônio, Senhor, de Nossa Senhora, de um
só difere um pouco do romano, Santo ou com outro assunto de
em virtude de uso antiquíssimo, devoção, benta com ou sem in-
vindo de Portugal, e é o seguinte, dulgência parcial, que os fiéis tra-
segundo está contido na Carta zem consigo por sua devoção e
Pastoral Coletiva, de 1910: O pá- também como distintivo de al-
roco interroga aos noivos primei- guma associação a que perten-
ro o nome. Em seguida faz uma cem. A indulgência parcial lucra-
denunciação, inquirindo dos pre- se com o devoto uso. O nome de
sentes sobre se existe um impedi- verônica é hoje idêntico com me-
mento e manda que não se impeça dalha, quando propriamente signi-
o matrimônio injustamente. Dirige fica somente uma medalha com a
então aos noivos uma alocução ou imagem do rosto de Nosso Se-
lê-a do Ritual. Feita esta, per.gun- nhor. (V. Verônica 3).
ta a cada um dos noivos sqbre
se é por livre vontade que deseja . Medicéia, edição do Gradual ro-
casar-se com a outra parte -e de- mano, feita em 1614, na tipogra-
pois, tendo recebido resposta afir- fia medicéia, em que as melodias
mativa, manda os noivos unirem tradicionais de canto-chão foram
a mão direita sobre a estola sa- sensivelmente abreviadas. Esse
cerdotal, benze-as com as pala- trabalho foi iniciado,. por ordem
vras ln nomine Patris f et Fi- de Gregório XIII, por Palestrina e
lii et Spiritus Sancti e faz ao noivo Zoilo, acabado pelo Cardeal Dei
e depois à noiva dizer a fórmula: Monte e pelos músicos Suriano e

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Anério. A edição tomou o carácter do separadamente pela "Editora
oficial em 1868, quando todos os Vozes Ltda.", Petrópolis.
livros corais foram editados de Mercês. Nossa Senhora das, fes-
acordo com a Medicéia. Depois ta de N. Senhora, a 24 de Setem-
de acabar o privilégio concedido bro, em comemoração da funda-
ao editor, Pio X reintegrou o ção da Ordem dos Mercedários,
canto-chão antigo, com suas me- em 1223, por Pedro Nolasco e
lodias ricas em melismas. Raimundo de Peiíafort, depois de
Meias pontificais (1. caligae), uma aparição da Santíssima Vir-
meias usadas pelo Bispo e outros gem, com o fim de libertar os cris-
dignatários na Missa pontifical. tãos cativos do poder dos Turcos.
Seu uso é documentado desde o V Mesa do Altar. (V. Altar).
século. Eram feitas antigamente .de
peças de linho e posteriormente Mesa eucaristica ou de Comu-
também de malhas; ·sua cor era nhão; balaustrada, grade (freiras
branca. Desde fins da idade média, reclusas), na qual é distribuída a
são feitas geralmente de peças de S. Comunhão aos fiéis.
seda de cor, correspondendo esta Mestre de cerimônia. (V. Ceri-
posteriormente (século XV) à cor moniário).
dos paramentos. Não são usadas Mestre do coro (1. Magister cho-
nas Missas pontificais de Requiem, ri), clérigo, principalmente nos
nem na Sexta-feira Santa. conventos maiores de religiosos, a
Melisma, grupo de notas (neu- quem compete dirigir o coro com
mas) no canto-chão, unidas entre respeito ao canto e salmodia.
si em melodia. Metropolita, Arcebispo que pre.:.
Memento (1. = lembrai-vos), side a uma Província eclesiástica.
início de duas orações no cânon (Dir. can. c. 272). (V. Arcebispo).
da Missa, nas quais o celebrante Miguel Arcanjo. (V. Festas dos
pede a aplicação dos frutos da Anjos).
Missa: - 1) antes da Consagra-
ção aos vivos, que especialmente Ministro do livro, da bugia, do
recomenda, e a todos os pre- báculo, da mitra, do gremial, clé-
sentes que com fé e devoção as- rigos ajudantes nas funções pon-
sistem (Memento dos vivos); - tificais, o último somente na Mis-
2) depois da Consagração, aos de- sa. Na falta de clero suficiente
funtos que em particular come- fazem as suas vezes simples semi-
mora e a todos os que em Cristo naristas ou coroinhas.
dormem (Memento dos defuntos). Ministros sacros, Diácono e Sub-
(V. Díptico). diácono nas funções litúrgicas.
Memoriale rituum (1. = Memo- Minorista, clérigo de Ordens me-
rai de ritos), livro litúrgico que nores.
contém, em forma abreviada, para
igrejas pequenas, o rito a obser- Misereatur tui, - lndulgentiam,
var, sem o concurso de minis- absolutionem (!.), palavras iniciais
tros, na bênção das velas (2 de de duas fórmulas de oração que
Fev.), das cinzas (Quarta-feira de sempre acompanham a acusação
Cinzas), dos ramos (Dom. de Ra- especificada (confissão) ou geral
mos) e nas funções dos últimos (Confiteor) dos pecados nos
três dias da Semana Santa. Foi actos litúrgicos. Eis a tradução:
editado por Bento XIII, em 1725, "Tenha misericórdia de ti (nós,
para Roma, e autorizado por Pio vós) o onipotente Deus e, per-
VII, em 1821, para a Igreja uni- doados os teus (nossos, vossos)
versal. Acha-se no apêndice da pecados, te (nos, vos) conduza
Carta Pastoral coletiva e foi edita- à vida eterna. Amém." - "A in-

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dulgência, a absolvição e a re- de modo incruento, assim como o
missão dos teus (nossos, vossos) fez, de modo cruento, no Calvá-
pecados te (nos, vos) conceda o rio, com o fim de perpetuar o
onipotente e misericordioso Se- Sacrifício de sua morte e de apli-
nhor. Amém." car aos homens, permanentemen-
Miserere mei Deus (1. = Tende te, os frutos do mesmo. A San-
piedade de mim, ó Deus), o sal- ta Missa é essencialmente o mesmo
mo 50, um dos sete penitenciais, Sacrifício da Cruz, porque idên-
que é a expressão de profundo ar- tico é o sacerdote sacrificante: je-
rependimento e de fervorosa súpli- sus, sendo o sacerdote humano o
ca de perdão e misericórdia. Ne- ministro, o instrumento que age
nhum salmo é, como este, tão fre- em nome, por ordem e em virtude
quentemente usado em actos litúr- de Cristo. Idêntica é também a
gicos. Além de muitos ritos conti- vítima oferl!cida: jesus, seu cor-
dos no Pontifical e Ritual, de que po e sangue. A diferença entre o
faz parte, destaca-se o seu empre- Sacrifício da Missa e o da Cruz
go no Ofício divino. Ocorre nele é acidental, estendendo-~e apenas
todas as quartas-feiras no terceiro ao modo, cruento neste, incruento
noturno das Matinas e é o primei- naquele. A palavra latina Missa
ro salmo das Laudes no Ofício de si~ni!ica. o ~esmo que missio, di-
t?da~ as Vigílias ( excepto as pri- m1ss10, isto e, despedida. Fazia-se
vilegiadas), dos domingos desde a despedida oficial dos catecúme-
Septuagésima até ao domingo de nos, desde os primeiros séculos
Ramos, das férias do Advento e d~pois da primeira parte da sant~
destle a segunda-feira depois de Smaxe (~issa, isto é, despedida
Septuagésima até ao Sábado San- dos . catecumenos) e depois de
to inclusivamente. Não é arbitrária seu. acabamento tinha lugar a des-
a recitação do salmo nas Laudes pedida dos fiéis (Missa isto é
mas obedece à tradição desde o~ despedida dos fiéis). Som'ente de~
primeiros séculos. São Basílio em de. o VI s~cu!o! passou a palavra
meados do. IV século, diz q~e o M~s~~ a sigmficar o próprio Sa-
povo, depois de ter passado a noi- cnf1c10. Continuava.!11, contudo, em
te com o canto de salmos, alter- uso, se bem que nao todas e uni-
nadamente cantados, e orações ao v~rsalme_nte, as antigas denomina-
romper do dia (no começo 'das çoes: S!nax~, Fractio panis, Col-
Laudes), entoava, todo junto o lecta, L.1turg1a, pominicum, Agen-
salmo Miserere mei, Deus, fa~en­ da, Act10, O~lat10, Sacrificium, até
do suas, cada um, as palavras de q~e, n? l)\ seculo, a palavra Missa
arrependimento. Também as Lau- foi retida unicamente. (V. Jte Mis-
des, segundo a Regra de S. Bento sa est). '
tê~ todos os dias o salmo 50. E~ Missa bi, trifaciata (1. = Missa
recitado ainda o Miserere depois de duas, três faces), um abuso
de todas as horas do Ofício do que, desde o XII século durou al-
Tríduo Sacro. guns séculos na Franç; principal-
Misericórdia. (V. Assentos do mente, e que consistia em se dizer
coro). numa só Missa, as partes variávei~
Missa (Sacrifício da Missa, Sa- de dois ou três formulários diver-
crifício eucarístico, Sacrifício do sos, por exemplo, dois ou três In-
altar), o Sacrifício do Novo Tes- tróitos em seguida, um de um con-
tamento, no qual jesus, real e fessor, outro de uma virgem e o
verdadeiramente presente sob as terceiro de um mártir. - Tem a
espécies de pão e vinho, se ofe- sua origem no desejo de pelo
rece, pelas mãos do sacerdote co- menos, com a recitação das partes
mo seu ministro, ao Pai celeste, variáveis do formulário de sua
Dic. Litl1rgico - 10

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Missa com a face para o povo
Missa, celebrar outra festa que ra o povo ao funcionar diante do
caísse no mesmo dia. A idéia é altar. Este era simples, sem retá-
ainda hoje realizada com a Missa bulo, sem banqueta, sem castiçais
"biforme", com as "comemora- e sem cruz, de modo que o cele-
ções" na Missa e, em certas festas, brante podia ser acompanhado pe-
com o último Evangelho. lo povo em todas as cerimônias.
No saudar os fiéis com Pax vo-
Missa biforme é a Missa em que bis ou com Dominus vobiscum, o
as Rubricas mandam que sem re- Bispo não precisava virar-se. Con·
citar a conclusão da oração prin- tudo, quando a igreja era orienta·
cipal (coleta), se ajunte outra, que da (V. Orientação ' das igrejas),
então tem conclusão. Assim tam- virava-se, durante as orações e o
bém na Secreta e Postcomunhão canto do Glória, olhando em di-
. (Sub unica conclusione). reção à sua cátedra, isto é, para
Missa cantada, Missa com canto o Oriente, de acordo com a praxe,
do sacerdote e coro, mas sem as- observada desde os tempos apo!"-
sistência de diácono e subdiácono tólicos, de se fazer oração, olhan-
e sem incensação. Depois da Mis- do para o nascente do sol. Nas
sa pontifical, é a Missa cantada igrejas não orientadas, o celebran-
o modo mais antigo de celebra- te não se virava durante toda a
ção. Os presbíteros de Roma can- Missa, tendo o rosto sempre vol-
tavam desta forma, com a assis- tado para o povo. Esta praxe foi
tência de um Lector apenas, a largamente observada até ao sé-
Missa nas suas igrejas titulares culo XI. Parece que nas igrejas
(V. Título 2), praxe que foi imi- sem cátedra episcopal e certamen-
tada, fora de Roma, nas igrejas te já antes do século XI se come-
menores e rurais. çou a colocar o altar mais para o
fundo da ábside. Se isto se deu
Missa com a face para o povo. para ganhar lugar no presbitério
Nos primeiros séculos a Igreja ou para introduzir, como alguns
adoptou, para os seus edifícios do pensam, a nova praxe de o sacer-
culto, o estilo basilical. Na ábside dote, durante toda a celebração,
ficava a cátedra do Bispo, mais ter a face dirigida ao Oriente (nas
para a frente os assentos do cle- igrejas orientadas), é hoje difícil
ro e, no centro da .ábside ou per- saber. A última opinião encontra
to da nave, o altar. (V. Basílica). um forte apoio no facto de que
Esta disposição fazia com que o justamente por volta do X século
Bispo tivesse o rosto voltado pa- a orientação das igrejas era cos-

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M 147

tume geral. Quando, no século XI, 1 Missa de corpo presente, a Mis-


surgiram os retábulos (V. Retá- sa celebrada por um defunto de-
bulo), essa posição do sacerdote, pois que falecer até à sua inuma-
com as costas voltadas para o po- ção.
vo tornou-se necessária para o · Missa de galo, expressão que
m~smo ser visto pelos fiéis. O al- vem da idade média ( ad galli
tar, então, foi colocado de encon- cantum), para significar a primei-
tro à parede. - Do exposto se ra Missa de Natal celebrada à
conclui que a praxe hodierna de o meia noite, nos países frios na
sacerdote dizer a Missa com as hora em que o galo canta a pri-
costas para o povo data, embora meira vez.
não universalmente, do fim do X
ou princípios do XI século. O cos- Missa de Guardião, Missa can-
tume antigo se conservou até ho- tada sem assistência de ministros
je nas antigas Basílicas de Roma, e sem incensação, o mesmo que
em que o altar-mor está livremen- Missa cantada.
te colocado em baixo de um ci- Missa de Requiem, Missa cele-
bório (V. Cibório), mas o cele- brada com o formulário e rito
brante não se vira durante as ora- próprios de defuntos, assim cha-
ções, mesmo quando as Basílicas mada pela primeira palavra do
são orientadas. Os autores duvi- Intróito. Nos .dias em que as ru-
dam se hoje é lícito localizar de bricas não o permitem, celebra-se,
novo nas nossas igrejas o altar- pelos defuntos, a Missa correspon-
mor como antigamente e nele ce- dente ao Ofício ou outra.
lebrar com a face para o povo. Missa de rogações, Missa com
Missa conventual, Missa nas formulário próprio, desde o VII ou
igrejas com obrigação de coro, ce- VIII séculos, para ser ·dita antes,
lebrada de acordo com o ofício durante ou depois das Ladainhas
do dia, com assistência dos coris- maior e menores, em cor roxa.
tas. Ela tem lugar geralmente de- Missa de 3°, 7°, 30° dia, Missas
pois da Tércia; mas nas festas de Requiem, com formulário pró-
de rito simples e nas férias co- prio (Orações, Epístola, Evange-
muns é celebrada depois da Sexta, lho), em uso desde o V ou VI
· e nos dias de jejum, depois da século. São esses dias (a contar
Noa. Em sentido menos estrito do dia da morte ou do enterro,
chama-se conventual também a incluindo-os ou não) privilegiados,
Missa principal nas matrizes, nos no sentido de permitirem a Missa
domingos e dias santos de guar- de Requiem com o respectivo for-
da e a Missa à qual assiste toda mulário, com exclusão, porém, do
a comunidade religiosa, não te- domingo, das festas de 1. a e 2.ª
nha embora obrigação de coro. classe, do dia de finados e das
Missa cotidiana, chamava-se, férias, vigílias e oitavários privi-
antigamente, a Missa privada, hoje legiados. A origem de se ter o
é a Missa de Requiem, rezada, 3°, 7° e 30° dia como privilegia-
cantada ou solene, que não perten- dos não é certa. Desde a primeira
ce às privilegiadas, quer dizer, que era do cristianismo julgava-.se
não é exequial, nem de 3°, 7°, 30° que nesses dias Deus é mais pro- •
dia, nem de aniversário. pício à clemência; no 3° dia, por-
Missa da aurora, a segunda Mis- · que jesus nele ressuscitou; no 7°
sa de Natal. dia, porque Deus nele descansou
Missa de communi (!.), formulá- da obra da criação do mundo; no
rio de Missa, usado naquelas fes- 30° dia, porque conta a Escritura
tas de Santos, para cujas Missas .(V. Moi. 34, 8) que o povo cho-
não há formulário próprio. rou a Moisés durante trinta dias
10*

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e depois depôs o luto. Esta crença brava a Missa todos os dias. Mas
piedosa teria sido a causa de, com esta praxe deve ter sido observa-
preferência, nesses dias se rezar da largamente também nos séculos
pelos defuntos e se celebrar a anteriores, porque em muitos luga-
Santa Missa. Outros pensam que res os cristãos comungavam todos
os mencionados dias lembram ape- os dias e a Comunhão se dava só
nas a terminação de . diversos pe- dentro da Missa. Que todos os sa-
ríodos de luto, como se observava cerdotes celebrem todos os dias é
antigamente. praxe que, desde o V século, pau-
Missa dialogada, Missa em que, latinamente se generalizou, devido
em lugar de só o sacristão, res- à multiplicação dos oratórios, dos
pondem todos os assistentes ao sa- pedidos de Missa e das fundações.
cerdote quando se dirige ao · povo Chamavam-se essas Missas tam-
nas Missas rezadas, e nas canta- bém cotidianas e para elas os
das cantam as respostas do coro fiéis não faziam ofertas em espé-
e as partes invariáveis do formu- cie, mas davam uma esmola. -
lário da Missa: Kyrie, Glória, etc. As Missas públicas com assistên-
Podem rezar também o Confiteor cia de todo o clero (concelebra-
e o Suscipiat no Ofertório. Os Bis- ção) e dos fiéis, que ao Ofertório
pos podem conceder um pouco faziam as suas ofertas, tomavam
mais, p. ex. recitar com o sacerdo- parte activa no canto, e comun-
te na Missa rezada as partes in- gavam parece que, a princípio, só
variáveis. A Santa Sé não se opõe nos domingos e nos poucos dias
a esta praxe, desde que não re- de festa que se celebravam. (At
sultem inconvenientes. 20, 7). Tal Missa chama:va-se sy-
naxis, 1. collecta = assembléia.
Missa, Dias de, dias em que é Já no fim do século II cantava-se a
celebrado o Santo Sacrifício. Com Missa pública também nas quar-
excepção da Sexta-feira da Pai- tas e sextas-feiras e no Oriente
xão, que é dia alitúrgico, do Sá- como em Roma juntou-se bem ce-
bado de Aleluia, em que é per- do o sábado (dias de estações).
mitida somente a Missa solene de- Com o desenvolvimento do ano
pois das funções e da Quinta-feira eclesiástico aumentou o número
Santa, em que o Bispo pode auto- de Missas públicas, mas a sua so-
rizar que também nos oratórios se- lenidade foi-se diminuindo. São
mipúblicos de comunidades se diga Missas públicas no sentido exposto
uma Missa de Comunhão, em to- (solenes, cantadas ou rezadas) a
dos os outros dias do ano é lí- Missa paroquial nos domingos, a
cito a qualquer sacerdote celebrar conventual com assistência da co-
a Santa Missa. Não havendo títu- munidade religiosa e a que tiver
lo que obrigue à celebração coti- sido ordenada pelo Papa ou Bis-
diana, por exemplo, ofício, esti- po em causa pública.
pêndio, devem todos os sacerdotes Missa do dia, Missa que corres-
celebrar algumas vezes no ano, ponde ao Ofício da féria ou da
mas recomenda a Igreja que o fa- festa que nela cair.
çam com mais frequência, isto é,
ao menos nos domingos e dias . Missa dos catecúmenos, a pri-
• santos de guarda. (Dir. can. c. meira parte da Missa, desde o prin-
805). - Quanto aos dias de cele- cipio até ao Ofertório, assim cha-
bração na antiguidade cristã, é mada porque antigamente, acaba-
preciso distinguir entre Missas pú- da esta parte, eram despedidos os
blicas e privadas. Para as últimas catecúmenos (Missa = despedi-
nunca houve restrição e sabemos da), aos quais era vedado assisti-
por São João Crisóstomo explicita- rem ao Sacrifício. Antes de o Diá-
mente que no seu tempo se ceie- cono os despedir com as palavras

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Si quis est catechumenus receda!, Igreja latina esse rito tem lugar
o Bispo dava a bênção em forma somente na Sexta-feira Santa, co-
absolutória e, em seguida, faziam- mo o último dos actos litúrgicos
se as comunicações necessárias. celebrados pela manhã. Na Litur-
Este último costume conservou-se gia grega, porém, em que esse ri-
ainda nas Missas pontificais e to é conhecido desde os fins do
nas solenes a que assiste o Bis- VI ou princípio do VII século, ce-
po, pois é antes do Ofertório que lebra-se a Missa dos Pressantifica-
ele concede as indulgências, e, na dos nas quartas e sextas-feiras
mesma ocasião, são anunciadas, da Quaresma, na segunda, terça e
na Epifania, as festas móveis do quarta-feira da Semana Santa e
ano. (V. Noveritis). A despedida em algumas festas que caem na
dos catecúmenos cessou, no Oci- Quaresma. Parece que o Ociden-
dente e nas Missas comuns, des- te adoptou o rito do Oriente, pri-
de que o pedobatismo se tornou meiro nas Gálias e, no XI século,
regra, isto é, desde fins do II também em Roma. Atribui-se o
e principios do III séculos, conti- rito da Missa dos Pressantificados
nuando, contudo, nas Missas por a S. Gregório Magno, pelo que é
ocasião dos escrutínios. (V. Es- chamada também "Liturgia grego-
crutínios). Com a formação do riana".
rito actual das cerimônias do ba-
tismo (VIII e IX séc.) a despe- Missa exequial, Missa de Re-
dida desapareceu por completo. quiem, celebrada por ocasião das
- Segundo as primeiras notícias exéquias, esteja o corpo presente
escritas que temos da Liturgia ou, por um motivo razoável, au-
da Missa (Justino mártir t cerca sente, ou esteja mesmo já enter-
de 166), a Missa dos catecúme- rado.
nos constava, como essencialmente Missa ferial, Missa que corres-
hoje, de leituras (Antigo Testa- ponde ao Ofício ferial. E' geral-
mento, Epístolas, Evangelho), in- mente a Missa do domingo ante-
tercaladas de salmodia, e de ora- rior, menos na Quaresma, nas
ção. Nisto os autores vêem a in- Têmporas e Vigfüas, em que o
fluência do uso judeu (Lc 4, formulário é próprio.
16 e seg.), pelo que chamam a
Missa dos catecúmenos também Missa fundada, Missa a celebrar
parte sinagogal. (V. Missa). em virtude de uma fundação, cujo
rendimento é a esmola da Missa.
Missa dos fiéis, a parte da Missa Missa gregoriana, - 1) uma
desde o Ofertório até ao fim, à série de Missas, ininterruptamente
qual só os batizados (fiéis) po- celebradas a favor de um defunto
diam assistir, no tempo em que durante 30 dias (1. Trintenarium
vigorava a disciplina do catecume- ou Tdcenarium S. Gregorii). Atri-
nato. Hoje a distinção entre Missa bui-se a origem desta praxe a
dos catecúmenos e Missa dos fiéis S. Gregório Magno, que nos seus
só tem interesse histórico. Diálogos (IV, 55) conta o seguin-
Missa dos Pressantificados, um te: Durante a enfermidade de um
solene rito de Comunhão impro- monge, no mosteiro de Santo An-
priamente chamado Missa, por- dré, em Roma, de que Gregório
que lhe falta o Ofertório e a Con- era Abade, foram encontradas
sagração, havendo da Missa ape- na posse clandestina do doente
nas algumas orações e cerimônias. três moedas de ouro, contra o
Somente o oficiante recebe a S. prescrito da regra. O Abade, para
Comunhão, para a qual a Hós- inspirar ao delinquente profundo
tia foi consagrada no dia anterior; arrependimento e para estatuir pa-
por isto dos ?ressantificados. Na ra os outros um salutar exemplo,

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150 M
proibiu que os confrades visitas- Liturgia tinha, então, lugar de
sem o doente, mesmo na hora da acordo com a hora que permitia
morte, e ordenou depois que seu a única refeição. Essa hora varia-
corpo fosse enterrado, com o di- va conforme o maior ou menor ri-
nheiro, em lugar profano. Depois gor do jejum. Na Quaresma co-
de trinta dias, porém, o Santo mia-se só depois das Vésperas
exortou a comunidade a socorrer (6 h. da tarde), nos dias de semi-
a alma o quanto possível e fez ce- jejum depois da Noa (3 h. da tar-
lebrar durante trinta dias em se- de). Nos dias ordinários, embora
guida a Santa Missa por ela. De- sem jejum, esperava-se com a pri-
pois da última, o falecido apare- meira refeição até à Sexta (meio
ceu a seu irmão carnal dizendo- dia) e nos domingos e dias de fes-
lhe que, depois de sofrer muito ta até à Tércia (9 h. da manhã).
no purgatório, chegou à união com A partir do século VI, o jejum pe-
Deus no céu. Alguns autores são nitencial ia-se mitigando com a
de opinião que a praxe das trinta antecipação da hora da única re-
Missas já existia antes de Gregó- feição, que desde o século XIII ou
rio Magno. Neste caso, não há dú- XIV se encontra definitivamente
vida que a narrativa do Santo pe- fixada ao meio dia. A princípio, a
lo menos contribuiu para ela se Missa acompanhava essa antecipa-
generalizar. A Santa Sé aprova-a ção da hora, mas depois passou a
pela confiança com que os fiéis ser celebrada, indi:_pendentemente,
mandam celebrar essas Missas, nas horas da manha. Contudo, pa-
que, entretanto, não gozam de ne- ra recordar o fervor dos fiéis de
nhum privilégio, nem lhes está outros tempos, aí estão as rubri-
anexa alguma indulgência; - 2) cas que regulam a hora da cele-
sete Missas celebradas em seguida bração da Missa conventual, que
pelos defuntos ou pelos vivos. São é a principal de cada dia, a Missa
Gregório, no livro acima citado, da comunidade. Ela celebrar-se-á
fala também da eficácia desta ce- imediatamente depois de dita no
lebração, uso que se propagou coro a Hora de Tércia, nas festas
com a mesma denominação de dúplices e semi-dúplices, nos do-
Missa gregoriana ou de Missa mingos e dentro dos oitavários;
áurea (1. Septem Missae aureae depois de Sexta, nas festas sim-
beati Gregorii). O costume de ples e férias menores; depois de
mandá-Ias celebrar conservou-se Noa, se a Missa for do tempo, no
em alguns países europeus, mas Advento, na Quaresma, nas Têm-
desde o século XV suprimiu-se poras e nas Vigílias que são ou
a Missa em domingo. que foram jejuadas. - Para a
Missa privada não exi.stiam e não
Missa, Hora de, tempo do dia existem essas restrições. Prescre-
em que a celebração da Santa Mis- ve o Missal que o sacerdote tenha
sa é prescrita ou permitida. Na recitado, pelo menos, Matinas e
época primitiva do cristianismo Laudes; mas, quanto à hora, per-
o augusto Sacrifício celebrava-se mite o Direito canônico que possa
durante a noite, no fim da Vigília ser celebrada desde uma hora an-
noturna, depois do ágape, como tes da aurora até uma hora de-
tinha feito jesus, ou, desde o sé- pois do meio dia. - Na noite de
culo II, separadamente dela. Por Natai só a Missa conventual ou
via de costume introduziu-se, pou- paroquial pode ser celebrada à
co a pouco, o jejum natural como meia noite. Nas casas religiosas,
preparação para a recepção da porém, ou outras casas piedosas
Eucaristia, de modo que a Santa que conservam habitualmente a
Comunhão quebrava esse jejum. SS. Eucaristia, um sacerdote po-
Nos dias de jejum penitencial a de dizer as três · Missas rituais ou

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M 151

uma só e dar a S. Comunhão. assistiam à Missa do Papa com


(Dir. can. c. 821). círios acesos. ~ Recorda a Missa
Missa manual, Missa celebrada pontifical, em muitas de suas ce-
a pedido dos fiéis, que oferecem a rimônias, o modo de celebração
espórtula como "em mão", seja mais antigo, como também a con-
por sua própria devoção, ou em celebração do Bispó com o seu
cumprimento de legados ou ver- clero. (V. Concelebração).
bas testamentárias que não cons- Missa privada. Tem · este termo
tituam fundações. (Dir. can. c. dois sentidos. Geralmente signifi-
826). ca Missa rezada. Em sentido, po-
Missa nâutica. (V. Missa seca). rém, estritamente litúrgico é a
Missa, rezada ou cantada ou mes-
Missa nova, (primícias), a pri- mo solene, celebrada por moti-
meira Missa do recém-ordenado. vos privados, por exemplo, por
E' lititrgicamente distinguida com devoção do sacerdote ou na in-
a assistência de presbítero e tem tenção de pessoas privadas. (V.
indulgência para o novo sacerdote, Missa, Dias de).
consanguíneos e assistentes. (V.
Carta Past. Col. Apêndice XX). Missa pública, Missa rezada,
cantada ou solene, celebrada por
Missa nupcial (1. Missa pro spon- motivos ou fins públicos. Nestas
so et sponsa) Missa celebrada por condições estão as Missas paro-
ocasião do casamento, com for- quial e conventual e a Missa que
mulário próprio e na qual se dá o Papa ou Bispo ordena em causa
a bênção solene aos recém-casa- pública. (V. Missa, Dias de).
dos. Sendo votiva, as rubricas não
permitem sempre o uso do for- Missa rezada (1. Missa bassa, se-
mulário próprio. Neste caso, ex- creta), Missa sem canto. Não é
ceptuado o tempo fechado e o proibido que durante a Missa re-
dia de finados, celebra-se a Mis- zada, o coro ou o povo cante,
sa correspondente ao Ofício com mesmo em vernáculo, acompanhan-
comemoração pelos esposos e do-a. - A celebração de Missas
com a bênção nupcial. No Brasil, rezadas generalizou-se no V sé-
infelizmente, os casamentos reali- culo, paulatinamente, devido ao
zam-se geralmente à tarde, pelo aumento do clero, dos oratórios,
que a Missa nupcial com bênção de fundações e pedidos de Missa.
é transferida para outro dia, se Era a Missa rezada no seu rito e,
os esposos assim pedirem. (V. a princípio, a Missa solenemente
Bênção nupcial). · celebrada pelo Bispo com seu cle-
ro, despojada, porém, da soleni-
Missa paroquial. Missa celebra- dade que lhe dava o concurso dos
da, geralmente com maior soleni- ministros e do clero, o canto do
dade (Asperges, prática, denuncia- coro e a participação, principal-
ção, canto) pelo vigário ou seu mente no Ofertório, dos fiéis.
substituto, nos domingos e dias de Tanto mais sensível era essa falta,
guarda, a uma hora e com o fim porque, naquela época, o cele-
de os fiéis poderem cumprir seu brante não rezava os textos que
dever de assistir, nesses dias, à competiam aos ministros e ao co-
Santa Missa. ro cantar. A primeira consequên-
Missa pontifical, Missa solenís- cia foi o celebrante rezar também
sima, celebrada pelo Bispo (Pon- essas partes. Depois manifestou-se
tifex = Sumo Sacerdote) ou ou- a tendência de introduzir novas
tros dignitários com as cerimô- orações, para acompanharem os
nias prescritas pelo Cerimonial. ritos e para estimularem a piedade
Ardem sete velas, provàvelmente do celebrante. Verificou-se isto no
porque antigamente sete Diáconos princípio da Missa, no Ofertório

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152
e na Comunhão, donde se con- túrgico e assistência de diácono e
clui que as orações ao pé do al- subdiácono. Entre os modos de ce-
tar, as que acompanham os ritos lebração constitui a Missa solene
do Ofertório e da Comunhão são o mais moderno. Introduziu-se no
o produto de um lento desenvol- Ocidente e generalizou-se com o
vimento (do VIII ao XIII século) aumento do clero nas catedrais e
e que por isso não eram as mes- conventos, onde, então, não falta-
mas por toda parte. Somente o vam os levitas.
Missal de Pio V as fixou e prescre-
veu universalmente. A Missa re- Missa, Tempo de. (V. Missa, Ho-
zada, acrescida, deste modo, de ra de e Missa, Dias de).
orações, influiu, por sua vez, so- Missa voti.va, Missa rezada ou
bre as outras Missas, porque tam- cantada, mesmo solene, não de
bém nelas tornou-se praxe o ce- acordo com a festa, nem com a
lebrante rezar não só as partes féria, para satisfazer uma espe-
dos ministros e do coro, mas tam- cial devoção (por exemplo, em
bém essas orações no princípio honra ao S. Coração de jesus, da
da Missa, Ofertório e na Comu- Paixão, de Nossa Senhora, dos
nhão. Anjos, de algum Santo, etc.), em
Missa seca, na idade média, du- certas ocasiões extraordinárias (p.
rante uns cinco ou seis séculos, ex., no casamento, no aniversário
principalmente na França, rito da da eleição do Bispo, em acção de
Missa sem cânon menor e maior, graças), ou para obter certo fim
por conseguinte sem Consagração (p. ex., a protecção em tempo
e Comunhão. A origem da Mis- de guerra, a paz, a cessação de
sa seca é a mesma como a da qualquer tribulação) . O formulá-
Missa bi, trifaciata. Dizia-se a Mis- rio dessas Missas ou acha-se no
sa assim truncada com a estola fim do Missal, ou é o do dia do
apenas, ou com todos os paramen- respectivo Santo (não Beato) ou
tos sem casula, nas ocasiões em do mistério, ou, não havendo nem
que o perigo de irreverência não um nem outro, tirado do comum.
permitia celebrar uma verdadeira As Missas votivas celebradas com
Missa (nos navios = Missa náu- licença do Bispo, por motivo gra-
tica ou navalis, nas caçadas = ve e público e com solenidade,
Missa venática ou venatória) ou são privilegiadas, quer dizer, mais
quando se desejava uma Missa e frequentemente permitidas do que
o sacerdote já tinha dito uma, ou as não privilegiadas. As · rubricas
não estava mais em jejum. Para assás complicadas que regulam
tirar este costume, que não dei- esta matéria encontram-se no Mis-
xava de ser abuso, assim como sal e na folhinha (Ordo) da dio-
a Missa bi e trifaciata, a Igreja cese.
permitiu de novo, para os casos
de verdadeira necessidade, a bina- Missal, livro litúrgico, qué con-
ção que antes tinha sido proibi- tém os formulários a empregar na
da frequentemente por diversos Sí- celebração das Missas com as ru-
nodos. Mas, a fim de impedir abu- bricas e cerimônias a observar.
sos na binação, fez a lei, ainda ho- Sua origem são os Sacramentários,
je em . vigor, de o sacerdote não que continham as orações fixas,
poder aceitar por ela o costumeiro mas não as partes variáveis que
estipêndio. (V. Binação e Espór- deviam ser cantadas .ou recitadas,
tula). pata as quais exi~tiam livros es-
peciais. Acrescentando-se, para
Missa venática. (V. Missa seca). maior comodidade, as partes va-
Missa solene, Missa celebrada riáveis ao Sacramentário, primei-
com canto do sacerdote e coro li- ro como apêndice, mais tarde

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M 153
cada uma em seu respectivo lugar dice acham-se, no fim do Missal:
e dia, resultou o Missal, chamado orações para intercalar na Missa,
plenário. Esta transformação se à vontade do sacerdote, quando as
fez do IX ao XIII século. (V. Sa- rubricas o permitem, os formulá-
cramentário, Gradual, Epistolário, rios de Missas que só para alguns
Evangeliário). lugares foram autorizados (Pro
aliquibus toeis), os que são permi-
. Missal plenário. (V. Missal). tidos na respectiva diocese (Pro-
Missal romano, Missal que con- prium dioceseos), ou Ordem reli-
tém a Liturgia da Missa de Rito giosa (Proprium Ordinis) e, en-
romano. Sua fonte é principalmen- fim, uma coleção de fórmulas para
te o Sacramentário de Gregório ' as bênçãos mais frequentes.
Magno. A completa unidade de Mistura das espécies sagradas,
Liturgia romana só foi alcançada rito que em substância é obser-
com a reforma do Missal, feita vado em todas as Liturgias e que
pelo Papa Pio V, o qual so- na Liturgia romana consiste em o
freu ainda reorganizações pos- celebrante, depois da fração da
teriores até à última por Bento sagrada Hóstia em três partes, an-
XV em 1920 sendo, porém, sem- tes do Agnus Dei, e depois de
pre' típica a ~dição de Pio V. Di- formar com a partícula menor três
vide-se o Missal em três partes: cruzes sobre o cálice, lançar a
t.• Proprium de tempore, contendo partícula no santíssimo Sangue,
os formulários de Missas para as enquanto diz: "Esta mistura e con-
férias, domingos e algumas festas sagração do Corpo e Sangue (No
do ano eclesiástico . (Advento, Rito ambrosiano mais claramente:
Natal Quaresma, Páscoa, Pente- Esta mistura do Consagrado Cor-
coste~), sendo a ordem, porém, in- po, etc.) de N. S. Jesus Cristo
terrompida entre o Sábado de Ale- seja para nós que os recebemos
luia e Páscoa com o Ordo Missae, para a vida eterna. Amém." Para
isto é, o esquema de toda a Missa, Roma o rito da mistura das espé-
com as orações fixas; principal- cies sagradas é documentado des-
mente o cânon; 2.ª Proprium de de o VIII século; nas Gálias, po-
Sanctis, com os formulários pró- rém, era praticado já no VI. Os
prios, ou com a indicação qual o liturgistas não estão de acordo
formulário que o celebrante deve sobre a origem do mesmo. Pen-
tomar da terceira parte, para as sam alguns que se desenvolveu
festas que têm dia fixo no calen- da cerimônia que o Papa observa-
dário, excepto o Natal, Circunci- va antigamente ao partir o Pão sa-
são, Epifania; 3.• Commune San- grado. Mandando partículas aos
ctorum, com os formulários co- vigários de Roma (V. Fermentum),
muns a certa categoria de San- reservava uma, chamada Saneia,
tos, por exemplo, dos mártires, para no outro dia ser misturada
confessores, etc., da Missa de sa- com o Santíssimo Sangue, a fim
gração . da igreja, da Missa de de significar a continuidade inin-
festas de N. Senhora, das Missas terrupta do Sacrifício da nova lei.
de N. Senhora no sábado, das Abstraindo da origem, simboliza
Missas votivas e das de Requiem. esse rito bem a ressurreição de
- No princípio do Missal encon- Cristo.
tram-se o calendário, as rubricas
gerais, o rito de celebração das Mistura do vinho com água, tem
Missas rezadas e cantadas, uma lugar no Ofertório da Missa, dei-
explicação a respeito dos erros que tando o celebrante (na Missa so-
o celebrante possa cometer e a lene o subdiácono) algumas go-
preparação antes e acção de gra- tas de água no vinho do cálice.
ças depo}s da Missa. Como apên- Esta cerimônia remonta ao II sé-

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154
culo da era cristã e é praticada ~ sempre mais altura, até chegar, no
em todas as Liturgias, tanto do 1 século XVII, à forma de hoje. Era
Oriente como do Ocidente. E' a mitra antes uma espécie de gor-
ela não sàmente a imitação do ro um pouco elevado, redondo em
que Jesus fez à última Ceia, se- cima ou com uma ponta cônica.
gundo o uso dos judeus, mas tam- Depois surgiram os . cornos late-
bém o símbolo do sangue e água rais, pontiagudos ou arredonda-
que saiu do lado de Jesus ao ser dos. Desde meados do século XII,
ferido pela lança, das duas na- estes cornos mudaram de posi-
turezas em Cristo e, enfim, da ção, passando para a frente e para
união dos fiéis com Cristo no detrás, sendo formados por duas
Sacrifício e na Comunhão. Por linhas oblíquas rectas, que termi-
causa da sublime significação o navam num ângulo recto. No sé-
rito da mistura do vinho com culo XIV cresceram as mitras em
água na Missa obriga sob grave, altura, tomando os cornos a forma
e não seria lícito ao sacerdote ce- de agulha de torre, e alargando-se
- lebrar se lhe faltasse a água para a mitra de modo a formarem os
misturar. Belíssima é a oração lados, que antes se elevavam ver-
Deus qui humanae substantiae que ticalmente, um ângulo obtuso com
acompanha esse rito. Conforme re- a margem inferior. Desde o século
sulta dos Sacramentários gelasiano XVI, então, as linhas oblíquas re-
e leoniano, era ela antigamente ctas mais e mais foram encurva-
uma das orações da Missa de Na- das, donde resultou um arco ogi-
tal, pedindo a Deus nos faça par- val e assim chegou a mitra ao
ticipantes da divindade de Cristo, feitio que hoje tem. E' feita a mi-
que se dignou tomar a nossa na- tra de duas folhas de cartão flexí-
tureza. Só depois do XI século vel, cobertas de seda; os dois cor-
começou-se, no Rito romano, a re- nos estão unidos, no lado de den-
citar a dita oração com o tro, por uma nesga de fazenda
acréscimo: per hujus aquae et vini que permite o abrir; os lados, até
mysterium, no Ofertório, à imita- ao começo do arco ogival, estão
ção do que se observava no Rito cosidos de modo que a mitra abre
galicano. quando se aperta nesse lugar, ar-
queando as duas faces; por detrás
Mitra (1. mitra, infula), ornato caem duas fitas (fasciae, vitae,
litúrgico da cabeça dos Cardeais, penduli). O ornamento consistia
Bispos e Abades e de outros Pre- primitivamente em um galão de
lados, por exemplo, de cônegos, ouro, em volta da margem in-
que tenham autorização especial ferior ( aurifrisium in circulo) e,
(jus pontificalium) da Santa Sé. frequentemente, em outro que des-
Remonta o uso da mitra ao X sé- cia da ponta do corno até atingir
culo; sua origem é provàvelmente ao de baixo (aurifrisium in titulo).
o camelaucum papal. (V. Camelau- Mas esse enfeite simples, à medida
cum). A princípio reservada ao que a mitra crescia em altura, foj.
Papa, foi a mitra concedida, como substituído muitas vezes por ricos
distinção, a Bispos, fora de Ro- bordados com pérolas e pedras
ma, desde o XI século; outros preciosas, tanto nas duas faces co-
Bispos usavam-na com consenti- mo nas fitas. Hoje o Cerimonial
mento tácito do Papa e assim pas- distingue (quantb ao ornato ape-
sou a ser ornato litúrgico de to- nas, porque o feitio é sempre o
dos os Bispos. A Abades foi fei- mesmo) três mitras: a simples, de
ta a concessão também desde
meados do XI século. A forma da fazenda de linho ou de seda bran-
mitra não foi sempre a mesma, ca sem ornato algum, as fitas têm
mas sujeita a constantes transfor- fr~njas vermelhas; a aurifrigiada,
mações, com tendência de lhe dar de brocado de ouro, sem muito or-

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A MITRA
O desenvolvimento de sua forma, desde o XI século

nato (como no Brasil geralmente), Também nos Ritos orientais a mi-


ou de seda branca com algum bor- tra é ornato litúrgico dos Bis-
dado a ouro e uma ou outra pe- pos, mas em sua forma difere da
quena pedra; a preciosa, ricamente latina, com excepção dos Bispos
ornada de bordados a ouro e pe- armênios, dos unidos sírios, cal-
dras de valor. Quanto ao uso em deus e captas, os quais adaptaram
Liturgia, é de notar que a mitra a latina. - Na idade média acon-
é prescrita nas funções .solenes tecia o Papa autoriiar o uso da
(Missas e outras), mas não ao pro- mitra a príncipes seculares; os
ferir-se uma oração, obedecendo o imperadores da Alemanha tra-
emprego das diferentes mitras a ziam-na em baixo da coroa.
certas regras. Nunca a mitra se Modo. (V. Canto-chão).
conformou com a cor dos para- Monitiones. (!.). (V. Admoesta-
mentos, mas é sempre branca. - ções).

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Motetes, segundo o sentido da por si só ao Papa, Cardeais e
palavra, uma pequena sentença; Bispos; mas é concedida também,
em sentido litúrgico, qualquer tex- como honraria, a outros Prelados,
to litúrgico não extenso (p. ex., p. ex., a cônegos. A mozzeta do
uma antífona, um verso de sal- Papa, debruada de arminho, é
mo), posto em música. branca no oitavário de Páscoa,
fora disso encarnada; a dos Car-
Mozzeta. (V. Murça). deais é encarnada ou roxa, con-
Munda cor meum (1.), primeiras forme as circunstâncias, e tem
palavras da oração que o cele- friso encarnado; a dos outros é
brante e o Diácono, na Missa sole- roxa ou preta, com friso roxo. Os
ne, rezam em voz baixa, antes do Bispos regulares conservam, como
Evangelho, pedindo a Deus os nas demais vestes prelatícias, tam-
faça dignos de anunciar o santo bém para a murça, a cor respecti-
Evangelho. - Em alguns lugares va do hábito na sua religião. A
esta oração era rezada já no XI mozzeta do Papa e dos Cardeais
século, desde o XIV tornou-se ge- é de seda, a dos outros de lã;
ral a sua recitação. Segue-se-lhe mas no Brasil costume legítimo
a bênção Dominus sit in corde tuo permite aos Bispos mozzeta de
( meo), que com as mesmas pa- seda. O uso da mozzeta data dos
lavras já era dada no VIII século: fins da idade média, pois aparece,
"Purificai o meu coração, e os pela primeira vez, num fresco de
meus lábios, Deus todo-poderoso, 1477. Discutida é a origem da
que purificastes os lábios do pro- mesma. Para uns é a capa magna
feta Isaías com uma brasa, as- mutilada (it. mozzare = cortar,
sim dignai-vos purificar-me, pela mutilar); para outros uma trans-
vossa benigna . misericórdia, para formação da almutia. Daí dois
que possa dignamente anunciar o nomes: mozzeta e murça. (V. Al-
vosso santo Evangelho." - "O mutia).
Senhor esteja no teu (meu) cora-
ção e nos teus (meus) lábios, pa- Música sacra, música vocal ou
ra que digna e competentemente instrumental que, estando de acor-
anuncies (anuncie) o seu Evan- do com as prescrições da Igreja, é
gelho." empregada nas funções do culto
divino. (V. A Música Sacra, se-
Murça (Mozzeta), um cabeção, gundo o Motu-proprio de Sua San-
descendo até ao meio do ante- tidade Pio, PP. X, por Frei Ba-
braço, com pequeno capuz por sílio Rõwer, O. F. M. - Admi-
detrás e abotoado na frente. Como nistração das "Vozes de Petrópo-
insígnia de jurisdição, compete lis" - E. do Rio).

N
Narthex (gr., 1. férula = vara), no centro, uma fonte, para a pu-
denominação, no Rito greg9, de rificação das mãos, símbolo da pu-
um adro interno ( endonárthex) e reza do coração. Nas épocas pos-
externo (áonárthex) da igreja. teriores, perdendo o catecume-
Também o Ocidente latino usava nato a sua importância e ces-
antigamente esse termo para de- sando a penitência pública, o nár-
signar, nas Basílicas, o pátio, com thex foi-se diminuindo sempre
colunadas, aonde se recolhiam ca- mais. Alguns Sínodos particula-
tecúmenos e penitentes durante a res e Bispos interessaram-se pela
celebração da Liturgia, o qual fi- conservação do mesmo, pelo menos
cava em frente à entrada, era fre- em forma de vestíbulo, para a
quentemente arborizado e tinha, realização dos actos que prece-

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N 157

dem o Batismo; mas hoje existe, cluem, jesus foi também concebi-
em algumas igrejas, um vestígio do em 25 de Dezembro. - A Li-
apenas no pórtico, no adro em turgia do Natal é assinalada pela
frente a toda a fachada (Matriz celebração de três Missas pelo
da Glória, igreja do mosteiro de mesmo sacerdote, uso conhecido
São Bento, no Rio de Janeiro), ou, desd~ meados do V século e que, '
em algumas igrejas da Europa, provavelmente, tem sua origem na
no chamado Paraíso. (V. Paraíso). procissão que em Roma se fazia
A razão por que se chamava de a trê~ _igrej~s (Maria Maggiore,
nárthex o sobredito pátio é Anastasia, Sao Pedro), dizendo-se
obscura. cada vez a Santa Missa. Assim- se
Natal, festa do Nascimento de explica a comemoração de Santa
N. S. jesus Cristo, a 25 de De- Anastásia na segunda Missa de
zembro. Na Igreja romana foi in- Natal. As três Missas indicam o
troduzida esta festa no ano ecle- tríplice nascimento de Cristo ser-
siástico em princípios do IV sé- vin90 de ba.se para esta int~rpre­
culo, talvez no tempo do impera- taçao os tres Evangelhos: Nasci-
dor Constantino. No Oriente cele- mento segundo a carne (Lc 2 1
brava-se, junto com a Adoração 14), nascimento espiritual nos Úéi~
dos Magos, desde ó III século, no (Lc 2, 15-20) , nascimento eterno
dia da Epifania, costume que os no seio do Pai (Jo 1, 1-14). -
armênios ainda conservam. Nos Do Natal depende o dia marcado
últimos decênios, porém, do IV para as seguintes festas : Circun-
século, mercê aos esforços de S. cisão, em 1• de Janeiro (Lc 2
Gregório Nazianzeno e de S. João 21), Purificação, em 2 de Feve~
Crisóstomo e a uma ordem da r~iro (Lc 2, 22 e seg.), Anuncia-
Santa Sé, espalhou-se também no çao, em 25 de Março (9 meses
Oriente o uso romano, separando- antes), Natividade de S. João Ba-
se o Natal da Epifania. Sobre tista, em 24 de Junho (Lc 1
as razões de ter sido marcado pa- 36). As festas dos Santos, ceie~
ra ·esta festa o dia 25 de Dezem- bradas durante o oitavário de Na-
bro, os autores não estão de acor- tal, não têm íntima relação com
do. São Crisóstomo diz que a Igre- el~. A_ celebração, porém, das dos
ja romana deve saber o verdadei- pnme1ros três dias (Estêvão João
ro dia do Nascimento de Jesus, Inocentes) data do fim do 'v1 sé~
porque nos arquivos públicos de culo. As ?e S. Pedr? e.~· Tiago,
Roma se conservam as actas do que tambem nesse 01tavano se fa-
recenseamento feito por ordem do ziam, aí não se conservaram.
imperador Augusto. Pensa também Natal, Tempo de, abrange a épo- ·
que, pelo que o Evangelho narra ca desde o primeiro domingo de
sobre a visão de Zacarias no tem- Advento até às Completas da Pu-
plo, se pode chegar à conclusão rificação de Nossa Senhora. An-
de que N. Senhor foi concebido em tes da festa (Advento) o seu ca-
Março e, por conseguinte, nasceu rácter é de recolhimento como
em Dezembro. Santo Agostinho ex- preparação do coração, dep~is pre-
. plica que o dia 25 de Dezembro valece festiva alegria.
convinha à Sabedoria divina, por
ser o tempo do solstício. Outros Natalis ou dies natalis (1.) dia
se reportavam a uma tradição do da morte ou do martírio dos San-
III século, segundo o qual Cristo tos, natal porque nele nascem es-
morreu em 25 de Março. Como em piritualmente para o céu. Ex-
Jesus não havia nada de imperfei- cepção feita de N. Senhor e de
to, dizem os que abrangiam esta Maria Santíssima, a Igreja celebra
opinião, os seus anos de vida de- o nascimento corporal somente de
viam ser completos. Por isso, con- S. João Batista, porque seu nasci-

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158 N
mento foi santo, . tendo ele sido dição, caiu neve, a fim de indicar
santificado no seio da mãe. Em aos fundadores o sítio da constru-
sentido lato dies natalis é o mesmo ção.
que aniversário (Natalis Episco-
pi = aniversário da sagração do Nimbo. (V. Resplendor).
Bispo), mas neste sentido é pouco Noa, a última das horas menores
usado. do Ofício divino. Rezava-se anti-
Natividade de N. Senhora, festa gamente às primeiras horas da
em comemoração do nascimento tarde (hora nona = três da tar-
de Maria Santíssima, a 8 de Se- de); hoje depois da Missa conven-
tembro, com rito de 2. a classe e tual (raras vezes antes) ou antes
oitavário simples. (V. Festas de N. do meio dia. (V. Tércia).
Senhora).
Nobis quoque peccatoribus (!. =
Natividade de São joão Batista. Também a nós, pecadores), pri-
(V. joão Batista). meiras palavras de uma oração na
Nave da igreja, o corpo da mes- Missa, em seguida ao memento
ma, desde a entrada até ao arco pelos defuntos. O celebrante pede
cruzeiro. (V. Arquitetura eclesiás- para si e os fiéis présentes tor-
tica e Basílica). ne-os Deus participantes da socie-
Naveta (!. navicula), pequeno dade dos Santos, dos quais são
vaso de metal, desde a idade mé- comemorados nominalmente, além
dia, com preferência em forma de de S. João Batista, sete Santos e
naviozinho, para nele se servir, sete Santas, os quais, desde tem-
por meio de uma colherinha, o in- pos antiquíssimos, eram especial-
censo nas turificações litúrgicas. mente venerados em Roma. A no-
Antes de entrar em uso a forma menclatura das Santas obedecia
actual, tinha o nome de acerra ou antes do VIII século a outra or-
de arca ='= cofre, caixa. A naveta dem.
acompanha o turíbulo no estilo Nodus (!. = nó, também pomel-
de arte e tem, como este, sua ori- lum 1. diminutivo de pomum = fru-
gem na antiguidade. (V. Turí- ta), alargamento esférico ou bo-
bulo ). i udo, às vezes estilizado - 1) ao
Neófito (do gr. neos = novo, meio da haste do cálice, do osten-
phytós = gerado), cristão recém- sório e dos candelabros, para mais
batizado, gerado no Sacramento cômodamente tomá-los na mão;
para a vida sobrenatural. - 2) abaixo da curvatura do bá-
Neo-sacerdote, sacerdote recém- culo pastoral.
ordenado. Nome de jesus, Festa do SS.,
Neuma, a princípio o sinal grá- festa em veneração a este augusto
fico (ponto, vírgula e outros) Nome, celebrado no domingo va-
para notar o canto-chão. Desde o cante entre a Circuncisão e a Epi-
XI século significa também um fania, ou, não havendo domingo,
grupo de notas, a cantar sobre no dia 2 de Janeiro, com rito de
uma só vogal, principalmente no 2." classe. Deve sua origem à Or-
fim de um trecho, sendo quase a dem franciscana, que a celebrava
mesma coisa que melisma. desde 1530. Em 1721, foi estendi-
da à Igreja universal.
Neves, Nossa Senhora das, festa Nome de jesus, Ladainha do SS.
aniversária das sagrações, no VI (V. Ladainha do Nome de jesus).
e V século, da igreja de Maria
Maggiore, em Roma, a 5 de Agos- Nome de Maria, Festa do S.,
to com rito de dúplice maior. festa em honra do Santo Nome de
"Das Neves" porque, conta a tra- Maria, celebrada a 12 de Setembro,

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)
o 159
com rito de dúplice maior. O Papa do Ofício divino e que correspon-
Inocêncio XI prescreveu-a para dem às três primeiras vigílias na
a Igreja universal, em 1683, em noite, observadas em Roma na
acção de graças pela libertação rendição das sentinelas. (V. Ma-
de Viena dos turcos. tinas) .
Nome do batismo. (V. Batismo,
Nome do). Noveritis (1.= Sabei que), pri-
meira palavra da fórmula com que,
Nona lição (1. nona lectio). Nas desde os primeiros séculos, se faz
Matinas do Ofício divino há nove nas igrejas catedrais, no dia da
lições. (V. Matinas) . Acontecendo Epifania, depois do Evangelho,
que a recitação de um Ofício de um anúncio, publicando a data do
dominga, féria ou vigília deve ce- dia de Páscoa e de outras festas
der ao de uma festa, a dominga, e tempos sacros que dela depen-
féria ou vigília não somente são dem.
comemoradas com antífona, versí-
culo e oração, mas também com o Número áureo, período de 19
início de um Evangelho com lição anos, no qual os novilúnios tor-
no terceiro noturno, sendo assim nam a suceder-se nos mesmos
a nona lição. Na ocorrência de fes- dias. Os romanos assinalavam-no
tas, a cujo Ofício não se recita nos calendários com números de
tem frequentemente uma nona li- ouro, e daí o seu nome. O nú-
ção, algumas vezes também Evan- mero áureo, com ·a epacta e a le-
gelho com lição. (V. Ocorrência). tra dominical, entra no cômputo
Noturno (a acrescentar canto eclesiástico para a fixação da
ou curso) cada uma das três par- Páscoa de cada ano. (V. Epacta
tes de que constam as Matinas e Letra dominical) .

o
O', Nossa Senhora do. (V. An- tribuído aos pobres. Essas oferen-
tifanas de O'). das em espécie conservaram-se
· Oblação, em sentido activo, igual apenas na sagração de Bispo e
a oferecimento, significa o acto bênção de Abade. (V. estas pa-
de o sacerdote santificar a maté- lavras). Temporàriamente as ofer-
ria do Sacrifício pelo oferecimen- tas em espécie foram substituídas
to, no Ofertório da Missa. Em por uma esmola em dinheiro, cos-
sentido passivo é igual a sacrifí- tume que só se conservou para al-
cio e significa toda a Missa, ou guns dias (Missas exequiais, Na-
igual a ofertado e então vem a tal, Páscoa, Pentecostes, Assun-
ser a mesma coisa que os oblata ção) em poucos lugares da Eu-
em sentido mais comum, ou signi- ropa.
fica, enfim, as oferendas que até Oblata (1.), a matéria do Sacri-
ao XII século os fiéis apresenta- fício (pão e vinho), já santificada
vam ao sacerdote antes da Missa pelo oferecimento. Raríssimas ve-
dos fiéis. Consistiam estas obla- zes significa a Hóstia consagrada.
ções geralmente em pão e vinho,
para o sacerdote escolher a maté- Ocorrência, encontro de dois
ria do Sacrifício. O que sobrava ou mais Ofícios no mesmo dia.
d0 pão guardava-se para as eulo- Esse encontro pode ser habitual,
gias (V. Eulogia), ou, com o vi- por exemplo, a festa de Santo
nho e as outras oferendas (leite, Afonso é sempre no dia 2 de Agos-
met; azeite), era entregue aos sa- to e no mesmo dia celebra-se sem-
cerdotes para seu sustento, ou dis- pre, na Ordem franciscana, a de

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160 o
N. Senhora dos Anjos, ou é aci- da frente e a patena, pela metade
dental, por exemplo, no ano de por baixo do corporal, ao lado
1928 a festa do Patrocínio de S. direito. Dirige-se ao lado da Epís-
josé caiu no dia do Evangelista tola, purifica o cálice por dentro
S. Marcos (25 de Abril). Nestes com o sanguinho, deita vinho e,
casos não se rezam dois Ofícios, proferindo a oração Deus qui hu-
mas prevalece o de rito mais ele- manae substantiae, algumas gotas
vado, ou na Igreja universal, ou d'água. Voltando ao meio do altar,
na diocese, ou na Ordem religio- oferece o cálice com a oração Of-
sa. O outro Ofício é transferido ferimus tibi, etc. (Oferecemo-vos,
(trasladado), ou é apenas come- Senhor, o cálice da salvação, etc.),
morado, ou mesmo omitido. As ve- forma com o cálice uma cruz no
zes é permitido celebrar-se a Mis- centro do corporal, coloca-o atrás
sa privada tanto da festa cujo Ofí- da hóstia e cobre-o. Depois, pro-
cio se reza como da festa come- fundamente inclinado, reza a ora•
morada apenas. Explicações deta- ção ln Spiritu humilitatis (Em es-
lhadas sobre esta matéria nos dão pírito de humildade e com o cora-
as Rubricas gerais do Breviário. ção contrito sejamos recebidos por
vós, Senhor, etc.) e, erguendo-se
Ofertório, - 1) todo o rito que e formando com as mãos estendi-
acompanha o oferecimento do p~o das um círculo, Veni Sanetifieator
e vinho na Missa e que constitui (Vinde, Santificador, Deus onipo-
o cânon menor; - 2) antífona tente e eterno, e abençoai este Sa-
rezada pelo celebrante antes do crifício preparado ao vosso santo
Ofertório e cantada pelo coro nome). Segue, na Missa solene a
durante o mesmo. Era antigamente incensação dos oblata, do alta; e ·
uma antífona com salmo, que o do celebrante. Ao lado da Epísto-
celebrante rezava e o coro canta- la lava então as mãos (recitando
va, enquanto os diáconos recebiam o salmo 25, Lavabo (Lavarei en-
dos fiéis as oferendas. (V. Obla- tre os inocentes as minhas mãos,
ção). Desaparecendo estas, omi- etc.) e conclui o Ofertório, indi-
tia-se, pouco a pouco, todo o sal- nado no meio do altar, com a orà-
mo, ficando (desde o XI séc.) ape- ção Suseipe, Sancta Trinitas (Acei-
nas a antífona, como hoje; - tai, Trindade Santa, esta oblação
3) a vela que os ordenandos ofe- que vos oferecemos em memória
recem ao Bispo, na Missa da or- da _Paixão, etc.). (V. cada uma
denação, logo depois de recitada das orações em seu respectivo lu-
a antífona que se chama Ofer- gar e Cânon menor da Missa).
tório. O Bispo, na sagração, o
Abade e a Abadessa, na bênção, Offerimus tibi, Domine, calicem
oferecem nessa ocasião duas velas. =
salutaris (1. Oferecemo-vos, Se-
nhor, o cálice da salvação), pala:.
Ofertório, Rito do. Rezada a an- vras iniciais da oração que acom-
tifana que se chama Ofertório, de- panha o oferecimento do cálice
pois do Dominas vobiseum e Ore- (com vinho) no Ofertório da Mis-
mus, que se seguem ao Evange- sa. Parece que é de origem moçá-
lho, respectivamente Credo, o ce- rabe. (V. Suscipe Saneie Pater).
lebrante descobre o cálice e co-
loca-o de lado. Toma a patena Ofício divino, oração que a Igre-
com a hóstia e, elevando-a, reza ja como preito de adoração e lou-
a oração Suscipe .Saneie Pater, etc. v~r, oferece todos os dias à Deus,
(Aceitai, Padre Santo, Deus oni- por intermédio de seus ministros,
potente e eterno, esta hóstia ima- em nome de jesus e em seu pró-
culada, etc.). Forma em seguida prio nome. Consta de oito partes
com a patena uma cruz sobre o repartidas sobre o dia e se com-
corporal, coloca a hóstia no meio põe de antífonas, salmos, hinos,

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·o 161

versículos, lições, orações. Re- e as rubricas. (V. Breviário, Bre-


zar a certas horas do dia é cos- viário da Cúria romana, Breviá-
tume mencionado na S. Escritura. rio da Santa Cruz e cada urna das
(V. SI 118, 64, 164. At 2, 15; 10, horas em · seu respectivo lugar).
9). No III século, os padres da Ofício da féria ou Ofício ferial,
Igreja referem-se à oração feita ou Officio de ea, Ofício que cor-
três vezes durante o dia e conhe- responde ao dia da semana (fé-
cem também a oração durante a ria) rezado quando nele não cair
noite. Isto, porém, não era ainda uma festa a celebrar, ou quando,
o Ofício divino em nosso sentido, na ocorrência, a féria prevalece
mas apenas o princípio. Entretan- sobre a festa. (V. Féria).
to, desde que a Igreja adquiriu a Ofício da festa, Ofício para as
liberdade e principalmente com o festas (de algum mistério, de N.
desenvolvimento, nesta época, da Senhor, de N. Senhora, dos Anjos
vida monacal, estabeleceu-se mais e Santos) de qualquer rito: dú-
e mais uma oração oficial. Em plice (de 1.• ou 2.' classe, de dú-
meados do século IV mencionam plice maior ou menor), semidúpli-
os Santos Atanásio e Crisóstomo ce ou simples. Somente .as Mati-
esta oração oficial, feita nos mos- nas das festas de rito simples
·teiros a seis diferentes horas. Sa- e de Páscoa e Pentecostes têm
bemos também que no Oriente um só noturno, as dos outros
(Belém) se introduziu a Prima ritos três. Além disso, entre os
nessa época. São Bento, mais tar-· Ofícios dos diversos ritos há ou-
· de, isto é, no VI século, transfor- tras diferenças rubricais, que di-
mou a oração da noite, que os zem respeito às antífonas, pre-
monges do Oriente faziam, em ces e comemorações, a interca-
hora oficial, as Completas; e as- lar ou não, e à recitação das Vés-
sim resultaram as oito horas ca- peras.
.nônicas de hoje, Matinas, Laudes,
Prima, Tércia, Sexta, Noa, Vés- Ofício da vigília, Ofício com
peras, Completas. Também a es- que se celebra o dia anterior (vi-
trutura de cada uma das horas gília) de uma festa que tiver essa
sómente aos poucos se tornou de- distinção.
finitiva. Sobre o fundamento da Ofício de ea (1.), a subentender
tradição romana, S. Bento orga- die, isto é, Ofício que correspon-
nizou todo o Ofício monástico de ao respectivo dia (féria) da
com os elementos já existentes, semana. (V. Ofício da féria).
criando assim um Ofício com es-
trutura firme. No Rito romano Ofício de N. Senhora no sába-
se chegou a uma certa unidade no do, Ofício em honra de Maria San-
XII século com a adopção, em Ro- tíssima, a rezar nos sábados,
ma, dos hinos. Na mesma época quando nele não cair outro Ofí-
o Ofício foi sensivelmente abre- cio de rito dúplice ou semidúpli-
viado (Breviário), primeiro para ce, nem de um oitavário ou de
os Prelados da Cúria romana uma féria maior.
(Breviarium Curiae Romanae), Ofício de trevas, ou simplesmen-
mas depois para todo o clero, prin- te Trevas, as Mati.nas e Laudes
cipalmente devido à adopção desse dos últimos três dias da Semana
Breviário pela Ordem franciscana. Santa. Neles . a Igreja se ocupa
As mudanças e reformas que hou- unicamente com a Paixão do Di-
ve posteriormente, exceptuando-se vino Esposo; omite, por isto, tudo
a de Quifiones, que foi radical o que tem carácter festivo. As li-
e não durou muito tempo, não ções do primeiro nocturno são
atingiam sensivelmente a estrutura trechos das lamentações do pro-
das horas canônicas; mas o texto feta jeremias, cantos repassados
Dic. Litúrgico - 11

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162 o
de dor sobre as desgr~ças que o simo e este cóstume aos poucos
povo mereceu por causa de seus se tornou lei desde o XII século;
pecados. Cada dia se repete a mas hoje a obrigaçãq de rezá-lo
comovente antífona Christus factus não existe mais, nem no coro.
est, etc. Não admite a Igreja para Tanto mais é usado nas Congre-
as Trevas qualquer acompanha- gações de religiosas e por pessoas
mento musical, e o que aumenta piedosas, no século, como, por
a expressão de luto e dor é a ce- exemplo, por muitos Terceiros de
rimônia da extinção das luzes, co- S. Francisco.
locadas sobre um triângulo dian-
te do altar e sobre o mesmo, de- Ofício rimado (1. historia, histo-
pois de cada salmo e durante o ria rythmica, historia rimata), Ofí-
Benedictus, e o esconder a última cio divino, principalmente em
vela atrás do altar. E' antiquís- honra de um Santo, cujas antífo-
sima essa cerimônia, de que Ama- nas e responsos são compostos
lário, no IX século, faz menção di- com metro, ritmo e rima. Dava-
zendo: "A nossa igreja é alumia- se-lhe, na idade média, o nome
da por 24 luzes, a cada salmo ... de história, porque as antífonas
aumenta a nossa tristeza, porque e responsos dão, em seu conjunto,
o nosso verdadeiro Sol morreu, e os traços principais da vida do
assim (com o apagamento) quase respectivo Santo. O Ofício rima-
a cada hora o sol perde em esplen- do tem sua origem nos tropos.
dor até à completa extinção." E' Começou-se, no IX e X séculos, a
esse também o motivo por que es- cultivar esse estilo que chegou ao
te Ofício se chama de trevas. (V. auge do desenvolvimento no XIII
Triângulo). século. Modelos são, na opinião
de todos, os Ofícios compostos pe-
Ofício do capítulo. (1. Officium lo franciscano alemão, Frei julião
capituli). (V. Prima). de Espira, em honra de S. Fran-
cisco e outro em honra de Santo
Ofício dos defuntos, Ofício em Antônio, logo depois da canoni-
sufrágio das almas do purgató- zação dos dois Santos, e que ain-
rio. Como o de trevas, tem . ca- da hoje (com o de Santa Clara
rácter de luto, pelo que falta tudo e o de S. Domingos) estão em
o que significa festa e júbilo. Os uso na Ordem franciscana. Do
salmos finalizam, em lugar de Breviário romano Pio V elimi-
Gloria Patri, etc., com Requiem nou todos os Ofícios rimados,
aeternam, etc., que é também a ficando apenas vestígios no da
conclusão de cada hora. A recita- SS. Trindade, da Exaltação da
ção do Ofício dos defuntos é de Santa Cruz e outros. Como caso
obrigação somente no dia de fi- extraordinário consta que a San-
nados, em lugar de outro Ofí- ta Sé, em 1916, autorizou um Ofí-
cio, e neste caso tem todas as cio rimado em honra a N. Se-
horas. Sendo recitado ou cantado, nhora, para a Baviera, na Alema-
por exemplo, por ocasião de exé- nha. Segue como espécime uma
quias, é livre recitar as Matinas antífona do Ofício de S. Fran-
com as Laudes, ou só as Matinas, cisco:
ou apenas um noturno. Franciscus, vir catholicus
Ofício parvo, Ofício em honra et totus apostolicus,
de N. Senhora, parvo porque é Ecclesiae teneri
pouco extenso. As Matinas têm /idem Romanae docuit;
só um noturno com três lições Presbyterosque monuit
curtas, como são curtos também prae cunctis revereri.
os salmos das horas. O costume Oitava (L octava), último dia
de recitar este Ofício é antiquís- do oitavário.

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o 163
Oitavário (1. octava), os oito óleos santos, matéria na admi-
dias posteriores, com que a Igreja nistração de diversos sacramentos,
distingue certas grandes festas, co- sagrações e bênçãos, bentos pelo
mo sendo a continuação das mes- Bispo, na Quinta-feira Santa. To-
mas. Tanto no Oriente como no dos eles são azeite de oliveira,
Ocidente a celebração de oita- misturado, no Santo Crisma, com
vários data dos primeiros séculos. bálsamo. (V. Bênção dos santos
Para a explicação de sua origem óleos).
os autores aduzem o Rito dos óleo dos catecúmenos, óleo
judeus, que celebravam a Páscoa santo, empregado para ungir o
e a dedicação do templo durante catecúmeno (criança ou adulto,
oito dias, ou pensam tenha rela- antes do batismo) no peito e
ção com os oito dias em que os nas costas. Esta unção é teste-
neófitos recebiam a instrução munhada,' para o Oriente, por S.
complementar. Tendo-se os oitavá- Cirilo de jerusalétn, no IV sé-
rios multiplicado demasiadamente culo. No Ocidente só mais tarde
na idade média, Pio V, na refor- foi adoptada. Usa-se ainda o óleo
ma do Breviário, reduziu sensi- dos catecúmenos em diversas sa-
velmente seu número, ao _qual, pos- grações e bênçãos. Chama-se tam-
teriormente, só um ou outro tem bém óleo santo ou óleo exorci-
sido acrescentado. Conforme for a zado.
categoria do oitavário, distinguem-
se oitavários privilegiados de 1.ª, óleo dos enfermos, óleo santo,
2.ª ou 3.ª ordem, durante os quais empregado na unção dos enfer-
se reza cada dia o Ofício da mos como matéria sacramental e
respectiva festa ou pelo menos na bênção dos sinos. (V. Cris-
se faz dela comemoração; comuns, ma 1).
cujo Ofício somente se reza no Olhos. (V. Elevação dos olhos).
dia ou dias durante o oitavário Omophórion (gr. = veste, pano
em que ocorre um outro de rito que cobre os ombros), distintivo
simples e a própria comemoração litúrgico dos Bispos de diversos
cotidiana às vezes é omitida; sim- Ritos orientais, desde o IV ou V
ples, dos quais se reza o Ofício século, em forma de larga e com-
apenas no oitavo dia, quando ocor- prida fita de seda, colocado nos
rer outro de rito simples; durante ombros, em volta do pescoço,
o oitavário não se faz comemora- pendente pela frente e por detrás.
ção dele. O oitavário simples cor- Corresponde ao Pálio do Rito la-
responde ao antigo costume rom~­ tino, que às vezes também é cha-
no. - Não se celebra nenhum 01- .mado omophorion, mas compete
tavário durante a Quaresma; os já somente aos metropolitas. (V. Pá-
principiados cessam na Quarta-fei- lio).
ra de Cinzas, como cessam tam-
bém na festa de Pentecostes e no Opa, manteleta sem manga,
dia 17 de Dezembro. aberta na frente que, em sua res-
Oitavário romano, livro litúrgico . Irmandades,
pectiva cor, usam os irmãos das
como distintivo, para
que contém as lições do 2° e . 3° assistir às funções eclesiásticas
nocturnos para cada um dos dias ou acompanharem as procissões.
do oitavário das festas do Pa-
droeiro celebrado em alguma igre- Oração, em sentido genérico é a
ja particular, cujas liçõe~,, J?Or i&: elevação do coração a Deus e
to, não se acham no Brev1ano. Fot compreende a adoração, a acção
composto por Bartolomeu Ga- de graças, as pias meditações, os
vanti e aprovado pela Congre- actos das virtudes teologais e
gação dos Ritos, por decreto de : de religião em geral. Em sentido
19 de Fevereiro de 1622. específico e comum é igual a
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pedido, que ·a criatura diri~e .ª prática dominical. No Brasil foi
Deus, confiando na sua miseri- introduzida, desde ªlguns decê-
córdia e liberalidade, não nos pró- nios, para ser rezada depois da
prios · merecimentos. Distinguimos Bênção sacramental.
a oração vocal e mental. A oração Orações ao paramentar-se. O sa-
vocal, por sua vez, é privada ·quan- cerdote reza as seguintes:
do é feita em nome da própria pes- lavando as mãos: Dai, Senhor,
soa; pública quando em nome da virtude às minhas mãos para puri-
comunidade. Litúrgica chama-se ficar qualquer mácula; a fim de
a oração pública quando é feita que possa servir-vos sem mancha
. ' em nome da Igreja por seus repre-
sentantes oficiais e segundo as
na alma e no corpo.
fórmulas por ela estabelecidas. Colocando o amicto sobre a ca-
beça: Imponde, Senhor, na minha
Oração eucarística (1. prex ou cabeça o elmo da salvação, para
preces), nas Liturgias dos primei- rebater os assaltos do demônio.
ros três ou quatro séculos, as so- Vestindo a alva: Abranqueai-
lenes orações depois do Ofertó- me, Senhor, e purificai o meu co-
rio, a que corresponde hoje, no ração, a fim de que, lavado no san-
Rito romano, o cânon maior com gue do Cordeiro, goze das alegrias
o Prefácio e, nos Ritos orientais, eternas.
a anáfora. Em seu conteúdo era Pondo o cíngulo: Cingi-me, Se-
principalmente uma acção de gra- nhor, com o cíngulo da pureza, e
ças (por isso Oração eucarística), extingui nos meus rins o germe
pela criação e salvação, que am- da impureza; a fim de que perma-
bas se descreviam longa e enfà- neça em mim a virtude da conti-
ticamente, intercalava-se o San- nência e castidade.
ctus, seguia a consagração, anám- Colocando o manípulo: Mereça
nese, epíclese, intercessão e o eu, Senhor, trazer o manípulo do
Amém dos fiéis. A transformação pranto e dor; a fim de que rece-
da oração eucarística em prefá- ba, com júbilo, a paga do traba-
cio e cânon parece que se fez no lho.
V século, em Roma. A anáfora
do Oriente é de data anterior. (V. Impondo a estola: Restituí-me,
Cânon maior da Missa). Senhor, a veste da imortalidade,
que perdi na prevaricação do pri-
Oração pública (!. oratio com- meiro pai, e, embora me aproxi-
munis), chamavam-se as orações me indigno de vosso santo misté-
que, desde o tempo dos apóstolos, rio, mereça, contudo, o gozo
se faziam antes da celebração da eterno.
Liturgia, por todos os estados da Tomando a casula: Senhor, que
Igreja, pelos chefes das nações, dissestes: O meu jugo é suave e
pelos doentes, presos, navegantes, o meu fardo leve; fazei com que
etc., pela paz, pelo livramento de o carregue ·de modo a conseguir
flagelos, etc. O diácono formula- a vossa graça. Amém.
va, estando no ambão, as inten- O Bispo, ao celebrar pontifical-
ções e os fiéis respondiam Kyrie, mente, diz as seguintes orações:
eleison. Em seguida dava-se o ós- - Calçando os sapatos: Calçai,
culo da paz e entrava o Ofer- Senhor, os meus pés em prepara-
tório. No Rito latino conservou-se ção do Evangelho da paz, e pro-
tal oração pública na Missa dos tegei-me, cobrindo-me com as vos-
Pressantificados, de Sexta-feira sas asas.
Santa. (V. Admoestações). Extra-
liturgicamente a oração pública, Tirando a capa: Despi-me, Se-
no sentido exposto, faz-se, em al- nhor, do homem velho com seus
guns países, antes ou depois da costumes e actos, e vesti-me do

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o 165

homem novo, que foi criado se- Calçando as luvas: Revesti, Se-
gundo Deus, em justiça e santi- nhor, as minhas mãos da pureza
dade de verdade. do homem novo, a qual desceu do
Lavando as mãos: Dai, Senhor, céu· a fim de que ·mereça a bên-
virtude às minhas mãos para pu- ção' de vossa graça, pela oblação,
rificar qualquer mácula imunda; por nossas mãos, do Sacrifício sa-
a fim de que possa,. servir-vos sem lutar, assim como o vosso dileto
mancha na alma e no corpo. patriarca jacob, tendo as mãos
Colocando o amicto: Imponde, cobertas com a pele de cabritos,
conseguiu a bênção paterna pelo
Senhor, na minha cabeça o elmo oferecimento ao pai de agradável
da salvação, para rebater todas as comida e bebida. Por vosso Filho,
fraudes diabólicas, vencendo os Nosso Senhor jesus Cristo, que,
ardis de todos os inimigos. revestido de carne de pecado, se
Vestindo a alva: Abranqueai- ofereceu a si mesmo por nós.
me, Senhor1 e purificai-me do meu Tomando a planeta: Senhor, que
pecado, a fim de que goze das ale- dissestes: O meu jugo é suave e
grias eternas com os que lava- meu fardo leve, concedei que eu
ram as suas vestes no sangue do o carregue de modo a poder con-
Cordeiro. seguir a vossa graça.
Pondo o cíngulo: Cingi-me, Se- Impondo a mitra: Senhor, im-
nhor com o cíngulo da fé e os ponde na minha cabeça a mitra e
meu~ rins com a virtude da casti- o elmo da salvação; a fim de que
dade, e extingui neles o germe da saia ileso das insídias do antigo
impureza a fim de que sempre per- inimigo e de todos os meus ini-
maneça em mim o vigor da perfei- migos.
ta castidade. Colocando o anel do coração:
Tomando a cruz peitoral: Ornai, Senhor, de virtude os de-
Dignai-vos, Senhor jesus Cristo, dos do meu coração e do meu
munir-me, pelo sinal de vossa corpo e revesti-os da santificação
santíssima cruz, contra todas as do Espírito septiforme.
insídias de todos os inimigos, e Colocando o manípulo: Mereça
dignai-vos conceder ao vosso in- eu, peço-vos, Senhor, trazer o ma-
digno servo que, assim como guar- nípulo com coração repleto de
do esta cruz, repleta de relíquias pranto, a fim de que receba com
de vossos Santos, sobre o meu júbilo a parte com os justos.
peito, sempre guarde na minha
mente a memória da Paixão e as Orações ao pé do altar, orações,
vitórias dos santos mártires. alternadamente rezadas entre sa-
cerdote e ministros, que, desde o
Impondo a estola: Restituí-me, IX século até à sua fixação de-
suplico-vos, Senhor, a veste da finitiva, por Pio. V, foram-s~ if!-
imortalidade, que perdi na pre- troduzindo paulatinamente, pnme1-
varicação do primeiro pai; e, em- ro na Missa rezada, em lugar do
bora ouse aproximar-me indigno salmo na solene entrada do
de vosso santo mistério com este Pontífice ao altar. (V. Intróito
ornamento, concedei que mereça e Missa rezada). Depois de colocar
gozar nele para sempre. o cálice sobre o altar e de abrir
Vestindo a tunicela: O Senhor o Missal, o sacerdote desce ao
me vista da túnica de gozo e do pé do altar, benze-se com as pa-
vestido de alegria. lavras ln nomine Patris, etc., e re-·
Vestindo a dalmática: Vesti-me, za o salmo f udica, repete a antí-
Senhor, do manto de salvação e fona benze-se, dizendo Adjuto-
do vestido de alegria e revesti-me rium' nostrum, etc., recita o Confi-
sempre da dalmática da justiça. teor, ao qual o ministro responde

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com Misereatur fui, etc., e depois nha lugar em seguida à mistura
de dizer Misereatur vestri, etc., em das espécies, precedida pelas pa:.
seguida à confissão do ministro, lavras Pax Domini sit semper vo-
reza lndulgentiam, absolutionem, biscum. Pio V estabeleceu a uni·
etc. e alguns versículos e sobe ao formidade no Rito romano.
altar; dizendo Aufer a no bis, etc. Oratio imperata (1.). (V. Impe-
(V. os termos em grifo em seu rada).
respectivo lugar). De todas essas
orações adaptou-se primeiro o Oratio super populum (!.), uma
Confiteor, depois a antífona Introi- ' Oração deprecativa pelos fiéis pre-
bo, mais tarde todo o salmo e, en- sentes, precedida de Oremus e Hu-
fim (século XIII?), os versículos miliate capita vestra Deo (Humi-
com a oração Aufer a nobis. São lhai as vossas frontes diante de
rezadas alternadamente com os Deus), rezada pelo celebrante de-
ministros porque eles representam pois das últimas orações (Post-
os fiéis, que deste modo se pre- communio) nas Missas feriais da
param, com o sacerdote, para uma Quaresma, segundo estabeleceu
digna assistência ao augusto Sa- Gregório Magno, quando anterior-
crifício. mente se rezava em todas as Mis-
sas de festa. A origem desta ora-
Oramus, te, Domine (!.). V. Au- ção não é certa. O liturgista Ho-
fer a nobis. nório d'Autun (séc. XII) explica
Orate fratres (1. = Rezai, ir- sua origem de modo seguinte:
mãos), primeiras palavras de um "Quando os fiéis perderam o cos-
convite que o celebrante faz aos tume de comungarem sempre na
fiéis presentes, depois de concluir Missa a que assistiam, adaptou-se
o Ofertório da Missa, para reza- o uso de se benzer pão no fim
rem a fim de que o Sacrifício de da Missa para ser distribuído. Na
ambos se torne agradável a Deus. Quaresma, porém, a lei do jejum
A fórmula actual encontra-se nos o proibia e por isto, em lugar
Missais do XI século; a primiti- do pão bento, recitava-se super
va, de que temos ciência desde populum uma oração." Em muitas
o IX século, era ou o simples partes o povo assistia, na Qua-
Orate, ou Orate pro me, ou mes- resma, às Vésperas, recitadas em
mo Orate pro me, fratres et soro- seguida à Missa. A Oratio super
res. Os fiéis respondem, pelo aju- populum dizia-se, neste caso, no
dante da Missa, Suscipiat Domi- fim das Vésperas, em lugar da
nus, etc. (O S.enhor aceite, etc.). das outras horas canônicas. As-
Esta resposta, ou não se dizia sim se explica que ainda hoje a
antigamente, como hoje não se Oratio super populum, no fim da
diz no Rito dominicano, permane- Missa, concorda com a das Vés-
cendo os fiéis em devota oração peras.
silenciosa, ou não era sempre do Oratório ou capela (1. oratorium,
mesmo teor, até que o Missal ro- sacellum, capella), edifício do cul-
mano de Pio V prescrevesse a to divino, geralmente de dimen-
fórmula actual, conhecida, aliás, sões menores, ereto não principal-
desde o XII século. mente com o fim de servir a to-
Oratio ad pacem, oração na Mis- dos os fiéis. O Direito canônico
sa que em todos os Ritos pre- distingue oratório público, feito
cede o ósculo da paz, antes da para a comodidade de uma agre-
Comunhão, na qual o celebrante miação ou mesmo de pessoas pri-
pede a Deus a paz e concórdia vadas, mas de modo que todos os
para a Igreja. Esta oração parece fiéis 'possam francamente frequen-
que no XI século foi intercalada tá-lo, pelo menos na hora dos Ofí-
quando antes o ósculo da paz ti- cios divinos; semipúblico, feito pa-

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o 167

ra 11. comodidade de alguma co- no santuário do sacerdócio, há a


munidade ou agremiação de fiéis, tonsura, . q~e . não é Ordem, mas
sem entrada franca para qualquer uma cenmoma que faz o candi-
fiel; privado ou doméstico, insta- datQ pertencer ao clero.
. lado em casa particular para co- Ordenação, acto de conferir as
modidade de uma família ou pes- Ordens eclesiásticas ; em sentido
soa privada. Os oratórios públicos lato também a cerimônia da ton-
devem ser bentos ou sagrados; os sura.
semipúblicos e privados podem ser
bentos. O preceito de ouvir Missa Ordenação, Rito da. (V. cada
pode ser cumprido nos oratórios Ordem).
públicos, semipúblicos e nos priva-
dos que são eretos nas sepultu- Ordenação, Tempos da, os dias
ras; se nos oratórios domésticos em que, segundo o Direito canô-
depende de licença especial d~ nico (c. 1006), podem ser confe-
Santa. S~. _Nos oratórios públicos ridas as Ordens eclesiásticas. Sal-
e semtpubltcos podem ser pratica- vo algum privilégio particular, são
das todas as funções litúrgicas os seguintes: o episcopado é con-
com .e~cepçã<! das estritamente pa~ ferido dentro da Missa, em domin-
roqutats, a nao ser que para os se- go ou dia de Apóstolo; as Ordens
m~p~blicos o Bispo estabeleça res- maiores dentro da Missa, nos sá-
triçoes. A conservação habitual do bados das Têmporas, no sábado
S_S. Sac~a~ento no oratório prin- antes do domingo da Paixão, e no
cipal, publico ou semipúblico de . Sábado Santo, e, havendo grave
uma .Casa pia ou religiosa ~ de causa, em qualquer domingo ou
colégws eclesiásticos, regidos pelo festa de preceito; as Ordens me-
clero secular, pode conceder o Bis- nores pela manhã, nos domingos e
po.. Para todos os outros é neces- festas de rito dúplice; a tonsura
sário Indulto apostólico. (Dir. can. a qualquer hora e em qualquer
cc. 1188 a 1196, 1249, 1269). dia.
Ordem, Sacramento da, um dos Ordenação, Título da, garantia
sete Sacramentos instituídos por de conveniente sustento por toda a
N. Senhor jesus Cristo, pelo qual vida para o clérigo de Ordens
º· ordenado recebe um poder espi- maoires, a dar ao Bispo antes da
ritual e a graça de cumprir devi- ordenação para subdiácono. Quer
damente os encargos eclesiásticos. a )greja que seus ministros tenham
Um é o Sacramento, mas abran- os meios materiais para viverem
ge três graus jerárquicos a saber: de acordo com a sua dignidade.
•o diaconato, presbiterato ou sa- Antigamente os sacerdotes eram
cerdócio e episcopado. Todos os ordenados para o serviço de uma
três graus são de instituição divi- igreja (título) e esta, então, sus-
na, o diaconato como o serviço tentava o seu clero com os pró-
a~xiliar, o episcopado como a ple- prios bens. Tendo-se tornado fre-
mtude do sacerdócio. (V. cada quentes as ordenações absolutas
nome em seu respectivo lugar). quer dizer, sem o ordenado per~
Além disso, existem na Igreja, des- tencer ao clero de uma determi-
nada igreja, o terceiro Concílio de
de os tempos apostólicos, outras Latrão ( 1179) obrigou os Bispos
Ordens, que não têm carácter sa- a sustentarem, caso não tivesse
cramental, mas são outros tantos patrimônio particular, o sacerdote
graus, ~om próprio ministério, pa- deste modo ordenado. Desde en-
ra subir até ao sacerdócio. São tão começou-se a falar de título
elas o ostiariato, lectorato, exor- da ordenação. Para o clero se-
cistato, acolitato, subdiaconato. cular o Direito conhece hoje os
Como primeiro passo na entrada seguintes títulos: o título de be-

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168 o
nefício, que é o mais antigo e rio (c. 239, § 1, 22). Os Vigários
que equivale ao direito a um be- e Prelados apostólicos, os Aba-
nefício eclesiástico; o título de des e Prelados nullitis podem, no
pensão, quando outro se obriga seu próprio território e durante o
a dar o sustento; o título de ·ser- tempo de seu ofício, conferir a
viço na diocese ou numa missão, tonsura e as Ordens menores a
com a obrigação a esse serviço seus próprios súbditos seculares e
por toda a vida. Os regulares se a quem apresente as dimissórias
ordenam com o título de profis- (c. 957, § 2). O Abade regular
são solene, chamada também tí- em ofício, sacerdote e bento, pode
tulo de pobreza; os religiosos de conferir a tonsura e as Ordens
votos simples com o título de mesa menores a seus súbditos (c. 964,
comum, quer dizer que a Con- 19). Os regulares isentos devem
gregação garante o sustento. (Dir. ser ordenados, com dimissórias de
can. cc. 979 e seg.). seu Prelado maior, pelo Bispo da
Ordens maiores e menores. As diocese em que se acha o conven-
primeiras são o subdiaconato, dia- to a cuja família pertence o ordi-
conato e presbiterato. Chamam-se nando, salvo algumas excepções
maiores ou sacras, porque seu mi- (cc. 965, 966).
nistério se ocupa de perto com Ordinário, o Prelado com juris-
a S. Eucaristia: o presbiterato dição no respectivo território e
consagrando-a, o diaconato tra- o Prelado maior nas religiões cle-
tando dela, o subdiaconato incum- ricais isentas. O primeiro chama-
bindo-se dos vasos sagrados e da se . também Ordinário do lugar.
matéria do Sacrifício. As Ordens (Dtr. can. c. 198). ·
menores são o ostiariato, lectora- Ordinário da Missa (1. Ordo Mis-
to, exorcistato, acolitato. Menores sae), complexo de todas as fór-
chamam-se porque só indirecta- mulas, com as respectivas rubri-
mente se ocupam com o Corpo e cas, que o celebrante repete em
Sangue de N. Senhor. (V. cada todas as Missas, desde as orações
nome em seu respectivo lugar). ao pé do altar até ao último
Ordinando, candidato que recebe Evangelho inclusivamente. Para ·
as Ordens eclesiásticas. maior comodidade vem inscrito
Ordinante, ministro que confere no corpo do Missal, precisamente
as Ordens eclesiásticas. O minis- no centro do ano litúrgico, entre
tro ordinário é o Bispo sagrado. a Missa de Sábado Santo e a
Para que a ordenação seja lícita de Domingo de Páscoa.
é de preceito que seja o Bispo Ordines Romani (1.), livros que
próprio, isto é, da diocese em que contêm · instruções sobre a Litur- '
o ordinando nasceu e tem domicí- gia romana. Existe um bom nú-
lio ou pelo menos tem domicí- mero de semelhantes livros que
lio, e neste caso se obrigue a expõe o Rito da Missa e de ou-
permanecer na diocese. (Dir. can. tras funções, pelo que são fon-
c. 956). Não sendo Bispo próprio, tes valiosas para estudar o desen-
o candidato deve apresentar as volvimento histórico das cerimô-
dimissórias de seu próprio Bispo nias rituais. Entre os que edita-
(c. 995). O ministro extraordiná- ram esses livros destaca-se Ma-
rio é quem, sem ser Bispo, tem billon que, em 1689, publicou 15,
poder de conferir algumas Ordens pertencentes a diversos séculos,
ou por direito, ou por indulto es- desde o VII ao XIV. Os Ordines
pecial da Santa Sé. Os Cardeais de Mabillon são citados: Ordo Ro-
podem conferir a tonsura e as Or- manus 1, II, III, etc., os outros
dens menores a quem apresentar com o nome de quem primeiro os
dimissórias de seu próprio Ordiná- editou, p. e., Ordo de Duchesne_.

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.O 169
Importante é o chamado Ordo Ro- Constantino Coprônimo; Carlos
manlis vulgatus, oriundo da Ale- Magno, do Califa de Bagdad. O
manha, no X século, que contém o aperfeiçoamento do órgão tomou
rito da Missa pontifical e de mui- grande incremento desde o X sé-
tas outras funções litúrgicas. Des- culo, com o aumento das oita-
tes Ordines nasceram posterior- vas e teclados; os diversos regis-
mente as Rubricas gerais do Mis- tros datam do XII, os semitons
sal, do Cerimonial romano e do (teclas pretas) do XIII, o pedal
Cerimonial dos Bispos. do XIV, jogos de palhetas do XV
Ordo (!.) - 1) formulário para século. Apareceram no princípio
funções litúrgicas, com as ora- ~o século XIX os órgãos pneumá-
ções e respectivas cerimônias, por ticos (ar comprimido em tantos
exemplo, Ordo Missae, Ordo ba- canais quantos tubos) e ultima-
ptismi, ou sem as orações, como mente os elétricos (contacto elé-
os Ordines Romani; - 2) os di- trico), além de outros aperfeiçoa-
ferentes graus do sacerdócio (V. mentos que fizeram do órgão um
Ordem, Sacramento da); - 3) dos produtos mais estupendos do
Calendário. (V. Calendário). gênio humano e que com seu som
majestoso e a mescla surpreenden-
Oremus (!. = Oremos), fórmula te de registros (vozes) empolga
invariável" de introdução às ora- e arrebata. ·
ções litúrgicas. O simples Oremus,
com a oração em seguida, encon- órgão, Toque do, deve obede-
tra-se pela primeira vez no Ordo cer, como tudo o que diz respeito
romano 1 (VIII-IX séc.); mas o ao culto divino, às prescrições da
Sacramentário de Oelásio (V-VI lg~eja. As determinações princi-
séc.) já faz menção do Oremus pais estão contidas no Cerimonial
com um acréscimo que indica o dos Bispos e no Motu-proprio so-
conteúdo da oração a seguir, co- bre a música sacra, de Pio X
mo ainda hoje é usado na Sexta- além de muitas decisões da Con~
feira Santa. (V. Admoestações). O gregação dos Ritos. Resumidamen-
Oremus é para os fiéis um con- te vale o seguinte: O uso do ór-
vite de, pela união com o sacer- gão é permitido para o acompa-
dote, tornarem a sua oração efi- n~amento do canto e para interlú-
caz; ao sacerdote lembra a sua dios, com as limitações de o acom-
posição de medianeiro. panhamento ser moderado, não
sufocando o canto; de os inter-
órgão, instrumento musical, cujo lúdios não retardarem as funções;
uso na Liturgia a Igreja não so- de o toque ser adaptado ao instru-
mente tolera, mas explicitamente mento, isto é, ligado, não desta-
aprova. Sua origem é a flauta cado, harpejado, e de não encer-
dos pastores (syrinx), isto é, di- rarem as peças nada de mundano
versos tubos de diferente altura e teatral (peças de óperas, mar-
justapostos, produzindo sons ao chas, danças ou geralmente música
sopro da boca ao deslizar sobre de estilo profano). (V. Instrumen-
eles. Da flauta desenvolveu-se, tqs musicais, Carta pastoral cole-
dois séculos antes de Cristo, o ór- flva, A Música sacra, segundo o
gão hidráulico, que por sua vez Motu-proprio de Pio X de Frei
foi substituído pelo mecânico, tal- Ba~ílio Rõwer, O. F. M. ' - Petró-
vez em princípio do VIII século. polis. - E. do Rio).
Este órgão, pequeno e assaz pri-
mitivo, foi introduzido na Igreja Orientação das igrejas, a posi-
pelos imperadores bizantinos e ção que lhes é dada, de modo que
veio para o Ocidente no tempo quem olha para o ·altar-mor, olha
de Pepino e Carlos Magno; O pri- para o Oriente, o levante do sol.
meiro recebeu um em 757, de Construir as igrejas dessa forma

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170 o
era lei na Igreja oriental desde Deus o pedido Dona nobis pacem,
o V século. O motivo era simbó- inclina-se e reza a Oratio ad pa-
lico: o Leste, como a fonte de luz, cem. (V. esta palavra). Depois
significa a Deus, a Luz eterna, ou beija o altar, como para receber a
a Cristo, a Luz do mundo. Na paz do próprio Cristo, representa-
Igreja ocidental nunca existiu se- do pelo altar, e comunica-a ao
melhante prescrição, mas dar às diácono, com as palavras Pax te-
igrejas a direção para o Oriente cum, e, do mesmo modo, pelo diá-
era, não obstante, costume geral cono, a todo o clero presente. Em
por volta do X século e posterior- algumas igrejas é costume, se-
mente. Hoje raras vezes aconte- gundo o uso romano, darem-se a
ce, isto é, somente quando o ter- paz por amplexo somente o cele-
reno o permite. No canto do Evan- brante, diácono e subdiácono. Os
gelho e do Exultei, no Sábado de outros, especialmente os leigos, co-
Aleluia, entretanto, supõe-se a mo, por exemplo, os irmãos de
igreja orientada, porque a rubrica Irmandades, recebem a paz por
manda que sejam cantadas ao la- meio de um quadrinho, chamado
do do Norte. (V. Missa com a Porta paz, o qual todos osculam . .
face para o povo). E' feito este quadrinho de madei-
ra, de marfim ou de prata; tem,
ósculo litúrgico, expressão sim- frequentemente um emblema ou
bólica de amor fraternal, como imagem e, na parte posterior, uma
o ósculo da paz, ou de reverência asa para se lhe pegar. Em alguns
e respeito, como é o ósculo do lugares oferecia-se a patena pa-
altar, do Evangelho, do cálice, da ra beijar. - A cerimônia da paz
patena, das relíquias, da cruz, de é omitida na Q~inta-feira Santa,
alguns paramentos, da mão do ce- porque com um osculo judas traíu
lebrante, das candeias, dos ramos a N. Senhor, na Sexta-feira da
e de alguns objectos não bentos Paixão, e no Sábado Santo, por-
ao serem entregues ao celebrante que a Igreja está de luto pela se-
ou recebidos da mão dele. Entre os paração do Esposo; nas Missas de
ósculos litúrgicos o mais antigo é Requiem, porque nelas é suprimi-
o da paz, depois do altar e do do tudo o que directamente diz res-
livro dos Evangelhos. Todos os ós- peito aos vivos.
culos, menos o da paz, referem-
se indirectamente a Cristo. Ostensório ou Custódia (1. os-
ósculo da paz (1. osculum pa- tensorium, monstrantia), objecto
cis, ou simplesmente paz), cerimô- cultuai para a exposição solene
nia usada entre os fiéis na Litur- e procissão do SS. Sacramento.
gia, desde os tempos apostólicos, Consta de pé, haste e o vaso em
como símbolo de mútuo amor e cima, que no centro tem abertura,
de alegria em Deus. Transformou- fechada em ambos os lados com
se, na idade média, em o leve vidro, para dentro ser colocada a
amplexo, hoje usado somente pelo luneta com a Sagrada Hóstia. Está
clero, na Missa solene. Tinha lu- em uso o ostensório desde que
gar antigamente depois das ora- se introduziu a procissão do Cor-
ções por todos os fiéis, antes do po de Deus e com isto a expo-
Ofertório. No IV ou V século, sição solene do Santíssimo, isto
porém, foi a cerimônia transferi- é, desde o XIV século. A forma
da para antes da . Comunhão. do ostensório não era nem é sem-
Tendo o celebrante solenemente pre igual, mas variava e varia
desejado a todos a paz com as conforme o estilo da época ou da
palavras rezadas ou cantadas Pax igreja ou mesmo do gosto. No
Domini sit semper vobiscum, e, Brasil generalizou-se a forma que
tendo dirigido ao Cordeiro de o barroco criou, isto é, a de sol

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despedindo raios. Convém que o alocução, entrega das chaves da


ostensório seja o mais rico possí- igreja (mencionada no VI século)
vel e deve ter cruz na sumida- com a fórmula que exprime o seu
de. A matéria, quando não é pra- . ofício, depois do qual o arcediá-
ta, deve ser metal sólido, doura- cono faz o ordinando fechar e
do ou prateado, não necessita de abrir uma porta (IX século) e
bênção antes de usá-lo. - Em tocar os sinos ou campainhas (XIII
igrejas antigas do Brasil encon- século) e oração. E' conferida es-
tram-se Custódias com receptáculo ta Ordem pelos Bispos, Cardeais,
em forma de globo ou · rectangu- Abades, etc., ou por quem te-
lar abaixo do sol e servia para nha indulto. (V. Ordinante). O
guardar (1. custodire) a Hóstia ostiariato, que é de instituição
grande não exposta. V. Luneta. eclesiástica, é mencionado na Igre-
Ostiariado, a primeira das Or- ja latina no III século e no IV
dens menores, com a qual o ordi- na oriental, em que, entretanto,
nando é oficialmente destinado a desapareceu desde o VIII século.
guardar a igreja e tocar os si-
nos. O rito da ordenação para Ostiário, clérigo que recebeu a
ostiário consiste em uma ligeira Ordem do ostiariado.

Padre. (V. Presbítero). batismo produz entre os padrinhos


e o afilhado o parentesco espiri-
Padre nosso. (V. Pater noster). tual, que constitui impedimento
Padrinho, madrinha, os que le- dirimente de matrimônio. Para al-
vam o batizando à fonte batismal, guém ser vàlidamente padrinho ou
fazem em seu nome, tratando-se madrinha é preciso que seja bati-
de criança, a abjuração e a pro- zado, tenha o uso da razão e a
fissão de fé, e se comprometem a intenção de ser padrinho, não se-
zelar pela educação cristã do afi- ja herege, cismático ou excomun-
lhado. No batismo de adulto assis- gado por sentença, não seja pai,
tem e, se ele for surdo, mudo ou mãe, esposo, esposa do batizando,
não entender a língua, são os in- seja convidado pelo batizando ou
térpretes de seu consentimento. pelos pais ou tutores, ou, na falta
Por tudo isto os padrinhos tor- destes, pelo ministro, e, enfim, que
nam-se como pais espirituais do no acto do batismo pelo menos fo-
neófito, e daí o seu nome. - O que no batizando ou o receba em
primeiro testemunho escrito do em- seus braços logo depois. (Dir. can.
prego de padrinhos no batismo en- cc. 762 a 769). - No Sacramen-
contra-se no livro de Tertuliano to da Confirmação ou Crisma, o
De baptismo. É, pois, um uso que uso de padrinho ou madrinha, di-
remonta à era primitiva do cris- ferentes dos de Batismo, já se en-
tianismo. O ofício do padrinho contra no século IX, mas generali-
era responsabilizar-se pela recta zou-se com a administração sepa-
intenção do catecúmeno (por isso rada da Crisma do Batismo, no
fidei jussor, sponsor), ajudar no século XII ou XIII. Quer a Igre-
acto do batismo (por isso: le- ja que haja somente padrinho pa-
vans, susceptor) e zelar pela vida ra o homem e madrinha para a
cristã posterior. Seja embora ho- mulher. O parentesco espiritual
je costume admitir-se padrinho e que da Crisma· nasce entre padri-
madrinha, basta, contudo, um dos nho e afilhado, não é impedimento
dois e não é necessário seja do matrimonial, mas produz a obriga-
mesmo sexo do batizando. O ção de zelar pela educação cristã

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do afilhado. Para alguém ser vàli- tronus provinciae), nação ( patr.


damente padrinho ou madrinha de regni) ou mesmo de um continen-
Crisma exige-se o que foi dito te inteiro. A festa do padroeiro
do padrinho de Batismo. (Dir. é celebrada pelo clero secular com
can. cc. 793 a 797). - Não em rito de 1.• classe, com oitavário,
sentido eclesiástico, mas apenas os regulares só não celebram o
pelo costume, chamamos padrinhos oitavário. Não é mais dia santo
também as testemunhas do matri- de guarda; - 2) Santo (não
mônio. Beato) ou Mistério em cuja honra
é construída uma igreja. Qualquer
Padroado, conjunto de privilé- igreja ou capela, a sagrar ou a
gios, com certos deveres que, por benzer solenemente, deve ter pa-
concessão da Igreja, · competem droeiro ( titulus ou titularis eccle-
aos fundadores católicos de igre- siae) que só com licença da Santa
jas, capelas ou benefícios e aos Sé pode ser mudado e cuja festa,
que deles adquirem esse direito na respectiva igreja, deve ser ce-
por herança ou descendência. Os lebrada com rito de 1. • classe e
privilégios do patrono são: apre- oitavário; - 3) Santo (não Bea-
sentar o clérigo para a igreja to) ou Mistério em cuja honra
ou benefício, receber dos rendi- foi levantado o altar (tit. altaris) .
mentos o sustento, se cair, sem Pelo menos todo o altar fixo deve
culpa, em pobreza, ter na igreja ter título. O primeiro do altar-mor
o brasão da família, assento re- deve sempre ser o mesmo como o
servado fora do presbitério e pre- da igreja. Somente dos altares
cedência sobre os outros leigos móveis o Ordinário pode autori-
nas procissões, etc. Os deveres se zar a mudança do título (Dir. can.
estendem à conservação ou reedi- c. 1201) ; - 4) Santo ou Misté-
ficação da igreja. O padroado tem rio que, como título, é concedido
a sua origem na concessão feita, pela Santa Sé a uma Ordem ou
pelo sínodo de Orange (441), ao Congregação religiosa (palro nus,
Bispo que em outra diocese con- titularis ordinis ou congregatio-
struísse uma igreja, de apresentar, nis) e cuja festa a celebrar de-
para essa igreja, o sacerdote. O pende, em seu rito, das, concessões
imperador Justiniano estendeu o feitas.
mesmo direito, em· 546, a todos
os fundadores de igrejas e o sí- Paixão, narração da paixão e
nodo de Toledo (655) também aos morte de Nosso Senhor, segundo
herdeiros . dos mesmos. Debaixo os quatro Evangelhos. Ler a Pai-
da influência do Direito germâni- xão durante a Semana Santa é
co os privilégios do patrono fo- costume antigo, testemunhado por
ram-se alargando universalmente S. Agostinho; mas no seu tempo
na idade média, mas o Concílio lia-se somente a de Mateus. Des-
do Latrão, em 1179, reduziu-os de o IX século introduziu-se o
de novo ao direito apenas de apre- costume, ainda hoje observado, se-
sentação. Depois da publicação do gundo o qual a Paixão de S. Ma-
novo Direito canônico, isto é, des- teus é lida no Domingo de Ra-
de 1918, a Igreja não concede mais mos, a de S. Marcos na terça-
o padroado, mas os direitos adqui- feira, a de S. Lucas na quarta-
ridos são respeitados. (Dir. can. feira, a de S. João na sexta-feira
cc. 1448 a 1471). da Semana Santa. As primeiras
Padroeiro, - 1) Santo canoniza- três lêem-se na Missa em lugar de
do (não Beato), legitimamente es- Evangelho, a de S. João logo no
colhido para protector de algum princípio da Missa dos pressantifi-
lugar (patronus toei), diocese (pa- cados, depois da profecia e lição
tronus dioceseos), província (pa- com o tractus. Binando o sa-

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cerdote, pode, com autorização do Aleluia. Tem a sua origem pro-


Bispo, omitir a Paixão na Missa vàvelmente no chamado véu qua-
menos solene, rezando, porém, resmal, no XI século, mas naquela
em lugar do Evangelho, a última época velava-se todo o retábulo e
parte com Dominas vobiscum e durante toda a Quaresma, às ve-
Sequentia sancti Evangelii, -etc. e zes desde o domingo de Septua-
avisando, se preciso for, o povo gésima. Na festa de N. Senhora
do indulto da Santa Sé, para evi- das Dores é lícito descobrir a sua
tar escândalo. (9' de Março de imagem e, no dia 19 de Março, a
1916). O canto da Paixão compe- de S. josé. Esta pode-se conser-
tia, a princípio, ao diácono. Para var descoberta durante todo esse
aliviá~lo e também pela tendência mês, quando não se acha colocada
de dramatizar as funções, come- no altar. (V. Véu quaresmal).
çou-se, no XI século, a distribuir Pala, (1. palla, de palliare = co-
o texto entre três cantores diáco- brir, esconaer), cobertura quadran-
nos ou entre celebrante e dois diá- gular do cálice, durante a Santa
conos, de modo que a um cabe o Missa, feita de linho e benta por
texto · narrativo (Evangelista ou quem tenha a faculdade. O feitio
Cronista), a outro as palavras da pala não é por toda parte o
de jesus (Cristo) e ao terceiro mesmo. Ou é uma peça engomada
qualquer outra pergunta ou res- simples ou dupla de linho; ou duas
posta (Sinagoga ou turba). Este peças com cartão dentro, cozidas
modo de cantar a Paixão foi em volta; ou uma peça de linho
adoptado em Roma ..somente no presa por baixo de um cartão co-
XV século, e assim se tornou uni- berto de seda, da cor dos para-
versal. As vezes, nas grandes igre- mentos (nunca preta) e de linho
jas, o que é dito por muitos, canta- na face inferior. Todos os três
se no coro, dando-se-lhe o nome feitios são lícitos e estão em uso
de Turba. ~o Brasil. Frequentemente a -pala
Paixão, Tempo da. Começa éom e margeada por uma rendinha de
as primeiras Vésperas do quinto bico e tem na superfície borda-
domingo da Quaresma (Domingo dos. Além dessas três formas de
da Paixão) e vai até ao fim da palas litúrgicas está ainda em uso
Semana Santa. A Igreja intensi- no Brasil uma outra da cor dos pa-
fica na Liturgia o carácter de ramentos, mesmo preta para co-
luto e dor, mandando velar as brir a hóstia sobre a patena até
cruzes e imagens, suprime, na ao Ofertório e depois da Co-
Missa, o salmo /udica, no prin- munhão apenas, sendo substituída
cípio, o Gloria Patri no Intróito depois de descoberto o cálice pela
e no salmo Lavabo; e o Gloria pala litúrgica de linho ence;rada
Patri no invitatório e no responso até esse momento, no corporal do~
do Ofício, que são próprios desse ?rado. E~ sua origem a pala não
tempo, como são próprios tam- e outra coisa senão o corporal. Seu
bém os capítulos e hinos nas Ma- uso tornou-se geral somente no
tinas, Laudes e Vésperas. · XVI século. (V. Corporal) .
Paixão, Véu da, pano de cor Pálio, - 1) (V. Baldaquino).
roxa (branca na cruz do altar- - ~) ornat~ litúrgico do Papa, Ar-
mor, na Quinta-feira Santa), pa- ceb1spos e, as vezes, por privilégio
ra cobrir a cruz dos altares e as de simples Bispos. E' o pálio d~
imagens, expostas à veneração, em hoje uma fita de 6 cm de largura
sinal de luto e penitência, desde fei ta de lã branca, em forma d~
as primeiras Vésperas do Domin- anel, co'!1 6 cruzes de seda preta
go da Paixão até Sexta-feira San- . sobrecos1das, a ser colocada sobre
ta, respectivamentç Sábado de- os ombros, com duas pontas que

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finalizam numa peça de seda, pen- igual número e as pontas pen-


dentes na frente e nas costas, e dentes variavam em comprimento,
três alfinetes preciosos de orna- até chegarem aos 30 cm. mais
to, um no ombro esquerdo, os ou menos que hoje têm.
outros na junção das pontas pen- , Palmatória. (V. Bugia).
dentes. A lã do pálio é de dois
cordeiros, bentos na festa de San- Panem crelestem accipiam (1.),
ta Inês. Feitos os pálios, são palavras iniciais da fórmula que
bentos depois das primeiras Vés- o sacerdote reza na Missa, antes
peras dos Príncipes dos Apóstolos de tomar a sagrada Hóstia, e é
e em seguida colocados, numa análoga à outra, <intes de tomar
cápsula de prata dourada, no tú- o SS. Sangue. Sua origem é a
mulo (Confessio) de S. Pedro, até devoção privada, mas conhecida,
serem entregues ou remetidos aos aqui e acolá, já no XI · século.
Arcebispos. Significa o pálio a Tornou-se obrigatória universal-
plenitude do ofício pastoral, que mente com o Missal de Pio V:
deriva de S. Pedro directamente "Tomarei o pão celeste e invoca-
para o Papa e por intermédio des- rei o nome do Senhor." (V. Co-
te para os Metropolitas em sua munhão do celebrante, Rito da e
província. Daí o uso de ser colo- Missa rezada).
cado no túmulo de S. Pedro e o Pano preto ou mortuário, pa-
carácter pessoal e, para os Arce- no rectangular, geralmente com
bispos, local do mesmo. O ser cruz (não crucifixo) no meio, bor-
feito o pálio de lã de cordeiros dada ou feita de galão, - 1) pa-
e o trazê-lo sobre os ombros ra com ele cobrir o féretro nas
lembra ao Arcebispo as virtudes exéquias. Tratando-se de crianças
do Bom Pastor no exercício de que faleceram antes de chegar ao
sua jurisdição. Os monumentos uso da razão, é branco. No Bra-
da antiguidade atestam o pálio sil não existe este uso do pano
no IV século e foi provàvelmente preto; - 2) para com ele cobrir
uma imitação do omophorion dos a armação que representa o caixão
Bispos orientais. Mas o seu uso no catafalco, ou para estendê-lo
era reservado, na Igreja latina, ao no chão, com o fim de se dar a
Papa. A Metropolitas foi conce- absolvição. (V. Absolvição pelos
dido desde o VI século. Este deve defuntos).
pedi-lo e só depois da imposição
tem os direitos de Metropolita. O Papa (gr. Páppas, 1. Papa =
feitio do pálio sofreu, no de- pai), chefe visível da Igreja uni-
. correr dos séculos, diversas modifi- versal, fundada por N. S. jesus
cações. Era primeiro um pano do- Cristo, sucessor de S. Pedro,
brado ao longo (por isto pálio), competindo-lhe, nesta qualidade, a
colocado sobre os ombros em plenitude de poder espiritual em
volta do pescoço, de modo que toda a Igreja. O nome de Papa
as duas pontas compridas caíam dava-se antigamente a todos os
do ombro esquerdo para a fren- Bispos, ficando, porém, reservado
te e para detrás. Por este motivo para o chefe da Igreja desde o
necessitava-se de um alfinete no VI século.
ombro esquerdo. Posteriormente Papa, Títulos do: Sua Santida-
deixavam-se as pontas cair sobre de, Bispo de Roma, Patriarca do
o peito e as costas, o que exigia Ocidente, Sumo Pontífice, Suces-
mais dois alfinetes. Por fim redu- sor de S. Pedro, Vigário de jesus
ziu-se o pano a uma fita costu- Cristo. O título de Sua Santidade
rada em forma de anel, com as (antigamente também Beatitude)
duas pontas sobrecosidas. Também não significa santidade pessoal,
as cruzes não eram sempre em mas a dignidade, a mais santa

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neste mundo, de que o Papa se ferência o romano, como da me-
acha revestido. trópole da cristandade. Prescri-
ções sobre a forma nunca existi-
Paraíso, a entrada da igreja, ram, nem existem. Dai a multipli-
quando é construída em forma de cidade de formas, não obstante o
vestíbulo. A denominação vem da tipo comum, como é de verificar,
antiguidade, em que se chamava por exemplo, nas casulas. Isto, po-
também paradisus o narthex, isto rém, não quer dizer que seja in-
é, o pátio interno, arborizado e teiramente livre modificar o corte
com fonte ( cantharus), em frente dos paramentos, mas é da autori-
à entrada das Basílicas, e de que dade competente impedir inova-
o Paraíso, que em algumas igre- ções. Os paramentos, na Igre-
jas da Europa se encontra, é ape- ja latina, são hoje os seguintes:
nas um vestígio. (V. Narthex). Todo o clero pode usar de sobre-
Paramentos litúrgicos, vestes ofi- peliz ou roquete, amicto, alva, cín-
ciais do clero nas funções do cul- gulo, capa de asperges, barrete. A
to divino. - No Antigo Testa- cada uma das Ordens em parti-
mento Deus determinara quais as cular, competem aos minoristas:
vestes dos ministros do Templo, sobrepeliz e barrete; ao subdiáco-
sua forma e ornato; mas concer- no: amicto, alva, cíngulo, manípu-
nente às vestes litúrgicas do Novo lo, tunicela; ao diácono: os para-
Testamento jesus não deixou algu- mentos do subdiácono e mais a es-
ma determinação. Na primeira era, tola a tiracolo e, em lugar da tu-
.• por isso, do cristianismo não en- n icela, a dalmática; ·ao sacerdote:
contramos vestes especiais, se bem os paramentos do diácono e, em
que é de supor que os ministros lugar da dalmática, a casula; ao
do culto não funcionassem com o Bispo: os paramentos do sacerdote
vestuário de cada dia, mas usas~ e mais a tunicela, dalmática, meias,
sem de suas vestes melhores. Foi sapatos, luvas, mitra e soli-Deo;
desde o início do século IV, isto alguns Bispos usam ainda o ra-
é, quando a Igreja obteve por tionale e os Arcebispos têm o pá-
Constantino a paz exterior que se lio ; o Papa: os paramentos de Ar-
adoptou para os ministros litúr- cebispo e mais a falda, o fanone
gicos o vestuário romano-grego, e o subcintório. Destes paramen-
como naquele tempo era usado tos são usados fora da Missa: so-
pelas pessoas de distinção: patrí- brepeliz, amicto,, alva com· cíngu-
cios, senadores, funcionários pú- lo, tunicela, dalmática, capa de as-
blicos. Quando posteriormente perges, mitra, barrete e soli-Deo;
(séc. VI) as vestes profanas mu- os outros são paramentos só de
daram de forma e feitio, princi- Missa. (V. cada um. dos paramen-
palmente pela influência dos po- tos em seu respectivo lugar) .
vos do Norte, a Igreja, sempre Paramentos, Lavagem dos. Os
conservadora, não acompanhou a corporais, palas e sanguinhos são
mudança. Desde então fez-se a lavados primeiro por um clérigo
distinção entre vestes sacras e de Ordens sacras, depois podem
profanas. Aquelas foram em se- ser lavados por qualquer pessoa,
guida um tanto modificadas, mais como .também todos os outros pa-
ricamente ornadas e outras ramentos litúrgicos. Tocar nos pa-
adoptadas, de modo que os cinco ramentos, não nos vasos sagrados,
séculos depois de Constantino são é lícito a todos.
a época do desenvolvimento dos
paramentos estritamente litúrgi- Paramentos, Matéria dos, estofo
cos. Poucos foram introduzidos de que são feitos os paramentos
posteriormente. Quem dirigia essa litúrgicos. E' bem de ver que só
evolução era o costume, com pre- aos poucos se estabeleceu unifor-

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midade neste particular. A prescri- fixaram aí a sua residência per-
ção de linho, entretanto, para as manente desde o V século e deste
toalhas do altar, é da mais remota modo originaram-se as paróquias
antiguidade. Hoje vale o seguinte: rurais (tituli maiores). Quando
as toalhas do altar, o corporal, a mais tarde se tornou preciso au-
pala, o amicto, a alva devem ser mentar o número das paróquias
de linho; o cíngulo pode ser de li- fora da sede episcopal, estas novas
nho ou algodão, como também a (tituli minores) ficavam em depen-
sobrepeliz; a casula, a estola, o dências das antigas e assim foi
manípulo, os véus (do cálice, dos mais ou menos até fins da idade
ombros), a bursa, o forro do média. Nas cidades guardava-se
tabernáculo devem ser de seda; por princípio a unidade de cir-
a capa de asperges, a tunicela a cunscrição eclesiástica para a cura
dalmática admitem fazenda de' lã das almas, sendo, nas cidades prin-
ou algodão, mas são geralmente cipais, a catedral sempre a ma-
de seda também, acompanhando t;iz. Mas a despeito deste princí-
a casula. pio, f()rmaram-se, na idade média,
também nas cidades, diversas pa-
Parásceve. (V. Sexta-feira San- róquias por privilégios concedidos
ta). aos regulares e outras corporações
Paravento. (V. Anteparo). eclesiásticas, e desde o Concílio
de Trento os ·Bispos são obrigados
Pároco ou Vigário (pároco do a prover as necessidades espiri-
gr. parochéin = conduzir o carro; tuais com a criação de novas pa-
párochos = guia; ou paréchein = róquias nas grnndes cidades e ou-
dar, apresentar; párochos = dis- tras com rápido desenvolvimento.
tribuidor; ou, enfim, de paroikía (V. Título e Dir. can. c. 1427, §§
= território pertencente à casa; 1' 2).
párochos = administrador desse
Partícula. (Y. ~spécie).
território), sacerdote ou pessoa
moral (por exemplo, uma comuni-
dade religiosa) a quem está en- Parva (a subentender: refeição),
tregue a cura das almas numa pa- frústulo de pão (60 gramas), que
róquia, a exercer sob a dependên- o costume permite tomar-se de ma-
cia do Ordinário do lugar. (Dir. nhã, nos dias de jejum.
can. c. 451, § 1). V. Paróquia. Páscoa (do hebr. pesa eh =pas-
Paróquia (gr. paroikía, de pa- sagem), denominação do dia da
rá = junto de, e oikía = casa, ressurreição de Nosso Senhor. Em
território pertencente à casa, isto alguns países significa também ou-
é, à casa de Deus), cada uma tro dia de grande festa, pelo que
das partes territoriais em que é é vulgar no 1:3rasil o dizermos Pás-
dividida a diocese, com igreja pró- coa da Ressurreição. E' a Páscoa
pria e sacerdote (pároco) como a festa principal e o centro do ano
pastor das almas. Quase-paróquias eclesiástico e é celebrada com
são as partes territoriais com rei- rito de dúplice de !.ª classe e com
tor em que é dividido o vicariato oitavário privilegiado de primeira
apostólico ou a prefeitura apostó- ordem, do qual também os pri-
lica. (Dir. can. c. 216). A palavra meiros dois dias são de 1. • classe.
paróquia significava a princípio a Durante todo . o oitavário a Missa
mesma coisa que diocese, sendo o tem Sequência e no Ofício, além
próprio Bispo da cidade o páro- de outras particularidades, as Ma-
co. Para as necessidades espiri- tinas têm só um noturno, o que
tuais dos cristãos fora das cida- tem sua explicação no culto que
des enviava o Bispo seus auxilia- antigamente se celebrava na noite
res, os simples sacerdotes. Estes anterior. (V. Sábado de Aleluia).

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O dia da Páscoa foi fixado, na Pascoela. (V. Domingo de Pas-
segunda metade do li século, pa- coela).
ra o primeiro domingo depois da Pastofório (do gr. pastos =
primeira lua cheia que segue ao ediculo, pherein = trazer) nicho,
equinócio da primavera. Em vir- dependência, quarto em que se
tude desta determinação, a Pai- guardava antigamente as sagradas
xão, Morte e Ressurreição de Cris- partículas que sobravam na distri-
to são sempre celebradas nos dias buição da Comunhão. Segundo
de semana em que tiveram lugar; Bento XIV, assim chamava-se
conservando, contudo, a Páscoa também a capela lateral para a
cristã o carácter de festa móvel. exposição do Santíssimo, na Quin-
(V. Ano eclesiástico). ta-feira Santa. No Oriente o pas-
tofório é hoje a sacristia do
Páscoa anótina (anótino do !. lado direito do bem a (presbitério),
annotinum, de annus = anual), para guardar os paramentos, li-
dia aniversário do batismo. -A vros e alfaias, sendo a sacristia
véspera de Páscoa, isto é, o Sá- do lado esquerdo chamada pró-
bado de Aleluia, era a princípio tesis. (V. Prótesis).
o único dia de batismo; os cris-
tãos chamavam-no a sua Páscoa Pastoral, sem outra palavra,
e celebravam-no todos os anos, significava antigamente, às vezes,
·às vezes com Missa própria (Sacr. o ritual, o báculo do Bispo, ou a
de Oelásio) não na festa da Pás- carta oficialmente dirigida pelo
coa, mas no dia fixo do mês em Bispo a seus diocesanos. Somente
que foram batizados. Este cos- nesta última acepção conservou-se
tume cessou quando aos poucos em português, embora se diga tam-
se introduziram outros dias de bém Carta pastoral, como se diz
batismo. Um resto se conservou Báculo pastoral.
nos países onde, em lugar do ani- Patena (do gr. patáno = prato)
versário natalício, os católicos ce- pratinho, um pouco maior do que
lebram o dia do Santo que rece- a boca do cálice, sagrado pelo
beram no batismo. Bispo, do mesmo metal que a
copa do cálice, dourado pelo me-
Páscoa, Tempo de, em sentido nos na face superior, geralmente
restrito os. 56 dias desde o Do- todo côncavo ou com cavidade no
mingo de Páscoa até ao sábado meio, para nele ser colocada a
que precede a festa da Santíssima hóstia grande na Sa~ta Missa.
Trindade. Nesse tempo a Igreja Não sendo ocupada durante a Mis-
multiplica os sinais de alegria sa; o celebrante põe a patena pela .
na Missa e no Ofício. Em sentido metade por baixo do corporal e a
largo compreende também a épo- · outra metade cobre com o san-
ca antes da Páscoa, como sua pre- guinho. Nas Missas solenes é sus-
paração, desde o domingo de sustentada, pelo subdiácoqo, um
Septuagésima, e, neste sentido, pouco acima do peito e coberta
constitui o tempo sacro principal com o véu, desde o Ofertório até
do ano eclesiástico. Para efeito depois do Pater noster. O uso da
da desobriga, o tempo de Páscoa patena acompanha a do cálice,
·compreende apenas as duas se- isto é, desde o exórdio da Igreja;
manas desde o Domingo de Ra- mas tinha, até ao começo da ida-
mos até à Pascoela (Dir. can. c. de média, dimensões muito maio-
_859, § 2), mas no Brasil, em vir- res e era, às vezes, guarnecida
tude de concessão especial, todo de asas, não somente por causa
o tempo desde o domingo .da do grande número de comunhões,
Septuagésima até à festa de São para as quais o pão era consa-
Pedro. (V. Desobriga). grado na patena, mas também por-
l.ll~. L1tdrrin - U

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que servia para receber as ofe- Magno; de Rito moçárabe, depois
rendas dos fiéis, feitas em espécie. da fração da hóstia; do Rito am-
Quando, no século VIII, se deixou brosiano, depois da mistura das
de consagrar o pão na patena, sagradas espécies. Nos Ritos
ela se tornou supérflua até à orientais tem seu lugar geralmen-
fração para a Comunhão, e co- te antes da fração da hóstia e é
mo o seu tamanho impedisse os recitado por todo o povo, ou pe-
movimentos do celebrante, era en- lo coro, quando nos Ritos latinos
tregue ao patenário para res- compete ao povo, ou coro, somen-
peitosamente guardá-la, ofício te a última petição Sed libera nos
que alguns séculos depois passou a maio. De todas as Liturgias so-
para o subdiácono. Deste modo mente a clementina não tem Pater-
se explica, historicamente, a ceri- noster, o que os autores atribuem
mônia sobredita nas Missas sole- a uma lacuna no texto. Desde o
nes. Nas de Requiem, porém, o tempo de Santo Agostinho reza ou
subdiácono não sustenta a patena, canta o celebrante, antes do Pater-
porque nelas, antigamente, ela ia noster, uma pequena introdução
para a sacristia logo depois do (Oremus. Praeceptis salutaribus
Ofertório, por não haver Co- moniti), etc. = (Oremos. Admoes-
munhão dos fiéis. - Nos Ritos tados por salutares preceitos) que
orientais corresponde à patena o se acha, segundo o sentido em
disco. (V. Disco). todos os Ritos, posto que não' com'
Patena de Comunhão. (V. Co- as mesmas palavras. O sacerdote
munhão, Patena de) . (com o povo) confessa sua in-
dignidade de o rezar, mas é essa
Patenário, desde o VIII século introdução ao mesmo tempo uma
o acólito, encarregado de susten- prova da convicção geral da obri-
tar a patena na Missa solene, gação imposta por N. Senhor de
passando, porém, este ofício, sé- se rezar o Pater-noster. No Ofí-
culo depois, para o subdiácono, cio reza-se o Pater-noster no início
como hoje. de todas as horas, excepto as Lau-
=
Pater-noster (1. Padre nosso), des, quando unidas às Matinas·
primeiras palavras da oração que no fim de todo o Ofício e d~
Nosso Senhor em própria pessoa cada uma das horas, quando não
ensinou, chamada por isso Oração segue outra; dentro do Ofício da
dominical. E' evidente que os Prima e extraordinàriamente nas
cristãos !!Te tinham grande apre- preces dominicais e feriais. Na
ço, tão grande que não se per- . administração dos Sacramentos é
mitia sua recitação aos catecúme- o Pater-noster recitado no Rito
nos. Destes, só aos competentes do batismo pelo sacerdote com os
era ensinado pouco antes do ba- padrinhos ou, no batismo de adul-
tismo junto com o símbolo dos to, com este, depois de entrarem
ApóstoJos (traditio symboli, tradi- na igreja; na .E xtrema Unção
tio orationis dominicae). O empre- depois de ungido o enfermo. No~
go do Pater-noster na celebração Sacramentais ocorre frequente-
do Sacrifício é documentado des- mente, por exemplo, na Absolvição
de meados do III século. Além dis- geral, na bênção apostólica em ar-
so fazia parte das cerimônias do tigo de morte, na encomendação
batismo, sendo recitado pelo neó- d~ alma, nas exéquias, nos exor-
fito ao sair da água (redditio ora- cismos, etc.
tionis dominicae). Hoje é o Pater-
noster usado na Liturgia nos actos Patriarca (do gr. patriá = fa-
seguintes: Na Missa de Rito roma- mília e árchon = chefe), em sen-
no, no fim do cânon maior, lugar tido jerárquico, um Bispo com ju-
em que foi posto por S. Gregório risdição e precedência sobre os

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Bispos de províncias ou países in- Paulo fora da cidade. Estabeleceu-
teiros. Os mais antigos patriarca- se, por isto, um culto especial na
dos são os de Roma, Alexandria, Basílica de São Paulo para o dia
Antioquia, jerusalém, Constantino- seguinte à festa comum de ambos
pla. Os quatro últimos (orientais) os Apóstolos.
pereceram no cisma e com a in-
vasão do islamismo; foram resti-
Pausatio (1.= repouso, descan-
so), antiga denominação da festa
tuídos, como latinos, no tempo dos da Assunção de N. Se11hora. (V.
cruzados; mas, com a perda da Assunção de N. Senhora).
Terra Santa, não mais ocupados. Pavilhão. (V. Conopéu).
Somente o Patriarca latino de je-
rusalém reside na cidade santa Pax Domini sit semper vobis·
desde 1847, os outros têm sua re- cum (!. = A paz do Senhor esteja
sidência na Cúria romana, como sempre convosco), fórmula rezada
Patriarcas titulares. Por ocasião ou cantada pelo celebrante na Mis-
da união dos cismáticos orientais sa, depois da fração da sagrada
com Roma, foram reconhecidos os hóstia, durante a qual produz três
seus antigos patriarcas e acrescen- cruzes sobre o cálice com a par-
tados novos para os melquitas, ma- ticula menor, que em seguida é
ronitas, sírios, armênios, caldaicos introduzida no SS. Sangue. A fór-
e cópticos. O Bispo de Goa é, des- mula é documentada no Rito da
de 1886, Patriarca das lndias Missa no Sacramentário de · Gelá-
orientais. Patriarcas titulares (Pa- sit>, mas sem menção da introdu-
triarcas pequenós) são os Bispos ção da partícula.
de Veneza, de Lisboa e de Toledo,
este último das lndias ocidentais.
Pax tecum (1. = A paz esteja
contigo), fórmula ao dar-se o ós-
A jurisdição dos Patriarcas é hoje culo da paz na Missa e ao dar o
limitada. As suas insígnias são o Bispo a álapa na face do confir-
chapéu verde com quinze borlas, mando, na Crisma.
a éxomis, que é uma veste hume-
ral (com excepção do Patriarca de Pax tibi (!. = A paz te seja),
jerusalém, que usa o pálio) e a fórmula proferida depois da un-
cruz, com duas traves horizontais, ção, no alto da cabeça, no rito
que é levada diante do Patriarca do batismo, como também de-
nos cortejos solenes. pois da unção da cabeça do Bis-
po a sagrar, e ao entregar-se-lhe
Paulo, - 1) V. Pedro e Paulo; o livro dos Evangelhos.
- 2) V. joão e Paulo. Pax vobis (1. = A paz vos seja),
Paulo, Conversão, Comemora- saudação de jesus aos Apóstolos,
ção de São. A conversão milagrosa no dia da Ressurreição. Somente o
de São Paulo celebra-se a 25 de Bispo, como representante de Cris-
janeiro, a comemoração do mes- to em sentido eminente, usa-a, pro-
mo se faz a 30 de junho. A pri- vàvelmente desde o IV século, em
meira festa tinha, a princípio, por lugar do Domi~us vobiscum, an-
objecto a trasladação de S. Pau- tes da primeira oração (Coleta),
lo no tempo de Constantino. Ce- na Liturgia romana.
lebrar no mesmo dia a sua con- Paz. (V. ósculo da paz).
versão parece que se originou nas
Gálias ou na Inglaterra. A come- Pé do Altar, - 1) nome coleti-
moração de S. Paulo tem sua ori- vo que significa os ministros do
gem na impossibilidade de se ce- altar, nos dias solenes de festa:
lebrar, em Roma, o culto solene diácono, subdiácono, cerimoniário,
em ambas as Basílicas no mesmo capelães; - 2) gratificação (ben-
dia (29 de junho), por causa da esse) dada aos ministros do altar
distância entre São Pedro e São nos dias de festa.
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Pedobatismo (do gr. pais pelos coristas, ao recitar o Ofi-


criança, genitivo paidós), batismo cio. (V. Sobrepeliz).
das crianças. Pelvis ou pelvicula (1.), bacia
Pedra d'ara. (V. Altar portátil). para receber a água nas purifica-
Pedra fundamental. (V. B~nção ções litúrgicas.
da pedra fundamental de uma Pendilia ou app"enditiae (1.), ti-
igreja). ras de ornato no frontal do altar,
que antigamente estavam presas
Pedrela (it. do 1. pes =
pé), - na toalha e pendiam pela frente,
1) supedâneo do altar; - 2) como hoje a renda da toalha.
base do retábulo.
Pénduli (1.), as duas tiras na
Pedro e Marcelino, o primeiro _mitra, que pendem por detrás.
exorcista, o segundo presbítero;
ambos martirizados perto de Ro- Penitência, - 1) V. Confissão ·
ma, em 303. São mencionados no - 2) satisfação sacramental. '
cânon da Missa, depois da Consa- Penitência ' dos ordenados, cha-
gração, na oração Nobis quoque mam-se, no Brasil, as orações im-
peccatoribus. Sua festa é celebra- postas pelo Bispo, no fim da Mis-
da a 2 de junho. sa ou no fim do acto, aos que
Pedro e Paulo, Festa dos SS. acabam de se ordenar. São os
Apóstolos, celebra-se, com rito de sete salmos penitenciais e a La-
1.• classe e oitavário, no dia 29 dainha de Todos os Santos para
de Junho, que é, segundo a tradi- os tonsurados e minoristas o no-
ção, o dia da morte de ambos turno d? dia da ordenado para
es Apóstolos. Data esta festa de os subdiáconos e diáconos as três
meados do IV século, pelo que J\'.1-issas votivas em honra do Espí-
é uma das festas mais antigas. nto Santo, em honra de Nossa Se-
n~ora e pelas almas para os pres-
Ambos os Apóstolos são mencio- b1teros.
nados no cânon da Missa, antes
da Consagração, na oração Com- P~nitê!J".iª• µvros de, ou Livros
municantes. pentt~npats, livros que continham
e~pec1flcadas as penitências canõ-
Pedum (1.), antiga denominação
do báculo pastoral. mca~ q_ue deviam ser impostas na
conflssao. Eram uma compilação
Peitoral, cruz peitoral. do que anteriormente tinha sido
Peixe (gr. ichthys), símbolo de estabelecido sobre a satisfação sa-
Cristo, frequentemente usado na cramental por diversos sínodos e
primeira era cristã. Deriva a signi- pelos Pa~res ~a Igreja, principal-
ficação das letras que compõem mente onenta~s. Pelo que consta,
o nome grego e que são as iniciais foram esses livros usados primei-
das seguintes palavras: /esoys ro na Irlanda e Escócia no VI ou
Christós, Theoú Yós, Sotêr = je- talvez já no V sécutb. Embora
adaptados em outros países nun-
sus Cristo, de Deus Filho, Sal-
vador. o ca se tornaram gerais na Ígreja,
desaparecendo pouco a pouco des-
Pelicano, pássaro de que a lenda d~ ? IX século. As penitências ca-
dizia que alimentava os filhotes nomcas comutavam-se mais tarde
com o próprio sangue, dilaceran- em outras obras (redenções),
do o peito. E' frequentemente usa- por ~xemplo, em esmolas, jejuns,
da sua imagem nos paramentos e oraçoes, e, desde o XII século
alfaias litúrgicas, como símbolo começou a vigorar a praxe, hoj~
do amor de N. Senhor. observada, de o confessor impor
Pellicea (1.), capa de pele con- uma penitência (satisfação sacra-
tra o frio, usada na idade média mental) a seu arbítrio.

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Penitência, Salmos de. V. Sal- quatro classes de penitentes, nem
mos penitenciais. tão pouco que tenham sido excluí-
Penitência, Tempos de, época dos da Missa, à qual assistiam de
ou dias do ano para os quais joelhos e sem receber a Comu-
a Igreja convida os fiéis à peni- nhão. A penitência pública foi abo-
tência ou prescreve obras de mor- lida, no Ocidente, aos poucos,
tificação, como são jejum e absti- sendo substituída pelas reden-
nência de carne. Tempos de pe- ções. (V. PeniUncia, lívros de).
nitência são o Advento, o tempo Pente, geralmente de marfim e
septuagesimal e a Quaresma; dias com gravuras, era usado, pelo me-
de penitência são as Têmporas, nos desde o VII século, por Bispos
certas Vigílias, as sextas-feiras do e sacerdotes para compor o ca-
ano. Estabelecer dias de penitên- belo depois de tomarem os_ pa-
cia extraordinários compete ao ramentos. Esse costume vigorou
Papa para a Igreja universal e até ao XVII século. Hoje o pente
ao Bispo para sua diocese. é usado apenas na sagração do ·
Bispo, para compor-lhe os cabe-
. Penitentes, - 1) os cristãos los depois que a cabeça foi un-
no acto da confissão; - 2) ca- gida com o crisma.
tegoria de cristãos que, segundo
a antiga disciplina penitencial, ti- Pentecostes (gr. = quinquagési-
nham . de fazer penitência pública. mo, sétimo domingo depois da Res-
O Oriente procedeu, neste parti- surreição, dia de festa em come-
cular, com mais rigor do que o moração da descida do Espírito
Ocidente. Desde meados do sé- Santo sobre os Apóstolos, chama-
culo Ili, ou talvez antes, um sacer- do Pentecostes por ser o quinqua-
d?te ~sp_ecialm.e~t~ deputado (pe- gésimo dia depois de Páscoa. Pelo
mtenc1áno) dmgta a ' penitência mesmo motivo chama-se também
pública dos pecadores e distin- todo o tempo entre a Páscoa e .
guiam-se quatro classes de peni- Pentecostes Quinquagésima. Tem
tentes, conforme a gravidade do esta festa, que é celebrada festi-
pecado: os /lentes, que, fora da vamente desde o II século, o rito
igreja, cobertos com as vestes de de 1.• classe com oitavário de pri-
penitência e entre lágrimas, tinham meira ordem, de modo que exclui
de confessar seu pecado aos fiéis a celebração de qualquer outra
e pedir-lhe intercessão; os audien- festa que nele possa cair. A
tes, que com os catecúmenos po- Missa da festa e de todo o oita-
diam assistir à pregação; os ge- vário é d1stinguida pela Sequência
nuflectentes, que, de joelhos, rece- Veni Saneie Spiritus e pelas ora-
biam, depois da Missa dos cate- ções do cânon Communicantes e
cúmenos, a imposição da mão e Hanc igitur, com acréscimos; as
bênção do Bispo; os consistentes Matinas do Ofício divino têm um
que, em pé e em lugar separado: só noturno e na Tércia reza-se
assistiam a toda a Missa, sem, em lugar do pequeno hino Nunc
contudo tomar parte no Ofertó- Saneie nobis Spirifus, o outro,
rio e Comunhão. Foi suprimida mais extenso, Veni Creator Spiri-
esta praxe em 391 pelo Patriarca tus, para comemorar mais parti-
Nectário de Constantinopla, e em cularmente a vinda do Espírito
breve desapareceu também qual- Santo que, segundo a Escritura,
quer penitência pública obrigató- nessa hora · (nove horas da ma-
ria. Também no Ocidente existia nhã) se efetuàu. Além disso, tem
a penitência pública para os pe- a festa de Pentecostes uma Vi-
cadores públicos e obedecia a câ- gília, em sua celebração seme-
nones fixos; mas não é certo te- lhante à de Páscoa. Não se faz,
nham havido, como no Oriente, entretanto, a bênção do fogo, nem

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do círio; as profecias antes da fazem-se entre o Cálice e o pei-
bênção da água são apenas seis; to do sacerdote para assim se
é dada a paz na Missa solene, di- representar que jesus Cristo é o
zem-se outras Missas e as Véspe- grande Mediador entre a huma-
ras são rezadas à hora do costu- nidade e Deus. Ao dizer omnis ho-
me. Antigamente celebrava-se esta nor et gloria o sacerdote eleva
Vigília, como a da Páscoa, de- um pouco o Cálice com a Hóstia
pois do meio dia, e prolongava-se sobreposta (Elevação menor), para
o culto até alta noite, por causa simbolizar a glória que todos os
dos muitos batizados. Ainda ho- dias sobe ao céu dos nossos al-
je a Igreja assinala a Vigília tares com a imolação mística da
de Pentecostes como a de Pás- Vítima sacrossanta. Conclui a do-
coa, como dia mais conveniente xologia com as palavras Per omnia
para o batismo de adultos. (Dir. saecula saeculorum, afirmando a
can. c. 772). Com o sábado do oi- eternidade do sacerdócio de Cristo,
tavário expira o tempo pascal na e são ditas, em voz alta ou can-
Liturgia, pelo que o domingo, isto tadas, para anunciar ao povo que
é, o oitavo dia, não lhe pertence o cânon é findo. Com a . resposta
mais. Explica-se esta singularida- Amen ratifica o povo as orações
de pelo facto de, antigamente, ter do celebrante. (V. Cânon maior da
sido considerado o dia de Pente- Missa).
costes como o encerramento do ci- Perpétua, santa mártir, em Car.:.
clo pascal. Mesmo depois de, no
VI século, se introduzir o oitavá- tago (203), comemorada no câ-
rio, o domingo continuou a ser non da Missa, depois da Consa-
chamado Primeiro domingo depois gração, na oração Nobis quoq'ue
de Pentecostes. Somente séculos peccatoribus. Sua festa é celebra-
depois foi fixada, nesse domingo, da a 6 de Março.
a festa da SS. Trindade. Per quem hrec omnia (!.), pri-
Perceptio Corporis tui. (!.). V. meiras palavras de uma oração,
Domine jesu Christe Fili Dei vivi. antes de terminar o cânon da Mis-
Percussão do peito (V. Bater no sa, na qual o celebrante suplica
peito). que o que nas precedentes ora-
ções pediu, Deus conceda por
Perícopa (do gr. Pericopé = Cristo, por quem criou ( creas)
parte, secção), trecho escriturai, a o pão e o vinho, os santificou
ler na Missa (Epístola, Evange- ( sanctificas f) na Missa, os tor-
lho), durante todo o ano. Menos nou alimento da vida sobrenatu-
usual é chamar-se perícopa outro ral (vivificas f ), os fez uma fonte
qualquer trecho da Bíblia. O Evan- de superabundantes bênçãos (be-
gelho da Missa de domingo cos- nedicis f) e na S. Comunhão
tuma-se chamar simplesmente pe- nos dá em comida (pra estas no-
rícopa dominical. (V. Evangelho). bis). As cruzes que o celebrante
Per ipsum, etc. (1. = Por ele t forma sobre a hóstia e o cálice
(Jesus Cristo), com ele t e ne- significam os frutos da Missa,
le t é dada a vós, Deus t Pa- indicados com as respectivas F>ª-
dre onipotente, em unidade do lavras. Nos tempos antigos reali-
Espírito t Santo, toda a honra zavam-se, antes da oração Per
e glória), doxologia com que ter- quem haec omnia, diversas bên-
mina o cânon da Missa. As três çãos: a de leite, mel e água no
primeiras cruzes forma o sacerdo- dia de Pentecostes, a de ·feijão
te com a Hóstia sobre o Cálice na ·Ascensão do Senhor, e, na ida-
para significar a unidade real e de média, a de comidas na Páscoa.
sacramental da Eucaristia sob Ainda hoje faz-se, neste lugar, a
ambas as espécies. As outras duas bênção do óleo dos enfermos, na

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Quinta-feira Santa. (V. Ct1non princípios da idade média, o uso


maior da Missa). das pias às portas da igreja. Ou-
tros autores são de opinião que o
Pertences do Altar, para poder benzer-se com água benta ao en-
dizer-se a Missa, são três toalhas trar na igreja é substituição, para
de linho, das quais a superior de- os dias da semana, da aspersão
ve pender até ao chão em ambos que se faz nos domingos antes da
os lados; o crucifixo bem visível, Missa. (V. Asperges me). Nas fa-
ao meio da banqueta; pelo menos mílias colocam-se pias pequenas de
dois castiçais com velas de cera; louça ou metal na parede do quar-
as sacras, das quais a do meio to de dormir, para ser usada a
é a mais necessária; estante ou
almofada para o Missal. água benta ao levantar-se e ao
deitar-se.
Pessoas litúrgicas, pessoas que Piléolo (1. pileolus, submitrale,
em nome de Cristo e da Igreja
presidem às funções litúrgicas ou solidéu), diminutivo de píleo (1.
nelas prestam auxílio. O Bispo piletts), barrete clerical, sem go-
e o sacerdote são os celebrantes, mos, para cobrir o alto da ca-
o diácono, subdiácono, minoristas beça, na qual se ajusta perfeita-
e tonsurados os auxiliares. Em no- mente. O seu tamanho, no XIV e
me de Cristo exercem o seu mú- XV século era maior, com acrés-
nus, em virtude da ordenação que cimos nos lados que cobriam as
é de instituição divina nos três orelhas. E' branco o piléolo do
graus jerárquicos, de instituição Papa; encarnado, desde 1464, o
eclesiástica, nos outros. Em no- dos Cardeais; roxo, desde 1867, o
me da Igreja agem os ministros dos Bispos, Abades e Prelados nul-
do culto, em virtude da missão lius; preto o dos outros. Salvo in-
que recebem, pela qual são depu- dulto especial, sàmente os Car-
tados representantes oficiais da deais, Bispos e Abades podem
Igreja. usá-lo na Missa, procissões teo-
fóricas, distribuição da Comunhão,
Phrygium (!.). (V. Camelau- etc., e também estes tiram-no des-
cum). de o Prefácio até depois da Co-
Phylacteria. (V. Encolpio). munhão. Chama-se o piléolo tam-
Pia batismal. (V. Batismo, Pia bém submitrale, porque os Bis-
do). pos, etc., trazem-no debaixo da mi-
tra desde princípio do século XIV
Pia de água benta, vaso de pe- pelo menos; solidéu, porque é ti-
dra ou mármore, com água benta, rado sàmente para fazer reverên-
embutido na parede, junto à en- cia a Deus.
trada da igreja, ou colocada so-
bre uma coluna, para os fiéis se Piscina ·(!. sacrarium) - 1) pia
benzerem com água benta. Com o batismal; - 2) poço com pare-
mesmo fim usam-se, às vezes, pias des de alvenaria e um orifício,
higiênicas modernas, que são apa- fechado com uma pedra ou tam-
relhos que distilam gotas de água po, construído por detrás do al-
benta sobre uma bola de vidro. Os tar, na sacristia ou em outro lugar
judeus lavavam as suas mãos an- cômodo, para nele ser lançado tu-
tes da oração, costume seguido do o que as rubricas mandam dei-
com mais razão pelos cristãos ao tar na piscina, como as cinzas dos
assistirem ao culto divino, porque, santos óleos, das vestes sacras, do
comungando, recebiam em suas algodão servido nas unções, a
mãos as espécies sagradas. Para água batismal e benta antigas,
estas abluções existiam vasos a água com que se houverem pu-
apropriados no adro das Basílicas. rificado os corporais, sanguinhos,
Deste costume originou-se, em· etc. Chama-se também sacrário; -

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3) antigamente uma espécie de la- da larga, que impropriamente •


vatório na parede, junto do altar, chama estolão. (V. Estolão).
para o sacerdote lavar as mãos Plebanus (1. de plebs = povo),
e mesmo o cálice em que se dei- vigário, pároco; - Plebania, al-
tava a água da purificação no tar paroquial nas igrejas colegia-
Ofertório, a qual por um cano das e conventuais; - Plebes, dio-
descia até ao poço no chão. Para cese, paróquia. Todos os três
este último fim ainda se encontra s_ubstantivos são hoje desusados
às vezes em algumas igrejas. em latim; mas às vezes encontra-
Píxide (1. pyxis, ciborium). V. s~ eccles[a plebana = igreja-ma-
Ambula. triz; em 1t. se conseryaram: pieva-
Píxide para viático, uma âmbula no. = pároco, pievania = paró-
muito pequena ou um vaso em quia, p1eve = igreja paroquial.
forma de relicário, dentro de uma Plenário. (V. Evangeliário).
bolsa de seda, pendente do pes-
coço e oculta por baixo da bati- Pluvial. (V. Capa de Asperges).
na ou capa, para a administração Poliândrio (do gr. polys = mui-
do viático, quando as circunstân- to, aner = homem, genitivo an-
cias não permitem levá-lo publi- drós) antiga denominação do ce-
camente. mitério, a qual hoje sàmente ocor-
re nas orações e no Prefácio da
Planeta. (V. Casula). bênção solene do cemitério.
Planeta dobrada (1. planeta pli- Polifonia (do gr. polys = mui-
cata), casula (planeta), dobrada to, phoné = voz), canto, a duas,
ao longo e colocada sobre o ombro três, quatro e mais vozes (par-
esquerdo, a tiracolo. Depois que tes), artisticamente unidas de mo-
a casula passou a ser paramento do que cada uma tem desenho
exclusivo do sacerdote na Missa próprio e forma perfeita melodia.
isto é, desde o X século, o diá~ Clássica em sentido rigoroso é a
cono e o subdiácono usavam-na, polifonia quando se baseia so-
deste modo, em dias de penitên- bre os tons do canto-chão, cha-
cia, o subdiácono depois do In- mada também, segundo o seu prin-
tróito e o diácono desde o Evan- cipal e mais feliz cultor, estilo de
gelho até à Comunhão inclusi- Palestrina. Geralmente, em todo
vamente. No século XVI se fez a ou em parte, fazia-se na polifo-
transformação da casula em o nia clássica uso de melodias gre-
grande escapulário de hoje. Des- gorianas, como canto firme no
de então, atenta a dificuldade de tenor, ou como motivos nas diver-
enrolá-Ia, é substituída por uma sas partes. Chama-se este canto
casula dobrada para dentro, na também figural por causa das ri-
parte de diante, ou cortada se- cas figuras (motivos) postas em
gundo o uso romano. O Cerimo- imitação. (V. Canto firmo e Dis-
nial de hoje permite a planeta do- cante).
brada ou cortada sàmente nas
igrejas catedrais ou insignes, em
Polilitúrgico (do gr. polys
muito, e litúrgico), é o dia em
=
dias de penitência, durante a Mis- que o mesmo sacerdote pode cele-
sa e em algumas bênçãos (velas, brar mais de uma Missa. Em tem-
cinzas, ramos); mas o subdiácono pos remotos era costume honrar
tira-a ao cantar a Epístola, para com Missa própria cada um dos
repô-la logo em seguida; o diá- mistérios que no dia ocorriam.
cono conserva-a até ao Evangelho, Assim, no dia de Natal celebra-
coloca-a a tiracolb (se a casula va-se a Missa da Vigília notur-
o permitir) até acabada a Comu- na, a de Santa Anastásia, e a da
nhão, ou substitui-a por uma ban- festa. Na Quinta-feira Santa ha-

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via a Missa da reconciliação dos bâculo (Dir. can. c. 337, § 2); -


penitentes, a da bênção dos San- em sentido litúrgico, os poderes,
tos óleos e a Comemoração da prerrogativas, honrarias, etc., que
Eucaristia. Outras vezes, Bispos na Liturgia competem ao Bispo,
e simples sacerdotes diziam mais de acordo com o Pontifical e Ce-
de uma Missa num só dia, para rimonial dos Bispos, e limitada-
satisfazer sua devoção particular. mente a outros Prelados (Aba-
Hoje são dias polilitúrgicos o dia des, Prelados nullius, Protonotá-
de Natal, com três Missas, o dia rios, etc.), a quem o direito aos
de Finados, com três Missas, e os Pontificais foi concedido pela San-
dias em que o sacerdote ou por ta Sé.
indulto apostólico ou com autori- Pontífice (1. Pontifex, de . pons
zação do Bispo pode celebrar mais = ponte, fácere = fazer), o Bis-
de uma Missa. (V. Binação). Poli- po. Sumo Pontífice (1. Summus
litúrgicos, em sentido lato, são os Ponfífex ou Pontifex maximus), o
dias em que é de obrigação cele- Papa. Possuindo a plenitude do sa-
brarem-se duas ou três Missas con- cerdócio, são eles medianeiros
ventuais nas igrejas catedrais e (construtores de pontes) por exce-
colegiadas, os dias em que o lência entre Deus e o povo cristão.
sacerdote tem liberdade de esco-
lher a Missa, como acontece na =
Porta creli (1. porta do céu),
Quaresma e nos dias em que ocor- placa de metal ou de cartão, re-
rerem diversos Santos, os dias, en- vestida de seda que em algumas
fim, que permitem a Missa votiva igrejas se põe diante da porta do
à vontade do sacerdote. sacrário, que, entretanto, não po-
de substituir o conopéu.
Pomba eucarística (1. columba),
vaso fundido, de bronze, dourado Porta-paz (1. osculatorium, in-
ou esmaltado, em forma de pomba, strumentum pacis). V. ósculo da
para conservar o Santíssimo. Teve paz.
um uso limitado, desde o IX ou Porta santa, uma das portas de
X século, principalmente na Fran- entrada das quatro Basílicas maio-
ça; na catedral de Amiens ainda res de Roma, isto é, de São Pedro,
hoje. Pendia a pomba por cima de São joão do Latrão, de Santa
do altar e tinha nas costas um Maria Maggiore e de São Pau-
pequeno depósito oval com tam- lo. De ordinário estão muradas,
pa em que cabiam algumas par- abertas somente durante o Ano
tículas. Santo. O próprio Papa abre a de
Pontifical, - 1) 1. liber pontifi- São Pedro, com significativas ce-
calis, livro litúrgico, em uso desde rimônias, no dia 24 de Dezembro,
o IX século, unificado por Cle- e fecha-a no mesmo dia do ano
mente VIII, em 1596, revisto e seguinte. As Portas Santas das ou-
aumentado posteriormente, que tras Basílicas são abertas e fe-
contém os formulários para a ad- chadas pelo Cardeal de quem a
ministração dos sacr.amentos, pa- respectiva Basílica é titular. A
ra as bênçãos e outros actos re- abertura da Porta Santa significa.
servados ao Bispo; - 2) (V. Mis- as graças concedidas no Ano
sa pontifical). Santo, principalmente a indulgên-
cia plenária. (V. Ano Santo).
Pontificais (plural, corresp. ao 1.
pontificalia, a subentender: fun- Posição litúrgica. (V. Ajoelhar,
ções, prerrogativas, paramentos, Assentar-se, Estar em pé, Genu-
etc.), em sentido canônico, as fun- flexão) .
ções para as quais as leis litúrgi- Postcomunhão, oração, precedi- .
cas exigem o uso das insígnias da de Dominus vobiscum, rezada
pontificais, isto é, da mitra e do ou cantada na Missa, depois da

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Comunhão. Com ela acabava a mas nas horas: Tércia, Sexta e


Missa do Rito romano até o XIII Noa são abreviadas. Não são re- ·
ou XIV século, pelo que a oração zadas as preces durante os oita-
tinha por inscrição também ad vários e nos domingos em que se
complendum, isto é, "para acabar", faz comemoração de uma festa
ou simplesmente complenda. O no- de rito dúplice. As preces são
me de Postcommunio ocorre já no fervorosas súplicas pelas- neces-
Sacramentário de Gelásio. Como a sidades comuns da Igreja. Em
coleta, esta oração alude quase sua origem são a amplificação do
sempre ao mistério ou à festa do que S. Bento chamava litania; mas
dia, com o pedido pela conserva- já no IX século o Breviário ro-
ção dos frutos da Comunhão. mano as tem mais ou menos na
Post Sanctus (1. = Depois do forma de hoje.
Sanctus), oração, no Rito de Missa Preces depois da Missa rezada,
moçárabe, que é acrescentada ao orações que, por decreto dos Pa-
Sanctus e varia conforme os dias pas Leão XIII (1884) e Bento XV
e festas. (1915), o sacerdote, ajoelhado no
Potérion (gr. = copo, taça), de- supedâneo ou no ínfimo degrau
nominação, no texto grego, da S. do altar, reza alternadamente com
Escritura, do cálice, usada, nos os fiéis, Jogo depois do último
Ritos orientais, para o cálice da Evangelho, a saber: três vezes
Missa, que nas suas formas hoje Ave Maria, Salve Regina, as ora-
não é diferente do da Igreja la- ções Deus noster refugium, Sancte
tina. Michael Archangele e a trina in-
vocação Cor fesu sacratissimum,
Prrecentor (1. de prae =
antes, miserere nobis. Não são rezadas
superior a, e cántor = cantor). depois da Missa rezada conven-
(V. Corepíscopo, Primicério, Sal- tual, nem depois de outras que re-
mista). vestem uma certa solenidade ou
Prreparatio ad Missam (11. tam- que são seguidas imediatamente
bém accessus), conjunto das ora- duma função sagrada ou exercício
ções e salmos, contidos no início piedoso. Como as preces não per-
do Missal e frequentemente im- ~encem à Liturgia eucarística, po-
pressos em separado, num qua- dem ser rezadas em língua vulgar,
dro pendurado na parede da sa- c?ntanto que a tradução seja
cristia, junto com a acção de gra- ftel e aprovada pelo Ordinário.
ças depois da Missa (recessus), Preces em tempo de guerra, de
cuja recitação é recomendada ao fome e durante a tempestade, con-
sacerdote ao preparar-se para a tém o Ritual romano, Título IX, e
Missa. são a Ladainha de Todos os San-
Prece eucarística. (V. Oração tos, salmos e versículos com ora-
eucarística). ções apropriadas.
Preces (1. = súplicas), maior Preciosíssimo Sangue, Festa do,
ou menor número de versículos prescrita por Pio IX, para a Igre-
com resposta,' a recitar em certos ja universal, celebra-se com rito
dias, antes da oração, no Ofício de l.ª classe, a 1• de julho, em
divino. Distinguem-se preces do- honra ao preciosíssimo Sangue de
minicales e preces feriales. As pri- nossa Redenção.
meiras intercalam-se no Ofício Precônio pascal (1. praeconium
da Prima e Completas de domingo, paschale = anunciação da Pás-
das festas de rito semidúplice e coa, ou laus paschalis = louvor
simples e das festas comuns; as da Páscoa), grandioso hino de
outras em todas as horas, excepto louvor e júbilo, entoado pelo diá-
as Matinas das férias maiores; cono, na bênção do círio pascal,

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na manhã de Sábado Santo. Co- fácios não era sempre o mesmo.
mo a bênção do círio, também o No Rito grego há um só para to-
canto de um precônio é antiquís- das as Missas; no ambrosiano e
simo. Mas a redação deste varia- moçárabe todas as Missas têm o
va muito e há autores que pen- seu próprio, como antigamente
sam ter-se composto todos os anos também o romano. Para este o
um novo. Dos muitos formu- Sacramentário leoniano tinha 267
lários só estão ainda em uso três: prefácios, mas o Gelasiano apenas
o romano, o ambrosiano e o moçá- 54 e o gregoriano trazia sàmen-
rabe. O romano, que começa com te 1O. Presentemente o seu núme- '
a palavra Exultei, tem provàvel- ro, no Rito romano, é de 14. O
mente sua origem nas Gálias, por- fundamento de todos é o comma-
que os Sacramentários galicanos nis, com a primeira e a terceira
do VII século exibem o texto com- parte apenas. Os outros com a alu-
pleto. Na Liturgia romana só en- são à festa ou ao tempo sacro
trou no X século. No sul da Itá- no meio são: do Natal, da Epi-
lia era costume, do X ao XIII fania, da Quaresma, da. Paixão,
séc., escrever-se o Exultei num da Ascensão, de Pentecostes, da
grande e largo rolo (1. roiulus) Trindade, de jesus Cristo Rei,
de pergaminho, com miniaturas de N. Senhora, dos Apóstolos,
que ilustravam o texto e pintadas de S. josé e da Missa dos de-
de modo a serem vistas , em po- funtos. Algumas Ordens religio-
sição direita pelo povo, quando o sas, por exemplo, a benediti-
diácono cantava o Precônio no na, a franciscana e outras, têm o
é,lmbão e o pergaminho caía pela indulto de prefácio próprio para
frente. (V. Bênção do círio pas- as festas de seus fundadores. Pa-
cal). ra o canto do prefácio o Missal
Prefácio (1. praefatio e· antiga- dá o tonus f erialis para as Missas
mente coniesiaiio, illaiio, immola- de Requiem, as Missas votivas pri-
iio), belíssimo !tino de louvor e vadas e ·as Missas de dias com
acção de graças, em todos os Ri- rito simples. Nas outras Missas
tos, o qual é uma introdução (pre- canta-se o tonas solemnis ou, que-
fácio) ao acto da Consagração. rendo, o tonas solemnior. Imita-
Em sua origem representa o pre- ções do prefácio da Missa são . o
fácio a prjmeira parte da oração Precônio pascal, e os chamados
eucarística. (V. Oração eucarísti- prefácios da bênção dos ramos, da
ca). Desde tempos antiquíssimos água batismal, nas ordenações,
(em Roma nos princípios do III sagrações, etc.
século) o seu canto é precedido
das fórmulas litúrgicas que exor- Pregões. (V. Banhos).
tam a desprender o coração de Prelado (do 1. prae = ante, so-
pensamentos terrestres para poder bre e ferre = levar, trazer), em
dar ao Senhor as devidas graças: sentido próprio, clérigo com juris-
Dominus vobiscum; Et cum spiritu dição ordinária no foro externo,
tuo. - Sursum corda; Habemus ad tenha ou não a sagração episco-
Dominum. - Grafias agamus Do- pal. Distinguem-se Prelados maio-
mino Deo nastro; Dignum ei jus- res e menores. Maiores são os
ium esi, e termina com o Trisa- com jurisdição episcopal, menores
gion Sancius, Sancius, Sanctus, os com jurisdição quase episco-
etc. Em seu conteúdo consta o pre- pal. A .primeira categoria per-
fácio de três partes: acção de gra- tencem o Papa, os Arcebispos e
ças (Vere dignum, etc.), alusão à · Bispos residenciais; à segunda os
festa ou ao tempo sacro (Qui, Prelados (Abades) nallius (V.
etc.), transição para o Sanctus Abade mzllius) com jurisdição em
(Et ideo, etc.) . O número de pre- território separado; os Prelados

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com jurisdição em certas pessoas, dos sacerdotes assistentes, com
mas sem território, como são os oração; solene Prefácio; vestição
Bispos castrenses e os Superiores da estola e casula, a qual fica do-
de Religiosos isentos e, enfim, os brada nas costas; oração; hino
Prelados da Casa pontifícia. - Veni Creator Spiritus, durante o
Prelados em sentido impróprio são qual são ungidas as palmas das
clérigos que receberam do Papa mãos com óleo dos catecúmenos
esse título como simples distinção, e entregues o cálice com vinho e
sem jurisdição alguma. patena com hóstia. Em seguida os
Presbiterato (1. presbyteratus, ordenados lavam as mãos e dizem,
do gr. presbyteros = ancião), a desde então, a Missa, junto com
o Bispo (concelebração). - 3)
última das três Ordens •maiores,
conferida pelo Bispo somente du- Conclusão: Depois da Comu-
rante a .Missa. E' Sacramento com nhão, que os ordenados recebem
carácter indelével, instituído por N. das mãos do Bispo, o ·coro entoa
Senhor e confere ao ordinando o o responso /am non dicam vos
poder de oferecer o Sacrifício da servos, durante o qual os neo-
nova Lei, administrar os Sacra- sacerdotes fazem, diante do Pon-
mentos do Batismo, da Eucaris- tífice, a profissão de fé, recitando
tia, da Penitência, da Extrema Un- o Símbolo Apostólico. Segue nova
ção, benzer, e ser, enfim, o re- imposição da mão, como sinal da
presentante de jesus como media- transmissão do poder de per-
neiro entre Deus e a humanidade. doar pecados; desdobramento da
Transmite ainda a graça para o casula; promessa de obediência·
digno desempenho dos deveres de ósculo de paz; exortação; bênçã~
estado. Excepto a imposição das solene sobre os ordenados; pe-
mãos do Bispo, com a respectiva quena alocução final e imposição
oração, que são de instituição divi- da penitência. (V. Penitência dos
na, as cerimônias que hoje acom- ordenados). Nos Ritos oríentais a
panham o acto essencial da orde- ordenação para presbítero é mui-
naçã? . para presbítero, segundo o to simples. Além de extensas ora-
Pont1f1cal romano, são uma com- ções e da imposição das mãos com
binação do que se observava em oração, consta apenas da vestição
Roma e no Rito galicano em di- dos paramentos sacerdotais. So-
versas épocas. As cerimônias mais mente o Rito armênio adoptou al-
antigas são a imposição das mãos gumas cerimônias (unção das
dos sacerdotes assistentes e a mãos e entrega do cálice com pa-
entrega da estola e casula. No X tena) do Rito romano.
século o Rito se compunha das Presbitério, recinto na igreja,
cerimônias hoje observadas, me- reservado aos presbíteros (sacer-
nos a parte no fim da Missa da dotes), hoje geralmente a mesma
ordenação, que· é um acréscimo coisa que capela-mor.
dos fins da idade média e a con-
celebração dos neo-sacerdotes, que Presbítero (do gr. presbyteros =
ancião, sacerdote, padre), _nome
data do XIII século. Consta a or- escriturai, oficialmente adoptado
denação para presbítero das se- pela Igreja para significar sacer-
guintes cerimônias: - 1) Intro- dote. E' o presbítero por institui-
dução: Pergunta sobre a digni- ção divina e em virtude da orde-
dade do ordinando (exame); alo- nação conferida pelo Bispo o re-
cução ao povo; exortação ao can- presentante e ministro de N. Se-
didato; recitação da Ladainha de nhor, cuja missão perpétua, apli-
Todos os Santos, com três súpli- cando ao povo cristão os mereci-
cas especiais. - 2) Ordenação: mentos de Cristo, principalmen-
Imposição das mãos do Bispo e te com o Sacrifício da Missa e a

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administração dos Sacramentos e propagadores, considerando o pre-
sendo-lhe mestre e guia, com a sépio em suas igrejas como meio
anunciação e explicação da dou- excelente para lembrar ao povo,
trina cristã; tudo isto em depen- ao vivo, quanto foi o amor de Nos-
dência do Bispo, de cuja autori- so Senhor.
dade necessita para o válido ou Prima (1. prima, hora prima) a
lícito exercício de suas atribui- primeira das horas menores. Foi
ções. Não possui o presbítero a introduzida, com o nome de al-
plenitude do sacerdócio, como o tera matutina, no Ofício divino
Bispo, principalmente porque não pelos monges de Belém,. no fim
pode conferir Ordens sacras nem do IV século, para ser a oração
administrar a crisma por próprio da manhã, porque os monges tor-
poder. Como o Sacramento da Or- navam a repousar depois da reci-
dem imp'rime um carácter indelé- tação das Matinas e Laudes. São
vel, o presbítero é sacerdote eter- Bento a adoptou com o nome que
namente, torne-se embora ministro hoje se usa. Além da introdução
infiel pelo pecado ou até pela Pater, Ave, Credo, Deus in adju-
apostasia. torium, hino, consta a Prima de
Presbítero assistente, primeiro duas partes, das quais a primei-
dignatário, vestido de sobrepeliz ra concorda, em sua estrutura,
(ou alva) e capa de Asperges, com as outras horas menores. (V.
junto ao trono do Bispo, nas Tércia). Pequenas modificações há
funções pontificais, a quem com- em certos diàs, com o acréscimo
petem certos ofícios determinados de um quarto salmo, das preces
pelo Cerimonial. Ao simples sa- dominicais ou feriais · e do Sím-
cerdote _acompanha um presbítero bolo atanasiano. A segunda parte
assistente sàmente na primeira é a reprodução quase integral do
Missa solene. Ojficium capituli, realizado, pelos
monges, numa sala fora da igre-
Presépio ou Presepe, representa- ja (capítulo), em seguida à Pri-
ção plástica do nascimento do ma, mas como acto distinto. Nes-
Menino jesus, durante o tempo se Ofício fazia-se a leitura do
de Natal, nas igrejas e no lar do- martirológio, distribuía-se o tra-
méstico. Conforme a vontade ou balho do dia com a invocação do
os recursos, é apenas um está- auxílio de Deus, seguia a leitura
bulo com as figuras do Divino de uma parte (capítulo) da re-
Infante, de Maria e josé, ou mes- gra, bênção do superior e a des-
mo estábulo com uma maior ou pedida ( absolutio capituli). Mais
menor paisagem, com figuras de tarde este rito do Officium capituli
pastores, de ovelhas e outras, jun- foi unido à Prima no Breviário
tando-se, para o dia de Reis, os romano. (V. Ofício divino).
magos do Oriente com a sua equi-
Plfgem. A idade do presépio pa- Prima tonsura. V. Tonsura cle-
rece que remonta do IX ou X sé- rical.
culo, certo é que se generalizou Primaz, Metropdlita com cuja
depois que São Francisco de As- sede estão unidos certos direitos
sis festejou a noite de Natal com sobre outros Metropolitas e Bis-
seus Irmãos e grande multidão de pos de certos países, reinos ou
povo, num bosque de Greccio, nações. Com excepção do Primaz
em 1~23, com Missa solene, dian- · de Gran (Hungria), que ainda
te de um estábulo armado, que- exerce a jurisdição, os outros
rendo que, para a reprodução gozam apenas o direito de pre-
fiel, não faltassem o boi e o ju- cedência e da coroação dos reis.
mento. Os Franciscanos, desde en- O mais antigo Primaz consta
tão, tornaram-se seus principais que foi o Arcebispo de cartago

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e a sua primazia foi restituída em des, Arquiconfraternidades, Ordens


1892. Outros Primazes são os de Terceiras, Clero regular, Clero se-
Taragona (Espanha), de Braga cular, Pálio, povo (primeiro os ho-
(Portugal), de Antivari (Monte- mens). Nas procissões do Santís-
negro), da Baía (Brasil) e de simo as Confraternidades do San-
Malinas (Bélgica). Além disso tíssimo têm precedência sobre as
há Primazes titulares na Alema- Arquiconfraternidades, não sobre
nha, Boêmia, Polônia, Oalícia. A as Ordens Terceiras. As preces pa-
Ordem beneditina chama Primaz ra as diversas procissões prescre-
o seu Superior Geral (desde 1893). ve o Ritual romano, Título IX.
Procissões, como manifestação es-
Primicério (do 1. primus in cera po~tânea do sentimento religioso,
= o primeiro na cera, isto é, o faziam-se desde os primeiros sé-
primeiro na lista escrita no qua- culos do cristianismo; no V século
dro), mestre e dirigente no coro era esse costume praticado por to-
dos cantores. Tão importante se da parte e ainda hoje o povo tem
considerava este encargo que o para com elas predileção. Em
primicério tomava parte na eleição s1;!bstância concordam as procís-
do Papa. Mais tarde chamava-se soes com o que se chamava no V
Chorepiscopus ou Praecentor. (V. sécu}o, Estações (V. EstaçÍies 2)
estas palavras). e Dtr. can. s. 1290).
Primícias · (do plural 1. primitiae Procissão das candeias. (V. Pu-
= "as primeiras" (coisas), fruto, rificação de N. Senhora).
produto, trabalho), primeira Mis-
sa do neo-sacerdote. (V. Missa 1>rocissão das rogações. (V. La-
Nova). dainhas menores).
Procedamus in pace (1. = "An- Procissão de Corpus Christi, pro-
demos em paz"), fórmula de des- cissão com o Santíssimo Sacramen-
pedida, no fim da Missa, em lugar to, na festa de Corpus Christi. In-
do nosso lte, Missa est, no Rito troduziu-se em alguns lugares pe-
ambrosiano e grego, e, .no Rito los fins do XIII século, isto é, de-
romano, fórmula invitatória para pois que o culto ao Santíssimo Sa-
dar princípio à procissão litúrgica. cramento tomou novo incremento
com a celebração da festa de Cor-
Processional, livro litúrgico que pus Christi, e por via de costume
contém o Rito das procissões com propagou-se universalmente. Entre
as orações e hinos. todas as procissões litúrgicas ela
Procissão, solene préstito reli- é hoje a mais solene. Estabelece
gioso do povo com o clero, litúr- o Direito canônico (c. 1291) que
, gico ou quase litúrgico, com ou em regra só haja uma procissão
sem conexão com outra função li- nesse dia, partindo da igreja mais
túrgica, que geralmente de um lu- digna (Catedral, Matriz). As ou-
gar santo (igreja) se dirige a ou- tras paróquias (se houver diver-
tro, para excitar a piedade dos sas) e os regulares podem fazer
fiéis e para louvar a Deus, dar esta procissão dentro do oitavá-
graças ou pedir sua protecção. Or- rio. (V. Corpus Christi).
dinárias .são as procissões que se Procissão de' S. Marcos•. (V. La-
realizam todos os anos em certos dainha ·maior).
dias ou ocasiões, extraordinárias
as que a autoridade eclesiástica Procissão de ramos, realiza-se
prescreve ou permite para fins e no Domingo de Ramos, em seguida
em circunstâncias especiais. A or- à bênção dos mesmos, antes da
dem das procissões é esta: Cruz Missa, simbolizando a solene en-
processional, Pias Uniões, Pias trada de Jesus vindo de Betânia,
Uniões primárias, Confraternida- ·em Jerusalém. Tem esta procissão

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sua origem nas Gálias, onde na tismo dos catecúmenos. Daí a sua
segunda metade do IX século se etc tensão.
tornou geral. Foi depois universal- Próprio da diocese, Próprio do
mente adoptada e fazia-se com tempo, Próprio dos Santos. (V.
muita pompa. Da igreja onde se Breviário e Missal romano).
realizava a bênção dos ramos (Be-
tânia) partia uma procíssão, com Prosa. (V. Sequência).
a cruz ou o livro dos Evangelhos, Proscomidia (1. do gr. Proskomi-
símbolos de N. Senhor, ou mesmo dé :::: oferecimento, de prós ::::
com o Santíssimo Sacramento, pa- para, komitzein :::: levar, condu-
ra se encontrar com outra que zir) no Rito grego a preparação
vinha de igreja, em que depois se sole~e da matéria do Sacrifício da
celebrava a Missa (Jerusalém). No Missa, sobre uma mesa na depen-
trajeto cobria-se o chão com ta- dência que fica à esquerda do
peçarias e flores e no lugar do presbitério. Depois de o celebran-
encontro havia solene cerimônia te se vestir e lavar as mãos, cor-
diante da Cruz, etc. Desde o XVI ta, com a lança santa, o selo (uma
século desapareceu aos poucos parte quadrada, assinalada com
essa cerimônia dramática. Mas o uma cruz e as inscrições IC.-XC.
Rito litúrgico de hoje ainda a NL-KA. :::: jesus Cristo venceu)
lembra na cerimônia seguinte: An- de dentro de um pão (prosphorá)
tes de a procissão entrar de novo que com ele está marcado, coloca
na igreja, dois cantores entram, este selo no disco (patena) e fe-
fecham a porta e cantam o céle- re-o com a lança. Em seguida ben-
bre Gloria, laus et honor a Cris- ze o cálice, preparado pelo diáco-
to Redentor, alternadamente com no com vinho e água, corta de
o coro . de fora. Ao acabar bate outro pão uma partícula em hon-
o Subdiácono com a haste da Cruz ra de N. Senhora, de mais três
processional na porta, que então pães nove partículas, em honra de
é aberta e a procissão entra. - S. joão Bat., dos profetas, após-
Em jerusalém realizava-se seme- tolos e outros Santos, e põe to-
lhante procissão já no fim do IV das as partículas em certa ordem
século. (V. Bênção de ramos e sobre o disco. Depois de colocar
Domingo de Ramos). o asterisco, cobre separadamente
Procissão de rasoura (rasoura o dis~o e o cálice com pequeno
de raso :::: plano, simples), uma véu e depois ambos com véu maior
procissão simples, somente em vol- e incensa a mesa. Toda esta bela
ta da igreja. Diz-se também: fa- cerimônia se realiza entre signifi-
zer uma rasoura, que é o mesmo, cativas orações e traduz ao vivo
isto é, realizar uma pequena pro- o carácter sacrifical da Missa.
cissão pelas imediações da igreja. Prosforã (gr. :::: oferta, obla~
Proclamas. (V. Banhos). ção, sacrifício), no Rito grego, ca-
Profecias, lições escriturais do da um dos pães, dos quais o .s a-
Antigo Testamento, interrompidas cerdote corta, na proscomidia, as
por responsórios e orações, que partículas para serem consagradas.
no Sábado de Aleluia (doze) e (V. Proscomidia).
na Vigília de Pentecostes (seis) Prostração, o deitar o corpo es-
precedem a bênção da água ba- tendido no chão com o rosto para
tismal. Durante a leitura das pro- baixo. Como sinal de luto tem
fecias, que são alusões típicas lugar na Sexta-feira da Paixão,
ao batismo e que em Roma até assim que os ministros chegam ao
ao fim da idade média eram lidas altar. E' sinal externo de humil-
também em grego, realizavam-se de súplica durante a Ladainha de
as últimas preparações para o ba- Todos os Santos, . depQis da bên.,

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ção da água batismal, nas orde- ção depois do recebimento e con-
nações maiores, bênção do Aba- tinuou em uso, como cerimônia
de da Abadessa, do rei e da simbólica, e sendo acompanhada
rainha, profissão dos religiosos, pela recitação de uma parte do
etc. salmo 25, quando as oferendas
'"º
Próthesis (gr.) , Rito grego, cessaram, no XII século. Posterior-
mente (XIII séc.) passou, nas Mis-
a mesa sobre a qual o celeb~a.n~e
prepara a matéria ~o Sac~1fic10 sas simples, para depois do Ofer-
da Missa e em sentido denvado, tório, lavando o celebrante apenas
também ~ dependência em . q~e se os quatro dedos (polegares e in-
acha a mesa. (V. Proscomtdia). dicadores) que terão contacto com
o Santíssimo, depois da Consa-
Psycbosabbaton (gr. = Sábado gração.
das almas), Vigíl~a de Pentecos-
tes na qual, no Rito grego, se fa- Purificação de Nossa Senhora
ze~ os sufrágios solenes por to- (N. Senhora das Candeias, Cande-
dos os fiéis defuntos. lária), festa, celebrada a 2 de Fe-
Publicação matrimonial. P. para vereiro, com Rito de 2." classe, em
a sagrada ordenação (V. Banhos) . comemoração da apresentação do
Menino jesus no templo, com o sa-
Púlpito (1. pulpitum, suggestus). crifício de purificação de N. Se-
(V. Ambão). nhora, como a Lei mosaica or-
Purificação. (V. Ablução). denava, 40 dias depois do parto.
Constitui esta festa, que não é
Purificação das mãos, como acto mais dia santo de guarda, a con-
litúrgico, tem lugar frequent~~en­ clusão do tempo de Natal; mas
te nas funções do culto d1vmo. frequentemente acontece preceder-
0 Bispo lava-as quatro vezes . ao lhe o domingo Septuagésima, isto
celebrar pontificalmente; o sim- é, o início da preparação remota
ples sacerdote sàmente !ln~es e de- para a Páscoa. Em jerusalém ce.:.
pois da Missa, na sacristia, e de- lebrava-se esta festa sol nemente,
pois do Ofertóri9, no altar. . Pu- com procissão, já no fim do IV
rificam-se as maos, além dts~o, século, no dia 14 de Fevereiro
antes de dar a S. Comu~h!lo (40 dias depois da Epifania, por
fora da Missa, antes ~e admtms- se comemorar nesse dia o Na-
trar o Batismo depois das un- tal) . (V. Epifania), mas não ti-
ções e depois d~ distribuição das nha nome próprio. Em 542, foi
candeias das cinzas e dos ramos.
Desse e~bora origem a algumas prescrita pelo imperador Justinia-
purificações a necessidade e a ou- no, para Constantinopla e todo o
tras a conveniência, elas são, reino bizantino, depois de acabar
contudo o símbolo da pureza da a peste, com o nome de hypapánte
tou kyriou = encontro do Senhor
alma cdm que os !Ili~i~tros ~~vem (com Simão e Ana), denomina-
administrar os m1stenos d1vmos, ção que se conservou no Rito am-
como S. Cirilo de jerusalém (IV
século) explica em suas cateque:.. brosiano em latim: occursus Do-
ses com respeito às purificações mini. Era, portanto, considerada
durante a S. Missa. A mais antiga festa do Senhor. Na Igreja oci-
das purificações é a da~ . mãos dental é celebrada desde o VI ou
do Bispo antes do Ofertono, na VII século, mas como festa de N.
Missa pontifical. Fazia-a, segundo Senhora, com o nome de Purifi-
as Constituições Apostólicas (cer- catio, embora tivesse também o de
ca de 400), antes de receber as Occursus Domini até fins da idade
oferendas dos fiéis. Desde o VIII média. Antes da Missa da festa
ou IX século (Ordo Romanus !), realiza-se a procissão das can-
porém, reaJizava-se esta purifica- deias. Esta procissão (Ladainha)

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foi ordenada pelo Papa Sérgio I dos altares, já no VII século, co-
(687-701), o trazer · velas intro- mo atesta Santo Isidoro, em Ro-
duziu-se pouco depois, a bênção ma, na Alemanha, França, Espa-
das mesmas data do X século. O nha, na Quinta ou, às vezes, na
motivo da procissão é obscuro; Sexta-feira Santa, e consistia na
talvez tenha sido considerada, des- lavagem dos altares com vinho
de o começo, como hoje, a repre- e água. Representando o altar a
sentação simbólica da ida de je- Cristo, fazia-se a purificação co-
sus ao templo e as candeias a fi- mo para lavar-lhe os pés, em co-
gura do próprio jesus, de quem memoração do que ele fez aos
o velho Simeão disse que era Apóstolos, ou como preparação do
"a luz para iluminar as nações". seu corpo para o enterro. Em al-
A opinião de alguns, pensan- guns lugares. lavavam-se também
do que a procissão foi estabele- o chão e as paredes. Hoje esta ce-
cida em Roma com carácter de rimônia é praticada sàmente na
desagravo, encontra algum apoio Basílica de São Pedro, em Roma,
na cor roxa (cor de penitência) na Sexta-feira Santa, depois do
dos paramentos usados durante a Ofício de Trevas.
mesma. E' costume guardarem os
fiéis as candeias em casa e acen- Purificação dos vasos sagrados,
derem-nas em certas ocasiões, pa- fazia-se, desde o VII século ou an-
ra merecerem as graças que a tes, junto com a purificação dos
lgrej a implora, benzendo-as: "pa- altares, na Quinta-feira Santa.
ra o uso dos homens, a fim de go- Ainda hoje é praxe purificarem-
zarem de saúde do corpo e da se os cálices, píxides, ostensórios,
alma, na terra e no mar", e para etc., com preferência nesse dia,
que Deus "ouça as suas vozes" nas igrejas conventuais e outras
e "seja propício aos seus clamo- com numeroso clero.
res".
Purificação dos altares, cerimô- Purificador. (V. Ablução, Vaso
nia praticada com a desnudação de).

Q
Quam oblationem (!.), primeiras gésimo), época de quarenta dias,
palavras da última oração do câ- sem contar os domingos, consa-
non da Missa, antes da Consagra- grados à penitência, os quais, co-
ção, na qual, como na precedente mo preparação próxima, precedem
Hanc igitur, o celebrante pede a a festa da Ressurreição. Desde o
santificação da matéria do Sacri- IV século era costume dos cris-
fício: que a oblação seja aben- tãos prepararem-se para o grande
çoada ( benedictam f), aceita ( ad- dia de Páscoa com jejum de 40
scriptam f ), plena (ratam f), que dias, a começar seis semanas an-
seja um sacrifício espiritual (ratio- tes da festa. Como não era praxe
nabilem) e agradável ( acceptabi- jejuar nos domingos, de facto eram
lem) a Deus, e logo acrescenta o só 36 dias. Tornava-se, pois, pre-
pedido pela transubstanciação em ciso, para completar os quarenta
o Corpo t e Sangue t de Cristo. dias, iniciar o jejum no meio da
As cruzes que o celebrante forma semana, isto é, na quarta-feira an-
sobre o cálice e a hóstia signifi- terior, o que se fez desde fins do
cam a santificação que pede. VI século, mas ainda não univer-
Quaresma (do 1. Quadragesima, salmente. Sàmente no IX século
a subentender dies ::::: dia quadra- a praxe era geral no Ri1 o romano.
Dlc. Litúrgico - 13

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~quela quarta-feira tomou, por bido no Sábado Santo. (V. Domin-
isso, e conservou por muito tempo, go de Pascoela). .
o nome de caput jejunii == cabeça
princípio do jejum, nome que an~ Quatro têmporas ou simplesmen-
te~ era próprio do primeiro do-
te Têmporas, dias de jejum (quar-
mmgo da Quaresma. Passou a ser ta, sexta-feira, sábado) em qua-
chamada posteriormente Quarta- tro ép?cas do ano, fixadas por
Gr~gono Vil, em 1078, para a pri-
f~ira de . Cinzas. O uso antigo é
amda hoie lembrado pela rubrica me!ra seman_a da Quaresma, a pri-
que manda rezar as Vésperas an- meira depois de Pentecostes a
tes da refeição · principal desde terceira de Setembro e a terc~ira
as P.rimeiras Vésperas do primeiro do Advento. foram as Têmporas
dommgo da Quaresma (não desde introduzidas em lugar dos présti-
a. Quarta-feira de Cinzas) e tam- tos. com sacrifícios que os pagãos
bem pela Secreta da Missa desse faziam em junho, Setembro e De-
domingo. Todos os domingos da zembro, para pedir ou agradecer' a
quar.esma s~o de 1.• classe e pri- bênção sobre os campos, e este
vilegiados, isto é não admitem carncter nota-se perfeitamente nas
ª· celeb_ração de uiita festa. As fé- Missas das Têmporas de junho e
rias (dias de semana) são maiores Setembro. Nas quartas e sextas
e para todas contém o Missal um realizava-se uma procissão no
formulário próprio de Missa a sába.do celebrava-se a vigílla de
qual, salvo a Missa conventual dom.mgo. Pelo jejum (um resto
pode ser dita também nas festa~ do ieium das Estações - V. Es-
que não forem de 1.• ou 2.• classe. ta_ção 1) - esses dias são tam-
Em todas as Missas da féria acres- bem de penitência e reconciliação
centa-se, no fim, a Oratio super o que aparece principalmente no~
populum, e, no Ofício da se- formulários das Missas das Têm-
mana, as Matinas têm só um no- P?_ras da Quaresma. Estas últimas
turno de nove salmos homília 1~mporas _foram acrescentadas às
e oração próprias, como' são pró- tres pnm1t1vas no VI século, rece-
prios, cada dia, o versículo e an- bendo, ao ~e.smo tempo, suas Mis-
tífona ao Benedictus e Magnifi- s.as formulanos próprios como já
cai. Todas as horas têm preces tmham as das outras Têmporas.
feriales . . O Pap~ Gelásio (492-496) real-
çou a importância das Têmporas
fazend~ do sábado das mesmas
Quarta-feira de cinzas (1. Feria
quarta c~nerum, Caput jejunii), a dia oficial de ordenações como é
quarta-feua que precede o primei- ainda hoje; de modo que' são dias
ro domingo da Quaresma. O no- em que mais particularmente pe-
me vem das cinzas que nesse dia la oração e pelo jejum, os' fiéis
são bentas e impostas na cabeça p~dem a Deus bons operários na
dos fiéis, como símbolo da vida vu~ha d~ Senhor. Nada mais pró-
efêmera e passageira e estímulo pno ;_pois, se a Igreja, nessas épo-
p~ra a penitência. (V. Bênção das
cas, implora a bênção de Deus so-
cinzas). bre as colheitas do campo como
não lembrar-se das palav~as de
jesu~: ."A ~esse é grande, mas os
Quasi modo (1.) primeiro do- operanos sao poucos"? Nos for-
mingo depois da Páscoa (Pascoe- mulários das Missas das Têmpo-
la, dominica in a/bis), assim cha- ras de Advento desapareceu seu
mado das palavras iniciais do ln-
tr.ó!t? da Missa: Quasi modo ge- carácter. primitivo, para mais par-
mt1 infantes, etc. = "Como crian- ticularmente se ocuparem com a
ças recém-nascidas", etc., com que vinda do Senhor. Desde o VII sé-
a Igreja alude ao batismo, rece- culo espalharam-se as Têmporas

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Q º 195

de Roma (no Oriente nunca esti- num segundo cálice, coberto com
veram em uso) pela Alemanha e pala, patena e vél!, para . a ado-
Inglaterra e outros países do Oci- ração durante o dia e noite sub-
dente. Na Liturgia, os dias das sequentes e para a .Missa ~os Pres-
Têmporas são férias maiores e, santificados da sexta-feira. An-
além de formulários próprios de tes do Agnus Dei não é dado o
.Missa, têm no Ofício homília e ósculo de paz, antigamente porque
pelo menos comemoração. No os penitentes já a tinham recebido,
Brasil sàmente a sexta-feira das m'as nos séculos posteriores como
Têmporas do Advento é dia de je- em protesto contra o ósculo trai-
jum, mas sem abstinência. dor de Judas. O clero todo, tam-
bém os sacerdotes, recebem a Co-
Quicumque (!.) (V. Símbolo munhão debaixo de uma só es-
atanasiano). pécie, das mãos do celebrante.
Quid retribuam Domino (!.), pa- Em seguida à Missa tem lugar a
lavras iniciais de dois versículos procissão, conduzindo-se o cálice
tirados do salmo 115 (v. 3 e 4) com a Hóstia consagrada a uma
e do si. 17 (v. 4), que o sacer- capela lateral ou altar, festiva-
dote reza na .Missa, antes de to- mente ornados, para a adoração
mar o SS. Sangue de N. Senhor. da parte dos fiéis: Rezam-se as
Como as outras orações que en- · Vésperas, faz-se a desnudação dos
quadram o rito da Comunhão, altares e é removida a água ben-
são de origem privada (XI século) ta de todas as pias da igreja.
e só com o .Missal de Pio V sua Não se dá mais a Comunhão até
recitação . se · tornou obrigatória à .Missa de sábado, ficando, en-
universalmente: "Que retribuirei ao tretanto, guardadas algumas par-
Senhor por tudo o que me fez? tículas, em uma capela fora do
Tomarei o cálice da salvação e recinto da igreja, para o viático,
invocarei o nome do Senhor. Com se for preciso levá-lo a um enfer-
louvores invocarei o nome do Se- mo. A uma hora conveniente da
nhor, e de meus inimigos serei tarde realiza-se a cerimônia do
salvo." (V. Comunhão do celebran- .Mandato ou Lava-pés. A celebra-
te, Rito da e Missa rezada). ção da Quinta-feira Santa com
Quinquagésima, - 1) o terceiro culto especial data do IV século.
domingo do tempo septuagesimal Como consta do Sacramentário de
que precede o primeiro domingo Gelásio (fins do V e princípio do
da Quaresma. (V. Septuagesimal, VI séculos) cantavam-se nesse dia
Tempo). - 2) o tempo (50 dias) três Missas: a primeira por oca-
entre a Páscoa e Pentecostes. sião da reconciliação dos peniten-
Quinta-feira Santa (1. Feria V tes (parece que o Intróito de ho-
in Coena Domini e no VI e VII je Nos autem gloriari opportet in
século também Natalis Calicis), Cruce, etc., lembra essa praxe), a
quinta-feira da Semana Santa. O segunda para a bênção dos SS.
objecto principal da Liturgia é a ó leos e a terceira para comemo-
celebração da instituição do San- rar a instituição da Eucaristia. (V.
tíssimo Sacramento. A .Missa é fes- Bênção dos SS. óleos, Desnudação
tiva, em paramentos brancos. De- dos altares, Lava-pés, Reconcilia-
pois do Glória não se tocam mais ção dos penitentes).
os sinos e campainhas até ao Gló-
ria do Sábado Santo. Nas igre- Qui pridie quam pateretur (1. =
jas catedrais realiza-se durante "Que no dia anterior à sua Pai-
a Missa a bênção dos SS. óleos. xão", etc.), princípio do trecho
O celebrante consagra duas Hós- evangélico. que serve de introdu-
tias grandes, das quais uma é ção à Consagração, na Missa.
colocada, depois da Comunhão, Na Quinta-feira Santa, um acrés-
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196 R
cimo, feito depois da palavra pri- da parte dos Franciscanos, dos ri-
die, refere-se à Paixão do Senhor tos da Cúria. Ambas as orações
pela salvação de todos os homens. pedem a aplicação dos frutos
da Comunhão: "O que tomamos
Quod ore sumpsimus (!.), pri- com a boca, Senhor, fazei que re-
meiras palavras da oração que o cebamos com puro coração e que
celebrante reza, em voz baixa, ao o dom temporal se converta para
fazer a primeira ablução, depois nós em remédio eterno." - "O
de tomar, na Missa, o SS. San- vosso Corpo, Senhor, que toméi
gue. junto com a oração Corpus e o Sangue, que bebi, se unam
tuum, Domine, quod sumpsi, que às minhas entranhas; e fazei que
é rezada na segunda ablução, foi em mim não fique mancha alguma
dita, frequentemente, já no XI sé- de pecado, tendo sido alimenta-
culo, no lugar de hoje (no Sacra- do com tão puros e santos Sacra-
mentário leoniano figura como mentos. Que viveis e reinais pelos
Postcomunhão) ; mas generali- séculos dos séculos. Amém." (V.
zou-se e entrou no Missal romano Ablução 1).
no XIII século, com a adopção,

Rationale ou Superhumerale (!.), lo oficiante no altar ao lado da


desde o XI século, ornamento li- Epístola, enquanto o Prelado ora,
túrgico principalmente dos Bispos ajoelhado e inclinado sobre o fal-
alemães, a usar na Missa pontifical distório, ao pé do altar; bênção
sobre a casula. E' o rationale uma do povo pelo Prelado. - Ao mes-
espécie de pálio (V. Pálio 2), mo cerimonial, apenas com outras
mas não como este, insígnia de antífonas, versículos e orações,
jurisdição e geralmente mais ri- sem incensação e com a substitui-
camente ornado. A sua origem en-· ção da bênção do Prelado pela
contram os autores no desejo de do oficiante, otedece a recepção
se criar um substitutivo do pálio do Imperador, Imperatriz, Rei, Rai-
arquiepiscopal para os simples nha, Príncipes e Princesas. ·
Bispos. Conservou-se o rationale Recesso, acção de graças do
apenas em quatro sedes episco- sacerdote, depois da Missa, como
pais, a saber: em duas alemãs também o conjunto dos salmos
(Eichstãtt, Paderborn), na de e orações que se encontram no
Toul, que antigamente pertencia à Missal sob o título Grhtiarum
Alemanha, e na de Cracóvia, na actio.
Polônia.
Reconciliação da igreja, resti-
Recepção do Prelado, Legado, tuição ao culto de uma igreja,
etc., numa cidade, realiza-se se- sagrada ou solenemente benta,
gundo o Pontifical Romano (III, depois de profanada por um de-
113), com os actos seguintes: re- lito especificado no Direito ca-
cebimento, à entrada da cidade, nônico. Reconciliar uma igreja
pelo clero e fiéis; ósculo da cruz benta pertence ao reitor da mes-
da parte do Prelado, ajoelhado so- ma, uma sagrada aó Bispo ou
bre um tapete; canto de uma antí- Superior maior regular ou dele-
fona ou responsório; procissão gado. (Dir. can. cc. 1156, 1174 a
em direção à igreja principal, du- 1177). O Rito de reconciliação é
rante a qual o Prelado vai de- praticado desde o X século e con-
baixo do pálio; aspersão com siste, segundo o Pontifical ou Ri-
água benta e incensação à porta tual, em orações e aspersões com
da igreja; versículos e oração pe- água benta simples ou água gre-

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goriana, conforme a igreja esti- Redenções, obras de piedade,
ver benta ou sagrada. (V. Viola- caridade e mortificação, comuta-
ção da igreja). das em lugar da penitência canô-
nica. (V. Penitência).
Reconciliação do cemitério, resti-
tuição ao uso de um cemitério Regina creli. (V. Antífona final
bento, depois de profanado por de N. Senhora).
um delito especificado no Direito
canônico. A reconciliação é usa-
Regnum (1. = coroa), denomi-
nação medieval da tiara papal. (V.
da, como a da igreja, desde o X Tiara).
século, e pertence ao Bispo ou
sacerdote delegado e consiste, se- Rei, Festa de N. S. jesus Cristo,
gundo o Pontifical ou Ritual, , na festa primária de 1.• classe, insti-
recitação da Ladainha de Todos tuída por Pio XI, em 1925, a ce-
os Santos, orações e aspersões. lebrar-se no último domingo de
(V. Violação do cemitério) . Dir. Outubro. Tem esta festa Prefá-
can. c. 1207. cio de Missa próprio.
Reconciliação dos penitentes, ri- Reis, Dia de. (V. Epifania). Os
to, contido no Pontifical romano, nomes dos magos ou reis, co-
com o qual os penitentes eram mo hoje os conhecemos, Gaspar,
de novo recebidos na igreja, na Melquior, Baltasar,- não são his-
Quinta-feira Santa, antes da Mis- tóricos, aparecem só · nas lendas
sa ou antes do Ofertório, depois da idade média. As relíquias (cor-
de terem · cumprido a penitência pos) dos três magos, diz a tradi-
imposta, ou recebido o perdão de ção, a imperatriz Helena trouxe
uma parte da mesma. Esteve esta para Constantinopla, donde foram
cerimônia em uso desde o IV ou para Milão. Desde o tempo de
V século, mas · na idade média Frederico Bar.baroxa, repousam em
desapareceu pouco a .pouco e hoje Colônia, na Alemanha. Em 1248
não é mais praticada. (V. Expul- iniciou-se a construção de uma
são dos penitentes e Quinta-feira magnífica catedral, acabada em
Santa). 1880, em cuja cripta se acham os
três corpos conservados.
Recto tono (!.), indicação rubri-
cai que manda cantar as palavras Reitor de Igreja, sacerdote a
sobre um só tom, como acontece, quem está confiada a cura de uma
por exemplo, no Dominus vobis- igreja que não é paroquial, nem
cum. capitular, nem anexa à casa de
uma comunidade religiosa, para
Redditio symboli, Redditio ora- nela celebrar os santos Ofícios.
tlonis domlnicre (1. = reentrega do (V. Dir. can. e. 479 e seg.).
símbolo, do Padre Nosso), recita-
ção pública do símbolo dos após- Relicário, vaso que contém relí-
tolos e do Padre Nosso pelo cate- quias. Antigamente conservavam-se
cúmeno, antes do batismo, no as relíquias fechadas. Desde o XIV
Sábado Santo. Rezavam-no os século, porém, preferia-se pô-las a
adultos e padrinhos, e era a so- descoberto, por detrás de vidro, e
lene _profissão de fé em que os davam-se aos relicários diversas
catecúmenos tinham sido instruí- formas (de ostensório, braço meio
dos. Hoje o ministro e os padri- corpo, figura inteira), de ~adei­
nhos rezam o símbolo e Padre- ra ou metal precioso e ricamente
Nosso (quando o batizando é ornados.
ad~lto, ele !Ile.sn:io) depois das pri- Relíquia, despojo dos Santos ou
meiras cenmomas, ao ser intro- Bem-aventurados. São relíquias
duzido o batizando na igreja. (V. primárias as partes do corpo· se-
Traditio symboli). cundárias os objectos de uso (ves-

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tido, disciplina) do Santo ou Bem- quentemente, conforme recomenda
aventurado. Relíquias, em sentido o Cerimonial dos Bispos. O culto
impróprio, são os objectos que es- das relíquias oficial e público, de-
tiveram em contacto com verda- terminado pela Igreja, abrange os
deiras relíquias, ou com o Santo seguintes actos: expor as relíquias
têm alguma relação. Insignes cha- num altar, entre duas velas, im~en­
ma a Igreja as seguintes relíquias: sação das mesmas na Missa e
o corpo, a cabeça, o braço, o an- quando expostas, oferecê-las ao
tebraço, a canela, o coração, a ósculo dos fiéis, dar com elas a
língua, a mão ou aquela parte do bênção, conduzi-las por clérigos
corpo em que o Santo sofreu o em procissão (com pálio quando
martírio, contanto que não seja se trata de uma partícula do San-
pequena, e, tratando-se do cora- to Lenho ou de instrumento da
ção, língua e mão, que seja intei- Paixão de N. Senhor), passar
ra. Tais relíquias não devem ser diante delas a noite em oração, na
conservadas em capelas ou casas Vigília da sagração de um altar,
privadas sem licença expressa do celebrar sobre elas o Santo Sa-
Bispo, não podem passar perpetua- crifício da Missa. (V. Sepulcro e
mente para outra igreja sem licen- Autenticação).
ça da Sé Apostólica. Igrejas que Relíquias, Reconhecimento das.
as possuírem podem celebrar com - 1) (V. Autenticação; - 2)
Rito de dúplice menor a Missa exame, por pessoas delegadas pe-
(com Credo) e o Ofício do San- . ta Santa Sé, do conteúdo de um
to no dia em que o martirológio relicário ou da sepultura de um
dele faz menção. Nenhuma relí- Servo de Deus, antes da beatifica-
quia é lícito vender ou entregar a ção ou por outro motivo (reco-
acatólicos. (Dir. can. cc. 1281, gnitio exuviarum) . Dir can. c.
1282, 1289). 2096. (V. Trasladação de relí-
Relíquias, Culto das, veneração quias).
das mesmas. Baseia-se este culto
na colaboração do corpo nas obras Repique dos sinos (repicar = fe-
de virtude e no dogma da futura rir, tanger repetidas vezes), toque
ressurreição, e, por isso, é tão an- festivo dos sinos, em oposição ao
tigo como a própria Igreja. A dobre dos sinos. Consiste o do-
princípio limitava-se às relíquias bre em fazer-se o sino soar revi-
dos mártires, cujos corpos, se as rando-o sobre o eixo de que está
circunstâncias o permitiam, eram suspenso, o que se costuma fazer,
conduzidos em triunfo à sepul- no Brasil, em sinal de luto (do-
tura; o seu sangue era guardado brar a finados). Desde a idade
muitas vezes como lembrança pre- média, é uso tocar os sinos, con-
ciosa. No IV século a veneração forme a solenidade ou a função,
das relíquias se estendeu também uma, duas ou três vezes (para
às dos Santos em geral, fossem chamar os fiéis, para reuni-los,
ou não mártires. Na idade média para dar entrada à função), com
era costume encerrar muitas relí- um, dois ou todos- os sinos). Usa-
se também tanger os sinos depois
quias no retábulo do altar, ou de acabada a função. Não há
num sarcófago que descansava entretanto uniformidade, neste par-
sobre colunas; ou na base ou ticular, nos diversos países, como
caixa do retábulo. Posteriormente, não há no modo de tocar os si-
desde o XIV século, devido ao in- nos. - O toque dos sinos, como
cremento que tomou o culto eu- pertencente às funções litúrgicas,
carístico, os relicários eram colo- era, a princípio, ofício dos sacer-
cados somente entre os castiçais dotes, depois dos ostiários. Mais
da banqueta, como ainda hoje fre- tarde o tamanho e o peso exigiam

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se incumbissem disso pessoas lei- haver uniformidade. Para os qua-


gas. O antigo ofício dos ostiá- dros de N. Senhor (ressuscitado,
rios é lembrado em sua- ordenação transfigurado) e os de N. Senhora
fazendo-os o Bispo tanger leve- emprega-se também uma auréola
mente o sino ou a campainha. Re- em forma de amêndoa (por isto
picar os sinos para fins não ecle- mandorla) envolvendo todo o
siásticos é lícito só com licença corpo.
expressa ou presuntiva do Bispo. Responso ou responsório (1.
Reposição, acto de encerrar de responsorium), trecho composto de
novo o Santíssimo no tabernáculo, resposta e versículo, a rezar ou
depois da bênção com o mesmo. cantar entre solistas, ou entre so-
Requiem. (V. Missa de Re- listas e coro, depois das lições
quiem). nas Matinas e depois · dos Capí-
Requiescant in pace (!. = Des- tulos nas horas menores e Comple-
tas. Os responsos depois das li-
cansem em paz), fórmula que
substitui, desde o XII século, o ções são a substituição de um sal-
/te Missa est, nas Missas de Re- mo que antigamente se cantava pa-
quiem; o Benedicamus Domino, no ra interromper agradavelmente a
fim das horas do Ofício dos de- leitura. Em seu conteúdo são, no
funtos, e é frequentemente usada primeiro noturno e quando a lei-
em outras funções pelos defuntos. tura é de um livro escriturai a
(V. /te, Missa est). seguir, trechos desse mesmo livro.
Nos outros noturnos e no pri-
Reserva, A santa, as partículas meiro, quando a lição é própria,
consagradas, reservadas no taber- os trechos são de outros livros ou
náculo para a Comunhão dos livremente compostos e tem rela-
fiéis. ção à festa que se celebra. O res-
Respeito. V. Conopéu. ponso depois dos Capítulos cha-
Resplandor (nimbo, auréola, gló- ma-se responsorium breve por ser
ria, coroa), círculo de luz na pin- mais simples e mais curto do que
tura, de metal (ouro, prata) na o outro e tem, como os versículos,
plástica, em volta da cabeça das a função de jaculatória, expri-
pessoas divinas e santas ou de mindo júbilo, acção de graças, lou-
seus símbolos (leão de S. Marcos). vor, pedidos ou outro pensamento
A arte cristã adoptou o nimbo co- de acordo com o carácter do Ofí-
mo símbolo de supremacia. Des- cio. Não é certo em que época
de o início do IV século é adopta- os responsos foram introduzidos
do para Cristo e seus símbolos, no Ofício; no da Regra de São
para significar sua Majestade so- Bento já se encontram. Muito co-
brenatural. Posteriormente é apli- nhecido pelo povo é o responso
cado também a N. Senhora, aos nas Matinas da festa de Santo
Apóstolos, Anjos, mártires e des- Antônio: Si quaeris miracula, com-
de o VII século geralmente aos posto por S. Boaventura. Também
Santos, como símbolo da glória o libera me é responso, tirado das
celeste. A forma do resplandor não Matinas, no Ofício pelos defuntos.
foi nem é sempre a mesma. Na Retábulo (!. retabulum, de re-
pintura conservou-se, no Brasil, a tro = atrás e tabula = quadro),
forma de círculo de luz, com cruz construção de metal, madeira, pe-
para os quadros de N. Senhor. Na dra ou estuque, de encontro à
plástica dá-se aos Santos um res- qual está apoiado o altar, ou co-
plandor em forma de pente levan- locada em cima da mesa do altar
tado, despedindo raios; às ima- na parede posterior da mesma, or-
gens de N. Senhor um círculo ou nada na sua face com lavores, fi-
disco de metal, sem, entretanto, guras em relevo ou painéis, desde

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tempos antigos, na parede por de- Ripanço, livro que contém os
trás do altar, sendo estes orna- Ofícios da Semana Santa para o
tos substituídos, desde o XI sé- uso dos fiéis.
culo, po,r um grande quadro co-
locado, como os relicários, em ci- Rito, conjunto das formas (pala-
ma da mesa do altar. O orna- vras, gestos), que constituem um
mento do retábulo era, nos pri- acto particular do culto litúrgico.
meiros séculos de sua existência, Por isto se diz: rito da Missa,
uma multiplicidade de representa- rito do Batismo, como também em
ções e cenas. Quando, no tempo geral: rito romano, rito grego, etc.
da renascença, os retábulos toma- Sendo as formas externas do cul-
vam maiores dimensões, às vezes to manifestações simbólicas das
colossais, as formas arquitetônicas verdades da fé, a suprema autori-
tornavam-se predominantes e as dade eclesiástica se reserva a fi-
ornamentações em figuras limita- xação obrigatória do rito para
vam-se a um grande painel ou qualquer função do rito litúrgico,
imagem no meio. São os retábu- mas também o costume pode ter
los arquitetônicos ainda hoje os carácter de lei. (V. liturgia). Para
mais comuns e acompanham em indicar a maior ou menor soleni-
estilo o da igreja: os de estilo dade com que deve ser celebrada
gótico com sua estrutura ogival a Missa e, principalmente, com que
e pináculos, os românticos com os deve ser recitado o Ofício divi-
arcos de círculo pleno, os da re- no, as rubricas distinguem o rito
nascença, que com suas colunas, dúplice ( duplex), semidúplice (se-
cornijas e entablamentos imitam miduplex) e simples (simplex),
a edícula da antiguidade. Este úl- dos quais o rito dúplice pode ser
timo estilo é o mais comum nas de 1.a ou de 2. a classe, maior ou
antigas igrejas do Brasil. O nicho menor. O Ordo ( directorium, fo-
com imagem ou o painel no cen- lhinha), marca, cada dia, qual o
tro, entretanto, cedeu geralmente o rito da festa, da féria ou da Vi-
lugar a um camarim com trono gília, para que sejam aplicadas as
mais ou menos elevado, no cimo rubricas, assaz complicadas, que
do qual se acha a imagem do pa- regulam a matéria, quando o Ordo
droeiro, mas que às vezes também não as aduz explicitamente. -
serve para, sob um doce! de seda Antigamente, assim explicam bons
branca, se · fazer a exposição do autores a origem da denominação
Santíssimo. dos diversos ritos do Ofício, an-
tigamente rezavam-se dois ofícios
Retrofrontal (1. retrofrontale, su- na mesma noite (Vigília) quando
perfrontale), colgadura geralmente uma das grandes festas caía em
de seda e muitas vezes ricamente dia de semana, um era da festa,
bordada com figuras, representan- outro da féria. Daí a designação,
do o titular da igreja, · a SS. Trin- para o Ofício da festa, de Offi-
dade ou cenas da vida de N. Se- cium duplex. Rezando-se, poste-
nhor e de N. Senhora, para ser riormente, um só Ofício cada dia,
pendurada por detrás do altar, a expressão duplex ficou para
·substituindo o retábulo ou qua- significar o Ofício em que as an-
dro. Esteve em uso principalmente tífonas são rezadas duas vezes por
na França, Flandres e Inglaterra, inteiro (antes e depois do salmo)
mas desapareceu, quando, no sé- como hoje, sem ser este, porém, o
cüfó XV, os retábulos feitos de único · característico; e como não
madeira e pedra iam tomando se celebravam todos os dias com
sempre maiores dimensões. No a mesma solenidade, deu-se ao
Brasil emprega-se às vezes um re- rito dúplice diversas graduações e
trofrontaI ·para altares provisórios. assim resultaram as denominações

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acima indicadas. Em particular, os exéquias, procissões e exorcismos.


ritos de dúplice de l.ª e de 2.ª Desde o XI século existia um
classe foram determinados por grande número de Rituais ( obse-
Pio V, o de dúplice maior por quiai e, manuale, agenda) de ca-
Clemente VIII. rácter privado, feitos pelos sacer-
dotes para seu próprio cômo-
Rito latino, Rito cuja língua é a do. Também os conventos tinham
latina. Abrange os Ritos ambro- suas Agendas e estas tornaram-se
siano, moçárabe e romano. o modelo quando, depois da inven-
Rito romano, Rito que de Roma ção da arte tipográfica, foram edi-
se espalhou por todo o Ocidente tados Rituais oficiais para o cle-
em ·que sempre era predominante, ro de toda a diocese. Como o Ri-
e, desde o desaparecimento do tual romano não foi imposto, mas
Rito galicano, no tempo de Car- só recomendado aos Bispos por
los Magno e a supressão do Rito Paulo V, ainda hoje existem dio-
moçárabe, no XI século, quase o ceses com o Ritual próprio, em-
único. E' o Rito romano uma fu- bora adaptado, em substância, ao
são de ritos genuinamente roma- Ritual romano. No Brasil está este
nos e de outros, principalmente em uso geralmente; somente ·na ce-
ocidentais, e chegou ao completo lebração do matrimônio o rito di-
desenvolvimento, pelo menos na fere um pouco do contido no Ri-
Missa e no Ofício, no XIII e XIV tual romano, c1,1ja nova edição foi
séculos. Contribuiu para isso a feita em 1925.
adopção, no Missal e Breviário, Roquete (!. rochetiim, do ai.
e a propagação, pelos Francisca- Rock), vestidura branca, de linho
nos, dos Ritos próprios da Cúria ou de outra fazenda, de mangas
romana. A reforma de Pio V, sim- estreitas (com vivos de cor), des-
plificando e abreviando, deixou o cendo até aos joelhos e geralmen-
Rito romano fixado nos livros li- te com renda larga. Seu uso é re-
túrgicos como hoje existem. (V. servado aos Bispos, Prelados e a
liturgia ambrosiana, moçárabe, outros com privilégio, para o co-
romana). ro, as procissões, pregação, etc.,
Ritos orientais, são os Ritos na não para administração dos Sacra-
celebração da Missa, no Ofício, mentos, que exige a sobrepeliz. Em
na administração dos Sacramentos,· Roma está o roquete em uso, e
nas bênçãos e outras funções li- parece que somente para certos
túrgicas, como se desenvolveram clérigos, desde o IX século, com
nas diversas partes do Oriente. o nome de camisia e descia até
Destaca-se entre eles o Rito gre- aos tornozelos. Desde o XIV sé-
go que, vindo de Constantinopla, culo começou-se a encurtá-lo. Dis-
mais ricamente se desenvolveu e tingue-se o roquete da sobrepeliz
propagou. Servem-se dele hoje os apenas pela estreiteza das mangas
gregos, búlgaros, sérvios, monte- e os vivos de cor. (V. Sobrepeliz).
negrinos, rumaicos, russos, rute- Rogações. (V. Ladainhas meno-
nos, melquitas na Síria e no res e Missa de rogações).
Egipto, e os ítalo-gregos no Sul da
Itália. (V. liturgia bizantina). Rosa áurea. (V. Laetare).
Ritual romano, livro ilitúrgico Rosaça, riquíssima janela redon-
editado em 1614 e aumentado da que se acha em cima da porta
por Bento XIV, em 1752, para o principal das igrejas de estilo ro-
uso dos simples sacerdotes e que mano. E' considerada como figura
contém os ritos a observar na ad- de N. Senhora, a "Rosa mística".
ministração dos Sacramentos, nas Rosário, oração em honra de N.
bênçãos e outras funções como Senhora, constando de 150 Ave

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Marias (saltério) com a medita- Rosário perpétuo, pia associação,
ção dos mistérios que dizem res- aprovada por Gregório XVI, em
peito a N. Senhor e a Maria San- 1832, em que cada pessoa, de um
tíssima. Todo o rosário divide-se grupo de quinze, reza todos os
em três partes (terços), das quais dias o mistério do rosário que lhe
cada uma se compõe de cinco de- couber por sorte na distribuição
zenas (mistérios) de Ave Marias feita no início do mês. Assim acon-
com_ Padre Nosso no principio, e tece que cada dia o grupo reza
Gloria Patri no fim. As três partes todo o rosário.
corresponde a meditação dos mis- Rótula (!.). (V. Hóstia).
térios gozosos (anunciação, visi-
tação, nascimento, oferecimento e Rótulo. (V. Prect5nio pascal).
achada no templo), dolorosos (Je- Rubricas (1. rubricae), prescri-
sus no horto, na açoitação, na co- ções e normas que regulam a
roação de espinhos, no caminho celebração dos actos litúrgicos.
da cruz, na crucificação), e glo- Rubrica (a subentender terra =
riosos (ressurreição, ascensão, des- terra vermelha), significava a
cida do Espírito Santo, assun- principio metonimicamente o título
ção e coroação de N. Senhora dos capítulos das leis canônicas
no céu) . No início costuma-se porque se costumava escrevê-lo
acrescentar, sem ser isto de essên- em cor vermelha. No sentido de
cia, o Creio em Deus Padre, um instruções ou prescrições rituais,
Padre Nosso e três Ave Marias, que também se escreviam em ver-
para pedir aumento das virtudes melho intercaladas nos formulá-
da fé, esperança e caridade. Re- rios, a palavra é empregada so-
za-se o rosário em contas enfia- mente em manuscritos desde o
das numa corda ou encadeadas, XIV século. Os Breviários impres-
representando as contas maiores os sos usam o termo desde fins do
Padre Nossos, as pequenas as XV, os Missais impressos somen-
Ave Marias. Chama-se esta oração te desde meados do século XVI.
rosário porque é como uma coroa Desde a reforma do Breviário e
de rosas oferecida a N. Senhora. Missal aplica-se a palavra tam-
Os grandes propagadores do ro- bém às regras gerais para a re-
sário foram S. Domingos e seus citação do Ofício e celebração
filhos na Ordem. A feição hodier- da Missa. Chamam-se estas regras
na tomou o rosário nos séculos rubricas gerais e acham-se no
XV e XVI. Leão XIII, o gr~n~e início do Breviário e Missal. As
amante da oração do rosano, outras têm o nome de rubricas es-
acrescentou à Ladainha de N. Se- peciais e encontram-se, intercala-
nhora a invocação: Rainha do sa- das, nos formulários. Quanto à
cratíssimo rosário. obrigação de as observar distin-
guem-se rubricas preceptivas e di-
Rosário, festa do, é celebrada, retivas. As primeiras obrigam sob
a 7 de Outubro, em acção de gra- pena de pecado, as diretivas con-
ças por todos os benefícios alcan- stituem um conselho, uma expli-
çados pela oração do rosário. Gre- cação apenas.
gório XIII concedeu-a primeiro às
igrejas que tivessem uma capela Rubricista, pessoa versada nas
ou altar do rosário, Clemente XI rubricas.
estendeu-a a toda a Igreja depois Rubricística, disciplina teológica
da vitória dos cristãos sobre os que ensina, com método científi-
turcos, em 1716. co, as rubricas.

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203

Sábado in albis, sábado que pre~ que como catecúme~os haviam en-
cede o domingo de Pascoela. V. trado na igreja e dos quais ainda
Pascoela, Quasi modo. não se exigiam as ofertas como
Sábado Santo ou de Aleluia dos fiéis. Não · se cantava tão pou-
(1. Sabbatum Sanctum), Vigília de co o salmo de que a Communio é
Páscoa. Entre as Vigílias é a mais um resto, porque em seu lugar
antiga, como a Páscoa entre as os neocomungantes entoavam
festas. (V. Ano eclesiástico) . um hino de acção de graças
Dois actos distintos nela se rea- que ainda hoje se conserva no
lizavam nos primeiros séculos da canto do salmo Laudate e do
era· cristã: o batismo dos cate- Magnificai. (Vésperas). Ao Evan-
cúmenos com as cerimônias pre- gelho os acólitos não levam cí-
paratórias e a celebração da Vi- rios porque o círio pascal · repre-
g!lia com ~issa. Dava-se princí- senta esplêndidamente a Cristo
pto ao anoitecer, de modo que, que é a lux mundi. Não se dá
pela extensão das cerimônias e o o ósculo de paz, porque ainda
n~mero dos batizandos, aconte-
transpira, de algum modo o luto
cia despontar já o dia de Páscoa pela separação do Esposo.' Duran-
quando se cantava a Missa. Esta te a Missa e imediatamente de-
por este motivo, tinha todo o ca~ pois é lícito distribuir a Santa
rácter de. Missa da Ressurreição, Comunhão. O jejum da Quares-
com Glória, toque de campainhas ma acaba ao meio dia. No Brasil,
e. Aleluia. Mais tarde celebrava-se entretanto, todo o Sábado de Ale-
amda outra Missa a da festa luia não é mais dia de jejum.
precedida de Matin;s. Desde o fi~ Sabaoth (hebr., plural de Saba
da antiga era cristã, dava-se co- . exércitos), com as palavras Do-
meço às cerimônias pelas duas mtni.fS ou Deus ou ambas, nome
horas da tarde, na idade média escn.tural de Deus, adoptado pela
pelo meio dia e no fim desta Igreja no Sanctus da Missa e no
de manhã. Assim aconteceu adian~ Te Deum.
tar-se também sempre mais, a Mis- Sacerdote (1. sacerdos, talvez
s~, pelo que presentemente o jú- de sacer = sacro e dós = prenda,
bilo de Páscoa ressoa já no sá- dote, ou de sacer = sacro e dare
bado de manhã; por isto Sábado
de Aleluia. - As cerimônias que
= dar). (V. Presbítero). Para di-
ferenciar o Bispo do simples sa-
hoje se realizam no Sábado San- cerdote, chama-se aquele sumo
!º são ~ bênção do fogo com a sacerdote; a este dava-se antiga-
mtroduçao da nova luz na igreja mente também o nome de sacer-
a bênção do círio pascal, a lei~ dote menor ou de segunda ordem.
~ura das. profecias, bênção da
S~cramental, rito instituído pela
agua batismal, Ladainha de To-
dos os Santos, Missa com Véspe- Igreja para o bem, principalmente
ra~ em seguida à Comunhão. Na
espiritual, dos fiéis. Exerce a Igre-
ja esse rito à imitação dq que fez
Missa não há Intróito nem Kyrie N. Senhor e os Apóstolos (aben-
nem Agnus Dei por causa da la- çoando, exorcizando), em virtude
dai~ha qu~ finaliza com Agnus do . poder espiritual que recebeu de
Det e Kyne, durante cujo canto Cristo. O fruto dos sacramentais
os ministros já estão no altar· consiste em dar às pessoas ou coi-
falta também a antífona do Ofer~ sas um carácter sacro irrevogável,
tório, e a Communio. A falta como acontece nas sagrações e ·
da antífona do Ofertório se ex- bênçãos constitutivas, ou em atrair
plica pela presença dos neófitos, a protecção divina sobre as pes-

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204 s
soas que recebem um sacramental porém, os primeiros três meses.
(bênção) ou usam o objecto sobre Pensam os autores que algumas
o qual foi exercido o rito do sa- partes deste sacramentário devem
cramental. Embora tenham os sa- ser atribuídas ao Papa Dâmaso
cramentais certa semelhança com (t 384); - 2) o gelasiano, coor-
os sacramentos, razão por que na denado segundo o ano eclesiás-
idade média eram chamados sacra- tico e dividido em três livros (De
menta minora, são, contudo, essen- tempore, De Sanctis, Missae êt
cialmente diferentes dos mesmos; orationes communes), tem muitos
19 porque sua instituição não é de elementos que são atribuídos ao
Cristo, mas sim da Igreja; 2• por- Papa Gelásio (t 496) e outros
que o efeito não decorre de um posteriores, de modo que, em par-
poder que lhes tivesse sido dado te, reflete a Liturgia romana do
por Cristo, mas da oração impe- fim do V e princípio do VI século,
tratória da Igreja; 3• porque o sendo, entretanto, difícil precisar
efeito não é infalível e depende quais as partes antigas e quais os
(não sempre) dos actos do reci- acréscimos; - 3) o gregoriano de
piente, de sua confiança, de seu São Gregório Magno -(t 604), que
amor a Deus, de seu arrependimen- posteriormente, no VIII e IX sé-
t~ e, da parte de Deus, de sua culos recebeu elementos gelasianos
ltvre vontade; 4• porque não co- e galicanos e assim foi largamente
municam nem aumentam, por si espalhado nas Gálias. E' dos sa-
só, a graça auxiliar em negócios cramentários o mais completo e
temporais e principalmente espiri- serviu de fonte principal para o
tuais. Comumente distinguem-se os Missal romano. (V. Missal roma-
sacramentais em sagrações, bên- no). Outros sacramentários são os
çãos e exorcismos, e, conforme for galicanos do VI, VII e VIII sé-
o seu objecto, em sacramentais culos, que refletem o Rito galica-
pessoais, locais e reais. O uso dos no; o ambrosiano, em manuscritos
sacramentais é livre, mas recomen- só do X século, que dá notícia
d.ado, proibido é o uso supersti- do Rito observado em Milão; o
cioso. mozárabe, com Liturgia mozára-
Sacramentário (1. sacramenta- be, do VI século, de que temos
riam, liber sacramentorum ou mys- notícia sàmente pelo sacramentá-
teriorum), livro litúrgico usado, no rio da Catedral de Toledo, do XII
Rito latino, ainda no XIII século século. (V. liturgia e artigos se-
e que continha aquelas partes d~ guintes).
Missa cuja recitação competia sà- Sacramento, sinal visível, insti-
mente ao celebrante (orações, pre- tuído por N. S. Jesus Cristo e
fácio, cânon) e frequentemente cuja administração pertence à
também os formulários para actos Igreja, de graça interna, a qual
que se realizam em união com a não sàmente simboliza, mas tam-
Missa (batismo no Sábado San- bém produz, em virtude da insti-
to, bênçãos, procissões). Não sen- tuição divina, desde que o reci-
do embora os Sacramentários Mis- piente estiver em condições para
sais completos, como hoje os te- a válida e digna recepção. (V.
mos, são, contudo, fontes valio- Forma e matéria sacramentais).
sas para o estudo histórico da Li- São sete os Sacramentos: Batis-
turgia. (V. Missal). mo, Crisma, Eucaristia, Confissão
(ou Penitência), Extrema Unção,
Sacramentários romanos, são: - Ordem, Matrimônio. Distinguem-
1) o leoniano, atribuído a São se: - l) sacramentos dos vivos
.Leão Magno (t 461). Contém for- · e sacramentos dos rnorfos; os pri-
mulários de Missas, coordenados I meiros supõem, para sua digna re-
segundo o ano civil, faltando, cepção, o estado de graça em

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quem o recebe, os outros não; es- o trato de uma igreja: limpeza,
tes são apenas o Batismo e a Con- ornamentação, conservação dos pa-
fissão; - 2) sacramentos que im- ramentos e alfaias e que ajuda
primem carácter e por isso podem ao sacerdote nos actos do culto.
ser recebidos só uma vez (Batis- Nas igrejas catedrais e colegia-
mo, Crisma, Ordem) e outros que das um dos cônegos costumava
não imprimem. (V. Carácter). A ser o sacristão-mor. Como digni-
Eucaristia chama-se por excelência dade capitular dava-se-lhe o nome
Santíssimo Sacramento, porque co- de custos ou thesaurarius. (V.
munica não sàmente a graça, mas Acólito).
o autor da graça. Sacristia (1. Sacristia e, às ve-
Sacrário. (V. Tabernáculo, Pis- zes, sacrarium, secretarium, salu-
cina, Sacristia). · ~atorium), dependência contígua à
1greia, geralmente ao lado do
Sacras, ·os três quadros com ora- presoiténo (até à idade média
ções, que se colocam sobre a me- também dentro da igreia) para
sa . do altar, diante da banqueta os ministros se vestirem e para a
e, a do meio, diante do taberná- conservação dos paramentos e al-
culo ou ao pé da cruz, durante faias. Servia antigamente também
a Missa sàmente. Destes o do meio para ª· guarda do Santíssimo. (V.
(1. tabella secretarum) é prescri- Armanum), para as audiências do
to e está em uso desde meados Bispo ou para receber os cumpri-
do XVI século. Chamavam-no sa- mentos (por isto salutatorium) do
cra porque entre as orações desta- clero, antes da Missa.
ca-se em tipo maior a sacra con-
secrationis formula = a fórmula Sacrosanctre (!. A sacrossanta e
santa da consagração. Os outros . indivisível Trindade, .etc.), oração.
quadros datam do século imediato. a recitar de joelhos, pelo cléri-
As sacras têm por fim ajudar a go, depois de rezar o Ofício di-
memória do celebrante, porque as vtno, para receber o perdão das
orações são rezadas de cor e as culpas cometidas durante o mes-.
cerimônias impedem o olhar para mo, em virtude de acto de con-
o Missal. trição~ e a rem~ssão das penas
merecidas, em virtude da indul-
Sacrifício, em sentido geral é gê~cia que lhe .foi anexada por
uma oferta visível feita a o'eus Le~~ X. Na recitação pública do
com a destruição real ou equiva- Ottc10, a oração é rezada em co-
lente da mesma, para reconhecer mum, antes de terminar o coro·
seu soberano domínio. Em sentido na recitaçã~_privada basta, segun:
litúrgico, é o acto da consagra- do a optmao mais comum re-
ção na Santa Missa e, por exten- zá-la no fim das Completas. '
sã?, toda a Missa (Sacrifício da
Missa, Sacrifício do Altar Sacri- Sagração, bênção constitutiva
fício eucarístico). (V. Miss~). Tem com ~ emprego dos Santos óleos.
e.ste nome também, mas em sen-
tido lato, a matéria do Sacrifício Sagração da igreja, bênção so-
p~o e vinho (benedic hoc sacrifi~ leníssima da mesma para dedicá-
cmm tuo saneio nomini praepa- la irrevogàvelmente ao culto di-
ratum) . e o Ofertório, em que vino. Dedicar solenemente uma
a matéria é oferecida a Deus co- igreja ao culto divino é uso desde
mo em sacrifício. (V. Missa). a primeira metade do IV século
tanto no Oriente como no Oci~
~acrilégio, profanação de uma dente. (Eusébio, Hist. ecles., 10,
coisa sagrada ou benta. c. 3). Parece que, a princípio, só:
Sacristão (do 1. sacristanus), os al~ares eram sagrados com rito
empregado que tem a seu cargo especial. Da sagração do edifício,

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206 s
com rito especial, faz menção, pela (com o povo) anda primeiro em
primeira vez, o Papa Vigílio (t volta da igreja, depois entra. Che-
555). O Sacramentário de Gregó- gando ao altar o Bispo unge o
rio (VII séc.) contém um formu- sepulcro com crisma, coloca as
lário para essa sagração. O rito, relíquias, unge o tampo (sigilo)
como hoje é praticado, segundo o por baixo, fecha com ela o sepul-
Pontifical romano, e que exclu- cro, unge-o na parte de fora e
sivamente compete ao Bispo, incensa a mesa. Entrega, então, o
desenvolveu-se desde o IX século turíbulo a um sacerdote, o qual,
e é uma combinação dos antigos andando constantemente em sua
ritos romano e galicano. Diversas volta, incensa o altar até acabar
cerimônias, porém (algumas un- a sagração. Segue quadrúplice un-
ções e queima de grãos de incen- ção da mesa do altar, interca-
so), datam só dos fins da idade lada de orações e incensações. A
média. Todo o rito se compõe dos primeira e segunda unção se faz
seguintes actos: Recitação dos sal- com óleo dos catecúmenos, no
mos de penitência no lugar, fora centro e nos quatro ângulos, a
da igreja, onde estão as relíquias, terceira com crisma, nos mesmos
durante a qual o Bispo toma os lugares, a quarta com ambos os
paramentos. Dirige-se então para óleos derramados sobre toda a
a frente da igreja fechada, onde mesa. Depois disso, passa o Bis- .
se canta a primeira parte da La- po a ungir e incensar as paredes
dainha de Todos os Santos. Fei- nos doze lugares marcados com a
ta, em seguida, a água benta, o cruz e vela ardente, desde o prin-
Bispo, com o clero e povo, anda cípio da sagração. Voltando ao al-
três :vezes em volta do edifício, as- tar, coloca em cada um dos cinco
pergindo as paredes. Cada vez, ao lugares da mesa do altar, ante-
voltar à porta principal, bate ne- riormente ungidos, cinco grãos de
la com o báculo, como para exigir incenso em forma de cruz e, so-
entrada para o Rei da glória. De- bre esta, outra de cinco velas pe-
pois da terceira aspersão entra o quenas e delgadas, para logo em
sagrante com ministros e cantores, seguida serem acendidas e com
ficando os outros fora. Canta-se o elas queimado o incenso. Tendo
Veni Creator Spiritus, a Ladainha um dos ministros purificado a me-
de Todos os Santos e o cântico sa do altar, o Bispo entoa o so-
Benedictus, depois do qual o Bis- lene prefácio da sagração do al-
po escreve no chão com o báculo tar, unge com crisma a frente da
sobre uma grande cruz de cinza base do altar, formando uma sim-
em forma de X, o alfabeto gre- ples cruz no meio, a junção da
go e latino. (V. Alfabeto). Benze, mesa com a base, porém, unge
então, a água gregoriana (V. Agua nos quatro cantos. Em seguida vai
gregoriana) e com ela unge a me- à sede perto do altar. Aí benze
sa do altar no meio e nos qua- as toalhas e outras alfaias do al-
tro ângulos, asperge o altar, an- tar e da igreja, manda revestir
dando sete vezes em sua volta, o altar e, subindo a ele, incen-
asperge as paredes da igreja três sa-o três vezes em forma de cruz
vezes, começando atrás do altar e conclui a sagração com duas
mor, e asperge enfim o pavimento orações. Segue a Missa solene,
em forma de cruz e mais uma vez a qual, não querendo celebrá-la o
em direção às quatro partes do Bispo, pode ser cantada por outro
mundo. Segue o solene prefácio sacerdote. - A ordem supradita
da sagração da igreja. Tendo o sofre alteração quando o sepul-
Bispo depois feito a argamassa, cro fica por baixo da mesa do
vão todos processionalmente para altar, de modo que esta forma o
buscar as relíquias. A procissão seu tampo. A colocação das relí-

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s 207

quias, então, tem lugar logo de- põe dos actos e cerimônias seguin-
pois da bênção da água grego- tes: alocução de poucas pala-
riana. (V. Aniversário e Dedicação vras; Ladainha de Todos os San- .
da igreja). tos com três súplicas pelo sagra-
do; imposição do livro dos Evan-
Sagração do altar fixo. Na sa- gelhos sobre o pescoço e a cabeça
gração de uma igreja deve ser do mesmo ; imposição das mãos
sagrado também pelo menos um da parte do sagrante e dos Bispos
altar fixo. Fora dessa ocasião o assistentes; prefácio interrompido
altar fixo é sagrado com as mes- pelo Veni Creator, durante o qual
mas cerimônias, sendo diferente se realiza a unção da cabeça do
apenas o prefácio. sagrado com crisma; antífona
Sagração do altar portátil, é com salmo; unção das mãos
feita, em substância, com as mes- com crisma; bênção e entrega do
mas cerimônias como se realizam báculo e anel; entrega do livro
na sagração do altar fixo. As ora- dos Evangelhos e ósculo de paz.
ções têm frequentemente outro Depois de o sagrante e o sagra-
teor, a aspersão do altar com do terem purificado as mãos e
água gregoriana, junto com o an- a este ter sido purificada a ca-
dar em volta, se faz três e não beça, prossegue a Missa que o re-'
sete vezes, a colocação das relí- cém-sagrado celebra junto com o
quias faz-se depois da unção da sagrante (concelebração). Ao
pedra, em cinco lugares, com óleo Ofertório o novo Bispo oferece ao
dos catecúmenos e crisma e só sagrante duas velas, dois pães e
depois de fechado o sepulcro, o dois barris, em miniatura, de vi-
Bispo derrama ambos os óleos nho, e na Comunhão recebe a
sobre toda a superfície; não há N. Senhor sob ambas as espécies
unção da base, porque o altar e sem o sagrante pronunciar a
portátil é apenas uma chapa de fórmula de costume. A 3. • parte
pedra. · · segue à bênção pontifical do sa-
Sagração do Bispo, sacramento grante, no fim da Missa, com os
(complemento da Ordem) que actos seguintes: bênção e entrega
constitui o candidato sucessor dos da mitra e das luvas; entroniza-
Apóstolos e com o carácter indelé- ção do novo Bispo; Te Deum;
vel lhe confere as graças neces- antífona com oração; bênção pon-
sárias para tão alta dignidade. E' tifical do recém-sagrado; aclama-
feita a sagração de Bispo por ou- ção; ósculo de paz; último Evan-
tro Bispo em virtude de Mandato gelho.
Apostólico ou Letras Apostólicas, Sagração dos sinos. (V. Bénção
com a assistência de dois outros dos sinos).
Bispos, ou, com licença do Papa,
de dois prelados. O Rito, hoje so- Sal bento, é empregado para
leníssimo, da sagração, que só fazer água benta e água gregoria-
lentamente se desenvolveu através na e para ser colocado na boca
dos séculos, e que contém elemen- do batizando. A última cerimônia
tos desde a mais remota antigui- é própria do Rito romano, mas é
dade até à idade média e de di- mencionada já por Santo Agosti-
versos ritos (romano, galicano, nho. O uso do sal na Liturgia tem
moçárabe), divide-se em três par- o seu fundamento na propriedade
tes: A l.ª parte realiza-se antes do mesmo de conservação, pelo
da Missa: leitura do Mandato, ju- que, em sentido espiritual, signi-
ramento de fidelidade e longo exa- fica a firmeza da fé, a preservação
me. A 2.ª parte tem lugar antes do do mal, a verdadeira sabedoria.
último verso do Gradual, Tractus Saliva, é empregada no rito do
ou Sequência da Missa e se com- Batismo. (V. Éfeta).

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Salmista (Cantor). A princ1p10 outros salmos conservaram-se ape-
todo o povo tomava parte no can- nas a -antífona com ou sem verso .
.to dos salmos. Desde o IV século Assim no Intróito, Gradual, Ofer-
ficava este ofício reservado aos tório, Comunhão. (V. estas pala-
clérigos (schola cantorum) a que vras). No Ofício, os salmos for-
se dava o nome de salmistas ou maram sempre a maior parte. An-
cantores. Em alguns Ritos orien- tes de S. Bento não era igual
tais o salmistato é uma das Or- por toda parte, o número de sal~
dens menores, no romano nunca o mos, a rezar em cada hora do Ofí-
foi. Hoje somente o título chantre cio. Recitavam-se doze ou mais
( praecentor, primicério) em alguns ou mesmo todo o saltério cada dia'.
cabidos catedrais lembra a insti- Na Igreja de Milão dividia-se o
tuição antiga. saltério sobre cada dia, de mo-
Salmodia, recitação, canto dos do a ser recitado todo em duas
salmos em geral e, por excelência, se.~anas. A .regra de S. Bento per-
o Ofício canônico, como a Salmo- m1t1a a recitação de todo o sal-
dia divina. t~rio em uma semana e esta divi-
sao . entrou no Ofício romano, tor-
Salmos, os 150 poemas líricos n~ndo-se, com ele, geral no VIII
que entre as Escrituras do Antigo seculo. A reforma do Breviário
Testamento formam o livro dos por Pio X, não somente conservoJ ·
salmos. O, autor da maioria dos e~t~ disposição, mas, com a subdi-
salmos é o rei e profeta David, v1s~o dos. salmos longos, produziu
pelo que geralmente se diz: os maior umformidade na extensão
salmos de David. O valor poético d?s horas. A reorganização, além
está na elevação dos pensamentos, disso, das rubricas .faz com que
pois são um conjunto maravilhoso de facto todo o saltério seja re-
de actos de culto divino: adora- zado, em geral, tÇJdas as semanas,
ção, louvor, agradecimento, sú- o que antes da reforma não acon-
plica e a expressão dos sentimen- tecia. Outros actos em que se faz
tos mais nobres de uma alma para ~so .dos salmos ·são a sagração da
com Deus: amor, confiança, humil- 1grep, ~ do altar, na bênção do
dade, arrependimento. E' este o cem1ten?, nas exéquias, etc. - Em
motivo por que a Igreja adoptou 1_9~5, P10 XII autorizou o uso ad
tão largamente o canto dos sal- l1b1tum de uma nova mais corre-
mos em sua Liturgia, tanto na ta e mais inteligível 'tradução dos
Missa como no Ofício e outros s~I~os .. O uso tornar-se-á obriga-
actos, à imitação do que Cristo ton.o. s.omente depois da aprovação
fez à última Ceia, em obediência deftmttva desta tradução.
do que prescreve o Apóstolo aos Salmos aleluiáticos. (V. Aleluid-
cristãos: oferecer a Deus sal- rio ).
mos e outros hinos espirituais.
(Ef 5; 19. - Col 3; 16). Da Mis- Salmos graduais, os quinze
sa, entretanto, quase desaparece- salmos 119 a 134, assim chama~
ram os salmos no decorrer dos dos pelos judeus, provàvelmente ou
séculos. Exigia-o a mudança com- porque o povo os cantava em suas
pleta das circunstâncias exteriores, peregrinações ao templo de jeru-
que reclamavam maior brevidade. salém ou porque os levitas os
Somente um salmo inteiro reza ho- cantavam na festa dos tabernácu-
je o sacerdote celebrante: - /u- los, nos quinze degraus (gradus)
dica me, ao pé do altar. O Lava- que do adro dos homens condu-
bo, ao purificar as mãos, no fim ziam ao adro das mulheres. Os
do Ofertório, é o salmo 25, do monges do XI ou XII século
verso 6 até ao fim, isto é, um ver- adoptaram os salmos graduais pa-
so mais do que a metade. Dos ra serem rezados em três partes,

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cada uma com versículos e oração, Marias a rezar igual ao dos sal-
antes das Matinas. Passando o mos de David, isto é, de 150.
uso para o clero em geral, eram Saltério romano, a primeira re-
rezados somente nas quartas-fei- visão do saltério da ltala, feita
ras da Quaresma em que não caía por S. jerônimo, em 383, pela
uma festa de rito dúplice ou semi- Septuaginta, e adoptada desde lo-
dúplice. Para os que usam o Bre- go na Liturgia de Roma. Seu uso
viário romano não existe mais limita-se hoje à Basílica de São
obrigação de os rezar. (V. Psalmi Pedro. Os outros Breviários têm
graduales, no fim do Breviário). do . saltério romano apenas o pri-
Salmos penitenciais,. os sete meiro salmo (Invitatório) das Ma-
salmos, segundo a Vulgata, 6, 31, tinas V enite, exsultemus Domino.
37, 50, 101, 129, 142, assim cha- Além disso, são desse saltério a
mados desde a primeira era do maior parte das antífonas e res-
cristianismo (Orígenes), pelo sen- ponsos do Missal e Breviário ro-
timento de contrição e penitência mano. (V. !tala e Invitatório).
que exprimem. Na reforma do Bre- Salve, Regina. (V. Antífona fi-
viáiro, em 1568, Pio V suprimiu nal de N. Senhora).·
a obrigação de rezá-los, o que até
~anctus (1., trisagion, gr. de
esse ano se fazia depois das Lau-
des do Ofício, nas sextas-feiras da ireis = três e hágios = santo, hino
Quaresma, em que não caía uma seráfico, hino angélico) aclama-
festa. Fazem estes salmos, po- ção de júbilo a Deus 'trino, em
rém, parte do Rito da sagração continuação do prefácio, cantada
da igreja e dQ altar, da bênção pelo coro, rezada pelo celebrante.
do Abade e do cemitério e de Compõe-se de duas partes (San-
alguns outros Ritos, rarissimamen- ctus e Benedictus), que o cele-
te usados. Mais frequente na Li- brante reza unidas (inclinando-se
turgia é a recitação dos dois sal- na primeira parte e _benzendo-se
mos penitenciais 50 (Miserere) e na segunda); mas que o coro can-
129 (J?e pr~fun1is). (V. Septem ta separadas. A primeira parte
Psalm1 poemtentiales, no fim do são as palavras que segundo o
Breviário). profeta Isaías (6, 1 e segs.) os
Serafins cantam diante do trono
Saltério, - l) livro dos· salmos· de Deus (por isso hino seráfico
- 2) às vezes o Rosário (15 de: e angélico), a segunda é a acla-
zenas) de Nossa Senhora. mação dos judeus na entrada de
jesus em jerusalém. (Mt 21 9).
Saltério galicano, a segunda Com a primeira parte (San~tus)
revisão do saltério da !tala fei- termina o prefácio em todas as
ta por S. jerônimo, em 392 ' pela Liturgias, o Benedictus acha-se na
hé?'ªP.la de Orígenes, e addptada Liturgia romana desde princípio do
primeiro nas Gálias (daí o no- VII século. Cantava o celebrante
me) e depois em toda a Igreja o Sanctus alternadamente com o
menos na Basílica de S. Pedro: povo; no VIII séc. cantavam-no os
em Roma, onde Pio V na reforma subdiáconos, como atestam os an-
do Breviário, prescre~endo o sal- tigos Ordines Romani, desde o XI
tério g.alicano também para Ro- ou XII século compete seu canto
ma, quis que continuasse em uso aos cantores. (V. Benedi~tus).
o saltério chamado romano. (V.
!tala). Sanctus, .Vela do, tocha, colo-
cada ao lado da Epístola e acesa
Saltério mariano, o rosário in- desde o Sanctus até depois da
t~i~o (três terços), chamado sal- Comunhão, para indicar a presen-
teno, por ser o número das Ave ça de N. Senhor, segundo prescre-
Pie. Llt1lr~lco - 14

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ve o Missal romano, Rubr. ger. vatorium) com que o sacerdote,
. tit. XX. No Brasil não é usada, na idade média, enxugava o. cá-
como geralmente tão pouco em ou- lice e as mãos. (V. Ablução 1).
tros países. Tem a sua origem no Desde o XI ou XJI século adoptou-
desejo de tornar a sagrada Hóstia se o paninho especial, mas, que se
mais visível na elevação. Existe tornou obrigatório somente com a
uma miniatura do séc. XIV, mos- unificação do Missal, no XVI sé-
trando o acólito em atitude de ele- culo.
var a casula com a mão esquerda Santo. (V. Canonização).
e sustentar com a direita a vela
no acto - da Consagração. Santo Lenho, a cruz de N. Se-
nhor ou partícula autêntica da
Sandálias pontificais (1. sandá- mesma. Tal relíquia é venerada
lia), sapatos, a usar pelo celebran- com genuflexão e incensação de
te nas Missas pontificais, excepto tríplice dueto e pode ser levada
as de Requiem e a Missa dos Pres- em procissão debaixo do pálio.
santificados, na Sexta-feira da Depois da procissão ou exposição
Paixão. O uso dos sapatos pon- é de preceito benzer com ela em
tificais é documentado desde o V silêncio o povo.
século em mosaicos. Sua forma va- Sapatos pontificais. (V. Sandá-
riava; ora se assemelhavam às an- lias pontificais).
tigas sandálias; ora cobriam ape-
nas o pé anterior e o calcanhar Sarcófago ou tumba, relicário
(compagi), outras vezes eram al- em forma de sarcófago, coloca-
tos e fechados até aos tornozelos. do em cima do altar ou em baixo
Desde o século XV tornaram a ser da mesa do mesmo.
baixos e fechados como hoje. A Satisfação sacramental, penitên-
matéria das sandálias era couro, cia (oração, jejum, esmola, outras
couro coberto de seda e, desde o obras), imposta pelo confessor, an-
XIII século, seda; a da sola, se tes da absolvição, para depois ser
havia no sentido de hoje, era cumprida pelo penitente, o qual,
pau ou cortiça com fiada de couro. ao receber a absolvição, deve ter
A cor dos sapatos pontificais cor- a vontade ·de cumpri-la. Antiga-
responde à do dia e como en- mente exigia-se o cumprimento an-
feite, que na idade média costu- tes da absolvição. (V. Penitência,
mava ser muito rico, têm, fora de Livros de). ·
Roma, uma cruz bordada na face.
Saudação litúrgica. (V. Dominus
Sanguinho (1. purificatorium, vobiscum).
absfersorium, extersorium), pani-
nho de linho, duas vezes dobra- Schola cantorum (1.). Désde o
do ao longo, geralmente com cru- IV século a execução do canto li-
zinha no meio e frequentemente túrgico estava reservada aos clé-
.com renda estreita nas extremida- rigos e para instruí-los formavam-
des, para o celebrante enxugar a se escolas de canto. A mais céle-
boca e dedos depois da segunda bre foi a que o Papa Gregório l
ablução na Missa e em seguida o reorganizou em Ro1,11a, mas tam-
interior do cálice. Antes do Ofer- bém fora de Roma existiam esco-
tório e depois da Comunhão o las florescentes. Carlos Magno
sanguinho é colocado transversal- tornou-se seu zeloso propagador e
mente entre cálice e patena e des- protector. Também ao próprio co-
de o Ofertório ao lado direito do ro dos cantores dava-se o nome de
corporal, cobrindo a patena. Não -schola ·e é neste sentido que o
necessita o sanguinho de bênção emprega Pio X no Motu-proprio
porque é apenas a substituição da sobre a música sacra e os Bispos
toalha, pendurada junto à pia (la- do Brasil, na Carta past. colet.

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n. 900. Em sentido derivado dava- rescimento da indústria sérica na


se antigamente esse nome também Itália. (V. Paramentos, Matéria
ao lugar cercado de cancelas em dos).
frente ao altar, onde a schola Sede (1. sedes), qualquer cadei-
cantava, dividida em dois coros, ra a serviço dos ministros do altar
cada um de duas fileiras, com as e dos coristas, principalmente, po-
crianças na primeira fileira. (V. rém, o trono do Bispo e, quando
Coro 1) e 2), Primicério). este não pode ser usado, o fal-
Scyphus (!. do gr. skyphos = distório.
taça, cálice). V. Cálice ministerial.
Sede gestatória, um pequeno
Sé Apostólica ou Santa Sé, em trono móvel, no qual é levado,
sentido figurado, o Sumo Pontí- sentado, o Papa, nas solenes en-
fice. tradas na Basílica de São Pedro.
Sé, Igreja da, catedral, porque Sede vacante, (!.), o tempo em
nela se acha a sede (trono) do que não há Papa na Igreja até
Bispo. nova eleição, ou Bispo na diocese
Secreta (!. a subentender ora- até nova provisão.
tio), oração, já mencionada no Sedília (1.), os assentos (mo-
VI século, precedida de Orate tra- chos) ao lado da Epístola, para os
ires, etc., rezada em voz baixa ministros do altar, e junto ao tro•
(daí o nome) depois do Ofer- no episcopal, para os assistentes,
tório, antes do prefácio. O cele- e as cadeiras do coro.
brante pede aceite Deus o sacri-
fício, as ofertas e preces dos Selo (gr. sphrágis). V. Prosco-
fiéis, faz geralmente menção do midia.
mistério ou do Santo em cuja Semana Santa (1. hebdomada
honra se diz a Missa e muitas maior), semana que precede à
vezes se refere também à próxi- festa da Ressurreição, santa por
ma Consagração. Como a Coleta causa dos mistérios, santos por
e a Postcommunio, esta oração excelência, que nela são celebra-
varia conforme o tempo, férias e dos com desusada solenidade li-
festas. Havendo mais de uma Se- túrgica. Em latim prevalece, des-
creta, o número e a ordem pela de a antiguidade cristã, a expres-
qual são recitadas correspondem são Semana maior pela importân-
ao número e ordem das orações cia que a celebração desses mis-
ditas antes da Epístola. Somente térios lhe confere sobre todas as
a conclusão da última (as interme- outras do ano. As festas que ne-
diárias não têm conclusão) é pro- las caírem ou são transferidas
ferida em voz alta: Per omnia sae- para depois da Páscoa ou são
cuia saeculorum, protestando os o_mitidas ou (nos primeiros três
assistentes a sua união com o sa- dias) apenas comemoradas.
cerdote nas súplicas feitas (para o
qual foram convidados pelo Orate Semidúplice. (V. Rito).
traires) com a exclamação Amen. Semijejum. (V. Jejum eclesiás-
É, pois, esta conclusão o final tico).
da Secreta, não o princípio do Senatório, recinto no transepto
Prefácio, como geralmente se su- das antigas Basílicas, ao lado di-
põe. reito do coro (dos cantores), re-
Seda, foi empregada limitada- servado para os homens de desta-
mente para paramentos desde o V que. Ao senatório correspondia,
século. Seu uso se espalhou mais e · ao lado esquerdo, o matroneu, pa-
mais no VIII e IX século e chegou ra as virgens consagradas a Deus
a ser comum no XIII com o fio- e matronas de distinção.
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Separação dos sexos na igreja, cios substitui-se o Aleluia, naque-
era prescrição rigorosa desde o las pelo Tractus, nestes pelo laus
IV e V século. No corpo da igreja tibi Domine, etc., no início das
considerava-se o lado da Epístola horas. Nas Missas do tempo, além
o dos homens, uso que é observa- disso, é suprimido o Gloria in
do em muitos países ainda hoje. excelsis Deo e em lugar do /te
Nas igrejas de Rito grego as mu- Missa est se diz Benedicamus Do-
lheres tinham seu lugar m1s tri- mino. No Ofício do tempo não
bunas; no Ocidente, entretanto, há Te Deum e o primeiro salmo
as tribunas, onde as havia, fica- das Laudes é substituído pelo
vam reservadas para os homens. salmo penitencial Miserere. As
Nas igrejas antigas do Brasil, de Missas do tempo são celebradas
estilo renascença ou barroco, · es- em cor roxa. Os dias da semana
tilos que desde sua origem favo- não são férias maiores como os
reciam as tribunas, elas costu- da Quaresma, e os três domingos
mam ser franqueadas a todos; mas admitem, na ocorrência, a cele-
desejam os Bispos que assim não bração de uma festa de l.• elas-;
seja e que no futuro não se façam se. (V. Aleluia l).
mais tribunas. .
Sepulcro, - 1) (1. sepulchrum,
Septuagésima, primeira dominga confessio, locus, loculus, fossa),
e início do tempo septuagesimal. cavidade pequena no altar com
Septuagesimal, Tempo, a prepa- relíquias encerradas. Pôr relíquias
ração remota para a Páscoa, que no altar data do IV século e se
precede a Quaresma desde o do- explica pelo culto aos santos már-
mingo de Septuagésima até à tires, junto de (não sobre) cujas
Quarta-feira de Cinzas, isto é 17 sepulturas se celebrava o Santo
dias. foi adoptada esta praxe' em Sacrifício. Por volta do X século
Roma, nos fins do VI século, por- a reposição de relíquias era geral
que o Sacramentário gelasiano é o no Ocidente. Mas, ou porque não
primeiro documento que faz men- era prescrição tão rigorosa ou
ção dos domingos de Septuagési- porque não havia relíquias, muitos
ma, Sexagésima e Quinquagésima. altares não as tinham, principal-
Parece que o uso veio do Orien- mente os altares portáteis e isto
te. Aí, conforme dizem as Consti- até poucos séculos atrás da nossa
tuições Apostólicas, começava, era. Assim acontece encontrarem-
como hoje, a preparação, sem je- se, ainda hoje, em capelas anti-
jum, com o décimo domingo antes gas do interior do Brasil pedras
da Ressurreição, de modo que esse d'ara sem relíquias, sobre as
domingo · era na verdade o dies quais, aliás, não é mais lícito ce-
septuagesima. Em Roma, adoptou- lebrar. As prescrições vigentes
se o uso do Oriente, respeitou-se exigem a reposição de relíquias
a denominação Septuagésima, e, para a validade da sagração do
para poderem-se chamar os dois altar, tanto fixo como portátil. O
domingos antes da Quaresma Se- sepulcro é feito na mesa do altar
xagésima e Quinquagésima, foi e então fechado com tampo (sigi-
abreviada a preparação em uma lo). Esta posição é preferida desde
semana. Daí vem que na reali- fins da idade média até hoje. Não
dade o domingo de Septuagésima é proibido, entretanto, colocar o
é o sexagésimo terceiro dia antes sepulcro, como na idade média,
da Páscoa. Os dias do tempo dentro da base do altar, na fren-
septuagesimal não são de jejum. te, por detrás ou em baixo da
A Igreja suprime, porém, tudo o mesa, a qual, neste último caso,
que diz festa e júbilo. Assim, em serve de tampo. Na antiguidade,
todas as Missas e todos os Ofí- às vezes ainda no XII século, o

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sepulcro estava no chão, por baixo que se deu também o nome grego
do altar ou na sua fundação. Nes- acolouthia, isto é: "o que segue",
te caso, para poderem-se venerar "séquito", em latim sequentia. Os
as relíquias mais de perto, era fre- monges da França começaram, no
quente construir-se no subsolo uma século IX, a supor a essa melodia
antecâmara, corredor, cripta, com um texto silábico, sem metro e
ou sem abertura estreita ou ja- sem rima, chamado por isso pro-
nelinha (f enestrella) que deitava sa e também, fora da França, apli-
para o sepulcro. Dos Ritos orien- cando ao texto o nome da melo-
tais somente o grego exige se- dia, sequentia. Prosa e sequência,
pulcro no altar. (V. Confessio e portanto, querem dizer a mesma
Execração do altar; - 2) altar coisa, mas dizia-se também sequen-
em que na Quinta-feira Santa, até tia cum prosa. Desde o século XII,
à Missa dos Pressantificados de as sequências mais e mais foram
sexta-feira fica encerrada, numa tratadas com hinos metrificados e
urna (sacrário), a Hóstia consa- com rima e com melodias próprias,
grada para a adoração dos fiéis; independentes da melodia do a fi-
- 3) em algumas igrejas (na Eu- nal do Aleluia. Do tempo da tran-
ropa mais frequente) uma arma- sição de um estilo para o outro te-
ção, representando o santo sepul- mos ainda a sequência: Victimae
cro com a imagem de N. Senhor paschali laudes. Recorda esta tam-
Morto, desde a procissão do en- bém a estrutura melódica antiga,
terro, na Sexta-feira Santa até que consistia em ter a primeira e
à Missa da Ressurreição. ' última estrofe melodia própria,
para ser cantada por todo o coro;
Sepultura eclesiástica, enterro · nas outras estrofes, porém, con-
feito segundo o Ritual. Ficam pri- sistia em variar a melodia de duas
vados de sepultura eclesiástica os em duas estrofes, das quais uma
que morrem sem batismo; os ca- cantava o coro dos homens, outra
tecúmenos que por sua culpa não o das crianças. (V. Schola canto- ·
receberam o batismo; os apósta- rum). Este canto alternado tem seu
tas notórios da fé cristã; os que fundamento histórico nos grupos
se afiliaram notoriamente a uma do jubilus aleluiático que, quando
seita herética, cismática, maçôni- se repetiam (como ainda hoje mui-
ca ou sociedade semelhante; os tas vezes), eram cantados por um
excomungados e interditos por solista, repetindo o coro. Hoje as
sentença; os suicidas; os que mor- sequências não têm mais introdu-
rem em duelo ou em consequência ção e final (com excepção do
de ferimento nele recebido; os que Victimae), mas cada duas estro-
mandaram ser seu corpo incinera- fes têm melodia própria. Pelos
do; os pecadores públicos e mani- fins da idade média havia uma ver-
festos, todos sem terem dado al- dadeira superprodução de sequên-
gum sinal de arrependimento. Em cias e não era de admirar que
caso de dúvida decide o Ordinário. existissem escolas especiais para
Permanecendo a dúvida pode-se- esse fim. O Missal de Pio V cor-
lhes dar sepultura eclesiástica, tou todas, com excepção do Victi-
mas sem que haja escândalo. Dir. mae paschali laudes (Páscoa), Ve-
can. cc. 1239 e 1240. ni Saneie Spiritus (Pentecostes),
Sequência (!. sequentia), solene Lauda Sion (Corpo de Deus), Sta-
hino a acrescentar em certos dias bat Mater (Dores de N. Senhora),
ao Aleluia (ao Tracto) da Missa. Die~ irae (Missa de Requiem). Es-
- O a final do Aleluia depois do ta última conservou o nome de
Gradual é suposto, no canto-chão, Prosa, seja embora poesia metrifi-
a uma melodia ricamente desenvol- cada com rima. As Ordens religio-
vida (jubilus, jubilatio, neuma) a sas têm sequência própria para as

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festas de seu fundador e além Ressurreição, consagrada à Paixão
disso, uma ou outra para 'outras e Morte de Jesus. Conservou a
festas, por exemplo, os Francis- Igreja o nome grego Paraskevé
canos para as festas dos Misté- isto. é, "preparação:', nome qu~
rios da Via dolorosa, do Nome de os Judeus davam a todas as sex-
Jesus, das Sete Alegrias de N. t?s-feiras do ano, porque nela
Senhora. tmham de preparar tudo até a
Serpentina ou cana (1. arundo), comida, para o sábado, 'em que
vara ornada, encimada por uma qualquer trabalho era interdito
vela de três ramos, para introdu- A Sexta-feira da Paixão é o únic~
zir a luz nova na igreja e se acen- d~ a alitú!gico na Igreja latina, quer
der o círio pascal e as lâmpa- dizer, nao se celebra nele a San-
das, no Sábado de Aleluia. - O ta Missa. Tão pouco há hoje Co-
nome serpentina lembra o uso munhão, excepto o celebrante pa-
observado na idade média em al- ra ~Iero e fiéis. Os actos q~e se
gumas igrejas de se encimar a reahzam são cerimônias impressio-
vara com a efígie de uma serpen- nantes que, místicamente nos re-
te com vela acesa na nova luz. - presentam os sofrimento~ do Sal-
A vara, que segundo o nome latim vador, seu abandono, suas dores,
(arundo) devia ser um caniço, re- s~a morte. Começam as cerimô-
presenta a N. Senhor. Como o ca- nias com a prostração dos minis-
niço é agitado pelos ventos, mas t!o_s diant~ do altar, seguem duas
sempre de novo se levanta, assim hçoes escriturais proféticas do ve-
Jesus, humilhado pela tempesta- lho. testamento com Tracto e a pri-
de do sofrimento, ergueu-se de no- meira com oração, das quais uma
vo na sua gloriosa ressurreição. - recorda a misericórdia de Deus a
As três velas simbolizam á SS. o_utra le.mbra o cordeiro pas~al,
Trindade, fundamento de todas as !ipo e figura do Cordeiro divino,
verdades que Jesus (Luz do mun- imolado na cruz. Vem em seguida
do) nos veio ensinar. V. Luz nova. o cant~ da Paixão, segundo o
Serviço do coro, recitação do di- Evangelista S. João, o qual, como
vino Ofício e Missa conventual t~stemunh~ ocular, relata a histó-
com a~ procissões e bênçãos que ria da Paixão. Depois da Paixão
se reahzam em união com a Mis- voltando o celebrante e ministro~
sa, . a~tos a 9~e são obrigados a para o lado da Epístola, cantam-·
assistir os clengos das igrejas ca- se as Admoestações (Monitiones)
tedrais, colegiadas e conven- com as solenes orações pelos di-
tuais. versos e.sta~o.s da .Igreja, pelos he-
reges, c1smaticos, Judeus e pagãos.
Sétimo dia. (V. Missa de 3• 7• Segue a Adoração da cruz durante
30• dia). ' ' a qual os ministros relam e o
Sexagésima, segunda dominga coro canta os Impropérios. Acaba-
do tempo septuagesimal. (V. Sep- da a adoração, organiza-se a pro-
tuagesimal, Tempo). cissão e é reconduzida a Hóstia
Sexta, a terceira das horas me- consagrada da capela ou altar (Se-
nores do Ofício divino. Rezava-se pulcro), onde foi colocada no dia
pelo meio dia (hora sexta = meio anterior, para o altar-mor no qual
dia), mas hoje geralmente depois logo em seguida, se reaIÍza a as~
da Missa conventual ou antes do sim chamada Missa dos Pressanti-
meio dia. (V. Tércia) . f icados e, terminada esta, ·~ Des-
Sexta-feira Santa, ou da Paixão nudação do altar. (V. as palavras
(1. Feria sexta in Parasceve ou em grifo em seu respectivo lugar).
simplesmente Parasceve), a sexta- Sigilo (1. sigillum), pequena cha-
feira que precede ao domingo da pa de pedra com que o Bispo, de-

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pois de sagrá-la, fecha o sepulcro claramente as verdades· a crer com


do altar, na sagração do mesmo, relaçãÔ à SS. Trindade e à Cris-
firmando-a por meio de argamas- tologia. Pela sua primeira pala-
sa (malta). (V. Execração do al- vra é chamado também simples-
tar 4), Sagração da igreja). mente Quicumque. Reza-se este
símbolo' na Prima do Ofício da
Símbolo (do gr. symballein = SS. Trindade e dos domingos me-
compilar, comparar), - 1) sinal nores, depois da Epifania e Pen-
externo, seja acção ou objecto, que tecostes, quando não houver come-
exprime uma idéia ou facto reli- moração de alguma festa de Rito
gioso, que com o sinal está em dúplice, e no exorcismo dos pos-
certa relação. Esta relação ou é sessos.
natural ou convencional. A água,
por exemplo, por sua natureza, ex- Símbolo dos Apóstolos (Creio
prime a idéia da inocência; a em Deus Padre, etc.), confissão
percussão do peito, a da humil- de fé, que em doze artigos contém
dade; as inclinações, a da reve- resumidas as principais verdades
rência. Por convenção, mas com da fé. Em sua substância é de tra-
fundamento, o sal exprime a idéia dição apostólica e daí seu nome.
da sabedoria, o pelicano a do Reza-se este símbolo na adminis-
amor de jesus, o extinguir o círio tração do batismo, na ordenação
pascal, depois do Evangelho, na de presbítero, sempre no princípio
Missa da Ascensão, o facto da As- da Prima e fim das Completas do
censão de N. Senhor, etc., etc. Na Ofício, e nas preces da Prima e
das Completas, quando as rubri-
J
Liturgia católica as cerimônias
são todas simbólicas. A maior cas as mandam rezar. Desde o IV
parte das da Missa e da adminis- século usa-se a recitação do sím-
tração dos Sacramentos foram co- bolo dos Apóstolos também como
mo símbolos adoptadas, são-no, oração privada dos fiéis, o que a
pois, em' sua origem. Outras ce- Igreja muito recomenda.
rimônias ou objectos, cuja origem Símbolo niceno-constantinopoli-
foi a necessidade ou conveniência, tano, fórmula de confissão da
foram simbolizadas posteriormen- fé, que constitui uma ampliação
te e neste caso estão, por exem- do símbolo dos Apóstolos e que
plo, o altar com seus pertences e enuncia, com clareza, a Divindade
os paramentos. Exprimem todos de Deus Filho, como o Concílio
os símbolos ou sentimentos inter.:. de Nicéia (318) e a do Espírito
nos do culto de Deus, como adora- Santo, como o Concílio de Cons-
ção, reverência, humildade, própria tantinopla (381) a defendeu contra
indignidade; ou verdades dógmá- os heréticos. Foi prescrito este
ticas, como o mistério da Trinda- símbolo pelo Concílio de Cal-
de, a união do Verbo de Deus cedónia (451) para o rito do ba-
com a natureza humana, o efei- tismo e pouco depois entrou no
to dos Sacramentos ou dos sacra- Oriente também na Missa, sendo
mentais; ou enfim representam rezado ao darem-se os fiéis o ós-
factos da história da salvação, co- culo da paz, antes do Ofertório.
mo a procissão de ramos, o círio Na Igreja ocidental foi adopta-
pascal, etc. - 2) fórmula que re- do na Missa, primeiro na Espa-
sumidamente encerra, compiladas, nha, pelo Concílio de Toledo
as verdades principais da fé. (589), depois nas Gálias e na
Símbolo atanasiano, fórmula Alemanha, mas em Roma somen-
de confissão da fé, atribuída a te em 1014, às instâncias do im-
Santo Atanásio, mas compilada perador alemão, Santo Henrique
provàvelmente pelos fins do V II. Reza-se este símbolo na Mis-
século, nas Gálias, a qual exibe sa, depois do Evangelho (no rito

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moçárabe antes do Pater noster), Missa e as comemorações do res-
em todas as festas do Senhor, de pectivo dia.
N. Senhora, de S. josé, dos SS.
Anjos, dos Apóstolos e Evangelis- Sinaxe (gr. synaxis = assem-
tas, dos Doutores da Igreja e em bléia), reunião dos cristãos para
muitas outras festas. Tendo estas celebrar a Eucaristia. Em sentido
festas oitavário não simples, o translado, o próprio Sacrifício eu-
Credo é rezado todos os dias do carístico ou a Comunhão; mas
mesmo. neste caso geralmente com o ad-
jectivo saaa ou sancta.
Símbolos dos Evangelistas. Des-
de o li século os escritores ecle- Sino. Do 1. signum. V. Campana.
siásticos consideram os quatro Sobrecéu. (V. Baldaquino).
Evangelistas simbolizados pelos
quatro Querubins diante do trono Sobrepelíz (1. superpellicium, it.
de Deus, cada um com rosto di- cotta), veste branca e ampla, de
ferente (Ez 1, 10. - Apoc 4, 6 linho ou algodão, com mangas
e seg.) e desde o IV século a largas, ou meio largas, para ser ,
interpretação uniforme é a seguin- usada sobre a batina ou hábito
te: Mateus é figurado pelo Que- religioso, por todos os clérigos,
rubim com o rosto de homem, por- nos quais substitui a alva na ad-
que no seu evangelho dá a genea- ministração dos sacramentos, nas
logia de Cristo. Marcos é figu- procissões e outras ocasiões se-
rado pelo Querubim com rosto de melhantes. Sua origem data do
leão, porque inicia o seu evange- XI século, e era usada, pelos coris-
lho falando da voz que clama no tas, no inverno, sobre um manto
deserto. Lucas é figurado pelo de pele, o que originou seu no-
Querubim com rosto de touro (no- me. A princípio descia até ao chão
vilho), porque começa pelo sacri- como é de ver nas pinturas daque-
fício de Zacarias. · joão, enfim la época. Quando, no século XIV
é figurado pelo Querubim com ros~ deixou de ser apenas veste d~
to de águia, porque no princípio · coro, foi-se encurtando sempre
de seu evangelho eleva-se às al- mais, até chegar ao tamanho de
turas da eternidade do Verbo en- hoje, chegando até o joelho mais
carnado. A princípio a arte se li- ou menos e com mangas de 60 a
mitava a representar, em mosai- 70 cm. de comprimento. As man-
co, somente os símbolos (Santa gas, antigamente, ou eram muito
Pudenciana, em Roma). Posterior- largas, ou rasgadas de cima para
mente colocava-se o símbolo tam- baixo, e assim pendentes dos om-
bém ao lado do Evangelista. (S. bros como asas, ou faltavam de to-
Vitale, em Ravenna, VI século) do. Para vesti-Ia tem a sobrepe-
Hoje encontram-se estes símbo~ liz em cima uma abertura oval
los, com ou sem os Evangelistas um pouco mais larga do que ~
frequentemente, nas faces do púl~ pescoço, com corte na frente, e,
pito, mas também, como decora- para fechá-la, cadarços ou bo-
ção na igreja ou como ornato nos tões; ou a abertura é mais lar-
paramentos, etc. ga, em forma rectangular, com ou
Símplíce. (V. Rito). sem corte e fecho. Ambos os ti-
pos usam-se no Brasil, na Itália
Sinagoga. (V. Paixão). prevalece o segundo, é mais curto
Simão, Apóstolo. (V. Judas e chamam-no de cotta. Como en-
Tadeu). feite empregam-se rendas mais ou
menos largas. (V. Roquete).
Sinais no Missal. (1. signacula),
fitas, geralmente de diversas cores Solenidade matrimonial (1. So-
e unidas em cima, para marcar a lemnitas matrimonii), Missa com

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bênção nupcial. (V. Bfoção nupcial tação do Oficio divino. O rito


e Tempo fechado). de como o subdiaconato é confe-
rido hoje segundo o Pontifical da-
Solidéu. (V. Piléolo). ta do XII século, encerra elemen-
Stabat Mater (!.), sequência em tos antigos romanos e galicanos
honra de N. Senhora das Dores, e se compõe dos actos seguintes:
nas Missas das duas festas das chamada do ordinando com a in-
Sete Dores, e, na primeira delas, dicação do título (V. Ordenação,
também como hino, dividido so- Título da); alocução, na qual o
bre as Vésperas, Matinas e Lau- Bispo acentua o passo decisivo
des. Esta pérola de poesia é com- que o candidato vai dar; Ladai-
posição do irmão franciscano Ja- nha de Todos os Santos com sú-
cbpone de Todi, foi adoptada em plicas especiais pelo ordinando;
diversas Missas (de Breslau e de instrução sobre o ofício e de-
Paris) já no correr do XV sé- veres; entrega do cálice vazio com
culo e inserido no Breviário ro- patena, da parte do Bispo; entre~
mano por Bento XIII, em 1727. ga de duas galhetas com água e
Stipes. (V. Altar e Altar fixo). vinho, bacia e manustérgio, da
parte do arcediago; invitatório
Subcinctorium (!.), · ornamento com oração; vestição do amicto,
reservado ao Papa na Missa pon- do manípulo e túnica; entrega do
tifical, em forma de manípulo, pen- livro das Epístolas. - Nos Ritos
durado no cíngulo, ao lado es- orientais o subdiaconato continua
querdo. Das duas pontas uma tem a ser considerado Ordem menor.
bordado um cordeirinho, a outra
uma cruz. Era o subcinctorium, Subdiácono, clérigo que recebeu
desde fins do X século, um orna-· a Ordem do subdiaconato. Como a
mento dos Bispos, e posteriormen- palavra indica, é o subdiácono mi-
te, mas raras vezes, dos simples nistro auxiliar do diácono, a quem
sacerdotes. Parece que desde o ajuda nas funções litúrgicas. Des-
século XV passou para o uso de o VIII século compete-lhe tam-
exclusivo do Papa, com exclusão bém o canto da Epístola. Com a
de Milão, onde no século XVI ain- Ordem assume o subdiácono a
da era ornamento do Bispo. A obrigação do celibato e da reci-
serventia do subcinctorium era tação do Ofício divino.
prender a estola comprida e es- Suffragium de 'omnibus Sanctis
treita no cíngulo. Com o alarga- (!.), antífona com versículo e ora-
mento da estola, pelos fins da ção, na qual se faz menção de N.
idade média, perdeu o uso prático Senhora, de S. José e do titular
e tornou-se simples ornamento. da igreja em particular, e dos
Subdiaconato, primeira das Or- Apóstolos e de todos os Santos
dens maiores e sacras, com ca- em geral, para pedir a Deus o
rácter de sacramental, conferida livramento dos perigos da alma e
depois de o clérigo ter sido orde- do corpo, a salvação e a paz para
nado acólito, para ser, como a pa- a Igr~ja. Reza-se este sufrágio,
lavra indica, auxiliar do diácono. depois da oração ' das Laudes e
Fazem menção desta Ordem o Pa- Vésperas, desde a Epifania até
pa S. Cornélio e S. Cipriano, na ao domingo da Paixão e desde
Africa, em meados do III século. o domingo da SS. Trindade até
Mas era considerado Ordem menor ao Advento, no Ofício da féria e
até ao XII século, no qual foi nos outros, quando o rito do Ofí-
adnumerado às Ordens maiores cio e as rubricas o mandam. Du-
por causa da mudança incisiva de rante o tempo da Páscoa é substi-
vida que produz no ordinando com tuído pela Commemoratio de Cru-
a obrigação ao celibato e à reci- ce, que igualmente consta de antí-

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218 T
fona, versículo e oração, em honra de louvor e acção de graças pe-
e louvor a jesus crucificado e las obras realizadas na Redenção
ressuscitado. e pelas graças concedidas à SS.
Sufrágios, os actos litúrgicos Virgem e a todos os Santos, e
que se realizam como também as pede que seja para glória dos
orações que se fazem, em benefí- Santos e nossa salvação e que os
cio das almas do purgatório. Santos se dignem interceder por
nós. A origem desta oração é
Supedâneo, o estrado diante do galicana. (V. Ofertório, Rito do).
altar. Havendo diversos degraus, o
último largo chama-se supedâneo. Suscipe Sancte Pater (1. = Acei-
tai, Pai Santo), palavras iniciais
Supra qure propitio, etc., e Sup- da oração que o celebrante diri-
j)lices te rogamus, etc., duas ora- ge ao Pai celestial ao oferecer, no
ções no cânon da Missa, em segui- Ofertório da Missa, a hóstia colo-
da à anámnese. (V. Anámnese). cada sobre a patena. Com esta
A primeira o sacerdote diz com os oração, como com a outra que
braços estendidos e nela pede a acompanha o oferecimento do cá-
aceitação do Sacrifício por Deus. lice (Off erimus tibi, Domine, cali-
Na segunda, que recita inclinado cem salutaris), a matéria do Sa-
com as mãos juntas sobre o al- crifício eucarístico é subtraída ao
tar, o qual oscula ao dizer: ex uso comum e consagrada a Deus.
hac altaris participatione (da par- Referem-se as duas orações di-
ticipação deste altar, isto é, deste rectamente ao pão e vinho, mas
Sacrifício), pede a aplicação dos como que antecipando a tran-
frutos da Missa a todos os que nela substanciação desses elementos em
de qualquer maneira tomam par- o Corpo e Sangue de N. Senhor,
te, e como expressão simbólica dis- o sacerdote pede, desde já, a apli-
to forma uma cruz sobre a Hós- cação dos frutos da Missa para
tia e o cálice e se benze a si si, os circunstantes e todos os fiéis,
mesmo. vivos e defuntos. O Suscipe Saneie
Susclpe Sancta Trinitas (1. = Pater é de origem galicana, pois
Aceitai, Trindade Santa), pala- ocorre, pela primeira vez, numa
vras iniciais da oração com que coleção de orações que Carlos o
finaliza o rito todo do Ofertório Calvo (t 877) mandou fazer. (V.
e que precede ao Orate fratres. Ofertório, Rito do).
O sacerdote lembra nela o ca- Suscipiat Dominus (1.) V. Orate
rácter da Missa como Sacrifício fratres.

Tabernáculo (sacrário), peque- terra, uma caixinha, às vezes em


no armário, caixa, geralmente com forma de pequeno templo, ou um
ornamentação de estilo, no centro invólucro de seda, em forma de
do altar-mor, para conservar a tenda, com a píxide, pendente de
sagrada Reserva. Exigem as leis uma corrente ou corda por cima
litúrgicas que seja inamovível, fei- da mesa do altar, de modo a se
to de matéria sólida, interiormente poder descê-la para a distribui-
dourado ou forrado de seda bran- ção da S. Comunhão. Conser-
ca e exteriormente todo coberto vou-se mais tempo na França,
pelo conopéu. (V. Conservação do mas está hoje de todo fera de
SS. Sacramento). ' uso. As vezes pendurava-se tam-
Tabernáculo pendente (1. sus- bém a simples píxide sem invó-
pensio, pensile), na idade média, lucro ou caixinha. (V. Pomba eu-
principalmente na França e Ingla- carística).

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T 219
Tabor, peanha de metal doura- 414). No Breviário o Te Deum
do a ser colocada sobre a mesa tem hoje o título Hymnus Ambro-
do' altar diante do sacrário, para sianus quando até há pouco era
receber ' a Custódia na bênção Hymn~s SS. Ambrosii et Augus-
do SS. Sacramento. A Carta pas- tini. Desde meados do século VI
toral coletiva dos Bispos brasi- o hino ambrosiano está univer-
leiros entretanto, dá preferência à salmente em uso e notam os auto-
maquineta ou mesmo ao simples res o paralelismo que existe en-
corporal. Carta past. cal. Ap. VI, tre o Gloria in excelsis Deo e o
n. 67. Te Deum. O hino angélico tem
por introdução as palavras dos
Tamborete, cadeira sem encosto Anjos, o ambrosiano começava fre-
algum. quentemente pelo versículo do
Tapetes (!. cortinae, dors.atia, ta- salmo laudate pueri Dominam,
petia), - 1) colgaduras ncas pa- laudate nomen Domini. O tema de
ra cobrir, em dias de festa, as ambos é a glorificação de Deus
paredes · da capela-mor, colunas, com os anjos que cantam Glória
arcos, etc. Desapareceram mais e · e Sanctus. Em ambos dilata-se o
mais com a ornamentação escultu- louvor em doxologia explícita à
ral que se dava ao interior das SS. Trindade; ambos se ocupam
igrejas. Conservaram-se, poré~, li- com a missão de Deus Filho e
mitadamente, em algumas antigas acrescentam súplicas; no fim do
igrejas do Brasil, como também em Glória ajuntavam-se, antigamente,
outros paíse!l; - 2) alc.atifas para vei:sículos dos quais os primeiros
cobrir os degraus do altar ou o concordam com os da última parte
próprio chão. do Te Deum. Observa-se ainda o
paralelismo no emprego de am-
Teatro eclesiástico, título de bos os hinos. O Glória costuma-
um livro com textos litúrgicos em va-se recitar ou no Ofício matutino
canto-chão, que antigamente se ou na Missa e o Te Deum estava
usava no Brasil e Portugal. prescrito todos os domingos e dias
festivos no fim das Laudes ou no
Te Deum (hino ambrosiano) , fim das Matinas. justifica-se, des-
hino soleníssimo, que se divi- te modo, o chamarem os autores
de em três partes: louvores à SS. os dois hinos irmãos g€meos. Ho-
Trindade, louvores ao Redentor, je o Te Deum é recitado ·ou can-
súplicas. Chama-se Te Deum pe- tado depois das Matinas com as
las palavras iniciais. Uma legenda seguintes restrições. E' suprimido ,
do século VIII atribuía a sua re- nas férias ( excepto as do tempo
dação aos Santos Ambrósio e pascal), nos domingos do Adven-
Agostinho, dizendo que o canta- to, do tempo septuagesimal e da
ram alternadamente, como que Quaresma e na festa dos SS. Ino-
inspirados, depois do batismo de centes, quando esta cair em dia de
Santo Agostinho. Sobre a sua ver- semana. Canta-se o Te Deum tam-
dadeira origem os autores não es- bém com versículos e orações em
tão ' de acordo. Uns pensam que públicas e solenes acções de gra-
é uma compilação de partes pre- ças, segundo prescreve o Ritual ro-
existentes do Ill, IV e V séculos. mano.
Outros julgam que tem só um au-
tor, embora este se tivesse servido Te igitur, palavras iniciais da
de diversas fontes, e atribuem- primeira oração do cânon romano
no a Santo Hilário; a Santo Am- da Missa, na qual o sacerdote
brósio, e outros, com mais pro- pede a aceitação e bênção do
babilidade, a São Niceta, Bispo Sacrifício, em prol da Igreja uni-
de Sarajevo, na Bósnia (392 a versal, do Sumo Pontífice, do

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Bispo diocesano (ambos são men- Têmporas. (V. Quatro Umpo-
cionados nominalmente) e de to- ras).
dos os que confessam fielmente a
fé verdadeira. Desde o XI século Tenor (do 1. tenere =
guardar),
intercalava-se também o nome do na música polífona clássica a
rei ou do imperador, mas com o voz que canta (guarda) o canto-
declínio do poderio imperial no chão, contrapontando as outras;
fim da idade média, cessou a inen- na música vocal moderna para
ção. No princípio da oração o vozes de homens, a mais aguda.
celebrante, depois de profunda- (V. Polifonia).
mente inclinado, oscula o altar
porque a dirige ao Pai celest~ Teofania (do gr. Theós =
pelo divino medianeiro jesus, re- Deus, phainein = aparecer). (V.
presentado pelo altar. - O câ- Epifania).
non da Missa é nos Missais uni- Tércia, a segunda das horas me-
formemente precedido por uma es- nores do Ofício divino, a rezar
tampa do Crucificado. Não. consta
8: ~st~ respeito ~ma determinação
antigamente à hora terceira =9
horas da manhã. Sempre foi lei.
hturg1ca, mas e em virtude do recitar a Tércia, como ainda hoje
uso geral. Antigamente costuma- antes da Missa do dia ( conven~
va-se colocar, em lugar da pala- tua!). Por este motivo dava-se-lhe
vra Te da primeira oração a abre- também o nome de hora áurea
viatura T ricamente orn~da. Co- hora santa. Como as . outras hora~
mo esta letra se· parece com uma menores, consta de Pater noster e
cruz representava-se nela o cor- Ave Maria a rezar secretamente,
po de N. Senhor. A esta imagem do versículo Deus in adjutorium,
do Crucificado deu-se desde o etc. com resposta e Gloria Patri,
século VIII, lugar separado fi-
c~ndo o T simples não como -~bre­ de curto hino (o mesmo para
v1atura, mas como inicial seguido todos os dias, excepto o oitavário
de e. de Pentecostes, em que é substi-
tuído pelo Veni Creator) , de três
Templo, igreja, casa de Deus salmos, de capítulo seguido do
com a idéia da sublimidade digni: responsório breve, de preces fe-
dade e santidade que a palavra riais nas férias maiores e de ora-
templo quer exprimir. Os escri- ção com os versículos finais de
tores eclesiásticos dos primeiros sempre.
séculos evitavam a palavra templo
como não diziam ara (altar) po; Tesoura, usa o Bispo em con-
serem do uso pagão. 1 ferir a tonsura eclesiástica. (V.
Te:Upo de Missa. (V. Missa, Tonsura).
Dias de e Missa, Hora de). ] Tetravela (!. do gr. tettares =
Tempo fechado, época, desde o 1 quatro e do 1. velum =coberta),
primeiro domingo do Advento até 1 as quatro cortinas que envolviam
ao dia de Natal e desde a Quarta- o altar quando este tinha cibório.
feira de Cinzas até ao dia de (V. Cibório do altar).
Páscoa, em que não é permitida
a solenidade matrimonial, salvo Tesoureiro. (V. Sacristão).
autorização do Ordinário, por jus- Tesouro da Igreja, os mereci-
ta causa, e então com a recomen- mentos de Cristo e dos Santos,
dação de os noivos se absterem entregues à Igreja, e de que ela
de pompa demasiada. (V. Soleni-
dade matrimonial e Dir. can. c. dispõe quando concede indulgên-
1108). cias. '

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Tiago, nome de dois apóstolos, cruz, quando anteriormente era
dos quais um se chama maior e um glóbulo. As faixas que pendem
é o irmão de São joão Evange- atrás são provàvelmente a trans-
lista. Foi degolado por Herodes formação dos cadarços com que
Agrippa, em jerusalém, pelo ano era adaptado o camelaucum. O
44. Segundo a tradição, este após- uso da tiara limita-se à cerimônia
tolo implantou a fé cristã na Es- da coroação e aos préstitos so-
panha, para onde ( Compostella) lenes, antes e depois das fun-
seu corpo foi trasladado nos prin- ções pontificais na Basílica de São
. cípios da idade média. Tiago me- Pedro .
nor, parente de Nosso Senhor, era Titular. (V. Padroeiro 2), 3), 4).
Bispo de jerusalém, onde foi pre-
cipitado do alto do templo e em Título, na linguagem eclesiásti-
seguida morto, em 62. Ambos os ca antiga; igreja. Os cristãos, fa-
apóstolos são mencionados no câ- zendo uso do direito romano, que
non da Missa, antes da consagra- permitia abrigar na casa própria
ção, na oração Communicantes. qualquer pessoa (jus domicilian-
A festa de S. Tiago maior cele- di) , punham-se debaixo da protec-
bra-se a 25 de Julho, a do outro, ção (sub titulo) de um rico se-
a }9 de Maio. · nhor ou matrona, para em sua

A Tiara Papal
Tiara (1. tiara, carona, regnum, casa celebrarem os divinos misté-
triregnum), coroa papal extra-li- rios. Daí o nome dado à casa:
túrgica. Tem a tiara sua origem titulus Praxedis, titulus Pudentis.
no camelaucum papal que, desde No fim do século li já havia ·
· o X século, foi crescendo em ta- edifícios destinados exclusivamen-
manho e tomando a forma côni- te ao culto, deixados em proprie-
ca, oval ou quase cilíndrica. Co- dade à Igreja pelos primeiros pro-
mo ornato recebeu três coroas de prietários. Estas casas conserva-
metal enfiadas, a primeira no XII vam o título do doador ou rece-
século, a segunda no tempo de biam o de um santo mártir, co-
Bonifácio VIII (t 1303) e a ter- mo para colocar-se debaixo de
ceira pouco depois. Os liturgistas sua protecção. Deste modo a pa-
interpretam as três coroas como lavra titulus veio a ser sinônimo
símbolo do poder de Papa, de de igreja. Até princípios da idade
Bispo e de Rei, ou da tríplice média distinguiam-se três títulos :
Igreja militante, padecente e triun- Titulus minar era uma igreja em
fante, além de outras interpreta- que o clero, ordenado para seu
ções simbólicas. Desde o XVI sé- serviço público, celebrava os Ofí-
culo a tiara é encimada por uma cios divinos, com exclusão, po-

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rém, das funções paroqu1a1s. Ti- sal prescreveu três, como era · de
tulus maior chamava-se a igreja uso em Roma, desde o XV sé-
paroquial com seu clero próprio. culo; - 2) da Comunhão, toalha
No século Ili já se contavam em branca, não necessàriamente de li-
Roma 25 desses títulos, eram os nho, que, segundo prescreve o Mis-
títulos urbanos. Titulus cardinalis sal (Rit. serv. in celebr. Missre X,
significava uma igreja que sobre- 6), O· ministro deve estender dian-
pujava as outras, dependentes ou te dos que recebem a S. Comu-
não, em dignidade, como princi- nhão. Frequentemente acha-se pre-
palmente as catedrais. Por isso sa à mesa da Comunhão.
se dizia Clerici cardinales Colo- Tocha (do 1. torchia), vela gros-
nienses (Os clérigos cardeais de sa de cera.
Colônia). Em Roma era privilégio
do primeiro sacerdote de título ra Tocheiro,
tocha.
grande candelabro pa-
cardeal tomar parte nas funções
solenes do Papa nas igrejas prin- Todos os Santos, festa e dia
cipais. - Desde o século XI, em santo de guarda, em honra a To-
que se começou a reservar o nd- dos os Santos, a 1 de Novembro,
me de Cardeal aos membros do de rito de l.ª classe, com Vigília
Colégio cardinalício, são títulos e Oitavário. Originou-se esta testa
cardeais somente as igrejas de de outra que se celebrava em hon-
Roma que o Papa entrega aos ra de N. Senhora e de todos os
Cardeais por ocasião de sua ele- santos mártires, a 13 de Maio
vação ao cardinalato. Chamam-se dia em que o Papa Bonifácio 1v;
também simplesmente igreja titu- em 610, sagrou solenemente o
lar; - 2) cada uma das duas Panteon, em Roma, que lhe foi
faces da mitra. dado pelo imperador Focas. Aos
Título da Cruz. (V. Crucifixo). poucos estendeu-se a festa à ve-
neração de todos os Santos. Co-
Título da Igreja, invocação da mo vinham muitos peregrinos nes-
mesma. (V. Padroeiro 2). se dia, e no mês de Maio os gê-
Título da ordenação. (V. Orde- neros de vida eram escassos, o
nação, Título da). Papa Gregório IV transferiu-a
Título do Altar, invocação do para o dia 1 de Novembro e fez
mesmo. (V. Padroeiro 3). com que, em 835, fosse adaptada
em todo o reino dos Francos.
Toalha (!. tobalea, mappa, lin-
teamen) - 1) do altar, que deve · Tomás, apóstolo que duvidou
ser de linho, cobrir toda a mesa da ressurreição de Nosso Senhor,
e descer em ambos os lados até mas a quem foi concedida a graça
ao chão. Para a celebração da S. de tocar nas próprias chagas de
Missa exigem-se três, mas basta jesus ressuscitado. Pregou o Evan-
que a superior tenha as dimensões gelho na Cíntia e nas lndias, so-
indicadas. Cobrir o altar com li- trendo, neste país, o martírio. E'
nho, para a celebração do Santo mencionado no cânon da Missa,
Sacrifício, era uso já no III sé- antes da consagração, na oração
culo. Não era sómente por de- Communicantes. Sua festa a 21
cência e respeito; mas, porque o 1_de Dezembro.
altar representa a Cristo, via-se j Tônica. (V. Tons do canto-
nas toalhas a mortalha de N. Se- chão).
nhor na sepultura, razão que ex-
plica o tamanho pelo menos da Tons do canto-chão (!. toni,
toalha superior. O número de toa- modi), as escalas das quais o
lhas variava, na idade média, en- canto-chão se serve em suas com-
tre duas e quatro, até que o Mis- posições melódicas. A música mo-

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T 223

derna conhece apenas dois tons, guns cabelos da cabeça, isto é, na


o maior e menor. No canto-chão frente, por detrás, nos dois lados
são oito (respect. doze) dos quais e no meio, enquanto o tonsurado
o 1•, 3•, 5°, 7° são autênticos, diz: Dominas pars haereditatis
os outros plagais, quer dizer, de- meae, et calicis mei: tu es, qui
rivados. Os autênticos são cada restitues haereditatem meam mihi;
sucessão · de oito .tons (notas) oração; antífona com o salmo
naturais sobre uma das notas fun- XXIII Domini est terra; oração
damentais (tônica) Ré, Mi, Fá, com bênção sobre ·o candidato;
Só!. Cada escala se compõe de vestição da sobrepeliz; oração e
quinta inferior e quarta superior. pequena admoestação ao tonsura-
Invertendo-se esta sucessão, isto do de não perder os privilégios de
é, colocando-se a quarta superior clérigo por sua culpa e de agra-
abaixo da quinta, nasce a escala dar a Deus por bons costumes e
ou tom plagal do respectivo tom boas obras. Desde o dia da ton-
autêntico. Exemplo: a escala do sura o clérigo traz a coroa raspa-
primeiro tom é Ré, Mi, Fá, Só!, da. Nos Ritos orientais não existe
lá, Si, Dó, Ré. A quarta supe- a tonsura clerical. Na Igreja lati-
rior é Lá, Si, Dó, Ré. Colocan- na era conferida, desde o V sé-
do esta abaixo da quinta Ré-Lá, culo, junto com a primeira Ordem;
resulta a escala Lá, Si, Dó, Ré, somente depois do IX século for-
Mi, Fá, Só!, Lá, que é a do 2• ma uma cerimônia à parte, chama-
tom. Em lugar de J•, 2•, 3•, etc. da, então, Prima tonsura.
tom, usam-se também as palavras Tonus (!.), tom no qual devem
gregas dórico (1 •), hipodórico ser cantadas as orações na Missa
(2•), frígio (3•), hipofrígio e no Ofício divino. Distinguem-se
(40), lídio (5•), hipolídio (6•), o tom ferial, que é simples, só
mixolídio (7•), hipomixolídio (8•). com flexão de voz .no fim, e tom
Desde o século XV formaram-se solene que, no correr da oração
mais quatro tons menos usados, e na conclusão, exige duas ca-
dois autênticos (9° eólico, 11° jô- dências, uma simples, outra me-
nico) construídos sobre as tôni- lódica.
cas Lá e Dó, e dois plagais (10•
hipoeólico, 12• hipojônico) sobre Toque de campainha, está
Mi e Só!. (V. Canto-chão, Final, prescrito para o Sanctus e para a
Dominante). Consagração da Missa e para
quando o Santíssimo é levado pu-
Tonsura clerical - 1) a coroa blicamente ao doente. Usa-se tam-
dos clérigos do Rito latino (V. Co- bém na pequena elevação, na
roa),· - 2) cerimônia pela qual Comunhão do sacerdote e fiéis,
o candidato entra no estado cleri- ao pronunciar o sacerdote três ve-
cal e goza desde então os privilé- zes Domine non sum dignus, etc.,
gios do mesmo. A tonsura pode ao dar-se a bênção com o Santís-
ser conferida em qualquer dia e simo ou com relíquias e nas pro-
a qualquer hora pelos Cardeais cissões teofóricas. O tocar-se a
Bispos, Abades, Vigários e Pre~ campainha na Consagração gene-
feitos Apostólicos; mas quando se ralizou-se aos poucos, depois que,
tratar de um tonsurado não súbdi- no XII século, foi introduzida a
to, são necessárias, como nas or- elevação da Sagrada Hóstia. No
denações, as letras dimissórias. O fim do XIII século já era de uso
rito da tonsura compreende os se- comum, como também o avisar
guintes actos: Versículo com ora- os fiéis de fo ra com o toque do
ção; antífona com o salmo XV sino da torre. Sobre o toque dos
Conserva me, durante o qual o sinos V. Repique dos sinos, do
Bispo corta com uma tesoura ai- órgão V. órgão, Toque do.

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Touro. (V. Símbolos dos Evan- toda a assembléia dos fiéis. (V.
gelistas). Escrutínios e Redditio symboli).
Tracto (1. tractus de tráhere Transepto (do 1. trans = através
= puxar protrair, prolongar), e sepire = cercar), nave transver-
texto que 'se compõe de versículos sal. Geralmente usa-se de um só
de salmos e que substitui o Ale- nas igrejas maiores, colocando-o
luia depois do Gradual, sendo co- em frente à nave ou às naves do
mo um prolongamento deste, nas corpo, de modo que a planta da
Missas durante o tempo septuage- igreja forme uma cruz latina. Mas
simal e quaresmal e nas Missas de também há igrejas com dois
Requiem. Nos sábados das têm- transeptos.
poras substitui também o ~radual. Transfiguração de N. Senhor,
Uma excepção oferece a Missa do festa com rito de 2. • classe, a 6
Sábado Santo, em que há trí- de Agosto, em honra à gloriosa
plice Aleluia com versículo e tam- transfiguração de N. Senhor, no
bém tracto. Nas Missas feriais da monte Tabor. Celebrada, no Oci-
Quaresma somente as de segunda, dente, em alguns lugares já no
quarta e sexta-feira (V. feriae le- IX século, foi prescrita, para a
gitimae) têm tracto · e sempre o Igreja universal, em 1457, pelo
mesmo, com excepção da quarta- Papa Calixto 111, em acção de
feira da Semana Santa, na qual graças pela vitória dos cristãos
é diferente. Nos outros dias o Ale- sobre os turcos. Segundo deter-
luia fica sem substitutivo. Nas mina a Igreja, todas as festas par-
Missas de festa, porém, durante . ticulares de N. Senhor que não
todo esse tempo, há sempre tracto. têm dia próprio assinado devem
Outrossim, ocorre nas cerimônias ser celebradas no dia 6 de Agos-
da Sexta-feira Santa e nos actos to. Assim se explica a celebração,
antes da Missa do Sábado de Ale- no Brasil, da festa do Bom jesus
luia. Parece que o tracto entrou no dia da Transfiguração.
na Liturgia no tempo de S. Gre-
gório Magno, no fim do VI século, Transubstanciação, conversão de
e que a sua origem é o salmo qtie uma substância em outra. Realiza-
se cantava depois da segunda li- se milagrosamente pelas palavras
ção antes do Evangelho. (V. Ale- da consagração das sagradas es-
luia 2). Antigamente c·antava-o pécies, na Missa, convertendo-se a
somente o coro, hoje também o ce- substância do pão em o Corpo e
lebrante o reza. a do vinho em o Sangue cre N.
Senhor, permanecendo intactas as
Traditio symboll (1. = entrega espécies. (V. Espécie).
do Símbolo), comunicação verbal, Trasladação da solenidade ex-
solenemente feita, do conteúdo do terna de uma festa. Frequentemen-
símbolo aos catecúmenos admiti- te acontece celebrarem-se as fes-
dos (competentes, electi) ao ba- tas dos padroeiros com maior ou
tismo, conforme a prática na an- menor solenidade externa e con-
tiga disciplina catecumenal. Em curso de povo. Como essas festas
Roma fazia-se antes uma sucinta não são mais dias santos de guar-
exposição dos quatro Evangelhos e da, é permitido aos Bispos dio-
depois do Padre Nosso. Era essa cesanos, pelo Direito canônico (c.
praxe a consequência da lei do ar- 1247 § 2), transferirem a soleni-
cano, que não permitia escrever o dade' externa para o domingo pró-
Símbolo e o Padre-Nosso. Os can- ximo, quando a festa cair em dia
didatos, por isso, tinham de apren- de semana. Neste caso, as rubricas
dê-los de cor, para poderem reci- do Missal autorizam a celebração
tá-los, antes do batismo, diante de de uma Missa cantada e outra re-

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T 225
zada da festa com comemoração de ce hoje ao estabelecido no Ritual
uma festa ocorrente de 2.ª classe romano, Título IX, é. 14. (V. Re-
e do domingo, e com o Evangelho líquia). ·
deste no fim, e com a limitação Trevas. (V. Ofício de trevas).
de não se tratar de um domin-
go maior ou de nele não cair outra Triângulo, candelabro triangular
festa de l.ª classe. Verificando-se com quinze velas, colocado diante
estas duas excepções, só seria per- do altar durante o Ofício de tre-
mitida a comemoração da festa, vas. Depois de cada salmo das
cuja solenidade externa foi trans- Matinas e Laudes é apagada uma
ferida, na Mis~a cantada, embora vela, ficando a última para ser
conventual, e numa outra rezada. transportada, ao repetir-se a antí-
Por padroeiro entende-se o pa- fona Benedictus, para trás do al-
droeiro principal. O mesmo privi- tar, do lado da Epístola. A ceri-
légio vale para a solenidade ex- mônia é talvez do VIII ou IX sé-
terna, transferida com autorização culo, mas o número de velas não
do Bispo, para o domingo dentro era sempre o mesmo. Desde fins
do oitavário do título e do aniver- da idade média correspondem as
sário da sagração da igreja e do 14, ao número dos salmos com
título ou do santo Fundador de o Cântico. A última significa a
U!fla Ordem ou Congregação reli- Cristo. Toda a ~erimônia da ex-
g10sa. tinção é simbólica. Lembra a
morte lenta de jesus, a fuga dos
Trasladação de festas. (V. Ocor- Apóstolos, e é, em seu conjunto,
rência) . a expressão de profunda dor pela
Trasladação de relíquias, levan- morte do Salvador. (V. Ofício de
tamento dos restos mortais de um trevas).
Servo de Deus do sepulcro em que Tribuna, - 1) corredor em cima
foi enterrado e colocação dos mes- das baixas naves laterais de uma
mos num túmulo (sarcófago, al- igreja, com arcos ou janelas de
tar) mais digno, geralmente nu- sacada para o interior (V. Sepa-
ma igreja; ou transferência de re- ração dos sexos); - 2) lugar
líquias de um túmulo para outro, espaçoso em cima da entrada na
de uma igreja para ·outra. As tras- igreja onde se costuma colocar o
ladações, na primeira acepção, órgão e onde, nas igrejas conven-
equivaliam antigamente à canoni- tuais, os religiosos e religiosas
zação. As outras . não eram muito têm frequentemente o seu coro.
frequentes, pois consideravam-se
os despojos de ~m Santo como Tríduo sacro, os últimos três
coisa santa int~vel. Em algumas dias da Semana Santa.
épocas, entretanto, realizaram-se Trikerion. (V. Dikêrion).
numerosas trasladações, devido a
certas circunstâncias. Quando, no Trisagion (gr.). (V. Impropérios
VII século, os Langobardos amea- e Sanctus).
çavam Roma, os Papas remove- Trono, - 1) sede do Bispo na
ram os corpos dos Santos das ca- igreja para as funções pontificais;
tacumbas para a cidade. Também - 2) lugar onde fica exposto o
as cruzadas originaram muitas SS. Sacramento. Nos altares de
trasladações, como, enfim, a re- construção moderna, o trono acha-
abertura e o estudo arqueológico se geralmente em cima do taber-
das catacumbas, no XVII século. náculo e tem a forma de um nicho
• O Rito das trasladações, que des- ou de ·um cibório, isto é, de um
de a antiguidade, como consta do teto (baldaquino) que repousa so-
que escreve São jerônimo, se fa- bre quatro colunas. Nas igrejas
ziam com grande pompa, obede- antigas costuma-se fazer a exposi-
Dic. Lltúr~ieo - li

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226 T
ção, quando for para muito tem- continuava: Domine, miserere no-
po, no trono dentro do retábulo, bis, e todos os coristas respon-
onde se acha a imagem do pa- diam: Deo grafias. E' esta fór-
droeiro, que então deve ser remo- mula um pedido de· perdão das cul-
vida; - 3) construção de degraus pas cometidas ou em ler, ou em
dentro do rectábulo para a ima- ouvir as lições, ou das culpas pas-
gem do padroeiro. (V. Retábulo). sadas, que a leitura trouxe à lem-
brança. Com o Deo grafias os
Tropo (1. tropus), floreado me- coristas agradecem a palavra de
lódico com texto próprio, acres- Deus, as instruções e os exem-
centado a textos litúrgicos a can- plos, contidos nas lições. (V. Li-
tar. Fazia-se o acréscimo, colo- ções no Ofício).
cando o tropo antes, no decorrer
ou no fim do texto litúrgico. Eis Tumba (1.). (V. Catafalco e Sar-
um exemplo como se tropava o cófago).
Kyrie da Missa, interrompendo o
texto litúrgico: Kyrie, Deus Pater Tunicela, túnica superior do sub-
misericordiae, eleison. Christe, Qui diácono, hoje em tudo igual à dal-
resurgens a mortuis hostem f arfem mática do diácono, da qual é a
devicisti, eleison. Kyrie, Paraclite, imitação desde a sua origem no
bane Deus in personis trine, elei- VI século. Era antigamente, como
son. Como se vê, era o tropo uma a dalmática, uma túnica branca
paráfrase do texto litúrgico. Cé- de linho ou algodão, sem cíngu~
lebre era o Kyrie com o tropo lo, descendo ate aos calcanhares,
Cunctipotens, cuja melodia ainda mas mais estreita do que a dal-
existe no Kyriale. Os textos es- mática e também sem o adorno dos
colhidos para tropar eram as cravos. Chamavam-na túnica es-
partes da Missa, cujo canto com- treita ou dalmática menor. foi a
pete ao coro, menos o Credo mas tunicela proibida por Gregório
também a Epístola, e as a~tífo­ Magno, que obrigou os subdiáco-
nas e responsórios do Ofício. O nos a vestir, como antes, a pla-
tropo ora tinha a forma prosaica neta. Mas surgiu de novo no IX
ora poética, e nesta última consti- século, espalhou-se ràpidamente e
tui a origem dos Ofícios rimados. principiou a passar pelas mesmas
(V. Ofício rimado). A época dos transtormações -como a dalmática.
tropos para a idade média desde O subdiácono, que com _a tunice-
o IX século, começando n~ Fran- la é vestido na ordenação, usa-a
ça, até ao XVI século tendo des- nas Missas, Ofícios, pro~ssões e
aparecido já desde o 'XIII século bênçãos solenes, excepto as fun-
n~s partes variáveis da Missa. O ções com carácter de penitência.
Missal reformado de Pio V cor- Também os Bispos· (e outros com
tou todos os tropos. direito aos pontificais) vestem a
tunicela, junto com a dalmática,
Tu autem, Domine, miserere por baixo da casula, nas Missas
nobis, fórmula fixa com que o lei- pontificais, e na ordenação, para
tor conclui todas as lições nas Ma- significar que reúnem em si todos
tinas do Ofício divino, r~sponden­ os graus de ordenação. Simboliza
do os coristas Deo grafias. Antiga- a tunicela, como a dalmática, a
mente, isto é, até ao XII século salvação, a alegria espiritual e· a
quando as lições eram contínuas' justiça de santidade. Sua fazenda
º. Bispo, Abade, ou quem presi~ não deve ser necessàriamente se-
dia ao coro, dava ao leitor o si- da ou setim, embora seja costu-
nal para terminar, dizendo: Tu me; na cor se conforma com a
autem (a subentender cessa ou de- prescrita para a respectiva função.
sine = cessa, acaba) e o leitor Turba. (V. Paixão).

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u 227
Turíbulo (do 1. thus = incenso), tem formas estilizadas. Acompa-
ou incensório, vaso de metal ou nha-o a naveta com colherinha.
prata pil.ra as incensações litúrgi- Está o turíbulo em uso em todos
cas. Consta de um receptor para os Ritos. - Outra forma de tu-
a caçoula, o qual geralmente tem ríbulo conhecida na antiguidade,
pé baixo, e o tampo perfurado. mas hoje só no Oriente, é a de
Ambos estão pendurados de cor- um receptor com caçoula só, a
rentes, das quais as três presas ser colocado no chão.
nos cantos do receptor passam
por um orifício angular do tam- Turiferârio (do 1. thus = incen-
po e estão argoladas numa em- so, ferre = levar), ajudante que,
punhadura; a corrente presa no nas funções com incensação, leva
centro do tampo corre dentro de o turíbulo com a naveta ao al-
um orifício da empunhadura, per- tar, à disposição do celebrante ou
mitindo o levantar e . o descer do 1 dos ministros ou para ele mesmo
tampo. Muitas vezes o turíbulo 1 fazer certas incensações.

u
último Evangelho. V. Evangelho, ordenação de sacerdote. Produz o
último. Bispo sagrante ou ordinante pri-
meiro, nas palmas das mãos justa-
. Umbela, baldaquino em . forma postas, duas linhas em forma de
de chapéu de sol, franjado, e que, cruz, do polegar da direita ao
aberto, apresenta uma superfície indicador da mão esquerda, e do
plana. Segundo o Ritual romano, polegar da esquerda ao indica-
deve ser sustentado por cima da dor da mão direita, ungindo em
cabeça do sacerdote, em substi- seguida as palmas todas. Na sa-
tuição do pálio, quando publica- gração de Bispo a unção, que
mente leva o viático e quando pertence ao rito desde o X sé-
transporta o Santíssimo. culo, é feita com crisma;, da or-
denação de sacerdote fazia parte,
Unção com os óleos santos, tem já no VIII século, sendo feita com
lugar na administração dos Sacra- óleo dos catecúmenos. A unção
mentos do Batismo, da Confirma- significa a santificação das mãos
ção, da Ordem e da Extrema Un- para benzer e abençoar. (V. Pres-
ção; na sagração de Bispo, do biterafo e Sagração de Bispo).
altar, da igreja, do cálice e da
patena; na bênção solene dos si- Unção da cabeça com crisma,
nos, do rei e da rainha. Geralmen- que na idade média tinha lugar,
te é apenas um sacramental, na em algumas dioceses, também na
Confirmação, porém, e na Extre- ordenação de simples . sacerdotes,
ma Unção é Sacramento. As un- realiza-se na sagração de Bispo,
ções com crisma são reserva- de cujas cerimônias faz parte pe-
das ao Bispo, com excepção da lo menos desde o princípio do IX
unção, no alto da cabeça, logo século. Significa . esta unção a
depois do batismo. O uso do abundância de virtudes que devem
óleo dos enfermos e dos catecúme- ornar o Bispo interior e exterior-
nos pertence ao Bispo ou também mente.
ao sacerdote ou diácono, conforme
for a natureza da função litúrgica Unção Extrema, Sacramento
que exige a unção. instituído por N. Senhor e promul-
gado pelo Apóstolo S. Tiago
Unção das mãos, faz parte do (Tgo 5, 14), para santificação es-
rito da sagração de Bispo e da piritual e co_nforto corporal do
15"

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cristão que, depois de chegar ao quais, porém, se faltar tempo, po-
uso da razão, se achar em perigo dem ser omitidas; Confiteor com
de morte por doença ou velhice. Misereatur e lndulgentiam,- um
A matéria deste Sacramento é o quase-exorcismo, enquanto o sa-
óleo dos -enfermos, . bento pelo cerdote estende a mão e forma três
Bispo, na Quinta-feira Santa, ou cruzes sobre o doente; unção dos
por simples sacerdote (como nos olhos, orelhas, narinas, lábios,
Ritos orientais se pratica) que mãos e pés, como in&trumentos
tenha esta faculdade. (Dir. can. c. principais que são do pecado; ver-
945). A fórmula são as palavras sículo com três orações, nas quais
pronunciadas na unção dos olhos, o sacerdote pede, com muito fer-
orelhas, narinas, lábios, mãos e vor, a restituição da saúde da al-
pés: "Por esta santa unção e ma e do corpo. Geralmente a Un-
pela sua piedosíssima misericórdia, ção Extrema é administrada depois
perdoe-te o Senhor o que com a da Confissão e Comunhão. Em ca-
vista (ou o ouvido, etc.) pecaste. da enfermidade grave pode ser re-
Amém." A unção dos pés pode cebida só uma vez, a não ser que
ser omitida por qualquer justo em doença prolongada, depois de
motivo. Em caso de iminente pe- melhoras, haja novo perigo de vi-
rigo basta uma só unção na fron- da. Embora chame-se este Sacra-
te com a fórmula "Per istam san- mento Unção extrema (extrema
ctam unctionem indulgeat tibi Do- porquanto costuma ser entre os
minus quidquid deliquisti. Amen"; Sacramentos o último a receber),
fazendo-se, se houver tempo, as não está de acordo com seu dú-
demais unções logo em seguida. plice fim adiar a recepção até ao
O ministro ordinário da Unção é último momento, primeiro, porque
o pároco; na necessidade ou com o cristão deve cogitar de receber
licença, mesmo só presumida, qual- qualquer Sacramento em pleno juí-
quer sacerdote pode administrá-la. zo e com as melhores disposições
A veste é a sobrepeliz e a estola possíveis e, segundo, porque espe-
roxa. - Em séculos passados as rar do Sacramento a saúde, bal-
unções nas diversas partes do cor- dada, culpadamente, toda a espe-
po eram mais numerosas, a admi- rança, seria esperar temeràriamen-
nistração era feita, frequentemente, te um milagre.
por alguns sacerdotes, ou na mes- Unde et memores. (V. Anámne-
ma ocasião ou em dias seguidos se).
(como ainda hoje nos Ritos orien-
tais) e a fórmula não era sempre Uniões pias. (V. Confraria).
do mesmo teor. O rito de como a Urbi et orbi. (V. Bfnção pa-
Extrema Unção é administrada ho- pal 1).
je na Igreja latina data, em Urna, pequeno sacrário, em for-
substância, do IX século, e reali- ma de urna funerária, ricamente
za-se do modo seguinte: Bênção ornado, para encerrar o Santíssi-
(lustração) do quarto do doente mo durante a adoração de Quinta
com água benta e três orações, as para Sexta-feira Santa.

V
Vasos para os SS. óleos, três devia ser prata ou prata dourada,
pequenos vasos em forma de reli- porque outro metal produz azinha-
cário, ou soltos ou sobrepostos, vre. Com o fim de distinguir um
com algodão embebido do S. ó leo, vaso do outro com o respectivo
para umedecer o dedo polegar S. óleo, cada um leva letras ini-
nas unções litúrgicas. A matéria ciais: C ou Cat. = óleo dos ca-

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V 229

tecúmenos, 1. = óleo dos enfer- rabe, porque se ach~ em. ambos


mos (infirniorum), Cr. = Crisma. os Ritos. (V. Ofertórw, Rito do).
Para conservar maior quantidade Verônica, - 1) senhora que !lªs
de óleo na sacristia ou no batis- procissões do enterro de Cristo
tério usa-se de amputas de cristal. leva o sudário, representando a
Verônica, uma das mulheres qu.e
Vasos sagrados, são o cálice com acompanharam a jesus no cami-
patena, que devem ser sagrados nho da cruz e que lhe enxugou
pelo Bispo; a âmbula, a custódia o rosto, ficando na toalha impres-
com a luneta, o tabernáculo, os sa a imagem do sagrado rosto.
vasos para os SS. óleos, os reli- - 2) a imagem do rosto de Cris-
cários que necessitam de bênção to, pintado ou estampado cçim tra-
pelo Bispo ou por quem tenha a ços vermelhos num pano branco
faculdade de os benzer. (V. Dir. (sudário); - 3) uma medalha
can. c. 1304). com a mesma imagem gravada.
Vela. (V. Candeia). Versiculário, corista que no Ofí-
Vela da elevação. V. Sanctus, cio divino diz os versículos, as an-
Vela do. tífonas (que antigamente se cha-
mavam também versus) e os
Vela do moribundo. Não é pro- responsos.
priamente acto prescrito o colo- Versículo (1. versiculus ou ver-
car-se uma vela benta na mão do sus) diminutivo de verso, peque-
moribundo, mas é costume univer- na invocação ou sentença (V) com
salmente adaptado. O Ritual so- resposta (R) ~o coro, que geral-
mente diz que se acenda uma mente forma um versículo dos
vela ao começar o sacerdote a en- salmos ou frase dos outros li-
comendação da alma. vros escriturais e que largo em-
Veni Creator Spiritus (!.), hino prego tem no Ofício di"._ino, .m.as
em honra do Divino Espírito San- também em outras funçoes htur-
to, composto por Rabano Mauro gicas. Eis alguns versículos:
(t 856). E' empregado na Tércia Y/. Deus in adjuforium meum in-
e em ambas as Vésperas do Ofí- tende.
cio na festa e oitavário de Pente- E'. Domine ad adjuvandum me
costes e, como solene invocação, festina.
no inicio de muitos actos litúrgi- 1. justum deduxit Dominas per
cos. Seu uso é frequente também vias rectas.
em funções extra-litúrgicas, por E'. Et ostendit illi regnum Dei.
exemplo, no princípio de novenas.
A função do versículo é a de
Veni Sancte Spiritus, sequência uma jaculatória, dispõe o espírito
na Missa da festa e do oitavário no início das horas (Versus aperi-
de Pentecostes, composta provà- tionis) , constitui uma interrupção
velmente no XI século. (V. Se- agradável .na recitação dos sal-
quência). mos, exprime em poucas palavras
Veni Sanctificator (1. = Vinde, um pensamento adequado às fes-
Santificador), palavras iniciais de tas e tempos sacros, prepara para
uma oração no Ofertório da Mis- a oração própria do Ofício ou
sa. Ao proferi-la, o sacerdote ele- do acto litúrgico e finaliza suave-
va as mãos, formando um . círculo, mente, qual eco, a salmodia e
olha para o céu e, benzendo a outras funções do culto (Versus
matéria do Sacrifício, chama sobre clausor).
ela solenemente o Espírito Santo, Vésperas (1. Vesperae), a pen-
para que a santifique. E' esta ora- última das horas canônicas. Sua
ção de origem galicana ou moçá- estrutura é em tud.o igual à das

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Laudes, com as quais costuma ter A última forma é a mais usual
o capítulo comum. Como nos no Brasil.
primeiros séculos e antes de exis- Véu diante do Santíssimo, um
tirem as Completas, pertenciam ao pequeno estandarte que é coloca-
Ofício da noite, sendo recitadas do diante do Santíssimo exposto
depois de se acenderem as lu- qua!1~º há sermão durante a ex-1
zes (por isso chamavam-nas tam- pos1çao.
bém lucernarium), seu carácter,
além de louvor a Deus, é o de Véu de cálice (1. velum sericum),
uma solene acção de graças que um pano de seda, quadrado, de
chega ao auge no grandioso Ma- 45 a 50 cm., da cor dos para-
gnificai. Com a introdução das mentos, frequentemente ornamenta-
Completas foi antecipado o tempo do com bordaduras, para cobrir
da recitação das Vésperas para o cálice da Missa até ao Ofertó-
as primeiras horas da tarde. Na rio e depois da Comunhão. Foi
Quaresma são rezadas no coro este véu prescrito universalmente
antes do meio dia e isto para con- pelo Missal de Pio V, quando an-
servar o antigo costume que não teriormente se levava o cálice ao
permitia tomar refeição, em dias altar descobe'rto ou envolto num
de jejum, senão depois das Vés- pano de linho.
peras. Cada Ofício festivo de rito Véu de ombros, um pano, de
d_úplice ou semidúplice tem de per 60 cm. de largo e 2,50 m. de
s1 duas Vésperas, a primeira no comprido, de seda branca, mais ou
dia anterior, as segundas no mes- menos ricamente ornado no centro
mo dia. No encontro com o Ofí- e nas pontas, colocado sobre os
cio de rito igual ou mais elevado ombros e com fecho sobre o pei-
aplicam-se as regras da concor- to, com cujas extremidades o sa-
rência. (V. Concorrência). cerdote segura a custódia ao dar
Vesperal (1. Vesperale), livro a bênção com o Santíssimo, ou
litúrgico que contém o canto-chão com que cobre a âmbula para o
para todas as Vésperas e Com- mesmo fim ou para transportá-la,
pletas do ano. quando, por exemplo, leva publica-
mente o viático.
Veste batismal. (V. Batismo,
Veste do). Véu de subdiácono, um véu de
ombros, em sua cor de acordo com
Véu da Paixão. (V. Paixão, Véu os paramentos, com que o subdiá-
da). cono, na Missa solene, leva o cá-
lice à credência e o cobre até ao
Véu de acólito, larga tira de Ofertório, sendo então colocado
seda branca, colocada sobre os sobre os ombros do subdiácono,
ombros, com que os ajudantes para este levar o cálice, coberto
(acólitos) seguram o báculo e com as extremidades, ao altar e
a mitra nas funções pontificais. para, logo depois de preparado o
Usa-se para este fim também o véu cálice com vinho e água, susten-
de ombros. tar com ele a patena coberta dian-
Véu de âmbula, capinha de seda te do peito superior até ao fim do
branca, muitas vezes ricamente Pater-noster, estando de pé dian-
bordada, que envolve toda a pí- te do último degrau no meio do
xide. (Dir. can. c. 1270) . Há três altar. Por motivo de, desde o VIII
formas: - 1) uma peça inteira ao XII século, competir o ofício de
circular; - 2) uma peça que, es- sustentar a patena ao acólito, cha-
tendida, perfaz três partes de um mado por isto patenário, tem este
círculo; - 3) quatro partes sol- véu também o nome de véu de pa-
tas, cosidas na altura da tampa. tenário.

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V 231

Véu nupcial, grande véu branco to pelas humilhações de Cristo


ou vermelho, frequentemente usado que acabaram com a sua morte,
durante longos séculos, até fins mas, principalmente, lembrar aos
da idade média, para cobrir os fiéis a penitência, sem a qual não
noivos (velatio nuptialis) ao rece- se chega a ver a glória do céu
berem a bênção nupcial. já no tem- nem a gozar do consórcio dos
po 'de S. Crisóstomo (t 404) Santos. Para interpretar o mes-
era conhecido, como também a mo pensamento começou-se, no XI
coroação dos noivos, da parte do século, a cobrir todo o retábulo
sacerdote, na mesma ocasião. do altar e, posteriormente, somente
Simbolizava este véu a união de a cruz e as imagens com véu que
vida entre os esposos e a signifi- hoje deve ser de cor roxa, me-
cação mística do matrimônio. (Ef nos o da cruz de Quinta-feira
5, 32) . A coroa era a imagem da Santa, que é branco. No Brasil
pureza virginal. Ambas as cerimô- conservou-se,· em muitas igrejas,
nias estão em uso ainda nos Ritos o costume de, além das imagens
orientais. No Ocidente conser- avulsas, velar, com pano roxo,
vou-se a sua lembrança no costu- , todo o retábulo do altar-mor,
me de a noiva se apresentar de desde o Domingo da Paixão até
véu branco e grinalda e o noivo ao Glória do Sábado Santo. (V.
com raminho no peito. Paixão, Véu da) .
Véu quaresmal (1. velum, corti- Vexillum (1.), estandarte.
na ou circitorium quadragesimale; Via Sacra (1. = Caminho da
' ai. Hungertuch; fr. texture ou drap Cruz) , catorze estações 'que re-
de carême, drap de faim), um presentam outros tantos passos
grande pano branco, cinzento ou no caminho de N. Senhor para
roxo, de linho, com cenas da Pai- o Calvário. Desde o tempo das
xão, pintadas ou bordadas, que cruzadas costumavam os fiéis, na
pendia no presbitério, diante do Europa, imitar as estações que
altar-mor (às vezes também dos percorreu N. Senhor. O número,
altares laterais), durante a Qua- porém, não era sempre o mesmo.
resma ou, em alguns lugares, des- Dessas imitações desenvolveu-se
de a Septuagésima, e que era aos poucos a Via Sacra como hoje
suspenso nos domingos, festas, a temos nas nossas igrejas, em
exéquias e funções solenes. Em cuja propagação distinguiram-se
algumas igrejas era costume sus- os Franciscanos, os quais, como
pendê-lo ou descerrá-lo (quando guardas que são dos lugares san-
constava de duas partes) todos os tos, desde o tempo de S. Fran-
dias na consagração da Missa, no cisco, receberam da Santa Sé o
Evangelho, .ou mesmo no Orate privilégio geral de erigir a Via
Fratres. Era esse pano removido Sacra com as indulgências ane-
de todo na quarta-feira da Sema- xas. Para a válida ereção das es-
na Santa ou na Sexta-feira Santa, tações requerem-se 14 cruzes de
porque na Paixão de Nosso Se- madeira (os quadros não são ne-
nhor se rasgou o véu do templo, cessários), bênção das mesmas,
pelo que se dava ao pano tam- segundo o rito prescrito pelo Su-
bém o nome de Véu do templo. perior franciscano no distrito ou
-O Véu quaresmal, de que a lite- seu súbdito delegado, ou por quem
ratura do IX século dá as primei- tenha a faculdade especial. (V. Dir.
ras notícias, teve larga propaga- can. cc. 239 n• 6, 349 n• 1). Tra-
ção, na idade média, na Alemanha, tando-se de lugares não isentos, é
França e Espanha, e ainda hoje ~onveniente que se peça o consen-
existe o seu uso em algumas igre- timento (não delegação) do Ordi-
jas. O seu fim era simbolizar o Iu- nário, não sendo, porém, necessá-

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232 V
rio para a validade da ereção. De- as suas reuniões noturnas, com
pois do acto, o sacerdote deixa orações e leitura escriturai, em
um documento probatório. O Pa- preparação para as grandes fes-
pa Pio XI, ah-rogando, em 1931, tas, como a Páscoa e Pentecostes.
todas as indulgências anteriores, Posteriormente foram acrescen-
concedeu de novo as seguintes: tados os ·aniversários dos már-
Uma plenária toties quoties a quem tires, os dias das Estações e o
fizer toda a Via Sacra e se co- sábado das Quatro Têmporas.
. mungar no dia, mais uma indul- Este piedoso costume, .porém, com
gência plenária. Esta ganha tam- o tempo não podia ser mantido. A
bém quem tiver feito a Via Sacra legislação eclesiástica proibiu as
dez vezes no mês e dentro do mes- Vigílias fora das igrejas e a as-
mo mês comungar. Por cada uma sistência de senhoras a Vigílias
das 14 Estações (quando não é privadas. Desde o VIII século as
completada toda) dez anos. Para reuniões são feitas à tarde, desde
ganhar as indulgências é preciso o XI ao meio dia e desde o XIV
mover-se de uma estação à outra pela manhã do dia anterior, com
meditando devotamente sobre ~ Missa especial. Deste modo resul-
Paixão de N. Senhor. Havendo tou uma ante-festa (profestum).
muitas pessoas na igreja basta o Somente a noite de Natal, quando
sacerdote fazer o percurso. é celebrada com Ofício e Missa
Viático (1. Viaticum, de via = à meia noite, lembra o costume
caminho) , a S. Comunhão adminis- antigo. Vigília, pois, no sentido
trada a quem se acha grave- de hoje, é 1) o dia anterior às
n;ente doente, _como conforto espi- festas que com ela são distingui-
ritual no caminho para a eterni- das como sua preparação. As Vi-
dade. Para o viátiéo não vigora gílias principais são as do Na-
a lei do jejum natural, como não tal, de Pentecostes, que sempre
há ~e~triç.ão quanto ao tempo de são celebradas com Ofício e Mis-
admmtstra-lo. (V. Comunhão dos sa, e a da Epifania, que cede
enfermos). o lugar na celebração somente a
uma festa de 1.ª ou 2. • classe. As
Vi~ti~re Paschali Laudes (!.), outras Vigílias ou são celebradas
sequencia para a festa e oitavário ou apenas comemoradas no dia
da Páscoa, composto por Wipo próprio ou antecipadas no sába-
de Burgúndia, no século XI. (V. do se caírem em domingo. Em
Sequência). virtude de indulto apostólico são
Vigário (do !. vicarius= quem dias de abstinência no Brasil so-
faz as vezes de alguém). (V. Pá- mente as Vigílias do Natal, de
roco). Pentecostes, da Assunção e de
Vigário forâneo, decano, arqui- Todos os Santos, mas deixam de
presbítero, arcipreste, sacerdote sê-lo se caírem em domingo; -
2) o Ofício divino noturno isto
constituído pelo Bispo sobre um é, as Matinas (V. Matinas); '._ 3)
distrito que consta de várias pa-
róquias. Não tem jurisdição, mas o Ofício dos defuntos recitado de-
em geral o ofício de vigiar sobre pois da ~orte de alguém, no 3•,
i
a execução das leis eclesiásticas. 7°, 30• chamado
il
dia, ou no aniversário. E'
Suas atribuições discrimina o Dir. assim pelo costume an-
tigo de se velar o corpo do
can. cc. 445 e seg.
defunto durante a noite, recitando
Vigília, expressão militar dos ro- 1 o clero o Ofício.
manos, que significava ·cada uma
das três partes da noite em que 1 Vinho, - 1) uma das matérias
as sentinelas se rendiam. Adopta- do Sacrifício da Missa. Deve ser

ram os cristãos esse termo para legítimo, isto é, vinho de uva, e

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X 233
não falsificado, ' isto é, não ter gelhos, que o Ritual romano (De
misturado em notável quantidade visitatione et cura infirmorum)
outras substâncias, sendo, porém, recomenda ao sacerdote rezar
indiferente a sua cor; - 2) é sobre os doentes.
empregado nas duas abluções de-
pois da Comunhão do sacerdote Visitação de N. Senhora, festa
e como ablução da boca é dado com rito de 2.ª classe, a 2 de Ju-
a beber a todos os ordenados nas lho, em comemoração da visita
ordenações de Ordens maiores e abençoada feita por N. Senhora a
ao Bispo, na sagração, depois da sua prima Santa Isabel. E' uma
Comunhão (V. Ablução); - 3) festa de origem franciscana e foi
é misturado com água, sal e cinza prescrita para a Igreja univer-
para fazer-se água gregoriana. (V. sal por Urbano VI, nos fins do
Agua gregoriana). XIV século.
Violação da igreja, profanação
da mesma pelo delito de homicí- Vulgata, versão latina da Bíblia
dio, pela injuriosa e notável efu- que em sua maior parte representa
são de sangue, por uso ímpio e a tradução feita por S. Jerônimo,
indigno, pela sepultura de um in- vulgata porque desde o VI século
fiel ou de um excomungado em mais e mais foi adoptada. Se-
virtude de sentença declaratória gundo mandou o Concílio de Tren-
ou condenatória. Dir. can. c. to, só esta edição deve ser empre-
1172, § 1. (V. Reconciliação da gada no ensino da doutrina cris-
igreja). tã. Nas funções litúrgicas, princi-
Violação do cemitério, profana- palmente na Missa e no Ofício,
ção de cemitério bento pelos mes- os salmos (menos o do Invita-
mos delitos com que é violada a tório) e as lições escriturais são
igreja. (V. Reconciliçaão do cemi- tiradas da Vulgata, mas as antí-
_tério). fonas e outros trechos a cantar
Visita aos enfermos, conjunto de são geralmente da !tala. (V.
preces, salmos e leitura de Evan- !tala, Salmos (no fim).

Xisto II ou Sisto, Papa mártir seco, phagein = comer), o jejum


(t 258), mencionado no cânon da rigoroso que nos primeiros séculos
Missa, antes da Consagração, na do cristianismo se observava em
oração Communicantes. Sua festa algumas partes e que consistia em
é comemorada a 6 de Agosto. se comer, só depois do sol posto,
comidas secas, com exclusão de
Xerofagia (do grego xéros o= legumes e frutas frescas.

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REFERtNCIAS A PRIMEIRA EDIÇÃO DO "l>ICIONARIO LITúROICO"

Agora que se está pronunciando um louvável movimento litúrgico,


também no Brasil, o Dicionário litúrgico do F~evmo. Frei Basílio Rõwer,
O. F. M. aparece oportuníssimo, pois não havia publicação idêntica, que
orientasse o católico nas múltiplas questões litúrgicas. Frei Basílio Rõwer
prestou, pois, um grande serviço aos amigos da Liturgia e a todos que
se querem instruir nesta matéria. A competência do autor garante um
trabalho bem feito, e de fato, o dicionário li~:úrgico, por ele elaborado,
satisfaz ao mais rigoroso exame. As explicações são claras, precisas e
completas. Ao Revmo. Frei Basílio Rõwer nossos .parabéns e ao seu
utilíssimo Dicionário litúrgico a mais ampla divulgação. J. L.
"Lar Católico", Juiz de Fora, 16-12-1928.

Uma das melhores obras com ·que a Tipografia das "Vozes de Pe-
trópolis" tem enriquecido a literatura sagrada é, sem dúvida alguma, o
excelente ·e interessante "Dicionário Litúrgico", para uso do Clero e dos
fiéis, escrito pelo erudito Frei Basílio Rõwer, ·da Ordem Franciscana.
Em um volume de mais de 180 .páginas, bela encadernação ·e bem
impresso, contém o ótimo Dicionário Litúrgico sólidos e variados ·co-
nhecimentos sobre Liturgia. E' realmente utilíssimo e muito recomen-
dado ao Clero e aos fiéis, que muito hão de lucrar wm a sua aquisição.
As "Vozes de Petrópolis" a expressão da nossa gratidão pelo exem-
plar com que ·nos brindou.
"Santuário de Sta. Teresinha", Taubaté, 10-11-1928.

Aparece-nos, agora, rodeado de simpatia, o Dicionário litúrgico, tal-


vez o primeiro em nosso vernáculo.
~. antes de tudo, trabalho que louva a atenta paciência franciscana.
Nesse assunto, não se pode apresentar novidade.
Foi ao autor mister perambular pela basta e vasta literatura litúr-
gica e por tudo que se lhe ·refere: vê-se que o trabalho não foi pequeno.
E' volume de fácil manuseio e bastante completo: é livro indispen-
sável aos amigos de Nosso Senhor.
Tudo, em geral, aí se encontra, sendo a ortografia muito uniforme.
O livro é ·completo, merecendo o seu autor os melhores parabéns
.por mais esse mimo oferecido às almas piedosas. e. J.
"O Cruzeiro", Petrópolis, 2-12-1928.

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Para satisfazer à curiosidade dos católicos, despertados para .o as-
sunto ora por uma conferência, ora por um artigo de jornal ou revista,
acaba, agora mesmo, de sair uma obra de grande valor: o "Dicionário
Litúrgico'', de Frei Basílio Rõwer, editado pela revista "Vozes de Petró-
polis". Trata-se de um elegante volume de 182 páginas, onde esse ilustre
religioso franciscano conseguiu compendiar, sem prejuízo da clareza ne-
cessária em tais conceitos, os melhores tratados· conhecidos em língua
francesa e alemã, sobretudo os dicionários de Migne e de Braun.
O autor, ·como se vê da literatura consultada, teve bem presente
os livros oficiais na matéria, como o " Breviarium Romanum", o "Crere-
moniale Episcoporum'', o "Pontificale Romanum", o "Rituale", etc.; .re-
ferimo-nos a este cuidado de Frei Basílio Rõwer, para mais encarecer
aos nossos leitores a segurança da conceituação dos vocábulos que ele
conseguiu organizar em léxico.
Cremos que é a primeira obra em português publicada sobre o
assunto. Para quem não dispõe de tempo nem de livros para ilustrar-
se em liturgia, julgamos de muita utilidade o "Dicionário" em questão.

"A Cruz'', Rio de janeiro, 18-11-1928.

A todo cristão é convenientíssimo saber a explicação das orações


da Igreja, a origem, caráter e espírito das mesmas, a significação dos
ritos e cerimônias e tudo o mais que contribui a que a prática das funções
religiosas seja mais ilustrada e proveitosa. Tudo isto encontrarão os
leitores neste Dicionário Litúrgico, que muito bem explica e revela as
belezas da liturgia católica e explica os ritos e cerimônias, cujo sentido
místico e histórico é posto a descoberto, prendendo o clero e os fiéis
ao altar.
Não temos para este livro uma só palavra de crítica, muitos lou-
vores e muitos aplausos, ele abre o ·caminho para uma grande e santa
Cruzada, e todos devemos cooperar para o pleno triunfo da mesma, não
é pondo empecilhos que o conseguimos: o livro será como um despertar
. comunicativo de muitas almas e fa;-á arder em labaredas um fogo que
choca sob as cinzas, abrasando assim muitas almas, e reacendendo em
todos os peitos cristãos e em todos os lares a chama da Liturgia ...
P. Dictino, C. M. f.
"Ave Maria", São Paulo, 15-12-1928.

Este livro é único nas letras sacras do Brasil. Não sei se o país
contará dois homens que no terreno da História da Liturgia possuam a
erudição de Fr. Basílio. Todo louvor que se fizer ficará aquém do mere-
cimento desta obra de fôlego. P. Heliodoro Pires.
"A Poesia ·da Igreja no ocidente", S. Paulo, 1934.

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