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EXMO(A) SR(A) DR(A) JUIZ (A) DE DIREITO DO 2° JUIZADO ESPECIAL DE

DEFESA DO CONSUMIDOR DA COMARCA DE SALVADOR-BA.

Processo nº 0124220-62.2017.8.05.0001

JOÃO MIGUEL DO NASCIMENTO, THIAGO LUNA DO NASCIMENTO E


FRANCISCA BUENO DO NASCIMENTO, todos já qualificados nos autos do
processo em epígrafe, vem através de seus advogados com escritório á Rua do
Vidéo, 53-A, Centro, Barbalha/CE, CEP: 63180-000, onde receberão todos os atos
de comunicação processual, vem respeitosamente à presença de V Exa. apresentar:

CONTRA-RAZÕES AO RECURSO INOMINADO interposto, na forma do


arts. 42, § 2º da Lei nº 9.099/95, requerendo a remessa dos autos para a superior
instância para manutenção da r. Sentença recorrida.

Pede deferimento.

Recife, 19 de janeiro de 2018.

Maria do Socorro de Luna José Antonio de Luna Neto

OAB/CE 9470 OAB/CE 32.736

Rua Gomes Coutinho, n° 198, Tamarineira, Recife – PE, CEP: 52.051-130


Fone: 3040-6666
Contrarrazões ao Recurso Inominado
apresentadas por OCEANAIR LINHAS
ÁREAS S.A, nos autos nº., no qual figura no
polo ativo da demanda JOÃO MIGUEL DO
NASCIMENTO, THIAGO LUNA DO
NASCIMENTO E FRANCISCA BUENO DO
NASCIMENTO.

Colenda turma,

Ínclitos Julgadores,

Antes de combater o mérito do Recurso Inominado interposto pela OCEANAIR


LNHAS AÉREAS, imperioso se faz demonstrar a satisfação integral dos
pressupostos de admissibilidade da presente medida judicial.

I. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE DAS CONTRARRAZÕES:

O recorrido foi notificado para, querendo, apresentar contrarrazões ao Recurso


interposto pela OCEANAIR LINHAS ÁREAS, no dia 15 de fevereiro de 2018,
iniciando o prazo legal para a apresentação da presente medida judicial no dia útil
subsequente, a saber, 16 de dezembro de 2018.

Destarte, considerando que o prazo legal de 10 dias para apresentação de tal


medida finda no dia 25 de fevereiro de 2018.

Portanto, tempestiva a presente medida.

II -DO MÉRITO

II.1 – Breve Resumo dos Fatos:

Em sua peça inicial, os recorridos contam que no dia 22 de junho de 2016,


adquiriram um bilhete áereo junto à empresa recorrente com saída de Juazeiro do
Norte e com destino a São Paulo, através do site da empresa.

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Ocorre que, conforme documentação anexa aos autos, após a compra ser efetivada
e ser inclusive gerado número de Localizador, ao chegarem no aeroporto prontos
para o embarque, os recorridos foram informados que sua passagem não estava
comprada.

Surpresos com o fato e consternados, uma vez que a viagem era de urgência em
virtude da doença de um irmão e tio dos recorridos, após diversas discussões, não
restou outra alternativa a não ser comprar outra passagem com o valor superior.

Assim, os recorridos apesar de extremamente lesados pela situação realizaram a


viagem após adquirir novo bilhete.

Diante da situação, buscaram a tutela jurisdicional que após o processo de


conhecimento sentenciou a ação para que a empresa pagasse o valor de
R$3.748,00 (três mil setecentos e quarenta e oito reais), para cada um, à título de
indenização.

Inconformados com a sentença do MM Juizo, a recorrente busca agora o segundo


grau para reforma da sentença, o que de fato não deve ocorrer e muito menos
prosperar, uma vez que o Juiz monocrático foi enfático e certeiro na sua afirmação.

II.2 - Da Verdade dos Fatos e das provas produzidas:

Assim sendo, em razão de realmente ter havido um negócio jurídico entre


as partes, pela prestação de serviços da ré a autora de forma correta e
sanando os vícios de ordem hidráulica no equipamento contratado e cuja
contraprestação devida era o pagamento dos boletos vencidos, impõe-se a
improcedência in totum dos pedidos da autora.

III - DA INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS E DO SERVIÇO REALIZADO A


CONTENTO.

Conforme narrado no tópico acima, a empresa recorrida foi acionada na sede da


obra (Construtora Gráfico), para que fossem procedidos os reparos no cilindro
hidráulico da máquina da empresa autora, juntamente com um mecânico, o Sr.

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WILSON LIMA JÚNIOR, e com o seu operador o Sr. ALEXANDRE SILVA DO
NASCIMENTO.

Ao chegar ao local, o Sr. Wilson narrou em audiência que: “Ao examinar a máquina
constatou diversas falhas de ordem mecânica e que não havia sido feito nenhum
tipo de manutenção há bastante tempo, necessitando de reparos urgentes, dentre
eles problemas hidráulicos, e que para esse reparo indicou a requerida”.

Assim, o serviço foi prestado no prazo estabelecido e devidamente testado e


comprovado tanto pelo mecânico, como pelo operador da máquina.

Tais fatos foram narrados em sede de audiência e diferentemente do que alega a


recorrente em seu recurso, os dois afirmam que acompanharam todo o processo do
conserto da máquina que logrou êxito.

Segundo declaração do Sr. Wilson “a máquina apresentou problemas na parte


elétrica, validando que estava apresentando diversos problemas mecânicos
e não hidráulicos, conforme um controle interno da Construtora Gráfico.
Tais problemas impediram que a máquina fosse colocada para o trabalho.”

Corroboram a esses fatos a declaração do Sr. Alexandre, operador da máquina que


informa: “Ao deixar a empresa ficou claro que o cilindro hidráulico havia
sido totalmente reparado e a máquina estava em perfeito estado, onde
realizei teste confirmando e validando que o serviço estava a contento,
porém, defeitos de outras naturezas em virtude da falta de manutenção.
Tais problemas impediram que a máquina fosse colocada para o trabalho.”

Assim, não há o que se falar em vícios no serviço realizado pela requerida, uma vez
que a verdade é uma só: NÃO EXISTE QUALQUER VÍCIO no trabalho realizado
pela demandada e que a parte autora se utiliza da tutela jurisdicional para se
esquivar do seu dever de pagar o que é devido à empresa ré.

Também a recorrrida colacionou aos autos um vídeo em que a máquina


funcionando perfeitamente logo após os reparos feitos. Repisa-se que todo o
processo foi acompanhado pelo mecânico contratado pela autora, bem como o
operador da máquina e que ambos afirmam que o procedimento foi bem feito e que
outros problemas, de outras naturezas, foram apresentados posteriormente e que
estes não guardavam nenhum relação com o problema consertado pela empresa ré.

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Não obstante isso, em nenhum momento a recorrida foi informada sobre essa
suposta falha. Em todos os e-mails trocados pela parte o único tema era o
pagamento da dívida, que reforça-se, foi assumida pela recorrente.

Em suma, se havia a existência de um vício que causou a impossibilidade de


operação da máquina, o que já resta provado que não é verdade, porque a
recorrente assumiu a dívida e chegou, inclusive, a propor o parcelamento da
dívida em maiores prestações? E durante todo esse período entre a prestação
de serviço e a demanda judicial porque só agora a recorrida esta sendo acusada de
efeitos no cilindro Hidráulico?

Por fim, mesmo supondo a existência de qualquer vício no reparo da máquina, o


que está longe de ser verdade, isso, por si só, não ensejaria o não pagamento da
dívida. O procedimento correto deveria ter sido a comunicação do evento no prazo
legal para que a empresa tomasse as medida cabíveis.

Diante disto, facilmente percebe-se a tentativa desesperada da empresa autora em


suspender, via cognição sumária, os efeitos do protesto lançado pela recorrida.

Assim, repassando o que já fora dito em sede de contestação, identificamos que


esta não é a primeira Ação dessa natureza que a recorrente move na tentativa
desesperada de se locupletar-se de suas obrigações firmadas.

Em rápida consulta ao sistema, identificamos a existência de processo tombando


com número: 0044907-23.2015.8.05.0001 no 5ª VSJE DE CAUSAS COMUNS
(MATUTINO), nos mesmos moldes, e que fora arquivado por ausência da parte
autora, mas que gerou um novo pedido judicial da empresa ANTONIO DE SALES
ME, dessa vez tombado com o número: 0088097-65.2017.8.05.0001 no 4ª VSJE
DE CAUSAS COMUNS (VESPERTINO) em que se cobra os valores devidos.

Assim, ao ler resumidamente os fatos, identifica-se que muito se assemelha ao


caso em tela, em que a recorrente tenta, através da tutela jurisdicional, esquivar-
se de suas obrigações, bem como que tenta auferir vantagens monetárias, o que de
certo é condenável e será identificado por essa Colenda Turma, confirmando a
decisão de primeiro grau.

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Vale ressaltar que a máquina objeto desse processo foi locada pela empresa
GRAFICO EMPREENDIMENTOS LTDA. à parte autora. A empresa locatária foi
também prejudicada pela empresa autora posto que ficou sem operar com a
máquina objeto dessa ação em virtude de diversos problemas existentes por falta
de manutenção na máquina.

A locatária, inclusive, chegou a enviar e-mail à locadora (parte autora) descrevendo


os problemas encontrados na máquina e requerendo solução e esses problemas, à
exceção do cilindro hidráulico que foi consertado pela parte ré, jamais foram
sanados pela parte autora, ensejando, inclusive, o distrato contratual.

IV. DA IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS


MORAIS. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS AUTORIZADORES DA REPARAÇÃO
CIVIL PRETENDIDA PELAS AUTORAS. INEXISTÊNCIA DE DANO MORAL.
PRECEDENTES DOUTRINÁRIOS E JURISPRUDENCIAIS. EXERCÍCIO LEGAL
DO DIREITO DO CREDOR.

No caso em tela, como já demostrado, os danos morais que insistem em ser


suscitados pela recorrente não existem, pois é ausente a culpa da recorrida.

Não há de se falar em danos morais ou ato ilícito, tendo a negativação do nome da


recorrente sido realizada em função de livre exercício do direito do credor.

No presente caso, não há qualquer SITUAÇÃO QUE ENESEJE A COBRANÇA


DE DANOS MORAIS, uma vez que, reforça-se estarmos diante de um
exercício legal de credor de um dívida ativa e enquadrada na legalidade.

Neste contexto, não se verifica nenhuma conduta da recorrida capaz de


gerar um dano. Diante dessa situação, indispensável conceituar o que vem a ser o
dano moral.

Singelamente, pode-se dizer que dano moral é o detrimento da personalidade de


alguém causado por ato ilícito de outrem.

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Para o Professor Yussef Said Cahali, dano moral é "a privação ou diminuição
daqueles bens que têm um valor precípuo na vida do homem e que são a
paz, a tranquilidade de espírito, a liberdade individual, a integridade
individual, a integridade física, a honra e os demais sagrados afetos;” 1

Fazendo coro com o autor acima citado, afirma Sílvio de Salvo Venosa:

Dano moral é o prejuízo que afeta o ânimo psíquico,


moral e intelectual da vítima.2

Por seu turno, o Desembargador Ruy Trindade diz que dano moral: "é a sensação
de abalo a parte mais sensível do indivíduo, o seu espírito.”3

No presente caso, não se vislumbra ofensa à honra, reputação, sagrados


afetos ou mesmo ao espírito da Autora, por mais sensível que possam ser,
um vez que a atitude da ré está totalmente amparada na legalidade.

Ora, como cediço, o Direito não alberga dano fantasioso ou a mera possibilidade de
dano hipotético. Ao contrário, regulamenta apenas o dano real, ou seja, o indivíduo
será indenizado por dano moral quando sua intimidade psíquica ou física for
realmente lesionada, materializada na privação de determinado interesse
extrapatrimonial.

Eminente Magistrado, a Constituição Federal de 1988 consagrou a inviolabilidade da


intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas, além da
indenização pelo dano moral decorrente de sua violação. Contudo, há, hoje,
enorme preocupação acerca da grande quantidade de indenizações por
danos morais pleiteadas perante o Poder Judiciário quando, na verdade,
não há qualquer dano moral indenizável, mas, no máximo, um desgosto
frequente no cotidiano, o que não caracteriza referido dano.

1
In Dano Moral, 3ª edição, Editora Revista dos Tribunais, 2005, pág. 22.
2
Em Direito Civil, Responsabilidade Civil, volume IV, 6ª edição, Editora Jurídico
Atlas, 2006, pág. 35.
3
RT 613/184.
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E como resposta a esse tipo de conduta, os Tribunais vêm combatendo a chamada
“indústria do dano moral”, negando condenações nos casos em que, como este,
inexiste dano a ser reparado, quando não identificado o nexo causal da conduta do
réu.

Para configuração do dever de indenizar por danos morais é necessário que se


verifique a presença simultânea de três elementos essenciais, quais sejam: a
ocorrência induvidosa do dano; a culpa, o dolo ou má-fé do ofensor; e o
nexo causal entre a conduta ofensiva e o prejuízo da vítima.

Inexistente um dos elementos essenciais para caracterizar o dever de indenizar,


não é cabível a reparação pleiteada. O aponte para protesto de título não quitado
configura exercício regular do direito do credor, e não configura o dano moral.

Sobre a questão, encontramos alguns julgados que se adequam bem ao caso,


vejamos:

APELAÇÃO CÍVEL – EXISTÊNCIA DO DÉBITO – PROVA DO


SERVIÇO DE TELEFONIA PRESTADO – FALTA DE PROVA DA
ALEGAÇÃO DA AUTORA – INAPLICABILIDADE DA
INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA – REGULARIDADE DA
NEGATIVAÇÃO DO NOME DA AUTORA PERANTE
SERVIÇOS DE CRÉDITO – NÃO CONFIGURAÇÃO DE
DANO MORAL. Improcede o pedido de declaração de
inexistência do débito se a ré apresenta prova detalhada dos
serviços de telefonia prestados. Inaplicável a inversão do ônus
da prova diante da ausência de verossimilhança nas alegações
da consumidora, tendo em vista que apresentou prova
detalhada das negociações realizadas com a ré. É regular a
inclusão do nome da autora nos cadastros de inadimplentes,
tendo em vista a existência de débito. Não gera dano moral a
inscrição do nome do consumidor nos cadastros de

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inadimplentes quando existente o débito. Negou-se
provimento ao apelo da autora.4

CIVIL E PROCESSO CIVIL. DESCONSTITUIÇÃO DE DÍVIDA.


PROTESTO DE TÍTULO. VALORES NÃO QUITADOS. PROTESTO
DEVIDO. EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO. DANO MORAL
AFASTADO. SENTENÇA MANTIDA. O protesto de título em
virtude de inadimplemento do devedor constitui exercício
regular de direito e meio adequado à preservação do
direito de crédito, afastando-se qualquer discussão acerca
de dano moral indenizável ou desconstituição de dívida.5

Em sede de indenização, a caracterização de três elementos é essencial para a


procedência da pretensão: a ação ou omissão do agente, o resultado lesivo e
o nexo causal entre ambos. Cumpre considerar ainda a necessidade de se
comprovar tenha havido violação de um dever jurídico, e que tenha existido culpa e
até mesmo dolo por parte do infrator, sabendo-se que a inexistência de dano é
óbice à pretensão de uma reparação, aliás, sem objeto.

Assim, inexiste nos autos qualquer indício de prova de que tenha ocorrido
satisfação da obrigação, transação, remissão de dívida ou renuncia de crédito.

Ao contrário as provas indicam que o crédito da apelada é lícito, diante da


comprovação do inadimplemento do devedor, logo o protesto se mostra regular,
uma vez que resta provado a prestação a contento dos serviços da ré e afasta a
presença dos requisitos legais necessários ao dever indenizatório.

Complementando o tema Dano Moral, Sergio Cavalieri Filho, in Programa de


Responsabilidade Civil, 5ª edição, 2ª tiragem, p. 98:

4
TJ-DF - APC: 20140111427244, Relator: SÉRGIO ROCHA, Data de Julgamento: 15/07/2015, 4ª Turma
Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE : 10/08/2015 . Pág.: 320)

5 (TJ-MG - AC: 10118060061199001 MG, Relator: Luiz Artur Hilário, Data de Julgamento: 11/02/2014,
Câmaras Cíveis / 9ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 17/02/2014)

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“(...) só deve ser reputado como dano moral a dor,
vexame, sofrimento ou humilhação que, fugindo à
normalidade, interfira intensamente no
comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe
aflições, angústia e desequilíbrio em seu bem-estar.
Mero dissabor, aborrecimento, mágoa, irritação ou
sensibilidade exacerbada estão fora da órbita do dano
moral, porquanto, além de fazerem parte da
normalidade do nosso dia-a-dia, no trabalho, no
trânsito, entre amigos e até no ambiente familiar, tais
situações não são intensas e duradouras, a ponto de
romper o equilíbrio psicológico do indivíduo (...)”.

Convém citar também as sensatas palavras da E. Juíza da Comarca de Presidente


Prudente/SP:

“A temática do dano moral começou a ser discutida através


de Carlos Alberto Bittar. O instituto veio à discussão
como uma forma de se ressarcir bens impossíveis de
se mensurar, como a dor, a vergonha, a perda de um
ente querido etc. O objetivo primordial do dano moral é
diminuir, já que seria impossível de se ressarcir, o dano
porventura sofrido. É fazer aquele que provocou o dano,
sentir de alguma forma, o mal provocado, trazendo com isso
equilíbrio sobre as inúmeras situações jurídicas existentes.
Ocorre que este instituto, por demais importante, vem
sofrendo um grande desvirtuamento, ou seja, alguns
profissionais do direito estão exagerando a sua
configuração, ingressando com ações, em números
cada vez maiores, com pedidos de ressarcimento por
danos morais em cifras absurdas. Não podemos perder
de vista que a caracterização do direito à reparação depende
do impulso do agente, do resultado lesivo e do nexo causal
entre ambos. Sob o aspecto jurídico, a caracterização desse

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direito exige, de início, que haja a interferência indevida de
alguém na esfera valorativa de outrem, trazendo-lhe as
lesões ao direito atingido. Deve existir relação de causalidade
entre o dano experimentado e a ação alheia, ou seja, o
agente faz algo que não lhe era permitido, ou deixa de
realizar aquilo a que se comprometera juridicamente,
atingindo a esfera alheia e causando-lhe prejuízo, seja por
ações, gestos, palavras, escritos, ou por meios outros de
comunicação possíveis. O dano moral deve ser entendido
como o dano que conspurque a moral, a imagem de
alguém. Essa mácula deve ser de tal forma que este
cidadão fique constrangido ao sair à rua, ou a fazer
suas obrigações diárias. E não é o que está
acontecendo. As pessoas estão “tão sensíveis”, a
ponto de qualquer aborrecimento, ingressarem com
uma ação pleiteando cifras absurdas por meros
constrangimentos do dia a dia. Cabe, portanto, ao
Poder Judiciário coibir atitudes desta natureza, sob
pena de dar guarida a uma “fábrica de dano moral”, e
isto é intolerável. O Poder Judiciário está, como sempre
esteve, à disposição de qualquer cidadão para protegê-lo de
reais danos, tanto patrimoniais quanto morais, mas o Poder
Judiciário não está para embasar absurdos jurídicos,
como a sensibilidade excessiva. Claro, que cada um sabe
sua dor, mas há situações em que o juiz deverá analisar o
homem médio, ou seja, analisar se, naquele caso em que
está proferindo sua decisão, a maioria dos cidadãos agiria
como aquele que pleiteia a tutela jurisdicional. Deve se ter
em mente a vida social, profissional, familiar e afetiva deste
cidadão que teve sua moral conspurcada. (...) O que se tem
que ter em mente é o Princípio da Proporcionalidade e o
Princípio da Razoabilidade, tendo-se sempre como parâmetro
a condição social do lesado, pois não se pode enriquecer a
vítima, por mais que tenha sido insuportável sua dor. Não se
pode perder de vista uns dos princípios basilares de

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nosso direito que é a proibição do enriquecimento
ilícito.”6

Em arremate, trazemos decisões desse Egrégio Tribunal da Bahia que


consubstanciam a tese, in verbis:

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE


DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
INCLUSÃO INDEVIDA EM CADASTROS
RESTRITIVOS DE CRÉDITO. NÃO COMPROVAÇÃO.
AUSENTES OS PRESSUPOSTOS DA
RESPONSABILIDADE CIVIL. ARGUIÇÃO DE
FALSIDADE DOCUMENTAL. ÔNUS DA PROVA DO
AUTOR. ARTIGO 389, I, DO CPC. RECURSO
IMPROVIDO. Uma vez não requerida pelo autor a
prova acerca da falsidade dos documentos
apresentados pela ré, aliada a existência do
contrato e do débito, a inscrição de seu nome no
rol de inadimplentes foi devido. É que, existindo,
como deflui do conjunto probatório, o respectivo
débito, a negativação, em si, constitui mero
exercício regular de um direito, reconhecido
inclusive pelo nosso Código de Defesa do
Consumidor, inexistindo por consectário ato ilícito
na espécie.7

6
Cristina ESCHER, Juíza Substituta da Comarca de Presidente Prudente,
Professora de Rotinas Processuais na Faculdade de Direito de Presidente Prudente,
das Faculdades Integradas “Antônio Eufrásio de Toledo”, Especializanda em Direito
Processual na Toledo de Presidente Prudente/SP, www.unitoledo.br/intertemas/
vol6/09%20.%20ESCHER%20Cristina.doc.
7
(TJ-BA - APL: 01272719620088050001 BA 0127271-96.2008.8.05.0001, Data de Julgamento:
01/10/2013, Segunda Câmara Cível, Data de Publicação: 09/10/2013)

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CIVIL. PROCESSO CIVIL. DÍVIDA EXISTENTE.
INSCRIÇÃO SPC/SERASA. NEGATIVAÇÃO DEVIDA.
INADIMPLÊNCIA. DANO MORAL NÃO CONFIGURADO.
IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO. SENTENÇA MANTIDA.
RECURSO IMPROVIDO. Não há que se falar em revelia
do apelado com base no substabelecimento de fls. 31.
Isto porque percebe-se que trata-se de erro claro de
digitação, ao se fazer constar na procuração a cidade
de Vitória da Conquista ao invés de Guanambi. Se de
um lado a autora afirma que as "duplicatas são frias" e
portanto a inscrição nos cadastros de proteção ao
crédito foi indevida, por outro, admite em seu
depoimento pessoal de fls. 65 que seu ex marido fez
compra de combustível no posto da ré com dois
cheques, exatamente nos valores constantes dos
cheques devolvidos de fls. 33 e 34, deixando-nos
entrever a autenticidade deles. Em que pese afirmar a
falsificação de duplicatas, não há prova da existência
das duplicatas, nem há prova da falsificação e, uma vez
que a apelante não se valeu do quanto disposto no
artigo 390 e seguintes do CPC, nem requereu a
produção de prova pericial, admitiu tacitamente a
autenticidade dos cheques pelos quais foi cobrada. Não
há que se falar em indenização por danos morais, se a
apelante a quem incumbia provar cabalmente a
ocorrência do ilícito e dos danos, não o fez de forma
convincente e irretorquível, deixando, desta feita, de
comprovar o fato constitutivo de seu direito. Recurso
improvido.8

Descaracterizada, portanto, a existência de qualquer dano à moral da recorrente, a


sua pretensão indenizatória a este título é manifestamente improcedente.

8
(TJ-BA - APL: 00023688220098050088 BA 0002368-82.2009.8.05.0088, Relator: Rosita Falcão de
Almeida Maia, Data de Julgamento: 24/07/2012, Terceira Câmara Cível, Data de Publicação: 16/11/2012)

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V - DA EXISTÊNCIA DE OUTRAS INSCRIÇÕES PRETÉRITAS DA AUTORA

Destarte, não sendo reconhecido o exercício legal do direito do credor no caso em


tela, o que de certo será, ainda assim o dano moral é indevido, tendo em vista a
requerente possuir outros cadastros nos serviços de proteção ao crédito.

Portanto, numa simples consulta do nome da recorrente, conforme já acostado em


sede de contestação, conseguimos extrair a existência de outras pendências
pretéritas, o que descaracteriza o dano moral.

Assim, se existe outra inscrição em desfavor da pessoa jurídica, não há que se falar
em dano a sua imagem, em razão da existência de nova inscrição, pois essa já se
encontrava maculada por aquelas outras inscrições nos órgãos de proteção ao
crédito.

O próprio Supremo Tribunal de Justiça, editou uma súmula própria sobre a questão,
que trazemos á baila:

Súmula 385 - Da anotação irregular em cadastro de


proteção ao crédito, não cabe indenização por dano
moral, quando preexistente legítima inscrição,
ressalvado o direito ao cancelamento.

A jurisprudência também tem se manifestado da seguinte maneira:

DANO MORAL. EXISTÊNCIA DE OUTRAS INSCRIÇÕES


PRETÉRITAS. INDENIZAÇÃO NEGADA. Se existe outra
inscrição em desfavor da pessoa, não há que se falar
em dano a sua imagem, em razão da existência de
nova inscrição, pois essa já se encontrava maculada
por aquelas. V.v: APELAÇÃO CÍVEL - INSCRIÇÃO
INDEVIDA - OUTRAS INSCRIÇÕES PREEXISTENTES -
ALCANCE DA SÚMULA 385 DO STJ -COMPENSAÇÃO
DANOS MORAIS - VALOR MÓDICO. Cumpre esclarecer

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que a Súmula 385/STJ ("Da anotação irregular em
cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização
por dano moral, quando preexistente legítima inscrição,
ressalvado o direito ao cancelamento") tem aplicação
específica, se referindo a hipóteses em que a
indenização é pleiteada em face de órgão mantenedor
de cadastro de proteção ao crédito, que deixa de
providenciar a notificação de que cuida o art. 43 do
CDC antes de efetivar a legítima anotação do nome do
devedor no cadastro. (STJ, AgRg no AREsp 142777 /
ES, Ministro RAUL ARAÚJO, 22/05/2012). Esta Corte
entende que a existência de outras inscrições anteriores
em cadastros de proteção ao crédito em nome do
postulante dos danos morais não exclui a indenização,
dado o reconhecimento de existência de lesão. Os
valores fixados, nesses casos, porém, devem ser
módicos. Precedentes. (AgRg no REsp 1.178.363/RS,
Rel. Ministro VASCO DELLA GIUSTINA -
DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RS, TERCEIRA
TURMA, DJe de 29/6/2010) Compensação por danos
morais fixada em R$ 1.500,00. Valor razoável. Recurso
provido. Des. Veiga de Oliveira (REVISOR) 9

Em suma, resta, mais uma vez comprovado a INEXISTÊNCIA de qualquer dever de


indenização à título de dano moral à parte recorrente. Sendo essa manifestação
completamente inequívoca e demonstrando a falta de compromisso da demandante
com a justiça, que claramente se utilizar da seara judicial para enriquecer
ilicitamente.

VI - DOS PEDIDOS

9
(TJ-MG - AC: 10144130033018001 MG, Relator: Cabral da Silva, Data de Julgamento: 23/06/2015,
Câmaras Cíveis / 10ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 22/07/2015)

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Diante do exposto, REQUER SEJA MANTIDA, in totum, a Douta Sentença,
proferida pelo r. Juízo a quo, negando provimento ao Recurso Inominado interposto
pela recorrente, retificando a não caracterização de conduta ilícita perpetrada
pela recorrida, não havendo que se falar, portanto, em responsabilidade
civil na reparação dos supostos danos alegados. Requer, ainda, a condenação
da mesma ao pagamento de honorários advocatícios no importe de 20% sobre o
valor da condenação, praticando, assim a Egrégia Turma Recursal, mais uma vez a
mais lídima e salutar JUSTIÇA!

Nestes Termos

Pede Deferimento.

Recife, 19 de janeiro de 2018.

Marcos Rabelo Leitão Junior André Luiz Rocha de Assis

OAB/PE 32.999 OAB/PE 34.445

Diogo Oliveira Amorim José Antonio de Luna Neto

OAB/PE 32.759 OAB/PE 44.209

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