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HO lKTE~IOR
FONEBRES
~~~EN5E
~971
RITOS FÚNEBRES
NO INTER!OR CEARENSE
CANDID.A GALENO
.. :-,;.
RITOS FÚNEBRES
NO INTERIOR CEARENSE
Galeno, Cândida
G 153r Ritos fúnebres no interior cearense. Forta-
leza, Henriqueta Galeno, 1977.
p.72.
5
NOTA PRELIMINAR
rosa",
-: ~. .
.;
não' - .
.
obstante ha.ver sido esse o primeiro
trabalho da Autora, na especialidade.
, .,' Trata-se, em verdade, do resultado de pes-
:quXsª'.~x~rcidain loco, em que a matéria é dis-
'tribuida.
r : . . -: ....
sob acertada técnica .~e se acham des-
:,"
o
enterro verificou-se à noite. O pessoal
que o acompanhava, homens, trajava roupa
escura e conduzia às mãos velas acesas, de sor-
te que a praça ficou repleta de gente e pontea-
da de luzes. A banda de música do lugar seguia
o cortejo, tocando um "funeral" que arrancava
lágrimas às pessoas mais empedernidas. O cai-
-.10
" ,.
xão da morta, todo preto.eraconduzído à mão
por diversos homens.
Nunca mais me esqueci desta cena, presen-
ciada em 1925. -
Depois, fui mudando de cidade, à medida
que a instabilidade da vida de magistrado de
meu Pai exigia, e assisti a enterros sem conto,
de adultos e de crianças, em caixão e em rede,
em cidade do interior e na capital.
O material dessas observações foi-se sedí-
mentando no meu cérebro, até que, agora, o
comparecimento a um enterro na roça, reali-
zado em rede e ainda com o ritual da "sentine-
la" e o canto das "ínselências", avivou em
mim o desejo de escrever sobre os ritos fúne-
bres no interior do C'eará.
Dividirei o meu trabalho nos seguintes
ítens:
12
1. ENTERRO EM CANTO GRANDE
13
No dia em que sai enterro, não se deve var-
rer a casa. Não se deixa caixão ou rede em que
vaí defunto bater no portal, pois morre outra
pessoa.
Depois de colocado na sala, o corpo vai ser
vestido,° que se faz cantando a Ave-Maria.
Quando se está vestindo o defunto, chama-se
por ele, assim: - João, acorda para vestir a tua
derradeira camisa. - Esta constbu de uma
mortalha de morim branco, vestida por cima
das calças e da camisa, com o cordão de São
Francisco amarrado à cintura do morto.
Quando o defunto é rico, vai ensapatado,
engravatado e vestido com a melhor roupa.
Quando é pobre, vai de mortalha, que. pode ser
branca ou de cor. Na cintura põe-se sempre o
cordão de S. Francisco.
Não havendo na casa de taipa e palha onde
estávamos, uma mesa grande, o defunto foi co-
locado numa esteira, no centro da sala com
piso de areia socada, sendo acesas quatro velas,
colocadas em tijolos, à falta de castiçais, em
forma de cruz - uma aos pés, outra à cabecei-
T~, uma à direita e outra à esquerda.
:14
2. TRATAMENTO DO CORPO
10
Este uso de se banhar o morto no sul do
País talvez se deva à acentuada influência es-
trangeira ali existente, visto serem oriundos da
Europa e da América do Norte estes hábitos.
Em Portugal, informa-me o médico Dr. João
Saraiva Leão, ao morrer um cidadão, a primeira
coisa que se lhe faz é barbear. Não se compre-
.endecomo se possa sepultar um cristão barba-
do. O banho vem depois. Na América não só se
banha, como se faz a "maquilagem" completa
do defunto.
•. '
Enquanto assim se procede noutros países,I •
·18_
[adas de branco, ora com vestes de Nossa Se-
nhora de Lourdes, Imaculada Conceição, Nossa
Senhora de Fátima, ora de Santa Terezinha.
Não é costume entre nós a mulher vestir
para enterrar-se nenlhuma roupa. que tenha
usado em vida, como ocorreu ~~ América com
Carmen Miranda, que veio a sepultar-se com
vestido vermelho. Aqui a mulher usa sempre
mortalha, enquanto os homens tanto podem ir
com traje de santo como com _roupa já usada
em vida: uniforme, a roupa qH;e serviu no ato
I
do casamento (Limoeiro do Norte),
Quando homem, íníorma-me Lili Feitosa,
professora em Tauá, O' morto VA.i com sua rou-
pa mais nova, de gravata ê ~apatos; quando
mulher, vai em traje de Nossa Senhora do Car-
mo, de Fátima ou de outra devoção da morta.
Noutras regiões, como por exemplo Canto
Grande, Siupé, São Gonçalo (município de S.
Gonçalo do Amarante) o defunto tem que levar
toda a roupa nova: se é mulher a mortalha de
morim e o cordão de São Francisco na cintura,
se é homem leva a mortalha por cima da ca-
misa e das calças e o cordão de S. Francisco à
19
cintura. Não usam paletó. Isso para os pobres.
Os que se 'consideram ricos não usam marta-
lha, vão em traje de qualquer santo, íníorma-
me Abigail Sampaio .
. i! D. Raimunda Maximiniano da Silva, que
mora nessa zona, disse-me a razão de não pu-
;derem os defuntas vestir roupa usada, e ter
que vestir tudo novo: é porque os anjos, ao vi-
Eem buscar a alma do que morreu, seguram-se
ria
.. fazenda, que se for usada rasga-se, caindo
;.}...
4. AGUARDA DO ,MORTO
'21
terro à. noite, não é mais usado este horário de
sepultamento entre nós.
A hora do entêrro é determinada pela hora
da morte. Costuma-se esperar que decorram 24
horas do passamento ao entêrro, devido ao re-
ceio de que, enterrando-se antes, talvez a pes-
ma esteja viva e possa tornar. Há até uma his-
tória passada no interior do Ceará (Quixera-
mobím), nos fins do século passado, que me foi
relatada pelo Dr. Saraiva Leão e ilustra bem a
causa deste medo. Vejamo-Ia.
23
"'sentinela'" seja noite ou dia, e as rezas mais
usadas durante a mesma são: têrço, tirado pela
pessoa mais letrada do lugar, ou mais amiga
da família: a professora, a estudante; Ofíc o
das Almas (Limoeiro do Norte); têrço e Ofício
. de Nossa Senhora (Tauá, Juazeiro do Nort c:,
. São Gonçalo do Amarante, rtapipoca); terço e
ladainha (S. Bernardo das Russas).
'24
quando regressam do enterro, almoço ou jan-
tar, conforme a hora.
Para elaborar este trabalho, colhi infor-
mações de muita gente de diversos pontos do
Estado. Assim é que o Sr. J. David Aragão, re-
sidente em Aires de Sousa, município de So-
bral, mandou-me a narrativa das peripécias de
uma "sentinela" a que assistira em 1932, no
local onde se construia o açude General Sam-
paio. Dado o ajuntamento de famintos que
afluiam, assediados pela seca, de todos, os re-
cantos do Estado, grassavam diversas doenças:
sarampo, gripe, disenteria, varíola, morrendo
miseravelmente número considerável de pes-
soas, especialmente crianças r, Eis como nos fala
o Sr. J. David Aragão sobre o que presenciou:
25
em lugar de luz elétrica. Um cafezinho saia
sempre, correndo todos os bancos. Lá na sala•.
sobre mesa tôsca, em caixão pobre, o defunto,
com os queixos amarrados com uma faixa
branca. E dos lados, em cada canto da mesa
uma lamparina de querosene clareava. Via-se
também uma imagem do Senhor, nas mãos
postas sobre o peito do cadáver. E na parede a
imagem de São José, o advogado dos moribun-
dos. Nunca havia eu assístido àquilo, e se me
tornou bem curioso, quando vi, na sala, um
grupo de mulheres que rodeavam o defunto
cantar, em côro, div:ersos benditos, Salve-
Rainha e outros cân tãcos.."
2Q
das "ínselêncías", da reza do Ofício de Nossa
Senhora, do terço e da ladainha. Quando vem
"rompendo a barra", isto é, amanhecendo, can-
tam então o seguinte bendito:
30
5. AS "INSELÊNCIAS"
31
- e assim por diante, até cantar doze vezes,
com o restante da quadra igual à primeira.
32
Lá vai um anjinho pro céu
Todo cercado de luz,
Nossa Senihora da Guia
Abra as portas, meu Jesus r ,
r 3::3:
Duas "inselença" da Virge da Conceição,
Deus num primitas que eu morra sem
lcunfissào,
Três "inselença" da Virge da Conceição,
Deus, num primitas que eu morra sem
lcunfíssão,
Quatro "inselença"
- São doze "ínselença"
E não pode parar
Porque senão dá azar ... "
Quando se aproxima a hora do enterro,
canta-se então o Santo Ofício, (Ofício de Nossa
Senhora), o que foi feito por um tio do morto,
Raímundo Maxíminíano da Silva, homem de
idade avançada, acompanhado por Josefa, irmã
do morto e outras pessoas presentes.
No trecho do Ofício em que há o verso -
"Desce Deus do Céu para às criaturas" - os
rezadores se inclinam até encostar a testa no
chão. O Ofício é reza muito em uso em toda a
região e é cantado, tanto como o terço e a la-
dainha são rezados. dê joelhos. Depois dele vem
então a "ínselêncía" da Despedida, também
cantada doze vezes, da seguinte forma:
Bendito, louvada seja
Meu Jesus da Piedade.
VaE10Srezar aos doze após talos
E a San tíssíma Trindade.
É um irmâo apóstolo
Que ganhou o Paraíso,
Adeus, irmão, adeus,
Até dia de juiza.
37
6. .A' DESPEDIDA
.39
7. ACOMPANHAMENTO DO ENTEHHO
.
-;41
\;
A hora da saída do enterro varia entre 8,
10, 16 e 17 horas, de acordo com a da morte; à
noite, só em casos excepcionais. A professora
Carmusina Arraes Freíre, disse-me ter assisti-
do excepcionalmente, nestes últimos anos, em
Limoeiro do Noite, a um enterro à noite e com
velas acesas. Em Juazeiro do Norte, mesmo du-
rante o dia, usavam Os acompanhantes velas
acesas, distribuídas pela família do morto. Com
o encarecimento do custo de vida perdeu-se
esse costume. Nesta cidade também era uso das
famílias ricas fazerem acompanhar os enterros
do toque do "funeral", Já em Tauá e Limoeiro
do Norte não se usa acompanhamento de en-
terro com música, mas com a reza do terço, ti-
rado pelo Padre, que abre o oortejo, e pelo
"sinal" que vai tocando o sino, de acordo com
à vontade e posses da família; quem quer mais
sinal paga mais, uma, duas horas, contanto
que a um defunto cristão não deve faltar o
"[Ir.Ct~", que tanto pode ser simples como do-
brado, isto é, tocado em um só sino ou em mais
de um. Para enterro de crianças usa-se o repi-
. que, combinação de sons festivos de sinos.
João Brígido, no seu livro "O Ceará (lado
cômico)" traz esta página sobre o "sinal":
"Um Peixoto, do Riacho-da-Sangue, con-
tava assim o enterro de sua mãe:
- Quando a velha minha mãe morreu, tio
José disse ao são cristão: Toca vintem! toca
, "
v.ntem: . té m !'
I'... e o smo começou: Vln ..... VIn-
tém!
l/tas ti Mané arrojou pra riba e disse ao são
cristão: toca tostão, toca tostão e o sino come-
çou: tostão... tostão ...
Depois veio o Padre, botaram ela no girau
da igreja e sairam cantando.
44
Quando o defunto é pessoa bem relacionada ou
importante, é político ou autoridade, há dis-
cursos no cemitério e, ao descer o caixão à cova,
(isso se faz de preferência nos enterros pobres),
os amigos colocam sobre ele uma pá de terra.
Em Limoeiro do Norte, cada acompanhante do
entêrro põe sobre o defunto uma mão cheia de
terra e raramente usa a pá, o que é uma supers-
tâção: colocando a terra com a mão, a pessoa
não terá medo da alma do morto.
Quando o enterro é feito no interior, a fa-
mília do morto, querendo e podendo, manda
buscar caixão envernizado na capital; quando
há falta de transporte, manda fazer, na própria
cidade, caixão de cedro coberto de fazenda pre-
ta e com galões dourados, quando o morto é
casado ou viúvo. Anjo, moça e rapaz têm caixão
coberto de fazenda azul e enfeitado com galões
prateados.
Mas, esses enterros de que estamos falando
são enterros de cidade do interior, feitos em
caixão. Vejamos agora quando o enterro é feito
em rede e vem de sítios ou fazendas distantes,
onde não há cemitérios.
45
A rede usada para enterro é a comum, com
varandas de croché ou de malha, de preferên ~
cia branca. O morto vem envolto em lençol. Na
ocasião do enterro, tanto a rede corno o lençol
são retirados e voltam para a família que, de-
pois de lavá-los, passa a usá-los como dantes. O
cadáver é lançado à cova apenas C:Jn1 a mor-
talha.
46
Rocha Leal e Martins d'Alvarez se refere a esta
cadência própria da marcha de carregar defun-
to denominando-a de marche-marche.
Geralmente vem o defunto acompanhado
de grande número de pessoas, algumas a cava-
lo, outras a pé, e que se vão revezando no car-
regamento, Em zonas de várzeas extensas e
planas, como as do vale do Jaguaribe, o acom-
panhamento também é feito em bicicletas,
transporte característico da zona.
8. "CHEGA, IRMÃO DAS ALMAS!"
Dentro da noite,
num marche-marche
cortando a fita
da estrada clara,
os homens seguem,
num marche-marche,
levando a rede
pro cemitério.
Dentro da rede
se embalançando,
bambo e curvado
como um presunto,
. ,.
como um presento
dentro de um. saco,
se embalançando
vai o defunto.'
Punhos atados
à longa estaca,
que os homens levam
suspensa aos ombros,
a rede segue
para a cidade, '.
·····51
leva o defunto ,,", ,.',
para o "sagrado".
, ..
'.... I"
E a voz doshomens
sobe na nôite'·, ." ':,<,1;
como o louco anséío .••. i
de mãos, espalmas,
mãos .que aflítivas
pedem sOcorro:" .',. ;
- Vinde ajudar-nos,
Irmãos das Almas!
A rede ..passa
suspensa: em ..ombros" , ;
se embalançando, ;"
se embalanç~49:~ .. ,;. :'.'
Come)' se o" morto
fosse a ninar ,
E aves noturnas
tecendo ágoíros,
,;
sobre o cortejo,
cheias de espanto,
rasgam mortalhas
negras pelo ar.
E 00 triste apêln
que os homens lançam,
de vez em quando,
nas horas calmas,
apenas o eco,
bruxoleante,
responde ao longe:
... Irmãos das Almas!"
53
00 mesmo Estado, a enterro semelhante. Hou-
ve apenas duas variantes: a hora em que o en-
terro é realizado e a maneira de conduzir a
rede. No assistido outrora, o enterro se fazia à
noite, por estarem durante o dia todos ocupa-
dos. A rede era atada pelos punhos a uma lon-
ga estaca de madeira ..O enterro a que tive de
assistir, realizou-se às 14 horas. A rede estava
colocada numa grade feita de quatro estacas
fortes. Razão tinha, pois, José Nascimento de
Almeida Prado quando disse que no nordeste,
pelo espírito conservador e índole do povo, de-
vem perdurarpor mais tempo esses costumes
dos nossos maiores ..' .
58-
Louvem em côro o seu nome: cantem-lhe ao
som do tambor e do saltérío'' .
No Salmo 150 há esta parte: "Louvar-O ao
som da trombeta: Louvaí-O com o saltérío e a
cíta:ra. Louvai-O com tímbales e em côro: Lou-
vai-O com instrumentos de corda e cem órgão."
Creio estar aí a explicação para a maneira
altamente profana como foi em algum tempo
comemorada a morte das crianças. O "cântico
novo" do salmo, com que a assembléia dos fiéis
devia louvar o Senhor, o louvor ao som do tam-
bor e do saltério, com tímbales e em côro, com
instrumentos de corda e com órgão, veio sendo
corrompido através dos tempos, deturpado
pelas sucessivas gerações até ser reduzido à
"função" e ao "samba" de que nos falam os
escritores acima citados.
Vejamos como nos descreve Rodolfo Teó-
filo (5) a cena a que intitulou de "morrer
criança" e que lhe causou grande estranheza:
"Atraído pelos acordes de uma viola, cno-
59"
romíngandoum baíão, cheguei auma casinha
de palha à sombra, de umfrondoso cajueiro:
Um samba em dia nãosaritificado, era-caso
estranho.
Aproximei-me e vi reunida no terreiro-dá
casa muita gente em traje domingueiro.
Um tocador, um caboclo novo e franzíno,
arrancava do instrumento tão.doces melodias
que não parecia um leigo na arte da música.
Como vibravam aquelas cordas com tanta har-
. I'
moma.
'63
mão direita, enquanto o pai 'do morto, com
grande desamor,sem um olhar de despedida,
sem um beijo, o beijo da pragmática dos civili-
zados, punha o taboleiro na cabeça do velho e
o mandava embora.
A mâevíu sair o filho, para nunca mais
voltar e não o procurou para dar-lhe o último
beijo!
Eu julgava cruel aquele proceder porque
. ignorava o modo de sentir do povo. Este desco-
nhece o beijo que, entre a gente educada, faz
muito mal e nenhum bem. A morte para eles f:-
um beneficio, a cessação dos. sofrimentos, como
párias que são da humanidade.
Quando o enterro passou, os sambistas for-
maram ala e romperam nos mais estrondosos
vivas ao anjinho, ao pai e mãe dele e à sua ma-
drinha, a Virgem da Conceição. Enquanto a
gente assim berrava, foguetes estouravam no
ar.
Sumido que foi o esquife, continuou o sam-
ba na mais viva animação. Saciado de tanta
barbaria retirei-me, intrigado com semelhante
usança" .
Esse uso de que há memória apenas nas
páginas de, escritores antigos, como Rodolfo
Teófilo,e Juvenal Galeno, hoje está completa-
mente abolido. Das pessoas com quem falei ne..
nhuma me deu notícia desse costume antiga
de celebrar com dança e cantaria a morte een-
terro de um anjo.
Eis como Juvenal Galeno (6) descreve a
função, explicando-a antes com a seguinte
nota:
"É comum entre o povo festejar a morte
da criança. Logo depois do enterro, faz-se uma
função, e nesta, ao som da viola, entoa-se a
desafio louvores ao anjinho e aos pais deste,
enquanto dança-se a bom dançar e perto estou-
ra a roqueira ou bacamarte. Dizem - que feliz
é quem morre em tenra idade, porque livra-se
do futuro sofrimento e talvez da perdição eter-
na, e que o anjo vai ao céu advogar a causa de
seus pais. "
Agora nos descreve cena idêntica à narra-
00- I
Por isso agora se ínãama,
Nesta função o meu estro;
Haja aluá e aguardente,
Ai, senão, senão não presto!
- Enfeitado de bonina,
O anjo pra o céu subiu,
Um adeus dizendo ao mundo,
Quando a morrer se sorriu!
Por isso agora o louvemos
Nesta tão bela função,
Enquanto na igreja o sino,
Toca o bom do sacristão.
- Toca obom do sacristão,
Ê o sinal da alegria,
De Jesus foi para o seio,
O anjinho neste dia.
Por isso o louvo contente,
Contigo,' meu companheiro,
Ê'nquanto lá toca o sino,
Dança o povo no terreiro.
-"69;
10. NO DOMíNIO DA LENDA
•• •• *
7'i