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Bíblia

IBADEP Instituto Bíblico da Assembléia de Deus -


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Lição 1
Cartas de Paulo: Aos Romanos,
G álatas e Efésios

Autor: O Apó st olo Paulo


Data: C erca de 57 d.C.
Carta aos Tema: A R ev el açã o da J u s ti ç a de Deus
Romanos Pala vra s- Cha ve : Ju stiça, fé, ju s tif ic a çã o,
lei, graça.
Versícul os -chav e: Rm 1.16 e 17 5,' I

R o m a n o s é a ep íst ol a de Pa ul o mais longa,


mais te ol ógi c a e mais influente. Ta lv e z por essas
razões foi c o lo c a d a em prim eir o lug ar entre as do
apóstolo. De m odo co ntrário à tr ad iç ão católica
ro ma na , a igreja de R o m a não foi fu n d a d a por Pedro,
ne m por q u a l q u e r outro apóstolo. Ela ta lvez foi
ini c ia da por co nve rt id os de Pa ulo p r ov e nie nte s da
M a c e d ô n i a e da Ásia, bem c o m o pelos ju d e u s e
p r o s é l i t o s 1 co n v er ti d o s no dia de P e n te c o s te s (At 2.10).
Pa ul o não tin ha R o m a com o ca m po es p e c íf ic o de outro
ap ós to lo (Rm 15.20).
Em R o m a nos, Paulo a fi rm a que muitas vezes
pla ne jo u ir até R o m a para ali pre ga r o e vang el ho, mas
que, até então fora impe did o (Rm 1.13-15; 15.22).
R e a fi r m a seu dese jo de ir até eles (Rm 15.23-32).

1 Pag ão que abr aço u o j udaí smo.

15
E m vista de seus planos pess oa is, Paulo
escreveu para ap resentar-se a uma igreja que nunca
tinha visitado. Ao mesm o tempo, ele ap resen to u uma
declaração c o m p le ta e ord en ad a dos princípios
fun da m e nt ai s do evange lho que pregava.
Paulo, ao e sc rever esta epístola, perto do fim
da sua terceira viagem missi oná ri a (cf. Rm 15.25,26;
At 20.2,3; I C o 16.5,6), estava em C ori nto com o
hó sp ede na casa de Gaio (Rm 16.23; I C o 1.14).
En qua nt o esc re vi a R om a no s através do seu au xiliar
Tércio (Rm 16.22), pla nej ava voltar a J er usa lé m para o
dia de Pe nt e co st e (At 20.16; p r o v a v e lm e n t e na
p rim av era de 57 ou 58 d.C.) e en tre gar p e ss oa lm en te
uma oferta de socorro das igrejas gentias aos crentes
pobres de J er usa lé m (Rm 15.25-27). Logo a seguir,
Paulo e sp e ra v a partir para a Espa nh a le van do-l he o
ev angelho, visitar de p ass ag em a igreja de R om a e
receb er ajuda dos crentes ali para p ro s se g u ir em sua
c am i n h ad a para o oeste (Rm 15.24,28).
N e n h u m livro da Bíblia tem tantos títulos
com o Ro m a nos: Ev a nge lh o Segundo Paulo, Ev a nge lh o
do Cristo Ress urr et o, Tr atado Teo ló gi co Paulino, Mais
Puro Eva ng el ho , Principal das E pí sto la s Paulinas, A
Catedral da D outr in a Cristã, etc.

Destinatários

“Todo s os que estais em Roma, amado s de


D e u s ” são os destinatários desta carta. Po de -s e notar
que Paul o ne sta saud ação não usa a palav ra igreja
(como faz em 1 e 2C oríntio s, Gálatas, 1 e
2T es sal oni cen se s) . Isto pode mos trar que nessa época
não exist ia n e nhu m a igreja org anizada, mas várias
igrejas de casa (Rm 16.5,14). Em todos os lugares
havia cristãos que ali se reunia m para cu ltu ar a Deus.

16
N ão sa be m os com cert eza com o e q u a ndo o
C ris tia ni sm o c h e g o u a Roma. Em Atos 18.2 fala-se
acerca de A q u i l a e Priscila que pe rt e n c ia m àqueles
ju d e u s que C l á u d io ex pu lsa ra de R om a , cerca de 49
d.C. No final do quarto d e c ê n i o 1 j á havia cris tão s em
Roma. A g os t in ho in fo rm a que o c r is tia nis m o c heg ou a
R om a dura nte o gove rno do im pe ra do r C al íg ula (37 -
41 d.C.).

Autor

C o n fo rm e a prim eir a pa lavra, Paulo, o servo


e apóst ol o de Jesus Cristo, é o autor da Ep ís to la . O
co nt eú do do livro indica que seja Paulo , não só pelas
muitas re fe rência s pe ssoais (Rm 1.8-15; 9.1-5; 11.1,13
e 16.3-23), mas ta m b é m pela p ro f u n d e z a dos seus
e ns in a m e n to s e c o n h ec im e n to s da ve rdade de De us (Rm
3.20-25; 11.33-36, etc.). O livro todo fala do seu autor
co mo de um h o m e m erudito, p r o f u n d a m e n te espiritual,
int ei rame nte c o n s a g ra d o e c o n s c ie n te m e n te inspirado.
Justi no M ártir, Pol ic arpo, Inácio, C le m e n te de R o m a e
H ipólito fa z e m citaçõ es desta Epístola. A c e it a v a m -n a
co mo fa zen do pa rte do cânon e até os próp ri os inimigos
do C ri s ti a n is m o re c onh ec er am a carta c o m o escrita
pelo apóst ol o Paulo. Não há motiv os para se rejeitarem
as muita s e vi dê nc ia s e favor de que a E p í s to la seja o
que pre te nde ser. Não é de e st r an ha r que Paulo
co nh ec e ss e tantas pe sso as por seus nom e s em uma
ci dade onde ele nun ca tivesse estado, porqu e essa
ci dade era Ro ma , a capital do mundo, e o apóstolo
co nhe ci a p e s s o a lm e n t e centenas de pess oa s, tanto
ju d e u s, com o gentios, que pod eria m ter-se mu da do para
Ro m a por mo tiv os c ome rcia is ou pa rticula res. Antes,

1 P erí odo de 10 anos; década.

17
seria difícil que fosse de outro modo. O c ap ít ulo 16
com saud aç ões para tantas pessoas não é um a rg um e nto
válido para se rejeita r a E p ís to la co mo genuína.
C on vé m a cr es ce nt a r que os 300 m a nusc ri to s exist ent es
da carta aos Ro m a nos , todos os que não têm sido
danificados, co ntê m a E p í s to la c o m ple ta tal qual se
acha hoje no No vo Tes tam ent o.

Data e as Circunstâncias

É claro que P a u lo não tinha vis itado esta


cidade antes de enviar -lhe s esta carta (Rm L 8 - 1 5 ;
15.22-24,28,29), que foi escrita pelo apóst ol o dura nte a
sua terceira viagem mis sion ária, quan do se a ch av a em
Corinto. D ur a nt e sua p e rm a nên c ia na M ac e dô nia , Paulo
escreveu duas cartas à Igreja de C ori nto (Grécia), nas
quais lhe falou a respeito da prepa raç ão de u m a oferta
para os ne ce s sit a dos em Je ru sa lé m ( I C o 16.1,2; 2Co 8
e 9). E m Atos 20.2,3 vemos que o ap óstolo, depois de
recolher as ofertas das igrejas sediadas na M ac e dôni a,
desceu à Gré cia onde ficou três meses. Em R om a nos
15.25-28 vemos que Paulo tinha levan tad o a oferta em
Co rinto e está pronto para levá-la a J e r u sa lé m que,
tendo d e se m p e n h ad o esta missão, p e n sa v a ir a R o m a
(At 19.21; Rm 1.8-15). T a m b é m e vi den c ia a ve rdade o
fato de que a po rta dor a da carta aos R o m a n o s foi Febe,
de Cencréia, porto de Corinto. Por tan to , crem os que
Paulo escreveu esta Ep í st o la estand o em Corinto,
durante a sua terceira viagem m is si onária, lá pelo ano
57 d.C.
M uit o se tem discu ti do a qu est ão a respeito
de quem teria sido o fu n d a d o r da Igreja Cristã na
cidade de Roma. Talvez não tenha im port ân ci a, mas é
quase impos sí vel crer-se que tivesse sido algum
apóstolo, muito menos, Pedro, que p e rm a ne c e u em

18
J erusa lé m pelo m e nos até o ano 49, o qual c o n c o r d o u
em ir para os ju d e u s , e que Paulo fosse para os ge ntios
(G1 2.7-9). É pro vá vel , ainda, em face de R o m a n o s
16.5,14,15, que os irmãos crentes que e s ta v a m em
Ro ma n ã o . e s ti v e s s e m organiz ado s em um a só igreja
ainda, quan do Pa ulo escreveu esta carta, ta lvez de vid o
ao fato de que n e n h u m apóstolo os tivesse visitado.
Pa ulo chegou a Corinto (At 20.2,3) de pois de
ter pa ssa do dois anos em Efeso d is cu ti ndo d ia ri a m e nte
na escola do mest re T i r a n o 1 (At 19.9,10). Não se
m e nc io na o n ú m e ro de horas que Paulo falava c ad a dia,
por ém é prová ve l que o apóstolo te rm in a s se o seu
minist ério em Éfes o com a sua teo logia o rg a n iz a d a em
sua mente. Ao m e sm o tempo en te n d e ri a m e l h o r as
ne ce ssi da de s e spi ri tua is dos gentios e o m o d o mais
claro e eficaz de ap resentar-lhes a verdade. Não é de
estranhar, então, que ele pensasse nas c o n d iç õ e s do
grande n ú m e ro de crentes que e st a v a m em R om a , e o
Espíri to Santo lhe fez ver a im p o r tâ n c ia de que todos
fos se m c o rr e ta m e n te ins truídos na doutr in a ve rd ad eir a
do E va nge lho . M e lh o r era lançar um fu n d a m e n to
sólido, o mais d e p re ss a possível, antes que as heresias
c he ga s se m a le van ta r suas cabeças entre os irmãos.

Propósito

Paul o escreveu esta carta a fim de p r e p a r a r o


c am in ho para a obra que ele esperava re a li za r em R o m a
e na sua missã o previs ta para a Espanha.
Seu p ro pós ito era duplo:
1. Seg undo parece, os ro m a n o s tinham
ouvido boatos falsos a respeito da m e ns a ge m e da
teolog ia de Paulo (Rm 3.8; 6.1,2,15); daí ele achar

1 S upõe-s e que ele era gentio e mestre em filosofia.

19
necessário regis tra r por escrito o e van ge lho que j á
pre gava há vinte e cinco anos.
2. Que ria co rrigir certos problem as da igreja,
causados por atitudes erradas dos jud e us para com os
gentios (Rm 2.1-29; 3.1,9), e dos gentios para c om os
ju d e u s (Rm 11.11-32).

Visão Panorâmica

D o u t r i n a r i a m ente, R o manos é o m a io r livro


já_escrito. É o c o r a ç ão e a alma da r e v e la ç ã o de Deus
ao p ovo desta época. Tod o o co njunto da ve rdade da
redenção, c ha m a do na E s c rit ura “o E v a n g e l h o ” , Está
aqui detalhado. A mais c o m p leta his tória d a
ne cessidade, do remédio e dos resul tad os da morte de
Cristo, e nc ont ra-s e em R om an os. O p e n sa m e n to chave
é a ju s ti ç a de Deus. A prog ressã o da verdade vai da
c om pl et a c on den a ç ão até a integral e j u s t a glorificação.
O tema de R oma nos está em 1.16,17, a saber:
que no Se nho r Jesus a j u s ti ç a de Deus é re ve lad a como
a solução à sua j u s t a ira contra o pecado. A seguir,
Paulo expõ e as verdades fu nda me nta is do evangelho.
P r i m e i r o , destac a o fato de que o pro ble ma do pecado e
a nece ssi da de hu ma na da ju s tif ic a çã o são universais
(Rm 1. 18-3. 20). Posto que tanto os ju d e u s quanto os
gentios estão sujeitos ao pecado e, portanto, sob a ira
de Deus, nin gu ém pode ser ju s ti fi c a d o diante d ’Ele à
parte do dom da j u s ti ç a (Rm 3.24) me dia nte a fé em
Jesus Cristo (Rm 3 .2 1 -4 .2 5 ) .
• Sendo ju s ti fi c a d o ge ner os a m e nte pela graça de Deus,
e tendo recebido a certeza da salvação (capítulo 5);
• O crente de mo nst ra que recebeu o dom divino da
ju st ifi ca ção , ao mor rer com Cristo para o pecado
(capítulo 6);
• É liberto da luta com a j u s ti ç a da lei (capítulo 7);

20
• É adotado c o m o filho de Deus, rec eb e ndo nova vida
segundo o Esp íri to, o que o c ond uz à g lo ri fic ação
(Rm 8.18-30).
• Deus está le va nd o a efeito o seu plano da rede nçã o,
a despeito da in c re d u li d a d e de Israel (Rm 9-11).
Fi n a lm e n te , Paulo declara que um a vida
tr a ns fo rm a da em Cristo resulta na prática da re tid ã o e
do am or em todos os aspectos da vida social, civil e
moral da pe sso a (Rm 12 -1 4). Paulo te rm in a R o m a n o s
e xpondo seus pla nos pe ssoa is (capítulo 15), uma longa
lista de saud aç ões pess oa is, uma últ im a a d m o e s ta ç ã o e
uma d o x o l o g i a 1 (ca pít ulo 16).

Romanos em Síntese

• A Pe s so a do E va nge lho : Cristo


• O pode r do Ev a ng e lh o: P ode r de Deus
• O pro pósi to do E va nge lho : Para a salvação
• As pessoas a qu em se destinam: de todo aquele
• O plano de aceitação: A que le que crê
• O plano de vida: O ju s t o viverá por fé

Divisões Principais

R o m a n o s é a alma da c o e r ê n c i a 2.
1 Começa
com c ond en a ç ão , e pro s se gu e através da salvação,
ju s tif ic a çã o, s an ti fic ação (e depois uma secção a
respeito da ve rdade dis pen sa cio na l, co n ci l ia n d o as
prome ssa s de Deus a Israel com as pro m e s sa s de Deus
à Igreja), te r m in a ndo com glorificação.

1 Fórmula litúrgica de louvor a Deus, ger almente ritmada.


2 Ligação ou harmoni a entre situações, ac onteci ment os ou idéias;
relação harmôni ca; conexão, nexo, lógica.

21
Características Especiais

Sete destaqu es principais car ac te riz am


Romanos:
1. R oma no s é a mais s is te m á tic a ep ísto la de Paulo; a
epístola teológi ca por e x cel ên cia do No vo
Tes tamento.
2. Paulo escreve num estilo de pergunta e respo sta, ou
de diálogo (Rm 3.1,4-6,9,31).
3. Paulo usa am p la m en te o Antigo T e s ta m en to co mo a
au toridade bíblica na aprese nta ção da ve rdadeira
na tureza do evangelho.
4. Paulo apre sen ta “ a j u s ti ç a de D e u s ” co mo a
revelação fu nd a m e nta l do evange lho (Rm 1.16,17);
Deus restaura e orde na a situação do h o m e m em
Jesus Cristo e através d ’Ele.
5. Paulo foc al iza a na tu re za dupla do pecado, bem
como a pro visão de Deus em Cristo para cada
aspecto: O pecado co mo uma tr a n s g r e s s ã o 1 pessoal
(Rm 1.1-5.11) e o peca do com o um prin cí pio ou lei
(gr. he h a m a rtia ), isto é, a ten dên c ia natural e
in e re nte 21 para pecar, exi st ent e no coração de toda
pessoa, desd e a que da de Adão (Rm 5.12-8.39).
6. O capítulo 8 é o mais longo da Bíb lia sobre a obra
do Espíri to Santo na vida do crente.
7. R om a no s contém o estudo mais prof und o da Bíblia
sobre a rejeição de Cristo pelos ju d e u s (excet ua ndo-
se um rem a ne sc en te ), bem como sobre o plano
div in o- rede nt or para todos, alcanç and o por fim
Israel (Rm 9 - 1 1 ) .

1 Ato ou efeito de transgredir; infração, violação.


2 Que está por natureza i ns epar avel ment e ligado a alguma coisa
ou pessoa

22
Cristo Revelado

A e p ís to la inteira é a hist óri a do p la no de


redenção de D eu s em Cristo: a ne ce s si da de dele (Rm
1.18-3.20), a d esc riç ão de ta lh ad a da obra de C ris to e
suas impl ic açõ es para os cristãos (Rm 3.2 1 -1 1 .3 6 ) e
aplicação do e v a ng e lh o de Cristo à vida c oti d ia n a (Rm
12.1-16.27).
Mais e s p e c if ic am e nte , Jes us Cristo é o nos so
Salvador, que obe d ec e u p e rfe ita me nte a De us c o m o
nosso re pr ese nta nte (R m 5.18-19) e que m or r eu co mo
nosso sacrifício s ubsti tu to (Rm 3.25; 5.6,8). É nele que
de vem os ter fé para a salvação (Rm 1.16-17; 3.22;
10.9-10). Através de Cristo temos muita s b ê n ç ãos:
r e c o n c il ia ç ão co m D e us (Rm 5.11); justi ça e vida
eterna (Rm 5.18-21); iden tif ic açã o co m ele em sua
morte, s ep ult am e nt o e ressur reiçã o (Rm 6.3-5); esta r
vivos para Deus (Rm 6.11); livres de c o n d e n a ç ã o (Rm
8.1); herança eterna (Rm 8.17); s ofri me nto c om ele
(Rm 8.17); ser glo ri fic ado s com ele (Rm 8.17); tornar-
se com o eles (Rm 8.29); e_o fato de que ele ora po r nós
m e sm o agora (Rm 8.34). Na verdade, toda a vida cristã
parece ser vivida através dele: oração (Rm 1.8),
regozijo (Rm 5.11), e xor ta çã o (Rm 15.30), gl or i fi c ar a
Deus (Rm 16.27) e, em geral, viver para D e us e
obe dec er-lh e (Rm 6.1 1-1 4; 13-14).

23
Autor: O Ap ós to lo Paulo
Data: Cerca de 49 d.C.
Carta aos Tema: Salva ção Pela Gra ça M ed ia nte
Gálatas a
Palavra s- Cha ve : Graça, e vang el ho, fé,
ju stificado , prom essa , liberdade, lei
V ersí culo-chave: G1 5.1

A e p í s t o l a aos G á l atas f o i_escrita p a ra salva r


o c ris tia nis mo do le galismo jud a i c o . Ap esa r de ser uma
das mais breves epístolas do ap óstolo Paulo, tem
exercid o grande influên cia na vida da Igreja. Seu
ass unto co nt in ua atual, pois em q ua lq ue r é poca há
sempre o risco de alguém, ou de um segme nto da Igreja
se inc linar para o le galismo religioso.
O assunto principal de Gálatas é o m esm o
debatido e resolv ido em Je ru sa lé m (c. de 49 d.C.; cf.
At 15). Tal assunto implica uma dupla pergunta:
• A fé em Jesus Cristo com o Senhor e S a lv a dor é o
requisito único para a salvação?
• É neces sár io obe dec er a certas práticas e leis
ju d a ic as do Antigo T e s ta m en to para se obter a
salvação em Cristo?
Talvez Paulo haja escrito Gá latas antes da
co ntr ové rs ia da lei, na A sse mb lé ia de Je ru sa lé m (At
15), e antes de a igreja c o m u n ic a r a sua posiçã o final.
Se assim foi, então Gálatas é a prim eir a ep ístola que
Paulo escreveu.

Destinatários

Paulo escreveu esta ep ísto la (G1 1.1; 5.2;


6.11) “ às igrejas da G a l á c i a ” (G1 1.2). As autoridades
no assunto declaram que os gálatas era m gauleses

24
oriun dos do N or te da G a lá c ia e que, mais tarde, parte
deles emigrou para o Sul da Eur opa, de cujo te rr it óri o a
Fr an ç a de hoje faz parte. E muito mais prová ve l que
Paulo haja escrito esta e pís to la às igrejas do Sul da
p ro vín c ia da G a lá c ia (A nt io qui a da Pisídia, Icônio,
Listra, Derbe), onde ele e B ar nab é e v a n g e li z a r a m e
e sta be lec eram igrejas dura nte sua prim eir a via gem
m is si oná ri a (At 13,14).

Autor

A ind a que por duas vezes a me sm a carta diga


que Paulo é o e sc rit or (G1 1.1; 5.2), o m esm o esti lo da
carta, seus e n s in a m e n to s a respeito da Lei, e
espe c ia lm en te o que diz de Pedro “ resisti-lhe face a
fa c e ” (G1 2.11), j u n t a m e n t e com a sua c onte n ç ã o de
que os demais a pósto lo s não lhe dera m nada, mas sim
que sua c om is são veio de Deus (G1 1.16,17; 2.6); tudo
prov a que s om ent e Pa ulo pode ser o autor. O apóst ol o
aos gentios é o único que falaria dos ju d e u s , da lei, e
da graça, com a p r o f u n d e z a de e nte n d i m e n to e a
cert eza que ele o faz. A e vid ên ci a interna desta
Ep ís to la é c o n c l u d e n t e 1 a favor de que Paulo seja seu
autor humano.
Desde os dias de Pol ic arpo em diante o livro
tem sido citado pelos “P a i s ” . M arción é o prim ei ro que
cita por nome esta carta, c olo ca nd o-a em prim ei ro
lugar nos escritos de Paulo. Quase todos os escri tor es
antigos, desde o s eg undo século em diante, c it a v a m - n a
e se en contra nas ve rsões latinas, siríacas e o Cânon
Muratori.
Na an tig uid a de nem suspeita ex istiu da
au tenticidade, de que a carta fosse de Paulo, e é difícil

1 Que conclui, ou merece fé; t erminante, categórico.

25
imagin ar-s e que outra pe sso a pudesse ter falsificado
tão faci lm en te e sem m otiv o aparente, em é poca
posterior, tal docu men to.
C om o disse Lightfoot: “ Cada sentença
gramatical reflete tão p e rfe ita me nte a vida e o car áter
do apóstolo aos gentios, que nin gué m tem duvid ad o de
que seja g e n u í n o ” .
A ma ioria das cartas de Paulo foi escrita por
seus a m a n u e n s e s 1 ou escribas. C om o a situação das
igrejas da Galác ia era crítica, estava em j o g o não só a
fé desses irmãos e n e m apenas a a uto rid ad e ap ostólica
de Paulo, mas pri nc ip a lm e nte o futuro do cristianismo.
Ele m esm o escreveu de seu próprio pun h o (G1 6.11),
pois não queria deix ar m arge m para os gálatas
du vi da re m da autent icida de da carta.

Data

Tem havido mu ita co nt ro vérsi a quanto à data


e de stinatá rio dessa epístola. Há três pos síve is datas,
mas todas elas têm os seus “ s en õe s 2”1 - 49,53 e 56 d.C.
A seq üência de evento s é a seguinte: p rim eir a viagem
missionária, em seguid a foi escrita a ep ístola aos
Gálatas, depois ocorreu o concílio de Je ru sa lé m e
segue-se a seg unda viagem. Isso nos dá subsídios para
datá-la por volta de 49 d.C., e escrita da região entre
A nt io qu ia da Síria e Jer usalém.
A data mais provável da carta situa-se logo
após o regresso de Paulo à igreja que o enviou -
A nt io qu ia da Síria, e pouco antes do C onc íl io de
J er usa lé m (At 15).

1 Escrevente, copista.
2 De outro modo; do cont rári o; aliás. Mas sim; e sim; mas,
porém.

26
Propósito

Paulo to m ou c o n h e c im e n to de que cer tos


mestres ju d a ic o s est a va m inq uie ta ndo seus no vos
co nve rt ido s na Galácia, im po n d o - lh es a circ un ci sã o e o
j u g o da lei mo sai ca c o m o requisitos ne ce s sá ri os à
salvação e ao ingresso na igreja. Ao saber disso, P a u lo
escreveu:
• Pa ra de m on st ra r c ab a lm e n te que as ex igências da lei,
co mo a c irc unc is ão do velho concerto, nada te m a
ver com a operaçã o da graça de Deus em Cristo para
a salvação sob o novo con cer to;
• Para reaf irma r c la r a m e n te que o crente recebe o
Es pírito Santo e c om Ele a no va vida esp iritual por
me io da fé no Se n h o r J esu s Cristo e não por me io da
lei do Antigo Te s ta m en to .

Características Especiais

Quatro fatos si ngulares c ar ac te ri z am esta


epístola:
1. É a defesa mais v e em e nt e no Nov o T e s ta m e n to da
nat ure za do ev angelho. Seu tom é enérgico, int en so e
urgente, uma vez que Paulo lida com opon e nte s em
erro (G1 1.8,9; 5.12), e n qua nt o repreende os gálatas
por se deix arem il udi r tão faci lm en te (G1 1.6; 3.1;
4.19,20);
2. Qua nto ao n úm e ro de referê ncia s au tob iog ráfic as,
Gá latas é sup erada s om en te por 2Coríntios;
3. Esta é a única e pí st ola de Paulo em que ele
e x p li c ita m en te se dirige a várias igrejas (ver, no
entanto, a in tr oduçã o a Efésios);
4. C on té m a descrição do fruto do Espírito (G1 5.22,23)
e a lista mais c o m p le ta do N ovo T e s ta m e n to das
obras da carne (G1 5.19-21).

27
Cristo Revelado

Paulo ensina que Jesus co loca aqueles que


têm fé nele (G1 2.16; 3.26) em uma posi ção de
liberd ade (G1 2.4; 5.1), lib ertando-os da servidão ao
leg alism o e à l i b e r t i n a g e m 1. A principal ênfa se do
apóstolo está na crucificação de Cristo com o base para
a libertação do crente da ma ldi ção do pecado (G1 1.4;
6.14), do próp rio eu (G1 2.20; ver 5.24) e da lei (G1
3.12; 4.5). Paulo ta m b é m descreve uma d in âm ic a união
de fé com Cristo (G1 2.20). V is iv el m en te re tra ta da no
ba tismo (G1 3.27), que relaciona todos os crentes com o
irmãos e irmãs (G1 3.28). Em relação à p e ss oa de
Cristo, Paulo declara tanto sua divi nda de (G1 1.1,3,16)
qua nto sua hum a nid a de (G1 3.16; 4.4). Jesus é a
substâ nc ia do evang elh o (G1 1.7), que ele próprio
revel ou a Paul o (G1 1.12).

1 Devassi dão, d esr egramento, l icenciosidade, crápula.

I
28
Q uestionário

• Ass ina le com “X ” as alternat iva s corretas

1. E a ep ísto la de Paulo mais longa, mais te oló gi c a e


mais influente
a ) | I l C o rí n ti o s
b ) |_I Gálatas
c ) | I Efésios
d) 0 R oma nos

2. É errado afirmar
a ) R | Paulo diz que Gá latas é a Reve la ção da J u s ti ç a
de Deus
b ) H D o u tr in a ri a m e nte , R o m a n o s é o ma ior livro j á
escrito
c ) fcl R oma nos é o co ra çã o e a alma da reve laç ão de
Deus ao povo desta é poca
dm A mais c o m p le ta hist óri a da neces sida de , do
remédio e dos re s ul ta do s da morte de Cristo,
e nc ont ra-s e em R o m a n o s

3. A ep ísto la aos Gál ata s foi escrita para s alv ar o


c ri st ia nis mo
a ) |_| Do le galismo R o m a n o s
b ) | I j D o le galismo ge ntio
c) 0 . D o le galismo ju d a i c o
d ) |_| Do le galismo grego

« M ar qu e “C ” para C erto e “E ” para Errado


4 . |g] E claro que Paulo tinha visitado a cidade de R o m a
antes de en viar-lhes a carta aos Ro ma nos
5 . [f 1 R oma no s co nté m a descriç ão do fruto do E sp íri to
e a lista mais c om p le ta do Novo T e s ta m en to das
obras da carne

29
Autor: O Apó st olo Paulo
Data: C erca de 62 d.C.
Carta aos Tema: Cristo e Sua Igreja
Efésios Pala vra s- Cha ve : Glória, corpo,
lugares celestes
V e rsí cu lo -c ha ve : Ef 1.3

Esta e pís to la de sta ca- se pela unive rs ali dad e


do seu conteúdo, não só à igreja em Efeso, mas a todas
as igrejas sob a liderança de Paulo, bem co m o a toda a
Igreja de Deus em todo o mu ndo e em todos os tempos.
O caráter universal dess a ep ístola é pe rc eb id o pelo
PLúúo_da salvação p r o p o s to por Deus desde a f u n d a g ão
do m u n do e que alca nç a a toda cria tur a hum an a,
ind ep en de nt e de raca, cor ou nação. Esse pla no não
d is crim in a ju d e u n e m gentio, mas co loca todos debaix o
da graça imensuráv el de Deus em Cristo Jesus.
Efésios é um dos picos el evados da revelaç ão
bíblica, oc upa ndo lugar único entre as Ep ís to la s de
Paulo. Ela não foi e la b o r a d a no árduo trab al ho da
b i g o r n a 1 da c on tro vé rs ia doutr in ári a ou dos pro ble ma s
pa storais (como muita s outras epístolas de Paulo). Ao
contrário, Efésios tr a ns m it e a impr ess ão de um rico
tra ns bo rd a r de revelação divina, bro ta ndo da vida de
oração de Paulo. Ele e s c r e v eu a c a r ta qua ndo e s t a va
p r i s i o neiro p or am or a Cristo (Ef 3.1; 4.1; 6.20),
prov a ve lm en te em Roma. Efésios tem muit a afinid ade
com Coí oss en ses , e talvez tenh a sido escrita logo após
esta. As duas cartas pod e m ter sido levadas
s im ul ta ne a m e nt e ao seu de stino por um c o o p e r a d o r de
Paulo ch ama do Tí qui co (Ef 6.21; cf. Cl 4.7).

1 Peça de f e n o , com o cor po central quadr angul ar e as


ext remidades em ponta ci lí ndri ca, cônica ou piramidal, s obre a
qual se malham e amol dam metais; incude.

30
É cren ça geral que Pa ulo escreveu Ef ési os
ta m b é m para outras igrejas da região, e não ap ena s a
Efeso. P os s iv el m en te ele a escreveu com o carta
c irc ula r às igrejas de toda a p ro vín c ia da Ásia.

Autor

Duas vezes na E p ís to la se diz que foi Paulo


qu em a e scr ev eu (Ef 1.1; 3.1). T a m b é m po d e re m o s
fazer a pergunta: Que m, além de Paulo, po de ria ter
escrito uma carta tão p r o f u n d a na doutrina cristã?
P or ven tu r a algum outro dos apó stol os teria e scr ito o
cap ítulo dois, versí cul os onze a vinte e dois, c o lo c a n d o
os gentios em pé de ig ua lda de com os ju de us, alega ndo
que não há difere nç a? E quem , senão Paulo, foi preso
por causa dos gen tios? O ve rsículo dois do c apí tu lo
terceiro afirma que o e sc rit or recebeu de D eu s a
a dm in is tra ção ou m ini st ério do Ev a nge lh o entre os
gentios, coisa que só Paulo podi a alegar (Ef 3.1-13). O
estilo da carta é o de Paulo, sendo e sp e c ia lm en te
s em el ha nt e à Ep ís to la aos Col oss en ses . Pr im e ir a m en te
expõ e as verdades doutr in ári as, co mo é c o st u m e de
Paulo.
A ev id ên c ia e xte r na é a m e lh o r possível. E
citados por C le m en te de Roma, Inácio, Polica rpo ,
Her me s, Cl e m en te de A le xa nd ri a, Te rtuliano, Irineu,
H ipó lit o e outros. N e n h u m deles teve dú vid as a
respeito da a ute nt icid ad e da E p ís to la e de que Paulo
fosse seu autor. Até o próprio Mar ció n a inclui entre as
epíst olas de Paulo, mas diz que foi escrita à igreja de
Laodicéia, em vez de a de Efeso. Com o em alguns dos
manu scr itos antigos não ap ar ec em no texto do prim eiro
ve rsículo as palavras “Em É f e s o ” alguns ins istem em
que esta tem de ser a E p ís to la de Paulo aos de
L a od ic éi a m e nc i on ad a em C olos se nse s 4.16. Outros

31
afir ma m que é antes uma carta particular. A tradiç ão e
a ma ior ia dos ma nusc rit os diz em que foi a e n v ia d a a
Éfeso, mas o que im por ta é que foi e é insp irad a pelo
Espírito de Deu s, e é para nós hoje a p ró pr ia Pa la vra de
Deus.
Quan do Paulo escreveu a ep íst ola aos
Efésios, e sta va preso em Roma, de onde a en vio u
àquela igreja através de Tíqu ico, por quem, ta m bé m ,
enviou as cartas a F il e m o m e à igreja de Co lo sso s,
p ro va ve lm en te entre 60 e 62 d.C.

Data e Circunstâncias

Vê-se em E fési os 3.1; 4.1 e 6.20 que Paulo


e sta va na prisão, em cadeia s, quando escreveu a carta.
Da história de sua vida no livro dos Atos dos
Ap ósto los, c al cu la mo s que esta Ep ís to la foi escrita
cerca do ano 60 ou 62 a.C. A s e m e lh a nça do seu
co nte údo com a de Co lo ss e nse s e o fato de que Tí quic o
foi o po rta dor da carta (Ef 6.21,22), co mo tam bé m a
dos C ol oss en ses (Cl 4.7,8), fazem -n os crer que foram
escritas na me sm a época. É provável que O n é si m o, que
ac om pa nh ou a Tí quic o (Cl 4.9) levasse a carta de Paulo
a F il em om nessa m e sm a época.
Em sua seg und a viagem mis si oná ri a, Paulo
ficou em Éfeso pouc os dias, pro me te ndo voltar (At
18.19-21). D e ix o u Priscila e Áquila na cidade, ao pa sso
que ele seguiu para J e r u sa lé m e An tioquia. Antes que
Paulo regressasse, Apo io chegou a Éfeso e teve um
ministé rio ali (At 18.18,19,24-28). Em sua terceira
viagem, Paulo ficou em Éfes o cerca de três anos,
realizan do o m e lh o r m ini st ério de toda a sua longa
carreira (At 19.1-20). Nos três primeiros meses pre gava
na sinagoga, mas a opos içã o obrigou-o a afastar-se e se
estab el ece u em uma escola, onde “ falou o u s a d a m e n t e ”

32
dura nte dois anos. Não é est ranho, então, que a igreja
de Éfeso pu de sse re ceb er e e n te n d e r uma car ta tão
esp ir itu a lm en te pro fu nda c o m o esta. Dura nte os anos
do minist ério pessoal do ap óstolo, os novos crentes
a pr ofu nd a ra m -s e em seus c o n h ec im e n to s bíblicos e do
E va nge lho ; es ta va m em c o ndi çõ e s de apre cia rem estes
en si na m e nt os , e Paulo bem o sabia.
Não há na carta referências a pro ble m a s
especiais co mo os m e n c i o n a d o s nas cartas aos
Co ríntios e aos Gálatas. Por que, então, foi esc rit a?
Não há quase dúvid a de que ex ist iu um p ro ble m a sério
em Co lossos, e Paulo, p re pa ra ndo a viagem de Tí q u ic o
para que levasse a E p ís to la aos C olo ss e ns e s , e
en vi an do a O n é si m o de volta para Fi le mo m c om sua
carta de r e c om en da ç ão , quis e sc re ver esta carta aos
efésios (ou c ar ta -c ir cu la r para todas as igrejas da Ásia,
se ass im o de sej armo s) . E pos sív el que Paulo tivesse
tido novas revel açõ es durante as suas prisões, e o
Espí ri to Santo de sej av a que Paulo deix ass e por escrito
estas verdades. U m a m e nte com o a de Paulo,
m e di ta nd o longas horas, mês após mês, no sign ificado
da morte, ressu rr eiç ão e e n tr o n iz aç ã o do Senhor Jesus
Cristo, sem dúv ida seria guia da pelo Es pírito a novos
passos e c o n h ec im e n to s de ve rdades espirituais, com o
de duç õe s lógicas do que j á conhecia. A e x p e r iê n c ia da
m at ur id ad e e a apl ic ação no estudo mais ass ídu o do
Velho T e s ta m en to (2Tm 4.13) tam bé m c o n tr ib u ír a m
para que Paulo tivesse verdad es novas para tra ns m it ir
aos efésios, e aprouve a Deus que as deix ass e em fo rm a
pe rm a ne nte para que nós, as gerações vindouras, nos
ap ro ve itá s s em os ta m b é m delas. Não obstante, livremo-
nos da idéia de que esta Ep ís to la cria uma nova
disp ens açã o, de modo que só ela e as Epíst ola s escritas
depois por Paulo, sejam para nós, at ualmente, em vez
de todo o No vo T e s ta m en to . Graças ao Pai Celestial,

33
que por Seu Es píri to Santo impeliu o grande apóstolo
aos gentios a e sc rever esta Epístola.
Não só devia pre veni-los co ntra o erro que
entrou em Co lossos, e o outro que tra nst orn ou os
gálatas, mas ta m b é m os fez me re ce r a a d m oe s ta çã o do
Se n h o r Jesus em A po cal ip se 2.4,5.
É c o n si d e ra d a u m a das “cartas da p r i s ã o ”
po rqu e as escreveu e n qua nt o estava preso em Roma. Na
pr im av e ra de 63 d.C., p r ova ve lm en te , foi liberto.

Propósito

O propó si to im e dia to de Paulo ao es c re ver


Efésios está imp lícito em Efésios 1.15-17. E m oração,
ele anseia que seus leitores c resçam na fé, no amor, na
sabedoria e na reve laç ão do Pai da glória. A lm e ja
p r of un da m e nt e que viva m uma vida digna do Se nhor
Jesus Cristo (Ef 4.1-3; 5.1,2). Paulo, portanto, procura
fortale cer -lhes a fé e os alicerces espirituais ao revelar
a ple nit ude do pro pó si to eterno de Deus na rede nçã o
“em C r is to ” (Ef 1.3-14; 3.10-12) à igreja (Ef 1.22,23;
2.11-22; 3.21; 4.11-16; 5.25-27) e a cada cre nte (Ef
1.15-21; 2.1-10; 3.16-20; 4.1-3 ,1 7- 32; 5.1-6.20).

Visão Panorâmica

Há dois tem as fu nd am en tai s no N ovo


Tes tamento:
• C om o somos redim id os por Deus;
• C om o nós, os re dim id os , devem os viver.
Os capít ulos 1-3 de Efésios tratam
prin c ip a lm e nte do pri m eir o desses temas, ao pa sso que
os capítulos 4-6 foc a liz a m o segundo.
Os capítulos 1-3 co m eç a m por um parágrafo
de abertura que é um dos trechos mais p ro fu ndos da

34
B íb lia (Ef 1.3-14). Esse gra nd io s o hino sobre re de nçã o
t r i b u t a 1 louvores ao Pai pela eleição, p r e de st in a ç ão e
ad oçã o que Ele nos p r opi c io u (Ef 1.3-6), por n os sa
re de nçã o m ed ia nt e o sangue do Filho (E f 1.7-12) e pelo
Espírito, com o selo e gara ntia da nos sa he rança (Ef
1.13,14).
N esses capít ulo s, Paulo ressalta que na
re de nçã o pela graça m e di a nte a fé, D eu s nos re c o n ci li a
co nsi go mesm o (E f 2.1-10) e com outros que estão
sendo salvos (Ef 2.11-15), e, em Cristo, nos une em um
só corpo, a igreja (Ef 2.16-22). O alvo da re de nçã o é
“torna r a c on gre ga r em Cristo todas as coisas... tan to as
que estão nos céus co mo as que estão na te r r a ” (Ef
1 . 10 ).
Os cap ít ulo s 4-6 c ons is te m mais de
ins truções práticas para a igreja no tocante aos
requis itos que a re den ção em Cristo de m a n d a de n os sa
vida individual e coletiva. Entre as 35 diretrizes dadas
em Efésios, sobre co mo os redim ido s de vem viver,
d e sta cam -s e três catego ria s gerais.
1. Os crentes são ch am a dos a uma nova vida de p ure z a
e separação do mundo. São ch am a dos a serem
“ santos e ir r epr een sí vei s diante d e l e ” (Ef 1.4), a
cre scer “para te mp lo santo no S e n h o r ” (Ef 2.21), a
an dar “c omo é d ig no da vocação com que fostes
c h a m a d o s ” (Ef 4.1), a “ varão p e rf e it o ” (E f 4.13), a
viver “em verdad eir a j u s t i ç a e s a n ti d a d e ” (Ef 4.24),
a andar “em a m o r ” (Ef 5.2; cf. 3.17-19) e a serem
santos “pela P a l a v r a ” (Ef 5.26), a fim de que Cristo
tenha uma “ igreja gloriosa, sem m á c u l a 2, 1 nem ruga...
santa e i rr e p r e e n s í v e l” (Ef 5.27).
2. O crente é c ha m a do a um novo mo do de viver nos
rela ci on a m e nto s familiares e vocaci onai s (Ef 5.22-

1 Prest ar ou dedi car a (alguém ou algo), como tributo.


2 Nódoa, mancha.

35
6.9). Esses re la c io n a m e n to s devem ser regidos por
pri ncípios de c ondut a que dis tin ga m o cre nte da
so ciedade descrente à sua volta.
3. F in a lm e nt e , o crente é c ha m a do a m a nte r-s e firme
co ntra as a s t u t a s 1 ci la das do diabo e as terríveis
“ hostes esp irituais da maldade, nos lugares
c e le s ti a is ” (Ef 6.10-20).

Cinco Características Especiais

1. A revelaç ão da grande verdade te oló gic a dos


capít ulos 1-3 é in te rr o m p id a por duas grandios as
orações apostólicas. Na primeira, o apóstolo pede
para os crentes sab ed ori a e rev e la ç ã o no
c on he c im e nto de D eu s (Ef 1.15-23); na segun da ,
roga que po s sa m c o n h e c e r o amor, o poder e a glória
de Deus (Ef 3.14-21).
2 . / “E m C r is to ” , uma e x p re ss ã o pa uli na de peso (106
I vezes nas epístolas de Paulo), sobressai gra n d e m en te
em Efésios (cerca de 36 vezes). “Toda bê nçã o
e sp ir it u a l” e todo ass unt o prático da vida r e l a c i o n a ­
s s e com o estar “ em C r i s t o ” .
3. Efésios salienta o pro pósi to e alvo eterno de D eu s
para a igreja.
4. Há um realce m u l t i f a c e t a d o 21 do papel do E sp íri to
Santo na vida cristã (Ef 1.13,14,17; 2.18; 3.5,16,20;
4.3,4,30; 5.18; 6.17,18).
5. Efésios é tida, às vezes, como ep ísto la g êm ea de
^ Co los se nse s, pelo fato de a pre sen ta rem de finidas
semelha nça s em seus co nteú dos e terem sido escritas
quase ao m esm o tempo.

1 Habil idade em enganar; lábia, solércia, manha, artimanha,


ardil. Finura, malícia, sagacidade.
2 Que tem muitas facetas; multiface.

36
Cristo Revelado

Ef és io s foi c h am a do de “Os Alpes do N o v o


T e s t a m e n t o ” , “ O Gran de Cânon da E s c r it u r a ” e “ O
Ápice Real das E p í s t o l a s ” , não s om en te por seu grande
tema, mas dev ido à maje stad e do Cris to revelad o aqui.
Cap ít ulo 1: Ele é o R e d e n to r (Ef 1.7), aquele em q u e m
e por q u e m a história será defin it iv a m e n te
c on su m a d a (Ef 1.10); e Ele é o Se n h o r r e s su s ci ta do
que não apenas re ssu sci tou dos mo rt os e do inferno,
mas que rein a co mo rei, de rra ma ndo sua vida através
de seu corpo, a Igreja - a e xpressã o atual dele
m esm o na terra (Ef 1.15-23).
Capí tulo 2: Ele é o p a c if ic a d or que re c onci li ou o
ho m e m com De us e que ta mbé m torna possível a
rec onc ili açã o entre os home ns (Ef 2.11-18); e Ele é a
“principal pedra da e s q u i n a ” do novo temp lo, que
consiste de seu próp rio povo sendo habita do pelo
próprio Deus (Ef 2.19-22).
C apí tul o 3: E l e é o t e souro em que são e nco ntr ad a s as
riquezas ine scr utá ve is da vida (Ef 3.8); e Ele é o que
ha bita nos cora çõe s hum an os, g a ra ntin do-n os o am or
de Deus (Ef 3.17-19).
Capí tulo 4: Jesus é o d oa dor dos dons do m ini st ério à
sua Igreja (Ef 4.7-11); e Ele é o v e nc e dor que
acabou co m a c ap a c id ad e do inferno de m a nte r a
hu m a n id a d e c ati va (Ef 4.8-10).
Cap ít ulo 5: Ele é o marido m odelo, da ndo-s e sem
ego ísm o para rea lça r sua noiva - sua Igreja (Ef 5.25-
27,32).
Capí tulo 6: Ele é o S e n hor, po de ro so na batalha, o
recurso de força para seu povo en quan to eles se
arma m para a bat al ha espiritual (Ef 6.10).

37
Questionário

• Assina le com “X ” as al te rnativas corretas

6. É pe rcebi do pelo pla no da salvação pro post o por


Deus desde a fu nda ção do mundo
a ) | ! O caráter universal da epístola aos R om a nos
b ) | | O caráter univ ersal da epístola aos Gálatas
C)I2 L0 caráter uni ve rs al da epístola aos Efésios
d)|_J O caráter univ ersal da epístola aos Heb reus

7. Efésios tem muita afinida de com


a ) l I Ro ma nos
b ) |_| Gálatas
c ) l | Filipenses
d ) 0 Col oss en ses

8. Quan do Paulo esc re veu a ep ístola aos Efésios, estava


preso em de onde a enviou àq uela igreja
através de
a ) | I Roma, Ti m óte o
b ) 0 - R o m a , Tíq uic o
c ) |_| Jer usa lém, T i m ó te o
d ) |_| Jeru sal ém , Tito

M ar qu e “ C ” para C erto e “E ” para Errado

9Xf ] Em C ri s to ” , uma ex pr e ssã o paulina de peso (106


vezes nas epístolas de Paulo), sobressai gra n d e m en te
em Gálatas (cerca de 36 vezes)
10.\&\ Efésios sal ienta o propó si to e alvo et erno de
Deus para os j ud e us

38
Lição 2____________________
Cartas de Paulo: IC oríntios e
2C oríntios

Autor: O Ap ós to lo Paulo
Data: 55/56 d.C.
Primeira Tema: P r ob le m as da Igreja e Suas
Carta aos Soluçõ es
Pa la vra s- Ch a ve : A cruz, peca dos
Coríntios
sexuais, dons esp iritua is, amor, a
ressur reiçã o
V e rs íc ulo s- ch ave : I C o 13.1; 14.33a

Q Corin to, u m a ci dade antiga da Grécia, era,


em mui tos asp ec tos , a metróp ole grega de m a io r
destaque nos te mp os de Paulo. Assim co m o muita s das
cidades pró sp eras do mu ndo de hoje, C ori nto era
in te le ct ua lm e nt e arrogante, m a te ri a lm en te pró s p e ra e
m or a lm e nt e corrupta. O pecado, em todas as suas
formas, g r a s s a v a 1 ness a ci dade de má fama, pe la sua
l i c e n c io s id a d e 2.
1
J u n ta m e n te com Priscila e A qui la ( I C o
16.19) e co m sua pró pri a equip e a pos tó li ca (At 18.5),
Paulo fundou a igreja em Corinto, durante seu
minist ério de dezo ito meses ali, na sua seg und a viagem

1 Desenvol ver-se; al astrar-se, propagar-se progr essi vament e.


2 Sensual, libidinoso; libertino.

39
missi oná ri a (At 18.1-17). A igreja era c o m p o s t a de
alguns ju d e u s , sendo sua ma ioria c onst it uíd a de gentios
conv ertido s do pa gan is mo . Dep ois da pa rtida de Paulo
de Corinto, surg iram vários prob le ma s na j o v e m igreja,
que re que rer am sua a uto rid ad e e doutr in a apost ól ica ,
por carta e visitas pessoais.

Autor

A aut ent icida de de IC o rí n t io s n u n c a foi


ser iamen te desafiada. Em estilo, lin guag em e filosofia,
a ep ísto la pe rtence ao ap óstolo Paulo.
A própria í n d o l e 1 da carta é u m a pro va de
que Paulo é o autor huma no da me sma. No pri m eir o
capítulo diz ele que é Paulo, que ex erceu um longo
ministério entre eles, porém, que não bat iz ou muitas
pessoas ali. Fala da sua co nd uta e x e m p l a r e n qu an to
esteve em Corinto e ma nif est a uma c om p re e n s ã o de
seus pr obl em as e sua solução que só o apóst ol o dos
gentios poderia ter. A me lh or ex plic aç ão para se
j u s ti fi c a r a om issão do en sino doutr in ári o no co m eç o
da carta é que Paulo pregara em C ori nto por esp aç o de
quase dois anos, de m a nei ra que não havia ne ce s si da de
de que lhes escreves se sobre as verdad es f unda m e nta is
do Ev a ng e lh o ( I C o 1.1,12-17; 3.4,6,22; 16.21).
Os antigos “P a i s ” deram e vid ên c ia de sobra
quanto à sua aceitação deste livro co mo uma carta
escrita pelo apóstolo Paulo. Tem feito parte do cânon
desde o seu começo. C le m en te de R o m a c h am a -a
“Epí sto la do bendito apóst ol o P a u l o ” e C le m en te de
A le xa ndr ia fez mais de cem citações dela. Os cristãos e
os inimigos do C ri s tia nis m o ci ta ram -n a co mo Ep ís to la

1 Pro pen sã o natural; tendênci a caracterí st ica; temperament o.


Feitio, condi ção, caráter.

40
autên tica e sc ri ta por Paulo, o ap ósto lo aos gentios.
A pre se nt a e sta car ta mais ev id ên c ia e m seu favor do
que a m a io ri a dos escritos antigos, sem e x is t ir
co n tr o v é rs ia q u a n t o a este assunto.

Data e as Circunstâncias

E x i s te m vários motivos para a ce ita r-s e a


de cla ração de Pa ul o de que ele se a ch av a e m Éf es o
qua ndo e sc re ve u a Ep í st o la ( I C o 16.8,9). Seu
m ini st ério e x er ci d o em Éfeso durante três anos p ro v ê a
o p o rt un id ad e (At 19.8,10,21,22; 20.31). Não era co isa
fácil e sc reve r- se naq uele s dias, por é m de acor do c om
IC or ín t io s 5-9, Pa ul o j á tinha escrito a estes irm ãos ,
mas ig no ra m os c o m o se perdeu a m e n c i o n a d a carta.
Ao sair Pa ulo de Corinto, levou c o n s ig o a
Aq uil a e P r is c ila até Éfeso onde os de ix ou (At
18.18,19). E n q u a n to Paulo seguiu para J er u sa lé m ,
c he gou a É f e s o o eloq uen te o ra do r A poio , de '
Ale xan dr ia, até pregou co m muito poder, p o ré m não
c o nh ec ia senão o ba tis m o de João Batista. D e p o is de
ouvi-lo falar, P r is c ila e Áquila to m a r a m - n o e
e ns in a ra m -l he as dem ai s verdades a re s pei to do S e n h o r
Jesus e da vinda do Espírito Santo. D e pois A poio
passou por C ori nto onde pregou com tanta e lo q ü ê n c ia
que alguns f o r m a r a m um partido da nd o- lh e seu nome,
ao pa sso que outros fica ram fiéis a Paulo , que tinha
prega do a pura verdade, porém com s im plic id a de, co m
o p ro pó s ito de e vit ar que os gentios fi x a s s e m sua
atenção nele. E m Aten as Paulo falou peran te os
eruditos e filósofos da sua época e uns p o uc os se
c on ve r te r am a de spe ito daqueles que z o m b a v a m da
doutrina. De A tenas o apóstolo foi a Co rinto , e ele
m esm o se e x pre ss ou nestes termos: “ E eu, irmãos,
qua nd o fui ter c o nvo sc o, a nun ci a nd o- vo s o te s t e m u n h o

41
de D eus, não o fiz com os ten ta ção de linguagem, ou de
sabedoria, po rq ue decidi nad a saber entre vós, senão a
Jesus Cristo, e Este crucificado. E foi em fraqueza,
te mo r e gra nde trem or que eu estive entre vós. A m inh a
palav ra e a minha pregação não co nsi s tir am em
lin gua ge m persu asi va de sabedoria, mas em
de m o n st ra ç ã o do Espíri to e do poder, para que a vossa
fé não se ap oiasse em sab ed ori a humana; e, sim, no
pode r de D e u s ” ( I C o 2.1-5).
Pa ulo tam bé m vivia do tra balho de suas
próprias mã os, fabric a nd o tendas de c am p a n h a ou
barracas, e aos sábados dis cu ti a co m os que
fr eq ü e n ta v am as sinagogas. Só qua ndo c heg a ra m Silas
e T i m ót eo de M ace dônia , sem dúvida tra z en do-l he uma
oferta (Fp 4.15) é que Paulo ab an dono u o traba lho
manual que e sta va fa zen do para de dicar-se
in te gr a lm e nt e ao seu ministério. N a tu ra lm en te houve
um co nt ra st e entre a hum ild a de e abnegaç ão de Pa ul o e
a el o q ü ên c ia de Apoio. Os dois pregadores não
d e sej aram que isso acontec ess e, ne m p r e te ndia m causar
divisões entre os irmãos, nem hou ve ci úme ou inveja
entre eles ( I C o 16.12). A fo rm açã o dos dois partidos
entre os coríntios foi si m p le sm e n te uma m a ni fest ação
de sua carnalid ad e, e assim foi que Paulo co nsid e ro u o
fato ( I C o 3.3,4).
En qu a nt o Paulo estava em Efeso, de regresso
de Je ru sa lé m e no co m eç o de sua terceira viagem
mis sion ária, ouvia falar destas divis õe s entre crentes de
Corinto, e também de certas imor alid ad es ali
praticadas. E sc reve u- lh es acerca do dever de se
separare m dos que es ta va m em pe cad o e recebeu uma
resposta por escrito na qual lhe faziam certas
perguntas. Talvez Estéfanas, Fo rt unat o e Acaio
tr oux e s se m o recado e dessem mais notícias
ve rb a lm en te ( I C o 16.17). A lé m da m e n c i o n a d a carta da

42
Igreja de Corin to, veio a Éfes o a fam íli a do irm ão Cl oe
e os m e m b ro s de st a famíl ia c o n ta r am a Pa ul o
de ta l h a d a m e n te a c on diç ã o esp iritual dessa igreja. O
apóstolo en vio u T i m ó te o para lá im e d ia ta m e n te , sem
es pe ra r para e sc re ver -lh e s. Já vimos, então, co mo foi
que ele sentiu a n e ce s si d a d e de es c re ve r esta carta, a
fim de a pl ic ar a c a d a pro b le m a da igreja de C o ri n to a
solução dita da pelo Espíri to Santo. C o m o f u n d a d o r da
m e n c i o n a d a igreja e com o apóst ol o dos gentios por
d e te r m in a çã o de D e us , a r e s pon sa bil id a de pe sa va sobre
ele (2Co 11.28). A inspira ção divina na c o m p o s i ç ã o da
e pís to la nota -s e no fato de que Pa ulo ex plic a as
verdad es f u n d a m e n ta i s que fo rm am os p r in c íp io s ou
regras para as d eci sõ es ou p ro c e d im e n t o s que c ab e m
em cada caso. A ss im sendo, a carta é de grande
im p o r tâ n c ia e u til id a de para a ins tit uiç ão de igrejas na
atual idad e, e da m os graças a Deus que no-la te m
conse rva do.
Pelas razõ es acima ex po sta s c o n s id e ra m o s
que esta E p í s to la foi escrita lá pelo fim dos três anos
do m in is té rio de Pa ulo em Éfeso, entre 55 ou 56 da era
cristã.

Propósito

Paulo tinha dois motiv os pri nc ipa is ao


es c re ve r esta epístola:
• T r a ta r dos sérios pro bl e m a s da igreja de Corin to, de
que fora info rm ado . Eram pecados que os coríntios
não le vav am muito a sério, mas que Paulo sabia
serem graves.
• A c o n s e lh a r e d out ri nar sobre variados assu nto s que
os co ríntios lhe e nc a m in h a ra m por escrito. Isso
in cl uí a assuntos doutr in ári os e de c o n d u ta e pureza,
tanto ind ividual, co mo da co ngregação.

43
Visão Panorâm ica

Es ta epístola trata dos pro ble m a s que uma


igreja e x p e r im e n t a qua ndo seus m e m b ro s co ntin ua m
“c a r n a i s ” ( I C o 3.1-3) e não se s ep a ra m de uma vez,
dos inc ré du lo s a seu redor (2Co 6.17). São problemas
tipo e sp ír ito de divisão ( I C o 1.10-13; 11.17-22),
to le râ nc ia de pecado tipo i n c e s t o 1 ( I Co 5.1-13),
im o r al id a d e sexual em geral ( I C o 6.12-20), ação
ju d ic ia l entre os cristãos ( I C o 6.1-11), idéias
hu m a ni s ta s a respeito da verdade a post óli ca ( I C o 15) e
co nflitos a respeito da “ liberdade c r i s t ã ” ( I C o 8-10).
Paulo ta m b é m instrui os c orí nti os a respeito do
c e l i b a t o 21 e do cas am ent o ( I C o 7), o culto público,
inc lu si ve a Ceia do Senho r ( I C o 11-14) e a oferta para
os santos de J erusa lé m ( I C o 16.1-4).
Entre os ensinos mais im por ta nte s de Paulo
em IC o r ín t io s , está o das m a n if e st a ç õ e s e dons do
Es pí ri to Santo nos cultos da igreja ( I C o 12-14). O
en sino desses capítulos é o mais rico do Novo
T e s ta m e n to sobre a nat ure za e o c o n te ú d o da adoração
na igreja p ri m iti va ( I C o 14.26-33).
Paul o mos tra que o p ro pós ito de Deus para a
igreja inclui uma rica va riedade de dons do Espírito
através de crentes fiéis ( I C o 12.4-10) e de pessoas
c h a m a d a s para exer cer certos m in is té ri os ( I C o 12.28-
30) - uma diversid ade dentro da un id ad e, comparável
às m últi pl as funções do corpo h u m a n o ( I C o 12.12-27).
No da operaçã o dos dons espir itu ai s na congregação,
Paulo faz uma distinção essencial entre a edificação
in div idu al e a co letiva co mo a ss e m b lé i a ( I C o 14.2-

1 União sexual ilícita entre parentes consangiiíneos, afins ou


adotivos.
2 O est ado de uma pessoa que se mantém solteira.

44
6 ,1 2, 16 -1 9, 26 ) , e reitera que todas as m a n if e st aç õ es
púb lic as dos dons de ve m brota r do a m or ( I C o 13) e
e xi st ire m pa ra a ed ifi c aç ã o de todos os crentes ( I C o
12.7; 14.4-6,26).

Características Especiais

Ci nc o c ar ac te rís tic as es pe c ia is vem os em


IC orí nt ios :
1. De todo o No vo Te s ta m e n to , é a e p ís to la que mais
trata de prob le ma s. Ao tratar dos vários pro b le m a s e
assu nto s de Corinto, Pa ulo a pre se nt a prin cí pio s
espir itu ai s claros e pe rm a ne nt e s , sendo cada um
deles un iv e rs al m en te ap lic áve is à igreja ( I C o 1.10;
6.1 7,20; 7.7; 9.24-27; 10.31,32; 14.1-10; 15.22,23).
2. Há um de sta que geral sobre a unid ad e da igreja local
co mo corpo de Cristo, dest aq ue este no e nsi no sobre
div isões, Ceia do Se n h o r e dons espirituais.
3. E s ta ep íst ola co nt ém o mais amp lo en sino do N o v o
T e s ta m e n to em ass untos de grande im p o r tâ n c ia co m o
o celi bato , o c a s a m en to e novo c a s a m en to (capítulo
7); a Ceia do Se n h o r ( I C o 10.16-21; 11.17-34);
línguas, prof ecias e dons espir itu ai s durante o culto
( I C o 12,14); o a mo r cristão ( I C o 13); e a
ressu rr ei ç ã o do corpo ( I C o 15).
4. A e pí st ol a é de va lor inc al cul áv el para o m ini st ério
pasto ral, no toc ante à dis ci pl in a ecl e si ás tic a ( I C o 5).
5. Sa lie nta a p o s si bil id ad e indu bit áv el de de cai r da fé,
aqueles que persi ste m n u m a c ond uta ímpia e que não
têm fi rm eza em Cristo ( I C o 6.9,10; 9.24-27; 10.5-
12,20,21; 15.1-2). 21

1 To rn ar -s e saliente ou notável; evidenci ar-se, distinguir-se,


sobressair.
2 So bre qu e não pode haver dúvi da; incont est ável, irrefragável.

45
Correções na Conduta Cristã ( I C o 1-11)

A m a ravil hosa igreja de Corinto, a jó i a


br il ha nt e da coroa do trabalho de Paulo, estava
f r ac as s an do, porqu e o m u n d a n is m o (carnalidade) se
tinha in tr o d u z id o em seu seio.
T u d o corria bem e n qua nt o a igreja penet rava
na c id ad e de Corinto, mas qua nd o C ori nt o penet ro u na
igreja, o de sas tre começou.
O m a io r perigo da igreja de Co rinto vinha de
dentro. É u m a verdade sempre co nfirmad a.

E sp íri to de partidos.
Pa ulo fala das divisões e grupos na igreja.
N ada destrói mais o coração e a vida de uma igreja, do
que a p o lí ti c a de partidos. C ri s ti a n is m o é amor. Só
Jesus Cris to pode curar o mal das divis õe s ( I C o 1.13).
T o d o olhar, todo coração e todo esp írito deve voltar-se
para um objetivo: Jesus Cristo, nos so Sa lv a dor pessoal.

A Cruz.
1. A cruz era “escân dalo para os j u d e u s ” .
Algo com que não po d ia m co nfo rm ar-s e
( I C o 1.23). Não era possível c o m p r e e n d e r com o tal
d e m o n s t r a ç ã o de fraque za podia ser fonte de poder.
Para eles, um home m mo rr en do na cruz não parecia o
S a lv a d o r do mundo. A cruz si gni fic av a fracasso para
eles. 2

2. A cruz era “Loucu ra para os g re g o s ” .


Os gregos olh av am com de sdé m a religião
sem base científica, ensin ad a prim eir o num recanto
atrasa do do mundo, com o N azaré, pelo filho de um
c arpin tei ro que nunca estuda ra em Atenas ou Roma. Os
gregos id ol a tra va m “c é r e b ro s ” .

46
Mas Deus nunc a de sp r e z o u as coisas
hu m ild e s. Ele usou a f u n d a 1 de Davi para d e rr u b a r
Go lias, o pior ini m ig o de Israel. U s o u a m e r e n d a 2 de
um m e n in o para a li m e n ta r uma mu lti dã o. Ou a cruz é
“ o po d e r de D e u s ” ou é “ l o u c u r a ” . N e n h u m a p e ss oa
j a m a i s de ix a a cruz na m e sm a c o n d iç ã o em que a ela
veio. T erá de aceitá -la ou de rejeitá-la. Se a aceita,
torna- se filho de Deus (Jo 1.12); se a repudia, é réu,
c o n d e n a d o (Jo 3.36). Paulo não pr eg ou um Cris to
c o n q u i s t a d o r ou filósofo, porém, C ris to c ru c if ic ad o e
hu m ild e ( I C o 2.2). Pa ulo diz: “ N e m eu tão pouc o j u l g o
a m im m e s m o ” ( I C o 4.3).

Não sabeis?
Esta é uma e x p re ss ã o u s a d a por Paulo. Sua
fé se b a se a v a em fatos. Ele que ri a saber das coisas.
Su b li n h e os “não s a b e i s ? ” do c ap ít ulo 6. Que nos
c o m p e t e saber? “Ou não sabeis p orq ue o nosso corpo é
o te m p lo do Espíri to Santo, que ha bita em vós,
p r o v e n ie n te de Deus, e que não sois de vós m e s m o s ?
Po rq ue fostes c om pra dos por b o m preço; glorificai,
pois, a De us no vosso corpo e no vosso espírito, os
quais p e rt e n c e m a D e u s ” ( I C o 6.19,20). Se o nosso
corpo foi re di m id o pelo Se n h o r J esu s Cristo, ent ão não
nos p e rt e nc e mais, e sim A que le que nos co m p ro u co m
o seu p re c io so sangue. “ Po rq ue fostes c om pra do s por
p r e ç o ” . A E s c rit ura não e st a be le c e regrinhas de
c on dut a n e m diz que coisas de ve m ou não fazer, antes,
esta be le c e princ ípios pelos quais o cristão deve
ori e nt a r suas ações. A lg u é m disse que a liberdade
cristã não que r dizer o direito que temos de faz er o que

1 Laçada de couro ou de corda para arroj ar pedras, ou outros


projetis, ao longe.
Refeição leve, entre o al moço e o j ant ar . O que se leva em
farnel para co mer no campo ou em viagem.

47
que remos, e sim o que dev emo s. Paulo diz: “Todas as
coisas me são lícitas, mas nem todas as coi sas con vêm ;
todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei
do mi na r por n e n h u m a ” ( I C o 6.12).

Casamento.
De us apre sen ta co m clar eza os princ ípios do
casamento. Q u a n d o duas pe ssoas se casam , faz em- no
por toda a vida. L e ia m o que disse Jesus acerca do
divórcio (Mt 5.31,32; 19.3-11; Mc 10.2-12). São
de clarações claras. A n o te m IC o rí n t io s 7.9,13 na
Bíblia. M e d it e m nesses versículos.

A Ceia do Senhor

A Ceia do Se nho r é d esc rit a em quatro


trechos bíblicos: M at e u s 26.26-29; M ar co s 14.22-25;
Lucas 22. 15-20; IC o r ín t io s 11.23-32.
Sua im po r tâ nc ia re la cio na -s e c om o passado,
o pres ente e o futuro.

Sua im po rt ân c ia no passado.
É um me mo ria l (gr. a n a m n e sis ; I C o 11.24-
26; Lc 22.19) da mo rt e de Cristo no Cal vário , para
re dim ir os crentes do pe cad o e da co nden aç ão . Através
da Ceia do Senhor, vemos mais uma vez diante de nós
a morte salvífica de Cristo e seu s ign ifi ca do rede ntor
para nossa vida. A morte de Cristo é n os sa moti va ção
maior para não cair mos em pecado e para nos
ab stermos de toda a ap arênc ia do mal ( l T s 5.22). É um
ato de ação de graças (gr. e u c h a ristiá ) pelas bênçãos e
salvação da parte de Deus, prove nie ntes do sacrifício
de Jesus Cristo na cruz por nós ( I C o 11.24; Mt
26.27,28; Mc 14.23; Lc 22.19).

48
Sua im p o r tâ n c ia no presente.
A Ceia do Se n h o r é um ato de c o m u n h ã o (gr.
' k o in o n iá ) c om Cris to e de p a rt ic ip a ç ã o nos be nef íc io s
da sua morte sacrificial e, ao m e s m o tempo, c o m u n h ã o
c om os dem ai s m e m b ro s do co rp o de Cristo ( I C o
10.16,17). Ness a ceia co m o S e n h o r ressurreto, Ele,
co m o o anfitrião, faz-se pre s en te de m odo especial (cf.
Mt 18.20; Lc 24.35). É o r e c o n h e c im e n to e a
p r o c la m a ç ã o da N ov a A li a n ça (gr. kaine d ia th e k e )
m e d ia n te a qual os crentes r e a f i r m a m o senhorio de
Cris to e nosso c o m p ro m is s o de fa z e r a sua vontade, de
p e r m a n e c e r leais, de re si sti r o pe c a d o e de ide nti fic ar-
nos co m a mis são de Cristo ( I C o 11.25; Mt 26.28; Mc
14.24; Lc 22.20).

Sua i m p o r tâ n c ia no futuro.
A Ceia do Se n h o r é um a nte gozo do reino
futur o de Deus e do b a n q u e te me ss iâ nic o futuro,
quan do en tão, todos os cren tes estar ão presentes co m o
Se n h o r (Mt 8.11; 22.1-1 4; Mc 14.25; Lc 13.29;
22 .1 7, 18 ,3 0) . An tevê a volta im in e n te de Cristo para
b u s c a r o seu povo ( I C o 11.26) e e ncen a a oração:
“ V e nha o teu R e i n o ” (Mt 6.10; cf. Ap 22.20). Na Ceia
do Se nho r, toda essa im p o r tâ n c ia a cim a me nci ona da , só
pass a a ter si gnificado se c h e g a rm o s diante do Se n h o r
co m fé genuína, oração s in cer a e ob e d iê n c ia à Pa la vra
de Deus e à sua vontade.

Instruções Quanto à C onduta Cristã


( I C o 12-16)

Em IC orín ti os 12 e n c o n tr a m o s os dons que o


Espíri to dá aos crentes. Nos vers ícu los 1-3 ele fala da
tr a ns fo rm a ç ão que se deu na vida dos cristãos corínt ios
após a ba n d o n a re m o cu lto de ídolos mo rt os para adorar

49
Autor: O A p ós to lo Paulo
Segunda Data: 55/5 6 d.C.
Carta aos Tema: G ló ri a Através do S of ri m e nt o
Coríntios P a la v ra s ~Chave: Con sol aç ão, so fri me nto ,
mi nis té rio , glória, poder, f r aq u e za
V e rs íc ulo s -c hav e : 2Co 4.5; 5.20-21

T e n d o Paulo fu nda do a igreja em Corin to,


durante sua se g u n d a viagem mis si oná ri a, ma nte ve
con tato fr eqü en te c om os coríntios a parti r de então,
por causa dos p ro ble m a s daq uel a igreja (ver a
intro dução a IC orí nti os ) .
A s eq üê nc ia desses contatos e o co n te x t o em
que 2C orí nti os foi escrito são os seguintes:
• Dep ois de alguns c ontat os e c o rr e s p o n d ê n c ia inicial
entre Paul o e a igreja ( I C o 1.1; 5.9; 7.1), ele
escreveu IC o r ín t io s , de Éfeso ( pr im av e ra de 55 ou
56 d.C.).
• Em seguida, ele fez uma viagem a Corin to, c r uz an do
o m a r Egeu , para tratar de pro ble m a s surg ido s na
igreja. Es sa visita, no período entre 1 e 2C orí nti os
(2Co 13.1,2), foi esp in ho sa para Pa ulo e para a
co ng re ga ç ão (2Co 2.1,2).
• Dep ois dess a visita a f a n o s a 1, info rmes c h e g a ra m a
Paulo em Éfes o de que seus ad ver sár ios est av am
atacan do a sua aut ori da de apostó li ca em Corinto,
tentan do p e rs u a d ir uma parte da igreja a rejeitá-lo.
• -'Respondendo, Paulo escreveu 2C orín tio s, na
M ac e d ô n ia (out ono de 55 ou 56 d.C.).
• Pouco depois, Paulo viajou outra vez a C ori nto (2Co
13.1), p e r m a n e c e n d o ali cerca de três meses (cf. At
20.1-3a). Foi ali que escreveu a E p í s to la aos
Roma nos .

i
Cheio de afã; trabal hoso, laborioso.
Autor

Paul o escreveu esta e pí st ol a à igreja de


C orin to e aos crentes de tod a a A caia (2Co 1.1),
i de nt if ic a nd o- s e duas vezes pelo n o m e (2Co 1.1; 10.1).
Há duas afirm aç ões de que Paulo esc re veu a
carta (2Co 1.1 e 10.1). As coisas de talhadas que
escreve e as referências p artic ula res e sp e c ia lm en te no
c apí tu lo dois, onde fala do m e s m o ho m e m que indic a
na p ri m ei r a Ep ístola, o capít ulo cinco: estas c o ns ti tu em
prova s de que o autor desta E p í s to la é o m esm o que o
da primeira. Não podia ser outro senão Paulo, o
apóst ol o dos gentios, e que fun do u a igreja de C ori nto
(2Co 3.1-3). Só Paulo podi a ter escrito 2C orín tio s
12.19-13.10.
O te st em unho ex te r n o é mais do que
su fic ien te para prov ar a m e s m a coisa. D esd e P oli ca rp o
em dia nte e nc ont r am - se re fe rênc ia s a este livro, e
ocup a o terceiro lugar no A p o s t o li c ó n de M arció n (Ano
145).

Tema e Propósito

Te nd o em m e nte que 2C orín tio s é a defesa


pessoal do minist ério de Paulo, res um ire m os o seu
tema da seguinte maneira: o m in is té rio de Paulo, seus
motivos, sacrifícios, re s p o n sa b il id a d e s e eficiência.
• Pa ul o escreveu esta e pí st ola a três classes de pessoas
em Corinto;
• P r im e ir o escreveu para e n c o r a ja r a ma ioria da igreja
que lhe era fiel, com o seu pai espiritual;
• E s c re ve u para c ont es ta r e d e sm a s ca ra r os falsos
a pós tol os que c o n ti n u a v a m a difam á-lo, para, assim,
e n fr a q u e c e r a sua a ut ori da de e o seu apo sto la do, e
di s to rc e r a sua me nsa ge m ;

53
• Es crev eu, ta m bé m , para re pre end er a m in or ia na
igreja in fl u en c ia d a por seus op one ntes e que não
acat av am a sua au toridade e correção. Paulo
r e a fi rm ou sua integri da de e sua aut ori da de
a po st ól ic a em relação a eles, es c la re ce u os seus
moti vos e os advertiu co ntra novas rebeliões.
2C orí nti os visou a pre pa rar a igreja co mo um todo,
para sua visita i m i n e n t e 1.

A Data e as Circunstâncias

Dep ois de en vi ar a prim eir a E p í s to la aos


Co ríntios Paulo esp e ro u em Efeso até o alv oro ço no
teatro (At 19.23-41), que o fez sair da cidade. Já tinha
o pr opó si to de vis itar a M a c e d ô n ia e A cai a e tinha
enviad o ad iante dele Ti m ó te o e Eras to (At 19.21,22).
Partiu de Éfes o e c hego u a Trôade. Nest a ci dade teve
muitas op ort u n i d ad e s para pregar o Ev a n g e lh o , mas
não teve sossego em seu espírito, pelo fato de Tito não
ter regre ssa do, o qual fora enviad o a Co rinto por Paulo
para adverti-los a respeito da oferta (2Co 12.18-8.6,16)
e para s ab er de que m an ei ra os irmãos de Corinto
tinham re ceb ido a carta anterior (2Co 2.12,13).
Paul o partiu de Tr ôad e para M ac e dô nia , onde
Tito o en co ntr ou q u a nd o de seu regre sso de Co rinto
(2Co 7.5-7). As notícia s que trouxe da su b m is s ã o da
igreja às coisas que for am ord enadas na carta: sua
pronta ob ed iên ci a e a tristeza da m ai ori a pelo que
acontecera, não se acham somen te neste cap ítulo sete,
mas tam bé m de vez em quando por todo o livro.
T a m bé m 2Co rín tio s 8.1 e 9.24 provam que esta carta
foi escrita desde a M ace dôn ia , de modo que é claro que
Paulo a escreveu qua nd o do regresso de Tito com as

1 Que ameaça acontecer breve; que está sobranceiro.

54
notí ci as da rec ep ç ão da pri m e ir a Epí sto la , talvez uns
seis me ses após aquela, cer ca do ano 55 depois de
Cristo.
* Q ua ndo Tito co nt ou a Pa ulo que a igreja de
C o ri n to tinha di s ci plin ad o o c ulp a d o de acordo c om as
suas in s tru ç õe s ( I C o 5), e que a dita disci plina tinha
tido o efeito deseja do pelo fato de o h o m e m estar m u ito
triste e d e sej arem pe rdo á-lo (2C o 2.5-8), o ap ósto lo
n a t u ra lm e n te sentiu a sua re s p o n s a b il id a d e de escrever -
lhes im e d ia ta m e n te c om as in s tru ç ões sobre o caso.
C o m mais de talhes de Tito a re sp ei to do car áte r da
o p os iç ã o ao apóstolo e a te n d ê n c ia de alguns em
p re s ta r- lh e s atenção qua nto à im p o r tâ n c ia da lei
m os ai ca, Paulo quis de ix ar claro ta m b é m esse ponto,
tanto para de fe nde r seu pró pr io apo sto la do, co mo
ta m b é m para dar au to rid ad e aos seus e nsin am en to s.
Esta s co ns id e ra ç õe s, j u n t a m e n t e c om os assu nto s
ma te ria is, c om a sua visita e a c ol et a para os santos em
J er u sa lé m , fiz eram -no sentir o im puls o de escrever.
Deus us av a as c ir c un st â nc ia s para fazê-lo c u m p ri r a
vont a de di vin a e ass im temos este precioso livro no
câno n do No vo T es tam ent o.

Visão P anorâm ica

2Corí nti os tem três div is õe s principais:


1. Na p rim eir a (2Co 1-7), Paulo c o m e ç a
dando graças a Deus pela sua c o n so la ç ã o em meio aos
s of ri m e nt os em prol do e v a nge lh o, elogia os coríntios
por d is ci p li n ar em um grande tr a n s g re ss o r e de fende a
sua in te grid a de ao alterar seus planos de viagem. Em
2C orí nti os 3.1-6.10, Pa ulo a p re se n ta o mais e xten so
en sino do N ovo T e s ta m e n to sob re o verdadeiro car áte r
do minis té rio . R ess alt a a im p o r tâ n c ia da separação do
mu ndo (2Co 6.1 1-7.1) e e x p r e s s a sua alegria ao saber,

55
através de Tito, do arrepe nd im en to de mui tos na igreja
de Corin to, que antes de sa c at a va m a sua autoridade
ap o st ó l ic a (2Co 7).
2. Nos capít ulos 8 e 9, Pa ulo ex orta os
c orí nti os a de m on st ra r a m e sm a g e ner osi da de cristã e
since ra dos mace dôn ios , ao c ont ri buír em na c am pan ha
por ele dirigida, a favor dos crentes pobres de
Jer usa lém.
3. O estilo da ep ísto la m u d a nos capítulos
10-13. Agora, Paulo defende o seu apostolado,
dis co rr e nd o sobre a sua c ham ad a, qual ifi ca çõe s e
so fri m e nt os co mo um verdadeiro apóstolo. Com isso,
Pa ulo esp e ra que os coríntios r e c o n h e ç a m os falsos
a pó sto lo s entre eles, o que os p o u p a rá de futura
dis ci pl in a qua ndo ele lá chegar. Paulo termina
2C orí nti os com a única bênção trini tár ia no Novo
T e s ta m e n to (2Co 13.13).

Características Especiais

Qua tro fatos principais c ar ac te ri z am esta


epístola:
1. -É a mais autob iogr áfica das epíst olas de Paulo. Suas
muitas referências pessoais são feitas com
hu m il d a d e , desculpas e até m e sm o co nst ra ngim en to ,
mas foi ne cessário, tendo em vista a situação em
Corinto.
2. U lt ra p a s s a todas as demais epíst olas pa ulinas no que
tange à revelaç ão da in te ns ida de e p ro fu ndid ad e do
a mo r e c ui dad o de Paulo por seus filhos espirituais.
3. C o n té m a mais c omp le ta teolog ia do Novo
T e s ta m e n to sobre o so frimento do crente (2Co 1.3-
11; 4.7-1 8; 6.3-10; 11.23-30; 12.1-10), e de igual
modo, sobre a contri bui çã o cristã (2Co 8-9).

56
4. T e r m o s - c h a v e , tais com o fraqu eza , aflição, lágrimas,
perigos, tri bulação, so fri me nto , co nso la ção ,
ja ct â n c ia , verdade, m ini st ério e glória, d e st a c am o
c o n te ú d o i nc om pa rá ve l de sta carta.

Comentário

Pa ulo estava um pouc o p r e oc upad o sobre


co mo a igreja de Corinto teria re ceb ido sua p rim eir a
carta. P e rg u n ta v a -s e a si m e s m o c o m o teriam aceitado
suas e xo rta çõe s. Po r isso m an d o u Tito e talvez T i m óte o
a C ori nto para verificar o resu ltad o da epístola.
D ur a nt e sua terceira via gem mis si onária, em Filipos,
Tito con tou que a m ai ori a da igreja rec ebe ra a carta
co m b o m espírito.
Alguns , porém, d u v id a ra m dos seus mo tivos,
ch eg a n d o m e s m o a ne ga r o seu apostolado. Talvez
p u s e s s e m isto em dúv id a p orq ue Paulo não perte nce u
ao gr upo dos doze.
N essas ci rc uns tâ nc ia s, Paulo esc re veu a
s eg u n d a ep ístola, não só para e x p re ss a r sua alegria por
c aus a das notíc ias alegres sobre a m a nei ra com o sua
pr im ei r a e pís to la foi recebida, c o m o tam bé m para
de fe n d e r o seu apostolado.

O Ministério de Paulo (2Co 1-7)

Paulo c ome ça sua s egu nda ep ístola co m as


s au daç ões habituais e ações de graças (2Co 1.1-11).
Todo s nós a pre cia mo s uma his tória verdadeira. Paulo
narra, ness e do cu me nto , tantas e xper iên ci as pe ssoais da
sua vida, que não há quem não goste de lê-las. C om e ça
c o n ta n d o as grandes aflições pelas quais tem passado.
Através de todas as suas pro va ç ões , ap rendeu a
c o n h e c e r m e lh o r a Deus.

57
Paul o tinha co nsc iê nci a da sua sin ce rid a de e
fidelidade qu a n d o traba lhou entre os coríntios.
Ex pl ic ou -l he s que tinha ma ndad o sua p ri m ei r a carta em
vez de vir p e s s o a lm e n t e , a fim de poder, qua ndo viesse,
louvá-los e não re preend ê-los (2Co 1.23-2.4). Ele
invoc a o te s t e m u n h o de Deus para a sua declaração.
Os doutores da lei, dos dias de Paulo, semp re
le vavam co ns ig o cartas de apresentação. P r o c u r a v a m
c om ba te r Pa ulo por todos os meios. P e rgu nta va m:
“Que m é esse Pa ulo ? Que carta de r e c o m en d a ç ão traz
de J e r u s a l é m ? ” C om o era tola a pergunta! Acas o Paulo
precisaria de carta de rec om en da ç ão para uma igreja
que ele pr ópr io fu nd ara? “Por q u e ” ? “ Vós sois a nos sa
carta, escrita em n os so s corações, c onhec id a e lida por
todos os h o m e n s ” (2Co 3.2).
As vidas dos verdadeiros cristãos em Co rinto
eram cartas, que s ervia m para re c o m e n d a r tanto a
Paulo, o servo, co mo a Cristo, o Senhor.
Paul o teve um mi nistério triun fante , mas
cheio de aflições. A vitória tem um preço! Pa ul o con ta
muita coisa a resp eito das suas tri bulações (capítulos
4,6 e 11). Na sua glor io sa conversão, o Se nhor disse:
“Pois eu lhe mos trarei quanto lhe impo rta sofrer pelo
meu N o m e ” (At 9.16).
As pro va ç ões pa recem ter c o m e ç a d o logo
depois e o a c o m p a n h a ra m durante trinta anos. Paulo,
porém, m os tr a va- se semp re otimista, pois sabia que as
aflições pr esentes torn a va m ma ior a glória v i n d o u r a 1
(2Co 4.17,18).
Em todas as suas aflições Paulo encon tra
co nforto na ressurr eição. Vivia sob a ins pir açã o de que,
um dia, seu corpo seria tra ns for ma do e glorificado
(2Co 5.10).

1 Que há de vir ou acontecer; futuro, venturo.

58
O alvo do m in is té rio de Paulo é levar os
h om e ns a se re c on ci li ar e m c om D eu s (2Co 5.20). O
s u p re m o interesse de D eu s está no homem. C o m o
e m b a i x a d o r de Cristo o apóst ol o apela aos home ns do
mun do.
Segue-se o seu apelo para uma vida de
s an ti da de (2Co 6.11-7.16). S a nt id a de de vida q ue r
di z er “ t u d o ” para Deus. Pa ulo roga aos seus
c o o pe r ad or e s que não r e c eb a m em vão a b e ni gn id a de
de D e us , porém, abram seus co ra çõ e s a Ele.

Liberdade no Ar (2Co 8 e 9)

Paulo relata à igreja de Co rinto a


ge ne r o si d a d e das igrejas da M a c e d ô n i a em favor do
Fu nd o de Socorro para a P al est ina , co ntra a fome.
E m b o r a fos sem pobres, p ri m e ir o se ha via m dado ao
Senhor. Todas as igrejas da Á si a M e n o r e da Gré cia
c o n tr ib u ír a m para o fundo. Isto c om eç a ra um ano antes
(2Co 8.10).
Paulo esc re veu isto quan do e sta va na
M ac e d ô n ia . Não tinha a ce ita do de n e nh um a igreja
q u a lq u e r salário para o seu trabalho. Cristo era o
ex em p l o desses cristãos p ri m it iv o s (2Co 8.9). C om o
Dar:
• D a vos sa po bre za (2Co 8.2);
• G e n e r o s a m e n t e (2Co 8.3);
• E s p o n ta n e a m e n te (2Co 9.7);
• P r o p o r c io n a lm e n te (2Co 8.12,1 3,14);
• C om alegria (2Co 9.7):
• A b u n d a n te m e n te (2Co 9.6).
Deus sempr e pro m e te u re co mp en sa s ao que
dá c om ge ne ro sid a de (2Co 9.6). Ele nos e nriq ue ce não
só de bênçãos espir itu ai s c o m o tam bé m materiais.
Essas dádiv as serv iam para for ta le c er os laços de

59
fr aternidade entre os cristãos ju de us e gentios. “Graças
a Deus pelo seu dom i n e f á v e l 1“ (2Co 9.15).

O A postolado de Paulo (2Co 10-13)

A lg uns m e m bro s da igreja a cu s a v am Paulo


de covardia. D i z i a m que era corajoso nas suas cartas,
mas fraco em pessoa. O Nov o T e s ta m en to não nos dá
q u a lq ue r idé ia da ap arênc ia de Paulo. Im a gi na r que
esse ho me m, capaz de re vol uc io na r ci dades, era fraco,
seria absurdo. De via ter uma pe rs on al id a de pode ros a e
dom ina nte . E r a pe sso a de ext raord iná rio s dons e dotado
de int electo agudo e pe squisador. A lé m disso, Cristo
habi ta va nele e operav a através dele. Ele oculta va-s e
atrás da cruz.
Seus inimi gos diz ia m que n e n h u m apóstolo
tra ba lh av a c om as própr ias mãos para sustentar-se.
A p o n ta v a m os outros apóstolos, mas Paulo ex plicou
que tinha direito de receb er um salário, poré m o
re cu sav a a fim de que os falsos mestres não abusa sse m
do seu e x e m p l o c o m e r c ia li z a n d o o ministério. D eclarou
que, ao me no s, hav ia fu nd a do suas próp ri as igrejas e
não an dav a pe rt u rb a n d o igrejas fu ndad as por outros,
com o eles faziam. “Mas eles, m e d in d o -s e consigo
m esm os, e c o m p a r a n d o - s e consigo m e sm os, revelam
in s e n s a te z 2“
1 (2Co 10.12-18).
Paul o foi arrebat ado ao “P a r a í s o ” , a saber, o
terceiro céu. Você se lembra que Jesus, ao morrer, foi
ao Paraíso (Lc 23.43). Lá Paulo teve visões e
revelações ma ra vilh os as , e ouviu coisas que ao homem
não era lícito falar (2Co 12.4). N e n h u m a linguagem

1 Que não se pode exprimi r por palavras; indizível. Encant ador,


inebriante.
2 Falto de senso ou razão; demente, louco; des cocado. Que não
revela bom senso.

60
huma na, j a m a is po d e ri a descrever a glór ia delas. Seria
o m esm o que ten tar de sc re ve r um pô r de sol para um
cego de na scença. Pa ulo não tinha c om que c o m p a r a -
las para pode r fa z er-n os c om pre end ê-la s.
Parec e que por causas dessas visões
celestiais, Deus p e rm it iu que Pa ulo sofresse um
im p e d im e n to físico. O Senho r co nhe c e o perigo do
orgulho do co ração hum a n o depois de uma e x p e r iê n c ia
assim e, por isso, co ns e ntiu n u m “ m e n sa g e ir o de
Satanás para e s b o f e t e a r ” o seu servo. O Pr ó p ri o
ap óstolo c ha m ou a essa aflição “espin ho na c a r n e ”
(2Co 12.7).

61
Questionário

• A ssinale c om “X ” as al te rnativas corretas

6. A seg unda carta de Paulo aos Co ríntios foi escrita


a ) j_ ] Em R o m a
b ) |_ J E m Je ru sa lé m
c ) 0 ] Na M ac e d ô n ia
d ) [ J Em A le xa nd r ia

7. No tic io u Paulo sobre a recepç ão da prim eir a


Ep ístola, co nto u a Paulo que a igreja de Corinto
tinha di sci pli nad o um c ulpa do de acordo com as suas
ins truções
a ) [ J Silvano
b) j p T i t o
c ) [ J Erasto
d) j ] Tíquico

8. Lá Paulo teve visões e reve lações mara vil hosas , e


ouviu coisas que ao ho m e m não era lícito falar •
a ) [y1 No Paraíso
b ) | | Em Co rinto
cj]_| No Te m plo
d ) 0 Em R o m a

• Mar que “ C ” para Certo e “E ” para Errado

9. <c O alvo do m ini st ério de Paulo é lev ar os homens a


se reco nci li are m entre eles
1 0 . 0 2C oríntios é a mais au to bio gráfic a das epístolas
de Paulo

62
Lição 3
Cartas de Paulo: Aos Filipenses,
Colossenses, 1 e 2Tessalonicenses, 1 e
2Tim óteo, Tito e Filem om

Autor: O A p ós to lo Paulo
Carta aos Data: C erca Üe 62/63 d.C.
Tema: Alegria de Viver por Cristo
Filip enses
P a la vra s- Ch av e: Alegria, r e g o z i j a r 1
V e rsí eu lo -c ha ve: Fp 4.4

A igreja de Fil ipo s foi f un da da por Pa ulo e


sua e q ui pe de c oope ra do re s (Silas, T i m ó te o e Luca s) na
sua se gu nd a via gem m is si o n ár ia , em ob e d iê n c ia a u m a
visão que Deus lhe dera em Tr ôa de (At 16.9-40).
Um forte elo de a m iz ad e de se n v o lv e u -s e
entre o apóstolo e a igreja em Filipos. Várias vezes a
igreja en vi ou ajuda fin a nc ei ra a Paulo (2Co 11.9; Fp
4. 15, 16) e co ntr ibu iu ge n e r o s a m e n te para a coleta que
o ap ós to lo p r o vi de nc io u para os crentes pobre s de
Je ru sa lé m (cf. 2Co 8-9). P arec e que Paulo visitou a
igreja duas vezes na sua terceira viagem m is si onár ia
(At 20.1,3,6).

' Causar r egozi jo a; al egrar muito.

63
Propósito

Da prisão (Fp 1.7,13,14), c er ta m e n te em


Ro m a (At 28 .16-3 1) , Paulo escreveu esta carta aos
crentes fil ipenses pa ra ag radecer-lhes pela sua oferta
generosa, cujo p o rt a d o r foi Ep afro dit o (Fp 4.14- 19) e
para in fo rm á-lo s do seu estado pessoal. A lé m disso,
escreveu para tra n s m it ir à c ongr eg ação a c er tez a do
triunfo do p ro pós ito de Deus na sua prisão (Fp 1.12-
30), para as s e gur ar à igreja que o m en sag ei ro po r ela
enviad o (E paf rod ito ) c um pri ra fi el me nte a sua tarefa e
que não e st a va volta ndo antes do devido te mp o (Fp
2.25-30), e para levar os m e m bro s da igreja a se
e sf orçarem para c onh ec e r me lh or o Senhor,
co ns erva ndo a unidade, a humi lda de , a c o m u n h ã o e a
paz.

Visão Panorâmica

D if e re nte de muitas das cartas de Paulo,


Filipen se s não foi escrita p ri m ei r am e n te devido a
pr oble ma s ou c onfli tos na igreja. Sua tôn ic a bási ca é de
cordial afeição e apreço pela co ngregação. D a saudação
inicial (Fp 1.1) à bê nçã o final (Fp 4.23), a carta
foc aliza Cris to Jes us com o o pro pósi to da vida e a
esp eran ça da vida eterna por parte do crente. Nesta
epístola, Paulo trata de três prob le ma s me nores em
Filipos:
• O de sâ ni m o dos crentes ali, por c aus a da prisão
p ro lo ng a da de Paulo (Fp 1.12-26);
• Pe qu en as seme nte s de discórdia entre duas mulheres
da igreja (Fp 4.2; cf. Fp 2.2-4);
• A am eaç a de de sle al dad e sempr e pre sen te entre as
igrejas, por c aus a dos mestres ju d a i z a n t e s e dos
crentes de m en ta li d ad e te rrena (Fp 3).

64
Autor: O Ap óstolo Paulo
Data: C erca de 62 d.C.
Carta aos Tema: A S u p r e m a c ia de Cristo
Pa la vr a s- C ha ve : P le nitu de , sabedoria,
Colossenses
c on h e c im e n to , mis té rio
V e rs íc ulo s -c hav e : Cl 1.18-29; 2.10

A ci dade de C olo sso s estava lo c a l iz a d a perto


de L a o d ic éi a (cf. Cl 4.16), no sudes te da Á si a M en or,
cerca de 160 qu il ô m e tr o s a leste de Éfeso. A igreja
colo sse nse , tudo indica, foi f un da da co mo re s u lt a d o do
grandios o m in is té rio de Paulo em Éfeso, du ra nte três
anos (At 20.31), cu jos efeitos fo ra m tão p o d e ro s o s e de
tão grande al cance que “todos os que h a b it a v a m na
Ásia o uv ir a m a pa la vr a do Se n h o r J e s u s ” (At 19.10).
Paulo talvez n u nc a tenha vis itado Co lo ss os
p e ss o a lm e n t e (Cl 2.1), mas m a nti ve ra co nta to s co m a
igreja através de Epafras, um dos seus co n v er ti d o s e
c oope ra do re s na qu el a ci dade (Cl 1.7; 4.12).
O mot ivo de sta e pís to la foi o s urg im e nt o de
ensinos falsos na igreja colo sse nse , a m e a ç a n d o o seu
futuro esp iritual (Cl 2.8). Q ua ndo Epafras, diri gen te da
igreja c olo ss e ns e e seu provável fund ad or, via jou co m
o obje tiv o de visitar Pa ulo e in fo rm ar -lh e a resp eito da
situação em C olo ss os (Cl 1.8; 4.12), Pa ul o então
escreveu esta epístola. N ess a oc asião Pa ulo e sta va
preso (Cl 4. 3,10, 18), p o s si ve lm e nt e em R o m a (At
28.16-31 ), a g uar da nd o c o m p ar ec e r pe rante C és a r (At
25.11,12). O c o o p e r a d o r de Paulo, Tí qui co , e ntre gou
p e ss o a lm en t e a carta em Colo sso s, em n o m e do
apóstolo (Cl 4.7).
Não está descrit a c la r am e nt e na carta a
heresia s ur gid a em Colo sso s, uma vez que os leitores
originais a c o n h ec ia m bem.

65
No entanto, pelas r e f u t a ç õ e s 1 de Paulo ao
falso ensino, ded uz- se que era uma m is tu ra e st r an h a de
ensinos cristãos, tradições ju dai cas ex tr a b íb li c as e
filosofias pagãs (se m el ha nt e ao s in c r e ti s m o 21 religio so
das seitas falsas de hoje). Tal en sino s u b v e r t i a 3 e
substituía a c en tr a li d a d e de Jesus.
Esta carta foi escrita de Ro ma , Cerca de 62
d.C. Co lo ss e nse s é uma dííT“epístolas da p r i s ã o ” .

Propósito

Paulo e sc re veu esta carta:


• Para c o m b a t e r os falsos ensinos em C olo sso s, que
est av am s u p la n t a n d o 4 à centr ali dad e e s u p r e m a c i a 5
de Jes us Cristo na criação, na reve laç ão , na
rede nçã o e na igreja;
• Para ressa lta r a ve rd ad eir a na tureza da nova vida em
Cristo e suas e xig ên ci as para o crente.

Visão Panorâmica

Dep ois de s aud ar a igreja e ex pre ss ar


gratidão pela fé, am or e esp eran ça dos crentes
colossen ses , bem co mo pelo seu pro gre s so con tín uo,
Paulo foc aliza dois assuntos principais: a doutr in a
correta (Cl 1.13-2.23) e exortaçõ es práti cas (Cl 3.1-
4.6).
T e o l o g i c a m e n t e , Paulo en fatiza o ve rdadeiro
caráter e glória do Se n h o r Jesus Cristo. Ele é a imagem

1 Réplica, cont est ação; resposta.


2 Tendênci a à unificação de idéias ou de dout ri nas diversi fi cadas
e, por vezes, até mesmo inconciliáveis.
3 Perverter, corromper.
4 Abater, prostrar, derri bar, derrubar.
5 Superi ori dade, pre emi nênci a, hegemonia. P o de r supremo.

66
do Deus invisível (Cl 1.15), a p le n it u d e da de idade em
fo r m a c or pó re a (Cl 2.9), o c ri a d o r de todas as coisas
(Cl 1.16,17), o cab e ç a da igreja (Cl 1.18) e a fonte
to da -s ufic ie nt e da nos sa s al v a ç ão (1. 14,20-22).
E n q u a n to Cristo é tod o-s ufic ie nte , a heresia c o lo ss e nse
é to ta lm e n te in su fic ie nte - vazia, e n g a n o s a e hu m a n is ta
(Cl 2.8); de e s p ir itu a lid ad e s uper fic ial e arrog an te (Cl
2.18) e sem po de r c ontra os ap etites pe ca m in os os do
corpo (Cl 2.23).
Nas suas e xo rt a çõ e s prátic as, Paulo faz um
apelo em favor de uma vida a li c er ç a d a na s ufi ci ênc ia
c o m p l e t a de Cristo, co mo o únic o m e io de pro gresso no
viver cristão. A re al id ad e da ha b it a ç ã o de Cristo neles
(Cl 1.27) deve e v id en c ia r- s e na c o n d u ta cristã (Cl 3.1-
17), no r e la ci on a m e nto d o m é s t ic o (Cl 3.18-4.1) e na
d is ci pl in a espiritual (Cl 4.2-6).

67
Autor: O Apó st olo Paulo
Primeira Carta Data: C erca de 51 d.C.
aos Tema: A Volta de Cristo
rp i ■
1 essalom censes Pala vra s- Cha ve : A gra
& d e c im e n to ,
vinda, fe, e sp e ra nça e
caridade1
Versícu los -chav e: lT s 1.9-10

T e s sa lô n ic a, situada a pouco m e n o s de 160


km a s udo est e de Filip os, era a capital, c id ad e principal
e porto da pr o v ín c ia rom an a da M ace dôni a. En tr e os
200.000 ha bitantes da cidade, havia ali u m a grande
c o m u n id a d e ju da ic a. Q ua ndo Paulo fu n d o u a igreja
te ssa lo nic en se, na sua s egu nda viagem m is si on ár ia , seu
frutífero m ini st ério ali foi en cer rado p re m a tu ra m e n t e
devido à in te ns a h o s t i l i d a d e 21 ju d a ic a (At 17.1-9).
Fo rç a do a sair de Te s sa lô nic a, Pa ulo foi a
Beréia, onde outro m ini st ério breve, p o r é m bem-
sucedido, foi in te rr o m p id o pela pe rs eg u iç ã o mo vid a
pelos ju d e u s que o segu iram desde T e s s a lô n ic a (At
17.10-13).
A seguir, viajou para Atenas (At 17.15-34),
onde T i m ót eo se en co nt ro u com ele; dep ois, Paulo
enviou T i m ó te o de volta a T e s sa lô ni c a pa ra verifi ca r a
c on diç ão da no va igreja ( l T s 3.1-5); ao m e s m o tempo,
Paulo seguiu para Co rinto (At 18.1-17). Ti m ó te o , ao
co m p le ta r sua tarefa, viajou para Co rinto levand o a
Paulo in fo r m aç õe s sobre a igreja te ss a lo n ic en s e ( l T s
3.6-8), o que levou Paulo a e sc rever esta carta, talvez
três a seis meses depois de fun da da a igreja.

1 Amor.
2 Contrário, adverso, inimigo. Agressivo; provocant e.

68
Tema

O ass unto prin ci pa l é a V ol ta de Cristo. Pelo


fato de ter sido um tanto breve o m in is té rio de Paulo
em Tes sal ôni ca, H a v ia ne c e s si d a d e de c o n fi rm a r os
no vo s crentes nas verdad es que Pa ulo j á lhes hav ia
m ini st rado. Ligado a este assunto, há uma e xorta çã o
para santi dade de vida, c o ra g e m a desp eito da
pe rs eg ui ç ã o ( l T s 3.2-4) e co ns olo para os que ha v ia m
p e rd id o entes qu erido s ( l T s 4.1-13).

Propósito

Por ter sido Paulo força do pe la p erseg uiç ão a


sair de Tes sal ôni ca, os no vos c onv er tid os re c eb e ra m
apenas um m ín im o de e nsi no sobre a vida cristã. Ao
saber Paulo,, por me io de T im óte o, das reais
circ un stâ nc ia s, escreveu esta epístola:
• Par a e xp re ss ar sua alegr ia pela fé e p e rs ev e ra n ça dos
te ssa lon ic ens es em me io à perseg uiç ão ;
• Par a instruí-los na san ti da de e na vida piedosa;
• Par a e l u c i d a r 1 certas doutrin as, e sp e c ia lm en te no
tocante à situação dos crentes que m or rem antes da
volta de Cristo.

Visão Panorâmica

Depois de s aud ar a igreja ( l T s 1.1), Paulo,


c om alegria, e n a lt e c e 213os te ssa lo nic en se s pelo seu zelo
e fé perseve rantes em meio à a d v e r s id a d e J ( l T s 1.2-10;
2.13-16). R esp on de às críticas co ntra ele, re le m b ra n d o

1 Torn ar compreensí vel ; esclarecer; explicar.


2 Exaltar, engrandecer.
3 C ont rari edade, aborreciment o.

69
à igreja a purez a dos seus motiv os ( l T s 2.1-6), a
sin ce rid a de da sua afeição e s o l i c i t u d e 1 pelo rebanho
( l T s 2.7, 8,1 7-2 0; 3.1-10) e a int eg rid ad e da sua
c on d u ta entre eles ( l T s 2.9-12). Paulo destac a a
n e ce s si d a d e e im por tân ci a da s an ti dad e e do poder na
vida cristã. O crente precisa ser santo ( l T s 3.13; 4.1-8;
5.23,24), e o ev angelho, a co m p a n h a d o pelo po de r e
m a nif e st a ç ã o do Espírito Santo ( l T s 1.5). Paulo
a d m o e s ta os te ssa lon ic ens es à não ex ti n g u ir e m o
Espírito, a não de sp re z ar as suas m a nif est açõ es,
e s p e c ia lm e n te a profecia ( l T s 5.19,20).
U m tema de destaque é a volta de Cristo para
livrar seu povo da ira de Deus sobre a terra ( l T s 1.10;
4.1 3-1 8; 5.1-11). Parece que alguns crentes haviam
mo rr id o em Tes sal ôni ca, m otiv a nd o pre oc up aç ão sobre
a sua salvaç ão final. Por isso, Paulo e xplic a o plano de
D eu s pa ra os santos que j á ti ve rem parti do qua ndo
Cris to voltar para buscar a sua igreja ( l T s 4.13-18), e
e xo rt a os vivos sobre a im p o r tâ n c ia de estarem
p re pa ra dos qua ndo Ele vier ( l T s 5.1-11). Paulo termin a
a carta com uma oração pela sant if ic ação e preserv aç ão
esp iritual dos tessa lon ic ens es ( l T s 5.23,24).

1 De se jo de atender a alguma s ol ici tação da melhor forma


possível; boa vontade.

70
Autor: O A p ós to lo Paulo
Segunda Carta Data: Cerca de 51 ou 52 d.C.
O fA O
Tema: A Volta de Cristo
. Pala vra s- Cha ve : D ia do Se nhor,
Tessalonicenses hom em do pe cado, tradição
V e rs íc ulo -cha ve: 2Ts 2.15

Ao e sc re v e r Paulo esta ep ístola, a sit ua çã o


na igreja de T e s s a lô n ic a era quase a m e s m a da ocas iã o
em que ele esc re veu a p ri m ei r a carta (ver i n t r o d u ç ã o a
I T es s al on ic e ns e s ).
É prov áv el , pois, que esta carta te nha sido
escrita apenas pouc os meses depois de
IT e s s a lo n ic e n se s , qua n d o Paulo ainda se e n c o n tr a v a
tr a ba lha ndo em C or in to co m Silas e T i m ó te o (2Ts 1.1;
cf. At 18.5).
Tu do indic a que Paulo, ao ser in f o r m a d o do
a c o l h i m e n t o 1 da sua p rim eir a carta e do pr ogr es so dos
crentes te ssa lo nic en se s, foi m ovid o a e s c r e v e r esta
seg unda carta.

Propósito

O p ro pó s ito de Paulo ne sta e p ís t o la é


sem el ha nte ao de I T es s al oni c e ns e s :
• A n im a r seus novos co nvertid os perseg uid os ;
• Ex or tá -l os a dar bom te st em u n h o c ris tão e a
tr a ba lh ar cada um pelo seu sustento;
• C orr igi r certos erros doutrin ários sobre e ven to s dos
te mp os do fim, ligados ao Dia do Se n h o r - “D ia de
C r i s t o ” (2Ts 2.2).

1 Ato ou efeito de acolher; recepção. Atenção, cons ider açã o.

71
Visão Panorâmic a

O tom da pri m e ir a carta de Paulo aos


te ss a lo ni c en s es é o de uma ama que cria os seus filhos
( l T s 2.7). Na segunda, o to m é p ri m ei r am e n te o de um
pai que disci plina os filhos de so be die nte s para corrig ir
seus ca m in ho s (2Ts 3.7-12; cf. l T s 2.11). Elog ia-o s,
por ém , pela sua fé p ersev eran te e volta a e ncor ajá -lo s a
p e rm a n e c e r fiéis em todas as pe rs egu iç õe s (2Ts 1.3-7).
A seção principal da carta trata do Dia do
Se nhor, no seu aspecto e s c a to ló gi c o (2Ts 2.1-12; cf.
2Ts 1.7-10). Afigura-se de 2Te ssa lo nic en se s 2.2 que
alguns em Te ssa lô ni c a a fi rm a va m por “e s p í r i t o ”
(s upo st a revelação prof ética), por “p a la v r a ” (m e ns ag e m
verbal) ou “e p ís to la ” ( s upo st am e nte escrita por Paulo),
que o tempo da grande tri bulaç ão e o Dia do Se n h o r j á
ha v ia m começado. Paulo corri ge tal erro, decl aran do
que três eventos notá vei s assina lar ão e pre c ed e rã o a
c h eg a d a do Dia do Se nhor (2Ts 2.2):
• Oc orr erá uma grande a pos ta si a e rebelião (2Ts 2.3);
• A restrição d e te r m in a da por Deus para resisti r à
injustiça, será re m o v id a (2Ts 2.6,7);
• “ O ho me m do p e c a d o ” se reve lará (2Ts 2.3,4,8-11).
Paulo repreende aqueles que, na igreja, e st a v a m se
aprovei tan do da e x pec ta tiv a da imine nte volta de
Cristo como desc ul pa para a o c i o s i d a d e 1. E xor ta os
crentes a serem diligen tes e discip lin ado s no seu
viver (2Ts 3.6-12).

1 Qua li dad e ou estado de ocioso, de quem gasta o t empo


inutilmente; inatividade.

72
Questionário

• A ss in a le c o m “ X ” as alternativas correta s

1. Pa ul o em sua s egu nda via gem m is si o n ár ia , em


o b e d iê n c ia a u m a visão que De us lhe dera em Tr ôad e
fu ndo u a igreja de Filipos c om sua e quip e de
c o o pe r ad or e s
a ) |_j Bar nab é, Tito e Ti móteo
b ) |_J Lucas, Tí q u ic o e Silas
c ) |_j Áquila, Pr iscila e Tito
d ) 0 Silas, T i m ó te o e Lucas

2. O mo tiv o que levou a Paulo e s c r e v e r esta ep íst ola


foi o s urg im e nt o de ensinos falsos na igreja
a) |_j De Fil ip en s e s
b) [~~l De Co lo ss e nse s
c) |_| De IT e s a lo n ic e n s e s
d) |_J De 2T e s al oni ce ns e s

3. É o tema principal das cartas de Paulo a


Te s sa lo n ic e n s e s
a ) |_| G ló ria através do so frimento
b ) |_j Su p r e m a c ia de Cristo
c ) [yt| A volta de Cristo
d ) |_] A le gr ia de viver por Cristo

• M a r q u e “C ” para Certo e “E ” para Er rado

4 . m C o lo ss e n se s é uma das “epíst olas da p r i s ã o ”


5 . |g^] Em 2T e s sa lo ni c en s e s Paulo e xor tá -o s a dar bom
te s t e m u n h o cristão e a tra ba lha r cada um pelo seu
su stento

73
Autor: O Apó st olo Paulo
Primeira Data: C erca de 65 d.C.
Tema: A Sã D ou tri na e a Pi e da de
Carta a
Pa la vra s- Ch a ve : Cuid ado , vigilância,
Timóteo força, c o m p ro m is s o
Ver sí cul os -chav e: l T m 3.15; 4.12

U m dos cu ida dos principais que Paulo


tran smite ao seu j o v e m au xil ia r é que T i m ó te o lute co m
d e n o d o 1 pela fé e refute os falsos ensinos que e st a v a m
c o m p ro m e te n d o o pod e r salvífico do e v a ng e lh o ( l T m
1.3-7; 4.1-8; 6.3-5,20,21) . Paulo ta m b é m instrui
T i m ót eo a respeito das qualifi ca çõe s esp ir itu ai s e
pessoais dos dirigentes da igreja, e oferece um quad ro
geral das qu al ida des de um obreiro can did at o a futuro
pa sto r de igreja.
Entre outras coisas, Paulo en sin a Ti m ó te o
sobre o r e la ci ona m e nt o pastoral com os vários grupos
dentro da igreja, com o as mulh eres em geral ( l T m 2.9-
15; 5.2), as viúvas ( l T m 5.3-16), os home ns mais
idosos e os mais j o v e n s ( l T m 5.1), os presb íter os ( l T m
5.17-25), os escravos ( l T m 6.1,2), os falsos mestres
( l T m 6.3-6) e os ricos ( l T m 6.7-1 0,17- 19) . Paulo
co nfia a Ti m óte o cinco tarefas distintas para ele
c um pr ir ( l T m 1.18-20; 3.14-16; 4.11-16 ; 5.21-25;
6 .20 - 21). * 1
Nest a epístola, Paulo e xprim e sua afeição a
Ti m ót eo com o seu c onver tid o e filho na fé, e
estabelece um elev ad o padrão de pie dad e para a vida
dele e da igreja.

1 Qu ali dade de denodado; ousadia, intrepidez, valor, coragem,


bravura, destemor.

74
A utor

1 e 2 T i m ó te o e Tito - c o m u m e n t e 1 c h a m a d a s
“ e pí st ol as p a s to r a is ” - são cartas escritas por Pa ul o
( l T m 1.1; 2Tm 1.1; Tt 1.1) a T i m ó te o (em Éf es o) e
Ti to (em Creta) c o n c e r n e n t e 21 ao c u id a d o pastoral das
igrejas. Alguns críti co s q u e s t i o n a m a autoria destas
cartas po r Paulo, mas a igreja p r im it iv a c o r r o b o r a v a 3
sua a uto ria paulina. E m b o r a haja dif eren ças de esti lo e
de vo c ab ul á rio nas epíst olas p ast orais ao co m p ar á- la s
com as outras cartas de Paulo, estas dif eren ças p o d e m
de c o r re r da av an ç a da idade de Pa ulo e sua so lic itu de
pess oa l co m os m in is té rio s de T i m ó te o e Tito.
Paulo esc re veu I T i m ó t e o depois dos e ven to s
re la tad os no fim de Atos, a p ri m e ir a pris ão de Pa ul o em
R o m a te rm in ou (At 28), s eg undo parece, com a sua
li be rta ção (2Tm 4.16,17 ). P o s te ri o rm e n te , s eg undo
C le m e n te de R o m a (cerca de 96 d.C.) e o C â n o n
M u ra to ri a n o (cerca de 190 d.C.), Paulo via jou de
R om a , diri gin do- se para o oeste, até a E s p a n h a, e
m in is tr ou a Pala vra de Deus ali, c o m o era seu dese jo há
longo tempo (cf. R m 15.23,24,28).
C on fo rm e re la ta m as E pí sto la s P as tor ai s,
Paul o a seguir, voltou à região do m a r E ge u
(es pe c ia lm en te Creta, M a c e d ô n ia e Grécia) e aí
c o n ti n u o u seu ministério. D ura nte esse pe río do (cerca
de 64,65 d.C.), Paulo c o m is si o n o u Ti m ó te o co mo seu
r e pre se nt a nt e apo stó li co para m in is tr a r em Éfeso, e
Tito para fazer o m e sm o em Creta. Da M ac e d ô n ia ,
Paulo escreveu sua prim eir a carta a T im óte o, e, pouc o
mais tarde, esc reveu a Tito. P o s te ri or m en te , Paulo foi
preso de novo em R om a , qua nd o então esc re veu uma

1 Em geral, ordinariamente.
2 Que concerne; relativo, atinente, referente.
3 Dar força a; fortificar, fortalecer, confirmar, comprovar.

75
segunda car ta a Ti m ót eo pouco antes do seu martírio,
em 67/68 (ver 2T m 4.6-8; ver tam bé m int ro duç ã o a
2Ti móteo).

Propósito

Pa ulo teve um tríplice p ro pós ito ao e sc reve r


IT im ót e o:
• E x o r ta r o próp rio Ti m ót eo a re s pei to do seu
m ini st ério e da sua vida pessoal;
• E x o r ta r Ti m óte o a defen der a pureza do ev an ge lh o e
seus santos padrões da c orr upç ão c au s a d a por falsos
mestres;
• D ar a T i m ót eo ins truções a resp eito de vários
assu nto s e probl em as de Efeso.

76
Autor: O A póstolo Paulo
Segunda Data: Cerca de 67 d.C.
Carta a Tem a: P e rs e v er a n ç a Inabalável na Pé
Pa la vra s- C ha ve : Batalha, in s tr uç ão ,
Timóteo
re s p o n sa b il id a d e
V e rs íc ulo s -c ha ve : 2Tm 3.14-17; 4.1-5

No c apí tu lo 1, Pa ulo ass eg ura a T i m ó t e o o


seu inc ess ant e a m or e orações, e e xor ta -o a n u nc a
t r a n s i g i r 1 na f id e lid a de ao e van ge lho , a gua rd a r co m
diligê nc ia a ve rda de e a seguir o seu exem pl o.
No c apí tu lo 2, Paulo in c u m b e seu filho
esp iritual a p re s er v a r a fé, tr a ns m iti nd o suas ve rd a des a
hom en s fiéis que, por sua vez, en sin arão a outr os (2 T m
2.2). A d m o e s ta o j o v e m pa sto r a sofrer as aflições
co mo bom sol dad o (2 T m 2.3), a servir a D e us c om
diligê nc ia e a m a n e j a r c or re ta m en te a p a la v r a da
ve rdade (2Tm 2.15), a separar-se daq uele s que se
de svi am da ve rda de a pos tó li ca (2Tm 2.18- 21), a
m a nt er-s e puro (2Tm 2.22) e a tra ba lh ar c om p a c iê n c ia
co mo me stre (2Tm 2.23-26).
No c a pí tu lo seguinte, Paulo decl ara a
Ti m ó te o que o mal e a a pos ta si a au m en ta rã o (2 T m 3.1-
9), porém, ele p reci sa p e rm a n e c e r sempre, e em tudo,
leal às Es c rit ur a s (2 T m 3.10-17).
No c apí tu lo final, Paulo in cu mb e T i m ó te o de
prega r a Pala vra e de c u m p r ir todos os dever es do seu
minist ério (2Tm 4.1-5). Term ina , i n f o r m a n d o a
Ti m ót eo quanto aos seus assuntos pessoais, qua n d o ele
j á en ca ra va a morte, e inst an do com o j o v e m p a s to r a
vir logo ao seu e nc on tr o (2Tm 4.6-21).

1 Chegar a acordo; ceder, c onde scende r, cont empor izar.

77
A utor

Es ta é a última carta de Paulo. Ela foi escrita


q u a nd o o im pe rador Nero p ro c u ra v a impe dir a
ex p an s ã o da fé cristã em R om a , pe rs egu ind o
se v e ra m e n te os crentes. E P a u lo voltara a ser
pr is io ne iro do im pe ra dor em R o m a (2Tm 1.16,17).
E st av a s of rendo privações com o se fosse um crim ino so
c o m u m (2 T m 2.9), a ban dona do pela m a io ri a dos seus
am igo s (2 T m 1.15), e tinha c o n sc iê n ci a de que o seu
m ini st ério chegara ao fim, e que sua morte se
a p r o x im a v a (2Tm 4.6-8,18; ver int ro duç ã o à IT im ó te o
para um e xa m e mais c om ple to da au toria e do co nte xt o
da epístola).
Paulo escreve a T i m ó te o c o m o “ amado f i l h o ”
(2 T m 1.2) e fiel c o o p er ad o r (cf. R m 16.21). Sua
in ti m id ad e c om Ti m ót eo e sua c o n fi a n ç a nele percebe-
se no fato de o ap óstolo m e n c i o n á -l o com o seu
c o o p e r a d o r na escrita de seis epíst ola s, de Ti m óte o
ha ve r p e rm a ne c id o co nsigo durante sua prim eir a prisão
(Fp 1.1; Cl 1.1; Fm 1), e de lhe hav er escrito duas
cartas pessoais. Ante sua ex ec uç ão iminente, Paulo
pede duas vezes a Ti mó teo que ve nha estar nova m en te
c om ele em R om a (2Tm 4.9,21). T i m ó te o ainda residia
em Efes o quando Paulo lhe e nv io u esta segunda
ep ísto la ( l T m 1.3; 2Tm 1.18). N e st a epístola, o
apóst ol o env ia saudações a O ne síf oro que residia em
Éfes o (2Tm 1.16), e ig ua lm en te para o casal Áq uil a e
Pr isc ila (2Tm 4.19).

Características Especiais

C ontê m as últimas pal avr as escritas por


Paul o antes da sua e xecu ção por ord e m de Nero, em
Ro ma , uns 35 anos depois da sua c o n v er sã o a Cristo.

78
C o n t é m um a das de cla ra ç ões mais claras, na
Bíblia, a re s pe ito da ins pir açã o d iv in a das E s c ri tu ra s e
do seu pr o p ó s it o ( 2 T m 3.16,17); Pa ulo re a fi rm a que as
E s c ri tu ra s de v e m ser in te rpr et ad as c om e x a ti d ã o pelos
m in is tro s da P a l a v r a (2Tm 2.15) e ins iste que a P a la v ra
de De us seja c o n f ia d a a home ns fiéis que, po r sua vez,
p o s sa m e n si n a r a ou tro s (2Tm 2.2).
Do c o m e ç o ao fim da carta a p a r e c e m
e x or ta çõ e s sucin ta s, por e xem pl o, “de sp e rte s o do m de
D e u s ” (2 T m 1.6), “ não te e n v e r g o n h e s ” (2 T m 1.8),
sofre pelo e v a n g e lh o (2Tm 1.8), “c o n s e rv a o m o d e lo
das sãs p a l a v r a s ” (2 T m 1.13), “ guarda a v e r d a d e ” (2 T m
1.14), “ forti fic a-te na g ra ç a ” (2Tm 2.1), “pa ssa ad ia nte
a m e n s a g e m ” (2 T m 2.2), “ sofre as a fl iç õ e s ” (2 T m 2.3),
“ sê dilige nte na P a l a v r a ” (2Tm 2.15), “ ev ita os
falatórios p r o f a n o s ” (2 T m 2.16), “ foge dos de se jo s da
m o c id a d e e segue a j u s t i ç a ” (2Tm 2.22), “ a ca ut e la - te
da a po sta si a que há de v ir ” (2Tm 3.1-9), “p e r m a n e c e na
v e r d a d e ” (2 T m 3.14), “pregues a P a l a v r a ” (2 T m 4.2),
“faze a obr a de um e v a n g e l i s t a ” (2 T m 4.5) e “c u m p r e o
teu m i n i s t é r i o ” (2 T m 4.5).
Os temas i t e r a t i v o s 1 destas muita s e x o rt a ç õ e s
são: m a nt e r fir me a fé (em Jesus Cristo e no e v a n g e lh o
apo stó li co orig ina l), guardá -la da d is to rç ão e da
c or rup ção , op or- se aos falsos mest res e pre ga r o
ev an ge lh o c om pe rs e v e ra n ç a inabalável.
O te s t e m u n h o de desp ed ida de P a u lo é um
e xe m plo c o m o v e d o r de c ora ge m e e sp e ra nç a dia nte do
martírio sen te nc ia do (2Tm 4.6-8).

1 Rel at ivo a, ou em que há iteração. Repet ido, reit erado.

79
Autor: O Ap ós to lo Paulo
Data: Cerca de 65/66 d.C.
Tema: A Sã D o u tr in a e as Boas Obras
Carta a
P a la vra s- Ch av e: D i l i g ê n c i a 1,
Tito co m p ro m is s o , resp o n sa b il id a d e
V ersí culos-chave: Tt 2.11-14

Tito, com o 1 e 2 Tim óteo, é uma carta


pessoal de Paulo a um dos seus auxiliares mais jo v e n s.
É ch am a da de “epístola p a st o r al ” po rq ue trata de
ass untos rela cio nad os com a ordem e o m in is té rio na
igreja. Tito, um gentio co nv er tid o (G1 2.3), tor nou -s e
ínt im o c o m pan he ir o de Paulo no minist ério ap ostólico.
E m b o r a não m e nci ona do n o m in a lm e n te em Atos (por
ser, talvez, irmão de Lucas), o grande r e la ci ona m e nto
entre Tito e o apóstolo Paulo vê-se:
• Nas treze referências a Tito nas epístolas de Paulo;
• No fato de ele ser um dos co nve rt ido s e fruto do
minist ério de Paulo (Tt 1.4; com o T im ót eo ), e um
c oo pe r ad or de c onf ia nç a (2Co 8.23);
• Pela sua missão de re presen ta nt e de Paulo em pelo
me nos uma missã o im por tan te a Co rinto dura nte a
terceira viagem m is si on ár ia do apóst ol o (2Co
2.12,13; 7.6-15; 8.6, 16-24);
• Pelo seu trabalho co mo c oop er ad or de Paulo em
Creta (Tt 1.5).
Paulo e Tito tr ab al haram ju n to s por um breve
períod o na ilha de Creta (a sudoeste da Ásia Menor, no
M ar Medit err âne o), no períod o entre a prim eir a e a
seg unda prisão dé Paulo em Ro m a (ver in tr oduç ã o a

1 Cui dado ativo; zelo, aplicação. Atividade, rapidez, presteza.


Provi dênci a; medida.

80
I T im ót e o) . Paul o de ix ou Tito em Cre ta c u id an do da
igreja ali (Tt 1.5), e n q u a n to ele (Paul o) seguia ad iante
para a M a c e d ô n ia ( l T m 1.3). A lg u m te mp o depois,
Paulo esc reveu e sta carta a Tito, i n c u m b in d o -o de
c o m p le ta r a tare fa em Creta que os dois ha v ia m
c om e ç a d o ju n to s . E pro vá vel que Paulo tives se
m a n d a d o a carta pelas mãos de Zena s e Apoio, que
pa ss a ram por Creta, e m via g em (Tt 3.13).
N e sta carta, Paulo in fo rm a sobre seus planos
para en vi ar Á rt e m a s ou Tí quic o para su bs tit ui r Tito
dentro em breve. E ne ss a oc asião Tito de via en con tr ar-
se com Paul o em N ic ó p o li s (Grécia), onde o ap ósto lo
pla ne ja va pa ss a r o in v e rn o (Tt 3.12). Sa b e m o s que isto
aconteceu, j á que na oc asi ão posterior, Paulo de si g n a ra
Tito para a D a lm á c ia , no litoral oriental do mar
Adriá tic o (na e x-I u g o s lá v ia ) , em cuja região ficava
Nicó pol is , na G ré ci a (Tt 3.12).

Propósito

Paul o e sc re ve u pri m e ir a m e n te para in s tru ir


Tito na sua tare fa de:
• Pô r em ord em o que ele (Paulo) de ixa ra in a ca ba do
nas igrejas de Creta, inc lusiv e a ins tit uiç ã o de
pr esbítero s ne ssas igrejas (Tt 1.5);
• A ju da r as igrejas a cre sc er em na fé, no
c on h e c im e n to da ve rda de e em san ti dad e (Tt 1.1);
• Silen ci ar falsos m est res (Tt 1.11);
• Vir até Paulo, um a vez sub sti tu ído por Á rt e m a s ou
Tí qu ic o (Tt 3.12).

Visão Panorâmica

N e sta epíst ola , Paulo examina quatro


assuntos principais.

R1
1. Ens ina Tito a respeito do caráter e das qua lif ic a çõ e s
esp irituais nece ssárias a todos os que são sepa rados
para o mi nistério na igreja. Os pre sbíteros de v e m ser
home ns piedosos, de car áte r cristão c o m p ro v a d o , e
be m su cedidos na direção da sua fa mí lia (Tt 1.5-9);
2. Paulo man da Tito e nsi na r a sã doutrina, re p re e n d e r e
si lenciar falsos m est res (Tt 1.10-2.1). No de cur so da
carta, Paulo apre sen ta dois breves resu mos da sã
doutri na (Tt 2.11-14; 3.4-7);
3. Paulo descreve para Tito ( l T m 5.1-6.2) o devido
papel dos anciãos (Tt 2.1,2), das mulh eres idosas (Tt
2.3,4), das mulheres jo v e n s (Tt 2.4,5), dos ho m e ns
jo v e n s (Tt 2.6-8) e dos servos (Tt 2.9,10);
4. Fin al me nte , Paulo en fatiza que as boas obras e um a
vida de retidão são o devido fruto da fé gen uín a (Tt
1.16; 2.7,14; 3.1,8,14; Tg 2.14-26).

Características Especiais

Dois breves re su mo s da verda dei ra na tu re za


da salvação em Jesus Cristo (Tt 2.11-14; 3.4-7).
• A igreja e o seu minist ério de vem estar ed ifi cad os
sobre firmes alicerces espirituais, teoló gic os e
éticos.
• C ont ém uma das duas listas no N ovo Te s ta m e n to
e n um er an do as qua lif ic açõ es nece ssárias à direção
da igreja (Tt 1.5-9; l T m 3.1-13).

82
Autor: 0 A postolo Paulo
Carta a Data: Cerca de 62 d.C.
F ilem om Tem a: R ec onc ili a çã o
P al av ra-C hav e: Irmão
V e rsí cul os -chav e: Em 17-19

Pa ulo esc re veu esta “e p ís t o la da p r i s ã o ” (Fm


1,9) c o m o uma carta pessoal a um h o m e m c h am a do
F il e m o m , ma is p r ova ve lm en t e dura nte sua prim eir a
prisão em R o m a (At 28.16-31). Os no m e s idên ticos
m e n c i o n a d o s em F il e m o m (Fm 1,2,10,23,24) e em
C o lo s s e n s e s (Cl 4.9 ,10-1 7) , in d ic a m que F il e m o m
m o ra v a em C olo ss os e que as duas cartas fo ra m escritas
e en tre gue s ju nta s.
F il e m o m era um sen ho r de e sc ra v o s (Fm 16)
e m e m b r o da igreja de C olo sso s (co m pa re F m 1,2 co m
Cl 4.17), talvez um c onver tid o de Pa ul o (Fm 19).
O n é si m o era um escra vo de F il e m o m que fu gir a para
Ro ma ; ali, teve con tato co m Paulo, que o levou a
Cristo. D e s e n v o lv e u - s e um forte vín c ulo de a m iz ade
entre os dois (Fm 9-13). Agora, Paulo, um tanto
a p r e e n s i v o 1, env ia O né si m o de volta a F il em om ,
a c o m p a n h a d o por Tíqu ico, c o o p e r a d o r de Paulo,
le va nd o e sta carta (Cl 4.7-9).

Propósito

Paulo escreveu a F il e m o m para tratar do


p r o b le m a espec ífi co do escra vo fugi ti vo deste,
O né sim o. Seg undo a lei romana, um e sc ra vo fugitivo
era pass íve l da pena de morte. Paulo inte rc ed e j u n t o a
F i l e m o m em favor de O né si m o e pe de- lh e que

1 P r e oc u pa do , receoso, cismático.

83
gr a c io sa m e nt e receba O né si m o de volta, co mo um
irmão crente e com o c o m p a n h e ir o de Paulo, c om o
mesm o amor c om que a co lh eria o próprio Paulo.

Visão Panorâmica

Eis o apelo de Paulo a Filemom:


• Ro ga que Fil em om , c o m o irmão na fé cristã (Fm
8,9,20,21), receba O n é si m o de volta, não com o
escravo, mas como irmão em Cristo (Fm 15,16).
• Num t r o c a d i l h o 1 (no grego), Paulo c ham a atenção
para o fato que O n é si m o (cujo nome sig nif ic a
“ útil” ) era anter ior me nte “ in úti l” , mas agora é “ ú til ”
tanto a Paulo como a F il e m o m (Fm 10-12).
• Paulo que ria que O né sim o pe rm a nec e ss e co m ele em
Roma, mas prefere en viá-lo de volta ao seu le gítimo
senhor (Fm 13,14).
• Paulo oferece-se para pag ar a dívida de O n é si m o e
rele mb ra a F il em om que este deve sua vida ao
A póstolo (Fm 17-19). A carta te rm ina com
sau dações de alguns dos co op erad ores de Paulo em
R o m a (Fm 23,24) e c om uma bênção (Fm 25).

Características Especiais

Três caracte rís tic as pri ncipais a ch am -s e


nesta epístola:
1. Essa é a mais breve de todas as epístolas de Paulo;
2. Mais do que q u a lq u e r outra parte do No vo
T es tam ent o, ela ilustra como Paulo e a igreja
primitiva tratavam do p ro ble m a da escra vidã o no
império romano. Ao invés de atacá-la dire ta me nte ou

1 Jogo de palavras parecidas no som e diferentes no significado,


e que dão margem a equí vocos; emprego de expressão ambígua.

84
de i n s t i g a r 1 rebelião armada, Paulo e xpôs prin cí pio s
cris tão s que e li m in a v a m a sev e rid a de da e scr av idã o
r o m a n a e que fin al me nte le va ra m à sua ab olição
total no me io da Cristan dad e;
3. O ferece um v i s l u m b r e 21 i nc om pa rá ve l da n at ur eza
ínt im a de Paulo, pois este se id en tif ic ou tanto co m
um e sc ravo que o ch am ou de “ meu c o ra ç ã o ” (Fm
12 ).

1 Incitar, induzir, mover, estimular, açular, acirrar.


2 Idéia i ndistinta; conjetura, suposi ção, hipótese.

85
Questionário

• Assinale c om “X ” as al ternativas corretas

6. Cartas de Paulo intitul ada s co mo “E pí sto la s


P a s to r a is ”
a ) |_| 1 e 2 T e s sa lo nic en s e s e F il em om
b ) [TZj 1 e 2T im óteo e Tito
c ) |_| C olo sse nses , Fil ip en s e s e Efésios
d ) |~l 1 e 2C orí nti os e R oma nos

7. C on tê m as últimas palavras escritas por Paulo antes


da sua e xe cu ção por ord em de Nero, em Roma, uns
35 anos depois da sua con ver são a Cristo
a) 2 2T im óteo
b ) U Tito
c) ^ F il e m o m
d) ^ I T im ó te o 0198

8. Ep ís to la escrita por Paulo na prisão co mo uma carta


pessoal a um hom em , cujo te ma central é a
rec onc ili açã o
a) |______ j IT im ó te o
b) |______ J Tito
c) P3 Fi le mo m
d) |______ J 2T im óteo

M ar qu e “ C ” para Certo e “E ” para Errado

9. \fA Tito é a mais breve de todas as epístolas de Paulo


10. ® Paulo descreve para Fi le mo m o devido papel dos
anciãos, das mulheres idosas, das mulh eres jo ve ns,
dos hom en s jo v e n s e dos servos

86
Lição 4
Cartas Gerais: Hebreus e Tiago

Autor: D e s c o n h e c id o
Carta aos Data: Gerca de 67-69 d.G.
Tema: U m M e l h o r Co ncerto
Hebreus
P a la vr a -C hav e : M e lh o r
V e rsí cu lo -c ha ve : Hb 4.14

Este livro foi de sti na do ori gi nal me nte aos


cristãos de Roma. O seu-título, nos ma nus crit os gregos
mais antigos, diz apenas “ Aos H e b r e u s ” . Seu co nte úd o,
no entan to , revela que foi escrito a cristãos ju d e u s. O
e m p re g o que o autor fez da S e p t u a g i n t a 1, nas citaçõ es
do Antigo Te s ta m en to , ind ic a que os prim eiros leitores
fo ra m p r ova ve lm en t e ju d e u s de id iom a grego que
viviam fora da Palestina. A e xp re ss ão “ Os da Itália vos
s a ú d a m ” (Hb 13.24) sig nifi c a pro v a v e lm en t e que o
au tor escrevia para R om a , e que na ocasião in cl uiu
s au da çõ es de crentes italianos que viviam longe da
pátria. Os de sti natários p o d e m ter sido igrejas em lares,
da c o m u n id a d e cristã de R om a , das quais algu ma s
e st a v a m a ponto de a b a n d o n a r a fé em Jesus e voltar
para a antiga fé ju d a i c a por causa da pe rs egu iç ão e do
desâ nimo .

1 Versão grega do Antigo Test amento.

87
U m a coisa é certa, o es c ri to r e scr ev eu na
plen itude do Espíri to e com e nte n d i m e n to , revelação e
au toridade apostólica.
O Se nhor Jesus Cristo é o m e lh o r M ed ia d o r
do m e lh o r Pacto baseado sobre m el ho res pro me ssa s
(Hb 8.6). É o Fil ho de Deus, o re s p le n d o r de Sua glória
e a e xp re ss ão exata do Seu Ser. E o Criador,
S u s te nta do r e He rdeiro do universo. E m a io r que os
anjos, m a io r que Moisé s, Arão e Josué. E o A utor e
C o n s u m a d o r de nossa fé, em Q u e m de vem os fitar
fi rm em en te nos so olhar (Hb 12.2). Ele é o mesm o
ontem, hoje e o será para sempre (Hb 13.8). Con vém -
nos sair a Ele, fora do arraial, le van do Seu v i t u p é r i o 1
(Hb 13.13). T e rm i n a o argume nto do livro com a
bênção ou co nc lu s ã o mais sub lim e de todas as
Epístolas.

Autor

O e sc rit or não se id e nt ifi c a no título


original, nem através do livro, e m b o r a fosse bem
c on hec ido dos seus leitores (Hb 13.18-24). P o r alguma
razão, pe rd e u-s e a sua iden tidad e ao fin da r- se o século
I. P o s te rio rm en te , na tradição da igreja prim iti va
(séculos II ao IV), surgiram muitas op in iõ es diferentes
sobre o pos sível escrit or de Hebreus.
A opin iã o de que Paulo haja sido o autor não
tinha aceitaç ão até o século V.
M ui to s eruditos c on se rv a do re s de scartam a
autoria de Paulo, uma vez que o estilo es m e ra do e
alexa ndr ino do autor, seu e m ba s a m en to " na
Se ptua ginta, sua man ei ra de in tr oduzi r as citações do 21

1 Vit uperação. Insulto, injúria. Ato ver gonhoso, infame ou


criminoso.
2 Base, fundament o; razão, motivo.

88
A nti go Test am ent o, seu m é to do de a rg um e nta r e
e nsi na r, a estru tur a da ar g u m e n ta ç ã o e a om is sã o da
sua identifica ção pess oa l são carac terís ticas m u ito
di ferente s das de Paulo. A lé m disso, enqu anto Pa ulo
sem pr e apela à sua rev e la ç ã o rec eb id a di reta me nte de
Cris to (G1 1.11,12), esse e sc rit or de m o n st ra ser um dos
cristãos da seg unda ge ração aos quais o e vang el ho fora
c o n fi rm a d o por te st em u n h a s ocular es do m ini st ério de
J esu s (Hb 2.3). E nt re os ho m e ns m e n c i o n a d o s
no m in a lm e n te no N o v o T e s ta m en to , a de scrição que
Lucas oferece de Apoio, em Atos 18.24-28, a jus ta -s e
m e lh o r ao perfil do e sc ri to r de Hebreus.
Ap esa r de que c o s tu m a m o s dar a este livro o
título: A Epí sto la do A p ós to lo São Paulo aos H eb reu s,
desd e os primeiros séculos do C ri s ti a n is m o vem sendo
dis cu ti do o p ro bl e m a a resp eito de que m seja o au tor
de sta carta. O próprio tex to não revela a id en tid ad e do
autor. Há os que alegam que 2Pedro 3.15 se refere a
u m a Ep ís to la escrita pelo a póst ol o Paulo e sp e c ia lm en te
para os ju de us , e n qu an to que 3.16 fala das dem ai s
E pí st ol a s que ele escreveu. D iz e m que esta é a quel a
carta m e n ci on ad a no versí cul o 15. Se Paulo foi o autor,
por que não o disse em 2T e s sa lo ni c en s e s 3.17?
C le m e n te de A le xa nd r ia disse que Paulo não pôs o seu
pró pr io nome na carta para que os ju d e u s não
le va nt as se m a rgu me nto s preju dic ia is contra ele. Isto é
possí ve l, mas não de aco rd o com o que s abe mo s do
c ar át e r franco de Paulo. N e m o estilo, n e m o
vocab ulá rio, têm qu a lq u e r se m e lh a n ç a com os do
apóstolo.
Não há provas c o n c l u d e n t e s 1 internas, ne m
exter nas , nem a favor, n e m c ontra a que Paulo seja o
autor.

1 Que conclui, ou merece fé; t ermi nant e, categórico.

89
Se há, porém, dúvidas de q u e m seja o autor,
não há dú vi das de que tenha aut ori da de apostólica. É
um livro do te mp o dos apóstolos. Sua dou tr i n a está de
acordo c om tud o o mais que há na B íb lia e preenche
uma pa ten te la cun a no dese n v o lv im e n to da doutr in a no
Novo T e s ta m en to . C le me nte de Ro ma , no ano 96, fez
tantas c it açõ es deste livro que se j u l g a que seria
ne ces sár io que tivesse diante de si o te xto de Hebr eus
en qu an to escrevia. Policarpo, Justi no Már tir , Dionís io,
Teófilo, C le m e n te de Alexandria, O ríg en es e Eu sé bio
cita m-no . Orígene s (185-254) faz muita s referências ao
livro co mo sendo de Paulo, porém diz: “H om e ns de
outr or a le ga r am - nos este livro como s end o Paulo, mas
quem e sc re ve u a Ep ístola, só Deus o sabe c om c e r te z a ”
(His tór ia E c le si ás ti c a por Eu sébio, VI, 25). Te m sido
atri buí da a Lucas, a Barnabé, a C le m en te de R o m a e a
outros e alguns crêem que Lucas escreveu todo o livro
em he br a ic o e que Paulo após a co n cl u s ã o , ou que
Paulo esc re veu todo o livro em he bra ico e que Lucas,
ou C le m e n te de Roma, o traduziu para o grego. Estas
são c o n j e t u r a s 1 apenas. Vários autores, co m eç a n d o por
Lutero, a le ga m que Apoio é mais pro v a v e lm e n t e o
autor. De que seja de au toridade ap o st ó l ic a não há
mo tiv o para duvidar-se.

A Data e as Circunstâncias

De H e breus 10.11,12, c o m p ro v a -s e que o


livro foi escrito depois da ascensão do Se nh or Jesus
Cristo e antes da destruição de Je ru sa lé m no ano 70. A
me nçã o de Ti m óte o em 13.23, pro va que seria na
última parte desse período. Não sa be m os quando
T i m ót eo foi detido, mas supõe-se que seria em R om a

1 Juízo ou opi ni ão sem fundamento preciso; s uposi ção, hipótese.

90
qu a n d o foi para so correr a Paulo (2Tm 4.9). Se as s im é,
talvez Hebreus tenha sido escrito cerca do ano 68 ou,
talvez 69.
N a tu ralm en te , não sabemos nada das
c ir cu ns tâ nci as do escritor, por é m dos dest in atá rio s,
sim. Er am hebreus segun do todo o teor do livro. Seu
título mais antigo foi si mp le sm en te : Os H e breus ;
depois: A Ep ís to la aos Hebr eus ; e finalmente: A
E p í s to la do Apó st olo São Paulo aos H ebreus. Não há
q u a is q u e r referências aos gentios, nem se refere aos
seus probl em as no texto, porém, re fere-s e
d e ta lh ad a m e nt e ao A nti go Pa ct o e a Abraão, M ois és ,
Josué, etc., sem e xp lic aç ões de sne ces sár ia s para os
ju d e u s , coisa que seria ne ce s sá rio para os gentios que
não c on he c ia m o Antigo T e st am ent o.
Estes hebreus e s ta v a m em um grande perigo
- o de ne gar em a sua fé e vo lta re m para o ju d a ís m o . A
carta ex orta-os a c o n fi a re m no Senho r Jesus Cristo,
M e d i a d o r de um m e lh o r pa cto base ad o sobre m el hores
p ro me ssa s. O livro p ro v a que o N ovo P a c to
(T est am en to ) é a rea lid ad e de que o Antigo Pacto é a
so mb ra (Hb 8.5,6).

Tema

Cristo é a P e s so a inevitável, ind is pe nsá vel ,


pe rfe ita m en te ímpar. É su perio r (palavra usad a 13
vezes) do que q ua lq ue r co us a ou q u a lq uer pessoa. E o
c u m p ri m e n to de tudo o que o Velho T e s ta m e n to
prometera.

Propósito

Hebreus foi escrito p r in c ip a lm e nte para os


cristãos ju d e u s que e s ta v a m sob pe rs eg ui ç ã o e

91
e s m o r e c i m e n t o 1. O escritor p ro c ura fortale cê- los na fé
em Cristo, de m ons tr an do c u id a d o s a m e n t e a
s u p e r io ri d a d e e finalidade da revelação e re den ção da
parte de D e us em Jesus Cristo. D e m o n s tr a que as
dis po si ç õe s divinas para a re den ção vistas no Antigo
C on ce rt o c um p ri ra m -s e e to rn aram -s e o b s o l e t a s 21 pela
vi nda de J esu s e pelo e s ta be le c im e nto de um N ovo
C on ce rto , med ia nte a sua morte v ic á r ia 3. O escritor
an ima seus leitores:
• A m a n te r e m firme sua co nfissão de Cristo até o fim;
• A pr o s s e g u ir e m para a m at urid ad e espiritual;
• Não vo lv erem ao estado de co n d en a ç ão caso
a b a n d o n e m a fé em Jesus Cristo.

Visão Panorâmica

H e breus parece mais um serm ão do que uma


epístola. O autor descreve sua obra co mo “ uma palavra
de e x o r t a ç ã o ” (Hb 13.22). C onté m três divisões
principais:
1. Pr imeiro, Jesus, o p ode ro s o Fil ho de Deus,
é de cla rado a plena revelação de D eu s à hum a nid a de -
m a io r do que os profetas (Hb 1.1-3), do que os anjos
(Hb 1.4-2.18), Moisés (Hb 3.1-6) e Jo su é (Hb 4.1-11).
N e sta divis ão do livro, ocorre uma a dvertên ci a solene
no toc ant e às c onse qüên cia s do a ba ndo no da fé ou do
e n d u re c im e n to do co ração pela inc re dulid a de (Hb 2.1-
3; 3.7-4.2);
2. A segunda divisão apre sen ta Jesus com o o
Su mo Sacerdote, cujas qua lif ic açõ es (Hb 4.14-5.10;
6. 19-7. 25), caráter (Hb 7.26-28) e m ini st ério (Hb 8.1-

1 Di mi nuiç ão de força, de coragem, de ent usi asmo; desânimo,


desalento, abatimento.
2 Que caiu em desuso; arcaico.
3 Que faz as vezes de outrem ou de outra coisa.

92
10.18), são perfeitos e eternos. Há uma solen e
adver tên ci a para quem p e rm a ne c e r e sp ir it u a lm e n t e
imaturo ou m esm o “ c ai r” depois de se to rn a r
pa rti c ip a nt e de Cristo (Hb 5.11-6.12);
A divisão final (Hb 10.19-13.17) a d m o e s ta
e nf a ti ca m e nt e os crentes a p e rs ev e ra re m na salva ção ,
na fé, no s of rim en to e na santidade.

Características Especiais

Oito car act erís tic as aflo ram ne ste livro:


1. No N ovo T e s ta m e n to é único quan to à sua estrutura:
“co me ça co mo tratado, de se nvo lv e -s e co mo s ermã o e
te rm ina com o c a r ta ” (Orígenes);
2. É o texto mais re fin ad o do No vo T e s ta m en to ,
ab ei ra nd o- se do estilo do grego clássico, mais do
que qu a lq u e r outro escri tor do No vo T e s ta m e n to
(com ex ceção, q u i ç á 1, de Lucas, em Lc 1.1-4);
3. É o único escrito do N ovo T e s ta m e n to que
de se nv olv e o con cei to do m ini st ério sumo sacerdotal
de Jesus;
4. A c ris to lo gi a do livro é ri ca me nte variada,
ap re se nt a nd o mais de vinte nom es e títulos de Jesus;
5. Sua p a la vr a- ch a ve é “ m e l h o r ” (13 vezes). Jesus é
m e lh or do que os anjos e todos os m e di a dores do
An tigo Te s ta m en to . Ele prov ê m e lh o r re pous o,
conce rto , e spe rança , sacerdócio, e x pi aç ã o pelo
sacrifício vicário e prome ssa s;
6. C ont é m o principal capítulo do Nov o T e s ta m e n to a
resp eito da fé (capítulo 11);
7. Es tá repleto de referências e alusões ao Antigo
T e s ta m en to que oferecem um rico c o n h e c im e n to da
int erpre ta ção cristã prim iti va da hist óri a e da

1 Talvez, porventur a; quem sabe.

93
a do ração no Antigo T es tam ent o, m orm en te no ca m po
da tip ologia;
8. Ad ve rte , mais do que q u a lq uer outro escrito do No vo
T e s ta m e n to contra os perigos da ap ostasia espiritual.

Cristo, o R esplendor da Glória de Deus (Hb 1.3)

A E p ís to la aos H e breus c o m p ar a Jesus Cristo


co m o An tig o Pacto, e o apre sen ta co mo o
c u m p r i m e n t o de todas as pro me ssa s messiânicas. Tal
c o m p a r a ç ã o visa d e m on st ra r a super ior ida de de Cristo
sobre tudo quanto o An tigo T e s ta m en to tem a oferecer.
O te m a que percorre a carta do princ ípio ao fim é:
“Jes us Cristo é sup erior a...” Ele é sup erior aos anjos,
aos profetas, ao sacerdócio levítico e etc. E descrito
co mo o C ria dor de todas as coisas, re s p le n d o r da glória
e im a g e m de Deus; aquele que tudo sustém com o seu
poder, que nos purificou de todo o pecado e está
as s e nt ad o à destra de Deus.

Pr ofetas Anjos Jes us Cristo


F or am criados F or am criados Tudo criou
Tinham Ti nha m Tr ouxe a revelação
reve laç ão revelação c om pl et a
parcial parcial
São ad oradores São adoradores Rece be adoração
A n un c ia do r es M ini st rador es Sen hor de tudo

Cristo, Superior aos Anjos (Hb 1.4)

Os anjos tiveram im por tan te s mo me nto s na


história dos ju de us, tanto no âmbito nacional com o na
vida de indivíduos. Em sua natureza, mesm o atuando
em favor dos que hão de herdar a vida eterna, são
cria tur as com limitações se c omp arad a s ao Senhor

94
Jesus Cristo. Ele é de clarado co mo Fi l h o pelo próp rio
Deus, é o M es si as , C ri a do r e está à dire ita do Pai.
O escritor, ainda demonstrando a
s u pe r io ri da de de Jesus sobre os anjos, le mb ra aos
leitores que, se o que foi dito pelos anjos foi válido a
ponto de toda d e so be di ê nci a às pal avr as angelicais
re ceb er punição, m a io r pena re c eb e rá aqueles que
de sp r ez ar em , em Jes us, “ tão grande s a l v a ç ã o ” . A pe nas
Ele, co mo ve rd a dei ro Sumo Sa c er do te , pode se
c o m p a d e c e r dos que são tentados e salvá-los.

Os Anjos J esu s Cristo


Cria tur as (Hb 1.7) C ria dor (Hb 1.2-10)
R ev e la çã o parcial R ev e la çã o c o m p le ta
M e n s a g e ir o s (Hb 1.7) Fil ho (Hb 1.5)
Na da lhes é sujeito Todas as coisas lhe são
sujeitas
São ad or a do res (Hb 1.6) Rece be a dor açã o (Hb 1.6)
M in is t ra d o re s Se n h o r de tudo

Cristo, Superior a Moisés (Hb 3.3)

Os cren tes desti nat ários da e p ís to la são


ch am a d o s de “ s a n to s ” , e devem, por serem
p artic ip an tes da “ vocação c el e s ti a l” , c o n s id e r a r Jesus
não apenas c o m o apóstolo (um e nvia do de Deus), mas
ta m bé m Su mo Sacer dote, ao qual de vem c o n fe ss a r suas
difi cul da de s. Se M ois és foi fiel em seu mi nistério,
Jesus mu ito mais, pois foi o autor, não s om ent e do
mi nistério, mas tam bé m da famíl ia de Moisés. O
Gra nde L i b e rt a d o r dos hebreus, por ser h o m e m , não
pôde ser perfeito. En tretanto, Jesus deu -no s o e xem pl o
de i r r e f u t á v e l 1 perfeição.

1 Que não se pode refutar; evidente, irrecusável, i ncontestável.

95
O sacro e sc rit or rele mb ra a seus leitores que
o povo de Israel pe re grin a ra no deserto por mui tos
anos, por não ter ouvi do a voz de Deus através de
Moisé s, e roga-os que não ajam da me sm a forma,
e n dur e ce ndo seus cora çõe s às ordens divinas.

Repouso para o Povo de Deus (Hb 4.9)

A sorte daq uele s que foram resg ata dos do


Egito teve amp lo e direto sentido para os de sti nat ários
da ep ístola em estudo. Foram libertados, mas não
en tra ra m no “ descanso de D e u s ” , e pe re ce ra m no
deserto. M e s m o a seg un da geração, que co nseg ui u
ent rar em Canaã, não al can ço u a plen itude da p ro m e s sa
divina. Só pela vinda do M ess ia s seria alcançada; e isto
por apropriaç ão, m ed ia nt e a fé.
Ta nto Israel co m o esses prim iti vos cristãos
oc up av a m posição s em e lh a nt e de ter re ceb ido o
evang elh o e ter a opo rt u n i d ad e de ap ropria r-se do
mesmo. Israel falhou. Agora, o perigo para esses
pr im iti vos cristãos ju d e u s era que, por c au sa da
in c redulid ad e e falta de firmeza, d ei xa ss em de ent rar
no descan so espiritual de Deus, o qual não foi
cu m p ri d o por Josué, mas que agora estava ao alcance
de todos, em Cristo.

Cristo, Sumo Sacerdote Superior a Arão


(Hb 5.6)

Por não c o n h e c e r e m a Cristo sob a figur a de


Su mo Sac erdote e por não ser Ele da linhagem de Arão,
os cristãos hebreus não co m pre en dia m a aplicação
deste título e ofício à sua pe sso a e, co ns e que nte m e nt e ,
tinha m dif iculdades em aceitá-lo e honrá-lo nessa
função. Daí, a n e ce s si d a d e do escritor re s u m id am en te

96
a pr e se n ta r as carac terís ticas e atrib uiç õe s do sumo
sace rdo te , de m o n st ra n d o que as me sm as são
pe rf e it a m e n t e satisfeitas em Cristo.
O texto m os tra a s upe r io ri da de de Cristo
sobre os demais sumo sacerdotes, de st a c an do que Ele
não apenas satisfez as ex igências do sist em a levítico
pa ra a vo caç ão sacerdotal, mas d is tin gui u-s e pelo fato
de, sem pe cado, entre gar -se a si m e s m o por nossos
pecados.

O Perigo da Apostasia (Hb 5 e 6)

Os cristãos hebreus haviam, sido uma vez


il u m in a d o s através da revelação de De us em Cristo.
H a v i a m e x p e r im e n t a d o o dom cel estial, o E sp íri to
Santo, e a boa Pa la vra de Deus, o e v a nge lh o de Cristo,
p re ga do entre eles co m toda ma nife st aç ão de pode r e
milagres. Para essas pessoas, caso se de svi as sem , seria
i m p o s sí v e l serem re nova das outra vez para
a rr e p en d i m en to , uma vez que d e li be ra da m e nte
re je ita ram a Cristo, decl aran do que a sua cruci fic açã o
não p o s s u ía mais o sentido que antes lhe atribuíam.
O escrit or aos hebreus sentiu bem de perto o
perigo que aqueles crentes nessas c irc unstâ nc ias
en fr e n ta v am , por isso os advertiu.

97
Questionário

• Assinale c o m “X ” as alternativas corretas

1. É te ma pri ncipal da carta geral aos Heb reus


a ) |_] A Fé M a n if e s ta -s e pelas Obras
b ) |_| A n d a n d o na Verdade
c) |~1 Glór ia Atravé s do Sof rimento
d ) [ 1 U m M e l h o r Co ncerto

2. Heb reus foi escrito p r in c ip a lm e nte para os cristãos


a ) |_] R o m a n o s que esta va m sob tribulação
b ) | I J u d e u s que es ta va m sob escravidão
e ) i n J u d eu s que est a va m sob perseguição
d)l I R o m a n o s que es ta va m sob persegu içã o

3. No N o v o T e s ta m en to , Hebreus é o único quan to à


sua estrutura: “c om eç a com o ' /' ___, de sen volve -
se co mo t ^e termin a com o _______ ” (Orígenes)
a ) F ] Tr at a do, serm ão e carta
b ) l I Carta, tratado e sermão
c ) D Sermão, carta e tratado
d ) |_| Epí sto la , tratado e sermão

• M arque “ C ” para Certo e “E ” para Errado

4.1 | H e breus co nté m o principal capítulo do Novo


T e s ta m en to a resp eito da vinda de Cristo
5.fcl A Ep ís to la aos Hebreus c om par a Jesus Cristo com
o Antigo Pacto, e o apresenta como o cu m p ri m e n to
de todas as pro me ssa s messiânicas

98
Cristo, Sacerdote Eterno e Perfeito (Hb 7.26)

O aut or da ep ísto la agora reverte ao


a rgu me nto d e ix ad o no capítulo 5, versículo 10, no qual
se referia a Cris to co mo Sumo Sacerdote de um serv iço
divino, de ord em mais e lev ad a do que a quela
e st ab el eci da sob a lei mosaica. Esta ord em sacerdotal é
de origem div ina e segundo a ord em de M e lq uis e deq ue .
A descrição hist óri ca desse pe rs o n a g e m sing ula r
e nc ontr a- se em G ênesis 14.17-20. Ele surge nas
págin as sagradas qual estrela nova, no fi rm am ent o.
Logo de sap arece para só o en co nt ra rm os na ep íst ola
aos hebreus.
O fato de as Esc rit ura s não a p re se n ta re m o
registro ge ne a ló gic o do na sc im e nto de M e lq u i s e d e q u e
ou sua morte, j á o torn a tipo perfeito do s ace rdó ci o
et erno de Cristo.

Cristo, M ediador de uma Melhor Aliança


(Hb 8.10)

Nós, os crentes do No vo Con cer to,


p os su ím os um Su mo Sacerdote de classe únic a e
p r o e m i n e n t e 1: A lg ué m que em si m esm o é a realidade,
que c or re sp ond e e cu mp re o padrão esta be lec id o por
Deus para o sace rdó cio ; Algué m cujo mi nistério, por
co nse gui nte , é c um pri do na esfera celestial, e não na
terrena; Alg ué m cuja obra foi c on su m a d a pela
en tro ni z aç ã o à mão direita de Deus; e Algué m que, por
isso mesmo, é apto para c um pr ir um mais excel en te
m ini st ério na qu a lid a de de med ia dor de um novo e
me lh or Concerto. Cristo, nosso amado Salvador,

1 Que sobressai, ressalta; saliente.

99
to rn ou -s e ministro do verdad eiro tabernáculo, tendo
ent rado em nosso lugar não em algum santuário
terreno, mas na própria pres enç a de Deus, efetuou
eterna redenção.

Cristo Trouxe, Maior Glória na Adoração a


Deus (Hb 9)

Sob a ordem m o s ai ca en ten di a-s e que não


hav ia livre acesso à p resen ça de Deus. Somente uma
vez po r ano, e isso por meio dum representante.
S o m e n te me dia nte sacrifício c r u e n t o 1 podia o povo
a pr ox im a r- s e de Deus. A lição que apren dem os é que
de vid o ao pecado, o pro pó si to do h om e m de acercar-se
d ir e ta m e nt e de Deus era frustrado. Toda a e co nom ia
levítica era provisória, não pa ssa ndo de sombra ou tipo
da re al id ad e celestial. Os sacrifícios anuais ja m a is
po d e ri a m re so lve r o pro b le m a da consciência. Por
serem pro visó rios, eles a gua rd av am um tempo de
“re f o r m a ” , uma ocasião melhor.

A Eficácia do Sacrifício de Cristo (Hb 10.1)

Instituído por Deus, os sacrifícios de animais


eram a únic a forma de se a p la c a r 21 a ira divina co ntra o
pecado e a pro xim ar o ho m e m do seu Criador.
En tr et an to , tais sacrifícios de m o n st ra r a m ser ineficazes
po rqu e apenas apl aca vam te m por a ri a m e nte a ira de
Deus, mas não re mo via m o pecado. Desta forma, havia
a n e ce s si d a d e de um sacrifício único e perfeito, que
p ro pi c ia ss e aos homens a cert eza da reconciliação com
Deus.

1 Em que há sangue; sanguinolento, sangrento, cruel.


2 To rn a r plácido; tranquilizar, serenar, apaziguar.

100
O au tor da ep íst ol a em estudo não ap ena s
a pr ese nt a Cris to c o m o o último Su mo Sacer dote, mas
co mo o sac rifício perfe ito diante de D eus; sacrif ício
que tira d e f in it iv a m e n te os pecados.

O Pecado Imperdoável (Hb 10.26)

O sac rifício de Cristo nos facu lta o ace sso a


Deus. E n tr et an to , De us exige de nós r e s p o n s a b il id a d e
no uso de seus dons, mas deseja pri n c ip a lm e n te de nós
uma vida de santi dad e. Pode ha ver na igreja pe ss oa s
que, m e sm o tendo e x p e r im e n t a d o os presentes de D eu s
- a salvação, o pe rd ã o dos pecados, a in cl us ão na igreja
- qu e ira m pe car vol u n ta ri a m e n te , não ha ven do para os
pecad os de tais pe ss oa s q u a lq uer sacrifício. Pelo fato
de re to rn a re m à vida de pecados e pis arem o Fi lh o de
Deus, rest a-lhe s a e x p e c t a ç ã o 1 de algo ruim, pois cairão
nas mãos do De us Vivo.

Os E lem entos Essenciais da Fé (Hb 11.1)

A fé, c o n f o r m e a Pala vra de Deu s, é a


c on di çã o b á si c a para ser salvo e re ceb er de Deus
auxílio em todos os aspectos. É a base, “ firme
f u n d a m e n t o ” ; a e s p e ra n ç a “ das coisas que se e s p e r a m ”
e a co nv icç ão , “ prova das coisas que não se v ê e m ” . O
escritor, re c or re ndo à história ju da ic a, m os tra dive rsas
pe rs onag e ns que, pela fé, e não por seus próp ri os
méritos, p ud e ra m obte r da parte de D eu s vitórias
marc ante s. Tais pe rs o n ag e n s viram de longe as
pr om es sas de D eus, e mo rr eram cren do no
c u m p r im e n to delas. De us co ns id e ra esses heróis co mo

1 Es p er a nç a fundada em supostos direitos, p r o ba b il i da de s ou


promessas.

101
pe sso as “ dos quais o mu ndo não era d ig n o ” , ex em pl os
de fé a serem seguidos por todos nós.

Car acterísticas P e rs onag ens


Fé c ar ac te ri z ad a pela ob e d iê n c ia Abraão
irr estrita ao Sen hor
R e c e b e u uma revelação especial Noé
de De us rela tiv a ao dilúvio
A g ra do u a Deus por seu an dar Enoqu e
esp iritual diante dEle
Aos olhos de Deus seu sacrifício Abel
teve m a io r valor

Perseverança na Fé e Santidade (Hb 12.1)

Os cristãos hebreus ti nham à sua dis posição


muito mais vantagens que as p e rm iti da s aos heróis que
os antec ed eram. O autor se c om pa r a, ju n t a m e n t e com
seus irmãos em Cristo, a atletas dis puta ndo uma
corrida, ao redor dos quais está aquela num e ro s a
pla téia enfileirada, com o nas a rq ui ba nca da s de um
grande estádio. As te st em un ha s da grande pro va são
j u s t a m e n t e os heróis da fé, cujos feitos estão
regis trados no capítulo 11 da e pís to la em estudo.
T o m a n d o o exem plo desses ho m e ns das gerações
anteriores, o escritor pro cu ra nos e nco ra ja r a correr a.
boa corri da da fé e ganhar, pela res is tê nc ia e coragem,
o prêmi o que nos é oferecido.

Evidências da Vida Cristã (Hb 13.16)

O escritor sagr ado adici ona no texto em


estudo uma va riedade de breves de clarações que
c o n tê m agudas exorta çõe s práticas para que o crente
viva a vida cristã de modo digno. Ele sabia que seus

102
leitores se ti nha m mo s tra do ativos no pass ad o, em
s im pat ia e b o n d a d e para com seus irm ãos na fé (Hb
6.10). Po r e sta razão, exorta-os aqui sobre a
im p o r tâ n c ia de m a nte r tal am or prá tic o entre os
m e m bro s da frat e rn id a de cristã: eles de v e r ia m lembrar-
se p a rt ic u la rm e n te dos encarc erado s, dos que
es ti ves se m s of rendo e nfe rm id a des ou ma us tratos, pois
os crentes de v e r ia m c om pa r til ha r das mútuas
provações.

103
Autor: Tiago
Data: 45-49 d.C.
Carta d e Tema: A Fé M an if es ta -s e pelas Obras
Tiago P a la vra s- Ch av e: Fé, riquezas, língua,
org ulho, oração
Versícul os -chav e: Tg 1.27; 2.20

Tiago é c la ss ifi cad a com o “epístola


' un iv e rs a l” porqu e foi orig in al m e nte escrita para uma
c om un id a de ma ior que uma igreja local.
A saudação: “As doze tribos que andam
d is p er sa s ” (Tg 1.1), ju n t a m e n t e com outras referências
(Tg 2.19-21), in dic am que a ep ísto la foi escrita
inic ia lm en te a cristãos ju d e u s que viviam fora da
Palestina.
É possível que os de stinatá rios fos sem os
primeiros co nve rt ido s em J erusa lé m, que, após a morte
de Estevão, foram dispersos pela pe rs egu iç ão (At 8.1)
até a Fenícia, Chipre, A nti oq uia da Síria e além (At
11.19). Isso explicaria:
• A ênfase inicial da carta quanto ao sofrer com
alegria as pro vações que testam a fé e que
de m an da m pe rs eve rança (Tg 1.2-12);
• O co nh ec im e nto pessoal que Tiago de m onst ra ter
pelos crentes “d i s p e r s o s ” .
O Senhor Jesus Cristo c muito m is eric ord io so e
com pas si vo, diz Tiago (Tg 5.11) ouve a oração e
levanta os enfe rmos (Tg 5.14,15) dá sabedoria aos
ne cessitados (Tg 1.7) e ex alta os humildes (Tg 4.10).
Ele é o glorioso Se nho r Jesus Cristo (Tg 2.1) que está
interessado em cada ato de todo indivíduo (Tg 4.15) e
tem pro me tid o a coroa de vida a todos os que O amam
(Tg 1.12).

104
Autor

Como pa st or da igreja de J erusa lé m, Ti ago


esc re ve às suas ov el has dispersas. A man ei ra do au tor
se identifi ca r s im p le sm e n te co mo “T i a g o ” (Tg 1.1),
reve la sua posição de de sta que na obra. Tiago, meio-
ir m ão de Jesus e diri ge nt e da igreja de J erusa lé m, é
ge ra lm en t e tido co mo o autor. Seu dis cur so no C onc íl io
de J er us a lé m (At 15.13-21), bem co mo as desc riç õe s
dele noutras partes do No vo T e s ta m en to (At 12.17;
21.18; G1 1.19; 2.9,12; I C o 15.7) c o rr e s p o n d e m
pe rf e it a m en t e com o que se sabe dele com o autor de st a
epístola.

Data e as Circunstâncias

O mais pro vá vel é que Tiago tenha e scr ito


esta e pís to la durante a dé cad a dos 40 d.C. A data tão
r e m o t a 1 para a escrita p ro v é m de vários fatores, por
ex em p l o , Tiago e m pre ga a pa lav ra grega syn a g o g e (lit.
“ s in a g o g a ” ) para referi r- se ao local de reunião dos
cristãos (Tg 2.2).
Segundo o h is to r ia d o r j u d a ic o Josefo, Tiago ,
irm ão do Senhor, foi m a rt ir iz a d o em J erusa lé m, em 62
d.C.
Po r várias razões supõ e-se que a E p ís to la de
Tiago foi escrita num a é po ca bem cedo. O uso da
pa lav ra “ s i na gog a ” para a reunião dos irmãos (Tg
2.1,2) prova que os cris tão s ainda não ti nham sido
ap artad os inteir am en te das sinagogas. T a m bé m fala dos
anciãos da igreja em T ia go 5.14, de modo que a
c o m u n id a d e cristã tinh a-se tornado um tanto
homo gê nea .

1 Que sucedeu há muito tempo; antigo, longínquo.

105
A falta de uma me nção de diá con os ou de bispos
pode não ter si gnificado algum, mas todo o espírito da
carta é de uma s i n g e l e z a 1 e lib erda de ge nuínas no
culto. Ao m e sm o tempo tra nscor rera te mp o suficiente
para que se e st a b e le c e ss e m co ngregaç ões no exter ior da
Judéia, e ainda dá a e nte nde r que tinham abusado da
doutri na da ju s tif ic a çã o pela fé em Cristo, levada a um
e xt re m o incorreto. Não se m e nc i on am nela a destruição
da ci dade de Jer usa lém, nem m esm o a quest ão de os
gentios se re m participantes, com os ju d e u s, das
pro m e s sa s do Ev angelho. Portanto, temos a certeza de
que a carta é anterior ao ano 70, qua ndo J erusa lé m foi
de struída , ou muito depois, qua ndo esse fato j á não era
lem bra do, o que é impossível. É m uit o provável
ta m b é m que fosse escrita antes do C onc íl io em
J er us a lé m (At 15), perto do ano 49. Assim, pois,
a dm iti mo s que a data da carta seja entre 45 e 49.
Há várias referências a f e nôm e no s naturais que
nos levam a pe nsar na Pale st ina co mo o lugar de
origem para a Epístola: o mar (Tg 1.6; 3.4); figos e
azeito nas (Tg 3.12); fontes de água doce ou amarga (Tg
3.11,12); vento abra sad or (Tg 1.11); as prim eiras e as
últimas chuv as (Tg 5.7). Foi dirigida às doze tribos da
dis persão, o que indica ta m bé m que é de origem
pa le s tin ia na ou de Jerusalém. Tiago quis ajudar os
ju d e u s cristãos dispersos a m an te r um bom te st em unho
moral e ético. Se os crentes da sua c ongregaç ão em
J er us a lé m tivesse m dificuldades em suas vidas, e
muitos deles foram dispersos entre as nações
gentílicas, era natural que Tiago sentisse o impulso do
Espí ri to Santo para escrever-lhes uma carta com o fim
de ex ortá-lo s e adm oestá -los na vida espiritual.

1 Qua li dad e de singelo. Simples.

106
Propósito

Tiago escreveu:
• Para e n co r aj a r os crentes ju d e u s que e n fr e n ta v a m
várias pro va çõ es, que punh a m sua fé à prova;
• Para c or rig ir crenças errôneas a resp eito da n a tu re za
da fé salvífica;
• Para e xor ta r e ins tru ir aos leitores c onc e rn e nt e s ao
res ult ado prático da sua fé na vida de retidão e nas
boas obras.

Visão Panorâmica

Esta ep íst ol a trata de uma ampla varie dad e


de temas re la ci on a do s à verdad eir a vida cristã. Ti ago
e xorta os crentes a s upo rt a re m c om alegria as suas
prov aç ões e a tirarem prov ei to delas (Tg 1.2-11),
ex orta-os a re si sti rem às te ntações (Tg 1.12-18), a
serem pratic ant es da P a la v ra e não apenas ouvin te s (Tg
1.19- 27) e a d e m o n s t ra r e m uma fé ativa, e não uma
prof iss ão de fé va zia (Tg 2.14-26). Ad ve rte
so le ne m e nte co ntra a pe c a m in o s id a d e de uma língua
i n d o m á v e l 1 (Tg 3.1-12; 4.11,12 ), a sab ed ori a carnal (Tg
3.13-16), a co nd ut a p e c a m in o s a (Tg 4.1-10), a vida
p r e s u n ç o s a 21 (Tg 4.13- 17), e a riquez a eg oc ê ntri c a (Tg
5.1-6). Ti ago encer ra res sal ta ndo a pa ciência, a oração
e a re st aur ação dos de sv ia dos (Tg 5.7-20).
E m todos os cinco capít ulos d e st ac a-se o
r e la ci on a m e nt o entre a verda dei ra fé e a vida piedosa.
A fé ge nuína é uma fé p ro va da (Tg 1.2-16), ativa (Tg
1.19- 27), pela qual se a ma o pró xi m o co mo a si m e sm o
(Tg 2.1-13), m a nife st a-s e pelas boas obras (Tg 2.14-

1 Impossível de domar; indomesticável.


2 Que ou aquele que tem ou denot a presunção; pretensioso.

107
26), m a n té m a língua sob rígido co ntrole (Tg 3.1-12),
bu s ca a sab e dor ia de Deus (Tg 3.13-18), s u bme te -s e a
Deus com o ju s t o ju i z (Tg 4.1-12), c onfia em Deus para
0 viver de ca da dia (Tg 4.13-17), não é egocêntrica,
nem l i b e r t i n a 1 (Tg 5.1-6), é pacien te no s ofri me nto (Tg
5.7-12) e d il ig e n te 21 na oração (Tg 5.13-20).

Características Especiais

Sete características pri ncipais a ss in al am esta


epístola:
1. É m uit o provável que ela tenha sido o prim eir o livro
do No vo T e s ta m en to a ser escrito.
2. E m b o r a c onte nh a apenas duas referências nomi na is a
Cristo, há nela mais alusões aos en sin os de Jesus do
que toda s as demais do No vo Te s ta m en to . Isso inclui
15 refe rênci as ao Sermã o do Monte.
3. Mai s da metade dos seus 108 ve rsículos são
e x p re ss õ es impe rativas , ou m an dam en to s.
4. Sob vários aspectos, é o livro de Pr ov ér bio s do Novo
T e s ta m e n to , pois:
5. Es tá repleto de sab ed ori a divina e instruções
práticas, vis ando a uma vida cristã realista;
a) E s tá escrito em estilo su ci n t o 3, c om preceitos
diretos e analogias realistas.
b) Tiago é um hábil obs er v ad o r dos fe nôm en os
naturais e da nat ure za hu m a n a pecam inos a.
R ep et ida s vezes, ele extrai lições disso para
d e sm a s ca ra r esta última (Tg 3.1-12).
6. Mais do que q u a lq uer outro livro do Novo
T e s ta m en to , Tiago destaca o devido re la cio nam en to
entre a fé e as obras (p ri ncip al me nte Tg 2.14-26).

1 Devasso, dissoluto, depravado, licencioso.


2 Ativo, zeloso, aplicado. Ligeiro, rápido.
3 Breve, resumido, condensado, conciso.

108
7. Tiag o, às vezes, é ch ama do o A m ó s do Novo
T e s ta m en to po r tratar com fi rm eza a in jus tiç a e as
de si gu a ld a de s sociais.

109
Questionário

• A ssi na le c om “X ” as alternativas corretas

6. C o n fo rm e a Pala vra de Deus, é a c ondi çã o básica


para ser salvo e receb er de Deus auxílio em todos os
aspectos
a ) l | O a mo r
b ) 0 A fé
c ) |_j A alegria
d ) |_] O sof rim en to

7. A E p ís to la de Tiago foi orig in alm en te escrita para


uma c o m u n id a d e maior que uma igreja local,
porta nto , é clas si fic ada como
a ) | I E p í s to la co mu nitá ria
b ) |_] Ep í st o la pastoral
c M E p í s to la universal
d)|_] E p ís to la int erde nomi na cio na l 98

8. Por tratar co m firmez a a injustiça e as desigua lda des


sociais, Tiago às vezes é ch am ad o de
a) Q H a ba c u q u e do N ovo Tes tamento
b) |______ j M al a qui a s do N ovo Te st am en to
c) l I Sofon ias do Novo T es tam ent o
d) 0 Amós do N ovo Te s ta m en to

• M ar que “ C ” para Certo e “E ” para Errad o

9. m Mais do que qua lq ue r outro livro do Novo


T e s ta m en to , Tiago destac a o devido re la cio nam en to
entre a fé e as obras
1 0 . 0 Tiago é um hábil obs er va do r dos fenôme nos
na turais e da nat ure za hum an a p e ca m in os a

110
Lição 5
Cartas Gerais: 1 e 2Pedro; l,2,3João e
Judas

Autor: O Apó st olo Pedro


P rim eira Data: Cerca de 60-63 d.C.
Tema: So fr im en to por A m o r a Cristo
C arta de
Pal av ras- Cha ve : Sofrer, s ofri me nto
Pedro Ver sí cul os -chav e: IPe 4.12-13

E s ta é a prim eir a de duas cartas no No vo


T e s ta m e n to escritas pelo ap óstolo Pe dro ( I P e 1.1; 2Pe
1.1). Ele testi fic a que escreveu sua pri m ei r a carta com
a ajuda de S il va no (cuja form a c o n t r a c t a 1 em grego é
Silas), c o m o seu esc rib a ( I P e 5.12). O grego fluente de
S il van o e seu estilo literário ap ar ec em aqui, en quan to
que, po s s iv e lm e n te , o grego me nos e s m e r a d o 21 de Pedro
apareç a na sua seg un da epístola.
O to m e o co nte údo de I P e d r o c o m b in a m
com o que s abe mo s a respeito de Sim ão Pedro. Os anos
em que viveu no estreito con ví vio com o Se n h o r Jesus
estão im pl íc ito s nas suas referências à mor te de Jesus
( I P e 1.11,19; 2.21-24; 3.18; 5.1) e à sua ressu rr eiç ão
( I P e 1.3,21; 3.21). Indir etam en te, ele parece referir-se,
inc lusive, às ocasiões em que Jesus lhe ap areceu na

1 Cont raí do.


2 Em que há esmero; apr imorado, apur ado, el egante; bem-
acabado, acabado.

111
O a u le ia , depois da ressurreição ( I r e z.2 3; o.2a; Jo
21.15-23). A lé m disso, muitas s em e lh a nça s ocorrem
entre esta carta e os sermões de Pedro regis tra dos em
Atos.
Pe dro dirige esta carta aos “estran ge iros
d is p e r s o s ” nas pr oví nc ia s romana s da Ásia M e n o r ( I P e
1.1). Alguns destes, talvez hajam se c o nve r tid o no dia
de P en te cos te , ao ouvire m a m e n sa g e m de Pedro, e
r e to rn a ra m às suas resp ectiv as cidades le van do a fé que
a ca ba va m de c on hec e r (At 2.9,10). Estes crentes são
c ha ma dos “ pe regrinos e fo r as te ir os ” ( I P e 2.11),
r e le m bra nd o-l he s, assim, que a pereg rin açã o cristã
ocorre nu m mund o hostil a Jesus Cristo, m un d o este do
qual só p o d e m e spe rar pe rseguição. É prová ve l que
Pedro e sc re ve u esta carta em res posta a inf or me s dos
crentes da Ásia M e n o r sobre a cresc ent e oposi ção a
eles ( I P e 4.12- 16) , ainda sem c o n se n ti m e n to do
gov erno ( I P e 2.12-17).
Pe dro escreveu de “B a b i l ô n i a ” ( I P e 5.13).
Isto pode referir-se liter al me nte à ci dade de Bab ilônia,
na M es o p o tâ m ia , ou pode ser uma e xp re ss ão figurada
referente a Ro ma , o centro principal de opos içã o a
Deus, no século primeiro. E m b o r a Pedro possa ter
visitado al gu ma vez a grande c olôn ia de jud e us
or tod oxo s em B abi lônia, é mais c o n s e n t â n e o 1 entender,
. ,.1, : , -se nç a de Pedro, Cilas ( I P e 5.12) e Marcos
( I P e 5.13), ju n to s em R o m a (Cl 4.10).

Propósito

Pedro escreveu esta ep ísto la de alegre


esp e ra nç a a fim de levar o crente a ver a pe rspectiva
divina e eter na da sua vida terrestre e prov er orientação

1 Ap ropr iado, adequado. Congruente, coerente.

112
práti ca aos cristãos que se en co n tr av a m sob o fogo do
s ofri me nto entre os pagãos. O cuidad o de Pedro visav a
ev ita r que os crentes não p e rt ur ba s se m sem ne ce s si da de
o governo, e sim que seg ui s s em o e x em p l o de Jesus no
so frimen to, sendo ino cen te , mas p o rt a ndo -s e c om
retidão e dignidade.

V isão Panorâm ica

IP ed r o c o m e ç a le m br a nd o os leitores:
• De que têm uma voc açã o glori osa e uma h e ra n ça
celestial em Jesus Cristo ( I P e 1.2-5);
• De que sua fé e a m o r nesta vida estar ão sujeitos as
provas e pu rif ic a ç ões e que isso res ult ará em
louvor, glória e ho n ra na vinda do Se n h o r ( I P e 1.6-
9);
• De que essa gra nde salvação foi pr ed ita pe los
profetas do A nti go T e s ta m en to ( I P e 1.10-12);
• De que o crente deve viver uma vida santa, bem
dif erente do m u n d o ím pio ao seu redor ( I P e 1.13-
21). Os crentes, es c o lh id o s e san tificados ( I P e 1.2),
são crianças em c re sc im e n to que pre c is a m do puro
leite da Pa la vr a ( I P e 2.1-3), são pedras vivas em
que estão sendo e difi cad as com o casa espir itu al
( I P e 2.4-10) e pe regri nos, ca m i n h an d o em terra
e st ranha ( I P e 2.11,12 ); de vem viver de m od o
honroso e hu m ild e no seu trato com todas as
pessoas durante a sua pereg rin açã o aqui ( I P e 2.13-
3.12).
A m e n sa g e m p r e e m i n e n t e 1 de I P e d r o diz
respeito à s ubm iss ão e a sofrer, p e r s ev e ra nd o na
retidão, por amor a Cristo, de co n fo rm id a d e c om o
próp ri o e xe m pl o dEle ( I P e 2.18-24; 3.9-5.11). Pe dro

1 Que ocupa lugar mais elevado.

113
ass eg ura aos fieis que eles obte rão o favor e a
r e c o m p e n s a de Deus ao sof rerem por causa da jus tiça.
No co n te x t o desse en sino do s ofri me nto por Cristo,
Pe dro ressa lta os temas c o n e x o s 1 da salvação, da
e spe rança , do amor, da fé, da san tidade, da humildade,
do te m or a Deus, da obe diê nc ia e da submissão.

C aracterísticas E speciais

Cinc o car acterísticas princi pa is vemos nesta


epístola:
1. Ju n ta m e n te com Hebr eus e Apo calip se , sua
m e n s a g e m gira em torno dos crentes sob a
p e rs pec tiv a de severa perseg uiç ão , por perte nce rem a
Jesus Cristo;
2. M ai s do que qu al que r outra ep ístola do N ovo
T e s ta m en to , co nté m instru çõ es sobre o
c o m p o rt a m e n to do cristão ante à perseg uiç ão e aos
s ofr im en tos injustos ( I P e 3.9-5.11);
3. Pedro destaca a ve rdade de que o crente é
estran ge iro e peregrino na terra ( I P e 1.1; 2.11);
4. M ui to s dos títulos do povo de Deus no Antigo
T e s ta m en to são ap licados aos crentes do N ovo
T e s ta m en to ( I P e 2.5,9,10);
5. C o n té m um dos trechos do N o v o T e s ta m en to de mui
difícil interpretação: quando, onde e com o Jesus
“pregou aos espíritos em prisão, os quais em outro
te mp o foram rebeldes... nos dias de N o é ” ( I P e
3.19,20).

1 Que tem, ou em que há conexão.

114
Autor: O A pó st olo Pedro
Data: Gerca de 66-68 d.G.
Tema: A V erdade de D eu s e o Falso
Segunda
E n s in o dos Homen s
C arta de Pa la vra s- Ch a ve : Saber, c on h e c im e n to ,
Pedro p ro m e s sa
Versí culo -cha ve: 2Pe 2.1

Na saudação , Simão Pedro id en tif ic a-se


co mo o aut or da carta. Mais adiante ele declara aos
seus leitores que esta é a sua s egu nda ep íst ola (2Pe
3.1), ind ic an do ass im que está e sc re ve ndo aos me sm os
crentes da Ásia M en or , a que m dir igira a p rim eir a
ep íst ol a ( I P e 1.1). Alguns estudi oso s do pass ad o e do
presente, ig no ra ndo certas notá vei s s em e lh a nç a s entre
1 e 2Ped ro e de st a c an d o ao invés disso, as diferen ças
entre elas, s u p õ em que não é de Pe dro a a uto ria da
carta. Essas dif erenças de con teúd o, vocab ulá rio,
ênfases e estilo literário p ode m ser uma de co r rê nc ia
das difere nte s c irc unst â nc ia s de Pe dro e de seus
leitores, nas duas cartas:

As c ir c un st â nc ia s origi nais dos e nde r eç ad os ha via m


mudado.
Antes, ardia o fogo da p erseg uiç ão m o v id a
pela s oc ie da de em derredor; agora, eram ataques
vindos de dentro, através dos falsos mest res que
a m ea ç av a m os f u nd a m e nto s da igreja: a verdade e a
santidade.

As c irc un st â nc ia s de Pedro tam bé m eram outras.


En q u a n to na prim eir a carta ele con tou co m a
co op er aç ão eficiente de S i l v a n o . n a escrita ( I P e 5.12),
pa rece que agora este último não estava di sp oníve l ao

115
ser e s c m a e s ta s e g u n u a e p is io ia . raive/,, r e u i u icnna
em prega do seu próprio grego galileu singelo, ou
serviu-se de um escri ba menos hábil do que Silvano.
O Se n h o r Jes us Cristo é nosso Deus e Salvador,
que nos resg ato u e nos deu todas as coisas pe rte nce nte s
à vida e à piedade. Em Sua prim eir a vinda manif est ou
outrora a Sua ma jestade, a qual foi vista pelo autor
desta E p í s to la e outras test emu nhas . Ago ra é o
Sobe rano Se nho r que sabe livrar da te nta ção os
piedosos, e a Q ue m somos exortados a c o n h ec e r mais e
mais, para não fica rmos ociosos e inf rutíferos na vida
espiritual. Ele há de vir outra vez, mas de morará, para
que mais pe ssoas sejam salvas po r meio do
ar re p en d i m en to e da fé nEle.
Sua vinda trará uma grande tr a ns fo rm a ç ão a todo
o mun do, po rqu e haverá uma c o n f l a g r a ç ã o 1 em que os
elem ent os se de sfarão e haver á novos céus e uma nova
terra.

D ata e as C ircunstâncias

Visto que Pedro, assim com o Paulo, foi


e xec uta do por decreto do perverso Nero (que, por sua
vez, mo rr eu em j u n h o de 68 d.C.), é mais provável que
Pedro e scr ev eu esta ep ístola entre 66 e 68 d.C., pouco
antes do seu martírio em Ro m a (2Pe 1.13-15).
Po r sua referê ncia à Pri me ira E p í s to la vê-se que
esta é dirig ida às me sm as igrejas na Ásia Menor, e que
é depois daquela. Com o a prim eira dav a muitas
e xor ta çõe s positivas, esta fala acerca dos falsos
mestres e dos seus erros, dando a e nte nde r que o erro
estava mais de sen vo lv id o ou, prop ag ad o e que Pedro
tinha re ceb ido notícias novas de lá. Só nest a Ep ís to la o

1 Revol ução. Guerra generalizada.

116
autor faz referênci a à sua ve lhice e à morte próxima.
Por essa razão, crem os que esta carta foi escrita lá pelo
ano 67.
A p rim eir a carta foi escrit a c om o propó si to de
c o n fo rt a r os cristãos no meio de suas perseguições.
Esta tem co mo obje tivo aj udá-los na sua vida cristã,
a d m o e s ta n d o -o s a que c o n ti n u e m fiéis, a despeito dos
falsos mestres. O erro, porém, não estava tão
de se n v o lv id o para que o autor o m e n c i o n a s s e por nome
nem e xpl ic as se ponto por pon to suas divergê ncia s da
verdade. Pelo que pod e m os de d u zi r da carta, foi escrita
às igrejas que es ta va m nas m e sm as c ondiç õe s em que
se e n c o n tr a v a m as da Ásia M e n o r no te mp o do martírio
tradiciona l de Paulo e de Pedro. D a parte dos ju d e u s e
dos gentios, mestres do g n o s tic is m o qu e ria m enganá-
los; da parte do governo, c o m e ç o u a pe rseguição,
p orq ua nt o não ad ora vam o imperador.

Propósito

Pedro escreveu:
• Para ex o rt a r os crentes a b u s c a r e m c om d i l i g ê n c i a 1 a
s an ti dad e de vida e o ve rd a de ir o c o nhec im e nt o de
Cristo;
• Para de sm a s ca ra r e re pud ia r a ativida de traiçoeira
dos falsos profetas e mest res que agiam nas igrejas
da Á si a M enor, perverte nd o a verda de bíblica.
• Pedro resu me o pro pó si to do livro, em 2Pedro
3.17,18, onde ex orta os cren tes verdadeiros: a
esta rem alerta para não serem e ngana dos por
ho m e ns perversos (2Pe 3.17); a cre sc er em “na graça
e c on h e c im e n to de nosso Se n h o r e- Sa lv a dor Jesus
C r i s t o ” (2Pe 3.18).

1 Cui dad o ativo; zelo, aplicação.

117
Visão Panorâm ica

Esta breve epístola so le ne m e nte instrui os


crentes a to m a re m posse da vida e da piedade,
m ed ia nte o verdadeiro c on h e c im e n to de Cristo. O
pri m eir o c apí tu lo acentua a im po rt ân c ia do c resci me nto
cristão. T e n d o co meçado pela fé, o crente deve buscar
dili g e n te m e n te a ex cel ên cia moral, o c on hec im e nto , a
tem pe ranç a , a pe rseveran ça, a piedade, o a m or fraternal
e a car id ad e (amor a lt r u ís ta 1), que le vam à fé ma dura e
ao verdad eiro co nh eci me nto do Se nho r Jesus (2Pe 1.3-
11 ).
O capítulo seguinte adverte sol ene me nte
c ont ra os falsos profetas e mestres que sur ge m dentro
das igrejas. Pedro os denu nci a co mo anarquistas e
p e r n ic io s o s 213 (2Pe 2.1,3; 3.17), que se c o m pra ze m nas
c on c u p is c ê n c ia s da carne (2Pe 2.2,7,1 0, 13,1 4,1 8,1 9);
são c ob iç os os (2Pe 2.3,14,15), arrogantes (2Pe 2.18) e
obstinados^ (2Pe 2.10) e que d e sp r ez am a autoridade
(2Pe 2.10-12). Pedro procura re sg uard ar os verdadeiros
crentes c on tr a as suas heresias de strutivas (2Pe 2.1)
pondo a desc oberto seus motivos e c ond ut a malignos.
No capítulo 3, Pedro re f u t a 4 o c e ti c is m o 5
desses mest res , no tocante à vinda do Se nh or (2Pe
3.3,4). A ss im como a geração dos dias de Noé,
en ganada, z o m ba va da idéia do ju íz o da parte de Deus,

1 De sp ren di men to , abnegação.


2 Mau, nocivo, ruinoso; perigoso.
3 Pertinaz, firme, relutante. Tei moso, birrento. Inflexível,
irredutível.
4 Dizer em contrário; desmentir; negar.
5 Atitude ou doutrina segundo a qual o homem não pode chegar a
qual quer conheci ment o indubitável, quer nos domínios das
verdades de ordem geral, quer no de algum det er minado domínio
do co nheci ment o. Estado de quem duvida de tudo; descrença.

118
através de um grande dilúvio, esses outros z o m b a d o r e s
estão ig ua lm en te cegos qua nto às pro me ssa s da volta
de Cristo. Mas, com a m e sm a cert eza m a n if e s t a no
ju l g a m e n t o pelo dilúvio (2Pe 3.5,6), Cristo volta rá e
de sin te gra rá a pres ente terra, no fogo (2Pe 3.7-12), e
criará uma no va ordem sob a j u s t i ç a (2Pe 3.13). Te ndo
em vista esse fato, os crentes devem viver vidas santas
e pie dosas na presen te era (2Pe 3.11,14).

C aracterísticas E speciais

Esta carta tem quatro c ar ac te rís tic as


principais:
1. Ela co nté m uma das declara çõ es de m a io r peso em
toda a Bíblia no tocante à in sp ira ção , à
fid ed ig ni da de e à a uto rid ad e das Sagrada s Es c rit ura s
(2Pe 1.19-21);
2. 2Pedro 2 e a e pís to la de Ju das têm s em e lh a n ça s
notáveis na in c ri m in a ç ão dos falsos mestres. Talv ez
Judas, en fre nt an do em data pos te ri or o m e sm o
p ro bl e m a dos falsos mestres, e m pre gou trec hos dos
ensinos ins pirados de Pedro, para tr a ns m iti r a m e s m a
lição (ver Intr odu ção a Judas);
3. O cap ítulo 3 é um dos grandes capít ulos do No vo
T e s ta m en to sobre a seg und a vinda de Cristo;
4. Pedro cita in dir et a m e nte os escritos de Pa ul o co mo
Escrituras, ao me nc io ná-lo s ju n ta m e n te com “ as
outras E s c r i t u r a s ” (2Pe 3.15,16).

119
Q uestionário

• A ss in a le c o m “X ” as alternativas corretas

1. P e dr o testifica que esc re veu sua prim eir a carta co m


a ajuda de
a ) l | B ar na bé
b ) |_j Tí qu ic o
c ) S Silvan o
d ) l 1 Áq uil a

2. A m e n s a g e m de IP ed r o gira em torno dos crentes


sob a p e rs pe c tiv a de severa pe rseguição, por
p e rt e n c e re m a Jesus Cristo, ju n t a m e n t e com
a j f / l H e br eu s e Ap oc alips e
b ) |_j H e breus e Atos
c ) | | Atos e Ap oc alip se
d ) l 1H e br eu s e Tiago

3. As duas cartas de Pedro são escritas aos crentes


a)|_| R om a no s
bjf/1 D is pe r so s da Ásia M e n o r
c ) |_| Gregos
d ) | I Judeus

M ar q u e “C ” para Certo e “E ” para Errado

4.R-1 I P e d r o foi escrita c om o prop ós ito de con for ta r os


cristãos no meio de suas pers egu iç õe s
5. 2Pe dro 2 e a ep ísto la de Tiago têm semelhanças
notá vei s na incrim ina ção dos falsos mestres

120
Autor: O A póstolo João
Prim eira Data: 85-95 d.C.
Tema: V erdad e e Justiça
Carta de
Pa la vr a s- Ch a ve : Amor, con hec er,
João vida, luz, co mu nhã o
Ve rsí cu lo s- c hav e : 1Jo 5.11-12

C inco livros do N ovo Te s ta m e n to le vam o


nome de João: um Evan ge lho , três epíst olas e o
Ap ocalipse. E m b o r a Jo ão não se id e ntif iq ue pelo n o m e
nesta epístola, te st em u n h a s do século II (Papias, Irineu,
Tertu li ano , C le m e n te de A le xan dr ia) af ir m a m que ela
foi escrita pelo a pó sto lo João, um dos doze p ri m ei r os
discípulos de Jesus. Fo rt es semelha nça s no estilo, no
vocab ulá rio e nos temas, entre U o ã o e o E v a n g e lh o
segundo João, s a n c io n a m o te st em unh o f id e dig no dos
cristãos pr imitiv os, afirm a ndo que os dois livros fo ra m
escritos pelo apóst ol o João; não há ind ic a çã o dos
de stinatá rios desta carta, como ta m bé m não há
saudações, ne m me nçã o de pessoas, lugares ou eventos.
A e xp lic ação mais pro vá ve l dessa form a rara e pis t ola r
é que João esc re ve u de onde residia, em Efeso, a certo
núme ro de igrejas da pro vín ci a da Ásia, que e st a v a m
sob sua re s p o n s a b il id a d e ap ostólica (Ap 1.11), o
assunto principal de sta ep ísto la é o pro b le m a dos falsos
ensinos a respeito da salvação em Cristo e seu pro ce sso
no crente. Certas pessoas, que an te r io rm e n te
co nv iv eram com os leitores da epístola, d e ix ar am as
c ong regaç ões ( l J o 2.19), mas os resul tad os dos seus
falsos en sinos c o n ti n u a v a m a d i s t o r c e r 1 o ev an ge lh o,
quanto a “ s a b e r ” que tinham a vida eterna.
D o u tr in a ri a m e nt e , a sua heresia ne gav a que J esu s é o

1 Mudar o sentido, a intenção, a substância de; desvirtuar.

121
carne ( l J o 4.2,3). Na área moral, e ns in a va m que não
era ne ce s sá rio à fé salví fica ( l J o 1.6; 5.4,5), a
ob e d iê n c ia aos ma nd am en to s de Jesus ( l J o 2.3-4; 5.3)
e uma vida santa, separada do peca do ( l J o 3.7-12) e do
mu nd o ( l J o 2.15-17).

O A utor

O apóst ol o João, filho de Zeb ed eu, irmão de


Tiago e que andou co m o Se nho r durante Seu
m ini st ério terreno ( l J o 1.1-4; 4.14). É verdade que o
autor não é no m e ad o na Ep ístola, co mo ta mp ouc o no
qua rto Eva ng el ho , mas não há dúvid a de que o mesm o
ho m e m foi usado pelo Espíri to Santo para escrever
am bos os livros. O uso que faz das palav ras- ch ave s
“ l u z ” , “ v i d a ” , “ a m or ” é sufic iente para fazer-nos ver
que é a m e s m a mente f u n c io na ndo sob a inspiração do
m e sm o Espírito. Não obstante, há muitas outras
sem e lh a nça s, de man ei ra que sabemos que o apóstolo
João é o autor huma no da carta. No Ev a ng e lh o segundo
João, disse que foi ele que m reclinou sua cabeça sobre
o peito de Jesus na últi ma ceia, e outra vez que foi
aquele a qu em o Sa lv a dor a ma va e de quem Pedro
p e rg un to u em João 21.20-24. Agora, c om par and o o
pró log o do E va nge lho (Jo 1.1-18) com o da Epí stola
( l J o 1.14), notando e sp e c ia lm en te o uso do termo
“ V e r b o ” , existe uma prova clara, porqu e não há outro
escrit or na Bíblia que use este modo de co m eç a r seus
livros. T a m b é m a s em el ha nça em suas referências ao
pecado, à vida eterna, ao S a lv a do r do mundo, à água e
ao sangue, etc., mos tra-nos que João é o autor de
am bos os livros. C er tam en te o autor foi um apóstolo
( l J o 4.6), que escreveu por inspira ção co nsciente ( l J o
5.13 e muitas outras referências).

122
A única re fe rê n c ia que faz ex ce ç ão na tradição,
de que João, o apó sto lo , seja o autor de sta Epí sto la , é a
idéia aprese nta da, sem q ua lq uer fu n d a m e n to , de que
algu m ancião de sc o n h e c id o , tam bé m c h a m a d o João, a
tenha escrito. T odo s os esc ritores antigos, desde
Pol ic arpo em diante, a tr ib ue m -n a a João , o A póstolo.
Papias co nh ece u p e s s o a lm e n t e João, e E u s é b io diz que
Papias fazia citaçõ es desta Ep ístola, c h a m a n d o - a “ A
Epí sto la anter ior de J o ã o ” . A ch ava-se no Mu ratori e no
antigo Siríaco. Irineu, C le me nte de A le xa ndr ia ,
T ertul ian o e muit os outros fa zem c it açõ es do livro
com o apo stólico e inspirado.

Propósito

O p ro pós ito de João ao es c re ve r esta e pís to la


foi duplo:
• E x p o r e re ba te r os erros doutri nário s e étic os dos
falsos mestres;
• E x o r ta r seus filhos na fé a m a nte r u m a vida de santa
c om unh ão c om D eu s, na verdade e na ju s ti ç a ,
cheios de alegria ( l J o 1.4) e de cer te z a da vida
eterna ( l J o 5.13), m ed ia nt e a fé ob e die nte em Jesus,
o Filho de De us ( l J o 4.15; 5.3-12), e pela ha bita çã o
inte rior do Es pír i to Santo ( l J o 2.20; 4.4,13). A lgu ns
crêem que a e pís to la tam bé m foi escrit a co mo uma
seq uência do E v a n g e lh o segundo João.

V isão Panorâm ica

A fé e a co n d u ta estão for temen te e ntr e la ç a das nesta


carta.
Os falsos mestres, aos quais João c h a m a aqui
de “ a n ti c ri s to s ” ( l J o 2.18-22), a p artar am -s e do en sino
ap ostól ico sobre Cristo e a vida de retidão. De mod o

123
c om v e e m ê n c i a 1 os falsos m est res ( l J o 2.18,19,22,23,
26; 4.1,3 ,5) co m suas crenças e co n d u ta destruidoras.
Do ponto de vista posi tiv o, U o ã o expõ e as
c ar ac te rís tic as da ve rdadeira c o m u n h ã o com Deus ( l J o
1.3-2.2) e revela cinco e vid ên ci as específicas pelas
quais o crente poderá “ s a b e r ” , c om c onfi an ça e certeza,
que tem a vida eterna:
1. A e vid ên c ia da ve rdade a post ól ica a respeito de
Cristo ( l J o 1.1-3; 2.21-23; 4.2,3,15; 5.1,5,10,20);
2. A ev id ên c ia de uma fé ob e die nt e que guarda os
m a n d a m e n to s de Cristo ( l J o 2.3-11; 5.3,4);
3. A ev id ên c ia de um viver santo, isto é, afastar-se do
pe cad o, para co mu nhã o com D eu s ( l J o 1.6-9; 2.3-
6,15- 17, 29; 3.1-10; 5.2,3);
4. A e vid ên c ia do amor a Deus e aos irmãos na fé ( l J o
2.9-11; 3.10,1 1,14 ,16-18 ; 4.7-1 2,1 8-2 1) ;
5. A e vi d ê n c ia do te s t e m u n h o do Espírito Santo no
crente ( U o 2.20,27; 4.13). Jo ão afirma, por fim, que
a pe sso a pode saber c om c er te z a que tem a vida
eterna ( l J o 5.13) qua ndo estas cinco ev idências são
m a ni fe st as na sua vida.

C aracterísticas Especiais

Cinc o car acterísticas principais há nesta


epístola:
1. Ela define a vida cristã em pr e gan do termos
c on tra sta nt es e evitando todo e q u a lq uer meio- te rmo
entre luz e trevas, entre ve rdade e mentira, entre
j u s ti ç a e pecado, entre a m or e ódio, entre amar a
Deus e amar ao mundo, entre filhos de Deus e filhos
do diabo, etc.

1 Int ensi dade, atividade, vivacidade.

124
2. É im p o r ta n te r e s s a l t a r 1 que este é o único escrito do
N ovo T e s ta m e n to que fala de Jes us c o m o nos so
“A dv o g a d o (gr. p a r a k le to s ) para c om o P a i ” , qua n d o
o cre nte fiel pe ca ( l J o 2.1,2; cf. Jo 14.16,17,26;
15.26; 16.7,8).
3. A m e n s a g e m de U o ã o fu n d a m e n ta - se qu a se que
in te ir a m e nt e no en sin o ap ostólico, e não na
reve laç ão an ter io r do Antigo Te s ta m e n to ; não há
c la r am e nt e na car ta referências às E s c ri tu ra s do
Antigo Te s ta m en to .
4. Visto tratar da cris tol ogi a, e ao m e s m o te m po re fut ar
de te r m in a d a heresia, a carta foca liza a e n ca rn a çã o e
o sangue (i.e., a cruz) de Jesus, sem m e n c i o n a r
e sp e c if ic a m e n te a sua ressurreição.
5. Seu estilo é si mples e r e it e ra ti v o 2, 1 à m e d id a que João
a pr ese nt a certos termos principais, co m o “ l u z ” ,
“ v e rd a d e ” , “c r e r ” , “permanecer” , “c o n h e c e r ” ,
“ a m o r ” , “j u s t i ç a ” , “ te s t e m u n h o ” , “ na sci do de D e u s ”
e “ vida e te r n a ” .

1 To rn ar saliente; dar vulto ou relevo a; relevar, destacar.


2 Repet it ivo, renovado; iterativo.

125
Autor: O A p ós to lo João
Data: 85-95 d.C.
Segunda Tema: A n d a ndo na Verdade
C arta de J o ã o P a la v r as -Chave: Amor, Verdade
V e rs íc ulo s- ch ave : 2Jo 9-10

João dirige esta car ta “ à senhora eleita e a


seus f i l h o s ” (2Jo 1). Alguns in te rpr et am “ a senhora
e le i ta ” , figurad am en te, com o uma igreja local, sendo
“ seus f il h o s ” os membro s de ss a igreja e sua “irmã, a
e le i ta ” (2Jo 13), como um a c ongr eg ação idêntica.
Ou tro s inter pre ta m a e nder eçad a, literalmente, com o
u m a viúva cristã de destaque, c o n h ec id a de João, numa
das igrejas da Ásia Menor, sob seus cu ida dos pastorais.
A fam íli a dessa senhora (2Jo 1), be m com o os filhos da
sua ir m ã (2Jo 13) são pe ssoas de destaque entre as
igrejas daq uel a região.

A utor

O autor se identifica co mo “o a n c iã o ” (2Jo


1). Pr ov av el me nt e, um título honro so atribuído ao
apóst ol o João nas duas décadas finais do século I,
de vid o a sua idade avança da e sua respeitável posição
de au toridade espiritual co mo o único dos doze
apó stol os ainda vivo.

Data
r
Com o as outras epíst olas de João, 2João
pro v a v e lm en t e foi escrita de Éfeso, em fins da década
de 80 ou no co meço da década de 90 d.C.

126
Propósito

João escreveu esta carta a fim de p r e v e n ir “a


senho ra e l e i t a ” c ontra os falsos obr e iro s (mestres,
e va nge lis ta s e pro fetas) que p e r a m b u l a v a m pelas
igrejas. Os tais a ban d o n a ra m os ensi nos do e v a ng e lh o e
p r o p a g a v a m os seus falsos ensinos. A d e st i nat á ri a não
devia receb ê-los , dia lo ga r com eles, ne m auxiliá-los.
F a z er isso, s ig nif ic aria ajudá-los a d is s e m in a r os seus
erros e p artic ip ar da sua culpa. A carta re p u d ia o
m e sm o falso e nsi no d e nunc ia do em U o ã o .

V isão Panorâm ica

Esta e pís to la realça uma a d v e r t ê n c i a 1, que


tam bé m se acha em U o ã o , sobre o perigo de falsos
mest res que negam a e nca rna ção de Jes us Cristo e que
se afa sta m da m e n sa g e m do ev an ge lh o (2Jo 7,8). João
se alegra por ver que “ a senhora e l e i ta ” e seus filhos
“ an dam na v e r d a d e ” (2Jo 4). O verda dei ro a m or cristão
deve ser ob e d ie n t e aos m a n d a m e n to s de C ris to e ser
mút uo en tre os irmãos (2Jo 5,6). O a mo r c ris tão deve
ta m b é m in c lu ir o dis cernim ento" entre a verda de e o
erro, e ta m b é m não dar apoio aos falsos mest res (2Jo 7-
9). R e c e b e r am av e lm e n te os falsos mest res é p a rt ic ip a r
dos seus erros (2Jo 10,11). A carta é breve, pois João
pla nej a uma visita para breve, e ass im falar-lhe “ de
boca a b o c a ” (2Jo 12). 21

1 Admo es taç ão , aviso, adversão.


2 F a cu ldade de j u lg ar as coisas clara e s ensatament e; critério,
tino, juízo.

127
São tr ê s as c a r a c t e r í s t i c a s principais desta
epístola.
1. É o m e n o r livro do No vo Tes tame nto;
2. T e m sem el ha nça s surpreen de nte s com 1 e 3João,
quanto à sua me nsa ge m, vocab ulá rio e estilo simples
de escrita;
3. Con sti tui -s e nu m im po rt an te c o m p le m e n to à
m e n sa g e m de 3João, co mo preven ção quan to a
re ceb er e ajud ar obreiros estranhos, de sco nheci dos.
Co ncl ui, insistindo na n e ces sid ad e de cu id ad os o
di sce rni m ent o, à luz dos ensinos de Cristo e dos
apóstolos, antes de alguém apoiar esses falsos
obreiros.

128
Autor: O Ap ós to lo João
T erceira Data: 85-95 d.C.
Tema: Pr oce de nd o com F id el ida de
C arta de
P a la vra s- Ch av e: Amor, ve rdade
João Versí culo -cha ve: 3Jo 11

Es ta carta pess oa l é e nde r eç ad a a um fiel


cristão c ham a do Gaio (3Jo 1), talvez pe rt en cen te a um a
das igrejas da Ásia Menor. A ss im co mo as demais
e pís to las de João, E m fins do prim ei ro século,
m in is tro s i t i n e r a n t e s 1 da igreja via ja vam de ci dade em
cidade, sendo c o m u m e n t e 21 susten ta dos pelos crentes
que os ac olh ia m em casa e os a ju dav a m nas de spesas
de v ia g em (3Jo 5-8; 2Jo 10). Gaio era um dos mui tos
cristãos de dic ad os que gra c io sa me nt e ac olh ia m e
a u x il ia v a m min istros via jantes de c o n fi a n ça (3Jo 1-8).
Ao m e s m o tempo, um h o m e m de pro je ção c ham a do
D ió tre fe s res istia co m arrog ân ci a à aut ori da de de João
e re c u sa v a ho s pit al ida de aos irmãos viajantes, e nviad os
da parte deste.

P ropósito

João escreveu para dar te st em u n h o de Gaio


pela sua fiel ho s pi ta lid ad e e ajuda prestad a aos fiéis
obreiros viajantes, para fazer uma adver tên ci a ind ir eta
ao p e t u l a n t e 3 Diótrefes e para pre pa rar o c am in ho da
sua pr ó p r ia visita pessoal.

1 Que viaja, que percorre itinerários.


2 Em geral, ordinariamente.
3 At revido, ousado, insolente.

129
visão ra n o ra m ic a

Três ho m e ns são me nc io na do s por nome em


3João:
1. Gaio é c al or osa e honro sa me nt e m e nci ona do pela sua
piedo sa vida na verdade (3Jo 3,4), e pela sua
ho s pi ta lid ad e e xe m p l a r para co m os irm ãos viajantes
(3Jo 5-8);
2. Diótrefes, um dirigente ditador, é d e n u n c ia d o pelo
seu org ulh o ( “pr oc ura ter entre eles o p r i m a d o ” , 3Jo
9 ) , cujas ma ni fe st aç õe s são: rejeita r uma carta
anterior de João (3Jo 9), calúnia c ontra João (3Jo
10) , re c us a r o acolh im ento aos me ns a ge iro s de João
e a m ea çar com ex clu sã o aqueles que os re c eb e re m
(3Jo 10);
3. De m ét ri o, talvez o port ad or desta carta, ou p a st o r de
uma c o m u n id a d e na vizinhança, é lou vad o co mo um
ho m e m de bo a reputa ção e lealdade à verda de (3Jo
12 ).

C aracterísticas Especiais

Duas características principais s o bressa em


nesta epístola:
1. E m b o ra seja pequena, dá uma noç ão de várias
facetas im por tan te s da história da igreja primitiva,
perto do final do século I.
2. Há s em el ha nç as notáveis entre 3João e 2.1oão.
M esm o assim, as duas epístolas diferem entre si em
um aspecto importante: 3João elogia a hos pit al ida de
e ajuda of erecida aos bons ministros viajantes, ao
passo que 2João acentua que não se c onced a
ho s pi ta lid ad e e sustento a maus obreiros, para não
sermos c ulp ado s de apoiar seus erros ou más obras.

130
Autor: Ju das
Cartas de D a t a - 70-80 d .ü .
Tema: B at al ha r pela Fé
Judas
Pa la vra s- Ch a ve : Luta, a fé, ma nter
Versí culo -cha ve: J d 3

Esta curta ep ístola, p o ré m de li ngua ge m


e n é r g i c a , | foi escrita c ont ra os falsos me st res, /q ue e ra m
ab er ta m e n te antinominianos1 e que j zo m ba ndo,
r e je it a v a m a revelação d iv in a a resp eito da P e s so a e da
n a tu re za de Jesus Cristo, segu ndo as E s c rit ur a s I(J d 4).
D e ss a m a n e i ra ,^ d iv id ia m as igrejas,y c once rne nte à fé
(Jd 19a,22) e quanto à co n d u ta (Jd 4,8,16). Ju das
d esc reve esses home ns vis co mo “ í m p i o s ” (Jd 15), que
“não têm o E s p í r i t o ” (Jd 19).
O possível r e l a c io n a m e n to entre Ju das e
2Ped ro 2.1-3.4 de pend e do fator data do primeiro. O
mais prová ve l é que J udas tinha co n h ec im e n to de
2P e dr o (Jd 17,18) e, daí, sua e pís to la se si tuaria
p o s te r io rm e nt e , isto é, entre 70-8 0 d.C. Não está
e sc la re ci do sobre os desti nat ários , mas p o d e m ter sido
os m e sm o s de 2Pedro (ver in tr odu çã o de 2Pedro).

A utor

O escritor é Judas, meio irmão do Se n h o r


Jesus (Mc 6.3). “Irmão de T i a g o ” (Jd 1).
Judas se ide nti fic a s im ple sm e nte co mo o
“irm ão de T i a g o ” (Jd 1). Os únicos irmãos do No vo
T e s ta m e n to que têm nome s de J uda s e Tiago são os
dois m e io -ir mã os de Jesus (Mt 13.55; Mc 6.3). Talv ez

1 E ns i nav am que a salvação pel a graça lhes permitia pecar sem


haver condenação.

131
do seu irm ão, sendo dirigente da igreja de Jer usa lé m
serviria para e sc la re ce r sua própr ia ide ntid a de e
posição.

Propósito

J uda s escreveu esta carta:


• Para, c om em p en h o , advertir os crentes sobre a
grave am ea ç a dos falsos mestres e sua inf lu ênc ia
des tr u id o ra nas igrejas;
• Pa ra e n e r g ic a m e n te c o n cl a m a r todos os verdad eiros
crentes a re s o lu ta m e n te “batal har pela fé que uma
vez foi dad a aos s an to s ” (Jd 3).

V isão Panorâm ica

Se g u in d o -s e à sau dação (Jd 1,2), Judas


revela que sua p ri m ei r a intenção era es c re ver sobre a
na tu re za da s alv aç ão (Jd 3a). Em vez disso, ele foi
m ovid o a e sc re v e r sobre o assunto que se segue, por
causa dos mest res apóstatas que est av am per v e rt e n d o a
graça de D e us e, ao agirem assim, c o rr o m p ia m a
ve rdade e o c am i n h o da retidão nas igrejas (Jd 4).
Judas os acusa de im pur eza sexual (Jd 4,8,16,18),
liberais com o Cai m (Jd 11), co biçosos com o B alaão (Jd
11), rebeldes co mo Coré (Jd 11), arrogantes (Jd 8,16),
e ng ano so s (Jd 4 a , 12), sensuais (Jd 19) e c aus ad ores de
divisões (Jd 19). Afirm a a certeza do j u l g a m e n t o divino
co ntra todos que vivem em tais pecados e ilustra esse
fato com seis ex em plo s do Antigo T e s ta m en to (Jd 5-
11). Os doze fatos descritivos da vida deles revelam
que a m e d id a do seu pecado está cheia para o
j u lg a m e n to divin o (Jd 12-16). Os crentes são
de spe rta dos a cre scer na fé e a ter c o m p a i x ã o com

132
temor, no toc ante àqueles que estão vacilando na fé (Jd
20-23). Judas termina c om palavr as de lou vor a Deus,
de grande ins piração, ao i m p e t r a r 1 a sua bênção (Jd
24,25).

C aracterísticas Especiais

Quatro c ar ac te rís tic as principais estão nesta


epístola:
1. C o n té m a inc rim in a ç ão ma is vigorosa e direta do
No vo T e s ta m en to sobre os falsos mestres. C h a m a a
atenção de todas as gerações para a gravid ad e do
perigo con stan te da falsa doutr in a contra a ge nuína
fé e a vida santa;
2. E x e m p li f ic a o caso de ilus tra çõ es tríplices, e.g., três
ex em plo s de j u l g a m e n t o tirados do Antigo
T e s ta m en to (Jd 5-7), u m a descrição tríplice dos
falsos mestres (Jd 8) e três ex em plo s de home ns
ímpios, tirados do An tigo T e s ta m en to (Jd 11);
3. Sob a plena inf lu ênc ia do Espíri to Santo, Judas fez
m en ção de vários escritos:
a) As Esc rituras do An tigo T e s ta m en to (Jd 5-7,11);
b) As tradições j u d a ic a s (Jd 9,14,15);
c) C ita ndo dir e ta m e nte 2P e dro 3.3, que ele c onfi rm a
com o pro c e de nt e dos a pósto lo s (Jd 17,18).
4. C on té m a bênção mais su bli me do Novo T es tam ent o.

1 Rogar, suplicar, pedir, requerer. Obt er mediante súplicas.

133
Q uestionário

• A ss in a le com “X ” as alternativas corretas

6. A ut or de cinco livros do N ovo T e s ta m en to divididos


em um Ev a ng e lh o, três epístolas e o Apocalipse.
a ) |_| Pedro (apóstolo)
b) | , l João (apóstolo)
c ) |_| Paulo (apóstolo)
d ) |_] João Marcos

7. João em sua seg unda e pís to la se identifica como


a ) |_I P r ega dor
b ) l | M iss io nário
c ) |_| Pas tor
d ) |yl Ancião

8. 3J oão é uma carta pessoal e ndereçad a a um fiel


cristão talvez perte nce nte a uma das igrejas da Ásia
M e n o r por nome de
a ) F71 Gaio
b ) |_| Diótrefes
c ) |_j On ési mo
d ) D Silas

• M a r q u e “ C ” para Certo e “E ” para Errado

9 . 0 Os únicos irmãos do N ovo Te st am en to que têm


nome s de Judas e Ti ago são os dois me io- ir mã os de
Jesus
10.Qj Judas revela que sua prim eir a intenção era
e sc re ve r sobre os mestres apóstatas que estavam
perve rte nd o a graça de Deus. Em vez disso, ele foi
mo vi do a escre ver sobre a na tureza da salvação

134
Epístolas Paulinas e Gerais
R eferências B ibliográficas

F E R R E I R A , A uré lio Bu ar que de Ho la nda; N ovo


A u r é lio S é cu lo XXL, 3a Ed. E d i to ra N ova Fr onteira;
Rio de J ane iro , 1999.

S T A M P S , D o n a l d C.; B íb lia de E stu d o P e n te c o s ta l;


C PA D ; Rio de Jan ei ro , 1995.

M E A R S , H e nri e tta C.; E studo P a n o râ m ic o da B íb lia ;


E d i to ra Vida; São Paulo, 1995.

P E A R L M A N , Myer; A tra v é s da B íb lia - L ivro p o r


Livro', E d i to ra Vida; São Paulo, 1995.

H A L L E Y , H en ry H.; M a n u a l B íb lic o ; 9a Ed. Ed ições


Vida No va ; São Paulo, 1990.

CH AM PL IN , R. N.; O N ovo T e sta m en to Int erpretado;


E di to ra Can de ia ; São Paulo, 1998. Vols 3, 4, 5 e 6

M c N A IR , S. E.; A B íb lia Explicada', C PAD ; Rio de


Jane iro, 1995.

BO YE R , O rlando; P e q u e n a E n c ic lo p é d ia Bíblica',
IBAD; Pi n d a m o n h a n g a b a .

D O U G L A S , J. D.; O N ovo D ic io n á rio da Bíblia', 2a Ed.


Ed iç õe s Vida Nova; São Paulo, 2001

135
SH E D D , Russel P.; O N ovo C o m en tá rio da Bíblia', 3a
Ed. Ed iç õe s Vida Nova; São Paulo, 2001.

ANDRADE, C la u d io n o r C orrê a de; D icio n á rio


Teológico', 6a Edição. C PA D ; Rio de Janeiro, 1998.

T I D W E LL , J. B.; Visão P a n o râ m ic o da Bíblia', 7a Ed.


E dit or a Vida; São Paulo, 1995.

C O N D E , Emílio; Tesouro de C o n h ecim en to Bíblico', 5a


Ed. CPA D; Rio de Jane iro, 2000.

J O S E F O , Flávio; H istó ria dos Hebreus', 4a Ed. CPAD;


Rio de Janeiro, 2000.

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