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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE EDUCAÇÃO
Discente: Laís Araújo
Disciplina: Fundamentos Psicológicos da Educação

No contexto de uma abordagem crítica à psicologia tradicional da educação que possuía


uma visão naturalizante e a-histórica de crianças e jovens em idade escolar, Maria
Helena Patto, revela o erro crasso de uma perspectiva da psicológica escolar que ignora
as ciências humanas tratando do indivíduo e não da sociedade e dessa forma não
percebendo que o que parece natural é social, e o que parece a-histórico é histórico. A
autora em A produção do fracasso escolar descreve o percurso histórico da sociedade
ocidental capitalista para expor desde a sua formação seu projeto de sociedade que por
traz da ideia de liberdade e meritocracia esconde uma sociedade de classes
extremamente desigual, e ainda, capaz de reproduzir através da ciência uma legitimação
do seu poder. Patto – que discute a naturalização da adolescência na sociedade ocidental
enquanto conceito reificado nas ciências e no senso comum como um dado, isto é, sem
sua devida historicidade – defende que a função do psicólogo é abrir um espaço nos
discursos institucionais que tendem a preservar o que já está cristalizado. E ainda, que
uma concepção crítica ressalta a necessidade de contribuir para o questionamento de
estereótipos endossados por teorizações psicológicas que rotulam e silenciam o sujeito,
tanto na condição de aluno quanto de adolescente.
Para além das questões que nos levam a problematizar a construção do papel social da
adolescência e suas transformações na história como uma fase do desenvolvimento
humano entre a infância e a fase adulta, questionando seus critérios biológicos
delimitadores de fim da infância com a puberdade e os critérios culturais delimitadores
de fim da adolescência com emancipação financeira, matrimônios, etc., há no interior
dessa juventude muitas diferenças. Para Tomaz Tadeu da Silva, o espaço escolar é um
lócus privilegiado para se observar o processo de produção social da identidade e da
diferença. Ele descreve que em um mundo heterogêneo, o encontro com o outro, com o
estranho, com o diferente, é inevitável. Por isso, é um problema pedagógico não apenas
porque as crianças e os jovens, em uma sociedade atravessada pela diferença,
forçosamente interagem com o outro no próprio espaço escolar, mas também porque a
questão do outro e da diferença não pode deixar de ser matéria de preocupação
pedagógica.
De fato, dos materialistas históricos aos pós-estruturalista comprometidos em explicar a
relações sociais através das relações de classe e de poder, respectivamente, tem chegado
a um denominador comum: as desigualdades sociais produzidas socialmente repercutem
na escolarização e é papel de pedagogos, psicólogos, professores e demais profissionais
da educação enfrentá-los.
A partir dessas perspectivas que localizam o indivíduo na história e o percebe
atravessado por relações sociais, cujas diferenças, raciais, sexuais e de gênero não ficam
fora do espaço escolar, que procuro analisar numa abordagem interccional alguns
problemas na escolarização de crianças e jovens que, sem uma crítica às relações de
gênero e uma desconstrução de estereótipos raciais, reproduzem os preconceitos
cristalizados na sociedade.
Elementos para essa discussão encontrei no blog intitulado Ensaios de gênero que
publica artigos que entrelaçam educação e gênero. A matéria “Meninas e meninos na
escola: juntos ou separados?” analisa uma pesquisa da socióloga estadunidense Barrie
Thorne que questiona a generificação social reforçada no ambiente escolar de uma
forma mais intensa que em outros ambientes. Segundo Thorne, aqueles que defendem
que as diferenças entre as meninas e meninos são “naturais” e, portanto, não devem
ser foco de atenção, vale a observação de que nas vizinhanças e bairros as segregações
por sexo podem ser muito mais minimizadas. A evidência de que a segregação, na
escola, é maior do que nas vizinhanças, indica que a escola possui suas
particularidades na socialização de gênero. Quando separam meninos e meninas em
filas, brincadeiras, jogos ou mesmo em atividades na sala de aula, a escola se torna o
mais importante agente da segregação sexual na sociedade porque é este o ambiente
onde as pessoas passaram alguns anos mais crucias dos primeiros decênios de suas
vidas. Mesmo que se possa afirmar que comportamentos sexistas muitas vezes já são
incorporados nas crianças no ambiente doméstico, a incessante repetição de práticas que
reforçam as diferenças entre meninos e meninas naturaliza uma concepção sexista
dessas relações que retornam na fase adulta em baixa perspectiva e poucas
oportunidades para mulheres, ou ainda, discriminação e violência.
Diante dessa análise pareceria uma informação equivocada dizer que meninas têm
melhor desempenho e que passam mais tempo na escola que os meninos, mas foi
exatamente essa a resposta encontrada por pesquisadores da educação. Existe uma
questão principal que interccional gênero e raça que implica diretamente nesse
resultado: a avaliação por comportamento. Esse tipo de avaliação é extremamente
subjetivo, premia meninas em geral e pune meninos negros brilhantes por mau
comportamento. Em outra matéria no mesmo blog intitulada “Meninos negros na
escola: poder, racismo e masculinidade”, onde é analisada a pesquisa de duas autoras,
Andréia Rezende e Marília Carvalho, que estudam o caso partindo de Raewyn Connell,
pesquisadora australiana que investiga masculinidades; ao se perguntar “quem são os
meninos que fracassam na escola?” as autoras partem de um referencial teórico atual e
lançam-se aos desafios de compreender como as masculinidades não dependem
unicamente das relações de gênero, mas são também interpeladas por outras
categorias como cor/raça e classe social, visto que a produção do fracasso escolar
incide, ao mesmo tempo e num mesmo sujeito, majoritariamente, sobre meninos negros
e pobres. E ainda, a disciplina, em si, não costuma ser cobrada dos meninos, haja vista
que as representações de masculinidades das professoras as incentivam a aceitar
alguma dose de insubordinação como traço masculino. O mesmo não se pode dizer das
meninas, cujo sucesso escolar é visto menos como fruto de seu talento e mais como
recompensa pela sua dedicação.
Segundo Checcia, a intervenção da psicologia da educação envolve a escuta dos
principais atores do espaço escolar, os alunos. A superação dos preconceitos raciais e de
gênero exige uma análise social crítica radical principalmente porque, legitimado
cientificamente e naturalizado, exercem um poder maior sobre a sociedade porque às
vezes não é mais nem pensado. Abrir espaço para questionamentos e incluir os alunos
na construção do seu saber tornando-o um pensador crítico seria um passo para uma
educação libertadora como diria Paulo Freire.

Referência:

SILVA, Tomaz Tadeu da Silva. A produção social da identidade e da diferença. In:


____; HALL, Stuart; WOODWARD, Kathryn. Identidade e diferença: a perspectiva dos
Estudos Culturais. 2. ed. Petrópolis/RJ: Vozes, 2003.

PATTO, Maria Helena Souza. Raízes históricas das concepções sobre fracasso
escolar: o triunfo de uma classe e sua visão de mundo. In: ______. A Produção do
Fracasso Escolar: histórias de submissão e rebeldia. 3ª ed. São Paulo: Casa do
Psicólogo, 2008. p. 29 - 78. OU 4ª Ed revista e ampliada. São Paulo: Intermeios, 2015.
p. 35 - 75.

CHECCHIA, Ana Karina Amorim. Introduzindo questões sobre adolescência e


escolarização. In: ______. Adolescência e escolarização: numa perspectiva crítica em
Psicologia escolar. Campinas, SP: Alínea, 2010. Cap. 1, p. 13 - 28.

SENKEVICS, Adriano. Meninas e meninos na escola: juntos ou separados? Ensaios


de Gênero. Disponível em:<
https://ensaiosdegenero.wordpress.com/2011/12/11/meninas-e-meninos-na-escola-
juntos-ou-separados/>

______. Meninos negros na escola: poder, racismo e masculinidade. Ensaios de


Gênero. Disponível em: <https://ensaiosdegenero.wordpress.com/2015/02/10/meninos-
negros-na-escola-poder-racismo-e-masculinidade/>

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