AS CRÍTICAS AO GÊNERO E A PLURALIZAÇÃO DO FEMINISMO: COLONIALISMO,
RACISMO E POLÍTICA HETEROSSEXUAL
Claudia Mayorga, Alba Coura, Nerea Miralles, Vivane Martins Cunha Revista Estudos Feministas OBJETIVOS DO ARTIGO
Analisar a emergência das categorias colonialismo, racismo e
política heterossexual no Feminismo e suas interpelações ao conceito de gênero Identificar quais as contribuições dessas categorias de análise para as epistemologias e políticas do Feminismo Analisar o pensamento de três autoras: Gloria Anzaldúa; Monique Wittig; Ochy Curiel Explicitar quais são os limites do gênero enquanto categoria de análise, seus efeitos normativos e a necessidade de politização do Feminismo INTRODUÇÃO
A categoria gênero se tornou central na ação política e na teoria
feminista na segunda metade do século XX – emergência da segunda onda do Movimento Feminista A partir de 1970 o gênero foi apropriado pelo Feminismo enquanto categoria analítica da sociedade – ruptura epistemológica A categoria gênero enquanto uma construção social e histórica de relações desiguais estabelecidas entre homens e mulheres que acarretam as opressões contra as mulheres Buscas de explicação das opressões contra as mulheres: proposição de leituras sobre a noção de gênero, sobre o sistema de opressão contra as mulheres e sobre a política feminista – produção intelectual orgânica, estratégica e urgente QUARTA ONDA DO FEMINISMO
Críticas aos limites da noção de gênero
Deslocamentos epistemológicos e diferentes leituras da opressão Incidência de novos conceitos Novas rupturas epistemológicas Emergência de outras vozes Tensionamento das teorias e ações feministas O grande desafio da possibilidade de uma unidade na ação política feminista Problematização do sujeito do Feminismo e da noção de “mulher” Busca de um projeto de sociedade e uma agenda política em comum que devem orientar o Movimento Feminista QUARTA ONDA DO FEMINISMO
Denúncia da universalização de leituras das experiências de
opressão e emancipação pelas mulheres do Terceiro Mundo Desconsideração e desqualificação da pluralidade e diversidade das mulheres pelo Feminismo hegemônico Críticas aos sistemas coloniais, ao racismo, à heteronormatividade e desigualdades de classe e seus efeitos reducionistas e normativos GLORIA ANZALDÚA BORDERLANDS/LA FRONTERA: THE NEW MESTIZA Crítica da cultura etnocêntrica e androcêntrica das culturas brancas, indígenas e chicanas “Traidora” da sua própria cultura Rejeição das histórias e dos mitos patriarcais da cultura chicana Complexificação do olhar sobre as opressões às quais as mulheres são submetidas Questionamento da naturalização das hierarquias sociais Monopolização do poder de fala e discurso pelos homens Mulheres hociconas e callejeras A IDEIA DE FRONTEIRA
Fronteira enquanto conceito geopolítico: tensões culturais, políticas
e econômicas vivenciadas na fronteira entre México e Estados Unidos; contexto político e social marcado por opressões e colonização espanhola Fronteira enquanto não-lugar existencial de dor e sofrimento: fronteiras estabelecidas pelos marcadores da diferença de raça, classe, orientação sexual, gênero; fronteiras rígidas criadas pelo pensamento binário ocidental; experiências múltiplas e incompatíveis que atravessam os sujeitos Fronteira enquanto potência da invenção, criatividade, liberdade ilegal e espacialidade de poder e resistência: contra-poder ao modelo hegemônico cultural ocidental; práticas de transgressão e subversão A NOVA MESTIZA
Habita as fronteiras e assume uma posição de sujeito de questionamento dos
padrões culturais brancos, androcêntricos e etnocêntricos Exercita o trânsito entre culturas distintas: conhece e se apropria das culturas que a constituem para a construção de uma cultura autêntica e singular Purifica as culturas das formas opressivas presentes na cultura indígena, mexicana e branca Tira da marginalidade experiências e práticas culturais das mulheres de cor que estão desautorizadas a falar, instituídas como vozes subalternizadas e colonizadas Possui a escrita como prática de resistência e meio de transmissão da experiência da fronteira TRADUÇÃO
Condição de existência de diversas culturas
Não é uma mera transmissão artificial e mecânica de elementos e padrões culturais Incorporação de uma multiplicidade de vozes e de diversas culturas Hibridização e mestiçagem cultural Exercício de historicização da realidade e da explicitação das relações de poder que marcam e determinam as diversas formas de opressão Proposição de outras epistemologias e um conhecimento da fronteira: subversão dos essencialismos, interdição da relação sujeito/objeto e desconstrução da dicotomia do pensamento ocidental