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to econômico de que se tem notícia. Essa linha é per- de manutenção da liderança mundial. O Projeto para
seguida pelo autor ao longo do livro, o que torna sua o Novo Século Norte-Americano, desenvolvido pelos
leitura bastante instigante, daquelas que se quer con- falcões e acolhido pelo Congresso e pela população
cluir rapidamente para se conhecer o desfecho. amedrontada, recolocou os Estados Unidos na rota
O livro divide-se em quatro partes. De início, das guerras imperialistas. No entanto, a invasão do
Arrighi busca demonstrar como o caminho “natu- Iraque e a tentativa de controlar as maiores reservas de
ral” de desenvolvimento econômico, preconizado por petróleo do mundo se tornaram custosas demais. Au-
Adam Smith, baseado no incremento do mercado menta o déficit público e a dependência financeira do
interno a partir do aprimoramento da agricultura e império com relação às potências ascendentes, sobre-
do comércio, conformou a economia chinesa até o tudo China, que Arrighi compreende ser a grande
fim de seu período imperial. Em contrapartida, em- vencedora da guerra do Iraque.
bora tenha sido a sede da ideologia do livre mercado, Por fim, na quarta parte do livro, além de uma
a Europa havia determinado seu crescimento econô- vigorosa análise do recente debate de intelectuais
mico a partir do ambiente externo, impulsionada norte-americanos sobre como lidar com a “ascensão
pelas conquistas territoriais no continente america- pacífica” chinesa, Arrighi encontra os fundamentos
no. Esse caminho “antinatural” europeu explicaria o históricos do caminho “natural” chinês de desenvol-
que Kenneth Pomeranz chama de Grande Divergên- vimento econômico, do século XII até os dias atuais.
cia, em que a Europa, impulsionada pela Revolução A ênfase, é claro, se dá na estratégia para a retomada
Industrial, ergue sua curva de crescimento, enquan- do crescimento econômico nos últimos vinte anos.
to o Leste asiático entra em forte declínio. A crise de hegemonia norte-americana não se re-
Na segunda parte, Arrighi retoma algumas das fere apenas à perda de credibilidade de sua posição
formulações de O longo século XX e de Caos e governa- como força invencível ou à sua débâcle econômico-fi-
bilidade no moderno sistema mundial2, em uma analí- nanceira. O próprio american way of life, que susten-
tica que expõe os fundamentos da atual crise econô- tou a pujança consumista da maior economia do
mica, de raízes situadas no início dos anos de 1970. mundo e a admiração de populações de todos os paí-
Em síntese, trata-se de explicar como a queda da taxa ses, aparece como o grande responsável pela devasta-
de lucro naquela década gerou um aumento da finan- ção ecológica de nosso tempo. A mensagem final de
ceirização da economia e fez com que o capital empe- Adam Smith em Pequim refere-se a essa questão. No
nhado na produção buscasse a mão de obra barata dos momento em que a via “natural” chinesa se encontra
países do Terceiro Mundo, sobretudo no Sudeste asiá- com o “caminho extrovertido da Revolução Indus-
tico. Quando o fracasso do Vietnã os fragilizou, os Es- trial”, é o mundo capitalista como um todo que se
tados Unidos tentaram se sustentar com uma política modifica. Como diz Arrighi, “o fato é que nem mes-
monetária frouxa, que impulsionou uma forte expan- mo um quarto da população da China e da Índia
são do crédito, mas sem aumento de demanda com- pode adotar o modo norte-americano de produzir e
parável na economia real. Com dinheiro barato cor- consumir sem matar por sufocação a si mesmo e ao
rendo o mundo, os dólares emitidos pelo Federal Re- resto do mundo” (p. 392). A conquista da hegemo-
serve perderam valor, aprofundando a crise de nia mundial pelos chineses dependerá das decisões a
hegemonia dos Estados Unidos. serem tomadas no futuro próximo. Se o novo ciclo de
Arrighi sugere, na terceira parte, que o 11 de se- desenvolvimento no Leste asiático respeitar os limites
tembro de 2001 teria possibilitado aos Estados Uni- impostos pelo planeta pode ser que a China consiga
dos a deflagração de sua última cartada com o intuito se elevar como modelo para os outros países.