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Introdução
O Estatuto profissional e deontológico, o valor da confiança e o direito profissional como
ramo de direito autónomo
A autoridade profissional, a deontologia e o valor da confiança
O titulo II (arts. 61º-82º) EOA, por sua vez, aborda as garantias no exercício da advocacia.
Capitulo I
A advocacia – da antiguidade oriental à actualidade
Da criação da Ordem dos Advogados até ao seu estatuto aprovado pelo D.L. 84/84 de
16 de Março
Capitulo II
A função actual do advogado
A advocacia na actualidade – a função de advogado
Capitulo III
A Ordem dos Advogados
A natureza jurídica da ordem dos advogados
b) Órgãos distritais:
- Assembleia distrital;
- Presidentes dos conselhos distritais;
- Conselhos de deontologia;
c) Órgãos de comarca:
- Assembleias de comarca;
- Delegações ou delegados (conforme haja ou não, pelo menos, dez advogados
inscritos);
O produto das contribuições dos advogados para a OA é dividido em partes iguais entre
o Conselho Geral e o Conselho Distrital, mas é às delegações que compete receber e
administra as receitas próprias, aceitar doações ou legados e administra-los (sempre que
esses se destinem a serviços e instituições dirigidos por qualquer delegação).
É um dever do advogado para com a OA pagar pontualmente as quotas e outros
encargos!
Capitulo IV
A inscrição na Ordem dos Advogados
inscrição preparatória e inscrição nos quadros da ordem
Para o exercício da advocacia, i.e., para a prática de actos próprios dos advogados, é
obrigatória a inscrição na OA; podem, todavia, exercer a consulta jurídica juristas de
reconhecido mérito e os mestres/doutores em Direito, mediante um exame de aptidão.
A inscrição como advogado ou advogado estagiário deve ser feita tanto no conselho
geral, como no centro distrital da área do domicílio profissional escolhido; será pedida ao
respectivo conselho distrital. Da decisão deste órgão cabe recurso para o conselho geral
ou para o conselho superior, conforme haja recusa da inscrição preparatória ou da
inscrição nos quadros da Ordem. A inscrição como advogado estagiário deve ser
requerida pelos licenciados em cursos jurídicos por qualquer universidade portuguesa
oficialmente autorizada, ou por universidade estrangeira objecto de equiparação oficial.
A inscrição como advogado depende de estágio com classificação positiva; o estagio
de Doutores em ciências jurídicas com efectivo exercício da docência e de quem tenha
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exercido funções de magistrado judicial ou do MP com boas informações e por período
igual ou superiores ao do estagio está, porem, dispensado.
A prova da inscrição faz-se pela cédula profissional.
Compete ao Conselho geral regulamentar a inscrição como consultor jurídico.
Capitulo V
A capacidade para o exercício da advocacia
Incapacidades
Capitulo VI
Actos próprios da profissão de advogado
A definição e enumeração dos actos próprios da profissão e o interesse publico da
advocacia
Apesar da lei determinar o que deve entender-se por actos próprios da profissão de
advogado, continua a verificar-se a atribuição de competências idênticas a entidades
diferentes e a inadmissível subtracção de tarefas ou funções exclusivas dos advogados.
Alem dos actos próprios da profissão, de mandato judicial, representação e assistência a
que a lei se refere, o advogado pode praticar ainda actos de simples procuradoria,
desde que não se dedique habitualmente a esses; dos actos de procuradoria podem os
advogados encarregar os seus empregados forenses.
Posto isto, mais do que uma enumeração taxativa dos actos próprios da profissão de
advogado, interessava obrigar a inscrição na OA o consultor jurídico e proibir o exercício
da consulta jurídica no interesse de terceiros e no âmbito de actividade profissional sem
inscrição na Ordem ou na Câmara dos Solicitadores. A noção de exercício da
advocacia deve referir-se, mais do que à enumeração das actividades do advogado,
ao interesse público da profissão exercida por advogado.
O estágio tem a duração global mínima de dois anos e o primeiro período tem a
duração mínima de seis meses.
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Durante o segundo período de estágio, pode o advogado estagiário:
- Praticar actos da competência dos solicitadores;
- Exercer a advocacia em processos penais da competência do tribunal singular e em
crimes cuja pena máxima seja igual ao inferior a cinco anos de prisão ou quando o MP
entenda que não deve ser aplicada, em concreto, pena de prisão superior a esses cinco
anos;
- Exercer a advocacia em processos não penais cujo valor caiba na alçada dos tribunais
de 1ª instancia e ainda nos processos da competência dos tribunais de menores quanto
a menores e em processos de divórcio por mutuo consentimento;
- Dar consulta jurídica;
- Exercer a advocacia por nomeação oficiosa;
Capitulo VII
Exercício da advocacia por estrangeiros – casos especiais dos advogados brasileiros e
da União Europeia
Exercício da advocacia por estrangeiros
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A regra geral quanto a esta matéria encontra-se elencada no art. 194º/1 EOA; “os
estrangeiros diplomados por qualquer faculdade de Direito de Portugal podem inscrever-
se na Ordem dos Advogados, nos mesmos termos dos portugueses se o seu pais
conceder igual regalia a estes últimos.”
Os advogados brasileiros, para se inscreverem na OA, não têm que ser diplomados por
qualquer faculdade de Direito de Portugal; o art. 194º/2 EOA consagra um regime de
reciprocidade, logo, os advogados portugueses ou brasileiros, portadores de diplomas
idóneos expedidos por estabelecimentos de ensino de Direito podem inscrever-se quer
na OA brasileira, quer na portuguesa. O requisito comum de inscrição em ambas as
Ordens é que o advogado tenha diploma com idoneidade bastante e haja feito um
estágio.
Apesar de tudo, no Brasil, pode-se fazer a inscrição sem estagio ou sem que o requerente
comprove que o fez satisfatoriamente e com resultados, desde que tenha feito o exame
de ordem.
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Estatuto especifico e inscrição dos advogados da União Europeia estabelecidos
permanentemente com o título profissional de origem, mediante prévio registo
Nos termos da Directiva 98/5/CE, o estabelecimento permanente em Portugal dos
advogados da UE que pretendam exercer a sua actividade com o título profissional de
advogado, em plena igualdade de direitos e deveres com os advogados portugueses,
está sujeito a inscrição na OA que depende da realização de um exame de aptidão. O
direito a usar o título de advogado juntamente com o título profissional de origem exige,
porem:
- O exercício da profissão com o título de origem, pelo menos, por três anos no Estado-
Membro de acolhimento;
- Sujeição a avaliação, por via de entrevista, da efectividade e regularidade da
actividade exercida nesse Estado, se aqui estiver a exercer a sua profissão há menos de
três anos;
Face a isto, concluímos que estão dispensados de realizar o exame de aptidão os
advogados da UE que, estando registados na OA com estabelecimento permanente e
com título profissional de origem, provem ter exercido em Portugal, com o título de
origem, a sua actividade efectiva e regular no âmbito do direito interno português ou do
direito comunitário por um mínimo de três anos!!! Podem, também, ser dispensados do
exame de aptidão os advogados da UE que, não estejam cá há mais de três anos, mas
que demonstrem ter conhecimentos e experiência profissional suficiente para exercer a
profissão com a dignidade e a competência exigíveis aos advogados portugueses.
O regulamento de registo e inscrição dos advogados provenientes de outros Estados-
Membros da UE estabelecem como requisitos comuns do registo ou inscrição:
- Nacionalidade de um dos Estados-Membros da UE;
- Diploma académico que permita o exercício da profissão de advogado;
- Inscrição como advogado na Ordem ou em organização equivalente no seu Estado de
origem;
- Manter em Portugal um estabelecimento estável e permanente;
- Cumprir as obrigações previstas no regulamento, EOA e demais legislação da OA;
Para que se cumpra o propósito do registo ou da inscrição, o interessado deve requerer
ao presidente do conselho distrital da área onde pretende fixar o seu domicílio
profissional o registo ou a inscrição como advogado; deve apresentar os elementos supra
mencionados, mais os elementos vitais para a inscrição de portugueses na OA.
Verificado que seja que o interessado não reúne os requisitos do registo ou inscrição, o
requerimento é imediatamente indeferido; o requerente pode dele recorrer para o
conselho geral e, posteriormente, para os tribunais administrativos. A eventual dispensa
do exame de aptidão terá que ser necessariamente solicitada no próprio requerimento
de inscrição; todavia, nos casos de exercício por período inferior a três anos, o relator
poderá convidar o interessado a prestar os esclarecimentos ou especificações adicionais
que entenda necessários.
Estando registado na OA há mais de três anos, mas exercendo efectivamente há menos
tempo, o relator tomará em atenção a actividade profissional exercida, bem como
quaisquer conhecimentos e experiência profissional em matéria de direito interno
português alem de toda e qualquer participação em cursos de direito interno; feita essa
verificação e avaliando-se a capacidade para prosseguir a actividade no domínio do
direito interno português ou do direito comunitário, o relator emitirá uma decisão
favorável. Se, contudo, se verificar que o interessado não está nas condições necessárias
que permitam a dispensa de exame, então, designar-se-á hora e dia para que ele preste
provas; indeferindo-se totalmente o seu pedido, haverá recurso para o conselho geral e,
posteriormente, recurso contencioso para os tribunais administrativos.
Aos advogados registados emitir-se-á uma certidão probatória e aos inscritos uma
cédula profissional.
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Aos advogados da UE estabelecidos permanentemente com o título profissional de
origem deve ser assegurada uma representação apropriada nas instâncias profissionais
do Estado de acolhimento; assim, eles elegerão, entre si, um representante para o
congresso dos advogados portugueses, órgão esse encarregue de emitir
recomendações e de se pronunciar sobre matéria que seja da competência
regulamentar do conselho geral – arts. 45º/1/a), b) e d) e 27º/a) EOA.
Impõe a Directiva 98/5/CE que, para o exercício da profissão permanentemente com o
título profissional de origem, haverá inscrição junto da autoridade competente do
Estado-Membro de acolhimento; fica, pois, a co-existir ambas as inscrições e sendo
publicados os nomes dos advogados inscritos ao abrigo desta directiva. Mais, estes
advogados podem exercer a sua actividade na qualidade de assalariados de outro
advogado, se a legislação deste o permitir!
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Restrições ao direito de estabelecimento e à livre prestação de serviços
De acordo com o art. 46º/1 EOA, as disposições de tratados e de direito derivado não
prejudicarão a aplicação das disposições legislativas, regulamentares e administrativas
que prevejam um regime especial para os cidadãos estrangeiros e sejam justificadas por
razoes de ordem pública, segurança pública e de saúde pública.
Capitulo VIII
Exercício da advocacia por sociedades de advogados
Justificação legal das sociedades de advogados e da sua institucionalização
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Nos termos do EOA e do Código deontológico da CCBE o advogado ou a sociedade de
advogados:
- Não pode aconselhar dois ou mais clientes num mesmo assunto, se existir um conflito ou
um risco sério de conflito entre os interesses desses clientes;
- Deve cessar de agir em representação de ambos os clientes quando surja um conflito
de interesses entre esses;
- Não deve aceitar um novo cliente se existir um risco sério de violação de segredo
profissional em relação a cliente anterior;
Todos os sócios participam na sociedade com indústria e todos ou alguns deles com
capital; as suas entradas, porem, nunca se podem realizar com o valor da clientela! As
participações de indústria não concorrem para a formação do capital social e
presumem-se iguais; nota-se, pois, que nas sociedades de advogados, a qualidade de
sócio emana da sua contribuição de indústria.
De acordo com o estatuído no art. 8º/2 DL 229/2004, a clientela levada por um
advogado à sociedade deve ter equivalência com uma compensação; posto isto,
entende-se que é necessário que a clientela levada por um advogado para a
sociedade deve ter um regime autónomo do das participações de capital e de indústria
e que a participação nos lucros não deve exceder uma certa percentagem e um certo
período de tempo.
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As participações de capital podem ser transmitidas inter vivos, mediante cessão onerosa
ou gratuita; essa é livre entre os sócios, sem prejuízo do direito de preferência que uns
possuem em relação a outros. Para o exercício do direito de preferência, contudo, quem
ceda a sua participação deve informar os preferentes, por carta registada com aviso de
recepção, indicando os termos e as condições projectadas da cessão.
Os sócios não cessionários podem exercer o seu direito de preferência em quinze dias,
por qualquer um dos meios legalmente admissíveis. Se algum desses não exercer o seu
direito, a participação de capital pode ser cedida ao primitivo cessionário e àqueles na
proporção das respectivas posições sociais.
A cessão a terceiros só é admitida quando o cessionário seja advogado; depende de
autorização da sociedade e é concedida por deliberação unânime dos votos expressos
ou por maioria qualificada. Recebida do sócio a comunicação, a sociedade deve
comunicar ao sócio, em 45 dias, se consente ou não a cessão; nada dizendo, presume-
se consentida. No caso de recusa de autorização, pode o sócio exigir, em 15 dias, que a
sociedade proceda à amortização da sua participação de capital em seis meses, sob
pena de se considerar a mesma automaticamente extinta no termo daquele prazo,
vencendo-se as prestações a que o sócio tenha direito.
A amortização será feita pelo valor determinado no contrato de sociedade ou em
acordo escrito de todos os sócios; nada estando previsto quanto a isso, pelo valor
correspondente ao preço da projectada e não autorizada cessão, excepto se, em 30
dias, a sociedade comunicar ao sócio que não aceita tal preço como valor da
amortização; nestes casos extremos, o valor será fixado por uma comissão arbitral que
tenha em atenção o efeito que a saída do sócio vai provocar sobre a clientela da
sociedade. Não sendo a amortização da participação social acompanhada da
extinção da participação de industria, não tem lugar a saída do sócio nem uma possível
redução da clientela, logo, não se justifica encarar a dita clientela como relevante para
efeitos de amortização de participação social de capital!
Ao valor da amortização acrescentar-se-á a importância apurada nos termos do art.
13º/3 DL 229/2004. Mais, a amortização pode ser paga em prestações – art. 17º/9 do
mesmo DL.
É aplicável à cessão de participações de capital a título gratuito os arts. 15º, 16º e 17º;
nesses casos é o cedente que atribui um valor à participação para efeitos do direito de
preferência dos sócios não cessionários e da autorização ou recusa da cessão e
amortização da participação de capital.
Todos os sócios têm o direito de se exonerar da sociedade, se a sua duração não tiver
sido fixada no pacto social; já quando o prazo esteja fixado, o direito de exoneração só
pode ser exercido nas condições previstas no pacto ou com justa causa aceite pela
sociedade. Se a sociedade não aceitar a justificação de exoneração, então, essa só se
poderá exercer com autorização do tribunal.
Constitui justa causa de exoneração:
- Entrada de novos sócios, sempre que o sócio exonerado haja votado contra;
- Prorrogação da duração da sociedade;
- Justa causa de exclusão de outros sócios, se a sociedade não deliberar exclui-lo ou não
promover a sua exclusão judicial.
O sócio deve comunicar à sociedade a sua intenção e os motivos da exoneração, por
carta registada com aviso de recepção ou por notificação.
A exoneração, apesar de tudo, só se efectivará no fim do ano social em que é feita a
respectiva comunicação, mas nunca antes de decorridos 3 meses sobre a dita
comunicação; confere o direito à quantia que a sociedade acordar ou à que for fixada
pela comissão arbitral – arts. 17º/4 a 6 e 13º/3 DL 229/2004.
A exclusão de um sócio pode verificar-se nos casos previstos pelo pacto ou quando lhe
seja imputável violação grave das obrigações para com a sociedade ou dos deveres
deontológicos e ainda quando o sócio esteja impossibilitado ou deixe de prestar à
sociedade a sua participação de industria; é automática quando o sócio seja
disciplinarmente punido na OA com expulsão. Salvo os casos de automaticidade,
depende de voto favorável de ¾ partes dos sócios que exprimam ¾ dos votos apurado
ou de decisão judicial.
A exclusão confere direito à quantia que a sociedade acordar ou que a comissão
arbitral decidir.
Havendo impossibilidade temporária de exercício da profissão por motivo de saúde, o
sócio mantêm o direito aos resultados correspondentes à sua participação de capital e,
quanto aos resultados provenientes da sua participação de indústria, mantêm o direito a
eles durante 6 meses e a ½ deles nos 18 meses subsequentes até 2 anos; a sociedade
pode, contudo, proceder à amortização da participação de capital (pelo valor
acordado ou fixado pela comissão arbitral) sempre que a impossibilidade exceda os 30
meses. Este regime aplica-se, também, aos casos de suspensão da inscrição de sócio
como advogado, salvo quanto ao direito aos lucros correspondentes às participações
de indústria; o sócio só terá direito a esses por 6 meses!
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Atento o exposto, podemos concluir que a impossibilidade temporária ou a suspensão
da inscrição de sócio como advogado superior a 30 meses ou a condenação em pena
disciplinar de suspensão por infracção a deveres deontológicos, podem conduzir à
amortização de participações de capital com a normal extinção das participações de
indústria!!!
Responsabilidade dos sócios por dividas sociais e responsabilidade social por actos dos
sócios
Na falta de estipulação em contrario, todos os sócios tem igual poder para administrar a
sociedade; note-se, contudo, que o exercício dos poderes de administração devem ter
em atenção a independência do sócio, enquanto advogado, relativamente à prática
dos respectivos actos profissionais.
Só a assembleia-geral pode autorizar que os administradores sejam demandados pela
sociedade por factos praticados no exercício do cargo; ela reúne ordinariamente uma
vez por ano, até 3 meses após o encerramento do exercício anual. Mais, deliberará sobre
as contas sempre que seja convocada para tal. As contas das sociedades de
responsabilidade limitada são depositadas na OA.
À convocação e funcionamento das assembleias-gerais e ao conteúdo das suas
deliberações aplica-se os arts. 174º a 179º CC; todavia, as deliberações sobre mutações
ao pacto social e a dissolução ou prorrogação da sociedade, alem do quórum pessoal
(3/4 dos sócios na primeira convocatória) exige uma maioria absoluta dos votos
expressos. Cada sócio dispõe, pelo menos, de um voto (em função da sua proporção na
participação social e de industria), se bem que o pacto social possa conferir mais votos a
uns sócios do que os outros; os sócios ausentes podem mandatar, por mera carta, os
presentes.
As deliberações devem constar de acta assinada por todos os sócios; quem não assinar,
deve ser notificado, por carta registada com aviso de recepção, em oito dias, para o
fazer, sob pena da acta adquirir força probatória plena.
Divisão de resultados
Nos termos do art. 32º/2 DL 229/2004, a divisão dos resultados sociais pode não ser
proporcional ao valor das entradas; para tanto, o pacto social deve conter
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obrigatoriamente o modo de divisão dos ditos resultados – art. 7º/1/b). Os resultados
líquidos são, pois, atribuídos aos sócios de harmonia com o estabelecido no contrato
social ou em acordo escrito de todos os sócios e legitimado por deliberação tomada por
maioria de ¾ dos votos expressos.
A sociedade pode, também, atribuir mensalmente aos sócios uma importância fixa por
conta dos resultados a distribuir; apesar disso, todas as importâncias cobradas como
contraprestação da actividade profissional dos sócios e associados constituem receitas
da sociedade.
Dissolução imediata
Nos casos previstos na lei e no contrato, pelo decurso do prazo de duração fixado (se
não houver prorrogação), quando, em 6 meses, não se promova a reconstituição da
pluralidade de sócios, por deliberação social aprovada por unanimidade ou por
sentença que declare a insolvência, o conselho geral da Ordem deve decretar a
dissolução imediata da sociedade; mais, promoverá o registo e notificará os sócios da
sua decisão.
A dissolução deve ser registada em 15 dias a contar do título em que é reconhecida e
produz efeitos após o registo.
Esta forma de dissolução da sociedade pode ser requerida pelos sócios, credores ou pela
OA (representada pelo bastonário) no prazo de 6 meses a contar da data em que o
requerente tomou conhecimento do facto que fundamenta a dissolução, mas não
depois de decorridos 2 anos (excepção para o bastonário). O fundamento pode pedido
pode ser:
- Facto previsto na lei ou no contrato;
- Impedimento de exercício da actividade, por decisão de órgão da OA;
- Não exercício de qualquer tipo de actividade por 2 anos consecutivos;
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Os sócios podem, também, deliberar a dissolução da sociedade; a decisão será tomada
por maioria de ¾ dos votos expressos, em assembleia-geral reunida para o efeito. Neste
caso, a dissolução só produzirá efeitos após o registo; esse deve ser promovido em 15
dias.
São disposições legais imperativas as que regulam o exercício de certas profissões com o
fim de garantir o público contra a inidoneidade de quem as exerce e que a sua violação
acarreta a nulidade – arts. 280º/2 e 294º CC; por isto, Vaz Serra entende que é proibida
por lei uma sociedade entre duas pessoas que exercem profissões regulamentadas
diferentemente quando a pratica de uma permite procurar clientela à outra. È nessa
esteira que surge o art. 203º/3 EOA e o art. 6º/1 L 49/2004; aí se dispõe que não é
permitido às sociedades de advogados exercer directa ou indirectamente a sua
actividade em qualquer tipo de associação ou integração com outras profissões cujo
objecto social não seja o exercício exclusivo da advocacia e o funcionamento de
escritórios de procuradoria judicial ou similares.
Do exposto resulta, portanto, a exclusão da proibição dos gabinetes formados
exclusivamente por advogados ou solicitadores e as sociedades de advogados
Capitulo IX
O consultor jurídico e os problemas suscitados pela não obrigatoriedade da sua inscrição
na Ordem no anterior regime legal
Não obstante os arts. 68º, 76º EOA e 112º CT preceituarem que o contrato de trabalho
celebrado pelo advogado não pode afectar a sua plena isenção e independência
técnica perante a entidade patronal, nem violar o EOA, a verdade é que, se os
consultores jurídicos não estiverem inscritos, não estão submetidos à autoridade e à
disciplina dos órgãos profissionais nem poderão ver asseguradas as suas garantias ou
prerrogativas. Mais, o conselho dado pelo advogado ao seu cliente não tem qualquer
valor se for dado por complacência, para servir interesses pessoais ou em resultado de
pressões exteriores.
O consultor jurídico, dispensado pelo EOA de se inscrever na OA, se exercesse a consulta
jurídica como funcionário publico ou me regime de contrato de trabalho subordinado,
estava à margem de intervenção da OA; interessava, pois, torna-lo novamente em
advogado, embora com impedimento de exercício de outros actos próprios da profissão
de advogado que não o de dar consulta jurídica. Em virtude disso, na L49/2004 passou-se
a sujeitar a actividade de consulta jurídica à inscrição na Ordem; assim,
quotidianamente, só poderão dar consulta jurídica, sob pena do crime de procuradoria
ilícita, os notários, os solicitares de execução, os liquidatários judiciais e os organismos
públicos.
Capitulo X
Incompatibilidades e impedimentos para o exercício da advocacia
Dos arts. 76º e 77º EOA resulta que as incompatibilidades estão enumeradas a título
meramente exemplificativo; elas estão previstas na lei como excepções à regra
constitucional da liberdade de trabalho e de exercício de uma profissão. Ora, se as
normas excepcionais não comportam uma aplicação analógica admitem, porem uma
interpretação extensiva, logo, as normas sobre as incompatibilidades devem ser
interpretadas desse modo quando possa concluir-se com segurança que o legislador
disse menos do que o que previu.
O art. 76º EOA impõe que não sejam inscritos ou sejam suspensos do exercício da
advocacia todos aqueles que, pela profissão que já exercem ou pelas funções que
passaram a desempenhar, não possam objectivamente respeitar os valores daqueles
artigos.
Atento o exposto, resulta que o EOA tentou acautelar que o exercício da profissão de
advogado se fará sem a acumulação com outras funções que são capazes de levantar
duvidas quanto à simples possibilidade de ser mantida a fidelidade aos princípios éticos
basilares da profissão. Se a regra deve ser a liberdade de exercício de qualquer profissão
é útil que as limitações a essa liberdade sejam previstas de um modo tão exaustivo
quanto possível.
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O EOA, quanto às incompatibilidades, refere-se sempre à actividade ou à função
abstractamente exercida e não às tarefas ou actividades efectivamente desenvolvidas –
arts. 76º/2 e 77º/1 EOA; deste modo, o que releva é a actividade ou a função de
funcionário ou agente que, em abstracto, diminua a independência ou a dignidade da
profissão de advogado.
Em virtude disto, o Conselho Geral da OA entendeu, sobre o alcance do art. 77º//j) e l),
que a incompatibilidade aí prevista resulta da existência do estatuto de funcionário ou
agente e abrange todos os indivíduos que, por qualquer título, exerçam actividade ao
serviço das pessoas colectivas publicas, sob a orientação dos respectivos órgãos; a
incompatibilidade só existirá, então, após a tomada de posse. Mais, nestas alíneas
abrangem-se, também, os administradores, directores, funcionários e agentes dos
serviços públicos que integram a administração estadual directa e indirecta e da
administração autónoma.
Como excepção às incompatibilidades das alíneas j) e l) prevê-se, no art. 77º/3 e no
181º/2, que é permitido o exercício da advocacia a essas pessoas quando esta seja
prestada em regime de subordinação e em exclusividade, ao serviço de quaisquer das
entidades previstas nas referidas alíneas, sem prejuízo do disposto no art. 81º EOA.
Situação diferente é aquela que é propagada pelo art. 77º/4 EOA; aí permite-se aos
funcionários, agentes ou contratados e a membros de órgãos de administração,
executivos ou directores com poderes de representação orgânica de quaisquer serviços
públicos exercer a advocacia quando providos em cargos de entidades ou estruturas
com carácter temporário, sem exclusividade.
Posto isto, concluímos que, afinal, o EOA criou um impedimento para o consultor
funcionário público, inibindo-o da prática de todos os actos jurídicos em relação a todas
as pessoas à excepção do seu serviço público, para o qual pode praticar todos os actos
próprios de advogado, em regime de subordinação e exclusividade, a não ser quando
seja provido em cargos de entidades ou estruturas com carácter temporário.
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Quanto aos deputados, não está de fora do supra citado art. todo o contencioso
administrativo, designadamente os recursos directos de anulação e as acções
administrativas. Já quanto aos vereadores, impedidos de exercer o mandato judicial nas
acções em que sejam partes os respectivos municípios, também eles deveriam estar
abrangidos pela incompatibilidade absoluta e não meramente a relativa!!!
Capitulo XI
Exercício da advocacia e ilícito criminal e disciplinar
Ilícito criminal
Ilícito disciplinar
Capitulo XII
Trajo profissional do advogado
O uso da toga como direito e dever do advogado e o direito de usar os outros acessórios
do trajo – regulamento do trajo e da insígnia profissional
Capitulo XIII
Informação e publicidade do advogado
Sua objectividade, verdade e dignidade
O título pode ser atribuído a juristas de reconhecido mérito que exerçam publica
actividade de consulta e de consulta e ensino, por período superior a 5 anos e que
tenham publicado trabalhos de relevante interesse na área da especialidade, bem
como não se encontrem em situação de incompatibilidade para o exercício da profissão.
O ponto 2.6 do Código do CCBE proibia qualquer publicidade pessoal sempre que esta
fosse proibida e só a permitia dentro dos limites admitidos pela Ordem a que o
advogado pertencesse.
Capitulo XIV
Prerrogativas do advogado
Das garantias em geral
Aos advogados também são reconhecidos alguns direitos; na verdade, tratam-se antes
de garantias ou prerrogativas no exercício da profissão. Encontram-se, por exemplo,
elencadas nos arts. 208º Constituição da República Portuguesa, 6º e 14º LOFTJ; o EOA
trata, ainda, destas matérias.
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Entre as atribuições da OA encontra-se a de zelar pela função social, dignidade e
prestigio da profissão, bem como a de promoção do respeito pelos princípio
deontológicos, a defesa dos direitos, interesses e imunidades dos seus membros e a de
exercer jurisdição disciplinar exclusiva sobre os advogados e advogados estagiários; mais,
só advogados e advogados estagiários com inscrição em vigor na Ordem podem
praticar actos próprios de advogado – arts. 3º e 61º/1 EOA.
O EOA encarrega-se, contudo, de mais algumas tarefas; de entre essas destacam-se a/o:
- Defesa da livre escolha do mandatário;
- Zelo pela garantia da discricionariedade técnica do advogado;
- Garantia do direito a honorários;
- Direito ao segredo profissional;
- Manutenção da disciplina dos actos processuais (arts. 32º a 44º, 154º, 266º-B, 459º CPC e
63º a 67º, 70º e 326º CPP);
- Tratamento compatível com a dignidade da profissão; é uma contrapartida do direito
que todos têm de exigir do advogado o dever de urbanidade;
- Direito a bancada propria e a falar sentado;
- Defesa de condições adequadas para o cabal desempenho do mandato;
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do distrito constitui uma nulidade; já a falta de convocatória do advogado consagra
uma mera irregularidade – arts. 118º/2, 123º, 177º/3, 180º/1 CPP e 70º/2 EOA.
Na falta de comparência do representante da OA ou havendo urgência incompatível, o
juiz deve nomear um qualquer advogado para presenciar imediatamente o acto; se não
o fizer registar-se-á uma nulidade! À diligência são, ainda, admitidos familiares ou
empregados do advogado. Devem-se tomar todas e quaisquer providências que evitem
o extravio de papéis e objectos; nunca pode ser apreendida correspondência que
respeite ao exercício da profissão, salvo se essa se referir a facto criminoso relativamente
ao qual o advogado seja arguido. É, portanto, proibida, sob pena de nulidade, a
apreensão e qualquer outra forma de controlo da correspondência entre o arguido e o
seu defensor, excepto se o juiz desconfiar que essa constitui objecto ou elemento de um
crime – arts. 179º/2 CPP, 32º/8 Constituição da República Portuguesa e 126º/1 e 3 CPP; as
provas obtidas com violação desta obrigação nunca poderão ser usadas pois padecem
de uma nulidade insanável!
No decurso da diligência pode o advogado interessado e o representante da OA
apresentar reclamação; se essa versar sobre o segredo profissional, o juiz deve, de
imediato, sobrestar na diligência. A reclamação tem, então, um efeito suspensivo quer
do andamento do processo, quer da do acto; tem que ser fundamentada em 5 dias e
entregue no tribunal onde corre o processo para que o juiz a remeta (com o seu parecer)
para o presidente da Relação. A Relação pode desselar volumes, mas deve devolve-los,
com a decisão, selados – arts. 72º/3 e 4 EOA e 182º/2 CPP.
Capitulo XV
Honorários do advogado
O ajuste prévio de honorários
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direitos litigiosos feita a mandatário judicial, se o processo decorrer na área em que
exerce habitualmente a sua profissão.
Na falta de ajuste de honorários, devem os mesmos ser fixados de acordo com diversos
factores; esses constituem uma compensação económica adequada pelos serviços
efectivamente prestados, atendendo ao tempo gasto, às responsabilidades assumidas, à
dificuldade e urgência do assunto, ao grau de criatividade intelectual, à importância do
serviço prestado, às posses dos interessados, aos resultados obtidos e aos demais usos
profissionais. Estes critérios constituem uma enumeração exemplificativa e não taxativa!
São devidas as justas remunerações por todas as diligências feitas por mandatário judicial,
ainda que improfícuas.
É obrigatória a indicação dos preços dos serviços; esses devem constar em listas ou
cartazes afixados. No caso dos advogados, o preço é afixado com base num valor-
referencia! É, pois, suficiente que o advogado de indicação aos clientes dos honorários
previsíveis que se propõe cobrar-lhes em virtude dos serviços solicitados, identificando
expressamente, o valor mínimo e máximo da hora de trabalho e as regras previstas no
EOA.
Os honorários apresentados pelo advogado ao seu cliente devem ser devidamente
descriminados e o montante deve ser equitativo e justificado.
É lícito ao advogado exigir, a título de provisão, quantias por conta dos honorários ou
despesas, o que, a não ser satisfeito, dá ao advogado o direito a renunciar ao mandato;
se a provisão satisfeita vier a esgotar-se e o advogado ficar destituído de provisão, nada
há que o force a exercer o mandato, podendo, até mesmo, renuncia-lo livremente.
O advogado não pode ser responsabilizado pela falta de pagamento de custas ou de
quaisquer despesas se as não tiver recebido; não é obrigado a dispor das provisões que
tenha recebido para honorários. As importâncias recebidas a título de provisão devem
ser registadas em conta corrente e escrituradas em livro próprio, considerando-se como
receitas no ano posterior ao da sua recepção, sem contudo exceder a apresentação da
conta final relativa ao trabalho prestado.
A exigência de provisão é um direito que o advogado pode ou não exercer; ainda assim,
sempre que a exija, ela não pode exceder a estimativa razoável dos honorários e das
despesas prováveis.
Repartição de honorários
É proibido ao advogado repartir honorários, excepto com colegas que hajam prestado
colaboração; mais, um advogado não pode pedir nem aceitar, de outro advogado ou
de terceiro, honorários, comissões ou qualquer outra compensação por ter enviado ou
recomendado um cliente – ponto 5.4.1 Código CCBE. Nas relações entre advogados
pertencentes a Ordens de diferentes Estados-Membros, o advogado que, não se
limitando a recomendar outro advogado ou a apresenta-lo ao cliente, lhe confie um
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assunto ou o consulte, é pessoalmente responsável pelo pagamento de honorários,
despesas e reembolsos devidos ao advogado estrangeiro; pode, porem, em qualquer
momento, limitar a sua responsabilidade pessoal ao montante dos honorários.
O laudo de honorários
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verificarem indícios de que o advogado cometeu qualquer falta disciplinar, devem
participar o facto ao órgão disciplinar competente.
Não há recurso dos acórdãos proferidos nos processos de laudos; essas decisões são
definitivas e executórias.
O Estado deve garantir uma adequada remuneração, bem como o reembolso das
despesas realizadas, aos profissionais forenses que intervierem em termos de nomeação
oficiosa.
A protecção jurídica reveste as modalidades de consulta jurídica e apoio judiciário.
Sempre que o cliente puder beneficiar de protecção jurídica é, portanto, dever do
advogado informa-lo do facto.
A nomeação de defensor ao arguido e a sua dispensa e substituição são feitas nos
termos do CPP, sendo a nomeação antecedida de advertência ao arguido de que tem
o direito de escolher e constituir defensor ou a requerer a concessão de apoio judiciário;
não o fazendo, pode ele ser responsável pelo pagamento dos honorários e das despesas
ao defensor. Nestas situações, o tribunal, no final do processo, imputar-lhe-à o
pagamento da taxa de justiça e demais encargos do processo.
Os encargos decorrentes do apoio judiciário são levados a regras de custas a final.
A tabela de honorários pelos serviços prestados no âmbito do apoio judiciário consta da
portaria 1386/2004 de 10 de Novembro; a nota de despesas e de honorários deve ser
apresentada seguidamente ao acto (nos casos do art. 41º L34/2004) ou em 5 dias após a
notificação da sentença.
Capitulo XVI
Deveres do advogado para com a comunidade – o interesse publico da profissão
O dever de servir a justiça e o direito
O advogado é indispensável à justiça, uma vez que lhe compete defender os direitos e
as liberdades; essa sua missão, como não podia deixar de ser, impõe-lhe múltiplos
deveres em relação ao público, dado que só com uma profissão livre e independente se
podem salvaguardar os direitos humanos.
O advogado deve recusar o patrocínio de questões que considere injustas; isto resulta,
ainda, do seu dever de servir a justiça. É, assim, o juízo de valoração ética do próprio
advogado que impõe esta tomada de atitude; a OA, porem, poderá emitir juízos de
qualificação da conduta do advogado perante o valor da justiça.
Existem casos fronteira em que não é nítida a justiça ou a injustiça da causa; aí, a Ordem
não pode deixar de não intervir, de não censurar, dado que não pode exigir aos
advogados outro comportamento que não se coadune com o seu sentido de justiça e a
sua consciência. Em geral, quando se questiona a justiça, pretende-se saber se, num juízo
de razoabilidade, o advogado tem fundamento que lhe permita defender a pretensão
do seu cliente; nada importa saber se lhe assiste razão ou não. O que releva é a
defensibilidade da causa; estando em jogo os direitos e os interesses do mandante, sem
que o advogado possa impor-lhe as suas convicções pessoais, o mandatário deve
formular um juízo que abranja quer os fins prosseguidos pelo cliente, quer os meios a
utilizar.
Consulta jurídica
Apoio judiciário
Constitui dever do advogado para com a comunidade não solicitar nem angariar
clientes, por si ou por interposta pessoa; a noção de interposta pessoa é aquela que é
propagada no art. 579º/2 CC.
Capitulo XVII
Deveres do advogado para com o cliente
As especificidades do contrato de mandato judicial e deveres do advogado para com o
cliente
Só o mandatário judicial pode praticar actos que nem o mandante pode praticar; o
mandatário vincula, assim, a parte nas afirmações e confissões expressas de factos feitas
nos articulados, excepto se forem rectificadas ou retiradas (enquanto a parte contraria
não as tiver aceitado especificamente).
A renúncia ao recurso ou a aceitação expressa ou tácita da decisão e a desistência do
recurso não exigem procuração com poderes especiais, bastando procuração com
poderes forenses.
O dever do advogado recusar questão contra quem noutra questão seja seu cliente
Embora a letra da lei sugira que a proibição se limita a casos de mandato judicial,
impõe-se uma interpretação extensiva do preceito de forma a abranger qualquer
questão, mesmo extrajudicial. Mais, constitui hoje um uso ou costume a recusa de
questão por advogado contra quem é seu cliente habitual, mesmo que em determinado
momento, não tenha pendente qualquer questão ou acção em que o advogado o
patrocine.
O dever de emitir parecer consciencioso sobre o mérito do direito invocado pelo cliente
Dever de informação
Constitui dever do advogado prestar, sempre que lhe for pedido, informação sobre o
andamento das questões que lhe forem confiadas, sobre os critérios que utiliza na
fixação de honorários, indicando, sempre que possível, o seu montante total aproximado
e, ainda, sobre a possibilidade e a forma de obter apoio judiciário; este dever tem como
contrapartida o dever do cliente informar o advogado, sobretudo quanto à matéria de
facto, designadamente quanto à organização e produção de prova. Esta troca de
informações não se destina a transferir decisões que caibam ao advogado para o
cliente, mas sim a proporcionar a este o exercício esclarecido do seu direito de dar
instruções ao advogado em questões não técnicas.
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A orientação do patrocínio cabe inteira e exclusivamente ao advogado, pelo que só a
ele compete escolher os meios que entenda adequados à defesa dos interesses que lhe
são confiados; não pode colocar-se numa posição de simples cumpridor das indicações
ou ordens dos clientes.
O advogado deverá tentar encontrar uma solução para o litígio do seu cliente que seja
apropriada ao custo do assunto e deverá, nos momentos oportunos, dar-lhe o seu
conselho sobre a oportunidade de se procurar um acordo ou de se recorrer a soluções
alternativas para põe fim ao litígio.
Antes de se disporem a intervir em julgamento os advogados tem o dever de percorrer
todas as vias que conduzam a uma composição justa e equitativa do conflito entre os
seus clientes.
São deveres do advogado para com o cliente dar aplicação devida a valores, objectos
e documentos que lhe tenham sido confiados, bem como prestar contas ao cliente de
todos os dinheiros deste que tenha recebido, qualquer que seja a sua proveniência e
apresentar nota de honorários e despesas quando solicitada. A falta de prestação de
contas e até a simples demora constituem infracções disciplinares.
Sendo se elabore a nota de despesas e honorários e ela não seja paga, o advogado
pode reter valores, objectos e documentos que lhe tenham sido confiados.
Os fundos de clientes
Sempre que o advogado detiver fundos dos seus clientes ou de terceiros para efectuar
pagamentos de despesas por conta daqueles:
- Os fundos devem ser depositados em conta do advogado separada e com a
designação conta-cliente aberta para o efeito num banco e ai mantida até ao
pagamento das despesas;
- Os fundos devem ser pagos à ordem;
- O advogado deve manter registos completos e precisos, distinguindo-os de outros
montantes por ele detidos e deve manter tais registos à disposição do cliente;
O conselho geral pode estabelecer regras complementares aplicáveis aos fundos-
clientes; o que foi mencionado não se aplica às provisões para honorários.
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Este assunto foi já por nós abordado; o que convêm lembrar é que ele vem regulado no
art. 95º EOA.
O advogado deve empregar todos os esforços a fim de evitar que o seu cliente exerça
quaisquer represálias contra o adversário e seja menos correcto com o advogado da
parte contrária, com o juiz e com quaisquer outros intervenientes processuais.
Capitulo XVIII
Deveres entre os advogados
O dever de solidariedade
O dever de solidariedade entre advogados é uma das principais obrigações nas suas
relações recíprocas e o seu reforço constitui uma das mais importantes atribuições da OA.
O advogado deve à dignidade da sua profissão e da sua Ordem, o respeito do e pelo
título de advogado; tem, pois, que empregar todos os esforços no sentido de evitar não
só represálias contra os seus colegas, como também a falta de correcção para com eles.
O dever de solidariedade obriga o advogado a reagir contra atitudes ilegais ou abusivas
contra outro advogado.
Nas suas relações com outros advogados, constitui dever do advogado proceder com a
maior correcção e urbanidade, elevando-se ao mais alto grau o dever geral de
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urbanidade que sobre ele impende, e abster-se de qualquer ataque ou alusão
deprimente.
As relações dos advogados entre si, no exercício da sua profissão, são independentes
das suas relações pessoais; ainda assim, não está o advogado proibido de criticar o
advogado da parte contrária ou o juiz no que for indispensável à defesa da causa.
O dever de especial correcção e urbanidade impõe ao advogado que responda às
comunicações de colegas e que os informe da sua intenção de faltar a qualquer
diligencia.
O dever de segredo
O dever de lealdade
Outro dever entre advogados nas suas relações recíprocas é o de actuar com a maior
lealdade, não procurando obter vantagens ilegítimas ou indevidas para os seus
constituintes ou clientes e não contactando com a parte contraria representada por
advogado, salvo se primeiramente autorizado por este. Deve, por conseguinte, o
advogado abster-se de actuar unilateralmente e junto de terceiros por forma a
influenciar o normal curso de um processo; infringe, pois, o dever de lealdade o
advogado que instrui uma testemunha antes dessa ser ouvida.
Se alguma correspondência não confidencial dever ser endereçada directamente à
parte contraria representada por advogado, fará o advogado redigir essa
correspondência pelo seu cliente; mais, o advogado não pode entrar directamente em
contacto sobre determinado assunto com uma pessoa que saiba encontrar-se
representada por outro advogado, sem que esse colega lhe preste consentimento para
o efeito e com obrigação de manter este ultimo informado.
O dever se segredo entre advogados deve ceder perante o cliente no que disser
respeito à relação jurídica patrocinada pelo seu advogado; também o dever de
lealdade para com outro advogado tem que ceder perante o dever de lealdade para
com o cliente, havendo conflito entre ambos os deveres. Não pode, contudo, o
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advogado procurar obter vantagens ilícitas ou indevidas para com os seus constituintes
ou clientes à custa do dever de lealdade para com o advogado da parte contrária!
Questão premente é a de saber se o advogado deve aproveitar-se ou não de erros do
advogado da parte contrária. Carlo Lega considera que, estando em causa erro de
direito, o advogado da parte beneficiada deve tirar proveito do erro; mas, tratando-se
de erro de facto, o advogado só não deve aproveitar-se do erro se este for banal e
desculpável, mas não assim tratando-se de erro grosseiro.
A notificação dos articulados e requerimentos autónomos após a notificação ao A. da
contestação do R. é feita pelo mandatário judicial da contraparte; configura, portanto,
um dever de lealdade entre mandatários que é incompatível com qualquer efeito
surpresa.
O dever de não assinar escritos profissionais que não tenha feito ou em que não tenha
colaborado
Constitui dever dos advogados nas suas relações recíprocas não assinar pareceres,
peças processuais ou outros escritos profissionais que não tenha feito ou em que não
tenha colaborado; trata-se de obstar a formas de exercício por quem só a podia exercer
com ilicitude criminal ou disciplinar.
O dever de cooperação
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É dever dos advogados não recusar sem motivo justificado a direcção do estágio dos
advogados estagiários; a formação dos advogados é um direito e um dever não só da
OA, como dos seus membros.
O estágio tem a duração global mínima de dois anos, sob a orientação da OA, através
dos serviços de estágio; o primeiro período tem a duração mínima de seis meses e
destina-se a fornecer os conhecimentos técnico-profissionais e deontológicos
fundamentais de modo a habilitar os advogados estagiários para a prática dos actos
próprios da profissão; o segundo período de estagio dura dezoito meses e aí já se podem
praticar actos próprios da profissão, embora com a orientação do patrono. O estagiário
é, portanto, também, um profissional com responsabilidade civil, penal e disciplinar no
âmbito da sua competência específica.
Capitulo XIX
Deveres do advogado na condução do processo e para com os magistrados
O especial dever de urbanidade nas relações entre advogados e magistrados
Capitulo XX
O segredo profissional do advogado
O dever de segredo como autónomo dever estatutário da profissão de advogado
O art. 87º EOA aplica-se não só às relações entre advogados, mas também às relações
entre advogado e cliente; deste modo, o dever de segredo profissional imposto ao
advogado é um dever estatutário da profissão, uma vez que existem regras que
implicitamente contem a regulamentação desta matéria.
O segredo profissional é, então, reconhecido como direito e dever fundamental e
primordial da profissão de advogado.
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A obrigação de segredo não é limitada no tempo; mantém-se seja qual for o tempo
decorrido sobre o conhecimento dos factos por ele abrangidos, mesmo que o advogado
venha a suspender ou até a cancelar a sua inscrição como advogado.
Infringindo-se o dever de segredo profissional, o procedimento disciplinar ou criminal
prescreve nos respectivos prazos legais; só a obrigação de segredo não é limitada no
tempo e perdurará para sempre.
O advogado deve fazer respeitar o segredo profissional pelos membros do seu pessoal e
por todos aqueles que consigo colaborem na sua actividade profissional; também o
advogado que sucede a outro no patrocínio de uma causa ou de outra que com ela
seja conexa está obrigado ao mesmo dever de segredo profissional do primitivo
advogado, ainda que os factos não lhe tenham sido transmitidos por este ultimo e
apenas constem do dossier referente à causa.
Estão obrigados a dever profissional os colegas de escritório e os advogados estagiários,
bem como empregados, secretários ou outros colaboradores não advogados; a
violação desse dever por um trabalhador pode constituir justa causa de despedimento.
O empregado forense pode ser punido pelos crimes de violação ou de aproveitamento
do segredo profissional – art. 195º e 196º CP; ele pode, ainda, escusar-se a depor e toda a
prova produzida com violação desse dever é tida como ineficaz – arts. 618º/3 CPC,
135º/1 CPP e 87º/5 e 7 EOA.
O segredo profissional respeita, ainda, a factos comunicados por co-autor, co-réu ou co-
interessado do cliente ou pelo respectivo representante, uma vez que são conhecidos no
exercício da profissão.
Tratando-se de factos revelados pelo co-interessado em antagonismo de interesse com o
cliente, não há obrigação de segredo profissional; o conhecimento no exercício da
profissão só fundamenta o segredo profissional se lhe subjazer uma relação de confiança
e já não quando há divergência de interesses.
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Factos comunicados pela parte contraria durante negociações para acordo ou ocorridos
no âmbito de negociações malogradas com intervenção de advogado
Estão abrangidos pelo segredo profissional os factos de que a parte contrária do cliente
ou respectivos representantes lhe tenham dado conhecimento durante negociações
para acordo e factos ocorridos no âmbito de negociações transaccionais malogradas
em que tenha intervido advogado.
O conceito de negociações tem de ser entendido em termos amplos, não só como
estipulações para um contrato de transacção judicial mas também quaisquer tentativas
de conciliação de interesses desavindos por forma a abranger qualquer iniciativa verbal
ou escrita que diga respeito a uma contratação ou a um litigio, mesmo que venha a
frustrar-se ou seja concluída com êxito. A obrigação de segredo passa, deste modo,
também, a recair sobre o advogado que só foi constituído após negociações ocorridas
entre um colega e a parte que ele passa a representar; os destinatários ou beneficiários
da obrigação de sigilo são, portanto, a parte contrária ou o seu advogado.
Atento o exposto, a obrigação de segredo profissional quanto a aspectos que não ficam
vertidos e publicitados na transacção apenas constituirá problema se vier a pretender-se
a declaração de nulidade ou a anulação da transacção por vícios na formação ou na
manifestação da vontade; nas negociações transaccionais malogradas, a obrigação de
sigilo tem especial relevo, dado que as partes estiveram dispostas a fazer cedências na
convicção de que seria a melhor solução.
A correspondência dirigida pelo advogado, em representação do cliente, à contraparte
ou ao advogado desta não está, porem, abrangida pelo dito segredo e terá valor
probatório!!!!
O advogado é obrigado a segredo profissional no que respeita a factos que, por virtude
de cargo desempenhado na OA, qualquer colega, obrigado ao mesmo sigilo por
exercício da profissão, lhe tenha comunicado.
É o presidente do conselho distrital que tem competência exclusiva para autorizar a
cessação do segredo; da decisão deste cabe recurso para o bastonário. A estes órgãos
terá o advogado requerente de comunicar os factos abrangidos pelo sigilo que
pretende ver cessado por despacho de autorização; não lhes é sequer licito revelar que
determinado advogado requereu o levantamento do segredo!
Mesmo depois de autorizado a cessar o segredo, o advogado pode mantê-lo.
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Mediante previa autorização do presidente do conselho distrital com recurso para o
bastonário
- Em geral
Não se verificando os pressupostos acabados de referir, a cessação só pode ocorrer
mediante previa autorização do presidente do conselho distrital respectivo, em tudo
quanto for absolutamente necessário para defesa da dignidade, direitos e interesses
legítimos do próprio advogado, do cliente ou de seus representantes; não é possível o
levantamento do sigilo a favor de outrem que não o ex-cliente.
Do despacho de autorização de cessação do segredo não pode ser interposto recurso;
esse só pode acontecer quando o levantamento não seja autorizado. É o advogado
que pretende obter a cessação que tem legitimidade para recorrer para o bastonário;
da decisão deste nunca há despacho, excepto se a sua decisão for tomada com erro
manifesto e notório.
O despacho de autorização deve ser exibido ou junto ao processo; não o sendo, deve
constar da acta da diligência, sob pena da prova poder vir a ser julgada nula. O
despacho tem que ser fundamentado.
Um parecer sobre o sigilo não equivale a um despacho de autorização; poderá, contudo,
justificar a falta de ilicitude ou de culpa do agente, se for no sentido de não existir
obrigação de segredo!!!!
Como o levantamento do segredo é excepcional, para que se verifique tem que:
Haver absoluta necessidade de invocação ou prova dos factos abrangidos pelo
segredo;
Tem que ser exigível para a defesa da dignidade, direitos e interesses do cliente ou
seus representantes;
Tem que ser exigível para a defesa da dignidade, direitos e interesses do advogado;
Se os factos abrangidos pelo sigilo forem globalmente mais desfavoráveis do que
favoráveis não é possível a autorização. Mais, nunca se pode autorizar a cessação para
defesa de um cliente contra outro cliente.
Quando estejam em causa factos conhecidos em negociação para acordo amigável, a
jurisprudência da OA vai no sentido se só raramente permitir o levantamento do sigilo;
nestas situações ambas as partes beneficiam do dito segredo – art. 87º/1/e) EOA.
Ressalve-se que a cessação do segredo nunca deverá causar danos ou prejuízos ao
cliente fora do âmbito da relação jurídica controvertida entre advogado e cliente; os
pedidos tem, pois, que ser analisados casuisticamente.
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constituído mandatário; quem participou na administração da justiça não pode nela ser
testemunha.
A audição e o parecer da OA são vinculativos para a autoridade judiciária e para o
tribunal; não podem, assim, ser tomadas decisões que ordenem a prestação do
depoimento, se a Ordem não o tiver autorizado. A omissão de parecer da OA constitui
nulidade – art. 201º/1 CPC; da decisão sobre a arguição da nulidade cabe recurso – arts.
399º CPP e 676º/1 CPC. Não tem legitimidade, todavia, para recorrer o advogado que
invocou o segredo para se escusar a depor, nem o presidente do conselho distrital ou o
bastonário.
Apesar do parecer da Ordem não ser pericial deve-se-lhe aplicar, analogicamente o
disposto no art. 163º CPP; só quando a autorização seja negada com erro manifesto e
notório pode deixar o parecer de ser seguido pela autoridade judiciária ou pelo tribunal!
Capitulo XXI
A responsabilidade disciplinar do advogado
A sujeição dos advogados à jurisdição disciplinar exclusiva da OA
Tramitação processual
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O arguido é notificado da acusação e tem 20 dias para se defender por escrito e pedir
diligências de prova; o relator elabora relatório e segue-se o julgamento. Tem-se 15 dias
para interpor recurso da decisão final; o recurso tem efeito suspensivo e o prazo para
alegações é de 15 dias.
Penas disciplinares
Capitulo XXII
A responsabilidade civil profissional do advogado
Sua natureza
Apesar de ser solidária, alem de pessoal e ilimitada, a responsabilidade dos sócios das
sociedades de advogados de responsabilidade ilimitada para com terceiros pelas
dívidas sociais, embora se trate de uma responsabilidade subsidiária, é conjunta a
responsabilidade dos advogados que colaborem num mesmo assunto para o qual
tenham sido mandatados pelo cliente, a não ser que a solidariedade resulte da vontade
das partes.
Se a prestação se tornar impossível por facto imputável a um dos advogados, todos
serão solidariamente responsáveis pelo seu valor, embora só o advogado a quem o
facto é imputável responda pela reparação dos danos que excedam esse valor.
O advogado deve ter um seguro de responsabilidade civil profissional; sem esse, a livre
circulação de advogados no interior da UE acabaria por ser impossível, uma vez que as
Ordens onde o seguro seja obrigatório têm que controlar, também, esse aspecto.
A OA contratou um seguro colectivo de responsabilidade civil profissional que abrange
todos os advogados com inscrição em vigor e mesmo os advogados que cessaram a sua
actividade, quanto a reclamações apresentadas no período de 12 meses, contados
desde 1 de Janeiro de 2004 e com limite em 1 de Janeiro de 2002; o valor máximo da
indemnização, desde 1 de Janeiro de 2002, é de 50.000€ e, a partir de 1 de Janeiro de
2005, 100.000€. A anuidade é de 55€, acrescidos do imposto de selo; os advogados
podem, contudo, subscrever outros limites indemnizatórios superiores e, como tal,
suportarão anuidades proporcionais.
O advogado não pode negociar o montante da indemnização!!!!!! A sua cobertura
estende-se a prestação de serviços em qualquer parte do mundo, salvo EUA, Canada e
territórios sob a sua jurisdição; inclui o pagamento de fianças e o custeio de despesas de
reconstrução ou de reforma de documento, informações ou dados de terceiros que
sejam danificados ou perdidos por facto imputável ao advogado até ao limite de
25.000€ e, a partir de 1 de Janeiro de 2005, de 50.000€. excluem-se, porem, situações de
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fraude ou dolo, responsabilidades legais e responsabilidades que não sejam
especificamente derivada da profissão de advogado.
Os advogados que tenha tido duas ou mais reclamações procedentes nos últimos 5 anos
deixarão de beneficiar do seguro colectivo! Se qualquer segurado for titular de outro
seguro de responsabilidade civil com cobertura idêntica ao deste, este funcionará
apenas na falta ou insuficiência daquele, salvo previsão de concorrência de seguro
(cada um responderá proporcionalmente aos limites garantidos).
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