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Descrição:
As questões ambientais são tidas atualmente como tema de singular importância em todo o
mundo. Por isso, torna-se necessário o estudo de assuntos correlacionados ao tema.
Assim, o estudo temático a que ora nos propomos, tem como escopo apresentar ao leitor, os
crimes ambientais, estes por sua vez previstos, no Brasil, através da Lei 9.605/98,
popularmente conhecida como Lei dos Crimes Ambientais- LCA.
Em última análise, o presente Estudo Temático, visa esclarecer, orientar e informar sobre as
questões relativas à prática dos crimes ambientais, como por exemplo, quem pode ser tido
como sujeito ativo na prática do crime ambiental, quais são as modalidades de penas
restritivas de direitos que o legislador colocou à disposição da sociedade, dentre outros.
Por isso, o importante do curso não será somente apreender regras ou decorar artigos de lei, e
sim, muito especialmente, entender o verdadeiro sentido de cada um dos tantos reflexos
irradiados pela norma.
Conteúdo Programático:
Orientações 1ª Semana
1º) Seja bem vindo (a)!
Em primeiro lugar, receba nossos cumprimentos pelo seu cadastro no Sistema de Estudos
Temáticos do Jurisway com expedição de certificados.
Meu nome é Ana Rodrigues e sou a coordenadora dos Cursos de Direito Ambiental.
Nosso objetivo é focar os crimes ambientais, legalmente previstos na Lei 9605/98.
A partir desta data estarei lhe indicando material atualizado, como doutrina, jurisprudência,
notícias e um rol de informações que poderão lhe ser úteis no exame desta matéria tão
importante.
A Lei dos Crimes Ambientais teve por mérito dispor sobre as sanções penais e administrativas
derivadas das condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente, o que, em termos
práticos, significa afirmar que em um único diploma legislativo, passamos a ter disciplinados os
crimes contra o meio ambiente de forma sistematizada.
A Lei dos Crimes Ambientais ou LCA (Lei 9.605/98) foi divida em diferentes seções, as quais
estipularam os crimes contra a fauna, flora, contra o ordenamento urbano e cultural, além dos
crimes de poluição e outros crimes ambientais.
A LCA ainda pune a ação e a omissão em relação ao dano ambiental. Entenda-se, pune aquele
que sabendo da conduta criminosa de outrem não impede sua prática, quando podia agir para
evitar o fato.
A LCA prevê tanto tipos penais apenados a titulo de dolo quantos tipos penais aonde a
modalidade culposa é admitida.
Em vários tipos penais presentes na LCA, optou o Legislador por utilizar a norma penal em
branco, de modo que a conduta proibida está vagamente prevista, isto é, pendente de uma
complementação por outros dispositivos legais ou atos normativos.
Mas, não restam dúvidas de que a grande polêmica da LCA diz respeito à inclusão da pessoa
jurídica como sujeito ativo do crime ambiental, atacando frontalmente o principio clássico de
direito penal, "societas delinquere non potest", ou seja, a Lei dos Crimes Ambientais fez surgir
uma nova mentalidade incriminadora, que rompeu com os clássicos esquemas jurídicos penais
e passou a julgar as infrações ambientais sobre a ótica especialíssima da educação ambiental,
como forma de prevenção aos abusos e usos indiscriminados e incorretos dos bens
ambientais.
Portanto, pesquise, estude, formule questionamentos e entenda a sua matéria temática, uma
vez que se trata de assunto corriqueiro na vida dos cidadãos.
Segue relacionando material vinculado com o tema para você comece a se orientar e sanar
algumas dúvidas e curiosidades.
Sugiro que você inicie examinando o curso Introdução ao Estudo dos Crimes Ambientais-
Módulo I, que é a base para você ampliar seus conhecimentos sobre o tema "Crimes
Ambientais".
"No que tange a Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, objeto dessa série de cursos, a
popularmente conhecida como Lei dos Crimes Ambientais- LCA, é correto afirmar ser a mesma
considerada o marco do direito penal ambiental no Brasil, posto que deu tratamento às
sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente,
tipificando os crimes ecológicos.
Além disso, incluiu a pessoa jurídica como sujeito ativo do crime ambiental (Artigo 3º),
superando o princípio clássico de direito penal, "societas delinquere non potest", ou seja, a Lei
dos Crimes Ambientais fez surgir uma nova mentalidade incriminadora, que rompeu com os
clássicos esquemas jurídicos penais e passou a julgar as infrações ambientais sobre a ótica
especialíssima da educação ambiental, como forma de prevenção aos abusos e usos
indiscriminados e incorretos dos bens ambientais."
É bem verdade que existem e vigoram até hoje leis anteriores ao advento da Lei da Política
Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81), como é o caso do Código Florestal (Lei 4.771/65),
do Código de Pesca ((Decreto- Lei nº 221/67), dentre outras, mas sem dúvida alguma, as mais
importantes leis ambientais brasileiras, cronologicamente são:
No que tange a Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, objeto dessa série de cursos, a
popularmente conhecida como Lei dos Crimes Ambientais- LCA, é correto afirmar ser a mesma
considerada o marco do direito penal ambiental no Brasil, posto que deu tratamento às
sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente,
tipificando os crimes ecológicos.
Além disso, incluiu a pessoa jurídica como sujeito ativo do crime ambiental (Artigo 3º),
superando o princípio clássico de direito penal, "societas delinquere non potest", ou seja, a Lei
dos Crimes Ambientais fez surgir uma nova mentalidade incriminadora, que rompeu com os
clássicos esquemas jurídicos penais e passou a julgar as infrações ambientais sobre a ótica
especialíssima da educação ambiental, como forma de prevenção aos abusos e usos
indiscriminados e incorretos dos bens ambientais.
A Lei dos Crimes Ambientais contém 82, distribuídos em 08 (oito) capítulos, a saber:
O Capítulo trata das disposições gerais que englobam o sujeito ativo (quem pratica o crime
ambiental?).
Por seu turno, o Capítulo IV dimensiona a ação e o processo penal, em que pese a observação
de que todos os crimes desta lei são de ação penal pública incondicionada, permitindo a
aplicação dos dispositivos dos Artigos 74, 76 e 89 da Lei 9.099/ 98, Lei dos Juizados Especiais
Criminais.
Art. 74- A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz
mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil
competente.
§ 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a
metade.
I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade,
por sentença definitiva;
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de
pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo;
III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como
os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.
§ 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação do
Juiz.
§ 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará a
pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada
apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos.
§ 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art. 82 desta Lei.
Em seu Capitulo V, "Dos crimes contra o meio ambiente", tipificou os crimes em espécie da
seguinte maneira:
Seção II: Dos crimes contra a flora (Compreendidos entre os Artigos 38 ao 53);
Seção III: Da poluição e outros crimes ambientais (Compreendidos entre os Artigos 54 ao 61);
Seção IV: Dos crimes contra o ordenamento urbano e patrimônio cultural (Compreendidos
entre os Artigos 62 ao 65);
O Capítulo VIII trata das disposições finais onde o Legislador ficou restrito a revogar as
disposições em contrário.
No caso das pessoas físicas, podem ser a elas aplicadas como sanções as penas privativas de
liberdade, as restritivas de direitos e as multas.
Art. 2º- Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei,
incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade, bem como o diretor, o
administrador, o membro de Conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o mandatário
de pessoa jurídica, que sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua
prática, quando podia agir para evitá-la.
Ainda, de acordo com a LCA, mais precisamente seu Artigo 3º, a pessoa jurídica também pode
ser sujeito ativo nos crimes ambientais, a despeito da Teoria Clássica do Direito Penal, acima
aludida.
Parágrafo Único: A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas,
autoras, co-autoras ou participes do mesmo fato.
A pessoa jurídica pode ser compreendida como um ente fictício, cujos estatutos estão
previamente arquivados nas Juntas Comerciais competentes (Junta Comercial Local) e que
desenvolve uma atividade econômica.
Como as pessoas físicas, as pessoas jurídicas também possuem sanções penais ambientais
especificas, a saber: penas de multa, restritivas de direito (prestação de serviços à
comunidade, interdição temporária de direitos, suspensão total ou parcial das atividades e
prestação pecuniária).
Exemplo de titular do bem jurídico lesado está expresso no Artigo 49 da LCA: um dos sujeitos
passivos do tipo penal previsto é o proprietário do imóvel que teve suas plantas de
ornamentação destruídas, danificadas, lesadas ou ainda maltratadas.
Também pode figurar como sujeito passivo dos crimes ambientais a coletividade, que por sua
vez é tida como sujeito passivo indireto.
§ 1º- Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um
terço.
§ 2º- Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada à
pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o
resultado mais grave.
Não há dúvidas com relação ao concurso de pessoas quando o crime ambiental é praticado por
pessoas físicas, onde se aplica subsidiariamente a regra acima transcrita: a do Artigo 29 do
Código Penal.
Em suma: tem-se a responsabilidade penal cumulativa entre a pessoa jurídica e a pessoa física.
De acordo com a Lei, todas as pessoas que tiverem conhecimento da conduta criminosa de
outrem e, não impedir sua prática, quando podia fazê-lo, também serão responsabilizadas,
tendo em vista a conduta omissiva em relação ao dano ambiental praticado.
Os crimes de perigo abstrato marcam os crimes previstos na tutela penal ambiental, vez que
há a preocupação de se antecipar a proteção penal, reprimindo-se, inclusive, as condutas
preparatórias.
Como observação, vale destacar que somente o dano efetivo poderá ser objeto de reparação
na esfera civil e não o mero perigo abstrato ou presumido. A Doutrina tem se firmado no
sentido de que a maioria dos delitos praticados é de mera conduta, sendo certo que sua
inobservância configura o delito de desobediência, este também plausível de punição,
consoante o disposto no Artigo 330 do Código Penal.
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto
como crime, senão quando o pratica dolosamente.
Logo, existem tipos penais descritos que somente serão consumados se o crime for praticado
dolosamente, isto é, se o agente ou infrator tinha vontade e consciência de querer praticar o
delito: a intenção subjetiva deve estar harmonizada com a conduta exteriormente observada.
A despeito que ninguém pode se escusar da lei, um parênteses deve ser aberto em se tratando
da legislação ambiental, posto que o Brasil possui uma legislação ambiental muito recente e é
ainda desprovido de uma educação ambiental condizente.
Na Lei dos Crimes Ambientais todos os crimes são praticados a titulo de dolo, salvo quando a
lei expressamente admitir a modalidade culposa.
Concluído o Módulo I, você se torna apto a prosseguir seus estudos. Assim, para dar uma
continuidade lógica, sugiro agora, a leitura do Módulo II que é mais amplo e se aprofunda em
alguns temas importantes da matéria.
"Como veremos adiante, a Lei dos Crimes Ambientais, busca sempre que possível, substituir a
pena privativa de liberdade por pensa restritivas de direitos que por sua vez, poderão ser
cumuladas com as penas de multa."
De outro modo, é considerado crime a ação do agente que extrai de florestas de domínio
público ou as consideradas de preservação permanente, sem prévia autorização do órgão
ambiental competente, areia, pedra, cal ou qualquer espécie mineral, de acordo com o Artigo
44 da Lei.
Segundo Sirvinskas, é crime ainda receber ou adquirir, para finalidade comercial ou industrial,
madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem a exibição de licença do
vendedor, outorgada pela autoridade competente (...), Artigo 46, assim como comercializar
motosserra ou utilizá-la em florestas (...) sem licença ou registro da autoridade competente,
Artigo 51, e também penetrar em unidades de conservação conduzindo substâncias ou
instrumentos próprios para a caça ou para a exploração de produtos ou subprodutos florestais,
sem licença da autoridade competente, Artigo 52. É crime, por fim, executar pesquisa, lavra ou
extração de recursos minerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou
licença, ou produzir, processar, etc. substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana, ao
meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos regulamentos,
ou construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território
nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou
autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando normas legais e
regulamentos pertinentes, vide Artigos 55, 56 e 60 da Lei 9.605/ 98.
XXXIX- Não há crime sem que lei anterior o defina. Não há pena sem sua previa cominação
legal.
Pelo Princípio da Legalidade ("Nullum crimen, nulla poena sine praevia lege"), é assegurado
que não pode ser considerado crime o fato que não estiver previsto na lei e, da mesma
maneira, não pode ser aplicada sanção penal alguma que não aquela cominada abstratamente
nessa regra jurídica, por mais imoral ou danoso que possa parecer.
Em suma: não há como imputar ao suposto autor a prática de um crime ou aplicar-lhe uma
sanção penal, se a lei assim não estipular.
Na lição de Mirabette:
"(...) Principio da Reserva Legal relativo ao crime e à pena, têm, entre vários significados, o da
reserva absoluta da lei (emana do Poder Legislativo, por meio de procedimento estabelecido
em âmbito constitucional, Artigos 61 e seguintes) para a definição dos crimes e a cominação
das sanções penais, o que afasta não só outras fontes de direito, como as regras jurídicas que
não são leis em sentido estrito (decretos, regulamentos, portarias, etc.), mesmo as que tenham
o mesmo efeito, como ocorre, por exemplo, com a medida provisória, instrumento jurídico
totalmente inadequado para tais finalidades diante do principio constitucional. É vedada,
portanto, a aplicação da analogia "in malam partem" no direito penal incriminador, bem como
a interpretação integrativa ou ampliativa. Ao contrario, devem ser interpretadas estritamente
as disposições incriminadoras e cominadoras de pena. Exige o Principio da Legalidade que lei
defina abstratamente um fato, ou seja, uma conduta determinada, de modo que se possa
reconhecer qual o comportamento considerado ilícito."
Segundo a Jurisprudência:
"Ofende o Principio da Reserva Legal "não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena
sem sua previa cominação legal" (Art. 5º, XXXIX da CF/88)- a construção jurisprudencial
castrense baseada na aplicação subsidiaria da norma contida no § 2º do Art. 190 do COM,
concluindo que não obstante o dispositivo referido não expressar reprimenda para os
desertores que retornem em lapso de decênio, o militar faltoso teve que ultrapassar os dez
dias de ausência previsto no tipo penal incursionado."
Vejamos:
XLV- Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano
e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e
contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
O inciso XLVI é responsável por apontar alguns exemplos de penas, entretanto, a Constituição
autorizou o legislador infraconstitucional federal a estabelecer outras hipóteses, como bem
aponta o inciso I do Artigo 22:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial
e do trabalho.
I- Privativas de liberdade;
II- Restritivas de direito;
III- De multa.
Como veremos adiante, a Lei dos Crimes Ambientais, busca sempre que possível, substituir a
pena privativa de liberdade por pensa restritivas de direitos que por sua vez, poderão ser
cumuladas com as penas de multa.
Quando se tratar de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade inferior a 04
(quatro) anos ou a culpabilidade, os antecedentes a conduta social e a personalidade do
condenado, bem como os motivos e as circunstancias do crime indicar que a substituição seja
modo hábil para a reprovação e prevenção do crime, é possível a aplicação das penas
restritivas de direitos.
As penas restritivas de direitos são autônomas, ou seja, não são aplicadas conjuntamente com
a pena privativa de liberdade (reclusão e detenção). Também não são cominadas
abstratamente para cada tipo penal, mas aplicáveis às infrações penais, em substituição à pena
privativa de liberdade, desde que preenchidos os pressupostos legais.
Em um caso concreto, o juiz, após fixar a pena privativa de liberdade cominada de modo
abstrato para o ilícito penal decide sobre a possibilidade de substituí-la por uma pena restritiva
de direitos ou multa.
A substituição da pena privativa de liberdade por uma restritiva de direitos não é um direito
subjetivo assistido ao condenado, mas caso o juiz não a conceda, deverá quando da
individualização da pena expuser em sua sentença as razões que o motivaram a não conceder
a substituição da pena. Deste modo, pode o condenado, via recurso defender o cabimento da
medida de substituição.
A multa é também meio hábil para substituir a pena privativa de liberdade, conforme o Artigo
44, § 2º do Código Penal, pelo qual se a condenação for igual ou inferior a um ano, a
substituição poderá ser realizada por uma multa ou uma restritiva de direitos. Sendo a pena
superior a um ano, a pena privativa de liberdade poderá ser substituída por uma pena
restritiva de direitos e multa ou por duas penas restritivas de direitos.
As penas restritivas de direito terão a mesma duração da pena privativa de liberdade
substituída por ocasião do cumprimento dos requisitos ou critérios acima aludidos.
Mais uma vez, fazendo uns parênteses com a legislação penal comum, temos que as penas
restritivas de direitos, que como veremos a seguir, são exaustivamente utilizado nos casos de
infrações ambientais, são autônomas e comportam as seguintes modalidades, como aponta o
I- Prestação pecuniária;
II- Perda de bens e valores;
III- (Vetado)
IV- Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas;
V- Limitação de fim de semana.
"Diante da falência da pena privativa de liberdade, que não atende aos anseios de
ressocialização do condenado, a tendência moderna é procurar substitutivos penais para essa
sanção, ao menos no que se relaciona com os crimes menos graves e ais criminosos cujo
encarceramento não é aconselhável. No Brasil, vigoram tais idéias e a Lei 7.209/ 84 inseriu no
Código Penal, ainda que timidamente, o sistema de penas alternativas (ou substitutivas) da
pena privativa de liberdade, denominadas penas restritivas de direitos, classificadas no Artigo
43 como prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas, acrescentou a elas as
penas de prestação pecuniária e perda de bens e valores e aumentou extraordinariamente sua
incidência (Artigo 44). No projeto desse diploma legal, previam-se também as penas de
recolhimento domiciliar e de advertência, mas os dispositivos correspondentes foram vetados
pelo Executivo por se considerar não terem elas o mínimo necessário de força punitiva,
afigurando-se desprovidas da capacidade de prevenir nova prática delituosa.
Como já visto, a Lei dos Crimes Ambientais, Lei 9.605/98, dispõe sobre as sanções penais e
administrativas derivadas das condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente,
estabelecendo como penas restritivas de direitos as penas de prestação de serviços à
comunidades, a interdição temporária de direitos, a suspensão parcial ou total de atividades, a
prestação pecuniária e o recolhimento domiciliar. Vale lembrar que as penas de suspensão
parcial ou total de atividades, de interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade
e a pena de proibição de contratar, obter subsídios, subvenções ou doações do Poder Público
são aplicáveis às pessoas jurídicas, estas por seu turno, plausíveis de responsabilização penal,
civil e administrativa, nos casos em que a infração for cometida por seu representante legal ou
contratual, bem como de órgão colegiado, em beneficio ou em prol dos interesses da
organização.
Segundo o Artigo 8º da Lei de Crimes Ambientais- LCA, as penas restritivas de direitos são:
Na Próxima semana passarei para você algumas outras dicas de estudos. Contudo, para há
primeira semana, estes dois cursos são suficientes.
Comece agora. Invista bem o seu tempo, tenha bons estudos e garanta todo o sucesso do
mundo. Não deixe de ler a Lei 9.605/98, popularmente conhecida como Lei dos Crimes
Ambientais.
Orientações 2ª Semana
Nessa segunda semana, nossa tarefa continua sendo o exame da parte introdutória para a
correta compreensão do estudo dos crimes ambientais.
Assim, seguem mais materiais e orientações para que juntos continuemos a prosseguir em
nosso intuito.
Bons estudos!
Avançando em nossas considerações, chegamos neste momento, aos debates sobre as penas
restritivas de direito, que diante da falência da pena privativa de liberdade, se tornam uma
tendência, na qual se procura substitutivos penais para os crimes menos graves, aonde o
encarceramento não é aconselhável.
Já é notória a idéia de que com o advento da Lei dos Crimes Ambientais, Lei 9.605/98, passou a
se ter em uma lei ordinária a disposição sobre as sanções penais e administrativas derivadas
das condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente.
Art.33- A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi- aberto ou aberto. A
de detenção, em regime semi- aberto ou aberto, salvo necessidade para transferência a
regime fechado.
§ 1º- Considera-se:
§ 2º- As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo
o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de
transferência a regime mais rigoroso:
c) O condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá,
desde o inicio, cumpri-la em regime aberto.
§ 3º- A determinação inicial de cumprimento da pena far-se-à com observância dos critérios
previstos no Artigo 59 do Código.
Ainda explica que a lei, ao adotar o sistema progressivo na execução das penas privativas de
liberdade, estipula três regimes, a saber: fechado, semi- aberto e aberto, de acordo com o
estabelecimento penal em que a pena é executada. Logo, cumpre-se a pena em regime
fechado em penitenciarias de segurança máxima ou media, em regime semi- aberto em
colônias agrícolas, industriais ou estabelecimento similar, e em regime aberto em casa do
albergado ou estabelecimento adequado. Por regra especial, a pena de prisão simples,
aplicada ao autor de contravenção só pode ser cumprida em regime semi- aberto ou aberto,
sendo impossível ser fixado para ela o regime fechado.
b) perda de bens;
c) multa;
Via de regra, as tarefas são estipulas pelo juiz competente, de acordo com as aptidões do
condenado.
Esta modalidade de pena restritiva de direitos está prevista no Artigo 46 do código Penal.
A Lei Ambiental Penal (Lei 9.605/98) disciplinou a questão em seu 9º Artigo o qual afirma que a
prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao condenado se tarefas gratuitas
junto a parques e jardins públicos e unidades de conservação, e, se for o caso de dano da coisa
particular, pública ou tombada, na restauração desta, se possível.
Exemplo disso é a condenação à prestação de serviços ambientais, por si, pelo período de 10
(dez) horas a serem cumpridas em 01 (um) mês, em entidade púbica a ser indicada pela
Fundação de Parques Municipais.
Este exemplo foi extraído de processo real, no qual, a infratora, uma dona de casa que
matinha em cativeiro ave silvestre, sem a devida autorização da autoridade competente, teve
que varrer o Parque Municipal da Cidade de Belo Horizonte, obedecendo o período acima
citado.
I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo;
Com relação à primeira das interdições, a proibição do exercício de cargo, função, atividade
pública e mandado eletivo, temos que o cargo público é o lugar instituído dentro do serviço
público com denominação própria e atribuições especificas. Já a função pública é atribuição ou
conjunto de atribuições que a Administração Pública a cada categoria profissional ou comete
individualmente a determinados servidores para a execução de serviços eventuais. Por seu
turno, a atividade pública é tida como aquela efetuada em beneficio do Estado, mediante ou
ausente remuneração, e que dependa de nomeação, escolha, designação, dentre outras, por
parte do Poder Público, estando incluídos nesta categoria os chamados empregos públicos,
onde ocorre à admissão de servidores para serviços temporários em regime especial, etc.
Entretanto, não se confunde tal pena com as interdições, proibições ou suspensões aplicadas
através de medidas administrativas ou políticas, tampouco com a perda do cargo, função
pública ou mandato eletivo como efeito de condenação.
Com relação à proibição do exercício de profissão, atividade ou oficio, que para efeito do
presente estudo é tida como segunda modalidade de interdição temporária de direitos, temos
que a mesma consiste na proibição do exercício de profissão, atividade ou oficio que
dependam de habilitação especial, licença ou autorização do Poder Público.
Uma vez aplicada à referida pena, o condenado se torna privado de exercer a profissão,
atividade ou oficio, enquanto durara a pena, ainda que legalmente apto para a referida
execução.
A suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo figura como a última das
modalidades dentro da pena de interdição temporária de direitos.
A título de uma breve elucidação, temos que a referida pena só poderá ser aplicada nos crimes
culposos de trânsito, em substituição à pena privativa de liberdade, quando se tratar de
infração cometida em veículo automotor. Assim, tal interdição só poderá ser aplicada ao
agente que, habilitado para dirigir veículo automotor, pratica crime de trânsito na condução
de veículo, inclusive os de tração humana e animal.
De volta à seara da Lei dos Crimes Ambientais, assim dispõe o Artigo 10 da referida Lei:
Como ensina o Professor Paulo Affonso Leme Machado, as penas de interdição temporária de
direitos são a de proibição de o condenado contratar com o Poder Público, de receber
incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como de participar de licitações, pelo
prazo de cinco anos, no caso de crimes dolosos e três anos nos crimes culposos.
Tal pena, descrita no Artigo 10 é semelhante com a pena descrita no Inciso III, do Artigo 22 da
Lei.
A proibição de o condenado receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios pode ser
entendida como sendo uma vedação de receber doações, subvenções e subsídios de todos os
órgãos públicos, inclusive de bancos e agências de financiamentos estatais.
Art. 11- A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às
prescrições legais.
Art. 13- Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado reverterá a um
fundo gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão
necessariamente o Ministério Público e representante da comunidade, sendo seus recursos
destinados à reconstituição dos bens lesados.
Parágrafo único. Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro ficará depositado em
estabelecimento oficial de crédito, em conta com correção monetária.
Pela Lei da Ação Civil Pública só era possível destinar a indenização ao Fundo de Defesa dos
Interesses Difusos.
Tome-se como exemplo, o caso da infratora ambiental, residente em Belo Horizonte, que
mantinha sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, espécie
da fauna silvestre em cativeiro.
Além da composição cível, prevista no Artigo 27 da Lei 9605/98, foi condenada a infratora no
pagamento da prestação pecuniária, no valor de R$ 380, 00 (trezentos e oitenta) Reais, em 03
(três) parcelas mensais e consecutivas, através de deposito judicial, a ser destinado ao Projeto
Ambiental "Águia não é Galinha", desenvolvido pela Fundação de Parques Municipais de Belo
Horizonte- MG.
A Lei dos Crimes Ambientais a prevê em seu Artigo 13 sendo que a mesma é baseada na
autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado, que deverá sem vigilância,
trabalhar, freqüentar curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias
e horários de folga em residência ou qualquer local destinado a sua moradia habitual,
conforme estabelecido em sentença condenatória.
Ensina Paulo Affonso Leme Machado que nos comportamentos que revelem manifesta
inadaptação social do condenado a pena de recolhimento domiciliar poderá apresentar-se
como uma tentativa de evitar-se a prisão. É pena cuja aplicação será mais eficaz se somada à
outra pena restritiva de direitos, se diretamente voltados para a recuperação do meio
ambiente.
No Jurisway, no ícone "Notícias dos Tribunais", localizamos também algumas informações que
são oportunas para a nossa matéria.
5º) TJ/ SC- 09/07/2008- Madeireira tem atividades suspensas por crimes ambientais
"O representante do Ministério Público ofereceu denúncia contra a empresa, que resultou em
sua condenação em 1º Grau. A ré apelou sob alegação de insuficiência de provas. O relator do
processo, desembargador Sérgio Paladino, entretanto, constatou que o conjunto probatório
demonstrou que a apelante é contumaz na prática de crimes ambientais e, por este motivo,
manteve a condenação de um ano e quatro meses de suspensão total de suas atividades.
(Apelação Criminal n. 2008.017595-4)".
6º) TJ/ RS- 06/07/2007- Levantado segredo de justiça em processo criminal por crimes
ambientais em Estância Velha
A 4ª Câmara Criminal do TJRS decidiu que não há segredo de justiça nas denúncias criminais a
que respondem o Curtume Paquetá Ltda. e outras empresas acusadas de crimes contra o meio
ambiente, no Foro de Estância Velha. As denúncias buscam a condenação de possíveis
causadores da grande mortandade de peixes ocorrida no Rio dos Sinos, em outubro de 2006.
Relatou o Desembargador Gaspar Marques Batista que o Curtume Paquetá foi acusado da
prática de crimes contra o meio ambiente, descritos nos ares. 54, § 2º, V, art. 58, inc. I, e art.
60, c/c art. 15, inc. II, alíneas "a" e "o", da Lei nº 9.605/98.
Para o magistrado, "não há direito líquido e certo para que a ação penal ajuizada tramite em
segredo de justiça, uma vez que, a priori, o direito à informação e à publicidade sobrepõe-se
ao direito de preservação da imagem". Ressaltou também que a decisão que autorizou o
segredo de justiça na seara cível não vincula o juízo criminal.
"Decorridos mais de seis meses desde então, hoje a realidade é outra, tendo-se ultrapassado a
etapa das investigações ou levantamento de dados na esfera administrativa, ingressando-se na
fase judicial, estando à empresa a responder ação penal intentada pelo Ministério Público",
ressaltou o Desembargador Vladimir.
7º) STF- 11/11/2006- Deferida a liminar a empresário denunciado por crimes ambientais
"O empresário alega constrangimento ilegal, pois está respondendo por duas imputações,
segundo a defesa, equivocadas - uma com base na Lei 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais) e
a outra referente aos artigos 2º, da Lei 8.176/91, e 21, da Lei 7.805/89. Na ação, ele explica
que a pena imposta teria sido revogada pela Lei dos Crimes Ambientais.
Segundo a defesa, antes da entrada em vigor da Lei 9.605/98 aplicavam-se várias normas para
coibir práticas predatórias ao meio ambiente. Porém, várias delas se entrelaçavam, tipificando
de formas diversas a mesma conduta delituosa. O empresário afirma que a existência de duas
normas tipificando uma conduta não leva a crer que o acusado deva ser processado pelas
duas. Ao contrário, o juiz deve "concluir qual a mais adequada ao fato", afirma."
O ministro Eros Grau, do Supremo Tribunal Federal (STF), deferiu liminar no Habeas Corpus
(HC) 89878, impetrado por sócio de uma empresa do setor de minérios, em Taubaté (SP), para
suspender o andamento de ação penal que tramita na 1ª Vara Federal da Subseção Judiciária
de Taubaté (SP), até o julgamento final do HC. O empresário M.F.A. foi denunciado pelo
Ministério Público Federal (MPF) pelos supostos crimes de extração de substâncias minerais,
no caso, areia, e exploração de matéria-prima pertencente à União, sem autorização legal.
O empresário alega constrangimento ilegal, pois está respondendo por duas imputações,
segundo a defesa, equivocadas - uma com base na Lei 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais) e
a outra referente aos artigos 2º, da Lei 8.176/91, e 21, da Lei 7.805/89. Na ação, ele explica
que a pena imposta teria sido revogada pela Lei dos Crimes Ambientais.
Segundo a defesa, antes da entrada em vigor da Lei 9.605/98 aplicavam-se várias normas para
coibir práticas predatórias ao meio ambiente. Porém, várias delas se entrelaçavam, tipificando
de formas diversas a mesma conduta delituosa. O empresário afirma que a existência de duas
normas tipificando uma conduta não leva a crer que o acusado deva ser processado pelas
duas. Ao contrário, o juiz deve "concluir qual a mais adequada ao fato", afirma.
Dessa forma, M.F.A. entende que o único delito que lhe poderia ser imputado deveria ser o de
usurpação de matéria-prima pertencente à União, previsto no artigo 55 da Lei dos Crimes
Ambientais, que, segundo a defesa, estaria prescrito. Por fim, o HC aponta a nulidade do
processo, desde o recebimento da denúncia, em razão da tipificação dos fatos.
Em sua decisão, o ministro Eros Grau entendeu haver plausibilidade jurídica nas razões da
impetração, bem como a demonstração do perigo na demora [periculum in mora], mas
considerou satisfatório (que antecipa o provimento final) o pedido liminar de trancamento da
ação penal. Assim, deferiu a liminar tão-somente para suspender o andamento da ação penal,
até a decisão final do habeas.
RS/EC
"Deste modo, a Lei dos Crimes Ambientais entendeu que não é crime o abate de animal,
quando realizado em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família;
bem como para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de
animais, desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente e, por ser
nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente."
1 - Introdução ao Estudo dos Crimes Ambientais- Módulo IV
O Artigo 14 da LCA tomou por seu paradigma os Artigos 65 e 66 do Código Penal, abaixo
transcritos:
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na
data da sentença;
II - o desconhecimento da lei;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou
minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou
posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei.
Segundo Mirabette:
"(...) uma circunstância elementar (elemento) ou qualificadora, que faz parte da estrutura do
tipo básico ou qualificado, não pode ao mesmo tempo, torná-lo mais grave, com o
reconhecimento dessa circunstância como agravante genérica da pena, o que é vedado pelo
princípio do non bis in idem".
Art. 15- São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o
crime:
e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a
regime especial de uso;
h) em domingos ou feriados;
i) à noite;
Art. 61- São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam
o crime:
I - a reincidência;
II - ter o agente cometido o crime:
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de
que podia resultar perigo comum;
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão;
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em
virtude de condição ou qualidade pessoal;
Poderão ocorrer ainda as causas de aumento de pena, conforme o Artigo 58 da Lei dos Crimes
Ambientais:
Art. 58- Nos crimes dolosos previstos nesta Seção, as penas serão aumentadas:
Parágrafo único. As penalidades previstas neste artigo somente serão aplicadas se do fato não
resultar crime mais grave.
Nelson Bugalho afirma que:
"(...) tais causas somente são aplicáveis aos crimes dolosos previstos na Seção III e dispostos
nos Artigos anteriores (Artigos 54, 55 e 56), posto que se pretendesse o legislador incidissem
também nos crimes definidos nos Artigos 60 e 61, teria disposto os Artigos de forma diversa.
(...) São resultados que advêm a título de culpa, respondendo o autor pelo resultado mais grave
quando podia prever sua ocorrência (Artigo 19 do Código Penal. Outra não poderia ser a
conclusão face o se resulta e o resultar insculpidos nos incisos. Ocorrendo uma daquelas
circunstâncias por culpa do sujeito ativo, obrigatório será o aumento da pena. Cuida-se, pois,
de crime preterdoloso (preterintencional), em que a ação causa um resultado mais grave que o
pretendido pelo agente. O sujeito quer um minus e seu comportamento produz um majus, de
forma que há dolo na conduta antecedente e culpa no resultado."
A Lei Ambiental é subsidiaria a Lei Penal, como estabelece o Artigo 79 da LCA, e, portanto,
indispensável à leitura do Artigo 23 do Código Penal.
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
Deste modo, a Lei dos Crimes Ambientais entendeu que não é crime o abate de animal,
quando realizado em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família;
bem como para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de
animais, desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente e, por ser
nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente.
Uma vez aceito o inciso III, estaria o Brasil sendo o pioneiro em todo o mundo a reconhecer
como sujeito de direitos e deveres os animais ferozes, já que a legitima defesa pressupõe
agressão humana.
Em suma: se o inciso III fosse aprovado, estaríamos diante de uma aberração jurídica sem
precedentes.
9º) Próxima Semana
Acabamos de concluir a fase introdutória dos crimes ambientais. Aproveite para revisar algum
ponto que possa ter-lhe causado alguma dúvida.
Orientações 3ª Semana
Tendo em vista a conclusão da parte introdutória, nas próximas duas semanas nos
dedicaremos arduamente ao estudo dos crimes ambientais em espécie.
Você deverá ler atentamente esse material, pois o conteúdo é realmente interessante e
imprescindível para quem pretende conhecer os crimes ambientais.
Como já visto nos cursos introdutórios da matéria, a Lei dos Crimes Ambientais, Lei 9.605/98,
dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas das condutas e atividades
consideradas lesivas ao meio ambiente, estabelecendo como penas restritivas de direitos as
penas de prestação de serviços à comunidade, a interdição temporária de direitos, a
suspensão parcial ou total de atividades, a prestação pecuniária e o recolhimento domiciliar.
A Lei dos Crimes Ambientais contém 82, distribuídos em 08 (oito) capítulos, a saber:
O Capítulo trata das disposições gerais que englobam o sujeito ativo (quem pratica o crime
ambiental?).
Por seu turno, o Capítulo IV dimensiona a ação e o processo penal, em que pese a observação
de que todos os crimes desta lei são de ação penal pública incondicionada, permitindo a
aplicação dos dispositivos dos Artigos 74, 76 e 89 da Lei 9.099/ 98, Lei dos Juizados Especiais
Criminais.
Em seu Capitulo V, "Dos crimes contra o meio ambiente", tipificou os crimes em espécie da
seguinte maneira:
Seção II: Dos crimes contra a flora (Compreendidos entre os Artigos 38 ao 53);
Seção III: Da poluição e outros crimes ambientais (Compreendidos entre os Artigos 54 ao 61);
Seção IV: Dos crimes contra o ordenamento urbano e patrimônio cultural (Compreendidos
entre os Artigos 62 ao 65);
Seção V: Dos crimes contra a Administração Ambiental (Compreendidos entre os Artigos 66 ao
69).
O Capítulo VIII trata das disposições finais onde o Legislador ficou restrito a revogar as
disposições em contrário.
Prosseguindo nossos estudos, vamos adentrar-nos tão comentados crimes contra a fauna.
"Aos Crimes contra a Fauna forma reservados nove Artigos, nos quais, foram tipificadas as
condutas e atividades delituosas praticadas contra as espécies da fauna silvestre."
A Lei 9.605/98 foi publicada aos 13 de fevereiro de 1998, permanecendo em vacância (período
entre a publicação da lei e sua entrada em vigor) por 45 (quarenta e cinco) dias.
A Lei 9.605/98 é popularmente conhecida como Lei dos Crimes Ambientais, porém, é, na
verdade, um instrumento normativo de natureza híbrida, uma vez que se deu tratamento
também às infrações administrativas, além de ter cumprido dois importantes papéis perante o
cenário de preservação ambiental: efetivou as exigências Constitucionais, no sentido de
apenar as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente, pelo Artigo 225, bem
como, atendeu as recomendações constantes da Carta da Terra e da Agenda 21, ambas
aprovadas no Rio de Janeiro, na ECO/ 92.
Como já visto nos cursos introdutórios à matéria, a Lei dos Crimes Ambientais, Lei 9.605/98,
dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas das condutas e atividades
consideradas lesivas ao meio ambiente, estabelecendo como penas restritivas de direitos as
penas de prestação de serviços às comunidades, a interdição temporária de direitos, a
suspensão parcial ou total de atividades, a prestação pecuniária e o recolhimento domiciliar.
A Lei dos Crimes Ambientais contém 82, distribuídos em 08 (oito) capítulos, a saber:
O Capítulo trata das disposições gerais que englobam o sujeito ativo (quem pratica o crime
ambiental?).
Por seu turno, o Capítulo IV dimensiona a ação e o processo penal, em que pese à observação
de que todos os crimes desta lei são de ação penal pública incondicionada, permitindo a
aplicação dos dispositivos dos Artigos 74, 76 e 89 da Lei 9.099/ 98, Lei dos Juizados Especiais
Criminais.
Em seu Capitulo V, "Dos crimes contra o meio ambiente", tipificou os crimes em espécie da
seguinte maneira:
Seção II: Dos crimes contra a flora (Compreendidos entre os Artigos 38 ao 53);
Seção III: Da poluição e outros crimes ambientais (Compreendidos entre os Artigos 54 ao 61);
Seção IV: Dos crimes contra o ordenamento urbano e patrimônio cultural (Compreendidos
entre os Artigos 62 ao 65);
O Capítulo VIII trata das disposições finais onde o Legislador ficou restrito a revogar as
disposições em contrário.
Passemos agora ao estudo dos Crimes contra a Fauna, previstos na Seção I da Lei dos Crimes
Ambientais.
"(...) por não haver uma justa relação de proporcionalidade entre a falta cometida pelo infrator
e a sanção prometida, via de regra os juízes, para evitar uma punição desarrazoada, acabavam
por se socorrer dos conhecidos Princípios da Insignificância e da Irrelevância Penal do Fato ou
Delito de Bagatela, desconsiderando como crime o abate de um ou alguns exemplares de
animais silvestres. (...) Daí, a busca do legislador de 1998 em trilhar o entendimento de que a
proteção que dispensa à fauna só pode ser efetivada se estendida a cada um de seus
exemplares, pois a agressão a cada individuo é que põe risco a própria espécie."
Aos Crimes contra a Fauna forma reservados nove Artigos, nos quais, foram tipificadas as
condutas e atividades delituosas praticadas contra as espécies da fauna silvestre.
Faz-se necessário e oportuno abrir um parêntese para definir o que seja considerado fauna.
De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis-
IBAMA:
Exemplos: mico, morcego, quati, onça, tamanduá, ema, papagaio, arara, canário-da-terra, tico-
tico, galo-da-campina, teiú, jibóia, jacaré, jabuti, tartaruga-da-amazônia, abelha sem ferrão,
vespa, borboleta, aranha e outros. O acesso, uso e comércio de animais silvestres são
controlados pelo IBAMA.
Animais exóticos: são aqueles cuja distribuição geográfica não inclui o Território Brasileiro. As
espécies ou subespécies introduzidas pelo homem, inclusive domésticas, em estado selvagem,
também são consideradas exóticas. Outras espécies consideradas exóticas são aquelas que
tenham sido introduzidas fora das fronteiras brasileiras e suas águas jurisdicionais e que
tenham entrado espontaneamente em Território Brasileiro.
Exemplos: leão, zebra, elefante, urso, ferret, lebre-européia, javali, crocodilo-do-nilo, naja,
píton, esquilo-da-mongólia, tartatuga-japonesa, tartaruga-mordedora, tartaruga-tigre-d'água,
cacatua, arara-da-patagônia, escorpião-do-Nilo, entre outros.
Exemplos: gato, cachorro, cavalo, vaca, búfalo, porco, galinha, pato, marreco, peru, avestruz,
codorna-chinesa, perdiz-chucar, canário-belga, periquito-australiano, abelha-européia,
escargot, manon, mandarim, entre outros.
O IBAMA poderá controlar animais domésticos em casos em que seja verificada possibilidade
de causarem danos à fauna silvestre e aos ecossistemas, quando em vida livre.
Entretanto, nem todos os animais são protegidos pela Lei dos Crimes Ambientais, que optou
por proteger seguintes espécies:
Fauna silvestre;
Fauna aquática;
Exóticos;
Em rota migratória.
Diz a LCA, em seu Artigo 29, que comete crime ambiental, cuja pena é a de detenção de seis
meses a um ano e multa, quem mata, persegue, caça, apanha e utiliza espécimes da fauna
silvestre, nativos ou em rota migratória, exceto aos atos de pesca, sem a devida permissão,
licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:
Quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obtida;
Quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza
ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem
como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a
devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente.
No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção,
pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar à pena.
Apelação Cível - Lei de Crimes Ambientais - Médico Veterinário que resgatou animal silvestre
maltratado na intenção de salvá-lo - Análise das circunstâncias fáticas trazidas aos autos -
Situação de exceção - Ausência de comprovação de dano efetivo - Aplicação dos princípios da
razoabilidade e proporcionalidade. - A busca pela efetividade do art. 225 da Constituição da
República não pode fechar os olhos à realidade demonstrada nos autos, cumprindo atribuir o
valor que se deve à adequada avaliação, sob pena de se promover o desequilíbrio entre a
aparente boa fé do agente em salvar animal abandonado, e a preservação do meio ambiente. -
A análise acerca da existência de dano ou crime ambiental não pode se afastar dos princípios
da proporcionalidade e da coerência. - Em sede de proteção coletiva e de interesses difusos
não se aceita a responsabilização sem a ocorrência de dano efetivo, sabido que o chamado
dano hipotético não enseja indenização, ainda que a lei de regência disponha que a
responsabilidade se escora na teoria do risco e não na teoria aquiliana.
São considerados espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas,
migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo
de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras.
Contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que somente no local da
infração;
Durante a noite;
Em unidade de conservação;
Art. 30- Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis em bruto, sem a
autorização da autoridade ambiental competente:
Diz ainda que a pena prometida para o indigitado comportamento- reclusão, de um a três anos
e multa, não guarda nenhuma relação de proporcionalidade com prática semelhante
relacionada com exportação de produtos e objetos confeccionados com peles e couros
daqueles espécimes, como por exemplo, cintos, bolsas e sapatos, conforme descrito no Artigo
29, § 1º, III, cuja sanção não vai além de seis meses a um ano de detenção e multa."
Segundo o Artigo 32, é considerado crime a prática de ato de abuso, maus-tratos, bem como,
ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos, cuja pena
é de detenção, de três meses a um ano, e multa.
Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda
que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos, sendo que a
pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.
Quem explora campos naturais de invertebrados aquáticos e algas, sem licença, permissão ou
autorização da autoridade competente;
Quem fundeia embarcações ou lança detritos de qualquer natureza sobre bancos de moluscos
ou corais, devidamente demarcados em carta náutica.
Pelo Artigo 34 é considerado crime a atividade de pesca em período no qual seja proibida ou
em lugares interditados por órgão competente, sendo os infratores apenados com sanções de
detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
- Pescam espécies que devam ser preservadas ou espécimes com tamanhos inferiores aos
permitidos;
Ainda é considerado crime, punido com pena de reclusão de um a cinco anos, a pesca
mediante a utilização de:
Cabe dizer que para os efeitos desta Lei, considera-se pesca todo ato tendente a retirar,
extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos,
moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico ressalvado as
espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas oficiais da fauna e da flora.
Por fim, o Artigo 37, estipulou não se tratar de crime o abate de animal, quando realizado:
Por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente.
4º) Curso: Crimes Ambientais em Espécie- Módulo II: Crimes contra a Flora
"À Seção II do Capitulo V, onde estão localizados os crimes contra a flora, destinou o
Legislador, quinze Artigos tipificando as condutas e atividades lesivas contra as Unidades de
Conservação, de Proteção Integral e as de Usos Sustentável, incluindo as Reservas Biológicas,
as Estações Ecológicas, os Parques Nacionais, Estaduais e Municipais, os Monumentos
Naturais, os Refúgios da Vida Silvestre, as Florestas Nacionais, Estaduais e Municipais, as Áreas
de Proteção Ambiental, as Áreas de Relevante Interesse Ecológico, as Reservas Extrativistas, as
Reservas da Fauna, as Reservas de Desenvolvimento Sustentável, as Reservas Particulares do
Patrimônio Natural ou outras a serem criadas pelo Poder Público."
A Seção II do Capitulo V, onde estão localizados os crimes contra a flora, destinou o Legislador,
quinze Artigos tipificando as condutas e atividades lesivas contra as Unidades de Conservação,
de Proteção Integral e as de Usos Sustentável, incluindo as Reservas Biológicas, as Estações
Ecológicas, os Parques Nacionais, Estaduais e Municipais, os Monumentos Naturais, os
Refúgios da Vida Silvestre, as Florestas Nacionais, Estaduais e Municipais, as Áreas de Proteção
Ambiental, as Áreas de Relevante Interesse Ecológico, as Reservas Extrativistas, as Reservas da
Fauna, as Reservas de Desenvolvimento Sustentável, as Reservas Particulares do Patrimônio
Natural ou outras a serem criadas pelo Poder Público.
Conforme a Lei 9.985/ 2000, a popular Lei do SNUC (Sistema Nacional de Unidades de
Conservação), as unidades de conservação são tidas como o espaço territorial e seus recursos
ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes,
legalmente instituídas pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos,
sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.
Seguem abaixo outros conceitos importantes dentro do estudo da flora, entretanto, aqui
abordados de modo extremamente superficial.
O grupo das Unidades de Proteção Integral é composto pelas seguintes categorias de unidade
de conservação:
- Estação Ecológica;
- Reserva Biológica;
- Parque Nacional;
- Monumento Natural;
- Floresta Nacional;
- Reserva Extrativista;
- Reserva de Fauna;
A Proteção Integral é tida como a manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas
por interferência humana, admitido apenas o uso indireto dos seus atributos naturais.
A Reserva Biológica tem como objetivo a preservação integral da biota e demais atributos
naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações
ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação de seus ecossistemas alterados e as
ações de manejo necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade
biológica e os processos ecológicos naturais.
Já o Monumento Natural tem como objetivo básico preservar sítios naturais raros, singulares
ou de grande beleza cênica.
O Refúgio de Vida Silvestre tem como objetivo proteger ambientes naturais onde se
asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora
local e da fauna residente ou migratória.
A Área de Proteção Ambiental é uma área em geral extensa, com certo grau de ocupação
humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente
importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como
objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e
assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais
A Área de Relevante Interesse Ecológico é uma área em geral de pequena extensão, com
pouca ou nenhuma ocupação humana, com características naturais extraordinárias ou que
abriga exemplares raros da biota regional, e tem como objetivo manter os ecossistemas
naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a
compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da natureza.
A Reserva Extrativista é uma área utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja
subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e
na criação de animais de pequeno porte, e tem como objetivos básicos proteger os meios de
vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da
unidade.
A Reserva de Fauna é uma área natural com populações animais de espécies nativas, terrestres
ou aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas para estudos técnico-científicos sobre o
manejo econômico sustentável de recursos faunísticos.
A Reserva de Desenvolvimento Sustentável é uma área natural que abriga populações
tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos
naturais, desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições ecológicas locais e que
desempenham um papel fundamental na proteção da natureza e na manutenção da
diversidade biológica.
A Reserva Particular do Patrimônio Natural é uma área privada, gravada com perpetuidade,
com o objetivo de conservar a diversidade biológica.
Também está a praticar crime o agente que cortar árvores em floresta considerada de
preservação permanente, sem permissão da autoridade competente, cuja pena é de detenção,
de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Em decisão publicada em 24/05/2007, a Desembargadora Márcia Milanez, no Processo nº
1.0303.06.000478-3/001, entendeu que:
Se o infrator causar com sua conduta dano direto ou indireto às Unidades de Conservação e às
áreas de que trata o art. 27 do Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, independentemente
de sua localização será o mesmo apenado com reclusão de um a cinco anos.
Mas, se o dano acaba por afetar espécies ameaçadas de extinção no interior das Unidades de
Conservação de Proteção Integral será considerada circunstância agravante para a fixação da
pena.
De acordo com o Artigo 42 da Lei dos Crimes Ambientais, fabricar, vender, transportar ou
soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em
áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano, prática bastante comum por
ocasião das festividades juninas, é também crime ambiental, cuja pena é de detenção de um a
três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
O Artigo 45 estabelece que corte ou transformar em carvão madeira de lei, assim classificada
por ato do Poder Público, para fins industriais, energéticos ou para qualquer outra exploração,
econômicos ou não, em desacordo com as determinações legais, enseja a pena de reclusão de
um a dois anos, e multa.
Quem recebe ou adquire para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha, carvão e outros
produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada pela
autoridade competente, e sem munir-se da via que deverá acompanhar o produto até final
beneficiamento é apenado com detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, tem em depósito, transporta ou
guarda madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem licença válida para
todo o tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada pela autoridade competente.
É também punido com detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as penas
cumulativamente, quem destrói, danifica, lesa ou maltrata, por qualquer modo ou meio,
plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia:
Sendo a área explorada superior a 1.000 ha (mil hectares), a pena será aumentada de 1 (um)
ano por milhar de hectare.
A comercialização de motosserra, bem como a sua utilização em florestas e nas demais formas
de vegetação, sem licença ou registro da autoridade competente é crime ambiental definido
no Artigo 51 da Lei, cuja pena é a detenção, de três meses a um ano, e multa.
O Artigo 53, ao contrário dos demais crimes previstos nesta Seção, trata das causas especiais
de aumento de pena, sendo a mesma é aumentada de um sexto a um terço se:
II - o crime é cometido:
c) contra espécies raras ou ameaçadas de extinção, ainda que a ameaça ocorra somente no
local da infração;
"A conduta punível do crime de poluição, tal qual aponta o Artigo supramencionado é dar
causa à poluição de qualquer natureza ou tipo (poluição atmosférica, poluição do solo,
poluição sonora, poluição hídrica e poluição visual) e em níveis que resultem em danos à saúde
humana, mortandade de animais e destruição da flora."
Em seu artigo 22, inciso I, estabelece a Constituição Federal ser de competência privativa da
União, legislar sobre Direito Penal.
II- Legislar sobre direito penal significa estabelecer quais são as atividades
consideradas criminosas pelo Estado, e, portanto, repudiadas pela sociedade, bem
como, quais serão as penas imputadas àqueles que praticam condutas
consideradas criminosas.
Como estudado no Curso Introdução ao Estudo dos Crimes Ambientais- Módulo II, tanto os
crimes como as penas devem estar estabelecidos na lei, sob pena de infringir o Principio da
Legalidade ou da Reserva Legal.
Nesse sentido, o ilustre Professor Paulo Affonso Leme Machado aponta que:
"Ao definir o direito penal ambiental na lei federal, o crime nela previsto pode depender, para
sua integração de lei estadual. Parece-me que não há ofensa ao Artigo 22, I, da Constituição
Federal, pois a mesma constituição federal prevê a competência concorrente para legislar
sobre a proteção do meio ambiente e controle da poluição para a União, os Estados e o distrito
Federal, segundo o Artigo 24, "caput" e inciso VI). Plenamente aceitável que as leis estaduais
venham integrar o tipo penal, pois a União limitar-se-á a estabelecer normas gerais de meio
ambiente (Artigo 24, VI e § 1º), não excluindo a competência suplementar ambiental dos
Estados (Artigo. 24, § 2º)".
Art. 24- Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
V- Floretas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos
recursos naturais, proteção ao meio ambiente e controle da poluição;
§ 2º- A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência
suplementar dos Estados.
O conceito legal de poluição, diz o inciso III, do Artigo 3º, da Lei da Política Nacional de Meio
Ambiente (PNMA), Lei 6.938/81, é a degradação da qualidade ambiental resultante de
atividades que direta ou indiretamente prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da
população ou que criem condições adversas às atividades sociais e econômicas, bem como as
atividades que afetem desfavoravelmente a biota ou as condições estéticas ou sanitárias do
meio ambiente, e, ainda lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões
ambientais pré-estabelecidos pela legislação.
a) Despejar resíduos sólidos, líquidos ou gasosos no ar, nas águas e no solo, causando danos à
saúde humana, a mortandade de animais e a destruição da flora;
b) Despejar detritos (óleos ou substancias oleosas) no ar, nas águas e no solo, causando danos
à saúde humana, a mortandade de animais e a destruição da flora.
Considerando ainda:
Poluição do solo: Despejo junto ao solo de detritos sólidos ou líquidos, material orgânico ou
inorgânico, causando poluição no solo e no subsolo, incluindo também o lençol freático;
Poluição sonora: Toda vibração emitida acima dos níveis suportáveis pelo ser humano,
causando lesões no sentido auditivo;
Poluição Visual: Alteração exterior do meio ambiente através de colocação de engenhos
publicitários em lugares inapropriados.
Na biosfera, esta por sua vez entendida como um sistema integrado de organismos vivos e
seus suportes, que compreendem o planeta Terra, inclusive no que tange à atmosfera
circundante, estendendo-se para cima e para baixo, até aonde exista, de modo natural, de
qualquer forma de vida, a poluição pode ser enquadrada nas seguintes categorias:
Poluição radioativa;
Art. 54- Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar
em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou destruição
significativa da flora.
§ 1º - Se o crime é culposo:
§ 2º- Se o crime:
II - Causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos
habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população;
III - Causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público de
água de uma comunidade;
§ 3º- Incorrem nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar de adotar,
quando assim exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de
dano ambiental grave ou irreversível.
A conduta punível do crime de poluição, tal qual aponta o Artigo supramencionado é dar causa
à poluição de qualquer natureza ou tipo (poluição atmosférica, poluição do solo, poluição
sonora, poluição hídrica e poluição visual) e em níveis que resultem em danos à saúde
humana, mortandade de animais e destruição da flora.
Tanto as pessoas físicas quanto as pessoas jurídicas podem ser sujeitos ativos do crime de
poluição.
O comportamento do poluidor (infrator ambiental que comete o crime de poluição) pode ser
configurado de forma simples, esta prevista no "caput" do Artigo 54 da LCA;
- À determinação da tipicidade do crime previsto no art. 54, §2º, V da Lei 9.605/98, não
bastará lançar resíduos sólidos em desacordo às exigências legais como determina o inciso,
mas atender ao comando do caput, gerando dano à saúde ou a mortandade de animais ou
mesmo a destruição significativa de flora. O simples depósito de sólidos em área de
preservação permanente não basta à tipicidade da conduta. - Impõe-se a absolvição do
acusado pela prática de receptação qualificada se não restam comprovados a materialidade
delitiva e o dolo específico da conduta a ele imputada. - Nos termos da Súmula nº 423 do STF,
não se aplica, na segunda instância, os institutos jurídicos do art.384 do CPP.
Em outra decisão:
Para o Professor Paulo Affonso Leme Machado, o "caput" do Artigo 54 pode ser estudado sob
dois pontos de vista distintos, já que em sua primeira parte estão descritos os crimes de
resultado e o crime de perigo. E exemplifica: É crime causar poluição em níveis tais que
resultem danos à saúde humana, como, também é crime causar poluição que possam resultar
danos à saúde humana.
Na segunda parte do Artigo 54, diz o mestre, é considerado crime causar poluição em níveis
que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora, não ficando
caracterizado o crime de perigo e excluindo a fauna aquática, por seu turno protegida pelo que
reza o Artigo 33 da Lei.
A poluição causada (crime de resultado) ou que possa ser causada (crime de perigo) é apurado
no inquérito policial ou no processo penal.
O inquérito civil tem sua relevância por fornecer à autoridade dados importantes para os
esclarecimentos acerca da autoria e da materialidade do crime.
De se notar que a multa não foi prevista, como também não são admitidas as formas culposas
de tal crime.
Logo, o crime será punido na forma dolosa quando o agente quis o resultado ou assumiu o
risco de produzi-lo.
Assim, mesmo que haja uma posterior reparação do dano, o fato de tornar a área inadequada
para a ocupação, por si, já consuma o crime.
Entretanto, não é necessário para a configuração deste tipo penal que a poluição atmosférica
tenha provocado danos à saúde, bastando apenas à existência de perigo sério de ocorrer o
evento danoso.
Cabe dizer ainda que a saída dos habitantes pode se dar por interveniência do Poder Público
ou por decisão do grupo de moradores.
A interrupção do abastecimento será configurada ainda que ocorra por poucas horas, tendo
em vista que para a ocorrência deste crime não se faz necessário de que a poluição tenha
causado danos à saúde humana, mas somente o fato interrupção do abastecimento de água.
Finalizando essa etapa, gostaria de lhe apresentar alguns modelos de Termo de Ajustamento
de Conduta- TAC.
Pelo simples fato: o cometimento de um crime ambiental enseja, via de regra, a confecção de
um TAC.
2 - Obrigação de não fazer: proibição de morte de animais que não sejam nocivos à saúde
e à segurança de seres humanos, bem como de animais que não estejam em fase
de doença terminal ou que não apresentem quadro reversível de saúde (eutanásia
imediata).
3 - Obrigação de não fazer: proibição de captura de animais que não sejam nocivos à saúde
e à segurança de seres humanos, e de animais que não apresentem quadro
reversível de saúde (eutanásia), salvo na captura de animais recolhidos para
vacinação, tratamento médico e castração.
___________________________
5 - Este acordo produzira efeitos legais imediatos, muito embora deva ser objeto de
homologação pelo Conselho Superior do Ministério Público (caso o órgão tomador
seja o MP).
__________________
Ajustante
___________________
Órgão Público
Bons estudos e até a próxima semana com as últimas orientações antes do teste de aferição.
Orientações 4ª Semana
Chegamos à última semana de estudos. Entretanto, apesar de ser nossa última etapa antes dos
testes de aferição, nosso ritmo de estudo e dedicação continuarão intensos, uma vez que
nossa matéria é bem extensa, importante e complexa.
"a conduta punível do crime de poluição, tal qual aponta o Artigo supramencionado é dar
causa à poluição de qualquer natureza ou tipo (poluição atmosférica, poluição do solo,
poluição sonora, poluição hídrica e poluição visual) e em níveis que resultem em danos à saúde
humana, mortandade de animais e destruição da flora."
1 - Os Crimes Ambientais em Espécie- Módulo IV
Art. 54- Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar
em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou destruição
significativa da flora.
§ 1º - Se o crime é culposo:
§ 2º- Se o crime:
II - Causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos
habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população;
III - Causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público de
água de uma comunidade;
§ 3º- Incorrem nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar de adotar,
quando assim exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de
dano ambiental grave ou irreversível.
Tanto as pessoas físicas quanto as pessoas jurídicas podem ser sujeitos ativos do crime de
poluição.
Entende-se por praia (marítimas e fluviais) a área coberta e descoberta periodicamente pelas
águas, acrescida da faixa subseqüente de material detrítico, tal como areias, cascalhos, seixos
e pedregulhos, até o limite onde se inicie a vegetação natural, ou, em sua ausência, onde
comece outro ecossistema.
III- Os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que
banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam
a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as
praias fluviais;
Feitas essas considerações, retomemos o Artigo 54, § 2º, inciso IV, o qual considera ser crime
dificultar o uso público das praias, bem como, impedir o uso público das praias em virtude de
poluição.
"Os municípios poderão ser réus quando lançarem esgotos públicos nas praias, dificultando o
uso das mesmas, como também, deverão ser responsabilizadas as pessoas privadas que
fizerem tais despejos. Os donos de bares ou aqueles que comercializem produtos nas praias ou
nas suas adjacências poderão ser incriminados se lançarem, de forma esporádica e/ou
habitual, poluentes que dificultem e/ou impeçam o uso das praias. O dificultar o uso público
das praias não diz respeito somente às condições sanitárias das praias, mas abrange suas
condições estéticas, como se vê no Artigo 3º, III, d da Lei 6.938/81. Neste caso, exige-se que a
poluição seja mensurada segundo os padrões ambientais estabelecidos."
A Jurisprudência do STJ assim estabelece (HC 75329/PR, Rel. Min. Felix Fischer, DJU
18/06/2007, p. 292):
Principio 15- Para proteger o meio ambiente, medidas de precaução devem ser largamente
aplicadas pelos Estados, segundo suas capacidades. Em caso de riscos de danos graves e
irreversíveis, a ausência de certeza cientifica absoluta não deve servir de pretexto para
procrastinar a adoção de medidas visando prevenir a degradação do meio ambiente.
Mais uma vez, recorremos à lição do ilustre Professor Paulo Affonso Leme Machado, o qual
afirma que a inovação da necessidade de medidas de precaução não deverá ocorrer
ordinariamente, uma vez que o legislador está a oferecer um instrumento para as emergências
ambientais, o que significa não ter deixado ao arbítrio da autoridade, sendo que a mesma
deverá fundamentar-se no risco de dano ambiental grave e irreversível. Para ele, a precaução
nada mais é do que a prevenção executada no presente, sem adiamento.
Por fim, as medidas de precaução devem ser proporcionais ao risco, bem como, devem ser
eqüitativas em relação aos destinatários. Além disso, as medidas de precaução poderão se
constituir em ordens motivadas da autoridade competente.
"Pelo Artigo 55 da LCA, todo o tipo de trabalho em que os recursos minerais estejam
envolvidos, incidido sobre a pesquisa, a lavra ou a extração desses bens, sem que haja a prévia
intervenção do Poder Público, materializada através da autorização, permissão, concessão ou
licença, ou em desacordo com a obtida, enseja na prática de crime ambiental ali tipificado."
1 - Os Crimes Ambientais em Espécie- Módulo V: Crimes na Exploração Mineral
1.1 - Introdução:
Antes de continuar o estudo dos crimes ambientais em espécie, mas uma vez teremos que
lançar nosso olhar para outras áreas afetas ao direito ambiental, especificamente ao direito
minerário, o qual disciplina a exploração e correta utilização dos recursos minerais.
Estabelece nossa Lei Maior, em seu Artigo 20, IX que, são bens da União, os recursos minerais,
inclusive o subsolo.
(...)
Parágrafo Único: Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões
especificas das matérias relacionadas a este artigo.
Inicialmente, cabe afirmar que os recursos minerais, por princípio constitucional, são
propriedade distinta do solo e pertencem à União, conforme estabelece o Art. 176 da
Constituição Federal.
Art. 176 - As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia
hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou
aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto
da lavra.
Volume da produção;
Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente
autorização, permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida:
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem deixa de recuperar a área pesquisada ou
explorada, nos termos da autorização, permissão, licença, concessão ou determinação do
órgão competente.
O crime contra os bens minerais, cuja propriedade, conforme já mencionado, pertence à
União, era anteriormente à LCA tratado pela Lei 7.805/ 89, a qual alterou o Decreto-Lei nº 227,
de 28 de fevereiro de 1967, criando o regime de permissão de lavra garimpeira e extinguindo o
regime de matrícula.
Pelo Artigo 55 da LCA, todo o tipo de trabalho em que os recursos minerais estejam
envolvidos, incidido sobre a pesquisa, a lavra ou a extração desses bens, sem que haja a prévia
intervenção do Poder Público, materializada através da autorização, permissão, concessão ou
licença, ou em desacordo com a obtida, enseja na prática de crime ambiental ali tipificado.
O crime descrito pelo Artigo 55 não é configurado pela obtenção de substâncias materiais, mas
a realização dos trabalhos de pesquisa, lavra ou extração mineral.
Também comete crime aquele que obteve perante o Poder Público a respectiva autorização,
permissão, concessão ou licença, mas age em desacordo com o que lhe foi outorgado.
Para que o crime seja consumado, não é necessária a prévia sanção por parte da
Administração Pública, uma vez que diagnosticado o vício e não existindo qualquer ato
administrativo válido que conceda prazo para a correção da infração, incorre em crime aquele
pessoa física ou jurídica que lhe deu causa.
Para que o crime estipulado no Artigo 55 seja caracterizado não se faz necessário também que
ocorra a poluição ao meio ambiente.
Entretanto, uma vez constatada a poluição, que também pode ser enquadrada como crime
ambiental, se obedecidos os critérios do tipo penal constante do Artigo 54 da LCA, será
instalado o concurso formal, pois dois crimes foram cometidos: o previsto no Artigo 54 e o
previsto no Artigo 55 da Lei dos Crimes Ambientais.
Art. 70- Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes,
idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma
delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se,
entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes
resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.
Parágrafo Único: Não poderá a pena exceder o que seria cabível pela regra do Artigo 69 do CP.
Voltando ao Artigo 55, o agente, seja uma pessoa física ou jurídica, que executa a pesquisa,
lavra ou extração de recursos minerais antes da emissão da licença, autorização ou concessão
e executa esse trabalho de modo contrário do que obteve junto à Administração Pública, está
a praticar o crime ali descrito.
O Professor Paulo Affonso Leme Machado diz que a intenção do agente é materializada no agir
ou deixar de agir sem o prévio consentimento do Poder Público. No que se refere à segunda
parte do Artigo, o agente age ou se omite intencionalmente ao descumprir os termos da
autorização, permissão, concessão ou licença, ou assume o risco de descumpri-los.
Art.225- Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo e essencial à qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever
de defendê-lo e preservá-lo para os presentes e futuras gerações.
(...)
§ 2º- Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperara o meio ambiente
degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma
da lei.
O elemento subjetivo do tipo (fim especial de agir) é a conduta do agente omisso na execução
do trabalho de recuperação da área ou se o mesmo agente o executa contrariando o plano de
recuperação da área degradada, estipulado por órgão competente.
4º) Curso: Crimes Ambientais em Espécie- Módulo VI: Substâncias que comportem risco para
a vida
"O Artigo 56 da Lei dos Crimes Ambientais veio dar tratamento penal para quem produz,
processa, embala, importa, exporta, comercializa, fornece, transporta, armazena, guarda, tem
em depósito ou utiliza produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao
meio ambiente em desacordo com a legislação.
1 - Os Crimes Ambientais em Espécie- Módulo VI- Substâncias que competem risco para a
vida
1.1 - Introdução
O Artigo 56 da Lei dos Crimes Ambientais veio dar tratamento penal para quem produz,
processa, embala, importa, exporta, comercializa, fornece, transporta, armazena, guarda, tem
em depósito ou utiliza produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao
meio ambiente em desacordo com a legislação.
Art. 225- Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade
o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
(...)
IV- Controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e
substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio
ambiente.
1. A matéria do presente recurso já foi objeto de análise por esta Corte no julgamento da RP
1.135, quando, sob a égide da Carta pretérita, se examinou se a Lei 7.747/82-RS invadiu
competência da União. Neste julgamento, o Plenário definiu o conceito de normas gerais a
cargo da União e aparou as normas desta lei que superavam os limites da alçada estadual.
2. As conclusões ali assentadas permanecem válidas em face da Carta atual, porque as regras
remanescentes não usurparam a competência federal. A Constituição em vigor, longe de
revogar a lei ora impugnada, reforçou a participação dos estados na fiscalização do uso de
produtos lesivos à saúde.
(RE 286.789/ RS- Relatora: Ministra Ellen Gracie, 2ª Turma, DJ 08/04/2005, p. 0038).
Aquele que pleiteia o registro, bem como, o titula de registro deverão fornecer,
obrigatoriamente, à União, as inovações concernentes aos dados fornecidos para o registro de
seus produtos.
O registro para novo produto agrotóxico, seus componentes e afins, será concedido se a sua
ação tóxica sobre o ser humano e o meio ambiente for comprovadamente igual ou menor do
que a daqueles já registrados, para o mesmo fim, segundo os parâmetros fixados na legislação.
Entretanto, é vedado o registro de agrotóxicos, seus componentes e afins, nos seguintes casos:
- Para os quais o Brasil não disponha de métodos para desativação de seus componentes, de
modo a impedir que os seus resíduos remanescentes provoquem riscos ao meio ambiente e à
saúde pública;
- Que se revelem mais perigosos para o homem do que os testes de laboratório, com animais,
tenham podido demonstrar, segundo critérios técnicos e científicos atualizados;
- Ao registrante que, por dolo ou por culpa, omitir informações ou fornecer informações
incorretas;
- Ao empregador, quando não fornecer e não fizer manutenção dos equipamentos adequados
à proteção da saúde dos trabalhadores ou dos equipamentos na produção, distribuição e
aplicação dos produtos.
Aquele que produzir, comercializar, transportar, aplicar, prestar serviço, der destinação a
resíduos e embalagens vazias de agrotóxicos, seus componentes e afins, em descumprimento
às exigências estabelecidas na legislação pertinente estará sujeito à pena de reclusão, de dois a
quatro anos, além de multa.
Em caso de culpa, será punido com pena de reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos, além de multa
de 50 (cinqüenta) a 500 (quinhentos) MVR.
Cabe dizer que sem prejuízo das responsabilidades civil e penal, a infração de disposições
administrativas acarretará, isolada ou cumulativamente, nos termos previstos em
regulamento, independente das medidas cautelares de estabelecimento e apreensão do
produto ou alimentos contaminados, a aplicação das seguintes sanções:
- Advertência;
- Multa de até 1000 (mil) vezes o Maior Valor de Referência - MVR, aplicável em dobro em
caso de reincidência;
- Condenação de produto;
- Inutilização de produto;
§ 1º- Nas mesmas penas incorre quem abandona os produtos ou substâncias referidos no
caput, ou os utiliza em desacordo com as normas de segurança.
As exigências legais a serem seguidas tanto por pessoas físicas quanto por pessoas jurídicas,
em relação aos produtos ou substâncias tóxicas que podem ser ou apresentar nocividade à
saúde humana e ao meio ambiente estão, via de regra, estipuladas nas Leis 7.802/89 e no
Decreto 98.816/ 90, especificamente nos caos dos agrotóxicos e seus componentes.
O Artigo 56 da Lei dos Crimes Ambientais pode ser considerado uma grande novidade dentro
do direito penal ambiental brasileiro, posto que passou a incriminar o agente que:
Produz;
Fornece;
Transporta;
Armazena;
Guarda;
Tem em deposito;
Onde cada uma dessas condutas, em conjunto ou isoladamente, coloca em risco a saúde
humana ou o meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas nas leis ou nos
regulamentos.
Entretanto, o tipo penal acima descrito, apesar de tido como inovador, é, na verdade, uma
norma penal em branco, ou seja, depende de lei ou regulamento para a tipificação pretendida.
5º) Notícia
Finalizando mais essa jornada de estudos, selecionei para você uma matéria publicada no
Jornal O Estadão, pela quais certos animais silvestres poderão ser criados em cativeiro,
atendidas novas exigências a serem estabelecidas pelo IBAMA até o final de 2008.
Da lista deverão constar outros espécimes não só de psitacídeos, como o papagaio verdadeiro
(Amazona aestiva), que tem coloração geral verde, fronte azul, vértice, face e garganta
amarelos, base da cauda vermelha e ponta das asas pretas, e passeriformes, como o bicudo e
o trinca-ferro. Mas o IBAMA ainda não concluiu a lista. É certo que não constará nenhum tipo
de primatas nem felídeos, como onças e jaguatiricas. É possível que na lista apareça algum tipo
de cobra, pois várias delas são nativas do Brasil (não exclusivamente), como a jararaca e a
jararacuçu.
A liberação da criação e comércio das espécies silvestres nativas do Brasil como animais
domésticos obedece à Resolução 394/07, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).
Ela foi tomada em cumprimento à Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), da
Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio-92), realizada
no Brasil. Visa prevenir e combater na origem as causas da redução ou perda da diversidade
biológica, controlar ou erradicar e impedir que se introduzam espécies exóticas que ameacem
os ecossistemas, habitats ou espécies.
Do mesmo modo, não será autorizado que eles sejam recolhidos no campo e levados para
casa. O nascimento de filhotes, mesmo que de animais comprados legalmente, terá de ser
comunicado ao governo. De acordo com dados do IBAMA, o contrabando nacional e
internacional de animais silvestres é o terceiro tipo de tráfico mais lucrativo no Brasil,
perdendo apenas para o de drogas e de armas. Com isso, a biodiversidade do País vem sendo
constantemente ameaçada pela perda anual de uma quantia incalculável de animais. Dados da
organização não-governamental Rede Nacional contra o Tráfico de Animais Silvestres (Renctas)
mostram que, ao contrário do que se pensa, a maior parte se destina ao mercado interno, e
não ao externo.