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CENTRO DE HUMANIDADES
CURSO DE GRADUAÇÃO EM LESTRAS - LICENCIATURA
LITERATURA CEARENSE
PROFESSOR: CARLOS AUGUSTO
ESTUDANTE: SARAH LISBOA DE OLIVEIRA
FORTALEZA – CEARÁ
2018
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
LITERATURA CEARENSE
PROFESSOR: CARLOS AUGUSTO
ESTUDANTE: SARAH LISBOA DE OLIVEIRA
O primeiro contato com Luzia, se é dado através dos olhos do francês Paul, Luzia faz
parte multidão de retirantes que trabalham na construção da penitenciaria no Sobral.
Duas coisas ficam marcadas pelo narrador, a visão do estrangeiro, o francês Paul é
definido como um ser singular e solitário, de hábitos tão estranhos ligados a um grau de
instrução elevado e quase sacros.
O segundo elemento é a forma como Luzia chama a atenção deste homem, ao qual escreve
em seus cadernos ser uma mulher extraordinária, o encanto de Luzia é imediatamente
colocado em pauta com as opiniões de homens e mulheres, com sua conduta
irrepreensível, dona de uma força física impar e uma beleza misteriosa ela acaba sendo
alvo de fofocas e burburinhos. Chamando logo a atenção do Crapiúna.
Crapiúna fica claro, goza de um status privilegiado, o de soldado. Seus primeiros
momentos são apenas para delimitar o que é a figura do soldado.
O soldado dentro do sertão auxiliado da figura do cangaceiro, era um elemento
carismático, corajoso e aventureiro. Uma representação da ordem. No caso do Crapiúna,
a condição de soldado é um embelezador, Capriúna é ser desagradável, à homens e as
mulheres, neste caso tudo que ele tinha de melhor seja de estética ou moral, vinha de ser
um soldado.
A Fama de Crapiúna já arranhava de mal modo sua postura de soldado, de modo que,
quando Luzia leva ao seu tenente que o Capriúna a importunava, ele é transferido de posto
e o povo se sente aliviado e de modo dão razão a Luzia, pois este já era visto como uma
ameaça para moças solteiras e casadas, tal era a sua má reputação.
— O que mais me admira é que não se diz dela tanto assim — afirmou
Crapiúna pensativo, riscando com a unha do polegar a ponta do indicador.
— É por ser mais velhaca que as outras... Pergunta ao Alexandre...
— Que Alexandre? Aquele alvarinto que servia de apontador na obra: e
passou depois para o armazém da Comissão? ... Aquilo é defunto em pé. Não
é qualidade de homem para um como eu.
— O caso é que ele gosta dela. Estão sempre perto um do outro, ao passo
que o Crapiúna velho foi posto fora, como um cachorro tinhoso, e está aqui
gemendo no serviço...
Recebemos uma imagem de como Luzia vê os retirantes, como também os efeitos da seca
em sua personalidade. Este traço vem mais personificado na mãe de Luzia, senhora doente
quase em valida extremamente religiosa.
Somos então apresentados ao rival amoroso de Crapriúna, Alexandre, homem tímido e
delicado, que muito agrada a Luzia com sua amizade. A moral e a idoneidade deste são
primores, longe de fofocas típicas do povão e ainda assim mantando uma boa opinião
pública apesar de seu laço com Luzia que não era muito querida pelas mulheres da região.
Alexandre aparece no momento em que Luzia muito preocupada com a obsessão do
soldado por ela, pensa em fugir sumindo na turba de fugitivos da seca. Ele emerge
apresentando soluções para o seu problema, aonde ele daria uma surra no soldado, este
com ego ferido recebe um não da moça.
Não tendo meios para pagar uma carroça para a mão adoentada e temendo o falatório do
povo se Alexandre tentasse tomar satisfações com o soldado, Luzia desiste
respectivamente de fugir e recusa a ajuda do amigo.
Nesse ponto enquanto Luzia lamenta seu estado de desamparo, pela mãe do doente e
apesar da devoção do amigo Alexandre, não poder se confidenciar com ele. Eis que surge
Teresinha, moça de natureza curiosa que ao ver Luzia banhar-se decide travar com ele
uma sincera amizade.
As duas passam então a compartilhar suas desconfianças e certezas quanto a má índole
de Crapriúna. Enquanto as duas desfiam sobre o fato da seca ter acabado com fazendas e
famílias.
Durante sua prova se encontram com Crapiúna.
Tal postura marca a personalidade de Teresinha como bem ao gosto das mulheres da terra,
diferente de Luzia que é recatada, tímida e frágil, Teresinha não é mais virgem pois saíra
da casa dos pais para morar “junta” com um homem que morrera tempo depois, ficando
sozinha no mundo dá voz a sua valentia.
A inimizade de Teresinha com o Capriúna se firma, à medida que os galanteios grosseiros
do soldado aumentam para com sua amiga.
Luzia pela recém feita amiga fica sabendo que Alexandre entrara numa briga com o
Crapiúna pela defesa de uma menina, esta desconfia logo que os motivos sejam a defesa
de sua virtude. E apesar de seus dito de não querer que o rapaz tomasse suas dores, fica
se sentindo secretamente lisonjeada pela defesa do rapaz.
– Já fiz as minhas orações, mãezinha. O meu lugar – Deus me perdoe – é aqui
a seu lado, tratando-a, a ver se podemos deixar logo esta terra. – O quê!!... A
terra não tem culpa do que padecemos. Admira de pensares ainda em
semelhante coisa. Desengana-te, filhinha da minha alma. Havemos de ficar e
talvez morrermos aqui, quando Deus for servido... – Também, mãezinha, não
faz caso dos remédios, que têm custado um dinheirão. Se tomasse de verdade
os da receita do doutor Helvécio... Olhe ele quase sarou a mãe da Gabrina.
Muito mais doente e com moléstia ruim, teria ficado boa, se não se metesse
com meizinhas e feitiçarias ensinadas. Pelo menos conseguiu viver muito... –
Porque a hora não era chegada. – Só queria que melhorasse. Era capaz de
carregá-la nas costas, como criança de peito, até à Barra.
Chegada em casa, Luzia conversa com a mãe. Percebe- se que a doente ao não tomar
seus remédios amarra ainda mais Luzia no exato lugar que está.
Como é típico das moças da época, Luzia cuida de sua mãe com zelo embora tente
convence-la a se mudar.
Na casa de Luzia conversam os três, Luzia, Alexandre e Zefinha. As novidades da casa
da Comissão trazidas por Alexandre, ao mesmo tempo que é questionado o que lhe
prenderia aquele lugar. Luzia neste instante já sonda o coração do rapaz.
Alexandre justifica com naturalidade como ainda está ali por Luzia, ao que relembra a
primeira vez que a viu e depois dando um mimo de cravos e fruto a esta, enternecida e
temendo por ele, a moça procura repreende-lo pela briga com o soldado. O rapaz não se
deixa afetar, retorquindo com as atitudes erradas feitas pelo Crapiúna.
Vendo a coragem de Alexandre, Luzia tenta convence-lo a ajuda- la no processo de tirar
a mãe enferma para Acaracu.
O mesmo a surpreende ao invés com uma proposta de casamento para morarem numa
região não tão distante.
A cena é finda com o narrador induzindo à uma tensão na trama, insinuada através das
pessoas que passando na janela escutam a proposta de casamento e saem a fofocar:
O narrador através de um flash back retoma o cenário pré Luzia chegar à Sobral.
Pintando o retrato da seca e dos retirantes, numa mistura de má aventurança e descaso
do governo.
Essa imagem é duplamente reforçada pelo momento seguinte em que a mãe de Luzia,
ao passar mal diz ter medo de tomar o remédio receitado pelo Doutor, por uma das
vizinhas ter dito que era veneno.
O reforço das características supersticiosas e típicas do determinismo.
Ao mesmo tempo que Alexandre é mostrado como elemento precioso para a
sobrevivência de Luzia, seja dividindo com ela seus ganhos ou convencendo a mãe
enferma de tomar o remédio.
Apesar de sua afeição, Luzia se nega a dar uma resposta ao pedido de casamento de
Alexandre. Quando o rapaz volta ao assunto ela não faz mais do que encolher de
ombros.
Chega Terezinha com a notícia de que Alexandre foi preso acusado de estar roubando
o armazém.
***
Passando por cima dos guardar fazendo jus ao dito de Luzia Homem, a moça corta a
multidão para falar em favor fervorosamente de Alexandre. Questionando os motivos
de sua prisão, se o mesmo passara a noite com ela cuidando de sua mãe adoentada e só
saindo pela manhã.
O arroubo da moça rende a admiração dos homens notórios presentes, tanto pela sua
defesa sincera e inocente, tanto pelo estado de afogueada carreira e cabelos soltos.
***
Terezinha vai pela amiga tratar com a Rosa, para que esta fizesse a reza que revelasse o
verdadeiro culpado do roubo. Terezinha volta da casa de Rosa para dar notícia a Luzia.
– Então?... – inquiriu Luzia, com ânsia. – Quase morro... – respondeu ela,
comprimindo os quadris magoados. – Nunca mais... me meto em outra...
Credo!... Quem de uma escapa... – Que houve?... Que te aconteceu?... – Um
horror!... – E o responso?... – A Rosa rezou... – O ladrão não é Alexandre... –
Não sei... – Fala, mulher, pelo amor de Deus. É preciso que a gente esteja a te
espremer... – Ainda tenho a cabeça meia atordoada e as pernas lassas... Sinto
ainda uma dor aqui nas cadeiras...
A espera de que a amiga lembre-se das visões tidas na casa de Rosa, Luzia se tortura
quanto a inocência de Alexandre e se mesmo poderia ama-lo.
Confusa com suas inquietações, Luzia pergunta a Terezinha se ela amou outra vez
desde o primeiro marido, está por sua vez põe-se a relatar seus casos amorosos.
Entre conversarem sobre o passado de Terezinha, ambas escutam passos no quintal e
vozes, ao qual têm certeza que uma delas pertence ao Capriúna.
A tensão se aperta na trama, Luzia ainda se desentende com Alexandre por acreditar
numa fofoca em cima de uma moça que Alexandre teria prometido casamento.
A esposa do promotor intervém mostrando que sua desconfiança de Alexandre é fruto
de seu amor por ele.
O Crapiúna conversa com seu companheiro de que já é casado, e que a mulher o
abandonou depois de lhe ter dado uma sova.
Terezinha substitui Luzia para deixar a comida de Alexandre.
– Sei; mas somente para mostrar agradecimento e não por merecimento meu.
Sinto que está tudo acabado entre nós. Luzia é decidida, e bem percebi que
não tinha mais nada que esperar quando me disse, francamente, aí, nesse lugar
em que você está agora: – quando for solto, cada um de nós tomará o seu rumo.
– Mas, por isso, não deve recusar o de-comer, que ela mesma preparou com
tanto gosto. – Não há mais razão para repartir comigo a porção, que mal chega
para ela e a mãe. – Pensei que só nós, mulheres, éramos caprichosas.
A mudança afeta profundamente Luzia que no trabalho é notada pelos seus traços agora
mais femininos, envergonhada das atenções e por preferir as tarefas mais delicadas, ao
contrário das tarefas braçais de antes.
Aos poucos o sofrimento dos apaixonadas vai mudando a opinião da população,
enquanto o Crapiúna fica cada vez mais irritadiço.
Entre as bebedeiras do soldado é que Terezinha o pega contando o dinheiro do roubo
no quintal.
A trama se desenrola ligeira, de forma que Teresinha fica de tocaia para achar o dinheiro
roubado. E Luzia junto a mocinha que a Alexandre defendera do soldado é confrontada
com a verdade de que Alexandre nunca teve caso ou promessa de casamento com outra
mulher além dela.
– Esta sua criada – afirmou Teresinha, com ênfase, batendo no peito, com
largo gesto de contentamento. Contou, então, como descobrira o esconderijo
do dinheiro, as aflições suportadas com heroísmos, fanfarroneou a coragem, o
sangue-frio, apesar de fraca, não era mofina, 69 e mais não morrera de terror
quando se viu a sós com o malfazejo soldado, e passeou a narrar a entrevista
com o sargento Carneviva. – Que quer você? – disse ele, apurado, riscando
com proficiência grave, mapas e tabelas. – Vim aqui dar parte... – respondeu,
perturbada pela severidade do homem de má cara, muito barbada e muito
fechada. – Anda depressa, que estou muito ocupado. Comando o
destacamento na ausência do tenente, que foi fazer uma diligência, e não tenho
tempo para trelas. Teresinha, muito sobressaltada, denunciou-lhe a cena do
jogo em casa de Belota e a briga de Crapiúna com os paisanos.
Desmascarado Crapiúna e Gabrina, Alexandre é finalmente solto indo falar com
Teresinha quanto ao paradeiro de Luzia.
Apesar da liberdade de Alexandre continuam os dois separados pelas brigas típicas de
amantes.
Teresinha por sua vez, enquanto lamenta o casal amigo que segue infeliz reencontra a
própria família que abandonara, no meio da turba dos retirantes.
Luzia cada vez mais amargurada volta a ser alvo de zombarias, chegando a suspeitar
que Teresinha e Alexandre estivessem juntos as suas costas.