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Brasília-DF.
Elaboração
Eng. Luiz Roberto Pires Domingues Junior
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e
Editoração
Sumário
Apresentação ...................................................................................... 335
Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa ..................................... 446
Introdução .......................................................................................... 668
CAPÍTULO 1 ...................................................................................... 8810
Conceituação e breve história ............................................................. 8810
Do século XIX até 1914........................................................... 8811
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos
que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com
segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e
pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância –
EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da
pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar
conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa,
como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer
os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo
contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio
valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida
tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para
seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
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Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa
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Introdução
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CAPÍTULO 1
Conceituação e breve história
O que vem a ser ergonomia? A palavra ergonomia tem como origem filológica a junção
dos termos ergon (trabalho) e nomos (leis e regras), assim, por princípio, a ergonomia
possui a pretensão de ser a ciência que estuda as leis inerentes ao trabalho.
E tendo como pano de fundo estas leis inerentes ao trabalho, que pode se verificar a
influência da ergonomia já na obra “As Doenças dos Trabalhadores” de Bernardino
Ramazzini 1 , principalmente na doença dos escrivães que trata da Lesão por Esforço
Repetitivo.
O termo ergonomia apareceu pela primeira vez na obra “Ensaios de ergonomia ou
ciência do trabalho, baseado nas leis objetivas da ciência sobre a natureza”, do biólogo
polonês Wojciech Jastrzębowski (Gierwaty, 1799 – Varsóvia, 1882) – Figura 1
1médico italiano nascido em Carpi, em 1633, é considerado o pai da Medicina do Trabalho (MT) pela
contribuição do livro As Doenças dos Trabalhadores, publicado em 1700 e traduzido para o português
pelo Dr. Raimundo Estrela. Nele, o autor relaciona 54 profissões e descreve os principais problemas de
saúde apresentados pelos trabalhadores, chamando a atenção para a necessidade de os médicos
conhecerem a ocupação atual e pregressa de seus pacientes ao fazer o diagnóstico correto e adotar os
procedimentos adequados.
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RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE
ÚNICA
empíricos, usando a lógica da tentativa e erro, houve um pequeno esforço durante a
Guerra Civil Americana (1861-1865), por parte do U.S. Patent Office, para que os
uniformes e armas produzidos em massa servissem aos soldados que participariam
desse combate, nasceu desta guerra a intercambialidade das peças das armas –
sistema universal nos dias de hoje para quaisquer equipamentos e máquinas, mas que
alteraram completamente o processo de trabalho anteriormente existente.
Ainda no século XIX, surgiram os estudos mais sistemáticos sobre o trabalho, os quais
iriam decorrer no denominado taylorismo, o novo conceito de administração científica
já tratado anteriormente, onde se considerava que o trabalho deveria ser
sistematicamente observado e que, para cada tarefa, fosse desenvolvido um método
correto para executá-la, de forma que esta fosse realizada num determinado tempo e
utilizando as ferramentas corretas, mas que delegava o homem um papel secundário e
facilmente substituível – evoluiu primeiro o trabalho com a abordagem cientifica, para
somente depois valorizar o homem como o principal componente deste binômio
homem-máquina.
Pode-se destacar ainda nesse período anterior à Primeira Guerra Mundial os estudos
realizados pelo casal Liliam E. e Frank G. Gilbreth, a respeito da fadiga na fisiologia
humana e chegaram a fundar uma empresa de consultoria bastante respeitada em
meio aos profissionais da área, a Frank B. Gilbreth, Inc. – 1911. O trabalho desse casal
pode ser considerado um dos precursores do que viria a se chamar posteriormente de
human factors (Sanders; McCormick, 1993).
Frank G. Gilbreth começou a desenvolver observações sobre movimentos aos 27 anos,
quando trabalhava como superintendente em uma empresa de construção. Já Liliam E.
Gilbreth se dedicou à psicologia, ajudando seu marido nos estudos sobre fadiga
(Martins, 2004, p.4).
O casal se dedicou aos estudos dos movimentos, ao contrário de Taylor, que
trabalhava com a questão do tempo. Eles desenvolveram técnicas para evitar o
desperdício de tempo e movimento, assim como criaram padrões, racionalizando as
tarefas de produção com intuito de aumentar a produtividade. Também preocupados
com a fadiga eles propuseram o redesenho do ambiente de trabalho, a redução de
horas de trabalho e a implantação ou aumento de dias de descanso remunerado.
O casal Gilbreth realizou análise das equipes de cirurgiões de hospitais, e seu trabalho
resultou na padronização de um procedimento utilizado ainda hoje, em centros
cirúrgicos: “o cirurgião obtém o seu instrumento/ferramental necessário pedindo por
ele e estendendo a mão para uma enfermeira, que coloca o instrumento na posição
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UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
correta para uso imediato” (Sanders; McCormick, 1993, p.7). Eles concluíram que na
antiga técnica os cirurgiões passavam muito tempo procurando pelos instrumentos.
Apesar desse primeiro interesse no estudo da relação entre o homem e o seu trabalho
percebe-se aqui que a ideia de adaptar equipamentos e procedimentos às pessoas não
era completamente explorada (Sanders; McCormick, 1993, p.7). Percebe-se também
que o desenvolvimento da ergonomia era associado às questões industriais, colocando
a produtividade em primeiro lugar e esquecendo- se das individualidades humanas.
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UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
Essas condições fizeram com que fossem redobrados os esforços para pesquisar
formas de adaptar os instrumentos bélicos às características e capacidades dos
operadores, a fim de reduzir a fadiga e os acidentes.
Foi somente após o Departamento de Defesa dos EUA apoiar as pesquisas em
ergonomia que essa situação mudou. Foi nesse contexto que se desenvolveu a
ergonomia nos Estados Unidos.
Foi somente durante a Segunda Grande Guerra Mundial que ficou claro que nem
mesmo com a melhor seleção, e o melhor treinamento, a operação de alguns
comandos ainda excedia as capacidades dos operadores (Sanders; McCormick, 1993).
Possivelmente esse foi o momento em que se percebeu a necessidade de adaptar os
equipamentos às pessoas, e teve impulso como ciência própria no decorrer da Segunda
Guerra, em que a Royal Air Force queria identificar por que seus aviões não eram
utilizados em sua plenitude, com a eficiência e eficácia esperadas (WISNER, 1994), o
que culminou com a criação da Ergonomics Research Society na Inglaterra, em 1949.
Verificou-se que os mostradores, botões e alavancas não estavam distribuídos de
forma a proporcionar uma ação otimizada do processo de trabalho (pilotar o avião,
metralhar o inimigo ou descarregar as bombas), provocando perdas desnecessárias de
vidas humanas em função de um projeto inadequado para uso. Após a segunda
guerra mundial a ergonomia se expande como ciência, pois é necessário recuperar a
produção e a produtividade dos tempos anteriores a guerra, mas agora com menos
profissionais especializados, ceifados durante a guerra. Era imperativo aumentar a
produção sem perder o trabalhador.
Assim diferentemente das demais ciências a ergonomia já nasceu com finalidade
prática, pois era necessário alterar os lócus do trabalho e o seu modus operande, pois
já não era mais factível a existência em diversas atividades econômicas de:
Ambientes completamente insalubres que provocam a saída ou a ausência
de trabalhadores devido às condições de processo dos insumos ou da retirada
da matéria- prima;
Locais de trabalho que não respeitam a condição fisiológica adequada do ser
humano – muito quente, muito frio, úmido, muito seco, ruído excessivo,
presença ou ausência de local para refeição, necessidades fisiológicas
adequados;
Jornadas de trabalhos extenuantes, que não permitam a integração do
trabalhador com sua família, promovendo erros e falhas de processo fora da
escala aceitável;
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RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE
ÚNICA
Equipamentos padrões, independente das características biotipicas dos trabalhadores
Durante esse período houve o estabelecimento de laboratórios de psicologia nas forças
armadas americanas a fim de diagnosticar possíveis problemas psicológicos em oficiais
da aeronáutica após a guerra (Meister, 1999).
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UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
2 Na doutrina marxista, a remuneração do capitalista é consequência de uma espoliação dos trabalhadores assalariados,
que, em troca de sua força de trabalho, recebem apenas o valor das mercadorias e serviços indispensáveis à sua
subsistência (a diferença entre o valor dos bens produzidos e os salários recebidos constitui a “mais-valia”, de que se
apropriam os capitalistas).
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ÚNICA
projeto de produtos, muito embora o capitalismo crie uma competição exacerbada e o
lucro seja o foco das instituições.
Nos Estados Unidos foi criada a Human Factors Society em 1957, e até hoje o termo
mais frequente naquele país continua a ser Human Factors (Fatores Humanos),
embora ergonomia já seja aceita como sinônimo.
Em 1959 surge o primeiro curso de graduação em Ergonomia, na Universidade de
Loughborough, e, nesse mesmo ano, surgem as principais divergências entre os
estudos de engenheiros e de ergonomistas, assim como problemas em definir
especificamente o que realmente se entende pelo termo ergonomia.
O termo ergonomia foi adaptado nos principais países europeus, onde se fundou ainda
em 1959, em Oxford, a Associação Internacional de Ergonomia (IEA – International
Ergonomics Association). E foi em 1961 que esta associação realizou o seu primeiro
congresso em Estocolmo.
Em 1976, a IEA tornou-se a associação de sociedades federadas em todo o mundo.
Assim, terminou o período em que a IEA era uma sociedade de indivíduos. E, em 2011,
tornou-se uma organização internacional sem fins lucrativos, sediada em Zurique
(Suíça), nos termos do artigo 60 e seguintes do Código Civil Suíço sob o nome oficial
de "The Ergonomics Association International".
A IEA possui 47 sociedades federadas, incluindo a Associação Brasileira de Ergonomia
(ABERGO).
A Associação Brasileira de Ergonomia – ABERGO (<http://www.abergo.org.br>), em
consonância com outras associações, International Ergonomics Association – IEA
(<http://www.iea.cc>) e Société d’Ergonomie de Langue Française – SELF (<http://
www.ergonomie-self.org>), apresenta a seguinte definição.:
A ergonomia, ou fatores humanos, é a disciplina
científica relacionada ao entendimento das interações
entre seres humanos e outros elementos de um
sistema, e também é a profissão que aplica teoria,
princípios, dados e métodos para projetar a fim de
otimizar o bem-estar humano e o desempenho geral de
um sistema.
Para fazer frente a essa definição, o ergonomista precisa considerar em seu campo de
atuação:
os aspectos físicos do ambiente;
a organização e os processos de trabalho;
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UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
3 Tal variedade de campos de atuação em áreas clássicas da academia faz com que a localização dos centros de estudo de
ergonomia seja ampla, sendo comum a sua vinculação aos departamentos de engenharia (quando ligados a produtos,
ferramentas e projetos), de psicologia (quando ligados à área de cognição do trabalhador), e de economia e
administração (quando ligados à área de organização e processo de trabalho).
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RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE
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matizes e profissões para fazer uma análise mais próxima do concreto de uma
situação de trabalho. A ergonomia não se detém a nenhum campo específico do
conhecimento, ela permeia diversos, em especial a engenharia, a fisiologia, a
administração de empresas e a psicologia. Tal interdisciplinaridade é tão marcante,
que dependendo da universidade a ergonomia pode estar localizada na faculdade de
engenharia (ergonomia com fortalecimento da ergonomia de produto), na faculdade
de biologia, medicina ou fisioterapia – fortalecendo uma veia da ergonomia do homem
– biometria, na faculdade de administração, fortalecendo a ergonomia de organização
do trabalho, ou ainda na faculdade de psicologia, fortalecendo a ergonomia do
trabalho em seus aspectos cognitivos.
NÃO SE CONSTRÓI O CONHECIMENTO DA ERGONOMIA COM UMA ÚNICA
PROFISSÃO, MAS COM CERTEZA É O ENGENHEIRO DE SEGURANÇA DO
TRABALHO QUE POSSUI O MAIOR CABEDAL DE CONHECIMENTOS PARA
MELHOR APLICÁ-LA.
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UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
E para atingir estes objetivos o ergonomista deve ter sempre em mente a resolução
das seguintes questões:
1. Como conceber um sistema de trabalho que permita um exercício frutífero do
pensamento?
2. Como conceber um sistema de trabalho que favoreça o desenvolvimento das
competências?
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CAPÍTULO 2
O processo de trabalho
O processo de trabalho é bíblico, pois quando o Adão e Eva foram expulsos do paraíso,
Deus estabeleceu que Adão deveria passar a ganhar o pão com o suor de seu rosto,
isto é, deveria trabalhar para promover a sua sobrevivência.
Na antiguidade, trabalhar era sinônimo de sacrifício/tortura, tanto o é que o termo se
origina da palavra latina tripaliarem, que significa torturar com o tripalium.
A interpretação do trabalho como sacrifício ou tortura ainda se mostra presente em
nossa sociedade, apesar de, cada vez mais, existirem ou criarem postos de trabalho
em que essa concepção não mais exista. É com o objetivo de deixar de ter o trabalho
um viés de sacrifício que se faz presente a ergonomia.
O trabalho tem como concepção social a atividade realizada por um ser humano, e o
processo de trabalho (objeto de nosso estudo) abrange diversas variáveis que
ampliam e, ao mesmo tempo, tornam complexos a sua adaptação ao homem.
O trabalho para o ser humano pode constituir-se em:
» uma necessidade primária para propiciar o atendimento de suas necessidades
básicas de habitação, alimentação, reprodução e segurança;
» “um caminho de gratificação pessoal que possibilita a constituição da
identidade pessoal e social dos sujeitos, por meio da valorização e do
reconhecimento daquilo que é produzido” (MENDES; ABRAHÃO, 1996);
» um risco para a integridade física, catalisador do processo de
envelhecimento e de senilidade, aumento dos custos e de processos de
estigmatizações sociais.
A Constituição de 1988, estabelece que a ordem social brasileira tem o trabalho
como o seu primado – Art. 193. Isto é o brasileiro para ter plenitude de sua
cidadania, deve ter acesso a trabalho digno, pois todas as políticas sociais
partem desta premissa. E a constituição ainda estabelece que este trabalho deve
ser seguro com a redução dos riscos inerentes e que seja protegido contra a
automação.
Constituição federal de 1988
Art. 7o São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de
outros que visem à melhoria de sua condição social:
[...]
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de
normas de saúde, higiene e segurança;
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[...]
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;
Sob esse prisma, o trabalho, segundo Dejours (1986), assume papel fundamental na
existência humana, é parte do que é ser o próprio indivíduo – como diz a letra de
Fagner, da letra de Guerreiro Menino:
Um homem se humilha
Se castram seu sonho
Seu sonho é sua vida
E a vida é trabalho
E sem o seu trabalho
Um homem não tem honra
E sem a sua honra
Se morre, se mata
Não dá pra ser feliz
Não dá pra ser feliz
A atividade laboral não deve ser o único objetivo das pessoas e, mas a ociosidade
permanente também é equivocada. O equilíbrio entre as duas são fundamentais para
um bom aproveitamento, no próprio processo laboral.
Deve se ter em mente que o processo de trabalho é dinâmico, varia de atividade
econômica para atividade econômica, do layout da empresa ou do empreendimento,
do tipo de objetivo que tem o trabalho – interno a empresa ou externo a empresa,
assim é impossível tecnicamente determinar fórmulas mágicas ou “receitas de bolo”
que abranjam todas as atividades laborais humanas, existindo inclusive a manutenção
de sistemas de processos laborais que ainda são regidos pela lógica da linha de
montagem de Henry Ford.
Numa sociedade típica capitalista, a relação de fornecimento de produtos e serviços é
baseada num triangulo de relacionamentos onde cada vértice teria os seguintes
atores: cliente, trabalhadores e empresa. A empresa busca: resultado efetivo,
aumento da produtividade, possuir competitividade junto a seus concorrentes,
qualidade de seus produtos e serviços, e atuar na legalidade, para garantir a sua
manutenção como instituição. Para alcançar tais objetivos a empresa depende de
trabalhadores que forneçam aos clientes das empresas seus produtos e serviços, e
estes trabalhadores buscam na venda de seu trabalho: remuneração condizente com
seu trabalho, possibilidade de desenvolvimento pessoal na realização deste trabalho,
algum nível de poder, prazer em executar o seu trabalho e liberdade na forma de
trabalhar. Por fim os clientes buscam das empresas produtos e serviços de interesse
com uma relação custo/benefício justa, um atendimento adequado, amparado por
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RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE
ÚNICA
uma estrutura que forneça os produtos ou serviços de forma eficiente, apresentando
garantia dos mesmos.
Assim o Processo de Trabalho se articula entre seus diversos componentes, sejam
concretos ou subjetivos, e cada um dos polos do processo de trabalho: Trabalhador e
Empresa buscam resultados e benefícios específicos, e é na comunhão do atendimento
destes benefícios maximizado para as duas partes é que se apresenta a atuação da
ergonomia.
Sob o enfoque apresentado na Figura 2, podemos destacar o processo de trabalho
para análise pela ergonomia:
Originário da Empresa:
1. O objetivo, a missão e a visão da empresa, vão indicar qual o seu
mercado, e o perfil ideal de trabalhador.
2. A localização da empresa, a disponibilidade de equipamentos
condizentes com a atividade econômica proposta pela empresa, a
hierarquia, o sistema de comunicação interna entre trabalhadores,
softwares e sistemas de informática utilizados, e política salarial são
variáveis que influenciam sobremaneira os processos trabalho a serem
implantados, e por consequência o trabalhador que será contratado.
3. Tempo de realização do processo produtivo: horário comercial, turnos,
trabalho noturno, regime de plantão, tal processo também influencia
na execução do processo produtivo por parte dos trabalhadores, e
ainda com relação a tempo, temos a questão da cadência, que é o
tempo ou melhor as escalas de unidades de tempo para a execução
de uma atividade ou na produção de um produto.
4. E finalmente o ambiente que é oferecido pela empresa para a
execução das atividades: espaço, produtos utilizados, ventilação,
renovação de ar, ruído, temperatura, etc...
Tudo isso com a finalidade de a empresa buscar o maior volume de produção,
com a maior rentabilidade possível e com a melhor qualidade.
Originário do Trabalhador:
1. O seu perfil demográfico, isto é, sexo, idade, suas características físicas,
religião, determinarão o perfil de trabalhador que se deve coadunar com
a empresa. Apesar destes tempos de “Politicamente Correto”, a empresa
contrata quem mais se adere aos seus princípios e visão de mundo. Os
processos de entrevista são um filtro eficiente para somente entrar
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UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
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RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE
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b. Fisiologia;
c. Sexo;
d. Idade;
e. Formação acadêmica e profissional;
f. Experiência de vida e profissional;
g. Modo de envelhecimento (hábitos de vida).
2. Condições de Trabalho:
a. Postos de trabalho;
b. Equipamentos disponibilizados;
c. Layout de trabalho e da empresa.
3. Organização de trabalho:
a. Pressão temporal por resultado/produção;
b. Hierarquia organizacional da empresa;
c. Ritmo;
d. Atribuições de funções e cargos;
e. Natureza da tarefa;
f. Modus operandi;
g. Regras e normativos internos;
h. Legislação do setor econômico ao qual se insere a empresa.
4. Ambiente físico.
a. Existência de riscos físicos;
b. Existência de riscos químicos;
c. Existência de riscos biológicos.
Vale aqui uma constatação de mais de duas décadas atuam na fiscalização de saúde
no trabalho: quanto maior for a qualificação do trabalhador e mais essencial for a sua
presença, maior é o incentivo a empresa promover as melhores condições de trabalho
para este trabalhador, fazendo com que a ergonomia seja aplicada em todas as suas
variáveis, incluindo as cognitivas de apelo mais forte para trabalhadores altamente
qualificados. Ao contrário, quanto mais básica for a atividade desenvolvida, isto é, a
exigência de qualificação profissional for baixa, menos se aplicam os princípios da
ergonomia, sendo mais econômico a substituição do trabalhador, do que a
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UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
Caracteristicas da População
Antropometria / Biometria
Fisiologia
Sexo
Idade Condições de trabalho
Formação / Escolaridade Postos de Trabalho
Experiência de vida / profissional Equipamentos disponibilizados
Modo de envelhecimento Lay out do local de trabalho / empresa
Organização do trabalho
Ambiente físico Pressão temporal por produção
Ruído Hierarquia
índice de iluminância Ritmo
Vibração Atribuições de funções e cargos
Temperatura Natureza da tarefa
Exposição a Gases / químicos Modus operande
Regras e normativos internos
TAREFA E ATIVIDADE
Quando falamos: tenho de realizar uma tarefa ou tenho de fazer uma atividade,
algumas vezes distinguimos como tarefa como algo obrigatório e atividade não
obrigatório, mas na maioria dos casos tratamos as duas como sinônimos. Para a
ergonomia são coisas completamente distintas, diferentes. A tarefa é o paraíso, o ideal
de produção, a atividade a marca pessoal de como o trabalhador executa a sua tarefa,
e é na distância que existe entre esses dois pontos que se dá o processo real de
trabalho.
TAREFA
A tarefa é entendida como conjunto de prescrições, normas e regras. Ela define e
estabelece aquilo que o trabalhador deve fazer para produzir bens e serviços sob
determinadas normas de qualidade/quantidade, valendo-se de equipamento e
ferramentas específicas. Deve-se ressaltar que a tarefa em si não é o trabalho; ela é o
constrangimento a que o trabalhador é submetido para exercer sua atividade; enfim, é
o quadro preestabelecido para que o trabalhador faça a sua atividade; ela autoriza a
atividade e impõe os objetivos que o trabalhador deve alcançar.
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RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE
ÚNICA
Fazem parte da tarefa TODOS os materiais e instrumentos disponibilizados pela
empresa para que o trabalhador execute seu trabalho. A organização dos horários de
trabalho, da jornada, dos repousos também está prevista na tarefa.
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UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
Para estar de acordo com a Norma, uma cadeira operacional deve atender às
seguintes medidas:
Profundidade do assento:
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RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE
ÚNICA
e4 Largura do apoia-braço 40 ––
Projeção da pata:
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UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
DIVISÃO DO TRABALHO
O.C.T.
CONTROLE E EXECUÇÃO
ATIVIDADE
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RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE
ÚNICA
As dimensões da atividade Os condicionantes da atividade
A atividade não é neutra, ela engaja e transforma aquele ou aquela que executa
(TEIGER, 1992).
O desempenho da atividade na situação de trabalho acarreta
transformações no indivíduo que podem refletir em diferentes
esferas de sua vida, na saúde, na relação com os outros e na
própria relação com o trabalho. Estas transformações se
devem, entre outros fatores, ao desgaste provocado pelo
trabalho, assim como às competências construídas a partir das
experiências adquiridas (ABRAHÃO, 2009).
Devemos considerar que a dinâmica própria do indivíduo no processo de trabalho
modifica as tarefas, mas estas também são modificadas por diversos fenômenos, tais
como a sua competência, a sua saúde, os meios de trabalho disponíveis e o próprio
desempenho do trabalhador em determinado espaço temporal.
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UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
DA TAREFA À ATIVIDADE
Da tarefa à atividade
População de trabalhadores
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RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE
ÚNICA
sociais). Ainda hoje é comum buscar o trabalhador adaptado ao posto de trabalho e
não adaptar o posto ao trabalhador.
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UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
Variabilidade Variabilidade
interindividual intraindividual
Estratégias operatórias Ciclo Circadiano
Aprendizagem Aprendizagem
Efeitos do meio
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RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE
ÚNICA
considerado como o insucesso de uma ação que é influenciada diretamente pelo
ambiente.
O erro, de forma geral, pode ocorrer em tarefas controladas, denominando-se engano,
ou em tarefas automatizadas (não quer dizer que sejam realizadas por autômatos),
denominando-se lapso.
Engano ocorre falha quando realizamos um processamento controlado. Ex.:
vemos uma diretriz para virar à direita e viramos à esquerda; vemos um endereço e
escolhemos a direção errada.
Lapso ocorre falha no processamento automatizado. Ex.: clicar em tecla
diferente do comando solicitado; errar a marcha quando dirigimos um carro.
Um conceito clássico, mas de aplicação falha e imprecisa ainda muito utilizado na
ergonomia, é o conceito de carga de trabalho, que aparece na literatura e em textos
técnicos como carga física, carga mental ou carga psíquica. Assim, a sua abordagem
moderna se dá apenas no campo simbólico e não como atributo de medida, pois
como, em função do já colocado neste estudo, poderíamos definir carga de trabalho
leve ou pesada? Ao se falar de carga de trabalho, temos a ideia de excesso de
carga/sobrecarga no processo de trabalho, seja de ordem fisiológica/física, seja de
ordem mental.
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UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
CAPITULO 3
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RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE
ÚNICA
Em uma de minhas inspeções, identifiquei uma
grande empresa, com grande credibilidade no mercado em que
atua, e, apesar da liberdade de atuação que dava a seus
funcionários fim, mantinha um serviço próprio de telemarketing/
teleatendimento, em que as trabalhadoras (não existiam homens)
tinham, em cada “baia”, um balão de determinada cor. Eram
aproximadamente 24. E na mesa do supervisor existiam mais três
conjuntos de balões com cores diferentes, com dois conjuntos com
número bem inferior ao número de “baias” existentes. Ao fazermos
a investigação, descobrimos que cada cor tinha uma lógica: balão
vermelho era destinado à autorização para ir ao banheiro. Havia 3
balões e somente este número estava autorizado a se valer do uso
do banheiro, e, quando a trabalhadora voltava, o balão não poderia
ser retirado por outra trabalhadora por determinado período de
tempo (havia carência). Havia 6 balões para liberar para o lanche e
pausa de descanso na mesma lógica do vermelho, e 24 balões da
cor branca que indicavam quem estava gastando mais tempo que o
recomendado para o atendimento aos clientes (constrangimento
moral). Esta empresa possuía CIPA, SESMT completo e se permitia
uma organização de trabalho absurda, em que se podava o direito
de ser da própria trabalhadora.
Ademais, deve-se considerar que sempre houve uma organização do trabalho prescrita
(estabelecida) e a outra real. Na real, além das variabilidades intraindividuais, devem-
se considerar as regras não escritas entre os trabalhadores presentes na organização
de trabalho e a sua hierarquia efetiva.
Numa lógica ergonômica a abordagem da organização do trabalho é baseada em uma
visão prática dos sistemas de produção e não de uma abordagem puramente teórica,
pois nas organizações teóricas a organização do trabalho não permite o progresso do
sistema organizacional e na maioria das empresas, há uma confusão entre
ferramentas destinadas a prever pelo cálculo um primeiro dimensionamento dos meios
de trabalho e a utilização dessas ferramentas para controlar o trabalho real.
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UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
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RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE
ÚNICA
Mas a organização do trabalho, apresenta pela lógica da ergonomia, um conjunto de
conflitos, que prejudicam sobremaneira o processo produtivo. Que de forma geral
podemos dividi-los em quatro categorias:
Problemas de coletivo;
Problemas de conflito;
Problemas de autoridade;
Problemas de poder.
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UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
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RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE
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Comunicação:
o E o acesso as informações gerenciais, influencia sobremaneira nas
relações entre os membros do coletivo e pode ser caracterizada
segundo três critérios:
O número de comunicações – como ocorre a comunicação entre
os planos hierárquicos? Chega a todo mundo de forma
homogênea? Ou é o império do “rádio corredor”?;
A intensidade das trocas - as comunicações são criveis, e
representam a realidade ao qual está inserido a empresa em
determinado momento? Permite que haja um retorno do
sentimento com relação as comunicações efetivadas (feedback)?
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UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
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RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE
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de um (qualquer semelhança com o serviço público em geral é
mera coincidência)
Pessoas altamente qualificadas, por sua vez, faz com que a
empresa deva abrir um canal de comunicação específico, isto é,
devem estar preparadas para uma lógica de negociação, onde a
remuneração não será o único tema de acordo, incluindo o
ambiente e as condições laborativas e os benefícios indiretos.
Tal procedimento deve ficar muito claro e transparente, pois se
estes profissionais altamente qualificados compartilhar postos
de trabalhos de “trabalhadores comuns”, pode criar sérios
conflitos entre estes e os altamente qualificados.
Os problemas de conflito, por sua vez, dizem respeito a características individuais, aos
dogmas e crenças pessoais dos trabalhadores, e podemos subdividi-los em:
Conflitos intraindividuais:
o Os conflitos intraindividuais no trabalho envolvem os problemas
individuais do trabalhador de subvalorizarão em relação aos colegas ou
grupos dentro da organização. Para encará-los algumas ações são
preconizadas:
Atribuir títulos valorizantes ao trabalhador, para que amplie sua
autoestima e nãos e sinta executando uma função de baixa
importância para organização;
Estabelecer ou criar postos de trabalho, onde se preveem uma
grande variedade de funções, com o enriquecimento do número
de tarefas distintas e uma polivalência de cargos – posso citar o
exemplo do operador de supermercado nível I. Antigamente, era
comum que nos supermercados e contrata-se trabalhadores para
determinadas funções: caixa, repositor de estoque, controlador
de perdas, etc... Com isso os postos de trabalho eram
estanques, não permitindo uma grande variabilidade de tarefas a
serem executadas pelo trabalhador. Com a criação do operador
de supermercado nível I, englobando todas estas funções,
permitiu-se uma rotatividade dos trabalhadores e um melhor
aproveitamento do mesmo com mitigação dos conflitos
41
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
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RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE
ÚNICA
Para promover a mitigação e o bem enfrentamento deste conflito, podemos:
Colocar os indivíduos em situações nas quais a cooperação entre eles seja
indispensável para alcançar os objetivos;
Criar meios e oportunidades de comunicação na equipe/empresa;
Intervir como consultor na comunicação;
E, Ajudar na reestruturação dos serviços e funções.
43
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
Poder: é a capacidade de obrigar alguém a fazer alguma coisa que, normalmente, não
seria feito se não houvesse esta obrigação;
Autoridade: é o poder reconhecido como legítimo pela lei, costume, respeito ou
consenso.
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RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE
ÚNICA
era autoridade conferida aos mais velhos, pela experiência adquirida. Ser uma
“autoridade” num determinado assunto, isto é a sociedade chancela o
conhecimento daquela pessoa frente a determinada temática.
A legitimação legal: quando a devoção e a crença não servem mais de suporte
a autoridade, a legitimação pode se apoiar em regras racionalmente
estabelecidas – no caso de servidores públicos publicação da assunção do
cargo em Diário Oficial, e no caso de empresas privadas a contratação para
determinado cargo.
Mas temos que a autoridade não se confunde com liderança, pois a autoridade pode
ser exercida de diversas formas de liderança.
A literatura separa em cinco tipos diferentes de liderança, cada qual com estilos
diferentes: diretivo; negociador; consultivo; participativo e delegador. Não havendo
uma liderança melhor que a outra, tudo dependerá nos lócus ocupacional/laboral que
se encontra a liderança. Senão vejamos:
45
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
TAYLORISMO E FORDISMO.
Organização do trabalho do binômio: Taylor & Ford do Trabalho, que trabalha com
as seguintes premissas:
46
RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE
ÚNICA
Sempre existe uma maneira otimizada de realizar uma tarefa e deve- se
obtê-la, ao se examinar a realidade do trabalho, separando o planejamento
da própria execução do trabalho;
Faz-se a seleção dos melhores operários para execução de cada tarefa,
conforme estabelecido no planejamento científico da tarefa, promovendo na
sequência o treinamento e o desenvolvimento do trabalhador;
Que o único interesse do trabalhador é maximizar seus ganhos monetários,
assim deve se implantar remunerações variáveis – produtividade, para
somente remunerar a mais aquele que mais produz, independentemente de
suas condições orgânicas e psicológicas;
O trabalhador deve ficar alheio a sua importância no processo produtivo,
evitando-se, portanto, a formação de grupos de trabalho.
Princípios da Organização Taylorista do Trabalho: A organização/empresa é um
sistema fechado, determinístico, podendo-se separar o planejamento das
ações/execuções. Transforma o ser humano em mais um insumo, pois só interessa
seus gestos e movimentos – foi nivelado como uma máquina, e muitas vezes mais
substituível que a própria máquina.
Henry Ford amplia e aprofunda o trabalho de Taylor, por meio da implantação da linha
de montagem e a imobilização dos trabalhadores em seus postos de trabalho.
Assim a segmentação dos gestos do taylorismo concretiza-se na super segmentação
das tarefas, sendo número de postos de trabalho multiplicado, fazendo com que cada
posto de trabalho abrangendo o menor número de tarefas possíveis. O sistema torna
as organizações mecânicas e administrá-las significa apenas fixar metas e estabelecer
formas de atingi-las. Deve-se organizar tudo de forma racional, clara e eficiente,
detalhar todas as tarefas e, fundamentalmente promover o controle do processo
produtivo.
Esta teoria foi construída com base nas experiências de ELTON MAYO. A escola das
relações humanas deu ênfase ao homem e ao clima psicológico de trabalho,
enfatizando a necessidade do trabalhador pertencer a um grupo, considerando suas
expectativas a organização e liderança informais e a rede não convencional de
comunicações. A grande falha desta escola é que a mesma não confronta a
organização taylorista, provocando apenas ajustes marginais, com relação ao homem
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UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
ABORDAGENS SISTÊMICAS.
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RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE
ÚNICA
estabelecimento de indicadores de avaliação e a realização da própria
avaliação;
recomendações.
Abordagem contingencial.
Como na abordagem sistêmica, a organização é considerada um sistema aberto,
ocorrendo um complexo inter-relacionamento entre as variáveis (entre si e com o meio
ambiente) – tendo como parâmetro que as variáveis ambientais funcionam de forma
autônoma, enquanto as variáveis organizacionais são dependentes do ambiente.
Na teoria da contingência, há a rejeição completa aos conceitos organizacionais rígidos
e universais, devendo toda a ação ser adaptada aos diagnósticos executados e
analisados. A teoria pode ser aplicada em inúmeras situações da organização,
principalmente naquelas que possuem um forte componente comportamental.
Segundo esta teoria os fatores que definem a organização do trabalho são:
Os procedimentos técnicos de produção;
As características dos RHs disponíveis;
Os grupos sociais existentes;
As relações sociais existentes entre esses grupos e suas estratégias.
Neste início de século XXI, está-se exigindo cada vez mais do trabalhador, tornando-o
polivalente, compromissado com a organização empresarial, com qualificação técnica
atualizada em sua área de atuação, que favoreça a sua capacidade de diagnóstico, de
antecipação de riscos e decisão. Exige-se ainda a aquisição de competências no modo
de “saber ser”, “saber fazer” e “saber pensar”.
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UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
Lembramos, por oportuno, que uma organização do trabalho pode provocar nos
trabalhadores nela inseridos incapacidade de superar obstáculos do cotidiano,
“concretizados” por meio de doenças relacionadas ao trabalho, insatisfação e
frustração.
Variabilidade inter e
Trabalhador médio
intraindividual
A CONTRIBUIÇÃO DA ERGONOMIA.
A ergonomia pode contribuir na definição da organização do trabalho evidenciando os
seguintes aspectos:
Na atuação dos problemas ambientais, tanto externos como do ambiente de
trabalho e de procedimentos técnicos que se usa no processo produtivo;
Na atuação dos macroprocessos organizacionais – hierarquia/organograma,
determinação dos postos de trabalho;
No estabelecimento do perfil de trabalhador desejado e na atuação dos
disponíveis, adequando-se o ambiente na capacidade do possível;
50
RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE
ÚNICA
Na avaliação e diagnóstico do sistema organizacional implantado – com
suas vantagens e constrangimentos;
Permissão de uma evolução contínua do sistema organizacional
implantado.
Na explicitação das determinantes do conjunto tarefa/atividade, indicando as
necessidades de flexibilidade da organização do trabalho, para encarar a variedade e a
variabilidade existente no processo produtivo, e no ambiente que cerca o mesmo, além
das disfunções do sistema de produção; nas necessidades de insumo, de manutenção
preventiva e ações de manutenção corretiva; no gerenciamento de material e da
documentação gerada pela organização.
A ergonomia ainda ajuda a determinar as necessidades em matéria de regulação
estrutural (atividades no conjunto do sistema de produção).
CONCLUSÃO
A ergonomia propõe algumas recomendações gerais, para a organização do trabalho:
Os objetivos da Organização do Trabalho para cada posto de trabalho
existente;
A Organização do Trabalho deve favorecer a antecipação das diversas
disfunções, existentes no processo produtivo, inclusive mitigando ou
eliminando possíveis riscos ambientais – físico, químico, biológico ou
mecânico;
A Organização do Trabalho deve permitir um contínuo progresso das
estruturas organizacionais, assim como das competências e habilidades dos
diferentes trabalhadores;
Enfim a Organização do Trabalho deve propiciar um ambiente saudável
para o ser humano.
Critérios utilizados pela ergonomia para avaliar as diferentes soluções organizacionais
propostas:
Condicionantes temporais imediatas;
Condicionantes dos horários de trabalho: escala cotidiana, semanal, mensal
e anual de rolamento das equipes;
Efeitos sobre a alimentação, sono, transporte e vida social;
Condições organizacionais do trabalho sob atuação da ergonomia:
Possibilidades de modificar a alocação de recursos (materiais e humanos), na
ocorrência de um problema;
51
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
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RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE
ÚNICA
Conhecimentos teóricos: conhecimento declarativo, do tipo saber.
Conhecimento explícito adquirido pelo texto;
Conhecimentos práticos: conhecimento procedural, do tipo saber-fazer.
Conhecimento tácito adquirido pela descoberta.
As comunicações de trabalho:
Compatibilidade entre os diferentes “modelos mentais”;
Cada comunicação se inscreve no curso de ação de cada interlocutor;
Disposição dos meios de comunicação: proximidade, visibilidade e
acessibilidade;
Concepção dos meios de comunicação.
53
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
CAPÍTULO 4
ERGONOMIA FÍSICA
As medidas que compõem o corpo humano, assim como os seus movimentos são
abordados pelos conjuntos destas três disciplinas: antropometria, biometria e
biomecânica.
A antropometria é o estudo das medidas do corpo humano e das diversas proporções
de suas partes e o registro das particularidades físicas dos indivíduos da espécie
humana (medidas, impressões digitais etc.).
A antropometria pode ser estática, dinâmica ou funcional.
A antropometria estática diz respeito a proporcionalidade das medidas do corpo
humano, nas figuras 11 e 12, temos a proporcionalidade normal de um ser
humano entre os diversos componentes do seu corpo. Tais dados são
fundamentais para determinar a necessidade de uso de insumo para a produção
de algum produto que o trabalhador venha a usar ou vestir ou calçar. No
exemplo abaixo temos que o comprimento do braço representa 56,9% da altura,
tal medida é fundamental para determinar a profundidade de uma mesa de
trabalho por exemplo, tornando-a eficiente.
54
RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE
ÚNICA
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UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
BIOMECÂNICA
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ÚNICA
No trabalho dinâmico ou movimento dinâmico, isto é onde ocorre alterações temporais
entre contrações e relaxamentos4 pode ser dividido em:
» trabalho físico local: que provoca o movimento dinâmico de apenas
alguns grupos musculares – menos de 1/3 da massa muscular do
organismo, que não provoca um consumo elevado de oxigênio em
relação à capacidade máxima.
» trabalho físico geral: que provoca o movimento dinâmico de mais de 2/3 da
massa muscular.
O consumo excessivo de oxigênio, provocando deficiência das trocas gasosas no
pulmão, provoca a fadiga.
4 Bomba hidráulica.
5 LAVILLE, Antonie, 1977.
57
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
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ÚNICA
Figura 13 – Efeito da repartição das pausas sobre a capacidade de trabalho (segundo KARRASCH, K.,
apud LEHMAN, G. Physiologie pratique du travail. Paris: Leis Editions d’Organisation. 1955.
59
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
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RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE
ÚNICA
O National Institute for Occupational Safety and Health ou NIOSHI (Instituto Nacional
de Segurança e Saúde Ocupacional), recomenda para levantamento de cargas a
seguinte equação:
PRL = 23 X (25/H) X (1-0,003/(v – 75)) X (0,82 + 4,5/D X (1 – 0,0032 X A) X F X C,
ONDE:
PRL = peso limite recomendável;
H = distância horizontal entre o indivíduo e a carga;
V = distância vertical na origem da carga (posição das mãos) em cm;
D = deslocamento vertical, entre a origem e o destino, em cm;
A = ângulo de assimetria, medido a partir do plano sagital;
F = frequência média de levantamentos em levantamentos/min;
C = qualidade da pega.
61
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
BIOMETRIA
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RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE
ÚNICA
insumos desnecessários ou o pagamento de benefícios fornecidos pelo Estado, ou
ainda segurança para sistemas privados que se exige identificação do usuário de
forma remota.
Como exemplo, podemos citar a indústria espacial, em que as peças são otimizadas
para cada tripulante para que sejam criadas condições melhores de espaço e peso de
transporte orbital. Na indústria automobilística, temos como exemplo a distância entre
o banco e o volante, que é determinada pela estatística média da população.
Assim, para tratar de forma adequada a antropometria/biometria, é necessário:
» definir a natureza das dimensões antropométricas exigidas em cada situação;
» realizar medições para gerar dados confiáveis; » aplicar adequadamente
esses dados.
Características
63
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
Figura 17 – Comparação entre medidas dos pés dos brasileiros e dos europeus.
64
RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE
ÚNICA
A produção de qualquer item que vai ser manipulado pelo ser humano exige dimensão
pela média da população ou por seus extremos e, em caso de maior demanda do
produto, é possível a divisão por faixa etária da população, podendo o produto
apresentar dimensões reguláveis, implicando maior custo. Quanto maior a
padronização, menor o custo de produção.
Cabeça 6a8
Tronco 40 a 46
Membros superiores 11 a 14
Membros inferiores 33 a 40
65
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
CAPÍTULO 5
ERGONOMIA COGNITIVA
Na doutrina espírita, tem uma expressão de Francisco Cândido Xavier que diz:
Pensamento é vida. Pois o pensamento, prepara a ação – a ação prepara ou realiza a
atividade – a atividade faz o produto/ou serviço – o produto ou serviço afeta a vida. A
forma como flui o pensamento e como este pensamento é construído determina as
idiossincrasias individuais de cada ação.
66
Ao pensarmos num projeto, com base na ergonomia cognitiva, para equacionar,
mitigar ou eliminar a possibilidade de ocorrência de erro humano, a primeira grande
variável – pois lembre-se que a ergonomia é uma ciência prática – é a sustentabilidade
econômica da solução. Evitar soluções com custos absurdos econômicos, que nãose
sustentem econômica e financeiramente, ou que gerem controles e supervisões
completas –aí é melhor em pensar em redirecionar todo o processo produtivo. E deve-
se considerar ainda que a solução não pode opor-se a integridade física, mental e
espiritual do trabalhador, e menos ainda na condenação ou na sabotagem da
tecnologia proposta ou utilizada.
SINAL
Processo
perceptivo
DETECÇÃO
Mensagens
Memória de IDENTIFICAÇÃO
curto prazo
Regras e
Processo
registros
INTERPRETAÇÃO cognitivo
Processo motor
AÇÃO
67
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
68
para ser usada para mistificações e deturpações, com relação ao pensamento – como
apresentar máquinas que pensem e tenham inteligência própria.
Considerando que esta inteligência artificial ainda está em fase embrionária –
principalmente com relação as questões de segurança, haja vista os acidentes com os
carros autônomos do Google e do Tesla, e dos acidentes aéreos envolvendo a Airbus,
tem-se migrado para sistemas que não sejam plenamente autônomos, mas sim
assistentes do trabalhador, apoiando a tomada de decisão efetivada por este,
garantindo sempre o poder de decisão do trabalhador, isto é, o assistente oferecerá
sempre mais de uma opção e a escolha desta opção dependerá o tipo de raciocínio
efetivado pelo trabalhador.
69
69
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
CAPÍTULO 6
POSTURAS DE TRABALHO
70
sanguínea impõe a todas as partes do corpo situadas a uma altura
diferente da do coração. Entretanto, boas condições hidrodinâmicas
não se relacionam, obrigatoriamente, com uma postura correta. Desse
modo, a postura em pé e curvada atenua as limitações, mas provoca
alongamento dos ligamentos invertebrados e grandes pressões sobre a
parte anterior às vértebras;
» eletromiografia e eco miografia permitem avaliar o grau de contração dos
músculos para monitorar as mudanças na morfologia, espessura, contração-
relaxamento cinética e perfusão elétrica, colocando em evidência sinais
objetivos de fadiga muscular, mas não pode ser aplicada ao conjunto dos
músculos ativos na manutenção de uma postura;
» os critérios subjetivos são importantes e não devem ser negligenciados mesmo
que só permitam a organização de uma escala de dificuldades entre as
diferentes posturas.
subjetivamente (SCHIMIDT, 1969).
71
Figura 19 – Custo energético e aumento da frequência cardíaca de repouso para posturas classificadas
71
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
Figura 20 – Classificação das posturas de acordo com a duração das posturas – OWAS.
72
73
7
Adaptado do livro Doenças relacionadas ao trabalho – Ministério da Saúde.
73
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
Isto é, a ação passa pela não utilização do produto ou insumo, pela proteção coletiva
e, em último caso, pela proteção individual, com uso de equipamentos de proteção
ambiental.
A cadeia de transmissão do risco deve ser quebrada o mais precocemente possível.
Assim, a hierarquia dos controles deve buscar, sequencialmente, o controle do risco na
fonte, por meio da concepção da organização do trabalho inserida nos projetos de
engenharia e de design para se valer deste produto, nos projetos de embalagem e de
composição do produto; o controle na trajetória (entre a fonte e o receptor) e, no caso
de falharem os anteriores, o controle da exposição ao risco do trabalhador, por meio
de EPIs, equipamentos de proteção individual, nos equipamentos, instrumentais e
ferramental disponibilizados para a sua manipulação. Quando isso não é possível, o
que frequentemente ocorre na prática, o objetivo passa a ser a redução máxima do
agente agressor, de modo a minimizar o risco e seus efeitos sobre a saúde.
A informação e o treinamento dos trabalhadores são componentes importantes das
medidas preventivas relativas aos ambientes de trabalho, particularmente se o modo
74
de executar as tarefas propicia a formação ou dispersão de agentes nocivos para a
saúde ou influencia as condições de exposição, como, por exemplo, a interação em
relação à tarefa/máquina, homem/atividade, a possibilidade de absorção por meio da
pele ou ingestão, o maior dispêndio de energia, entre outros.
As estratégias para o controle dos riscos devem visar, principalmente, à prevenção,
por meio de medidas ergonômicas de processo que introduzam alterações
permanentes nos ambientes e nas condições de trabalho, incluindo máquinas e
equipamentos automatizados que dispensem a presença do trabalhador ou de
qualquer outra pessoa potencialmente exposta. Dessa forma, a eficácia das medidas
não dependerá do grau de cooperação das pessoas, como no caso da utilização de
EPI.
O objetivo principal da tecnologia de controle deve ser a modificação das situações de
risco, por meio de projetos adequados e de técnicas de engenharia e/ou ergonômicas
que:
» eliminem ou reduzam a utilização ou a formação de agentes prejudiciais
para a saúde, como, por exemplo, a substituição de materiais ou
equipamentos e a modificação de processos e de formas de gestão do
trabalho;
75
» previnam a liberação de tais agentes nos ambientes de trabalho, como,
por exemplo, sistemas fechados, enclausuramento, ventilação local
exaustora, ventilação geral diluidora, armazenamento adequado de
produtos químicos, entre outros;
» reduzam a concentração desses agentes no ar ambiente, como, por exemplo,
a ventilação local diluidora e limpeza dos locais de trabalho.
Todas as possibilidades de controle das condições de risco presentes nos ambientes de
trabalho por meio de equipamentos de proteção coletiva (EPC) devem ser esgotadas
antes de se recomendar o uso de EPI, particularmente no que se refere à proteção
respiratória e auditiva. As estratégias de controle devem incluir os procedimentos de
vigilância ambiental e da saúde do trabalhador. A vigilância em saúde deve contribuir
para a identificação de trabalhadores hipersensíveis e para a detecção de falhas nos
sistemas de prevenção. A informação e o treinamento dos trabalhadores são
componentes essenciais das medidas preventivas relativas aos ambientes de trabalho,
particularmente se o modo de executar as tarefas propicia a formação ou dispersão de
agentes nocivos para a saúde ou influencia as condições de exposição.
Sumariando, as etapas para definição de uma estratégia de controle incluem:
75
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
76
» aumento da participação real dos trabalhadores nos processos decisórios
da empresa e facilidades para sua organização;
» enriquecimento das tarefas, eliminando as atividades monótonas e repetitivas
e as horas extras;
» estímulo a situações que permitam ao trabalhador o sentimento de que
pertencem e/ou de que faz parte de um grupo;
» desenvolvimento de uma relação de confiança entre trabalhadores e demais
integrantes do grupo, inclusive superiores hierárquicos;
» estímulo às condições que ensejem a substituição da competição pela
cooperação.
Tabela 11. Medidas de proteção à saúde e prevenção de doenças e agravos
relacionados ao trabalho aplicáveis aos processos e ambientes de trabalho e ao
trabalhador.
Tipo e Nível de Medida Exemplos
Aplicação
Substituição do agente ou Substituição de matérias-primas, produtos
substância tóxica por outra intermediários ou reformulação dos
menos lesiva ou tóxica. produtos finais. Ex.: substituição do
Sempre que houver a benzeno, substância cancerígena, nas
substituição ou introdução de misturas de solventes, pelo xileno ou 77
um material ou substância tolueno, de menor toxicidade.
nova, é importante considerar Substituição de partes ou processos inteiros,
a possibilidade de impactos maquinaria e equipamentos por outros que
sobre a saúde do trabalhador ofereçam menos risco para a saúde e
e o ambiente, para que não segurança dos trabalhadores. Ex.: a
haja uma simples troca da substituição do emprego de jateamento de
situação de risco. areia para limpeza de peças por limalha de
ferro.
Eliminação e controle
das condições de risco Instalação de dispositivos destinados a
para a saúde. melhorar as condições gerais físicas dos
ambientes. Ex.: sistemas de exaustão e
ventilação do ar, redesenho de máquinas e
equipamentos, enclausuramento ou
segregação de máquinas ou equipamentos
Instalação de dispositivos e
que produzem ruído excessivo, ou radiação,
controles de engenharia.
ou de processos e de atividades que
São mais factíveis do que a
apresentem risco potencial para a saúde e a
substituição de materiais.
segurança dos trabalhadores, como a
eliminação de poeiras ou substâncias
tóxicas.
Manutenção preventiva e corretiva de
equipamentos e processos também são
recursos de controle de engenharia.
77
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
78
dos exames periódicos de saúde. A
legislação trabalhista vigente NR no 7)
disciplina o PCMSO, estabelecendo os
parâmetros para um programa de saúde e
não simplesmente a emissão de atestado
médico de saúde.
A vigilância em saúde do trabalhador
visando à detecção precoce de alterações ou
agravos decorrentes da exposição a
condições de risco presentes no trabalho é
importante para a identificação de medidas
de controle ainda não detectadas ou de
falhas nas medidas adotadas.
Rastreamento, Em geral, no âmbito das empresas, esse
monitoramento e vigilância. monitoramento é feito por exames
periódicos de saúde, que devem ser
programados considerando as condições de
risco a que estão expostos os trabalhadores.
A investigação de efeitos precoces em
grupos de trabalhadores sob condições
específicas de risco deve ser realizada por
meio de estudos epidemiológicos.
Fonte: Doenças relacionadas ao trabalho – Ministério da Saúde.
79
79
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
CAPÍTULO 7
AÇÃO ERGONOMICA
80
Figura 23. Interdisciplinaridade da ergonomia (Hubault 1992, modificado por Vidal 1998)
A ação ergonômica se caracteriza como uma ação dinâmica, que parte das definições
inicialmente delineadas pela empresa – Visão e missão, principalmente, mas também
deve incluir a análise de seu mercado consumidor.
81
Após esta avaliação previa, e de uma ANÁLISE ERGONOMICA DO TRABALHO
(diagnóstico do processo produtivo), vai construindo um campo de intervenções no
mesmo, definindo cada ação. Todo este trabalho pode ser estabelecido por um
fluxograma que evitará perigosos atalhos causadores de insucesso e identificará os
possíveis caminhos críticos para a sua execução.
As maneiras se atuarem em determinada situação ergonômica, faz com que se aplique
3 tipos de ações complementares: ergonomia de abordagem; ergonomia de
perspectiva; e ergonomia de finalidade, sendo assim subdivididas – figura 24
81
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
Ergonomia de produto
Ergonomia de produção
Abordagem
Ergonomia de intervenção
Perspectiva
Ergonomia de Concepção
Ergonomia
Ergonomia de Correção
Ergonomia de Enquadramento
Ergonomia de Remanejamento
Finalidade
Ergonomia de Modernização
Figura 24. Divisões da Ergonomia – Vidal 2000
Itiro lida, por muitos considerado o pai da ergonomia nacional, faz uma separação
forte entre ergonomia de produto e uma ergonomia de produção. Na ergonomia de
produto tem como objetivo a incorporação de recomendações ergonômicas no projeto
e desenvolvimento de equipamentos e ferramentas diversas(utensílios, vestuário,
mobiliário), enquanto que na ergonomia de produção, é focada na realização de
projeto de sistemas de trabalho(normas, ambientes, procedimentos e demais
elementos organizacionais exemplificando a ergonomia de produto: pensar
equipamentos com peças intercambiáveis, com uma arquitetura/designe que favoreça
a manutenção ou a reativação no menor tempo possível do equipamento sem a troca
completa do mesmo. No ambiente doméstico, hoje a maioria dos equipamentos,
principalmente, os eletrodomésticos, possuem um design ergonômico, e na esfera dos
escritórios, o conceito de mobiliário ergonômico é algo tão disseminado que chegam a
confundir móveis ergonômicos, como a ergonomia per si.
Por sua vez a ergonomia de produção, por seu turno, se volta para o entendimento
das condições reais
da atividade de produção. A ergonomia de produto terá facilitado a produção se os
equipamentos e seus acessórios tiverem sido concebidos dentro da observância de
preceitos ergonômicos.
Mas ainda assim resta a questão de entender o trabalho real, na transformação da
tarefa em atividade, no seio do processo produtivo
A diferença entre a ergonomia de concepção e a de intervenção, é o momento em que
ocorre a ação ergonômica – se a ação ocorre na etapa de elaboração do projeto do
82
processo produtivo, denominamos de ergonomia de concepção, mas se atua numa
situação existente, chamamos de ergonomia de intervenção.
A abordagem tem desafios práticos bem distintos e claros: no de ergonomia de
concepção as restrições são menores, pois é possível antecipar cada problema,
inclusive os riscos ambientais tradicionais: risco físico, químico e biológico. Já no caso
da ergonomia de intervenção, a margem de manobra é bem menor, pois várias
situações estão postas e economicamente pode ser inviável várias das soluções
propostas.
83
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
CAPÍTULO 8
ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO
84
4. não linearidade no método, podendo, ao se concluir uma etapa, retornar à
etapa anterior para complementar/buscar novos dados.
ANÁLISE DA DEMANDA
Análise da Tarefa
ANÁLISE DA DEMANDA.
85
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
86
› clima;
› alimentação.
87
CARACTERÍSTICAS DA POPULAÇÃO.
87
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
ANÁLISE DA TAREFA
8 ABRAHÃO, 2009.
88
demanda e prover-se de apoio para a demonstração e a comunicação com diferentes
interlocutores 9 . É importante analisar como a organização do trabalho influencia o
conteúdo das tarefas, moduladas, por sua vez, pelos trabalhadores.
Alguns aspectos devem ser destacados:
» Como é concebida a tarefa no processo de produção?
» O processo de produção é dividido em pequenas etapas e cada tarefa é
restrita?
» Está prevista a cooperação entre os colegas ou a ação deve ser
desenvolvida de maneira individual?
» A tarefa exige também o preenchimento de relatórios, o controle de
estoques, a programação no computador?
» Os modos operatórios estão predefinidos e devem ser seguidos à risca ou
podem ser alterados pelos próprios atores?
» As normas e os procedimentos são restritivos, há margem para mudanças?
» Trata-se de controlar um processo automático ou de uma tarefa em que há
grande manipulação de peças, produtos e ferramentas?
» Como é feito o controle da produção sob supervisão direta?
» Por meios eletrônicos?
89
» O controle é exercido pelos próprios trabalhadores?
» Faz parte da tarefa controlar os estoques, a qualidade?
» O tempo previsto é suficiente para a execução das tarefas?
» O trabalhador necessita fazer horas extras para atingir as metas de produtividade?
» Os horários e turnos são organizados de maneira a permitir repouso e vida familiar e
social condignos?
» Há tempo suficiente para se recuperar do cansaço ou de algum tipo de agressão?
» Está prevista margem para que se adotem comportamentos prudentes em situações
de risco?
» Há tempo para recuperar incidentes, ou alguma operação malsucedida, para mudar
o modo operatório, pois o insumo não é de qualidade adequada?
» O ritmo de produção pode ser alterado por necessidade/vontade do trabalhador ou
para dar conta de um evento (quantidade de produtos/ unidade de tempo)?
» Há tempo previsto para passagem de turno/plantões?
» Qual é a situação daqueles trabalhadores em relação aos outros na hierarquia?
» Pode-se conversar?
9 ABRAHÃO, 2009.
89
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
90
O trabalho do profissional de anatomia obedece a uma fila (na lógica
dos taxistas), onde cada cadáver é destinado para um único profissional
de anatomia, não havendo pré-seleção, isto é independente do peso e
da estatura do cadáver o mesmo é recepcionado e trabalho por um
membro da equipe de plantão, independente de gênero, altura e força
muscular. A lógica da divisão se aplica tanto para a sala de necropsia
como para o “podrão”.
Para iniciar o trabalho o mesmo se paramenta com Equipamentos de
Proteção Individual – EPI: calça, jalecos, gorros, luvas descartáveis e
óculos de proteção. Estes EPI’s são vestidos em frente a Sala de
Material e Vestígios – no corredor, e depois de vestido inicia-se o
trabalho. Neste momento o profissional de anatomia, pega a bandeja de
material esterilizado para realizar os seus procedimentos – com exceção
do Costotomo e da serra todos os demais materiais são individuais para
evitar contaminação de DNA.
O profissional de anatomia deve “pegar” o seu cadáver ou na câmara
fria ou que já foi destinado a sala de necropsia. No caso da câmara fria
o profissional de anatomia, faz o transbordo do cadáver para o carro de
transporte, independente da altura da gaveta da geladeira para o carro
e o transporta para a sala de necropsia. Ressalta-se que o mesmo atua
depois da atuação dos profissionais de radiologia.
Na sala de necropsia, inicia o processo de necropsia, acompanhado pelo
médico legista que orienta o profissional de anatomia, quais os órgãos e
tecidos que devam ser manipulados para subsidiar o laudo do mesmo
(médico perito).
O primeiro passo é promover a remoção de toda a roupa/vestimenta do 91
cadáver – caso não haja solicitação de parte destas vestimentas pelos
familiares, as mesmas são jogadas em lixeiras para encaminhamento
para incineração. Os bens de valor, encontrados com o cadáver
(relógios, correntes, anéis, dinheiro,...) são separados e guardados em
envelopes pardos – sem nenhuma limpeza previa, e armazenados em
um armário na sala de necropsia, até serem entregues aos familiares ou
responsáveis.
Antes da ação do médico perito em parceria com o profissional de
anatomia, o mesmo promove a pesagem do cadáver, fazendo o
transbordo individual, na maioria dos casos, do carro de transporte para
a balança e da balança novamente para o carro de transporte.
A sala é dotada de 3 mesas de necropsias, mas é comum o trabalho de
necropsia no próprio transporte de cadáver. Neste carro ou na mesa, o
profissional e anatomia faz todos os movimentos necessários, solicitados
pelo médico perito, inclusive com mudança de posição do cadáver: virar
de bruços e de lado.
O acesso aos órgãos internos é realizado por uma tesoura de poda (fig
02) ao invés do Costotomo (fig 03).
91
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1.3.Apoio.
Os profissionais de anatomia que estão de plantão e não estão
executando nenhuma atividade de necropsia ou de remoção, ficam à
disposição da instituição, na denominada Sala de Estar. Sala está
formada pela adaptação de um corredor, e mobiliada por um conjunto
de sofás (sem limpeza) e televisão. Ao final da sala se chega a área de
alimentação da equipe, que é conjugada com os armários para a guarda
de pertence pessoal e os equipamentos de uso em trabalho,
principalmente os calcados que se troca para a sala de necropsia ou as
botas fornecidas pela PCDF para ação externa. A limpeza das mesmas
fica a cargo de seus detentores – lavagem na própria instituição: lava
jato, banheiro ou na própria sala; dos profissionais que lavam, pois há
profissionais que não promovem a limpeza de suas botas e outros
utensílios de serviço.
A entrega do EPI é acautelado, isto é, a necessidade de troca ou
substituição de EPI, deve ser feita por meio de relatório especifico,
mesmo que o EPI, esteja vencido ou que já extrapolou seu prazo de
vida útil econômica determinado pela área técnica e de compras.
92
Não há nenhum controle da saúde ocupacional dos profissionais de
anatomia envolvidos.
Ergonomia Física
Ao se avaliar a metodologia OWAS para os profissionais de anatomia,
verifica-se que o mesmo possui a seguinte classificação: 2.1.1.3,
apresentando risco 3, para 60% de sua jornada. Traduzindo, o
profissional de anatomia, quando em realizando atividade de necropsia,
trabalha com o dorso inclinado (com movimento habituais de alavanca),
com os dois braços para baixo, com as duas pernas retas, promovendo
uma carga ou força acima de 20Kg. Sendo imprescindível a modificação
do modus operandi estabelecido, pois o risco a saúde dos profissionais é
patente.
A sala de necropsia tem deficiência de ventilação.
93
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Ergonomia Cognitiva
Os profissionais de anatomia têm ciência de sua importância, mas
acreditam que são desprestigiados como profissionais qualificados, uma
vez que suas demandas de melhoria de qualidade de vida no trabalho
não são atendidas (ou parcamente atendidas) e por não possuírem
autonomia, dependendo sempre de ordens superiores para a execução
de suas atividades.
Sentem que 40% do trabalho realizado é desperdiçado, devido a
ineficiência da ação do SVO – Serviço de Verificação de Óbito, que
estipula uma “franquia” de apenas 03 cadáveres tendo como causa
morte natural para recebimento por dia. Aos que são mortes naturais e
que não recepcionados pelo SVO, são necropsiados, mesmo não
havendo necessidade. Há uma reclamação generalizada, que as mortes
sob acompanhamento do SAMU, pois os médicos do SAMU não emitem
o atestado de óbito, sobrecarregando o serviço.
C onclusão:
Ambiente que podemos definir, como o porquê da existência do próprio
IML, sua função é fundamental, mas não tem a estrutura que necessita
para desenvolver de forma plena sua alçada de competência. Pequenas
falhas quando agregadas com outros riscos amplificam os riscos e
deterioram as condições de trabalho dos servidores ali expostos, além
de não garantir nenhuma segurança a sociedade, em caso de cadáveres
sem caracterização de causa mortis e que possa estar contaminado com
algum vírus letal – ebola por exemplo.
ATIVIDADES:
94
Temos até aqui duas questões para avaliação: O que é atender ao cliente? O que é
satisfazer o cliente?
Kátia realiza uma série de tarefas que são muito diferentes entre si, as
mais frequentes são:
1. trocar as mercadorias; 2. Emitir as notas fiscais; 3. Controlar a venda de cartão
da loja (novos associados); 4. Tirar dúvidas sobre promoções, produtos e serviços;
e 5. Embalar produtos para presentes.
Além disso, ela deve “zelar pelo posto de trabalho”, assegurar a
manutenção dos equipamentos, operar o sistema de som para transmitir recados
para o interior da loja. A frequência das tarefas varia tanto em função do dia do
mês quanto de datas especiais. Assim, no inicio de cada mês aumentam
significativamente o número de trocas de mercadorias, o uso do sistema de som e
as dúvidas sobre promoções. Próximo das datas comemorativas, a quantidade de
embalagens para presentes e a emissão de notas fiscais também aumentam. Para
dar conta destas variações sazonais são contratados trabalhadores por tempo
determinado. Mesmo assim aumenta o trabalho de todos, não dando tempo de
respirar. Algumas tarefas são atribuídas aos trabalhadores mais experientes e que
têm contrato por tempo indeterminado, como é o caso de Kátia (emissão de nota
95
fiscal, entrada no sistema). Em muitas situações, eles também ajudam aos que
chegaram interinamente, pois existe muita coisa para os de contrato por tempo
determinado aprender.
O serviço de atendimento ao cliente possui uma variação durante o dia.
Em períodos normais, o maior fluxo se situa entre as 11horas a 13 horas e entre as
18 e 20 horas. A jornada de trabalho da Kátia é de 8 horas e seu turno engloba o
horário noturno de pico descrito acima. No seu turno, outros três colegas também
atendem aos clientes. Segundo sua própria avaliação: “cada um faz a mesma coisa
de um jeito diferente”.
Suas principais queixas se relacionam ao que ela chama de “quantidade
de trabalho”. Ela diz que não consegue terminar uma tarefa sem ter outra para
fazer, e essa outra é frequentemente muito diferente da primeira. Os clientes na
sua avaliação, estão sempre com pressa, não gostam de fila, e em sua maioria são
muitos exigentes.
O pior de tudo, para Kátia, são as condições de trabalho:
1. O balcão de atendimento é muito baixo para a sua estatura; 2. O computador
muito útil, mas cria um monte de problemas, pois a interface do programa não é
95
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RESPOSTA
96
-análise da população de trabalho;
-definição das situações de trabalho a serem estudadas;
-descrição das tarefas prescritas, das tarefas reais e das
atividades;
-análise das atividades -elemento central do estudo;
-diagnóstico;
-validação do diagnóstico;
-recomendações;
-simulação do trabalho com as modificações propostas;
-avaliação do trabalho na nova situação.
97
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
98
1.2.6.2.1. Condições de Saúde:
1.2.6.2.1.1. Cansaço visual;
1.2.6.2.1.2. Dor na coluna lombar, nos ombros e nos pés;
1.2.6.2.1.3. Estresse;
1.2.6.2.1.4. Ansiedade.
1.2.6.2.2. Organização de Trabalho:
1.2.6.2.2.1. Excesso de trabalho;
1.2.6.2.2.2. Multitarefa por demanda sem controle dos
funcionários;
1.2.6.2.2.3. Ritmo de trabalho acelerado – pressão dos
clientes;
1.2.6.2.2.4. Condições de trabalho precárias – equipamentos e
mobiliário.
2. Análise Global da Empresa no seu contexto das condições, técnicas, econômicas e
sociais:
2.1. Não se pode avaliar a empresa, loja como um todo, apenas o setor em análise.
Verifica-se que a empresa reconhece a importância do setor para a
manutenção de sua atividade fim, pois promove uma seleção rigorosa para
99
atuar na área e nas épocas de maior movimento incrementa com
trabalhadores temporários. Mas é sensível que a preocupação da empresa
termina por aqui pois não há organização de trabalho planejada, cada um faz
do seu jeito, conforme palavras de Kátia.
3. Análise da População de Trabalho:
3.1. Trabalhadores que atuam no setor de atendimento ao cliente, que apresentam
turno de 8 horas, e que apresentam no mínimo superior incompleto (inferência
da situação da Kátia).
4. Definição das situações de trabalho a serem estudadas:
4.1. Serão avaliados todos os processos de trabalho sob a luz da NR17, nos
aspectos contidos no item 17.1.1.
5. Descrição das tarefas e atividades:
5.1. Tarefas:
5.1.1. Não há descrição das tarefas, somente a ordem macro: embalar
presente; atender cliente, etc...., tal conclusão é possível pois a Kátia
relata que cada funcionário “faz do seu jeito”
5.2. Atividades:
99
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
100
6.7.4. Sem hierarquia de comando no setor;
6.7.5. Sem supervisão e controle;
6.7.6. Ausência de pausas e descanso;
6.7.7. Ausência de Equipamentos de Proteção Individual e de proteção
coletiva;
6.7.8. Processo decisório individual, dependendo do perfil, dos valores,
habilidades e costumes dos funcionários do setor.
6.8. Diagnóstico.
6.8.1. Empresa que está preocupada com a sua relação e fidelização de seus
clientes, por isso um setor específico, mas que apresenta uma falha
gritante de gestão, podendo apresentar gastos desnecessários na sua
lógica de operação, com uma produtividade baixa e funcionários
desmotivados e doentes.
6.8.2. Deve se verificar se a atividade acadêmica da Kátia, influência na sua
tomada de decisão nos seus processos laborais.
6.9. Recomendações.
6.10. As recomendações serão apresentadas em um quadro de situação, onde
se apresentará o problema, indicar as possíveis soluções, o custo desta
101
implementação e o resultado esperado.
101
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Recomendação
Problema Custo Resultado
Emissão de Nota Fiscal - Feita por meio de Baixo custo – Agilidade do sistema e redução de
Emissão de Nota Fiscal eletrônica, onde a mesma é
impressora matricial, lenta e lotada em local implantação do custo com papel, tinta.
enviada diretamente para o e-mail do cliente, não
distante do computador o que obriga no software – em alguns Redução do tempo necessário para a
havendo a necessidade de uso da impressora.
mínimo uma caminhada até o presente local. estado é de graça. execução desta atividade.
Maior conhecimento dos processos
Treinamento dos funcionários com os vendedores produtivos da loja e de suas
Atendimento ao cliente - presencial Sem custo
de cada setor da loja. promoções redução no tempo de
atendimento a cada cliente
Custo baixo – Desloca tal atendimento para longe
Estabelecer horário de atendimento por telefone – alteração de dos horários de pico, permitindo o
Atendimento ao cliente - telefone
horário comercial – de 08 as 11 e de 13 as 18:00hs informações nos atendimento focado ao cliente
impressos da loja presencial.
Custo baixo – Permite a alocação de tempo
alteração de especifico para a resposta ao cliente
Atendimento ao cliente - internet Estabelecer prazo para a resposta do cliente.
informações nos e com o volume de informação gerar
impressos da loja no médio prazo um FAQ.
Mantém o local de trabalho
Providenciar área no setor especifica para a
organizado. Direciona a atividade
Embalagem de produtos para presente realização de embalagem com os insumos Baixo custo
para um determinado local, abrindo
necessários.
espaço para a divisão de tarefas.
Operar o sistema de som da loja Sem recomendação
Promover o estabelecimento de check list de
Deslocar a atividade para o pessoal
manutenção, devendo o mesmo ser aplicado
de início de turno, sem gasto
Monitorar e garantir o correto funcionamento sempre 30 minutos antes do início das atividades do
Sem custo desnecessário de tempo para a
de todos os equipamentos setor, para em caso de necessidade de manutenção
execução desta tarefa – tarefa que
corretiva o mesmo ocorra sem influenciar no
muitos devem fazer ninguém faz.
desempenho do setor.
Providenciar balcão que atenda a 90% das
características antropométricas dos trabalhadores Melhoria do processo produtivo, com
Balcão baixo Custo do balcão
(NR17 anexo 01 item 2.1.a) ou permitir regulagem eliminação de dores lombares.
especifica para cada grupo de funcionários.
Melhoria do processo produtivo, com
Cadeira não permite Providenciar cadeira regulável conforme Custo das cadeiras
eliminação de dores nos ombros e
Mobiliário regulagem especificado na NR17 anexo 01 itens d, e e f. novas
amenizar as dores nos pés.
Providenciar local adequado no balcão ou em mesa Permitirá a utilização do computador
Mesa do computador sem
especifica para o computador de forma a manter as de forma mais eficiente, pois o
apoio para escrever e Custo das mesas
características de ângulos e limites de trajetória mesmo estará instalado de forma
sem espaço para teclado novas.
natural dos movimentos, durante a execução das correta e ergonomicamente
e mouse
tarefas dos funcionários do setor. (NR17 anexo 01). confortável, permitindo um trabalho
102
Se for instalar o computador no balcão, deve-se dar mais rápido, seguro e com menos
preferência para encaixe de monitor em ângulo chance de erros. Além de reduzir
fechado para que não atrapalhe o balcão. esforço mecânico para as operações
de digitar.
Software confuso, induz
aos erros e Interface do
Alteração das telas de interação com o usuário Redução do número de erros e
programa da empresa
(funcionários) tornando-o mais amigável, ou Médio custo consequentemente retrabalho,
ruim pois se confunde
substituição do software. ampliando a produtividade.
com o plano de fundo da
tela
Impressora lenta,
Equipamentos
matricial, distante do
computador,
Eliminação da impressora como suporte ao setor Menos um equipamento para operar,
compartilhada com
(implantação da Nota Fiscal eletrônica enviada por Sem custo manter.
outros serviços e
e-mail). Reduz atividade executada.
localizada perto dos
clientes
103
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
104
dos funcionários do
setor.
Se resguardar sobre o incremento de
Realizar exames médicos mais frequentes para agravos a saúde. Possibilidade de
Outros Funcionários estudando verificar a influência de uma atividade sobre a deslocar a funcionária para área com
outra. maior potencial de crescimento –
ganha a firma e a funcionária
105
105
7. Conclusão.
7.1. Verifica-se que é possível começar a equacionar o ambiente de trabalho da
Kátia a um custo de investimento razoável, conseguindo ao mesmo tempo
mecanismos de aferição de qualidade do serviço prestado.
7.2. É possível inferir que os excessos do setor eram muito em função da não
gestão e da organização do trabalho do que das condições deste local
(excluindo claro os mobiliários).
106
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ÚNICA
CAPÍTULO 9.
ACESSIBILIDADE
107
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ÚNICA
» disponibilidade de área especial para embarque e desembarque de pessoa portadora
de deficiência ou com mobilidade reduzida;
» divulgação, em lugar visível, do direito de atendimento prioritário das pessoas
portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida;
» admissão de entrada e permanência de cão-guia ou cão-guia de acompanhamento
junto de pessoa portadora de deficiência ou de treinador nos locais de uso público e
naquelas de uso coletivo, mediante apresentação da carteira de vacina atualizada
do animal;
» entende-se por imediato o atendimento prestado às pessoas portadoras de
deficiência ou com mobilidade reduzida, antes de qualquer outra, depois de
concluído o atendimento que estiver em andamento, observado o disposto no inciso
I do parágrafo único do art. 3o da Lei no 10.741, de 1o de outubro de 2003
(Estatuto do Idoso);
» os órgãos, empresas e instituições devem possuir, pelo menos, um telefone de
atendimento adaptado para comunicação com e por pessoas portadoras de
deficiência auditiva.
109
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ÚNICA
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
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RISCOS ERGONÔMICOS │
UNIDADE
ÚNICA
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http://www.gente.ufrj.br
Iida I. (1990) Ergonomia Produto e Produção. Editora Edgard Blucher, São Paulo
IIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgar Blucher, 1990.
Imada, A. (1991) The rationale and Tools of Participatory Ergonomics. Em: K. Noro e
A.. S. Imada
Internet; http://www.gente.ufrj.br
Jastrzebowski, W. (1857) An outline of ergonomics, or the science of work. Central
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LAVILLE, Antonie. Ergonomia. São Paulo: EPU, 1977.
LEHMANN, G. Physiologie pratique dutravail. Paris: LesEditions d’Organisation,
1955.
Meirelles, Comunicação pessoal - Professor de Engenharia de Métodos do
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Protection. Varsóvia
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the IEA world Conference 1995, Rio de Janeiro.
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Vidal M., Meirelles L.A., Masculo F., Comte F. (1976) - Introdução à Ergonomia.
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Vidal M.C.R, (1997) - Ação Ergonômica na Empresa- Apostila de mini-cursos do
GENTE/COPPE,
Vidal M.C.R, 1999 - Curso Tutorial de Ergonomia. Conjunto de slides Powerpoint
disponibilizados na
Wisner A (1991) - A fabrica do futuro nos países de industrialização recente. Texto
de palestra
WISNER, A. A inteligência no trabalho: textos selecionados de ergonomia. São
Paulo, 1977.
no GENTE/COPPE/UFRJ).
113
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
114
ANEXO
NORMA REGULAMENTADORA 17
17.1. Esta Norma Regulamentadora visa a estabelecer parâmetros que permitam a adaptação
das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a
proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente.
17.1.1. As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao levantamento, transporte
e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do posto
de trabalho e à própria organização do trabalho.
17.1.2. Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas
dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do trabalho, devendo a
mesma abordar, no mínimo, as condições de trabalho, conforme estabelecido nesta Norma
Regulamentadora.
17.2. Levantamento, transporte e descarga individual de materiais.
17.2.1. Para efeito desta Norma Regulamentadora:
17.2.1.1. Transporte manual de cargas designa todo transporte no qual o peso da carga é
suportado inteiramente por um só trabalhador, compreendendo o levantamento e a
deposição da carga.
17.2.1.2. Transporte manual regular de cargas designa toda atividade realizada de maneira
contínua ou que inclua, mesmo de forma descontínua, o transporte manual de cargas.
17.2.1.3. Trabalhador jovem designa todo trabalhador com idade inferior a dezoito anos e
maior de quatorze anos.
17.2.2. Não deverá ser exigido nem admitido o transporte manual de cargas, por um
trabalhador cujo peso seja suscetível de comprometer sua saúde ou sua segurança.
17.2.3. Todo trabalhador designado para o transporte manual regular de cargas, que não as
leves, deve receber treinamento ou instruções satisfatórias quanto aos métodos de trabalho
que deverá utilizar, com vistas a salvaguardar sua saúde e prevenir acidentes.
17.2.4. Com vistas a limitar ou facilitar o transporte manual de cargas deverão ser usados
meios técnicos apropriados.
17.2.5. Quando mulheres e trabalhadores jovens forem designados para o transporte manual
de cargas, o peso máximo destas cargas deverá ser nitidamente inferior àquele admitido para
os homens, para não comprometer a sua saúde ou a sua segurança.
17.2.6. O transporte e a descarga de materiais feitos por impulsão ou tração de vagonetes
sobre trilhos, carros de mão ou qualquer outro aparelho mecânico deverão ser executados de
forma que o esforço físico realizado pelo trabalhador seja compatível com sua capacidade de
força e não comprometa a sua saúde ou a sua segurança.
17.2.7. O trabalho de levantamento de material feito com equipamento mecânico de ação
manual deverá ser executado de forma que o esforço físico realizado pelo trabalhador seja
compatível com sua capacidade de força e não comprometa a sua saúde ou a sua segurança.
17.3. Mobiliário dos postos de trabalho.
17.3.1. Sempre que o trabalho puder ser executado na posição sentada, o posto de trabalho
deve ser planejado ou adaptado para esta posição.
17.3.2. Para trabalho manual sentado ou que tenha de ser feito em pé, as bancadas, mesas,
escrivaninhas e os painéis devem proporcionar ao trabalhador condições de boa postura,
visualização e operação e devem atender aos seguintes requisitos mínimos:
a) ter altura e características da superfície de trabalho compatíveis com o tipo de atividade,
com a distância requerida dos olhos ao campo de trabalho e com a altura do assento;
b) ter área de trabalho de fácil alcance e visualização pelo trabalhador;
115
c) ter características dimensionais que possibilitem posicionamento e movimentação
adequados dos segmentos corporais.
17.3.2.1. Para trabalho que necessite também da utilização dos pés, além dos requisitos
estabelecidos no subitem 17.3.2, os pedais e demais comandos para acionamento pelos pés
devem ter posicionamento e dimensões que possibilitem fácil alcance, bem como ângulos
adequados entre as diversas partes do corpo do trabalhador, em função das características e
peculiaridades do trabalho a ser executado.
17.3.3. Os assentos utilizados nos postos de trabalho devem atender aos seguintes requisitos
mínimos de conforto:
a) altura ajustável à estatura do trabalhador e à natureza da função exercida;
b) características de pouca ou nenhuma conformação na base do assento;
c) borda frontal arredondada;
d) encosto com forma levemente adaptada ao corpo para proteção da região lombar.
17.3.4. Para as atividades em que os trabalhos devam ser realizados sentados, a partir da
análise ergonômica do trabalho, poderá ser exigido suporte para os pés, que se adapte ao
comprimento da perna do trabalhador.
17.3.5. Para as atividades em que os trabalhos devam ser realizados de pé, devem ser
colocados assentos para descanso em locais em que possam ser utilizados por todos os
trabalhadores durante as pausas.
17.4. Equipamentos dos postos de trabalho.
17.4.2. Nas atividades que envolvam leitura de documentos para digitação, datilografia
ou mecanografia deve:
a) ser fornecido suporte adequado para documentos que possa ser ajustado proporcionando
boa postura, visualização e operação, evitando movimentação freqüente do pescoço e
fadiga visual;
b) ser utilizado documento de fácil legibilidade sempre que possível, sendo vedada a utilização
do papel brilhante, ou de qualquer outro tipo que provoque ofuscamento.
17.4.3. Os equipamentos utilizados no processamento eletrônico de dados com terminais de
vídeo devem observar o seguinte:
a) condições de mobilidade suficientes para permitir o ajuste da tela do equipamento à
iluminação do ambiente, protegendo-a contra reflexos, e proporcionar corretos ângulos de
visibilidade ao trabalhador;
b) o teclado deve ser independente e ter mobilidade, permitindo ao trabalhador ajustá-lo de
acordo com as tarefas a serem executadas;
c) a tela, o teclado e o suporte para documentos devem ser colocados de maneira que as
distâncias olho-tela, olhoteclado e olho-documento sejam aproximadamente iguais;
d) serem posicionados em superfícies de trabalho com altura ajustável.
17.4.3.1. Quando os equipamentos de processamento eletrônico de dados com terminais de
vídeo forem utilizados eventualmente poderão ser dispensadas as exigências previstas no
subitem 17.4.3, observada a natureza das tarefas executadas e levando-se em conta a análise
ergonômica do trabalho.
17.5. Condições ambientais de trabalho.
116
17.5.2. Nos locais de trabalho onde são executadas atividades que exijam solicitação
intelectual e atenção constantes, tais como: salas de controle, laboratórios,
escritórios, salas de desenvolvimento ou análise de projetos, dentre outros, são
recomendadas as seguintes condições de conforto:
a) níveis de ruído de acordo com o estabelecido na NBR 10152, norma brasileira registrada no
INMETRO;
b) índice de temperatura efetiva entre 20oC (vinte) e 23oC (vinte e três graus centígrados);
c) velocidade do ar não superior a 0,75m/s;
d) umidade relativa do ar não inferior a 40 (quarenta) por cento.
17.5.2.1. Para as atividades que possuam as características definidas no subitem 17.5.2, mas
não apresentam equivalência ou correlação com aquelas relacionadas na NBR 10152, o nível
de ruído aceitável para efeito de conforto será de até 65 dB (A) e a curva de avaliação de ruído
(NC) de valor não superior a 60 dB.
17.5.2.2. Os parâmetros previstos no subitem 17.5.2 devem ser medidos nos postos de
trabalho, sendo os níveis de ruído determinados próximos à zona auditiva e as demais
variáveis na altura do tórax do trabalhador.
17.5.3. Em todos os locais de trabalho deve haver iluminação adequada, natural ou artificial,
geral ou suplementar, apropriada à natureza da atividade.
17.5.3.1. A iluminação geral deve ser uniformemente distribuída e difusa.
17.5.3.2. A iluminação geral ou suplementar deve ser projetada e instalada de forma a evitar
ofuscamento, reflexos incômodos, sombras e contrastes excessivos.
17.5.3.3. Os níveis mínimos de iluminamento a serem observados nos locais de trabalho são
os valores de iluminâncias estabelecidos na NBR 5413, norma brasileira registrada no
INMETRO.
17.5.3.4. A medição dos níveis de iluminamento previstos no subitem 17.5.3.3 deve ser feita
no campo de trabalho onde se realiza a tarefa visual, utilizando-se de luxímetro com fotocélula
corrigida para a sensibilidade do olho humano e em função do ângulo de incidência.
17.5.3.5. Quando não puder ser definido o campo de trabalho previsto no subitem 17.5.3.4,
este será um plano horizontal a 0,75m (setenta e cinco centímetros) do piso.
17.6. Organização do trabalho.
17.6.1. A organização do trabalho deve ser adequada às características psicofisiológicas dos
trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado.
17.6.2. A organização do trabalho, para efeito desta NR, deve levar em consideração, no
mínimo: a) as normas de produção;
b) o modo operatório;
c) a exigência de tempo;
d) a determinação do conteúdo de tempo;
e) o ritmo de trabalho;
f) o conteúdo das tarefas.
17.6.3. Nas atividades que exijam sobrecarga muscular estática ou dinâmica do pescoço,
ombros, dorso e membros superiores e inferiores, e a partir da análise ergonômica do
trabalho, deve ser observado o seguinte:
a) todo e qualquer sistema de avaliação de desempenho para efeito de remuneração e
vantagens de qualquer espécie deve levar em consideração as repercussões sobre a saúde
dos trabalhadores;
b) devem ser incluídas pausas para descanso;
c) quando do retorno do trabalho, após qualquer tipo de afastamento igual ou superior a 15
(quinze) dias, a exigência de produção deverá permitir um retorno gradativo aos níveis de
produção vigentes na época anterior ao afastamento.
17.6.4. Nas atividades de processamento eletrônico de dados, deve-se, salvo o disposto em
convenções e acordos coletivos de trabalho, observar o seguinte:
117
a) o empregador não deve promover qualquer sistema de avaliação dos trabalhadores
envolvidos nas atividades de digitação, baseado no número individual de toques sobre o
teclado, inclusive o automatizado, para efeito de remuneração e vantagens de qualquer
espécie;
b) o número máximo de toques reais exigidos pelo empregador não deve ser superior a 8.000
por hora trabalhada, sendo considerado toque real, para efeito desta NR, cada movimento
de pressão sobre o teclado;
c) o tempo efetivo de trabalho de entrada de dados não deve exceder o limite máximo de 5
(cinco) horas, sendo que, no período de tempo restante da jornada, o trabalhador poderá
exercer outras atividades, observado o disposto no art. 468 da Consolidação das Leis do
Trabalho, desde que não exijam movimentos repetitivos, nem esforço visual;
d) nas atividades de entrada de dados deve haver, no mínimo, uma pausa de 10 minutos para
cada 50 minutos trabalhados, não deduzidos da jornada normal de trabalho;
e) quando do retorno ao trabalho, após qualquer tipo de afastamento igual ou superior a 15
(quinze) dias, a exigência de produção em relação ao número de toques deverá ser iniciada
em níveis inferiores do máximo estabelecido na alínea "b" e ser ampliada
progressivamente.
ANEXO I
TRABALHO DOS OPERADORES DE CHECKOUT
ANEXO II
TRABALHO EM TELEATENDIMENTO/TELEMARKETING
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