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O Impacto de Inovações Tecnológicas numa Empresa da

Construção Civil

Resumo

O caso que segue pretende apresentar um panorama da dimensões que o

impacto de inovações tecnológicas podem tomar no âmbito da Organização do
Trabalho.
Inicia-se o texto com uma breve descrição da empresa estudada, suas
características, posição e evolução mercadológicas. Em seguida apresenta-se o
problema que deu inicio ao processo de inovação e seu desenvolvimento desde
dificuldade localizada até atividade motivadora destro da estrutura da empresa.
Por fim se pondera sobre as teorias experimentadas – propositadamente ou
não – pela empresa e seus resultados.

1. A Empresa

A Indústria de Construção Civil, diferentemente dos outros setores

industriais, não é uma referência na aplicação de teorias administrativas, utilização
de técnicas de racionalização de perdas ou de aumento de produtividade. Alguns
indicadores mostram desperdícios de até 30% em algumas etapas da produção desta
industria.
A Empresa E, é uma empresa conceituada, com sede em uma capital
brasileira, atuando no mercado de construção civil a cerca de 30 anos. Precocemente
se destacou no setor pelo fato de ter adaptado para a Construção Civil técnicas de
planejamento e racionalização do trabalho próprias da indústria de transformação
(metal/mecânica, em especial), utilizando-as como ferramentas no aumento da
qualidade e melhoria da produtividade.
Em seguida, distanciou-se das outras construtoras quando passou a investir
sistematicamente em tecnologia, gestão e recursos humanos, consolidando uma
posição diferenciada e privilegiada no setor.

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Adotando o conceito construtivo de pré-industrialização dos processos –

aproximando sua tecnologia de produção da manufatura, ainda que não se
distanciando da produção unitária – viabilizou a simplificação das atividades de
execução nos canteiros de obras uniformizando o processo construtivo e
padronizando os conceitos de qualidade e produtividade a serem seguidos.
Mais adiante, firmou parcerias internacionais que possibilitaram a
transferência de tecnologia como por exemplo na execução de estruturas de concreto,
(onde a diversidade dos insumos e processo de preparo quase artesanal resultam em
grande desperdício de material e mão de obra), na execução de fachadas externas e
fechamentos internos das estruturas (que consiste na construção das paredes internas
das edificações), atividades onde incidem os mais altos índices de retrabalho no
setor entre outras.
A empresa vem investindo atualmente em recursos humanos disponibilizando
programas de desenvolvimento, que abrangem desde a alfabetização de trabalhadores
em canteiros de obra até cursos de gestão no exterior para os gerentes, visitas
técnicas e estágios no exterior para o seu quadro técnico e administrativo.

2. Apresentação do Problema

O processo de inovação iniciou-se quando a obra do principal cliente da

empresa apresentou deficiências no cronograma financeiro. A execução da obra
apresentou um ônus de 20% em relação ao orçamento previsto no projeto inicial. A
alta diretoria da Empresa E viu a necessidade da implementação de mudanças afim
de se reestruturar as atividades adaptando-se às metas iniciais.
Criou-se uma equipe para estudar formas de resolução do problema, que
acabou por gerar um relatório com os principais pontos deficitários da obra. Entre os
quais a falta de controles, desperdícios, e desqualificação do trabalhador já notórios
do setor.
Foram, então, aplicados os princípios básicos do taylorismo no canteiro de
obras, em busca de melhorias da produtividade para então saneamento das condições
orçamentárias da obra.
Para denotar melhor as mudanças ocorridas é necessário salientar que na
indústria de construção civil, diferentemente de outras indústrias, não existe uma

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linha de montagem como no setor de transformação metal/mecânico (com exceções

na área de pré-fabricados). Os produtos não percorrem uma esteira, recebendo, ao
longo desta diferentes tratamentos. Ao contrário, os diferentes tratamentos são
trazidos até o produto.
No entanto, como em qualquer processo produtivo, existe certa seqüência de
processos a ser seguido para se chegar ao produto final esperado, com algumas
ênfases dependendo das necessidades do produto final. Alguns destes processos tem
maior relevância e outros se repetem durante a produção como em muitas indústrias.
Foram criados centros de produção de certos processos no próprio canteiro de
obras, de onde partiam os tratamentos para as diferentes etapas do processo
construtivo. O conhecimento dos custos destes centros e dos graus de repetição
destes processos dentro da obra, possibilitou maior controle das atividades que, ou
geravam maior valor agregado ao produto final, ou contribuíam com maior parcela
dos desperdícios.
Os resultados foram tão favoráveis que, em pouco tempo a obra que estava
dando prejuízo passou a gerar lucro.
Satisfeitos com os resultados, e com o intuito da perpetuação das condições, a
Empresa E passou a aplicar a teoria da Satisfação das Necessidades de Maslow: a
obra possuía um sistema de refeições terceirizado, o que causava reclamações
freqüentes. Com a intenção de desburocratização, os funcionários da obra foram
convidados a discutir o próprio cardápio, satisfazendo suas reivindicações e assim
sendo motivados à atitudes que levavam à melhoria da qualidade.
Este modelo foi levado à outros canteiros de obra e posteriormente ao interior
da empresa. Mas não sem certa resistência do médio escalão da Empresa E, que se
sentiram pressionados pelos diretores da empresa e pela mão de obra dos canteiros.
Era uma situação previsível, uma vez que aos diretores interessavam as mudanças
direcionadas ao aumento da qualidade e produtividade, enquanto à mão de obra da
empresa estava satisfeitas com os ganhos do processo ansiavam pelas possibilidades,
enquanto o pessoal técnico administrativo tinha intencionava a manutenção das
condições à que estavam acostumados.
Este “Efeito Sanduíche” trouxe a necessidade da complementação da equipe
convidada a estudar e implementar as mudanças, com profissionais interdisciplinares,
como engenheiros, arquitetos e ergônomos e psicólogos.

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“Efeito Sanduíche”

O processo de implementação, no interior da empresa, das técnicas utilizadas

nos canteiros de obra gerou diversos programas de controle de qualidade e melhoria
contínua. Dentre eles o P.P.G. (Programa de Produtividade Global) que se baseava
na estratégia “dos três pilares”: melhoria dos recursos humanos através do trabalho
direto com as motivações pessoais; avanços tecnológicos, através da informatização
dos meios de comunicação desde o canteiro de obra e gestão através da participação
e envolvimento de todos os escalões na continuidade da empresa.
A Empresa E conta atualmente com uma infra-estrutura voltada à agilização
da troca de informação entre seus diversos setores. Uma rede local de computadores
em seu edifício central e postos de teleprocessamento nas diversas obras dinamizam
o fluxo de informações em qualquer área da empresa que conta ainda com um
sistema C. A. D. e banco de dados como principais ferramentas de trabalho,

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permitindo eficiência na comunicação entre a matriz, os canteiros e seus

fornecedores de materiais e de projetos.

Fornecedo

OBRA
Obr
Fluxo de informação

Além disso, o ritmo de informatização da Empresa E, a partir de um banco de

dados único, permite integrar as funções de planejamento, projetos, suprimentos,
obtendo um registro atualizado de cada obra.

3. Considerações Finais

Através dos dados levantados podemos verificar que a aplicação dos

princípios tayloristas em um terreno tão fértil como foi o da Indústria de Construção
Civil, com suas particularidades e processos produtivos próprios, associada aos
estudos da Hierarquia da Satisfação das Necessidades de Maslow, levou a Empresa
E, em um primeiro momento, a um patamar de diferenciação com as empresas
concorrentes.
Em seguida, com base no nível de comprometimento dos recursos humanos
da empresa, ambicionou-se introverter o processo que, à princípio, fora contratado
para resolver uma divergência momentânea.

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A busca de novas tecnologia, o envolvimento dos vários escalões com a

continuidade da empresa e a gestão participativa impulsionaram a Empresa E a se
desenvolver, consolidando sua posição como expoente no seu setor de atuação.

4. Bibliografia

FAYOL, H. Administração Industrial E Geral. São Paulo. SP: Atlas, 1975.

FLEURY, A.C.C., VARGAS, N. Organização do Trabalho. 1.ed. SP: Atlas, 1987.
HAMPTON, D.R. Administração Contemporânea. 2.ed. SP: Mc Graw Hill, 1983.
MORGAM., G. Imagens Da Organização. 1.ed. SP: Atlas, 1996.
TAYLOR, F.W. Princípios De Administração Científica. SP: Atlas, 1978.

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