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Merdad Boss

de Ricardo-Cersósimo | trabalhosfeitos.com

Merdad Boss

Psiquiatra, formado em medicina, estudou psicanálise e foi analisando de Freud. A


partir da ontologia exposta em Ser e Tempo de Heidegger, fez uma crítica da
psicanálise freudiana e desenvolveu uma psicoterapia de base fenomenológico-
existencial, conhecida como Daseinsanalyse.

Boss tinha uma visão humanista, mais voltada para o existir humano, o homem como
ser no mundo, do que as “ficções psicanalíticas” e o conceito de “Inconsciente” de
Freud, como Boss as considera. Faz críticas e elogios aos métodos usados por Freud,
mas usa das ferramentas da psicanálise como o uso do divã, a associação livre, o uso
da linguagem principalmente a fala, mas abandona uma visão mecanicista, para uma
visão humanista.

Boss utiliza-se da daseinsanalyse como ferramenta de análise, Dasein é clareira, e


trazer a luz o que está obscuro, oculto, os entes ocultos. Dizer algo no encontro
psicanalítico é “reconhecer a verdade tanto perante eles próprios [pacientes] como
perante o médico” (BOSS, 1974).

“Boss insiste na existência de uma semelhança entre as descobertas clínicas de Freud


e a analítica existencial da filosofia de Heidegger, fundamento da daseinsanalyse.”

A análise da estrutura existencial do ser humano, ajuda a uma melhor compreensão


dos fenômenos que ocorrem na clínica, a situação de encontro, os laços afetivos entre
terapeuta e paciente, suas intenções.

“Com excepção do próprio espírito humano, que não seria capaz de ter dúvidasquanto
à sua existência, todo o resto no mundo somente pode ser determinado com certeza e
só pode portanto existir realmente se é possível medi-lo, calculá-lo segundo as leis
exactas das ciências naturais, prevê-lo e inseri-lo sobretudo num encadeamento
impecável de causas e efeitos. (BOSS, 1974).”

“A daseinsanalyse é capaz ao partir da compreensão de “fenômeno” exposta por


Heidegger em Ser e Tempo (§7) e de “homem” como Dasein, liberta o terapeuta das
abstrações teóricas para que possa, no encontro imediato com o paciente, investigar e
descrever os modos observáveis de comportamento e os humores subjacentes, a fim
de restituir ao existente sua liberdade originária.”
“Boss refere-se ao esquema do aparelho psíquico e o modelo de representação dos
objetos do mundo externo no interior da psique e os afetos a elas ligados como base
do funcionamento psíquico.’’

“Sobre a mente (ou psique), Boss afirma que é “construída como um microscópio, um
telescópio ou um aparato fotográfico” (BOSS, 1963). Assim, aponta o caráter
mecânico da concepção freudiana sobre a percepção de objetos do mundo externo,
presa no modelo das ciências naturais.”

“a psique produz percepções do mundo externo tal qual ideias em geral, sendo o
material estímulos externos, traços de memória e impulsos inconscientes, pré-
conscientes e conscientes” (BOSS, 1963).

Sobre o fluxo de excitações da extremidade sensória para a extremidade motora, Boss


cita Freud para afirmar quesua meta é a descarga de excitações acumuladas, pois o
“acúmulo de excitação é sentido como desprazer... [e a] diminuição da excitação como
prazer” (BOSS, 1963).

Concluindo a nossa exposição dos pressupostos da teoria freudiana, lembramos as


duas formas de pensamento apontadas por Boss, conhecidas como processo primário
e secundário. O processo primário, característico do sistema inconsciente, refere-se a
“processos inconscientes e é ‘incorreto’ e ‘irracional’ ” (BOSS, 1963), enquanto o
processo secundário, principal atividade da consciência, é “caracterizado pela
racionalidade, evitação de contradição, lógica, conceitos que inequivocamente
encaixam com o objeto percebido e consideração adequada ao tempo cronológico e
unidades homogêneas de medida” (BOSS, 1963).

A proposta do daseinsanalista era substituição da descrição do fenômeno pela


explicação do fenômeno.

Há um mundo externo, “real”, existindo em si, independente do homem.“Real” pode


ser apenas o que pode ser mensurado, calculado e, portanto, fundado com
certeza. Realidade é a totalidade dos objetos que constituem o mundo. (BOSS, 1963)
Partindo da esquematização espacial da instância psíquica Inconsciente, explicar
os fenômenos observáveis como efeitos de impulsos e afetos soltos de
representações localizados no recipiente Inconsciente. Esses afetos “soltos” são o
motor do funcionamento psíquico.

O pressuposto fundamental da inferência da natureza espacial do Inconsciente estána


compreensão do ser humano como objeto resultante da interação corpo-psiquismo
entre demais objetos do mundo e da possibilidade de compartimentação da psique,
também um objeto passível de mensuração e manipulação.
O desejo é sempre desejo de algo, diz Boss.

Boss caracteriza a teorização freudiana como carente de um embasamento coerente


com os fenômenos humanos.

Segundo Boss, é possível uma compreensão imediata dos comportamentos humanos.

Boss propõe um novo modo de interpretar os fenômenos manifestos na prática clínica


livre das suposições psicológicas.

Boss se refere à espacialidade e à temporalidade primordiais do existir humano, à


corporeidade, à co-presença (co-existência), à disposição (afinação), à historicidade e
à finitude.

O ser humano já sempre está no mundo, relacionando-se perceptiva ou


imaginativamente com as coisas que encontra.

Dasein é “abertura no sentido de uma capacidade de perceber algo como algo”


(BOSS, 1994).

Dasein é a clareira, clareira é o lugar para que os entes saiam do ocultamento e


venham à manifestação. Nesse sentido, a espacialidade primordial tem o caráter de
espaço aberto para que algo possa se instalar (vir a ser). Igualmente é o Dasein
dependente dos entes que a ele se mostram. Quem alguém é, é a totalidade de
relações que mantém com o que se mostra na abertura.

Boss (com base em de Heidegger) dirá que somos primordialmente ser-com-os-outros


(co-presença ou co-existência).

Aliberdade humana, meta do trabalho psicanalítico, “consiste em ser capaz de


escolher ou responder ao chamado e desdobrar suas possibilidades de se relacionar
com e cuidar do que o homem encontra, ou não obedecer a esse chamado” (BOSS,
1963).

A dívida que o ser humano tem e sempre terá até sua morte com o mundo é de deixar
sua essência se realizar.

A esfera corporal é uma das condições fundamentais do existir humano. Quanto à sua
importância, Boss afirma que “não há manifestação da existência humana que não
seja corpórea” (BOSS, 1994).

O Dasein é, pois, abertura para o que se mostrou no passado, para o que se mostra
no presente e também para aquilo que aguarda do futuro, o que indica a
temporalidade primordial da existência. O Dasein é poder-ser, é lançar-se no aberto do
futuro – o que ainda não é mas pode ser – orientando o modo de ser no presente e re-
presentando o passado (o que já foi).

“Na morte”, diz Boss, “a existência enquanto ser-no-mundo corpóreo tem seu último
fim” (BOSS, 1994).

Existir historicamente é situar-se em relação a um passado, um presente e um futuro


individuais e também inscritos numa história humana coletiva.

Boss menciona “as várias maneiras de presença de uma coisa” (BOSS, 1976): há a
presença sensorial de algo; a presença presentificada “como entendimento estendido
através de todo este alcance do mundo” (BOSS, 1976a “presença sonhada das coisas
sonhadas” que “estão presentes no sonho, de modo sensorial, edepois quando
acordamos estas coisas sonhadas continuam presentes, mas como presenças
sonhadas” (BOSS, 1976); a presença imaginada; e as presenças temáticas e
periféricas (não temáticas).

Boss, dentre os modos possíveis de presença das coisas está a presença temática,
que significa “dar-se conta abertamente do que acontece ou pode acontecer em volta”
(BOSS, 1976).

Os sonhos, enquanto mundo do sonhador, muitas vezes des-velam os entes negados


em vigília na sua significatividade. Boss afirma: “Quando o homem não gosta do que
acontece, pode de algum modo se distrair e, com esforço, enxergar uma outra coisa
para que não se dê abertamente conta do que acontece” (BOSS, 1976).

A manifestação de algo é seu des-velamento, isto é, é sua saída do velamento


(ocultamento) para a clareira, podendo novamente ser velado. Assim acontece com
os entes esquecidos; eles podem escapar do espaço aberto para a manifestação que
é o Dasein voltando ao ocultamento, podendo novamente vir a ser.

O esquecimento refere-se a fenômenos não retidos do passado, assim como a


memória refere-se à retenção.

Ao nascer, cada pessoa já herda a história e os projetos coletivos. Os seus projetos


pessoais são, pois, marcados pela “tradição”, e isso pode ser tematizado e apropriado
na vida de cada um, embora não possa nunca ser apagado; pode, sim, ser negado.

Mais especificamente no âmbito do encontro terapêutico, o analista sabe que o ser do


paciente inclui oscomportamentos abertos e conhecidos por ele, assim como aqueles
que ele está tentando não tematizar, embora já compreendidos numa disposição, ou
que são contrários aos seus comportamentos abertos. O processo terapêutico deve
ajudá-lo a apropriar-se desses modos não temáticos de ser. Os comportamentos com
motivos desconhecidos – os chamados “inconscientes” na psicanálise – são, na clínica
de Boss, modos de responder a entes que já se mostraram na sua significatividade,
embora não tenham sido abertamente tematizados pela pessoa.

ReferÊncias Bibliográficas
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