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| E-ISSN 1808-2599 |

O agenda-setting no Brasil:
contradições entre o sucesso
e os limites epistemológicos
Kênia Beatriz Ferreira Maia e Luciane Fassarella Agnez

1 Introdução 1/16
Resumo
Com a efervescência dos estudos em jornalismo, as Os estudos em jornalismo são bastante
constantes críticas e os sucessivos esforços de se florescentes no Brasil. Somente a Divisão
delimitar epistemológica e metodologicamente a área,
Temática (DT) “Jornalismo” da Sociedade

Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.13, n.3, set./dez. 2010.
o presente artigo coloca em discussão os trabalhos
sobre o agenda-setting, ou do agendamento da mídia, Brasileira de Estudos Interdisciplinares da
questionando o sucesso que a abordagem alcançou
nacionalmente. A partir de uma análise empírica, com
Comunicação (Intercom) apresenta cinco
base em papers apresentados nos principais fóruns Grupos de Pesquisa (GP), que abrangem
das ciências da comunicação no Brasil, examinamos
gêneros, história, jornalismo impresso,
como essa tradição é reapropriada pelos pesquisadores
brasileiros, quais as metodologias usadas e se há telejornalismo e teoria do jornalismo. Em 2009,
acúmulo de conhecimento.
durante o Congresso da Intercom, essa DT
Palavras-chave:
Agenda-setting. Teoria do Jornalismo. Epistemologia da
reuniu mais de 170 trabalhos de pesquisadores
Comunicação. de todo o país. Desde a criação da Associação
Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo
(SBPJor), os eventos anuais da entidade
recebem um número crescente de papers. No
primeiro encontro da entidade, em 2003, foram
apresentados cerca de 50 artigos, distribuídos
em Comunicação Individual e Comunicação
Coordenada. No ano passado, esse número
chegou a mais de 150. O Grupo de Trabalho
Kênia Beatriz Ferreira Maia| keniamaia@yahoo.com (GT) de Estudos do Jornalismo foi renovado
Doutora em Ciência da Informação e da Comunicação, Universidade Paul
Verlaine-Metz (França). Professora do Departamento de Comunicação da pelo processo de reciclagem da Associação
UFRN e do Programa de Pós-graduação em Estudos de Mídia, da UFRN.
Nacional dos Programas de Pós-graduação
Luciane Fassarella Agnez | luagnez@gmail.com em Comunicação (Compós) e completa 11
Mestranda do Programa de Pós-graduação em Estudos da Mídia pela UFRN.
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anos. Sem contar os diversos periódicos 2 Percurso dos estudos


científicos da área da comunicação, como sobre agenda-setting
as revistas Ícone (UFPE), Contemporânea Neste trabalho, não pretendemos tardar na
(UERJ), Em Questão (UFRGS) e a própria descrição da evolução das pesquisas sobre o
E-Compós, que dedicam dossiês recentes agenda-setting. Vários autores já debruçaram
ao jornalismo. Esse fôlego duradouro pode sobre isso, inclusive os próprios conceituadores
ocultar outras realidades. Os estudos de (McCOMBS; SHAW, 2000b) e outros analistas
jornalismo ainda carecem de legitimidade. De (BARROS FILHO, 1995; HOHLFELDT, 1997;
um lado, constantes são as críticas ao campo WOLF, 1999; TRAQUINA, 2000). Faz-se, contudo,
(MARTINO, 2007; SILVA, 2009); de outro, há 2/16
necessário traçar uma mínima contextualização.
defesas da existência do jornalismo enquanto Afinal, pairam inúmeras dúvidas sobre a
de um campo de conhecimento específico ontologia e o estatuto epistemológico do tema.
(MACHADO, 2004). Conforme o autor, o agenda-setting é designado

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Essa discussão epistemológica é profícua e como teoria, hipótese, linha de pesquisas,

necessária. Entretanto, este espaço não tem metodologia, conceito ou conceito guarda-chuva.

a pretensão nem a intenção de se debruçar Além disso, Traquina (2000) traduz o “agenda-

sobre ela, mas sim de constatar determinadas setting” por “agendamento”. Ao fazê-lo, ignora o

fragilidades de alguns estudos de jornalismo. A verbo “set”. Ora, outras tradições de pesquisas

partir da análise de 34 trabalhos sobre agenda- acrescentam palavras diferente ao termo

setting e agendamento, vamos examinar como “agenda”, como por exemplo “agenda-building”

essa tradição de pesquisa é reapropriada pelos (NISBET, 2008) para descrever e analisar

brasileiros e quais as metodologias usadas em um fenômeno distinto do agenda-setting.

artigos que reivindicam dessa tradição e se há Para demarcar que estamos nos referindo

um acúmulo de conhecimento. A escolha pelo especificamente a uma determinada tradição

tema do agenda-setting se deve principalmente de estudos, novamente optamos por utilizar

pelo grande número de trabalhos utilizando somente o termo agenda-setting, ou a sigla “AS”.

esse conceito ou citando os escritos de O agenda-setting se insere na tradição


Maxwell McCombs e Donald Shaw no Brasil, funcionalista dos estudos norte-americanos
apesar de vários estudos de autores de outras em comunicação, que tem como ponto nodal
nacionalidades relativizarem essas pesquisas, a análise e detecção das funções e dos efeitos
destacando suas debilidades teóricas e causados pelos meios de comunicação sobre a
metodológicas (CHARRON, 1995; WOLF, 1999). audiência, tradição que é designada por alguns
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autores como mass communication research do poder do jornalismo: análise da teoria do


(WOLF, 1999). Mas essa categorização não é agendamento”. Talvez seja essa a razão do
consensual. Para discutir a filiação teórica, Colling sucesso do AS no Brasil: McCombs e Shaw criam
(2001) se propõe a desatar o emaranhado acerca os assentos teóricos para subsidiar os trabalhos
da posição do agenda-setting em relação à tradição acadêmicos que propagam o poder (influência)
norte-americana dos efeitos limitados, analisando do jornalismo. O suposto poder atribuído aos
os postulados de Traquina (2000), segundo o qual meios de comunicação não é uma ideia nova
o AS demonstra os efeitos poderosos da mídia da – e já não era à época dos primeiros trabalhos
informação. Além disso, coloca-o em perspectiva sobre o agenda-setting. No artigo inaugural do
com McCombs e Shaw, que preferem enquadrá-lo AS, McCombs e Shaw (2000a) declaram que se 3/16

como pertencendo à teoria dos efeitos indiretos ou inspiram em Walter Lippmann e Bernard Cohen.
limitados, igualmente da tradição funcionalista, O jornalista Walter Lippmann, com o livro Public
na qual Mattelart e Mattelart (1995) categorizam Opinion, de 1922, defendeu que os meios de

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o agenda-setting. Assim, em que pese o AS ser comunicação exerciam um importante papel na
ou não uma retomada ou uma superação das mediação dos cidadãos com o mundo real, para
pesquisas dos efeitos limitados, o importante a apreensão de fatos e ideologias necessários à
é que se inscreve nas pesquisas dos “efeitos”. formação de uma opinião pública. Na década de
Entretanto, num livro sob sua organização 1960, Bernard Cohen já havia formulado de forma
que traz o artigo fundador e outros trabalhos mais sucinta a questão do agendamento da mídia,
subsequentes, Traquina (2000) correlaciona o AS alertando para a eficácia da imprensa em indicar
com a perspectiva teórica da construção social da aos leitores “sobre o que pensar”. McCombs e
realidade, também designada construcionismo, Shaw (2000a) atribuíram um conceito a esse
a partir do processo de produção da notícia. fenômeno e conseguiram sistematizar a hipótese
Trabalhos que se subsidiaram exclusivamente na de que os media poderiam agendar as temáticas
obra de Traquina para traçar o histórico desses junto à opinião pública e ainda determinar uma
estudos vão situar o AS na teoria construcionista hierarquia de relevância entre os acontecimentos.
(MAZZARINO, 2007).
O agenda-setting surgiu como uma hipótese,
A atração que a tradição funcionalista exerce a ser testada, e não como uma teoria fechada.
sobre os pesquisadores em comunicação é visível Depois dos primeiros estudos, realizados nas
e se assemelha a um movimento pendular que eleições presidenciais americanas de 1968 e no
traz o constante retorno da questão do “efeito” caso Watergate, em 1973, os autores estimam que
da mídia sobre as pessoas. Um exemplo é duas centenas de artigos foram produzidos sobre
Traquina (2000) com o seu artigo “A redescoberta a temática somente nas duas primeiras décadas
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(McCOMBS; SHAW, 2000b). Dois anos após a acadêmicos reivindicando o AS focaram nas
publicação do artigo inaugural, Weaver, McCombs relações entre a agenda da mídia e a agenda do
e Spellman analisam o agendamento do caso público. A segunda fase, que aparece em 1977,
Watergate e explicam o agendamento como uma busca entender as condições que intensificavam
ou limitavam a formação da agenda do público,
[...] acentuada relação positiva entre as ênfases
da cobertura mediática e a importância assumi- chegando a conceitos como a necessidade de
da por esses assuntos para os indivíduos que orientação do público, hierarquia entre os temas
compõem o público. Mais, esse princípio é for-
e características de cada suporte midiático. A
mulado em termos causais: a saliência acresci-
da de um assunto nos media provoca o aumen- terceira frente é voltada para pesquisas sobre a
to da importância desse assunto na consciência
cobertura das campanhas eleitorais, examinando 4/16
das pessoas (WEAVER; McCOMBS; SPELLMAN,
2000, p. 65). a agenda dos candidatos e a sua apreensão pelo
público. Foi nos anos 1980 que os estudos entram
O crescimento numérico deu forças ao
na sua quarta fase e se voltam para as fontes das

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agendamento. Segundo Traquina, ultrapassa-
agendas midiáticas.
se o conceito inicial que limitava a influência
da agenda jornalística sobre agenda pública à Embora os autores iniciais elenquem quatro

simples saliência das questões e ocorrências fases, foi a perspectiva inicial do agenda-setting

que tinham merecido destaque como notícia. que funcionou como um guarda-chuva para um

A metodologia proposta na fase inicial incluía conjunto de investigações e novos conceitos,

a análise de conteúdo dos veículos e um estudo todos eles perpassados em alguma medida pela

com o público, confrontando a pauta veiculada ideia de “poder da mídia”. Contra-argumentando

pela imprensa com a formação da agenda pública. Cohen, os fundadores chegaram a concluir:

Contudo, na evolução das pesquisas, outros


O agendamento é bastante mais do que a clás-
enfoques e desdobramentos surgiram. sica asserção de que as notícias nos dizem so-
bre o que é que devemos pensar. As notícias
Enquanto as fases iniciais da pesquisa sobre dizem-nos também como devemos pensar so-
o agendamento se concentravam na questão bre o que pensamos. Tanto a selecção de ob-
“Quem determina a agenda pública – e em jectos para atrair a atenção como a selecção de
que condições?”, a mais recente fase de traba- enquadramentos para pensar sobre esses ob-
lho centrou a sua atenção na pergunta “Quem jectos são tarefas poderosas do agendamento
determina a agenda dos media?” (McCOMBS; (McCOMBS; SHAW, 2000b, p. 131).
SHAW, 2000b, p. 128).

3 O agenda-setting no Brasil
Conforme McCombs e Shaw (2000b),
os estudos de agenda-setting se desdobram Em particular no Brasil, a temática do agenda-

em quatro fases. Na fase inicial, os trabalhos setting (ou do agendamento, quando traduzido)
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ganhou espaço a partir da década de 1990, os meios de comunicação determinam não


especialmente com trabalhos publicados em somente o que pensar, mas como devemos
Portugal ou por portugueses no Brasil, como pensar. Mesmo os trabalhos que relativizam a
o livro Teorias da comunicação, do italiano posição da audiência, indicando um receptor
Mauro Wolf, e Poder do Jornalismo e O estudo não completamente passivo e admitindo outras
do jornalismo no século XX, de Nelson Traquina, variáveis sociais e psicológicas, recaem na
e por brasileiros, como Ética da Comunicação, relação entre causa e efeito e concluem quase
de Clovis Barros Filho, e de artigos em que por obviedade que a mídia, ao pautar e
periódicos e capítulos de livros (HOHLFELDT, enquadrar os assuntos, tem sim o poder de
1997; TRAQUINA, 2000; AZEVEDO, 2004). A definir a agenda do público. 5/16

partir da publicação de obras ou artigos em


Cada vez mais, a hipótese (por vezes tratada
português, que facilitaram a questão do idioma
como teoria, outras como conceito) é somada aos
e até mesmo o acesso à abordagem, o AS foi
estudos relativos à rotina jornalística e a produção

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disseminado no Brasil. Na nossa pesquisa,
das notícias, o newsmaking e seus critérios de
não conseguimos detectar nenhum trabalho
noticiabilidade, além de considerar o papel do
brasileiro anterior aos artigos de Traquina,
gatekeeper e até mesmo a espiral do silêncio
publicado em 1995, e de Hohlfeldt (1997).
como reflexo do poder da imprensa em pautar
Observando os três grandes eventos das ou calar determinados temas na sociedade. A
ciências da comunicação no Brasil – Intercom, abordagem de cerca de 15% dos artigos coletados
Compós e SBPJor –, identificamos 34 trabalhos partem da hipótese central e direta de que a
apresentados nos últimos cinco anos (2005- mídia influencia a agenda do público e outros 15%,
2009) que em sua abordagem faziam referência ao contrário, atestam o poder das fontes, ou o
aos termos agenda-setting ou agendamento da chamado contra-agendamento, analisando o papel
mídia (no corpo do trabalho, estando entre as das assessorias de imprensa, das organizações
palavras-chave ou não). A grande maioria das civis ou da esfera política em pautar os veículos.
abordagens (53%) trata especificamente da Há ainda um percentual aproximado de 9% em
agenda da mídia, aquilo que seria apontado por que se discutiram as inter-influências entre as
McCombs e Shaw (2000b) como a quarta fase agendas da mídia e da política.
dos estudos inspirados na hipótese fundadora. O
Apesar de volume tão alto considerar a influência
caminho seguido pelos pesquisadores brasileiros
da agenda da mídia sobre os temas que estão
se direciona para a tentativa de explicar como
na agenda do dia, da sociedade, nenhum
os media pautam certos acontecimentos,
trabalho realizou qualquer tipo de análise junto
invariavelmente retornando à defesa de que
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à audiência ou recepção. Aproximadamente nesses eventos citam outros artigos que utilizaram
59% adotaram como metodologia a análise de o mesmo referencial teórico ou que reivindicam da
conteúdo, comparando trechos, manchetes ou mesma metodologia. Uma rara exceção é o artigo
reportagens de veículos impressos ou eletrônicos de Barbosa e Aguiar (2009), que cita pelo menos
(televisão e internet). Assim, analisa-se o seis trabalhos sobre o agendamento. Apesar do
produto do jornalismo – a notícia; em geral expressivo número de trabalhos sobre o AS ou
se discutem os processos de construção da sobre o agendamento, inexiste uma acumulação
pauta e seu enquadramento e se conclui que, de conhecimento.
ao dar determinada abordagem a um assunto,
Além disso, ainda que utilizem a terminologia
será esta visão que a audiência irá absorver e 6/16
“agendamento”, alguns trabalhos se ancoram
assumir. A hipótese, inicialmente um compilado
em outras tradições de pesquisa ou fazem
de proposições a serem testadas, é tomada como
uso de referências teóricas distintas do AS. A
verdade. Quase 15% das pesquisas realizaram
confusão epistemológica e metodológica não é

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algum tipo de estudo de caso, e cerca de 18%
exclusividade dos estudos sobre agenda-setting.
realizaram a revisão bibliográfica, abordando o
Porto (2004) mostra as fragilidades dos estudos
histórico do agendamento e possíveis interrelações
sobre o enquadramento. Já algumas pesquisas mais
com outros conceitos ou correntes teóricas.
recentes, que se dedicam à construção da agenda
Em relação às fontes de referência teórica, menos da mídia, passam a adotar novas terminologias,
da metade (44%) recorreram aos diretamente como o agenda-building, por, mesmo ancoradas na
aos fundadores, trabalhando com os escritos de proposta inicial através da citação bibliográfica,
McCombs e Shaw. Ainda assim, os que citam distanciarem-se do conceito-chave da hipótese do AS.
os autores, buscaram as informações no artigo Por outro lado, apropriações simplificadas do tema
inicial (de 1972), sem acompanhar o que os do agendamento também contribuíram para estudos
investigadores iniciais e outros desenvolveram essencialmente embasados em análises de conteúdo,
nos 40 anos que decorreram após terem lançado desconsiderando uma parte importante para a
o conceito do agenda-setting. No caso dos artigos confirmação de tais hipóteses, como características
brasileiros selecionados neste levantamento, interpessoais e intra-pessoais (WOLF, 1999), fatores
aproximadamente 60% se referenciam nos textos psicológicos e sociológicos na recepção e, acima de
de autoria ou traduzidos por Nelson Traquina. tudo, uma variabilidade de mediações que não estão
47% também citam Mauro Wolf em seu livro restritas aos meios de comunicação.
Teorias da Comunicação, lançado originalmente
Desde o final dos anos 1990, quando os primeiros
em 1985, com primeira versão em português
estudos com o enfoque do agendamento começaram
datada de 1987. Poucos trabalhos apresentados
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a ser desenvolvidos no país, o que prevaleceu 4 Considerações finais


foi a quarta fase, que tratou mais da agenda
No livro sobre a evolução das teorias da
midiática, do que das relações investigadas
comunicação, Armand e Michèle Mattellart
com o que estava na agenda da sociedade, e
(1995) constatam que o esquema de comunicação
como a mídia influencia a agenda da sociedade.
definido por Harold Lasswell, no final da
Os estudos de audiência foram preteridos ou
década de 1940, teve como decorrência o fato
negligenciados nessa abordagem. O risco mais
dos pesquisadores em comunicação terem
imediato disso é o desvio daquilo que deveria
concentrado suas atenções para um desses
ser uma “hipótese”, que passou a ser tratada
tópicos, privilegiando a análise do “Diz o quê”
como certeza, uma lógica imediata: tal veículo 7/16
(Análise de conteúdo) e “Com que efeito”
priorizou tal candidato, logo o público foi
(Análise dos efeitos). Força é de admitir que,
diretamente influenciado a decidir a favor dele
ainda que tenha, a partir da década de 1970,
nas eleições.
ampliado os objetos e as abordagens, a pesquisa

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O agenda-setting ganhou destaque no Brasil em comunicação continua a ressentir de uma
no período em que o país viveu a abertura primazia dos estudos sobre o conteúdo e o
política e o crescente papel da imprensa efeito das mídias. Pior, muitos pesquisadores se
nos debates públicos, desde a campanha das concentram na análise do conteúdo e, a partir
“Diretas Já” até a primeira eleição direta para do resultado, deduzem que o público pode ter
presidente e seu posterior impeachment. O feito a mesma leitura sugerida pelo produtor
crescimento do papel da mídia na sociedade da mensagem. Ou seja, o público absorve a
contemporânea, especialmente após o mensagem sem nenhuma reação num processo
processo de abertura política, e a busca comunicativo considerado linear e em que cada
constante por reforços que justificassem o mensagem é capaz de surtir um efeito discernível
“poder da imprensa” podem ser apontados e identificável. Várias sequências de estudos, de
como fatores para a utilização dessa diversas epistemologias, tradições e referenciais
abordagem entre pesquisadores brasileiros. teóricos desmontaram, superaram, modificaram
A vitória de Fernando Collor de Mello, nas essa abordagem da maneira como o público se
eleições de 1989, bem como a reeleição de relaciona com a mensagem midiática. Entretanto,
Fernando Henrique Cardoso em 1998, por a atração que essa tradição exerce sobre os
exemplo, foram apontadas por jornalistas e pesquisadores em comunicação é visível e se
estudiosos da área como evidência do poder assemelha a um movimento pendular que traz o
de mídia de influenciar a sociedade (CONTI, constante retorno da questão do “efeito” da mídia
1999; AZEVEDO, 2000). sobre as pessoas. Essa tradição de pesquisas que
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centra suas atenções no “efeito” causado pela brasileiros em estudos de recepção e sobressaem
mídia ainda tem seus seguidores. O sucesso do pesquisas que se contentam com o caráter
paradigma do agendamento no Brasil revela como descritivo e em apenas detalhar como as notícias
a identificação de um efeito palpável e discernível são construídas. Trata-se de um midiacentrismo
e um amplo poder da mídia sobre as pessoas exacerbado nos estudos brasileiros da
ainda assombram as mentes e os corações da comunicação, com investigações que “mergulham
academia. tanto nos conteúdos analisados que dificilmente
retornam às reflexões sobre o Jornalismo”
Essa primazia dos estudos sobre conteúdo, com
(SILVA; PONTES, 2009, p. 181).
conclusões sobre um suposto efeito das mídias,
8/16
pode estar relacionada com as peculiaridades Ao restringir sua análise sobre o produto
das pesquisas em Jornalismo. Silva e Pontes jornalístico, dotado de uma materialidade e com
(2009) analisam os impasses para uma Teoria do dimensões temporais e espaciais definidas, o
Jornalismo, com dois campos de análise que se pesquisador facilita seu trabalho. Entretanto,

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opõem: um que não considera que haja qualquer apesar das suas fragilidades conceituais,
particularidade epistemológica ao jornalismo epistemológicas e metodológicas, o agenda-
para a construção de uma teoria desassociada de setting tinha uma virtude de se interessar ao
outros campos; e outra que entende o jornalismo mesmo tempo pelo produto final do jornalismo
como um setor autônomo, tomando por objeto e pela audiência do produto jornalístico. Apesar
da teoria as práticas profissionais, os produtos e da abordagem restritiva e da relação causal,
processos das empresas de comunicação. faz parte do paradigma a verificação sincrônica
da mídia e do público. Ora, movendo-se para
A estratégia mais comum e, logo, hegemônica
nesse processo, é a que localiza o objeto de o enquadramento, que no Brasil continua
estudo do Jornalismo exclusivamente na in- privilegiando a análise do produto jornalístico
vestigação de seu produto material, no caso, o
e os poucos trabalhos sobre o público focam no
jornal, a revista, o telejornal, o radiojornal e os
sítios de notícias. A manifestação empírica do “efeito” do enquadramento sobre a recepção.
objeto é tomada pelo próprio objeto, enclausu-
Movendo para o agenda-building, corre-se o risco
rando uma possível Teoria do Jornalismo nas
Teorias da Notícia, identificadas como teorias ainda maior de ressaltar na Teoria do Jornalismo
circunscritas às técnicas, processos e produtos
apenas a Teoria da Notícia, e se ater às questões
da rotina profissional do jornalista (SILVA; PON-
TES, 2009, p. 177). “por que as notícias são o que são”, considerando
como sinônimos Teoria do Jornalismo e Teoria da
As abordagens excessivas sobre o Notícia. Ao fazê-lo, “toma-se, metonimicamente,
agendamento, especialmente com apropriações parte do objeto do Jornalismo como todo o objeto
simplificadas, alimentam a pouca tradição da Teoria do Jornalismo. Desse modo, dribla-se
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a insegurança teórica fixando-se na empiria do O desafio maior não é compreender se o


mundo prático da profissão, na expectativa de agenda-setting pertence ou não à tradição
que a materialidade dos produtos e processos dos efeitos limitados, ou se os estudos
jornalísticos responda naturalmente pela subseqüentes – como o agenda-building ou
teoria” (SILVA, 2009). o enquadramento – são aprimoramentos,
superação ou evolução do AS. Ao reter
Wolf (1999) inclui os critérios relativos ao
a atenção sobre o processo de produção
público entre aos valores/notícias, que formam
da notícia, sobre a noticiabilidade dos
a noticiabilidade de um acontecimento ou
acontecimentos e temas, os pesquisadores
assunto. Nesse item, o autor discute como
alimentam uma visão midiacêntrica. A 9/16
a representação que os jornalistas têm do
consequência é que o objeto teórico da
público influencia a seleção e o tratamento
comunicação, quando é um mero reflexo das
da informação. Segundo ele, os jornalistas
práticas de mídia, fica sem qualquer objeto
ressentem que levar em consideração as

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próprio. Muniz Sodré (2008) considera que
preferências do público pode ser um estorvo
os estudos de comunicação que se reduzem
para a produção da notícia e equacionam
a analisar e descrever a pura interação entre
a tensão entre o interesse do público e a
pessoas mediada pela mídia deixam subjacente
autonomia profissional de definição do que
uma afirmação “como natural, politicamente
é notícia. Entretanto, “o termo de referência
intocável e cientificamente garantido um
constituído pelo público – o melhor, pelas
modelo de sociedade fragmentada, constituída
opiniões que os jornalistas têm acerca do
de indivíduos competitivos e isolados dispostos
público – e os limites dessa referência, são
numa rede hipertecnológica e midiaticamente
um dos aspectos mais interessantes e menos
relacionados” (SODRÉ, 2008, p. 223).
aprofundados da temática do newsmaking”
(WOLF, 1999, p. 213). Essa constatação é A fragmentação das pesquisas sobre a
partilhada por Neveu (2006), que afirma que o agenda-setting em uma das suas vertentes
público é um personagem ausente nos trabalhos (agendamento da mídia pelas fontes; agenda
sobre o jornalismo que em muitos casos só se da mídia; agendamento do público pela mídia)
tem uma representação intuitiva do público. acarreta um isolamento dos elementos que
Mesmo que de maneira parcelar, a metodologia fazem parte do processo comunicativo. Estuda-
adotada por McCombs e Shaw (2000a) volta se a fonte de informação e sua incidência sobre
sua atenção para o público, enquanto que as a mídia ou as rotinas de produção da notícia
abordagens sucessoras se focam apenas na ou a correlação causal entre a agenda da mídia
mídia de informação. e a agenda do público. O corolário é que as
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pesquisas derivadas dessa tradição de pesquisa Referências


ou que se servem da sua metodologia ou de seu
AGUIAR, Sonia. Jornalismo hipermídia na divulgação
referencial teórico fazem economia das condições científica: experiências e lacunas nos sites de
sociais de produção do sentido, deixando de universidades públicas e fundações de apoio à
pesquisa do Nordeste. In: CONGRESSO BRASILEIRO
discutir como se “articula” o sentido de uma
DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 32., 2009, Curitiba.
sociedade. Ocupa-se apenas da transmissão e da
Anais... Curitiba: Intercom, 2009. CD-ROM.
mediação de informações, e restringe o processo
ARAÚJO NETO, Jefferson Garrido de. Estratégias
comunicativo a um eixo linear que pode ser
Teóricas de Midiatização e Agendamento do Discurso
resumido no esquema emissor/mensagem/receptor. Científico. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
Barbero combate ferozmente essa fragmentação: CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 32., 2009, Curitiba. 10/16
Anais... Curitiba: Intercom, 2009. CD-ROM.
Essa fragmentação equipara o processo de
AZEVEDO, Nisia Rizzo de. Por que caminhos
comunicação ao de transmissão de uma in-
metodológicos trafegam as críticas dos observatórios
formação ou, melhor dizendo, reduz aquele a
de mídia? In: ENCONTRO NACIONAL DE

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este. Daí se converter em verdade metodoló-
gica a separação entre a análise da mensa- PESQUISADORES EM JORNALISMO, 7., 2009, São
gem – seja uma análise de conteúdo ou de Paulo. Anais... São Paulo: SBPJor, 2009. CD-ROM.
expressão, de estruturas textuais ou opera-
ções discursivas – e a análise da recepção AZEVEDO, Fernando Antônio. A agenda da mídia
concebida simples ou sofisticadamente como na campanha presidencial de 1998. In: ENCONTRO
indagação acerca dos efeitos e da reação NACIONAL DA COMPÓS, 9., 2000, Porto Alegre.
(MARTÍN-BARBERO, 2003, p. 293). Anais... Porto Alegre: Compós, 2000. CD-ROM.

______. Agendamento da política. In: RUBIM, Antonio


Em um artigo no qual faz um levantamento
Albino Canelas (org.). Comunicação e política:
sobre evolução da pesquisa em Jornalismo no
conceitos e abordagens. Salvador: UFBA; São Paulo:
Brasil, Machado (2004) enumera as principais Unesp, 2004. p. 41- 71.
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Agenda-setting in Brazil: the El agenda-setting en Brasil: las


contradictions between success contradicciones entre el éxito y
and epistemological limits los límites epistemológicos
Abstract: Resumen:
Within the context of emerging journalism studies, Con el florecimiento de los estudios de periodismo,
the regular criticism and successive efforts to la frecuente crítica y los sucesivos esfuerzos
determine the epistemological and methodological por delimitar el área epistemológicamente y
field boundaries, this paper inquires the agenda- metodológicamente, este estudio pone en cuestión
setting and its nationwide successful approach. la agenda-setting, y el éxito del enfoque alcanzado
Starting with an empirical survey based on papers en Brasil. Desde una mirada empírica, basada en
presented at the main Brazilian communication trabajos presentados en los principales foros de
studies forums, we look analyze how Brazilian ciencias de la comunicación en Brasil, analizamos 15/16
researchers reframe this traditional address, como la influencia de esta tradición es reapropiada
including the body of methodologies and the por los investigadores brasileños, incluyendo
knowledge accumulation. las metodologías utilizadas y la acumulación de

Keywords: conocimiento.

Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.13, n.3, set./dez. 2010.
Agenda-setting. Theory of Journalism. Palabras clave:
Communication Epistemology. Agenda-setting. Teoría del Periodismo.
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Recebido em: Aceito em:


15 de junho de 2010 13 de dezembro de 2010
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Expediente E-COMPÓS | www.e-compos.org.br | E-ISSN 1808-2599

A revista E-Compós é a publicação científica em formato eletrônico da Revista da Associação Nacional dos Programas
Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação de Pós-Graduação em Comunicação.
(Compós). Lançada em 2004, tem como principal finalidade difundir a Brasília, v.13, n.3, set./dez. 2010.
produção acadêmica de pesquisadores da área de Comunicação, inseridos A identificação das edições, a partir de 2008,
em instituições do Brasil e do exterior. passa a ser volume anual com três números.

CONSELHO EDITORIAL João Freire Filho


Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil
Afonso Albuquerque
Universidade Federal Fluminense, Brasil John DH Downing
University of Texas at Austin, Estados Unidos
Alberto Carlos Augusto Klein
Universidade Estadual de Londrina, Brasil José Luiz Aidar Prado
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brasil
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Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil José Luiz Warren Jardim Gomes Braga
Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Brasil
Alfredo Vizeu
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Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Brasil
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Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Brasil Lorraine Leu
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Universidade Estadual Paulista, Brasil Luiz Claudio Martino
Universidade de Brasília, Brasil 16/16
André Luiz Martins Lemos
Universidade Federal da Bahia, Brasil Maria Immacolata Vassallo de Lopes
Universidade de São Paulo, Brasil
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Universidade Federal de Pernambuco, Brasil Maria Lucia Santaella
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brasil
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Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Brasil Mauro Pereira Porto
Tulane University, Estados Unidos
Antonio Carlos Hohlfeldt
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Brasil Muniz Sodre de Araujo Cabral
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil

Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.13, n.3, set./dez. 2010.
Arlindo Ribeiro Machado
Universidade de São Paulo, Brasil Nilda Aparecida Jacks
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil
César Geraldo Guimarães
Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil Paulo Roberto Gibaldi Vaz
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil
Cristiane Freitas Gutfreind
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Brasil Renato Cordeiro Gomes
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Brasil
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Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil Ronaldo George Helal
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Erick Felinto de Oliveira
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Francisco Menezes Martins
Rousiley Celi Moreira Maia
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Hector Ospina Sebastião Carlos de Morais Squirra
Universidad de Manizales, Colômbia Universidade Metodista de São Paulo, Brasil
Herom Vargas Simone Maria Andrade Pereira de Sá
Universidade Municipal de São Caetano do Sul, Brasil Universidade Federal Fluminense, Brasil
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Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil Universidade de Brasília, Brasil
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Jeder Silveira Janotti Junior Vera Regina Veiga França
Universidade Federal da Bahia, Brasil Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil

COMISSÃO EDITORIAL COMPÓS | www.compos.org.br


Felipe da Costa Trotta | Universidade Federal de Pernambuco, Brasil Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação
Rose Melo Rocha | Escola Superior de Propaganda e Marketing, Brasil
Adriana Braga | Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Brasil Presidente
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CONSULTORES AD HOC Universidade Federal da Bahia, Brasil
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Christa Liselote Berger | Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Brasil
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José Afonso Junior | Universidade Federal de Pernambuco, Brasil
EDIÇÃO DE TEXTO E RESUMOS | Everton Cardoso Secretária-Geral
Ana Carolina Escosteguy
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