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Heterogeneidade linguística e ensino da língua: O paradoxo da escola

O texto “ Heterogeneidade linguística e ensino da língua: O paradoxo da escola”, da autoria de


Stella Martins Bortoni-Ricardo, faz parte de um volume intitulado “ Nós cheguemu na escola, e
agora?: sociolinguística e educação”, também da sua autoria, publicado em 2005 pela editora
Parábola Editorial, de São Paulo. O texto fala sobre a educação da língua numa perspectiva
sociolinguística em países multilingues, mais concretamente no Brasil, com o objectivo de
levantar uma série de questionamentos acerca do carácter impositivo do ensino da língua
portuguesa na escola, sendo assim relevante para todos os países multilíngues, quando o assunto
é promover uma educação eficaz, sem preconceitos sociais nem culturais.

A autora começa por uma afirmar que o prestígio associado à norma padrão por parte de todas as
classes sociais é uma realidade inegável que faz do comportamento linguístico um indicador
estratificação social, pois os grupos sociais são diferenciados pelo uso da língua. Entrando para o
caso do Brasil, a autora afirma que as escolas são instruídas a ensinar a língua da cultura
dominante e a rejeitar e classificar como erradas as variedades linguísticas associadas às
restantes culturas, tornando, assim, a padronização uma actividade impositiva. Porém, a autora
reconhece que ela é necessária, pois está na base do funcionamento de todo estado moderno. Por
último, a autora avança, como solução para este problema, que as escolas devem, ao mesmo
tempo, respeitar as diferenças sociolinguísticas que os alunos apresentam, considerando os
diferentes contextos e propósitos de comunicação, e garantir que estes aprendam a norma padrão.

Ao referir o prestígio de uma variedade linguística em relação às outras como um factor que
contribui para a estratificação social, a autora toca num aspecto muito importante do qual muitos
tem uma visão equivocada. Há que esclarecer que nenhuma variedade linguística é superior à
outra (Marine e Barbosa (2016)):

“ [..] toda língua natural se constitui por (e como) um conjunto de variedades, não existindo
supremacia linguística entre as línguas e nem entre as variedades de uma mesma língua. O que
existe, sim, é uma valoração social em relação às variedades linguísticas por parte do Homem,
que acaba conferindo a algumas línguas e variedades da língua, prestígio, e a outras, estigmas e
preconceitos.”

Mais ainda, segundo Gnerre (1998, p. 6), este prestígio está fundamentado na posição que o
falante ocupa na sociedade. O autor afirma que:

“Uma variedade lingüística ‘vale’ o que ‘valem’ na sociedade os seus falantes, isto é, vale como
reflexo do poder e da autoridade que eles têm nas relações econômicas e sociais”

A solução apresentada pelo autor remete-nos à necessidade de se adoptar uma perspectiva


dinâmica no ensino da língua. Segundo Vieira, Rocha e Santos, devido a multiplicidade de
culturas (que por sua vez têm características sociolinguísticas diferenciadas) no Brasil, os
professores devem ensinar a falar tendo em conta os diferentes contextos de comunicação:
“É necessário afinal que todos os professores exercitem em suas práticas pedagógicas o ensino
da língua materna voltado, também à variabilidade tão presente nos meios comunicativos, no
dia-a-dia, quebrando o mito que envolve a visão equivocada de que só existe uma forma
“correta” de falar, de se comunicar. É responsabilidade do professor ensinar ao aluno a utilizar as
linguagens verbal, oral e escrita, em várias ocasiões, instrumentalizando-o para compreender as
diversas situações linguísticas com que conviverá [..]”

Este texto veio para despertar as escolas e todas as instituições associadas à educação, trazendo
uma visão muito importante para a melhoria da qualidade de ensino e também para a promoção
da uma educação inclusiva, pois, no fundo, o conhecimento da língua leva ao desenvolvimento
da competência linguistica para comunicar, ter acesso à informação, expressar e defender pontos
de vista, partilhar ou construir visões de mundo e produzir conhecimento em diferentes contextos
de interação social.

Referência bibliográfica

Bortoni-Ricardo (2005). Heterogeneidade linguística e ensino da língua: O paradoxo da escola.


In S. Bortoni-Ricardo, Nós cheguemu na escola, e agora?: sociolinguística e educação (pp.13-
17). São Paulo: Parábola Editorial."

Marine T. C; Barbosa, J B: Em Busca de um Ensino Sociolinguístico de Língua Portuguesa no


Brasil. In Estudos Linguísticos, Londrina, n. 19/1, p. 185-215, jun. 2016.

Vieira, D. S.; Rocha, R. O; Santos, S: GT8 – Espaços Educativos Currículo e Formação Docente
(Práticas e Saberes). In O ENSINO DA GRAMÁTICA NA PERSPECTIVA SOCIOLINGUÍSTICA:
ENFOQUE REFLEXIVO PARA DOCENTES DE LÍNGUA PORTUGUESA.

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