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Enfoques

Vol.1, n.14.

EPISTEMOLOGIA DAS LUTAS SOCIAIS


Roberta Loboi
Leandro dos Santosii

Resumo
Pretendemos com este texto travar um debate epistemológico sobre o potencial político-
pedagógico presente na memória das lutas sociais que têm como protagonista as classes
populares. Deste modo, as lutas sociais carregam em si uma forma própria de observar,
conhecer e criticar a realidade, que, diferentemente das correntes de pensamento
hegemônicas convencionais, congrega em suas análises razão e experiência empírica,
sensibilidade, objetividade e posicionamento político-ideológico.

Palavras chave: Lutas sociais e epistemologia; Racionalidade e experiência sensível; Memória


e história.

EPISTEMOLOGY OF SOCIAL STRUGGLES

Abstract:

We want with this text lock an epistemological debate about political-pedagogical potential
present in memory of social struggles that have as protagonist the popular classes. In this
way the social struggles carry itself a shape to observe, understand and criticize the fact that
unlike conventional, hegemonic currents of thought brings together in its analysis reason
and empirical experience, objectivity and political-ideological positioning.

Keywords
Social struggles and epistemology; Rationality and sensitive experience; Memory and
history.

i
Roberta Lobo é doutora em Educação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e professora
do curso de Licenciatura em Educação do Campo da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFR-
RJ). Pesquisadora do grupo de pesquisa Filosofia e Educação Popular. E-mail: roberta.lobo@gmail.com.

ii
Leandro dos Santos é mestre em Educação pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e
professor do Departamento de Educação e Sociedade do curso de Graduação em Pedagogia da Univer-
sidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Pesquisador do grupo de pesquisa Filosofia e Educação
Popular. E-mail: marxcso@yahoo.com.br.

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Apresentação do problema às lutas sociais pela emancipação


humana. O pensamento tem que
A questão – o que é teoria – parece fugir das raias do burocrático e se
não oferecer maiores dificuldades emaranhar na historicidade de questões
dentro do quadro atual da ciência. que encaminham labirinticamente
No sentido usual da pesquisa, para seu problema, que consiste em
teoria equivale a uma sinopse de desvendar uma nova episteme contida
proposições de campo especializado, na memória das lutas sociais forjadas
ligadas de tal modo entre si que se
pelas classes populares ao longo da
poderiam deduzir de algumas dessas
teorias todas as demais. [...] Sua história. Esse conjunto de memórias se
validade real reside na consonância apresenta como um concreto temporal
das proposições deduzidas com os sujo, perturbado, esquecido, comum e
fatos ocorridos. Se, ao contrário, maldito, resistente e melancólico, mas
se evidenciam contradições entre a que, ainda assim, contém centelhas de
experiência e a teoria, uma ou outra promessa de liberdade, ação prática,
terá que ser revista. (Horkheimer & realização no mundo (Benjamin, 1994).
Adorno, 1983: 117)
Na Dialética do esclarecimento
Na contemporaneidade, as tensões
(1985), Max Horkheimer & Theodor W.
existentes entre teoria, experiência social
Adorno demonstram como a ciência
e historicidade nos provocam para a
universalizante pretendeu reduzir
abertura da emancipação humana como
progressivamente a possibilidade de erro
um problema indeterminado, isento de
de seus resultados hipotéticos. Nesta
garantias quanto à sua realização,
direção, o conhecimento cotidiano,
porém ainda ativo na construção de
supostamente simples, não satisfaz as
uma filosofia da liberdade. Realidade
necessidades do conhecimento puro,
e pensamento, conceito e objeto são
já que, diferentemente da ciência, esta
demarcados por impossibilidades
forma popular de pensar a realidade
intransponíveis, mediações,
não se distancia da superstição, do
radicalizações e racionalizações
dogma, dos sentidos, das questões
opostas e complementares. Mas, diante
relacionadas à cultura, à política ou à
de tantos desencontros e rotas sem
economia; ao contrário, as evidencia
saída, como fazemos para realizar a
em sua construção analítica própria.
travessia da extinção da singularidade,
da reificação do sujeito cognoscente
Do indefinido homem da ciência
e da coisificação do sujeito sensível
ao cientista foram séculos de moldagens,
ao sujeito emancipado? Com base nas
fórmulas, instituições na constituição
reflexões de Adorno & Horkheimer
concreta de uma sociedade moderna,
(1983) podemos deduzir que razão e
capaz de dominar a natureza interna,
realidade não coincidem, revolução e
os instintos e desejos humanos, bem
sujeito revolucionário não se apresentam
como a natureza externa, o cosmos,
em um horizonte próximo.
a physis tomando forma de máquina,
montável e desmontável ao bel-prazer
Uma epistemologia a contrapelo
da necessidade de se mercantilizar
que, como em um risco cirúrgico,
como inexaurível meio de produção,
tateia as tensões postas na história de
progresso, civilização.
uma teoria do conhecimento vinculada

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Galileu, Descartes, Newton, Bacon


tomam a natureza como verdadeiro Se esta razão como posse do
objeto da ciência, produção de teoria, homem pode ser ensinada, tomamos o
operacionalização, manipulação e ideal de homem esclarecido de Kant
intervenção, o que se pensa do mundo, (2008), enquanto autonomia da vontade
se faz do mundo. O conhecer e o fazer como fonte da independência da razão,
alimentam uma identidade capaz de se realização da verdade. A saída da
reproduzir como cultura científica. O menoridade como um salto da antiga
modelo das artes mecânicas revelam caverna vai produzindo um sujeito
os processos da natureza. Métodos, humano que se concebe como portador
processos e linguagem das técnicas são da razão, consciente do poder histórico
objetos de reflexão numa aprendizagem objetivado, do desenvolvimento científico
calcada na experiência errante, acúmulo e técnico desta razão, do progresso
constante para a formação de um corpo da consciência, do conhecimento e da
orgânico e sistemático do conhecimento. moral posta na preservação da espécie
Pesquisa teórica e atividade prática, como um fim em si mesmo, unindo
o que é posto na prática é o mais felicidade, justiça e liberdade.
verdadeiro na teoria, a prática é garantia
de verdade. O útil e o verdadeiro estão Mas a dialética da razão pura e da
de mãos dadas. razão prática não deixou de apresentar
os processos de regressão social frente
Com a revolução científica dos ao progresso técnico da civilização
séculos XVI e XVII, o tema da produção burguesa. A tensão entre desenvolvimento
do conhecimento é retomado com mais lógico analítico dos conceitos da razão
vigor, já que a modernidade como pura de Kant e suas efetivações como
condição histórica impulsionava seus realidade demostrou como a razão não
pensadores a estabelecerem distinções é capaz de fundamentar racionalmente
entre as formas racionais e empíricas a liberdade, visto que os homens, suas
de pensar a realidade, o homem e a instiuições e lógicas mercantis são
natureza. A modernidade se estabelece autônomos em relação à razão. São os
como razão humana individual e interesses privados e não o interesse
progresso técnico em ritmo de uma comum que permeiam o fluxo das coisas
dialética positiva altiva e promissora. A existentes. A dialética negativa da razão
dúvida metódica, provisória e sistemática, pura e da razão prática tensiona a
aliada a uma natureza sem finalidades, cultura compreendida como moralidade,
reduzida a um mecanismo sem mistérios aperfeiçoamento dos costumes e o
para a linguagem matemática compõem progresso técnico e material como
a teoria do conhecimento e das civilização. O bem-estar material não
atividades técnicas do homem moderno. traz felicidade. A arte e a ciência não
A natureza como posse do homem, aperfeiçoaram os costumes, verdade já
apenas uma quantidade medida e não posta nos tempos de Rousseau e Kant
mais uma qualidade sentida. A razão (Menegat, 2006: 126).
como posse do homem, instrumento
universal para o esclarecimento, O modelo ideal de homem
inteligência das coisas, fornecimento de racional, livre, justo, culto produz e
meios para prever o futuro e dominar a reproduz socialmente um conhecimento
natureza. livre da possibilidade de erro, como
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também livre das pulsões instintivas que


os sentidos ou os instintos humanos As guerras mundiais, o fascismo,
podem proporcionar. A elaboração o stalinismo, a sociedade administrada
de uma razão instrumentalizadora foram fenômenos históricos que
do homem e da natureza implicou a colocaram em xeque a promessa de
redução metódica do conhecimento progresso e felicidade da razão iluminista
a mero conhecimento técnico, e instrumental. Nesta perspectiva, os
amparado por hipóteses universalmente modelos de razão e ciência puras
verdadeiras e métodos científicos ampliam de forma exponencial o
válidos em qualquer tempo e espaço. processo de barbarização do real, pela
Nesta direção, desmistificar a realidade, degradação da natureza e da história. A
para os defensores desta forma de ciência iluminista “enquanto ciência do
racionalidade, é esquartejar o ser humano espírito [...] deixa de cumprir aquilo que
e a natureza em dimensões organizadas promete ao espírito: iluminar suas obras
hierarquicamente, na tentativa de fazer desde dentro” (Adorno, 2008: 24).
com que as potencialidades e dimensões
racionais subjuguem progressivamente Iluminar as obras desde dentro
as dimensões sensíveis e instintivas, a contrapelo é revirar as ruínas das
ou seja, trata-se de dissolver os mitos inúmeras catástrofes de uma civilização
anulando a imaginação por meio da sem moralidade e em permanente
razão instrumental (Horkheimer, 1983). excesso. É iluminar as derrotas dos
projetos levantados pelas classes
Livres dos feitiços e fantasmas populares em seus processos de luta
que as dimensões humanas não- como elaboração prática e teórica de
racionais podem criar, o ser humano novas formas de socialização humana
seria mais feliz e autônomo, já que para além do capital. Nesta contra-
desta forma ele conheceria o mundo iluminação teceremos um possível fio
à sua volta em profundidade e não da meada no que diz respeito a uma
apenas superficialmente. Transformar epistemologia das lutas sociais, fio
as dimensões humanas supostamente rastreado aqui a partir de duas questões
não-racionais, no sentido restrito fundamentais: a emancipação como
do termo – no que se refere a algo problema e a reconstrução da memória
instrumental, em dimensões menores é dos traumas das derrotas das revoluções
uma estratégia no sentido de reduzir como forma de conhecimento.
não somente o humano, mas também A emancipação como problema
suas percepções diante da realidade.
Assim, o pensamento hegemônico, O problema da emancipação não
ao separar experiência sensível da foi tratado exclusivamente pela tradição
produção de conhecimento cria um que constitui o pensamento crítico.
hiato entre a chamada intelligentsia e Embora seja através desta tradição que a
a sociedade como um todo, pois se discussão sobre a emancipação humana
os primeiros vivem na posse da razão, ganhe vigor, teóricos do pensamento
os segundos estariam despossuídos liberal e iluminista dedicaram um tempo
da dialética ascendente que supera significativo de reflexão a esta questão.
os sentidos ao encontro da razão, do Uma das referências, inclusive para o
conhecimento verdadeiro, útil, prático e pensamento crítico, foram as reflexões
eficaz (Horkheimer, 1983). de Kant que, mesmo sendo identificado
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como um dos principais teóricos do desta elaboração está em reduzir


Iluminismo, não deixou de se ater à a produção de conhecimento ao
questão da emancipação humana exclusivo acionamento autônomo das
e de ter a crítica como método de dimensões racionais do ser humano,
conhecimento, vide o título de suas desconsiderando as múltiplas dimensões
principais obras: Crítica da razão pura, que o constituem. Como diria Hegel
Crítica da razão prática e Crítica do (1992), o escravo tem a consciência
juízo. da necessidade de liberdade, porém
não possui objetivamente a prática da
Segundo Kant, conhecimento, liberdade.
razão e autonomia andam juntos,
configurando entre eles uma relação Mas será que a racionalização do
de interdependência. Em seu texto sujeito como condição de liberdade é
Resposta à pergunta: o que é o processo tão simples? Basta vontade
esclarecimento? (2008), Kant afirma que própria para que o sujeito conquiste sua
todos os seres humanos são dotados autonomia? A forma como organizamos
de razão, considerando que para ele a vida social não influencia no
a razão é uma característica inata, processo? As tensões entre moralidade/
independente das condições de sua cultura e civilização/progresso material
natureza, ou seja, independente de anunciadas por Kant nas dialéticas
questões sociais, políticas, culturais que positivas e negativas da razão pura
envolvem o ser em questão. No entanto, e da razão prática se materializaram
esta característica inata não pode ser em barbárie objetivada ao longo do
acionada por todos, mas apenas por século XX, mal-estar que comunica as
aqueles que progressivamente vão se determinações sociais, os traumas e a
libertando de seus tutores. Em outras dinâmica da psiquê humana no processo
palavras, somente o homem capaz de de construção da autonomia do sujeito
fazer uso autônomo de sua razão possui (Freud, 1974).
condições de produzir conhecimento. A
autonomia é uma condição indispensável Herbert Marcuse (1981)
para a produção de conhecimento problematizou as constatações
socialmente válido, já que sem ela, isto kantianas e iluministas sobre a ideia de
é, sem a progressiva libertação de seus autonomia. Para o autor, o processo de
tutores, o sujeito somente reproduziria esclarecimento ou de consolidação do
as ideias de seu mentor, seja este o sujeito autônomo não se dá de modo
Estado Absoluto ou o Dogma Religioso. amistoso, pois ao longo da vida o sujeito
é submetido a uma série inumerável de
Esta racionalização constante da questões que o impedem de se tornar
vida social tornariam os seres humanos autônomo, a ponto de ter, inclusive, seus
melhores, mais justos, conscientes e desejos mais primitivos condicionados
felizes. Para alcançar tais objetivos o pela forma de sociedade em que está
sujeito dependia somente de sua força situado.
interior, pois, embora mediada pelo
conhecimento científico, a emancipação Em Eros e civilização (1981),
é um processo que se dá de dentro Marcuse apresenta o pensamento
para fora e depende da vontade que de Sigmund Freud a partir de uma
cada um tem de ser livre. O problema interpretação filosófica, buscando
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fundamentar a possibilidade concreta e integral de necessidades – é abandonado”


real de constituição de uma Civilização (Marcuse, 1981: 33), ou seja, à medida
Não-Repressiva. Marcuse inicia suas que o Ego abandona seu estado
reflexões tendo como referência o primitivo, amadurece e se choca com
tensionamento apresentado por Freud a realidade, sendo obrigado a submeter
entre o princípio do prazer e o princípio a satisfação de suas necessidades a
da realidade. Segundo o criador da fontes externas, pois “o princípio do
psicanálise, a coexistência entre princípio prazer irrestrito entra em conflito com
da realidade e princípio do prazer o meio natural e humano. O indivíduo
como fluxo do processo civilizatório é chega à compreensão traumática de
impossibilitada, visto que o princípio que uma plena e indolor gratificação
de prazer exigiria a negação total do de suas necessidades é impossível”
princípio de realidade e vice-versa. Ou (Marcuse, 1981: 34).
seja, segundo Freud (1974), a afirmação
do Ego, em seu estado primitivo, movido Segundo Freud (1974), o Ego passa
por uma busca ilimitada pelo princípio a reconhecer o mundo exterior quando
do prazer seria incompatível com a este se torna uma fonte de prazer;
civilização, tendo em vista que o estado neste momento o Ego está vulnerável,
de sociedade imprime a necessidade pois corre o risco de ser reificado,
de renúncias ao sujeito em função dos coisificado, reduzido a algo que não é
limites institucionais, morais, culturais mais ele mesmo, subjugado, ou melhor,
etc. Ou seja, a civilização com seu capaz de subjugar suas necessidades e
princípio de realidade fundamentado respostas fisiobiológicas a necessidades
na sublimação dos desejos inviabiliza e respostas externamente criadas,
o sujeito que “por um lado, visa a condicionando seu prazer a elas, eis
ausência de sofrimento e de desprazer; o princípio da realidade (Freud, 1974).
por outro, à experiência de intensos Essa reificação progressiva do Ego
sentimentos de prazer” (Freud, 1974: 8). é perfeitamente compreensível, pois
diante de um cenário em que as fontes
Em seu estado primitivo, as de sofrimento assumem dimensões
necessidades fisiológicas de prazer do cada vez mais abrangentes, e que as
Ego encontravam respostas internas. pressões sobre o indivíduo são elevadas
Nesta perspectiva, a satisfação desses à milionésima potência, não espanta
desejos era encontrada no próprio que ausência de sofrimento tenha o
sujeito, isto é, a necessidade e a sua mesmo efeito que a felicidade, e que
satisfação compõem a mesma unidade não-encarceramento seja considerado
metabólica tendo em vista que ambas liberdade, ou mesmo que a reprodução
eram intrínsecas ao ser. Assim sendo, o de ideias e pensamentos seja sinônimo
Ego não teria que se submeter a algo de autonomia.
externo, eis o princípio do prazer: “O
princípio do prazer, sob a influência do Freud (1974) identificava no princípio
mundo externo, se transformou no mais da realidade, ou seja, na civilização, um
modesto princípio da realidade” (Freud, profundo sentimento de mal-estar, pois
1974: 9). seu amadurecimento exigia a anulação
progressiva das necessidades instintivas
“A civilização começa quando o do sujeito, submetido a uma sucessão
objetivo primário – isto é, a satisfação de experiências traumáticas, repressivas.
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Para Freud, a noção de uma civilização é bom e mau, útil ou inútil, verdadeiro e
não-repressiva é impossível. A repressão falso, em outras palavras, “torna-se um
das liberdades ou de sua busca dá sujeito consciente, pensante, equipado
origem a um indivíduo autorreprimido para uma racionalidade que lhe é imposta
e a sua “autorrepressão apoia, por seu de fora” (Marcuse, 1981: 34). Esse Ego
turno, os senhores e suas instituições” ordenado realiza sua descarga motora
(Marcuse, 1981: 37). Essa repressão na “alteração apropriada da realidade:
que se acumula feito catástrofe na é convertida em ação” (Marcuse, 1981:
subjetividade humana reduz a ideia de 35). No tempo em que Marcuse está
liberdade, de autonomia e de felicidade refletindo, bem como no momento
do ser autorreprimido ao simples ato de presente essas potencialidades racionais
cotidianamente escapar da infelicidade, são direcionadas para uma ação
do encarceramento ou do sofrimento. reificada, para trabalho alienado, para
a manutenção do sistema mercantil,
Marcuse (1981) concorda de suas instituições e de sua estrutura
parcialmente com Freud. Acredita que de dominação. Entretanto, o mesmo
a formação social atual, regida por Ego ordenado acumula excessivamente
uma forma mercantil que reifica os estímulos contra a própria forma
sujeitos e as relações por ele travada mercantil e, consequentemente contra
reprime o Ego na substituição da luta a sua própria repressão. Recupera,
pela felicidade pela simples luta pela por exemplo, as ideias de liberdade,
existência. Para Marcuse, a repressão autonomia e felicidade ocultas em
inconsequente dos desejos tanto no uma memória distante, porém, sempre
desenvolvimento filogênico, quanto no passível de recuperação (Freud, 1974;
desenvolvimento ontogênico é uma Benjamin, 1994).
característica específica de nosso tempo
histórico marcado pelo capitalismo De acordo com Marcuse (1967:
moderno. Nestes termos, onde Freud vê 4), “as aptidões (intelectuais e materiais)
um tremendo mal-estar instransponível, da sociedade contemporânea são
Marcuse vê um imenso potencial dialético, incomensuravelmente maiores do que
dado que o princípio de realidade, nunca dantes”, no entanto, em vez da
estrutura fundamental da civilização, do liberação do sujeito à filosofia, à arte
mesmo modo que oprime, que reifica de modo geral, à política etc., o que
o Ego, pode contribuir para a sua total se tem é um aumento incomensurável
liberação, pois, com o estabelecimento da repressão e da dominação, ou
da civilização, isto é, com a afirmação seja, todas as aptidões intelectuais
do princípio de realidade o ser humano e materiais servem, na verdade, para
“esforça-se por obter o que é útil e o garantir que os tentáculos da sociedade
que pode ser obtido sem prejuízo para administrada alcancem os lugares e
si próprio e para o seu meio vital. Sob sujeitos em todos os cantos do Planeta.
o princípio de realidade, o ser humano
desenvolve a função da razão: aprende Neste sentido, a emancipação
a examinar a realidade” (Marcuse, 1981: humana é inversamente proporcional à
34). capacidade produtiva da atual forma de
organização social, na medida em que
Este desenvolvimento da razão nosso Ego reificado – que desconhece
permite ao sujeito distinguir entre o que quase que completamente seus instintos
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primários – passa a ser um fragmento criatividade e a realização de atividades


reificado de um princípio da realidade livres (Marx, 2004).
que não se autoconhece, reduzindo, Os traumas das derrotas das revoluções
com isso, nossa percepção, nossas e a reconstrução da memória como
necessidades (inclusive as fisiobiológicas), forma de conhecimento
resumindo à minimização da dor, do
sofrimento, do desprazer cotidiano, na Desde que superamos o erro de
mesma medida em que reduz a nossa supor que o esquecimento com que
visão de liberdade. nos achamos familiarizados significa
a destruição do resíduo mnêmico
Essa percepção reduzida do mundo [relativo à memória] – isto é, a sua
ofusca a nossa visão de uma catástrofe aniquilação –, ficamos inclinados a
sem trégua. A racionalidade irracional assumir o ponto de vista oposto,
do atual modelo de sociedade pautado ou seja, o de que, na vida mental,
pela livre concorrência e por um padrão nada do que uma vez se formou
pode perecer – o de que tudo é,
de produtividade que destrói o livre
de alguma maneira, preservado e
desenvolvimento das necessidades e que, em circunstâncias apropriadas
faculdades humanas, mantém-se através (quando, por exemplo, a regressão
da constante ameaça de guerra e da volta suficiente atrás), pode ser
insistente repressão das potencialidades trazido de novo à luz (Freud, 1974:
individuais e coletivas para a minimização 4).
da luta pela existência (Marcuse, 1967:
14). Com a terceira revolução técnica- Neste momento de perplexidade
científica iniciada em meados do século generalizada em que a perspectiva
XX, pautada no desenvolvimento da de futuro se restringe à garantia da
informática, da robótica, na utilização sobrevivência diária – diante da fome,
de novas fontes energéticas e na das epidemias, dos desastres naturais,
biotecnologia, a luta pela existência da guerra convencional ou dos inúmeros
pode, sim, ser equilibrada com uma luta contextos de guerra civil espalhados
pelo tempo livre, pelo tempo da criação pelo Planeta – na selva de pedra das
e do prazer. cidades em que a imagem do passado
parece desaparecer paulatinamente da
Autoconservação da espécie, nossa memória, surge a necessidade de
liberdade e autonomia como refletirmos sobre nossas experiências
necessidades vitais (Freud, 1974; Fromm, históricas, sobretudo as que vivemos até
2004) parecem desconhecidas para as aqui, com o sentido de ressignificar o
sucessivas gerações que nasceram, passado, utilizando todo o seu material
foram formatadas, coisificadas e explosivo como agente catalisador das
desumanizadas pelo domínio da nossas experiências no tempo presente
repressão e da escassez elevada à (Benjamin, 1994), ampliando com isso
milionésima potência pelo sistema o nosso horizonte histórico diante das
capitalista contemporâneo que, ao longo possibilidades de um futuro diferente.
de seu processo contínuo e crescente
de deformação, foram sendo retiradas Nossa tarefa, nada simples por
do humano as características que sinal, consiste, como diria Freud (1974),
os distinguem dos outros animais, a em voltar no tempo, em sentar no
necessidade de liberdade, a autonomia, a divã da história desta experiência, em
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regredir suficientemente até que seja prédios que outrora ocuparam essa
possível perceber e recuperar, ao menos antiga área, nada encontrará, ou,
teoricamente, parte daquilo que fora quando muito, restos escassos, já
deixado, melhor dizendo, “esquecido” que não existem mais. No máximo, as
melhores informações sobre a Roma
pelo caminho, isto é, tudo aquilo que
da era republicana capacitariam-
a sucessão de experiências traumáticas
no apenas a indicar os locais em
que vivemos nos fizeram esquecer. É que os templos e edifícios públicos
bom enfatizar que se trata apenas de daquele período se erguiam. Seu
“esquecimento”, pois em algum lugar da sítio acha-se hoje tomado por ruínas,
nossa psiquê coletiva está armazenada não pelas ruínas deles próprios,
a memória desta tradição crítica de mas pelas restaurações posteriores,
uma Epistemologia das Lutas Sociais, efetuadas após incêndios ou outros
pois, como afirma Freud (1974: 4), tipos de destruição. Também faz-
“no domínio da mente, por sua vez, se necessário que todos esses
o elemento primitivo se mostra tão remanescentes da Roma antiga
estejam mesclados com a confusão
comumente preservado”:
de uma grande metrópole, que
se desenvolveu muito nos últimos
Escolheremos como exemplo a história séculos, a partir da Renascença. Sem
da Cidade Eterna. Os historiadores dúvida, já não há nada mais que
nos dizem que a Roma mais antiga seja antigo, enterrado no solo da
foi a Roma Quadrata, uma povoação cidade ou sob os edifícios modernos.
sediada sobre o Palatino. Seguiu-se Este é o modo como se preserva o
a fase Septimontium, uma federação passado em sítios históricos como
das povoações das diferentes colinas; Roma (Freud, 1974: 4).
depois, veio a cidade limitada pelo
Muro Sérvio e, mais tarde ainda, após
todas as transformações ocorridas O mais interessante é que o pai
durante os períodos da república da psicanálise não vai se contentar em
e dos césares, a cidade que o construir conjecturas somente com a vida
imperador Aureliano cercou com as mental dos indivíduos, mas também com
suas muralhas. Não acompanharemos a história das sociedades, com o intuito
mais as modificações por que a de nos mostrar que, diferentemente da
cidade passou; perguntar-nos-emos, estrutura psíquica, a história guarda suas
porém, o quanto um visitante, que sequências relacionando diretamente
imaginaremos munido do mais
tempo e espaço, sendo necessário
completo conhecimento histórico e
topográfico, ainda pode encontrar,
que se sobreponha sempre uma fase
na Roma de hoje, de tudo que restou à outra, de forma que elas nunca
dessas primeiras etapas. À exceção existam no mesmo tempo e espaço
de umas poucas brechas, verá o simultaneamente. Freud (1974) nos fala
Muro de Aureliano quase intacto. ainda que, com a estrutura mental, a
Em certas partes, poderá encontrar preservação da memória não necessita
seções do Mudo do Sérvio que de uma sobreposição de imagens ou
foram escavadas e trazidas à luz. fases: dependendo do ângulo e da
Se souber bastante – mais do que a posição do observador, todas as imagens
arqueologia atual conhece –, talvez e fases vão estar sempre disponíveis
possa traçar na planta da cidade
à observação. A leitura que Freud
todo o perímetro desse muro e o
contorno da Roma Quadrata. Dos
(1974) faz da história certamente está

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contaminada com aquilo que Benjamin desvios estratégicos e resolvê-los para


(1994) chamou incansavelmente de que possamos recomeçar a história de
história tradicional, considerando que onde paramos, melhor dizendo, de onde
esta concepção apresenta a história as nossas experiências traumáticas nos
em uma linearidade (unidimensional, fizeram parar.
a “linha” do tempo) mórbida, como se
os sujeitos caminhassem sempre em Sabendo, com isto, que todo
direção ao paraíso/progresso. fio histórico perdido pode ser
retomado desde que possamos voltar
Entretanto, o que nos interessa, suficientemente atrás, com ângulos e
neste momento, é compreender que posições diferentes, sabendo que, até
existe uma confluência interessante aqui, a nossa regra esteve marcada pela
entre os pensamentos de Benjamin e barbárie, pela opressão, pela violência
Freud, sobretudo quando Freud (1974) dos vencedores que contaram e contam
afirma que, na estrutura mental, toda a “história oficial”. O que esta versão
memória é preservada e, dependendo oficial da história não conta é que,
da posição que o sujeito observador ao longo desta trajetória, os projetos
assume no tempo e no espaço, ele revolucionários foram impedidos “por
poderá fazer uso de cada estrutura, contratendências e por movimentos
de cada fragmento de memória em opostos” (Marcuse, 1969: 16), estatais
seu estado perfeito, mesmo que ela ou extraestatais, lançando mão de
faça parte de um passado longínquo, mecanismos espirituais de violência
podendo recuperá-la em qualquer (relações econômicas: escassez e
tempo (ressignificando-a, é claro, à luz coerção em estado latente) ou de
do presente). Nestes termos, por um violência extraeconômica (fisicamente
processo de rememoração, como nos repressivas).1
fala Benjamin (1994), esse(s) passado(s)
estará(ão) sempre à nossa disposição para No Brasil isto nunca foi novidade,
ser(em) reinterpretado(s), recontado(s). pois até mesmo em nossos momentos
O que aproxima esta dupla ilustre de de democracia pálida, a exceção sempre
pensadores judeus é que o passado foi a forma reinante de manutenção
pode ser resolvido, reapropriado, isto da governabilidade e, de milagre em
é, que a qualquer momento podemos milagre, o preço da penitência para os
caminhar em direção aos nossos oprimidos, para as classes populares
medos, aos nossos traumas da infância “nacionais” foi bastante elevado. Golpes
e da juventude, às nossas derrotas, de Estado, ditaduras militares ou
aos nossos erros táticos, aos nossos empresarial-militares, suspensão dos

1
É importante considerar que para Marcuse (1969) tanto a primeira quanto a segunda forma de violência
estão condicionadas ao desenvolvimento do sistema mercantil, pois em momentos em que a taxa de acu-
mulação permanece estável a violência se manifesta em estado latente, pouco visível, pois são ofuscadas
pelas relações econômicas e alienadas do próprio processo produtivo; em contrapartida, caso a taxa de
acumulação tenha um movimento regressivo, ou seja, o sistema social esteja em um processo de crise e a
violência espiritual seja insuficiente para conter a insatisfação da massa, a violência extraeconômica seria
utilizada de modo mais intenso. Cabe destacar, ainda, que no desenvolvimento histórico do capitalismo os
dois tipos de violência serão utilizados simultaneamente, dependendo de sua vida orgânica.

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direitos civis e políticos, supressão dos da esquerda alemã na Primeira Guerra


salários, dentre outras, sempre fizeram Mundial, das vanguardas culturais e
parte da nossa vida cotidiana, pois aqui políticas da Revolução Russa, o fracasso
o arcaico e o moderno fizeram uma das insurreições operárias na República
dobradinha perfeita, alimentando um ao de Weimar e na República de Conselhos
outro (Oliveira, 2008). Combinar estado da Hungria; a derrota dos anarquistas
de exceção e crescimento econômico, na Guerra Civil Espanhola, o nazismo,
trabalho escravo e precarização do o stalinismo, as ditaduras civil-militares
trabalho com avanços técnicos e na periferia, o milagre econômico e a
tecnológicos é nossa especialidade, violência das modernizações tardias, a
sendo a forma pela qual o capitalismo sociedade administrada. Catástrofes em
se desenvolverá no Brasil. Tanto é que, repetição apontam para uma suspensão
na atualidade, chegamos a exportá-la da práxis política? Sem práxis política
alimentando uma brazilianização do existe uma teoria crítica? Ou uma
mundo (Arantes, 2004). epistemologia das lutas sociais? (Santos,
2011).
Esse cortejo triunfante dos
vencedores, marcado pela universalização Se os tempos atuais nos retiram
da exceção entre os vencidos, continua de uma práxis política como sujeito
a percorrer seu caminho, encontrando coletivo, ao menos exigem para o
pela frente várias forças de resistência, bom entendedor uma crítica da cultura
trucidadas por uma intensa “repressão socialista e da cultura libertária, um pôr-
agressiva legal e extralegal por parte da se a contrapelo possuído pela melancolia
estrutura de poder – uma concentração hostil à atividade do esquecimento:
de força brutal contra a qual a Esquerda
Num mundo no qual se encoraja a
não possui defesa” (Marcuse, 1981:
amnésia, em que o recalcamento
43) – e que vão ser narradas pelos
toma o lugar do esquecimento, a
historiadores da história oficial como melancolia de esquerda ainda é capaz
focos dispersos e sem continuidade de de apelar a coisas que de outra
resistência. forma estariam perdidas. Manter
uma relação com o passado significa
Rememorar o passado, como diria relembrar o melhor para impedir o
Benjamin (1994), voltar suficientemente pior: que o passado se repita. A
atrás não significa negar que os melancolia passa a representar uma
oprimidos tiveram inúmeras experiências resistência à razão tecnológica e
de autorreflexão e autoprodução de administrativa que liquida a memória
[...]. O papel da memória é, pois,
conhecimento, mas considera que a
fundamental: se a tecnologia arquiva
Epistemologia das Lutas Sociais, na
o passado para se transformar em
perspectiva crítica, corresponde à práxis apologia do existente, a recordação
política das classes populares nos é o que preserva o melhor do que
processos e para os processos de luta foi e o melhor do que pode ser.
social, bem como sua rememoração, (Matos, 1989: 21)
tendo a crítica da história e a
sensibilidade narrativa do sujeito como Recordar, narrar e não deixar de
faróis desta epistemologia a contrapelo. perceber, como uma atividade consciente,
a emancipação humana como um
Os fracassos da Comuna de Paris, problema concreto, real, finito, posto
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na ordem do dia como contraponto dor, porém é unindo luta social, memória,
da luta pela sobrevivência e afirmação atividade livre e lúdica que demarca no
da necessidade vital da felicidade e da processo histórico objetivado a busca e
liberdade. Uma epistemologia das lutas a realização de uma razão sensível.
sociais não se abstém da dialética da

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