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Biologia, Manejo & Conservação

Arquivos Avulsosde
Meliponicultura
Edição on-line, jun./2013
http://www.abelhasemferrao.com

1. Observações sobre a abelha Manduri


Artigos de Em novembro do ano de Muito tempo depois, Silveira sivamente ao manejo de es-
interesse 1919, durante uma expedi- [et al.](2002) afirmariam que pécies consideradas mais
especial: ção científica da Universida- Melipona marginata “(...) produtivas, principalmente as
de de Cornell ao Brasil, o parece estar completamente espécies de grande porte. A
notável naturalista Herbert extinta nos remanescentes abelha manduri (Melipona
• Sinonímia, F. Schwarz teve a oportuni- florestais do município (BH) marginata) considerada uma
Taxonomia e
dade – durante sua passa- e regiões limítrofes.”(2). das menores espécies do gê-
Distribuição
gem pelo estado de Minas nero Melipona tem sido, mui-
Apesar das recentes des-
• Arquitetura e Gerais, em Belo Horizonte – tas vezes, por nós esquecida.
cobertas realizadas a respei-
Condições de coletar e descrever um Desta forma, no intuito de pro-
to da biologia dos meliponí-
Internas tipo de abelha “pequena e mover iniciativas em prol da
neos e dos esforços crescen-
mais delgada, raramente sua conservação, buscamos
tes de divulgação científica
• Métodos de com mais que 7mm de com- reunir algumas informações
que promovem uma grande
Multiplicação primento, por vezes menos, básicas dispersas na literatu-
Artificial ampliação dessa atividade,
incluindo exemplares aver- ra, somadas a observações,
Venturieri [et al.](2012) des-
melhados e negros, de diver- relatos e experiências com-
tacam que a produção de
sos graus de coloração”(1) . partilhadas a respeito dessa
mel ainda é o principal pro-
Tratava-se, enfim, das abe- maravilhosa espécie não
duto das abelhas-sem-ferrão
lhas que, um século antes, menos importante do ponto
no Brasil. Em virtude dessa
Lepeletier houvera descrito de vista ecológico e
motivação, muitos dos cria-
na ‘Histoire Naturelle dês ambiental.
dores têm se dedicado exclu-
Insectes - Hyménoptères.’
Evandro Chagas
Evandro Chagas
1.1 Biogeografia e Sobrevivência
Dentre as diversas espécies capacidade de voo [r=800m]
do gênero Melipona, M. mar- o que a coloca em desvan-
ginata foi considerada por tagem em relação às espé-
Destaques Silveira [et al.] (2002) como cies maiores (p.ex.: manda-
individuais: uma das mais sensíveis aos çaia [r= 2000m]), dificultando
processos de degradação e o acesso aos recursos ali-
Morfologia 4 descontinuidade dos hábi- mentares e de nidificação e,
Nicho Trófico 6 tats, sendo considerada “exi- segundo Aidar (2010) inter-
gente em relação ao tama- rompendo a permuta ou
Hibernação 9 Fig.1- Melipona marginata.
nho e/ou qualidade desses fluxo gênico entre colônias
Reprodução 10 fragmentos, não ocorrendo a de diferentes regiões, devido
homem produzem modifi-
não ser nos maiores, mais à distância em que se encon-
Hibridação 15 cações profundas que al-
antigos e menos perturba- tram esses fragmentos [ver
teram a distribuição geo-
dos.” (2) Podemos acrescen- item 1.12] . Esses impactos
gráfica das espécies, po-
tar que isso se deve, entre negativos da ocupação
dendo levar à sua extinção.
outros fatores, à sua limitada intensiva do ambiente pelo
Página 2 Observações sobre a abelha Manduri
Índice
1 Observações sobre a
Editorial Abelha Manduri............1
1.1 Biogeografia e So-
O movimento abelhas nati- brevivência ...................1
vas – ABENA– tem por es- 1.2 Sinonímia, Taxono-
copo disseminar a cultura de mia e Distribuição.........3
preservação dos polinizado-
1.3 Morfologia e Descri-
Informativo Técnico- res nativos com foco no gru-
ção................................4
Científico dos Cria- po eussocial dos meliponí-
neos. 1.3.1 As Pranchas do
dores de Abelhas-
prof. Camargo.............5
Sem-Ferrão. Assim, ao democratizar os
1.4 Hábitos de
Realização: conhecimentos sobre as
Nidificação...................6
Grupo ABENA abelhas-sem-ferrão (ASF),
teremos um incremento de 1.5 Preferências
Florais...........................7
Edição on-line, interessados em preservá-
jan.2013 los. 1.6 Comunicação e
Forrageamento.............7
Dessa forma, mais pessoas
Texto&Fotos: 1.6.1 Atividades Exter-
estarão criando e protegendo
Membros do nas de M. obscurior........7
esse valioso patrimônio da
Grupo ABENA
humanidade que são os nos- 1.7 Polietismo Etário....8

Revisão:
sos polinizadores e disper- 1.8 Arquitetura e
Mario Tessari
sores de sementes, que Construções Internas......8
além desse serviço insubs-
1.8.1 Sobre a Diapausa
tituível, produzem mel, pólen,
© É permitida a re- Reprodutiva..................9
própolis e ainda causam
produção integral ou 1.8.2 Refúgios de
deleite pelo seu exemplo de
parcial deste texto,
organização social e abne-
Rainhas Virgens ..........10
desde que citada a 1.9 Aspectos de Repro-
gação ao serviço sem ne-
fonte. Créditos do dução e Postura ..........10
nhum mal causar a nada e a
Grupo ABENA.
ninguém. 1.9.1 Sobre a Substitui-
ção de Rainhas ............11
Assim, ao difundir a melipo-
nicultura, esperamos que 1.10 Breves Notas Sobre
estejamos auxiliando na ma- o Manejo .....................11
Sobre o nosso Grupo… nutenção do meio ambiente 1.10.1 A Questão da
ABENA – Abelhas-sem- e da vida, pois esse é o Produtividade.............13
ferrão (ASF) nativas são in- maior patrimônio que todos 1.10.2 Parâmetros de
setos sociais úteis à nature- temos. Avaliação....................13
za e responsáveis pela po- 1.10.3 Multiplicação
Jean Carlos Locatelli,
linização de muitos vegetais Artificial......................14
moderador do Grupo ABENA.
ajudando na sua multiplica-
1.11 Um Estudo de
ção, contribuindo benefica-
Genética......................15
mente para a vida da flora e
da fauna. 1.12 Fragmentação,
Dispersão e Hibridação
O Grupo visa a dissemina- ....................................15
Este texto foi originalmente publicado no site do
ção e multiplicação de co- 1.13 Pesquisas de
Grupo ABENA. A versão presente possui conteúdo
nhecimentos sobre as ASF, Campo........................16
idêntico e foi produzida especialmente para o
estimulando o associativis-
FÓRUM BRASILEIRO DE MELIPONICULTURA, 1.14 Considerações
mo e a preservação da
podendo ser acessada diretamente no site: Finais..........................16
natureza.
www.abelhasemferrao.com. 1.15 Referências
Associados: 1635 Bibliográficas..............17
Categoria: Meio Ambiente
Criado em: jul. 6, 2003
Idioma: Português
Observações sobre a abelha Manduri Página 3

1.2 Sinonímia, Taxonomia e Distribuição


M. marginata marginata: dentre elas são:
Melipona marginata Manduri, Manduri menor, Melipona obscurior: encon-
Lepeletier, 1836 Minduri, Gurupu do miúdo trada em Argentina (Misio-
(Nogueira-Neto, 1970). nes); Brasil (Mato Grosso,
Melipona marginata Mandurim, Guarupú-do- Paraná, Rio Grande do Sul,
carioca Moure, meudo,Monduri, Urussú- Santa Catarina, São Paulo) e
1971: 58 mirim (Camargo & Pedro no Paraguai (Caaguazú),
Melipona marginata 2007), Taipeira Nogueira- tendo portanto uma distribui-
B
marginata Neto, 1970,(Camargo ção mais setentrional. É co-
Lepeletier, 1836: &Pedro 2007). nhecida como manduri-preta.
424
Melipona marginata M. marginata carioca: Melipona marginata:
Lepeletier, 1836: não foram encontrados (politípica) constituída por
424 nomes comuns. duas subespécies distintas
Melipona Melipona marginata margi-
sexpunctata Como pode ser verificado nata e Melipona marginata
Lepeletier, 1836: diretamente na base de carioca, encontrada apenas
431 dados on-line do Catalogue no Brasil (Bahia, Ceará,
Melipona liturata of Bees (Hymenoptera, Espírito Santo, Goiás, Minas
Spinola, 1840: 124 Apoidea) in the Neotropical Gerais, Pernambuco, Rio de
C Melipona marginata Region, os táxons gênero Janeiro, São Paulo).
atratula Cockerell, Melipona pertencentes ao
1919: 205 grupo marginata foram Contudo, os autores suge-
Subgênero. Eomelipona recentemente reclassifica- rem que as diferentes varia-
Moure, 1992 dos e são atualmente consi- ções na pilosidade podem
derados como espécies estar relacionadas a fatores
Nomes populares: distintas. As mais criadas como clima e altitude (3).

Distribuição em (RPSP), Lambari(Serra da


Fig.3- Localidades de ocor-
Minas Gerais, cf. Campanha - LSEA), Lima
Duarte (RPSP, UFV), Minas rência (pontos negros) e dis-
Obiols (2008) (4)
Figs.2- Distribuição geo- Novas (Faz. Epamig - UFV), tribuição potencial (cinza)
gráfica das espécies M. Nova Resende(UFPR), para M. marginata nos dife-
Segundo os registros dispo-
marginata e M. obscuri- Ouro Preto (Glaura, Sitio do rentes domínios fitogeográ-
níveis, esta espécie encon-
or: (A) marginata margi- Pica-Pau Amarelo -29LSEA), ficos do estado de MG (MA=
tra-se predominantemente
nata, (B) marginata em domínio de Mata Atlân- Passos (MZUSP), Pedro Mata Atlântica, Ce= Cerrado,
carioca e (C) obscurior. tica. Os registros localizados Texeira (RPSP),Poços de Ca= Caatinga) Hachurado:
em áreas de Cerrado na Caldas (UFPR), Pocinhos do distribuição não esperada.
Fonte: Catalogue of Bees região Sul-sudoeste (muni- Rio Verde -RPSP), Resende
(Hymenoptera, Apoidea) Costa (UFV), Ressaquinha Fonte: Modificado de
cípio de Passos) e na região
in the Neotropical Region (UFV),Ritápolis(RPSP),Var- Obiols(2008).
do Jequitinhonha (município
de Minas Novas) provavel- ginha(UFPR), Viçosa (UFV).
mente são provenientes de
mata de galeria. A seguir,
são listadas as localidades
para as quais há registro da
Melipona marginata, espécie no estado:
« [segundo a Base de Dados Barbacena (UFV), Belo
Tropical, é considerada Horizonte (Schwarz, (1932),
como uma espécie Caeté(UFV), Botelhos
presumivelmente ameaçada (RPSP), Brasópolis (UFPR),
de extinção em Minas Carangola (UFV), Cristiano
Gerais e no Rio Grande do Otoni (LSEA,UFV), Itama-
Sul (Marques et al.2004)] ». randiba (Faz. Penedo Serri-
(Moresco 2009) (5) nha - LSEA), Juiz de Fora
Página 4 Observações sobre a abelha Manduri

1.3 Morfologia e Descrição


Comprimento aprox.: 0,6 castanho escuro, às vezes ferrugíneos. Axila amarela.
mm +/- 0,01; largura do tórax: castanho ferrugíneo ou Metassoma predominan-
2,2 mm +/- 0,02; largura da castanho claro. Área malar temente negro com faixas
cabeça: 2,8 mm +/- 0,04. reduzida, a distância entre a integumentares amarelas
mandíbula e o olho menor bem definidas ou não,
Abelhas relativamente esgui- que o diâmetro do escapo. cobrindo menos da metade
as, de cor geral castanho Distância entre as margens do tergito; pilosidade espar-
escura, com pelos castanho externas dos ocelos laterais sa, simples e preta; às vezes
ferrugíneos . Face abaixo do pelo menos duas vezes maior o metassoma ferrugíneo com
alvéolo, fosca devido à mi- que a distância ocelo-ocular. faixas integumentares ama-
crorreticulação, às vezes com Distância entre os olhos no relas bem definidas ou pouco
pêlos esparsos. Clípeo casta- nível do ocelo anterior menor definidas, pilosidade espar-
nho enegrecido com linha que o comprimento do olho. sa, simples e preta. Perna
mediana amarela bem defini- Fronte e vértice com poucos inteiramente castanho escu- Fig.4- Acima, vista em
da, um pouco larga, às vezes pêlos negros longos ra, castanho ferrugínea ou
detalhe de cabeça de
alargando-se no extremo api- misturados com pêlos amarela; corbícula ora com
Melipona marginata:
cal. Mancha parocular inferior castanhos. Integumento do mancha negra no ápice, ora
bem definida, larga, mas não mesoscuto negro com faixas com mancha negra na base; macho (acima) e rainha
preenchendo todo o intervalo laterais amarelas, com margem posterior da corbí- (abaixo).
entre a órbita e o sulco e- pilosidade relativamente cula com pêlos simples e
pistomal até a fóvea tentorial. abundante e esparsa. longos, predominantemente Fonte: Schwarz(1932) Vol.
Mandíbula inteiramente Mesepisterno fosco, com amarelos com alguns pretos LXIII, Plate II, desenho de
castanho escura, às vezes microrreticulação densa e misturados. E. L. Beutenmuller.
castanho ferrugínea ou cas- pontuação muito esparsa e
tanho clara. Dentículo médio pouco evidente. Escutelo
da mandíbula pequeno e amarelo com pilosidade Fonte: Obiols(2008).
simples, o espaço entre ele e relativamente abundante,
o dente interno reto. Labro esparsa, pêlos castanho

Fig.5- (esq) Melipona marginta carioca Moure, 1971. Bol.


Un. Fed. Paraná, Zoologia, IV (12): 58. Holótipo operária:
BRASIL, Rio de Janeiro , Alto da Boa Vista, entrada da
Floresta da Tijuca, I-1951, Seabra leg. (DZUP), parátipos do
Rio de Janeiro, Estrada de Sumaré, Paineiras, Vila Chinesa,
Itatiaia, Maromba (1200m); Espírito Santo, Linhares.

Fig.6- (dir) Melipona marginata obscurior Moure, 1971. Arq.


Mus. Nac. 54: 154. Holótipo operária: BRASIL, Paraná,
Cutitiba (900m) sem data e sem coletor (DZUP). Esta
variedade ocorre no sul de Mato Grosso e de São Paulo,
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul; ARGENTINA,
Missiones; sul do PARAGUAI.

Fonte: Tipos das Espécies de Meliponinae


Neotropicais descritos por Jesus Santiago
Moure e depositados na Coleção de
Entomologia PE JS Moure, Departamento
de Zoologia, Universidade Federal do
Paraná, Curitiba, BRASIL (DZUP).(6)

Disponível em: www.webbee.com.br


Observações sobre a abelha Manduri Página 5

1.3.1 As Pranchas do prof. Camargo

Fig.7- Melipona marginata,


Lepeletier, operária, adulta.

Desenho: J. M. F. Camargo.

Figs.8- (dir) Pranchas do prof.


Camargo. (A) vista anterior da
cabeça de operária, rainha e
macho, (C) cabeça de
operária, perspectivas, (M)
abdômen, metassoma e
tergos e (J) asas.

Desenho: J. M. F. Camargo.

O ilustre professor João


Maria Franco de Camargo
apresentou, em 1967, um
belíssimo estudo descri-
tivo sobre a morfologia
externa de Melípona
marginata, onde estão
reproduzidas em detalhes
as principais estruturas
externas do corpo dessa
abelha; tal obra deve,
portanto, ser conhecida
por todos aqueles que
desejam ampliar seus
conhecimentos sobre os
meliponíneos em geral ou
utilizar chaves para a
identificação de espécies.

Disponível em: http://www.webbee.org.br/pesquisa/m_marginata_02.pd


Página 6 Observações sobre a abelha Manduri

1.4 Hábitos de Nidificação


Os ninhos dessa espécie são Monteiro (2001) encontrou,
considerados de difícil locali- nos muros compostos de
zação, por possuírem uma blocos de cimento em uma
entrada inconspícua que per- pequena propriedade na Ser-
« W. E. Kerr, em 1948,
mite a passagem de apenas ra da Cantareira, diversas
observou operárias de
uma abelha por vez e situa- colônias alojadas a uma altu- Manduri (Melipona
rem-se a alturas superiores a ra entre 1 a 1,5m. Souza, G. marginata marginata) que
4m, Kerr, W.E. [et al.](1996). (2012) também aponta a voavam sobre uma
Em alguns casos, as estrias existência de enxames es- termiteira. Sempre que
convergentes de barro se tabelecidos nesse tipo de podiam, pousavam sobre
a mesma, deixando na
destacam e são ornamenta- substrato (8).
sua superfície uma
das com argila branca. O pelotinha de resina.
Essas informações fornecem
professor Kerr e sua equipe Quando já haviam
uma boa perspectiva à dis-
relatam que a abelha mandu- estabelecido uma ‘área
persão e sobretudo à colo- Fig.9- Entrada típica
ri, além de ocupar ocos de resinosa’ livre de cupins
nização de áreas antrópicas de Melipona margina- (termitas), essas abelhas
árvores, também pode nidi-
por esta espécie. ta. Observar o ponti- puderam trabalhar mais
ficar em cupinzeiros e
lhamento feito com livremente e pentraram no
paredes (7).
Nota importante: A abelha Me- argila branca. interior da termiteira. »(9)
Pirani, J.R.&Cortopassi- lipona orbignyi, conhecida co-
Foto: Arquivo do Autor Trecho extraído de :
Laurino (1993) citam a ocor- mo ‘Manduri de Mato Grosso’, Vida e Criação de Abelhas
rência de ninhos dessa abe- também nidifica com frequência Indígenas Sem Ferrão,
lha em paredões de taipa. Nogueira-Neto, Paulo. (1997)
em paredões de taipa. p.370

1.5 Preferências Florais


A respeito desse tópico te- Miconia sp.. A grande maiori- Jacob, M.A.M., fazendo um
mos como referência básica a é composta por espécies levantamento das fontes
o importante trabalho de arbóreas. O gênero Eucalyp- alimentares de M. marginata
Kleinert , A.K. & Imperatriz- tus constituiu-se na maior na Estação Ambiental de
Fonseca, V L.: Aspects of fonte para coleta de pólen Peti, MG, encontrou a
the Trophic Niche of Meli- pelas colônias e sua presen- seguinte distribuição:
pona Marginata marginata, ça em amostras de mel deu- pólen dominante
Lepeletier (Apidae, Melipo- se durante todo o ano, com (mais de 45% do
ninae) . Encontraram 173 uma representatividade maior total dos grãos):
tipos polínicos diferentes dis- que 50% nos meses de agos- espécies do tipo Pudemos observar, na
tribuídos em 32 famílias. Em to e setembro, para as condi- Myrcia (Myrtaceae) região da Serra da
virtude disso, tal abelha po- ções climáticas, edáficas e pólen acessório Mantiqueira(MG), durante
deria ser considerada como ambientais do Laboratório de (mais de 14% do um intervalo de 30 dias
generalista em seus hábitos Abelhas, no Instituto de total de grãos): entre os meses de agosto
alimentares. Contudo, destas, Biociências da USP. Eucalyptus spp., a setembro do ano de
apenas 11 espécies foram Aeschynomene sp. 2012, uma intensa
consideradas realmente im- e [Mimosoideae]. atividade de coleta de
portantes (com representati- pólen isolado (3 a néctar (com eliminação de
vidade igual ou maior que 14% do total dos gotas de água pela
10%, sendo que 9 estiveram grãos): Tibouchina entrada das colméias),
presentes em amostras de sp., Cassia sp. e que resultou numa
pólen e em 8 amostras de Senna sp. produção considerável de
mel): Eucalyptus spp., mel monofloral de Assa-
Mimosa daleoides, Morus peixe (Vernonia sp.) em
nigra, Myroxylon balsamum, Fig.10- (esq.) Inflorescência pleno período das secas
Psidium guayava, Solanum de Vernonia polyanthes Less. (inverno).
sp., Tibouchina spp. e
Fonte: Internet
Observações sobre a abelha Manduri Página 7

Dentre as plantas que


fazem parte do nicho
ANÁLISE POLÍNICA
trófico de Melipona margi-
Spp Família Fontes nata, podemos destacar,
>1% >1% principais para o sul de Minas Gerais,
as espécies dos gêneros
26 15 Leg,Comp,
Euph, Myrt Myrtaceae [Eucalyptus spp.
(PN), Myrciaria spp.(PN) e
Fig.11- M. marginata é im-
Tab.1- Nicho Trófico de Me- Myrcia spp.(P)], Composi-
portante polinizadora de plan-
lipona marginata a partir de tae [Vernonia spp. (N)] e
tas hemiparasitas da família
amostras de pólen. Leguminosae-Mimosoi- Loranthaceae, conhecidas
deae [Piptadaenia gonoa- como “erva-de-passarinho”.
Fonte: Pirani,J.R. & Corto- cantha(PN)].
passi-Laurino,M. (1993).
Foto: Marcio Verdi (2012)
Gráfico 1- Dependência do Fonte: FloraRS
tempo de consumo (a) e da
quantidade consumida (b)
por forrageiras de Melipona

1.6 Comunicação e Forrageamento


marginata em relação à
distância da fonte de
alimento.

Fonte: Roldão & Hrncir(2007) Neste grupo diverso [Meli- nini comunicam o local da cação de M. marginata a
ponini] (com mais de 370 fonte de alimento com respeito da marcação de
espécies), existem vários ti- marcas químicas. As forra- trilhas de cheiro: “Ao que nos
pos de comunicação sobre geadoras destas espécies parece, as operárias campei-
as fontes de alimento. A for- fazem uma trilha de cheiro
« Em Melipona marginata, a ras de Melipona marginata
rageadora que volta ao ninho na volta ao ninho, a qual as
atividade de voo decresceu Lep. fazem suas primeiras
transmite o cheiro e a quali- operárias seguem do ninho
com o tempo, alcançando marcações (uma por abelha)
dade do alimento durante a até o alimento. Com adicio-
seu pico às 13 :00h,
o
iniciando-se com 19 C e foi “trophallaxis”. Ela anda ra- nais marcas atrativas na longe da fonte alimentar, pró-
pidamente tocando outras própria fonte de alimento, ximo às colméias. Posterior-
positivamente
operárias no ninho e estes este tipo de comunicação mente, as próximas marca-
correlacionada à
contatos corporais estimu- sobre o alimento é muito
temperatura e inversamente ções se dão a 1/3 da distân-
lam-nas a sair do ninho. A efetivo em guiar muitas re-
proporcional à umidade cia que separa as colônias e
passagem de alimento é a- crutadas até o exato local da
relativa. » (12) a fonte alimentar, aproximan-
companhada pela emissão fonte de alimento. (10)
Contrera [et al.](2004).
de sons altos. Em Melipona do-se progressivamente em
spp., a duração dos pulsos Coletto da Silva, A. & Kerr, direção à fonte alimentar e
de sons aumenta com a qua- W. E. (2006) estudaram finalmente, na própria fonte.”
lidade do néctar coletado. alguns aspectos da comuni- (11)
Outras espécies de Melipo-
Tab.2- (ab.) Valores míni-
mos e máximos dos fatores
meteorológicos registrados
durante as observações de
1.6.1 Atividades Externas de M. obiscurior
atividades de voo e de co-
leta de pólen de M. obscu- Borges, F.von B. & Bloch- M. obscurior durante os pe- padrão dessas atividades dife-
tein, B. (2005) estudaram a ríodos de primavera-verão e riu nas distintas épocas do a-
rior na primavera-verão
influência dos fatores meteo- outono-inverno em ambiente no consideradas especialmen-
(2002/2003) e outono-
rológicos sobre o ritmo diário de distribuição natural desta te nos horários de maior inten-
inverno (2003). das atividades externas de espécie. Concluíram que o sidade de voo e de coleta.

Atividade de Voo Coleta de Pólen

Período Temperatura Irradiação Solar Umidade Vento Temperatura Irradiação Solar Umidade Vento
o 2 o 2
( C) (W/m ) (%) (m/s) ( C) (W/m ) (%) (m/s)

Primavera-Verão 14,3-26 2-1015 55-100 0-10,3 14,3-25 58-1015 55-100 0-9,8


Outono-Inverno 13,7-30,5 303-311 - 0-4 15,8-30,5 303-311 - 0-3,6

Fonte: Borges & Blochtein (2005)


Página 8 Observações sobre a abelha Manduri

1.7 Polietismo etário


Segundo Winston(2003), al.] (2010), elaboramos grá- Colônia A
“Todos os Apidae apresen- ficos com base nas tarefas
tam algum grau de compor- realizadas pelas operárias de
tamento social, e os Melipo- 2 colônias de M. marginata
ninae e Apinae têm o com- provenientes do município de
portamento social mais ela- Cunha-SP. De um modo ger-
borado de todas as abelhas” al, as observações dos auto-
(13). Uma das características res evidenciaram a participa-
mais intrigantes nas colônias ção facultativa de algumas
de abelhas eussociais é que operárias em certas ativida-
as atividades de manutenção des (p.ex.: participação no
do ninho, cuidados com a POP) e a especialização de
cria, coleta de alimento e de- outras na coleta de alguns
fesa da colônia são execu- recursos (p.ex.: barro). A se-
tadas por operárias de dife- quência temporal encontrada
Colônia B
rentes faixas etárias. Assim, foi: trabalhos com cerume, a-
da mesma maneira que ou- provisonamento das células
tras espécies de insetos eus- de cria, produção de cera,
sociais, numa colônia de construção de invólucro e
Melipona marginata as ope- potes, trabalhos com lixo,
rárias executam diferentes trabalhos com barro e resina
tarefas durante as diferentes e coleta de recursos.
fases de suas vidas e tais
atividades variam de acordo
com a idade dos indivíduos e Nota importante: POP= com-
portamentos ligados ao ritual
as necessidades da colônia. de postura (Provisioning and
Oviposition Process).
A partir dos dados apresen- Gráfico 2- Intervalos em polietismo etário (tarefa x dias) em
tados por Mateus, M.J.S. [et 2 colônias de M. marginata, onde se observa certo grau de
flexibilidade comportamental e sobreposição de tarefas.

1.8 Arquitetura e Condições Internas


Os ninhos da abelha manduri paredes internas revestidas o baixo índice de umidade
possuem as mesmas carac- por geoprópolis, sobretudo a interna em comparação a
terísticas estruturais básicas parte superior do ninho, o outras espécies de meliponas
apresentadas pelas demais que, em muitos casos, torna (p.ex.: mandaçaia), salvo em
espécies do gênero Melipo- imprescindível a sua remo- períodos de grande atividade
na: túnel de ingresso que ção. A homogeneidade e a de coleta, quanto as abelhas
conduz a favos de cria circu- solidez desse material desta- regurgitam a água acumulada Fig.12- Batume crivado de
lares superpostos (*), envol- cam-se entre os batumes no interior do ninho através M. marginata formado
vidos pelo invólucro e circun- produzidos por outras espé- da entrada da colmeia. por estruturas alveolares
dados por potes de alimento cies de meliponas, o que foi onde as abelhas sugam
(ovóides ou irregulares) e de- descrito por PNN (1997) co- (*) Nota 1: Esporadicamente gotículas de água conden-
limitados (em suas partes su- mo “barro finamente mistura- M. marginata e M. obscurior sada provenientes do ex-
do ao própolis.”(**) apresentam favos helicoidais. cesso de umidade interna.
perior e inferior) pelo batume.
É notável, em todos os ni- (**) Nota 2: O uso de visores Foto: Arquivo do Autor.
As colmeias bem estabelele- de acetato em colmeias é mui-
cidas apresentam todas as nhos de Melipona marginata, to recomendado.
Observações sobre a abelha Manduri Página 9

Outra característica típica diz


respeito ao invólucro, ou se-
ja, as lamelas de cerume que
envolvem os favos de cria.
PNN(1997) afirma existirem
2 tipos de invólucro: endoin-
vólucro (que está no entorno
do favos de cria) e exoinvó-
Fig.13- Vista superior de col-
lucro (que está em contato
meia de M. marginata (seção
15 x 15) proveniente do sul de com o exterior). Assim pode-
Minas Gerais, onde também mos constatar que M. margi-
podem ser observadas as ex- nata constrói uma estrutura
tensões do invólucro sobre a peculiar, uma vez que as
região dos potes. membranas de cerume fre- Gráfico 3- Volume do invólucro de 4 colônias de M.
quentemente se estendem obscurior em 2003.
Foto: Arquivo do Autor. também sobre os potes de Fonte: Borges&Blochtein (2006)
alimento.
Segundo Borges&Blochtein pré-diapausa reprodutiva. ninho, sendo necessária uma
(2006), o aumento do volume Com a redução das ativida- ampliação da estrutura do
do invólucro de M. obscurior des externas e internas no invólucro a fim de oferecer
no início do outono(março), outono-inverno, as abelhas melhores condições de
« Diapausa é quando a cria corresponde ao período de permanecem no interior do sobrevivência.
pára de se desenvolver.
(exemplo: a larvas deixam
de crescer e envelhecer).
1.8.1 Sobre a diapausa reprodutiva
Hibernação é o método com
que uma sociedade
De acordo com Pick&Bloch- ológicas, e ocorre como operárias reduzem as suas
(colónia) passa uma má
tein (2002), “A sobrevivência conseqüência imediata às atividades intra e extra-nidais
temporada de
das abelhas em baixas tem- condições ambientais adver- e as rainhas podem paralisar
desenvolvimento por causa
peraturas depende de adap- sas (...)A diapausa pode ser completamente as suas ati-
do frio ou da seca.
tações bioquímicas e fisioló- caracterizada pela interrup- vidades de postura, por se-
gicas que resultam em perío- ção temporária do desen- manas ou meses, como po-
Existem muitas formas de
dos de diapausa ou quies- volvimento ou da atividade de ser observado no inter-
hibernação. As Plebeias
cência. A diapausa caracte- reprodutiva (NECHOLS [et valo entre os meses de mar/
nigriceps hibernam de uma
riza-se pela baixa atividade al]. 1999).” (14) abril até meados de julho/
forma diferente das Jatais e
metabólica, em resposta à si- Esse fenômeno de parada agosto. Para Borges&Bloch-
das Apis … tal como a
nais ambientais que prece- de construção de células de tein (2006), a diapausa de M.
formigas Messor sp
dem condições ambientais cria como resposta a flutua- obscurior pode ser conside-
hibernam de uma forma
desfavoráveis. Em contraste ções ambientais é conhecido rada facultativa e decorrente
diferente as Formigas
com a diapausa,a quiescên- também em outros meliponí- [além dos fatores externos]
Formica ou Cataglyphis …
cia não envolve preparação neos (p.ex.: Plebeia spp.) de características intrínsecas
hormonal ou mudanças fisi- Assim, em colônias de M. de cada colônia visto que
A dipausa das larvas pode
marginata e M. obscurior as algumas delas podem per-
fazer parte da Hibernação
manecer em atividade de
da Colónia. » (15)
postura ininterruptamente.
.”

Nota: Para o pesquisa- Gráfico 4- (esq.) Períodos


dor português João Pe- de postura (1) e diapausa
dro Cappas e Sousa, o (0) de quatro colônias de
conceito de diapausa
M. obscurior, de agosto de
está inserido no contex-
to mais amplo da Hiber- 2002 a setembro de 2003.
nação dos Insetos
Sociais.
Fonte: Borges&Blochtein (2006)
Página 10 Observações sobre a abelha Manduri

A respeito dessa sazonali- vidades para um período


dade , Kleinert-Giovannini, posterior na estação mais Dias Fonte
A.(1988) notou que, em M. fria e as diferenças nas taxas
obscurior, “a taxa de mortali- de mortalidade refletem um 15,45 (±12,91) Mateus, M.J.S.[et al.] (2010)
dade foi diferente nas 2 esta- resposta a condições exter- Longevidade 30,72 (±15,95)
33,4 Machado&Giovannini (1992)
ções, tendo uma porcenta- nas adversas, como a pouca
gem maior de operárias so- disponibilidade floral dessa Idade máxima 69 Mateus, M.J.S.[et al.] (2010)
brevivido durante um período época do ano e condições 70
mais longo durante o inver- inadequadas para a saída
no. O deslocamento das ati- das abelhas.” (16) Tab. 3- Longevidade e idade máxima de operárias de M. marginata.

1.8.2 Refúgios de Rainhas Virgens Desgaste Idade


Alar (meses)
Kleinert-Giovannini & Impe- vidro. Segundo as autoras: pelas demais” (17)
ratriz-Fonseca (1988) docu- “Essas áreas, construídas (1) Sem desgaste 0-8
Mais recentemente, Ferreira- (2) Pontas gastas 9-17
mentaram, pela primeira vez, pelas operárias, serviam de (3) Ao menos 2/3 18-24
Caliman, M.J.[et al.] (2010)
em colônias de M. margina- refúgio às rainhas virgens, (4) Asa vestigial >24
afirmaram que tal comporta-
ta, a presença de espaços que lá se instalavam por cur-
mento de refugiar-se está
delimitados por barro, ocupa- tos períodos, principalmente
relacionado à presença [nas Tab.4- Tabela para cálculo da
dos por grupos de até 11 quando perseguidas pelas
rainhas virgens] de compostos idade de rainhas fisiogástricas
rainhas virgens. Localiza- operárias. Observou-se que
atrativos desencadeadores de de M. marginata com base no
vam-se na parte superior das uma das rainhas era tratada desgaste das asas.
comportamentos agonísticos
caixas de observação, entre como dominante, solicitando
pelas operárias. Fonte: Modificado de Kleinert,
o quadro de aumento e o alimento, que era fornecido
A.(2005)

1.9 Aspectos de Reprodução e Postura


sEm “Colony Strenght and colônias fracas, a substitui- verificada pelos seguintes
Queen Replacement in Meli- ção da rainha foi observada comportamentos: (a) pelo seu
pona marginata”, a dra. Astrid uma única vez, depois que a posicionamento sobre os
Kleinert tenta explicar as con- população da colônia aumen- favos de cria, que são seu
dições relacionadas à substi- tou, após a introdução de fa- território principal; (b) pela
tuição de rainhas nas espéci- vos de cria de outra colônia. oofagia de ovos tróficos e (c)
es M. marginata e M. obscu- por mecanismos de domina-
“Nos primeiros dois ou três
rior, e investiga alguns tipos ção e subordinação [quando,
dias após o início da oviposi-
de comportamentos que ao se encontrarem a rainha
cão pela rainha nova, em
podem indicar um agrava- toca as costas da operária
quase todos os processos de
mento nos conflitos entre com as antenas e sobe par-
aprovisionamento e postura,
rainhas e operárias. cialmente em seu tórax, ou
suas posturas eram precedi-
às vezes, quando a operária
Para isso, rainhas fisiogás- das pela oviposição de ope-
se abaixa para que a rainha
tricas foram removidas de rárias (sendo a maior parte
suba totalmente]. Por outro
suas colônias originais a fim dos ovos comidos pela rai- Fig.14- Vista superior de
lado, quando seu controle
de verificar a aceitação de nha) que diminuiu a partir daí rainha fisiogástrica de
não é efetivo, as operárias
uma nova rainha pelas ope- até sua observação em cerca Melipona marginata.
tentam fugir dela. Outro sinal
rárias. Em colônias médias e de 25% de todos os POPs”
de perda do controle das Foto: Arquivo do Autor
médias-fortes, a primeira (18).
operárias pela rainha é a
oviposição da nova rainha foi
A autora explica que a domi- remoção do alimento larval
observada entre o 11º e 13º
nância da rainha pode ser de células já aprovisionadas.
dias após a remoção. Em
Observações sobre a abelha Manduri Página 11

1.9.1 Sobre a Substituição de Rainhas


Julgamos que seja útil repro- ceptora não elicitaram res- ção de rainhas aparentadas
duzir, àqueles meliponicul- postas conspícuas das ope- provocou reações comporta-
tores que desejam realizar rárias no momento da intro- mentais imediatas das ope-
trocas ou substituições de dução(...) aquelas com taxa rárias, [independentemente]
rainhas nestas espécies [M. de postura relativamente alta da idade e das condições da
marginata e M. obscurior], e semelhante à rainha origi- colônia receptora e da rainha
por necessidade ou com fins nal ” provocaram alguma introduzida. ” (19)
de melhoramento genético, agitação , da mesma forma
Fig.15- (esq.) Vista frontal Em suma, as rainhas foram
alguns trechos da tese “Me- que aquelas que já eram al-
da cabeça de três espécies ou não aceitas de acordo
de Melipona, de cima para canismos de Controle Repro- vo de comportamentos ago-
com a sua atuação feromo-
baixo: fuliginosa, quadri- dutivo em Melipona margina- nísticos pelas operárias.
nal (refletida na taxa de pos-
fasciata e marginata. (dir) ta “, onde a dra. Astrid des- “Rainhas com taxa de ovipo-
tura) e ao grau de relaciona-
Forma dos ovos coletados creve diversos experimentos sição inferior à da colônia
mento [parentesco] com as
em células operculadas desse tipo : receptora não ocasionaram
operárias da colméia recep-
das três espécies de Meli- qualquer alteração no com-
pona anteriores. Os auto- “Rainhas fisiogástricas sem tora, sendo este último fator
portamento das operárias
res explicam que não há grau de relacionamento com o mais relevante.
(...) Por sua vez, a introdu-
correlação entre o tama- os membro da colônia re-
nho dos ovos no gênero
Melipona e o tamanho das
operárias adultas.
Dimensões dos Ovos Espécie Volume (μl)
de M. marginata
Fonte: Modificado de fuliginosa 196
Velthuis, H.H.W.[et al.] 2003 comp.(mm) 2,67 quadrifasciata 126
larg.(mm) 1,29 marginata 46
vol.(mm3) 2,29

Tab.6- Volume de ali-


Fig.16- Célula de cria Tab.5- Mensuração dos mento contido em cé-
aprovisionada pelas ovos de M. marginata lulas de cria opercu-
« Ovos postos por operárias com ovo coletados em células já ladas de 3 espécies de
operárias, especialmente depositado ao centro. operculadas. Melipona.
ovos tróficos, são
frequentemente Fonte: Internet. Fonte: Modificado de Fonte: Modificado de
volumosos. (...) Os ovos Velthuis,H.H.W.[et al.] Velthuis,H.H.W.[et al.]
2003. (20) 2003. (20)
alongados dos
meliponíneos são
depositados verticalmente
sobre o alimento larval.
Em Melipona bicolor, por 1.10 Breves Notas Sobre o Manejo
exemplo, somente 5% do
volume do ovo está abaixo Os enxames da abelha man- Não obstante a sua reconhe- (Floresta Estacional Semide-
da superfície do fluído»
duri não oferecem grandes cida sensibilidade à fragmen- cídua, Clima Tropical de Alti-
(20)
dificuldades de manejo e têm tação dos habitats, tal espé- tude), a capacidade de hiber-
Kleinert, A.M.P.(1989) sido, até o presente momen- cie tem sido criada com su- nação e redução das ativi-
afirma que em resposta a to, mantidos através das cesso por muitos meliponi- dades de M. marginata per-
estímulos feromonais da técnicas normais emprega- cultores em áreas urbanas, mite que os enxames criados
rainha, « as operárias [de das na criação das demais bem como reintroduzida em racionalmente sobrevivam
M. marginata] realizam a
espécies de melipona, dentre regiões que sofreram gran- durante todo o inverno (perí-
postura de ovos
modificados (menores, as quais se destaca pela sua des alterações ambientais. odo das secas) sem a neces-
redondos, colocados na elevada resistência aos Conforme temos observado sidade de alimentação e
margem das células) » forídeos. na região do sul de Minas aquecimento artificiais.
(19)
Página 12 Observações sobre a abelha Manduri
A

O que, na maior parte das de cavidades menores ou tes entre as alças ou mel-
vezes, é imprescindível no até de galhos adjacentes ao gueiras laterais, com pas-
caso da mandaçaia (vale tronco principal, o que nos sagens de 15 mm. Ocupam
lembrar que M. quadrifas-
fornece uma pista a respeito só um dos ‘cômodos’ ofe-
ciata anthidioides também
pode interromper a postura do volume da colmeia a ser recidos, e param de crescer
utilizada. Somado a isso, o se não for aumentado esse B
no inverno na nossa região).
estudo de Borges&Blochtein compartimento”. (21)
A despeito do seu pequeno
tamanho e da sua reduzida (2006), “Variação sazonal Da mesma forma, segundo
população nidal [as colônias das condições internas de Locatelli, J.C.(2012) o que
têm populações entre 400 e colônias de Melipona margi- tem sido observado é que
500 indivíduos(Kleinert- nata obscurior Moure”, apre-
Giovannini & Imperatriz- “tendem a formar uma cara-
senta claramente as cons- paça de barro, quando ins-
Fonseca 1987)], estas abe- C
lhas possuem uma extraor- tantes alterações nas estru- taladas em caixas cúbicas
dinária capacidade de tra- turas internas dos ninhos e a altas. Sendo assim, preferir
balho e de defesa. A agres- sua correspondência com o caixas baixas com mais
sividade das operárias é um ciclo de desenvolvimento largura. Pela baixa utilização
comportamento social que se anual das colônias (ver item de caixas modulares verti-
manifesta somente em en-
1.8). cais, não temos experiências
xames fortes (ou médios-
fortes) ou ainda durante Essas informações indicam suficientes com essa espé-
D
manipulações muito demo- que , para M. obscurior, o cie, para poder tecer
radas. Na maioria das vezes, comentários.”(22)
volume da colmeia a ser
são abelhas tímidas que se
escondem no interior da empregada deverá propor- O meliponicultor Alexandre
colmeia. cionar espaço suficiente para Souza (RJ) usa, para man-
permitir as constantes varia- duris, um modelo de colmeia
Podemos dizer que essas ções de tamanho do com as seguintes medidas:
ninho e sobreninho com 8 x
abelhas apreciam o interior invólucro, incluindo potes de 8 x 7cm altura (interno), 20 x
das matas para nidificarem alimento e batume. Além dos Figs.17- (A) Colmeias em
20 x 7cm altura (externo). A
fatores genéticos e/ou téc- abrigo coletivo, (B) colmeia
embora possam ser encon- melgueira: 13 x 13 x 7 cm
simples com dobradiças, (C)
tradas também em locais nicos, a diversidade das altura (interno) 20 x 20 x 7cm
altura (externo). (podem ser colmeia horizontal com ga-
mais abertos [em MG,Obiols, condições climáticas e flo- vetas, (D) Colmeia cúbica
C.L.Y. (2008) catalogou 26 rísticas peculiares de cada usadas até 2 melgueiras)
Este modelo serve ainda (MG) em suporte individual.
registros de ocorrência da localidade contribuem para
para jataí, irai e rajada.
espécie em domínio da Mata grandes variações internas Fotos:
Atlântica e apenas 3 no Cer- encontradas quanto ao vo- (A) Arq. do Autor
A respeito do uso de dispo- (B) Ame-Rio
rado]. Tal observação sugere lume do ninho ocupado por sitivos de aquecimento ar- (C) J.C.Locatelli
que locais mais abrigados uma mesma espécie, de tificial em colméias durante o (D) Arq. do Autor
sejam os mais adequados forma que cada criador de- inverno, podemos citar os
para a localização das col- veria buscar, por meio de resultados de Costa&Ven-
meias. De modo semelhante observações diretas, as turieri(2006): “Dados obtidos
ao que ocorre em diversas dimensões mais apropriadas. com Melipona quadrifasciata PNN (1997) aconselha,
espécies, as colmeias de Razão pela qual pensamos e Melipona marginata, no para colmeias de tamanho
manduri também podem que uma padronização, nes- Paraná, indicam rápido de- mediano, a colocação de 1
sobreviver próximas umas às se sentido, não seja muito senvolvimento das colônias” taco de madeira
outras, em bancadas ou desejável. (23). O equipamento utilizado (6x6x2,5cm) no centro do
abrigos coletivos, formando consistia de uma caixa cen-
A respeito da forma dos mo- piso da gaveta de baixo, a
verdadeiras “comunidades tral, equipada com termos-
delos de colmeia emprega- fim de dissuadir Melipona
de colônias”. (Fig.17, A) tato (Leitenberger, RTC-01)
dos para essa espécie, se- marginata e outras
O fato, apontado pela litera- gundo relata Tessari, M. e 2 resistores (2k2, 20W), e espécies de construírem
tura, de que os ninhos são (2012), “elas não aceitam demais caixas com colônias seus favos em apenas
encontrados em alturas mais obstáculos que fracionem o ligadas à central, que regula uma das gavetas da
elevadas, sugere a ocupação espaço interno, com supor- a temperatura (28 a 30º). colmeia.
Observações sobre a abelha Manduri Página 13

1.10.1 A Questão da Produtividade


Os meliponicultores da Re- dito sobre a mandaçaia: “Em tores genéticos, (b) as téc-
gião Sul têm observado que caixas racionais, pode produ- nicas de manejo e (c) as
colônias da espécie M. obs- zir até 2l de mel por caixa ao condições ambientais. E ne-
curior podem igualar ou até ano” (24). Entretanto, durante cessariamente de tal forma
Fig.18- Potes de alimento mesmo superar em quantida- todo o período de observa- que um arranjo de elementos
de Melipona marginata. semelhantes pode produzir
de a produção de mel das ções no sul de Minas, a pro-
Foto: Arquivo do Autor mandaçaias. Isso de certa dutividade de M. marginata resultados muito diversos ou
forma coincide ao que foi foi sempre inferior à produ- ainda inesperados: p.ex.
exposto por Venturieri, G.C. ção de Melipona quadrifas- uma mesma espécie, em di-
[et al.] (2012) sobre esta ciata anthidioides. ferentes localidades da sua
A abelha: “Por seu tamanho di- área de ocorrência natural,
É importante salientar que os
minuto, apresenta uma pe- embora dentro do mesmo
resultados obtidos na melipo-
quena produção (1 a 2kg/ bioma, pode apresentar pro-
nicultura decorrem sobretudo
ano) de mel saboroso e dutividades muito variáveis
da combinação de três ele-
bastante procurado”....em ou ainda inferiores às de ou-
mentos principais: (a) os fa-
comparação com o que foi tras espécies não-nativas.
B

1.10.2 Parâmetros de Avaliação

Pensamos que seja de gran-


Condição Oviposição da rainha Diâmetro dos favos
de utilidade aos criadores o da colônia (ovos/dia) (cm)
estabelecimento de alguns
Figs.19- (A) Postura recen- critérios de classificação que Forte > 25 7-12
te (favos com cera) de M. Média 10-20 4-6
facilitem as avaliações de
Fraca <8 0-3
marginata. (B) Exemplo de colmeias matrizes e que
mapeamento de favos de também nos permitam acom-
cria a partir de folhas im- Tab.7- Parâmetros para avaliação das condições de de-
panhar o desempenho de
senvolvimento de colônias de Melipona marginata.
pressas com hexágonos. colônias recém- formadas.
[As imagens não são cor- Assim, dentre as diversas Fonte: Modificado de Kleinert,A. (2005)
respondentes] formas pela quais o estado
próprias palavras, as mero seja maior que o de
Fonte: (A) Arquivo do Autor de desenvolvimento de uma
informações contidas: colônias fortes. O motivo
(B) Webbee colônia pode ser avaliado, ainda não sabemos, pode
podemos destacar o esque- “Essa tabela exemplifica os estar relacionado à percep-
Fonte: www.webbee.org.br ma proposto por Kleinert dados obtidos com as colo- ção de posturas da rainha
(2005), em que a condição nias que analisei, mais de pelas operárias, mas é
20, mas, pela minha expe- somente uma hipótese.”
« A população da colônia de cada enxame é determi-
riência com essa espécie,
está diretamente nada de acordo com a taxa vale provavelmente para “O melhor parâmetro é a
relacionada com a postura de oviposição da rainha e todas.Se a rainha coloca quantidade de ovos/dia.
da rainha fisiogátrica e com com o diâmetro dos favos. uma grande quantidade de Outro parâmetro, mas que é
as reservas alimentares, ou Valores intermediários cor- ovos por dia, como nas somente comparativo,
seja, existindo alimento, respondem a estados inter- colônias fortes, as operárias embora já existam dados
haverá possibilidades de fazem favos com diâmetro mensurados para algumas
alimentar um maior número mediários (ver acima).
maior, mas o número varia espécies, é o tamanho das
de indivíduos e isto serve Mas, como avaliar uma colô- (por isso não foi incluído): operárias: em colônias
de estímulo para a podem ser 5, 6 ou 7 favos (+ fortes, elas são maiores do
nia apenas pelo diâmetro
intensificação da atividade de 7 é mais raro). Conforme que em colônias fracas. Isso
de postura e investimento dos favos sem levar em con-
a rainha realiza menos pos- só é perceptível quando
à prole. » ta a quantidade dos turas, os favos vão também temos várias colônias e
mesmos? A dra. Astrid nos diminuindo de diâmetro, podemos comparar. “(25)
Fonte : Aidar, D.S.(2010) (26) explica melhor, por suas embora, às vezes, seu nú-
Página 14 Observações sobre a abelha Manduri

No de Células de Cria

1.10.3 Multiplicação Artificial Em algumas situações


de pesquisa ou manejo
torna-se necessário o
de).” (25) cálculo do número de
Conforme anota Borges& filha permite o não enfraque-
alvéolos contidos num
blochtein(2006), “Na prima- cimento acentuado das favo. Para isso, podemos
Como exemplo das diferen-
vera foi registrado o maior matrizes.” (Aidar, 2010) (26). utilizar os dados de
tes metodologias que podem
número de células de cria ser empregadas, podemos Borges&Blochtein(2006)
Temos observado que enxa- para Melipona obscurior:
nos dois últimos favos [favos citar os resultados apresen-
mes recém-formados de M.
novos] e no verão o maior tados porTeixeira [et al.]
marginata, a partir de 2 favos
(2012). Os autores realiza- “Para estimar o número
número de favos, indicando
iniciais e sem acréscimo pos- ram experimentos de multi- de células de cria dos
que durante a primavera- favos utilizou-se a área
terior de favos ou com a adi- plicação com colônias de M.
verão ocorreu a maior ativi- da circunferência
ção de apenas um, necessi- flavolineata por meio de qua- 2
dade reprodutiva.(...) O nú- tro diferentes métodos: (A=πD /4), consideran-
tam de aproximadamente 1,5
mero de favos encontrados do-se que a área média
anos até atingirem o ponto de uma célula foi de
na primavera-verão variou de 1- Método convencio- 2
de divisão. Isso indica um 9,84mm (Ø médio=
6 a 8 [para M. obscurior]”.(27) nal, utilizando 50%
desenvolvimento muito mais de material biológi- 3,54mm; n=97; desvio
Assim, após o término do lento do que M. quadrifas- co da colônia padrão=0,2153)”. (27)
período de hibernação e dia- ciata anthidioides criada nas matriz;
pausa, as divisões deverão mesmas condições. 2- Mini-colônias ór-
ser realizadas na fase em fãs,usando aproxi-
Verificamos, ainda, que uma madamente 10% de
que a população nidal estiver A
nova colônia poderá ser for- material biológico
plenamente restabelecida da colônia matriz;
mada (pelo método da orfan-
(sugerimos, como aspecto 3- Mini-colônias com
dade) a partir de apenas um
indicativo, o momento em rainha, similar ao
favo inicial, sendo necessária
que os favos de cria superi- método prévio, mas
a adição de outro favo de cri- com a presença de
ores estiverem na fase de
as nascentes logo depois da rainha poedeira;
casulo). (*)
aceitação da rainha. 4- Mini-colônia confi-
Muitos dos métodos de multi- nada com rainha
Segundo Kleinert (2005): poedeira, similar ao
plicação convencionais em- B
“Um número mínimo de ope- anterior, mas man-
pregados para diversas es-
rárias é claramente necessá- tida fechada por 80
pécies têm proporcionado dias.
rio para o início da oviposi-
resultados satisfatórios para
ção das operárias após a re-
a reprodução da abelha Desta forma concluíram os
moção da rainha ou sua
Manduri. Contudo, o método autores:
morte”.(18) Em outras pala-
denominado “Formação em
orfandade” (Aidar ,2010)
vras a dra. Astrid esclarece: “podemos afirmar que méto-
“Esse trecho diz respeito a dos que utilizam menos ma-
tem sido o mais utilizado, por terial biológico da colônia Figs.20- (A) Vista lateral
dois motivos principais: a colônias que ficaram órfãs ou de rainha fisiogástrica de
daquelas em que a rainha foi matriz [i.e.: enxames iniciais
menor exigência de material pequenos, formados com M. marginata. (B) Potes
removida experimentalmen-
e maiores facilidades de poucos recursos] são muito de cera artificiais forneci-
te (esse trabalho é basica-
manejo. laboriosos porque as colô- dos a enxame novo de
mente experimental) e indica
que as colônias têm que ter nias filhas necessitam de M. marginata, tendo en-
Neste caso, 2 colônias matri- muitos cuidados para sobre- tão sido trabalhados e
um número mínimo de ope-
zes são empregadas para a rárias para que estas come- viver e seu desenvolvimento aprovisonados. [Esta es-
formação de uma colônia fi- cem a ovipositar. Em colo- é muito lento.” (28) pécie aceita muito bem
lha: uma para ceder favos nias muito fracas, as operá- potes de cera com as di-
com crias em fase nascente rias nem começam as postu- mensões recomendadas
ras depois da orfandade (em (*) Nota- Em caso de utiliza- para M. quadrifasciata
e outra para ceder abelhas ção de sistemas de aqueci-
Melipona marginata, as ope- por Aidar (2010)]
adultas. “A utilização de vá- mento e alimentação artifici-
rárias ovipositam tanto em ais, as colméias poderão ser
rias colônias matrizes para a colônias com rainha, como Fotos: Arquivo do Autor.
multiplicadas mesmo durante
formação de apenas uma em condições de orfanda- o período do inverno.
Observações sobre a abelha Manduri Página 15

1.11 Um Estudo de Genética


Apresentamos abaixo um télites, tentou-se compreen- dos podem ser explicados
“Um haplótipo é uma der a estrutura populacional principalmente pela redução
combinação de alelos em breve resumo do trabalho de
desta espécie, tendo em vis- da área de floresta mas po-
loci adjacentes, que fazem Moresco (2009) : Análise
ta a sua perda de habitat. dem ser devidos a eventos
parte do mesmo populacional de Melipona antigos em consequência de
cromossomo e são marginata (Hymenoptera, Foram analisados 54 ninhos mudanças climáticas ocorri-
transmitidos juntos. Um Apidae, Meliponinae) por provenientes de MG, SP, das durante as últimas
haplótipo pode ser meio de RFLP do DNA mi- PR, SC e RS. Foram identifi- glaciações.” (5)
formado por um ou vários cados 14 haplótipos (*), sen-
alelos, ou até pelo tocondrial e microssatéli-
tes . do apenas um compartilha-
cromossomo inteiro. O do. Os testes estatísticos de-
haplótipo não é definido “ Através de análises de po- monstraram que as popula-
apenas pelo genótipo. No (*) Nota- denomina-se hapló-
pulações de Melipona margi- ções encontram-se estrutu- tipo a um conjunto de pares
caso de organismos não nata por meio da técnica radas e isoladas, não haven- de bases identificadas a par-
haplóides, o conhecimento PCR-RFLP do DNA mitocon- do fluxo gênico entre as po- tir de um gene devidamente
de quais alelos estão drial e marcadores microssa- pulações. Os resultados obti- sequenciado. (29)
presentes não indica quais
deles estão no mesmo
cromossomo e que são,
portanto, do mesmo
haplótipo e estarão juntos 1.12 Fragmentação, Dispersão e Hibridação
nos gametas.”

Fonte: Wikipedia
O avançado processo de “Computamos a distância o processo natural de disper-
fragmentação dos habitats média a que vão as operári- são de uma espécie, fica es-
ao qual estão submetidas as as formar uma nova colônia, tabelecido o seu isolamento
pequenas populações de e aonde vai uma nova rainha geográfico e reprodutivo. Em
meliponíneos têm conse- para ser fecundada e estabe- virtude disso, o dr. Kerr a-
quências diretas sobre a sua lecer-se, como sendo de a- crescenta: “Em Melipona
capacidade de dispersão em proximadamente 100m. A marginata Lep. observamos
suas áreas de ocorrência na- dispersão da fêmea pode, que, de zona para zona, há
tural. Conforme apontado an- portanto, ser avaliada em a- uma variação muito grande,
teriormente, a capacidade de prox. 100m por ano, pois na tanto no tamanho, coloração
voo das operárias de M. mar- natureza as colônias de Meli- geral, como nas bandas a-
ginata é estimada em 800m. ponini soltam um ou, excep- marelas dos tergitos abdomi-
(31) cionalmente 2 enxames por nais”. Existem, além disso,
ano. Esses dados foram obti- zonas intermediárias que ele
Por possuírem uma morfolo-
dos tomando-se por base denominou ‘zonas marginais’
gia diferente e um tórax mais
Melipona marginata Lep. e de superposição, onde a o-
Fig.21- Rainha de M. robusto, os zangões das a-
Trigona (Tetragonisca) jaty corrência de várias subespé-
marginata. belhas nativas geralmente a-
Smith, sendo provavelmente, cies é explicada da seguinte
tingem durante o voo distân- forma: “(...) sendo cada sub-
Foto: Arquivo do Autor diferentes de espécie para
cias maiores que aquelas espécie adaptada a uma
espécie. (...) Para machos,
atingidas por operárias de determinada zona climática,
computamos a distância a
uma mesma espécie. Entre- podemos supor que a adap-
“Em Uberlândia, a ação que se locomoveram em a-
tanto, o estabelecimento de tação de ambas seja menos
dos meleiros eliminou, no proximadamente 10 vezes a
novas colônias por enxame- perfeita na zona de mudança
mínimo, quatro espécies: das fêmeas, portanto, de
Melipona rufiventris, ação natural é realizado so- das diversas condições cli-
1000m, tomando-se por base
Melipona bicolor, Melipona mente entre lugares situados máticas. Os híbridos, tendo
observações em Melipona
marginata e entre distâncias bem meno-
quadrifasciata Lep.” (32) propriedades parentais com-
Cephalotrigona femorata.” res. binadas, deverão ser melhor
Assim, uma vez interrompido adaptados às condições da
Kerr [et al.] 2001 (30) Segundo explica o prof. Kerr:
zona de transição”.
Página 16 Observações sobre a abelha Manduri
A

1.13 Pesquisas de Campo


Como notam Pirani&Corto- dessa espécie, a busca por corbículas com barro, algu-
passi-Laurino (1993), essas outras fontes de recursos mas operárias continuam as
abelhas são raramente ob- que também poderiam ser suas atividades até conse-
servadas em ambiente natu- consideradas como ‘sítios de guirem juntar outra pequena
ral, tendo sido verificada a- coleta’. Podemos, por exem- porção desse material, que B
penas em 4 ou 5 espécies ao plo, verificar às margens de em seguida é transportada
longo do ano, quando se rea- pequenos cursos d’água ou para a colmeia, durante o
lizaram coletas nas flores. em poços de lama formados voo, suspensa por meio das
Trata-se, portanto, de uma naturalmente ou pela presen- patas. Tal habilidade amplia
espécie que forrageia, sobre- ça de animais (gado), uma consideravelmente a sua
tudo, no dossel da Floresta considerável visitação por capacidade de carga.
Tropical Atlântica. espécies que utilizam o barro
As fotos a seguir exibem al-
como material de construção
E uma vez que seu nicho tró- guns exemplares de Meli- C
ou simplesmente buscam
fico é composto na sua maior pona marginata oriundos da
esses locais para sugar líqui-
parte por espécies arbóreas, Serra da Mantiqueira, sul de
dos. (*) Nesses sítios, os e-
isso em muitos casos dificul- Minas, que apresentam dife-
xemplares podem ser facil-
ta as pesquisas de amostra- rentes padrões de coloração
mente fotografados ou captu-
gem, monitoramento e levan- nos tergitos abdominais, o
rados com rede entomológi-
tamentos da apifauna basea- que pode indicar a ocorrên-
ca.
dos somente na utilização de cia de hibridações numa
recursos florais (Silveira [et Notamos também que Meli- mesma área pesquisada.
al.](2002). pona marginata apresenta D
um comportamento bastante
A fim de complementar a
peculiar durante a coleta (*) Nota- Obiols (2008) cita a
elaboração de tais inventá-
deste recurso, uma vez que, presença de Melipona margi-
rios, sugerimos, para o caso nata em excrementos.
já tendo abastecido as suas

1.14 Considerações Finais


E
Tentamos, nestas poucas pá- existem grandes lacunas so- sutis e técnicas mais aprimo-
ginas, reunir na literatura e no bre o seu manejo. Mas tal radas, certamente trarão a
contato com outros criadores não impede que estas infor- todos a sua contribuição atra-
algumas referências a repeito mações sejam tomadas como vés do alcance de resultados
da biologia dessa espécie tão pontos de partida por aqueles mais expressivos e da desco-
rara e ainda pouco estudada. que, na posse de dados mais berta de coisas novas.
Constatamos, entretanto, que completos, observações mais

Agradecimentos Figs.22- (A) Paisagem da Flo-


resta Nacional de Passa Quatro,
À Dra. Astrid Kleinert, do Instituto de Biociências da USP, que ainda conserva remanes-
uma das maiores conhecedoras da espécie no Brasil, pela sua centes de matas de araucárias.
disponibilidade em esclarecer nossas dúvidas. Ao prof. J. P. (B,C,D) Exemplares de Melipo-
Cappas e Sousa, nosso “Mestre de Além Mar”, por ajudar a na marginata com diferentes
padrões de coloração. (E) Gru-
elucidar os conceitos de hibernação e diapausa, bem como
po de mandaguaris, Scaptotri-
pela identificação de espécimes fotografados. Ao escritor e
gona postica. (F) Caga-azeite ou
meliponicultor Mario Tessari, criador dessa espécie na Região
vespa oleiro/do barro.
Sul, pelas críticas e revisão final do texto. E, finalmente, ao
espírito democrático dos moderadores do Grupo ABENA, por Fotos: Arquivo do Autor
permitirem que esse pequeno texto viesse a ser divulgado.
Observações sobre a abelha Manduri Página 17

1.15 Referências Bibliográficas


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Página 18 Observações sobre a abelha Manduri

Continuação A
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Biociências, USP. 2009. Menezes, C. Comparison informações já consolidadas a Melipona marginata. (B)
81p ......................................(5) Between Different Multiplication respeito dos hábitos e da biolo-
Methods for Stingless bee
Favo helicoidal. (C) Entrada
gia a fim de ampliar o conheci-
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sem ferrão. São Paulo: Editora SP, Brasil. FUNPEC Ed. 2012. Fotos: (A,B) Arquivo do Autor
Nogueirapis 1-446 pp..........(9) 533p....................................(28) (C) Arquivo ABENA

Tessari, Mario. Informação


How to cite this article:
Obiols, Carmen Lúcia Yurrita. O
Gênero Melipona Illiger, 1806 pessoal. (membro do Grupo
em Minas Gerais — ABENA) Sítio Itaguá, Jaguaruna Chagas, E. Observações sobre a
Identificação, Distribuição e – SC....................................(21) abelha Manduri. Informativo
Estado Atual de Conservação. Técnico-científico do Grupo
Tese de Mestrado, UFMG, Tipos das Espécies de
ABENA. Edição on-line, jun.
2008.....................................(4) Meliponinae Neotropicais
descritos por Jesus Santiago 2013. Disponível em:
Moure e depositados na Coleção www.abelhasemferrao.com
Pick, Raquel A. & Blochtein, B.

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