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Meliponicultura
Edição on-line, jun./2013
http://www.abelhasemferrao.com
Revisão:
sos polinizadores e disper- 1.8 Arquitetura e
Mario Tessari
sores de sementes, que Construções Internas......8
além desse serviço insubs-
1.8.1 Sobre a Diapausa
tituível, produzem mel, pólen,
© É permitida a re- Reprodutiva..................9
própolis e ainda causam
produção integral ou 1.8.2 Refúgios de
deleite pelo seu exemplo de
parcial deste texto,
organização social e abne-
Rainhas Virgens ..........10
desde que citada a 1.9 Aspectos de Repro-
gação ao serviço sem ne-
fonte. Créditos do dução e Postura ..........10
nhum mal causar a nada e a
Grupo ABENA.
ninguém. 1.9.1 Sobre a Substitui-
ção de Rainhas ............11
Assim, ao difundir a melipo-
nicultura, esperamos que 1.10 Breves Notas Sobre
estejamos auxiliando na ma- o Manejo .....................11
Sobre o nosso Grupo… nutenção do meio ambiente 1.10.1 A Questão da
ABENA – Abelhas-sem- e da vida, pois esse é o Produtividade.............13
ferrão (ASF) nativas são in- maior patrimônio que todos 1.10.2 Parâmetros de
setos sociais úteis à nature- temos. Avaliação....................13
za e responsáveis pela po- 1.10.3 Multiplicação
Jean Carlos Locatelli,
linização de muitos vegetais Artificial......................14
moderador do Grupo ABENA.
ajudando na sua multiplica-
1.11 Um Estudo de
ção, contribuindo benefica-
Genética......................15
mente para a vida da flora e
da fauna. 1.12 Fragmentação,
Dispersão e Hibridação
O Grupo visa a dissemina- ....................................15
Este texto foi originalmente publicado no site do
ção e multiplicação de co- 1.13 Pesquisas de
Grupo ABENA. A versão presente possui conteúdo
nhecimentos sobre as ASF, Campo........................16
idêntico e foi produzida especialmente para o
estimulando o associativis-
FÓRUM BRASILEIRO DE MELIPONICULTURA, 1.14 Considerações
mo e a preservação da
podendo ser acessada diretamente no site: Finais..........................16
natureza.
www.abelhasemferrao.com. 1.15 Referências
Associados: 1635 Bibliográficas..............17
Categoria: Meio Ambiente
Criado em: jul. 6, 2003
Idioma: Português
Observações sobre a abelha Manduri Página 3
Desenho: J. M. F. Camargo.
Desenho: J. M. F. Camargo.
Fonte: Roldão & Hrncir(2007) Neste grupo diverso [Meli- nini comunicam o local da cação de M. marginata a
ponini] (com mais de 370 fonte de alimento com respeito da marcação de
espécies), existem vários ti- marcas químicas. As forra- trilhas de cheiro: “Ao que nos
pos de comunicação sobre geadoras destas espécies parece, as operárias campei-
as fontes de alimento. A for- fazem uma trilha de cheiro
« Em Melipona marginata, a ras de Melipona marginata
rageadora que volta ao ninho na volta ao ninho, a qual as
atividade de voo decresceu Lep. fazem suas primeiras
transmite o cheiro e a quali- operárias seguem do ninho
com o tempo, alcançando marcações (uma por abelha)
dade do alimento durante a até o alimento. Com adicio-
seu pico às 13 :00h,
o
iniciando-se com 19 C e foi “trophallaxis”. Ela anda ra- nais marcas atrativas na longe da fonte alimentar, pró-
pidamente tocando outras própria fonte de alimento, ximo às colméias. Posterior-
positivamente
operárias no ninho e estes este tipo de comunicação mente, as próximas marca-
correlacionada à
contatos corporais estimu- sobre o alimento é muito
temperatura e inversamente ções se dão a 1/3 da distân-
lam-nas a sair do ninho. A efetivo em guiar muitas re-
proporcional à umidade cia que separa as colônias e
passagem de alimento é a- crutadas até o exato local da
relativa. » (12) a fonte alimentar, aproximan-
companhada pela emissão fonte de alimento. (10)
Contrera [et al.](2004).
de sons altos. Em Melipona do-se progressivamente em
spp., a duração dos pulsos Coletto da Silva, A. & Kerr, direção à fonte alimentar e
de sons aumenta com a qua- W. E. (2006) estudaram finalmente, na própria fonte.”
lidade do néctar coletado. alguns aspectos da comuni- (11)
Outras espécies de Melipo-
Tab.2- (ab.) Valores míni-
mos e máximos dos fatores
meteorológicos registrados
durante as observações de
1.6.1 Atividades Externas de M. obiscurior
atividades de voo e de co-
leta de pólen de M. obscu- Borges, F.von B. & Bloch- M. obscurior durante os pe- padrão dessas atividades dife-
tein, B. (2005) estudaram a ríodos de primavera-verão e riu nas distintas épocas do a-
rior na primavera-verão
influência dos fatores meteo- outono-inverno em ambiente no consideradas especialmen-
(2002/2003) e outono-
rológicos sobre o ritmo diário de distribuição natural desta te nos horários de maior inten-
inverno (2003). das atividades externas de espécie. Concluíram que o sidade de voo e de coleta.
Período Temperatura Irradiação Solar Umidade Vento Temperatura Irradiação Solar Umidade Vento
o 2 o 2
( C) (W/m ) (%) (m/s) ( C) (W/m ) (%) (m/s)
O que, na maior parte das de cavidades menores ou tes entre as alças ou mel-
vezes, é imprescindível no até de galhos adjacentes ao gueiras laterais, com pas-
caso da mandaçaia (vale tronco principal, o que nos sagens de 15 mm. Ocupam
lembrar que M. quadrifas-
fornece uma pista a respeito só um dos ‘cômodos’ ofe-
ciata anthidioides também
pode interromper a postura do volume da colmeia a ser recidos, e param de crescer
utilizada. Somado a isso, o se não for aumentado esse B
no inverno na nossa região).
estudo de Borges&Blochtein compartimento”. (21)
A despeito do seu pequeno
tamanho e da sua reduzida (2006), “Variação sazonal Da mesma forma, segundo
população nidal [as colônias das condições internas de Locatelli, J.C.(2012) o que
têm populações entre 400 e colônias de Melipona margi- tem sido observado é que
500 indivíduos(Kleinert- nata obscurior Moure”, apre-
Giovannini & Imperatriz- “tendem a formar uma cara-
senta claramente as cons- paça de barro, quando ins-
Fonseca 1987)], estas abe- C
lhas possuem uma extraor- tantes alterações nas estru- taladas em caixas cúbicas
dinária capacidade de tra- turas internas dos ninhos e a altas. Sendo assim, preferir
balho e de defesa. A agres- sua correspondência com o caixas baixas com mais
sividade das operárias é um ciclo de desenvolvimento largura. Pela baixa utilização
comportamento social que se anual das colônias (ver item de caixas modulares verti-
manifesta somente em en-
1.8). cais, não temos experiências
xames fortes (ou médios-
fortes) ou ainda durante Essas informações indicam suficientes com essa espé-
D
manipulações muito demo- que , para M. obscurior, o cie, para poder tecer
radas. Na maioria das vezes, comentários.”(22)
volume da colmeia a ser
são abelhas tímidas que se
escondem no interior da empregada deverá propor- O meliponicultor Alexandre
colmeia. cionar espaço suficiente para Souza (RJ) usa, para man-
permitir as constantes varia- duris, um modelo de colmeia
Podemos dizer que essas ções de tamanho do com as seguintes medidas:
ninho e sobreninho com 8 x
abelhas apreciam o interior invólucro, incluindo potes de 8 x 7cm altura (interno), 20 x
das matas para nidificarem alimento e batume. Além dos Figs.17- (A) Colmeias em
20 x 7cm altura (externo). A
fatores genéticos e/ou téc- abrigo coletivo, (B) colmeia
embora possam ser encon- melgueira: 13 x 13 x 7 cm
simples com dobradiças, (C)
tradas também em locais nicos, a diversidade das altura (interno) 20 x 20 x 7cm
altura (externo). (podem ser colmeia horizontal com ga-
mais abertos [em MG,Obiols, condições climáticas e flo- vetas, (D) Colmeia cúbica
C.L.Y. (2008) catalogou 26 rísticas peculiares de cada usadas até 2 melgueiras)
Este modelo serve ainda (MG) em suporte individual.
registros de ocorrência da localidade contribuem para
para jataí, irai e rajada.
espécie em domínio da Mata grandes variações internas Fotos:
Atlântica e apenas 3 no Cer- encontradas quanto ao vo- (A) Arq. do Autor
A respeito do uso de dispo- (B) Ame-Rio
rado]. Tal observação sugere lume do ninho ocupado por sitivos de aquecimento ar- (C) J.C.Locatelli
que locais mais abrigados uma mesma espécie, de tificial em colméias durante o (D) Arq. do Autor
sejam os mais adequados forma que cada criador de- inverno, podemos citar os
para a localização das col- veria buscar, por meio de resultados de Costa&Ven-
meias. De modo semelhante observações diretas, as turieri(2006): “Dados obtidos
ao que ocorre em diversas dimensões mais apropriadas. com Melipona quadrifasciata PNN (1997) aconselha,
espécies, as colmeias de Razão pela qual pensamos e Melipona marginata, no para colmeias de tamanho
manduri também podem que uma padronização, nes- Paraná, indicam rápido de- mediano, a colocação de 1
sobreviver próximas umas às se sentido, não seja muito senvolvimento das colônias” taco de madeira
outras, em bancadas ou desejável. (23). O equipamento utilizado (6x6x2,5cm) no centro do
abrigos coletivos, formando consistia de uma caixa cen-
A respeito da forma dos mo- piso da gaveta de baixo, a
verdadeiras “comunidades tral, equipada com termos-
delos de colmeia emprega- fim de dissuadir Melipona
de colônias”. (Fig.17, A) tato (Leitenberger, RTC-01)
dos para essa espécie, se- marginata e outras
O fato, apontado pela litera- gundo relata Tessari, M. e 2 resistores (2k2, 20W), e espécies de construírem
tura, de que os ninhos são (2012), “elas não aceitam demais caixas com colônias seus favos em apenas
encontrados em alturas mais obstáculos que fracionem o ligadas à central, que regula uma das gavetas da
elevadas, sugere a ocupação espaço interno, com supor- a temperatura (28 a 30º). colmeia.
Observações sobre a abelha Manduri Página 13
No de Células de Cria
Fonte: Wikipedia
O avançado processo de “Computamos a distância o processo natural de disper-
fragmentação dos habitats média a que vão as operári- são de uma espécie, fica es-
ao qual estão submetidas as as formar uma nova colônia, tabelecido o seu isolamento
pequenas populações de e aonde vai uma nova rainha geográfico e reprodutivo. Em
meliponíneos têm conse- para ser fecundada e estabe- virtude disso, o dr. Kerr a-
quências diretas sobre a sua lecer-se, como sendo de a- crescenta: “Em Melipona
capacidade de dispersão em proximadamente 100m. A marginata Lep. observamos
suas áreas de ocorrência na- dispersão da fêmea pode, que, de zona para zona, há
tural. Conforme apontado an- portanto, ser avaliada em a- uma variação muito grande,
teriormente, a capacidade de prox. 100m por ano, pois na tanto no tamanho, coloração
voo das operárias de M. mar- natureza as colônias de Meli- geral, como nas bandas a-
ginata é estimada em 800m. ponini soltam um ou, excep- marelas dos tergitos abdomi-
(31) cionalmente 2 enxames por nais”. Existem, além disso,
ano. Esses dados foram obti- zonas intermediárias que ele
Por possuírem uma morfolo-
dos tomando-se por base denominou ‘zonas marginais’
gia diferente e um tórax mais
Melipona marginata Lep. e de superposição, onde a o-
Fig.21- Rainha de M. robusto, os zangões das a-
Trigona (Tetragonisca) jaty corrência de várias subespé-
marginata. belhas nativas geralmente a-
Smith, sendo provavelmente, cies é explicada da seguinte
tingem durante o voo distân- forma: “(...) sendo cada sub-
Foto: Arquivo do Autor diferentes de espécie para
cias maiores que aquelas espécie adaptada a uma
espécie. (...) Para machos,
atingidas por operárias de determinada zona climática,
computamos a distância a
uma mesma espécie. Entre- podemos supor que a adap-
“Em Uberlândia, a ação que se locomoveram em a-
tanto, o estabelecimento de tação de ambas seja menos
dos meleiros eliminou, no proximadamente 10 vezes a
novas colônias por enxame- perfeita na zona de mudança
mínimo, quatro espécies: das fêmeas, portanto, de
Melipona rufiventris, ação natural é realizado so- das diversas condições cli-
1000m, tomando-se por base
Melipona bicolor, Melipona mente entre lugares situados máticas. Os híbridos, tendo
observações em Melipona
marginata e entre distâncias bem meno-
quadrifasciata Lep.” (32) propriedades parentais com-
Cephalotrigona femorata.” res. binadas, deverão ser melhor
Assim, uma vez interrompido adaptados às condições da
Kerr [et al.] 2001 (30) Segundo explica o prof. Kerr:
zona de transição”.
Página 16 Observações sobre a abelha Manduri
A
Continuação A
marginata (APIDAE: Atividades de voo de Plebeia de Entomologia Pe JS Moure
MELIPONINI). Braz. J. Biol., saiqui (Holmberg) Hymenoptera, Departamento de Zoologia -
65(3): 469-476, 2005.........(18) Apidae, Meliponini) durante o Universidade Federal do Paraná
período de postura da rainha e Curitiba, Brasil (DZUP).........(6)
Kleinert-Giovannini, A. em diapausa. Rev. Bras. Zoo.
Informação pessoal. Instituto de 19(3): 827-839 2002……....(14) Velthuis, Hayo H.W. [et al.]
Biociências da USP. Speciation, development, and
(2013).................................(25) Pirani, J.R.; Cortopassi-Laurino, the conservative egg of the
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Locatelli, Jean Carlos. São Paulo. São Paulo: EDUSP, Proc, Exper. APPL. ENTOMOL.,
Informação pessoal. (moderador 1993. 192p. NEV Amsterdam. Volume 14,
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SC.......................................(22) Roldão, Y. S. and Hrncir, M. B
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Machado, C. Pinheiro & Kleinert, abelhas sem ferrão (Melipona cultura no Brasil: Situação Atual
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C
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Mateus, M.J.S., Ferreira- verão, USP-Ribeirão Preto: Winston, M.L. A Biologia da
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Silva, C.M. e Zucchi, R. Division Osowski. Editora Magister,
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Meliponini). Anais do IX identificação. Belo Horizonte: Resumo:
Encontro Sobre Ablelhas, Fernando A. Silveira. 253 Com o avanço dos processos de
Ribeirão Preto – SP. Brasil. p...........................................(2) destruição e fragmentação dos
2010. P? habitats, muitas espécies de me-
Schwarz, H. F. (1932). The liponíneos tiveram as suas popu-
Monteiro, W.R. Meliponicultura: genus Melipona the type genus lações reduzidas em virtude de
Notícia Auspiciosa. Revista of the Meliponidae or stingless muitos fatores como a supressão
Mensagem Doce, 60. 2000. bees. Bull. Am. Mus. Nat. Hist. de vastas áreas florestais e o ex-
http://www.apacame.org.br/mens 63 (4)……………...........…..(1) trativismo predatório de seus ni-
agemdoce/60/nativas2.htm nhos. Como podemos observar,
tais processos são ainda mais
Moresco, A.R.C. Análise Souza, Giovani. Comunicação intensificados nas Regiões Su-
populacional de Melipona pessoal, 2012.....................(8) deste e Sul do Brasil, nas áreas
Marginata (Hymenoptera, onde outrora habitavam diversos
Apidae, Meliponini) por meio de Teixeira, J. C. da S.; Leão, K. S.; tipos de abelhas como Melipona
RFLP do DNA mitocondrial e Queiroz, A. C. M.; Santos, R. I. marginata e Melipona obscurior.
microssatélites. Dissertação de R.; Cordeiro, H. K. C.; Lage- Este texto procura reunir aos de-
Mestrado, Instituto de Filho, N. M.; Venturieri, G. C.; mais criadores de ASF algumas Figs.24- (A) Exemplar de
Biociências, USP. 2009. Menezes, C. Comparison informações já consolidadas a Melipona marginata. (B)
81p ......................................(5) Between Different Multiplication respeito dos hábitos e da biolo-
Methods for Stingless bee
Favo helicoidal. (C) Entrada
gia a fim de ampliar o conheci-
Colonies. Anais do X Encontro mento e incentivar a conserva- de ninho da mesma espécie.
Nogueira-Neto, P. (1997). Vida e
criação de abelhas indígenas sobre Abelhas. Ribeirão Preto – ção destas espécies.
sem ferrão. São Paulo: Editora SP, Brasil. FUNPEC Ed. 2012. Fotos: (A,B) Arquivo do Autor
Nogueirapis 1-446 pp..........(9) 533p....................................(28) (C) Arquivo ABENA