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28/08/2017 Paulo Pinto de Albuquerque - A responsabilidade criminal das pessoas colectivas ou equiparadas - Ordem dos Advogados

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Paulo Pinto de Albuquerque - A responsabilidade criminal das pessoas colectivas ou equiparadas

Paulo Pinto de Albuquerque - A responsabilidade criminal das pessoas colectivas ou


equiparadas

Pelo Prof. Doutor Paulo Pinto de Albuquerque

O direito das organizações internacionais não é favorável à consagração do princípio da responsabilidade criminal das pessoas colectivas ou
equiparadas.(1) A Convenção das Nações Unidas sobre criminalidade organizada de 15.10.2000 (já ratificada por Decreto do PR n. 19/2004, de 2.4)
prevê, no seu artigo 10, a responsabilidade das pessoas colectivas que deverão ser objecto de “sanções de natureza penal ou outra, incluindo sanções
pecuniárias”.

O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, aprovado em 17.7.1998 (já ratificado por Decreto do PR n. 2/2002, de 18.1) não prevê sequer
a responsabilidade das pessoas colectivas.

Nenhuma das convenções celebradas no âmbito do Conselho da Europa prevê a responsabilidade criminal exclusiva das pessoas colectivas.

A Convenção ETS n. 172 sobre a protecção do ambiente através da lei penal, de 4.9.1998, prevê no artigo 9 a responsabilidade “criminal ou
administrativa” das pessoas colectivas e estabelece como critérios de imputação os actos cometidos pelos seus órgãos ou representantes em proveito
da pessoa colectiva.

A Convenção ETS n. 173 relativa à lei criminal sobre a corrupção, de 27.1.1999, que vigora em Portugal desde 1.9.2002, prevê no artigo 18 a
responsabilidade das pessoas colectivas por crimes de corrupção, tráfico de influência e branqueamento de capital, cometidos em benefício daquelas,
(1) por uma pessoa singular agindo individualmente ou como parte de um órgão da pessoa colectiva, com uma posição dirigente da pessoa colectiva
baseada num poder de representação da pessoa colectiva ou numa autoridade de facto de tomar decisões pela pessoa colectiva ou exercer controlo
dentro dela, ou (2) por omissão de controlo devido por uma pessoa singular com uma posição dirigente. Esta responsabilidade pode dar lugar a
sanções criminais ou não criminais nos termos expressos do artigo 19.

A Convenção ETS n. 185 relativa ao cibercrime, de 23.11.2001, prevê no artigo 12 a responsabilidade das pessoas colectivas pelos crimes
estabelecidos na Convenção nos exactos e precisos termos da Convenção ETS n. 173 quanto ao critério de imputação, mas estabelece no artigo 13
que a natureza dessa responsabilidade pode ser criminal, civil ou administrativa.

A Convenção ETS n. 196 sobre a prevenção do terrorismo, de 3.5.2005, prevê no artigo 10 a responsabilidade criminal, civil ou administrativa das
pessoas colectivas pelos crimes estabelecidos na Convenção.

A Convenção ETS n. 197 sobre a acção contra o tráfico de seres humanos, de 3.5.2005, prevê no artigo 22 a responsabilidade das pessoas colectivas
pelos crimes estabelecidos na Convenção nos exactos e precisos termos da Convenção ETS n. 173 quanto ao critério de imputação, mas estabelece
no artigo 23 que a natureza dessa responsabilidade pode ser criminal, civil ou administrativa.

A Convenção ETS n. 198 sobre o branqueamento dos produtos do crime e sobre o financiamento do terrorismo, de 3.5.2005, prevê no artigo 10 a
responsabilidade das pessoas colectivas pelos crimes estabelecidos na Convenção nos exactos e precisos termos da Convenção ETS n. 173 quanto ao
critério de imputação e estabelece no mesmo artigo 10, n. 4, que a natureza dessa responsabilidade pode ser criminal ou não criminal.

Nenhuma das recomendações do Comité de Ministros do Conselho da Europa em matéria criminal dos últimos dez anos prevê o princípio geral da
responsabilidade criminal das pessoas colectivas.

Com efeito, a Recomendação No. R (96) 8, de 5.9.1996, relativa ao combate ao crime económico, prevê a responsabilidade das pessoas colectivas em
termos alternativos (criminal ou por outras medidas).

A Recomendação Rec (2000) 11, de 19.5.2000, relativa ao tráfico de pessoas com vista a exploração sexual, apenas prevê a responsabilidade das
pessoas colectivas, sem especificar a que título.

A Recomendação Rec (2001) 11, de 19.9.2001, relativa ao combate ao crime organizado, apenas prevê a responsabilidade das pessoas colectivas, sem

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especificar a que título.

A Recomendação Rec (2001) 16, de 31.10.2001, relativa à exploração de crianças, apenas prevê a responsabilidade das pessoas colectivas, sem
especificar a que título.

Do mesmo modo, no direito convencional da União Europeia não se impõe a responsabilidade criminal das pessoas colectivas.

O artigo 3 do Segundo Protocolo à Convenção para a protecção dos interesses financeiros da CE, aprovado pelo Conselho a 19.6.1997, prevê a
responsabilidade das pessoas colectivas de acordo com um critério de imputação idêntico ao já referido acima a propósito da Convenção ETS n. 173
relativa à lei criminal sobre a corrupção. Aliás, este foi o primeiro texto em que tal critério foi definido nos termos que mais tarde se difundiram no
direito da União Europeia e do Conselho da Europa. Esta responsabilidade tem, nos termos do artigo 4 do Segundo Protocolo, natureza criminal ou
não criminal, uma vez que deve ser punível com sanções criminais ou não criminais.

Nem as Acções Comuns nem as Decisões-Quadro emitidas em matéria criminal até ao presente impõem a responsabilidade criminal das pessoas
colectivas, prevendo apenas em termos alternativos a responsabilidade criminal ou administrativa. Assim, nestes termos dispõem: o parágrafo A (c)
do título II da Acção Comum 97/154/JHA, de 24.2.1997 (administratively liable... or criminally responsible), substituída pela Decisão-Quadro
2004/68/JHA, de 22.12.2003, no que toca ao tráfico e exploração sexual de seres humanos (artigo 7-criminal or non-criminal fines); o artigo 3 da
Acção Comum 98/733/JHA, de 21.12.1998, no que toca ao combate a organizações criminosas (held criminally liable or, failing that, otherwise
liable); o artigo 6 da Acção Comum 98/742/JHA, de 22.121998 (criminal or non-criminal fines), substituída pela Decisão-Quadro 2003/568/JHA,
de 22.7.2003, no que toca à corrupção no sector privado (artigo 6-criminal or non-criminal fines); o artigo 9 da Decisão-Quadro 2000/383/JHA, de
29.5.2000, no que toca à contrafacção ligada à introdução do euro (criminal or non-criminal fines); o artigo 8 da Decisão-Quadro 2001/413/JHA, de
28.5.2001, no que toca à fraude e contrafacção de meios não monetários de pagamento (criminal or non-criminal fines); o artigo 8 da Decisão-
Quadro 2002/475/JHA, de 13.6.2002, no que toca às infracções terroristas (criminal or non-criminal fines); o artigo 3 da Decisão-Quadro
2002/946/JHA, de 28.11.2002, no que toca ao crime de facilitação de entrada, trânsito ou residência ilegais (criminal or non-criminal fines); o artigo
7 da Decisão-Quadro 2003/80/JHA, de 27.1.2003, no que toca aos crimes ambientais (criminal or non-criminal fines) (não obstante esta Decisão-
Quadro ter sido anulada por acórdão do Tribunal de Justiça de 15.9.2005, refere-se o seu conteúdo, por o fundamento da anulação se reportar a um
vício de competência e não a um vício de conteúdo da Decisão-Quadro); o artigo 7 da Decisão-Quadro 2004/757/JHA de 25.10.2004, no que toca ao
tráfico de droga (criminal or non-criminal fines); o artigo 9 da Decisão-Quadro 25/222/JHA, de 24.2.25, no que toca aos crimes informáticos
(criminal or non-criminal fines); e o artigo 6 da Decisão-Quadro 2005/667/JHA, de 12.07.2005, no que toca ao crime de poluição marítima
(criminal or non-criminal fines).

Todos estes diplomas colocam expressamente em alternativa aquele tipos de responsabilidade, tendo-se nos respectivos trabalhos preparatórios da
Comissão salientado sempre que competia aos Estados decidir de acordo com os sistemas constitucionais e penais nacionais qual dos dois tipos será
o mais adequado.

O critério de imputação é exactamente o já referido acima a propósito da Convenção ETS n. 173 relativa à lei criminal sobre a corrupção, de
27.1.1999, tendo-se gerado um consenso sobre este tipo de critério entre os órgãos das duas organizações internacionais, o Conselho da Europa e a
União Europeia, por via da importação do critério da União Europeia pelo direito convencional do Conselho da Europa. O cerne deste critério de
imputação reside na pessoa singular que ocupa uma posição de liderança no seio da pessoa colectiva (person with a leading position within the
collective person). As acções e as omissões daquela pessoa constituem o nexo de imputação à pessoa colectiva.

Contudo, a União Europeia vai mais longe do que o Conselho da Europa, por dois motivos: primeiro, porque se prevê a existência de um sistema de
multa proporcional às receitas da pessoa colectiva, ou à vantagem financeira retirada ou esperada da comissão do crime (artigo 6, n. 3, da Decisão-
Quadro 2005/667/JHA, de 12.7.2005); e segundo, porque o elenco das penas acessórias previsto pela União Europeia é muito mais amplo, incluindo
a exclusão de benefícios públicos, a interdição temporária ou permanente para o exercício de um ou mais tipos de actividades comerciais ou
industriais, a supervisão judicial, o encerramento temporário ou permanente de um ou mais estabelecimentos, a perda de produtos ou instrumentos
do crime, a dissolução da pessoa colectiva, entre outras.

O direito português não conhece o princípio geral da responsabilidade criminal das pessoas colectivas, mas conhece o princípio geral da
responsabilidade contra-ordenacional das pessoas colectivas e o princípio da responsabilidade criminal das pessoas colectivas em certas áreas
delimitadas de criminalidade. No direito nacional há que confrontar o critério de imputação de responsabilidade às pessoas colectivas no âmbito do
direito contraordenacional e o critério de imputação vigente em certas áreas delimitadas do direito criminal.

O direito contra-ordenacional consagra o princípio geral de responsabilidade das pessoas colectivas de acordo com o seguinte critério de imputação:
actos praticados pelos seus órgãos no exercício das suas funções (artigo 7, n. 2 do Decreto-Lei n. 433/82, de 27.10).

A coima máxima aplicável a pessoas colectivas é, em regra, de 44.891 euros. São aplicáveis as sanções acessórias de interdição de actividades,
privação de direitos a subsídios, a participar em feiras, em arrematações ou concursos públicos, encerramento de estabelecimento e suspensão de
licenças, pelo período máximo de dois anos, e a perda de objectos.

A dissolução da pessoa colectiva que se destine à prática de contra-ordenações pode ser accionada pelo MP nos termos gerais.

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O direito contra-ordenacional do mercado dos valores mobiliários (CMVM) consagra o princípio da responsabilidade das pessoas colectivas e
entidades equiparadas de acordo com o seguinte critério de imputação: factos cometidos no exercício das respectivas funções ou em seu nome ou
por sua conta, pelos titulares dos seus órgãos sociais, mandatários, representantes ou trabalhadores. Contudo, prevê-se também a atenuação especial
da pena quando os titulares do órgão de administração das pessoas colectivas e entidades equiparadas, bem como os responsáveis pela direcção ou
fiscalização de áreas de actividade em que seja praticada a infracção, conhecendo ou devendo conhecer a prática da infracção, não adoptem as
medidas adequadas para lhe pôr termo imediatamente.

O direito contra-ordenacional do branqueamento de capitais (Lei n. 11/2004) consagra o princípio da responsabilidade das pessoas colectivas de
acordo com o seguinte critério de imputação: actos de membros dos órgãos, de titulares de cargos de direcção, chefia ou direcção, ou por qualquer
empregado, se os factos forem cometidos no exercício de funções; e actos de representantes praticados em nome e no interesse da pessoa colectiva.

A coima máxima aplicável a pessoas colectivas é de 2.500.000 euros.


É aplicável a sanção acessória de publicidade da decisão definitiva.

O direito criminal da economia e da saúde pública (Decreto-Lei n. 28/84, de 20.1) consagra o princípio da responsabilidade das pessoas colectivas de
acordo com o seguinte critério de imputação: actos dos órgãos ou representantes em nome e no interesse da pessoa colectiva.

A multa máxima aplicável é de 1.600.000 euros (320 dias X diária até 5000 euros). Além desta, são aplicáveis a pena principal de admoestação e a de
dissolução (esta quando os fundadores tenham tido a intenção, ao menos predominante, de através da pessoa colectiva praticar os crimes ou quando
a prática reiterada desses crimes mostre que a pessoa colectiva está ser utilizada para esse efeito).

São aplicáveis as sanções acessórias de perda de bens, caução de boa conduta, injunção judiciária, interdição temporária do exercício de actividades,
privação do direito de participar em arrematações ou concursos públicos, do direito a subsídios, de participar em feiras, de abastecimento através da
administração pública, encerramento temporário ou definitivo de estabelecimento e publicidade da decisão.

O direito criminal da informática (Lei n. 109/91, de 17.8, na última redacção do Decreto-Lei n. 323/2001, de 17.12) consagra o princípio da
responsabilidade das pessoas colectivas de acordo com o seguinte critério de imputação: actos dos órgãos ou representantes em nome e no interesse
da pessoa colectiva.

A multa máxima aplicável é de 598.560 euros (600 dias X diária até 997,60 euros). Além desta, são aplicáveis a pena principal de admoestação e a de
dissolução (lei não fixa os requisitos específicos desta).

São aplicáveis as penas acessórias de perda de bens, caução de boa conduta, interdição temporária do exercício de actividades, encerramento
temporário ou definitivo de estabelecimento e publicidade da decisão. O regime punitivo prevê ainda uma especialidade em relação às penas
acessórias: a pena de admoestação aplicada às pessoas colectivas pode ser cumulada com a pena de caução de boa conduta.

O direito criminal da circulação e permanência de estrangeiros em território nacional (Decreto-Lei n. 244/98, de 8.8, na última redacção do
Decreto-Lei n. 34/2003, de 25.2) consagra o princípio da responsabilidade das pessoas colectivas de acordo com o seguinte critério de imputação:
actos dos órgãos ou representantes em nome e no interesse da pessoa colectiva.

A multa máxima é o dobro da do Código Penal: 359.136 euros (720 dias X 498,80 euros). O regime punitivo prevê uma especialidade em relação às
penas principais: a pena de interdição do exercício de actividade é uma pena principal aplicável às pessoas colectivas ou equiparadas em alternativa à
pena de multa. Também é aplicável a pena acessória da perda de objectos.

O direito criminal das infracções tributárias (Lei n. 15/2001, de 5.6, na última redacção do Decreto-Lei n. 229/2002, de 31.10) consagra o princípio
da responsabilidade das pessoas colectivas de acordo com o seguinte critério de imputação: actos dos órgãos ou representantes em nome e no
interesse da pessoa colectiva.

A multa máxima aplicável é de 9.600.000 euros (1920 dias X diária até 5000 euros).
São aplicáveis as penas acessórias de interdição temporária do exercício de actividades, privação do direito de receber subsídios ou subvenções
concedidos poir entidades públicas, perda de benefícios fiscais ou inibição de os obter, privação do direito de participar em arrematações ou
concursos públicos, do direito a subsídios e benefícios, do direito de participar em feiras, mercados, leilões ou arrematações e concursos de obras
públicas, de fornecimento de bens ou serviços e de concessão, encerramento temporário de estabelecimento, cassação de licenças ou concessões e
suspensão de autorizações, publicidade da decisão, dissolução (requisitos desta são idênticos aos do Decreto-Lei n. 28/84, de 20.1) ou perda de
mercadorias, meios de transporte e outros instrumentos do crime.

O direito criminal do terrorismo (Lei n. 52/2003, de 22.8) consagra o princípio da responsabilidade das pessoas colectivas de acordo com o seguinte
critério de imputação: actos dos órgãos ou representantes em nome e no interesse da pessoa colectiva, ou actos cometidos por qualquer pessoa sob
autoridade daqueles quando o cometimento tenha lugar em virtude de violação dolosa de deveres de vigilância que lhes incumbem.

A multa máxima aplicável é de 5.000.000 euros (1000 dias X diária até 5000 euros). É ainda aplicável a pena principal de dissolução.

https://portal.oa.pt/comunicacao/publicacoes/revista/ano-2006/ano-66-vol-ii-set-2006/doutrina/paulo-pinto-de-albuquerque-a-responsabilidade-cr… 3/13
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São aplicáveis as penas acessórias de injunção judiciária, interdição temporária do exercício de actividades, privação do direito a subsídios e
publicidade da decisão. Não se prevêem a perda de bens, a caução de boa conduta, a injunção judiciária e a privação do direito de participar em
arrematações ou concursos públicos, de participar em feiras e mercados e de abastecimento através da administração pública.

Nos direitos nacionais europeus, só a França introduziu recentemente no seu novo Código Penal esse princípio geral, razão pela qual será objecto de
particular menção neste estudo.

O direito francês prevê o princípio da responsabilidade criminal das pessoas colectivas de acordo com o seguinte critério de imputação: infracções
cometidas, no seu interesse (isto é, no interesse da pessoa colectiva), pelos seus órgãos ou representantes (infractions commises, pour leur compte,
par leurs organes ou représentants).

Tendo em conta este contexto, o legislador português confronta-se com uma de cinco soluções para o problema da responsabilidade criminal das
pessoas colectivas.

1. Alargar o número de excepções de responsabilidade contra-ordenacional ampla das pessoas colectivas (como aconteceu com a Lei n. 11/2004).
Esta solução mantém o princípio geral (apertado) de responsabilidade contraordenacional das pessoas colectivas e o princípio geral de não
responsabilidade criminal das pessoas colectivas (com as excepções já consagradas no direito positivo).

2. Alargar as excepções de responsabilidade criminal das pessoas colectivas (como aconteceu com a Lei n. 52/2003 para implementar a Decisão-
Quadro sobre o terrorismo, com o Decreto-Lei n. 34/2003 para implementar a Decisão-Quadro sobre a permanência ilegal em território nacional e
com a Lei n. 108/2001 para implementar a Decisão-Quadro sobre a corrupção no sector privado). Esta solução mantém o princípio geral (apertado)
de responsabilidade contra-ordenacional das pessoas colectivas e o princípio geral de não responsabilidade criminal das pessoas colectivas (com as
excepções já consagradas no direito positivo). Contudo, o legislador português quando concretizou a Decisão-Quadro 2002/946/JHA, consagrou o
critério de imputação clássico do Decreto--Lei n. 24/84 para a responsabilidade criminal das pessoas colectivas no âmbito do direito da entrada e
permanência ilegais em território nacional e não respeitou o critério de imputação previsto na própria Decisão-Quadro, ignorando por completo o
disposto no artigo 2, n. 2 da Decisão-Quadro quanto à responsabilidade das pessoas colectivas. Também ao concretizar a Decisão-Quadro
2003/568/JHA, o legislador português introduziu os crimes de corrupção activa e passiva no sector privado no Decreto-Lei n. 28/84, submetendo
estes crimes às regras de imputação do dito Decreto-Lei e assim desrespeitando frontalmente o disposto no artigo 5, n. 2, da Decisão-Quadro quanto
à responsabilidade das pessoas colectivas. Dito de outro modo, Portugal não implementou ainda integralmente as mencionadas Decisões-Quadro!

3. Rever o princípio geral da responsabilidade contra-ordenacional de acordo com o critério amplo do direito internacional e submeter as acções das
pessoas colectivas a esta responsabilidade contra-ordenacional. Esta solução mantém o princípio geral de não responsabilidade criminal das pessoas
colectivas (com as excepções já consagradas no direito positivo). Há dois argumentos contra esta posição, que são também argumentos contra a
posição expressa em primeiro lugar: 1. o legislador não é livre de punir como crimes acções de pessoas singulares e como contra-ordenações as
mesmas acções cometidas por pessoas colectivas; 2. o legislador não é livre de punir como contra-ordenação condutas graves (como a exploração
sexual de criança cometido por pessoa colectiva) e punir como crime certas condutas intrinsecamente menos graves (como o abate clandestino
cometido por pessoa colectiva).

O primeiro argumento não procede: as condutas favorecedoras do crime de branqueamento de capitais realizadas por pessoa singular são crime (na
forma de autoria!!) e são contra-ordenação se realizadas por pessoa colectiva.

Certas condutas de perigo comum realizadas por pessoa singular são crime e são contra-ordenação se realizadas por pessoa colectiva. O
financiamento ilegal de partidos políticos é crime se cometido por pessoa singular e contra-ordenação se cometido por pessoa colectiva. Os
exemplos podiam multiplicar-se. Aliás, em Itália, o Senado aprovou em 15.6.2005 o diploma que concretiza a Decisão-Quadro 2004/68/JHA
contendo Disposizioni in materia di lotta contro lo sfrotamento sessuale dei bambini e la pedopornografia. Neste diploma prevê-se a
responsabilidade administrativa das pessoas colectivas por actos que a lei classifica como crimes quando cometidos por pessoas singulares.

O segundo argumento também não procede: o legislador pune como crime o abate clandestino de animais cometido por pessoa colectiva e como
contra-ordenação a poluição de um rio por uma descarga industrial de uma pessoa colectiva. O legislador pune como crime a ofensa à reputação
económica realizada por pessoa colectiva contra outra pessoa e como contra-ordenação a concorrência desleal pelo uso de falsas afirmações para
desacreditar os concorrentes realizada por pessoa colectiva. Mais: o legislador pune como crime a corrupção de alimentos não considerados
susceptíveis de criar perigo para a vida se realizada por pessoa colectiva, mas não pune (nem como crime nem como contra-ordenação !!) a
corrupção de alimentos susceptíveis de criar perigo para a vida se realizada por pessoa colectiva. Em suma, não havendo imperativos constitucionais
de punição criminal de condutas humanas, menos razão há ainda para se supor um imperativo de criminalizar acções de pessoas colectivas.

4. Introduzir o princípio geral da responsabilidade criminal das pessoas colectivas com um critério de imputação idêntico ao critério estabelecido no
novo Código Penal francês (artigo 121-2). Esta solução não respeita o critério de imputação do direito internacional, e designadamente o da União
Europeia e do Conselho da Europa.

5. Introduzir o princípio geral da responsabilidade criminal das pessoas colectivas com um critério de imputação coincidente com o critério do
direito internacional atrás referido. Esta solução implica necessariamente a revisão do critério de imputação (mais apertado) do direito contra-
ordenacional vigente, sob pena de violação do princípio da proporcionalidade-artigo 18 da CRP, pois seria inadmissível que o direito criminal

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previsse uma intervenção dos poderes públicos muito mais ampla do que a julgada necessária no direito contra-ordenacional!

Esta solução implica a reformulação do critério de imputação consagrado numa anterior proposta de lei (Entende-se que ocorrem por ocasião da
actividade da pessoa colectiva ou equiparada, nomeadamente, os crimes:

a) cometidos pelos titulares dos seus órgãos no exercício das suas funções;
b) cometidos pelos seus representantes, em seu nome e no interesse colectivo;
c) resultantes da violação de deveres de cuidado a observar pela pessoa colectiva ou equiparada, destinados a evitar ou diminuir os riscos típicos da
sua actividade).

Este critério não respeita a Constituição da República e o direito da União Europeia e do Conselho da Europa atrás referido, por cinco razões: (1) os
critérios de imputação devem ser taxativos e no texto proposto não são, violando-se o princípio constitucional da legalidade criminal; (2) no direito
da União Europeia e do Conselho da Europa só as acções e as omissões de “pessoas que ocupem posição de liderança” (no sentido de persons with a
leading position) na pessoa colectiva podem constituir o nexo de imputação e não, como no texto proposto, as acções e omissões de quaisquer
outras pessoas, mesmo que não sejam “dirigentes”; (3) no direito da União Europeia e do Conselho da Europa só as acções e as omissões que visem
prosseguir o interesse colectivo da pessoa colectiva podem constituir esse critério de imputação e, não como no texto proposto, as acções ocorridas
“por ocasião da actividade” da pessoa colectiva, por exemplo, ocorridas no exercício de funções, mas que não visam o interesse colectivo; (4) no
direito da União Europeia e do Conselho da Europa não há “deveres de cuidado” que incidam sobre a pessoa colectiva em si mesma, mas antes
deveres de controlo e supervisão que incidem sobre os “dirigentes”, no sentido referido; (5) no direito da União Europeia e do Conselho da Europa
os deveres de controlo e supervisão têm por objecto as pessoas colocadas sob a autoridade dos dirigentes e não têm como objecto, como no texto
proposto, “riscos típicos” da actividade da pessoa colectiva.

O critério proposto não respeita a presunção de inocência. Com a amplitude proposta a responsabilidade criminal da pessoa colectiva serve para
uma imputação criminal objectiva às pessoas singulares que dirigem a pessoa colectiva, baseada na constatação de um suposto “defeito de
organização” ou de um suposto “risco inerente à actividade” da pessoa colectiva que seriam imputáveis aos seus dirigentes. Este defeito ou risco é
logo dado como verificado pela ocorrência do resultado danoso, admitindo-se apenas à pessoa singular fazer a prova do contrário, isto é, de que não
há defeito, de que não há risco inerente à actividade ou de que não teve conhecimento de qualquer defeito ou risco e assim violando o princípio da
presunção da inocência.

A solução acima enunciada em quinto lugar implica também a reformulação do critério de fixação dos montantes máximo e mínimo da pena de
multa consagrados na referida anterior proposta de lei. O critério de conversão das penas de prisão e das penas de multa aplicáveis a pessoas
singulares em penas de multa previstas para pessoas colectivas é desconforme com o princípio do direito criminal português (que tende a fixar para
as pessoas colectivas limites autónomos das penas aplicáveis às pessoas singulares), cria molduras desrazoáveis (exemplos: crime de escravidão
cometido por pessoa colectiva punível com pena de multa até 1800 dias, inferior às multas previstas para infracções fiscais; crime de corrupção
activa cometido por pessoa colectiva punível com pena de multa até 600 dias, muito inferior às multas previstas para infracções fiscais) e é omisso
quanto ao critério de conversão no caso de penas de prisão ou multa.

A solução acima enunciada em quinto lugar implica ainda a reformulação do montante da taxa diária consagrado na referida anterior proposta de lei
(3990.5 euros). É inadmissível que a mesma pessoa colectiva possa ver fixada uma taxa diária mais exigente no direito penal secundário (5000 euros,
por exemplo no Decreto-Lei n. 28/84, de 20.1) do que no direito penal de justiça, como aconteceria se se mantivesse a mencionada taxa.

Por fim, o elenco legal das penas acessórias consagrado na referida anterior proposta de lei deve ser alargado, pois não prevê sanções incluídas no
direito português, no direito da União Europeia e no direito francês, tais como:

1. a caução de boa conduta (artigo 10 do Decreto-Lei n. 28/84, de 20.1; e artigos 10, n. 3, e 13 da Lei n. 109/91, de 17.8, na redacção do Decreto-Lei
n. 323/2001, de 17.12);

2. a interdição definitiva de actividades sociais (o artigo 131-39, do CP francês; e direito da União Europeia, por exemplo, o artigo 4, n. 1, alínea b)
do Segundo Protocolo à Convenção sobre a protecção dos interesses financeiros da CE; e o artigo 7 da Decisão-Quadro 2005/757/JHA);

3. a vigilância judiciária (o artigo 131-39, do CP francês; e o direito da União Europeia por ex. o artigo 4, n. 1, alínea c) do Segundo Protocolo à
Convenção sobre a protecção dos interesses financeiros da CE; e o artigo 7 da Decisão-Quadro 2005/757/JHA);

4. o encerramento definitivo de estabelecimento (o artigo 18 do Decreto-Lei n. 24/84, de 20.1; e o artigo 131-39, do CP francês; e o direito da União
Europeia por ex. o artigo 7 da Decisão-Quadro 2005/757/JHA; e o artigo 23, n. 4, da nova Convenção do Conselho da Europa sobre a acção contra
o tráfico de seres humanos, adoptada em 3.5.2005);

5. a proibição do direito de emissão de cheques (o artigo 131-39 do CP francês);

6. a suspensão da execução da sentença (sursis simple do artigo 132-31 do CP francês, que não se confunde com a suspensão da pronúncia da
sentença, o ajournement simple do artigo 132-60 do CP francês); e

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7. a privação do direito de participar em arrematações ou concursos públicos de fornecimento e em feiras ou mercados e de abastecimento através
de órgãos da Administração Pública (os artigos 13, 15 e 16 do Decreto-Lei n. 24/84, de 20.1; e o artigo 131-39 do CP francês).

Recentemente, foi aprovada e tornada pública nova proposta de lei que optou pela quinta solução atrás referida. De acordo com esta, a
responsabilidade das pessoas singulares e colectivas abrange, para além dos casos especialmente previstos na lei, as pessoas colectivas, as sociedades
civis e as associações de facto, com excepção do Estado, de pessoas colectivas actuando no exercício de prerrogativas de poder público (ou “de
poderes de soberania”, na linguagem dos documentos internacionais) e de organizações internacionais públicas.

A excepção da responsabilidade criminal das pessoas colectivas em relação ao Estado, a outras pessoas colectivas actuando no exercício dos seus
“poderes de soberania” e às organizações internacionais públicas é um princípio fundamental quer das Decisões-Quadro quer do II Protocolo à
Convenção relativa à protecção dos interesses financeiros das CE, onde se estabelece semelhante excepção para “o Estado e outras pessoas colectivas
públicas

actuando no exercício dos seus poderes de soberania e as organizações internacionais públicas” (except for States or other public bodies acting in the
exercise of their sovereign rights and for public international organisations), quer ainda da Convenção criminal contra a corrupção, aprovada em
27.1.1999 pelo Conselho da Europa e em vigor em Portugal desde 1.9.2002. Este princípio está consagrado nas seguintes disposições: artigo 1 (d) do
Segundo Protocolo à Convenção relativa à protecção dos interesses financeiros das CE; o artigo 1 da Decisão-Quadro 2000/383/JHA; o artigo 1 (b)
da Decisão-Quadro 2001/413/JHA; o artigo 4, n., 4, da Decisão-Quadro 2002/629/JHA; o artigo 1 da Decisão-Quadro 2003/80/JHA; o artigo 1 da
Decisão-Quadro 2003/568/JHA; o artigo 1 (d) da Decisão-Quadro 2004/68/JHA; o artigo 1, n. 3, da Decisão-Quadro 2004/757/JHA; o artigo 1 (c)
da Decisão-Quadro 2005/222/JHA; e o artigo 1 (d) da Convenção criminal contra a corrupção do Conselho da Europa. A Convenção das Nações
Unidas sobre criminalidade organizada transnacional atrás referida não obsta a este princípio.

Destarte, as empresas públicas e quaisquer outras pessoas colectivas de direito público e as entidades concessionárias de serviços públicos devem
responder criminalmente pelas infracções que cometam, sempre que tenham agido sem prerrogativas de poder público. Outra conclusão esbarra
com o carácter restritivo da excepção ao princípio da responsabilidade consagrado nos textos internacionais já referidos.

O critério de imputação da responsabilidade criminal às pessoas colectivas e equiparadas é duplo: ou reside no cometimento da infracção criminal
em nome e no interesse da pessoa colectiva por uma pessoa singular colocada em posição de liderança na pessoa colectiva ou equiparada, sendo esta
posição de liderança baseada na sua pertença a um órgão da pessoa colectiva competente para tomar decisões em nome desta ou a um órgão da
pessoa colectiva competente para fiscalizar aquelas decisões ou ainda na atribuição de poderes de representação pela pessoa colectiva àquela pessoa
singular; ou reside no cometimento da infracção criminal em nome e no interesse da pessoa colectiva por qualquer pessoa singular que ocupe uma
posição subordinada na pessoa colectiva ou equiparada e o cometimento do crime se tenha tornado possível em virtude de uma violação pelas
pessoas que ocupam uma posição de liderança dos seus deveres de controlo e supervisão sobre os respectivos subordinados.

Este critério de imputação da responsabilidade criminal às pessoas colectivas e equiparadas concretiza rigorosamente o critério das Decisões-Quadro
atrás referidas, bem como o Segundo Protocolo à Convenção relativa à protecção dos interesses financeiros das CE e as Convenções do Conselho da
Europa, também já mencionadas. Assim, o critério é delimitado de tal forma que: (a) respeita o princípio da legalidade criminal, porque é taxativo e
não enunciativo; (b) centra a responsabilidade criminal das pessoas colectivas nos actos das pessoas colocadas em posição de liderança dentro da
pessoa colectiva, exactamente como o fazem o direito da União Europeia e do Conselho da Europa; (c) esclarece o conteúdo da posição de liderança
nos precisos termos em que o direito da União Europeia e do Conselho da Europa o fazem; (d) esclarece que quer os actos das pessoas colocadas em
posição de liderança quer os dos subordinados só são imputáveis à pessoa colectiva se tiverem sido praticados em nome e no interesse desta, e (e)
esclarece o nexo de imputação de actos de pessoas subordinadas, pois os actos de pessoas subordinadas só são imputáveis (1) se realizados em nome
e no interesse da pessoa colectiva, e (2) se as pessoas colocadas em posição de liderança não tiverem exercido ou tiverem exercido deficien-temente
o seu poder de controlo e supervisão sobre aquele ou aqueles subordinados que se encontrem sob a sua autoridade.

Destarte, respeita-se escrupulosamente a letra e o sentido do direito da União Europeia e do Conselho da Europa, que foi pela primeira vez
claramente expresso no Relatório Explicativo do Segundo Protocolo à Convenção sobre a protecção dos interesses financeiros da CE, tendo o
Relatório sido aprovado pelo Conselho a 12.3.1999 e publicado no jornal oficial a 31.3.1999:

liability of a legal person for one of the offences mentioned exists if at least two complementary criteria are met:

(i) the offence involved has been committed for the benefit of the legal person; and
(ii) the offence has been committed by a natural person who has a certain leading position within the legal person.
(in Official Journal of the European Communities, 31.3.1999, p. C 91/8).

Este é o cerne do nexo de imputação de acordo com a União Europeia e o Conselho da Europa e é esta a posição repetidamente sustentada quer nas
Decisões-Quadro da União Europeia quer nas convenções do Conselho da Europa citadas.

A proposta de lei consagra também o princípio da responsabilidade subsidiária das pessoas que ocupem uma posição de liderança na pessoa colectiva
ou equiparada pela pena de multa, pelas multas e pelas indemnizações em que estas (a pessoa colectiva ou equiparada) forem condenadas, sem
prejuízo do funcionamento, nos termos gerais do direito civil, do direito ao regresso. Esta regra já está consagrada no artigo 8, n. 1, da Lei n.
15/2001, de 5.6.

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A proposta de lei não consagra, contudo, o princípio da responsabilidade solidária das pessoas colectivas ou equiparadas pelo pagamento da pena de
multa, das multas e das indemnizações em que forem condenados os agentes das infracções. Este princípio está há muito previsto no direito
português vigente e, designadamente, nas seguintes disposições: o artigo 3, n. 3, in fine, do Decreto-Lei n. 28/84, de 20.1, que remete para o artigo
2, n. 3, do mesmo diploma; o artigo 3, n. 4, da Lei n. 109/91, de 17.8; e o artigo 134, n. 4, do Decreto-Lei n. 244/98, de 8.8, na redacção do Decreto-
Lei n. 34/2003, de 25.2.

A proposta de lei também não consagra o princípio da responsabilidade solidária das pessoas que ocupem uma posição de liderança na pessoa
colectiva ou equiparada pela pena de multa, pelas multas e pelas indemnizações em que forem condenados os respectivos subordinados. Este
princípio já está previsto no artigo 8, n. 3, da Lei n. 15/2001, de 5.6, que determina a responsabilidade solidária das pessoas colocadas em posição de
liderança neste caso, salvo se tiverem tomado as “providências necessárias” para que os respectivos subordinados não cometessem a infracção. Como
é óbvio, as regras de responsabilidade solidária só funcionam se a pena de multa não estiver extinta. Se a pena de multa já estiver extinta por ter sido
substituída por prisão e esta tiver sido cumprida pelo agente singular, não há responsabilidade solidária nos termos gerais do regime do direito civil,
porque já não há obrigação pecuniária.

No elenco das penas aplicáveis às pessoas colectivas a nova proposta de lei apresenta duas penas principais (multa e dissolução) e várias penas
acessórias. A pena de admoestação é concebida como uma pena substitutiva da pena de multa, afastando-se o entendimento da mesma como pena
principal aplicável às pessoas colectivas tradicional no direito português e que se encontra, designadamente, no artigo 7, n. 1, do Decreto-Lei n.
28/84, de 20.1, e no artigo 10, n. 1, da Lei n. 101/91, de 17.8, na redacção do Decreto--Lei n. 323/2001, de 17.12. A admoestação deve ser feita ao
representante legal da pessoa colectiva ou, na sua falta, à pessoa que ocupa uma posição de liderança na pessoa colectiva.

A proposta de lei consagra um critério para a dissolução das pessoas colectivas consentâneo com o critério de imputação do direito da União
Europeia e do Conselho da Europa.

A pena de multa é concebida como uma pena principal cujos limites mínimos e máximos são determinados tendo como referência a pena de prisão
prevista para as pessoas singulares. Assim, um mês de prisão corresponde para as pessoas colectivas e equiparadas a 10 dias de multa.

No caso de a pena aplicável às pessoas singulares se encontrar fixada exclusivamente ou em alternativa em pena de multa, serão aplicáveis às pessoas
colectivas ou entidades equiparadas os mesmos limites máximo e mínimo da pena de multa. Abandona-se, portanto, o entendimento segundo o qual
as pessoas colectivas devem ser submetidas a uma moldura da pena de multa diferente da prevista para as pessoas singulares. Deve lembrar-se que
no direito português e nos direitos estrangeiros já há regras expressas de conversão da moldura da pena de multa imposta a pessoas colectivas com
base no dobro e até no quíntuplo das molduras suportadas pelas pessoas singulares. Este princípio está consagrado no artigo 131-38 do Código
Penal francês (o quíntuplo) e no artigo 12, n. 3, da Lei n. 15/2001, de 5.6 (o dobro), e nos artigos 134-A, n. 4, e 135 do Decreto-Lei n. 244/98, de
8.8, na redacção do Decreto-Lei n. 34/2003, de 25.2 (o dobro).

O valor máximo da taxa diária da pena de multa que o direito português vigente prevê é de 5000 euros e encontra-se fixado nas seguintes
disposições: o artigo 7, n. 4, do Decreto-Lei n. 28/84, de 20.1; o artigo 15 de Lei n. 15/2001, de 5.6; e o artigo 6, n. 5, da Lei n. 52/2003, de 22.8. O
limite máximo da taxa diária é aumentado para 10000 euros, mas poder-se-à questionar se há em Portugal empresas cuja situação financeira
justifique a imposição de uma taxa diária superior a 5000 euros. A doutrina exige que a taxa diária da pena de multa não seja “sufocante”, isto é, seja
proporcional ao lucro líquido diário da empresa, sob pena de a pena de multa se converter em uma pena dissimulada (e inconstitucional!) de
confisco. Acresce que não há justificação objectiva para supor que as pessoas colectivas que cometem os crimes do Código Penal têm mais poder
económico do que as pessoas colectivas que cometem os crimes da legislação penal extravagante e que já hoje se encontram sujeitas à taxa diária
máxima de 5000 euros. Por fim, a amplitude da taxa diária da pena de multa poderá ser manipulada de modo a compensar uma moldura insuficiente
da pena de multa por força das regras de conversão adoptadas.

A proposta de lei não consagra a faculdade de suspensão da execução da pena de multa, ao invés do que acontece, por exemplo, no direito francês
(cfr. o sursis simple ordonné à l’egard d’une personne moral do artigo 132-30 do Código Penal francês). A suspensão justifica-se para infracções de
pequena e média gravidade cometidas por pessoas colectivas para as quais a mera ameaça da pena de multa realiza de forma adequada e suficiente as
finalidades da punição. Esta faculdade do tribunal teria uma particular relevância prática nos casos em que as pessoas colectivas tivessem uma grande
exposição social e a condenação em pena efectiva pudesse prejudicar seriamente a sua reputação no tráfico comercial. A pessoa colectiva teria então
todo o incentivo para cumprir rigorosamente as condições da suspensão e conseguir que a pena se extinguisse no final do período da suspensão.

A proposta de lei consagra antes a caução de boa conduta e a vigilância judiciária como penas substitutivas da pena de multa não superior a
determinado número de dias de multa, sendo revogadas caso a pessoa colectiva venha a cometer novo crime durante o prazo da caução ou o período
de vigilância.

A vigilância judiciária é uma medida de acompanhamento da vida da pessoa colectiva por um representante judicial, que não tem poderes de
interferência na gestão societária, mas apenas de fiscalização, reportando ao tribunal com certa periodicidade. Ela está consagrada nos artigos 131-
39-3.º e 131-46 da Código Penal francês, que corresponde à sanção também prevista nos seguintes diplomas da União Europeia: o artigo 4 (c) do
Segundo Protocolo à Convenção relativa à protecção dos interesses financeiros das CE; o artigo 9 (c) da Decisão-Quadro 2000/383/JHA; o artigo 8
(c) da Decisão-Quadro 2001/413/JHA; o artigo 8 (c) da Decisão-Quadro 2002/475/JHA; o artigo 5 (c) da Decisão-Quadro 2002/629/JHA; o artigo 3
(c) da Decisão-Quadro 2002/946/JHA; o artigo 7 (c) da Decisão-Quadro 2003/80/JHA; o artigo 6 (c) da Decisão-Quadro 2003/568/JHA; o artigo 7

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(c) da Decisão-Quadro 2004/68/JHA; e o artigo 7 (c) da Decisão-Quadro 2004/757/JHA. Trata-se de uma espécie de probation para as pessoas
colectivas, como diz a Professora Martine Herzog-Evans (Droit de l’application des peines, Paris, Dalloz, 2002, p. 176).

A vigilância judiciária não é uma pena substitutiva nem no direito da União Europeia, nem no direito do Conselho da Europa, nem ainda no direito
francês. Acresce que esta pena é especialmente utilizada nos países onde está consagrada em casos graves, que exigem um acompanhamento
particular do Tribunal. De acordo com a proposta de lei, ao Tribunal fica vedado aplicar nestes casos a pena de vigilância judiciária a par da pena de
multa.

Por sua vez, a caução de boa conduta não é uma pena substitutiva no direito português, mas sim uma pena acessória (o artigo 10 do Decreto-Lei n.
28/84, de 10.1, e o artigo 13 da Lei n. 101/91, de 17.8, na redacção do Decreto-Lei n. 323/2001, de 17.12.). Ora, a consagração da caução de boa
conduta como pena substitutiva tem desde logo o efeito prático de restringir o âmbito de aplicação da caução, não podendo ser aplicada a par da
pena de multa nem quando esta ultrapasse determinado limite da pena principal.

A suspensão da pena de multa aplicada a pessoas colectivas tem uma justificação político-criminal específica, que é distinta da justificação da pena de
caução de boa conduta e da pena de vigilância judiciária como penas acessórias da pena de multa. Dito de modo mais simples, podem ocorrer
situações na vida em que a pessoa colectiva não está em condições de prestar uma caução de boa conduta, mas merece que lhe seja suspensa a
execução da pena de multa, tal como pode haver situações em que não há qualquer necessidade de submeter a pessoa colectiva a vigilância judiciária,
mas ela merece que lhe seja suspensa a execução da pena de multa ou ainda situações em que à pessoa colectiva deve ser efectivamente aplicada a
pena de multa e a caução de boa conduta ou a vigilância judiciária.

A injunção judiciária é uma pena acessória já conhecida do direito português desde o Decreto-Lei n. 28/84, de 20.1 (artigo 11). Contudo, a proposta
de lei regula a injunção judiciária com uma diferença fundamental: a norma proposta prevê um âmbito mais amplo para a pena acessória de injunção
judiciária, pois permite que o tribunal ordene a adopção de medidas positivas mesmo quando a conduta criminosa da pessoa colectiva não foi
omissiva.

Com efeito, nos casos em que a acção ilícita já cessou, mas estão em curso ou poderão ocorrer consequências evitáveis resultantes dessa acção, o
tribunal pode determinar a adopção de medidas positivas nesse sentido.

Deste modo, segue-se o artigo 7 (e) da Decisão-Quadro 2003/80/JHA (cujo conteúdo não foi censurado pela decisão do Tribunal de Justiça atrás
citada), que impõe precisamente a adopção de medida desta natureza para evitar as consequências da acção ilícita prejudicial para o ambiente.

Esta pena acessória, com o âmbito que previa a Decisão-Quadro mencionada, terá um considerável significado político-criminal e uma importância
prática crucial para a defesa do ambiente!

A necessidade de o tribunal fixar sempre um prazo é uma garantia de certeza e segurança na aplicação do direito e impõe-se como meio de defesa do
condenado. Acresce que o cumprimento nunca pode ser imediato, no sentido de imediatamente subsequente à prolação da sentença, pois tem de
aguardar pelo trânsito da sentença. Ora, para que o condenado saiba até quando pode cumprir a injunção é imperioso que se lhe fixe um prazo
(curto ou longo, mas um prazo certo!) que começa a contar a partir do trânsito da sentença.

Se a injunção for desobedecida, a pessoa colectiva ou equiparada não comete o crime de desobediência qualificada, tal como prevê hoje o direito
português (artigo 11, n. 3, Decreto-Lei n. 28/84, de 20.1), mas o crime previsto no artigo 353 do CP (aplicável a pessoas colectivas e equiparadas).

A interdição do exercício de actividade é uma pena acessória conhecida no direito português. Contudo, no direito vigente, esta pena está prevista
como interdição temporária do exercício de actividades que dependam de um título público ou de uma autorização ou homologação de autoridade
pública (vd. Artigo 12 do Decreto--Lei n. 28/84, de 20.1) ou como interdição do exercício da actividade genérica da pessoa colectiva (vd. artigos
134-A, n. 4, e 135, n. 5, do Decreto-Lei 244/98, de 8.9, na última redacção do Decreto-Lei n. 34/2003, de 25.2). Não é esta a orientação do direito da
União Europeia, que seguiu, também aqui, o direito francês.

A proposta de lei consagra o regime dos artigos 131-39-2.º, artigo 131-48 e 13128 do Código Penal francês, que corresponde à sanção também
prevista nas seguintes disposições do direito da União Europeia: o artigo 4 (b) do Segundo Protocolo à Convenção relativa à protecção dos
interesses financeiros das CE; o artigo 9 (b) da Decisão-Quadro 2000/383/JHA; o artigo 8 (b) da Decisão-Quadro 2001/413/JHA; o artigo 8 (b) da
Decisão-Quadro 2002/475/JHA; o artigo 5 (b) da Decisão-Quadro 2002/629/JHA; o artigo 3 (b) da Decisão-Quadro 2002/946/JHA; o artigo 7 (b)
da Decisão-Quadro 2003/80/JHA; o artigo 6 (b) da Decisão-Quadro 2003/568/JHA; o artigo 7 (b) da Decisão-Quadro 2004/68/JHA; e o artigo 7 (b)
da Decisão-Quadro 2004/757/JHA.

Estas Decisões-Quadro e o Segundo Protocolo prevêem expressamente a interdição de actividade social mesmo quando a actividade não depende de
título ou autorização públicos ! Acresce que esta conformação legal mais ampla da interdição reforça a dignidade material e o relevo prático desta
sanção, pois a vastíssima maioria das condutas das pessoas colectivas penalmente relevantes não depende de título ou homologação públicos,
havendo uma necessidade político-criminal de também para esse campo de actividades não dependentes de título ou autorização públicos o tribunal
poder interditar a continuação de uma certa actividade da pessoa colectiva, sem prejuízo de esta iniciar ou continuar outro tipo de actividade não
interdita. O limite máximo de cinco anos é igual ao francês e ao das restantes penas acessórias. Mas também se encontra no direito português. Os
artigos 134-A, n. 4, e 135, n. 5, do Decreto-Lei 244/98, de 8.9, na última redacção do Decreto-Lei n. 34/2003, de 25.2, fixam de igual modo o limite

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máximo de cinco anos para a pena de interdição do exercício de actividade aplicada a pessoas colectivas ou equiparadas.

A possibilidade de interdição definitiva de uma ou mais actividades sociais está expressamente prevista no direito francês, no Segundo Protocolo e
nas Decisões-Quadro atrás referidos.

A reabilitação judicial da pessoa colectiva ou equiparada é uma faculdade muito relevante do ponto de vista político-criminal. Ela assenta na
disposição semelhante do n. 8 do artigo 12 do Decreto-Lei n. 454/91, de 28.12, na última redacção do Decreto-Lei n. 323/2001, de 17.12. O direito
francês também conhece a faculdade de reabilitação judicial das pessoas colectivas ou equiparadas (cfr. o artigo 798-1 do Código de Processo Penal
francês).

Não se previu expressamente a punição com a pena prevista no artigo 353 da pessoa colectiva ou equiparada que, “por si ou por interposta pessoa”,
exercer a actividade interdita durante o período da interdição, ao invés do que estatui o artigo 12, n. 3, do Decreto--Lei n. 28/84, de 20.1.

A pena de proibição de celebração de contratos tem um âmbito aparentemente mais restrito do que os artigos 13, 15 e 16 do Decreto-Lei n. 28/84,
de 20.1. No RGIT, o legislador unificou em uma só pena acessória os diferentes tipos de interdição de participação (artigo 16, alínea d) da Lei n.
15/2001, de 5.6). A proposta de lei seguiu esse exemplo, que é também o do artigo 131-39-5.º do Código Penal francês.

Com efeito, a proibição de celebração de contratos poderá abranger uma qualquer categoria de contratos, tal como a celebração de contratos de
compra e venda com entidades públicas. Não se perceberia que depois de uma condenação, por exemplo, por corrupção activa em concurso público
de fornecimento de bens (artigo 374 do código Penal, aplicável às pessoas colectivas de acordo com o elenco do artigo 11) não houvesse um período
de “nojo” imposto à pessoa colectiva em que ela não pudesse participar em tais concursos!

Outro exemplo importante é o da proibição de celebração do contrato de cheque com entidades bancárias, como prevêem aos artigos 131-39-7.º,
131-48 e 131-19 do Código Penal francês. No direito positivo português, esta proibição já está prevista como pena acessória para as pessoas
singulares condenadas pelo crime de emissão de cheque sem provisão no artigo 12 do Decreto-Lei n. 454/91, de 28.12, na redacção do Decreto-Lei
323/2001, de 17.12. O âmbito amplo da pena acessória de proibição de celebração de contratos abre agora a porta à aplicação desta pena acessória a
pessoas colectivas. Aliás, não se perceberia que depois de uma condenação por falsificação de cheque (artigo 256, n. 3, do Código Penal, aplicável às
pessoas colectivas de acordo com o elenco do artigo 11) a pessoa colectiva pudesse continuar a usar cheques como se nada tivesse ocorrido! Justifica-
se, pois, plenamente a aplicabilidade entre nós, tal como em França, desta interdição às pessoas colectivas ou equiparadas. Esta pena acessória terá
uma importante eficácia inibidora e limitadora da actividade social da pessoa colectiva ou equiparada em relação a certos tipos de ilícitos
relacionados com a vida económica. Em suma, as razões que valem para inibir a pessoa singular do uso do cheque valem na mesmíssima medida
para inibir uma pessoa colectiva. A inserção sistemática desta pena no Código Penal e não na legislação referente ao crime de emissão de cheque sem
cobertura justifica-se, porque ela constituirá uma pena acessória de crimes previstos no Código Penal (vd. por exemplo, o crime de falsificação de
cheque).

O limite máximo da interdição temporária por cinco anos já corresponde ao fixado no Decreto-Lei n. 28/84, de 20.1.

A privação do direito a subsídios é uma pena acessória clássica do direito português, prevista, por exemplo, no artigo 14 do Decreto-Lei n. 28/84, de
20.1, no artigo 16, alínea b) da Lei n. 15/2001, de 5.6, e no artigo 6, n. 8, alínea c) da Lei n. 52/2003, de 22.8. O limite máximo da privação por cinco
anos corresponde ao fixado no Decreto-Lei n. 28/84, de 20.1.

O encerramento de estabelecimento é uma pena acessória correspondente aos artigos 17 e 18 do Decreto-Lei n. 28/84, de 20.1, aos artigos 15 e 16
da Lei n. 109/91, de 17.8, e aos artigos 16, alínea e), e 17, n. 1, alínea d) da Lei n. 15/2001, de 5.6, aos artigos 131-39-4.º, 131-48 e 131-33, do Código
Penal francês, às Decisões-Quadro atrás referidas na motivação ao artigo 90-J, e ao artigo 23, n. 4, da nova Convenção do Conselho da Europa sobre
a acção contra o tráfico de seres humanos, adoptada em 3.5.2005.

O encerramento temporário tem o limite máximo de três anos no RGIT, mas optou-se pelo limite máximo de cinco anos, tal como em França, de
modo a alcançar uma uniformidade dos limites máximos das penas acessórias. O encerramento definitivo é previsto no direito francês e é imposto
pelas Decisões-Quadro já mencionadas. Também se pode reabilitar judicialmente a pessoa colectiva ou equiparada.

A publicidade da decisão condenatória mantém o figurino tradicional do direito português de afixação de edital e publicação da sentença em meio de
comunicação. Contudo, alargou-se o âmbito de repercussão da pena, pois o meio de comunicação já não é limitado a publicação periódica editada na
comarca ou em comarca mais próxima. Abandonou-se a publicação em Diário da República para os casos mais graves. Se a publicação da sentença
não deve ser apenas uma formalidade dispendiosa e vazia de conteúdo útil, cabe ao legislador estar atento às novas tecnologias da sociedade da
comunicação e da informação e, designadamente, da Internet, e actualizar os meios de actuação da justiça criminal de acordo com os instrumentos
tecnológicos hoje ao dispor, como tem insistido o Comité de Ministros do Conselho da Europa, quer na Recomendação Rec (2001) 3, adoptada em
28.2.2001, quer na Recomendação Rec (2003) 14, adoptada em 9.9.2003. A publicidade da decisão condenatória através da Internet consistiria num
passo decisivo nesse sentido e, destarte, no sentido da credibilização desta pena acessória.

Notas:

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28/08/2017 Paulo Pinto de Albuquerque - A responsabilidade criminal das pessoas colectivas ou equiparadas - Ordem dos Advogados

(1) Este texto corresponde à conferência que, com o mesmo título, proferi na Universidade Lusíada, em Lisboa, no dia 17.5.2006, no âmbito de um
colóquio sobre o Anteprojecto de revisão do Código Penal.

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