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O passado sempre vai encontrá-lo.


Jos Archer era a garota com a vida perfeita, até a noite em que
tudo desabou ao seu redor. Agora, nove meses depois, ela ainda
não começou a pegar os pedaços. Mesmo transferida para um
novo colégio e vivendo sob o olhar atento de sua irmã mais
velha, Renee, não é suficiente para ajudá-la a se sentir normal
de novo.
Então ela conhece Dusty Sharp. Por razões que Jos não pode
começar a entender, o bad boy recém-reformado parece
determinado a trazê-la para fora de sua concha. E se ela não for
cuidadosa, seus olhos verdes e sorriso malicioso irão fazê-la
sentir coisas que não tem mais certeza de que mereça.
Mas mesmo quando Dusty persuade Jos a se abrir sobre o
passado, ele está escondendo segredos próprios. Segredos sobre
a noite em que sua antiga vida desmoronou. Quando a verdade
for finalmente revelada, vai aproximá-los, ou separá-los para
sempre?

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Capítulo 1

— Eu não posso acreditar que seus pais estão forçando-a ir embora. Deve
ser, tipo, ilegal. Você tem mais de dezoito anos. Por que você apenas não se liberta?
— Kelly estava sentada em cima de uma das caixas do meu dormitório quase
embalado e estalou o chiclete. Quando nos conhecemos, este pequeno hábito me
irritava para nenhum fim, mas me acostumei com isso.
— Eu gostaria de poder, mas eles estão pagando a conta para a escola, então
agora estou ferrada. — eu disse. Sem mencionar o fato de que ninguém dizia não
a minha mamãe. Ninguém.
— Por que você não cai fora? — Oh, eu tinha considerado isso mais de uma
vez. Na verdade, mais de mil vezes. Era impossível explicar a dinâmica complicada
de minha família para alguém como Kelly, que tinha se mudado da casa dos seus
pais e obteve seu próprio lugar, quando ela ainda estava no colégio.
— Eu não sei. — eu disse, dando de ombros e grampeando outra caixa. Kelly
virou seu rabo de cavalo dreadlocks loiro sujo e estalou seu chiclete novamente.
Ela me perguntou se eu precisava de ajuda para embalar, mas até agora tudo o
que ela tinha feito era me incomodar.
— Você vai voltar e visitar, certo? — ela perguntou.
— Sim, claro. — digo a ela com um pequeno sorriso. Nós duas sabíamos que
era improvável que alguma vez eu voltasse aqui. Dobrei meu cobertor da
Universidade de New Hampshire e o coloquei em outra caixa. Minha mamãe tinha
comprado para mim dois verões atrás, como um presente de despedida para a
faculdade.
Eu era um de apenas dois dos meus irmãos ou meio irmãos que tinha, na
verdade, conseguido terminar o ensino médio, e muito menos ser aceito em algum
lugar. Nem minha mamãe, nem meu pai, nem nenhum dos meus padrastos haviam
concluído o ensino médio, por isso foi um grande negócio para qualquer um de nós

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tornarmos isso tão longe. A única outra pessoa que tinha era Renee, e e ssa foi à
razão pela qual eles estavam me enviando de volta para o Maine para viver com ela
depois de... Tudo.
O telefone de Kelly tocou e ela digitou uma resposta rápida mensagem de
texto e sorriu para mim.
— Mac quer me encontrar para um café. — Eu sempre quis que ela colocasse
café entre aspas, porque nós duas sabíamos que isso significava ficar chapado e
transar no banco de trás de seu enferrujado Pontiac. Kelly e seu namorado eram
notórios, pois eles tinham sido pegos pela segurança do campus no meio do dia.
Enfim, era um milagre que eles ainda fossem estudantes. Eu acho que eles estavam
pendurados pela mais fina das linhas acadêmicas.
— Divirta-se. — Eu sabia que ela ia me deixar por Mac. Ela sempre fazia.
Kelly não era muito de ser amiga, mas ela era a única que eu tinha. Os outros
tinham me abandonado meses atrás.
— Chame-me antes de sair. Eu quero dizer adeus. — Ela se levantou e me
deu um abraço solto. Foi mais como curvar-se envolvendo os braços e tinha
acabado tão rápido quanto começou.
— Vejo você mais tarde. — disse ela, batendo a porta. Kelly nunca poderia
sair de uma sala em silêncio.
Olhei para meu dormitório desconstruído. Minha companheira de quarto
estava me evitando, tinha me evitado desde o início deste ano. Tínhamos tudo em
duas conversas - uma delas que aconteceu no dia em que nos mudamos, e a outra
aconteceu quando ela me encontrou desmaiada na frente da porta uma noite após
um tempo louco com Kelly, Mac e um monte de gente que eu não tinha visto
novamente. Como se eu me lembrasse deles de qualquer maneira.
Eu tomei o lugar de Kelly em uma das caixas, puxando os meus joelhos e
descansando meu queixo sobre eles.
A luta que tive com a minha mamãe quando ela me disse que eu estava sendo
forçada a voltar continuou correndo pela minha mente. Na verdade, toda a pausa
de Natal tinha sido uma longa luta que parecia não acabar.
O que está errado com você, Joscelyn? É melhor você se endireitar e seguir em
frente. Você está voltando para Maine, ou então estarei indo lá e arrastando seu rabo
de volta, entendeu?

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Endireitar-se e seguir em frente. Sim, eu tinha direito sobre isso, mamãe. Ela
era quem falava. Meus pais tinham uma meia dúzia de casamentos entre eles e
filhos e enteados em todo o lugar. Era um trabalho em tempo integral apenas
manter o controle deles.
Eu gritei até ficar rouca, mas não tinha chegado a lugar nenhum. Ela até
mesmo colocou uma moratória sobre odiar meu pai o suficiente para ligá-lo, enchê-
lo e, em seguida, levá-lo a gritar comigo, também.
Eu era impotente contra os dois.
E então havia Renee.
Se a mamãe não arrastasse minha bunda de volta, Renee faria isso. Ela era
pior do que minha mamãe em alguns aspectos.
Falando de minha irmã...
Meu telefone tocou, e quando eu vi quem era, debati sobre atendê-lo.
— Hey. — eu disse, encolhendo-me em antecipação ao bombardeio que sabia
que estava por vir.
— É melhor estar pegando suas coisas e estar fora da porta. — disse ela por
meio de uma saudação.
— Prazer em falar com você também, querida irmã.
— Não me venha com essa merda, Jos. Estou tão acabada com isso. É melhor
você colocar o seu bumbum na estrada na próxima hora ou...
— Eu sei, eu sei. Você vai remover cirurgicamente os meus dedos e costurá-
los em minha bunda. Eu sei. — Ter uma irmã que sabia procedimento cirúrgico e
que também estava com raiva de você realmente sugava às vezes.
— Ei, eu não preciso de atitude. Tem sorte que você está vindo estar aqui
comigo, em vez de com a mamãe. — Ela tinha um ponto. Se voltasse à mamãe, eu
me afogaria em um mar de meio-irmãos e enteados, entre eles um par de gêmeos
de quatro anos de idade, que faziam o diabo parece com a Madre Teresa de Calcutá.
— Eu sei. — eu disse. Essa parecia ser minha frase de escolha recentemente.
— Só sei que eu vou estar na sua bunda como branco no arroz, e se eu não
estiver por perto alguém, você irá fazer isso por mim. Você está andando em uma
casa cheia de pessoas que vão assistir a todos os seus movimentos e provocá-la
com isso. Entendeu?
Jesus Cristo.

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— Sim.
— Tudo bem. Eu estarei esperando por você. Ligue-me assim que sair.
— Eu vou. Tchau.
Eu desliguei antes que ela pudesse dizer qualquer outra coisa. Eu coloquei
minhas mãos sobre meu rosto e gritei para eles. Este era um pesadelo que eu nunca
parecia acordar.
Dormindo ou acordada, isso nunca me deixaria.
Mas eu estava acordada agora, e tinha que me mexer, então sai da caixa e a
peguei.

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Capítulo 2

Depois de quase doze viagens e muita transpiração e praguejamento, tenho


todas as minhas coisas no meu carro. Apesar de estar frio lá fora, tirei meu casaco
de inverno e só estava usando meu moletom surrado, minha respiração visível no
ar de janeiro. Pessoas passavam e me davam olhares, e eu sabia o que eles estavam
pensando. Só mais um aluno que não podia tolerar isso e estava sendo forçado a
sair e não voltar depois das férias de Natal.
Eles não tinham a menor ideia.
Voltei para o quarto quase vazio e olhei para ele mais uma vez.
Adeus, liberdade.
Eu não me preocupei em deixar uma nota para minha companheira de
quarto e apenas fechei a porta atrás de mim. Não era como se ela tivesse se
importado de qualquer maneira.
Eu mandei uma mensagem para Kelly dizendo que eu estava saindo, mas ela
não respondeu. Grande surpresa. Além de Kelly, não havia realmente ninguém na
UNH que eu tinha deixado de dizer adeus. Eu não tinha ouvido falar de Matt desde
antes do Verão, quando ele terminou comigo. Os outros, meu pequeno círculo de
amigos, há muito havia perdido contato com a emo louca e irresponsável. Eu os
ouvi falar sobre minha transformação pelas minhas costas mais de uma vez.
A neve estava apenas começando a cair do céu, quando voltei para o meu
carro. Eu mal podia ver pelo espelho retrovisor, mas estava principalmente
conduzindo pela estrada de qualquer maneira.
Liguei meu iPod nos alto-falantes do carro e coloquei no modo Shuffle. Ia ser
uma longa viagem e eu só tinha a música como companhia. A manga do meu suéter
subiu, expondo a pulseira que nunca tirei. Era simples, apenas uma corrente com
um pequeno elefante charmoso nela. Eu a mantive como um lembrete. Um
lembrete constante.

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Balançando a cabeça, me afastei do dormitório e me dirigi para a rodovia e
próximo capítulo da minha vida. Um novo começo era irrelevante quando as coisas
escuras de seu passado estavam sempre seguindo você.

***

Demorei mais tempo do que o previsto para ir de New Hampshire para a casa
da minha irmã em Bangor, Maine. Na verdade, não era mesmo sua casa. Ela se
mudou com esse cara, Hunter, que estava comprando a casa porque ele era
aparentemente cheio da grana. Deixe isso para Renee, encontrar um amigo rico.
Ela também estava novamente com o namorado, Paul, o que era uma coisa boa,
em minha opinião, porque ela era um saco quando não estava com ele. Ainda mais
do que ela era quando estava com ele.
Eu não tinha visto a casa antes, então foi um pouco chocante quando
estacionei na frente da casa que Renee me tinha indicado.
— Droga. — eu disse. Era enorme. Muito maior do que Renee tinha dito. Eu
tinha imaginado algo um pouco degradado, e pequeno, mas esta era maior do que
qualquer casa que eu já tivesse vivido com minha mamãe ou pai.
Peguei minha mochila e subi os degraus da varanda, olhando para os carros
na garagem enquanto passava por eles. Era fácil de detectar o de Renee, então eu
sabia que deveria estar no lugar certo.
Havia até uma excêntrica campainha. Meu dedo estava a um centímetro de
distância de tocar quando a porta se abriu.
— Aí está você! Eu estava preocupada que você estivesse deitada em uma
vala em algum lugar. — disse Renee, jogando-se para mim. Assustada com o
abraço, eu meio que fiquei lá e meio que a abracei de volta.
— Eu estou aqui.
De alguma forma, eu tinha ficado um gene recessivo ruivo em nossa família
e acabei com um cabelo vermelho cenoura, sardas e olhos verdes. Renee tinha
pegado os genes bons, com seus olhos azuis e cabelos loiros que não precisavam
de muito destaque. Nossas características eram semelhantes, mas a nossa
coloração era tão diferente que as pessoas nunca pensavam que nós éramos irmãs.

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Ela finalmente parou de me abraçar, mas manteve a mão fixa no meu ombro
e me guiou para dentro da casa, como se eu fosse correr dela. Para onde, eu não
sabia. Renee tinha mencionado algo sobre Stephen King vivendo na rua, mas eu
não tinha certeza se eu estaria mais segura em sua casa de qualquer maneira.
— Como foi à viagem? — Renee fechou a porta atrás de nós.
— Tudo bem. — eu disse, olhando ao redor da casa. Droga. Mais uma vez.
Eu não sabia quem tinha decorado, mas eles obviamente tinham usado essas
revistas loucas de decoração como inspiração.
Uma coisa era certa - não se parecia com um típico apartamento de
faculdade. Ela era limpa, em primeiro lugar, e em segundo, parecia haver um
sistema real, onde as coisas combinavam, e ficavam juntas. Havia também um
monte de penas de pavão e cores de pavão semelhantes ao redor. Renee tinha
mencionado algo sobre seu companheiro de quarto, Taylor, ser obcecado com
coisas de pavão. Eu não conseguia lembrar o por que. Eu meio que desliguei
quando Renee jorrou sobre sua vida incrível e maravilhosa, enquanto a minha
tinha ido para uma espiral descendente que parecia nunca chegar ao fundo.
— Ei, Jos. Como você está? — Paul veio do canto. Ele era bonito em uma
dessas maneiras de nerd sem graça. Não é o meu tipo. Não que eu tivesse um tipo...
não mais.
— Bem. — Era um passo acima de ótima. Ninguém questionava você quando
você dizia que estava bem. Todo mundo achava que havia algo de errado com você,
se você dissesse “ótima”.
Ele me deu um abraço desajeitado. Eu tinha visto ele no Natal, quando ele
tinha impedido mamãe e Renee de estrangularem uma a outra com sucesso
variável. Eu tentei dizer a ele que não adiantava, mas ele tinha feito isso de
qualquer maneira.
— Onde está todo mundo? — Eu estava realmente ansiosa para ver Darah e
conhecer seu novo namorado. Darah era uma das pessoas mais doces do planeta,
e eu sabia que se havia alguém que não iria me julgar, seria ela.
— Eles queriam nos dar algum espaço. Eles vão estar aqui mais tarde. —
Algo sobre o jeito que ela disse que me fez desconfiar.
— Eles não vão fazer uma grande coisa sobre isso, não é?

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— Não. — disse Renee, sem olhar para mim, mas olhando para Paul. Alguma
coisa estava acontecendo.
— Então, que tal levar suas coisas para dentro? Vamos Paul. — Renee
agarrou a mão de Paul e o puxou para fora da porta.
— Uh, tudo bem. — Eu fui deixada sozinha no foyer. Entrei na sala de estar,
que estava maravilhosamente decorada, com exceção de uma poltrona nojenta e
os jogos de vídeo que os caras provavelmente tinham deixado espalhados ao redor.
Eu vi a caixa ‘Skyrim’e sorri. Renee não conseguia o suficiente do jogo. Ele havia
consumido um pouco de seu tempo durante as férias de Natal.
Eu me deixei cair no sofá e olhei para o teto. Mesmo ele estava limpo.
Um baque soou um segundo mais tarde, enquanto Renee e Paul traziam
algumas das minhas coisas.
— Como temos apenas três quartos, você, minha querida irmã, ficará no
porão recentemente remodelado. Você tem sorte que decidimos transformá-lo em
um quarto de hóspedes. — disse Renee, ofegante.
— Ótimo. — eu disse, embora eu não tivesse me importado de ficar no sofá
de couro de pelúcia. Era o maior sofá que eu já vi e ocupava a maior parte da sala
de estar.
— Por que você não a acompanha e eu vou pegar o resto das coisas. — disse
Paul. Levantei-me do sofá e Renee desceu as escadas comigo para o porão.
— Bem-vindo a caverna do homem. — disse Renee, acenando com o braço
dela. Uma caverna de homem, de fato. Um bar, uma mesa de bilhar, outro sofá
gigantesco e uma televisão grande o suficiente para uma sala de cinema. Havia
também vários cartazes de equipes esportivas, incluindo o Red Sox, os Patriots e
os Celtics. Vamos times!
Renee me levou para a parte traseira do espaço onde havia um pe queno
quarto com um banheiro ao lado. Graças a Deus. Eu não teria que dividir o
banheiro. Eu tinha feito isso nos dormitórios o suficiente para durar uma vida.
— Então é isso. — O quarto era decorado em bege e preto, o que era chato,
mas agradável.
Sentei-me na cama e olhei para minha nova casa.
— Ok, temos algumas regras básicas. — Renee disse, inclinando-se contra a
cômoda. Não se preocupe em fazer rodeios, mana. Vá em frente e direto ao ponto.

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— Número um. — disse ela, levantando um dedo. — Você vai me informar
onde você está e com quem está em todos os momentos. Você vai se manter em
contato via telefone celular. Você também vai atender ao telefone quando eu ligar
para você, não importa o que aconteça.
Eu apertei minha boca fechada. Eu não queria provocá-la no meio do seu
discurso que ela tinha claramente ensaiado, provavelmente com Paul.
— Em segundo lugar... — ela levantou outro dedo —... Não haverá festa. Sem
bebida. Nenhuma droga. Nenhuma substância de qualquer tipo diferente de
aspirina. Não desmaiar. Em terceiro lugar, haverá um toque de recolher que você
vai seguir ou sofrerá as consequências. Quarto, eu posso não ser sua mamãe, mas
você vai me tratar com respeito, e isso vale para as outras pessoas na casa. E
quinto... — Ela não parece ser capaz de chegar a número cinco.
— Quinto. — eu disse depois de alguns segundos de silêncio.
— Eu tinha uma quinta regra, mas não consigo me lembrar agora. — ela
retrucou. — Mas isso não nega os outros quatro. Você concorda com elas?
— Sim. — eu disse. O que é que isso importa?
— Você disse que sim muito facilmente. Eu não acredito em você.
Jesus. Eu estava senda criticada por ser muito agradável.
— Seja como for, Renee. Posso ficar sozinha agora? — Virei na cama, tocando
os lençóis que eram, sem dúvida, de algodão egípcio e tinha uma elevada de fios.
Claro.
— Ouça. — ela disse, sentando-se ao meu lado. Ugh, ela sempre começava
suas palestras com isso. Assim como a mamãe. Embora os discursos de Renee
sempre tivessem mais maldições nelas do que as de mamãe. — Você está passando
por algo agora. Uma fase, se você quiser. Eu estive lá. Mesmo Paul esteve lá. —
Sim, eu achei extremamente difícil de acreditar. E ela não tinha ideia do que eu
estava passando. Ela pensou que ela fez, mas ela não o fez. Ninguém o fez, e eu
não conseguia explicar. Torci o elefante charmoso na minha pulseira.
E então ela me deu um tapa no ombro. Forte.
— Mas é hora de você colocar sua cabeça para fora de sua bunda e se
endireitar. Entendeu?

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— Por que a violência? — Eu me movi, levantando-me empurrei-a para trás.
— Olha, não é culpa minha que minha mamãe decidiu me despejar sobre você. Eu
não quero estar aqui mais do que você quer que eu esteja.
Ela olhou para mim, seu rosto ficando vermelho.
— Olha, eu não gosto do fato de que a minha irmã uma vez perfeita, a única
irmã que eu sabia que nunca erraria, tenha falhado em proporções épicas. Você é
a única que eu nunca me preocupei. Você tem notas melhores do que eu jamais
sonhei receber. Você era a boa. E então...
Ela não precisava terminar. E então tudo aconteceu, e aquela menina, aquela
que obcessivamente andava em linha reta e queria ser a presidente de todos os
clubes e que tinha os olhos postos em ser a oradora oficial e um dia ser a CEO em
uma grande empresa ou trabalhar para o governo ou fazer algo importante com
sua vida, desapareceu.
Nove meses atrás, tudo mudou, e tudo o que eu pensei que queria parecia
estúpido e inútil. Ou talvez eu apenas finalmente percebi que era estúpido e inútil.
Isso tinha menos a ver com o que tinha acontecido e mais a ver com ele. Mesmo
pensar em seu nome era como tomar uma bala no peito.
— É, então eu decidi estragar tudo. Eu sei. Já ouvi a história. Eu estava lá.
Você não precisa repetir isso para mim.
Ela encolheu os ombros. — Bem, nada mais funcionou, então pensei que eu
iria dar-lhe uma chance. Eu também tinha considerado lhe bater sem sentido, mas
isso é geralmente desaprovado.
— Vá em frente. — eu disse, sentando-me. Não iria funcionar.
— Oh, acredite em mim, eu adoraria. Mas então você estaria inconsciente e
eu não seria capaz de obter informações de você, entãooo...
— E que informação é essa?
— Que diabos aconteceu com você para torná-la assim?
Isso era algo que ela poderia tentar extrair de mim, mas não iria acontecer.
Empurrei-a de lado e voltei para dentro da área principal do porão.
— Eu acho que apenas decidi que tudo isso era besteira. Conseguir boas
notas, ser a boa filha. Onde isso me levaria? Em lugar nenhum. E eu estava infeliz.
Nunca cheguei a ter alguma diversão, porque eu estava sempre trabalhando ou
tentando obter essas boas notas ou planejando algum tipo de evento para um dos

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milhões de clubes que eu estava dentro. Eu cansei, ok? — Eu os entendia por
estarem chateados com eu me divertindo e esse tipo de coisa, mas só porque eu
não estava mais tirando A´s, isso era uma razão para ter um enfarte?
Renee agarrou o meu ombro para me impedir de correr para cima. Tentei
empurrá-la, mas ela me puxou para encará-la.
— Não, não é isso. Você passou toda a sua vida seguindo as regras. Você não
faz isso e depois só vira uma chave e muda. As pessoas não mudam assim a menos
que algo as faça mudar. — Eu tive essa conversa com ela, com os meus pais, com
meu agora ex-namorado e ex-amigos. Eu disse a todos eles a mesma coisa.
— Deixe-me em paz. — Todo mundo tinha deixado, eventualmente.
Renee olhou para mim, os olhos se tornando um azul de aço como eles faziam
quando ela estava determinada com alguma coisa. Fazê-la recuar ia ser um desafio.
Ela levava teimosia a um nível totalmente novo.
— Tudo bem. Vá buscar o resto de suas coisas. — Ela soltou meu braço e
virou seu queixo para o alto da escada.
— Tudo bem. — eu disse, subindo a escada.

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Capítulo 3

— Ei, Jos. — Darah disse, vindo enquanto eu estava colocando minhas


roupas na cômoda. Sua voz assustou pra caralho e eu deixei cair à blusa do Fall
Out Boy que eu estava redobrando.
— Hey. — eu disse, pegando a camisa e me virando. Eu nunca poderia
imaginar como Darah e Renee se tornaram amigas, porque elas eram como a noite
e o dia. Mas de todas as amigas de Renee, a que eu gostava mais era Darah. Eu
não tinha encontrado Taylor ainda, então, eu não poderia julgá-la.
— Você está se adaptando bem? — Foi então que eu notei que ela tinha um
prato de cookies. Oh, Jesus. O que vira a seguir? — Cookies? Taylor e eu os fizemos
ontem à noite. São snickerdoodles1. Eu sei que é o seu favorito. — Sim, eles eram,
mas esse não era o ponto.
— Obrigado, mas eu estou bem. — Eu redobrei a blusa e a coloquei com as
outras. Darah suspirou e sentou-se na minha cama, colocando o prato de cookies
ao lado dela.
— Olha. — ela começou. Aqui vamos nós outra vez. — Eu sei que todo mundo
vai estar de olho e examinando você, mas eu só queria que soubesse que eu estou
aqui por você. Se quiser conversar, se não quiser falar. Tanto faz. Mesmo se você
quiser... eu não sei, comer sorvetes e chorar no meio da noite. Eu estou aqui, ok?
Ela se levantou e esfregou o meu ombro. O que havia com essas pessoas
invadindo meu espaço pessoal? Estava realmente começando a me irritar. Se
Darah não fosse uma das pessoas mais doces do planeta, eu teria retirado sua mão
fora e dito para me deixar em paz. Mas ela era a pessoa mais doce do mundo e
tinha trazido cookies, então eu deixei que ela me tocasse enquanto eu cerrava os
dentes.

1 É um tipo de cookie feito de farinha e manteiga enrolado em açúcar e canela.

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— Ok, bem, deixe-nos saber se você precisar de alguma coisa. Hum, Hunter
e Taylor estão fazendo o jantar hoje à noite, e vai ser vegetariano, se você estiver
bem com isso. — Eu balancei a cabeça. Voltando ao dia em que eu tinha começado
e parado de ser uma vegetariana. Voltando ao dia em que eu estive como membro
do clube de Ação Climática e membro de carteirinha do PETA. Eu poderia ainda ter
a coisa na minha carteira. Deus, eu tinha sido ferida tão apertadamente naquela
época. Eu também amaldiçoava muito menos.
— Vá lá para cima quando estiver pronta. — Ela me deu um tapinha mais
uma vez e fechou a porta atrás dela deixando o prato de cookies. Será que eles
esperam que eu coma tudo e depois de jante? Dei de ombros, agarrando um dos
cookies. Ela deve ter colocado-os no microondas, porque eles estavam quentes e
quebradiços. Oh, wow. Eu mastigava devagar, saboreando a doçura picante do
cookie.
Passos e vozes soaram lá em cima. Ouvi risos e caos. A casa acima de mim
estava cheia de vida, alegria e de pessoas. E então havia eu, ficando no porão. À
espreita como uma trepadeira. Eu balancei minha cabeça e empurrei o resto do
cookie na minha boca e voltei a dobrar.

***

Quando o cheiro de tudo o que eles estavam cozinhando no andar de cima


se tornou demais para suportar, eu me aventurei a subir as escadas.
— Aí está. — disse Renee, quase colidindo comigo quando abri a porta. Ela,
obviamente, tinha vindo me arrastar para o andar de cima da minha caverna.
— Aqui estou. — Eu dei-lhe um sorriso tenso, enquanto caminhávamos para
a sala de jantar. Todos ficaram em silêncio absoluto quando Renee e eu entramos.
— Maravilha. Eu totalmente esperava essa reação. É isso mesmo, pessoal. —
eu disse quando todos eles tentaram retomar suas atividades normais. Era
estranho ver alguns deles em pessoa, porque eu só tinha visto em fotos. Eles eram
realmente tridimensionais.
Hunter foi o primeiro a vir e oferecer sua mão. Eu tenho que dar a ele o
crédito e eu entendi o que Renee tinha dito sobre ele não ser permitido estar perto
de qualquer coisa inflamável, porque ele iria tacar fogo com sua gostosura. Sim,

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ele tinha toda a coisa tatuado e musculoso acontecendo. Além disso, seu sorriso
era genuíno quando ele disse que estava ansioso para me encontrar. Taylor estava
ao lado, mas ela não me tocou. Graças a Deus. Ela também era tão adorável como
enlouquecedora nas fotos que eu tinha visto. Era fácil ver por que Renee e Darah
tinha pedido a ela para morar com eles.
— Espero que esteja aprovado. Eu não sabia do que você gostava. Nós
estávamos pensando em fazer algo maior, mas Renee... não importa. — disse
Taylor, depois de obter o mau-olhado de Renee. Eu não precisava ser capaz de vê-
la dizendo para saber o que ela estava fazendo. Eu tinha estado no fim da recepção
desse olhar mais vezes do que eu poderia contar. Paul estava ao lado de Renee e
me deu um sorriso reconfortante.
O último era um cara que parecia que tinha perdido sua vocação como um
jogador de futebol profissional. Ou lutador. Ou um atraente apanhador. Eu acho
que sexy correu solto na família de Hunter e Mase.
— Pequena Ne. — disse ele, dando-me um aperto de mão que quase esmagou
todos os meus dedos. — Posso te chamar assim, né? Nós provavelmente vamos
chegar a um apelido melhor no futuro. A menos que você odeie apelidos tanto
quanto sua irmã. — Ele parecia um pouco envergonhado, o que era um pouco
engraçado, dado o quão forte ele era.
— Tanto faz. — eu disse, flexionando a mão para obter a sensação de volta
nos dedos. — Eu sou neutra com apelidos. — Eu não poderia contar quantos eu
tive na minha vida. A maioria deles eu tinha ignorado, inclusive quando minha
irmã Cari passou um verão inteiro me chamando de Bunda Fedida. Para ser justa,
ela tinha três anos, e Joscelyn era um bocado difícil de dizer.
— Obrigado pelos cookies. — eu disse a Darah, que estava distraidamente
acariciando o braço de Mase. — Eles estavam muito bons.
— Ah, bom. Eu estava esperando que você gostasse. — disse Taylor, mexendo
algo em uma das panelas fumegantes no fogão. — Está tudo pronto, então por que
você não vai se sentar?
— Existe, hum, algo que eu possa fazer para ajudar? — Com certeza, eu
tinha sido forçada aqui, mas eles não tinham que me aceitar, eles poderiam ter dito
não.

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— Não se preocupe, irmã. Você estará na lista de tarefas em breve. — disse
Renee, me dirigindo para a mesa da sala de jantar. Alguém já tinha colocado os
pratos, e havia um lugar para mim, com um cartão no prato que era, sim, artesanal.
— Taylor e Darah fizeram isso, então jogue tudo em cima delas se você odiar.
— Renee assobiou enquanto eu o abri. Como eu poderia odiá-lo? Alguém tinha feito
na frente uns desenhos muito legais com pintura que pareciam fogos de artifício, e
havia letras recortadas de revistas soletrando as palavras: bem-vinda a
YELLOW FIELD HOUSE.
— Yellowfield House? — eu disse.
Renee revirou os olhos e sentou-se ao meu lado, Paul do outro lado dela. Eu
o peguei levando a mão por baixo da mesa e dando-lhe um aperto.
— Foi ideia da Taylor. Ela queria que fosse como um daqueles romances
britânicos, onde a casa tem um nome. Era, tipo, a única maneira dela concordar
em deixar que todos nós vivêssemos aqui. Era sua condição. — disse Renee com
um encolher de ombros.
— Ela queria fazer um símbolo e tudo, mas o restante de nós vetou isso. —
disse Paul. — Estava muito bonito, na verdade. Ela estava tão animada. E, então,
a colocamos pra baixo.
— Hum... estranho. — eu disse.
— Shh. — disse Renee enquanto todos os outros carregavam pratos e panelas
e outros apetrechos de jantar. No segundo em que todos se sentaram tornou-se um
caos de passar pratos, bater cotovelos e de tentar fazer com que todos tivessem o
que precisavam. Taylor tinha feito espaguete com um molho de azeite com
toneladas de legumes e pão de alho e uma salada. Estava uma loucura deliciosa, e
mesmo que eu tivesse consumido vários dos cookies, acabei comendo a minha
parte no jantar. Não se comparava com a comida do refeitório ou com comer
macarrão pela milionésima vez.
Todo mundo riu e falou sobre o seu dia, e pela primeira vez, eu não era o
centro das atenções. Foi muito... bom. Eles estavam todos apenas tão felizes e
sorridentes e amorosos. O suficiente para me fazer enjoar, mas em vez disso, de
alguma forma, tiveram o efeito oposto. Eu realmente queria odiá-los aqui. Teria
sido o mais apropriado.

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— Hum, eu ainda tenho algumas coisas para desempacotar.... — eu disse,
levantando logo que pude. Eu precisava voltar para a solidão do porão. Toda essa
felicidade estava mexendo com a minha cabeça. Renee me lançou um olhar, mas
assentiu.
— Tem certeza que você não quer ficar por aqui? Você ainda não viu o resto
da casa. — disse Darah, dando-me um sorriso esperançoso. Eu realmente não
podia sair fora dessa.
— Sim, com certeza. — Ela me levou lá em cima, me mostrando seu quarto,
que estava impecável, como se eles estivessem vendendo a casa e tinha um
decorador vindo fazê-la parecer boa para potenciais compradores. Renee se
recusou a nos deixa ver o seu quarto, e Taylor só me deu um rápido olhar para a
suíte dela e de Hunter no piso superior.
— Só ignore as roupas no chão. Eu ignoro. — Hunter e Taylor tinha estado
ao longo de nossa pequena turnê. Era tecnicamente sua casa, depois de tudo.
— Obrigada. Por...por me deixar ficar aqui. — Por deixar que meus pais me
forcem aqui com vocês. Tenho certeza que vocês não tiveram muita escolha.
— Você é bem-vinda aqui. Qualquer membro da família de Renee faz parte
da nossa família. — ele disse, colocando um braço em volta de Taylor. Será que
eles têm que fazer isso o tempo todo? — Espero que tudo... dê certo. Eu sei o que
é passar por um momento difícil. — Yeah, yeah, yeah. Eu tinha ouvido tudo sobre
o passado trágico de Hunter e Taylor e como superaram suas merdas juntos. Eles
provavelmente estavam planejando uma intervenção em mim neste momento.
Atraindo-me a uma falsa sensação de segurança antes de saltar sobre mim.
— Sim, obrigada. — eu disse enquanto fechávamos a porta e voltávamos lá
pra embaixo.
— Tem certeza que você não quer se juntar a nós para um pouco de música?
— Disse Darah enquanto ela e Mase dividiam o sofá. O que era isso, a família
Partridge? Sério, essas pessoas eram personagens de corações aquecidos dos
shows de família dos anos 50. — Hunter é um bom guitarrista.
— Eu estou bem. Eu ainda tenho... coisas para fazer.
— Coisas? — Disse Renee, me dando um olhar. Sim, coisas e mais coisas,
Renee.

18
— Não tenho o direito de fazer minhas coisas agora? Isso é a quinta regra na
sua lista? — Eu rebati, percebendo somente depois que eu disse alto o suficiente
para que todos pudessem me ouvir. — Seja o que for. — disse eu, indo para o
porão. — Eu vou para a cama. — Eram apenas oito da noite, mas eu não podia
mais estar perto deles. Eles estavam tão felizes. Eles estavam me matando. Eu
precisava voltar para o porão da desgraça e me consolar com mais cookies e
músicas de cortar o coração.
— Boa noite. — soou quase em uníssono. Doente, isto era doente. Talvez
houvesse algo nas paredes que infiltrava em seus poros quando eles estavam
dormindo. Ou talvez fosse a água?
Eu balancei a cabeça e caminhei de volta para o que estava rapidamente se
tornando minha caverna. Meu porão da solidão.
Meu quarto cheirava aos deliciosos cookies, e mesmo eu estando cheia do
jantar, eu comi mais dois antes de ir para o chuveiro. A pressão da água era
significativamente melhor do que no dormitório, e eu levei o meu tempo,
saboreando a sensação na parte de trás do meu pescoço. Todos os chuveiros no
mundo não poderiam lavar a escuridão na minha vida, mas isso não me impedia
de apreciá-los.
A pulseira pegou no meu cabelo enquanto eu o escovava e eu passei uns
bons cinco minutos e vários palavrões pra ter isso desfeito.
Nós somos amigos, certo? E os amigos se dão presentes. Eu sei o quanto você
ama elefantes, então...aqui, ele disse quando ele me presenteou com a caixa.
Lembrei-me abri-la e me apaixonar por ela. Tal gesto simples, doce. Ele me ajudou
a colocá-la, e eu tinha usado todos os dias desde então. Especialmente depois de...
Eu balancei a cabeça e liguei um pouco de música. Algo agradável e duro e
alto para abafar a hora da cantoria acontecendo lá em cima. Depois de percorrer
as minhas compras recentes, eu achei o mais novo álbum dos Skillet. Perfeito.
Eu podia sentir a alegria que escoava pelo chão e invadia minha caverna,
então eu coloquei a música tão alto que ela estava prejudicando meus tímpanos.
Eu deveria ter colocado meus fones de ouvido super caros, mas não o fiz. Eu
desempacotei o resto das minhas coisas e ignorei as mensagens de voz de minha
mamãe e do meu pai, exigindo que eu os ligasse assim que tivesse chegado a Renee.

19
Eu tinha certeza que ela já tinha ligado e compartilhado a notícia da minha chegada
segura.
Meu quarto era equipado com uma pequena televisão e leitor de DVD, mas
eu não os liguei. Em vez disso eu estava com o meu laptop e rolava através de
minhas fotos de um ano atrás. Eu estava me torturando, eu sabia.
Lembrei-me dessa menina. Aquela que sempre teve o cabelo perfeito com
clips bonitos e tinha muitos cardigans e scarpins. A menina que tinha um
namorado que estava indo para a Casa Branca, e tinha amigos que nunca iam
decepcioná-la. Não era uma imagem perfeita, porém tinha estado tão perto como
ela poderia estar. E tinha sido um desperdício total e absoluto de tempo e energia.
Fechei meu laptop e puxei as cobertas de volta na cama e fiquei lá. Minha
música ainda estava tocando, mas parecia estar silencioso lá em cima. Finalmente.
Todos eles provavelmente tinham aula ou qualquer coisa pra fazer amanhã. Fiquei
surpresa de Renee não ter enchido minha bunda sobre o registro para as aulas
ainda. Eu tive toda a minha papelada para me tornar uma Caloura na UMaine,
assim como ela.
Virei-me de lado e fechei os olhos. O sono estava muito longe, e indescritível,
mas é assim que era agora. Eu me acostumei a passar horas olhando para o interior
das minhas pálpebras.

***

Várias horas mais tarde, eu decidi que eu tive o suficiente. Eu precisava ir


para outro lugar. Em qualquer outro lugar, mesmo que fosse só para ver as
estrelas. Tirei algumas calças de moletom por cima do meu short e peguei meu
casaco de inverno e fui nas pontas dos pés até as escadas. Eu escutei por um
segundo para ver se a casa estava em silêncio antes de empurrar a porta do porão
aberta e começar a rastejar em direção à porta da frente. Os pisos eram todos de
madeira, de modo que o ranger ia ser um problema.
E então uma voz me fez quase saltar para fora da minha pele.
— Onde você pensa que vai? — A cabeça de Mase apareceu de onde ele estava
deitado no sofá na sala de estar. Porra.

20
— Para fora, para uma caminhada. — disse eu, de alguma forma,
encontrando algo para dizer.
— Isso é o que as crianças estão chamando nesses dias?
— O quê? — Ele se levantou do sofá e veio ficar na minha frente, bloqueando
o acesso à porta da frente. Sim, não havia NENHUMA MANEIRA de estar passando
por ele. Nem mesmo se eu tivesse uma arma.
— Sente-se. — Ele apertou a mão no meu ombro e me guiou em direção ao
sofá. Eu tentei lutar, mas ele era ainda mais forte do que parecia.
— Quem é você? O meu pai? — Na verdade, meu pai nunca se importaria
tanto assim com o que eu fiz. Ele estava sempre ocupado demais com sua atual
esposa e uma das minhas numerosas irmãs para me notar escapando no meio da
noite.
Ele suspirou e sentou-se ao meu lado. — Olha, eu sei que você está passando
por um momento difícil. Eu estou familiarizado com eles. Hunter estava em muito
mau estado por um longo tempo, então enquanto eu não posso dizer que sei o que
você está passando, eu sei tudo o que fazer, e deixar esta casa no meio da noite,
não vai ajudar.
— Mas... — Eu tentei me levantar, e ele me parou novamente. — Eu não ia
fazer nada. Eu só... precisava de espaço.
Ele sorriu e balançou a cabeça. — Você não vai sair desta casa agora mesmo,
capiche? — Ele me puxou para cima do sofá e me empurrou em direção ao porão.
— Mesmo que eu tenha que me sentar do lado de fora da porta do quarto.
— Por que você se importa? — Eu disse quando eu tropecei descendo as
escadas para o meu quarto.
Ele riu. — Porque Renee disse que iria me drogar, remover meu pau e
costurar na minha cara se eu deixasse alguma coisa acontecer com você, e eu meio
que gosto do meu pau em sua localização atual.
Eu quase ri também.
— Parece com algo que Renee diria. — Eu parei do lado de fora da porta do
quarto, e ele sentou-se na escada.
— Eu também estou apostando que sua teimosia é genética, então, por favor,
não me faça vir aqui novamente. Eu tenho aula em... — ele olhou para o relógio no

21
leitor de DVD —... Algumas horas, então eu gostaria de dormir um pouco. — Ele
bocejou e começou a voltar a subir as escadas.
— Boa noite, Pequena Ne.
— Noite. — eu disse, observando-o caminhar de volta até as escadas. Eu
esperei até que eu ouvi uma porta se fechar antes de deixar escapar um suspiro de
frustração. Sério, Renee? SÉRIO?

22
Capítulo 4
Apesar da minha hora de dormir tarde, acordei às sete na manhã seguinte,
provavelmente porque o cheiro de bacon tinha penetrado as rachaduras sob a porta
e penetrou no meu quarto.
Eu me vesti e me joguei em uma camisa térmica surrada com polegares para
cima que eu tinha feito a mim mesma, um par de jeans furados e decidi me
aventurar no andar de cima. Eu meio que esperava ver Mase sentado ao lado da
porta do porão.
— Você. — disse Renee, bocejando e descendo as escadas. — Eu não
esperava você estar acordada tão cedo. — O cabelo dela estava em todo o lugar. Ou
ela estava tendo um pouco de sexo matinal com Paul, ou ela teve uma noite de
sono revirado na cama.
— Especialmente depois que eu tentei fugir ontem à noite, certo? — Eu disse
a coisa que eu sabia que ela estava pensando. Ela cruzou os braços e seus olhos
se estreitaram.
— Vamos discutir isso mais tarde. Agora você vai tomar café da manhã,
porque é a refeição mais importante do dia.
Ela estava recebendo este material?
— Você não é minha mamãe. — eu disse, afastando-me dela e indo para a
cozinha. Ela não iria fazer uma cena na frente de todos. Pelo menos, eu não
esperava.
— Hey, Pequena Ne. — disse Mase brilhantemente olhando para cima de
uma caneca gigante do que eu assumi que era café. Darah estava ao redor de várias
frigideiras e Taylor estava caída em cima da mesa da sala de jantar.
— Por que eu me inscrevi para uma aula às oito e meia, mesmo? — ela gemeu
quando Renee foi para a cafeteira e se serviu de um copo antes de ir de volta para
cima.

23
— Porque era o único horário que ofereceram e você precisa dessa matéria
pra se formar? — Disse Darah, despejando uma enorme confusão de bacon em um
prato coberto de toalhas de papel.
— Quer um pouco? — Disse Darah. Eu balancei minha cabeça. Tão agradável
era o cheiro do bacon, eu não acho que eu poderia tolerar isso. — Temos algumas
torradas e ovos, se quiser. E há sempre cereais, e acho que ainda temos alguns
donuts de abóbora em algum lugar.
Deus, era como viver em uma lanchonete especializada em café da manhã.
— Hum, você tem algum chá? — Sentei-me à mesa perto de Taylor, que
estava tentando se levantar o suficiente para que pudesse beber seu café.
— Sim, com certeza. — Darah abriu um monte de armários antes de
desenterrar uma caixa empoeirada de chá Lemon Zinger. Ia precisar de um pouco
mais de zing para corrigir os meus problemas, mas era um começo.
Hunter veio poucos minutos depois, de banho tomado e com um sorriso no
rosto.
— Bom dia, mocinha. — disse ele, dando um beijo em Taylor. — Você não
acordou ainda?
— Não. — ela gemeu, colocando a cabeça em seu peito. Ele riu e puxou-a
para o seu colo, e eu lembrei os meus motivos para querer sair de casa na noite
passada. — Faça isso ir embora. — disse ela.
— Eu faria se eu pudesse, amor.
Renee e Paul vieram poucos minutos mais tarde. O cabelo dela estava preso
e ambos estavam vestidos para o dia.
— Ok, aqui está o negócio. Desde que eu não confio em você sozinha, você
tem que vir comigo hoje. — disse Renee, com um sorriso doce que eu poderia dizer
que estava machucando os dentes. Todos olharam para mim. — E desde que eu
tenho aula em menos de uma hora, é melhor você começar a ter sua bunda vestida
e pronta para ir.
— O que eu devo fazer o dia todo? — Tomei um gole de chá e olhei para o
copo, então eu não teria que ver todo mundo olhando.
— Eu não sei. Você vai pensar em algo. Contanto que não envolva você se
meter em encrencas, ou ficar em apuros, nós estaremos bem. Então, é assim que
vai ser. — Foi mais um discurso bem ensaiado.

24
— Tanto faz. — eu disse, encolhendo os ombros.
— Eu disse que ela poderia vir comigo. — disse Darah, finalmente quebrando
o enorme silêncio que havia sufocado o quarto.
— Não, está tudo bem. Ela é minha responsabilidade. — disse Renee, indo
para o café.
— Hum, sentada bem aqui. — eu disse. — E eu não preciso de uma babá.
— Isso não é o que eu ouço. — Renee virou-se para mim. Mase tossiu e
empurrou um pedaço de bacon na boca. Ele mastigou e murmurou ‘desculpa’ para
mim. Claro que ele disse a ela. Eu teria ficado chocado se ele não tivesse.
Tomei um gole de chá e engoli uma resposta sarcástica.

***

Duas horas mais tarde, eu estava bocejando, sentada do lado de fora um dos
laboratórios de Renee. Eu não conseguia me lembrar qual. Parecia complicado e
repugnante ao mesmo tempo. Eu tinha sido inteligente o suficiente para trazer o
meu computador, por isso eu estava olhando alguns dos meus vlogs e blogs de
música favoritos.
Então eu joguei o meu jogo favorito de tentar encontrar novas músicas,
clicando em vídeos online aleatórios. Este verão eu comecei um blog de música,
mas eu tinha estado acomodada em postar esta semana. Desde que eu era tão nova
com ele, eu ainda estava tentando encontrar meu nicho sobre o que o blog era pra
ser. Eu mal tenho quaisquer pontos de vista, mas eu descobri que a ún ica coisa
que eu amava mais do que a música era estar escrevendo sobre isso. Antes de...
tudo, eu nunca teria considerado blogs de música. Eu ainda não tinha contado a
ninguém que eu estava fazendo isso. Eles não iriam entender – isso eu tenho
certeza.
Renee tinha me prometido um passeio pelo campus depois que almoçamos.
Pelo que eu vi até agora, era muito parecido com UNH. Campos universitários eram
bastante semelhantes, especialmente se fossem escolas estaduais. Eu tinha
considerado vir aqui, mas a ideia de estar longe da minha família louca era mais
atraente do que economizar alguns dólares, indo para uma escola no estado. Eu
tinha sido aceitaem Bowdoin e Bates, duas universidades de Maine de prestígio,

25
mas ambas eram cara demais para o crédito estudantil que eu tinha, então não
era suficiente para cobri-lo. Muito ruim, muito triste.
Quando ela finalmente saiu de seu laboratório, Renee cheirava a formaldeído,
mas tinha um brilho louco nos olhos. Ela deve ter dissecado algo.
— Divertiu-se? — eu disse enquanto me punha de pé. Minhas costas estavam
duras como louca de toda a audiência que eu tinha feito.
— Nós tivemos que cortar um feto de porco. Foi incrível. — disse ela, como
se estivesse falando de ver o mais recente filme de meninas que acabou de chegar
aos cinemas com um vampiro bonitão nele.
— Às vezes eu me pergunto se somos parentes. — eu disse enquanto o resto
de sua aula saia. Eles não pareciam tão entusiasmados como Renee estava.
— Eu estive me fazendo essa pergunta há anos. — disse ela à medida que se
dirigiu para a União dos Estudantes para o almoço. Ao contrário de algumas
pessoas que não seriam capazes de comer depois de uma dissecção de porco fetal,
Renee arrumou um cheeseburger de bacon e inalou como se ela não tivesse visto
comida por semanas. Eu fui para uma salada de nozes e morango.
— Então. Eu tenho que fazer um turno de três horas essa noite no hospital.
— disse ela depois que dispôs do hambúrguer e estava atacando as batatas fritas.
Como ela ficava tão magra estava além de mim. Eu geralmente tinha que cuidar da
minha alimentação para me manter magra, ou pelo menos gorda.
— E então?
— E você está vindo comigo, então eu espero que você tenha algo para fazer
com você. Como talvez conseguir juntar os documentos da transferência.
Eu preferia ter meus dentes perfurados, mas o olhar no rosto de Renee me
disse que eu não tinha escolha.
— Então você é o meu carcereiro agora, é isso?
— Bem, eu não teria que ser se você tivesse acabado de seguir as malditas
regras, Joscelyn. — Deus, ela soava como mamãe. Caminhava muito como mamãe.
Ela ainda tinha a mesma cara. — Estou decepcionada com você.
— Tudo bem. Posso ir ao banheiro, ou você precisa de vim comigo para
segurar o copo enquanto eu faço xixi?
— Fofo. — disse ela quando me levantei e fui para o banheiro.

26
***

Passei o resto do dia assistindo a filmes no meu computador. Eu me joguei


em críticas de filmes de vez em quando no meu blog só para apimentar as coisas.
Elas geralmente tinham muito poucos acessos, especialmente se fossem clássicos
da década de oitenta. Há algo tão reconfortante sobre a observação de um filme
que você já viu uma tonelada de vezes. Eu comecei com Sixteen Candles, e depois
porque eu estava em uma espécie de humor John Hughes, mudei para o Ferris
Bueller Day Off, em seguida, Pretty in Pink 2, que me levou quase ao final do turno
de Renee no hospital.
Eu estava acampada em uma das salas de estar, e para um hospital, era
muito tranquila, exceto pelo barulho ocasional de sapatos de uma enfermeira no
linóleo, ou uma agitação de garoto inquieto, ou um monitor saindo. Eu tinha
jantado no refeitório, mas isso tinha sido há algumas horas e eu estava precisando
de petiscos. Renee tinha me mostrado uma máquina de venda automática no final
do corredor, então eu pesquei na minha bolsa em alguns compartimentos e parei
o filme.
— Sim. — eu disse quando eu vi que eles tinham tanto M & M como Skittles.
Eu não podia comer um sem o outro. Era algo que eu comecei a fazer quando era
criança, e era uma daquelas coisas que eu sempre tinha feito que nunca havia
mudado.
Meu M & M saiu bem, mas o saco de Skittles estúpido ficou preso. Ótimo. O
universo estava lá para me ferrar. Eu bati na máquina, tentando sacudir a máquina
e fazer o doce se soltar. Felizmente, não havia ninguém por perto. Eu não queria
ficar presa por destruição de propriedade do hospital. Isso iria definitivamente
contra as regras de Renee.
Virei meu ombro e empurrei a lateral da máquina, tentando
desesperadamente tirar o saco de doces.
— Vamos lá, sua filha da puta. — eu disse, batendo no meu ombro na
máquina.

2 Nomes dos filmes, respectivamente, Gatinha e Gatões, Curtindo a vida adoidado e A Garota de Rosa Shocking.

27
— Você tem que colocar seus quadris nela. — disse uma voz, me fazendo
olhar para cima do meu ataquena máquina de venda automática.
— O quê? — Um cara vestindo um capuz folgado e calça jeans igualmente
largos e rasgados no alto estava olhando para mim como se eu fosse algo que ele
nunca tinha visto antes. Ele tinha a pele escura, cabelo preto cortado, mas os olhos
verdes mais surpreendentes. Ao contrário do meu, que sombreava para o azul, eles
tinham quase brilhantes dourado. Estes surgiram em seu rosto especialmente
porque eles estavam fixos em mim. Ele empurrou o queixo para a máquina.
— Você tem que colocar seus quadris nela. Aqui. — ele disse, olhando por
cima do ombro para se certificar de que ninguém estava olhando antes de apontar
para me mover de lado. — O segredo é a empurrar todo o seu corpo nela. Não
apenas seus ombros.
Foi só eu, ou ele fez aquele som sexual de propósito? Eu fiquei boquiaberta
para ele e ele riu. Não, não era só eu. Era um daqueles risos que faz você querer
rir também, como um reflexo. Eu mal conseguia esconder o sorriso que ameaçava
se espalhar no meu rosto.
— No três. — ele disse, colocando as mãos na máquina ao meu lado. De
perto, seus olhos eram ainda mais brilhantes. Eles quase brilhavam. — Um. Dois.
Três. — ele disse, e nós dois empurramos a máquina, que mexeu um inferno de
muito mais do que quando eu tinha sido a única a empurrá-la. Eu ouvi um baque
satisfatório do Skittles caindo. O cara foi em torno da frente da máquina e puxou
o saco para fora.
— Missão cumprida. — Ele piscou quando o estendeu para mim.
— Obrigada. — eu disse, pegando a bolsa e certificando-me de não tocar sua
mão. Eu estava prestes a virar e ir embora, quando ele fez um som, como se fosse
dizer alguma coisa. Eu fiquei ali, esperando.
— Eu tenho que voltar. — eu finalmente deixei escapar quebrando o silêncio
desconfortável que ficou entre nós.
— Oh, eu sinto muito. Claro, claro. — ele disse, balançando a cabeça como
se tivesse esquecido alguma coisa e só lembrava agora. Ele sorriu e enfiou as mãos
nos bolsos.
— Certo. Bem, tchau. — Eu dei-lhe um pequeno aceno e me virei. Que pessoa
estranha.

28
— Não se esqueça. Coloque todo o seu corpo na próxima vez, ruiva. — disse
ele, fazendo-me voltar ao redor. Ele estava sorrindo de novo. Ruiva? Como se eu
não tivesse ouvido essa antes. Pelo menos ele não tinha me chamado de cenoura.
— Eu vou manter isso em mente. Obrigado.
Pela última vez, eu me virei e voltei para a sala, sua risada ecoando atrás de
mim.
O salão ainda estava vazio quando eu voltei, e todas as minhas coisas ainda
estavam lá, então eu me acomodei para terminar outro filme.
A próxima coisa que eu sabia era alguém estava balançando meu ombro.
— Ei, Jos. Hora de ir. — disse Renee, com a voz mais suave que eu ouvi em
muito tempo. Era a voz que ela provavelmente usava com os pacientes. Eu tinha
adormecido no sofá. Eu não conseguia nem lembrar. Meu computador estava
escuro, e também tinha ido dormir.
Renee sentou-se ao meu lado, puxando os meus pés em seu colo e deixando
escapar um suspiro pesado.
— Então o que você fez?
— Nada. — eu disse, inclinando o pescoço para trás e para estalar alguns
ossos. — Que horas são?
— Dez. Está pronta para ir para casa? — Casa. Era isso o que o lugar dela
era agora?
— Yeah. — Eu balancei meus pés e sentei-me.
— Vejo que você assaltou a máquina de venda automática, — disse ela,
pegando os sacos de doces vazios. — Você e suas enlouquecedoras combinações
de doces. — Ela amassou-os e encontrou uma lata de lixo enquanto eu arrumava
todas as minhas coisas. — Você chegou a fazer alguma coisa interessante? — Disse
ela enquanto caminhávamos de volta para seu carro.
Além da interação com a máquina de vendas e meu herói? Eu estava prestes
a dizer-lhe sobre isso e mudei de ideia.
— Não. — eu disse em torno de um bocejo. Talvez eu durma esta noite.
Normalmente eu chegava a um ponto em que eu estava tão exausta que o meu
corpo apenas desligava. Isto era como eu me sentia nesses momentos.
— Você sabe, você deveria ligar para a mamãe. — Eu não queria. Eu sabia
que ia acabar em gritos, e eu estava muito cansada para lidar com isso agora.

29
— Eu vou. — Renee estava prestes a dizer algo, mas mudou de ideia.
— Tudo bem.

30
Capítulo 5
Todo mundo estava imerso no modo estudo quando voltamos para a casa.
Paul tinha tomado quase toda a mesa da sala de jantar com algo que, à primeira
vista, parecia muito complicado para sequer começar a entender.
Taylor e Hunter estavam na sala de estar, e ambos tinham suas cabeças
enterradas profundamente nos livros didáticos. Darah estava em uma pequena
mesa que estava escondida ao lado da escada, e eu suspeito que Mase também
estivesse em algum lugar. Nove meses atrás, eu teria estado ali com eles. Agora eu
pensei que eles só pareciam um bando de pessoas que desperdiçam seu tempo.
— Pequena Ne. — disse Mase, descendo as escadas com um livro na mão,
grande surpresa. — Como vai à vida?
— Macia como um pêssego. — eu disse, colocando minha bolsa no banco da
porta da frente. O som da porta se fechando pareceu despertar todos os outros, e
eles desceram sobre nós. Havia tantos deles. Era esmagador. Além disso, a
felicidade. Essa era igualmente avassaladora. Paul se aproximou e deu um beijo
em Renee, e ela foi se sentar com ele na mesa de jantar para se recuperar.
— Eu estou indo para o meu quarto.... — eu disse, segurando-me antes que
eu pudesse dizer caverna. Não era realmente uma caverna. Ou, se fosse, era a
caverna mais bonita que eu já vi. Com Wi -Fi e tudo mais.
— Você tem certeza? Esta é sua casa agora. Você não tem que ficar lá
embaixo. — disse Hunter. — Nós não somos tão assustadores, somos? — Ele se
virou para Taylor, cujos olhos estavam bem vidrados.
— O quê? Eu ainda estou pensando sobre sufragistas. — Ele deu-lhe um
olhar e balançou a cabeça.
— Sério, Jos, esta é a sua casa. — Não era muito, mas foi legal da parte dele
dizer isso.

31
— Estou muito cansada. Eu vou para a cama. — Eu disse boa noite a todos,
incluindo Renee.
— Não planeja quaisquer atividades noturnas? — Disse.
— Nop. — eu disse, estalando os lábios no p.
— Bem, apenas no caso, eu estou de olho em você. — disse ela, fazendo um
gesto com dois dedos para os olhos e, em seguida, apontando-os para mim. —
Sempre que você achar que eu não estou lá, eu vou aparecer.
— Jesus. Eu entendi. Mensagem recebida. Missão cumprida. — Eu comecei
a descer as escadas e bati a porta.
Ahh, paz e tranquilidade.

***

O resto da semana foi muito parecido com o primeiro dia completo, com
exceção de Renee me deixar ir para o escritório de admissões por mim mesma para
me inscrever em todas as minhas aulas e ter tudo transferido pela UNH. Desde as
minhas notas do primeiro ano que eram tão altas, ate as notas de merda que eu
tinha chegado ao semestre passado, eles ainda estavam dispostos a me deixar
entrar.
Quando se tratava de aulas, eu só peguei o que quis. Eu decidi ficar com a
minha grade de ciência política, com um pouco de direito, uma vez que parecia
mais fácil do que pegar uma nova. Eu pensei que a transferência seria um pé no
saco, mas era relativamente fácil, e antes do final da semana eu estava oficialmente
com o urso preto da UMaine, com um decalque oficial para o meu carro e uma
cópia do hino da escola, a canção Stein. Eu tinha certeza de que eu não era a
primeira pessoa que achava irônico que uma faculdade tinha uma música de beber
como canção oficial. Que tipo de mensagem que isso envia?
Eu só realmente perdi a primeira semana de aulas, então eu ia ser capaz de
acompanhar sem nenhum problema, de acordo com todos os professores que
tinham me enviado meus novos currículos de suas aulas.
Renee não estava por perto para me levar para pegar meus livros por causa
de uma reunião de seu clube de enfermagem, por isso a tarefa caiu para Hunter e
Taylor, que me levaram para o campus no sábado.

32
Eles lutaram sobre que música tocar todo o caminho até lá.
— Eu acho que Jos deve escolher. — Taylor finalmente disse quando
estávamos praticamente dirigindo no campus.
— Eu não me importo.
— A regra é que o motorista escolhe. — disse Hunter, pulando uma canção
que Taylor tinha escolhido.
— Uh, não, a regra é que eu tenho que escolher.
— Desde quando?
— Uma vez que você colocou este grande anel no meu dedo. — disse ela,
segurando o anel incrível que Hunter tinha dado a ela quando eles começaram a
namorar. Era enorme, e quase ofuscante quando você olhava para ele. No entanto,
outra demonstração de sua riqueza. Era apenas errado que algumas pessoas
tinham muito dinheiro e outros tinham menos do que nada. Não que Renee e eu
éramos pobres, mas nós definitivamente temos nossa parcela de ajuda financeira,
o que era bom com nossos pais com tantas crianças entre eles.
— Esse anel não lhe dá poderes totalitários do rádio. — disse Hunter,
tomando-lhe a mão e beijando-a.
— Graças a Deus. — eu disse baixinho quando ele encontrou uma vaga de
estacionamento perto do centro de artes cênicas, o que não era muito longe da
livraria. Eles continuaram a discutir enquanto caminhávamos para a União e, em
seguida, descemos para a livraria. Eu estava prestes a dizer-lhes que eu podia
encontrar meus livros quando Hunter agarrou a lista da minha mão e começou a
pegar os livros.
— Espere, cara. — disse Taylor, cutucando-o no estômago e arrebatando a
lista. — Nem todos nós podemos simplesmente escolher o que queremos e os livros
que queremos. — Ela me deu um sorriso simpático. Hunter tinha puxado todos os
livros novos das prateleiras, os que ainda estavam embrulhados em plástico. Não
havia nenhuma maneira que eu poderia pagar esses. Eu teria que obter os usados,
e mesmo assim ia ser apertado.
Taylor começou a puxar os livros das prateleiras, todos com esse adesivo
USADO em amarelo brilhante sobre eles. Ela folheou para se certificar de que eles
não tinham manchas estranhas ou falta de páginas.

33
— Está tudo bem? — Ela segurou um e eu o folheei. Apenas algumas das
páginas estavam dobradas, e o meio estava bem. Eu balancei a cabeça e coloquei-
o na cesta que Hunter estava segurando. Quem saberia que escolher livros
didáticos iria se transformar em um exercício de humilhação?
— Por que você não vai ver se você pode encontrá-los? — Ela rasgou a lista
ao meio e empurrou-o para a próxima prateleira. Depois que ele foi embora, ela me
deu um sorriso.
— Você não tem que fazer isso. — eu disse, olhando para os livros como se
eu estivesse procurando algum, quando na verdade, eu nem sabia o que os títulos
diziam.
— Não, está tudo bem. Eu sei como se sente, acredite. Estive lá, fiz isso.
Como está esse? — Ela me entregou outro livro usado e eu achei uma mancha
marrom misteriosa em uma das últimas páginas.
— Eu nem quero especular o que é isso. — disse a ela, segurando o livro nas
pontas dos dedos e colocando-o de volta. Pegamos o resto da minha lista e
enchemos a cesta.
— Agora, este é um daqueles momentos em que realmente pagamos para ter
um cara forte ao redor. — Nós tentamos levantar a cesta, mas não estava
acontecendo. Como se ela tivesse dito o nome dele, Hunter veio ao virar da esquina
com outra cesta igualmente completa que ele carregava sem nenhum problema.
— Será que meus ouvidos me enganaram? Pediu um homem forte. — ele
disse com um sorriso arrogante. Yep, Renee não tinha exagerado. Ele era
estonteante.
— Cale a boca e leve isso para mim. — Ela chutou a cesta em sua direção.
Hunter olhou por cima do ombro.
— Ei, Dusty, você quer me dar uma mão, cara?
— Claro. — disse um rapaz, que vinha virando a esquina. — Ei, Tay. — disse
ele, sorrindo para Taylor. — E... Ruiva, nos encontramos de novo. — disse ele com
um sorriso ainda maior para mim. Sério?
— Vocês dois se conhecem? — Disse Taylor, me dando um olhar. Eu sabia o
que aquele olhar significava, e eu sabia o que isso implicava, e eu tive que encerrar
antes que ele fosse mais longe.

34
— Não. — eu disse, ao mesmo tempo o cara, que aparentemente chamava
Dusty, disse“Sim”.
— Nós estamos familiarizados. — disse Dusty com outra piscadela. Jesus,
ele achava que era um presente de Deus, não era?
— Nós nos encontramos. Uma vez. — Eu tentei esclarecer.
— Onde? — Disse Taylor. Hunter não tinha dito nada, mas ele estava olhando
para Dusty e, em seguida, olhando para mim, e eu podia sentir minhas orelhas
ficando quentes. Uma das principais desvantagens de ser uma ruiva é que quando
você fica desconfortável ou envergonhada, você pode transmitir isso para o mundo.
O que era o que eu estava fazendo no momento. Dusty parecia ficar um pé fora
dele. Babaca.
— Foi no hospital na noite passada. Então, hum, eu acho que isso é tudo.
Nós provavelmente deveríamos ir. — eu disse, inclinando-me para pegar a cesta.
Eu estava determinada a fazê-lo eu mesma. Um conjunto de braços chegou antes
de mim.
— Deixe-me levar, mocinha. — disse Dusty quando eu olhei para cima para
encontrar o rosto a apenas alguns centímetros de distância. Ele riu um pouco
baixinho e eu me levantei tão rápido que o sangue subiu à minha cabeça.
— Eu não preciso de sua ajuda.
Parecia que ele ia fazer um retorno mal-humorado, mas ele apenas abaixou
a cabeça.
— Bem, você vai ter de qualquer maneira.
— Ok, então. Pronta para ir? — Disse Taylor, pegando o meu braço e me
guiando em direção ao caixa. Ouvi Hunter e Dusty falando atrás de mim e ouvi
distintamente Hunter dizer a Dusty meu nome. Como se fosse da conta dele.
Depois eu verifiquei e dei a livraria UMaine um bom pedaço da minha conta
bancária, levamos os livros de volta para o carro de Hunter. Claro que, sendo o
cara sempre útil que ele era, Dusty tinha que vir também.
— Então, Hunter me diz que você está se registrando aqui. — ele disse
enquanto nós colocamos os livros no porta malas. Taylor e Hunter estavam em
uma profunda discussão, provavelmente sobre mim.
Eu apenas assenti.

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Ele encostou-se ao carro. — Olha, eu vejo que você tem toda essa coisa de
'não me toque, não olhe para mim, nem sequer pense sobre mim, porra' acontecendo,
mas eu só estava tentando ser legal. Você poderia, sabe, me agradecer por isso.
— Obrigada. — eu disse, dando-lhe um sorriso completamente falso. Sim, eu
sabia que estava sendo uma completa idiota com esse cara, mas havia algo nele
que me fazia cerrar os dentes. Havia também algo familiar que tinha ficado sob a
minha pele e estava ansioso como um louco.
Ele balançou a cabeça.
— Tudo bem, tudo bem. — Ele começou a se afastar.
— Hey. — eu disse, e ele parou. — Me desculpe, eu sou uma idiota. É o meu
tipo de coisa. — Eu ri da verdade nisso.
— Não, eu não acho que é. — disse ele, olhando-me fixamente com aqueles
olhos verdes que pareciam ver tudo. — Vejo você amanhã, Hunter?
— Certo. — disse Hunter, como se tivesse acabado de se lembrar de algo. —
Amanhã.
— Tchau, Ruiva. — Dusty disse, andando para trás com as mãos nos bolsos.
— Adeus. — eu disse, fechando o porta-malas do carro.
— Que diabos foi isso? — Disse Taylor, cruzando os braços e me dando um
olhar que era quase exatamente como o de Renee. Droga, as duas tinham passado
uma para a outra.
— Nada. — eu disse, tentando entrar no carro.
— Vocês estão famintas? — Disse Hunter numa forma gritante de tentar
desviar a atenção.
— Eu sei que você está fazendo um grande negócio e tal. — eu disse, entrando
no banco traseiro. — Nós nos conhecemos no hospital por uns cinco segundos. Fim
da história. Não tenho o direito de falar com as pessoas agora? Isso faz parte das
regras não escritas que minha irmã não me contou?
Hunter deu a Taylor um olhar, e ela balançou a cabeça.
— Não importa. Eu exagerei. Eu tenho uma tendência a fazer isso, só para
você saber. — disse ela.
— Não! Sério? — Disse Hunter, e ela deu um tapa nele e ligou a música,
levando a uma outra discussão sobre a escolha da música.

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Quais eram as chances de encontrar Dusty tanto assim, afinal? Quer dizer,
ele e Hunter eram amigos obviamente, mas UMaine era um campus enorme. Além
disso, se ele fosse à casa, eu poderia simplesmente me esconder no porão, se eu
tivesse que fazer. Ou escapar para algum lugar, se Renee me deixasse. Ela teria
que soltar as rédeas em algum ponto. E quem realmente se importava se eu o veria
de novo? Não era como se ele ou eu tivéssemos sido afetados. Ele era apenas um
garoto.
Apenas um rapaz.

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Capítulo 6
Domingo era dia de serviços domésticos na Yellowfield House. Maníaca por
controle como sempre, a adorável Darah tinha adicionado uma lista de tarefas e
todos tinham a sua quota, incluindo um cronograma de rodízio para que ninguém
tivesse que fazer a mesma coisa repetidamente. O engraçado era que todos eles
seguiam sem questionar. Como se ela fosse sua mãe e desse estrelas douradas e
subsídios elevados para cada uma que completassem.
— Achei que você ia precisar de mais uma semana, mas na próxima você
estará na lista. — disse Darah, como se ela estivesse me oferecendo um prato
desses surpreendentes snickerdoodles.
— Ótimo. — eu disse com um sorriso que era totalmente forçado. Não que
eu queria estar em uma lista, mas eles pareciam ter tudo na mão. Eu mantive o
meu quarto e banheiro limpos e ajudei com os pratos. Eles continuaram tentando
me integrar na dinâmica da casa, e eu não queria ser uma parte dela. Eu não era
uma parte dela, não mesmo.
Eles estavam todos ajudando a pagar pela casa. Eu era apenas um
inconveniente que tinha sido empurrado sobre eles. A irmã mais nova irritante.
No final da manhã todas as tarefas foram feitas, e a casa já impecável estava
ainda mais impecável. Eu tive a minha primeira carga de roupa, e todos se
estabeleceram em suas próprias atividades. Renee estava tendo um torneio de ‘Call
of Duty’ com alguns amigos de Hunter e de Mase - Dev e Sean, Darah estava
recuperando o atraso em sua lição de casa, Taylor estava lendo um livro de
vampiros em seu e-reader, enquanto Hunter tocava sua guitarra.
Renee tinha me dito que ele era algum tipo de gênio musical que poderia
tocar praticamente qualquer música. No momento em que ele estava tocando tudo
o que Taylor gritava, incluindo Taylor Swift, Bruno Mars, Seal e Matchbox Twenty.
Eu mudei a roupa para a secadora e estava prestes a sentar e assistir a
batalha de ‘Call of Duty’ quando todos nós ouvimos a campainha tocar.

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— Eu atendo. — disse Hunter, se levantando e correndo para a porta, como
se estivesse tentando bater todos os outros. Ninguém mais tinha sequer levantado.
Estranho.
— Ei, cara, você sabe que não tem que tocar a campainha. Está sempre
aberta. — Ele se afastou para deixar a pessoa entrar e eu olhei para a porta.
— Eu sei, mas eu tenho essa coisa com campainhas. — disse uma voz
familiar antes da pessoa familiarizada entrar pela porta. Dusty.
Fiquei surpresa ao vê-lo, mas ele não parecia surpreso.
— Ruiva. — disse ele, dando-me uma pequena reverência. — Prazer em vê-
la novamente. — Eu olhei para Hunter que estava tentando não olhar para mim.
Algo clicou no meu cérebro. Dusty tinha dito que ia ver Hunter amanhã. Bem, esse
dia era hoje. Hmm, Hunter não tinha dito nada sobre Dusty vir. Pergunto-me o por
quê.
— Hey, foi preciso! — Mase gritou quando algo explodiu e Dev gemeu e jogou
seu controle.
— Hey. — disse Dusty, entrando e sentando no sofá como se ele tivesse feito
isso um milhão de vezes antes. Ele também estava sentado no meu lugar. — 'Call
of Duty' de novo? Quão mal você está perdendo?
Mase resmungou enquanto eu olhava para Hunter. Ele deu um passo em
volta de mim e foi sentar-se para trás na cadeira. Eu não tinha escolha a não ser
ir para o encosto do braço do sofá.
— Oh, Dusty, esta é minha irmã Jos. — disse Renee, mal erguendo os olhos
do jogo. Ela tinha uma mente focada quando estava jogando.
— Nós já nos conhecemos. — disse ele, olhando por cima do ombro para mim
e depois de volta para o jogo.
— Quando? — Disse Renee, movendo todo o seu corpo enquanto ela movia
seu controle como se isso fosse fazer alguma diferença. Eu sempre ameaçava filmar
enquanto ela estava fazendo isso para uso de chantagem futura.
— Eu não consigo lembrar. Onde foi que nos conhecemos? — Eu não podia
encará-lo com todo mundo olhando, então eu tive que resolver cerrando os dentes.
Ele sabia muito bem onde nos conhecemos. Ele estava totalmente brincando
comigo na frente de todos. Oh, dois podem jogar esse jogo. Eu não era uma ruiva
por nada.

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— Isso é fácil. Ele estava no hospital e precisava saber o caminho para a
farmácia. A coceira nos países baixos foi finalmente embora? — sussurrando a
última parte e fazendo um gesto para área geral.
Os olhos de Dusty se arregalaram por apenas um segundo antes deles se
estreitarem e uma ameaça de sorriso aparecer em seu rosto. Todo mundo começou
a rir nervosamente, perguntando se eu estava falando sério ou não. Eles não me
conheciam bem o suficiente ainda. Claro, Renee apenas revirou os olhos.
— Coceira, cara. — disse Mase, balançando a cabeça, e Dev tentou deslizar
longe de Dusty no sofá.
— Bem jogado, Ruiva. Bem jogado. — Ele começou a bater palmas
lentamente, enquanto ele ria. — Sim, meus países baixos estão livres de coceira.
— Ele mudou de posição no sofá, ajustando suas calças. Sério, como é que a calça
não caía? Era um daqueles mistérios que a ciência ainda tem como resolver. Como
quando suas meias desaparecem depois de colocá-las na máquina de secar. Ele
limpou a garganta quando ele me pegou olhando para suas calças. Jesus, ele
provavelmente pensou que eu estava tentando verificar esses tais países. Não que
eu pudesse sequer vê-lo...
— Seguindo em frente. — disse Hunter, limpando a garganta e me dando
uma olhada antes de pegar o violão novamente. — Ok, os pedidos já estão abertos
para todos, exceto Taylor.
— Hey! — Ela protestou, olhando por cima de seu livro.
— Desculpe senhorita, está na hora de alguém mais abusar do meu gênio
musical.
— Tudo bem. — disse ela, voltando para seu e-reader, mas ela lhe deu uma
piscadela antes de fazer isso. Todo mundo parecia muito envolvido no que estavam
fazendo, ou estava ocupado tentando pensar em uma canção.
— Sunday Morning. — eu soltei. Foi a primeira coisa que me veio à mente.
Hunter olhou para cima da guitarra. — Maroon 5?
— Yeah. — Ele sorriu e olhou para Dusty. Você pode me dar uma batida? —
Dusty balançou a cabeça e sentou-se. Depois de pensar por um segundo, ele
começou a fazer sons com a boca. Não apenas sons. Beat boxing. Hunter ouviu por
um segundo e, em seguida, começou a dedilhar com Dusty camadas de mais sons

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até que era como se estivesse criando uma seção de percussão para a música
inteira com apenas sua boca.
Eu não conseguia parar de subir as minhas sobrancelhas, mas ninguém
parecia surpreso. Dusty virou a cabeça, e eu fiz o meu rosto neutro, mas ele ainda
meio que sorriu para mim de qualquer maneira. Muito arrogante? Hunter começou
a cantar, e eu tentei encontrar uma maneira confortável de me inclinar sobre o
braço do sofá, e ao mesmo tempo fingir que estava interessada nas explosões e
caos acontecendo na televisão. Eu preferia o meu cabelo em chamas a pedir o lugar
de Dusty, ou dar-lhe a satisfação de ir para a sala de jantar obter uma cadeira.
Deveria ter ficado na minha caverna.
Ok, então Dusty era muito bom em beat boxing, não que eu fosse uma
especialista, de qualquer jeito. Ele fazia sons com a boca que eu não sabia que um
ser humano poderia fazer. Então o quê? Havia um milhão de pessoas on-line que
poderiam fazer a mesma coisa. Não era nada especial. Não era nada para se
derreter. Ele não tinha nada com que se extasiar.
Eles terminaram a canção e Dusty fez um ruído de fantasia que soou como
um bater de prato e reverberação.
— Bom o suficiente para você? — Disse Dusty, virando para me encarar.
— Eh. — eu disse, encolhendo os ombros e voltando para a televisão quando
Renee gritava e saltava para cima e para baixo e todos os caras gemeram e jogaram
seus controles para baixo.
— Tomem isso, cadelas. — disse Renee, apontando para eles. — Chupem
essa. — Ela começou a fazer uma dança que estava em algum lugar entre uma
dança de clube de sacanagem e uma comemoração híbrida de touchdown. Os caras
todos vaiaram e jogaram coisas nela. Eu só balancei a cabeça. Essa era a minha
irmã.
— Eu estou esperando que esses movimentos sejam genéticos. — disse uma
voz tão perto que eu escorreguei do braço do sofá. Felizmente, eu fui capaz de me
pegar antes de minha bunda bater no chão. Todo mundo estava muito distraído
com a dança da vitória de Renee.
— Você sabe que é rude se esgueirar por trás das pessoas. — eu disse,
virando-me para Dusty, que de alguma forma conseguiu sair do sofá e rastejar por
cima e atrás de mim.

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— Você sabe que é rude dizer a todos que um amigo tem uma erupção em
seu pau quando ele não tem. — Ele cruzou os braços e se inclinou, me desafiando.
— Então o que você tem a dizer sobre isso, Ruiva?
Sim, eu deveria ter ficado na minha caverna.
— Nada. Não tenho nada a dizer para você.
Felizmente, Mase nos interrompeu.
— Pequena Ne, você quer pegar sua vez? — O gene de jogador de vídeo-game
master parecia ter me ignorado e apenas se concentrado em Renee. Eu saí de perto
de Dusty. Hunter estava nos observando com fascinação. Ugh, isso era a última
coisa que eu precisava.
— Não, eu estou bem. — eu disse, dando um passo em torno de Dusty e
tomando o assento que ele tinha desocupado no sofá e afirmando-o como o meu.
Eu atirei-lhe um sorriso, e ele fingiu bater palmas novamente antes de ir para a
cozinha e arrastar uma das cadeiras da sala de jantar.

***

Renee ainda estava detonando quando meu telefone tocou com uma
chamada da mamãe. Exatamente o que eu precisava. Levantei-me do sofá e me
dirigi para a minha caverna. De jeito nenhum eu estava conversando com ela na
frente de todos.
— Ei, mãe. — Eu a ouvi gritando no fundo, mas isso era parte da rotina.
Minha mãe sempre me chamava quando estava fazendo um milhão de outras
coisas.
— Ei, Jos — Sua voz estava tensa, mas menos tensa do que tinha sido no
início da semana. De alguma forma tinha feito o nosso caminho um terreno menos
instável, mas isso não quer dizer que ela estava menos chateada comigo. — Você
está pronta para iniciar as aulas amanhã? — Um grito significava que ela
provavelmente ia tirar algo de um dos gêmeos.
— Como eu nunca vou estar. — Eu não tive escolha. Eles nem sequer me
deixam sair quando eu sugeri como uma solução potencial para a minha implosão
acadêmica. Eu poderia conseguir um lugar e um trabalho e então eles me
deixariam em paz. Eu não iria perder o seu dinheiro ou do governo. Uma verdade ira

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vitória. Ou assim eu pensava. Mamãe tinha agido como se eu tivesse acabado de
dizer a ela que eu tinha brutalmente abatido um monte de gente, e papai apenas
desligou na minha cara quando eu lancei a ele depois de falar com ela. E Renee
tinha ameaçado me estrangular até mesmo por mencioná-lo.
— Bem, eu quero um relatório completo quando você voltar, você ouviu?
Juro, se eu receber um telefonema de sua irmã me dizendo que você faltou, haverá
um inferno para pagar.
— Eu sei, eu sei.
— Ok, então. Não, você não pode ter cookies para o jantar. Quantas vezes eu
tenho que te dizer isso? — Eu esperei por ela começar a gritar com qualquer um
dos meus irmãos que teve a audácia de querer biscoitos para o jantar. — Escute,
eu tenho uma birra aqui, e Chuck está trabalhando até tarde, então eu estou por
conta própria. Posso te ligar mais tarde?
— Sim, com certeza. — Ela nunca ligaria.
— Tchau, Jos. Todo mundo diga adeus a Jos. — Ela deve ter virado o telefone
e ouvi um coro dos meus irmãos dizendo adeus.
— Tchau todo mundo. — eu gritei de volta. Em seguida, o caos voltou e então
a chamada morreu. Tanta coisa por isso. Coloquei meu celular de volta no bolso e
subi as escadas.
Hunter e Dusty estavam enlouquecendo com uma versão de ‘Every body
talks’ por Neon Trees. Dusty também estava batendo o ritmo em sua cadeira. O
videogame tinha sido abandonado, e todo mundo estava cantarolando, incluindo
Renee. Eu fiquei para trás e pairei, não querendo rebentar dentro da bolha musical.
A música terminou e Renee me deu uma olhada. Ela provavelmente queria um
relatório da conversa com a mamãe. Não era realmente nada de abalar a terra,
então eu simplesmente sentei no sofá, pois terminou a canção.
— Ok, minha vez. ‘Scream’, Usher. Vai. — afirmou Dusty antes de iniciar um
conjunto de ginástica vocal que era ainda mais impressionante que eu já tinha
ouvido. Ok, ok, você é talentoso. Recebemos a mensagem. Assim que Hunter
começou a cantar, Mase pulou e começou a dançar. Dev pulou e eles de alguma
forma conseguiram dançar no pequeno espaço sem quebrar nada. Eu teria pensado
que Darah teria estado apavorada sobre a possibilidade de uma das imagens
cuidadosamente dispostas ou vasos ou qualquer uma das outras coisas realmente

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agradáveis serem esmagadas por movimentos de dança doentes do namorado, mas
ela apenas sorriu e o olhou com o queixo nas mãos. Idiotas. Eram todos idiotas.
O canto continuou por um tempo e, em seguida, alguém mencionou comida
e, era tudo que alguém pudesse falar, para que o grupo chegasse a um consenso
do que iriam fazer a noite.
— Sim, nós nunca chegamos a comemorar o novo membro da Yellowfield
House. — disse Taylor, enquanto todo mundo gritava sugestões. Isso fez com que
todos se voltassem para mim, incluindo Dusty. — Então, você escolherá o lugar. —
disse Taylor. Mesmo que ela não fosse muito mais velha do que eu, quando falava,
todos pareciam escutar. Ela era a mais baixa também.
— Hum, eu não sei mesmo o que tem por aqui. — Eu queria sair e ver o que
tinha em torno de Bangor, mas Renee tinha sido totalmente contra sobre isso. Eu
poderia realmente me divertir, o que era definitivamente contra as regras.
E então todos começaram a falar ao mesmo tempo, cada um lançando o seu
lugar favorito, dizendo-me que tinha os melhores bifes ou pizza ou varas de pão.
Jesus, eles eram barulhentos.
— Whoa, espera ai. — eu disse. — Eu não consigo pensar direito quando
todo mundo grita comigo. Precisamos fazer isso democraticamente.
Darah saltou.
— E se todo mundo escrever as suas escolhas em pedaços de papel e, em
seguida, Jos pegar um?
Isso fez com que todos, exceto Dusty, explodisse em gargalhadas.
— Sim, porque funcionou tão bem antes. — disse Taylor, cutucando Hunter
no peito. Ele simplesmente agarrou a mão dela e beijou-a.
— Muito bem, eu diria.
Eu dei uma olhada em Dusty, porque ele era a única pessoa que não estava
gostando da brincadeira.
— Ok, então. — disse Dusty, arrancando um pedaço de papel do caderno
que alguém estava fazendo lição de casa mais cedo. — Minha escolha é Sea Dog.
Quem é o próximo? — Ele escreveu as escolhas de todos e, em seguida, rasgou os
pedaços em partes iguais, dobrou e jogou em um dos chapéus de Mase.
— Faça as honras, Ruiva. — Dusty disse, curvando-se e segurando o chapéu,
como se estivesse dando um grande presente.

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Todos esperaram com expectativa como se eu estivesse escolhendo algo que
afetaria o resto de suas vidas. Agarrei um pedaço de papel e o desdobrei para ler.
— Sea Dog. — Dusty piscou para mim. Claro que eu tinha pegado a sua
escolha. Todo mundo concordou que era um lugar agradável e começou a juntar
suas coisas.
— Precisa de uma carona, Ruiva? — Ele esgueirou-se atrás de mim de novo
quando eu tinha conseguido o meu casaco.
— Eu juro, num desses momentos você estará ganhando um soco ao se
deslocar sobre mim, Dustin.
— Você vem, Jos? — Renee disse quando Paul a ajudou com o casaco e todos
os outros estavam empilhados em seus carros. Decidi aproveitar a minha
oportunidade de sair de debaixo do radar dela, mesmo tendo que passar alguns
minutos com Dusty.
— Eu vou com Dusty. — Ele pareceu surpreso por um segundo, mas depois
sorriu. Ele acabou... de ficar sorrindo? Era um reflexo?
Renee parecia que ia protestar, mas em seguida Paul disse algo em seu
ouvido. Eles tiveram uma discussão rápida e Renee ergueu as mãos.
— Tudo bem. Nos vemos lá. — Eu não sabia que ela estava fazendo um
negócio tão grande sobre isso. O restaurante era apenas no final da estrada.
— Primeiro as damas. — disse Dusty, apontando para um VW Golf preto que
tinha mais do que alguns quebrados. — A propósito, escrevi Sea Dog em todos eles.
— ele sussurrou.
Claro que ele fez.
— Uau, espertinho. — eu disse fingindo parecer impressionada. Ele fechou a
porta para mim, e eu resisti à vontade de botá-lo para fora. Matt, meu ex, era ótimo
sobre a abertura da porta, e eu sempre gostei. Sim, eu sabia que era contra o
feminismo ou o que seja, mas ainda assim era bom. Matt era ótimo em coisas desse
tipo. Flores em feriados e puxar cadeiras e usar gravatas.
Sua ambição era ser presidente, e ele sempre dizia que se você quisesse ser
presidente, a primeira etapa era se parecer com um. Com certeza, eu também me
vestia de forma muito diferente então. Sim, eu tinha saias e blazers e scarpins, até
mesmo meus broches e echarpe. Eu tinha encaixotado tudo e deixado na casa da
minha mãe quando eu me mudei para o meu quarto do dormitório neste ano. Não

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precisava mais de nada disso. Eu deixei todos os clubes que eu estive, mesmo o
Conselho Estudantil, para grande espanto de quase todos lá. Principalmente
porque eu ficava todos os minutos e ninguém mais queria fazê-lo.
— Então, qual é a sua história, Joscelyn Archer? — Disse Dusty enquanto
se colocava atrás do Charger de Taylor. — Você sempre teve esse chip em seu
ombro ou é novo?
Por que diabos ele se importa?
— Qual é a sua história, Dustin Sharp? Renee nunca mencionou você antes.
— Em vez de ligar o rádio, ele fez sua própria música tocando no volante e fazendo
sons com a boca. Eu estava começando a pensar que ele tinha TDAH. Isso
explicaria muita coisa.
— Eu aposto que o seu caso é mais interessante do que o meu. — disse ele,
virando-se para olhar para mim. Eu olhava pela janela, fingindo estar fascinada
com as casas que passavam.
— Tudo bem, tudo bem. Você venceu. — disse ele quando eu não respondi.
— Vamos apenas dizer que eu não estava sempre presente e bonito e talentoso. Eu,
uh, me meti em um monte de problemas quando eu era mais jovem, se você pode
acreditar nisso. — Eu poderia? Pode apostar.
— E eu estraguei muito tudo e então algo aconteceu comigo para... sim, essa
parte soa ridículo, mas algo aconteceu para colocar as coisas em perspectiva, você
sabe? E eu parei de brincar, e eu comecei realmente a dar a mínima para o que eu
queria fazer com a minha vida.
— E como você se tornou amigo de Hunter? — Isso era o que eu estava mais
curiosa.
— Eu conheci Hunter em uma de minhas aulas, e formamos uma parceria.
Nós vemos um ao outro o tempo todo, uma vez que ele mudou. Então, sim. Esse
sou eu divagando sobre minha vida e te contando minha história completamente
estranha.
Não era o que eu esperava, mas antes que eu pudesse responder, ele estava
guiando para dentro do estacionamento.
— Então, no caminho de volta é a sua vez, Ruiva.
Desta vez, eu abri a porta antes que ele pudesse dar a volta no carro.

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Capítulo 7
O jantar foi...interessante. Todos, com exceção de mim e Dusty - tinham suas
rodadas com grande variedade de cerveja. Apesar de Taylor não ser maior de idade,
Hunter só ordenou dois copos de cada vez e entregava-lhe um quando o garçom
não estava olhando. Eu nem sequer me preocupava em tentar isso, porque os olhos
de Renee estavam em mim o tempo todo. Ela manteve-se com uma cerveja, mas eu
sabia por experiência que ela poderia os bater de volta quando ela queria.
Quanto mais álcool o grupo consumia, mais suja as histórias ficavam. Renee
continuou tentando fazê-los se calar, como se eles estivessem indo envenenar meus
preciosos ouvidos. Como se não houvesse nada que eu já não tivesse ouvido falar.
Eu estava na faculdade antes. Eu também tive a suspeita de que tinham estado
em seu melhor comportamento comigo na casa.
— Oh, meu Deus, você se lembra daquela vez que eu entrei com você no
chuveiro? — Disse Mase para Renee.
— Não, eu não me lembro. — disse ela, tornando-se realmente interessada
em devorar metade da flor de cebola. — Mas, mesmo que eu fizesse, isso não
significa que este é o tipo de história para dizer na frente de sua impressionável
irmã mais nova. — Suas palavras eram afiadas como facas e acho que Mase e todo
mundo entendeu o recado. Em seguida, houve um daqueles momentos de silêncio
onde todos estão super desconfortáveis e não sabem o que dizer. Este estendeu até
que Dusty pigarreou alto e, em seguida, fez um som sibilante como um mergulho
de avião que, em seguida, caiu em uma explosão gigante. Foi um som bastante
preciso e fez todo mundo rir nervosamente. Nosso garçom escolheu aquele
momento para vir e perguntar se alguém queria mais drinques. Eu mesma pedi
outra Dr Pepper e Dusty outro Mountain Dew.
— Você vai ficar acordada a noite toda se você continuar a beber essas coisas.
— disse. Claro que tinha sido a última pessoa a chegar no restaurante, portanto,

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tinha conseguido as últimas duas cadeiras no final da mesa, então é claro que eu
estava ao lado dele.
— Talvez seja o meu plano. Talvez eu não durma.
Tudo o que eu conseguia pensar eram criaturas sobrenaturais. — Vampiro,
lobisomem ou zumbi?
— Todas as alternativas acima. — ele sussurrou e piscou para mim. Por que
eu estava falando com ele de novo?
Eu roubei um olhar para baixo da mesa para Renee, mas Paul estava lhe
dizendo algo e ela estava rindo. Obrigado, Paul. Eu chamei sua atenção e dei-lhe
um polegar para cima.
— Sua irmã é superprotetora. — disse Dusty.
— É uma coisa recente.
Ele acenou com a mão para me dar mais detalhes. — Devido a...
Revirei os olhos.
— Não é da sua conta. — Eu não estava indo contar a história da minha vida
para ele, embora ele compartilhasse a sua. Eu não pedi. Eu não me importava.
— Eu acho que nós precisamos fazer um brinde. — disse Darah, levantando
a taça. Eu sabia que ela não era muito uma bebedora de cerveja, mas parecia ter
mudado de ideia. — Para a nossa nova residente, Jos.
— Que suas decisões de vida sejam muito mais sábias do que as nossas. —
Mase terminou por ela. Os copos foram levantados e se tocaram, e houve um pouco
de derramar de cerveja enquanto meus ouvidos ficavam vermelhos e eu tentava
não fazer contato visual com ninguém. Sim, minhas decisões de vida não eram da
conta de mais ninguém.
Eu odeio quando as pessoas dizem ‘aproveite o dia’. Aproveitar soa tão
horrivel. Que tal ‘amar o dia’ou simplesmente ‘viver o dia’?
Viva o dia.
Um par de dedos bateu na frente do meu rosto, me fazendo pular.
— Volte para a Terra, Ruiva. Você estava em órbita em outro lugar. Isso é
perigoso, você sabe. — Eu me virei para ele e uma réplica formou em meus lábios,
mas eu a deixei morrer. Ele não valia a pena. Ele não entendia. Então, eu só lhe
dei um sorriso doce e imaginei despejar o copo de Mountain Dew em sua cabeça.
Teria sido tão satisfatório, mas eu teria feito uma cena.

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— Ok, ok, é hora para alguns de nós para ir para casa, porque alguns de nós
têm aula amanhã. — disse Renee.
— Ela quer dizer eu. — eu disse em um sussurro para a mesa inteira. Eles
riram, alguns mais que outros, mas isso foi provavelmente por causa da cerveja, e
não porque eu era tão engraçada.
— Eu posso levá-la. — disse Dusty quando todo mundo tentava ver a conta
e dividir quanto eles dariam. A maioria dos caras se recusou a deixar as pobres
mulheres delicadas considerar pagar. Depois de algumas palestras sobre o
feminismo e a crescente popularidade de ir holandês, os caras ganharam a batalha
e as moças deixaram a conta. Paul acabou pagando para mim, principalmente
porque eu estava sem dinheiro como merda.
— Mas então você teria que ir para a nossa casa e deixá-la e, em seguida,
dirigir de volta. Não é grande coisa, estou bem para dirigir. — disse Renee.
— Não é um grande negócio. Eu esqueci meu telefone na sua casa de
qualquer maneira. — Ele estava totalmente mentindo. Eu o tinha visto em seu
bolso, mas eu mantive minha boca fechada.
— Se você não se importa...
— Não é grande coisa, Ne. — disse ele. Então, eu acho que todo mundo a
chamava disso estes dias. Ela sempre odiou quando Paul a chamava de ‘Nene’ mas
eu acho que ela tinha superado agora. Você só pode lutar contra um apelido antes
de o tempo de todo mundo decidir usá-lo com ou sem a sua permissão.
E se eu te chamar de...Josie? Jo? Jojo? Lyn?
Ele finalmente concordou em me chamar de Jossy, que era a única sugestão
da qual eu poderia viver.
— Você foi embora de novo, Ruiva. Você tem o hábito de fazer isso? — Disse
Dusty, trazendo-me de volta.
— Não é da sua conta.
Ele riu enquanto caminhávamos, e alguns de nós tropeçamos um pouco para
fora do restaurante.
— Você soa como um robô quando você diz isso. Significa que eu bato em
algo que você gostaria de manter escondido. Você é uma daquelas garotas cebola.
— Garotas cebola? — Eu tive uma breve visual de uma garota vestindo uma
fantasia de cebola. — Você está dizendo que eu cheiro como uma cebola?

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Chegamos ao carro e deixei ele abrir a porta, ficando de pé e cruzando os
braços. Caramba, foi divertido zoar com ele. Ele estava prestes a abri-la, mas puxou
o braço para trás no último segundo e deu a volta para o seu lado do carro. Eu a
abri, entrei e prendi o cinto de segurança.
— Não, quero dizer que você é uma daquelas meninas com camadas. Você
sabe, você é mais do que apenas um rosto bonito. Além disso, você não tem que
raspar uma camada de maquiagem para chegar lá. — Embora fosse verdade que
eu não usava muita maquiagem, eu costumava, quando eu usava saias mais vezes
do que calças e tinha que parecer boa para qualquer oportunidade de foto. Eu
costumava acordar cedo todos os dias e arrumar meu cabelo e alinhar os meus
olhos, só isso. Eu tinha a coisa de olho gato olho como uma ciência. Eu
honestamente não sei onde meu delineador estava. Eu definitivamente não o tinha
visto em meses. Renee provavelmente o tinha roubado.
— É uma maneira agradável e um pouco estranha de dizer que pareço uma
porcaria?
— Jesus, você leva tudo de forma negativa? Homem, chute um cara por
tentar. — Ele balançou a cabeça e começou a fazer ruídos de percussão. — Sua
vez.
— Eu não estou te dizendo minha história de vida, Dusty.
— Eu não estou pedindo a sua história de vida. Só...me dê alguma coisa.
— Por quê? O que você quer de mim?
Ele balançou a cabeça, um tipo diferente de sorriso no rosto. Era quase
tímido. Se alguma coisa sobre ele poderia ser considerado tímida.
— Nada, Ruiva. Absolutamente nada.
E no tempo que eu poderia pensar em algo para dizer, estávamos de volta.
— Eu sei que você não esqueceu seu telefone, seu mentiroso. É algo
queimando? — Fingi farejar o ar enquanto subíamos os degraus da frente. — Eu
acho que suas calças estão pegando fogo, cara.
— Ha-ha, você é tão engraçada. — Ele estendeu a mão e tocou a campainha.
Eu levantei minha sobrancelha. Eu teria apenas entrado, o sinal tocou e depois
Dusty fez o mesmo som com a boca. De algum modo. A porta se abriu, e Hunter
deu a nós dois um olhar antes de segurar a porta aberta para me deixar entrar.

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— Obrigado pela carona. — eu disse a Dusty, mas soou como uma pergunta.
Ele bateu dois dedos na testa e, em seguida, jogou-os para cima em uma pequena
saudação. Sim, está bem.
— Tchau.
Hunter ainda estava olhando para Dusty. Hmm. Eu fui distraída de assistir
aos dois por um som de vômito vindo do banheiro no andar de cima e, em seguida,
Mase gritando que ele precisava de uma ajuda. Houve um som como uma manada
de modelos quando Renee e Taylor estalaram seu caminho até as escadas para
cuidar de seu amigo caído.
— Jos, você pode trazer-me um copo de água? — Disse Renee por cima do
ombro quando os sons de vômito ficaram mais altos. Muito amável.
— Sim, eu vou pegar. — eu disse, dando-lhe um polegar para cima e
caminhando em direção à cozinha. Coloquei o copo na pia, liguei a água, e voltando
nas pontas dos pés ate onde eu poderia ouvir Hunter e Dusty, mas eles não podiam
me ver.
— Então, eu vou te ver no Steiner amanhã? — Disse Hunter.
— Yeah. Eu posso chegar tarde, mas deixarei Kent saber. — Dusty entrou na
sala de estar, e eu podia ouvi-lo sussurrando ‘cadê meu celular’, — Encontrei. Até
amanhã, cara. Obrigado por me convidar.
— Obrigado por ter vindo. — Eu os ouvi batendo as mãos ou punho ou
realizando algum tipo de ritual de caras e, em seguida, a porta se fechou e eu
percebi que o copo de água estava transbordando. Voltei para a pia e desliguei.
Bromance, fato.

***

Meu despertador quebrou a calma do sono na manhã seguinte tão


completamente que eu acordei com uma maldição. Escola estúpida. Eu rolei para
fora da cama e tropecei no banheiro. Eu estava apenas cuidando dos negócios
quando um punho bateu na porta e a voz de Renee penetrou minha névoa da
manhã.
— É melhor você não estar atrasada no seu primeiro dia.

51
— Obrigada, mamãe, mas seria bom se eu pudesse fazer xixi sem ser
interrompida.
— É só trazer sua bunda lá em cima em dez minutos, ou eu vou voltar aqui
em baixo e arrastar sua bunda para a aula, não importa como você estiver.
— Jesus Cristo. — eu murmurei sob a minha respiração. Eu não conseguia
nem me lembrar da minha mãe fazendo isso, nem no jardim de infância.
— Apresse-se. — disse ela, sacudindo a maçaneta da porta para reforçar o
que estava dizendo. Eu estava com metade da mente pronta para subir a escada
completamente nua e dizer que eu estava pronta, só para ver o olhar em seu rosto.
Mas eu não gostaria de estar nua na frente de todos os homens, de modo que o
plano foi por água abaixo.
Oito minutos mais tarde, eu estava comendo um sanduíche de ovo e queijo
que Taylor tinha colocado na minha cara e empurrando os cadernos na minha nova
mochila de carteiro. De volta a minha vida de ‘antes’ que eu carregava uma bolsa
de grife assim como todas as outras meninas. É claro que eu também tinha uma
pequena nécessaire que ia com a minha maquiagem, absorventes e tal. Agora eu
tinha uma bolsa preta com um monte de alfinetes e botões que eu tinha coletado.
Eu tinha jogado meu cabelo vermelho para trás em uma trança, colocado meu
jeans mais legal e achado bom o suficiente.
Como a programação de todos eram diferentes, eu estava finalmente
autorizada a tomar o meu maldito próprio carro. Renee tinha me dado um passe
de estacionamento e me devolveu as chaves que tinha roubado quando fui morar
com a condição de que eu não entrasse em qualquer travessura. Eu tinha sido
completamente santa desde que eu tinha chegado aqui, mas isso não pareceu
importar a ninguém. Eles estavam todos ainda me olhando, esperando eu estragar
tudo. Talvez eu deva, apenas para colocá-los fora de sua miséria.
Eu disse adeus a todos, prometendo que voltaria um pouco mais tarde.
Tocava Ingrid Michaelson no caminho para o campus e cantei a plenos
pulmões. Demorou alguns momentos dirigindo em torno do campo de futebol para
encontrar uma vaga de estacionamento livre. Aparentemente eles eram contra o
estacionamento em áreas que não eram designados para você estacionar.
Finalmente, eu encontrei uma, mesmo eu tendo que me encaixar entre uma
minivan e uma enorme caminhonete, e deslizar para os lados para sair. Eu tinha

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dez minutos para chegar à minha primeira aula: Introdução ao Direito Americano.
Eu tinha pensado em mudar para o avançado, mas eu sabia que eu poderia muito
bem dormir durante a maior parte das minhas aulas de poli-sci, então estava presa
com o que eu sabia.
A aula estava cheia de clones dos alunos que eu tinha deixado para trás. Eu
mesmo vi algumas meninas com o exato saco que eu tinha enfiado em uma caixa
de volta pra casa da minha mamãe. Desde que era uma aula de nível do segundo
ano, a maioria das pessoas não sérias tinham sido eliminadas, mas ainda havia
algumas pessoas que pareciam que não iriam passar através dos quatro anos. E,
é claro, uma vez que esta era a Nova Inglaterra, havia os vestindo Birkenstock,
esquisitos com cheiro de patchouli simbólicos que estavam indo gastar seu tempo
protestando contra o que quer que a causa da moda fosse.
Eram quase pior do que os abotoados, crianças puritanas. Eles só tinham de
ser tão hipócritas sobre cada droga de coisa. Eles também gostavam de ouvir o som
de suas próprias vozes. Felizmente, eu trouxe meus fones de ouvido, e uma vez que
gostavam de falar muito, eles ocupavam muito tempo da aula, deixando o tempo
para o resto de nós fazer o que quiser. Eu arranquei meu laptop e ouvi o professor,
um cara grande em um bom terno e gravata em uma discussão sobre Marbury VS
Madison - surpresa. A mesma coisa de sempre.
Eu mantive um ouvido aberto e outro coberto enquanto ouvia algumas
músicas novas que eu tinha encontrado outro dia em baixo volume. Eu também
comprei alguns álbuns novos que eu precisava rever, então eu mudei para aqueles.
O primeiro era um grupo de ska que era muito mais punk do que ska e não tinha
muita coisa acontecendo para eles. Não era mesmo ruim de um modo ‘merdástico’
que faz você querer ouvi-los de qualquer maneira. Eles definitivamente não eram
Streetlight Manisfesto ou Reel Big Fish.
Eu fiz algumas notas sobre algumas das canções e mudei para o segundo
álbum que teve mais de uma sensação folk / bluegrass. Isso era muito melhor, e
eu me encontrei paralisada pelas melodias complexas e letras assombrosas. Eu
não achava que havia alguma coisa como a música para ter a capacidade de
transportá-lo para outro lugar, mesmo quando você esta sentado em uma aula
cheia de estranhos.

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Finalmente, a aula acabou e a lição de casa foi atribuída. Eu tinha
conseguido obter um assento na parte de trás e evitado fazer contato visual ou falar
com ninguém, então a primeira aula foi uma vitória total.
Eu não tive tanta sorte na minha segunda: Estado americano e Governo
Local. Parecia uma chatice total de aula, mas quando cheguei à sala todos estavam
conversando e rindo como se fosse uma reunião social em vez de uma aula. Sentei-
me na parte de trás, perto da porta e com pelo menos dois assentos entre mim e
qualquer outra pessoa, e eu pensei que isso estava definido até que uma menina
correu e sentou-se num lugar entre nós.
— Estou atrasada? — Disse ela, nem mesmo olhando para mim e buscando
algo freneticamente em sua bolsa. Tudo o que eu via era uma enorme quantidade
de cabelo muito louro, muito encaracolado que ela tinha tentado enfiar em um
elástico, sem muito sucesso.
Olhei em volta, mas não havia mais ninguém para responder a ela, por isso
foi para mim.
— Hum, ainda temos uns poucos minutos. — Ela estava até os cotovelos em
sua bolsa, e ela finalmente apareceu, segurando um saco de Skittles. Eu abri e
fechei a boca algumas vezes enquanto ela rasgou o saco com os dentes e depois
segurou a bolsa na minha direção.
— Quer um pouco? — Eu finalmente olhei para seu rosto e, em seguida,
desejei que eu não tivesse. Uma metade era perfeita pele branca, e a outra era
mutilada com o que parecia uma queimadura grave. — Eu tenho algo no meu
rosto? — Disse ela, seus olhos ficando grande quanto sua mão voou para seu rosto.
— Oh, sim, eu tenho. Duh.
Ela baixou a mão e sorriu para mim. De alguma forma, seus olhos tinham
permanecido ilesos, mas o lado de sua boca e o resto do seu rosto, todo o caminho
até a orelha eram brilhantes e tinham um padrão estranho neles. Isto estendia ate
o pescoço, e apesar de seu braço estar coberto, eu podia vê-lo na parte de trás de
sua mão também.
— Então, eu vou dizer a você o meu nome e também lhe dizer que você pode
olhar se quiser. Eu sou Hannah, e não há problema em olhar. — Ela sacudiu um
pouco de seu cabelo para trás, e eu tentei o meu melhor para olhar em seus olhos,
que eram de um castanho profundo, em contraste com seu cabelo claro e pele.

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— Jos. Eu sou Jos. — eu disse, porque o que mais eu ia fazer?
— Prazer em conhecê-la. E se você optar por sentar-se no outro lado da sala
na aula seguinte, eu não vou, tipo, te odiar, nem nada. Eu sou um repelente de
pessoas. É o meu tipo de coisa. Por razões óbvias. — Ela riu um pouco, e eu me
virei para frente da aula, onde uma mulher extremamente alta, em uma saia e
jaqueta de carvão vegetal, estava escrevendo coisas nos inúmeros quadros. Parecia
que ela tinha acabado de sair de uma reunião do Senado. Quando ela terminou de
escrever o que parecia metade de um livro, ela se virou e bateu palmas. Todo
mundo calou a boca.
— Ok, eu vejo vocês preparados aqui para mais uma semana de ampliação
de mente. Parabéns por estar sóbrio o suficiente para arrastar-vos aqui. — Todo
mundo riu, e eu meio que estava junto nessa. Ela pegou uma prancheta e leu
nossos nomes. É claro que, desde que o meu último nome começava com a primeira
letra do alfabeto, eu era a segunda pessoa chamada.
— Joscelyn Archer?
— Aqui. — eu disse, ouvindo a minha voz ecoar na sala grande.
Ela olhou para cima da área de transferência e me procurou. — Você é nova
aqui, não é? Transferida?
— Uh, sim. — Eu podia sentir o sangue correndo para o meu rosto e orelhas.
— Você atende por Joscelyn, ou há um apelido que você prefere?
— Hum, Jos está bem.
Ela sorriu, mostrando provavelmente o conjunto mais perfeito de dentes reais
que eu já vi.
— Jos. Que fofo. Prazer em tê-la conosco.
Ela mudou-se para o próximo nome, e eu afundei no meu assento.
— Eu espero que você não vá fazer isso o tempo todo. Ela vai te chamar mais
se perceber o quanto você odeia isso. — sussurrou Hannah enquanto amis alguém
disse ‘aqui!’.
— Ótimo. Simplesmente fantástico.
Hannah estava certa. Desde que eu era nova, a professora, que chamava
Pam, não ligou para mim, mas para todo mundo foi um jogo justo. Ela disparou
perguntas como balas, e se você respondesse muito lentamente, ela passava para
outra pessoa. Havia um monte de gagueira, um monte de rostos vermelhos e um

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monte de gente atirando suas mãos no ar para ser chamado para que eles
pudessem mostrar a todos o quão inteligente eram.
E então havia alguns, incluindo Hannah, que dava as respostas quando
chamado e não entrava em detalhes, a menos que Pam lhe pedisse. Todo mundo
meio que se virou para olhar para Hannah quando ela falou, e eu pude ver olhares
mais do que satirizados ao longe devido ao lado queimado de seu rosto, mas ela
não pareceu notar ou se importar.
Eu não pus meus fones de ouvido durante toda a aula. Era muito
interessante. Como ela poderia fazer algo tão potencialmente chato, tão fascinante
como governo colonial, estava além de mim.
Quando a aula acabou, todos nós meio que saímos como se estivéssemos em
transe.
— É sempre assim? — Eu não poderia me impedir de falar com Hannah
quando ela amassou o saco vazio de Skittles.
— Basicamente. Impressionante, não é?
— Provavelmente será menos impressionante quando ela começa a chamar
por mim.
— Basta fazer a leitura. Você parece ser o tipo de pessoa que não tem a
cabeça até o rabo, por isso deve ser fácil. Então, de onde você veio transferida?
— UNH.
— Oh, fale mais baixo. Não diga isso muito perto de qualquer pessoa
conectada com o hóquei, ou então você pode ter sua bunda chutada. — Então, eu
tinha ouvido. A rivalidade do hóquei entre a Universidade de Maine e da
Universidade de New Hampshire vinha acontecendo durante todo o tempo que eles
vinham jogando hóquei. Eu nunca tinha ido a um jogo, mas o campus
praticamente fechava para que todos pudessem ir aos jogos, e eu aposto que em
UMaine não era diferente.
Eu tinha algum tempo antes da minha próxima aula, e eu já estava morrendo
de fome, por isso dirigi-me para a União.
— Você tem outra aula agora? — Disse Hannah quando chegamos às portas.
— Porque, embora o saco de Skittles fosse totalmente satisfatório, eu poderia ir
para outra coisa. Por que soa como se eu a estivesse pedindo para sair? Eu
totalmente não estou. — Ela balançou a cabeça.

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— Hum, não. Estou disponível. Para comer. Não para namorar.
Seus olhos escuros se arregalaram. — Porque eu gosto de meninos. Eu juro.
— Sim, eu também.
Nós compartilhamos uma daquelas risadinhas nervosas que se transforma
em riso completo, e no momento em que chegamos à União, eu estava limpando
lágrimas.
— Juro, eu não sou normalmente estranha. — disse ela à medida que se
juntava à multidão na hora do almoço e descia para a praça de alimentação.
Apenas um segundo depois ela disse, — Ok, isso é uma mentira completa. Eu sou
normalmente estranha.
— Eu não vou contar a ninguém. — sussurrei olhando o que estava
disponível. As filas mais longas eram da pizza e dos hambúrgueres e o pseudo ‘Taco
Bell’, então fomos pegar wraps desde que aqueles eram o mais rápido. Aconteceu
de eu estar no lado ‘bom’de Hannah, mas eu estava mais do que ciente dos olhares
que ela recebia. Era uma daquelas coisas. Você a viu, percebeu que havia algo
diferente nela, fez um olhar de novo para verificar e, em seguida, não conseguia
desviar o olhar.
Ela apenas sorriu, deu uma risadinha e agia como uma menina normal. Ela
pediu um com envoltório de hummus e eu pedi o especial, conhecido como o
Winslow, que era basicamente um envoltório de frango caesar com adição de
croutons esmagados, o que era uma ideia brilhante que eu não podia acreditar que
alguém não tinha pensado mais cedo.
Encontrar um lugar acabou por ser um desafio, mas encontramos uma mesa
para nós duas em um canto. Eu estava prestes a dizer algo, mas Hannah chegou
antes de mim.
— Então, só para esclarecer, sim, é uma queimadura. Aconteceu quando eu
era criança e é uma longa história e eu prefiro não entrar nela porque é um pouco
de um infortúnio e um pouco de um assassino de conversa e, geralmente, depois
de eu dizer, eu nunca vejo a pessoa novamente. Que é o meu jeito estranho de dizer
que eu não quero fazer você se sentir desconfortável neste início de nosso
relacionamento. Nossa, por que eu continuo fazendo isso? Eu sinto muito.
— Não é grande coisa. — eu disse, sem conseguir parar de rir. — Que tal
você me dizer mais alguma coisa? De onde você é?

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Ela mastigou e engoliu antes de falar. — Acima, no norte. The Boondocks.
As varas. O cú do Maine. Tudo o que você quiser chamá-lo. Eu não podia dar ao
luxo de ir para fora do estado e esta era a maior escola do Maine. Ótimo lugar para
se perder, você sabe?
Eu sei.
— Qual é o seu curso? — Disse ela depois de tomar uma mordida de seu
envoltório.
— Ciencia política.
— Eu também. Embora, isso é só porque soava melhor do que história e eu
sou um pouco viciada em lei. Eu não tenho nenhuma ideia do que eu quero fazer,
mas achei que era tão bom quanto qualquer outra coisa. Além disso, nas aulas de
nível superior nós começamos a debater o que é uma das minhas coisas favoritas.
Você?
— Eu costumava querer ser presidente, ou uma senadora, ou algo assim. —
disse eu. Eu não tinha decidido o que ainda. Pensei em começar no governo local
e trabalhar o meu caminho até.
— Costumava?
— Mais uma daquelas longas histórias que é um pouco de um infortúnio que
eu prefiro não dizer.
Hannah assentiu. Honestamente, a queimadura não era tão ruim, uma vez
que tinha estado olhando para ela por um tempo. Você se acostumava a ela, e o
fato de que Hannah não parecia incomodada com isso ajudava.
— Ouvi você, garota. — Nós terminamos nosso almoço e falamos mais sobre
a aula, e Hannah me disse que enquanto eu fizer a leitura e tiver um conhecimento
razoável do clima político atual, eu estaria bem. Eu não tinha tanta certeza, mas
eu tomei a palavra dela como verdadeira.
— Você está no campus? — ela perguntou enquanto a gente jogava nossas
bandejas e fazíamos o nosso caminho para cima para a Starbucks. Hannah disse
que ela precisava de sua próxima dose de cafeína.
— Não. Eu moro em uma casa em Bangor com minha irmã e um grupo de
seus amigos. — Hannah soltou um suspiro sonhador.
— Isso soa incrível. Eu estou presa no campus. Yay, bolsa de estudos. — Ela
parecia tão entusiasmada. — Eu só vivi com minha companheira de quarto por

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algumas semanas, e ela já parou de falar comigo. Felizmente, ela tem um namorado
com um apartamento, então ela normalmente fica lá.
Mais uma vez, o mesmo de sempre.
— É incrível, se você sentir vontade de ter três conjuntos de pais sempre
observando cada movimento seu. — Eu não tinha a intenção de compartilhar muito
sobre mim, mas eu não estava conseguindo me manter calada. Eu não tinha falado
com ninguém assim em um tempo, e havia algo sobre Hannah. Eu a conhecia por
algumas horas, mas era como se a tivesse conhecido antes, mesmo que isso fosse
impossível.
— Isso é péssimo. — disse ela, enquanto ficava na fila. Eu decidi começar
minha segunda rodada de chá apenas pela causa. A fila estava incrivelmente longa
com todos aguardando sua próxima dose como um bando de viciados em pé na fila
por metadona. Na verdade, a metadona era, provavelmente, mais barata.
No momento que pegamos nossas bebidas e encontramos uma mesa
esmagada em um canto com dois assentos, era quase hora da minha próxima aula.
Engoli o meu chá e disse a Hannah que a veria na quarta-feira. Nós não
conversamos sobre o resto de nossas programações de aula, mas as chances de vê-
la em outra de minhas aulas eram realmente muito boas, e eu tinha a sensação de
que eu faria.
Eu estava procurando por Neville Hall, que abrigava a minha aula de Inglês,
quando alguém bateu no meu ombro.
— Feliz em vê-la aqui, Ruiva. — Eu girei e encontrei o rosto afiado sempre
sorridente de Dusty. Ele puxou um conjunto de fones de ouvido quase idênticos
aos que eu tinha fora de seus ouvidos e deixou-os descansar em torno de seu
pescoço. Seu guarda-roupa todo folgado não tinha mudado, e eu encontrei-me
perguntando, mais uma vez, como a calça ficava no lugar.
Eu queria dizer algo sarcástico, mas em vez disso uma pergunta saiu da
minha boca.
— Você sabe onde Neville Hall é? — Alguém gritou Olá, e seus olhos
brevemente deixaram meu rosto para acenar Olá e chamar a alguém.
— Claro. Segue-me. Eu vou pra lá também. Que aula você tem?
— Inglês.
— Eu também.

59
Jesus, se estivéssemos na mesma aula, ia ser uma droga além do imaginável.
Ele deve ter visto o horror no meu rosto. Eu realmente não tinha tentado esconder.
— Apenas brincando com você, Ruiva. Tenho cálculo. Estar na mesma aula
que eu ia ser tão ruim assim?
Eu não respondi e à medida que atravessamos a estrada, vi um edifício com
as palavras Neville Hall nele. Eu poderia tê-lo encontrado se eu procurasse, mas
eu provavelmente teria chegado atrasada.
Ele segurou a porta para mim e mais algumas pessoas que vinham atrás de
mim.
— Obrigada. — eu disse.
Fizemos uma pausa no átrio.
— Estou no segundo andar. — disse ele, apontando para as escadas.
— Estou no terceiro.
Subimos dois lances e ele me deu esse pequeno aceno de dois dedos
novamente.
— Vejo você mais tarde, Ruiva.
— Tchau.
Juntei-me a algumas outras pessoas e arrastei meu caminho até o terceiro
andar.
Eu não tinha cumprido as minhas necessidades em inglês ainda, então eu
estava presa tomando Escrita Criativa. Quando eu entrei, havia apenas cerca de
dez outras pessoas lá. Isso não era nada bom para ser capaz de esconder e ouvir
música. Ótimo.
Eu encontrei um lugar na parte de trás, perto da porta e olhei em volta. Eu
me senti muito jovem; a maioria das pessoas parecia um pouco mais velhas que
eu.
Eu tinha conseguido um grau decente na minha aula de Inglês na UNH, mas
só porque eu tinha sido um dos poucos alunos que compareceram nas atribuições.
Eu gostava de ler, mas escrever esses papéis insípidos onde você tinha que analisar
um cara que tinha morrido centenas de anos atrás tinha a intenção de escrever
sobre a chuva ou alguma porcaria, era praticamente a pior coisa do mundo.
Felizmente, quanto mais você aparentava desprezo, melhores notas você obtinha.
Talvez eu pudesse fazer o mesmo nesta aula.

60
Mais algumas pessoas começaram a aparecer até que houve quinze nós. O
professor foi o último a chegar, e ele era tudo o que um professor de Inglês deve
ser. Ele até tinha uma jaqueta de tweed com aquelas cotoveleiras estranhas e
óculos de tartaruga.
Ele começou a chamada e quando chegou ao meu nome, ele me perguntou
como eu queria ser chamada. Fui de Jos novamente enquanto ele se apresentou
como Greg e explicou como a aula seria. Ele detalhou o currículo, mas eu realmente
não tinha prestado atenção. Enquanto explicava o que estaria fazendo, meu
coração afundou. Nós teríamos que escrever algo a cada semana, e durante pelo
menos um período da aula por semana. E nós teremos que ler o que tínhamos
escrito. Em voz alta. E, se isso já não fosse suficiente, ele iria fazer cópias do que
tínhamos escrito e todos iriamos discutir em aula.
Bem-vindo ao seu pesadelo, Jos Archer.
Mais uma vez, desde que eu era nova, eu não tinha que fazer muito, mas isso
ia ser outra coisa quando eu fosse obrigada a participar mesmo eu não querendo.
Pelo menos metade da aula parecia preferir estar recebendo uma lobotomia a estar
lá, então pelo menos eu estava em boa companhia.
Eu sofri a aula toda e então eu finalmente terminei minhas aulas do dia. Eu
corri longe de Neville Hall o mais rápido que pude antes que eu pudesse topar com
Dusty novamente, e verifiquei meu telefone. Havia várias mensage ns de textos de
Renee me perguntando como estava indo as aulas, uma de minha mamãe e outra
de Darah, que era apenas um rosto sorridente.
Eu poderia ter voltado para casa, mas eu queria saborear este tempo que eu
tinha sem ninguém me observando a cada momento. Não estava muito frio, então
eu fiz um passeio pelo campus, encontrei o resto das minhas aulas para o dia
seguinte e assisti os outros alunos falando sobre suas vidas, me perguntando o
que era ser um deles.
Quando minhas pernas começaram a ficar dormentes por causa da
caminhada, eu voltei para o meu carro. Minhas instruções eram de ir para casa,
mas eu não fui. Eu estava morrendo de vontade de ir à Bull Moose em Bangor,
então eu fui para o shopping. Bull Moose era praticamente a melhor loja de música
em toda a Nova Inglaterra. Eu os descobri quando eu fui para UNH e eu estava na
lua quando eu percebi que não havia uma perto da UMaine.

61
Eu tive que fazer algumas manobras e desvios de pista para encontrar o
lugar, mas eu achei.
A grande coisa sobre Bull Moose era que eles tinham não só CDs, mas
registros e filmes antigos, e todas as pessoas que lá trabalhavam sabiam do que
estavam falando. Quando entrei, deixei escapar um suspiro que eu não sabia que
eu estava segurando. Ah. Eu amava as confortantes prateleiras de cases, todas
ordenadas por gênero e artista. Sim, a maioria das músicas poderia ser comprada
on-line, mas você não poderia copiar a experiência de ir a uma loja e navegar
sozinho.
— Posso ajudá-la, mocinha? — Jesus Cristo. Parei com a mão em um CD do
Radiohead que eu ainda não possuía e virei-me para ter certeza que ele não era
uma alucinação.
— Não, obrigado. Eu posso escolher a minha própria música. — Isso era uma
mentira. Eu descobri recentemente The Black Keys, e eu estava esperando
encontrar mais bandas como eles, mas eu nunca ia perguntar a Dusty. Nem em
um milhão de anos. — Você está me perseguindo? Porque, sério, está ficando
ridículo.
— Talvez você seja a única que está me perseguindo. Eu estava aqui primeiro.
Você entrou na minha loja. — Eu finalmente percebi que ele tinha um crachá de
identificação ao redor do pescoço como os outros caras que trabalhavam aqui.
— Ah, então esta é a sua loja? Você é o dono dela?
— Não, mas eu trabalho aqui. E eu também estive frequentando a Yellowfield
Housea mais tempo do que você. Então, eu estava aqui primeiro.
— Eu não dou à mínima. — disse eu, colocando o CD de volta. Até o meu
santuário de música tinha sido invadido.
— Então você gosta de música. — disse Dusty, ajeitando alguns dos CDs,
como se ele estivesse fingindo trabalhar. — Qual tipo?
— Taylor Swift. — eu disse, só para jogar com ele. Ok, eu tinha ouvido muitas
coisas dela e algumas delas não eram tão ruim. Mas ele não sabia disso.
— Bem, nós temos uma grande variedade de música da T Swift para você
desfrutar. — Ele fez um gesto em direção à seção pop. — Eu sou parcial para seu
trabalho anterior, mas o seu mais novo álbum está recebendo ótimas críticas. —
Esperei para ver se ele estava sendo sarcástico.

62
— Você pode me deixar navegar sem ser assediada? Eu tive isso o suficiente
de Renee, e eu não preciso de todos os outros. — Uau, eu não queria ser honesta.
O que aconteceu comigo hoje? Eu parecia estar vocalizando tudo o que eu estava
pensando, querendo ou não.
— Uau, calma, Ruiva. — Ele colocou as mãos para cima como se eu tivesse
mantido uma arma apontada para sua cabeça. — Só estou tentando ser um bom
funcionário e ajudar uma cliente, mas se você quer ser deixada sozinha, você terá
isso. — Ele se virou e saiu antes que eu pudesse dizer qualquer outra coisa. Eu o
vi conversando com alguns dos outros caras e apontando para mim. Que inferno
foi isso?
Ele voltou alguns minutos depois, quando eu estava pesquisando através da
seção alt-rock.
— Ok, então eu disse a todos para não se aproximar de você a menos que
você os chame em primeiro lugar, assim a loja é sua, Joscelyn. — Ele acenou com
os braços para indicar tudo.
— Obrigado. — Soou como uma pergunta.
— A qualquer hora. — Um último sorriso e ele se foi, saiu na parte de trás
da loja e passou através de uma porta marcada apenas funcionários. E eu fui
deixada sozinha pelo resto do tempo que fiquei na loja.
Eu encontrei um par de CDs, mas não parecia nem de perto com o que eu
queria, porque eu senti como se todos os olhos estivessem em mim, mesmo que
toda vez que eu olhava para cima, um ou mais dos empregados estavam me dando
olhares parecendo que eu estava indo executá-los e apunhalá-los ou algo assim.
Só Deus sabia o que ele tinha dito para que eles me deixassem em paz. Mas,
novamente, eu provavelmente não queria saber.

***

Quando voltei da minha pequena viagem a Bull Moose, haviam vários carros
estacionados na garagem, então eu tive que escolher uma vaga na rua.
— Ei, senhorita Eu-não-vou-mandar-uma mensagem de texto-para-minha-
irmã de volta. — A voz de Renee foi à primeira coisa que ouvi quando entrei pela

63
porta e pendurei meu casaco. Renee pulou do sofá e se aproximou para olhar para
mim.
— Eu estava ocupada.
— Fazendo o quê? — Ela cruzou os braços e encostou-se à parede. Eu passei
por ela e desci para colocar minhas coisas fora. É claro que ela me seguiu.
— Olha, Renee, eu sei que você acha isto difícil de acreditar, mas eu não fiz
nada de mal. Eu fui para a aula, almocei, fui para Bull Moose e eu vim para cá.
Isto é tudo. Além disso, como posso fazer qualquer coisa com você seguindo minha
bunda em cada turno?
Em vez de gritar comigo ela só jogou as mãos no ar e, em seguida, as bateu
em suas coxas.
— Por que você está agindo assim, Jos? O que aconteceu com a minha irmã,
que nunca, nunca xingava? Eu sinto que eu não te conheço mais.
— Talvez você não me conhecesse antes. Talvez aquela garota fosse uma
mentira. — Ela tinha sido uma mentira. Essa menina tinha uma haste de metal
enfiada até sua bunda e agora ela estava engasgada com isso. Essa menina estava
com tanto medo de pisar fora da linha ou fazer quaisquer coisas, que ela nunca fez
nada. Nunca quebrou o toque de recolher. Nunca ficou bêbada. Nunca fez nada
que pudesse ser interpretado como selvagem, ou fora de controle, ou livre.
Ela estava sempre tão tensa que ela quase nunca ria. Ou sorria. Ou teve
qualquer diversão de qualquer espécie. Essa menina nunca teria apenas ficado em
um quarto escuro e ouvido música sem ter um propósito. Ser esta menina era
cansativo, mas ninguém sabia.
— Eu só não sei o que mais dizer a você, Jos. Você é minha irmã e eu sinto
que é uma completa estranha. O que eu devo fazer? — Pela primeira vez, ouvi o
desespero em sua voz. Renee nunca perdia a esperança. Ela não era fraca. Ela
sempre foi dura como prego; ela teve que ser com os nossos pais loucos.
— Você não tem que fazer nada. Só... me dê um pouco de espaço. Eu não
consigo respirar. — Sentei-me na minha cama e ela veio e sentou-se ao meu lado.
— Eu nunca pensei que eu estaria tão preocupada com você. Você é a boa.
Você fez o resto de nós parecermos perdedor. Era um inferno quando os nossos
boletins iriam sair e você sempre teria seus As e o resto de nós teria que competir
com isso. Era um saco, por sinal. — Ela bateu no meu ombro com a dela.

64
— Desculpa?
— Não, eu só gostaria de ter sido aquela que poderia ser definida como bom
exemplo. Você sabe, por eu ser mais velha e tudo mais. Eu tentava, mas você
sempre era melhor.
Era. Passado.
Ela tocou meu cabelo. — Você nunca vai me dizer o que aconteceu no ano
passado?
Eu balancei minha cabeça. — Eu apenas decidi que a vida valia a pena ser
vivida, e eu não a estava vivendo.
— De repente? Carpe diem?
Isso.
— Algo como isso.

65
Capítulo 8
Encontrei-me com Hannah na minha aula de bio 202 no dia seguinte. Era
cruel, mas a universidade exigia que nós tivéssemos pelo menos seis créditos em
ciências, e eu só tinha três. Mais uma vez, percebi que bio seria a forma mais fácil,
já que era uma aula enorme e eu provavelmente poderia aparecer ou desaparecer
e ninguém saberia.
— Ei, assediadora. — disse Hannah quando me sentei ao lado dela. A sala
de aula era uma das maiores no campus, parecia uma arquibancada. Pena que
todos estariam caindo sono e aprender sobre ribossomas em vez de assistir a um
filme impressionante ou um show de rock.
— Talvez seja você que estáme perseguindo. — Havia muitos poucos lugares
vazios ao seu redor, e eu esperava que eles continuassem assim.
— Eu te disse, eu sou um repelente de pessoas. — disse Hannah, recostando-
se na cadeira. — Skittles? — Ela tinha um saco de doces e estendeu-o para mim.
— Não obrigado. Não posso comer Skittles sem M&M.
— Você está falando serio? — Ela jogou uma mão cheia em sua boca e um
caiu no chão.
— Yeah, não é loucura, se você pensar sobre isso. — Eu expliquei isso
algumas vezes. — Skittles são como frutas certo? E M&M são chocolates. Então é
como frutas cobertas de chocolate. Você devia experimentar. Poderia mudar a sua
vida.
Hannah me deu um olhar duvidoso mastigando seus Skittles.
— Eu acredito em você.
A aula foi preenchida e os assentos mais próximos de nós foram os últimos
a ser preenchido pelos atrasados. Hannah e eu passamos a maior parte da aula
escrevendo notas para frente e para trás, porque honestamente, era chata pra
caralho. Minha segunda aula do dia era algo chamado de Natureza e Língua
Matemática, que era igualmente chata e indutora de sono.

66
Fui de volta para casa depois da aula encontrando-a muito silenciosa. Darah
tinha feito um gráfico em um quadro branco para que todos pudessem escrever
onde estavam. Apaguei a palavra ‘aulas’ e escrevi ‘casa’ ao lado do meu nome.
Taylor e Mase eram os únicos que estavam em casa. Ouvi a máquina de lavar
trabalhando e a música do homem das cavernas lá em baixo. Acho que não posso
ir para o quarto. Em vez disso, atirei-me sobre o sofá de couro e suspirei.
— Parece um suspiro pesado. — A voz de Taylor perfurou o silêncio. Sentei-
me e encontrando-a apoiada contra as escadas.
— Não foi, realmente. — Ela veio e sentou-se na cadeira, deixando-me o sofá
inteiro.
— Então o que acha da UMaine? É tudo o que você esperava?
Dei de ombros.
— É faculdade. Muito parecida com as outras.
— Ainda assim. Está tudo bem?
Ela estava pescando e não estava fazendo um trabalho muito bom.
— Renee pediu-lhe para falar comigo? — Peguei o controle remoto e liguei a
enorme televisão, mudando de canal até encontrar alguma coisa decente. E por
decente eu quis dizer uma maratona de Behind the Music no VH1.
— Se eu disser que não, você saberia que eu estaria mentindo, então sim.
Ela apenas está preocupada com você.
— Bem ela tem muita companhia nesse departamento.
— Eu sei que as coisas estão meio loucas para você agora, mas eu juro, elas
vão melhorar. E se perder é bom quando você está no meio disso, mas depois tem
que viver com as consequências desse tipo de porcaria. Eu sei disso. Soquei o
Hunter quando o conheci. Ele tem um rosto duro do cacete. — Renée não me tinha
contado essa história.
— Você fez?
Ela sorriu como se fosse uma memória querida e balançou a cabeça.
— Yeah. Ele meio que me encurralou e eu tenho um pequeno problema de
claustrofobia. Para ser justa, ele totalmente mereceu. — Podia imaginá-lo
provocando-a. Parecia ser umas das suas coisas favoritas.
— Eu aposto que ele merecia. Como foi essa transformação de repugnante
para ser o amor de sua vida?

67
Ela riu.
— Ele é persistente, e tem uma alta tolerância comigo sendo má e deixando-
o de fora da minha vida.
— Huh. — Soou familiar.
Ela chutou o apoio de pés na cadeira e olhou para mim, como se tivesse
decidido alguma coisa.
— Eu quase fui estuprada quando era mais jovem. Ele era o namorado da
minha irmã mais velha, Travis, e ele tentou viola-lá também. Ela superou isso, mas
eu nunca consegui. Hunter foi o primeiro rapaz que eu deixei que me tocasse. Havia
algo nele que me fez sentir segura de uma forma que eu nunca me senti antes.
Confiei nele, mesmo quando eu disse a mim mesma que não deveria. Confiei nele
antes mesmo de saber o que estava fazendo. Às vezes você encontra pessoas assim.
Com o tempo e quando percebe que eles estão na sua vida, geralmente é tarde
demais, e por esse ponto já não consegue estar sem eles na sua vida.
Eu sabia exatamente o que ela estava falando, e eu me encontrei torcendo o
amuleto de elefante na minha pulseira. Sim, eu sabia o que ela estava falando. Mas,
às vezes, essas pessoas são tiradas de você, e não há nada que consiga fazer para
recuperá-los.
Mesmo que ela e Hunter terminem, coisa que eu não conseguia ver
acontecendo, ele ainda estava vivo. Ela podia acordar todas as manhãs e saber que,
mesmo que ela não o visse, ele existia em algum lugar do mundo.
— Então sim, essa é a minha história, a versão resumida, e agora as coisas
são… muito boas. — Sim eu podia ver isso. Ela olhou para o anel dela e torceu-o
em seu dedo.
— Alguém já parou para pensar que eu não estava bem antes, mas agora
estou? Só porque parecia que eu estava fazendo tudo certo, não queria dizer que
aquilo era realmente perfeito para mim, não significava que eu estava bem. Talvez
esse fosse o meu plano inicial, fazer com que todos pensássem que eu estava. —
Taylor pensa nisso por um segundo.
— Como psicologia inversa? Uau, você é inteligente. Eu gostaria de ter
pensado nisso, em vez de ser apenas uma cadela para todos. Isso provavelmente
teria funcionado muito melhor do que a violência. — Soaram passos na escada e

68
Mase emerge do porão, o rosto com um brilho de suor sobre ele e seus braços
salientavam-se da camisola de alças fina que usava.
— O que você estava fazendo? Se eu não soubesse que Darah está no
trabalho, poderia jurar que estavam os dois lá. — Disse Taylor.
Mase sorriu e foi pegar uma garrafa de água na geladeira.
— Roma não foi construída em um dia, nem foram estas armas. — Ele
flexionou e os seus braços incharam. Eles eram do tamanho do meu pescoço. —
Tenho que fazer alguma manutenção para mantê-los bons para Dare.
— Um desses vídeos loucos de treino de novo? — Disse Taylor, fingindo dar
um soco nele. Ele caiu, fingindo que ela o tinha ferido.
— Você é bem-vinda para se juntar a qualquer momento.
— Sim, mas eu prefiro não. Kickboxing está de bom tamanho. — Ele engoliu
um pouco de água e enxugou o rosto na sua manga.
— Ugh! Está nojento! — Ela gritou e ele a perseguiu ao redor da sala, quando
a porta se abriu.
— Alguém me quer explicar? — Hunter disse, colocando sua bolsa para baixo
e olhando como Mase rosnava para Taylor enquanto ela se colocava atrás da
cadeira. — Cara, você é da minha família, mas se está indo atrás da minha garota,
eu vou chutar o seu rabo. — disse Hunter, mas ele não estava falando a sério.
— Você não me vem resgatar? Não é o seu trabalho? — Taylor gritou quando
Mase a arrastou e tentou colocar a sua cabeça debaixo da axila suada.
— Oh, não querida, você está por sua conta. É com você, senhorita. Eu estou
apenas apreciando a vista.
— Idiota! — Ela consegue fugir debaixo do braço de Mase e corre em direção
a Hunter. — Esqueça a esperança de algum agradinho pra você mais tarde. — Não
preciso ser uma gênia para descobrir que ela estava falando de favores sexuais.
Nojento.
— Como foi o seu dia, Pequena Ne? — Mase move os meus pés sentando-se
ao meu lado. Eu esperava que ele não estivesse indo limpar o suor em mim. Não
que isso fosse diferente de estar em casa com os meus irmãos, que muitas vezes
usaram os meus jeans e as minhas camisolas como toalhas.
— O mesmo que ontem. Provavelmente será o mesmo de amanhã.

69
— Uau, não soa muito deprimente, a maioria das pessoas de sua idade
gostaria de estar vivendo nesta casa. Quero dizer, o que mais você poderia querer?
— Ele fez um gesto para a muito bem decorada casa.
A liberdade para fazer o que quero. Liberdade sem ser vigiada sem ser
criticada. Mas Mase não entenderia isso.
— Nada, eu acho. Você pode ignorar a reclamação se quiser. — Disse.
— Por favor, me diga que você não vai sincronizar o seu período com o resto
das moças da casa. É ruim o suficiente, e agora os caras estão em desvantagem.
— disse Mase.
— Eu vou tentar, mas sem promessas. — Ele estendeu o punho e eu bati
com o meu então ele explodiu ao mesmo tempo e eu não pude deixar de rir.
Hunter sentou-se na cadeira e Taylor sentou-me em seu colo.
— Então, eu tenho uma apresentação este fim-de-semana. Vocês vão? — Ele
perguntou.
Mase assentiu. Eu não entendi muito bem.
— Apresentação? — Perguntei.
— Sim, eu estou nesse grupo a cappella, os Steiner. Deus, isso soa ridículo
quando eu digo isso em voz alta. Fui meio que forçado a me juntar depois que
alguém viu um cartaz para os testes. — disse Hunter olhando para Taylor.
— Eu sou alguém. — disse Taylor, levantando a mão. — E você devia ir. É
realmente muito legal. Dusty também vai. Ele é o beat boxer deles.
Não estava surpresa. Dusty Sharp estava destinado a aparecer na minha
vida. Eu poderia muito bem aceitar.
— Podemos até fazer uma determinada música que você goste. Posso colocar
no repertório. — disse Hunter.
— Claro, porque não? Não é como se tivesse alguma coisa melhor para fazer.
— Preciso arranjar um emprego em breve, mas ainda não tinha falado com Renee
sobre isso. O plano era encontrar algo, ser contratada e em seguida falar sobre isso
mais tarde, para que ela não tenha nada a dizer sobre esse assunto.
Minha primeira inclinação quando descobri que havia um Bull Moose
próximo ao campus, era ir lá tentar, mas agora que sabia que Dusty estava lá, isso
estava fora. Só queria fazer alguma coisa que não fosse chato, mas as chances

70
disso acontecer eram bastante reduzidas. Ainda assim eu teria que começar a
procurar. Talvez Hannah tivesse algumas ideias.
— Boa. Você vai gostar, eu prometo. — disse Taylor, traçando o número sete
tatuado de Hunter. Paul era o único em casa sem qualquer tatuagem. Eu estava
pensando em fazer uma, principalmente agora. Queria algo no meu corpo que me
fizesse lembrar dele. Algo que me faria pensar nele e na influência que ele tinha
tido na minha vida em tão pouco tempo. Isso foi o que eu mais senti, segundo ele.
A sua influência.
Mas eu sabia que Renee teria uma ninhada de gatinhos de duas cabeças se
ela descobrisse que eu estava só mesmo considerando fazer uma tatuagem. Teria
que esperar até que ela parasse de me observar como um falcão. Era algo em que
pensar.
Logo todos estavam em casa e a começar a fazer o jantar. Era a vez de Renee
e Paul e eles optaram por massa de novo, uma vez que eles poderiam fazer uma
tonelada da mesma, com diferentes molhos e satisfazer a todos. Eu espreitava na
cozinha, me sentindo horrível sobre a conversa que tive na noite anterior com
Renee. Estava fingindo fazer o meu dever de casa para o dia seguinte, mas não me
conseguia concentrar nele.
Ela estava ocupada ensinando Paul a maneira correta de cozinhar macarrão,
e ele estava levando isso na esportiva. Eu juro que ele é um santo. Eu não
conseguia entender como ele a conseguia tolerar, exceto que ele realmente a devia
amar.
— Meu Deus, Paul, não é ciência de foguetes, o que você por acaso já sabe.
— Eu não sou cientista de foguetes. — disse ele, inclinando-se para trás e
me dar uma olhada.
— Claro que não. — ela retrucou.
— Eu vou estar… em algum outro lugar. — ele disse, indo para a sala de
estar onde o resto a Yellowfield House estava envolvido numa guerra com os
trabalhos de casa. Renee colocou uma mão na cabeça como se tivesse com dor de
cabeça quando ele saiu.
— Juro, ele me tira toda a paciência às vezes. — Ela desligou a panela da
massa e encostou-se ao balcão. — É muito, sabe? Viver juntos.
— Você esta arrependida? — perguntei.

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— Não, definitivamente não. É só que… às vezes eu me pergunto se nós
avançamos muito rápido. Voltar a ficar juntos e, em seguida a casa e tudo mais.
Mas isso não é da sua conta. Eu estou bem. Como foi a escola hoje? — Minha mãe
nunca me perguntava isso quando chegava à casa todos os dias. Era sempre Renee
que queria saber sobre os meus trabalhos.
— Está tudo bem. Praticamente o mesmo.
— Você ainda está bem com o seu curso?
— Sim. Está tudo bem.
Ela balançou a cabeça como se não conseguisse acreditar no que eu estava
dizendo.
— Nunca pensei que diria isso. Lembro-me de quando éramos crianças e
você escapou da cama para ver o resultado das eleições. Costumava pensar que
você era um robô, ou pelo menos que havia algo seriamente errado com você.
Sim, eu me lembro dessa menina. Ela cresceu, e agora ela se foi.
— A massa está ficando fria. — Eu disse, usando a minha caneta para
apontar para a grande panela. Renee parecia encaixar-se de volta ao lugar e
lembrar que ela estava no meio de fazer o jantar. Ela voltou para a pia e escorreu
o macarrão, enquanto eu levava a minha lição de casa inacabada para o andar de
baixo. Eu o iria fazer mais tarde. Tinha pelo menos feito a leitura e feito anotações
para a aula de Pam. De jeito nenhum eu iria parecer uma idiota nessa aula.
O jantar foi bastante tranquilo. Darah estava no trabalho, então era menos
um membro, e eu me senti estranha por não a ter ali, pegando no pé de todos sobre
colocar os cotovelos na mesa, para usar os guardanapos e não danificar o
acabamento em cima da mesa.
Renee e Paul pareciam estar bem novamente. Peguei-o sussurrando em seu
ouvido e lhe dando um abraço. Ele sempre soube dizer as coisas certas para ela.
Na maioria das vezes, a melhor coisa a fazer com Renee era fazê-la pensar que ela
tinha ganhado e dar-lhe espaço para perceber que ela não sabia tudo.
Ela vinha de volta e pedia desculpas prometendo nunca mais fazer isso de
novo, mesmo que ela fizesse novamente duas horas depois.

***

72
—Correndo o risco de soar como se tivesse te convidando para um encontro,
você quer vir a uma coisa eu irei este fim de semana? — Disse a Hannah antes da
aula no dia seguinte.
— Que tipo de coisa?
— Um dos caras com quem vivo está nos Steiners e eles estão fazendo um
show no Union e todos lá em casa estarão indo.
— Uau, você conhece um dos Steiners? É muito complicado de entrar. Além
disso, os caras são super lindos.
— Ele é muito lindo, mas já tem dona.
Ela suspirou e tirou da bolsa Skittles. Ela deve ter um monte deles em seu
quarto do dormitório ou algo assim. — Os bons geralmente têm.
— Assim você pode conhecer a minha pseudo família. Se você quiser.
— Claro, porque não? É melhor do que estar sentada no quarto do meu
dormitório assistindo a um monte de episódios de Buffy, a caça vampiros.
— Nunca vi essa serie. — Admiti. Ela nunca me atraiu quando estava
originalmente na TV.
Ela balançou a cabeça tristemente. — Vamos fazer um acordo. Eu vou ver os
Steiner com você e você vai assistir comigo dois episódios de Buffy no domingo.
Renee iria ficar chateada se eu dissesse que sim sem lhe pedir.
— Feito. — eu disse, segurando a minha mão.
Pam chamou a aula por ordem e eu virei a minha cabeça para frente. Ela
verificou a lista e parecia satisfeita por eu ainda estar ali. E claro, fui a primeira a
ser chamada, mas eu estava pronta. Ela disparou perguntas ao redor da sala, como
se fosse bolas de ping-pong e você tinha que pensar rápido. Hannah ficou com
algumas difíceis, mas ela respondeu da melhor forma. Pam parecia satisfeita com
ambas pelas nossas respostas, e eu estava feliz por ter sobrevivido até ao final da
mesma.
— Bravo, menina. Você esteve bem. — Nós não falamos sobre isso no almoço,
apenas caminhamos em direção à Union de qualquer forma. Eu ouvi uma menina
andar e suspirar quando ela viu o rosto de Hannah.
— Tire uma foto. Ela dura mais tempo, vadia. — Disse ela em voz baixa. —
Eu sei que pareço toda zen sobre isso. — Ela acenou com a mão para indicar sobre
a sua queimadura. — Mas às vezes, eu só quero usar uma máscara de merda,

73
gritar com as pessoas ou algo assim. Quer dizer, pelo menos antigamente eu
poderia ter me juntado a um show de horrores e fazer algum dinheiro.
Uau.
Ela abriu a porta e não a manteve aberta para a pessoa que vinha atrás de
nós, que murmurou sob sua respiração.
— Chupa essa. — disse Hannah em resposta, mas não alto o suficiente para
ele ouvir.
Nós fomos buscar a nossa comida e encontramos uma mesa.
— Eu sei, sim, eu tenho uma queimadura, mas não é como se eu fosse
desabilitada ou tivesse problemas mentais. Além disso, eu não sou surda. Eu
consigo ouvir quando as pessoas estão falando sobre mim, e isso me irrita. Mas
você sabe o que aconteceria se eu me apavorar e gritar com as pessoas? Nada,
porra. Então porque desperdiçar as palavras? — Ela exalou lentamente. — Ok,
acabei, a festa da piedade terminou. Estou ok.
— Continue se você precisar. Isso não me incomoda. — Pelo menos ela tinha
algo sobre se chatear realmente. Ao contrário de algumas pessoas que não
conseguiam respirar sem reclamar sobre algo que não precisavam ser reclamadas.
— Não, eu odeio ir para aquele lugar. Ele só me deixa para baixo às vezes,
mas eu juro eu estou de volta. — Ela sorriu e pegou no hambúrguer. — Então
nenhum dos caras com quem mora está solteiro?
— Não… Nenhum. Há três casais… e eu. É um como viver em um reality
show estranho.
— Parece meio incrível, não vou mentir.
— Sim, com certeza.
Sentindo a minha relutância. Hannah mudou de assunto.
— Então, você encontrou algum homem interessante?
— Não se você contar com o meu outro perseguidor. — eu disse pegando uma
batata frita francesa que eu tinha deixado cair ao chão.
— Hum, detalhes. — ela estalou os dedos.
— Não vale nem a pena falar. Ele é só um cara que continua aparecendo. Ele
é amigo de um dos meus companheiros de casa. Na verdade, você vai conhecê-lo
no sábado. Ele é um Steiner.

74
Capítulo 9
— Te trouxe uma coisa.
Dusty estava em pé na entrada de Naville Hall, quando eu abri a porta para
ir ter Inglês esta tarde. Ele tinha colocado um sorriso que era a sua marca
registrada, tinha também um saco de Skittles em uma mão e um saco de M&M’s
na outra, e estava segurando-os para mim como se estivesse muito satisfeito
consigo mesmo.
— Ok. — eu disse a ele, olhando para ele e, em seguida, virar as costas para
os doces. Eu realmente os queria, mas não queria que ele soubesse disso.
— Eu vou fingir que você disse ‘obrigada’. De nada, Ruiva. — Ele empurrou
os dois para mim, e eu tive que pegá-los para que não caíssem no chão. — Você é
sempre tão rude com as pessoas que tentam conhecê-la?
— Se é assim tão difícil, então por que você está fazendo isso? — Eu precisava
me apressar para a aula, mas não queria que ele tivesse a última palavra.
— Talvez eu goste de um desafio. — disse ele, mas já não estava sorrindo.
Eu vi alguma coisa em seu rosto.
Determinação. Sim, Dusty Sharp era um cara que estava habituado a
conseguir o que queria, qualquer um conseguia ver isso. Ele até andava com um
ar de superioridade que transmitia para o mundo, mas em vez de se inclinar para
o lado imbecil arrogante, ele parecia confiante. Seguro de si. Muitas mulheres
achavam isso sexy.
— Eu tenho que ir para a aula. Obrigada pelos doces desnecessários. Foi…
gentil da sua parte.
— Eu sou um cara gentil.
Uh-huh.
— Vamos? — Ele disse.
Caminhamos juntos até as escadas, e eu o deixei no segundo andar.
— Mais tarde, Ruiva. — Lá estava aquela despedida novamente.

75
Copiei-o e ele riu. — Adeus, Dusty.

***

Meu primeiro trabalho na aula de escrita criativa era escrever um artigo de


duas páginas sobre algo que eu nunca tinha feito antes. Greg deu-nos a missão
com mesma atitude que Papai Noel oferecia presentes fantásticos aos órfãos.
Como é que era possível escrever sobre algo que eu nunca tinha
experimentado? Sério? Como?
Todo o mundo parecia tão perplexo quanto eu, o cara sentado perto de mim
estava murmurando sob a sua respiração, e a maioria das palavras não eram
elogios. Tínhamos todo o período da aula para fazer o trabalho, então peguei no
meu caderno e em uma caneta e tentei pensar em algo que pudesse escrever, só
para fazer essa porcaria.
Bem, a primeira coisa que pensei escrever estava completamente fora de
questão. A minha virgindade ainda intacta era uma relíquia de outra vida. Eu tinha
estado focada demais na escola e outras coisas, e isso não combinava bem com as
minhas aspirações políticas.
Havia também algo romântico, naquela época eu pensava em guardar esse
marco da minha vida para o casamento. Meu ex tinha concordado com isso, na
verdade, ele tinha estado mais empenhado por isso do que eu.
Nós tínhamos feito umas coisas aqui e ali, mas cada vez que esquentava um
de nós parava, citando os nossos votos de castidade. O engraçado era que eu nunca
chegava perto de aquecer.
Os beijos eram bons, mas eu nunca me encontrei querendo rasgar as suas
roupas como em alguma fantasia de tesão adolescente. Provavelmente havia algo
de errado comigo. Eu não tinha problemas em me satisfazer em mim própria, por
isso não havia problemas com o meu desejo sexual, mas nunca fantasiava ficar
quente e excitada com Matt. Ele não era um tipo de cara quente e excitado.
Honestamente eu não me importava nem um pouco. Estava no final da lista
de coisas que me preocupava. Em cima das inundações e abaixo do apocalipse
zumbi.

76
Tentei pensar em algo para escrever, e que fosse encher duas páginas com a
minha letra pequena. Alguns dos meus colegas já tinham escrito bastante, mas
outros estavam tão parados quanto eu. Música. Eu queria escrever algo sobre
música.
A única coisa que eu conseguia pensar era que nunca tinha atuado em um
palco, tirando nas minhas fantasias. Eu realmente nunca cantava em público.
Tinha estado em coros na escola, mas nunca tinha experimentado nada que tivesse
que cantar um solo.
Escrevi uma frase, depois outra, e depois outra. Descrevi o palco, as luzes e
o sentimento oscilante de cativar todos na plateia apenas com a minha voz e talvez
uma guitarra.
Antes de perceber, já tinha preenchido três páginas, frente e verso.
— Ok, todo o mundo. Basta entregar o que vocês têm e eu vou fazer cópias.
Não se preocupem com a limpeza ou ortografia. Esse não é o objetivo deste
exercício. O importante é apenas escrever o que vem à sua cabeça, para esticá-la e
ver o que acontece.
Greg deixou as pessoas começarem a falar, principalmente reclamarem sobre
a tarefa e como tinha sido chato, e como eles tinham escrito mentiras. Sim, como
se Greg não fosse perceber isso. Pelo menos eu tinha sido honesta sobre mim.
Ninguém falou comigo, o que eu estava grata. Greg voltou com uma enorme pilha
de papéis e entregou-os a cada um de nós.
— Ok, então a tarefa para a próxima aula é ler todos os outros trabalhos e
fazer pelo menos três comentários sobre cada um. Entendido? Vocês estão
dispensados. — Ele acenou com a mão, e eu me perguntei se ele tinha sido
britânico em uma vida passada. Ele certamente falava como um, mesmo não tendo
sotaque.
Estava enlouquecendo sobre todos lerem o meu trabalho, porque era muito
pessoal. Eu não tivera essa intenção, mas as palavras tinham saído do nada. Mas
não podia fazer nada sobre isso agora.
Peguei os Skittles e os M&M’s da minha bolsa e abri as embalagens,
despejando quantidades iguais na minha mão antes de fechar os sacos e voltar a
colocá-los na bolsa.

77
Vocês e seus lanches estranhos. Às vezes me pergunto se há algo errado com
o seu gosto por doces, Jossy.
Mordi um M&M’s entre os dentes em seguida um Skittles.

***

Naquela noite eu finalmente consegui atualizar o meu blog de música.


Ganhei dez seguidores esta semana, o que me fez querer dançar de alegria. Não
parecia muito, mas ele era relativamente novo, e eu estava ganhando seguidores
regularmente. Meu nível de felicidade desceu um pouco quando vi os spams
estúpidos que tive que apagar dos comentários.
— Jos! — Renee gritou lá de cima. Eu tinha os meus fones de ouvido ao redor
do meu pescoço e minha música estava baixa, então fui capaz de ouvi-la sobre o
meu novo CD Lenka.
— Sim? — Gritei de volta.
— O que você está fazendo ai?
— Nada. — Isso era ridículo. Fui para o topo das escadas. — Por quê?
— Está sempre aí em baixo.
— Bem, não estou colocando fogo no meu cabelo ou cortando os pulsos, se é
com isso que você esta preocupada.
Inclinei-me na porta. Ela estava matando a minha vontade de atualizar o
blog.
— Não, só acho que é bobagem sua estar aí sozinha. — A sala estava sempre
cheia de gente, e também com trabalhos de casa meio feitos, livros abertos e muitos
marcadores. Darah tinha uma coisa por utilização de cores diferentes para cada
aula.
— Talvez eu goste de ficar sozinha.
Ela não tinha resposta para isso. Renee odiava ficar sozinha. Ter sido criada
com tantos irmãos tinha criado o efeito oposto em mim.
— Oh, vamos. Pequena Ne. Porque você quer estar sozinha quando pode ficar
aqui connosco? — Mase estava torcendo o cabelo de Darah em torno dos seus
dedos, e ela estava tentando se concentrar em um livro aberto no seu colo.

78
Eles não me iam deixar em paz, então eu desço as escadas, pego o meu laptop
e volto para cima.
Mase se moveu para que eu conseguisse me espremer ao lado dele no sofá.
— Vê como é muito mais divertido aqui?
Hunter e Taylor estavam compartilhando o e-reader dela e ele continuava
gritando para ela pular para a próxima página mais depressa. Uma vez que ela
tinha a certeza que eu estava dentro da sua vista e não fazia nada de mal, Renee
voltou para os seus livros e Paul fez o mesmo. Apenas mais uma noite no Yellowfield
House.
Voltei para a minha música novamente e coloquei os fones nos ouvidos. Com
eles eu não conseguia ouvir qualquer conversa ao meu redor, mesmo que eu
quisesse, então foi como estar sozinha, exceto quando Hunter roubou o e -reader e
Taylor o perseguiu. Ela acabou por conseguir segurar a orelha dele e torceu-a até
que ele devolvesse.
— Você joga sujo, moça. Talvez tenha que te punir por isso.
Engasgo-me mentalmente.
— Shh, esse é o tipo de coisas que nós não falamos na frente de todos. —
Taylor disse, sentando-se no sofá. Eu não tinha duvidas que eles normalmente
falem assim, mas eu estando presente colocava a bobagem na conversa sexy.
— Vocês sabem que eu estou ciente que todos fazem sexo uns com os outros.
Quer dizer, não ao mesmo tempo, porque isso seria assustador, mas eu não sou
idiota. — Todos os olhos se voltaram para mim. — Eu posso ouvir vocês quando
estou lá em baixo.
Ha. Todos eles pareciam envergonhados. Até mesmo Mase.
— Eu não estou dizendo que me importo. Só estou dizendo que estou ciente
disso. Quer dizer, Taylor e eu somos quase da mesma idade. Vocês tem que parar
de me tratar como uma criança.
Mase pigarreou.
— Está certa, Jos. Penso que todos nós meio que entramos em modo de
proteção quando você veio para aqui.
— Eu me pergunto de onde você terá tirado essa ideia. — eu disse olhando
para Renee.

79
— O que eu devo fazer? Você é a minha irmãzinha. Eu sempre vou pensar
em você desse jeito, mesmo quando formos velhas e grisalhas. — Eu estava um
pouco desconfortável a falar assim com todo o mundo assistindo, mas isso iria
acontecer mais cedo ou mais tarde.
— Eu sei disso.
— Você poderia relaxar um pouco, Ne. — disse Paul. Fiquei surpresa. Ele
geralmente nunca provocava Renee se pudesse evitar. Eu terei que agradecer a ele
mais tarde.
— Ok, todos contra mim, isto é incrível. — Ela se levantou e foi embora
subindo as escadas. Sim, eu podia ter previsto isto.
— Desculpe, Jos. Eu estava tentando ajudar. — disse Paul, levantando-se e
indo atrás dela.
— Eu sei. Obrigada, Paul.
— Eu não entendo o porquê de ela estar tão nervosa. — disse Mase. — Quero
dizer, eu sei que está aqui por um curto período de tempo, mas você não parece
ser uma delinquente juvenil. Sem ofensa.
— Não me ofende. É só que é…. Complicado. — Fiquei chocada por Renne
não lhes ter dado todos os detalhes sangrentos.
— A maioria dos relacionamentos é. Complicados, eu quero dizer. — disse
Mase, olhando para Darah. — Mas as complicações podem ser a melhor parte.
Certo, Dare?
Darah assentiu e ele beijou o lado da sua cabeça.

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Capítulo 10
Mandei um torpedo para Hannah e disse a ela que a buscaria no seu
dormitório e andaria à Union com ela, e ela aceitou minha oferta. Taylor e Hunter
tinham ido mais cedo porque ele tinha que estar com o grupo. Ela também
mencionou se encontrar com sua amiga Megan, que eu ainda iria conhecer.
Hunter vinha agindo de forma bem estranha naquela manhã, e todos haviam
percebido. Ele tentou mudar de assunto dizendo que estava nervoso por conta da
apresentação, mas eu estava quase certa de que Hunter nunca ficou tão nervoso
assim em sua vida. Ele exalava confiança, então obviamente e ele estava
preparando algo ou ele tinha feito algo estúpido. Ou ambos.
– Eu estou indo encontrar com uma amiga.
Eu disse para Renee enquanto eu bebi meu segundo copo de Lemon Zinger.
Eu realmente tinha ficado nesse negócio, e eu até tinha o meu canto no armário
agora para as minhas coisas.
– Quem?
Na verdade eu não tinha mencionado Hannah em grandes detalhes para
Renee desde a anterior quando ela estava tão irritada. Eu não sei porque. Acho que
eu só não queria me envolver com ela. Ela iria querer saber tudo sobre ela, e eu
não queria dividir Hannah com as outras pessoas. Ela era minha amiga.
– Não se preocupe. Você vai conhecê-la. Ela está indo para o negócio do
Hunter. Eu só estou indo buscá-la no caminho.
Ela parecia desconfiada, mas sério, isso era o que eu estava fazendo.
– Okay. Eu te encontro lá, então. Dirija com cuidado. Uau, essa era a primeira vez
que ela me deixava sair da casa sem um enorme sermão.
Eu encontrei os olhos de Paul e murmurei, — Obrigada. — Ele acenou de
volta.

81
Eu estacionei na frente de Oxford Hall, dormitório de Hannah, e lhe enviei
um texto para dizer que eu estava pronta. Ela desceu alguns minutos mais tarde,
com o cabelo solto e em todo o lugar.
– Ei, garota. O que está acontecendo?
– Não muito. Você?
– Não. Apenas o drama normal, companheira de quarto, mas eu já superei
ela. Eu teria te convidado para entrar lá, mas ela está lá, e eu não quero provocá-
la mais do que eu já faço por existir em seu espaço. Além disso, ela é uma grande
puta. - Ela travou o cinto de segurança e me deu um sorriso triste.
Encontrei um lugar no lote suburbano em frente à Union.
– Você se importa se eu parar por um pouco de café? - disse Hannah.
– Não.
Hannah se encheu de cafeína da Starbucks e eu fiquei maravilhada com a
quão vazia a Union era quando as aulas não estavam na sessão. Era uma cidade
fantasma. Não foi até que chegamos à passarela que atravessava para o outro lado
da Union que olhei para baixo e vi todas as pessoas esperando na frente da livraria
no nível mais baixo.
Os Steiners eram fáceis de identificar porque todos eles vestiam camisetas
pretas que diziam Steiners e estavam de pé em um grupo apertado. Vi Hunter
principalmente porque seu braço tatuado era tão visível. Dusty também foi fácil de
detectar por causa de suas calças caídas. Debrucei-me sobre o parapeito e olhei.
Huh. Ele tinha alguma tatuagem também, que aparecia para fora da manga da
camiseta.
Sua tatuagem era impossível de ler do meu ângulo. Não é que eu estava
tentando, ou realmente me importava muito com isso.
– Quem nós estamos procurando? - Disse Hannah no meu ouvido, me
fazendo pular. Ela tomou um gole de um copo gigante de gelado ou algo-assim e
inclinou-se ao meu lado.
– Ninguém em particular, - disse eu, me levantado.
– Uh-huh, - disse ela em um tom que disse que ela não acreditava em mim
nem um pouco. Sim, eu não acreditava em mim, também. Eu desviei o olhar dos
caras e encontrei rabo de cavalo loiro de Taylor e então eu vi o resto da família se
juntar a ela.

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– Então, - eu disse, de frente para Hannah. – Você quer conhecer os malucos
com quem vivo?
Ela tomou um longo gole de canudo.
– Mostre o caminho.
O espaço em frente à livraria ficou cada vez mais lotado, enquanto mais
pessoas chegavam para ver o show. Hannah e eu seguimos nosso caminho, e eu
chamei a atenção de Renee enquanto procurava por mim.
– Aí está você, - ela disse, segurando a mão de Paul. – E você deve ser
Hannah. Renee mal olhou para cicatrizes de Hannah. Eu esperava por isso. Nada
surpreendia Renee, muito menos algo parecido com uma cicatriz.
– Eu devo ser, - disse Hannah, encolhendo os ombros. – Eu vou dar um
palpite e dizer que você é Renee.
– Ding, ding, ding, temos um vencedor, - disse Renee, rindo.
– Este é o Paul, - eu disse, apontando para ele. Ele balançou a cabeça e sorriu
para Hannah. Eu assobiei e Mase virou a cabeça. Ele estava tendo uma conversa
profunda com Darah. Você pode criar um tornado em torno dessas pessoas e eles
nem sequer estariam ciente disso.
– Ei, prazer em conhecê-la. Qualquer amigo de Jos é amigo nosso.
Taylor então introduziu sua amiga Megan, um colega ruiva, e seu noivo,
Jake, e eu gostei dela imediatamente e não apenas porque éramos companheiras
de cabelo.
Eu fiz o resto das apresentações e apontei Hunter, que estava ocupado
conversando com alguns dos outros caras enquanto eles se preparavam.
–Ele está pirando. - disse Taylor, observando-o.
– Não parece que ele está. -Ele estava sorrindo e rindo.
– Ele está batendo. - Olhei para baixo e vi que ele estava batendo a mão
contra sua perna. Um, dois, três, quatro, cinco vezes seguidas. – Ele sempre faz
isso quando ele está pirando. Eu não tenho ideia do por que, este não é o seu
primeiro show. Eu juro, na hora que eu acho que entendo ele é o momento em que
ele decide me surpreender. - Ela mordiscou uma unha encravada e notei seu anel
estava faltando.
– Onde está a pedra?

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– O advogado de Hunter, Joe, queria fazer uma avaliação ou algo para que
eles pudessem fazer um seguro sobre ele, ou algo assim? Sinto-me louca de não
tê-lo. Você ficaria surpresa que você pode se acostumar a usar algo assim.
Megan tossiu e Taylor deu-lhe uma olhada. Huh. Vai saber do que se tratava.
– Hum, alerta de spoiler, mas aquele cara ali está tentando te foder com os
olhos, - disse Hannah, com a voz um pouco alta demais. Eu nem sequer precisava
olhar para cima para ver quem era.
– Shh, mantenha a voz baixa. Estou plenamente consciente dele.
– Uh-huh, - disse ela, sugando as últimas gotas de sua bebida em seu canudo
e, em seguida, jogá-lo na lata de lixo mais próxima. – Ele é muito sexy. Ela virou a
cabeça para o lado e depois para o outro lado.
– Você totalmente devia investir nisso. Parece que ele seria... bom. — Como
se qualquer uma de nós saberia.
Eu finalmente decidi olhar na direção de Dusty. Enquanto ele estava
conversando com um dos outros caras, seus olhos estavam definitivamente virados
na minha direção. Ele me pegou olhando e piscou. Meus olhos percorreram-lhe o
braço, tentando descobrir a tatuagem, mas a maior parte estava coberta por sua
manga.
– Pare de encará-lo - Hannah sussurrou no meu ouvido.
Um dos caras limpou a garganta e deu um passo para frente enquanto o
resto dos Steiners formava uma fila.
– Olá a todos, meu nome é Kent, e nós somos os UMaine Steiners. Gente,
vocês querem se apresentar? — Um por um, os rapazes se aproximaram e disseram
os seus nomes. Havia doze deles no total, e pelo menos metade era muito bonita,
o que era mais do que eu teria imaginado.
Kent estalou os dedos para fazer uma batida e contou. Dusty foi o primeiro,
estabelecendo uma batida, e, em seguida, o resto do grupo começou a música. —
One More Night — do Maroon 5. Captei o olhar de Hunter e ele apontou para mim.
Os caras revezavam quem iria cantar como primeria voz e Hunter conseguiu uma
chance. Dusty se focou totalmente no seu beatbox, até mesmo dançava um pouco
com ele. Os outros caras também dançavam, alguns até fazendo uma piadinha e
todo mundo riu.

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Eles terminaram a canção, e Dusty fez o barulho de címbalo soar novamente.
Todo mundo gritou e aplaudiu e os caras se reagruparam e começaram a outra
canção. Desta vez foi uma antiga, do Hoobastank — The Reason. — seguido por
um mash-up de um monte de músicas do Queen, que fez todos cantarolar e tinham
muitos movimentos impressionantes da dança, e, em seguida, — PYT. — de
Michael Jackson.
– Eles são muito bons, - disse Hannah no meu ouvido. – E o seu beat boxer
está além de sexy. Estou só imaginando todas as coisas que ele poderia fazer com
a boca.
Ignorei seus comentários enquanto o grupo fez uma pausa rápida e bebia um
pouco de água. Hunter deu um passo adiante.
– Olá a todos. Eu sou Hunter, e eu vou ter que pedir por sua atenção por um
segundo.
– Que diabos esse menino está fazendo? — Disse Taylor em voz baixa.
– Vejam, eu amo essa garota aqui. — Ele apontou para Taylor, e seu rosto
ficou vermelho. – Sim, você, Taylor. Ele estendeu a mão, e ela deu um passo
adiante. – A música sempre foi uma parte de nossas vidas. Eu cantei para ela no
nosso primeiro encontro verdadeiro. Eu cantava para ela a primeira das muitas
vezes que eu estraguei as coisas, e por isso eu pensei que era justo que eu cantasse
para ela por isso. Então, aqui vai.
Um dos outros rapazes trouxe uma cadeira para Taylor, e Hunter forçou-a a
sentar-se nela. Parecia que ela queria afundar no chão e continuou abaixando a
cabeça para não ver todo mundo olhando para ela.
Eu tinha a sensação de que eu sabia onde isso ia, e todo mundo estava
sussurrando a mesma coisa ao meu redor.
– Oh, meu Deus, ele não está, - disse Renee.
– Eu acho que ele está, - respondeu Paul.
Desta vez foi a vez de Hunter para iniciar a música. Dusty definiu um ritmo
lento, que era suave e romântico. Demorou alguns segundos, mas eu reconheci a
música, e eu sabia o que ia acontecer.
Eu vi o rosto de Taylor quando ele começou a cantar — I Can’t Wait — do
Runner Runner. No segundo que ele cantou a palavra esposa, ela colocou as mãos
à boca e começou a chorar. A multidão suspirou em uníssono quando Taylor

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balançou a cabeça e enxugou as lágrimas enquanto Hunter segurou a mão dela e
cantou para ela. Eu captei a atenção de Dusty e ele sorriu para mim e eu sorri de
volta. Você não poderia evitar. Tal gesto sincero e bonito de amor tinha esse efeito.
Hunter cantou a última nota por si mesmo, segurando-o e, em seguida,
deixá-lo desaparecer antes que ele enfiou a mão no bolso enquanto ficava de
joelhos. Meus olhos estavam mais do que um pouco úmido, mas eu não era a única.
A multidão em torno prendeu a respiração coletiva.
– Taylor Elizabeth Caldwell, você é a única música que eu quero cantar para
o resto da minha vida e eu te amo mais do que as estrelas. Você quer se casar
comigo?
Ela só parou por um segundo antes de ela sussurrar, mas de alguma forma
o sussurro ecoou por todo o lugar.
– Sim.
A multidão irrompeu, enquanto Hunter a puxou da cadeira e a girou, e ela
riu e chorou, indiferente agora a todos olhando para ela. O resto dos Steiners
eclodiu cantando — Chapel of Love. — dos Dixie Cups e todos cantaram com o
grupo, e aplaudiam.
Kent se adiantou e pediu calma depois que todos terminaram.
– Sim, sim, já é o bastante. — Todos vaiaram. – Brincadeira. Temos uma
última canção para vocês.
Hunter colocou seu braço ao redor Taylor e a puxou de volta para ficar com
o grupo e Dusty começou outra batida e eles lançaram em “Walking on Sunshine”.
Taylor estava tão tonta que ela cantou junto e sua voz se misturava com a do resto
do grupo.
– Obrigado a todos! E vamos ter mais uma rodada de aplausos para o casal
feliz! - Todos aplaudiram e, em seguida, começaram a voltar para onde eles vieram.
Renee e Darah e Megan soltaram gritos que soavam como pertencessem a
dinossauros há muito extintos e lançaram-se em Taylor, e muitos gritos mais a
seguiram. Hunter e Mase deram um no outro um abraço ‘tapa nas costas’ e Mase
deu um a Taylor que eu tinha certeza que esmagou suas costelas.
– Parabéns - eu disse, abraçando os dois. – Agora é muito, muito família. Não
nos escapa agora.

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– Belo pedido, cara. Bem feito. - disse Hannah para Hunter, estendendo sua
mão para fora. Ele olhou para ela por um segundo, perplexo.
– Hunter, esta é minha amiga Hannah.
– Oh, é claro, não queria deixá-la no vácuo. — Ele bateu a mão dela. Eu
poderia dizer que Taylor teve um tempo difícil para não olhar para o rosto de
Hannah, mas depois de Hannah lhe deu um enorme sorriso e um abraço tudo
estava bem.
– Eu vi você chorando. — Eu realmente precisava parar de me surpreender
quando Dusty aparecia sorrateiramente por trás de mim. Ele tinha feito isso várias
vezes.
– E você é? — Disse Hannah, mergulhando ao redor e ficando bem na frente
dele. Dusty não olhou duas vezes para seu rosto antes de sorrir.
– Dusty Sharp, ao seu serviço. — Ele fez uma reverência. Hannah não parecia
impressionada. Cinco segundos atrás, ela estava falando como se quisesse saltar
nele.
– Hannah Gillespie. E você, cara, tem estado secando a minha amiga Jos,
aqui.
Seu sorriso vacilou por um segundo e, em seguida, ele levantou as mãos
como se ela tivesse apontado uma arma para ele.
– Culpado. Mas você pode me censurar?
– Talvez — disse Hannah, estreitando os olhos. Eu tinha que colocar um fim
a isso.
– Hey, Hannah, você quer vir fazer compras comigo? Tipo, agora? — Eu
agarrei seu braço e tentei arrastá-la para longe. Eu vinha pensando em ir a busca
de emprego, mas ele não precisa saber disso.
– Posso ir? — Disse Dusty, nos seguindo. Não, idiota, o objetivo era ficar
longe de você.
– Ah, não — eu disse. — Você não gostaria de vir conosco. Nós vamos
comprar coisas como absorventes e creme de infecção para fungos e... outras coisas
para as nossos partes femininas e brincos brilhantes e muito, muito rosa.
– Parece divertido.
Ugh, pode qualquer coisa eu digo incomodar esse cara?

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– Por que nós não fazemos algo um pouco menos... hum, nojento? Você vive
no campus? - Hannah dirigiu sua pergunta para Dusty.
– Não, eu tenho o meu próprio lugar em Old Town. Gostaria de convidá-la lá,
mas eu tenho certeza que o bolor crescendo no meu banheiro está se tornando
consciente e iria matá-la quando eu virasse de costas.
– Eca — dissemos Hannah e eu ao mesmo tempo.
– Sim, eu continuo tentando fazer com que o meu senhorio faça algo sobre
isso, mas nenhum avanço. Não é possível ter um lugar bom quando você é pobre
como merda.
– Amém. Você fala minha língua, cara. - Hannah assentiu. Oh, agora ela foi
legal com ele novamente. Eles haviam criado um laço sobre suas dificuldades
financeiras compartilhadas.
Alguém gritou para Dusty para lembrá-lo de planos na próxima semana ou
algo assim. – Na verdade, eu tenho que começar a trabalhar. Desculpe, senhoras.
Fica para a próxima?
— Parece bom — disse Hannah.
— Mas, ruiva, eu vou vê-la no domingo. Os caras meio que planejaram uma
pequena festa surpresa para Hunter e Taylor, e todos os membros da Yellowfield
House estão convidados, é claro. E você, Hannah Gillespie, também está
convidada.
– Legal - disse ela. – Eu não tenho mais nada para fazer.
– Parece divertido.
Renee chamou meu nome.
–Nós vamos sair para comemorar. Você vem?
Tanto para procurar emprego. – Sim, com certeza.
– Estou convidada? — Hannah gritou.
– É claro. — Renee, Mase e Hunter gritaram de volta.
Foi assustador quão bem ela estava encaixando com a gente.
– Bem, eu acho que isso é um adeus, então. Te vejo amanhã. Ruiva, Hannah
Gillespie. — Ele acenou para nós duas, agarrou sua bolsa e se despediu dos outros
caras do grupo e subiu as escadas de dois em dois.
– Ele é... uma coisa! — disse Hannah, olhando para ele.
– Meus pensamentos exatamente.

88
***

O único tema da conversa quando saímos para comer no Pizza Pat eram os
planos de Hunter e Taylor. Megan estava no meio do planejamento de seu próprio
casamento e estava ocupado dando dicas e até agora, Hunter não parecia estar
quase tão intimidado quanto eu esperava que ele estivesse.
– Ele pediu ao seu pai? — Renee disse, sua pizza praticamente intocada.
– Na verdade, eu pedi — disse Hunter, ganhando um olhar de aprovação de
Renee.
– Você pediu? — Disse Taylor. – Quando?
– Natal. Planejado e tudo mais. — Taylor tinha recentemente se reconectado
com seu pai, e tinha mesmo ido para o sul para vê-lo em Connecticut durante o as
férias e levado Hunter com ela.
– Brilhante — disse Mase, dando-lhe outro bater de punho. – Eu pensei que
você era louco, cara, mas boa sorte. Eu estou feliz que eu posso chamar Taylor um
membro da família oficialmente. Oh, meu Deus, você já contou a Harper? Ela vai
parar na maldita lua.
– Vamos ligar para ela agora. — Eu sabia um pouco sobre a irmã de Mase,
Harper, que tinha paralisia cerebral e estava de cadeira de rodas. Havia mais do
que algumas fotos dela na casa, e ele disse que ela estava vindo para visitar com
seus pais em algum momento.
Hunter pegou seu telefone e colocá-lo no alto-falante.
– Para quem eles estão ligando? — Hannah sussurrou quando o telefone
tocou.
– Para a irmãzinha de Mase. Ela e Hunter são muito próximos, - disse eu.
– Olá? — A voz de uma menina respondeu. Sério, a garota tinha seu próprio
telefone? Típico de ricos.
– Ei, Seven! O que está pegando? — Disse Hunter, com um sorriso enorme
no rosto. Ficou claro desde o jeito que ele falou sobre ela que ele a amava. Foi muito
doce.
– Hunter! Eu ganhei um A na minha história. Quer ouvir?

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– Claro, Seven, mas eu liguei porque eu quero dizer uma coisa. Taylor está
aqui, também.
– Oi, Harper! - Disse Taylor.
– Quando você vem me ver?
– Em breve, princesa. Eu juro. Mas adivinhe?
– O quê? — disse Harper.
– Hunter e eu vamos nos casar.
– Vocês vão?
Taylor olhou para Hunter e sorriu. – Sim, nós vamos.
Um grito de menina explodiu a partir do telefone, e Hunter pegou e tirou do
viva-voz.
– Ela nunca fez esse som antes. — disse Mase, balançando a cabeça. – Eu
acho que ela está mais animada com isso do que ela estava com os ingressos da
Taylor Swift que ela recebeu para de Natal.
Hunter continuou a falar com Harper animado.
– Então vocês vão se casar logo? — Hannah perguntou Taylor enquanto ela
roubava restos da massa de pizza do meu prato e mastigava. Eu acho que a nossa
amizade tinha progredido para a fase de roubar comida.
Taylor bufou. – Sim, eu acho que não. Nós dois queremos terminar a
faculdade em primeiro lugar, e parece... eu não sei, estranho se casar enquanto
ainda estamos na faculdade. Quero dizer, eu não quero que as pessoas pensem
que eu estou grávida ou qualquer coisa.
– E você está? - Disse Hannah. Eu quase morri.
– Não que eu saiba, — disse Taylor. – Eu realmente não quero lidar com isso
agora. Temos muito que fazer. Mas algum dia.
Hannah assentiu e Renee voltou para interrogar Taylor sobre o seu
casamento perfeito.

***

– Você está bem? — Eu estava na cozinha tomando uma xícara de chá


naquela noite. Todo mundo tinha ido para a cama, mas eu não conseguia dormir.
A voz de Renee me fez pular.

90
– Sim, tudo bem. O que você está fazendo acordada?
– Eu acho que eu estava animada com tudo. Eu não posso acreditar que ele
realmente fez isso. — Ela pegou um copo do escorredor de pratos e encheu-o com
água. – Quando ele deu a ela o anel, eu pensei que ele tinha feito o pedido, mas,
em seguida, o anel estava em sua mão direita. Era só uma questão de tempo, no
entanto. Aqueles dois são destinados um ao outro.
– Você está com ciúmes?
Ela me deu um olhar como se eu tivesse dito algo completamente estranho.
Ela bufou um pouco da água e se engasgou. – Deles se casarem? Claro que não.
Eu não estou pronta para me casar.
– Mas você está vivendo com Paul. Quero dizer, não é exatamente a mesma
coisa, mas está perto.
Ela riu.
– Oh, minha querida pequena doce irmã. Há um mundo de diferença entre
viver com alguém e se casar com ela.
– Mas você se casaria com Paul. Eventualmente, eu quero dizer.
– Sim, anos de estrada, quando ambos estivermos sem dívidas e ter mais do
que duas moedas para ter juntos. Eu não quero gastar uma tonelada de dinheiro
em um casamento, se não podemos sequer dar ao luxo de pagar o nosso seguro de
saúde ou um lugar para viver. Além disso, quero um casamento enorme pra cacete,
se eu só vou fazer isso uma vez. Por que não fazer direito? - Ela tinha pontos
válidos, pontos racionais. Eu me perguntava como Paul se sentia a respeito. Não
que isso importasse. Renee usava as calças, as camisas e tudo mais em seu
relacionamento. Ela tinha-o pelas bolas, mas ele nunca parecia se importar.
– Então, o que acontece com você e Dusty?
– O que você quer dizer? – Merda, eu não queria que ela entrasse no meu
caso com ele.
– Oh, eu não sei. Talvez eu esteja vendo demais.
– Eu não estou interessada nele — eu disse, pela milionésima vez.
– Eu não achei que você estaria. Quero dizer, não é assim o seu tipo. — Não
era. Eu não tenho mais um tipo. – Eu posso dizer isso agora que você não está com
ele, mas eu nunca gostei de Matt. Ele sempre foi assim... Eu não sei. - Ela acenou
com a mão, tentando encontrar a palavra certa.

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– Tenso? — Eu ofereci. Sim, assim como eu.
– Não, era algo mais do que isso. Eu sempre me senti como se estivesse me
julgando. Mas ele te tratou bem, e eu vi que ele te amava, e então eu guardei isso
para mim mesma.
Na verdade, não. Eu poderia dizer o tempo todo que eu tinha namorado Matt
do ensino médio até a faculdade que Renee não tinha gostado dele. Ela era muito
ruim em esconder quando não gostava de alguém, mas eu nunca iria dizer isso a
ela.
Ela bebeu o copo de água. – Ok, bem, eu vou voltar para a cama. Noite,
irmãzinha. — Ela estendeu os braços para um abraço e eu estendi os meus também
e nós nos abraçamos, como costumávamos fazer.
– Boa noite, irmã mais velha.
Tomei o resto do meu chá e voltei para minha caverna e liguei minha música.
A voz de Ingrid Michaelson encheu meus ouvidos, tornando-se estranhamente
apropriada para escutar para um fim de noite.
– Aqui, ouça essa - disse ele, entregando-me um de seus fones de ouvido. Eu
o arrumei no meu ouvido como uma voz desconhecida cantava sobre amar alguém,
mas me sentindo como uma aberração em comparação. Quando eu disse a ele que
eu realmente não ouvia música, ele tinha tomado isso como um desafio. Cada dia,
ele me trazia uma nova canção. Pop, rock, country, rap, oldies, o que for. Ele ouvia
praticamente qualquer coisa. — Enquanto seja bom. — dizia ele. –
A música diz o que as palavras não podem. Adicione palavras à música e você dizer
duas coisas ao mesmo tempo
Eu sentia falta dele, mas eu ainda não podia falar sobre ele, em voz alta. Não
com Renee, não com qualquer um. Eu não poderia explicar. Ele tinha sido o
primeiro amigo de verdade que eu já tive. Ele tinha sido o amigo que me fez perceber
que todas as outras pessoas que eu achava que eram meus amigos realmente não
eram.
Eu não tinha sido apaixonada por ele, não desse jeito, mas eu o amava
mesmo assim. Eu ouvi alguma coisa em algum lugar que dizia rapazes e garotas
não podiam ser amigos sem pelo menos um se apaixonar pelo outro, mas não era
verdade. Havia apenas diferentes tipos de amor, isso é tudo. Ele tinha sido como o

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irmão que eu nunca tive, e ele me tratou como uma irmã. Uma parte de mim se foi,
levada com ele quando...
Desliguei a música. Fazia-me pensar nele, e eu sabia o que ele teria dito se
ele soubesse que eu estava deprimida por causa dele.
Apenas sorria, Jossy. O mundo não é tão ruim assim. Além disso, você tem
que ter as partes ruins para que você reconhecer as boas quando elas vierem.

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Capítulo 11
– Uau, esse seriado é ridículo. — Eu estava sentada com Hannah no futon
debaixo da cama loft, vendo meu segundo episódio de Buffy a Caçadora de
Vampiros. – É tão estranho. Esses computadores são, tipo, gigantescos, - eu disse.
– Eu sei, certo? Tipo, de um jeito bom. Basta esperar até a terceira
temporada. — Hannah tinha seu leal saco de Skittles e eu trouxe alguns M&M’s da
máquina de venda automática no subsolo de seu dormitório e eu estava
misturando-os em um copo vazio de Solo. — Você sabe, um monte de problemas
nesse seriado poderia ter sido resolvido por telefones celulares. Mas, então, você
não iria ter uma série tão divertida, então eu acho que ela é boa do jeito ela é.
Eu segurei minha xícara e ela derramou mais alguns Skittles nela.
– Teve notícias de Dusty? - Disse ela, com os olhos na tela.
– Uh, não. Ele não tem o meu número, então isso é uma negativa.
– Que pena.
– Você quer que tenha notícias dele? Porque você estava agindo muito
estranho ontem.
– Oh, aquilo? Eu estava apenas sendo a amiga protetora. Eu queria ver como
ele iria reagir. Um monte de caras fica intimidado por uma amiga protetora, e então
há sempre aqueles que você precisa para estar atenta, os caras que ficam
ameaçados por uma garota que tem amigos.
– Você conhece um monte de caras assim?
– Alguns. Aqui e ali. - Sim, havia muito mais nessa história. Um asterisco e
um monte de notas de rodapé, em letras minúsculas. Eu não acho que nós
tínhamos passado o marco amizade onde eu pudesse interrogá-la até que ela me
disse sobre ele, então fiquei quieta.
– E o veredicto sobre Dusty?
– Ele parece ser um cara legal. Arrogante, e ele pode ter um passado obscuro
que ele está tentando esconder, ou talvez ele é um fã dentro do armário de Senhor

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dos Anéis, ou um colecionador, ou obcecado com algo estranho, mas eu não acho
que ele é um cara mau. Não senti aquela vibe de cara mau. Vibe de bad-boy, sim.
– Qual é a diferença?
Ela parou o seriado e suspirou, colocando o cabelo para longe de seu rosto.
– Ok, um bad boy é aquele que faz você ficar, tipo, formigando. Ele é perigoso
de um jeito bom. Um jeito que faz seu coração disparar e querer andar de moto ou
ir nadar nu. Um cara mau é aquele que te machuca, ou faz você se sentir inútil,
ou te isola de seus amigos. Ele é perigoso. Esses são os caras para ficar longe.
– Oh. — Ela parecia descoberto tudo, e eu poderia dizer que ela gastou muito
tempo pensando sobre caras maus contra bad boys.
– Então, Dusty é um bad boy?
– Definitivamente. A menos que você veja todas as bandeiras vermelhas.
Então corra na direção oposta.
– Tenho certeza de que se houvessem quaisquer bandeiras vermelhas, minha
irmã e o resto das pessoas com quem eu moro não iriam deixá-lo perto de mim.
Hunter não seria amigo de um cara mau.
– Mesmo assim. Você nunca sabe. As pessoas nem sempre são o que
parecem. Você passa anos pensando que eles são de uma forma e, em seguida, algo
acontece e eles revelam quem elas realmente são.
– Mas você não pode passar a vida pensando que todo mundo é ruim.
– Eu não penso. Eu lhe disse, eu confio nos meus instintos.
Nós não iriamos concordar, então eu desisti e nós voltamos a assistir ao
seriado, mas eu pensei muito sobre o que ela disse sobre as pessoas sendo ruins
ou boas, e tentando dizer a diferença.
Eu não acho que eu já conheci uma pessoa muito ruim. Até o meu ex e meus
ex-amigos não eram pessoas más.
Eu tinha sido como eles, e eu não acho que eu era uma pessoa ruim. Esse
cara, Travis, aquele que tinha machucado Taylor, ele era um cara mau. Eu não
precisava conhecê-lo ou saber mais alguma coisa sobre ele para saber disso. Mas
será que isso significa que ele seria sempre ruim? Poderiam as pessoas mudar?
Eu tinha mudado.

95
Tive tantos pensamentos correndo pela minha cabeça, que eu quase esqueci
sobre o jantar de noivado e encontrei a casa em caos quando voltei de Hannah.
Mase estava em suas mãos e joelhos na sala de estar, junto com Hunter e Darah.
– Com o que eles se parecem mesmo? - Disse Hunter, batendo com as mãos
no chão.
– Eles são pequenos pregos de ouro. Lembra, Taylor deu eles para mim? -
disse Darah, fechando um olho e colocando o lado de seu rosto no chão.
– Certo, - disse Hunter.
– Encontrei! - Mase estendeu a mão para Darah, e ela beijou ele.
– Obrigada, amor. Ela se levantou e limpou a frente de seu vestido preto e
colocar o brinco em sua orelha.
Ambos Hunter e Mase vestiam camisas e calças sociais com sapatos sociais.
– Onde você estava? — Disse Renee, deslizando o calcanhar em seu sapato e
descendo a escada ao mesmo tempo. Paul estava logo atrás dela, certificando-se
que ela não daria um mergulho escada abaixo. Ela estava com um de seus
melhores vestidos, verde com redemoinhos de preto na bainha. Paul também
estava vestindo uma camisa verde. Oh, não. Eles se tornaram um daqueles casais.
– Você não vai usar isso, - ela disse, apontando para o meu jeans rasgado e
camisa térmica cinza.
– Sinto muito. Eu esqueci completamente. Eu vou me trocar. — Merda, o que
eu vou vestir? Tudo de bom foi empacotado para longe. – Eu não tenho nada, — eu
disse, mordendo meu lábio.
– Você está falando sério? Você costumava usar vestidos e saias mais do que
calças. — Ela colocou as mãos nos quadris.
Dei de ombros. – Eu não tenho nenhuma.
– Ok, deixe-me pensar. — Ela colocou seus dedos nas têmporas. – Eu acho
que tenho algo que você pode usar. Vamos. — Ela se lançou para fora, agarrou
meu braço e me arrastou para cima.
Topei com Taylor em seu caminho no terceiro andar. Ela tinha um vestido
azul-bebê que parecia que poderia ter pertencido a Audrey Hepburn e seu cabelo
estava solto em volta do rosto.
– Hey, Jos!

96
– Crise de guarda-roupa, — disse Renee antes, me puxando para o quarto
dela e abrindo suas portas do guard-roupa. Taylor seguiu, e Darah estava bem
atrás dela.
Um turbilhão de atividade seguiu, em que eu não estava autorizada a falar
ou dizer qualquer coisa. Muito parecido com um manequim.
Elas mantiveram as coisas para mim e mexeram com o meu cabelo. Darah tinha
as melhores habilidades com cabelo, então ela trançou-o, começando acima da
minha orelha em um lado da minha cabeça e indo para o outro, fazendo uma
espécie de coroa. De volta a minha vida anterior, eu fui um grande fã de coques, e
tinha alisado meu cabelo para trás para que as pessoas possam ver que eu estava
composta e no modo negócios. Darah deixou meu cabelo em torno meu rosto e
puxou alguns fios soltos.
– Pronto, — ela disse, colocando alguns grampos no lugar.
Renee e Taylor estavam jogando vestidos no chão e, finalmente decidiram,
em um vestido de festa ouro brilhante com uma saia resplandecente.
– Eu não vou usar isso, - eu disse quando elas começaram a me despir. –
Jesus, eu posso ter um pouco de privacidade?
Eu entrei para o armário e deixei a porta semi-fechada. Eu não me importava
com Renee me ver nua na maior parte, mas parecia estranho ter as outras garotas
lá. O vestido tinha o suficiente em cima para que cobrisse o meu sutiã, o que foi
bom. Eu o ajustei um pouco e tentei fechá-lo na parte de trás, mas meus braços
não se moviam daquela forma.
– Hum, alguém pode me dar uma mão?
Renee me arrastou para fora do armário e fechou o vestido.
– Perfeito! — Ela disse, ligando o fecho no topo do vestido para que o zíper
descesse e causasse um mau funcionamento de guarda-roupa. Isso seria
simplesmente fantástico.
Ela me virou e as outras duas enfiaram brincos em meus ouvidos e
começaram a aplicar coisas para o meu rosto.
– Eu não sou uma Barbie, — eu disse enquanto Taylor passou alguma coisa
em minhas pálpebras. Eu estava muito ocupada me concentrando em não se
acertada no olho para ver qual cor era.

97
– Neste momento você é, minha querida, — disse Taylor, borrando um pouco
da cor. Renee estava ocupado olhando em suas maquiagem para encontrar uma
cor que iria funcionar em mim e encontrou um batom rosa.
– Sim. Aqui vamos nós. — Ela colocou-o em meus lábios enquanto Taylor
tentou não espetar meu olho com rímel.
– Isso não é anti-higiênico? – Eu disse. – Você não deveria estar desinfetando
isso, antes de colocá-lo perto do meu olho? — Renee era uma grande defensora de
desinfetante para as mãos e desinfetar coisa e de tossir em seu cotovelo.
– Você está dizendo que você não deseja compartilhar meus germes? Quero
dizer, você é minha irmã. Você está dizendo que é boa demais para os meus
germes? - Ela fingiu me encarar.
– Tudo bem, tudo bem. Já estou pronta? — Eu realmente queria ver o que
elas fizeram em mim. Eu esperava que não fosse como quando uma das minhas
irmãs pequenas decidiu brincar de me vestir e usou o meu rosto para praticar suas
habilidades de maquiagem.
– Quase - disse Taylor, borrifando em mim com alguns dos perfumes de
Renee. Isso foi uma maneira sutil de me dizer que eu cheirava mal?
– Concluído, - disse Renee, endireitando uma das alças do vestido.
– Uh, sapatos? — Eu ainda estava descalça. Através de um milagre da
genética, Renee e eu tinhamos pés idênticos em tamanho, então ela empurrou
algumas sapatilhas pretas em meus pés. Eu estava sem pratica quando se tratava
de usar saltos. Eu provavelmente cairia de cara se eu tentasse.
– Ok, agora você está pronta - disse Renee.
Eu me virei e olhei no espelho de corpo inteiro de Renée. Eu parecia o meu
eu de antes, só que não. Eu nunca teria usado esse vestido, ou feito o meu cabelo
desta forma, ou colocar tanta sombra de olho. Taylor tinha me dado um olhar
sensual que eu tinha certeza que eu nunca poderia fazer igual, mas isso me fez
parecer mais velha e misteriosa. Essa ilusão seria quebrada no segundo em que eu
abrisse minha boca.
– O que vocês estão fazendo aí? - Mase gritou subindo das escadas.
– Fazendo a minha irmã ficar sexy - Renee gritou de volta. Eu dei-lhe um
olhar. – Oh, vamos lá. Eu não poderia deixar você ir a uma festa em suas roupas
fuleiras. Nós definitivamente devemos ir às compras. — Eu odiava fazer compras.

98
Eu sempre fingia gostar no tempo em que tinha sido uma obrigação social. Eu
estava realmente emocionada que eu não precisava mais fazer isso.
– Sim, talvez. — Eu provavelmente não tinha uma escolha. Ela me obrigaria
a fazer como uma espécie de um tempo de ligação entre irmãs em uma tentativa
me levar de volta para o jeito que eu era. Seria preciso muito mais do que colocar
minhas roupas velhas. Ou roupas novas que funcionariam na antiga eu.
– Podemos ir agora? - Eu disse, já desconfortável com a atenção.
– Vamos, vadias. — disse Renee, gritando. – Temos uma coisa para
comemorar!
Renee, Paul e eu dirigimos para o campus para pegar Hannah. Eu estava tão
feliz que ela concordou em ir, porque eu percebi que um monte de gente lá seriam
veteranos que eu não conhecia.
– Porra, você se arruma bem, garota. — disse Hannah, enquanto ela entrava
no carro, usando um vestido preto. Foi a primeira vez que eu vi os braços nus, e
eu vi que a queimadura viajou pelo pescoço e no braço, também.
– Vai estar muito escuro, e a maioria das pessoas vai ser muito bêbada para
perceber - disse ela, virando-lhe o braço para trás e para frente, como se estivesse
olhando para ele pela primeira vez. – Além disso, eu amo esse vestido e eu não vou
deixar que nada me impeça de usá-lo.
Ela era incrível.
A festa era em uma casa do lado de fora do campus que vários dos Steiners
alugaram juntos. Já havia alguns poucos carros lá quando Renee foi estacionando.
– Ok, aqui está como isso vai rolar. Se eu vejo uma bebida na sua mão, é
melhor que seja refrigerante. Se eu ver você falar com qualquer cara estranho,
alguém vai entrar em cena. Você tem um monte de olhos em você e esta noite é
sobre Taylor e Hunter, ok? Sem travessuras.
– Sim, sim. Entendi. — Eu estava meio que ofendida que ela pensava que eu
iria tentar arruinar a noite especial deles.
– Não se preocupe. Eu vou mantê-la longe de problemas, - disse Hannah. –
Eu tenho meu olho em você, mocinha.
Éramos da mesma maldita idade.
Renee olhou para Hannah e depois de volta para mim. – Ok, então. Vamos.

99
A casa já estava cheia de gente, nenhum dos que eu conhecia, o que me fez
além de grata que eu tinha pelo menos Hannah.
Hunter e Taylor estavam sendo bombardeados com abraços e parabéns e
pequenos conselhos semi sóbrios não solicitados. Renee e Paul foram se juntar a
eles na sala de estar junto com Megan e Jake enquanto alguns dos Steiners
cantavam para o resto da sala versões sujas de canções populares.
– Cara, eu gostaria de poder beber sem irritar sua irmã. Ela me assusta
demais, a propósito — disse Hannah.
– Sim, ela tem esse efeito nas pessoas. — Olhei para o quarto, à procura de
alguém que eu poderia conhecer.
– Você está bonita. — Como de costume, Dusty Sharp tinha aparecido
sorrateiramente por trás de mim. Girei lentamente, me preparando para seus
comentários sarcásticos com a mudança no meu traje. O que eu não estava
preparada era deixa-lo momentaneamente sem palavras. Ele arregalou os olhos e
examinou-me de cima a baixo. Duas vezes. Ele engoliu em seco e fez uma espécie
de ruído gagueira. Bem, essa foi a primeira vez.
– Mantenha seus olhos em sua cabeça, cara - disse Hannah, dando um passo
em frente de mim.
– E você está deslumbrante, também, Hannah Gillespie. — Ele acenou com
o braço para indicar o vestido dela.
– Bela recuperação — disse ela, batendo no peito dele. Dusty não parecia
muito ruim mesmo. Suas calças quase cabiam nele e ele tinha uma camisa de
botões que definitivamente estava um pouco apertada na região do tórax. Não que
eu estivesse prestando atenção nele. Ou o fato de que a camisa se agarrou a seus
braços, também. Eles eram... braços agradáveis. Muito bem em forma e musculoso.
O tipo de braços que você se sentiria seguro dentro, se você tropeçasse. Você sabia
que eles iam pegar você....
– Você está bem aí, Ruiva? - Dusty olhou para mim como se eu estivesse
olhando para ele. Merda. Eu provavelmente tinha estado. Não, eu definitivamente
tinha estado. – Que tal se eu pegar algo para as senhoritas beber. Não alcoólico, eu
prometo.
Dusty viu minha hesitação. Eu não aceito bebidas de qualquer pessoa, a
menos que eu tinha colocado ou abri-los eu mesma.

100
– Confie em mim, Ruiva. Vou trazer latas fechadas. Inviolável. Volto logo.
– Inteligente. Nunca confie em ninguém em uma festa. Não que alguém iria
querer me drogar — disse Hannah. Ela parecia desapontada, o que era um pouco
louco.
Dusty voltou alguns minutos depois, Hannah e eu estávamos tentando
descobrir um bom lugar para nos sentármos.
– Uma lata para você e uma lata para você e uma lata para mim. - Ele
entregou latas de Coca-Cola suando. – Eles não têm Dr. Pepper, me desculpe. -
Como ele sabia que eu gostava de Dr Pepper? – Eu vi você beber em casa, e no Sea
Dog.
A pergunta era, por que ele se lembra disso?
– Agora, como é que eu sei que você não sacudiu isso? - Eu disse, fazendo
uma pausa antes de eu estourar a tampa.
– Porque eu não ousaria fazer qualquer coisa com esse vestido deslumbrante.
E eu sei como você ruivas são quando vocês ficam com raiva.
Eu queria agitar a lata e abri-la em seu rosto.
– Isso é um equívoco comum — eu disse com os dentes cerrados. Se eu
tivesse ouvido uma piada ruiva, eu tinha ouvido falar de todas elas, mas todos
pareciam viver sob a ilusão de que eu nunca tinha ouvido antes.
– Ah, é mesmo? Porque eu posso imaginar você ficando toda... esquentada.
— Ele chegou mais perto e eu peguei um aroma de sua colônia. Felizmente, ele não
era um daqueles caras que pareciam pensar que estava tudo bem se afogar nela.
Era boa. Ele também cheirava levemente a roupa limpa.
Hannah abriu a lata e tomou um gole enorme.
– Você não parece um cara que curte refrigerante, o que se passa com isso?
— disse ela, apontando para o refrigerante na mão dele. Ele abriu a lata,
certificando-se de apontá-lo longe de mim. Que atencioso.
– Estive lá, fiz isso. Não foi bonito, isso é certo. — Ele não olhava para mim
quando ele disse isso. – Mais divertido, embora. - Ele olhou para a multidão, que
estava definitivamente se divertindo. Algum tipo de jogo bebendo estava
acontecendo no meio da sala. Era muito apertado para jogar beer pong, mas eles
tinham inventado alguma alternativa.

101
Hannah estava estudando Dusty com a cabeça para o lado. Eu chamei sua
atenção e ela balançou a cabeça. Se ela estava tentando me dizer alguma coisa, eu
não estava falando a sua linguagem. Eu finalmente abri a lata de refrigerante e
tomei um gole.

***

Os Steiners criaram uma pequena apresentação, e todo mundo assistiu e


cantou junto. Hannah avistou uma garota de uma de suas aulas, mas não parecia
querer ir lá e falar com ela, por isso, ficamos em um canto, conversando com Dusty.
Ele nos deixou para ir e cantar, mas sempre voltava, apesar de vários dos rapazes
tentar arrastá-lo para longe ou encher ele com bebidas. Por alguma razão,
ele recusou e conversou com a gente ao invés disso. Eu não pude deixar de rir
quando ele nos contou histórias estúpidas sobre coisas aleatórias. Dusty era uma
daquelas pessoas infecciosas que faziam você se sentir bem quando você estava ao
seu redor. Era fácil ver que todos o adoravam, era fácil de ver por que ele e Hunter
tinha formado o seu bromance. Hunter era assim também.
– Eu acho que ele está afim de você, - disse Hannah durante uma das
músicas quando Dusty nos deixou. – Tipo, realmente afim de você.
– Bem, isso não importa, porque eu não estou nele. De forma nenhuma.
– Engraçado, porque você vem olhando para ele como se quisesse acabar com
ele como se fosse o último pedaço de bolo. — Olhei para ela e ela mexeu as
sobrancelhas. – Saboroso, sabor homem bolo coberto de glacê de sexo.
– Você é nojenta.
– Ou talvez eu seja apenas certa. — Eu tive que calar ela quando Dusty
voltou.
– Então, o que você pensa sobre essas duas crianças loucas noivando? - Ele
apontou para Hunter e Taylor, que não haviam estado longe um do outro por muito
tempo.
– Você está me perguntando sobre meus sentimentos sobre o casamento,
Dusty? – Eu disse.
– Whoa, Ruiva. Calma ai. Só estava puxando assunto.

102
– Eu acho que é adorável. Quero dizer, eles são, obviamente, feitos um para
o outro. Algumas pessoas são assim. Feitos um para o outro. - Eu disse.
– Algumas pessoas são — Dusty disse, mas ele estava olhando para mim, e
eu podia sentir meu rosto estúpido e as orelhas ficando vermelhas. Eu desejava às
vezes que eu pudesse usar um chapéu que tapasse os ouvidos para que as pessoas
não pudessem vê-los transmitir minhas emoções.
A conversa de casamento caiu quando um dos Steiners começou fazendo
apostas sobre se ele poderia cantar músicas aleatórias que as pessoas gritavam
sem cometer nenhum erro. Se ele cometeu um erro com uma letra, tinha que beber.
E todo mundo tem que beber se ele... Bem, as regras não foram muito claras. Todos
pareciam muito bêbados nesse ponto, por isso fazia sentido para eles, mas não
para nós, pessoas sóbrias.
Dusty suspirou e olhou para a sua lata de refrigerante.
– Eu não acho que ninguém vai prendê-lo se você beber uma cerveja, - disse
eu.
Ele balançou a cabeça. – Não, mas eu fiz uma promessa a alguém, e eu tenho
que cumpri-la.
– Você vai para o AA? - Disse Hannah, rindo enquanto o cara cantando errou
uma letra e todos contaram para ele. Deus, você pode fazer qualquer coisa em um
jogo de beber.
– Não, só aceitei um conselho que alguém me deu de coração. Fazer uma
mudança.
– Isso deveria ser uma melhoria? – Eu disse.
Ele estendeu a mão em cima de seu peito, sobre o coração. – Ouch.
Fui salva de responder por Renee tropeçando na parede e Paul quase
pegando ela. Pequena hipócrita. Eu sabia que ela bebia, tendo recebido mais de
uma mensagem bêbada e algumas mensagens de voz bêbados dela. Paul chamou
minha atenção e assentiu.
– Me deem licença - eu disse para Hannah e Dusty.
– Eu não estou bêbada, eu juro - disse Renee, embora jure saiu ‘jwuro’. – Eu
só bebi... — ela contou com os dedos, mas não estava funcionando muito bem –
Três drinks? - definitivamente soou como uma pergunta.

103
– Bom trabalho, Paul. Bela maneira de mantê-la sóbria. — Eu dei um tapinha
no ombro dele enquanto Renee caiu contra ele e cantarolava uma canção fora do
tom.
– Não é tão fácil quanto parece - disse ele, segurando-a para cima. – Vou
levá-la para casa. Eu posso voltar e levá-la, se quiser.
– Eu posso dar uma carona para Jos. Eu não bebi. - Se houvesse um prêmio
para espreitar sorrateiramente, Dusty Sharp teria vencido de mãos atadas.
– Obrigado, cara - disse Paul enquanto empurrava os braços de Renee em
seu casaco e ela protestou.
– Coloque-a para a cama e diga que ela é um péssimo exemplo. Não que ela
vai se lembrar disso, - eu disse.
– Hey, irmãzinha! - Renee inclinou-se e deu um beijo na minha bochecha. –
Por que você está tão triste?
– Eu não estou triste, Ne. Vá para casa.
– Mas você está triste. Muuuito tristeeeeeeeeeeeeeee. - ela cantou enquanto
Paul arrastou-a para porta a fora.
– Eu adoro a forma como ela fica bêbada depois de me dar uma bronca
exatamente sobre isso - eu disse, balançando a cabeça. Eu lhe daria um sermão
na manhã seguinte, quando ela estivesse boa e de ressaca, por isso teria maior
impacto.
– Você está? - Disse Dusty, rindo um pouco de Renee.
– Eu estou o quê?
– Triste? - Alguém gritou, e Dusty me puxou para o lado quando um cara
passou por nós gritando sobre uma coisa ou outra. Além de espreitar e aprontar,
ele tinha reflexos muito bons.
– Não, eu não estou triste. — Eu menti.
Ele inclinou a cabeça um pouco. – Você parece triste.
Eu desviei o olhar de seus marcantes olhos verde. – Hum, obrigada. Eu mal
te conheço. Eu realmente não acho que você está qualificado para fazer
julgamentos sobre o meu nível de tristeza.
– Tudo bem, tudo bem. Apenas deixe-me saber quando você e Hannah
estiverem prontas para ir. - Com isso, ele se virou e mergulhou para a multidão,
indo em direção à cozinha e o bar improvisado.

104
– Como você está? - Darah tinha se descolado do lado de Mase para vir me
ver.
– Tudo bem. Você viu Renee?
Darah revirou os olhos.
– Ela sempre acha que a tolerância dela é muito maior do que atualmente é.
Você pensaria que ela teria aprendido até agora. - Mase se aproximou e colocou o
braço em volta dela.
– O que há, Jos? Está se divertindo? - Ele estava claramente um pouco tonto.
Ele estendeu a mão como se esperasse que batesse de volta. Então eu fiz e ele
aplaudiu.
– Sim, grande festa. - Eu dei-lhe um polegar para cima. Seria muito melhor
se eu não estivesse sóbria.
Por que você precisa beber para se divertir? Beber apenas entorpece seus
sentidos. Por que você quer aliviar a bela intensidade da vida?
Um braço serpenteava em volta do meu ombro e eu pulei. – Ei, amiga, você
me abandonou.
Virei-me para encontrar uma Hannah mal-humorada inclinando-se sobre
mim. Alguns de seus cabelos flutuavam em minha boca e eu escovei afastando ele.
– Você quer ir? — Disse.
Ela tirou o braço e deu de ombros.
– Eu estou bem com qualquer coisa. — Os olhos dela pulavam ao redor da
sala, como se estivessem procurando alguém.
– O que está acontecendo?
– Nada. - Disse ela, sorrindo para mim. – Então, eu estou supondo que um
cara vai nos conduzir para casa agora? Um cara chamado Dusty?
Outra mão desceu sobre o meu ombro, mas não era de Hannah neste
momento. – Você estaria certa, Hannah Gillespie.
– Você sabe, um dia desses você vai fazer isso e eu vou pensar que você está
tentando me matar e eu poderia chutar seu saco.
– Meu saco estaria honrado - disse ele, retirando sua mão. Vi que ele tinha
casacos meu e de Hannah na outra.
– Vocês estão indo para casa? - Disse Darah.

105
– Sim, acho que sim. Eu ainda tenho algum trabalho de casa para fazer. -
Isso foi uma mentira. Eu tive alguns posts para fazer. Eu decidi que eu ia me
adiantar nos posts e programá-los antes do tempo, então eu não ficaria sempre
para trás. Foi uma ótima ideia, na teoria, mas eu não tinha certeza de como isso
funcionaria na prática.
– Vejo você em casa, Pequena Ne! — Mase falou enquanto Darah acenava
para nós. Como ela estava lidando com esse monstro de pessoa estava além de
mim, mas ela tinha feito bem até agora.
– Eu vou dizer a Taylor e Hunter você foi para casa - Darah gritou atrás de
nós.
– Senhoras - disse Dusty, nos entregando os nossos casacos. Nós os
colocamos enquanto ele nos levou para fora da casa. Seu carro estava estacionado
em um local interessante, e ele acabou manobrando-o para fora antes que
pudéssemos entrar.
– Você pode sentar na frente - disse Hannah no meu ouvido.
Incrível.
Hannah e Dusty conversaram sobre coisas aleatórias enquanto ele a dirigia
para seu dormitório.
– Vejo você amanhã, garota. Obrigado pela carona, Dusty.
– A qualquer hora - disse ele, com aquele aceno de sempre.
Quando Hannah partiu, ela parecia ter tomado todo o ar para fora do carro
com ela. O que havia de errado comigo? Eu estava sozinha com ele no carro ante s.
Por que isso era diferente?
– Então o que você realmente pensa sobre Taylor e Hunter se casarem?
– Por que você se importa? — Estendi a mão para brincar com o rádio para
ter algo para me concentrar, além de Dusty.
– Aqui - ele disse, alcançando através, encostando meu peito e abrindo o
porta-luvas e tirando um iPod velho. Ele plugou no acendedor de cigarros e mudou
a estação de rádio antes de me entregar o iPod.
– Pule as que você não gostar.
Uma música estranha saiu dos alto-falantes, então eu pulei para a próxima.
Outra canção desconhecida. Eu cliquei para sua biblioteca e rolado através.
Caramba, a coisa estava lotada. Ele tinha todos os tipos de coisas lá dentro. Eu

106
estabeleci-me em Beastie Boys, só para ver o seu rosto quando — Fight for Your
Right — se aproximou. Eu não estava desapontada.
– Interessante escolha, Ruiva. Eu aprovo. — Ele balançou a cabeça, e eu
pude ver seus dentes refletindo nos faróis dos carros que se aproximavam.
– O que, eu não pareço como uma garota que iria ouvir os Beastie Boys?
– Não, não é isso. Eu só não achei que você escolheria essa.
Ouvimos o resto da música e então eu troquei para Death Cab for Cutie. Ele
riu.
– Você é uma garota interessante, Ruiva. Eu nunca estou entediado quando
estou com você.
Idem.
– Você sabe, se você quiser falar sobre qualquer coisa, eu tenho muito boas
habilidades de escuta.
– Elas são melhores do que suas habilidades à espreita? Porque você é muito
bom nisso - eu disse.
– Espreita?
– Sim, você parece sempre se esgueirar por trás de mim, e eu nunca te ouço.
– É uma habilidade. Adquirida ao longo de anos de ter que fugir
silenciosamente.
– Fugir de quê? — Vamos ver como ele gostava de receber perguntas pessoais.
– Boa tentativa, Ruiva. Essas portas estão fechadas e eles não vão abrir. Nem
mesmo por uma coisa bonitinha como você. — Ele estava tentando me distrair,
mas não ia dar certo. Eu só iria deixá-lo pensar que sim. Eu tinha outros meios de
descobrir sobre sua vida.
– Tudo bem, tudo bem. — Eu passei por mais algumas músicas. Huh. Ele
tinha Ingrid Michaelson. Isso foi uma surpresa. Eu coloquei em The Way I Am e
esperei a reação dele. Ele riu baixinho, e eu quase podia ouvi-lo corar.
– Se você contar a alguém que tenho Ingrid aqui, eu vou... Eu não sei.
– O que, ouvi-la arruinaria a sua imagem? - Eu coloquei aspas no ar ao redor
da imagem.
– Estou sou perfeitamente confiante na minha imagem, muito obrigado. - Ele
não poderia mesmo dizer isso com uma cara séria, então eu comecei a rir.
– Você é tão cheio de merda.

107
– Sim, Ruiva. Eu sou. Você não deve acreditar em uma palavra do que eu
digo.
– Eu não acredito.
– Bom.
– Bom.
Ele tentou parar de sorrir, mas ele não podia e eu joguei minha cabeça para
trás e ri como não tinha feito em muito tempo. Ele parou em frente da Yellowfield
House e desligou o carro.
– Aqui estamos. - disse ele.
– Aqui estou.
Foi um daqueles momentos em que, se isso fosse um filme, ele teria se
inclinado e me dado um beijo de boa-noite. Mas porque não era um filme, apenas
ficamos ali, e eu tentei parar e pensar em alguma coisa que eu pudesse dizer que
me daria uma saída honrosa.
– Obrigado pela carona. - Sim, não era isso.
– A qualquer hora. Sempre que você precisar de alguma coisa, apenas...
deixe-me saber. — Isso seria meio difícil de fazer, já que eu não tenho o número
dele. Mas sim, eu não ia perguntar a ele por isso.
– Eu vou manter isso em mente. — Eram momentos como estes que eu
gostaria de ter um script.
– Eu não estou pensando em você desse jeito, Ruiva. Se é isso que você está
preocupada. — Bem, o script não importa se ele saiu do livro.
– Eu não estava.
– Ok. Porque eu sei que brinco, mas não é sério. — Ele parecia estar tentando
muito ser convincente.
– Certo.
– Ok, então. Eu acho que eu vou... te ver por perto. — Parecia não haver mais
nada para fazer, do que sair do carro, assim que eu fiz e comecei a andar em direção
a casa. Eu ouvi o rangido da manivela da janela e, em seguida, sua voz.
– Jos? - O som do meu nome real me fez virar por reflexo.
– Eu... — Eu nunca tinha o visto perder palavras, mas ele parecia ter nada
mais que a língua presa esta noite. Ele sussurrou algo que eu não ouvi.
– O quê?

108
Ele olhou através do parabrisa e não para mim. – Desculpa, não é nada.
– Bem... Eu estou indo para casa agora.
– Você deve fazer isso. Está muito frio para ficar do lado de fora.
– Certo. Aqui vou eu. - Eu comecei a andar para trás e ele riu.
– Não tropece, Ruiva.
Eu continuei indo para trás até que cheguei à varanda e ele ficou me olhando
o tempo todo. Não foi até que eu tivesse aberto a porta, acenado e fechado à porta
outra vez que eu ouvi seu carro se distanciar.
Esse garoto era esquisito.

109
Capítulo 12
Renee estava caída sobre a mesa de jantar na manhã seguinte quando eu
vim para o café da manhã. Eu tinha ouvido Paul falar suavemente com ela em seu
quarto na noite anterior, quando fui para verificá-la e percebi que ele tinha tudo
sob controle. O resto da tripulação chegou bem tarde. Para pessoas que eram
academicamente disciplinadas, beber em um domingo à noite não parecia ser a
escolha mais sábia.
– Como vai, irmã mais velha? - Eu disse, indo pegar uma caneca para que
eu pudesse fazer um chá. Os moradores da Yellowfield House eram grandes no café
da manhã, mas ninguém tinha feito mada ainda, então eu peguei alguns waffles
do freezer.
– Cala a boca.
– Ei, você é o única que deveria dar um bom exemplo. Eu não te forcei a
beber.
– Por favor, apenas... mais tarde. - Ela não podia sequer formar uma sentença
completa.
Esperei meus waffles cozinharem, enquanto os outros habitantes da casa
desciam e fui para a cafeteira. Se eu fosse uma vadia completa, eu poderia ter
começado cedo e fazer uma tonelada de ruído. A ideia tinha sido tentadora, mas
eu não tinha agido sobre ela.
– Álcool ruim - disse Renee enquanto Paul veio da porta da frente segurando
sacos gordurosos de fast food.
– Cura ressaca - disse ele, segurando-os para cima.
– Eu iria aplaudir, mas eu não quero - disse Renee enquanto Darah se
encostou a Mase. Taylor ergueu o punho, hesitante.
– Esse é o melhor que posso fazer - disse ela enquanto Paul distribuía os
sacos e todo mundo enfiou a mão, pratos que se danem.

110
– Eu te trouxe um de ovo e queijo, se você quiser - disse Paul, segurando um
saco para mim.
– Eu estou bem com waffles, mas obrigado.
Ele deu de ombros e entregou o sanduíche à Mase, que o detonou em três
mordidas. Café da manhã foi bastante tranquilo, porque todo mundo estava
atrasado para o que eles deveriam estar fazendo. Eu pensei que algum deles iria
cabular, mas todos eles colocaram seus traseiros porta a fora, eventualmente.
– Então, como está a ressaca de todos na sua casa agora? - Disse Hannah
quando me sentei ao lado dela para a aula de Pam. Tínhamos um acordo tácito de
que ela teria sempre Skittles, mas eu teria que fornecer o meu próprio M&M’s, por
isso eu fiz questão de parar e pegar um da máquina na Union, o suficiente para
durar para a semana.
– É muito épico. Eu estava me sentindo amarga sobre isso ontem à noite,
mas agora eu sou grata por ter ficado sóbria.
– Bem, aí está uma solução para não ficar de ressaca, - disse ela, abrindo o
seu caderno.
– Não beber?
Ela jogou um Skittle em sua boca. – Nunca estar sóbrio.
– Ponto válido.
Pam começou a aula e eu tinha outras coisas em que pensar para a próxima
hora.
– Você sabe, sua irmã a mantém em uma rédea curta, - disse Hannah quando
estávamos almoçando. – O que você fez?
O que eu não tinha feito? Eu tinha sido a garota-propaganda para o
comportamento destrutivo no verão passado. Nomeie algo, eu tinha feito isso. Ficar
fora até tarde, festejando, bebendo, qualquer coisa. Eu tinha feito o que eu queria,
quando eu queria fazê-lo e não me importava o que niguém dizia ou tentava fazer
a respeito. Foi muito divertido. Por um tempo. Mesmo que eu tivesse conseguido
me livrar da maior parte para fora do meu sistema, eu tinha queimado muitas
pontes e que ia ser um inferno para reconstruí-las.
– Vamos apenas dizer que eu passei a minha fase de filho rebelde.
– Você não parece assim agora.
– Sim, bem, eu fiquei mais sábia com a idade.

111
Ela bufou em descrença. – Cara, quantos anos você tem?
– Dezoito. Eu comecei a faculdade, quando eu tinha dezessete anos. Meu
aniversário é em um mês e meio.
– Baby. Eu já tenho dezenove anos, por isso eu sou mais velha e mais sábia.
– Então, qual conselho você tem para mim, oh sábia?
– Sempre beber menos do que você acha que pode, confiar no seu instinto, e
da próxima vez que você ver Dusty Sharp, é melhor você tomar um atitude. - Ela
me deu um grande sorriso.
– Isso não é realmente o que eu quis dizer. - Eu não tinha contado a ela sobre
o pequeno momento, se é isso que você poderia chamá-lo, que Dusty e eu tivemos
ontem à noite no carro. Era tão pequeno que eu teria me sentido estúpido levanta-
lo.
Nós conversamos. Nós dois tínhamos sido esquisitos. Fim.
– Eu vou ter que fazer uma intervenção com vocês dois, eu juro. Ele gosta de
você... você gosta dele. A equação é bastante simples, e eu meio que sou uma droga
em matemática. Você mais Dusty é igual... - Ela acenou com a mão em um círculo,
procurando a palavra certa.
Eu tinha certeza que seria um desastre.
Ela estalou os dedos.
– Sexplosão.
– Sério? Você gastou tudo o que podia pensar e é com isso que você vem?
– Você só está irritada, porque que sabe que eu estou certa e não quer
admitir isso.
– Eu não estou, e você não está.
– Ah, com certeza, querida. Eu acredito em você. - Ela deu um tapinha no
meu braço. Eu lancei a minha tampa da embalagem nela, e ela riu. O sorriso dela
caiu quando viu alguém do outro lado do refeitório.
– O quê?
– Nada.
Seu comportamento tinha mudado completamente. Eu procurei e vi uma
mesa de caras olhando para nós. Eles não estavam nem mesmo disfarçando. Eles
definitivamente poderiam aprender algumas lições com Dusty. Um dos rapazes
disse alguma coisa para os outros, e todos riram. Bem, não era preciso ser um

112
gênio para colocar essas duas coisas juntas. A maioria deles não parecia familiar,
mas eu definitivamente tinha visto pelo menos dois deles na festa.
Hannah inclinou a cabeça para frente e seu cabelo caiu na frente de seu rosto como
uma juba de um leão deprimido.
– Então, eu preciso de sua ajuda, — disse eu, voltando-me para que eu
bloqueasse Hannah do ponto de vista da outra mesa, e bloquear sua visão ao
mesmo tempo.
– Com o quê? - Ela manteve a cabeça baixa. Eu gostaria de poder obter toda
a história dela, mas eu sabia que se eu a forçasse, ela ia se fechar como uma
armadilha de aço. Eu sabia disso porque eu faria a mesma coisa.
– Eu realmente quero conseguir um emprego, mas eu não quero algo chato,
então eu preciso de ajuda para pensar um trabalho que não me faça querer cortar
os pulsos.
– Eu acho que estou à altura desse desafio, - disse ela, finalmente,
levantando a cabeça. Eu não tinha ideia se os caras ainda estavam olhando e rindo,
mas Hannah ergueu o queixo e jogou o cabelo para trás para que a cicatriz ficasse
completamente visível. Foi um totalmente um momento vá se foder. Sim, havia um
motivo para eu ser amiga dela.
Passamos o resto do nosso tempo debatendo ideias. Algumas eram ridículas,
como vender meus órgãos on-line, ou encontrar uma batata frita que parecia com
a Virgem Maria, mas algumas não eram. A estação de rádio do campus tinha cargos
remunerados, eu sabia, assim como o jornal estudantil. A biblioteca era outra
opção, e eu já tinha conexões porque Taylor e Hunter trabalharam lá.
– Eles pagam dez dólares por hora para modelagem nua no departamento de
arte. Não é realmente tão ruim assim - disse Hannah, como se ela estivesse
comentando sobre o clima.
– Você já fez isso? - Eu quase entrei na lata de lixo quando saímos de Union.
Ela assentiu com a cabeça.
– Aqui e ali. Eu não tenho vergonha do meu corpo. - Suas palavras eram
afiadas, como se quisesse puxá-las para fora da boca e lançá-las como facas no
grupo de rapazes que tinham estado tão obviamente falando sobre ela. Aposto que
ela poderia, se quisesse.

113
– Bem, eu não sei se eu sou tão liberal, mas vou colocá-lo na coluna de talvez.
Mesmo que vá parecer um bilhete estranho.
– Você sabe, se você quiser vir para sair ou estudar, ou o que quer que seja,
você é bem-vinda. Tenho, tipo, caverna masculina do lado de fora do meu quarto.
– Parece bom. Eu te envio uma mensagem, ok?
– Vejo você em bio.
Ela se afastou, os ombros um pouco curvado, mas poderia ter sido por causa
do frio.

***

O Golf de Dusty estava estacionado do lado de fora quando cheguei a casa


naquela tarde, juntamente com o balde de ferrugem de Hunter. Os outros carros
estavam ausentes.
– Ei, Jos! - Disse Hunter, quando eu entrei para os sons da sua guitarra e do
beat box de Dusty.
Eu escrevi que eu estava em casa na tabela e coloquei a minha bolsa para
baixo, percebendo que as meninas tinham ‘Saímos’ escrito na tabela. – Ei, Hunter.
Onde estão todas?
– Hum, acho que Renee sequestrou Taylor e Darah para ir olhar para coisas
do casamento. Ou algo assim. Eu meio que não prestei atenção. Mase está na
academia e Paul tinha laboratório.
Estranho.
– Ei, Jos - disse Dusty, dando-me uma espécie de meio sorriso. Não era o seu
sorriso completo, e eu não sabia o que fazer com ele.
– Hey. O que você está fazendo aqui? - Eu fui para a cozinha e peguei uma
maçã.
– Só pensei em passar por aqui e ver como todo mundo estava se
recuperando.
Hunter parecia um inferno de muito melhor do que ele parecia na parte da
manhã.
– Estou chocada que elas foram às compras, mesmo estando todas de
ressaca - disse eu, sentando-me no lado oposto do sofá de Dusty.

114
– Elas se recuperaram muito rápido. São jovens, — disse Hunter com um
sorriso enquanto ele dedilhava sua guitarra. – Pedidos?
Dei de ombros.
Hunter colocou o instrumento de volta no carrinho pequeno que tinha no
canto da sala. – Algo errado?
– Não mesmo. Apenas... Eu não sei. — Arrisquei uma olhada em Dusty, e ele
estava com as mãos nos bolsos. – Hannah parecia estranha na noite passada?
– Não, por quê? - Disse Dusty.
– Eu não sei. Ela estava agindo de forma estranha, e então hoje eu vi alguns
dos caras da festa na Union, e era quase como se estivessem rindo dela ou algo
assim. Eu posso estar apenas vendo muito nisso, mas ela ficou muito ‘não Hannah’
depois.
– Alguém lhe disse alguma coisa? - Hunter se inclinou para frente, pronto
para ficar de pé e ir atrás de quem quer que fosse.
– Eu não sei. Ela não quis me dizer. Eu provavelmente deveria ter guardado
para mim. Por favor, não diga nada a ela. — Dusty e Hunter assentiram e trocaram
um olhar. Eu podia apenas imaginar aqueles dois, agarrando suas espadas e
montando em seus cavalos brancos. Eles foram cortados do mesmo tecido.
– Quem está no comando do jantar? — Eu disse para mudar de assunto.
– Bem, é por isso que eu estou aqui também - disse Dusty, limpando a
garganta. – Hunter me informou que é a sua vez de preparar o jantar e eu
voluntariei minhas habilidades culinárias para ajudá-la. Se você quiser.
Eu não tinha ideia se ele poderia cozinhar, ou se ele só estava sacaneando
comigo. Eu também não tinha ideia do que estava realmente por trás dele estar
aqui, porque, obviamente, tinha uma razão.
– Você não tem sua própria casa?
– Sim, um apartamento de merda. Por que eu iria querer estar lá, quando eu
poderia estar aqui no Ritz?
A Yellowfield House era bastante agradável. Oh, eu estava brincando? Era
boa pra cacete, no padrão de casas. Quero dizer, não só era bom, mas era tão
limpa. Darah era como uma fada madrinha que esvoaçava ao redor e fazia com que
houvesse absolutamente nenhuma teia de aranha ou sujeira ou qualquer coisa que
se assemelhasse a sujeira.

115
Mas ainda assim. Por que Dusty estava aqui, de repente? Quero dizer, o quão
estúpido que eles achavam que eu era? Quero dizer, você não seria capaz de
enganar uma criança de seis anos de idade.
– Tudo bem. Você pode me ajudar, mas nós estamos fazendo o que eu quero,
e se eu disser para você sair do meu caminho e me deixar fazer alguma coisa, você
fazê-lo. Entendido?
Dusty olhou para Hunter, que parecia que estava segurando o riso.
– Sim, senhora - disse ele à medida que se mudou para a cozinha.
Eu tinha planejado fazer lasanha, desde que eu tinha tudo para ela. Eu
nunca tinha chegado a cozinhar quando a casa estava tão vazia, por isso ia ser
bom, mas eu tinha uma sombra que espreitava.
– O que posso fazer, oh deusa da cozinha? - Ele estendeu as mãos como se
estivesse esperando por mim para colocar algo nelas.
– Primeiro de tudo, você pode sair do meu caminho. - Ele mudou de lado,
como eu juntava os ingredientes. Eu iria fazê-la com pepperoni, mas percebi que
eu poderia ignorá-lo e, em seguida, Taylor não teria que se preocupar em tentar
encontrar as partes sem pepperoni depois que eu tivesse cozinhado ele.
– Aqui. Pique. - Entreguei-lhe uma faca e um saco de espinafre fresco. Eu
imaginei que ele poderia pelo menos fazer isso.
– Tábua de cortar? — Eu peguei e entreguei a ele enquanto eu misturava o
restante dos queijos juntos.
Ficou claro depois de alguns segundos que Dusty tinha apenas habilidades
culinárias rudimentares. Jesus, ele não conseguia nem segurar uma faca. Mais
uma vez, se isso fosse um filme, eu viria atrás dele, colocaria minha mão sobre a
dele e lhe mostraria como usá-la corretamente. Durante isso, ele iria virar
lentamente, a faca bateria no chão e ele me varreria em um abraço apaixonado.
O que realmente aconteceu foi que eu comecei a rir enquanto ele mutilou o
espinafre.
– Eu posso ouvir você rindo de mim, — disse ele, sem se virar, mas colocando
a faca de lado. – Sinto muito. Estou acostumado a comprar comida fora ou
esquentar algo no microondas. Essa não é a minha praia. De forma alguma. - Ele
olhou para o espinafre como se fosse atacá-lo.
– Então por que você concordou em ajudar?

116
Ele se virou e me encarou. – Porque eu queria passar mais tempo com você.
– Você passou. - Não era uma pergunta.
– Acredite ou não, Ruiva, eu gosto de sua companhia. — Ele me deu um
sorriso, como se dissesse, o que você acha disso?
– Mesmo quando eu insulto você constantemente?
Empurrando-se para longe do balcão e para mim, ele disse: – Principalmente
assim.
– Eu pensei que você tivesse dito que não estava afim de mim.
Quando engolir se tornou tão difícil de fazer? Isso o impediu de seu avanço
em toda a cozinha.
– Eu não estou. Não posso só querer sair com você? Você é uma daquelas
meninas que pensam que os caras e as meninas não podem ser amigos sem um
deles se apaixonar pelo outro?
– Não, na verdade, eu não sou. — Eu já tinha provado que não é verdade.
Ele acenou com a cabeça. – Nem eu. Então, com isso esclarecido, você
poderia terminar isso para que eu possa parar de estragar tudo?
Revirei os olhos e fui pegar a faca de onde ele colocou sobre o balcão.
– Eu não posso acreditar que você não sabe como cortar. Você não tem jeito.
– Mas agora eu tenho você para me ensinar, Ruiva.
Eu coloquei a faca na minha mão, lhe mostrei como eu a agarrei e cortei
alguns pedaços.
– É como uma gangorra. Para frente e para trás. -Eu estendi a faca para ele
e o supervisionei a partir de alguns metros de distância, até que ele tinha pegado
o jeito. Mais ou menos. Uma vez que ele tinha terminado, eu joguei o espinafre na
tigela com a mistura de queijo e o fiz usar aqueles braços para um bom proveito,
abrindo os frascos de molho.
Deixei-o em camadas o macarrão e molho e, em seguida, era hora de
empurrar a coisa no forno.
– Você realmente não cozinha? - Eu disse enquanto definia o timer.
– Eu realmente não cozinho. - Ele pulou em cima do balcão e começou a fazer
beat box. Ele era como Hunter com seu batuque. Nervoso, eram eles dois.
– Bem, se o apocalipse zumbi acontecer, eu acho que você vai ter que
aprender.

117
– Apenas se os meus dotes culinários forem necessários. É muito mais
provável os meus poderes de matador de zumbi sejam mais necessários.
Ok, ele tinha um bom ponto, e ele sabia disso.
Revirei os olhos de novo e fui até a geladeira para pegar o pão de alho. Era o
pré-assado, então eu só tinha que colocá-lo no forno com a lasanha no final para
ele se aquecer. Precisávamos de um acompanhamento, mas estávamos sem de
alface, então eu encontrei um saco de brócolis no freezer e coloque -o em uma tigela
para esquentar no microondas.
– Bem, se você continuar vindo aqui mais vezes, tenho certeza que Taylor ou
Darah colocariam você para ajudar a cozinhar ou assar. Elas são ótimas nisso. -
Taylor não deixou uma semana passar sem algo delicioso para se colocar no forno.
Eles colocavam doméstico a um nível totalmente novo.
– Posso te contar um segredo? - Ele sussurrou depois dramaticamente
olhando ao redor do cômodo. Sim, nós ainda estávamos sozinhos.
– Sim, com certeza. -Eu precisava de algo para fazer, ou então eu cairia em
um dos cantos impecáveis.
– Você promete que nunca, nunca revelar esta informação a qualquer pessoa,
a qualquer momento, por qualquer motivo? - Ele estava fazendo um grande negócio
disso.
– Juro por Deus, - eu disse, fazendo um movimento de cruz sobre o meu
peito. Não era minha intenção que seus olhos foram para essa área quando eu fiz
isso e demorou mais tempo do que deveria ter.
Ele pulou o balcão e entortou seu dedo para eu me inclinar mais perto. Eu
cruzei os braços sobre o peito e virei minha orelha em direção a ele.
– Eu nunca cozinhei nada na minha vida - disse ele, e eu quase pulou para
fora da minha pele, porque ele estava tão perto de mim. Sua colônia mexeu com
meus sentidos e oprimiu o cheiro da lasanha cozinhando.
Meu cérebro gaguejou como um motor de carro congelamento em janeiro.
– Eu-eu não vou contar a ninguém - eu disse, afastando-se dele e fingindo
que eu tinha algo realmente importante a fazer na pia.
– Então eu acho que a primeira vez que eu asso alguma coisa, deve ser
especial. Com alguém em quem confio. Eu não quero assar com qualquer um. -
Por que tenho a sensação de que não estávamos falando mais de assar?

118
Eu sabia que quando eu me virei de enxaguar a esponja na pia eu iria
encontrá-lo lá, e eu estava certa.
Mesmo com minhas mãos estando molhadas, ele agarrou as duas e se
ajoelhou na minha frente. Jesus Cristo.
– Você, Joscelyn Archer Will, que ser a minha primeira? - Eu estava tão, tão
feliz que ele não podia ouvir o que o meu coração estava fazendo, porque ele
definitivamente não estava batendo em uma forma normal.
– Assar, você quer dizer?
Levantando-se a seus pés, mas não deixando de lado as minhas mãos, ele
começou a sorrir.
– O que você achou que eu estava falando, Ruiva?
Não sobre assar, isso era certo.
Por que ele não poderia deixar de minhas mãos? Além disso, por que as suas
eram tão grandes? Elas abrangiam as minhas completamente
A porta bateu e Dusty deixou minhas mãos caírem como se estivessem em
chamas.
– O que cheira tão bem? - Renee disse, com os braços carregados de sacolas
de shopping. Darah e Taylor estavam bem atrás dela, igualmente tão
sobrecarregadas.
– Lasanha - Dusty disse, já que eu parecia ter perdido a capacidade de formar
palavras com a minha boca. Engoli em seco algumas vezes e tossi.
– Liquidação? - Eu finalmente disse.
– Sim, claro - disse Renee, seus olhos não encontrando os meus. Hum, o
que?
– Por que você está estranha? — Eu disse, afastando-me de Dusty. – Você
está escondendo algo de mim, irmã mais velha?
– Absolutamente não — disse ela, escondendo as sacolas atrás das costas. –
Volto logo mais. Ela correu até as escadas e os outros dois seguiram. Hmm. Se eu
tivesse apenas um palpite, eu diria que tinha algo a ver com o meu próximo
aniversário, mas talvez eu só estava sendo muito egoísta.
Elas desceram um pouco mais tarde, e Paul e Mase estavam em casa alguns
minutos depois. Ninguém parecia surpreso ao descobrir Dusty comigo na cozinha,
que também me levou à conclusão de que a razão pela qual ele estava aqui era uma

119
espécie de maneira estranha para me distrair enquanto todos saíram às compras.
Meu aniversário nunca foi um grande negócio, sendo de uma família com um monte
de crianças. Era maior, quando eu era mais nova, mas é claro que eu não me
lembro de um monte desses aniversários. Eles só existiam em imagens agora.
Talvez Renee se sentiu uma merda sobre ser tão rigorosa comigo então ela
estava me dando uma festa de aniversário para compensar isso? Não faz muito
sentido, mas eu não conseguia pensar em qualquer outra razão para ela estar
escondendo coisas como isso de mim, ou por que Dusty, de repente decidiu
cozinhar o jantar comigo, vendo como ele não cozinhava nada.
Mas, claro, eu fingi que não notei nada fora do comum. Eu jogaria junto.
Dusty ficou para o jantar e eu também fiquei chocada ao descobrir que ele
tinha trazido dever de casa, também. Chame-me de louca, mas ele simplesmente
não parece ser o tipo de cara que iria fazer a lição de casa. Quero dizer, ele teria
que, porque ele conseguiu fazer por de um ano e meio de faculdade já, mas eu
simplesmente não conseguia imaginá-lo.
Todo mundo reivindicou um pedaço dos móveis, e acabei sentada no chão da
sala de estar com meu laptop na mesa de café e os meus livros no chão.
– Essa área está ocupada? - Dusty estacionou ao meu lado e colocou uma
pilha de livros sobre a mesa.
– Eu acho que agora está. É uma espécie de pegar o quanto você puder por
aqui, por espaço de estudo.
– Estou vendo isso — ele disse enquanto todos os outros se espalharam em
vários lugares e posições. Folheei os títulos dos livros que ele colocou na mesa e
fiquei um pouco surpresa. Cálculo, teoria musical e vários que parecia que eles
eram para a educação.
– Educação musical, como Hunter — disse ele à minha pergunta sem
resposta. – Surpresa?
– Eu já sabia disso. - Não exatamente, mas eu poderia colocar dois e dois
juntos.
– Ei, Hunter, você ainda tem aquele guia de estudo Praxis? - Hunter tinha
tomado o primeiro conjunto de testes que ele precisava para passar para se tornar
um professor a um par de semanas antes e ainda estava à espera de seus

120
resultados, uma vez que ele teve que passar o primeiro teste para tirar a segunda
parte. Pareciam com os SATs, só que piores.
Hunter olhou por cima de tudo o que ele estava imerso, seus olhos tomando
um segundo para focar.
– Sim, claro. Você quer pegar emprestado?
– Apenas os testes práticos. Quero apenas fazer cópias, se você não se
importa.
– Claro, não há problema. - Hunter correu e pegou o livro de cima e trouxe-
o para baixo. – Eu não preenchi as respostas, então você não pode colar de mim.
– Bem, eu prefiro passar no teste, então eu acho que vou me arriscar. -
Hunter atirou o livro em Dusty, e ele a pegou quando eu abaixei.
– Sem jogar livros - disse Taylor do sofá. – Eles não podem se proteger. Você
deve saber melhor, Hunter Zaccadelli.
– Eu odeio ser essa pessoa, mas eu tenho um teste de anatomia enorme e eu
tenho, tipo, um bilhão de páginas para ler, será que vocês podem flertar mais
tarde? Como, no seu quarto? Tranquilamente? - Disse Renee, olhando para todos
nós como uma bibliotecária aborrecida.
– Desculpe, Ne - disse Taylor, abaixando a cabeça e voltando para o seu livro.
– Sim, senhora - disse Hunter, seu sotaque aparecendo.
Dusty me deu um olhar antes que ele sussurrou: – Você não vai gritar
comigo, não é?
– Eu ainda estou ouvindo conversa - disse Renee, virando uma página de seu
livro.
Fingi costurar meus lábios e apontei para Renee e, em seguida, fez um
movimento arrasador em toda a minha garganta e, em seguida, apontou para ele.
Eu esperava que ele entendesse a mensagem. Ele me deu uma olhada e virou o
livro que Hunter lhe dera aberto, e eu voltei a trabalhar nos meus estudos para a
aula de Pam. Eu sempre fiz isso primeiro para que meu cérebro estivesse mais puro
e capaz de absorver a informação.
Para um cara que fazia um monte de barulhos com a boca, Dusty foi muito
bom em se concentrar. Eu continuei olhando para cima do meu livro e ver se ele
realmente estava estudando ou apenas fingindo, mas ele estava sempre absorto em
tudo o que ele estava fazendo. Ele nem sequer olhou para cima, me smo que eu

121
estivesse olhando para ele e estivéssemos sentados tão perto. Era como se ele
tivesse fechado a porta e estivesse em seu próprio quarto, que nenhum de nós
poderia entrar. Eu balancei a cabeça e voltei para o meu trabalho e li até terminar
tudo o que eu absolutamente tinha que terminar e, em seguida, comecei a
trabalhar no meu blog. Eu estava pensando em fazer um novo design, mas desde
que eu sabia quase nada sobre HTML, eu estava meio limitada. Eu deveria
aprender códigos. Talvez eu pudesse encontrar um livro usado sobre isso na
livraria ou algo assim.
– O que é isso? - Virei a cabeça um pouquinho e encontrei o rosto de Dusty
quase descansando no meu ombro. Bati meu laptop fechado, assustando todo
mundo fora de seus estupores de estudo.
– Oh, meu Deus, eu acho que eu acabei de morrer um pouco - disse Taylor,
segurando em seu peito.
– Desculpe. Sinto muito. - Eu olhei para Dusty, que ainda tinha o seu rosto
muito perto. Até onde eu conhecia garotos, ele definitivamente cheirava muito
melhor do que os que eu tinha encontrado. Muitos deles encobriam o fato de que
eles não tomavam banho com muita frequência com spray corporal desagradável
que provavelmente era tóxico e, lentamente, os matariam com doença uma
pulmonar. Tentei não fechar os olhos e inclinar-me para ele e imaginá-lo
pendurando roupa, sem camisa, é claro, do lado de fora em um dia ensolarado.
Jesus, o que eu estava fazendo?
Ele já havia dito que não estava interessado, e eu não estava interessada,
então por que ele continuava fazendo coisas que faziam parecer que ele estava
interessado, e eu não parava de pensar coisas como ele pendurando roupa sem
camisa?
Eu deslizei para longe dele e virei meu laptop para que ele não pudesse ver a
tela. Ele recostou-se em sua posição com o menor dos suspiros e voltou a tomar
notas. Ou pelo menos é o que eu pensei que ele estava fazendo, mas, em seguida,
um avião de papel pousou no meu colo. Sério? Quantos anos ele tinha? Embora,
eu tinha que lhe dar pontos. Passar era uma arte perdida no mundo das mensagens
de texto e Facebook e twittar todos os seus pensamentos de forma insípida para o
mundo mesmo se o mundo precisasse saber disso ou não.
Eu não olhei para ele enquanto eu desdobrava o bilhete.

122
O que você não quer que eu veja? Você estava olhando pornografia? Se sim,
posso acompanhá-la? Se não, o que você estava fazendo?
Virei-me e lhe lançei um olhar de nojo antes de colocar o bilhete na mesa de
café e rabiscar uma resposta.
Você é um idiota e não é da sua conta.
Redobrei o avião e atirei-o por cima do ombro, sem me preocupar em mirar
enquanto eu voltei a trabalhar no meu blog. Eu não conseguia me concentrar, no
entanto, porque eu pensei que a qualquer momento ele ia meter a cabeça sobre o
meu ombro novamente.
Meu blog era meu. Eu não publicava meu nome real, e não havia fotos de
mim para que ninguém jamais soubesse que era meu. Meu blog era... privado. Ele
era meu e ninguém sabia sobre isso. Isto foi provavelmente o que Peter Parker e
Bruce Wayne sentiam. Só que, você sabe, as suas identidades secretas eram mais
impressionante do que a minha identidade secreta de blogger. Eu podia dizer
qualquer coisa que eu quisesse, ser quem eu quisesse no meu blog. Aquela garota
que eu era não importava. Ninguém a conhecia. E, além disso, o blog não era sobre
mim. Era sobre a música.
Um pouco mais tarde, as pessoas começaram a se arrumar para a noite. Eu
esperava Dusty se levantar e ir embora, mas ele não o fez.
Ele também não passou o bilhete de volta, e quando eu dei uma olhada para
ele, ele estava focado de novo. Esquisitão.
Eu estava prestes a virar e perguntar se ele ia ficar toda a noite, quando ouvi
um livro fechar perto de mim.
– Bem, eu provavelmente devo voltar para o meu barraco. - Ele ficou de pé e
todos aqueles que ainda estavam no andar de baixo murmuraram seus votos de
boa-noite. Ele olhou para mim como se ele estivesse esperando algo. Eu deveria
levá-lo para fora?
Espere. Será que ele acha que isso foi um encontro? Isso foi um encontro?
Por que isso teria sido um encontro? Claro, tinha o jantar envolvido, mas apenas
porque ele tinha estado aqui quando estávamos fazendo e servindo.
– Vejo você mais tarde - eu disse, e soou tão vazio como parecia na minha
cabeça, e eu me senti tão vazia como eu estive na noite anterior em seu carro.

123
Ele abriu a boca, mudou de ideia e, em seguida, fez um de seus sons de
bateria para encobri-lo.
– Tchau, Ruiva.
Eu dei a ele um desses acenos de dois dedos, e ele fez uma volta com um
sorriso no rosto.
Foi só depois que ele se foi que eu percebi que ele tinha levado o bilhete avião
de papel com ele.

124
Capítulo 13
— Então, eu sei que sua irmã está meio que, super contra festas, mas tenho
um convite para uma, e não posso ir sozinha. Além disso, se você não quiser vir
comigo, eu vou te machucar. Então, você está indo. — disse Hannah depois de bio
no dia seguinte.
— Minha irmã nunca permitirá isso.
— Eu percebi, e é por isso que eu pensei que eu poderia falar com ela e
convencê-la.
Eu quase comecei a rir. Isso nunca iria funcionar, e era bonito que ela
pensasse que iria.
— Não vai acontecer, Hannah. Você já viu a minha irmã em ação. — Além
disso, não sei se eu realmente quero ir de qualquer maneira.
— Oh, eu tenho poder de persuasão. — Hannah não parecia ser do tipo que
estaria sempre indo para uma festa, então eu realmente queria saber por que ela
estava dentrodessa.
— Por que você quer tanto ir? É um cara?
— Não, não é um cara. Eu somente sinto como se eu quisesse obter toda a
experiência da faculdade, e isso inclui ir a uma festa da fraternidade, pelo menos
uma vez. Está na lista de coisas pra fazer antes de morrer da faculdade. Eu
verifiquei.
Eu me perguntava o que mais estava nessa lista, porque eu provavelmente
já tinha feito a maior parte dela. Ela estava sendo estranha sobre isso, e eu sabia
que era outra coisa que ela não estava me contando. Em alguns momentos me
sentia tão perto de Hannah, mas em outros sentia que ela tinha todos esses
segredos que ela preferia morrer a compartilhá-los comigo.
— Eu não estou tomando um não como resposta. — disse ela, e eu reconheci
a determinação em seu rosto. Por alguma razão, ela decidiu que essa era uma coisa
que ela ia fazer, e eu estaria junto com ela. Hannah nunca tinha feito nenhuma

125
exigência sobre mim como uma amiga, e eu estava tão acostumada a isso dos meus
amigos anteriores que me senti uma cadela por dizer não.
— Eu poderia ter uma pista sobre um trabalho que não seria um saco. Se
você concordar em ir, eu vou falar sobre isso. — Parecia um daqueles programas
de televisão onde eles colocavam uma caixa misteriosa na sua frente. Eu poderia
ganhar, ou poderia perder feio. Mas poderia ser bom sair e me perder, de verdade
dessa vez.
— Eu só vou dizer sim se você conseguir convencer Renee. Porque eu já me
queimei o suficiente, e ela está apenas começando a me soltar e deixar-me fazer as
coisas.
Hannah colocou a mão para fora.
— Combinado. Tenho completa fé na minha capacidade de convencê -la. —
Ela estava confiante, isso era certo. — Então, eu vou estar de volta esta tarde.
— Se você quiser vir para o jantar, você pode. Nós sempre fazemos muito, e
você não seria a primeira pessoa que foi convidada. — Merda, eu não tinha a
intenção de mencionar que Dusty estava vindo. Eu sabia que ela iria querer super
analisar isso e ler mais sobre isso e dizer coisas que totalmente mexeria com a
minha cabeça.
— Eu nem preciso perguntar quem era. Eu posso descobrir isso baseado no
fato de que você mencionou e que você claramente não quer falar sobre isso.
Bem ...talvez Hannah viesse a ser um ouvido simpático. Eu só parei por um
segundo antes de me lançar na história de Dusty me ajudar a fazer o jantar e, em
seguida, a nota do avião. É claro que eu deixei de fora a parte sobre meus próprios
sentimentos. Ela era inteligente o suficiente para entendê -los de qualquer maneira.
— Então, eu só estou... confusa e eu não sei. Ele é tão... complicado. —
Lembrei-me de Mase dizendo algo sobre as complicações serem a melhor parte da
vida.
— Será isso um código para 'sexy'? Porque ele está afim de você.
— Então por que ele me diz que não está? — Eu fiz um som frustrado que
fez algumas pessoas andando na nossa frente virar e me dar um olhar como se eu
fosse louca. Eu estava ficando atrasada para matemática, mas eu não me
importava. Era o tipo de aula que você não tem que prestar atenção para conseguir

126
uma boa nota. Inferno, os testes eram com consulta, e eu ouvi que o Professor
Assistente iria lhe apontar as respostas certas se você pedisse sutilmente.
— Olha, eu tenho que ir, mas vamos voltar a isso mais tarde. A que horas
devo aparecer? — ela disse.
— Por volta das seis?
— Vejo você mais tarde, menina. — disse ela, decolando para sua próxima
aula, que claramente era do outro lado do campus. Ela ia ter que adquirir um
bilhete para chegar lá.
Eu fui para aula de matemática e passei uma hora e quinze minutos ouvindo
Maroon 5. Eles eram um dos grupos que eu amava por tanto tempo, e sua música
era o equivalente a um abraço, ou um prato de sopa de galinha. Quente e
reconfortante.
Eu dirigi de volta para a casa em transe e fiquei menos do que surpresa ao
ver o carro de Dusty estacionado na rua.
— Querida, estou em casa. — Eu falei enquanto eu tirava os meus sapatos e
depositava minha bolsa na entrada.
— Como foi seu dia, querida? — Dusty perguntou da sala de estar, onde ele
estava saindo com Mase.
— Você está se mudando agora? — Eu disse, pegando uma lata de
refrigerante na geladeira. — Você quer um? — Eu me sentiria como uma por idiota
não perguntar.
— Não, eu estou bem. — disse ele logo atrás de mim.
— Eu juro por Deus, a próxima vez que você fizer isso... — Eu não conseguia
pensar no que eu ia fazer. — Você sabe o quê? Eu não vou dizer o que vou fazer. A
antecipação só vai matá-lo, esperando pelo momento. Eu gostaria de aproveitar.
— Devagar, Ruiva.
— Sério, por que você está aqui? Porque eu sei que você tem um pouco de
bromance, mas a metade deles não está aqui agora, então isso não pode ser Hunter.
E não pode ser porque você gosta de cozinhar. E não pode ser que você realmente,
realmente ame a casa. Então o que é?
Eu me apoiei na geladeira. Eu sabia que estava fazendo uma pergunta que
eu não ia gostar da resposta, mas eu não aguentava mais. Eu queria saber a
verdade, gostando ou não.

127
— Talvez seja outra coisa que me mantém vindo a esta casa. Talvez... talvez
eu esteja esperando o momento certo para dizer isso em voz alta. — Ele não olhava
para mim, o que significava que ele poderia ter dito a verdade. Eu estava realmente
cansada dele estar sempre tentando mudar de assunto, ou de fazer uma piada com
as coisas. — Eu realmente vim aqui porque eu sou louco por... esta cafeteira. —
Ele se moveu em torno de mim e ficou ao lado da cafeteira luxuosa que Hunter
tinha provavelmente comprado e que custava mais do que todo o meu orçamento
de livro por um ano. — Quero dizer, eu realmente amo isso. — Ele se inclinou e
fingiu abraçá-la e acariciou-a com carinho.
— Você está brincando comigo?
Ele se levantou, seu sorriso hesitante por um segundo.
— O que há de errado?
— Nada. Apenas... nada. — Ele tinha feito isso de propósito para ferrar
comigo, e eu não estava indo para dar-lhe a satisfação de saber que ele tinha
totalmente conseguido. Passei por ele de volta para a sala de estar. Mase estava
ocupado com um livro e um marcador.
— O que há, Jos?
— Nada. — Liguei a televisão e me virei. Dusty se assegurou de entrar na
sala e sentou-se na cadeira, alto o suficiente para que eu ouvisse. Idiota.
Eu propositadamente coloquei em um reality show irritante de garota que ele
provavelmente nunca assistiria em um milhão de anos. Eu aumentei o volume.
Mase não pareceu se importar. Ele era conhecido por seu profundo foco quando
estava lendo.
Ficamos em silêncio enquanto as meninas iam às compras e aos clubes e
transavam com seus namorados. Eu esperava que ele me pedisse para mudar de
canal, ou se levantar e sair. Talvez seja esta a maneira de me livrar dele. Afastá-lo.
Eu deveria começar a ouvir Nickelback, ou aquela irritante música da banda de
meninas russas que encontrei aleatoriamente na internet. Eu deveria começar a
falar sobre cólicas menstruais e infecções fúngicas e outras merdas de garota que
ele não gostaria de ouvir falar.
Mas, então, eu provavelmente iria repelir o resto dos homens na casa, e eu
realmente não quero estragar suas vidas. Apenas a de Dusty.
O que era sobre ele que me deixava tão louca?

128
Ele começou a fazer suaves ruídos de tambor na cadeira. Agora ele estava
mexendo comigo. Aumentei o volume do programa e ele começou a fazer ruídos
mais altos. Eu ainda não olhava para ele.
— Podemos abaixar o volume para um ponto? Eu estou ficando surdo por
aqui, e eu sou um grande fã ficar perto de alto-falantes em clubes. — disse Mase,
pegando o controle remoto e abaixando o volume. — Você está bem, Pequena Ne?
Você está sendo meio que... não você.
— Eu estou bem.
Fui salva de maiores explicações pela chegada de Darah e poucos minutos
depois de Taylor, Hunter e Renee.
— Então, Hannah está vindo para o jantar. Espero que ninguém se importe .
Todo mundo entrou na conversa com a forma que eles não se importavam, e
que seriam mais do que feliz em tê-la sempre que ela quisesse vir. A casa amarela
era como uma esponja, absorvendo pessoas aleatórias, e eu era uma delas. Muito
em breve eles teriam de acrescentar um quarto nível, ou transformar o porão em
um dormitório. Eu poderia apenas imaginá-la com beliches que revestem as
paredes.
Taylor e Hunter ficaram para o jantar, e eles estavam fazendo pizza, já que
todo mundo podia escolher o que queriam para coberturas e poderíamos fazê -los
individualmente. Hannah apareceu, assim que nós estávamos achatando nossas
crostas individuais. Claro que Dusty tinha ficado. Eu queria lhe perguntar se ele
estava apenas se mudando para cá, mas eu meio que estava lhe dando o
tratamento do silêncio para a coisa sobre a cafeteira.
— Ei, menina. E todo mundo. — disse ela, caminhando pela porta da frente
sem bater.
Hannah teve uma recepção calorosa. Eu vi o mesmo olhar em seus olhos que
eu tinha visto antes, quando ela me disse sobre fazer-me ir para a festa.
— Puxe uma bola. — disse Hunter depois que ela lavou as mãos. Ele deu-lhe
uma bola de massa e um prato para estendê-la. — Você apenas a achate, tanto
quanto possível, e, em seguida, coloque-a nesta frigideira aqui e temos molho e
coberturas. Eu recomendo usar as coberturas para fazer o seu nome , para que
você lembre-se qual é a sua e não haja confusão. Ok?

129
— Entendi chefe. — disse ela, dando-lhe uma saudação e batendo até a
massa com um pouco mais de força.
Todos fizeram suas pizzas, e nós de alguma forma encaixamos todas no forno
de uma só vez. Darah e Mase nos enxotaram todos para fora da cozinha enquanto
eles limpavam, então tivemos música sexy na sala de estar, com Dusty fazendo
bateria de assistência para Hunter. Fiquei esperando por Hannah fazer seu
movimento, mas ela apenas se sentou e continuou gritando sugestões de músicas
ridículas que fez todo mundo rir.
Não foi até que todos nós empanturramos nossos rostos e Darah e Renée
estavam contando memórias de uma das festas que tinham ido para quando eram
calouras.
— Falando de festas. — disse Hannah. — Existe uma realmente muito legal
acontecendo na casa Kappa Sigma e eu tenho um convite e preciso de uma
companheira.
Seu pronunciamento foi recebido com silêncio no início.
— Você quer ir a uma festa Kappa Sig? — Disse Hunter, cético.
— Bem, eu sinto que a minha experiência na faculdade não será completa
sem ir a uma festa da fraternidade. Não é que eu quero ir... é que me sinto obrigada
a ir. E eu realmente não devo ir sozinha, então preciso de alguém para me
acompanhar. Ei, Jos, o que está fazendo na noite de sábado? — Era este seu grande
plano? Porque não era muito magistral.
— Absolutamente não. — disse Renee, praticamente gritando.
— Bem, que tal isso? E quanto a todos vocês virem com a gente? Então, todos
nós podemos ir e ter um bom tempo e você pode nos fiscalizar e posso realizar meu
sonho. Todos ganham.
Dusty tossiu.
— Você está bem aí, amigo? — Hannah acabou sentada ao lado dele, então
ela bateu-lhe nas costas.
— Tudo bem. — ele engasgou, tomando um gole do seu copo de água.
— Então. — disse Hannah, voltando-se para Renee. — Você está dentro?
Todos os olhos estavam voltados para Renee.
Ela colocou as mãos para cima. — Por que eu tenho que ser a que decide?
Alguém diga sim ou não. Eu não me importo de qualquer maneira.

130
— Poderia ser divertido. — disse Taylor.
— Certo? — Disse Hannah, agarrando-se a Taylor. Hunter deu de ombros.
— Eu acho.
— E quanto a você, Dare? — Disse Mase.
— Eu já fui a uma, e não era tão ruim assim.
Hannah pressentia uma vitória.
— Eu vou, também. Manter vocês meninas na linha. E você poderia usar um
pouco de músculo extra em seu lado. — disse Hunter.
— Concordo. — disse Mase, balançando a cabeça.
— Estou dentro se você estiver dentro, Nene. — Aplausos para Paul por usar
o apelido em um momento como este.
— Bem, eu acho que não tenho escolha. — disse Renee, levantando-se e
colocando o prato na pia. Eu sabia que isso ia acontecer. Agora, a minha irmã
estava furiosa, e eu ia ter que tentar consertar isso. Renee poderia ficar furiosa por
um tempo, eu sabia disso por experiência.
Eu dei uma olhada Hannah, mas ela apenas sorriu triunfante. Eu balancei
a cabeça e levantei, seguindo Renee para a pia.
— Eu lhe disse que não queria ir. Eu não tenho ideia por que ela quer ir, mas
ela quer. Sinto muito.
— Está tudo bem, de Jos. Está bem. Eu só estou... Eu não gosto de ser o
cara mau. Eu odeio estar nessa situação. Eu quero ser sua irmã mais velha, não a
sua mãe, e às vezes eu cruzo a linha e sinto que tenho de ser sua mãe.
— Eu sinto muito. — Agora eu me sentia como uma merda absoluta e eu
estava meio que chateada com Hannah. Se ela não estivesse tão decidida em ir a
esta estúpida festa, o que provavelmente viria a ser nada e totalmente não vale a
pena, Renee não estaria com raiva de mim.
— Eu não estou brava com você. Eu sei que não é culpa sua, Jos. — Ela
virou-se sobre a pia e todos os outros começaram a trazer seus pratos.
— É a nossa vez. — disse Darah enquanto ela pegava o detergente e o
esguichava em uma das esponjas.
— Não, está tudo bem. Eu tenho isso. — disse Renee.

131
— Baby, vamos lá. — disse Paul, pegando sua mão. Eu conhecia minha irmã
bem o suficiente para saber que ela estava à beira das lágrimas. Ele pegou sua mão
e levou-a para cima e ouvi a porta do quarto fechada.
— Posso falar com você, Hannah? — Eu caminhei para o andar inferior e
empurrei minha cabeça para que pudéssemos ir para dentro da caverna e ter uma
conversa.
— Eu sinto muito. Eu não tinha ideia que isso iria acontecer. — disse ela
enquanto fechava a porta e descia as escadas.
— O que você achou que iria acontecer? Você tinha acabado de sugerir que
sua irmã menor de idade devesse ir a um covil de cobras cheio de álcool e meninos
que querem me tocar e coisas que eu estive envolvida neste verão e ela
simplesmente ia concordar com isso? Sério, Hannah?
Nós tínhamos nos tornado amigas a tão pouco tempo que esta foi nossa
primeira luta, e me senti como uma merda.
Seus olhos estavam arregalados, ela atitude geralmente atrevida tinha
esvaziado.
— Eu sinto muito. Eu só... eu sinto muito.
— Por que você quer tanto ir?
Ela desceu o resto do caminho das escadas e sentou-se no penúltimo degrau.
Sentei-me poucos degraus acima dela.
— É tão estúpido. Você vai pensar que sou uma idiota.
— Diga-me e nós vamos descobrir. — disse eu. Eu só queria que as pessoas
parassem de mentir para mim, ou mudassem de assunto. Eu queria a verdade, por
uma vez.
A verdade é a coisa mais linda que existe, porque é o mais real.
Eu não acreditei nele quando disse isso, e eu não tinha certeza se acreditava
agora. A verdade chupava um monte de tempo.
— Ok, então você se lembra da festa no domingo que eu estava sendo
estranha? E então nós vimos aqueles caras na União? — Eu sabia que tinha algo
a ver com isso. Eu só não tinha ideia em que medida, ou como.
— Então, esse cara veio até mim e ele fingiu flertar comigo, me convidou para
a festa e, em seguida foi e disse a todos os seus amigos que ele tinha flertado com
uma aberração. Isso era uma espécie estúpida de ousar ou algo assim. Eu estava

132
chateada, claro, mas de alguma forma, você sabe? Mas então eu os vi novamente
e eles só me irritavam. Eu não estou fodendo com Gandhi. Eu não posso lidar, às
vezes. Então, eu tinha um plano para ir para a festa e fodê -los de alguma forma.
Eu não tinha certeza de como eu estava indo fazer isso. Eu ia esperar até nós
chegarmos lá e, meio que, baixar a Carrie, apenas para, obter os garotos ruins
neste momento. Você sabe?
— Você estava pensando em trazer um balde de sangue de porco com você?
— Obviamente que não. Isso foi mais uma metáfora do que um plano
verdadeiro. Eu estava esperando que você me ajudasse com isso.
— Você é uma das pessoas mais estranhas que eu já conheci.
— Essa não é a coisa mais malvada que alguém já me disse.
Eu poderia imaginar.
— Você está furiosa?
— Um pouco. — Eu desci um degrau para que eu estivesse um mais perto
dela. — Você poderia ter apenas dito que é por isso que você queria ir ao invés de
orquestrar este plano louco. Ou eu teria apenas lhe dito que esses babacas não
valiam a pena e evitado essa coisa toda.
— Eu sei que você está certa. Eu tenho essa tendência a só confiar em mim
e achar que todo mundo vai me ferrar. Provavelmente porque muitas pessoas têm
me ferrado. Eu diria a você quantas vezes isso já aconteceu, mas você pode não
acreditar em algumas das minhas histórias.
— Oh, você ficaria surpresa. — Eu tive histórias também.
Ela abaixou a cabeça sobre os joelhos.
— Eu estraguei tudo, não é?
— Está tudo bem. Você está autorizada. E não é que você fez isso para ser
má, ou por algum motivo malicioso. Quero dizer, não um motivo malicioso contra
as pessoasque não tinham sido idiotas com você. — Eu não era muito por olho por
olho, mas pegar esses caras de volta parecia um plano válido. — Mas mexer com
esses caras iria fazer você se sentir melhor?
— Num primeiro momento.
— Você já fez isso com alguém que tem sido assim no passado?
Ela finalmente levantou a cabeça e vi um brilho de seu sorriso.

133
— Havia uma garota que costumava me chamar de cara esquisita e se
afastava de mim se eu estivesse alguma vez perto dela. Ela costumava dizer um
monte de outras coisas horríveis, e assim um dia, eu tinha acabado de ter o
suficiente e estalei. — Ela subiu e havia apenas um degrau entre nós. — Então,
todas as manhãs, ela costumava obter esses cafés gelados gigantes da Starbucks,
certo? Quero dizer, eles eram enormes. Tenho certeza de que eles eram a única
coisa que ela consumia. Não me lembro de vê-la comer. Tenho certeza de que eles
eram seu combustível de cadela. De todo jeito, passei a comprar esta exata bebida
que ela consumia e as colocava em seu armário. Então ela abria seu armário e elas
tinham derramado em toda a sua merda. Uau, isso soa muito pior quando eu digo
isso em voz alta. Aquela semana foi engraçada, pois cada vez após o almoço que
ela abria seu armário uma bebida poderia vir voando sobre ela. Ela nunca sabia.
Eu tinha que admitir que isso foi muito bom.
— E você sabe o quê? Aposto que a menina provavelmente está se enroscando
com um cara ridiculamente quente em alguma faculdade incrível na Flórida ou
algo assim. Cadela. — disse ela.
— Ou talvez ela tenha engravidado no verão após o ensino médio e seus pais
a obrigaram a casar com ele e ela teve um bebê super feio e ela serve mesas em um
restaurante horrível e seu chefe está sempre agarrando a bunda dela, mas ela não
pode dizer nada porque ela não pode se dar ao luxo de perder o emprego, porque o
pai do bebê é um alcoólatra que só se senta em sua cadeira e bebe durante todo o
dia.
Ela olhou para mim como se tivesse crescido uma cabeça extra em mim, em
seguida, caiu na gargalhada.
— Garota, você tem um inferno de uma imaginação. Você deveria ser uma
escritora. — Ela não era a primeira pessoa que tinha dito isso para mim. Em Inglês,
Greg tinha escrito comentários sobre os meus primeiros trabalhos que foram todos
positivos, e ele me escolheu mais de uma vez por reconhecimento. Claro que eu
tinha me transformado em uma bola de fogo humana cada vez, e eu queria que ele
parasse de fazer isso.
E porque Hannah tinha me falado sobre um de seus pequenos segredos, eu
decidi compartilhar um dos meus.

134
— Espere um segundo. — Meu laptop estava no meu quarto, então o peguei
e liguei, clicando no navegador de internet e colocando no meu blog. Eu entreguei
o computador para Hannah sem dizer nada.
— Tudo bem. — disse ela, percorrendo meu blog. — O que é isso?
— Isso é meu. Meu blog. Esta é minha identidade secreta. Meu nome é
Joscelyn Archer e sou uma blogueira de música.
Os olhos dela se arregalaram e ela olhou para o blog mais atentamente.
— Sem brincadeira, isto é seu? Oh, meu Deus. — Eu vi seus olhos correrem
sobre minha última revisão de álbum e, em seguida, ela clicou em alguma das
guias e olhou para algumas outras coisas. Eu esperava o veredicto. — Isto é
estupidamente incrível! Por que você não me contou sobre isso?
Dei de ombros.
— Eu não sei. Acho que isso era apenas tão pessoal que eu estava deixando-
o de fora. Eu não me importo em compartilhá-lo com estranhos, porque eles nunca
me conheceriam ou encontrariam, mas compartilhá-lo com pessoas que conheço é
algo diferente. E se eles pensassem que era estranho? E se eu fosse ruim nisso?
Quero dizer, eu recebo comentários ruins de estranhos, mas seria terrível se um
dos meus amigos, ou algo assim, dissesse isso. Eu não sei. —Eu pego o laptop
enquanto sentia minhas orelhas ficando vermelho.
Hannah não me deixou pegá-lo.
— De jeito nenhum. Você compartilhou isso comigo e estou tomando tudo
isso. Eu te disse que você era uma boa escritora, e você é. Você é muito, muito boa.
Por que não está se especializando em Inglês?
Merda. Eu não sabia que mostrando meu blog a ela levaria a uma repetição
de coisas que eu não queria falar.
— Porque eu não quero trabalhar em serviços de alimentação para o resto da
minha vida ou acabar vivendo em uma caixa de geladeira na rua.
Hannah me deu um tapa no braço. — Você nunca iria acabar em uma caixa
na rua. Olá? Você vê onde está vivendo agora? Sua irmã e todos os seus amigos
nunca iriam deixar isso acontecer. Você tem a porra de uma casa cheia de pessoas
que se preocupam com você e não pode sequer ver isso.
O que foi aquilo?
— Eu não sou ingrata. Eu pareço ingrata?

135
Ela suspirou e devolveu o meu computador.
— Não, não é isso que eu quis dizer. Isso foi apenas o meu pequeno monstro
ciumentoo uivindo sua cabeça incrivelmente feia. Esqueça.
— Você tem pessoas que se preocupam com você. Eu me importo com você.
— eu disse, colocando o braço em volta dela. — Mais uma vez, eu totalmente soei
como se gostasse de você. Mas você sabe o que eu quis dizer, certo?
— Totalmente. E eu me preocupo com você, também.
Nós compartilhamos um abraço completamente não estranho e, em seguida,
começamos a rir.
— Então, uma festa da fraternidade, hein? Você já pensou que a melhor
vingança é viver bem? Eu li isso em algum lugar, e acho que iria funcionar nesta
situação. Nós vamos ter você em um vestido assassino e as meninas da Yellowfield
House podem maquiá-las e então nós podemos ir e você pode jogar isso em seus
rostos. Se eles acham que eles pegaram você, eles ganham. Se você lhes mostrar
que você não dá à mínima, então você vence. — disse eu.
Ela encolheu os ombros.
— Não é tão bom como lançar baldes de sangue de porco sobre eles. — Pensar
em Carrie lembrou-me que Stephen King morava à direita da rua. Eu falei para
Hannah e pensei que seus olhos iriam cair para fora de sua cabeça.
— Eu sabia que ele morava em Bangor, mas eu não sabia onde.
— Sim, nós podemos passear por lá ou algo assim por algum tempo.
Poderíamos até andar ao redor. Mas nós provavelmente seremos presas. Ele tem
câmeras de segurança e outras coisas.
Nós duas subimos as escadas novamente e encontramos todos sentados na
sala, fingindo que não estavam esperando por nós - exceto Renee e Paul.
— Nós não nos matamos, e nós não nos envolvemos em uma luta de meninas
com puxões de cabeça e dedo no olho, se alguém estava preocupado com isso. —
disse Hannah, colocando o seu braço sobre o meu ombro. — Está vendo? Tudo
bem.
Todos pareciam suspirar de alívio.
— Mas acho que devo um pedido de desculpas a sua irmã, então eu vou fazer
isso. — disse Hannah, indo para as escadas como se tivesse estado na casa uma
centena de vezes.

136
Eu não sabia se isso era uma boa ideia, mas eu não iria impedi-la.
Sentei-me no sofá ao lado de Taylor, e ela apoiou a cabeça no meu ombro.
— Você sabe, eu nunca fui a uma festa da fraternidade, também. Eu estava
um pouco curiosa sobre a experiência, também.
Hunter fez um barulho de resmungo.
— O que, você não acha que posso me defender de alguns caras bêbados de
fraternidade? Defendi-me muito bem contra você. — disse ela.
Seus olhos se estreitaram e ele apontou para ela. — Touché, Mocinha.
Touché.
Dusty parecia estar me observando. Por que ele não tinha ido para casa
ainda?
— Eu estou indo checá-los. — disse ele, de repente, ficando de pé. — Eu não
tenho certeza em quem apostaria meu dinheiro em uma luta entre Hannah e Renée.
— Ele subiu a escada se arrastando, suas calças escorregando mais e mais. Um
dia desses eu ia lhe perguntar como elas ficavam em cima. Mas então ele faria
algum comentário estranho e então eu iria corar e não seria divertido. Eu não
preciso lhe dar mais combustível.
— Eu sempre quis ter cabelo vermelho. — disse Taylor, correndo os dedos
pelos meus. Os dela eram tão bonitos, pensei. Ele fazia aquela coisa de onda
praiana que eu nunca poderia ter. Meu cabelo era uma espécie de... pendurado na
minha cabeça.
— Então você teria uma desculpa para perder as estribeiras? — Disse
Hunter, pegando sua guitarra novamente. Parecia ser sua fuga em tempos de
turbulência.
— Ha-ha, em seus sonhos. — disse Taylor.
Nós sentamos por mais alguns minutos, enquanto Mase ligava na NESN e
verificava as estatísticas esportivas. Tanto Hannah e Dusty tinham ido a mais
tempo do que eu estava confortável, mas estava quase silencioso no andar de cima.
Levantei-me e fui para as escadas. Eu ouvi o resto deles falando atrás de
mim, mas eu me importei.
Tendo o cuidado de caminhar tranquilamente e com cuidado, me aproximei
do quarto de Renee e Paul. A porta estava um pouco aberta. A voz de Dusty foi a
que ouvi primeiro.

137
— Ela vai ter tantas pessoas a olhando que não será capaz de espirrar sem
um de nós dizendo ‘te abençoe.’ Confie em mim.
— Por que eu deveria confiar em você? — Isso foi Renee.
Inclinei-me mais e talvez um pouco demais, fazendo-me perder o equilíbrio e
bater na porta, que se abriu de repente e bateu na parede. Não é a entrada mais
graciosa que eu já tinha feito.
— Desculpe, eu só vim ver se tudo estava bem. Eu não ouvi nada lá embaixo,
então estava esperando que eu não fosse aparecer e encontrar uma pilha de corpos
e um de vocês segurando uma faca ou algo assim. — disse eu, tentando me salvar.
— Onde é que alguém pegaria uma faca no meu quarto? — Disse Renee,
recuperando-se primeiro por ter aparecido inesperadamente.
— Você tem uma lixa de unha realmente pontuda. — disse Paul,
concordando. Dusty estava composto, mas Hannah estava com a face um pouco
vermelha.
Eu queria, desesperadamente, saber qual seria a resposta de Dusty à
pergunta de Renee, mas eu não podia admitir que estava ouvindo.
— Desculpe, eu fiquei fora de controle. — disse Renee, sentando-se na beira
da cama.
— Não, está tudo bem. A mamãe teria feito a mesma coisa. — eu disse.
— Mas eu não sou sua mãe. Mesmo que você tenha feito algumas más
decisões no passado, você tem feito muito bem ultimamente, e eu não lhe dei
crédito suficiente. Eu estou orgulhosa de você. — O louvor estava indo bem para
os meus ouvidos, e eu podia senti-los aquecer. Ela não poderia ter feito isso quando
estivéssemos sozinhas? Quer dizer, eu não me importava se ela fizesse isso com
Paul ao redor, porque ele era praticamente da família, mas com Dusty e Hannah
lá, era embaraçoso.
Dusty pigarreou e moveu-se para a porta, enfiando as mãos nos bolsos.
— Acho que essa é a minha deixa para ir para casa. Vou ver todos vocês...
em algum ponto. Ok, boa noite. — Ele estava fora de lá mais rápido do que você
poderia dizer ‘calças flácidas’.
— Às vezes eu tenho um problema de pegar dicas sociais, mas este não é um
desses momentos. Eu vou te ver amanhã, Jos. Obrigado pela compreensão, Renee.
Tchau, Paul. — Hannah correu após Dusty, e fiquei com Renee e Paul.

138
— Eu acho que eu vou dar a vocês duas um minuto. — Paul saiu e fechou a
porta silenciosamente atrás de si. Sentei-me ao lado de Renee na cama.
— Então o que você estava falando quando fiz a minha entrada
impressionante? — Disse.
— Nada. Hannah estava explicando suas razões para querer ir à festa. Eu
juro, noventa por cento dos caras são completos e absolutos idiotas. — Ela fechou
os olhos e caiu para trás.
— Se isso for verdade, então como é possível que nós temos três não idiotas
que vivem nesta casa? Quero dizer, essas são, como, as probabilidades do
Powerball. — Juntei-me a ela e me deixei cair para trás e encarei o teto.
— Eu não sei. Mas estou pensando que deveríamos começar a comprar mais
raspadinhas. — disse ela.
O edredom estava amontoado debaixo da minha cabeça, então o alisei.
— Você nunca tira essa coisa? — Ela pegou minha pulseira, dedilhando o
elefante charmoso.
— Não. — Eu a deixei brincar com ele por um mais um segundo e, em
seguida, virei lado, apoiando a cabeça na minha mão. Ela fez o mesmo. Eu senti
como quando éramos pequenas e costumávamos construir fortalezas de
travesseiros e lençóis na sala de estar com todas as cadeiras da sala de jantar. Isso
foi antes de muitos dos nossos irmãos entrarem em nossas vidas. Tudo o que eu
conseguia lembrar era que era bastante calmo naquela época.
— Às vezes me sinto tão velha. — disse ela.
— Como assim?
— Apenas que tudo entre a mamãe e o pai e a nossa família é tão louco. Você
se lembra daquela vez quando a mamãe se esqueceu de nós na escola e tivemos
que pedir carona?
Revirei os olhos.
— Que tempo? — Aconteceu muitas vezes na nossa juventude.
— É um milagre que nós duas ainda conseguimos sair relativamente
normais. — Eu bati o lado de sua cabeça.
— Relativamente? Fale por você.
— Ei, ‘relativamente normal’ é um elogio para você. — disse ela, agarrando
um travesseiro e me batendo com ele.

139
— Que diabos? — Eu mergulhei, segurei um e bati em suas costas. E então,
porque nós éramos irmãs, tivemos uma guerra de travesseiros. Renee não tinha
travesseiro de penas, por isso não havia penas, mas ficou bastante ridículo de
qualquer maneira.
No momento em que nós duas estávamos sem fôlego, nós tínhamos uma
audiência. Um dos caras deve ter nos ouvido gritando e lutando e pensou que
estávamos matando uma à outra, mas nos encontraram em colapso e rindo em
exaustão.
— Então, vocês estão bem? — Disse Mase. — Porque vocês podem, vocês
sabem, continuar fazendo isso. Eu não iria reclamar. — Ele sorriu, e Darah fez um
som de nojo.
— Eu acho que as chances estão indo para baixo. — eu disse para Renee e
ela riu.
— Que probabilidades? — Disse Hunter.
— Não importa. — nós dissemos ao mesmo tempo.

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Capítulo 14
Hannah estava mais relutante em fazer compras do que uma virgem sendo
levada para o altar sacrificial.
— Você concordou com este plano. Vai ficar tudo bem, eu juro. — eu disse
enquanto nos dirigia em direção ao Bangor Mall. Ela permaneceu trocando as
estações de rádio e isso estava me deixando louca. Eu finalmente estendi a mão e
desliguei o rádio.
Eu dirigi em torno algumas vezes e encontrei um lugar para estacionar perto
da loja Dick’s Artigos Esportivos. Eu pego minha bolsa e estou prestes a sair do
carro quando a mão de Hannah estendeu e me parou.
— Ok, então você sabe como temos partilhado coisas ultimamente, e tenho
que lhe dizer que não tenho feito compras em, mais ou menos, dois anos. — Ela
mordeu o lábio e deu de ombros.
Sentei-me em minha cadeira, em choque.
— Sério? — eu disse.
— Quero dizer, não comprar alimentos, mas sim roupas. — Isso foi
surpreendente, porque ela sempre parecia bonita, em uma espécie de forma
punk/vintage. Ela poderia usar algo que parecia pertencer a um filme da época de
1950 com algo que tinha picos ou ilhós metálicos ou couro. — Eu compro tudo
online. Eu sei que grandes varejistas fazem suas camisas pequenas e não me fale
em sapatos.
— Por que você odeia tanto fazer compras? — Ela me deu um olhar gelado
que me dizia que achava que era mais do que óbvio e eu deveria saber, sem ter que
perguntar. — Quero dizer, é isso?
— É isso? Você tem alguma ideia do que é entrar em um vestiário e ter o
olhar do atendente em você como um leproso? É como se eles estão com medo de
que eu vá estragar as roupas. E, em seguida, as outras pessoas olham e aquelas
luzes horríveis fazer você parecer terrível. É apenas uma experiência que decidi que

141
não queria mais participar. Posar nua é uma coisa, mas fazer compras é
completamente diferente.
— Então por que você falou tudo bem?
— Porque eu tinha a esperança de que desta vez seria diferente. Além de ser
muito boa em compreender as pessoas, eu também sou uma eterna otimista. Lá
no fundo. Mas não conte a ninguém. Eu não quero que isso mexa com a minha
imagem.
— Eu não vou contar a ninguém se você concordar em não contar a ninguém
sobre o meu blog. — Saímos do carro e ela começou a assobiar. — Hannah? Você
me ouviu?
— Hum, sim? A coisa é, eu meio que já contei. — Ela contraiu o rosto, como
se estivesse se preparando para um golpe.
— O quê! — Ela quase me bateu quando ela abriu a porta.
— Uh, sim. Lembra que eu disse que eu estava indo para ajudá-la com a
coisa de trabalho? Bem, acontece que eu tenho um contato, de qualidade, no jornal
do campus e mostrei a ele o seu blog. Ele está à procura de alguém para começar
a escrever uma coluna de música, e eu lhe dei o seu nome e e-mail, então ele
provavelmente vai entrar em contato com você. — Ela disse tudo isso em uma
corrida.
Eu parei de andar e agarrei seu braço para fazê-la me enfrentar.
— Por que você fez isso? Eu disse que queria que fosse um segredo. — Eu
podia sentir o pânico se desenvolvendo em meu peito. Sinceramente, não sei por
que isso me assustou muito, mas eu estava definitivamente em pânico.
— Eu sei, mas, como eu disse você é muito talentosa. Eu não acho que você
pertence a Ciências políticas. Você pertence a uma revista ou escrevendo para um
jornal ou, uma vez que todos aqueles estão morrendo, trabalhando para promoções
de música. Eu não sei muito sobre isso, mas sei que você está desperdiçando seu
talento.
— E você sabe tudo o que isso de ler alguns posts que escrevi? — A indústria
da música era viciosa, e havia milhares de outros blogs por aí. Eu não tinha
milhares de seguidores, ou mesmo perto disso. Eu era uma gota em um vasto
oceano de outras pessoas fazendo a mesma coisa, e muitos deles fazendo melhor
do que eu.

142
— Eu sei por que eu conheço você. Mais uma vez, assustador, mas eu sinto
que você nem se vê às vezes. Eu sei que você tem, meio que, bagagens e merda e
que um dia você vai compartilhar isso comigo, mas você não precisa agora. Mas
esta bagagem está no caminho de você fazer algo extraordinário.
Ela começou a andar em direção a uma loja de Deb, que era o lugar mais
provável de encontrarmos algo para ela vestir. Eles já tinham os vestidos de baile
para fora, mesmo que o baile fosse a meses de distância. Eu não poderia explicar
porque ela não iria entender então eu só a segui até a loja.

***

Quase uma hora depois, Hannah rejeitou quase todas as minhas sugestões
de vestido. Eu tentei tudo, curto, longo, no meio. Vermelho, verde, azul, preto, ouro,
rosa. Ela odiou todos eles e encontrou uma razão para cada rejeição. Não era de
admirar que ela não tivesse feito compras em dois anos. Ela era estupidamente
exigente.
— E quanto a isso? — Eu estava farta de tentar ajudá-la, então eu estava
escolhendo coisas ridículas. Eu levantei um vestido tubo que estava em um tom de
amarelo fluorescente violento e parecia algo que uma prostituta barata usaria.
— Eu tenho que listar as coisas que estão erradas com esse vestido?
Suspirei e o coloquei de volta.
— Jesus, Hannah, você é mais difícil de fazer compras do que a rainha.
— A Rainha não faz suas próprias compras. Ela tem pessoas. — disse ela,
caminhando ao longo de um cabideiro e passando as mãos sobre os vestidos. —
Oooh. — disse ela, puxando um para fora. Foi a primeira vez que ela mostrou
interesse em alguma coisa, então fiquei chocada.
Era um vestido vermelho de um ombro só com bordado preto ao longo da
bainha que, provavelmente, batia bem acima dos joelhos. Ele também tinha uma
faixa preta em volta da cintura com uma fivela prata.
— Eu estou experimentando isso. — ela disse, e sem mais barulho, marchou
em direção ao provador.
Eu segui seu rastro, atordoada.

143
O atendente estava ausente, então Hannah só entrou na primeira sala que
estava aberta.
— Segure a minha bolsa?
— Claro. — eu disse enquanto ela me entregava à bolsa por debaixo da porta.
Eu esperei enquanto ela tirava seus sapatos e roupas e, em seguida, ouvi o som do
zíper do vestido. Ela virou-se para trás e para frente.
— Bem? Ele se encaixa? — A porta se abriu bem devagar até a metade e ela
me deixou entrar.
— Você me diz. — Ela deu de ombros e virou em um círculo e saia abriu.
— Você está um nocaute, Hannah. — Era verdade. O cinto a fazia parecer
uma ampulheta perfeita, e o comprimento fez as pernas parecerem continuar para
sempre. O ombro nu passou a ser do lado com suas cicatrizes, mas realmente, eu
não estava olhando para elas.
— Eu acho que temos um vencedor. — eu disse, pegando sua mão e girando-
a debaixo do braço. Ela bateu na parede porque realmente não havia espaço
suficiente para girar, e nós duas rimos.
— Ok, agora é a sua vez. Vá pegar alguma coisa e volte aqui, vadia. — Eu
tinha planejado usar o modelo dourado de novo, mas mais uma vez, Hannah não
ia aceitar um não como resposta.
Ela me empurrou para fora da porta e voltei para frente da loja onde os
vestidos estavam. Eu já tinha visto alguns que achava que eram bonitos, mas eu
estava tão focada em Hannah que não tinha sequer pensado nisso. Eu rapidamente
examinei, tentando encontrar algo que não era muito curto ou muito longo, ou de
uma cor ruim.
Rejeitei qualquer coisa vermelha, rosa ou laranja. Eu também não queria
preto porque tendia a me desbotar, ao mesmo tempo em que fazia as minhas sardas
se destacarem demais. Eu encontrei um modelo cinza drapeado que brilhava um
pouco quando segurava o tecido sob a luz. Ele também parecia que iria ser
confortável e cobrir tudo que eu precisava coberto. Não era tão conservador quanto
o que eu teria usado na minha vida velha, mas era um bom tipo de meio termo de
vestido.
Eu trouxe-o de volta e vi que Hannah estava de volta em suas outras roupas
e tinha o vestido vermelho drapeado sobre o seu braço.

144
— Muito bonita. Agora fique nua e o coloque. — Eu fui empurrada para o
provador e bati a porta atrás de mim. Havia apenas algumas outras pessoas no
provador, e eu aposto que eles não sabiam o que fazer com a Hannah.
Despi-me e coloquei o vestido. Eu fechei o zíper quase todo o caminho para
cima. O pé de Hannah batia impaciente do outro lado da porta.
— Você pode fechar para mim? — Abri a porta antes que ela a derrubasse.
Virei de costas e ela terminou de fechar antes de me puxar de volta. Eu não acho
que ela sabia o significado da palavra gentil.
— Isso faz com que seus seios parecerem bem. — Claro isso era uma
importante consideração. — Lindo. Se eu tivesse um pau, eu estaria totalmente na
sua.
— Essa é a coisa mais bonita que alguém já me disse. — Eu disse, tocando
seu ombro.
— Ok, então agora nós duas temos vestidos, podemos sair daqui?
— Claro, deixe-me trocar de roupa. — Hannah não podia sair dessa loja
rápido o suficiente. Lembrei-lhe que precisávamos de acessórios para nossos
vestidos, então ela me arrastou para Claire para brincos e tal, e depois fomos e
conseguimos sapatos. No momento em que tinha tudo para nossas roupas,
estávamos morrendo de fome, então, decidimos que era suficiente para o dia.
Convidei Hannah para jantar e ela aceitou.
— A propósito, o que você e minha irmã estavam falando por tanto tempo na
noite passada? — Eu disse enquanto nós empurrávamos nossas compras no banco
de trás do meu carro.
— Eu estava apenas abundantemente pedindo desculpas por minha falta de
tato. Demorou um pouco. Eu também tive que entrar em toda a história sobre os
caras e delinear as minhas razões para querer ir. Depois que eu disse a você,
parecia estúpido que eu estava tentando manter isso em segredo, em primeiro
lugar.
— Era isso?
— Sim, por quê? — Eu olhei para ela, mas seus olhos estavam arregalados e
inocentes. Eu tinha subestimado suas habilidades de mentira, aparentemente,
com base na experiência do passado.

145
— Nenhuma razão. Apenas curiosidade. — Eu deixei isso. Minha próxima
parada era em Dusty para ver qual era a sua versão da história.

***

Eu não tive que esperar muito para interrogar Dusty porque ele estava na
casa quando voltamos, sentado no sofá com seus fones de ouvido, como se ele fosse
o rei do castelo. Ele puxou para fora de suas orelhas e deixou-os ao redor do seu
pescoço quando ele viu eu e Hannah.
— Devemos adicionar o seu nome à lista? — Eu disse, apontando para o
gráfico com o nome de todos sobre ele. — Ou talvez você apenas devesse se mudar.
Você poderia dormir na cadeira. — Esta aconteceu de ser a mais feia na história
de cadeiras, mas Taylor se recusava a se livrar dela, e nunca diria o por quê. Algum
tipo de valor sentimental estranho. Sinceramente, não quero saber.
— Passo. Eu só estou aqui porque Hunter está me ajudando a estudar para
o Praxis. Ou, na verdade, ele está me mostrando como não estudar para a Praxis.
— Você já conseguiu sua pontuação? — Eu perguntei a Hunter.
— Ainda não. Mas eles devem conseguir amanhã. Se não, vou deixar Taylor
chamar e praguejar com eles. Ela é muito melhor em gritar e obter as coisas do
que eu. — Isso era verdade. Eu tinha visto isto em ação.
— Tenho certeza de que você fez bem. — eu disse, indo levar minhas bolsas
para o meu quarto, Hannah me seguindo. Hunter era muito inteligente - na
verdade, toda a casa era fodidamente inteligente, apenas de maneiras diferentes.
Isso mais intimidador do que quando eu tinha estado a competir com os meus
colegas na escola e no ano passado para o maior GPA.
Joguei minhas bolsas no chão e fui verificar meu e-mail, meu coração um
pouco pesado. Sim, lá estava ele. Um e-mail com o assunto: escrever para o
Campus Maine, de alguém chamado Brett Evans. Eu a abri e digitalizei. Ele havia
lido meu blog e adorou e queria saber se eu gostaria de ter minha própria coluna
na seção de entretenimento, onde eu iria resenhar sobre bandas, CDs, etc. Ele
mencionou que ele tinha chegado ao meu nome por Hannah, assim não parecia
como se ele tivesse-me contactado de repente. Ele também mencionou quanto
pagava por artigo, mas se eu gostasse muito, ele estava à procura de um assistente

146
de edição para sua seção, e ele gostaria de falar comigo, e não importava se eu não
fosse formada em jornalismo.
— Deixe-me adivinhar. Brett lhe enviou um e-mail. — Hannah tinha ficado
em silêncio durante todo o tempo que eu estava lendo o e -mail. Provavelmente
porque ela sabia que isso era o que eu estava fazendo.
— Yeah. Ele quer me dar uma coluna, e ele disse que precisava de um
assistente de edição.
— Caramba, isso é incrível! Bom trabalho, garota.
Eu me sentia menos do que entusiasmada. — Mas, Hannah, eu tinha lido o
jornal, como, uma vez, e eu não sou formada em jornalismo. Eu nem tenho uma
grande escrita.
Ela zombou.
— Não importa. Brett é um dos principais especialistas em novas mídias. Há
muitas pessoas que trabalham lá que não estão no jornalismo. Além disso, não é
como se fosse o New York Times. É apenas um jornal de escola. Não é grande coisa.
— Por que isso parecia como um negócio tão grande? — Então, você vai fazer isso,
certo?
Era dinheiro, o que eu não tinha, e era algo que eu gostava de fazer.
Viva o dia, Jossy.
— Sim, eu vou fazer isso. — No segundo que as palavras saíram da minha
boca, Hannah me atacou-abraçou e nós duas caimos de costas na cama. — Eu
juro, eu acho que você está mais animada com isso do que eu.
— Impressionante. Porra, estou morrendo de fome. — disse ela, colocando a
mão sobre seu estômago e sentando. Ela estendeu a mão e me puxou para os meus
pés.
— Como você conheceu que esse cara, afinal? — Hannah nunca realmente
falou sobre outros amigos.
Ela suspirou e revirou os olhos para o teto. — É meio que uma longa história.
Éramos mais ou menos amigos na escola, e eu estava loucamente apaixonada por
ele. Eu nunca disse a ele e, eventualmente, superei isso, mas ainda somos meio
que amigos. É uma daquelas relações estranhas, onde você nunca sabe onde você
está, você sabe? Mas ele é um cara bom, eu juro.
Ok, a história não é muito longa. Minha próxima pergunta era automática.

147
— Ele é bonito?
Ela sorriu um pouco. — Não da maneira convencional. Ele é uma espécie de
nerd de banda chic. Você verá o que quero dizer quando encontrá-lo.

***

Hannah manteve o novo trabalho quieto no jantar, como pedi a ela para fazer,
e acabou ficando com a gente por tempo de casa.
— Você sabe, eu disse que precisávamos construir uma biblioteca, em vez de
uma caverna para homens estúpidos e olhe para nós agora. — disse Taylor,
enquanto todas as superfícies disponíveis, incluindo o chão, estavam tomadas com
livros, pessoas e computadores. — Eu disse a você que queria uma daquelas
estantes com a escada que rola em toda ela.
— Bem, talvez algumas pessoas estavam esperando o aniversário de algumas
outras pessoas para fazer isso. — Hunter disse, não tirando os olhos de seu livro.
Ele e Dusty tinham suas cabeças juntas no mesmo livro.
— Seja qual for. — disse ela, indo amuadamente de volta para o seu livro. —
Eu tenho um ponto e você sabe disso.
— Sim, querida. O que você quiser, baby. — Taylor enrolou um pedaço de
papel e o jogou nele.
Eu estava ocupada digitando uma resposta a Brett enquanto Hannah lia para
a aula de Pam. Fui honesta em dizer que não tinha experiência jornalística, mas
disse que estava ansiosa para aprender. Enviei-o, e meu e-mail sinalizou cinco
minutos depois com uma resposta.
Brett estava emocionado e queria que eu fosse para uma entrevista oficial
em algum momento nos próximos dias. Ele me disse para pegar uma cópia do AP
Stylebook na biblioteca, também. Eu não tinha ideia do que era, mas iria descobrir.
Eu digitei de volta uma resposta rápida a lhe disse quando eu estava livre, e ele
escreveu de volta alguns segundos depois dizendo que ele me veria sexta-feira as
quatro na sede na União. Eu passei por ela várias vezes, então eu sabia onde ela
estava. Agora tudo que eu tinha que fazer era me apavorar sobre isso até então.
Minha única missão naquela noite era conseguir Dusty sozinho para que eu
pudesse perguntar a ele sobre a noite anterior, mas fazer isso ia ser complicado

148
com uma casa cheia de pessoas assistindo. Se eu pedisse para falar com ele, isso
iria parecer loucamente suspeito, então eu só tenho que esperar por uma boa
oportunidade.
Agarrei uma quando ele se levantou para pegar um refrigerante na geladeira.
Fingindo que eu precisava de mais chá - o que eu realmente precisava - eu o segui
até a cozinha.
— Então, você já propôs a cafeteira? — Eu disse, enchendo minha caneca e
colocando-a no microondas. Ele veio e ficou bem atrás de mim. Claramente, ele
nunca tinha aprendido alguma coisa sobre o espaço pessoal.
— Shh, estou planejando fazer isso em um vídeo viral elaborado. Eu ainda
estou tentando encontrar alguns cantores e dançarinos, e estou cuidando de um
balão de ar quente, por isso não disse nada. — Ele colocou os dedos nos lábios e
apontou para a cafeteira. — Eu quero que seja uma surpresa.
— Seu segredo está seguro comigo. — eu disse quando peguei minha xícara
do microondas e coloquei o saquinho de chá dentro — Então, desculpe por ontem
à noite e você ficar embrulhado no drama.
— Não é grande coisa. Eu só queria ter certeza de que ninguém quebrou uma
cadeira ou chamou a polícia ou qualquer coisa.
— É assim que era em sua casa? — Ele nunca falou sobre o seu crescimento,
com exceção de declarações vagas que, lendo nas entrelinhas, me levaram a
acreditar que não tinha sido grande.
— Às vezes. — Eu quase colapso em choque com a honestidade em sua
resposta. — Mas isso é história antiga. — Ele abriu seu refrigerante e olhou para
mim como se ele estivesse esperando por algo. Eu estava completamente distraída
do meu plano original de perguntar o que ele tinha estado a ponto de dizer ontem
à noite. Isso foi muito mais interessante.
— Minha mamãe foi casada quatro vezes. Meu pai três. Eu tenho tantos
meios irmãos que não posso nomear todos quando as pessoas perguntam. — eu
disse, mexendo o meu chá. Eu não sabia o quanto Renee ou qualquer outra pessoa
lhe tinha dito sobre a nossa situação, mas ele não parecia surpreso. — Eu já perdi
a conta de quantas casas eu vivi, e tive que mudar de escola um monte de vezes.
— eu continuei. Ele apenas ficou em silêncio, e assim eu continuei falando, como

149
se ele estivesse de alguma forma puxando as palavras fora de mim. Estúpidos olhos
hipnotizantes.
Eu esperava que ele compartilhasse algo sobre sua própria infância, mas ele
não o fez.
— Isso deve ter sido difícil. — Ele veio e apoiou as costas no balcão ao meu
lado. Lá estava ele de novo, aquele cheiro de roupa limpa com apenas um toque de
perfume.
— Foi. Lembra quando você disse que eu tinha essa vibração ‘não brinque
comigo?’
Ele sorriu. — Como eu poderia esquecer? Eu me lembro de tudo que você
diz. — Espere. Ele, o quê?
Eu olhei para ele, questionando.
Ele ergueu a mão e arrastou um pedaço do meu cabelo entre os dedos e
suspirou.
— Você não faz as coisas fáceis, Ruiva.
— Eu não faço o que fácil? — Às vezes eu sentia como se ele estivesse falando
em código e eu precisava de um tradutor. Seria um inferno de mais fácil se ele
apenas falasse de uma maneira que eu pudesse entender. — Por que você faz isso?
Eu sinto que você está sempre falando de algo que eu não sei. — Ele baixou a mão,
olhou para baixo e soltou um suspiro.
— Nada. Eu não quis dizer nada.
Eu balancei minha cabeça.
— Não, eu quero que você me diga o que você quis dizer, e quero saber como
você teria respondido ontem à noite quando Renee lhe perguntou como você iria
me proteger antes de eu ter colidido com a porta e interrompido. — Dane-se,
provavelmente, todos eles sabiam que eu estava ouvindo.
Ele se afastou de mim, mas eu agarrei sua camisa para fazê-lo parar. Jesus,
ele foi cortado sob ela.
Não é o momento, Jos.
— Jos, vamos lá. Eu não quis dizer nada com isso.
— Por que você está mentindo para mim? — Foi difícil manter minha voz
baixa, para que todos na sala de estar não ouvissem. Eu não queria fazer uma
cena.

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— Eu não estou mentindo para você, Jos. — Ele tentou se afastar, mas eu
peguei a camisa dele com a outra mão. Ou eu superestimei minha força, ou ele
acrescentou alguma força e acabou batendo contra o balcão e ele bateu em mim,
prendendo meus braços entre nós. Não doeu, fiquei mais chocada do que qualquer
outra coisa.
— Que diabos! — Eu disse, encontrando seu rosto a apenas alguns
centímetros do meu. Ele exalou e tudo que eu conseguia pensar era que ele ia me
beijar e quanto meus lábios estavam lhe implorando para isso. Não, de jeito
nenhum. Eu me pressionei contra seu peito e foi como se algo dentro dele quebrou
e ele pulou para longe de mim como se eu fosse uma leprosa.
Ele limpou sua boca como se tivesse me beijado e seu rosto ficou horrorizado.
— O que aconteceu? — Eu disse, usando o contador para me manter. Dusty
soltou um som que era um pouco como uma explosão e, de alguma forma, muito
apropriado.
— Eu vou tomar meu refrigerante e voltar para casa. Sim, é isso que eu vou
fazer. — Sem olhar para mim, ele agarrou sua Coca-Cola e praticamente correu de
volta para a sala, onde eu o ouvi falar com Hunter.
Peguei meu chá com a mão trêmula e tomei um gole, porque eu não acho
que poderia voltar para a sala de estar agora. Eu fiquei na cozinha e saboreei o
meu chá. E por saboreado quer dizer, eu bebi cerca de três gotas a cada gole então
isso iria durar. Era só uma questão de tempo antes que alguém me perturbasse
tentando me recompor e isso acabou por ser Hunter.
— O que você está fazendo?
— Só... pensando. — Se alguém perguntasse, eu ia dizer que estava perdida
em pensamentos sobre... algo. Eu estive muito ocupada repetindo o momento com
Dusty pensar em uma desculpa mais válida.
— Parece doloroso. Tudo o que você está pensando. — Ele pegou uma garrafa
de Gatorade e uma lata de água cranberry-lime seltzer para Taylor. Oh, isso tinha
sido tudo menos doloroso, a menos que você contou com um canhão de borboletas
sendo disparados repetidamente dentro do meu estômago e parecendo que cada
terminação nervosa do meu corpo estava tão dolorosamente em chamas.
— Só tenho muito... em minha mente. — Ele olhou para mim como se tivesse
crescido uma cabeça extra.

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— Ok, então. Você vai voltar a estudar? — Bem, eu tinha que fazer, não é?
Ou então eles saberiam que algo estava errado e, em seguida, eles votariam em
qual seria a pessoa para vir e falar comigo sobre isso. Eu descobri o sistema deles.
— Fique bem aí. — Eu bebi o resto do meu chá em um gole. Isso não parecia
tão duro quanto eu imaginava que seria. Eu defini o meu copo na pia e caminhei
de volta para a sala e tomei o meu lugar no chão ao lado de Hannah. Ela me deu
um olhar interrogativo, mas eu balancei a cabeça e peguei meu telefone.
Conto depois
Eu digitei a mensagem e clique em Enviar, na esperança de que seu alerta
de texto não fosse muito alto. Ela geralmente tinha seu telefone desligado durante
o dia, quando estávamos na aula, então eu não conseguia me lembrar se eu já o
ouvi tocar.
Quando ouvi o que soou como um gongo chinês em um volume
absurdamente alto, eu quase engasguei com meu coração, porque ele tinha saltado
em minha boca. Exclamações de surpresa, um pouco mais coloridas do que os
outras, vieram de todos os outros.
— Desculpe! Desculpe! O volume neste telefone é todo vacilante. Eu só vou
desligá-lo. — Ela leu minha mensagem e digitou uma resposta rápida e, em
seguida, desligou seu telefone enquanto todo mundo tentava se concentrar
novamente sobre o que eles estavam fazendo.
Melhor cumprir isso.
Eu balancei minha cabeça em sua resposta e ela começou a mexer as
sobrancelhas novamente e debati sobre dizê-la tudo, mas ela era realmente a única
que eu tinha para falar.

152
Capítulo 15
Hannah deu alguma desculpa vaga sobre deixar acidentalmente os brincos
que ela havia comprado no shopping em uma das minhas bolsas, então tivemos
que voltar para o meu quarto e ‘procurar’ por eles. Assim que ela fechou a porta
para o andar superior, ela se virou para mim.
— Oh, meu Deus, eu estava morrendo lá em cima! Eu mal conseguia me
concentrar. Ele te beijou? Foi bom? Ele te tocou? Você fez isso na cozinha?
Eu tive que colocar as duas mãos nos ombros dela para impedi-la de
continuar. De onde ela tirou essas ideias?
— Não, não, não e NÃO. Você seriamente pensa que seríamos capazes de
fazer sexo na cozinha sem que alguém ouvisse ou entrasse? E você realmente acha
que sou esse tipo de garota? Sério?
Ela pensou sobre isso por um segundo.
— Bem, não, mas eu tinha esperança.
Eu soltei seus ombros, desci o resto das escadas e sentei no enorme sofá.
— Às vezes me pergunto como sua mente funciona e então percebo que
realmente não quero saber. — Ela arrastou seus pés e se sentou ao meu lado.
— Então o que aconteceu?
Eu puxei minhas pernas para cima e as dobrei debaixo de mim.
— Isso é o que eu ainda estou tentando descobrir. Estávamos conversando e
então ele disse algo sobre sua infância sendo áspera e, em seguida, ele tocou meu
cabelo...
— Isso significa que ele te ama. — Hannah disse, balançando a cabeça como
se fosse um fato científico.
— Como você sabe disso?
Ela acenou com a mão.
— Isso foi provado, tipo, uma e outra vez. Então, sim, ele tocou seu cabelo
e...

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Eu retomei a história. — Ele tocou meu cabelo e estávamos conversando e
depois eu disse algo e ele tentou me deixar de lado, então peguei a camisa dele e
ele só... ele avançou em mim e me empurrou contra o balcão e pensei que ele fosse
me beijar e, em seguida, ele se apavorou e voltou para a sala de estar. Fim. — Os
olhos de Hannah estavam arregalados, e ela tinha agarrado cada palavra como se
eu estivesse compartilhando algum encontro secreto impertinente, em vez de...
bem, praticamente nada. Isso parecia, meio que, menor, quando disse em voz alta.
Isso tinha sido nada, além de inferior com o tempo.
— Quantas vezes tenho que lhe dizer que ele te quer? Cara, é um saco que
estávamos todos aqui, ou então vocês dois poderiam estar limpando o chão da
cozinha juntos agora. — Eu ainda não tinha contado a Hannah sobre a minha
ainda presente virgindade, mas não parecia ser um bom momento para trazer isso,
mesmo que ela tivesse me admitido que também era. O jeito que ela falou me fez
acreditar que ela tinha, pelo menos, feito mais do que eu tinha, mesmo que ela não
tivesse feito o ato.
— Eu não vou dignificar isso com uma resposta. Então você já 'encontrou
seus brincos'? — Levantei-me para ir para a cama. Eu estava cansada e eu tinha
muito para pensar nessas horas que me levaria para realmente a adormecer.
Hannah fez beicinho, mas se levantou.
— Tudo bem. Mas você não é divertida.
— Por que você não encontra o seu próprio cara? E Brett? — Eu nunca
conheci o garoto, mas ele foi o primeiro cara que ela tinha sequer mencionado, de
modo que tinha que contar para alguma coisa. Hannah fez um som frustrado.
— Eu disse a você, é história antiga.
— A história tem uma maneira de se repetir. — Eu estava ótima em ser
advogada do diabo essa noite.
— Tanto faz, garota. Você tem muito mais acontecendo do que eu, já que não
tenho nada acontecendo.
Eu subi as escadas com ela e disse adeus antes de voltar para pegar o resto
dos meus livros na sala de estar. Hunter era o único ainda acordado e ele estava
esfregando os olhos e os piscando mais e mais.
— Onde está Dusty?

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— Oh, ele tinha que ir. Disse para lhe dizer boa noite. — Por que eu sinto
que algo mais tinha acontecido quando estava lá embaixo com Hannah? Olhei para
Hunter, mas eu sabia que ele era um bom mentiroso, pelo menos sobre coisas como
esta.
— Ele disse alguma coisa sobre mim? — As palavras saíram antes que eu
pudesse agarrá-las e empurrá-las de volta na minha boca e fingir que não tinha
acontecido.
— Como o quê? — Mantenha a cabeça fria.
— Oh, eu não sei. Ele estava apenas sendo estranho na cozinha. — Hunter
parecia genuinamente confuso.
— Estranho, como? — Se ele estivesse mentindo, dê a esta criança um Oscar.
— Ele não disse nada para você? — Ele balançou a cabeça e parecia um
pouco preocupado.
— Você precisa falar comigo sobre alguma coisa?
Eu balancei a cabeça rapidamente. — Não, não. Ele apenas fez uma piada, e
eu peguei o caminho errado. Está tudo bem. Não é grande coisa, sério. Eu juro. Eu
juro por Deus. — Eu sorri e segurei meus livros no meu peito.
— Tudo bem. Se você tem certeza.
— Sim, não é nada. Boa noite.
— Noite.
Eu esperava que Hunter comprasse minha explicação meio terrível e não
perguntasse a Dusty, porque claramente Dusty não tinha dito nada a Hunter sobre
o que aconteceu na cozinha. Talvez fosse porque todo mundo estava por perto.
Jesus Cristo, por isso era tão confuso?

***

Dusty não estava por perto no dia seguinte, ou no próximo, e eu sabia que
tinha tudo a ver comigo. Eu tentei perguntar onde ele estava sem agir como se me
importasse muito com isso, porque eu não queria ninguém desconfiado. Hunter
disse apenas que ele pegou algumas horas extras no Bull Moose. Nós ainda
estávamos indo para a festa no sábado, e decidi que precisava falar com ele e saber
o que diabos estava acontecendo, porque eu não podia levar o suspense. Além

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disso, Hannah estava me deixando tão louca, eu meio que queria matá-la, ou falar
com ele apenas para que pudesse calá-la.
Apesar de estar tão distraída sobre Dusty consegui pelo menos fazer uma
boa impressão em Brett na entrevista na sexta-feira. Os escritórios estavam no
primeiro andar da União, e eu tinha andado por ele e espiado algumas vezes desde
que a porta era feita de vidro. Eu sempre fui meio que fascinada por isso, se eu
estivesse sendo honesta.
Brett me pediu para trazer mais alguns textos de minha autoria, e ele passou
por cima deles comigo, explicando como um artigo deve ser escrito em algo
chamado de ‘estilo pirâmide invertida’. Foi tudo um pouco confuso, mas ele me deu
um folheto sobre isso e alguns artigos para ler online. Até o final da hora, ele tinha
me dado uma mesa e preenchido a papelada para me colocar na folha de
pagamento. Eu ainda estava tonta quando cheguei a casa, mas não disse nada a
ninguém, a não ser Hannah, é claro. Meu primeiro dia seria na próxima terça-feira,
uma vez que eles tinham noites de produção nas quartas-feiras e domingos. Era
bom que eu tivesse a coisa de Dusty para me preocupar, assim que a coisa do
trabalho novo foi posta de lado.
Dusty e eu ainda não tínhamos trocado números, então eu tinha que fazer
alguma espionagem furtiva para saber quando exatamente ele estaria no trabalho
para que eu pudesse falar com ele, e encontrei a minha oportunidade perfeita no
sábado.
Entrei hesitante. Eu tinha tudo planejado. Eu estava procurando por
Christina Perri, Muse e The Red Jumpsuit Apparatus. Eu tinha um roteiro e tudo
mais. Não era material de John Hughes, mas eu pensei que era muito bom.
Entrei na loja e fui direto para Christina Perri, já que era mais fácil encontrar
a seção Pop. Eu tinha voltado algumas vezes desde a primeira vez, e os funcionários
continuaram a me deixar sozinha.
— Bem-vindo ao Bull Moose. Como posso ajudar? — Era muito melhor do
que apenas esperar que ele sempre estivesse à espreita atrás de mim. Como uma
sombra alta. Com grande abdômen e um sorriso matador.
— Bem, eu estava, tipo, à procura de um pouco de música legal. Porque toda
a música que eu achava legal é legal agora, e eu gosto das coisas antes delas se

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tornarem legais, então essas coisas não são mais legais. Eu preciso de algo que é
pré-legal. — Eu fingi sacudir meu cabelo.
Ele riu como se estivesse surpreso.
— O quê? — Eu disse, soltando a voz irritante eu estava usando e voltando
para a minha normal.
— Nada. Eu não estava esperando que você voltasse mais aqui.
Fiz-me de desentendida. — Por que não?
— Bem, depois... — Ele limpou a garganta. Huh. Este deve ser o Dusty
quando ele estava nervoso. Era adorável. Eu me dei um tapa mental. Coloque sua
cabeça no jogo, Jos.
— Nada, nada. — disse ele, balançando a cabeça e rindo. — Há algo que eu
possa ajudá-la, Ruiva?
Eu me esforcei para lembrar o roteiro. Eu gostaria de ser uma daquelas
pessoas que estavam nos bastidores do teatro e eu pudesse gritar ‘Minhas falas!’ e
eles me ajudariam.
— Na verdade, eu vim falar com você sobre isso. Deveríamos talvez ir para
outro lugar? — Os outros funcionários tinham definitivamente parado o que
estavam fazendo, e eu podia ouvir todos eles nos ouvindo. Eu me perguntava o que
mais Dusty lhes tinha dito sobre mim. Será que eu realmente gostaria de saber?
Provavelmente não.
— Claro. Vamos. — Ele acenou com a cabeça para um dos rapazes no registro
e apontou para a porta que dizia apenas funcionários. O cara acenou com a cabeça
para trás, e Dusty abriu a porta para mim.
Era o que parecia ser uma sala de descanso com uma mesa dobrável enorme,
algumas cadeiras de gramado incompatíveis, uma geladeira, microondas e
cafeteira. Dusty abriu um saco de batatas fritas meio comido para fora do caminho
e puxou uma cadeira para mim. Eu me perguntei se ele estava consciente destas
coisas, ou se ele só fez isso sem pensar. Se ele estava tentando me impressionar
ou se era apenas um reflexo que ele tinha quando uma mulher estava em sua
presença. Eu meio que esperava que fosse o primeiro.
— Ok, então você não foi mais lá em casa e eu só queria ter certeza de que
não era por causa de mim. — eu disse em uma corrida. No meu roteiro, eu tinha
dito as linhas perfeitamente. Acho que eu deveria ter ensaiado mais.

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Ele virou uma cadeira para trás e sentou nela. Muito arrogante esse garoto.
— Por que seria por causa de você? — Ele tinha um sorriso no rosto, mas eu
estava começando a aprender os muitos sorrisos de Dusty Sharp, e este dizia que
ele que estava em um ato. O sorriso era um pouco largo demais, os olhos um pouco
brilhante demais. Ha, pego em flagrante. Era tempo para a minha próxima linha.
— Hum... talvez porque eu te desafiei pelo fato de você nunca me dar uma
resposta direta sobre qualquer coisa e então... você quase... — Ugh, as palavras
que não poderiam sair, mesmo que eu as tenha dito mais e mais. Palavras
estúpidas, sendo tão difíceis de dizer.
— Nós quase o quê? Porque de onde eu estava, você foi a única que me pegou.
Oh, é assim que ele queria jogar?
— Pelo que me lembro, eu estava tentando impedi-lo de sair e você, bem,
você... se jogou contra mim.
— Eu perdi o equilíbrio e subestimei sua força. — Sim, e eu era a criança
secreta amada de Paul, George, Ringo e John.
— Sério? Isso é com isso que você está vindo? — Eu disse, dando-lhe um
olhar.
Ele olhou para baixo e seu sorriso vacilou.
— Parecia muito melhor na minha cabeça. — A história da minha vida.
— Deveríamos ser capazes de falar sobre isso. Somos adultos racionais. Isso
não tem que ser um grande negócio. — Sim, eu tinha oficialmente ensaiado.
Ele olhou para cima e balançou a cabeça como se não pudesse acreditar no
que acabei de dizer. — Oh, Ruiva. Tem sido um grande negócio por um longo tempo.
— Q-quanto tempo? — Inclinei-me na minha cadeira, sem querer, e ele
inclinou-se sobre as costas da sua para que nossos rostos estivessem perto e no
mesmo nível.
— Muito, muito tempo. Desde que a primeira vez que a vi mexer com a
máquina de venda automática. Eu quase não queria que você se virasse, e depois
que você fez. Eu tinha ouvido falar sobre você, mas não tinha ideia que você era...
você. Merda estou realmente estragando isso.
— Está tudo bem. Eu não sou muito boa em toda essa coisa de falar,
também.
— Acho que temos isso em comum.

158
Ele se inclinou, eu me inclinei e nós nos inclinamos e minha cabeça estava
girando e eu estava com medo que eu estivesse perdendo o equilíbrio, mas eu
estava caindo tanto em seus olhos....
A porta se abriu e uma voz surpresa invadiu nosso espaço. — Whoa,
desculpe, cara. Só vim pegar um refrigerante, mas vou pegar mais tarde. Sinto
muito. — Eu nem sequer me voltei para ver o cara. Meus olhos estavam ocupados.
Dusty e eu estavamos congelados, com os últimos centímetros de ar entre
nós. Como foi que o ar, tão insubstancial na maioria das vezes, de repente poderia
ser tão... substancial?
— Eu não sei o que estou fazendo aqui, Ruiva. Você é uma complicação que
me pegou completamente de surpresa. — Sua respiração atravessou o espaço entre
nós.
— Idem. — eu disse, e ele fechou os olhos, mas isso não quebrou o feitiço.
— Nós não podemos fazer isso. — ele disse, sem abrir os olhos, mas não
puxando para trás.
— Fazer o quê? — Eu nem sabia o que ele estava sugerindo. Nós não éramos
mesmo amigos. Ele quis dizer beijar?
Ele fez um som frustrado e lançou-se a seus pés e se levantou, como se isso
tomasse toda a força que tinha, que era considerável, e foi para o canto mais
distante da sala.
— Um ano atrás, eu teria beijado você na cozinha. Inferno, eu a teria beijado
no segundo que você olhou para mim pela primeira vez. Mas eu não sou mais esse
cara. O cara que pega o que quer e não dá a mínima para quem machuca. Eu teria
te tomado e te quebrado, e eu não posso fazer isso. Eu não posso fazer isso com
você. Então, eu estou dizendo que não podemos fazer isso. A resposta é não.
Eu estava confusa com muito do que ele disse que levou um momento para
eu formular a minha primeira de muitas perguntas.
— O que quer dizer, há um ano? O que aconteceu? — Eu esperava que sua
franqueza seria mais do que uma coisa de única vez. Eu sabia muito pouco sobre
ele, e eu queria saber mais. Ele era como um enigma.
— Eu perdi alguém que amava, e coloquei as coisas em perspectiva.
— Eu perdi alguém, também. — eu disse. Foi a primeira vez que eu realmente
tinha dito isso em voz alta. — É por isso que me mudei. Porque as coisas que

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costumavam importar não importavam mais. Eu passei minha vida inteira me
preocupando com as coisas erradas, como notas e ficar à frente. Então parei de me
preocupar com isso e tentei me concentrar nas coisas que importavam.
— Como o quê? — Nossos olhos finalmente se encontraram novamente.
— Bem, eu errei muito em primeiro lugar. É por isso que os meus pais me
mandaram para cá. Eu estava festejando e matando aula. Eu pensei que viver o
dia significava fazer o que eu quisesse e sem me preocupar com as consequências
do amanhã. Ou nunca. — Eu ri um pouco. — E então percebi que não era sobre
isso. Tratava-se de encontrar algo que você fosse apaixonada.
— Pelo que você está apaixonada?
Eu apontei para a loja atrás de nós.
— Música.
— Sim, isso é bastante óbvio. Eu devia ter adivinhado. — Nós dois meio que
rimos para quebrar a intensidade na sala.
— Por quê? O que você achou que era? — A mente vacilou.
— Eu acho que vou manter isso para mim mesmo.
— Oh, vamos lá. Você é o “Senhor Crítico o tempo todo”. Que tal um pouco
de transparência? Eu fui honesta com você.
— Eu não te pedi isso. — Ele passou de brincando a quase hostil. — Merda,
Jos. O que você está fazendo comigo? — Ele gemeu e começou a andar pela sala.
— Eu realmente deveria voltar ao trabalho. Eles provavelmente estão fazendo
apostas sobre se já transamos.
Uh, o quê?
— De verdade? — Eu olhei para a porta. Eu não quero ir por aí.
— Eu posso ser franco com eles, se você quiser.
— Se eu quiser? Eu definitivamente não quero que seus colegas de trabalho
pensem que tivemos uma rapidinha na sala de descanso. Eu não sou, nem nunca
serei, o tipo de garota que faria isso.
— Isso não foi... Eu nunca pensei que você fosse...
Essa coisa tinha espiralado para fora de controle, e eu estava começando a
ficar um pouco chateada. Por que diabos ele tinha que se r estupidamente
frustrante?

160
— Olha Jos. Sinto muito. Eu sinto muito sobre... tudo. Você não fez nada
errado. É tudo do meu lado, e eu queria que eu pudesse estalar os dedos e tomar
tudo de volta. — Com isso, ele passou por mim, abriu a porta e a fechou, me
deixando querer saber no que diabos eu tinha me metido e como eu estaria saindo
disso.

***

É claro que em toda a confusão eu tinha esquecido completamente da festa


e do fato de que Dusty estava vindo para ela. Em vez de potencialmente fazer um
grande negócio, peguei o telefone de Hunter, rolei através de seus contatos e
memorizei o número de Dusty antes que Hunter pudesse notar. Ele estava muito
ocupado com os olhos arregalados em Taylor, então eu estava praticamente
desimpedida.
Eu escrevi e excluí cinco mensagens antes de ir com um.

Você ainda está vindo esta noite? É Jos

Eu me senti como um idiota, colocando o identificador no final, mas enão


queria que ele pensasse que a mensagem era de alguma pessoa aleatória. Eu olhei
para o meu telefone e esperei por uma resposta. Ele ainda estava no trabalho, mas
eu tinha a sensação de que a política de telefone celular em Bull Moose era bastante
frouxa.

Sim. Prometi a Renee que iria. Vejo você depois.

As palavras eram vazias e sem emoção. Eu não conseguia ver o rosto dele
para saber se ele estava sorrindo quando as escreveu, mas a intuição me disse que
ele estava com raiva de mim, de si mesmo, ou de ambos. Se ele tivesse usado um
emotion, eu teria sabido que ele estava brincando. Mas, novamente, Dusty não
parece ser o tipo de cara que iria usar um emotion via mensagem.
Eu digitei duas letras e as enviei.

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OK.

— Tem certeza que você ainda quer fazer isso? — Renee disse, chegando para
o ar depois de estudar todos os dias para um exame de um assunto que eu não
conseguia nem pronunciar, muito menos começar a entender.
— Quero dizer, eu comprei um vestido, e Hannah está apoiando isso. Eu a
convenci de seu plano Carrie, dizendo-lhe que a melhor vingança era estar vivendo
bem. Então agora o seu plano é ficar sexy e dançar e ter um bom tempo para enfiá-
lo em seus rostos. Vamos ver se funciona. Eles provavelmente vão estar muito
bêbados para perceber, mas eu não acho que isso importa. — eu disse.
Ela sentou ao meu lado na mesa da sala de jantar, onde eu estava lendo as
últimas atribuições para Inglês dos meus colegas de aula. A maioria deles me fez
querer arrancar meus olhos. Essas pessoas não tinham respeito por their, they’re
e there. Nenhum.
— Ela já te disse o que aconteceu com ela? Quero dizer, eu posso ver que ela
teve um monte de cirurgia reconstrutiva. É por isso que sua pele tem esse padrão
estranho nela. Enxertos de pele de outras partes do seu corpo. — Eu sabia disso,
mas eu não disse nada.
— Não, ela apenas me disse que era uma longa história. Hannah é o tipo de
pessoa que não fala sobre algo a não ser que ela queira. Lendo nas entrelinhas isso
soa bastante horrível. Como uma daquelas coisas que você deseja que não
soubesse. Tenho certeza que ela vai me dizer, em algum momento, mas não vou
arrancar isso dela. As pessoas guardam segredos por uma razão.
— Como você, talvez? — Ela virou meu cabelo sobre meu ombro, mas eu
podia ver que ela não estava louca. — Eu só queria que você confiasse em mim o
suficiente para me dizer.
— Não é que eu não quero, ou que eu não confio em você.
— O que é isso então, Jos? Nós já passamos por tanta coisa juntas.
— Eu sei, eu sei. — Confiança não tinha absolutamente nada a ver com isso.
Era mais como... se eu lhe dissesse que, se eu abrisse essa ferida novamente, eu
não achava que ela alguma vez fecharia, nunca curaria. Era melhor colocar um
curativo sobre ela e esperar que ela cure sozinha com o tempo. E, além disso, eu
deveria ter essa ferida. Era minha para suportar.

162
Ela se levantou e colocou os braços em volta de mim, descansando o queixo
no meu ombro. — Você sabe que eu te amo, né? Você é minha irmã favorita. — Eu
levantei meus braços e a abracei de volta.
— Eu sei. Você é a minha favorita, também. Agora, o que você quer?
Ela riu.
— Nada. Eu apenas senti que precisava dizer isso, já que não fizemos quando
estávamos crescendo. — Ela estava certa. Mamãe, papai e os nossos vários
padrastos não tinham sido bons em nos dar afeto. Era provavelmente por isso que
Renee e eu tínhamos tais visões distorcidas sobre o amor. Deve ser tão fácil para
as crianças com dois pais normais que se amam e acreditam na existência do amor.
Não que eu acreditasse que não existia. Vivendo em uma casa cheia de casais que
estavam loucos uns pelos outro praticamente garantia sua existência. Mas só era
possível para algumas pessoas?
Quer dizer, se o amor era tão prevalente e real, então por que tantas pessoas
se divorciavam? Meus pais tinham estado com várias pessoas, alegando amor e
honra, e tudo o que sempre e sempre, para sempre e depois se transformou em
ontem. Eram as pessoas simplesmente erradas sobre o amor? Ou será que e les
simplesmente escolhiam as pessoas erradas para amar? Como diabos você escolhe
o caminho certo?
— É uma boa coisa para dizer. — eu disse, deixando-a ir, enquanto voltei
para o meu trabalho de casa. Havia apenas umas poucas pessoas neste planeta
que eu realmente poderia dizer que amava, e uma delas se foi, e eu nunca poderia
lhe dizer novamente. — Amo você, irmã mais velha.
Eu tinha que viver o dia, mas eu tinha que amá-lo também. Assim como ele
disse.

163
Capítulo 16
Desta vez eu estava autorizada a fazer a minha própria maquiagem, mas tive
que pedir emprestada a de Renee e a de Taylor de novo, já que ainda não tinha a
minha.
Taylor decidiu que iria usar calças, mas Darah e Renee estavam com
vestidos, dessa forma não me senti muito diferente. Hannah veio se arrumar, e
assisti como Taylor, Renee e Darah lhe deram o mesmo tratamento que deram a
mim da última vez.
— Ouch! — Ela disse enquanto Taylor tentava pentear o cabelo de Hannah.
— Desculpe! Pensei que o meu era ruim, mas isso é loucura. O que você usa
como condicionador? — Hannah estremeceu novamente.
— Óleo de coco. É a única coisa que funciona. — Hannah e Taylor começaram
a trocar dicas e truques de cabelo enquanto eu maquiava os meus olhos. Estava
fazendo um look esfumaçado, que me tinham dado na festa de noivado. Por um
momento, eu estava na minha antiga vida, fazendo a minha maquiagem todos os
dias. Balancei a cabeça. Tinha que parar de pensar sobre isso.
Mais uma vez, os caras ficaram esperando lá em baixo, e eu conseguia ouvi-
los a jogar um vídeo jogo alto e violento.
— Juro, é como se eles nunca crescessem. — disse Darah quando chegamos
lá em baixo e os rapazes estavam tão envolvidos no seu jogo que não se perceberam
quando elas chegaram.
— Talvez devêssemos ir nuas. — disse Taylor em voz alta.
— Mas então pode ficar frio. — disse Renee muito alto.
Cada cabeça masculina virou a cabeça para a palavra nua. Era como se eles
tivessem sido treinados ou algo assim.
— Irremediável. — disse Taylor. — Você é completamente irremediável.
— Ei não é minha culpa. — disse Hunter. — Se você não se parecesse tão
bem nua, eu não estaria pensando nisso. Durante todo o tempo.

164
— Idem. — disse Mase quando Darah olhou para ele.
Dusty se levantou lentamente, como se ele não se quisesse se juntar a nós.
Ou talvez ele não quisesse se juntar a mim. No entanto, tinha visto a sua cabeça
se girar junto com a dos outros.
— Vocês podem mante-lo em suas calças, obrigada. — Disse Hannah,
colocando o seu casaco. — Tenho alguma vingança a chegar.
Acabamos indo em três carros, apenas para o caso de alguém precisar ser
socorrido e para se certificar de que ninguém ficava abandonado. Eu fui com
Hannah e Dusty, e desta vez, eu fiz com que ela fosse no banco da frente. Isso
significava que eu via os olhos de Dusty brilhando no espelho do retrovisor com
frequência, mas pelo menos não tinha que estar a uma curta distância dele. Ele
tinha estado praticamente em silêncio, e não tinha ainda comentado sobre o
vestido que eu estava usando.
Hannah tagarelava para preencher o silêncio, e eu me lembrei de lhe
agradecer mais tarde. Não lhe tinha dado detalhes completos sobre a situação
Dusty, mas ela era inteligente o suficiente para ler nas entrelinhas. Além disso, ela
estava um pouco distraída com o próximo plano. Dusty ainda estava vago sobre os
detalhes.
— É como em Legalmente Loira, quando aquelas meninas convidam Elle para
a sua festa, que é uma festa de fantasias, mas não é, e ela aparece vestida como
uma coelhinha da Playboy e em seguida, ela simplesmente age como se fosse sua
intenção fazê-lo. — disse ela.
Como se Dusty já tivesse visto esse filme. Eu morreria de choque se ele já o
tivesse visto.
— Eles não fizeram isso em Bridget Jones, também? — Disse.
— Sim, eles fizeram. Huh.
— Então você não deveria estar em um traje de coelha? — Disse Dusty.
— Não, você não esta percebendo. — disse Hannah frustrada. — Oh, em Uma
linda mulher, quando ela foi tratada como lixo por essas mulheres na loja de roupa,
e em seguida, ela volta depois de se limpar e vestir roupas novas e esfrega-as nos
seus rostos.
— Não é aquela que é uma prostituta? — Disse Dusty. Hannah jogou as mãos
para cima em frustração.

165
— Você pode se concentrar por dois minutos? Meu Deus, eu juro vocês tem
uma linha direta dos seus cérebros para os seus paus.
— Quem disse que não?
Eu vi uma sombra como se Dusty soubesse do incidente da cozinha. Hannah
apenas resmungou o resto do caminho. Claro que literalmente não havia lugar para
estacionar que estivesse ao redor do alcance da casa, então acabamos
estacionando no parque da velha fabrica a vapor que ainda agitava o ar nojento
que sempre cheirava quando você estava no campus e dentro do alcance do vento.
— Você tem a certeza que consegue andar com isso? — Dusty me disse quando
saímos. Os saltos que eu tinha não eram assim tão altos, mas eu não planejava
caminhar do estacionamento para a casa.
— Eu estou bem. — disse, dando um passo em frente tomando o braço de
Hannah.
Afastamo-nos do carro, vendo o resto do grupo saírem dos seus carros.
Renee puxou-me e a Hannah.
— Se eu pegar qualquer uma das duas bebendo ou fazendo qualquer coisa
que vocês não fariam a frente das suas avós, eu vou fazer vocês se arrepender.
Tenho bisturis, e eu sei como usá-los. Entendido?
Nós duas assentimos.
— Ok, vamos acabar logo com isso. — disse Renee, e Paul ofereceu-lhe um
braço.
— A sua irmã me assusta às vezes. — Hannah sussurra-me quando
caminhamos atrás do resto do grupo. Dusty é o último, atrás de nós. Parecia que
ele preferia comer vidro e ao mesmo tempo receber uma coloscopia.
— Nem me fale. Ela piorou agora que sabe mexer em todo esse material
médico.
Fiquei chocada que a festa não tivesse acabado já, porque estava tão alto que
se podia sentir a batida no seu peito a uma milha de distância. E ela só piorava
enquanto chegávamos mais perto.
No momento em que estavam à frente do clube, eu estava duvidando da
minha vontade de me juntar a isso. Tinha ido a imensas festas, e se a minha
experiencia servia como indicação, esta estava fantástica. Eu não tinha estado
numa destas há alguns meses. Na verdade, eu mal me lembrava da última. Era de

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admirar que eu nunca tivesse sido estrupada, ou alguma coisa tivesse acontecido
comigo, mas Kelly e Mac sempre cuidaram de mim, e se as coisas ficassem loucas,
normalmente voltávamos para casa dele e acabamos bebendo com os seus amigos.
Eu tinha recebido alguns textos dela, mas eu ignorei.
— Você esta pronta para isto, Han? — O braço dela se apertou ao meu o mais
perto que ela conseguiu, e eu quase podia ouvir as suas dúvidas.
— Logo atrás de vocês, senhoras. Você diz a palavra e estamos fora. Ninguém
vai mexer com você. Nenhuma das duas. — Olhei por cima do meu ombro e
encontrei os olhos de Dusty. Mesmo no escuro, eles queimaram com uma
intensidade que me disse que ele queria dizer aquilo. Que ele estava dizendo a
verdade.
— Obrigada. — eu disse quando Hannah me começou a arrastar em direção
à casa barulhenta. Era maravilhoso como as casas de fraternidade ainda
conseguiam ficar de pé em todas as gerações de festas e estragos que os seus
habitantes fizeram. Provavelmente tinham sido mais do que alguns reparos ao
longo dos anos.
— Vamos balançar isso. — Hannah me deu uma colisão de punhos e ambas
respiramos fundo entrando na casa.

***

Após uma hora, bebidas e danças recusadas, uma cerveja quase derramada
no meu vestido, um salto quebrado e um brinco perdido mais tarde, Hannah e eu
estávamos dançando bem a frente dos alto-falantes gigantes. Os outros membros
do nosso grupo estavam apenas afastados, conversando e rindo. Exceto por Dusty,
que estava realmente dando um novo nível ao mau humor. Bem, não era realmente
de mau humor. Era mais como pensativo. Não parecia bem nele, o cara que eu
estava tão acostumada a ver com um sorriso no rosto.
Nós tínhamos mantido os olhos bem abertos para os rapazes, mas estava tão
lotado e a multidão tão fluida, teria sido quase impossível encontrá-los, mesmo eles
estando aqui. Eu praticamente estava desistindo de procurar quando Hannah
agarrou o meu braço e puxou a minha orelha até a sua boca para que eu pudesse
ouvi-la.

167
— Eles estão ali! — Ela gritou. Ainda era difícil ouvi-la, então eu aceno e
afasto-me do alto-falante.
— Onde? — Eu disse, fazendo uma varredura visual. Ah, ali estava um deles,
de pé perto de um dos sofás que havia sido empurrado para o lado. Ele não nos
tinha visto ainda.
— Bem ali. — Hannah apontou seu queixo em sua direção, e eu vi alguns
dos rapazes que tinha visto na União Europeia. Eles estavam todos rindo e
conversando e bebendo, claramente à vontade. Pelo que eu sabia eles eram
moradores da casa.
— Vamos. — Hannah não me deu nenhum momento para pensar sobre isso
antes que ela me puxasse para o centro da pista de dança improvisada e começou
a balançar os seus quadris como se ela tivesse nascido para fazer isso. Ela estava
dançando antes, mas agora era um pouco mais…. Algo que você faria contra um
poste usando muito menos do que um vestido. Eu tinha que lhe dar crédito, ela
era boa nisso. Eu deixei-a liderar deixando-me ir.
— São aqueles? — Taylor me disse ao ouvido depois de me tocar no ombro.
Balancei a cabeça e ela olhou para Darah e Renee. Elas vieram logo e formamos
um círculo. Taylor deu a Hannah alguns movimentos no departamento de dança.
Essa menina tinha movimentos. Mais uma vez olhei para Mase, Paul, Hunter e
Dusty, mas eles apenas assistiam com uns sorrisos confusos em seus rostos. Dusty
ainda parecia mais mal-humorado do que estava antes.
Hannah ficou olhando para o grupo de rapazes, mas eles não estavam
prestando atenção. Alguns rapazes na festa prestaram, porém, alguns tentaram
entrar e dançar conosco, mas nós não estávamos interessadas.
Após o terceiro cara tentar chatear Taylor, Hunter tinha tido o bastante e se
aproximou para dançar com ela. Mase se juntou a Darah e Paul agarrou Renee. A
música mudou para o mais recente hit de dança que você ouvia cinquentas veze s
de cada vez que ouvia radio. Os quadris de Hannah ainda balançavam, quando o
grupo de rapazes finalmente nos tinha percebido. Eu a puxei para mim, fingindo
dar-lhe uma pancada no quadril.
— Eles a viram. — Ela fingiu atirar os cabelos e olhou para eles. Oh, eles
haviam notado. Todo o grupo estava agora plenamente consciente de Hannah e os
seus quadris supersônicos.

168
Ela jogou a cabeça para trás e riu, fazendo um giro que teria tido a minha
bunda.
Eu não tinha ideia que ela era assim tão boa dançarina. Os caras estavam
apontando e falando, e era definitivamente sobre Hannah. O cara que parecia ser
o líder começou a andar de novo. Dei a Hannah um sinal.
Parecia o ‘cara’ típico da faculdade. Um boné virado para trás do Red Sox,
calças de brim e camisa Hollister. Ele estava tão genérico que era uma maravilha
eu mesma o reconhecer. Caminhou com dificuldade através da multidão, ele
chegou mais perto do nosso grupo.
— O que você vai fazer? — Eu gritei no ouvido de Hannah.
— Depende do que ele fizer. Talvez ele se sinta como um idiota e está vindo
para se desculpar. — Ela deu de ombros e continuou a dançar. Sim, eu não ia
segurar a minha respiração. Sujeitos assim raramente pensavam que tinham feito
alguma coisa de errado, então eles não têm que se desculpar. Mas talvez isso fosse
a minha opinião? Ele podia-me surpreender?
Hannah se virou e parou bem na frente dele. Ele olhou assustado por um
segundo.
— Posso ajudá-lo? — Ela gritou alto o suficiente para eu ouvir.
— Sim, você pode tirar o seu rabo nojento desta festa. As meninas com você
podem ficar, mas você tem que ir. — Ele tinha um daqueles meios sorrisos que
caras idiotas usavam quando eles pensavam que estavam a ser charmosos. Mas
na verdade eles estavam apenas sendo idiotas.
O rosto de Hannah congelou por um momento e eu esperei sua reação. Não
tive que esperar muito tempo. Ela deu um tapa no fundo do copo da cerveja que
ele tinha na mão, e a sua intenção. Que explodiu e o cobriu.
— Que porra é essa? Você é psicopata!
Hannah sorriu de uma forma que, se eu fosse esse cara, ficaria preocupada.
Mas ele claramente não era o mais inteligente do grupo, porque parecia que ele ia
dar um tapa nela, ou gritar com ela, mas Hannah chegou lá primeiro. Ela socou-o
no queixo com tanta força que eu o ouvi mesmo com a música alta.
Ambos gritaram de dor quando eu me chego a Hannah.
— Sua puta de merda! — Seus amigos correram, mas Dusty, Hunter e Paul
estavam lá em um flash.

169
— Vá embora, cara. Você tem sorte por uma mandibula quebrada ser a única
coisa que ela te deu. — disse Dusty, aproximando-se do rosto do cara. Hannah
segurou a mão ao peito.
— Eu não tinha ideia que ia doer tanto. Puta merda. — disse ela, o rosto
torcendo de dor.
— Você está bem? — Disse.
A expressão de dor foi embora e ela sorriu para mim.
— Estou incrível. Sinto que devo ficar bêbada ou gritar em um telhado ou
algo assim. — Renée se inclinou e começou a examinar a mão de Hannah. Ter uma
irmã que era enfermeira sempre foi uma vantagem, porque ela vem sempre a
calhar.
— Você não olha para ela, não pensa sobre ela, você nem respira perto dela,
ou então eu vou fazer você se arrepender. Entendeu? — Dusty continuava rasgando
o cara enquanto os seus amigos tentaram se aproximar, mas foram definitivamente
intimidados pela presença de Hunter, Dusty e Mase, nenhum dos quais parecia
desistir se houvesse socos.
— Precisamos colocar um pouco de gelo sobre isso. — disse Renee, colocando
o braço em torno de Hannah. Taylor e Darah foram buscar os nossos casacos e
saímos da festa. Algumas pessoas aplaudiram, mas a maioria estava apenas
decepcionada pela briga já ter acabado e não tinha ficado mais interessante. Os
rapazes nos seguiram, uma vez que sabiam que ninguém estava vindo atras de
nós.
— Isso foi tudo o que você pensou que seria? — Disse Dusty, correndo para
nos apanhar.
— E mais. — disse Hannah, com brilho em seus olhos. Podia vê-los mesmo
no escuro.
— Que tal você esperar aqui enquanto eu vou buscar o carro. — ele disse
enquanto descíamos o gramado.
— Boa ideia. — disse Renee, sua atenção ainda na mão de Hannah.
Estávamos todos sentados na calçada e esperando Dusty voltar com o carro. Os
outros rapazes tinham ficando conosco como proteção. Eles tinham ficado
totalmente Alpha. A qualquer momento eles iriam-se transformar em lobisomens
ou algo assim.

170
A mão de Hannah começou a inchar e mudando de cor. Renée usou o seu
telefone celular como lanterna para certificar de que nenhum dos ossos da sua mão
estava quebrado.
— Eu acho que você vai ficar bem, mas temos de voltar para casa. Onde está
esse menino?
Pneus guincharam e o Golf apareceu bem a nossa frente.
Renee e Hannah ficaram no banco de trás e eu subi com elas.
— Vejo você em casa. — Renee gritou enquanto o resto do grupo caminhava
em direção ao estacionamento. Eles acenaram e disseram para ficarmos seguros.
Dusty dirigia um pouco rápido demais, longe de casa, e quando ele chegou
na estrada, acelerou.
— Você tem um bom gancho, Hannah Gillespie. Eu acho que ele vai sentir
por alguns dias. — disse Dusty. — Sei que não me devo meter contigo agora.
— Teria mexido comigo antes? Porque eu tenho a outra mão e eu estou
totalmente bem em utilizá-la.
— Whoa, calma, Rocky. Só estava dizendo. — Ele riu um pouco e eu vi
rachaduras na sua fachada ranzinza. Deve ter sido difícil mantê-la.
Chegamos a casa, e Renee entrou em modo de enfermeira, buscando gelo e
envolvendo na mão de Hannah.
— Será que sinto um déjà vu? — Disse Taylor, quando o resto do pessoal
chegou dez minutos depois de nós.
— Um pouco. — disse Renee. — Eu não entendo porque fazem isso para
vocês mesma. Um joelho na virilha é tão eficaz e menos prejudicial para você.
— Não estava realmente pensando sobre isso no momento, mas você fez
pontos validos. Vou levá-los em consideração para a próxima vez. — disse Hannah.
— Da próxima vez? — Eu disse. — Você está pensando em bater em homens
rudes e ofensivos em uma base regular?
— Se eu não encontrasse esses homens regularmente, eu não teria que fazer
isso. — disse ela.
— Bom ponto. — eu disse suspirando.
— Merda, eu preciso de uma bebida. — disse Renee, depois que ela ajudou
Hannah. Paul foi até a geladeira e pegou algumas cervejas.
— Alguém quer? — Ele disse. Todos assentiram com a cabeça.

171
— Posso pegar uma dessas? Você sabe, para entorpecer a dor? — Disse
Hannah. Renee abriu a garrafa e revirou os olhos.
— Uma. Você pode ter uma.
— Obrigada, mamãe. — Disse Hannah quando Paul lhe passou uma.
— Dusty? — Disse Paul segurando uma para ele.
— Não, obrigado. Eu passo. Tomo uma Coca-cola se você tiver. — Paul atirou-
lhe uma lata e me entregou a garrafa que Dusty não queria. Roubei um olhar para
Renee, mas ela parecia determinada a olhar para outro lado. Abri a garrafa e tomei
um gole. Droga. Tinha sido por um longo tempo.
Todos nós fomos para a sala e sentamo-nos no sofá.
— Alguém mais está exausto? — Taylor disse, encolhendo-se no colo de
Hunter enquanto passava uma garrada por trás. — Eu me sinto muito velha agora.
— Você estava se esforçando bastante lá, Mocinha.
— Todos nós estávamos. — disse Darah. — Eu sinto como se tivesse passado
anos desde que fomos ao Blue, mas foi apenas há um mês. Temos de ir mais vezes,
eu acho.
— Amém. — disse Mase. — Especialmente se você se balançar assim, Dare.
— Você está dizendo que aprova as minhas habilidades de me mexer?
Ela levantou uma sobrancelha que despareceu sob a franja.
— Sim, você pode dizer isso. — Ele puxou o queixo até a sua boca e lhe deu
um beijo.
Hannah fez um barulho de engasgue.
— Jesus, eles são sempre assim? — Ela pegou a cerveja em sua mão
esquerda, com um caso de ervilhas colocado sobre a sua direita.
— Praticamente. — eu disse tomando outro gole. — É quase impossível viver
com eles.
— Hey! — Disseram várias vozes ao mesmo tempo.
— O quê? Vocês são, tipo, repugnantemente bonitos no amor, e às vezes eu
só quero arrancar o meu cabelo e gritar para a perfeição de tudo isso. — Uau, eu
não quis dizer isso. Eu não podia nem culpar o álcool, porque eu só tinha bebido
dois goles e não me tinha sequer batido ainda.
A sala ficou em silêncio e era como se eu tivesse gelado completamente a
conversa.

172
Merda.
— Jesus, eu não quis dizer isso assim. É difícil às vezes, sabem? Agora soou
como uma cadela ingrata. Sinto muito. — Segurei a cerveja com as duas mãos e
olhei para ela, assim não teria que olhar para eles a ter-me um colapso.
— Vocês se se importam se eu dormir aqui esta noite? Eu realmente não
sinto com vontade de voltar para o dormitório. — disse Hannah tentando chegar a
meu socorro. Oh, eu era uma causa tão perdida neste momento.
Todo o mundo entrou na conversa de que eles seriam mais do que felizes em
lhe oferecer abrigo para a noite.
— Vou arrumar o sofá na caverna dos homens para você. — disse Taylor, a
primeira a pensar numa maneira de fugir da sala.
— Eu vou… ajudar. — disse Hunter correndo atrás dela.
— Deveria limpar a cozinha. — disse Darah. Mase apenas se levantou e a
seguiu sem dizer uma palavra.
— Bem, eu sei como esvaziar uma sala. — disse, bebendo de novo para fazer
outra coisa com a boca, além de querer colocar o meu pé lá.
— Me desculpe por ter falado nisso. — disse Hannah.
— Não, não é sua culpa. — disse.
Dusty ainda não tinha dito uma palavra, mas ele tinha-me observado. Sabia
que ele me estava olhando como eu sabia exatamente como ele estava sentado, sem
ter que olhar para ele. Gostava de como sabia que ele estava atrás de mim, mesmo
que ele estivesse tão quieto. Ele estava sempre na minha mente, mesmo quando
ele não estava aqui. Ele estava sempre comigo, e isso me assustava como o inferno.
— Você provavelmente utiliza o meu tamanho. — disse Renee para Hannah.
— Pode utilizar algum pijama meu.
— Bem, obrigada. — disse Hannah, colocando a sua garrafa de cerveja para
baixo em um porta copos e seguindo Paul pelas escadas.
— Jos? — Renee levantou-se e sentou-se ao meu lado.
— Sim. — eu olhei para cima da garrafa para ver o olhar preocupado em seu
rosto e que eu tinha visto em tantos rostos, em tantas outras vezes.
— Você está feliz aqui? — Dusty se deslocou na minha visão periférica.
— Talvez eu deva ir…. Para outro lugar. — disse ele em voz baixa.

173
— Não, está tudo bem. — encontrei-me dizendo. Eu não me importava de tê-
lo aqui.
— Você tem certeza, Jos? — Ele disse o meu nome tão suave, como se fosse
uma caricia, como se ele estivesse com medo de o quebrar. Fechei os olhos e tentei
bloquear a imagem que tinha surgido na minha mente, o quão perto nós tínhamos
estado de beijar antes.
— Sim, você pode ficar. — Eu quis dizer por agora, mas de alguma forma
parecia que eu estava falando de um longo período de tempo.
Coloquei a garrafa para baixo em um suporte de copos.
— Você parece tão… perdida. — disse Renee. — Você estava tão feliz antes.
— Eu não estava. Era apenas boa em fingir.
Eu balancei a minha cabeça.
— Essa garota… aquela menina que eu era, ela não era feliz, Renee. Era
apenas muito boa em fingir. Até eu acreditava nisso às vezes. Só porque eu parecia
bem e feliz isso não significava que eu era.
— Não entendo. — disse ela, balançando a cabeça. Eu não tinha a certeza se
conseguia realmente explicar.
— Você nunca conheceu essa garota. — eu disse, voltando-me para Dusty.
— Aposto que você a teria odiado. Ela era arrogante e tensa, e vestia-se como Hillary
Clinton.
Com esse comentário rendeu-me um sorriso. — Nunca conseguiria odiar
você, Ruiva. Nem mesmo se você usasse um terninho feio.
Por alguma razão falar de terninhos me fez começar a rir, então eu comecei
a chorar.
— Ela teria evitado você como lama no seu sapato, amigo. — Isso só me fez
rir e chorar ainda mais, e uma vez que eu comecei não conseguia parar.
Renee parecia perdida, como se ela não tivesse ideia do que fazer comigo.
— Eu acho que preciso ver a evidência desses sapatos. Você não teria por
acaso algum por ai ainda, não é? — Ele estava flertando comigo? Na frente da
minha irmã? Ele parecia perceber o que tinha dito, um segundo depois e tossiu.
— Não, eles estão todos encaixotados com o resto da minha vida anterior na
casa da minha mãe. Essa menina se foi, e ela não vai voltar. Esta é quem eu sou
agora. — Eu dei de ombros.

174
Minha risada parou, e eu limpei os meus olhos com as costas das minhas
mãos.
Dusty levantou-se e correu para fora da sala voltando em um flash,
entregando-me um lenço de papel.
— Obrigada. — eu disse, limpando meu rosto e nariz. O lenço ficou sujo com
manchas de maquiagem. Percebi tarde que eu ainda a estava usando. Nunca teria
esquecido antes.
— O que acontece, Jos? Às vezes… — Renee passou as mãos pelos cabelos.
— Às vezes eu só te queria prender e fazer você me dizer, como quando éramos
crianças e você tentava esconder segredos de mim. — Ela sempre conseguia que
eu falasse naquela época. Renee sempre foi boa em descobrir o que ela queria
saber.
— Eu não sou mais uma criança, Ne. — disse, amaçando o lenço de papel e
colocando-o ao lado da minha cerveja.
— Eu sei. É o que torna isso tão frustrante. Eu só quero que você fale comigo.
Estava prestes a responder quando Hannah e Paul desceram as escadas.
Hannah tinha uns calções um top que eu reconheci como sendo de Renee. Eles
devem ter-se escondido lá em cima, com medo de interromperem. Darah e Mase
também estavam bastante quietos na cozinha. E eu também não tinha ouvido um
pio no andar de baixo.
— Penso que todos nós devemos ir para a cama. Esta tem sido uma noite
muito emocionante. — disse. — Álem disso eu me esqueci como é difícil usar um
vestido. Então, eu estou indo-me trocar. — Levantei-me e desci as escadas,
encontrando Taylor e Hunter assistindo algo na televisão gigante.
— O que vocês estão assistindo? — Os dois olharam-se como se tivessem
ficado chocados ao me ver. Eu sem dúvida devia parecer uma bagunça.
— Você esteve chorando? — Disse Taylor, levantando-se.
— Eu estou bem. — Hannah abriu a porta e desceu as escadas atras de mim.
— Estou realmente pronta para ir para a cama.
Exaustão me atingiu como uma marreta, e eu percebi o quão longo o dia
tinha sido e o quanto eu queria que tivesse acabado.
— Sim, claro. — Disse Taylor, tomando a mão de Hunter e o levando a subir
as escadas.

175
— Noite!
— Tenham uma boa noite, senhoras. Tome cuidado com essa mão,
Assassina. — disse Hunter, dando a Hannah uma piscadela.
— Vou-me trocar e lavar meu rosto. — disse, indo para o meu quarto. Tirei
o vestido e deixei a minha pele respirar por um minuto. Eu encontrei algum pijama
e o coloquei antes de ir lavar o rosto, evitei o espelho para não ver como o meu
rosto estava manchado.
Se eu fosse uma das garotas dos filmes, eu teria sido capaz de chorar e ficar
linda fazendo isso. Mas essa era a vida real, onde os meus olhos estavam inchados,
o meu rosto manchando e o meu nariz sujo por todo o lado. Afastei o meu cabelo e
dei-lhe uma escovadela rápida.
Quando sai para a sala, encontrei Dusty falando com Hannah.
— Hey. — eu disse. — Pensei que já teria ido para casa.
— Estava apenas dizendo boa noite. — Ele se levantou e caminhou em
direção a mim, seus olhos varrendo o meu cabelo recém-escovado que caia solto
sobre os ombros na minha folgada camiseta dos Coldplay para os calções que
definitivamente já tinham visto melhores dias, e que estava pendurado nos meus
quadris, pois o elástico estava gasto.
Não tinha planejado usar esta roupa na frente de ninguém, além de os
membros da casa e Hannah.
— Então, hum, boa noite. Ruiva. — Seus olhos finalmente indo até ao meu
rosto, e sua voz macia novamente. Eu estava ciente de que Hannah estava lá e a
fingir que ela não estava ficando muito quieta, mas eu podia ver a cabeça olhando
por cima do sofá e nos observando.
— Obrigada por… obrigada por ter vindo. — Chata. Jos. Super chata. Porque
que eu não conseguia dizer adeus a ele de uma forma legal? Ou pelo menos, uma
forma normal?
— Obrigado por… por não estar com raiva de mim por mais cedo.
— Oh, eu ainda estou um pouco zangada.
— Você podia me dizer especificamente o quanto está brava para descobrir o
que posso fazer para compensar isso? Tipo, trazer-lhe Skittles e M&M, ou será que
eu tenho que fazer o salto para as flores e chocolates ou piqueniques elaborados
com quartetos de cordas e velas?

176
Eu fiquei boquiaberta com ele por um segundo. Ele estava falando sério?
Hannah deu um chiado que ela não conseguiu reprimir e pulou do sofá.
— Antes de ir mais longe, cara, eu acho que vou sair, porque me sinto muito
inadequada por estar aqui. Também como uma intrometida. Então, sim. Eu vou
estar à espreita na sala de estar. — Ela pulou e subiu as escadas fechando a porta
com força.
— Eu… eu estou tão perdida, para ser honesta. — disse, indo para o sofá e
sentando-me, agarrei um cobertor na parte de trás, assim poderia cobrir os meus
seios sem tornar obvio o que estava a fazer.
— Bem, eu só me pergunto em que parte, especificamente, você ficou
zangada. Foi por causa do que eu disse? Ou o que fiz? Ou o que não fiz?
Eu realmente não estava com raiva. Frustrada era um termo muito melhor
para isso. E honestamente não era tudo era por culpa dele. Podia-me culpar a mim
por muita coisa.
— Não sei, Dusty. — Ele sentou-se com muito espaço entre nós. — Nunca
tive que trabalhar tanto em algo como isto. — O que quer que fosse.
— Eu não estou tentando faze-lo difícil para você, Jos. Merda. — disse ele,
inclinando-se para trás. — Eu nunca tive que trabalhar tanto. Eu normalmente
não preciso.
— Muito arrogante?
— Eu não quero ser. Só que as meninas me perseguem. Isso torna as coisas
mais fáceis dessa maneira. Além disso, eu não me machuco quando terminam,
porque eu nunca tinha querido realmente, em primeiro lugar. — Ele deu de ombros
como se isso realmente não importasse.
— Isso é uma coisa idiota a dizer sobre as garotas, Dusty.
Ele assentiu com a cabeça e deu um meio sorriso. — Eu era meio idiota.
— Meio?
— Eu disse a você, Ruiva. Eu era um cara diferente. Como você era uma
garota diferente. Eu não a julgo agora com base na pessoa que você era e eu nem
a conhecia. — Ele tinha um bom ponto.
— Tudo bem, mas eu ainda acho que você era um idiota.
— Você tem todo o direito de pensar assim.

177
Nenhum de nós parecia saber o que dizer a seguir, então apenas sentamo-
nos e olhamos um para outro. A qualquer momento a música suave iria começar a
tocar, e ele se inclinaria e iriamos partilhar o nosso primeiro beijo doce. Se minha
vida tivesse sido escrita por John Hughes, teria sido isso que aconteceria.
O que realmente aconteceu foi um pouco diferente.
— Foda-se. — disse Dusty e pulou no sofá para cima de mim, fui pega de
surpresa que me levou um segundo para perceber que ele estava praticamente em
cima de mim. — Eu não aguento mais. — disse ele. Segurando o meu rosto entre
as mãos. — Queria provar você desde a primeira noite, e agora eu vou.
Abri a minha boca para responder e ele aproveitou esse momento e me
beijou.
Ele fez um som que estava a meio do caminho entre um grunhido e um
gemido, e eu me deixei ir. Parei de pensar se era certo ou errado, se eu deveria ou
não deveria. Este não era um filme, e eu não sabia qual seria as minhas próximas
linhas.
Isto era a vida. Estava vivendo.
Toquei-o com a minha língua e ele pegou o convite, nos mexemos, nossos
lábios dançando juntos pela primeira vez. Foi um pouco difícil tentarmos entender
as coisas. Não era perfeito, mas era tão, tão, tão bom.
Ele tinha um pequeno gosto de cerveja, e sua boca era gentil, mas firme. As
mãos dele mergulhavam em meu cabelo, puxando a minha boca para mais perto.
Neste ponto. Ele estava completamente em cima de mim, com apenas o cobertor
entre nós. Isso não me impediu de sentir o quanto ele estava gostando do beijo.
Este era apenas de um planeta completamente diferente em comparação com
todos os outros beijos que eu tinha tido antes. Aqueles tinham sido…adequados.
Bons o suficiente. Beijar Dusty era como…. Matar uma sede que eu tinha tido
durante toda a minha vida. E uma vez que tivesse uma gota, um gosto, sabia que
iria querer mais. Eu o beijei, como se o tivesse a beber, leva-lo e fazer dele uma
parte de mim. Este era um beijo que alterava a vida.
Eu fiz coisas que eu nunca pensei que fizesse. Como tentar puxar a sua
camisa. Ou envolver as minhas pernas em volta dele. Ou gemer quando ele chupou
o meu lábio inferior. Agora eu entendia porque as pessoas tinham sexo. Excitação.
Este era o motivo.

178
— Eu te quero tanto, Ruiva. — disse ele em minha boca.
— Também quero você. — eu disse, empurrando as minhas mãos sob a
camisa para finalmente chegar aos abdominais. Sim, eles eram tudo o que eu
pensava que seria. E mais.
Ele beijou o meu rosto, minha orelha e meu pescoço. Merda, isso estava
acontecendo. Isto estava realmente acontecendo.
— Oh, porra, Joscelyn.
— Dusty. — eu disse. Bem, foi mais um gemido. Eu não parecia capaz de
dizer qualquer coisa agora, sem ser um gemido. Isto pode ser um problema.
Ele parou de me beijar e olhou para a minha cara. Por que, por que parou?
Sem parar.
— Oh Ruiva. O que eu fiz? — Ele beijou na minha testa e saiu de cima de
mim.
Que diabo!
Ele olhou para mim como se tivesse feito alguma coisa terrível, erro
irreversível. Seu rosto era de horror quando ele se afastou de mim. Se eu não
estivesse chateado por ele ter parado de me beijar, podia rir da situação que estava
acontecendo nas suas calças.
— Eu não devia ter feito isso. Eu… eu sinto muito. Tenho que ir. — Ele olhou
para as escadas como se fossem a sua rota de fuga de uma morte certa e iminente.
Finalmente consegui colocar algumas palavras juntas sem gemer.
— Assim? — Eu não tive que apontar, mas ele olhou para baixo.
— Foda-se.
Basicamente.
— Você tem uma camisola ou algo que eu poderia usar? — Seus olhos
estavam arregalados como se fosse um animal enjaulado. Droga. Ele estava
realmente em pânico, e eu não conseguia ver qual era o problema. Quem se
importava se ele me tinha beijado? Eu era uma adulta, tinha quase dezenove. Há
alguns meses atrás, durante a minha fase de loucura, eu não teria pensado duas
vezes sobre isso.
— Por que você não vai… cuidar disso? O banheiro é ali. — Eu apontei. Eu
não lhe faria seriamente isto, mas ainda estava chateada pelo beijo.

179
— Merda, Jos, por favor. Eu não posso… eu não posso com você aqui. — Ele
colocou as mãos sobre a área. Provavelmente poderia cuidar disso para ele. Não é
que tivesse muita experiência, mas o quão difícil pode ser?
Ele olhou para o teto e fechou os olhos como se estivesse se concentrado em
algo. Eu podia ser uma total cadela e arrastar isto se quisesse. Mas em vez disso,
me levantei e fui para o meu quarto, pegando uma camiseta que eu tinha comprado
na secção masculina duma loja que podia ser grande o suficiente para ele.
— Aqui. — disse, voltando e entregando-a a ele.
Ele amarrou-a na cintura com a parte principal cobrindo a sua questão.
— Precisa de ajuda com isso? —
Eu esperava que ele fosse rir, mas ele parecia desesperadamente
envergonhado. Bem, isso era bom. Agora tinha ficado no outro lado.
— Você acha isso engraçado? — Oh, agora ele era o único louco.
— É muito engraçado. Você sabe, a não ser que você é você. — Eu ri para
ele.
— Eu não posso ter isto, Jos. Eu não posso ser assim ao seu redor. Nunca
deveria ter estado sozinho com você desse jeito. Não acontecerá novamente . —
Virou-se para subir as escadas, mas eu agarrei a parte de trás da camisola.
— Por quê? Por que isso não pode acontecer? — Ele se virou para me olhar
lentamente.
— Porque… você está fora dos limites.
— Fora dos limites? Você acha que a minha irmã iria ficar chateada?
Realmente vai deixar que isso fique no caminho? Seja o que for, ou que poderia
ser? Ela vai superar isso.
Ele balançou a cabeça.
— Não, não é isso. Não é apenas Renee.
Agora nós os dois estávamos frustrados.
— Você me faz um favor? Pode ser direto comigo? Por cinco minutos?
— Tenho que ir, Jos. Sinto muito. — Ele se afastou de mim e subiu as
escadas de dois em dois antes de abrir a porta e batendo-a atrás dele. Ouvi vozes
acima e, em seguida, a porta da frente fecha segundos depois. Ele tinha saído de
lá como se tivesse a pegar fogo.
A porta se abriu novamente para revelar o rosto boquiaberto de Hannah.

180
— O que diabos aconteceu?
Iria ser uma longa noite.

***

Contei a Hannah a maioria dos detalhes, principalmente porque a coisa toda


era muito inacreditável. Eu tinha que dizer em voz alta para me certificar de que
tinha realmente acontecido.
— Menina ele ficou tão mal por você. — Todo o mundo tinha ido para a cama,
então Hannah tinha ido furtivamente até a cozinha e trazido uns lanches, incluindo
um saco de M&M e Skittles que eu tinha escondido no fundo do armário atrás da
farinha.
— Bem, sim, eu acho que meio que ficou. — Eufemismo.
— E por ‘mal’ quero dizer, ele quer levá-la às loucuras.
Joguei um M&M para ela.
— Você é nojenta.
— Ele quer você a bordo do seu foguete de carne. Ele quer colocar o seu
Basílico na sua Câmara Secreta. — Continuei atirando doces para ela, mas ela não
parou e nós as duas estávamos rindo tanto que os mísseis doces eram ineficazes.
— Eu juro, você conhece muitos desses. — disse quando ela finalmente
parou.
— Bem, fiz bom uso do tempo em que não tenho encontros.
— Claramente.
Encontrei um M&M nos cobertores e o coloquei na minha boca.
— De volta para assuntos mais importantes. Como foi? — Seus olhos
brilharam.
— Foi… Como posso descrever? Foi muito bom. Ele definitivamente foi o
inventor do beijo.
— Ele quer inventar algo dentro de você.
Era muito tarde quando finalmente entrei no meu quarto e fui para a cama,
e Hannah foi dormir no sofá.

181
Não iria conseguir dormir por um tempo, então ouvi algumas músicas. Era
uma noite para Ingrid Mikaelson, então coloquei ‘Can´t Help Falling in Love’ em
repetição.
Os momentos com Dusty se repetiam em minha mente, em câmera lenta, e
depois aceleraram. Eu revivia a sensação da sua boca capturando a minha, suas
mãos envolvendo-se no meu cabelo. E eu tinha ido… sim, eu nunca fui assim.
Nunca me sentia fora do controle. Era mais o contrário. Era como se eu soubesse
o que eu queria e como conseguir isso com uma completa e perfeita clareza.
Mas isso não iria acontecer novamente, pelo menos de acordo com Dusty.
Qual era o seu negócio? Eu tinha sido gentil quando ele me empurrou de volta.
Teria que encontrar uma maneira de levá-lo a me dizer. Talvez eu pudesse
sequestrá-lo e amarrá-lo. Isso podia ser agradável. Havia um monte de outras
coisas que eu podia fazer se ele estivesse amarrado.
Eu nunca tinha visto a apelação disso antes.
Meu telefone interrompeu as minhas visões de Dusty amarrado a uma
cadeira. Eu o tinha colocado em modo de vibração, apenas no caso de ele decidir
mandar um texto ou ligar a me dizer que estava arrependido. Mais uma vez.
Precisamos de conversar.
Bem, não precisa ser tão assustador, Dusty. Se eu não soubesse exatamente
do que se tratava, eu estaria bastante assustada.
Vá em frente. Sou toda ouvidos.
Meu telefone tocou alguns segundos.
— Você esta acordada? — Disse ele, sua voz quase um sussurro, como se ele
estivesse com medo de me acordar.
— Cara, se eu estivesse dormindo, eu não teria respondido o sms.
— Eu acho que é um bom ponto. — Pensei que ele iria rir, mas ele não o fez.
— Olha, Jos. O que eu fiz foi completamente inapropriado. Eu aproveitei-me de
você e isso não vai acontecer de novo.
— Você se aproveitou de mim? Hum, qual foi o beijo que você experimentou,
porque aquele que nos tivemos foi bastante incrível. Daquele tipo: A Terra tremeu,
fogos de artifício e tudo isso. Se houvesse um Kissing Awards, esse teria vencido
de longe.
Ele levou alguns segundos para responder. Suspirou.

182
— Foi muito épico.
— Muito épico?
— O que você quer que eu diga, Jos? Que se eu estivesse na mesma sala com
você iria-te beijar daquele jeito de novo? E mais uma vez? E mais uma vez? Eu te
ia beijar até que ambos tivéssemos esquecido os nossos nomes. Iria tirar essa
camisa e os shorts e contar cada sarda até que eu saiba exatamente quantas você
tem. E então eu iria saborear cada centímetro de você, até que estivesse gravada
na minha memória de forma a nunca mais conseguir esquecer. E então…. — Ele
parou e eu quase gritei de frustração. Enquanto ele estava falando, minha mão
tinha ido até ao meu short para encontrar alguma libertação de antes. Estava
desejando ele.
— E então? — Finalmente disse.
— Jos, eu não estou fazendo sexo por telefone com você agora. Porque você
continua fazendo isso comigo?
— Oh, não me culpe por isso, amigo. Não fui eu que parei o beijo. Isso foi
você. Não é minha culpa que não consiga mantê-lo em suas calças. Quer dizer você
pode, mas não parece que fica confortável. Como se sente agora? — Posso não ter
tido uma ereção, mas estava definitivamente sofrendo com alguma frustração
sexual.
— Ótimo. Simplesmente ótimo. — Ha ha. Senti o cheiro de outra mentira.
— Então o que vamos fazer? Se não podemos estar juntos, de acordo com
você, e não consegue ficar perto de mim sem a obtenção de um caso grave de pau
duro, o que vamos fazer?
Tudo isso era ele.
— Eu não sei, Jos. Eu só…. Não posso ver uma boa saída.
— Você sabe que é o único obstáculo disso, certo? A menos que haja algo
que eu não sei, pois se houver, deveria me falar, pois não gosto quando as pessoas
não me contam as coisas como se fosse uma criança e não conseguisse lidar com
isso.
— Não acho que é uma criança.
— Então porque me trata como uma?
Ele exalou um longo suspiro.

183
— Sabia a seu respeito. Antes de vir para cá. Quando Hunter e eu nos
tornamos amigos, ele me convidava bastante, ai eu conheci Renee, e ela estava
sempre falando sobre você. Ela não sabia o que fazer. Hunter ofereceu para deixá-
la vir e ela ofereceu para sua mãe, e sabe o resto da história. Você sabe, eu não
acho que posso fazer isso por telefone. Posso…. Posso ir ai?
— Tem certeza que vai ser capaz de se controlar?
— Jos.
Revirei os olhos, que ele não podia ver. — Ok, ok. Todo o mundo está
dormindo, mas acho que posso chegar lá em cima sem acordar ninguém. Encontro
você no seu carro, ok?
— Eu vou-te enviar mensagem quando estiver na frente.
Desligamos e eu parei a minha música. Abri a porta e olhei para o sofá. Sabia
que ia estar bastante frio lá fora, então coloquei calças de moletom por cima do
meu short e uma camiseta. Alem disso, serviria para cobrir o meu corpo e salvá-lo
da tentação. Não podia ficar mais não-sexy com um moletom e uma camiseta
folgada da UNH.
Dez minutos depois, meu telefone tocou e eu rastejei para fora do meu quanto
subindo as escadas. Hannah fez um barulho em seu sono, então percebi que estava
bem.
A casa estava sossegada e escura. Não se ouvia nada da parte de cima. Boa.
Eu estava feliz que Mase ou qualquer um dos outros moradores da casa não
me estavam me vigiando mais. Dusty estava parado fora da casa com os faróis
apagados. Desci a varanda e corri para o passeio.
— Alguém a viu? — Ele disse enquanto eu fechava a porta. Ele tinha o
aquecimento ligado, e eu passei os meus braços em volta de mim. Apesar de ter
estado apenas alguns segundos lá fora eu estava com frio.
— Não, eu acho que estamos bem. Estava tudo quieto no andar de cima e
Hannah estava dormindo. Então continue. — Coloquei as minhas contas contra a
porta e me virei para ele.
— Onde eu estava? — Oh não era minha imaginação a forma como ele estava-
me olhando, apesar da camisola. Ele deve realmente ter uma coisa por mim. Ou
então ele estava tentando escapar de dizer a verdade.

184
— Meus olhos estão aqui em cima. — disse, usando os dedos para apontar
para os olhos. Ele limpou a garganta e piscou, e quando ele abriu os olhos, ele
estava olhando para os meus olhos e não para o peito. Como se ele me conseguisse
ver, toda coberta como estava.
— Você estava falando sobre quando Hunter disse a Renee que eu podia ficar
com eles.
— Certo. Bem, eu tinha visto fotos suas. De como você costumava ser. É
claro que eu pensei que você fosse, bem, você sabe, deslumbrante, Ruiva. Mesmo
com o cabelo todo puxado para trás e com aquelas roupas puritanas. Mas eu não
acho que…. — Ele parou e respirou fundo. Ele era geralmente tão confiante com
as palavras, elas pareciam que vinham facilmente, mas ele agora estava tendo
dificuldade em encontrar as certas.
— Eles me perguntaram, mais especificamente Hunter pediu-me, para olhar
por você. Para certificar que não passaria por qualquer dificuldade. Ele sabia que
eu tinha acabado de sair de muita coisa, e ele confiou em mim.
Desejei que ele não tivesse encontrado as palavras, porque cada uma delas
me deu um soco no estomago com o seu significado.
Não era real. Nada disso era real. Ele tinha sido forçado a ser meu amigo
porque Hunter lhe pediu. Tudo tinha sido uma encenação. Ele estava fazendo um
papel. Dizendo suas falas. Só que eu não sabia que estávamos em uma cena.
Apenas alguns minutos antes ele tinha me deixado mais quente do que eu já tinha
estado na minha vida, e agora eu estava gelada. Congelada.
— Vá-se foder. — Elas eram as únicas duas palavras que eu conseguia dizer,
e eu as tinha dito tão duro quando eu conseguia antes de atrapalhar na porta.
— Jos, espere! Há mais. — Sim, eu não o queria ouvir. Finalmente consegui
abrir a porta e comecei a correr de volta para a casa.
— Só me ouça, pelo amor de Deus! — Ele me alcançou e eu lutei. Não iria
gritar, pois iria acordar toda a rua e não precisava que Stephen King saísse da sua
casa e me visse lutando com Dusty. Provavelmente iria morrer de vergonha. — Será
que pode parar por um segundo? — Ele segurou os eus ombros para que não
pudesse ir.

185
— Solte-me! — Ele me soltou imediatamente, como se ele estivesse chocado
por me ter agarrado. Virei-me de costas para ele, esperando que ele tentasse me
impedir fisicamente de novo, mas ele não o fez.
— Joscelyn. Por favor. Apenas me dê cinco minutos. Então você pode me
odiar para o resto da sua vida. Mas me dê cinco minutos. E por favor, entre no
carro. Está frio aqui fora e você não tem um casaco apropriado para isso. Por favor.
Oh se ele não tivesse dito ‘por favor’. E se sua voz não tivesse esse tom
implorando nela.
Quando me virei, vi que ele estava desesperado. Seus olhos deslumbrantes
me implorando.
— Cinco minutos.
Voltamos para o seu carro, mas eu mantive a minha mão na porta para puder
fazer a minha fuga, caso fosse preciso.
— Isso é o que era. Em primeiro lugar. Estava olhando por você, porque
Hunter me pediu. Ele pensou que você poderia precisar de um amigo que tinha
estado onde você estava, e eu meio que lhe devia. Ele me ajudou muito, estava lá
para mim quando eu precisava de alguém. Eu vi nisso uma oportunidade para
pagar por tudo. Isso é tudo o que era no começo.
Ele respirou fundo, e eu esperava que ele dissesse alguma coisa que faria
tudo o que ele tinha dito ficasse bem. Porque, definitivamente, não estava no
momento.
— E então eu a conheci e desde o primeiro segundo soube que não podia
nunca ser apenas isso. Algum tipo de missão de caridade. Você… era você. Tão
linda, engraçada e inteligente que eu só queria esta perto de você o tempo todo.
Você é… viciante, Jos. Eu não consigo ter o suficiente de você. Consegue ver como
isso complica as coisas? Tenho certeza de que não estava no plano, quando eu
disse a sua irmã que não iria deixar nada acontecer com você. Isso... Qualquer
coisa, provavelmente inclui beijar e quase fazer várias outras coisas que ela
provavelmente me mataria por sequer pensar.
Ele tinha um ponto lá. Renee iria esfolá-lo vivo se ela soubesse sobre o que
tinha feito, e quase feito, no sofá do homem das cavernas. E então ela me teria
dado uma palestra muito longa e potencialmente bastante gráfica sobre doenças
sexualmente transmissíveis, com uma demonstração do preservativo. Eu já tinha

186
passado por isso várias vezes, e eu não queria reviver a experiência. Quando ela
veio para ‘a conversa’ eu tinha conseguido mais do que sempre quis saber de Renee.
Isso foi provavelmente a razão por eu ter estado tão disposta a segurar a minha
virgindade.
— Eu juro, Jos, nunca quis me apaixonar por você. Tentei impedir, mas eu
não tinha um monte de escolhas. É impossível não se apaixonar por você . — Eu
sufoquei uma risada. — O que há de tão engraçado nisso?
— Você, dizendo que é impossível não se apaixonar por mim. Você me
conhece? Você não vê o que eu estou usando agora? Eu não sou exatamente
material de supermodelo. E também não sou muito atraente. Estive com você em
mais do que uma ocasião. Não sou aquela garota. A menina que todos os meninos
fantasiam quando eles se masturbam. Eu poderia ter sido antes, mas
definitivamente não sou agora.
— E isso, minha linda Ruiva, é exatamente por isso que é impossível não se
apaixonar. Não se cuidar é muito sexy. Você não se importa com o que as pessoas
pensam de você. — Oh, como ele estava errado. Ele não tinha ideia do quanto eu
ainda me importava. Era por isso que eu não queria que ninguém soubesse sobre
o blog, ou sobre o meu novo emprego no jornal. Na minha outra vida, eu passei
toda a minha existência me importando com o que as pessoas pensavam de mim.
Você não pode desligar isso tão facilmente.
— Eu me importo, Dusty. Me importo muito mais do que eu deveria. — Por
que sinto que iria chorar de novo?
— Oh, Ruiva. — Ele estendeu a mão para tocar no meu rosto e eu me encolhi
de volta.
— Não. Só porque você disse todas essas coisas bonitas não o torna correto.
Por que não me disse?
Suspirando, ele deixou cair à mão em seu colo. — Porque em primeiro lugar
eu não deveria, e então, depois de conhecê-la, eu não queria. Eu pensei que poderia
ir junto e carregar um tesão não correspondido por você para sempre. Eu tinha
tudo planejado.
— Soa bem. — Eu não estava convencida.
— Isso me deixou louco, Jos. Você me deixa louco. Está me deixando louco
agora mesmo. Tudo o que consigo pensar é que está com raiva de mim, e que eu

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deveria sentir-me mal por ter mentido para você, mas tudo o que eu consigo pensar
é sobre beijá-la de novo e descobrir o que está sobre toda essa roupa que esta
vestindo. — Ele tinha as mãos cobrindo… Oh.
— Está mal, hein? — Não vou mentir, eu estava tendo os mesmos problemas.
Eu simplesmente não os demonstrava tanto quanto ele fazia, mas eu estava afetada
também.
— Não tem ideia.
— Eu acho que tenho uma ideia. — Minhas ‘ideias’ estavam fazendo-se
conhecer. Ruidosamente. Eu ia ter que terminar o que tinha começado mais cedo.
A pergunta era, terminávamos juntos, ou teria que ser sozinhos?
— Eu te disse, Jos, eu não tenho um passado limpo.
— Não me importo. Eu não sou tão pura assim também. Ainda estou brava
com você, mas irei colocar isso em espera e ficar com raiva amanhã assim você irá
me beijar?
Ele se aproximou um pouco mais perto de mim. — Se é isso que você quer.
Inferno, eu sei que é o que eu quero, mas só vou fazer isso se quiser.
Ah, era isso.
— Dusty?
— Sim?
— Você pode deixar de ser menos cavalheiro, só um pouco?
Um sorriso sexy apareceu nos seus lábios.
— Acho que consigo.

***

Beijar no carro não era tão bom como ser beijado no sofá. Havia muitas
coisas no caminho e objetos pontiagudos, como a alavanca de câmbio, que
pareciam feitos para nos machucar.
— Banco de trás. — eu disse enquanto eu tentava subir em cima dele e
falhado pela terceira vez.
Nós dois saímos do carro e nos encontramos do lado do passageiro, ele me
empurrou contra o carro, pressionando-se contra mim e atacando a minha boca
com tudo o que tinha.

188
Talvez não precisássemos ir para o banco de trás. Eu estava ciente do frio,
mas o meu corpo estava em chamas.
Dusty virou-me e abriu a porta de trás.
— Oh merda. Dê-me um segundo. — Seu banco de trás estava uma bagunça,
cheio de livros, roupas e outras porcarias de rapazes. Ele varreu tudo para o chão
e tentou limpar o máximo que conseguia, enquanto eu esperava.
— Bom o suficiente. — eu disse, empurrando-o de lado e mergulhando no
assento, agarrando a sua camiseta e puxando-o comigo.
— Merda! Eu machuquei você?
Só um pouco, mas eu não me importava. Ele colocou-se em cima de mim e
estendeu a mão para fechar a porta.
— Eu estou bem. Venha aqui.
Tinha descoberto que camisolas eram muito boas para arrancar. A boca dele
voltou para a minha, suas mãos voltaram para o meu corpo, mergulhando em
espaços novos que elas nunca tinham estado antes. Isso… isso era viver. Pura, vida
apaixonada.
Ele parou e se afastou para olhar para o meu rosto no escuro. As luzes da
rua lançavam um brilho alaranjado. — Você é tão linda. Como você é tão bonita?
— Você também não é assim tão ruim. — Eu não queria que seu ego
crescesse, mas quanto mais eu olhava para ele, mais eu percebia o quão lindo ele
era. Tinha estado em alguma séria negação desde o início.
— Jos, eu realmente, realmente quero continuar isso. — disse ele, puxando
a minha camisola para o lado para que ele pudesse beijar perto do meu peito, —
Mas não acho que o banco de trás do meu carro seja o lugar para isso. Você não é
um caso do banco de trás.
— Espero que não. — disse enquanto ele me continuava lentamente a beijar.
Apesar de ter dito que queria apertar o botão de pausa, ele não estava fazendo isso.
No entanto ele estava certo. Não queria ter a minha primeira experiencia sexual no
banco de trás de um carro com o que parecia ser uma caneta, ou qualquer outra
coisa afiada, cutucando a minha bunda o tempo todo.
— Você está certo, você está certo. — Eu estava um pouco ofegante, e ele
definitivamente tinha outra ereção.

189
— Acho que meu pau nunca se vai recuperar de estar perto de você. — disse
ele, segurando-se nos cotovelos.
— Bem, você sempre pode obter uma daquelas coisas que eles usavam na
Idade Média. Era como um chicote que tinha pontos de metal afiados por isso cada
vez que você… — Ele beijou a minha boca para que eu não conseguisse terminar.
— Eu estou te implorando. Por favor, pare de falar sobre isso, Ruiva.
— Eu só estava tentando ajudar. Se você quiser, eu posso ajudar de outras
maneiras. — Estendi a mão para as suas calças, e ele tentando sair para longe de
mim acabou batendo a cabeça no teto do carro.
— Merda! — Eu deveria estar preocupada com o seu crânio, mas eu ri. —
Você só…. Mantenha sua mão para si mesma. Eu vou cuidar disso. — Ele coçou a
cabeça.
— Coitadinho. — eu disse, levantando-me sobre os meus cotovelos e sentindo
o topo da sua cabeça suavemente. Sim, ele definitivamente iria ter uma contusão.
Beijei a ponta dos meus dedos e toquei-o na cabeça.
— É tarde. Deve ir para a cama. — Desejei que pudesse pedir para vir comigo,
e então ele poderia fugir da casa antes do amanhecer, mas as chances disso
acontecer eram poucas, com Hannah dormindo no quarto ao lado. Além disso, nós
realmente não podíamos fazer o que eu gostaria de fazer com alguém na sala ao
lado, sem fazer um pouco de barulho. Aquelas paredes eram muito finas. Havia
sempre o chuveiro, embora…
— Boa noite, Ruiva. — Me deu mais um beijo casto nos lábios antes de sair
e me puxar para cima atrás dele.
— Boa noite, Dusty. — Bem isso era muito normal para um adeus.
Finalmente eu tinha conseguido o jeito da coisa. Voltei para casa, tao lento quando
eu conseguia.
— Jos? — Estava esperando ouvir o meu nome.
— Sim. — eu me virei e comecei a andar para trás.
— Você gostaria de ir amanhã? A minha casa?
— Quer dizer ao seu barraco de merda?
— Sim. Eu vou tentar que ele esteja menos merda para você. Mas eu pensei
que era um dos únicos lugares que poderia ser… Sem que ninguém nos tivesse

190
observando. Quero passar um tempo com você sem me preocupar que alguém vai
entrar. — Oh. Oh.
Ele deve ter visto a expressão do meu rosto.
— Isso definitivamente não é o que eu estou-lhe pedindo para fazer.
— Uh-huh.
Ele me deu uma olhada. — Jos...
— Ok, ok. Sim. Eu gostaria de ir. Você se importa se eu disser a Hannah?
Ela poderia ser o meu álibi. Eu estou supondo que devemos esconder isto?
— Ela parece ser o tipo de garota que pode manter um segredo. Além disso,
eu acho que ela quer que tenhamos algum tempo sozinhos, quase tanto como eu.
— Isso era definitivamente verdade.
— Então amanhã? — Ele disse. — Eu vou te enviar uma mensagem.
— Amanhã.
Tinha chegado aos degraus, então comecei a me afastar dele.
— Estou contando os minutos. — disse ele em voz baixa. Seus olhos nunca
deixando o meu rosto.
— Eu também.

191
Capítulo 17
Esgueirar-se para dentro de casa acabou sendo fácil, e eu voltei para a cama
sem que ninguém percebesse.
Apesar de só ter tido algumas horas de sono agitado, acordei na manhã
seguinte tão animada quanto eu costumava ficar no primeiro dia de aula. Sim, eu
era aquele tipo de criança que não podia esperar para o verão acabar para que eu
pudesse voltar para a escola. De certa forma, a escola era meu porto seguro do
caos em minhas numerosas casas. Escola fazia sentido. Tinha ordem e estrutura
em um momento que eu precisava disso.
Eu estava acordada mesmo antes de Hannah, mas quando eu saí do
banheiro onde fui escovar os dentes, ela estava se movendo.
— Seu cabelo sempre fica tão espetacular de manhã? — Parecia que um
estilista passara horas brincando com ele ao máximo.
Ela tentou bater nele para baixo, mas não conseguiu.
— Quase sempre. E se você contar a alguém, ou tirar uma foto, eu vou te
matar. — Ela bocejou e tropeçou para ficar de pé. — Posso usar seu chuveiro?
— Claro, vá em frente. As toalhas estão no armário e você pode usar o que
quiser. Precisa de alguma roupa?
— Sim, seria ótimo. — Hannah era mais alta do que eu, mas eu achei uma
calça que eu tinha que dobrar e uma camisa que servia.
— Eu sei que somos próximas, mas eu não tenho certeza que estou pronta
para trocar roupas íntimas por enquanto. — disse ela. — Eu vou continuar com a
minha.
— Parece bom. Escute, eu tenho um favor para lhe pedir quando você estiver
mais acordada.
Ela me deu um sinal de positivo e arrastou-se para o banheiro.
Enquanto Hannah tomava banho, eu subi para ver quem realmente estava
acordado. Mase estava deitado sobre a mesa de jantar com uma xícara de café

192
fumegante há centímetros de seu rosto. Darah fechou a geladeira e bocejou,
passando a mão pelo cabelo. Eu nunca tinha visto ele tão bagunçado antes.
Definitivamente cabelo de sexo. Pelo menos alguém teve um pouco na noite
passada. Bem, com outra pessoa, não com sua mão, que era ao que eu estava
reduzida depois de tudo com Dusty. Foi o sexo mais épico comigo mesma que eu
já tive.
— Você quer que eu faça alguns ovos? — Disse Darah para Mase. — Ei, Jos.
Você e Hannah dormiram bem?
— Sim, muito bem. — eu menti através de meus dentes.
Mase murmurou algo incoerente.
— Ei, não é culpa minha, querido. — disse Darah.
Taylor e Hunter desceram, seguidos por Renee e Paul quando Darah tirou a
frigideira e começou a fazer ovos. Decidi ajudar fazendo enormes quantidades de
torrada e entregando a todos uma xícara cheia de café quando entravam na
cozinha.
Hannah emergiu do andar de baixo parecendo significativamente mais
alegre. Entreguei-lhe uma xícara de café enquanto ela secava os cabelos com uma
toalha.
— Açúcar? — Eu peguei o frasco de açúcar e comecei a colocar com a colher
em sua xícara. — Diga quando.
Eu coloquei cerca de quatro colheres de sopa quando ela me parou.
— Isso é nojento. — disse eu, tomando meu Lemon Zinger. Agora eu estava
definitivamente viciada na coisa.
— Meh. — disse ela, tomando um dos últimos lugares disponíveis. Era
domingo, o que significava que era dia de limpeza, mas parecia que ia demorar um
pouco.
Meu celular vibrou no bolso de meu moletom.
Ok, eu não posso mais esperar. Você pode vir aqui... agora?
Desta vez eu quase podia sentir o desespero nas pequenas letras pretas. Ou
talvez fosse só eu. Eu digitei uma resposta.
Eu tenho que deixar Hannah primeiro. E vestir algo bonito.
Ele respondeu uma fração de segundo depois.
Você está sempre bonita.

193
Puxa saco. Mas não. Eu preciso tomar banho.
Uma hora, então?
Uma hora.
Eu mal podia conter minha emoção. Então, meu telefone tocou novamente.
Traga meias. Novas.
Que merda é essa? Talvez ele quisesse dizer outra coisa e foi autocorrigido.
Meias?
É isso mesmo, Ruiva. Meias.
Eu poderia até imaginá-lo dizendo isso com um sorriso no rosto.
Vamos fazer fantoches? Porque isso é um pouco estranho.
Eu não conseguia pensar em nada sexy que poderíamos fazer com meias,
mas novamente, eu era virgem. Talvez seja algo que eu ainda tinha que aprender.
Eu fiz uma pesquisa rápida na Internet e não encontrei nada esclarecedor.
Você vai ver. Venha logo. Traga meias.
Eu teria que ir ao Walmart para comprar algumas. Isso parecia ser uma
missão em que Hannah gostaria de estar.
Ela já havia bebido seu café e estava lavando a xícara.
— Eu devia voltar. Eu tenho uma tonelada de lição de casa. E roupas. Eu
realmente gostaria de colocar calcinhas limpas. — disse ela. Mase engasgou com a
torrada.
— Você está bem, amigo? — Hannah lhe lançou um olhar.
— Tudo bem. Bem. Como está a mão?
Hannah ergueu-a. Você não poderia dizer ao certo porque estava toda
enfaixada, mas ela não parecia estar com muita dor.
— Posso verificá-la? — Disse Renee. Uma vez que ela constatou que a mão
de Hannah estava machucada e inchada, ela voltou para seu café e ficou olhando
para o espaço.
— Eu levo você. Você se importa se eu tomar um banho primeiro? — Eu
disse, lançando-lhe um olhar e observei enquanto ela se lembrava de que eu havia
dito anteriormente que eu iria pedir um favor.
— Tudo bem. Ei, você tem um pente que possa me emprestar? —
— Sim, com certeza. — Ela colocou a xícara no escorredor de pratos e me
seguiu de volta para o andar de baixo.

194
Ela atacou-me logo que a porta foi fechada.
— Eu suponho que você precisa de um favor para que você possa fugir e dar
uns amassos com certo garoto que tem lindos olhos verdes. Estou certa?
— Vamos apenas dizer que nós meio que fizemos as pazes. Mais ou menos.
De qualquer forma, nós gostaríamos de algum tempo sozinhos, então você seria
meu álibi?
Ela ajoelhou-se e segurou minha mão.
— Eu ficaria honrada em ser seu álibi a qualquer hora que você quiser ficar
com Dusty e bater suas partes em conjunto.
Eu tirei minha mão. — Isso não soa sexy. Nem um pouco.
Ela deu de ombros e eu fui para minhas gavetas. Ela seguiu-me e empurrou-
me de lado, enquanto eu vasculhava-as, tentando encontrar algo remotamente
bonito.
— Garota, você tem uma grave crise de guarda-roupa. Precisamos comprar
roupas novas para você o mais rápido possível. Mas, por enquanto, que tal isso?
— Ela tirou uma camisa de manga três-quartos verde, que deve ter hitched a ride
de minha vida anterior.
— Isso é bonito. E ressalta seus olhos. — Ela também escolheu um par de
jeans skinny escuros que eu tinha comprado com a intenção de usar, mas nunca
tinha realmente acontecido.
— Ele disse que eu precisava levar meias. Meias novas.
Ela colocou as roupas em minha cama e, em seguida, foi para a minha gaveta
de calcinhas, escolhendo o único conjunto de sutiã e calcinha pretos que eu
possuía e adicionou-os à pilha. — Vocês vão fazer fantoches?
— Foi exatamente o que eu disse.
Ela ergueu as sobrancelhas.
— Ok, então. Meias. — Ela encontrou um par e colocou-as na cama, também.
Eu não tinha muita escolha em calçados porque era inverno e nós vivemos em
Maine e você tinha que usar sapatos que você poderia potencialmente avançar na
neve, de modo que significava usar botas nove em cada dez vezes.
— Eu vou tomar banho.
— Eu vou estar aqui.

195
Tomei banho tão rápido quanto eu podia e vesti-me, perguntando-me o que
fazer com meu cabelo. Dusty parecia gostar quando estava solto, mas estava
molhado e era inverno e eu não gostava de pneumonia, então eu o torci para trás
nas laterais e formei um coque. Uma vez que eu estivesse na casa dele, eu poderia
soltá-lo e deixar secar. Talvez estivesse com alguma onda por estar torcido. Sim,
provavelmente não.
— Veredicto? — Eu disse, saindo e girando para que Hannah visse.
— Você precisa de joias. Além de sua pulseira. É por isso que quando
estávamos comprando coisas na semana passada, eu comprei estes para você . —
Ela tirou algo do bolso e entregou para mim. Eram pequenos pregos de prata em
forma de elefantes proclamados.
— Você não tinha que fazer isso.
— Mas eu fiz. Você gosta?
— Sim, eu gosto. Obrigada. — Eu dei-lhe um abraço e em seguida coloquei
os brincos. Eles eram pequenos e discretos, o que eu gostei.
— Perfeito. Agora só temos de pegar algumas meias para você. Oh, a
propósito, você está tomando pílula, ou algo assim?
— Sim, a pílula. — Eu começara a tomar no ano passado, quando eu pensei
que as coisas estavam sérias com Matt. Sim, eu não tinha planejado ter relações
sexuais até nos casarmos, mas isso não significava que eu pensei que isso não
poderia acontecer mais cedo. Mais do que tudo, era provavelmente um pensamento
desejado. Se eu aprendi alguma coisa vivendo com Renee, era que você sempre
tinha que se proteger e nunca deixar isso para o cara.
— Você tem camisinha?
Esta deveria ter sido uma louca conversa desconfortável, mas de alguma
forma não foi.
— Minha irmã me deu uma caixa quando eu comecei a menstruar. Não é
brincadeira. — Eu tinha treze anos e estava tão mortificada que eu a escondi bem
no fundo de minha gaveta de meias. — E eu encontro-a periodicamente nas minhas
coisas, especialmente agora. Havia uma caixa na gaveta quando eu cheguei aqui.
— Eu fui e peguei-a, colocando um pouco em um dos bolsos com zíper na parte de
dentro de minha bolsa.
— Boa menina. Eu acho que você está pronta.

196
— Nós não vamos transar, Hannah.
— Bem, não vai demorar muito. Eu vi o jeito que vocês se olham. A lenha foi
colocada, a gasolina foi derramada e tudo que alguém tem que fazer é riscar o
fósforo.
Ela me deu um abraço e nós lançamo-nos escada acima.
— Renee? Vou estudar com Hannah hoje. Nós temos essa coisa em que
trabalhar para nossa turma. — Isso era verdade. O primeiro passo na elaboração
de uma boa mentira era usar algo que era realmente verdade e construir sobre isso.
— Tudo bem. Apenas tenha cuidado. É provável que tenha uma tempestade
de neve chegando esta tarde. Se você ficar presa, Mase pode ir te pegar. — Ele tinha
uma caminhonete extra com um arado anexado a ela, para que não precisássemos
pagar alguém para preparar o caminho da garagem.
Eu tinha estado tão envolvida em tudo que eu nem mesmo tinha prestado
atenção ao tempo. Eu esperava que isso não tornasse meu tempo com Dusty curto.
Isso seria seriamente uma merda. Mas então, os meteorologistas eram famosos por
prever uma enorme tempestade que nunca iria acontecer. Eles já tinham errado
pelo menos duas vezes neste inverno.
— Muito bom, Jos. Estou impressionada. — disse Hannah, dando-me um
high five enquanto nos dirigíamos ao Bangor Mall.
— Eu tive muita prática.
***
Hannah me deu muitos outros conselhos, a maioria dos quais parecia que
ela conseguira na Internet ou filmes ou lendas urbanas. Às vezes era difícil dizer.
Deixei-a em casa e tinha instruções rigorosas para dar-lhe cada detalhe sujo
quando eu ligasse para ela naquela noite.
A casa de Dusty era muito fácil de encontrar seguindo suas indicações. Ele
também estava certo; era uma merda de barraco. Como este prédio ainda está de
pé?
Meio que parecia que alguém tinha tomado partes de três outros prédios,
colado e os grampeado em cima uns dos outros e chamado de bom. Enviei-lhe uma
mensagem dizendo que eu estava aqui enquanto eu tentava descobrir o caminho
menos perigoso para chegar à porta da frente. A varanda era definitivamente

197
suspeita. Ele me enviou uma mensagem dizendo que havia um conjunto de escadas
na parte de trás, que não eram muito melhores do que a varanda, eu descobri.
Se eu morrer subindo as escadas, vou processar você do túmulo.
Eu subi as escadas e bati na porta.
— Você conseguiu. — disse ele, com o rosto dividindo-se em um sorriso que
fez meus joelhos sentirem como se eu ainda estivesse subindo os degraus
perigosos.
— E eu trouxe meias. — Eu não sabia de que tipo levar, por isso eu levei três
sacos. Brancas, multicoloridas e um saco de meias de tricô na altura do joelho que
eram muito bonitas para não comprar.
— Estou vendo. Entre. — Ele abriu espaço e eu entrei.
— Isso não é tão ferrado quanto eu estava esperando. Você fez soar muito
pior. — Com certeza, não era a Yellowfield House, mas não era tão ruim assim.
Ficamos em uma pequena cozinha com espaço apenas para os aparelhos de um
lado e uma pequena mesa e duas cadeiras do outro. Um corredor estreito levava
ao que eu presumi ser o resto da casa.
— Quer a turnê? — Disse ele.
— Claro. — Eu coloquei os sacos de meias em cima da mesa e segui-o pelo
corredor.
— Quarto, banheiro. — Ele apontou para os cômodos a minha direita e a
minha esquerda. — E sala de estar barra sala de estudo barra biblioteca barra
despensa. — O apartamento tinha forma parecida com uma ampulheta, mas era
adorável. Toda a mobília era velha e remendada, mas não estava suja.
— E este é Napoleão. Ele acha que vai dominar o mundo. — Dusty estendeu
a mão atrás do sofá e tirou o que parecia uma bola preta de lã. Numa inspeção
mais profunda, eu percebi que era um gatinho com enormes olhos azuis. Dusty
embalou-o como um bebê em seus braços e Napoleão miou e eu morri, bem ali, no
meio da sala de estar de Dusty.
Eu sempre tinha ouvido falar sobre a atração dos caras por bebês, e eu nunca
tinha entendido. Mas Dusty segurando um gatinho e coçando sua barriga
enquanto ele ronronava como um pequeno tanque? Era tão sexy que molhei a
calcinha.

198
— Aqui, você quer segurá-lo? — Eu nunca tive um animal de estimação
antes. Meus pais sempre diziam não quando eu pedia um a cada aniversário e
Natal. Uma grande parte das vezes era porque estávamos alugando uma casa que
não permitia. Eu sempre quis ter um cachorro, mas agora eu estava vendo o apelo
do gato. Grande estilo.
Dusty passou-o para mim e ele miou para mim.
— Ele está apenas dizendo olá. Se você coçá-lo aqui, ele vai se apaixonar por
você para sempre. — Ele colocou os dedos sob o queixo de Napoleão e coçou, o que
fez Napoleão fechar os olhos e começar a ronronar novamente. Dusty moveu a mão
e a minha tomou seu lugar sob o queixo do gatinho.
— Eu não sabia que você tinha um gato. — disse eu quando Napoleão se
aninhou mais perto de minha mão.
Dusty sentou-se no sofá que ocupava grande parte do espaço limitado.
— Eu não planejei isso, mas então a mulher lá embaixo encontrou uma
ninhada de gatinhos e ela me perguntou se eu queria um e eu não pude dizer não.
Você poderia dizer não a ele?
— Nunca. — Sentei-me ao lado dele, certificando-me de que eu não
empurraria o pequeno gatinho doce. — Realmente não é tão ruim assim, Dusty. —
Ele mantinha-o organizado, pelo menos. Havia uma estante em um canto com
poucos livros em brochura usados nela e uma televisão antiga, uma daquelas com
uma grande caixa de madeira em volta, em frente ao sofá com um DVD que parecia
muito fora de lugar em cima dela.
As paredes estavam nuas, mas aqui e ali havia algumas fotos. Não era o que
eu esperava, a julgar pelas poucas vezes em que eu estive em apartamentos e
dormitórios de garotos. Geralmente não havia mais do que alguns cartazes de
meninas seminuas, ou pelo menos uma Playboy ou duas espalhadas, e um monte
de latas de cerveja e sacos de batatas fritas.
— Não é muito, mas é meu. E de Napoleão. Na verdade é dele e eu moro aqui.
Tudo estava quieto, exceto Napoleão, que ainda estava ronronando.
— Então, você ainda está com raiva de mim? — Disse ele.
Eu não podia mentir. — Eu não estou feliz com isso, mas não é totalmente
sua culpa. Eu vou ter que resolver as diferenças com Rene e e com o resto dos
moradores da casa quando eu voltar a isso.

199
— Você precisa fazer isso? Quero dizer, eles não têm que saber que você sabe.
— Mas eles mentiram para mim, Dusty. Eu não posso simplesmente deixar
isso de lado.
— Você está certa. — Ele acariciou a cabeça de Napoleão e suspirou. —
Então, eu tenho algo para você. Algo para dizer que sinto muito. Ou, pelo menos,
começar a dizer que eu sinto muito. Você quer?
— Tem algo a ver com as meias?
— Não.
Eu não tinha ideia do que poderia ser. Dusty tomou Napoleão agora
dormindo de mim e colocou-o delicadamente em uma pequena cama de gato no
chão ao lado do sofá.
— Volto logo. Oh, e feche os olhos. — Eu olhei para ele e fiz o que ele disse.
Ele saiu da sala e foi para seu quarto. Escutei quando ele voltou e colocou algo no
chão em minha frente. — Ok, abra.
Eu olhei para baixo para encontrar um balde de plástico transparente com
um enorme arco na tampa. Estava absolutamente cheio de...
— Uma proporção igual de Skittles e M&M. Na verdade, eu contei-os. Você
sabia que eles não colocam a mesma quantidade em cada saco? Aprendi isso hoje,
em torno de cinco da manhã, quando eu não conseguia parar de pensar em você .
— Você quer me dizer que você se sentou e contou tudo isso? — Devia haver
milhares deles lá dentro.
Ele colocou as mãos nos bolsos. — Sim, demorou um pouco.
Eu olhei para o balde de novo e balancei a cabeça. — Você é tão estranho,
Dusty Sharp.
— Estranho é bom?
Levantei-me e passei por cima do balde e puxei-o para mim.
— Sim. Estranho é maravilhoso. — disse eu antes de inclinar meu rosto para
cima e beijá-lo. Ele tirou as mãos dos bolsos e envolveu-as em torno de minha
cintura, puxando- me para cima de forma que eu fiquei na ponta dos pés. Eu me
afastei de sua boca, que tinha gosto de chocolate.
— Você comeu algum deles?
Ele sorriu.
— Eles estavam irregulares, então eu comi alguns que estavam sobrando.

200
— Oh. — Dei de ombros e voltei a beijá-lo. Foi um pouco mais lento do que
na noite passada. Mais suave. Como um primeiro beijo hesitante. Como se nós dois
soubéssemos que não precisávamos nos apressar. Eu deixei o gosto dele inundar
meus sentidos enquanto suas mãos deslizavam sob minha camisa e acionava cada
terminação nervosa. Ele me empurrou para trás, e nós quase tropeçamos no balde
em nosso caminho até o sofá. Ele me deitou e ficou de lado de forma que ele não
ficasse em cima de mim.
Ele puxou um pouco de cabelo de meu coque e girou em torno de seus dedos.
— Quer experimentar mais lento desta vez? Temos o dia todo.
— O que você quer dizer com lento? Acho que preciso ver uma demonstração
antes de me comprometer com isso. — disse eu com uma cara séria.
— Eu estava pensando em algo assim. — disse ele, dando-me um beijo lento,
antes de descer por meu queixo e meu pescoço. — E isso. — disse ele, puxando de
lado um ombro de minha blusa e beijando minha clavícula, movendo a alça de meu
sutiã de lado. — E isso. — disse ele, voltando-se para minha boca e deslizando as
mãos para cima, sob minha blusa.
— Lento... é bom. — disse eu. Mais uma vez, meu caso de gemer-enquanto-
falo havia retornado. Ele riu, enviando vibrações correndo em toda minha pele.
Jesus Cristo.
Continuamos os amassos e ele continuou movendo minhas roupas, mas sem
removê-las. O que era maravilhoso e totalmente frustrante ao mesmo tempo. Além
disso, porque ele também estava completamente vestido. Eu nunca o tinha visto
sem camisa, e eu tinha about had it com a espera.
Finalmente eu comecei a puxá-la, de forma que ele não tinha escolha a não
ser tirá-la.
— Já era tempo. — disse eu, observando os músculos tonificados, os quais,
até agora, eu só senti com as mãos. Vê-los com meus olhos era algo completamente
diferente. Ele era cortado, mas não de uma forma grosseira. Apenas...
perfeitamente perfeito em todos os sentidos. E eu consegui ver a tatuagem pela
primeira vez.
Eram duas figuras chinesas idênticas. Eu não tinha ideia do que significava,
mas eu fiz uma nota para perguntar depois. Eu não tenho nenhuma tatuagem,
mas sempre gostei de ouvir as histórias por trás delas. Elas fizeram-me lembrar de

201
uma tatuagem que eu tinha visto antes. Eu não poderia começar a imaginar qual
o significado para Dusty. Eu só esperava que não fosse Gangster para Vida ou algo
parecido.
— Uau. — eu disse antes de ir para sua boca. Meus dedos correram ao longo
de sua pele em chamas, e eu o beijei até o pescoço.
— Porra, Joscelyn. — Eu amava quando ele usava meu nome completo.
Como se ele estivesse fazendo sexo com o nome. Sexo muito, muito bom. — Se nós
formos muito longe, eu acho que não poderei parar, e eu não acho que nenhum de
nós está pronto para isso. Ainda.
Suas palavras estavam certas, mas eu não queria que estivessem. Meu corpo
estava gritando tão alto que eu não queria ouvir mais nada.
— Sabe, você não está sendo realmente justo. Você não me pode deixar toda
estimulada e depois esperar que eu seja capaz de... desligar.
— Você tem alguma ideia de quantas vezes eu tive que me masturbar desde
que nos conhecemos? É como se eu tivesse doze anos de novo e estivesse me
escondendo no banheiro e orando para que meus pais não entrasse m.
— Nojento. — eu disse, colocando minha mão sobre seu peito como se eu
fosse afastá-lo.
— Oh, não me diga que você não fez isso. — Meus ouvidos me traíram.
— Não hoje. — Isso foi uma mentira. Tinha sido tecnicamente hoje quando
ele me ligou e nós tivemos nossa pequena sessão no banco de trás do carro.
Ele saiu de cima de mim, olhando para baixo para suas calças. Ele balançou
a cabeça enquanto ele pegava a camisa e colocava-a novamente.
— Eu sempre digo a mim mesmo antes de lhe ver que eu posso controlar,
mas nunca acontece desse jeito. — disse ele, como se ele estivesse falando com a
protuberância e não comigo.
— Você está dando a si mesmo uma exortação?
Ele jogou as mãos para cima. — Por que você não vai embora? — Sim, ele
definitivamente estava. Conversando com o pau dele.
— Eu vou parar de ser tão... sedutora. — disse eu, ajustando minhas roupas,
para que tudo estivesse coberto.
— Oh, Ruiva. Você não pode parar. É que... você não tem que fazer nada.
Você pode sentar lá e não fazer absolutamente nada e eu ficaria quente.

202
Sim, bem, ele era da mesma maneira.
— Talvez eu devesse começar a tirar meleca ou escarrar. Que tal? — Disse
eu.
— Eu acharia encantador e adorável. — Napoleão tinha acordado e estava
chorando de sua cama. Dusty foi e pegou-o. Ele trouxe Napoleão até seu rosto e
deu-lhe um beijo. Doce Jesus Cristo.
— Napoleão está ajudando com seu problema? — Uma vez que eu não tinha
um pênis, eu não sabia exatamente como a coisa toda funcionava. Eu tinha irmãos,
mas eles eram todos mais novos e esta não era realmente uma conversa para se
ter numa mesa de jantar.
— Um pouco. Eu vou superar isso. Espero. Já tive piores.
Ele continuou olhando para Napoleão e não para mim e eu continuei olhando
para suas calças. Deve ter sido a coisa mais estranha que já aconteceu, mas Dusty
estava tratando como se não fosse grande coisa.
— Está doendo?
— Eu estou bem, Ruiva. Você não precisa se preocupar com meu pau. —
Talvez eu quisesse me preocupar com isso. Mas ele claramente não ia me deixar
em qualquer lugar perto dele, então eu peguei a parte de cima do balde de M&M e
Skittles e tirei um punhado.
— Não é tão ruim assim. Comê-los juntos. — disse ele, fazendo caretas para
Napoleão, que continuava arranhando o nariz de Dusty. — É como frutas cobertas
de chocolate.
— Exatamente. — eu disse, quebrando um M&M entre meus dentes.
— Você quer alguma outra coisa para comer? Eu deveria ter oferecido. — Ele
entrou na cozinha com Napoleão e olhou na geladeira. — Eu não tenho muito,
porque, como você sabe, eu não sei cozinhar.
Segui-o, apreciando a vista por trás. Ele tinha uma bunda grande. Você podia
ver que era grande mesmo que as calças caíssem. Isso me fez lembrar...
— Como suas calças ficam em cima? — Ele fechou a geladeira e virou-se,
segurando um pedaço de queijo.
— O quê?
Eu apontei.

203
— Como suas calças ficam em cima? Eu queria lhe perguntar isso há
semanas. — Sentei-me em uma das únicas cadeiras enquanto ele foi para o balcão
e pegou uma faca e começou a cortar o queijo.
— Você pode segurá-lo? Ele não gosta de se tranquilizar. Pequeno monstro.
— Ele me entregou Napoleão, que estava chateado porque Dusty estava
abandonando-o, mas assim que eu comecei a coçá-lo debaixo do queixo, ele
relaxou.
— Eu uso um cinto, como você pode ver. — disse ele, levantando a camisa e
mostrando-o para mim. Sim, eu o tinha visto mais cedo e contemplado como
desfazê-lo da maneira mais sexy.
— Mas suas calças estão tão caídas. — Elas não estavam exatamente caídas
no momento, dada a situação, mas normalmente, elas ficavam. — Elas
simplesmente desafiam a gravidade. — Napoleão começou a bater em meu dedo,
então eu balancei-o para que ele atacasse. Ele mergulhou para isso, perdeu o
equilíbrio e quase caiu de meu colo.
— Hum, Jos? — Olhei para cima para encontrar Dusty observando-me com
as sobrancelhas levantadas.
— Sim?
— Falar sobre minhas calças não está realmente ajudando com minha
situação atual. — Ele fez um gesto nos arredores de sua situação. Quanto tempo
isso será um problema para ele? Devo me oferecer para ir embora?
— Com certeza. — Voltei a acariciar Napoleão enquanto Dusty cortava o
queijo e então pegou alguns biscoitos do armário e colocou-os em um prato de
papel.
— Quer um pouco? — Ele segurou o prato para mim e eu peguei alguns
pedaços de queijo e alguns biscoitos. Eu não estava com fome, mas eu não sabia o
que fazer.
Dusty pegou dois copos e serviu-me uma soda e sentou-se. Provavelmente
era mais confortável para ele dessa forma.
— Então, meias. O que tem as meias? — Eu disse, tentando uma mudança
de assunto.
Ele sorriu e pegou um dos sacos e abriu.

204
— Eu não sei se você notou, mas todo este apartamento é de linóleo. Da sala
de estar até no corredor e aqui fora. Como você sabe, linóleo pode ser muito
escorregadio, especialmente se você está usando meias novas, e especialmente se
ele está bem limpo. Então, vamos colocar Napoleão de volta em sua cama e colocar
algumas meias em seus pés, Ruiva.
***
— Deslizar de meias? Sério que nós vamos deslizar de meias? — Eu disse
quando Napoleão tinha sido fechado com segurança no quarto de Dusty para que
não corrêssemos sobre ele.
— Eu tenho um monte de tempo livre. — disse ele, colocando um par de
meias novas em seus pés enquanto eu fazia o mesmo. — E eu costumava beber
durante esse tempo, ou fumar, ou fazer outras coisas ruins com ele. Depois que eu
decidi não mais fazer aquelas coisas, eu tive que encontrar formas sóbrias para
ocupar meu tempo. Você só me encontrou sóbrio. Eu bêbado era muito mais
divertido.
— Eu não sei. Você está bem divertido agora. E eu costumava ter nenhum
divertimento. — Ele pegou minha mão e puxou-me para meus pés.
— Você está pronta, Ruiva? — Ele ficou em uma posição que me fez pensar
em corredores que se preparam para a corrida.
Copiei-o, abaixando. — Pronta.
— E... VAI! — Nós dois saímos correndo e então pisamos nos freios, tentando
não colidir com o outro e também manter nosso equilíbrio. Eu percorri o corredor,
e Dusty ficou com todo o caminho até a cozinha.
— Não é justo. — eu disse quando ele se moveu para trás até a porta para se
preparar para ir novamente.
— Eu tive muita prática. — disse ele, abaixando-se. Juntei-me a ele na porta
e fomos de novo, mas desta vez eu tentei empurrá-lo, mas ele esquivou-se de mim
e acabei não indo muito longe.
— Trapaceiros nunca prosperam, Ruiva.
— Tanto faz.
— Oh, não faça beicinho. É muito fofo. Aqui. — Ele estendeu as mãos e nós
nos encaramos. Ele começou a correr para trás e eu plantei meus pés. Eu estava

205
com medo que ele tropeçasse em alguma coisa, mas eu estava muito ocupada
gritando enquanto ele me puxava ao longo do apartamento.
— De novo! — Eu disse no segundo em que paramos.
— Vamos tentar isso. — Ele foi e pegou meu moletom e amarrou-o
firmemente em torno de sua cintura e, em seguida, fez-me segurar a ponta. Isso
lembrou um pouco de corrida de trenó com cachorro. Ele decolou e eu deslizei atrás
dele. Dusty estava certo – as meias novas funcionavam muito bem.
Fomos de novo e de novo até que nós dois estávamos ofegantes e rindo
demais para continuar. Ambos caímos no sofá e ele colocou o braço em volta de
mim e puxou-me para perto.
— Isso é permitido? — Eu disse, virando o rosto e olhando para ele.
— Eu acho que posso me controlar. Por enquanto. Podemos precisar trazer
Napoleão novamente. — Como se tivesse ouvido seu nome, Napoleão miou do
quarto de Dusty.
— Pobre rapaz. Eu vou buscá-lo.
Eu abri a porta do quarto de Dusty e ouvi-o murmurando em volta de meu
balde de doces.
— É melhor você não colocar suas patas em meu balde de doces. — eu gritei,
aproveitando a oportunidade de olhar em volta de seu minúsculo quarto. Havia
espaço suficiente para a cama e era praticamente só isso, com exceção de uma
cômoda, um cesto de roupa suja e algumas bugigangas. Peguei Napoleão chorando
e acariciei-o.
— Está tudo bem, amigo. — Eu dei-lhe um beijo e ele lambeu meu rosto.
— Obrigado, eu precisava disso. — Eu não estava exatamente bisbilhotando,
mas eu estava curiosa sobre Dusty. Eu ainda sabia muito pouco sobre ele. Ele era
mais limpo do que eu pensei que ele fosse. Eu vi um único porta-retrato em sua
cômoda e peguei-o.
Era de Dusty, alguns anos atrás, com o braço pendurado em outro cara. Um
cara que eu conhecia.
A moldura escorregou de minha mão e caiu no chão.
— Jos! — Dusty ouviu o barulho do vidro e correu para dentro. — O que
aconteceu?
— N-nada. Eu só... eu deixei cair alguma coisa.

206
— Tenha cuidado. Venha aqui. Eu não quero que você pise no vidro. — Ele
me mudou de lado, já que nós dois estávamos usando apenas nossas meias. — Eu
vou pegar a vassoura. — disse ele, deixando-me ali de pé, ainda segurando o
gatinho.
Como era possível? Por que eles estariam na mesma foto? Claramente, eles
eram próximos se estavam na mesma foto.
— Quem é esse na foto? — Eu soltei quando ele voltou. Eu me poupei de
dizer seu nome.
— O quê? — Ele parou, com o braço segurando a vassoura.
— O outro cara na foto. Como você o conhece?
E então ele disse a coisa que puxou o mundo debaixo de mim.
— Ele é meu irmão.

207
Capítulo 18
Eu quase derrubei Napoleão. Nathan era irmão de Dusty. Como isso era
possível?
Eu abri minha boca, mas nada saiu. Apenas um pensamento corria por
minha cabeça. Uma linha, repetidamente. Vá embora, vá embora, vá embora!
— Eu, eu tenho que ir. Agora. — Eu coloquei Napoleão em sua cama e
empurrei passando por ele.
— Jos, o que há de errado? — tudo. Caralho, tudo. Eu peguei minha bolsa e
minhas chaves e desci eu mesma as escadas com desamparo. Se eles entrarem em
colapso e me pegar com eles, talvez isso não seja uma coisa tão ruim. Então eu não
teria jamais que explicar para Dusty a razão de eu ter me apavorado e fugido de
sua casa depois de ter derrubado a fotografia de seu irmão que eu não sabia que
ele tinha até ele me conta. Um irmão que agora estava morto.
Dusty desceu rapidamente as escadas atrás de mim, mas eu tinha um ponto
de partida. Merda, eu nem sequer tinha calçado meus sapatos. Eu entrei em meu
carro e parti para longe de sua casa, indo para o único lugar que eu podia pensar
em ir. Lágrimas escorriam em meu rosto enquanto eu dirigia, e eu tinha que manter
limpando-as com a minha mão para que eu pudesse ver e não bater em ninguém.
A neve estava quase começando a cair do céu, mas estava muito quente inda para
ela içar no chão.
Era um milagre de proporções épicas que eu conseguisse estacionar perto do
dormitório de Hannah sem matar e/ou mutilar a mim mesma ou qualquer outra
pessoa. Eu nem mesmo sabia em que quarto ela estava, então eu apenas enviei a
ela uma mensagem dizendo que eu precisava falar e perguntar se ela estava em
seu quarto.
Ela respondeu imediatamente, e então pouco tempo depois ela estava na
porta da frente, mantendo-a aberta para mim, desde que meu cartão chave da

208
Universidade não funcionava em seu prédio. Quando ela viu minhas lágrimas ela
puxou-me para dentro e eu fui esmagada em um abraço.
— Querida, onde estão seus sapatos?
Eu ainda estava usando meias novíssimas, que, por agora, estavam
imundas.
— Eu os deixei em algum lugar. — Minha voz soava robótica.
— Eu não tenho ideia do por que você está chorando, mas você parece como
se você seriamente precisasse de um abraço. Vamos subir as escadas. Minha colega
de quarto saiu.
Nós subimos as escadas para o segundo andar e caminhamos uns segundos
pelos quais eu sabia que eram quatro corredores idênticos que se sobressaiam do
centro do edifício. Eu tinha estado aqui uma vez antes, e eu tive necessidade da
ajuda de Hanna para guiar-me daquela vez, também. No mapa do campos, o prédio
de Hannah parecia perturbadoramente como um suástica.
Ela destrancou sua porta com sua chave e empurrou-me para dentro.
— Sente. Eu farei para você um Chá e então nós podemos conversar. — Eu
deixei-me cair em seu colchão e agarrei um dos travesseiros. Seu laptop estava
aberto na escrivaninha e tocando alguma música que eu reconheci como The Black
Keys ‘Howlin’for you’. Eu teria a elogiado em sua escolha de música, mas eu estava
um pouco preocupada.
Meu telefone tocou novamente. Durty tinha estado explodindo-o desde que
eu tinha dirigido para longe de seu apartamento. Eu tinha pensado que o tinha
visto me seguindo em seu Golf, mas eu fiz algumas manobras e perdi-o, fingindo
que eu estava indo para a Yellowfield Houses e então dobrando de volta para
Hanna.
O micro-ondas de Hanna apitou e ela me entregou uma caneca de chá Lemon
Ziger .
— Eu comecei a bebê-lo por sua causa. Nós não temos permissão para
cafeteiras, e algumas vezes eu tenho muita preguiça de descer até a sala de jantar.
— Mesmo que a caneca estivesse estridentemente quente, eu a segurei como um
salva-vidas.
Hanna sentou perto de mim e tocou meu ombro.
— O que é, Jos? Alguma coisa aconteceu com Dusty? —

209
Meu telefone tocou de novo.
— Este é ele. — ela disse, e eu assenti. — Você quer falar com ele? — Eu
balancei minha cabeça. Palavras não eram meu método de comunicação no
momento. Elas apenas eram muito trabalhosas.
Hannah pegou meu telefone, desligando-o e jogou na escrivaninha.
— Ali. Agora você pode falar, ou não falar. Se você quiser sentar aqui e
observar Buffy, nós podemos fazer isso. O que quer que seja que você precise. Ela
olhou para mim e era com tanto amor e cuidado que eu comecei a chorar de novo.
Durty estava certo. Eu tinha todas aquelas pessoas em minha vida que fariam
qualquer coisa por mim. e eu não merecia isso.
— Eu não posso contar a você. Eu apenas não posso. — Eu tinha levado isso
por tanto tempo, essa coisa dentro de mim. Eu tinha bloqueado longe e empurrado
isso de lado, colocado isso na parte de trás de minha mente, onde isso ficava lá,
não me deixando esquecer. Era uma coisa torturante, sempre se fazendo presente
quando eu menos esperava, quando eu baixava minha guarda um pouco. Isso
sempre estava procurando uma abertura para pular em minha boca e gritar por si
próprio em voz alta. Eu não deixaria. Neste momento, nem nunca.
— Está tudo bem, Jos. Eu entendo a coisa do segredo. Eu seriamente faço.
Então o que você precisa? Você sabe, com razão.
— Eu preciso... — O que eu preciso? Um fodida máquina do tempo. Uma que
desfaça. Uma vida diferente.
— Você tem que me dar algum coisa, garota, alguma coisa que eu possa
trabalhar. Eu não sou boa com essa coisa de emoções. Como, você sabe como
algumas garotas são, como, impressionantes consoladoras e sabem as coisas
certas a dizer? Eu não sou uma destas garotas. Isso quase me fez rir, e dado as
circunstâncias, isso era algo.
— Eu estou confusa, Hannah. — Eu olhei o vapor saindo da caneca e tomei
um gole de chá. Esse sabor de conforto e casa e acordar. Se somente isso pudesse
resolver todos os meus problemas.
— Eu meio que percebi isso. Lendo nas entrelinhas. — Eu tomei outro gole
de chá e comecei a me sentir estranha por Hanna estar olhando para mim, como
se eu fosse uma bomba que ela estava esperando explodir.

210
— Eu não vou explodir, você sabe. — Ela balançou a cabeça para trás e para
frente.
— Sim, eu sei. Como eu disse, eu não sou realmente boa com esse tipo de
coisa. Então, eu estou indo fazer o que eu faço quando eu estou sofrendo de uma
crise de depressão, assistir Buffy. Isso funciona. Toda vez. Ela levantou e foi para
sua coleção de DVd’s e puxou a primeira temporada de Buffy. Eu não podia
lembrar-me onde nós tínhamos parado, mas Hanna parecia, então ela colocou o
disco e encontrou o episódio certo e bateu play.
E por alguma estranha e insondável razão, eu parei de pensar sobre a coisa
feia na parte de trás de minha mente. Eu reconhecia sua presença, mas eu escolhi
focar em outra coisa em seu lugar. Como uma adolescente lutando com vampiros.
Pena que minha coisa feia não era um vampiro que eu pudesse estaquear que
apenas se transformaria em cinzas. Isso tornaria as coisas um inferno de muito
fáceis. Bum, estacada. Feito. Enquanto Buffy se guiava no emaranhado do ensino
médio e matava vampiros com seus confiantes companheiros Williow e Chander e
seu observador, Giles, eu me perguntava, distantemente, se Dusty tinha ido para
casa, e se ele tinha, o que ele diria para eles. Não era como se ele pudesse lhes
dizer a história toda sem fazer perecer para si mesmo algo ruim, então o que ele
diria? de um modo estranho, eu não tinha mentido para Renee. Aqui estava eu,
com Hanna. Sim, nós não estávamos trabalhando no projeto, mas eu estava onde
eu disse que eu estria. Eu apenas fiz uma parada no meio.
Eu podia ter superado Dusty mentir para mim. Mas isso...eu não poderia.
Ele definitivamente não faria, se ele soubesse.
Ele nunca teria me perdoado. Ele me teria me odiado. Era o melhor modo
para ele apenas pensar que eu era uma aberração do que ele saber que eu estava...
Sim, era muito, muito melhor o deixar pensar que eu era uma aberração.
— Você está com fome? — Hannah disse. — Eu tenho Stittles e biscoitos e
nós podemos invadir o closet da minha colega de quarto por seus extravagantes
biscoitos. Ela nunca vai saber. — Ela foi para o closet de sua colega de quarto e
puxo para fora uma bolsa de biscoitos Milano. Eu não tinha aquela maturidade.
Hanna mencionando comida me lembrava de que eu tinha deixado um balde
inteiro de doces que Dusty tinha feito para mim. Era uma perda, mas não havia

211
nenhum modo eu fosse tentar pegar de volta. Ela me entregou a bolsa e eu tirei um
dos biscoitos e ela pegou outra para si mesma.
— Qual o número de seus sapatos? — Eu sei que seus pés sãos vários
tamanhos maiores que os meus.
— Seis.
— Perfeito. — Ela levantou e lançou-se ao redor embaixo da cama de sua
colega de quarto e entregou-me um par de tênis claros baratos. — Estes devem
servir.
— Hummm, Hannah? Eu não estou roubando os sapatos de sua colega de
quarto. Além disso, isso é tipo de sujeira.
— Oh, por favor, ela nunca os usa e só pense nisso como comprar sapatos
em uma venda de quintal. Exceto sem a parte pague-por-eles. Você precisa de
sapatos em seus pés. Você pode apenas trazê-los de volta amanhã ou algo assim.
Ela tinha um ponto. Estava indo para parecer uma lunática se eu voltasse
para casa sem meus sapatos. Isso definitivamente levantaria suspeitas com Renee
e ia ser duro o bastante agir como se tudo estivesse normal sem me preocupar
sobre meus pés.
Eu peguei os sapatos e os coloquei. Eles não eram muito diferentes do meu
par que eu tinha, tão esperançosamente Renee não notaria. Hannah agarrou outro
Milano fora da bolsa e clicou para o próximo episódio de Buffy quando nós ouvimos
um barulho alto.
— Que inferno? — Nós esperamos e então isso soou uns poucos segundos
depois, apenas mais perto, como se alguém estivesse batendo em todas as portas
do corredor.
— Provavelmente um estúpido inspetor. Merda, merda, merda — . Ela pulou
sobre seus pés e procurou em seu closet, finalmente emergiu com uma toalha. —
Este micro-ondas é ilegal, mas enquanto eles não podem realmente ‘ver’ ele, eu não
posso estar em problemas. — Ela jogou a toalha sobre o micro-ondas, ajustando-a
até estar completamente coberto. Seria óbvio para qualquer e todos o que ela estava
escondendo, mas eu peguei suas palavras para isso.
As batidas continuaram chagando mais perto, nós podíamos ouvir vozes,
mas não podíamos entender o que estavam dizendo.

212
Hannah deu um último olhar ao redor da sala e olhou para fora pelo olho
mágico segundos antes da batida acontecer.
— Oh. — ela disse, como se ela estivesse surpresa.
— O que foi?
— Veja por si mesma. — Ela moveu-se para o lado enquanto a pessoa batia
novamente.
Eu nivelei meu olho ao olho mágico e fui recebida por ninguém menos que
Dusty enquanto ele disse,
— Hannah Gillespie vive aqui?
— Merda. — eu sussurrei, não alto o bastante paar ele ouvir.
Ele amaldiçoou e moveu-se para a próxima porta, e eu vi o que ele estava
carregando o balde de doces e meus sapatos na mão que não estava usando para
bater. Ele bateu na próxima porta e fez a mesma pergunta, mas parecia como se
ninguém estivesse em casa.
— Cara, você precisa falar com ele antes que alguém chame a segurança do
campus. Como, seriamente. — Hannah abriu a porta e empurrou para o corredor,
mas ela veio comigo.
Dusty virou quando ele ouviu o barulho e eu encontrei seus olhos. Oh, Jesus
Cristo, merda, merda, merda.
— Jos. — Ele caminhou em minha direção, mas Hannar bloqueou seu
caminho e levantou sua mão para cima para pará-lo.
— Ouça, cara. Eu não sei o que aconteceu entre vocês dois, mas tudo que eu
quero saber é se você a machucou, porque eu juro por Deus e todas as coisas mais
que se você fez isso, eu farei você comer seu próprio pinto.
Dusty não tirou seus olhos de mim.
— Eu não tenho ideia do que aconteceu. Você apenas saiu e eu estava
tentando encontrar você. Eu sabia que você iria ir para casa ou viria aqui, então
eu fui à casa e você não estava lá, então eu sabia que você estaria aqui. Eu fiz
alguma coisa? Por favor, eu não posso... — Ele deixou o balde ir e ele bateu no
chão, mas o topo ficou. Um olhar angustiado passou sobre seu rosto, e eu pensei
que ele ia chorar, mas ele não fez.
— Por favor, Jos. Eu apenas...não posso suportar a ideia de que eu fiz algo
para machucá-la. Eu não poderia viver comigo mesmo.

213
Hannah tirou seus olhos de Dusty e olhou de volta para mim.
— Você quer alguma privacidade? Eu posso encontrar outro lugar para estar
se vocês dois precisarem conversar. Mas eu acho que nós devemos nos mover este
pequeno show para outro lugar. — Eu finalmente olhou para longe de Dusty e
percebi quase todas as portas ao longo do corredor abertas e vários pares de olhos
estavam olhando para nós.
— Eu não consigo. — Elas foram as únicas três palavras que vieram aos
meus lábios. Dusty fez um som de frustração e caminhou em minha direção como
se ele não se importasse se Hannah seguiria em meio a sua ameaça.
— Ok, ok, vamos tomar isso um nível abaixo. — ela disse, agarrando minha
mão e a de Dusty e nós movendo dentro do quarto. — Eu estarei do outro lado. Se
você estiver em problemas, apenas grite ‘Buffy’ e eu virei correndo.
Ela fechou a porta atrás de nós, e eu a ouvi gritando com os espectadores
para cuidarem e seus assuntos.
Eu recuei, tentando colocar mais espaço entre nós dois, mas ele tinha pernas
maiores e movia-se mais rápido. Eu pensei que ele estava indo agarrar-me, mas ele
se conteve no último momento.
— Joscelyn. — Lá estava, o modo que ele dizia meu nome como ele disse meu
nome me fazia sentir como se fizesse amor comigo com sua boca. — Por favor, me
diga. — sua voz quebrou. — Eu não posso perder você. Não desse modo.
Eu nunca tinha visto ele tão emocional. Tão quebrado. Ele sempre foi tão
seguro, tão confiante.
— Não é você, Dusty. Sou eu. — E lá estavam elas. As palavras mais idiotas
e usadas na história dos rompimentos. Somente desta vez, elas eram verdade. Era
eu. Era tudo eu.
— Você só está dizendo isso. Tem que ser alguma coisa que eu fiz. — Ele
estendeu suas mãos para mim, e eu coloquei as minhas em minhas costas então
eu não alcançaria ele, também. Eu queria – mais do que qualquer coisa eu queria
cair em seus braços e o ouvir dizer meu nome mais e mais e mais até eu esquecer
acerca de todas as coisas.
— Eu só quero tirar isso de você, mas eu não posso. Por favor, por favor, me
diga. — Sua angústia era quase mais do que eu poderia suportar, então eu fechei
meus olhos. Eu tinha que vir com algo. Rápido.

214
— Eu apenas... eu percebi que não iria funcionar. Não poderia funcionar.
Você e eu. Foi bom enquanto durou, mas eu não posso mais fazer isso. Eu sinto
muito. Eu sinto muito. — Minha determinação para não chorar se desintegrou, eu
perdi essa. Assim muita coisa do que eu não poderia mais suportar, eu me dobrei
para o chão, mas Dusty me pegou antes que eu batesse nele. Eu tentei me afastar
dele, mas seus braços eram tão fortes quando eles dobraram so meu redor e me
seguravam apertado.
— Oh, Joscelyn. O que você faz pra si mesma. — Ele começou a me balançar
enquanto eu chorava e não podia lutar com ele me segurando. Parecia bom demais,
ter alguém para me segurar enquanto eu chorava. Eu tinha feito muito disto
sozinha com apenas eu mesma para me confortar.
Minhas mãos agarraram sua camiseta e ele colocou suas mãos em minha
cabeça, deitando ela perto de seu coração, que estava batendo um milhão de milhas
por minuto.
— Bela, bela menina — . Ele disse outras coisas, mas eu não prestei atenção
nelas.
Nós ainda estávamos no chão, mas de alguma forma ele me pegou e me
carregou para o futon e me deitou, deitando próximo a mim. Eu estendi minha mão
para ele desta vez. Ele suspirou em meu cabelo dessa vez e moveu sua mão para
cima e para baixo. Não de uma maneira sexy. Mais como um amigo confortando
um amigo.
Ele começou a cantarolar, mas eu estava muito confusa para perceber qual
canção era.
— Vocês estavam assistindo Buffy, a caçadora de vampiros? — As palavras
quase me assustaram. Meu choro tinha desacelerado de uma inundação para mais
perto de um banho leve. Eu precisava de um lenço de pape l, mau, mas eu não
estava em posição de conseguir um.
— Hum, sim. — Minha voz estava bloqueada com muco e restos de emoções.
— Você sabe, eu nunca vi esse programa. Eu ouvi que é realme nte bom,
embora. Eu amo Firefly. Joss Whedon é um tipo de fodão.
— Eu nunca vi isso antes de Hannar me mostrar. É muito bom, mas eu estou
somente na primeira temporada. Foi feito nos anos 90, então os computadores são
enormes. — Nós estamos realmente falando sobre Buffy neste momento?

215
Sim, sim nós estamos. E de alguma forma, isso fazia completo e total sentido
estar falando sobre Buffy neste momento.
— Oh, estes são milanos? — Dustu puxou a bolsa debaixo de mim. Eles
estavam um pouco amassados agora, mas isso não o fez parar de estender a mão
para a bolsa e puxar um para fora e segurar ele para mim.
— Você quer um?
Ele estava realmente comendo meus biscoitos e falando sobre Buffy nesse
momento?
— O que você está fazendo? Cinco minutos atrás eu pensei que você estava
indo ter um colapso.
— Eu sei. Eu estava perto. Mas então você fez, e isso era mais importante.
Você é sempre mais importante. Eu não posso quebrar quando você precisa de
mim.
— Quem disse que eu preciso de você?
Ele nem sequer pareceu magoado. — Apenas coma o biscoito, Ruiva.
Então eu dei uma mordida nele e ele bateu o resto em sua boca e então pegou
outro e nós fizemos a mesma coisa e nós assistimos Buffy e comemos biscoitos.
Não fazia qualquer sentido, e ao mesmo tempo fazia todo o sentido do mundo.

216
Capítulo 19
Naquele momento os biscoitos tinham ido, meu rosto estava seco e um pouco
amassado e eu tinha uma dor de cabeça. Dusty ainda estava me segurando, e eu
lembrei que Hannah ainda estava esperando no corredor.
— Oh, meu Deus. Nos esquecemos da Hannah. — Dusty reajustou seus
braços ao redor de mim.
— Ela está bem. Você não precisa se preocupar sobre ela. — Meu nariz ainda
estava entupido e eu funguei; — Aqui. — ele disse, procurando ao redor por alguma
coisa e encontrando uma caixa de lenços no chão embaixo do futon. Ele te ve que
me deixar ir até encontrá-los, e assim que seus braços não estavam ao meu redor,
eu percebi que eu os queria de volta.
— Aqui está. — Ele me deu um e eu esfreguei um em meu nariz. Não era a
coisa mais sexy a se fazer, mas não era como se eu já não parecesse nada sexy em
mim mesma tanto quanto possível. Eu sabia, sem ter olhando em uma superfície
refletora, que meu rosto estava todo manchado como se eu tivesse algum tipo de
doença e meus olhos estavam definitivamente mais difíceis de abrir e fechar do que
eles tinham estado há um tempo.
— Você precisa de um pouco de água? Eu posso ir buscar um pouco.
Eu precisava, mas eu não queria soltá-lo, então eu apenas balancei minha
cabeça.
Dusty virou sua cabeça e gritou, — Buffy!
Um segundo depois, a porta voou aberta.
— Esta é a palavra dela, mas eu vim, só por garantia. — Hannah disse. —
Eu vejo que você está melhor.
— Você pode buscar um pouco de água?
— Com certeza. — Ela agarrou a caneca vermelha de uma pilha em seu
armário e correu para longe. Ela estava de volta em um piscar com uma caneca de

217
água fria. — Grite se você precisar de qualquer coisa. — Ela foi até sua estante,
pegou algo e saiu, fechando a porta atrás dela.
Eu bebi a água, derramando um pouco dela.
— Se estava com essa sede, você devia ter dito alguma coisa.
— Eu não queria que você fosse a qualquer lugar. — Eu disse, terminando a
água e entregando-lhe a caneca. Ele limpou meu rosto com outro tecido.
— Eu não vou a nenhum lugar. Nem mesmo se você tentar me fazer ir. Não
de novo.
Eu amei o ouvir dizer isso e ao mesmo tempo eu odiei isso.
— Nós não podemos, Dusty. Nós apenas não podemos. — Agora eu era a
única a dizer não.
Ele colocou seus dedos me meus lábios para me parar de falar.
— Não agora, Ruiva. Mais tarde. Por agora, eu posso apenas adorar estar
aqui, com meus braços ao seu redor?
Eu assenti. Eu estava adorando isso, também.
— Se você quer dormir, está tudo bem. Feche seus olhos. — Eu fiz e ele
começou a cantarolar de novo.
Eu ouvi e mantive meus olhos fechados. Eu sabia que ele podia fazer sons
de beatbox como um profissional, mas eu não sabia que ele podia cantar. Dusty
Sharp, homem de muitos talentos. Eu deixei-me afundar dentro de sua voz e seus
braços, porque logo, eu teria que encontrar alguma forma de sair disso. Mas por
agora, eu estava indo para saborear esse último momento de perfeição. Teria que
durar por muito tempo.

***

— Oh, merda olha pra fora. — Dusty disse quando eu acordei. Eu tinha caído
em um profundo e sem sonho sono e acordei quando a luz do quarto de Hannah
tinha ficado escuro. Eu olhei para fora da janela, que estava parcialmente coberta
com o que parecia como uma cortina de chuveiro. O mundo estava todo escuro
agora, mas estava também coberto com neve. A partir da aparência dele, havia
vários centímetros e estava caindo rápido. Merda dupla.

218
— Renee disse que era suposto nevar, mas eu estava esperando que as
pessoas estivessem erradas. Eu quero dizer, não é como se eles pudessem prever
o futuro. — eu disse, esfregando meus olhos.
— Verdade. Nós provavelmente deveríamos ir para casa. — Ele começou a
mover-se, mas eu agarrei-me a ele para fazê-lo parar.
— Não é realmente tão ruim assim.
— Joscelyn. — Dusty disse, dando-me um olhar. — Eu não estou deixando
você conduzir isso. De modo algum. Então você pode desistir agora e deixar-me
conduzir você, ou nós podemos lutar sobre isso um pouco e então você pode desistir
e deixar-me te conduzir. A escolha é sua.
Eu rolei os olhos.
— Eu posso chamar Mase se você indo ficar chateado sobre isso. Ele tem
uma picape arada. Ele provavelmente estaria disposto a lhe dar uma carona,
também.
— Não, está tudo bem. Você não sabe quão bom meu carro é na neve.
— Então você está autorizado a parar-me de dirigir na neve, mas eu não
estou autorizada a parar você de dirigir na neve? Muito dois pesos e duas medidas?
— Tudo bem, tudo bem. Mas se eu conseguir um ingresso, eu estou
mantendo você responsável. — ele disse, beijando-me. Esta foi a primeira vez que
ele me beijou desde que eu chorei. E eu deixei a mim mesma me render nisso
porque me sentia malditamente bem, e se esse estava indo ser nosso último beijo,
eu estava indo fazer uma soma do caralho. — Sua boca está toda sal e chocolate.
— ele disse, sorrindo enquanto me beijava.
— Isso é ruim?
— Não, está bom.
E nós não falamos por um tempo depois disso. Suas mãos e minhas mãos se
moveram para cima e sobre e entre nossas roupas, procurando pelo contato de
pele-com-pele. Nós estávamos ambos um pouco hesitantes, ele porque
provavelmente não queria pressionar-me depois que eu estive chorando e eu
porque estava com medo de me deixar ir longe demais.
Eu estava tão, mas tão perto de dizer foda-se e rasgar suas roupas fora e as
minhas, embora este fosse o quarto de Hannah e ela estava do lado de fora e seus
vizinhos provavelmente nos ouviriam. Eu finalmente encontrei algo para afogar as

219
partes ruins de minha mente. Pessoas tinham usado sexo por séculos como um
fuga. Porque fazer isso tomaria tanto tempo para perceber que isso poderia
funcionar para mim, também?
— Dusty. — eu disse, afastando-me de sua boca.
— Oh, Ruiva. Nós temos que parar, embora eu não queira. Isso não é certo.
Não é certo agora, tanto quanto você pode provavelmente dizer que é isso que eu
quero. — Sim, eu posso dizer. Realmente, realmente posso dizer.
— Está é a cama de Hannah e esse apenas não é o momento certo. Eu não
quero ir mais longe nisso. Eu quero que isso aconteça porque nós dois saibamos
que é certo. Tudo bem?
— Por que você é tão cavalheiro?
— Você não diria isso se tivesse me encontrado há um ano. — E somente
isso, a menção do que ele costumava ser derrubou todos os sentimentos. O que eu
estava fazendo? Eu me empurrei para longe dele.
— Eu estou indo chamar Mase. — Eu levantei-me e subi por sobre ele,
chegando ao meu telefone na escrivaninha de Hannah.
Dusty me seguiu, movendo minha camisa para o lado para que ele beijasse
meu pescoço. Eu tentei ignorar isso enquanto eu percebi que eu tinha um milhão
de chamadas perdidas de ambos ele e Renee.
— Hei, o que aconteceu? — Eu disse, sabendo muito bem que Renee estava
indo arremessar-se sobre mim.
— Onde diabos você estava? Eu estive ligando e ligando para você. A neve
está ficando muito ruim, então eu pensei que você devia vir para casa. Se você não
entrasse em contato comigo em mais dez minutos, eu iria enviar Mase para pegar
você de qualquer maneira.
— Eu sinto muito. Minha bateria morreu, e eu não conseguia encontrar o
meu carregador então eu tive que usar o de Hannah.
Ela suspirou e Dusty se manteve me beijando. Maldição, isso era distração.
Eu alcancei minha mão de volta e lhe dei um pequeno tapa, batendo em seu nariz
e também cutucando seu olho.
— Uou. — ele disse, movendo-se para longe de mim.
— Desculpa. — eu murmurei.
— O que foi isso? — Renee ficou instantaneamente em alerta.

220
— Nada. Apenas derrubei alguma coisa. — Eu esperava que ela comprasse
isso.
— Ok, bem, Mase está saindo agora.
— Ok, tchau. — Eu desliguei e me virei.
— Não é legal. Renee definitivamente ouviu você. — Ele olhou para cima de
meu pescoço.
— E daí? Eu apenas diria que vim aqui para dizer oi. Levando meus deveres
de cuidado a sério. — Ele estava sorrindo, mas eu não achava isso muito
engraçado.
— Não é a melhor coisa trazer isso agora, Dusty. — Eu me afastei dele e
peguei o resto das minhas coisas juntas. — Buffy! — eu gritei e Hannah veio
correndo.
— O que está errado?
— Nada. Eu estava pensando se funcionaria para mim, também. Mase está
vindo me pegar com a caminhonete. Você, por favor, convenceria Dusty a deixar
Mase dar a ele uma carona?
Ela foi para a janela e olhou para fora. O vento soprava neve branca
espumosa ao redor, e a geralmente movimentada passagem estava vazia de
pessoas.
— Maldição. Isso parecia retorcido lá fora. Eu não queria dirigir em qualquer
lugar.
— Eu vivo na Cidade Velha. Eu poderia praticamente caminhar se eu
quisesse. — ele disse.
— Você pode se render agora, ou nós podemos lutar sobre isso e então você
pode render-se. — eu disse, atirando suas palavras de volta para ele. Toma essa.
Ele jogou as mãos paar cima. — Tudo bem, tudo bem. Eu realmente fui mal
ao dizer isso para você, Ruiva. —
— Isso é como deveria ser. — Hannah disse, balançando a cabeça e batendo
no ombro de Dusty. — Sua mulher está sempre certa. Mesmo se ela não está.
Mase enviou uma mensagem para mim quando ele estava em frente do
edifício. Hannah tinha voluntariamente mantido meu balde de doces seguro de
mim, porque não havia forma que eu pudesse explicar isso e não ter todos
suspeitando.

221
— Eu juro, não vou tocar nisso. Esses Skittles estão contaminados. — Ela
fez uma careta e empurrou-o de volta em seu closet.
— Bom, porque eu encontraria uma forma realmente criativa e dolorosa para
assassinar você se alguma coisa acontecesse a eles.
— Entendido.
A tempestade estava no modo cheio de raiva quando nós alcançamos as
escadas. Eu puxei meu capuz apertado ao redor de meu rosto e Dusty fez o mesmo.
— Você possui um casaco de inverno?
— Eu meio que corri para fora de casa com pressa, Ruiva. Não tive tempo
para considerar o traje adequado.
Oh. Certo.
Nós dois corremos para a caminhonete, e Dusty me impulsionou para que
eu sentasse no meio entre o motorista e o passageiro.
— Hei, cara, o que você está fazendo aqui?
Dusty sorriu de forma casual. — Apenas vim verificar Jos e fiquei encalhado
nesta tempestade louca. Você se importaria de me dar uma carona de volta para
meu lugar?
— Sem problemas. — Mase estava me olhando, e eu me perguntei se talvez
meu rosto ainda estivesse vermelho de chorar. Hannah e Dusty tinham ambos me
assegurado que eu não estava, mas você nunca sabe.
Mase dirigiu confiantemente através das ruas cobertas e neve, e ante s que
eu soubesse, nós estávamos no Dusty.
— Até mais, cara. — Mase disse, virando sua cabeça como se ele estivesse
observando alguma coisa fascinante na direção oposta. Suave.
— Hei, obrigado pela carona.
Dusty olhou para mim, e eu vi em seus olhos que ele queria me beijar para
em despedida, mas isso não era possível na nossa atual situação.
— Tchau, Ruiva. Vejo você depois.
— Até depois. — eu disse. Mais uma vez, um adeus coxo. Eu quase disse
para ele dizer oi para o Napoleão por mim, mas isso teria sido como admitir que eu
tinha estado neste lugar e então haveria um monte de questões que eu não queira
responder.

222
Pouco antes de deslizar fora do assento, ele agarrou minha mão e apertou
com força, uma vez. Eu apertei de volta e ele se foi e eu deixei sair um suspiro
enquanto ele fechava a porta e um pouco de neve espiralou no carro.
Eu observei ele caminhar de volta para a construção e subir os degraus e
automaticamente a luz piscou quando ele chegou perto do final. Ele acenou mais
uma vez e em seguida fechou a porta.
Mase tossiu e virou o rádio no volume máximo.
— Seja cuidadosa. — ele disse.
— Cuidadosa com o que? — Eu ainda estava observando o apartamento de
Dusty quando nós nos afastamos.
— Eu acho que você sabe. — Mase disse, e eu encontrei seus olhos na cabine
escura do caminhão.
— Por favor, não diga nada. — Eu não precisava que Renee descobrisse e
vestisse a capa da superproteção como eu sabia que ela faria. Além disso, eu estava
indo terminar as coisas com Dusty antes que elas até mesmo tivessem começado,
então não haveria nada a temer de qualquer maneira. Já era. Terminados. Certo.
Eu ainda ficaria com ele quando ele estivesse na casa. Isso era praticamente
inevitável, mas eu não sairia de meu caminho para ficar a sós com ele, e se ele
tentasse qualquer coisa, eu apenas continuaria dizendo que não podia ser.
Eventualmente, ele encontraria alguém também. Alguém que não fosse
emocionalmente danificada.
Alguém que não fosse responsável pela morte de seu irmão.

223
Capítulo 20
Eu achei que Renee estava indo me atacar quando eu entrei na casa.
— Nunca mais faça isso comigo de novo. — ela disse, quase espremi a vida
de mim. Cristo, foi como se eu tivesse ido pra guerra ou algo assim. Eu faço coisas
muito mais perigosas do que isso, coisas que ela sabe sobre elas, mas isso não a
parou de dar-me boa e completa bronca sobre manter meu telefone carregado e
não fazer coisas em tempestades de neve. Nós vivíamos no Maine, de modo que
praticamente significava que eu não estava autorizada a fazer qualquer coisa pelo
menos pela metade do ano. Eu apenas escutei e esperei que ela não aparecesse
com uma vasilha de sangue e esperasse que isso acabasse.
— Então, como você está com seu projeto? — ela disse, trocando marchas
tão rápido que eu tive uma contusão no pescoço. Merda. Eu tinha levado minha
mochila, junto com as meias no apartamento do Dusty e esqueci-me de pegá-la
quando eu fugi.
— Droga, eu esqueci minha mochila. — eu disse.
— Bem, talvez eu possa te levar na Hannah amanhã de manhã e você pode
pegá-la. Hei, talvez, isso fique tão ruim que eles cancelem as aulas. — Ela soou
tipo chateada que eles cancelariam as aulas. Eu me lembro de me sentir assim.
— Não, tudo bem. Eu apenas vou... pegá-la lá quando eu puder. — Eu não
podia deixar Renee levar-me até Hannah porque minha mochila definitivamente
não estava lá. Oh, isso parece um programa de rede da internet que me prende
dentro.
— Você tem certeza?
— Sim. — Eu entrei na sala apenas para que eu não tivesse que olhar para
ela e mentir na sua cara mais.
Todo mundo estava observando o tempo.
— Não é bom esperar por amanhã, crianças. — Taylor disse. O cara do tempo
estava gesticulando selvagemente e usando palavras como ‘mais neve’, ‘escolas

224
fechando’, ‘poderosos cortes de energia’ e ‘condições nubladas’. A esteira rolante
na base da tela já estava piscando com escola fechando e jogos de bingo sendo
cancelados e escritórios sendo fechados.
— Eles não vão fechar. Lembra que no ano passado quando nós tivemos
perto de um pé e eles tiveram todos aqueles acidentes porque se recusaram a
cancelar? — Hunter disse.
— Eu voto para nós fazermos apostas. — Taylor disse. — Quem acha que
fechará amanhã? — Ela levantou a mão, e Darah, Paul e eu também levantamos
nossas mãos. — Então o resto de vocês acha que não? Todos eles assentiram.
— Ok, perdedores tem que levar os vencedores para jantar e beber e pagar a
conta. Fechado?
— Fechado. — nós todos dissemos.
— Nós ganhamos isso. — Taylor disse, mantendo suas mãos para cima pra
um high Five. Eu dou a ela um e sento na extremidade do sofá para observar o
meteorologista divagar sobre e sem parar e espero que a aula seja cancelada.
Então eu teria mais tempo para descobrir o que fazer com a situação da
mochila.
Também me daria algum tempo para sair para o andar de baixo, longe de
todos os outros também, e pensar sobre o que no inferno eu estava fazendo com
Dusty para levar ela a parar de me perseguir sem verdadeiramente contar a ele a
razão pela qual ele devia parar de me perseguir. Isso estava começando a parecer
mais e mais como o enredo de um filme adolescente realmente ruim, exceto que eu
não terminaria com um épico beijo em câmera lenta e uma canção assassina
tocando nos bastidores.

***

Pela segunda vez naquele inverno, as aulas foram canceladas enquanto o


Maine era golpeado com uma das piores tempestades que se via em anos. Era ainda
pior do que eles previram, e o estado do chão gerava um impasse enquanto todo
mundo se mantinha em casa. Mase era o único que saia, oferecendo seus pneus
arados para alguns motoristas da vizinhança que não tinham ainda seus arados
de cara para se mostrarem.

225
O resto da casa dormia, exceto eu, eu estava de pé bem cedinho como um
resultado de mal conseguir qualquer sono na noite anterior. Aquele cochilo com
Dusty tinha ferrado com meu relógio biológico.
Ele tinha me enviado mensagem há alguns minutos perguntando se eu tinha
chegado bem em casa. Eu tinha enviado de volta que eu tinha, e ele tinha tentado
começar a conversar e até mesmo me ligar, mas eu o ignorei. Porque ele tinha que
fazer isso tão difícil para mim? Seria um inferno de muito mais fácil o deixar ir se
ele tivesse realmente feito alguma coisa terrível, como me trair.
Se ele não fosse tão...ele, as coisas seriam muito mais fácil. Quando eu tinha
decidido terminar com Matt, coisas tinham sido tão mais fáceis, tão simples. Nós
tínhamos uma conversa racional, poucas lágrimas e somente um pouco de
arrependimento.
Dusty era uma coisa completamente diferente.
A outra coisa que eu fiz foi pesquisar de volta em minha memória um reforço
de qualquer menção do que Nathan tinha feito ao seu irmão. Eu sabia que ele tinha
um meio irmão que vivia no Maine que ele tinha falado sobre ele mais de uma vez,
mas eu nunca tinha visto nenhuma fotografia do cara, e Nathan tinha sempre o
chamado de Buzz. Eu sentia-me quase estúpida por não fazer qualquer conexão,
mas eles não tinham os mesmos nomes, nem mesmo tinham o mesmo pai. Dusty
devia ter o mesmo nome da mãe.
Nathan sempre tinha falado com carinho de seu irmão, desejando que eles
vivessem mais perto então ele poderia ver ele o tempo todo. Ele também disse que
seu irmão era selvagem, pensando agora, eu me lembrei de algumas histórias que
ele tinha me contado sobre ele.
Na época, eu não tinha compreendido o quão importante elas eram, então eu
não tinha as arquivado como importantes.
Se eu não tivesse sido tão idiota, talvez eu tivesse visto isso logo e parado a
trajetória dessa coisa toda. Mas não. Eu tinha esperado até depois que eu tivesse
decidido que eu gostava de Dusty e queria vê-lo nu e ‘colidir os pedacinhos de
nossos corações juntos’, como Hannah tão deselegantemente colocava isso. A vida
tinha ferrado comigo, mas eu merecia isso.

226
Essa era a coisa que mais fazia sentido nisso tudo. Que eu merecia ter essa
coisa que eu queria, muito, balançando na frente de meu rosto. Essa coisa que eu
nunca poderia ter. Era o karma em seu melhor.
O que eu devo fazer é aceitar minha punição em silêncio estoico e seguir em
frente. Para o que, eu não sabia, mas eu não podia ficar onde estava. Algo tinha
que mudar, para mim e para Dusty. Ele não podia esperar ligar-se a uma garota
que ele nunca poderia ter, também. Isso não era justo para ele.
Eu enfiei meu rosto em meu travesseiro e gritei algumas vezes, mas isso foi
de pouca ajuda, então eu fui para o andar de cima para fazer um chá. Eu estava
dando alguns goles nele como se fosse uma droga e eu fosse uma viciada. Eu estava
em meu caminho para a cozinha quando alguém chamou meu nome da sala.
— Jos? — É claro que ele estava aqui. Dusty Sharp era como o serviço postal.
Nem chuva, nem neve, nem eu o ignorando, fariam ele parar de vir para essa casa.
Seja fria, seja fria, seja fria.
— Oh, hei Dusty. Tempo louco que nós estamos tendo, não é?
Isso era o oposto de frio, Jos.
Ele me deu um olhar estranho por uns segundos então subiu no sofá e pegou
minha mochila onde ela tinha estado no chão.
— Um amigo me levou de volta ao campus para pegar meu carro, e eu parei
para ver Hannah e ela me deu sua bolsa. Eu pensei que você devia precisar dela,
então eu a trouxe. — Eu estava dividida entre o pensamento de que era realmente
muito bom ficar furiosa que ele tinha saído dirigindo neste tempo por apenas uma
estúpida mochila.
— Você não devia ter feito isso. — eu disse, muito consciente que todo mundo
estava me observando e eu tinha mantido isso muito baixo.
— Eu sei, mas eu já estava fora, então percebi por que não? A estrada
realmente não está ruim agora. — A neve ainda estava caindo, mas não tão pesada
quanto antes, e os arados e os caminhões de areia estão provavelmente fora com
força, então isso era menos perigoso do que foi na noite passada, mas ainda assim.
Eu estava dividida entre querer puxar ele para o lado para que pudesse gritar com
ele, e não querer que ele soubesse o muito que me assustei.
Porque se eu fizesse, não haveria como me livrar dele.

227
Por que não eu não podia apenas socá-lo e fugir como nós tivéssemos cinco
anos no parquinho? Faria as coisas bem mais fáceis.
Eu fui até lá e peguei minha mochila dele.
— Obrigada, Dusty. Você realmente não precisava ter feito isso.
— Eu sei. — ele disse suavemente, e seus olhos estavam até mesmo mais
suaves. Malditos olhos aqueles. Hipnóticos. — Mas eu fiz por você. — Ele disse tão
baixo que ninguém pode ouvir.
— Não faz isso. — eu disse, até mesmo mais baixo enquanto eu balançava
minha cabeça um fração de segundos.
— Bem, eu acho que temos uma luta de bola de neve programada para hoje
à tarde, construir um boneco de neve e em seguida chocolate quente. Quem topa?
— Taylor disse, saltando em seus pés.
— Eu topo. — disse Hunter, saltando em seus pés, também. Dois segundos
mais tarde todos estavam correndo para colocar suas botas e luvas e gorros e tudo
mais.
— Você vai brincar? — Dusty disse, seu rosto se iluminando, provavelmente
vendo uma oportunidade para flertar comigo e assim por diante.
Bem, eu realmente não podia dizer não. Todo mundo estava indo para isso
como se nós tivéssemos retornado para a infância. Mase bateu um chapéu na
cabeça de Darah e puxou para baixo então ela não podia ver, e ela lutou com ele
para tentar empurrá-lo de volta antes que ele a beijasse e ela desistisse.
Eu suspirei e juntei-me a eles pela porta para alcançar minhas coisas de
inverno.
Dusty inclinou-se e segurou minhas botas para colocá-las em meus pés. Ele
já tinha as suas. O resto da casa estava muito ocupado para perceber, então eu
tive minha chance de falar com ele.
— Eu não preciso de sua ajuda.
— Não seja má comigo. Eu sei que você precisava de sua mochila, e você
obviamente não podia consegui-la de volta, então eu a trouxe para você. Eu
desejava que nós pudéssemos falar. Você acha, que talvez, eu possa passar por
aqui hoje à noite?
Ele falou baixo e rápido como se nós estivéssemos conspirando como roubar
um banco ou algo assim.

228
— Eu não acho que isso é uma boa ideia. Vamos apenas nos divertir e nós
podemos lidar com isso mais tarde, ok? — eu coloquei um sorriso e persegui todos
para fora da porta. Hunter e Taylor já estavam fazendo anjos de neve, e todo mundo
também estava escolhendo lados para a luta de bolas de neve.
— Garotos contra garotas. — Mase disse.
— Uh, eu acho que não, companheiro. — Renee disse. — Você tem, eu e
Taylor juntas. Vantagem injusta.
— Isso não é antifeminismo? — Mase disse.
— Eu estou perfeitamente bem com o fato que você, meu amigo, tem
músculos que são mais largos do que eu, e pode desse modo levantar objetos mais
pesados, — Taylor disse. — Então se nós fizermos garotos contra garotas, nós
teremos Mase para igualar isso.
Houve um acordo mútuo para esse plano. E Dusty me deu uma piscadela.
— Sem misericórdia, Ruiva. Manda ver.
É claro, a fim de ter essa luta adequadamente, nós tivemos que cavar e foi
uma enorme produção que Mase se encarregou e Renee tentou assumir o comando.
Eu não queria sair aqui brincando na neve. Eu queria estar no porão onde
eu pertencia odiando a mim mesma.
Uou, isso soava realmente emo. Era uma coisa boa ninguém poder ler minha
mente ou em seguida eles estariam realmente preocupados.
— Ok! Prontos, gente, Vai! — Mase gritou como se ele fosse um Viking no
comando de uma batalha e as garotas e eu seguimos atrás dele enquanto nós
atacávamos o resto dos garotos. Bolas brancas num voo perdido e batiam enquanto
as pessoas gritavam e tentavam desviar e se recuperar de ser abatido e obter nova
munição todos ao mesmo tempo. Eu fiquei para trás, mas Dusty não aceitou isso.
— Vamos, Ruiva. Vamos ver do que você é capaz. — Ele começou a
arremessar bolas com uma pressão alarmante que se despedaçavam em minhas
pernas e em seguida meu estômago. Eu atirei uma bola para três deles, e ele se
manteve chegando mais perto e mais perto e me incitando.
— Mostre-me do que você tem! — Oh, era isso. Meu cabelo era vermelho, e
sim, eu tinha um temperamento, e sim, ele estava empurrando meus botões. Eu
peguei um pouco de neve e embalei-a em uma bola e atirei com o máximo de força
e precisão que pude reunir.

229
Sim. Golpe direto. Direto sobre o seu coração. Ele olhou para baixo, surpreso
e assentiu.
— Tudo bem, ok. Agora nós estamos falando a mesma língua. — Mase estava
ocupado tentando derrubar Hunter enquanto Darah e Tayor encurralavam Paul.
Era uma luta um pouco injusta porque Taylor descontava toda sua raiva em seu
joelho enquanto Darah atavaca seu torso. Nós tínhamos criado a regra de ‘sem
acertar o rosto’, mas ela estava muito perto de violar isso.
Eu atirei outra bola em Dusty, e ele se esquivou. Ele jogou uma em mim, e
eu fiz a mesma coisa. Nós dançamos ao redor um do outro, tentando trair um ou
outro e perdessem o equilíbrio.
— Aonde você vai? Aonde você vai, Ruiva? — Ele estava tentando mexer com
a minha cabeça, mas por minha experiência própria, o silêncio era mais irritante
do que falar palavras inúteis ao redor.
Nós dois circulamos um ao outro e eu podia quase ouvir a música do Vento
Selvagem em plano de fundo.
Dusty manteve-se se lançando em mim e eu me mantive a sua sombra. A
batalha tinha transformado as pessoas ao nosso redor tentando empurrar uma a
outra dentro da neve e fazendo cócegas sem piedade.
— Eu vou pegar você, Ruiva. Você vai cair.
Eu finalmente decidi falar.
— Ah, é?
— Sim. — ele disse, e eu fiz meu movimento, lançando-me para frente e
deslocando seus joelhos. Ele caiu para trás, e se lá não tivesse tido pelo menos um
pé de neve no chão, ele teria tido alguma coisa machucada, mas ele tinha uma
almofada quando eu pousei em cima dele, prendendo seus ombros.
— Eu ganhei. — eu disse, sorrindo para ele. Eu tinha enfiado meu cabelo
sob meu chapéu, mas tinha começado a escapar e pender entre nós. Eu percebi,
tarde de mais, que eu estava montando Dusty, e se nós estivéssemos nus, nós
estaríamos em uma posição muito comprometedora. Boa coisa que ambos
tínhamos uma boa camada entre nós. É claro, essas camadas não me paravam de
o sentir ficando duro embaixo de mim, então eu rolei fora dele, em minhas costas.
Nós dois ofegamos um pouco enquanto todo mundo desistia e sentava ou
deitava na neve.

230
— Nós vencemos. — Mase disse, empurrando seu pulso para cima no ar.
— O que quer que seja. — Hunter disse, empurrando neve em seu rosto.
Garotos.
Dusty virou de lado.
— Você gostou disso tanto quanto eu?
— Eu não penso assim. — Eu me afastei dele.
— Eu sei o que você está fazendo, e não vai funcionar.
— O que eu estou fazendo?
Ele inclinou-se mais perto e avançou. Se nós continuássemos, nós teríamos
que serpentear nosso caminho através do pátio.
— Afastando-se. É muito óbvio. Eu sei que você tem algma bagagem quando
te conheci, mas eu não estou deixando isso ficar entre nós. Você não é sua
bagagem, Joscelyn.
Por quê? Por que ele tinha que dizer meu nome dessa forma? Você sabe, se
ele não tivesse a voz tão sedutora, eu provavelmente teria um tempo mais fácil em
dizer não a ele.
Oh, Dusty. Você não tem ideia sobre minha ba gagem. De uma forma estranha,
minha bagagem é a sua. Eu entendo agora o porquê que ele tinha sido tão fechado.
Ele tinha perdido seu irmão, e isso tinha provavelmente atingido ele relamente
duro. Essa era uma bagagem fácil. Simples. Uma mala que você podia encaixar em
qualquer lugar. A minha era um baú. Um grande, pesado baú com
aproximadamente quarenta diferentes fechaduras. Com correntes em torno dele.
Como um tesouro de pirata.
Ele interrompe meu quadro da bagagem.
— Então, deixe-me ajudar você. Deixe-me ajudar você a carregá-lo. Nós
podemos fazer isso junto, Jos. Eu quero estar com você.
Eu olho dentro de seus olhos verdes que eram tão brilhantes ao lado da
brancura da neve, e disse as palavras que me cortavam como uma faca.
— Eu não quero estar com você. Eu sinto muito. Eu não vejo você dessa
forma. — Eu disse a ele uma vez que eu pensei que suas calças estavam
fumegando, mas dessa vez eram as minha em chamas definitivamente. Eu esperei
por sua reação. Para ele estar chocado e ficar com raiva e uma tempestade vir.

231
Ele não fez. Em vez disso, ele fez um movimento rápido e atirou-se para frente
e beijou-me. Eu percebi um segundo tarde demais o que estava acontecendo, e
então era muito, muito tarde.
Meus lábios me traíram.
Eles conheciam os lábios de Dusty, e eles estavam felizes que eles estavam
se encontrando de novo. Foi uma reunião gloriosa, pelo menos para meus lábios.
Eles estavam regozijados e atacaram os lábios de Dusty com um desespero que eu
não sabia que eu era capaz. Meu cérebro lutava pela supremacia sobre meus
lábios, mas verdade meus lábios tinham estavam em vantagem.
Eu parei de pensar enquanto Dusty segurava meu rosto e eu saboreava a
neve derretida em sua boca, e até mesmo a neve estava rastejando meu pescoço e
para baixo minha jaqueta, e não dou à mínima.
Um som nós fez pular separados como se alguém tivesse disparado uma
arma de fogo no ar. — Que diabos! — A voa de Renee estava reto sobre nós. Dusty
e eu ambos olhamos para cima, nossos rostos ainda próximos o bastante para
beijar. Ou continuar beijando. Ou dar uns amassos, que é o que nós estávamos
realmente fazendo.
— Você está falando sério, agora? — Dusty se recuperou primeiro, ficando
de pé, e eu levantei atrás dele.
‘Não é o que você está pensando’, Dusty disse ao mesmo tempo em que eu
disse, ‘Não é culpa dele’.
— Vá para dentro, Joscelyn. Eu falo como você mais tarde. — Ela apontou
um dedo para casa como se eu fosse uma criança que tinha arruinado o canteiro
de flores. Sim, eu não era e eu já estava de saco cheio dela me dando lições de
moral e me dizendo o que fazer, como se eu não tivesse mais controle da minha
vida.
— Não. Eu não entrarei. Eu não tenho cinco anos, e você não é minha mãe.
Eu tenho quase dezenove anos e eu tenho controle da minha própria vida. Se eu
quiser dar uns amassos com Dusty no gramado da frente, eu posso. Eu não estou
ficando bêbada ou alta ou matando aula ou quebrando o toque de recolher. Sim,
eu fiz essas coisas, mas não estou fazendo eles, não mais. Eu respeito você e
respeito sua casa e suas regras. Então pare de me julgar com base dos meus erros
do passado.

232
Eu não estava realmente falando sobre Dusty. Na verdade, Renee estava
chateada em me pegar beijando ele, o que me deu a razão perfeita para afastá-lo,
mas eu estaria ferrada se ela estivesse falando por mim dessa forma em frente de
qualquer um.
— Joscelyn, basta entrar na casa e nós podemos discutir isso. — Ela não
estava recuando. Nós vamos ter isso fora, mas eu estaria fazendo isso com ela
apenas em vez de na frente de todos. Então eu pisei tanto quanto como você pode
pisar através da neve, para cima nos degraus da varanda e dentro de casa. Eu ouvi
Dusty tentar dizer alguma coisa para mim então para Renee, mas eu não ouvi qual
foi sua resposta. Eu não precisava realmente. Eu podia imaginar.
Eu tirei minhas botas e minha jaqueta e deixei-os secar perto da porta então
eu não espalharia água por toda a casa. Eu estava correndo para voltar para minha
caverna quando a porta abriu e eu estava de encontro com a face seriamente puta
de Renee. Este era um nível de ameaça que estava acima da cara chateada normal.
Na verdade, era próximo ao rosto que ela tinha me dado quando eu acidentalmente
contei a Paul que ela pensava que estava grávida daquela vez. Ela não estava, mas
eu nunca esqueci o olhar que ela me deu quando descobriu que eu tinha dito a ele.
— Você não está fugindo de mim, Joscelyn Meridith Archer. Nós vamos
sentar e falar, e eu não estou dizendo a você pra fazer nada antes que nós tenhamos
exposto isso e tirado tudo a limpo. Sente. AGORA.
Ela apontou a poltrona e eu não tinha opção exceto sentar minha bunda
nela. Renee não estava à toa.
— Ok, que tal começar com o óbvio. O que você estava fazendo beijando
Dusty?
— Há alguma regra contra beijar ele? Porque eu nunca concordei quando eu
me mudei par cá.
— Não se atreva a ser petulante comigo. Eu não estou no humor para isso.
— Ela sentou na cadeira e esperou.
— Bem. Eu o estava beijando porque ele me beijou. Alguma vez você já tentou
evitar um beijo, uma vez que é iniciado? Não é fácil.
— Você queria beijá-lo?
A resposta era ambos sim e não. Mais sim do que não, mas eu realmente
precisava que Renee acreditasse no não. Se ela pensasse que ele me forçou, de

233
algum modo. Ele estaria indo por bem. Mas poderia eu realmente fazer isso com
ele?
Deixar ela pensar que ele tinha de alguma forma tirado vantagem de mim?
O resultado seria melhor em longo prazo, mas para quem? Dusty nunca tinha
estado a um raio de dez quilômetros de casa. Se ele e Hunter queriam sair, eles
teriam que esconder isso melhor do que um romance ilícito. E se Renee
descobrisse?
Não, eu não poderia definitivamente fazer isso. Eu não odiava Dusty. Eu não
queria que ele sofresse, que era o porque eu precisava que ele ficasse fora da minha
vida.
— Sim. — eu disse calmamente.
— Há quanto tempo isso vem acontecendo? — A resposta real? Desde que
ele me ajudou com a maldita máquina de vendas automática. Seu eu pudesse
voltar no tempo, eu teria ficado no corredor e não cedido ao meu desejo por doces.
Mas isso poderia causar uma guerra nuclear ou algo assim, acordando o efeito
borboleta, então talvez isso não fosse uma ideia boa. Minha vida tinha sido alterada
pela maldita máquina de vendas.
O que eu disse a ela foi — Não faz muito.
— O que você estava pensando, Jos? — Minha intenção tinha sido bancar a
ignorante sobre o toda a coisa de Dusty-bancando-a-babá-da-Jos, mas minha
paciência estava se desintegrando muito, muito malditamente rápido.
— O que você espera que acontecesse quando você pediu a ele para ‘cuidar’
de mim como alguma perseguidora rastejante? O que você estava pensando? —
Minhas palavras tiveram o efeito desejado de fazer Renee empalidecer.
— Como você sabe disso?
Eu joguei minhas mãos para cima em frustração. — Porque ele me disse. Se
alguém tem o direito de estar chateada e fritando aqui, sou eu. Porque no inferno
você fez isso, Renee? — Eu não tinha que dizer assim, mas eu fiz e o volume de
minha voz aumentou até eu estar gritando. Eu estava apenas tão zangada com ela.
Renee ficou de pé, também.
— Porque eu não sabia mais o que fazer! Você não me deu uma gama de
escolhas. Era vir para cá ou mandar você para viver com a Mamãe, e eu sei que
isso não seria bom para ninguém, então eu disse que você poderia vir para cá, e

234
Dusty tinha começado a mudar de ideia e ele tinha me dito tudo sobre seu passado
obscuro e como ele tinha conseguido suas merdas juntas. Eu pensei que talvez ele
pudesse ajudar você, que você veria que você pode voltar... poderia ser minha
irmãzinha de novo e...
Eu a cortei.
— Então você está dizendo que eu não sou sua irmã mais? Você está falando
sério? Então eu não posso ser sua irmã porque eu mudei? Isso não é como família
funciona, Renee. Você ama um ao outro não importa o que. Não importa o quanto
você mude. Então você está me dizendo que não me ama mais? — Eu estava reta
na frente dela e eu observei o efeito que minhas palavras tiveram. Seu rosto estava
tão chocado que eu poderia muito bem a ter esbofeteado.
— Eu sempre amarei você, mas não te conheço mais. Eu não sei como falar
com você. Eu não sei o que dizer ou fazer... — Seu queixo tremeu e lágrimas
começaram a escorrer por seu rosto. — Eu sempre, sempre amarei você. Essa
nunca foi mesmo a questão. Como pode pensar que eu não te amo, Jos? —
Ela atirou-se em mim e eu fui forçada a pegá-la e abraçá-la enquanto ela
começou a soluçar. Esse era um território novo para mim. Renee nunca tinha sido
emocional como isso. Ela era muito mais tempestade e gritos para demonstrar suas
emoções. Eu podia somente lembrar as poucas vezes onde ela tinha chorado. Uma
vez foi quando ela terminou com Paul. Ela estava um pouco destruída depois disso,
mas ela tinha tentado esconder isso chorando somente no banho. Mas eu era sua
irmã, então eu sabia o que estava acontecendo.
— Eu estou apenas perdida, Jos. Eu não sei o que fazer. Eu não sei como
ajudar você mais, sinto como se eu apenas esteja estragando isso. — Ela descansou
sua cabeça em meu ombro e eu a segurei.
— Você não está estragando nada. O que aconteceu não tem nada a ver com
você. Não é sua culpa. — Eu esfreguei as suas costas enquanto ela balançava em
meus braços.
— Mas eu sou sua irmã mais velha. Eu tenho que saber o que fazer. Eu tenho
que ter palavras de sabedoria e assar biscoitos e... outras merdas como isso. — Eu
sorri um pouco e ela também o fez.
— Você tem palavras de sabedoria. Não é sua culpa que eu escolhi ignorá-
las. Não é seu trabalho me salvar, Renee.

235
Ela se afastou, e eu usei minha manga para limpar seus olhos.
— Eu não estou quebrada além do reparo, Nene. Apenas um pouco pior pelo
uso, mas quem não está? — Ela assentiu e eu dei a ela outro abraço.
— Você não deveria ser a única com um bom conselho. — ela disse. — Não
acontecerá de novo, eu lhe garanto.
De alguma forma eu tinha desviado a atenção do beijo com Dusty. Eu não
tinha tido a intenção de fazer isso, mas eu ia aproveitar isso enquanto durasse.
Provavelmente seria logo assim que ele caminhasse dentro da casa.
Nós sentamos no sofá, minha cabeça no ombro de Renee desta vez enquanto
ela brincava com meu cabelo.
Quando nós éramos crianças ela tinha ficado com ciúmes disso. Ninguém de
nossos outros irmãos ou irmãs tinha herdado o louco gene ruivo. Exceto eu. Os
termos adotada de cabeça ruiva ou criança alaranjada eram usados com frequência
em minha casa e aqueles eram alguns dos nomes legais que eu tinha sido
chamada. Eu não poderia contar quantas vezes eu ouvi os meninos meditando, em
voz alta, se ‘o tapete combinava com as cortinas’.
— Não fique zangada com ele, Ne. — eu disse, tentando desviar ela de rasgá-
lo em novo modo. Ele não merece isso. — Foi apenas uma daquelas coisas, mas eu
vou por um fim nisso.
— Eu ficarei brava com ele. Era suposto vigiar você e mantê-la fora de
problemas, não colocar você em um.
— Bem, você não tem que se preocupar, porque eu não estou indo deixar
isso acontecer.
— Isso é provavelmente sábio. Posso te perguntar o porquê, então?
Agora foi a vez de uma apresentação. Eu estava indo ter de trabalhar para
vender isso. — Eu apenas não o vejo desse modo. Ele é mais um amigo, você sabe?
Eu não acho que eu deveria estar com ninguém agora. Eu quero focar na escola e
tentar lidar com tudo. — Eu merecia um Oscar por isso. Até eu pensei que era
verdade.
— Agora, isso soou como o irmã que eu conhecia.
— Você sente falta dela?

236
— Eu não sei. Eu sinto falta da... consistência. Você sempre era tão fechada,
eu sabia o que esperar. Agora você está um pouco mais selvagem. Um pouco mais
imprevisível.
— Bem, eu tenho o cabelo vermelho.
— Sim, você tem. Vadia.
Ambas rimos, e eu me aconcheguei mais perto dela.
— Amo você, irmãzona.
— Amo você mais, irmãzinha.
Nosso amor de irmã compartilhado foi interrompido pela campainha
tocando.
— Oh, meu Deus, eu esqueci que eles estavam do lado de fora ainda. —
Renee disse, levantando e correndo para chegar a porta.
— Eu também. — eu disse a seguindo. Em vez de encontrar um monte de
gente tremendo na varanda, nós apenas encontramos um, e ele não estava
tremendo.
— Dusty. — Renee disse. — Onde está todo mundo?
— Eles pegaram a picape para ir buscar Dunkin. — ele disse, seus olhos fixos
no meu rosto. — Nós podemos conversar? — Eu não estava certa a quem ele estava
se dirigindo, mas Renee decidiu que era ela e cruzou os braços.
— Ok. Fale. — ela disse.
— Nós devemos pelo menos deixá-lo entrar. — eu disse. Ele não parecia com
frio, mas eu não era cruel o bastante para fazê-lo ficar em pé do lado de fora
enquanto Renee dizia o que ela ia dizer para ele.
— Talvez o frio faça a ele algum bem. Acalmando ele e seu pênis fora um
pouco.
— Isso é o bastante. — eu disse, alcançando ao seu redor, agarrando Dusty
e arrastando-o para dentro. Ele não merecia um pênis congelado. Ele fechou a
porta atrás dele.
— Renee, eu juro para você. Eu nunca quis que isso acontecesse, e eu sinto
muito, mas não posso realmente fazer nada sobre isso agora. Você tem que saber
quão especial ela é. Foi uma espécie de…inevitável. Eu estava no meio do caminho
antes que eu soubesse o que estava acontecendo.

237
Eu engoli sem eco e percebi que dizer não para Dusty tinha apenas ficado
mais difícil. Por que ele tinha que dizer coisas como essas? Se ele apenas fechasse
a boca e parasse de me beijar, eu poderia ter uma chance.
— Muito legal. — Renee disse. — Mas eu estive falando com Jos, e eu não
acho que ela se sinta da mesma forma. Então, eu estou indo dobrar alguma roupa
e tentando não bisbilhotar enquanto vocês dois falam. Mas, se isso explodir, eu
estarei ao seu lado. Você perde. — Com isso, ela girou em seus calcanhares e foi
para a lavanderia no fundo e fechou a porta.
— Você deve querer tirar suas botas. Darah esfolará você vivo se ela descobrir
que você deixou trilhas de água por todo seu chão limpo. — Isso não era realmente
verdade. Eu não podia imaginar Darah mesmo ameaçando fazer tal coisa, mas
Dusty tirou suas botas e colocou ao lado das minhas. Vendo ele em suas meias
lembrou-me deslizar ao redor de seu apartamento e quanta diversão nós tínhamos
tido. Não, pensamentos maus, Jos.
Tenho que trancar esses otários para o fundo.
Nós voltamos para sala e sentamos no sofá. Essa conversa estava indo ser
muito diferente da que eu tinha tido com Renee, isso eu estava certa.
— Então deixe-me ver se entendi. — ele disse, mantendo suas mãos erguidas,
como se ele fosse me pedindo para desacelerar. — Você disse a sua irmã que você
não sente o mesmo por mim.
Era a hora para minha performance número dois digna de Oscar.
— Eu fiz isso porque é verdade. — Minhas falas soaram como algo saído de
uma peça ruim. Uma realmente Ruim. Como, nem ao menos do calibre do teatro
comunitário. Mais como uma porcaria de produção do Ensino Médio que as
crianças eram forçadas a participar para a disciplina de Inglês.
— Joscelyn. — Ele tremeu quando ele disse isso.
— O que? É verdade. Eu estou colocando você firmemente na zona de amigo,
onde você pertence. Eu me empolguei, e quando sentei e pensei sobre isso, decidi
que não era algo que eu queria. Com você eu tenho muita coisa acontecendo agora,
e não acho que isso é a escolha mais sábia, você sabe, mesmo se eu quisesse isso.
— Eu poderia ver os comentários agora. Joscelyn Archer é a pior coisa que aconteceu
no teatro desde Cats!... Eu levantaria e sairia e exigiria reembolso...Essa garota não
tem talento e nunca atuará nesta cidade de novo.

238
Eu olhei para Dusty do canto do meu olho. Eu não podia fazer contato visual
diretamente com ele, porque eu teria piscado muito, ou dado algum outro sinal que
eu estava mentindo.
Ele ficou em silêncio por uns segundos, observando-me.
— Você tem que estar brincando comigo. Você honestamente acha que eu
acreditaria nisso? Se assim for, então você deve achar que eu sou um idiota do
caralho.
Não, eu não acho que ele seja um idiota. Ele era muito esperto para seu
próprio bem.
O sorriso em seu rosto dessa vez era um de perplexa confusão. Era tão
adorável.
Eu fui com a verdade.
— Eu não acho que você seja idiota.
— Então porque você está fazendo isso comigo? Você me beijou não faz muito
tempo, e aquele beijo é o tipo oposto do que você está me dizendo agora, e eu acho
que se eu te beijar de novo agora eu terei a mesma reação de antes. Sua voz estava
dizendo uma coisa e seu lábios e seu corpo estão dizendo outra. Eu estou certo?
Bem, sim. Ele estava.
— Dusty.
— Não, Ruiva. Eu quero ouvir isso. Diga-me a razão de que nós não podemos
estar juntos. — Ele sentou de volta como se ele estivesse esperando por mim para
reprisar o desempenho. Eu estava em uma espécie de fim de minha paciência.
— Por que você tem que deixar isso tão difícil para mim? Se você apenas
fosse... um idiota ou você cheirasse mal ou você não dissesse coisas legais seria
muito mais fácil. — Eu levantei do sofá e fui para a cadeira então eu podia ter mais
distância dele. Também me afastaria de seu cheiro.
— Talvez seja difícil porque você está atraída por mim. E você não coloca as
pessoas por quem você está atraído na zona de amigo.
— Algumas pessoas fazem. — Eu estava certa disso, naquele ponto da
história, alguém, em algum lugar, tinha colocado alguém que ele estivesse atraído
na zona do amigo por uma razão ou outra. Tinha de haver um precedente.
— Ok, eu vou falar agora, e você pode ouvir o que eu vou dizer e dizer-me se
eu estou no caminho certo ou não. Ok? — ele disse.

239
— Eu tenho uma escolha?
— Não.
Eu rolei meus olhos.
— Prossiga. — Eu disse, ondulando minha mão.
— Nós estávamos indo muito bem há alguns dias. Se você lembra, você era
a única que queria levar isso para o próximo nível, correto? —
Eu assenti.
— Eu beijei você, por uma razão desconhecida para mim, você se assustou e
saiu da minha casa, e agora você está tentando chegar a qualquer coisa que você
possa, eventualmente, chegar a obter para me afastar, mesmo que você ainda
queira estar comigo, baseado no beijo. Correto?
— Não é exatamente isso... — Ele me cortou.
— Sim ou não?
Eu olhei para ele.
— Sim.
— Então o que eu preciso fazer é descobrir o que ocorreu que fez você mudar
de ideia. Se minha memória serve, você foi ao meu quarto para pegar Napoleão e
decidiu bisbilhotar.
Eu tentei de novo interrompê-lo, mas ele manteve suas mãos para cima.
— Apenas deixe-me terminar e então você pode comentar. Então, você estava
em meu quarto e pegou a fotografia de mim e meu irmão e a derrubou. Eu vim e
encontrei você olhando como se estivesse assustada por sua vida, e então você
empurrou meu gato e correu para fora da porta sem seus sapatos. Correto?
Eu tive que engolir umas poucas vezes para que minha voz funcionasse.
— Co-correto.
— Então isso parece, do meu ponto de vista dos eventos, naquele momento
quando você decidiu foi quando você viu e então derrubou a fotografia. Então. O
que havia sobre essa fotografia que levou você a derrubá-la em primeiro lugar? O
que poderia uma fotografia minha e de meu irmão assustar você tanto assim?
Vamos olhar isso profundamente, não é? Você tinha me visto, você tinha me
beijado. Você sabia como eu parecia. — Nesse ponto, eu senti como se eu estivesse
no banco de testemunhas em um desses dramas policiais, e ele era um dos

240
advogados durões me reexaminando sobre o que aconteceu na noite de 14 de
Junho. Ele daria um grande advogado.
— Então por isso não poderia ter sido eu que deixou você assustada, e o
único outro na fotografia é meu irmão.
Eu era além de estúpida por pensar que ele não descobriria isso depois de
me ataque histérico ao ver a fotografia. Eu não devia ter saído. Eu devia ter fingido
que eu tinha recebido uma chamada de emergência. Inferno, eu devia ter dito a ele
que eu era virgem. Aquilo devia ter funcionado. Na verdade...
— Eu sou virgem. — eu disparei. Era melhor ele saber isso do que descobriri
a verdade.
Constrangimento ultrapassaria o ódio que ele teria de mim se ele realmente
soubesse. Por que eu não tinha pensado nisso antes? Era perfeito!
— Eu sou virgem e eu estava em seu quarto, e olhei sua cama e pensei em
sexo, e eu percebi que não estava pronta e eu estava assustada e isso é o por que
eu sai. Não tinha nada a ver com a fotografia. — Por amor de DEUS, por favor compre
isso, Dusty.
Ele olhou para mim realmente rígido, e eu, pela primeira vez, estava feliz que
meu rosto e minhas orelhas estavam ficando vermelho. Era mais do que medo que
ele não comprasse isso do que embaraçamento sobre revelar que eu ainda tinha
meu cartão de V.Mas, ele não tinha que saber isso.
— Sério? É sobre isso que você estava assustada? — Querido Jesus Cristo,
ele comprou isso. Eu soltei um suspiro interno de alívio.
— Bem, sim. Eu sabia que você era, como, todo sobre você, mas eu fiquei
pensando sobre isso e acho que eu perdi. Eu sinto muito que então tenha dito a
você, mas você pode ver o porquê eu não o faria.
Agora ele parecia confuso de novo.
— Por quê?
— Porque eu sei, de fato que você esteve com muitas garotas, então você está
provavelmente usando...garotas com mais experiência. E eu quase não tenho. —
Ok, eu estava realmente embaraçada agora. Isso não era parte do plano. — Oh,
meu Deus. Eu não posso acreditar que eu acabei de contar isso. — Eu coloquei
minha cabeça em minhas mãos.

241
— Hei, hei. — ele disse, se aproximando e me puxando. — Você
absolutamente não tem nada para estar envergonhada. Eu meio que adivinhei,
mas eu esperei você para dizer alguma coisa. Se você estava preocupada sobre
mim, não fique. Não importa que você não tenha estado com ninguém antes. Não
importa para mim se você esteve com centenas de caras. Apenas o fato que você
queria compartilhar esse momento comigo, significa... tudo. Você significa tudo
para mim, Jos, e eu não quero perder você. Mesmo quando você tentar me perder.
Ele agarrou minhas mãos apertadas e moveu seu rosto perto de mim. Eu
sabia que ele ia me beijar, e desta vez, eu ia pará-lo.
— Dusty, eu não posso. Eu sinto muito. Apenas há… coisas que estão no
caminho. Muitas coisas. Eu não quero arruinar o que eu tenho aqui, e eu estou
com medo de estragar tudo e você é muito importante para mim. Então se eu puder
evitar ferrar tudo o que nós já temos, que é ótimo, então eu gostaria de fazer isso.
Porque se nós fizermos isso, e não funcionar? Então o que? Você não seria capaz
de vir aqui mais. Hunter se colocaria em uma posição horrível e eu apenas… eu
não quero ver seu rosto mais. Eu não posso lidar com isso. — Uou, eu nem mesmo
sabia que eu me sentia desse modo até que eu dissesse isso em voz alta. Por que
eu não tinha apenas dito isso em primeiro lugar?
Ele abriu sua boca para argumentar, mas fechou rapidamente e fez um som
de frustração que era um pouco como uma explosão.
— Eu entendo isso. Eu entendo isso e eu entendo isso. Não significa que eu
tenha que gostar disso, mas se é isso o que você quer, é o que eu farei. No entanto,
qualquer que seja o modo que eu esteja em sua vida... eu pegarei o que eu
conseguir. Eu quero você, de qualquer modo que eu possa ter você. Eu acho que
você é meu novo vício. — Ele sorriu, mas não era um sorriso de feliz.
— Eu sinto muito que você esteja viciado em mim. Eu sugiro um grupo de
apoio, mas não penso que eles tenham Joscelyn Viciados Anônimos.
— Isso é mais do que certo. Você é o único vício com que eu posso viver. —
Eu senti como se eu devesse estender a mão e tocar seu rosto, mas isso
provavelmente conduziria a mais beijos e isso desfaria todas as coisas que eu tinha
acabado de dizer.

242
Ele soltou minhas mãos e fui e sentou na ponta do outro sofá. — Então o
que você acha? Nós podemos tirar Renee de sua miséria e dizer a ela que pode
voltar agora?
Eu ouvi o farfalhar de volta a sala e eu sabia que ela estava fingindo não
ouvir, mas nós todos sabíamos que isso era exatamente o que ela estava fazendo,
apenas para se certificar que eu estava bem. Eu assenti e virei minha cabeça.
— Renee! Você pode voltar agora.
Ela correu para fora logo que ela ouviu seu nome.
— Você está bem? — Seus olhos foram de mim para Dusty e de volta para
mim.
— Eu estou bem. Nós conversamos e está tudo ok. Não precisa de ameaças
ou tridentes ou a máfia dos vigilantes da raiva. — eu disse.
Renee deu uma olhada e Dusty encolheu os ombros.
— Eu não sei onde ela aprendeu isso. — Renee disse.
— Eu realmente não me importo de onde isso veio. Eu apenas quero estar
com ela onde quer que ela vá. — Dusty disse. Eu disparei um olhar para ele. Ele
não deveria dizer coisas como isso mais. Ele não deveria dizer coisas melosas em
frente a minha irmã quando eu tinha colocado ele muito firmemente na zona do
amigo. Ele estava brincando comigo?
— Desculpa. — ele murmurou, mas ele não parecia nem um pouco
arrependido. A campainha tocou e Renee foi atender.
— Honestamente. — ela disse enquanto ela deixava o resto da casa entrar.
Eu levantei e bati em seu peito.
— Você não deveria dizer coisas como isso, seu idiota. — eu disse enquanto
todos empilhavam as bolsas trazidas e bandejas de espuma de copos de café e
várias caixas de Munchkins.
— Nós temos um Chai Leite para você, Pequena Ne. — Mase disse, segurando
um copo para mim.
— Obrigada, Mase. — Eu bebi o chai e estava doce e quente. Dusty agarrou
um copo de café preto e catou todos os Munchkins recheados de geleia antes de
alguém os roubar. Dois segundos atrás ele estava flertando comigo, mas agora ele
estava agindo como se eu não existisse. Que merda.

243
— Você está bem? — Taylor disse, esgueirando-se para mim. — Isso estava
muito... quente mais cedo.
— Eu estou bem. Dusty e eu tivemos uma conversa e decidimos que é melhor
sermos amigos.
Ela dorriu um pouco e agarrou um croissant de uma das bolsas. — Você
quer dizer, você decidiu. Eu acho impossível de acreditar que ele faria isso.
— Ele disse que era minha decisão. — eu disse. Ainda rindo um pouco e
balançando a cabeça, ela foi para o armário e pegou um pote de Nutella. Se havia
uma coisa que sempre tivemos na casa de Yellowfield, era Nutella. Nós poderíamos
não ter papel higiênico, ou detergente, mas nós nunca, jamais estaríamos sem
Nutella.
Rasgando em pedaços, ela pegou o pote de Nutella e mergulhou a faca nele
e lambuzou o chocolate dos deuses no pedaço de croissant.
— Confie em mim. Hunter não recuou quando eu o afastei, e Dusty é do
mesmo modo. — Eu olhei ao redor, mas ninguém estava nos ouvindo ou
observando.
— Sobre o que você está falando, baby? — Hunter disse, vindo por trás de
Taylor e colocando sua cabeça em seu ombro.
— Infecções fúngicas. — ela disse com uma piscadela para mim.
— Humm. Você vai compartilhar um pouco disso? — ele disse, apontando
para seu os pedaços de Croissant coberto de Nutella.
Ela suspirou e segurou um para ele e ele comeu os dedos dela e ela riu
enquanto ele lambia o chocolate. Taylor deu-me um olhar, e primeiro eu não
entendi, mas então ela levantou uma mão e colocou perto de mim para ela poder
sussurrar em minha orelha.
— Deixe-o entrar. Você se arrependerá se você não o fizer. Confie em mim.
Ela me soltou e voltou a alimentar Hunter com os pedaços de seu croissant.
Eu voltei para sala e encontrei Dusty brincando com o violão de Hunter. Eu não
sabia que ele podia tocar. Todo mundo ainda estava na cozinha e eu tive a sensação
de que eles estavam tentando nos dar alguma privacidade.
— Tem algum pedido, Ruiva? — ele disse, dedilhando o instrumento como se
ele tivesse nascido em suas mãos.
— Você pode tocar?

244
— Sim, Hunter tem me ensinando. Eu sinto que você meio tem que tocar se
você é um professor de música. Você sabe, para cantar junto e outras coisas. —
Bem, aquela deviam ter sido algumas malditas boas lições, porque era óbvio que
ele era tão natural.
— Qual é aquela canção que você cantou para mim última vez na Hannah?
— Eu disse baixinho para que ninguém ouvisse.
— Oh, ‘Live and Die’, dos Avett Brithers. Eu estou surpreso que você não
conheça esta. — Eu tinha alguns de seus CDs, mas não todos eles. Ele começou a
música animada, que tinha uma doce melodia que de alguma forma funcionava
com a letra, que devia ter sido retirada de uma não menos garbosa sonoridade.
A voz de Dusty era mais profunda do que tinha imaginado, e eu podia dizer
que ele tinha, e eu podia dizer que ele tinha levado a canção uma escala abaixo
para a fazer funcionar para ele, mas ele tinha feito isso com perfeição. Eu não pude
evitar, mas bati meu pé no viciante refrão, e eu senti os olhos e ouvidos de todo
mundo na cozinha em mim e Dusty. Ele manteve seus olhos em mim o tempo todo,
quase sem piscar. Um sorriso de pura diversão estava preso em seu rosto e eu não
pode evitar, mas sorri também. Ele dedilhou a última nota da canção e riu.
— Qual é próxima, Ruiva?
— Você não tem que fazer isso.
— Eu quero. Eu gosto de tocar. É uma das únicas coisas que me faz
verdadeira e completamente feliz. — Ele inclinou-se sobre o violão e abaixou sua
voz. — Depois de você, é claro. — Eu atirei um olhar em direção a ele, mas todo
mundo se esforçou em fingir que não tinha estado escutando.
— Dusty.
— O que? Eu não posso dizer que você me faz feliz? Droga, Ruiva. Dureza —
— Toque qualquer que seja que você queira. Eu não me importo. — eu disse
cruzando meus braços.
— Ok. Eu vou.
E então ele começou uma canção que me fez querer pedir para ele parar e
escolher outra. Depois de ver a fotografia de Nathan, minha memória dele estava
fresca e crua e essa canção estava apenas tornando pior.
Dusty de alguma forma fez justiça pela versão de ‘Creep’ de Ingrid
Michaelson, embora eu não tenha ideia de como. Suas vozes estavam separadas

245
por galáxias, mas Dusty tornou sua versão suave e adicionou um pouco de
vantagem na volta, fazendo-a um pouco mais dura, um pouco mais de contar o
coração, e eu não pudia suportá-la.
Eu levantei do sofá e Dusty parou, deslizando sua mão do violão para parar
a vibração das cordas.
— Eu não consigo. — E então eu dramaticamente parti da sala, correndo
para baixo e batendo a porta atrás dele, e todos os outros, poderiam-me ver
chorando.

***

É claro, dado ao fato que eu vivia com uma tonelada de pessoas, alguém foi
obrigado a vir atrás de mim.
Uma suave batida em minha porta me fez olhar para cima de meu
travesseiro. Eu atirei a mim em minha cama, esperando recompor-me junta então
eu poderia explicar para quem veio me perguntar o que diabos estava acontecendo.
— Joscelyn. — É claro era Dusty. Eles não teriam enviado Taylor, ou Mase
ou até mesmo Renee. Eu me perguntei quão duro que ele tinha lutado para ser o
único a vir e me verificar.
— Vá embora, Dusty. Sério. Apenas me deixe fodidamente em paz. Volte para
seu apartamento. Eu estou certa que Napoleão sente falta de você.
— Eu não estou me afastando. Porra, eu pensei que tinha deixado isso claro.
— Eu o ouvi deslizar para o chão ao lado da porta. — Então você pode ficar aí todo
o tempo que quiser, mas eventualmente você precisará comer, ou ir ao banheiro,
ou conseguir mais alguns Skittles e M&M’s, e eu vou ficar aqui.
— Por que você não pode encontrar outra pessoa? — Eu disse, atirando meu
travesseiro na porta. Era uma coisa sem sentido a fazer e não me fez sentir melhor.
— Eu não quero mais ninguém, Ruiva. Eu quero você.
— Bem, eu não quero você.
Ele riu, e eu desejei que eu pudesse alcançar a porta e estrangulá-lo.
— Eu acho que posso sentir suas calças em chamas a partir daqui.
— Eu acho você é tão fodidamente engraçado, não é? — E levantei e falei
através da porta então ele podia ouvir-me alto e claro.

246
— Às vezes.
— Dusty. Por favor. Apenas saia. Me Deixe sozinha.
Ele ficou em silêncio por um momento. Eu pensei que ele tinha finalmente
ido, mas eu não ouvi levantar. Então eu o ouvi cantar suavemente. ‘This’ do Edy
Sheeran. Eu adorava essa canção, em circunstâncias normais.
— Você não vai me fazer sair cantando, apenas para isso — . Ele não fez. A
canção continuou, e a voz de Dusty ficou mais alta e mais forte.
— Cala a maldita boca! — Eu gritei, batendo na porta. Era simplesmente
demais. Eu abafá-lo, mas eu não consegui. Eu chutei a porta repetidamente,
tentando de tudo que eu pudesse, menos abrir a porta e socando as luzes apagadas
para fazer ele parar e ir embora.
— CALA A BOCA! — Sua voz era calma e suave enquanto ele cantava. Eu
chutei a porta mais uma vez e gritei em frustração. Ele me ignorou.
Eu ofeguei por meu surto e sentei no chão. Meu nariz estava escorrendo,
então eu limpei em minha manga.
— Por que você não para? — Eu disse, não alto o bastante para ele ouvir. —
Eu sou a razão da morte de seu irmão. Por que você não entende isso e vai embora?
— A canção parou.
— O que você disse? — Não havia modo que ele tenha me ouvido.
— Nada. — Eu me aproximei da porta. — Dusty?
— Sim, Jos.
— Você acha que pode alguma vez me odiar?
Ele mudou para o outro lado da porta, e sua voz ficou mais perto, como se
ele estivesse falando entre a fenda entre a porta e o batente.
— Ouca-me, Joscelyn. Eu quero você realmente ouça o que eu estou dizendo.
Se você não acredita em qualquer outra coisa que eu diga, acredite nisso. Não há
nada, nada, que você possa fazer, ou já possa ter feito, que me faria odiar você.
Você não é capaz de fazer alguma coisa para causar em qualquer um ódio de você.
Eu sei disso. Eu também sei que...que eu amo você.
Eu comecei a chorar de novo, colocando minha cabeça contra a porta. Era
sólida e reconfortante, e isso era o que eu precisava.

247
— Você não saberia isso, Dusty, você não saberia. — Eu coloquei minha mão
na porta, e de alguma forma eu sabia que eles estava fazendo o mesmo do outro
lado.
— Oh, Jos. Eu apenas... eu quero tocar você e quero tanto te abraçar agora.
Você pode, por favor, me deixar entrar? Por favor. — Eu levantei minha mão e
destranquei a porta.
— Está aberta. — eu disse, apressando-me para trás da porta enquanto ele
girava a maçaneta e abria a porta lentamente.
Eu olhei para cima e ele estava lá.
— Oh, doce garota. — Ele se agachou perto de mim e me agarrou e colocou-
me na cama, esticando-se ao meu lado e esfregando minhas lágrimas de meu rosto.
Ele beijou a ponta do meu nariz e eu não o parei.
— Dusty, não faça isso.
— Pare de me dizer o que fazer, Jos. Mais uma vez, eu não serei um cavaleiro
e ouvirei você.
Ele puxou-me mais apertado contra ele, e eu lutei um pouco para me libertar,
mas seus braços eram como cabos de aço e eu não tentei realmente duro.
— Deixe-me. Apenas me deixe por enquanto. — Ele travou seus braços ao
meu redor e eu virei minha cabeça contra o seu peito. Seu coração batia como a
batida áspera de um tambor, e eu o escutava, tentando deixar tudo ir.
Uma vez que ele teve certeza que eu não estava tentando o afastar, suas mãos
afrouxaram em minhas costas e começaram a mover-se para cima e para baixo em
ondas suaves.
As lágrimas continuaram, mas elas não eram tão ruins como antes.
Ele não cantou. Ele não falou. Ele apenas me segurou e respirou comigo e
deixou-me chorar minhas lágrimas em sua camisa ante que eu as tinha espremido
e não tinha qualquer uma para sair. Pelo menos agora.
Meu braço estava ficando dormente, então eu me movi e ele ficou tenso.
— Desculpa. Eu apenas preciso me mover. — Ele afrouxou seu aperto, e eu
virei então eu estava em uma posição melhor. Uma de suas mãos foi sob meu
queixo, inclinando meu rosto para cima então ele podia me olhar.
— Eu estou uma bagunça. Eu sei. — eu disse enquanto ele escovava akguns
de meus cabelos fora de meus olhos.

248
— Uma bela bagunça que eu não sei como eu fiquei atraído.
— Sim, você o fez. Não é apenas sua culpa.
Isso não era, talvez.
— Joscelyn?
— Mumm?
— Você não está chateada sobre a coisa da virgindade, está?
Eu não podia mais mentir. — Não.
— É algo mais. Alguma coisa maior.
Eu assenti com sua mão ainda sob meu queixo.
— Você não é a única que tem algo tão grande e tão ruim que não pode contar
a ninguém. Você não é a única. Você me entende?
— O que? — Eu não sabia que havia mais segredos sobre o passado de Dusty
que ele preferia deixar enterrado, mas eu apenas assumi que ele tinha uma vida
em casa ruim, ou que tinha sido abusado, ou alguma coisa como isso. O que havia
com as pessoas e os segredos? Eu parecia atraí-las. Primeiro Hannah e agora
Dusty;
— Mas você sabe o que? Comparado com o pensamento de perder você, meu
segredo não parece tão grande mais. Você é a primeira pessoa que eu contarei sobre
isso.
Eu tentei colocar minha mão sob sua boca, mas ele a moveu.
— Não, eu vou contar a você, não porque eu quero, mas eu preciso que você
ouça isso. — Eu segurei sua camisa.
— Você viu aquela fotografia de mim e meu irmão, certo? — Oh, não.
Oh,nãonãonãonãonãonão. Eu endureci em seus braços, mas ele não parou de
falar,
— Bem, ele morreu. Nove meses atrás, e é minha culpa.
Naquele exato momento meu cérebro pegou as coisas que ele disse e as
traduziu, eu tinha certeza que meu coração parou.

249
Capítulo 21
Sentei-me, saindo dos seus braços.
— Não posso ouvir isso. Eu não posso, não posso, não posso. — Dirigi-me
para a porta, mas Dusty me parou, tentando me puxar para trás.
— Me solta, me solta, me solta! — Eu gritei. Minha porta se abriu e Dusty
congelou.
— Que porra você pensa que está fazendo? — Dusty me soltou e Renee me
puxou para longe dele. — Acho que precisa sair desta casa e espero que a porta
bata em você quando sair.
— Eu sinto muito…. Eu só…. — Renee me segurou e virou o seu corpo de
modo a ficar entre mim e Dusty.
— Saia logo. — Ele me deu um último olhar desesperado e passou por nós
subindo as escadas.
— Ele lhe fez alguma coisa? — Renee perguntou segurando o meu rosto,
como se estivesse procurando contusões.
— Não, nada disso, ele não me machucou.
— Isso não é o que parecia pela minha perspetiva. Merda, eu não deveria ter
confiado nele, mas Hunter confiava. Juro, eu nunca mais o irei deixar se aproximar
de você novamente. — Ela me abraçou, e eu tentei dizer a ela que Dusty não tinha
culpa. Era eu a culpada. Por isto, por tudo.
Mas as palavras eram grandes e pesadas para a minha língua formar, então
comecei a chorar de novo. Parecia ser a minha forma padrão de me expressar
recentemente.
— Esta tudo bem, Jos. Tudo irá ficar bem.
Estava tudo menos bem.
Ouvimos gritos no andar de cima e, em seguida, a porta da frente bateu com
tanta força que sacudiu toda a casa.
— Esta tudo bem, menina. Eu não vou deixar nada te magoar.

250
***

Renee insistiu em me colocar na cama e, em seguida, trazer-me sopa.


Ninguém desceu as escadas, mas eu conseguia ouvi-los lá em cima, e mesmo que
não soubesse o que eles estavam dizendo, sabia que eles estavam falando sobre
mim. Gostaria de saber de quem tinham tomado lado. Quando Renee saiu para
fazer a sopa, depois de me aconchegar na cama, verifiquei o meu telefone. Nada.
Esperava pelo menos um telefonema ou alguma coisa de Dusty, mas
finalmente parecia tê-lo expulsado para sempre.
Então, porque é que sentia como se alguém tivesse congelado o meu coração
e em seguida quebrado em um milhão de pedaços com um martelo? Me enrolei em
posição fetal e tentei parar de chorar. Sério, quantos litros de lágrimas eu poderia
produzir? Eu estava aparentemente indo para o recorde mundial.
Renee voltou com a sopa, e eu tomei um pouco, apenas para acalmar. Ela
também me entregou um Tylenol PM, e eu engoli-o sem parar. Caso contrário não
iria dormir. Tinha feito essa rotina há nove meses, só que naquela época não tinha
Renee.
— Descansa. Não se preocupe com a escola, a casa ou qualquer outra coisa.
Eu vou cuidar de tudo. Está bem?
Ela beijou a minha testa e desligou a luz, quando saiu do quarto, e eu fiquei
ali deitada no escuro silêncio.

— Vamos lá! Nunca fui a um show antes. Por favor? Não posso fazer isso sem
você. — eu disse, apertando minhas mãos. — Por favor, vá comigo ao meu primeiro
show.
— Tudo bem, tudo bem. Mas você esta pagando o combustível .
— Fechado! — Eu disse e joguei os meus braços ao redor dele. — Você também
precisa me dizer o que vestir. Não tenho roupa de show no meu armário.
— Eu sei. O que se passa com o seu guarda -roupa? Você parece ter acabado
de sair do plenário o tempo todo.
— Um dia terei que andar sempre assim vestida, então posso muito bem ir me
habituando a isso.

251
Tentei afastar as lembranças, mas elas não voltavam para o lugar onde eu
normalmente as mantinha.
Elas eram muito grandes, muito próximas, eu não conseguia empurra-las
para longe, não importa o que fazia.

— Então, o que você achou? — Ele gritou no meu ouvido quando acabou a
primeira atuação do grupo e a multidão enlouqueceu.
— Fantástico! — Eu gritei mais alto do que todos os outros.
— Esta é a vida, Jossy. Isto é viver o dia . — ele gritou quando as pessoas
começaram a gritar para uma repetição.
Nós assistimos a segunda atuação, o que não tinha sido tão quanto a primeira,
mas isso não importava. Nathan recebeu um SMS que o fez franzir a testa, e eu
perguntei a ele o que estava errado.
— Nada. Nada que precise de me preocupar. Quer ver se conseguimos chegar
mais perto?
Tínhamos empurrado e andado com esforço para frente no momento em que a
terceira atuação subia ao palco. Eu estava bêbada na música e na atmosfera, e eu
nunca me tinha sentido assim na minha vida. Era muito e não era suficiente ao
mesmo tempo.
— Eu nunca mais quero ir embora! — Eu gritei.
— Você vai ter que dormir em algum momento. E eles vão nos expulsar
eventualmente.
Ele parecia distraído.
— Tudo bem?
— Sim, está tudo bem. A minha cabeça está em outro lugar.
— Você quer ir embora?
Ele balançou a cabeça e sorriu.
— De jeito nenhum. Eu não vou cortar a sua curta primeira experiência. Nós
vamos ficar até ao fim.
— Não precisamos.
— Tem certeza?
Eu olhei para o palco.
— Só mais uma música? — disse.

252
— Fechado! — Ele colou o braço a minha volta e beijou a minha testa.

Ficamos para aquela música, e aquela música mudou as nossas vidas.


Quando terminou, atravessamos a multidão e voltamos para o
estacionamento.
Nathan se ofereceu para me levar a Maine, para surpreender a minha meia-
irmã Jéssica em seu aniversário. Ele disse que tinha alguns amigos que queria
visitar de qualquer forma, por isso não era grande coisa. Eu me senti mal por fazê-
lo dirigir todo o caminho até Maine, mas ele disse que não se importava e que eu
poderia pagar depois, dando-lhe um passeio em outra ocasião. Ele era mesmo um
bom amigo.

— Amigos não ficam devendo amigos. Você faz-lhe um favor, eles retribuem e
eventualmente você esquece e acaba fazendo só coisas boas um para o outro. É
assim que deve funcionar de qualquer maneira .

— Quando se tratava de um conselho, Nathan sempre tinha algum, e era


sempre bom, mesmo que na época eu não tivesse entendido ou achado que ele era
louco. No final, ele esteve sempre certo.
Passamos a viagem de volta para casa a procurar da música nova em todas
as estações no radio. Acima e abaixo do mostrador, AM e FM. Era incrível o que
você pode encontrar quando está fora da sua zona de conforto. Algo que eu sempre
tinha tido medo.
Nathan segurou a minha mão e me puxou para um mundo que eu não sabia
que existia.
Um mundo de paixão, música e amor. Ele estava tão feliz que estar com ele
me fazia também feliz.

— Chame-me se você precisar de alguma coisa, Jossy, eu vou estar por aqui .
— disse ele quando me deixou. Eu tinha contado a ele os meus problemas familiares,
e ele tinha-me contado sobre alguns dos seus próprios. — Então vou ver você no
domingo?

253
— Se eu não ficar louca antes disso. — disse, revirando os olhos. Da garagem
eu ouvi o meu padrasto gritar com um dos meus irmãos e em seguida houve um
barulho.
— Me ligue se você precisar. — Ele me deu um abraço e eu não queria sair do
carro.
Quase meia hora depois, já tinha tido uma discussão com a minha mãe e tinha
escapado de casa. Felizmente, um dos meus meios-irmãos tinha recebido uma carta
do diretor da escola sobre ter matado a aula, então eu tinha tomado a minha chance,
me sentia mal por ter feito isso, mas percebi que Nathan não estava longe e poderia
me vir pegar.
— Ei, Jossy, o que foi?
— Ei, Nathan. Pode me vir buscar? Odeio perguntar, mas eu não posso ficar
aqui.
— Claro. Eu só tenho que cuidar de algo e então eu estarei ai, ok?
Limpei os meus olhos e olhei de volta para a casa. Eu não sabia se conseguiria
ligar com isso. As coisas tinham estado ruins ultimamente, e eu tinha a certeza que
a mamãe estava à beira de outro divórcio.
— Rápido.
— Estou a caminho, Jossy. — Ele desligou e tinha sido a última coisa que ele
tinha me dito.

***

Levantei-me algumas horas mais tarde e coloquei uma música, mas tive que
desligá-la porque parecia que cada canção estava me lembrando de Dusty ou de
Nathan, então eu a desliguei e coloquei um filme no meu computador. Algo com
um monte de explosões e diálogos de baixa qualidade que não me iria fazer chorar
ou pensar sobre alguma coisa. Mas mesmo esses filmes tem alguns momentos
sentimentais, e eu me vi chorando por um robô estupido.
— Toc, toc.
— Está aberto. — disse, enxugando os olhos e fechando o meu computador.
Eu não iria deixar ninguém saber que eu chorei assistindo a um filme sobre robôs
do espaço.

254
Taylor enfiou a cabeça com um sorriso hesitante no rosto.
— Pensei que você pudesse querer algo para comer. Ou beber. Ou
companhia. — Eu não queria nada, mas foi doce dela perguntar, então me sentei
e dei um tapinha no final da minha cama.
— Eu já estive onde você está, Jos. — Não, ela não tinha, mas eu mantive a
minha boca fechada. A razão pela qual Taylor tivesse tido problemas tinha sido por
causa de algo que aconteceu com ela. Não era algo que ela tivesse perdido o
controle. Eu estava confusa, mas eu merecia. Eu merecia o tormento que o
universo me estava dando. Eu merecia me afogar nele.
Ela disse coisas doces, e eu a ouvi e tentava parecer que estava ouvindo e
absorvendo e que ela estava sendo útil.
— Você não pode deixar as coisas ruins que te aconteceu impedir de ver as
coisas boas. — Era bom e bonito para ela. Eu estava feliz por ela estar feliz e com
uma vida boa. Eu nunca iria conseguir isso.
Esta era a festa de piedade mais deprimente de sempre, o que provavelmente
tinha sido o pico de uma festa de piedade.
— Renee está convencida de que ele a tentou ferir, mas ela desconfia de tudo
e de todos. Mas eu tenho aprendido algumas coisas sobre você, e se um cara tentar
feri-la, ele nunca sobreviverá, e você nunca o tentaria defender. Então, eu acho que
ele estava tentando te dizer alguma coisa que você não queria ouvir. Estou
chegando perto?
Sim.
— Não.
— Uh-uh. Então a questão é, o que ele estava tentando te dizer e por que
você não queria ouvir?
Ok, eu estava realmente farta que as pessoas fizessem teorias sobre mim. Se
eu fosse melhor mentindo, conseguiria uma explicação perfeitamente razoável e
que todos iriam acreditar.
Ou eu deveria fazer o que eu tinha considerado algumas vezes e fugir sem
olhar para trás. Mas claro que o plano tinha uma falha em forma da minha irmã
Renee. Se havia alguém que iria procurar pelos confins da terra por mim, e em
seguida, arrastar-me de volta da mesma, seria Renee.

255
— Eu não vou te obrigar a me contar. Isso vai acontecer quando você estiver
pronta. Inferno, eu passei anos mantendo o meu segredo ferozmente como você
está mantendo o seu. Então eu entendo. — Ela se levantou e deu uma palmadinha
no meu ombro. — As coisas sempre acabam se resolvendo, você se esforçando ou
não. — Com isso, ela fechou a porta silenciosamente e me deixou sozinha
novamente.

256
Capítulo 22
— Você parece uma merda. — disse Hannah quando eu apareci na aula de
Pam na quarta-feira. Renee tinha insistido para eu tirar a terça-feira de folga
também, mas eu acho que era para que ela pudesse ficar de olho em mim.
Eu com certeza não era uma suicida, mas isso não parecia importar, não
importa quantas vezes eu dissesse a ela. Meu barbeador e todas as facas na
cozinha e até mesmo a aspirina desapareceram misteriosamente e eu suspeitava
dela e de pelo menos mais um membro da casa, mas fingi não notar.
Eu tinha enviado um e-mail para Brett dizendo que eu não poderia ir para
meu primeiro dia de trabalho, porque eu estava doente, e Hannah me ajudou
engrossando a história com ele também, então ele apenas disse que ia me ver na
próxima terça-feira.
— Obrigada. Você é a primeira pessoa que me disse isso.
Ela puxou um saco plástico para fora de sua mochila e estendeu-o para mim.
— Eu imagino que todos aqueles doces não devam ser desperdiçados.
— Não, obrigada. — eu disse, engolindo um rolo de náusea. Doce nunca me
deixou doente antes, e era uma vergonha, mas eu não conseguia olhar para o saco
sem pensar em Dusty. Ele arruinou meu prazer por doces. Honestamente, aquilo
meio que me irritava, o que me fez tirar a bolsa dela e enfiar um punhado em minha
boca. Ninguém, nem mesmo Dusty, ia tirar isso de mim.
— Essa é minha garota. — disse ela, dando-me um sorriso enorme. — E você
não parece tão ruim assim.
— Eu agradeço.
Quarta-feira demorou a passar. Principalmente porque eu estava tão
distraída pensando no passado e Dusty e coisas que eu lutei por tanto tempo para
reprimir e colocar de lado. As pessoas tinham que se repetir e eu estava totalmente
desligada na aula de Pam e o olhar que ela me deu não era bonito. Foi pior na

257
quinta e na sexta-feira na hora do almoço eu estava tão preparada para o fim de
semana para que eu pudesse me esconder em meu quarto e não ter mais que fingir.
— Cara, se você quer vir para cá, minha companheira de quarto saiu pelo
fim de semana. — Hannah tinha sido a metade que faltava em meu cérebro, o que
era exatamente o que eu precisava. — Nós poderíamos fazer uma maratona de
Buffy e acampar em meu quarto e pedir comida sempre que precisarmos. Ou
podemos viver desse balde de doces. Quero dizer, nós somos universitárias. Isso
meio que é esperado.
— Isso parece incrível, mas eu não acho que Renee vai me deixar fora de sua
vista. Mas você pode trazer todas essas coisas para Yellowfield, e nós poderíamos
acampar na caverna do homem. Tenho certeza de que podemos aliciar algumas
das meninas para manter os garotos longe. Na verdade, os caras estão meio que
me evitando, agora que pensei nisso. — Talvez eles pensassem que eu odiava todos
os homens agora, e eles por associação.
— Ótimo. Então, podemos fazer coisas de garota. Quem precisa deles?
— Você está tentando ensinar o padre a rezar a missa? — Não que eu fosse
louca por garotos, mas eu definitivamente poderia ficar sem ver um deles num
futuro próximo.
Meu aniversário também estava se aproximando rapidamente. Eu não tinha
esquecido isso, sério, mas não estava no topo da minha lista de prioridades. Além
disso, dezenove não era uma idade tão boa de qualquer maneira. Não como dezoito
ou vinte e um. Ninguém mencionava muito isso na casa também, além daquela vez
que as meninas foram às compras. Eu ainda não tinha encontrado o lugar onde
elas esconderam os resultados dessa viagem. Provavelmente no sótão, onde eu não
chegaria perto, nem se alguém me pagasse. Eu encontrara uma aranha mutante
do tamanho de minha mão uma vez, quando eu era criança e estava escondida em
um, e, como consequência, eu os evitava.
Ainda nenhuma palavra de Dusty. Eu também não o tinha visto no campus,
apesar de eu ter tido vários quase desastres onde eu pensei tê -lo visto e tive que
mergulhar atrás de um arbusto, mas nunca era ele de qualquer maneira.
Hannah e eu passamos a maior parte do fim de semana escondidas na
caverna do homem assistindo episódios intermináveis de Buffy e ignorando a

258
contagem de calorias de tudo o que comíamos. Eu tinha passado quase dez
minutos sem pensar em Dusty quando Hannah trouxe o assunto.
— Eu sei que supostamente eu deveria ser muito amiga e não lhe perguntar
sobre o que aconteceu entre você e Dusty, mas isso está me matando por dias.
Você vai me dizer o que aconteceu?
— É você que fala sobre partilhar segredos, Hannah. — eu disse, empurrando
mais um punhado de batatas chips de sal e vinagre em minha boca. Eu realmente
precisava de um banho, e eu estava usando o mesmo moletom desde sexta-feira à
noite.
— Tudo bem, se é desse jeito que você quer jogar, eu mostro o meu se você
me mostrar o seu.
— Você... — eu disse, afastando-me dela no sofá.
— Não, eu não quis fazer soar assim. Apesar do fato de que eu não tive
qualquer ação em eu-não-me-importo-de-lembrar quanto tempo, eu não jogo nesse
time. Você quer ouvir isso ou não?
— Você gostaria de fazer isso?
— Claro, isso vai nos unir para a vida toda ou alguma merda assim. Eu falo
primeiro, se você quiser.
Eu estava pronta para isso? Eu não tinha dito a uma única pessoa.
— Claro.
Ela sentou-se e abaixou o volume da televisão.
— Então você sabe que eu tenho essas queimaduras impressionantes? Bem,
a verdade é que meu irmão tentou me jogar fogo quando éramos crianças. Eu tinha
quatro anos na época e ele tinha oito, e nós estávamos no quintal. Ele sempre teve
uma coisa pelo fogo, e quase queimou a casa toda várias vezes, mas não importava
quantas vezes mamãe escondesse os fósforos, ele sempre parecia encontrá-los.
Aaron é esperto. Tipo, muito esperto. Tipo, esperto a ponto de acessar ilegalmente
o banco de dados do governo com uma mão amarrada atrás de suas costas. De
qualquer forma, então ele me disse para ficar bem quieta. Eu não tinha ideia do
que diabos estava acontecendo, exceto que ele me disse que iria me dar doces se
eu ficasse bem quieta. Eu só me lembro do estalo quando ele riscou o fósforo na
caixa e a expressão em seu rosto quando ele jogou em mim.
Eu não conseguia nem respirar.

259
— A partir daí as coisas ficam um pouco confusas, mas acho que de alguma
forma eu lembrei algo daqueles especiais infantis sobre parar, cair e rolar, e ntão
foi isso que eu fiz, e isso salvou minha vida. Minha mamãe saiu correndo quando
ela me ouviu gritando e impediu Aaron de me queimar completamente. Uma viagem
e uma longa estadia no hospital e toneladas de enxertos de pele e cirurgias depois
e aqui estou. — Ela me deu um sorriso, mas era sombrio. Assombrada.
Minha boca estava tão seca que eu tive que tomar um copo de água antes
que eu pudesse dizer qualquer coisa.
— O que aconteceu com ele?
Hannah pegou a lata de soda e eu vi sua mão tremendo.
— Eles colocaram-no em uma instituição de saúde mental, doparam-no. Ele
ainda está lá. Era isso ou a prisão, e meus pais escolheram isso. Ele é maior de
idade agora, mas ainda é muito perigoso para ser solto. Então, essa é minha
história. Agora me mostre a sua.
Ela virou tão rápido que eu não consegui acompanhar. Eu não conseguia
processar o que ela me contara. Mais uma vez, era algo que fora feito para ela. Algo
sobre o qual ela não teve absolutamente nenhum controle. Hannah era uma vítima;
eu criara uma.
— Eu... eu não sei se posso, Hannah. Eu não disse a ninguém.
Ela levantou-se e sentou-se de joelhos em frente a mim.
— Olha, todos nós temos merdas terríveis em nossas vidas. Cada pessoa
neste planeta, em algum momento ou outro teve um segredo que eles prefeririam
morrer a compartilhar. É parte de ser humano, de estar vivo. Coisas acontecem e
não podemos lidar com isso. Mas o que eu aprendi é que somos mais fortes do que
o que nos acontece. Você não pode deixar isso defini-la. As partes fodidas de você
são só isso. Partes. Mas eu entendo se você não estiver pronta. Levou um longo
tempo e muita terapia para eu ser capaz de me lembrar do que aconteceu. Eu
bloqueei por um longo tempo.
Meus olhos deslizaram sobre as cicatrizes em seu rosto e pescoço e braço e
eu não podia sequer imaginar o horror que ela passou.
— Eu matei alguém. — eu disparei. Para seu crédito, Hannah não suspirou
como eu esperava que ela fizesse. Seus olhos se arregalaram por um segundo e ela
sacudiu a cabeça.

260
— Ok, então. Acho que vou precisar de alguns detalhes antes de processar
isso. — Ela levantou-se e sentou-se no sofá a meu lado. — Porque isso pode
significar um monte de coisas.
Respirei o mais profundo que já tinha em minha vida e comecei desde o
início. Como eu conheci Nathan aleatoriamente em uma festa que eu tinha ido a
fim de satisfazer minhas amigas idiotas, e como nós tínhamos formado uma
estranha amizade e como ele começara a me fazer abrir os olhos para o mundo e
música e diversão e, em seguida, como eu implorei a ele para ir ao concerto, e
depois me levar para casa, e como eu liguei para ele e implorei-lhe para vir me
buscar.
— Ele estava falando comigo ao telefone quando isso aconteceu. Eles
acharam que ele devia estar olhando para o telefone, ou ter deixado cair, ou algo
assim. Ele nunca viu o caminhão reboque de trator, e foi isso. Nathan está morto
por minha causa.
Dizer as palavras foi tão duro quanto cortar minha alma e sangrar os pedaços
até a morte, palavra por palavra, gota a gota. Quem disse que a verdade liberta
nunca teve um segredo como esse. Em algum lugar no meio de minha história, eu
comecei a chorar novamente, mas eu estava meio que acostumada a isso agora.
Foi um pouco como ser uma torneira pingando.
Tentei parar de chorar e esperei Hannah processar.
— Então você acha que você é a razão pela qual Nathan bateu no caminhão.
— Eu sou a razão, Hannah. Ele nunca estaria naquela estrada àquela hora,
e ele não estaria distraído. Eu sou responsável por tudo isso.
— Você. É. Louca. Pra. Cacete. — disse ela antes de mergulhar em mim,
colocando os braços em volta de mim e me puxando para perto em um abraço de
esmagar as costelas. — Como diabos você se convenceu que a culpa é sua?
Viu? Esse era meu exato medo. Que para quem eu dissesse tentasse me
convencer de que não era. Que isso fora apenas um acidente e culpa de ninguém,
etc. Não. Eu não cairia nessa. As pessoas tinham usado essa desculpa por milhares
de anos para manterem-se fora de perigo pelas coisas horríveis que fizeram. Não
eu.
Hannah não me soltaria, e eu estava tendo dificuldade para respirar.
— Você precisa me soltar. — eu meio que engasguei.

261
— Oh, desculpe. — Ela recuou, mas manteve as mãos sobre meus ombros.
Eu não conseguia olhar para ela.
— Então, eu lhe disse. Agora você pode sair de meu pé sobre isso.
Tentei me levantar, mas ela não me deixaria.
— De jeito nenhum. Você não vai a lugar algum. Você carregou isso sozinha
por muito tempo, e eu não vou deixar você levá-lo um segundo a mais. O que
aconteceu foi um ato de Deus ou de um dia de merda ou toda uma série de coisas.
Você é uma dessas pessoas, Jos, que não podem ficar sem ter uma explicação para
alguma coisa, uma razão. Não havia nenhuma razão para isso. Não havia razão
para a porra de meu irmão me incendiar. — Ela não podia comparar as
circunstâncias. Elas simplesmente não eram as mesmas. Eu torci-me livre de seu
aperto.
— Eu sabia que isso aconteceria se eu dissesse a alguém. Eu sabia que eles
tentariam me convencer a não me sentir mal, mas eu não quero parar de me sentir
mal. Ele era uma pessoa maravilhosa e não merecia morrer. O mundo é um lugar
pior sem ele, e eu sou a pessoa que causou isso. Eu não vou deixar você tirar a dor
que eu deveria sentir de mim. Se eu não sentir dor por ele ter ido, então quem
sentirá?
— Eu não sei de onde você tirou essa lógica fodida, mas eu vou parar você
ali mesmo, porque isso é uma loucura. Uma tremenda loucura. — Ela tentou
agarrar meus ombros, provavelmente para me sacudir, mas eu recuei.
— Ótimo, agora você acha que eu sou louca. Muito obrigada, Hannah. Eu
me sinto muito melhor por finalmente ter dito. — Eu fui para as escadas, porque
era a única saída aqui embaixo.
Ela bloqueou a minha saída. Droga, seus reflexos eram bons.
— Eu lhe disse que levou um monte de terapia para eu chegar onde estou, e
parte dessa terapia muito cara era me livrar da raiva por meu irmão. Eu tive que
esquecer isso ou eu nunca estaria livre dele e do que tinha acontecido. Não estou
dizendo que eu sou o exemplo para se livrar desses sentimentos, ou mesmo que eu
estou bem, mas a única coisa que eu sei é que você tem que se livrar dessa culpa,
Jos. Ela vai matar você, e eu não acho que Nathan iria querer isso.
Eu explodi.

262
— Como diabos você sabe o que ele iria querer? Você não o conhecia.
Ninguém nunca vai conhecê-lo novamente. — Meus gritos trouxeram as batidas de
passos, e a porta no topo da escada aberta.
— O que houve? — Renee veio correndo para baixo, com todos os outros logo
atrás dela.
— Porque vocês todos não podem me deixar em paz! Eu só quero que todos
vocês parem de tentar me salvar, porque eu não quero ser salva, tá?! APENAS ME
DEIXEM EM PAZ! — Eu não tinha mais para onde ir, então eu fui para meu quarto,
conseguindo fechar e trancar a porta antes que eles pudessem me pegar. Esperei
que alguém derrubasse a porta, mas isso não aconteceu. Esperei e ouvi conversas
silenciosas e as pessoas voltando pelas escadas.
Então... silêncio. A porta se fechou e eu esperei que alguém viesse tentar
falar comigo através da porta. Nada. Mudei-me para a fenda entre a porta e o
batente e escutei, só para ter certeza. Nada, estava quieto.
Uau. Essa era a primeira vez que alguém me escutava. Limpei meus olhos e
soei meu nariz e tentei não cair ainda mais aos pedaços. Eu já chorei tanto, estive
com tanta dor, mas isso, isso era o pior.
Isso era o fundo do poço, seja o que for que eles chamem assim. Eles
provavelmente não tinham um nome para isso.
***

As próximas horas envolveram eu chorando mais lágrimas do que eu sabia


ser possível e gastando uma caixa inteira de lenços de papel enquanto eu me
sentava no chão de meu quarto e me perguntava o que diabos eu ia fazer. Eu passei
por várias opções, mas nenhuma delas parecia viável.
O que eu queria, o que eu realmente queria, era ir para um lugar novo. Cortar
minhas perdas e levantar e sair. Tudo, incluindo minha família. Inventar uma nova
pessoa para ser, uma nova pessoa para a qual as pessoas não fizessem perguntas.
É o que uma garota em um filme faria. Mas eu teria que cortar e/ou pintar meu
cabelo e comprar roupas completamente diferentes para que isso funcionasse.
Eu estava me iludindo. Eu não poderia começar de novo, porque eles não me
deixariam. Hannah tinha dito que tinha ciúmes da quantidade de pessoas que se

263
preocupavam comigo, mas eu de bom grado entregá-los-ia a ela. Ela precisava
disso mais do que eu. Como era horrível o que tinha acontecido com ela.
Quando eu finalmente fui capaz de me mexer, eu fui para meu computador
e coloquei Coldplay, ‘The Scientist’ na repetição. Meu momento no fundo do poço
precisava de uma trilha sonora. Eu realmente precisava fazer xixi, o que era uma
loucura, dada a quantidade de água que eu já tinha colocado para fora de meu
corpo através de minhas lágrimas, mas eu queria ter certeza de que não havia
ninguém acampado do lado de fora de minha porta. Depois de ouvir por pouco
tempo o menor som, eu destranquei a porta e coloquei minha cabeça para fora.
Vazio. Eu dei um pequeno suspiro de alívio e corri para o banheiro, no caso
de eles estarem ouvindo e esperando que eu saísse de meu quarto para me atacar.
Eu não correria nenhum risco. Eu pensei que eu estava sozinha em casa quando
eu abri a porta do banheiro, mas alguém se levantou do sofá. Ele tinha estado tão
malditamente quieto que eu não tinha ideia de quanto tempo ele estivera lá.
— Dusty. — Eu respirei seu nome e foi uma bênção e uma maldição ao
mesmo tempo.
— Ei, Ruiva. Precisamos conversar. Eu sei que você não quer ouvir o que
tenho a dizer, mas eu acho que posso fazer você mudar de ideia.
— Renee enviou você até aqui para me arrastar para fora para que eles
possam fazer o que quer que eles estejam planejando fazer comigo? — A mente
revirou com possibilidades. Aposto que ela não seria contra me obrigar a me
internar. Eu tinha sido ameaçada com isso mais vezes do que eu poderia contar,
mas desta vez eles realmente poderiam fazer, mesmo eu sendo maior de idade.
— Não, eu vim por minha conta. Ela não me deixaria entrar na casa, mas
Hunter a convenceu de que eu era o único que poderia fazer você superar. Você
ouviria? Você não tem que fazer mais nada. Apenas ouvir.
— Dusty...
Ele ergueu suas mãos, como se eu estivesse apontando uma arma para ele.
— Espere aqui. Eu tenho que pegar uma coisa. Eu juro, eu já volto. Sim, você
poderia apenas ir para seu quarto e trancar a porta e eu respeitarei isso, dessa vez,
mas eu imploro. Por favor, Joscelyn. — Ele era corajoso de chegar perto da casa,
com Renée em pé de guerra e um alvo em suas costas.

264
— Ok. — Movendo-se lentamente por trás do sofá, ele continuou me
encarando, provavelmente para que eu não fizesse nenhum movimento brusco. Ele
até subiu as escadas de costas e teve que tatear para achar a maçaneta da porta.
Se eu não estivesse tão longe de rir, eu provavelmente teria achado graça.
Por um segundo, eu pensei em ir para meu quarto e trancar a porta, só para
acabar logo com isso, mas algo me disse que ele voltaria e ele não desistiria.
Ouvi vozes, e eu me perguntei por um momento se ele armou para mim, e
eles atacariam descendo as escadas, todos vestidos com equipamento antimotim.
Minhas suspeitas acabaram por ser nada quando Dusty lentamente abriu a porta
e desceu as escadas, segurando algo em seu peito com uma mão. Um pequeno som
me disse que era Napoleão.
— Então você acha que você vai usar seu gatinho adorável para me fazer
ouvi-lo, não é? — Napoleão colocou a cabeça sonolenta fora das dobras da manga
de Dusty. Por que ele tem que ser tão malditamente doce?
— Eu jogo sujo. Aqui. — Ele estendeu Napoleão para mim, e Napoleão
protestou por ter sido mexido. — Foi um trabalho tirá-lo das meninas lá em cima,
eu vou te dizer isso. Tenho certeza que esta casa vai estar cheia de gatinhos na
próxima semana. — Eu não tinha escolha a não ser pegar Napoleão. Eu levantei-o
perto de meu rosto e ele se aconchegou embaixo de meu queixo e começou a
ronronar. Esta era a chave para a paz mundial, eu juro. Gatinhos. Comece a soltá-
los no Oriente Médio e problemas resolvidos.
— Você gostaria de se sentar? — Dusty gesticulou para o sofá como se ele
fosse um cavalheiro dos velhos tempos me convidando para tomar chá em sua sala
de estar. Eu balancei a cabeça e sentei-me no sofá, ainda segurando o doce
Napoleão, que estava brincando com meu cabelo.
— Não coma isso. — eu disse, tirando um pouco de sua boca.
Dusty assegurou-se que tivesse um pouco de distância entre nós, mas
lembrei-me de como tinha sido da última vez que estivemos neste sofá. Desta vez,
porém, não haveria nada de beijos, mesmo que eu quisesse.
— Joscelyn?
Tirei os olhos do adorável gatinho para encontrar os olhos hipnóticos de
Dusty. Duas coisas muito diferentes, mas igualmente cativantes.

265
— Hannah me contou o que você disse a ela mais cedo. Sobre... sobre Nate.
— Sua voz quebrou um pouco sobre o nome de Nathan. — E simplesmente não é
verdade, Jos. Não é.
— Eu não posso acreditar que ela lhe contou. — eu disse, olhando para o
gatinho novamente porque não doía tanto quanto olhar para Dusty.
— Não fique brava com ela.
— Eu não estou brava com ela. — Eu realmente não estava mais brava. Eu
chegara a esse lugar onde você simplesmente não sente nada. Era meio que legal.
Purgatório emocional. — Então vá em frente... fale.
— Não é sua culpa que Nate morreu. É minha.
— Sim, você disse isso. — Tirei os olhos do gatinho e desejei não ter feito.
Dusty estava chorando, e no segundo que eu levei para perceber que ele estava
chorando, eu sai de meu purgatório emocional um momento antes.
— Sim, eu disse. Ele estava vindo me buscar na casa de meus pais, e eu
estava no telefone com ele pouco antes de acontecer. Se ele não tivesse me trazido
para Maine do show, ele não estaria naquela estrada.
Com isso, eu voltei a acariciar o gatinho enquanto as lágrimas escorriam pelo
rosto de Dusty e espirravam em sua camisa. Ele não se preocupou em limpá-las, o
que, de alguma forma, piorava as coisas.
— Joscelyn. Ele estava vindo me buscar. Eu tinha ficado preso, de novo, por
beber sendo menor de idade. As acusações foram retiradas mais tarde, mas isso
não importa. O que importa é que eu lhe pedi para vir e pagar minha fiança, e é
por isso que ele estava naquela estrada. Para salvar meu rabo estúpido, mais uma
vez. Eu não posso contar quantas vezes ele voltou para casa por mim, e... — As
lágrimas finalmente tornaram-se demais e ele soluçou, inclinando-se para mim. —
Como você pode se culpar, menina bonita? Como você poderia pensar que você era
a responsável?
— Como você pôde? — Eu disse, virando em torno dele. — Eu estou levando
esta culpa. Não você. É minha e só minha.
Ele se aproximou de mim e segurou minhas mãos.
— Não. Você não vai levar isso sozinha. Não é sua para você levar. — Ele
soltou minhas mãos e segurou meu rosto, e eu não conseguia respirar. Napoleão
protestou por ter sido esmagado, então eu o movi.

266
— Não é sua. — eu retruquei.
— Olha, nós podemos jogar este jogo durante toda a noite, ou você poderia
me deixar te beijar e poderíamos colocar a culpa de lado por um tempo. Eu preciso
lhe mostrar o quanto eu senti sua falta. — Ele não esperou por um convite e seus
lábios desceram sobre os meus. Ele estava salgado das lágrimas, mas por trás disso
havia o gosto familiar de Dusty que eu sentia falta, mais do que eu jamais iria
admitir a ele.
— Gatinho. — eu disse enquanto me separava dele por apenas um segundo.
Dusty pegou Napoleão e colocou-o no chão, onde ele chorou. — Você o leva lá para
cima? — Dusty assentiu contra minha boca.
— Volto logo. — Ele pegou o gatinho, agora nervoso e subiu as escadas de
dois em dois degraus. Deitei-me no sofá e passei a mão em meu cabelo.
O que eu estava fazendo? Eu não deveria estar beijando Dusty, não importa
o quão bom era e quanto eu queria. Era errado. Era errado ficarmos juntos. Nunca
iria funcionar. Haveria sempre algo entre nós, e podia não ser um problema agora,
mas no caminho iria nos separar. Iria.
Dusty voltou e montou em mim.
— Onde estávamos?
Eu coloquei minha mão em seu peito.
— Eu não posso.
Ele fez um som frustrado e balançou a cabeça.
— Sim, você pode, e você quer.
Sim em ambas as alegações.
— Nós não devemos. Não devemos começar, porque depois isso vai se
transformar em algo e eu não posso permitir. Eu não posso deixar isso ser alguma
coisa, porque eu não quero perder. É melhor não começar do que embarcar nisso
e então perder. Eu não poderia lidar com você indo embora, Dusty.
— Você não vai me perder.
— Eu nunca pensei que fosse perder Nathan. Alguma vez ele falou sobre
mim?
— Sim. Embora eu não soubesse que era você. Ele sempre chamou você de
Jossy, mas eu não fiz a conexão. E ele nunca me falou muito sobre você. Só que

267
vocês se tornaram amigos e que você tinha um péssimo gosto para música que ele
estava obrigado e determinado a mudar.
Eu quase sorri, lembrando. — Ele realmente disse isso. Muito.
— Você o ama? É por isso? —
Eu coloquei minha outra mão em seu peito.
— Não, eu não o amava da maneira que você está perguntando. Eu o amava
como o irmão mais velho que eu sempre quis, mas nunca tive. Eu tenho um monte
de irmãos, mas eu não sou muito próxima a nenhum deles. Eles tendem a ir e vir
quando meus pais se casam e se divorciam. Eu tive muitas pessoas entrando e
saindo de minha vida, e ele era uma das únicas pessoas que eu tinha certeza que
iria ficar, estaria sempre lá, e agora ele se foi e é minha culpa e eu não poderei
suportar se eu perder você também. Eu não posso Dusty, porque eu amo você. Eu
amo tanto você e eu não posso perder você também. Eu não posso. — Desta vez fui
eu que procurei o beijo, e ele me encontrou no meio do caminho.
— Eu não quero perder você também, mas nenhum de nós vai a lugar
nenhum, agora, neste momento, por isso, devemos aproveitar.
— Viva o dia. — disse eu, tocando os lados de seu rosto. Ele era tão bom.
— Sim, Nate costumava dizer isso.
— Eu sei.
— Então vamos viver, Joscelyn. Agora.
Então eu trouxe sua boca de volta para a minha, e nossos lábios tiveram
outra reunião feliz. Agora era hora de nossos corpos serem apresentados. O beijo
ficou mais intenso, e ele apertou-se contra mim, e eu sabia, sem sombra de
dúvidas, que eu queria me dar a ele completamente.
— Leve-me para o quarto? — Disse. Sem arrependimentos.
— Tem certeza?
— Sim. Viva um pouco comigo.
— Ok, Ruiva. — Ele me ergueu e me carregou para meu quarto. Eu não
pensei se foi uma decisão ruim ou não, ou questionei a inteligência de fazer isso
agora, quando eu estava tão fodida emocionalmente. Era cansativo pensar em tudo
isso. Assim como quando eu me entreguei à melodia de uma canção incrível, eu
queria dar meu corpo para esse cara incrível. Não, não lhe dar, compartilhá-lo com
ele.

268
‘The Scientist’ ainda estava tocando, então eu fechei meu computador e a
música parou e só o som de nossa respiração enchia a sala. Dusty beijou meus
lábios e, em seguida, desceu por meu pescoço. Foi um pouco mais frenético desta
vez, porque ele não se cansava de me beijar. Bem, o sentimento era mútuo. Eu
quase rasguei a camisa dele em minha pressa para despi-lo.
— Calma, Ruiva. — ele disse quando a camisa ficou presa em sua cabeça e
ele teve que me ajudar a terminar de tirar. Eu tracei a tatuagem em seu braço. —
‘Irmão mais novo’. Nate tinha uma que dizia ‘irmão mais velho.’ Mas você
provavelmente já sabia.
— Eu sei agora. — eu disse, beijando a tatuagem antes de voltar para seus
lábios, que se tornaram cada vez mais exigentes enquanto sua língua mergulhava
em minha boca, como se ele estivesse tentando provar minha alma. Deixei-me ir,
e ele tirou minha camisa e meu sutiã com mãos de especialista.
— Um, dois, três, quatro. — disse ele beijando de meu rosto para meu
pescoço e entre meus seios. — Cinco, seis, sete...
— O que você está fazendo? — Soou como um semi gemido quando sua
língua lambeu um de meus mamilos.
— Contando suas sardas. Pode demorar um pouco. Oito, nove , dez. —
Segurei sua cabeça enquanto ele pegava um de meus mamilos em sua boca e
chupava. Ele parou de contar enquanto ele me destruía com a boca, e eu enrolei
minhas pernas em volta dele e fiz sons incoerentes, implorando por mais.
Ele mudou para o outro seio, certificando-se de dar a mesma atenção, o que
era muito atencioso. Eu quase perdi minha mente, quando, ao mesmo tempo, ele
enfiou a mão sob o cós da minha calça de moletom e acariciou-me lá também. Ele
já tinha feito isso antes, e aprendera bem, mas eu não ia perguntar. Quem
realmente se importava?
— Foda-se. — eu gemi sob o domínio de prazer crescente. Ele beijou minha
barriga, sua mão ainda trabalhando, e ele mergulhou sua língua em meu umbigo.
Eu não tinha ideia de quão sensível essa área de meu corpo era até agora.
Tudo o que eu podia fazer era esperar enquanto ele corria meu moletom para
baixo até eu estar completamente exposta. Ele ainda estava com as calças, o que
não era justo, mas eu não podia fazer nada a respeito enquanto sua boca se juntava

269
a sua mão e luzes explodiam em minha cabeça e eu pensei que eu fosse morrer
com a beleza e intensidade disso.
E então ele começou a cantarolar, sua boca e seus lábios vibrando contra
mim de uma forma que me fez chorar. Eu pensei que tinha reconhecido a me lodia,
mas pouco tempo depois, meu cérebro se rendeu e eu me perdi para ele e para sua
boca e para o doce êxtase. Ele cantarolou e beijou até a parte interna de minhas
coxas, que tremeu quando eu senti outra vindo, apenas alguns segundos após a
primeira. Isso não era realmente justo.
Eu soltei a cabeça e estendi a mão para baixo, mas suas calças estavam fora
de meu alcance. Eu fiz um pequeno som de protesto e ele parou de cantarolar.
— O que há de errado? — Ele ergueu a cabeça e parou sua mão. Ele me
concedeu um adiamento momentâneo.
— Não é justo. Eu quero tocar em você também. — Eu tentei arrastá-lo para
cima de meu corpo, mas ele não me deixaria.
— Sinto muito por você se sentir assim. — disse ele, enquanto deslizava um
dedo dentro de mim e mergulhava sua cabeça novamente para baixo. — Mas eu
estou ocupado agora. — A cada palavra ele movia seu dedo para dentro e para fora
e movia sua língua também. Ele acrescentou outro dedo e eu estava completamente
impotente de novo enquanto eu explodia em um milhão de fragmentos de reluzente
prazer.
Dusty me levou ao limite novamente, implacável em seu ataque tanto com a
boca como com os dedos até que eu estava tremendo e incapaz de me mover.
— Agora você pode me tocar. — disse ele, deslizando por meu corpo ainda
arfando. Minhas mãos estavam tremendo um pouco no começo, enquanto eu
tentava tirar seu cinto e, em seguida, abrir seu zíper. Agora era a vez dele de gemer
enquanto eu tirava suas calças e cueca, finalmente conseguindo tocá-lo em todos
os lugares.
Eu sempre tive medo desta parte, da parte real do sexo. E se doer muito? E
se eu fizer algo errado? E se eu fosse realmente ruim nisso? Quando eu estava com
Matt, essas coisas que sempre passavam por minha cabeça, mas neste momento
com Dusty, enquanto eu o acariciava e o ouvia rosnar e dizer meu nome, eu não
pensei em qualquer uma dessas coisas.

270
Eu beijei descendo por seu peito e vi que ele estava tendo problemas para
manter-se sobre mim. Sorri para mim mesma quando eu o levei para minha boca,
e era ele quem estava fazendo sons incoerentes. Eu não tinha ideia do que estava
fazendo, mas ele parecia gostar, então eu comecei a cantarolar e ele quase caiu
sobre mim.
— Jesus, Ruiva. Você não pode fazer isso enquanto eu estiver sobre você. —
disse ele, colocando a mão em meu cabelo e puxando minha cabeça. — Qualquer
dia eu deixo você fazer isso de novo, mas agora, eu só quero entrar em você. Você
tem alguma coisa?
— Eu vivo com a rainha do sexo seguro. — eu disse, apontando para minha
mesa de cabeceira. — Segunda gaveta na parte de trás. — Ele estendeu a mão
sobre mim, e eu comecei a acariciá-lo novamente, para cima e para baixo, torcendo
minha mão um pouco.
— Eu nem me lembro de meu próprio nome agora. — disse ele, tateando para
achar a caixa e movendo-se para ficar ao meu lado.
— Estas estão boas? Eu realmente não sabia qual você ia querer. — Agora
não era a hora de começar a tagarelar, Jos.
Ele me beijou, e eu tomei isso como um — cala a boca, Jos. — quando ele
puxou uma para fora e abriu o pacote rasgando.
— Eu posso fazer isso. — eu disse, tomando-a dele. — Renee me ensinou.
Não é tão estranho quanto parece. — eu disse enquanto eu a rolava e ele fechou os
olhos e respirou pelo nariz. Eu consegui na primeira tentativa. Renee ficaria
orgulhosa. Ou talvez não. Eu provavelmente deveria parar de pensar nela.
— Você está pronta? — Ele se moveu ficando em cima de mim. — Ou se você
quiser fazer de outra forma, poderíamos... — Eu interrompi sua pergunta
agarrando-o e movendo meus quadris para cima. Ele deslizou para dentro de mim
e eu me preparei para uma quantidade enorme de dor.
— Eu machuquei você? — Disse ele, quando estava totalmente dentro de
mim.
— Não. — eu menti. Foi mais um dull ripping feeling, em oposição a uma dor
aguda. Eu tentei fazer meu corpo se acostumar a tê-lo dentro de mim. — Só me dê
um segundo. — Ele manteve-se assim, bem parado, e eu deixei-me cair em seus
olhos e ficar presa lá.

271
— Eu amo você. — eu disse, inclinando meu rosto para um beijo. Sua cabeça
desceu e nossos lábios se encontraram.
— Eu amo você, Ruiva. — Eu embrulhei minhas pernas em volta dele e movi
meus quadris para trás, e ele começou a se mover. Doeu um pouco menos da
segunda vez, e um pouco menos, e então eu pude me sentir construindo de novo,
as duas sensações de prazer e dor misturando-se e me inundando. Eu balancei
meus quadris para cima para encontrá-lo quando ele aumentou a velocidade,
determinado a nos destruir. As coisas ficaram mais brutas e eu recebi isso com
prazer, minhas unhas cavando em seus ombros e minha voz pedindo-lhe mais.
Finalmente, ele estremeceu e caiu sobre mim, tomando cuidado para não me
esmagar. Ambos nossos peitos arfando e ficamos escorregadios de suor. Ele beijou
meus lábios e tentou sair, mas eu agarrei sua bunda para detê-lo.
— Fique comigo.
Ele beijou meu nariz e tirou meu cabelo de meu rosto e então me puxou para
perto. Estávamos tão conectados quanto duas pessoas poderiam estar, e nesse
momento de lucidez, percebi que não importava. De quem foi a culpa sobre Nathan.
Dusty e eu estávamos vivos, e ele não estava.
Estávamos começando a fazer todas as coisas que ele não faria. Mas estava
tudo bem. Ele sempre me disse que eu precisava encontrar um cara que me
apreciasse, que soubesse o quão sortudo ele era por me ter. Mal sabia ele que seria
seu irmão. Ou talvez ele soubesse.
Eu não era uma grande crente em qualquer coisa, mas isso seria o tipo de
coisa que Nathan teria sonhado. Juntar-nos, mas nos fazer trabalhar nisso
primeiro. A ideia de dizer a ele que eu tinha finalmente encontrado alguém, e o
olhar em seu rosto me fez começar a rir. Dusty finalmente tirou porque ele
precisava, mas ele não se moveu para longe de mim ainda.
— Do que você está rindo, Ruiva?
— Eu só estou pensando que Nathan está em algum lugar rindo de nós dois
por sermos idiotas.
Isso fez seu rosto rasgar-se em um sorriso tão grande que eu pensei que ia
quebrar seu rosto.
— Você está certa. Este é exatamente o tipo de coisa que ele iria fazer. Eu sei
que ele definitivamente não a teria juntado comigo em meu estado anterior.

272
— Idem. — eu disse, mexendo-me um pouco e contraindo-me.
— Tem certeza que está bem? — Disse Dusty, acariciando meu braço.
Dei-lhe um beijo. — Eu vou viver.
— E viver, e viver, e viver. — Ele bateu o dedo em meu ombro e me dei conta
de duas coisas ao mesmo tempo.
Um, que todos na casa provavelmente nos ouviram, e dois, que eu estava
sangrando. Qualquer uma dessas coisas era o suficiente para me transformar em
um sinal vermelho humano, mas as duas me fizeram querer morrer.
— Oh, meu Deus.
— O quê? O que foi? — Dusty estava em estado de alerta.
— Eu preciso ir e cuidar de uma coisa. — eu disse, tentando levantar-me
para ele não ver os resultados daquilo que tinha acabado de fazer, mas ele me
parou e, em seguida, olhou para baixo.
— Oh, Ruiva. Está tudo bem. Por que você não vai se lavar e eu cuido disso?

— Não é só isso, Dusty. Este quarto não é à prova de som. — Eu apontei para
o teto e ele olhou para cima.
— Eu esqueci completa e totalmente que não éramos as únicas pessoas no
mundo. Bem, foi bom lhe conhecer. Renee provavelmente vai me matar agora e
cortar meu corpo em pedaços iguais e espalhá-los em todos os lugares para que
ninguém nunca me encontre.
Eu cuidadosamente escalei Dusty e agarrei a primeira coisa que eu encontrei
para me cobrir, o que acabou por ser a camisa dele.
— Oh, isso é ruim, ruim, ruim. — Eu fui abrir a porta, mas Dusty me parou
com uma mão em minha cintura.
— Joscelyn, a única coisa ruim é que eu não posso levar você de volta para
a cama agora, porque eu quero. Eu gostaria que houvesse uma maneira de nós
podermos ficar na cama juntos para sempre e nunca sair deste quarto. Eu gostaria
de poder fazer estes pequenos momentos, aqui e agora, durarem para sempre.
Eu virei em seus braços.
— Bem, eu posso fazer isso durar um pouco mais. Vem tomar banho comigo?
— Suas mãos mergulharam sob a camisa, ansiosas para me despir novamente.

273
— Eu adoraria. Quase tanto quanto eu adoro você. — Ele me pressionou
contra a porta.
— Eu não posso acreditar que ninguém desceu para arrastar sua bunda lá
para cima e dar-lhe uma boa e antiquada derrubada.
— Oh, eu tenho certeza que está por vir. Assim, se estes são meus últimos
momentos, eu quero gastá-los nu com você. — Ele rosnou e me arrastou para seus
braços e eu gritei quando ele me levou para o chuveiro.
***

— Então. Você deflorou minha irmãzinha. — disse Renee, marchando em


frente a nós. Dusty e eu estávamos no sofá, de mãos dadas.
— Renee! — Eu disse, meu rosto ficando vermelho.
Ela levantou a mão pedindo silêncio.
Após o adorável banho com Dusty, nós voltamos para meu quarto e nos
vestimos para enfrentar o juiz, o júri e o carrasco.
Quando nós saímos da caverna, a casa estava quieta, mas eu podia ouvir as
pessoas falando no segundo andar.
— Talvez eles nos tenham dado um pouco de privacidade? — Eu disse,
chocada.
— Ou talvez eles estejam à espreita. — Dusty dissera atrás de mim. — Deixe-
me ir primeiro.
Ele esgueirou-se pelas escadas, comigo logo atrás dele, e nós encontramos
todos no quarto de Darah, com exceção de Mase e Hunter, brincando com
Napoleão.
No momento em que Renee olhou para cima e viu Dusty e eu, ela agarrou
nossos braços e nos arrastou para o andar de baixo, e aqui estávamos. Tomando
uma bronca da melhor.
Para seu crédito, Dusty não fugira, o que foi um bônus. Era bom ter alguém
a quem se agarrar enquanto Renee estava em pé de guerra, mesmo eu estando
mais assustada por ele do que por mim.
— Então. — disse ela, girando sobre seus calcanhares. — Então.
Eu esperei que ela dissesse algo mais.
— Vocês usaram proteção? — É claro que foi sua primeira pergunta.

274
— Sim. — eu disse, respondendo antes de Dusty. — Os preservativos e a
pílula.
Renee estreitou os olhos e olhou para Dusty.
— É verdade. — disse ele, sua mão segurando a minha um pouco mais
apertado. Eu quase ri. O confiante Dusty Sharp estava com medo de minha irmã.
Cagando-se de medo.
— Há quanto tempo você vem planejando isso?
Comecei a responder, mas Renee virou seu olhar furioso para mim.
— Eu quero ouvir da boca dele.
Fechei minha boca e olhei para Dusty.
— Honestamente? Eu tenho tentado ficar com sua irmã desde a primeira vez
que a vi. Quase ao mesmo tempo em que eu percebi que a amava.
Renee concordou com a cabeça e começou a marchar de novo.
— Você se apaixonou por mim à primeira vista? Sério? — Eu tinha ouvido
falar que isso acontecia, mas sempre pensei nisso como luxúria em vez de amor.
Ele levou nossas mãos unidas à boca e beijou-as.
— Claro. Eu lhe disse, foi tipo, eu conheci você e já sabia. Levou-me muito
tempo para perceber isso, contudo. Mas eu lhe disse. Era impossível não me
apaixonar por você. — Ele estava tão seguro de si, falou como se fosse uma coisa
muito fácil de dizer.
Renee começou a marchar novamente.
— E como eu vou acreditar nisso? Quero dizer, isso soa como uma boa linha
para alimentar uma menina vulnerável para entrar em suas calças.
— Se tudo o que eu queria fosse chegar a suas calças, eu teria desistido há
muito tempo. Sua irmã é... — Eu esperei. — Teimosa. — ele deu um sorriso quando
ele tirou um pouco de meu cabelo de meu ombro. — Vem com o cabelo, eu acho.
Ou talvez seja genético. — Ele se virou e sorriu para Renee, e ela hesitou por um
segundo. Ha.
Ela limpou a garganta e tentou se recompor para a próxima linha de ataque.
— Seja como for, eu ainda não estou muito feliz com isso. — Eu comecei a
dizer algo sobre eu ser maior de idade e poder tomar minhas próprias malditas
decisões e que depois de tudo o que Dusty e eu tínhamos passado para encontrar
um ao outro, eu não a iria deixar nos impedir, mas ela continuou e me ignorou.

275
— Eu confiei em você para ficar de olho nela. Apenas um olho, e não todo
seu corpo. E eu ainda não tenho certeza se eu confio em você, e eu quero saber o
que aconteceu entre vocês, mas... — Dusty e eu esperamos com a respiração
suspensa. O que quer que isso signifique. Eu nunca tinha entendido a frase antes,
mas certamente parecia isso.
— Eu não posso impedir vocês de se verem. Você é amigo de Hunter, e esta
é a casa de Hunter e você vai estar aqui de qualquer maneira. Eu também sei que
se eu tentar mantê-los separados vocês vão se unir mais rápido do que podem dizer
‘maldição dos amantes’. — Comecei a comemorar em minha cabeça, mas eu sabia
que isso provavelmente era bom demais para ser verdade. — MAS. — disse Renee,
como se ela tivesse percebido minha pré-celebração. Ela ficou na frente de Dusty e
inclinou-se para baixo até que seus rostos estavam nivelados. — Haverá regras, e
eu vou fazer todos nesta casa aplicá-las. Você vai trazê-la para casa em um horário
razoável. Você não vai levá-la para nenhum lugar que eu não queira que ela vá.
Você nunca, nunca, NUNCA irá machucá-la, porque eu vou vir atrás de você e eu
vou fazer sua morte lenta e dolorosa. Entendeu? — No momento em que ela
terminou, seus rostos estavam tão perto que eu queria dizer a Renée para recuar.
— Estou bastante apavorado. — disse Dusty. — Então, sim, eu entendi. —
Ele desviou o olhar de Renee e olhou para mim. — Você está bem com esses termos,
Ruiva?
— Eu vou concordar com eles com uma condição. — Eu disse, segurando
um dedo para cima. Renee finalmente parou de tentar encarar Dusty para fazê-lo
obedecer. — Você vai ser legal com meu namorado e não o vai mais ameaçar.
Entendeu?
Renee pensou sobre isso por um segundo, e eu podia vê-la espumando.
— Feito.
— Feito. — eu disse, estendendo minha mão, e nós apertamos as mãos.
— Namorado, hein? — Disse Dusty. — Essa é a coisa mais legal que você já
me disse. — Ele se inclinou e me deu um beijo, o que era uma coisa muito corajosa
ou muito estúpida para fazer, vendo como Renee estava numa distância boa para
bater nele.
Eu sorri e beijei-o de volta, e eu a ouvi fazendo ruídos de protesto.

276
— Você disse que ia ser boazinha. — Eu me afastei de Dusty o suficiente
para dizer isso, e então voltei para seus lábios.
— Eu posso ser boazinha. — Renee murmurou baixinho.
— Podemos descer agora? O suspense está nos matando. — Taylor chamou
do andar de cima, e Dusty quebrou o beijo.
— Venha e conheça meu namorado. — eu chamei e ouvi uma pequena
exclamação de alegria que foi provavelmente de Taylor.
Ela e Darah desceram as escadas com Napoleão, que estava miando por
causa de toda a excitação. Paul veio atrás delas e foi direito para Renee, colocando
as mãos nos ombros dela e esfregando-os.
— Eeeee, todo mundo está vivo. — disse Taylor. — Dare e eu estávamos
ficando preocupadas. — Ela segurou Napoleão para cima como Simba em O Rei
Leão e ele não parecia muito feliz com isso.
— Oh, meu amigo, está tudo bem. — Dusty estendeu a mão para ele e Taylor
passou o gatinho para ele. No segundo em que Dusty o pegou, Napoleão começou
a ronronar.
— Bom trabalho com o gatinho. — disse Renee. — Bem jogado.
— Obrigado. — disse Dusty, dando a Napoleão um beijo em sua minúscula
cabeça. Morta, eu estava morta. — Ele é irresistível. Assim como você, Ruiva.
Renee gemeu e Darah e Taylor disseram, — own. — simultaneamente. Bem,
você não pode ganhar todas.
— Endireite-se e voe direito, Ne. — eu disse quando beijei meu namorado.

277
Capítulo 23
Fazer sexo com Dusty colocou nossa relação em uma espécie de máquina do
tempo de relacionamentos. Aonde eu cheguei com Matt depois de anos junto com
ele, eu fui além depois de apenas alguns dias com Dusty. Principalmente porque
passávamos cada momento que podíamos juntos.
Eu estava um pouco relutante para brincar na Yellowfield House depois da
primeira vez, então comecei a ficar mais na casa dele. Não era tão bom, é claro,
mas isso não importava, contanto que estivéssemos juntos. Além disso, Napoleão
dormia conosco, e a primeira vez que eu acordei e encontrei Dusty enrolado ao
redor do gatinho dormindo, eu jurei que meu coração ia explodir pela doçura disso.
Eu peguei de volta meu balde de doces com Hannah quando fui vê -la para
dar as boas notícias sobre Dusty e também para pedir desculpas por jogá-la para
fora e por loucuras em geral.
— Cara, tudo bem. Eu estive lá. Na verdade, sua loucura não era tão boa
quanto a minha. Eu vou falar sobre isso algum dia.
Eu também tive que lhe dar quase todos os detalhes de minhas façanhas
sexuais, e era como se ela estivesse lendo Cosmopolitan e tomando notas para uso
posterior.
— Cantarolando. — eu disse.
— Cantarolando? — Ela olhou intrigada.
— Cantarolando. — eu disse com uma piscadela. — Apenas confie em mim
desta vez. —
Terça-feira eu participei de minha primeira reunião no jornal, e Brett me deu
minha primeira missão, uma batalha das bandas no campus imitando grupos
como o Zoom Zoom Bang, Lader Vader e Sterling Silver Lining. Conheci alguns dos
outros escritores, e todos eles pareciam tanto legais quanto não ameaçadores, o
que era bom.

278
— Então o que você vai fazer na noite de sábado? — Eu disse a Dusty naquela
noite quando deitamos na cama na Yellowfield House depois de uma sessão de
nudez silenciosa. Eu tinha sugerido para Hunter que podia ser uma boa ideia para
todos se eles isolassem o porão contra barulhos, mas ainda não tinha acontecido.
— Hum, esperançosamente fazer mais isso com você. — Ele acariciou minha
coxa e depois beijou onde sua mão estivera. — Eu ainda não contei todas essas
sardas.
— Não é por falta de tentativa. — eu disse, traçando sua tatuagem com meu
dedo. — Mas eu tenho que cobrir a batalha das bandas, e eu queria saber se você
viria comigo. Provavelmente será horrível, mas vai ser menos pior se você estiver
lá.
— Claro, Ruiva. — Ele continuou beijando subindo por minha perna, e eu
tive a sensação de que eu estaria confusa novamente em breve.
Eu tenho estado com tanto medo dele descobrir sobre meu papel na morte
de Nathan, e assim como isso, aquilo não importava. Eu passei quase um ano me
odiando e odiando o mundo e apenas odiando tudo, e isso fora o último desperdício
de tempo.
Isso foi o que Nathan quis dizer quando disse: — Viva o dia. — Ele não quis
dizer se embriagar, ou abandonar completamente quem eu era, ou isolar-me. Eu
sabia que isso, esses momentos com Dusty, e os momentos com Renee e Hannah
e com o resto das pessoas que me amavam, isso era a vida. E música, é claro. A
vida não valia a pena sem isso.
— O que você quer de aniversário? — Dusty disse um pouco depois de nos
enroscarmos novamente.
— Você vai pensar em alguma coisa. — eu disse, ainda um pouco ofegante.
Ele sabia como esgotar uma garota.
— Que tal um caminhão de doces? — Ele colocou o queixo em minha barriga
e eu acariciei sua cabeça.
— Eu ainda estou trabalhando no balde você me deu antes. — Estava no
canto de meu quarto, e apenas um terço tinha ido embora. Havia uma tonelada de
doces lá.
— Ou cupons para sexo oral?
— Eu preciso de cupons para conseguir isso agora?

279
Ele sorriu.
— Não, estou só brincando. Você está certa... Eu vou pensar em alguma
coisa.
— Eu te amo. — eu disse. Se havia alguma coisa que eu amava mais do que
realmente amar Dusty, era dizer isso em voz alta.
— Eu também te amo, Ruiva.
— Você acha que ele está no céu? Nathan? — Eu disse. Dusty e eu não
tínhamos conversado muito sobre ele, uma vez que ainda era uma ferida fresca
para nós dois, mas precisávamos. Nós não poderíamos seguir em frente juntos, até
termos lidado com nosso passado comum.
— Eu nunca acreditei em algo como vida após a morte, mas eu sinto como...
agora, que eu meio que preciso. Que eu tenho que acreditar que ele foi para algum
lugar bonito e feliz e seguro, porque se alguém merecia ir para lá, era Nate . —
Eu concordei com a cabeça, sabendo exatamente o que ele queria dizer.
— Ele tentou me limpar tantas vezes, e foi a morte dele que finalmente
conseguiu. Naquela noite, quando você me conheceu no hospital, eu estava em
minha reunião do grupo de apoio para viciados.
— Isso não deveria ser anônimo? — Dusty arrastou-se por meu corpo até que
estávamos cara a cara novamente.
— Você não vai contar a ninguém, certo?
— Eu juro. — eu disse, cruzando minha mão sobre meu peito, o que chamou
a atenção de Dusty para essa área.
— Faça isso de novo. — Eu fiz. — Adoro ver você se tocar. Você sabe quanto
isso é excitante?
Homens. Eles tinham obsessão por um único assunto.
— Olhos aqui em cima, amigo. — eu disse, colocando a mão sob o queixo
dele e elevando-o para que eu pudesse encontrar aqueles olhos verdes gloriosos.
— Certo. Grupo de apoio. — Ele tentou manter-se focado novamente.
— Quando você começou a ir? — Mudei minha mão para o topo de sua cabeça
e comecei a movê-la em círculos, e ele fechou os olhos.
— Logo após o funeral de Nate. Eu estava chapado, porque eu achava que
era a única maneira de eu conseguir passar por isso. Essa era a única maneira que
eu tinha para superar os obstáculos naquela época. Eu não sei o quanto ele contou

280
a você sobre nosso pai, mas ele não é nada para se orgulhar. Ele caiu fora da
mamãe de Nate e da minha logo que pôde e saiu da cidade para encontrar sua
próxima mulher. Eu tenho esses sonhos às vezes, que eu tenho todos esses outros
meios-irmãos lá fora, que eu não conheço e um dia eu vou me deparar com um
deles.
— Eu estava sentado lá, no funeral, e tudo que eu conseguia pensar era como
a culpa era minha e quanta vergonha Nate deveria sentir por me ter como irmão.
E eu tive um estalo que eu não tinha que fazê-lo sofrer mais. Eu poderia tentar
viver minha vida de uma maneira melhor. Então eu fui para casa e me livrei de
todas as drogas e bebidas e fui para minha primeira reunião do grupo no dia
seguinte. Foi difícil, no começo. Eu tive um monte de gente em minha vida que
alimentavam meu hábito, mas eu me livrei de todas elas, e então eu conheci Hunter
e ele foi meu primeiro amigo sóbrio em um longo tempo. Ele fazia parecer tão fácil.
Ele abriu os olhos e suspirou.
— Deu muito trabalho, mas eu fiz, porque era o que Nate iria querer.
— Ele chamou você de Buzz, quando ele falou sobre você. Eu sempre pensei
que era porque você tinha um corte militar ou que você era, tipo, Buzz Lightyear
ou algo assim.
Dusty riu um pouco.
— Não, é porque quando eu era pequeno, eu era obcecado por fazer barulhos
e eu costumava fazer um zumbido que deixava minha mamãe louca. Ela e a mamãe
de Nate costumavam nos juntar algumas vezes para que pudéssemos ter uma
ligação, e eu estava sempre fazendo isso, então mamãe e Nate e todo mundo me
chamavam de Buzz. Eu sinto tanta falta dele que dói fisicamente. — Dusty rolou
de costas, puxando-me para que eu deitasse em seu ombro. Eu enrolei nossas
pernas, e ele dançou os dedos para cima e para baixo em minhas costas.
— Eu sei. Eu sinto falta dele, também. Quando nos conhecemos, eu pensei
que ele estava tentando me pegar. Eu tinha ido a esta festa estúpida da
fraternidade com minhas amigas, e todas estavam destruídas e indo para casa com
outros caras, então eu não tinha uma carona, e ele apenas veio até mim e disse
que me levaria a qualquer lugar que eu quisesse ir.
Dusty beijou o topo de minha cabeça.

281
— Ele costumava fazer isso. Ir a festas e resgatar meninas. Ele me falou sobre
isso, e eu o acusei de tentar pegá-las, ou tirar proveito, porque isso era o que eu
teria feito. Eu te disse, eu era uma espécie de grosseirão naquela época.
— Bem, ele realmente me resgatou, e de certa forma, ele me oferecer uma
carona naquela festa me levou a você. Então ele meio que me escolheu para você,
de uma forma distorcida. — Eu olhei para ele.
— Ele sempre teve bom gosto.
Ambos sorrimos e compartilhamos um beijo suave que poderia ter levado a
mais, de novo, mas eu parei.
— Isso parece errado, ainda, ser tão feliz com você.
— Eu sei, Ruiva, mas vai levar tempo. Eu tenho esses momentos no meio da
noite quando eu tenho esse medo horrível de que tudo com você tenha sido um
sonho e eu acordo e então você está ali ao meu lado. Eu nunca pensei que algo tão
bom quanto você poderia acontecer com alguém como eu. Eu não mereço isso, mas
eu vou aceitar. — disse ele com um beijo em meu nariz, — e saborear... — ele
mudou para o canto de meus lábios, — e saborear e saborear... — os beijos foram
descendo e descendo até que era eu quem estava, hum, saboreando.

282
Capítulo 24
— Brett perguntou por você, — eu disse a Hannah na sexta-feira, quando
almoçamos após nossa aula. Pam foi aumentando a intensidade na preparação
para nosso primeiro teste, e todo mundo estava no limite. Se qualquer aula me
levasse a beber, seria essa.
Hannah engasgou-se um pouco com sua coisa de caramelo congelado do
Starbucks, e eu bati-lhe nas costas.
— Você está bem aí?
— O que quer dizer, ele perguntou sobre mim?
Quarta-feira tinha sido minha primeira noite de produção, e eu finalmente
tive que confessar a todos em Yellowfield e contar a eles o que eu estava fazendo.
A reação foi de surpresa no início, mas em seguida de êxtase quando alguém –
chamado Dusty – dera-lhes meu endereço do blog. Renee estava com raiva de mim
pela segunda vez naquela semana por não ter contado a ela. Aparentemente, ela
pensou que eu estava fazendo algo abominável e estava tentando descobrir há um
tempo.
Foi divertido sair com as outras pessoas que fizeram o jornal acontecer, e
Brett casualmente perguntara, enquanto estávamos lutando para obter o layout
certo para nossa seção, se eu sabia se Hannah estava saindo com alguém. Bem,
era mais como se ele perguntasse se Hannah e eu saíamos com um monte de caras,
e eu meio que li a essência entre as linhas.
— E? — Disse Hannah, pegando minha mão e agarrando-a com tanta força
que cortou minha circulação.
— Ai, solte-me, menina louca. Eu disse a ele que você não estava saindo com
ninguém, mas que saímos com um monte de caras.
— Ótimo, agora eu pareço uma vagabunda.
Eu balancei minha cabeça.

283
— Não, isso faz parecer que você tem um monte de interesses. Joguei com
isso de você estar saindo com, mas não namorando, esses caras. O que é verdade.
Você sai com Hunter e Mase e Paul e Dusty o tempo todo.
— Sim, salvo que cada um deles já tem dona.
Eu sorri.
— Brett não sabe disso.
— Sim, bem, apenas... — ela gaguejou.
— Calma. Ele é muito bonito, a propósito. — Brett era ainda mais adorável
do que Hannah divulgara. Quero dizer, ele tinha uma gravata borboleta e óculos e
tudo. Além disso, ele fez uma piada de Star Wars, uma referência a Breakfast Club
, e ele adorava Muse . Então ele era bom em meu livro. Ele também tinha sido tão
legal comigo e saíra de seu caminho para me ajudar a descobrir o que diabos eu
estava fazendo quando se tratava do jornal.
— Eu acho que ele está vindo para a batalha das bandas, apenas para
assistir. Dusty vem comigo, mas se você quisesse aparecer, provavelmente seria
uma boa ideia. — Eu não ia dizer a Hannah que Brett perguntara se ela iria. Isso
só iria deixá-la nervosa e iria fazê-la não querer ir.
— Eu acho que posso ir. Eu terei que verificar minha agenda. — Ela fingiu
abrir uma agenda imaginária e folhear algumas páginas enquanto murmurava
para si mesma.
— Aham, se eu passar isso para domingo e aquilo para a próxima terça-feira,
mas então eu teria que...
Eu bati minha mão na mesa.
— Hannah.
— Eu estou procurando! — Ela fechou a agenda imaginária. — Tudo bem,
eu posso fazer isso.
— Bom, porque eu estava prestes a bater em você.
***
A noite de sábado acabou por ser fabulosa. As bandas eram muito melhores
do que eu esperava, e com meu brilhante passe de imprensa ao redor de meu
pescoço, eu consegui conversar com eles antes e depois e corri para casa para
escrever meu artigo nas primeiras horas da manhã, enquanto Dusty tentava me
distrair com a língua.

284
Também foi uma boa noite para Hannah, que balançou o vestido vermelho
da festa da fraternidade, e Brett definitivamente reparou. Pobre homem. Ele ficou
tão nervoso ao redor dela que ele deixou cair a lata de soda que ele estava
segurando, errando o vestido por pouco. Eu pensei que ela fosse explodir, mas ela
apenas riu. Não, ela sorriu. Foi um sorrisinho que eu não a tinha ouvido emitir
antes, e eu sabia, sem sombra de dúvidas, que ela também gostava dele.
— Parabéns pelo seu sucesso como casamenteira. Talvez você devesse
escrever uma coluna sobre isso, — disse Dusty enquanto estávamos fazendo café
da manhã em Yellowfield no domingo de manhã para que todo mundo pudesse
continuar dormindo.
— Sim, já que eu tive tanta experiência em relacionamentos para que sirva
de algo. — disse eu, despejando uma panela cheia de bacon em um prato coberto
de toalhas de papel.
— Você pode fazer o que quiser. — Eu olhei para ele com desconfiança.
— Você não está me bajulando por mais sexo oral, não é?
— Espero que não estejamos no ponto de nosso relacionamento onde eu
tenho que lhe dar elogios vazios para conseguir alguma coisa de você.
— Está sentindo isso? — Eu disse, fungando. — São suas calças em chamas,
seu mentiroso. — Eu bati nele com a espátula e ele mergulhou em mim e nós
escorregamos para o chão e rolamos até que ele estava em cima de mim.
Alguém limpou sua garganta e nós dois olhamos para cima para encontrar o
rosto irado de Renee nos encarando.
— Sem sexo na cozinha. Estou acrescentando isso às regras.
Dusty saiu de cima de mim e me ajudou a levantar.
— Bacon? — Ele segurou o prato para ela como uma oferta de paz. Ela pegou
alguns pedaços e começou a mastigá-los.
— Eu estou de olho em vocês, — disse ela, indo para a cafeteira.
— Então, — eu disse, pegando um pedaço de bacon para mim, dividindo-o
ao meio e dando um pedaço para Dusty, — Ouvi dizer que eles têm essa coisa
agora, onde, no dia em que você nasceu, pessoas fazem festa e dão-lhe presentes e
outras coisas. Eu também ouvi rumores de bolo, mas isso ainda não foi confirmado
por enquanto.

285
Meu aniversário era na sexta-feira seguinte e eu estava ficando impaciente,
porque eu sabia que eles estavam planejando coisas nas minhas costas.
Renee olhou para mim com uma cara inocente quase crível.
— Eu não tenho ideia do que você está falando. — Eu definitivamente não
perdi o olhar que ela compartilhou com Dusty, então eu fui para ele em seguida.
— O quê? — Disse ele, seu rosto uma máscara semelhante de inocência. —
Eu também não tenho nenhuma ideia do que você está falando.
Eu olhei para os dois e peguei o prato de bacon e fugi com ele, e ambos me
perseguiram até que Dusty me pegou e tirou-o de mim.
— Não é justo, — disse eu, quando Renee estendeu o prato para Darah e
Mase enquanto desciam as escadas.
— Sem acúmulo de bacon. Essa é outra regra, — disse Renee.
— Nós realmente devíamos escrever isso, — disse Darah. — Regras da Casa
Yellowfield.
Passamos a hora seguinte escrevendo as regras, algumas das quais eram
boas, como abaixar a tampa do vaso sanitário, e algumas eram ridículas, como não
acumular bacon.
Olhei para todos eles e me dei conta de que, gostando ou não, esta era minha
família agora. Eu não podia sequer imaginar viver mais sozinha. Quando eu estava
com meus pais, eu ficava cercada por irmãos e barulho e caos, mas eu sempre me
senti completamente sozinha.
Mas aqui, nesta casa, eu tinha encontrado pessoas que me aceitaram, sem
perguntas. Eles gostavam de mim e queriam-me ao redor, e eu queria a mesma
coisa. E era nesses momentos que eu ouvia a voz de Nathan mais alto.

286
Capítulo 25
Sexta à noite eu fui sequestrada da Yellowfield House por Dusty. Grande
surpresa. Ele amarrou uma venda em torno de minha cabeça e me fez usar seu
iPod, o que é mais difícil do que parece. Ele dirigiu e dirigiu, e eu estava me
perguntando onde diabos estávamos indo, mas ele não estava me dando nada.
— Qual é, Dusty.
— Eu juro, se você tirar essa coisa, você receberá zero de sexo de aniversário.
— Eu suspirei e deixei a maldita coisa, e ele riu.
— Sim, bem, eu me lembrarei disso quando chegar a hora do seu aniversário,
mantenha isso em mente.
— E nós estamos aqui. — ele disse, desacelerando o carro e, em seguida, o
estacionando.
— Já posso tirar essa coisa?
— Não... Fique aí. — Ele saiu do carro e abriu a porta para mim, e eu peguei
a mão dele quando ele me levou para o que ele esteja me levando.
Alguém abriu uma porta para nós, e nós pisamos dentro de algum tipo de
edifício. O cheiro era familiar, e em um segundo a mão de Dusty estava na parte
de trás da minha cabeça retirando a venda dos olhos, eu sabia onde estávamos.
— Surpresa! — Todo mundo gritou quando a venda caiu, revelando que
estávamos de fato em Bull Moose.
Mesmo que eu soubesse onde estávamos, eu ainda estava chocada com a
quantidade de pessoas.
Todos os moradores da casa amarela estavam aqui, assim como Megan,
Jake, Hannah, Brett, alguns dos meus novos amigos do jornal e alguém que eu
não tinha visto em meses.
— Matt? — Eu disse, e ele sorriu para mim, e todo o nosso relacionamento
veio à tona.
— Olá, Jos. — disse ele, que vindo e me dando um abraço.

287
— Oh, meu Deus, eu não te vejo há tanto tempo. Você veio até aqui?
— Eu nunca teria perdido seu aniversário. — disse ele, dando-me um abraço
melhor do que ele tinha quando estávamos namorando. — Eu sinto falta de você,
também.
— Eu sinto sua falta. — Eu não poderia ajudar, mas sentia falta dessa parte
da minha vida, porque mesmo que eu não o amasse mais, eu tinha, e você não
poderia abrir mão de algo assim, mesmo meses depois.
— Você está bem. Diferente, mas bem. Obrigada por me convidar. — Ele disse
a última parte a Dusty, e eu me virei.
— Você o convidou?
— Eu pensei que você deveria ter algo do seu velho eu. Você sabe, algo velho,
algo novo.
— Isso é para casamentos, Dusty.
— Eu sei, mas não poderia machucar, não é? — Ele passou os braços em
volta da minha cintura.
— Nem um pouco. — Eu lhe dei um beijo e todo mundo veio dizer Olá.
— Não é isto contra a política da empresa? — Eu disse enquanto olhava para
a mesa coberta de presentes e percebi que havia balões amarrados em todos os
lugares, também.
— Hum, eu puxei algumas cordas. — disse Dusty. — A loja é sua. Essa é a
outra parte do seu presente. Você pode passar e pegar o que quiser. Quero dizer,
você não pode ter toda a loja, mas vai enlouquecer.
Coloquei meus braços em volta de seu pescoço.
— Eu posso ter tudo o que eu quero?
— Qualquer coisa. — ele disse, inclinando-se e colocando sua testa contra a
minha.
— Então eu escolho você.
— Você me tem, Ruiva. Eu sou seu. O que mais você quer?
Fingi pensar e, em seguida, o beijei.
— Isso.
— Isso é bom. O que mais?
Beijei-o novamente.
— Mais alguma coisa?

288
— Talvez o novo do Avett Brothers? E A Fine Frenzy? E Ed Sheeran, e Sparks
the Rescue, e Pete Kilpatrick, e Sia, e The Airborne Toxic Event, e…
Ele me cortou com um beijo.

Fim

289

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