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RIBEIRO, Janille Maria. O uso do castigo físico em crianças e adolescentes como prática educativa:
algumas perspectivas da Sociologia, Filosofia e Psicologia

O uso do castigo físico em crianças e adolescentes como


prática educativa: algumas perspectivas da Sociologia,
Filosofia e Psicologia

The use of physical punishment in children and adolescents as


an educational practice: some perspectives from Sociology,
Philosophy and Psychology

El uso del castigo físico en niños y adolescentes como práctica


educativa: algunas perspectivas de la Sociologia, Filosofía y
Psicología
Janille Maria Ribeiro1
Resumo
Com a finalidade de buscar subsídios teóricos para a discussão sobre o uso do castigo físico em crianças e adolescentes no Brasil
foram feitas leituras de algumas obras da Sociologia, Filosofia e Psicologia. Em Durkheim foi possível perceber que a violência não
coaduna com os propósitos educativos. Já, Kant considera que o aprimoramento da criança é a finalidade das punições físicas.
Arendt contribui com o conceito de crise da autoridade nas famílias e Vigotski posiciona-se contra a palmada porque a criança deixa
de fazer algo errado porque foi amedrontada ou humilhada e não porque entendeu o erro cometido. O castigo físico teria lugar,
segundo Adorno, quando aplicado de forma consciente e sem originar-se no principio da violência. Com base nessas leituras foi
possível concluir que o uso do castigo físico é uma temática que pede uma complexa discussão, se uma mudança sociocultural no
Brasil quiser ser implementada.

Palavras-chave: castigo físico, crianças, adolescentes, educação.

Abstract
In order to search for theoretical support to discuss the use of physical punishment in children and adolescents in Brazil, readings of
some works of sociology, philosophy and psychology were made. In Durkheim it was possible to perceive that violence is not
consistent with educational purposes. Kant considers that the improvement of a child is the purpose of physical punishments. Arendt
contributed to the concept of crisis in family authority and Vigotski is opposed to spanking because the child does not do something
wrong due to being frightened or humiliated, and he or she does not understand the error. Physical punishment would take place,
according to Adorno, when applied consciously and without having as its origin the principle of violence. Based on these readings it
was concluded that the use of physical punishment is an issue that calls for a complex discussion if a socio-cultural change in Brazil
is to be implemented.

Keywords: corporal punishment, children, adolescents, education.

Resumen
Con el fin de buscar fuentes teóricas para analizar el uso del castigo físico en los niños y adolescentes en Brasil, se realizaron
lecturas de algunas obras de la sociología, la filosofía y la psicología. En Durkheim fue posible percibir que la violencia no es
consistente con fines educativos. Kant considera que el propósito de los castigos físicos es la mejora de un niño. Arendt contribuyó
com el concepto de crisis de autoridad familiar y Vigotski se opone a nalgadas porque el niño deja de hacer algo mal debido a tener
miedo o ser humillado y no porque entiende el error. El castigo físico seria adecuado, según Adorno, cuando se lo aplica de manera
consciente y sin tener como origen el principio de la violencia. Sobre la base de estas lecturas se concluyó que el uso del castigo
físico es una cuestión que exige una compleja discusión si un cambio socio-cultural en Brasil debe ejecutarse.

Palabras clave: castigo corporal, niños, adolescentes, educación.

1
Psicóloga e mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará e professora da PUC (Pontifícia Universidade Católica)
Goiás.

Pesquisas e Práticas Psicossociais – PPP - 9(2), São João del-Rei, julho/dezembro/2014


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Sequências complexo e, muitas vezes, controverso, é o


Eu era pequena. A cozinheira Lizarda assunto em questão.
tinha nos levado ao mercado, minha Inicialmente é importante destacar que
irmã, eu. não é uma prática nascida entre os índios
Passava um homem com um abacate na brasileiros. Foram os capuchinhos que
mão e eu inconsciente: introduziram o uso do castigo físico em crianças
“Ome, me dá esse abacate...” no Brasil, pois os índios não o faziam com seus
O homem me entregou a fruta madura. filhos (Azevedo & Guerra, 2010). Desde a
Minha irmã, de pronto: “vou contar pra colonização com os jesuítas existia a prática dos
mãe que ocê pediu abacate na rua.” castigos corporais. Os açoites e castigos eram
Eu voltava trocando as pernas bambas. usados como formas de extirpar vícios e
Meus medos, crescidos, enormes... pecados dos pequenos indígenas (Priore, 1996).
A denúncia confirmada, o auto, a A visão da infância trazida pelos europeus ao
comprovação do delito. Brasil era de uma concretização do pecado
O impulso materno... consequência cometido entre os pais que geraram a criança
obscura da escravidão passada, (Costa, 1983).
o ranço dos castigos corporais. No contexto europeu do fim do século
Eu, aos gritos, esperneando. XVIII, Foucault (2011, figura 29) relata a
O abacate esmagado, pisado, me sujando existência de uma máquina a vapor, que dava
toda. açoites e palmadas, para correção de meninos e
Durante muitos anos minha repugnância meninas que apresentavam mau
por essa fruta comportamento. Donzelot (1986) explana que a
trazendo a recordação permanente do preocupação com o uso dos castigos físicos em
castigo cruel. crianças estava presente no final do século XIX,
Sentia sem definir, a recreiação dos que prática exercida na escola e na família.
ficaram de fora, No Brasil ocorreu uma “europeização”,
assistentes, acusadores. ou seja, uma adesão aos costumes e cultura
Nada mais aprazível no tempo, do que europeus por parte dos brasileiros, desde a
presenciar a criança indefesa colonização, com acentuação do processo a
espernear numa coça de chineladas. partir do século XVIII. De acordo com Costa
“É pra seu bem,” diziam, “doutra vez (1983), no Brasil, ocorreu um processo
não pedi fruita na rua.” denominado aculturação. O autor utiliza esse
( termo para falar do processo que ocorre quando
Coralina; 1985, p.125) uma cultura, autodenominada “superior”, se
sobrepõe e anula a cultura já estabelecida no
contexto social vigente. Portanto, o uso do
Sentimentos que fundamentam castigo físico em crianças para educá-las foi
argumentos: uma introdução. uma das práticas europeias acolhidas no Brasil.
No contexto nacional e no mundial, ao
longo de séculos, foram construídos marcos
Lembranças e sentimentos podem vir à
legais para a proteção à infância que, segundo
tona em muitos leitores que se deparam com
Ariès (1981), passou a ser valorizada e
esse escrito de Cora Coralina. O que foi vivido
protegida mais acentuadamente a partir do
ou o que foi presenciado na infância de muitas
século XVII.
pessoas é algo bastante enraizado na cultura
Após esse breve recorte histórico,
brasileira: o uso do castigo físico em crianças,
segue, neste ensaio teórico, um apanhado de
como prática educativa.
marcos legais mundiais e nacionais de proteção
Gerações após gerações podem contar,
à infância, bem como obras da Sociologia,
às vezes rindo, às vezes chorando, como
Filosofia e Psicologia que foram selecionadas
sofreram punições físicas dadas por pais, tios,
para subsidiar uma discussão sobre o uso do
professores, irmãos mais velhos, avós. O que a
castigo físico em crianças e adolescentes no
memória de muitos adultos ainda guarda com
Brasil.
relação ao castigo físico que sofreram na
O arcabouço teórico deste trabalho
infância pode conter aspectos ligados à raiva,
apresenta as diversas perspectivas dos autores
medo, desespero, impotência, dor,
de obras literárias, históricas, acadêmicas, mas
incompreensão, mas, também, indiferença e até
se distancia da “voz” da criança que chora por
gratidão. Outros aspectos, certamente podem
sofrer a coça de chineladas, pois a afetividade e
emergir, dada a diversidade humana, e, neste
a visão da infância sobre o assunto não foram
artigo, será possível vislumbrar o quão
tratadas devido à necessidade de realizar um

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recorte teórico. No entanto, é por compreender adolescente”4. A punição física de crianças e


que o uso do castigo físico em crianças e adolescentes é considerada uma violência,
adolescentes pode causar dor, humilhação e mesmo a chamada punição leve, na medida em
sofrimento que trabalhos como este são que toda punição corporal implica dor física.
construídos. Essa dor objetiva disciplinar ou castigar, no
corpo do indivíduo, as faltas reais ou
Legislações, teorias e senso comum: o supostamente cometidas sendo, por isso,
que dizem a respeito do uso do também chamada punição ou castigo corporal
(Azevedo & Guerra, 2010).
castigo físico? Apesar da aprovação da lei, é possível
vislumbrar um cenário dividido quanto ao
Documentos internacionais foram acolhimento da proposta legal. Uma pesquisa
sendo elaborados ao longo de anos, feita em 2010 sobre a utilização do castigo
paulatinamente, denotando uma preocupação físico como forma de educar os filhos mostrou
com o uso da violência, principalmente a física, que 54% dos brasileiros foram contra a
contra crianças. Segundo Basílio (2011), a aprovação da lei que proíbe os referidos
Declaração dos Direitos da Criança aprovada castigos e somente 36% foram favoráveis à
pela ONU (Organização das Nações Unidas) em aprovação do projeto. Esses números mostram
1959 e a Convenção das Nações Unidas sobre como há uma defesa do uso do castigo físico
os Direitos das Crianças de 1989 foram pela maioria da população brasileira ouvida na
documentos que contribuíram para inspirar a época (Souza, 2011).
Constituição (1988) e o Estatuto da Criança e do No outro extremo, há campanhas
Adolescente (1990) no Brasil. Kaloustian nacionais que tentam mobilizar pessoas a
(2010) afirma que o Ano Internacional da pensarem e agirem contra a palmada, como é o
Criança (1979) e o Pacto pela Infância (1990), caso da “Rede Não Bata Eduque” 5. Existe
além do Ano Internacional da Mulher (1975) e o também um movimento contra o uso da
da Família (1994), foram outros fundamentos palmada dirigido pelo Laboratório de Estudos
para modificar práticas e perspectivas sobre a da Criança (Lacri), do Instituto de Psicologia da
infância no Brasil e no mundo. Universidade de São Paulo (USP), que coordena
Há, no Brasil, desde 2003, um Projeto a Campanha “Palmada deseduca”6.
de Lei (PL), popularmente chamado de “lei da No âmbito acadêmico, a construção de
palmada”, que pretende mudar essa marca bases para defender ou rechaçar o uso de
cultural de punir crianças para educá-las. Em castigos físicos para educar crianças também é
2011 foi aprovado o parecer do PL 7672/2010, alvo de muitas controvérsias. Este trabalho
que altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho de apresenta algumas posições em obras da
1990, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e Sociologia, Filosofia e Psicologia para
do Adolescente, para estabelecer o direito da contribuir para o debate e a reflexão sobre esse
criança e do adolescente de serem educados e tema tão caro a governos, famílias, educadores,
cuidados sem o uso de castigos corporais ou de crianças e adolescentes. Autores clássicos como
tratamento cruel ou degradante, mesmo para Durkheim, Kant, Arendt, Adorno e Vigotski são
fins pedagógicos2. Em maio de 2014, a os componentes para o debate a respeito do uso
Comissão de Constituição e Justiça e de da punição física no processo educativo de
Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados crianças. A seleção do arcabouço teórico deste
aprovou a redação final desse Projeto que trabalho se deu a partir de leituras que já
passou a se chamar Lei Menino Bernardo3. O vinham sendo feitas por mim, acrescidas de
nome foi escolhido para homenagear o garoto outras advindas de uma disciplina cursada, em
de 11 anos, Bernardo Boldrini, que foi morto 2013, no Doutorado em Educação da Faculdade
em abril de 2014 e tem os pais como os de Educação da Universidade Federal de Goiás,
principais suspeitos do crime. como aluna especial.
O texto da nova lei define castigo físico Para iniciar esse debate, é importante
como “ação de natureza disciplinar ou punitiva fomentar uma breve discussão sobre o conceito
com o uso da força física que resulte em de educação na visão de um dos autores aqui
sofrimento físico ou lesão à criança ou abordados. Segundo Durkheim (2001), a
história humana impede que haja um conceito
universal e único de educação, pois ela variou
2
4
http://www.camara.leg.br/internet/ordemdodia/ordemDetalh http://coad.jusbrasil.com.br/noticias/120001949/camara-
ereuniaoCom.asp?codreuniao=28096. aprova-proibicao-de-castigos-fisicos-em-criancas.
3 5
http://coad.jusbrasil.com.br/noticias/120001949/camara- http://www.naobataeduque.org.br.
6
aprova-proibicao-de-castigos-fisicos-em-criancas. http://www.ip.usp.br/laboratorios/lacri/nonviolent2.htm.

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de acordo com diferentes tempos e regiões. É se quisermos que eles sejam aceitos. Afirma:
preciso olhar para o processo histórico e seus “Há, pois, em cada momento do tempo, um tipo
contextos para entender os sistemas de regulador de educação de que não nos podemos
educação. Faz parte, também, da compreensão desligar sem chocar com as vivas resistências
do que é educação a organização da religião e que reprimem as veleidades das dissidências”
da política, o grau de desenvolvimento das (Durkheim, 2001, p.47).
ciências e da produção industrial, dentre outros O componente social na construção da
fatores. Determinadas características na educação e do ser humano, na teoria
educação de um povo, em um dado momento durkheimiana, é muito forte. A educação possui
histórico, existem para afirmar sua cultura e grande peso na construção do indivíduo, pois o
constituição, pois a uma sociedade não que nele é inato é muito geral e vago. Ninguém
interessaria fomentar e fortalecer uma educação nasce criminoso ou sacerdote. O que a criança
que a mortificasse. herda dos pais são fatores muito gerais que
Outra característica definidora da podem servir a uma gama de finalidades
educação, em Durkheim (2001), é que, em diferentes. “Quer dizer que o futuro não está
qualquer sociedade, o sistema educativo estreitamente predeterminado pela nossa
apresenta duplo aspecto porque é uno e múltiplo constituição congênita” (Durkheim, 2001, p.64).
ao mesmo tempo. O aspecto múltiplo se É papel da sociedade nortear a
apresenta nas diferenças culturais e políticas em educação no sentido de estabelecer o que deve
uma mesma sociedade, seja de classes ou de ser ensinado para que não haja uma
castas. Apesar das diferenças, há uma base heterogeneidade ou conflito no que for
comum a todas, representada, por vezes, pela transmitido às gerações. Durkheim explicita a
religião ou por conhecimentos que devem ser condição social da construção da moralidade no
adquiridos por todos. A educação teria, ser humano quando explana: “Todo o sistema
portanto, um papel homogeneizador e, de representação que mantém em nós a ideia e o
concomitantemente, diferenciador. sentimento da regra, da disciplina, tanto interna
O autor defende que a multiplicidade como externa, é a sociedade que o institui nas
na educação é inevitável quando passa a nossas consciências” (Durkheim, 2001, p.57). O
preparar a criança, em certa idade, para que é certo ou errado é ensinado às gerações
desempenhar determinada profissão na mais jovens por meio de métodos e ferramentas
sociedade. Há uma especialização cada vez que demarcam um contexto histórico e cultural
mais precoce no preparo do sujeito para realizar vigente. A sociedade não constrói somente a
certas tarefas e isso se daria nos países mais base moral, mas também intelectual, esclarece o
“civilizados” (Durkheim, 2001, p.50). Ele não autor.
ignora as desigualdades imanentes nesse Durkheim (2001) destaca que a palavra
processo que defende, mas considera que esse educação deve ser reservada para a influência
seria um preço a pagar para que uma sociedade que adultos exercem sobre os jovens. Para
mais civilizada não retornasse às estruturas pré- existir educação é preciso uma ação de uma
históricas onde não havia diferenciação. A geração de adultos sobre uma geração de
especialização produz a cooperação entre jovens. Gerações anteriores construíram os
indivíduos. costumes e ideias que determinaram um modelo
Durkheim (2001) afirma que o objetivo educativo. Em si mesma, a educação é o meio
da educação é a constituição do ser social em pelo qual gerações adultas preparam as
cada indivíduo. Não há um movimento condições físicas, morais e intelectuais para as
espontâneo, por parte do ser humano, de crianças ou gerações ainda não maduras.
submeter-se a uma autoridade política, a uma Nesse contato entre mais velhos e mais
divindade ou a respeitar uma disciplina moral. É novos, Durkheim (2001) faz uma importante
a sociedade que forma e consolida valores e advertência:
moral. Na perspectiva do autor, o ser individual Se professores e pais sentissem, de uma
é que ganha vida junto com a criança que nasce. forma mais constante, que nada se pode
Uma “tábua quase rasa” (Durkheim, 2001, p.54) passar diante da criança sem deixar nela
surge a cada nova geração. A hereditariedade alguma marca, que o moldar do seu
pouco transmite em comparação ao que a espírito e do seu caráter depende destas
educação pode fazer. A ela cabe transformar o milhares de pequenas ações insensíveis
ser individual egoísta e não social em outro que produzem a cada instante e aos quais
capaz de ter uma vida social e moral. não prestamos atenção por causa da sua
Esse autor claramente adverte que não insignificância aparência, como zelariam
é possível educar filhos da forma que se deseja mais pela sua linguagem e pela sua
porque é preciso prepará-los para a vida social conduta! (p.66)

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humanidade e permite ao ser humano encontrar


Prossegue esclarecendo que os usos de seu destino que é a razão. Aliada à disciplina
formas violentas na educação não produzem está a instrução que acrescenta ao indivíduo o
bons proveitos: “Seguramente, a educação não conhecimento da educação.
pode chegar a grandes resultados quando É preciso dar limites ao indivíduo a
procede por safanões bruscos e intermitentes” partir da fase prelinguística, quando o bebê só
(Durkheim, 2001, p.66). A violência, para esse se comunica chorando e por meio de posturas
autor, não coaduna com os propósitos corporais. O choro não pode se tornar o
educativos: “Não é necessário demonstrar que a mandante das ações dos adultos sobre a criança,
autoridade, assim entendida, nada tem de de modo que ela consiga tudo por meio das
violento nem de coercitivo: consiste lágrimas. Se assim os adultos procederem
inteiramente num certo ascendente moral” podem, posteriormente, correr o risco de aplicar
(Durkheim, 2001, p.68). “duríssimas punições” (Kant, 1996, p. 46).
Diante do exposto, é possível pensar Quanto ao uso de punições físicas,
algumas ponderações para dialogar com as Kant (1996) adverte que elas podem ser mal
ideias de Durkheim a respeito da temática do empregadas. Querer que, ao receber um golpe
uso do castigo físico na educação de crianças e de um adulto, uma criança mostre gratidão pelo
adolescentes. A palmada foi considerada que sofreu, beijando-o, e que não guarde
necessária e bastante útil em vários contextos ressentimentos é, para Kant, estímulo a que ela
sociais e históricos, como apresentado na seja dissimulada e falsa: “pode-se imaginar
introdução deste ensaio. O castigo físico poderia facilmente com que coração a criança beija a
ser pensado como uma ferramenta para atingir a mão de quem lhe bateu” (Kant, 1996, p. 48).
base comum, em uma sociedade, no ensino de Provavelmente existia a intenção de que o
uma criança, quando foi utilizado não somente castigo físico não fosse associado a algo ruim e
na família, mas também na escola. Foi um que quem batia merecia gratidão, pois estava
aliado do processo educativo, pois conduziu a fazendo uma ação que beneficiaria a criança no
criança no caminho do ser individual para o ser presente e no futuro. Nesse trecho, Kant não
coletivo e na construção tanto da moralidade advoga contra a palmada, mas parece querer
quanto do intelecto. colocá-la em uma circunstância adequada no
Assim como Durkheim, Kant (1996) processo educativo.
também defende que uma geração educa a Em outro momento de suas
outra. Há uma grande responsabilidade nesse orientações, Kant (1996) explana sobre a
repasse da educação porque, se existir a falta de educação diferenciada dada por mães e pais. As
disciplina e instrução em certos homens, eles mães não deixam seus filhos correr e pular de
serão mestres ruins de seus educandos. um lado a outro com receio que se machuquem.
O ser humano não é bom nem mau por No entanto, os pais deixam os filhos correr e
natureza, segundo Kant (1996), porque não há brincar, dando maior liberdade, conforme a
nele moralidade inata. Faz o certo ou errado a idade, e, mesmo que briguem e os castiguem
partir do desenvolvimento da razão que o leva fisicamente quando se mostram mal educados,
aos conceitos do dever e da lei. Os indivíduos se conquistam mais o afeto dos meninos do que a
destinam a sair do estado natural de barbárie própria mãe. Mais uma vez, o autor não se
animal. Quando as crianças são mandadas à posiciona contra o castigo físico, porém
escola, não é, prioritariamente, para que contextualiza essa prática em um momento
adquiram instrução, mas para que, desde cedo, específico.
dominem seus caprichos, vontades e obedeçam Kant (1996) fala, para casos de
ao que lhes é mandado. É preciso submetê-las desobediência, em punições físicas que devem
aos ditames da razão. ser usadas com precaução, “para que não gerem
Kant (1996) afirma que o ser humano é disposição servil” (p. 84). O castigo físico deve
a única criatura que precisa ser educada, é um ser usado como um complemento à punição
ser que vive na infância e em processo de moral, que retira do indivíduo sentimentos de
educação constante. Diferente dos animais, o ser honra e apreço. Quando, por exemplo, uma
humano não possui, desde o nascimento, um criança mente, deve ser tratada com desprezo ou
projeto pronto para se desenvolver e sobreviver ser humilhada. Se não surtir efeito, então a
sozinho, pois seus recursos instintivos são palmada deve ser aplicada.
insuficientes. Então, sem essa capacidade Os castigos físicos devem ser
imediata de realizar projetos de vida, o ser empregados somente como
humano necessita de auxílio para sobreviver e complementos à insuficiência das penas
se humanizar. A disciplina é defendida como a morais. Quando as penas morais
ferramenta que transforma a animalidade em deixaram de ter eficácia, e se recorre aos

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castigos físicos, então, não se consegue (2011), o despotismo era desconhecido na


mais formar um bom caráter. Mas, no esfera pública, mas bastante comum no âmbito
início, a coação física deve suprir a falta privado e doméstico. O déspota não estava apto
de reflexão na criança. (Kant, 1996, p. para fins políticos porque seu poder para coagir
85). era incompatível com a liberdade dos demais e
até com sua própria liberdade. A família era,
A criança sofre no corpo, ou seja, portanto, local de dominação e exercício de
fisicamente, o que não consegue, ainda, poder, mas não de autoridade. Então, seguindo o
entender cognitivamente, para que aprenda o raciocínio do conceito de autoridade em Arendt
que se quer ensinar. Kant deixa claro nas suas e dialogando com a temática deste trabalho, a
considerações que o aprimoramento das palmada não poderia representar um exercício
crianças é a finalidade das punições físicas e de autoridade dado seu caráter violento e
que as crianças devem entender a associação coercitivo. Provavelmente seria mais adequado
entre o erro e o castigo para que sejam falar que o autoritarismo se faz presente por
indivíduos melhores. “Em geral, é preciso agir meio do castigo físico e não a autoridade.
de modo que as próprias crianças percebam que Se Arendt (2011) alertou para uma
o fim das punições aplicadas é o seu reflexão sobre o conceito de autoridade,
aprimoramento” (Kant, 1996, p. 85). O filósofo Vigotski (2003) apontou uma instabilidade da
recrimina o uso do castigo físico de forma moral na sociedade capitalista de sua época e
frequente, pois, ao invés de aprimorar a criança, ambos possuem reflexões bastante pertinentes
a torna intratável e obstinada. para a contemporaneidade. Essa instabilidade
A partir da obra analisada, é possível dos padrões morais representa um perigo para
concluir que Kant se posiciona a favor do uso as crianças porque gera rejeição às normas e
do castigo físico em crianças, em determinadas arbitrariedade no comportamento infantil.
situações, para lhes ensinar fundamentos, Vigotski (2003) possui uma
principalmente de âmbito moral. No discurso do compreensão do desenvolvimento infantil
filósofo, é possível perceber sua preocupação ocorrendo por intensa influência do meio social
em situar devidamente o castigo físico no e concebe que a criança está sempre se
processo de ensino da criança. Tanto as adaptando a ele. A concepção de que um
punições morais como as físicas teriam como determinado sujeito é mau ou bom por natureza
objetivo a construção da moralidade e é errônea porque a criança passa por um longo e
intelectualidade da criança0 que deveria rejeitar doloroso processo de aprendizado para
seus caprichos e vontades individuais para corresponder ao que seu contexto sócio-cultural
tornar-se um sujeito coletivo. e histórico exige dela. Quando uma criança
O uso da força e do intelecto pelo comete um erro, a responsabilidade deve recair
adulto sobre a criança, com o argumento de lhe sobre o meio onde ela está inserida, na educação
ensinar, permite o surgimento, nessa discussão, (mal) recebida, mas não na criança.
do conceito de autoridade (Arendt, 2011).
Arendt faz considerações inquietantes sobre o No momento do nascimento e no
conceito, pois, segundo ela, a autoridade, que é decorrer de toda a infância, a criança é
essencialmente política, encontra-se permeada um organismo sumamente desadaptado,
por controvérsias e enganos em sua definição. não equilibrado com o ambiente. Por
Para esclarecer tais equívocos, a autora defende isso, ela sempre precisa de um equilíbrio
que a autoridade exclua o uso de meios externos artificial, com a ajuda dos adultos.
de coerção, de força. Também é incompatível (Vigotski, 2003, p. 205).
com a persuasão que pressupõe igualdade e
opera por meio de argumentos: “Se a autoridade A criança não é um ser terminado, mas
deve ser definida de alguma forma, deve sê-lo, em desenvolvimento e seu comportamento se
então, tanto em contraposição à coerção pela constitui sob a influência de uma ação
força como à persuasão através de argumentos” sistemática do ambiente, assim como por vários
(Arendt, 2011, p. 129). ciclos de evolução do próprio organismo
O que a autoridade é, para essa infantil. O processo de desenvolvimento da
filósofa, desvela-se a partir de Platão e com criança se dá de forma dialética, mediante o
origem na cultura romana. A família, na aparecimento de contradições e da passagem da
Antiguidade, era um espaço permeado por quantidade para a qualidade. Não é um processo
relações coercitivas. A coação existia no âmbito fácil, é doloroso. “Como um dente que vai
privado na figura do déspota que era o chefe cortando a gengiva, a criança entra com dor e
familiar. Ele governava os membros de sua força na vida” (Vigotski, 2003, p. 206). Diante
família e os escravos da casa. Segundo Arendt dessa inquietante afirmação uma questão deve

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ser levantada para reflexão: como muitos quadruplicada influência educativa do meio”
adultos tratam a dor de crescer com a dor (Vigotski, 2003, p. 216).
advinda da palmada? A tarefa educativa deve estabelecer a
Não cometer determinado ato sempre adaptação da criança e de suas reações às
se deu, conforme Vigotski (2003), por meio da condições do ambiente. No entanto, Vigotski
expiação e do castigo. Esses meios não (2003), reiteradamente, alerta para as condições
conduzem um sujeito a uma genuína moral, pois desarmônicas e contraditórias do contexto social
ele não terá a consciência do que é certo ou não em que viveu e, por responsabilidade desse
fará determinado ato por considerá-lo imoral, meio, alguns indivíduos elaboram, dentro de si,
mas por medo das consequências ruins que formas antissociais de conduta. Como exigir
podem advir. Portanto, castigar uma criança que uma criança faça o que é correto se seu
com uma palmada porque ela pediu uma fruta a entorno é incoerente? Portanto, mais uma vez, é
um estranho não é lhe ensinar a ser moral. Ela possível encontrar argumentos desfavoráveis ao
não aprenderá o que é moral, mas aprenderá a uso da palmada, porque recai sobre os adultos e
não fazer o “errado” porque pode apanhar de a sociedade como um todo, e não sobre as
novo. O indivíduo aprenderá a evitar o crianças, a existência das injustiças e
desagradável. incoerências sociais, assim como a
Esse tipo de pedagogia, de acordo com responsabilidade de construir um meio coerente
Vigotski (2003), também instiga o indivíduo a e justo para todos.
quebrar a regra, ser ousado e forte. O rebelde é Evitar a dor seria a verdadeira proposta
visto de forma atraente porque demonstra da pedagogia explicada por Vigotski. Suportar a
coragem diante da regra. No livro O Meu Pé de dor seria uma diretriz de um tipo de educação
Laranja Lima, de Vasconcelos (2005), há da severidade apontada por Adorno (1995).
inúmeras cenas em que o protagonista Zezé, a Essa severidade estaria associada à força e à
revelia de todas as surras já sofridas, comete disciplina para constituir um ideal de homem. O
atos que inflamam a ira de vizinhos e familiares. fato de ser severo significa indiferença contra a
Torna-se hábil no comportamento de fuga dor em geral, inclusive contra a própria dor.
porque sabe que, se apanhado, sofrerá a sanção, Adorno (1995) defende que é preciso promover
mas ela não o impede de desfrutar uma uma educação que não premia a dor nem a
travessura. capacidade de suportá-la. Refletindo com as
O autoritarismo também é criticado por proposições desses dois autores, é possível
Vigotski, pois não contribui para construir um perceber o quanto a questão da dor está atrelada
ideal pedagógico. A criança deixa de fazer algo à educação, seja para evitá-la ou para saber lidar
errado porque foi amedrontada ou humilhada e com ela. O castigo físico, como uma ferramenta
não porque entendeu o erro cometido. “Por isso, de ensino, estaria, possivelmente, encaixado
o valor moral da obediência nos parece nessa associação entre a dor e a educação.
insignificante, e o bom comportamento, O castigo físico teria lugar, segundo
comprado a esse preço, não representa, de Adorno (1995), quando aplicado de forma
acordo com nossa opinião, o ideal pedagógico” consciente e sem originar-se do principio da
(Vigotski, 2003, p. 218). Segundo esse autor, a violência, quando os pais, por exemplo, dão
virtude existente no sistema de prêmios e uma palmada na criança que retira as asas de
punições é que cada ato da criança retorna a ela uma mosca. De acordo com esse autor, seria um
como impressão do que faz aos outros, ou seja, momento de exercício de autoridade que
o prazer relacionado a uma ação impulsiona o contribuiria para o processo de desbarbarização.
sujeito a realizá-la. Em Adorno (1995), o uso da força física para
O comportamento moral pode ser conseguir determinados objetivos é legítimo se
educado como qualquer outro, por meio do aplicado de forma consciente e politicamente
ambiente social. Vigotski (2003) aponta refletida.
possibilidades para uma educação moral.
Orienta que ela deve estar incutida em todos os Considerações finais
comportamentos sociais e não ser, por exemplo,
uma disciplina específica na escola. O Dentre os autores e leituras aqui
comportamento moral deve estar tão introjetado apresentados, Adorno teria uma concepção mais
na vivência das crianças, que elas sequer devem próxima de Kant sobre a punição física.
dar-se conta de que estão fazendo algo Durkheim, Arendt e Vigotski se posicionaram
moralmente correto. “Elas não exigem nenhuma de forma contrária ao uso da palmada.
pedagogia especial nem medidas proibitivas, Historicamente distantes do atual debate, das
corretivas e punitivas de nenhum tipo, mas legislações e polêmicas sobre o uso do castigo
apenas uma duplicada atenção social e uma físico em crianças para fins educativos, seja no

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RIBEIRO, Janille Maria. O uso do castigo físico em crianças e adolescentes como prática educativa:
algumas perspectivas da Sociologia, Filosofia e Psicologia

Brasil ou no resto do mundo, esses teóricos por muitos outros que refletem sobre esse tema
apresentados neste trabalho deixam uma valiosa pode ser considerado para a construção de um
contribuição para suscitar reflexões rico debate.
contemporâneas a respeito dessa ferramenta Questionar costumes enraizados por
usada desde muitos séculos atrás. anos de história é um trabalho desafiador. É
Com base nesses estudos foi possível essencial pesquisar e publicar sobre o assunto
concluir que o uso do castigo físico em crianças para contribuir para que a sociedade construa
e adolescentes é uma temática que pede uma práticas consideradas mais adequadas e não as
complexa discussão se uma mudança receba de forma acrítica, sem diálogo ou
sociocultural no Brasil quiser ser implementada. debates.
E essa mudança pode ser repudiada por muitos
porque está sendo provocada por um aparato Referências
legal e não por um processo dialógico e
educativo de reflexão sobre práticas que podem
ser repensadas e substituídas para o crescimento Adorno,T. W. (1995). Educação e
da sociedade e das gerações vindouras. emancipação. Tradução Wolfgang Leo Maar.
A perspectiva defendida neste artigo é Rio de Janeiro: Paz e Terra.
a de combater o uso do castigo físico de
crianças e adolescentes, mas esse não é um Arendt, H. (2011). Entre o passado e o futuro.
assunto para ser pensado de forma maniqueísta. Tradução Mauro W. Barbosa. São Paulo:
O castigo físico não pode ser afirmado como Perspectiva.
uma ferramenta que é totalmente ineficaz ou Ariès, P. (1981). História social da criança e da
que somente traz benefícios para os que dela família. Tradução Dora Flaksman. Rio de
provam. Tenho refletido que é preciso olhar Janeiro: Guanabara.
para o que existe na relação em que essa
ferramenta é aplicada. Entre pais e filhos há Azevedo, M. A. & Guerra, V. N. de A. (2010).
muito mais do que o uso do castigo físico e é Mania de Bater: a punição corporal doméstica
por isso que uma análise parcial e distanciada de de crianças e adolescentes no Brasil. São Paulo:
contextos culturais específicos sobre a palmada Iglu.
pode ser inadequada. É preciso pensar o que há Basílio, L. C. (2011). Avaliando a implantação
na relação entre uma determinada criança que do Estatuto da Criança e do Adolescente. In:
sofre a palmada e um adulto específico que bate Basílio, L. C. & Kramer, S. Infância, Educação
nela porque podem existir trocas afetivas e e Direitos Humanos. (pp. 23-33). São Paulo:
cuidado e a palmada pode ser considerada uma Cortez.
manifestação desse cuidado. Ou é possível
também que a punição física seja mais um tipo Câmara dos Deputados (n.d.). Câmara aprova
de violência e negligência destinada a uma proibição de castigos físicos em crianças.
criança que não recebe cuidados e afetos que Brasília, DF. Recuperado em 07 de julho, 2014,
potencializem seu desenvolvimento. de
O julgamento e a condenação de pais http://coad.jusbrasil.com.br/noticias/120001949/
que usam o castigo físico como forma de educar camara-aprova-proibicao-de-castigos-fisicos-
seus filhos devem ser discutidos, pois esses em-criancas.
adultos tem sobre si um longo processo Coralina, C. (1985). Vintém de cobre; meias
histórico que os embasa a utilizar a palmada. A confusões de Aninha. (3ªed.) Goiânia: Ed. da
condenação dessa prática não basta se não Universidade Federal de Goiás.
houver medidas alternativas e mais humanas
para substituí-la. Costa, J. F. (1983). Ordem médica e norma
Para uma transformação social familiar. Rio de Janeiro: Edições Graal.
amadurecida penso que seja necessário muito Donzelot, J. (1986). A polícia das famílias.
debate, diálogos entre pais e profissionais que Tradução M. T. da Costa Albuquerque. Rio de
trabalham direta ou indiretamente com crianças Janeiro: Edições Graal.
para responder perguntas como: por que a
palmada ainda continua a ser continuamente Durkheim, E. (2001). Educação e Sociologia.
aplicada apesar de sua fragilidade como Tradução de Nuno Garcia Lopes.
ferramenta pedagógica? É possível verificar Lisboa/Portugal: Edições 70.
virtudes ou contribuições educativas no castigo Foucault, M. (2011). Vigiar e Punir:
físico? O que pode ser feito e desenvolvido para nascimento da prisão. Tradução de Raquel
substituir essa prática? O que foi pensado e Ramalhete. Petrópolis, RJ: Vozes.
construído pelos teóricos aqui apresentados e

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de castigos corporais. Altera a Lei nº 8.069, de Artmed.
13 de julho de 1990, que dispõe sobre o Estatuto
da Criança e do Adolescente. Brasília, DF.
Recuperado em 13 de fevereiro, 2014, de
Recebido em: 15/07/2014
http://www.camara.leg.br/internet/ordemdodia/o
Reformulado em: 03/12/2014

Aprovado em: 09/12/2014

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