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REVISITANDO A HISTORIOGRAFIA ACERCA DA JUREMA SAGRADA E

SUA MARCA DA CULTURA INDÍGENA


Vital , João Igor de Andrade”1
joaoigorvital@gmail.com
Virginia Genuíno Lira2
virginiagenuinolira@gmail.com
Juciene Ricarte Apolinário3
apolinarioju18@gmail.com

Resumo

A Jurema Sagrada é uma religião de matriz afro-indígena que surge em torno do litoral
nordestino por volta do século XVIII, primeira vez citada em documentos oficiais, através
processos de mestiçagens entre matrizes religiosas indígenas, africanas e até católicas. Na
perspectiva botânica a Jurema é uma planta típica da Caatinga, diante do exposto
perguntamos porque se tornou uma planta tão cultuada no litoral? Nesta pesquisa
objetivamos analisar como os povos indígenas levaram esse culto do sertão ao litoral
nordestino, especialmente o paraibano e pernambucano, principalmente na cidade de
Alhandra, onde é considerada por muitos estudiosos a "cidade do Culto a Jurema". A
partir da análise de documentos e teóricos como Sandro Guimarães de Salles, Clarice da
Mota, Alexandre “L’omi L’odo’’, o trabalho pretende reconstituir um recorte temporal
para entender a difusão do culto da Jurema Sagrada. Como nosso trabalho se encontra em
fase iniciática, os resultados são uma revisão de literatura dos principais autores que
ressignificaram o tema.

Palavras chaves: Jurema Sagrada; Culto; Alhandra; Religião

1
Graduando em história pela Universidade Federal de Campina Grande - PB
2
Graduando em história pela Universidade Federal de Campina Grande - PB
3
Professora Doutora, do Programa de Pós-Graduação em História (Mestrado) da Universidade Federal de
Campina Grande –PB.
Introdução

A Jurema assume várias identidades e conceitos dentro do cenário atual brasileiro,


especificamente do Nordeste Brasileiro. A antropóloga Clarice da Mota 4(2005, p.219)
divide em três aspectos, o primeiro dele é a Jurema como uma planta, espécie botânica
do gênero Acácia, mimosa e phythecololium, espécie arbustiva geralmente presente no
bioma da caatinga, encontrado apenas no Nordeste e em uma parte de Minas Gerais.
Dessa árvore surge a segunda definição, que é a bebida preparada das raízes da árvore
Jurema junto com outras plantas, que só são de acesso para os iniciados nos cultos de
religiões como a Jurema Sagrada, o chamado Catimbó, toré indígenas como os do kariri
xocó, e os índios xucuru dentre tantos povos indígenas que usam essa bebida desde o Rio
Grande do Norte até Alagoas. Por último entramos na definição que realmente importa
para esse trabalho em questão, que é a da Jurema Sagrada, ou catimbó, religião de Matriz
Afro-ameríndia surgida possivelmente no nordeste brasileiro mais precisamente na região
das capitanias que são atualmente conhecidas como o estado de Pernambuco e da Paraíba.
Essa religião é uma mescla dos cultos indígenas, que até então poucos sabemos, junto
com as tradições e religiosidades dos cultos africanos e cristãos, mais precisamente
católicos, uma prova dessa mescla são os índios kariri xocó que hoje habitam o estado de
alagoas, onde para eles: “ Jurema Rainha Suprema ou representante do ser supremo “
(MOTA, 2005 p. 224). Durante leituras sobre a jurema, nos deparamos com uma
pergunta: como uma planta típica da caatinga chegou ao litoral para ser cultuada e dar
início a primeira religião brasileira? Neste trabalho esperamos conseguir responder essa
indagação através de uma revisão bibliográfica de autores que de alguma forma já
abordaram a jurema tanto religião quanto como como espécie botânica, tentando sanar
um pouco as dúvidas que consequentemente despertará outras perguntas que nos ajudarão
a desvendar um pouco dessa religião ainda pouco estudada. Ao escrever sobre a jurema
surge uma inquietação, como escrever sem causar uma estranheza dos que não a
conhecem, ou repulsa daqueles que a praticam? A resposta veio com o historiador Sergio
da Mata5, que em seu livro História e Religião(2010), fala que um pesquisador de história
da religião deve ser um verdadeiro agnóstico em relação ao seu objeto de estudo, para
assim manter uma imparcialidade, - mesmo que seja difícil para o pesquisador e para

4
Doutora em Antropologia Social - University of Texas System pós-doutorado em Etnobotânica na
University of Califórnia at Berkeley
5
Pós-doutorado (2009-2010) pela Faculdade de Ciências Culturais da Europa-Universität Viadrina
(Frankfurt/Oder)
mim, praticante da Jurema- e dúvida para conseguir obter o resultado necessário, ou seja,
agradar crentes e descrentes.

O que é a Jurema Sagrada?

A Jurema sagrada é uma religião Afro-ameríndia, que surge com a hibridização


entre cultos religiosos indígenas, africanos e Cristãos6 que cultuam entidades
denominadas: Caboclos, mestres, mestras, pretos velhos entre outros, que possivelmente
foram pessoas “normais” e que possivelmente nem eram ligadas à própria jurema e que
ao morrer galgam um posto hierárquico espiritual maior e vem para a terra “trabalhar”
através de médiuns que permitem a incorporação dessas entidades. Essa descrição é
parecida com religiões como a Umbanda ou o Espiritismo, porém a Jurema possui uma
própria cosmologia que vai muito além disso, ela possui a sua chamada “Ciência”, que
pode estar presente no próprio uso da bebida Jurema, que dá nome a religião, aos fumos,
ou fumaçadas, aos banhos de ervas e rezas esses que para alguns é até normal, mas que
nunca ligaram essa prática a religião.

Quando se fala em Jurema, pouco se sabe sobre ela, quais seus ritos, suas crenças
e acima de tudo se ela faz parte da umbanda ou do candomblé. A jurema é pouco
conhecida e estudada, salvo seus adeptos ou pessoas do meio das religiões afro-
brasileiras, raro são as exceções que ao ouvir falar da Jurema tem conhecimentos que
perpassam o preconceito, porém isso não é culpa dos leigos, ou seja, dos que estão fora
do ‘meio’, a jurema sofre um certo “preconceito”, dos próprios povos de terreiro que não
levam a sério sua importância, sendo ela apenas um culto secundário dentro dos terreiros
de Umbanda ou barracões de Candomblé pois ela não assume um papel de uma religião
independente, mas sim uma extensão do culto praticado; porém para seus praticantes, a
jurema adota uma figura muito maior, para muitos ela é a chamada religião primaz do
Brasil, como destaca Alexandra L’Omi7 , grande referência tanto no estudo da jurema
como sacerdote e ativista da luta contra a discriminação religiosa.

“A Jurema Sagrada é uma religião e tradição tida pelos juremeiros e


juremeiras como "religião primas do Brasil" e também como de "matriz
indígena" (L’Omi, Alexandre, 2017, P.19)

6
Ver Das “feitiçarias que os padres se valem: circularidades culturais entre indígenas Tarairiú e
missionários na Paraíba setecentista” / Gláucia de Souza Freire. –Campina Grande, 2013
7
Mestre em ciência das religiões pela UNICAP (2010), sacerdote da Jurema e do culto aos orixás,
militante no campo das políticas públicas.
Para reforçar essa afirmação, que a jurema é a religião primaz vários autores como o
próprio Alexandre L’Omi (2017), Sandro Guimarães de Sales (2010), Glaucia de Souza
Freire (2013) utilizam de cartas de missões religiosas endereçadas a Portugal, onde a
presença da bebida Jurema, principal influência do culto indígena, já era usada desde
antes de 1740, data do possível primeiro registro oficial8 antes mesmo de um contato mais
significativo com o europeu, ou seja desde antes de sua chegada, deixando claro a
importância da religião como verdadeira, até então, religião primaz brasileira.

Ocupação e Exploração

Antes da Chegada dos portugueses no ano de 1500, o Brasil era habitado por povos
indígenas que ocupavam toda a extensão territorial, na região Nordeste o mesmo
acontecia, desde os Tupis da costa aos tapuias do interior, porém com a chegada dos
homens brancos, a ocupação costeira foi a principal durante os primeiros anos como é
bem abordado no Livro a História dos Índios no Brasil (1992).

“Projetado contra o Atlântico, região mais próxima ao “Velho


Mundo”, o nordeste brasileiro[...]. De fato, em seu extenso litoral
dotados de muitos bons portos e cidadezinhas naturais, firmaram-
se, já na primeira metade do século XVI. ”

Essa ocupação litorânea foi suma importância para a criação da religião da Jurema, pois
só com ela foi possível um contato de maior intensidade entre os povos para haver a
hibridização aqui já citada. Segundo Clarice da Mota (2005, p. 220) os povos indígenas
bebedores de jurema se espalham desde o norte do Nordeste à região do atual estado de
Alagoas, porém uma cidade do litoral sul do estado da Paraíba, o município de Alhandra,
se destacou e ficou conhecido como a cidade do culto da jurema, com a Mestra Maria do
Acais, uma das entidades mais importantes do culto. Entretanto, voltando a questão
central do trabalho: “como uma arvore do bioma da caatinga virou objeto de culto que

8
Ver processo n° 4884 do arquivo Histórico Ultramarino
surge no litoral? “, primeiro temos que entender que a necessidade de povoamento, de
busca de mais escravos indígenas e busca de metais preciosas fez com que os portugueses
adentrassem em território até então para eles desconhecido, os chamados sertões, através
de expedições conhecidas como entradas e bandeiras foi possível essa “conquista”, mas
para esse trabalho as expedições não são o foco total, mas sim seus “resultados”.
Permitamo-nos chamar de resultados dessas expedições, os chamados aldeamentos,
locais para onde os indígenas dos sertões e de outros cantos da colônia eram conduzidos
para serem catequizados, ou mesmo para ser de fácil acesso para os europeus caso
necessitassem de mão de obra escrava de nativos;

“Estes líderes religiosos ameríndios se destacaram nos aldeamentos da


capitania da Paraíba, especialmente na região do Mamanguape, Aldeia
de Boa Vista, na qual viviam os citados indígenas da família linguística
Tarairiú: Kanindé e Xukuru, sob a tutela dos missionários da Ordem do
Carmo, religiosos de Santa Teresa, os carmelitas Estes indígenas foram
deslocados dos espaços do sertão até os aldeamentos do litoral
paraibano, onde passaram a ressignificar as suas tradições diante do
contínuo acirramento de “identidades étnicas” que tinham que enfrentar
no processo de contatos com os não-indígenas.”

APOLINARIO, J. R.; FREIRE, Gláucia de Souza.; DINIZ, M. O.


DENÚNCIAS E VISITAÇÕES AO TERRITÓRIO MÍTICO DA
JUREMA: RELAÇÕES DE PODER E VIOLÊNCIA ENTRE
REPRESENTANTES INQUISITORIAIS E LÍDERES
RELIGIOSOS TARAIRIÚ NA PARAHYBA SETECENTISTA.
In: Simpósio Internacional de Estudos Inquisitoriais, 2011, Salvador-
BA. Anais Eletrônicos? Simpósio Internacional de Estudos
Inquisitoriais: História e Historiografia. Cachoeira-BA: UFRB, 2011.
v. 1.

A partir do momento que foram levados de suas aldeias para os aldeamentos, os


indígenas traziam consigo sua religiosidade, e possivelmente as árvores da jurema, pois
como já abordamos era uma planta dos sertões, e ao levar para esse novo local, sendo por
permissão dos próprios missionários ou escondido, a árvore foi levada para os
aldeamentos, podemos citar o aldeamento de Boa vista, Glaucia (2013) e o aldeamento
do Aratagui, o que hoje conhecemos como a cidade de Alhandra (Sandro G. Salles 2004),
e a partir do momento em que estavam lá, as plantas, começou a existir um convívio dos
povos indígenas com os missionários, podendo citar os jesuítas, os carmelitas descalços ,
que passaram a assimilar a religiosidade um do outro, a assimilação foi tão grande, que
gerou investigações de padres que usavam a bebida jurema nos rituais com os
indígenas(Glaucia 2013), mas não só dos indígenas e os padres, mas entre as próprias
etnias indígenas que trocaram informações que contribuiu para a formação dessa
religiosidade tema do artigo.

Alhandra a Cidade da Jurema


Referencias:

Os povos indígenas no nordeste brasileiro um esboço histórico. Beatriz G. Dantas, José


Augusto L. Sampaio, Maria Rosário G. de Carvalho. in História dos índios no Brasil/
Organização Manuela Carneiro da Cunha - são Paulo; companhia das letras. 1992
L'Odò, Alexandre L'Omi. Juremologia: uma busca etnográfica para sistematização
da cosmovisão da Jurema Sagrada, 2017.
MOTA, Clarice N. Jurema e Identidade: Um ensaio sobre a Diáspora de uma planta.
Labate, B; Goulart, s (orgs.) O Uso Ritual das Plantas de Poder. Campinas Mercado de
letras, 2005, p.219-238
Freire, Gláucia de Souza. Das “feitiçarias que os padres se valem:
circularidades culturais entre indígenas Tarairús e missionários na Paraíba
setecentista / Gláucia de Souza Freire. –Campina Grande, 2013
MATA, Sérgio da. História & Religião. 1. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.
SALLES, Sandro Guimarães de. À Sombra da Jurema: a tradição dos mestres
juremeiros na Umbanda de Alhandra. Revista Antropológicas, Recife PE, v. 15 (1),
p. 99-122, 2004.
APOLINARIO, J. R. ; FREIRE, Gláucia de Souza. ; DINIZ, M. O. . DENÚNCIAS E
VISITAÇÕES AO TERRITÓRIO MÍTICO DA JUREMA: RELAÇÕES DE
PODER E VIOLÊNCIA ENTRE REPRESENTANTES INQUISITORIAIS E
LÍDERES RELIGIOSOS TARAIRIÚ NA PARAHYBA SETECENTISTA. In:
Simpósio Internacional de Estudos Inquisitoriais, 2011, Salvador-BA. Anais Eletrônicos
? Simpósio Internacional de Estudos Inquisitoriais: História e Historiografia. Cachoeira-
BA: UFRB, 2011. v. 1.

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